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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE GEOGRAFIA UNISOL - UNIVERSIDADE SOLIDARIA SPSM - SUBPREFEITURA DE SÃO MATEUS SÃO PAULO 2010

UNISOL UNIVERSIDADE SOLIDARIA SPSM SUBPREFEITURA … · Sua escultura modelada numa grande variedade de formas resulta da atuação simultânea e desigual, tanto no espaço como no

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

CURSO DE GEOGRAFIA

UNISOL - UNIVERSIDADE SOLIDARIA

SPSM - SUBPREFEITURA DE SÃO MATEUS

SÃO PAULO 2010

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EQUIPE UNICSUL

PROJETO "APA NASCENTES

DO ARICANDUVA" 2010

SÃO PAULO 2010

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EQUIPE TÉCNICA

Docentes:

Adriana Furlan

Carlos Eduardo Martins

Silvia Lopes Raimundo

Vivian Fiori

Dicentes:

Adriana Fernandes Monsalvarga

Alexandre Vastella Ferreira de Melo

André dos Santos Araujo

Catarina Peres Troiano

Cecilia Liebort Nina

Cecília Keiko Kakasu

Denise Aparecida Lopes

Fabiana Cristina da Luz

Fabrício Robson Silva dos Santos

Jamille Jorge Almessane

Josefa Mônica dos Santos

Ligia Teixeira dos Santos

Marcelo das Silva Vasconcelos

Mayra Dias Barbosa da Silva

Orlando Guimarães Junior

Roberto Randoli

Vanessa Calvo Paulini

Vanessa Costa Mucivuna

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APRESENTAÇÃO

A Universidade Cruzeiro do Sul, através do programa UNISOL - Universidade So-

lidária, em parceria com a Subprefeitura de São Mateus, realiza desde 2007 o

projeto ―APA Nascentes do Aricanduva‖.

O projeto abrange os distritos administrados pela Subprefeitura de São Mateus,

são eles, Iguatemi, Parque São Rafael e São Mateus, com foco na bacia hidrográ-

fica do Rio Aricanduva, formada pelos rios Aricanduva, Caaguaçu, Mombaça, Li-

moeiro, Palanque e suas nascentes e seus afluentes.

Inicialmente foi realizado o levantamento sobre as nascentes e o entorno da re-

gião a fim diagnosticar e analisar a importância da área de manancial e áreas

remanescentes de Mata Atlântica do local. Em 2007 foi analisada e caracterizada

a área do Aterro São João, Bacia hidrográfica do rio Aricanduva, elementos de

climatologia na região, constituição geológica, aspectos geomorfológicos, a ocu-

pação humana, as inundações, o esgoto sanitário no Alto Aricanduva, as indús-

trias localizadas na área de pesquisa, as nascentes no rio Aricanduva, Limoeiro,

Palanque, Caaguaçu e do Rio Mombaça e por fim comparação entre as áreas

analisadas.

Um dos objetivos desse estudo foi mapear as principais nascentes que compõem

a cabeceira do rio Aricanduva. Como resultado do estudo, foi confeccionado um

relatório técnico com informações referentes aos rios e análise físico-química das

águas, além de CD-ROM com resumo do relatório técnico e um vídeo de 28 mi-

nutos sobre projeto exibido no Canal Universitário. O resultado foi entregue a

subprefeitura e algumas lideranças locais.

Em 2008, o projeto consistiu em um aprofundamento e avaliação ambiental do

Córrego do Palanque no distrito de São Mateus. Foi feito estudo dos aspectos

físicos hidrográficos, cobertura vegetal, geológicos e geomorfológicos, pedológi-

cos, climatológicos e de fauna; aspectos sócio-econômicos como ocupação e os

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impactos ambientais. O estudo concentrou-se principalmente na análise das á-

guas dos rios a partir de suas nascentes, com a finalidade do estabelecer parâ-

metros que demonstrassem a qualidade destas águas, níveis de poluição e con-

centrações. Foi feito um catálogo de quarenta páginas mostrando informações do

trabalho de 2007 e de 2008, além de informações de trabalhos de conclusão de

curso sobre a região do Parque das Flores.

No ano de 2009 foi realizado um aprofundamento da análise sócio-ambiental nas

regiões do Limoeiro e do Jardim da Conquista, ambos situados no distrito de São

Mateus. Além da análise dos aspectos físicos como bacia hidrográfica, geologia,

pedologia, geomorfologia e das paisagens fisiográficas, foi realizado um levanta-

mento de uso e ocupação do solo através da análise das diretrizes do Plano Re-

gional estratégico para região, ocorreu também a aplicação de questionários com

moradores locais e líderes comunitários para realização de um diagnóstico socio-

econômico mais detalhado do local.

Ainda em 2009, além da elaboração do relatório com o diagnóstico ambiental e

socioeconômico, também foram realizadas ações de educação ambiental específi-

cas para os moradores locais e lideranças comunitárias, elaboradas a partir dos

estudos e do diagnóstico levantados anteriormente.

No presente, aperfeiçoaremos os estudos nas regiões do Jardim São Francisco e

Parque das Flores. Ambos localizados no distrito de São Rafael, na cidade de São

Paulo, inseridos na bacia do Rio Aricanduva. Além do levantamento bibliográfico

e referenciais teóricos, realizamos pesquisas de campo e análise do Plano Regio-

nal Estratégico e das ações projetadas pelo poder público para a região. Com o

intuito de nos aproximarmos das relações políticas, econômicas, culturais e am-

bientais, optamos pela a aplicação de questionários socioeconômico de caráter

quantitativo e qualitativo entre os moradores locais, lideranças comunitárias e

representantes do poder público. No total foram realizadas 77 entrevistas na co-

munidade, sendo 36 no Parque das Flores e 41 no Jardim São Francisco. Ouvi-

mos também a opinião de 3 lideranças, além de 2 representantes do poder pú-

blico, servidores da Subprefeitura de São Mateus.

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Elaboramos análise de áreas de risco no Parque das Flores, através da metodolo-

gia disponibilizada pelo INPE. Contudo o processo encontra-se ainda em desen-

volvimento.

Além da organização de um relatório aprofundado sobre essas duas regiões, que

buscará abranger os mais diversos aspectos como hidrografia, supressão de ve-

getação, geomorfologia, geologia, processos de ocupação, áreas de risco, entre

outros. Buscaremos efetivar ações in loco, como intervenções culturais ou volta-

das para a educação ambiental e sensibilização com relação às problemáticas

locais.

O projeto conta com a participação de docentes e discentes do bacharelado em

Geografia e alunos do curso de Biologia. O campo complementa toda a teoria

obtida na universidade; uma vez que a ida ao mesmo tem possibilitado um con-

tato direto com todas as questões abordadas no decorrer do curso, como os pro-

cessos de ocupação e organização espacial, as relações sociedade-meio, o dis-

tanciamento entre o planejamento e a realidade de fato, entre outras questões.

A aplicação de questionários e entrevistas com a comunidade e lideranças, o

contato com Plano Regional Estratégico e seus processos de legitimação, bem

como o acompanhamento do processo de implantação de algumas políticas pú-

blicas como a tentativa institucionalização da Área de proteção Ambiental, os

trabalhos a campo, e todas as atividades realizadas no decorrer do projeto além

de mostrar toda a diversidade da área pesquisada, tem contribuído de maneira

extremamente significativa para formação acadêmica de todos que estão partici-

pando efetivamente. Contribuindo diretamente para nossas futuras ações como

pesquisadores e pesquisadoras, educadores e educadoras.

O presente projeto visa, além de elaborar um documento diagnostico da região,

se aproximar diretamente da comunidade com ações práticas, replicando as in-

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formações obtidas e as idéias desenvolvidas para os moradores locais, através

de atividades de capacitação desenvolvidas no segundo semestre de 2010.

Portanto, além de contribuir para formação dos docentes e discentes envolvidos

também poderá ser útil para comunidade local, na medida em que estes terão

acesso as informações levantadas, bem como alguns terão oportunidade de par-

ticipar de atividades reflexivas sobre a realidade local, que terá por finalidade

sensibilizar, informar, trocar conhecimentos e quem sabe despertar idéias que se

materializem em futuras ações dos próprios moradores sobre sua realidade, des-

pertando a discussão de questões sócio-ambientais que conformem o leque das

possibilidades transformadoras.

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1 CARACTERÍSTICAS DO MEIO FÍSICO

O meio físico da área de São Mateus tem início a partir das caracterizações sobre

o clima e o relevo. Tal aprendizado se faz necessário, pois contribui de forma e-

fetiva para pensarmos as dinâmicas do espaço geográfico da área.

Entendemos por meio físico as relações e as dinâmicas entre clima e relevo em

uma determinada área. Trata-se do estudo do sítio urbano, ou seja, a área de

localização da região de São Mateus na cidade. Observaremos o modelado da

crosta terrestre somado às condições climáticas.

Para melhor esclarecer sobre como o meio físico da área estudada se apresenta,

daremos definições básicas sobre o mesmo.

1.1 A ESTRUTURA GEOMORFOLÓGICA

O relevo se define como sendo o conjunto de saliências e reentrâncias que

compõem a superfície terrestre. O relevo é um componente da litosfera, está

relacionado com o conjunto rochoso subjacente e com os solos que o recobre.

Sua escultura modelada numa grande variedade de formas resulta da atuação

simultânea e desigual, tanto no espaço como no tempo, não só dos fatores

climáticos, bem como da estrutura da litosfera. Assim sendo, o relevo encontra-

se em permanente transformação (DEMANGE et al., 1977; ROSS & MOROZ,

1997).

De acordo com os fundamentos estabelecidos por PENK (apud Martinelli) e os

estudos de GERASSIMOV & MECERJAKOV (apud Martinelli) e MECERJAKOV (apud

Martinelli), o relevo é o resultado da atuação de duas forças opostas, a endógena

(interna) e a exógena (externa). As primeiras são responsáveis pelas grandes

formas estruturais, enquanto que as segundas tomam parte na modelagem das

formas esculturais. Se expressa na configuração plástica concreta e heterogênea

das formas que compõem a superfície da Terra (ROSS, 1985; 1996; 1999).

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O Município de São Paulo está inserido num contexto de terras altas (entre 720 a

850 metros predominantemente), chamado Planalto Atlântico. A topografia deste

planalto apresenta as mais variadas feições, tais como planícies aluviais (vár-

zeas), colinas, morros e serras e maciços com as mais variadas orientações. A

poucos quilômetros de distância (45km em média) encontra-se o Oceano Atlânti-

co.

O sítio urbano da cidade de São Paulo está inserido no Planalto Atlântico do Su-

deste do Brasil, a uma distância média de 45 km do Oceano Atlântico, abrangen-

do os 10 compartimentos geomorfológicos da Serra da Cantareira, Bacia Sedi-

mentar de São Paulo e Reverso do Planalto Atlântico (Mares de Morros).

A área a Leste do Tamanduateí, onde estão os Bairros da Mooca, Brás, Belenzi-

nho e Tatuapé são predominantemente marcadas por terraços planos a sub-

planos e por colinas amplas, e em direção às margens do Aricanduva, começam

a aparecer os platôs acima de 800 metros, onde estão os Bairros de Sapopemba,

São Mateus, Itaquera e Guaianazes (este mais próximo do Córrego Itaquera).

1.1.2 A ESTRUTURA CLIMÁTICA

O clima é caracterizado, segundo a definição da Organização Meteorológica Mun-

dial (OMM), como sendo um conjunto o qual as médias estatísticas são estabele-

cidas a partir de uma série de dados, dentro de um período de 30 anos.

O clima também pode ser caracterizado por escalas de hierarquias, assim sendo,

A noção de escala em Climatologia implica uma ordem hierárquica das grandezas climáticas, tanto espaciais quanto temporais. Dessa maneira o microclima está inserido no mesoclima, que, por sua vez, está inserido no macroclima; este somente existe com base nas grandezas inferiores. (MONTEIRO, 2007, p.22)

Esse quadro físico define um conjunto de controles climáticos que, em interação

com a sucessão habitual dos sistemas atmosféricos, irão dar identidade aos cli-

mas locais, produzidos pelos encadeamentos de diferentes tipos de tempo. Dessa

forma, o conceito de clima que conduziu o pensamento de todo este trabalho é

aquele referente à ―sucessão habitual dos estados atmosféricos (tipos de tempo)

sobre um determinado lugar‖ (SORRE, 1934).

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A área de São Mateus está situada dentro do subclima da cidade de São Paulo. O

município se concentra sobre um relevo elevado do sudeste brasileiro, a Serra do

Mar. Esse relevo está associado à maritimidade e também a atuação da Frente

Polar Atlântica (FPA), que confere condições climáticas de temperaturas amenas

e está em uma posição entre climas quentes e climas subquentes superúmidos

sem estação seca (IBGE, 1997). A definição de clima para o município de São

Paulo, feita por Mendonça (2007) classifica o mesmo como sendo um subtipo

climático característico do município e de sua região metropolitana.

Abaixo segue o mapa (Figura 1) que mostra em qual subtipo de clima está inse-

rido o município de São Paulo, segundo a classificação climática do IBGE:

Figura 1 - Classificação dos Climas do Brasil - IBGE, 2005

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1.2.1 O CLIMA DA ÁREA DE ESTUDO

A área de São Mateus, assim como todo o município de São Paulo sofre a atua-

ção das Massas Tropicais Atlânticas (MTA) e Polares (MPA).

Essas massas tropicais são responsáveis pela pluviosidade decorrente ao longo

de todos os meses do ano e também influem na variabilidade dos índices de

temperatura, que oscilam entre 15,1ºC de temperatura mínima e 25,2ºC de

temperatura máxima, conferindo média térmica de 19,5ºC anuais e índices de

pluviosidade em torno de 1500mm ao ano (INMET, 1961-2000).

A concentração de chuvas na região metropolitana ocorre com maior força nos

meses de verão e durante o inverno os índices diminuem os seus valores, assim

como as temperaturas que se encontram elevadas na época do verão, principal-

mente entre outubro e março, e tendo o mês de janeiro como o mais chuvoso,

com média de 260mm. Essas temperaturas estão reduzidas, na época do inver-

no, destacando-se nessa estação a mais baixa pluviosidade. Os meses de julho e

agosto estão com os menores índices de precipitação pluviométrica, ficando en-

tre 30mm e 40mm mensais, respectivamente (MENDONÇA, 2007).

Não há dados referenciados sobre a área da subprefeitura de São Mateus, com

relação ao índice de precipitação e de temperatura. As estações do Departamen-

to de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE-SP) foram desativadas há 18

anos, e funcionavam na região de Itaquera. Estas estações, porém, não contém

informações e dados claros sobre os índices acima mencionados.

A seguir uma foto que traz a idéia sobre o tipo de relevo existente na área de

São Mateus (Figura 2):

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Figura 2 - Imagem da área de São Mateus

Foto de Adriana Monsalvarga, 2010

Podem ocorrer escorregamentos, dependendo da direção do corte, e desplaca-

mentos de porções de rocha, como mostra a Figura 3, abaixo.

Figura 3 - Exemplo de escorregamento no Parque das Flores

Foto tirada por Cecilia Keiko, 2010

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Os escorregamentos tendem a ter mais intensidade devido a intensa ocupação

por construções e habitações humanas. Os assentamentos das construções cola-

boram para que o movimento do solo se intensifique e o mesmo vá em direção a

base do relevo local.

Sua composição também se faz de sedimentos terciários (Tc), um pacote de se-

dimentos de idade terciária e solos (predominantemente argilosos e espessos) da

Bacia de São Paulo. Abaixo segue o mapa (Figura 4) com os tipos de solo e rocha

do município de São Paulo, destacando a Subprefeitura de São Mateus, feito pela

Prefeitura da Cidade de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Planeja-

mento – Sempla e Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – SVMA.

Figura 4 - Recorte do Relevo e Solo de São Mateus

Esse relevo termina na planície aluvial (Al), nas áreas de fundo de vale

com baixa declividade, composto por solos arenosos e argilosos, onde há lençóis

freáticos superficiais. Por isso podem ocorrer danificações as pavimentações, as

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redes de infra-estrutura e as edificações, propiciando também a que a área este-

ja sujeita a inundações.

1.3 – RECURSOS HÍDRICOS

O presente tema trata da conceituação de bacia hidrográfica e da delimitação hídrica da

área de estudo, isto é, da bacia hidrográfica na qual esta área se insere e de sua caracte-

rização, bem como de uma das nascentes do curso d’água selecionado para este trabalho

e visitado pela equipe do Projeto UNISOL em pesquisa de campo.

1.3.1 – Bacias Hidrográficas

Uma bacia hidrográfica é uma unidade geográfica compreendida entre divisores de água,

isto é, uma área do terreno ―limitado pelas partes mais altas de montanhas, morros ou

ladeiras, onde existe um sistema de drenagem superficial que concentra suas águas em

um rio principal o qual está ligado ao mar outro rio maior‖. (FAUSTINO, 1996, apud BEN-

TES-GAMA, 2000).

As bacias hidrográficas são separadas umas das outras por uma linha divisória, denomi-

nada divisor de águas e baseada na topografia ou em cotas altimétricas máximas. Cada

chuva que cai a partir desse ponto se dirige ao curso de água principal.

Podem se classificar hierarquicamente em microbacias e sub-bacias. Segundo BENTES-

GAMA (2000), as microbacias formam sub-bacias que, por sua vez, formam as bacias. As

microbacias compõem uma área de até 100 km², enquanto que as sub-bacias possuem

uma área de drenagem entre 100 e 700 km².

A Agência Nacional de Águas – ANA trabalha com a classificação de bacia hidrográfica

segundo o conceito de ottobacias, que são áreas de contribuição dos trechos da rede hi-

drográfica codificadas segundo o método de Otto Pfafstetter, um engenheiro brasileiro

que, na década de 80, desenvolveu um método de codificação numérica de bacias hidro-

gráficas, considerando principalmente as áreas de contribuição direta de cada trecho da

rede hidrográfica. (Portal ANA, s/d.).

Nesse método a rede da drenagem é categorizada em códigos que são aplicados segundo

a dimensão da bacia. Desta forma, às bacias hidrográficas que drenam diretamente para

o mar são atribuídos os algarismos pares 2, 4, 6, e 8, seguindo uma ordem no sentido

horário em torno do continente. O código 0 (zero) é atribuído o código à maior bacia fe-

chada. As demais áreas do continente são as regiões hidrográficas restantes, às quais

são atribuídas os algarismos ímpares 1, 3, 5, 7, e 9, de tal forma que a interbacia 3 en-

contra-se entre as bacias 2 e 4, a interbacia 5 encontra-se entre as bacias 4 e 6, e assim

sucessivamente. (Portal ANA, s/d.)

Segundo a definição de Christofoletti (p. 81, 1974), uma bacia hidrográfica trata-se de

uma ―área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial. A quantidade de

água que atinge os cursos fluviais está na dependência do tamanho da área ocupada pela

bacia, da precipitação total e do seu regime.‖ Desta forma, entende-se que bacia hidro-

gráfica é um conjunto de terras drenadas por um rio e seus cursos afluentes, formada

por divisores de água, onde as águas das chuvas, escoam de maneira superficial, levan-

do à formação dos riachos e rios, ou infiltrando no solo para formação de nascentes e do

lençol freático.

A figura 3 abaixo ilustra a nomenclatura de cada trecho de um curso d’água numa bacia

hidrográfica qualquer. Assim sendo, pode-se considerar:

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Montante: Segundo um ponto qualquer observado, designa a região de onde

as águas vêem, isto é, a nascente do córrego ou rio;

Jusante: Designa a região para onde as águas estão indo, ou seja, a foz de

um rio ou córrego;

Área de Inundação: Lagos, lagoas ou áreas de várzea de um rio;

Leito ou Curso D’água: é o curso d’água em si ou o fundo de um corpo

d’água;

Figura 3– Nomenclatura referente aos cursos d’água

Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.

1.3.2 – Recursos Hídricos da Área de Estudo

A região de estudo está inserida na bacia hidrográfica do rio Aricanduva, um afluente da

margem esquerda do rio Tietê e cuja área de drenagem é de aproximadamente 100km²;

a bacia compreende os distritos de São Rafael, Iguatemi e São Mateus, correspondentes

à subprefeitura de São Mateus e mais os distritos de Cidade Tiradentes, José Bonifácio,

Parque do Carmo, Cidade Líder, Sapopemba, Aricanduva, Vila Formosa, Carrão, Tatuapé,

Penha, Vila Matilde, Artur Alvim e Cidade Líder.

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A bacia do rio Tietê está, por sua vez, dividida em algumas sub-bacias, como é o caso da

sub-bacia hidrográfica do Alto Tietê, designada pela Unidade de Gestão de Recursos Hí-

dricos – UGRHI – 06 do estado de São Paulo, na qual está inserida a bacia do rio Arican-

duva.

Este estudo trata dos elementos relativos à rede hidrográfica inserida no distrito de São

Rafael, sobretudo ao Córrego Caaguaçu, que percorre os bairros do Jardim São Francisco

e Parque das Flores, lócus da análise em questão, e aplicação dos estudos através de

visitas técnicas realizadas pela equipe do projeto UNICSOL. Além da revisão bibliográfica,

pesquisa teórica reforçando a conceituação dos temas em discussão, e finalmente, levan-

tamento de dados e informações sobre a região. A seguir, representações da bacia hidro-

gráfica do Rio Aricanduva (Figura 4) e das demais bacias hidrográficas que fazem divisão

com a bacia da área de estudo (Figura 5).

1.3.2.1– Microbacia do Córrego Caaguaçu

O córrego Caaguaçu possui uma de suas nascentes localizada ao sul do distrito de São

Rafael, próximo da divisa com o distrito de Iguatemi e com o aterro sanitário São João. A

figura 9, que segue na próxima página, trata da localização da nascente do córrego e da

rede hidrográfica da região.

O córrego Caaguaçu é um dos afluentes da bacia do rio Aricanduva, cujo rio principal

leva o mesmo nome da bacia. Segundo a classificação climática do Instituto Brasileiro de

Geografia Estatística – IBGE (2006), o micro-clima desta bacia hidrográfica é de tipo tro-

pical super-úmido, apresentando médias de pluviosidade relativamente altas e bem dis-

tribuídas ao longo do ano. A vegetação é composta pelos fragmentos remanescentes de

Mata Atlântica, sobretudo no Parque do Carmo e no Morro do Cruzeiro, e por áreas de

reflorestamento, em parques, praças, jardins, calçadas e no entorno de rios e córregos.

(MMA, 2010) É denominada mata de floresta ombrófila densa, isto é, designa regiões

com índices de temperatura acima de 25ºC e médias de pluviosidade elevadas, com perí-

odo seco variando de 0 a 60 dias. (EMBRAPA, 2010).

1.3.2.2 – Planos e Programas Sobre Recursos Hídricos

O Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus discorre, dentre outros as-

pectos, sobre a Rede Estrutural Hídrica Ambiental de São Mateus, que se insere na Ma-

crozona de Conservação e Recuperação da Zona Leste, compreendida pelos fragmentos

de vegetação dos distritos de São Rafael e Iguatemi. O plano prevê a implantação do

Parque São Mateus e a criação da APA Municipal Cabeceiras do Aricanduva, com alguns

objetivos, diretrizes e estratégias, como a expansão e preservação da cobertura vegetal

existente na região; recuperação dos recursos hídricos; implantação de parques lineares,

ciclovias e equipamentos de lazer diversos, como parques e praças; manter e desocupar

áreas de preservação permanente ao longo dos cursos d’água; aumentar a eficiência dos

aterros sanitários da região, bem como garantir a função social de aterros após sua de-

sativação; implantar metidas de mitigação de impactos ambientais; promover a instala-

ção de rede de esgotos e tratamento adequado; dentre outros.

Segundo o cronograma anexo ao PRE – Plano Regional Estratégico, do ano de 2004, exis-

tem, em projeto, a implantação de três parques lineares no rio Aricanduva, com previsão

para conclusão em 2006 e 2012, um deles com extensão aproximada de 3,7km.

A implantação de parques lineares também está prevista no Art. 57 - Capítulo III do Pla-

no Diretor Estratégico, com a criação de equipamentos comunitários de lazer, promoven-

do o uso adequado dos fundos de vale, evitando ocupações irregulares nestas áreas.

Prevê, ainda, a criação de áreas verdes nas cabeceiras de drenagens, com a finalidade de

preservar a nascentes dos rios, disciplinando a ocupação destas e de suas várzeas.

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Figura 4 – Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Aricanduva

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Figura 5 – Mapa das Bacias Hidrográficas do Entorno da Bacia do Rio Aricanduva

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Figura 6 e 7 - Córrego Caaguaçu – Jardim São Francisco

Equipe Unicsul. Março, 2010.

Equipe Unicsul. Março, 2010.

As figuras 6 e 7 que seguem abaixo referem-se ao Córrego Caaguaçu na região do bairro

do Jardim São Francisco, onde o córrego passou por processo de canalização.

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Figura 9 – Mapa de Hidrografia da Área de Estudo

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Figuras 10 e 11 – Nascente do Córrego Caaguaçu – Parque das Flores

Equipe Unicsul. Maio 2010.

Equipe Unicsul. Maio, 2010.

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As figuras 10 e 11 abaixo referem-se à uma das nascentes do córrego Caaguaçu, repre-

sentada na figura 9 acima. Pode-se observar claramente nesta região uma erosão decor-

rente do intemperismo físico promovido pelo escoamento superficial da água, isto é, a

ação erosiva da água provoca a formação de vários pipes - termo geomorfológico que

designa dutos – que são responsáveis pela remoção de sedimentos, causando, assim, o

aumento de seu diâmetro.

Figura 8 - Córrego Caaguaçu e Mata Ciliar

Equipe Unicsul. Abril, 2010.

Na figura 8 abaixo, é possível observar, a mata ciliar do córrego Caaguaçu e, ao fundo, a

região do Morro do Cruzeiro, no Parque das Flores.

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2 ÁREAS DE RISCO

2.1 PARQUE DAS FLORES: PRINCIPAIS PROCESSOS

Levando em consideração que o Parque das Flores está situado em área de alta

declividade, e irregularidade/variabilidade topográfica acentuada, este está mais

sujeito a ação da gravidade do que o Jardim São Francisco. Está, portanto, mais

suscetível1 a movimentos de massa2, que prejudiquem a integridade física e pa-

trimonial dos moradores do local.

Embora tais processos sejam absolutamente presentes em regiões de topografia

acentuada, não é a intenção desse estudo, julgar com precisão o seus exatos

graus e freqüência de ocorrência. Para que um movimento de massa seja fiel-

mente compreendido, são necessários estudos aprofundados e sistematicamente

calculados. As constatações elucidadas a seguir foram obtidas através de obser-

vações empíricas, e para que sejam efetivamente compreendidas, precisam ser

estudas e monitoradas. Porém, embora o julgamento categórico não sirva aqui,

pode-se afirmar que os principais fenômenos ocorridos no Parque das Flores são:

Escorregamentos Planares: Consiste no deslizamento de terra, ocorrido em

solos3 rasos e frágeis, que induzidos pelo excesso de água rompem-se através da

ação da gravidade. Conforme o esquema:

1 Suscetibilidade: ―Indica a potencialidade de ocorrência de processos naturais e induzidos em uma dada área, expressando-se segundo classes de probabilidade de ocorrência. ―(BRASIL - Ministério das Cidades; IPT, 2007 : p. 26)

2 Movimentos de massa: ―transporte coletivo de material rochoso e/ou de solo, onde a ação da gravidade tem papel preponderante, podendo ser potencializado ou não, pela ação da água‖ (GUERRA;MARÇAL, 2006 : 75)

3Solo: ―A ligação entre o manto vivo e o esqueleto mineral do substrato geológico‖ (COSTA : 2004, p.14)

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Esquema 1 – Vertente em Mov. Planar

Autor: Alexandre Vastella, 2010

A formação em seu estado A, apresenta uma rocha sólida (cinza escuro), reco-

berta pelo solo (cinza claro). Ao entrar em desequilíbrio, a vertente4 cede de ma-

neira violenta, e grande parte de seu material se deposita em seu sopé. Nos ca-

sos de movimentos planares, o material cedido geralmente acompanha as imper-

feições geológicas e/ou hidrológicas da rocha, deixando esta exposta (situação

B)

Foto 1 – Possíveis Movimentos de Massa – Pq das F.

