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Direito Tributário II – Profa. Daniela Borges 22/11/2012 TRIBUTOS EM ESPÉCIE Basicamente, estudaremos 12 impostos e as contribuições especiais. Estrutura da Norma Tributária Se A, deve ser B Hipótese de incidência Mandamento (descrição do Fato Gerador) (descrição da obrigação) C. Material C. Quantitativo C. Temporal C. Subjetivo/pessoal C. Espacial *Critério pessoal NORMA ≠ LEI: A norma a gente extrai da interpretação da lei. A norma de incidência (ou “regra-matriz”) é extraída da interpretação de mais de um dispositivo ou texto de lei. A norma se adéqua a essa estrutura acima. Se eu realizar um fato descrito na norma, eu tenho a obrigação B. A norma de incidência do tributo: se eu realizar o fato X, nasce a obrigação de pagar um tributo . A questão central: a pessoa realizou ou não o fato gerador do tributo? LEGALIDADE FORMAL E MATERIAL: Tipicidade: a norma de incidência só é extraída de lei em sentido estrito e o fato tem que se encaixar perfeitamente na descrição normativa. A norma, no Direito Tributário, precisa descrever: o fato (critério material), o momento da sua ocorrência (critério temporal) e o local da sua ocorrência (critério espacial) e, segundo Sacha (e Daniela concorda), quem está apto (critério pessoal). Exemplo: a lei tem que definir em que momento ocorre o Fato Gerador (no imposto de importação, qual é o momento da ocorrência do FG? Quando chega na minha casa? Quando sai da China?). Hipótese de incidência é relacionada a fato gerador. Ex: hipótese de incidência do IPTU de Salvador – critério pessoal: ser proprietário de imóvel; espacial: Salvador; temporal: 1º de janeiro de cada ano; matéria: imóvel urbano tem um FG realizado a cada ano. O critério espacial está sempre presente , até nos tributos federais. Ex: IPI – na Zona Franca de Manaus tem isenção, mas em Salvador, paga. Ex: Se eu vender meu celular, não estou realizando Fato Gerador de ICMS, porque não tenho habitualidade e nem intuito comercial isso é critério pessoal. Se quem realiza o FG está obrigado a pagar é contribuinte . Se quem está obrigado a pagar não realizou o Fato Gerador é responsável. Ex: Pedro comprou o imóvel de João em 2011; o IPTU de 2010: João é o contribuinte (ele causou o FG) e Pedro é o responsável por sucessão. ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO: causa, objeto e sujeito. No Direito Tributário, a causa é a lei, o objeto é o dinheiro* (pois tributo é prestação pecuniária), os sujeitos são o passivo Giovana Raposo Página 1

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Direito Tributário II – Profa. Daniela Borges

22/11/2012

TRIBUTOS EM ESPÉCIE

Basicamente, estudaremos 12 impostos e as contribuições especiais.

Estrutura da Norma Tributária

Se A, deve ser B Hipótese de incidência Mandamento (descrição do Fato Gerador) (descrição da obrigação) C. Material C. Quantitativo C. Temporal C. Subjetivo/pessoal C. Espacial *Critério pessoal

NORMA ≠ LEI: A norma a gente extrai da interpretação da lei. A norma de incidência (ou “regra-matriz”) é extraída da interpretação de mais de um dispositivo ou texto de lei. A norma se adéqua a essa estrutura acima. Se eu realizar um fato descrito na norma, eu tenho a obrigação B. A norma de incidência do tributo: se eu realizar o fato X, nasce a obrigação de pagar um tributo. A questão central: a pessoa realizou ou não o fato gerador do tributo?

LEGALIDADE FORMAL E MATERIAL: Tipicidade: a norma de incidência só é extraída de lei em sentido estrito e o fato tem que se encaixar perfeitamente na descrição normativa.

A norma, no Direito Tributário, precisa descrever: o fato (critério material), o momento da sua ocorrência (critério temporal) e o local da sua ocorrência (critério espacial) e, segundo Sacha (e Daniela concorda), quem está apto (critério pessoal). Exemplo: a lei tem que definir em que momento ocorre o Fato Gerador (no imposto de importação, qual é o momento da ocorrência do FG? Quando chega na minha casa? Quando sai da China?).

→ Hipótese de incidência é relacionada a fato gerador.

Ex: hipótese de incidência do IPTU de Salvador – critério pessoal: ser proprietário de imóvel; espacial: Salvador; temporal: 1º de janeiro de cada ano; matéria: imóvel urbano →

tem um FG realizado a cada ano.

O critério espacial está sempre presente, até nos tributos federais. Ex: IPI – na Zona Franca de Manaus tem isenção, mas em Salvador, paga.

Ex: Se eu vender meu celular, não estou realizando Fato Gerador de ICMS, porque não tenho habitualidade e nem intuito comercial → isso é critério pessoal.

Se quem realiza o FG está obrigado a pagar → é contribuinte . Se quem está obrigado a pagar não realizou o Fato Gerador → é responsável. Ex: Pedro comprou o imóvel de João em 2011; o IPTU de 2010: João é o contribuinte (ele causou o FG) e Pedro é o responsável por sucessão.

ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO: causa, objeto e sujeito. No Direito Tributário, a causa é a lei, o objeto é o dinheiro* (pois tributo é prestação pecuniária), os sujeitos são o passivo

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(quem deve pagar? sempre definido em lei) e o ativo (o ente federativo – União, Estado ou Município).

FORMA DE CALCULAR O MONTANTE DO TRIBUTO: *Como vamos calcular o montante do tributo devido? É a lei que vai dar a forma de calcular.

*90% das vezes, quem cria o tributo tem a função de arrecadar e fiscalizar; mas na parafiscalidade, um cria e delega a outro o poder de arrecadar e fiscalizar (sujeito ativo).

OBS.: Essa estrutura é muito importante!

27/11/2012IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II

1. FUNÇÃO EXTRAFISCAL O primeiro ponto que devemos compreender, é que o II é imposto predominantemente extrafiscal. O II tem como característica forte a extrafiscalidade. Daí, precisamos lembrar o que é fiscalidade (arrecadar) e extrafiscalidade (estimular um comportamento). A função fiscal remete ao tributo como fonte de arrecadação de dinheiro. A função extrafiscal, por sua vez, remete ao estímulo ou inibição de um comportamento.Inicialmente, o tributo foi criado com a função fiscal, com a função de arrecadar. Mas, com a evolução da sociedade, a gente começa a perceber o tributo também com a função extrafiscal. O Estado, ao aumentar ou diminuir um tributo, também induz ou estimula um comportamento, ou seja, o Poder público pretende regular a pratica de um determinado comportamento.Hoje, se fala em predominância da fiscalidade ou extra-fiscalidade. Não se fala mais em exclusividade. Nenhum tributo é somente fiscal ou somente extrafiscal, uma vez que um tributo fiscal pode ser utilizado eventualmente para estimular ou inibir um comportamento. O IR, p. ex. é predominantemente fiscal – a principal função dele é arrecadar dinheiro para os cofres público – mas eventualmente é utilizado com a função extrafiscal. As pessoas poderão deduzir na declaração do IR doação para programas culturais, de espeorte, conforme regulado em lei. O poder publico quer estimular a participação das pessoas nesses programas.O II, por sua vez, é predominantemente extrafiscal, mas é claro toda vez que ele incide, gera uma arrecadação. Obvio que a sua principal função não é arrecadar recursos, e sim induzir um comportamento, mas toda vez que o governo cobra o II, ele arrecada dinheiro e isso é fiscalidade. Dito isso, quais são as finalidades extrafiscais possíveis? Não existe um rol de hipóteses; a noção de extrafiscalidade passa pelos objetivos constitucionais. Desde que haja uma finalidade tutelada na CF, é possível o uso extrafiscal do tributo. Mas eu não posso ter um tributo com uma função extrafiscal contrária ao texto constitucional. Ex. tributação que estimula desmatamento, pois se eu tiver uma tributação que estimula a degradação do meio ambiente, eu terei uma tributação contrária ao texto constitucional. A extrafiscalidade não é algo palpável; podem ser várias, desde que não contrarias à CF.

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A função extrafiscal do II não é igual aos dos demais tributos extrafiscais. A função extrafiscal do II está ligada ao comércio exterior (à sua regulação).

Exemplo: A Ford vende uma frota de veículos (30 unidades) para uma concessionária em Goiânia-GO, e vai pagar o IPI (sobre o produto industrializado), o ICMS (em razão da venda) e PIS e COFINS (contribuições que incidem sobre o faturamento). Por outro lado, se a Ford vender uma frota de veículos (550 unidades) para uma empresa na Espanha, na exportação incidirá o IPI? Não, pois existe uma imunidade na exportação. Incide ICMS, PIS ou COFINS? Também não. A exportação no Brasil é desonerada, pois a partir da exportação, entrar dinheiro no Brasil. Por meio da exportação, o país recebe recursos que não estavam circulando no Brasil (internalização de riqueza). Então, a exportação, por si só, é boa para o país exportador, porque o bem vai e o dinheiro vem, observando a lei da oferta e da procura. Sasha diz que seria burrice exportar imposto, pois o fato de o bem ir o e o dinheiro vir já é bom, porque esse dinheiro novo vai circular no mercado interno e outros tributos serão recolhidos. OU seja, seria burrice exportar imposto, pois com a alimentação pecuniária do mercado, haverá o recolhimento de outros impostos decorrentes da circulação.

É claro que o governo pode criar medidas para estimular o mercado interno, mas existe um limite no mercado interno. Por isso é bom exportar; haverá dinheiro novo circulando no país. Então, não incide na exportação o IPI, o ICMS, o PIS e o COFINS, mas às vezes pode incidir o IE. O governo quer estimular a exportação, tornando o produto nacional mais competitivo no mercado internacional.Nenhum país tributa a exportação, porque quer tornar o seu produto mais competitivo no mercado internacional, e como resposta a isso o governo passa a tributar a importação. Ex. se a Ford importa veículos dos EUA. A lógica aqui é contrária: o bem vem e o dinheiro vai. O Brasil precisa controlar isso, com o seguinte detalhe: os EUA não tributa exportação e se esse veículo não for tributado na importação, o produto entrará no país competindo desigualmente com o produto nacional. A lógica da legislação brasileira é a seguinte; vamos tributar a importação como uma forma de controle da balança comercial.Então, principal função do II é funcionar como regulador da balança comercial, para proteger a economia nacional, para corrigir distorções cambiais (aumento do dólar – a briga para manter o dólar elevado é para tornar o produto nacional mais barato internacionalmente), por exemplo. É claro que o governo não pode elevar tanto o II a ponto de comprometer a competitividade, pois é ela que estimula a melhoria dos produtos nacionais. Esse ponto é muito delicado, portanto. Precisamos ter uma proteção para produzir e gerar empregos no Brasil, mas não pode a cobrança ser tão exacerbada que comprometa a competitividade econômica e a qualidade do produto nacional.*A OMC traz limites para o II.

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Definir a alíquota do II passa, sobretudo, por uma decisão política, mas para ser legal precisa atender aos parâmetros do direito brasileiro.Dentro dessa estrutura, portanto, o II é regulador, tendo por lógica tributar o produto exterior como é tributado o produto nacional. Ou seja, o II é extra. Quando o veiculo é importado, incidirão o IPI, o ICMS, o PIS-importação, o COFINS-importação e o II. É como se o direito brasileiro considerasse que esse produto não tenha sido tributado no exterior e, portanto, eu tenho que tributá-lo da mesma forma que o produto brasileiro é tributado, pois se não o for, ele vai concorrer deslealmente com o produto nacional. Então, esse produto que foi importado tem que suportar a mesma carga tributária do produto nacional. O II é um plus da importação.OBS. Existem situações em que a tributação da importação não seja interessante para o Governo? Sim. Pode ser que em determinadas situações, como no art. 14, do DL 37/66 (isenções de bens de interesse público), que interessa ao Brasil reduzir o II. Ex. maquinários, que serão utilizados para estimular a indústria brasileira. Outro exemplo é o de trigo, quando a produção nacional do trigo estava em crise (escassez). A alíquota do II foi reduzida. Obvio que, em geral, o II incide sobre percentuais significativos, mas pode ser que numa determinada situação importante do ponto de vista político reduzi-lo ou extingui-lo, ou trazer uma isenção, em relação a determinado produto, justamente por sua escassez ou por ausência de produto similar no mercado nacional e é um bem de capital ou um produto base.

2. COMPETÊNCIA – ART. 153, CFQuem tem competência para instituir, legislar sobre esse imposto é a da União Federal. Essa incompetência é indelegável. Só a União pode instituí-lo. As funções de arrecadar e fiscalizar poderiam ser delegadas, mas no caso do II, é a União que realiza (institui, arrecada e fiscaliza). É um imposto Federal.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros;

3. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTARA CF define a forma de poder do Estado e estabelece os limites máximos ao exercício desse poder. Basicamente isso é uma Constituição material. Na parte tributária, temos a parte de normas de outorga de poder (definindo poder – competência), mas existem limites a esse poder. Esses limites são aplicados, no nosso direito, como direitos fundamentais clausulas pétreas (o rol do art. 5°não taxativo), que estão previstos no art. 150, CF. As exceções às limitações ao poder de tributar só podem estar previstas na própria CF. Nem por EC podem ser alteradas.

3.1. PRINCÍPIOS E REGRASA maioria dos livros chama essas limitações de princípios. Alguns deles são princípios, como a capacidade contributiva (o que significa que no caso concreto podem ser sopesadas, balanceadas. Ex. pode ser afastada para aplicar outro princípio), entretanto, outros não são princípios, como por exemplo, a legalidade, que para a professora é uma regra; as exceções à legalidade são

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apenas aquelas previstas na CF. O art. 150, I diz que é vedado exigir ou aumentar tributos sem que lei o estabeleça. O HI do tributo, com seus critérios material, temporal, espacial e pessoal, bem assim o mandamento, com o calculo do tributo e os sujeitos passivo e ativo da relação tributária devem estar previstos em lei em sentido estrito emanada do Poder Legislativo. No II existe uma mitigação pontual da legalidade, pois o art. 153, §1°, CF diz que é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e limites estabelecidos em lei alterar as alíquotas do II. O Poder Executivo pode alterar (aumentar ou diminuir) APENAS a alíquota. Alterar não é criar. Só se altera o que já existe.

§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.

As limitações do poder de tributar só podem estar pautadas ao quanto previsto na CF, comportando, apenas, as exceções nela previstas. O art. 21, do CTN foi parcialmente recepcionado, quando trata da possibilidade do executivo alterar a alíquota do II. Mas na parte que prevê a possibilidade de altera o a base de cálculo, não foi recepcionado.

Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

O II não se sujeita à anterioridade ou à noventena (art. 150, §1°, CF), pois assim a CF quis. Por que o constituinte colocou o II como exceção? dada a sua importância extrafiscal. Como regras que são, não cabe sopesamento em relação a elas.Atenção! Esses princípios da anterioridade e da noventena estão previsto no art. 150, III, alíneas “b” e “c”, respectivamente, e só se aplicam a leis que criam ou aumentam tributos. No caso do II, nem a lei que cria ou aumenta vai se sujeitar a essas duas regras, por forma expressa do art. 150, §1°, CF).Todo imposto extrafiscal tem a capacidade contributiva mitigada.RESUMO: O II, portanto, se sujeita à legalidade com uma pequena mitigação, se sujeita à irretroatividade (a lei não pode atingir fatos ocorridos antes da sua vigência), à isonomia (contribuintes em situações equivalentes devem ser tratados da mesma forma e contribuintes em situação desigual podem sofrer tratamento diferente).Igualdade x capacidade contributiva – não se equivalem. Igualdade é um princípio de difícil aplicação, pois deve se avaliada a partir de um critério. Normalmente, no direito tributário, o critério é da capacidade contributiva. Mas não é sempre assim. Ex. lei que isenta o portador de necessidades espaciais do IPI na compra de um carro. Haverá tratamento desigual, embora a capacidade contributiva possa ser a mesma de alguém não deficiente. Os critérios, para serem válidos, devem estar harmonia com a CF.Toda vez que o imposto for extrafiscal, a capacidade contributiva fica mitigada, pois o seu principal objetivo não é de arrecadação, não é atingir a capacidade contributiva do contribuinte, mas de estímulo de um comportamento. A vedação ao confisco, pelo pensamento peculiar da profa., incide sobre II, sendo observada a sua finalidade extrafiscal. Ex. na crise do trigo nacional, o

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Brasil aumenta a alíquota de importação do produto estrangeiro de forma absurda. Ou seja, so produto está escasso no país e o governo aumenta absurdamente a alíquota do II, a população como um todo suportará uma carga tributária excessiva sobre um bem de consumo básico (item da cesta básica). É uma forma de confisco, pois afetará drasticamente a capacidade contributiva do consumidor, que adquirirá um produto essencial da cesta básica sob um valor absurdamente elevado. A população como um todo vai suportar uma carga tributária excessiva sobre um componente essencial da cesta. Todavia, pode ser que, em relação a outro produto, o aumento exacerbado da alíquota do II não represente uma pratica confiscatória. Só se pode aferir o efeito confiscatório desse imposto se analisado em harmonia com a finalidade extrafiscal.Por fim, cumpre registrar que a União deve tributar igualmente em todo o território nacional, salvo se for para promover um equilíbrio entre as diversas regiões do país. Trata-se da Uniformidade da Tributação Federal (art. 151, I, CF). Ex. tributação diferenciada na zona franca de Manaus (pois a região Norte é a menos desenvolvida no país).

3.2. IMUNIDADESSão normas constitucionais que excluem uma pessoa ou bem do campo de incidência da norma. Não há para o II nenhuma imunidade específica. Mas as imunidades genéricas previstas na CF acabam por recair sobre o II. Ex. UFBA, autarquia federal, vai importar um aparelho para o hospital das Clínicas. Como autarquia federal, seria possível pleitear a imunidade sobre o II.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...]VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

4. ESTRUTURA NORMATIVA:CF/88 COMPETÊNCIACTN NORMAS GERAISDL 37/66 INSTITUIÇÃO

A CF/88 não cria nenhum tributo. O que ela faz é definir, outorgar competência e instituir limites ao exercício desse poder. O art. 153, I, CF assim prevê que compete a União criar imposto sobre a importação de produto estrangeiro. O art. 146, III, “a”, CF diz que cabe à LC estabelecer normas gerais em matéria tributária e especialmente sobre base de cálculo, fato gerador e contribuinte dos impostos discriminados na CF. O II está discriminado na CF e, portanto, cabe à LC (federal) instituir o Fato gerador, a base de calculo e o contribuinte do II.Atualmente, sobre o II a LC é a Lei 5172/66 (CTN) – O CTN prevê o fato gerador, o contribuinte e a base de calculo do II (art. 19 a 22, CTN). O CTN não está criando o II, e sim estabelecendo norma geral. Ele também não cria o II.Quem vai criar o II é o DL 37/66, que é atualmente a norma de instituição do II. Instituir é estabelecer a HI e seus critérios, bem assim o comando normativo

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respectivo com o estabelecimento da forma de calculo do tributo e do sujeito passivo e sujeito ativo da relação jurídica tributária. Quem estabelece isso, em regra, é lei ordinária.O DL 37/66 é formalmente um Decreto-lei, mas em 1988, esse DL foi recepcionado com status de lei ordinária, com tudo o que fosse conforme à CF. Por essa razão, pode instituir o II, em observância à legalidade.Esse decreto lei deve estar em harmonia com o CTN e a CF, e o CTN deve estar de acordo com a CF para que essa estrutura normativa do tributo seja harmônica e correta. O nosso trabalho é entender o regulamento em face do DL, ambos em face do CTN e todos em face da CF. As alíquotas dos produtos de importação, hoje, são fixadas pela CAMEX (órgão do Poder Executivo).*O STF entende que há uma diferença formal entre LC e LO, além da diferença material. O Supremo não acolhe o entendimento de que haja uma hierarquia entre a LC e a LO.

29/11/2012(cont. Imposto de Importação)5. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIAEstudaremos a norma de incidência do I: Se A deve ser B. Se ocorrer a o fato A, surge a obrigação de pagar o II. Como é esse fato que ocorrendo na realidade faz nascer a obrigação de pagar o II e analisaremos qual é a obrigação final com a ocorrência do FG. Não podemos confundir norma com lei (em sentido estrito), apesar de o DT ser regulado por uma lei formal. Além disso, o DT é regido pela legalidade formal e pela material, de modo que só haverá subsunção do fato à norma, se o fato se enquadrar exatamente na hipótese de incidência; faltando um dos elementos integrantes da HI não haverá a obrigação de pagar o II.

a) Critério materialÉ justamente o fato em si. Existe um limite que alguns autores tratam da base constitucional ou econômica do imposto, pois a CF diz que à União compete criar imposto sobre a importação de produtos estrangeiros. Isso é um limite, pois estamos num estado democrático de direito onde o ente policito só tem poder com base na CF. Isso é importante, pois a repartição de competência é feita pela CF, esta que é rígida. Então, devemos raciocinar da seguinte forma: não pode a lei alterar a competência prevista na CF. A legislação infraconstitucional não pode ir de encontro ao quanto previsto na CF no que concerne à competência de legislar em DT. Por isso, o art. 110, CTN esclarece algo que não precisaria ser expresso: conceitos previsto na CF, ou de direito privado que são utilizados pela CF, expressa ou implicitamente para definir competência, não podem ser alterados por lei infraconstitucional (não podem ter sua interpretação modificada).Então, a União só pode criar II para tributar produtos estrangeiros. Se ela quiser tributar algo diferente disso, que não esteja em nenhuma das competências enumeradas, ela vai ter que exercer a competência residual do art. 154, I, CF.

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O art. 19, CTN diz que o II tem como fato gerador a entrada dos produtos estrangeiros no território nacional. O Decreto-lei 37/66 quase repete essa disposição. O CTN é norma geral, que diz que o imposto de competência da União tem como FG a entrada de produtos estrangeiros no território nacional. O Decreto lei diz quase isso, mas mudando uma palavra: “o II incide sobre mercadoria estrangeira e tem como FG a sua entrada no território nacional.”A CF e o CTN falam em produto, enquanto o Decreto fala em mercadoria. Produto é um conceito mais amplo que mercadoria. Mercadoria advém de direito empresarial; é aquilo que é objeto de mercancia, comércio, envolvendo a habitualidade e o intuito comercial na circulação do bem. O termo produto, todavia, não só inclui as mercadorias como também aqueles bens que não envolvem habitualidade e o intuito comercial.Paulsen diz que a CF autorizou a tributação de produto; O CTN enquanto norma geral previu a possibilidade do II incidir sobre produtos; mas que o Decreto lei teria, ao instituído II, só instituído ele sobre mercadoria. (o Decreto lei está de acordo com a CF e com o CTN). O Decreto lei está de acordo com a CF, pois está trazendo um conceito mais estrito. Está então dentro da legalidade. Mas não poderia o contrário: o decreto prever uma ampliação da competência da União.Mas esse entendimento não é acolhido nos Tribunais e pela maioria doutrinária. Na prática, hoje, o II incide sobre a importação de mercadorias, e produtos não relacionados ao comércio (ex. bem para consumo próprio, exceto livros, jornais e revistas). Os Tribunais entendem que a maneira como o Decreto lei regula o II fica implícito que e ele estaria utilizando um sinônimo de produto (sem exigir o intuito comercial para a cobrança do imposto). Fazem, portanto, uma interpretação sistemática. A professor concorda com os tribunais, tendo como entendimento que a “mercadoria” prevista no decreto teria o significado de produto, já que no próprio decreto prevê-se a tributação do viajante (bagagem não é mercadoria).O NÚCLEO DO CRITÉRIO MATERIAL É IMPORTAR UM PRODUTO ESTRANGEIRO, que não precisa ser objeto de comércio. Trata-se de promover a entrada do produto no território nacional. Isso é considerado importação para fins da nossa legislação. Essa ideia de promover a entrada do produto no território nacional é o critério material.PRODUTO ESTRANGEIRO – o entendimento dos tribunais e da RFB, bem como na doutrina, é que produto estrangeiro é aquele produto que está vindo do exterior (a professora concorda com essa tese). Todavia, há uma tese minoritária de que produto estrangeiro seria o produto feito em outro país (made in país estrangeiro). Então, segundo essa teoria minoritária, o produto brasileiro exportado que foi trazido do exterior para o território nacional não seria produto estrangeiro.Esse pensamento majoritário desestimula a prática de exportação para paraísos fiscais. Existem países que têm uma carga tributária mais elevada e outros que são chamados de paraísos fiscais, por terem uma carga tributária reduzida. Uma das formas de uma empresa brasileira exportar por menos custo é exportar para uma filial no exterior no paraíso fiscal, que vende num preço alto

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de mercado. O lucro é alto e a tributação é reduzida. Pode interessar para o Brasil, assim, esse tipo de situação.Paulsen entende que não deveria ser tributado o produto brasileiro importado, apesar de entender as razões econômicas dessa tributação. Todavia, ele entende que esse papel deveria ser realizado por um novo tributo (imposto residual) que não o II, já que a CF só autorizaria a tributação do produto produzido no estrangeiro.Mas o entendimento que prevalece é que “produto estrangeiro” é aquele que produto proveniente do exterior, e não produzido no estrangeiro.OBS: Não há que se falar em bitributação de produto exportado e, depois, importado, pois apesar do bem ser o mesmo, o FG é diferente – para que haja bitributação é preciso que o FG seja o mesmo (importar é promover a entrada do produto no território nacional, enquanto exportar é promover a saída do produto no território nacional). Ademais, os produtos exportados são imunes aos outros impostos.Ex. se a importação for de presente para o nacional ele será tributado pelo II e cobrado do destinatário.PORTANTO, O CRITÉRIO MATERIAL DO II É PROMOVER A ENTRADA DE UM PRODUTO ESTRANGEIRO NO TERRITÓRIO NACIONAL. São poucas palavras das quais surgem várias questões a serem analisadas, pois o tributo só pode ser exigido se a situação se enquadrar na HI em todos os seus critérios.*Controverte-se o seguinte ponto: há um regime especial chamado trânsito aduaneiro, por meio do qual o produto somente passa pelo território nacional. Para a professora seria uma hipótese de não incidência do II. Ocorre que pela previsão do Decreto lei parece que ele também incidiria sobre esse transito aduaneiro, mas existe uma situação especial que não permite isso. Então, essa legislação do II vai tratar do transito aduaneiro sem que haja a tributação.Na nossa legislação, existem regimes especiais outros além do trânsito aduaneiro, como p. ex., para aqueles produtos que permaneceram no território brasileiro temporariamente. Esse regime é o Regime de admissão temporária – o poder Executivo pode dar uma autorização para que um produto ingresse no país sem ser tributado, já que vai ficar provisoriamente em território nacional, quando vai passar de um ponto a outro.A legislação pode tributar, mesmo que o produto esteja no território nacional. Para que o contribuinte seja beneficiário dos regimes especiais ele precisa requerer e a Fazenda Pública deve autorizar a concessão do regime.

b) Critério temporalO CTN diz que o FG do II é a entrada do produto no território nacional. A importação envolve uma série de etapas. Para importar um produto, primeiro faz-se um contrato de compra e venda com o empresário exterior (primeiro contrato com o empresário), que vai embalar o bem, que vai levar a um transporte, que levará a mercadoria que chegará no Brasil, atracará no Porto no Brasil, desembarcará no Brasil e passará, finalmente, pela Aduana, para ser fiscalizado, checado, conferido, ter a sua entrada jurídica no território nacional autorizada. Na aduana ele será checado e conferido para ser desembaraçada e entrar no Brasil.

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O DL no momento de definir o momento exato do FG teria que escolher um momento exato em que o produto entra no território. O aspecto temporal é importante, pois aplica-se a lei tributária vigente na época da ocorrência do FG do tributo. Em que momento se considera consumado o FG? O CTN já coloca, como norma geral, um limite, que é a entrada no território nacional.Ocorre que o DL diz, no seu art. 23 que considera-se ocorrido o FG do II é o momento em que se der entrada na Repartição competente dos documentos de desembaraço aduaneiro. Veja-se, então, que o momento da ocorrência do FG pelo DL é o momento do desembaraço aduaneiro. Mas quando é que ocorre esse desembaraço aduaneiro? É quando essa mercadoria é registrada e autorizada a sua entrada jurídica no território nacional. É uma questão de soberania estatal a questão da autorização da entrada do produto estrangeiro, até por questão de saúde pública.Ocorre o FG no momento em que o Governo autoriza que aquela mercadoria circule juridicamente dentro do território nacional. Todavia, há muitas discussões em torno do tema.Collor reduziu o imposto de importação sobre os veículos, reduzindo a alíquota e, após a briga com a indústria nacional e a pressão feita por eles, aumentou as alíquotas depois que vários contratados já haviam sido pactuados. Por isso, tem muitas pessoas tentando defender que o momento da ocorrência do FG não poderia ser o momento do desembaraço. Hugo de Brito, inclusive, defende que o momento da ocorrência do FG deveria ser o momento do contrato firmado entre as partes.Com o art. 19, do CTN, todavia, não se vê essa possibilidade, pois ele diz que o momento de ocorrência do FG é o momento da entrada. Mas essa entrada é física ou jurídica? o posicionamento dos Tribunais é de que o momento de ocorrência do FG é o momento do desembaraço aduaneiro (entrada jurídica), e não o desembarque do produto (entrada física) - Súmula do Tribunal federal de Recursos – o momento de ocorrência do FG é o momento do desembaraço aduaneiro. Ocorre que existem pessoas que entendem que o momento da ocorrência da celebração do contrato. Contudo, a professora entende que não poderia ser tributado o produto que ainda não ingressou no país. É preciso ter um critério que traga uma segurança jurídica nesse sentido de que a alíquota a incidir vai ser sempre aquela vigente no momento do desembaraço aduaneiro, seja ela menor ou maior do que aquela do momento de celebração do contrato.O momento da ocorrência do FG é a entrada jurídica do produto segundo o entendimento majoritário, portanto. E não a sua entrada física, uma vez que o produto pode não ser autorizado a entrar no país.OBS: Parágrafo 2° do art. 1° do Decreto Lei. A mercadoria que não foi desembaraçada quando deveria será tributada na forma desse parágrafo. É crime de descaminho promover a entrada de produtos sem o devido pagamento dos tributos decorrentes da importação. OBS: No que tange à tributação da importação, a nova lei de mandado de segurança prevê a vedação de concessão liminar, justamente por haver previsão no sentido de que é crime de descaminho internalizar uma mercadoria do território nacional sem o pagamento de tributos. Todavia, a professora

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entender esse dispositivo da lei de MS como inconstitucional essa previsão, pois não há limitação na CF do uso desse remédio constitucional. Inclusive, nessa mesma lei do MS, há a previsão no sentido de que a sentença de primeiro grau favorável à liberação da mercadoria só pode ser executada quando do julgamento recurso. Por isso, a professor entende por inconstitucional essa previsão.

c) Critério pessoalO CTN, em seu art. 22, diz, enquanto norma geral, que o contribuinte do imposto é o importador (quem promove a entrada do produto estrangeiro no território nacional), ou a quem a lei a ele equiparar, ou o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados (é muito comum mercadoria abandonadas). A arrematação é uma forma de aquisição originária da aquisição do bem. É muito comum, na importação, mercadorias serem apreendidas ou abandonados e, de quando em quando, são feitos leilões públicos. E, aqui, há de fato uma presunção de que se o bem foi apreendido ou abandonado não foram recolhidos os impostos relacionados à importação. Desta forma, o arrematante é também considerado como realizador do Fg do II, apesar de não ter sido ele quem promoveu a importação.Para a professora, quem realiza o FG é somente o importador, sendo o arrematante apenas responsável. Quem realiza o FG é quem realiza a importação. Se o aspecto material é promover a importação, quem realiza o FG é quem promove a importação. O arrematante seria, desta forma responsável, pois apesar de não ter realizado a importação, e portanto não ter realizado o FG, ele é responsável pelo pagamento do II.De todo modo, seja o contribuinte, seja o responsável, são sujeitos passivos da relação jurídica tributária. O que é mais importante para se assimilar é que o CTN é norma geral e o decreto lei, quando trata do sujeito passivo, não elenca o arrematante enquanto tal. Devemos aplicar, aí, a lei, não sendo incluído o arrematante como sujeito passivo, seja como contribuinte seja como responsável.Todavia, veremos mais adiante que existem pessoas que podem figurar como sujeitos passivos do II.ESTÁ OBRIGADO AO PAGAMENTO DO TRIBUTO, PORTANTO, AQUELE QUE PROMOVE A ENTRADA DO PRODUTO E OUTRAS PESSOAS QUE FALAREMOS MAIS TARDE.

d) Critério espacialÉ o local onde ocorre o desembaraço aduaneiro. Consuma-se o FG consumado onde ocorrido o desembaraço aduaneiro. Ex. se ocorrido o desembaraço em SSA, considera-se ocorrido o FG em SSA. Mas como é um tributo federal, do ponto de vista prático, não há diferença se a entrada se seu em diferentes regiões, pois a lei federal aplica-se uniformemente em todo o território federal (princípio da uniformidade de tributação). O aspecto espacial para os tributos federais não tem mais complicações.A Zona Franca tem uma tributação diferenciada. CONCLUINDO: PARA QUE HAJA A SUBSUNÇÃO DO FATO A NORMA (O FATO PRECISA SE ENCAIXAR NA PREVISÃO NORMATIVA), É PRECISO QUE HAJA ALGUÉM QUE PROMOVA (CRITÉRIO PESSOAL) A ENTRADA DO

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PRODUTO ESTRANGEIRO NO TERRITÓRIO NACIONAL (CRITÉRIO MATERIAL), OBSERVANDO O MOMENTO DO DESEMBARAÇO ADUANEIRO (CRITÉRIO TEMPORAL) E O LOCAL ONDE OCORRE ESSE DESEMBARAÇO (CRITÉRIO ESPACIAL).É claro que existem algumas particularidades, mas o núcleo é esse acima indicado.6. MANDAMENTO (OBRIGAÇÃO)

Ocorrido o FG, nasce a obrigação de pagar o II.a) Critério Quantitativo:

TRIBUTO = BASE DE CÁLCULO X ALÍQUOTA. O resultado dessa multiplicação tem que ser sempre em dinheiro, porque tributo é prestação pecuniária. Base de calculo é a base que será usada para o calculo do tributo. A BC não é quantificada pela lei, somente o sendo no caso específico. A lei só estabelece o critério, sem quantificar. A alíquota é sempre quantificada na lei e iremos aplicar a alíquota à base de calculo para chegar ao valor do tributo.OBS PARA TODOS OS TRIBUTOS:A base de calculo é uma tentativa de medir a capacidade contributiva do contribuinte. EX. IPTU; a base de cálculo é o valor do imóvel predial. A sua alíquota é ad valorem (percentual) . Toda vez que a alíquota é ad valorem, a base de cálculo deve ser um critério em moeda, pois o valor do tributo deve ser em real.Isso é o mais comum. Mas existe também a alíquota específica que já é o valor em moeda. A lei vai dizer que a alíquota, p. ex. é 100,00. Se a alíquota já é em real, a base de calculo não precisa ser necessariamente em real. A base de cálculo é em unidade de medida. Ex. II; alíquota de 200,00 por tonelada de algodão importado. A alíquota é quantificada em lei e a base de calculo é um critério, uma unidade de medida a ser determinada conforme a natureza do bem.

04/12/2012(cont. Imposto de Importação)6. MANDAMENTO

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a) Critério Quantitativo (II = BC + Alíquota)Alíquota – normalmente é ad valorem (%) e sempre tem que ser

fixada em lei, apesar de poder ser alterada pelo Poder Executivo. Daí porque ter atenção com o art. 21, do CTN, que diz que a alíquota e a BC podem ser alteradas pelo Executivo. Só que a CF, que deve ser aplicada, só prevê a possibilidade de alteração da alíquota. O art. 21 foi parcialmente recepcionado pela CF, somente na parte da alíquota.Observe-se, a CF diz que é facultado ao Poder Executivo, nos limites estabelecidos em lei alterar a alíquota do II. Trata-se, pois, de uma faculdade. Mas, faculdade de quem? Do Presidente da República. Tem uma parte da doutrina que diz que somente o Presidente da República pode alterar a alíquota do II através do ato de Decreto. Na prática, todavia, quem as altera é um órgão do executivo chamado CAMEX (Câmara do Comércio Exterior). Apesar de os autores entenderem que há uma inconstitucionalidade aí, os Tribunais entendem que não há, pois a previsão constitucional abrange a faculdade ao Poder Executivo, e não ao seu chefe apenas.Existe uma súmula do antigo Tribunal Federal de Recurso de n° 97, que as decisões devem ser motivadas, de modo que a CAMEX só pode alterar a alíquota do II motivadamente. Ocorre que esse motivo não precisa ser jurídico; a decisão dela por alterar a alíquota do II pode ser de natureza totalmente política.A CF diz ainda que essas alíquotas só podem ser alteradas segundo os limites e condições estabelecidos em lei. A lei não estabelece o máximo para o II. Mas a OMC estabelece critérios para que não haja uma tributação exacerbada. Não significa, portanto, que o II não tem uma alíquota máxima, mas ela não é prevista por lei. Contudo, há um acordo internacional sobre esse aspecto, de modo a evitar a tributação exacerbada.SELETIVIDADE e PROGRESSIVIDADE - alguns conceitos relacionados à alíquota como a seletividade e a progressividade devem ser atentamente observados. A alteração de alíquota segundo apenas um critério é chamada de progressividade. Ex. quanto maior a BC, maior a alíquota. Ela sempre implica em alteração de alíquotas, considerando um critério, que é normalmente a BC. Mas nem sempre é esse critério para outros impostos. Seletividade, por sua, vez se refere à variação da alíquota segundo ao tipo de produto ou bem. A CF manda, p. ex., que o IPI e o ICMS seja seletivo, em função da essencialidade do produto. Ex. quanto mais essencial menor a alíquota, quanto mais superfulo maior a alíquota. O II, por sua vez, é seletivo, pois sua alíquota varia de produto para produto considerando a regulação da balança comercial. Ou seja, o critério que leva à variação do II é a regulação da balança comercial.Assim, a alíquota do II é seletiva e proporcional (porque se eu importo uma TV, se ela for o mesmo tipo de produto, ainda que diferente o preço, ela será tributada na mesma inetnsidade).Então, não precisamos gravar todas as alíquotas do II, pois elas podem ser alteradas pelo CAMEX, não são alcançadas pela anterioridade e pela noventena e variam de acordo com o tipo de bem ou produto.

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BC (art. 20, CTN) – traz a fixação da BC de acordo com o tipo de alíquota. Se for ad valorem, é uma; se for específica, é outra.Esse art. traz a BC do II considerando as diferentes alíquotas. Ele trabalha com a possibilidade de uma alíquota específica. O tributo deve ser sempre uma prestação pecuniária, para cuja BC a lei prevê critérios para o seu estabelecimento no caso concreto. A alíquota, não. Já é fixada em lei. E é isso que o CTN diz: quando a alíquota do II for especifica, a BC vai ser a unidade de medida adotada pela lei tributária. Na alíquota especifica a unidade de medida pode variar de produto para produto. Ex. a lei poderia definir uma alíquota de 1.000 reais para cada tonelada de algodão importado. A BC é um critério que só vai ser mensurado no caso concreto, enquanto a sua alíquota é fixada.Como vimos, a alíquota do II geralmente é ad valorem, razão pela qual a unidade de media da BC é em real. Já que o imposto é uma prestação pecuniária.O cambio utilizado na conversão do dólar em real será o do dia da ocorrência do FG, que neste caso é o momento do desembaraço aduaneiro. Segundo o art. 20, CTN, a BC do II se baseia, quando a alíquota for ad valorem, no valor de mercado no produto no porto de entrega desse produto no país. E, quando específica a alíquota, a unidade de medida adotada pela lei tributária será a BC

Art. 20. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.

O DL praticamente repete essa previsão.Ou seja, se a alíquota for ad valorem , a BC não é o valor pago pelo bem, mas o seu valor de mercado no porto de entrega no território nacional. É claro que o importador, no momento da Declaração de Importação, vai declarar o valor pelo qual ele está importando.Mas a RFB trabalha, inclusive, com presunções acerca do preço de mercado para fins de declaração do II. Vale lembrar que o preço de mercado deve ser aquele no porto de entrega. Ex. importação de azeite português. A BC do II é o preço de mercado aqui no Brasil, e não o preço em Portugal. O azeite, para chegar aqui, precisa ser transportado, de modo que qualquer transportadora circulará com seguro. Daí porque o valor de mercado para fins de tributação do II já integra o valor do transporte (FRETE) e do seguro.Infelizmente, todavia, a união trabalha com valores presumidos “chutados” e não oriundos de uma pesquisa do nosso mercado, de modo que algumas vezes o preço de mercado por eles adotado é destoa do valor real de mercado. *nesses casos, a presunção é relativa, podendo o contribuinte fazer prova do real valor de mercado do produto importado. Porém, quando o valor presumido se aproxima do valor real de mercado, fica mais difícil para o contribuinte fazer prova da discrepância.

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As técnicas variam muito para chegar ao valor mais próximo do real, até porque essas presunções estão associadas ao imposto de renda, onde se trabalha com valores presumidos. Veja-se que, seguindo essa linha de presunção de valor de mercado, o art.2° do DL diz que a BC é: o valor aduaneiro, quando a alíquota for ad valorem. É muito comum encontrarmos essa opção (tem que ser apurado de acordo com o GAT – tratado de comércio internacional que regula esses valores).*O IPI vai incidir sobre o produto importado já com a incidência do II, assim como os demais impostos que incidem nesse produto.OBS: Existem dois tipos de contrato. O importador no Brasil, pode importar o azeite de modo que esse contrato tenha a clausula CIF (Custo do seguro e do frete incluído no contrato). Isso significa que quem vende o produto se encarrega de transportar o produto, bem assim toda a responsabilidade pela eventual perda ou acidente, é dele. O importador, em verdade, está pagando esse custo embutido no preço. Na hora que importador fizer a declaração de importação (DI), basta colocar o valor total do contrato, que já inclui o frete o seguro. Mas pode ser que o importador faça o contrato com a cláusula FOB, através da qual quem vendeu deixará a mercadoria no porto de exportação, de modo que o transporte será arcado pela importadora. Quem receberá o produto, pagará apenas por ele, e pagará separado o transporte e o seguro. Da mesma forma, então, o importador arcará com o custo. Neste caso, o importador deve somar o valor da mercadoria ao valor do frete e da mercadoria na declaração de importação (DI).Pouco importa, então, se o contrato é CIF ou FOB, a BC do II é o valor do produto somado ao transporte e ao seguro. Ocorre que, quando o contrato é CIF, esse custo já está embutido no contrato; e quando o contrato é FOB, esse custo não está embutido. Deste modo, na DI, o importador deve informar essa soma como valor de mercado do produto para fins de fixação do II. (BC II = VALOR DO PRODUTO+CUSTOS COM FRETE E SEGURO).No caso do IE, segundo a lei, o preço a servir de BC é o preço à vista ou FOB (sem transporte e seguro). Para o II, por sua vez, o preço a servir de BC é o preço CIF (incluídos transporte e seguro). E nesses dois casos trata-se de preço de mercado.Quando o contrato é CIF, o importador coloca como BC o valor do contrato. Se o contrato é FOB, alem de informar o valor do contrato, ele deve incluir o valor do transporte e seguro. No caso do IE, o exportador vai declarar o valor do contrato se ele for FOB, e se for CIF o valor declarado será o do contrato com a dedução do valor de transporte e seguro.*a natureza do contrato não afeta a BC do II. A BC dele sempre vai incluir transporte e seguro, enquanto em relação ao IE, a BC nunca vai incluir o transporte e o seguro, sendo ambos o valor de mercado.O CTN diz que a BC no caso de arrematação seria o preço pelo qual a mercadoria seria arrematada. O DL 37/66 não fala nada sobre esta questão porque ele não regula a incidência do II sobre a arrematação.

b) Critério Subjetivo

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Sujeito Ativo – é quem tem o direito de exigir o pagamento do tributo (União Federal. A RFB e a Procuradoria da Fazenda são órgãos da União e não tem personalidade jurídica própria).

