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Uma das dores emocionais mais devastadoras é a de ter sido traído pelo cônjuge. Isto porque quando se casa por amor o vínculo afetivo formado ao longo do namoro, noivado e casamento é muito forte e o nível de confiança depositado no cônjuge passa a ser um dos mais profundos nas relações humanas. Quando ocorre a infidelidade, quebra-se muita coisa e o perdão se faz necessário em algum momento no futuro. Vamos pensar sobre isto. Qualquer pessoa, religiosa ou não, está sujeita à paixões afetivas. Quando ela é religiosa, o compromisso de fidelidade é assumido não só para com o cônjuge, mas para com Deus também. Ocorrendo adultério, além da quebra da fidelidade com o companheiro(a), ocorre também a quebra do relacionamento com Deus. Claudia Bruscagin, psicoterapeuta familiar, com doutorado em Psicologia Clínica pela PUC-SP e professora no Curso de Especialização em Terapia Familiar e de Casal do Núcleo de Família e Comunidade da PUC- SP, diz, no livro “Religiosidade e Psicoterapia”, Editora Roca, p.59 e 60, 2008: “No contexto religioso, a infidelidade parece denunciar uma falta de compromisso não somente com o casamento, mas também com Deus, com a religião e seus preceitos. Para o casal religioso, a reconstrução do relacionamento após um caso de infidelidade exige que não somente a dinâmica da relação seja revista, mas também a interação de cada um dos membros do casal com Deus, pois o perdão de Deus é tão importante quanto o perdão do cônjuge traído.” Cada cônjuge tem um papel quanto ao perdão ao ocorrer a infidelidade. O do traído é oferecer o perdão, o do traidor é buscá-lo. Claudia comenta: “Ambos devem avaliar seu relacionamento e restaurar a relação, mudando o que erraram e acima de tudo perdoando verdadeiramente.” Mas o que é o perdão verdadeiro? Depende dos sentimentos? Depende de esquecer o fato? É muito importante entender que o perdão cura a pessoa que perdoa. Viver ressentido é viver com a dor agarrada em você. A palavra “ressentimento” significa “re-sentir”, ou seja, sentir de novo. O perdão interrompe sentir a dor contínua. Quando você perdoa, a dor vai embora e você se sente melhor, mesmo que o perdão não possa produzir o restabelecimento do relacionamento interrompido pela quebra da fidelidade e confiabilidade na vida do casal. Claudia cita M. Pereyra, doutor em Psicologia (Argentina), autor de um livro sobre o perdão: “A única forma de curar a dor que não se cura por si mesma é o perdão à pessoa que o magoou. O perdão cura a memória ao trabalhar a mudança de pensamentos. Aquele que vive remoendo sua dor pode ser mais prisioneiro que o agressor e, ao perdoar, liberta-se da prisão.” (p.60) Ainda citando Pereyra: “… perdoar não é passar por cima dos próprios sentimentos, ou simplesmente ‘dar a outra face’. É um processo longo e dolorido, pois é um ato voluntário de renúncia ao direito legítimo de estar ressentido, de julgar negativamente o ofensor ou agressor e demonstrar uma atitude de compaixão e generosidade para com ele, apesar de não merecer. Perdoar não é a negação dos sentimentos de mágoa, ira e rancor. É reconhecer os sentimentos e então escolher não agir por eles. Também significa que os maus sentimentos podem voltar e que talvez seja preciso perdoar mais de uma vez.” (p.60,61) Diz-se que quem perdoa, esquece. Na verdade, quem perdoa genuinamente, primeiro lembra, analisa, desabafa a dor, depois trabalha para esquecer por decisão consciente de fazer isto. Perdoar não é desculpar o erro da pessoa. Claudia explica: “A desculpa ocorre quando há a compreensão de que a pessoa não é culpada pelo que fez.” Você não desculpa no sentido de tirar a culpa, porque ela é real. Procura perdoar escolhendo fazer isto independente do sentimento porque “o perdão não é um sentimento, é uma escolha.” Escolha de não cultivar a mágoa contra a pessoa que machucou você. (p.61)

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Uma das dores emocionais mais devastadoras a de ter sido trado pelo cnjuge

