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4 - ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES COLETADAS De acordo com a estruturação do questionário de coleta de dados utilizado nesse estudo inicialmente caracterizamos os feirantes, abordando as questões sócio-demográficas e sócio-econômicas referentes à identificação do entrevistado, como estado civil, idade, renda mensal, outras fontes de renda além do adquirido na feira livre e nível de escolaridade. Vale ressaltar, que o item sexo não constou no referido questionário, pelo fato desta pesquisa ser direcionada a uma população 100% masculina, já que o exame clínico da próstata só pode ser realizado em homens, pois segundo NETTO (1999). A próstata somente existe no sexo masculino e provém da diferenciação do seio urogenital. 4.1 Caracterização Sócio-demografica e econômica dos Entrevistados A análise dos dados sócio-demográficos da população entrevistada se faz necessária na medida em que poderá nos guiar em alguns momentos ao entendimento das discussões que certamente surgirão neste estudo. Agora apresentamos a seguir na Tabela 1, a distribuição dos entrevistados no que diz respeito às variáveis do estado civil e faixa etária. Tabela 1. Distribuição dos Feirantes de acordo ao estado civil e faixa etária, Jitaúna - BA, 2008. VARIÁVEIS N (%) Estado civil 33

Tratamento dos dados

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4 - ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES COLETADAS

De acordo com a estruturação do questionário de coleta de dados

utilizado nesse estudo inicialmente caracterizamos os feirantes, abordando as

questões sócio-demográficas e sócio-econômicas referentes à identificação do

entrevistado, como estado civil, idade, renda mensal, outras fontes de renda além

do adquirido na feira livre e nível de escolaridade. Vale ressaltar, que o item sexo

não constou no referido questionário, pelo fato desta pesquisa ser direcionada a

uma população 100% masculina, já que o exame clínico da próstata só pode ser

realizado em homens, pois segundo NETTO (1999). A próstata somente existe no

sexo masculino e provém da diferenciação do seio urogenital.

4.1 Caracterização Sócio-demografica e econômica dos Entrevistados

A análise dos dados sócio-demográficos da população entrevistada se

faz necessária na medida em que poderá nos guiar em alguns momentos ao

entendimento das discussões que certamente surgirão neste estudo. Agora

apresentamos a seguir na Tabela 1, a distribuição dos entrevistados no que diz

respeito às variáveis do estado civil e faixa etária.

Tabela 1. Distribuição dos Feirantes de acordo ao estado civil e faixa etária, Jitaúna - BA, 2008.

VARIÁVEIS N (%)Estado civil Casado 13 86,7 Solteiro 02 13,3Faixa etária

40 a 45 anos 02 13,345 a 50 anos 05 33,350 a 55 anos 03 2055 a 60 anos 04 26,7

> 60 anos 01 6,7TOTAL 15 100Fonte: Arquivo da pesquisa.

Na análise dos dados referentes ao estado civil dos feirantes,

constatamos que na amostragem deste estudo predominou homens casados,

com 13 indivíduos correspondendo a 86,7% da amostra. Tal resultado já era

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esperado devido a esta pesquisa ser direcionada á homens com idade superiores

á 40 anos, o que remete uma tendência natural do homem construir família ao

passar dos anos.

Segundo BOERY (2003, pág.82):

[...] o ser humano, na sua maioria, sente necessidade de conviver com alguém e busca, ao longo de sua vida, encontrar um (a) companheiro (a), formar uma família, com quem possa compartilhar a vida, dividindo os bons e os maus momentos [...].

No que diz respeito à faixa etária, houve um predomínio de feirantes com

idade entre 45 a 50 anos abrangendo um número de 05 (33,3%) dos

entrevistados. Em seguida constatamos que 04 dos informantes, o que equivale a

26,7%, com idade entre 55 a 60 anos. No geral, obtivemos uma média de idade

de 51 anos entre a amostra utilizada o que torna este estudo ainda mais

relevante, pois a partir dos 50 anos a próstata ganha um crescimento acelerado,

dobrando de peso a cada 4,5 anos (NETTO 1999).

Em seguida, na Tabela 2, apresentamos os dados referentes à questão

sócio-econômica dos entrevistados.

Tabela 2. Distribuição dos Feirantes de acordo a renda mensal e outra fonte de renda, Jitaúna - BA, 2008.

VARIÁVEIS N (%)Renda Mensal Até 01 salário 07 46,7 01 a 03 salários

07 46,7

03 a 05 salários

01 6,7

Outras fontes de rendas Possuem 08 53,3 Não Possuem 07 46,7TOTAL 15 100Fonte: Arquivo da pesquisa.

Na análise dos dados referente à renda mensal, destaca-se um número

de 07 (46,7%) dos feirantes entrevistados que sobrevivem com uma quantia

mensal que não ultrapassa um salário mínimo vigente atualmente no País que é

de R$ 415,00. Coincidentemente outros 07 (46,7%) dos entrevistados,

asseguraram dispor de uma renda mensal entre 01 a 02 salários mínimos e

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apenas 01 (6,7%) do total de 15 feirantes afirmou ganhar um valor mensal acima

de 03 (três) salários mínimos. Sendo que 08 (53,3%) dos entrevistados

asseveram possuir outra fonte de renda complementar, os quais contemplam o

total de feirantes com renda mensal acima de 01 salário mínimo.

Esses dados nos levam a inferir que de maneira geral a população que

participou deste estudo possuem um baixo poder aquisitivo, onde sua maioria

desenvolve outras atividades buscando um complemento salarial que ainda assim

é baixo, o que poderá gerar dificuldades na subsistência de sua família e

consequentemente, influenciará em sua qualidade de vida. Sobre isso Sétien

(1993) afirma dizendo que a renda é pontuada como um dos indicadores sociais

de qualidade de vida onde a situação econômica satisfatória reflete o bem-estar,

podendo satisfazer as necessidades universais dos indivíduos.

