18
UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA NARRATIVA DE CORDEL: RESSIGNIFICANDO TRADIÇÕES E HERANÇAS Raquel Alvitos¹ Orientadora UFRRJ Luiza Helena Dias Braga² Discente UFRRJ Resumo: Este trabalho fundamenta o cordel como estudo do campo do Patrimônio. Entendemos o cordel como baluarte da memória, sobretudo ao se tratar de narrativas históricas orais, para além da expressão popular. Essas narrativas carregam elementos das heranças e das tradições e por isso podemos afirmar que a prática de contar e narrar histórias cria uma perspectiva de história, pois possibilita recontar o passado sobre o ponto de vista do que são os grupos sociais. Desta forma, é possível resgatar heranças e tradições vinculadas à tradição africana e afro-brasileira no sentido afroperspectivista. O cordel pode ser utilizado para inscrição de elementos desta tradição em sua perspectiva narrativa, significando desta forma, elementos desta herança e desta tradição que também integram a identidade brasileira. Palavras Chave: cordel; memória; patrimônio cultural ; afroperspectiva; narrativa _________________________ Raquel Alvitos¹ Professora Adjunto da área de História Medieval do Departamento de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Instituto Multidisciplinar/Campus Nova Iguaçu) e Coordenadora do Curso de Licenciatura em História da UFRRJ-IM. Luiza Helena Dias Braga² Graduanda em História na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), integrante do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro). Membro do Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Interseções (Afrosin), Luiza Braga está sob orientação de monografia com o Prof. Dr. Renato Noguera e integra a equipe de duas pesquisas:1ª) Filosofando com sotaques africanos e indígenas; 2ª) Educação, Arte, Infância e Relações Étnico-Raciais: a literatura infantil a partir dos afro-rizomas e do perspectivismo ameríndio, além, integrante do Laboratório de Pesquisa em Teoria da História e

UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA NARRATIVA DE

CORDEL: RESSIGNIFICANDO TRADIÇÕES E HERANÇAS

Raquel Alvitos¹ – Orientadora UFRRJ

Luiza Helena Dias Braga² – Discente UFRRJ

Resumo: Este trabalho fundamenta o cordel como estudo do campo do

Patrimônio. Entendemos o cordel como baluarte da memória, sobretudo ao se

tratar de narrativas históricas orais, para além da expressão popular. Essas

narrativas carregam elementos das heranças e das tradições e por isso

podemos afirmar que a prática de contar e narrar histórias cria uma perspectiva

de história, pois possibilita recontar o passado sobre o ponto de vista do que

são os grupos sociais. Desta forma, é possível resgatar heranças e tradições

vinculadas à tradição africana e afro-brasileira no sentido afroperspectivista. O

cordel pode ser utilizado para inscrição de elementos desta tradição em sua

perspectiva narrativa, significando desta forma, elementos desta herança e

desta tradição que também integram a identidade brasileira.

Palavras Chave: cordel; memória; patrimônio cultural ; afroperspectiva;

narrativa

_________________________

Raquel Alvitos¹ Professora Adjunto da área de História Medieval do Departamento de História

da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Instituto Multidisciplinar/Campus Nova

Iguaçu) e Coordenadora do Curso de Licenciatura em História da UFRRJ-IM.

Luiza Helena Dias Braga² Graduanda em História na Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (UFRRJ), integrante do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro).

Membro do Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Interseções (Afrosin), Luiza Braga

está sob orientação de monografia com o Prof. Dr. Renato Noguera e integra a equipe de duas

pesquisas:1ª) Filosofando com sotaques africanos e indígenas; 2ª) Educação, Arte, Infância e

Relações Étnico-Raciais: a literatura infantil a partir dos afro-rizomas e do perspectivismo

ameríndio, além, integrante do Laboratório de Pesquisa em Teoria da História e

Page 2: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

Interdisciplinaridades (Lapethi), e Membra do Grupo de Pesquisa Cinema-História (Lapethi) sob

a orientação do Prof. Dr. José de Assunção Barros.

Andarilhar pelos folhetos disponíveis do acervo online da Casa de Rui Barbosa,

pelas produções bibliográficas dos estudos e pesquisas acadêmicas acerca

das narrativas de cordel, e, pelas ruas da Feira de São Cristóvão foram os

primeiros passos para refletir sobre as heranças e tradições da literatura de

cordel, são frutos da participação como voluntária do Projeto de Extensão

Biext 2017-2018: Identidades e Expressões Populares no Rio de Janeiro:

Território da Literatura de Cordel, sendo importante lembrar que este projeto

de pesquisa e extensão busca compreender a produção nos territórios

construídos na cidade do Rio de Janeiro, especialmente no que diz respeito a

produção e manutenção dos cordéis na Academia Brasileira da Literatura de

Cordel (ABLC) e, também, na Feira de São Cristóvão (FSC), como expressão

nordestina no Rio de Janeiro.

