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Portfólio Livros Didáticos

Portifolio Livros Didaticos

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Amostra de livros didáticos produzidos, ilustrados e diagramados pela Idea.

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Portfólio Livros Didáticos

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Page 3: Portifolio Livros Didaticos

ApresentaçãoA Idea Info Design possui serviços de editoração,

diagramação, criação de projetos e peças

gráficas, como forma de comunicar visualmente

conteúdos educacionais, informacionais e

literários. A elaboração e execução dos projetos

buscam a melhor percepção visual, estruturação

e adequação da comunicação relacionando o

desempenho da linguagem, imagem e texto.

A Idea Info Design tem parcerias com diver-

sas editoras que optaram em terceirizar parte do

processo de editoração, a fim de otimizar seus

resultados em termos de qualidade, administra-

ção do tempo e redução de custos.

Page 4: Portifolio Livros Didaticos

ENSINO RELIGIOSOA VIDA É MAIS

1.o ano - Ensino Fundamental

Livro 2

Eduardo Monteiro

Edward Guimarães

Rosamaria Andrade

Rosana Soares

Sandro Pessutti

NOME

ESCOLA

TURMA

FOLHA_ROSTO_ENS_RELIG_1ºANO.indd 1 12/5/2009 09:50:00

Page 5: Portifolio Livros Didaticos

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial.

Pax Editora Ltda.Avenida do Contorno, 6321 - 10º andarSavassi - Belo Horizonte - Minas Gerais

CEP: 30110-110

Conselhor Executivo

Professora Angela Christina Souza Alves

Irmã Bernadette Marsaro, OSF

Irmã Hermengarda Martins, RSCJ

Irmão Manoel Alves, FMS - Presidente

Irmã Marlene Frinhani, CDP

Irmã Olmira Dassoler, SSpS

Professor Ricardo Alencar Ribeiro

Coordenação Editorial

Maria Regina de Araújo Lima Veado

Produção Editorial e Gráfica

PAX Editora

Projeto Gráfico

Greco Design

Preparação e Revisão de Texto

Língua e Estilo Ltda.

Editoração Eletrônica e Ilustração

Idea Info Design

Impressão e Acabamento

Gráfica Del ReyFICHA CATALOGRÁFICA

K94e Monteiro, Eduardo Ensino Religioso - A Vida é mais - 1. ano - Ensino Fundamental 1: livro 2/ Eduardo Monteiro, Edward Guimarães, Rosamaria Andrade, Rosana Soares, Sandro Pessutti.1.ed. – Belo Horizonte: Rede Católica de Educação, 2009. 86p. Ilust.1. Ensino Fundamental. I. Guimarães, Edward. II.Título.

CDU 372.3

ENSINO RELIGIOSOA VIDA É MAIS1.O ANO - ENSINO FUNDAMENTALEduardo José Machado Monteiro • Sociólogo, pós-graduado em Práticas Educativas e Currículo.

• Licenciado em Teologia para leigos.• Professor de Ensino Religioso no Ensino Fundamental e Médio na rede particular de ensino.

Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães • Bacharel em Filosofia e Teologia. • Licenciado em Filosofia. • Mestre em Teologia Sistemática. • Professor de Teologia, Cultura Religiosa e Ensino Religioso Escolar. • Membro da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião –

SOTER.

Rosamaria Calaes Andrade • Pedagoga, pós-graduada em Supervisão e Metodologia do Ensino. • Psicopedagoga, com especialização em Ensino Religioso Escolar. • Consultora pedagógica.

Rosana Soares • Pedagoga, professora de Ensino Religioso na rede particular de ensino. • Coordenadora de trabalhos na área de estágios sociais, junto a creches e asilos e na área de encontros e retiros com jovens do ambiente escolar.

Sandro Márcio Pessutti • Licenciado em Filosofia, Teologia e Pedagogia. • Pós-graduado em Ciência da Religião e Filosofia, doutorando em Pedagogia. • Professor de Filosofia e Ensino Religioso, do Ensino Médio, em escola católica e de Filosofia da Educação no Ensino Superior. • Coordenador e professor de Ensino Religioso no Ensino Fundamental e Médio em escola militar.

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Sumário

UNIDADE 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 2CAPÍTULO 3

UNIDADE 2CAPÍTULO 1CAPÍTULO 2CAPÍTULO 3

VIDA EM SOCIEDADE E NA NATUREZABEM MAIOR QUE A MINHA CASA.......................... 5UM MUNDO DE ALEGRIA ...................................... 19QUEM É QUE CUIDA DO MUNDO? ..................... 35

VIDA INTERIORO OLHAR DO CORAÇÃO ....................................... 49MEU JEITO DE REZAR ........................................... 55ELE MORA DENTRO DE MIM ............................... 65

PORTFÓLIOHORA DE CANTAR .................................................. 76MINHAS ORAÇÕES ................................................. 78PALAVRAS DOS MEUS PAIS ................................. 80RECADOS DO CORAÇÃO ...................................... 80

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QUERIDO ALUNO,

VAMOS CONTINUAR O TRABALHO! DESTA VEZ, REFLETINDO SOBRE A VIDA EM SOCIEDADE E NA NATUREZA E OLHANDO O SEU CORAÇÃO, PARA DESCOBRIR QUE DEUS ESTÁ DENTRO DE VOCÊ.

CONVIDAMOS VOCÊ A ABRIR OS OLHOS E ENXERGAR DE FORMA DIFERENTE O MUNDO CRIADO POR DEUS. VOCÊ VAI DESCOBRIR QUE ELE É BEM MAIOR QUE OS LUGARES QUE VOCÊ FREQUENTA.

FAREMOS JUNTOS UMA FASCINANTE VIAGEM PELO MUNDO DA ALEGRIA, POIS É A ISSO QUE DEUS NOS CONVIDA TODOS OS DIAS. E VOCÊ FARÁ DO SEU JEITO, O COMPROMISSO DE CONSTRUIR A FELICIDADE NESTE MUNDO EM QUE VIVE.

OS AUTORES

BEM-VINDO!

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UNIDADE 2VIDA INTErIor

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Page 9: Portifolio Livros Didaticos

nEsta unidadE, irEmos ConvErsar sobrE sEu Coração, sEus sEntimEntos, suas atitudEs diantE da vida E sua rElação Com dEus E Com as pEssoas.

nEsta unidadE, irEmos ConvErsar sobrE sEu Coração, sEus sEntimEntos, suas atitudEs diantE da vida E sua rElação Com dEus E Com as pEssoas.

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Page 10: Portifolio Livros Didaticos

UNIDADE 2Capítulo 1Capítulo 2Capítulo 3

VIDA NA EscolAEu E mEus ColEgas .............................. 47aprEndEr a sEr E a ConvivEr .......... 57EsquECi o lanChE, E agora?............. 67

sUmárIo

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49Capítulo 1 – o olhar do Coração

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vamos rEFlEtir sobrE a sua manEira dE olhar o mundo E as pEssoas.

cOmEÇO dE cONVERSA

1. o quE voCê aCha mais importantE Em uma pEssoa?

2. voCê julga primEiro a aparênCia dEla?

cAPÍTUlo 1 o olHAr Do corAÇÃo

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Page 12: Portifolio Livros Didaticos

50 Ensino REligioso – 1.o ano – Ensino FundamEntal – livro 2

E POR FALAR NISSO...

o poEma aCima Fala da manEira Como as pEssoas olham umas para as outras. FElizmEntE, ExistE o olhar amigo. marquE um ( x ) no tipo dE olhar quE podE sEr

ConsidErado amigo:

( ) aColhEdor( ) rEprovador( ) invEjoso( ) EnCorajada( ) bondoso

É importantE aprEndEr a vEr o mundo Com o olhar dE dEus para aprEndEr a vEr a bondadE no Coração das pEssoas.

É prECiso EduCar o olhar para vEr o mundo Com amor.

tEm olharEs CuriososquE simplEsmEntE pErguntamtEm olharEs maldososquE atÉ maChuCam

olharEs quE disCriminamoutros quE nos Eliminamraros são olharEs amigosquE são vErdadEiros abrigos

gEYEr, Clóvis. os olhares. A pequena grande Marília. sophos, 2006. p. 40. (Fragmento)

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51Capítulo 1 – o olhar do Coração

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OuTROS OLhARES

lEia Com atEnção a lEtra da mÚsiCa.

1. Como voCê imagina quE É o olhar do autor da mÚsiCa? assinalE um x na rEsposta CorrEta.

2. a mÚsiCa Fala dE um mundo irmão. Como sEria EssE mundo? Como sEria o olhar das pEssoas quE vivEm nElE?

aCREDitaR na ViDa

Eu quEro aCrEditar na vida, vEr o sol Em Cada amanhECErtEr no rosto um sorriso amigo, aCrEditar quE o sonho É pra valErCanta Comigo, CantE Esta Cançãopois Cantando sonharEmos juntospra FazEr um mundo mais irmão

zÉ martins. Cd Somos todos especiais. são paulo: paulinas, 2008.

a mÚsiCa Fala dE um mundo irmão. Como sEria

mÚsiCa? assinalE um x na rEsposta CorrEta.

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52 Ensino REligioso – 1.o ano – Ensino FundamEntal – livro 2

OLhAR RELIgIOSO

EstE tExto bíbliCo nos oriEnta a busCar as Coisas do CÉu: aquElas quE o dinhEiro não paga.

não ajuntEm riquEzas aqui na tErra, ondE a traça E a FErrugEm CorroEm, E ondE os ladrÕEs assaltam E roubam. ajuntEm riquEzas no CÉu, ondE nEm a traça nEm a FErrugEm CorroEm, E ondE os ladrÕEs não assaltam nEm roubam. dE Fato, ondE Está o sEu tEsouro, aí Estará tambÉm o sEu Coração. a lÂmpada do Corpo É o olho. sE o olho É sadio, o Corpo intEiro FiCa iluminado. sE o olho Está doEntE, o Corpo intEiro FiCa na EsCuridão. assim, sE a luz quE ExistE Em voCê É EsCuridão, Como sErá grandE a EsCuridão!

(mateus 5, 19-23)

A mI Z A

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dEsEmbaralhE as lEtras E dEsCubra algumas riquEzas

quE ExistEm no CÉu

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65Capítulo 3 – ele mora dentro de mim

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CAPÍTULO 3 ELE MORA DENTRO DE MIM

dentro de mim existe uma luzque me mostra por onde deverei andardentro de mim também mora jesusque me ensina a busCar o teu jeito de amarpe. zezinho. Cd Na terra do contrário/deus é bonito. são paulo: paulinas, 1987.

COMeÇO De CONVeRsA

onde deus está?

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66 Ensino REligioso – 1o ano – ensino fundamental – livro 2

e POR FALAR NissO...

os seres humanos sempre viveram Com o desejo forte de enContrar deus. algumas pessoas o enContram quando vão à igreja.

outras pensam que isso é possível quando estão em Contato Com a natureza.

existem pessoas que aCreditam que deus está lá em Cima, no Céu.

enContram quando vão à igreja.

outras pensam que isso é possível quando estão

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67Capítulo 3 – ele mora dentro de mim

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onde está deus

um garoto Certo dia perguntou à sua irmã:– onde deus mora?ela respondeu olhando para o alto: – mora lá em Cima.ele não fiCou satisfeito Com a resposta e foi

atrás de seu pai, que estava oCupado.– pai, onde deus mora?sem olhar para o garoto, ele respondeu:– está por aí.– por aí onde?ele fiCou pensativo e Começou a proCurar

dentro e fora de Casa. até que enControu sua mãe e fez a mesma pergunta:

– mãe, onde deus está? – ele está em tudo o que voCê vê. – o garoto perCebeu que a mãe não tinha muita

Certeza do que estava falando. mesmo assim, saiu pela rua olhando tudo de forma diferente, proCurando enContrar deus presente nelas. enControu-se Como dono da padaria e então repetiu a mesma pergunta:

– onde deus mora? de onde eles estavam, dava para ver de longe a

igreja. então o padeiro disse: – dizem que ele mora lá na igreja. o garoto finalmente sentiu que tinha

enContrado a resposta que tanto busCava. foi Correndo até lá. mas, quando entrou, viu apenas um padre vestido Com uma enorme roupa preta. primeiro ele perguntou Com tom assustado:

– então voCê é deus?

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68 Ensino REligioso – 1o ano – ensino fundamental – livro 2

o padre respondeu Com a Cabeça que não, então o garoto disse:

– por que falam que aqui é a Casa dele? – sim é, mas ele tem muitas outras Casas. toda

igreja é a Casa de deus. o garoto Começou a proCurar debaixo dos

banCos, atrás do altar... até que deCidiu proCurar em outros lugares. enControu muitas outras pessoas pelo Caminho, fazia a pergunta, mas nenhuma delas dava uma resposta que o ConvenCesse. quando, finalmente, pedro enControu um senhor já mais velho, que lhe respondeu:

– deus mora dentro de mim. está também dentro de voCê, no Coração de todas as pessoas.

pedro então voltou para Casa Com uma resposta que mexeu Com seu Coração...

1. qual era a dúvida de pedro? 2. quais foram as respostas que ele reCebeu?3. qual das respostas pareCeu ser a mais Certa

para o garoto?

pinte os espaços em que apareCem estrelinhas e desCubra a resposta.

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69Capítulo 3 – ele mora dentro de mim

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OUTROs OLHARes

proCurando deus

era uma vez uma senhora, já bem idosa, que ia todos os dias à igreja. partiCipava da missa e depois visitava as pessoas do bairro que estivessem doentes. nunCa faltava.

vendo a avó fazer todos os dias a mesma Coisa, joão perguntou:

– vovó, por que voCê vai todos os dias à igreja e sempre visita os doentes depois da missa?

– a avó respondeu: – vou à igreja para falar Com deus. – e por que visita sempre os doentes?– porque vou levar deus.– mas, voCê sai sempre de mãos vazias.– minhas mãos estão vazias, mas meu Coração

está Cheio de deus, assim Como o seu Coraçãozinho também. o que voCê aCha de levar um pouquinho de deus para aquele seu amigo que está faltando à aula porque quebrou o braço? eu vou Com voCê.

com essa história, podemos refletir que as pessoas se preocupam em encontrar deus. mas, quando descobrem que ele está dentro de cada coração, aprendem que podem também levá-lo para os que precisam de amor, carinho, atenção, aJuda...

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LÍNGUA PORTUGUESA3.° ano / 2.a série - Ensino Fundamental

Livro 2

Audrey Nogueira

Maura Almeida

NOME

ESCOLA

TURMA

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Page 21: Portifolio Livros Didaticos

UNIDADE 1

Capítulo 1Capítulo 2Capítulo 3Capítulo 4

Sentimentos

Amar é... ........................................................... 5Pequenas crianças, grandes amigos ........ 25Quando as coisas não estão bem ............. 41Portfólio .......................................................... 55Oficina 1 do escritor-aprendiz ....................160

Sumário

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”Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento.”

Adélia Prado

SentimentosUnidade 1

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Capítulo 1 – Amar é...

O DICIONÁRIO DE SERAFINA

Serafina, às vezes, ficava pensando nelas.Algumas eram engraçadas, não tinham nada a ver com o

que queriam dizer. Outras, não, pareciam ter sido feitas exatamente para o seu significado. Amarelo, por exemplo, nunca poderia se chamar vermelho. Nunca. E branco não era branco mesmo, ela achava. Só que amarelo, vermelho e branco são cores e a gente pode ver.

E as coisas que a gente sente?Dessas nem é bom falar. Por que será que dor se chama

dor, amor se chama amor e saudade se chama saudade?Sem falar que dor, amor e saudade são invisíveis e cada

pessoa tem um jeito de sentir, ou pelo menos de manifestar o que está sentindo. Essa parte era bem mais complicada...

Foi pensando nisso que Serafina resolveu fazer um dicionário especial. Um dicionário que tentasse explicar o que era saudade, por exemplo. Pois uma vez ela tinha ouvido dizer que em outras línguas não existia uma palavra que quisesse dizer exatamente a nossa saudade. Então, como é que ela ia fazer se estivesse num país estranho e precisasse falar que estava sentindo saudade de alguém?

O DICIONÁRIO DE SERAFINA

Serafina, às vezes, ficava pensando nelas.

Capítulo 1 Amar é ...TEXTO 1: CONTO

Você vai conhecer a história da Serafina, uma menina sensível e muito curiosa, que resolveu fazer um dicionário muito especial.

HORA DE LER PARA A TURMA

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Page 24: Portifolio Livros Didaticos

6 Português – 3.o ano / 2.a série – Ensino Fundamental – Livro 2

É. Serafina achou que esse era um motivo mais do que suficiente para se fazer um dicionário. Mas tinha que ser um dicionário diferente, que falasse mais das coisas, desse alguns exemplos e contasse até algumas histórias, se fosse preciso.

Só que, para isso, ela teria que fazer algumas pesquisas antes. Talvez fossse bom conversar com algumas pessoas para ver o que achavam do assunto. [...]

Serafina tinha um jeito todo especial para lidar com as pessoas. Por isso, fazer amigos era a coisa mais fácil do mundo para ela. Era conhecida por toda a criançada da vizinhança. E por algumas pessoas mais velhas, também. Entre elas, ninguém mais especial do que seu Nonô, motorneiro aposentado que morava sozinho na casa de esquina da rua de Serafina.

E foi justamente seu Nonô que Serafina procurou para falar do seu dicionário. [...]

Muitas semanas se passaram, muitas conversas e discussões, e saiu o tal dicionário.

Quer dizer, não saiu bem um dicionário.Saiu um livro de histórias. Um livro de histórias das coisas que

a gente sente. Histórias contadas por Serafina e seu amigo Nonô. [...]

PORTO, Cristina. Serafina – Primeiras histórias. São Paulo: Ática, 2005. p. 52-55 (Fragmento)

1. Agora é com você.a) Para Serafina, falar sobre as cores era fácil, mas sobre

os sentimentos não. Por quê?

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Capítulo 1 – Amar é...

b) Quais palavras motivaram Serafina a querer escrever um dicionário?

c) Serafina conseguiu cumprir seu objetivo? Sim. Não. Será que ela ficou satisfeita com o resultado? Explique

sua resposta.