Autor: Adriana Monsalvarga, 2010

A imagem acima, embora em escala pouco aproximada, permite a visão de pos-

síveis ocorrências de movimentos de massa planares na região. Nota-se o desli-

zamento de material ocorrido nas vertentes, em proximidade com as residências,

caracterizando um possível deslizamento.

4 Vertente (Talude, Encosta): ―superfície inclinada, não horizontal, sem apresentar qualquer cono-tação genética ou locacional.‖ (CHRISTOFOLETTI : 1980, p. 26)

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Escorregamentos Rotacionais: São caracterizados pela ruptura em solos es-

pessos e complexos, formando um movimento côncavo para cima. Podem ser

ocasionados por fatores naturais ou antrópicos. Conforme a figura:

Esquema 2 – Vertente em Mov. Rotacional

Autor: Alexandre Vastella, 2010

Numa primeira situação (A), a vertente desestabiliza-se e cede, de maneira irre-

gular e circular. O material espesso distribuído ao longo da encosta, é depositado

no sopé da mesma.

Foto 2 – Possível Mov. Rotac no Pq das Flores.

Autor: Jamille Almessane, 2010

A fotografia acima releva um possível movimento rotacional. Apesar da falta de

zoom, pode-ser notar a ocorrência de deslizamento de material em forma cônca-

va, dando indício de sua classificação.

Rastejos: Ao contrário dos deslizamentos, os rastejos são movimentos lentos,

que ocorrem quase imperceptivelmente. Geralmente são iniciados por alterações

nas bases das vertentes, e podem ser identificados pela presença de árvores ou

postes ―tortos‖, bem como a presença de degraus de abatimento. Conforme a

imagem:

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Esquema 3 – Rastejo em Vertente

Autor: Alexandre Vastella, 2010

Numa situação inicial (A), o equilíbrio da vertente é alterado de maneira sutil por

um dado fator, desencadeando a lenta ação da gravidade (setas). Em B, o mate-

rial continua estabilizado, porém em movimento: os sinais podem ser notados

nas árvores tortas

Foto 3 – Possível Indício de rastejo, Pq das Flores

Autor: Fabiana Luz, 2010. Adaptação: Alexandre Vastella, 2010

Na imagem acima nota-se uma pessoa ao lado de um poste ou pedaço de pau

entortado, denotando uma discrepância entre o ângulo de ambos. Por apresen-

tar-se em um ângulo inferior a 90 graus, pode-se especular que há a presença

de rastejos. Porém, a precisão de tal julgamento fica comprometida, visto que

outros fatores podem ter inclinado o objeto em questão.

2.2 FATORES ANTRÓPICOS CATALISADORES

Embora movimentos de massa sejam inerentes as próprias dinâmicas da nature-

za, o homem pode acelerar sua ocorrência. A ausência antrópica não condiciona

ausência de tais processos, mas retarda-os. Para que a freqüência seja diminuí-

da, são necessárias a compreensão e prevenção de pelo menos tais fenômenos:

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O desmatamento da vertente: Para que os materiais da encosta não cedam, é

necessário que haja uma coesão entre as partículas dos mesmos. (CHRISTOFO-

LETTI, 1980). A presença de vegetação nativa nas vertentes, retarda o inchaço

hídrico do solo e consequentemente, ajuda a manter o equilíbrio da formação. Ao

desmatar para construir, o homem abre clareiras que aumentam a absorção de

água do solo, acarretando em deslizamentos e erosões precoces, devido ao peso

excessivo das partículas de água. Segundo a imagem:

Esquema 4 – Indício de rastejo, Pq das Flores

Autor: Alexandre Vastella, 2010

No caso A, uma encosta coberta de vegetação, há um equilíbrio na disposição

das partículas de água no solo (em cinza). Na situação B, a encosta foi desmata-

da, ocasionando maior permeabilidade, maior concentração hídrica e consequen-

temente, maior possibilidade de ocorrência de deslizamentos.

Foto 4 – Vertente em processo de desmatamento. Morro do Cruzeiro

Autor: Alexandre Vastella, 2010

Corte artificial de talude: Tecnicamente, é mais fácil construir sobre uma pla-

taforma plana e uniforme. Por esse motivo, o corte de talude é comum onde e-

xistam habitações em encostas. Após a construção de moradias, é comum tam-

bém, a construção de ―muros de contenção‖, ou até mesmo outra casa ―segu-

rando‖ a fúria da encosta. Porém, ao seccionar o talude em blocos retangulares,

o homem acentua a tensão existente naquele material depositado na encosta.

Conforme a imagem a seguir:

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Esquema 5 – Corte de talude e áreas instáveis

Autor: Alexandre Vastella, 2010

Na situação A, a encosta estava em equilíbrio, e deslizamentos ocorriam em in-

tervalos grandes. Já na B, foram criadas duas áreas de tensão (em pontilhado),

que estão bem mais sujeitas a cederem pela ação gravitacional.

Foto 5 – Construção sob corte de talude, Pq das Flores

Autor: Jamille Almessane, 2010

A imagem acima ilustra um corte de talude para construção de moradia. Embora

não se possa afirmar com propriedade que a residência localizada em tal situação

está em área de risco, pode-se afirmar que o corte de talude é um entre vários

elementos aceleradores de processos erosivos.

Presença de vegetação inadequada. Na maioria dos casos, a vegetação re-

tarda os processos erosivos no solo, mas algumas espécies podem acelerá-los,

como as bananeiras, encontradas em demasia em São Mateus. Conforme a ima-

gem:

Esquema 6 – Vegetação adequada e inadequada

Autor: Alexandre Vastella, 2010

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A vertente A, apresenta vegetação nativa (traçados verticais). Já a B, apresenta

espécies de vegetação inadequada (normalmente bananeiras), cujas raízes ab-

sorvem grande quantidade de água. Por conseguinte, a bananeira exerce maior

pressão (vertical e horizontal) sobre o solo, saturando-o e tornando-o mais sus-

cetível a deslizamentos.

Foto 6 – Vertente com bananeiras (vista sul, M.Cruzeiro)

Autor: Jamille Almessane, 2010

Nota-se na imagem, o maciço cultivo de bananas. Porém, embora possa acelerá-

los, a presença de bananeiras não é fator preponderante na ocorrência de desli-

zamentos. A existência de tal espécie em vertente não acarreta incondicional-

mente na sua instabilidade, mas constitui-se apenas em um elemento catalisa-

dor.

Ausência de escoamento superficial adequado. O escoamento da água plu-

vial superficial do interflúvio para o fundo de vale, normalmente ocorre lenta-

mente, percorrendo a vegetação e quebrando barreiras naturais. Porém, quando

a vegetação é rasgada e em seus resquícios surgem vias inadequadas, estas ace-

leram a água da chuva, como um tobogã pluvial, ocasionando corridas. Conside-

rando o mapa hipotético a seguir:

Esquema 7 – Arruamento-escoamento e curvas de nível

Autor: Alexandre Vastella, 2010

Levando em consideração as curvas de nível (preto), e o arruamento urbano

(cinza), nos modelos A e B, temos a seguinte situação: O sistema viário A, típico

de loteamentos e bairros planejados, é mais prático e funcional do ponto de vista

urbanístico, porém ineficiente geomorfologicamente. A água pluvial que cai nos

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pontos mais altos, escorre com enorme força e aceleração para as áreas mais

baixas, provocando enxurradas5, transporte abrupto de materiais e consequen-

temente, maior intensidade erosiva. Já o modelo B, embora não seja tão prático,

o arruamento é feito levando em consideração as curvas de nível, retardando a

erosão da vertente.

Esquema 8 – Possível situação de enxurrada no Pq das Flores.

Autor: Jamille Almessane, 2010. Elaboração: Alexandre Vastella, 2010

A esquematização acima ilustra tal processo. A esquerda, nota-se um arruamen-

to inadequado (do ponto de vista da geomorfologia), e a direita, possível situa-

ção de enxurrada.

2.3. CADASTRO DE RISCOS DE ESCORREGAMENTOS

O cadastro de áreas de risco6 no Brasil segue um modelo de critérios prévios,

elaborado por instituições como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o

Ministério das Cidades. No final de uma série de análises do local, é possível de-

terminar o grau de risco de uma área, e/ou de uma residência ou estabelecimen-

to, e classificá-lo em: Baixo, Médio Alto e Muito Alto. Para os graus Médio e Alto,

é recomendável a observação constante do local, e para o Muito Alto, providên-

cias imediatas.

5 Enxurrada: ―Escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou não estar associado a áreas de domínio dos processos fluviais.‖ (Instituto Geológico, 2009. p. 42)

6 Risco: ―Relação entra possibilidade de ocorrência de um dado processo ou fenômeno, e a magni-

tude de danos ou consequências sociais e/ou econômicas sobre um dado elemento, grupo ou co-munidade.‖ (BRASIL - Ministério das Cidades; IPT, 2007 : p. 26)

Área de Risco: ―Área passível de ser atingida por fenômenos ou processos naturais e/ou induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que habitam essas áreas estão sujeitas a danos à integri-dade física, perdas materiais e patrimoniais.‖ (BRASIL - Ministério das Cidades; IPT, 2007 : p. 26)

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Tal metodologia, aplicada pelo IPT é de extrema importância para a classificação

das áreas de risco. Porém, para a realização deste estudo, foi adaptada as ob-

servações locais. Não cabe ao cadastro aqui apresentado, o julgamento correto

de tais áreas, porém, pode-se enumerar a presença de elementos atribuídos as

áreas de risco. Por conseguinte, ao invés da utilização de graus de risco, foram

elucidados os elementos indutores de risco através da classificação (em ordem

crescente): poucos elementos indutores de risco, alguns elementos indutores de

risco, vários elementos indutores de risco e muitos elementos indutores de risco.

Essa metodologia foi utilizada para o mapeamento de uma amostra de 15 resi-

dências no Parque das Flores. Do total, 53% apresentaram alguns elementos in-

dutores de risco e 26%, vários elementos indutores de risco. As menores inci-

dências foram atribuídas a poucos elementos indutores de risco (13%) e muitos

elementos indutores de risco (7%).

Para tal conclusão, foram utilizados tais critérios: tipo de moradia (alvenaria ou

madeira), ângulo da encosta, presença de aterro lançado, presença de parede

rochosa, presença de blocos de rocha, presença de lixo ou entulho, concentração

de água de chuva em superfície, lançamento de água em superfície, sistema de

drenagem superficial, destino do esgoto, vazamento na tubulação de água, mi-

nas de água no talude, presença de vegetação, presença de bananeiras, sinais

de movimentação (trincas, degraus de abatimento, inclinação, cicatriz), presença

de movimentos previamente ocorridos. Com base nestes parâmetros, pode-se

quantificar os elementos indutores de risco nas residências analisadas.

Entretanto, vale ressaltar que a quantificação estabelecida, abarcou somente al-

gumas moradias, não constituindo assim, um padrão para o bairro como um to-

do. Portanto, os dados apresentados na classificação, são verídicos somente

quanto a amostragem de quinze residências.

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Mapa 1 – Residências Analisadas e Possíveis Áreas de Risco. – Pq das F.

Autor: Alexandre Vastella, 2010

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Dados Gerais Sobre as Moradias: Numa primeira abordagem, além dos ende-

reços e nomes dos moradores, foram relatadas as condições de acesso a área e

os tipos de residências. Das analisadas, 73% são de alvenaria e 26% mistas (al-

venaria e madeira). Levando em consideração a maior resistência das habitações

de alvenaria, as mistas (que também utilizam madeira), são mais frágeis e sus-

cetíveis a escorregamentos.

Foto 7 – Residências de alvenaria no Pq das Flores

Autor: Cecília Keiko Kakazu, 2010

Caracterização do Local: Análise dos tipos de vertentes e sua constituição. Dos

taludes analisados, 80% são naturais e apenas 20% são de corte. Não foram en-

contradas vertentes de constituição rochosa, e nem aterros lançados. Mais da

metade destas (53%), apresentavam depósitos de lixo ou entulho. Considerando

o fato dos taludes naturais serem menos suscetíveis a escorregamentos, o Par-

que das Flores apresentou boa média. Porém, a presença de material tecnógeno

em grande parte destes, contribuiu para a fragilização das encostas.

Foto 8 – Talude de Corte e Despejo de Lixo

Autor: Adriana Monsalvarga, 2010

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Água. Nessa etapa, além da análise de abastecimento hídrico e saneamento bá-

sico das residências, foi relatada a ação da água nas encostas determinadas.

Considerável parcela das casas (73%) estavam em áreas suscetíveis a enxurra-

das, e 60% lançavam água na superfície. Quanto ao sistema de drenagem, ape-

nas 7% das residências apresentaram condições satisfatórias, sendo em 60%

inexistentes e 33%, precárias. Os índices supracitados denotam, pelo menos no

âmbito das águas, elevado grau de suscetibilidade e provavelmente de risco.

Apesar de todas as moradias (100%) contarem com o fornecimento de água da

Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), só em

20% destas o esgoto é canalizado. Na maioria dos casas, não houve indícios de

saneamento básico (em 20% dos casos, o esgoto é jogado em fossas, e em 60%

é lançado em superfície). Percebe-se portanto, um descompasso entre as casas

contempladas pela Sabesp (100%), e pelo destino do esgoto.

Num outro parâmetro, apenas 13% das residências apresentaram vazamento de

água, sendo numa delas, relatada uma mina d´agua no sopé da vertente (ao

todo foram relatadas minas próximos de 4 moradias.)

Foto 9 e 10 – Lançamento de água em superfície – Pq das F.

Autor: Adriana Monsalvarga, 2010

Vegetação: Dependendo do tipo, pode ser benéfica ou maléfica para a integri-

dade física das residências. Foram encontradas árvores em 40% das residências,

e vegetação rasteira (capim, arbustos, etc) em 66% destas. Todavia, foram en-

contrados indícios de desmatamento em 53% das residências, e presença de ve-

getação inadequada (sobretudo bananeiras), em 33%. Como visto, a supressão

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da massa vegetal em detrimento de áreas de cultivo inadequadas como as bana-

neiras, aumenta a possibilidade de deslizamentos.

Foto 11 – Vertente desmatada – Pq das F.

Autor: Cecília Keiko Kakazu, 2010

Vertente desmatada, coberta com vegetação rasteira (gramíneas), o que dificulta

a estabilidade da mesma.

Sinais de movimentação. Constituem-se nos primeiros indícios de alteração da

coesão de material da vertente. Das 15 moradias, 26% apresentavam trincas no

terreno, e destas, 50% também no interior das casas, além de degraus de aba-

timento em 13% do montante geral. Próximos das residências, foram constata-

das em 26%, inclinações de árvores em 13% de postes, indicando a presença de

rastejos. No que diz respeito a escorregamentos, foram encontradas cicatrizes

próximas a 40% das moradias. Em suma, foram evidenciados e relatados indí-

cios de movimentação em grande parte das residências, denotando situação de

risco.

Processos já ocorridos. Importante etapa da análise: no caso de uma localida-

de já alterada por movimentos de massa, há forte tendência de nova ocorrência.

Porém somente 20% das residências não apresentaram sinais de escorregamen-

tos anteriores. Em 60% foram encontradas evidências de movimentação nos ta-

ludes de corte, e em 26% no natural. Ou seja, as áreas circunvizinhas de grande

parte das moradias já sofreram com movimentos de massa.

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2.4 ÁREAS DE INUNDAÇÃO7

Apesar das áreas suscetíveis a deslizamentos serem perigosamente habitáveis,

também existe uma preocupação em relação as áreas sujeitas a inundações. E

embora no Parque das Flores o problema predominante seja a presença de es-

corregamentos, foram encontrados indícios de inundações do córrego Caaguaçu,

através das próprias condições geomorfológicas do local e de conversas com mo-

radores.

Houve inundação do Caaguaçu em pelo menos quatro ocasiões. Em 2002, a água

avançou 30cm da casa da moradora Maria Bonfim (R Sempre Viva), localizada a

3 metros do canal principal. Em 2007 foi a vez da loja de materiais de construção

P & P, situada ao lado do córrego, no qual a ultrapassou 70cm das paredes. Já

em 2010, foram relatados dois casos: em janeiro e em fevereiro. No primeiro

mês, a casa da moradora Talita (R Sempre Viva), viu-se a 1m debaixo d’água. E

no segundo, desta vez na R Lágrima de Cristo, a casa inundada foi da moradora

Vitoria F da Silva.

Apesar de serem consideradas desastres naturais, as inundações fazem parte da

própria dinâmica de um curso d’água constituem-se em um processo de ordem

natural. A ocupação em áreas de várzeas ―invade‖ o espaço natural do rio, e está

inerentemente sujeita a inundações e enchentes. Conforme a imagem:

Foto 12 – Ocupação na várzea do Caaguaçu – Pq das F.

Autor: Cecília K. Kakazu e Adriana Monsalvarga

7 Inundação: representa o transbordamento das águas de um curso d'água, atingindo a planície de inundação ou área de várzea (Instituto Geológico, 2009. p. 42)

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As habitações coladas ao córrego estão suscetíveis a sofrerem com inundações e

estão portanto, em áreas de risco. Todavia, a área do Parque das Flores ainda é

pouco urbanizada: apresenta grande parte de solo exposto, vegetação rasteira e

alguns resquícios de mata ciliar. Devido a essa baixa intervenção antrópica,

grande parte da água pluvial acaba sendo absorvida pelo próprio solo, atenuando

as inundações do córrego Caaguaçu.

Foto 13 – Vegetação rasteira – Córr. Caaguaçu – Pq das F.

Autor: Cecília Keiko Kakazu

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3 ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS E AMBIENTAIS

Desde a elaboração do Plano Diretor regional, quando foram atualizados dados

ambientais, populacionais, culturais e fatores de desenvolvimento da região, São

Mateus identificou na atividade agrícola seu grande potencial de geração de em-

prego e renda com a vantagem adicional de proporcionar incentivo à proteção

ambiental.

A Subprefeitura de São Mateus estabeleceu uma série de parcerias a fim de de-

senvolver seus projetos socioambientais. Tal qual a parceria estabelecida com a

UNICSUL - Universidade Cruzeiro do Sul desde 2006, através do Projeto UNISOL

- Universidade Solidária. No 1.º semestre de 2010 os estudantes e professores

envolvidos no projeto pesquisaram duas áreas da região de São Mateus: Jardim

São Francisco e Parque das Flores.

Figura 26 - Estudantes do projeto UNISOL

Essas áreas, embora ainda não tivessem sido abordadas pelas pesquisas da

Universidade anteriormente, apresentam grande potencial ambiental, do ponto

de vista conservativo, dada a importância da área vegetal nativa restante.

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

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Fonte: Adriana Monsalvarga & Ca-

tarina Troiano, 2010.

Figura 27 - Detalhe da

Fauna e Flora,

Morro do Cruzeiro

Os dados recentemente coletados pelos pesqui-

sadores foram preocupantes no que concerne

justamente à questão ambiental local. Segundo

o resultado dos questionários aplicados nestes

dois bairros, parte significativa das pessoas en-

trevistadas acham que o córrego Caaguaçu não

tem importância nenhuma para elas (36,36 %),

e que, pelo contrário, deveria ser canalizado

para evitar seu contato com as vias públicas e

as pessoas na época das cheias.

Se as questões socioeconômicas inviabilizam a

tomada de consciência da importância vital dire-

ta da água para o homem, que dirá da sensibili-

zação pelas formas de vida vegetal e animal

típicas, ainda encontradas no entorno.

Desse modo, as questões biogeográficas das

regiões pesquisadas passam a ter maior rele-

vância do que somente a importância da pre-

servação ecológica. As duas regiões são contí-

nuas e intensamente ocupadas de maneira de-

sordenada e, muito da fauna e flora típicas que ali existem se perdem, dia após

dia.

O presente tópico trata, portanto, da análise descritiva de algumas das principais

espécies de fauna e vegetação restantes (Figura 26), típicas da Mata Atlântica,

ecossistema que se inicia à beira do oceano, sobe a Serra do Mar e, em tempos

remotos, costumava a se estender pelas planícies e planaltos adentro (sentido

leste-oeste).

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A Lei Federal n.º 4771/65 dispõe sobre a preservação obrigatória de cobertura

vegetal num conjunto de situações como margens de rios e córregos, encostas

íngremes, topos e morros, etc. No entanto, em toda a capital Paulista, essa Lei

parece ter sido esquecida ou nunca ter sido levada a cabo (SVMA, 2004).

Segundo a legislação municipal, que trata da área total a ser parcelada, devem

ser destinados, no mínimo 15% para áreas verdes, 20% para sistemas viários e

5% para áreas institucionais (equipamentos comunitários públicos concernentes

à educação, saúde, cultura, esporte, lazer e similares).

Porém, no distrito de São Mateus, apenas 7% das áreas destinadas para áreas

verdes são utilizadas como tal, enquanto 31% encontram-se vazias, 31% invadi-

das por favelas e habitações, 21% ocupadas por equipamentos sociais e 8% com

outros usos.

A segui, o Mapa 7 referente ao município de São Paulo destaca as áreas constru-

ídas (urbanas) em cinza e em tom verde escuro as áreas nas quais ainda é con-

siderável a presença de cobertura vegetal. Atentar para o extremo sudeste leste

– região da SP-SM pesquisada pela Universidade.

No Jardim São Francisco a área de cobertura vegetal encontrada é menor do que

no Parque das Flores, no qual se insere o Morro do Cruzeiro — berço da nascente

do Caaguaçu.

Mas em ambos os remanescentes florestais é possível encontrar espécies arbó-

reas típicas, tais quais o Ipê Amarelo, a Tipuana, Guapuruvú, Jacarandá Paulista,

Jequitibá, Manacá da Serra, Carvalho Brasileiro, Sibipiruna, Paineiras, Pau Ferro,

Jacarandá Mimosa, Quaresmeira, Cássias, eucaliptos, pinheiros (diversos), ci-

prestes e fícus; bem como outras espécies arbustivas, trepadeiras e rasteiras.

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Mapa 7 - Áreas Verdes e Construídas do Município de São Paulo

Fonte: Atlas Ambiental do Município de São Paulo, 2004.

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3.1 Vegetação

Figura 28 - Vegetação Diversificada, Morro do Cruzeiro

Figura 29 - Árvore-guarda-chuva, ao centro

Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010. Ao centro a Schefflera actimophylla, (árvore-guarda-chuva).

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Figura 30 - Cipreste, Morro do Cruzeiro

Cupressus lusitanica

Características Ge-

rais: Árvore pereni-

fólia de copa pira-

midal de 20-30m de

altura, ramagem

horizontal que se

curva para baixo

nas extremidades,

muito comum no

sudeste do Brasil.

Figura 31 - Calipal, Morro do Cruzeiro

Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

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Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

Figura 32 - Eucalipto, Morro do Cruzeiro

Eucalyptus propinpa

Caracteristicas Gerais: Árvore

perenifólia de 20-30m de

altura, de tronco reto, casca

marrom, creme, e amarela

clara, ramagem longa,

formando copa esparsa um

tanto compacta.

Figura 33 - Cássia fitula L.

Características Gerais: Árvore de 10 -15m de altura de troco cilíndrico com casca

lisa, verde acinzentada, acinzentada ou parda, ramagem aberta com copa

globosa e ramos longos, recurvados flores grandes, amarelo ou amarelo limão,

formadas m Setembro-Outubro.

Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamentais e Aromáticas, p. 167.

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Figura 34 - Jacarandá

Mimisofolia D. Don

Características Gerais:

Árvore caducifólia muito

florífera, de 12-15m de

altura de tronco com

casca pardo escura, gre-

tada, de copa arredon-

dada com ramagem lon-

ga e aberta, inflorescên-

cia formada no verão,

com flores azul violetas.

Figura 35 - Tipuana

Tipuana Tipu

Características: Árvore

caducifólia, de 12-15m

de altura, de tronco com

casca parda clara,

ramagem rigorosa

ascendente recurvada,

densa, formando copa

arredondada,

inflorescências amarelas

formadas de Setembro à

Dezembro.

Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madeireiras Orna-mentais e Aromáticas, p. 102.

Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamen-tais e Aromáticas, p. 211.

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3.2 Fauna

No Jardim São Francisco ainda podemos encontrar alguns resquícios de Mata A-

tlântica e nela, animais típicos da biodiversidade da região contando também

com espécies endêmicas, que sobrevivem com uma certa dificuldade, já que essa

mata está inserida muito perto de onde há atividade antrópica.

No que se refere à legislação, a proteção da fauna está prevista em nível federal

na Constituição pela Lei 5.197/67 e também pela Lei de Crimes Ambientais

(9.605/98). Iniciativas de caráter global com desdobramentos de ação regional e

local, como a Agenda 21, também são um instrumento de apoio para a proteção

da fauna. Mas todos esses elementos dependem da vontade política dos gover-

nantes, da conscientização, mobilização e participação dos cidadãos e da introje-

ção do conceito de sustentabilidade nas atividades econômicas.

Na cobertura vegetal do Morro do Cruzeiro podemos encontrar algumas espécies

de anfíbios, principalmente perto da mata ciliar, répteis, mamíferos, aves, inse-

tos e até variedades de peixes que sobrevivem bem perto das nascentes.

3.2.1 Mamíferos

Veado-catingueiro, Mazama gouazoubira

Características - Tamanho: 103cm; peso: 17 à 23 k; Hábito alimentar: frutos,

flores, fungos, gramíneas, leguminosas, arbustos, ervas; Habitat: Amazônia, Ca-

atinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Campos Sulinos; Hábito noturno.

CINGULATA, Dasypus novemcinctus

Características - Tamanho: 57,3cm; Peso: 32 à 7,7 kg; Hábito alimentar: inver-

tebrados, material vegetal, vertebrados pequenos, ovos, carniça; Hábitat: Ama-

zônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Campos Sulinos; Hábitos:

crepuscular, noturno e diurno.

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Tatu-peba, Euphractus sexcinctus

Características - Tamanho: 40 cm; Peso: 3,2 a 6,5 kg; Hábito alimentar: materi-

al vegetal, invertebrados, pequenos vertebrados, carniça; Hábitat: Amazônia,

Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Campos Sulinos; Hábitos: diurno e

noturno.

Morcego-de-cauda-livre-aveludada, Molossus molossus

Características - Tamanho: 61 a 67,5 mm; Envergadura: 280 mm; Peso: 13 a 15

g; Hábito alimentar: insetívoro; Hábitat: Amazônia, Floresta Atlântica, Cerrado,

Caatinga, Pantanal; Hábito: noturno.

Gambá-de-orelha-preta, Raposa, Saruê, Seriguê, Didelphis aurita

Características - Tamanho: 35,5 a 45 cm; Peso: 670 a 1882 g; Hábito alimentar:

onívoro; Hábitat: Demonstra grande eficiência adaptativa aos mais variados há-

bitats, vivendo até mesmo em grandes centros urbanos; Hábito: noturno.