O projeto se propõe,sobretudo, procurar estabelecer as possíveis relações

entre o que é produzido nestes respectivos lugares, com fontes de

interpretação contidas nos acervos, enquanto outros territórios nordestinos de

produção de sentido para o cordel, entendemos esses dois territórios enquanto

lugar de memória, ambos atuam para que as identidades do povo nordestino

sejam inalteradas e para isso, necessitam reunir materiais que sejam capazes

de fornecer provas e registros de outras temporalidades, no sentido de

conservar a história, esse material é rememorados em mostras museológicas,

culturais e diversas fontes bibliográficas. No que diz respeito aos demais

territórios, a cidade se posiciona no sentido de conservar as relações de

pertencimento e identidades com as cidades que fazem parte do universo

simbólico nordestino, “(...) para além dos objetos em si, com vistas a inseri-los

no mundo que os cercam, reconhecendo sua historicidade, suas relações com

contextos sociais específicos” (JULIÃO, 2006, p.9).

Além disso, o Projeto de Extensão se propõe na realização de um

documentário em vídeo, o qual pude presenciar parte de sua construção,

Page 3: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

quando filmado na Feira de São Cristóvão, este documentário, através do

movimento das imagens, se insere na perspectiva de compreender as

diferenças de estilos provocadas pelos territórios existenciais dos cordelistas e

como essas diferenças influenciam os processos criativos.

Os folhetos disponíveis em acervo online da Casa de Rui Barbosa, as

referências bibliográficas do Projeto de Extensão e a orientação da Prof. Dra.

Raquel Alvitos, constituem a base deste estudo, ao encontro, com os estudos

afroperspectivistas, que possuem em suas bases as motrizes e matrizes

africanas, seguindo um paradigma cultural que desenvolvo como membra do

Laboratório de Pesquisas Afroperspectivas Saberes e Intersecções sediado na

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e coordenado pelo Prof. Dr.

Renato Noguera.

Este encontro de caminhos percorridos e trilhados, indubitavelmente guiados

pela ancestralidade possibilitou a criação redes de conhecimento,

aprendizados, informações, trocas, saberes e formação dos questionamentos

e reflexões motores deste estudo, desta maneira, foram adicionadas

referências bibliográficas, especialmente, os estudos e pesquisas que se

debruçam pelos cordelistas Solano Trindade e Jarrid Arraes, que expandem

as dimensões da pesquisa e são imprescindíveis para a realização deste

artigo. O que configura alguns dos objetivos do Projeto de Extensão de acordo

com a política de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo

em vista a ampliação do conhecimento e o estabelecimento de parcerias para

que ao mesmo tempo sejamos capazes de criar laços com a sociedade e

disseminar ações que colaborem no sentido qualitativo da produção

acadêmica.

Porquanto, nota-se a necessidade de resgatar a arte cordelista, para que

possamos abarcar com profundidade as ressignificações que circunscrevem os

elementos referentes à cultura e herança nordestina e que insuflam nova vida

ao ser das “identidades”, tanto no Nordeste e suas particularidades quanto aos

territórios nacionais remanescentes. (HALL, 2005).

Page 4: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

Desta forma, ao pensarmos sobre a produção e manutenção dos cordéis, como

um elemento da própria escrita da história, desconstruindo as considerações

antiquadas a seu respeito, renovando conceitos, pois suas narrativas

constituindo-se pela oralidade ou em circulação nos folhetos impressos,

inscrevem no imaginário das pessoas elementos das heranças e das tradições

e assim, nos permite adentrar a história através da memória como campo de

conhecimento, pois pensamos o cordel para além da expressão popular,

como elemento do patrimônio, exatamente pelas heranças que essas

narrativas carregam, através da prática os contadores, cantadores e escritores

de cordel, passando de geração em geração suas narrativas, criam não só uma

perspectiva de história ou de escrita da história, eles recontam e recantam o

passado sob o ponto de vista do que são os grupos sociais, sendo possível

refletir estas narrativas também, no sentido afroperspectivista, que constitui um

“outro” modo de filosofar( NOGUERA,2015).

Adicionalmente, podemos pensar o cordel para além do elemento da tradição

e entender que existe um recurso pedagógico próprio nestas práticas que

permitem revisitar as tradições, reinventar a história e a possibilidade de atuar

entre a história e memória, consistindo esta última a possibilidade de

considerar a produção e manutenção da literatura de cordel como elemento do

campo de patrimônio.