Sujeito Passivo – é aquele que está obrigado ao pagamento do imposto. Veja-se que o DL 37/66 prevê o contribuinte e responsável nos art. 31 e 32.Art. 31. É contribuinte do II o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de produto estrangeiro em território nacional. Fica claro que não se exige o intuito comercial; qualquer pessoa que promova a entrada do produto estrangeiro no território nacional. O inciso II diz que também é contribuinte o destinatário de remessa postal internacional indicada pelo remetente (compras pela internet para receber por correio). Por fim, o inciso III diz que é contribuinte o adquirente de mercadoria entrepostada (entreposto aduaneiro). A figura do entreposto está ligada aos regimes especiais aduaneiros. Mercadoria entrepostada é aquela que sai de um entreposto. Ex. regime de entreposto industrial – permite que a empresa importe produto na conformidade do regime de Draw back e transforma-lo sob controle aduaneiro em produtos para importação e se for o caso haverá também um controle interno.Entreposto aduaneiro é o local do território nacional onde a mercadoria ingressa sem a incidência do II. Quando ela sai do entreposto, o II pode incidir. Ex Zona Franca. A ideia de sua criação é ter um polo de produção voltada para a exportação, mas isso não pode levar a um concorrência desleal com a quebra de outras empresas de outras regiões. Então, a figura do entreposto é o de locais especiais onde a entrada de mercadorias se faz sem tributação, apesar de sua saída poder ser tributada. Por isso que o art. 31, do Dl diz que também é contribuinte o adquirente de produto entrepostado.O artigo 32, do DL 37/66 trata do responsável, que é aquele que não realizou o FG, mas é responsável pelo pagamento. I- o transportador , inclusive em percurso interno; II – o depositário (qualquer pessoa que cuida da mercadoria no transporte aduaneiro). Existem depósitos que podem ser chamados a pagar o II.O parágrafo único diz: “é responsável solidário:”, de modo que chega-se à conclusão de que a responsabilidade do caput (transportador e depositário) não seria solidária, mas subsidiária. Essa é a interpretação de Daniela, com a qual eu concordo.Então, é responsável solidário a) o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada por isenção do Imposto. Ex. muitas vezes as isenções são condicionadas. Existem bens de interesse público que são alvos de isenção condicionada (maquinários), de modo que se os requisitos para tal benefício não forem observados, o imposto haverá de ser cobrado com a responsabilidade solidária do adquirente daquele produto. Ex. a UFBA compra um maquinário para laboratório e lhe é concedida a isenção do II, com a condição de que o produto seja utilizado por no mínimo 5 anos. A UFBA não o utiliza e o vende antes dos 5 anos; o adquirente responde pelo II antes isento.Outro responsável solidário é b) o representante do transportador estrangeiro no país. Que sentido teria o transportador responder

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subsidiariamente e o representante da empresa no Brasil responsabilizasse solidariamente? Então, a professora entende que o representante do Brasil deveria responder solidariamente com o transportador que responde subsidiariamente. Mas esse entendimento não é acolhido pelos juízos de primeiro grau.É responsável solidário ainda aqueles previstos nas alíneas c) e d). c) O encomendante predeterminado que adquire mercadoria estrangeira de pessoa jurídica importadora, p. ex. Hospital faz encomenda perante a importadora, que importa sob essa encomenda. O hospital responde solidariamente com o importador. Outra hipótese é o caso de que uma d) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Esse adquirente também é considerado responsável solidário.

06/12/20127. REGIMES ADUANEIROS ESPECIAISO que é mais importante é que o DL estabelece normas gerais sobre esses regimes, que estão regulamentados em outras normas, inclusive, infralegais. Ademais, nenhum desses regimes é automático, precisando ser requeridos (deve ser formalizado junto à RFB, sob acompanhamento especial). No caso do Drawback, por exemplo, temos que definir o setor que será beneficiado pela importação. Não existe previamente um direito ao regime especial; é uma situação especial em que, provavelmente, o II não incidirá. Por isso, o cuidado para se requerer e para acompanhar o procedimento.

a) Trânsito Aduaneiro – art. 73, DL 37/66 – é uma autorização dada para a mercadoria transitar no território nacional sem a incidência do tributo. Isso não é a regra, a qual é de que a mercadoria só é liberada para circular depois de demonstrado o recolhimento do tributo. Será permitido aqui que a mercadoria transite de uma ponta do território a outra sem que o II incide. Isso pode se dar de duas formas:

i) o II não incidir de forma alguma. Ex. muitos produtos importados pelo Paraguai chegam por portos brasileiros, uruguaios ou argentinos. Pode-se requerer, daí, a incidência do regime para que haja a suspensão do II. A mercadoria deve ser registrada, após o requerimento, devendo estar conforme a declaração.

*Há problemas sérios em relação ao Mercosul, pois alguns setores sofrem grande concorrência no Brasil com os produtos chineses que entram com facilidade nos outros países integrantes desse bloco econômico. OBS: As empresas buscam a redução da carga tributária, não só para aumentar o lucro, mas para ter melhor participação concorrencial.

ii) o II incidirá quando chegar em outra localidade. Ex. TO. O normal é que a importação se dê por estados que tem portos, sendo recolhido o II no porto de entrada. Mas, excepcionalmente, pode ser requerido o trânsito aduaneiro para que a incidência do II só ocorra quando chegar em Palmas/TO.

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Art. 73, DL 37/66 – o regime de transito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadorias sob o controle aduaneiro de um ponto a outro do território aduaneiro com suspensão do tributo. O FG já ocorreu, mas a sua incidência é suspensa. Essa mercadoria fica sob o controle aduaneiro, afinal ela não pode ficar “solta”.Art. 74, DL 37/66 – deve ser assinado um termo de responsabilidade para que seja autorizado o regime.*Observados os requisitos previstos nas normas regulamentares dos regimes especiais aduaneiros, será deferida a incidência do regime requerido por uma autoridade administrativa. Todavia, ainda que preenchidos os requisitos a autoridade administrativa não deferir o requerimento, autoriza-se a impetração de Mandado de Segurança para questionar a arbitrariedade exacerbada do agente aduaneiro.

b) Admissão Temporária – art. 75, DL 37/66 – é um regime simples.

Ex. os veículos da formula 1 entram no território nacional. Há a entrada de um bem estrangeiro no território nacional. Envolve a situação de mercadorias estrangeira que vão ingressar no território nacional por um certo período e retornará para o exterior.

Esse regime está, junto com o Drawback, atrelado à ideia de importações vinculadas a exportações. Ex. exposições de obras de artes; competições internacionais.

Esse regime deve ser requerido, e a mercadoria ficará sob o controle aduaneiro, devendo o bem ser registrado e indicada a data predefinida do seu retorno.

Art. 75, DL 37/66 – poderá ser concedida suspensão de tributo sobre a importação de bens que ingressarem no território nacional por um determinado período de tempo.

Parágrafo único. A aplicação desse regime ficará sujeita ao cumprimento das seguintes condições básicas (incisos). É possível o requerimento de prorrogação do prazo, desde que esse requerimento seja feito dentro do prazo. A destinação do bem sob esse regime deve ser para uma finalidade específica. Ex. finalidade: exposição. Não é possível fazer passeios. Essa fiscalização é complexa, mas não é possível utilizar os produtos para outras finalidades que não a declarada.

*Extrapolado o prazo declarado, o tributo passa a incidir. Tanto é que o artigo prevê a suspensão do tributo, e não sua isenção. Todavia, quando observado o prazo, essa suspensão termina se convertendo em isenção ou não incidência (a depender da linha teórico-tributária adotada). O FG ocorre no momento em que se iniciou o procedimento aduaneiro de ingresso do produto e do requerimento do regime especial.

Art. 1°, do DL 37/66 prevê que o produto importado, via de regra, mesmo sendo Made in Brazil, quando retorna, sofre a incidência do II, mas há exceções, estas previstas no parágrafo primeiro.

c) Drawback – art. 78, DL 37/66 - a importação, aqui, como no regime anterior, está atrelado à exportação. Estamos ligados aqui à produção, industrialização. Ex. tem uma industria automotiva no Brasil que

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produz, no mês, 1 mil unidades de veiculo. 500 unidades são vendidas no mercado interno e 500 são exportadas. O preço do veiculo x significa todos os custos da empresa na produção do veículo. E essa empresa importa o motor, no qual incide o II, o IPI, o ICMS, o PIS-imp. e o COFINS-imp. O problema disso é que, economicamente, o Brasil quer estimular a exportação para equilibrar a balança comercial. Por isso, ele quer que o produto a ser exportado seja menos oneroso, para que o preço não seja alto.

Então, a ideia do drawback é de não tributar a importação de produtos que serão utilizados como matéria prima ou que serão transformados em outros produtos que serão exportados. No exemplo posto, o regime só será concedido em relação às peças destinadas aos 500 veículos que serão exportados. Para os outros 500 que serão comercializados no mercado interno, haverá a incidência do II.

*A união só pode legislar sobre os tributos dela, mas como o ICMS incide na importação, muitos estados aderem ao sistema do drawback para que desonere a peça que fará parte de um produto que será exportado.

Para que seja concedido o regime, é preciso que haja o requerimento e controle, devendo observância às regras específicas.

Existem 3 modalidades de drawback: restituição, isenção e suspensão.(Art. 78, LC 37/66. )

Restituição – mais seguro para os entes federativos. A industria importa e pagará os tributos, mas quando ela exportar ela requer a restituição do valor pago. O governo só restitui depois que se verifica que houve efetivamente a exportação

Suspensão e Isenção – são mais seguros para a empresa. São parecidos do ponto de vista prático, tendo o mesmo resultado. Ex. a indústria importa sem pagar, mas fica obrigada a comprovar a ocorrência exportação para consumar o não pagamento do II. Se ele não comprovar o II vai incidir. Mas do ponto de vista teórico, se diferem.

A suspensão se trata da incidência do imposto com sua exigibilidade suspensa. Tem-se um credito tributário com a exigibilidade suspensa. Se o produto é exportado, essa suspensão se torna uma não tributação. Se, todavia, não há a exportação, o imposto volta a incidir.

O drawback isenção ou é uma hipótese de não incidência ou de exclusão pela norma de isenção. Nunca se trata de uma suspensão. Será sempre sobre a condição de que o bem seja exportado. A empresa terá que fazer a prova da exportação. Caso contrário, a isenção é revogada e o importador perde direito à isenção. *aqui não há crédito; ele sequer chegou a existir.

*a escolha da modalidade de drawback é uma decisão política, que pode mudar a qualquer momento. Hoje em dia, como o governo quer atrair empresas para o Brasil, aplica-se mais o drawback suspensão e isenção. Cada governo tenderá a escolher aquela que mais atende a suas necessidades num determinado momento, por atos infralegais regulamentadoras.OBS: se estamos diante de um caso que não houve lançamento, o governo é obrigado a lançar mesmo que haja a sua suspensão de exigibilidade a ele anterior, pois a o prazo decadencial está correndo. O que o governo não pode fazer é executar, ou seja, o prazo prescricional restará suspenso.

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Art. 78. Poderá ser concedida a restituição total ou parcial dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento...

Os três tipos de DB se vinculam a uma exportação, portanto. Outra nuance há em relação ao tipo suspensão e ao tipo isenção, no que

se refere aos bens. Quando temos o DB suspensão ele fala que será isenta a mercadoria a ser expostada após o beneficiamento, ou destinada à fabricação, implementação ou acondicionamento de outra a ser exportada. No DB isenção não haverá a incidência do II sobre a importação de mercadoria em quantidade voltada diretamente para a realização do beneficiamento. Há, então, uma possibilidade de utilização de drawback isenção para quantidades aproximadas, e não exatamente na peça que é exportada.

Do ponto de vista do empresário, na pratica os efeitos são os mesmos.

8. ISENÇÕESa) Bens de interesse público – art. 14, DL 37/66

Em relação aos regimes de isenção em geral, ainda, vale dizer que o Brasil quer controlar a importação, mas pode ser que o produto seja de interesse público e que não seja de interesse dele onerá-los. Ex. maquinário. É importante a instalação de fábricas, de indústrias. Se há uma carga tributária alta sobre esse maquinário, a instalação de fábricas fica dificultada.Ou seja, é possível que haja isenção do II em relação aos bens de interesse público, ainda que não seja para fins de contralar a importação no mercado nacional.

b) Bagagem - art. 13, DL 37/66, IN n° 1.059/2010.“Poderá ser concedida a isenção...” – não é uma obrigação do Estado. Essa é uma decisão política.Livros, jornais e periódicos são imunes. Ex. a pessoa pode viajar e trazer quanto desses produtos quiser.O art. 13, III trata da bagagem de diplomata, do brasileiro que residiu mais de 5 anos no exterior – podem trazer produtos que, em regra, como bagagem, não são isentos. Não há um tempo de permanência em relação aos diplomatas. Em todas as outras hipóteses há prazo para residir no exterior (2 anos para o servidor e para brasileiros comuns, o período de permanência é 5 anos ininterruptos no exterior e transferir o domicilio dele para o Brasil). *A bagagem de quem reside no exterior e vem para o Brasil só vai se beneficiar da isenção se ele permanecer durante 5 anos no território estrangeiro.No caso do viajante, a trabalho ou a passeio, o art. 13 prevê que é concedida a isenção para roupas ou objeto de uso ou comum na quantidade necessária a sua estada no exterior, e outros bens que devem observar limite e quantidade.O bem de uso ou consumo pessoal – a legislação permite hoje alguns itens: o celular, o computador, a máquina fotográfica, o relógio, as roupas.

11.12.2012(final Imposto de Importação)

b) Bagagem - art. 13, DL 37/66, IN n° 1.059/2010.

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A título de curiosidade, a bagagem do viajante tem imunidade em relação aos livros, jornais e periódicos, e as isenções envolvem os bens de uso e consumo pessoal.Os itens de uso e consumo pessoal, segundo a lei, são aqueles objetos necessários à viagem. Mas a IN de 2010 inovou, permitindo que individuo incorpore como bem de uso e consumo pessoal, um celular usado, uma máquina usada, ou um relógio usado. Em razão da realidade social, veio essa IN para permitir isso. Ressalta-se que esses bens devem ser usados. Ex. celular deve ser habilitado, ainda que por plano pré-pago. Contudo, computador, Ipad, filmadora não entram nessa previsão.Se o sujeito viajar com o seu computador do Brasil? É necessário levar a nota fiscal para a viagem de modo a comprovar a aquisição em território nacional. Antes da mudança da IN, poderia chegar na RFB no aeroporto e pedir uma declaração no qual era discriminado o bem, em substituição à nota fiscal.*A professora entende que a extinção da declaração é um problema, uma vez que o brasileiro não tem o costume de guardar nota fiscal. A intenção do governo, entretanto, é não legitimar os bens que entrarem no país como se fossem nacionais. O ideal, portanto, é guardar a nota fiscal de tudo que adquirimos.*A nota fiscal é o maior meio de fiscalização da incidência dos tributos sobre o bem de consumo. Ex. como é possível provar que o supermercado recolheu o ICMS? Através da NF. Ela não é aleatória. A empresa não é um recibo, ou carnê. Quando a empresa emite a nota, é muito difícil fingir que a compra não ocorreu. Uma vez emitida a NF, é muito difícil para a empresa provar que a venda não ocorreu. Por isso, a maior forma de sonegação do Brasil é por subfatura ou por não emissão de NF. OBS: Inclusive, o ICMS paulista é um estímulo para a emissão de NF (NOTA FISCAL PAULISTA). Criado por um sistema de cadastro por CPF do adquirente, este recebe um percentual do ICMS incidente na NF emitida. Com essa política, o volume de arrecadação no global aumenta, em que pese seja uma pequena parcela do valor do imposto repassado ao consumidor final.Esses bens de uso e consumo pessoal gozam de isenção, pouco importando o valor, mas devem estar de acordo com as circunstâncias da viagem. Fora isso, o individuo ainda tem uma isenção limitada a valor e quantidade:

• Marítimas e aéreas: $500,00• Terrestres: $300,00• Até $10, podem ser trazidos 10 itens idênticos (se for detectado o intuito

comercial, a isenção fica afastada).• Acima de $10, 3 itens idênticos são autorizados.• Em relação a bebida, a norma fala em 12 litros.• Em relação ao fumo, 10 maços; fumo, 250g.

Todos esses valores são computados em dólares. *No Freeshop, há uma nova quota de limite em valor de $500. Mas essa quota se refere apenas ás compras feitas quando na chegada ao Brasil em retorno da viagem ao exterior. Se a compra for feita na ida para o exterior, ela é computada na quota dos $500 das compras estrangeiras.

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OBS: As quotas não se comunicam entre pessoas. De modo que se A e B viajam juntos, não é possível somar as quotas individuais de cada um deles.A declaração que recebemos ainda no voo quando estamos chegando no Brasil do exterior é dividida em duas partes: uma não tributária, onde são indicados os bens que não podem adentrar no território nacional (animais, armas de fogo, etc), e uma tributária, onde serão indicados os bens que estão ingressando e que serão tributados. Se as compras forem superiores aos $500, o II incidirá no percentual de 50% sobre o que exceder a quota.

IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO – IE1. FUNÇÃO EXTRAFISCALÉ um imposto logicamente parecido com o II. Ademais, é um imposto com legislação e doutrina muito menor, em razão da sua função extrafiscal, assim como II (reguladores de balança comercial). Tudo que o Brasil quer é estimular a exportação, daí porque haver a isenção de vários tributos. O único tributo que pode incidir sobre a exportação é o IE, mas muitas vezes há a isenção ou a redução da alíquota do IE a zero, pois o Brasil não quer exportar tributo.Mas em certas situações, a incidência do IE pode ser bastante relevante: quando há a necessidade de manter o produto no Brasil (falta de algum produto, ex. cana de açucar). O produtor tem o interesse de vender para quem remunerará melhor. Cabe, então, ao governo estimular a venda no mercado interno. Então, o IE pode ser, sim, muito relevante e, por isso, deve ser estudado, principalmente me momentos de escassez de produtos na economia externa.A sua utilização é, sobretudo, política, tendo por objetivo a regulação da balança comercial a zero. É por conta do fato de incidir pouco, que a doutrina e jurisprudência do IE são diminutas.2. LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTARAs limitações ao poder de tributar se refere à parte constitucional do imposto. É possível aplicar as mesmas regras do II. O IE se sujeito à legalidade, tendo sua mitigação quanto à alíquota, que pode ser alterada pelo Executivo.O IE não se sujeita à anterioridade de exercício ou nonagesimal. Entretanto, se sujeita à irretroatividade. A Capacidade contributiva, no IE, apesar de também poder ter sua BC em unidade de medida, a regra é o valor econômico, de modo que ela será relativizada, mitigada. O intuito do governo não é tributar mais quem tem maior capacidade contributiva, mas de regular a balança comercial.A vedação ao confisco se aplica ao IE , mas nesses tributos como o II e o IE, esse princípio deve ser observado de acordo com a sua função extrafiscal. Se o tributo está violando ou não esse princípio, deve ser visto em relação à sua função extrafiscal. Ex. carro. Se o governo aumenta a alíquota a 150%, considera-se confiscatório, entretanto, se se tratar de cana de açúcar que está em escassez no mercado interno, a alíquota de 150% não representa uma alíquota confiscatória.A Uniformidade na tributação também incide, salvo se for orientado a promover a igualdade das regiões federativas. (Ex. Sudeste e Nordeste)

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Não há nenhuma imunidade específica, mas aplicam-se as imunidades genéricas do art. 150, CF.3. COMPETÊNCIA – ART. 153, II, CF/08É da União Federal, por previsão expressa: “Compete à União instituir impostos sobre: [...] II- exportação para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados”.4. ESTRUTURA NORMATIVA

NORMAS GERAIS: ART. 23 A 26, CTN – tratam sobre o FG, BC e contribuinte do IE.

INSTITUIÇÃO – DL 1578/77A LC estabelece normas gerais, o que não diminui o seu papel. Ela não cria, nem institui. Quem cria é a lei do ente competente. A CF dá a competência e não cria absolutamente nenhum tributo; o CTN estabelece normas gerais sobre o IE, mas não o cria; o DL é que vai criar o IE, mas deve estar de acordo com as previsões da CF e do CTN (formalmente é uma lei ordinária, mas foi recepcionada pela CF como lei complementar – art. 146, II, CF).Tem decretos lei que foram recepcionados com status de LO, como é o caso do DL do IE, mas também tem DL que são recepcionados com o status de LC. A CF deve dizer quem foi ou não recepcionado como LC; caso nada diga (o que é o mais comum), será o DL recepcionado como LO.5. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

a) Critério material – art. 23, CTN O FG é a saída do produto do território nacional, segundo o art. 23, do CTN. Fala-se em produtos nacionais ou nacionalizados, já previsto na CF, trazendo um elemento novo, que é o FG, consistente na saída destes produtos do território nacional.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território nacional.

O produto nacional é aquele originado efetivamente no Brasil, produzido não Brasil. O produto nacionalizado é aquele que ingressou no território nacional, e que passou por uma nacionalização, internalizado na economia nacional (autorizado a ingressar e circular aqui). Muitos acham que seria necessário haver uma transformação, mas a professora entende que basta a nacionalização, que pode compreender, apenas, a afixação de um selo autorizador. A doutrina em geral e a jurisprudência adotam esse ultimo pensamento.*Se o Brasil importar o milho, que foi internalizado (ingressar com fins comerciais na economia nacional), e, no mundo, há um racionamento deste produto, haverá uma tributação – e alta – sobre esse alimento.No IE não há a discussão acerca da diferenciação entre produto e mercadoria, pois ambas as previsões trazem a expressão “produto”.

b) Critério temporal – art. 23, CTNConsiste no momento em que o produto sai do território nacional. Ou seja, o seu critério temporal está ligado à saída. O art. 1° do DL, no seu §1° diz

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que se considera ocorrido o FG no momento de expedição da guia de exportação. Há uma presunção de que ao emitir essa guia, realiza-se o FG. É claro que é uma presunção, pois a data da emissão e do efetivo egresso do produto do território nacional pode não ser a mesma.O Brasil quer estimular tanto a exportação, que o sistema de exportação é feito pelos correios. É tudo menos complicado.

c) Critério pessoal – art. 27, CTNQuem realiza o FG é o exportador. Se a materialidade do IE é a saída do produto do território nacional, o contribuinte será aquele que promover a saída do produto do território nacional.

d) Critério especialÉ o local da saída da mercadoria. Mas isso não é tão relevante do ponto de vista prático, pois trata-se de um imposto federal, de modo que basta o egresso do território nacional.

13/12/2012(cont. Imposto de Exportação)6. MANDAMENTO

a) Critério Quantitativo – não é diferente do que vimos até aqui: IE = BC x Aliquota.

BC – O art. 24, do CTN estabelece normas gerais sobre a BC do IE. Esta BC variará de acordo com o tipo de alíquota. A estrutura deste dispositivo é a mesma do II: Quando a alíquota for específica (em real), a BC será em unidade de medida (T, m³). ex. cana de açúcar, poderíamos, pelo CTN, uma alíquota de 300,00 reais por Tonelada de cana exportada. A cada T, 300,00 de imposto seria recolhido. Se fossem exportadas 10 T, ele deveriaQuando a alíquota for ad valorem (percentual) a BC será o preço normal que o produto ou seu similar alcançaria no porto no momento da saída do mesmo. No caso do IE, o preço da BC será o de mercado , e não o valor da exportação (preço exato pelo qual está sendo vendido), com o intuito de evitar frades (esconder lucro).O Brasil não está muito preocupado muito com o fato de o produto ser vendido por preço, para fins do IE, pois quase não tributa a exportação. A preocupação está no que tange o IR.O preço do IE não inclui o valor do transporte nem o seguro internacional. O país importador é que estabelecerá como será tributada a transportação e o seguro. O Brasil desonera o transporte e o seguro, de forma que a BC do IE é reduzida, uma vez que o país quer exportar seus produtos, em regra.O parágrafo único deixa claro que considera-se que para fins de estabelecimento da BC, o local onde haverá a saída do produto. O preço de mercado para o IE é mais enxuto que no II, pois aqui soma-se os custos da importação, enquanto no IE deduz-se os custos.

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Segundo o parágrafo único do art. 2° do DL, o preço a vista do produto, FOB (sem os custos de transporte e seguro), ou posto na fronteira é indicativo do preço normal do produto para fins de fixação da BC do IE. Ex. a Ford exportando veículos para a Espanha. O carro exportado deve ser transportado, e quem está importando deverá pagar o transporte e o seguro. O contrato entre as empresas A e B pode ser CIF ou FOB. O contrato CIF é aquele no qual quem vende se compromete a enviar ao destino, arcando com o transporte e o seguro. O contrato FOB, contrariamente, estabelece que cabe ao importador providencia o transporte e o seguro.Ocorre que, no caso do IE, pouco importa se o contrato é CIF ou FOB, o valor a ser considerado para fins de fixação da BC do IE, é aquele do contrato FOB (sem o transporte e o seguro), ainda que o contrato não seja efetivamente FOB. Se o contrato é FOB, é fácil identificar a BC. Mas se o contrato é CIF, deve-se pegar o valor total e deduzir o valor do transporte e do seguro para se chagar ao valor da BC. Pouco importa, então, se o contrato é CIF ou FOB, o preço FOB é o preço indicativo do IE.

Alíquota - O DL 1578 fixa como alíquota do IE a de 30% (ad valorem). A alíquota pode ser específica ou ad valorem, mas o DL 1578 diz no seu art. 3° que a alíquota do IE é de 30% sobre o valor de mercado no momento da saída od produto do território nacional, sendo facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la para atender os objetivos da policita cambial. Ele está de acordo com a CF/88.O CTN diz no art. 26, que no IE o Executivo poderia alterar alíquota e BC. Ocorre que o CTN não foi recepcionado no que tange à alteração da BC.Essa alíquota é alterada na pratica pela CAMEX. Existem algumas pessoas que isso seria inconstitucional, entendendo que deveria ser o Presidente da República por Decreto. Contudo, aplica-se o mesmo raciocínio elaborado para o II, no sentido de que a norma constitucional não conferiu a competência ao Presidente, mas ao ente federativo como um todo (União).O art. 3°, do DL diz que em caso de elevação da alíquota, ela não poderá ultrapassar 5x o mínimo (30%) (no caso, 150%). O limite é apenas para o aumento, e não para a redução. Essa regra é legal.

*Questão da alíquota zero. No IE é muito comum. A alíquota zero é diferente de isenção do ponto de vista técnico. Tem-se um imposto a pagar, mas este imposto é de valor zero. Na isenção, ao contrário, não se tem um credito a cobrar do contribuinte. Tem alguns poucos doutrinadores que entendem que a alíquota zero é uma forma de burlar o fato da necessidade de lei para o estabelecimento de isenção.Ocorre que essa discussão não há que prosseguir, pois não há interesse de agir (ninguém quer pagar tributo). Por outro lado, não poderia o Estado se beneficiar, pois seria se beneficiar da própria torpeza (ele reduz a zero e depois quer elevá-la judicialmente por ter tido prejuízo).A professora entende que não há nenhum problema, já que a CF prevê a possibilidade de redução da alíquota sem que, contudo, tenha estabelecido um limite para tanto (não há nenhuma ressalva no que se refere ao zero).

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b) Critério SubjetivoSujeito ativo – própria União, sendo titular do direito de exigir o

crédito decorrente da incidência do IE nas operações de exportação.Sujeito passivo – o exportador, ou seja, aquele que promove a

saída do produto do território nacional (art. 5°, DL).

TRIBUTOS SOBRE O PATRIMÔNIOSerão estudados o ITR, o IPTU e o IPVA. Todo o território nacional está dividido em áreas imobiliárias, que podem ser urbanas ou rurais. Por isso, se aproximam o ITR e o IPTU, inclusive sobre o critério espacial.

ITR – IMPOSTO TERRITORIAL RURAL1. FUNÇÃO EXTRAFISCAL – ART. 153, §4°, I, CFO ITR é predominantemente extrafiscal . Tem como principal objetivo o estímulo a um determinado comportamento. Este comportamento está previsto no art. 153, §4°, da CF (estimular que os proprietários dos imóveis rurais produzam nesses imóveis – desestimular a existência de propriedades rurais inativas).A partir da ideia de função social do imóvel rural, tem-se que o proprietário pode usar e fruir do objeto de sua propriedade, sem que, contudo, prejudique o interesse coletivo.O conceito de função social para o imóvel rural na nossa CF é excelente, não passando apenas por produtividades, mas também pela observância das normas trabalhistas, ambientais, desenvolvimentista sustentável, etc. A CF traz um conceito de função social amplo no art. 186.No ITR falaremos na produtividade do imóvel rural, que está incluída na função social, apesar de com ela não se confundir . A função social não se reduz à produtividade. O ITR contribui na função social sob o foco da produtividade, o que não significa que a função social do imóvel rural no Brasil se limite à produtividade.O ITR não pode ser visto como penalidade, até porque se assim vislumbrado, ele deixa de ser tributo (o ITR não é uma sanção por ato ilícito).Aplica-se ao ITR o princípio da vedação ao confisco e caberá ao Poder Judiciário estabelecer o limite desse confisco. A professora entende que até 20% do valor do imóvel não é uma alíquota confiscatória.O calculo do ITR considera o grau de utilização (medida da produtividade) a lei específica traz os critérios para calcular a produtividade para fins do estabelecimento do seu valor.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

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*Toda vez que o ITR incide ele gera arrecadação (fiscalidade), daí porque diz-se que a sua função predominante é extrafiscal, e não exclusivamente.2. LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR

a) Princípios e Regras A capacidade contributiva fica mitigada no ITR, pois o objetivo não é tributar mais quem tem mais capacidade contributiva, mas sim estimular a pratica de um ato. Não há exceção à legalidade, à anterioridade nonagesimal e de exercício, da irretroatividade, bem assim aplica-se a vedação ao confisco.

b) ImunidadeAs imunidades genéricas abarcam o ITR, pois a CF/88 assim prevê no seu art. 150, VI, “a”, “b” e “c” CF.

Imunidade Específica – art. 153, §4°, II, da CF – imunidade da pequena gleba rural. O ITR não incidirá (imunidade, porquanto prevista na CF) sobre pequenas glebas rurais definidas em lei quando as explore o proprietário que não possui outro imóvel. A lei do ITR é quem define a pequena gleba (art. 2°) de acordo com as diferentes regiões do país. É lógico que há um enquadramento dos municípios em relação a essas áreas.Ou seja, para ter direito à imunidade, o proprietário deve ter uma pequena gleba; tem de ser o seu único imóvel dele; e o pedaço de terra deve estar enquadrado na definição de pequena gleba previsto na lei do ITR.3. COMPETÊNCIA – ART. 153, VI, CF/88Compete á União instituir e legislar sobre o ITR. É, portanto, um imposto federal. Essa competência é indelegável, mas apesar de o ser, a função de arrecadar e fiscalizar podem ser delegadas. No ITR, temos uma norma específica para isso no art. 153, §4°, inciso III, CF – “o ITR será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal”). Ou seja, essas duas funções delegáveis o podem em relação ao ITR para os Municípios.Essa questão da delegação foi regulamentada há pouco tempo (ver no site da RFB).4. DELEGAÇÃO DA FUNÇÃO DE ARRECADAR E FISCALIZAR – ART. 153, §4°, CF/88

Impacto na repartição de Receita: art. 158, II, CFEssa função de fiscalizar e arrecadar tem um impacto na distribuição da receita. No caso do ITR, se a União arrecadar e fiscalizar, o município fica com 50% do tributo. Se o município recolhe e fiscaliza ele fica com 100% do tributo recolhido.

18/12/2012(cont. ITR)5. ESTRUTURA NORMATIVA

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a) CF/88 – Art. 153, III: Competência. (já falado). A CF não cria tributo. A única coisa que a CF estabelece é a competência para tratar de tributos.

b) CTN: Normas gerais. Arts. 29 a 31, CTN. Um fala sobre FG, outro sobre BC e outro sobre contribuinte. O CTN estabelece as normas gerais do ITR.

c) Lei 9.393/96: Instituição. É quem cria o ITR, devendo estar em harmonia com o CTN e com a CF/88 para que seja o ITR legal e constitucional.6. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

a) Critério Material São importantes os conceitos utilizados pela CF para delimitar a competência, pois não podem ser alterados para fins de tributação. Os entes federativos só têm a competência que a CF estabeleceu. Não se pode mudar um conceito da CF para fins de tributação, uma vez que estaria ampliando inconstitucionalmente a sua competência. Só uma EC poderia ampliar essa competência, ou não (há uma teoria de que a repartição de competência seria inalterável).Diz-se isso, pois se por um lado a CF prevê em seu art. 153, VI, que “Compete à União instituir impostos sobre”: VI - propriedade territorial rural; por outro, o art. 29, do CTN prevê que: “O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município”.Apenas os imóveis por natureza serão atingidos pelo ITR. Os imóveis por ficção, não. Imóvel rural é aquele que está fora da zona urbana.O elemento central de incidência do ITR é a propriedade e a posse do imóvel. Só que a CF só prevê a propriedade. Propriedade não é o mesmo que a posse. A primeira envolve uma serie de faculdades: uso, gozo, fruição e disposição, alem da reivindicação. Essas atribuições são inerentes à propriedade de um imóvel. O individuo que tem a propriedade do imóvel pode ceder uma dessas faculdades, de forma gratuita ou onerosa. Ex. na locação o sujeito tem a posse do imóvel (uso, gozo e, á vezes, fruição). A posse no caso da locação é precária, pois se dá com base num contrato que pode ser recindido a qualquer tempo. Com base nisso uma discussão surgiu: como aplicar o CTN se posse e propriedade não se equivalem? Os radicas de um extremo entendem que a definição do CTN deve ser aplicada, devendo interpretar a CF conforme o CTN. Esse entendimento é minoritário, pois a CF fala em propriedade e temos que interpretar o CTN conforme a CF, e não o contrário. Os radicais do outro extremo, que também é um ramo minoritário (Luciano Amaro), entendem que a União só poderia tributar propriedade, não tendo sido o CTN recepcionado no que lhe ultrapassa. Só a propriedade poderia ser considerada FG do ITR. O que a lei poderia fazer é estabelecer alguns possuidores (titular do domínio útil) como responsáveis pelo pagamento em algumas situações. Os Tribunais, incluindo o STF, contudo, entendem: a CF fala apenas em propriedade. Portanto devemos interpretar o CTN conforme a CF, sendo recepcionado o art. 29. Ocorre que a posse e o domínio útil só são FG

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do ITR quando elas forem uma exteriorização da propriedade (o possuidor tem o animus de proprietário) . Ex1. usucapião. Inclusive uma prova do animus domini para a declaração da usucapião é a juntada dos comprovantes de pagamento de impostos. Ex2. Promessa de compra e venda na qual o promitente comprador se obriga a pagar e o promitente vendedor se obriga a transferir a propriedade. É muito comum que o p. comprador pague tudo, o p. vendedor passe as chaves; aqueloutro já está na posse do imóvel há tempos sem, contudo, registrado a escritura de compra e venda. Ex3. Enfiteuse. É um direito real que não existe mais no direito brasileiro desde 2002. O CC/02 não extinguiu, entretanto, a enfiteuse que já existiam. A enfiteuse é muito comum. Quem recebe o imóvel enfiteuto recebe os direitos de usar, gozar, fruir e dispor. Inclusive, o enfiteuta deve pagar o for anualmente ao nu proprietário e, quando da disposição do imóvel deve pagar o laudêmio.A crítica da professora em relação a essa tese é que, na hipótese da usucapião, há um proprietário e um possuidor, de modo que não podemos considerar a existência de dois FG para uma mesma situação. O imóvel é um só; o ITR é um só. O mesmo raciocínio se aplica ao contrato de promessa de compra e venda e à enfiteuse (concordo com a professora e entendo que somente deveria ser tributada a propriedade).*Pode-se considerar o locatário como alguém que pode vir a concretizar o FG do ITR? Ele realiza o FG? Não, pois a sua posse é precária.O art. 29, fala em propriedade, posse e domínio útil. Mas o art. 31, quando fala do contribuinte prevê: “o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título”. Ora, se interpretamos o art. 29 conforme a CF, o mesmo se dará em relação ao art. 31. Pode-se pensar em responsáveis, mas não como contribuinte.CASO PRÁTICO: existia um imóvel que foi invadido pelos sem terra. João é o proprietário do imóvel, podendo usar,gozar, fruir, dispor e reivindicar. Com o seu atributo de reivindicar, entra com uma ação reivindicatória cuja liminar pleiteada foi deferida para retirar os sem terra de seu imóvel. Ocorre que passado alguns nãos, a liminar não foi cumprida. Contudo, a fazenda pública ainda continuava a cobrar o ITR dele. A partir daí, João entrou com uma ação para não pagar pelo ITR desse período. O STJ entendeu que realmente ele não deveria pagar, pois o estado não promoveu o cumprimento da liminar, de modo que ele cerceou um dos atributos inerentes à sua propriedade; lhe foram negados os atributos da propriedade.A partir desse precedente, passa-se questionar se sempre o ITR deverá ser lançado em nome do proprietário registrado. Às vezes, de fato, o proprietário não está exercendo os atributos inerentes à propriedade. Ou seja, por esse precedente, pode-se explorar a discussão no que tange à incidência do ITR tendo como contribuinte o proprietário. Será que o proprietário destituído de suas atribuições, pode ser considerado contribuinte para fins de incidência do ITR? É uma tese a ser desenvolvida em outros casos, que não o não cumprimento da liminar pelo Estado.

b) Critério temporalO critério temporal é a propriedade no período de 1 ano. O FG é a soma de todos os aspectos. Não é propriedade somente, mas sim a propriedade de um

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imóvel rural durante o período de 1 ano. A cada novo ano tem-se um novo FG realizado.Considera-se consumado o FG, no dia 1° de janeiro de cada ano. Ou seja, o ITR é um imposto de apuração anual, considerando-se ocorrido o seu FG no dia 1° de janeiro de cada ano.Quem realiza o FG do ITR é o proprietário em 1° de janeiro. Se a compra é feita ao longo do ano, haverá uma sucessão de contribuintes, ou seja, o adquirente substitui o vendedor do imóvel. O novo adquirente é quem responde pelo ITR.

c) Critério espacialO critério espacial é o imóvel rural. Todo o território nacional está dividido em imóveis. E o imóvel, estando no território brasileiro, será alvo do ITR ou do IPTU. Será um ou outro a depender do fato de ser o imóvel urbano ou rural. A lei do ITR diz que imóvel rural é aquele que está fora da zona urbana, repetindo a previsão do CTN.Então, O QUE É A ZONA URBANA? Município é um ente político que integra a RFB. Cidade, diferentemente, não é a mesma coisa. Um município pode ter varias zonas urbanas, uma sede e outras.Art. 32, §1° - zona urbana é o que a lei municipal define como tal. Inclusive, a CF prevê que compete ao município regular a ocupação do espaço urbano. E quando ele faz isso, ele define as zonas urbanas. A lei municipal poderia definir que uma determinada área, tipicamente rural, como urbana? Para a lei municipal ser válida, deve a lei municipal preencher requisitos básicos para se classificar como zona urbana.

Art. 32, CTN: (...)§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a

definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

O melhoramento do inciso I deve ter sido construído ou beneficiado pelo poder público. Mas esses melhoramentos devem ser aqueles previstos em no mínimo dois incisos. Isso não significa que devem ser dois melhoramentos, já que existem melhoramentos que englobam ao mesmo tempo dois incisos. Esse é um aspecto que os municípios interpretam de forma equivocada.O que está fora da zona urbana, então, sofrerá a incidência do ITR.*Existe um Decreto-lei 57/66 (tem status de LC), posterior e criado no mesmo ano do CTN (que na época era LO), que diz que para fins do ITR, seria considerado rural o imóvel que tivesse uma finalidade econômica rural. Isso muda muito o entendimento até aqui delineado. Nesse caso, a finalidade econômica rural faz com que o ITR incida sobre imóvel, em

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detrimento do IPTU, ainda que aquele esteja situado dentro da zona urbana. Esse decreto só serve para impor o ITR na zona urbana. O contrário nunca poderia ser pensado. Se estiver fora da zona urbana nos termos da Lei municipal, incidirá o ITR, e NUNCA o IPTU.Resumindo: se o imóvel estiver fora da zona urbana, nos termos da lei municipal, incidirá o ITR necessariamente; se o imóvel estiver na zona urbana, poderá incidir o IPTU ou o ITR, sendo que o ITR só incidirá se o imóvel explorar uma atividade econômica rural.CUIDADO! Para que se tenha uma atividade econômica rural para fins de incidência do ITR, é preciso ter uma atividade de exploração da atividade com finalidade lucrativa.

d) Critério PessoalO pessoal foi falado junto com o critério material.

