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ANA MÁRCIA TENÓRIO DE SOUZA CAVALCANTI TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM ESCOLARES DA CIDADE DO RECIFE, PE Recife 2010

TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM … · Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo ... Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

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ANA MÁRCIA TENÓRIO DE SOUZA CAVALCANTI

TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO

ALIMENTAR EM ESCOLARES DA

CIDADE DO RECIFE, PE

Recife 2010

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2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DOUTORADO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

EM ESCOLARES DA CIDADE DO RECIFE, PE

Tese apresentada a coordenação do programa de doutorado da pós-

graduação em saúde da criança e do adolescente de Universidade Federal

de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor

em Saúde da Criança e do Adolescente na linha de pesquisa Epidemiologia

dos distúrbios da nutrição materna, da criança e do adolescente.

Orientador Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz

Co-Orientadora Profa. Dra. Ilma Kruze Grande de Arruda

RECIFE 2010

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3

Cavalcanti, Ana Márcia Tenório de Souza

Transtornos do comportamento alimentar em escolares da cidade do Recife - PE / Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti. – Recife : O Autor, 2010.

149 folhas ; tab.

Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCS. Saúde da criança e do adolescente, 2010.

Inclui bibliografia, anexos e apêndices.

1. Transtornos do comportamento alimentar. 2. Fatores de risco. 3. Anorexia. 4. Bulimia. 5. Escolares. I. Título.

616.89-008.441.42 CDU (2.ed.) UFPE 616.8526 CDD (22.ed.) CCS2010-36

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4

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR

Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins

VICE-REITOR

Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva

PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DIRETOR

Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro

COORDENADOR DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS

Profa. Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

COLEGIADO

Profa. Dra. Gisélia Alves Pontes da Silva (Coordenadora) Profa. Dra. Luciane Soares de Lima (Vice-Coordenadora) Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima Profa. Dra. Sônia Bechara Coutinho Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira Profa. Dra. Mônica Maria Osório de Cerqueira Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho Profa. Dra. Sílvia Wanick Sarinho Profa. Dra. Maria Clara Albuquerque Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann Profa. Dra. Ana Cláudia Vasconcelos Martins de Souza Lima Profa. Dra. Maria Eugênia Farias Almeida Motta Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli Profa. Dra. Cleide Maria Pontes Adriana Azoubel Antunes (Representante Discente – Doutorado) Thaysa Maria Gama Albuquerque Leão de Menezes (Representante Discente – Mestrado)

SECRETARIA

Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

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Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti

Transtorno do comportamento alimentar em escolares

da cidade do Recife, PE

Tese aprovada em: 09 de fevereiro de 2010.

Profa. Dra. Ana Maria Pimenta Carvalho______________________________

Profa. Dra. Eliane Maria Ribeiro de Vasconcelos________________________

Prof. Dr. Ednaldo Cavalcante de Araújo_______________________________

Profa. Dra. Poliana Coelho Cabral____________________________________

Prof. Dr. Murilo Duarte da Costa Lima________________________________

Recife

2010

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Dedicatória

Aos meus três amores: Santino, Ilana e Letícia. Razão de tudo em minha existência.

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7

Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo privilégio de poder apreender, pensar, refletir, buscar

entender a vida e o mundo. Obrigada pelo dom da vida, pela vida e por todas as

oportunidades a que tenho tido acesso. Sobretudo pela certeza que tenho de que.”..ainda que

conheça todos mistério, e toda a ciência ......, se não tiver amor, nada serei.”

Agradeço aos meus pais Ângelo de Souza Filho e Rosinete Tenório de Souza,

pelo carinho, força, suporte e exemplo. Começo de tudo, presentes a cada passo de minhas

caminhadas.

Aos meus queridos orientadores Alcides da Silva Diniz e Ilma Kruze Grande

de Arruda, por todos os ensinamentos, pela confiança e amizade.

Aos queridos amigos e pensadores, exemplos, Marília de Carvalho Lima,

Gisélia Alves Pontes da Silva e Pedro Israel Cabral de Lira.

A querida Joana Araújo da Rocha Barros (Joaninha) pelo apoio constante,

pelo amor compartilhado ao Departamento de Enfermagem da UFPE.

Aos companheiros de jornada: Dilma Piscoya, Graça Moura, Samir Kassar,

Tarciana Duque e Margarida Antunes; muito queridos, especiais.

As companheiras da Área Enfermagem em Saúde Mental: Antônia Maria da

Silva Santos e Iracema da Silva Frazão pelos sacrifícios assumidos para me liberarem para

fazer minha formação.

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As amigas e companheiras Eliane Vasconcelos, Eloine Alencar, Cândida

Santos, Emilly Moreno, Gabriela Sette, Luciana Leal, Luciane Soares de Lima, Cleide

Pontes, Gorete Vasconcelos.

Aos amigos Paulo Sergio Oliveira do Nascimento, Glívson Lemos de Santana,

Luciano de Araújo Teixeira, Renata de Albuquerque Silva e Maria de Jesus Souto Morais de

Araújo, pelo apoio constante.

Aos novos amigos que fizeram parte da equipe da coleta de dados e digitação

do banco de dados, pela competência, seriedade, obediência incondicional ao método

científico: Rosilda Oliveira, Maria Madalena do Nascimento, Maria Aldeci Moura dos

Santos, Hebe Jorge da Souza Cabral, Sandra Sandres de Holanda Cordeiro, Eliane Siqueira

Campos Gonzalez, Danielle Siqueira Campos Gonzalez, Diego Siqueira Campos Gonzalez.

Todos os colegas do Departamento de Enfermagem pelo apoio e

solidariedade.

Ao CNPq pelo financiamento desta Pesquisa.

A todas as crianças e todos os adolescentes que aceitaram participar desta

pesquisa.

A todas as famílias que nos apoiaram, autorizando seus filhos a participarem

desta pesquisa.

A todos que fazem as Escolas que visitamos durante a coleta de dados desta

pesquisa: Professores, Diretores, Coordenadores e Funcionários, pelo apoio.

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... Tais certezas permitem que cumpramos os propósitos para os quais fomos chamados por Ele. n’Ele, ultrapassamos situações passadas, encaramos desafios presentes e esperamos novidades futuras, sabedores que nada pode ser maior do que Aquele que está em nós.

Sérgio Andrade

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Resumo

Esta tese é apresentada sob a forma de capítulos, a saber: um de revisão de

literatura e dois artigos originais. A revisão de literatura discorre sobre os

transtornos do comportamento alimentar e seus fatores de risco. Os dois artigos

originais que se seguem, são: Caracterização e magnitude dos transtornos do

comportamento alimentar em escolares: um estudo de base populacional;

Comportamento de risco precursores dos transtornos do comportamento

alimentar e suas associações em escolares da cidade do Recife, Nordeste do

Brasil. Ambos são estudos transversais, realizados com escolares na faixa etária

entre 10 e 14 anos, de ambos os sexo, pertencentes a rede pública e privada de

ensino da cidade do Recife, PE. Os dados foram coletados no período de agosto

a dezembro de 2007. Para o rastreamento dos TCA, foi utilizada a escala Eating

Behaviour and Body Image Test (EBBIT). Foram avaliados 1405 escolares. As

variáveis, foram descritas, no primeiro artigo, sob a forma de mediana e

intervalo interquartílico (percentis 25 e 75). Foram considerados como um forte

indicativo de risco para TCA, os critérios que configuraram um quadro de

anorexia e/ou bulimia nervosa, nos escolares que referiram comportamento com

pontuações acima do percentil 75, nas escalas “comer compulsivamente” 3,0%

(IC95% 2,2 – 4,0); “insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva”

1,3% (IC95% 0,8 – 2,0) ; aqueles com pontuação acima do percentil 30, “comer

compulsivamente” + “insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva”, 0,6% (IC95% 0,3 – 1,2); e do percentil 50 a soma das subescalas

comer compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva, acima do percentil 50, observou-se 6,7% (IC95% 5,4 – 8,1), para os

distúrbios “comportamento compensatório para hiperfagia”. No segundo artigo,

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Procedeu-se a construção de um modelo logístico, considerando os aspectos de

ordem intrapessoal; influências do entorno social ou interpessoal; influências do

entorno ambiental ou comunitário e ainda influências do macrossistema. Para a

avaliação do risco, procedeu-se a análise de cada subescala individualmente,

procedendo-se a partir daí, a soma das subescalas comer compulsivamente +

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva, sob o enfoque das

variáveis de influências no plano individual ou intrapessoal, observou-se que as

variáveis sexo feminino (OR-1,58; IC95%1,07-2,32)., idade (OR-1,22; IC95%1,05-

1,42)., etilismo escolar (OR-2,20; IC95%1,13-4,26)., relação com o peso e a

insatisfação com a imagem corporal (OR-2,75; IC95%1,84-4,13). desejo de

perder peso (OR-3,26; IC95%2,10-5,05), já ter feito dieta para perder peso (OR-

2,85; IC95%1,79-4,54)., preferência para fazer as refeições sozinho (OR-1,54;

IC95%1,04-2,30)., avaliação negativa da aparência pessoal (OR-2,91; IC95%1,58-

5,36).e IMC com sobrepeso (OR-1,75; IC95%1,08-2,84).apresentaram categorias

significativas. Percebeu-se ainda uma maior vulnerabilidade do sexo feminino

e um incremento dos fatores de risco precursores dos TCA como, progressão da

idade, insatisfação com a imagem corporal ligada a comportamentos restritivos,

e ainda o estabelecimento de um padrão de comer compulsivamente. Os

resultados obtidos evidenciam um elevado risco para desenvolvimento de

transtornos do comportamento alimentar em nosso meio e elenca suas principais

características.

Palavras-chave: transtornos do comportamento alimentar; fatores de risco;

transtornos alimentares; comportamento alimentar; escolares; anorexia; bulimia;

transtorno do comer compulsivo.

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Abstract

This thesis is presented as a chapter of literary review and two original articles.

The literary review discusses eating behavior disorders and its risk factors. The

two original articles are “Characterization and magnitude of eating behavior

disorders in school-age students: a population-based study”; “Risk behavior

previous to eating disorders behavior and its association in school-age students

in the city of Recife, Northeast of Brazil”. Both are transverse studies,

undertaken with students aged 10 to 14 years, of both sexes, from public and

private schools in Recife, PE. Data was collected between August and

December 2007, following the principles of resolution 196/96 from the Brazilian

Ministry of Health. The studies proposals were evaluated and approved by

Ethics Committee of Health Science Center of Federal University of

Pernambuco. For the first article, We used the Eating Behavior and Body Image

Test (EBBIT) to identify eating disorders. 1,405 school-age children were

evaluated. The continuum variables were tested as for the normality under

Kolmogorov Smirnov Test with correction by Lilliefors. Therefore, they were

described under the form of median and inter-quarter intervals. They were

considered as a strong indication for risk of eating disorders, the criterium that

set a table of anorexia or bulimics, in school-age students that referred

behaviours with figures over the 75 percentile, in the scales “eating

compulsively” 3,0% (IC95% 2,2 – 4,0); “dissatisfaction with body

image/restrictive eating” 1,3% (IC95% 0,8 – 2,0); those over percentile 30,

“compulsive eating” + “dissatisfaction with body image/restrictive eating”, 0,6%

(IC95% 0,3 – 1,2); and, from percentile 50, the sum of subscales “compulsive

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eating” + “dissatisfaction with body image/restrictive eating”, over percentile

50, it was observed that 6,7% (IC95% 5,4 – 8,1), for the disturbs “compensatory

behavior to compulsive eating”. We observed a greater vulnerability in females,

increased risk factors of eating disorders with an increase in age of adolescents,

dissatisfaction with body image linked to restrictive behaviors, and even the

development of compulsive eating habits. On the second article, the risks were

identified through the analysis of each of the sub-scales individually, and then

adding sub-scales of compulsive eating and dissatisfaction with body

image/restrictive feeding, under the focus of variables of influence in the

personal or interpersonal plan. It was observed that the variables sex (OR-1,58;

IC95%1,07-2,32), age (OR-1,22; IC95%1,05-1,42), school-age alcoholism (OR-

2,20; IC95%1,13-4,26), attitude towards weight and dissatisfaction with body

image (OR-2,75; IC95%1,84-4,13); wish to lose weight (OR-3,26; IC95%2,10-

5,05), previous experiences with loss-weight diets (OR-2,85; IC95%1,79-4,54),

preference for eating alone (OR-1,54; IC95%1,04-2,30)., negative evaluation of

personal appearance (OR-2,91; IC95%1,58-5,36) and overweight (OR-1,75;

IC95%1,08-2,84), presented significant results. The results show a high level to

development of eating behavior disorders and delineate its main characteristics.

They can offer subsidies to structuring public health policies aimed at reducing

these risks in a preventive perspective in all levels.

Key-words: eating disorders behavior; risk factors; eating disorders; eating

behavior; school-age students; anorexia; bulimics; compulsive eating behavior.

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Lista de Tabelas

Artigo I

Tabela - 1 Distribuição de freqüência da escala de avaliação do comportamento compensatório para hiperfagia em escolares de 10-14 anos de idade, Recife – 2007 .........................................................................................

46

Tabela - 2 Distribuição de freqüência da subescala de avaliação dos distúrbios comer compulsivamente e insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva em escolares de 10-14 anos de idade, Recife – 2007 .........................................................................................

47

Tabela - 3 Distribuição de freqüência da soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva em escolares de 10-14 de idade anos, Recife – 2007 ...................

47

Tabela - 4 Medianas e intervalos interquartílicos das escalas de avaliação dos transtornos do comportamento alimentar (TCA) segundo o sexo em escolares de 10-14 anos de idade, Recife – 2007 ......................................

47

Tabela - 5 Medianas e intervalos interquartílicos das escalas de avaliação dos transtornos de comportamento alimentar (TCA) segundo a idade em escolares de 10-14 anos de idade, Recife – 2007 ......................................

48

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Artigo II

Tabela - 1 Estimativas do modelo Logístico final para o risco comer compulsivamente em escolares de 10-14 anos de idade, Recife – 2007..........................................................................................

68

Tabela - 2 Estimativas do modelo Logístico final para insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva em escolares de 10-14 anos de idede, Recife – 2007 .......................................................................

70

Tabela - 3 Estimativas do modelo Logístico final para soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva em escolares de 10-14 anos de idade, Recife – 2007 ............................................................................

73

Tabela - 4 Estimativas do modelo Logístico final para soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva (sem as variáveis não significativas) em escolares de 10-14 anos de idade, Recife – 2007 ..............................

76

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Sumário

LISTA DE TABELAS RESUMO

ABSTRACT

1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................... 16

2 – REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 19

2.1 Os transtornos alimentares na contemporaneidade .................................. 20 2.2 Os principais tipos de transtornos alimentares ......................................... 23 2.3 Os transtornos alimentares no Brasil ....................................................... 24 2.4 Fatores de Risco e vulnerabilidade ............................................................ 26 2.5 Os TCA e a sociedade ocidental .................................................................. 29 2.6 Referências ................................................................................................... 30

3 – ARTIGO I ............................................................................................................ 36

Caracterização dos transtornos do comportamento alimentar em escolares: um estudo de base populacional

Resumo ............................................................................................................... 38 Abstract ............................................................................................................. 39 Introdução .......................................................................................................... 40 Método ................................................................................................................ 43 Resultados ........................................................................................................... 46 Discussão ............................................................................................................ 48 Referências ......................................................................................................... 51

4 – ARTIGO II ................................................................................................ 56

Comportamentos de risco precursores dos transtornos do comportamento

alimentar e suas associações em escolares do Recife, Nordeste do Brasil

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Resumo ............................................................................................................... 58 Abstract ............................................................................................................. 59 Introdução .......................................................................................................... 61 Método ................................................................................................................ 63 Resultados ........................................................................................................... 67 Discussão ............................................................................................................. 77 Referências .......................................................................................................... 85

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .............................. 91 5.1 Considerações finais .................................................................................. 92 5.2 Recomendações ............................................................................................ 94

6– APÊNDICES ........................................................................................................ 95 Apêndice I - Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e Pós-Informado Apêndice II - Instrumento utilizado na Pesquisa Apêndice III – Manual para preenchimento do Instrumento utilizado na

Pesquisa

7– ANEXOS .............................................................................................................. 114

Anexo I - Teste de Comportamentos Alimentares e Imagem Corporal para pré-adolescentes.

Anexo II - Registro de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Anexo III - Autorização da Secretária de Educação do Governo do Estado de

Pernambuco.

Anexo IV - Autorização da Secretária de Educação da Cidade do Recife Anexo V - Autorização do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no

Estado de Pernambuco.

Anexo VI - “Eating Behaviors and Body Image Test for Preadolescent Girls Manual” com autoria de CANDY & FEE (1998).

Anexo VII - Escala de insatisfação com a imagem corporal e comer com restrição. (EBBIT – Fator 1)

Anexo VIII - Escala de comportamento de comer em excesso. (EBBIT - Fator 2)

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18

1 - APRESENTAÇÃO

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19

1 – Apresentação

A relação estabelecida entre as pessoas e os alimentos estrutura-se

em complexidade variada no decorrer da história da humanidade. A alimentação

constitui a base do crescimento e do desenvolvimento, representando parte

essencial da formação dos seres humanos em seu todo biopsicossocial.

As experiências psíquicas, o condicionamento sociocultural,

estrutura familiar, conformação genética e apelo midiático são condições que

interagem entre si, influenciando, direta e/ou indiretamente o comportamento

alimentar das pessoas. Toda a estrutura comportamental influencia e é

influenciada por conceitos comportamentais que hora definem, hora são

definidos por comportamentos alimentares, sobretudo, durante as fases de

crescimento e desenvolvimento das crianças.

Durante a adolescência estas influências podem trazer um

contorno de maior impacto, já que os hábitos alimentares podem ser

reestruturados neste período da vida. Podendo passar também a refletir, em

parte, a grande importância dada pelos adolescentes a sociabilidade e a

aceitabilidade pelos colegas, os quais passam a influenciar diretamente seus

hábitos.

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20

Crianças, adolescentes e adultos jovens que vivem em

comunidades ou freqüentam ambientes sociais, como escolas, igrejas,

shopping centers, academias de ginásticas e outros espaços coletivos, podem

estar sujeitos a influência de grupos que hipervalorizem o peso e tamanho

corporal, como determinantes do processo de aceitação e valorização.

Freqüentemente estas pessoas podem estar propensas a desenvolver

transtornos do comportamento alimentar. Os apelos da mídia e a necessidade

de enquadramento social podem reforçar a busca incessante de modelos

corporais ideais, os quais por vezes serão responsáveis pela desorganização

do comportamento alimentar e por uma percepção inadequada de sua imagem

corporal.

Os transtornos do comportamento alimentar configuram-se como

um problema de saúde pública de contorno multifatorial, No qual

especificidades regionais precisam ser estudadas, para que, por meio da

compreensão destes fenômenos, possam ser planejadas ações que busquem

minimizar seus efeitos, interferindo-se sobre os fatores de risco evidenciados em

cada localidade estudada, reduzindo-se assim índices de cronificação.

Estudos epidemiológicos se prestam à prevenção primária e

secundária em saúde mental. Prevenção primária quando avalia e auxilia na

redução de fatores de risco, e prevenção secundária, quando a prevalência dos

transtornos clínicos pode ser determinada por esses estudos.

Neste contexto esta pesquisa objetivou avaliar a magnitude e

características dos transtornos do comportamento alimentar e alguns fatores de

risco associados em escolares da cidade do Recife-PE.

Page 22: TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM … · Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo ... Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

21

Para tal, a presente tese foi estruturada a partir da organização de

um capítulo de revisão de literatura, buscando subsídios e bases teóricas

consistentes ao entendimento deste processo mórbido e de sua inserção

ecológica na atualidade.e da construção de dois artigos originais.

O primeiro deles “Caracterização e magnitude dos transtornos do

comportamento alimentar em escolares: um estudo de base populacional”, será

enviado para o periódico APPETITE. , O objetivo deste estudo foi avaliar a

magnitude dos transtornos do comportamento alimentar em adolescentes de 10 a

14 anos da cidade do Recife.

O segundo artigo, “Comportamento de risco precursores dos

transtornos do comportamento alimentar e suas associações em escolares do

Recife nordeste do Brasil.” Já enviado para o periódico Archivos

Latinoamericanos de Nutrición. O objetivo deste estudo, foi identificar fatores

de risco para desenvolvimento de TCA em escolares de 10 a 14 anos, na cidade

do Recife, PE.

Estes estudos buscam identificar o perfil de risco para TCA, em

uma compreensão das especificidades locais, essenciais a estruturação de

intervenções que se prestem a melhores condições de saúde da população em

tela.

Page 23: TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM … · Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo ... Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

22

2 – REVISÃO DE LITERATURA

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23

2 – Revisão de Literatura

2.1 Os transtornos alimentares na contemporaneidade

No início da vida, a função vital, alimentação, desempenha papel essencial no

desenvolvimento físico e na estruturação emocional dos seres humanos. Em uma percepção

psicanalítica acredita-se que durante a amamentação a criança experencia o primeiro alívio de

desconforto físico em função da satisfação da fome, sensação profundamente associada aos

primeiros sentimentos de bem-estar e de segurança (BARBISAN, 2004; ALEXANDER,

1989). Segundo Montagu (1988), os benefícios psicofisiológicos formados de uma relação

saudável entre o binômio mãe-criança, conferem uma importante base para o

desenvolvimento futuro da criança, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Na

primeira infância o processo alimentar funciona como o eixo da vida emocional do bebê, uma

vez que a nutrição é o centro do universo da criança neste período. Ser alimentado equivale a

ser amado. Certas atitudes emocionais permanecem vinculadas ao processo alimentar no

decorrer da vida (BARBISAN, 2004; ALEXANDER,1989).