Em virtude do que foi mencionado, este estudo, é um convite para andarilhar e

percorrer, os caminhos das palavras e expressões, contadas, cantadas e

escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua

produção e manutenção no posicionamento afroperspectivista.

As vozes ancestrais tecidas na produção cordelistica

MEU CANTO DE

GUERRA

Eu canto na guerra,

como cantei na paz,

Page 5: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

pois o meu poema

é universal.

É o homem que sofre,

o homem que geme,

É o lamento

do povo oprimido,

da gente sem pão...

É o gemido

de todas as raças,

de todos os homens

É o poema

da multidão!

(TRINDADE, 2007, p. 36).

Ouvir atentamente, cantar, contar e encantar são tarefas fundamentais no

universo cordelístico, criados, desenvolvidos e difundidos a partir da tradição

oral, inicialmente chamados no Brasil como “livrinhos de feira”, livretos,

romances ou folhetos, contendo modelo tipográfico fixo, feitos em formas de

rimas, contendo narrativas de histórias com linguagem coloquial, que poderiam

representar a realidade ou não, eram cantados, contados, ouvidos e vendidos

pendurados em cordões, especialmente pelos folheteiros em tablados, que ao

movimentar-se entre o oral e o escrito, tinham como estratégia iniciar uma

narrativa, fazendo uso da voz, gestos e viola, mediando a leitura dos folhetos,

de forma coletiva, deixando que público apenas descobrisse o fim ao adquirir

os folhetos, sendo fundamentais a construção dos cordéis, respeitando a forma

e harmonia nos folhetos no que diz respeito a métrica, ritmo e rima, podemos

considerar nessa performance oral “ao mesmo tempo que está

inextricavelmente fundida à tradição, a literatura oral revela-se única,

irrepetível” (GALVÃO,2002), além disso, podemos observar alguns dos

elementos didáticos que consistem a memorização, no que tange a

aproximação do público que não tinha intimidade com a forma escrita e através

da memorização podiam compreender os poemas, apropriando-se das

narrativas, determinando modos de expressão, ideias e apropriação de

conhecimentos, assim, a divulgação e a recepção são fundamentais para

instituir e manter esta prática, “atuando como instrumento de registro e

transmissão de memórias, de uma memória que não se quer e não se pode

apagar, o cordel traz o passado até o presente, fazendo com que histórias reais

Page 6: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

ou imaginárias, vividas ou ouvidas, sejam guardadas e repassadas por

gerações sucessivas de ouvintes e narradores” (NEMER, 2012).

Alguns estudiosos acreditam que primeiramente a difusão aconteceu por meio

dos cantadores, através da cantoria de viola, também conhecida como repente,

tendo destaque o grupo de poetas da Serra da Teixeira, no estado da Paraíba

no fim do século XVIII, tendo destaque a criação das sextilhas sete silábicas,

com destaque para o poeta Agostinho Nunes da Costa no século XVIII,

posteriormente, as primeiras impressões dos folhetos no Brasil, também

conhecidos como poesia de bancada, tem como percursor consagrado, o

poeta Leandro Gomes de Barros, apesar de muitos estudiosos atribuírem o

auge da literatura de cordel nas décadas de 1930 com a criação das redes de

produção e distribuição de folhetos tendo destaque o editor João Martins de

Athayde que adquiriu toda a obra de Leandro Gomes de Barros e

posteriormente denominada literatura de cordel pelos intelectuais brasileiros,

por serem vendidos nas feiras pendurados em cordões e por adotarem a

nomenclatura português, por volta das décadas de 1960 e 1970.

No entanto, podemos constatar uma diversidade de influências advindas de

várias partes do mundo, a mais comentada nos estudos acadêmicos são as

edições europeias durante o século XVII, que chegam no território brasileiro

através dos colonos europeus, nesse sentido, são destacadas especialmente

as influências portuguesas, sob a perspectiva da poesia volante, cabe ressaltar

que a métrica portuguesa é considerada bastante variável e atribuída de outros

gêneros literários e não advém da tradição oral, advindo da imprensa e de um

projeto editorial, também são consideradas as influências espanholas

denominadas pliegos e francesas denominadas littérature de colportage, esses

folhetos circulam até o século XIX, quando começam a desaparecer.