Tratando-se do perfil de escolaridade dos participantes do estudo

conforme demonstrado na Tabela 3 a seguir, uma prevalência de homens que

não conseguiram concluir a escolaridade primária totalizando 12 (80%) dos

entrevistados.

Tabela 3. Distribuição dos Feirantes quanto ao grau de escolaridade, Jitaúna - BA, 2008.

ESCOLARIDADE N %

Analfabeto 01 6,7

Primário incompleto 12 80

Primário completo 01 6,7

1º grau incompleto

1º grau completo

2º grau incompleto

2º grau completo

01

0 0

0

6,7

0

0

0

TOTAL 15 100

Fonte: Arquivo da pesquisa.

Essa baixa escolaridade encontrada entre os entrevistados condiz com a

realidade nacional e especificamente de Jitaúna, município baiano da Região Sul

onde possui uma população adulta na sua grande maioria oriunda da zona rural,

que devido à ascensão da lavoura cacaueira nas décadas 60 e 70 as crianças da

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classe baixa tinham que ajudar os pais na lavoura e consequentemente na renda

familiar De acordo com a Comissão Executiva do Plano de Recuperação,

perdendo assim a oportunidade de prosseguir nos estudos.

Econômico Rural da Lavoura Cacaueira CEPLAC (2006), o cacau se

adaptou bem ao clima e solo do Sul da Bahia, região que chegou a produzir 95%

do cacau brasileiro. No período 1975/1980, o cacau gerou 3 bilhões 618 milhões

de dólares, sendo que em 1979/80 a produção brasileira de cacau ultrapassou as

310 mil toneladas.

4.2 Percepção dos Entrevistados sobre a Próstata

Após a analise parcial dos dados sócio demográfico e sócio econômico

da amostra escolhida, trataremos agora dos resultados referentes às questões

que estão ligadas à relação: homem na condição de feirante em idade superior a

40 anos com o exame clínico da próstata abordando questões que vão desde o

conhecimento sobre o órgão até as possíveis facilidades encontradas na

realização do toque retal por esses indivíduos.

Na Tabela 4 a posteriore, estão explícitos os resultados obtidos acerca

do conhecimento dos participantes da entrevista sobre o órgão próstata.

Tabela 4. Distribuição dos Feirantes quanto ao conhecimento sobre próstata, Jitaúna-Ba, 2008.

Fonte: Arquivo da pesquisa.

Tais resultados evidenciaram que dos 15 (100%) entrevistados, 10

(66,7%) quando questionados a respeito do que é próstata referem saber, porém

ao serem solicitados para definirem os seus entendimentos a respeito do termo

em si, demonstraram uma associação equivocada do conceito do órgão ao câncer

CONHECIMENTO SOBRE PRÓSTATA

N %

O que é próstata Sabem 02 13,3 Pensam que sabem 10 66,7 Admitiram que não sabem 03 20Doenças que a cometem Câncer HPB

07 0

46,7 0

Outras 0 0 Não sabem 08 53,3TOTAL 15 100

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que o acomete. Torna-se claro tal equívoco a partir da leitura das falas utilizadas

por estes homens na definição do órgão, como explicitado a seguir:

[...] é um tumor... é um câncer...é um tumor causado no ânus...é uma doença... é um caroço [...].

Somando a estes 10 (66,7%) os 03 (20%) que admitiram desde o

primeiro momento da pergunta que não possuíam conhecimento algum sobre o

termo próstata, temos aí um total de 13 (86,7%) homens que demonstram

desconhecimento sobre um órgão exclusivo deles na condição de homens.

Em relação ao conhecimento dos entrevistados sobre as doenças que

acometem a próstata, ficou evidente que a maioria 08 (53,3%) dos entrevistados

também desconhece as enfermidades que podem desenvolver no órgão, porém o

restante dos feirantes que participaram da pesquisa, 07 (46,7%) demonstrou

conhecimento apenas a respeito do câncer como doença que ataca o órgão,

desconhecendo a HPB e as prostatítes.

A partir daí constatamos a primeira, e se não dizer, a principal dificuldade

enfrentada por estes homens na realização do exame clínico da próstata, que é a

carência de informação. O enorme desconhecimento a cerca do órgão, evidencia

uma barreira na procura do serviço de saúde por parte desses homens, já que

provavelmente estes não procurarão o médico buscando uma avaliação de um

órgão que até então não existe em seu imaginário.

Vez que, fica comprovado que para a maioria desses trabalhadores,

existe a doença que pode ou não acometê-los um dia manifestando sinais e

sintomas a qual eles denominam de “próstata”, e não um órgão que desde

sempre esteve situado abaixo de sua bexiga envolvendo a sua uretra, pesando

apenas uma (1) grama no recém nascido, mas já situado ali naquele local (Netto,

1999).

Outro assunto questionado nesta pesquisa foi o nível de informação dos

feirantes entrevistados a respeito do câncer de próstata, que segundo NETTO

(1999 pág.237) “é a neoplasia mais frequentemente diagnosticada nos homens e

a segunda causa de morte por doença maligna, depois do câncer de pulmão”. Os

aspectos relacionados à informação dos entrevistados, no que diz respeito a esta

neoplasia são demonstrados na Tabela 5 seguinte.