20/12/2012(ITR – continuação)7. MANDAMENTO

a) Critério QuantitativoITR = BC x alíquotaITR = VTNt x alíquota: área do imóvelArt. II, lei 9393/96 GU

BC do ITR: Art. 30, CTN VTNt: lei 9393/96: arts. 10 e 11

VTNt = VTN x área tributável Área total do imóvel

Alíquota: progressiva -> tabela anexa à lei 9393/96 GU: área efetivamente utilizada

Área aproveitávelO ITR vai ser calculado como o tributo de modo geral. A lei 9.393 que diz o que está ali nas fórmulas – art. 11. VTNt: valor da terra nua tributável é a base de cálculo. A alíquota está no anexo. Então é base de cálculo vezes alíquota. As alíquotas variam de acordo com a área total do imóvel e também com o grau de utilização.A área total do imóvel é o tamanho do imóvel, e está, em princípio, no registro. A lei vai dizer como se calcula o VTNt e o GU.O CTN não é norma geral, mas ele estabelece uma norma geral. O art. 30 diz que a base de cálculo do ITR é o valor fundiário. Há uma grande diferença entre o ITR e o IPTU, inclusive de competência: ITR – compete a União tributar A TERRA (propriedade territorial); enquanto que no PITU pode tributar tanto a propriedade territorial quanto a predial.A lei 9393 delimita como chega-se ao valor. O par. 1 do art. 10, inciso III: VTNt é igual à multiplicação do VTN pelo cociente entre a área tributável e a área total do imóvel. VTN: valor da terra nua. Isso é diferente de VTNt (valor da terra nua tributável). Valor da terra nua: art. 10, §1°, inciso I: ver. Valor da terra sem nada, sem considerar qualquer tipo de acréscimo que possa estar sobre esta terra. Não se considera o valor da edificação. Não importa se a fazenda tem

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uma mansão, não é computado para fins de valor da terra nua; gado, árvore com frutos de ouro (...) não entram! Exclui construções, instalações, benfeitorias.... culturas permanentes e temporárias, nem florestas plantadas....É o valor da terra; a terra varia de lugar para lugar, tem terra que é mais fértil.O VTN vem em real. É o valor em moeda de um hectare, sem considerar o valor desses acréscimos. O VTN é fixado em moeda, em real.VTNt: valor da terra nua tributável: é pegar o valor da terra e multiplicar pela relação entre a área tributável e área total do imóvel (essas duas vem em hectare, não em real).O espírito é excluir a área de preservação ambiental – não tributar as APA, para não desestimular o fazendeiro a manter a área de preservação ambiental em sua fazenda.Área tributável é a área total do imóvel menos as áreas permanentes de reserva legal... ver artigo. Todas as alíneas são relacionados à questão ambiental.Pode ser que a área tributável seja a área total do imóvel – isso acontece quando não tem área de preservação. Área tributável é área total menos a área de preservação. O VTNt nunca será superior ao VTN. A área tributável sempre joga o VTNt pra baixo; vai ser, no máximo, igual. Ex: a área total do imóvel é 200 e tem 50 de área de preservação – então a área tributável é 150. O VTNt vai ser calculado em real, porque multiplica o VTN, que é em real, por um número.Para saber quanto será o ITR não basta saber o VTNt, precisa ver a alíquota, que está de acordo com o grau de utilização e a área. Quanto maior o imóvel, maior a alíquota – visa desestimular a grande concentração de terras. Quanto maior a utilização, menor a alíquota.O grau de utilização – GU- eu preciso calcular. O art. 10, par.1, inciso VI: ver. Área aproveitável: a pergunta que tem que fazer: como posso considerar improdutiva a área que a lei proíbe ele de desmatar? Como ele não vai ter sede, casa do vaqueiro...?A área aproveitável é diferente de área tributável.Na área aproveitável, também se exclui as áreas ocupadas por benfeitorias úteis e necessárias. Se tiver celeiro, sede, casa dos trabalhadores e tal, exclui. Mas se tiver um campo de futebol, não exclui.Área efetivamente utilizada: é a área que ele efetivamente plantou, utilizou.GU é analisar quantos por cento da área aproveitável foi efetivamente utilizada no ano anterior. Tem que ser calculada ano a ano; e aqui é onde é mais difícil a fiscalização, porque vai muito do que o proprietário declara.Achei o GU, vejo a alíquota, que vai variar.Produtividade: é quanto ele realmente usou do que ele poderia usar. É quantos por cento da área aproveitável, que é a área total menos as APAs e as benfeitorias úteis e necessárias.Então GU é a relação entre a área efetivamente utilizada e área aproveitável.

b) Critério SubjetivoSujeito ativo

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Sujeito passivoCalculou-se quanto se deve, quem deve pagar e a quem deve pagar?Em regra, deve-se apagar a União, porque o ITR é federal. Mas vimos que a União pode delegar ao Município. Então o sujeito ativo: União e Município.Sujeito passivo: em regra, o proprietário do imóvel. Pode ser contribuinte ou responsável. Art. 4 da lei 9393. Não é qualquer possuidor ou titular do domínio útil. O art. 5 traz o responsável – que é como a sucessão do CTN (adquirente, por morte...).O estado quer que o ITR seja propter rem, ele acompanha o bem. O imóvel pode vir a ser penhorado, ir a leilão se não pagar.8. ASPECTOS GERAISModalidades de lançamento: a apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte... -> é tributo sujeito a lançamento por homologação; o proprietário paga antes de qualquer coisa, e cabe a administração homologar se o pagamento estiver correto.O ITR tem obrigação acessória, mas isso não significa que não seja tributo sujeito a lançamento por homologação.O proprietário tem que declarar e pagar; então além do pagamento, o sujeito que entregar uma declaração – DIAC. Todos os proprietários estão obrigados a fornecer a declaração, exceto os isentos e imunes.O art. 8 – ver. E o §2° diz: o VTN ..... VER.O proprietário declara o valor, e tem que ser o valor de mercado. E isso é fácil de controlar.

ISENÇÃOAs duas isenções do ITR estão no art. 3, e estão ligadas a imunidade de alguma maneira; na verdade, ligada à pequena gleba.A pequena gleba rural tem imunidade específica. Ex: João tem um imóvel de 30 ha e é o único imóvel dele; ele é imune (em qualquer lugar do Brasil, porque é 30 hectares). José tem dois de 10 hectares – não é imune, porque não tem só um. A lei vem corrigir isso, e estabelece uma isenção a José. Para a isenção tem um requisito a mais: tem que explorar o imóvel sozinho ou com a família ou com a ajuda eventual de terceiros.A do inciso I também está ligada a pequena gleba, mas no programa de reforma agrária. O imóvel é explorado por 10 famílias em regime de cooperativa. As isenções do art. 3 giram em torno do que é pequena gleba.

15/01/2013IPTU – IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO

É muito parecido com o ITR em sua estrutura, apesar de suas peculiaridades. Os dois impostos incidem sobre a propriedade de imóveis, sendo que um incidirá sobre o imóvel rural e o outro sobre o imóvel urbano.1. COMPETÊNCIAEstá prevista no art. 156, I, CF. É um imposto municipal.

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Vale dizer que enquanto o ITR incide apenas sobre a propriedade territorial rural, o IPTU incide sobre a propriedade predial e territorial urbana. A CF é um marco de competência, de modo que ela deu aos municípios a competência de tributar a propriedade territorial e predial urbana, enquanto em relação ao ITR, a CF conferiu à União a competência de tributar apenas a propriedade territorial rural.Em relação aos tributos municipais como um todo, é preciso lembrar a diversidade e a multiplicidade de municípios, de modo que cada um deles tem seu IPTU com suas particularidades. Focaremos aqui, pois, no que diz respeito ao que diz a CF e o CTN.2. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTARO IPTU se sujeita totalmente à legalidade; à anterioridade e à noventena, mas as BC do IPTU não se sujeita à noventena (é uma particularidade e uma “casca de banana” essa exceção do IPU. Basta esperar o exercício financeiro para que entre em vigor a nova BC. O IPVA tem a mesma exceção.) Quando a lei fixa a BC do IPTU, ou posteriormente a altera, isso pode levar ao seu aumento. Então, em tese, alterações na BC do IPTU se sujeitariam à anterioridade e à noventena. Mas por força do art. 150, §1°, CF, afasta-se a aplicação da noventena nestes casos em relação ao IPTU (fixação da BC deste imposto).Exemplo: ainda no governo de João Henrique, ele fez uma atualização do valor venal dos imóveis em 20% por lei, o que significou que o imóvel que valia 100 mil passasse a valer 120 mil. Essa lei, para ser aplicada neste exercício, deveria ser promulgada até 31 de dezembro de 2012 (anterioridade, sem noventena, portanto).Sujeita-se, o IPTU, ademais a todos os princípios tributários.Frise-se, ainda, que se a alíquota do IPTU for aumentada, deve ser observada a anterioridade e a noventena. Ou seja, a exceção da noventena só se aplica à alteração da BC do IPTU.Outra particularidade é a questão da legalidade, que não há nenhuma exceção.mas existe muitas discussões acerca da sua legalidade, pois muitos municípios definem toda a estrutura do IPTU através de decreto. A lei é quem tem que definir os critérios do IPTU, ainda que regulamentados por decreto; mas a lei deve trazer os critérios predefinidos.*Existem diversas decisões no sentido de que é possível atualizar monetariamente o IPTU por decreto (corrigir a perda de poder aquisitivo decorrente da inflação). Essa questão da possibilidade de correção monetária do tributo por meio de decreto não só ocorre no âmbito do IPTU, como também em relação a outros tributos.O art. 97, CTN trata da reserva legal. O §1° prevê que a alteração da BC de modo a aumentar o tributo, é vedada senão por lei. Só que o §2° diz que não constitui majoração de tributo a atualização do valor monetário da respectiva BC. É esse parágrafo que é utilizado para fundamentar as decisões dos Tribunais mencionadas acima.Como essa atualização não é considerada majoração do tributo, não precisa observar a anterioridade e a noventena, chegando ao extremo de se entender pela possibilidade de previsão dessa “correção monetária” por meio de decreto.

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Na prática, se o índice que o Governo aplicou for maior que o índice de inflação, pode-se arguir o aumento ilegal do tributo se feito por decreto, pois o valor da correção deve ser o mesmo que o índice da inflação.Vale ressaltar, também, que o IPTU também é alcançado pelas imunidades gerais previstas na CF/88 (art. 150, III, a, b e c. a imunidade da alínea d não é alcançada pois se refere a livros, revistas e periódico, que não são alcançados pelo IPTU).3. ESTRUTURA NORMATIVA – a CF tem algumas normas especiais também (art. 146, III, CF).

3.1. NORMAS GERAIS: art. 32 a 34, CTN. O CTN não cria tributo; quem cria o IPTU é a lei municipal, aprovada pela Assembleia legislativa.

3.2. INSTITUIÇÃO: LEI MUNICIPAL – cada município tem a competência para criar a sua lei instituidora do IPTU que incidirá sobre a propriedade predial e territorial urbana de sua circunscrição.4. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

a) Critério Material – o seu marco está na CF: “propriedade predial e territorial urbana”. Eis que vem o art. 32 do CTN e diz, como fez no ITR: “propriedade, posse ou domínio útil de bem imóvel localizado na zona urbana do município”. E aí vem a discussão: como interpretar o art. 32 do CTN? A mesma discussão do ITR existe para o IPTU: (i) a corrente radical entende que deve ser interpretada a CF à luz do CTN (??!!); (ii) no outro extremo, de forma minoritária, entende-se que o CTN deve ser interpretado conforma a CF, de modo que só poderia ser considerado o FG do IPTU a propriedade, considerando o possuidor ou detentor do domínio útil seria responsável (obrigado ao pagamento, até excluindo o contribuinte); (iii) o entendimento que prevalece é que deve ser salvo o art. 32, mas em harmonia com a CF (interpretação conforme a CF), no sentido de quem a posse e o domínio útil aptos a serem FG somente se essa posse ou domínio útil seja uma exteriorização da propriedade (não há o registro da propriedade, mas há o animus de proprietário).Ex. a doutrina majoritária traz como situações de posse e domínios úteis que seria FG do IPTU: posse mansa, pacífica, de boa fé, pelo tempo exigido para usucapir de imóvel urbano; promessa de compra e venda registrada em cartório, na qual se fixe as condições da compra e venda. Isso afasta, por exemplo a locação, que é posse precária; inclusive, o locatário nem responsável por IPTU é.

b) Critério Espacial – Há alguns autores que colocam a discussão do imóvel urbano e rural no critério material. O IPTU só incide sobre imóvel predial territorial urbano. O que seria esse imóvel urbano?A primeira premissa da incidência do IPTU é que, para ter o FG do IPTU de Salvador, devemos ter o imóvel localizado em Salvador (dentro dos limites territoriais do município; dentro da sua jurisdição. Não importa se o imóvel é de propriedade privada, do Município, do Estado ou da União, mas sim o local onde está situado). Mas o conceito de imóvel urbano, que é a segunda premissa, é ponto de discussão, a qual foi apresentada quando estudado o ITR.

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*Caso venham a ser cobrados dois IPTU’s de municípios diferentes (ex. Lauro de Freitas e Salvador), cabe ação de consignação em pagamento do valor mais alto (é o mais comum), ou do valor que se entenda devido (contudo, neste ultimo caso, pode ser que o valor seja maior e o contribuinte torne-se inadimplente em relação à diferença, com a incidência de juros e multa). A discussão em torno do conceito de imóvel urbano é a seguinte: o §1/ do art. 32 deixa claro que quem define a zona urbana é a lei municipal, em harmonia com a previsão do art. 130, da CF. ao estabelecer os limites da zona urbana, o município está definindo o que é imóvel urbano. (Município é um ente político, que não corresponde, necessariamente, a uma cidade. Um município pode comportar mais de uma cidade). A zona urbana, não necessariamente, é a zona urbana sede, mas todas as zonas urbanas da sua circunscrição. A lei municipal pode definir qualquer coisa como zona urbana? Não. O próprio art. 32, §1° CTN prevê alguns requisitos para a configuração da zona urbana: a) melhoramentos construídos ou mantidos pelo Poder Público, não precisando ser simultaneamente; b) a lei deve observar naquela zona a ser definida como urbana a presença de pelo menos melhoramentos previstos em, pelo menos, dois incisos (neste ponto a lei de salvador é ilegal).OBS: Vale lembrar que a finalidade do imóvel se for rural impõe a incidência do ITR, em detrimento do IPTU. Ou seja, se um imóvel está situado em zona prevista como urbana, mas desenvolve atividade econômica rural com fins lucrativos, incidirá o ITR. O contrario, entretanto, não é verdadeiro. Se o imóvel estiver na zona não urbana, mas não exerce função rural, não se pode falar em incidência de IPTU. Incidirá o ITR, ainda que em valor alto devido ao grau de sua produtividade. O §2°, do art. 32, fala das zonas de expansão urbana. Como o município cresce? As áreas rurais vão sendo loteadas e se tornando áreas urbanas. O crescimento da cidade de forma organizada é de interesse público. Em salvador, todavia, esqueceram disso, como, por exemplo, na Paralela. Ex. os empreendimentos privados da paralela não entraram com uma contrapartida para o desenvolvimento viário. O impacto na mobilidade urbana será e já é grande.O §2° diz autoriza a equiparar a área de extensão à zona urbana. O CTN autoriza, mas não determina. À lei municipal caberá determinar se será ou não equiparada. É uma situação especial. A lei municipal é quem deve determinar a equiparação. Se a lei municipal considerar urbanas as áreas de expansão urbana, será dispensada a observância dos melhoramentos previsto no §1° (todavia, pode o município estabelecer a exigência desses melhoramentos).

c) Critério Temporal – considera-se consumado o FG do IPTU no prazo de um ano (o FG é propriedade no período de um ano). A cada novo ano, tem-se um novo FG. Considera-se consumado o FG em 1° de janeiro de cada ano.Se o imóvel é adquirido em junho, é considerado como contribuinte o proprietário em 1° de janeiro, sendo o adquirente o seu sucessor (se o antigo proprietário não pagou o IPTU do ano da aquisição, o sucessor passa a responder por aquela dívida).

d) Critério Pessoal – contribuinte do IPTU, segundo o art. 24, é o possuidor a qualquer título (dando margem à errônea inclusão do locador como

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contribuinte), o titular do domínio útil e o proprietário. Neste caso, aplica-se o raciocínio apresentado para o critério material.<!> devemos ter atenção, pois a lei municipal copia o CTN, razão pela qual devemos interpretá-las conforme a CF.

17/01/2013(Cont. IPTU)5. MANDAMENTO

a) Critério Quantitativo – o IPTU = BC x alíquota. - Base de Cálculo - A BC dele deve ser definida em lei, apesar de ser

admitida a atualização monetária em Decreto. O art. 33, do CTN diz que a BC é o valor venal do imóvel (valor de mercado). Como se chegará a esse valor venal, quais os critérios para determiná-lo devem estar definidos em lei. Uma vez definido, o Poder executivo pode, por Decreto fazer a atualização monetária.O valor venal não é só do terreno, mas da edificação também. Contudo, o IPTU é sobre o imóvel, e não sobre bens móveis que venham a ser inseridos no imóvel, de modo que eles não podem ser considerados para a determinação do valor venal do imóvel (art. 33, CTN).É possível fazer a diferenciação do terreno e da edificação? Os municípios, geralmente, fazem o valor do metro quadrado construído e multiplica pelo espaço construído e soma-se ao valor do metro quadrado não construído multiplicado pelo espaço não construído para a determinação do valor venal do imóvel.O que se altera, conforme a lei municipal, é a alíquota, como veremos a seguir.O município, em tese, se é organizado, tem todas as condições de fazer o valor venal, pois quem procede à expedição de alvará de autorização para construir e o do “habite-se” para autorizar a moradia é o município, oportunidades estas em que o município poderia fazer uma fiscalização, acompanhamento dos imóveis, através dos seus fiscais.O CTN diz que a lei municipal é quem vai regulamentar e apresentar critérios gerais para se chegar ao valor venal, mas a forma de estabelecer esse valor venal variam a cada município. Muitos município colocam vários critérios nos quais são analisados: piso (qualidade de revestimento do piso – a, b, c,...), paredes, teto, etc. e em cada critério desse o imóvel vai ganhando uma pontuação. A localização também interfere muito, assim como a existência de área de lazer. A partir desse calculo, estabelece-se o valor do metro quadrado, podendo variar por andar do edifício, no máximo.Ex. apartamentos na Graça com 150 m², mas 1 tem 30 anos, não tem revestimento de pastilha, não tem área de lazer, 1 garagem; o outro tem todos aqueles aspectos. No critério utilizado como exemplo acima, apesar de terem a mesma metragem e serem vizinhos, um vai tem um valor venal diferente do outro.O critério de salvador não é esse, e a professora considerada muito ruim. É estabelecido o valor do m² por região (ex. quarteirão), correndo o risco de dois apartamentos como os acima demonstrados valerem a mesma coisa para fins de determinação da BC do IPTU.

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Na visão de Daniela, numa cidade grande, daria muito mais trabalho um sistema complexo como o primeiro, mas traria uma justiça fiscal muito maior.*o município não pode reavaliar o imóvel e cobrar retroativo, mas pode reavaliar, porque tem ele o direito de tributar o valor real do imóvel.*OBS: o IPTU é sujeito a lançamento de ofício. Somente após a notificação do contribuinte pode-se considerar iniciada a cobrança do tributo (carnê). VUP (Valor de Unidade Padrão que consta em tabela anexa à lei, podendo ser regulamento por decreto, trazendo seus pormenores).Como o IPTU não está sujeito à noventena, mas apenas à anterioridade, é possível a atualização da BC do IPTU até 31 de dezembro, podendo produzir seus efeitos no exercício seguinte.

- Alíquota: Progressividade: a CF dá a faculdade da alíquota ter uma

progressividade fiscal ou extrafiscal, mas não se trata de uma obrigatoriedade.

- Extrafiscal- desde 88, que a CF, no art. 182, §4°, II, determina que essa progressividade, que está ligada á função social do imóvel urbano. A CF diz mais ou menos o que é a função social do imóvel urbano, remetendo, todavia, ao Plano Diretor (§2°, do art. 182, CF). para a CF o imóvel urbano atinge sua função social quando ele segue o Plano Diretor (Diretrizes de crescimento do município, que determinará os interesses e objetivos de crescimento) da cidade. Na medida em que não é atingido o Plano Diretor, poderá ser ele cobrado do IPTU progressivamente no tempo.

Para que haja a progressividade extrafiscal é preciso: i) o Plano Diretor; ii) uma lei especifica fixado a progressividade extrafiscal do IPTU (ex. SSA – 1% ao ano a mais em relação à alíquota normal, até 5 anos – 1% no primeiro ano, 2% no segundo ano, etc.); iii) deve haver um imóvel que descumpra a função social; iv) verificando esta situação, o município precisa notificar o contribuinte para no prazo de 1 (um) ano para se adequar ao Plano Diretor (para construir ou edificar); v) se neste prazo não o fizer incidirá o IPTU progressivo (o prazo do IPTU progressivo em SSA, p. ex., tem o prazo de 5 anos); vi) se, ainda assim, no prazo de progressividade (5 anos em SSA) não for atendida a função social, poderá o Poder Público municipal adotar medidas de desapropriação.

- Fiscal - O município de BH começou a cobrar o IPTU com alíquotas variando de acordo com o valor venal do imóvel. Até 96, o normal era que o individuo que tinha o imóvel que valia 100 mil e outro tinha um imóvel que valia 300 mil, aplicando-se a alíquota igual. “A” pagaria, portanto, 3x menos que “B”. ocorre que foi criada uma lei em BH que dizia que a alíquota do IPTU variaria de acordo com a capacidade contributiva.

Contudo, muitas ações foram movidas contra essa lei, sob o argumento de que o IPTU é um imposto real, que incide sobre a

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coisa e não sobre a pessoa do proprietário. Deste modo, o valor do imóvel não reflete a capacidade contributiva do contribuinte proprietário (ex. pode ser que o individuo de patrimônio de 1 milhão tenha 10 imóveis de 50 mil). Esse entendimento foi acolhido pelo STF (com súmula, inclusive).

EC 29/2000 trouxe expressamente a autorização de progressividade fiscal a partir daí. Então, a sumula do STF passou a ser redigida com a ressalva de que é aplicada até a EC 29/00. Ou seja, o cálculo do IPTU pode variar conforme o valor venal do imóvel (art. 156, §1°, I, CF).

O inciso II, do art. 156, §1° está atrelado mais a uma função fiscal que extrafiscal.O IPTU afasta o bem de família, de modo que se for devido o IPTU, é possível alcançá-lo por meio da execução fiscal.Para finalizar, em SSA, o cálculo do IPTU se da seguinte maneira; a alíquota pode variar de acordo com o tempo, do valor venal, da localização e do uso. Salvador faz a consideração do valor imóvel por presunção, através do VUP, e formula uma tabela na qual é variado com base no padrão de cabamento do imóvel. Onde está a autorização da CF para alterar o IPTU com base no padrão de acabamento do imóvel? Não há.Como salvador pode aplicar alíquotas diferentes em imóveis que, segundo o VUP, valem a mesma coisa? Para Daniela esse calculo é totalmente inconstitucional. Ssa deveria calcular melhor o valor venal dos imóveis pra que fosse possível varia a alíquota conforme o padrão de qualidade do imóvel?

b) Critério Subjetivo- Sujeito ativo – normalmente é o próprio município, não havendo

parafiscalidade.- Sujeito passivo – contribuinte é o proprietário ou usuário ou

possuidor com animus de dono; o principal responsável do IPTU é o sucessor da titularidade da propriedade do imóvel.O IPTU é um tributo PROPTER REM, e pode alcançar o bem de família caso não seja pago o IPTU referente ao bem de família.Além disso, poder-se-ia, em tese, ter outras hipóteses de responsabilidade, mas o que interessa ao município, de verdade, é o dinheiro, e não o imóvel, já que nas execuções fiscais os imóveis são penhorados (quando o são, o proprietário logo paga o valor do débito).

IPVA – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES1. COMPETÊNCIAO IPVA é um imposto estadual e sua competência está no art. 155, III, CF. temos, portanto, 27 IPVA’s. 2. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTARSe sujeita a todas as limitações constitucionais (legalidade, isonomia, capaciadade contribuitiva, etc.), inclusive à noventena, com a mesma observação do IPTU, que a fixação da BC é uma exceção à noventena.Há outra limitação, todavia, previsto no art. 152, CF (não pode haver alíquotas diferentes somente por conta da procedência do veículo). Inclusive, já existe

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jurisprudência no sentido de que também não pode haver alíquotas diferentes somente pelo fato de o veiculo se importado. Entendeu-se que se trataria de uma bitributação.3. ESTRUTURA NORMATIVA

a) AUSÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR SOBRE NORMAS GERAIS: normalmente, é o CTN quem traz essas normas gerais. Ocorre que o PIVA é mais novo dos impostos. Foi criado pela EC de 85 (A BA criou o IPVA em 91), de modo que o CTN não tem normas gerais sobre normas gerais, e nenhuma outra LC que as trate. De modo que temos apenas a CF e as leis estaduais.Tentou-se criar neste momento o raciocínio no sentido de que a norma de competência prevista na CF seria de eficácia limitada de modo que a lei estadual não teria eficácia por inexistir a norma federal. Contudo, esse entendimento não vingou.O raciocínio que deve ser aplicado é o do art. 24, CF (competência concorrente da União e Estados e DF – cabe aos estados suplementar a lei federal no que couber, e na ausência de lei federal, os estados legislarão plenamente. A superveniência da lei federal suspenderá os efeitos da lei estadual no que lhe for contrária).O IPVA é o “caçula” dos impostos, de modo que não está previsto no CTN e não possui normas gerais. Temos, portanto, apenas a CF (o art. 155, III e o §6°, bem como o art. 158, III, todos da CF).

b) INSTITUIÇÃO: LEI ESTADUAL:

22/01/134. REPARTIÇÃO DA RECEITA – ART. 158, III, CFA parte geral do IPVA já tratamos. Devemos lembrar, agora, no que tange ao direito financeiro, que o estado deve repassar 50% da receita decorrente do IPVA para o município que o arrecada.5. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIAOs estado podem ter IPVA diferentes, ainda mais por não existir lei federal que trata de normas gerais do referido imposto. A competência do estado nesse caso é plena, até que uma lei federal venha a regular a matéria.

a) Critério material – A CF deu aos Estados a competência para tributar a propriedade dos veículos automotores.Discute-se, hoje, acerca de uma decisão do STF que gira em torno do conceito de “veículo automotor”. O estado da Bahia, compreende como veiculo os automóveis, aeronaves e embarcações; outros estados só incluíram o veiculo terrestre nesse conceito. Se a gente tivesse uma lei federal tratando disso, o tratamento seria mais uniforme. Mas Daniela concorda com o critério da Bahia. O veículo existe desde o século XIX, mormente o veiculo automotor, que é utilizado para locomoção e tem um meio próprio de propulsão. Quando se tornou um bem de massa, de acesso à classe media, passou-se a representar o veiculo automotor como uma forma de demonstração da capacidade contributiva. E se assim é, o que dirá da capacidade contributiva do proprietário de uma lancha, de uma aeronave, de um helicóptero, etc. então, Daniela fala que se trata de veiculo automotor, apenas, sem determinar se é terrestre ou não.

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Direito Tributário II – Profa. Daniela Borges

O STF, Há cerca de 2 ano, julgou que o IPVA só poderia incidir sobre veículos automotores terrestres, sob o fundamento de que a CF traz a expressão “licenciamento do veículo”, e só o veiculo automotor é licenciado. Daniela, contudo, acha esse entendimento fraco. A decisão do STF foi inter partes, de modo que a lei do estado da Bahia ainda tem eficácia. Não foi feito um controle concentrado e não há uma sumula vinculante quanto a isso.Todavia, é possível sustentar isso na pratica com grandes chances de êxito, inclusive liminar.

b) Critério temporal – período de um ano. O FG do IPVA é a propriedade do veiculo no período de um ano, considerando-se o momento de sua ocorrência o dia 1° de janeiro do ano.Quando é que o automóvel vira veículo? As concessionárias não pagam IPVA sob o veículo no pátio, por exemplo. O critério temporal, na maioria dos estados, envolve essas particularidades (o que não ocorre com o IPTU).O critério temporal dos veículos usados é o 1° dia do ano.Para os veículos novos, a lógica é a mesma, mas o veiculo só se torna veiculo para fins de incidência do IPVA quando sai da concessionária.O IPVA, na verdade, é pago antecipadamente. Projeta-se a propriedade do veículo no ano seguinte. O FG praticado é referente ao ano seguinte. O FG ocorre quando adquirido o veiculo, ou no dia 1° de janeiro. Não se pode confundir data do vencimento do pagamento com data da ocorrência do FG. Na Bahia, o momento do pagamento varia com o numero da placa judicial do automóvel.*Na Bahia, em caso de roubo ou perda total do veículo, se a pessoa já tiver pago o IPVA, pode-se pleitear a restituição proporcional, já que o indivíduo não era proprietário em todo o ano. O IPVA, na Bahia, é antecipado. O FG do IPVA é ter o veiculo no período de um ano. Então, para a Bahia, presume-se que no dia 1° de janeiro 2013 já ocorreu o FG do ano de 2013 (ou seja, paga-se o IPVA antecipadamente).*Comprei o carro em setembro de 2012; pagarei o ipva em 4/12 do IPVA de 2012. Paga-se o tributo no dia da compra.No caso de uma pessoa vender o carro ao longo do ano e já tiver pagado o imposto, não terá dierito a restituição, pois ele realizou o FG daquele ano. Cabe, no máximo, que ele resolva essa questão com o comprador.A legislação da BA diz que o IPVA Serpa devido, nos casos onde não tiver licenciamento ou matricula, no domicilio do proprietário.*A lei diz que o IPVA deverá ser pago onde o veiculo deveria ser licenciado. O proprietário do veículo só pode licenciar o veículo onde tiver domicílio. Entretanto, é muito comum na pratica, p. ex. em relação aos paulistas, que licenciam seus carros no Paraná, onde o IPVA é mais barato, forjando o comprovante de residência.Contudo, a pessoa que passa três dias em ssa e 4 em Aracaju, pode escolher qual será o seu domicilio para fins de licenciamento do veículo.*algumas locadoras de veículos de ssa fingiram que abriram filiar em Tocantins para licenciar lá e pagar IPVA mais barato. Outro caso, porém, é aquele em que locadoras que existem em mais de um lugar e, nesse caso, para Daniela, não é

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fraude (ex. localiza é de BH, mas ela mudou sua sede para o Paraná e pleiteou o direito de licenciar todos os veículos de sua frota no local de sua sede. Para Daniel, hoje, não há mais sentido de tributar o veiculo automotor, pois ele deixou de ser uma propriedade para se tornar um bem de consumo (só gera custo, deprecia, perde seu valor com rapidez).

c) Critério espaciald) Critério pessoal – o contribuinte é aquele que realiza o FG, e este é

proprietário do veiculo no dia 1° de janeiro do ano.

6. MANDAMENTOa) Critério quantitativo – é calculado da seguinte forma: BC x alíquota.

A BC do IPVA é o valor de mercado veiculo (valor venal do veiculo). Apesar de não termos essa previsão no ctn, podemos extrair dele essa conclusão. Para o carro novo, o valor da NF; no que tange ao veiculo usado, o quadro se complica, e como não há uma maneira de fiscalizar caso a caso, trabalha-se com uma tabela baseada numa presunção tida como absoluta (se não o fosse traria grandes problemas) – Tabela FIP.A fixação da BC do IPVA é exceção à noventena.O IPVA é 2,5% (alíquota) do valor venal do veiculo.O estado é quem vai fixar a alíquota do IPVA, mas o §6°, do art. 155, da CF prevê que é possível que o senado federa fixe uma alíquota mínima. Por outro lado, os estado podem fixar as alíquotas de forma variada de acordo com o tipo de veiculo e a utilização do veiculo.Não é possível variar a alíquota com base no valor real. Não é possível, por isso, uma progressividade fiscal do IPVA. o que não significa que a alíquota não possa variar, (pode haver, então, uma seletividade do IPVA de acordo com o uso e o tipo do veiculo)A tabela para fixação do IPVA é publicada pelo SEFAZ, e entende Daniela que isso ofende a legalidade, pois quando introduz um veiculo novo está fixando uma nova BC. Porém, ainda se entende que o SEFAZ faz apenas uma atualização do valor venal.

b) Critério subjetivoo sujeito ativo é o prorpio estado. Em princípio, o sujeito passivo é o proprietário e o IPVA é um imposto propter rem 9 o adquirente sucede o vendedor em relação ao IPVA). geralmente, não se consegue transferir o veiculo sem o pagamento do ipva; mas se ocorrer, há a sucessão.RESPONSÁVEIS PELO IPVA NO ESTADO DA BAHIA - O primeiro responsável é o adquirente; o segundo é o funcionário, que responde pelos IPVA’s não recolhidos quando do exercício da sua função (Daniela trata essa responsabilidade como subsidiária, de acordo com a previsão do art. 136 (?) do CTN); o terceiro responsável é o possuidor (ex. se o carro seta no nome da financiadora) e o estado pode, inclusive, executar essa pessoa (a responsabilidade do proprietário e do possuidor é solidária, conforme o art. 125, CTN).ISENÇÕES: veiculo com mais de 15 anos está isento do IPVA.

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UNIDADE IIIMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO – ITCMD

(Na Bahia, chama-se ITD) E IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS – ITBI (Em Salvador, chama-se de ITIV)

1. HISTÓRICOAntes da CF/88, só existia o imposto estadual sobre toda e qualquer transmissão de bens imóveis e direitos reais sobre esses imóveis, exceto hipoteca. O CTN é de 66, de modo que ele trata desse imposto, ainda (art. 35). A CF/88 mudou essa realidade, pois no caso de transmissão causa mortis e doação de bens imóveis, móveis e direitos seria tributado pelos estados. O município, por sua vez passou a tributar a transmissão onerosa de bens imóveis, além de direito reais e cessão do direito de aquisição.A forma de transferência do imóvel é essencial para a determinação do imóvel que incidirá sobre essa transferência. Se a transmissão for causa mortis ou doação, incidirá o ITD (ITCMD); se a transmissão for onerosa, incidirá o ITIV (ITBI). Os Estados ganharam o direito de tributar a transmissão de qualquer tipo de bem: móveis, imóveis e direitos.Se a transmissão for onerosa e só de bens imóveis, direito reais, e a cessão do direito de aquisição de bem imóveis, será tributada pelo município através do ITIV. Art. 35, CTN. apesar do CTN ter sido recepcionado, devemos saber que quando ele fala em “doação ou herança”, a gente deve aplicar o ITCMD, e quando fala de transmissão onerosa é ITIV – art. 35 a 38, CTN (aplica-se no que couber a cada um).

2. COMPETÊNCIA ATUAL E APLICAÇÃO DO CTN

3. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTARNão são exceção a nada! Aplicam-se todos os princípios e não há repartição de receita.4. IMUNIDADE – ART. 184, §5°, CFAfeta tanto o ITCMD quando o ITBI. A transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária são imunes a esses impostos de transmissão (o §5° fala em isenção, mas trata-se de uma imunidade). A desapropriação é onerosa (porque se dá mediante indenização), incidiria ITBI, mas tem a imunidade se for para fins de reforma agrária, e se o estado doa tais imóveis, seria tributado pelo ITCMD, o que também não vai incidir em razão dessa imunidade.

24/01/2013ITCMD

1. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIAÉ um imposto estadual (na Bahia ITD), sobre transmissão causa mortis e doações de quaisquer bens ou direitos.

a) CRITÉRIO MATERIAL - Só incide se i) a transmissão do bem ou direito for causa mortis (morte real ou presumida), extinguindo a personalidade jurídica do indivíduo que não mais pode ser titular da propriedade, passando automaticamente os bens (transferências), gerando este imposto estadual; ii)

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ou doação, contrato gratuito assim como o primeiro, sendo comum nos livros falar que o ITCMD incide sobre a tramissão gratuita de quaisquer bens ( móveis ou imóveis) e direitos, lembrando que aqui entra créditos e, inclusive, dinheiro. Para o estado é fácil fiscalizar, pois essa transmissão tem que ser registrada. O juiz não homologará partilha antes de serem pagos os impostos devidos. Todos os bens do de cujus devem ser arrolados no inventário, caso isso não ocorra há irregularidade, ajudando no controle do estado.

Na doação de imóveis e direitos reais de imóveis é mais fácil, pois tem de haver o registro em cartório para que haja a transferência, o que não pode ser feito sem a prova de quitação do tributo, ou o próprio funcionário se responsabilizará pessoalmente pelo tributo não pago.

Com os bens móveis já é mais complicada a fiscalização, mas não significa que não haja o fato gerador. Se há uma doação de dinheiro por ex, não incide IR, mas DEVE incidir ITCMD.

A base disto está no art. 35 CTN, mas com cuidado, pois o artigo fala de qualquer transmissão.

b) CRITÉRIO TEMPORAL - Existem vários julgados dizendo que considera-se ocorrido o fato gerador no momento em que fica aberta a sucessão (morte). No caso da doação de bens imóveis, se dá com o registro em cartório (o que vale tanto pro ITCMD quanto pro ITBI), mas na prática não se consegue registrar em cartório sem pagar o imposto, ou seja, a data de pagamento é anterior a ocorrência do fato gerador. Já nos bens móveis se consuma com a tradição.

c) CRITÉRIO ESPACIAL - É preciso ter atenção por ser estadual, havendo grande chance de haver, por isso, conflito de competência (ex: morreu em mG, é da BA e tem bens em SP). Está no Art. 155, §1, I, II e III.

Se a transmissão causa mortis for de bens imóveis e direitos reais sobre estes imóveis o imposto SEMPRE caberá ao estado da situação do imóvel, aplicando-se a lei local pelo FG ter ocorrido la e indo para este estado os valores arrecadados. Já se forem bens móveis, direitos e créditos depende:

- Se for transmissão causa mortis, é no estado onde está sendo processado o inventário.

- Se for doação, é no estado onde tem domicílio o doador.Obs: em relação ao veículo não importa onde é emplacado, mas onde

esta o inventário, por ser bem móvel.d) CRITÉRIO PESSOAL - Quem realiza o FG? O CTN tem norma geral

para o ITCMD e o ITBI (art 42) sendo qualquer das partes da operação tributária (ou o donatário ou o doador), o que deve ser definido pela lei estadual. Na herança, por óbvio, será o herdeiro.2. MANDAMENTO

a) CRITÉRIO QUANTITATIVO: BC x Alíquota. A BC está no CTN, Art 38 “valor venal dos bens ou direitos transferidos”. È o valor de mercado dos bens. Mas como se chega a esse valor? A lei do estado da Bahia diz que cabe a SEFAZ fazer a avaliação. No inventário tem de haver o arrolamento e nele tem a avaliação do bem; geralmente estes valores são utilizados. Nos casos de bens imóveis, muitas vezes o valor usado é o do cadastro do IPTU.

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A questão é que a transmissão é gratuita (diferente do ITBI) sendo mais difícil aferir o valor do bem recebido pela transmissão.

A CF no 155§1, IV diz que o senado fixará uma alíquota máxima (no IPVA é a mínima que ainda não existe) a qual se da por resolução, estando atualmente fixada em 8%. Esta resolução não revoga lei estadual que fixe alíquota superior, mas suspende sua eficácia no que exceder.

Na Bahia a lei é de 89 (anterior à resolução) com alíquota de 2% sobre doação e com uma tabela variável progressiva de acordo com o quinhão herdado e com o grau de parentesco.

È possível a progressividade em razão do quinhão herdado? A resolução, além de fixar o máximo, diz que o ITCMD será progressivo em razão do montante do quinhão herdado. Alguns alegam ser inconstitucional, pois existe a súmula 657 STF dizendo que o ITBI não pode ter alíquotas variáveis com o valor do imóvel, mas o mesmo STF está entendendo ser constitucional.

Na Bahia já há uma outra discussão: progressividade de acordo com o grau de parentesco, sendo menor quanto menor o grau de parentesco.

b) CRITÉRIO SUBJETIVO: O contribuinte, em regra, é o herdeiro ou qualquer das partes na doação. O responsável é o inventariante, os funcionários responsáveis pelos registros (caso o registro seja feito sem o recolhimento).

ITBI1. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA:È o imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (Salvador usa a sigla ITIV). È um imposto municipal.

a) CRITÉRIO MATERIAL: é a transmissão inter vivos por ato oneroso, de bens imóveis e os direitos a ele relacionados, a qualquer titulo, EXCETO hipoteca (direito de garantia).

b) CRITÉRIO TEMPORAL: é o momento da transmissão, em regra no momento do registro em cartório (considerando concomitante, mesmo ocorrendo o pagamento antecipado).

c) CRITÉRIO ESPACIAL: É sempre devido no município da situação do imóvel (Art. 156, §2, II, CF)

d) CRITÉRIO PESSOAL: Aplica-se o art. 42 do CTN, podendo ser tanto o alienante quanto o adquirente. O município de salvador escolheu o adquirente.OBS1: Transmissão onerosa não é só compra e venda, pode ser permuta, integralização de cotas em sociedade, etc.OBS2: No caso da permuta entre imóveis são duas transmissões, então devem incidir dois ITBI´s.

31/01/2013(cont.) ITBI2. MANDAMENTO:a) CRITÉRIO QUANTITATIVOSegue-se o mesmo art. 38 do CTN, que diz que a BC vai ser o valor venal do bem. Essa regra vale tanto para o ITCMD quanto para o ITBI. Aqui, a

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transmissão é onerosa, sendo mais fácil a identificação da BC. Contudo, neste ponto, surge um problema: a base de cálculo é o valor de mercado ou o valor exato da operação? E esse é um ponto importante.Existem municípios que querem sempre o valor mais alto; se você tentar vender o bem com um valor menor do que o valor de mercado, eles não aceitam (o município vai cobrar o ITBI de acordo com o valor de mercado). Na prática, como é que funciona? Na maioria dos municípios, o ITBI é sujeito a lançamento por declaração, ou seja, eu declaro as informações, inclusive o valor da transmissão e, com base nessas informações, o município calcula o valor do ITBI. É imediato, não tem aquele tempo que declara e espera meses, mas é feito o lançamento com base nas informações declaradas.Então, observe que surge, aqui, o primeiro conflito: Segundo Daniela, o CTN fala em valor venal, portanto, valor de mercado do bem, não necessariamente idêntico ao valor da venda. Isso me daria o direito a declarar um valor menor que o da venda, desde que dentro do valor de mercado, e daria o direito ao município de, caso eu venda com o valor menor do que o mercado, me cobrar o ITBI. Na prática, os municípios aceitam o valor que o contribuinte declara desde que não seja menor que o valor declarado para fins de IPTU. Em princípio, os municípios trabalham com o valor da venda, desde que observada a referida exigência. Ex: você tem um contrato de compra e venda, ou um contrato de incorporação, ai tem lá o valor do bem (inclusive você não vai conseguir registrar em cartório aquele contrato se o ITBI não for de acordo com o valor do contrato); então, em princípio, a maioria dos municípios trabalha com o valor da operação em si, da compra e venda em si. Então, por quanto esse imóvel está sendo vendido? Essa é a base de cálculo do ITBI, desde que não seja menor do que o valor do IPTU. Na prática, muita gente subavalia o imóvel para pagar menos ITBI. Ocorre que, essa prática traz uma serie de consequências quando tratamos de IR. Através do cruzamento de informações entre a RFB, os municípios e os estados, é cada vez mais fácil identificar essas práticas através da conferência de informações.Ex. uma casa fica superavaliada em razão da pessoa que morou naquele lugar. Você pode discutir o ITBI, porque, por exemplo, a casa, por ter sido do famoso tal, fica com um valor bem maior, ai o advogado pode discutir, por exemplo, que a casa no contrato tem o valor de 1,5 milhão, mas o valor venal do imóvel é 1 milhão e que o CTN diz que a base de cálculo é o valor de mercado, e este não é 1,5 milhão, mas 1 milhão. Esse ágio aí vem de uma particularidade que não diz respeito ao imóvel. Outra coisa é vender por 1,5 milhão, e esse valor ser dentro do valor de mercado e eu tentar registrar um contrato como se o imóvel tivesse sido vendido por 1 milhão – isso é fraude.