Ouriço-cacheiro, Sphigurus villosus

Características - Tamanho: 30 a 53,8 cm; Peso: 1,38 kg; Hábito alimentar: Her-

bívoro; Hábitat: Matas; Hábitos: Noturno, Crepuscular.

Caxinguelê, Sciurus ingrami

Características - Tamanho: 202 mm; Peso: 300 g; Hábito alimentar: frutos, se-

mentes duras; Hábitat: Florestas úmidas, Florestas semidecíduas, Matas secun-

dárias; Hábito: diurno.

3.2.2 Aves

Taperuçu-de-coleira-branca, Andorinhão-de-coleira, Streptoprocne zonaris

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Características - Tamanho: 22 cm; Hábito alimentar: Insetívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões), Áreas florestadas (matas)

Beija-flor-de-peito-azul, Amazilia lactea

Características - Tamanho: 9,5 cm; Hábito alimentar: nectarívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cerrados).

Beija-flor-tesoura, Tesourão, Eupetomena macroura

Características - Tamanho: 18 cm; Hábito alimentar: nectarívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cerrados).

Beija-flor-preto, Beija-flor-preto-e-branco, Florisuga fusca

Características - Tamanho: 12,6 cm; Hábito alimentar: nectarívora; Hábitat: Á-

reas abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caa-

tingas, brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cer-

rados).

Urubu-de-cabeça-preta, Coragyps atratus

Características - Tamanho: 62 cm; Hábito alimentar: necrófaga; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões), Áreas florestadas (matas).

Quero-quero, Vanellus chilensis

Características - Tamanho: 37 cm; Hábito alimentar: insetívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões).

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Garça-branca-grande, Ardea Alba

Características - Tamanho: 88 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Ambi-

entes aquáticos (lagos, represas e rios).

Garça-branca-pequena, Egretta thula

Características - Tamanho: 54 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Ambi-

entes aquáticos (lagos, represas e rios).

Socozinho, Butorides striata

Características - Tamanho: 36 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Ambi-

entes aquáticos (lagos, represas e rios).

Pomba-de-bando, Avoante, Zenaida auriculata

Carscteristicas - Tamanho: 21 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões).

Rolinha-roxa, Columbina talpacoti

Características - Tamanho: 17 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões).

Canário-da-terra-verdadeiro, Sicalis flaveola

Características - Tamanho: 13,5 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões).

Pardal, Passer domesticus

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Características - Tamanho: 15 cm; Hábito alimentar: granívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões).

Bem-te-vi, Tyranninae

Características - Tamanho: 22,5 cm; Hábito alimentar: onívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e cerrados).

Pica-pau-do-campo, Colaptes campestris

Caracteristicas - Tamanho: 32 cm; Hábito alimentar: insetívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões).

Coruja-buraqueira, Coruja-buraqueira, Athene cunicularia

Características - Tamanho: 23 cm; Hábito alimentar: carnívora; Hábitat: Áreas

abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades, caatingas,

brejos e varjões).

Corujinha-do-mato, Corujinha-do-mato, Megascops choliba

Caracterisitcas - Tamanho: 22 cm; Hábito alimentar: insetívora, carnívora; Hábi-

tat: Áreas abertas (campos, pastagens, gramados, plantações, jardins, cidades,

caatingas, brejos e varjões), Áreas semi-abertas (bordas de mata, capoeiras e

cerrados).

3.2.3 Répteis

Teiú, Tupinambis merianae

Características - Hábito alimentar: onívoro; Tamanho: 100 a 140 cm; Hábitat:

Florestas, Cerrados, Caatingas; Hábito: diurno e noturno.

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É uma das maiores espécie de lagarto do Brasil. Sua dieta alimentar pode incluir

invertebrados, pequenos vertebrados, ovos e várias espécies de frutos, podendo

atuar como dispersor de sementes em pequenos fragmentos florestais. Ao sentir-

se ameaçado normalmente, fica imóvel e tenta camuflar-se no ambiente ou fugir

rapidamente, mas pode também, desferir mordidas dolorosas e fortes golpes

com a cauda semelhante a um chicote.

Cobra-cipó, Jararaquinha, Tropidodryas striaticeps

Características - Dentição: opistóglifa; Hábito alimentar: roedores, lagartos, anfí-

bios; Reprodução: ovípara; Tamanho: 100 a 120 cm; Hábitat: Matas; Hábito:

diurno.

Serpente de hábitos tanto terrícolas quanto arborícolas. Restrita às áreas com

domínio de Mata Atlântica do Sul e Sudeste. O jovem, para caçar, usa a técnica

de engodo caudal (isca) para atrair pequenos lagartos e anfíbios que lhe servirão

de alimento. A serpente movimenta sinuosamente a ponta da cauda, que apre-

senta a coloração mais clara que o resto do corpo, semelhante a uma larva de

inseto. Ela caça de espreita desenvolvendo uma série de movimentos só com a

cauda e a ponta da cauda. Como comportamento de defesa, apresenta expansão

lateral dos maxilares (cabeça triangular) e deflagra o bote.

Cobra-d’água, Helicops modestus

Características - Dentição: áglifa; Hábito alimentar: peixes, anfíbios; Reprodu-

ção: vivípara; Tamanho: 55 a 80 cm; Hábitat: Rios, Alagados, Lagos; Hábito:

diurno e noturno.

Serpente de hábito aquático. Possui olhos e narinas posicionados no topo da ca-

beça, o que favorece a vida dentro d’água. Causa muitos acidentes, mordidas

sem gravidade, principalmente aos pescadores de água doce, atraídas que são

para o samburá com peixes. Possui comprimento rostro-cloacal de 40 cm.

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Falsa-coral, Oxyrhopus guibei

Características - Dentição: opistóglifa; Hábito alimentar: roedores, cobras, co-

bras-cegas, cobras-de-vidro; Reprodução: ovípara; Tamanho: 22 a 119 cm; Há-

bitat: Áreas abertas, Cerrados, Campos, Bordas de matas; Hábitos: crepuscular,

Diurno e noturno.

Serpente de hábito terrícola. Mimetisa a coral peçonhenta ao longo da sua distri-

buição geográfica, principalmente a Micrurus frontalis, onde há semelhança no

padrão de coloração. É um animal dócil, raramente morde, mesmo assim é desa-

conselhável a sua manipulação. Sufoca suas presas através da constrição.

3.3 Vegetação e conflitos sócio-ambientais

―Sem homens e mulheres o verde não tem cor.‖

Paulo Freire

O Município de São Paulo que contava originalmente com 100% do seu território

coberto por Mata Atlântica possui atualmente apenas 16% de mata nativa (Atlas

dos Municípios da Mata Atlântica,2008) na área que abrange o município, esses

remanescentes de mata concentram-se principalmente na Zona Sul, Zona Norte

na região da Serra da Cantareira e no extremo da Zona Leste, são essas áreas

que possuem ainda expressivas manchas de Mata Atlântica que ainda não foram

tomadas pela ocupação urbana, porém estas áreas sofrem gradativamente com o

desmatamento ocasionado pelo acelerado processo de urbanização desordenado

que ocorre nas periferias do município em que a ausência de infra-estrutura ur-

bana é latente, fatores que acentuam e evidenciam os conflito sócio-ambientais

nessas áreas.

Notam-se ainda na região administrada pela Subprefeitura de São Mateus alguns

remanescentes de Mata Atlântica secundária, principalmente nos distritos de I-

guatemi e São Rafael, remanescentes que abrigam além da biodiversidade de

flora, algumas espécies faunísticas e inúmeras nascentes que abastecem a bacia

hidrográfica do Rio Aricanduva. Além da mata nativa também é possível observar

nestes distritos áreas de reflorestamento realizado tanto com espécies nativas

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Fonte: Atlas Ambiental de São Paulo, 2008. Modifi-

cado por Mayra Dias.

quanto com exóticas, que se configuram como áreas permeáveis responsáveis

por conter, ou minimizar as inundações em outros pontos da bacia.

Porém, apesar desta aparente preser-

vação dos elementos naturais nesta

região do município observamos em

todos os distritos administrados pela

subprefeitura de São Mateus um verti-

ginoso crescimento populacional, o a-

centuado adensamento da ocupação

urbana que ocorre desordenadamente

através dos loteamentos clandestinos,

e das ocupações irregulares, essas sem

nenhum tipo de orientação ou assis-

tência pública estatal, se caracterizam

por sua intensa precariedade, sem

qualquer acesso aos serviços públicos

básicos, como é o caso da recente ocu-

pação do Parque das Flores localizado

no distrito de São Rafael, processo este

que contribui diretamente com a su-

pressão gradativa dos vestígios de Ma-

ta Atlântica nativa Secundária que ob-

servamos na região do Morro do Cru-

zeiro, e em outras regiões, soterrando nascentes, suprimindo matas ciliares, con-

taminando os cursos d’água que compõe a bacia do Aricanduva por conta de ati-

vidades industriais também irregulares localizadas em suas margens, entre ou-

tros, evidenciando uma paisagem marcada por acentuados conflitos sócio-

ambientais gerados pelos mais diversos fatores, entre estes que citamos inicial-

mente.

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Figura 2. Supressão da mata secundária nativa por conta da ocupação irregular no

Parque das Flores, 2010.

De acordo com o Plano Regional Estratégico de São Mateus (2004) a região onde

se localizam os distritos de Iguatemi, São Rafael e São Mateus como a grande

maioria das áreas de periferia da cidade, teve seu processo de urbanização mar-

cado pelo surgimento e expansão dos loteamentos irregulares, ou seja, sem a

presença do poder público que geram, portanto, ocupação urbana desordenada.

No distrito de São Mateus a instalação dos primeiros loteamentos irregulares o-

correu no final da década de 50, sendo que no início dos anos 1970 já contava

com mais de 80 mil habitantes.

Os distritos de Iguatemi e São Rafael que possuem atualmente a maior área ve-

getada, até a década de 70 se caracterizavam como áreas predominantemente

rurais, fator que assegurou a manutenção destas manchas de mata nativa. A

partir deste período a ocupação urbana nestes distritos aumenta gradativamen-

te, em sua maioria sem nenhum tipo de infra-estrutura urbana, interferindo dire-

tamente no processo de desmatamento da região.

Autor: Mayra Dias, 2010.

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Especificamente no distrito de Iguatemi, os primeiros parcelamentos e ocupações

irregulares se instalaram a partir da década de 70, com os loteamentos de Vila

Yolanda, estrada do Paiol Velho e Limoeiro, porém no distrito de São Rafael, vale

ressaltar, que além das ocupações irregulares na década de 80 foram implanta-

dos dois grandes conjuntos habitacionais destinados a população de baixa renda,

o Conjunto Pró Morar Rio Claro, e o São Francisco, localizado as margens do cór-

rego Caaguaçu (SEHAB/HABI, 2008).

Além do intenso processo de ocupação urbana através de loteamentos irregula-

res que compõe 57,22% dos distritos administrados pela subprefeitura de São

Mateus (Indicadores Ambientais e Gestão Urbana, 2008) e o crescimento popula-

cional na região que de acordo com estimativa do IBGE (2000) cresce 6,08% a

cada ano, outros fatores que contribuíram e ainda contribuem de maneira signifi-

cativa para intensificação dos conflitos sócio-ambientais são, a presença dos a-

terros e ampliação dos mesmos, e a extensão da Avenida Jacu-Pêssego, a partir

da Avenida Ragueb Chohfi até o município de Mauá.

Figura 3. Intensificação dos conflitos sócio-ambientais obras de extensão da Av. Jacu-

Pêssego na região do Jardim São Francisco, 2010.

Autor: Cecília Keiko, 2010.

Cabe ainda apontar a ocorrência de supressão expressiva da mata, que se dará

com a expansão do atual Aterro Sanitário São João em área contígua, interven-

ção que segundo matéria publicada no jornal Estadão, em junho de 2010, im-

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plantará o futuro aterro sanitário em uma área de mata atlântica considerada no

Plano deiretor como Zona Especial de Preservação Ambiental (ZEPAM) de 4 mi-

lhões de m², onde habitam veados, gambás, macacos e diversas espécies de a-

ves. A obra já foi licenciada pelo órgão ambiental estadual (SVMA, 2000).

Figura 4. Mapa da Bacia do Rio Aricanduva e localização do Aterro Sanitário São João,

2010.

O Aterro São João, como observado no mapa, se localiza no distrito de Iguatemi,

e ocupa área de inúmeras nascentes que abastecem entre outros cursos d’água o

córrego Caaguaçú, afluente do rio Aricanduva, a mata nativa secundária que será

suprimida para ampliação do aterro, ocasionará o desmatamento de uma área

que abriga nascentes que abastecem o sistema hídrico local.

A partir dos conflitos sócio-ambientais evidenciados entendemos que os proces-

sos de urbanização ocorrem produzindo e reproduzindo contradições de diversas

ordens, e essas contradições se materializam no espaço se expressando através

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de transformações ou conflitos que revelam uma desigual distribuição da popu-

lação no espaço (SANTANA, 2009).

Entendemos que a ocupação irregular ou regular das áreas periféricas com pou-

quíssima infra-estrutura urbana, que contribuem diretamente com o desmata-

mento dos poucos remanescentes de mata nativa existentes na região dos distri-

tos de Iguatemi, São Rafael e São Mateus, e conseqüentemente com a degrada-

ção das nascentes que abastecem o rio Aricanduva, estão intrinsecamente asso-

ciados a dinâmicas urbanas que valorizam certas porções do espaço em detri-

mento de outras.

De acordo com Pepe & Gomes (2008) enquanto se acentua o processo de ocupa-

ção urbana precária nas áreas periféricas, suprimindo os últimos remanescentes

de mata nativa, a dinâmica demográfica na cidade mostra que o fenômeno do

―esvaziamento populacional‖ em algumas regiões vem ocorrendo há várias déca-

das principalmente nos distritos centrais.

De acordo com os Indicadores Ambientais publicados em 2008, a partir da déca-

da de 1960 os distritos mais centrais cresciam a menos de 1% ao ano, sendo

que, entre estes, cinco apresentavam crescimento negativo de sua população

(Sé, Pari, Brás, Belém e Bom Retiro). Em contrapartida, a região anelar mais pe-

riférica apresentava nesse período valores de crescimento em torno de 13% ao

ano. De acordo com o IBGE (2000) a área central do município de São Paulo a-

presenta uma perda média de 30% da população.

Atualmente os edifícios e áreas centrais são destinados as atividades do setor de

serviços, a valorização espacial que atribui alto custo do preço da terra nestes

distritos centrais, impossibilitam a aquisição de moradia pela população de baixa

renda que, portanto busca espaços desvalorizados para se estabelecer, locali-

zando-se principalmente nas regiões periféricas em loteamentos clandestinos e

ocupações irregulares, em busca de moradia, como constatamos no resultado

dos questionários aplicados na pesquisa realizada em abril de 2010, no Jardim

São Francisco e Parque das Flores, ambos localizados no distrito de São Rafael,

em que 38% dos entrevistados se deslocaram para região em busca de moradia

ou alugueis mais baratos.

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Percebemos com tais fatos as contradições latentes na dinâmica urbana, en-

quanto áreas servidas de infra-estrutura urbana sofrem o processo de ―esvazia-

mento populacional‖, áreas sem qualquer tipo de infra-estrutura urbana são

densamente ocupadas, pela população de baixa renda que não consegue habita-

ção nas regiões centrais, gerando os vários problemas sócio-ambientais citados

anteriormente, entre outros, como o deslocamento diário destas populações pa-

ra o trabalho, e os gastos gerados para o transporte público e sistemas viários

que também se apresentam ineficientes devido ao grande fluxo de pessoas que

cotidianamente percorrem longas distâncias para chegar até o local de trabalho.

Através de políticas públicas o Estado intervém no espaço, seja diretamente a-

través da produção de infra-estrutura, da desocupação de áreas, da construção

de conjuntos habitacionais, e outras políticas urbanas que incentivam o deslo-

camento e estabelecimento de atividades econômicas, produtivas e de popula-

ções. Valorizando e desvalorizando o espaço, interferindo e contribuindo na mai-

oria dos casos com o processo de degradação sócio-ambiental das regiões peri-

féricas ou centrais do município.

Percebemos que o debate e as políticas públicas a cerca das questões sócio-

ambientais e seus conflitos extrapolam a cidade e nos possibilitam compreender

a própria forma de como a sociedade se relaciona com a natureza (RODRI-

GUES,1998), e para além, contribuem para compreensão de como se relacionam

os homens entre si, que reflete diretamente as relações que a sociedade estabe-

lece com a natureza (GONÇALVES, 2005).

Partindo dessa concepção observamos na região que concentra as cabeceiras do

rio Aricanduva, ainda em condições de preservação relativamente boas, com ex-

pressiva cobertura vegetal e áreas permeáveis latentes conflitos sócio-

ambientais e uma pressão historicamente construída pela ocupação urbana pre-

dominantemente irregular e dos conjuntos habitacionais promovidos pelo poder

público,reflexo das relações dos homens entre si, como coloca Gonçalves (2002),

que constituem o cenário atual observado nos mapas a seguir.

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Figura 5. Proporção dos tipos de ocupação nos distritos com destaque nos administrados pela Sub-

prefeitura de São Mateus.

Fonte: Indicadores Ambientais e Gestão Urbana, 2008. Modificado por Mayra Dias, 2010.

De acordo com os Indicadores Ambientais do Município de São Paulo (2008) a

atual situação de ausência total de parques urbanos ou de outra tipologia de área

protegida (entre as definidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conserva-

ção), aliada a fatores que exercem pressão sob o meio ambiente, faz com que a

condição de preservação das áreas ainda não ocupadas, em especial, nas que

concentram as nascentes do rio Aricanduva se torne muito mais problemática. A

preservação das últimas áreas de mata e de solos permeáveis apresenta-se de

crucial importância para o controle de enchentes na bacia hidrográfica do rio Ari-

canduva, permanentemente castigada pelas enchentes, assim como se revela a

importância da criação e manutenção de áreas verdes públicas, destacando-se

no vaso o papel dos parques municipais de qualquer tipologia, por abrigarem

grande diversidade de espécies e por contribuírem para a atenuação dos efeitos

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da urbanização hoje incidentes, em especial as ilhas de calor e a maciça imper-

meabilização do solo.

Figura 6. Proporção da área do distrito

com cobertura vegetal

a implantação da Área de Proteção Ambiental (APA) Municipal Nascentes do Ari-

canduva reforçaria a Macrozona de Proteção Ambiental localizada na região que

Portanto, algumas ações que visam

segurar e expandir os resquícios de

vegetação que ainda existem nos dis-

tritos administrados pela Subprefeitura

de São Mateus, garantindo na região a

manutenção da

biodiversidade existente, de áreas

permeáveis e a preservação das cabe-

ceiras

Os distritos de Iguatemi e São Rafael,

administrados pela Subprefeitura de

São Mateus além de possuírem expres-

siva área vegetada, incluindo mata na-

tiva e áreas de reflorestamento que

abrigam as cabeceiras do rio Aricandu-

va, possuem, portanto uma extensa

área permeável, possuem de acordo

com os Indicadores Ambientais do mu-

nicípio de São Paulo (2008) grande

necessidade e potencial para implanta-

ção de Parques Municipais.

cabeceiras do rio Aricanduva, de acordo com o Plano Regional Estratégico edita-

do pela lei municipal nº 13.885/04, foi realizada a proposta da criação da Área

de Proteção Ambiental – APA Municipal Cabeceiras do Aricanduva, que não se

efetivou até a presente data devido a entraves colocados pela Secretaria Munici-

pal do Verde e Meio Ambiente, que segundo Vandineide C. R. Santos, Bióloga

responsável pela Acessória Técnica de Meio Ambiente da Subprefeitura de São

Mateus, não entende que existam subsídios e razões suficientes para legitimação

da mesma.

Fonte: Indicadores Ambientais,2008. Modificado por Mayra Dias,2010.

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já possui duas Áreas de Proteção Ambiental (APA), a APA do Carmo e a APA do

Iguatemi.

De acordo com a lei No 9.985/00 que institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC) as Áreas de Proteção Ambiental (APAS) são, em geral, á-

reas extensas, com certo grau de ocupação humana, que possuem atributos re-

levantes para manutenção da qualidade de vida e bem estar humanos, seus

principais objetivos são proteger a biodiversidade local e disciplinar o processo

de ocupação, proporcionando diretrizes que orientem esse processo a partir dos

pressupostos da sustentabilidade. Desta maneira a implantação da APA Nascen-

tes do Aricanduva possibilitaria além da proteção das cabeceiras do rio e uma

possível, contenção dos loteamentos e ocupações irregulares, que ocorrem cada

vez mais aceleradamente suprimindo expressiva área de vegetação nativa na

região.

Figura 7. Áreas Destinadas para implantação

de parques por distritos

Fonte: Indicadores Ambientais, 2008.

Modificado por Mayra Dias, 2010.

Foram ainda previstos e não

executados, a implantação de

parques lineares e parques

urbanos. No processo de revi-

são dos planos regionais, que

se deu nos anos de 2005 a

2007, e que ainda se encontra

em fase de discussão interna

na Prefeitura Municipal de São

Paulo, de acordo com os Indi-

cadores Ambientais e Gestão

Urbana (2008) foram propos-

tos para esta subprefeitura

dezenove parques lineares e

onze novos parques, entre as

tipologias de urbano tradicional

e parque natural municipal,

sendo o distrito de São Rafael

o que mais possui áreas desti-

nadas para implantação de

parques.

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60

De acordo com a lei No 9.985/00 que institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC) os Parques Naturais Municipais tem como objetivo básico a

preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza

cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento

de atividades de educação ambiental e ecoturismo. Essas unidades de conserva-

ção são classificadas de acordo com o SNUC como de proteção integral, ou seja,

destinada a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por in-

terferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.

De acordo com o que dispõe a lei, os Parques Naturais são de posse e domínio

público, portanto as áreas particulares ou de ocupação irregular incluídas em

seus limites são desapropriadas. De acordo com o Plano Regional Estratégico da

Subprefeitura de 2006, estão propostas as implantações de alguns Parques Natu-

rais entre eles o Parque Natural do Mombaça, que possui em seus limites propos-

tos algumas áreas de ocupação urbana que de acordo com a legislação terão que

ser removidas caso ocorra a implantação do parque dentro dos limites propostos

atualmente. Além do já citado Parque Natural do Mombaça, entre os parques

propostos para o distrito de Iguatemi se destacam o do Parque Morro do Cruzei-

ro, e o Parque Jaçanã Altair. Além do Parque Jardim da Conquista que segundo

Vandineide C. R. Santos8, será implantado como compensação ambiental das

obras de prolongamento da Avenida Jacu-pêssego, atual Nova Trabalhadores, no

trecho entre a Avenida Ragueb Chohfi até a Avenida do Estado, que cortará a

área delimitada pelo futuro parque que já está em fase de implantação de acordo

com o Guia dos Parques Municipais (2010).

Além da compensação das obras da Avenida Jacu-Pêssego, a supressão da vege-

tação decorrente da expansão do Aterro Sanitário São João deverá ser compen-

sada por um conjunto de medidas compensatórias, entre estas destacamos a

implantação de dois parques lineares, um Parque Natural destinado a atividades

de educação ambiental que será administrado em parceria com a prefeitura, em

área continua ao aterro, esta de acordo com trabalho de campo realizado em

maio de 2010 já foi comprada pela empresa que administra o aterro, porém a

8 Bióloga responsável pela equipe técnica de meio ambiente da Subprefeitura de São Mateus.

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implantação de fato do parque ainda não se iniciou, além de uma série de outros

equipamentos públicos.

Figura 7. Aterro Sanitário São João cercado por mata nativa

Fonte: GoogleMaps, 2010. Modificado por Mayra Dias.

Além das compensações a região também conta com investimentos provenientes

dos créditos de carbono da usina de biogás do Aterro Sanitário São João que

contabiliza de acordo com os Indicadores Ambientas (2008), 258.657 reduções

certificadas de emissão (RCEs), em setembro de 2008 foi realizado conjuntamen-

te com os RCEs do aterro Bandeirantes, o primeiro leilão de créditos de carbono,

que arrecadou para o município R$ 37.000.000,00 (milhões) que deverão ser

aplicados em projetos ambientais nas regiões em que se localizam os aterros.

Além dos dois Parques Lineares que serão implantados como compensações da

expansão do aterro existem outros projetos que prevêem a implantação de Par-

ques Lineares nos distritos de Iguatemi, São Mateus e São Rafael, estes que, de

acordo com a lei Nº 13.430/02 que institui o Plano Diretor Estratégico do Municí-

pio de São Paulo, além de promover a recuperação dos cursos hídricos e fundos

de vale, devem também ser planejados de forma que atendam finalidades de

lazer, sociabilidade e paisagísticas.

Mesmo as implantações dos Parques Lineares se apresentam como situações de

latentes conflitos sócio-ambientais. Em função das dinâmicas urbanas brevemen-

te discutidas anteriormente, geralmente os fundos de vale, áreas de várzea, e

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margens dos cursos hídricos estão ocupadas ou por vias de acesso construídas

pelo próprio poder público que também apresenta contradições em suas ações,

ou por ocupações urbanas irregulares, como loteamentos clandestinos ou fave-

las.

A implantação destes parques pressupõe nesses casos a remoção das moradias

que se localizam em seus limites. Na região da Subprefeitura de São Mateus, em

que será implantado o Parque Linear Cipoaba, que já está em processo de im-

plantação, segundo Vandineide C. R. Santos9, serão removidas 300 famílias das

margens do córrego Cipoaba. Este que foi a conquista de reivindicações de uma

parcela da comunidade local, que iniciou o Movimento pela Recuperação do Cór-

rego Cipoaba, movimento este que vem crescendo e se tornando referência na

região. Mas que gera tensões quando se defronta com as questões fundiárias

urbanas principalmente as relacionadas à moradia.

As áreas destinadas para implantação destes parques quando ocupadas necessi-

tam ser desapropriadas. De acordo com Vandineide R. C. Santos10, quando estas

áreas são privadas sofrem Decreto de Utilidade Pública, o que obriga que o pro-

prietário venda esta área para o poder público, a preço de mercado, quando a

área de implantação do parque é pública o trabalho é realizado em parceria com

a Secretaria de Habitação, que realiza todo levantamento necessário para a de-

sapropriação e inserção desta população em algum programa habitacional, o que

ocorre atualmente no processo de implantação do parque Linear Cipoaba.

Dos parques planejados para região, atualmente de acordo com o Guia dos Par-

ques Municipais (2010), oito estão em fase de implantação, além do Parque Li-

near Cipoaba e do Parque Municipal Jardim da Conquista, encontramos também

os Parques Municipais Cabeceiras do Aricanduva, Colonial, Jardim Sapopemba/

Nilo Coelho, Mombaça, Jardim das Laranjeiras e o Parque Linear Limoeiro.

9 Bióloga responsável pela equipe técnica de meio ambiente da Subprefeitura de São Mateus.

10 Idem.

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3.4 – Resíduos Sólidos11

3.4.1 – Introdução

Os resíduos sólidos são definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas

– ABNT (NBR 10004), como resíduos sólidos e semi-sólidos que resultam de ati-

vidades da comunidade industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de

serviços de varrição; também são incluídos os lodos provenientes do sistema de

tratamento de água.