2. Leia, agora, algumas páginas do livro criado por Serafina e seu Nonô.

PSIIUUU... HORA DE LER EM SILÊNCIO

Leia o texto.

Contadas por Serafina e seu Nonô

PSIIUUU... HORA DE LER EM SILÊNCIO

Leia o texto.

Histórias

das coisas

que a gente

sente

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Capítulo 1 – Amar é...

CRIATIVIDEIA: HORA DE CRIAR TEXTOS

1. O poeta Elias José criou um dicionário parecido com o de Serafina e seu Nonô, só que em versos. Conheça alguns.

aLeGRia

ALEGRIA é uma palavra extravagante,feliz, barulhenta e contagiante.Por mais que se esforce,o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.

MeDo

MEDO é uma palavra que arrepia o corpo,que arregala os olhos,ergue os fios do cabelo. [...]

zanGaDo

Que palavra mal-humoradaQue se irrita com tudo,Fecha a cara, morde os lábiosE olha pra gente com cara De quem comeu e não gostou.[...]

JOSÉ, Elias. Pequeno dicionário poético-humorístico ilustrado. São Paulo: Paulinas, 2006. p. 17, 62 e 103. (Fragmento)

o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.

O poeta Elias José criou um dicionário parecido com o de

o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.

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Pequeno dicionário poético-humorístico ilustrado. São Paulo: Paulinas, São Paulo: Paulinas, 2006. p. 17, 62 e 103. (Fragmento)

São Paulo: Paulinas,

o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.

ergue os fios do cabelo. [...]

o riso da ALEGRIA não cabe numa só palavra.

ergue os fios do cabelo. [...]

O poeta Elias José criou um dicionário parecido com o de O poeta Elias José criou um dicionário parecido com o de

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Page 27: Portifolio Livros Didaticos

22 Português – 3.o ano / 2.a série – Ensino Fundamental – Livro 2

TEXTO 3: CARTA

O autor Bartolomeu Campos de Queirós inicia o seu livro Correspondência com esta frase: “As palavras sabem muito mais longe.”

Descubra o significado dessa frase lendo os textos abaixo.

PSIIUUU... HORA DE LER EM SILÊNCIO

Querido Mateus

Palavras que amamos tanto, há muitos anos, dormem em dicionário. Hoje tirei do sono três palavras para dar de presente a você: Livre, Terra e Irmão.

Quando escritas, lê-se poesia; se faladas, são melodia; somadas, fazem novo dia.

Com saudade despede a Ana

Sara, amada

Como são fortes as palavras! Elas dizem coisas que só o coração escuta. Se escritas sobre papel claro, ficam mais iluminadas e eternas. Sei que as palavras podem abrir novo caminho.

Procurei dentro de mim alguma palavra dormindo.Só encontrei uma: Igualdade. Ela nos permite viver as

diferenças.

Até muito em breve, Lucas

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Correspondência. Belo Horizonte: Miguilim, 1997. p. 3-5. (Fragmento)

Agora, converse com os colegas e professor sobre o sentido de cada um dos textos lidos.

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Page 28: Portifolio Livros Didaticos

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Capítulo 1 – Amar é...

COMPREENSÃO ESCRITA DO TEXTO

1. Na primeira carta, Ana se refere às palavras: livre, terra e irmão. Que sentido essas palavras tomam nesse texto?

2. Já na segunda carta, o Lucas diz que “as palavras são fortes.” Como é que as palavras podem ser fortes?

CRIATIVIDEIA: HORA DE CRIAR TEXTOS

1. Leia o bilhete a seguir:

2. Pensando no poder e na força que as palavras têm, você vai escrever um bilhete a um (a) colega, demonstrando sentimentos de amizade, solidariedade, perdão, companherismo ou gratidão.

1. Leia o bilhete a seguir:1.1. Leia o bilhete a seguir:

Pedrinho,Vamos brincar lá em casa neste final de semana? Pode ser

no sábado ou no domingo. Vê se sua mãe vai deixar.Se ela deixar, vamos brincar muito. Não se esqueça de

levar seus carrinhos.Se você for, chegue bem cedo. Seu amigão,

Wellington20 - 7 - 2007

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Page 29: Portifolio Livros Didaticos

GEOGRAFIA4.o ano / 3.a série

Ensino Fundamental

LIVRO 2

Cristina Schindler

Daniel Schindler

Janete Nascimento

NOME

ESCOLA

TURMA

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Page 30: Portifolio Livros Didaticos

SumárioUNIDADE 1

Capítulo 1Capítulo 2Capítulo 3

UNIDADE 2

Capítulo 1Capítulo 2Capítulo 3

Nosso ambiente, nossa história enosso futuroProblemas do campo ............................... 5Problemas da cidade ................................. 19Direitos e deveres iguais? .......................... 35

Comunicação e transporte:modelando o espaço geográfi coO poder dos meios de comunicação ........ 53O vaievém nas rotas .................................. 67Tecnologia e qualidade de vida ................. 81

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Page 31: Portifolio Livros Didaticos

Unidade 1Nosso ambiente, nossa históriae nosso futuro

Quem é o intruso?Pinte todas as opções viáveis e deixe o intruso em preto

e branco.

Proteger as florestas nativas

aPagar as lUZes

Floresta Nativa

Jeff

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Dut

i / S

tock

Pho

tos

Rei

nald

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Voçoroca

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Page 32: Portifolio Livros Didaticos

Conhecer não é apenas viver os fatos do dia-a-dia. Também não é apenas refletir sobre o mundo. A realidade não é desligada do nosso jeito de pensar sobre o meio ambiente e de nele viver.

Jogar liXo no liXo

Plantar Árvores

tomar BanHo DemoraDo

Lisa

Zo

lly /

NB

II-G

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Plantação de árvores

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Page 33: Portifolio Livros Didaticos

4 Geografia – 4.o ano / 3.a série – Ensino Fundamental – Livro 2

SumárioUNIDADE 1

Capítulo 1Capítulo 2Capítulo 3

Nosso ambiente, nossa história enosso futuroProblemas do campo ............................... 5Problemas da cidade ................................. 19Direitos e deveres iguais? .......................... 35

Proteger as florestas nativas

Floresta Nativa

Jogar liXo no liXo

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5Capítulo 1 – Problemas do campo

SeMenTeIRa de IdÉIaS

CONhECENDO PARA CuIDAR

Você já teve oportunidade de conhecer como é a vida no campo, suas principais características e o jeito de viver das pessoas no meio rural. Agora, você verá que a ocupação do meio rural traz conseqüências nem sempre positivas, e a população rural enfrenta muitos problemas ambientais.

Leia as manchetes a seguir.

Capítulo 1 Problemas do campo

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6 Geografia – 4.o ano / 3.a série – Ensino Fundamental – Livro 2

conhecendo

Desde que os mais distantes antepassados do atual homem surgiram na Terra, há mais de um milhão de anos, eles vêm transformando e interferindo no equilíbrio da natureza.

No espaço rural, a presença da vegetação, principalmente das matas, é muito importante para manter esse equilíbrio. É isso mesmo! O homem, para produzir alimentos, criar animais e obter matéria-prima, utiliza, até hoje, práticas antigas, como o desmatamento e a queimada.

Essas práticas servem para limpar o terreno para novos plantios, formação de pastos e para a retirada de madeiras; entretanto, provocam grande devastação das áreas naturais.

É derrubada, é fogo

O desmatamento destrói as matas e os campos, contribuindo para a extinção de espécies de animais e de vegetais.

Na terra sem vegetação, o solo fica descoberto, exposto ao Sol e ressecado. A água evapora e escorre rapidamente através das enxurradas antes de penetrar no solo e alimentar as nascentes dos rios.

Assim, esgotam-se as reservas subterrâneas de águas, as chuvas podem ficar escassas e, quando caem, levam com violência os nutrientes, empobrecendo o solo e assoreando os rios, os córregos e as lagoas.

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2.a SérieEnsino Médio

HISTÓRIA

AuToRACarla Maria Junho Anastasia

Licenciatura em História pela uFMG.Mestre em Ciência Política pelo DCP/uFMG.

Doutora em Ciência Política pelo IuPERJ/RJ.

Professora aposentada pela uFMG.Professora do Departamento de História

da uNIMoNTES/Montes Claros/MG. Autora de livros didáticos

para o Ensino Fundamental I, Fundamental II e paradidáticos.

Livro 2

SIH

CoAuToRA PEDAGÓGICAElizabeth Aparecida Duque Seabra

Licenciada e Bacharel em História pela universidade Federal de Minas Gerais (1993).

Mestre em História pela universidade Federal de Minas Gerais (1999).

Doutoranda em Educação pela unicamp.Professora assistente e coordenadora do

curso de licenciatura em História nas Faculdade Integradas de Pedro Leopoldo (1999—2008).

Professora da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte (1994—2004).

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SUMÁrio

Capítulo 1: A construção de um Brasil novo .....................................................08o Brasil no contexto da crise do capitalismo liberal .........................................10o Estado Interventor ..............................................................................12Do Governo Provisório ao Golpe de 1937 .......................................................15o Golpe de 10 de novembro de 1937 ...........................................................19

Capítulo 2: o Estado Novo ..........................................................................23Disposições autoritárias no Estado Novo .......................................................24Aspectos da cultura nas décadas de 1930 e 1940 .............................................29

A Era Vargas

o período populista (1946-1964) Capítulo 1: o governo Dutra ........................................................................36

A agonia do Estado Novo ..........................................................................37o Governo Dutra ...................................................................................42

Capítulo 2: o segundo governo Vargas ............................................................46A retomada do projeto industrializante ........................................................47os problemas do Segundo Governo Vargas .....................................................50

Capítulo 3: De Juscelino a Goulart ................................................................56o Governo JK .......................................................................................56o Plano de Metas ...................................................................................58o Governo de João Goulart .......................................................................68

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A ERA VARGAS

Nesta unidade vamos estudar o período compreendido entre 1930 e 1945. Discutiremos as transformações ocorridas ao longo desse período da República brasileira, os principais personagens responsáveis por esta nova ordem e a posição política de diversos setores sociais frente ao governo Vargas. A cultura nos anos de 1930-1940 também será abordada.

Reprodução

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A construção de um Brasil Novo

Capítulo 1

8

Problematização do tema

Retrato ofi cial de Getúlio Vargas

Reprodução

Quais foram as transformações ocorridas ao 1. longo dos quinze anos da Era Vargas? Ao refundar a República, quais são as novas 2. imposições colocadas pelo movimento de 1930?Quem são as principais personagens da 3. institucionalização da nova ordem? Qual o papel dessas personagens dentro dessa 4. nova ordem pós-revolucionária?Quais as características desses setores 5. fundadores dessa nova ordem? Qual a posição dos trabalhadores em relação 6. ao governo Vargas?

Essas são algumas das questões que você irá discutir ao longo desta unidade.

O período compreendido entre 1930 e 1945 fi cou conhecido como a Era Vargas. Ao longo desses quinze anos, Getúlio Vargas, que subiu ao poder após o movimento de 1930, governou provisoriamente (1930-1934), sob o signo de uma constituição (1934-1937) e de um governo autoritário (1937-1945).

Durante esses quinze anos, o Brasil industrializou-se, foram editadas a legislação trabalhista e uma nova legislação sindical. As oligarquias, que haviam governado ao longo da República Velha, foram deslocadas do poder. O país urbanizou-se, adotou novos hábitos, novos valores culturais, enfi m, sofreu signifi cativas transformações estruturais. Essas transformações, entretanto, se processaram, de “cima para baixo”, sob o signo da centralização, do corporativismo, da tutela estatal sobre os segmentos sociais e, não poucas vezes, do autoritarismo.

Para você ter uma ideia da importância do movimento de 1930, das mudanças que se processaram a partir dele e das suas características pouco democráticas, leia o texto a seguir.

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Contudo, não obstante os historiadores e estudiosos muitas vezes criticarem o governo Vargas, a história não é tão simples assim. Em meados de 1945, quando o poder de Vargas já estava ameaçado por vários seto-

res da sociedade política brasileira, o povo o apoiava, esperando que ele permanecesse no poder.

Leia o texto a seguir.

A Revolução de 30 refunda a República, impon-do o predomínio da União sobre a Federação, das corporações sobre os indivíduos, e a precedência do Estado sobre a sociedade civil. Para tanto, foi influente o ideário positivista de muitas de suas elites políticas, especialmente as originárias do Rio Grande do Sul, como no caso do dirigente do mo-vimento revolucionário vitorioso, Getúlio Vargas, e as provenientes da juventude militar, congrega-da no Clube 3 de Outubro. São elas, nos primeiros anos da nova ordem, as principais personagens de sua institucionalização, em particular na deposição das oligarquias estaduais das suas posições de man-do. São elas, também, a força que leva à frente o impulso da revolução no que se refere ao papel do Estado, passando a entendê-lo como condutor da modernização, em franco dissídio com o liberalis-mo de mercado que dominou o cenário da Primeira

República. E são elas, por fim, que associam os ob-jetivos da industrialização com os ideais da sobe-rania nacional e de encaminhamento da questão social, manifestando-se, nesse caso, em favor da legislação protetora do trabalho, da qual deveriam ser excluídos os trabalhadores do campo.

Dessa forma, o impulso para o moderno, para a indústria, para a regulação do mercado de trabalho e para a elaboração da legislação social provinha de setores antiliberais orientados por uma cultura estatista e refratários a mudanças na estrutura agrária do país [...], denunciando a natureza conservadora do processo de modernização desencadeado pela Revolução de 1930.

VIANNA, Luiz Werneck. O Estado Novo e a “ampliação” autoritária da Republica. In: CARVALHO. Maria

Alice Rezende de. República do Catete. Rio de Janeiro: Museu da República, 2001. p. 114-5.

Em fins de agosto [de 1945], uma novidade surgiu nos jornais. Em páginas compradas na imprensa, o Comitê do Distrito Federal passou a publicar milhares de telegramas enviados pela população, oriundos de todas as capitais e dos mais diversos municípios do país, pedindo a continuidade de Vargas no poder. Em textos telegrafados, individuais ou coletivos, curtos ou longos, trabalhadores exigiam a candidatu-ra do presidente. Da cidade de São Paulo, um abaixo-assinado colhido na Praça do Patriarca resultou no seguinte texto: “O povo que não decepcionou o seu governo pede e espera que Vossa Excelência não o decepcione, recusando a candidatura que espontaneamente lhe oferece. Comissão do povo instalada em praça pública que até este momento representa 35 000 assi-naturas, conforme comprovante em seu poder, remetido por via aérea”. Da mesma capital, Durvalino Dourado, em telegrama acompanhado de mais 32 assinaturas, disse que “presidente,

só V. Excia”.; Alfredo Coimbra e 38 companhei-ros declararam que “nós, cidadãos brasileiros compenetrados de nossa responsabilidade [...] temos a honra de dirigir a V. Excia. essa men-sagem, formulando um apelo para que aceite a presidência da República”. Comissões de tra-balhadores também telegrafaram. Uma delas afirmou que “quinhentos operários da indústria Firestone de Santo André querem a candidatura e V. Excia.”. Com a mesma expectativa, outro telegrama coletivo garantiu: “É com força do coração que nós operárias aclamamos sua can-didatura”[...] Os telegramas, aos milhares, se multiplicavam nas páginas dos jornais. De to-das as capitais e de inúmeros municípios, o cla-mor popular se repetia, exigindo a candidatura de Vargas.

FERREIRA, Jorge. Queremismo, trabalhadores e cultura política. Revista Varia Historia. Belo Horizonte, nº 28, dez. 2002. p. 75-6.

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Como você pode notar, a Era Vargas apresentou muitas ambiguidades e um jogo intenso de diferentes interesses. Entretanto, o que é consensual é a constatação da modernização capitalista que se seguiu ao movimento de 1930, e as importantes medidas acerca do capital e do trabalho, como você verá neste capítulo.

Procure agora responder às questões colocadas no início do capítulo.

O Brasil no contexto da crise do capitalismo liberal

Os países exportadores de matérias-primas e produtos agrícolas — como os da América Latina, entre eles o Brasil —, pela sua própria função no mercado internacional, não acompanharam o desenvolvimento industrial e tecnológico de alguns países europeus e dos Estados Unidos. Como afi rmou Wladimir Pomar, “em 1930, o Brasil não produzia aço em volume sufi ciente para as suas necessidades, não extraía nem refi nava petróleo, não fabricava operatrizes, geradores ou motores elétricos, não construía navios, aviões, veículos, automotores ou tratores e muito menos fabricava produtos químicos. Era completamente dependente dos países industrializados”.

Principais produtos de exportação do Brasil: 1919-1929Períodos Café Açúcar Cacau Mate Fumo Algodão Borracha Couros e peles Outros

1919-1923 58,8% 4,7% 3,3% 2,4% 2,6% 3,4% 3,0% 5,3% 16,5%

1924-1929 72,5% 0,4% 3,3% 2,9% 2.0% 1,9% 2,8% 4,5% 9,7%

POMAR, Wladimir. A Era Vargas. A Modernização conservadora . São Paulo: Ática,1999. p.19.

Quando a crise de 1929 eclodiu, a economia bra-sileira dependia fundamentalmente da produção e da exportação de produtos agrícolas, principalmen-te do café. Como esses produtos estavam expostos às oscilações do mercado internacional, ou seja, às oscilações da procura por esses produtos por parte dos países importadores, o Estado brasileiro fi cava responsável pela garantia dos lucros dos exportado-res, controlando o câmbio e os preços e sobreta-xando o resto da sociedade brasileira para cobrir os prejuízos por meio dos impostos.

A partir da crise de 1929, entrando já nos anos 1930, com a retração do mercado mundial, o preço do café despencou exatamente numa conjuntura de grande produção desse produto. O governo não tinha condições, com uma crise tão grande, nem de pagar os cafeicultores e muito menos de honrar suas dívidas com os credores internacionais. Essa situação gerou uma reação em cadeia. Os cafeicultores não recebiam do governo e, por isso, não pagavam seus trabalhadores e seus fornecedores. Sem dinheiro circulando, o consumo era impossível. Muitas

empresas faliram e o desemprego generalizou-se no Brasil.

O governo tentou resolver o problema como o fazia na República Velha. Contudo, a conjuntura pós-1929 era muito diferente. Obter empréstimos internacionais para fi nanciar a agricultura era muito mais difícil. Muitas vezes, eram necessários acordos comerciais.