Identificada a BC do ITBI, aplica-se a alíquota, que é fixada pelas leis municipais. Apesar de não existir um máximo e um mínimo a ser observado para a fixação da alíquota, deve, sempre, ser observado o princípio da proibição do confisco (esse limite da alíquota só o juiz, no caso concreto, determinará). Cada Município tem um percentual diferente. Ex. Em SSA, a alíquota é 3%.

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PROGRESSIVIDADE DO ITBI - Outra questão relativa à alíquota é a da progressividade do ITBI: a alíquota do ITBI pode variar de acordo com o valor venal do imóvel? “Quanto mais caro o imóvel, maior a alíquota”. É possível essa progressividade? Há uma sumula do STF (656)1 que diz ser vedada a progressividade da alíquota com base no valor venal do imóvel do ITBI. Ou seja, não pode variar de acordo com o valor venal do imóvel. Diferentemente do que foi visto em relação ao ITCMD, em relação ao qual ainda há discussão acerca da possibilidade de progressividade, apesar de haver uma tendência de que seja possível (a maioria dos votos é no sentido de que seria constitucional a progressividade em razão do quinhão herdado).O que a súmula fala é que a alíquota do ITBI não pode variar de acordo com o valor venal. Salvador, por exemplo, não varia, como maioria, é 3% (no IPTU, varia por causa da localização e até valor venal...). Pode ser que outros municípios queiram estabelecer a progressividade em razão de outros critérios, o que, para Daniela, não seria possível, sem a previsão expressa da CF; mas a súmula só afasta a progressividade em razão do valor venal.*Vale frisar que a referida súmula só afasta a progressividade em relação ao valor venal.ISENÇÕES - Os municípios podem estabelecer isenções, desde que observado o princípio da igualdade. Ex. bem de família de funcionário público é isento de ITBI. A professora entende ser inconstitucional essa previsão, já que o CTN proíbe o estabelecimento de critérios diferenciadores para esta classe.As isenções devem vir sempre orientadas por valores constitucionais; por exemplo, aqui em Salvador tem uma isenção inconstitucional para Daniela: funcionário do município tem isenção do ITBI quando é o imóvel bem de família. A igualdade diz que é vedada a distinção em razão de cargo, ocupação ou função; se tivesse isenção com base no bem de família, aí tudo bem, porque ai valeria para todos, independente de ser funcionário. No plano das isenções, a igualdade é um dos princípios de mais difícil aplicação no caso concreto.*O ITBI é municipal, cada município segue à sua maneira, cada um pode criar as suas isenções.

b) CRITÉRIO SUBJETIVOO sujeito ativo do ITBI é o Município (que normalmente não delega a arrecadação do ITBI). O sujeito passivo (aquele que está obrigado ao pagamento – contribuinte ou responsável), segundo o art. 42 do CTN, é qualquer das partes da relação tributada na forma da lei (lei municipal). Esse dispositivo se aplica ao ITBI e ao ITCMD. Ex compra e venda – partes: alienante e adquirente. Quando o município é o adquirente, aplica-se a lei do município do imóvel.Então, o sujeito passivo do ITBI é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei municipal. Na compra e venda, as partes são o alienante e o adquirente. O Município de Salvador escolhe o adquirente, mas tem municípios

1� “É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel”.

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em que o contribuinte é o alienante. Isso não dá confusão, porque aplica-se a lei do município da situação do imóvel. Mas tem que ser uma das partes da operação tributada. Ex: a lei não pode definir o inquilino como contribuinte na tributação de uma compra e venda de imóvel, porque a operação tributada não é locação, mas a transmissão do imóvel. A maioria da lei municipal, de forma esperta, coloca o outro como responsável, como Salvador faz: o contribuinte é o adquirente e a lei municipal diz que o alienante responde solidariamente (responsável). Então tem que ter esse cuidado com tributos municipais.*O inquilino, por não ser uma das partes da operação tributada, não é sujeito passivo.A maioria das leis municipais coloca o alienante como responsável do ITBI. Ou seja, por um lado coloca o adquirente como contribuinte e por outra responsabiliza o alienante pelo ITBI. Também é eleito como responsável, pelo CTN, o servidor tabelião ou escrivão, do cartório se ele registra a transferência do imóvel sem a comprovação do pagamento do ITBI, sendo esta responsabilidade subsidiária.A lei de SSA, todavia, diz que a responsabilidade o funcionário escrivão, tabelião é solidaria (o credor pode ir atrás de qualquer devedor, sem benefício de ordem) só que o art. 134 do CTN fala da responsabilidade subsidiária, e ele fala desse servidor/escrivão, como sendo responsável subsidiário. Na visão de Daniela, como o CTN é norma geral, a lei do município de salvador não deve ser aplicada, devendo ser observa a previsão do CTN.Na prática, os procuradores dos municípios não estão nem aí e, se precisar, executam, cabendo ao advogado alegar isso, até porque presume-se a legalidade e a constitucionalidade da lei, até que decisão judicial as afaste.RESUMO: O art. 42 fala em “contribuinte”, que é quem realiza o fato gerador, e vai ser qualquer das partes da relação tributada, como dispuser a lei municipal. Vale lembrar, contudo, que contribuinte não é igual a sujeito passivo; este é mais amplo, e é aquele que está obrigado ao pagamento (contribuinte ou responsável); o tabelião entra como responsável. Mesmo que não tivesse essa lei de Salvador, os funcionários já responderiam, por causa do art. 134 do CTN. O tabelião não tem uma relação direta com o fato gerador e, justamente por isso, ele não é contribuinte, mas sim, responsável.

*O ITBI incide sobre transmissão por atos inter vivos, oneroso, de bens imóveis, direitos reais sobre os imóveis, exceto os de garantia (hipoteca). Ex: compra e venda, usufruto oneroso – vai incidir (se o usufruto for por doação, não incide o ITBI, mas o ITCMD). Veja-se que a CF fala: “exceto os de garantia”: o direito de garantia que recai sobre o bem imóvel é a hipoteca, por isso, quando fala-se em “hipoteca”, leia-se “os de garantia”. E por último ele fala que o ITBI também incide sobre a cessão de direitos de aquisição, desde que registrados em cartório, e ai pode haver cobrança do ITBI, se for oneroso.

IMUNIDADE ESPECÍFICA – ART. 156, §2°, I, CF

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Em relação à Imunidade: “são imunes (e não “isentas” como está no par. 5 do art. 184 da CF/88) a impostos federais, estaduais e municipais a transmissão dos imóveis desapropriados para fins de reforma agrária”. Esse dispositivo se aplica tanto para o ITBI, quanto para ITCMD.O ITBI, por seu turno, tem uma Imunidade Específica: Essa imunidade só alcança o ITBI e se relaciona com o raciocínio do constituinte de que o DT não deve ser um obstáculo às formações e reorganizações societárias. A realização de capital das empresas se dá, muitas vezes, com imóveis, tem imóveis em seu patrimônio.O ITBI, como custo, não deve ser um empecilho para as reorganizações societárias, de modo que o referido imposto não vai incidir na transmissão onerosa de bens imóveis nesses tipos de incorporações (operações de fusão, de incorporação, cisão, extinção etc - formas de reorganização societária), se há integralização do capital social com imóveis com a transferência destes para a sociedade, que não é uma transmissão gratuita.*Operações societárias: fusão – as empresas que se fundem deixam de existem para formar outra; incorporação - uma sociedade se incorpora à outra, deixando de existir a incorporada e remanescendo a incorporadora. Ex: Antártica e Brahma se fundiram, com certeza elas tinham bens imóveis, e estes passaram para o nome da AMBEV, mas não vai incidir o ITBI ai, por causa dessa imunidade.

Art. 156, § 2º - O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

Então, em regra, se eu integralizei minha quota parte numa sociedade, ou se houve fusão, cisão ou incorporação, o ITBI não vai incidir. EXCEÇÃO: Há uma exceção a essa imunidade, que é quando esses imóveis deixam de ser patrimônio – o espírito da norma é estimular as empresas terem bens/patrimônio e isso não ser empecilho às reorganizações societárias. Agora quando o objeto social da empresa é, por ex., aluguel: o imóvel para ela não é patrimônio, é uma mercadoria, é o próprio objeto social dela. Então, a exceção vem nesses casos: quando a atividade preponderante da empresa [adquirente] for: compra e venda de imóveis, locação ou arrendamento mercantil, ai não se aplica a imunidade e volta a incidir o ITBI. [A imunidade é uma norma de exceção e deve ser aplicada literalmente.]No CTN há os desdobramentos dessa imunidade. O que é atividade preponderante prevista na CF? Pode ser que uma empresa tenha como objeto social várias atividades, então quem vai regulamentar as imunidades é o CTN. O CTN, então, regula essa imunidade, que já existia nas CF anteriores. Prevê o art. 36, do CTN a imunidade de forma mais restrita, de forma que devemos aplicar a CF, que diz que é imune fusão, incorporação, cisão e extinção. Se o CTN está trazendo menos, aplicamos a CF (o Código é de 1966), por se tratar de uma limitação ao poder de tributar.

Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior:

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I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito;II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou com outra.Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos.

Ficou de fora, ai, a cisão e a extinção, então interpretamos a imunidade como está a CF. O artigo foi recepcionada, mas temos que entender que tem mais hipóteses aqui contempladas.O parágrafo único do referido artigo é um limitador para evitar fraude. Ele prevê que na extinção, o ITBI não incide se o imóvel retornar para quem o alienou. Ou seja, na integralização do capital não incidiria e a extinção também não incidiria se o sócio que alienou o imóvel para a PJ voltasse à sua propriedade.Ex: João tem uma fazenda de 10 milhões de reais e não quer pagar o ITBI, e quer vender a fazenda para Pedro, ai eles poderiam montar uma sociedade, cujo capital social fosse 20 milhões; João integralizaria sua parte com a fazenda e Pedro, com 10 milhões em dinheiro, e colocaria qualquer objeto social, que não fosse compra e venda, aluguel ou arrendamento. Ai depois de um mês, eles extinguiriam a pessoa jurídica, e ai Pedro sairia com a Fazenda e João com o dinheiro – isso é fraude. Para Daniela, o fiscal tem o poder de desconsiderar o negócio jurídico e lançar como se de fato fosse uma compra e venda. Ai para prevenir isso, o parágrafo único diz que na extinção o ITBI se o bem retornar para quem alienou, ou seja, não haveria incidência do ITBI quando da extinção da PJ do exemplo se o imóvel ficasse com João e Pedro, com o dinheiro. Não incidiria nem na integralização nem na desincorporação. Para Daniela, acaba generalizando a exceção, porque acaba punindo pessoas que fizeram isso de boa-fé (ex: a empresa durou 20 anos e tal...).O art. 37 fala da atividade preponderante: O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição. Estabelece, então, uma exceção à imunidade e, portanto, um retorno à tributação. E os parágrafos vão dizer o que é essa atividade preponderante, que é aleatória, mas é clara:

§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste artigo.§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição.§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data.§ 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante.

Ex: a minha empresa está sendo incorporada por outra, o imóvel vai sair do nome da minha empresa para ir para o nome da outra empresa. Eu quero

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registrar em cartório essa transmissão e os cartórios não vão registrar sem o recolhimento do ITBI, ai os municípios organizam: vou ter que requerer ao Município a imunidade, para isso terei que comprovar meu objeto social e o do aquirente e pleitear a imunidade. O Município já pode exigir que eu apresente a comprovação da minha receita operacional nos últimos dois anos, porque menos de 50% da minha receita operacional tem que ter sido com alienação ou aluguel de imóveis. Ai o município vai dar um despacho que vai dar direito a operadora a registrar a transferência sem o recolhimento do ITBI, mas ele vai ficar acompanhando, porque essa empresa também não pode ter 50% da minha receita operacional tem que ter sido com alienação ou aluguel de imóveis pelos próximos dois anos. Só então que a imunidade seria consumada; caso contrário, ele não satisfez o requisito necessário para ele gozar da imunidade. Para Daniela, não é uma restrição à imunidade, porque a CF já tinha ressalvado a “atividade preponderante” e cabe ao CTN definir, e o critério utilizado não é desarrazoado. Se a minha empresa é nova, não tem os dois últimos anos de receita, para poder provar que não é atividade preponderante, ai tem o parágrafo 2º, que diz que acompanha os 3 anos subsequentes. DÚVIDA: é só com relação à empresa adquirente que existe essa restrição? Isto é, se a alienante tiver como atividade preponderante a alienação de imóveis, mesmo assim incide a imunidade?

IMPOSTO DE RENDA1. COMPETÊNCIAA competência para a tributação da renda e provento de qualquer natureza é da União (art. 153, III, CF).2. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAISO IR é exceção à noventena, mas sujeita-se às demais limitações. O IR vai se sujeitar à legalidade, anterioridade, irretroatividade, vedação ao confisco, capacidade contributiva, isonomia, uniformidade na tributação federal... tudo! Exceto a noventena. Então, a lei que cria ou aumenta o Imposto de Renda não precisa esperar noventa dias para produzir efeitos, basta esperar o exercício financeiro seguinte, porque se sujeita à anterioridade, mas não se sujeita à noventena.

O IR é um imposto eminentemente fiscal, tendo por sua principal função arrecadar recursos para custear as despesas gerais do Estado e alcançar a capacidade contributiva. É um imposto que mais tem possibilidade de realizar a justiça fiscal, é a principal ferramenta de distribuição de renda. Porque além de ele ser eminentemente fiscal, ele tem outra característica muito importante: ele também é o imposto mais pessoal de todos (imposto pessoal por excelência), viabilizando a redistribuição de renda da forma mais justa (mais do que o IPTU, pois pode ter uma família morando apertada num apartamento); o IR vai analisar a renda da pessoa.É um imposto muito importante, principalmente num país como o Brasil, como ferramenta de distribuição de renda. Contudo, ele vem sendo mal usado, pois à classe média é quem está redistribuindo renda, e não quem realmente

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concentra a renda. A tributação da renda no Brasil poderia ser mais justa do que é.Em relação às imunidades, não há nenhuma específica, mas as imunidades gerais alcançam o IR. A CF diz: “é vedado à União instituir impostos sobre a renda dos demais entes políticos, a renda dos partidos políticos...”3. CRITÉRIOS ESPECÍFICOS – ART. 153, §2°, I, CFO IR é regido por 3 critérios específicos: universalidade, generalidade e progressividade. O IR será informado por esses critérios.

§ 2º - O imposto previsto no inciso III:I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;

A generalidade se refere a pessoas, de modo que todo mundo que aufere renda deve ser tributado (generalidade das pessoas), enquanto a universalidade se refere às rendas e aos proventos (toda a universalidade de renda e provento deve ser tributada); toda renda ou provento, independentemente da forma que foi adquirido, será tributada.É claro que o IR vai conviver com algumas imunidades e isenções, mas a regra que inspira esse imposto é a generalidade e a universalidade. Então, havendo acréscimo patrimonial, deve-se recolher o IR, pouco importa a origem desse acréscimo (se eu ganhei na Mega Sena, ou uma Ferrari no sorteio do Iguatemi, advindo do meu salário, advindo de aluguel...) - não é porque não é trabalho que não vai renda. E, em princípio, vai alcançar a generalidade das pessoas: não é porque é funcionário público que não vai pagar IR.A progressividade é uma ordem constitucional em relação ao IR. A CF manda que o IR seja progressivo. No cálculo do IR será explicado com mais detalhes. A progressividade é uma ordem constitucional, e é justamente essa progressividade que vai permitir a redistribuição de renda.A alíquota será aumentada quanto maior a BC.

4. ESTRUTURA NORMATIVA CTN, ART. 43 a 45 – NORMAS GERAIS – um fala sobre o fato gerador,

outro fala de BC e o outro fala do contribuinte, cumprindo o art. 146 da CF, que diz que cabe à lei complementar estabelecer tais aspectos.Então, as normas gerais do IR estão no CTN, e nós temos várias leis regulando o IR; o IR é altamente legislado e regulado. LEIS FEDERAIS: INSTITUIÇÃO – existem varias leis acerca do IR. Temos ainda a lei 7689/88, mas as mais importantes 9.249 (PJ) e 9.250 (Pessoa física). [Temos a lei 7.689/88, que foi a lei instituidora do IR pós-Constituição; mas temos duas leis mais importantes: a 9.249 (Pessoa Jurídica) e 9.250/95 (Pessoa Física), que já sofreram alterações posteriores.]Existe, também, o Regulamento do IR (RIR nº 3000/99), que é imenso. Mas não focamos muito nele porque ele é infralegal – tem que cumprir, decreto vincula, mas não pode inovar, só não cumpre se estiver contra a lei; por isso é mais importante saber CF, CTN e lei, porque aí quando tiver algo contrário no decreto você vai saber que é ilegal.

05/02/2013

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(IMPOSTO DE RENDA – IR)5. CONCEITO DE RENDA E PROVENTOO conceito de renda é importante, pois a maioria das pessoas tem uma compreensão completamente equivocada do que é renda. Renda é diferente de rendimento bruto e é diferente de receita.

Renda ≠ Rendimento BrutoRenda ≠ Receita

CONCEITO IMPLÍCITO DE RENDA NA CF/88 – isso é o que os primeiros autores que tratam do IR gostam de tratar. A CF, através da forma que ela regulamenta o Direito Tributário, traz implicitamente o conceito de renda. Ademais, considerando que a CF repartiu competência em relação aos impostas de forma a evitar uma bitributação, a renda não pode ser confundida com patrimônio até porque existem impostos próprios sobre o patrimônio (ITR, IPTU e IPVA). A CF vai repartindo a CF e de acordo com essa repartição extrai-se o conceito de renda. Renda não é, portanto, patrimônio e isso é uma limitação implícita contida na CF.

CONCEITO EXPRESSO NO ART. 43, CTN – esse art. traz o conceito expresso do que é renda. Dele é possível extrair um conceito em harmonia com a CF. Afinal, para uma correta interpretação do sistema jurídico, a lei infraconstitucional deve estar em harmonia com a CF. Tanto é assim que se o CTN nos trouxesse um conceito contrário à Cf, ele não teria, neste ponto, sido recepcionado. Prevê esse artigo que: “o imposto de competência da União sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como FG a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I- de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho, ou da combinação de ambos; e II- de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior”. Ou seja, o FG do IR não é simplesmente a renda ou o provento é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou do provento.Primeiro, vamos entender o que é renda e provento, para depois sabermos o que é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda e do provento.RENDA – é o produto do trabalho, do capital ou da combinação de ambos. Disse-nos muito pouco o artigo. Por incrível que pareça, o conceito de provento é mais importante para o conceito de renda, do que o próprio inciso I. Vejamos.PROVENTOS – são os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior (I- renda). O art. 43 traz uma informação importante acerca do inciso anterior: a renda é um acréscimo patrimonial. Por isso que o inciso II é mais importante que o inciso I, pois dele se extrai implicitamente mais uma informação sobre a renda (esse é o núcleo da compreensão do imposto sobre a renda).SÓ HAVERÁ FG DO IR QUANDO HOUVER ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. A renda não pode recair sobre patrimônio. Por isso a FG do IR é o acréscimo patrimonial e não o patrimônio em si.

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Ex. a herança gera um acréscimo patrimonial, que será tributado pelo imposto da herança (ITCMD). Vamos imaginar que uma pessoa herdou 200 mil reais. Não incidirá o IR, apesar de ser um acréscimo patrimonial, pois incidirá o ITCMD. Ocorre que, com esse dinheiro ela compra um apartamento no valor da herança e, depois de 5 anos, ela vende esse bem por 280 mil reais. Ela teve um acréscimo patrimonial quando ela vendeu esse imóvel? Sim. Temos, aqui, o FG do IR, pois o patrimônio dela, que era de 200 mil, passou a ser 280 mil. Nesse caso, a BC do IR será 80 mil, que foi o acréscimo patrimonial. Contudo, vale observar que esse acréscimo patrimonial será tributado e, uma vez tributado, integrará o patrimônio do contribuinte, de modo que nunca mais poderá ser tributado pelo IR. Por outro lado, se essa mesma pessoa vende o imóvel de 280 mil por esse mesmo valor, não incidirá o IR, pois ela só trocou o bem pelo dinheiro, não havendo acréscimo patrimonial (o patrimônio dele continuou igual). Quando ele compra o apartamento, ele está imobilizando o dinheiro; enquanto que quando ele vende o apartamento, ele está liquidando o dinheiro.A declaração do IR visa conhecer a realidade patrimonial do individuo, justamente porque o IR incide sobre acréscimo patrimonial.Esse acréscimo patrimonial pode ter diversas fontes (várias podem ser as origens do acréscimo patrimonial) e daí surge a diferença entre renda e provento. Tanto a renda quanto o provento são acréscimos patrimoniais. Mas se o acréscimo advém do trabalho, do capital ou da combinação de ambos, chama-se o acréscimo patrimonial de renda. Por outro lado, se esse acréscimo tem outra origem, será chamado de provento. Todavia, na prática, não há importância nessa distinção, uma vez que a tributação para ambos é a mesma (não existe uma tributação diferenciada por esta razão), não sendo diversa a tributação da renda e do provento. No exemplo acima dado, pode-se chamar de renda ou provento o acréscimo patrimonial obtido pelo herdeiro? Vejamos.O trabalho, aqui, deve ser entendido como trabalho humano, seja intelectual, seja braçal. Capital, por sua vez, é o dinheiro gerando dinheiro; o dinheiro trabalha para você; o próprio capital se multiplica. Isso é um ganho de capital. Assim, no exemplo apresentado, o acréscimo patrimonial é renda, pois o decorreu de um investimento da pessoa num imóvel (o dinheiro trabalhou para ela; ele sozinho produziu um acréscimo). É a mesma coisa que a acontece com as ações (mercado de capital; mercado financeiro). Veja que o imóvel é uma forma de investimento, por meio do qual o dinheiro trabalha para você.*Quando falarmos de IR sobre o ganho de capital, veremos que se eu tiver uma casa de um andar e construir um segundo andar, na hora de declarar o IR sobre o ganho de capital eu terei o direito de abater os custos com a construção (somente obras de acréscimo), pois a valorização do imóvel, não decorreu apenas de uma simples valorização; houve um investimento no imóvel. Agora, se eu peguei o dinheiro, comprei o apartamento, não fiz nada e vendi por um valor menor, o dinheiro sozinho se valorizou em razão de mercado (é um ganho de capital).Outros exemplos. Ex. um individuo trabalha, ganha 20 mil reais por mês e desses 20 mil teve um acréscimo patrimonial. Esse dinheiro será renda ou provento? Esse acréscimo será renda.

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Ex. se um indivíduo ganha na loteria, o acréscimo patrimonial é provento, pois o acréscimo não decorre nem da renda, nem do trabalho.Ex. se a pessoa recebe aposentadoria (mas nem sempre a aposentadoria é tributada) e obteve acréscimo patrimonial em decorrência da aposentadoria. Esse acréscimo é provento, pois não decorre nem do trabalho, nem do capital. A pessoa trabalhou lá atrás, mas em troca desse trabalho ele recebeu o salário, de modo que não podemos dizer que a aposentadoria decorre do trabalho. O que é tributado é o acréscimo patrimonial decorrente da aposentadoria, mas há uma faixa que é isenta de IR. Contudo, como hoje existe um teto da aposentadoria, os aposentados acabam pagando pouco IR.OBS: na maioria das vezes, o acréscimo patrimonial é renda.

Dito isso, pergunta-se: imaginemos que um indivíduo é demitido sem ter gozado as férias dele. Vai a juízo e o juiz concede a indenização pelas férias não gozadas. É possível (constitucional) a incidência de IR sobre as férias indenizadas? Devemos saber aqui se houve ou não acréscimo patrimonial (este é o núcleo do IR). A pergunta que se deve fazer para responder a essa pergunta é: “qual a natureza jurídica da indenização? Deve-se analisar o que significa essa indenização. Se ela representar um acréscimo patrimonial, haverá a subsunção do fato à norma e vai haver a incidência do IR. Por outro lado, se não ocorrer acréscimo patrimonial, não haverá subsunção do fato à norma. Então, vejamos. Qual a natureza jurídica da indenização? A indenização é uma recomposição patrimonial. Quando não foram gozadas as férias, a indenização envolve a frustração do direito de usufruir das suas férias. Esse direito é indisponível, de modo que essa esfera patrimonial é intangível. A legislação do IR previa a tributação das indenizações trabalhistas de maneira geral. De tanto perderem no STJ e STF, mudou-se a legislação. É que a União sempre se movimenta no sentido de tributar rendimento e receita; cabe a nós chamá-la para o conceito constitucional de renda e de que, se eu tenho uma recomposição patrimonial, eu não tenho um acréscimo patrimonial. Assim, se se trata, pois, de uma recomposição patrimonial, não deve incidir IR sobre a indenização pelas férias não gozadas.OBS: Toda advogado trabalhista deve ter atenção, porque quando o juiz discrimina a verba como de natureza indenizatória, não haverá desconto do IR; mas se o juiz não discriminar, incidirá o IR sobre tudo, o que pode significar muito dinheiro.Outro exemplo: indenização por dano moral. Há grandes discussões acerca do tema. O STF caminha no sentido de que não incide IR sobre a indenização decorrente do dano moral, pois representaria uma recomposição do patrimônio intangível. Os nossos tribunais estão consagrando essa compreensão de que só incidirá o IR quando houver acréscimo patrimonial. <!> É claro que nós devemos ter cuidado, pois não é só o fato de uma verba ter a denominação de indenização que ela afastará a incidência do IR; devemos observar a essência da verba (recomposição do patrimônio intangível).*O STF entendeu que no caso de indenização, há um patrimônio intangível sendo reparável, de modo que não se encaixa na HI do IR, razão pela qual não deve incidir o imposto neste caso.

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O Brasil está internalizando a teoria do “punitive damages” – teoria americana envolve a ideia da possibilidade de se cobrar ou aplicar uma indenização mais alta do que houve de dano com a intenção de punir, tendo em vista os desequilíbrios que existem nas relações jurídicas e às vezes a circunstância de que algumas empresas preferem continuar violando alguma norma do que reparar o dano. Então, para esses casos, existe uma teoria americana no sentido de aplicar as indenizações não apenas com efeito de recompor, mas também com efeito de punir.

OBS: Na declaração, o individuo deve declarar todo o seu patrimônio, pois o Poder Público (RFB) deve conhecer o seu patrimônio para saber o que tributar. Ex. se você ganhar na Loteria, declare tudo, pois o IR neste caso é retido na fonte. Assim, mesmo que você declare, a RFB não poderá cobrar mais nada, pois ele já foi tributado na fonte e incorporou ao seu patrimônio, de modo que não poderá nuca mais ser tributado. Claro que o que poderá ser tributado é o ganho de capital decorrente do dinheiro investido. A RFB pode tributara poupança, por exemplo, mas ela decidiu assim não fazer por meio de isenção. Noutra ponta, se a pessoa, ao invés de colocar na poupança, decide investir em ações, o ganho de capital em razão do premio será tributado pelo IR.

FG DO IR – aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de um acréscimo patrimonial (renda ou provento).AQUISIÇÃO DE DISPONIBILIDADE ECONÔMICA – é o dinheiro entrar no caixa. Ex. o imóvel foi comprado por 200 mil; depois de um ano, o imóvel já se valorizou para 280 mil. Eu sou obrigada a pagar o IR sobre os 80 mil desde já? Não, pois apesar de ter havido o ganho, não houve a aquisição da disponibilidade econômica, ou seja, o dinheiro não entrou em caixa.*Na declaração do IR você pode atualização do seu patrimônio, como, por exemplo, do valor do imóvel. Não pagará nada sobre a atualização do imóvel, pois ainda não houve a aquisição da disponibilidade econômica da renda.A pessoa física só paga imposto de renda em razão da aquisição da disponibilidade econômica. Inclusive, isso teve uma repercussão na esfera trabalhista. Depois de muitos anos de processo, a sentença trabalhista condenava ao pagamento de horas extras (o trabalho foi feito há anos, mas só recebeu agora); havia, portanto, uma discussão: a declaração deveria retroagir? Não. Entendeu-se que FG do IRPF é a aquisição da disponibilidade econômica, de modo que se essa aquisição só ocorreu na época da sentença, fará parte da declaração daquele ano.*Há formas de pagar menos IR, como, por exemplo, na distribuição de lucro não incide IR. Quando as pessoas vão montar um escritório de advocacia em sociedade, a sociedade para IR sobre o lucro dela, mas quando ela distribui lucros para os sócios, não incide IR. Então, o sócio pode declarar 1 milhão de distribuição de lucro que não vai incidir IR, pois o lucro já foi tributado quando pelo IRPJ. A distribuição dos lucros tem a ver com o investimento que o sócio fez na sociedade; enquanto que a PL é uma gratificação dada ao trabalhador e,

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portanto é tributada, assim como o pro labore (que é uma remuneração decorrente do trabalho). AQUISIÇÃO DA DISPONIBILIDADE JURÍDICA – significa pagar o IR independentemente do dinheiro ter entrado no caixa. Basta ter direito ao acréscimo para que já seja considerado ocorrido o acréscimo patrimonial. As PF não são tributadas assim; somente as PJ. Tributa-se de acordo com a contabilidade da PJ. A tributação pela disponibilidade jurídica diz respeito à tributação da pessoa apenas pelo fato de ter direito ao acréscimo ainda que não o tenha ainda em dinheiro. Ex. contador vai lançar todas as entradas (débitos) ainda que não tenham entrada em caixa de fato.IRPJ – Regime de caixa (tributa-se de acordo com o que efetivamente entrou no caixa da PJ) x Regime de competência (tributa-se de acordo com a contabilidade, ainda que o dinheiro não tenha entrado efetivamente em caixa). Neste último caso, existe um período em que se o dinheiro que foi tomado como base para o regime de competência não entrar em caixa, a PJ poderá pedir o estorno do valor do IR correspondente a esse dinheiro.RESUMO: o FG do IR, então, é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de um acréscimo patrimonial. se a origem desse acréscimo patrimonial for o trabalho, o capital ou a combinação de ambos, eu o chamarei de renda; se for qualquer outra origem que não trabalho, capital ou a combinação de ambos, chamaremos de provento, sendo que, na prática, não há diferença na tributação da renda ou provento.

IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA1. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

a) CRITÉRIO MATERIAL – já foi explicado. Trata-se da renda ou provento de qualquer natureza. A legislação estabeleceu regras específicas quando se tem pessoas físicas sendo tributadas. O conceito de renda não muda, mas sim o cálculo.Como saber o acréscimo patrimonial de uma pessoa natural? A renda eu sei que não pode ser salário bruto, porque rendimento bruto não é igual a renda. Mas um individuo que trabalha e ganha salário, como calcular a renda dele? Para saber o acréscimo patrimonial de uma pessoa natural, precisamos subtrair a receita da despesa (ACRÉSCIMO = RECEITA – DESPESA). Eu posso considerar acréscimo patrimonial todo o dinheiro que entra na minha conta, sendo uma parte disso eu gasto para me alimentar e se eu não me alimentar eu não sobrevivo? Não.Na PJ o acréscimo patrimonial é o lucro (RECEITA – DESPESA). Por que na PJ isso é fácil? Porque a PJ vai buscar maximizar a receita e diminuir as despesas e, ainda que ela seja sem fins lucrativos, ele tem que sobreviver. Então, na PJ, essa lógica de maximizar a recita e minimizar as despesas faz parte da própria lógica das empresas. Assim, o acréscimo patrimonial da PJ é obtido através da operação de subtração da receita pela despesa. É mais fácil de identificar. Ocorre que esse quadro é de difícil visualização na PF. Será que eu posso subtrair receita menos despesa para cegar ao acréscimo patrimonial da PF? Como calcular o IRPF? A ideia da empresa (RECEITA – DESPESA) é que só

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acréscimo patrimonial aquilo que, de fato acresce ao meu patrimônio. O que eu gasto para manter o que eu já tenho não é acréscimo patrimonial. de alguma maneira, devemos transpor essa ideia para a PF. Quer dizer, não se pode tributar a PF no que ela gasta para sobreviver. Portanto, quanto às PF, não podem ser tributadas as despesas. Contudo, não pode ser deduzido todos os gastos realizados, pois geralmente quanto mais o indivíduo ganhar mais ele vai gastar. A lógica do IR da PF não é essa lógica pura e simplesmente RECEITA - DESPESA, pois existe um limite fictício presumido pela lei de um homem médio. A legislação vai presumir quais são os gastos básicos de um homem médio (alimentação, transporte, moradia, saúde, educação, etc.). Assim, o que sobrar desse limite será tributado, pois será considerado acréscimo patrimonial. A PF não vai pagar IR sobre o salário bruto; vai pagar IR sobre o que exceder os gastos de um homem médio. Ela tem direito de abater os gastos de um homem médio, porque ninguém pode ser tributado no mínimo existencial.

b) CRITÉRIO TEMPORAL – pode-se pensar a noção de acréscimo patrimonial de forma instantânea? Não. É preciso ter dois momentos no tempo para fazer uma comparação. O critério temporal do IRPF é o período de um ano (exercício financeiro, que vai de 1° de janeiro a 31 de dezembro de um ano). Mas por que a PF sofre retenção na fonte? A retenção na fonte é uma antecipação do IR. Imaginem um individuo que ganha 5 mil por mês, tem 3 filhos e não sofreu retenção na fonte ao longo do ano. Quando chega no ano seguinte, ele descobre que tem que pagar 6 mil reais de IR. Qual a chance desse cidadão pagar? Zero. Então, o legislador, espertamente, entendeu por obrigar a fonte pagadora dessa remuneração a descontar todo mês um percentual a título de IRRF. O IRRF é cobrado por antecipação do IR devido (cobrança parcial), que, na verdade, só se conhecerá quando o ano acabar. Desconta-se todo mês um percentual a título de IRRF.Ex: não há como tributar o IR de 2012 antes de 2012 acabar, pois pode ser que em 31 de dezembro eu ganhe um premio ou contraia uma grande despesa médica (a despesa médica não sofre limitação na declaração, podendo ser declarada em qualquer valor). Só se pode calcular definitivamente o IR de 2012 quando o ano acaba. É por isso que a lei obriga que seja feita em março e abril de 2013 a declaração do IR para ajuste. Então, em 2012 eu vou antecipando o IR, e quando chega no ano seguinte faz-se a declaração do IR. E aí eu vou descobrir quanto eu realmente deveria ter pago.Depois de declarado será feita a seguinte comparação com o IRRF pago antecipadamente e o valor realmente devido. O que realmente deveria ter pago é igual ao que foi pago realmente? Se sim, ok! Se foi maior o que eu paguei, deverá ser complementado; se o que eu deveria ter pago for menor do que eu paguei, haverá a restituição.*A tributação do IRPF é sempre anual.Ex1. uma pessoa trabalhou janeiro, fevereiro e março, ganhando 5 mil reais. Em março, ela foi demitida, mas ainda recebeu 2500 de rescisão, embora tenha passado o resto do ano desempregada. Quando a empresa pagou a ela em janeiro, fevereiro e março, ela descontou o IRRF, mas a pessoa passou o resto do ano sem trabalhar. Quando chega em março/abril, na hora de fazer a sua

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declaração, os 17500,00 que ela recebeu ao longo do ano estará na faixa de isenção, de modo que todo o IRRF nos três primeiros meses, terão de ser restituídos. Isso se dá porque a tributação mês a mês é parcial; a tributação definitiva vem ao final do ano.Ex2. uma enfermeira ganha 1 mil reais em cada um dos 4 hospitais que trabalha; pagando 1 mil reais, o hospital não é obrigado a reter o IRRF por força da lei, mas a renda mês da enfermeira é de 4 mil. Desta forma, ela vai passar o ano inteiro sem sofrer retenção, mas quando chegar o momento da declaração anual ela terá muito IR a pagar, porque a tributação é da renda ano. Claro que ela pode pagar carne leão (antecipação voluntária do IR – é como se fosse o IRRF), mas isso não é obrigatório.

c) CRITÉRIO ESPACIAL – em regra, paga-se o IR em razão do acréscimo patrimonial auferido no Brasil, mas pode-se pagar também o IR em razão do acréscimo patrimonial auferido no exterior, em virtude de um elemento de conexão. A União não vai tributar um argentino que mora na Argentina e trabalha na Argentina e ganha dinheiro na Argentina. Mas um advogado que vai para a Alemanha prestar uma consultoria para uma empresa alemã e ganha 30 mil euros. Querendo dar uma de esperto, deposita o valor numa conta na Suíça. Ele está, por lei, obrigado a declarar o IR referente a esse 30 mil euros aqui no Brasil, pois existe o vínculo da cidadania.*É possível o brasileiro deixar de pagar o IR no Brasil, desde que se declare sua saída definitiva do país. Para tanto, precisará encerrar todos os negócios dele no país (conta, imóveis, o CPF fica cancelado, etc.), o que não significa que ele não vai mais voltar.Mas sendo brasileiro, em razão do vínculo da cidadania, não há outro jeito para deixar de pagar IR. Ex. alguns jogadores de futebol tem problemas em relação a isso, porque muitos deles tem que declarar o IR em dois países diferentes (bitributação da renda na economia globalizada).Claro que muitos países já elaboram Tratados para evitar essa bitributação. O Brasil, inclusive, tem tratados com alguns países para evitar a bitributação da renda. Com os países que o Brasil não tem tratado, existe uma regra no Brasil muito importante: “o brasileiro poderá deduzir o IR pago em outro país se a norma deste país der tratamento recíproco em caso contrário”. Essa norma é importante, pois por ser uma norma interna brasileira, independe de Tratado, que vale a depender da lei interna de outro país.

d) CRITÉRIO PESSOAL – ser pessoa natural não empresária. Esse é um ponto importante, pois o empresário individual deve pagar IR como PJ. Ele é equiparado à PJ para fins de tributação. As pessoas naturais em atividade empresarial são obrigadas a ter CNPJ, pois se equiparam à PJ para fins de tributação.

14/02/2013IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA

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2. MANDAMENTO CRITÉRIO QUANTITATIVOA noção de renda na PF é uma noção de um homem médio; renda é sempre uma noção de acréscimo patrimonial, nunca de rendimento bruto. Agora, como medir o acréscimo patrimonial numa pessoa física? Numa PJ é fácil, pois ela visa, pelo menos, fechar a conta, diferentemente da PF. É mais difícil, portanto, calcular o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. Tanto é assim, que construiu-se a ideia no Brasil e no mundo de que a renda, na PF, é o que excede as despesas de um homem médio (a lei vai presumir as despesas de um homem médio). Vale lembrar, aqui o Critério temporal do IRPF – dissemos que para entendermos o acréscimo patrimonial temos que ter dois momentos no tempo para comparar. Para saber se o patrimônio da pessoa cresceu ou não, eu preciso ter dois momentos no tempo. Na pessoa física, a renda é mensurada no período que vai de 01 de janeiro a 31 de dezembro. Todavia, apesar disso, no curso do ano de recebimento da renda é exigida uma antecipação do imposto. Eu só posso conhecer minha renda de 2013 quando o ano acaba, pois pode ser que no dia 31/12/2013 eu ganhe na mega sena ou eu tenha uma grande despesa. E é justamente por isso que a gente tem a declaração do IR em março ou abril do ano seguinte. Ex. Em março/abril de 2013 as pessoas declaram a renda de 2012.Mas, se uma pessoas que recebe 4 mil reais por mês só tivesse que recolher o IR em março ou abril no ano seguinte, e ela descobrisse que tem que pagar 6 mil reais de IR, ela não ia ter dinheiro para pagar. Então, a legislação exige das pessoas naturais uma antecipação mensal do IR.A professora explicará o calculo, tanto da tributação mensal, quanto da definitiva. Vale lembrar que renda na PF não é rendimento bruto/salário, mas o que excede os gastos de um homem médio. A renda é compreendida no período de um ano, de modo que a aferição definitiva da renda só pode ser feita quando o ano acaba. Então, a tributação definitiva do IR 2013 será em feita em março/abril de 2013, mas em 2012, a maioria das pessoas físicas esteve sujeita a uma retenção na fonte, o que se chama de IRRF.a) ANTECIPAÇÃO MENSAL – IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte)A União, espertamente, manda a fonte pagadora descontar o IR do salário do trabalhador. Dessa maneira o trabalhador não tem a opção. Se o dinheiro chega às minhas mãos, eu posso pagar ou não pagar. Mas no caso da retenção da fonte, é maravilhoso para a União, pois a fonte pagadora do salário já desconta e o trabalhador não tem a opção de pagar ou não pagar, porque já foi descontado do salário dele. E é claro que ele não vai pagar duas vezes. Assim, na hora da tributação definitiva, calcular-se-á quanto ele realmente deveria ter pago e compara-se com o que ele pagou retido na fonte. Se ele pagou retido na fonte mais do que ele deveria ter pago, ele vai ter direito à restituição; mas se ele pagou menos do que ele deveria ter pago, ele vai ter que complementar; por fim, se o pagamento for igual ao que deveria ter pago (o que é muito raro), ele não precisa pagar mais nada, e nem tem a restituir. Ele pode, assim, ter direito a restituição ou o dever de complementação. É muito raro que a Renda Real e Presumida seja a mesma.

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Pois bem. Essa antecipação mensal não é definitiva, por isso que ela não é perfeita, não permite que o indivíduo deduza suas despesas. É uma tributação temporária, mas existe uma fórmula de calculo mês para viabilizar essa tributação mensal.Mesmo nesta tributação mensal, renda não é igual a salário. A BC do IR, seja PF, PJ ou ganho de capital é sempre o montante do acréscimo patrimonial. Lembre-se que a BC dos impostos visa mensurar a capacidade contributiva demonstrada, que neste caso é o acrescimento patrimonial. Então, a BC do IR é o montante do acréscimo patrimonial. Como calcular o acréscimo patrimonial? (art. 44 do CTN)

- Forma Real- Forma Presumida- Forma Arbitrada

O art. 44 do CTN vai dizer que BC do IR é o montante real, presumido ou arbitrado da renda ou do provento, ou seja, do acréscimo patrimonial.No calculo mês, que é uma tributação presumida, temporária, parcial, a BC é o rendimento bruto pago pela fonte pagadora menos as despesas legalmente dedutíveis, mês a mês. Por que “rendimento bruto pago pela fonte pagadora”? Pois, uma fonte pagadora não é obrigada a saber quanto outra paga ao indivíduo (ex: médicos, enfermeiros que trabalham em vários hospitais; os hospitais não tem o dever de saber quanto os outros pagam; seria demais exigir da PJ esse tipo de conhecimento). Então a BC do IR neste calculo mês é o rendimento bruto que a fonte pagadora está pagando (aquilo que a fonte está pagando) – menos o que a lei permite deduzir. Não é, portanto, a renda mês do individuo; eu não pego o rendimento bruto mês do individuo; pega-se exatamente aquele montante que a fonte pagadora está pagando àquele individuo e vou deduzir o que a lei permite.

