TUDE de SOUZA Angela Textos Didaticos 5 - Fev. 1992

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    ~o~.J .;? '1~j ~SOBRE O AMERICANISMO E FORDlSMO

    DE ANTONIO GRAMSCI

    \"E C t>-a L t o L\ manas6 \ C"nc\as' Ud f\\OSO\\3 e \e E. CAt-AP\NAS\nst\tuto e lS1AOU~L OUNNE.RS\OAOe.ANGElA ruDE DE SOUZADepartamento de Sociologia

    Insti tuto de Filosofia e Cincias HumanasUniversidadeEsladual de Campinas

    textoa DicMticoa025 - FEVEREIRO de 1992

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    r!;';,"~:-;:;~~::-:'-;~:::,'~i:~"'- t~;"'::~;I;~:H",... :t'~lt l;_.;~' ;:"i.;~~L~.... ,1 V' 1 ~~ '" "", , ,",", h -i~ C'2tt ') ,1;~'..';J"j.'):r' ~SQ~:'{;I:~~;r~;:;!':::;fi.;::~.:is~fji, II;:',;r):)~~~::~.~~~~[~~~~~~r ~-i fI {ot"D "; '. .;1 "'" ; .; !; ;~1~' , :) m','. ",.J .D .3.~.OP.:::.d:I'._.....-ut1l_~ .

    sRIE lem. DIDTICOSSetor de PublicaesJFCH I UNICAMPCaixa Postal 6.11013.081 - Campinas - SP - lkasil

    SOLICITA-SE PERMUTAEXCHANGE DESIREDto

    IMPRESSO NA GRfICA DO IFCH

    $

    INTRODUOo e"saio Alericlli. e For4i.o, t.1 COlO o _te.s. INrtir

    priuir. edio dos CIdIrMJ$ di- Clrc"JO, re6 ta COIjuto de IIOY' peqtIHOSt.xtos .rticul.dos _ torlO ,ra'.tic. H,is ,,) ias trlturais, decorrentes, por UI lado, da .rg"'ci. de ta "OVO pjdro de rel.esi"dustrilis e de .CUlUlao, "o capitalist. I, "r outro, das leciudls .bertas paJa R.voluPo de Outubro e cGlstr. do soeiali., lIf EIr.,. Leste.

    A questo fllftdlltfttalobre a qual Gr.ci yinil trab.I~_, COICercondies 81 que se poilri. operar. construio da ~e'IIO"i. proletiri. (noOCidente .55.i,.OlO no Oriente), e, sobretudo COlO se coawiril. IIPlifodo .ovilento cOlUnist. no pl.no inter".cion.i, dada tual correl.io de foras d.line.d. por .quel.s lud.n.s.

    P.rte .tiv. no deb.te (pritico e terico) travado AO s.io da 111 lat.rcion.1 e do Partido COIunista ItalillO, Grllsci t.ve COlO ,,,ocupao paranllte fazer de sua ~a UI instrUlf.to de r.cup.rao da capacidade d. ilter,io .str.tgica da teoria larxist. - filosofi. da praxis - f.ce as notiv.is inflixes e tr.nsforl.es provocld.s pel. nova r,nci. de lIIt estr,tgi. poltic. e ideolgic. de construo d. heg8lOftildo novo bloco histricotatio no poder, n. Alric. do Norte (EUA) e n. It.li., IIbos suportados pell

    iliz.io das IISSIS.

    11) A edio crtica dos e.utr.n.n (1975) perlite-nos ver COl clareza. ediio~.s pequelOs textos. ~ti pllblic.donas edies ant.rio, dio'iticl ap"1S a ltil' fOnll dada .queles taxtos por &r.,sci. 3

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    'fi

    'AlericanislO e FordislO' integra .RIsse sentido, as anlises gralscianurelativas constituio dos novos grupos dirigentes, seus aparelhos de hege i a e suas relaes CDI as classes subalternas; tratava-se de coapreender o eQuilbrio de foras polticas instaurado li pleno perodo de crise orgaia tal COlO vinha vivendo global"nte o IUndo capitalista da poca.

    O fuDduental, portanto, neste eRsaio foi COIpreender as estratgias delOA9O prazo eapreelldidu pelas classes doIinantes italiaaa e norte-anricana.Estratgias que visavII rlCOlPOr a unidade entre as relaes sociais de produiG, as DOvaS eKig6nciu de &CUlUlaio do capital - entlo francuente coaprolItidas IIIla 4ueda teldencial ela t axa _ lucro - e seus aparelhos de heguoaia. O esforo aultico .pr_ido buscava balizar o quadro ideol6gico e pol1tico que lIIf1itiria s aassas e ao partido r~r. , Pltolt1gi, pr(Jf'i,; rewl1_ pusiv,', e coatra o qual _"riu opor suas prprias forus di"'-ia.

    A situaio de crise orgnica no ocidente, associada s especificidades da

    estrutura poltica e social norte-allricana, coIIduziu a classe dOlinante lanar aio ela e stratgia de guerra de posio contra as classes subalternas,particularl8Rte o operariado, atravs de UIa srie de intervenes polticas,8COI6Iicas e culturais, rlCOlduzirll o IOvillAto operrio ao terreno de luta8C8I6Iico-corporativo. Este, por sua vez, encontrava-se relativa.ente neutralizaclG, dado qll8 sua aio se "utava pelas lIIdidas _ contra-tendncia, adotadas PIla IMtrglllSia .rica.. frute ao contedo espec fico li qll8 a sociedadese _Mlveu.

    Dois gr"" deterainantas histricos perlitel COIpreeftder a singularidadeela situao .ricaRa: de \11 lado, as tradies de organizao e de luta dosalariado industrial, profullduente ilpregnadas pelos interesses corporativosdos 'prapri,tiriDs 'afcias qualific,dos"; e, por outro, a austneia dasc""'s . cubo" caractersticas das foraa8s europias, que pedia, aoIISIO t-.o li qlll favotlCu, a iAtroduio de Uta nova ordla poltica e 50cW. COlO fISIIOSta I lltunu cios conflitos icos e culturais que glrai-

    I..... _11 '"-io social2). OlIFi.irodado. di.... foi a/;Y ditusio de 11I_0 parlCtigu de reltIs iadustriais, capaz de dllstNlr ,.

    orgMIl,8s1MctlIIbIu fJIM1'rio 1M illClJl'fJIJI '-lasDsist.. (8ralSCi ToseI, 1983:36)

    As aalists contidas e. 'AleticanislO e Fordisao' constituir , assil,

    gjUII pea chave na-identificaio dos li.ites e das dificuldades que o partido eas direes intelectuais dls classts trabalhadoras deveria. enfrentar e superar i a critica s alternativas abertas pelo fordi." deveria levar, de acordoCOI Graasci, reincorporao do e18l8nto tico-poltico capaz de iapriair UIIdireio luta pela 81ancipao proletria.

    coerente COI tal perspectiva de ao prtica e terica. GrllSCi abordou ofasciSID, na Itlia de lussolini, e o industrialisao IItricalO (de tipe ~~) COlO duas individual iza8s , dentre tantas outras, das forlaS extreaas

    pode tOlar a rtvoluio passiva e a guerra de posies 110 ltIIldocapitalis-

    t o Que,~xplica a estruturao interna do ensaio e. questo, e particu11mnte sua insero no .bito dos prob18las relativos construo da hege

    ia e organizao da cultura pelo grupo dirigente das classes dOlinantes..aquanto tal, a estrutura interna expressa u. esforo indito de pensar o 10jaento de conjunto - a totalidade - descrito pelas transforaa8S do bloco.italista, e particularunte vividas por sua 8Kpresso aais avanada na oca.io - a foraao social norte-anricana.

    Da lISIa forla, o ttulo dado ao ensaio sublinha os traos de referinciaios 'Iudana de perodo .arcada pela (JISS'''' di Istf8tgi, de guerf8.fi.nto , guerradi fJlJsiio/re~oluioPlssiv,", Quando" 8 situlio de

    1Jt1 Dfginicl obri{JIri, 's forls sociais, caf8cterar suafo", (lSpecfiOf) 1Mc.blt," contra os grupos antagonisfas (ToseI et allii, 1983:35).

    I) Ainda que se tratasse de uaa soctedade .arcada pela ".istura de cul t u raas e a 'ausneia de hOIogeneidade nacional", os .ovi.entos de contes.~ i.ordll produtiva, tiverll UI papel deter.iRante na foraaio social nor. ncaaa.

