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Luiza Vianna Prista
O TELEJORNAL NA TV POR ASSINATURA E NA TVABERTA:
análise da linha editorial e do formato do Jornal da Globo (Globo) e do Jornal das Dez (Globo News)
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)2011
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Luiza Vianna Prista
O TELEJORNAL NA TV POR ASSINATURA E NA TVABERTA:
análise da linha editorial e do formato do Jornal da Globo (Globo) e do Jornal das Dez (Globo News)
Monografia apresentada ao curso de Comunicação Social, doDepartamento de Ciências da Comunicação (DCC) do CentroUniversitário de Belo Horizonte (UNI-BH), como requisitoparcial para obtenção de título de bacharel em Jornalismo
Orientador: Luciano Andrade Ribeiro.
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)2011
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Dedico este trabalho de conclusão de curso aos meus pais,familiares, namorado e amigos que, de muitas formas, meincentivaram e ajudaram para que fosse possível a concretizaçãodeste trabalho.
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Agradeço a todas as pessoas do meu convívio que acreditaram econtribuíram, mesmo que indiretamente, para a conclusão destecurso. Aos meus pais, pelo amor incondicional e pela paciência.Por terem me oferecido a oportunidade de estudar, acreditando erespeitando minhas decisões e nunca deixando que asdificuldades acabassem com os meus sonhos, serei imensamente
grata. Ao meu orientador Luciano Andrade Ribeiro, peloempenho, paciência e jogo de cintura, obrigada por tudo. E àminha turma de graduação, pelas agradáveis lembranças queserão eternamente guardadas, muito obrigada.
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“Não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes” (PAULO FREIRE)
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LISTA DE TABELAS
TABELA 01 – Duração das matérias no Jornal da Globo e Jornal das Dez......................... 41
TABELA 02 – Duração das matérias no Jornal da Globo e Jornal das Dez......................... 41
TABELA 03 – Quantidade e duração de matérias por bloco ................................................. 42
TABELA 04 – Jornal da Globo – Classificação das matérias por editoria............................ 44
TABELA 05 – Jornal das Dez – Classificação das matérias por editoria .............................. 45
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 08
2 TELEVISÃO E TELEJORNALISMO ............................................................................ 11
2.1 Princípios básicos e características do gênero telejornalístico .......................................... 11
2.2 A história do telejornalismo no Brasil ............................................................................... 15
2.3 Telejornalismo na Rede Globo .......................................................................................... 19
3 TV POR ASSINATURA E TV FECHADA ..................................................................... 24
3.1 A evolução da tipologia na televisão – da TV aberta à TV fechada ................................. 24
3.2 Perfil editorial e estrutura do telejornal ............................................................................. 28
3.3 Seleção de notícias dentro do telejornal ............................................................................ 32
4 JORNAL DA GLOBO E JORNAL DAS DEZ: PECULIARIDADE DOSTELEJORNAIS ..................................................................................................................... 36
4.1 Histórico dos objetos de estudo ......................................................................................... 36
4.1.1 Jornal das Dez................................................................................................................ 37
4.1.2 Jornal da Globo.............................................................................................................. 374.2 Metodologia de pesquisa ................................................................................................... 38
4.3 Análise comparativa .......................................................................................................... 40
4.3.1 Jornal da Globo e Jornal das Dez: características editoriais e televisivas .................... 51
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 51
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1 INTRODUÇÃO
A televisão é o principal meio informativo do brasileiro. Ela foi substituindo sua função
de distrair pela função de informar e interagir. O telejornalismo tem a função oferecer
ao telespectador dados sobre os fatos mais importantes da região, do País e do mundo.
A produção em televisão é distinta, cada emissora possui suas próprias linguagens,
restrições e recursos. A partir disso, o trabalho pretende dirigir-se a essa prática
particularizada de telejornalismo.
A monografia em questão tem o propósito de analisar a linha editorial e a estrutura do
telejornal na TV aberta e na TV fechada, a partir da observação do Jornal da Globo, edo Jornal das Dez, ambos pertencentes ao Sistema Globo de Comunicação, focando no
fato de o primeiro fazer parte de um canal aberto, a Rede Globo, e o segundo de um
canal fechado, a Globo News. O objetivo do estudo é observar e analisar as diferenças
na linha editorial, no formato e na estrutura. Na demarcação do perfil estilístico, a
análise comparativa abrange os seguintes aspectos: a incidência dos formatos
jornalísticos informativos (nota, notícia, flash, entrevista e reportagem) e opinativo
(comentário), a identidade e o status do enunciado-falante (locutor, repórter,comentarista, fala das autoridades, dos especialistas e populares inseridos nas matérias)
e a formação quantitativa do telejornal (tempo e quantidade dos blocos, das matérias,
tempo cedido a cada editoria, divisão e subdivisões das editorias).
A escolha do Jornal da Globo e do Jornal das Dez, na análise comparativa, deve-se ao
fato de que ambos são telejornais importantes dentro da emissora, possuem extensa
cobertura nacional de equipe jornalística e têm ampla audiência nos seus horários de
exibição. O Jornal da Globo é um telejornal noturno, transmitido pela Rede Globo, em
um horário variável entre 23h e 0h30. Ele exibe diariamente uma síntese dos principais
acontecimentos, e a relação direta deles com os fatos mais significativos do dia
seguinte. Já o Jornal das Dez é um telejornal exibido diariamente às 22 horas pela
Globo News. Ele é o primeiro e único telejornal da TV por assinatura que vai ao ar
todos os dias da semana, em rede nacional e com uma hora de duração.
A pesquisa propõe uma análise sobre o jornalismo de televisão, voltado para o
telejornalismo. Como Rezende (2000) afirma, o telejornalismo é o gênero jornalístico
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aplicado à televisão, no qual a notícia exerce uma importante função política e social,
pois é capaz de alcançar e influenciar um grande público, assim a finalidade desta
monografia é contribuir para a compreensão do perfil editorial dos telejornais em estudo
e a forma como este assunto é apresentado.
Além disso, a notícia é de interesse coletivo. O direito à informação está acima de
qualquer interesse político ou pessoal. E a causa maior do jornalista é transmitir
informações para a constituição de um País consciente de sua condição de cidadania.
Com isso, este trabalho de conclusão de curso analisará o formato da a linha editorial e
a estrutura dos telejornais citados, propondo um melhor entendimento.
Com o intuito de identificar um perfil estilístico dos telejornais em estudo, a pesquisa se
circunscreve a uma das modalidades do jornalismo na TV, o telejornal apresentado no
horário noturno, representando em amostra de dois modelos de noticiário: o Jornal da
Globo e o Jornal das Dez.
A reflexão sobre a natureza e tipologia dos gêneros jornalísticos nos telejornais atém-se
ao âmbito da necessidade de se identificar uma classificação, amparada em basesteóricas e em observações dos processos telejornalisticos, que se enquadre como
instrumento metodológico valido para o estudo proposto.
A escolha se baseou, sobretudo no estilo editorial particular que cada um dos telejornais
adotados, tornando-os paradigmas da produção telejornalistica brasileira, com o intuito
de apontar as características editoriais mais marcantes em cada um. Com base nessas
características será possível sinalizar o perfil editorial de cada telejornal e a influência efrequência de cada editoria no formato do programa.
É de extrema importância esta análise, uma vez que aponta para um formato de
telejornalismo distante dos padrões estabelecidos como de qualidade da Rede Globo de
Televisão. É um formato que se utiliza de recursos disponíveis no meio televisivo,
porém que não são aproveitados em todos os telejornais, e encaixaram-se nos dois
telejornais em análise, como comentaristas e correspondentes internacionais.
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Este trabalho se estrutura em três capítulos. O primeiro atenta-se em realizar uma
abordagem histórica do telejornalismo no Brasil e construir um panorama da história do
telejornalismo dentro da Rede Globo, além de ressaltar e explanar as principais
características e princípios básicos desse gênero.
O segundo capítulo se aprofunda na parte teórica e conceitual, determinando a evolução
da tipologia na televisão, explicando a história da TV aberta e da TV por assinatura. O
perfil editorial, estrutura e seleção de notícias dentro de um telejornal, também são
temas abordados no capítulo.
Já o terceiro e último capítulo consiste primeiramente na análise de conteúdo dos doistelejornais utilizados nesta pesquisa, Jornal da Globo e Jornal das Dez, durante o
período de uma semana composta, cuja metodologia é desenvolver uma linha de
pesquisa sobre eles, a fim de realizar uma análise comparativa e, ao mesmo tempo,
apontar, a partir dos critérios analisados, como se dão a linha editorial e o formato
estrutural adotado nestes telejornais em questão.
O que se espera é que este trabalho contribua para incitar pesquisas sobretelejornalismo, mais especificamente, em linha editorial.
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2. TELEVISÃO E TELEJORNALISMO
A televisão no Brasil tornou-se, em praticamente mais de meio século, a fundamental
fonte de entretenimento e informação de milhões brasileiros. Ao informar sobre sua
história, e também a do telejornalismo, nota-se que o percurso das duas está muito
relacionado às mudanças conhecidas pela mídia televisiva nos últimos anos. Neste
capítulo, serão abordados os caminho percorrido pelo telejornalismo brasileiro, a
importância da Rede Globo para a consolidação dessa área no país e a caracterização
dessa prática jornalística.
2.1 Princípios básicos e características do gênero telejornalístico
Um dos mais importantes meios de comunicação entre os brasileiros é, sem dúvida, a
televisão. Em um país marcado pelo alto índice de analfabetismo, falta de interesse pela
leitura e a baixa procura por veículos informativos impressos, a televisão desempenha
um papel fundamental no desenvolvimento da consciência pública, pois ela possui a
função de entreter, informar e formar.
Desse modo, Rezende (2000) afirma que, no Brasil, a televisão se destaca em relação às
outras mídias, ressaltando a importância no jogo político e social, dada pelo fato da
capacidade de atingir um público semianalfabeto e que tem acesso às notícias
diariamente. A existência desse “telespectador passivo” expande a importância do
telejornalismo em uma cultura em que a oralidade sustenta seu domínio sobre a escrita.
Rezende (2000) alega que a televisão opera com uma intensidade maior que qualquer
outro veículo no país, uma relação direta e imediata com o vivenciado. Embora não
disponha dos instrumentos de acesso ao jornal impresso, o telespectador brasileiro entra
em contato, por meio dos telejornais, com as notícias mais importantes, segundo os
critérios de avaliação jornalísticos apontados por Becker (2004), como credibilidade e
atualização do fato.
Segundo Maciel (1995), para fazer jornalismo na televisão é preciso lembrar que a TV éum veículo com características próprias, que devem ser conhecidas para melhor uso.
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Entre as características do telejornalismo, Paternostro (2006) destaca que a imagem
deve sempre estar acompanhada por um bom texto, pois seu papel é enriquecer a
informação que está sendo transmitida oralmente na televisão. O que fascina na
televisão é a imagem. O telespectador prefere ver TV a ouvir rádio, devido às imagens
que ela transmite.
O principal artifício da notícia televisiva é a imagem: se não há uma imagem
impactante, o que é um grande acontecimento pode se transformar em apenas uma nota
comentada pelo apresentador, sem chamar a atenção do telespectador.
Respeitar a palavra é muito importante no texto da televisão. Imprescindível,no entanto, é não esquecer que a palavra está casada com a imagem. O papelda palavra é enriquecer a informação visual. Quem achar que a palavra podecompetir com a imagem está completamente perdido. Ou o texto tem a vercom o que está sendo mostrado ou o texto trai a sua função. (REZENDE,2000, p.44).
Para Becker (2004), é através da imagem que a televisão compete com o rádio e com o
jornal impresso, exercendo o seu fascínio para prender a atenção das pessoas. O papel
da palavra é dar ênfase à imagem em detrimento do conteúdo. Becker (2004) reforça
que o perigo de uma imagem sem o acompanhamento da palavra é maior em razão do
grau da precisão e clareza da mensagem que se pretende transmitir.
Entretanto, Bistane e Bacellar (2005) afirmam que a prioridade que se dá ao
componente visual das mensagens, de maneira a causar uma grande fascinação ao
público, acentua a progressiva desvalorização do poder das palavras. Na mesma linha
do pensamento, Bordieu (2007) atribui o aviltamento linguístico a uma concepção
equivocada de linguagem televisiva baseada no conceito de que televisão é sinônimo deimagem.
