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    1/66

    S M B O L O

    extra

    REAL IDADE

    BRASILEIRA

    Coleo

    Livro

    Reportagem

    A no

    I

    /

    Dezembro

    de1976

    Cr$l

    8

    O

    I

    2

    livro-reportagem

    devassa

    bastidores

    da

    R E D E

    G t D B O

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    2/66

    COLEO L IVRO-REPORTAGEM, REALIDADE BRASILEIRA

    extia

    UMERO

    Editor

    EditorExecutivo

    Editor

    d eTexto

    Editor

    d e

    Ar t e

    EditorAdjunto

    Editor

    Contribuinte.

    Secretria

    Executiva.

    Publicidade

    ProduSo

    DEZEMBRO 1976

    ANO

    oyss

    Baumste in

    Hami l ton Alme i da

    Filho

    _Mylton

    Severiano

    d a

    Silva

    rgio

    Fujiwara

    lber to

    Baums te in

    arciso

    Kalili

    in aArajo

    Ferreira

    RubensKish imoto

    Tamura

    rcileuSantana

    Equipe

    Editorial:

    Alex

    Solnik,

    Palmrio Dr i a ,Vani raC oda to ,

    A m n c i o

    hiodi,

    cio

    Nitrini ,Vera

    Nbrega ,

    a y m e

    eo ,

    Elifas

    Andreatto,

    ctvio

    Ribeiro,

    os

    ra jano ,

    Guilherme

    Cunha

    Pinto ,oaquim

    Ferre i ra

    d osSantos ,Thas

    B.

    OUveira,

    J. gapi to ,

    na ld ino

    odr iguesaulino,AntnioCarlosa

    Graa ,

    N o r m a

    Chuahy,Mrio

    Bru

    eMari lda

    Santana .

    SU M R I O :

    OPIO

    D OPOVO

    Pr ime i ra

    parte:O

    sonho e

    a

    r e a l i dade ,

    ginas 4.

    egundaparte:O

    poder

    e

    a

    glria,

    pginas

    35

    a

    6 6 .

    E X T R A

    UM A

    PUBLICAO D A

    SMBOLO

    S.A.

    NDSTRIAS

    GRFICAS,REDA-

    O ,ADMINISTRAO,OFICINA CORRESPONDNCIA,

    R U A

    GE NE R A LFLO

    RES,

    518/22,TELEFONE20-0267,21-5833PBX),CE P01129,OA U L O,P.

    DISTRIBUIO

    ACIONAL:

    ABRIL,

    ULTURAL

    NDUSTRIAL

    .A.,

    U A

    O

    C U R T U M E ,54 ,ELEFONE62-7977,5-8416, O

    A U L O,

    P.IRAGEM:

    50

    MI LEXEMPLARES.

    EXTRA,

    EALIDADERASILEIRA, IVRO-REPORTAGEM ARCAEGIS-

    T R A D A

    E M B O L O.A .

    NDUSTRIAS

    RFICAS.O D O SSIREITOSE-

    S E R V A D O S . EXTOEAD AO B R AOREFLETENECESSARIAMENTEA

    OPINIO

    D OS

    EDITORES,S E N D O

    DE

    RESPONSABILIDADE

    DO

    A U T O R .

    CAPA:

    SRGIOFUJIWARA/

    M OY S S

    BAUMSTEIN/NARCISO

    KALILI.

    FICHA

    C A T A L O G R F I C A

    (Preparada

    pelo

    Centro

    de

    Catalogao

    na

    Fonte ,

    C M A R A

    BRASILEIRA D O

    L I V R O ,

    SP )

    O

    piodopovo:

    o

    sonho

    earealidadepo rHamiltonAlmei-

    06 9

    da

    Filho outros

    S o

    Paulo,

    Ed .S mbolo ,Ed .

    Extra,

    1976.

    p.

    ilust.

    (Extra-realidade

    brasileira.LivroReportagem,1)

    1.

    Televiso

    -

    rasil.

    .

    Televiso

    Transmisses

    Brasil

    3.TV

    Qobo

    (Brasil)L Almeida

    Ffflio,Hamilton,

    1946

    76-1241

    CDD-

    384.550981

    -

    384.5540981

    -791.450981

    ndices

    paracatlogo sistemtico:

    1.

    Brasil:

    Televiso:

    Comunicaes

    384.550981

    2.

    Brasil:Televiso;

    Recreao

    791.450981

    3.TV Globo:

    Emissorasde televiso:Brasil384.5540981

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    3/66

    1.

    COM HC6jV

    O

    PIO

    DO

    POVO

    O

    sonho

    ea

    realidade

    HAMILTON

    ALMEIDA

    FILHO

    MYLTON

    SEVERIANO

    DA

    SILVA

    GUILHERME

    CUNHAPINTO

    JOAQUIM

    FERREIRA

    DOSSANTOS

    SIMULO

    EDIES

    MBOLO

    So

    Paulo

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    4/66

    E u

    so u

    um

    cidado

    d e

    classe

    mdia

    e

    nadam e

    impede

    d e

    estar

    ao

    ladod opovo

    ChicoBuarque

    d eHol landa,autor

    brasileiro

    a

    quem

    d e d ica m oseste

    l ivro-reportagem.

    A#e

    acordo

    com autilizao,osmeiosde

    informao

    de

    massaodemu

    promover

    o

    desenvolvimento

    do

    indivduo,

    a

    coesoeoprogressodos

    pases,

    bemcomoa

    compreenso

    e

    apaz

    nternacionais,

    apresentando

    a

    cada

    povo

    uma

    imagem

    mais

    autntica

    e

    mais

    completa

    a

    vida

    dos

    outrospovos,

    ou

    ento

    tomar-se

    o

    novo

    pio

    das

    massas,

    provocara

    degradao

    de

    alores

    e

    ser

    um

    instrumento

    de

    dominao

    cultural."

    (Documen to

    d a

    UNESCO,

    in

    'Toltica

    Nacional

    d e

    Comunicao

    na

    rea

    d o

    Ministrio

    d a

    Educao

    e

    Cultura",

    Universidaded eBraslia,

    1975.)

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    5/66

    A

    mquina

    de

    fazer

    d

    O

    ock

    ndoll

    chegaao

    Pas

    doCarnaval

    Parece

    que

    fo i

    on-

    tem

    O

    ncantamento

    os

    anos60

    visto

    peloprisma

    doBrasil

    hol lywoodiano

    Novela

    pau

    na

    produo"

    Oator

    popular

    comea

    a

    no

    falar

    maiscoisa

    com

    coisa

    Internadocomo louco

    nusi tado

    acontecimen-

    to

    paraa

    cultura

    brasileira,

    no

    anod o vigsimo-sex-

    to

    niversrio

    a

    hegadaaeleviso

    aoPas.

    Era

    segunda-fei ra ,

    inverno

    chuvoso.

    Os

    holofotes,

    quatro

    no

    chod oj a rd im,

    i luminavama

    fachadade

    10an-

    dares

    deconcretoevidro

    por trs

    deum acort inad e

    garoa.

    No

    saguo,

    ostensivamente

    branco

    d o

    piso

    ao

    teto,

    imprensa

    aulista

    s

    onvidados

    aguarda-

    vam.

    Noravernissageo

    no ,

    ema

    no i te

    d e

    autgrafos

    de

    nenhum

    best-sellernacionalouestran-

    geiro,

    ampouco

    presentao

    elguma

    compa-

    nhiae

    a le

    nternacional ,

    mui to

    m e n o s r-es-

    tria

    d o

    m a i o r

    filme

    brasileiro

    des ta

    dcada .

    Nanoi te

    de6

    d e

    agosto

    d e

    976 ,

    na

    Galeria

    Arte

    Global,

    m

    meio

    os

    uadrospendurados

    em

    suas

    a r edes

    rancas,rs

    elas

    ncomuns

    inham

    a t r a dopelom e n o s

    ce m

    pessoas,apesar

    d a

    chuva,d a

    hora , aoi te ,aegunda-feira e

    SoPaulo.

    Eram

    s

    elas

    emircuitoechadoeeleviso

    em

    pre toebranco ,

    e

    atravs

    delas

    a

    RedeGlobod e

    Televiso,

    maio r

    indstr ia

    d ecomunicaes

    d o Pas,

    ia

    ubme te r

    crtica

    especializada

    se u

    mais

    recente

    feitocultural: num

    original

    de

    Mrio

    Pra ta ,Estpido

    Cupido

    ovela

    ue

    rar iaeolta ncanta-

    me n to

    os

    nos

    60 .

    Para

    a

    avant-premire

    d os

    dois

    primeiroscaptulos,

    estvamost o dosali.

    extia

    Entre

    arons,

    uadros ,jornalistas,

    uriosos,

    amigos,

    elaes-pblicas,

    sques anaps,m a

    verdadei raexposiode

    ast ros

    e

    estrelas:aveterana

    Maria

    Delia

    Costa,

    s t r eando

    m

    ovela

    a

    Globo,

    FranoiseFurton ,um a promessa

    d e

    estrela

    "

    I a Re -

    gina uar te" ;

    l izabeth

    avallas,

    utra

    romessa ;

    Helosa

    Milet,a

    moaquesaiu

    d obale

    d eapresenta-

    o

    d o

    Fantstico;DjenaneMachado,

    a

    e te rna

    filha

    de

    Carlos

    Machado ,

    rei

    das

    noi tescariosasn adcada

    d e0 ;

    Leona r do

    Villar,

    o

    que

    jfo i

    PalmadeOuro

    d onossocinema

    em

    Cannes;

    RicardoBlat,

    a tor

    reve-

    lao

    d oteatro;Ney

    Latorraca,

    o

    gal

    queficou

    bo-

    ni to

    epois

    ue

    en t rou

    para

    ateleviso;

    Nuno

    Leal

    Maia,o

    rapaz

    d oMexa-se"

    em

    quem

    a

    Globoapos-

    ta

    como

    futuro

    r achador

    de

    coraes;

    Joel

    Barcelos,

    veteranoa to rd osfalecidosgruposd et ea t robrasilei-

    ros

    d o

    antigo

    Cinema

    Novo,

    es t r eando

    em

    novela

    deteleviso

    quase

    aos40anos.

    Os

    artistas,

    vistos

    de

    per to ,

    longed a

    magiad o

    vdeo,ecepcionam.

    Nasovelas,

    o

    sempremos-

    t r ados

    emclose,

    quando

    muito

    d a

    cinturapr a

    cima

    ovela

    mais

    onversa.

    Vistos

    de

    corpo

    in te i ro,

    no t amos

    ue

    lguns

    so

    baixinhos,

    outros

    so

    mais

    gordos

    d oqueparecem.

    E

    m e s m oosrostos,aquin a

    nossa

    ren te ,

    eno t am

    sestragos

    d a

    excessiva

    m a-

    quiagem

    e

    o d o s

    sias.altamsimperfeies

    da

    ele,

    ober taselososmticos.

    orzardeles,

    logo

    hoje

    iae

    esta,

    a inda

    po r

    cima

    esto

    cansa-

    dos,

    marro tados .

    Mas

    cada

    um

    est

    o

    mais

    parecido

    possvel

    co m

    asua imagem.Do

    entrevis tas

    sorr iden-

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    6/66

    o

    pio do

    povo

    tes,

    falam

    d aalegria

    d e

    viverospersonagensqu eao

    longod osprximosoi to mesesencantaroavida

    d a

    telespectadorad as7,

    Ney

    Lator racaesto

    mais

    bo-

    nitoque

    conseguiu:

    um conjunto,

    calaecasaco,

    de

    veludocor

    de

    vinho,

    boinad a

    m e s m a

    co rChe Gue-

    vara,

    om

    m astrelaour ada

    e

    cinco

    pontas

    n a

    f ren te ;e ,

    para

    coroaracomposio,faz-seacompa-

    nhard ePaula,

    moal indaco m

    gestosd e

    manequim,

    que

    e

    presentava

    om o

    ua noiva.