Dessa forma, os resíduos podem possuir origens diversas, na qual se associam

sua periculosidade e volumes, segundo Gandelini (2002) podemos dividir a ori-

gem dos resíduos sólidos em oito diferentes tipos:

Domiciliares: são provenientes das residências e cujos principais materiais

são: restos de alimentos, jornais, revistas, plásticos, latas, vidros, entre

outros, pode se encontrar esporadicamente peças da mobília das residên-

cias, aparelhos eletrônicos, etc.

Comerciais: são provenientes de atividades comerciais e de serviços, como

supermercados, lojas, bancos, restaurantes, entre outros, seus materiais

principais são: papéis toalhas, embalagens plásticas, restos de alimento,

etc.

Públicos: são provenientes da limpeza pública, como varrição de vias, ga-

lerias, córregos, calçadas, praias, podas de árvores, entre outros, seus

materiais principais são: pontas de cigarro, papéis, folhas, areias, etc.

De saúde e hospitalar: são provenientes de hospitais, clínicas veterinárias,

farmácias, laboratórios, postos de saúde, por conterem geralmente veto-

res patogênicos demandam de coleta, transporte e disposição especiais.

Industriais: são provenientes de indústria químicas, metalurgia, papeleira,

alimentícia, entre outros, seus materiais principais são: madeiras, cinzas,

plásticos, óleos, resíduos químicos, vidro, etc. seus resíduos são bem vari-

ados, e dependem do tipo de indústria.

11 Elaborado por: Vanessa Costa Mucivuna

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Agrícolas: são provenientes de atividades agrícolas e pecuárias, seus ma-

teriais principais são: embalagens de adubos, ração, agrotóxicos, restos

de colheita, etc.

Entulho: são provenientes de obras da construção civil, seus materiais

principais são: solos, restos de escavações e materiais de demolições.

De aeroportos, portos, terminais rodoviários e ferroviários: são provenien-

tes de outras cidades, estados ou países, sendo que podem conter ou não

vetores patogênicos, seus materiais principais são: materiais de limpeza,

higiene pessoal, restos de alimentos de aviões, ônibus, trens e navios.

Além de classificar os resíduos de acordo com sua origem, ainda podemos classi-

ficá-los de acordo com sua periculosidade que de acordo com a NBR 10004 defi-

ne as seguintes classes para os resíduos sólidos:

- Classe I (perigosos): são aqueles que podem apresentar riscos a saúde pública

ou ao meio ambiente, quando manuseados ou destinados de forma inadequada,

por conta das suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas12 carac-

terizando-se por ter uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade13,

corrosividade14, reatividade15 e toxidade16;

- Classe II (não perigosos): Classe IIA - Não inertes: são aqueles que podem ter

propriedades como combustibilidade17, biodegradabilidade18 ou solubilidade19 em

12 Entende-se por infectocontagiosos os resíduos que transmitem e causam infecção a partir do contato imediato ou mediato.

13 Resíduos que possui como característica a inflamabilidade são aqueles que podem pegar fogo ou soltar fumaça tóxica na atmosfera.

14 Resíduos que possui como característica a corrosividade são aqueles que dissolvem vários pro-

dutos que entram em contato com eles.

15 Resíduos que possui como característica a reatividade são aqueles que sofrem alterações quími-cas violentas, porém sem explodir.

16 Resíduos que possui como característica a toxidade são aqueles que por suas composições quí-micas podem causar danos ao ambiente físico, químico e biológico.

17 Resíduos que possui como característica a combustibilidade são aqueles que por conta das suas composições químicas tendem a se queimar.

18 Resíduos que possui como característica a biodegrabilidade são aqueles que possuem condições para que as bactérias possam produzir energia em velocidade aceitável através da respiração celu-lar.

19 Resíduos que possui como característica a solubilidade são aqueles que possuem condições para se dissolver em água.

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água. Classe IIB - Inertes20: são aqueles que não possuem nenhum dos seus

constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabili-

dade das águas.

Para destinação final desses resíduos sólidos, Gandelini (2002) propõe algumas

possíveis destinações dos resíduos sólidos como nos aterros sanitários, aterros

em valas, incineração, compostagem e reutilização e reciclagem.

Veremos agora algumas possibilidades de destinação dos resíduos sólidos que

ocorriam antes da inauguração dos primeiros aterros sanitários. Antes desse a-

contecimento foram vários problemas de cunho social e ambiental que ocorreram

não só na cidade de São Paulo, mas em várias partes do mundo. Um exemplo

deles foi o surto da peste bubônica ou peste negra que dizimou milhões de pes-

soas, que foi causada pela inadequada disposição final do lixo que gerou a proli-

feração de ratos resultante do acúmulo de lixo nas ruas das cidades européias no

século XIV (entre 1345 e 1349)

3.4.2 – Histórico do Lixo na cidade de São Paulo

O problema com a disposição dos resíduos sólidos na cidade de São Paulo não é

um problema atual como podemos ver no edital da Câmara de 15 de outubro de

1722, onde relata possivelmente o primeiro registro oficial da implantação de

lixões:

Os oficiais do Senado da Câmara desta cidade de São Paulo que

presente ao servimos pela ordenação da Sua Majestade que Deus

guarde, fazemos saber a todos os moradores desta cidade, de

qualquer qualidade e condições que sejam, que daqui a diante fa-

çam botar os ciscos e os lixos de suas casas nas paragens declara-

das a saber, nas covas que ficam abaixo das casas de Garcia Roiz

Velho e nas covas que estão atrás da Misericórdia Nova e nas co-

vas que estão de fronte de Santa Tereza e somente o façam nes-

tas paragens e as pessoas que fora destes lugares botarem os tais

lixos serão condenadas por cada vez em seis mil réis sem que lhes

sirva de desculpa ignorarem onde seus servos botam tais lixos,

pois o deverão examinar e fazer executar como pelo que o presen-

te quartel ordenamos. (SILVA, 2001, p.20)

20 Resíduos inertes são aqueles que não causam nenhum tipo de dano ao meio ambiente, e nem exalam mau cheiro no entorno. Em sua composição estão materiais como entulho de construção civil, restos de poda de árvore, vidros, entre outros.

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Podemos observar que o aproveitamento de covas (ou cavas) para disposição de

resíduos é uma prática antiga que se utiliza até os dias atuais.

Segundo o relatório do Departamento de Limpeza Urbana - LIMPURB (1999) as

atividades organizadas de limpeza pública começou em São Paulo com o primeiro

contrato de prestação de serviços feito entre a Câmara de Intendência e o Sr.

Antônio Francisco Dias Pacotilha em 1869, época em que a coleta dos resíduos

era realizada em carroças e continuou com os mesmos moldes até a década de

1950. Antes do firmamento do contrato a população era responsável por levar o

lixo aos locais estabelecidos pelo município e a limpeza das ruas era realizada

pelos detentos.

Naquela época os resíduos domiciliares possuíam concentrações de matéria or-

gânica superior a 80%, pois a industrialização de alimentos ainda não ocorria no

mesmo moldes dos atuais, e também as quantidades de revistas e jornais eram

muito menores das registradas atualmente.

Sendo assim, os resíduos eram utilizados de adubo na agricultura, e foram utili-

zados até que as autoridades sanitárias exigiram tratamento prévio antes do for-

necimento aos chacareiros.

Em 1913 foi instalado o primeiro incinerador no bairro do Araçá, tinha a capaci-

dade de queimar o equivalente a cem carroças por dia de resíduos domiciliares;

o incinerador funcionou até 1940, pois não estava mais sendo suficiente para

eliminar todos os resíduos da cidade.

Segundo Silva & Donaire (s/d) a partir da década de 1920 a cidade de São Paulo

começa a registrar grandes índices de aumento populacional e de evolução na

composição dos resíduos gerados, isso ocorreu em virtude da industrialização e

sofisticação dos produtos que agora utilizavam materiais de difícil decomposição

como, por exemplo, o plástico.

Segundo a LIMPURB (1999) a partir de 1925, a Prefeitura passou a utilizar o pro-

cesso de fermentação anaeróbica, onde ocorria a fermentação dos resíduos em

tanques que eliminavam uma parcela considerável dos organismos patogênicos.

Em 1926 houve a construção de quatro câmaras de fermentação de lixo no Ibi-

rapuera, o lixo que não era fermentado ia para aterros na Rua Pedro de Toledo,

Av. General Olimpio da Silveira, Av. Santa Marina, Rua Sumidouro e no Glicério e

Jardim América (locais não especificados).

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Em 1946 começou a funcionar o incinerador Pinheiros que operou até 1990, ele

foi desativado por ter sua tecnologia ultrapassada. Em 1959 começou a funcionar

o incinerador Ponte Pequena que funcionou até 1997, em 1968 foi inaugurado o

incinerador Vergueiro que funcionou até o ano de 2002.

Até meados dos anos 60, dado o aproveitamento da maior parte do lixo como

adubo e a existência dos incineradores, havia uma menor parcela de resíduos

sólidos que deveria ser destinada a lixões, ou seja, a cidade não dependia tanto,

como hoje, dos aterros.

Em 1970 inaugurou-se a primeira usina de compostagem São Matheus, quatro

anos mais tarde a usina de compostagem Vila Leopoldina começou a funcionar.

3.4.3 – Características dos Aterros Sanitários

Os aterros sanitários são depósitos de resíduos sólidos realizados pela ação hu-

mana através de tecnologias para dispor o lixo sobre o solo, compactando-o com

trator e recobrindo-o diariamente com camadas de solo a fim de evitar a prolife-

ração de insetos, catadores na área, espalhamento do lixo pelas redondezas pela

ação do vento, poluição das águas subterrâneas e superficiais, etc., esse método

utiliza princípios de engenharia para comprimir os resíduos sólidos a menor área

possível e reduzi-los ao menor volume possível (CETESB, 1979).

Em alguns casos, os aterros sanitários são construídos a fim de recuperar áreas

deterioradas como pedreiras abandonadas, escavações oriundas de argila e areia

e regiões alagadiças.

Algumas medidas devem ser tomadas para construção dos aterros sanitários

como proteger as águas superficiais e subterrâneas de possível contaminação

oriunda do aterro; dispor, acumular e compactar o lixo de forma de células diá-

rias trabalhando com técnicas corretas para possibilitar o tráfego de caminhões

coletores; recobrir diariamente o lixo com fina camada de solo para impedir a

proliferação de roedores, insetos e outros vetores; controlar os gases e líquidos

que se formam nos aterros e isolar e tornar indevassável o aterro e evitar incô-

modos à vizinhança.

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Afim de, minimizar os possíveis danos ao meio ambiente causado pela constru-

ção do aterro, são realizadas obras como impermeabilização, nivelamento do ter-

reno e drenagem para captação do chorume. Os gases produzidos pela decom-

posição do lixo devem ser queimados, e o chorume deve ser captado.

A CETESB define alguns critérios para a escolha das áreas onde serão implanta-

das novas unidades receptoras de resíduos como mostra Gandelini (2002):

Topografia: as áreas devem apresentar inclinações de no máximo 10%;

Dimensões: deve-se reservar aproximadamente 1m² de terreno para cada

tonelada de resíduo que pretende ser aterrada;

Solo: não deve apresentar muitas plantas e rochas aflorantes, deve ser o

mais impermeável possível (composição argilosa);

Proteção contra enchentes: as áreas não devem estar sujeitas a inunda-

ções, nem a flutuações excessivas do lençol freático;

Distância dos corpos d’água: distância mínima de 200 metros de qualquer

corpo d’água, além de serem respeitadas as legislações específicas para as

áreas especiais;

Profundidade do lençol freático: o lençol deve estar o mais distante possí-

vel da superfície do aterro, para solos argilosos 3 metros de distância e so-

los arenosos superior a 3 metros;

Distância de residência: recomenda-se uma distância mínima de 500 me-

tros de residências isoladas e 2000 metros de áreas urbanizadas;

Direção dos ventos predominantes: os ventos não devem transportar poei-

ras ou maus odores para os núcleos habitacionais, ou instalações que pos-

sam ser indesejadas;

Localização: devem ser observadas as legislações de uso do solo e prote-

ção dos recursos naturais, e a menor distância viável entre os centros ge-

radores de resíduos;

Distância dos aeroportos: deve-se manter distância dessas áreas pois a

atração de urubus pode comprometer a segurança aérea, e

Acesso as estradas: devem estar em boas condições para garantir a efici-

ência da coleta e transporte do lixo.

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Todas as medidas citadas devem ser tomadas a fim de propiciar o menor risco

para a população próxima às áreas dos aterros, bem como, diminuir o menor

impacto ao meio-ambiente.

Após o esgotamento dos aterros, a área é totalmente coberta e poderá ser utili-

zada como área de lazer, depois que o nível de contaminação for praticamente

zerado.

3.4.4- Resíduos sólidos em São Paulo

A cidade gera, em média, 17 mil toneladas de lixo diariamente (lixo residencial,

de saúde, restos de feiras, podas de árvores, entulho etc). Só de resíduos domi-

ciliares são coletados quase 10 mil toneladas por dia.Os trabalhos de coleta de

resíduos domiciliares, seletivo e hospitalares são executados pelas duas conces-

sionárias Ecourbis e Loga. Diariamente é percorrida uma área de 1.523 km² e

estima-se que mais de 11 milhões de pessoas são beneficiadas pela coleta. Cerca

de 3,2 mil pessoas trabalham no recolhimento dos resíduos e são utilizados 492

veículos (caminhões compactadores e outros específico para o recolhimento dos

resíduos de serviços de saúde).

A Loga realiza a coleta da região noroeste da cidade de São Paulo. Além da cole-

ta, a Loga administra o aterro Sanitário Bandeirantes, em Perus, e o transbordo

Ponte Pequena. A Ecourbis realiza a coleta da região sudeste e administra o ater-

ro São João, na Avenida Sapopemba, e os transbordos Vergueiro e Santo Amaro.

O aterro sanitário Bandeirantes está desativado desde o mês de março de 2007,

mas tem captação de gás. O material coletado pela concessionária é levado para

o aterro de Caieiras. O aterro São João está recebendo, parcialmente, os resí-

duos coletados pela Ecourbis. A outra parte está sendo levada para o CDR Pe-

dreira (aterro particular).

3.4.4.1 - Volume médio diário de resíduos coletados em 2009

Resíduo Domiciliar - 9.930 toneladas

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Resíduo de Serviço de Saúde - 91 toneladas

Resíduo de Varrição - 266 toneladas

Resíduo Inerte - 2.366 toneladas

Resíduo Seletivo - 94 toneladas

3.4.4.2 - Materiais recicláveis:

Os materiais mais comuns encontrado no lixo urbano e que podem ser reciclados

são:

- Plásticos:

- Garrafas, embalagens de produtos de limpeza;

- Potes de cremes, xampus;

- Tubos e canos;

- Brinquedos;

- Sacos, sacolas e saquinhos de leite;

- Isopor.

3.4.4.3 - Alumínio:

- Latinhas de cerveja e refrigerante;

- Esquadrias e molduras de quadros;

3.4.4.4 - Metais ferrosos:

- Molas e latas.

3.4.4.5 - Papel e papelão:

- Jornais, revistas, impressos em geral;

- Papel de fax;

- Embalagens longa-vida.

3.4.4.6 - Vidro:

- Frascos, garrafas;

- Vidros de conserva.

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3.4.5 – Aterros Sanitários no município de São Paulo

Em 1974, o primeiro aterro sanitário Lauzane Paulista começou a funcionar e de

acordo com Malone (s/d) apud Silva (2001)

Em 1974 foi implantado o primeiro aterro sanitário do município, o

de Lauzane Paulista. Até aquele ano proliferaram em terrenos bal-

dios as descargas clandestinas, gerando lixões, onde as pessoas,

as indústrias, e inclusive os veículos da prefeitura lançavam resí-

duos. A operações dos lixões não tinha planejamento algum, ha-

vendo no máximo um trator para espalhar o lixo. A existência de

catadores era a regra e na maioria das vezes moravam no próprio

lixão. O fogo era uma constante. No lixão do Km 14 da Raposo Ta-

vares ocorriam acidentes quase que diários por falta de visibilidade

na pista, além da poluição atmosférica. Os aterros sanitários elimi-

navam esses principais transtornos e também representavam uma

solução econômica para a recuperação de áreas inúteis para a po-

pulação como alagados, lagoas e cavas de mineração (p. 36).

Esse aterro nasceu por conta de um apelo da população para aterra uma lagoa

existente, que era responsável por vários afogamentos.

Em 1975 os aterros Engenheiro Goulart, Jardim Damasceno e Raposo Tavares

foram inaugurados; em 1976 o aterro Santo Amaro e Vila São Francisco; em

1977 o aterro Carandiru, Pedreira Cit e Vila Albertina, em 1978 o aterro Pedreira

Itaipu; em 1979 o aterro Bandeirantes e Sapopemba, em 1980 o aterro Jacuí,

em 1984 o São Matheus, em 1990 o aterro Itatinga e em 1992 o aterro São Jo-

ão.

Na tabela 1 podemos ver os aterros existentes no município de São Paulo, além

da sua capacidade de receber resíduos e o período no qual foi considerado ativo,

ou seja, quando recebia os resíduos sólidos.

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Tabela 1: Aterros existentes no município de São Paulo

Fonte: LIMPURB (2002), organizada pela Equipe Unicsul.

De acordo com Silva (2001) na região metropolitana de São Paulo foram cadas-

tradas através do projeto CETESB/GTZ cento e dezesseis áreas de disposição de

resíduos, com cerca de 20 Km² de superfície e 100 milhões de m³. Vale ressaltar

que a maior parte desses locais está localizada nas periferias do município de

São Paulo, como podemos verificar no mapa 1 em anexo, onde mostra a posição

dos aterros sanitários do município; em cerca de 50% dos casos há ocupação

humana em menos de 50 m de distância.

Dessas vinte e sete áreas se encontram no município de São Paulo, porém ape-

nas onze são reconhecidas oficialmente como unidades de destinação de resíduos

antigas ou atuais, sendo as restantes consideradas clandestinas.

Atualmente a prefeitura de São Paulo não possui nenhum aterro sanitário em

funcionamento, pois suas capacidades foram esgotadas, os resíduos produzidos

pelos munícipes são coletados e vão para o Aterro Caieiras e para o CDR Pedreira

(particular). Existem as áreas de transbordo, que são locais onde os resíduos são

descarregados dos caminhões compactadores e colocados em uma carreta que

leva os resíduos até o aterro sanitário, essa medida ocorre por conta das grandes

ATERRO ÍNICIO DAS

OPERAÇÕES FIM DAS O-

PERAÇÕES CAPACIDADE TOTAL

PREVISTA (ton)

Bandeirantes 1979 2007 27.280.000

Carandiru 1977 1977 23.000

Engenheiro Gou-

lart

1975 1979 1.764.000

Itatinga 1990 2001 5.221

Jacuí 1980 1988 2.488.000

Jardim Damasce-

no

1975 1975 187.000

Lauzane Paulista 1974 1974 215.000

Pedreira City 1977 1978 563.000

Pedreira Itaipu 1978 1979 576.000

Raposo Tavares 1975 1979 1.857.000

Santo Amaro 1976 1995 16.216.747

São João 1992 2009 15.928.000

São Matheus 1984 1985 1.053.914

Sapopemba 1979 1984 2.728.000

Vila Albertina 1977 1993 9.214.733

Vila São Francisco 1976 1976 51.000

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distâncias entre áreas de coleta e o aterro sanitário; no município de São Paulo

atualmente existem três áreas destinadas a transbordo que é a Vergueiro, Santo

Amaro e Ponte Pequena e que movimentam cerca de 1200 mil toneladas de resí-

duos por dia (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2010).

Por conta da grande extensão do município de São Paulo, e também pelo grande

volume de resíduos gerados, cerca de dezessete mil toneladas por dia, (PREFEI-

TURA DE SÃO PAULO, 2010) a coleta de lixo é realizada por concessão através

de duas empresas a Ecourbis e a Loga, elas atuam em regiões diferentes do mu-

nicípio. Além da coleta a Loga administra o Aterro Sanitário Bandeirantes e o

transbordo Ponte Pequena; já a Ecourbis administra o Aterro São João e os

transbordos Vergueiro e Santo Amaro. No mapa 2, em anexo, podemos visuali-

zar a espacialização dos serviços prestados pela Loga e pela Ecourbis.

3.4.5.1 – Resíduos Sólidos nos distritos de São Mateus, São Rafael e I-

guatemi

A Ecourbis faz sua divisão para coleta de resíduos através das sub-prefeituras,

analisaremos os dados da de São Mateus que está localizada na zona leste do

município de São Paulo abrangendo os distritos de São Mateus, São Rafael e I-

guatemi.

Nesse limite territorial delimitado pela subprefeitura vivem cerca de 380.000

pessoas (IBGE, 2000) em uma área de aproximadamente 45 Km². De acordo

com a Ecourbis (2010) a coleta de resíduos sólidos domiciliares é de 8.382,88

toneladas por mês, dando uma média de 0,74 kg de lixo por habitante por dia,

abaixo da média diária considerada pela Secretaria Municipal de Planejamento

que considera uma média de 0,8 a 1,3 Kg de habitante por dia (Prefeitura Muni-

cipal de São Paulo, 2004).

Em entrevistas sobre a coleta de lixo e limpeza das ruas no Jardim São Francisco

e Parque das Flores obtivemos respostas bem variadas a cerca da mesma ques-

tão, como podemos observar no gráfico 1, onde vemos que cada morador tem

uma percepção diferente do lugar onde vive, pois uns consideram os serviços

bons, já outros, péssimos, como veremos a seguir.

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Gráfico 1: Qualidade da limpeza e coleta no Jardim São Francisco e Par-

que das Flores

Fonte: Elaborado pela Equipe Unicsul, dados coletados através de questionários.

Na figura 1 podemos ver a localização dos aterros sanitários: Sapopemba e São

João, que são próximo um do outro. No passado receberam grande quantidade

de resíduos coletados no município de São Paulo, porém atualmente ambos os

aterros estão desativados pois já alcançaram sua capacidade limite como vere-

mos com mais detalhes nos sub-itens posteriores.

Figura 1: Localização dos Aterros Sanitários Sapopemba e São João

0

24

18

10

18

Coleta de Lixo/ Limpeza das ruas

Ótimo

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

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3.4.5.1.1 - Aterro Sapopemba

O Aterro Sapopemba é um dos aterros localizados na região de São Mateus e

está situado na Avenida Sapopemba, nº 26.351 no distrito de São Rafael. Come-

çou suas operações em 1979 e encerrou em 1984, o fechamento ocorreu por

conta da mobilização dos moradores que não queriam que continuassem sendo

depositadas toneladas e toneladas de resíduos na região, sua capacidade total

prevista era de 2.728.000 toneladas de resíduos (LIMPURB, 2002), por não exis-

tir legislações ambientais específicas no momento de sua construção o aterro

Sapopemba não teve nenhum cuidado para a disposição dos resíduos que lá e-

xistem.

Após a desativação do aterro, grande quantidade de chorume foi liberada através

da decomposição do material orgânico ali depositado, os queimadores funcionam

até recentemente (Filik et al, 2007).

Na figura B podemos observar o aterro atualmente, onde já se encontra revege-

tado, próximo a ele está sendo construída a Avenida Jacú-Pêssego, podemos ob-

servar que apesar se no inicio de sua construção estar localizado na periferia do

município, hoje uma grande via de circulação está sendo construída bem ao lado

do Aterro Sanitário Sapopemba.

Figura 2: Obra Jacú-Pêssego e ao fundo Aterro Sapopemba

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

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Na figura 3, em anexo, podemos ter uma vista mais ampla sobre a urbanização

próxima ao aterro, onde é possível verificar uma grande quantidade de habita-

ções, sendo a maioria delas de baixo padrão.

Já na figura 4, em anexo, temos uma visão geral da área no ano de 2004, onde

o aterro já era reflorestado e a urbanização já era muito intensa, mas mesmo

assim, podemos observar que houve um pequeno aumento da urbanização atra-

vés da construção de casas em áreas que antes estavam desocupadas.

3.4.5.1.2 – Aterro São João

O Aterro São João é o outro aterro que fica localizado na região de São Mateus,

está situado na Estrada do Sapopemba, Km 33 no distrito de Iguatemi, próximo

ao município de Mauá. Iniciou suas operações em 1992 e encerrou em 2009, sua

capacidade total prevista era de 15.928.000 toneladas de resíduos (LIMPURB,

2002). Em 2007 houve um acidente no aterro onde houve desmoronamento de

parte deste, o vento levou o mau cheiro do lixo até município de Mauá (O Globo,

2007).

Na figura E podemos observar o aterro atualmente, onde está revegetado, o a-

terro está localizado próximo ao Morro Do Cruzeiro, onde existe uma considerá-

vel área verde.

Figura 5: Aterro São João

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

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Está em projeto, e próximo ao início de obras, a construção de um novo aterro

sanitário próximo ao aterro São João, a área que vai ser destinada a disposição

de resíduos sólidos é próximo a área do Morro do Cruzeiro, sendo considerada

uma ZEPAM (Zona Espacial de Preservação Ambiental) a obra é de responsabili-

dade da Ecourbis, já que é responsável pela coleta de resíduos na região e pela

administração do Aterro São João.

Na figura 6, em anexo, podemos ter uma visão mais ampla do aterro atualmen-

te, é possível observar a grande quantidade de área verde no entorno do aterro,

sendo bem diferente do que acontece com o Aterro Sapopemba, nessa imagem

de satélite observamos ainda que, uma boa parte do aterro já está reflorestada,

apesar de seu encerramento ter sido no ano de 2009.

Na figura 7, em anexo, temos uma visão geral da área no ano de 2004, na ima-

gem de satélite observamos que o aterro ainda está em funcionamento, onde

conseguimos visualizar as camadas de solo sobrepostas aos resíduos.

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Mapa 1 – Mapa mostrando a localização dos aterros sanitários no

Município de São Paulo

Fonte: Figueira (2007).

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Mapa 2 - Mapa mostrando as empresas que realizam a coleta domiciliar no Município de São Paulo

Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br

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Figura 3: Aterro Sapopemba em 2010

Fonte: Google Earth, 2010.

Figura 4: Aterro Sapopemba em 2004

Fonte: Google Earth, 2010.

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Figura 6: Aterro São João em 2010

Fonte: Google Earth, 2010.

Figura 7: Aterro São João em 2004

Fonte: Google Earth, 2010.

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4 A PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA COMUNIDADE

O estudo da percepção é uma alternativa que vem crescendo dentro das ciências

sociais e contribuindo para a compreensão da relação homem e ambiente21, sua

análise constitui uma área de investigação que procura estudar o modo como os

indivíduos e grupos sociais se comportam. A análise do comportamento humano

é constituída através da avaliação cuidadosa das atitudes, preferências, valores,

percepções e imagem que o individuo tem com o seu meio (OLIVEIRA apud

GUERRA, 2004).

A importância da pesquisa em Percepção Ambiental para o planejamento do am-

biente foi ressaltada na proposição da UNESCO (1973), na qual houve a preocu-

pação com a percepção ambiental e a dificuldade com a proteção dos ambientes

naturais devido à existência de diversas percepções e valores entre os indivíduos

de cultura e grupos socioeconômicos diferentes que desempenham funções dis-

tintas nesses ambientes.

Dessa forma o estudo da percepção ambiental é fundamental para a consolida-

ção do próprio processo de educação ambiental, pois as experiências sensoriais

podem ser um instrumento de análise podendo despertar um comportamento

diferenciado com o ambiente.