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    li).W", c.- lfII pOlUica, pela classe dirigente, contra a UR a coMetividadl .rria, opera. a COItStruio UI ROVO tipo. traba1~r coletivo atra~ do qual ti erigiu UII nova classe operria I VII AOVI classe _ia. O que IIVCMl, portanto, UII "nov, configufl;o dI$ "l,lS.,,, nullCtNis '1M"'" AO processo de construio da hegelOnia burguesa.111) o fordi$1Oe o MlCUII,IP COlO "idfologilS con,titutivlS do ",r,quedifttRClirll \fianova rui lidlde da cOlposiio das foras sociais fundauntais, ao l8SIO t..,o que criava "o novo" sobre a triz do "v,lllo". A revoluio pusiva e a lICIeraiuio coaservadora.

    I. A AVENTURA FORDISTA E AS FORAS PRODUTIVASse t vista o 'IIOr coocnto vivido 10 luto do periodo.. que

    SI t. as COIMIiin te sln,ia.to il IOderlla indstria .ricalla, fiei 1leite SI COIPree.der I justeza do IrgUllftto que situa os fen6lenos do II,r~~ e do {"d;1IO na extensio e Ia potencializaio das foras produtivasdeSlftvolviias iura.te as trs ltillS dcadas do sculo anterior.

    : Ia verdade, a perioiizaio lais pertinente plra que se cOIpreenda o proI ctSSO e o significado Ilis lerll do novo paraii a de relaes industriais inl\troduZioas pelo {ord;lIo. deveria ter seu palito inicial situado. torAO ia6cada ia 1&80/90 e IUI ilfleaio li torno ia I Guerra Muftiial.( Foi .este periodo que o IOviaftto iliustrillista se consolidou COlO prin-

    ~ ci,.1 vetor do iesavoivi to do IUndo capitalistl, levando' IIIr1611cia de

    UIa srie ie rllOs ia IOierlll produio illUstrial. Dltl, tllb., i.ssa poca o- \ ~o tecido iniustrial construido COI base nas aplicaes di cillcia intensiva

    \ li rllOl COlO o ia itd.tril eltricl, o di qui.ica e o ias telecOlunica.s.~ Coasoliial-I', ainda, na ocasiio (e, particulart.nt. na virada do sculol, a

    (, ~ ildstria talOrgica e os transportes 6 traio tecanica.

    i Foi til periodo de ."a na pauta da produo d. terclior ial, que se fez? acOlpll1I de lOiificae. 10 porte dos ilvesti tos. fpoca de 4iv.rsificeioe verticalizlo dos ClJltlis, acaNu por SI COIlItitair tIObero dos "rIOS8

    .) IIOPlios I oligoplios da produio capitalista conte.porinea (Lenin, 1975;!8taud, 1981:164-204).Po,tanto, o pe, odo de ,gjnei. do pera

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    t:IIfit:tJItlr ,1, utililldo Ir' Vlll lo , 11McOllbtlcido.~ c/NaUIJ ,. ".,.illitJ _RI PltI o t"bll ho '" novoo( 5)

    Segundo 8eynon (1984:31), 'Henry Ford nasceu filho de VI fazendeiro liOIIrborn, Hichigan, el 1863. Fez seu pril8iro autOlv,1 81 1893 e forlOU aFord Hotor COlpany el 1903 aos quarenta anos. Do.inou os negcios da eia. pelosquarenta anos que se seguiral. Atravs de sua vida defendeu preconcaitos e

    iiias de UI pequeno fazendeiro. Ele foi UI anacroDSI9(6), o dlar IUltibiliOBrio que produzia autolotores .

    Teve, entretanto, a viso de UI lundo novo. atravs de contatos que o in-fluenciara., COlO Edson e Philips. Apesar de convicto COl relao s possibi/lj~des de .udana, sua rl forll foi tl .perada por 11M visio idui di Hlldo no.' os l Iis b8ixos e velhosprincpios t inbu ainda 1119I' - RI prpri4 cpu~! (f)" (8eynon. 1984:37).

    A aventura fordistl consistiu, exataaente, 81 assUlir o risco de colocarCOlO u. veculo para a transfor.ao revolucionria das relaes sociais deuo, quando el verdade sOlente conseguiu operar u. certo nl8ro de 'Iuta

    tcnicas' j delineadas pelo prvio desenvolvi.ento das foras produti. Do sonho fordista, restou de concreto a alternativa de nova coernciao terlo sublinhado visa ressaltar junto, ao leitor o carter deterlinanteisiva das inov8fes organlacionais, introduzidas cal a linha de IOntaQe.[stl. A ilposifao das cadncias, a direo das tarefas, os prlios e 1n-VS produtiv1dade, bel COlO o paga.ento de bnus e as polticas bel-es

    'so algulas das caractersticas da nova organizao do trabalho (Nelson.:115-122).O grifo nosso, e quer salientar COlO a percepo de Graasci, quanto ao

    ter anacrnico das iniciativas pioneiras do loderno industrial1slo, se fazente ao longo do ensaio el questo de diferentes laneiras. Registra.os

    ~j.ao lenOS, duas pequenas passagens: Luta-se co. ar.as apanhadasno velho,.,.,,1 europeue aindaab8stardadas, portanto 'anacrnicas' e. re.lal0 ao de-~lvill8nto das 'coisas'" (HPEH:382); e ta.bl, Os elslI8ntos de 'novaculti" e 'novolodo de vida' hoje difundidos sob a etiqueta a"ricana, slo ape",> ~ IS pri"iras tentativas feitas so cegas, devidas nio tanto a UII 'ord, ,''i ., /1ISCI de u.a nova b8se, ainda no fOflada, I8S iniciativa superficial e

    ':a, ,.' ~ftC4, do,S el",ntos que ctme81a sentir-se social.nt, dBsioc,dos pel,~ndI destrutiva , dissolvedDra] da novaNU ,. for.,io (tlPEK:412).

    Fora. essas exigncias que llvaral difuso da li~ de .ontage. de tipo!ordist" tornando possvel o advento da lOderna indstria autOlObilstica.Atravs desta se desenvolveu. no perodo entre-guerras, o departalento de produio de beM de consUlO, coe a consolidaio do parque industrial voltado produio de bens durveis.

    Deste ponto de vista, o fordiuo se constituiu 81 UIIlDUntDdi rllUIIio ulurior do c"lur prtJgrHsivt/ das foras produtivas capitalistas, potetlCializandcl, de UII forta iadita, todos os tl ntos constitutivos da antiga ildstria: a base tecllOlgica herdada 4a 11 Revoluio Industrial, a orgl-IIIIo rlei""l , ciltltfiu40 trabalho (4) , beI COlO a estrutura concentrada do capital industrial-fiftlftCeiro COI a qual se construiu o loderno IURdocoloftial (8laud. 1981:182,215).

    Entre 1900 e 1918, perodo li que se constitui o i.,.rio Forl'. foralreunidos todos os eltllntos necessrios reestruturaio do padrio de aCUlulaio do capital, suscitando uaaaaior interao entre intelectuais acadlicos,

    experts industriais e 81presrios I18ricanos. O perodo ficou conhecido nosEUA COlO a ,r, progr,ssiva', durante a qual industriais e intelectuais buscar solues para probllllS antigos. e de difcil resoluo COlO aqueles colo~ pelas contradies capital-trabalho e a politizao das classes trabal ras (8eyAOll, 1984:34).

    At l8SIO a base teenolgica das illll". industriais veiculadas pelaFord Motor COIpany (FttC), aio era si .su IIOva. SltuRdo Drucker (1950:19),Ford 1IitJ fez ".,.., ~ru DI! itwaio lIfICnie,; todo o equipalllnto .,~

    (4) Na verdade a difusio dos chaaados princpios de organizao cientfica eraciOAaI do trabalho precede, no lnilo, de Ula dcada a ilplantao da prilIira linha de IOntagens totallente lecanizada (1913). Sua difuso coincideCOI o perodo de consolidao das organizaes sindicais nos EUA, tendo assulindo, j aateriortente ao fordislO. o carter de Ula ferralenta capitalistausada para obter o assatllnto operrio ao projeto industri.lista (Nelson,1984:6Hl).

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    11. O OPERARIADO FORDISTA, OS TRABALHADORESINTELECTUAIS E HEGEMONIA

    onda de piAico social, de dissoluo e de desespero; uH tentativa de reao inconsciente de quea i.poteltte para r8COAStruir e insiste sobre os aspectos II I9It ivosda ludana" (GralSCi, NPE":412).