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Tabela 5. Distribuição dos Feirantes quanto ao nível de informação sobre Câncer de Próstata, Jitaúna - BA, 2008.INFORMAÇÃO SOBRE O CÂNCER

N %

Falarem em Câncer de Próstata Já ouviram

14 93,3

Nunca ouviram 01 6,7

Local em que ouviram falar Estabelecimento de saúde

04 28,6

Na rua 10 71,4Por quem ouviram falar Profissional de saúde

0321,4

Outras pessoas 11 78,6Por que meio Conversa 14 100 TV, rádio e outros. 0 0TOTAL 15 100

Fonte: Arquivo da pesquisa

Dos 15 (100%) feirantes entrevistados, quando questionados se já tinham

ouvido falar em câncer de próstata, 14 (93,3%) afirmaram já terem ouvido falar

sobre a doença, sendo que 10 (71,4%) dos que já ouviram falar escutaram na rua,

ou seja, fora de um estabelecimento de saúde.

Ainda dentro da totalidade dos 14 feirantes que já ouviram falar no

câncer, 11 (78,6%) escutaram por meio de pessoas que não trabalham na área

da saúde, sendo a conversa informal o único meio de comunicação com o qual as

informações chegaram a todos os 14 (100%) dos indivíduos informados.

Foi investigado também durante a realização deste estudo, o

conhecimento dos entrevistados acerca dos fatores de risco para o câncer de

próstata como idade elevada, casos diagnosticados na família, a raça negra e

infecções sexualmente adquiridas.

A seguir, na Tabela 6, demonstramos a distribuição do número de

entrevistados conforme o conhecimento de pelo menos um dos fatores

anteriormente citados como risco para desenvolvimento do câncer de próstata.

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Tabela 6. Distribuição dos Feirantes quanto ao conhecimento dos fatores de risco do Câncer de Próstata, Jitaúna - BA, 2008.

Mais uma vez nos chama a atenção um número de 14 (93,3%) dos 15

(100%) entrevistados que demonstraram total desconhecimento sobre os fatores

de risco para a neoplasia prostática. Onde o conhecimento dos mesmos se faz

necessário, na medida em que, o homem consciente que possua algum ou alguns

destes, deverá atentar-se por procurar um médico urologista o quanto antes

possível, pois, é sabido que as chances para o acometimento pela neoplasia

prostática àqueles são bem maiores.

4.3 Conhecimento dos Feirantes sobre o toque retal

Neste estudo, buscamos também observar o conhecimento desses

trabalhadores a respeito do exame clínico da próstata. Sendo que no questionário

utilizamos o termo “toque retal” para denominar o exame pelo fato da pesquisa ter

como participantes homens do interior com baixa escolaridade como

demonstrado anteriormente, onde compreendemos que este termo popularmente

utilizado, pudesse facilitar o entendimento dos mesmos ao serem questionados

sobre o assunto. Tal conhecimento está evidenciado na Tabela 7 seguinte.

Tabela 7. Distribuição dos Feirantes quanto ao conhecimento sobre o Exame Clínico da Próstata (Toque retal), Jitaúna - BA, 2008.

CONHECIMENTO SOBRE O EXAME

N %

Sobre o exame do toque retal

Souberam informar 05 33,3

Não souberam informar 07 46,7

Nunca ouviram falar 03 20

CONHECIMENTO DOS FATORES DE RISCO

N %

Sobre os fatores de risco

Souberam informar Não souberam informar

0114

6,793,3

TOTAL 15 100Fonte: Arquivo da pesquisa

39

TOTAL 15 100Fonte: Arquivo da pesquisa

Chama-nos a atenção um número de 07 (46,7%) dos feirantes

questionados que não souberam informar o que é o exame, nem para o que ele

serve, porém já ouviram falar que se fazia o toque. Em seguida obtivemos um

número de 03 (20%) dos feirantes questionados que nunca ouviram falar sobre o

toque retal, ou seja, sobre o exame clínico da próstata.

Portanto, dentre os 15 (100%) dos entrevistados obtivemos um total de

10 (66,7%) trabalhadores que demonstraram possuir desconhecimento sobre o

exame que deveria passar a fazer parte de suas rotinas periódicas, segundo

Portal Unimeds (2008) visitas anuais ao urologista, incluindo o exame digital retal

da próstata, são básicos para o seu bem-estar, o que poderá salvar sua vida.

4.4 Promoção da Saúde Prostática no Município

Após avaliar o conhecimento da população participante do estudo,

acerca da temática relacionada à pesquisa, partimos para uma investigação

sobre o papel do Estado como provedor da saúde desses homens no município

de Jitaúna, no que diz respeito especificamente ao exame clínico da próstata.

Conforme o artigo 196 da Constituição Federal de 1988:

A saúde é direito de todos e dever do estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Na Tabela 8 abaixo, podemos observar a distribuição dos entrevistados

quanto às informações transmitidas a estes, por funcionários que atuam na área

da saúde do município acerca do exame clínico da próstata como o que é o toque

retal, a necessidade de realizá-lo e qual idade recomendada para sua realização.

Tabela 8. Distribuição dos Feirantes quanto a informações sobre a realização do Exame Clínico da próstata. Jitaúna - BA, 2008.

INFORMAÇÕES SOBRE O EXAME

N %

Por funcionário da saúde

Foram informados 04 26,7

Nunca foram informados 11 73,3

40

Idade para realizar o exame

Souberam informar

Não souberam informar

07

08

46,7

53,3

TOTAL 15 100Fonte: Arquivo da pesquisa.

Analisando os dados obtidos na entrevista, constatamos que 11 (73,3%)

dos entrevistados nunca foram informados por nenhum funcionário público da

saúde de Jitaúna sobre a necessidade deles, que já se encontram na idade

recomendada, realizarem o exame ou qualquer outra informação a respeito do

assunto.

Posteriormente todos os participantes da pesquisa foram indagados a

respeito da idade recomendada para iniciar a realização do exame e dos 15

(100%) entrevistados, 08 (53,3%) não souberam informar a idade recomendada

pelos médicos. Todo homem com mais de 40 anos de idade, principalmente

negros ou com casos de câncer prostático na família, deve realizar o exame

anualmente, como parte do seu "check-up” Portal Unimeds (2008).