Não era possível, com o grande nível de desemprego e o empobrecimento do povo, descarregar sobre o resto da população, por meio do aumento dos impostos, o pagamento da conta.

Tornava-se urgente mudar a forma da acumulação capitalista no nosso país.

Análise e interpretação: ver-sões, opiniões e fontes diversas

Leia o documento a seguir, que trata da crise da economia cafeeira após a queda da bolsa de Nova York, em 1929.

[...] Compreende-se a relutância do sr. Presidente da República em emitir papel-moeda sem efeitos comerciais para os negócios do café. A emissão pode perturbar o plano fi nanceiro e, perturbado este, abaladas estariam a defesa do

café e a defesa do câmbio. Mas, sem recorrer à emissão, o governo encontrará meios para socorrer São Paulo. Existem fora da Caixa de Estabilização, em poder do Banco do Brasil, dez milhões de esterlinos [libras esterlinas], que

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Qual a tese defendida pelo autor nesse texto?A4.

Explique por que Vargas chamou os empresários de A5. burros ao criticarem a legislação trabalhista.

Do Governo Provisório ao golpe de 1937

O Governo Provisório (1931-1934)

Após a vitória do movimento de 1930, foi instalado o chamado governo provisório, presidido por Getúlio Vargas, acompanhado dos líderes revolucionários civis e dos tenentes.

Divulgação

Voluntários do interior chegam à capital

com essa medida, buscava centralizar as decisões em suas mãos. Outras medidas foram necessárias para o processo de centralização: a dissolução do Congresso, dos legislativos estaduais e municipais e a redução da autonomia do Poder Judiciário.

Além da centralização política excessiva, Vargas passou a legislar sobre impostos, moedas, câmbio, tarifas públicas, crédito e dívidas dos estados e da União. O presidente passou a controlar os vários setores da economia e, para tanto, criou o Conselho Federal de Comércio Exterior, um novo Código de Águas e Minas e o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio, o chamado ministério da revolução.

O governo provisório se prolongava além do esperado. Havia uma intensa expectativa da convocação da Constituinte e o restabelecimento da ordem constitucional, mas Vargas parecia não ter pressa.

A Revolução Constitucionalista de 1932

Divulgação

Cartaz da Revolução Constitucionalista de 1932

A primeira medida de Vargas foi a de reduzir o poder dos estados da federação, destituindo os seus governadores e colocando, no lugar deles, interventores da estrita confiança do presidente. A exceção foi o estado de Minas Gerais. Vargas,

Os paulistas ainda esperavam recuperar sua hegemo-nia no cenário político nacional, após o movimento de 1930. Alguns historiadores afirmam que São Paulo, com seu processo revolucionário, buscava também instaurar o regime democrático no país. Contudo, é interessante observar que, quando a Revolução Constitucionalista eclodiu, as eleições para a composição da Assembleia Constituinte já haviam sido marcadas para 3 de maio de 1933, e o país adotara, desde fevereiro de 1932, um novo código Eleitoral. Esse novo Código estabelecia o

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voto universal direto, secreto e facultativo a todos os brasileiros maiores de 21 anos, inclusive às mulheres, à exceção dos analfabetos, mendigos, soldados e padres. Esse código visava colocar um fim nas costumeiras frau-des eleitorais vigentes na República Velha. Para tanto, foi criada também a Justiça Eleitoral, com o objetivo de controlar a lisura das eleições.

As eleições para a Constituinte ocorreram na data previamente marcada por Vargas e apresentaram três fatos novos: a representação classista — foram eleitos quarenta delegados de associações sindicais de operários e do patronato — ao lado da tradicional representação territorial; a ação fiscalizadora da Justiça Eleitoral e a inédita participação das mulheres no processo eleitoral.

Após oito meses de trabalho, em julho de 1934, os deputados constituintes promulgaram a nova Car-ta Constitucional do Brasil. Essa nova Constituição mantinha o sistema federativo e o presidencialismo, mas extinguia o cargo de vice-presidente da Repú-blica. Conferia maior poder ao Executivo, reduzindo a excessiva autonomia financeira dos estados da fe-deração. Incorporou ao seu texto o Código Eleitoral de 1932, assegurando o voto das mulheres e os di-reitos trabalhistas — jornada de 8 horas, repouso se-manal, férias remuneradas, indenização por demis-são imotivada e proibição do trabalho de menores de 14 anos. A nova carta garantiu, ainda, o ensino primário gratuito e obrigatório.

Após a promulgação da Constituição, a Assembleia elegeu o primeiro presidente pós-revolução: Getúlio Vargas, que havia disputado o pleito indireto com o General Góes Monteiro, ministro da Guerra, e Borges de Medeiros, representante da elite política tradicional.

O governo constitucional de Vargas foi extre-mamente tumultuado. Várias greves operárias eclodiram pelo país, lutando pela aplicação da legislação trabalhista. Apesar de os trabalhadores terem conseguido suas reivindicações, o patrona-to insistia em não obedecer às leis editadas pelo governo Vargas. Para eles, essas leis eram origi-nadas de “ideologia exótica” e, se cumpridas, le-variam à falência todas as empresas. E não eram só as greves que perturbavam a ordem social do governo constitucional.

O conturbado contexto internacional entre-guerras refletia-se no Brasil. A propaganda nazi-fascista, a ascensão de Hitler na Alemanha, a séria situação política da Espanha, a consolidação do socialismo na Rússia e uma tendência cada vez maior de internacionalização da experiência socialista geraram impactos importantes no Brasil, provocando o aparecimento de duas correntes de feição ideológica antagônicas: a Ação Integralista Brasileira (a AIB), de extrema direita, e a Aliança Nacional Libertadora (a ANL), que congregava comunistas, socialistas e simpatizantes.

Divulgação

Cartaz de propaganda do Integralismo

Divulgação

Fac-símile do jornal da Junta Governativa da ANL

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Page 44: Portifolio Livros Didaticos

Ensino Médio

NoçõEs dE Lógica

MaTEMÁTica

TaM

Alexandre Correia Fernandesgraduado em Matemática. Mestre

em Matemática e Estastítica – área de concentração: geometria diferencial.

Ex-professor do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de Escolas Públicas e Privadas de Minas gerais. Professor

do Ensino superior desde 2004.

Débora Correia Fernandes Santosgraduada em Química

Mestre em Física, Química e Neurociência - Área de concentração: Química de materiais.

Professora do Ensino superior desde 2006.

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Page 45: Portifolio Livros Didaticos

TaM

sUMÁrio

Proposição ............................................................................................. 06

Tabela verdade ...................................................................................... 07

Negação .............................................................................................. 08

conectivos ............................................................................................ 08

convenções importantes ........................................................................... 11

associação lógica .................................................................................... 12

Tautologia ............................................................................................ 16

contradição .......................................................................................... 17

Equivalência lógica ................................................................................. 17

implicação lógica .................................................................................... 18

recíproca, contrária e contrapositiva de uma proposição condicional ..................... 19

sentenças abertas ................................................................................... 20

Quantificadores ...................................................................................... 20

Álgebra das proposições ........................................................................... 21

A negação de proposições condicionais e quantificadas ...................................... 23

algumas equivalências importantes .............................................................. 24

argumento ........................................................................................... 25

diagramas lógicos ................................................................................... 30

Noções de lógica

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Page 46: Portifolio Livros Didaticos

NOÇÕES DE LÓGICA

Imagine que você foi capturado por uma tribo de canibais. Agora, considere que o chefe dessa tribo faça a seguinte proposta a você.

“se fi zer uma afi rmação verdadeira, será assado na fogueira.”

“se fi zer uma afi rmação falsa, será cozido no caldeirão.”Você consegue imaginar uma maneira de não ser assado nem

cozido?Caso não tenha encontrado uma saída, verá que, com algum

conhecimento de lógica, isso será possível.a palavra lógica vem de “logos” que signifi ca, entre outras

coisas, pensamento, razão.o estudo da lógica tem como objetivo a distinção entre

o raciocínio correto e o incorreto. não importa se o que se afi rma é verdade, ou não. a lógica só defi ne se um determinado pensamento é válido ou não.

Dessa forma, este capítulo de lógica tem como objetivo o estudo das proposições e do cálculo proposicional para, fi nalmente, estudar e avaliar os argumentos.

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Noções de lógicaCapítulo 1

6

Você já deve estar familiarizado com a palavra proposição (ou sentença) na disciplina de Português. Conforme veremos, proposição, em lógica, terá um sentido muito parecido, porém restrito, quando comparado ao sentido que possui em Português.

Proposição Proposição é uma afirmação, expressa por meio

de palavras ou símbolos, que possui sentido completo e pode ser classificada em verdadeira ou falsa.

Na notação de proposições usam-se, geralmente, letras latinas (p, q, r, ...).

São exemplos de proposições:

a) Lisboa é a capital de Portugal.a) b) A 25°C de temperatura e 1 atm de pressão, a b) água encontra-se no estado sólido.c) 2 < 5c) d) 1 + 3 = 7d) e) Um pentágono tem seis lados.e)

Veja que as proposições (a) e (c) são classificadas como verdadeiras enquanto as proposições (b), (d) e (e) são classificadas como falsas.

Não são exemplos de proposições:

a) A raiz quadrada de 9 é igual a 3?a) b) 5 + 2 − 1b) c) 2x + 1 < 9c) d) Que ótimo!d)

e) Note que as alternativas (a) e (d) não representam

proposições uma vez que não se trata de afirmações, mas de uma interrogação, no caso da alternativa (a), e de uma exclamação, no caso da alternativa (d).

Por outro lado, as alternativas (b) e (c) não podem ser consideradas proposições por não poderem ser classificadas em verdadeiras ou falsas. A alternativa (b) não representa um pensamento de sentido completo enquanto a alternativa (c) é verdadeira para certos valores de x e falsa para outros.

Rembrandt, Aristoteles - 1653

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Refletindo

Quais das sentenças abaixo são proposições? Justifique as que não são proposições.

6 . 5 = 30a) 10 − 3 = 5b) Que lindo dia!c) Como você está?d) João é filho de Maria.e) 10 − 2 . 3f) Durma bem.g) 6 . 5 > 50h)

Proposições simples e compostas

As proposições podem ser classificadas em simples ou compostas. A proposição simples, como o próprio nome indica, não pode ser decomposta em proposições mais simples que ela. A proposição composta é o resultado da combinação de duas ou mais proposições simples.

São exemplos de proposições simples:

Maria é professora.a) José é estudante.b)

São exemplos de proposições compostas:

Maria é professora e José é estudante.a) Maria é professora ou José é estudante.b) Se Maria é professora, então José é estudante.c) Maria é professora se, e somente se, José é d) estudante.

Valor lógico de uma proposição

Verdade (V) e falsidade (F) são os valores lógicos atribuídos a uma proposição quando ela é verdadeira ou falsa, respectivamente. Esses valores são mutuamente excludentes, ou seja, uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.

Além disso, esses são os únicos valores lógicos que uma proposição pode assumir, ou seja, ou uma proposição é falsa, ou é verdadeira. Não existe uma terceira opção.

Podemos escrever que “o valor lógico de uma proposição p é a verdade” da seguinte forma:

V(p) = V

Por outro lado, se queremos dizer que “o valor lógi-co da proposição p é a falsidade”, devemos escrever:

V(p) = F

Refletindo

Determine o valor lógico (V ou F) de cada uma das seguintes proposições:

(2+3)a) 2 = 23+32

− 10 < − 7b) 3 é um número primo.c) São Paulo é a capital do Brasil.d) O triângulo que tem os dois lados iguais e um lado e) diferente é denominado equilátero.

Tabela verdade Tabela verdade é uma tabela que contém todos

os possíveis valores lógicos de uma proposição.No caso de uma proposição composta, a tabela

verdade se constitui de todas as combinações possíveis entre os valores lógicos das proposições componentes.

Observação: O número de linhas em uma tabela verdade para uma dada sentença é sempre 2n, sendo n o número de proposições simples que compõem a sentença.

Questão resolvida

Sejam duas proposições simples (p e q). R1. Monte uma tabela verdade com todos os possíveis valores lógicos envolvendo as duas proposições.

Resolução

O número de linhas da tabela verdade é igual a 2n, onde n é o número de proposições simples. Dessa forma, teremos uma tabela com 4 (2²) linhas.

Antes de montar a tabela, podemos fazer um diagrama, denominado diagrama de árvore, com todas as possibilidades. Observe, no diagrama, que, se a primeira proposição for verdadeira, a segunda pode ser verdadeira ou falsa. Por outro lado, se a primeira proposição for falsa, a segunda pode ser verdadeira ou falsa. Dessa forma, temos todas as opções de valores lógicos envolvendo duas proposições simples quaisquer.

V

V

V

F

F

F

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Refletindo

Obtenha a negação das seguintes proposições e determine o valor lógico (V ou F) da proposição resultante:

7 é um número par.a) 11 é primo.a) 2 + 3 = 5b) − 6 > − 3c) 8 ≤ − 10 d)

Conectivos Conectivos são expressões utilizadas na construção

de proposições compostas por proposições simples.

Conjunção

O conectivo “e” (representado simbolicamente por Λ) é utilizado na combinação entre duas proposições p e q a fim de obter uma nova proposição denominada conjunção.

Exemplos:

p: 2 < 5a) q: 2 ≠ 3p Λ q: 2 < 5 e 2 ≠ 3

p: Maria é professora.b) q: José é estudante.p Λ q: Maria é professora e José é estudante.

A conjunção p Λ q só é verdadeira quando p e q são, ambas, proposições verdadeiras. Dessa forma, a tabela verdade da proposição p Λ q é:

p q p Λ q

VV

V V

VFF F

FFFF

Questão resolvida

Determine os valores lógicos das seguintes R2. proposições:

Assim, a tabela verdade para duas proposições simples p e q é:

p q

VVFF

VFVF

Questões propostas

Sejam três proposições simples (p, q e r). Q1. monTe uma tabela verdade com todos os possíveis valores lógicos envolvendo as três proposições. (Sugestão: antes de montar a tabela verdade, construa um diagrama de árvore para facilitar).

É possível, a partir de uma ou mais proposições, obter uma nova proposição. Para tanto, necessário se faz o uso de um modificador (a negação, por exemplo) ou de conectivos.

Negação Uma proposição qualquer pode ser modificada de

forma a se obter uma nova proposição denominada negação de p (~p) de forma que ~p é verdadeira quando p é falsa e vice-versa.

A tabela verdade, neste caso, será:

p ~p

VF

FV

Exemplos

p: Maria é professora.a) ~p: Maria não é professora.ou~p: Não é verdade que Maria é professora.

p: 2 < 5b) ~p: 2 ≥ 5

p: 2 = 4c) ~p: 2 ≠ 4

Observação: Algumas vezes, usa-se o símbolo ¬ para indicar negação no lugar do símbolo ~.

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TAM

NOÇÕES

DE

LÓGICA

11

Chover é condição suficiente para não ir à aula.• Não ir à aula é condição necessária para chover.•

Refletindo

Coloque certo (C) ou errado (E):

Se nasci em Paris, então sou francês.Assim:

Nascer em Paris é condição suficiente para ser ( ) francês. Nascer em Paris é condição necessária para ser ( ) francês.Ser francês é condição suficiente para nascer em ( ) Paris.Ser francês é condição necessária para nascer em ( ) Paris.

Bicondicional ou condicional “...se, e somente se,...”

O condicional “... se, e somente se, ...” (representado simbolicamente por ↔ ) é utilizado na combinação entre duas proposições p e q a fim de obter uma nova proposição p ↔ q em que p é condição necessária e suficiente para q, e q é condição necessária e suficiente para q.

Exemplos:

p: 2 < 5a) q: 2 ≠ 3p ↔ q: 2 < 5 se, e somente se, 2 ≠ 3.

p: Maria é professora.b) q: José é estudante.p ↔ q: Maria é professora se, e somente se, José é estudante.

O condicional p ↔ q será verdadeiro somente quando p e q forem ambas verdadeiras ou ambas falsas. Dessa forma, a tabela verdade da proposição p ↔ q será:

p q p q

V V V

V F F

F V F

F F V

→→

Questão resolvida

Determine os valores lógicos das seguintes R5. proposições:

2 < 5 se, e somente se, 2 ≠ 3.a) 2 > 5 se, e somente se, 2 ≠ 3.b) Fortaleza é a capital do Brasil se, e somente se, o Brasil c) é um país da América do Norte.10 é um número par se, e somente se, 4 é um número d) primo.

ResoluçãoVamos, inicialmente, escrever as proposições simples

que compõem a proposição composta e determinar seus valores lógicos. Por último, determinaremos o valor lógico da proposição composta.

p: 2 < 5 (V)a) q: 2 ≠ 3 (V)p ↔ q: 2 < 5 se, e somente se, 2 ≠ 3. (V)

p: 2 > 5 (F)b) q: 2 ≠ 3 (V)p ↔ q: 2 > 5 se, e somente se, 2 ≠ 3. (F)

p: Fortaleza é a capital do Brasil. (F)c) q: O Brasil é um país da América do Norte.(F)p ↔ q: Fortaleza é a capital do Brasil se, e somente se, o Brasil é um país da América do Norte. (V)

p: 10 é um número par. (V)d) q: 4 é um número primo. (F)p ↔ q: 10 é um número par se, e somente se, 4 é um número primo. (F)

Os símbolos ~, Λ, ν, → e ↔, que representam respectivamente, “não”, “e”, “ou”, “se...então...” e “...se, e somente se,...” são chamados operadores lógicos. Quando uma proposição composta tem mais de um operador lógico, pode ficar difícil saber qual deles deve ter prioridade. Assim sendo, vale ressaltar algumas convenções importantes.

Convenções importantesO modificador a) ~ se aplica apenas à proposição mais próxima, salvo a utilização de parênteses. Por exemplo, em ~p Λ q, a negação se aplica somente à p. Para que a negação se aplicasse à p Λ q, a notação correta seria ~( p Λ q).

Os condicionais b) → e ↔ se aplicam a toda a expressão que não contenha o mesmo sinal, exceto quando se usam parênteses. Dessa forma, p Λ q → r é o mesmo que (p Λ q) → r.