Uma das dores emocionais mais devastadoras a de ter sido trado pelo cnjuge. Isto porque quando se casa por amor o vnculo afetivo formado ao longo do namoro, noivado e casamento muito forte e o nvel de confiana depositado no cnjuge passa a ser um dos mais profundos nas relaes humanas. Quando ocorre a infidelidade, quebra-se muita coisa e o perdo se faz necessrio em algum momento no futuro. Vamos pensar sobre isto.Qualquer pessoa, religiosa ou no, est sujeita paixes afetivas. Quando ela religiosa, o compromisso de fidelidade assumido no s para com o cnjuge, mas para com Deus tambm. Ocorrendo adultrio, alm da quebra da fidelidade com o companheiro(a), ocorre tambm a quebra do relacionamento com Deus. Claudia Bruscagin, psicoterapeuta familiar, com doutorado em Psicologia Clnica pela PUC-SP e professora no Curso de Especializao em Terapia Familiar e de Casal do Ncleo de Famlia e Comunidade da PUC-SP, diz, no livro Religiosidade e Psicoterapia, Editora Roca, p.59 e 60, 2008: No contexto religioso, a infidelidade parece denunciar uma falta de compromisso no somente com o casamento, mas tambm com Deus, com a religio e seus preceitos. Para o casal religioso, a reconstruo do relacionamento aps um caso de infidelidade exige que no somente a dinmica da relao seja revista, mas tambm a interao de cada um dos membros do casal com Deus, pois o perdo de Deus to importante quanto o perdo do cnjuge trado.Cada cnjuge tem um papel quanto ao perdo ao ocorrer a infidelidade. O do trado oferecer o perdo, o do traidor busc-lo. Claudia comenta: Ambos devem avaliar seu relacionamento e restaurar a relao, mudando o que erraram e acima de tudo perdoando verdadeiramente. Mas o que o perdo verdadeiro? Depende dos sentimentos? Depende de esquecer o fato? muito importante entender que o perdo cura a pessoa que perdoa. Viver ressentido viver com a dor agarrada em voc. A palavra ressentimento significa re-sentir, ou seja, sentir de novo. O perdo interrompe sentir a dor contnua. Quando voc perdoa, a dor vai embora e voc se sente melhor, mesmo que o perdo no possa produzir o restabelecimento do relacionamento interrompido pela quebra da fidelidade e confiabilidade na vida do casal. Claudia cita M. Pereyra, doutor em Psicologia (Argentina), autor de um livro sobre o perdo: A nica forma de curar a dor que no se cura por si mesma o perdo pessoa que o magoou. O perdo cura a memria ao trabalhar a mudana de pensamentos. Aquele que vive remoendo sua dor pode ser mais prisioneiro que o agressor e, ao perdoar, liberta-se da priso. (p.60)Ainda citando Pereyra: perdoar no passar por cima dos prprios sentimentos, ou simplesmente dar a outra face. um processo longo e dolorido, pois um ato voluntrio de renncia ao direito legtimo de estar ressentido, de julgar negativamente o ofensor ou agressor e demonstrar uma atitude de compaixo e generosidade para com ele, apesar de no merecer. Perdoar no a negao dos sentimentos de mgoa, ira e rancor. reconhecer os sentimentos e ento escolher no agir por eles. Tambm significa que os maus sentimentos podem voltar e que talvez seja preciso perdoar mais de uma vez. (p.60,61)Diz-se que quem perdoa, esquece. Na verdade, quem perdoa genuinamente, primeiro lembra, analisa, desabafa a dor, depois trabalha para esquecer por deciso consciente de fazer isto.Perdoar no desculpar o erro da pessoa. Claudia explica: A desculpa ocorre quando h a compreenso de que a pessoa no culpada pelo que fez. Voc no desculpa no sentido de tirar a culpa, porque ela real. Procura perdoar escolhendo fazer isto independente do sentimento porque o perdo no um sentimento, uma escolha. Escolha de no cultivar a mgoa contra a pessoa que machucou voc. (p.61)H ritmo e estgios diferentes para cada um viver o processo de perdoar. Se algum der um sco no seu rosto, produzir uma marca visvel na pele. Pode sangrar, fica roxo, inchado, etc. e a cura desta pancada demora um tempo, se voc perdoou o agressor ou no. Algo parecido ocorre no processo de cura da dor da pancada da traio. Claudia fala de estgios para se alcanar o perdo: mgoa, rancor, cura e reconciliao. O primeiro passo reconhecer os sentimentos e assumi-los. Ela afirma que na fase de reconciliao em casos de infidelidade (ou outros) importante que o cnjuge que traiu, se quiser seguir na reconciliao: (1)Aceite sua responsabilidade pelo ocorrido; (2)expresse sincero pesar e arrependimento; (3)de alguma forma oferea compensao conveniente; (4)prometa no repetir a conduta, e (5)pea perdo. (p.61)Ela conclui: Na reconciliao, quando possvel, o ofendido convida a pessoa que o machucou de volta para sua vida. Se o outro vem honestamente, o amor pode atuar e juntos podem desenvolver um novo relacionamento. Esse estgio depende tanto da pessoa a ser perdoada quanto da que perdoa; s vezes a pessoa no volta e preciso se curar sozinho. (p.61)

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