    O

    autor

    Mrio

    Pra ta ,

    ecm-casado

    m

    lena

    lua-de-mel,

    t rouxe

    t o d a

    famliaeposaaol adod odi re to rRegisCar-

    doso ,

    e

    CelyCampeio,

    e

    eundefectvelrmo

    TonyCampeio.Des toando

    amaior i ad osartistas,

    quase

    t o dos

    juntosnuma

    s

    r oda ,

    o

    a to r

    Joel.Barce-

    los,

    bebendo

    se m

    parar ,

    d voltaspelo

    saguo,

    Diri-

    ge-se

    t odas

    s

    odinhas,

    az

    gestosincompreens-

    veis,izoisasesconexas,

    arece

    ue

    est

    exerci-

    t a n doopersonagem

    queva iencarnar

    o

    louco

    Bel-

    chior

    aistria

    e

    Mrio

    Prata.

    Osssessores

    e

    imprensa

    (vieram

    n a d a

    m e n o s

    que

    oito

    d oRio)t am-

    bm

    irculam,

    is t r ibuindo

    folheto

    Estpido

    Cu-

    pidoeum br indeaosconvidadosejornalistas.Claro

    que

    mcompactoco magravao

    Estpido

    Cupi-

    do",ersoaboclae

    Stupid

    Cupid"a

    vo z

    e

    Cely

    Campeio.Obr indenodeixavadvidas.Den-

    t roe

    rinta

    ias,

    pstpido

    Cupido

    a

    om

    Livre,

    elo

    xclusivo

    as

    rilhas

    onoras

    de

    novelas

    d aGlobo,estariaent r e

    os

    cinco

    mais

    vendidos.Eo

    Brasil,

    jovem

    Pasco m

    mais

    d a

    m e t a d ed apopulao

    m e n o r

    de

    8anos,parecer iaaos

    m e n o s

    avisados

    um

    povo

    mergulhado

    um and ade

    nostalgia

    precoce,

    aoembalod orock

    d osanos60 .

    Alimento

    para

    25 A

    milhes

    de

    piegas/\

    toda

    noite,

    s

    7

    /\

    /

    novela

    a

    alma

    d a

    rogramaoaRede

    Globo

    e

    eleviso.

    o

    quatroovelasirias,5minutos

    ad a

    m a,

    ue

    somadaseqivalemaum longa-metragem po rnoi te .

    Estrategicamente

    spalhadas

    ntre

    8

    3oras,

    elas

    o

    ase

    d e

    sustentaod ohorrio

    nobre

    d a

    Rede ,u

    eja,

    3

    missoras

    9

    es t ransmissoras

    qu e

    t ingem

    5

    o r

    ento

    o

    err i tr io

    nacional

    e

    podemevar ,um

    m e s m oi ns tan te ,

    mes ma

    ro -

    gramao

    a

    55

    milhes

    d e brasileiros.

    No

    fo i

    aGlobo

    quem

    i nventou

    ognero,

    nas-

    cido

    o

    t empo

    d o

    rdio,

    nos

    pases

    d o

    Caribe.

    Mas

    fo i

    duran teos

    1

    nosdesucessoecrescimentod a

    Rede

    Globo,

    queo

    ant igo

    rdio- teatro,depoistele-

    t ea t ro ,maist a rde

    tele-novela,e

    hojenovela,setrans-

    fo rmouum

    genuno

    Produto

    Nacional

    Bruto.U m

    produto

    omor tepeloopular ,co mconotaes

    culturais,quena

    Globo

    atingiu

    o

    requintedeprodu-

    o

    ndustr ial

    ara-cinematogrfica, eespantosa

    comercializao.

    Basta

    d ize r

    que

    85

    po r

    cento

    d o

    fa -

    tu ramen tod a

    Rede

    Globo

    saemd os6 0minutos

    de

    annciosnca ixadosoorrioobre

    d as

    novelas,

    d as

    8

    s

    3

    oras.

    Mas

    o

    ue

    Globo

    e

    rgu-

    lhamesmo

    e

    ue ,co masnovelas,

    apresenta

    7 0 ,

    po rento

    e

    rogramaoacionaln o

    horrio

    no-

    bre.

    U m a

    verdadei rafbricad e

    sonhos.

    Cada

    nove-

    la

    essasod eustar,

    em

    md i a ,

    3milhesd ecru-

    zeiros envolvem,t odaselas,. 300pessoas en-

    tr e

    tcnicos,

    di re tores

    e

    assistentes,

    ex t r as ,

    desenhis-

    tas,

    ast ros

    eestrelas

    ,

    distr ibudosem

    quatro

    "n-

    cleos",um paracadahorr io.Essamultidod et ra-

    balhadorese

    grupa

    em

    o rno

    e

    m a

    olmia ,

    CentralGlobo

    de

    Produes,

    instalada

    noRio d e Ja -

    nei ro.

    O"Ncleod asNovelasd as7Horas" ,nes tase -

    gunda-fe ira

    huvosa,

    ive

    s

    o ismomentos-chave

    d afabricao

    d as

    novelas.

    o

    40

    personagensfixos

    nos

    ast idores,maquinistas,

    maquiadores ,ssisten-

    te sd eproduo,cengrafos,contra-regras,eletricis-

    tas,cmeras,dir igidos

    po r

    RegisCardosoerespons-

    veis

    nesse

    m o m e n t o

    por

    duas

    produes:

    os

    tumul-

    tuadosl t imos

    captulos

    d e

    AnjoMau,t e rm inando

    ent r ebrigas

    d e

    alguns

    art istas

    co m

    odi re to r ,acusa-

    es

    de

    "pieguice"

    e"estilosuperado"vindasd a im -

    prensa,

    protestosd opblicocontra

    a

    mo r t e

    d eNice,

    ababqueasouco mopatro,

    m as

    apesard etudo

    t e rminandoco m70pontos

    d e

    bope

    oqueeqi-

    valeaum aplatia

    d e25milhes

    d e

    brasileiros;

    e,

    si-

    mul t aneamen t e ,

    Ncleo

    as

    7"

    junto

    co m

    os

    28artistascon t ra tados

    para

    EstpidoCupido

    ve m

    gravando

    a

    toqued e

    caixa

    cerca

    de12

    horas

    po rdia .

    Fal tando

    d ez

    dias

    para

    a

    estria,

    mesmot r aba lhando

    em

    r i tmo

    selvagemnosestdiosd a

    Cindia,

    em Jaca-

    repagu,

    a

    i d a de

    de

    I t abora ,

    7 0

    quilmetros

    d e

    Niteri,

    o

    "Ncleo

    d as

    7"a inda no apron touos

    d ez

    primeiroscaptulosd e

    Estpido

    Cupido,

    que j

    deviam

    estarnasmosd a

    Censura.

    O

    diretor

    de^"

    "V

    Estpido

    Cupido

    f

    no

    inventa

    nadaV

    Sirtistas,

    sem-

    pr e

    sentadosn o

    cho,

    agruparam-seem voltad e

    um

    d os

    moni to r es

    e

    ircuito

    echadoaGaleria

    Ar te

    Global.

    Em

    volta

    d os

    outros

    do i s

    moni tores ,

    os

    con-

    vidados

    pertaram-se

    mriosrupos,m asuase

    nada

    onseguem

    n t ende roegundo

    aptulo

    e

    EstpidoCupido.

    S

    mes mo

    s

    ast rose

    sestrelas

    riem

    de

    suasprpriasimagensnastelas.

    Realmente

    preciso

    se rar t ista

    para

    m a n t e r

    o

    riso. egunda-feirahaviacomeado

    s

    7horasd a

    manh,aor taaGlobo,a rd im

    otnico,

    o

    Rio. r anspor tadose

    ombi ,

    s

    j

    stavam

    na

    cidade

    luminenseet abora ,

    a ra

    omea r

    gravar

    s

    2enas

    e

    m a

    j o rnada

    diriad et raba-

    lho.

    I t abora ,

    na novela,fa zopapeld eAlbuquerque

    a

    verdade

    idade

    paulista

    d e

    Lins,

    er ra

    nata l

    de

    Mrio

    Prata,

    onde

    ele

    amb i en tou

    a

    histria

    de

    sua

    extra

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    7/66

    o

    pio do

    povo

    adolescncia.

    Gravarama t

    o

    fim

    d o

    dia ,

    meteram-se

    num avios

    6d a

    t a rd e ,

    estoaquiagora

    ao

    final

    d a

    avant-premire,esabemque

    amanh

    voamde

    volta

    ao

    Rio

    s

    9 ,

    para

    r ecomear

    a

    m a r a to n a

    d e

    I tabora ,

    depois

    e

    ormir

    lgumas

    horasn um hoteld aRua

    Augusta.

    Luzes

    cesas

    novamente ,

    mais

    usque.

    Fala-se

    a

    or to

    ireito,

    m as

    o

    e

    no t a ,

    em

    nenhuma

    dasonversas,ualquer

    esul tado

    a

    t i l idadee

    t an tosgastos

    mais

    de

    3 0 0

    m il

    cruzeiros

    em

    passa-

    gens,

    stadias,

    mate r ia l

    e

    ivulgao

    e

    energia

    hu-

    mana .Inusi tado

    acontecimento

    cultural.

    Os

    artistas

    sechateiam,

    os

    ornal istast rocam

    figurinhas

    co m

    os

    assessores

    e

    imprensa,

    e

    os

    mais

    an imadospelo

    l-

    cool,ind is t in tamente ,h o me n soumulheres,partici-

    pa m

    acaadafinald e

    um a

    companhiaparaofim

    de

    noi te .

    U m a

    assessora

    d eimprensa

    alta

    e

    loira,ca -

    rioca

    tpica,

    vestida

    d e

    longopara

    a

    pr-estria

    pau-

    lista,

    esvenda

    melhor

    mot ivo

    e

    t amanhaagita-

    o:

    Vocno

    sabe,

    m eu

    filho?Chegoua

    hora

    de

    er

    ue m

    va i

    do rmi r

    co m

    quem.E

    a

    mulherada

    t odat querend ocome ro Nuno

    Leal

    Maia."

    Fora

    essa

    isputa,

    endo ompetioor

    outrongulo,o

    d i r e t o r

    Regis

    Cardosoprocura

    se

    ga-

    bar ,

    n u mar o d a

    d ejornalistas,gest iculando,

    falando

    alto

    hamando

    teno

    e

    m amorenaenf iada

    num longopre to :

    "Eu

    n o

    so u

    como

    esses

    di re to res

    po r

    a ,tu -

    d o

    met idoa

    vedete .

    Eu

    no

    invento

    coisaspra^apa-

    recer,

    cabargastando

    um

    dinheironaproduoe

    complicando

    udo .

    u

    o

    t rapalho

    o

    autor.

    M eu

    negcio

    fazer

    o

    que

    est

    escrito

    ali

    e

    m a n da r

    o

    pau

    naproduo.

    No

    tem essa

    de

    inventar .