As atitudes e os hábitos alimentares durante a fase inicial da vida e metade da

infância estão alicerçados em bases familiares. Neste período vital, os costumes, hábitos e

rituais alimentares firmam-se através de experiências compartilhadas e vivenciadas no

convívio familiar.

Durante a adolescência, dá-se início a uma fase na qual há estabelecimento dos

hábitos adquiridos durante a infância, porém, sob uma influência nova. A maioria das

refeições passa a ser realizadas fora do ambiente familiar, especialmente em função de

atividades escolares, determinando sob esta dinâmica, que os hábitos alimentares possam ser

reestruturados, podendo passar também a refletir, em parte, a grande importância dada pelos

Page 25: TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM … · Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo ... Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

24

adolescentes a sociabilidade e a aceitabilidade dos colegas, os quais acabam de certa

forma,por influenciar diretamente seus hábitos (GALINDO,2005; WONG et al., 1999). Toda

a estrutura comportamental influencia e é influenciada por conceitos comportamentais que

hora definem, hora são definidos por comportamentos alimentares, nesta fase complexa da

vida. Porém quando esta relação com os alimentos não ocorre de forma saudável, poderão

determinar o surgimento de graves problemas de saúde pública denominados transtornos

alimentares.

Os transtornos do comportamento alimentar (TCA) são síndromes

psicossomática de etiologia multifatorial (biológicos, psicológicos, socioculturais e

familiares), cujos indícios podem ser perceptíveis ainda na infância, possibilitando a detecção

precoce dos diversos possíveis fatores que interagem entre si na produção e perpetuação deste

processo mórbido (GALINDO, 2005; VILELA, 2004; MORGAN; VECCHIATTI;

NEGRÃO, 2002). Os TCA podem ainda ser definidos como quadros patológicos

multidimensionais, onde a interação entre fatores biológicos, familiares, psicológicos e sócio-

culturais determinam uma relação distorcida entre o indivíduo e seu comportamento

alimentar. O desejo de investigar a magnitude e as bases afetivo-emocionais, biológicas,

fisiopatológicas e ambientais da anorexia (AN), da bulimia nervosa (BN), e do transtorno do

comer compulsivo (TCC), reside na necessidade de realizar-se uma tentativa de compreensão

do mundo do paciente anoréxico e/ou bulímico, possibilitando a identificação de fatores de

risco, o que leva a crer, ser cada vez mais instigante e cientificamente necessário,

considerando-se o fato de que esses TCA têm ocupado um lugar de destaque na sociedade

atual, devido, principalmente, à alta demanda de meninas púberes e adultos jovens em

consultórios e ambulatórios, considerando a importância que a cultura ocidental tem dado ao

culto ao corpo magro, pálido e longilíneo (CORDÁS; SALZANO; RIOS, 2004 ).

No mundo estudos científicos, realizados recentemente, apontam para um

aumento no número de casos de TCA (LUCAS et al., 1991; BRYANT-WAUGH; LASK,

1995; HOCK, 2002; HOCK; HOEKEN, 2003; BUSSE; SILVA, 2004). Esses transtornos

podem trazer conseqüências físicas que se assemelham àquelas decorrentes de um estado de

desnutrição crônica. A criança e/ou adolescente podem sofrer alterações em suas curvas de

crescimento, atraso ou interrupção do desenvolvimento puberal. Este atraso pode ocasionar,

em média, diminuição de cerca de 15% ou mais em relação ao limite inferior adequado para

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25

idade e altura. Há elevado risco de associação de outros quadros mórbidos, e significante

risco de mortalidade(MOYA, 2003; HERZOG, 2000)

Pesquisas realizadas por Jacobs; Isaacs (1986) e por Foson et al (1987),

revelam casos de AN já aos 7 anos de idade. Segundo Busse (2004), o aparecimento, tanto da

AN quanto da BN, podem ocorrer principalmente a partir dos 10 anos de idade, faixa

considerada pré-púbere. Em investigação recentemente, realizada na Alemanha, onde se

estudou um grupo de crianças, na faixa etária entre oito e 12 anos, sobre suas preocupações

concernentes ao peso e dieta, concluiu-se que, 42% dos meninos e 53% das meninas preferem

uma imagem corporal magra; 32% das crianças que apresentavam peso normal expressaram o

desejo de serem mais magros (Berger et al, 2005). Neste grupo de crianças, 18% dos meninos

e 19% das meninas tentaram perder peso durante o período do estudo. Um total de 17% das

crianças que compunham este grupo, e que tinham peso normal, acreditava estarem acima do

peso.

Na maioria das sociedades humanas, o ato de comer ou a abstenção de

alimentos encontra-se associadas a práticas cerimoniais, emocionais e até mesmo religiosas. O

caráter simbólico do ato de comer é ilustrado pela institucionalização da hiperfagia na forma

do jantar do dia de “ação de graças” ou dia de “natal”. A relação mãe-filho estrutura-se nas

bases do dar e receber alimento (TEPPERMAN, 1977). Não constitui surpresa, portanto, que

distúrbios emocionais possam alterar a equação de balanço energético em qualquer direção.

Por um lado, podem-se observar pessoas apresentando anorexia nervosa, que pode progredir

para uma inanição extrema e morte. Esta condição pode ser descrita como um suicídio lento

pelo jejum voluntário o que, ocorre algumas vezes em pessoas que compulsivamente se

expõem a dietas rígidas por apresentarem uma preocupação excessiva com obesidade. No

outro extremo está à bulimia psicogênica ou hiperfagia que pode ser bem mais imaginada

como uma espécie de dependência ou vício crônico, onde os comedores compulsivos

geralmente têm associado à problemática, uma infância infeliz.

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26

2.2 Os principais tipos de transtornos alimentares

A anorexia nervosa e bulimia nervosa são as síndromes mais freqüentemente

conceituadas como distúrbios da alimentação. Esses distúrbios alimentares podem ser

avaliados dentro do contexto de uma cultura que passou a atribuir um valor desmesurado à

forma e beleza do corpo (Oski; Angelis, 1992) .

Sob esta influência, em parte, os transtornos alimentares AN e BN assumiram

grande importância nas duas últimas décadas. As condições tornaram-se mais comuns desde

1970 e são agora encontradas com freqüência na prática clínica. Além disso, os casos

resistentes à terapia estão associados com uma significativa mortalidade; entre 5% e 20%

desses pacientes morrem como resultado dos distúrbios. As formas crônicas destes transtornos

desenvolvem-se em aproximadamente 25% dos pacientes. Freqüentemente estes

experimentam uma variedade de complicações metabólicas e seqüelas psicosociais, incluindo

uma prevalência de transtornos afetivos e ansiosos, bem como estilos de vida marcadamente

isolados (KAPLAN ; SADOCK, 1999)

Para Claudino; Borges (2002), essa síndrome comportamental, tem tido seus

critérios amplamente estudados nos últimos 30 anos. Os sistemas classificatórios de

transtornos mentais, a Classificação Internacional de Doenças - 10ª edição (CID-10) e

o,Diagnostic and Statistical Manual- IV edition (DSM-IV), ressaltam duas entidades

principais: a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa (BN), que embora tenham

classificações separadas, compartilham da mesma psicopatologia: A preocupação excessiva

com o peso e a forma corporal, fazendo com que estas pessoas utilizem métodos

inapropriados, como dietas extremamente restritiva, devido ao medo de engordar e em busca

do corpo idealizado (OMS, 1993; APA, 1994). As pacientes julgam-se exclusivamente pela

sua aparência física, e mostram-se sempre insatisfeita com essa imagem.

Durante um longo período os transtornos alimentares eram tidos como

exclusivos de países ricos, atingindo apenas mulheres jovens, brancas e pertencentes à elite, o

que pode em parte explicar o número reduzido de estudos, nos paises em desenvolvimento,

nesta área. A associação entre uma falsa crença desenvolvida pelos países de primeiro mundo

e sua comunidade científica, de que os transtornos alimentares são muito raros em países

pobres e da ausência de estatísticas locais sobre o assunto em apreço, provocou atraso e

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27

abandono de estudos mais sistemáticos sobre TCA em nosso meio. Esta necessidade é

corroborada por várias pesquisas realizadas em diferentes partes do mundo.( GARFINKEL et.

al. , 1995; STEINHAUSEN; WINKLER; MEIER,1997). Segundo, Cotrufo et. al. (1998);

Morandé; Celada; Casas, (1999) a distribuição das TCA em uma ocorrência global, gerando

necessidade de desenvolvimento de estudos epidemiológicos que possam trazer informações

científicas que possibilitem a identificação de fatores de risco para TCA. (BERGER et. al.

2005; WHITAKER et. al. , 1989; KURTZMAN et. al. , 1989; MITRANY ET AL, 1995).

A interpretação desse fenômeno vem sendo confrontada pelo número crescente

de relatos de transtornos alimentares em diferentes etnias e em países subdesenvolvidos,

ressaltando assim, a importância de maiores estudos (MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO,

2002; NAKAMURA et. al. , 2000; AZEVEDO; MORGAN, 1998). Deve-se considerar tanto a

mortalidade quanto a morbidade secundárias aos distúrbios alimentares, pois, são de grandes

proporções; a AN, por exemplo, apresenta a maior taxa de mortalidade (0,56% ao ano)

quando comparada a outros distúrbios psiquiátricos. Daí a grande importância de

identificação precoce do comportamento alimentar do escolar e avaliação precoce dos fatores

de risco mais preponderantes em nosso meio, os quais podem definir o prognóstico destas

pessoas.( BAY et. al. , 2005; CORREA et al., 2006)

A insatisfação com a imagem corporal deve ser considerada um dos principais

precursores dos TCA. Vê-se assim a importância de estudos que identifiquem grupos com

estes riscos.

2.3 Os transtornos alimentares no Brasil

No Brasil, segundo Moyá; Fleitlich-Bilyk (2003), estudos que investiguem os

TCA e seus precursores, são relativamente raros, o que reflete a realidade dos países em

desenvolvimento em relação a esta temática. No âmbito local (Recife, PE), estudo de

relevância foi desenvolvido, estabelecendo a prevalência de obesidade em crianças e

adolescentes em alunos de uma escola particular, que atende a uma clientela de classes média

e alta.( Balaban; Silva, 2001) Observou-se que, as prevalências de sobrepeso e obesidade nas

adolescentes, eram menores que em crianças do mesmo estudo. As autoras supracitadas

atribuíram tal fato a uma provável elevação da preocupação com a imagem corporal, neste

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28

período da vida. O adolescente reconhecido como um receptáculo propício para encarregar-se

dos conflitos dos outros e assumir os aspectos mais doentios do meio em que vive.

Em Minas Gerais Vilela et al (2004), investigou-se recentemente a freqüência

dos possíveis distúrbios da alimentação e comportamentos alimentares em 1.807 escolares de

7 a 19 anos pertencentes a escola pública, dentre esses 887 eram do sexo masculino e 920 do

sexo feminino. Por meio de tal estudo verificou-se que, 59% dos alunos mostraram-se

insatisfeitos com a sua imagem corporal, dentre os quais, 48% gostariam de parecer mais

magro e 52% gostariam de parecer mais gordos. Levando em conta os escolares que

gostariam de parecer mais magros, observam-se uma predominância do sexo feminino, 69%;

já analisando os estudantes que desejariam parecer mais gordos, vê-se uma predominância

significativa do sexo masculino. Ainda nesse estudo, 40% dos alunos têm o hábito de fazer

algum tipo de dieta, sendo prevalente o sexo feminino. Outro comportamento analisado para a

perda de peso foi a realização de atividades físicas, a qual é feita por 56% dos alunos com,

mais uma vez, predominância da classe feminina. 12% foi a taxa de escolares apresentando

episódios bulímicos e 10 % fazendo uso de métodos purgativos para reduzir o peso corporal39.

Na última década destacam-se alguns estudos que investigam este processo em

diferentes grupos. Triches; Giugliani (2007), estudaram um grupo de escolares, meninos e

meninas por meio de estudo transversal, realizado com 573 escolares de 8 a 10 anos dos

municípios de Dois Irmãos e Morro Reuter, Rio Grande do Sul uma prevalência de

insatisfação corporal foi de 63,9%, sendo que apenas 16,9% estavam com sobrepeso. Para tal

avaliação utilizou-se a escala de imagem corporal (Children's Figure Rating Scale) e

antropometria das crianças.

As mães responderam um questionário sobre preocupações e percepções

relacionadas ao peso dos filhos. No tratamento estatístico realizado pelo pacote estatístico

SPSS. Verificou-se a associação entre insatisfação corporal e as demais variáveis por meio de

regressão logística simples. Após, foi realizada regressão logística ajustada, incluindo no

modelo somente as variáveis que se encontravam associadas à insatisfação corporal em um

nível de significância igual ou menor que 0,25 na análise bivariada.

A distorção da imagem corporal foi comprovada também entre os judocas,

Vieira et al. (2006),em estudo intitulado, “Distúrbios de atitudes alimentares e sua relação

com a distorção de imagem corporal em atletas de judô no estado do Paraná.” Estudo

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29

transversal, investigou pela aplicação do EAT-26 e do BSQ, 101 atletas de judô de ambos os

sexos. Os achados revelaram distorção de auto-imagem corporal em 23 das 42 atletas do sexo

feminino entrevistadas, sendo 13 delas em grau leve, sete em grau moderado e 03 em grau

grave. As modificações físicas e emocionais inerentes ao processo de crescimento e

desenvolvimento fazem parte de um complexo emaranhado de relações, de interações e

justaposições complexas entre os seres humanos e o seu meio ocorrendo em uma dinâmica

pessoal e coletiva.

2.4 Fatores de risco e vulnerabilidade

O conceito de imagem, no processo de crescimento, constitui-se no

aprendizado da representação de um objeto por meio de desenho, pintura, escultura ou

quaisquer outros recursos. A imagem que temos do nosso corpo tem sua estruturação mental

construída pelo contato consigo mesmo e com o mundo exterior. Segundo Mello Filho (1992),

a imagem corporal não se constitui apenas em uma sensação ou mesmo imaginação, mas na

representação do corpo dentro da mente de cada um. A imagem corporal do indivíduo pode

ser vista como uma relação entre o corpo e seus processos cognitivos, tais como: crenças,

valores e atitudes. Por eles, aprende-se a lidar com o corpo e a estabelecer sua interação com o

ambiente; desenvolvendo-se assim a auto-imagem (GALINDO; CARVALHO, 2007). Esta

alteração de interação poderá resultar por vezes em um processo mórbido denominado

Transtorno do Comportamento Alimentar. .Segundo a Classificação Estatística Internacional

de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, do estado de São Paulo, (1996) cerca de 80%

das mulheres apresentam algum tipo de distúrbio alimentar sub-clínico e que, 20% restantes

irão apresentar algum traço de anorexia nervosa e/ou bulimia em algum momento de suas

vidas.( OSÓRIO, 1991; PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997).

Causas, como: histórico de obesidade, humilhação e fracassos sociais

associados, são identificados na vivência de alguns indivíduos portadores de TCA. Nas

sociedades ocidentais, crianças e adolescentes demonstram atitudes e concepções negativas

frente à obesidade.( GARFINKEL et. al. , 1995)

Existe um consenso de que os fatores etiológicos são multideterminais e

interativos, envolvendo uma combinação de fatores genéticos, neuroquímicos, evolutivos,

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30

caracterológicos, sociais, culturais e familiares.(STUART; LARAIA,2001) Quando aos

fatores biológicos existe um consenso de que os transtornos alimentares têm incidência

familiar. Existe um risco maior para transtornos alimentares em parentes em primeiro grau do

sexo feminino de pessoas com transtornos que na população em geral. A taxa de concordância

para os TCA em gêmeos monozigóticos é de 52% e para gêmeos dizigóticos é de 11%. Existe

também um risco maior para outros transtornos alimentares e para depressão em parentes em

primeiro grau de pessoas com transtornos alimentares, sugerindo fatores etiológicos comuns.

O desenvolvimento de um ou do outro em um indivíduo vulnerável pode ser

causado por relações complexas entre traços de personalidade, fatores ambientais e familiares

e predisposição genética.(MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002; STUART; LARAIA,

2001)

Os modelos biológicos da etiologia dos transtornos alimentares focalizam-se

sobre o centro de regulagem do apetite localizado, no hipotálamo, que controla os

mecanismos neuroquímicos específicos da alimentação e da saciedade. Hipoteticamente,

importadores de transtornos alimentares, os neurotransmissores, os neuromodulares e os

hormônios que controlam a alimentação e a saciedade estariam desregulados. Estudos com

animais e humanos indicam que redução da serotonina está associada com saciedade reduzida

e aumento do consumo alimentar e humor disfórico.(ROJO et. al., 2003; KAPLAN;

SADOCK, 1999) Outras correntes propõem que os TCA podem ser variações dos transtornos

do humor ou podem ser causados por diminuição da atividade dos opióides endógenos. Essa

corrente baseia-se nas observações clínicas de que os carboidratos, particularmente o açúcar,

exercem um papel na compulsão periódica e na obesidade, porque muitas pessoas

hiperfágicas comem preferencialmente doces durante um episódio de hiperfagia. A meta-

endorfina tem um mecanismo de estimulação do apetite, e se o açúcar estimula a produção de

beta-endorfina, então ele pode levar a um aumento da ingestão alimentar.

Quanto aos fatores psicológicos, é fato amplamente reconhecido que a maioria

dos pacientes com transtornos alimentares exibe agrupamentos de sintomas psicológicos,

como rigidez, rituais e meticulosidade. Quando estudadas anos após o tratamento, as mulheres

que haviam recuperado o peso em longo prazo continuavam mostrando uma necessidade

obsessiva por perfeccionismo, exatidão e simetria e maior esquiva de riscos, retraimento e

controle dos impulsos (STUART; LARAIA, 2001).

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31

Separação precoce e conflitos de individuação, dificuldade em interpretar

sentimentos e em tolerar estados emocionais intensos, bem como medo da maturidade

biológica ou psicológica podem predispor uma pessoa a ter transtorno alimentar. Alguns artigos

advogam uma forte influência puberdade precoce no adoecimento.(FAIRBURN ET AL, 1999;

KALTIALA-HEINO ET AL, 2001).

Quanto aos fatores ambientais, são sugeridas como predisposição ao

desenvolvimento de transtorno alimentar, história do desenvolvimento precoce de doenças

médicas e cirúrgicas, separações e mortes na família.(ROJO et al. , 2003; KALTIALA-

HEINO et al., 2001) As mulheres com bulimia também mencionam haver crescido em um

ambiente familiar com conflitos, experimentando também outras perturbações,

comportamentais como abuso de drogas, tentativas de suicídio, faltas à escola e outros

problemas emocionais. O abuso sexual também foi relatado em 20 a 50% dos pacientes com

bulimia, mas essa taxa pode ser similar à encontrada em outras populações psiquiátricas. Os

pais que dão uma ênfase demasiada ao atletismo, que recompensam a magreza ou manifestam

desprezo por pessoas obesas estão colocando seus filhos em risco para transtornos

alimentares. Além disso, os pais que omitem refeições continuamente, que comem quando

estão aflitos e dão como exemplo maus hábitos nutricionais não estão ensinando aos filhos o

valor apropriado do alimento em termos de nutrição. (BARLOW; DURAND, 2008)

Normas culturais em transformação para as mulheres jovens, as forçaram a

enfrentar expectativas múltiplas, ambíguas e, com freqüências contraditórias em relação a seu

papel. A esbelteza é altamente valorizada, culturalmente recompensada e associada com o

sucesso. A mulher ideal contemporânea, é magra, forte, graciosa e feminina. Uma vantagem

desse perfil é sua ênfase na boa forma física e na saúde. Uma desvantagem é a demanda

constante que essa norma impõe às mulheres para que fiquem atentas e controlem seus

corpos, com freqüência como um modo de alcançarem os objetivos desejados. O resultado é

uma pressão social intensa sobre as mulheres no sentido da autodisciplina, exercícios

rigorosos, dietas e, com freqüência, preocupação obsessiva com o peso e a imagem corporal.

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32

2.5 Os TCA e a sociedade ocidental

Crianças, adolescentes e adultos jovens que vivem em comunidades ou

freqüentam escolas que enfatizam o peso e tamanho corporal freqüentemente estão propensos

a desenvolver transtornos alimentares.(CORDÁS ; SALZANO ; RIOS, 2004) Atividades ou

ocupações que salientam a beleza ou a esbelteza também promovem a preocupação com o

peso e os comportamentos alimentares. Bailarinas, modelos, atores, atletas, comerciantes de

moda, cozinheiros e aeromoças têm critérios tácitos ou explícitos que lhes são ditados,

envolvendo o peso e o tamanho corporal. Essas ocupações e atividades em si mesmas não

causam transtornos alimentares, mas de fato atraem pessoas que talvez baseiem sua auto-

estima, seu valor próprio e sua atração pessoal por parâmetros corporais, em vez de

realizações e gratificações pessoais. Padrões de comportamentos alimentares gravemente

perturbados e os distúrbios da percepção da imagem corporal são características que podem

levar aos transtornos alimentares.(SAIKALI; SOUBHIA; SCALFARO, 2004)

Em indivíduos com transtornos alimentares é comum a distorção cognitiva

relacionadas à avaliação do corpo, incluindo o pensamento dicotômico. O indivíduo pensa em

extremos com relação à sua aparência ou é muito crítico a ela, passando a comparar sua

aparência com padrões extremos.(GRANDO; ROLIM, 2005; NUNES et. al. , 2001)

Para Triches; Giugliani,(2005), a estrutura familiar concorre diretamente no

processo de adoecimento nos TCA, seja pelas práticas relacionais que reforçam

comportamentos evitativos, e\ou ainda através da responsabilidade por estruturação de hábitos

alimentares equivocados. Ressalta-se ainda a influência que a mídia exerce junto ao público

infanto-juvenil, no que concerne modelos de beleza, e necessidades de consumo. Construindo

e reforçando padrões que podem trazer impactos negativos na formação do comportamento

alimentar, em especial em mulheres. (ANDRADE; BOSI, 2003)

No momento, experimenta-se um aumento nas demandas de crianças e

adolescentes em serviços especializados em TCA, realçando ainda mais a percepção

inequívoca de sua elevada morbi-mortaliade, e conseqüente necessidade de realização de

estudos e tomadas de medidas profiláticas e terapêuticas nesta área. (Abreu; Cangelli Filho,

2004).