Embora a imagem tenha um papel fundamental na televisão, o texto também é muito
importante. Sem o texto, a maior parte das imagens se torna vazia de sentido e perde
qualquer significado como informação relevante para o telespectador. (MACIEL, 1995,
p.44).
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Paternostro (2006) descreve que o telejornal deve ser visto primordialmente como
mediador entre a notícia e o receptor, tendo o entretenimento como uma das principais
funções além da informação. Dentro desse contexto, Rezende (2000) ressalta o uso das
informações disponíveis atuais nos telejornais, como ferramenta para o telespectador se
sentir corresponsável pelo acontecimento.
Bistane e Bacellar (2005) explicam que, em um telejornal, o telespectador não pode
pausar o noticiário para voltar e ouvir novamente o que não entendeu, desse modo, a
linguagem dos telejornais deve ser simples e objetiva para qualquer pessoa entender,
independente da classe social que estiver inserida. Atualmente, com a popularização da
internet e as facilidades da navegação em banda larga, esse raciocínio pode serquestionado, já que o telespectador tem acesso ao conteúdo televisivo pela rede de
computadores.
Segundo Rezende (2000), nos telejornais, a predominância da oralidade sobre a escrita
se faz presente na aproximação com os telespectadores comuns, que podem, muitas
vezes, ser até analfabeto. Desse modo, é necessária uma linguagem clara, que permita a
compreensão imediata da mensagem.
Por ser impossível voltar atrás e rever a informação, como permite o jornalimpresso, a notícia em televisão deve ser entendida imediatamente, objetivoque só se concretiza graças à utilização de uma linguagem coloquial.(BECKER, 2004, p.68).
A interveniência da palavra tem o poder de, em muitas circunstâncias, orientar até
mesmo o público na interpretação das imagens. Segundo Rezende (2000), se a televisão
se impõe pela informação visual, ela prende a atenção do telespectador pela informaçãosonora. São características próprias de sua natureza como meio de comunicação.
Bistane e Bacellar (2005) afirmam que a inspiração na oralidade propicia à TV
comunicar-se com uma vasta camada do público receptor, mas, para consegui-lo, esta é
forçada a uniformizar a sua linguagem e se adaptar, na forma e no conteúdo, ao perfil do
público aos quais se dirigem.
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A precisão e a concisão são características apresentadas por Paternostro (2006) para um
texto jornalístico de televisão. As palavras escolhidas para o texto não podem ter duplo
sentido e deve-se evitar o exagero. Segundo Rezende (2000), o jornalista deve utilizar a
linguagem coloquial de forma correta e procurar usar termos mais comuns. Já Maciel
(1995), aconselha o jornalista a evitar palavras difíceis, pois o telespectador não está
acostumado a ouvi-las e as palavras que rimam, pois segundo o autor, formam um som
desagradável para o ouvido do telespectador.
Paternostro (2006) sugere que o texto na televisão sempre seja lido e revisado antes de
ir ao ar ou ser gravado, em voz alta. Isso é necessário para a identificação de problemas,
como, por exemplo, palavras repetidas e cacofonia. É fundamental prestar atenção àsonoridade do texto, já que a televisão é um meio que usa o sentido da audição e
imagem na transmissão de mensagens. Bistane e Bacellar (2005) ressaltam a
importância do ritmo na TV. Outros fatores importantes, para a manutenção desse ritmo
são as frases curtas e a pontuação adequada à fala.
A linguagem oral contribui para que o discurso televisivo cumpra uma desuas vocações básicas: a função fática. Sem dúvida quanto maior a exigência
de diálogo para se estabelecer um programa de TV, maior é a necessidade deemprego de uma comunicação oral. A adequação da mensagem a esse tom deconversa, que reduz consideravelmente os efeitos negativos próprios de umarelação unilateral. Aplica-se a qualquer tipo de programas, entre os quais
jornalísticos. (REZENDE, 2000, p 58).
Finalizando as características principais desse gênero jornalístico, Bourdieu (2007) frisa
a importância do papel do apresentador no telejornal. Este tem a autonomia de
disseminar as palavras e selecionar os sinais mais importantes. A palavra lhe atribui o
poder legitimador do discurso e, consequentemente, o de credibilidade junto ao
telespectador. A edição final e o próprio apresentador lidam com o conteúdo de forma
consciente, quando os temas a serem exibidos são hierarquizados, e de forma
inconsciente, quando adapta a entonação vocal ou expressão facial de acordo com a
essência do assunto naquele momento verbalizado e, por isso mesmo, construído de
forma real para ele próprio e para o espectador. A figura do apresentador é muito
importante no sucesso do telejornal, pois é ele que serve de ligação entre as notícias e o
público, ocasionando um vínculo afetivo e uma “aproximação” dele com o
telespectador.
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2.2 A história do telejornalismo no Brasil
Nos primeiros anos de funcionamento, a televisão era referência, apenas, como
entretenimento. Ao longo da década de 1950, esse cenário começou a mudar e as
demandas informativas foram pontuando o espelho da programação. Os telejornais são
um dos elementos principais da programação televisiva do Brasil atual. Em tempos em
que a informação é mensurada como moeda, as empresas de televisão investem bastante
tempo de programação no ramo jornalístico, pois possuem uma certeza de público certo
e de valor agregado à credibilidade da emissora.
Segundo Rezende (2000), vários fatores contribuíram para que a TV se tornasse maisimportante no Brasil do que em outros países, como a concentração da propriedade das
emissoras, o regime totalitário nas décadas de 1960 e 1970, a imposição de uma
homogeneidade cultural e, até mesmo, a alta qualidade da teledramaturgia. Para Piccinin
(2004), o telejornal tem um grande poder de penetração e referência para os seus
usuários, servindo de porta-voz dos acontecimentos nacionais e mundiais para os
telespectadores.
Durante a década de 1950, o país passou por um importante desenvolvimento político,
social e econômico, colaborando, assim, para uma atmosfera adequada à concretização
do telejornalismo brasileiro. Segundo Paternostro (1999), o primeiro telejornal do país
foi o Imagens do Dia, indo ao ar no dia 20 de setembro de 1950, na TV Tupi, dois dias
após a inauguração da emissora. O telejornal não possuía um horário fixo de exibição,
mas sempre entrava no ar entre as 21h30 e 22h, com locução de Rui Resende, que
também exerceu as funções de produtor e de redator das notícias. A locução do Imagensdo Dia era em off, e algumas notas possuíam imagens sem cor e sem som. Rezende
(2000) conta que o telejornal durava o tempo que fosse preciso para a exibição de todos
os fatos e imagens. Dois anos após a estreia do primeiro telejornal da televisão
brasileira, Imagens do Dia, foi substituído pelo Telenotícias Painar , que ia ao ar às 21h.
Em abril de 1952, o programa radiojornalístico Repórter Esso foi transmitido pela
primeira vez na televisão, inovando o cenário do telejornalismo brasileiro. O Repórter
Esso foi considerado o telejornal mais importante da década de 1950. Barbosa (1985)
relata que inicialmente, o telejornal exibia notícias nacionais e internacionais no formato
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do programa de rádio que determinou a sua origem. As notícias eram compostas
fundamentalmente de textos e com raras imagens.
Com a frase “Aqui fala o seu Repórter Esso – testemunha ocular da história”, o gaúcho
Gontijo Teodoro comandava o programa. Ao longo de 18 anos, essa chamada colocava
os brasileiros na frente da TV (REZENDE, 2000, p. 88).
No início da década de 60, a linguagem do telejornal era associada à do rádio, com
frases bastante extensas e detalhadas. Os telejornais eram apresentados e elaborados por
locutores, pois não existiam apresentadores e redatores na televisão. Segundo Rezende
(2000), os jornais eram compostos basicamente de notícias elaboradas dentro doestúdio, devido à falta de recursos necessários para uma reportagem externa. Em
meados da década de 1960, o telejornalismo começou a progredir no país. Com a
chegada de avanços tecnológicos como o videoteipe, os telejornais tornaram-se mais
atrativos e dinâmicos, conquistando a atenção dos telespectadores.
Em 1962, a TV Excelsior inovou o cenário do telejornalismo da época com o Jornal da
Vanguarda, utilizando jornalistas e cronistas, para a apresentação das notícias no lugardos locutores. Rezende (2000) conta que este telejornal provocou um impacto notório,
pois sua forma de apresentação e estrutura se diferenciavam bastante dos demais
telejornais da época. Mas a ditadura militar no País (1964-1984) foi responsável pelo
fim da ampliação do telejornalismo na década de 1960. Com o golpe militar, os
telejornais voltaram a ser apresentados por locutores, pois adotaram o modelo norte-
americano, em que não se utilizava a figura de jornalistas como apresentadores.
A televisão brasileira sofre a influência americana, tanto na estruturacomercial como na produção importada dos Estados Unidos não apenasprogramas, mas idéias, temas, roteiros e técnicas administrativas. O estilo dotelejornal se aproximava cada vez mais do modelo americano. Era uma
bancada de apresentadores que iam “chamando” as reportagenssimultaneamente. (MATTOS, 2000, p. 126).
O final da década de 1960 foi marcado pela criação do Jornal Nacional, da TV Globo, e
pelo fim do telejornal Repórter Esso, da TV Tupi. Segundo Paternostro (1999) enquanto
o Jornal Nacional conquistava seu espaço na televisão brasileira, o Repórter Esso encerrava suas atividades, após 17 anos de exibição.
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O Jornal Nacional foi o primeiro telejornal em rede nacional na televisão brasileira,
estreando no dia 1º de setembro de 1969. Segundo Paternostro (1999), o telejornal
servia de modelo de como se fazer telejornalismo, com planejamento, agilidade e
grande avanço tecnológico. O Jornal Nacional foi o primeiro telejornal a apresentar
notícias e reportagens no momento em que se sucediam, devido à tecnologia via satélite.
De acordo com Rezende (2000), os locutores deste telejornal possuíam um estilo de
apresentação de acordo com o Padrão Globo de Qualidade1, expressão reconhecida até
hoje e que foi cunhada pelos dirigentes da emissora.
O objetivo do telejornal de integrar os 56 milhões de brasileiros da época, naverdade, escondiam interesses políticos e mercadológicos. Além de possuirum noticiário que lhe desse prestígio, a TV Globo queria competir com o
Repórter Esso, da TV Tupi (REZENDE, 2000: 109).
No fim de 1969, a TV Bandeirantes começou a exibir o telejornal Titulares da Notícia.
Com o final do Repórter Esso, a TV Tupi criou o telejornal Rede Nacional de Notícias
em 1970, responsável pela transmissão ao vivo das principais notícias do dia para várias
capitais do País.
Segundo Rezende (2000), a TV Cultura inovou o telejornalismo da época com o
noticiário A Hora da Notícia. O telejornal da emissora pública paulista priorizava
notícias populares e abria espaço para o telespectador dentro do programa, como
sugestões de pauta e envio de imagens.
Os avanços tecnológicos, o aprimoramento do conteúdo e o desenvolvimento do
telejornalismo marcaram a década de 1970 e contribuíram para um grande progresso da Rede Globo na época. No final desta década, os telejornais passaram a contar com a
presença de jornalistas como comentaristas das notícias das principais editorias.
Paternostro (1999) conta que a década de 1980 foi marcada pela falência seguida do fim
da TV Tupi, e com surgimento de diversos programas de debates e entrevistas, como:
Vox Populi, da TV Cultura, Encontro com a Imprensa, da Bandeirantes, Diário
1 Padrão Globo de Qualidade é um conjunto de regras, implícitas e explícitas, que norteiam as operaçõesda rede (MARINHO, 2011).
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Nacional, da TV Record, e Globo em Revista, da Rede Globo. Além da estreia destes
programas, Rezende (1999) afirma que, em 1980, duas novas redes de televisão
surgiram: o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT ) e a Rede Manchete.
O SBT foi fundado em 19 de agosto de 1981, e, em 1988, começou a exibir o TJ Brasil,
primeiro telejornal brasileiro a fazer o uso do âncora. A partir daí, a figura do âncora
passa a fazer parte de vários telejornais e chancelou credibilidade à emissora que não
tinha tradição jornalística. “O âncora é um modelo importado dos telejornais
americanos, onde o jornalista dirige, apresenta e comenta as notícias do jornal”
(PATERNOSTRO, 1999, p. 37).