4.5 Acessibilidade ao Exame Clínico da Próstata

Após investigarmos o papel do Estado em Jitaúna, como promovedor de

informações sobre o exame da próstata, através de seus trabalhadores da saúde

que são por direito os seus representantes, buscamos agora saber se o município

está dispondo de acessibilidade ao exame a esses homens.

Segundo FEKETE (1995 pág.180) acessibilidade pode ser entendida

como:

[...] o grau de ajuste entre as características dos recursos de saúde e às da população, no processo de busca e obtenção da assistência à saúde, e resulta de uma combinação de fatores de distintas dimensões, quer seja geográfica, organizacional, sócio-cultural e econômica [...].

Desse modo, na Tabela 9, a seguir, está evidenciada a distribuição da

população participante da pesquisa quanto às suas opiniões de acesso ao exame

clínico da próstata encontrado no município.

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Tabela 9. Distribuição dos Feirantes quanto ao acesso ao Exame Clínico da Próstata (Toque retal) no município. Jitaúna - BA, 2008.

ACESSO AO EXAME N % Tem acesso ao exame 03 20

Não tem acesso ao exame 09 60

Não souberam informar 03 20

TOTAL 15 100Fonte: Arquivo da pesquisa

Quando questionados a respeito do acesso ao exame clínico da próstata

em Jitaúna, entre os 15 (100%) entrevistados, 09 (60%) destes informaram não

disporem de acesso à realização do exame na cidade, 03 (20%) não souberam

informar, segundo eles nunca procuraram o serviço de saúde e apenas 03 (20%)

afirmaram dispor de acesso ao exame no município. Daí nota-se uma

ambigüidade nas informações supracitadas na medida em que tais respostas

despertam-nos o seguinte questionamento: Existe ou não de fato o profissional

médico na cidade que realize o exame clínico da próstata e consequentemente o

acesso a este na cidade?

Com o intuito de averiguar a existência do profissional médico urologista

atuando no município, procurei manter contato com algumas pessoas que

trabalham na área da Saúde de Jitaúna, as quais poderiam me dar esta

informação de maneira neutra, politicamente falando, pois como descrito

anteriormente, muitas pessoas direta ou indiretamente ligadas à Prefeitura,

recusam-se a dar informações que comprometa a gestão municipal, acredito eu

que por medo de possíveis represálias políticas.

Por meio desses contatos, conseguir conversar com uma Técnica em

Enfermagem que pertence ao quadro efetivo de funcionários do município, a qual

desenvolve sua atividade na principal Unidade de Saúde da Família da cidade,

onde desde muitos anos são convencionados os atendimentos ambulatoriais da

cidade. Tal funcionária informou-me que a cidade já galgou da presença de um

médico urologista que atuava pelo município uma vez na semana. Porém, no

início da atual gestão, cerca de três (3) anos atrás, este urologista teve o seu

contrato recendido com a Prefeitura, por motivos que segundo ela desconhece.

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A funcionária me informou também que após este, outros dois

urologistas atuaram seguidamente no município, mas não foram duradouras as

suas estadias profissionais na cidade. Portanto, segunda ela, Jitaúna está há

mais de dois (2) anos sem qualquer cobertura urológica por parte do médico,

onde os homens do município que necessitam de uma avaliação digital prostática

têm que recorrer a outro município que disponha do referido profissional.

A partir das informações supracitadas é possível inferir que os poucos

entrevistados os quais asseguram proverem de acesso ao médico urologista no

município baseados no fato de um dia já terem realizado o exame em Jitaúna,

desconhecem que perderam esse acesso há mais de 2 (dois) anos. Fato este

que nos leva a deduzir que estes homens, além de desinformados, permanecem

todo esse tempo sem procurarem uma nova consulta com o urologista.

Durante a minha conversa com a funcionária citada, obtive através desta

também, o nome de um dos médicos urologistas que já tinha atuado pelo

município, o qual lhe fora atribuído à realização do exame clínico da próstata por

todos os entrevistados que o realizaram na cidade. Coincidentemente, o

encontrei dias após por acaso, sendo que não me contive em questioná-lo o

motivo pelo qual deixara de consultar em Jitaúna. O mesmo não se absteve em

responder-me que por motivo, do que ele chamou, de “picuinhas” levadas ao

prefeito em seu nome, ou seja, o município permanece sem urologista por

comunicarem ao gestor municipal, que o médico “falou mal” deste.

4.6 Realização do Exame

Em motivo da amostra populacional selecionada neste trabalho, tratar-se

de homens trabalhadores que ultrapassaram a idade inicial recomendada

atualmente para a submissão da primeira avaliação digital prostática, iniciamos

aqui as variáveis obtidas na investigação da já realização por esses feirantes do

exame clico da próstata.

A tabela 10, abaixo, nos mostra os dados obtidos que dizem respeito a já

realização pelos entrevistados do exame clínico prostático como método para se

diagnosticar precocemente algum tipo de doença no órgão.

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Tabela 10. Distribuição dos Feirantes quanto à realização do Exame Clínico da Próstata (Toque retal). Jitaúna - BA, 2008.

REALIZAÇÃO DO EXAME N %Já realizaram

Em Jitaúna

Em outro município

O que os fez realizar

Conta própria

Funcionário da saúde recomendou

Outra pessoa recomendou

05

04

01

03

01

01

33,3

Nunca realizaram

Mas pretendem realizar

Não pretende realizar

10

10

0

66,7

TOTAL 15 100Fonte: Arquivo da pesquisa.