O modelo brasileiro, desde o início de sua confecção apresenta diferenças

notáveis do modelo europeu, quanto suas impressões, cores, dimensões,

quantidade de páginas, a narrativa em forma poética, as variadas inspirações,

os desafios poéticos e pelejas, através dos jogos de palavras, e temas

Page 7: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

singulares, alguns tendo como referência o gênero novela, que consistem sua

tradição, sendo considerada uma literatura de expressão própria nordestina,

sendo cantadas com o auxílio da viola, a produção de poemas orais,

improvisados, que circunscrevem os desafios e as pelejas através da palavra,

consistem nos repentes, trazidos aos folhetos assumem o caráter literário de

cordel, que pode ser expressada através do gênero de sextilhas, a forma mais

comum nos folhetos, que consistem em estrofes com rimas deslocadas,

composta por seis versos de sete sílabas, em que as linhas pares são rimadas

entre si e o restante em versos brancos, também aparecem o gênero adaptado

por Manoel Leopoldino de Mendonça Serrador, denominado Septilha, que

consiste em estrofes com rimas compostas em sete versos, podendo ser

chamado de sete linhas ou sete pés, seguem a princípio o mesmo modelo da

sextilha, também pode ser encontrada a Décima, que consiste em estrofes ou

estância de dez versos de sete sílabas, este gênero é escolhido para os mote,

onde os cantadores fecham cada estrofe com os versos as sentença dada,

sendo assim, denominada glosa, ainda existem o gênero Martelo agalopado,

ligado a Jaime de Martelo e criado por Silvino Pirauá Lima, consiste em

estrofe de dez versos, em decassílabos que obedecem a mesma ordem da

rima dos versos da Décima.

Neste momento, cabe lembrar sobre as numerosas relações e interligações

que formam os elementos da tradição comum, que quando relacionados

podem servir de inspiração aos representantes sendo eles, cordelistas ou

emboladores de coco, por exemplo, e mesmo havendo diferenças entre os

esses dois gêneros literários, a embolada é cantada em dupla e o gracejo é

um de seus elementos mais marcantes, no que diz respeito a estrutura

podemos encontrar em ambos os gêneros uso das quadras, sextilhas e as

décimas, e quanto a métrica, o uso da redondilha maior, quanto ao humor,

encontradas em ambos, no entanto na embolada de coco, o gracejo permite

em alguns casos palavras de caráter pornográfico, elemento que não ocorre

com tanta frequência nos folhetos de cordel, outra ligação bastante comum ao

cordel é utiliza-lo conjuntamente à arte do teatro de bonecos, conhecidos por

Page 8: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

todo o mundo, os bonecos, feitos com materiais como a madeira, papelão,

tecidos de diversas cores e texturas, tintas, e enfeites como botões, rendas e

fitas coloridas, possuindo diversas nomenclaturas, no Brasil, a marionete

representada através dos bonecos e bonecas são conhecidas por diversos

nomes como mané-gostoso, joão-minhoca, briguela, joão-redondo,

mamulengo, cassimiro-coco, etc.

A possibilidade de diálogo entre a marionete, representada pelos bonecos e

bonecas, com as narrativas de cordel permitem ampliar não só a captação da

atenção do público, mas também como potencializadores dos aprendizados,

saberes e conhecimentos acerca dos patrimônios, das memórias, heranças e

tradições.

Outro elemento de grande importância é a Xilogravura, sempre presente,

tendo o papel de ilustrar as capas dos folhetos, contendo na maioria das vezes

o títulos, e, interagir com o público através da imagem, são até mesmo,

responsáveis para o primeiro passo para a transmissão da informação contida

nas narrativas de cordel, despertando o interesse do público leitor e ouvinte,

tendo nome de origem grega, que significa escrever com madeira, a

Xilogravura consiste em uma técnica feita através de processo artesanal,

passado de geração em geração, onde as matrizes de impressão são

esculpidas em madeira, posteriormente, as esculturas funcionam como

carimbos e ilustram as capas dos folhetos de cordéis, atualmente, são

utilizadas formas mais recentes para a ilustração, como a impressão de

fotografias digitais ou desenhos feito a mão ou com o uso de recursos

tecnológicos, no entanto, as práticas atuais servem para demonstrar a

adaptação às tecnologias sem a perda das heranças e tradições, atualmente, a

sobrevivência da transmissão também acontece através das apresentações

dos poetas em espaços culturais, eventos comemorativos, instituições de

ensino públicas e privadas e também da internet, sendo considerada um dos

principais meios de divulgação, contendo acervos com inúmeras fontes

literárias em folhetos do gênero de cordel embora o público não tenha contato

Page 9: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

de forma “ao vivo” das apresentações, o que é considerado uma das funções

básicas do cordel, além de textos em formatos digitais e de livros, mudando o

suporte físico em relação ás folhinhas tradicionais, e especialmente no que diz

respeito em parte a esse estudo não seria diferente quando visitamos o Centro

Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, que popularmente, preserva até hoje