A Rede Manchete, de acordo com Rezende (2000), inovou o cenário telejornalístico
com produções independentes, como o programa de entrevistas Conexão Internacional.
O programa era produzido pela empresa independente Intervídeo, do jornalista
brasileiro Fernando Barbosa Lima. No programa, o apresentador Roberto D’Ávila
entrevistava personalidades nacionais e internacionais.
No início de 1989, o Jornal Nacional implantou comentaristas especializados em suasedições. Seguindo a tendência da época, os comentaristas contextualizavam para os
telespectadores, as informações políticas e econômicas mais relevantes do telejornal.
Piccinin (2004) conta que, na década de 1980, as emissoras criaram a programação
nacional, e consolidaram o sistema de redes. Rezende (2000) explica que essa
consolidação acontecia quando a mesma programação da emissora-sede era transmitida
em idêntica faixa de horário, para todas as outras afiliadas pertencentes a ela.
Os anos 90 foram marcados pelo salto qualitativo do telejornalismo e pela
uniformização dos conteúdos informativos, o que ajudou na edição das notícias e na
elaboração das pautas.
O salto qualitativo dado pelo telejornalismo nos anos 90 é uma razoáveldemonstração disso: ele se libertou em muitos casos das amarras oficiais,expandiu seu universo temático, encontrou novas formas de tratamento e
ganhou até sopros de independência em relação ao empresariado do setor, o
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que até há pouco tempo era um privilégio parcial de poucos jornais no país.(HOINEFF apud REZENDE, 2000, p. 137)2.
O telejornalismo, ao mesmo tempo em que noticia sobre serviços e funcionamento das
organizações sociais, também é útil na função de proporcionar diversão e
entretenimento. Segundo Rezende (2000), o telejornalismo cumpre uma função social e
política relevante, capaz de atingir um amplo público, em grande parte iletrado. Devido
a essa característica do telespectador passivo, o telejornalismo torna-se capaz de
representar uma forma de democratizar a informação, fato consolidado atualmente pela
multiplicidade e convergência de plataformas comunicacionais, sobretudo a digital.
2.3 Telejornalismo na Rede Globo
A Rede Globo foi fundada pelo empresário e jornalista brasileiro Roberto Pisani
Marinho, em 1965, e presidida por ele até 2003, quando passou a ser dirigida por seus
filhos, João Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho. A Rede Globo de Televisão,
com uma das maiores, senão a maior audiência do país, especialmente em seus
programas jornalísticos, serve de exemplo para várias emissoras nacionais.
O sucesso da empresa é notório, devido ao enorme público que acompanha seus
telejornais diariamente, desde as 7h até 0h, horário do último telejornal da emissora. Em
relação aos assuntos nacionais, o telejornalismo da Globo é responsável por influenciar
os temas das pautas do resto da imprensa, por ser vista como uma emissora de
credibilidade. Segundo Bolaño e Brittos (2005), a Rede Globo proporciona uma ampla
variedade de programas, como telejornais, filmes, telenovelas, programas de auditório,
entre outros.
Wolton (1996), ao comentar o papel da emissora, avalia que esta se coloca como uma
indústria, um instrumento de modernização e integração e um fator de identidade
nacional. Ela é um instrumento de cultura de massa numa sociedade hierarquizada e se
constitui como símbolo de identidade brasileira
2 HOINEFF: 1948, jornalista, produtor e crítico de cinema. Dirigiu o departamento de Programas
Jornalísticos da Rede Manchete e foi diretor de programas jornalísticos no SBT, Bandeirantes, GNT e TVCultura, onde também atuou como consultor de programação. Especializou-se em HDTV e novas
tecnologias de distribuição de TV.
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O jornalismo está presente no conteúdo da Rede Globo desde o início da sua fundação.
Bolaño e Brittos (2005) contam que, no dia da inauguração da emissora, em 26 de abril
de 1965, exibiu-se o Tele Globo, telejornal que ia ao ar em duas edições: a primeira ao
meio dia e a segunda às 19h.
Nove meses após a estreia do Tele Globo, surgiu o Ultra Notícias, um telejornal com
duas edições diárias, (15h e 19h45). Em março de 1966, o Jornal da Semana estreou na
emissora e era exibido toda segunda-feira, às 23h, com a apresentação das notícias mais
importantes ocorridas durante a semana, construídas por meio de reportagens e
entrevistas de estúdio.
No mês seguinte, o Jornal da Vanguarda começou a ser exibido na Rede Globo.
Segundo Bolaño e Brittos (2005), este foi o principal destaque do período inicial da
emissora, pois o telejornal buscava a criatividade na forma de apresentação, aliada à
seriedade no tratamento da notícia.
O programa procurava romper com a linguagem tradicional dos telejornais e imprimirum tom quase coloquial ao noticiário. (BOLAÑO E BRITTOS, 2005, p. 208).
Em setembro de 1966, o diretor do Departamento de Jornalismo, Mauro Salles, deixou
o cargo e foi substituído pelo jornalista Armando Nogueira. Bolaño e Brittos (2005)
afirmam que essa alteração foi responsável por um processo de mudança essencial em
termos de estrutura da emissora, pois a seção comandada por Mauro Salles funcionava
ainda de modo precário em apenas uma sala na sede da Rede Globo. Ao assumir adireção do jornalismo, Armando Nogueira começou a ampliá-lo, com aquisição de mais
equipamentos e contratação de novos profissionais, colaborando para a expansão da TV
Globo na década de 1970.
Uma análise histórica do telejornalismo na emissora evidencia a existência defocos constantes de investimento de eixos contextuais e temáticos, como ainserção do cenário e do debate político nacional; a priorização doinvestimento tecnológico como padrão casado de qualidade e confiabilidade;e a promoção da identidade nacional. (BORELLI E PRIOLLI, 2000, p. 54).
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Em 1972, a Rede Globo já possuía estações emissoras em cinco das principais capitais
do país: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Recife. Segundo Bolaño e
Brittos (2005), no mesmo período, notou-se a dissipação do jornalismo na emissora,
com a estreia de diversos telejornais e importantes programas jornalísticos, como o
Globo Repórter, Fantástico, Jornal Nacional, Jornal Hoje, Jornal Internacional, Bom
Dia São Paulo, Amanhã, Painel, Jornal das Sete e Globo Rural. Na década de 1980, a
Central Globo de Jornalismo produzia três horas e meia de jornalismo diário e
empregava cerca de mil profissionais nas cinco capitais onde possuía estações.
A partir de 1985, o Jornal Nacional e todos os outros telejornais da rede começaram a
fazer o uso de comentaristas nas suas emissões. Em 1989, a prática do comentário seintensificou – sobretudo pela estréia do âncora, um ano antes, na emissora SBT – e
expandiu por quase todas as editorias. Foi criado um conceito de jornalismo centrado na
análise e na credibilidade dos comentaristas especializados, que passaram a
contextualizar e a explanar para os telespectadores sobre as informações apresentadas
nos telejornais.
Rezende (2000) afirma que a emissora, desde que iniciou suas atividades em 1965,conquistou amplos índices de audiência. A Rede Globo é analisada como a maior TV da
América Latina, cujo sinal chega a 99,84% dos municípios brasileiros, por meio das 91
emissoras geradoras ou afiliadas.
Em um dado momento, a Globo passa a ser considerada a quarta maior televisão do planeta, só
perdendo para as norte-americanas ABC, CBS e NBC . (MATTOS, 2000, p. 78).
O telejornalismo da Rede Globo tem uma evidente intenção de informar e compor o
repertório da população. De acordo com Bolaño e Brittos (2005), o objetivo da emissora
é estabelecer a atualidade imediata, e fazer com que assuntos presentes no cotidiano
sejam exibidos para todo o País. O discurso jornalístico é cada vez mais igualado à ideia
de imediatismo e, consequentemente, à aparência do real construído e incontestável. A
linguagem presente nos telejornais da rede é intimista, as manchetes são curtas,
presentificadas e impactantes, e os apresentadores exibem o telejornal lendo as notícias
alternadamente com agilidade. A notícia de alto impacto se repete basicamente com as
mesmas informações em todos os telejornais da Rede Globo. Rezende (2000) afirma
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que informações proeminentes não são esquecidas, mas boas imagens permitem
melhores matérias.
Toda a programação da Rede Globo de Televisão, incluindo o formatonarrativo de seus telejornais, tinha por objetivo “falar diretamente ao povo”,inserindo-o numa ampla rede simbólica, com fortes doses de emoção ouapelo aos valores patrióticos. (BOLAÑO E BRITTOS, 2005, p. 211).
Segundo Marinho (2011), as Organizações Globo seguem a definição de que jornalismo
é o conjunto de atividades que, seguindo determinados preceitos e princípios, produz
um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas. O jornalismo é uma atividade que
admite um primeiro conhecimento de todos esses fenômenos, os complexos e os
simples, com um grau admissível de veracidade e correção, levando-se em conta a
ocasião e as circunstâncias em que ocorrem. É, portanto, uma forma de apreensão da
realidade.
Apesar de sua lógica financeira implacável, o seu sucesso provém, também,do fato de ter conseguido, tornar-se ao mesmo tempo espelho e parte do idealbrasileiro. Se o seu objetivo não é modificar as estruturas sociais, é, pelomenos, saber apreendê-las e acompanhá-las. Aí encontramos de imediato opapel do laço social da televisão. (WOLTON, 1996, p.158).
Diferente de outras emissoras, todos os programas da Rede Globo seguem um modelo
de criação, produção e apresentação, previstos dentro do Padrão Globo de Qualidade.
Segundo Bolaño e Brittos (2005), nos telejornais da emissora, observam-se
características similares como a linguagem, chamadas, passagens de blocos, reportagens
e ancoragem que compõem o padrão criado pela rede. A Rede Globo constrói o seu
padrão de qualidade através do ineditismo e imediatismo.
Padrão de qualidade é a criação de rotinas internas e de equipes técnicascapazes de realizar, a nível industrial, isto é, com regularidade e frequência,programas que atendam um patamar comum a toda programação, que misturavetores diferentes no atendimento às necessidades subjetivas do mercado. Éum produto novo, típico da era eletrônica. O telespectador já sabe o tipo deserviço que receberá. Pode discordar aqui ou ali, gostar ou não desse oudaquele programa. Sabe, porém, o que o canal lhe deverá oferecer em termosde um determinado comportamento previsível. O padrão acostuma otelespectador a uma carga diária de emoção, informação, prazer, devaneio eserviços gerais. (SOUZA, 1984, p.108).
Segundo Mattos (2000), a quantidade de matérias nos telejornais é grande, mas o tempomédio delas é pouco. Trata-se de um padrão editorial, uma preferência por telejornais
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rápidos e abrangentes. Seguindo a mesma opinião, Marinho (2011) assegura que a
agilidade da produção jornalística é o que compensa, em larga medida, as suas
imperfeições, se a compararmos a outras formas de conhecer a realidade.
A informação tem de ser prestada no menor espaço de tempo da melhormaneira possível, eis a equação diante da qual os jornalistas se veem todos osdias. Portanto, é atributo fundamental da qualidade da informação jornalísticaser produzida com rapidez. É a celeridade com que traça o primeiro retratodos fatos que ao mesmo tempo dá utilidade à produção jornalística e justificaas suas lacunas. A notícia tem pressa. (MARINHO, 2011, p. 4).
Porém, de acordo com Wolton (1996), existe uma hegemonia da Rede Globo, mas não
um monopólio, pois a Globo influenciou a tal ponto o desenvolvimento da sociedade
brasileira que ela própria não alcançou a evolução no ritmo das alterações extremamente
rápidas do local onde está inserida.
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3. TV POR ASSINATURA E TV FECHADA
O telejornalismo é parte inconteste da história da televisão brasileira nos últimos 61
anos. Graças a ele, o uso do videoteipe (VT)3, comentaristas em noticiários, inovação da
linguagem, incorporação da internet nas redações, entrevistas e TV por assinatura,
foram fortemente impulsionados. Neste capítulo, serão discutidas a chegada da TV por
assinatura no cenário brasileiro e as mudanças ocasionadas por ela no modo de ver
televisão. Também será abordado, no capítulo, o perfil editorial e a estrutura dentro de
um telejornal.