O que nos chamou a atenção nestes dados foi um número de 10 (66,7%)

homens dentre os entrevistados que nunca realizaram o exame, apesar de já

pertencerem e muitos já ultrapassarem a faixa etária indicada de 40 anos. Sendo

que todos afirmaram pretensão de um dia se submeterem ao procedimento. No

entanto, apenas 05 (33,3%) dos participantes da pesquisa já tinham sido

submetidos ao toque retal como exame clínico da próstata, sendo que dentre

estes que já se submeteram ao toque, quatro (04) indivíduos o realizaram no

município de Jitaúna e um o realizou em outro município.

Aos 05 (33,3%) feirantes que afirmaram que já tinham sido submetidos

ao exame clínico da próstata, foi perguntado o que os fizeram realizar o toque, no

intuito de verificar a atuação dos profissionais de saúde como elo entre estes

homens e a realização do exame. Porém, dentre os poucos entrevistados que

fizeram o exame apenas um (01) realizou o procedimento devido recomendação

de um profissional da saúde, três (03) procuraram o urologista por conta própria e

um (01) teve a orientação de outra pessoa a qual não pertencia à área de saúde.

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Logo abaixo expomos alguns argumentos prevalentes utilizados pelos

participantes da pesquisa na justificativa pela não realização do exame digital da

próstata:

(...)... é um exame muito feio, o cara ficar de quatro pro outro enfiar o dedo (53 anos) ... não sinto nada, não tenho nenhum sintoma (48 anos)... foi falta de interesse ( 53 anos) ... lerdeza (45 anos) ... nunca me interessei e não sinto nada (55 anos) ... não sei nem o que é isso ( 55 anos) ... nunca me falaram nada (67 anos) (...)

A partir da análise desses relatos, foi possível perceber nas falas como

/...não sinto nada, não tenho nenhum sintoma... /... nunca me interessei pois não

sinto nada.../, o que demonstram a falta de informação destes homens a respeito

do câncer prostático, pois é sabido que a doença maligna que acomete o órgão,

tem como principal característica a manifestação tardia dos sinais e sintomas. E

isso se deve ao fato do tumor iniciar o seu desenvolvimento na região externa da

próstata e só depois começa a penetrá-la, ou seja, este se manifesta de fora pra

dentro, fator esse responsável pela revelação tardia dos sintomas, momento em

que já não se pode fazer muita coisa pelos portadores.

Portanto, é notória a falta de informação e conseqüentemente a

deficiência na atuação dos profissionais de saúde do município, principalmente,

médicos e enfermeiros, como promovedores de saúde para estes homens no

momento em que não buscam meios de estarem informando da necessidade e

importância da avaliação prostática a partir da idade recomendada.

Conseguimos notar também em algumas falas como esta, /... é um exame

muito feio, o cara ficar de quatro pro outro enfiar o dedo.../, a presença de algo que

denomino como “preconceito machista”, atrelado a questões sócio-culturais

características de paises sub-desenvolvidos. Uma vez que, em países

desenvolvidos como nos Estados Unidos, existem diversas empresas onde se faz

obrigatório a periódica avaliação digital prostática para os seus funcionários.

Tais empresas sabem que o custo financeiro gerado para elas com um

funcionário que descobre tardiamente um câncer de próstata, seria muito maior

do que se descoberto ainda na sua fase inicial.

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Logo, é preciso divulgar da maneira mais clara possível para estes

homens, que até o presente momento, o exame digital da próstata é

insubstituível. Pois como dito antes, o câncer começa sua formação na parte mais

externa do órgão e que só através da leve palpação deste pelo acesso retal é que

o médico perceberá o tumor ainda em início de formação e possíveis alterações

na mobilidade prostática característica da neoplasia.

No entanto, torna-se evidente nas falas, /... é falta de interesse ... foi

lerdeza.../... nunca me interessei.../ que em contrapartida, esses trabalhadores

também não têm dado a importância devida ao exame, o que torna o papel do

profissional de saúde ainda mais importante, desta maneira cabe a eles a missão

de proporcionarem momentos informativos nos serviços de saúde buscando desta

forma através de palestras educativas atrair a atenção desses homens para

seriedade dos problemas que poderão enfrentar se não realizarem o exame.

De acordo a Sociedade Brasileira de Urologia – SBU (2006),

[...] o homem não estabelece, como rotina em sua vida, a avaliação da sua próstata, após os 40 anos. Ao contrário do que acontece com as mulheres, orientadas desde a puberdade a fazer anualmente seu exame ginecológico [...].

A partir das informações supracitadas, podemos inferir que a rede de

atenção básica do nosso SUS tem priorizado de maneira geral através de

Programas, a atenção à saúde da mulher. Isso se torna ainda mais evidente

quando nos atentamos para a quantidade de programas existentes na rede básica

direcionados exclusivamente para a população feminina como, por exemplo, os

Programas de Prevenção do Câncer do Colo Uterino e Atenção à Gestante.

Portanto, são dois dias na semana produtiva das Unidades Básicas de

Saúde, exclusivos para atendimento às mulheres, o que na prática se tornam três,

pois, é sabido que o dia voltado para o Planejamento Familiar o qual deveria ser

freqüentado por ambos os sexos, tem a presença feminina como destaque nas

consultas e são raras a presença dos homens no Programa. Com isso

conseguimos visualizar, usuários e enfermeiros perdendo uma grande

oportunidade para ambos, ou seja, o trabalhador que não participa do Programa

perde a chance de estar em contato com profissionais que teoricamente poderiam

46

estar usando do momento para informá-los sobre a necessidade da realização do

exame da próstata.

Nesta perspectiva, percebemos a falta de políticas públicas através de

programas na atenção básica voltados exclusivamente para a atenção à saúde

dos homens. A sensação que temos é que a porta de entrada do SUS, a qual é

representada pela Unidade Básica de Saúde - USB está “encostada”, ou seja,

“quase fechada” para esses homens. E cabe ao gerente da UBS a missão de

“escancarar” esta porta, “enlarguecendo” a acessibilidade aos serviços de saúde

para estes usuários.