o nome de Feira de São Cristóvão, este território que permite e incentiva a

rememoração das experiências do nordeste, e desde sua fundação até a

transferência para o local atual com inauguração no dia 20 de setembro de

2003, que apesar das mudanças estruturais continua mantendo-se como

espaço para a comercialização e difusão da cultura nordestina através das

vendas dos folhetos e apresentações de contadores, cantadores e escritores

da literatura de cordel, e palco das lutas travadas por essas personalidades,

feirantes e visitantes para a manutenção da identidade, da memória, das

heranças e tradições, e mesmo constatando-se mudanças, como o interesse

das novas gerações de cordelistas em temas que interessam aos novo público-

alvo, nas numerosas formas de disseminação, do contato entre os poetas e

cantadores e o público por temas que envolvem diversos aspectos sociais,

históricos e contemporâneos acerca da política, filosofia, ciência, economia,

sendo inseridos no cordel circunstancial, desta maneira, alguns estudiosos

atribuem aos cordelistas o título de “cronistas populares da

contemporaneidade” (TEIXEIRA, 2008) , deixando em suas narrativas as

marcas de sua vivência, suas heranças, memórias, tradições e subjetividades,

entre outros aspectos, “indicam a relevância do contexto histórico/social na

compreensão dessa tradição que, sendo também uma prática cultural, possui

tanto elementos fixos quanto elementos que variam de acordo com a época e

com o local de produção do folheto”(NEMER, 2012).

Desta forma, ao longo da própria história da literatura de cordel , e do seu

percurso próprio da produção, manutenção e divulgação de narrativas

cantadas, contadas e escritas, revelam-se de um manancial de grande

importância para as discussões relacionadas às questões afroperspectivas,

temas cada vez mais recorrentes nas pesquisas, estudos e debates

Page 10: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

acadêmicos, assim, os caminhos andarilhados até aqui e a necessidade de

enegrecer, encruzilham-se, movimentam-se e prosseguem, especialmente nas

figuras de Solano Trindade e Jarid Arraes.

A narrativa cordelística do “poeta do povo”

O “poeta do povo”, negro, afro-brasileiro, pernambucano, José Francisco

Solano Trindade, diferencia-se por produzir uma narrativa de resistência em

suas poesias. “Alicerçando-se numa busca de identidade, que não é apenas

individual ou nacional, mas solidária com todos os negros da América, a

produção poética de Solano Trindade é talvez a que, dentre todos os poetas

brasileiros, apresenta o maior número de elementos comuns com a melhor

poesia negra que já se produziu nas três Américas”. (BERND, 1992, p. 46-7).

Sua produção volta-se para a valorização da negritude, descrevendo os

sentimentos e cotidianos do ser negro na sociedade, sua ancestralidade e lutas

cotidianas, “AFROntando” ,através de suas narrativas e de instituições de

cunho politico/social, da presença de personagens extremamente importantes

em sua narrativa, como Zumbi do Palmares, dos heróis negros, suas poesias

são o reflexo da voz do ser negro, de criticidade, estes, entre outros elementos

que caracterizam suas narrativas, sendo evidentemente percebidas em suas

obras a relação entre as questões econômicas e desigualdades sociais aos

estudos da raça. “Tenho pelos homens de cultura uma grande simpatia, sejam

modernos ou acadêmicos; tenho aprendido muito com todos eles, através de

seus livros e das suas conversas, porém a minha poesia continuará com o

estilo do nosso populário, buscando no negro o ritmo; o povo, em geral, as

reivindicações sociais e políticas; e nas mulheres, em particular, o amor”.

(TRINDADE, 1981). Fazendo sempre questão de demarcar e afirmar a

identidade negra na sua produção literária, militante e dedicado, é considerado

um ícone no campo da literatura afro-brasileira.

CANTO DOS PALMARES

Mas não mataram

Page 11: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

meu poema.

Mais forte

que todas as forças

é a Liberdade...

O opressor

não pode fechar minha boca,

nem maltratar meu corpo,

meu poema

é cantado é cantado através dos séculos,

minha musa

esclarece as consciências,

Zumbi foi redimido...

(Trindade, 1981, p. 28)