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33

3 – MÉTODO

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34

3 – Método

3.1 Desenho e local do estudo

O delineamento da investigação compreendeu um estudo de corte transversal, para a

estimativa da prevalência dos TCA nas escolas públicas e privadas da cidade do Recife,

Estado de Pernambuco, que oferecem de 5ª a 8ª série do ensino fundamental. Segundo o censo

escolar do ano de 2007, a cidade do Recife possuía em sua rede oficial de ensino 930 escolas

que contemplavam o ensino fundamental, sendo 674 estabelecimentos da rede pública e 256

da rede privada. Para o rastreamento dos TCA, foram utilizados os critérios diagnósticos

estabelecidos pela CID-1026 e DSM-IV27, mediante o uso da escala Eating Behaviour and

Body Image Test (EBBIT), desenvolvida por Candy e Fee28 e validada, no Brasil, por

Galindo29. A escala tem apresentado alta confiabilidade no teste – re-teste. No entanto, a

escala passou por processo de avaliação de adaptação local, considerando as diferenças e

especificidades de linguagem e cultura regionais. Foram ainda avaliadas as características

antropométricas, econômico-demográficas e psicossociais dos escolares. O estudo financiado

pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Processo N.º

414146/2006-5 Ed. 02/2006).

3.2 População do estudo A população do estudo foi composta por todos os escolares, 10 a 14 anos, do ensino

fundamental (5a a 8a séries) das redes estadual e municipal, no âmbito público e privado da

cidade do Recife, Pernambuco, no período de outubro a dezembro de 2007.

3.3 Critérios de inclusão/exclusão

Foram considerados elegíveis escolares com idade entre 10 e 14 anos inclusive, de ambos os

sexos, regularmente matriculados na rede oficial de ensino e, presentes no âmbito escolar por

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35

ocasião da coleta dos dados. Foram excluídos aqueles escolares que, embora matriculados,

não estavam freqüentando regularmente as atividades letivas; escolares com deficiência física

que interferisse na avaliação antropométrica; e escolares que necessitavam fazer dieta especial

por problema de saúde ou cujas famílias adotavam uma forma especial de dieta.

3.4 Plano amostral Foi realizado um teste piloto, que serviu de base para subsidiar a estimativa da prevalência de

transtornos do comportamento alimentar na população de estudo. O tamanho amostral (n) foi

calculado a partir da fórmula [n= z2.p.(1-p)/d2]30, onde “z” representa o nível de confiabilidade

desejada (95%), “p” a prevalência estimada e “d” a margem de erro aceitável. O processo de

seleção da amostra foi do tipo poli-etapas, cujas unidades amostrais foram a escola (1º

conglomerado), turno (2º conglomerado) e a turma (3º conglomerado) e o escolar (4º

conglomerado),. Logo o “n” amostral foi ajustado pelo efeito do desenho do estudo, mediante o

uso de um fator de correção amostral30 da ordem de 2,1 totalizando um número mínimo de

1403 escolares. Para corrigir eventuais perdas ou recusas, esse valor foi acrescido em 5%,

perfazendo uma amostra em torno de 1473 escolares. No entanto, 1507 escolares participaram

do estudo. A seleção dos conglomerados e escolares se deu fazendo-se o uso de uma tábua de

números aleatórios e respeitando-se o limite máximo de 40 unidades amostrais por escola. A

seleção de 29 escolas públicas e de 11 privadas foi por amostragem aleatória estratificada,

levando-se em consideração a proporcionalidade do número de escolas públicas e privadas na

rede de ensino da cidade do Recife.

3.5 Procedimentos e técnicas de avaliação 3.5.1 Procedimento de coleta de dados

Uma equipe técnica, formada por profissionais da área da saúde, foi treinada e capacitada para

a aplicação do EBBIT, questionário e antropometria, sob a supervisão de um pesquisador do

projeto. Cerca de 20% dos questionários foram re-testados pelos supervisores, para avaliar a

consistência dos dados e reprodutibilidade das informações.

Para a aferição das medidas antropométricas (peso, altura) foram obedecidas as

recomendações de Lohman, Roche e Martorell (1988) e foi utilizada a técnica de entrevista na

aplicação do questionário, no qual foram anotadas informações sócio-demográficas,

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comportamentais, percepção do peso corporal dos pais. Para a avaliação de risco utilizando a

escala EBBIT foi realizada a técnica de autoaplicação da referida escala que entregava aos

alunos sorteados com supervisão dos pesquisadores de campo.

3.5.2 Situação de risco dos transtornos do comportamento alimentar

A avaliação do risco foi realizada pela aplicação da escala EBBIT, que é composta por 02

sub-escalas, que avaliam insatisfação com a imagem corporal, hábitos de comer em excesso e

comportamentos precursores das TCA. A freqüência de ocorrência do evento questionado foi

aferida utilizando-se 4 pontuações de uma escala do tipo Likert, incluindo 0 para “nunca” até

3 para “todos os dias”. A pontuação máxima possível era de 12 para a sub-escala

“comportamento compensatório para hiperfagia”, 45 para “comer compulsivamente” e 69

para insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva. As sub-escalas “comer

compulsivamente” e “insatisfação com a imagem corpora/alimentação restritiva” compuseram

um escala total com pontuação máxima de 114.

3.5.3 Antropometria

Na tomada de peso, foi utilizada uma balança digital eletrônica, da marca Plenna-MEA-

03140, com capacidade de até 150 kg e precisão de 100g. Os escolares foram pesados

descalços, sem objetos nas mãos ou bolsos e sem adornos na cabeça. A altura foi determinada

com fita métrica Stanley-milimetrada, com precisão de 1 mm e exatidão de 0,5 cm. A fita foi

afixada na parede e os escolares colocados em posição ereta, descalças, com os membros

superiores pendentes ao longo do corpo, os calcanhares, o dorso e a cabeça tocando a parede,

e olhando pra frente.

Os métodos adotados para determinar as medidas antropométricas (peso e altura) seguiram as

recomendações de Lohman, Roche e Martorell (1988). Cada indivíduo teve suas medidas

aferidas em duplicata, com a finalidade de garantir a fidedignidade das medidas intra e inter

observadores, segundo as recomendações de Frisancho (1990), sendo desprezadas quando o

erro de aferição inter-avaliadores foi maior que 100g para peso, 0,5cm para altura e 0,1cm

para circunferência da cintura. O valor resultante das aferições foi a média entre elas.

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37

3.5.4 Diagnóstico de excesso de peso

As medidas de peso e altura foram utilizadas para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC)

que é a relação entre peso (em quilogramas) e altura (em metros) ao quadrado. O resultado

encontrado foi comparado com tabela de percentis, segundo o sexo e idade, publicada de

acordo com a recomendação da International Obesity Task Force (COLE et al. 2000), que

considera sobrepeso quando IMC ≥ percentil 85 e, obesidade, quando IMC ≥ percentil 95.

Para análise da nossa casuística, os indivíduos com sobrepeso foram agrupados aos obesos,

sendo classificados na categoria de excesso de peso.

3.5.5 Avaliação psicossocial e econômico-demográfica

Foi desenvolvida mediante uso de um questionário estruturado com perguntas abordando

alguns aspectos que refletem os diferentes níveis de influência a que estão expostos os

adolescentes: o nível individual ou intra-pessoal (psicossocial, biológico), o entorno social ou

inter-pessoal (família, pares), o entorno físico ou comunitário (escola) e o macro-sistema

(mídia, marketing, normas sociais e culturais) 31.

3.5.6 Variáveis sócio-demográficas

Dentre as variáveis sócio-demográficas foram coletadas informações sobre idade, sexo, tipo

de escola (pública ou privada), número de irmãos, escolaridade dos pais (em anos completos

estudados) e condições socioeconômicas.

3.5.7 Realização de dieta e insatisfação com a imagem corporal

Dentre as variáveis comportamentais foi investigado se o adolescente já tinha realizado ou

realizava algum tipo de dieta (sim/não), sendo a pergunta realizada: Já fez alguma dieta para

perder peso?; e como se sentia em relação à sua imagem corporal (satisfeito/insatisfeito), sendo

a pergunta realizada: Como se sente em relação ao seu peso corporal?.

Page 39: TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM … · Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo ... Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

38

3.5.8 Percepção do peso corporal dos pais

Foi avaliada a percepção dos adolescentes em relação ao peso corporal dos pais,

caracterizando-os com peso excessivo, baixo ou normal, sendo a pergunta realizada: Você

acha que seu pai/mãe é?; e as opções de resposta: gordo, magro ou normal. Para análise nesse

estudo foram agrupadas as opções magro e normal.

3.6 Algoritmo da análise estatística

As variáveis contínuas foram testadas quanto à normalidade pelo teste de Kolmogorov

Smirnov. O IMC apresentou distribuição não normal, foi transformada em logaritmo natural,

re-testada quanto à normalidade e continuou com distribuição não-gaussiana. Portanto, foi

descrita sob a forma de mediana e intervalo interquartílico (percentis 25 e 75). As proporções

foram descritas procedendo-se uma aproximação da distribuição binomial à distribuição

normal pelo intervalo de confiança de 95%. A pontuação da escala de Likert, em virtude da

mensuração ordinal, foi descrita pela mediana e intervalo interquartílico. As medianas inter-

grupos/categorias foram comparadas pelos testes não paramétricos U de Mann-Whitney (2

grupos/categorias) e Kruskal Wallis (> 2 grupos/categorias), utilizando-se o teste U de Mann-

Whitney como teste a posteriori. Foi adotado o nível de significância de 5% para rejeição da

hipótese de nulidade. Para construção do banco de dados foi utilizado o pacote estatístico

EpiInfo, versão 6.03 e nas análises estatísticas o pacote estatístico SPSS for Windows, versão

13.0.

3.7 Aspectos éticos

O protocolo de pesquisa foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do Centro

de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco(CEP/CCS/UFPE), sob o

registro, CAAE – 0203.0.172.000-06, de acordo com a Resolução 196/96, que trata das

pesquisas envolvendo seres humanos. Durante todo o processo da coleta de dados e após o

término da investigação, foram repassadas informações sob a forma de palestras, cartazes,

folders, etc., abordando o tema da alimentação saudável e a importância do controle do peso

corporal. Os escolares que aceitaram participar do estudo foram previamente informados dos

objetivos da pesquisa bem como os métodos a serem adotados e o pai ou responsável assinou

um termo de consentimento livre e esclarecido

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39

4 – ARTIGO I

Page 41: TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM … · Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo ... Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

40

Ana Márcia T S Cavalcantia; Alcides S Dinizb; Ilma K G Arrudab; Emily A C Morenoc

* Parte de Tese de Doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do

Adolescente, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que será enviado para o

periódico Appetite, seguindo formato deste periódico. a Professora Assistente do Departamento de Enfermagem, da Universidade Federal de

Pernambuco. Brasil. E-mail: [email protected] b Professor Associado do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco.

Brasil. E-mail: [email protected]; [email protected]. c Professora Substituta do Departamento de Enfermagem, da Universidade Federal de

Pernambuco. Brasil. E-mail: [email protected]

Endereço para Correspondência:

Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti

Departamento de Enfermagem.

Avenida Prof. Moraes Rego, s\n Bloco A do Hospital das Clínicas 1º Andar Cidade

Universitária CEP – 50.670 – 901.

Recife – PE. Brasil.

Caracterização dos transtornos do

comportamento alimentar em escolares: um

estudo de base populacional*

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41

Resumo

Os transtornos do comportamento alimentar (TCA) podem ser definidos como quadros

patológicos multidimensionais, onde a interação entre fatores biológicos, familiares,

psicológicos e sócio-culturais determina uma relação deformada entre o indivíduo e seu

comportamento alimentar. Este estudo teve como objetivo avaliar a caracterização dos

transtornos do comportamento alimentar em escolares da cidade do Recife, Pernambuco -

Brasil. O delineamento da investigação compreendeu um estudo de corte transversal, para a

estimativa da prevalência dos TCA em escolares de 10 a 14 anos, de ambos os sexos, de

escolas públicas e privadas no ano de 2007. Para o rastreamento dos TCA, foi utilizada a

escala Eating Behaviour and Body Image Test (EBBIT). Foram avaliados 1405 escolares As

variáveis contínuas foram testadas quanto à normalidade pelo teste de Kolmogorov Smirnov

com correção de Lilliefors. Portanto, foram descritas sob a forma de mediana e intervalo

interquartílico (percentis 25 e 75). Foram considerados como um forte indicativo de risco para

TCA, os critérios que configuraram um quadro de anorexia e/ou bulimia nervosa, nos

escolares que referiram comportamento com pontuações acima do percentil 75, nas escalas

“comer compulsivamente” 3,0% (IC95% 2,2 – 4,0); “insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva” 1,3% (IC95% 0,8 – 2,0) ; aqueles com pontuação acima do

percentil 30, “comer compulsivamente” + “insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva”, 0,6% (IC95% 0,3 – 1,2); e do percentil 50 a soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva, acima do

percentil 50, observou-se 6,7% (IC95% 5,4 – 8,1), para os distúrbios “comportamento

compensatório para hiperfagia”. Percebeu-se ainda uma maior vulnerabilidade do sexo

feminino e um incremento dos fatores de risco precursores dos TCA como, progressão da

idade, insatisfação com a imagem corporal ligada a comportamentos restritivos, e ainda o

estabelecimento de um padrão de comer compulsivamente. A elevada pontuação nas

subescalas do EBBIT que avaliam os riscos de TCA, observada entre os escolares rastreados

no Recife, vem mostrar a dimensão do problema nesse contexto ecológico e a necessidade

premente de intervenções visando a prevenção e o controle desses distúrbios da alimentação.

Palavras – Chave: Transtornos alimentares; Comportamento alimentar; Escolares; Anorexia;

Bulimia; Transtorno do Comer Compulsivo.

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42

ABSTRACT

Eating Disorders can be defined as multidimensional pathological complexes, in which the

interaction between biological, familial, psychological, and socio-cultural factors create a

deformed relationship between the individual and his/her eating habits. The research outline

consists of a cross-sectional analysis in order to estimate the prevalence of eating disorders in

school children between the ages of 10 and 14 years, of both sexes, and including both public

and private schools, in 2007. The principal objective of this study is to evaluate the eating

disorders in school-aged children in the city of Recife, Pernambuco, Brazil. We used the

Eating Behavior and Body Image Test (EBBIT) to identify eating disorders. 1,405 school-age

children were evaluated. The continuum variables were tested as for the normality under

Kolmogorov Smirnov Test with correction by Lilliefors. Therefore, they were described under

the form of median and inter-quarter intervals. They were considered as a strong indication

for risk of eating disorders, the criterium that set a table of anorexia or bulimics, in school-age

students that referred behaviours with figures over the 75 percentile, in the scales “eating

compulsively” 3,0% (IC95% 2,2 – 4,0); “dissatisfaction with body image/restrictive eating”

1,3% (IC95% 0,8 – 2,0); those over percentile 30, “compulsive eating” + “dissatisfaction with

body image/restrictive eating”, 0,6% (IC95% 0,3 – 1,2); and, from percentile 50, the sum of

subscales “compulsive eating” + “dissatisfaction with body image/restrictive eating”, over

percentile 50, it was observed that 6,7% (IC95% 5,4 – 8,1), for the disturbs “compensatory

behavior to compulsive eating”. We observed a greater vulnerability in females, increased risk

factors of eating disorders with an increase in age of adolescents, dissatisfaction with body

image linked to restrictive behaviors, and even the development of compulsive eating habits.

The increased rankings in the sub-scales of the EBBIT, which evaluate risks factors for eating

disorders, and which were observed in school-aged children tracked in Recife, illustrate the

dimension of the problem in this ecological context, and the serious need for interventions to

prevent and control eating disorders.

Keywords: Eating Disorders; Eating Habits; School-aged children; Anorexia; Bulimia;

Compulsive Eating Disorder.

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43

Introdução

Os transtornos do comportamento alimentar (TCA) podem ser definidos como quadros

patológicos multidimensionais, no qual a interação entre fatores biológicos, familiares,

psicológicos e sócio-culturais determinam uma relação distorcida entre o indivíduo e seu

comportamento alimentar. Esta síndrome comportamental tem tido seus critérios estudados

nos últimos 30 anos. (Claudino & Borges, 2007).

Os indícios dos TCA podem ser perceptíveis desde a infância, podendo oferecer a

possibilidade de detecção precoce, e conseqüente favorecimento de medidas de intervenção

que se contraponham a fatores determinantes, na busca, sobretudo, de minimizar

possibilidades de adoecimento e da perpetuação de seus sintomas.(Galindo, 2005;

Vilela,Lamounier,Delleretti Filho, Barros Neto, & Horta 2004; Morgan, Vecchiatti, &

Negrão, 2002).

Os sistemas classificatórios de transtornos mentais, Classificação Internacional de Doenças -

10ª edição (CID-10) (OMS, 1993) e o Diagnostic and Statistical Manual- IV edition (DSM-

IV), (WASHINGTON, 1994) ressaltam duas entidades principais: a Anorexia Nervosa (AN) e

a Bulimia Nervosa (BN), que embora tenham classificações distintas, compartilham da

mesma psicopatologia: a preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, fazendo com

que as pacientes utilizem métodos inapropriados, como dietas extremamente restritiva, devido

ao medo de engordar e em busca do corpo idealizado. Segundo Garfinkel et al, (1995) e

Claudino & Borges (2007) as pacientes julgam-se exclusivamente pela sua aparência física, e

mostram-se sempre insatisfeita com esta imagem.

Embora a alimentação seja vital para a sobrevivência humana, constitui-se também numa das

principais expressões do relacionamento humano com o mundo, com a qual, desde cedo,

estabeleceu-se entre mãe e filho, e posteriormente, familiares e todos que o cercavam. Para o

bebê o ato de se alimentar proporciona, dentre outros sentimentos, um momento de troca

fundamental tanto para o seu crescimento e desenvolvimento, definindo-se como fonte de

experiência psíquica e condicionamento socioculturalmente estabelecido. (Macedo, Bello, &

Palha, 2002)

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44

Durante a adolescência, dá-se início a uma fase na qual há estabelecimento dos hábitos

adquiridos durante a infância, porém, sob uma influência nova. A maioria das refeições passa

a ser realizada fora do ambiente familiar, especialmente em função de atividades escolares,

determinando sob esta dinâmica, que os hábitos alimentares possam ser reestruturados,

podendo passar também a refletir, em parte, a grande importância dada pelos adolescentes a

sociabilidade e a aceitabilidade dos colegas, os quais acabam de certa forma, por influenciar

diretamente seus hábitos (Wong, Wong, Whaley, & Wong 1999). Toda a estrutura

comportamental influencia e é influenciada por conceitos comportamentais que ora definem,

ora são definidos por comportamentos alimentares, nesta fase complexa da vida. Porém,

quando esta relação com os alimentos não ocorre de forma saudável, poderão determinar o

surgimento de graves transtornos do comportamento alimentar.

Investigar as bases afetivo-emocionais, biológicas, fisiopatológicas e ambientais da anorexia

(AN), da bulimia nervosa (BN), e do transtorno do comer compulsivo (TCC) reside na

necessidade de se realizar uma tentativa de compreensão do mundo do paciente anoréxico

e/ou bulímico, possibilitando a identificação de fatores de risco, o que suscita cada vez mais a

necessidade de instigações cientificas, considerando-se o fato de que esses TCA têm ocupado

um lugar de destaque na sociedade atual, devido, principalmente, à alta demanda de meninas

púberes e adultos jovens em consultórios e ambulatórios, considerando a importância que a

cultura ocidental tem dado ao culto ao corpo magro, pálido e longilíneo. (Cordás, Salzano &

Rios, 2004).

Alguns estudos científicos, realizados nas últimas décadas, como os desenvolvidos por Lucas,

Beard, O’Fallon, & Kurland,(1991); Bryant-Waugh & Lask , (1995); Hock,(2002); Hock &

Hoeken, (2003); Busse & Silva, (2004) apontam para um aumento no número de casos de

TCA, no mundo.

Esses transtornos podem trazer conseqüências físicas que se assemelham àquelas decorrentes

de um estado de desnutrição crônica. A criança e/ou adolescente podem sofrer deformações

em suas curvas de crescimento, atraso ou interrupção do desenvolvimento puberal. Este atraso

pode ocasionar, em média, diminuição de cerca de 15% ou mais em relação ao limite inferior

adequado para idade e altura. Há um elevado risco de associação de outros quadros mórbidos,

e um significante risco de mortalidade. (Herzog , Greenwood, Dorer, Flores, Ekeblad,

Richards, Blais, & Keller, 2000; Moya,2003;) e ainda revelaram casos de AN já aos 7 anos

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45

de idade. (Jacobs, Isaacs,1986; Foson, Knibbs, Bryant-Waugh, & Lask,1987). Segundo Busse

(2004), o aparecimento, tanto da AN quanto da BN, podem ocorrer principalmente a partir

dos 10 anos de idade, faixa considerada pré-púbere. (Cordás, Salzano, & Rios, 2004).