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TAM

NOÇÕES

DE

LÓGICA

12

Muitos problemas de lógica envolvem associação lógica, ou seja, o enunciado do problema traz várias informações associadas, de alguma forma, umas às outras. A análise desse conjunto de informações leva à conclusão do problema.

Associação lógica Esses problemas podem ser resolvidos diretamente

(pela análise do conjunto de informações), ou por meio da construção de tabelas.

Questão resolvida

(Esaf) Os cursos de Márcia, Berenice e Priscila R6. são, não necessariamente nesta ordem, Medicina, Biologia e Psicologia. Uma delas realizou seu curso em Belo Horizonte, a outra em Florianópolis, e a outra em São Paulo. Márcia realizou seu curso em Belo Horizonte. Priscila cursou Psicologia. Berenice não realizou seu curso em São Paulo e não fez Medicina. Assim, os cursos e respectivos locais de estudo de Márcia, Berenice e Priscila são pela ordem:

Medicina em Belo Horizonte, Psicologia em a) Florianópolis, Biologia em São Paulo.Psicologia em Belo Horizonte, Biologia em b) Florianópolis, Medicina em São Paulo.Medicina em Belo Horizonte, Biologia em c) Florianópolis, Psicologia em São Paulo.Biologia em Belo Horizonte, Medicina em São Paulo, d) Psicologia em Florianópolis.Medicina em Belo Horizonte, Biologia em São Paulo, e) Psicologia em Florianópolis.

Resolução

Temos os cursos e locais de cursos de três pessoas. Para facilitar, podemos construir duas tabelas. A primeira, relacionando os cursos com as três estudantes. A segunda, relacionando os locais dos cursos com as três estudantes.

Márcia Berenice Priscila

Belo Horizonte X

Florianópolis

São Paulo

Sabe-se que Márcia realizou seu curso em Belo Horizonte e que Priscila cursou Psicologia. Podemos marcar essas informações nas tabelas propostas. Assim, teremos:

Além disso, é sabido que Berenice não realizou seu curso em São Paulo e não fez Medicina. Analisando as tabelas semipreenchidas, é possível concluir que Berenice estudou Biologia em Florianópolis. Marcando as novas informações temos:

Márcia Berenice Priscila

Belo Horizonte X

Florianópolis X

São Paulo

Márcia Berenice Priscila

Medicina

Biologia

Psicologia

Márcia Berenice Priscila

Belo Horizonte

Florianópolis

São Paulo

Márcia Berenice Priscila

Medicina

Biologia

Psicologia X

Márcia Berenice Priscila

Medicina

Biologia X

Psicologia X

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TAM

NOÇÕES

DE

LÓGICA

31

pertence ao conjunto B, ou seja, os conjuntos A e B têm pelo menos um elemento em comum.

Uma vez que A e B têm pelo menos um elemento em comum, podemos dizer que algum A é B é o mesmo que algum B é A. Por exemplo, dizer que algum francês é europeu é o mesmo que dizer que algum europeu é francês.

As quatro representações possíveis de algum A é B por meio de diagramas são:

1)

A

B

2)

B

A

3)A = B

4) A B

algum a não é B

Dizer que algum A não é B significa dizer que existe pelo menos um elemento do conjunto A que não pertence a B.

Por outro lado, dizer que algum A não é B não significa dizer que algum B não é A. Por exemplo, dizer que algum europeu não é francês não é o mesmo que dizer algum francês não é europeu.

dessas duas situações por meio de diagramas encontra-se a seguir.

1)

A

B

2)A = B

No 1.º caso, todo A é B, mas nem todo B é A. Já no segundo caso, todo A é B e todo B é A.

nenhum a é B

Dizer que nenhum A é B significa dizer que não existe elemento do conjunto A que seja também elemento do conjunto B, ou seja, A e B não têm elementos em comum.

Observe que dizer que nenhum A é B é o mesmo que dizer que nenhum B é A, pois A e B não têm elementos em comum. Por exemplo, dizer que nenhum francês é americano é o mesmo que dizer que nenhum americano é francês.

A representação de nenhum A é B por meio de diagramas é:

A B

algum a é B

Dizer que algum A é B significa dizer que existe pelo menos um elemento do conjunto A que também

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TAM

NOÇÕES

DE

LÓGICA

34

b)

Saudáveis

Atletas

Brasileiros

Argumento válido.

c)

Brasileiros

Cariocas

José•

Argumento não válido.

d)

Pobres

Analfabetos

Escritores

Argumento não válido.

e)

Mamíferos

Gatos

CãesVegetais

Argumento válido.

algum G é A. (Está errado. Dependendo da representação, d) a proposição pode ser verdadeira ou falsa.)nenhum G é A. (Está errado. Dependendo da representação, e) a proposição pode ser verdadeira ou falsa.)

Resposta: Alternativa “a”.

Observação: Apesar de a maioria das expressões formadas com as palavras “todo” e “algum” possuir mais de uma forma de representação por meio de diagrama, muitas vezes, será conveniente simplificar o raciocínio utilizando somente uma delas. Nesses casos, é comum utilizar sempre a primeira opção entre todas as apresentadas anteriormente. Somente no caso de haver mais de uma resposta possivelmente correta é que se faz então necessário representar todas as possibilidades conforme foi feito nas questões resolvidas 12 e 13.

Questão resolvida

Verifique, utilizando diagramas lógicos, se são R15. válidos, ou não, os seguintes argumentos:

Todos os mineiros são brasileiros.a) Maria é mineira.Logo, Maria é brasileira.

Algum brasileiro é atleta.b) Todos os atletas são saudáveis.Logo, algum brasileiro é saudável.

Todo carioca é brasileiro.c) José não é carioca.Logo, José não é brasileiro.

Nenhum escritor é analfabeto.d) Todos os analfabetos são pobres.Logo, nenhum escritor é pobre.

Todos os cães são mamíferos.e) Todos os mamíferos são gatos.Existem vegetais que são cães. Logo, existem vegetais que são gatos.

Resolução

a) Brasileiros

Maria•

Mineiros

Argumento válido.

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2.a SérieEnsino Médio

QUÍMICA

Livro 1

IUQ

COAUTOR PEdAgógICOGeraldo José da Silva

doutorando em Educação pela FaE/UFMg. Mestre em Educação pela FaE/UFMg.

Especialização em História da Ciência pela FAFICH/UFMg.

Especialização em Metodologia do Ensino Superior pelo CEPEEMg

Licenciatura em Química pela UFMg. Professor Universitário Coordenador

Pedagógico do Colégio Pitágoras em BH-Mg.

AUTORESMaria Cláudia Oliveira Costagraduação em Química, pela

Universidade Federal de Minas gerais.

Pós-graduação em Estudos Ambientais, pela PUC Minas.

Ríveres Reis de Almeidagraduação em Química, pela

Universidade Federal de Minas gerais.

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SuMÁRiO

Materiais e processos que constituem a natureza

Processos de interação do ser humano com a natureza

Capítulo 1 – O estudo dos gases ........................................................................ 08 Iniciando o estudo ....................................................................................... 08 Variáveis de estado de um gás ......................................................................... 10 Leis dos gases ............................................................................................. 11 Hipótese de Avogadro .................................................................................... 15 Equação de Clayperon e densidade dos gases ....................................................... 15 Mistura de gases .......................................................................................... 16 difusão e efusão de gases ............................................................................... 16 Capítulo 2 – Estequiometria ............................................................................ 20 Iniciando o estudo ....................................................................................... 21 Quantidade de matéria (mol) e Avogadro ............................................................ 21 determinação de fórmulas .............................................................................. 22 Estudo das leis ponderais – Lei de Lavoisier e Lei de Proust ....................................... 25 Reagentes em excesso e reagente limitante ......................................................... 29 Reagentes impuros ....................................................................................... 29 Rendimento de uma reação............................................................................. 30

Capítulo 1 – Soluções ..................................................................................... 36 Iniciando o estudo ....................................................................................... 36 As soluções e suas classifi cações ...................................................................... 37 O estudo gráfi co da solubilidade ...................................................................... 40 Concentração das soluções ............................................................................ 42 Concentrações expressas em porcentagem .......................................................... 49 diluição de soluções .................................................................................... 56 Mistura de soluções ..................................................................................... 59

Capítulo 2 – Propriedades coligativas das soluções ................................................ 71 Iniciando o estudo ....................................................................................... 72 Volatilidade e pressão de vapor ........................................................................ 73 Fatores que infl uenciam na pressão do vapor ....................................................... 74 Osmose e pressão osmótica ............................................................................. 82

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Page 56: Portifolio Livros Didaticos

AS MODIFICAÇÕES QUE OCORREM NA NATUREZA: TRANSFORMAÇÕES DOS MATERIAIS

Rolve / Stock.xchng

Com o estudo dos capítulos desta Unidade, você aprenderá assuntos e conceitos relevantes para seu conhecimento científico, podendo, assim, compreender de forma mais ampla questões intrigantes do mundo científi co e tecnológico.

Nesta Unidade, enfatizaremos o estudo de assuntos, temas e processos que evidenciem as transformações sofridas pelos materiais que constituem a natureza e os seres vivos. Com os capítulos “termoquímica”, “Cinética química”,“Radioatividade”, “equilíbrio químico” e “equilíbrio iônico”, você compreenderá as transformações químicas e os diversos aspectos relacionados a essas transformações, como trocas de calor, rapidez e reversibilidade. Ao fi nal, terá condições de responder a questões como:

• Como obtemos energia dos combustíveis?

• qual é o melhor combustível?• Por que um remédio na forma

líquida faz efeito mais rápido do que na forma de comprimido?

• Por que existem animais que mudam de cor em situações de perigo?

• Por que devemos controlar o pH da água do aquário?

O fogo transforma os materiais. Seu uso permite ao homem manipular

uma infi nidade de técnicas na produção de novos materiais.

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Capítulo 1

Termoquímica

As reações de queima (combustão) estão bastante presentes em inúmeras situações do nosso cotidiano. A queima de combustíveis fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, lança na atmosfera milhares de toneladas de gases estufa, contribuindo para que a temperatura média do planeta aumente, causando, assim, todo um desequilíbrio ecológico.

A energia que utilizamos para diversos fins, como movimentar um carro, cozinhar alimentos, etc., provém de reações exotérmicas.

Nicolas Raymond / Stock.xchng

Fogueira

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UQ

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TERMOQUÍMICA

93I

UQ

Iniciando o estudo

Podemos viver sem energia? Com certeza, a resposta para essa pergunta é: Não!Sem energia, não temos força para viver. Sem

energia, não poderíamos usar automóveis nem aparelhos eletrônicos. Não teríamos força para andar, nem para praticar qualquer esporte. Não teríamos o desenvolvimento que temos hoje.

Você já imaginou uma cidade, um país que não se preocupasse com as questões energéticas?

Bem, é exatamente sobre energia de que trata este capítulo. Aqui teremos a oportunidade de discutir os combustíveis, a composição de alimentos e os seus valores calóricos, e a energia envolvida em vários processos.

Vamos perceber que existem processos que ocorrem com absorção de calor e outros que ocorrem com liberação de calor.

Observe a figura.Alexandre Costa

Nessa figura, podemos observar a presença de pães e macarrão. Nesse tipo de alimento, temos maior porcentagem de carboidratos e menor porcentagem de gorduras e proteínas.

Agora observe a foto a seguir.

Alexandre Costa

No caso de car nes, existe maior por centagem de proteínas do que de carboidratos e gorduras.

Veja a figura das frutas.

Os alimentos têm quan tidades calóricas associadas a eles.

Alexandre Costa

No caso das frutas, temos como constituintes a água, o açúcar e várias vitaminas e sais minerais.

Como podemos observar, quando nos alimentamos, estamos ingerindo substâncias com valores calóricos e são desses alimentos que tiramos energia para viver.

Quando pensamos nas indústrias e fábricas, e nos produtos gerados por elas, não podemos nos esquecer dos combustíveis. Sem eles, não seria possível fazer as máquinas funcionarem. Hoje, inclusive, existe uma maior preocupação com as questões ambientais e, por isso mesmo, investem-se em pesquisas na busca de fontes alternativas de energia.

O petróleo, como sabemos, é uma fonte de energia não renovável e, por ser um combustível fóssil, é um grande agente poluidor.

Todos nós estamos vendo na televisão e lendo nos jornais notícias alarmantes sobre o aquecimento global e o efeito estufa. Esse é um motivo suficiente para nos preocuparmos em entender melhor como funcionam essas questões energéticas e é exatamente neste capítulo que teremos essa grande oportunidade.

A figura a seguir mostra diferentes fontes de energia utilizadas pelo homem, como a gasolina e a água.

Diferentes formas de energia utilizadas pelo homem

Alexandre Costa

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Page 59: Portifolio Livros Didaticos

Stock Photos

TERMOQUÍMICA

94I

UQ

Para trabalhar em grupo −atividades iniciais

Em grupo de 4 a 5 alunos, resolvam as questões a seguir.

Se você andar descalço em um piso de ardósia e logo G1. depois em um piso de tábua, qual piso você acha que tem a menor temperatura?

Por que sentimos frio no inverno?G2.

Calor e temperatura Quando estamos com frio, é comum dizermos

que usaremos um agasalho “bem quente” para nos aquecer, ou quando pisamos descalços num piso de ardósia, dizemos que o chão está “gelado”. O que será que isso signifi ca?

No nosso dia a dia, é comum usarmos as expressões “quente” e “frio” para expressar algumas sensações que temos. Se medirmos a temperatura da ardósia ou de um piso de tábua, veremos que eles estão a uma mesma temperatura. Por que então temos a

impressão de que a ardósia está mais fria?O que acontece é que nosso corpo está a uma

maior temperatura que a ardósia e a tábua, que estão à temperatura ambiente. A temperatura

do nosso corpo é maior porque em nosso metabolismo ocorrem diversas reações

que mantêm essa temperatura próxima de 36 ºC. Sendo assim,

quan do o nosso corpo entra em contato com outro corpo à

diferente temperatura, haverá transferência de energia, sob a forma de calor, do corpo com

temperatura maior para o corpo com temperatura mais baixa. Essa trans-

ferência será maior no caso da ardósia, pois esta é melhor

condutora térmica do que a madeira.

Então, na verdade, a sensação de quente e frio que sentimos está associada à melhor condutividade térmica do material com o qual estamos em contato. Essa transferência de energia entre dois corpos a diferentes temperaturas é denominada calor.

A transferência de energia que se dá entre corpos a diferentes temperaturas é denominada calor.

Calor

TA > TB

Sistema A → TA Sistema B → TB

A energia é transferida do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura.

Essa transferência acontece apenas do corpo de maior temperatura para o corpo de temperatura mais baixa. Por que isso ocorre?

O que acontece é que costumamos achar que um corpo possui calor. Isso é errado! O que um corpo possui é energia interna, que será tanto maior quanto maior for a sua temperatura. Desse modo, quando colocamos dois corpos a diferentes temperaturas em contato, eles tendem a atingir o equilíbrio térmico, ou seja, haverá passagem de energia de um corpo para o outro de modo que eles igualem suas temperaturas.

Podemos entender agora o funcionamento de um medidor de temperatura − o termômetro. Quando colocamos um termômetro em uma criança para ver se ela tem febre, estamos colocando dois corpos a diferentes temperaturas em contato de modo que eles atinjam o equilíbrio térmico e igualem suas temperaturas.

Se o corpo no qual o termômetro for colocado estiver a uma temperatura maior do que esse, então o corpo irá transferir energia para o termômetro, e o líquido dentro deste receberá a energia e se expandirá até uma determinada marca. Se o corpo em que o termômetro for colocado estiver a uma temperatura menor que esse, então o termômetro irá transferir energia para esse corpo e seu líquido irá diminuir de volume até uma determinada marca.

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TERMOQUÍMICA

95I

UQ

O princípio de funcionamento do termômetro é o equi líbrio térmico.

Na ciência, não existe o conceito de “frio”, apenas o de calor. De acordo com a ciência, quando nos agasalhamos, estamos evitando que nosso corpo perca energia para o ambiente. Desse modo, não existe um agasalho ou cobertor mais “quente” do que outro. A diferença entre eles é a capacidade de impedir que a energia “saia” do nosso corpo.

Para trabalhar em grupo −atividades iniciais

CIteG3. exemplos de alimentos considerados calóricos.

A gasolina e o álcool são combustíveis bastante usados. G4. Qual combustível é considerado renovável? Por quê?

CIteG5. exemplos de fontes energéticas usadas pelo nosso organismo.

Como um automóvel obtém energia para se G6. movimentar?

O que estuda a Termoquímica?

A termoquímica é a parte da Química que estuda o calor envolvido em reações e também em processos físicos.

Podemos usar a termoquímica para calcular, por exemplo, a energia gasta em exercícios físicos, o poder calórico dos alimentos, a energia envolvida em transformações como queima de açúcar ou mesmo uma simples mudança de estado, como a fusão de um metal.

Hoje em dia, as pessoas se preocupam mais com a alimentação e com atividade física em busca de uma vida mais saudável. Podemos usar a termoquímica para calcular o poder calórico de uma refeição, com base no poder calórico de cada alimento consumido. Sabemos que uma dieta ideal é aquela em que há um equilíbrio entre os tipos de alimentos ingeridos, pois assim estaremos garantindo um bom funcionamento do nosso organismo como um todo.

Existem processos classificados como endotérmicos e processos classificados como exotérmicos.

Os processos endotérmicos ocorrem com absorção de energia, e os exotérmicos, com liberação de energia.

Um processo endotérmico pode ser equacionado da seguinte forma:

A + energia → B

A energia somada do lado esquerdo da equação indica que ela está sendo absorvida.

Exemplos de processos endotérmicos:Fusão de um metal:Fe(s) + calor → Fe()

Evaporação da água líquida:H2O() → H2O (v)

Os processos exotérmicos também podem ser representados por uma equação. Veja a representação a seguir.

X → Y + energia

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Page 61: Portifolio Livros Didaticos

TERMOQUÍMICA

96I

UQ

A energia somada do lado direito da equação indica que ela está sendo liberada.

Exemplos de processos exotérmicos:Queima de gás hidrogênio produzindo água:H2(g) + ½ O2(g) → H2O()

Condensação do vapor de água:H2O(v) → H2O()

Queima de carvão em uma churrasqueira.C(graf) + O2(g) → CO2(g)

Veja a fi gura que se segue.