Suas atividades políticas e intelectuais, são consideradas reflexos de sua

resistência, nesse sentido destaca-se sua atuação no campo da arte, através

da literatura, cinema, teatro e música, na organização do I Congresso Afro-

Brasileiro, em Recife no ano de 1934 e do I Congresso Afro-Brasileiro, sediado

em Salvador em 1937, na fundação da Frente Negra Pernambucana, no ano

de 1936, posteriormente, chamado de Centro de Cultura Afro-Brasileira, no ano

de 1937, mesmo não possuindo graduação em ensino superior, realizou um

trabalho de caráter intelectual, acadêmico e científico, “pois houve o

engajamento de intelectuais negros que propuseram o estudo da nacionalidade

brasileira e a pesquisa da pluralidade identitária. A realização dos congressos

em Recife e Salvador se dá justamente para a divulgação de materiais críticos

e pesquisas relacionadas ao processo de marginalização social e política dos

negros, sobretudo para construir um material intelectual respaldado na cultura

afro-brasileira” (GOMES,2017), de acordo com os estudiosos da trajetória do

“poeta do povo”, é neste momento que surge a poesia de Solano Trindade,

com temática afro-brasileira inclusa no que denominamos afroperspectiva,

pois esta apresenta “possibilidades sonoras que diferem, algumas vezes, do

Page 12: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

ritmo e da harmonia com que uma parcela significativa de acadêmicos(as) têm

usado para compor e tocar filosofia” (NOGUERA, 2015),

Além disso, também fazem parte de suas atividades políticas, ideológicas e

culturais, a participação em atividades e grupos ligados à negritude e ao

Movimento Negro, como as exposições de seus trabalhos artísticos, a

participação do Congresso Brasileiro de Escritores, da participação na

fundação do Teatro Folclórico Brasileiro, no ano de 1944, da atuação na

fundação do Teatro Experimental do Negro, no ano de 1945, a fundação do

Teatro Popular Brasileiro (TPB), atualmente denominado Teatro Popular

Solano Trindade, além disso, publicou diversos títulos, produziu documentários

em territórios internacionais, atuou na função de professor no Museu de Arte de

São Paulo e em conferências em diversas universidades do estado de São

Paulo, entre outras ações, que o conferem a importância do “poeta do povo”.

É interessante destacar o contato do poeta do povo, com elementos da cultura

popular brasileira, como “pastoril, fandangos, bumba-meu-boi, presépio cheio

de lapinha, mamulengos e frevo. Como o seu pai dançava, nos dias de folga,

pastoril e bumba-meu-boi, levava-o para ver as danças populares e conhecer a

arte” (GOMES, 2017), sendo o mamulengo, abordado anteriormente neste

estudo, quanto sua mãe, “era analfabeta, mas sentia curiosidade pela leitura e

costumeiramente pedia a Solano para ler um trecho de lendas, das novelas,

histórias de princesas, contos de fada, cordéis. A infância do menino recifense

foi provida de histórias e experiências do imaginário popular que enriquecem o

folclore brasileiro” (GOMES, 2017).

Sua narrativa revela uma luta contra o racismo, tão presente e enraizado na

sociedade brasileira, no sentido de apresentar a valorização do negro e suas

circunstancias econômicas, políticas, sociais, culturais, históricas e ancestrais,

através do tema da diáspora, entre outros aspectos, constituindo e trilhando, a

partir das memórias e heranças um caminho de resistência, através da

produção de cordel, seu discurso representa a voz negra que canta e conta sua

história, são reflexos da sonoridade da voz do ser negro, que desta forma

Page 13: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

assume o papel de sujeito de sua própria narrativa, tantas vezes calada,

subalternizada, estereotipadas pelas estruturas sociais dominantes, que

constroem durante séculos as narrativas da opressão, patriarcais e racistas,

comercializavam corpos negros sob o sistema da escravidão e violentavam

seus corpos através da escravização, assim, tendo em vista “a formação

historicamente construída, seus poema trazem relatos da trajetória de seus

ascendentes, são memórias, heranças e tradições, através da narrativa acerca

da resistência protagonizada pelos escravizados, o vigor da negritude se

sobressai, aludindo a personagens que reescreveram a historicidade dos afro-

brasileiros. (GOMES, 2017).

As vozes do corpo negro feminino tecidas na narrativa de cordel

DANDARA DOS PALMARES

Quem escreve a história

Lá nos livros registrada

É a branquitude cega

Do racismo idolatrada

E pra completar o quadro

A mulher é rejeitada.

(ARRAES, 2015)

A cordelista, negra, afro-brasileira, rio-grandense do norte, Jarid Arraes, tendo

vasta produção na literatura de cordel, destaca-se com a produção sobre o

tema das mulheres negras, heroínas invisibilizadas no contexto histórico e

social brasileiro, que desde o período colonial experimentam o tratamento dado

às mulheres e todo reflexos da escravização e branqueamento, tendo em vista

a violência sofrida pelos corpos femininos negros no contexto de

patriarcalismo, machismo, subalternidade, hiperssexualização e estereótipos

negativos, de seus corpos, aspectos que ainda persistem

contemporaneamente, através do racismo vivenciado pelos corpos femininos

negros e também na presença do racismo epistêmico. Em um contexto tão

adverso, as “heroínas negras” assumem uma importância ainda maior, na

medida em que persistem como símbolos de uma resistência não apenas

possível, mas sobretudo necessária – precisamente a fim de que possam surgir

Page 14: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

novas heroínas que perpetuem a luta pela construção de um mundo mais

igualitário. (SAMYN, 2016)