Durante um longo período os transtornos alimentares eram tidos como exclusivos de países

ricos, atingindo apenas mulheres jovens, brancas e pertencentes a uma classe social bem

favorecida, o que pode em parte explicar o número reduzido de estudos, nos paises em

desenvolvimento, nesta área. A associação entre uma falsa crença desenvolvida pelos países

de primeiro mundo e sua comunidade científica, de que os transtornos alimentares são muito

raros em países pobres e da ausência de estatísticas locais sobre o assunto em apreço,

provocou atraso e abandono de estudos mais sistemáticos sobre TCA em áreas

economicamente emergentes.

Várias pesquisas realizadas em diferentes partes do mundo, Kurtzman, Yager, Landsverk ,

Wiesmeier ,& Bodurka, (1989); Whitaker , Davies , Shaffer , Johnson , Abrams , Walsh , &

Kalikow, (1989); Mitrany, Lubin, Chetrit, & Modan (1995); Garfinkel, Lin, Goering, Spegg,

Goldbloom, Kennedy, Kaplan & Woodside (1995); demonstram a distribuição das TCA em

uma ocorrência global, denotando a necessidade de desenvolvimento de estudos

epidemiológicos que possam trazer informações científicas que possibilitem a identificação de

fatores de risco para TCA, sob um prisma das especificidades culturais, discutindo suas

diversidades e semelhanças como em estudos de Steinhausen, Winkler, & Meier (1997);

Cotrufo, Barreta, Monteleoni, & Maj (1998); Morandé, Celada, & Casas (1999); Nakamura

K, Yamamoto M, Yamazaki O, Kawashima, Muto, Someya, Sakurai, & Nozoe (2000);

Berger, Schilke, Strauss, & Weight (2005).

A insatisfação com a imagem corporal deve ser considerada um dos principais precursores

dos TCA. Em função disto, denota-se a relevância de estudos que identifiquem grupos com

estes riscos, em todo o mundo, buscando identificar precocemente as distorções do

comportamento alimentar, mais preponderantes, que possam interferir em seu

prognóstico.(Bay, Herscovici, Kovalskys, Berner, Orellana & Bergesio 2005; Correa,

Zubarew, Silva & Romero 2006). No Brasil, Vilela, Lamounier, Delleretti Filho, Barros Neto,

& Horta (2004); Vieira, Oliveira, Vieira, Vissoci, Hoshino & Fernándes (2006) Triches &

Giugliani (2007). Segundo Moya, & Fleitlich-Bilyk (2003) e Ferreira & Veiga (2008),

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46

estudos que investiguem os TCA e seus precursores, são relativamente raros, em países em

desenvolvimento, e especificamente no Brasil, o que reflete a relação com esta temática.

O objetivo deste estudo foi avaliar a os transtornos do comportamento alimentar em

adolescentes de 10 a 14 anos da cidade do Recife.

Métodos

Desenho e local do estudo

O delineamento da investigação compreendeu um estudo de corte transversal, para a

estimativa da prevalência dos TCA, nas escolas públicas e privadas da cidade do Recife, no

período de agosto a dezembro de 2007.

População do estudo

A população do estudo foi composta por escolares, dos 10 aos 14 anos, alunos do ensino

fundamental (5a a 8a séries) das redes estadual e municipal, no âmbito público e privado da

cidade do Recife, Pernambuco.

Critérios de inclusão/exclusão

Foram considerados elegíveis escolares com idade entre 10 e 14 anos, de ambos os sexos,

regularmente matriculados na rede oficial de ensino. Foram excluídos aqueles escolares que,

embora matriculados, não estavam freqüentando regularmente as atividades letivas e escolares

que necessitavam fazer dieta especial por problema de saúde ou cujas famílias adotavam uma

forma especial de dieta.

Plano amostral

Foi realizado um teste piloto com 50 escolares de ambos os sexos em 01 escola previamente

sorteada, que serviu de base para subsidiar a estimativa da prevalência de transtornos do

comportamento alimentar na população de estudo. O tamanho amostral (n) foi calculado a

partir da fórmula [n= z2.p.(1-p)/d2] Henderson, &, Sunderesan (1982), onde “z” representa o

nível de confiabilidade desejada (95%), “p” a prevalência estimada de excesso de peso de

19,5% Campos, Leite & Almeida (2007), e “d” a margem de erro aceitável de 3,0%. O

processo de seleção da amostra foi do tipo poli-etapas, cujas unidades amostrais foram a

escola (1º conglomerado), turno (2º conglomerado), a turma (3º conglomerado) e o escolar (4º

conglomerado), o “n” amostral foi ajustado pelo efeito do desenho do estudo, mediante o uso

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47

de um fator de correção da ordem de 2,1, (Henderson, &, Sunderesan 1982), totalizando um

número mínimo de 1403 escolares. Para corrigir eventuais perdas ou recusas, esse valor foi

acrescido em 5%, perfazendo uma amostra em torno de 1473 escolares. No entanto, 1507

escolares participaram do estudo. A seleção dos conglomerados e escolares se deu fazendo-se

o uso de uma tábua de números aleatórios e respeitando-se o limite máximo de 40 unidades

amostrais por escola.

Para a seleção da amostra, primeiramente foi feito um levantamento do número total de

escolas públicas e privadas que ofereciam de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental na cidade

do Recife, no ano de 2007, totalizando 674 e 256 escolas, respectivamente. Do total foram

selecionadas por sorteio aleatório 40 escolas sendo, 29 públicas e 11 privadas, visando

imprimir a proporcionalidade necessária numa amostra do tipo estratificada. Na segunda e

terceira etapa foi selecionado de forma aleatória simples o turno e a turma de cada escola.

Posteriormente, foram selecionados por sorteio no máximo 40 alunos por escola mediante uso

de uma tabela de números aleatórios

Procedimentos e técnicas de avaliação

Situação de risco dos transtornos do comportamento alimentar

Adotou-se a escala Eating Behaviours and Body Image Test (EBBIT), considerando-se sua

reprodutibilidade e sensibilidade, em vistas da proposta deste estudo. rastreamento precoce de

situação de risco.(Fee & Candy, 1998; Galindo & Carvalho, 2007; Jáuregui, Perez-Lancho,

Gomez-Capitain, Duran & Garrido,2009) Trata-se de uma escala utilizada para avaliação

precoce e rastreando de comportamentos que indiquem risco para transtornos do

comportamento alimentar. Fee & Candy (1998) estruturaram e validaram esta escala, que foi

traduzida e validada no Brasil, por Galindo (2005), mantendo as características do

instrumento original. Trata-se de um teste composto por 42 itens com 4 alternativas de

resposta. Cada alternativa de resposta se refere a um comportamento alimentar, que recebe

uma pontuação, que pode variar de 0 a 3, como na escala original. A pontuação 0(zero) é

empregada quando a resposta for nunca, a 1(um) quando a resposta for uma vez por mês, ou

seja, raramente, a 2(dois) para respostas uma vez por semana, freqüentemente, e a pontuação

3(três) pra a respostas todos os dias, sempre. Para avaliação dos fatores de risco, o EBBIT é

composto por 03 subescalas, que avaliam insatisfação com a imagem corporal, hábitos de

comer em excesso e comportamentos precursores das TCA. A pontuação máxima possível era

de 12 para a subescala “comportamento compensatório para hiperfagia”, 45 para “comer

compulsivamente” e 69 para insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva. As

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subescalas “comer compulsivamente” e “insatisfação com a imagem corpora/alimentação

restritiva” compuseram um escala total com um escore máximo de 114 pontos. A pesar de ter

sido planejada para ser aplicada em crianças do sexo feminino, sua validação para utilização

com crianças do sexo masculino vem sendo respaldadas por estudos que identificam este uso

como estatisticamente consistente. (Freitas, Malfará & Carvalho, 2009)

Procedimento de coleta de dados

Uma equipe técnica, formada por profissionais da área da saúde, foi treinada e capacitada para

a aplicação do EBBIT e de um questionário, sob a supervisão de um pesquisador do projeto.

Cerca de 20% dos questionários foram re-testados pelos supervisores, para avaliar a

consistência dos dados e reprodutibilidade das informações.

Algoritmo da análise estatística

Os dados foram expressos sob a forma de mediana e intervalos interquartílicos (IQ1-3). A

pontuação da escala do tipo Likert, em virtude da mensuração ordinal, foi descrita pela escala

percentilar.

As medianas inter-grupos/categorias foram comparadas pelos testes não paramétricos U de

Mann-Whitney (2 grupos/categorias) e Kruskal Wallis (> 2 grupos/categorias), utilizando-se o

teste U de Mann-Whitney como teste a posteriori. Foi adotado o nível de significância de 5%

para rejeição da hipótese de nulidade.

Escolares que referiram comportamento com pontuações acima do percentil 75, nas escalas

“comer compulsivamente”, “insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva” e

aqueles com pontuação acima do percentil 30 e do percentil 50 para os distúrbios

“comportamento compensatório para hiperfagia” e “comer compulsivamente” + “insatisfação

com a imagem corporal/alimentação restritiva”, respectivamente, foram considerados como

um forte indicativo de que eles atingem os critérios para configurar um quadro de anorexia

e/ou bulimia nervosa. Os dados foram digitados com dupla entrada e verificados com o

VALIDATE, módulo do Programa Epi-info, (Epi-info 6.04, WHO/CDC, Atlanta, GE, USA),

para checar a consistência e validação. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa

SPSS for Windows, versão 13.1 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA).

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49

Aspectos éticos

Foram tomadas como base as normatizações estabelecidas pela Resolução 196\96 do

Conselho Nacional de Saúde, que regulamentam as pesquisas envolvendo seres humanos. O

protocolo de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro

de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (CEP/CCS/UFPE), sob o

registro do SISNEP FR - 105493, CAAE – 0203.0.172.000-06. Os pais/responsáveis pelos

alunos receberam informações acerca do projeto, dos seus objetivos, dos procedimentos e

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Resultados

Foram avaliados 1405 escolares. O estudo piloto mostrou que os itens questionados aos

escolares foram adequadamente entendidos pelo grupo etário de interesse. A distribuição

percentilar dos escores referentes a escala do EBBIT para os transtornos do comportamento

alimentar estão descritas nas tabelas abaixo. É factível afirmar que adolescentes que referiram

sintomas com pontuações acima do percentil 75, nas escalas “comer compulsivamente”,

“insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva” e aqueles com pontuação acima

do percentil 30 e do percentil 50 para os distúrbios “comportamento compensatório para

hiperfagia” e “comer compulsivamente” + “insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva”, respectivamente, seriam um forte indicativo de que elas atingem os critérios para

configurar um quadro de anorexia e/ou bulimia nervosa.

Tabela 1 – Distribuição de freqüência da escala de avaliação do comportamento

compensatório para hiperfagia em escolares de 10-14 anos do Recife – 2007.

Escala Percentilar n % IC95%*

Pontuação 0 1229 87,4 85,6 – 89,1

P1 - P10 53 3,8 2,9 – 4,9

P10 - P20 88 6,3 5,1 – 7,7

P20 - P30 26 1,9 1,2 – 2,7

> P30 9 0,6 0,3 – 1,2

Total 1405 100,0 0,3 – 1,2

* IC: Intervalo de confiança

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50

Tabela 2 – Distribuição de freqüência da subescala de avaliação dos distúrbios comer

compulsivamente e insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva em escolares

de 10-14 anos do Recife – 2007.

Comer compulsivamente Insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva

Escala percentilar n % IC95%* n % IC95%*

≤ P25 595 42,3 39,8 – 45,0 954 67,9 65,4 – 70,3

>P25 - ≤P50 599 42,6 40,0 – 45,3 306 21,8 19,6 – 24,0

>P50 - ≤P75 169 12,0 10,4 – 13,8 127 9,0 7,6 – 10,7

>P75 42 3,0 2,2 – 4,0 18 1,3 0,8 – 2,0

Total 1405 100,0 1405 100,0

* IC: Intervalo de confiança

Tabela 3 – Distribuição de freqüência da soma das subescalas comer compulsivamente +

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva em escolares de 10-14 anos do

Recife – 2007.

Escala percentilar n % IC95%*

≤ P25 770 54,8 52,2 – 57,9

>P25 - ≤P50 541 38,5 36,0 – 41,1

>P50 94 6,7 5,4 – 8,1

Total 1405 100,0

* IC: Intervalo de confiança

As medianas dos TCA foram significativamente maiores nos adolescentes do sexo feminino, como pode ser observado na tabela 4. Tabela 4 – Medianas e intervalos interquartílicos das escalas de avaliação dos transtornos do

comportamento alimentar (TCA) segundo o sexo em escolares de 10-14 anos do Recife –

2007.

TCA Sexo Masculino (n= 605) Feminino (n= 800) Med (IQ1-3)

### Med (IQ1-3) ### p*

Beb# 12 (7-19) 14 (9-20) 0,001 Bidre## 8 (3-17) 13 (6-26) 0,000 Beb + Bride 23 (14-34) 29 (18-43) 0,000

*Teste U de Mann-Whitney #Comer compulsivamente ##Insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva ###Mediana e intervalos interquartílicos (IQ1-3).

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51

Os TCA variaram com a progressão etária, atingindo as maiores medianas nas idades de 13 e

14 anos, no que diz respeito ao distúrbio do tipo “comer compulsivamente”, enquanto que a

“insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva” teve o seu pico aos 12-13 anos.

Resultados similares foram observados para a soma das sub-escalas “comer

compulsivamente” + “insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva”. (Tabela 5).

Tabela 5 – Medianas e intervalos interquartílicos das escalas de avaliação dos transtornos de

comportamento alimentar (TCA) segundo a idade em escolares de 10-14 anos do Recife –

2007.

Idade (anos) Beb# Bidre## Beb + Bride n Med (IQ1-3)

### Med ((IQ1-3) ### Med (IQ1-3)

###

10 275 12 (7-18)a 9 (4-18)a 24 (16-35)a 11 363 12 (7-19)a 9 (4-21)a 25 (16-36)a 12 309 13 (8-20)a 12 (5-27)b 29 (17-44)b 13 283 14 (9-21)b 11 (4-23)a,b 28 (18-40)b 14 175 14 (9-20)b 11 (4-23)a 27 (16-42)a p* 0,019 0,021 0,006

*Kruskal Wallis. #Comer compulsivamente ##Insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva ### Mediana e intervalos interquartílicos (IQ1-3). a,b Letras diferentes significam medianas diferentes ao nível de 5% (teste de U de Mann-Whitney)

Discussão

As características psicométricas, a dimensão dos transtornos do comportamento alimentar e

da imagem corporal têm sido objeto de intensa investigação. Sentimentos de insatisfação com

o aspecto corporal, restrição alimentar, a compulsão em comer, assim como adoção de

comportamentos compensatórios para a hiperfagia, são preditores utilizados na avaliação de

crianças e adolescentes e que correspondem aos critérios, em adultos, para o diagnóstico da

anorexia e bulimia nervosa. O EBBIT é uma escala de avaliação psicométrica que se destina a

identificar de forma confiável e válida o início da problemática englobando os distúrbios da

alimentação e da imagem corporal em adolescentes, assim como dimensionar as suas causas

subjacentes.

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52

A elevada pontuação nas sub-escalas do EBBIT que avaliam os riscos de TCA, observada

entre os escolares rastreados no Recife, vem mostrar a dimensão do problema nesse contexto

ecológico e a necessidade premente de intervenções visando a prevenção e o controle desses

distúrbios da alimentação. No entanto, esses resultados necessitam ser interpretados com a

devida cautela, dada a necessidade de replicação em outros espaços geográficos. Dentre as

limitações adicionais desse estudo, inclui-se o fato de a resposta ao questionário ser auto-

referida. Obviamente, adolescentes com distúrbios nos hábitos alimentares podem não ser

suficientemente honestos nas respostas aos questionamentos solicitados. Além do que, se a

escala for usada para propósitos clínicos, a obtenção de dados complementares em outras

fontes de informações seria extremamente recomendável.

Torna-se difícil fazer comparações entre a magnitude dos TCA, descrita em outros contextos,

em virtude da diversidade metodológica utilizada em inquéritos dessa natureza. Fairburn &

Harrison (2003), relataram uma prevalência de 0,7%, enquanto Patton, Coffey, Carlin, Sanci,

& Sawyer (2008), estudando adolescentes australianos entre 15 e 17 anos e usando pelo

menos dois critérios do DSM-IV, observaram prevalência de 9,4% em mulheres e de 1,4%

em homens.

É plausível que um número muito superior de adolescentes não identificados por algumas

escalas, a exemplo da Eating Disorders Inventory, pode estar sob risco para o eventual

desenvolvimento de transtornos alimentares, mas que não seriam identificados mediante o uso

de instrumentos construídos para a avaliação de adultos. Nesse sentido, Pope Jr et al(2006)

pontuam que os transtornos do comportamento alimentar são, no mínimo, tão crônicos quanto

os bem definidos distúrbios anorexia nervosa e bulimia nervosa e, provavelmente,

representam uma síndrome estável.

A maior vulnerabilidade do sexo feminino aos TCA, observada na nossa casuística, vem

demonstrar a forte influência que a imagem corporal tem nesse gênero, embora o incremento

dos distúrbios do comportamento alimentar entre adolescentes do sexo masculino esteja cada

vez mais acentuado nas últimas décadas. Essa maior suscetibilidade nas mulheres tem sido

ressaltada por Fairburn & Harrinson (2003) e observada em escolares da Austrália por

McNamara, Hay, Katsikitis, & Chur-Hansen (2008) e na Turquia por Sanlier, Yabanci, &

Alyakut (2008).

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53

O incremento dos fatores de risco precursores dos TCA pari passu com a progressão da idade

nos escolares/adolescentes do Recife, tem sido um achado também freqüente em outros

estudos com adolescentes (Fee & Candy,1998; McNamara, Hay, Katsikitis, & Chur-Hansen,

2008). Nos escolares que freqüentam os últimos anos da escola elementar, a insatisfação com

a imagem corporal estaria claramente ligada a comportamentos restritivos e o uso de

exercícios físicos para controlar o peso, mas que um padrão de comer compulsivamente é

também evidente em alguns adolescentes. Nos adolescentes de maior escolaridade, os

métodos de controle do peso são mais extremos, incluindo vômito provocado, uso abusivo de

laxativos, diuréticos e inibidores do apetite (Childress, Brewerton, Hodges, & Jarrel,1993).

Em adolescentes estes problemas podem ser representados por dois fatores: um relacionado

com comportamentos restritivos alimentares e o outro relacionado com o comer

compulsivamente. Porém, com o amadurecimento, esses sintomas se combinam para

configurar a bulimia. Baseado nessa hipótese tentativa, intervenções desenhadas para prevenir

estratégias não saudáveis para o controle do peso corporal seria melhor direcionadas para

adolescentes quando completam a escola fundamental ou quando entram na escola

média(Candy & Fee, 1998).

No entanto, deve-se levar em consideração o fato de que não foi incluída nenhuma entrevista

visando o diagnóstico, como parte dessa investigação. É provável que os altos escores

apresentados configurem um padrão de sintomatologia muito similar ao DSM-IV para os

critérios de diagnóstico para anorexia e bulimia. No entanto, deve-se ressaltar que os critérios

oficiais para estes diagnósticos representam problemas extremos que podem ser considerados

graves demais para serem comumente exibidos por este grupo etário, a exemplo da perda da

menarca na anorexia nervosa. Por sua vez, os distúrbios apresentados por esses adolescentes

devem ser caracterizados como subclínicos, que devido ao estágio de maturação física e o

potencial risco de uma alimentação inadequada, esses problemas impõem a necessária

atenção.

Pesquisas são necessárias para avaliar a utilidade do EBBIT no diagnóstico dos transtornos do

comportamento alimentar, bem como a adequação dos critérios de diagnóstico existentes para

o DSM-IV. Acreditamos que uma melhor compreensão dos fatores de risco precursores

desses transtornos alimentares contribuirá, sobremaneira, no desenho de programas de

intervenção para prevenção e controle. É fundamental que esses programas de intervenção

busquem um modelo de dinâmica assistencial que ofereça alternativas de referência, numa

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54

perspectiva preventiva e terapêutica nos TCA, em todos os níveis assistenciais, de caráter

interdisciplinar, podendo este ser utilizado por técnicos e/ou agentes comunitários de saúde

das Unidades de Saúde da Família.

A abrangência das ações sugeridas nesse modelo deve ser mediada pela interdisciplinaridade

no cuidado a essa clientela e na busca de associação entre as interfaces clínicas da Nutrição,

da Saúde Mental, da Pediatria, da Hebiatria e da Epidemiologia, na construção de uma

compreensão holística dessas pessoas em sofrimento, visando uma conduta preventivo-

terapêutica mais apropriada.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e ao

Ministério da Ciência e Tecnologia, pelo apoio financeiro da pesquisa empírica.

(proc.444146/2006-5 e 01.0265/2005-MCT respectivamente).

As Secretarias Estadual e Municipal de Educação do estado de Pernambuco e da cidade de

Recife.

Ao Sindicato das Escolas particulares do Estado de Pernambuco.

A todos os Diretores, Coordenadores, Professores, Pais e/ou responsáveis e alunos que

fizeram parte desta pesquisa.

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59

5 – ARTIGO II

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60

Ana Márcia T S Cavalcantia; Alcides S Dinizb; Ilma K G Arrudab; Emily A C Morenoc

* Parte de Tese de Doutoramento Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do

Adolescente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que será enviado para o

periódico Archivos Latinoamericanos de Nutrición, seguindo formato deste periódico.