    Se

    te mum

    ngulod e

    cima

    pra

    fazer ,

    m as

    va iter

    quem on t a r

    um

    praticvel,

    mo n t a r

    mera ,

    r m a r

    lal

    e m

    cima

    do

    raticvel,

    sperar

    esquentar,ra

    ir

    gravar ,

    e u

    nofao,que

    isso

    va i

    atrasar

    uma,

    duas

    horas

    t odaa

    produo.Faoacenadalim e s m o ,

    d eo n d e

    estiver,

    eeu

    se i

    queo

    resultado

    ta:

    nesses

    dezanos

    eusfiz

    sucessos.

    No

    em

    apo .

    ud o

    a :

    Be mA m a d o ,

    Espigo,

    scalada.

    agora

    m e sm oa ,

    o

    AnjoMau,

    C

    acha

    queeutoul igandopraopiniod ea to r ,d e

    imprensa ,

    obre ual idadeanovela?

    Vai

    er

    Ibope

    dela

    no

    final,

    agora,"

    Ouvindo-se

    estas

    opinies,

    pode-se

    finalmente

    compreende r

    po r

    queRegis

    Cardoso

    r ecebeu

    d opes-

    soald atcnica

    o

    apej ido

    d e

    "Boi".

    Su a imagem,

    pa -

    ra

    a

    Globo,

    a

    d aeficincia.

    N o

    cultiva hbitos

    d e

    estrel ismo,

    comoDanielFilho,

    o

    d i re to rd o

    "Ncleo

    d as8";nem

    d e

    in telectual ismo,

    como

    Walter

    Avan-

    cini,

    d o

    "Ncleod as10" .

    Nem

    ganha

    t o

    bemcomo

    eles,

    queestona

    fa ixa

    d os

    0 0

    m ilcruzeirosmen-

    sais.Regis

    alcanou

    este

    ano

    6 0

    mil.E

    co m

    sua

    efici-

    ncia,

    o

    nico

    d os

    quatro

    di re to res

    d o

    Ncleo

    d e

    Novelasd a

    Cent ra l

    Globo

    d e

    Produesque

    dispen-

    sa

    co-di retores.

    az

    tudo

    sozinho.

    Regis

    n o

    badala ,

    produz.

    Engraado.

    ntres

    rtistas

    o

    i l ionrio

    elenco,

    que

    Globoexibe

    ao

    vivonesta

    segunda-fei-

    ra

    aulistana,

    oe l

    Barcelos

    talvez

    seja

    om e n o sco-

    nhecido

    d o

    grandepblico

    te lespectador.

    Masosal-

    rio

    e

    0

    m ilruzei rosmensais^

    para

    t raba lhar

    em

    Estpido

    Cupido,

    jenunciaquea

    prpria

    Globo

    reconhecesuafamadebom a to r ,

    desf ru tada

    h

    mais

    de

    15anos

    junto

    avrias

    reas

    d a

    cultura

    nacional .

    extia

    As

    portasda

    tv

    se

    abrem

    para

    oator

    popular

    'oel

    est

    en t reos

    ato-

    re s

    pioneiros

    d oCinemaNovo

    (O

    Desafio,

    d e

    Paulo

    Csar

    Sarraceni).

    reverenciadopo rdi re to res

    de

    ci-

    n e m aoorte

    e

    Glauber

    Rocha,

    Nelson

    erei ra

    d osSantose

    Rober t o

    Santos.

    Ante sde1969 ,

    passou

    um ae mpo r a d a

    na

    Europa

    ,naI tlia,f i lmou

    co m

    Bernardo

    Bertollucci

    O

    Conformista).

    Resistiua t

    finse5

    s

    en taesosl t imos

    inco

    n os

    d e

    ouro

    d a

    Globo,

    cujas

    novelas

    acabaram

    po r

    absorver

    70

    o r

    en to

    osartistas

    d o

    e ixoRio-SoPaulo

    pode-se

    izer

    o

    Brasil.Convidadopeladireod a

    Globo,

    so balegao

    de

    que

    e ra

    necessrio

    melhora r

    o

    nvel

    deinterpretaod osatores,acei tou

    o

    papel

    principalor imeiro

    aso

    speciala

    srie

    Caso

    Verdade ,OIndulto,ex ib idona

    vspera

    d o

    Natald e

    1975.Acrticad eteleviso

    saudou

    co m

    um a

    catara-,

    tad eelogiosa

    apario

    desse

    a tor

    magro ,al to,

    bran-

    co ,entuo,ostohupado,

    lhar

    t ransparen ten o

    vdeo.

    Fina lmen teno

    a r

    um a to rpopularque

    conhe-

    ce

    mtodos

    e

    nterpretao,

    amil iar izadoco mos.

    grandes

    o m e s

    a

    cnica

    e

    representao

    teatral ,

    comoGrotowsky,

    Stanislawsky.

    Dian ted osucesso,

    as

    por tasd a

    Globo

    seabri-

    ram

    mais

    inda,

    o r

    la s

    Joel

    Barcelosia

    en t ra r ,

    afinal,

    co mum

    cont ra to

    paracompo r

    o

    personagem

    andarilho-filsofo,

    Belchior

    e

    stpido

    Cupido.

    Nod ia

    em

    quechegouparaassinar

    o

    contra to ,

    4

    d e

    junhod e

    976 ,aseded a

    RedeGlobo

    n oRio

    estava

    pegando

    ogo.

    m

    meio

    ultido

    queassistia

    correr ia

    dos

    funcionrios

    e

    d osbombei ros ,

    Joel

    teve

    um a irnicapremonio:

    "Xi,rapaz eu

    chegando

    pra

    acertar

    a

    gra-

    na

    Mau

    sinal..."

    Dois

    meses

    epois,

    em

    igar

    a ra

    azar ,

    eis

    Joel

    Barcelos

    to r

    o

    is temaGloboe

    Televiso,

    de

    cont ra toassinadopo roitomesesd et rabalho.

    J

    passa

    d e

    um a

    d a

    manh

    d etera-feira.

    Nosaguo

    d a

    Galeria

    Arte

    Global,

    ambien te

    de

    fim

    d e

    festa.Res-

    ta m

    alguns

    d osquevieram

    d o

    Rio,dois

    ou

    trs jor-

    nalistasmais

    n t imos.

    Joelte m a

    capacidade

    de

    estar

    maisbbadod o

    que

    qualquer um d os

    presentes.

    En -

    rola

    lngua,falacoisas

    cada

    ve z

    mais

    desconexas,

    seagita,

    nda .Masa indafo ivisto

    s

    trs

    d a manh,

    j an t ando

    n u ma

    as

    quatro

    mesas

    quea

    Globo

    ocu-

    pou

    no

    restaurante

    Giovanni

    Bruno

    bada lada can-

    tina

    a

    noi te

    paulista,

    f reqentada

    pelo

    governador

    d os tadd,

    intelectuais

    eartistasquepossamgastar

    nomn imo

    50

    cruzeiros,

    paracome rum a

    boa

    mas-

    sa ,t o ma rum

    bom

    vinho,

    chileno

    no

    mximo,eve r

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    8/66

    o

    pio

    d o

    povo

    e

    ser

    visto

    po r

    pessoas

    influentes.Joel

    estava

    n a

    mes-

    m a

    mesa

    oi re torRegisCardoso,o

    i re to r

    e

    produo

    MarianoGatt i ,

    junto

    co m

    alguns

    colegas,

    como

    Nuno

    LealMaia,

    elgumas

    moas

    d a

    assesso-

    ria

    de

    imprensa

    global.Desapareceuan t e s

    quea

    lti-

    m a

    mesa

    se

    levantasse.

    No

    Hotel

    Diplomata

    a

    Rua

    Augusta,

    a

    duas

    quadras

    a

    Avenida

    Paulista,

    l t imo

    hspede

    a

    RedeGloboeelevisoeecolheus oras.

    Continuavachovendo.Comoschove

    em

    So

    Paulo

    no

    fim

    deum

    inverno.

    O

    ator declara

    f"^

    seu

    amor

    tve

    \

    j

    sai

    *nopau*|\

    I

    esistir

    elevi-

    so

    um a

    posio

    pequeno-burquesa.

    Eu

    fi z

    duran te

    anos

    peasefilmes

    im por tan tes,

    filmeia t

    co mBer-

    tolluccinaItlia,

    m as

    no

    Brasil

    ningum

    m e

    conhe-

    ce . uandoiz Caso

    Verdade ,

    ui

    isto

    or

    m i-

    lhese

    essoas,

    t

    por

    aquele

    sujeito

    perdido

    n a

    Rebimbaca

    a

    arafuseta.

    sso

    ovela

    a

    Globo

    hoje

    o

    nossoTeatroGrego.

    A

    nossa

    Come-

    d ia

    Dell 'Arte.

    O

    nosso

    cinemaamer icano.

    DiasGo-

    m es

    o nosso

    Sfocles,

    Esquilo,

    Molire,Pirandello,

    se il."

    Esse

    delrio,

    em

    forma

    dedeclarao

    d e

    a m o r

    televiso,

    parte

    de

    Joel

    Barcelos

    na

    manh

    seguinte

    ao

    oquetel .

    No

    aguooAeropo r toeCongo-

    nhas,

    o

    Paulo

    a inda ,

    sen tado

    num

    banco,

    explica

    que

    jinha

    d i to

    quilo m areprter

    d a

    lt ima

    Hora

    carioca,

    m asue

    lao

    en t endeu

    bem.

    sso

    mesmo:ignorara

    televiso

    burrice.A s

    evidncias,

    refora

    Joel,

    mos t r am

    que

    noBrasilo

    povo

    no

    tem

    dinheiro

    parair

    ao

    cinema,nem sabe

    o

    que

    t ea t ro ,

    equemquiserfazer

    ar te

    parao

    povo,tem

    queir

    pra

    televiso.

    Menose

    inte

    minutos

    ntes,

    oe l

    Barcelos

    chegaraesbafor idoaoae ropor to ,

    o

    cabelopingando,

    a

    camisa

    m al

    abo to ada por

    baixo

    d o

    palet,ab r indo

    o

    zper

    d amalaem

    cima

    d obalcod a

    PonteArea ,

    r e m e x e n d o

    a

    bagagem

    a t

    achar

    a

    passagem.

    A

    t em-

    po

    e

    ncon t ra r

    ugar

    n o

    vo

    as

    lh30.

    stava

    um aferat a m b m :

    "V

    a

    sacanagem Me

    esqueceram

    no

    hotel,

    ve

    pode A

    produoacordou

    t o d om u n doenin-

    gumtocou

    o

    telefone

    d o

    m euquar to "

    Se mse r

    reconhecidopo r

    nenhumadas

    moas

    quemarcamaspassagens

    um adelas

    chegoua

    pres-

    ta r

    tenouando

    uviualar

    em

    Rede

    Globo

    ,

    Joelde i xouo

    balco

    e

    s

    fo i

    se

    recompor n o

    saguo

    deespera.

    "

    um abar rapesada,meu.

    O

    a n d a r

    in te i ro

    no

    hote l

    e ra

    d e

    gente

    d a

    Globo.E

    ningum

    m e

    cha-

    mar . . .

    Mas

    t ambm

    te m

    essa,

    n?

    Ontem

    quando

    eu

    v i

    que

    o

    pileque

    e ra

    geral,

    cheguei

    pro

    Regise

    falei

    que

    u

    uardava

    s

    scriptsd a

    gravaod e

    hoje.

    T

    8

    xtra

    aquiomigo,mal and ro ,

    ,

    namala .

    S

    querove ro

    quque

    va i

    da r .

