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com abuso ou dependncia de cocana e crack
Tratamento para indivduos com abuso ou dependncia de cocana e
crack
A dependncia de cocana um transtorno passvel de tratamento, ao
contrrio do que muitas pessoas pensam. Porm certo que nenhum modelo
de tratamento pode ser considerado eficaz para todos os pacientes.
Indivduos que desenvolvem Dependncia de cocana possuem diferentes
caractersticas e necessidades. Estudos apontam uma boa relao
custo-benefcio do tratamento; o resultado mais comum dos diversos
tratamentos a reduo do consumo nos anos posteriores, bem como a
diminuio das atividadesilegais e do comportamentos criminal do
dependente. O tratamento, porm, necessita ser entendido como um
processo contnuo, assim como modelos mdicos utilizados em doenas
crnicas, tal qual Diabetes e hipertenso arterial.
Nem todos os usurios necessitam de tratamento; muitos
interrompem definitivamente o consumo aps o surgimento dos
primeiros prejuzos. Outros, todavia, continuam a usar a cocana
apesar das conseqncias evidentes que passam a apresentar. A
necessidade do tratamento muitas vezes determinada pelo
envolvimento obsessivo do sujeito com a droga que passa a
prejudicar os demais aspectos de sua vida.
O processo teraputico inicia com medidas para trazer o paciente
para os servios de assistncia. O dependente no procura tratamento
por achar que est usando droga demasiadamente, mas sempre frente a
"situaes de crise", geralmente envolvendo trabalho, famlia, situao
financeira, problemas legais, emergncias mdicas e rompimento de
relacionamento afetivo. Uma forma de promover o acesso do indivduo
a tratamento interromper a "FACILITAO" familiar, conforme discutido
no captulo anterior. No momento do ingresso ao tratamento, quase
sempre o paciente tem a iluso de poder retornar ao uso controlado
da cocana ("dar um tempo"). Esta ocorrncia impossvel, pois uma vez
cruzada a linha invisvel da dependncia, a capacidade de retorno a
consumo ocasional ou controlado definitivamente perdida (Washton,
1991). Muitas vezes o paciente demora meses ou anos, com inmeras
recadas e aumento dos prejuzos, at que se conscientize deste
fato.
Qualquer modelo de tratamento para a dependncia da cocana deve
incluir alguns aspectos bsicos, fundamentais para a obteno de
resultados positivos. A abstinncia deve ser no somente da cocana,
mas de todas as drogas de abuso, primeiro e principal objetivo do
processo teraputico. Tanto o lcool como outras drogas deflagram
"fissuras", mesmo meses (ou anos) aps a interrupo da cocana; como
citado acima, o consumo tem um efeito desinibitrio sobre o consumo
de outras drogas (reduz a capacidade de evitar o consumo),
aumentando ainda a impulsividade do paciente.
Aspectos psico-educacionais, tanto sobre a cocana, lcool e
outras drogas, como sobre a prpria dependncia devem sempre ser
includos em qualquer modalidade teraputica empregada. Este
componente auxilia o paciente a compreender e aceitar a prpria
dependncia. Deve incluir aspectos farmacolgicos, princpios bsicos
da doena, sinais de recada e formas de preveni-las, as conseqncias
bio-psicossociais da dependncia, aspectos familiares, capacitao e
co-dependncia (p.ex. cnjuge do dependente). O envolvimento familiar
fundamental. Outras medidas que costumam ser includas no processo
so terapia individual e familiar, participao de grupos de
auto-ajuda, busca de atividades alternativas ao consumo de
substncias psicoativas, cuidados mdicos, nutricionais e dentrios,
anlises toxicolgicas, interveno farmacolgica prescrita por
profissional afeito s caractersticas da dependncia e tratamento em
regime de internao (hospitalar e comunidades teraputicas). Quanto
mais abrangente e completo o programa teraputico, maior a chance de
recuperao.
A internao do dependente, ao contrrio do que se acreditava
antigamente, no soluo para todos os pacientes. Ao contrrio, os
estudos cientficos realizados nas ltimas dcadas no comprovam
nenhuma vantagem de um mtodo hospitalar em relao a ambulatrio para
toda a populao de dependentes que buscam, ou so levados para o
tratamento. Pelo contrrio, a internao melhor entendida como um
mtodo de promoo de abstinncia, apenas uma parte da recuperao do
indivduo, devendo SEMPRE ser associada a seguimento ambulatorial
posterior. O tratamento em ambulatrio, de fato apresenta algumas
vantagens sobre a internao, por ser menos custoso (possibilita ao
servio o tratamento de um maior nmero de dependentes), causar menor
interrupo na vida do indivduo (muito dependentes que procuram
tratamento, por exemplo, continuam a manter atividades sociais e
ocupacionais importantes, auxiliando na manuteno de toda sua
famlia). A internao carrega tambm um estigma social importante, que
delegado ao indivduo.
O dependente aceita mais fcil o tratamento ambulatorial e este
modelo busca que o paciente lide com sua compulso em seu "mundo
real" (ao qual ir retornar muitas vezes despreparado aps perodo de
internao). Por outro lado, existem algumas indicaes importantes de
internao, apresentadas na tabela abaixo:
Indicaes de internao para dependentes
PRINCIPAIS INDICAES DE INTERNAO PARA DEPENDENTES
1. Risco de suicdio, agressividade fsica importante, quadro
psictico
2. Doenas mdicas ou psiquitricas associadas que indiquem
internao (infarto de miocrdio, convulses, etc.)
3. Intensa disfuno de vida do dependente ou incapacidade de
lidar com tarefas bsicas de sua prpria rotina (cuidados pessoais,
alimentao, etc.)
4. Dependncia associada de substncias que requerem tratamento
hospitalar (abstinncia de lcool ou opiides)
5. Fracasso das tentativas de abordagem ambulatorial do
dependente
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