BC do IRRF = rendimento bruto pago pela fonte pagadora – despesas mensaisDESPESAS MENSAIS LEGALMENTE DEDUTÍVEIS: vamos pontuar as mais importantes.

1 – Contribuição Previdenciária (é um tributo): é o valor descontado do segurado para fins de aposentadoria. Existem duas contribuições previdenciárias: uma da empresa (que é 20% sob a folha; ela paga do dinheiro dela) e existe um do empregado (8% ou 9% do rendimento bruto, que é descontado do salário do trabalhador, mas quem recolhe, também, é a empresa). *é engraçado que, às vezes, o empresário mais leigo acha que ambas as contribuições são pagas por ele. Mas na verdade, são duas contribuições previdenciárias diferentes.Uma é patronal (porque a empresa paga com o dinheiro dela) e a outra é do empregado (a empresa desconta do salário dele). Tanto é que se a empresa não pagar o do empregado há um crime de apropriação indébita. Todavia, se a empresa não pagar sua parte, não há prática de crime algum, apesar de constituir um ilícito.

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Observem, então, que a BC do IRRF mês é o rendimento bruto menos, pelo menos, essa contribuição previdenciária. Comentaremos mais à frente que existe um teto (3916,00), pois ninguém se aposenta e ganha de rendimento de aposentadoria mais do que esse teto. Então, há um entendimento de que se o aposentado não pode receber mais do que o teto, não se pode, também, contribuir sobre um valor maior do que o teto. Não seria justo.Ex: João tem um rendimento bruto de 5 mil reais (ou seja, tem uma fonte pagadora que lhe paga 5 mil reais). Paga 400 reais de contribuição previdenciária. A BC do IRRF, aqui, já não é 5 mil, mas 4.600,00.

2 – Dependentes – Continuando o exemplo acima... Além disso, João tem direito a abater um valor fixo por dependente (quem são os dependentes que podem ser deduzidos mês a mês? Os dependentes são os filhos menores; por isso que as empresas pedem cópia de certidão de nascimento. Vai haver esse valor fixo, que pode ser de filho com até 24 anos quando estão estudando).Existem outros dependentes que entram no cálculo anual, mas não no mensal (para não dificultar para a empresa, a fonte pagadora, essa conta. Seria extremamente oneroso para a empresa fiscalizar todos os vínculos do empregado). São cônjuges, companheiro em união homoafetiva, união estável, ascendentes, incapazes, etc. Esse valor é atualizado todo ano. No ano passado era de 159,00. O que precisamos saber é que deduz-se um valor fixo por dependente. O valor é fixado anualmente por lei. Ex. Imaginemos que João, tendo 3 filhos, abaterá 150 reais (arredondando) por cada um (ou seja, 450, ao todo). A BC de João já passa a 4.150,00 (5.000 [RB] – 400 [CP] – 450 [D]).Observa-se, assim, que João pode ter um colega de trabalho com o mesmo cargo, que ganha o mesmo salário bruto, mas a BC desse colega pode ser maior (no caso, 4600 – [RB]-[CP]), como por exemplo se ele não tiver filho nenhum. SALÁRIO BRUTO, PORTANTO, NÃO É IGUAL A BC NEM DO IR MÊS.

3- Pensão alimentícia - Outro valor que pode ser descontado é a pensão alimentícia que é descontada na folha (se não for descontada em folha, o abatimento será feito apenas no IR anual). Mas aquela que a fonte pagadora, por ordem judicial é obrigada a descontar e pagar ao alimentado é abatida. Mais uma vez ajuda pensar que isso dá para a empresa saber.Então, vejamos o que a empresa pode deduzir: a contribuição previdenciária (que ela tem que calcular mesmo, já que ela vai descontar do salário do trabalhador), o valor fixo por dependente (dependente, este, filho que ela também tem como aferir) e essa pensão alimentícia descontada em folha (que ela também tem como ter controle, afinal existe uma ordem que manda ela descontar do salário do trabalhador e pagar para outra pessoa – beneficiária da pensão).Ex2: Imaginemos que José ganha 5000. Abate 400 e ainda tem 2 filhos sob sua guarda, e mais um sob a guarda de uma ex mulher que recebe pensão de 1200 reais. *vale ressaltar que se João paga pensão alimentícia a um dos seus filhos, o valor a ser deduzido será somente o valor da pensão, e não o valor fixo por dependente (este valor será deduzido para cada filho que esteja sob sua

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guarda). A BC, então, é 3100. Iremos para a tabela, então, como valor da BC, e não com o valor do rendimento bruto.TABELA DO IR MÊS: tabela 2012 (ano de 2012 declarando em 2013)BC mês AlíquotaAté 1566,61 - De 1566,62 até 2347,85 7,5%De 2347,86 até 3130,51 15%De 3130,52 até 3911,63 22,5%Acima de 3911,64 27,5%

Como é que a alíquota do IRRF incide? João tem por BC, como vimos, R$ 4.150,00;

Então, na verdade, o que acontece é que os 4150 de José serão decompostos. A maneira que a Receita faz, apesar de ser por meio de outro cálculo, é com este objetivo. O indivíduo vai ser tributado progressivamente. Isso porque a lei não vai permitir a ninguém deduzir gastos com alimentação, transporte, moradia, vestuário e lazer. A lei não diz isso. Porque quem ganha até 1566,61 é isento? Porque esses são os gastos de um homem médio (esses 1566,61 serão isentos de IRRF). Agora se ele ganhar acima disso, ele pagará o IR sobre o que excede. Afinal, TODO MUNDO TEM O DIREITO DE NÃO SER TRIBUTADO NO MÍNIMO, que não é acréscimo patrimonial, mas as despesas básicas de um homem médio, de modo que ninguém pode ser tributado nessa faixa.Sugestão para o calculo: deve subtrair os intervalos de valores: 2347,00 - 1566,00 = cerca de 700,00. Então, dos 1566,00 de João, ele não vai pagar nada; e de cerca de 700,00 (resultado daquela subtração) ele pagará 7,5%. Da mesma forma, dos outros 700 e poucos reais (resultado da subtração de 3130,00 e 2347,00), ele pagará 15%. João só vai pagar, por sua vez, 27,5% sobre 4150,00 menos 3911,00, que vai dar 270,00 mais ou menos. Essa é a faixa que vai tributada com 27,5%. O primeiro raciocínio: Ex. Antonio ganhava 1500,00 e recebeu um aumento e passou a ganhar 1700,00. Antonio está preocupado em ter redução salarial, pois com a mudança de faixa e com a incidência da alíquota de 15%, ele passaria a ganhar antes do aumento. E aí a pergunta: o receio dele tem fundamento? Não, pois apesar de passar a ser tributado, ele somente o será no que excede 1566,00. Então, ele vai pagar 7,5% sobre 144,00, o que dará menos de 15,00 reais de imposto.Esse raciocínio vale para todas as faixas. Vamos lá: vamos imaginar uma BC de 10.000,00. 1566,61 desses 10 mil não serão tributados (faixa isenta); 781,23 (2347,85 – 1566,62) será tributada com a alíquota de 7,5%; 782,66 (3130,51-2347,86) será tributado com 15%; 781,01 (3911,63 – 3130,52) com 22,5%; e 6.088,87 (10.000,00 – 3911,64) com 27.5%. A soma de 1566,61 + 781,23 + 782,66 + 781,01 + 6,088,87 será igual a 10.000,00. Esses 10.000,00 estão sendo tributados, portanto, de forma progressiva. O único valor que variará de

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uma BC para a outra é o ultimo (no exemplo, os 6.088,87), pois os demais são fixos.Se a BC for 2.500,00, por exemplo? Até 1566,61 não incidirá nada; entre 1566,62 e 2347,85, 7,5%. Aí eu pegaria 2.500,00 e abateria dos 2347,86, que dará 152,15, o que seria multiplicado pela alíquota de 15%.Quando compreendemos isso, para a professora, é possível concluir que a lógica do IR brasileiro é absurda. A lógica é a seguinte: 1566,00 são os gastos do individuo e ninguém é tributado. Afinal, todos tem o direito de não ser tributário no mínimo existencial, qual seja R$ 1566,61. Entre os 1566,00 e os 2347,00, já há tributação, mas com uma alíquota baixa, pois os gastos apesar de não serem superficiais, ainda não são tão supérfulos. Quando você reflete sobre isso, conclui-se que a legislação entende que quem tem uma BC acima de 3911,64 é muito rico, pois é tributado com a maior alíquota do IR (presume-se que ele pode suportar a maior carga tributária do IR). O que não é verdade.Por isso que ela defende que a classe média tem que parar com a conversa de que a alíquota do IR é alta. O problema não é a alíquota, é a faixa. A classe média é quem está distribuindo renda no Brasil. O que resolve o problema para a classe média não é a diminuição da alíquota, porque diminui para todo mundo, mas a mudança da faixa. O discurso que interessa a classe média é “vamos aumentar as faixas”. A redução da alíquota só interessa a quem tem muito dinheiro. Para Daniela seria possível até aumentar a alíquota (ex: 35% para quem ganha mais do que R$ 60.000) desde que mudem a faixa de 3911 reais. Ela acha, inclusive, que deveríamos ter muito mais alíquotas. Esse é o calculo do IRRF (IR mês). Quem faz o cálculo é a fonte pagadora, que é obrigada a descontar do trabalhador e pagar esse IRRF. Se o que ela paga ao trabalhador na hora que ela calcula a BC dá menos de 1566,00, ela não é obrigada a pagar nada a título de 1566,00. Se a BC for maior do que 1566,61 nasce para a fonte pagadora a obrigação de reter e recolher. Então, quem faz a retenção não é o trabalhador, mas fonte pagadora.CARNÊ LEÃOE a enfermeira que trabalha em 3 hospitais e ganha 1500 em cada um? Ela não vai sofrer retenção em nenhum dos hospitais, mas a renda mês dela é 4500,00. Por mais que deduzam as despesas legalmente dedutíveis ela vai ter que pagar o IR. Ela também não é obrigada a antecipar, mas poderá fazê-lo se assim o quiser. É o chamado carnê leão. Ela vai fazer o calculo, somando os rendimentos. Isso é interessante, porque ela não terá que pagar tudo de vez no momento da declaração anual. Ela foi antecipando ao poucos e aí vai ter direito à restituir, ter que complementar, da mesma forma.Hoje, os sistemas da RFB não são complicados para fazer o cálculo, mas a maioria das pessoas, infelizmente, teriam que contratar um contador para fazer essa retenção. Outra opção, também, é ela ir poupando para pagar no ano seguinte.Mas, na visão da professora, a contratação de um contador, para a maioria das pessoas não se faz necessária, pois essa declaração se faz de uma maneira fácil. É só baixar um programa no site da receita.

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b) TRIBUTAÇÃO DEFINITIVA ANUALTemos que esquecer, aqui, o cálculo mensal. O maior erro das pessoas e achar que a pessoa que sofreu retenção na fonte não será mais tributada pelo IR. Na hora da tributação anual, começa-se a conta do zero. Ignora-se se a pessoa fez ou não retenção e começa do zero. Aqui, temos que somar todo o rendimento bruto do individuo - “ah, Daniela, mas eu sofro retenção”. Não importa, porque você também vai abater as despesas de novo e, lá no final, haverá um encontro de contas (a compensação). O contribuinte é obrigado a declarar tudo (março/abril). As pessoas são obrigadas a declarar todo o tipo de rendimento bruto tenha ou não tenha sido pago por fonte pagadora; tenha ou não tenha sofrido retenção. Ex: Professor de matemática trabalha em 02 colégios que retém na fonte – quem é trabalhador assalariado não tem como escapar do IR. Hoje, toda PJ é obrigada em janeiro e fevereiro a declarar a receita federal quanto foi pago para cada CPF. Então, se a enfermeira não declarar que ela tinha 4500,00 de rendimento mês, a empresa não sabe disso, de modo que RFB ao puxar um mero relatório, pode identificar a sonegação. Ocorre que tem gente que pega essa informação e acha que só deve declarar o que a fonte declarou que pagou. Não. Nós estamos aqui para estudar o “dever ser”; a pessoa é obrigada a declarar tudo.Então o professor, por exemplo, que elem de ensinar nas escolas, dava aula particular é obrigado a declarar o que recebeu a título de aula particular (mas, é claro, que geralmente ninguém o faz).Hoje em dia a RFB está pegando muitas situações que envolvem nós estudantes universitários. Ex2: O filho faz estágio remunerado; Se o pai coloca o CPF como dependente, ele é obrigado a somar o salário de estagiário do filho por mês. Muita gente tem caído na malha fina por isso. Do ponto de vista legal, o titular da declaração está obrigado a declarar a fonte de renda dos dependentes tenha ou não a fonte pagadora desses dependentes declarado. A depender do rendimento do dependente, é melhor que ele não seja considerado dependente.Aqui, na declaração anual, para efeitos de dedução do valor fixo por dependente não inclui só filho, mas cônjuge, união homo afetiva (desde 2008 é aceita), união estável, ascendentes, etc. A pessoa pode declarar tudo, mas se a recita questionar a dedução, é preciso comprovar o vinculo de dependência (fotos, contas no mesmo endereço, etc).OBS: SÓ SE PODE INCLUIR COMO DEPENDENTE ALGUÉM QUE VOCÊ DETENHA A GUARDA LEGAL (ex: avô que cria o neto – não pode colocar como dependente se não tiver a guarda legal). Esse é um grande problema nas famílias que tem divórcio. Ex3: Em casos de casais divorciados – se a guarda da criança está com a mãe, só ela poderá coloca-lo como dependente. O pai poderá, no máximo, abater aquilo que paga como pensão. No caso da mãe a pensão paga pelo pai, entra como rendimento para ela, que poderá deduzir as despesas do filho (taxa fixa por dependente, saúde, educação, etc.). Ocorre que, muitas vezes, o pai paga a

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pensão para o filho, mas na declaração deduz escola, plano de saúde, além da pensão e, aí, cai na malha fina.Ex4: no caso do dependente que é ascendente, devemos ter o seguinte raciocínio: ele entra como dependente e poderá ter suas despesas deduzidas na declaração do filho; porém a sua aposentadoria deve entrar como rendimento.*De maneira geral, além do que se abate, pode-se abater saúde e educação, sendo que o gasto com saúde É ILIMITADO. Se alguém gastar 1 milhão de reais numa cirurgia ela poderá deduzir a despesa. O indivíduo pode deduzir despesas médicas sua e de seus dependentes SEM LIMITES. O que entra aqui é um conceito de saúde em sentido intermediário: não entra medicamento e despesas estéticas (claro que aqui não se fala de cirurgias estéticas reparadoras). Aqui entra fisioterapia, dentista, psicoterapia, terapia ocupacional, etc. A Receita está sempre expandindo a lista, acrescentando novos itens. Quem tem plano de saúde só poderá deduzir o que gastou a mais. Não se pode deduzir o que o plano gastou. Inclusive alguns seguros fazem reembolso. Só se pode deduzir o que não foi restituído, o que, de fato, se gastou. Com educação existe um limite. Há um valor fixo no ano (R$ 3091,00/ano ano passado, todo ano muda). Isso é por dependente. Esse é um dos pontos mais criticados no IR. Daniela concorda com o limite. Se você chegar em países que tem um ensino público de qualidade nem existe essa dedução. No Brasil, permite-se a dedução com escola privada, mas, se você permitir que o indivíduo deduza todo o gasto com a educação o estado estaria reforçando a desigualdade. O Estado, de fato, precisa de dinheiro para investir em educação. Daniela acha que seria interessante discutir esses valores (muitos interiores têm escolas baratas, que não dá pra comparar com cidades como Salvador). Educação, aqui, só entra educação em sentido estrito (não entra escola de inglês, de musica, cursinho vestibular, pré concurso, etc).

19/02/2013(cont. IR) CRITÉRIO QUANTITATIVO

- Renda real (Declaração Completa)Na renda real, como vimos na aula passada, o contribuinte vai declarar todos os seus rendimentos e os rendimentos de seus dependentes, deduzindo todas as despesas permitidas por lei. É a chamada declaração completa. A PF vai auferir a renda ao longo de um exercício. IR Ano base 2012 é a renda auferida entre 1 de janeiro e 31 de dezembro do mesmo ano. Mas a declaração desse IR é 2013. É tanto que é muito comum ver a referencia do IR 2012 (ano base)/2013 (ano do exercício, que vai se apurar e recolher o tributo) *Ano exercício é aquele em que vai ser declarado o IR.A PF quando escolhe a declaração, já sabe quanto teve de renda no ano anterior. De fato, ela pode escolher o sistema de tributação que lhe for mais benéfico e ela tem certeza disso, porque ela já conhece a renda dela. Inclusive, no programa da RFB tem a opção de migrar de sistema, alterar o tipo de declaração (da tradicional para a declaração simplificada, se esta for mais

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benéfica). É o que alguns autores chamam de um planejamento tributário na lei, pois a lei nos oferece uma opção de se pagar menos imposto.A linguagem que se usa é “declaração completa e “declaração simplificada”, mas,na verdade, o que ocorre é que quando faço a declaração e opto por fazer a declaração completa, eu opto por pagar o IR de acordo com a minha renda, meu acréscimo patrimonial real. Então, eu sou obrigada a somar todos os meus rendimentos e só tenho o direito de deduzir as despesas que eu realmente tive e as despesas que eu tive com o que a lei permite eu deduzir.

- Renda presumida (Declaração Simplificada)Agora, quando se fala sobre a renda presumida, a lei prevê uma hipótese de presunção de quanto foi a sua despesa (veja-se que na PJ se presume o lucro, e não a despesa). Faz-se, então, uma presunção das despesas da pessoa natural e essa presunção, quando a pessoa opta pela declaração simplificada, não pode declarar nenhum gasto real que ela teve no ano. Ela deduz apenas a despesa presumida.Ex. “A” teve o rendimento bruto anual de 50 mil reais e 20% desse valor (10 mil) é despesa, de acordo com a lei da declaração simplificada. Então, esse indivíduo vai ter o direito de abater 10 mil reais de despesa (as despesas presumidas somam 10 mil). Sendo assim, a BC dele, então, será de 40 mil reais. E aí vamos para a aplicação da tabela de alíquotas do IR. Pouco importa se ela teve 10 mil reais de despesa real. Importa apenas se ele não teve mais despesas, pois se ele teve mais, seria melhor ele ter optado pela declaração completa. Mas se as despesas reais forma menores ou iguais às presumidas, pouco importa.OBS: se, ao fazer a declaração simplificada ou completa, for pagar a mesma coisa, a simplificada é melhor, porque não é preciso comprovar nada, não precisa juntar documentos à declaração (claro que você não pode sonegar rendimento, sob pena de ser autuado), não se sujeito ás glosas da RFB (quando ela recusa a despesa deduzida). Então, a declaração simplificada tem uma serie de benefícios.Ocorre que é preciso ficar atento ao teto da declaração simplificada. Se eu tenho um rendimento bruto de 100 mil, pensamos num primeiro momento que será possível deduzir 20 mil e a BC ficar 80 mil. Mas existe um teto e este teto é dos muitos valores que são atualizados anualmente (ano passado era cerca de 14 mil e hoje está em 15 mil). Se os 20% de dedução for maior que o teto, o indivíduo só tem direito de deduzir o teto. Ainda assim a declaração simplificada pode ser interessante, mas depende da realidade da pessoa. Ex se a pessoa não tem mais gastos com escola, tem plano de saúde e não tem filhos. Nesses casos, porque só pode deduzir o plano de saúde e a contribuição previdenciária, pode ser que a declaração simplificada represente uma boa alternativa, mesmo com o teto (mesmo não podendo deduzir os 20%).Resumo: A lei faculta às pessoas físicas realizar a declaração simplificada tomando-se como presunção de despesas a serem declaradas no percentual de 20%. Vale ressaltar que existe um teto para esse tipo de declaração (mais ou menos 16 mil), que varia ano a ano, de modo que os 20% referidos na lei

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devem observar o teto de legal. Ou seja, se os 20% forem superiores a 16 mil, só poderão ser deduzidos os 16 mil de despesa.Veja-se que esses 20% são a presunção das despesas. Calcula-se essa presunção com base em 20% do rendimento bruto até o teto. A BC, então será o rendimento bruto menos a despesa presumida.

BC DO IR (na decl. simplificada) = RENDIMENTO BRUTO – DESPESA PRESUMIDA.

Encontrada a BC, passaremos à aplicação da tabela de alíquotas. Ex. no exemplo acima, se consideramos que o teto é 15 mil, a BC será 85 mil (100 mil [RB] – 15 mil [DP]).

OBS: Em relação à declaração completa, ela não visa apenas analisar rendimento bruto e despesa dedutível; hoje, a RFB quer um histórico de sua vida financeira e patrimonial. Então, em princípio você tem que declarar o empréstimo contraído (declara o montante do empréstimo em 1° de janeiro e o montante em 31 de dezembro, esperando que ele tenha decresicdo), imóveis, veículos, etc. não é que você tenha que pagar o IR sobre isso, mas a RFB quer acompanhar a sua evolução patrimonial justamente porque o IR incide sobre o acréscimo patrimonial. Ex. acontece muito das pessoas que se declaram a vida toda isentas, em um belo dia aparecerem com um apartamento de 500 mil reais. E, agora, de onde veio esse dinheiro? É a primeira coisa que a RFB vai pensar. Então, a professora não aconselha as pessoas a não declarar renda (é sonegação, é crime, vai dar dor de cabeça). A pessoa pode tentar outras formas de planejamento, com advogado (constituir uma sociedade, pois não há tributação na distribuição de lucro). A depender do montante de dinheiro que você gire é perigoso não declarar renda, pois a RFB tem acesso a transações bancárias e de cartão de credito acima de determinado valor.O fato é que pagar imposto é uma coisa ruim mesmo, muito desagradável, mas não vale a apena sonegar. O que vale realmente é o planejamento tributário, por meio de um advogado, pensando em alternativas dentro da ilicitude.*Veja-se que o individuo tem a obrigação de declarar tudo e seu patrimônio deve estar em harmonia com a sua renda declarada. Ex. a pessoa passa anos declarando uma determinada renda e pagando o imposto; um belo dia ela aparece com um apartamento. Ok, ela tem uma renda que justificou a aquisição daquele imóvel. O que não dá é a pessoa “brotar” o imóvel do nada. Do ponto de vista lega, do dever ser, devem ser declarados os bens imóveis dos quais você é dono.O empréstimo gera um acréscimo patrimonial? Não, gera um passivo. A doação geraria, mas não incide o IR, pois já incide o ITCMD. Devemos desconstruir a ideia de que dinheiro entrando em caixa representa acréscimo patrimonial; afinal, eu posso vender um imóvel exatamente pelo valor que eu comprei; vendo por “x” reais e comprar outro pelo mesmo preço. Não houve acréscimo patrimonial, apenas foram trocados os bens. Agora, é claro que eu preciso ter a declaração do imóvel no meu nome e a declaração do imóvel saindo e o dinheiro entrando,; devemos, pois, ter documentos que demonstrem essa transação.

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Resposta a uma pergunta: Caso o indivíduo não declare os seus rendimentos integrais, cairá na malha fina, porque o rendimento do declarante deve compreender o dele próprio e de seus dependentes. O que acontece, como já vimos, se o dependente tem algum rendimento, é obrigação do declarante declarar, mesmo que a fonte pagadora do dependente não declare. Agora, se a fonte pagadora do dependente declarar à RFB que pagou ‘x’ àquele CPF, não preciso nem de um fiscal para verificar isso; eles puxam um relatório, pois as informações, hoje, são cruzadas. Então, fica registrado lá que aquele órgão pagou “x” para aquele CPF. A RFB já tem essa informação, de forma que quando o seu pai ou mãe coloca o seu CPF como dependente, quando o sistema cruzar as informações, vai faltar a renda que o seu empregador declarou.*a RFB tem começado a cruzar informações, e esse sistema de acompanhamento de gastos com cartão de crédito, operações acima de determinado valor, quebra do sigilo fiscal, de modo que fica mais fácil identificar os casos de sonegação. Apesar disso, não é possível alcançar todos os sonegadores. Os autônomos, por exemplo, têm muita facilidade para sonegar, ainda mais se ele não fizer nenhuma operação extravagante. Contudo, ele fica “encalacrado”, porque na hora que ele quer comprar um imóvel o que ele fará?A professora entende – mas não orienta, frise-se – que se a pessoa vai fazer uma coisa erra de forma inteligente é melhor que declara alguma coisa, pelo menos para ter rendimento. A RFB, hoje, tem parâmetros de controle. Quem declara mais de x% do rendimento bruto de despesa médica, automaticamente, cai na malha fina. Por via das dúvidas, a RFB chama para comprovar. Isso também não precisa de um ser humano; basta criar um parâmetro no sistema e puxar aqueles que declararam mais de x% de despesa médica.*uma coisa que acontece no Brasil é que as pessoas não trabalham com a ideia de que sonegar é crime, de forma que o crime da sonegação acaba por ser considerado, pela sociedade, inferior a um roubo, furto. O trabalhador assalariado não tem escapatória; quem tem carteira assinada pela fonte pagadora não tem saída e acabam pagamento, também, por aqueles que não pagam, pois o Governo termina não aumentando as faixas de IR para manter uma base de arrecadação.Desta forma, a sonegação, a cultura do “jeitinho brasileiro” deveria ser, aos poucos, extinta.

OBS: CASO DOS DEPUTADOS E SENADORES – ISENÇÕES DIVERSAS. A professora entende que essas isenções ferem a constituição. Vejamos. O aposentado portador de doenças graves. A RFB tem uma lista de doenças, de forma que quando a pessoa se aposenta, se ela for portadora de alguma daquelas doenças, ela terá isenção do IR. O IR, portanto, não atinge a generalidade das pessoas, mas é importante que as exceções estejam em harmonia com a CF. Tanto é assim que a CF, em seu art. 150, II diz que é vedado tratar desigualmente contribuintes que se encontram em situação equivalente e traz que é vedado, inclusive, diferenciar em razão da função, cargo, ocupação. Então, na visão da professora não poderia haver uma tributação diferenciada para os deputados e senadores. Poderia, contudo, por

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obvio ser diferenciado em razão da natureza da verba que aquele servidor vai receber (verba de caráter indenizatório). Mas a remuneração, em si, pelo trabalho, entendo que fere a igualdade.

CRITÉRIO SUBJETIVOA quem se deve pagar o IR? À União federal. A união federal é o sujeito ativo do IR. Quem deve pagar, no caso do IRPF, é o contribuinte ou declarante (quem teve o acréscimo patrimonial). Existe uma responsabilidade da fonte pagadora de reter. Quando a fonte pagadora do trabalhador assalariado retém o IRRF, a RFB não pode mais cobrá-lo do contribuinte, ainda que a fonte pagadora não tenha pago. E é razoável que seja desta forma, pois caso contrário a pessoa física seria tributada/onerada duas vezes (bitributação), em razão de uma norma que interessa e facilita a vida da fazenda pública. Se a fonte pagadora não retém, ou não houve retenção integral da renda, o declarante tem a obrigação de declarar todo o seu rendimento, seja na declaração real, seja na renda presumida; e ele só pode abater o IRRF que foi retido na fonte. Se não houve retenção na fonte, na hora que ele declara, o IRRF é devido e ele está obrigado a pagar, porque ele não é excluído.Desta forma, o grande sujeito passivo do IR é aquele que aufere o acréscimo patrimonial. Todavia, devemos entender o IRPF junto com essa obrigação que tem a fonte pagadora de reter. A fonte pagadora também é sujeito passivo (ela está obrigada a reter e pagar), de modo que se ela não retiver, a União pode executá-la. Mas, nesse caso, o contribuinte que não teve o IRRF retido continua respondendo (não é excluído; ambos podem ser acionados). Por outro lado, se a fonte reteve e não pagou, tratar-se-á de crime de apropriação indébita. Nesse caso, o contribuinte é excluído da responsabilidade de pagar o IRRF, desde que prova que sofreu a retenção. Normalmente, se prova a retenção através dos contracheques.OBS: o estrangeiro, no Brasil, auferindo renda no Brasil, é obrigado ao pagamento do IR. Se ele é residente no Brasil, vamos mudando o foco, pois existem situações em que ele pode vir a pagar IR no Brasil mesmo auferindo no exterior. Mas, em princípio, o estrangeiro que veio para o Brasil e realizou um negócio aqui, se a renda foi auferida ainda aqui, ele deve recolher o IR no Brasil. Há os casos, também, que, o individuo com cidadania brasileira, ao auferir renda em qualquer lugar do mundo, está obrigado a pagar o IR em razão desses rendimento. Falei mais sobre isso no critério espacial. Observe que a única hipótese em que você, enquanto cidadão brasileiro, não tem a obrigação de pagar o IR é se você fizer a declaração de saída definitiva do Brasil. Essa saída definitiva não quer dizer que você não vai voltar nunca mais, mas representa que você está encerrando as suas atividades aqui; seu CPF é suspenso, não terá contas, bens, etc. essa situação, com algumas particularidades, acontecia em alguns países, como p. exemplo, o caso do sócio do Mark Zuckerberg (Facebook) que abriu da cidadania americana para pagar menos impostos (uma forma de planejamento tributário). Então, vejam que essa questão do vínculo da cidadania não é uma forma adotada somente pelo Brasil para trazer a tributação.

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IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA1. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

a) CRITÉRIO MATERIAL – o IRPJ, na verdade, tem a HI muito semelhante à do IRPF. O IRPJ, todavia, sobretudo o IRPJ-lucro real, é extremamente complexo a ponto de conseguirmos explicá-lo sem, por exemplo, explicar conceitos de contabilidade (não dá para entrar em todos os detalhes, o programa é extenso).

O critério material do IRPJ é o acréscimo material (lucro), com uma particularidade, pois as empresas visam lucro (ainda aquelas PJ que não perseguem o lucro, devem se manter, pois se a PJ tiver prejuízo em cima de prejuízo, e não fechar o caixa, pode caminhar para a sua extinção). Então, quando a gente fala em PJ, na sua maioria, estamos nos referindo a empresas, que visam lucro (acréscimo patrimonial), mas existe uma parte das PJ que não visam lucro.

*As instituições sem fins lucrativos são isenta de IR. Observe que não é uma imunidade, e sim isenção, pois a PJ sem fins lucrativos pode auferir lucro, já que ser sem fins lucrativos não significa não ter lucro; significa, em verdade, não distribuir lucro. A entidade pode obter lucro e reinvestir esse lucro nela própria. Então, em tese, poder-se-ia cobrar o IRPJ dessas pessoas sem fins lucrativos. É claro que tendo prejuízo e sendo optante do lucro real, ela não vai pagar IR nunca, pois o FG do IR é o acréscimo patrimonial, que na PJ se chama LUCRO. Portanto, se a instituição sem fins lucrativos ou a empresa tem prejuízo e ela é optante pelo lucro real, ela não vai pagar IR nenhum. Sendo assim, as instituições sem fins lucrativos poderiam, sim, pagar o IR. Ocorre que a legislação específica isenta essas pessoas, desde que observada uma série de condições, requisitos.

*Lembrar! A empresa que só obtém prejuízos e é optante do lucro real não paga IR, pois não tem acréscimo patrimonial (lucro).

E a imunidade? A imunidade só atinge os entes políticos, igrejas (em relação à renda destinada às finalidades essenciais), partidos políticos, sindicatos dos trabalhadores, instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (Art. 150, VI, a, b, c, CF). Essas instituições sem fins lucrativos só são imunes ao IR se forem sobre assistência social ou educação. Ou seja, a imunidade que atinge as instituições sem fins lucrativos, atinge as instituições de educação e assistência social. Ex. Fundação que promove o desenvolvimento da cultura não é nem do ramo de educação, nem da assistência social, não sendo imune, portanto; todavia, será isenta se ela não tiver fins lucrativos.

É mais importante ser imune do que ser isento, pois a imunidade é uma garantia constitucional. A isenção pode ser revogada, seus requisitos podem ser mais complexos, porque esse benefício decorre de uma manifestação da União Federal, diferentemente da imunidade, que decorre de uma manifestação de vontade do poder constituinte originário.

RESUMO: o critério material do IRPJ é o acréscimo patrimonial, que na PJ, é LUCRO.

b) CRITÉRIO TEMPORAL – tem uma grande particularidade. O aspecto temporal na PJ pode ser trimestral ou anual. O IR-lucro presumido tem por critério temporal o critério trimestral. O acréscimo patrimonial a cada três

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meses é tributado e naquele momento considera-se ocorrido o FG do IR. A apuração do IR-lucro real pode ser trimestral ou anual, sendo que, no anual, a empresa fica obrigada a antecipar o IR, como se fosse uma retenção na fonte vista no IRPF, com o seguinte detalhe: ela própria é quem antecipa (por estimativa).

c) CRITÉRIO ESPACIAL – em princípio, as PJ vão pagar o IR sobre todo o acréscimo patrimonial que elas tiverem, seja em razão de rendimentos auferidos no Brasil, seja no exterior. Inclusive, existe um julgado interessante do ano passado a respeito da questão da tributação da distribuição de lucro, porque às vezes a empresa brasileira é sócia-acionista de uma empresa no exterior, ou tem uma filial lá. E o que é interessante: A legislação do IRPJ diz que a PJ no Brasil deve pagar o IR sobre esse lucro vindo do exterior no momento da escrituração contábil, ainda que esse dinheiro não venha efetivamente (não seja inserido de fato no patrimônio da empresa).

Observe que a lei é clara e o STJ manteve a aplicação da lei em harmonia com a ideia de que o FG do IR pode ser a aquisição da disponibilidade econômica, mas também pode ser a aquisição da disponibilidade jurídica. E a lei era clara neste ponto, dispondo que, nesse caso, as PJ, ao receberem lucro do exterior, pagariam não pelo recebimento do dinheiro, mas pela simples contabilidade daquilo. Ou seja, o lucro vindo do exterior é tributado pelo IR não pelo seu ingresso no patrimônio da empresa, mas pela simples contabilização desse lucro.

d) CRITÉRIO PESSOAL – quem realiza o FG da IRPJ é a PJ. É interessante observar que quem está sujeito ao IRPJ não é só PJ; são as PJ e as PF no exercício da atividade empresarial. Não é que ela vai fazer incidir a IRPJ nas atividades dela enquanto pessoa física, mas se a PF exerce uma atividade empresarial, em relação a esta atividade, a PF é obrigada a fazer a declaração do IRPJ. Inclusive, é muito comum que ela tenha que fazer a declaração do IRPJ (em relação à sua atividade empresarial) e do IRPF (em relação à sua atividade pessoal). Aliás, os bens da PF não devem ser confundidos com os bens da empresa ainda que ela seja uma empresaria individual. As PF, nessas condições, são equiparadas às PJ.

Essa informação é importante, porque muitas outras leis, como a do COFINS, diz que deve ser pago pelas PJ e pelas pessoas a ela equiparadas pela legislação do IR. Então, essa equiparação que o IR faz termina valendo para muito tributos.

O objetivo do legislador é tributar qualquer empresa de forma igual. Até porque se houvesse distinção na tributação entre as sociedades e os empresários individuais, haveria um estimulo à constituição de uma determinada forma de organização empresarial. Então, a intenção do legislador é que a atividade empresarial seja tributada com os mesmos tributos dentro do mesmo sistema, seja PJ, seja empresário individual.

OBS: o SIMPLES é uma substituição de vários tributos que já estudamos, de modo que falar do SIMPLES antes disso não nos possibilita o seu entendimento (pois você não entende o que ele substitui).

RESUMO: quem realiza o FG do IRPJ são as PJ e as PF a ela equiparadas para fins de incidência do IR.

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2. MANDAMENTO CRITÉRIO QUANTITATIVO

LUCRO REALBC - LUCRO PRESUMIDO

LUCRO ARBITRADOComo se dá o cálculo do IRPJ?BC - A BC do IRPJ, segundo o art. 44, do CTN é o montante do acréscimo patrimonial (lucro) real, presumido ou arbitrado. A BC do IR é sempre acréscimo patrimonial, pois a BC dos impostos é sempre essa medição da capacidade contributiva demonstrada. Se a capacidade contributiva demonstrada é acréscimo patrimonial, a BC é a medição (qual é o montante deste acréscimo). Mas como chegamos ao montante desse acréscimo patrimonial? Essa denominação “real”, “presumido” ou “arbitrado” são as formas de calcular o valor do acréscimo patrimonial. Eu posso calcular o acréscimo patrimonial de uma forma rela, de uma forma presumida, ou de uma forma arbitrada. O lucro real se dá pela aferição do acréscimo real que a empresa obteve. O lucro presumido é aquele lucro tomado como base a partir de uma previsão legal. Neste ponto, temos a questão das opções. Em princípio, a empresa opta pelo lucro real, ou pelo lucro presumido. O lucro arbitrado geralmente é utilizado quando os documentos da empresa foram destruídos, quando não existem documentos, quando foram perdido os livros contábeis da empresa; são situações extremas, não a regra.Em regra, as empresas optam pelo lucro real ou pelo lucro presumido. Mas algumas PJ são obrigadas ao lucro real (ex. instituições financeiras, empresas com acionistas estrangeiros). Por outro lado, vale registrar que não é dado ao Estado obrigar a empresa ao lucro presumido, pois o Estado não pode obrigar a PJ a cobrar tributo do contribuinte em montante superior ao que representa a sua capacidade contributiva. Tratar-se-ia de uma inconstitucionalidade. *eu (empresa) posso escolher por isso, de modo que eu posso escolher o lucro presumido e me dar mal, mas é uma faculdade (eu assumi o risco).Então, observe que a PJ não pode ser obrigada ao lucro presumido. Todavia, o Estado pode obrigar a empresa ao lucro real, pois ele vai estar obrigando a empresa a pagar o IR de acordo com a real capacidade contributiva dela.Pois bem, o principal critério de obrigatoriedade do lucro real é ter receita bruta anual superior a 48 milhões de reais. Ou seja, as empresas que tem receita bruta anual superior a 48 milhões estão obrigadas ao lucro real. Há outras hipóteses de obrigatoriedade do lucro real, como por exemplo, em relação à maioria das instituições financeiras, empresas que tenham acionistas estrangeiros, etc. Existe, portanto, uma série de situações em que a legislação obriga o IR-lucro real.*ESSES 48 MILHÕES NÃO SÃO LUCRO, MAS RECEITA BRUTA.Por óbvio, na apuração trimestral, não vão ser 48 milhões; o cálculo vai ser feito com base no valor mês (existe um valor mês para essa aferição) que será dividido.

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Em geral, as empresas que tenha uma receita bruta igual ou inferior a 48 milhões, poderão optar pelo lucro real ou presumido, observadas as ressalvas feitas acima.OBS: não podemos estabelecer, como regra, que o lucro presumido é sempre melhor. Só podemos afirmar isso com certeza fazendo o cálculo no caso concreto. Há uma tendência dos contadores em empurrar as empresas para o lucro presumido. Mas se, no primeiro ano você acredita que pode ter prejuízo, pode ser interessante optar pelo lucro real. Mas por que o contador empurra o lucro presumido? Porque dá menos trabalho para ele. Agora, de fato, no caso da advocacia, a tendência é que o lucro presumido seja melhor. Mas a gente deve sempre trabalhar com os numero do caso concreto.LUCRO REAL – a sua apuração pode ser trimestral ou anual. Seu cálculo tem a seguinte lógica: o lucro real (BC do IR) não é igual ao lucro contábil (rendimentos/entrada - despesas; neste calculo o contador não está preocupado com o IR apenas; ele tem regras as seguir), mas ele é calculado a partir do lucro contábil. A partir do lucro contábil, faz-se as adições e exclusões. As adições são as parcelas que a RFB não aceita deduzir do rendimento bruto. A ideia de lucro é receita – despesa. E o que significa a RFB mandar somar? “o que a contabilidade deduz para fins contábeis, não se pode deduzir para fins de IR”. Então, achando o lucro contábil, soma-se de volta as despesa que não podem ser deduzidas para efeito de IR. Ex. a legislação do IR não permite a dedução de despesa com brindes para clientes para fins de IRPJ, pois não está ligada à sua finalidade principal. Daí porque a RFB manda somar. As exclusões, por sua vez, se referem àquelas parcelas que não foram deduzidas para fins contábeis, mas que para fins de IR podem ser deduzidas. Ex. o prejuízo de exercício anterior pode ser compensado, apesar de ter um limite para isso.Exemplo: uma empresa teve um lucro contábil de 1.000.000,00; ela gastou com brinde 100.000,00. Neste caso, para chegar ao lucro real, ela terá que somar esses 100.000,00 ao 1 milhão. Ademais, ela gastou com um de seus sócios 50.000,00 com beneficio cuja dedução não é permitida pela lei tributária; então, soma-se 0s 50.000,00. No total, chegamos a 1.150.000,00. Imaginemos, por outro lado, que no exercício anterior, a empresa teve um prejuízo de 200.000,00; a empresa vai, então, deduzir para fins de chegar ao lucro real. Nesse caso, então, a BC do IR será de 950.000,00. *Quanto a essa questão da dedução do prejuízo, há um limite de 30% do imposto devido, porque a RFB não quer abrir mão de receber o dinheiro. Então, não é possível deduzir a integralidade do seu prejuízo. Só é possível deduzir o prejuízo que represente até 30% do imposto devido.LUCRO PRESUMIDO – diferentemente da PF, aqui a presunção é feita em relação ao lucro e quem faz essa presunção é a lei. A lei presume que x% da receita bruta é lucro. Não estamos trabalhando, aqui, com o calculo receita - despesa; toma-se, sim, como base a receita bruta; toma-se a receita bruta da empresa, analisa o percentual fixado em lei – percentual, este, que o legislador presume como margem de lucro para aquele setor – aplica-se sobre a receita

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bruta para calcular a BC do IR (lucro) e sobre essa BC é que vai incidir as alíquotas. Por exemplo, na advocacia a margem de lucro presumida é de 32%. Então, se o escritório de advocacia tiver uma recita bruta de 100.000,00, presume-se que 32.000,00 é lucro, valor este que será a BC do IR. OBS: prestação de serviços de maneira geral tem o percentual de lucro presumido de 32%; em geral, o percentual é de 8%; há algumas atividades que são 16%, etc. BC IRPJ-lucro presumido = RECEITA BRUTA X PERCENTUAL DE MARGEM DE LUCRO PRESUMIDO PARA A ATIVIDADEMuita gente confunde o resultado desta operação com o IR a pagar.ENTÃO, É MELHOR O LUCRO REAL OU PRESUMIDO? Depende. Se o lucro real for maior que o presumido, será melhor o presumido. Se o lucro real for menor que o presumido, será melhor optar pelo real. A melhor opção será aquela que te fará pagar menos imposto. A empresa tem a faculdade de escolher a forma de calculo (real ou presumido), salvo àqueles que estão obrigadas ao lucro real. Ocorre que, para a PF essa escolha pode ser feita na hora da declaração (ela já sabe qual foi o acréscimo patrimonial dela), mas no caso da PJ a escolha é previa à declaração (ela corre o risco). É claro que o empresário tem que ser esperto. Se ele sabe que a margem de lucro dede é muito próxima da presumida e a economia do setor dele está sinalizando declínio, ele deve migrar para o lucro real. Parece simples, mas não é tão simples assim, porque essa escolha entre o lucro real e o lucro presumido interfere na incidência cumulativa ou não cumulativa do COFINS. Então, na hora que a pessoa vai analisar se vale à pena o lucro real ou presumido ela já não olha só o que vai se pagar de IR; ela tem analisar também o que vai se pagar de COFINS. Ex. um escritório de advocacia no seu primeiro ano de funcionamento teve prejuízo e é optante pelo lucro presumido e que 32.000,00 serve de BC. Lenhou-se. Se ele fosse lucro real, ele não precisaria pagar nada. Pelo lucro presumido, ele é obrigado a pagar 15% de 32.000,00, que é cerca de 5.000,00. Se ele fosse optante pelo lucro real, ele não teria que pagar nada de IR, mas teria que pagar um COFINS de 7,6% sobre a receita bruta, o que daria, de cara, 7.600,00 (lembre-se da receita bruta do exemplo anterior). Na COFINS não cumulativa, ele pode abater algumas despesas, créditos referentes a algumas despesas, mas num escritório de advocacia são poucos os créditos. Então, observe que a depender do caso, iriam ficar “elas por elas”, ou até, talvez, ele pagando até mais COFINS do que ele pagaria pelo IR e pelo COFINS com a alíquota de 3%. Então, seria uns 4 mil pouco mais os 3 mil.No primeiro mês de cada exercício (janeiro de cada ano) a PJ pode fazer essa escolha, que vincula o ano inteiro. A única possibilidade de migrar do lucro presumido para o lucro real ao longo do ano é se a PJ ultrapassar o rendimento bruto de 48 milhões.RESUMO: BC do IR é sempre lucro, mas ele pode ser calculado de forma real ou de forma presumida.