1 Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco.

Brasil. Endereço para Correspondência: Departamento de Enfermagem. Avenida Prof.

Moraes Rego, s\n Bloco A do Hospital das Clínicas 1º Andar Cidade Universitária CEP –

50.670 – 901. Recife – PE. Brasil.

E-mail – [email protected]

b Professor do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. E-

mail:[email protected]

b Professor do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. E-

mail: [email protected]

c Professora Substituta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de

Pernambuco. [email protected]

Comportamentos de risco precursores dos transtornos do comportamento alimentar e suas associações em escolares do Recife, Nordeste do Brasil*

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61

Resumo

Os transtornos do comportamento alimentar (TCA) possuem bases etiológicas relacionadas as

estruturas biológicas, psicológicas, socioculturais e familiares. Estes indícios podem ser

perceptíveis desde a infância, oferecendo a possibilidade de detecção precoce. Este estudo

tem como objetivo, identificar fatores de risco para desenvolvimento de TCA em escolares de

10 a 14 anos, na cidade do Recife, PE. A avaliação do risco foi realizada pela aplicação da

escala Eating Behavior and Body Image Test (EBBIT). Procedeu-se a construção de um

modelo logístico, considerando os aspectos de ordem intrapessoal; influências do entorno

social ou interpessoal; influências do entorno ambiental ou comunitário e ainda influências do

macrossistema. Para a avaliação do risco, procedeu-se a análise de cada subescala

individualmente, procedendo-se a partis daí, a soma das subescalas comer compulsivamente +

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva, sob o enfoque das variáveis de

influências no plano individual ou intrapessoal, observou-se que as variáveis sexo feminino

(OR-1,58; IC95%1,07-2,32), idade (OR-1,22; IC95%1,05-1,42), etilismo escolar (OR-2,20;

IC95%1,13-4,26), relação com o peso e a insatisfação com a imagem corporal (OR-2,75;

IC95%1,84-4,13), desejo de perder peso (OR-3,26; IC95%2,10-5,05), já ter feito dieta para

perder peso (OR-2,85; IC95%1,79-4,54), preferência para fazer as refeições sozinho (OR-1,54;

IC95%1,04-2,30), avaliação negativa da aparência pessoal (OR-2,91; IC95%1,58-5,36)e IMC

com sobrepeso (OR-1,75; IC95%1,08-2,84),apresentaram categorias significativas. Tais

achados podem propiciar a estruturação de medidas e políticas de saúde que propiciem

intervenções preventivas, na busca da redução dos riscos aqui elencados.

Palavras-chave: Transtornos do comportamento alimentar; fatores de risco; escolares.

.

Page 63: TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM … · Dra. Heloisa Ramos Lacerda de Melo ... Paulo Sergio Oliveira do Nascimento Juliene Gomes Brasileiro Taynan Barbosa Mendes Barreto

62

Abstract

Eating disorders have etiologic foundations related to biological, psychological, socio-

cultural, and familial structures. Signs can be seen in infancy, allowing for the possibility of

early detection. The objective of this study is to identify risk factors for the development of

eating disorders in school children between 10 and 14 years of age in the city of Recife,

Pernambuco. The risk evaluation was completed using the Eating Behaviour and Body Image

Test (EBBIT). We then performed a bivariate analysis, which allowed for the construction of

a logistic model, considering aspects of intrapersonal behavior; influences of interpersonal

and social environments; influences of physical and community environment; and macro-

system influences. Risk was identified through the analysis of each of the sub-scales

individually, and then adding sub-scales of compulsive eating and dissatisfaction with body

image/restrictive feeding, under the focus of variables of influence in the personal or

interpersonal plan. It was observed that the variables sex (OR-1,58; IC95%1,07-2,32), age

(OR-1,22; IC95%1,05-1,42), school-age alcoholism (OR-2,20; IC95%1,13-4,26), attitude

towards weight and dissatisfaction with body image (OR-2,75; IC95%1,84-4,13); wish to lose

weight (OR-3,26; IC95%2,10-5,05), previous experiences with loss-weight diets (OR-2,85;

IC95%1,79-4,54), preference for eating alone (OR-1,54; IC95%1,04-2,30)., negative evaluation

of personal appearance (OR-2,91; IC95%1,58-5,36) and overweight (OR-1,75; IC95%1,08-

2,84), presented significant results. These findings can induce structuring measures and

preventive public health policies in order to reduce risks herein described.

Key Words: Eating disorders; risk factors, school children.

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63

* Part of the Doctoral dissertation of the Post-graduate Program in Children’s and

Adolescents’ Health of the Federal University of Pernambuco (UFPE).

1 Professor from the Department of Nursing at the Federal University of Pernambuco. Brazil.

Address for correspondence: Departamento de Enfermagem. Avenida Prof. Moraes Rego, s\n

Bloco A do Hospital das Clínicas 1º Andar Cidade Universitária CEP – 50.670 – 901. Recife

– PE. Brasil.

E-mail – [email protected]

b Professor from the Department of Nutrition at the Federal University of Pernambuco, Brazil.

E-mail:[email protected]

b Professor from the Departament of Nutrution at the Federal University of Pernambuco

Brazil. E-mail: [email protected]

c Substitute Professor from the Department of Nursing at the Federal University of

Pernambuco, Brasil. E-mail: [email protected]

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64

Introdução

Os múltiplos fatores determinantes dos transtornos do comportamento alimentar (TCA)

estruturam-se em bases, biológicas, psicológicas, socioculturais e familiares. Seus indícios

podem ser perceptíveis desde a infância, podendo oferecer a possibilidade de detecção

precoce, e conseqüente favorecimento de medidas de intervenção que se contraponham a

fatores determinantes, na busca, sobretudo, de minimizar possibilidades de adoecimento e da

perpetuação de seus sintomas. (1,2,3)

Essa síndrome comportamental, tem tido seus critérios amplamente estudados nos últimos 30

anos (4). Os sistemas classificatórios de transtornos mentais, Classificação Internacional de

Doenças - 10ª edição (CID-10), (5) e o Diagnostic and Statistical Manual- IV edition DSM-

IV,(6) ressaltam duas entidades principais: a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa

(BN), que embora tenham classificações distintas, compartilham da mesma psicopatologia: a

preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, fazendo com que as pacientes utilizem

métodos inapropriados, como dietas extremamente restritiva, devido ao medo de engordar e

em busca do corpo idealizado. Os pacientes julgam-se exclusivamente pela sua aparência

física e mostram-se sempre insatisfeitos com essa aparência (4,7). O caráter vital da

alimentação na sobrevivência humana, vale ressaltar que sua importância ultrapassa este

prisma, visto que desde o início da vida a relação estabelecida entre mãe e filho pela

amamentação, define-se como a primeira expressão do relacionamento humana experenciado

após o nascimento. Embora a alimentação seja vital para a sobrevivência humana, constitui-se

também numa das principais expressões do relacionamento humano com o mundo, com a

qual, desde cedo, estabeleceu-se entre mãe e filho e, posteriormente, familiares e todos que o

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65

cercavam. Para o bebê o ato de se alimentar, proporciona, dentre outros sentimentos, um

momento de troca fundamental para o seu crescimento e desenvolvimento, definindo-se como

fonte de experiência psíquica e condicionamento sociocultural.(8,9)

Na adolescência os TCA, Anorexia Nervosa (AN) e Bulimia Nervosa (BN), podem ser

precedidas por comportamentos de riscos, visto que os adolescentes podem apresentar

alterações emocionais e comportamentais, nesta fase da vida. Neste período da vida, passam a

valorizar demasiadamente a percepção do outro a seu respeito, crescendo sua necessidade de

aprovação e aceitação no meio social atribuindo alto valor à forma e beleza do corpo. (10)

No mundo, alta incidência de TCA tem representado uma das grandes preocupações com

saúde de pessoas neste período da vida. Como são escassos estudos epidemiológicos com esta

temática, a determinação de sua incidência, não tem sido determinada, em várias partes do

mundo, sobretudo em países em desenvolvimento.

Restrições de caráter metodológico são impostas aos estudos em virtude da imprecisão de

critérios diagnósticos, bem como a realização da coleta de dados em áreas circunscritas (11).

Essa necessidade é corroborada por várias pesquisas realizadas em diferentes partes do mundo

(12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20), demonstrando a distribuição das TCA em uma ocorrência

global, gerando necessidade de desenvolvimento de estudos epidemiológicos que possam

trazer informações mais precisas, que possibilitem a identificação de fatores de risco. Nesse

contexto, este estudo tem o objetivo de identificar os fatores percussores dos TCA em

escolares da cidade do Recife, cidade do Nordeste do Brasil.

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66

Métodos

Desenho e local do estudo

O delineamento da investigação compreendeu um estudo de corte transversal, para a

estimativa da prevalência dos TCA nas escolas públicas e privadas da cidade do Recife. Para

o rastreamento dos TCA, mediante o uso da escala Eating Behaviour and Body Image Test

(EBBIT), desenvolvida por Candy & Fee (21) e validada, no Brasil, por Galindo (1). A escala

passou por processo de avaliação de adaptação local, considerando as diferenças e

especificidades de linguagem e cultura regionais. Foram ainda avaliadas as características

antropométricas, econômico-demográficas e psicosociais dos escolares.

População do estudo

A população do estudo foi composta por escolares, 10 a 14 anos inclusive de ambos os sexos

regularmente matriculados na rede oficial de ensino.fundamental (5a a 8a séries) das redes

estadual e municipal, no âmbito público e privado da cidade do Recife, Pernambuco, no ano

de 2007. Foram excluídos aqueles escolares que, embora matriculados, não estavam

freqüentando regularmente as atividades letivas; escolares com deficiência física que

interferisse na avaliação antropométrica; e escolares que necessitavam fazer dieta especial por

problema de saúde ou cujas famílias adotavam uma forma especial de dieta.

Plano amostral

Foi realizado um teste piloto com 50 escolares de ambos os sexos em 01 escola previamente

sorteada, que serviu de base para subsidiar a estimativa da prevalência de transtornos do

comportamento alimentar na população de estudo. O tamanho amostral (n) foi calculado a

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67

partir da fórmula [n= z2.p.(1-p)/d2] Henderson (22), onde “z” representa o nível de

confiabilidade desejada (95%), “p” a prevalência estimada de excesso de peso de 19,5% (28),

e “d” a margem de erro aceitável de 3,0%. O processo de seleção da amostra foi do tipo poli-

etapas, cujas unidades amostrais foram a escola (1º conglomerado), turno (2º conglomerado),

a turma (3º conglomerado) e o escolar (4º conglomerado), o “n” amostral foi ajustado pelo

efeito do desenho do estudo, mediante o uso de um fator de correção da ordem de 2,1, H,

totalizando um número mínimo de 1403 escolares(22). Para corrigir eventuais perdas ou

recusas, esse valor foi acrescido em 5%, perfazendo uma amostra em torno de 1473 escolares.

No entanto, 1507 escolares participaram do estudo. A seleção dos conglomerados e escolares

se deu fazendo-se o uso de uma tábua de números aleatórios e respeitando-se o limite máximo

de 40 unidades amostrais por escola.

Para a seleção da amostra, primeiramente foi feito um levantamento do número total de

escolas públicas e privadas que ofereciam de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental na cidade

do Recife, no ano de 2007, totalizando 674 e 256 escolas, respectivamente. Do total foram

selecionadas por sorteio aleatório 40 escolas sendo, 29 públicas e 11 privadas, visando

imprimir a proporcionalidade necessária numa amostra do tipo estratificada. Na segunda e

terceira etapa foi selecionado de forma aleatória simples o turno e a turma de cada escola.

Posteriormente, foram selecionados por sorteio no máximo 40 alunos por escola mediante uso

de uma tabela de números aleatórios.

Procedimentos e técnicas de avaliação

Situação de risco dos transtornos do comportamento alimentar

Adotou-se a escala Eating Behaviours and Body Image Test (EBBIT), considerando-se sua

reprodutibilidade e sensibilidade, em vistas da proposta deste estudo. rastreamento precoce de

situação de risco,(21,24,25) Trata-se de uma escala utilizada para avaliação precoce e

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68

rastreando de comportamentos que indiquem risco para transtornos do comportamento

alimentar. Fee & Candy (21) estruturaram e validaram esta escala, que foi traduzida e

validada no Brasil, por Galindo (1), mantendo as características do instrumento original.

Trata-se de um teste composto por 42 itens com 4 alternativas de resposta. Cada alternativa de

resposta se refere a um comportamento alimentar, que recebe uma pontuação, que pode variar

de 0 a 3, como na escala original. A pontuação 0(zero) é empregada quando a resposta for

nunca, a 1(um) quando a resposta for uma vez por mês, ou seja, raramente, a 2(dois) para

respostas uma vez por semana, freqüentemente, e a pontuação 3(três) pra a respostas todos os

dias, sempre. Para avaliação dos fatores de risco, o EBBIT é composto por 03 subescalas, que

avaliam insatisfação com a imagem corporal, hábitos de comer em excesso e comportamentos

precursores das TCA. A pontuação máxima possível era de 12 para a subescala

“comportamento compensatório para hiperfagia”, 45 para “comer compulsivamente” e 69

para insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva. As subescalas “comer

compulsivamente” e “insatisfação com a imagem corpora/alimentação restritiva” compuseram

um escala total com um escore máximo de 114 pontos. A pesar de ter sido planejada para ser

aplicada em crianças do sexo feminino, sua validação para utilização com crianças do sexo

masculino vem sendo respaldadas por estudos que identificam este uso como estatisticamente

consistente (26).

Procedimento de coleta de dados

Uma equipe técnica, formada por profissionais da área da saúde, foi treinada e capacitada para

a aplicação do EBBIT, questionário e antropometria após autorização por escrito assinada por

um dos seus genitores ou responsável legal (termo de consentimento livre e esclarecido) sob a

supervisão de um pesquisador do projeto. Cerca de 20% dos questionários foram re-testados

pelos supervisores, para avaliar a consistência dos dados e reprodutibilidade das informações.

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69

Algoritmo da análise estatística

A relação de cada fator com os precursores das TCA (insatisfação com a imagem corporal,

hábitos de comer em excesso e comportamentos que determinam os transtornos) foram

definidos por análise de regressão logística. Inicialmente foi realizada análise univariada

mediante aplicação do teste de quiquadrado de Pearson para seleção das variáveis para ajuste

em modelo de regressão logística. O modelo logístico para os três riscos estudados (comer

compulsivamente, insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva e soma das

subscalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva) foi calculado considerando como variáveis de entradas as que possuíram p-valor no

máximo igual a 0,20.

As variáveis que foram significativas nos modelos dentro de cada grupo de variáveis de

interesse foram levadas para o modelo final em cada risco estudado, respectivamente. Assim,

foi ajustado o modelo logístico a cada risco e em cada grupo de variáveis de interesse

(influências no plano individual ou intra-pessoal, influências do entorno social ou

interpessoal, influências do entorno ambiental ou comunitário e influências do macrosistema)

para estimar o efeito independente de cada variável, controlando-se os efeitos de confusão das

mesmas. Realizou-se o teste de verossimilhança de cada modelo final, definindo-se sua

significância, o que permitiu avaliar a adequação do modelo.

Aspectos éticos

Foram tomadas como base as normatizações estabelecidas pela resolução 196\96 do Conselho

Nacional de Saúde que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos. A coleta de

dados só teve início após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências

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da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (CEP/CCS/UFPE), sob o registro sob o

registro do SISNEP FR - 105493, CAAE – 0203.0.172.000-06.DATA

Resultados

Modelo logístico para comer compulsivamente

Para o risco de comer compulsivamente e dentro do grupo das variáveis de influências no

plano individual ou intra-pessoal, observa-se que apenas as variáveis etilismo escolar (OR-

2,93; IC95%1,68-5,09), desorganização do quarto de dormir (OR-1,51; IC95%1,05-2,17),

preferência para fazer as refeições sozinho (OR-1,79; IC95%1,31-2,46), avaliação negativa da

aparência pessoal (OR-2,26; IC95%1,45-3,54), e IMC sem excesso de peso (OR-2,00;

IC95%1,25-3,22), apresentaram categorias significativas, sendo assim, consideradas na

estimação do modelo logístico final para o desfecho comer compulsivamente

Quanto às variáveis de influências do entorno social ou interpessoal, verifica-se que apenas a

percepção do peso corporal da mãe (OR-1,42; IC95%1,00-2,01) e agitação nervosa na família

(OR-1,60; IC95%1,15-2,22) são significativas na estimação do modelo logístico para o

comportamento de risco comer compulsivamente. Assim, essas variáveis foram para o modelo

logístico final para o desfecho analisado.

Com relação às variáveis de influências do entorno ambiental ou comunitário, verifica-se

significância estatística na estimação do modelo logístico para comer compulsivamente (OR-

1,44; IC95%1,04-2,00).

Para as variáveis de influência do macrosistema, não foi observado nenhuma associação na

análise bivariada, assim, nenhum modelo neste grupo de interesse foi ajustado para o risco

comer compulsivamente.

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O ajuste do modelo logístico final para o risco comer compulsivamente, no qual foram

utilizadas apenas as variáveis que foram significativas nos modelos logísticos ajustados em

cada grupo de variáveis de interesse. (Tabela -1)

Tabela 1. Estimativas do modelo Logístico final para o risco comer compulsivamente em

escolares de 10-14 anos do Recife – 2007

Variável Estimativa OR* IC95%* P-valor

Etilismo escolar

Sim 1,075 2,93 1,68 – 5,09 <0,001

Não – – – –

Organização do quarto de dormir

Muito organizado 0,033 1,03 0,62 – 1,72 0,897

Organizado – 1,00 – –

Desorganizado 0,410 1,51 1,05 – 2,17 0,027

Preferência para fazer as refeições

Acompanhado – 1,00 – –

Sozinho 0,584 1,79 1,31 – 2,46 <0,001

Avaliação da aparência pessoal

Positiva – 1,00 – –

Neutra 0,161 1,18 0,79 – 1,75 0,431

Negativa 0,817 2,26 1,45 – 3,54 <0,001

IMC

Sem excesso de peso 0,696 2,00 1,25 – 3,22 0,004

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72

Sobrepeso – 1,00 – –

Obesidade 0,022 1,02 0,39 – 2,65 0,964

Percepção do peso corporal da mãe

Gorda -0,327 0,72 0,45 – 1,15 0,169

Magra 0,353 1,42 1,00 – 2,01 0,047

Normal – 1,00 – –

Agitação nervosa na família

Sim 0,469 1,60 1,15 – 2,22 0,005

Não – 1,00 – –

Vítima de zombaria

Sim 0,368 1,44 1,04 – 2,00 0,026

Não – 1,00 – –

*Odds ratio

*IC=Intervalo de Confiança

Modelo logístico para insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva

Para o risco de insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva e dentro do grupo

das variáveis de influências no plano individual ou intra-pessoal, observa-se que apenas as

variáveis relação com o peso e a insatisfação com a imagem corporal (OR-2,63; IC95%1,67-

4,14), desejo de perder peso (OR-18,57; IC95%10,72-32,16)., fez dieta para perder peso (OR-

4,62; IC95%2,68-7,93). , avaliação negativa da aparência pessoal (OR-3,75; IC95%1,83-7,72).e

IMC com sobrepeso (OR-2,81; IC95%1,69-4,68). apresentaram categorias significativas, sendo

assim, consideradas na a estimação do modelo logístico final para o desfecho insatisfação

com a imagem corporal/alimentação restritiva.

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Quanto às variáveis de influências do entorno social ou interpessoal, verifica-se significância

estatística na estimação do modelo logístico para insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva da variável percepção do peso corporal do pai como gordo

(OR-2,08; IC95%1,12-3,86). Assim, essas variáveis foram para o modelo logístico final da

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

Com relação às variáveis de influências do entorno ambiental ou comunitário, verifica-se que

apenas a variável tipo de escolar (OR-2,24; IC95%1,35-3,73), no caso dos escolares de Escolas

privadas.

Tabela 2. Estimativas do modelo Logístico final para insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva em escolares de 10-14 anos do Recife – 2007

Variável Estimativa OR* IC95%* P-valor

Relação com o peso e a imagem corporal

Satisfeito – 1,00 – –

Insatisfeito 0,966 2,63 1,67 – 4,14 <0,001

Desejo de perder peso

Sim 2,922 18,57 10,72 – 32,16 <0,001

Não – 1,00 – –

Fez dieta para perder peso

Sim 1,529 4,62 2,68 – 7,93 <0,001

Não – 1,00 – –

Avaliação da aparência pessoal

Positiva 0,417 1,52 0,88 – 2,62 0,134

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74

Neutra – 1,00 – –

Negativa 1,323 3,75 1,83 – 7,72 <0,001

IMC

Sem excesso de peso – 1,00 – –

Sobrepeso 1,033 2,81 1,69 – 4,68 <0,001

Obesidade 1,741 5,70 2,08 – 15,68 0,001

Percepção do peso corporal do pai

Gordo 0,734 2,08 1,12 – 3,86 0,020

Magro -0,174 0,84 0,50 – 1,41 0,509

*Odds ratio

*IC=Intervalo de Confiança

Modelo logìstico para soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a

imagem corporal/alimentação restritiva

Para a avaliação do risco, utilizou-se a soma das subescalas comer compulsivamente +

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva, sob o enfoque das variáveis de

influências no plano individual ou intrapessoal, observa-se que as variáveis sexo feminino

(OR-1,58; IC95%1,07-2,32), idade (OR-1,22; IC95%1,05-1,42), etilismo escolar (OR-2,20;

IC95%1,13-4,26), relação com o peso e a insatisfação com a imagem corporal (OR-2,75;

IC95%1,84-4,13). desejo de perder peso (OR-3,26; IC95%2,10-5,05), já ter feito dieta para

perder peso (OR-2,85; IC95%1,79-4,54)., preferência para fazer as refeições sozinho (OR-1,54;

IC95%1,04-2,30)., avaliação negativa da aparência pessoal (OR-2,91; IC95%1,58-5,36).e IMC

com sobrepeso (OR-1,75; IC95%1,08-2,84).apresentaram categorias significativas, sendo

assim, consideradas na estimação do modelo logístico final para o desfecho soma das

subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva.