    Critico das posies difundidas pela direo bolchevique, e inspiradascertas proposies t rotskistas, COl relao * sup, ,,,c;, d, ;ndst,;, e.todos ;ndustr;,;s n, v;d, nlC;on,r(8), Grusci argUlentava que os ltode lilitarizao do trabalho adotados pelo Es tado sovitico d.everill de,car H ula to", debon,p"Uslo', ao invs de conduzire . ao auto-disci-

    ~eft to ' COlOresul tado da aquisio de hibitos cOIpatveis COlaqueles reidos pelos novos ltodos e relaes de trabalho sobre os quais se ergueria

    J.tJ,do prolet4rio, na URSS.

    Taxado pelo HeI York Ti s, ea IIUria publicada no alIOde 1928, COlO u.-il4ustrial fascista, o Mussolini de Detroit (8eynon, 1984:42), H. Ford e seu- japrio indust rial se constituiraa 81 u.a fonte de ferllntao para o desen-volviaento ulterior dos antagonislOs capital-trabalho e sua agudizaio (Bey1100, 1984: 50).,","

    Pela fora das contradies do IOdo de produio, o paradigaa fordista aca-.~ conduzindo a UI novo equilbrio das foras polticas, no interior do qualo totali taris lO indust rial (Clarke, 1990:140-141; BeyIlOf l,1984:39 e 589.) se' inaria definitiv e nte coa o regile de delocracia representativa e a ges-",f:tio institucional dos conflitos de classe.~k

    ',.1"

    'i:;')Q) Ainda que c~ncordasse COIIa 'necessidade de aceierar, usando .eios coerci.::*".01 externos , a disciplina e a arde. na produo, de adaptar os costules b1:.lidades de trabalho, Grllsci considerava as aedidas adotadas pela dire- IOvittica COlOexcessivas e "nio racionalizadas (MPEII,1984:396),

    ( Coereate COI isso, o novo paradigla de relaes industriais introduzidopor Ford naquela sociedade, antecipava de certo IOdo o que lais tarde veio a

    ~ se desenvolver sob os auspcios do Estado aaericano sob o rtulo de estado-do-~ _-estar ou estado providncia. Ainda q~ lodelando o novo pelo velho", a

    poltica de 'gtlstlo' di forl di tflbllboC7) npreendida internuente Fordi Netor COIpaAy- baseada na coabinaio de UIIOdelo repressivo COIprticas pa-

    ( ternalistas, e posta sob a ai r a de UII ideolotia tecnicista - acabou se torAaftio Ntrl di outrlS lodifiCIIs .S forls soci,is, escapando de forta" definitiva do control. de Ilenry ford, aps a proaulgaio do Mu Deal, porIoosevelt. e o novo 'pacto social' deI. decorrente (8eaud, 1981: 216-227).

    Na realidade, no se trata de novidades originais, trata-se sOltnte da fase lais recente de UI longo processoque COIIOUCOIo prprio nasci nto do industrialiSlO,fase que apenas lIis intensa do que as precedentes eIIni festa-se sob forlls aais brutais, taS que tubl s.rasuperw (Grusci, ItPE":397) .

    "O que hoje se conllece COlO ',.,ric,nislO' , n gralldeparte, a crtica preventha das velhas catadas que seroesaagadas pela nova ordel e que j for.. atingidas por

    (7) Cf. "YlOn, 1984:36-37, esta integrava uaa srie de estratgias de controe e eaquadr."to dos trabalhadores no plano interno fbrica, beI COlO10 15lII8 da f.Uu e das prt icas privadas de reproduo.12

    entre . ,. .. produiD,,, ClJnsulO" (Boyei . t I ti st ra l, 1983:8-9). Consol i-

    ( dou-se, portuto, COlOo laboratrio no qual gerliAlr u possibilidades ~ I) retolada da 1CUlU1aiode capi tal sobre novas bases e no qual se gastou o for-

    lidvel crlSeillnto da lCOAOIiacapitalista do ps-guerra at Mados dos aROS60.

    Ilesse Slfttido, as lOdificaies introduziils COI a linba delOntagn fordista for vistas por GrllSci COlOexpresses extr s di lOdifiClls 101.-ClJl,m" oriu. de UI lIWiullto progrBssiwl j contido pelo deseavolviMnto das foras produtivas, RI 8COlIOIiacapitalista uericana.

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    Sralsci dedicou boa parte de suas anlises sobre a vida ricana representada pelo fordislO - COI a finalidade de criticar os todos de coero externa ao trabalho, e aos novos lodos de vida adotados pela direio sovitica,COlO UI io de convenc-ia da necessidade de supril-los.

    Ao longo de todo o ensaio, o autor retoaa a questo sob argul8ntos diferentes, indicando que quaisquer que sej os todos, o iaportante era que sebuscasse obter a disciplilNl frente as novas necessidades deprOciu1ci-e-diVf--da, atrav,i~ coIhinliO entre-forusde coa (autodsciplillt)e de retri-~bui4;io,CforteleAte articuladas aos principios de persuasoeconsusolCOfWic- \., . \--~"

    Assil, por 8XtIf)1o, no texto relativo aos ai t os salrios pagos pela Ford",tor CoIpany, encontra-se UII passagea li que experincias internacionais diversas so retoudas COlO leio de indicar a "i,portincia, o sentido s o alun-ce fJbj,tivD do fslllllllO ueriuRD", no que diz respeito s novas estratgiasde construo da heg8lOnia das classes dirigentes sobre a classe trabalhadoranorte-auricana.

    "A adaptaio aos novos ltodos de produo e de trabalho, ino pode ser obtida unicalente por leio de coero so-~cial: trata-se de UI 'preconceito' luito difundido na Europa e tais particularlente no Japo onde isto niotardar a ter consequncias graves ... esse 'preconceito'no til alis outra base que o dlselprego endlico dops-guerra. se a situao fosse 'norlal', o aparelho decoero necessria para obter o resultado desejadocustaria lais do que os altos salrios. t por isso que acoero deve ser sabiaaente cOibi nada COl a persuaso e oconsentil8nto, o que se pode . obter el UII dada socieda-de, por Ula lelhor faria de retribuio, a qual autorizando UI certo padro de vida, perlite tanter e reno-var as foras consulidas pelo novo tipo de fadiga"(GralSci, "PE":404-40S).

    COnsciente da 'al ta de UII visio da totalidade - talto por parti deTrftsky quanto da direio bolcbevique - desta articulao entre as DICIssida_ da produo industrial, os IOdos de vida e os processos de hI9tIoIi~do grupo dirigente, Sralsci enderea-lhes Ula crtica quanto aos "pr~i-tDS" e ao Itnosprezo COl que interpretaval as iniciativas dos industriais nort ricanos, tidas COlO apenas uu "lIIIIifestaio hiptc,i ti di pqr i tWSlKl .

    ":..Os novos ltodos de trabalho so indissoluv.laent8ligados UI certo lodo de vida, a VII certa laneira depensar e de sentir a vida; nio se pode obter sucessodentro de UI desses dOlnios sei que se obtenha resultados tangveis no outro." E, lais adiante, prossegueSralsci: "Na Alrica a racionalizao do trabalho e aproibio so sei dvida algula, ligados ... Rir dessasiniciativas (...), recusar a possibilidade de cOlpretnder ... o alcance objetivo do fenleno altricano, oqual talbl o laior esforo coletivo que se lanifestouat hoje para criar, cal ula rapidez prodigiosa e UIIconscincia do alvo a atingir sei precedentes na histria, UI tipo novo de trabalhador e de hOl8l" (Graasci,"PE":396).

    ,,'Nesta passag8l0 autor indicava a viso de totalidade - ainda que no excitaaente consciente - que orientava os industriais alericanos alinhados

    estas iniciativas, chatando a ateno para o fato de que se tratava de UIsso racional elpreendido cal a finalidade de difundir - atravs de 11

    trabalhador e UI novo hoael" - ula nova tica coletiva, cuja contrapar-seria a elergncia de ula nova classe trabalhadora(9)."~......."'...'.'...............'......~~ possivel extrair das entre-linhas desta passagel, as reservas de Sralsci'"e:, . relao experincia das brigadas de trabalho: est colocada ula espcie~:c desqualificao da experincia sovitica, seu fracasso, enquanto experin' .t revolucionria, da qual deveria resultar UI novo tipo de hOlel, de espi,.-:~ lidade e de hutanidade, abortado por fora da opo pela via prussiana,.;t, baseada no uso da fora e da coero externa.