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LUCRO ARBITRADO – seu calculo é semelhante ao do lucro presumido; acresce-se 20% sobre o percentual previsto em lei para o lucro presumido. Ou seja, será 20% a mais do percentual utilizado para o lucro presumido.Ex. Escritório de advocacia. No lucro presumido, presume-se que 32% da receita bruta é lucro. Se o escritório de advocacia cair no lucro arbitrado, não vai ser 32%; será 32% + 20% de 32% = 38,4%. Então, como é o calculo do lucro arbitrado de um escritório de advocacia: pega-se o rendimento bruto e aplica 38,4%. Mas esse número varia, pois a regra é: 20% A MAIS DO PERCENTUAL USADO NO LUCRO PRESUMIDO. Ex. o hospital sujeito a lucro presumido de 8% teve a receita bruta de 1.000.000,00; a BC do IR será 80.000,00. Agora, se ele cair no lucro arbitrado (pegou fogo no hospital e todos os livros contábeis foram destruídos; ou o hospital não tem livro nenhum), a BC do IR será 8% + 20% de 8% = 9,6%. Então, o lucro arbitrado nesse caso será de 9,6% de 1.000.000,00, que totaliza 96.000,00. Essa será a BC do IR-lucro arbitrado.A RFB entende que só ela pode aplicar o lucro arbitrado, pois ele só viria em casos de situações em que a empresa não escriturou corretamente, que a empresa não deduziu o que devia. Então, a Fazenda Pública, não tendo todas as informações, iria lá e arbitraria. *lembrar do arbitramento do Direito Tributário I – “quando as informações fornecidas pelo contribuinte não merecerem fé, ou são omissas, pode o fiscal lançar por arbitramento”. Então, as hipóteses de lucro arbitrado envolvem esses casos. Mas os Tribunais entendem que o contribuinte pode escolher o arbitramento, nas situações como aquela em que o contribuinte zeloso sofreu um assalto ou teve seus documentos contábeis destruídos, de forma que ele não tem como apurar o lucro real. Mas ele não quer ficar inadimplente, pois se ele ficar inadimplente ele vai pagar multa. Então, hoje, os Tribunais entendem que o contribuinte teria direito ao lucro arbitrado nesses casos, pois se o contribuinte não tiver como trabalhar como lucro real ou presumido, ele tem direito, porque ele tem direito de pagar o tributo no prazo certo (direito de não ficar inadimplente com as suas obrigações).*Muitos advogados consideram que seria inconstitucional esse extra, pois o tributo estaria funcionando para punir o contribuinte (caráter punitivo), mas os Tribunais aceitam que o lucro arbitrado seja calculado desta forma. Ex. um fiscal chega numa empresa e vê uma TV LED 42 polegadas sendo vendida por 200,00. O fiscal vai presumir que essa nota fiscal é subfaturada, de modo que ele não vai confiar nessa contabilidade. Só que a empresa apurou como receita bruta baseando-se nos 200,00 de venda da TV. Então, o valor que a empresa pagou de IR, vai ser presumido como correto? Não. Eu posso pegar o percentual de lucro presumido e aplicar sobre essa receita brita? Não, pois a receita bruta está inferior à realidade. Neste caso, a RFB pode vir e fazer um arbitramento. Mas esse exemplo dado é diferente do anterior, pois nesse caso apesar de ser conhecida a recita bruta, ela está sendo rejeitada (não condiz com a realidade).

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21/02/2013(cont.) IRPJ – CRITÉRIO QUANTITATIVO

Alíquota – é sempre igual, independentemente da forma pela qual eu acho a BC. Pouco importa se eu acho a BC por lucro real, ou se eu calculei a BC pelo lucro presumido ou pelo lucro arbitrado, a alíquota será sempre igual. A BC do IRPJ é lucro, sempre, seja real, presumido ou arbitrado. Como devemos aplicar a alíquota? O lucro até 240 mil, 15% é a alíquota; no que exceder esse valor, além dos 15% incide mais 10%. O que se quer dizer é que até 240 mil incide 15%; no que exceder, incide 25%.LUCRO (BC) ALÍQUOTAATÉ 240 MIL REAIS 15%A PARTIR DE 240 MIL REAIS 25%

Na verdade, o que temos aí é uma progressividade do IRPJ (ridícula, pois é pequena).

Ex. uma empresa que teve 150 mil de lucro (BC). IRPJ = 15% x 150 mil. Mas se a empresa teve um lucro de 1 milhão (BC), 15% incidirá sobre 240 mil e 25% incidirá sobre o restante, ou seja, sobre 760 mil.

Então, aquela progressividade que vimos na PF acontece aqui no mesmo raciocínio. Desta forma, a alíquota do a IRPJ, por ser em menor variação, portanto, é mais simples que no IRPF.

CRITÉRIO SUBJETIVOEm regra, quem paga o IRPJ é a própria PJ. Mas é importante saber que, eventualmente, as PJ também estão sujeitas ao IRRF.- IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE - IRRFEventualmente, as PJ estarão sujeitas ao IRPJ retido na fonte. Como acontece com a PF – que a fonte pagadora vai reter uma parte do salário –, o contribuinte do IR é o trabalhador, mas a fonte pagadora retém uma parte, paga, e lá na frente, o contribuinte, quando vai fazer o ajuste dele, tem o direito de abater o que já foi pago. Em relação às PJ, esse mecanismo também pode acontecer, apesar de não ser regra. A regra para as PJ é que cada PJ pague o seu IR.Mas a União, de olho nas atividades em que é mais comum a sonegação, principalmente prestação de serviço, passou a exigir que o contratante retenha, na NF, um percentual fixado em lei na nota fiscal a título de IRRF. Ex. uma empresa de publicidade é contratada por uma empresa de cerveja; essa empresa entregará a propaganda (serviço) e a empresa de cerveja, em troca, vai pagar pelo serviço. A empresa publicitária vai emitir a NF da prestação de serviço e a empresa de cerveja é obrigada a reter do valor da NF um percentual fixado em lei; no caso específico da publicidade, o percentual de 1,5%. Então, se essa empresa de publicidade, por exemplo, cobrou 100.000,00, ele não vai receber esse valor, mas sim 98.500,00. A NF vai ser emitida no valor de 100.000,00, mas ele destaca que 1.500,00 vão ser retidos na fonte, de modo que a fonte pagadora só entrega a ele 98.500,00. Ele, na verdade, cobrou pelo serviço 100.000,00, mas ele só recebeu 98.500,00, porque a lei obrigou a

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fonte pagadora a reter um percentual devido por ele a título de IRPJ. Aí, essa empresa, na hora que ela for declarar o IR dela (trimestral ou anual), seja lucro real, seja lucro presumido, ela abate/deduz esse valor retido na fonte. Esse não é um exemplo comum, mas ocorre.*A nota fiscal indicará o valor cheio, mas haverá uma observação de que há um percentual que será retido, pois é devido por ele a título de IRRF.*Ou seja, não há imposto de renda retido na fonte apenas em relação ao empregado; pode haver a retenção de percentual a titulo de IR pela PJ, na forma da lei. A lei obriga uma PJ a reter de outra PJ o IRRF a depender da atividade desenvolvida.OBS: as pessoas que ganham na loteria, já recebem o prêmio com o IR retido na fonte, pois quem paga o premio é obrigado a reter na fonte o IR. É uma obrigação imposta por lei. Ex. prêmio do BBB sofre a retenção do IRRF. A Globo é obrigada a reter, por força da lei, mas quem está tendo o acréscimo patrimonial não é ela, é o ganhador. Outra possibilidade de retenção do IRRF é a remessa de dinheiro para o exterior de forma lícita/legal (neste caso, a instituição bancária está obrigada a reter na fonte o IR). Uma serie de investimentos financeiros sofrem retenção do IRRF, apesar de a poupança ser isenta de IR. Não é que a União não poderia tributar. São, portanto, vários os casos de IRRF.

- IR SOBRE GANHO DE CAPITAL – “a questão dos bens imóveis”A ideia do ganho de capital é colocar o dinheiro para trabalhar para você (dinheiro gerando dinheiro e o dinheiro gerado é o ganho de capital). O IR, por exemplo, com aplicação em ações é ganho de capital (investimento é ganho de capital). Focando na parte imobiliária, já que é possível ter ganho de capital através de imóvel (ex. comprar um imóvel por 100.000,00 e vender esse imóvel por 200.000,00), existe uma regulamentação dos valores dos imóveis que podem ser atualizados (o contribuinte não pode atualizar o valor do imóvel aleatoriamente, pois existe uma regulamentação da RFB a respeito disso). Ex. o imóvel que valia 100 reais em 94, com a atualização monetária (recompor o valor de acordo com a perda do valor aquisitivo da moeda), deve observar a regulamentação da RFB. Ademais, é possível abater no ganho de capital os gastos com obras que levaram, de fato, ao aumento do valor do imóvel. Não entra, aqui, pintura, etc. Ex. comprei a casa por 100 mil reias; construi um novo andar, fiz piscina; o imóvel se valorizou em razão do que eu gastei, de modo que posso deduzir do ganho de capital as despesas referentes a esses acréscimos.A ideia do ganho de capital gira em torno da ideia da valorização imobiliária. E tem gente que vive disso.Dito isso, como é que calcularemos o IR sobre o ganho de capital? A BC do IR é sempre o montante do acréscimo patrimonial. Como é que fazemos para saber o montante do acréscimo patrimonial em relação a um imóvel? Eu pego o valor pelo qual eu vendi e abato do valor pelo qual eu comprei, feitas as observações anteriores (a depender do caso, eu vou poder deduzir gasto com obra e a depender do caos eu tenho direito a atualizar o valor monetariamente). Mas,

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em princípio, a lógica é: “estou vendendo por 200 mil, eu abato 200 mil do valor que eu comprei (150 mil), de forma que o ganho de capital é 50 mil”. Isso é o acréscimo patrimonial que eu tive. Portanto, isso vai ser a minha BC para o IR do ganho de capital. A alíquota, por sua vez, sempre será de 15% (o que não é pouca coisa). A legislação prevê, ainda, a possibilidade de ser deduzido da BC o valor pago a título de corretagem, sendo necessário para tanto que seja indicado o CNPJ ou CPF do corretor. Veja que isso é uma jogada da União, porque corretor, por exemplo, também são grandes sonegadores. *As pessoas físicas acham, de modo equivocado, que esse IR pode ser declarado junto com a declaração anual. A apuração do IR sobre ganho de capital deve ser imediata; quando o individuo vende um imóvel, tem ele 30 dias após a alienação para declarar e recolher o imposto. Existe um programa no site da RFB, no qual ele vai declarar, ali mesmo já e gerado o DARF e ele paga. Agora, o que ele pode fazer na declaração, por exemplo, quando ele vendeu um imóvel por 300.000,00 e vai receber 3 parcelas de 100.000,00 (30/60/90), é informar isso na declaração e, com isso, ele vai pagando o IR proporcional às parcelas. Mas a apuração, a declaração tem que ser com 30 dias. A gente não pode confundir a declaração com o pagamento. Agora, chegando na declaração anual, eu vou informar de novo, só que eu vou informar que o imposto já foi recolhido, porque a declaração anual é como se fosse uma consolidação de dados, das informações.Vale observar, ainda, que há uma diferença quando o ganho de capital é obtido pela PF e quando é obtido pela PJ (às vezes, é melhor ter um imóvel no nome da empresa do que no nome da PF).Ex. João teve, em abril de 2012, o IR ganho de capital; quando chega em 2013, ele vai fazer sua declaração anual. Rendimento bruto – despesas = IR anual a pagar. Vamos imaginar que ele vendeu o imóvel por 200.000,00 e tinha comprado por 150.000,00, sendo o seu ganho de capital de 50.000,00 que ele pagou 15% desse valor (7.500,00). Por outro lado, vamos supor que pela declaração do IR ele tenha a BC de 100.000,00 e o total do IR a pagar 20.000,00. Quando chega a declaração anual, ele vai declarar o IR do ganho de capital novamente, mas os valores não se misturam; a BC de João não vai passar a ser 150 mil, vai continuar sendo 100 mil. Em compensação, João tem que pagar 20 mil e ele não tem direito de abater os 7.500,00 que ele já pagou.Portanto, na pessoa física, a declaração do ganho de capital é exclusiva (separada), ou seja, o ganho de capital não é somado ao rendimento do individuo e o imposto pago a título de IR sobre ganho de capital não é abatido da declaração anual. No caso da PJ, não é assim; ela pode, de fato, lança o ganho de capital no rendimento bruto dela. Nesse caso, ela pode deduzir o IR sobre ganho de capital na declaração anual (será somada à BC o acréscimo patrimonial decorrente da valorização do imóvel).*Isenção – o mercado imobiliário que esquentou desde 2004 foi o residencial. Nesse contexto foi editada uma MP que foi chamada de “MP do bem”, pois trouxe uma série de benefícios – antes dela, havia a isenção do IR sobre ganho de capital para o imóvel caracterizado como bem de família (aquele imóvel cujo valor era até 240 mil e que o individuo tivesse há mais de 5 anos e fosse o seu

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único imóvel). Essa isenção continua existindo, mas deve observar alguns requisitos: a) tem que ter o imóvel há mais de 5 anos; b) tem que ser o seu único imóvel; e c) esse imóvel tem que ser vendido por até 240 mil reais. A MP do bem veio e disse que é possível a isenção do imóvel residenciais, vendidos por brasileiros residentes no Brasil, se eles usarem todo o dinheiro da venda na compra de um outro imóvel no prazo de 6 meses, não precisando observar os demais requisitos estabelecidos pela MP. Mas só é possível gozar desse beneficio uma vez a cada 5 anos para evitar, também, que a pessoa física passe a virar um especulador imobiliário. Isso tem a ver com planejamento tributário. Ex. o indivíduo comprou um imóvel por 150 mil e hoje o valor dele é 350 mil. Essa isenção pode ser revogada? Pode. Para esse individuo, vale a pena vender um imóvel por 350 mil para comprar outro se ele usar todo o dinheiro no prazo de 6 meses? Sim. Ele tem um imóvel residencial, vendeu para comprar outro imóvel residencial, usando todo o dinheiro, não tinha gozado do benefício nos últimos 5 anos, não vai pagar o IR. Ele teve um ganho de capital de 200 mil. Passados 3 anos disso, a isenção é revogada e ele quer vender o imóvel dele de 350 mil e ele vende por 400 mil; ele vai pagar o IR sobre quanto? Sobre 50 mil, porque o ganho de capital, uma vez tributado, incorpora no seu patrimônio e nunca mais poderá ser tributado. Então, em relação aos 200 mil quando vendo o imóvel e uso todo o dinheiro para comprar outro imóvel, a norma vigente na época não está tributando. Então, incorporando esse ganho de capital ao patrimônio, nunca mais ele poderá ser tributado. O que será tributado serão os ganhos obtidos a partir dali e eu não vou gozar mais da isenção.Isso gerou um aquecimento imobiliário, pois estimulou as pessoas a comprar novos imóveis.Neste caso, a pessoa tem 30 dias para declarar a venda do imóvel (para fins do benefício) e com 6 meses, tem que ir apresentar a comprovação da compra do outro imóvel.Caso a pessoa queira vender o imóvel, mas não queira utilizar o dinheiro para adquirir outro, deve observar se se enquadra nos requisitos da isenção antiga (mais restrita, com mais limitações).

IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI1. FUNÇÃOA função do IPI, para a professora é extrafiscal e fiscal (muitos autores, todavia, consideram-no como predominantemente extrafiscal). Pode-se dizer que o IPI tem uma forte função fiscal (é significativo em arrecadação). Dos impostos, ele é o segundo mais relevante em arrecadação, depois do IR. O governo não consegue mexer tanto no IPI sem considerar este aspecto, pois ele precisa considerar o impacto das renuncias do IPI no orçamento. A sua função extrafiscal, que também é forte, pode ser vista quando o governo reduz a alíquota do IPI incidente sobre veículos, sobre eletrodomésticos, de forma a estimular o crescimento do mercado interno, para manter os empregos.O mundo está passando por uma crise financeira, o mercado internacional de veículos caiu, as empresas brasileiras diminuíram as exportações e iriam

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diminuir seu quadro de funcionários. Então, o Governo diminuiu a alíquota do IPI para aquecer o mercado interno. Estimular as pessoas a trocar a geladeira, fogão, carro, de modo a manter os empregos (troca-se a exportação pela venda no mercado interno).Toda vez que o Governo reduz a alíquota do IPI, a primeira coisa que ele faz é aumentar a alíquota do IPI sobre bebidas alcoólicas e tabaco. O tabaco, hoje, tem um escalonamento que gira em torno de 400%. A função extrafiscal do IPI sobre o tabaco e bebida é desestimular o seu consumo desses produtos, por exemplo. Contudo, apesar do IPI sobre o tabaco e a bebida ser extrafiscal, o aumento teve tudo a ver com a perda da arrecadação por conta da alíquota zero em outros produtos. Ou seja, temos uma questão fiscal por traz.RESUMO: o IPI tem uma forte função extrafiscal e uma forte função fiscal.*A renúncia fiscal tem uma serie de requisitos (obrigatórios e alternativos, sendo estes últimos: estar contemplado na LOA ou há medidas de compensação). Só que no parágrafo deste artigo, está previsto o IPI como exceção a essa regra. Ocorre que, por mais que o governo possa renuncia sem adotar medida de compensação, em verdade, o governo não pode ignorar isso, porque ele vai ter que cortar de algum lugar. 2. COMPETÊNCIAArt. 153, IV, CF – trata-se de um imposto de competência federal. ”Compete à União instituir impostos sobre produtos industrializados”.

3. LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTARO IPI se sujeita às limitações de maneira geral, mas tem algumas observações. Ele pode ter sua alíquota alterada pelo Poder Executivo (APENAS A ALÍQUOTA), se juntando ao II e ao IE como exceções ao que se refere à alíquota. Além disso, o IPI se sujeita à noventena, mas é exceção à anterioridade (é o contrário do IR, pois este se sujeita à anterioridade e se sujeita à noventena). Isso significa que uma lei que cria ou aumenta o IPI precisa observar o prazo de 90 dias para produzir efeitos, sem que, contudo, tenha que esperar o ano exercício seguinte para entrar em vigor. Ex. o Presidente pode, por Decreto, aumentar a alíquota do IPI, mas esse Decreto só poderá produzir efeitos 90 dias após a publicação. Inclusive, na opinião da professora, houve um erro gravíssimo do Governo. O Governo está deslocando a função do IPI para ajudá-lo no controle da importação, pois a tributação da importação tem limites (o Brasil é signatário da OMC). Então, o Brasil se sujeita a uma série de normas, de modo a evitar um protecionismo exacerbado. O Brasil não pode aumentar a alíquota do II aleatoriamente, sob pena de ferir algumas normas que regem os países signatários da OMC. Aí, o que o Governo fez? Por que o Brasil trabalha com a política de tributação da importação? Para trazer as empresas para cá; para não sermos apenas um mercado consumidor. O Brasil quer que as empresas se instalem aqui, de forma que a riqueza continue aqui e, de preferência, até que exporte, porque aí a gente vai trazer riqueza do exterior para o país.Então, com a crise financeira, o Brasil a enfrentou bem, e o número de exportação caiu, mas o mercado interno foi aquecido, o que atraiu os investidores estrangeiros (empresas estrangeiras vieram para o país apenas

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com suas montadoras, o que não gerava muito emprego). Para que não prejudicasse a economia interna, o governo resolveu aumentar a alíquota do IPI para todos, sem observar a noventena (o que gerou grande problema) e concedeu um beneficio para quem produz mais de x% do produto no Brasil. Desta forma, as empresas estrangeiras começaram a ampliar suas indústrias no Brasil, gerando mais empregos. Isso é importante, de alguma forma, para o país, pois se queremos os produtos mais baratos, também queremos mais que sejam gerados empregos.Então, o IPI vai se sujeitar à legalidade, mas a alíquota poderá ser alterada pelo Executivo; sujeitar-se-á à noventena, mas não à anterioridade.A capacidade contributiva fica mitigada quando a função extrafiscal do IPI se aflora. Como dito anteriormente, quando o imposto tem uma extrafiscalidade forte, essa capacidade contributiva fica mitigada,apesar de não ser possível afirmar que ela é totalmente afastada.<!> A anterioridade e a noventena só se aplicam às leis que criam ou ampliam tributo. Para a redução do imposto não é preciso observar a anterioridade e a noventena, mas é óbvio que se o legislador, neste caso, quiser estabelecer uma vacatio, ele pode (não há nenhuma ilegalidade ou inconstitucionalidade nisso).*IMUNIDADE ESPECÍFICA DO IPI – ainda no plano das limitações, o IPI tem uma imunidade específica, através da qual estabelece-se que o IPI não incidirá sobre a exportação. A exportação é imune ao IPI.As imunidades gerais aqui também são consideradas.

4. ESTRUTURA NORMATIVAO CTN estabelece normas gerais sobre o IPI nos art. 46 a 51 do CTN. A lei do IPI n° 4.502 é de 1964, portanto, anterior ao CTN e é ela quem cria o IPI. Por isso temos que ter muito cuidado, pois quando ela fala de sujeito passivo, ela traz a expressão ”contribuinte substituto” o quer dizer “responsável”; a lei não fala em contribuinte e responsável, porque esses conceitos vieram em 66. Inclusive, o IPI, na lei, é chamado de “Impôsto sobre o consumo”.5. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

a) CRITÉRIO MATERIALVamos explicar os critérios material e temporal juntos, pois na verdade o

CTN tem uma redação péssima no art. 46. Veja-se que o marco constitucional é: “compete à União criar imposto sobre produtos industrializados”. Aí vem o art. 46 do CTN e diz que “o FG do IPI é a saída da mercadoria do estabelecimento industrial, o desembaraço aduaneiro e a arrematação do produto”. Esse artigo trabalha, neste caso, o aspecto temporal (em que momento se considera consumado o FG do IPI). O seu parágrafo único, que vai dizer o que é produto industrializado, é que vai tratar do critério material, de fato, pois o aspecto material do IPI é o produto industrializado. O aspecto material é a industrialização dos produtos.

Lembre-se que FG é aspecto material, temporal, espacial e temporal.*Uma indústria automobilística paga IPI quando do carro no pátio? Pelo

aspecto temporal, não basta a industrialização; é necessária a venda (IPI não incide sobre estoque). Só se considera consumada a industrialização quando o produto é vendido, quando ele circula juridicamente.

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b) CRITÉRIO TEMPORALMas, em que momento considera-se consumado o FG? Aí tem sentido a

previsão do art. 46 do CTN.Na industria nacional, considera-se consumado o FG quando o produto

industrializado sai da industria, é vendido pela industria; se o produto industrializado é estrangeiro, o momento em que o Brasil se interessa em tributar o produto industrializado produzido no exterior é o momento do desembaraço aduaneiro; por fim, no caso de bem apreendido, abandonado e levado à leilão (forma originária da aquisição da propriedade), o FG se consuma no momento da arrematação do bem.

Art. 46 do CTN: “o Imposto da União sobre produtos industrializados tem como FG: I – o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; II – a sua saída do estabelecimento industrial; e III – a sua arrematação, quando apreendido, ou abandonado e levado á leilão. Há um autor que defende que o IPI sobre o produto industrializado vindo do exterior seria um bis in idem. Ocorre que o FG do IPI não é igual ao do II; o que é semelhante é o aspecto temporal. O aspecto material do IPI na importação não é a importação; é o produto industrializado. É tanto que se for um bem in natura o IPI não vai incidir, porque só se pode cobrar o IPI na importação de produtos que são industrializados. Então, a professora não consegue ver a incidência do II e do IPI como bis in idem, pois os FG são diferentes. A única coisa que eles têm de semelhante é o aspecto temporal, que, aliás, é igual em relação ao II, IPI e ICMS (momento do desembaraço aduaneiro).*vale lembrar que o II não é substitutivo de toda a tributação na importação. Na importação incide II, IPI, ICMS, PIS e COFINS. Então, qual é a lógica do Governo: “vamos regular a importação através do II”. Feito isso, vamos tributar o produto estrangeiro como é tributado o produto nacional, de forma que não haja concorrência desleal. Afinal, assim como o Brasil imuniza a exportação, outros países também fazem isso. O consumidor fica revoltado porque vê o produto muito barato nos EUA, por exemplo, mas é que lá, além de uma série de fatores, a tributação é menor, só que a gente tem que entender que indústria nacional não tem aquelas mesmas condições. Na verdade, a nossa briga deveria ser qual? Que o IPI fosse menor mesmo, que a tributação do consumo fosse realmente menor, mas não só ligado à importação, mas a tudo, porque assim o produto nacional sairia mais barato e o produto estrangeiro também, e o produto estrangeiro não concorreria deslealmente com o produto nacional.

26/02/2013(cont.) IPI*Vale registrar, antes de tudo, que o IPI, o ICMS e o ISS são três impostos sobre o consumo. Ou seja, os FG deles demonstram, presumidamente, a capacidade contributiva. O seu objetivo final, portanto, é alcançar a capacidade contributiva do consumidor, apesar do FG envolver o processo produtivo. Isso porque consumir é uma das principais formas de demonstrar capacidade contributiva num Estado capitalista; eu só compro algo, se eu tiver, em tese,

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capacidade contributiva para comprar. E como fazer para tributar individualmente as pessoas (sendo que todo mundo consome)? Impossível. Então, a legislação prevê a tributação do consumo na cadeia produtiva, de forma que o consumidor final esteja pagamento pelo bem e pelos impostos embutidos no preço ao longo da cadeia produtiva. E quando o consumidor paga pelo serviço, ele está pagando pelo serviço e pelo imposto do serviço ali embutido. Essa é a lógica dos impostos sobre consumo.O modelo brasileiro é inspirado no modelo francês (IVA – Imposto sobre Valor Agregado, da União Europeia). Na UE, o comércio, a indústria e o prestador de serviço pagam IVA, não havendo dúvida de qual imposto deve ser pago sobre o consumo. Trata-se de imposto único para a tributação do consumo, que terá sua alíquota variada de acordo com o produto ou serviço.No Brasil, inventaram de dividir a tributação do consumo entre os entes federativos (industria, comercio e serviço), o que todavia, nem sempre é tão divisível assim. Onde termina a industria e começa o comercio? Determinou-se que a indústria seria tributada pela União, o comércio, pelos Estados, e os serviços, pelos municípios. Isso, na realidade, não é tão divisível assim; afinal, quando termina o serviço e começa a industrialização? Há inúmeras situações: ex: hospital: serviço e mercadoria (o médico prescreve remédio – o hospital vai pagar ICMS ou ISS?).Os fatos não se ajustam para se adequar ao direito; nós temos que ter um trabalho hermenêutico para tanto.Há um entendimento doutrinário antigo no sentido de que o IPI e o ICMS caminhariam juntos, pois o FG do IPI não basta a industrialização, haja vista o seu critério temporal, que exige, além da materialidade (industrialização do produto), a circulação jurídica do bem (a industria não paga IPI sobre o estoque), que o produto mude de proprietário; por outro lado, a circulação jurídica do bem é FG do ICMS. Esses produtos andam juntos, portanto, pois quando se industrializa um bem, estar-se-á comprando um bem. Ex: a indústria A cria o algodão e vende a B, que é uma indústria de tecido – houve um processo de industrialização; vai haver a incidência do IPI e do ICMS: o IPI porque houve a industrialização e o ICMS porque houve a circulação; quando B vende o tecido para C, que é uma fábrica de roupa, tem novamente a incidência do IPI e novamente a incidência do ICMS, porque a fábrica de tecido pegou o algodão e transformou em tecido (houve industrialização). Além disso, ele circulou juridicamente (saiu da propriedade de B e foi para C). A fábrica de roupa comprou o tecido e transformou em um vestido, e vendeu o tecido para D, que é uma loja – a fábrica de roupa vai pagar IPI e ICMS, porque transformou o tecido em vestido (industrialização) e teve a circulação jurídica do vestido. Agora, a loja de roupa vende o vestido para uma menina, consumidora final – nessa operação só vai haver a incidência do ICMS, e não do IPI, porque a loja de roupa não industrializou a roupa, ela vendeu exatamente como ela comprou, e vai incidir ICMS porque houve uma circulação jurídica da mercadoria.E por que IPI e ICMS andam juntos? Porque industrializar é igual a despersonificar o bem, quando tem uma industrialização, estou contratando um bem, estou comprando um bem, e essa é a grande questão quando se vai

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diferenciar o IPI do ISS. Apesar de andarem juntos, o IPI e o ICMS não podem andar junto com o ISS, pois enquanto os FG do IPI e do ICMS envolvem uma obrigação de dar, o FG do ISS consistir numa obrigação de fazer, e numa obrigação de fazer o que prevalece é justamente o modo, o “fazer”, e não o bem em si. Apesar de às vezes você ter como resultado de um “fazer” a entrega de um bem. Ex: eu contrato um pintor para pintar meu retrato – estou contratando um serviço, mas ele vai me entregar um bem físico como resultado do serviço, eu não estou comprando um bem, mas sim, contratando um serviço. É diferente se eu chegar numa loja e comprar uma reprodução da Monalisa – aí a indústria está vendendo o bem, não o serviço.

A respeito do IPI, do ICMS e do ISS tem havido grandes discussões. A Receita Federal vem cobrando IPI de algumas atividades tributadas pelo ISS. Tem tido alguns problemas, sobretudo, no que se refere a fabricação de móveis modulares (cozinha, armários), em que em princípio há cobrança do ISS e a RFB está cobrando também o IPI. Ocorre que, dentro dessa teoria clássica, não seria possível que o IPI caminhasse junto do ISS, porque ou teria um processo de industrialização, no qual o caráter pessoal do serviço estaria ausente, ou eu teria de fato um serviço e, aí sim, tributado pelo ISS. Até o momento não temos uma solução jurisprudencial para essa discussão, mas ainda vai chegar lá no STJ ou STF.OBS: na construção civil, sempre haverá a incidência do ISS, podendo incidir, ainda, em algumas situações, o ICMS, porque uma mercadoria, de fato, muitas vezes, é fornecida. Em princípio, algumas atividades realizadas pela construção civil poderiam ser tributadas pelo IPI (ex: concretagem – o contrato fica rodando ali senão ele seca, e há aí um processo de industrialização), mas geralmente existe para esses casos a não tributação (alíquota zero, isenção), de forma a incentivar o mercado da construção civil. Há empresas que chegam até a recolher o IPI, porque são empresas que são fornecedoras de construção civil, mas já entregam o produto acabado. Então na cadeia da construção civil, vem embutido o IPI. Mas o governo vai, muitas vezes, retirar a incidência do IPI, estabelecer isenção... até porque o Governo usa muito o IPI como forma de incentivo – por ex., reciclagem tem alíquota zero, assim como a maioria dos insumos. Há situações outras em que o IPI está embutido no preço do serviço.

Então, de fato, se tivéssemos um tributo único sobre o consumo a realidade no Brasil seria muito mais fácil, pois só haveria a diferença de alíquotas, variando de acordo com as atividades. E hoje o que acontece uma briga muito grande, porque União quer arrecadar, assim como o Estado e o Município, e o contribuinte muitas vezes sendo oprimido dentro dessa realidade.

CRITÉRIOS MATERIAL E TEMPORALA materialidade do IPI é o produto industrializado, a industrialização do produto. Mas em que momento se considera consumada essa industrialização para fins de incidência do IPI? a) Se a industrialização é feita nacionalmente, no momento da saída da indústria; b) se a industrialização é feita no exterior, no momento do desembaraço aduaneiro; e c) se eu tenho um produto

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industrializado, apreendido/abandonado e levado a leilão, considera-se consumado o fato gerador no momento da arrematação.O art. 46 do CTN trata muito mais do aspecto temporal do que o material. A norma geral sobre o critério material está no parágrafo único deste artigo: “considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer processo que lhe modifique a natureza ou finalidade, ou leh aperfeiçoe para o consumo”.

Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador:I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

O conceito de industrialização é amplo, porque ele envolve o produto que passe por qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade ou o aperfeiçoe para o consumo. A industrialização, não necessariamente, envolve processos de transformação e montagem, podendo ser um simples processo (beneficiamento, recauchutagem, armazenamento – embalagem – p. ex.). A industrialização envolve, sobretudo, produção em série (em escala). Então, industrialização não é só o processo de transformação e montagem, é também o processo de beneficiamento (ex: um saco de feijão que você compra no mercado – industrializado). Claro que se for vendido o bem in natura não haverá incidência do IPI (ex: peguei a laranja do pé e vendi naqueles sacos vazados); mas se o bem for beneficiado (ex. cacau), haverá incidência do IPI, pois houve beneficiamento. Para Daniela, contudo, esse beneficiamento tem que ser em escala. Ex. Se eu tiver um pé de café em casa e torro o café para consumo próprio, não é industrialização; mas nem todo autor concorda com isso. Industrialização envolve também armazenamento: colocar o feijão no saco embalado é industrialização. Reciclagem, recauchutagem; tudo isso pode ser enquadrado como processo de industrialização para incidência desse imposto. *Esses conceitos estão no parágrafo único do art. 46 e na lei e em regulamentos do IPI.*Na legislação do IPI, tem-se uma série de isenções, por ex., em relação ao artesanato. Artesanato é um problema absurdo, uma vez que há, de certa forma, uma produção em escala. Mas, a partir de que momento deixa de ser artesanato e passa a ser industrialização? Aí há um problema porque foi separado IPI, ICMS e ISS, porque se tivesse uma tributação única, ia ser aquele imposto e pronto, mas como tem essa tributação fragmentada, tem possibilidade de conflito. Mas a legislação federal, por ex., estabelece uma isenção para o artesanato.

c) CRITÉRIO ESPACIALConsidera-se ocorrido o FG do IPI no local onde se deu a industrialização, ou no caso do IPI na importação, no local do desembaraço aduaneiro; ou se for o caso do IPI na arrematação, no local da arrematação. Todavia, como o

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tributo é federal, pouco importa, na prática, onde ocorre efetivamente essa industrialização (critério espacial), porque vamos aplicar uniformemente o IPI em todo território nacional.

d) CRITÉRIO PESSOALQuem realiza o FG do IPI quando a industrialização é feita dentro do país é a industria (que industrializa e vende); no caso da importação do produto industrializado vindo do exterior, quem realiza o FG do IPI é o importador (justamente pela dificuldade de cobrar de quem industrializou no exterior e vendeu para o importador no Brasil); e no caso do leilão, quem realiza o FG é o arrematante.O ponto delicado é o seguinte: o inciso III do art. 51 do CTN fala que se considera contribuinte “o comerciante de produto sujeito ao imposto que os forneça aos contribuintes ditos no inciso anterior”.

Art. 51. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior;

Mas a não foi dito que comerciante não paga IPI? Realmente, não paga, a loja naquele exemplo não pagará IPI. Mas o inciso III está escolhendo como contribuinte do IPI o comerciante. Em que situação o comerciante, que não industrializou nada (só comprou e vendeu) pode ser chamado a pagar o IPI? Quando ele fornecer produto industrializado à industria – o inciso III fala. Então, no ex., a loja está fornecendo um produto industrializado? Sim. Mas ela está fornecendo um produto industrializado para uma indústria? Não, ela não vai pagar IPI. Mas, pode ser, por ex., que na economia as fábricas de tecidos vendam em preço menores quando a venda é em quantidade. Suponha que há várias fabricas de roupa que querem comprar tecidos de fábricas diferentes e um compra um pouco de cada, de modo que daquela fábrica de tecidos ela não consegue o preço reduzido. Nesse caso, pode fazer surgir a figura do intermediário, que é um comerciante, que compra o tecido das fábricas em quantidade e vender as peças aos poucos para as fábricas de roupa em quantidades menores. Nesse caso, o comerciante estará fornecendo um produto industrializado para indústria. E ele pode ser chamado a pagar o IPI. Ele pode escolher pagar o IPI. Por que? Vamos acompanhar um raciocínio:Quando A industrializa o algodão e vende o algodão para B, A paga o IPI 1 e ICMS 1; quando a fábrica de tecido pega o algodão e transforma em tecido e vende, a fábrica de tecido vai pagar exatamente IPI2 e ICMS2? Não, por causa da não cumulatividade, vai pagar IPI2 menos IPI1, e ICMS2 menos ICMS1 – isso é a não cumulatividade. Aí a fábrica de roupa quando faz o vestido e o vende, ela vai pagar IPI3 menos IPI2 e ICMS3 menos ICMS2. Mas quando a fábrica de tecido vende para X [comerciante], vai haver a incidência do IPIx e ICMSx – isso porque ela industrializou e vendeu, realizando o FG do IPI e do ICMS. O comerciante não industrializou, ele só vai comprar o tecido e vender como ele comprou, e aí ele só paga ICMSx² [leia-se ICMS xis 2]; aí a [uma outra] fábrica de roupa que comprou o tecido do comerciante, na hora que vende o vestido para a loja, vai pagar IPI3 menos o quê? Menos nada! Porque

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na operação que antecedeu não houve recolhimento do IPI, e o abatimento do IPI é feito com base na nota fiscal, e se na nota fiscal do comerciante não houve incidência do IPI, não há crédito do IPI, então essa fábrica de roupa vai ter que recolher o IPI3 integral e o ICMS3 menos o ICMSx². E como se resolve isso? Resolve se o comerciante escolher pagar o IPI; aí ele vai ter que pagar o IPIx², e a fábrica de roupa pagará o IPI3 menos o IPIx².

Por que pode ser importante para o comerciante recolher o IPI? Para manter a relação de credito com os seus clientes, onerando menos a cadeia produtiva. Quando ele fornece produto industrializado para indústria, para manter a relação de creditamento relacionado ao sistema de não cumulatividade do IPI, porque quando o comerciante recolhe o IPI, ele vai gerar crédito para o comprador, evitando a cumulatividade e onerando menos a cadeia produtiva.Houve uma questão da OAB em que uma empresa e ela concluía que comprar da indústria era melhor do que comprar do comerciante o mesmo bem, porque se comprasse da indústria ela teria crédito e, se comprasse do comerciante, não teria. Então perguntou-se o que o comerciante poderia fazer para ganhar aquele cliente e concorrer com a indústria e a resposta era essa. *Para Daniela isso tem que ser sempre uma faculdade, porque o comerciante não realizou o FG, não houve industrialização. Então a União não poderia obrigar o comerciante a recolher o IPI, porque ela não terá competência se ele não tiver um processo de industrialização.

<!> Não há cumulatividade do IPI na cadeia produtiva. Ou seja, o IPI pago no inicio da cadeia será abatido no seguinte e assim sucessivamente.Se o comerciante não pagar o IPI, isso será pior para a indústria (o comprador).No exemplo dado: A recolhe 100 reais de IPI e embute no preço; B recolhe 200 reais, mas não vai pagar 200, vai pagar 200 – 100 = 100; X (comerciante) iria recolher 300 de IPI pela venda, mas ai vai recolher 300 – 200 = 100; C teria que recolher 400 de IPI, mas só vai recolher 400 – 300 = 100. então A, B, X e C recolheram 100 cada um – 400 de IPI foram recolhidos.Mas em outra situação: A recolheu 100, B recolheu 200 – 100 = 100; X não recolhe nada, ai C, na hora de recolher os 400, vai recolher quanto? 400! Sendo que, ao longo da cadeia, já foram recolhidos 200 de IPI. Isso porque o IPI é recolhido embutido ao preço, então quando o comerciante não recolhe o IPI, ao longo da cadeia, no exemplo, foram recolhidos 600 de IPI. E quando ele recolhe o IPI, ele não suporta o ônus, ele repassa, ele só é a pessoa que vai ao banco recolher; quem suporta o IPI são os consumidores finais (ele recolhe e embute no preço). E ai ele ajuda a cadeia produtiva, porque a indústria que comprou dele, na hora de vender, vai ter o crédito.Mas isso nem sempre ocorre: às vezes o comerciante repassa à indústria sem ter recolhido o IPI, e, para Daniela, a União não poderia autuá-lo, porque é uma faculdade dele, apesar de não estar assim na lei e de o tributo ser pagamento obrigatório (este caso seria uma anomalia).

6. MANDAMENTOa) CRITÉRIO QUANTITATIVO

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Alíquota – deve ser fixada em lei, mas pode ser alterada pelo Poder Executivo (mitigação da legalidade em relação à alíquota, porque, uma vez fixada em lei, ela pode ser aumentada ou diminuída pelo Executivo). Quem faz essa alteração é o próprio Presidente por meio de Decreto.O IPI é regido pela seletividade (art. 153, §4°, CF), que deve ser em função da essencialidade do produto. É diferente do ICMS, para o qual a CF traz a expressão “poderá ser”. Aqui, a seletividade é uma ordem. Quanto mais essencial o produto, menor a alíquota, quanto menor a essencialidade, maior a alíquota. A seletividade do IPI é uma variação da alíquota de acordo com o produto, e ela vai variar em razão da essencialidade do produto (Temos uma tabela do IPI, chamada TIPI, que é imensa). Para a professora, essa seletividade do IPI tem por objetivo alcançar a capacidade contributiva do consumidor.