Jarid Arraes canta a resistência, trazendo heranças, tradições e memórias em

perspectiva antirracista. Os cordéis sobre as mulheres negras, consideradas

heroínas por suas lutas de resistência, estão contidos também na seleção de

aproximadamente vinte cordéis publicados no livro Heroínas Negras na História

e As lendas de Dandara, onde narrados dez contos sobre a companheira de

Zumbi dos Palmares, a heroína Dandara dos Palmares. Além disso, a

cordelista também narra especialmente para o público infantil, trazendo

histórias associadas ao gênero feminino.

A voz de Jarid Arraes, assim como a de Solano Trindade, constituem uma

narrativa de resistência, AFROntando, trazendo elementos como

ancestralidade, representatividade, negritude, militância política, coletividade e

sobretudo, afirmação e valorização positiva da identidade negra, especialmente

sobre a mulher negra, a produção cordelística de Jarid Arraes, constituem

narrativas que transbordam as heranças e tradições, trazendo memórias e o

diálogo com sua postura antirracista e alinhamento às lutas do feminismo

protagonizado por mulheres negras, a favor dos direitos humanos, seus

folhetos apresentam prioritariamente a capacidade, a luta política dessas

personagens, questionam e inspiram reflexões sobre a invisibilidade das

mulheres negras na produção historiográfica que se posiciona no sentido de

negligenciar e recusar o reconhecimento não só das suas histórias em si,

mas também do papel relevante nos contextos vivenciados pelos corpos

femininos negros, dialogando e fortificando diretamente com os debates

relacionados ao empoderamento das mulheres negras, principalmente no

contexto. A representação dos corpos negros, tanto masculinos como

femininos na literatura de cordel, em quase sua totalidade, apresentam

personagens ridicularizados, estereotipados, de modo negativo, Jarid Arraes

ao posicionar-se no sentido da produção literária em cordel que reforçam os

valores da identidade negra, sobretudo da mulher negra, podendo este ser

Page 15: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

considerado o seu diferencial, integra as raras abordagens que se contrapõem

aos discursos racistas.

Vale lembrar, que neste estudo o termo raça é aplicado no sentido sociopolítico

considerando as categorias sociais de dominação e exclusão,

academicamente, este termo pode ser substituído pelo termo etnia.

Pensando no povo mais atacado pelas relações de poderes, Solano Trindade

desprezava as preocupações com as perfeições estéticas, sua voz

representadas na produção de seus folhetos de cordéis se objetiva na

preocupação em ser entendida pela maioria do povo, o mesmo se pode dizer

de Jarid Arraes, no sentido de sua voz, representada em seus folhetos de

cordéis, contribuem para uma nova abordagem da mulher negra na literatura

de cordel, unindo a essas vozes, está o fato da implementaçãp das leis

10.639/03 e 11.645/08, que fortificaram o sentido da divulgação das narrativas

dos autores aqui citados, possibilitando que as discussões e questionamentos

presentes no produção destes e de outros cordelistas sejam problematizados e

divulgados, tomando cada vez mais visibilidade.

Os caminhos andarilhados até aqui, nos possibilitaram colaborar com a

ampliação dos laços com a sociedade entrelaçando perspectivas para que

possamos partilhar e produzir informações e saberes e conhecimentos de

forma qualitativa, entendendo que a sociedade brasileira é formada pela

diversidade de raças, que são evidentemente refletidas em nossa diversidade

cultural, as narrativas de cordel possuem papel extremamente importante para

a produção, manutenção e divulgação das memórias, heranças e tradições, no

sentido de unirem as representações culturais que valorizam as imagens do

passado através da memória coletiva dos grupos e sua preservação e

identificação com as origens, resultando em patrimônio cultural, como objetiva

o Projeto de Extensão: Identidades e Expressões Populares no Rio de Janeiro:

Territórios da Literatura de Cordel.

Page 16: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

Em relação às reflexões afroperspectivistas, em as análises possibilitam

destaques para alguns de seus elementos principais como a construção de

conceitos “a partir de movimentos da coreografia de personagens conceituais

melanodérmicos. Neste sentido, os conceitos são escritos com os pés, com as

mãos e com a cabeça ao mesmo tempo. (NOGUERA,2015), a definição da

“comunidade/sociedade nos termos da cosmopolítica bantu: comunidade é

formada pelas pessoas que estão presentes (vivas), pelas que estão para

nascer (gerações futuras, futuridade) e pelas que já morreram

(ancestrais;ancestralidade)” (NOGUERA,2015), além de não tomar “o prefixo

“afro” somente como qualidade continental; estamos diante de um requisito

existencial, político, estético e que nada tem de essencialista ou metafísico”

(NOGUERA, 2015), utilizando da metodologia de roda, de coletividade. “A roda

é uma metodologia afroperspectista” (NOGUERA,2015).