    Os

    caras

    to

    querendo

    m e

    de r ruba r

    porque

    o

    abendo

    ue

    ireo

    m e

    chamou

    pra

    elevar

    o

    nvel.Vou

    di re to

    naGlobo,

    vo u

    n adi reo:

    que

    negcio

    essed em eesquecer

    em

    So

    Paulo?

    A

    produotinha

    obrigao

    d em e

    aco rda r "

    Joe l

    onhece

    al andragens

    e

    elho.

    jo -

    go u

    sinuca,j

    revirou

    osbo tecosd o

    Cate te ,

    d a Lapa,

    d oRio

    e

    muitas

    i dades

    o

    mundo .

    Ante s

    o

    aviopart i r ,

    jfalava

    dese ua m o r

    televiso

    e ,d u-

    ran te

    o

    e

    m a

    hora,

    esqueceuo

    i nc idente .

    A

    no se rparat i rardele

    o

    saldopositivo:

    "Pensandobem,

    olha:euia acabar

    br igando

    co m Regis,

    mais

    d ia

    m e n o s

    dia .

    Porqueom e s m o

    t empoqueo

    i luminador

    tem

    pra

    prepara r um a

    cena,

    euxijoraensaiar.

    co m

    aGlobo

    no

    pau,

    n?

    Decorou,

    ravou.

    Comigono

    tem essad e

    decorar .

    Ento,

    j

    viu Agora

    eu

    t enho

    que

    chegar

    lnosho -

    m e n s

    efalar

    que

    novelan od ,m eunegcio

    fazer

    Caso

    Especial,

    quem

    sabe

    a t

    dirigir

    um."

    O

    sonhode

    Joelacabou

    no

    momentoem que

    ele

    isouo

    saguod o

    Aeropo r to

    Santos

    D u mo n t ,

    ao

    meio-dia

    e

    meia .

    D a

    pista

    m e s m o

    j

    se

    via

    a

    kom-

    bi

    a

    Tv

    Globo,

    estacionada

    ln a

    f ren te ,d o

    outro

    l ado .

    E

    m al

    Joe l

    d eu

    os

    primeiros

    passos

    den t ro

    d o

    saguo,

    eu

    e

    a ra

    co m

    od i r e to r

    d e

    produod o

    "Ncleo

    as

    ",

    e te r anoMariano

    Gatt i ,

    om

    o

    m e s m ot e rnod ano i teanter ior ,squeco m opale t

    na

    mo,a

    camisa

    abe r taa t

    omeiod opei to ,

    suando

    emba i xo

    o

    alor

    arioca

    ue

    esmoralizavamais

    um

    inverno,

    os

    braos

    aber tos:

    P,

    oel ue

    em

    a

    abea ,

    a-

    paz?..."

    "P

    oqu,

    meu?

    Ocacete,

    vocs

    m e

    de i xam

    nohotel..."

    Joelva ifa l ando

    e

    a n d a n d o ,

    depressa,atrsd e

    Mariano ,quej

    atravessou

    o

    saguo

    e

    esten t r a nd o

    n a

    kombi .

    A s

    portas

    foramde ixadasaber tas ,sinald e

    queItabora

    espera

    a

    chegada

    d o

    script

    omai srpi-

    d oossvel,co m

    Joel

    ou

    se m

    Joel.

    E

    Joe lm al

    tem

    t empo

    d efazer

    um

    ltimo

    gesto,

    a

    k o mb i

    prestes

    a

    ar rancar :

    "Depoisa

    gente

    sev.Me

    t e lefona."

    O

    que

    que

    r

    Jos

    Wilker

    |_

    estpensando?I

    I

    ,

    o r

    xem-

    plo.

    u

    no

    conhecia

    esse

    ta ld eJoe lBarcelos,

    esse

    que

    criou

    a

    maio rconfuso

    aqui,co m

    a

    sua

    inadap-

    tao.Diziamqueele

    e ra b o m ,

    m as

    onde?

    Em tea-

    t ro ,

    i nema,

    n de?

    Aqui

    m eu

    velho,paraele

    deco-

    ra r

    os

    t ex tose raum a

    t r agdia "

    Plosoment r ioseRegis

    Cardoso,diasde-

    pois

    d o

    incidente,

    j

    se

    v

    que

    seria

    impossvel

    qual-

    quer

    ilogo,

    uando

    s

    ois

    i na lmentese

    encon-

    t raram em

    I tabora .

    Maisde

    150pessoasestavam pa-

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    9/66

    o

    piodo povo

    radas,

    sperando

    Joel

    esdes

    0

    a

    manh,

    mui-

    to scurt indo

    a inda

    a

    ressaca

    d ocoquetel.Se jhavia

    alguma

    resistncia

    d ogrupocont ra Joel,

    suapresena

    em

    EstpidoCupido

    agora

    passava

    a

    se r

    insustent-

    vel.

    oe lhegou

    om

    Mariano

    Gatt i ,

    ntregou

    script,

    pediu

    demissoeRegis

    acei tou

    na

    hora .

    Hou-

    vegressividade,m aso

    ouve

    iscusso,

    muito

    menos

    r iga.

    ntes

    ue

    o e l

    sumisse

    na

    primeira

    curva,

    a

    produo

    d o

    "Ncleo

    d as

    7"

    j

    Ugava

    para

    a

    CentralGlobo

    deProdues.m sua

    sala

    noJardim

    Botnico,

    Boniestava

    i n f o rmado

    det udo ,menos

    de15

    minutos

    depois.

    O

    pisdionem t i rouosonod o

    "Boi".

    Menos

    de

    um

    m satrs,

    durante

    a

    gravao

    d os

    lt imo sca-

    ptulosde

    Anjo

    Mau,encurraladopelas

    crticas

    que

    partiam

    det odososlados,RegisCardosoenfrentava

    situao

    arecida :

    a

    contes tao"instalada

    den t ro

    d a

    equipe.

    Novela

    ent ro

    a

    ovela.Naqueles

    ias,

    preocupado

    om ncio

    d e

    Estpido

    Cupido,Re -

    gis

    Cardoso

    e ra

    a judado

    as

    lt imas

    gravaes

    d e

    Anjo

    Maupelod i r e t o rdeElencod aRedeGlobo,o

    ex-a tor

    bio

    abag.

    Nacasad e

    Fbio,

    numafesta

    em homenagematrizargentina

    Nacha

    Guevara,

    d e

    repente eal ismoenstala

    naqueleenrio,m

    que

    s

    personagensor tejam-se

    un s

    aos

    outros.

    A o

    vivo,

    d e

    improviso,

    o

    a tor

    Jos

    Wilker

    agride

    a

    tapa

    suaolega

    de

    t rabalho

    Vanda

    Lacerda .

    Corre-corre,

    gritinhos,

    discusses,

    palavres,

    t ea t ro

    d erevistas

    um rebu.

    O

    torcearense

    Jos

    Wilker,

    mpecvelar-

    quite to

    d a

    pea

    "OArqui te toeoIm p e r a d o rd a As-

    sria"( 1970) , brilhanteMundinhod e

    "Gabriela",

    hoje

    muito

    elogiado

    como

    homossexua l

    n a

    pea

    "Os

    Filhos

    d e

    K enned y "

    (TeatroSenac,

    Rio),

    m as

    i nde-

    finvel

    como

    Rodrigo

    em

    "Anjo

    Mau",

    a n da

    imitan-

    d o

    oChacrinha,

    qu ediz:"euno vim

    para

    explicar,

    vim

    para

    confundi r ."

    Ou

    apenast e n t andofazer o g-

    ne ro

    " indomvel

    d a

    tev".

    Contra

    o

    fascismo

    Primeiro,

    Wilkerconcor-

    d a

    co m

    a

    afi rmaod e

    um a

    jornalista

    d e

    So

    Paulo:

    "Rodrigo

    te m

    me n o s

    QI

    que

    o

    m eu

    cachorro."

    D e-

    poisper turba asgravaesd a novela,al egando

    que

    o

    se uersonagem ascista.

    Aps

    causar

    ademisso

    d omdico

    a

    Globo(quelhe

    de ra

    um

    a tes tado

    d e

    estafa),

    olta

    gravar

    om

    promessa,

    segundo

    se

    comen ta ,

    e

    m a

    viagem-prmiomasoeo m

    compor t amen to .

    Logo

    declara:

    "Rodr igo

    m eu

    m e-

    lhor

    papel

    natev."

    "Quasa?"

    o r

    im ,

    urante

    mjantar

    oferecidoo r

    Flvioabagem

    homenagem

    atr iz

    argent ina

    NachaGuevara,

    Wilker

    acusou

    Regis

    Car-

    doso,o

    di re to r

    d e

    "Anjo

    Mau",d e men t i roso:

    "Vo-

    cfo i

    dize r

    ao

    Boni

    qu e

    eu

    no

    queria

    gravar."

    Em

    seguida,mpurrou

    violen tamente

    a

    atrizVandaLa -

    cerda,ueentou

    eij-lo

    epois

    eeijarRegis:

    "Quemeija

    Regis,

    n o

    m e

    beija "

    N a

    confuso,

    fo i

    evado

    a ra

    ora

    o rRene

    e

    Vielmond,n-

    quanto

    acha

    uevara

    erguntava

    flita:

    Q u

    pasa?

    Qu

    ppsa?"

    Talveznem

    o

    prprio Jos

    Wilker

    saiba

    explicar.

    Wilker,

    m est ranhonesse

    ninho

    TV GUIA n o2,

    agosto

    d e

    1976) .

    que,motivado

    pelas

    crticas

    d a

    imprensaao

    contedo

    bana ld eAnjo

    Mau,

    e

    po r

    se u

    estrei torela-

    cionamentoom

    triz

    Rene

    e

    Vielmond,

    os

    Wilkerqueria

    outrodesfecho

    para

    a

    novela:

    que

    Ni-

    ce ,

    a

    bab

    quehaviacasado

    co m

    ele,

    opatro,

    mor-

    resse,ud ob e m ;m as

    que

    Lea,

    suaex-noiva(vivida

    por

    Rene

    e

    Vielmond) ,

    icasse

    om

    utro,

    sso

    nunca.

    O

    caso

    fo i

    resolvido

    na

    sala

    d osuperintenden-

    ted a

    Central

    Globo

    de

    Produes,Boni,que

    cha-

    m ou

    Z Wilker

    e

    Rene

    deVielmond

    para encer ra r

    a

    questo.Que

    queestavampensando?

    Teriam

    seen-

    volvidotantoco m

    asnovelas

    a

    pontod eseconfun-

    di rem

    co mosprprios

    fas?Que

    isso,

    gente?

    Isso

    fico,volta

    l

    e

    grava

    Noeuoutra.

    A

    novela

    AnjoM au

    t e rminou

    n o

    captulo

    nmero75,

    d ia

    24

    d e

    agostode

    1 9 7 6 ,

    d o

    jeito

    quea

    Globo,

    o

    autorCassianoGabus

    Men-

    des

    e

    o

    di re tor

    Regis

    Cardoso

    queriam.

    U m

    final

    fe -

    liz.Anjo

    Mau

    chegou

    a

    ndicesde

    audincia

    de82.7

    pontos

    Pco msua

    trilhasonora ,selo

    SomLi-

    vre,

    vendeu

    450

    m il

    cpias

    em

    m e n o sdeseis

    meses.

    Regis

    Cardoso

    o

    inha

    mesmoomue

    se

    preocupar,

    esse

    ovo

    aso.

    Nem

    eclamou

    e

    er

    que

    assar

    gravarmaisde40

    cenaspo rdia,

    e

    d e ,

    cinco

    dias

    an tes

    d a

    estria

    de

    EstpidoCupido,ain-

    d a

    no

    saberquemfariaopapel

    d oloucoBelchior,

    n

    lugar

    deJoelBarcelos.