§ 4º - O imposto previsto no inciso IV:I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

*A seletividade é sempre em função da essencialidade do produto? Não. Por exemplo, no imposto de importação, a seletividade é em função da regulação da balança comercial. A seletividade é variar a alíquota de acordo com o produto.A alíquota do IPI pode ser alterada pelo Poder Executivo, está sujeita à noventena, mas é exceção à anterioridade.Esse conceito de produto essencial deve ser pensado do ponto de vista objetivo, não é o que é essencial para a pessoa, mas para um ser humano, de maneira objetiva (necessidades básicas, higien pessoal...) – ex: perfume não é produto essencial.<!>Para a professora, essa seletividade do IPI em função da essencialidade do produto tem por objetivo alcançar a capacidade contributiva do consumidor. Como assim? Porque o objetivo do tributo é onerar o consumidor final, mas não se sabe quem está comprando o que, então, como alcançar a capacidade contributiva do consumidor – quando se coloca alíquotas menores para produtos essenciais, estar-se-á poupando no consumo do que é essencial; quando se coloca alíquotas maiores para produtos supérfluos, vai se alcançar numa proporção maior a capacidade contributiva de quem tem condições de adquirir aquele bem. Então quando aumenta a alíquota do jet ski, por exemplo, a intenção do Governo não é inibir a compra do jet ski, mas onerar num percentual maior aquela pessoa que tem capacidade econômica para adquiri-lo.]Isso não se deve ser confundido com o Governo coloca a alíquota de 400% sobre o tabaco. Quando o governo coloca a alíquota de 400% no tabaco, o objetivo não é alcançar a capacidade contributiva de quem está comprando cigarro, mas inibir o seu consumo. Ou seja, a seletividade do IPI pode ser fiscal ou extrafiscal.Ou seja, para Daniela, a seletividade do IPI pode ser fiscal ou extrafiscal. Ela é extrafiscal quando ela visa a inibir ou estimular um comportamento, e é fiscal quando ela tenta alcançar a capacidade contributiva, ainda que de forma indireta, do potencial comprador do produto.OBS: A alíquota media do IPI é 10%, mas não é absoluta, pois existe uma variação a depender do produto sobre o qual incide.

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BC – No IPI, vamos fazer dois cálculos:

(1) IPI = BC x Alíquota(2) IPI devido no mês = IPI Saídas – IPI Entradas

A não cumulatividade do IPI gera esse segundo cálculo: vai recolher o IPI devido pelas saídas menos os créditos de IPIs decorrentes das entradas. Primeiro explicaremos o (1) e depois o (2).

Art. 47. A base de cálculo do imposto é: I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação; b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis; II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente; III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.

Art. 47, CTN - A BC do IPI, no caso de arrematação (quando ele incide no leilão), é o preço da arrematação; quando a industrialização é feita no Brasil, a BC é o valor da operação de saída da mercadoria – valor da mercadoria (ou o valor de mercado quando não houver o valor na nota fiscal). Ex: a fiscalização pega um caminhão com vários produtos industrializados sem nota fiscal, aí, como não há nenhum valor, tem-se que trabalhar com o valor de mercado daquele bem. Mas, em regra, a BC do IPI é o valor da operação.

Vale observar que o IPI “corre por fora”: Ex. uma indústria vende uma TV por 1000,00 reais, tendo 10% de IPI – a nota fiscal vai ter: 1000 reais a TV, 10% de IPI, 100 reais de IPI. O preço final do produto será o valor da operação + o IPI, ou seja, 1100,00 reais (o IPI é somado ao valor do produto). Ex. Quando você compra do supermercado, o supermercado não vai pagar IPI, mas quando a indústria vendeu pra ele, ela pagou IPI, então o IPI vai estar embutido no preço, mas aí não vai vir na nota. Mas isso vai mudar agora, que vai ter que na nota fiscal de cada produto quanto de imposto estamos pagando.Quando no caso da importação, por fim, a BC do IPI é o valor aduaneiro (preço normal que o produto ou seu similar alcançaria no porto de chegada, ou seja, incluindo transporte e seguro), acrescido do II e de qualquer imposto, taxa ou encargo incidente na importação. Ou seja, a BC no IPI importação incha mais ainda. Ex. importação cujo valor aduaneiro seja 10 mil dólares, já incluído o transporte e o seguro (1500) e a alíquota do II é de 30%. Terá que ser recolhido de II 3000 reais. A BC do IPI, na importação desse produto, já começa em 13 mil reais, porque a BC do IPI na importação vai considerar o II pago.O dispositivo fala que a BC do IPI na importação é aquela que se refere o art. 20, inciso II, que é o artigo da BC do I.I. Por isso que a BC do IPI na importação é a BC do I.I (valor aduaneiro), acrescida do próprio I.I. e de outros impostos e encargos relacionados à importação. Não é bitributação, porque

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bitributação importa em ter o mesmo fato gerador; se eu importar um produto in natura, não vai ter o FG do IPI.

[o tributo tem que ser pago em real]Achei a BC do IPI, achei a alíquota, multipliquei e achei o IPI devido em

relação àquela operação. Lembrar da não cumulatividade.§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

Ex (naquele exemplo): A (indústria de algodão) vende o algodão beneficiado (não é in natura) por 1000 reais. A nota fiscal vai ter: 10% = 100 reais de IPI, preço final: 1100. quando A vende esse algodão para B, que é a fábrica de tecido, B não está pagando só pelo algodão, ele está 1100, ou seja, A foi ao banco recolher os 100 de IPI, mas ele repassou esse valor no preço. Então B está pagando também pelo IPI embutido no preço, e com a nota fiscal para comprovar isso. Aí a fábrica de tecido pega esse algodão transforma em tecido e vende para C, que é a fábrica de roupa. A fábrica de tecido vai comprar pelo valor que vendeu? Não, ele vai pegar o algodão, transformar em tecido e vende uma peça de tecido para a fábrica de roupa por 2000 reais – a nota fiscal vai ter: 2000 x 10% = 200 reais de IPI, preço final= 2200 reais. Mas a fábrica de tecido vai recolher 200 reais de IPI? Não! Ela tem um crédito, ela vai recolher 200 – 100. Olha que interessante: quando a fábrica de roupa compra esse tecido por 2200, ela está pagando quanto de imposto embutido pela nota? 200. Mas desses 200, B recolheu 100 e A recolheu 100, e repassaram no preço – tudo certo, porque o objetivo do IPI é tributar/onerar o consumidor final. Só que na contabilidade da fábrica de tecido, o contador vai lançar 200 a pagar pela venda, menos o crédito de 100. então B realmente vai pagar de IPI 100 reais. A fábrica de roupa pegou a peça e fez um vestido e vendeu para a loja, que vai vender esse vestido por 3000 reais – 10% de IPI = 300 reais, então o preço final é 3300. Mas a fábrica de roupa vai recolher 300 de IPI? Não, ela vai abater do IPI devido pela venda/saída o crédito decorrente da entrada. E qual é esse crédito? Sempre o da nota fiscal; tem 200 reais de Ipi destacado, então ele vai abater 200 dos 300 e aí vai recolher 100 de IPI. Então A recolheu 100, B recolheu 100 e C recolheu 100 – tem 300 reais de IPI embutido. Então o objetivo da regra do art. 153, parágrafo 3, inciso II é garantir que o IPI seja neutro na cadeia produtiva (não cumulatividade), porque o objetivo dele não é onerar a cadeia produtiva, mas onerar o consumidor final. *A conta não é feita de forma individual como foi feito aqui, vai ser feita por mês, globalmente. Aí o contador vai pegar todas as notas fiscais de venda e somar todo o IPI devido por todas as saídas de vendas no mês. E aí vai pegar as notas fiscais de compra e somar os créditos decorrentes da compra no mês. Pode ser, inclusive, que a empresa, em um mês, compre muita matéria-prima e venda pouco, e não pague nada de IPI; o crédito, inclusive, pode ir pro mês seguinte. Em um outro mês pode acontecer o contrário, ela comprou pouca matéria-prima e vendeu muito, e aí vai pagar muito IPI. Então a contabilidade nunca é feita peça a peça.]Devemos observar que o IPI, o sistema de creditamento é físico – ex: a fábrica de roupa, na hora de fazer essa compensação, ela não pode abater os créditos decorrentes de toda e qualquer nota fiscal – ex: essa fábrica de roupa comprou

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um computador para o seu escritório – ela pode pegar o IPI embutido no computador que ela adquiriu e abater do IPI devido pelas vendas? Não! Porque a nossa legislação diz que a indústria só pode aproveitar os créditos dos produtos adquiridos que integrem fisicamente os produtos tributados na saída. Então, numa fábrica de roupa, o que pode gerar crédito? Tecido, linha, botão, zíper, etiqueta, a embalagem da roupa (…) porque tudo isso é tributado na saída. Mas, por ex., material do escritório ou mesmo o maquinário, sem o qual não posso gerar a roupa, mas ele não integra fisicamente a roupa – tem uma discussão sobre isso, alguns dizem que é ofensa a não cumulatividade constitucional... Mas na legislação do IPI, só se permite o aproveitamento dos créditos daqueles bens que integram fisicamente o produto tributado na saída.

b) CRITÉRIO SUBJETIVOO IPI é um tributo federal, é a União quem o arrecada. Quem deve pagar o IPI, em princípio, é o contribuinte (a indústria, o importador e o arrematante). O TRANSPORTADOR (se dá mal) responde pelo IPI devido pelos produtos que não tenham sido transportados com nota fiscal (o transportador entra como responsável). Ex. a empresa que transporta a mercadoria sem a nota fiscal responde pelo IPI devido em relação àquela mercadoria.Um outro responsável é aquela empresa que tem matéria-prima e produtos industrializados no seu estoque sem nota fiscal. Isso porque o que a Receita Federal quer é amarrar as pessoas. Ex: um fiscal chega numa fábrica de roupa e encontra vários tecidos no estoque sem nota, ai ele vai presumir que quando ela vendeu o tecido, não recolheu o IPI, não emitiu nota, isto é, sonegou, e é por isso que o responsável é o possuidor, quem está na posse de mercadoria sem nota. [Uma vez emitida a nota, é muito difícil a sonegação]. Por isso que o transportador responde pelo IPI (se transportar mercadoria desacompanhada de nota) e a indústria também, se mantiver produtos industrializados sem nota que comprove a sua propriedade. Vai se presumir que houve uma sonegação no momento da compra desses bens.É muito comum a substituição tributária no IPI e também no ICMS, quando alguém vai substituir anterior uma etapa posterior.

28/02/2013ICMS – IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS1. CARACTERÍSTICASO ICMS é o imposto mais complexo do ordenamento jurídico brasileiro, sobretudo acerca das questões que envolvem a guerra fiscal, já que o ICMS é um imposto estadual.O ICMS é predominantemente fiscal, tendo por principal objetivo arrecadar recursos para alimentar os cofres públicos, mas é claro que pode ter uma finalidade extrafiscal. É um imposto sobre o consumo e é um imposto indireto, porque a pessoa que recolhe o imposto transfere para o outro o encargo financeiro, fazendo isso com base na lei do ICMS (assim como o ISS). O que o estado quer tributar não é a cadeia produtiva, mas o consumidor final.

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Quando a indústria A fabrica a TV e a vende para a loja, tem a incidência do ICMS. Quando a loja vende a TV para o consumidor final, tem a incidência do ICMS também. Mas observe que A recolhe o ICMS e embute no preço, e B também recolhe o ICMS e embute no preço. O consumidor final, como ele é destinatário final do produto, ele não tem para quem repassar, então ele suporta o ônus do imposto. Então, o ICMS é um imposto indireto por isso, porque quem é o sujeito passivo do ICMS, quem está obrigado a pagar, transfere o encargo financeiro desse imposto para outra pessoa. E isso está contemplado na própria lógica desse imposto, ele é sobre consumo, quer realmente onerar o consumidor final.*O consumidor final, como parte final da cadeia de circulação suporta a carga tributária, apesar do sujeito passivo não ser ele (o sujeito passivo recolhe o ICMS e transfere o ônus para o consumidor final). Isso faz parte da própria lógica do ICMS.Como o IPI, ele é regido pela não cumulatividade. Então, B não vai pagar o ICMS 2, ele vai ICMS2 – menos ICMS1. É direito da empresa, na hora de pagar o ICMS, aproveitar o crédito já pago pelo agente anterior da cadeia produtiva. Trata-se de uma presunção legal, de modo que ainda que o primeiro agente não tenha recolhido o ICMS1, o ICMS2 será abatido do valor que deveria ter sido pago. Esse, inclusive, é o entendimento do STJ.Não cumulatividade: é o direito da empresa, na hora de pagar o ICMS pela venda que está fazendo, aproveitar o crédito decorrente da operação anterior. Isso porque A, quando pagou ICMS 1, embutiu no preço, então A foi ao banco e pagou esse ICMS1, mas repassou no preço do produto para B, então B, quando comprou o produto, ele não pagou só pelo produto, mas também pelo ICMS1, então para evitar que o ICMS2 incida sobre o ICMS1 – é o direito de abater do ICMS2, que é o ICMS devido pela venda, o que já foi recolhido na operação anterior.Esse imposto é plurifásico – incide em várias fases da cadeia produtiva. Em regra, tantas vezes a mercadoria circular, tantas vezes o ICMS incidirá. *Contribuinte de direito: as empresas, a cadeia produtiva. E contribuinte de fato: consumidor final; mas para a lei, o consumidor final não é contribuinte, ele suporta o ônus, mas, para lei, ele não está obrigado ao pagamento, exceto no caso especial da importação, que veremos depois – na importação, qualquer um que importar vai ter que pagar – mas isso é a exceção, a regra é quem desenvolve a atividade.O ICMS é um imposto indireto especial, porque na própria regulamentação dele, essa transferência está contemplada. [É claro que a empresa repassa todos os custos dela – não só tributários – mas não tem uma previsão legal pra isso; já o ICMS não, na própria estrutura dele é previsto isso. Tanto que o STJ entende que para B abater o ICMS1 do ICMS2, não é necessário que A tenha recolhido o ICMS 1. A lógica é que pressupõe-se que A pagou, mas o STJ entende que mesmo ele não tenha recolhido, tem direito ao crédito, porque é, de fato, uma presunção legal.] no fim das contas, sempre quem paga toda a carga tributária é o consumidor, mas o ICMS, o IPI e o ISS têm essa particularidade (dentro da própria lógica deles), porque esse é o objetivo deles, a própria lei contempla essa transferência.

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Outra característica do ICMS: trata-se de um imposto real, visto que na sua incidência ele considera as características do bem e não da pessoa. Além disso, o ICMS não é progressivo (ex: não posso ter uma alíquota maior porque o arroz é mais caro - arroz de risoto). É seletivo e proporcional, portanto. Seletivo, porque pode ter para produtos diferentes alíquotas diversas; proporcionalidade, porque se um produto custa x ou y, 7% de x é maior ou menor que 7% de y. Todavia, não é possível ter alíquota variando de acordo com o preço do produto, o que caracterizaria a progressividade não autorizada aqui.Ex. de Proporcionalidade: se o arroz custa 3 reais e o outro custa 20 reais, é claro que 17% de 3 é menor do que 17% de 20. Então o ICMS é seletivo e proporcional. Mas não posso ter alíquota variando por conta do preço de arroz, ou de acordo com o preço da TV; só pode ter alíquota variando de acordo com o produto. 2. COMPETÊNCIATem competência para instituir o ICMS os Estados. A União ficou com a competência de tributar a os produtos industrializados, os Estados ficaram com a tributação de circulação de mercadorias (comércio) e prestação de serviços de transporte interestadual, intermunicipal ou de comunicação (art. 155, II, CF). Aos Municípios restou a tributação dos demais serviços.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

3. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS3.1. PRINCÍPIOSO ICMS se sujeita aos princípios gerais do Direito Tributário sem nenhuma

exceção, de maneira geral. Todavia, existe uma exceção: a do ICMS monofásico sobre combustível (o combustível desde a origem só sofre uma única incidência de ICMS). É possível que o Confaz fixe a alíquota do ICMS (é uma mitigação da legalidade e da anterioridade). O Confaz é o Conselho das Fazendas Estaduais, formado por representantes das 27 Fazendas estaduais (26 dos Estados e 1 do DF) – integrantes, pois, do Executivo dos Estados (art. 155, §4°, IV, “c” CF), e não do Legislativo (mitigação à legalidade).

Art. 155, par. 4, inciso IV, alínea c.§ 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte: IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte:c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.

Além disso, o ICMS deve observar princípio de vedação de distinção de bens e serviços em razão da procedência ou do destino (art. 152, CF). Os Estados não podem estabelecer uma alíquota para os produtos que vierem de um estado ou de outro e, para outro estado, determinar outra alíquota. O estado tem autonomia para fixar a alíquota, mas essa fixação não pode ser distinta em razão da procedência ou do destino do produto. Por exemplo, o

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IPVA: não pode dizer que se o veículo for fabricado na Bahia é 1%, se for fora, 2%; o estado da Bahia não pode fazer isso]. Art. 152 da CF.

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

Isso se aplica também aos Estados, é claro, em relação ao ICMS. Não pode estabelecer uma alíquota se o bem vem de um estado e outra se vem de outro, se não teria o comprometimento da própria unidade nacional, porque os estados poderiam formar blocos econômicos. O estado vai ter autonomia para fixar sua alíquota, mas esta não pode ser distinta em razão da procedência ou destino.

*Tributação monofásica: o combustível, desde a origem, só sofre uma incidência, lá no começo, quando ele é vendido. Então, quando o posto de gasolina vende pra você, não há incidência do ICMS porque ele já incidiu lá no começo. A lei complementar que vai definir quais são os combustíveis que vão tributados monofasicamente. Não é necessariamente todo combustível, isso pode ser alterado por lei complementar. A CF diz: o combustível que a lei complementar definir como de tributação monofásico, terá essas exceções. Quando a lei complementar incluir um combustível como de tributação monofásica, tem as exceções. É a lei complementar que vai definir.

3.2. IMUNIDADESHá 4 imunidades específicas para o ICMS, todas previstas no art. 155, §2°, V, “a”, “b”, “c” e “d”:

Todas as 4 imunidades estão no art. 155, par. 2º, inciso X, alíneas a, b, c e d.§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: X - não incidirá:a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

a) A primeira imunidade é na exportação – alínea a. Ex: a Ford produz 500 veículos e vai vender no mercado interno – incide ICMS; se for pro mercado externo, não vai haver incidência do ICMS – imunidade.b) trata das operações interestaduais com combustível derivado do petróleo e energia elétrica (alínea b) – o objetivo dessa imunidade não foi de imunizar o combustível ou a energia elétrica, mas sim alcançar a operação interestadual. OBS: Operação interestadual = operação entre uma pessoa que está num estado e uma outra pessoa que está em outro estado (não é entre um estado e outro) Ex: uma distribuidora de combustível na Bahia vendendo combustível para uma rede de postos de gasolina em Goiás – isso é uma operação interestadual – tem duas pessoas jurídicas de direito privado, uma em cada estado, e vendendo pra outra. Mas quando o combustível é vendido pela distribuidora para uma rede de postos de gasolina na Bahia, vai haver incidência do ICMS!

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Quando o posto de gasolina em Goiás, vende pro consumidor final de Goiás, vai incidir ICMS, porque é operação interna. Para ter imunidade, tem que ser interestadual, entre contribuintes em estados diferentes. À operação interna (no mesmo estado) não se aplica. Vale registrar, também, que só incide a imunidade se aplica no caso do comprador que o esteja fazendo para comercializar ou armazenar o combustível. Ou seja, só se aplica a imunidade se o destinatário (quem está comprando) está comprando para industrializar ou comercializar. O comprador tem que estar comprando para industrializar ou comercializar. Se for para consumo próprio, não vai gozar da imunidade.

Ex1: uma pessoa que mora em Juazeiro abastecia o carro de gasolina em Petrolina e não queria pagar ICMS – é operação interestadual, mas ela tá comprando para consumo próprio, então não vai gozar da imunidade nos termos que está hoje definido.

Ex2: uma empresa de ônibus de transporte intermunicipal interestadual – ela até é contribuinte do ICMS, mas quando ela compra combustível, ela não compra o combustível para comercializar ou industrializar, ela é consumidora final, porque ela não está comprando para industrializar ou comercializar. Então não tem a imunidade ai. Então se a empresa for domiciliada em Juazeiro e entrar com ação para comprar combustível em Petrolina e não haver incidência ICMS, ela não vai fazer jus a isso, conforme entendimento que se pacificou. *Tem que ser o local da ocorrência do FG, e o local da ocorrência do FG é onde se inicia a prestação do serviço, então ainda que todos os ônibus saiam de Juazeiro, ou seja, ainda que o serviço se inicie em Juazeiro, que o FG ocorra...c) o ICMS não incidirá sobre operações com ouro financeiro – o ouro financeiro se distingue do ouro mercadoria, que é o ouro usado na fabricação de joias, tratamento de beleza, obras de arte, utilizado para ser transformado. Esse ouro é mercadoria e sobre ele incide ICMS. Todavia, há o ouro financeiro que é o ouro para transação financeira (artigo financeiro). Trata-se de um investimento (papel) sobre o qual não incidirá o ICMS, mas o IOF.O ouro financeiro consiste naquele ouro que vai lastrear os investimentos financeiros. Sai todos os dias na bolsa de valores a cotação do ouro financeiro. É um investimento; eu saio do banco com um papel, não com o ouro. Sobre o ouro financeiro não vai incidir ICMS, mas sim o IOF, que é o imposto sobre operações financeiras.d) o ICMS ao incidirá nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de rediodifusão sonora (rádio aberto) e nas de radio difusão de sons e imagens de recepção livre e gratuita (TV aberta).Observe que rádio e TV é serviço de comunicação, mas incidiria o ICMS porque é o ICMS incide sobre circulação de mercadoria, prestação de serviço de comunicação, transporte interestadual ou intermunicipal. RESUMO: Então, as 4 imunidades são: exportação; operações interestaduais com combustíveis, ouro financeiro, rádio e TV de recepção livre e gratuita.

4. ESTRUTURA NORMATIVACF/88 – Competência – art. 146, III, a, CF – cabe a LC estabelecer normas gerais sobre FG, base de calculo e contribuinte dos impostos instituídos.

Art. 146. Cabe à lei complementar:

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III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

Normalmente, essa lei complementar é o CTN [a maioria dos impostos que vimos tinham 3 ou 4 artigos no CTN – um sobre norma geral do fato gerador, outro sobre base de cálculo e outro sobre contribuinte]. O ICMS é um imposto discriminado pela CF, daí porque deve haver uma lei complementar estabelecendo normas gerais sobre fato gerador, base de cálculo e contribuinte do ICMS. Mas, no ICMS, além de sujeitar a essa norma do art. 146, inciso III, alínea a, temos também o art. 155, par. 2º, inciso XII. O art. 155 trata dos três impostos estaduais, o parágrafo 2º trata apenas do ICMS - todos os incisos do par. 2º se referem ao ICMS. Então, a lei complementar federal que estabelece normas gerais sobre o ICMS não vai tratar só do fato gerador, base de cálculo e contribuinte, e essa é uma das razões pelas quais o ICMS não está no CTN, ele ganhou lei complementar própria – lei 87/96.

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:XII - cabe à lei complementar:a) definir seus contribuintes;b) dispor sobre substituição tributária;c) disciplinar o regime de compensação do imposto;d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a";f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b;i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço.

A LC 87/96 não cria o ICMS, pois compete aos Estados criar e instituir esse imposto. A União, através da LC está apenas trazendo normas gerais do ICMS.Ele ganhou uma lei complementar própria, porque a própria CF previu que a lei complementar sobre normas gerais do ICMS tinha que tratar de mais matérias, seria mais detalhada. Isso porque o ICMS é estadual, mas ele tributa fatos que o tempo inteiro ocorrem entre pessoas em estados diferente, dando ensejo a uma série de conflitos de competência, guerra fiscal. Então previu essa lei mais detalhada visando dar uma uniformidade maior em relação ao ICMS. Mas é claro essa lei complementar federal não cria o ICMS, porque a CF diz que compete aos estados e ao DF instituir o ICMS. A União não está criando o ICMS, está estabelecendo normas gerais. A lei estadual que vai criar o ICMS – criar: hipótese de incidência e mandamento.Por outro lado, é claro que a lei estadual, ao criar o ICMS, terá que observar a lei complementar sempre – lei complementar 87/96. A maior parte copia a lei, mas tem que ter a lei estadual para poder cobrar o ICMS.

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<!> Esta lei complementar é tão detalhada que parece uma lei instituidora, mas não é, porque o ICMS é estadual e tem que ser criado por meio de lei estadual.É mais importante agora estudar a CF e a lei complementar, porque essa lei complementar vale para todos os estados e é requisito de validade da lei estadual, que só é legal se estiver em harmonia com a LC 87/96.Lei estadual – Instituição. Ao criar o ICMS, deve observar a LC 87/96. O estado não pode cobrar ICMS apenas com base na LC; ele deve criar uma lei para tanto. A lei estadual só será legal se estiver em harmonia com a LC 87/96.

*Há uma questão polêmica, aqui no Brasil, acerca da alínea g, do art. 155, §2°, XII, que traz que cabe à LC estabelecer a forma como, mediante deliberação dos estados e DF, as isenções, benefícios e incentivos serão concedidos e revogados. Atenção: Quem vai regular a forma como as isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos é uma Lei Complementar, mas a CF já estabelece aqui que tem que ser mediante deliberação dos estados e do DF. Isso já numa antecipação do constituinte para tentar evitar a guerra fiscal – se o estado quer conceder o benefício, isso tem que se dar de uma maneira que a maioria dos entes federativos concorde.Aí vem a União e regula isso numa LC (que não é a 87/96). Essa LC diz que os estados e DF só poderão conceder benefícios fiscais, isenções e incentivos, nos termos de um Convênio do Confaz, provado por unanimidade. Então, para o estado da Bahia conceder uma isenção, é necessário que essa isenção encontre amparo em um convênio celebrado no âmbito do CONFAZ, esse convênio tem que ser aprovado por unanimidade. Todavia, não é isso que se observa na prática. O estado da Bahia não observou essa regra para estabelecer a isenção fiscal para a Ford; até ano passado, o estado concedia uma série de benefícios fiscais sem encontrar amparo nos convênios do CONFAZ. Ai, em 2011, o STF julgou, mantendo o inciso XII, a alínea g e entendeu que o benefício concedido pelo estado sem o amparo do convênio do CONFAZ aprovado por unanimidade é ilegal e inconstitucional. Aí lenhou-se, porque a Ford, por ex., investiu no estado da BA contando com o benefício fiscal. Nesse contexto, os Estados começaram a um autuar empresas do outro. Ex: a Ford, quando vende pra Minas, a Bahia recolhe o ICMS e gera um crédito, de forma que a concessionária em Minas quando vende o veículo, vai pagar o ICMS abatendo o crédito do ICMS pago na Bahia, só que o ICMS com o benefício fiscal. Só que aí começou a ter uma série de autuações: MG autuou a Ford em milhões, e a BA atuou a Fiat em milhões.Hoje, o que está sendo decidido nos tribunais? Isso que a BA e MG fizeram está errado. Segundo o posicionamento do STJ: o estado, antes de proceder a autuação, tem que ter reconhecido a inconstitucionalidade da lei estadual que concedeu o benefício. Tem todo o sentido, porque presume-se a legalidade e constitucionalidade das leis até que uma decisão judicial as afaste. Então o estado da BA não pode desconsiderar uma lei de outro estado, por conta própria, dizendo que é inconstitucional; ai precisa ter uma decisão judicial reconhecendo isso. Então Ai qual o caminho que os estados têm que seguir? Os estados têm que entrar com ADINs contra essas leis estaduais que concederam

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o benefício, porque essas leis não tinham amparo do convenio do CONFAZ. Uma vez reconhecida a inconstitucionalidade dessa lei, ai sim, os estados poderiam autuar.O STF está na iminência de editar uma sumula vinculante acerca do tema (dizendo que leis estaduais que concedam benefícios sem amparo no Convênio são inconstitucionais), o que dispensaria a declaração de inconstitucionalidade da lei estadual (ADIN) que não observe o Convênio, já que o alcance da sumula vinculante é erga omnes. Então, hoje existe um movimento político no Brasil, tentando atrasar a aprovação da súmula do STF e estão tentando contornar a situação. Inclusive, um dos projetos é que venha uma lei complementar, modificando a forma de aprovação do Convênio, deixando de exigir a unanimidade e prevendo a retroatividade.É uma situação delicada: a LC foi feita errada, mas, ao mesmo tempo, varias empresas contam com esse benefício, o que pode gerar prejuízos e fazer com que essas empresas até mesmo saiam do Brasil, por causa da insegurança jurídica.Hoje, o estado tem que entrar com ADIN contra a lei estadual que concedeu uma isenção/ benefício sem amparo do Convênio. A inconstitucionalidade precisa ser declarada pelo Poder Judiciário. Isso é importante para a segurança jurídica. Mas hoje, enquanto ainda não há a súmula, o estado tem que entrar com ADIN contra a lei do outro estado que concedeu o benefício sem amparo em Convênio, que seria inconstitucional, mas que tem que ser declarado por decisão judicial.Vai autuar não o estado, mas as empresas que gozaram do benefício com base naquela lei que foi reconhecida inconstitucional. Porque quando a lei passa a ser reconhecida inconstitucional, todos os benefícios concedidos com base nela passam a ser indevidos.OBS: Quem celebra o convênio é o Conselho formado por representantes das Fazendas.

5. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIAVamos estudar a HI do ICMS com base na CF e na lei complementar 87/96, o que não significa que essas normas criam o ICMS.

a) CRITÉRIO MATERIAL – a CF é o marco de competência. Falaremos primeiro sobre a operação de circulação de mercadorias e depois sobre prestação de serviço de transporte interestadual ou intermunicipal, depois sobre serviços de comunicação. Vale lembrar que o próprio inciso II diz que esse imposto incidirá ainda que a prestação ou circulação se inicie no exterior (ou seja, o ICMS incidirá sobre a importação).

- Sobre operação relativa à circulação de mercadoria:O que é mercadoria? [Os conceitos utilizados pela Constituição para

definir competência não podem ser alterados por lei infraconstitucional, sob pena de mudar, indiretamente, a competência]. O estado só pode tributar operação relativa à circulação de mercadoria, que é o objeto de comércio/mercância. Para ter uma mercadoria, tenho que ter um bem

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relacionado ao próprio objeto social da empresa. Ex: uma fábrica fabrica e vende sapatos – seu objeto social é fabricação e venda de sapato. Mercadoria, para essa empresa, é sapato. Mas essa empresa tem computadores, mas computador, para essa empresa, não é mercadoria. Se essa empresa resolver renovar os computadores, na hora que ela vende esses computadores, estes não são mercadorias para ela, e por isso, não vai incidir ICMS. A indústria é consumidora final em relação a esse computador.Então, esse é o primeiro ponto: tem que ser mercadoria.Ex: se eu vender meu carro, não incide ICMS, porque ele não é mercadoria para mim. Mas para a concessionária de veículos semi-novos, quando ela vender meu carro, para ela é mercadoria, porque ela faz isso com habitualidade e intuito comercial.Mas basta a mercadoria? Não. O ICMS não incide sobre a mercadoria, mas sobre a operação de circulação jurídica da mercadoria, de sorte que a cada nova circulação, eu terei um novo FG. Muito já se discutiu para se concluir que quando a CF fala em operação, falaria em contrato, negocio jurídico, de modo que só haveria circulação jurídica quando houvesse transferência de propriedade da mercadoria de uma pessoa para outra.Quando a CF fala de “Operação”, ela quer se referir a contrato, a Negócio Jurídico. Então essa circulação é jurídica, ou seja, mudar de propriedade – isso é circular juridicamente, é sair da esfera patrimonial de uma pessoa e ir para a esfera patrimonial de outra.Então a materialidade do ICMS-mercadoria é a circulação jurídica da mercadoria – essa mercadoria sair da propriedade de uma pessoa e ir pra outra. Ex: a mercadoria saiu do depósito/estoque e foi pra loja – não incide ICMS, porque o bem continua na esfera patrimonial da mesma pessoa.Tem, inclusive, a Súmula 166 do STJ: “Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.” *Se é para outra pessoa jurídica, vai incidir o ICMS, ainda que elas estejam dentro do mesmo grupo de empresas; se são duas pessoas com personalidades distintas, incide, ainda que elas sejam controladas pela mesma empresa – porque tem circulação jurídica, porque elas têm personalidades jurídicas próprias e distintas.Há um detalhe: mercadoria não anda desacompanhada de nota fiscal. Existe um tipo de nota fiscal para deslocamento, para autorizar a transferência da mercadoria de um lugar para outro, sem o recolhimento do imposto. Em razão da contabilidade, há contadores que lançam o ICMS nos deslocamentos entre os estabelecimentos de uma mesma PJ. Não fere a súmula do STJ esse tipo de escrituração, que não leva ao recolhimento a maior do ICMS.Segundo ponto: Em razão das operações de contabilidade, a empresa lança o ICMS quando a mercadoria sai de um estabelecimento e vai para o outro. Ex: o hiperideal – tem um estabelecimento na pituba e tem patamares – todos integram a mesma pessoa jurídica. O que é possível e não fere a súmula do STJ? Pode estar faltando um produto em Patamares, ai ele sai da Pituba e vai pra lá, ele sai com nota fiscal e com ICMS; o valor de venda do produto é 100 reais, ai o Hiperideal de Patamares vende o produto pro consumidor por 100

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reais, porque é a mesma PJ. Dentro da contabilidade das empresas, ele lança a saída do estabelecimento da Pituba para Patamares por 100 e na hora de vender pro consumidor, ele vende por 100. ai vem o detalhe: quando A for recolher o ICMS, ela vai recolher quanto? Nada, porque pagaria o ICMS da venda menos o ICMS da entrada, então quando o contador lançasse o ICMS a pagar de 10, ele teria 10 a abater de crédito. Então às vezes acontece essa escrituração, que não vai implicar num recolhimento a maior do ICMS – para Daniela, não há FG. E a lei 87/96 exige isso, principalmente para fins das operações interestaduais. Por que qual é o problema? Se eu tiver uma distribuidora em MG vendendo para os mercados dos outros estados, correria o risco de todo o ICMS ser recolhido e arrecadado em MG, então, com esse sistema, possibilita-se que haja uma redistribuição do ICMS.*Apesar de a súmula dizer que não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento da mesma pessoa jurídica, a lei 87/96 diz que o ICMS incide quando a mercadoria sai de um estabelecimento e vai para outro da mesma pessoa jurídica. Mas em que situação isso é legal e não ofende a súmula? Nesse exemplo que foi dado. Caso o estado queira tributar a operação de outra forma que não seja essa, fere-se a súmula 166 e aí é ilegal e abusivo].No exemplo do Hiperideal, são a mesma pessoa jurídica, mas, às vezes, os estabelecimentos fazem a contabilidade separada. Tem o CNPJ da matriz e o CNPJ das filiais, com a variação no final do número. Então pode ser que essa empresa queira transferir a mercadoria da matriz para a filial, agora ela vai transferir com lucro? Não, então não tem sentido ela vender por um preço e pra filial, vender por outro. Então dentro dessa lógica, tem esse sistema: quando o estabelecimento da Pituba manda um produto pro de Patamares, emite a nota do produto: 100 reais o preço do produto, 10% de ICMS = 10 reais de ICMS a ser recolhido e é recolhido; aí quando o estabelecimento de Patamares vende pro consumidor, vende por 100 reais – ele teria que recolher 10% = 10 reais. Mas esse vai recolher duas vezes? Não! Porque na hora de pagar esses 10, ele tem o crédito de 10. Então, no fim das contas, ele pagou 10].Tudo isso vale para operações nacionais, internamente. Porque na importação, tem que ter a circulação jurídica, mas, mesmo que não haja intuito comercial, haverá incidência do imposto. Na importação, qualquer um de nós que comprarmos o bem, teremos de pagar ICMS na importação. Diferentemente de quando a circulação é nacional, que aí só paga ICMS quem tem habitualidade e intuito comercial.

05/03/2013*ICMS na importaçãoEx: Quando a concessionário, cujo objeto social é a venda de veículos, vende o carro para o consumidor final, incide ICMS. Mas ai as pessoas naturais, consumidoras finais, resolveram importar diretamente o veículo e entrar com ações, dizendo que, como o veículo para elas não seria mercadoria (porque elas são consumidoras finais), elas não teriam que pagar ICMS na importação. Mas pela redação original da Constituição, o ICMS incide sobre a importação: art. 155, inciso II: “(…) ainda que essa operação ou prestação se inicie no exterior”.

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Então a CF está autorizando a tributação na importação. Ex: a concessionária que vai vender carros importados: quando ela importa esse veículo, ela vai pagar ICMS; quando ela vende esse veículo para o consumidor final, ela paga outro ICMS – ou seja, ela paga dois ICMS: um em razão da importação, outro em razão da venda para consumidor final.Ai os consumidores finais tentaram “dar uma de espertos”, porque, com o veículo para eles não era mercadoria, eles não iriam pagar ICMS ao fazer a importação direta. E eles ganharam essas causas. O STF entendeu que, de fato, a CF só deu aos estados a competência para tributar mercadoria e o bem importado pelo consumidor final direto não era mercadoria. Isso também englobaria, por ex., o hospital que importaria um equipamento de tomografia – isso não é mercadoria para ele, ele é consumidor final. Então começou a pipocar ações. E, normalmente, quando os entes federativos perdem alguma coisa na justiça, aí eles mudam a lei. Mas nesse caso tinha que mudar a CF, o que de fato aconteceu. Nesse contexto, por pressão dos estados, houve uma EC para alterar o texto constitucional para a tributação sobre “a entrada de bens e mercadorias vindos do exterior” (art. 155, §2°, IX, “a”), levando à modificação do entendimento do Supremo.Em outras palavras, houve uma alteração na CF, e o art. 155, par. 2º, inciso IX, alínea a, que diz que o ICMS vai incidir na importação sobre bens e mercadorias – ou seja, não fala só de mercadoria. E ainda diz: ainda que importado por pessoa que não tenha habitualidade e intuito comercial. Então, com a Emenda à Constituição, o STF mudou o posicionamento, no sentido de que agora a CF autoriza a tributação do importador, seja ele qual for, seja pessoa natural, consumidor final, seja um contribuinte do ICMS.Então, hoje, depois da EC nº33/2001, na importação, qualquer pessoa que importe é contribuinte do ICMS. Daí porque devemos separar o ICMS mercadoria-operações nacionais e ICMS mercadoria-importação. Para o primeiro, para ter o FG do ICMS, eu tenho que ter, de fato, a mercadoria e tenho que ter também a circulação jurídica da mercadoria. Mas se estiver tratando de ICMS na importação de bens, ai, seja bem, seja mercadoria, o ICMS incidirá.Inclusive, a LC 74/96, que é LC de normas gerais do ICMS, no caput do art. 4° diz: “em regra, o contribuinte do ICMS é aquele que exerce, com habitualidade e intuito comercial, as operações de circulação de mercadoria, prestação de serviço de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicação”. O caput é a regra, ou seja, em regra, só realiza o FG se houver habitualidade e intuito comercial. E o parágrafo único traz a exceção, ligada à importação.

(cont.) ICMS – HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA(cont. CRITÉRIO MATERIALICMS transporte: o critério material do ICMS transporte envolve, necessariamente, um contrato de prestação de serviço de transporte intermunicipal e interestadual (apenas; não é qualquer serviço de transporte). Por isso que se fala que o ICMS incide sobre a circulação de mercadoria e três serviços: transporte interestadual, transporte intermunicipal e comunicação. Não é qualquer transporte! A CF só dá ao estado a competência para tributar a

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prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal, ou seja, o transporte entre municípios ou entre estados. Então, o transporte intramunicipal ficou de fora do ICMS: ex: eu contrato uma empresa de mudança para fazer minha mudança da Graça para a Pituba, não vai haver incidência de ICMS; mas se eu a contrato para fazer minha mudança da Pituba para Lauro de Freitas, aí eu tenho transporte intermunicipal.

Outro ponto importante é que a materialidade desse ICMS não é pura e simplesmente o serviço de transporte; trata-se, sim, de um contrato de prestação de serviço de transporte que pode ser de bens, de pessoas, de animais, de valores, etc. Ex: se eu for em Lauro de Freitas e comprar uma TV e colocar no meu carro e trouxer para casa, não há fato gerador do ICMS. Ou seja, o FG do ICMS não basta o transporte, tem que ter um contrato de prestação de serviço de transporte e esse transporte que pode ser de bens, de pessoas, de mercadorias, de animais, de valores, etc. Ex: se eu comprei uma passagem de ônibus de Salvador para Aracaju, eu contratei uma empresa para me levar até lá.Ex. a empresa “a” é uma empresa de calçados em SSA e seu objeto social é fabricar e vender calçados. Ela vende 100 pares de calçados para a empresa “b” em Barreiras, que é um lojista na área de calçados. Quando “a” vende os sapatos para “b” temos o FG do ICMS-mercadoria, pois os sapatos para “a” são mercadoria e eles circulam juridicamente, saindo da sua propriedade para a propriedade de “b” – tem o FG do ICMS-mercadoria. Nesse caso, a BC do ICMS-mercadoria será o valor do sapato (valor que foi vendido, cobrado por “a”). Para que cheguem à empresa “b” é preciso que os sapatos comprados sejam transportados para Barreiras. A empresa “b” vai, então, contratar a empresa “t”, cujo objeto social é a prestação de serviço de transporte. Esse contrato será FG do ICMS-transporte e sua BC será o preço do transporte. Veja-se que tratam-se de relações jurídica diferentes, de FG diferentes, nas quais incidirá ICMS diferentes. O que existe entre “t” e “b”? um contrato de prestação de serviço de transporte – as partes do contrato não são “a” e “b”, mas sim “b” e “t”. Esse contrato será FG do ICMS-transporte e sua BC será o preço do transporte, pouco importa o valor do sapato, porque é outro fato gerador. Tem gente que acha que é uma bitributação, mas não é, porque são FG diferentes, contratos diferentes: relação jurídica entre “a” e “b” envolvendo sapatos, e outra entre “b” e “t” envolvendo a prestação de serviço de transporte intermunicipal. Todavia, se a empresa “a” se encarregar do transporte sem cobrar nada separado no transporte, incidirá somente o ICMS-mercadoria sobre o valor de venda dos sapatos; isso porque o ICMS já está imbutido. Por outro lado, se “a” cobra um valor pelo transporte (o valor da mercadoria é “x”, mas com o transporte fica “x+y”), haverá a incidência dos ICMS-mercadoria sobre o valor de venda dos sapatos e o ICMS-transporte sobre o valor do transporte cobrado por “a” (a tributação é separada). Mas, se eu não tiver essa separação, observe que o ICMS incide sobre o valor cobrado, porque a empresa que vende está embutindo no preço o custo do transporte. Então quando o ICMS incide sobre o valor cobrado pelo bem, já está incidindo também sobre o valor cobrado pelo transporte.