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    'Mo corao da revoluo fordist, repouSll Rio SOItnte as.udanas tecnolgicas introduzidas por Ford, 115 UM revoluo na organizaio social da produo COI a qual asaudanas tecnolgicas estaval inexoravelaente associadas.( ... ) O contexto iaediato dessa revoluo fordista eradado pela coexistncia de ula variedade de trabalhadoresartesanais qualificados - os quais percebia. altos salrios e era. sindicalizados ., e de UI crescente contingente de trabalhadores sei qualificao, e desorganizados, os quais fornecial, ao IISIO telpa, o incentivo e osentido para se derrubar/acabar COI o controle dos trabalhadores de oficio.A destruio desse controle retOv8u a principal barreiraao desenvolvilento do processo de trabalho capitalista.Entretanto, isto talbl destruiu os ltodos tradicionaisde controle do trabalho, os quais havial sido desenvolvidos pelos trabalhadores qualificados, pagos por pea, sobre a base de sub-contratao interna e do sisteta deajudantes ou equipes (gang syste.) (Clarke,1990:138-139).

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    racionalizao da produo, tOlada COlO ponta de laoa das refarias soque atingiato conjunto da vida nacional, detertinava assi., '8 R8Csssi elaboraru. novotipo hu.lno, confor.eo novotipo d8 trabalho', capazr si leslo levar a cabo o estrangulalento e.a 'liquidao' das antigas

    ilaes de defesa dos interesses operrios na sociedade al8ricana.ste ponto de vista, o fordislo se constituiu el Ula poderosa arllpol

    nas los da burguesia industrial, operando Ula srie de ajustalentos eo- \estruturas e superestruturas', atravs da introjeo de novos requisi- Itcnicos e culturais (aorais e lateriais) no seio do salariado industrial.

    \.08 grupos de resistncia, os sindicatos do futuro deveri transfortar-se'grupos de produo, repartio e negociao, tornando-se, desta faria, 81"vo sustentculo da reorganizao social. (10)O. Bleitrach e A. Chenu (1979:8-29 e 41-76) desenvolvel UI tipo de anli

    ~~~'ilar, COI base na obra 9ralsciana ~I foco, para o prograla de descentra;Zct"~Jo e relocalizao da ~lderurgia francesa, ilplantado na Regio de "ar

    ~.,l 1," et Fos-sur-"er na VIrada dos anos sesseota para os anos setenta deste~o.

    o .,iCHi enquanto expressio u ideologia industrialista veiculadaatravs da difuso do IOderno aparelho de produo capitalista, exigiu',. di-t.niRldtl _i'lIt" IJ/II dlte" il lldl IStruturI soci,l (ou, vontldl di cri-l ,), ,. dlte"illldD tipo di Est,do' ('rusei, lI'EII:388).

    Reunius as condies ReC8Ssrias - c.posiio dl89rf ic, flcio",l e intsgrlio orgnia di ecolJIi,' - para assegurar-se ',. Clrto tipo di ubient,'sadio, a tarefa de racionalizao global da sociedade tornava-se relativalentefcil de realizar. A racionalizao da produo e do trabalho cOlbinou-se

    16

    'habilllnte ao uso da fora (destruio do sindicalislOde base territorial) e da persuaso (altos salrios, beReficios sociais diversos, propaganda ideolgica e poltica habilissill) para, finalllnte basear toda a vida nacional na produo' (GrllSCi, "'E":381).

    Expresso acabada desta ideologia industrialista e do fenleno das 'Iassas', o .riClniSH designava UI tipo desocied8d1lcion.tliz,dI, naqual 8'estrutur.' t iHinl lUis i l8diatll8nte 8S superestruturas',estas talbl porsua vez a ser. racionalizadas (si.plificldas e ,. nlBroreduzido)(Gralsei,I tP EI I : J8 2) ,

    O que i.plica,a na afirtao do trabalho fabril COlO a instncia a partir

    ~ da qual a sociedade seria globalllnte racionalizada: da cOlposio d8lOgrfica

    (I das foras sociais . inti.idade operria, tudo deveria cair sob a racional ida\de do lucro industrial e do consenso fabril.

    A unuteto deste tipo de sociedade - 'doIinada' e organizada pelas ne

    I Jcessidades da estrutura - aliada necessidade de preservar a livre iniciativade se organizar a eCOAGlia li bases lORopolistas, exigia a relOo do princi-pal entrave ' liberdadeindustrial', ento vigente: o antigo sindicalislOprofissional, ncleo de resistncia dos interesses corporativos do operariadonorte-.ricano, 11rcada pela forte presena de operrios lanuais (craft IOr-

    \ kers) , "PfflPri,t4rios '" ofcios qualificados' (&raasci, llPEIl:382).

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    "de seu interesse ter UI quadro de trabalhadores estvel,UI conjunto perunenteaente afinado, porque talbl o COlplexo hUllllO (o trabalhador coletivo) de 11II "presa UII lquina, Que no deve ser deslOntada COI frequincia eter suas peas deslontadas constant8lente s. perdas ingentes" (Gra.sci, "PE":397-398).

    ,QqVO hotel de Que se falava era, na verdade, UI "ho.el coletivo consti. ..elo capital e suas exigncias produtivas, ho"l este esculpido pelos~i:" _,105 do tCnicislo sob o prilado do econlico e no lais sob o priaado da

    "za hUlana, da diversidade cultural ou da histria hUlanas. Tratava-se deu\~ireste novo hOlel COlO UI portador da racionalidade ecoAlica, e no,racionalidade~ da luta de classes.sil, all de recolpor-se as bases da sociabilidade entre trabalhadores IIdiao e SUbordinao das relaes interpessoais e subjetivas linhataf81 e s forlls de controle e superviso externas (Clarke, 1990:139)

    ~o fordista ilpunha sua prpria concepo de individuo e de personali-HRdividual. Era preciso criar UI trabalhador coe hbitos regulares, e UII\. IStbilidade apto se adaptar a linha de produo e nova disciplina.!.'~J$ta hUlanldade e espiritualidade s poderial existir no IUndo do tra~. na criao produtiva; elas eral absolutas no arte so, no 'deliurgo', a personalidade do trabalhador refletia-se no objeto criado, quando

    t0bastante forte ainda o lao entre arte e trabalho", sendo "contra este'SIO' que luta o novo industrialislo" (GralSci, "PE":397).

    -.'4.t!'1" a".fuAda .xt.ri.,idade - 1IIdi . SI reproduzir o OII8r.riado IM~, Frd propuMa acriao de "11I IIWtI tipo di trab81h1dtJr'DI "ltitutln,,-Mise IlIlIHIIiClS", liberadas "di ",ligo I18XO psico-fsico do t".,l111fIj(";"prDfissiolll1 fl/81iflc"", e sobretudo, da participa;o ,tiva di int,Ji~i" di fantasiae da iniciativ,' pessoal e coletiva (GralSci, "PE":391).

    O novo trabalhador, o operrio fordiano, deveria dar lugar ao novo tipo de

    *",idH6' que se tratava de criar; Bio era este UI tipo h_no qual.".(!2), urcado pela individualidade e a origilllidade dt suas caracter1sti:',..saais. Era

    (11) Ver este propsito a anlise gralsciana do Rotary Club e do Y.".C.A.(Associao Crist de ~os), no pais e no exterior (particularl8nte na Europa) e de seus cursos de alericanislO" (Gralsci,"PE":388); tatbl KuI 8eynon{1984:36) sobre os cursos organizados pela f.".C. oferecidos aos trabalhadoreslIilrados suas fll1lias, que incluial COlO ponto funda ntal de sua 'integraio f.iOlll D_iDO l1RgUa, da IOral puritaaa de tradio rria e dare1igi_idacte.

    18

    Era e que perlitia que, aos Ql~ de luitos, via al.ricana veiculada pela ideolotia fordista - fosse reconhecida COlO 'pr09ressista', e aparecesseprioritlrilllftte COlO UIa decorrncia histrica inevitvel do desenvolvil8ntodas foras prodvtivas, desdobrando-se naturallente na 'Iodernizao e na racionalizao' da ecoROlia e da estrutura social precedentes.

    caracterizado por UII profaa heter098neidade interna, o antigo opera

    ) riado era fortado por trabalhadores nativos e iligrados, de origel tanto urba-1 na COlO rural, estando perpassado pela listura de culturas dada pela presenade diferenas raciais, tnicas e geracionais. Sobre a base dessas diferenasSI ertulria todo UI processo de seleo-diferenciao 'natural' do operariado,qwl se revelaria, uis tarde, COlO lltria-prila das estratgias fordistas deedocaio' e de inculcaio do aprito auriClno(ll). Atravs destas, a classe .rria era convidada'; '5qUICIf SUl _ria, SIllS tradies de luta'seMo CGI isso obrigada" rlCQll$tituir, todosos uptICtos, SIllS organizaa,s" (8leitrach et Cbenu, 1979:17).