    Novela

    paraRegis

    assim

    m e s m o ,

    no

    tem

    jei to.

    Su a

    experincia

    diz:

    Represen ta rem

    tvpodese rquaseimposs-

    ve l

    para

    muitos

    a to res

    consagrados

    no

    teatro

    e

    n o

    ci-

    n e m a .

    le s

    nsaiam

    0 ,

    0

    ias.

    H

    to res

    ue

    decoramos

    alas,

    om o

    a t

    a

    inflexo.

    Mas

    pra

    m i m ,

    isso

    tem

    um valor

    que

    no serve

    pra

    nada .

    No

    falta

    de

    inteligncia

    falta

    dereflexo

    N a -

    tv

    no

    ht empo ,

    a

    tvexigeimed ia t i smo."

    (A

    V

    vezque

    umS^

    ^

    brasileiro

    botou

    a m o munatv)V

    ^ ^ omo

    possvel

    que

    ehamer te

    m

    bsurdo

    esses?

    Como

    possvel

    que

    a

    Globo

    querea lmen te

    revolucionou

    a

    eleviso

    brasileiraos

    eus

    spectosormais,in -

    dustriais

    e

    comerciais

    possa

    chegar

    nesse

    es tadoa

    cinco

    dias

    d a

    estria

    deum lanam ento

    to

    caro,

    de

    um

    rodutoestra tegicamente

    toimpor tante

    e

    cul-

    tu ra lmente

    to

    i novador?

    D e

    era

    asexta-fei ra

    d a

    ltima

    semanaan tes

    d astria, Depa r t amen toelencoaCentral

    GlobodeProduesvasculhou

    se u

    fichrio

    deartis-

    tas.

    A t

    a

    noite

    desexta-feira,

    seis

    convidadosj

    ha -

    viamecusado

    o

    papel

    deBelchior,por

    motivosdi-

    versos.

    A

    novela

    corria

    isco

    de

    no

    cumprir

    a

    da t a

    marcadaa raestrear , quarta-feiraseguinte,

    25

    e

    ex t ra

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    10/66

    opiodopovo

    agosto.

    Acensuraexige,paraliberarocert if icadode

    sua

    provao,

    ue

    heejam

    presen t ados

    s

    ez

    primeiros

    captulos

    num blocos.

    E

    ostimo

    artista

    convidado

    ceitou

    rabalho,

    f inalmente ,na

    noi te

    de

    sexta-feira,

    quando

    a

    situao j

    era

    de

    desespero.

    Acriad acasa,

    Lus

    A r m a n d o

    Queirs,

    que

    atessa

    hora

    anhava

    m ilruzeiroso r

    m som o

    to r

    funcionrio

    d a

    Globo,

    passou

    a

    ganhar

    21

    mil,

    para

    substituir

    o e l

    Barcelos

    ,

    m

    rs

    ias,

    ompor

    personagemBelchiorlm

    e

    gravar

    t odas

    as

    cenas

    d os

    d ezprimeiros

    captulos.

    Estranhae

    ode rosa

    mquina.Gapaz

    de

    fazer

    co mque

    as

    pessoasconfundam sua

    velocidade

    co m

    avelocidaded o

    veculo.

    A

    televiso

    um amquina

    que

    pressa

    omun do ,

    fa z

    a

    r ea l idade

    girar

    em

    segun-

    dos.

    EnemaGlobo,amaio rindstr ia

    de

    produzi re

    vendersegundos

    d o

    Pas,onsegue

    escapar

    ao

    j

    fa -

    moso

    est igma

    d e

    esculhambao

    tupiniquim

    d a

    tele-

    viso

    brasileira.U mest igma

    de ix ado

    po r

    se u

    pionei-

    roAssis

    Chateaubriand,

    n o

    d ia

    m e s m oem

    queinau-

    gurou

    primeira

    estao

    d e

    Tv

    d a

    Amrica

    Latina.

    Co m

    a

    presenade

    ltas

    auto r idades ,

    a

    18

    d e

    setem-

    b rod e950,

    para ibano

    Assis

    Chateaubriand

    Ban-

    deira

    e

    Meloavam aarrafada

    d e

    hampanha

    francesa

    numa

    carssimacmara

    RCA,

    danifcando-a

    d ez

    minutos

    epois;

    e,

    om

    st eeito,eclarando

    inauguradaaTVTupi-Difusora,

    PRF-3

    d e

    So Paulo

    a

    primeira

    d e

    nossas

    77

    estaes

    d e

    televiso.

    Arlequim,

    o

    A

    servidor/\

    dedois

    amos/A

    /

    otcia

    e

    chega

    fresquinha

    s

    mos:

    Lus

    ArmandoQueirs,

    afinal,oatorescolhidoparaserBelchiorem Estpi-

    d oCupido

    no

    lugardeJoelBarcelosque,por

    moti-

    vos

    eade,recisou

    er

    hospitalizado.Lusr -

    mando

    omeou

    gravar

    hoje,

    em

    ritmo

    de

    urgn-

    cia,jueBelchior,qu e

    ter

    papel

    de

    importncia

    no

    decorrer

    danovela,

    aparece

    destacado

    noscinco

    primeiroscaptulos.O

    ator

    ter

    que

    se

    desdobrarem

    muitos

    ara

    ar

    onta

    o

    recado:

    alm

    de

    estar

    na

    pea

    Rendez-

    Vous

    da

    Eva

    Todor,

    ensaia

    Arlequim,

    o

    Servidor

    d e

    DoisAmos.

    Est

    feliz." (Por

    Den t r o

    d a

    TV,

    oluna

    e

    Hildegard

    Angel,jornal

    O

    Globo

    de

    22

    de

    agostod e

    1976 ,domingo) .

    O

    ue

    e

    passa

    den t r o

    d a Globo

    dificilmente

    divulgadoelosolunistas

    de

    televiso.

    A

    imprensa

    de

    televisohoje

    no

    Brasil

    a

    sua

    prpria extenso.

    E

    fo i

    po rcausa

    dissoque

    Joel

    Barcelos

    "pirou".

    Jor-

    nalistas

    e

    eleviso,olunistas,ssessores

    e

    m-

    prensa

    d a

    Globo,se

    confundem

    na

    terefa

    d ealimen-

    ta r

    s

    consumidores

    d afbrica

    de

    sonhos.

    Assim,

    primeiraverso

    que

    irculou

    fo i

    a

    d eque

    Joel

    havia

    dec id ido

    abandona r

    opapel

    d e

    Belchiorem

    Estpi-

    do

    Cupido,

    a ra

    pedi r

    ireo

    a

    Globo

    que

    lhe

    desse

    o

    papel

    d eVisconde

    e

    Sabugosa,na

    sriein -

    i o xtra

    fantil

    tio

    o

    ica-Pau-Amarelo

    m

    apel

    ue ,

    segundo

    os

    colunistas,hmui to

    Joe l

    Barcelos

    que-

    ri a

    azer" .

    Na

    e r d ade ,oe laviaeeunido

    om

    Boni,

    super intendente,

    conf irmando-lhe

    quepedi-

    rademisso

    d e

    EstpidoCupido,e

    colocou-se

    dis-

    posiod oelencod a

    emissora.

    Nanoi te

    d o

    domingoem

    que

    acolunistaHil-

    degard

    Angel

    verdade i ra

    porta-voz

    d a

    Rede

    Globo

    eclarou

    oe l

    arceloshospi tal izado,

    lestava

    emasa

    o m a n d o

    erveja endo antstico,

    Show

    da

    Vida

    co m

    sua

    famlia:

    mulher

    efilha

    d e

    12

    anos.Eles

    mo ram

    n uma

    das

    lt imas

    vilasd ecasares

    quaseentenrios,uees tam

    a

    ubida

    d o

    m o r r o

    d a

    Glria.D e

    onde

    Joel

    pode

    ver,

    pela

    janela ,mais

    aba ixo ,

    oantigobairro

    de

    presidentes

    d a

    Repblica,

    o

    Catete ,

    r ansformadonumacratera

    nicoresul-

    t ado

    visvel,

    em

    cinco

    anos,

    d abatalha

    que

    acidade

    deSoSebastiod o

    Rio

    d e

    Janei ro

    t ravapelacons-

    truo

    d e

    sua

    primeira linha

    d e

    met r .

    Joe l

    po de

    a tparecerlouco,

    m as

    n o

    .

    An t e s

    de

    r

    alar

    om

    direo

    d a

    Globo

    o u

    t o m a r

    qual-

    queroutra

    at i tude,

    nod ia

    seguinte

    ao incide nte

    co m

    Regis

    Cardoso

    passou

    no

    Sindicatod os

    Atores ,

    que

    lheolocousadvogadosdisposio.

    No

    fo ine-

    cessrio.

    E,

    epois

    d oen t end imen to

    co m

    o

    superin-

    t enden te

    oni,

    listava

    Joel

    m

    isponibil idade,

    cumprindo

    s

    estantes

    eis

    meses

    o

    ont ra to .

    Globopode

    se

    d a r

    ao

    luxo

    de

    cont inuar

    pagando

    um

    cont ra to

    de40

    m il

    cruzeiros

    mensais,

    para

    ocont ra-

    t adoficar

    em casa.

    Chateado

    m as

    node r r o t adopelo

    episdio ,

    quemais

    deixavaJoel

    m agoado

    e ra

    ocompor t amen -

    to

    d os

    colegas.

    O

    io r

    que

    s

    caras

    j

    esto

    do min ado s

    pela

    mquina.Acharam

    atqueeuestava

    cont ra

    eles.

    Eu

    queria

    d ar

    d ignidade

    ao

    t rabalho

    d oator

    d e

    tele-

    viso,

    ueria

    queele

    deixassed ese rum a

    pea,que

    sdecora ,ecora,

    grava,

    grava.

    P Texton o

    se

    de-

    cora,

    texto

    se

    impregna "

    Opersonagem

    Belchior

    t inha

    sido

    feiton am e-

    d idapara

    Joe l

    Barcelos,

    o

    que

    d i z em,

    quando

    con-

    ta m

    ue

    oi

    rprio

    jovemutor

    Mrio

    ra ta

    se u

    amigo

    d evrios

    anos,

    inclusive

    quem

    pediu

    Globo

    queo

    chamasse

    para

    o

    papel.

    U m

    personagem

    que to r

    onstruiu

    m

    asa,

    sozinho,

    co m

    am u-

    lher,

    orque

    no

    corre-corre

    d os

    prepara t ivos

    d a

    no-

    vela

    o

    ncont rou

    ingum

    a ra

    iscutir

    obre

    andari lhoelchior,ue

    parece

    m

    ia

    m

    lbu-

    querque,

    ir aiguraopular,

    o m

    ua

    mania

    e

    "i r r ad ia r"asnotcias

    d omundo .

    r^

    s

    noticias

    do

    "pirado*: deJoo

    XXIIIao

    twistV

    \Belchior

    eto

    o

    mendigo

    desligado

    qu e

    coloca

    a

    rdio

    no

    ar ,

    a n -

    dando

    ela

    raa

    om m o

    o

    uvido.Alm

    de

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    11/66

    o

    piodopovo

    funcionar

    om o

    ersonagem,

    ocaraque

    vai

    estar

    sempresituandoa

    poca,

    ao

    anunciar,

    por

    exemplo,

    os

    filmes

    em

    cartaz,

    cantar

    as

    msicas

    da

    poca,

    f a -

    zer

    a spropagandas.

    umacerta

    altura,

    pensa-se

    em

    intern-lo,mas

    s

    Personlitisos

    oys

    a

    i dade )

    socontra.