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Mas eu transportar para mim mesma, isso não é um contrato. Ex: a Insinuante leva mercadoria da loja em Lauro para a loja em Salvador – ela está transportando para ela mesma, no caminhão da própria empresa – não tem um contrato de prestação de serviço. Mas pode ser que ela terceirize... Nesse âmbito, tem muito planejamento tributário e tal... às vezes a empresa faz um planejamento para ela transportar para ela mesma, com caminhão alugado, motorista terceirizado... ou seja, não é ela que realmente está transportando, e às vezes o estado autua, e ai tem vários desdobramentos.A lógica do ICMS é, via de regra, de que: ” Quem paga, em regra, é quem vende ” . Quem está obrigado ao pagamento do ICMS é quem presta o serviço, quem vende – essa é a regra. Mas tem situações em que quem paga será o comprador/contratante – isso é exceção.

ICMS-Comunicação : A CF diz que compete aos estados e DF tributar os serviços de comunicação. Vale lembrar, aqui, que a CF imuniza a prestação de serviço de comunicação de TVs e rádios de recepção livre e gratuita – é muito específica a imunidade.A LC 87/96, quando estabelece normas gerais do ICMS em relação à comunicação, diz que o ICMS-comunicação só incide sobre a prestação de serviços de comunicação onerosos, apesar da CF não ter previsto essa limitação da onerosidade. Mas como a LC é norma geral no país todo, e regulamenta o ICMS, só são tributados com esse ICMS-comunicação os serviços de comunicação onerosos.Em relação aos outros serviços de comunicação, a União, em princípio, não estaria obrigada a se limitar a essa exigência da onerosidade. Mas a LC, ao estabelecer as normas gerais, estabelece que o ICMS-comunicação só incide sobre a prestação onerosa desses serviços de comunicação, e, como a LC é norma geral no país todo, todos os estados só podem tributar a prestação onerosa do serviço de comunicação. Lembre-se que, quando eu contrato uma prestação de serviço de comunicação, eu não necessariamente quero me comunicar com quem eu contratei; a maioria das vezes eu quero que o contratado me forneça os meios para que eu me comunique com outra pessoa. Ex: Telefonia – é serviço de comunicação e é tributado pelo ICMS; TV fechada, via satélite ou a cabo; internet, etc.Há outras figuras que também poderia ser tributadas pelo ICMS, mas não vão ser em razão da dificuldade dos estados de correr atrás/cobrar dos fatos geradores. Há exemplos de meios de comunicação que não são tributados seja pela gratuidade do serviço de comunicação, seja pela dificuldade que encontram os estados de tributar esses meios. Ex. Facebook – é um meio de comunicação, é gratuito; a gente bate papo pelo face. Pela internet, eu tenho uma troca de informações, e pelo facebook, eu tenho outro tipo de comunicação, eu não consigo bater papo pela internet. Então os estados nem sempre conseguem acompanhar a evolução tecnológica, e aí a gente tem boa parte desses serviços sendo prestados de forma gratuita. E até boa parte foram levados a juízo – ex: provedor de internet, que lhe dá acesso a internet – os estados tributavam os provedores, e estes entraram com ações para não pagar ICMS, e defendiam que

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não era serviço de comunicação e, de fato, o entendimento dos Tribunais foi de que realmente não era serviço de comunicação. Então esses serviços são novos, e ainda vão vir muitas discussões, inclusive, sobre o ICMS-mercadoria no comércio eletrônico.A BC de cálculo desse ICMS será o valor da prestação do serviço de comunicação – quanto eu pago pela telefonia, por exemplo.OBS: O ICMS, na verdade, são muitos. Tem autor que diz que são 9 ICMS! Aqui a gente vê ICMS-transporte, ICMS-mercadoria e ICMS-Comunicação.*Vale dizer que o ICMS-transporte e o ICMS-comunicação incidem, também, sobre o transporte ou comunicação que se iniciaram no exterior (previsão constitucional), de modo que podemos afirmar que existe tributação da importação de serviços – o ICMS incide sobre a “importação de serviços” (especificamente em relação aos serviços de transporte e de comunicação). Na exportação não incide, porque há imunidade.<!> O ICMS tem várias bases de cálculos, vários critérios materiais.

b) CRITÉRIO PESSOALCuida-se de quem está apto a realizar o FG do ICMS. A LC 87/96 do ICMS, no seu art. 4°, diz que contribuinte é “qualquer pessoa que exerce com habitualidade ou intuito comercial a circulação da mercadoria ou do serviço” – grande regra geral. O parágrafo único do §4° traz a exceção à regra em que não se exige habitualidade ou intuito comercial: “é também contribuinte a pessoa que...” - traz a exceção à regra em que não se exige habitualidade ou intuito comercial. Isso vale tanto para a mercadoria, tanto para a prestação de serviço de transporte, quanto para a comunicação.Ex: dois alunos moram em Lauro de Freitas e um dá carona ao outro todos os dias. Ainda que o dono do carro cobre pela carona, isso não vai ser fato gerador do ICMS, mesmo o transporte sendo intermunicipal, porque não há habitualidade e intuito comercial.Então, em regra, só há FG do ICMS se o comerciante ou o prestador de serviços tiver essa habitualidade e esse intuito comercial. Mas o parágrafo único traz exceções:

a) também realizará FG o contribuinte Pessoa física ou Pessoa Jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial, importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade (inciso I),

b) seja destinatário de serviços prestados no exterior ou cuja prestação tenha se iniciado no exterior (inciso II)

c) adquira (?) mercadorias ou bens apreendidos abandonados (inciso III) e

d) inciso IV (lubrificantes e tal, quando compra de outro estado – com relação a isso, é tudo diferente).Então, quem realiza o FG do ICMS é, em regra, quem, com habitualidade e intuito comercial, realiza operação de circulação de mercadoria, prestação de transporte interestadual ou intermunicipal e comunicação. Mas também realizará o FG do ICMS quem, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial, importar bens e mercadorias e serviços ou adquirirem bens e mercadorias em licitações.

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Pode ser contribuinte do ICMS a PJ ou a PF.

c) CRITÉRIO TEMPORALEm suma, a LC 87/96 escolhe como momento da ocorrência do FG o momento da saída da mercadoria do estabelecimento, o momento do inicio da prestação de serviço de transporte e o momento do inicio da prestação de serviço de comunicação. Em regra, o momento de ocorrência do FG está ligado ao início da operação . Isso é muito importante.Ex. A mercadoria sai da empresa “a” no dia 30/12/2012 e só foi entregue ao seu destino em 02/01/2013, qual será a alíquota a ser aplicada? Se se considera o momento do FG o momento da saída da mercadoria do estabelecimento, a alíquota aplicada seria aquela prevista no dia da saída, ou seja, 30/12/2012. Vamos imaginar que a alíquota em 30/12 era 17% e em 01/01 passou a ser 20%. Se eu considero ocorrido o FG no momento da saída da mercadoria do estabelecimento, a alíquota aplicada será 17%. Isso seria assim mesmo que tivesse havido uma redução da alíquota, porque redução da alíquota não tem retroatividade; a retroatividade das leis é só a relação a penalidades e infrações. Então, mesmo que tivesse havido uma redução da alíquota nesse caso, a alíquota aplicada seria 17%.

Então, para o ICMS-mercadoria de circulação interna, considera-se ocorrido o FG no momento da saída da mercadoria do estabelecimento industrial; no momento do início da prestação de serviço de transporte interestadual ou intermunicipal; no momento do início da prestação de serviço de comunicação. No caso de ICMS-importação, considera-se o aspecto temporal o mesmo aspecto temporal do II, ou seja, o momento do desembaraço aduaneiro. Considera-se consumado o FG no momento do desembaraço aduaneiro. E, em se tratando de serviço que se iniciou no exterior, considera-se consumado o FG no momento do termino da prestação do serviço aqui no Brasil.OBS: Tem-se uma bitributação do I.I, do IPI e do ICMS? Não. O aspecto temporal do ICMS na importação e do IPI na importação coincide com o aspecto temporal do Imposto de Importação (I.I), mas o FG não é igual (porque o FG do I.I é a importação, o do ICMS é a circulação de mercadoria e o do IPI é a industrialização). Considera-se consumado o FG no momento do desembaraço aduaneiro.E, em se tratando de prestação de serviço que se iniciou no exterior, considera-se ocorrido o FG no momento do recebimento do serviço, ou seja, do término da prestação do serviço aqui no Brasil.Por sua vez, quanto aos ICMS-leilão (mercadoria abandonada ou apreendida, levada a leilão), considera-se consumado o FG no momento da arrematação (este é o aspecto temporal). - Artigos 11 e 12.*O FG é a circulação jurídica da mercadoria. Se por um acaso a mercadoria for devolvida no meio do caminho, há procedimento específicos para reverter a tributação - cancelamento (ajuste na contabilidade, pedir compensação ou restituição tributária).

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A mercadoria só pode circular pelo país acompanhada de nota. Em que momento se considera essa saída? É quando a mercadoria sai fisicamente do estabelecimento? Para fins contábeis e de fiscalização, é muito mais fácil considerar a saída como a data da emissão da nota, só que haveria o risco de a empresa emitir a nota e a mercadoria demorar para sair, e isso é interessante, e aí poderia haver autuações, porque o Estado poderia presumir que, naquele intervalo de tempo, o caminhão estava indo e voltando com a mesma nota, e aí teria havido sonegação.*Considera-se, inicialmente, a data da saída da mercadoria a data da emissão da NF. E o estado fiscaliza porque o transportador não pode estar com uma nota que não seja próxima do real no que se refere ao tempo necessário para transportar aquela mercadoria. Para fins de fiscalização, então, inicialmente, considera-se a data da saída da mercadoria da data de emissão da NF relativa à mercadoria.Se houver cancelamento, a pessoa vai ter que fazer um ajuste na contabilidade e pedir, conforme for o caso, restituição ou compensação. É o que acontece com vendas canceladas, por ex. – às vezes a empresa vende a mercadoria, mas a venda é cancelada. Então, há situações específicas em que, havendo o cancelamento da venda da mercadoria, eu posso também ter o cancelamento no que se refere à prestação de serviço que já foi faturado e, portanto, já foi contabilizado o ICMS, então a empresa vai ter que buscar uma forma de recuperar esse ICMS antecipado.A lei diz que o momento é o momento da saída. Agora, que momento exato? É o momento em que o caminhão deixa o estabelecimento? Então, em regra, considera-se, para fins de fiscalização, a emissão da nota, por uma questão de contabilidade, de fiscalização. Mas é claro que a data da emissão da nota tem que estar mais próxima possível do real com a saída física. E quando há uma discrepância muito grande entre a data da nota fiscal e a data em que a mercadoria está sendo transportada, os estados tendem a autuar, entendendo que aquela nota não vale para aquela mercadoria.

d) CRITÉRIO ESPACIALEm que local se considera ocorrido o fato gerador? Considera-se ocorrido o FG no local em que a mercadoria está no momento da ocorrência do FG. Por isso é que temos que saber em que momento considera-se ocorrido o FG, porque, a depender do momento em que ocorre o FG, eu vou delimitar em que estado se considera ocorrido o FG. O critério espacial é muito importante, pois se trata de uma briga por dinheiro. De modo geral, considera-se o FG do ICMS consumado no momento da saída da mercadoria do estabelecimento vendedor, daí porque dizer que o ICMS incide na origem (Estado de origem da mercadoria). A mercadoria sai do vendedor com destino ao comprador. Então, a regra adotada no Brasil é a tributação na origem. O aspecto temporal está sempre ligado ao início, à saída; e exatamente nesse estado a gente vai considerar consumado o FG.Quanto à prestação de serviço, em regra, considera-se ocorrido o FG no estado x, e para o qual será devido o ICMS (estado onde se iniciou a prestação do serviço).

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No caso de importação, como nem todo o país é banhado pelo mar ou não possuem portos, seria injusto tributar no estado onde é feito o desembaraço. O entendimento, neste caso, aplicando o inciso (Art. 155, §2°, IX, “a”, CF) que veio com a EC 33 já falada, prevê que o ICMS é devido no estado onde está localizado o destinatário final da mercadoria ou do bem importado. Ou seja, no caso de importação, o ICMS será devido para o estado onde está localizado o destinatário final da mercadoria, bem ou serviço (estabelecimento, no caso de PJ, ou domicílio, quando PF).Então, pouco importa que o desembaraço se dê no porto de Santos; o ICMS será devido para aquele estado que está o destinatário final daquela mercadoria. Então, no ICMS-importação, o aspecto temporal e aspecto espacial ficam separados, porque considera-se ocorrido o FG no momento do desembaraço, mas o ICMS é devido ao estado onde está localizado o destinatário final da mercadoria. Esse artigo fala tanto do ICMS-importação mercadoria, quanto do ICMS-importação bens. Quando ele fala de mercadoria, ele fala de estabelecimento; quando ele fala de bem, ele fala de domicílio, porque a pessoa natural não tem estabelecimento.

§ 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:IX - incidirá também:

a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;

Fala-se em domicílio ou estabelecimento, porque, justamente, pode ser bem ou mercadoria. Quem compra e vende mercadoria é a empresa, tem estabelecimento. Quem não exerce a atividade de compra e venda de mercadoria, não tem estabelecimento, mas, como todo mundo, tem domicílio.<!> Lembre que nas operações entre estabelecimentos, sobretudo em razão das operações interestaduais, há incidência justamente para permitir que os dois estados arrecadem. Não se arrecada a mais, porque o valor é o mesmo, mas evita que haja manipulação para que todo o ICMS seja recolhido em um só estado. Então, nas operações entre estabelecimentos de uma mesma empresa em operações interestaduais, há incidência do ICMS, o que não significa que vai ter um imposto a maior recolhido.No caso de prestação de serviço, em regra, considera-se ocorrido o FG no momento do início da prestação de serviço. Ex: se eu pego um avião Salavador-Rio de Janeiro, considera-se ocorrido o FG do ICMS-transporte na Bahia. Mas se eu pego avião Rio-Salvador, considera-se ocorrido o FG no estado do Rio de Janeiro. Então, há, em regra, uma relação entre o aspecto temporal e o aspecto espacial. O local onde a mercadoria está ou o serviço é prestado, considerando o aspecto temporal, é nesse local que considera-se ocorrido o FG, ainda que se compre a passagem de ida e volta.Se for Salvador-Miami, o ICMS vai incidir sempre sobre a importação do serviço, porque na exportação do serviço, não vai haver incidência do ICMS. Então, na exportação, seja na mercadoria, seja no serviço de transporte, seja no serviço de comunicação, não há incidência. Mas na importação vai haver incidência.

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Nesta questão do transporte aéreo internacional, deve-se considerar o destino final, justamente naquela mesma explicação da importação: na importação, não é o local de saída, mas é o de chegada, e isso vale para mercadoria e também para serviço. E deve-se computar o local da passagem. É muito comum às vezes, num voo nacional, Salvador-São Paulo e, em São Paulo, pega um voo para o outro país.

*Em caso de conflito quanto à competência para tributar, cabe ao STF decidir, conforme o art. 102, I, “f” – compete ao STF processar e julgar originariamente as causas e os conflitos entre os Estados.

14/03/2013E-mail: [email protected](cont. ICMS)6. MANDAMENTO

a) CRITÉRIO QUANTITATIVO (ICMS = BC X ALÍQUOTA)O ICMS é muito parecido com o IPI, mas é um pouco mais complicado, uma vez que ele tem mais regras especiais. Veja-se que vamos ter que fazer duas contas para chegar ao seu valor: i) vamos calcular primeiro o ICMS = BC x Alíquota; e ii) achando esse ICMS, não é exatamente esse valor que vai ser recolhido pela empresa, porque ela tem o direito de abater do ICMS da saída, o crédito decorrente da entrada, que representa a não cumulatividade do ICMS. 1°: ICMS SÁIDA = BC X ALÍQUOTA2°: ICMS A RECOLHER = ICMS SAÍDA – ICMS DA ENTRADA

BC – vai variar de acordo com as diferentes materialidades (lembremos que, na verdade, existem 9 ICMS). A depender do ICMS (ICMS-mercadoria, ICMS-importação, etc.), teremos diferentes BC. Temos três ideias principais da BC do ICMS. A BC do ICMS-mercadoria é o valor da mercadoria (o valor da operação); no ICMS-serviço é o valor do serviço de transporte ou comunicação. No caso da importação, seja mercadoria, seja prestação de serviço de transporte ou comunicação, será o preço da mercadoria ou do serviço de transporte acrescido de todos os encargos relacionados à importação (II, encargos cambiais, etc.), de modo que a BC desse ICMS fica “inchada”.No caso de transporte interestadual, intermunicipal ou comunicação nacional, a BC será o preço do serviço. Dito isso, observe que em relação ao ICMS, o que é novidade e um pouco mais complicado é que o ICMS “corre por dentro”. Vejamos. Quando vimos IPI, dissemos que ele “corre por fora”; se uma empresa vende um bem por 1.000,00 e o IPI é de 10% (100,00), preço final desse produto na NF será de 1.100,00. Ou seja, o IPI corre por fora, o que significa dizer que o empresário, na hora de calcular o preço do bem, não precisa considerar o IPI, pois esse imposto vai incidir depois e vai ser somado ao preço. Claro que ele não pode ignorar essa incidência, até por questões de concorrência, mas ele não precisa computar o IPI para chegar ao custo do bem.

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Para calcular o preço do bem, o empresário deve considerar todos os custos envolvidos no bem, sejam eles diretos, ou indiretos, tributos e a sua margem de lucro,mas ele não precisa considerar o IPI, pois, como vimos, o IPI vai ser somado posteriormente. Então, o PREÇO FINAL DO PRODUTO = PREÇO DO BEM + IPI (no exemplo, 1000,00 + 100,00 = 1.100,00).O ICMS, por sua vez, não é assim. Vamos imaginar, por exemplo, que uma TV é vendida por 10 mil reais com ICMS de 17% (1.700,00). A TV será vendida por quanto? 10 mil reais, o que significa dizer que o ICMS integra o preço do produto. O empresário, ao fixar o preço do produto (10 mil) deve levar em consideração (computar) que ele vai pagar aquele percentual de ICMS (1.700,00). Por isso podemos falar que o ICMS “corre por dentro”, pois ele integra a própria formação do preço do bem. É claro que o empresário não vai ignorar o ICMS, porque ele é de 17%. Mas já que ele recolhe o ICMS e não soma ao preço, ele deve considerar esse percentual antes de chegar a esse preço. Ou seja, ele tem que calcular o preço do produto já computando que ele vai pagar aquele percentual de ICMS.Ocorre que há um problema: o ICMS incide sobre ele mesmo. Se o empresário vai pagar 1.700,00 de ICMS, quanto é que realmente está custando a TV? 8.300,00. E 17% de 8.300,00 é 1.700,00? Não. Então, o ICMS, da maneira como ele funciona, termina incidindo sobre ele mesmo. Ou seja, a alíquota real do ICMS é maior; ela não é de 17%.Óbvio que a alíquota do ICMS é seletiva, de modo que é possível a sua variação. Mas a alíquota de 17% é uma alíquota comum, frequente.Não existe uma fórmula para o empresário fixar o preço dele. Mas na hora de chegar a esse preço, ele tem que considerar que ele vai ter que pagar os 17% de ICMS. Então, ele tem que chegar a um número de preço final, em que ele cubra todos os custos, pague o ICMS e ainda tenha margem de lucro. Vale lembrar, aqui, que no final das contas, o empresário repassa esse custo do ICMS para o consumidor final. Ex. se você comprar um bem de 10 mil reais, 1.700,00 provavelmente será só de ICMS que você estará pagando. Ou seja, o bem que você está comprando poderia ser 1.700,00 mais barato.RESUMO: o IPI “corre por fora”, pois o empresário fixa o preço do bem, o IPI incide, e o montante do IPI é somado ao preço do bem, de forma que o preço final visivelmente é o preço do bem mais o IPI (PREÇO FINAL = PREÇO DO BEM + IPI). No ICMS não é assim; quando ele incide, o seu valor não é somado ao valor do bem; o valor do ICMS já tem que estar embutido no preço. Por isso que se fala que o ICMS “corre por dentro”. Isso significa que o empresário não considera o ICMS? Claro que não, pois senão ele vai quebrar; mas ele considera o ICMS para fixar o preço. O que é certo é que se o bem custa 10 mil, 17% é de ICMS; então 1.700,00 de ICMS será recolhido. Se o empresário calculou mal, ele vai ter prejuízo, porque ele vai ter que recolher esses 1.700,00 de ICMS.Ainda há um detalhe: se essa TV é vendida pela fábrica, além de pagar o ICMS ela vai pagar o que? IPI. E qual é a BC do IPI, nesse exemplo? 10 mil, o que significa dizer que o IPI está incidindo também sobre o ICMS. Então, o ICMS incide sobre ele mesmo e o IPI incide sobre o ICMS. Se o ICMS vai incidir ou não sobre o IPI, veremos mais adiante.

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Ex. se a TV é vendida por 10 mil e o empresário está pagando 1.700,00 de ICMS, significa que ele poderia vender essa TV por 8.300,00. Ou seja, nesse preço de 10 mil, 1.700,00 significam ICMS. Aí quando paramos para pensar: “se o valor do bem é 8.300,00, 1.700,00 é mais de 17% de 8.300,00. 1700,00 é 17% de 10 mil”. Por isso que dizem que a alíquota efetiva do ICMS termina por ser maior que 17%. Por outro lado, o IPI termina incidindo no ICMS na medida em que entende-se que o ICMS integra a BC do IPI.O ICMS SEMPRE INTEGRARÁ A BC DO IPI (o IPI sempre incide sobre o ICMS). Agora, o IPI integra ou não a BC do ICMS? Depende. Às vezes integra e, às vezes, não. Há uma norma constitucional expressa sobre isso que define a situação em que o IPI integrará ou não a BC do ICMS. A CF diz expressamente em que situação o IPI não integrará, de modo que é regra que o IPI integre a BC do ICMS (Art. 155, §2°, XI, CF): “O ICMS não compreenderá na sua BC o montante do IPI quando” (está implícito que quando não estiverem configuradas estas situações, o IPI integrará a BC do ICMS):

a) quando a operação realizada entre contribuintes do ICMS e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização configure FG dos dois impostos. (nas demais situações, o ICMS incidirá sobre o IPI)

É claro que essa discussão só se dá quando eu tenho o FG dos dois impostos. Quem é contribuinte do ICMS? São aqueles que realizam com habitualidade e com intuito comercial a compra e venda de mercadoria, a prestação de serviços, etc. Observe, então, (1) que uma indústria venda TV para um atacadista (uma loja que vende TV em quantidade); ambos são contribuintes do ICMS (porque a indústria industrializa e vende e a outra é comerciante) e a indústria vai, em razão desta venda, pagar tanto o IPI quanto o ICMS. Por que? Porque ela industrializou e vendeu. Vamos imaginar, assim, o IPI de 10%, o ICMS de 18% e a TV custa 1000,00. Observe que, nesse caso, eu tenho uma i) situação que é FG dos dois impostos; ii) que a operação se dá entre contribuintes do ICMS; iii) e que quem compra, compra para revender ou industrializar. Essa é chave: não adianta nada a situação ser FG dos dois impostos, a relação se dar entre contribuintes do ICMS e o comprador não comprar para industrializar ou revender. Tem que satisfazer os três requisitos. Nesse caso, o IPI não integra a BC do ICMS.Então, qual vai ser a BC do IPI? 1.000,00 Quanto será recolhido de IPI? 100,00. Qual o preço final do produto? 1.100,00. E qual a BC do ICMS? 1000,00, porque, nesse caso, o IPI não integra a BC do ICMS. Então, aqui, o ICMS recolhido vai ser de 180,00 (18% de 1000,00).OBS: O ICMS NUNCA AUMENTA O VALOR DO PRODUTO! Quem aumenta o valor do produto é o IPI.

Outra situação: (2) A mesma indústria, que deve pagar IPI e ICMS em razão dessa venda, vende para uma pessoa que consumirá o produto, pouco importando se ela é contribuinte ou não do ICMS. Essa pessoa está comprando para consumir; não está comprando nem para industrializar, nem para revender. Neste caso, o ICMS incidirá no IPI (o IPI integrará a BC do ICMS). Observe que

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essa pessoa pode ser uma pessoa como nós, que quer comprar uma TV para sua casa, ou uma indústria de sapato que quer comprar TV de vigilância (o objeto social dela é compra e venda de sapato). Esta ultima, quando compra a TV – apesar de ser contribinte do ICMS – ela está figurando como consumidora final. Nessas duas hipóteses (venda para consumidor final comum, ou venda para um contribuinte do ICMS que em relação a esse bem é consumidor final), considerando o valor do bem 1000,00, a BC do IPI será 1000,00, de forma que o montante do IPI recolhido será 100,00 e o preço final do bem será 1100,00. Aí vem o detalhe; qual será a BC do ICMS nesse caso? 1100,00. Então, podemos concluir que, aqui, a BC do ICMS será 1100,00, de modo que o montante recolhido será de 198,00 (18% de 1100,00). Há, portanto, diferença entre o primeiro caso e o segundo. No primeiro caso foi pago 180,00 de ICMS, enquanto no segundo caso, o montante foi de 198,00. Veja que a diferença entre eles (18,00) é justamente os 10% do IPI, justamente porque no ultimo caso o ICMS está incidindo sobre o montante do IPI.Ex. a loja compra a TV da indústria; a loja não faz nada com a TV e vende para o consumidor final. Ela vai pagar IPI? Não, ela só vai pagar o ICMS. Mas quando a indústria vendeu a TV para a loja o IPI veio embutido no preço. Nesse caso, a loja pode desconsiderar o IPI na hora de vender o produto para o consumidor final? Não, porque apesar de essa operação não venha discriminada na NF como na operação da indústria, de alguma forma o IPI integrará a BC do ICMS da TV quando ela é vendida para o consumidor final.OBS: Os impostos sobre o consumo oneram o consumidor final; não é a ideia desses impostos onerar a cadeia produtiva.*na energia elétrica, que é um bem industrializado, não incide IPI (art. 155, §3°, CF) - sobre energia elétrica, recursos minerais, não incide o IPI. Poderia até ser tributada, mas o legislador constitucional preferiu não tributá-la.

ALÍQUOTA - é marcada pela seletividade (a alíquota do ICMS pode ser seletiva). Os Tribunais vêm entendendo que a seletividade no ICMS é uma faculdade; o Estado não estaria obrigado a trazer a seletividade do ICMS. Há autores, todavia, que contestam essa interpretação, ao argumento de que essa interpretação limita todo o objetivo constitucional da seletividade, que é fazer com que aqueles que têm uma capacidade contributiva menor suportem uma carga tributária menor ao consumir. E, como no ICMS, a seletividade não é atendida como obrigação, a gente acaba tendo itens da cesta básica tributados por este imposto, onerando o individuo naquela alimentação mais essencial.Não existe uma alíquota única para o ICMS. Ela pode variar de produto para produto. Normalmente, as alíquotas do ICMS variam entre 17% e 18%, mas existem casos em que a alíquota é 12%, 7%, 27%, etc. na Bahia, por exemplo, ao ICMS da energia elétrica é 27%; sobre telefonia é 27%. Lembrando que como o ICMS incide sobre ele mesmo, a alíquota efetiva é um pouco maior do que 27%.Como imposto estadual, em princípio cada Estado fixa suas alíquotas internas.

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Alíquota Interna - é aquela fixada pelo Estado, por meio de lei, e que será aplicada quando em operações ocorridas dentro do próprio Estado (operação interna). Operação interna é aquele em que comprador e devedor estão localizados no mesmo Estado; é aquela em que o prestador do serviço e contratante estão dentro do mesmo Estado. Ex. Se eu tenho uma empresa em SSA vendendo para uma empresa em Barreiras, não há dúvidas que devemos olhar para a alíquota do Estado da Bahia para calcular o ICMS do produto.Então, quando temos o ICMS nas operações internas, aplica-se a alíquota interna do Estado respectivo.

Alíquota Interestadual – quando a operação é interestadual (uma empresa num Estado vendendo para outra em Estado diferente: comprador e vendedor em Estados diferentes, ou prestador de serviço e contratante em Estados diferentes) a história muda. Houve no Brasil um momento de tomada de uma decisão política. Na Europa, o IVA incide no destino (o imposto arrecadado fica com Estado de destino - estado do consumidor final), pois o ICMS, no final das contas, quer onerar quem? O consumidor final. No Brasil, na época da constituinte, esse foi um dos grandes entraves da aprovação da nossa CF, pois o nosso ICMS é devido no estado de origem, pois o momento da ocorrência do FG do ICMS é considerado o momento da venda, porque o FG considera-se ocorrido no Estado da venda. Nesse contexto, os estados consumidores brigaram muito até que se chegou a um consenso: As operações interestaduais serão tributadas de forma diferente, de modo que uma parte da arrecadação do ICMS fique com o estado de origem e outra parte fique com o estado de destino (haverá uma repartição da arrecadação). Esse foi o resultado de uma briga por dinheiro (porque muitas vezes as operações de compra e venda de produtos e serviços se dão entre pessoas de estados diferentes), apesar da lógica do sistema brasileiro ser no sentido de que todo o dinheiro arrecadado pela incidência do ICMS ficaria com o estado de origem.EXEMPLO: a empresa “X” está situada em São Paulo/SP e é uma indústria de computadores (objeto social dela é a fabricação de computadores); existem várias possibilidades de venda dessa empresa em operações interestaduais:

A) Vamos imaginar, primeiro, que essa empresa venda o computador para uma fábrica de sapatos localizada em SSA/BA. A característica principal dessa operação é que quem compra é contribuinte do ICMS, mas em relação a esse computador ela é consumidor final. Deste modo, nessa operação, “X” vende para um consumidor final, que tem por característica especial o fato de ser contribuinte do ICMS.

B) vamos imaginar que um de nós resolva abrir um escritório de advocacia situado em Salvador e compremos um computador de “X”. Este escritório não é um contribuinte de ICMS, porque apesar de prestar serviço, não presta serviço de transporte interestadual, intermunicipal ou de comunicação; ele está sujeito ao ISS. Em relação a esse computador, o escritório é consumidor final.

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*Muito similar a esta situação, é aquela em que um de nós entra no site da fábrica e efetua a compra do computador pela internet. Nós somos consumidores finais e não somos contribuintes do ICMS. então, o cidadão comum se encaixa nessa situação B).

C) a situação mais comum, que falamos agora por último, é aquela em que a empresa de SP “X” vende para uma loja de computadores localizada em SSA/BA. Essa loja não é consumidor final do computador, pois ela está comprando o produto para revender. Por outro lado, é contribuinte do ICMS.

Eu dei três exemplos, porque, em cada um desses casos, a tributação é diferente apesar de serem todos operações interestaduais.Os casos A) e B) estão regulados pela CF, enquanto o C) está regulado pela legislação infraconstitucional (LC), razão pela qual os dois primeiros casos se tornam mais importante, já que derivam de normas constitucionais. Na verdade, todavia, o mais comum na prática é o exemplo C).No caso A), temos uma operação interestadual que destina o bem a um consumidor final contribuinte do ICMS. Nesse caso, o estado de origem, que é o estado onde está situada o vendedor, fica com a alíquota interestadual; o estado de origem vai tributar a operação pela alíquota interestadual. Essa alíquota interestadual é fixada pelo Senado Federal, porque esse órgão é formado por representantes dos Estados. Hoje, temos duas alíquotas interestaduais: i) 7%, quando a mercadoria é destinada aos Estados das regiões Norte, Nordeste, Centro Oeste, mais Espírito Santo; e 12%, quando a mercadoria é destinada para os Estado do Sul e Sudeste, exceto o Espírito Santo.O estado de origem, então, fica com a alíquota interestadual, que será determinada com base no Estado para o qual está sendo vendida a mercadoria. No nosso exemplo, a empresa “X” está vendendo para alguém do Estado da Bahia (Fábrica de sapatos) e o Estado da BA integra a região NE, de sorte que São Paulo vai ficar com 7% de ICMS.A Bahia (estado de destino), por sua vez, fica com a diferença entre sua alíquota interna e a alíquota interestadual que já incidiu. Vale lembrar que encontramos a alíquota interna do Estado da Bahia, assim como em qualquer estado, na lei estadual. Então, no nosso exemplo, vamos imaginar que na BA, a alíquota interna seja de 17% para computadores e, em SP, vamos imaginar que a alíquota interna seja 18%. Sendo assim, a Bahia vai ficar com a alíquota de 10% (pois a alíquota interna da BA é 17% e, como já incidiu 7% de alíquota interestadual, a BA fica com 10%).Deste modo, quando a empresa na operação interestadual destina a mercadoria para o consumidor final localizado em outro Estado e que é contribuinte do ICMS, o estado de origem fica com a alíquota interestadual, que varia de acordo com o destino da mercadoria; e o Estado de destino fica com a diferença entre a sua alíquota interna e a alíquota interestadual que já incidiu.OBS: As alíquotas internas não podem ser menores do que as alíquotas interestaduais.

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No caso B), quando a empresa em São Paulo destina a mercadoria a um consumidor final não contribuinte do ICMS na Bahia, a CF diz que, neste caso, o Estado de origem tributa sozinho pela sua alíquota interna (só o Estado do vendedor arrecada e arrecada pela sua alíquota interna). No nosso exemplo, São Paulo vai ficar com 18% e a Bahia com nada.Observe que quando essa regra foi pensada (em 1988), a chance de eu comprar uma coisa em São Paulo era quando eu estivesse lá, ou no máximo ligar. Naquela época tinha todo sentido ser assim: “consumidor final não contribuinte do ICMS alíquota interna do estado de origem”. Ocorre que tudo mudou após a internet. E todas as vezes que nós compramos de uma empresa pela internet, provavelmente é São Paulo que arrecada todo o ICMS. Ou seja, nós estamos transferindo o nosso dinheiro para a SP.Nesse contexto, foi gerada uma briga entre os Estados. Na Bahia, inclusive, foi ignorada a previsão da CF, de modo que determinou a tributação do ICMS na venda pela internet. Então, os Estados de SP e RJ tributavam o ICMS e aqui no posto fiscal, o Estado da BA começou a apreender as mercadorias, segurar os caminhões. Vários Estado seguiram esse caminho.Veja-se, portanto, que a discussão é muito profunda e é legítima a pretensão dos Estados, porque hoje a movimentação de dinheiro em compras pela internet é imensa. Por outro lado, temos uma norma constitucional. Então, precisamos rediscutir o assunto. Há discussões acerca da unificação da alíquota do ICMS para 4%, como a criação de um Fundo de Rateio e Compensação para evitar um desequilíbrio e tentar, por meio dele, reequilibrar a concentração de arrecadação em alguns estados (está tramitando no Senado essa discussão).*Essa questão do ICMS é muito atual e importante, pois a realidade mudou e precisamos refletir sobre a atual conjuntura da internet.OBS: no caso da passagem área, mesmo comprando pela a internet, você tem como verificar a operação interestadual e aplicar o raciocínio do exemplo A).

Veja-se, então, que essas duas primeiras hipóteses (A e B) estudadas estão previstas na CF, no art. 155, §2°, VII e VIII. VII – “o ICMS em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro estado, adotar-se-á: “b” alíquota interna quando o destinatário não for contribuinte dele (Caso B); “a” adotar-se-á a alíquota interestadual quando o destinatário for contribuinte do ICMS (Caso A).” aí vem o inciso VIII complementando: “na hipótese da alinea “a” do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a alíquota interestadual.”.

A situação C), por sua vez, apesar de não ser contemplada na CF é a regra. Uma industria de Sp vende para um lojista em SSA. A loja em SSA não é consumidora final do computador; ela está comprando para revender. A tributação, nesse caso, se dará da seguinte forma: o Estado de origem (SP) fica com a alíquota interestadual (7%) e o Estado de destino (BA) não ficará com nada. Ocorre que, diferentemente na situação B), aqui não haverá qualquer problema em relação a isso. É que a loja é um varejista, de modo que, quando ela vender, haverá a incidência do ICMS-BA.

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Direito Tributário II – Profa. Daniela Borges

Então, observe que quando a empresa em um Estado vende para um contribuinte do ICMS de outro Estado e esse contribuinte está comprando para industrializar ou revender, em princípio só o Estado de origem fica com a alíquota interestadual e o Estado de destino não tributa esta operação. Isso porque quando o varejista vender, aí sim o Estado de destino vai recolher o ICMS dele. Então, o objetivo é permitir que o estado de destino arrecade alguma coisa, que nesse caso, arrecada. A única situação em que o Estado de destino não arrecada é a situação B), em que o consumidor final não é contribuinte do ICMS, que não era a regra, pois o volume dessas vendas não era tão grande em 1988.

Visto isso, podemos dizer que é assim que se calcula o ICMS? Não. Isso não é suficiente. Peguei a BC e apliquei sobre ela a alíquota, de modo a achar o ICMS devido. Mas é isso que será recolhido a título de ICMS? Não, porque existe a regra da não cumulatividade.NÃO CUMULATIVIDADE (ICMS = ICMS SAÍDA – ICMS ENTRADA)A empresa, na hora de recolher o ICMS decorrente da venda, tem o direito de abater o ICMS (crédito) decorrente da entrada. No ICMS há uma exceção a essa não cumulatividade, que não há expressamente para o IPI. O art. 155, §2°, I diz que “o ICMS será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadoria ou prestação de serviço com o montante cobrado nas operações anteriores.” Então, eu compenso o ICMS devido com o montante cobrado nas operações anteriores. O inciso II do mesmo parágrafo traz uma exceção, por que ele diz que “a isenção ou a não incidência, salvo determinação em contrário, não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes e acarretará anulação de credito relativo ás operações anteriores”. Expliquemos.Exemplo: “A” está vendendo um bem por 1000,00 com 17% de ICMS; ele vai recolher de ICMS 170,00. “B” comprou o bem e vendeu por 2000,00; 17% de 2000,00 = 340,00. “B” vai recolher exatamente 340,00 de ICMS? Não. Na contabilidade ele vai deduzir dos 340,00 os 170,00 já recolhidos anteriormente e vai recolher, de fato, a título de ICMS 170,00. “B” vende para “C”, que vai vender para outra pessoa por 3000,00; 17% de 3000,00 = 510,00. “C” vai recolher 510,00 – 340,00 (que já foram recolhidos por “A” e “B”) = 170,00. Veja-se que na cadeia toda, foi recolhido de ICMS o montante de 510,00 (170,00 + 170,00 + 170,00).Detalhe: o inciso II diz que isenção ou a não incidência anula os creditos das operações anteriores e não gera crédito. Vamos então refazer o exemplo acima.Exemplo: Imaginemos que “A” é isento ou não tributado e que alguém vendeu um bem para ele, operação na qual incidiu o ICMS. Como “A” é isento, não haverá crédito para “B”do ICMS recolhido pelo vendedor do inicio da cadeia e se por acaso algum ICMS for recolhido antes ele fica anulado. Significa dizer que “B”, na hora de recolher o ICMS vai recolher 340,00, pois não tem crédito. “C”, por sua vez, vai recolher 170,00, porque ele tem um credito de “B”.

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Vale lembrar, aqui, que a cadeia produtiva não perde nunca, pois ela sempre repassa para o consumidor final. O correto é pensar que o consumidor final não ganha. Aliás, há uma crítica da doutrina dizendo que a isenção dessa maneira, termina sendo mero diferimento do pagamento, porque o ônus do tributo na cadeia produtiva continua o mesmo. Veja-se que o Governo só consegue desonerar o bem se ele retira a tributação de toda a cadeia. Se ele desonera só um ponto da cadeia, não há efeito nenhum para o consumidor final. Agora, é norma do poder constituinte originário, daí porque não podemos falar em inconstitucionalidade dela.*Vale lembrar que a isenção não é pessoal; é para um determinado tipo de produtor ou comerciante.

b) CRITÉRIO SUBJETIVOO sujeito passivo do ICMS, em regra, é quem realiza o FG com habitualidade e intuito comercial, lembrando que na importação o sujeito passivo é qualquer um, mesmo que sem habitualidade ou intuito comercial. Fora isso, no ICMS há vários responsáveis, como o transportador, o depositário; a lei estadual vai eleger uma série de responsáveis. O mais importante deles é o SUBSTITUTO TRIBUTÁRIO.Em regra, voltando-se ao exemplo acima, quem recolhe o ICMS 1 é “A” e quem recolhe o ICMS 2 é “B”. então, se agente pensar que eu tenho “a” como pecuarista vendendo gado para um frigorífico; quem recolhe o ICMS 1, em regra, é o pecuarista. Só que é muito difícil para os Estados fiscalizarem os pecuaristas, de modo que muitos Estados estabelecem que “B” (o frigorífico) vai recolher o ICMS 1, só quem em relação ao ICMS 1, “B” não é contribuinte, e sim substituto. Não foi ele quem realizou o FG (não foi ele quem vendeu); ele está comprando. Inclusive, na prática, o frigorífico vai recolher o ICMS 1 e o ICMS 2, só que o ICMS 1 ele recolhe na condição de substituto (responsável) e o ICMS 2 ele recolhe na condição de contribuinte. NESSE CASO, A SUBSTITUIÇÃO É CHAMADA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA REGRESSIVA, pois quem substitui, substitui quem está atrás dele na cadeia produtiva.A não cumulatividade, aqui continua valendo; quando ele vai recolher o ICMS 2 ele abate o valor do ICMS 1.Por fim, pode ser que “A” seja uma montadora de veículos e “b” seja uma concessionária de veículos; existem mais concessionárias no Brasil do que montadoras. Então, interessa aos Estados colocar a concessionária para substituir a montadora no recolhimento do ICMS 1? Não. Mas interessaria colocar a montadora para substituir a concessionária no recolhimento do ICMS 2? Sim. Nesse caso, a lei para veículos (inclusive existe um Convênio do Confaz regulando essa situação) determina que “A” recolhe o ICMS 1 e o ICMS 2. Só que o ICMS! ele recolhe na condição de contribuinte, enquanto o ICMS 2 ele recolhe na condição de responsável (substituto). ESSA É A CHAMADA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA, pois quem substitui, substitui alguém que está na frente dele na cadeia produtiva. O problema desse modelo é que “A”, quando vende o carro para a concessionária, não sabe ainda se a concessionária vai vender o carro ou por qual valor ela vai vender o carro. Nessa substituição progressiva, então, eu

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trabalho com presunções. A LC traz vários artigos determinando como presumir a BC do ICMS-substituição progressiva. Inclusive, no caso de cancelamento da venda, o estado é obrigado a restituir a montadora integralmente e preferencialmente. Mas, se a concessionária vender por menos do que o presumido, o STF entendeu que o estado continua tendo direito ao ICMS pela BC presumido (o que para Daniela é um absurdo). Antigamente, não era assim; a alíquota do ICMS sobre veículos incidia sobre o valor da venda do veiculo e não sobre uma BC presumida pelo Estado.

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