A energia liberada na queima do carvão é usada para assar a carne do churrasco.

Alexandre Costa

Para compreendermos melhor os processos endotérmicos e exotérmicos, devemos compreender o conceito de entalpia.

Chamamos de entalpia o conteúdo energético de um sistema. Essa grandeza vai ser representada pela letra H.

Quando classificamos um processo como endotérmico, dizemos que a variação de entalpia do sistema foi maior que zero. Se o processo for exotérmico, a variação de entapia será menor que zero.

Veja a representação:

∆H (variação de entalpia)∆H = Entalpia fi nal – Entalpia inicial

Se a entalpia fi nal for maior do que a entalpia inicial, o processo será endotérmico, e o ∆H será positivo.

∆H > 0 Hfi nal > Hinicial Hproduto > Hreagente

Processo endotérmico

Se a entalpia fi nal for menor do que a entalpia inicial, o processo será exotérmico, e o ∆H será negativo.

∆H < 0 Hfi nal < Hinicial Hproduto < Hreagente

Processo exotérmico

Observando os esquemas, podemos concluir que a variação de entalpia é, na verdade, um saldo de energia. O processo é endotérmico quando o saldo energético é positivo, ou seja, o ambiente externo fornece energia ao sistema para que a transformação ocorra. O sistema fi nal terá maior energia do que o sistema inicial.

No caso do processo exotérmico, o que ocorre é o contrário, o sistema fi nal tem menor energia do que o sistema inicial, e o ambiente externo recebe energia da transformação ocorrida.

Para fi car mais claro, vamos discutir dois exemplos.

Exemplo 1transformação endotérmicaQuando passamos em nosso braço um algodão

embebido em álcool, sentimos frio. Isso ocorre porque o álcool, ao evaporar, retira energia, sob a forma de calor, do nosso corpo.

O fenômeno ocorrido foi evaporação. No caso, nós funcionamos como o ambiente externo, fornecendo energia, sob a forma de calor para que a transformação ocorresse.

Exemplo 2transformação exotérmicaQuando queimamos madeira em um fogão a lenha,

sentimos o calor da queima quando estamos próximos ao fogão. O fenômeno que está ocorrendo é a queima da madeira. Essa queima libera energia para o meio externo e nós, que estamos nesse meio externo, sentimos o calor proveniente da queima da madeira.

Interpretando o sinal do ∆H

O sinal do ∆H, como pudemos observar, pode ser positivo ou negativo.

Se o sinal for positivo, signifi ca que houve absorção de energia e, se for negativo, signifi ca que houve liberação de energia. Podemos concluir, portanto, que o sinal nos indica o sentido do fl uxo de energia. Pelo sinal podemos saber se houve absorção ou liberação de energia em um dado processo.

Grafi camente, teremos:

Caminho da reação

HReagentes

Processo exotérmico∆H < 0 Produtos

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Page 62: Portifolio Livros Didaticos

MARIA FERNANDESRITA GONÇALVEZ

LÍNGUA PORTUGUESA

8.º ANO / 7.ª SÉRIE

NOME: _______________________________________

______________________________________________

ESCOLA: _____________________________________

TURMA: ______________________________________

Page 63: Portifolio Livros Didaticos

unidade 01

Page 64: Portifolio Livros Didaticos

viaGens

créd

ito:

Fot

omon

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m

Page 65: Portifolio Livros Didaticos

ViaGenS ....................................... 002

HiSTÓRiaS SOBRe ViaGenS ............................ 005

ROTeiRO de ViaGeM ...................................... 021

SÃO PauLO - SanTOS, ida e VOLTa .................. 027

OS SiGniFiCadOS daS PaLaVRaS .................... 033

sumÁrio

Os gêneros textuais desta unidade alternam-se entre narrativo e informativo, sendo dado a este último um enfoque até então não trabalhado: roteiro de viagem, ressaltando pontos turísticos, passeios e até dicas de gastronomia.

Os textos narrativos são ponto de partida para o estudo de elementos próprios de uma narração, como os dois tipos de discurso existentes e a descrição dos sentimentos de um protagonista. Nessa linha, o aluno é convidado a fazer um relato pessoal, fixandootrabalhodeestruturanarrativaanalisado durante a unidade.

O último capítulo, destinado ao estudo da gramática normativa, oferece a oportunidade de observar palavras semelhantes dentro da Língua Portuguesa, bem como os contextos em que elas se encaixam.

crédito: Fotomontagem

Page 66: Portifolio Livros Didaticos

5

rce0

9-18

p-l1

CaPÍTuLO 01 Histórias sobre viagens

unidade 01 | capítulo 1 | histÓrias sobre viaGens

Ponto de partida

Você gosta de viajar? Gosta de conhecer outros lugares, costumes e pessoas diferentes? Mas, nem sempre as viagens são de lazer. Muitas vezes, envolvem motivos de trabalho, embora tenham um gosto de aventura. Leia os textos e conheça duas histórias sobre viagens.

Adeus Itália

Finalmente, chegou o dia. minha tia me vestiu e vovô vincenzo me tomou pelas mãos. era como se fosse novamente caminhar na neve com ele. só que agora havia um mar, um grande mar a minha espera. subimos no carro puxado por fortes cavalos que nos levaria até cosenza, a grande cidade onde tomaríamos o trem que nos levaria a nápoles, onde eu tomaria o barco que me levaria a Gênova, onde um grande navio me levaria ao brasil. longa e desconhecida viagem, em que iria ter a companhia de meu avô só até um certo ponto, quando eu e meu irmão seríamos entregues aos cuidados de uma comadre e um compadre que também estavam indo para a américa.

a viagem de trem foi a primeira novidade. enquanto caetaninho corria como um serelepe pelo vagão, eu ia muito quieta, ao lado de vovô vicenzo, olhando pela janelinha aqueles campos da Calábria dos quais estava me despedindo para sempre. Ali iam fi car meus ninhos de passarinhos, meus brincos de cereja, minhas romãs encantadas, as nogueiras e os trigais. Ficariam também, como haviam fi cado as de minha mãe, minhas pegadas sobre as pedras do calçamento da saracena.

Chegamos fi nalmente à cidade de Nápoles, movimentada como todo porto de mar. eu arregalava os olhos deslumbrada. e me sentia um pouco ingrata por estar esquecendo tão depressa tudo o que ia fi cando para trás. Tudo. Porque até o xalinho que vovó catarina tricotara um dia para mim desapareceu de minhas costas enquanto eu andava pelas ruas de nápoles. será que sant’anna havia me tirado dos ombros todo o peso do passado, ou será que me haviam roubado a última recordação de minha avó que eu guardava comigo?

não sei. só sei que, no porto, vovô vincenzo me pegou no colo e me entregou aos braços de um marinheiro, que me pôs a bordo. e quando ouvi o apito triste do vapor dando saída e, da amurada, fui vendo meu avô fi car muito pequeno à medida que aumentava a distância entre o mar e o cais, tive um aperto no coração e, nos olhos, uma sensação esquisita: seria um lenço branco que ele acenava de longe para mim, ou eram fl ocos de neve caindo de seus olhos e de suas mãos?

LAURITO, Ilka Brunhilde. A menina

que fez a América. 10. ed. São

Paulo: FTD, 1995 p. 80-81

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ponto, quando eu e meu irmão seríamos entregues aos cuidados de uma comadre e um compadre que ponto, quando eu e meu irmão seríamos entregues aos cuidados de uma comadre e um compadre que também estavam indo para a américa.

a viagem de trem foi a primeira novidade. enquanto caetaninho corria como um serelepe a viagem de trem foi a primeira novidade. enquanto caetaninho corria como um serelepe pelo vagão, eu ia muito quieta, ao lado de vovô vicenzo, olhando pela janelinha aqueles pelo vagão, eu ia muito quieta, ao lado de vovô vicenzo, olhando pela janelinha aqueles campos da Calábria dos quais estava me despedindo para sempre. Ali iam fi car meus campos da Calábria dos quais estava me despedindo para sempre. Ali iam fi car meus ninhos de passarinhos, meus brincos de cereja, minhas romãs encantadas, as ninhos de passarinhos, meus brincos de cereja, minhas romãs encantadas, as nogueiras e os trigais. Ficariam também, como haviam fi cado as de minha nogueiras e os trigais. Ficariam também, como haviam fi cado as de minha mãe, minhas pegadas sobre as pedras do calçamento da saracena.mãe, minhas pegadas sobre as pedras do calçamento da saracena.

Chegamos fi nalmente à cidade de Nápoles, movimentada Chegamos fi nalmente à cidade de Nápoles, movimentada como todo porto de mar. eu arregalava os olhos deslumbrada. e me sentia um pouco ingrata por estar esquecendo tão depressa tudo o que ia fi cando para trás. Tudo. Porque até o xalinho que vovó catarina tricotara um dia para mim desapareceu de minhas costas enquanto eu andava pelas ruas de nápoles. será que sant’anna havia me tirado dos ombros todo o peso do passado, ou será que me haviam roubado a última recordação de minha avó que eu guardava comigo?

não sei. só sei que, no porto, vovô vincenzo me pegou no colo e me entregou aos braços de um marinheiro, que me pôs a bordo. e quando ouvi o apito triste do vapor dando saída e, da amurada, fui vendo meu avô fi car muito pequeno à medida que aumentava a distância entre o mar e o cais, tive um aperto no coração e, nos olhos, uma sensação esquisita: seria um lenço branco que ele acenava de longe para mim, ou eram fl ocos de neve caindo de seus

A menina

10. ed. São

Paulo: FTD, 1995 p. 80-81

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línGua portuGuesa 8.° ano | livro 166

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línGua portuGuesa 8.° ano | livro 1

O viajante

o meninozinho tomou o ônibus na sua cidade do estado do rio, onde nascera e se criara, e foi trazido para a mãe a fi m de ver a cidade grande nos seus esplendores de natal. embora não fosse habitué de tais passeios, mantinha-se sossegado e digno, espiando discretamente a paisagem a correr atrás da vidraça. a mãe é que lhe traía a condição de noviço, muito solícita, todo o tempo a apontar, mormente depois que entraram pela avenida brasil. olha a igreja da penha! olha o balneário de ramos! Olha a ponte do Galeão, fi lhinho! Olha Manguinhos! E, ou porque não o interessassem urbanística e arquitetura, ou porque lhe desagradassem demonstrações em público, o garoto, em vez de embasbacar para os sítios apontados, olhava de viés a mãe, talvez lhe sugerindo que calasse a boca. Ele afi nal não era cego. O que o interessou mais foi o Cemitério do Caju, que fi cou a acompanhar longamente, chegando mesmo a ajoelhar-se no assento. o gasômetro também lhe despertou interesse e lhe arrancou uma pergunta – em voz baixa – se aquilo era uma caldeira. e onde é que estava o motor?

Saltaram na Praça Mauá. Tomaram um táxi que os levou à casa da tia, na avenida copacabana. na longa viagem de automóvel, ao atravessar a avenida presidente vargas, ele perguntou se era ali o maracanã; desiludido, dedicou-se inteiramente ao estudo do relógio do táxi que evidentemente o fascinava. não quis saber da praça paris, nem dos arranha-céus do Flamengo, nem do bondinho do pão-de-açúcar. a mãe, de início, lhe explicara o mecanismo da bandeirada e a marcha dos quilômetros no mostrador, traduzidos em dinheiro. por brincadeira lhe dissera que ele é que iria pagar a corrida. a cada cruzeiro que aumentava, o pequeno levava nervosamente a mão ao bolso da calça, onde guardava, bem dobradinha, uma nota de cem cruzeiros, que a madrinha lhe dera à despedida para “desmanchar em brinquedos”. ao entrarem no túnel – o relógio estava na casa dos trinta – tão entretido vinha ele com o problema econômico que só se deu de si quando já estava lá dentro: a princípio cuidou que passavam por dentro de uma casa – talvez uma estação; o ruído do eco lá embaixo era de fazer medo e a palavra “túnel” que a mãe gritou não lhe signifi cava nada. Ao sair, ressabiado, olhou pela vidraça de trás – e pior ainda lhe pareceu aquele buraco cavado nas entranhas do morro.

Gostou do elevador, adorou. infelizmente não consentiam que passeasse nele tanto quanto seu coração pedia. mas detestou o apartamento. sentia-se enjaulado ali dentro, topando com uma parede a cada dez passos, sem uma nesga de ar livre defronte do nariz. talvez apreciasse melhor a vertigem daquele décimo primeiro andar de altitude se o deixassem debruçar-se ao peitoril das varandas. Mal conseguiu, porém, fi car a olhar por um momento, ajoelhado numa cadeira enquanto a mãe o sustinha pelos suspensórios. várias vezes tentou espiar escondido, mas sempre havia por perto um delator. o mais que obteve em paga de seus esforços foi uma palmada e cinco cascudos.

interpelado pela tia se não gostava de morar num arranha-céu, respondeu que talvez gostasse se pudesse morar “por fora”. É dado a essas frases lacônicas e meio herméticas. Teve várias delas, aqui no Rio. Por exemplo, atravessando o rush das seis horas, no Flamengo, tentaram maravilhá-lo com aquela quantidade prodigiosa de automóveis (veículos a que ele dedicava comovedora paixão).

– Veja, fi lhinho, tanto automóvel, chega a perder de vista.Ele indagou se tinha mil. A tia afi rmou que positivamente tinha mais de mil – bem uns dez mil. O pequeno

abanou a cabeça, descrente: não há nada que seja mais de mil. até dinheiro só tem até mil. ele viu a nota e o pai lhe disse que era o maior de todos os dinheiros.

a outra insistiu – pois ali tinha, sim; quem sabe mais, até trinta mil. e ele, com a vista no rio de dorsos negros, deslizantes:

– pois se fosse só mil, chegava.QUEIROZ, Rachel de. Para gostar de ler – Cenas brasileiras. São Paulo: Ática, 2000.

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unidade 01 | capítulo 1 | histÓrias sobre viaGens

Leitura

Leia os textos, silenciosamente. Depois, reúna um grupo de colegas. Vocês vão preparar os textos paraseremlidosemvozalta,empúblico.Primeiro,criemsímbolosparaosseguintessignificados:

Depois, leiam com atenção os textos e coloquem os símbolos nos trechos, de tal maneira que ajudem a mostrar como deve ser a leitura.

Experimentem fazer a leitura em voz alta, observando as indicações dos símbolos.Façam um ensaio, escolham as partes que cada aluno lerá e apresentem para a classe.Quando terminarem, façam uma avaliação da atividade, anotando o desempenho de cada

alunodogrupoeverificandooquepodesermelhorado.Essa técnica vocês poderão usar quando forem ler textos em público ou forem fazer

apresentações de seminários.

discussão de idéias

Discuta com seu professor e seus colegas as semelhanças e diferenças entre os textos “Adeus Itália” e “O viajante” O professor listará tudo o que for apontado por vocês, formando na lousa duas colunas (semelhanças e diferenças) que, posteriormente, vocês anotarão no caderno.

Depois, leiam com atenção os textos e coloquem os símbolos nos trechos, de tal maneira que

PAUSA – EM TOM MAIS BAIXO – AUMENTANDO A VOZ – FALANDO PAUSADAMENTEPAUSA – EM TOM MAIS BAIXO – AUMENTANDO A VOZ – FALANDO PAUSADAMENTE

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línGua portuGuesa 8.° ano | livro 1

Os sentidos das palavras

1. Como é a linguagem usada em cada um dos textos?

2. Leia a lista de palavras a seguir e sublinhe somente as que estão relacionadas com “meios de transportes”, presentes nos textos.

3. Releia o texto “Adeus Itália”, observe o contexto e escreva um sinônimo para as palavras listadas a seguir. Só consulte um dicionário se não conseguir descobrir o significado dapalavra pelo contexto.

Serelepe

Porto de mar

Deslumbrada

Acenava

AMURADA

ASSENTO

AUTOMÓVEL

BANDEIRADA

BORDO

BRINCOS

CARRO

CAVALOS

CEMITÉRIO

CAIS

ELEVADOR

GAROTO

JANELINHA

MÃE

MARINHEIRO

MORRO

MOSTRADOR

NATAL

NAVIO

NEVE

OLHOS

ÔNIBUS

PORTO

TÁXITIA

TREM

VAGÃO

VAPOR

VIDRAÇA

VOVÔ

Page 70: Portifolio Livros Didaticos

unidade 03

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CaPÍTuLO 01 Poesia romântica

unidade 03 | capítulo 1 | poesia romÂntica 45

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Soneto

pálida, a luz da lâmpada sombria, Sobre o leito de fl ores reclinada, como a lua por noite embalsamada, entre as nuvens do amor ela dormia!

era a virgem do mar! na escuma fria pela maré das água embalada... — era um anjo entre nuvens d’alvorada Que em sonhos se banhava e se esquecia!

era mais bela! o seio palpitando... negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no leito resvalando... não te rias de mim, meu anjo lindo! por ti — as noites eu velei chorando por ti — nos sonhos morrerei sorrindo!

AZEVEDO, Álvares de. Lua dos vinte anos. São Paulo: FTD, 1994 p.72

iracema

Antônio Parreiras, 1909

iracema

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línGua portuGuesa 9.° ano | livro 146

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O Navio Negreiro[...]senhor deus dos desgraçados!dizei-me vós, senhor deus!se é loucura... se é verdadetanto horror perante os céus?!Ó mar, por que não apagasco’a esponja de tuas vagasde teu manto este borrão?...astros! noite! tempestades!rolai das imensidades!

varrei os mares, tufão!Quem são estes desgraçados,Que não encontram em vós,mais que o rir calmo da turbaQue excita a fúria do algoz?Quem são?... se a estrela se cala,Se a vaga à pressa resvalacomo um cúmplice fugaz,perante a noite confusa...dize-o tu, severa musa,musa libérrima, audaz!... [...]são mulheres desgraçadas,como agar o foi também.Que sedentas, alquebradas,de longe... bem longe vêm...trazendo com tíbios passos,Filhos e algemas nos braços,n’alma — lágrimas e fel.como agar sofrendo tanto,Que nem o leite de prantotêm que dar para ismael...