    (- All disso, restava UII outra dilenso concreta do trabalho a ser ainda"rlCiOlllliz,dI": a cOlposio ocupacional da fora de trabalho, nesta ocasio~ ) tipicallnte de base tradicional, isto , lontada e reproduzida sobre as tradi1 es e regras do ofcio. Suas tradies vernaculares, profundllente enraizadas

    RIS culturas locais e regionais - nas Quais proliferaral os ltiers urbanos

    ( beI COlO a prtica de aprendiza981 da Qualificao e das cOlpetncias produtivas atravs da iniciao no trabalho, se constituial, t.l, 81 UI problnaque . ia ser urgeatelelte solucionado.

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    A eapresa Ford4tIIRdava a .seus operrios Uladiscriliftaio, e Ulaqualificao que Aioer r.queridas, atentio, pelas outras IIpresas; UItipo de qualificao difemt, Dova,Ula for ll de consulo da fora de trabalhoe UIf~quantidadede fora cOBSUlidano 11510 IIPO ldiolais oner~as e extenuantes do que el outras 'Ipresas'(Grllsci, 198~:356).A forte iQStat.ilidade do uaWbador(13) - associada no s ao .xerclClO

    ofcio, iaS taIiIa i~o ea recusa por parte dos operrios qualificaos sujei tar-se aos novosltodos industriais aliada s oscilaes conj.turais da delanda li pleno periodo de presso 8COCI6Iicade \lia ecoDOliade 9IIrfa , ilpedill, entretanto, que se lograsse este novopata r de discipUta apeaas pela iaposiio 48 cadtlCiasl8CRicassobre os trabalhadores.

    A obtno do novograu de disciplina e de iRteasidade do trabalho, IObil izou UJdo ,. IfS6lMl de Hdid8s dntiRldls , at,ne" , _",gi, 8 traIlbldores , , r8CfJflStitllf, .tDd8s,s SIIISdillnSIs internas, UI trabalhadorCIJ1etitlOni , ,pto ,opeflr osnovos "ios di produ/tl (GiIlRez,197':54).

    (As I)IIS centrais desta pol tica de 'estifilo , ,8strl/llnto foral os'~ ,U ,11,1 (o fivololOO Ooy), '. IOWizaio do 1'11lo, , loplanlaio48 diversos servios de acoapanbaleAtoe ori,nuio do t"bllbM1or Ford,den-tro e fora das locais de produio (Clar ., 14J90) . I(13) SItuadoD.-G"z (1916j72, set.) , os oeJicesdt ~urn-over . ntes10 .rll Ilevads'llO. S AOSlIlS d.lversos ritos IndustrIais, conslt.ql~se li.UI desafio central para o patronato lndustn.l, j desde hns do steu o ptwdo: ,. IX., pesqUisareahzada el 1907, novlllta e \IIa_8IPresas t xts 110-/sVI 905 EUA, r,crutar. 57.000pessoas li UIano, quandoltaOtinhal, JalalS VIi . fetlvo supenor I 30.000'Ipreg"s. OutroIstud li 150"presas, realizadoy I1 li 1919, lostrava quea taxa ldla de dellsses e ou evasio anuais se situava~ li torno dos 100' ; .. . o leSlOacontecendoel todos os dllais setor.s da produio industrial, guandose chegoua constatar no ano d. 191., .. para oitodeSsas ,resas SitUadaSel Oetroit as seguintes pereenta, ,", de lurn-over:15n 5.n 249" 187,3'; 16 ,8'; 1~,"" 101,~. - (Gll1"'Z -A,197~.:7~-7. J! Rimora Coapany,o nIve.1de Inst.6illdade no IIp'rgo reglSl.rLio nq anode 1913 ano w se ilplanta a prll, .ua linnh. toCta".canlJada tilJtlU lIis.c~ 50. . GHr rios teildo li vista 1(lanute_ de \11 .fetlvo4.000 oper.lOS! lMc1.78 Ver tIItI, leva 1984;388 119.J.20

    __ ia., coaie 10 Lat.or/Strvice D8partt da F"C(U), colttrolar a a,l'IIIdi o -"lIr Qb tribalbo' e ordeltar as relaes hierrquicas no inte.40 nOvotrabalhador coletivo da elpresa. Estas tarefas ficar a carto~i1'" especialistas das relaes industriais' - engenlleirosde prodtio,

    ioterlldirias (shop-stl rds) e gerncias de pessoal.

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    23~ { 'A hegelonia ve. da fbrica e, para ser exercida, s\",- necessi ta de ula quantidade liniaa de interaedirios',--..---- profissionais da poltica e da ideologia' (Sralsei,~E":382).

    as de UII eagrena911 i or, gra" corporaio industrfal de base IOnopolista, cujos interesses' particular.' se confundi gradativ_nt.e COl o int6""sse gsr,l di $IUS ,.p"gados' .

    Desoecess ri os , por sua funo produtiva, aos novos quadros tcnicos, gerenciais e de superviso, se reservava a responsabilidade de organizar o consentilento dos trabalhadores aos novos Itodos industriais e de obt.er-lhes aadeso s norlls da elpresa. A nova estrutura hierrquica, de que nos d CORtaa linha de produo, respondia tecnicalente ao interesse de pacific" internalente a produo industrial, diluindo-se sob os novos sistlllS de IICInizao do trabalho a dura realidade do despotislo fabril (Edlards, 1978). A tediao das relaes de poder e de autoridade dentro do trabalho, sendo exercida pela evidncia das tcnicas de produo, perlitia, assia, tornar opacas eocultar dos trabalhadores as desigualdades que especificaral historical8nt.e asrelaes de opresso e de explorao no capitalislo.

    Os novos intelectuais da produo, ilbudos de seu papel IOdernizlIOr ecivililatrio .: dado que desta participava. COlO expresso da despersonalizao e da forlalizao das relaes de trabalho - deselpenharal UI papel duplal8nte ilportante no processo de persuaso ideolgica do novo operrio. DeUI lado, coube-lhe~ afirlar o carter progressista de suas ocupaes e a natureza cientfica (r,cional e nsutra...) de suas cOlpetincias, quando COlparadas base elpirica sobre a qual a qualificao operria pode ferllntar e ger,inar; I, por outro lado, sua presena no trabalhador coletivo funcionava co

    fIlO UI anteparo ideolgico que dificultava a toaada de conscincia dos traba

    '~.:l-'dores de execuo frente as novas relaes de poder instauradas, j que\"iculava. ,a idia de Ula dlsclnt"Uza;o e dellgaio' da autoridade e dor

    r patronal dentro da elpresa.

    (lS) Ver a este propsito passagel el que Gralsci discorre ,obre as diversascvltur,s org,njz,cionail, slus.truques e p'equenos.segcedqs (ln l"PE":407J, deslgnando COI 1S~ a slOGularldade de caGa organ1zaao 1ndustr1al, atPsar do~ua~r to 1nstitUCloeal funcional do trbalbo, isto t, de sua burocra-u~o.22

    cional e funcionl do noWl 11011', este trabalhador era produto de Ula estratgia de socializaio da fora produtiva do trabalbo, baseada no binlio 1io-execuio.

    Di f ereRei_ e ~i.rarquicueate ordttado, este trabalhador .rl produto.UIa fissura do trabalbt CllPlexo e sua partio definitiva entr. idtali~res-coatroladores executores. Eatre as direes patronais e SUIS litigas blses operrias, se interpunbai agora as gerncias (de produo e de pessoal),as eaaadas interlldirias de enquadrallnto e de controle nas plantas.