    Fora

    da

    rdio

    no

    ar ,

    ele

    um

    cara

    legal.

    Sabe

    os

    exerccios

    de

    matemtica,

    etc.

    Cada

    vez

    ele

    conta

    uma

    histria

    iferente

    sobre

    a

    sua

    vida.

    Nin-

    gum

    soube

    jamaisasua

    origem.

    Protegeos

    rapazes

    do

    guarda

    e

    do

    seu

    Miguel.

    Em

    961

    conteceram,

    entre

    outrascoisas,no

    mundo:

    Joo

    XXIII

    acabava

    co m

    as

    missas

    em

    latim

    e

    convocava

    os

    conclios;

    Osalrio-mnimo

    noBrasil

    eradenovemil

    cruzeiros;

    O s

    Estados

    Unidosompiam

    om

    Cuba

    tentavam

    umainvaso;

    Gagarin

    subiu

    noespao

    pela

    primeira

    vez;

    Kennedy

    derrotava

    Nixon;

    O

    muro

    eraerguido

    em

    Berlim;

    Santose

    Botafogoeram

    osgrandes

    times

    brasileiros;

    Passeava-se

    emelegantesAero-Willysefran-

    ceses

    Simcas?

    Havia

    comcios

    co mpintinhos,vassourinhas

    eespadinhas;

    Ors

    transbordava

    eocircopegavafogo

    em

    Niteri;

    Twist,Hully-Gully,CelyCampeio

    e

    muita

    bossa-nova;

    Tudo

    acabava

    bem

    o

    Baile

    de

    Formatura.

    (D asinopsequeo

    autor

    d eEstpido

    Cupido

    subme-

    teu

    apreciao

    d a Globo.)

    N

    es fecho :

    o

    ator

    So i

    pra

    tvpor

    causa

    dafilha

    I a s

    otos

    ue

    Joel

    ua

    mulherroduzi ram,

    specialmente

    a ra

    most r a r

    os

    ue

    inham

    ped ido

    mais

    nvel",

    v-se

    como

    seria

    o

    Belchior:

    um

    personagem

    revolucion-

    rio,

    um

    visionrio

    romnt ico,

    capaz

    d e

    falar

    d o

    pre-

    sente

    end o

    laro

    ueiria

    er

    uturo,

    m

    mend igo

    estido

    e

    japona,

    boina ,emborna la

    tira-

    colo,

    um olhar

    queatravessa

    as

    pessoas.

    Assist imos

    juntosa

    t o do

    o

    Fantstico,em

    sua

    televiso ores.To ma mo s

    meiadzia

    de

    cervejas.

    Falamos

    eudo ,d avida.0

    fim

    d o

    Show

    daVida

    marca

    ahoraem

    quesu a

    filha va ido rmi r .Joelapon-

    taa ra

    or t a ,

    o rondeamenina-moa

    acaba

    de

    saird asala.Fo i

    um

    desabafo :

    Eufu i

    pr a

    televiso

    po r

    causa

    dela.

    Ela

    vi-

    ve

    vendo

    isso

    a ,

    essas

    porcarias,

    esses

    marics

    se

    fa -

    z e n d o

    de

    tor.

    Falarqueruim?Noadian ta :oque

    que

    b o m ,

    ento?Eu

    t opei

    en t ra r

    para

    mos t ra r

    pr a

    ela."

    N

    io,30

    dei

    dezembrode1957,

    69'

    daRepblica[

    1ossaonversa

    t e rminou

    no

    m o m e n t o

    emqueo

    locutor Cid Morei-

    ra

    apareceu

    novdeo

    colorido,

    comple t amen te

    fora

    de

    hora ,

    e

    le u

    um a

    notcia

    "ext raord inr ia":

    acabava

    demor re r ,

    vt ima

    de

    um

    desastre

    automobilst ico

    na

    Via

    Dutra ,o

    noiteceraquele

    omingo ,2

    e

    agosto

    e

    976 ,

    x-presidenteuscelinoKubits-

    chek.

    D E C R E T O

    42.946

    D E30D ED EZ EMB R O

    D E

    1957

    OutorgaoncessoRdio

    Glob o

    .A .

    ara

    estabelecer

    um a

    estaod e

    radioteleviso

    para

    a

    Ca -

    pital.

    O

    Presidente

    d aRepblica,usandoda

    atribui-

    o

    que

    lh e

    confere

    o

    Art.

    37,

    n

    a

    I,

    da

    Constituio,

    e

    e n d o

    em vista

    o

    disposto

    n o

    Art.

    5

    a

    ,n

    0

    XII,

    da

    mesma

    Constituio,decreta:

    Art .

    a

    -

    Fica

    outorgada

    a

    concesso

    Rdio

    Glob o

    .A.,

    osermos

    oArt.

    a

    doDecreto

    n

    a

    24.655,

    para

    estabelecer

    a

    titulo

    precrio,

    nesta

    Ca -

    pital,

    em

    ireitod eexclusividade,paraestao

    d e

    radioteleviso,

    d eacordo

    c om

    as

    clusulas

    que

    com

    este

    baixar,

    rubricadaspelo

    Ministrod e Estadod os

    Negcios

    da

    ViaoeObras

    Pblicas.

    Rio

    eaneiro,0e

    ezembro

    e

    1957,

    136-

    da

    Independncia

    e

    69-

    da

    Repblica.

    J US CE L IN O

    KUB ITSCHEK

    LcioMeira

    I

    Ficaassegurado

    R d io

    Glob o

    S.A.direito

    d e

    stabelecer,em

    xclusividade,

    estaapital,

    um a

    estaodestinada

    a

    executar-se,

    n o

    ramo

    d e

    r a -

    dioteleviso,c omf inal idade

    e

    orientao

    intelectual

    enstrutiva,esubordinao

    a

    todasas

    obrigaes

    e

    exigncias

    institudasnestea tod e concesso.

    II

    A

    presente

    concesso

    outorgada

    a

    ttulo

    pre-

    crio,emprejuzoafaculdadequeassegura

    a

    le-

    gislao

    vigente

    aoGoverno

    Federal

    de,

    em

    qualquer

    tempo,

    desapropriar,n ointeresse geral,

    o

    servio

    ou-

    torgado.

    III

    A

    concessionria

    obrigada

    a :

    a)

    onst ituir

    su adiretoria

    xclusivamente

    de

    brasileirosnatos;

    b)a d mit irexclusivamente

    peradores

    e

    locu-

    tores

    brasileiros

    natos,

    e

    b em

    assim

    a

    empregar,

    efe-

    t ivamente,

    os

    outros

    servios

    tcnicos

    e

    administra-

    tivos,

    dois

    teros,

    n o

    mni mo,

    d e

    pessoal

    brasileiro;

    c)

    o

    ransferir,

    ireta

    undiretamente,

    concesso.

    (D oDirio

    Oficial

    de

    30

    dedezembrode1957)

    C p

    extia

    i

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    12/66

    A

    Hol lywood

    brasileira

    Arealidadedosdeuses

    do

    Olimpoglobal

    Extra

    xtra O

    gati-

    nhodeSandraBreamachucou

    apatinha D e

    como

    o

    fantstico

    transforma

    bia-quentembia-fria

    A

    ragdia

    az

    bem

    Hollywood AGlobo

    nocabemais

    emsi

    u

    a

    aravilha

    de

    enrio.

    Os

    2

    uilmetros

    ealiasd oJard im

    Botnico,

    maio r

    os

    rpicos.

    Corcovado,

    Cristo

    Reden to r .

    O

    Horto

    Florestal.

    A

    Lagoa

    Rodri-

    go

    eFrei tas.

    U m

    raro

    privilgio.

    No

    centrod o

    ce -

    nrio

    mais

    boni to

    d acidade

    mai sboni tad om u n d o

    CidadeMaravilhosa

    lestela,

    a

    Hollywood

    brasileira.

    Aqui,

    t odo

    o

    m u n d o

    artista

    Cincoruas,

    que

    fo rmam

    um

    pentgono,

    so

    os

    l imitesd o

    coraod e

    Uma

    das

    40

    maiores

    empresas

    d oPas:asruasPachecoLeo,Jardim Botnico,Lo -

    pe s

    Quintas,

    Corcovado

    e

    Von

    Martins,

    n

    Q

    22 ,

    onde

    tudocomeoue

    que

    a t

    hojeo

    endereo

    oficiald a

    ZYD-81 ,TV

    Globo,

    Canal4

    d o

    R iod e

    Janeiro.

    Em

    1961 ,

    despercebidamente ,

    a

    cidade

    d oRio

    deJaneiro

    perdeu

    um t imed epelada,decampo ed e

    praia,o

    Carioca.

    No

    lugard ese ucampo,comeava

    a

    surgir,

    emlardes,

    mrdioespecial,

    o

    primeiro

    nestea slanejado

    xclusivamente

    a ra

    brigar

    um astao

    e

    v,

    ue

    ogo

    viria

    ermos

    maisfamosospersonagensd os

    anos

    6 0 ,

    envolvido j

    no

    ascedouro

    umscndalo:

    a i

    rasileirou

    americano?

    O

    "escndalo

    Time-Life".

    A o

    longo

    d e

    1

    nos

    d e

    sucessos,

    o

    prdio

    de

    8

    0 0met ros

    quadrados

    etrsandares ,

    inaugurado

    em

    1965 ,tomou-se

    ocent ro nervosod a Rede

    Globo

    de eleviso. ,ojeedeaCentra l

    Globo

    e

    Produes

    fbrica

    de

    sonhos ficou

    pequeno.

    Saiu

    a n d a n d o ,

    t om ou

    a

    calada

    em

    frente

    d a

    "velha

    estao",cupou

    uase

    odas

    s

    lojas

    rreasos

    edifciosom

    eus

    epar tamen tos

    elenco,

    eus

    mimegrafose

    xe rox ,

    desceu

    cercandopela

    Pacheco

    Leo,lugando omprandoasas.Atingiu,essa

    caminhada ,uaseabeira

    d aLagoa Rodr igod eFrei-

    tas,

    o m a n d o

    oTeatroFnixparafabricarali

    se u

    ri -

    so

    e

    se u

    canto

    a

    "linha deshows".

    Voltou e

    subiu

    espalhando

    ua

    gente

    por

    mais

    emaiscasasd aRua

    Lopes

    Quintas,

    pegou

    mais

    um cinema,

    n a

    Rua

    Jar-

    d imBotnico, hegouosundoso

    e r r eno

    e

    50 0

    met rosquadradosd a

    antiga

    "estao".Aqui,

    RuaLopes

    Quintas,

    0 3 ,

    rgue-se

    esde

    marod e

    1976

    m

    difcio

    e

    oncreto

    e

    vidro,

    0

    andares ,

    ado rnado

    co m

    ascoresazulepra ta

    as

    cores

    nacio-

    nais

    d a

    Hollywood

    brasileira.

    D a

    "VnusPlat inada",

    se

    r radia

    oje

    o d e ressa

    Alde ia

    Global,a ra

    mais

    d e2

    3 0 0

    municpios,

    58po r

    cen to

    d os

    munic-

    pios

    brasileiros.

    "A

    maior

    fora

    desa rmada

    d o

    Pas",

    cons ta ta ,reocupado,me

    eus

    maisltos

    habi-

    tantes.