Lá nas areias infi ndas,das palmeiras no país,nasceram crianças lindas,

viveram moças gentis...passa um dia a caravanaQuando a virgem na cabanacisma da noite nos véus ...... adeus, ó choça do monte...... adeus, palmeiras da fonte!...... adeus, amores... adeus!...

depois, o areal extenso...depois, o oceano de pó...depois no horizonte imensodesertos... desertos só... [...]

dança a lúgubre corte

senhor deus dos desgraçados!dizei-me vós, senhor deus!se eu deliro... ou se é verdadetanto horror perante os céus...Ó mar, por que não apagasco’a esponja de tuas vagasdo teu manto este borrão?...astros! noite! tempestades!rolai das imensidades!varrei os mares, tufão! ...

existe um povo que a bandeira emprestap’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...e deixa-a transformar-se nessa festaem manto impuro de bacante fria!...meu deus! meu deus! mas que bandeira é esta,Que impudente na gávea tripudia?...silêncio... musa! chora, chora tantoQue o pavilhão se lave no teu pranto! ...auri-verde pendão de minha terra,Que a brisa do brasil beija e balança,

Sandro Boticelli

Johann Moritz Rugendas 1830 / Biblioteca Nacion

Alabanoz Lieutenant Francis M.

o nascimento de vênus

navio negreiro

visão do deck do navio escravo

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unidade 03 | capítulo 1 | poesia romÂntica 47

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estandarte que a luz do sol encerrae as promessas divinas da esperança...tu, que da liberdade após a guerraFoste hasteado dos heróis na lança,antes te houvessem roto na batalha,Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!...extingue nesta hora o brigue imundoo trilho que colombo abriu na vaga,como um íris no pélago profundo!......mas é infâmia demais! ... da etérea plagalevantai-vos, heróis do novo mundo...andrada! arranca esse pendão dos ares!colombo! fecha a porta dos teus mares!

CASTRO ALVES, Antônio. Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1972. Fragmento.

Leitura

Mais do que ser lida, uma poesia deve ser declamada, transmitindo a quem ouve a emoção e o ritmo que o poeta colocou no texto. Organizem um jogral para fazer a leitura desses textos poéticos. Cada grupo lerá um ou mais versos. Fiquem atentos à entonação, para que a declamação seja compreendida pelos ouvintes.

discussão de idéias

1. Otextopoéticoéumaleituraqueagradaavocê?Justifiquesuaresposta.

2. Os dois poemas apresentados têm temáticas diferentes. Qual mais lhe agradou e por quê?

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Produção

1. Escolha um dos dois poemas e, considerando o assunto de cada um, reescreva-o trocando o gênero textual, isto é, escreva em forma de prosa narrativa em 1ª pessoa, inserindo discurso direto ou indireto. Procure usar uma linguagem menos rebuscada e mais acessível. Altere o títuloseacharconvenientee,aofinalizar,façaarevisãodeseutextodeformacriteriosa:

verifique a divisão dos parágrafos, considerando a estrutura: introdução, desenvolvimento•(conflito)edesfecho;fiqueatentoàrepetiçãodetermosoudepalavras,eliminando-osousubstituindo-osquando•possível;verifique se os verbos foram empregados de acordo com as pessoas do discurso,•considerando o singular e o plural;verifiqueseapontuaçãododiscursodiretofoiempregadacorretamente;•observe se o título está adequado e dentro do contexto;•verifiqueseofoconarrativofoiseguidoemtodososmomentos.•

Após revisar e passar o texto a limpo, combinem, juntamente com o professor, um momento para leitura e apreciação dos textos.

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unidade 04 | capítulo 2 | o homem nu 49

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CaPÍTuLO 02O homem nu

O Homem nu

ao acordar, disse para a mulher:– Escuta, minha fi lha: hoje é dia de pagar prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.

mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.– explique isso ao homem – ponderou a mulher.– não gosto dessas coisas. dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações.

Escuta: quando ele vier, a gente fi ca quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. deixa ele bater até cansar – amanhã eu pago.

O Homem nu

– Escuta, minha fi lha: hoje é dia de pagar prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.

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línGua portuGuesa 9.° ano | livro 150

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pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao

banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. enquanto

esperava, resolveu fazer um café. pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. como estivesse

completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o

mármore do parapeito. ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, fi cou à espera, olhando ansiosamente ao redor. ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. bateu com o nó dos dedos:

– maria! abre aí, maria. sou eu – chamou, em voz baixa.Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os

andares... desta vez, era o homem da televisão!não era. refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a

porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:– maria, por favor! sou eu!desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo...

tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.

mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.– ah, isso é que não! – fez o homem nu, sobressaltado. e agora? alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser

algum vizinho conhecido... percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado regime de terror!

– isso é que não – repetiu, furioso.Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou

fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. depois, experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: “Emergência: parar”. Muito bem. e agora? iria subir ou descer? com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. o elevador subiu.

– maria! abre esta porta! – gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. ouviu que outra porta se abria atrás de si.

voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. era a velha do apartamento vizinho:

– bom dia, minha senhora – disse ele, confuso. – imagine que eu...a velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:Ó- valha-me deus! o padeiro está nu!e correu ao telefone para a chamar a radiopatrulha:– tem um homem pelado aqui na porta!outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:

esperava, resolveu fazer um café. pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. como estivesse

completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o

mármore do parapeito. ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, fi cou à espera, olhando ansiosamente ao redor. ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. bateu com o nó dos dedos:

– maria! abre aí, maria. sou eu – chamou, em voz baixa.Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os

andares... desta vez, era o homem da televisão!não era. refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a

porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:– maria, por favor! sou eu!desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo...

tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.

mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.– ah, isso é que não! – fez o homem nu, sobressaltado. e agora? alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser

algum vizinho conhecido... percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado regime de terror!

– isso é que não – repetiu, furioso.Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou

pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao

banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. enquanto

esperava, resolveu fazer um café. pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. como estivesse

completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o

mármore do parapeito. ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.

Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, fi cou à espera, olhando ansiosamente ao redor. ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. bateu com o nó dos dedos:

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Mac Comunicação e Produção / Divulgação

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unidade 04 | capítulo 1 | o homem nu 51

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– É um tarado!– olha, que horror!– Não olha não! Já pra dentro, minha fi lha!Maria, a esposa do infeliz, abriu fi nalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e

vestiu-se precipitadamente, sem nem lembrar do banho. poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.

- deve ser a polícia – disse ele, ainda ofegante, indo abrir.não era: era o cobrador da televisão.

SABINO, Fernando. O homem nu. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, p.65

as idéias do texto

1. Observeumsignificadode“conto”,queaparecenodicionárioHouaissdaLínguaPortuguesa:in:

http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=conto&stype=k

“Narrativa breve e concisa, contendo um só confl ito, uma única ação (com espaço ger. limitado a um ambiente), unidade de tempo, e número restrito de personagens”

Expliqueporqueotexto“Ohomemnu”podeserclassificadocomo“conto”.

– Não olha não! Já pra dentro, minha fi lha!Maria, a esposa do infeliz, abriu fi nalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e

vestiu-se precipitadamente, sem nem lembrar do banho. poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.

- deve ser a polícia – disse ele, ainda ofegante, indo abrir.não era: era o cobrador da televisão.

SABINO, Fernando. O homem nu. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960, p.65

as idéias do texto

1. Observeumsignificadode“conto”,queaparecenodicionárioHouaissdaLínguaPortuguesa:in:

http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=conto&stype=k

“Narrativa breve e concisa, contendo um só confl ito, uma única ação (com espaço ger. limitado a um ambiente), unidade de tempo, e número restrito de personagens”

Expliqueporqueotexto“Ohomemnu”podeserclassificadocomo“conto”.

– É um tarado!– olha, que horror!– Não olha não! Já pra dentro, minha fi lha!Maria, a esposa do infeliz, abriu fi nalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e

vestiu-se precipitadamente, sem nem lembrar do banho. poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora,

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Mac Comunicação e Produção / Divulgação

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LITERATURALLITERATURA

TERATURALITERATURA

LITERATU-

LITERATURA

HUMANISMO

Carlos Straccia, Maria Fernandes e Naiara RaggiottiLITERATURAL

Folha_Rosto_Fasc3.indd 17 9/11/2009 14:12:04

Page 79: Portifolio Livros Didaticos

LITERATURALITERATU-

LITERATURA

LITERATU-LITERATURA

LITERATURA

LITERATURA

Humanismo ............................................................... 1

Ponto de partida ........................................................ 2

O Humanismo: O homem no centro do mundo ................... 4

O Humanismo em Portugal ............................................ 4

A historiografi a de Fernão Lopes ..................................... 4

A poesia palaciana ...................................................... 7

O teatro de Gil Vicente ................................................ 9

Exercitando ............................................................. 12

Para ir além ............................................................. 16

LITERATURA

LITERATURA

LITERATU-LITERATURA

LITERATURA

LITERATURA

LITERATURA

AUTORIA

Carlos Straccia - Formado em • Letras pela Universidade de São Paulo. Doutor em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Professor da área de Língua Portuguesa (Ensino Médio) e de Comunicação (Ensino superior).

Maria Fernandes − Licenciada • em Letras e Pedagogia pela USP – Uni-versidade de São Paulo. Especialista em Alfabetização e Ensino de Línguas em Buenos Aires. Especialista em Piscolo-gia Histórico - Cultural na Universidade Complutense de Madrid.

Naiara Raggiotti − Autora de • livros infantis, didáticos e paradidáticos e editora. Bacharelada em Comunicação Social com habilitação em Editoração pela ECA-USP. Coordenadora editorial de obras literárias de referência em Língua Portuguesa

DIRETORIA EXECUTIVA

COORDENAÇÃO EDITORIAL

REVISÃO

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA

PROJETO GRÁFICO

PREPARAÇÃO E REVISÃO DE TEXTO

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

ILUSTRAÇÃO

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Professora Angela Christina Souza AlvesIrmã Bernadette Marsaro, OSF

Irmã Hermengarda Martins, RSCJIrmão Manoel Alves, FMS - Presidente

Irmã Marlene Frinhani, CDPIrmã Olmira Dassoler, SSpS

Professor Ricardo Alencar Ribeiro

Maria Regina de Araújo Lima Veado

Luciana Pagani Montenegro

Pax Editora

Hélio Martins

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Pax Editora Ltda.Avenida do Contorno, 6321 – 10.º andar Savassi – Belo Horizonte – Minas Gerais

CEP: 30110-110

Ficha Catalográfica

Straccia, Carlos Humanismo/Carlos Straccia, Maria Fernandes e Naiara Raggiotti. Belo Horizonte: PAX Editora, 2010. ISBN 978-85-7938-184-31. Humanismo (Literatura) 2. Literatura (Ensino médio) I. Fernandes, Maria. II. Raggiotti, Naiara. III. Título.09-11416 CDD-807

Índices para catálogo sistemático:1. Literatura : Ensino médio 807

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Representação plana do sistema de Copérnico feita pelo cartógrafo do século XVII

Andreas Cellarius (1596-1665). Nicolau Copérnico (1473-1543) ousou afi rmar que

a Terra girava em torno do Sol, ao contrário do que se acreditava até então. A

mentalidade medieval começava a ceder espaço ao pensamento renascentista.

Representação plana do sistema de Copérnico feita pelo cartógrafo do século XVII

HUMANISMO

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ática do Ensino Médio

Artigo e Num

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PONTO DE PARTIDA

O período humanista corresponde, historicamente, ao fi nal da Idade Média e início da Idade Moderna. Com o crescimento das cidades e o fortalecimento do comércio, o rígido sistema feudal havia enfraquecido. A sociedade, antes formada por nobreza, clero e servos, tinha ganhado agora uma nova classe social: a burguesia, composta por artesãos e comerciantes.

Aos poucos, os servos se tornavam livres, os senhores feudais perdiam suas terras e o rei ― fi gura simbólica durante a Idade Média ― recuperava seu poder, aliando-se aos burgueses. Com tanto progresso, o homem percebia que, mesmo temente a Deus, podia caminhar com as próprias pernas, ir em busca de si mesmo e de novas descobertas.

É nessa época que se iniciam as Grandes Navegações. Inicialmente patrocinadas por Portugal e Espanha, tinham como objetivo ampliar a rede de comércio e conquistar novos territórios. Com essa mentalidade, iniciava-se um longo processo de mudanças econômicas, sociais e religiosas. A Igreja, mesmo contrária ao pensamento antropocêntrico, via nas grandes navegações uma oportunidade para conquistar novos fi éis.

A curiosidade humana aliada a lendas, mitos e re-latos ― como as histórias de Marco Polo ― que pas-saram a povoar o imaginário popular aguçavam o espírito aventureiro e ambicioso dos navegantes. O progresso estimulava a criatividade e as invenções. Inúmeros instrumentos foram aperfeiçoados ou cria-dos, como o astrolábio, a bússola e os mapas. O de-senvolvimento da imprensa (1452), acelerado por Gutenberg (c. 1400-1468), contribuiu para a divul-gação dos estudos humanistas e dos conhecimentos que, aos poucos, o homem conquistava.

No contexto histórico português, o Humanismo corresponde ao conturbado século XV. A Revolução Popular de 1383 tinha acabado de derrubar a dinastia de Borgonha e levar ao trono a dinastia de Avis, na fi gura de D. João I, grão-mestre da ordem de Avis. D. João I era conhecido como um rei culto e empreendendor. Graças a ele, a expansão ultramarina de Portugal ganhava impulso.

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QUEM FOI…MARCO POLO (1254-1324)

Aos 15 anos, partiu com o pai e o tio rumo

à Ásia. Passou 24 anos viajando, 17 deles a

serviço de Klublai Khan, imperador mongol.

Conheceu a China, o Afeganistão, o Tibete, a

Turquia e muitos outros territórios. Ao voltar

para Veneza, escreveu um livro, As viagens

de Marco Polo, contando suas peripécias e

descrevendo os lugares e as culturas que

conheceu. Há, porém, controvérsias sobre

a veracidade de seus relatos. Para alguns

estudiosos, ele não teria visitado todos

esses lugares, e boa parte de suas histórias

teriam sido contadas por outros viajantes.

QUEM FOI… JOHANNES GUTENBERG (c. 1400-1468)

Pouco se sabe sobre a vida de Gutenberg. Nasceu entre 1393 e 1405 na cidade de Mogúncia (Alemanha) e é considerado o inventor dos tipos móveis de chumbo fundido, que substituíram os tipos de madeira usados na época. Mais resistentes, os tipos de metal podiam ser reutilizados e permitiram a produção em massa de livros no Ocidente. A Bíblia foi o primeiro livro impresso por Gutenberg, um processo que teve início em 1450 e só se concretizou cerca de quatro anos mais tarde.

QUEM FOI…MARCO POLO (1254-1324)

QUEM FOI… JOHANNES GUTENBERG (c. 1400-1468)

Reprodução

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Leonardo Da Vinci

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ática do Ensino Médio

Artigo e Num

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O HUMANISMO: O HOMEM NO CENTRO DO MUNDO

MOMENTO LITERÁRIO

O Humanismo nasceu na Itália, no fi nal do século XIII. Em oposição à mentalidade feudal, foi um movimento caracterizado por valorizar a conduta humana, os valores racionais e mundanos. Se Deus e a Igreja eram o centro do Universo durante toda a Idade Média, o Humanismo agora subverte essa ordem, elevando o homem à posição de centro do mundo.

Da mesma forma, a literatura passa a os-cilar entre a preserva-ção de valores medievais e a exaltação de novos valores e costumes. Se, durante a Idade Média, a literatura trovadoresca se caracterizava pela ora-lidade, a partir do Humanismo a língua literária escrita se desenvolve, e o galego-português dá lu-gar à língua portuguesa.

O HUMANISMO EM PORTUGALPara a literatura portuguesa, o período conhecido como Humanismo se inicia em 1418, quando Dom Duarte nomeia Fernão Lopes para as funções de guarda-mor da Torre do Tombo, e termina em 1527, quando Sá de Miranda, ao retornar da Itália, traz na bagagem a nova estética clássica, que transformaria a literatura portuguesa.

Didaticamente, pode-se dividir a produção humanista portuguesa em:

Prosa: crônicas históricas de Fernão Lopes•

Poesia: poesia palaciana•

Teatro: dramaturgia de Gil Vicente•

A HISTORIOGRAFIA DE FERNÃO LOPESPouco se sabe a respeito da vida de Fernão Lopes. É provável que tenha nascido em 1380 e falecido em 1460. Escrivão, ocupou cargos públicos de confi ança antes de ser nomeado guarda-mor da Torre da Tombo (em linguagem atual, chefe do arquivo geral do Estado). Em 1434, Fernão Lopes foi promovido por Dom Duarte ao cargo de cronista-mor do reino, encarregado de contar, por escrito e ofi cialmente, a história dos reis de

Portugal. Exerceu o cargo até 1454, quando foi substituído por Gomes Eanes de Zurara (ou Azurara).

Ainda em português arcaico, Fernão Lopes descreve em detalhes a vida na corte e acaba por revelar a mentalidade, os usos e costumes da sociedade portuguesa. Apesar da tarefa burocrática de contar os feitos e a vida de reis, as crônicas de Fernão Lopes são dinâmicas, com momentos de tensão, cortes e diálogos com o leitor e entre os personagens.

De forma simples e bem documentada, é provável que tenha escrito crônicas de todos os reis de sua época, mas chegaram até nós apenas três delas, que puderem ter a autenticidade confi rmada. São elas:

Crônica de D. Pedro • ― Traça o perfi l psicológico de D. Pedro e fi cou famosa por narrar os episódios sobre Inês de Castro.

Crônica de D. Fernando • ― Reconstitui o reinado de D. Fernando e se estende até a Revolução de Avis.

Crônica de D. João I • ― Considerada a obra-prima de Fernão Lopes, descreve um dos períodos mais conturbados da história de Portugal.

Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci

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FIQUE ATENTO!

A palavra “crônica”, nesse caso, tem sentido diferente do que hoje lhe atribuímos. Na Idade Média, “crônica” era o nome que se dava à narração dos feitos da nobreza ou de fatos históricos apresentados segundo uma ordem cronológica. A partir do século XIX, grandes escritores passaram a usá-la para refl etir sobre temas da vida política, social e cotidiana. Por isso, atualmente,o termo “crônica” defi ne um gênero literário breve, em geral narrativo, cuja trama e motivos são extraídos de fatos corriqueiros.