    O 11510 principio touvlcorpo no seio do operariado de produo, pela diferueia. e especializao das funes de execuo e operao, de UI lado, edaquelas de apoio, carregaaento e lilpeza realizadas li grande tedida .pelosciuados braais e no especializados, por ovtro. DeRtre o pessoal de operaoe execuo surgiu agora os 'ferr.nteiros, .10 fundalental na cadeia de reprodto do capital, posta sob o .iRio da corrida tecnoltica e do aperfei-OIHllto dos sistelaS IlCnicos de grande porte.

    luz das tendncias de socializao-individuao, e de holOgeneizao-di-ferenciao, interllls ao trabalhador coletivo, a 'produo fordista" lanouao de UII srie de presses ideolgicas que perlitiu IInter coeso o novo hoIII-col.tivo: a realizao de concursos do operrio-padro, e a lIulao aotrabalhador lJlN COlO o responsvel pela construo de UII nova sociedade, for. algUlls das fOrlas pelas quais se sublinhavat as diferenas que IIRtiuCDI os delais setores do operariado norte-aaericano.

    El"'Ato de presso ideolgica e IOral, o 'vestir a cuisa (Isprt "i-SIt), era o I.lhor teio de assegurar essa coeso entre os ItIbros deste notvel trabalhador colltivo; as desigualdades de salrios, de posio funciollll ede poder na fbrica deverial se subordinar nova realidade jurdica e instituciooal que definia ento a atividade produtiva dos hOlens(lS). Eles Iral pe-

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    111_ A RACIONALIZAO DA ESTRUTURA SOCIAL,E O COTIDIANO OPERARIOSOb o t o dos fen.nos designados pelo .";CI';$ID e o fDfd;S6fJI bur

    guesil norte-lI8ricana pde cbegar, tllb", I UlI novl cOIPosio dls forassocilis .,;s ,dlqui" flC;fJ.,1rente I nova cOIlfi8llrao do aparellto deproduo industrill.

    "O lIericlni5lO, nl SUl for.a lIia Icabada, exige Ulacondio preli.inlr, da qUilos a.ericanos que tratarl'destes proble.as jlllis se ocuplr , pois nl A.riclela existe 'nltural.ente': esta condio pode ser denOlinada 'u.a cOIposio delogrifica racional' e consiste nofito de que no existe. cllsses nUlerosas stI Ula funo essencial no tundo di produo. isto ., classes parasitirias' (Grllsci, MPEM:77).

    A,.sar ditSO. segundo Grllsci,

    'na A.rica, a racionalizao deterlinou a necessidldede ellborlr UI novo tipo hUllno, confor.e 10 novo tipo detrlbalho e produo' (ibide.:382), ii que o proble.a noresidia tinto nl 'for.a de organizao econ6lico-socill'(ibidel:381), .as na "racionalidade dls propores entreos diversos setores da populao no siste social existente' (ibid :381).

    (A lI'a do lutor se volta, portanto, aos problllas colocados pela COlPO

    sio e pela distribuio da populao segundo as classes SOCilis, sua inser

    I:' io na diviso social do trlbllho (proprietirios e no-proprietirios d. I.ios de produo) sUlS~icas culturlis e ideolgicas. .

    Nesse sentido, rts spectos da rlcionalizao da for.ao socill norte11I r icana par,cel te ido de funda.ental i.port'ncia na Iborda'lI grllscia.a

    . desses fenblenos.

    '~ (' O ~o deles relativo ao papel da urbanizao dos lodos de vidl, edas possibilidades d. reproduo das classes trabalhadoras. Tais processos

    ~, operara. 81 UI contexto larcldo pela ',usl.c;, de hp.oge.,;d,d, .,c;o.,',~\ 24

    propiciando as condies necessrias assi.ilao e 'integraio- culturalde trabalhadores de origel rural. de trabalhadores iligrantes, negros. jovensao - IIIrie,n "'Y of life' .

    t sabido que a origel rural de boa parte da populao trabalhadora, beICOlO sua cOlposio racial e tnica dada, respectivllente, pela presena denegros e iligrantes europeus, se constituiu nUI dos principais entraves di

    fuso dos padres fordistas de produo.COIf a finalidade de relOver tais entraves, foi necessrio roaper "~

    01 llos' lantidos pela populao, etM , IgrieuiturI , (JIrtMIlllttl, co~IO ca. seuslocais de orign' (Gilenez, 1979:64). O processo de urba.ao". a iligrao organizada 81 UI IOlento anterior - serviu COlO UI instrUllator.. processo de racionalizao da forlao social norte-lIIricaaa, criando as~OIIdies necessrias para a constituio do IOderno operariado industrial.

    Associaval-se, assil, diversos processos j 81 curso na sociedade aeerica[lia: o processo de feehllento ( fronteira agriaJl8' se lanifesta de IOdo bru'tal na elevao da taxa de urbanizao da populao, chegando-se a ooservar

    "

    queda de aproxiladalente 20% na participao da populao rural nos EUA,tre 1880 e 1910 (Palloix, 1978:96). Este perodo se inscreveu na histriavela sociedade COlO o IOlento da reverso dospadrls d8lOgrficos tradi

    'onallente a observados.O principal aspecto a ser salientado, neste caso, a ilbricao entre a

    tribuio espacial e delogrfica da populao e a constituio das classesiais fundaaentais: surgia dessa transio UI proletariado rural, destitudoseus leios de produo e de subsistncia, e livre para escolher o IeJhDr

    lre a fOI~, a lorte e o assalarialento fabril!"No foi por acaso que se desenvolveu na virada do sculoXIX-XX, ula 'revoluo agrria', COI a introduo lassiva do laquinislo agrcola, e dos inSUlaS ... isto UIa'agricultura capitalista' orientada, no SOlente, paraa explorao, Ias' sobretudo para os locais de reproduoda fora de trabalho" (Palloix, 1976:97).

    25Slf.9Y.iU'HiCAMP

    Biblictc-ca - lFCH

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    -~,-_.--.._----

    )(~

    "1. "rbali~ beI COlO pela difuso da produo n NSSI de Nas dur~ Mis Rio durveis, destinados ao consUIO popular, o bloco industrial busCava()o ; .,."". e li.itaf a reproduo operria ao calPO do valor-lIrcadoria, rI

    dlziado 81 IUitO a exterioridade da reproduo operria frente a produo ca-r talista

    COI base, nesses dois IOvillntos, tratava-se de "asssgurar a IInut lllio ea flproduio de lmI cJ'SSl D(J8rriaIHM8rosa, sobrl blS8S inteiruente - 011

    'l qUlU - capitalistas (Gilenez, 1979:64-65).lG9rava-st, pela via desta articulao, a possibilidade de subordinar,

    (ailda que parciall8nte, a deterlinao do valor de reproduo da fT(18), lgica gDyernante do valor-l8rcadoria, extraindo-a, desta laneira, do caapo

    (ideolgico 81 que se des8flvolYia a luta de classes.Pouco coab8cida e tanejada, inclusive, pelos segaentos tais organizados e, COIbativos do bloco antagonista, a distino entre fortas e nveis de salrios_ se tornou cada vez lais visvel e decisiva COI a produio !ordi sta - suscitou no apenas a eaergncia de novos problelas de anlise, Ias principallente,o enfrentaaento de novas questes de carter estratgico que se colocaraa nocaIPO da ao poltica das tassas.

    A viabilidldl de se chegar deterlinao "objetiva" do valor de reprodu-o da fT assalariada, alpliou 81 lUito a capacidade de controle da burguesiasobre as aodalidades de reproduo da sociedade nacional, acabando por conduzir os sindicatos e o IOviaento operrio por uaa via reforlista. t o que per-lite explicar, portanto, a recentragel da ao das IIssas el torno das ques-tes e~oDlico-corporativas.

    I { .. Jo .~ ofr'>'.

    (';J ~

    (181 Vale lellrar a distino feita por "arx (1867/1973) entre valor de reposiao e valor de reproduo da FT: o priaeiro cobre a reposio das energiasindividuais despendidas cotidianaaente, enquanto o segundo asseguraria a cobertura das necessidades de reproduo da fallia e das geraes operrias.28

    A racio"Jilaio do trabalho associada diversificao da seo de lIiosde consUlO, e aos aJtos "Jrios, elevou a UI novo patalar as relaes de fora entre a burguesia e o operariado, levando por conseguinte ao enfraqueciaento e destruio das organizaes de coabate e defesa dos trabalhadores.

    COI ela se inaugura UI novo patatar das exigncias sociais e disciplinaresque se espraial na sociedade de laneira capilar, tOiilizando-a internatente nabusca de Ula nova adequao das prticas de reproduio social s eKigncias dotecido produtivo.