Os trechos de cordéis citados, se referem às personalidades históricas do

herói negro Zumbi dos Palmares, especialmente, em Canto dos Palmares e da

heroína negra Dandara dos Palmares em Dandara dos Palmares, afinal de

contas, as narrativas cordelísticas, cantadas, contadas e ouvidas em rodas, as

vivências culturais a história dessas personalidades e seu merecido

protagonismo tem muito mais a nos contribuir do que os discursos racistas

cristalizados em nossa sociedade, sendo fundamentais para compreendermos

a diversidade social e cultural de nosso país, as vozes negras na literatura de

cordel agem no sentido de quebrarem paradigmas de uma narrativa histórica

única, estão vivas e movimentam-se, e neste movimento sempre

continuaremos a andarilhar, axé.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOMES. Paulo de Freitas. A representação de Zumbi e a Resistência do

Negro Brasileiro na Poesia de Solano Trindade. 128f. Dissertação (Mestrado

em Programa de Pós Graduação Literatura e Interculturalidade - Universidade

Estadual da Paraíba, Paraíba, 2016 – 2017.

Page 17: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

SILVA, Josivaldo Custódio da. Literatura de Cordel: Um Fazer Popular a

Caminho da Sala de Aula. 132f. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós

Graduação em Letras – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa,

Paraíba, 2006-2007.

TEIXEIRA, Larissa Amaral. Literatura de Cordel no Brasil: Os Folhetos e a

Função Circunstancial. 44f. Monografia (Curso de Comunicação Social) –

Centro Universitário de Brasília, Brasília, Distrito Federal, 2008.

GUEDES, DANIELA: Solano Trindade: o poeta do povo e do negro,

disponível em < www.letras.ufmg.br/literafro>, acesso em 28.05.2018.

GALVÃO. Ana Maria de Oliveira, Oralidade, Memória e a Mediação do

Outro: Práticas de Letramento Entre Sujeitos Com Baixos Níveis de

Escolarização – O Caso do Cordel (1930 – 1950)* Soc., Campinas, vol. 23, n.

81, p. 115-142, dez. 2002. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>

NEMER. Sylvia Regina Bastos, Feira de São Cristóvão: contando histórias,

tecendo memórias 255f. Tese de Doutorado ( Programa de Pós-Graduação

em História Social da Cultura) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

ANGELO. Elis Regina Barbosa. Projeto de Extensão: Identidades e

Expressões Populares no Rio de Janeiro: Territórios da Literatura de

Cordel, PROEXT UFRRJ (BIEXT), Rio de Janeiro, 2017.

NOGUEIRA,Aridiane Maria Lima. .Cordel, Mulher e Negritude: Para uma

Experiência Emancipatória em Sala de Aula Revista Vozes dos Vales –

UFVJM – MG – Brasil – Nº 13, Ano VII, 05/2018. Disponível em <

www.ufvjm.edu.br/vozes>

_________. Afrocentricity, 3rd edition, Trenton: Africa World Press, 1987b.

______________.“Afrocentricidade”: notas sobre uma posição disciplinar In

NASCIMENTO, Elisa Larkin. Afrocentricidade: uma abordagem

Page 18: UM ESTUDO AFROPERSEPCTIVISTA PARA ALÉM DA … · lugar de memória, ... escritas, para que possamos compartilhar conhecimentos, sobre o cordel e sua ... pois o meu poema é universal

epistemológica inovadora. Tradução Carlos Alberto Medeiros. São Paulo:

Selo Negro, 2009, p. 93-110.

______________. “Afrocentric idea in education”. The Journal of Negro. Vol.

60. No. 2, Spring 1991, pp.170-180.

NOGUERA, Renato. “Sambando para não sambar: afroperspectivas

filosóficas sobre a musicidade do samba e a origem da filosofia” In

Sambo, logo penso, 2015.

SAMYN, Henrique Marques. Negritude e Gênero no Cordel: Ensaio Sobre

as “Heroínas Negras” de Jarid Arraes. Revista Eletrônica do Netlli,

Vol.5,Nº2, Jul – Dez, 2016.

LOPES, Grabriela Alves Sousa. Heroinas Negras no Cordel:

Representações da Luta e da Resistência Feminina no Brasil Pré-

Abolicionista. Disponível em <enlije.com.br> acesso em 15/06/2018.