3.1 A evolução da tipologia na televisão – da TV aberta à TV fechada
Nos últimos anos, diversas mudanças ocorreram no cenário do telejornalismo brasileiro.
Hoineff (1996) explica que o rádio, a imprensa escrita e a literatura construíram um
papel fundamental na sociedade brasileira até a década de 1960, quando a TV genérica,
isto é, a TV aberta, foi consolidada como instrumento da integração nacional.
A implantação da TV por assinatura diversificou o telejornalismo e a sua programação.Para Ramos (2000), o início da segmentação se fez presente por seu estilo inovador,
admissível, face às novas cobranças de uma sociedade que se torna cada vez mais
exigente e globalizada. Trata-se de uma nova lógica social e econômica, pela qual o
aumento da quantidade de canais – pulverização dos canais informativos mundo afora –
exige que a programação fique cada vez mais segmentada e particularizada.
O surgimento da televisão segmentada, expressão aqui nomeada como TV porassinatura, causou um impacto na sociedade. Cada vez mais dependente da imagem, ela
se viu, de uma hora para outra, com vastas opções de canais televisivos. Em épocas
anteriores de 10 a 15 canais abertos, o público precisou se acostumar a escolher entre
100 e 200 canais fechados. A própria mídia televisiva se encarrega de multiplicar esse
número, com programação convergente entre canais do mesmo grupo empresarial. A
tematização só veio legitimar isso e possibilitou, assim, uma nova maneira de assistir à
3 Videotape ou VT: Equipamento eletrônico que grava o sinal de áudio e vídeo gerado por uma câmera.(MACIEL, 1995).
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televisão por meio de um conhecimento prévio da organização da programação das
emissoras.
Segundo Paternostro (2006), o cabeamento do sinal da TV se deu nos Estados Unidos,
ainda na década de 1950, época que a mídia chegava ao Brasil. Vendedores de
eletrodomésticos norte-americanos estavam com dificuldade de comercializar aparelhos
televisivos em regiões montanhosas, devido à qualidade do sinal. As lojas instalaram,
assim, uma antena principal de captação em pontos altos daquela região. Na loja, a
imagem estava perfeita, porém, na casa do consumidor, a realidade era outra. Dessa
demanda surgiu a estratégia comercial de puxar os cabos de antenas principais até as
casas dos compradores dos aparelhos televisivos, cujos protagonistas do feito,obviamente, passaram a cobrar por esse serviço. Era uma espécie de sistema
comunitário de distribuição de sinais, que ficou conhecido como Community Antenna
Television System (CATV). Em pouco tempo, o cabo virou uma opção para a
distribuição dos sinais das emissoras em regiões metropolitanas, e não somente para
distribuir canais locais, mas também programas exibidos em cidades maiores.
Complementando este raciocínio, Brittos (2001) afirma que, nos EUA, a TV porassinatura surgiu com o intuito de solucionar problemas técnicos de transmissão para
locais inacessíveis aos sinais da televisão aberta, e, somente com uma infraestrutura
estabilizada, é que surgiram as primeiras tentativas de comercialização que se
transformaram em negócios capazes de proporcionar lucro.
Paternostro (2006) afirma que, a partir da década de 1970, com o avanço da tecnologia
de satélites de comunicação, os sistemas de transmissão se expandiram rapidamente,incluindo captações de sinais via satélite. Os telespectadores começaram a receber uma
programação especializada: eram os primeiros canais temáticos, como previsão do
tempo, movimento das bolsas de valores e eventos culturais. A tecnologia permitia o
desenvolvimento na distribuição de sinais.
Segundo Rezende (2000), a televisão por assinatura progrediu bastante, e criou canais
exclusivos de notícia. Passou-se, até mesmo, a ressaltar mais frequentemente a
incidência de notícias calcadas no critério de valor jornalístico e não somente no
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impacto das mensagens. Com o passar do tempo, os canais por assinatura foram se
aprimorando, até se tornarem serviços segmentados de excelência para o assinante.
A TV por assinatura abriu espaço para que todos os canais pudessem trafegar,
reestruturou os mecanismos de produção e criou condições para que a televisão
respondesse efetivamente ao comando do espectador, passando a ser programada por
ele.
A multiplicidade das opções e as possibilidades interativas abertas peladigitalização promovem também uma mudança diametral na maneira de otelespectador se relacionar com o veículo. A televisão aberta apontava para apossibilidade de conhecimento prévio da organização da programação dasemissoras. Estimulava procedimentos de consumo cultural arcaicos, como afidelidade às estações ou a inércia frente a sequencia da programação. Mudaa forma de utilização do aparelho, mas muda, sobretudo a maneira de oespectador se relacionar com o veículo. (HOINEFF, 1996, p.28).
No Brasil, Paternostro (1999) conta que a TV por assinatura no Brasil surgiu no final da
década de 1980, quando já existiam mais de 300 redes por assinatura nos Estados
Unidos. Em 1988, nascia a Key TV , responsável pela transmissão de corridas de cavalos
via satélite. Mas foi a Canal +, criado em 1989, que marcou a estreia da TV por
assinatura no país. Ela era formada pela ESPN, canal de esportes americano, CNN ,
especializada em notícia , RAI, canal italiano de variedades e a MTV , canal voltado para
música pop. Desse modo, o Grupo Abril comprou a emissora, e modificou o nome para
TVA, que funcionava como uma distribuidora de canais estrangeiros. Diferente da
GloboSat, inaugurada em 1991, a TVA não programava seus canais, uma vez que a
GloboSat era programadora e distribuidora das Organizações Globo. Em 1993, esta rede
foi desmembrada e passou a se concentrar apenas no conteúdo dos canais. Ramos
(2000) alega que o Brasil foi um dos últimos países da América Latina a possuir
serviços de TV por assinatura, e justifica essa afirmação devido à passividade dos
cidadãos brasileiros em questionarem sobre essa letargia tecnológica e consequente
atraso social pela democratização das comunicações.
Paternostro (1999) explica que os telespectadores brasileiros criaram o hábito de ver
televisão, e com a implantação da TV por assinatura, as redes de TV aberta começaram
a enfrentar novos desafios para a conquista da audiência. Bistane e Bacellar (2005)descrevem o motivo da briga por audiência, justificada pelo faturamento diário de cada
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veículo e resultando muitas vezes em um sensacionalismo noticioso e consequente
mudança da linha editorial inicial do veículo.
A TV por assinatura tem a capacidade de conquistar o telespectador da TV aberta,
devido à sua própria natureza, suas características de sua programação e pela forma de
distribuição: existe a opção de escolha do que se quer assistir. As grandes emissoras
veem nisso uma oportunidade de experimentarem propostas inovadoras e, dependendo
da adesão, adequar a programação à grade das emissoras abertas e com maior amplitude
de audiência. Segundo Barbeiro e Lima (2005), as empresas de comunicação que se
dedicam ao jornalismo 24 horas, são reconhecidas mundialmente pela excelência de sua
produção.
De acordo com Paternostro (1999), a TV por assinatura atende a interesses específicos
do assinante, possui conteúdo dirigido, trabalha a programação com um formato menos
sensacionalista que a TV aberta e oferece melhor qualidade de imagem por causa dos
sistemas de distribuição dos sinais. Maciel (1995) explica que com a implantação das
novas tecnologias, as emissoras que se dedicam exclusivamente ao jornalismo oferecem
a todo o momento na tela informações e notícias para serem lidas como um jornaleletronicamente impresso.
A televisão fechada, que nasce com os novos mecanismos de distribuição desinais, volta-se para um público-alvo mais definido e uma temática maisespecifica: esportes, questões religiosas, filmes e noticias. Esta televisãotrabalha com mecanismos diferenciados de comercialização: o que ela vendenão são os anúncios que interrompem a programação. Ela vende a própriaprogramação direto para o telespectador. (HOINEFF, 1996, p.32).
Paternostro (2006) explica que a ideia de uma TV por assinatura estabelece umadiferença entre o que é recebido e o que é comprado. A redução da influência da
televisão aberta opõe-se ao fortalecimento de televisões segmentadas que agem sobre a
sociedade muito mais pelo teor do que está sendo apresentado do que pela presença nos
aparelhos.
A proliferação da oferta de novos canais não aumenta somente o número de opções do
telespectador, ela também colabora pela mudança do pensamento estético, econômico elinguístico que possa ser criado em torno dela, pois, segundo Paternostro (2006), a
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quantidade de canais disponibilizados pelos novos sistemas de TV por assinatura
modifica diametralmente a maneira de o espectador se relacionar com a programação
que lhe é oferecida.
A TV por assinatura é um veículo primariamente caracterizado por umasensível inovação na programação, pela recorrência a novos meios dedistribuição e pela personalização do conteúdo, capaz de provocar umamudança no comportamento de uma determinada faixa de público, pois aolongo desses últimos anos, as opções se ampliaram e ofereceram a liberdadede escolher o que realmente se quer ver na TV. (PATERNOSTRO, 2006,p.43).
Rezende (2000) afirma que, na TV por assinatura, a televisão não mais se organizará
por redes, mas pela oferta de programas. A TV por assinatura se dirige às fragmentaçõessociais, estimulando a seletividade do telespectador e tende a ser um instrumento de
permanente consulta, uma instância especializada na qual se pode confiar. Seu conteúdo
é em tese o aperfeiçoamento de tudo que é encontrado na TV aberta.
3.2 Formato do telejornal
O telejornalismo pertence a um conjunto de busca e distribuição de informações
apontadas como imprensa. Os telejornais possuem o intuito da persuasão, isto é, eles
têm o objetivo de convencer que aquilo que estão transmitindo é real. Em tempos de
globalização, Ramonet (1999) afirma que a televisão e o telejornalismo assumem o
poder como a primeira mídia da informação.
Para Becker (2004), a linha editorial de diferentes veículos é bastante distinta, onde
cada um escolhe o que dará mais ênfase e como informará aquilo ao telespectador. Na
reportagem, é possível perceber uma característica importante do estilo editorial dotelejornal: o espaço cedido ao depoimento dos entrevistados nas sonoras.
Entretanto, Rezende (2000) afirma que as matérias exclusivas são o que melhor retratam
o perfil editorial de cada telejornal, o que mostra o relacionamento de cada emissora
com o sistema político, econômico e financeiro em que se insere, convertendo o
telejornalismo em peça política.
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Segundo Rezende (2000), com base em uma linha editorial escolhida e um tipo de
telespectador esperado, cada empresa de comunicação estabelece orientações a serem
seguidas por seus jornalistas com o intuito de melhor atingir esse público.
Becker (2004) afirma que são assumidas dez categorias para análise da lógica da
produção do telejornal, como a estrutura, os blocos, o ritmo, os apresentadores e os
repórteres, as matérias, as entrevistas e depoimentos, as editorias, a credibilidade e os
recursos gráficos e cenários.
Os gêneros no telejornal correspondem aos do jornal diário, mas os formatos jornalísticos nem sempre coincidem, pois a incidência dos formatos
jornalísticos varia conforme os estilos de cada telejornal. A identidade e ostatus do apresentador e dos repórteres se manifestam de acordo com adiretriz editorial dos telejornais. (BECKER, 2004, p. 68).
Para Maciel (1995), o telejornalismo tem uma estrutura básica formada por duas partes:
a produção e a edição. Os produtores e repórteres têm a função de abastecer o veículo
de notícias e reportagens, já os editores de textos e imagens editam as noticias e
reportagens trazidas pelos repórteres, dando a elas a forma com que serão transmitidas
aos telespectadores. A produção começa, geralmente, no dia anterior com o trabalho do
produtor, um profissional designado de pautar os assuntos previstos para o dia seguinte,
criar matérias, e dar a elas uma orientação editorial. Essas informações levantadas pela
equipe de produção vão fornecer o repórter no dia seguinte, quando ele irá desenvolver
a matéria, junto com o cinegrafista, a partir das orientações da pauta e de uma conversa
com o chefe de reportagem. De volta à redação, o repórter passa ao editor a fita com a
matéria e informações adicionais, sobre os entrevistados e sobre a matéria, e discute
com o editor a ordenação do material gravado. Com o material em mãos, o editor de
texto seleciona, ordena e escolhe as imagens para a matéria. Feito isso, o material está
pronto para ser transmitido pelo apresentador. Barbeiro e Lima (2005) afirma que o
apresentador acompanha e participa do processo de confecção do telejornal em todas
suas etapas, estando ou não na redação.