VOCÊ SABIA?

A Torre do Tombo é o nome do arquivo central do Estado Português há mais de seiscentos

anos. Fernão Lopes foi o quarto guarda-mor, ou seja, diretor do arquivo, hoje ofi cialmente

denominado Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo.

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ática do Ensino Médio

Artigo e Num

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Crônica de D. Pedro

Em três cousas, assinadamente, achamos, pela mor parte, que el-Rei D. Pedro de Portugal gastava seu tempo. A saber: em fazer justiça e desembargos do Reino; em monte e caça, de que era mui querençoso; e em danças e festas segundo aquele tempo, em que tomava grande sabor, que adur é agora para ser crido. E estas danças eram a som de umas longas que então usavam, sem curando de outro instrumento, posto que o aí houvesse; e se alguma vez lho queriam tanger, longo se enfadava dele e dizia que o dessem ao demo, e que lhe chamassem os trombeiros.

Ora deixemos os jogos e festas que el-Rei ordenava por desenfadamento, nas quais, de dia e de noite, andava dançando por mui grande espaço; mas vede se era bem saboroso jogo. Vinha el-Rei em batéis de Almada para Lisboa, e saíam-no a receber cidadãos, e todos os dos mesteres, com danças e trebelhos, segundo então usavam, e ele saía dos batéis, e metia-se na dança com eles, e assim ia até o paço.

GLOSSÁRIOAssinadamente ― notadamente.Querençoso ― apreciador.Adur ― apenas.Longas ― trombetas.Mesteres ― ofícios.Trebelhos ― jogos, bailados.

VOCÊ SABIA?

O personagem D. Pedro da crônica de Fernão Lopes é fi lho de Afonso IV, ou seja, o mesmo que

se apaixonou por Inês de Castro, romance narrado em Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões. O pai

de D. Pedro não aceitava o romance e, por isso, mandou matar Inês. Enfurecido e indignado,

D. Pedro, já no trono, aprisionou os assassinos e ordenou que fossem executados. Esse ato

desesperado rendeu a D. Pedro os apelidos de “O Justiceiro”, “O Cruel” e “O Vingativo”. Mas

nada parecia ser capaz de diminuir a dor do rei apaixonado. Diz a lenda que ele teria coroado

Inês depois de morta, obrigando os nobres a beijar a mão do cadáver; daí o surgimento do

ditado popular: “Agora Inês é morta”.

PARA LER E DISCUTIR

Quem é o protagonista do texto? 1.

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A primeira peça de Gil Vicente, o célebre Monólogo do vaqueiro, foi encenada em 1502. Também conhecida como Auto da visitação, marca o início da carreira teatral do dramaturgo, que começaria de forma inusitada. Dona Maria de Castela havia acabado de dar à luz o futuro D. João III e Gil Vicente viu ali a sua oportunidade. Vestido de camponês e acompanhado de alguns fi gurantes, invadiu os aposentos da rainha e recitou seu auto. Escrita em castelhano, a peça expressava a alegria pelo nascimento do herdeiro do trono e desejava-lhe felicidades. A corte gostou da apresentação e, a partir desse momento, Gil Vicente passou a contar com a proteção real, que se estendeu pelos seus mais de trinta anos de carreira.

Embora preso às tradições medievais e aos temas didático-moralizantes, o teatro de Gil Vicente procurou vasculhar as entranhas da sociedade com humor e senso crítico, criando tipos sociais que, mesmo planos e sem profundidade psicológica do ponto de vista teatral, conseguiam trazer à tona os valores da época, oferecendo um retrato fi el da sociedade de seu tempo e antecipando aspectos renascentistas, como a aguda capacidade de observação e o espírito crítico.

Existem muitas formas de classifi car as peças de Gil Vicente, mas, de modo geral, pode-se dividi-las em dois grupos:

Autos — Tratam de temas religiosos e moralizantes ou pastoris. É o caso do Auto dos reis magos (1503), do Auto da fé e da famosa Trilogia das barcas: Auto da barca do inferno, Auto da alma e Auto da glória.

Farsas — De caráter cômico, apresentam um ou mais tipos sociais. A Farsa do velho da horta e a Farsa de Inês Pereira são as mais conhecidas.

GALERIA DE PERSONAGENS VICENTINOS O teatro de Gil Vicente era popular, quase sempre satírico e moralizante. Para isso, ele buscava criar personagens típicos, sociais ou alegóricos. Veja alguns exemplos.

Tipo sociais ― extraídos do cotidiano, são estereo-tipados, como o fi dalgo, o rei, o clérigo, o burguês comerciante, o médico incompetente, a mulher adúltera, a moça casamenteira, o nobre decadente, o velho devasso, o parvo, o juiz desonesto, etc.

Tipos alegóricos ― a alegoria é uma fi gura de linguagem caracterizada por representar de forma concreta ideias abstratas. No teatro vicentino, os principais personagens alegóricos são o Anjo e o Diabo, que, de acordo com o imaginário popular, simbolizam o Bem e o Mal.

O TEATRO DE GIL VICENTE

Durante a Idade Média, as representações cênicas estavam vinculadas às cerimônias religiosas católicas e aconteciam dentro das igrejas, por ocasião de datas importantes, como o Natal, a Páscoa, etc.

Essas representações nasciam da dramatização de textos bíblicos e tinham, portanto, um objetivo moral: eram feitas para ensinar ou reforçar as ideias e os dogmas católicos.

Entre as principais modalidades cênicas da Idade Média, estavam os mistérios, os milagres e as moralidades. Os mistérios encenavam episódios da Bíblia ou da história de Cristo; os milagres tinham por função contar a vida de santos e seus feitos milagrosos; já as moralidades se inspiravam nas Sagradas Escrituras, mas não as utilizavam diretamente. Com claro simbolismo moral, apresentavam personagens pecadores, às voltas com questões que os afl igiam e os levavam a sofrer terríveis punições, alertando os espectadores sobre os perigos do mal. Com o tempo, os espetáculos passaram a tratar também de temas não religiosos. Nasceram assim as farsas, peças satíricas que divertiam o público. As peças medievais também eram chamadas de autos.

Gil Vicente, porém, parece ter se destacado na produção dramatúrgica medieval, passando para a história como o “criador do teatro português”. Pouco se sabe a respeito de sua biografi a. Alguns estudiosos acreditam que ele tenha nascido em 1465 e falecido em 1537.

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MAIS VALE UM ASNO QUE ME CARREGUE QUE UM CAVALO QUE ME DERRUBE…Bastou esse ditado popular para que Gil Vicente concebesse a Farsa de Inês Pereira. Acusado de plagiar peças do teatro espanhol, o dramaturgo propôs um desafi o, pedindo que lhe dessem apenas um mote, um tema, e ele escreveria uma peça sobre isso. E assim nasceu a farsa em que a protagonista, Inês Pereira, jovem esperta que sonha com a boa vida e um bom casamento. Rejeita o primeiro pretendente, Pero Marques, que, apesar da boa condição fi nanceira, é grosseiro e simplório. Acaba se casando então com Brás da Mata, escudeiro de índole má que a maltrata. Quando Brás da Mata morre na guerra, a viúva não pensa duas vezes e aceita casar-se com o antigo pretendente, Pero Marques, e o trai descaradamente, fazendo o ingênuo marido levá-la até o encontro de seu amante, justifi cando o ditado “Mais vale um asno que me carregue que um cavalo que me derrube”.

CRONOLOGIA DAS PEÇAS DE GIL VICENTE

1502

Auto da visitação ou monólogo do vaqueiro

1512

Farsa do velho da horta

1517

Auto da barca do inferno

1518

Auto da

barca do

purgatório

1519

Auto da

barca da

glória

1532

Auto da Lusitânia

1523

Farsa de Inês Pereira

1520

Auto da fama

1515

Quem tem farelos? Auto da Mofi na Mendes (Mistérios da

Virgem)

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LÍNGUA

LÍNGUAPORTUGUESA

PORTUGUESA

LÍNGUAPORTUGUE-

PORTU-

LÍNGUA

LÍNGUA NOSSA DE CADA DIA

Carlos Straccia, Maria Fernandes e Naiara Raggiotti

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LÍNGUA LÍNGUAPORTUGUESA

LÍNGUAPORTUGUESA

PORTUGUESA

LÍNGUA

LÍNGUA PORTUGUESA

PORTUGUESA

LÍNGUAPORTUGUESA

LÍNGUAPORTUGUESA

LÍNGUAPORTUGUESA

PORTUGUESA

AUTORIA

CAPÍTULO 1 – COMUNICAÇÃO ........................................ 1

CAPÍTULO 2 – CÓDIGOS ................................................ 7

CAPÍTULO 3 – NÍVEIS DE LINGUAGEM .............................. 13

CAPÍTULO 4 – GRAMÁTICA ............................................ 27

Carlos Straccia – Formado em • Letras pela Universidade de São Paulo. Doutor em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Professor da área de Língua Portuguesa (Ensino Médio) e de Comunicação (Ensino superior).

Maria Fernandes – Licenciada • em Letras e Pedagogia pela USP – Uni-versidade de São Paulo. Especialista em Alfabetização e Ensino de Línguas em Buenos Aires. Especialização em Pisco-logia Histórico - Cultural na Universida-de Complutense de Madrid.

Naiara Raggiotti – Autora de • livros infantis, didáticos e paradidáticos e editora. Bacharel em Comunicação social com habilitação em editoração pela ECA-USP. Atua como coordenadora editorial de obras literárias de referência em Língua Portuguesa.

DIRETORIA EXECUTIVA

COORDENAÇÃO EDITORIAL

REVISÃO

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA

PROJETO GRÁFICO

PREPARAÇÃO E REVISÃO DE TEXTO

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

ILUSTRAÇÃO

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Professora Angela Christina Souza AlvesIrmã Bernadette Marsaro, OSF

Irmã Hermengarda Martins, RSCJIrmão Manoel Alves, FMS - Presidente

Irmã Marlene Frinhani, CDPIrmã Olmira Dassoler, SSpS

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Ficha Catalográfica

Straccia, CarlosLíngua nossa de cada dia / Carlos Stracia, Maria Fernandes, Naiara Raggiotti.Belo Horizonte: PAX Editora, 2010.. ISBN 978-85-7938-185-01. Português (Ensino médio)I. Fernandes, Maria. II. Raggiotti, Naiara. III. Título.

09-10912 CDD-469.07Índices para catálogo sistemático:1. Português : Ensino médio 469.07

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As diferentes linguagens de época, em cada lugar

CAPÍTULO 3nÍVEIS DE LInGUAGEM

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Page 91: Portifolio Livros Didaticos

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íveis de linguagem

14

A língua tem um lado individual, isto é, cada pessoa usa-a numa situação de comunicação, e tem um lado social, porque pertence a todas as pessoas ao mesmo tempo.

SITUAÇÕES DE COMUnICAÇÃO

aula de História• carta ao prefeito da cidade• conversa entre duas crianças• receita de doce• reportagem sobre clonagem de seres humanos•

Cada pessoa utiliza a língua de uma forma diferente, dependendo da situação, do grupo social a que pertence.

Às variações de uma língua de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que ela é utilizada, damos o nome de variantes linguísticas. A variante é considerada adequada se for efi ciente para a comunicação, naquela determinada situação.

― Você tem o jogo RIDGE RACE 6?

― não. Já cansei de pedir, mas meu pai ainda não comprou. Disse que agora não tem dinheiro. É legal?

― É demais! Quer emprestado? Só que você precisa me devolver até sábado.

― Vem lá em casa jogar comigo?

― Tá legal! Amanhã depois da aula!

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Leia os textos e identifi que as situações de comunicação.1.

Texto 1•

REFLEXÃO

APLICAÇÃO

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Porto Feliz, 05 de setembro de 2008.

Excelentíssimo Senhor Prefeito

Doutor Everaldo Martins Saulo

Os alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Versátil vêm, por

meio desta, solicitar uma audiência com Vossa Excelência, com o objetivo

de apresentar um Plano de Ação Comunitária para melhorar o atendimento

à saúde da população do Bairro Grande Represa.

Contamos desde já com sua atenção e aguardamos contato para marcar

data e horário.

Atenciosamente,

Colégio Versátil

Rua das Amoreiras, 275, Bairro Grande Represa

Porto Feliz, Tocantins

CEP – 05671-000

Texto 2•

GENÉTICA – O PRÓXIMO!GENÉTICA – O PRÓXIMO!GENÉTICA – O PRÓXIMO!

Grupo de pesquisadores rejeita alertas, menospreza riscos e afi rma que iniciará em novembro Grupo de pesquisadores rejeita alertas, menospreza riscos e afi rma que iniciará em novembro uma experiência com 200 mulheres para produzir o primeiro clone humano.

Começou a contagem regressiva para a mais ousada, arriscada e polêmica experiência Começou a contagem regressiva para a mais ousada, arriscada e polêmica experiência biológica de todos os tempos. Anuncia-se agora a produção por clonagem de um ser humano biológica de todos os tempos. Anuncia-se agora a produção por clonagem de um ser humano em laboratório. Na semana passada, o médico italiano Severino Antinori e seus associados em laboratório. Na semana passada, o médico italiano Severino Antinori e seus associados afi rmaram durante uma reunião na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em afi rmaram durante uma reunião na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em Washington, que a primeira clonagem humana tem início em novembro. Duas centenas de Washington, que a primeira clonagem humana tem início em novembro. Duas centenas de voluntárias já contratadas terão implantados no útero embriões produzidos artifi cialmente voluntárias já contratadas terão implantados no útero embriões produzidos artifi cialmente por um método que só há poucos anos vem sendo tentado em animais, com resultados por um método que só há poucos anos vem sendo tentado em animais, com resultados estatisticamente desencorajadores. Mesmo assim, o italiano vai tentar produzir a cópia estatisticamente desencorajadores. Mesmo assim, o italiano vai tentar produzir a cópia idêntica de uma pessoa a partir de uma célula comum retirada da pele. Depois do anúncio, a idêntica de uma pessoa a partir de uma célula comum retirada da pele. Depois do anúncio, a França e a Alemanha pediram à ONU que inicie imediatamente um diálogo mundial para banir França e a Alemanha pediram à ONU que inicie imediatamente um diálogo mundial para banir a clonagem de seres humanos.

VEJA. São Paulo: Abr. 15 ago. 2001. (Fragmento)VEJA. São Paulo: Abr. 15 ago. 2001. (Fragmento)

Texto 3•

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Page 93: Portifolio Livros Didaticos

Língua nossa de cada dia n

íveis de linguagem

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O último elo

O Homo sapiens, surgido entre 400 mil e 100 mil anos atrás é um dos últimos elos da corrente da espécie a qual todos nós

pertencemos. Suas origens ainda não estão totalmente explicadas. Uma das teorias afi rma que os seres humanos modernos (Homo sapiens) evoluíram ao mesmo tempo a

partir de populações primitivas da África, Ásia e Europa, misturando-se uns aos outros geneticamente.

Texto 4•

Torta do Leo

Ingredientes

10 colheres de farinha de trigo

10 colheres de açúcar

1 colher de fermento em pó

1 dúzia de bananas cortadas em rodelas

3 colheres de margarina derretida

3 gemas de ovos

canela

Modo de fazer

Misture a farinha de trigo, o açúcar e o fermento. Separe em partes. Numa forma desmontável, espalhe a primeira camada da mistura. A seguir, uma camada de banana. Coloque um pouco de manteiga derretida e polvilhe com canela.

Faça uma segunda camada na mesma ordem, e assim sucessivamente, até atingir a última camada. Espalhe os ovos batidos sobre ela e polvilhe com mais canela. Leve ao forno médio por aproximadamente uma hora.

Texto 5•

1616

O Homo sapiensum dos últimos elos da corrente da espécie a qual todos nós

pertencemos. Suas origens ainda não estão totalmente explicadas. Uma das teorias afi rma que os seres humanos modernos (

partir de populações primitivas da África, Ásia e Europa, misturando-se uns aos outros geneticamente.

Texto 5•

Luciano Dias

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1 dúzia de bananas cortadas em rodelas1 dúzia de bananas cortadas em rodelas

Luciano Dias

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Page 94: Portifolio Livros Didaticos

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Formal ou informal, escrita ou falada. A língua portuguesa se manifesta de maneira diferente nas várias regiões do 2. país. São os falares regionais ou dialetos. Um gaúcho utiliza vocabulário e expressões diferentes de um nordestino ou amazonense.

A seguir, você tem textos de várias regiões do Brasil. Identifi que a região, com base em seu conhecimento das

várias culturas do nosso país. Se for necessário, consulte seu professor.

Segundo os defensores dessa corrente, isso se justifi ca pelo fato de que, em determinadas regiões, populações humanas modernas possuem algumas estruturas anatômicas semelhantes a populações de Homo erectus que ali viveram no passado.

Uma outra hipótese sustenta que uma pequena população relativamente isolada de seres humanos primitivos da África evoluiu até o Homo sapiens moderno e de lá se espalhou pela Europa, Ásia e restante do continente africano, desalojando as populações humanas primitivas que encontrava em seu caminho. Os cientistas defendem suas ideias baseando-se na análise do DNA de células de seres humanos de diferentes localidades do planeta.

Disponível em: http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u60.jhtm (Fragmento). Acesso em: 08 dez. 2008.

Trecho 1

Manha-Nungara(Waldemar Henrique)

Do alto palmar d’uma juçara

Vem o triste piar da iumara

Os tajás pelos terreiro estão chorando

E no rio, resfolegando

O boto-branco boiou

Sentada na rede, cunha está rezando

A reza que Manha-Nungara ensinou...

Disponível em: http://cifrantigan2.blogspot.com/2006/12/manha-nungara.html Acesso em: 08 dez. 2008.

Stock.xchng / MD Fotos / Rodrigues Bozzebom - ABr

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Page 95: Portifolio Livros Didaticos

Língua nossa de cada dia n

íveis de linguagem

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Chitãozinho e chororó

Eu não troco o meu ranchinho marradinho de cipó

Pruma casa na cidade, nem que seja bangaló

Eu moro lá no deserto, sem vizinho eu vivo só

Só me alegra quando pia lá praquele escafundó

É o inhambuchitão e o chororó, é o inhambuchitão e o chororó

SERRInHA; CAMPOS, Athos.Inezita Barroso (Int.)