    Tv

    pior

    para

    quem

    S az

    eleviso,

    m eu

    filho,

    uidado :

    m

    nt ro

    e

    a i dade

    ovem

    T

    ele'

    12

    e x t r a

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    13/66

    opiodo

    povo

    professor

    e

    Comunicaesno

    res tou

    teno

    este

    onselho

    e

    Nilson

    age,jornalistae

    vete rano

    re fo rmador

    a

    mprensa

    arioca.

    rsnos

    aceitou

    ir

    t rabalhar

    no

    Depar t amen to

    de

    Jornal ismo

    d aGlobo.

    Agora,cumpre

    horriono

    terceiro

    anda r

    daestao",na

    alaos

    d i to res

    o

    antst ico:

    desde

    evereiro,

    o r

    ausa

    d e

    salrio,

    est

    em

    briga

    co m

    mpresa

    a

    ustia

    orabalho

    ,

    esde

    ento,

    no recebeumais

    nenhuma

    tarefa.

    "D o

    porteiropr aden t ro ,

    o

    clima

    s

    con-

    corrncia,

    oncorrncia

    individual. Hollywood

    se m

    filtro.Pior

    praquem

    fa z

    d o

    quepra quem v."

    N

    hora

    em

    q u e

    os

    deuses

    so

    simples

    mortais

    I

    umdia,

    d e

    3

    4

    m il

    pessoasse

    movimen tam

    na

    Hollywood.

    H

    1 1

    anos,

    ram6 1 2

    funcionrios.

    Hoje,

    emt odooBra-

    sil,ocerca

    de

    4500 .Mas

    e la

    envolvea inda ,para

    fabricar

    112

    horassemanais

    d e

    emoes,

    o

    t rabalho

    autnomo

    d e

    outras27

    m il

    pessoas.

    Esse

    exrcito

    de

    t raba lhadores

    artistas,tcnicos,

    cengrafos,

    costu-

    reiras,

    intelectuais ,gente

    enf im

    a

    matria-prima

    dessa

    ndstr ia.

    ssim

    om o

    arinha

    e

    trigo

    a

    matria-prima

    e

    m a

    brica

    d e

    espaguete.Gente ,

    por tan to ,

    a

    Centra l

    Globo

    de

    Produes,

    e

    onde

    saemsnovelas,showseostelejomais,oque

    custa

    mais

    caro:

    consome

    60

    po r

    cen to

    d e

    se u

    ora-

    mento .

    N o

    a rd oJard im

    Botnico,sente-sed e

    longea

    presenaa lobo.

    al

    om o umb ido

    ue

    envolvem aolmia,

    circulam,em

    volta

    d aAlde ia

    Global,osboysuniformizados ,cand ida tos

    aart is tas

    e

    rtistas,

    nibus

    speciais

    evando

    isitantes,

    komb ispintadas

    e

    zul

    ra t a ,

    colegiais

    caando

    autgrafos.

    A

    qualquerhora

    d o

    dia,avizinhana

    d a

    "estaao"vive

    m

    l imaegitao,

    s

    ezes

    e

    i r real idade.

    Semenhumaviso,sseishorasd a

    manh,

    a

    fbrica

    comea

    a

    funcionar

    a

    t odo

    vapor.

    a

    reali-

    da d ea

    produo

    as

    novelas.

    J

    chegamostcni-

    cos,smaquiadores ,osquevodis tr ibuiros

    rotei-

    rosos

    aptulos.

    D e

    epente ,

    om hegada

    os

    nibus

    ue

    razem

    os

    ex t ras

    e

    figurantes,

    acalada

    em

    rente

    aestao",a

    RuaVonMartins,fica

    t o ma da

    po r

    um amult ido.So

    os"bias-quentes".

    Ganham

    m a

    mdia

    e

    20ruzeirose loia

    e

    t rabalho,

    mais

    onduo, lmoo,nolocal

    d as

    gravaes,servido

    emembalagens

    trmicas

    d e

    alum-

    nioasesperadas"kent inhas".

    Co m

    asofisticao

    que roduo

    e

    ovelastingiu, Globo

    pode

    usar,

    num

    s

    dia,

    osserviosd as

    seis

    agncias

    d a

    ci-

    da d e

    especializadas

    em

    fornecerex t ras

    e

    figurantes.

    "Vamosl,gente Quem

    no

    estiver

    den t ro

    d o

    nibus,

    no vai "

    Figurante ueemado ,um araa

    burra

    e

    desgraada.

    O

    i retoreproduo

    d o

    "Ncleod as

    1 0 "

    olta efinio,nquantoo caa ra

    en t ro

    d os

    nibus

    s

    0 0

    xt ras

    quepassaroo

    d ia

    como

    habi t antes

    d afictcia

    "Saramanda ia" .

    Amelhor

    hora

    parave rosartistasd e verdade

    seria

    gora,

    ntre oras.

    le s

    chegam

    inda

    co m

    sono,

    procurando

    os

    ro te i ros

    de

    gravao,

    deco-

    r andoos

    t ex tos

    nosbares,

    durante

    o

    caf

    co m

    leite,

    ouden t rod eseus

    carros

    estacionados.So

    simples-

    me n t e

    humanos ,chegandoaesta

    hora

    parao

    t raba-

    lho,

    eno

    os

    deuses

    d o

    Olimpo

    global.

    Sandra

    Brea,

    A

    bananas

    e

    paets

    \

    r r

    muito

    nua^bicho/^^

    /

    mulher

    -

    show

    Sandra

    Brea

    cerra

    bem

    os

    lbios,

    de ixa

    apenas

    um a

    abertura

    mnima

    no

    anto

    i re i to,

    num

    s

    golpe

    despejaum abaforad inha

    e

    umaa

    vaziad equal-

    quercharme.

    Uhhhh

    sse

    aquiestb e m,

    Sandra

    Brea.

    Uaaaau

    Annnnnh

    A n n n n h "

    grita

    co m

    afetao.

    Coloca

    as

    mos

    sobreacabea,

    revira

    os

    olhos

    procura

    e

    um a

    expresso

    sensualejogaocorpo

    paratrs.Est

    n o

    escritrio

    de

    produo

    d e

    se u

    pro-

    gr amamensal ,

    Sandra

    &

    Miele,

    e

    se

    perdeem

    dvi-

    das

    o

    meio

    d e

    trs

    dezenas

    de

    sugestes

    para

    rou-

    pa s

    de

    show.Vai

    aconselhando

    ocostureiro

    Srgio,

    um

    novato

    em

    busca

    de

    emprego

    na

    Globo.

    Tem

    ue

    e r

    muito

    ecote .Assim,to

    umbigo.od eambma ra r

    aqui,

    ent re

    os

    seios,

    e

    depois

    omea r

    novamen te

    emba ixo ,um

    tringulo,

    losango.

    Mas

    mui to

    nua,

    sabe?,bicho muitonua "

    Aquiforad o

    vdeo,

    como

    descobrir

    a

    divaex-

    citante

    asrevistas

    masculinas,

    oua

    beleza

    queaos

    24anos

    d ei d ade

    o

    padro

    Globo

    d esensual idade?

    Pois

    e

    Sandra

    Brea

    est

    usandoum

    r abo

    de

    cavalo

    infantil,emamarca

    d o

    pente

    de

    Silvjnho,o

    cabe-

    leireiro

    responsvel

    pelos

    penteados

    mirabolan tes

    d a

    televiso;

    se

    espinhas

    lhet o ma mt o d ooros to ,

    eela

    alm

    d e

    tudo

    l igeiramente

    vesga.

    U merdade i ro

    ilagre

    e

    otogenia.

    m

    exemplo

    de

    como

    um aestrelasobe.

    U m a

    art is ta

    t -

    pica

    ateleviso,ageraoasnovelas.

    H

    nove

    anosnaGlobo,

    comeou

    sua

    escalada

    para

    oestrela-

    toemO Bem

    Amado a

    primeira

    prod uo

    colori-

    d a

    d o

    gnero

    natelevisobrasileira,

    em

    972 .

    Hoje

    pareceuest

    no

    uge.

    Capazeonvocar

    a

    im -

    prensa

    para

    d a rum a

    entrevis ta

    coletiva

    sobre

    ogati-

    nho

    de

    est imao,quemachucou

    um a

    pat inha.

    U m a

    entrevista

    exclusiva?S

    pode

    se r

    noi t e ,

    no

    camarim

    d a boate- res t aurante

    Vivar,

    aprovei tan-

    d o

    as

    trs

    horas

    que

    o

    maquiado r

    gasta

    para

    deix-la

    em

    condies

    de

    ent rar

    em

    cena,

    para

    o

    show

    Bana-

    nas

    e

    Paets.Elachegaao

    camarim

    co mum produ-

    tor,

    quea

    convida

    parafazer

    um

    filme.

    Vai

    avisando

    a

    ele

    ue

    goraest

    numa

    faixaalta e

    te m

    um

    n o m e

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    14/66

    opiod opovo

    a

    zelar.Mostraose u

    valoremdinheiro.Para

    se

    te r

    um a

    dia,

    stava

    ob rando

    0

    m ilruzei ros

    o r

    um a

    noi te

    de

    show.Antes ,t inha

    ped idochampanha

    paraela, afezinho

    para

    os

    demais .

    Comea

    a

    en-

    trevista co m

    agressividade:

    "A s

    notciassobrea

    minha id a

    para

    a

    Metro

    Goldwin

    Mayer

    o

    m

    id o

    ontradi trias,

    o .

    Voc

    no

    acredi ta,

    no

    ?

    Fui

    convidada

    para

    passar

    trsanosle

    fazer

    filmespara

    ocinema.Mas

    a i nda

    no

    ecidi.

    O

    euBonistvendo

    o

    quemelhor

    para

    m n , "

    MasGlobo

    noaHollywoodbrasilei-

    ra ;

    "Eu

    acho

    que

    sim.Bastavoc

    ir

    nas

    outras

    estaes

    parasaber

    quea

    Globo

    a

    Hollywood

    d os

    nossos

    t empos.

    Vamos

    ficar

    n a

    base:e latem

    dinhei-

    ro."

    Todass

    ua s

    eclaraes

    o

    pontuadase

    "quansao " ,

    es tou

    m or t a " ,

    ser ia

    o

    bomse

    essa

    rquestra

    parasse

    um

    minuto" .

    D iz

    que

    recebe

    mais

    eem

    ar tas

    po r

    emana ,

    ue

    em

    cont ra to

    co m

    Globot9 ,eque

    t o d o

    ano

    a

    direo

    lhe

    paga

    m

    m s

    e

    iagem Europa

    u

    osEstados

    Unidos ,

    para

    ve roque

    va i

    pelo

    mu n d od os

    shows

    e

    d as

    televises.

    Exausta

    ntes

    m e s m oencer ra r

    eu

    iad e

    t rabalho,co m

    um

    show

    d equaseduashoras

    que

    va i

    comear

    meia-noi te,

    a

    estrela

    admi t e :

    A

    Globo

    m a

    mquina

    iolentssima,

    que

    r imae laqual idadeepo r

    isso

    te

    exige

    muito

    t rabalho."

    Comorovaon tunden teeue

    st

    raba-

    lhando

    muito ,

    leva

    a

    m o

    a t

    a

    parte

    baixa

    d as

    cos-

    tas:

    "Estouco m

    um afissurad o

    cccix.

    Olha s

    a

    hapa

    e

    meta l

    o

    maio

    ueu

    so ,

    uran te

    show.

    icaaspando

    m eu

    ccix

    urante

    vinte

    minutos.