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75

Quanto às variáveis de influências do entorno social ou interpessoal, apenas o histórico

familiar de tabagismo não foi significativo neste modelo. Assim, as demais variáveis foram

utilizadas no ajuste do modelo logístico final, para soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

No que se referem as variáveis de influências do entorno ambiental ou comunitário, o tipo de

escola e se a criança foi vitima de zombariam foram significativas na estimação do modelo

logístico para soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva.

Ainda, verificou-se que o medo é a variável de influências do macrosistema que é

significativa no ajuste logístico para soma das subescalas comer compulsivamente +

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

Abaixo temos a estimativa do modelo logístico final para soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva. Neste modelo

final, observa-se que a variáveis: percepção do peso corporal do pai, percepção do peso

corporal da mãe, depressão na família, agitação nervosa na família, discussão de problemas

no seio familiar, tipo de escola e medo, são não significativas. Assim, elas foram retiradas

conjuntamente do modelo logístico final e o modelo é novamente estimado (Tabela 3).

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Tabela 3. Estimativas do modelo Logístico final para soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva em escolares

de 10-14 anos do Recife – 2007

Variável Estimativa OR* IC95%* P-valor

Sexo

Masculino – 1,00 – –

Feminino 0,457 1,58 1,07 – 2,32 0,021

Idade 0,201 1,22 1,05 – 1,42 0,008

Etilismo escolar

Sim 0,788 2,20 1,13 – 4,26 0,020

Não – 1,00 – –

Relação com o peso e a imagem

corporal

Satisfeito – 1,00 – –

Insatisfeito 1,012 2,75 1,84 – 4,13 <0,001

Desejo de perder peso

Sim 1,180 3,26 2,10 – 5,05 <0,001

Não – 1,00 – –

Fez dieta para perder peso

Sim 1,048 2,85 1,79 – 4,54 <0,001

Não – 1,00 – –

Preferência para fazer as refeições

Acompanhado – 1,00 – –

Sozinho 0,433 1,54 1,04 – 2,30 0,033

Avaliação da aparência pessoal

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Positiva 0,112 1,12 0,69 – 1,80 0,645

Neutra – 1,00 – –

Negativa 1,067 2,91 1,58 – 5,36 0,001

IMC

Sem excesso de peso – 1,00 – –

Sobrepeso 0,561 1,75 1,08 – 2,84 0,023

Obesidade 0,330 1,39 0,61 – 3,16 0,430

Percepção do peso corporal do pai

Gordo 0,079 1,08 0,64 – 1,82 0,769

Magro 0,114 1,12 0,73 – 1,72 0,603

Normal – 1,00 – –

Percepção do peso corporal da mãe

Gorda 0,352 1,42 0,83 – 2,43 0,196

Magra – 1,00 – –

Normal 0,374 1,45 0,83 – 2,55 0,192

Depressão na família

Sim 0,260 1,30 0,83 – 2,02 0,249

Não – 1,00 – –

Agitação nervosa na família

Sim 0,281 1,32 0,89 – 1,98 0,169

Não – 1,00 – –

Discussão de problemas no seio

familiar

Não discute – 1,00 – –

Discute 0,421 1,52 0,97 – 2,38 0,065

Tipo de escola

Pública – 1,00 – –

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78

Privada 0,114 1,12 0,72 – 1,74 0,608

Vítima de zombaria

Sim 0,624 1,87 1,26 – 2,78 0,002

Não – 1,00 – –

Medo

Sim -0,414 0,661 0,33 – 1,33 0,246

Não – 1,00 – –

*Odds ratio

*IC=Intervalo de Confiança

Repetindo a estimação do modelo sem estas variáveis não significativas, obtêm-se o modelo

final para soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva cujos parâmetros estimados são apresentados na tabela abaixo.

Tabela 4. Estimativas do modelo Logístico final para soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva (sem as

variáveis não significativas) em escolares de 10-14 anos do Recife – 2007

Variável Estimativa OR* IC95%* P-valor

Sexo

Masculino – 1,00 – –

Feminino 0,439 1,55 1,08 – 2,23 0,018

Idade 0,200 1,22 1,06 – 1,40 0,005

Etilismo escolar

Sim 0,803 2,23 1,19 – 4,18 0,012

Não – 1,00 – –

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Relação com o peso e a imagem corporal

Satisfeito – 1,00 – –

Insatisfeito 0,992 2,70 1,83 – 3,97 <0,001

Desejo de perder peso

Sim 1,099 3,00 1,98 – 4,56 <0,001

Não – 1,00 – –

Fez dieta para perder peso

Sim 1,062 2,89 1,86 – 4,50 <0,001

Não – 1,00 – –

Preferência para fazer as refeições

Acompanhado – 1,00 – –

Sozinho 0,467 1,60 1,10 – 2,31 0,013

Avaliação da aparência pessoal

Positiva 0,056 1,06 0,67 – 1,67 0,810

Neutra – 1,00 – –

Negativa 1,080 2,94 1,65 – 5,26 <0,001

IMC

Sem excesso de peso – 1,00 – –

Sobrepeso 0,506 1,66 1,04 – 2,64 0,032

Obesidade 0,253 1,29 0,59 – 2,81 0,526

Vítima de zombaria

Sim 0,645 1,90 1,32 – 2,75 0,001

Não – 1,00 – –

*Odds ratio

*IC=Intervalo de Confiança

Discussão

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80

As características psicométricas, a dimensão dos transtornos do comportamento alimentar e

da imagem corporal têm sido objeto de intensa investigação. Sentimentos de insatisfação com

o aspecto corporal, restrição alimentar, a compulsão em comer, assim como adoção de

comportamentos compensatórios para a hiperfagia, são preditores utilizados na avaliação de

crianças e adolescentes e que correspondem aos critérios, em adultos, para o diagnóstico da

anorexia e bulimia nervosa. A detecção precoce destes fatores de risco é muito importante

para o estabelecimento de ações que possam minimizá-los (27, 28,29).

Investigou-se neste estudo, fatores de risco relacionados as características de ordem intra-

pessoal ligados aos precursores dos distúrbios do comportamento alimentar evidenciados pelo

comportamento comer compulsivamente. Destacaram-se as variáveis, etilismo escolar;

desorganização do de dormir; preferência para fazer as refeições sozinho; avaliação negativa

da aparência pessoal e IMC dentro da normalidade, apresentaram categorias significativas, do

modelo logístico final para o desfecho comer compulsivamente.

Quanto às influências do entorno social ou interpessoal para o desfecho comer

compulsivamente, a percepção do peso corporal da mãe e agitação nervosa na família são

significativas na estimação do modelo logístico para o comportamento de risco comer

compulsivamente; quanto às influências do entorno ambiental ou comunitário, as variáveis

significantes foram, tipo de escola e vítima de zombaria. Para as variáveis de influência do

macrosistema, não foi observado nenhuma associação na análise bivariada, assim, nenhum

modelo neste grupo de interesse foi ajustado para o risco comer compulsivamente.

Para o risco de insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva e no grupo das

variáveis de influências no plano individual ou intra-pessoal, observa-se que apenas as

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variáveis relação com o peso e a imagem corporal, desejo de perder peso, fez dieta para

perder peso, avaliação da aparência pessoal e IMC apresentaram categorias significativas,

sendo assim, consideradas na a estimação do modelo logístico final para o desfecho

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

Quanto às variáveis de influências do entorno social ou interpessoal, verifica-se significância

estatística na estimação do modelo logístico para insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva da variável percepção do peso corporal do pai, percepção do

peso corporal da mãe e depressão na família. Assim, essas variáveis iram para o modelo

logístico final da insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

Com relação às variáveis de influências do entorno ambiental ou comunitário, verifica-se que

apenas a variável repetência escolar foi não significativa para estimação do modelo logístico

no comportamento de risco insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

Assim, as demais variáveis deste grupo vão ser utilizadas na estimação do modelo logístico

final para insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

No que se refere às variáveis de influências do macrosistema, o medo apresentado pela

criança é um fator significante no modelo logístico para a insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva e, também, foi utilizada no modelo final para este risco.

Na estimativa do modelo logístico final para a insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva, observa-se que a variáveis: percepção do peso corporal da

mãe, depressão na família, vítima de zombaria e medo, são não significativas. Assim, elas

foram retiradas conjuntamente do modelo logístico final e o modelo foi novamente estimado.

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82

Repetindo a estimação do modelo sem estas variáveis não significativas, obtêm-se o modelo

final para insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

Para o risco soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva e no grupo das variáveis de influências no plano individual ou

intra-pessoal, observa-se que as variáveis sexo, idade, etilismo escolar, relação com o peso e a

imagem corporal, desejo de perder peso, fez dieta para perder peso, preferência para fazer as

refeições, avaliação da aparência pessoal e IMC apresentaram categorias significativas, sendo

assim, consideradas na a estimação do modelo logístico final para o desfecho soma das

subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva.

Quanto às variáveis de influências do entorno social ou interpessoal, apenas o histórico

familiar de tabagismo não foi significativo no modelo. Assim, as demais variáveis serão

utilizadas no ajuste do modelo logístico final para soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

No que se refere as variáveis de influências do entorno ambiental ou comunitário, o tipo de

escola e se a criança foi vitima de zombaria foram significativas na estimação do modelo

logístico para soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva. Ainda, verifica-se que o medo é a variável de influências do

macrosistema que é significativa no ajuste logístico para soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva.

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A estimativa do modelo logístico final para soma das subescalas comer compulsivamente +

insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva. Neste modelo final, observa-se

que a variáveis: percepção do peso corporal do pai, percepção do peso corporal da mãe,

depressão na família, agitação nervosa na família, discussão de problemas no seio familiar,

tipo de escola e medo, são não significativas. Assim, elas são retiradas conjuntamente do

modelo logístico final e o modelo é novamente estimado.

Repetindo a estimação do modelo sem estas variáveis não significativas, obtêm-se o modelo

final para soma das subescalas comer compulsivamente + insatisfação com a imagem

corporal/alimentação restritiva cujos parâmetros estimados são apresentados. A maior

vulnerabilidade do sexo feminino aos TCA, observada na nossa casuística, vem demonstrar a

forte influência que a imagem corporal tem nesse gênero, embora o incremento dos distúrbios

do comportamento alimentar entre adolescentes do sexo masculino esteja cada vez mais

acentuado nas últimas décadas. Essa maior suscetibilidade nas mulheres tem sido ressaltada

por Fairburn & Harrinson (30) e observada em escolares da Austrália (31) e na Turquia (32).

Na avaliação do risco de TCA nos escolares do Recife, que referiram o consumo de bebidas

alcoólicas vem mostrar o reflexo negativo do estilo de vida “irregular” no comportamento

alimentar. Fairburn & Harrinson (30), também chamam a atenção para a importância do

etilismo como fator de risco para a anorexia nervosa, bulimia nervosa e distúrbios atípicos da

alimentação.

A relação do escolar com o peso e a imagem corporal, observadas para os TCA, foram

significativamente maiores naqueles escolares que referiram insatisfação com o peso e a

imagem corporal, o desejo de perder peso e o hábito de fazer dieta é um achado que merece a

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devida reflexão. É plausível que a baixa auto-estima vivenciada por esses adolescentes

desempenhe um papel preponderante nesse tipo de comportamento de risco.

Relatos recentes mostraram que cerca de 40,0% das adolescentes se consideram “gordas” e

cifra similar gostaria de perder peso. Entre 37,0% e 54,0% admitiram já ter feito dieta (31).

A maioria dos adolescentes que come compulsivamente pode não estar preocupada com o

seu aspecto corporal, assim como a maioria dos adolescentes com atitudes não saudáveis a

respeito do aspecto corporal, e que começam a fazer dieta, mas que não necessariamente

relatam comer compulsivamente (32). Há dois tipos de pessoas que fazem dieta: aqueles que

eventualmente tornam-se desinibidos e comem excessivamente, e aqueles que mantêm a

restrição alimentar. No entanto, vale ressaltar que estudo envolvendo adolescentes

americanos de 12-16 anos não observou associação entre escores de avaliação do

comportamento alimentar com “insatisfação com a imagem corporal” ou “o desejo de ter um

corpo ideal”, embora tenha encontrado correlação com o hábito de fazer dieta (33).

Para aqueles escolares que classificaram o seu quarto de dormir como “organizado/muito

organizado” e que preferem fazer as refeições sozinhos é um achado que tem sido descrito

por outros autores e que mostra o perfil atípico desses escolares com fortes características de

baixo contato inter-pessoal e tendências ao perfeccionismo (32), porém em nossa casuística

foi estatisticamente significante os que consideram o seu próprio quarto desorganizado, o

que pode sugerir uma reflexão a respeito da baixa auto-estima deste grupo ou ainda uma

reflexão a respeito do grau de exigência que pode estar sendo utilizada para avaliação desta

organização. Para Williamson (32), preferir comer sozinho seria o mesmo que comer em

segredo que é uma característica de transtornos da alimentação no adulto.

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A relação dos transtornos do comportamento alimentar com o peso corporal foi avaliado pelo

IMC, que foi considerado como uma medida indireta da obesidade, porque ela tem uma

correlação direta com a adiposidade (34,35). Estudos têm mostrado uma correlação entre

TCA e IMC (21, 32, 33,35). Na nossa casuística, essa relação foi evidente, sendo uma

correlação positiva para “insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva”, o que

seria esperado, e negativa para com o distúrbio “comer compulsivamente”, o que poderia ser

paradoxal. No entanto, na soma das duas subescalas essa correlação passa a ser positiva. Ou

seja, é provável que esses escolares que comem compulsivamente utilizem mecanismos

restritivos ou purgativos e conseguem se manter no peso. Resultados similares, embora com

baixa correlação, foram observados por Candy & Fee (21) mostrando que maiores escores de

IMC e escores de insatisfação com a imagem corporal estavam associados com maiores

escores para a subescala “insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva”. Uma

hipótese explicativa seria a de que adolescentes com maior peso corporal estariam

insatisfeitos com o seu peso e, por conseguinte, mais propensos a se engajar em uma dieta.

De maneira geral alguns adolescentes que comem compulsivamente podem agir assim como

uma forma de quebrar as restrições intoleráveis de uma dieta ou, provavelmente, porque

exibem um padrão permanente de hiperfagia que leva a um aumento do peso corporal. Logo,

adolescentes que comem compulsivamente estariam sob menor risco para desenvolver

bulimia, mas sob um maior risco para desenvolver obesidade crônica; por outro lado,

adolescentes que comem compulsivamente e fazem restrição alimentar estariam sob maior

risco de desenvolver bulimia (34).

A história familiar de alcoolismo, assim como de depressão ou agitação nervosa, são

significativos na avaliação dos TCA, demonstrando a estreita associação de fatores

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exógenos, muitas vezes relacionados ao estilo de vida irregular, bem a fatores endógenos

relacionados à saúde mental. Fairburn & Harrinson (30) também observaram estreita

associação entre distúrbios da alimentação e história de alcoolismo e depressão. Por sua vez,

a percepção do biótipo dos pais como “gordo”, atingindo escores significativamente,

elevados, vem demonstrar a percepção distorcida que os adolescentes em risco de TAS têm a

respeito da aparência corporal do outro.

No que diz respeito às influências do entorno ambiental/comunitário ou do macrosistema, as

maiores pontuações observadas entre os escolares que freqüentam a escola privada, que já

foram vítimas de zombarias/comentários críticos, que são de classe sócio econômica mais

elevada e que referem o sentimento de algum tipo de medo, são subsídios de grande

importância para uma adequada composição do perfil do adolescente em situação de risco para

os TCA.

O estresse subjetivo desses adolescentes é claramente ressaltado pelos comportamentos que

eles referiram durante as entrevistas, incluindo “pular” refeições, evitar alimento que a

maioria dos adolescentes gosta (p. ex. sobremesa, chocolate) e, no outro extremo, comendo

compulsivamente ao ponto de sentir desconforto ou comer sozinho no quarto. Logo, pesquisas

são necessárias para avaliar a utilidade do EBBIT no diagnóstico dos transtornos do

comportamento alimentar, bem como a adequação dos critérios de diagnóstico existentes para

o DSM-IV.

Acredita-se que uma melhor compreensão dos fatores de risco precursores desses transtornos

alimentares contribuirá, sobremaneira, no desenho de programas de intervenção para

prevenção e controle. É fundamental que esses programas de intervenção busquem um

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87

modelo de dinâmica assistencial que ofereça alternativas de referência, numa perspectiva

preventiva e terapêutica nos TCA, em todos os níveis assistenciais, de caráter interdisciplinar,

podendo este ser utilizado por técnicos e/ou agentes comunitários de saúde das Unidades de

Saúde da Família.

A abrangência das ações sugeridas nesse modelo deve ser mediada pela interdisciplinaridade

no cuidado a essa clientela e na busca da interdisciplinaridade, associação entre as interfaces

clínicas da Nutrição, da Saúde Mental, da Pediatria, da Hebiatria e da Epidemiologia, na

construção de uma compreensão holística dessas pessoas em sofrimento, visando uma conduta

preventivo-terapêutica mais apropriada.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq e

Tecnologia, pelo apoio financeiro da pesquisa empírica. (proc.444146/2006-5 e

01.0265/2005-MCT respectivamente).

As Secretarias Estadual e Municipal de Educação do estado de Pernambuco e da cidade de

Recife.

Ao Sindicato das Escolas particulares do Estado de Pernambuco.

A todos os Diretores, Coordenadores, Professores, Pais e/ou responsáveis e alunos que

fizeram parte desta pesquisa.

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6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

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6 – Considerações finais e

Recomendações

6.1 Considerações finais

Foram considerados fatores de risco para os transtornos do

comportamento alimentar características de ordem intra-pessoal (sexo feminino,

adolescentes de 12-14 anos, etilismo, tabagismo, insatisfação com a imagem e o

peso corporal, fazer dieta para perder peso, organização no quarto de dormir,

preferência em fazer as refeições sozinho, IMC elevado, desejar ser um personagem

da história infantil); influências do entorno social ou interpessoal (história familiar de

alcoolismo e tabagismo, percepção do peso corporal dos pais como do tipo “gordo”,

depressão e/ou agitação nervosa na família); influências do entorno ambiental ou

comunitário (frequentar a escola privada, baixo desempenho na escola, ter sido

vítima de zombarias); e as influências do macro sistema (classe social elevada,

sentimentos de medo).

Os achados demonstram que, as medianas dos TCA foram

significativamente maiores nos adolescentes do sexo feminino, os TCA variaram

com a progressão etária, atingindo as maiores medianas nas idades de 13 e 14

anos, no que diz respeito ao distúrbio do tipo “comer compulsivamente”, enquanto

que a “insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva” teve o seu pico

aos 12-13 anos.

Resultados similares foram observados para a soma das sub-escalas

“comer compulsivamente” + “insatisfação com a imagem corporal/alimentação

restritiva”. A avaliação do risco foi realizada pela aplicação da escala Eating

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Behavior and Body Image Test (EBBIT). Procedeu-se a construção de um modelo

logístico, considerando os aspectos de ordem intrapessoal; influências do entorno

social ou interpessoal; influências do entorno ambiental ou comunitário e ainda

influências do macrossistema.

Para a avaliação do risco, procedeu-se a análise de cada subescala

individualmente, procedendo-se a partir daí, a soma das subescalas comer

compulsivamente + insatisfação com a imagem corporal/alimentação restritiva, sob o

enfoque das variáveis de influências no plano individual ou intrapessoal, observou-

se que as variáveis sexo feminino (OR-1,58; IC95%1,07-2,32)., idade (OR-1,22;

IC95%1,05-1,42)., etilismo escolar (OR-2,20; IC95%1,13-4,26)., relação com o peso e a

insatisfação com a imagem corporal (OR-2,75; IC95%1,84-4,13). desejo de perder

peso (OR-3,26; IC95%2,10-5,05), já ter feito dieta para perder peso (OR-2,85;

IC95%1,79-4,54)., preferência para fazer as refeições sozinho (OR-1,54; IC95%1,04-

2,30)., avaliação negativa da aparência pessoal (OR-2,91; IC95%1,58-5,36).e IMC

com sobrepeso (OR-1,75; IC95%1,08-2,84).apresentaram categorias significativas.

Tais achados podem propiciar a estruturação de medidas e políticas de saúde que

propiciem intervenções preventivas, na busca da redução dos riscos aqui elencados.

Acredita-se que uma melhor compreensão dos fatores de risco

precursores dos transtornos do comportamento alimentar contribuirá, sobremaneira,

no desenho de programas de intervenção para prevenção e controle.

É fundamental que esses programas de intervenção busquem um

modelo de dinâmica assistencial que ofereça alternativas de referência, numa

perspectiva preventiva e terapêutica nos TCA, em todos os níveis assistenciais, de

caráter interdisciplinar, podendo este ser utilizado por técnicos e/ou agentes

comunitários de saúde das Unidades de Saúde da Família.