4.7 Dificuldades e Facilidades na Visão dos Entrevistados

Depois da busca de meios que facilitassem a identificação por nós, das

possíveis agruras enfrentadas por estes homens na submissão do toque retal

como método diagnóstico dos agravos da próstata, buscamos também investigar,

na visão deles, a existência de dificuldades e facilidades percebidas por estes no

acesso ao procedimento no município de Jitaúna.

A seguir, como explicito na Tabela 11, estão explícitos os dados obtidos

no que diz respeito às dificuldades encontradas na realização do Exame Clínico

da Próstata no município pelos entrevistados.

Tabela 11. Distribuição dos Feirantes quanto às dificuldades encontradas na realização do Exame Clínico da Próstata (Toque retal) no município. Jitaúna - BA, 2008.

DIFICULDADES AO EXAME N %

Encontram dificuldades

Falta de médico

Falta de informação se tem médico

Demora na marcação

10

08

01 01

66,7

Não encontram dificuldades 04 26,7

Não souberam informar 01 6,7

TOTAL 15 100

Fonte: Arquivo da pesquisa.

É visível que dos 15(100%) entrevistados, 10(66,7%) afirmaram

enfrentarem dificuldades na realização do exame, onde oito (08) destes atribuíram

à falta de médico urologista na cidade como causa dessa dificuldade, um (01)

47

atribuiu à falta de informação pela Prefeitura da existência do profissional que

faça o exame e um (01) outro apontou a demora para conseguir o exame como a

causa da dificuldade informada por ele.

Em seguida observamos um número de 04 (26,7%) dos feirantes

participantes da pesquisa que disseram não encontrarem dificuldades, segundo

estes, existia o atendimento do urologista no município, tanto que, já tinham

realizado o exame clínico prostático na cidade. Tivemos também dentre os

participantes do estudo 01 (6,7%) dos entrevistados que não soube informar a

existência ou não de dificuldades, segundo este nunca procurou o serviço de

saúde do município.

Trataremos agora por fim, conforme a Tabela 11 a seguir, da distribuição

dos feirantes participantes da pesquisa relacionada às facilidades observadas por

estes na realização do exame clínico da próstata no município,

Tabela 12. Distribuição dos Feirantes quanto às facilidades encontradas na realização do Exame Clínico da Próstata (Toque retal) no município. Jitaúna - BA, 2008.

FACILIDADES AO EXAME N %Encontram facilidades

Tem médico

05

05

33,3

Não encontram facilidades 09 60

Não souberam informar 01 6,7

TOTAL 15 100

Fonte: Arquivo da pesquisa.

A partir da análise dos dados acima, verificamos que os valores

praticamente se mantiveram, ou seja, dentre os 10 (66,7%) dos feirantes

participantes da pesquisa que afirmaram encontrarem dificuldades, apenas um

(01) declarou dispor também de facilidade na submissão ao procedimento do

toque retal. Segundo ele apesar da demora na marcação do exame, o fato da

existência do profissional que o realize na cidade já é uma facilidade. Entretanto,

apenas 05 (33,3%) dos entrevistados afirmam disporem de facilidades de acesso

ao exame, sendo que todos atribuem à presença do médico urologista em Jitaúna

o motivo desta facilidade.

48

Assim, ao examinarmos os resultados obtidos nas duas ultimas tabelas,

que tratam da existência de dificuldades e facilidades da realização do exame

digital da próstata no município, na ótica dos entrevistados, podemos inferir que

as agruras têm prevalecido na cidade de Jitaúna. Governo e servidores da saúde

do município estão atuando de maneira deficiente, na medida em que não estão

provendo meios de acesso a estes homens à avaliação periódica de suas

próstatas. A Prefeitura municipal está há mais de 24 meses sem contratar o

profissional quem realiza o exame. Em contrapartida, os profissionais de saúde do

município não têm buscado meios de estarem informando sobre esta

problemática a estes trabalhadores.

Portanto, acreditamos que alcançamos a nossa proposta inicial e que, a

partir do entendimento mais aprofundado da temática proposta neste estudo,

cabem aos gestores municipais e aos profissionais de saúde, principalmente os

da atenção básica, intensificar os seus desempenhos profissionais, partindo da

percepção dos enfrentamentos reais vivenciados por essa população estudada,

mudando as suas práticas de intervenção com o propósito de promoverem o

acesso de forma efetiva, através de ações mais inovadoras.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

49

Ao concluirmos a análise parcial dos dados anteriormente apresentados,

pudemos de forma convicta, identificar que são muitas as agruras enfrentadas por

esses homens como falta de informação, baixa escolaridade, baixo poder

aquisitivo, barreiras culturais e principalmente a inexistência de um profissional

médico especialista em urologia no município. Essa ausência de acessibilidade

acarreta proporções maiores, na medida em que lidamos com trabalhadores na

condição de informais, desprovidos de qualquer garantia assistencial trabalhista,

na submissão ao exame clínico da próstata.

Logo, a primeira dificuldade percebida neste estudo por parte dos

entrevistados foi à carência de conhecimento anatômico da existência da próstata

como órgão masculino que é. A associação errônea do câncer ao órgão tem sido

perpassada ao longo dos anos no município a estes homens que certamente

também repassam esse entendimento totalmente errado sobre o assunto.

Surgi a partir daí, o primeiro desafio encontrado com a conclusão deste

trabalho o qual seria impedir que essa informação errada de que “ter próstata é

ter câncer”, ou seja, que possuir próstata signifique possuir doença, continue

sendo transmitida entre os homens de baixa escolaridade do município. E isto

poderá ser alcançado pelos profissionais de saúde do município utilizando de uma

nova ferramenta recém surgida na área da educação que poderá produzir belos

frutos no âmbito da saúde, denominada “Educomunicação”.