A edição é a montagem final da reportagem que vai ao ar no telejornal. Énessa etapa da elaboração da matéria que fica mais clara a ação do jornalistaem excluir e suprimir a parte do material colhido, sob ação da subjetividade.
É preciso reduzir a complexidade do real para torná-lo inteligível em umareportagem de TV. Portanto a objetividade é um ideal a ser perseguidosempre. Editar uma reportagem para a TV é como contar uma história, ecomo toda a história, a edição precisa de uma sequência logica que pelas
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características do veículo exige a combinação de imagens e sons.(BARBEIRO; LIMA, 2005, p.102).
Rezende (2000) explana que a estrutura de um noticiário de televisão apresenta-se por
um espelho, que, por sua vez, sintetiza toda a ordem do telejornal e todos os
profissionais que participam da operação do programa. Ele organiza o telejornal em
blocos, indica a ordem de cada matéria em cada bloco, dos comerciais, a hierarquia das
chamadas e do encerramento. A elaboração do espelho, coordenada pelo editor-chefe, se
dá-se a partir de um pré-espelho, que se altera progressivamente, quantas vezes for
necessário, durante todo o período de produção do telejornal e que pode ser concluído
até mesmo no decorrer da própria apresentação do programa.
As matérias jornalísticas em seus mais variados gêneros e temas são distribuídas em
blocos. Segundo Becker (2004), o número de blocos varia de telejornal para telejornal.
Os blocos são separados por intervalos os comerciais e chamadas para outros programas
da emissora. Esses intervalos normalmente começam e terminam com vinhetas que
identificam o programa, o que é chamado como marca linguística, uma forma de
elemento audiovisual de passagem. Maciel (1995) explica que a ordem, a duração e a
divisão dos blocos do telejornal, costuma ser decorrência de uma reunião diária entre oeditor-chefe do telejornal, o chefe de reportagem, o chefe de redação e o diretor de
telejornalismo.
No transcorrer do telejornal, a transmissão da notícia assume diversos formatos.
Isolados ou integrantes de um conjunto, esses formatos constituem os gêneros
jornalísticos na televisão.
A identificação dos gêneros jornalísticos em noticiários televisivos confunde-se na
literatura específica com o assunto sobre o conceito de formatos. Becker (2004)
classifica as notícias apresentadas em telejornais em notas simples, notas cobertas e
aberturas e encerramentos para as matérias editadas. As notas simples são matérias
curtas sobre fatos acontecidos e sem imagens de cobertura. As notas cobertas se
assemelham às notas simples, mas possuem imagens. As aberturas e encerramentos de
matérias editadas são lidas no estúdio pelo apresentador e redigidas com o objetivo de
inserir o telespectador no assunto.
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Entretanto, Rezende (2000) acrescenta o boletim e a reportagem aos formatos
jornalísticos na televisão. No boletim, o repórter transmite sua narração diretamente do
local onde está ocorrendo o fato. A reportagem possui texto, imagem, presença do
apresentador, do repórter e do entrevistado. É considerada a mais completa forma de
apresentação da noticia na televisão.
A descrição das circunstancias particulares inerentes à incidência dos gêneros jornalísticos nos telejornais começa por uma breve alusão à estrutura e aosformatos básicos de produção jornalística em TV. (BECKER, 2004, p. 20).
Segundo Rezende (2000), os gêneros jornalísticos na TV são divididos em jornalismo
informativo e opinativo, mas a maioria dos telejornais se encaixa no primeiro, queobedecem às informações que dependem da eclosão dos fatos e da relação dos
mediadores com os personagens, estas transmitidas em caráter informativo ao público.
Os gêneros no telejornal correspondem aos do jornal diário, mas os formatos jornalísticos nem sempre coincidem. A incidência dos formatos jornalísticosvaria conforme o estilo de cada telejornal. A identidade e o status dos falantesse manifestam de acordo com a diretriz editorial dos telejornais. Nosformatos opinativos, observa-se que a mensagem jornalística se constitui, namaioria das vezes, exclusivamente do relato verbal, sem contar com o
concurso de imagens dos fatos ou dos problemas enfocados. (REZENDE,2000, p.45).
O jornalismo na televisão padece da limitação linguística pelo fato de que, definidos
pelo tempo, os telejornais – sobretudo os do horário nobre da programação – são
forçados a condensar ao máximo o noticiário. De acordo com Paternostro (2006), a
divulgação do maior número de noticias no menor tempo possível, lema dessa
mentalidade de produção telejornalística, transforma os informativos quase numa mera
sequência de manchetes, o que torna inevitável a redução vocabular. Complementando aafirmação da autora, Maciel (1995) conta que os telejornais de fim de noite, que não
trabalham sob pressão do horário nobre, são mais comentados, podem exibir entrevistas
mais longas e cada vez vão ganhando mais espaço nas emissoras de televisão
brasileiras. Mas, o autor afirma que mesmo nesses telejornais, o espaço continua sendo
escasso e cada segundo deve ser valorizado.
Rezende (2000) afirma que os telejornais do horário nobre têm um número de palavras
inferior ao dos jornais diários. Ultimamente, essa proporção tem mudado, porque os
jornais diários, influenciados pela linguagem televisiva, reduziram o tamanho dos seus
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textos. A mesma situação também se verifica nas TVs por assinatura, que, em seus
canais especializados de informação, concedem ao jornalismo e, consequentemente, à
palavra um espaço muito mais amplo.
Para Rezende (2000), o imediatismo da televisão faz com que se produzam matérias
mais curtas, mais diretas e sem uma contextualização anterior, exatamente o contrário
dos meios impressos, caracterizados investigação ao produzir. Desse modo, o
telejornalismo está perdendo conteúdo devido à velocidade que as notícias são
transmitidas e atualizadas na televisão. Ponto favorável aos meios impressos, que
descrevem especificamente as notícias contidas neles. Mas jornalistas de televisão
alegam que textos curtos causam mais impacto nos espectadores, ajudando nacompreensão, ao contrário de textos longos, que requer mais atenção e tempo do
espectador.
3.3 Seleção de notícias dentro do telejornal
O telejornalismo tem a função de informar o público de um modo geral a respeito dos
acontecimentos que mais se destacaram no dia. Diferentes notícias moldam diariamenteos telejornais do país. O noticiário televisivo é feito para o público, mas o seu conteúdo
não é escolhido por ele. Na televisão, a seleção de notícias é uma ação realizada
exclusivamente dos jornalistas. O telespectador não possui o privilégio de escolher as
notícias que irá passar no telejornal. Ele pode contribuir com sugestões e construções de
pautas, mas a decisão final é da equipe jornalística.
A seleção das notícias que entram ou não em um telejornal é baseada em diversoscritérios que passam pelo que o veículo midiático defende editorialmente e pelo
profissionalismo do próprio jornalista. Wolf (1999) conta que não se pode alegar que a
seleção de notícias é realizada de uma maneira particular por parte do editor-chefe do
telejornal, mesmo que a escolha seja profissionalmente originada pelo veículo de
comunicação. O ritmo na TV faz com que o veiculo disponha de pouco tempo para
abordar dos assuntos diários. Segundo Maciel (1995), um telejornal, por exemplo, é
forçado a fazer uma seleção rigorosa dos assuntos que trata para mostrar somente o que
é realmente importante. E mesmo nesse caso ainda agrupa as informações em um tempo
muito curto. Uma notícia normal de televisão vai ter em média 1 minuto de duração e
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uma entrevista dentro da reportagem de televisão, geralmente não excede os 20
segundos.
Um bom exemplo da seletividade na televisão é a escalada dos jornais, a listade assuntos escolhidos para funcionar como manchetes. A escalada já mostraque a televisão vai dar nos seus jornais praticamente apenas as notícias quevão ser capa dos jornais impressos do dia seguinte. (MACIEL, 1995, p. 22).
Bonner (2009) afirma que o jornalista de televisão deve ter o objetivo de transmitir ao
público os fatos mais importantes que aconteceram no Brasil e no mundo ao decorrer do
dia, fazendo uso da pluralidade e da correção. Vários fatores são utilizados para a
seleção de notícias dentro de um telejornal. Assuntos factuais são sempre privilegiados,
tendo em vista que admitem ao público o entendimento dos fatos da atualidade e
acontecimentos que se inserem no contexto em que se dão. O autor explica, também,
que as reportagens não factuais muitas vezes servem de apoio e complemento às
factuais, isto acontece para dar ao telespectador, a oportunidade de reflexão mais
detidamente sobre o assunto.
O fato noticiado em um telejornal necessita de boas imagens, pertencer a uma grande
narrativa, provocar impacto emocional e proporcionar um potencial notável para sedestacar frente aos demais produtos jornalísticos. Segundo Bonner (2009), as notícias
que serão transmitidas em um telejornal devem ser organizadas em uma sequência
lógica e coerente, facilitando assim, a compreensão do maior número de
telespectadores.
Cada notícia veiculada pela televisão deve ser completa em si mesma. O jornalista não
pode nunca imaginar que o telespectador já conhece os antecedentes da noticia, mesmoque ela esteja presente há vários dias no noticiário. (MACIEL, 1995, p. 45).
Segundo Wolf (1999), noticiabilidade é o conjunto de características de uma notícia,
desde a relação jornalista-fonte, até fatores éticos. Critérios de noticiabilidade são
usados para separar aquilo que será publicado daquilo que provavelmente não será.
Compreendendo o conceito de noticiabilidade, Bonner (2009) descreve alguns conceitos
básicos dentro do telejornalismo, para a escolha de notícias.
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O autor explica que a abrangência de um fato é um conceito fundamental, pois quanto
maior o número de pessoas atingidas por um fato, maior a possibilidade de ser
publicado. Mas isso normalmente é válido para assuntos relacionados ao Brasil, e nem
sempre para informações internacionais. Wolf (1999) complementa afirmando que essa
questão regional está relacionada à distância e ao entrosamento cultural, isto é, o que
pode ser uma notícia impactante em um país, pode não interessar à população de outros
países.
Pode também dizer-se que a noticiabilidade corresponde ao conjunto decritérios, operações e instrumentos com os quais os órgãos de informaçãoenfrentam a tarefa de escolher, cotidianamente, de entre um númeroimprevisível e indefinido de fatos, uma quantidade finita e tendencialmenteestável de notícias. (WOLF, 1999, p. 92).
Outro critério citado por Bonner (2009) é a gravidade das implicações, visto que, quanto
maior for a gravidade de uma fato, mais chances da notícia ser transmitida no telejornal.
Para Wolf (1999), o nível e o grau hierárquico das pessoas também são considerados
um critério de noticiabilidade, pois quão mais importante for o cargo de uma pessoa ou
instituição, maior chance do fato que ela está envolvida ser notícia.
Além desses critérios citados, o carácter histórico de uma notícia, de acordo com
Bonner (2009), também é considerado, tendo em vista que, existem notícias que estarão
presentes no telejornal de qualquer modo, ocupando mais tempo que as demais. Afinal
elas têm valor absoluto e se destacam, como a morte de um Papa, a Copa do Mundo ou
um ataque terrorista.
O peso do contexto é outro critério de noticiabilidade abordado por Bonner (2009). O
autor ressalta que um fator bastante importante que não pode ser deixado de lado ao
selecionar os assuntos que serão destaques no telejornal, é a importância relativa de uma
notícia quando comparada às demais daquele dia.
Segundo Wolf (1999), os critérios devem ser simples e ligeiramente aplicáveis, de
modo que a seleção possa ser realizada sem muita reflexão. Além disso, a simplicidade
do raciocínio auxilia os jornalistas a fugirem de incertezas excessivas, quanto ao fato de
terem ou não optado por uma decisão correta.
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Além de simples, os critérios também precisam ser flexíveis e facilmente
racionalizados, para que, no caso de uma notícia substituir outra, haja sempre um
motivo lógico e aceitável para a substituição. Finalmente, mas não menos importante, os
critérios são norteados para a eficácia, de forma a garantirem o necessário
reabastecimento de notícias apropriadas.