Para que seja consolidado a criação de uma APA na região de São Mateus, nossa

área de estudo (localizado no extremo leste do município de São Paulo), deve-se

realizar uma intervenção com a comunidade. Sendo fundamental para o sucesso

21 Na legislação o conceito ambiente apresenta uma abordagem técnica e jurídica que significa ―lei de conjunto de condições, leis de influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite abrigar e reger a vida em todas as suas formas‖. (BRASIL, Política Nacional do meio Ambi-ente, LEI 6.938/81).

Referente à relação homem e meio, vamos nos apoiar na visão do geógrafo Yi-Fu Tuan que apre-

senta conceitos fundamentais para a compreensão do ambiente e a construção do sentimento de lugar, sendo individual e/ou uma construção social, ou seja, pertencente ao um determinado gru-po. Essa relação sentimental entre homem e meio, é a chave da percepção ambiental para Tuan (1980), através do conceito topofilia ―elo entre as pessoas e o lugar ou ambiente físico‖, associan-do sentimento afetivo ou oposto (topofobia) ao mesmo.

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desse processo adequar e sensibilizar a comunidade acerca da problemática am-

biental, para que haja uma participação e integração ao projeto.

Serão necessárias diversas intervenções para atingir todas as temáticas abrangi-

das pela educação ambiental. Para que ocorra de forma positiva, os pesquisado-

res deverão elaborar estratégias de educação ambiental baseados no conheci-

mento do nível de percepção ambiental da população. Na qual o intuito é criar

uma postura critica e consciente diante dos próprios hábitos, pois boa parte da

população do local de estudo joga lixo no rio. Além da aparente irracionalidade

do comportamento da população de sujar e de ocupar o leito de cheia do rio, eles

desconhecem a função do rio ocasionando uma negação. Sendo visível o impacto

ambiental no lugar, ocorrendo em função do tipo de relação que a população es-

tabelece com o meio ambiente.

A dinâmica da cidade de São Paulo faz com que a cidade tenha múltiplas rela-

ções, lugares e conseqüentemente uma diversidade de paisagem, buscando a

importância do vivido, dos sistemas de significados mediada pela experiência e

percepção de cada um podemos compreender como comunidade vêem o seu

meio.

Nas grandes metrópoles nenhuma pessoa pode conhecer bem, se-

não um pequeno fragmento da cena urbana total, porém, o habi-

tante da cidade parece ter uma necessidade psicológica de possuir

uma imagem da totalidade do meio ambiente para localizar o seu

próprio bairro, o conhecimento da cidade varia de pessoa para

pessoa. (TUAN, 1980, p. 222)

Esse olhar fragmentado faz com que o morador veja o seu bairro e identifique o

que falta conforme o contato que ele tem com outros lugares da cidade.

... lugares têm paisagem, e paisagens e espaços têm lugares. O

lugar talvez seja o mais fundamental dos três, porque focaliza es-

paço e paisagem em torno das intenções e experiências humanas.

(RELPH, apud ARCHELA, 2004, p129).

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4.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo com revisão bibliográfica especifica referente à percepção

ambiental. A realização de pesquisas de campo contribuíram para os procedi-

mentos metodológicos adotados para a elaboração do trabalho. Inicialmente com

o caráter apenas exploratório, com o desenvolvimento do projeto a pesquisa de

campo ganhou caráter descritivo e explicativo, incorporando registros audiovisu-

ais. Com o intuito de buscar através da fotografia e de vídeos a representação do

lugar.

Realizamos a aplicação de questionários com a comunidade e com os lideres co-

munitários com o objetivo de compreender a dinâmica local. Conversas informais

com servidores da Subprefeitura de São Mateus e relatos pessoais com os pes-

quisadores participantes. Todos com o objetivo de buscar a compreensão do lu-

gar através da percepção. Esses métodos reunidos contribuíram de maneira posi-

tiva para a formulação do estudo.

4.2. ÁREA DE ESTUDO.

A área de estudo refere-se a dois bairros pertencentes ao distrito de São Rafael,

Jardim São Francisco e Parque das Flores. Localizados na área administrativa da

subprefeitura de São Mateus, extremo Leste do município de São Paulo.

Dois lugares próximos geograficamente, mas que apresentam realidades distin-

tas, que materializam-se na paisagem, gerando percepção e comportamento di-

ferentes nos diversos indivíduos que ali habitam.

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4.2.1 PERCEPÇÃO: JARDIM SÃO FRANCISCO

Entre os dois bairros analisados, o Jardim São Francisco é o bairro mais urbani-

zado já encontra-se com infra-estrutura urbana, mas é visível a precariedade e a

ausência de outras infra-estruturas básicas, a exemplo disso, a falta de área de

lazer e entretenimento para a população.

As áreas de lazer encontram-se na maior parte afastada da área de estudo na

qual é necessário a utilizar o transporte coletivo, os ônibus não conseguem aten-

der a população, esse aspecto é comum na periferia longigua do município de

São Paulo. A imagem a seguir (Figura 1), mostra dois projetos de habitação de

gestão diferentes, tentativa das políticas publicas de minimizarem os problemas

sociais, principalmente as que refletem no território.

Figura 46 - Conjuntos Habitacionais, Jardim São Francisco

Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.

A diferença das formas é reflexo da atuação de distintas políticas públicas de ha-

bitação e de gestão do município, construídos em diferentes períodos.

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Apesar da presença de diversos projetos habitacionais, existem inúmeras casas

de autoconstrução no local (Figura 47), o desejo de sair do bairro reflete nos

questionários, boa parte dos entrevistados sentem uma relação afetiva com o

lugar. Como parte do espaço, o lugar é ocupado pela sociedade que ali habitam e

estabelece laços afetivos, como também relação de sobrevivência.

Figura 47 - Autoconstrução, Jardim São Francisco

Autor: Monsalvargas, 2010.

Residências elaboradas a partir da ―autoconstrução‖. Prática comum nas periferi-

as do município de São Paulo. Observe a precariedade da área de lazer, crianças

brincando na quadra ―enjaulada‖.

Nesse bairro o rio Caaguaçu encontra-se urbanizado, na Av. Sertanista é possível

observar a outra face do rio, ―no outro lado da rua‖, ele parece esquecido e igno-

rado pelas politicas publicas de urbanização. O mesmo rio recebe das políticas

públicas tratamento diferenciado. Do mesmo ponto é possível observar as duas

realidades (Figura 48).

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Figura 48 - Um Rio, duas realidades

Fonte: Catarina Troiano, 2010.

Esse tratamento diferenciado faz com que a população tenha percepções diferen-

tes do mesmo rio, que na maioria dos casos, a população enxerga o rio como um

incomodo não havendo nenhuma relação afetiva com o rio, e sim um sentimento

de aversão (topofobia).

Ao analisar o questionário podemos identificar que boa parte da população local

é oriundo de outros estados brasileiros principalmente da região nordeste do pa-

ís. Outra característica marcante da população é a baixa escolaridade e a mulher

como chefe de família. Maior parte da população trabalha na própria zona leste

do município, os principais bairros são Tatuapé, Mooca, Brás e outros. Há um

número alto de população desempregada no lugar ou trabalha no próprio bairro,

fazendo o clássico ―bico‖, na qual a renda torna-se escassa e instável.

O fato mais interessante no Jardim São Francisco é a implantação da Avenida

Jacu Pêssego, na qual a sua implantação removeu diversas famílias que aguar-

dam ser indenizadas ou por novas moradias, essa obra trará poucos benefícios à

população local, mas alguns entrevistados defendem o discurso da grandiosidade

da obra e os diversos benefícios que será ocasionado na região, o discurso pode

influenciar a percepção de tal modo que as pessoas verão coisas que não exis-

tem, podendo esta criar alucinações coletivas (Tuan, 1980).

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Os lideres comunitários são os que possuem a relação topofilica mais forte, Tuan

(1983) escreve que essa percepção espacial com o lugar é afetuosa, tem um for-

te sabor local, caráter visual e limites, esse aspecto é facilmente observável em

uma simples conversa informal com o morador em sua casa, rua, bairro onde se

mora e trabalha e o próprio trajeto do cotidiano ganha sentimento de lugar, pois

está sempre ligada a experiência íntima de cada morador. A percepção ambiental

não se trata apenas de uma percepção sensorial, estabelecida pelos sentidos,

mas envolve outras formas de perceber e interpretar o ambiente vivido.

4.2.2. PERCEPÇÃO: PARQUE DAS FLORES

Nesse lugar a situação é mais complexa, pois o processo de urbanização não en-

contra-se consolidado, o bairro localiza no fundo do vale e segue moro acima

(Figura 49), diferente do outro local, a ausência das infra-estruturas básicas,

como ruas asfaltadas, esgotos, iluminação etc. O crescimento vertiginoso da ci-

dade, não significou desenvolvimento social, e a expansão periférica foi, e ainda

é, quantitativamente, muito maior do que a expansão das áreas nobres paulista-

nas.

A maioria das casas são ―autoconstrução‖, com estrutura precária e algumas em

área de risco. A falta de identidade com o lugar é evidente, o sentimento de to-

pofobia ocorreu em boa parte dos entrevistados.

No Parque das Flores o conflito rio e comunidade são latentes (Figura 5), pois a

comunidade não enxerga o rio, com sua função de rio, o rio torna-se um hospe-

de incomodo, pois ele cheira mal pois a população passa a jogar lixo, a rio é per-

cebido como um esgoto a céu aberto e nos períodos de alta pluviosidade ele che-

ga inunda, as margem se encontra ocupada, e muitos da comunidade olham pa-

ra o rio e despreza, a constatação do estado de degradação do rio coloca em

questão o modelo de políticas publicas no local e a ausência de uma intervenção

de educação ambiental, que auxiliaria na mudança do comportamento da comu-

nidade perante ao meio em que vive.

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Figura 49 - Vista panorâmica do Parque das Flores

Fonte: Carlos Eduardo Martins, 2010.

Sendo necessária à construção de uma consciência ecológica, é precedida à

construção de uma percepção ambiental, de uma vivência junto à natureza. Para

que a comunidade não mate sua fonte de vida (Figura 50), e sim a conserve pa-

ra as futuras gerações.

Figura 50 - Lixo nas margens do Córrego Caaguaçu

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

O Rio Caaguaçu corre em seu leito, enquanto a comunidade joga lixo e despeja o

esgoto sem nenhum tratamento. Mostra o descaso que o rio sofre no lugar.

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Assim, é preciso resgatar e estimular novos sentidos de percepção do ambiente,

buscando a reintegração do ser humano ao meio natural a fim de que uma cons-

ciência crítica das relações sociedade-natureza possa emergir, reelaborando no-

vas formas de convívio e de agir.

A Educação Ambiental não deve atuar somente no plano das idéias

e no da transmissão de informações, mas no da existência, em

que o processo de conscientização se caracteriza pela ação com

conhecimento, pela capacidade de fazermos opções, por se ter

compromisso com o outro e com a vida‖ (LOUREIRO, 2006, p. 28).

Sendo interessante propor um trabalho de educação ambiental que não só foque

as áreas degradadas e os problemas sócio-ambientais, mas sim é construir com

a população uma afinidade com o lugar, estimulando um sentimento topofilico na

comunidade. Ao analisar os questionários e os relatos pessoais dos moradores

durante a abordagem, fica claro o desejo que a comunidade tem de canalizar o

rio, asfaltar as ruas, construção de área de lazer e lugares onde pudesse propici-

ar curso profissionalizante para a população.

Referente à canalização do rio, o mais importante não é canalizar o rio e sim,

aplicar na comunidade uma educação ambiental que seja capaz de resgatar e

estimular novos sentidos de percepção do ambiente, buscando a reintegração

com o rio, apresentando para eles a importância do rio no meio em que eles vi-

vem, mostrando toda a problemática de um rio canalizado.

Outro problema verificado é a baixa percepção de risco que alguns moradores

têm, conforme Saraiva (1999) as variações no grau de percepção dos desastres

pode ser explicada pelas suas características físicas, magnitude e ocorrência

principalmente quando recente, importante também ressaltar a personalidade do

individuo e outros traço culturais e sociais, a exemplo disso, temos o grande de-

sejo de ter a casa própria, como é na maioria dos casos avaliados, a maioria dos

moradores do Parque das Flores, eram moradores de São Mateus, onde viviam

em casas alugadas. Muitos dos entrevistados moram nos lugares com um grau

de declividade acima do permitido pela Defesa Civil, pois a ocupação desordena-

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da segue do fundo do vale para a regiões mais alta, pois é possível em alguns

casos ver o corte do talude para a construção de uma nova moradia.

Assim como o Jardim São Francisco, os perfis da população entrevistada são

muitos semelhantes, a maior parte da população é oriunda de outros estados

brasileiros, a grande maioria é da região nordeste, baixa escolaridade e traba-

lham em empregos mal remunerados, trabalham informalmente fazendo ―bico‖

ou estão desempregados.

Nota-se, portanto, que os sentimentos de topofilias e topofobias são construídos

a partir de vivências diretas e indiretas de indivíduos nos mais diversos lugares.

É necessário uma educação ambiental para ressaltar esse elo sentimental com o

lugar, não devemos pensar na educação ambiental apenas em função de trans-

missão de conhecimento, sendo desconexo com a realidade percebida e vivida,

por isso a importância da percepção ambiental para busca e compreender o per-

cebido e vivido, só assim podemos agir como intuito de construir uma percepção

ambiental diferenciada, onde a experiência sensorial e a reflexão critica possa

despertar um novo comportamento e as vivencias possam ser integradas ao

meio ambiente.

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5 PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO DE SÃO MATEUS22

De núcleo inicialmente implantado entre as áreas de inundação do Tamanduateí

e Anhangabaú, onde se encontra hoje o Páteo do Colégio, São Paulo apresentava

até 1890, um crescimento urbano insignificante para no final do século abarcar

um vertiginoso crescimento que concebe a mesma um novo dinamismo. Se em

1930 a cidade apresentava uma mancha urbana de 355km² e 890.000 habitan-

tes, em 1980, está havia sido quintuplicada em um eixo de expansão seguindo,

preferencialmente, o sentido leste-oeste e ocupando uma área de 1370 km²,

comportando 8.490.000 habitantes. Esse crescimento não ocorreu de forma con-

tínua, pois há na denominada mancha urbana paulistana espaços vazios em

quantidade significativa.

A Zona Leste foi ocupada a partir de vários núcleos que estavam localizados ao

longo do antigo caminho que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro, através do Vale

do Paraíba. Esse eixo foi reforçado com a implantação da antiga ferrovia Central

do Brasil (São Paulo – Rio de Janeiro) no final do século XIX.

A facilidade de transporte oferecida pela ferrovia Central do Brasil foram atrati-

vos para a instalação de algumas empresas na zona leste entre umas das mais

significativas podemos citar a Nitro Química, instalada em 1935, foi um sendo

grande estímulo à ocupação mais intensa de São Miguel. A empresa empregava

em media 8.000 operários. Em1934, São Miguel tinha 2.224 habitantes, e após a

instalação da Nitro Química, a população dessa região chegou a 39.376 (1950).

Na década de 1960, tem início a construção da via Radial Leste e na década de

1970, a implantação da linha Leste do metrô, contribuindo para que houvesse

uma consolidação da ocupação Leste-Oeste.

22 Ao utilizarmos o termo ―região de São Mateus‖ estamos nos referindo aos três distritos – São Mateus, São Rafael e Iguatemi – que integram a Subprefeitura de São Mateus.

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Durante as décadas seguintes a região foi se urbanizando progressivamente, a-

companhando o crescimento acelerado da população paulistana, com os maiores

índices de crescimento demográfico do município, notadamente da população de

baixa renda.

Embora as ocupações sejam bem antigas somente em 1944 foram criados os

distritos de São Miguel Paulista, Guaianazes e Itaquera e na década de 1980,

foram criados os distritos de São Mateus e Sapopemba (SPOSATI 2001).

Entre os distritos criados na década de 1940 e os da década de 1980 percebe-

mos uma diferença considerável em termos de infra-estruturas, enquanto os dis-

tritos mais antigos já possuem alguns dos serviços essenciais como hospital, co-

leta de lixo, saneamento básico, os distritos criados na década de 1980 são ca-

rentes de tais serviços.

Nestes distritos, a verticalização ainda é configurada predominantemente pela

implantação de conjuntos habitacionais produzidos pelo poder público através da

Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB-SP) e pela Compa-

nhia de Desenvolvimento Habitacional do Estado (CDHU), cercados por lotea-

mentos clandestinos com pouca ou nenhuma urbanidade.

Os conjuntos habitacionais (COHAB-SP e CDHU) foram criados na década de

1960 com a justificativa de solucionar o problema do déficit habitacional, o Esta-

do passa a permitir a produção de moradia popular em áreas rurais, afastados

de qualquer rede de infra-estrutura urbana. Pela legislação de uso e ocupação

do solo do município de São Paulo o único uso urbano permitido na zona rural

era para a construção de conjuntos habitacionais o que tornou estes terrenos,

uma reserva de terras de baixo custo da Companhia Municipal de Habitação.

(MARCONDES 1999)

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5.1 Ocupação de São Mateus

A ocupação23 dessa região remonta ao século XIX, com a fazenda de criação de

animais de propriedade de João Francisco da Rocha, no entanto, o processo de

ocupação e urbanização de São Mateus intensifica-se no final da década de 1940,

após a aquisição de uma área de aproximadamente 50 alqueires pelos irmãos

imigrantes italianos Mateo e Salvador Bei.

Segundo consta no Plano Estratégico Regional (PDE) da Subprefeitura de São

Mateus (SEMPLA, 2004) os irmãos Bei tinham como objetivo transformar a regi-

ão de São Mateus em uma área urbana do municipio de São Paulo, distantes das

regiões mais centrais da cidade, tanto que os primeiros loteamentos que foram

vendidos, os compradores ganhavam certa quantidade de material de construção

parar iniciar a edificação das primeiras casas.

A idéia inicial de constituição de uma área urbana nobre na região não prospe-

rou, mas a ocupação começou a se expandir. Essa expansão era fortemente a-

poiada pelo Plano de Avenidas de Prestes Maia e principalmente pela regulamen-

tação do transporte de ônibus, que permitia o deslocamento da região de São

Mateus para as áreas centrais da cidade, tanto que a partir do crescimento das

linhas de ônibus ampliaram-se as:

Condições de acessibilidade às zonas antes inatingíveis, e houve

maior descentralização dos locais de moradia da classe trabalhado-

ra, aumentando-se as distâncias do centro ou simplesmente ocu-

pando-se áreas antes sem acesso por transporte coletivo (SEMPLA,

2004, p.30).

As primeiras linhas de ônibus da região começaram a funcionar no ano de 1950 e

faziam um percurso até a Avenida João XXIII (próximo da Vila Carrão), os itine-

rários dessas linhas de ônibus eram definidos conforme o interesse dos proprie-

23 As informações contidas no relatório sobre o processo de ocupação foram baseadas no Plano Regional Estratégico de São Mateus (Secretaria de Planejamento urbano – Sempla- Série Docu-mentos, 2004) e nos dados existentes no site da Subprefeitura de São Mateus.

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tários de terra e dos loteadores (SEMPLA, 2004, p.26), pois o transporte e em

especial o ônibus sempre foi um importante indutor da ocupação. Além disso,

nesse mesmo período foi promulgada a Lei do Inquilinato (Lei 1.300/50), que por

determinar um congelamento dos valores dos aluguéis acabou contribuindo para:

Que os investidores privados deixassem progressivamente de

construir casas de aluguel para a população de baixa, enquanto in-

tensificou-se a atuação dos loteadores. As soluções habitacionais

para os mais pobres passaram a ser a casa autoconstruída em lo-

teamentos periféricos, ou a favela.(SEMPLA, 2004, p. 115)

Sendo assim o crescimento urbano periférico (LANGEBUNCH, 1968) da cidade de

São Paulo, incluindo a região de São Mateus irá ocorrer “sob a tríade loteamento

periférico – casa própria – autoconstrução” (BONDUKI, 2002, p.281).

Até aproximadamente o início da década de 1960, a região de São Mateus era

predominantemente rural, e com uma ocupação que embora tivesse passado por

um processo de expansão ainda era incipiente (principalmente os distritos de São

Rafael e Iguatemi), sobretudo se comparada com regiões vizinhas como São Mi-

guel Paulista e Itaquera. Será com a instalação da indústria automobilística na

região do ABC e a provável geração de empregos que a ocupação de São Mateus

irá se intensificar. Nesse período os investimentos em obras viárias que facilita-

vam a ligação das regiões paulistana com o ABC, tais como a abertura de um

corredor exclusivo de circulação de trólebus ao longo da avenida Adélia Chohfi e

da Rua Oratório reduziu consideravelmente o tempo de viagem nas ligações com

ABC.(SEMPLA, 2004, p.13), contribuindo para um aumento do fluxo migratório

para a região de São Mateus. No entanto, embora houvesse um investimento do

Estado nas vias de ligação entre algumas regiões periféricas e áreas mais cen-

trais, o mesmo se omitia em relação a expansão dos assentamentos populares

que “cresciam na absoluta irregularidade em relação as leis e códigos que regem

o uso e ocupação do solo na cidade” (ROLNIK, 1999, p.115).

Na década de 1980 o Estado irá realizar as primeiras intervenções em relação ao

fornecimento de habitação, na região de São Mateus, destinadas a população de

baixa renda e que residiam em algumas favelas da região. A primeira delas será

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a construção do Conjunto Pró-Morar Rio Claro e São Francisco ambos localizados

no Distrito de São Rafael e os conjuntos Sítio dos França e a Gleba Carrãozinho

situados no Distrito Iguatemi (SEMPLA, 2004).

O início da década de noventa é um período no qual haverá maior intervenção

por parte da Prefeitura Municipal de São Paulo, nas áreas periféricas e nas fave-

las, com o objetivo de consolidar essas ocupações, sendo assim essa intervenção

ocorrerá tanto por meio de provimento de habitações, como também pela reali-

zação de obras de infra-estrutura.

Na década de noventa o crescimento populacional nos três distritos passará por

um decréscimo, sobretudo a região de São Mateus que terá um crescimento a-

nual (1991 à 2000) de 2,7% ao ano (IBGE, 2000 apud SEMPLA, 2004), já a regi-

ão de Iguatemi e São Rafael embora também apresente um crescimento menor,

suas taxas de crescimento ainda são altas, sendo de 69,9% e 39,2% respecti-

vamente (IBGE, 2000 apud SEMPLA, 2004).

Esse crescimento populacional de ambos os distritos pode ser identificadas pela

ocupação clandestina de áreas públicas e privadas, bem como a ocupação de

mananciais e área de risco tais como o bairro Parque das Flores.

5.2 Subprefeitura de São Mateus - distritos de abrangência

A subprefeitura de São Mateus que abrange uma extensão total de 45, 8 km²,

está localiza-se no extremo leste da cidade de São Paulo e é constituída pelos

Distritos Administrativos de São Mateus, São Rafael e Iguatemi (Mapa 14). Essa

subprefeitura tem como limites territoriais os Municípios de Santo André e Mauá

ao sul, as Subprefeituras Itaquera e Cidade Tiradentes ao norte, a subprefeitura

Aricanduva a Oeste e a leste a Subprefeitura São Mateus faz divisa novamente

com o município de Mauá.

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5.2.1 Distrito Iguatemi

Distante aproximadamente treze quilômetros do centro do município de Santo

André e a 23 quilômetros do centro da capital. A área onde se situa esse distrito,

até o fim da década de 1960, era formada por sítios e chácaras e era conhecida

como Guabirobeira e Iguatemi. Os primeiros loteamentos foram: Vila Eugênia,

Jardim São Gonçalo, Jardim Roseli e Jardim Marilu (abertos em 1965) seguidos

por outros na década de 1970.

5.2.2 Distrito São Mateus

Localizado a aproximadamente 18 km do Centro. Seu território foi loteado a par-

tir de 1948, somente a partir de 1956 teve seu desenvolvimento mais acelerado,

devido ao grande desenvolvimento econômico do ABC Paulista e à forte migração

para São Paulo.. Seu comércio se concentra, sobretudo, em uma das principais

avenidas da região, a Mateo Bei, e conta, inclusive, com diversas agências ban-

cárias.

5.2.3. Distrito São Rafael

É um distrito situado no extremo sudeste do município de São Paulo. Faz divisa

com os distritos de São Mateus e Iguatemi e com os municípios de Mauá e Santo

André. Em linha reta, dista cerca de trinta quilômetros da Praça da Sé, marco-

zero da Cidade de São Paulo. Os bairros mais antigos e conhecidos do distrito

são: o Parque São Rafael, Jardim Vera Cruz, Jardim Buriti, Vila Esther e Jardim

Rodolfo Pirani. Em 2004, de acordo com a Fundação Seade, o distrito tinha uma

população de cerca de 140 mil habitantes. Se o distrito de São Rafael fosse um

município, ele seria um dos 50 mais populosos do estado de São Paulo.

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Mapa 14 - Identificação da região de São Mateus

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

5.3 Aspectos sócio-demográficos

5.3.1 População

Em termos demográficos a região de São Mateus possui, de acordo com os da-

dos do Censo de 2000, uma população de 381.605 habitantes, sendo 154.851 no

distrito de São Mateus, 125.132 em São Rafael e 101.688 no distrito de Iguate-

mi, segundo dados do ultimo censo realizado pelo IBGE.

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99

Em comparação com os dados dos Censos anteriores (1980 e 1991), a população

apresentou significativas mudanças em sua evolução, como podemos perceber

na Tabela 2.

Tabela 2 - População da Região de São Mateus e percentual de distribuição por

distritos - 1980 á 2000

Município e

distritos 1980 1991 1996 2000

São Mateus 53,5%

118.421

50,1%

150.764

45,6%

160.114

40,6%

154.851

São Rafael 31,8%

70.443

29,9%

89.862

28,8%

101.531

32,7%

125.132

Iguatemi 14,7%

32.595

20,0%

59.820

25,5%

89.835

26,6%

101.688

TOTAL 221.459 300.446 351.480 381.671

Fonte: IBGE, Censos 1991 e 2000 e Contagem Populacional 1996.

Observando a tabela percebemos que entre as décadas de 1980 e 1991 a região

de São Mateus teve um aumento populacional 35% e entre 1991 e 2000 o au-

mento foi de 27%, sendo que o crescimento mais significativo foi nos distritos de

São Rafael e Iguatemi, como podemos verificar na Tabela 3.

Outro dado relevante nesta refere-se à distribuição desigual no espaço geográfi-

co. Notamos que a maior parte da população 40,6%, concentra-se no distrito

São Mateus, seguida do distrito São Rafael, com 32,7%, e o distrito Iguatemi,

com 26, 6%. Observa-se que no período em análise, 1980 à 2000, o distrito São

Mateus apresenta, em termos relativos, diminuição constante na concentração

populacional em oposição ao que ocorre com o distrito Iguatemi, que apresenta

elevação nessa concentração.

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Tabela 3 - Crescimento Populacional, Região de São Mateus

Fonte: IBGE, Censo 1980; 1991; 2000.

O reduzido crescimento populacional do distrito São Mateus, verificado na última

década pode ser explicado pelo fato de ser esta a área de ocupação mais antiga

e com uma densa ocupação.

Já com um percentual de crescimento bastante superior (39,2%), o distrito São

Rafael atualmente apresenta ocupação populacional bastante significativa,

125.132 moradores. Cabe notar que esta ocupação em grande medida está as-

sociada ao prolongamento do tecido urbano do distrito São Mateus especialmen-

te em sua porção mais ao sul, encontrando os bairros do Vera Cruz e São Rafael.