Esta nova ciência vem propor a promoção da cidadania tomando como

ponto de partida o direito à expressão e à comunicação, além do desenvolvimento

de ações que potencializem a capacidade de expressão das pessoas, como

indivíduos e como grupo. Os profissionais de saúde poderiam utilizar dos

importantes ambientes colaborativos proporcionados pelas novas tecnologias

como, emissora de rádio local, carros de som, internet dentre outras, o que iria

estimular e alimentar as discussões e a troca de conhecimentos no âmbito da

saúde.

Assim, proponho a mudança nas práticas dos profissionais de saúde, os

quais passariam a buscar outros meios para a promoção desta, armados da

educação, procurando atingir a partir da socialização de informações de forma

eficiente a população alvo, ou seja, organizando um processo educomunicativo,

50

dinâmico, que alcançasse estes homens e que incentivasse realmente a

transformação das práticas que implicam em riscos para as suas saúde.

Vejo nessa proposta, a oportunidade dos profissionais de saúde,

principalmente enfermeiros da atenção básica, procurem com que as suas ações

se libertem ainda mais das paredes que as cercam nas unidades de saúde. É

atuar primeiro fora da unidade, ir até o povo para ganhá-los, buscar novos meios

de informarem estes homens, ganhando primeiro a sua a confiança lá fora, para

só depois convidá-los para entrar.

No que diz respeito à falta de acesso enfrentada pela amostra

populacional estudada consideramos a deficiência organizacional da gestão

pública municipal, como fator preponderante do obstáculo que tem separado

esses homens do procedimento que poderia salvar-lhes a vida amanhã. É

inadmissível que questões pessoais e políticas individuais estejam influenciando

decisões que venham prejudicar toda uma população. É preciso mais

discernimento e responsabilidade nas tomadas de decisões por parte do gerente

municipal, principalmente nas ações que terão repercussão direta na saúde de

toda uma população.

Considerando o fato de que Jequié está situada a apenas 28 km da

cidade onde aconteceu o estudo, e ter despontado no cenário atual como cidade

universitária, com diversos cursos na área da saúde, durante o desenvolver deste

trabalho, notamos a ausência de extensões das Universidades com ações na

área da saúde, que possam estar contemplando as cidades circunvizinhas.

A problemática encontrada na construção deste trabalho está sendo

vivenciada a 20 minutos da cidade que possui atualmente dois cursos superiores

de enfermagem e que está na eminência de ser agraciada com o curso de

medicina. Mas, onde está à contribuição universitária com programas de extensão

voltados para a saúde da micro-região de Jequié?

É preciso que a contribuição acadêmica extrapole os muros da

universidade, buscando meios de mudar a realidade que a rodeia. Fazendo um

paralelo aos enfrentamentos de feirantes encontrados neste estudo, é certo que

os problemas perpassam por uma esfera maior, governamental. Porém, as

universidades poderiam contribuir com ações de âmbito menor, através de

51

exemplo, cursos para trabalhadores da saúde, seminários com temas específicos

buscando um público alvo, extensão para campos de práticas na cidade, além do

desenvolvimento de projetos que repercutam nas ações governamentais do

município.

A experiência que este trabalho me proporcionou, despertou-me também

para a falta de disciplinas no Curso de Enfermagem, voltadas especificamente

para o estudo mais aprofundado das doenças do homem. Onde poderíamos

discutir o papel do enfermeiro na promoção de saúde não só do homem na

condição de trabalhador, mas como pai de família que muitas vezes não dispõe

de tempo para procurar os serviços de saúde, o homem na situação de

desempregado, ou seja, estudar de forma mais acurada as condições de saúde

do homem atual.

Desse modo, ficam como sugestões estas três ações já pontuadas.

Primeiro que os profissionais de saúde possam aumentar não só alcance de suas

visões na direção externa da unidade de saúde, mais também o alcance de suas

ações buscando novos meios de primeiro “seduzir” estes usuários lá fora, para só

depois convidá-los a adentrar; Segundo que o ensino superior existentes em

Jequié também busquem extrapolar os muros que as cercam dando suas

contribuições acadêmicas para os municípios circunvizinhos implementando

efetivamente projetos de extensão e isso vale tanto para a área da saúde como

para as demais, pois assim, como Jitaúna tem vivenciado essa problemática

enfocada neste estudo, poderão existir outros municípios ainda mais carentes de

ações; E por último, que o Curso de Enfermagem possa ver a necessidade de

uma disciplina para a graduação com a proposta de um aprendizado específico e

aprofundado nas questões relacionadas a saúde do homem atual, como já

acontece na disciplina saúde da mulher.

Portanto, acreditamos que este estudo atingiu os objetivos propostos,

onde pode contribuir para uma melhor compreensão a respeito dos

enfrentamentos desses feirantes na realização do exame clínico da próstata.

Frente a esses resultados e o aprendizado adquirido na vivência com

esses trabalhadores, acreditamos na perspectiva política da mudança. Mas esta

só será alcançada a partir do momento que todos nós nos conscientizarmos da

52

necessidade de avaliarmos as nossas ações. A proposta de avaliação e inovação

foi lançada neste trabalho e temos certeza que bons frutos serão colhidos por

profissionais e usuários a partir dessa semente lançada aqui.

Capítulo VI

53

Referências

6 REFÊNCIAS

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SETIÉN, M. L. Indicadores Sociales de Calidad de Vida. Um sistema de

medición aplicado al País Vasco. Madrid: Centro de Invetsigaciones Sociológicas,

1993;

56

57

APENDICE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

DEPARTAMENTO DE SAÚDE – CAMPUS JEQUIÉCURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

APENDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Resolução nº196, de 10 de Outubro de 1996, segundo o Conselho Nacional de Saúde.