Conceituada a noticiabilidade como o conjunto de dados, por meio dos quais o órgão
informativo controla e conduz a quantidade e o tipo de acontecimentos, selecionando as
notícias, Wolf (1999) define os valores-notícia como uma componente da
noticiabilidade, que estão presentes ao longo de todo o processo de produção
jornalística, colaborando na conclusão da seleção da notícia.
Para o autor, os valores-notícia devem admitir que a seleção das notícias seja realizada
com agilidade, de um modo quase automático, e que essa escolha se diferencie por um
grau de flexibilidade e de comparação e, sobretudo, que não seja apta a excessivas
dificuldades, pois a seleção das notícias é um processo de decisão e de escolha realizado
rapidamente.
Os valores-notícia são, portanto, regras práticas que abrangem um corpus deconhecimentos profissionais que, implicitamente, e, muitas vezes,explicitamente, explicam e guiam os procedimentos operativos redatoriais.(WOLF, 1999, p. 107).
Os valores-notícia são critérios de grande valor distribuídos ao longo de todo o processo
da produção jornalística. Wolf (1999) divide os valores notícias em cinco categorias:
importância e interesse da notícia, critérios relativos ao produto e disponibilidade de
materiais, isto é, a disponibilidade de materiais e as características do produtoinformativo, o acesso aos materiais, conhecer o telespectador e a concorrência pelo
“furo de reportagem”.
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4 JORNAL DA GLOBO E JORNAL DAS DEZ: PECULIARIDADE DOS
TELEJORNAIS
Este capítulo se dedica a apresentar os percursos traçados para elaboração do trabalho,
que inicia pela definição da tipologia da pesquisa, passando pela definição do objeto e o
que será analisado. A pesquisa apresentada tem como foco a análise comparativa dos
telejornais Jornal da Globo (JG) e Jornal das Dez (J10), com o intuito de apontar a
linha editorial e a estrutura dos telejornais.
4.1 Histórico dos objetos de estudo
Como já dito anteriormente, a Rede Globo foi fundada em 1965 por Roberto Marinho.
Em relação ao telejornalismo, a Globo é responsável por influenciar os temas das pautas
do resto da imprensa, pelo fato de ser vista como uma emissora de credibilidade e com
grande variedade na programação.
O jornalismo está presente no conteúdo da Rede Globo desde o início da sua fundação e
atualmente possui expressivos telejornais, como Jornal Nacional, Jornal Hoje, Bom Dia Brasil e Jornal da Globo.
Segundo Bolaño e Brittos (2005), a Rede Globo procura constituir a atualidade
imediata, e fazer com que temas presentes no cotidiano sejam televisionados para todo o
País.
O desenvolvimento e o crescimento da TV por assinatura no Brasil refletiu de formadireta na queda da audiência dos programas jornalísticos da televisão aberta. Para
Rezende (2000), as alterações nos índices de audiência eram um fenômeno mundial
causado pelas inúmeras opções de entretenimento e de informação proporcionadas pelas
novas tecnologias, entre elas, a TV por assinatura.
Paternostro (2006) explica que o dia 15 de outubro de 1996 marcou o início das
transmissões da Globo News, o primeiro canal exclusivo brasileiro de notícias, 24
horas no ar. A Globo News procurava desenvolver uma fórmula combinando agilidade
com o aprofundamento da informação.
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A reapresentação de programas jornalísticos da TV Globo – Bom dia Brasil, Jornal
Hoje, Jornal Nacional, Fantástico e Globo Repórter – ocupava, nos primeiros meses de
funcionamento, cerca de 30% do total da programação da emissora. O tempo restante
cabia a produções próprias realizadas por um grupo de 166 profissionais. No formato de
telejornal, a Globo News apresentava o noticiário Em Cima da Hora e o Jornal das Dez.
4.1.1 Jornal das Dez
O Jornal das Dez vai ao ar diariamente às 22 horas com duração de uma hora. Além da
prática tradicional do telejornalismo, oferece entrevistas de estúdio, reportagensespeciais, debates, correspondentes internacionais e comentaristas em todas as editorias
para aprofundar e debater os principais assuntos. O grupo de comentaristas é formado
por Cristina Lôbo, comentarista de política (Brasília), Renata Lo Prete, também
comentarista de política (São Paulo), Carlos Alberto Sardenberg, comentarista de
economia (São Paulo) e Sérgio Besserman Vianna, comentarista de sustentabilidade
(Rio de Janeiro). É ancorado no Rio de Janeiro, pelo apresentador André Trigueiro, que
conta com as sucursais nacionais e as correspondências estrangeiras, que têmparticipações diárias no programa, sejam de Londres, Nova Iorque ou Roma. É o
primeiro e único telejornal da TV por assinatura que vai ao ar todos os dias da semana,
em rede nacional. O Jornal das Dez tem Marcelo Lins como editor-chefe.
4.1.2 Jornal da Globo
O Jornal da Globo é um telejornal noturno, produzido e transmitido pela Rede Globo,através da Central Globo de Jornalismo, com exibição no canal aberto. Ele oferece
diariamente um resumo dos principais acontecimentos do dia e procura antecipar uma
perspectiva para os fatos mais importantes do dia seguinte. Com duração aproximada de
30 minutos e apresentação de Christiane Pelajo e William Wack, o Jornal da Globo
trabalha com amplas reportagens, em séries temáticas, entrevistas de estúdio e
correspondentes internacionais e comentaristas de política. Ricardo Villela é o editor-
chefe do telejornal.
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O Jornal da Globo estreou no dia 2 de Abril de 19794, com apresentação do jornalista
Sérgio Chapelin. O noticiário tinha 30 minutos de duração e informações internacionais
apresentadas diretamente de Londres e Nova York. Em 1982, o telejornal sofreu uma
pequena mudança no formato, pois um dos blocos passou a se dedicar exclusivamente à
análise da notícia mais importante do dia. Nessa época, os apresentadores eram Renato
Machado, Belisa Ribeiro e Luciana Villas, além de Carlos Monforte, que por vezes
participava como comentarista. Sete anos mais tarde, Fátima Bernardes e Willian
Bonner assumiram a bancada do telejornal.
Em 1993, o Jornal da Globo começou a ser transmitido de São Paulo e o conteúdo
passou a priorizar notícias de Brasília e de prestação de serviços. Três anos mais tarde, a jornalista Mônica Waldvogel assumiu a editoria-chefe e ancoragem do telejornal. No
ano seguinte, Sandra Annenberg estreou como âncora e editora executiva do telejornal.
No ano de 2000, a jornalista Ana Paula Padrão assumiu a bancada de titular na
ancoragem do telejornal, onde ficou até maio de 2005.
A bancada de apresentadores do Jornal da Globo é formada atualmente pelos jornalistas
William Waack e Christiane Pelajo. Além de possuir comentaristas fixos de economia epolítica, como Carlos Alberto Sardenberg e Arnaldo Jabor, o telejornal ainda conta com
participações dos repórteres e comentaristas de política, como Heraldo Pereira, e de
esporte, como Cléber Machado.
4.2 Metodologia de pesquisa
A proposta de pesquisa deste trabalho é um estudo comparativo sobre o telejornalismona TV por assinatura e na TV aberta, a partir dos telejornais Jornal das Dez e do Jornal
da Globo. Para a realização, serão utilizados, como procedimentos metodológicos, a
pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a análise de conteúdo. A pesquisa
bibliográfica abrange livros e artigos relacionados a duas áreas fundamentais;
jornalismo televisivo e televisão aberta e fechada, passando pela linha editorial e
critérios de noticiabilidade.
4 Informação disponível no site <http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2010/04/historia-do-jornal-da-globo.html>. Acessado em 3 de novembro de 2011.
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Para esclarecer esses conceitos foram utilizadas as obras de Paternostro (1999), Maciel
(1995), Barbeiro e Lima (2005), Becker (2004), Bordieu (2007), Piccinin (2004),
Barbosa (1985), Mattos (2000), Wolton (1996), Marinho (2011), Souza (1984), Ramos
(2000), Colombo (1998), Hoineff (1996), Brittos (2001), Wolf (1999), Bonner (2009),
Bucci (1997), Rezende (2000), Bolânio e Brittos (2005) e Bistane e Bacellar (2005).
Em relação à pesquisa documental, a pesquisa tomou como material empírico os
noticiários Jornal da Globo, da Rede Globo, e Jornal das Dez, da Globo News. Para a
análise foi feita a gravação desses telejornais do modo semana composta, durante cinco
semanas, referentes às exibições dos telejornais nos cinco dias da semana, exceto nofinal de semana, pois não há transmissão do Jornal da Globo nesses dias. O tempo
escolhido para a coleta foi da quarta semana do mês de, até a quarta semana do mês de
setembro do ano de 2011. Para tanto, foram selecionadas edições dos telejornais em
análise. Vale destacar que a escolha dessas edições foi aleatória.
As edições analisadas correspondem aos dias 22 de agosto de 2011 (segunda-feira), 30
de agosto de 2011 (terça-feira), 7 de setembro de 2011 (quarta-feira), 15 de setembro de2011 (quinta-feira) e 23 de setembro de 2011 (sexta-feira). Os dias foram escolhidos
seguindo o critério de semana composta.
O método utilizado no presente trabalho é a análise de conteúdo comparativa do Jornal
da Globo e Jornal das Dez. O objetivo da escolha pela técnica da análise é verificar a
estrutura dos dois telejornais pertencentes à Rede Globo. É importante deixar claro que
não serão estudadas todas as características dos objetos empíricos em questão. Norecorte, foram considerados, como critérios de análise, a linha editorial e a estrutura dos
dois telejornais em estudo. Para isso, foram empregados os conceitos relacionados ao
telejornalismo, jornalismo all news, perfil editorial e televisão aberta e fechada. Na
procura por mais concepção e compreensão da análise de conteúdo, foram adaptadas
algumas categorias para o estudo do telejornalismo. Tais particularizações – que serão
roteirizadas na ordem abaixo no momento do estudo – foram determinadas como
categorias da análise:
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1. Duração de cada telejornal;
2. Quantidade de blocos de cada telejornal;
3. Duração de cada bloco
4. Formato da notícia
5. Divisão das editorias
6. Quantidade de matérias em cada editoria
7. Espaço para cada editoria;
8. Escalada;
9. Número de apresentadores;
10. Número de comentaristas;
11. Linguagem.
A escolha do Jornal da Globo e o Jornal das Dez, na análise comparativa, deve-se ao
fato de que ambos os telejornais são noticiários que possuem ampla cobertura nacional
de equipe jornalística e têm grande audiência nos seus horários de exibição, segundo o
Ibope.
4.3 Análise comparativa
De posse do material de pesquisa, passou-se primeiramente a uma observação específica
das edições demarcadas para análise, dos telejornais Jornal da Globo e Jornal das Dez,
a fim de se estabelecer uma análise comparativa, tomando como apoio a postura
editorial e o formato destes telejornais.
4.3.1 Jornal da Globo
e Jornal das Dez:
características editoriais e televisivas
Em relação à duração total do telejornal, o Jornal da Globo não possui estabilidade de
tempo fixo, mas, nas edições analisadas, o tempo oscilou entre 25 e 30 minutos. Essa
variação se dá pelos mais diversos motivos, mas, sobretudo, pela adequação à grade
horária da emissora de sinal aberto, que transmite diversos programas ao vivo e
passíveis de alterações de conteúdo. Por isso, durante a semana composta analisada,
notou-se que o Jornal da Globo não indicou um horário de início estabelecido, já que
ele é transmitido entre 23h e 1h, a depender a programação noturna da emissora Globo.
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A grande diferença, nessa questão de durabilidade dos telejornais, entre Jornal das Dez
e Jornal da Globo, é que o primeiro é exato no horário: de domingo a domingo, sempre
das 22h às 23h.
Porém, ambos, como cabe aos telejornais do fim de noite, refletem o factual,
atualizando tudo que já foi exibido nos telejornais anteriores e enriquecer o conteúdo
das matérias com imagens bem construídas e mais dados sobre o tema
(PATERNOSTRO, 2006).