Tais bairros situam-se próximos à divisa com os municípios de Mauá e Santo An-

dré. Ainda assim, percebemos que tal percentual de crescimento é bastante su-

perior ao crescimento médio da região de São Mateus, que entre 1991 e 2000

cresceu 27%.

O distrito Iguatemi, com população de 101.688 habitantes aparece a seguir, co-

mo área de ocupação mais recente e ao mesmo tempo com enorme percentual

de crescimento populacional, em torno de 70% no período entre 1991 e 2000. A

ocupação desse distrito ocorreu a partir da continuidade da área urbanizada de

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São Mateus, estendendo-se até sua porção mais à leste e dando origem ao Par-

que Boa Esperança, Jardim Helena entre diversos outros bairros, muitos deles

constituídos nos anos 80 e 90.

5.3.2 Estrutura etária,

Outro aspecto importante para a caracterização da região diz respeito ao conhe-

cimento da estrutura etária da população, conforme dados do censo de 2000 ve-

rificamos que a região de São Mateus apresenta população que se concentra nos

segmentos etários mais jovens. Notamos que 18,1% da população apresentam

idade de 25 a 34 anos, ou seja, cerca de 70.000 pessoas, seguida da faixa entre

15 e 24 anos, 15,2% do total de habitantes, - cerca de 60.000 pessoas. Deve-

mos destacar a considerável porcentagem da população infantil de 0 a 14 anos,

que responde ao total de 112.000 crianças. Tal número já indica a necessidade

de investimentos direcionados à educação infantil e ao combate de todas as for-

mas de exposição destas crianças ao risco pessoal e social.

Tabela 4 -Distribuição da População por faixas etárias, 2000.

Distritos

0 à 6 a-

nos

7 à 14

anos

15 à 24

anos

25 à 34

anos

35 à 44

anos

45 à 54

anos

55 à 64

anos

65 ou

mais

SÃO MA-

TEUS

19.256

22.269

24.069

27.282

23.344

15.828

9.094

7.234

SÃO RAFA-

EL 19.050

19.260

19.895

23.708

17.163

11.150

6.075

3.717

IGUATEMI 15.520

16.860

16.422

18.330

14.878

9.030

4.084

2.337

TOTAL

31.051

58.389

60.386

69.320

55.385

36.008

19.253

13.288

Fonte: IBGE, Censo 2000.

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5.3.3 Aspectos socioeconômicos

Um dos principais problemas identificados na região diz respeito à oferta de em-

pregos e as alternativas de aumento de renda para a população. Os distritos São

Rafael e Iguatemi apresentam algumas semelhanças quanto ao grande número

de pessoas vivendo com renda entre 0 e 3 salários mínimos.

No geral 57% da população do Iguatemi apresentam renda media de 0 a 3 salá-

rios mínimos esse percentual chega a ser 51% no distrito de São Rafael e 41%

no distrito de São Mateus, sendo que neste distrito 9% da população ganha entre

10 e 30 salários mínimos. Estes dados constam no plano regional estratégico -

série documentos.

Em relação oferta de emprego de maneira geral o distrito de São Mateus apre-

senta notável desenvolvimento econômico, esse fato é resultado de algumas

particularidades geográficas e históricas, como a proximidade com a região do

Grande ABC e a distância significativa em relação ao centro da cidade o que im-

pulsionou nas últimas décadas a formação de um comércio local. Nesse sentido a

Avenida Mateo Bei - pólo inicial de formação de toda a região - destaca-se como

área de enorme concentração de comércio tanto formal quanto de ambulantes,

além de serviços.

A diferença na quantidade de estabelecimentos entre os distritos é bastante sig-

nificativa. Enquanto o distrito São Mateus apresenta, pouco mais de 1500 esta-

belecimentos entre comércios e indústrias, os distritos São Rafael e Iguatemi

apresentam respectivamente um total de 262 e 259 estabelecimentos. (SEMPLA,

2004).

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Mapa 15 - Distribuição das indústrias e comércio em São Paulo.

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais − Rais, 2010.

Essa diferença no número de oferta de empregos torna-se ainda mais significan-

te quando comparamos os dados em relação aos demais distritos do município

de São Paulo, o mapa ilustra bem as disparidades.

Um aspecto considerável referente à estrutura econômica da região pode ser a-

preendido através do fenômeno de mulheres chefes de família, as mulheres as-

sumem papel fundamental no sustento da família.

O distrito com maior número de mulheres nesta condição é o distrito São Mateus

apresenta 22,6% do total de domicílios. Em seguida, com 20,7% dos domicílios

aparece o distrito São Rafael e, com 20,4%, o distrito Iguatemi.

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5.4 Áreas rurais e urbanas.

A região de São Mateus apresenta características peculiares que se mostram

contraditórias no que se refere à definição estabelecida em decreto e o que a

observação nos revela. Ao lado das já tradicionais formas de produção e função

das propriedades rurais, como a produção agropecuária, surgem neste território

novas formas de cultivo e uso das pequenas propriedades.

São Mateus é um território diversificado e contraditório, cuja paisagem revela a

presença de indústrias, serviços, via de comunicação e distintos tipos de residên-

cias, inclusive conjuntos habitacionais e aglomerados que parecem favelas, inclu-

sive nas áreas consideradas rurais.

Em pesquisa realizada pelos alunos do curso de geografia da universidade cruzei-

ro do sul, por meio do programa de extensão Universidade solidária em 2007 foi

constatada a presença de várias fabricas localizada em perímetro das zonas Es-

peciais de proteção agrícola.

Os distritos São Rafael e Iguatemi são áreas cujo processo de ocupação e urba-

nização ocorreu de forma bastante irregular. Enquanto bairros como Parque São

Rafael, Jardim Vera Cruz e Jardim Ester encontram áreas relativamente urbani-

zadas, e, cuja ocupação demográfica aparece como continuidade do distrito São

Mateus, por outro lado, bairros como Jardim São Francisco e Jardim Santo An-

dré, e, mais recentemente, o Parque das Flores cujas áreas apresentam gravís-

simas deficiências de infra-estrutura urbana, muitas delas oriundas, como é no-

tório, da rápida ocupação, sobretudo na forma de ocupações irregulares e clan-

destinas.

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5.5 Plano Diretor Estratégico de São Mateus e a questão habitacional

Os Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras constituem partes comple-

mentares do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, conforme dis-

põe o artigo 6º do PDE, e são instrumentos determinantes das ações dos agentes

públicos e privados no território de cada Subprefeitura.

Os Planos Regionais Estratégicos de cada Subprefeitura tem em vista a inclusão

social, em função de sua localização e das articulações inter e intra-urbanas e de

suas especificidades, estabelecendo na sua Política de Desenvolvimento Regional

as interações com o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.

Entre alguns objetivos do PRE São Mateus24 para os denominados elementos in-

tegradores como Habitação e Abastecimento estão:

Habitação:

Reduzir o número de assentamentos, loteamentos e ocupações em situa-

ção de irregularidade;

Melhorar a qualidade de vida dos moradores de áreas periféricas;

Reduzir as situações de risco e de ocupação de áreas com declividade su-

periores a 25% e sujeitas a deslizamentos;

Melhorar a qualidade das moradias e das urbanizações produzidas pela

população organizada e em sistema de autoconstrução;

Conter a ocupação irregular das áreas públicas, de risco, de interesse am-

biental e das áreas inadequadas a ocupação e evitar o adensamento das já ocu-

padas;

Melhorar as condições de habitabilidade dos Distritos de São Rafael e I-

guatemi.

24 Dados obtidos no Plano Regional Estratégico de São Mateus Secretaria de Planejamento urbano – Sempla - Série Documentos, 2004.

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No distrito de São Rafael, foram visitados dois bairros; Jardim São Francisco e

Parque das Flores, ambos com diferenças significativas em relação a habitação. A

proposta de melhoria da qualidade de vida nas regiões periféricas está bem dis-

tante de ser concretizada, visto que o que ocorre nessa área é um processo in-

verso, isto é, há na área um crescimento e uma expansão da ocupação, sobretu-

do no Parque das Flores, a meta de reduzir e inibir as ocupações em áreas de

risco e de interesse ambiental ficou apenas no papel, pois a região, passa por um

processo contínuo de expansão.

Há, no entanto, propostas do PRE que estão sendo colocadas em práticas, como

o processo de urbanização e regularização fundiária do Jardim São Francisco,

ambos o processo são respaldados pelo PDE25 (2002- 2012), que concebeu aos

municípios instrumentos legais possibilitando a implantação desses processos.

Em contrapartida a essas ações que consolidam as ocupações, um processo de

remoção de uma favela localizada na área pela qual passará a Avenida Jacu-

Pêssego/Nova Trabalhadores, contribui para que algumas áreas que ainda estão

desocupadas (tais como as áreas verdes e as áreas de risco) e outras favelas,

acabem sendo habitadas, já que muitas vezes o valor recebido na indenização,

ou da bolsa-aluguel é insuficiente para suprir os gastos com a moradia.

Podemos concluir assim em relação ao PDE que há uma distância entre a política

anunciada e a política que é efetivamente implantada (VILLAÇA, 1986), isto é,

que há uma distância entre o discurso e a prática.

25 Cabe ressaltar que os instrumentos legais utilizados pelo Plano Diretor Estratégico, são contem-plados pela Política Urbana da Constituição Federal (artigos 182 e83), que foi regulamentada pela Lei Federal Estatuto da Cidade (10.257/01).

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6 DETALHAMENTO DA REGIÃO

6.1 PARQUE DAS FLORES

A área denominada ―Parque das Flores‖ é um bairro localizado na zona leste da

cidade de São Paulo, no distrito de São Rafael, na divisa com o distrito de Igua-

temi e município Mauá.

O bairro é o recorte espacial que se fundamenta na noção de pertencimento, do

início da identidade popular e no reconhecimento ente seus moradores e usuá-

rios. Suas características vão além das delimitações e zoneamentos feitos pelos

órgãos institucionais, não sendo um limite administrativo, mas caracterizando-se

por uma determinada paisagem urbana, por um específico conteúdo social e por

uma função (ROSSI, 1995). A paisagem urbana se reflete em suas construções,

como no traçado de suas ruas, ou em seu tipo, idade e estilo. O conteúdo social

se relaciona ao modo de vida e padrão de sua população, enquanto a função está

ligada aos tipos de atividades ali realizadas, como comercial, residencial, indus-

trial, etc. Por ser um bairro novo, que data aproximadamente de vinte anos a-

trás, o Parque das Flores não tem uma delimitação legal, sendo demarcado es-

pacialmente por suas ruas, todas com nomes de flores.

Sua paisagem urbana foi e continua sendo caracterizada pela ocupação irregular

em morros e pelo seu crescimento desordenado, tornando-o um perímetro de

autoconstruções, com casas de alvenaria e comércio dos próprios moradores que

antecedem a vinda de infra-estruturas urbanas, como pavimentação, esgoto e

iluminação pública.

O conteúdo social é caracterizado por pessoas de baixa escolaridade, que vivem

e se relacionam entre si através do comércio e das vizinhanças, de maneira pró-

xima e informal. Nota-se que a população feminina, de 45 a 60 anos, é maio-

ria26.

De acordo com as pesquisas realizadas, esta maior parte da população é caracte-

rizada por pessoas aposentadas e donas de casa. O bairro desempenha uma fun-

26 Questionários aplicados pelos alunos do curso de Geografia da Universidade Cruzeiro do Sul, em abril de 2010.

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ção residencial, com pequenos comércios, como bares, lojas de roupas e mercea-

rias, construídos próximos às residências de seus donos ou até mesmo no andar

inferior das casas.

A intensificação de sua ocupação data, aproximadamente, do início da década de

1990, como ilustra o Mapa 16 a seguir:

Mapa 16 - Ocupação do Parque das Flores, 1994

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Conforme mostra o mapa, o terreno que se tornaria Parque das Flores foi dividi-

do em lotes, perceptíveis pelos traçados geométricos. De acordo entrevista reali-

zada com o Sr. Isaltino Augusto do Nascimento, funcionário da Subprefeitura de

São Mateus; após os anos noventa, de forma irregular, uma associação loteou e

vendeu terrenos da região com contratos sem a autorização da Prefeitura de São

Paulo, sendo a maioria destes terrenos pertencentes à COHAB - Companhia Me-

tropolitana de Habitação.

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Os moradores não são proprietários legais, porém esta ocupação se legitima ca-

da vez mais pelo poder público, como um recurso para a regularização destas

áreas para que se possa levar a infra-estrutura necessária. A parcela das terras

que não pertencia à COAHB era de proprietários particulares, que, por não rei-

vindicarem a reintegração de posse, foi convertida à regularização.

Hoje, a área passa por um processo de regularização fundiária e urbanística a-

través do Programa de Regularização de Loteamentos do Departamento de Re-

gularização do Solo (RESOLO), da Secretaria Municipal de Habitação de São Pau-

lo. Este processo objetiva a regularização urbanística e fundiária dos loteamentos

irregulares implantados no município. Dentre as principais obras a serem execu-

tadas, encontram-se pavimentação, rede coletora de esgoto, rede de drenagem,

muros de contenção, canalização de córrego, paisagismo e remoção de moradias

em risco e/ou com interferência em obras. (SEHAB, 2010).

Devido à exclusão das classes sociais pobres do centro das cidades em decorrên-

cia da valorização imobiliária gerada pelos grupos hegemônicos da economia, há

o aumento da procura por áreas mais periféricas, por terem menor valor imobili-

ário. Estas áreas, geralmente, são menos amparadas por infra-estruturas urba-

nas, como saúde, habitação, saneamento e escolas. O distrito de São Rafael está

localizado no extremo leste da capital. Assim como em seus outros bairros, o

Parque das Flores também teve sua ocupação marcada por estas classes sociais

que foram empurradas do centro. A ocupação humana ainda vem ocorrendo de

maneira desordenada e acelerada e mantendo as características de favela, es-

sencialmente pela irregularidade na propriedade de terras.

Por meio de questionários aplicados aos moradores, dentre as principais causas

do deslocamento da população para o Parque das Flores, apontam-se respecti-

vamente, a busca por moradia, a vinda para ficar perto dos familiares e a oferta

de emprego em suas adjacências. A maioria são pessoas vêm dos estados da

Bahia e São Paulo, como aponta o Gráfico 2.

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Gráfico 2 - Origem dos Habitantes do Parque das Flores

De acordo com o mapa a seguir, podemos comparar o crescimento de sua man-

cha urbana desde 1994, em que nota-se o adensamento de sua área construída

em detrimento de suas áreas verdes, notando também o desaparecimento das

delimitações de lotes da década de 90 (Mapa 17).

Mapa 17 - Ocupação do Parque das Flores, 2007

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De acordo com o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus,

que compreende os distritos de São Mateus, São Rafael e Iguatemi, a área do

parque das flores é considerada como zona mista de proteção ambiental e tam-

bém como zona especial de interesse social, ou seja, ao mesmo tempo em que

se destina a implantação de usos residenciais e não residenciais, como comércio,

serviços e indústria concomitantes, segundo critérios gerais de compatibilidade

de incômodo e qualidade ambiental, ela é destinada prioritariamente à recupera-

ção urbanística, à regularização fundiária e à produção de habitações de interes-

se social ou do mercado popular27.

O bairro, mesmo ainda estando em processo de regularização, é amparado por

uma infra-estrutura urbana básica de iluminação pública, coleta de lixo, serviços

de telefonia fixa e celular e água tratada pela SABESP - empresa de responsável

pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 366 municípios do

Estado de São Paulo (SABESP, 2010). Contudo, apresenta sérias deficiências,

conforme observado em pesquisas de campo na região:

A grande quantidade de lixo concentrada ao longo das ruas e no entorno do cór-

rego Caaguaçu representa a problemática na coleta de lixo, e possivelmente a

falta de conscientização das pessoas da região (Figura 51).

Figura 51 - Lixo nas Ruas, Parque das Flores

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

27 Definições contidas no Plano Diretor Estratégico de São Paulo e no mapa 04, anexo do Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus.

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O esgoto é despejado sem nenhum tratamento no córrego Caaguaçu, sendo este

cercado por lixo e entulhos (Figura 52).

Figura 52 - Esgoto sem tratamento, Parque das Flores

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Da esquerda para a direita, primeiramente um encanamento de esgoto, há apro-

ximadamente três metros do chão, sendo despejado na rua sem qualquer trata-

mento. Nas duas fotos seguintes, percebe-se que o córrego que deságua no rio

Caaguaçú tem suas margens envoltas por uma pequena mata ciliar e por grande

ação antrópica. Sua área de proteção permanente não é respeitada, em suas

margens há moradias e grande quantidade de entulhos.

Ainda de acordo com os questionários aplicados, o córrego não é canalizado ou

retificado e representa um problema para a população local, principalmente pela

proliferação de pragas urbanas, mau cheiro, por ter se tornado um esgoto a céu

aberto e por transbordar. Nota-se que os moradores não têm a consciência de

sua preservação, preferindo que fosse canalizado.

A falta de pavimentação das ruas caracteriza um dos maiores impasses para os

moradores, que sofrem diariamente com suas formas acidentadas e inclinadas

(Figura 53).

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Figura 53 - Arruamento Irregular, Parque das Flores

Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

A geomorfologia da área é caracterizada por morros íngremes, propiciando es-

corregamentos. Por não haver o devido tratamento no solo e por não estar im-

permeabilizado através da pavimentação, se torna mais suscetível à percolação

da água e conseqüente desestabilidade do terreno, podendo causar graves aci-

dentes como deslizamentos. O padrão de habitação, com casas encostadas umas

nas outras, agrava a situação por estar mais sujeito a desmoronamentos em sé-

rie.

- Não há escolas de ensino fundamental (ciclo II) e médio, contando apenas com

uma EMEI (Escola Municipal de Ensino Infantil);

- Devido às dificuldades de acesso, a população enfrenta grande tempo de espe-

ra por transporte coletivo para deslocamento aos outros bairros;

- Os moradores afirmam que não há segurança pública;

- O hospital mais próximo é o Hospital São Mateus, que se localiza no distrito de

São Mateus;

- A área verde mais próxima, o Parque do Carmo, localiza-se no distrito de Ita-

quera, sendo o mais freqüentado pelos moradores;

- Há pouca oferta de emprego na região, com o predomínio bares, mercearias e

pequenos comércios de moradores.

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A história do Parque das Flores vem sendo escrita através de seus moradores,

que enfrentam problemas diários com a falta de infra-estrutura urbana, e seu

modo de lutar por melhorias é através de lideranças comunitárias, que represen-

tam os moradores junto ao poder público. Através de reuniões comunitárias, são

levantados os pontos principais que a comunidade julga prioritários para trans-

formações. Estes líderes são pessoas da própria comunidade, que se voluntariam

para buscar soluções a estes problemas e fazer as mediações entre moradores e

subprefeitura.

Atualmente, a Associação Comunitária Esportiva Unidos São Jorge conta com

mais de um representante, um deles, o senhor Francisco da Silva Bezerra, enga-

jado politicamente, trabalha junto ao vereador Francisco Chagas, e hoje luta pe-

las questões ambientais e sociais da comunidade. A senhora Maria Bonfim é ou-

tra importante líder comunitária, que atua por uma associação da Igreja Católica,

a Nossa Senhora Aparecida. O fator comum entre as lideranças é o constante

confronto com os impasses burocráticos, que tornam lentas a autorização de to-

das as obras.

Conclui-se que o bairro está em crescente expansão e luta constantemente por

melhorias. Nota-se que o poder público já tomou ciência da importância do bairro

para a região e seus moradores e está atuando primeiramente para sua regulari-

zação do Parque das Flores para que sejam viáveis as obras de infra-estrutura

urbana.

6.2 JARDIM SÃO FRANCISCO

O Jardim São Francisco está localizado na zona leste da cidade de São Paulo, no

distrito de São Rafael, próximo à divisa com a cidade de Mauá. O acesso principal

ao bairro é feito a partir do Largo de São Mateus pela avenida Sapopempa, e a-

venida Rodolfo Pirani a oeste, rua Bandeira do Aracambi ao sul, e a leste pela

avenida dos Sertanistas.

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Mapa 18 - Subprefeituras e

seus respectivos distritos, Mu-nicípio de São Paulo

Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakasu, 2010.

O bairro é cortado a leste pelo córrego Caaguaçu, e ainda dentro dos limites do

bairro a oeste, a cerca de 200 metros das moradias avista-se o antigo aterro Sa-

popemba, realizado sem controle sanitário, hoje desativado, ainda carece da e-

xecução do projeto de compensação ambiental.

Projetado pelo poder público para ser o depósito de lixo da cidade de São Paulo,

com a instalação, de dois aterros, o Sapopemba em 1979, e depois o Sítio São

João em 1992, o distrito onde está situado o Jardim São Francisco é o segundo

mais populoso da região. O São Rafael com 170.193 habitantes atrás de Iguate-

mi com 173.082 e em último São Mateus com 150.294 habitantes compõe a re-

gião com uma das maiores densidades populacionais da cidade. (Plano Regional

Estratégico da Cidade de São Paulo, 2004).

Considerado o terceiro maior assentamento em condições precárias do municí-

pio, o São Francisco Global possui aproximadamente 15 mil famílias em

1.780.000 m2, e é a maior comunidade da

zona leste segundo a Prefeitura da Cidade.

O distrito de São Rafael faz divisa com os dis-

tritos de São Mateus e Iguatemi e, com os

municípios de Mauá ao sul, e Santo André a

oeste. Localiza-se há cerca de trinta quilôme-

tros da Praça da Sé, e é administrada pela

subprefeitura de São Mateus.

No Mapa 18 do município de São Paulo, des-

tacamos no extremo sudeste da zona leste a

localização dos distritos da subprefeitura de

São Mateus, composto por São Mateus e I-

guatemi, e em destaque São Rafael, distrito

que abriga o bairro Jardim São Francisco.

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6.2.1 História do Bairro

O bairro Jardim São Francisco teve origem numa gleba de terras localizada na

estrada Adutora de Rio Claro, km 26/27 da avenida Sapopemba, a gleba 3 da

Fazenda do Oratório, com 1.763.856 m2, no Jardim Rodolfo Pirani, expropriadas

no ano de 197928, constituía-se, portanto de uma área rural.

Cedidas em 1986 pela Prefeitura do Município de São Paulo para a administração

da SEHAB - Secretaria de Habitação, e dada permissão de uso à COHAB - Com-

panhia Metropolitana de Habitação, através do decreto Lei nº 21.246 de

26/08/85, essa área foi dividida em quatro partes. Duas, uma de 337.375 m2 e

outra de 226.000m2 foram destinadas à LIMPURB (Departamento de Limpeza

Urbana) para o aterro sanitário, e ao projeto de incinerador; respectivamente, e

382.089m2 para a construção do Conjunto Habitacional PROMORAR Rio Claro pe-

la COHAB, e 818.392 m2 para o Plano de Uso e Ocupação e Conjuntos Habitacio-

nais do SEHAB/HABI - Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urba-

no/Superintendência de Habitação Popular.

Conforme Relatório de Gestão 1989/1992 da Administração Regional da Penha e

São Mateus, certificamo-nos que o adensamento dessa distante região, ocorreu

pela expulsão de uma parcela da população de baixa renda da Moóca, um lugar

melhor atendido por serviços públicos e equipamentos comunitários, causando a

segregação sócio-espacial destes.

As associações de moradores que estão sendo atendidas pela

construção de habitações na gleba São Francisco são constituídas

de famílias provenientes de vários bairros da região da Mooca que

se depararam com problemas habitacionais emergentes por se

encontrarem em situação de despejo e sem condições de assumi-

rem o alto valor dos alugueis. (SEHAB/HABI, volume III).

28 Dados constantes em Termo de Transferência de Administração de Imóvel Municipal, da Secreta-ria dos Negócios Jurídicos, processo nº 10.007.415-84.12.

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Ainda segundo esse relatório, os conjuntos habitacionais que seriam construídos

no São Francisco atenderiam a demanda de 5.000 famílias, que ocuparam diver-

sas áreas entre eles a Fazenda da Juta, e até uma área de risco pertencente à

Eletropaulo, cedida temporariamente por este motivo.

Assim a ocupação dessa área do município é um exemplo de uso irracional do

solo, pois tratava-se de uma região totalmente desprovida de infra-estrutura de

equipamentos e serviços públicos comunitários que atendessem as necessidades

dessa população, distante das regiões providas de infra-estrutura e serviços, e

conseqüentemente agravaram a segregação sócio-espacial dessa comunidade.

Desde então a área inserida no Programa Habitacional de Interesse Social, desti-

nada ao uso para fins de construção de habitação para população de baixa ren-

da, sofreu diversos processos, seja de ocupação por favelas, clube de futebol,

construção de conjuntos habitacionais como o Rio Claro e o São Francisco, lote-

amentos irregulares entre outros.

6.2 ASPECTOS SÓCIO-AMBIENTAIS

Percebemos claramente que o crescimento da urbanização na região do distrito

de São Rafael passa por um momento de rápida transformação do uso do solo de

usos rurais em urbanos, e ocorre o início da valorização da terra, que deixou de

ser vendida em hectares e passou a ser vendida em metros quadrados.

Essa condição pode ser constatada na recente pesquisa de campo realizada no

São Francisco, pela equipe Unicsul quando um morador relatou sobre a recente

valorização imobiliária, de casas que valiam R$ 20 mil reais, e com o início das

obras da Jacu-Pêssego passaram a valer R$ 60 mil.

Por outro lado, em contraposição à indução do uso e ocupação do solo, quando a

Prefeitura assentou famílias de baixa renda naquela região, vem despendendo

altos recursos para levar infra-estrutura, serviços e equipamentos urbanos àque-

le distrito.

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Na análise do mapa de uso e ocupação da subprefeitura de São Mateus (Mapa19)

verificamos que a área do Jardim São Francisco está totalmente circunscrita nas

ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) 1 e 2, e ZCPa (Zona de Centralidade

Polar) em cerca de 60% de sua área no mapa de uso e ocupação, e uma peque-

na área na ZEPAM (Zona Especial de Proteção Ambiental), exceto a área do ater-

ro Sapopemba.

Além disso, parte do distrito São Rafael, assim como o bairro Jardim São Fran-

cisco está contida na Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, segundo

o Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo.

O Plano Regional Estratégico estabelece ainda o direito de preempção29 nas áreas

de ZEIS 2, instrumento que viabiliza a realização dos projetos de intervenção

AIU (Área de Intervenção Urbana), das Operações Urbanas Consorciadas, Rio

Verde-Jacu, o prolongamento da Av. Nova Trabalhadores, a Operação Urbana

Jacu-Pêssego, os Projetos de Intervenção Urbana Estratégicos, além da implan-

tação do Parque Central de São Mateus 1, 2, 3 e 4, entre outros objetivos previs-

tos no Plano Regional Estratégico.

29 O direito de preempção é um instrumento que confere, ao poder público municipal, preferência para a compra de imóvel urbano, respeitado seu valor no mercado imobiliário, e antes que o imó-vel de interesse seja comercializado entre particulares. Permite, também, a aquisição de áreas para a construção de habitações populares, atendendo a uma demanda social, bem como para a

implantação de atividades destinadas ao lazer e recreação coletivos, como, por exemplo, parques, ou mesmo para a realização de obras públicas de interesse geral da cidade. Fonte: Decreto nº 42.873, de 19 de Fevereiro de 2003. Regulamenta o exercício do direito de preempção pela Prefei-tura Municipal de São Paulo, nos termos dos artigos 204 a 208 da Lei nº 13.430, de 13 de setem-bro de 2002, que aprovou o Plano Diretor Estratégico.