Brasil de bombacha

(Ângelo Marques/ Ricardo Marques/ Léo Ribeiro de Souza)

Mate quente ou mate gelado

Chimarrão ou então tererê

Os costumes vão sendo mesclados

Num país com sotaque tchê

Quando bate a saudade Daninha

Nos gaudérios tão longe de casa

A cordeona resmunga num rancho

E o churrasco respinga na brasa

MARQUES, Ângelo; MARQUES, Ricardo;SOUZA, Leo Ribeiro.

Pra gente aqui sê poeta

e fazê rima compreta

não precisa professô;

basta vê no mês de maio

um poema em cada gaio

e um verso em cad fulo...

In: BAGnO, Marcos A língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997. (Fragmento)

Trecho 2

Trecho 3

Trecho 4

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BIOLOGIA BIOLOGIABIOLOGIA

BIOLOGIABIOLOGIABIOLOGIA

BIOLOGIA

REVISIONAL - DAS CÉLULAS AOS SISTEMAS

Marília Dias Lages e Maria de Fátima Lages Ferreira

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BIOLOGIA

BIOLOGIA

BIOLOGIA

BIOLOGIA BIOLOGIABIOLOGIA

BIOLOGIA

BIOLOGIAAUTORIA

Marília Dias Lages• Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, pela

Universidade Federal de Minas Gerais.• Especialização em Gestão Ambiental, pela Pontifícia Uni-

versidade Católica de Minas Gerais.

Maria de Fátima Lages Ferreira• Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, pela

Universidade Federal de Minas Gerais.• Especialização em Educação Ambiental, pelo CEPEMG.• Mestrado em Ciência da Educação, pelo ISPEJV em Ha-

vana / Cuba.• Especialização em Orientação e Supervisão Educacional,

pelo CEPEMG.

CAPÍTULO 1: BIOQUÍMICA CELULAR

Água e minerais ................................................................2

Carboidratos, lipídios e proteínas ...........................................3

Enzimas e ácidos nucleicos ..................................................5

O ATP ........ ................................................................. 10

Fotossíntese ...... ............................................................ 10

Quimiossíntese ...... ........................................................ 11

Respiração celular ...... .................................................... 12

CAPÍTULO 3: FISIOLOGIA HUMANA

Sistema digestório ........................................................... 48

Sistema urinário .............................................................. 48

Sistema cardiovascular ...................................................... 51

Sistema respiratório ...... ................................................. 52

Sistema nervoso .............................................................. 56

Sistema endócrino ........................................................... 58

Órgãos dos sentidos .......................................................... 61

Sistema genital masculino .................................................. 65

Sistema genital feminino .................................................. 65

Referências ................................................................... 71

CAPÍTULO 2: CÉLULAS E TECIDOS

A origem endossimbiôntica ................................................. 18

A célula procariota .......................................................... 18

A célula eucariota............................................................ 19

Membrana citoplasmática .................................................. 20

O citoplasma .................................................................. 26

Núcleo ...... .................................................................. 29

Tecido epitelial .............................................................. 32

Tecido conjuntivo ........................................................... 34

Tecido sanguíneo ............................................................ 36

Tecido muscular .............................................................. 41

Tecido nervoso ............................................................... 42

174b Lages, Marília DiasBiologia: ensino médio / Marília Dias Lages, Maria de Fátima Lages Ferreira.

Belo Horizonte: Pax Editora e Distribuidora, 2009.74p. (Rede Católica de Educação)

1. Biologia: ensino. 2. Ecologia. 3. Genética. I. Ferreira, Maria de Fátima Lages.II. Título. III. Série.

CDU 573574575

BIOLOGIA BIO

DIRETORIA EXECUTIVA

COORDENAÇÃO EDITORIAL

REVISÃO

PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA

PROJETO GRÁFICO

PREPARAÇÃO E REVISÃO DE TEXTO

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

ILUSTRAÇÃO

IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Professora Angela Christina Souza AlvesIrmã Bernadette Marsaro, OSF

Irmã Hermengarda Martins, RSCJIrmão Manoel Alves, FMS - Presidente

Irmã Marlene Frinhani, CDPIrmã Olmira Dassoler, SSpS

Professor Ricardo Alencar Ribeiro

Maria Regina de Araújo Lima Veado

Luciana Pagani Montenegro

Pax Editora

Hélio Martins

Graphia

Idea Info Design

Idea Info Design

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total e parcial.

Pax Editora Ltda.Avenida do Contorno, 6321 – 10.º andar Savassi – Belo Horizonte – Minas Gerais

CEP: 30110-110

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caPÍtulo 2células e teciDos

“assim acontece a toda criatura, desde os homens até os animais.”

(eclesiástico: 40,8)

1. “..desde os homens até os animais” .

os homens, os animais e os demais seres vivos possuem o corpo formado por várias unidades. dENOmINE essa unidade.

2. entre as “criaturas” existentes, uma bactéria e um animal possuem várias diferenças, entre elas o tipo da unidade que os forma. Qual é a principal diferença existente entre essas unidades?

universidade de Wisconsin

tecidos da pele humana

LEVANTANDO HIPÓTESES

AUTO-AVALIANDOPROPONDO ACOES

AVALIANDO O QUE FOI ESTUDADOREVENDO, COMPLEMENTANDO ERESSIGNIFICANDO OS CONCEITOS

APLICANDO E APROFUNDANDO

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a origem da primeira célula a partir da evolução dos sistemas químicos é o que é mais aceito no momento. segundo essa teoria, ela era muito simples, apresentando o material genético disperso no citoplasma, como ocorre com as bactérias e as cianobactérias existentes hoje, ou seja, a primeira célula era procariota.

a hipótese endossimbiôntica explica o surgimento das células mais complexas, as células eucariotas, a partir das procariotas. segundo essa hipótese, no momento que o oxigênio livre surgiu no nosso plane-ta, levou um tempo até que aparecessem os proca-riontes, capazes de aproveitar esse gás e produzir maior quantidade de energia através da respiração celular aeróbia. esses organismos penetraram em procariontes anaeróbios e estabeleceram com eles uma simbiose. os procariontes anaeróbios forneciam proteção ao procarionte aeróbio que neles se ins-talou. Para compensar a proteção, os aeróbios for-neciam energia para a célula hospedeira através da respiração.

outro tipo de simbiose se estabeleceu entre procariontes, capazes de aproveitar o gás carbônico

atmosférico para a produção de alimento, e os procariontes anaeróbios. em troca de proteção, eles forneciam alimento para a célula hospedeira. No decorrer do tempo, as células procariotas anaeróbias passaram a hospedar defi nitivamente os procariontes aeróbios, que originaram as mitocôndrias, e as fotossintetizantes, que originaram os cloroplastos.

Procariontes aeróbios • mitocôndrias

Procariontes fotossintetizantes • cloroplastos

a membrana celular sofreu invaginações que envolveram o material genético, originando o envelope nuclear. a partir daí, surgiram os outros organoides presentes nas células eucariotas.

Hoje, há dois tipos básicos de células: as proca-riotas e as eucariotas.

a cÉlUla pRocaRioTaas células procariotas estão presentes em dois

dos três domínios existentes. o domínio arquea e o domínio Bactéria em ambos, os organismos são unicelulares, com raríssimas exceções (já foram descobertas bactérias multicelulares.

a célula PRocaRiota BacteRiaNa

a célula bacteriana é um exemplo de célula procariota por possuir único cromossomo inserido em meio ao citosol, que constitui a maior parte do citoplasma. o citosol é formado de água e

origem endossimbiõntica

a célula procariota bacteriana

dos sistemas químicos é o que é mais aceito no momento. segundo essa teoria, ela era muito simples, apresentando o material genético disperso no citoplasma, como ocorre com as bactérias e as cianobactérias existentes hoje, ou seja, a primeira

a hipótese endossimbiôntica explica o surgimento das células mais complexas, as células eucariotas, a partir das procariotas. segundo essa hipótese, no momento que o oxigênio livre surgiu no nosso plane-ta, levou um tempo até que aparecessem os proca-riontes, capazes de aproveitar esse gás e produzir maior quantidade de energia através da respiração celular aeróbia. esses organismos penetraram em procariontes anaeróbios e estabeleceram com eles

membrana plasmática

citoplasma

Parede celular

Nuclóide-DNa

flagelo

Pilli

Ribossomo

mesossomo

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dos

proteínas e preenche o citoplasma, onde também se encontra inserido os ribossomos, responsáveis pela síntese de proteínas, sendo este o único organoides presente nesse tipo celular. o citosol pode abrigar um DNa extracromossômico chamado plasmídio, que confere vantagens à bactéria que o possui. envolvendo o citoplasma encontra-se a membrana celular, de constituição lipoproteica, como ocorre em todos os tipos celulares. um segundo envoltório sempre presente é a parede celular, constituída de peptidoglicanos, que envolve a membrana celular. a cápsula pode estar presente em algumas bactérias, localizando-se externamente à parede celular e conferindo à célula uma alta patogenicidade, por aumentar a resistência dessas bactérias, difi cultando a sua destruição. os fl agelos são estruturas de locomoção que aparecem em algumas espécies. o pilli, também chamado fímbria, encontra-se em algumas bactérias, podendo facilitar a adesão destas à célula hospedeira ou, ainda, unir duas bactérias para que ocorra a transferência de material genético, sendo nesse caso denominado pilli sexual.

a cÉlUla eUcaRioTaas células eucariotas estão presentes em um úni-

co domínio, o eucaria. esse domínio inclui organis-mos unicelulares e pluricelulares. os unicelulares são algumas algas, alguns fungos e todos os proto-zoários. os organismos pluricelulares podem ou não apresentar tecidos. estes estão ausentes nas algas e nos fungos e presentes nas plantas e nos animais.

a célula eucaRiota aNimal

estruturacélula animal

célula vegetal

envelope nuclear

cromatina

Nucléolo

membrana celular

Parede celular

citosol

Ribossomos

Retículo e. granular

Retículo e. não granular

complexo golgiense

mitocôndria

Plasmodesmos

Grandes vacúolos

lisossomos

centríolos

cloroplastos

a célula eucaRiota VeGetal

pREENCHa o quadro abaixo com os sinais + para in-dicar presença e o – para indicar ausência.

a célula eucaRiota VeGetal

célula eucariota vegetal

mitocondria cloroplasto

Vascúcio

Ribossomos

Plasmodesmos

complexo gol

membrana plasmática

Parede celular

Parede celular

Peroxissimo

Peroxissimo

Retículo endoplasmático granulloso (rugoso)

célula eucariota animal

Núcleo

envelope nuclearNucléolo

cromatinaPoro

Retículo endoplasmá-tico granular

complexo golgiense

Microfi lamentos

microtúbulosRibossomos

Retículo en-doplasmático não granular

Vacúolos

fibras in-termédias

membrana

mitocôndrias

centríolos

lisossomo

mesossomo

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memBRaNa citoPlasmática

a membrana celular está presente em todos os tipos celulares, envolvendo o citoplasma e separando o meio intracelular do extracelular. é também denominada plasmalema e membrana plasmática.

apresenta-se constituída por uma camada bimolecular de fosfolipídios, na qual há interposição de moléculas proteicas.

o plasmalema se caracteriza por apresentar

permeabilidade seletiva;•

propriedade imunológica;•

capacidade de se regenerar.•

o tRaNsPoRte tRaNsmemBRaNa

o transporte através da membrana pode ser passivo ou ativo.

tRaNsPoRte PassiVo

o transporte passivo ocorre sem gasto de energia. o sentido do transporte é determinado pelo gradiente de concentração, sendo este um pré-requisito para sua ocorrência.

DifusÃo e DifusÃo facilitaDa

a difusão simples, também chamada diálise, é a passagem do soluto do meio de maior concentração (hipertônico) para o meio de menor concentração (hipotônico). é através desse mecanismo que ocorre o transporte de pequenas moléculas, como íons, aminoácidos e outras.

a difusão facilitada difere da difusão simples por haver uma proteína facilitadora específi ca na membrana celular por onde passará determinado soluto. a presença dessa proteína torna o transporte mais rápido. esse mecanismo é o principal responsável pelo transporte de glicose através da membrana.

a osmose

a osmose é a passagem do solvente do meio de menor concentração para o meio de maior concentração. Quando o solvente passa do meio intracelular para o meio extracelular, a osmose é especifi camente denominada exosmose. Quando o solvente realiza o sentido inverso, o processo denomina-se endosmose.

colesterol

fosfolipídios

periférica GlicocálixGlicoproteína

Glicolipídio

Proteína transmembrana

citoplasma

líquido

extracelularProteína

camada biomolecular

estrutura da membrana plasmática

lipídio

Difusão simples

molécula transportada

Proteína de canal

Proteína carreadora

Gradiente de concentração

mediado por canal mediado por

carreador

Difusão facilitada

osmose em célula VeGetal

Nas células de plantas, a plasmólise é a consequência da exosmose e a turgescência é a consequência da endosmose.

PlasmóliseDeplasmólise

meio hipertônico

célula plasmolisada célula túrgida

meio hipotônico

turgescência

meio isotônicoParede celular

Núcleo

Vacúolo

membrana celular

osmose em célula vegetal

água purasolução salina

osmose

membrana semipermeável

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o tRaNsPoRte atiVo

o transporte ativo ocorre contra o gradiente de concentração, uma vez que a célula gasta energia para a sua realização.

A endosmose em célula animal pode levar à lise celular, o que não ocorre com a célula vegetal devido

à resistência da parede celular.

eXocitose

a exocitose é o mecanismo através do qual macromoléculas saem da célula.

BomBa De sÓDio e Potássio

transporte ativo

Proteína carreadora

atP

eNeRGia

Gradiente de concentração

a eNDocitose

a endocitose consiste no transporte de partículas, que são envolvidas pela membrana celular, para o interior da célula. Quando o englobamento é de partículas sólidas, o processo é denominado fagocitose, e quando é de líquido, será denominado pinocitose.

Partícula Núcleo Pseudópodo fagossomofaGocitose

Gotículamembrana celular

meio extracelular

Pinossomomeio

intracelular

citoplasma

Proteína membrana celular meio extracelular

meio intracelular

citoplasmaVesícula

memBRaNa celulaR

Difusão

K+

atP

aDP+Pi

atPaseBomba de Na+

Na+

Difusão

meio extracelular

meio intracelular

a bomba de sódio e potássio é essencial para a transmissão do impulso nervoso, uma vez que, se não ocorresse o transporte ativo para o retorno desses íons aos locais onde eles se encontram em maior concentração, as concentrações de ambos se igualariam no meio intra e extracelular.

moDificaÇões Da memBRaNa celulaR

a membrana celular pode apresentar modifi cações no ápice, nos lados e na base celular. as microvilosidades são modifi cações apicais que aumentam a superfície de contato da célula, estando presentes nas células do

PiNocitose microvilosidades

Desmossomo

interdigitação

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intestino delgado, onde facilitam a absorção de nutrientes. os desmossomos e as interdigitações estão presentes lateralmente, sendo responsáveis

pela adesão entre as células vizinhas. as pregas basais também aumentam a superfície de contato e são as responsáveis pelo transporte ativo de íons.

1. (Puccamp) Há evidências que apoiam a hipótese de que organelas dos eucariotos surgiram a partir de simbiose com procariotos. organismos semelhantes às atuais algas azuis teriam originado

a) as mitocôndrias.

b) os plasmídeos.

c) os lisossomos.

d) os cloroplastos.

e) os peroxissomos.

2. (ufPi) De acordo com a hipótese endossimbiótica para a origem de algumas organelas eucarióticas, as bactérias primitivas associaram-se às células euca-rióticas primitivas. como exemplo de organela pre-sente em quase todas as células que formam o nosso corpo, podemos citar o(a):

a) centríolo. d) complexo de Golgi.

b) cloroplasto. e) ribossomo.

c) mitocôndria.

3. (ufPel) Sabe-se que, para as células exercerem suas funções, é necessário haver um controle da concen-tração interna de água e íons. Em 2003, o prêmio Nobel de química foi justamente para dois médicos norte-americanos que estudaram de que forma a água é transportada através da membrana celular de alguns tipos de tecidos, como o epitélio das glându-las lacrimais. Eles descobriram proteínas (aquapori-nas), ao nível da membrana plasmática, que formam poros passivos para a água se movimentar. O sentido do movimento é dado pelo gradiente osmótico e a seleção das moléculas de água é feita pelo seu tama-nho e carga elétrica.

ciÊNcia Hoje, n.o. 200, 2003 [adapt.]

Baseado(a) nos textos e nos seus conhecimentos, as-sinale a alternativa INCORRETa.

a) o processo de difusão de moléculas, representa-do nas fi guras, é chamado de osmose. Em células vegetais na condição 2, ocorre a plasmólise.

b) uma das formas de diferenciar o transporte ativo do passivo é quanto ao gasto de energia (atP) e direção do transporte (contra ou a favor do gra-diente eletroquímico).

c) células animais e vegetais, na condição 1, absor-vem água, por isso ‘incham’, o que pode levar ao rompimento celular.

d) Na difusão facilitada, um tipo de transporte passivo, as proteínas de membrana transportam substâncias do meio mais concentrado para o menos concentrado.

e) Baseado nas fi guras, pode-se considerar que, na condição 1, o meio é hipotônico e, na condição 2, é hipertônico em relação à celula.

4. (ufmG) Analise estas fi guras, em que está represen-tada a evolução de seres eucariotas oriundos da en-dossimbiose com bactérias:

LEVANTANDO HIPÓTESES

AUTO-AVALIANDOPROPONDO ACOES

AVALIANDO O QUE FOI ESTUDADOREVENDO, COMPLEMENTANDO ERESSIGNIFICANDO OS CONCEITOS

APLICANDO E APROFUNDANDO

condição 1

condição 2

meio externo

soluto

aquaporina

citoplasma

água

membrana

meio externo

soluto

aquaporina

citoplasma

água

membrana

3,7bilhões de anos

3,2bilhões de anos

1,2bilhões de anos

1bilhões de anos

500milhões de anos

eucaríotacom mitocôndria

e cloroplasto

eucaríotacom mitocôndria

+ bactéria fotossintética

origem dos animais

origem dos fungos

origem das plantas

+ bactéria aeróbica

eucaríotaProcariota

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