Por divulgar um número muito maior de notícias por edição, o tempo médio das
matérias jornalísticas no Jornal das Dez foi menor que no Jornal da Globo, emdecorrência de seu estilo editorial, sobretudo pelo teor mais fortemente opinativo do que
o outro noticiário. Essa proporcionalidade pôde ser percebida nas edições dos dias 30 de
outubro e 15 de setembro de 2011:
TABELA 1 - duração das matérias no Jornal da Globo e Jornal das Dez – 30-08-2011
TABELA 2 - duração das matérias no Jornal da Globo e Jornal das Dez – 15-09-2011
Jornal da Globo – Edição 30-08-2011 Jornal das Dez – Edição 30-08-2011
Matéria Tempo Matéria TempoCâmara derruba pedido decassação de Jaqueline Roriz
3’19’’ Câmara derruba pedido decassação da deputada JaquelineRoriz
2’50’’
Rebeldes líbios atacamsuspeitos de participarem dastropas de Kadhafi
1’50’’ Rebeldes dão prazo para queforças de Kadhafi se rendam emSirte, na Líbia
1’02’’
Governo do Rio diz quebonde que bateu foi paramanutenção 13 vezes
2’22’’ Governo do Rio anunciaintervenção na administração dosbondes de Santa Tereza
1’55’’
Jornal da Globo – Edição 15-09-2011 Jornal das Dez – Edição 15-09-2011Matéria Tempo Matéria Tempo
Governo decide aumentar IPIde carros importados em 30pontos percentuais
6’19’’ Governo eleva IPI para carrosimportados
1’16’’
Engavetamento gigante pararodovia em SP e deixa ummotorista morto
5’57’’ Engavetamento em SP envolvecentenas de veículos e deixa ummorto
3’08’’
Sarkozy e David Cameronvão à Líbia para demonstrarapoio aos rebeldes
2’38’’ Sarkozy e Cameron vão à Líbiapara apoiar os rebeldes
1’27’’
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Por se encaixar em um perfil editorial mais opinativo, o Jornal das Dez disponibilizou
grande espaço do telejornal aos comentários, críticas e análises das notícias. Desse
modo, os VTS são menores e ocupam menos espaço dentro do telejornal, diferente do
Jornal da Globo, que com um perfil mais informativo, as matérias são maiores e
ocupam mais espaço dentro do noticiário.
Em relação à análise quantitativa, no Jornal da Globo, não existe uma regra em relação
ao números de blocos, variando de edição para edição, com uma média de 4 blocos. Já o
Jornal das Dez foi dividido em exatos 4 blocos diariamente.
O Jornal da Globo apresentou tendência à falta de uniformidade, pois o número de
matérias variou bastante nos blocos que seguem o telejornal. Na duração dos blocos,
verificou-se, ao contrário, que as diferenças foram menos expressivas, com blocos com
duração equivalente. Já o Jornal das Dez possui uma identidade quantitativa na divisão
dos blocos, tendo em média o mesmo número de matérias por bloco, com a mesma
duração. Essas variações foram observadas na tabela abaixo, equivalente à média de
todas as edições analisadas:
TABELA 3 – Quantidade e duração de matérias por bloco no Jornal da Globo e Jornal
das Dez:
Referente aos formatos da notícia, o Jornal da Globo fez uso de notas, somente quando
algum fato não ofereceu imagens suficientes [ou dignas de irem ao ar] ou não possuiu
um impacto expressivo dentro do telejornal. Seguindo essa linha, Rezende (2000)
Jornal da Globo Jornal das Dez
Blocos Quant. de
matérias
Tempo Blocos Quant. de
matérias
Tempo
Bloco 1 6 7’ Bloco 1 5 25’
Bloco 2 4 7’ Bloco 2 5 25’
Bloco 3 4 7’ Bloco 3 5 25’
Bloco 4 3 7’ Bloco 4 5 25’
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afirma que o noticiário televisivo tende a favorecer as notícias que podem ser
apresentadas com imagens, mas se a notícia é boa e a imagem é fraca, o jornalista deve
contar a notícia sem mostrar as imagens. O Jornal da Globo tem o objetivo de exibir ao
telespectador o andamento da notícia no decorrer do dia, ou se já houve casos parecidos
no Brasil ou no mundo. A identidade editorial do telejornal é a reportagem e o flash.
No caso do Jornal das Dez, é bastante comum o uso de notas secas, notas cobertas e
comentários, mas isso não significa que o telejornal não utilizou reportagens e outros
formatos da notícia. A opção pelo uso constante de notas é explicada pelo auxílio no
ritmo do telejornal, fornecendo mais agilidade. Segundo Rezende (2000), no transcorrer
do telejornal, a transmissão da notícia assume diversos formatos. Isolados ou integrantesde um conjunto, esses formatos constituem os gêneros jornalísticos na televisão.
Em diferentes formatos jornalísticos da notícia, o Jornal da Globo tem a finalidade de
exibir ao telespectador o fato, sem transparecer a opinião dos apresentadores. Desse
modo, o telejornal se classifica dentro de um perfil editorial informativo. O noticiário
ofereceu um espaço maior para a editoria de economia. Analisando as edições
escolhidas, as editorias de polícia, nacional, internacional, esporte, cultura e tecnologiase fizeram presentes. Faz-se importante ressaltar aqui que, no entanto, as editorias que
são visivelmente melhor lapidadas são aquelas que tratam dos assuntos econômico e
político. Esses dois segmentos da notícia ganham maior valor no rol das produções
jornalísticas, o que leva à compreensão do foco escolhido, como uma das características
principais do telejornal. As notícias apresentadas durante o telejornal, de um modo
geral, contaram com o auxílio de animações gráficas, infográficos para explicar dados
numéricos e artes, colaborando para a dinamização da notícia.
Assim como o Jornal da Globo, o Jornal das Dez também é um noticiário com perfil
editorial mais voltado para a economia e a política. Mas isso não implica que não haja
presença de outras editorias, como cidades, tecnologia, esporte, polícia e cultura, além
dos fatos que foram destaque no Brasil e no mundo. A identidade do Jornal das Dez é o
comentário e a análise da notícia, além das entrevistas de estúdio, presentes em todas as
edições analisadas. É um noticiário, que devido ao tempo de exibição, busca dar espaço
não só para assuntos emergenciais, mas também estabelecer um cenário geral dos
acontecimentos. Os dois telejornais possuíram uma grande convergência de editorias,
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porém, devido à duração dos telejornais, algumas editorias estiveram mais presentes em
um do que outro.
TABELA 4: Classificação das matérias por editoria no Jornal da Globo:
TABELA 5: Classificação das matérias por editoria no Jornal das Dez:
JORNAL DA GLOBO – MÉDIA DAS EDIÇÕES ANALISADAS
Temas Nº de Matérias Duração Total
Política 1 2’45’’
Cidades 1, 3 2’50’’
Economia 2,6 5’08’’
Comentário – Esporte 1 3’40’’
Polícia 1,3 1’09’’
Internacional 4 6’20’’
Esportes 2 3’00’’
Charge 1 00’26’’
Coluna – Política 1 1’35’’
Comentário – Economia 1 1’20’’
Cutura 1 0’45’’
Tecnologia 1 0’50’’ Observações: Quantidade de matérias e duração total por editoria
(média das edições de 22 e 30 de agosto e 7, 15 e 23 desetembro de 2011 do Jornal da Globo).
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Em relação à escalada, outros resultados comparativos se sobressaíram. A quantidade de
manchetes oscilou por edição e por telejornal. O Jornal da Globo exibiu o índice mais
baixo, com uma média de 5 manchetes por edição, excedido pelo Jornal das Dez, com
uma média de 7 manchetes.
O tempo médio das manchetes demonstrou um quadro comparativo distinto. Apesar da
superioridade em número do Jornal das Dez, a duração das manchetes do telejornal foi
inferior a do Jornal da Globo, com uma média de 1’30” de escalada, contra a média de
duração de 1’ de escalada presente no Jornal das Dez.
JORNAL DAS DEZ – MÉDIA DAS EDIÇÕES ANALISADAS
Temas Nº de Matérias Duração Total
Política 5 6’10’’
Cidades 3,5 5’30’’
Economia 5 15’35’’
Comentários 6 10’40’’
Polícia 2 3’20’’
Internacional 5 8’40’’
Entrevista de studio 1 7’30’’
Cultura 2 5’00’’
Tecnologia 1 2’30’’
Esporte 2 4’20’’
Educação 1 1’00’’
Observações Quantidade de matérias e duração total por editoria(média das edições de 22 e 30 de agosto e 7, 15 e 23 desetembro de 2011 do Jornal das Dez).
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Os motivos para essas divergências se comprovaram ao se analisar o formato de
apresentação da escalada. A menor duração das manchetes do Jornal das Dez se deu
muitas vezes ao fato, da não utilização de imagens na maioria das edições observadas.
As imagens servem para acompanhar, auxiliar e complementar o texto lido ao vivo no
estúdio pelo apresentador. Desse modo, a ascendência da informação verbal em
detrimento da utilização de imagens, fez com que o Jornal das Dez adquirisse
velocidade e ritmo. Já o Jornal da Globo utilizou imagens e participação de repórteres
durante as escaladas analisadas, contribuindo assim, para um telejornal mais arrastado e
pausado.
A escalada5 do Jornal da Globo começou com uma síntese da notícia de maior destaqueda edição. Essa ênfase contribui para a identificação dos critérios de noticiabilidade do
telejornal, pois notou-se que são transmitidas, sobretudo, notícias da editoria de política
ou economia que apresentaram ou apresentarão repercussão nacional ou internacional.
Isso pôde ser observado nas edições analisadas de 22 de agosto, quando, antes da
escalada, o apresentador Willian Waack comentou sobre a crise na Líbia e o paradeiro
de Muamar Kadafi; e de 15 de setembro, quando o apresentador iniciou ponderando
sobre o aumento do IPI sobre os veículos. Logo após esse resumo feito por um dosapresentadores da notícia de maior ênfase do telejornal, o outro apresentador realizou a
escalada.
(William Waack): Boa noite. Carro importado vai ficar bem mais caro. É oresultado da decisão do governo de aumentar o IPI sobre veículos que nãotenham pelo menos 65% de componentes nacionais. É uma típica medidaprotecionista. As dúvidas são: os carros nacionais vão ficar melhores? Osconsumidores sairão ganhando? A história de medidas protecionistas não dámuita razão para o otimismo.
Christiane Pelajo): E hoje também é dia de Conecte, a coluna de tecnologiavai falar dos simuladores usados em treinamento de mão de obra.(Christiane Pelajo): Brinque e aprenda, da solda à colheitadeira.(Sonora coberta por imagens): Você tem que alinhar a serra, deixarextamente perpendicular ao tronco da árvore.(Cristiane Pelajo): E a empresa que trocou a produção de games porsimuladores.(Cristiane Pelajo): O mercado volta a sorrir. Bancos da Europa sob risco vãoreceber uma enxurrada de dólares.(Cristiane Pelajo): Caos na estrada. Um engavetamento gigantesco naImigrantes em São Paulo.
5 Escalada são as manchetes do telejornal, sempre no início de cada edição. Servem para aprender aatenção do telespectador no início do jornal e informar quais serão as principais notícias daquela edição.(MACIEL, 1995).
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(Cristiane Pelajo): E a favela do Rio, que agora tem Banco comunitário commoeda própria.(Escalada Jornal da Globo, 15 de setembro de 2011).
A escalada do Jornal da Globo é diferenciada por uma breve introdução feita
primeiramente por um dos apresentadores da bancada. Essa introdução serve para
chamar a atenção do telespectador para a notícia de maior destaque no telejornal. Logo
após, o outro apresentador comenta outro assunto que fará parte do telejornal, e em
seguida são exibidas as manchetes das notícias principais da edição do noticiário. Todas
as manchetes da escalada são cobertas por imagens relacionadas ao fato.
Já o Jornal das Dez é bastante sucinto na escalada. Ao iniciar o noticiário, o
apresentador da edição se apresenta ao telespectador e narra as manchetes principais que
serão exibidas no telejornal. O noticiário opta por não fazer o uso de imagens em
complemento às manchetes, colaborando para um ritmo mais ágil, mas, ao mesmo
tempo, fraco em recursos visuais, conceito básico da televisão.