    O terceiro e ltilo aspecto, nos inforaa, sobre as estratgias burguesasadotadas tendo el vista elilinar as "dtsviincias sociais", prOlOyer a "r~raio B a eJBvaio" (sic, Ford) das classes trabalhadoras, atravs da inculcao do puritaniSlo e da religiosidade no novo proletariado industrial. Tratase, do 10lento superestrutural el que se passa organizao da cultura, e onde o fordislo e o alBricaniSMJ se colocaa, de fato, COlO uaa ideologia consti-l tuidora do real.

    O perpassalento dos lovilentos de "racionaJilaio da produio e da CDI~" /-siio das foras.sociais, revela, ae lodo bastante claro, o sentido dado pelo

    grupo dirigente na poca ao processo de ,odernilaio da sociedade a,ericana:estabilizar a reproduo social el torno, e a partir, da produo el aassa,buscando cal isso conter a IObiJidade, no apenas no elprego, Ias principallente aquela relativa circulao setorial da populao trabalbadora e, porconseguinte, bloquear suas estratgias de IObilidade e de 'aICensio social' .

    Pelo controle de lobilidades, visava-se fixar e estabilizar a estruturasocial COI~ UI todo, sob a regncia da reproduo salarial, reduzindo e internalizando, ~I contrapartida, a "exterioridade" da reproduo das classes frente ao lovilento das foras produtivas capitalistas.

    O reordenalento das relaes entre indstria, agricultura e artesanatoperlitia declarar esgotadas todas as "fronteiras naturais' do processo de socializao, abrindo a via para o desenvolviaento das "fronteiras internas" aoIOdo de produo capitalista.

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    "A hist6ria do industrialislo selpre foi (e hoje o deforll lais acentuada e rigorosa) ula luta continua contrao elelento de 'anilalidade do hOlea'. ua processo ininterrupto, auitas vezes doloroso e sangrento, de sujeiodos instintos (naturais e prilitivos) a selpre novos,cOlplexos e rgidos hbitos e normas de orde., exatido, preciso, que tornei possvel as forlas selpre laisCOIplexas de vida coletiva, que so a consequncia necessria do industrialislo" (Gralsci, "PE":393) ,

    (Parece ser esse, efetivalente, o sentido de iniciativas to diversas co

    lO a ruptura "de todos os laos co. a agrcultura e o artesanato", a criaodos .rcados de consulo de IISsa, as polticas internas de "",Uare" e a atribuio dos altos saUrios.

    A cada Ula destas iniciativas cor r espondia UI novo ajuste entre estruturase supersstruturas(19). de forla a se recolpor a unidade entre relaes sociaisde produo e aparelhos de hegeaonia.

    Assil, no prileiro caso. tratava-se de afirlar a autonolia da indstria

    fordista frente as estruturas tradicionais do bloco agrrio. ao leSlO telpo elque se acionavaa os lecanislos internos ao capital, COI relao s forlaspropriedade. de contrato e at leSlO de "produode hOl8ns".A substituiodo CalPO e das indstrias do.sticas (artesanais), COlO reservatrios naturaisde lio de obra, exelplifica bel, o IOvilento atravs do qual o industrialislOpassa a produzir e lanter @!~l de reserVV

    Tal processo exigiu que se organizasse, silultanealente, toda Ula rede de

    lafJIfl1hDSorganizaes (privados, pblicos e s"i-pblicos) voltados s ne cessidades de lanuteno, de educao, de assistncia, e de coero sobre seus

    (19) No se trata de separ-Ias e reific-las, COlO o faz o althusserianislo;pensalOS que se tratal de 10lentos de anlise crtica, e particularlente aplicveis a anlise de situaes 8 das relaes de fora tal COlO enunciadas porGralSCi 81 '0 aoderno prncipe" (MPEM, 1984:43-54).

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    lelbros. Cabia-Ihes exercer 11I1 pr'$';O cHrciti'll ","nent," capaz de elilinar as "des'Iiincias sociais" de forll a reconduzi r estes bolens, "frglis deIsprto' (sic, Ford) , ao salariado, isto de obter-lhes a adeso s norasdisciplinares do trabalho assalariado (8runhoff, 1982).

    Por sua vez, atravs da constituio dos lercados de COnsUlO de tassa, e

    ) das polticas de "",ifar," adotadas pelas grandes corporals industriais, obloco dirigente buscava fixar novas fronteiras entre a produo e a reprodu-

    \ o. COI a difuso dos bens de consulo durveis no tbi to da Unidade...doIstica, o capital pode, de ula s vez, COIpletar o processo te ~ eltre otrabalho e seus leios de (re)produo. .

    O novo padro de reproduo possibilitou o reordenaaento do grupo faliliar, eII t orno das atividades de consUlO, de repouso e de reproduo biolgica, fixando-o - COlO "clula bsica de consUla"- ea torno de 11I conjunto deservios e equipalentos coletivos, sobre os quais se ergueria a hegeaonia dogrupo dirigente. Todas as antigas funes produtivas e reprodutivas da unidadedOlstica - is~o . da produo artesanal procriao - podial ser, definitivalente, extirpadas de seu I.biente naturai a faailia, antiga unidade de

    \

    (trabalhO e de reproduo.Nas, suas consequncias no paral a. Deste ponto de vista, o reordenalen

    to do grupo doIstico el tor~ da lercadoria acarretou entre outras consequncias ula reorganizao da diviso do trabalho dentro da fallia operria, pelaatribuio das funes reprodutivas lulher - que segundo Ford, no tinhallugar na indstrialas si. no casalento. A positividade desta nova condio dalulher, devendo ser veiculada pelo acesso aos produtos industriais destinadosao lar: transferia-se, assil, a i'lge. da.uiher burguesae sua ociosidade aosgrupos operrios. Pode, ento, elergir a figura da lulher operria COlO a"rainha do lar", Pari-passu COI a difuso dessa ideologia, a sexualidade e oerotislo felininos se curvaral e subordinaral reproduo biolgica das geraes operrias, o que cOlpelia a lulher a abrir lo de si I8Sla, e a assulirUII nova personalidade felinina", ditada pelo aparelho inclustrial fordistl.(Gralsci, "PEK:389-391). 31

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    'A nova tica do traballlo vinha, talbl, associada 11II "novI tica s,xual"De acordo COI GralSci,

    M necessrio criar esta regulalentao e UIa nova tica ....Os industriais (especiallente Ford) se interessaralpelas relaes sexuais de seus dependentes e pela acolodao de suas fallias; a aparncia de 'puritanislo' assUlida por este interesse (cala no caso do proibicionis10) no deve levar a avaliaes erradas; a verdade queno possvel desenvolver o novo tipo de hoael solicitado pela racionalizao da produo e do trabalho, enquanto o instinto sexual no for absolutalente regulalentado,no for, ele taab. racionalizado" ("PE":382).

    I18ste COItexte, a concesso dos altos 58lJrios COlO franco" flconll,cillntodi vl10r di F1, superior 81 razodo novoprocesso di trabalho", representava,para aqueles COlO Ford, UI ""io pelo qual SI elevaria 11II8geraode tra/)l-lbidor,s frgeis, tanto di corpo quantode espr ito" (Ford, apud. Giaenez,1979:84). O que perlite deduzir que estava e. curso ula profunda reforla loralda qual deveria resultar UII 'nova' tica operria.

    Nesta reforaa se associou o uso da fora policial e repressiva - criadapara identificar lilitantes e coibir a ao sindical nos lilites da F"C (Bey110O, 1984:44-45) - aos aecanislos "ca.pensatrios" e "incentivadores", COlO osaltos 581rios e outros benefcios" COlO 8 criaQ de equipuentos Hdicos, derefeitrios, de 58185de descanso,biblioteca ... , al, do 8Iprego PlrI algll ll8sfalilias" (Gillnaz, 1979:77; Nelson, 1975).

    O 'lbiente COlO qual se buscava ro.per era aquele definido pelos li.itesnaturais da antiga faailia, baseada 81 seus laos aaplos de consanguinidade ei de solidiri8dade, beI COlO aquele contido pelas tradies de ofcio. Os altos, salrios visavaa neutralizar, desta farta a latriz de trans.isso cultural fa-tiliar e corporativa, colocando e. seu lugar o "esprito' e a cultura da "CI"SI" - o "8Sprit IIison", o "esprito de equipe". No lugar, portanto, da consanguinidide e da solidariedade entre lelbros do 11510 ofcio, a 8Ipresa seerigia COlO o espao de concreo da grande fafilia industrial.32

    Atravs dos ,1tDr Sl1Jri." o capital tinha li vista recriar as farias deof'9llizaio do COIlSlftSO e da adesIo, trazendo-as, de vez por todas. paradentro da corporaio industrial.