A abrangência das ações sugeridas nesse modelo deve ser mediada

pela interdisciplinaridade no cuidado a essa clientela e na busca de associação

entre as interfaces clínicas da Nutrição, da Saúde Mental, da Pediatria, da Hebiatria

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96

e da Epidemiologia, na construção de uma compreensão holística dessas pessoas

em sofrimento, visando uma conduta preventivo-terapêutica mais apropriada.

6.2 Recomendações:

No campo da pesquisa

Estimular pesquisas relacionadas aos transtornos do comportamento

alimentar;

No campo da saúde e educação

Habilitar os profissionais que atuam na educação de crianças e

adolescentes, para que esses possam identificar precocemente os estudantes que

apresentam risco para desenvolver TCA;

Incentivar as instituições de ensino a realizar palestras educativas

sobre estado nutricional e sua importância no desenvolvimento das crianças e

adolescentes;

Inserir no dia-a-dia dos estudantes e de suas famílias práticas que

busquem incentivar alimentação saudável.

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97

7 – REFERÊNCIAS

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8 – APÊNDICES

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105

APÊNDICE I – Termos de Consentimento Livre e Esclarecido e Pós-Informado

Título: TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR E OBESIDADE EM ESCOLARES DA CIDADE DO RECIFE, PE

Coordenador da Pesquisa: Alcides da Silva Diniz

Contato: Departamento de Nutrição da UFPE, fone: 81-2126-8470/8475

Pesquisadoras: Ana Márcia T. S. Cavalcanti Contato: Departamento de Enfermagem da

UFPE, fone: 81-2126- 8543; Isabel Cavalcanti e Patrícia Brasil, Pós-graduação em Nutrição,

fone:81-21268471; Emilly Moreno – Acadêmica de Enfermagem (Bolsista de Iniciação

Científica – UFPE).

Esta pesquisa pretende identificar os fatores de risco relacionados a comportamentos

alimentares em escolares da cidade do Recife-PE de faixa etária entre 10 e 14 anos.

Os dados serão coletados a partir da aplicação de um questionário EBBIT auto-

aplicável com questões de múltiplas escolhas e abertas, aplicação de questionário para

identificação de hábitos alimentares e fatores de risco para desenvolvimento de transtornos do

comportamento alimentar, na forma de entrevistas a qual será realizada em um encontro único

entre uma das pesquisadoras e o escolar durante. A Entrevista ocorrerá no prazo de 30 dias a

contar da permissão para realização do estudo, no ambiente Escolar em horário determinado

pela coordenação da Escola, respeitando a confidencialidade e garantindo a participação ou

retirada do voluntário, assim como o esclarecimento de suas dúvidas. As informações aqui

obtidas serão utilizadas para avaliar e, posteriormente, melhorar o seu nível de conhecimento

sobre os fatores de risco relacionados a transtornos alimentares.

Vale salientar que esta pesquisa não representa riscos à integridade física e emocional

dos seus participantes, visto que os pesquisados, responderão a questionários, com perguntas

fechadas e abertas, e serão pesados e medidos por pesquisadores previamente treinados.

Este estudo não incorrerá em ônus nem constituirá riscos ou prejuízo para o

participante. Será garantindo sigilo e privacidade em relação ao seu nome e de sua instituição,

obedecendo dessa maneira às normas estabelecidas pela Resolução nº 196/96, do Conselho

Nacional de Saúde, que trata sobre a condução das pesquisas envolvendo seres humanos

(BRASIL, Conselho Nacional de Saúde, 1996); vale notar que este consentimento poderá ser

revogado a partir do momento em que você não desejar em participar como voluntário deste

estudo.

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106

Informamos ainda que os dados serão obtidos através de uma escala validada (EBBIT)

e questionários complementares, os quais poderão ser apresentados em eventos científicos de

âmbito nacional e internacional e divulgados em revistas científicas.

TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMADO

Eu, __________________________________________ responsável pelo menor

________________________________ afirmo que li e compreendi a natureza e o objetivo do

estudo, do qual o menor sob minha responsabilidade participará, concordando

voluntariamente que ele participe deste estudo.

Atenciosamente,

---------------------------------------------------------------------------------------------

Pais ou responsáveis

____ / ____ / 07.

Declaração das testemunhas:

Fui testemunha do menor e da assinatura do mesmo

Nome

Assinatura

Nome

Assinatura

Pesquisador que realizou a coleta

Universidade Federal de Pernambuco/ Departamento de Enfermagem; Departamento de

Nutrição – CCS/UFPE.

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107

APÊNDICE II – Instrumento utilizado na Pesquisa OBESIDADE E RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES EM ESCOLARES DE 10 A

14 ANOS DA CIDADE DO RECIFE, PE QUES 01 - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ESCOLA SÉRIE TIPO ESCOLA: 1. Estadual 2.Municipal 3. Privada TIPO NOME ALUNO: SEXO: 1. M 2. F SEXOA DATA DE NASCIMENTO / / IDADE MUNICÍPIO MUNI RESPONSÁVEL PELA CRIANÇA: 1.Pai 2. Mãe 3. Outro PAREN PARENTESCO: SEXO: 1. M 2. F SEXOP

TESTE DE COMPORTAMENTO ALIMENTAR E IMAGEM CORPORAL As duas próximas questões são muito importantes para conhecê-lo(a) melhor. Por favor, responda: 1.Você necessita de se alimentar de forma especial devido a algum problema de saúde? 1.SIM 2. NÃO

ESPEC

2.SE SIM, explique DIETC 3. Sua família faz alguma dieta especial? (P. ex: vegetariana, para diabéticos) 1.SIM 2. NÃO

DIETES

4.Se SIM, qual? DIETFA 5.Se SIM, quem? DIETQ

QUESTIONÁRIO Assinale a opção que melhor descreve o que você sente ou pensa a respeito de si mesmo. 1. Eu faço regime (come menos do que o normal) como meus amigos fazem

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca FACRE 2. Meu peso atual me incomoda 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca PAINC 3.Eu como muita comida de uma vez 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca COVEZ 4. Eu tento não comer mesmo quando estou com fome. 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca TENTO 5. Eu gostaria de ser mais magro (a) 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca GOTMG 6.Eu não como lanches ou comidas gordurosas porque eu quero perder peso

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca LANCH 7. Eu tento perder peso fazendo regimes 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca PPREG 8. Eu como quando estou com raiva 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca RAIVA 9. Eu levo coisas de comer para meu quarto e como tudo de uma vez 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca COMQT 10. Eu acho que sou gordo (a) 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca GORDO 11. Eu provoco vômitos depois de comer muito 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca VOMMT 12. Eu acho que sou mais gordo que a maioria dos meninos da minha idade e altura

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca MAIOR

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13. Eu como o que quero e na hora que quero 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca QUERO 14. Eu como até sentir desconforto na barriga/estômago 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca DESCO 15. Eu me preocupo a respeito de ganhar peso 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca PREOC 16. Eu como todo o chocolate, que ganho na páscoa 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca PASCO 17. Eu tomo remédio para emagrecer 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca REMAG 18. Eu fico muito mal depois que como muito 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca MALCM 19. Eu deixo de comer alguma refeição para poder perder peso 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca COMPP 20. Eu sinto fome quando não estou comendo 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca FOME 21. Eu gosto de sentir meu estômago vazio 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca VAZIO 22. Eu “belisco” alimentos em meu quarto para que ninguém veja que estou comendo

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca BELIS 23. Eu tomo laxante (remédio para fazer cocô) para perder peso 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca LAXPP 24. Eu me sinto gordo(a) 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca SINTO 25. Eu fico mal depois de comer muito e penso logo numa maneira de me livrar do que eu comi

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca LIVRA 26. Eu como muito, mesmo quando não estou com fome 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca MESMO 27. Eu fico pensando que se eu comer eu posso ganhar peso 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca COMGP 28. Eu leio os rótulos dos alimentos para saber quantas calorias e a quantidade de gordura que eles têm.

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca ROTAL 29. Depois que como muito, de uma vez, tento não comer na próxima refeição ou nas duas próximas

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca PROXI 30. Eu comeria umas 10 barras de chocolate (ou doce) se meus pais deixassem

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca CHOCO 31. Algumas vezes eu fico beliscando a comida 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca ALGUM 32. Eu evito comer alimentos muito gordurosos 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca EVITO 33. Eu olho para minha gordura e desejaria que ela não existisse 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca DESEJ 34. Eu como quando estou triste 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca TRIST 35. Eu como quando estou aborrecido (a) 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca ABORR

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36. Eu tomo diurético (remédio para fazer xixi) para perder peso 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca DIUER 37. Eu faço exercícios para “queimar” a comida que eu comi 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca QUEIM 38. Eu faço dieta assim como meus pais ou meus irmãos fazem 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca DIETP 39. Existem comidas que eu comeria muito se eu tivesse oportunidade 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca OPORT 40. Eu penso muito em comida quando não estou comendo 1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca PENSO 41. Eu tomo refrigerante diet em vez de fazer refeições ou comer lanches

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca DIET 42. Eu não como sobremesa (bolo, sorvete, doces) porque eu quero perder peso.

1.Todos os dias 2. 1x/sem 3. 1x/mês 4.Nunca SOBRE DADOS PESSOAIS E FAMILARES

1. A sua casa é: 1. alugada 2. própria 3.outras CASA 2. Qual a religião da sua família? 1. Católica 2.Evangélica 3.Espírita Kardecista 4.Outra 5.Não sabe RELIG Qual?(no caso de outra) 3.quantas pessoas moram na sua casa, contando com você? MORA 4. Você tem irmãos? 1.SIM 2.NÃO Se a resposta for NÃO, pular para a questão 8)

IRMAO

5. Se SIM, quantos? QTIRM 6. Qual a sua posição na ordem de nascimentos? POSIC 7. Profissão do seu pai? 1.Qual? 2. Não sabe

PROFP

8. Profissão da sua mãe? 1.Qual? 2. Não sabe

PROFM

9. Escolaridade de seu pai: ESCOP 1.Analfabeto 2.1ograu completo 3. 1ograu incompleto 4.2ograu completo

5. 2ograu incompleto 6.3ograu completo 7.3ograu incompleto 8.pós-graduação 9. não sabe 10. Escolaridade de sua mãe: ESCOM 1.Analfabeto 2.1ograu completo 3. 1ograu incompleto 4.2ograu completo

5. 2ograu incompleto 6.3ograu completo 7.3ograu incompleto 8.pós-graduação 9. não sabe 11. Alguém da sua família toma bebidas alcoólicas? 1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 13) FAMAL 12. Se SIM, quem? ALCFAM 13. Alguém da sua família fuma? 1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 15)

FUMAF

14. Se SIM, quem? FAMFU 15.Você toma bebidas alcoólicas? 1.Sim 2. Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 19)

VOCBE

16. Se SIM, quantas vezes por semana: QTBEB 17. Idade que começou a beber: IDBEB 18. Qual o tipo de bebida? TIPBE

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19. Você fuma? 1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 22)

FUMA

20. Se SIM, quantas vezes por dia: VEZD 21. Idade que começou a fumar: IDADF 22. Como se sente em relação ao seu peso corporal? 1. Satisfeito 2. Insatisfeito RELPC 23. Por quê? 24. Você gosta de se olhar no espelho? 1. Sim 2. Não ESPEL 25. Como você avalia a sua aparência pessoal? APAVA 26. Quando você se arruma, você procura agradar a alguém? 1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 28) ARRUM 27. Se SIM, a quem? AGQUE 28. Você gostaria de perder peso? 1.Sim 2.Não GOSPP 29. Já fez alguma dieta para perder peso? 1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 32) PERDP 30. Se SIM, quantas vezes? VEZDIE 31. Foi orientado por Nutricionista/Médico? 1.Sim 2.Não NUTRI 32. Você acha que seu pai é: 1.gordo 2.magro 3.normal PAIE 33. Você acha que sua mãe é: 1.gordo 2.magro 3. normal MAEE 34. Como é o seu relacionamento com seus pais? RELPAIS 35. Na sua opinião, como você avalia a organização do seu quarto? ORGAN 1.muito organizado 2.organizado 3.desorganizado 36. Você Já foi vítima de alguma zombaria por parte dos seus colegas?

1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 39) VITIM 37. Se SIM, por quê? ZOPOQ 38. Se SIM, onde? ZOBLOC 39. Como você prefere fazer suas refeições? 1. Acompanhado 2.Só 3. outro PREFE 40. Alguém da sua família sofre de depressão? 1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 42) DREPE 41. Se SIM, quem? DEPFAM 42. Alguém da sua família sofre de agitação nervosa? 1.Sim 2.Não (Se a resposta for NÃO, pular para a questão 44) NERVO 43. Se SIM, quem? AGITF 44. Quando você tem problemas dentro de sua família, como esses problemas são tratados?

PROBL

1.Faz de conta que os problemas não existem e segue em frente 2.Conversamos sobre o problema em família 3.Apenas algumas pessoas da família participam das decisões 4. Outra.. 5. Qual? 45. Com quem você fala sobre o que sente ou sobre seus problemas pessoais?

FALAC

1. Pessoa da família 2. Quem 3. Amigo 4. Pessoa da família/amigo 5. Outros 6. Quem

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111

46. Fazendo de conta que você é um personagem de histórias infantis, quem você seria?

PERINF 47. Por quê? 48. Que pessoa famosa você gostaria de ser? PERFAM 49. Por quê? 50. Você já repetiu de ano alguma vez? 1.Sim 2.Não REPET 51. Quais são os seus maiores medos? MEDOS 52. Por quê? 53. Você se considera uma pessoa tímida? 1.Sim 2.Não TIMID 54. Por quê? 55. Você se considera uma pessoa que tem facilidade de fazer amigos? 1.Sim 2.Não AMIGO 56. Por quê?

AVALIAÇÃO DO NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO Marque com um X os itens que você possui em sua casa e a quantidade

Itens NÃO 01 02 03 04 ou + Televisor TV Rádio RADIO Banheiro BANH Automóvel de passeio AUTOM Empregada doméstica DOMES Aspirador de pó ASPPO Máquina de lavar MAQLV Videocassete e/ou DVD VCDVD Geladeira GELAD Freezer FREZZ Computador COMP SUPEVISOR: SOMATÓRIO DE PONTOS CLASSE SÓCIO-ECONÔMICA

ANTROPOMETRIA 1. Peso 1 2. Peso 2 3. Altura 1 4. Altura 2

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112

APÊNDICE III – Manual para preenchimento do Instrumento utilizado na Pesquisa

PROJETO PESQUISA:

OBESIDADE E RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES EM

ESCOLARES DE 10 A 14 ANOS DA CIDADE DO RECIFE, PE

QUESTIONÁRIO E MANUAL DO PESQUISADOR

EQUIPE DE ELABORAÇÃO:

Alcides da Silva Diniz (Coordenador)

Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti (Pesquisador

Sílvia Alves da Silva (Pesquisador)

Emilly Moreno (Bolsista de Iniciação científica)

RECIFE

2007

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S U M Á R I O

1. INSTRUÇÕES BÁSICAS................................................................................................. 2. EQUIPE DE TRABALHO................................................................................................ 3. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA............................................................................... 4. INSTRUÇÕES GERAIS................................................................................................... 5. NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS ............ • Peso Corporal • Altura • Circunferência Abdominal 6. FORMULÁRIOS............................................................................................................. • Formulário 01 – Dados de Identificação .......................................................................... • Formulário 02 – Teste de Comportamento Alimentar e Imagem Corporal....................... • Formulário 03 – Dados Pessoais e

Familiares....................................................................... • Formulário 04 – Avaliação do Nível Socioeconômico ......................................... • Formulário 05 – Antropometria............................................................................... • Formulário 06 – Avaliação da Atividade Física e

Sedentarismo........................................... • Formulário 07 – Avaliação das Horas de Sono ............................................................ • Formulário 08 - Avaliação dos Hábitos Alimentares..................................................... • Formulário 09 – Avaliação do Consumo alimentar (R 24 hr).......................................... • Formulário 10 – Avaliação da Maturação Sexual (Feminina) Desenvolvimento dos Pelos Pubianos.................................................. Desenvolvimento das Mamas............................................................. • Formulário 10 – Avaliação da Maturação Sexual (Masculina) Desenvolvimento da Genitália............................................................... Desenvolvimento dos Pelos Pubianos..............................................

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ESTE MANUAL É SEU COMPANHEIRO DE CAMPO, CONSULTE-O SEMPRE QUE TIVER DÚVIDAS.

1. INSTRUÇÕES BÁSICAS

Este manual tem por objetivo fornecer orientações básicas à equipe da pesquisa do projeto “Obesidade e risco para transtornos alimentares em escolares de 10 a 14 anos da cidade do Recife, PE.”, na condução dos trabalhos de campo, no preenchimento dos formulários e na tomada das medidas antropométricas.

Através deste, todos os pesquisadores seguirão definições dos termos e preenchimento dos questionários, usando critério único. Surgindo duvida(s) a respeito de quaisquer das questões do questionário, CONSULTE-O.

O pesquisador NÃO deve negligenciar quaisquer observações e orientações aqui definidas, pois isso resultará na modificação de conceitos e operações, afetando os resultados, comprometendo a qualidade do estudo e, portanto, invalidando-o.

Este manual é composto de dois blocos: o primeiro engloba as orientações sobre os aspectos gerais do estudo, o segundo, versa sobre as orientações específicas do preenchimento do questionário.

2. EQUIPE DE TRABALH0

Alcides da Silva Diniz

Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti

Sílvia Alves da Silva

Emilly Moreno

3. ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

• O pesquisador assume um compromisso profissional e, por conseguinte, um comportamento ético na condução das tarefas que lhe são atribuídas, no momento em que é selecionado e aceita participar desse trabalho.

• O pesquisador deve apresentar-se de forma amigável aos alunos participantes da pesquisa, assim como ao corpo da instituição de ensino, dizendo o objetivo da pesquisa e citando as instituições responsáveis pela mesma.

• Solicitar ao informante, ao escolar, sua permissão para realizar a entrevista, explicar que seus genitores, ou responsáveis legais autorizaram essa entrevista. Sempre usar expressões positivas como “gostaria de conversar com você por alguns minutos” ou “gostaria de fazer-lhe algumas perguntas”. Dessa forma é mais difícil receber recusa.

• Explicar que a pesquisa está sendo realizada com todos os escolares das redes estadual e municipal, no âmbito público e privado do ensino fundamental da cidade do Recife, Estado de Pernambuco. Se o(a) aluno(a) não se mostrar receptivo(a), explicar mais detalhadamente o processo, e enfatizar a importância de contar com sua colaboração para realizar a entrevista.

• O sigilo e a utilização sobre as informações fornecidas exclusivamente voltadas para a finalidade do estudo, devem ser assegurada ao informante.

• O pesquisador NÃO deve emitir qualquer juízo sobre os entrevistados, NÃO deve manifestar surpresa diante de certas respostas que toquem a sensibilidade do entrevistado, nem “achar engraçada” alguma resposta por mais absurda que possa lhe parecer.

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• O pesquisador NÃO deve comentar entrevistas ou mostrar questionários preenchidos aos outros pesquisadores ou aos supervisores diante de pessoa alheia à pesquisa.

• O pesquisador NÃO deve estar acompanhado por pessoas estranhas ao quadro da pesquisa por ocasião da realização das entrevistas, exceto por um membro da administração da escola ou familiar do entrevistado, quando indicado.

• O pesquisador NÃO deve induzir respostas; a formulação das perguntas deve ser de maneira exata como estão escritas nos formulários; caso o entrevistado não entenda o seu conteúdo, o pesquisador deve explicá-las sem contudo induzir a resposta ao que deseja ou que gostaria de ouvir com resposta. Em alguns casos, as alternativas deverão ser lidas para o entrevistado.

• Durante a última etapa da pesquisa, quando o escolar tiver acesso a figuras onde buscará identificar sua fase de maturação sexual, o pesquisador só deverá mostrar as figuras do sexo do entrevistado.

• Orientar os alunos, seus acompanhantes, ou professores quando necessário, sobre os encaminhamentos para outros serviços para tratamento das condições observadas durante a entrevista, após discutir o caso com o coordenador da pesquisa.

• O pesquisador deve ter como características fundamentais ser calmo, paciente e desconhecer as provocações que por ventura aconteçam.

• O pesquisador NUNCA deve discutir com o informante (independente do assunto), deve ter equilíbrio emocional para vivenciar as mais variadas situações que decorrem do contato com pessoas com grandes diversidades culturais, econômicas, sociais.

• O pesquisador sem tomar atitude impositiva e agressiva, deve tentar conseguir convencer o entrevistado a colaborar com o estudo.

• Em caso de dúvidas ou problemas, o pesquisador deverá contactar os coordenadores.

4. INSTRUÇÕES GERAIS

• Sempre que houver dúvidas, escrever por extenso a resposta dada pelo informante e deixar para o supervisor decidir no final do dia.

• Quando uma resposta for pouco confiável, anotar, mas fazer uma observação sobre a má qualidade da resposta.

• Nunca deixar respostas em branco, observar a aplicação dos códigos especiais:

Ignorado: código 9, 99 ou 999... = resposta desconhecida do informante ou informação muito pouco confiável. Use o código de “ignorado” somente em último caso. Aproveite as respostas aproximadas, como, por exemplo, vai dormir no final de semana entre 21 e 23 horas, anotar às 22 horas.

Não se aplica: código 8, 88 ou 888... = quando a pergunta não pode ser aplicada para aquele caso.

• Especificar, sempre que encontrar a palavra “outro”.

• Será efetuada checagem dos questionários preenchidos pelos pesquisadores, em uma sub-amostra de 10% dos mesmos, por uma questão metodológica e para garantir o controle de qualidade das informações colhidas.