58

Eu, ___________________________________________________, aceito livremente

participar do estudo intitulado: “Enfrentamentos de feirantes: realização do exame

clínico de próstata”, desenvolvido pelo acadêmico Luciano Silva de Andrade do VIII

semestre do curso de Enfermagem, sob a responsabilidade do Professor Doutor

Eduardo Nagib Boery da Universidade estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

Propósito de estudo: conhecer os enfrentamentos de feirantes da cidade de

Jitaúna, com idade superior aos 40 anos, na submissão ao toque retal para o

exame clínico da próstata.

Participação: ao concordar com a participação na pesquisa, deverei estar a

disposição em momento oportuno para responder um instrumento contendo

questões acerca do enfrentamento à realização do exame clínico da próstata e de

suas dificuldades e/ou facilidades.

Riscos: este estudo não trará riscos para minha integridade física ou moral.

Todos os dados que obtivermos serão guardados e manipulados em sigilo. Nós

assumimos o compromisso de não disponibilizarmos esses dados para terceiros.

Confidencialidade do estudo: registros da sua participação nesse estudo serão

mantidos em sigilo. Nós guardaremos os registros de cada pessoa, e somente o

pesquisador responsável e colaboradores terão acesso a estas informações. Se

qualquer relatório ou publicação resultar deste trabalho, a identificação da

participante não será revelada. Resultados serão relatados de forma sumariada e a

pessoa não será identificada.

Benefícios: Os benefícios em participar desse estudo é que ele contribuirá para

construção de meios que irão permitir o aprimoramento e qualidade da

acessibilidade dos informantes ao exame clínico da próstata no município de

Jitaúna-ba.

Dano advindo da pesquisa: o estudo, tratamento será oferecido sem ônus e será

providenciado pelos pesquisadores responsáveis, Profº Dr. Eduardo Nagib Boery;

discente: Luciano Silva de Andrade.

Participação Voluntária: toda participação é voluntária, não há penalidade para

alguém que decida não participar neste estudo. Ninguém será penalizado se

decidir desistir de participar do estudo, em qualquer época. Podendo retirar-se da

participação da pesquisa, sem correr riscos e sem prejuízo pessoal.

59

Consentimento para participação: Eu estou de acordo com a participação no

estudo descrito acima, Eu fui devidamente esclarecido quanto os objetivos da

pesquisa, aos procedimentos aos quais serei submetido e os possíveis riscos

envolvidos na minha participação. Os pesquisadores me garantiram disponibilizar

qualquer esclarecimento adicional que eu venha solicitar durante o curso da

pesquisa e o direito de desistir da participação em qualquer momento, sem que a

minha desistência implique em qualquer prejuízo a minha pessoa ou a minha

família, sendo garantido anonimato e o sigilo dos dados referentes à minha

identificação.

_______________________________________________

COMPROMISSO DO PESQUISADOR

Eu discuti as questões acima apresentadas com cada participante do estudo. É minha

opinião que cada indivíduo entende os riscos, benefícios e obrigações relacionadas a

esta pesquisa.

_________________________________Jequié, ___ de __________ de 2007

Eduardo Nagib Boery

Em caso de dúvidas ou para outros esclarecimento e informações, entrar em contato

com:

Luciano Silva de Andrade

(73) 88011647

[email protected]

Rua Jequié, nº. 102, Bairro Centro, Jitaúna-BA.

60

Eduardo Nagib Boery

(73) 3525 - 2994

[email protected]

Rua José Moreira Sobrinho, s/nº, Jequié-BA.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

DEPARTAMENTO DE SAÚDE – CAMPUS JEQUIÉ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

APÊNDICE D – Formulário da Pesquisa

A sua colaboração respondendo a este questionário é de suma importância para a

concretização deste estudo. Desde já agradecemos pela sua colaboração.

1- Dados pessoais:

Idade:__________________________________________________________

61

Situação marital:__________________________________________________

Ocupação:_______________________________________________________

Outras fontes de renda: ____________________________________________

Renda mensal: ( ) Até 1 salário mínimo ( ) De2 a 3 salários mínimos

( ) De 3 a 5 salários mínimos ( ) Mais de 5 salários

Grau de escolaridade: ( ) Analfabeto ( ) Primário incompleto ( )Primário completo

1º grau ( ) completo ( ) incompleto ( ) cursando

2º grau ( ) completo ( ) incompleto ( ) cursando

3º grau ( ) completo ( ) incompleto ( ) cursando

2- Você sabe o que é próstata?

( ) sim. Justifique:_________________________________________________

Quais as doenças à acometem?_______________________________

( ) não.

3- Você já ouviu falar em câncer de próstata?

( ) sim. Quando?_________________________________________________

Onde?___________________________________________________

Por quem?_______________________________________________

Por que meio?_____________________________________________

Quais os fatores de risco?___________________________________

( ) não.

4- Qual o seu conhecimento acerca do toque retal?

_______________________________________________________________

5- Você já foi informado por algum funcionário público de saúde da sua cidade,

sobre a necessidade da realização do exame da próstata ?

( ) sim. Qual a função desse funcionário?

_________________________________________

Se sim, qual a idade recomendada por este? _______________

( ) não.

6- Você tem acesso ao exame de próstata em sua cidade?

( ) sim.

( ) não.

( ) não sabe responder.

7- Você já foi submetido ao exame clínico da próstata (toque retal)?

62

( ) sim. Em qual cidade?___________________________________________

Com que idade?___________________________________________

O que o fez submetê-lo?_____________________________________

Qual o diagnóstico?_________________________________________

( ) não. Por quê?_________________________________________________

Pretende ser submetido?____________________________________

8- Em sua opinião, quais as dificuldades você encontra para a realização do

exame clínico da próstata (toque retal)?

9- E quais as facilidades você observa no município para a realização do exame?

63

ANEXO

64