(André Trigueiro): Boa noite, eu sou André Trigueiro e esses são os assuntosem destaque do Jornal das Dez: (André Trigueiro): Governo eleva IPI para carros importados(André Trigueiro): Engavetamento em SP envolve centenas de veículos edeixa um morto.(André Trigueiro): FMI alerta para nova recessão e pede investimentos ememprego.(André Trigueiro): Tango é motivo de orgulho e de confronto para osargentinos.(André Trigueiro): E ainda: Nasa anuncia descoberta de planeta que gira emtorno de dois sóis.(André Trigueiro): Daqui a 30 segundos.(Escalada Jornal das Dez, 15 de setembro de 2011).
Nas edições analisadas do Jornal das Dez, notou-se na escalada a presença de alguns
comentaristas e correspondentes internacionais, anunciando algumas manchetes que
serão exibidas no telejornal. Além disso, a escalada é patrocinada, isto é, quando o
apresentador anuncia que o telejornal iniciará em 30 segundo, esse tempo é dedicado à
publicidade.
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Os dois telejornais em análise fizeram uso de teaser6 na escalada. A escalada do Jornal
da Globo, ao mesmo tempo que sintetizou as notícias que seriam mostradas, narrou uma
história em que as notícias simulam ser interligadas, ou seja, buscou-se relacionar um
assunto ao outro. Já a escalada do Jornal das Dez selecionou as notícias de cada editoria
mais importante no telejornal e as resumiu.
Em relação à apresentação do telejornal, o Jornal da Globo utiliza de um casal de
apresentadores, o que colabora para o dinamismo na locução. Já o Jornal das Dez é
apresentado somente por um jornalista na bancada. Os apresentadores do Jornal da
Globo não emitem opinião a respeito das noticias que apresentam, eles se atém somente
à apresentação das notícias ou de chamar os repórteres que produziram seus relatos. Noentanto, o apresentador do Jornal das Dez deixa clara sua opinião sobre o assunto em
pauta.
O apresentador desempenha um papel muito importante para estabelecer oclima de conversação com o telespectador. O impacto do noticiário vaidepender muito da atuação do apresentador, repórter e comentarista. Oapresentador pode falar diretamente para a pessoa que acompanha otelejornal. Dessa maneira, fortalece-se a função fática da linguagem e otelejornalismo quebra a sensação de unidirecionalidade na comunicação e otelespectador reage a esse tratamento pretensamente personalizado, agindocomo um interlocutor de um diálogo. (REZENDE, 2000, p.88).
Os dois telejornais em destaque possuem comentaristas, mas este é o grande diferencial
do Jornal das Dez. O telejornal possui comentaristas fixos nas editorias de economia,
política, esportes, educação e internacional, colaborando para a dinamização do
noticiário. Além dos comentaristas, o Jornal das Dez também possui correspondentes
internacionais especializados em economia, política e assuntos mundiais. O Jornal da
Globo possui dois comentaristas, um na editoria de esporte e um na editoria de
economia, além de também contar com o complemento de informações de dois
correspondentes internacionais e de um colunista. O grande diferencial do Jornal da
Globo são os comentários do colunista, jornalista, cineasta e polemista Arnaldo Jabor
em relação aos assuntos cotidianos, sejam comportamentais, econômicos ou políticos.
Tendo em vista que o comentário é característico do gênero opinião, o telejornal o
6 Teaser é uma pequena chamada gravada pelo repórter com a manchete da notícia. Entra durante aescalada do jornal (MACIEL, 1995).
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aplica taticamente a fim de gerar uma credibilidade, disfarçada por uma voz externa ao
telejornal.
Por pertencer a um canal aberto, o Jornal da Globo pode ser visto por qualquer pessoa
que possua um aparelho televiso, tendo um nível de alcance maior do que os telejornais
da TV por assinatura. Desse modo, sua linguagem é mais acessível e simples.
Paternostro (2006) explica que o uso de um vocabulário acessível e de uma sintaxe
simples obtém maior força quando se encaixa no ritmo adequado ao telejornal que se
produz. Trecho do comentário de economia do jornalista Carlos Alberto Sandenberg, no
Jornal da Globo:
Nós tivemos hoje a divulgação do IGP - M, que é o Índice Geral de Preços deMercado da Fundação Getúlio Vargas. É um índice bastante usado parareajuste de contratos, e foi muito negativo. Depois de dois meses de queda,houve um mês de alta muito expressiva. E a causa dessa movimentação foibasicamente alimentos, quer dizer, os alimentos que ajudaram a derrubar ainflação nos dois meses anteriores, agora estão fazendo o serviço contrário,que é o serviço ruim. (Comentário de economia, Jornal da Globo, 30 deoutubro de 2011).
O comentarista procurou explicar as siglas e simplificar o tema em pauta com palavras
mais simples e conhecidas ao telespectador. Na seleção vocabular, o jornalista de TV
deve dar preferência às palavras mais conhecidas e precisas em seu significado,
evitando a utilização daquelas que, pelo duplo sentido, possam confundir o
telespectador.
A busca do coloquial consiste, principalmente, na necessidade de seencontrar um nível comum de entendimento para a mensagem que se vaitransmitir. Quanto mais palavras forem familiares ao telespectador, maior
será o grau de comunicação. Uma mensagem com um texto simples temcapacidade de atingir um maior público heterogêneo. (REZENDE, 2000,p.93).
Já o segmentado Jornal das Dez, em que o telespectador paga para ter o conteúdo do
telejornal em sua casa, tem um público mais restrito e, por isso, uma linguagem menos
acessível, embora não deixe de ser também coloquial e muito simples, na maioria das
vezes. O telejornal abusa de termos usados na política e economia. O gênero que
prevalece no telejornal é o informativo e descritivo e o formato dominante é o
comentário. O Jornal das Dez é um telejornal comentando e dinâmico, onde o colunista,
na maioria das vezes, expõe sua opinião e interpretação sobre determinado assunto de
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maneira ética, ou seja, próxima da maior neutralidade possível. Um exemplo desse teor
lingüístico pode ser lido no comentário de economia feito pelo jornalista Carlos Alberto
Sandenberg:
O IGP - M têm três componentes: preços no atacado, preços ao consumidor epreços da construção civil. Aceleraram os preços no atacado e ao consumidore desaceleraram os preços da construção civil. E os preços de alimentosvoltaram a subir, eles subiram no inicio do ano, depois caíram ajudando aderrubar as inflações mensais e agora voltaram a subir. O resultado disso é oaumento da força da inflação no país. (Comentário de economia, Jornal das
Dez, 30 de outubro de 2011).
No Jornal das Dez, o comentário em economia é mais aprofundado, exigindo do
telespectador um conhecimento maior sobre o tema. O comentarista não explica o que é
a sigla “IGP – M”, diferente do Jornal da Globo, que além de explicar, cita para que é
usada.
Por ser um meio de comunicação vinculado à imagem, o noticiário as evidencia
constantemente. O Jornal da Globo faz bastante uso de recursos gráficos visuais e
infográficos, seja para aclarar em dados numéricos ou ainda para realizar simulações,
com o objetivo de deixar a notícia mais dinâmica e didática ao telespectador. O gênero
que prevalece no telejornal é o informativo e o formato dominante é a reportagem, mas
o comentário e a nota coberta também têm um espaço expressivo.
O Jornal da Globo se estabelece verbalmente a partir da conversação cotidiana, pois,
devido ao fato de ser transmitido no fim da noite, não é comum a ocorrência de eventos
jornalísticos nesse horário. Desse modo, não há muita presença de matérias ao vivo,
conferindo alguns obstáculos quanto à atualidade e credibilidade da notícia, partindo do
ponto que o vivo enaltece a credibilidade do telejornal. Como solução, o telejornal apela
para a conversação, no tom da conversa leve, com o objetivo de aprofundar a discussão
do tema. Os apresentadores e comentaristas abusam do texto verbal, como tática de
desenvolver a credibilidade e autenticidade da informação. O Jornal da Globo quase
não exibe os formatos de notícia notas simples e cobertas, o que colabora para sua
direção narrativa lenta.
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5 CONCLUSÃO
A televisão é um meio de comunicação capaz de reunir números impressionantes de
audiência. Isso se dá pela facilidade de transmissão e de recepção de um sinal que, pormeio do aparelho de TV, canaliza informação e entretenimento para o espectador final.
Produzir conteúdo para esse meio de comunicação é uma tarefa que exige do
profissional um consolidado conhecimento da linguagem e da linha editorial do veículo.
Mais que isso, vale ressaltar, este profissional precisa estar aberto à inovação e à
humildade de reconhecer que a TV – e suas múltiplas riquezas e deficiências
tecnológicas – se faz com o tempo.
O Jornal da Globo está no ar há mais de 30 anos e serve de referência para vários
estudos que abranjam telejornais de rede. Durante os 32 anos de transmissão, o Jornal
da Globo modificou o cenário, os apresentadores, os repórteres, o formato e a linha
editorial. Atualmente, é um programa que se orienta pela cobertura dos destaques do
Brasil e do mundo, sempre com um destaque para a editoria econômica. Como pertence
a uma emissora de sinal aberto, o telejornal não se esquece do variado público que o
assiste e, assim, com reportagens ao longo de todo o noticiário, o Jornal da Globo opta
por uma narrativa mais conversada, isto é, mais coloquial.
Há uma visível preocupação do Jornal da Globo quanto à segmentação das editorias.
Isso o permite produzir matérias em série ou acompanhar o desdobramento delas de
forma mais incisiva do que outros telejornais, sempre com um rol maior de informação
a cobrir. No aspecto dos temas de economia e de política, por exemplo, nota-se, ainda,
uma preocupação com a neutralidade das notícias, o que favorece maior qualidade
jornalística ao programa. A velocidade desse noticiário advém da constante
fragmentação dessas notícia, porém. O número de matérias é grande, mas o tempo das
matérias é curto. Isso é explicado pelo padrão editorial do veículo, uma preferência por
telejornais velozes e abrangentes.
O Jornal da Globo é restrito pelo tempo, pela necessidade de divulgar com agilidade e
pela disponibilidade de recursos. O obstáculo da divulgação ágil é bastante comum em
veículos que constroem o seu padrão editorial através do imediatismo e do ineditismo.
A disponibilidade de recursos é um obstáculo para telejornais noturnos, como o Jornal
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da Globo e o Jornal das Dez, pois, por serem transmitidos em um horário em que quase
nenhum acontecimento noticioso ocorre, não há grande presença de matérias ao vivo, e
o jornalista deve reprisar ou reeditar as amplas matérias factuais transmitidas ao longo
do dia pela emissora, o que torna a ação de reeditar o material uma necessidade. As
notícias desse tipo de telejornal são ao mesmo tempo inéditas (para o telespectador que
ainda não assistiu a nenhum telejornal no dia) e envelhecidas (para aqueles que já
assistiram a outros telejornais ao longo do dia).
O Jornal das Dez é a marca da análise da notícia do telejornalismo da Globo News.
Pode-se chamá-lo, também, de “carro-chefe” de toda a programação. O telejornal
aprofunda na explicação das matérias, fazendo o uso de comentaristas especializadosem economia, política, sustentabilidade e assuntos nacionais, além do auxílio de
correspondentes internacionais. Analisar o Jornal das Dez é ter em mente que este
telejornal é designado para o conceito da opinião e do interpretativo.
A partir da análise do material em destaque, houve um aumento da compreensão e do
telejornalismo brasileiro e seus conceitos de um modo mais prático. Foi possível
observar a dificuldade em realizar um recorte da realidade e ter que priorizar osdestaques que irão ao ar em um noticiário. Na análise comparativa, fica evidente o
quanto os telejornais edificaram, ao longo de seus cursos, identidade própria e linha
editorial, que os distingue como os importantes noticiários atuais.
A presente monografia procurou demonstrar que o perfil editorial, aliada ao formato
estrutural dos telejornais em análise, varia de noticiário para noticiário, mesmo se os
telejornais pertencerem à mesma rede. A perspectiva de cada informativo contribui paraalargar o entendimento de um determinado fato de modo geral. Em relação aos critérios
adotados, dentro de uma infinidade de acontecimentos no Brasil e no mundo, a simples
tarefa de selecionar e divulgar a informação envolve não só critérios jornalísticos, mas,
sim, a linha editorial abraçada pela empresa de comunicação e a sensibilidade do
jornalista em compreender o peso que todo assunto deve merecer dentro de uma redação
televisiva.
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