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Mapa 19 - Uso e Ocupação do Solo, Região de São Mateus

Fonte: Sempla, 2004. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu.

Quanto à população podemos verificar na tabela 1 que dos mais de 380 mil habi-

tantes, da região que compreende os distritos formados pela subprefeitura de

São Mateus correspondentes a 3,62% da população total da cidade de São Paulo,

40,6% estão no distrito São Mateus, 32,7% no distrito de São Rafael e 26,6% no

distrito de Iguatemi, segundo dados do censo 2000 do IBGE, compilados no Pla-

no Regional Estratégico 2004, da subprefeitura de São Mateus30.

Assim o distrito de São Rafael passou de 70.443 para 89.862 habitantes na dé-

cada de 80 para 90, representando crescimento populacional em torno de 27%,

e na década de 90 para 2000 cresceu quase 40%, passando de 125 mil habitan-

tes. Esse crescimento está associado ao prolongamento do tecido urbano de São

Mateus na porção sul, junto aos bairros do Vera Cruz e São Rafael situados em

áreas com fácil acesso ao corredor de trólebus e próximos à divisa com os muni-

cípios de Mauá e Santo André.

30 As informações referentes aos processos de ocupação e dados populacionais foram baseadas no Plano Regional Estratégico de São Mateus (Secretaria de Planejamento Urbano – Sempla- Série Documentos, 2004) e nos dados do site da subprefeitura de São Mateus.

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Tabela 5 - População da Região de São Mateus, 1950 - 2000

Subprefeitura

São Mateus

População

Distritos 1950 1960 1970 1980 1991 2000

Iguatemi 1.695 3.882 15.620 32.595 59.820 101.780

São Mateus 25.106 47.833 86.045 118.421 150.764 154.850

São Rafael 2.785 6.107 32.751 70.443 89.862 125.088

Total 29.586 57.822 134.416 221.459 300.446 381.718

Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu.

Quanto ao desenvolvimento sócio-econômico, um dos principais problemas na

região está relacionado à oferta de empregos e às alternativas de aumento de

renda, que refletem-se na ocupação do espaço e na qualidade de vida e de mo-

radia daquela população.

A renda média da região de São Mateus está em torno de R$ 907,51, correspon-

dente somente à 55% da renda familiar média da cidade de São Paulo de R$

1.646,25. Mas conforme dados da tabela 2, podemos verificar que no distrito de

São Rafael cerca de 51% da população vive com uma renda familiar muito baixa,

de até 3 salários mínimos.

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Tabela 6 - Renda Média da População da Região de São Mateus

Renda Média da População dos distritos da Subprefeitura de São Ma-

teus

Distritos Domicílios(*) Até 3 SM 3 a 5 SM 5 a 10 20 SM

101.120 31.401 21.488 29.239 14.673

Iguatemi 26.025 9.238 6.273 7.469 2.485

São Mateus 41.980 10.774 7.786 12.339 8.330

São Rafael 33.114 11.388 7.430 9.432 3.857

Fonte: Sempla (*) Total de domicílios MSP: Base amostra Censo IBGE 2000. Domicílios por faixa

de rendimento em salários mínimos. Adaptado por: Cecília Keiko Kakazu

Quanto à oferta de empregos em São Mateus, como na maioria das áreas perifé-

ricas, observa-se um padrão de subemprego ou empregos informais. Com dados

apurados em entrevistas realizadas por alunos da Universidade Cruzeiro do Sul

com 41 moradores do Jardim São Francisco podemos verificar no Gráfico 3, uma

pequena amostra da situação dos moradores do bairro. Do total de entrevista-

dos, 22% das pessoas afirmaram que fazem bico, ou trabalham por conta, indi-

cando a precariedade do mercado de trabalho na região. Esse dado pode ser re-

flexo dos baixos índices salariais da população apontada na tabela 6.

O abastecimento de água e energia elétrica segundo o Plano Regional Estratégico

atende mais de 95% dos domicílios e os moradores entrevistados consideraram

bons esses serviços. Ao contrário da oferta de equipamentos públicos comunitá-

rios como parques e quadras de esportes praticamente quase inexistentes no

bairro.

O comércio é outro fator de insatisfação dos moradores, há pouca oferta de es-

tabelecimentos comerciais, eles reclamam a falta de supermercados, banco e

lotéricas para efetuarem seus pagamentos e outros serviços.

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A segurança pública é bem precária, considerada ruim pelos moradores, assim

como os serviços hospitalares inexistentes no bairro, e as oportunidades de em-

prego idem.

Não há parques e áreas de lazer para a comunidade que reclama a falta de espa-

ços para as crianças brincarem, além de quadra de esportes e áreas verdes. A

iluminação pública também é precária, faltando em muitas ruas, agravando a

questão da segurança.

Gráfico 3 - PEA31 e Não PEA, Jardim São Francisco

Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.

A precariedade da malha viária contribui para o isolamento da população dessas

áreas, e o transporte coletivo é considerado regular porque são poucas as linhas

que atendem a região, obrigando os moradores caminharem muito para pegar

31 População Economicamente Ativa.

5%

6%

17%

6%

22%

36%

8% 0%

Ocupação Principal dos Moradores do Jardim São Francisco

Assalariado Registrado ou Funcionário Público

Assalariado sem Registro

Autônomo Regular ou Profissional Liberal

Empregador

Free lancer, bico, trabalha por conta

Estudante, aposentado ou dona-de-casa

Desempregado, procurando emprego

Desempregado, NÃO procura emprego

Grafico 1: Ocupação PrincipalFonte: Equipe UnicsulElaborado por: Cecilia Keiko Kakazu

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um ônibus. O predomínio do uso habitacional nessa região cria um movimento

pendular bairro-centro, saturando o transporte público nos horários de pico.

Quanto à educação infantil o índice há falta de vagas, para atender a demanda e

segundo a população ouvida poucas são as escolas, para atender satisfatoria-

mente as crianças em idade escolar.

6.2.1 Habitação

A questão da moradia e habitação nesta região é senão o mais importante, um

dos fatores mais significativos desta região. A pesquisa da Equipe Unicsul revelou

que 35% dos habitantes do Jardim São Francisco vieram para a região em busca

de moradia, como mostra o gráfico 4.

Gráfico 4 - Motivo da Vinda à Região do Jardim São Francisco

Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.

3

9

10

19

2

13

12

10

2

Motivo da Vinda à Região

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O Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus 2004 aponta a e-

xistência até o ano de 2002, de 43 favelas, além de 51 loteamentos irregulares

nos seus três distritos. Agravando essa situação 47 núcleos habitacionais estão

instalados em situação de risco, como enchentes e alagamentos, que atingem a

maioria das moradias. Desse total, 28 encontram-se no distrito de Iguatemi, 15

no São Mateus e 4 no distrito de São Rafael.

Projetada pelo poder público para abrigar o lixo da cidade, como atesta a instala-

ção dos aterros sanitários Sapopemba em 1979, e do Sítio São João em 1992, a

região foi concomitantemente destinada à instalação de habitação de interesse

social.

Segundo informações contidas na publicação Urbanização de Favelas da Secreta-

ria de Habitação (2008) a partir de 1985, convênios entre Prefeitura e Associa-

ções Comunitárias resultaram na construção de 1.299 unidades em lotes utiliza-

dos no Programa Promorar, na área junto à avenida Sapopemba.

Em 1993 e 2001, foram construídas 1.336 unidades habitacionais no âmbito do

Programa de Verticalização (Prover). Os núcleos A e 5B foram ocupados por lo-

teamentos irregulares, mas que mantiveram certa organização de arruamento e

distribuição de lotes. Em 2003 e 2004, nos núcleos 5B e 1A foram concluídas to-

das as obras de infra-estrutura.

A Figura 54, a seguir, serve como de exemplo de conjuntos habitacionais cons-

truídos no Jardim São Francisco, o primeiro com casas de arquitetura diferencia-

da, construídas em mutirão, no governo Erundina e segundo moradores entrevis-

tados ainda não escriturados com registro de posse. O segundo é do Prover -

Programa de Verticalização, são dois dentre muitos dos conjuntos habitacionais

construídos em diferentes épocas por várias administrações públicas no bairro.

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Figura 54 - Casas de Mutirão e Conjuntos Habitacionais

Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.

A Figura 55 referente à gleba São Francisco nos dá uma idéia da dimensão das

necessidades habitacionais da cidade. São croquis da maior área de habitação de

interesse social do bairro.

Figura 55 - Gleba São Francisco

Fonte: Catarina Troiano, 2010.

O São Francisco Global é o maior núcleo de favelas segundo dados do Habisp

(Sistema de Informações para Habitação Social na Cidade de São Paulo) da Su-

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perintendência da Habitação Popular (HABI) da Secretaria de Habitação. Dados

que registramos a seguir.

Localizada num terreno de propriedade municipal, a ocupação teve início em

1992, e tem 4.102 domicílios. Não possui nenhuma alça de acesso, e também

não apresenta áreas contaminadas, ou outro fator de risco. Está provida em

100% de abastecimento de água e rede elétrica nos domicílios, além de 80% de

iluminação pública, e, 50% de esgotamento sanitário, 8 vias pavimentadas e ne-

nhum sistema de drenagem pluvial. A situação fundiária carece de regularização

e, apresenta ainda em seu perímetro 11 favelas-filha que se fundirão a esta.

Segundo a Secretaria de Habitação, entre 2006 e 2009, foram realizadas as o-

bras de urbanização de alguns desses núcleos. No Núcleo A foram construídas

88 unidades habitacionais, além da execução de infra-estrutura, e cerca de 700

famílias foram beneficiadas. Os núcleos B e C apresentam uma ocupação desor-

ganizada, com áreas de risco e sujeitas a inundações.

Várias áreas de ocupação espontânea surgem e preenchem vazios existentes

entre os vários empreendimentos promovidos pela Prefeitura como o Promorar, e

os conjuntos Prover (núcleos D, F, E) entre outros. No núcleo F (denominada

Gaspar Madeira), os lotes foram regularizados, em 2004 por meio de títulos de

concessão de uso especial para fins de moradia, porém o núcleo ainda não foi

urbanizado.

No São Francisco Global, numa área de intervenção de 716.930m2, foram cons-

truídas 900 unidades habitacionais, beneficiando 7.574 famílias. Mais de

80.000m2 de vias foram pavimentadas, além da instalação de redes de água e

esgoto, rede de água pluvial e canalização de córregos com recursos da Prefeitu-

ra da Cidade de São Paulo e da Caixa Econômica Federal.

Apesar desses empreendimentos imobiliários o que parece predominar ainda na

região são as moradias auto-construídas (Figuras 56).

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Figura 56 - Auto-construção, Jardim São Francisco

Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.

Atualmente a obra do Jacu-Pêssego que interligará o rodoanel viário Trecho Sul

está em pleno andamento e conforme moradores das proximidades entrevista-

dos, é um fator de incômodo, pois os caminhões transitam até altas horas per-

turbando o sono dos moradores. Além da poluição sonora com o barulho dos ca-

minhões, tratores e outras máquinas, a poluição do ar com poeira causa alergias

e problemas respiratórios. A Figuras 57 mostra o canteiro de obras da constru-

ção.

Figuras 57 - Obras da expansão da Av. Jacu-Pêssego

Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.

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6.3 Para entender o Jardim São Francisco

O bairro Jardim São Francisco se analisados segundo os dados da HABISP, pode

ser considerado um aglomerado de favelas e loteamentos irregulares, um indica-

tivo do déficit habitacional para a população de baixa renda na cidade de São

Paulo.

Ambientalmente a população do distrito de São Rafael sofreu com a poluição do

ar e os incômodos causados pelos aterros, hoje desativados. Atualmente a obra

do Jacu-Pêssego tem causado um impacto na vida de muitos moradores atingi-

dos principalmente pela desapropriação para o traçado da obra. As famílias re-

movidas recebem uma bolsa-aluguel e aguardam na esperança de receber um

imóvel construído pelo poder público.

A construção do Jacú-Pêssego, um fixo que atenderá as necessidades de fluidez

para a circulação de mercadorias vem causando a valorização imobiliária, que

pode levar a expulsão de muitas famílias para áreas ainda mais periféricas, ou

para os municípios vizinhos em busca de moradia mais barata.

O maior problema das ocupações em relação aos serviços públicos é a falta de

pólos centralizadores geradores de empregos na região, e a infra-estrutura de

saneamento básico para a população, de transporte coletivo, e outros equipa-

mentos urbanísticos para uma qualidade de vida mais digna para o exercício da

cidadania. A pesquisa empírica e o contato com os moradores foram fundamen-

tais para o conhecimento da problemática da expansão urbana e da falta de mo-

radias. Para uma melhor análise desse tema, necessitamos de um aprofunda-

mento e revisão teórica que não foram possíveis neste momento, além de novas

pesquisas para a melhor apreensão da realidade desses assentamentos na peri-

feria da cidade de são Paulo.

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129

7 INFRAESTRUTURA

7.1 TRANSPORTE

No presente relatório, vamos tentar estruturar de forma didática como são defi-

nidas as questões sobre o transporte na região da Subprefeitura de São Mateus,

com isso, procuramos discorrer sobre o que há na legislação vigente, o Plano

Diretor Estratégico e o Plano Diretor Regional de São Mateus. Em seguida disser-

taremos e tentaremos esclarecer o que conseguimos identificar nas pesquisas

feitas. E por fim, faremos uma pequena discussão conclusiva.

7.1. Base Legal

Na Lei 13.430/2002, na Seção II, Subseção III, o Plano Diretor Estratégico de

São Paulo, temos as disposições referentes a circulação viária e os transportes

para o município de São Paulo.

No artigo 82 encontramos os objetivos a serem cumpridos no sistema viário tais

como a garantia de melhorias nos deslocamentos inter e intraurbanos que aten-

dam as necessidades das populações; priorizar o transporte coletivo ao individu-

al, tornando-o mais abrangente e funcional, principalmente em áreas de urbani-

zação incompleta; incentivar a acessibilidade e mobilidade da população de baixa

renda, de portadores de deficiências, idosos e crianças; reduzir impactos ambi-

entais e sobre a circulação de pessoas; e por fim, garantir o abastecimento e es-

coamento de mercadorias no município de São Paulo.

Já no artigo 83, encontramos as diretrizes para o sistema viário. Nesse sentido,

propõe-se a articulação de todos os meios de transporte para operarem em rede

única metropolitana, integrando a estrutura física e operacional; dar ênfase na

priorização da opção pelo transporte coletivo ao individual; adequar a oferta de

transporte à demanda necessária, construindo uma requalificação dos espaços

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urbanos e fortalecimento dos centros de bairros; e com isso o tratar as vias da

rede estrutural garantindo a preservação das diversas especificidades de patri-

mônios; incentivar o uso de tecnologias limpas veiculares vinculadas a ampliação

da rede estrutural de transporte coletivo, especialmente metroviária; a adequa-

ção da legislação existente com as diretrizes estabelecidas nesse Plano Diretor; e

outras definições que não são interessantes a nossa pesquisa.

Foram propostas ações estratégicas da política de Circulação Viária e de Trans-

portes, pelo artigo 84, da mesma lei, em que sugere e define como meta a im-

plantação da Rede Integrada de Transporte Publico Coletivo, integrando rede

metroviária e o sistema municipal de ônibus; implantar o bilhete único com obje-

tivo de integração tarifária e eletrônica; a implantação de corredores de ônibus e

faixas exclusivas, e ainda nos horários de máximo movimento nas vias, corredo-

res apenas para o funcionamento de ônibus, mesmo que não exista uma faixa

exclusiva; a implantação de tarifas mais atrativas aos usuários de automóvel,

para o uso do transporte coletivo; a adaptação de logradouros e as frotas de

transportes coletivos para atender as necessidades de grupos específicos, como

idosos, portadores de deficiências e crianças; implantação de semáforos sonoros;

regulamentação da circulação de ônibus fretados.

Ainda nesse artigo, a implantação de novas vias e melhoramentos viários faz

parte das estratégias, assim como que se estabeleça programas de recuperação

e conservação esse sistema; a implantação de novas linhas dos Metrô bem como

da revitalização das linhas ferroviárias para transporte de passageiros ajudando

a viabilizar os investimentos com a definição de Operações Urbanas Consorciadas

ou Áreas de Intervenção Urbana no entorno dos projetos; e outras definições

relativas a aeroportos.

A Lei 13.885/2004 estabelece normas complementares ao Plano Diretor Estraté-

gicos instituindo os Planos Regionais Estratégicos das Subprefeitura e neste caso,

o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus, no artigo 4º esta-

belece elementos estruturadores e integradores como parte da urbanização da

Subprefeitura de São Mateus, com isso cria-se políticas complementares sobre a

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circulação e o sistema viário especificamente dos distritos da Subprefeitura de

São Mateus. Nesse caso, são dispostas em três momentos as especificidades da

região. A seguir vamos relatar cada uma dessas especificidades.

O Artigo 7º da mesma Lei, confere a Rede Viária e Estrutural seus principais ob-

jetivos, ou seja, aumentar a segurança e fluidez da circulação de veículos, dimi-

nuir o tempo de viagem de transporte coletivo, melhorar a acessibilidade dos

bairros da região, aumentar a mobilidade da população, a adequação do sistema

viário em área de urbanização imcompleta, melhorar a ligação com os municípios

do ABC e adequar do prolongamento da Avenida Nova Trabalhadores/Jacu-

Pessego. O artigo 9º referente a Rede Estrutural de Transporte Público propõe a

implantação de equipamentos e linhas de transporte coletivo com o objetivo de

reorganizar e integrar diferentes formas de transporte coletivo

Sobre a Rede Estrutural de Eixos e Pólos de Centralidade, o Artigo 10º propõe o

fortalecimento, a consolidação, a qualificação e a hierarquização de centralidades

existentes nessa região, assim como pretende estimular centralidades junto às

vias em que predominam o comercio e serviços. Alem desses fatores, há a pro-

posta do desenvolvimento de centralidades pontuais, estimulando assim, a for-

mação e o desenvolvimento de centralidades secundárias e centros de bairros,

entrando em consonância com o Plano Diretor Estratégico. Ao nosso ver, é possí-

vel observar a centralidade a ser proposta junto à via com a predominância de

comercio e serviços, como é o caso da Avenida Nova Trabalhadores.

7.2. Diagnostico

O presente estudo relatará sobre os sistemas existentes para os distritos que são

atendidos pela Subprefeitura de São Mateus, os projetos que estão em instala-

ção, ou ainda, que estão tramitando as audiências públicas. Identificaremos

também as Operações Urbanas Rio Verde – Jacu, seu objetivos e finalidades e as

linhas metroviárias, corredores e linhas de ônibus que atendem a população dos

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três distritos: São Mateus, Pq São Rafael e Jd Iguatemi, como parte dessa Sub-

prefeitura.

Podemos identificar um corredor metropolitano de ônibus que segue a partir do

Terminal Jabaquara, passa pelo Terminal Diadema, em seguida pelo Terminal

Piraporinha, segue em direção ao Terminal Ferrazópolis e Terminal São Bernar-

do, passa pelo Terminal Santo André, depois pelo Terminal Sonia Maria para fi-

nalmente chegar ao Terminal São Mateus, se observamos o mapa a seguir con-

seguiremos visualizar a rota feita pelo corredor:

Fonte: EMTU, 2010.

Esse terminal de ônibus concentra as viagens que podem ser feitas para a área

central do município e a região metropolitana, podendo encontrar linhas de ôni-

bus que chegam de distritos mais distantes da zona leste, para o Terminal São

Mateus. Partindo desse pressuposto e de questionários aplicados nas áreas do

Jd. São Francisco e do Pq. Das Flores pertencentes à Subprefeitura de São Ma-

teus, entre os meses de março e maio de 2010, pudemos diagnosticar no Jd São

Francisco que na avaliação feita pelos moradores – ótimo, bom, regular, ruim,

péssimo, não sei – fica dividida entra boa e regular a infra-estrutura de transpor-

te coletivo. A situação se agrava na área do Pq das Flores, pois a grande maioria

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dos moradores respondeu ser péssima essa infra-estrutura, não atendendo as

demandas necessárias que o Plano Diretor Estratégico prevê em sua legislação.

O que se pode verificar nas linhas municipais da SPTRANS, responsável pelo

transporte coletivo do município de São Paulo é que em comparação a outros

distritos, a zona leste é muito bem abastecida de linhas de ônibus, para a área

da Subprefeitura de São Mateus, visualizaremos as linhas estruturais, que são

aquelas que distribuem o fluxo do Terminal central de um distrito, no caso o

Terminal São Mateus, em que algumas linhas chegam a levar ao Terminal Prin-

cesa Isabel (linha 309T/22), outras para o Terminal Pq Dom Pedro II (linha

2270/10), por exemplo.

As linhas locais, que pelas pesquisas feitas, são as de maior acesso pela popula-

ção, por conta da integração tarifária, levam do Pq São Rafael ao Shopping Ari-

canduva (linha 3023/10). Outras levam de São Mateus a estação Carrão do me-

trô (3743/10). Porém, para os moradores da região esses transportes ainda são

insuficientes, fato constatado em questionários aplicados na comunidade do Jd

São Francisco, onde o asfaltamento das ruas é evidente, e na comunidade do Pq

das Flores, onde inúmeras ruas ainda não são asfaltas. Em entrevistas com os

moradores, verificamos que não chegam linhas de lotação e ônibus, então muitas

vezes é preciso caminhar cerca de quarenta minutos a uma hora até a área mais

próxima ao Jd São Francisco e Jd Sto André, para conseguirem se locomover

com maior facilidade às áreas centrais.

Com relação à pavimentação das vias de acesso, para o Jd são Francisco a opini-

ão dos moradores se divide entre boa e regular, porém, volta a se agravar no Pq

das Flores, pois para os moradores a qualidade é péssima, ou seja, também não

atende ao que é previsto no Plano diretor Estratégico, quando se refere a requa-

lificação urbana.

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À esquerda, o padrão de ruas no Pq das Flores e à direita, as suas no Pq são

Francisco – Equipe Universidade Cruzeiro do Sul.

Podemos identificar no Pq das Flores que as vias não são pavimentadas, dificul-

tando o acesso, refletindo diretamente no acesso ao transporte coletivo, pois não

há como passar as vans e ônibus em vias totalmente irregulares. No Jd São

Francisco, a situação melhora gradativamente, pois as vias são na maioria pavi-

mentadas, facilitando o acesso do transporte coletivo. Ainda sobre as questões

relacionadas ao transporte, e ao transporte coletivo, segundo respostas adquiri-

das no questionário, os moradores de ambas as localidades aprovam a qualidade

do trânsito nessas áreas.

Finalizado o diagnóstico relativo ao transporte coletivo, vamos abordar outra

questão, tão importante quanto o transporte coletivo, porém de grandes mudan-

ças estruturais, principalmente para a área do Jd são Francisco: As Operações

Urbanas Rio Verde – Jacu. Essa obra tem base segundo a Lei 13.872/2004, e

segundo dados localizados no portal on line da Prefeitura de São Paulo o objetivo

dessas Operações Urbanas é de interligar a região do grande ABC, o Porto de

Santos com as rodovias Airton Senna e Dutra, e o Aeroporto de Guarulhos, atra-

vés da extensão da Avenida Nova Trabalhadores até o Rodoanel Sul. Além dessa

extensão, ainda é objetivo promover a formação e qualificação profissional, as-

sim, criando pólos atrativos economicamente para a geração de empregos.

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Fonte: Portal Prefeitura de São Paulo, 2010

Fonte: Equipe Universidade Cruzeiro do Sul, 2010.

Nesse caso, podemos identificar o que é previsto no Plano Diretor Regional, no

que se refere às centralidades próximas as vias que predominam o comércio. Se

observarmos o mapa de Operações Urbanas, podemos identificar a área 2 como

a área de Operação Urbana Rio Verde – Jacu, é nesse área onde ocorrerão as

intervenções do Estado, ao que se refere o Plano Diretor Estratégico sobre as

áreas onde haverão centralidades próximas as vias, podemos observar o início

das construções da avenida, foto tirada em meados de março de 2010. Segundo

os questionários e conversas informais realizadas, a passagem da Avenida Nova

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Trabalhadores, conhecida como Jacu - Pêssego, terá grande importância, pois

segundo os moradores, poderão vir maior quantidade de supermercados, ban-

cos, mais linhas de ônibus, a facilidade para outras regiões do município será

aumentada, e outras infra-estruturas que sem a passagem, a probabilidade seria

menor, por esses motivos, a passagem da avenida é vista como um evento im-

portante para a comunidade.

Os prognósticos são de geração de renda e empregos, porém apenas com a ins-

talação de todo o Rodoanel, da extensão da Avenida Trabalhadores, será possível

identificar se houve e haverá efetivamente criação de renda e empregos, maior

infra-estrutura no comércios e serviços e no sistema de transporte.

Podemos identificar que as bases legais para o uso e ocupação do solo, e no nos-

so caso, para o sistema de transportes para o município de São Paulo, em espe-

cial para o sistema de transportes na região da Subprefeitura, nos da base para

criar a rede viária com infra-estrutura para atender as demandas da sociedade.

Identificamos que está nos objetivos do PDE a melhoria e ênfase no transporte

coletivo, dando maior acessibilidade as pessoas. E que concomitantemente, a

expansão da Avenida dos Trabalhadores está também ligada as Operações Urba-

nas e de forma muito evidente está transformando o espaço da região, as estru-

turas físicas.

A questão levantada neste relatório é que mesmo com o Plano Diretor Estratégi-

co em vigência, as necessidades das populações moradores das áreas da Sub-

prefeitura de São Mateus não são atendidas de forma satisfatórias à população.

Há um grande contingente de usuários, porém a estrutura que existe hoje não

corresponde a necessária para atendê-los.

Comentando sobre o prolongamento da Avenida Nova Trabalhadores, identifica-

mos ser uma grande obra que poderá criar uma centralidade naquela área e as-

sim podendo incentivar a vinda de grandes investidores econômicos, supermer-

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cados e bancos para a região. Para isso a Prefeitura de São Paulo cria movimen-

tos para incentivo de incubadoras de empresas, criando empregos, segundo o

que consta no seu Portal on line.

Não é possível de se identificar, por hora, se essas Operações Urbanas, com a

extensão da Avenida trabalhadores poderão efetivamente gerar renda e empre-

gos para a comunidade local, pela legislação um dos objetivos é esse, porém a-

inda não houve tempo hábil para que sejam identificados transformações sociais

nessa região da Subprefeitura de São Mateus.

7.3. Equipamentos Públicos

O processo de ocupação do Município de São Paulo se deu a partir da área cen-

tral em direção às zonas mais periféricas da cidade, ocorrendo ao longo do tem-

po um esvaziamento dos bairros centrais e uma periferização dos pobres urbanos

(SEABRA, 2004). As práticas de produção desordenada e irregular do espaço e a

ausência da ação do Estado, no tocante às garantias de cumprimento da legisla-

ção de uso e ocupação do espaço urbano, produziram nas periferias da cidade

um conjunto de bairros onde prevalece uma lógica desorganizada de uso do solo

e uma total precariedade nas condições de vida.

Claro que esse processo de desenvolvimento urbano desordenado e injusto é de

responsabilidade do poder público, responsável pela expulsão da população de

baixa renda das áreas mais centrais, dotadas de toda a infra-estrutura de equi-

pamentos e serviços, para áreas cada vez mais periféricas da cidade de São Pau-

lo (MEYER, 2004).