• A codificação e os cálculos matemáticos NÃO devem ser realizado em campo. Estas atividades serão realizadas em momento posterior, quando os questionários forem revisados pelo pesquisador.

• Quando errar, apagar, não rasurar. Usar lápis e borracha para preencher os questionários.

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5. NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS “A Antropometria em Inquéritos de Nutrição trata da medição das variações nas dimensões físicas e na composição global do corpo humano em diferentes idades e em distintos graus de nutrição”.

A expressão numérica obtida ao registrar os dados antropométricos, deve oferecer um limite de segurança tal, que permita julgar adequadamente a intensidade do problema nutricional. O nosso objetivo é uniformizar um método, que permita às várias pessoas treinadas, obter dados antropométricos com a maior exatidão possível. a. PESO CORPORAL Utilizar uma balança digital eletrônica, da marca Plenna-MEA-03140, com capacidade de até 150kg e precisão de 100g; Pesar os escolares descalços e com a menor quantidade de roupa possível; Ter cuidado para o escolar não levar objetos nas mãos ou bolsos e adorno na cabeça; Colocar no centro da plataforma da balança um papel, no qual se tenha desenhado a planta dos pés, colando-o para que não se mova;

Colocar o indivíduo no centro da plataforma da balança (sobre o desenho da planta

dos pés), em posição firme, com os braços ao longo do corpo;

Verificar a leitura do peso com cautelosa atenção. O peso deverá ser registrado em quilogramas (Kg), com apenas uma casa decimal. Registrar o peso antes de retirar o indivíduo da balança; Os passos, para a obtenção do peso corporal, devem ser seguidos e registrados por 2 (dois) avaliadores. b. ALTURA A altura dos escolares será determinada com a utilização da fita métrica Stanley-milimetrada, com precisão de 1mm e exatidão de 0,5 cm, fixada na parede; Medir os escolares descalços; Colocar os escolares em posição ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os calcanhares, o dorso, os ombros e a cabeça tocando a parede, sem dobrar os joelhos e olhando pra frente; No momento de medir a altura, deslizar suavemente a esquadria, até tocar a cabeça do indivíduo; Retirar o indivíduo e anotar o número que se observar no visor da fita; A fita métrica deve ser colocada em frente do examinador, a fim que a leitura seja realizada em linha reta;

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A medida deve ser expressa em centímetros (cm); Os passos, para o cálculo da altura, devem ser seguidos e registrados por 2 (dois) avaliadores.

FORMULÁRIOS

Número do questionário: este campo será preenchido no momento que antecede a coleta de dados. O número da primeira página deverá ser repetido nas demais páginas do questionário.

Entrevistador: Escrever o nome de forma legível (letra de forma).

Formulário 01 – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. Data da entrevista: anotar no início da entrevista nos espaços correspondentes a dia/mês/ano, por exemplo 18/04/2007.

2. Escola: Escrever de forma legível (letra de forma) o nome da instituição de ensino que o escolar está devidamente matriculado e freqüentando. Série: Escrever a série a qual o escolar encontra-se cursando. Turno: Escrever o horário que o escolar freqüenta a instituição de ensino (diurno, vespertino, noturno ou integral). Turma: Escrever a letra ou número da sala do escolar, por exemplo: turma A

3. Tipo de Escola: Marcar com um “X”, no quadro a direita do tipo escolar (Estadual, Municipal ou Privada).

4. Nome do aluno: escrever o nome completo do aluno, com letra legível (de forma), que responde às perguntas, ou seja, o participante da pesquisa.

5. Responsável pelo aluno - na escola: Marcar com um “X”, no quadro ao lado esquerdo, de acordo com o responsável pelo escolar ( Mãe, Pai ou Outro), em caso da resposta ser outro, especificar. Por exemplo: irmão, avô, tio.

6. Nome da mãe: Pedir a secretaria da escola para ver a ficha escolar, ou qualquer outro documento onde conste o nome da mãe.

7. Nome do pai: Pedir a secretaria da escola para ver a ficha escolar, ou qualquer outro documento onde conste o nome do pai.

8. Nome do responsável: somente nos casos necessários.

9. Sexo: Marcar com um “X” a esquerda do símbolo correspondente ao sexo (M=Masculino ou F=Feminino)

10. Data de nascimento: Colocar dia, mês e ano com 04 dígitos. Ex: 30/11/1995

11. Idade: Anotar a idade real.

12. Naturalidade: Escrever o nome do município de nascimento. Caso seja estrangeiro, escrever o nome do Estado ou país.

13. Endereço: registrar o endereço completo da residência do escolar.

14. Telefone para contato: anotar um telefone residencial, ou celular, ou para recado.

15. Ponto de referência: anotar algum ponto referencial, por exemplo: ponto comercial, igreja praça ou outro.

16. Na sua opinião, qual a sua raça: Perguntar ao escolar sua opinião e marcar com um “X”, ao lado direito, de acordo com a resposta do entrevistado (Branco, Negro, Mulato, Índio).

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Formulário 02 – TESTE DE COMPORTAMENTO ALIMENTAR E IMAGEM CORPORAL

Assinalar com um “X” no quadro correspondente (Sim ou Não). Quando sim, exemplificar escrevendo por extenso.

1. Você necessita se alimentar de forma especial devido a algum problema de saúde: Marcar um “X” no quadro correspondente, de acordo com a resposta do escolar.

2. Se sim, explique: Escrever o que foi relatado pelo escolar, sem induzir respostas, de forma legível. Anotar o problema de saúde.(Por exemplo: Hipertensão, diabetes, Insuficiência Renal)

3. Sua família faz alguma dieta especial? (por exemplo: vegetariana, para diabéticos): Marcar um “X” no quadro correspondente, de acordo com a resposta do escolar.

4. Se sim, qual? Anotar a resposta do escolar por extenso e de forma legível, a respeito de qual dieta é realizado por sua família.

5. Se sim, quem? Anotar o grau de parentesco, por exemplo: mãe, pai, irmão, avô.

QUESTIONÁRIO

É composto por 42 itens de formato objetivo, onde o escolar deverá assinalar, na coluna ao lado, correspondente com sua resposta;

Explicar o escolar que ele deve assinalar a opção que melhor descreve o que ele sente ou pensa a respeito de si mesmo.

Explicar ao escolar que cada alternativa escolhida corresponde a uma numeração, onde 3-corresponde a todos os dias; 2-Uma vez por semana; 1- Uma vez por mês e 0-Nunca.

Explicar ao escolar que ele deve marcar um “X” na coluna ao lado, correspondente ao número da alternativa por ele (o escolar) escolhida;

Ajudar o escolar na leitura das perguntas (caso necessário);

Expor as afirmações exatamente como estar no questionário, quando necessário;

1. Eu faço regime (come menos que o normal) como meus amigos fazem

2. Meu peso atual me incomoda

3. Eu como muita comida de uma vez

4. Eu tento não comer mesmo quando estou com fome

5. Eu gostaria de ser mais magro (a)

6. Eu não como lanches ou comidas gordurosas porque eu quero perder peso

7. Eu tento perder peso fazendo regimes

8. Eu como quando estou com raiva

9. Eu, às vezes, levo coisas de comer para meu quarto e como tudo de uma vez

10. Eu acho que sou gordo (a)

11. Eu provoco vômito depois de comer muito

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12. Eu acho que sou mais gordo que a maioria dos meninos da minha idade e altura

13. Eu como o que quero e na hora que quero

14. Eu como até sentir desconforto na barriga/estômago

15. Eu me preocupo a respeito de ganhar peso

16. Eu como todo o chocolate, que ganho na páscoa, de uma vez

17. Eu tomo remédio para emagrecer

18. Eu fico muito mal depois que como muito

19. Eu deixo de comer alguma refeição para perder peso

20. Eu sinto fome quando não estou comendo

21. Eu gosto de sentir meu estomago vazio

22. Eu “belisco” coisas em meu quarto para que ninguém veja que estou comendo

23. Eu tomo laxante (remédio para fazer cocô) para perder peso

24. Eu me sinto gordo (a)

25. Eu fico mal depois de comer muito e penso logo numa maneira de me livrar do que eu comi

26. Eu como muito mesmo quando não estou com fome

27. Eu fico pensando que se eu comer eu posso ganhar peso

28. Eu leio os rótulos de coisas de comer para saber quantas calorias e quanta gordura elas têm.

29. Depois que como muito de uma vez, tento pular a próxima refeição ou as duas próximas

30. Eu comeria umas 10 barras de chocolate (ou doce) se meus pais deixassem

31. Algumas vezes eu fico beliscando a comida

32. Eu evito comer alimentos muito gordurosos

33. Eu olho para minha gordura e desejaria que ela não existisse

34. Eu como quando estou triste

35. Eu como quando estou aborrecido (a)

36. Eu tomo diurético (remédio para fazer xixi) para perder peso

37. Eu faço exercícios para “queimar” a comida que eu comi

38. Eu faço dieta assim como meus pais ou meus irmãos fazem

39. Existem comidas que eu comeria muito se eu tivesse oportunidade

40. Eu penso muito em comida quando não estou comendo

41. Eu tomo refrigerante diet em vez de fazer refeições ou comer lanches

42. Eu não como sobremesa (bolo, sorvete, doces) porque eu quero perder peso.

Devem ser respondidos de acordo com as orientações acima;

Verificar se todas as questões foram marcadas e solicitar que o escolar faça, ajudando-o quando necessário, segundo os critérios já estabelecidos.

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Formulário 03 – DADOS PESSOAIS E FAMILIARES

As respostas deveram ser marcadas com um “X” no quadro, do lado direito, da alternativa correspondente.

1. A casa é: Marcar a alternativa correspondente e em caso de outro especificar.

2. Qual a religião da sua família? Perguntar ao escolar e responder com um “X” no quadro correspondente a religião referida (Católica, Evangélica, Espírita Kardecista), em caso de outra especificar.

3. Quantas pessoas moram em sua casa contando com você? Anotar (o número e por extenso) quantas pessoas moram efetivamente na casa, contar com empregados que durmam na casa.

4. Você é adotivo: Marcar Com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

5. Você tem irmãos: Marcar Com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

6. Se sim, quantos: anotar o número de irmão e por extenso.

7. Se tem irmãos, qual a sua posição? Marcar Com um “X” no quadro correspondente (mais velho, do meio ou mais novo).

8. Qual a profissão do seu pai? Anotar a resposta do escolar de forma legível, por exemplo: professor, engenheiro, padeiro.

9. Qual a profissão do sua mãe? Anotar a resposta do escolar de forma legível, por exemplo: professora, dona de casa, engenheira.

10. Alguém da sua família toma bebidas alcoólicas: Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

11. Se sim, quem? Anotar o grau de parentesco: mão, pai, irmão, avô.

12. Alguém da sua família fuma? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

13. Se sim, quem? Anotar o grau de parentesco: mãe, pai, irmão, avô.

14. Alguém da sua família usa drogas? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

15. Se sim, quem? Anotar o grau de parentesco: mãe, pai, irmão, avô.

16. Você toma bebidas alcoólicas? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

17. Se sim, quantas vezes por semana: Anotar o número e por extenso a resposta dada pelo escolar. Idade que começou a beber: Anotar o número e por extenso a resposta dada pelo escolar.

18. Qual o tipo de bebida: Anotar a bebida referida pelo escolar, por exemplo: cerveja, vinho.

19. Você fuma? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

20. Se sim, quantas vezes por dia: Anotar o número e por extenso a resposta dada pelo escolar. Idade que começou a beber: Anotar o número e por extenso a resposta dada pelo escolar.

21. Já experimentou alguma droga? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

22. Se sim, qual? Exemplificar de acordo com a resposta dada pelo escolar, por exemplo: maconha, cocaína, craque.

23. Como se sente em relação ao seu peso corporal? Marcar com um “X” no quadro correspondente (Satisfeito ou Insatisfeito)

24. Por quê? Anotar por extenso o relato do escolar a respeito do seu peso corporal. Por exemplo: satisfeito, pois estou na faixa normal para minha altura; insatisfeito, pois gostaria de ganhar ou perder alguns quilos.

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25. Você gosta de olhar-se no espelho? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

26. Como você avalia sua aparência pessoal? Anotar por extenso o relato do escolar a respeito da sua aparência. Por exemplo: gordo(a), magro(a), na moda, precisando perder ou ganhar peso.

27. Quando você se arruma, você procura agradar alguém? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

28. Se sim, quem? Anotar a resposta dada pelo escolar. Por exemplo: os pais, os amigos, o (a) namorado(a), paquera, a ele mesmo, etc.

29. Gostaria de perder peso? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

30. Já fez alguma dieta para perder peso? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

31. Se sim, quantas vezes? Anotar, o número e por extenso citado pelo escolar.

32. Foi orientado por Nutricionista / Médico? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

33. Você acha seu pai? Marcar com um “X” no quadro correspondente (normal, gordo ou magro).

34. Você acha sua mãe? Marcar com um “X” no quadro correspondente (normal, gordo ou magro).

35. Como é seu relacionamento com seus pais? Anotar, por extenso, a resposta dada pelo escolar. Por exemplo: de confiança, de amizade, de disputa, de discussões.

36. Na sua opinião, como você avalia a organização do seu quarto? Marcar com um “X” no quadro correspondente (organizado, muito organizado, desorganizado).

37. Já foi vítima de alguma zombaria na escola? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

38. Se sim, por quê? Anotar, por extenso, a resposta dada pelo escolar. Por exemplo: Por ser gordo, por ser magro, por ser baixo, por causa do aparelho, anotar apelido ou gracejo citado.

39. Como prefere fazer as refeições? Marcar com um “X” no quadro correspondente (acompanhado ou só).

40. Alguém da sua família sofre de depressão? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

41. Se sim, quem? Anotar o grau de parentesco: mão, pai, irmão, avô.

42. Alguém da sua família sofre de agitação nervosa? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

43. Se sim, quem? Anotar o grau de parentesco: mão, pai, irmão, avô.

44. Quando você tem problemas dentro de sua família, como os problemas são tratados? Marcar com um “X” no quadro correspondente (faz-se de conta que o problema não existe e segue-se em frente, conversamos sobre o problema em família, apenas algumas pessoas da família participam das decisões ou outro), em caso de outra especificar.

45. Com quem falo sobre o que sinto ou sobre meus problemas pessoais? Marcar com um “X” no quadro correspondente (Pessoa da família, quem?especificar o grau de parentesco: pai, mão, irmão, avó; Amigos ou Outros, quem?por exemplo: profissionais de saúde, professores).

46. Fazendo de conta que você é uma personagem de histórias infantis, quem você seria? Anotar por extenso o personagem citado pelo escolar.

47. Que pessoa famosa você gostaria de ser? Anotar por extenso a pessoa famosa citada pelo escolar.

48. Por quê? Pedir para o escolar falar os atributos que essa pessoa famosa tem, que levou a sua escolha. Por exemplo: é bonita, talentosa, magra, tem a voz bonita

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49. Você já repetiu de ano alguma vez? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

50. Quais são seus maiores medos? Anotar, por extenso a resposta do escolar. Por exemplo: Engordar, ser reprovado, levar um tiro, meus pais morrerem.

51. Você se considera uma pessoa tímida? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

52. Por quê? Anotar, por extenso, a resposta do escolar. Por exemplo: Falo alto, em publico, gosto de conversar ou tenho vergonha de apresentar trabalhos, tenho vergonha de dar minha opinião.

53. Você se considera uma pessoa fácil de fazer amigos? Marcar com um “X” no quadro correspondente (sim ou não).

54. Por quê? Anotar, por extenso a resposta dada pelo escolar. Por exemplo: Nunca fico sozinho, aonde chego conheço pessoas novas, sempre falo com todos, sou extrovertido ou Fico sozinho quando chego ao lugar novo, demoro a confiar nas pessoas, não sou extrovertido.

Formulário 04 – AVALIAÇÃO DO NÍVEL SÓCIOECONÔMICO

1. Esta avaliação é composta por 11 itens, que trata-se de recursos que o escolar pode ou não apresenta em sua residência. Os itens são: Televisor em cores, Rádio, Banheiro, Automóvel de passeio, Empregada doméstica, Aspirador de pó, Máquina de lavar, Videocassete e/ou DVD, Geladeira, Freezer, Computador. As alternativas correspondem a: não (não possui o item citado), ou apresentam: 01,02,03,040ou + (mais), dos itens citados.

2. Solicitar que o escolar marque com um “X” o item que possui em casa, na coluna correspondente, de acordo com a quantidade, caso na sua casa não possua o item correspondente, marcar na coluna do não.

3. Ajudar o escolar na leitura dos itens (caso necessário);

4. Expor os itens exatamente como estar no questionário, quando necessário.

Obs: A codificação e os cálculos matemáticos serão realizados em momento posterior, quando os questionários forem revisados pelo pesquisador. NUNCA devem ser realizadas em campo.

Formulário 05 - ANTROPOMETRIA

Para as medas de peso, altura e circunferência abdominal devem ser seguidos os passos das NORMAS PADRONIZADAS PARA A TOMADA DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS (ver página 5).

O Peso e a Altura devem ser avaliados por dois antropometristas. Os resultados devem ser anotados em um pedaço de papel e entregue ao pesquisador. Os resultados do peso e altura não devem ser divulgados pelos antropometristas em voz alta.

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9 – ANEXOS

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ANEXO I – Teste de Comportamentos Alimentares e Imagem Corporal para pré-

adolescentes.

(Traduzido e Adaptado de Candy e Fee, 1998).

1. Data da entrevista: _____/____/_____

2. Escola ____________________________________________________________

3. Série __________ Turno _________ Turma___________

4. Tipo de escola Estadual Privada

5. Nome do Aluno: __________________________________________________

6. Sexo M F

7. Data de nascimento: ____/____/________ (dd/mm/aaaa)

8. Idade: _______

9. Naturalidade: __________________________________________________________

As duas próximas questões são muito importantes para conhecê-lo(a) melhor. Por favor, responda: 1. Você necessita de se alimentar de forma especial devido a algum problema de saúde? Sim Não 2. Se SIM, explique. _____________________________________________________ 3. Sua família faz alguma dieta especial? (P. ex: vegetariana, para diabéticos) Sim Não 4. Se SIM, qual? _______________________________________________________ 5. Se SIM, quem? ______________________________________________________

QUESTIONÁRIO Assinale a opção que melhor descreve o que você sente ou pensa a respeito de si mesmo.

1. Eu faço regime (come menos do que o normal) como meus amigos fazem

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

2. Meu peso atual me incomoda

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

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3. Eu como muita comida de uma vez

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

4. Eu tento não comer mesmo quando estou com fome.

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

5. Eu gostaria de ser mais magro (a)

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

6. Eu não como lanches ou comidas gordurosas porque eu quero perder peso

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

7. Eu tento perder peso fazendo regimes

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

8. Eu como quando estou com raiva

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

9. Eu levo coisas de comer para meu quarto e como tudo de uma vez

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Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

10. Eu acho que sou gordo (a)

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

11. Eu provoco vômitos depois de comer muito

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

12. Eu acho que sou mais gordo que a maioria dos meninos da minha idade e

altura

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

13. Eu como o que quero e na hora que quero

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

14. Eu como até sentir desconforto na barriga/estômago

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

15. Eu me preocupo a respeito de ganhar peso

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

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127

16. Eu como todo o chocolate, que ganho na páscoa, de uma vez.

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

17. Eu tomo remédio para emagrecer

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

18. Eu fico muito mal depois que como muito

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

19. Eu deixo de comer alguma refeição para poder perder peso

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

20. Eu sinto fome quando não estou comendo

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

21. Eu gosto de sentir meu estômago vazio

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

22. Eu “belisco” alimentos em meu quarto para que ninguém veja que estou

comendo

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

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128

23. Eu tomo laxante (remédio para fazer cocô) para perder peso

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

24. Eu me sinto gordo(a)

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

25. Eu fico mal depois de comer muito e penso logo numa maneira de me livrar

do que eu comi

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

26. Eu como muito, mesmo quando não estou com fome

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

27. Eu fico pensando que se eu comer eu posso ganhar peso

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

28. Eu leio os rótulos dos alimentos para saber quantas calorias e a quantidade

de gordura que eles têm.

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

29. Depois que como muito, de uma vez, tento não comer na próxima refeição ou

nas duas próximas

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Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

30. Eu comeria umas 10 barras de chocolate (ou doce) se meus pais deixassem

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

31. Algumas vezes eu fico beliscando a comida

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

32. Eu evito comer alimentos muito gordurosos

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

33. Eu olho para minha gordura e desejaria que ela não existisse

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

34. Eu como quando estou triste

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

35. Eu como quando estou aborrecido (a)

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

36. Eu tomo diurético (remédio para fazer xixi) para perder peso

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Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

37. Eu faço exercícios para “queimar” a comida que eu comi

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

38. Eu faço dieta assim como meus pais ou meus irmãos fazem

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

39. Existem comidas que eu comeria muito se eu tivesse oportunidade

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

40. Eu penso muito em comida quando não estou comendo

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

41. Eu tomo refrigerante diet em vez de fazer refeições ou comer lanches

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

42. Eu não como sobremesa (bolo, sorvete, doces) porque eu quero perder peso.

Todos os dias Uma vez por semana Uma vez por mês

Nunca

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Anexo II – Registro de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

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Anexo III – Autorização da Secretária de Educação do Governo do Estado de Pernambuco.

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Anexo IV – Autorização da Secretária de Educação da Cidade do Recife

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Anexo V – Autorização do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de

Pernambuco.

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Anexo VI – “Eating Behaviors and Body Image Test for Preadolescent Girls Manual” com autoria de FEE & CANDY (1998).

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