    O proibicionisao e o puritaeislO, forll as ferrll8ntas utilizadas pelaproduio fordist, para obter a obediincia aos novos valores ildustriais, COI-binando-os sabialente aos ,HDs s,lrios e , poli tiu di ".lf",". co. rtrctMPI"sa queles que aderiu a esses novos valom: ctIIICl lSSlo dos ,1m Sl1-rios. EI contrapartida, exigia-se do grupo operrio I observncia a li certocdigo de conduta iRciividual e fllili!r: a higielll e a reserva; a proibiio 10uso de tabaco e lcool; a proibiio de frequentar bares e cabars; I CIIdteaio de toda prtica "i_til' _.,," (sic, f-Gf4) ID11M atlr fi~t:IJ e.,,1 dacoletividldl; e, final_te, a iRterdiie aI.jar _'-i-. li-bretudo, do sexo IIsculino (88yoon, 1984:+0-41).

    Para assegurar-se da observncia s noras estabellC~. a foN IotorCoapany ilplantou UI ilpanente sist de "insPI9D , "*"''''tII" di vidaprivada do trabalhador e de sua faa11ia, exercendo_ pressio coUdi!u(20)sobre estes; ' perlanente a.eaa coa relao perda dodir.ito r~,qu1ifiCl"io', sic) aos aHos s,lriDs, cOIpelia o trabalhador a 'ai",'... Clll'Nr-se ao procssso civiliIltrio conduzido pela F"C.

    (20) Ford associou o poder de rapresso e vigilncia de seus trabalhadores aosservios de, a colpanhatento e inspeo da elpresa. Sabe-se, por teio de falas etestelunhos operrios colhidos por vrios pesquisadores, que a elpresa lantinha UI n.ero significativo de hOlens cala vigilantes " tchlen are paied forpresence", sic Ford, in 8eyoon, cit.:40) e Leonard, 1932:235, citado por 88ynon, ibiden:45). Ver taabl Clarke, 1990 e Nelson, 1975).

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    0 dia de cinco dlares envolveu UIa r_truturao IOraldas categorias ocupacionais, iaS, este foi usado, sobretudo, para ilpor novos padres de loralidade e de cOlportalento dentro e fora do trabalho (Clarke, 1990:159) .. Opropsito de Ford era chegar a regenerao IOral da classe trabalhadora, sobre a base de valores puritanos COlO asobriedade e o trabalho pesado (ibid:UO).

    o incentivo vida fatiliar, IOnogilica, condio da prpria estabilidadee da ascenio funcional na "presa, se associava intilalllte a inculeao dosvalores cristos . A regula;o social di cl,s18 t"lJa lhldo" lSS8guradl PIlaf.lil cristi, 8" suportada Pll, igrsj, , ",la polcia" (Clarke, 1990: 141).

    Para tanto, Ford criou igrejas e ilPlantou progralas de educao COI a filII1ida* de prover uu orientao IOral, de usinar a lngua inglesa, e, COlisso, incuti r os v,lores a.ricanos 8 construir o ,.riclR "'Y of lU,", co-lO o aebiente" dentro do qual se prOlOVeria o enquadral8nto dos trabalhadoresbeneficirios dos , ltos saUrios.

    A reforla IOral, assentada sobre o puritaniSlo e o proibicionislO, tal colO vinha sendo preendida pela F"C, leva a pensar que se tratava de elCtirparo trabalhador de seu leio cultural originrio, isolando-o, a,sil, das instncias tradicionais de sua socializao, COlO era o easo da faalia elCtensa, dasolidariedade profissional (pertencil8llto a Cf)rpos de ofcio) e de suas tradies de luta e silldiealizao.

    CONCLUINDO

    Df aJisa .,. ~tce . ~6, 10 "AOS, dois el8llentos r.ter p.ra 11I apro-f lto ulterior: o pri iro relativo * situao anaUua por Gratsci, eli iaplica9ts de cariter estrattieo que ter i , da di 1 construo do soeil1illO na URSS; o SItUAdo, relativo, por sua VtZ, * estrutura Ittodolgicl dotexto.34

    Da leitura di MERlCAJlISIIO e FOIIPISIIOpoie-se deduzir CllClusio. jesboada por Grusei no 'Olento di SUl redaio: a cOAStruio do IOVG t...portador de uu ftOva espiritualidade, eaquaAtO expressicJ concreta da ROVatica coletiva, seria tarefa do Estado Proletrio.

    Coa este ensaio, Gralsci tenta avaliar at que ponto a via IIIricana - representada pelo fordis.o - poderia dar lugar a essa lIOvaIuNMRidM/6 ,spiri-tu,lid,de", perguntando-se, inclusiYe, se a "fordil,io" da indstria italiwtentada pelo regiM fascista poderia r&duRdar algo sililar ao que 51 observava na sociedade aaericana.

    A resposta segunda pergunta est absolutallnte clara: no seria possvelna ledida 81 que, para isso, far-sl-ia "n,cnsirio ,. llHlgOprousS(J, RDfIIIlSI verif iquu .udanasn85condiessociais e 1105 costl/8S , hbitBS iRiivi-du,is (GralSei, "PEtl:406). A conseqncia desse processo de 'raci0R81ilaiQ'di sociedadeitaliana levaria, fatalaente, destruio/negao do prprio regile poltico e suas instituies de coero e represso, apontando, portanto,para UI novo equilbrio poltico das foras sociais nacionais.

    Quanto prileira pergunta, a resposta de Gralsci Mnos direta, dada suaprpria concordncia COlO fato de que a racionalizao da organizao socialeconlica seria condio para Ula "econolia planejda. Apesar disso, sua resposta quanto a possibilidade deste novo hOlel eMrgir da elCperincia fordista, talbt negativa. A brutalidade e a Ixterioridade dos aeios adotados para,labor" ,. oovotipo /1,.'00" naquela sociedade, indicavu claraaente as lilitais do projeto fordista.

    No se pode esperar que a reconstruo seja iniciada pelos grupos sociais 'condenados', Ias si. por aqueles queesto criando, por ilposio e atravs do prprio sofrilento, as bases lateriais desta nova ordel" (G ralse i ,"PE":412).

    E continua a seguir, 81 UII clara referncia direo bolchevique e aosdelais representantes do bloco antagonista, dizendo: "[181 I.V.' IIICtIIItrar o

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    sisu. vidl 'ori,illll', ,,.,. .,'C8 a.ficalll, PI" trusforMr. 'U-~' 11 fI#J8 IIDj, '1I6CISSidldl" (IIralSci, "PE":412).

    Cal relaio a estrutura I.todolgica de INtERICIINISItO e FOROISIIO, pode-sedizer que este segue, passo por passo, aquilo que se encontra delineado nostextos relativos anlise da situao e das relaes de fora, COlO elelentosdecisivos para o lanejo das categorias (estratgicas) da 'revoluo passiva' ede 'guerra de posio'.

    o que se deduz das anlises desenvolvidas sobre a nova estrutura produtiva industrial, a cOlposiio deIogrfica e a organizao das foras sociais_ presena na sociedade atericana, que rnetel, claratente, aos el818ntosconstitutivos do "prilliro IOlento' das anlises de situaes e das relaesde fora (Graasci in ToseI, 1983:267-279).

    O 'segundo IOI8nto, aquele _ que se pode analisar o IIOYO equilibrio dasforas polticas, aparece, por sua vez, tratado nas questes relativas aos todos de vida, construo de VIa "segunda natureza do hOlel, bel COlO atravsdas investidas sobre a sexualidade e as relaes entre gneros COlO produto daao social. eolpleta a anlise deste "IOtento " el que organiza a hegelonia dogrupo dirigente, a abordage. aos altos salrios e aos teios de coero e inculcao dos valores puritanos requeridos pela ideologia aH,icanista fllr-dista.

    A cOftSequncia de UII tal construo tlrica-l8todoltica clara: GrllSciopera os conceitos de infra e superestrutura, no COlO esferas separadas tetporal e espacialtente, Ias, COlO IOI8ntos da anlise crtica, do processo deconstruo da hegelOnia. COI isso IIralSci rOlpe definitivll8nte COl toda atradio tarxista que analisava o trabalho COlO realidade sitildl, explicitan-df at'8"" disSII a necessidade de se pensar as articulaes e injunes entreproduio e reproduo, entre relaes sociais de produo e aparelhos de hegelOfIia.

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