    Ningumagen ta ,n?"

    fantstico:A

    o

    bia-fria/A

    d e

    plstico

    /

    ""A

    Llguns

    oucos

    ganhamsalriosacimad e0 0m ilcruzeiros,m ass

    7,

    8d amanh,

    misturados

    massados

    quechegam

    fbrica,

    os

    artistas

    so

    t r aba lhadores

    comuns.Tam-

    bm

    estoali,

    m e s m o

    os

    r a ros

    milionrios,

    parape -

    gar n oba ten t e ,12horas po r

    dia.

    Essa

    a

    vida

    d e

    ar t istaparat o d omundo .

    No

    utrox t r emoaronte i raaAldeia,

    50 0met ro sd a Von Martius,

    mesma

    hora,

    ocantor

    eomposi to r

    JooBoscost mais

    dois

    prald o

    queprac. s

    7emeia

    d a manh,

    como

    a

    produo

    musical

    o

    antstico arcou,

    omposi to r

    o

    "Rancho

    a

    Goiabada"

    hegou

    ren te

    d o

    Teatro

    Fnix

    e

    j

    encontrou

    tudo prepa rado

    pelo

    di re to r

    de

    produo

    Evaldo

    Rui,

    e

    suaagi tada

    e

    eficienteequi-

    pee

    d ezassistentes:

    em

    cinco kombis e

    dois

    nibus

    lo tados

    om

    0

    igurantes,

    nxadas ,s ,

    abaas,

    marmi t a s

    oupas,

    Cent ra lGloboe

    Produes

    apresentavaa

    sua

    verso

    d a

    r ea l idadebrasileira.Co m

    vocs,

    ho w

    avida,

    um a

    versoantstica

    o

    programa

    mais

    a rod a

    televiso

    (360

    m il

    cruzeiros

    po r

    domingo,

    em

    agosto

    d e

    76) .

    "S e

    eu

    soubesse

    que

    e ra

    isso,

    eu

    no

    vinha"

    quase

    caiu

    paratrso

    parceirod eAldir

    Blanc.

    Mas

    saram t o dos

    em

    caravana parao

    Stio

    d o

    Bolo.

    Quando

    chegaram

    a

    Campo

    Grande ,

    n a zona

    rural

    d o

    Rio de

    Janeiro,o

    figurinista

    Jos

    Ferre ira j

    haviaomeado istribuirs

    chapus,

    ltimo

    to -

    que

    a ra

    ues

    igurantes

    e

    r ansformassemm

    verdadei ros

    bias-frias.

    Sua

    sntese:

    'Tem

    que

    se r

    um a

    roupameio

    t rapo,

    gran-

    d en o

    corpo."

    Mas

    s

    camisas

    e ram

    d e

    seda.

    Esforado,

    Fer-

    reira

    esmerava-senos

    detalhesd esua

    criao,

    amar-

    ro t ando

    om

    as

    prprias

    mos

    as

    camisas,

    e

    rasgan-

    d oalgumas.Ferre ira

    a indano

    estavacontente .

    Pe -

    gava

    s

    hapus,uase

    o d o s

    e

    veludo, ovava,

    surrava,

    maltra tava-os

    mais

    d oueascamisas,se m

    esquecer

    as

    ecomendaes:

    Pe

    assim

    d e

    l adoo

    chapu,

    se

    n o

    fica

    muito

    el egante ;

    dobra

    a

    boca

    d a

    cala,

    m eu

    filho:

    t

    aparecendoa

    boca

    d e

    sino,

    onde

    j

    se viu?"

    Nopescoo

    d os

    bias-frias,

    lenos.

    "O

    rocei robrasileiro

    us aleno

    no

    pescoo,

    sim D eve zemquandotirael impa

    o

    suord a testa ,

    as

    mos.

    Agora ,

    oamer icano

    eu

    n o sei.,"

    Essa

    eclarao

    e

    erre i ra

    marcou

    ncio

    d o

    caos

    to ta l .

    U m a

    camisavermelha,

    t o d a

    flor ida,

    d e nom -

    n imo

    3 0 0

    cruzeiros

    numa

    butique

    d eIpanema ,esta-

    va

    reservada

    para

    Joo

    Bosco.Eleserecusoua

    vesti-

    la .

    E

    no

    escapou

    d oimplacvel

    Ferre ira :"Pode

    en-

    t ra r

    om

    ssejean

    a

    mesmo.Prum

    cantor

    d erock

    rural

    como voc,ca i

    bem..."

    Nesse

    m o m e n t o ,o

    d i re to r

    d eproduoEvaldo

    Rui

    arranca

    osselos

    dasps"Metisa",enxada s

    "Ja-

    car"

    e

    marmi t a s

    "Glasurit"

    tudo

    novinho,

    tudoen-

    c o m e n da do

    para

    a

    gravao.

    Berra:

    "Tira

    os

    culos Bia-fria n o

    usa isso "

    Outro

    igurante,

    mais

    compene t r ado ,

    isto

    passando

    l ama na

    camisa,

    "fica

    mai s

    autnt ico",

    diz.

    Oquipamentocoloridod e

    vt

    omea

    a

    t rabalhar.

    Os

    "bias-frias"

    ent r am

    n um

    campo

    co m

    asmarmi -

    ta s

    emba ixo

    d o

    brao.

    As

    ps

    foram

    de i xadasd e

    la -

    d opo r

    o r dem

    de

    um

    motor i s ta :"roceiro no us a

    p ,

    no".

    Pelo

    megafone ,aso rdensd odi re to r .

    Os"bi-

    as-frias"pa r am,colocamasmarmi t a s

    nocho

    eco -

    meam

    a

    d a r

    enxadadas

    a

    esmo.Acmara sa iprocu-

    r ando

    etalhes,

    o r

    maise

    inco

    minutos.

    obre

    Stio

    oBolo lugado

    em

    t roca

    d e

    alguns

    troca-

    d os

    e

    comida ,

    para

    a

    produo:

    ficoucomple tamen-

    te

    esburacado.

    A

    superproduo

    d o

    antstico,

    to

    capricho-

    sa ,

    scometeu

    um

    deslize.Esqueceu

    de

    encomenda r

    as"kent inhas",oalmood osbias-frias

    de

    ment i r a .

    M

    extra

  • 7/26/2019 TV GLOBO A HISTRIA.pdf

    15/66

    o

    pio

    do

    povo

    m

    comer

    a tas

    quatroda

    t a r de ,

    receberam

    igual

    a

    bia-fria

    deverdade

    o

    t r aba lhador

    au tnomo

    o

    campo,se mregistro

    em

    carteira,

    se m

    dire i toaos

    emune rados ,frias,tc.

    e laemprei t a-

    osbias-quentes

    receberam

    6 0cruzeiros.

    Eu

    inha

    ed i d o

    eles

    que

    fizessem

    um a

    espcie

    de

    jornal ismo,

    pra

    eu

    can ta r

    co m

    essa

    msi-

    ca.

    Bastavafilmar

    o

    pessoalsaindo

    d os

    t rensda Cen-

    tral,

    s

    perriosaG o me sdeAlme ida ,osquea l -

    moam

    eas

    anchonetes.

    a f o

    sses

    s

    ias-

    frias

    d ale tra

    d o

    Aldir .

    Mas

    eles

    disseram

    que

    proi-

    bido

    f i lmar

    na Central ,

    coisad eSegurana

    Nacional ,

    eacharam

    melhor

    isso

    a."

    JoioBoscoassistiu

    a

    tudo

    desolado.

    Procurou

    consolar-sel embrando

    o

    queaconteceuco m se u

    co -

    ega

    Gilberto

    Gil,

    nome s moFantstico.Gi lt ambm

    chegou

    a

    hora

    marcada

    pela

    produo,

    para

    inter-

    pre ta r"Maracatu

    Atmico" .

    Oque

    viu

    G ?U m

    ele-

    fante

    e

    uatro

    met ros

    e

    ltura,

    odo

    r a t e ado ,

    construdo

    specialmentea ra

    Gi l

    antar ,

    d eci-

    m a.Diantedetodesenf readacriat ividade,

    o

    baiano

    odes t amen t e

    recusou:

    No

    ,

    m eu

    ego.

    Not enhocondies

    sicas

    de

    can ta r

    d e

    l

    de

    cima."

    Apesar

    de

    concordar

    co m

    Gil,

    Joo

    Bosco

    jus-

    o r

    star

    li,t

    m a

    hora

    d a

    t a r de ,espe-

    se r

    chamado

    para,quem sabe,

    f inalmente

    gra-

    rsua voz.

    Estouqui

    orque

    hega

    m

    m o m e n t o

    enod prad om ina r

    a

    mquina,no d

    pra

    a ir

    Mas

    mquina

    gravador

    "Nagra" no

    Estava

    em Belo

    Horizonte ,

    para um areporta-

    m

    sobre

    a

    mor t e

    deJuscelino.

    Dias

    epois,

    ejeans,nosestdios

    d a

    Globo,

    Bosco

    gravounfim eu

    Rancho

    d aGoia-

    A ofundo,um asried e

    fo tos

    d e

    re t i rantes

    d e

    que

    o

    prpriocantorescolheucomo

    ilus-

    Os

    "bias-frias"

    foram

    aprovei tadosem

    qua-

    m

    minutoemeio .E

    po r

    tudoisso,JooBosco

    6m ilcruzeiros.

    A

    Globo

    fatura["""N

    maisque

    todas

    asl

    \

    outras

    juntasI

    J

    LXoutor

    obe r -

    o ,suaempresajestem

    segundo

    lugar.

    Aprimei-

    o ,ela

    va i

    d el ado ,d e

    costas,

    d e

    frente ,

    de

    qualquer

    A t

    out ra

    vez,doutor."

    Com estadesped ida ,

    o

    a t

    nto

    jornalista

    Mauro

    alles,

    r imei ro

    i re tor

    d eTelejornal ismod a

    TV

    Globo,no estavasendo

    vi-

    den t e ,nem puxa-sacod o

    diretor-proprietrio

    d a

    em -

    presa,Robe r to Marinho.

    Eraum a

    dupla

    despedida .A os31

    anos

    deida-

    de ,

    Mauroalles

    entia-seuficientemente

    ovem

    para

    ab and ona r

    a

    profisso

    de

    jornalista

    e

    fundar

    sua

    prpria

    empresa

    d e

    publicidade,

    e

    assimabandonava

    t ambm

    se u

    cargo

    na

    Globo,

    a inda

    em

    965,

    o

    pri-

    mei ro

    ano

    d e

    suas

    atividades.

    Mauro

    Salles,

    como

    a

    Globo,teve

    1nosd e

    sucessos.No

    r imeiro

    emestree

    976,

    ua

    gn-

    cia

    Mauro

    Salles-Interamericana

    fa turou

    mais

    d e

    2

    milheselares.O

    uarto

    a turamento

    publici-

    trioo

    as.

    em

    e rde raagilidadede

    jornalista,

    em

    se u

    mt ie r

    um apessoa

    bem

    i n fo rmada ,

    e

    sem-

    pr e

    notcia .

    SegundoMauroBento Dias

    Salles,publicitrio

    brasileiro

    e

    vice-presidente

    regional

    da

    International

    Advertising

    Assodaton,a

    indstria

    brasileira

    da

    pu-

    blicidade

    investiuem

    1975

    cerca

    de

    740 milhes

    de

    dlares,tomandoomercadobrasileiro

    de

    publicida-

    de

    70

    u2

    domundo.(...)O s

    montantes

    en -

    volvidossorealmentesignificantes,quandose

    leva

    em

    onta

    ue,

    o

    noassado,

    5,estesmesmos

    investimentosepresentaramuase

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