A região atendida pela Subprefeitura de São Mateus, distritos de Iguatemi, São

Mateus e São Rafael, é precariamente servida por infra-estrutura urbana e sua

população vive na sua grande maioria em moradias precárias e favelas, com in-

suficientes quantidades de escolas, hospitais, postos policiais entre outros equi-

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pamentos urbanos, comprometendo a qualidade de vida, a mobilidade e o acesso

da população aos serviços e ao mercado de trabalho.

De acordo com o Estatuto das Cidades, lei 10.257 de 10/07/2001, (BRASIL,

2001) a política urbana deveria garantir ―o direito à terra urbana, à moradia, ao

saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços

públicos, ao trabalho e ao lazer‖. O Plano Diretor Estratégico do Município de

São Paulo, lei 13.430 de 13/09/2002, (SÃO PAULO, 2002) em consonância com o

Estatuto das Cidades, tem como um de seus objetivos:

elevar a qualidade de vida da população, particularmente no que

se refere à saúde, à educação, à cultura, às condições habitacio-

nais, à infra-estrutura e aos serviços públicos, de forma a promo-

ver a inclusão social, reduzindo as desigualdades que atingem di-

ferentes camadas da população e regiões da cidade.

Embora o Estatuto das Cidades e o Plano Diretor Estratégico do Município de São

Paulo ressaltem a necessidade de investimentos em infra-estrutura, percebemos

que na prática isso não acontece. O que ocorre é uma carência sem igual de e-

ducação, saúde, segurança pública, cultura, esporte e lazer, assim como de

transporte e serviços de água e esgoto.

7.3.1. Educação

A carência de estabelecimentos escolares na Subprefeitura de São Mateus é

grande. De todos os estabelecimentos escolares a maioria oferece educação bá-

sica (creches), seguido por escolas de 1ª a 4ª séries, e depois por escolas de 5ª

a 8ª séries, como podemos observar no gráfico abaixo. Lembrando que uma

mesma escola pode oferecer diferentes níveis e modalidades.

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Gráfico 1 – Estabelecimentos Escolares da Subprefeitura de São Mateus. Elaborado por

Adriana Monsalvarga, 2010.

Percebemos um grande déficit de estabelecimentos de educação especial e de

educação profissional, o que leva os moradores dessa região a buscar esses tipos

de escolas em outras áreas da cidade.

Em questionários aplicados aos moradores tanto do Jardim São Francisco, como

do Parque das Flores, 51% classificaram como ruim ou péssima a educação na

região.

7.3.2. Saúde

Na Subprefeitura de São Mateus, a falta de equipamentos públicos na área da

saúde é notória. Existem 22 Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo 8 localiza-

13%

22%

20%

19%

11%

1%4%

5%4% 1%

Estabelecimentos Escolares Subprefeitura de São Mateus

Educação Básica (Creches)

Pré-Escola

1ª a 4ª Séries

5ª a 8ª Séries

Ensino Médio

Educação Especial

EJA 1ª a 4ª Séries

EJA 5ª a 8ª Séries

EJA Ensino Médio

Educação Profissional

Fonte: Censo Escolar (MEC-INEP) e Centro de Informações Educacionais da Secretaria de Estado da

Educação, apud SEMPLA, 2006.

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das no Distrito de Iguatemi, 8 no Distrito de São Mateus e 6 no Distrito de São

Rafael (SEMPLA, 2006), conforme podemos verificar no quadro abaixo.

Unidades de Atendimento Básico por Rede

Localização

Atendimento Bási-co Municipal

Atendimento Básico Esta-

dual Total

UBS CS32 PAM33

Município de São Paulo 407 9 3 419

Distrito de Iguatemi 8 0 0 8

Distrito de São Mateus 8 0 0 8

Distrito de São Rafael 6 0 0 6

Fonte: Secretaria Municipal da Saúde - Coordenadoria de Epidemiologia e Informação/CEInfo apud SEM-

PLA, 2006.

Tabela 1 – Unidades de Atendimento Básico por Rede. Elaborada por Adriana Monsal-

varga, 2010.

Se considerarmos os hospitais públicos da região a situação é pior ainda, pois

para atender a população dos Distritos de Iguatemi, São Mateus e São Rafael,

além da população de outras subprefeituras vizinhas, a região conta com apenas

1 hospital público, que é o Hospital Geral de São Mateus (SEMPLA, 2006).

Hospitais por Rede

Localização Hospitais

Rede Muni-cipal

Hospitais Rede Esta-

dual

Hospitais Rede Fede-

ral

Hospitais Rede Parti-

cular Total

Município de São Paulo 15 35 3 139 192

Distrito de Iguatemi 0 0 0 2 2

Distrito de São Mateus 0 1 0 1 2

Distrito de São Rafael 0 0 0 0 0

Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde/CNES apud SEMPLA, 2006.

Tabela 2 – Hospitais por Rede. Elaborada por Adriana Monsalvarga, 2010.

32 Centro de Saúde

33 Posto de Atendimento Médico

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Esses números tornam-se ainda mais reveladores se levarmos em consideração

que a população da região de São Mateus, de acordo com os dados do Censo

2000 do IBGE, é de 381.671 habitantes, ao passo que a população total do Muni-

cípio de São Paulo é de 10.525.697 habitantes (IBGE, 2000), ou seja, somente a

população da Subprefeitura de São Mateus representa 3,62% da população da

cidade de São Paulo.

Além das Unidades Básicas de Saúde e dos hospitais, recentemente a região con-

ta também com as Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA), sendo a AMA Jar-

dim das Laranjeiras e a AMA Jardim da Conquista III localizadas no Distrito de

Iguatemi, a AMA Jardim Tietê I no Distrito de São Mateus e a AMA Jardim São

Francisco II e AMA Jardim Santo André no Distrito de São Rafael (PMSP, 2010).

Dos moradores tanto do Jardim São Francisco, como do Parque das Flores, 70%

classificaram como ruim ou péssimo o atendimento hospitalar na região, desta-

cando a falta de hospitais públicos, a demora no atendimento de consultas e e-

xames médicos.

7.3.3. Segurança Pública

A falta de segurança pública na região de São Mateus é alarmante, percebemos

claramente um descaso do poder público. Existem apenas 2 delegacias de polí-

cia, uma no Distrito de São Mateus (49ª DP São Mateus) e outra no Distrito de

São Rafael (55ª DP Parque São Rafael). No distrito de Iguatemi não existe ne-

nhuma (SSP, 2010).

Diante desses números podemos considerar que a violência e a criminalidade só

poderão ser melhor combatidas com maior investimento do poder público nessa

região, provendo um maior efetivo policial.

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Devido a essa situação, 71% dos moradores entrevistados classificaram como

ruim ou péssima a segurança pública, ressaltando que não se sentem seguros e

que praticamente não há ronda policial.

7.3.4. Cultura, Esporte e Lazer

Na região de São Mateus praticamente não existem equipamentos culturais. A

inexistência de bibliotecas, cinemas, teatros, casas de cultura e de shows nessa

Subprefeitura, obriga a população local a buscá-los em outras regiões da cidade,

somando-se o fato de que o acesso a esses equipamentos fica restringido às

pessoas de maior poder aquisitivo.

Quanto aos equipamentos de esporte, lazer e recreação são ofertados em núme-

ro reduzido. Os distritos de São Mateus e São Rafael possuem cada um 12 equi-

pamentos de esporte, lazer e recreação, enquanto o distrito de Iguatemi tem 2

desses equipamentos (SEMPLA, 2006).

Muitos moradores se queixaram da falta de equipamentos de lazer, assim como

de cultura, principalmente para as crianças, que nos momentos fora da escola

não tem muitas alternativas, a não ser ficar na rua, onde não há o mínimo de

segurança.

No Jardim São Francisco existe um playground para as crianças, como mostra a

foto abaixo, próximo de onde irá passar o prolongamento da Avenida Jacu-

Pêssego, e outro às margens do córrego Caaguaçu.

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Figura 1 – Playground no Jardim São Francisco: Uma das poucas alternativas de lazer

para as crianças. Autor: Adriana Monsalvarga, 2010.

Já no Parque das Flores não existe nenhuma área de lazer e recreação, apenas

um projeto de criação de parque onde localiza-se o Morro do Cruzeiro.

Figura 2 – Parque das Flores, com o Morro do Cruzeiro ao fundo: proposta de criação de

parque municipal. Autor: Adriana Monsalvarga, 2010.

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Diante do exposto, podemos perceber que faltam políticas públicas eficazes para

combater a falta de infra-estrutura básica na região da Subprefeitura de São Ma-

teus, pois o que consta no Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo,

assim como no Plano Regional Estratégico da Subprefeitura de São Mateus, não

está sendo aplicado na realidade dos moradores dessa região.

7.3 ÁGUA E ESGOTO E QUALIDADE DA ÁGUA

Dentre os elementos que compõem a infra-estrutura do distrito de São Rafael

está o saneamento básico que compreende o abastecimento de água e coleta de

esgoto. Requisitos básicos para o aumento da qualidade de vida, saúde e bem

estar de sua população.

As informações apresentadas neste relatório quanto ao saneamento básico serão

abordadas de maneira abrangente considerando que o distrito de São Rafael está

inserido no plano de uma grande cidade cuja rede de abastecimento e esgota-

mento representa um grande volume e também bastante complexa, por isso, os

números pesquisados não se restringem apenas ao recorte específico da região

estudada, mas também o município e a Região Metropolitana de São Paulo –

RMSP.

7.3.1 Qualidade da Água

Quando se trata do uso de água para o consumo humano, esta deve estar dentro

de padrões mínimos de potabilidade evitando, entre outros, danos a saúde. De

acordo com a resolução 357/05 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambi-

ente, que dispõe sobre a classificação dos corpos d’água, as águas de Classe Es-

pecial, Classe I, Classe II, e III estão aptas para o consumo sendo diferenciadas

apenas quanto ao tratamento aplicado.

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A resolução do CONAMA dá outras classificações quanto aos diversos usos da

água, já que não a utilizamos apenas para consumo, mas também para preser-

vação do ambiente e comunidades aquáticas, irrigação de hortaliças, pesca, re-

creação entre outros.

Os parâmetros de qualidade da água estão divididos em físicos, químicos, micro-

biológicas, hidrobiológicas e ecotoxicológicas34:

Variáveis Físicas:

Cor

Série de Sólidos

Temperatura

Transparência

Turbidez

Variáveis Químicas:

Alumínio

Bário

Cádmio

Carbono Orgânico Dissolvido e Absorbância no Ultravioleta

Carbono Orgânico Total

Chumbo

Cloreto

Cobre

Condutividade

Cromo

DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano)

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5,20)

Demanda Química de Oxigênio (DQO)

Fenóis

Ferro

34 Fonte: CETESB 2010.

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Fluoreto

Fósforo Total

Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares (HAP)

Manganês

Mercúrio

Níquel

Óleos e Graxas

Ortofosfato Solúvel

Oxigênio Dissolvido (OD)

Pesticidas Organoclorados

Potencial Hidrogeniônico (pH)

Potássio

Potencial de Formação de Trihalometanos

Série de Nitrogênio - (amônia, nitrato, nitrito e nitrogênio orgânico)

Sódio

Sulfato

Surfactantes

Zinco

Variáveis Microbiológicas

Coliformes termotolerantes

Cryptosporidium sp e Giardia sp

Variáveis Hidrobiológicas

Clorofila a

Comunidades

Comunidade fitoplanctônica

Comunidade zooplanctônica

Comunidade bentônica

Variáveis Ecotoxicológicas

Ensaios Ecotoxicológicos

Ensaio de toxicidade aguda com a bactéria luminescente - Vibrio fischeri

(Sistema Microtox)

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147

Ensaio de toxicidade aguda/crônica com o microcrustáceo Ceriodaphnia

dubia

Ensaios de Genotoxicidade.

Em 2007 os integrantes do Projeto APA Nascentes do Aricanduva efetuaram um

trabalho de levantamento das nascentes da Bacia do Aricanduva que se constitu-

iu na identificação, coleta e análises físico-química e biológica da água das nas-

centes dos córregos: Palanque, Limoeiro, Mombaça, Caaguaçu e do rio Aricandu-

va.

A exemplo dos padrões de qualidade da água, a tabela abaixo mostra os dados

encontrados em três pontos diferentes do córrego Caaguaçu localizado no distrito

de São Rafael:

Tabela 9 - Padrões de qualidade da água no Córrego Caaguaçu

Parâmetro Ponto 1

Nascente

Ponto 2

250 m

Ponto 3

500 m

PH 7,3 7,6 6,6

Temperatura 19 ºC 16,5 ºC -

Sólidos Totais Dissolvidos 30 mg/L 103 mg/L 52 mg/L

Oxigênio Dissolvido 6,2 mgO2/L 8,6 mgO2/L 0,8 mgO2/L

Turbidez 34,4 NTU 51,6 NTU 4,56 NTU

Coliformes Fecais 8,6 x 104 UFC/100

mL (equivale

86000 UFC/100

mL)

1,1 x 105 UFC/100 mL

(equivale 110000

UFC/100 mL)

7,4 x 103 UFC/100 mL

(equivale 7400

UFC/100 mL)

Coliformes Fecais (E. Coli) 9 x 102 UFC/100

mL (equivale 900

UFC/100 mL)

4,5 x 102 UFC/100 mL

(equivale 450 UFC/100

mL)

3 x 102 UFC/100 mL

(equivale 300 UFC/100

mL)

Fonte: Projeto APA Nascentes do Aricanduva, 2007.

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148

Como comparativo, temos os padrões de potabilidade definidos conforme a por-

taria Nº 518 do Ministério da Saúde (Tabela 10).

Tabela 10 - Padrão de Potabilidade Segundo Portaria Nº 518/04 MS

Parâmetro Valor Máximo Permitido (VMP)

PH 9,5

Turbidez 5

Coliformes Totais Ausência em 100 ml (Sistemas que analisam me-

nos de 40 amostras, apenas uma amostra poderá

apresentar mensalmente resultado positivo)

Coliformes para consumo Humano

(Eschirichia Coli)

Ausência em 100 ml

Fonte: Tabela gerada a partir de informações da portaria Nº 518 do Ministério da Saúde.

Os dados mostram que a água no córrego Caaguaçu não está dentro dos padrões

de potabilidade do Ministério da Saúde. Obviamente isso não desqualifica o curso

d’água, pois nem toda água bruta é propícia para consumo humano sem antes

passar por um tratamento por mais simples que seja. Essa amostra serve de ba-

liza e para conhecer o curso d água e sua qualidade.

7.3.1 Abastecimento

Na região metropolitana de São Paulo, 99,5% de sua água de abastecimento é

fornecida por mananciais de águas superficiais (Tsutiya, 2006), estes mananciais

são compostos por córregos, lagos, rios e represas sendo muitas vezes constituí-

dos por águas provenientes de outras bacias hidrográficas como é o caso do Sis-

tema Cantareira. Esse tipo de captação de água superficial tem suas fragilidades

quanto à preservação de sua bacia hidrográfica, que, de modo geral a ocupação

desta, degrada os córregos, rios e lagos que a compõem, refletindo de forma di-

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149

reta na qualidade da água o que irá demandar maior custo para o tratamento da

mesma. Portanto a região abastecida por determinado manancial pode ter um

custo maior tanto do ponto de vista do tratamento quanto da distribuição da re-

de, pois a distância do manancial também influi no custo de operação do abaste-

cimento, custo esse que é dissolvido no valor final do produto, sem ser diferenci-

ado conforme a região.

Devido a essa fragilidade citada, o monitoramento dos mananciais é de suma

importância para preservar a qualidade da água e permitir ações imediatas. Des-

de 1974, a CETESB - Centro Tecnológico de Saneamento Básico hoje denomina-

do de Companhia Ambiental do Estado de São Paulo faz esse trabalho atra-

vés da rede de Monitoramento de Qualidade das Águas Interiores do Estado de

São Paulo.

Trabalho semelhante, porém não igual, é feito pela Companhia de Saneamento

Básico de São Paulo – SABESP que faz o monitoramento em tempo real dos ma-

nanciais de toda RMSP por meio de estações remotas e unidade de recepção de

dados e os parâmetros são: Ph, Turbidez, Condutividade, Potencial de Oxi-

Redução, Oxigênio Dissolvido e Temperatura35. Esse monitoramento é feito

através de sondas localizadas em pontos estratégicos dos mananciais permitindo

ações de prevenção e intervenção no reservatório evitando danos maiores ao

sistema de abastecimento.

A cidade de São Paulo conta com mais de um sistema de abastecimento, com-

posto por diversos sistemas de capitação e tratamento de água bruta em ma-

nanciais. Dentre esses sistemas está o Sistema Rio Claro e Alto Tietê que são

responsáveis pelo abastecimento do distrito de São Rafael entre outros (Mapa

22).

O sistema Alto Tietê abrange cinco reservatórios: Ponte Nova no Município de

Salesópolis, Jundiaí em Mogi das Cruzes, Taiaçupeba na divisa de Mogi das Cru-

35 (Tsutiya, 2006 3ª Ediçao)

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150

zes e Suzano, Biritiba em Biritiba - Mirim e Paraitinga em Salesópolis, estes dois

últimos ainda estão em fase de obras. O sistema Fornece atualmente cerca de

10 m³/s de água bruta para a ETA – Estação de Tratamento de Águas da SABESP

localizada em Taiaçupeba. O sistema Rio Claro esta localizado a 70 km da Capi-

tal,e produz 4 m3/s. A captação provém do rio Ribeirão do Campo seguindo para

tratamento na Estação Casa Grande abastecendo 1,2 milhão de pessoas do bair-

ro de Sapopemba, na Capital e parte dos municípios de Ribeirão Pires, Mauá e

Santo André36.

Mapa 22 - Sistemas Produtores de Água na Cidade de São Paulo

Fonte: PMSP, 2010.

36 Fonte: SABESP 2010.

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151

7.3.1.1 Abastecimento de Água em Dados

A grande maioria dos dados disponíveis nas diversas entidades e nos diferentes

âmbitos da administração pública, ou seja, Estado e Município são provenientes

do último censo brasileiro efetuado pelo Instituto Nacional de Geografia e Esta-

tística – IBGE no ano de 2000. Portanto apesar das diversas fontes pesquisadas

os dados têm uma única fonte, mesmo que indiretamente eles são compostos

pelo censo. Apesar de haver informações, elas não estão setorizadas, sendo ne-

cessária uma pesquisa e tabulação de dados minuciosa para obter um panorama

especifico do recorte do Distrito de São Rafael. Para uma análise inicial partindo

do ―macro‖ para o ―micro‖ na Tabela 11 se têm informações sobre o município de

São Paulo quando ao abastecimento de água.

Tabela 11 - Abastecimento de Água Município de SP 1980, 1991 e 2000 a 2006

Rede de Água Número de Ligações

(1) Extensão Total da Rede

(2) Cobertura

(3)

1980 1.609 13.700 94%

1991 1.785 15.996 99%

2000 2.201 17.414 100%

2001 2.239 17.293 100%

2002 2.290 17.370 100%

2003 2.328 17.577 100%

2004 2.385 17.708 100%

2005 2.429 17.786 100%

2006 2.429 18.434 100%

(1) Ligações Faturadas Totais em 1.000 unid.

(2) Em Km

(3) Índice de Atendimento dos Domicílios Urbanos com Abastecimento de Água

Fonte: Sempla, 2010.

Com uma rápida análise na tabela pode-se observar através do Gráfico 6 que, a

evolução do número de ligações não teve aumentos abruptos, seguindo em uma

curva suave, diferente do aumento da extensão total da rede de abastecimento

como indicado no gráfico.

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152

Gráfico 6 - Abastecimento de Água no município de São Paulo 1980-2006

Fonte: Sempla, 2010.

Focando no distrito de São Rafael, a Empresa Paulista de Planejamento Metropo-

litano S.A. – Emplasa apresenta dados setorizados através do projeto de Unida-

des de Informações Territorizadas – UIT’s que dão dimensão do abastecimento

na região de São Rafael conforme tabela abaixo:

Tabela 12 - Domicílios Particulares permanentes por Condição de Abastecimen-

to de Água, Segundo Unidades de Informações Territorializadas: 2000

Unidades Territoriais Rede Geral % Poço ou Nascente % Outra Forma

(1) %

UTI 121 Pq. São Rafael 94,50 1,45 3,61

UTI 122 Rodolfo Pirani 95,22 0,76 4,02

Distrito São Rafael 95,10 1,06 3,84

Município de São Paulo 98,63 0,73 0,64

(1) Domicílios Abastecidos com águas das Chuvas, reservatórios (ou caixa), por carro pipa, poço ou nascente localizados

Fonte: UIT’s EMPLASA, 2010.

Os dados mostram que no Parque São Rafael 94,95% dos domicílios particulares

obtém água potável através da rede de abastecimento e 1,45% através de poço

ou nascente e o restante de 3,61% por outras formas.

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

20.000

Número de Ligações (1)

Extensão Total da Rede (2)

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153

O número de 94,95% condiz com as impressões dos moradores que responde-

ram o questionário feito em campo o qual mostra que 77% acham bom e ótimo a

qualidade da água da região.

7.3.1.2 Esgotamento de Água em dados

Diferente do abastecimento de água o esgotamento se encontra em situação

contrária quanto a boa percepção dos moradores do Parque São Francisco e Jar-

dim das flores situados no Distrito de São Rafael. Novamente após uma análise

inicial aproxima os resultados estatísticos da percepção que os moradores têm

da região.

Quando perguntados sobre a condição de saneamento básico da região 44% a-

charam ruim ou péssimo, seguindo por 39% que qualificaram como bom e óti-

mo, 15% regular e 3% não souberam responder. Na tabela abaixo retirada do

relatório de Unidades de Informação Territorial produzida pela EMPLASA a partir

de dados do censo de 2000:

Tabela 13 - Domicílios Particulares Permanentes Por Condição de Esgotamento

Sanitário Segundo Unidades de Informações Territorizadas: 2000

Unidades Territoriais Rede Geral ou Pluvial (1)

Fossa Séptica (2)

Outros

(3)

Domicílios sem Banheiro e sem Sanitá-rio

UTI 121 Pq. São Rafael 61,82 7,04 30,94 0,20

UTI 122 Rodolfo Pirani 82,19 2,14 15,47 0,20

Distrito São Rafael 73,37 4,26 22,17 0,20

Município de São Paulo 87,23 3,62 8,91 0,23

(1) Domicílios cuja canalização das águas servidas dos dejetos provenientes do banheiro ou sanitário está ligada a um sistema de coleta que os conduzam a um desaguadouro ge-

ral da área.

(2) Domicílios cuja canalização do banheiro ou sanitário está ligada a uma fóssa séptica, ou seja, a matéria é esgotada para uma fossa próxima onde passa por um processo de

tratamento ou decantação sendo, ou não, parte líquida conduzida para um desaguadouro geral da área.

(3) Domicílios cuja canalização do banheiro ou sanitário está ligado a uma fóssa rústica(fossa negra, poço, buraco, etc), vala, r io, lago ou mar.

Fonte: UIT’s EMPLASA, 2010.

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154

Observando a tabela temos que 61,82% dos domicílios estão ligados a rede de

esgotamento da SABESP, 7,04% utilizam fossa séptica, 30,94% outros, e a

minoria de 0,20% não tem Banheiro e Sanitário.

Esses dados mostram que pouco mais da metade estão ligados a rede de

esgotamento e uma grande parte 30,94% estão de forma irregular sem fossa

séptica e sem conexão com a rede.

Nos dados gerais do município de São Paulo, a coleta de esgoto vem crescendo

desde 1980 até 2006 principalmente na extensão total da rede que cresceu

intensamente na década de 2000. Abaixo tabela e gráfico mostra em detalhes

esse crescimento.

Tabela 14 - Coleta de Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006

Rede de Água Número de Ligações

(1) Extensão Total da Rede

(2) Cobertura

(3)

1980 1.609 13.700 94%

1991 1.785 15.996 99%

2000 2.201 17.414 100%

2001 2.239 17.293 100%

2002 2.290 17.370 100%

2003 2.328 17.577 100%

2004 2.385 17.708 100%

2005 2.429 17.786 100%

2006 2.429 18.434 100%

(1) Ligações Faturadas Totais em 1.000 unid.

(2) Em Km

(3) Índice de Atendimento dos Domicílios Urbanos com Abastecimento de Água

Fonte: Sempla, 2010.

O gráfico mostra um vertiginoso aumento da extensão total da rede de esgota-

mento da cidade de São Paulo e um leve aumento do número de ligações domici-

liares.

De maneira geral os dados estatísticos acompanharam as percepções dos mora-

dores apuradas por meio de questionários. A análise comparativa do município

de São Paulo não se mostrou eficiente quanto à relação entre o plano macro da

cidade e o micro representado pelo distrito de São Rafael. O município de São

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155

Paulo compreende uma grande extensão e um número grande de habitantes por

m2, o que fatalmente mascara o resultado da análise comparatória, dificultando

identificar o desenvolvimento do pequeno recorte do Distrito de São Rafael em

relação a toda cidade.

Quanto ao sistema de esgotamento verificado na fala dos moradores, dados es-

tatísticos e também observado na visita a campo, é deficiente e irregular. Em

destaque, estão as ruas sem escoamento pluvial por meio de sarjetas e asfalto,

situação que é intensificada pelo esgoto a céu aberto escoado no meio da rua.

Situação que é comprovada pela opinião dos moradores quanto ao saneamento

básico.

Gráfico 7 - Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006

Fonte: Sempla, 2010.

-

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

1970 1980 1990 2000 2010

Número de Ligações

Extensão Total da Rede (2)

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ANEXOS

MAPAS Mapa 5 - Classificação dos Climas do Brasil, 2005 Fonte: Classificação dos Climas do Brasil. IBGE, 2005. Adaptado por Roberto Randoli, 2010.

Mapa 2 - Recorte do Relevo e Solo de São Mateus Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, 2002. Adaptado por Roberto Randoli, 2010.

Mapa 3 - Sub Bacia Hidrográfica do Rio Aricanduva Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.

Mapa 4 - Sub bacias do entorno da bacia do Rio Aricanduva Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.

Mapa 5 - Hidrografia da Área de Estudo Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.

Mapa 6 – Residências Analisadas e seus respectivos riscos, Parque das Flores Fonte: Elaborado Alexandre Vastella, 2010.

Mapa 7 - Áreas Verdes e Construídas do Município de São Paulo Fonte: Atlas Ambiental do Município de São Paulo, 2004.

Mapa 8 - Avanço da Mancha Urbana no Município de São Paulo Fonte: Atlas Ambiental de São Paulo, 2008. Adaptado por Mayra Dias, 2010.

Mapa 9 - Bacia do Rio Aricanduva e localização do Aterro Sanitário São João Fonte: Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.

Mapa 10 - Proporção dos tipos de ocupação nos distritos, com destaque a área

administrada pela Subprefeitura de São Mateus. Fonte: Indicadores Ambientais e Gestão Urbana, 2008. Adaptado por Mayra Dias, 2010.

Mapa 11 - Proporção da área do distrito com cobertura vegetal Fonte: Indicadores Ambientais,2008. Adaptado por Mayra Dias, 2010

Mapa 12 - Áreas Destinadas para implantação de parques por distritos Fonte: Indicadores Ambientais, 2008.

Adaptado por Mayra Dias, 2010.

Mapa 13 - Empresas responsáveis pela coleta domiciliar no Município de São

Paulo Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo, 2010.

Mapa 14 - Identificação da região de São Mateus Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Mapa 15 - Distribuição das indústrias e comércio em São Paulo. Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais − Rais, 2010.

Mapa 16 - Ocupação do Parque das Flores, 1994 Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Mapa 17 - Ocupação do Parque das Flores, 2007 Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Mapa 18 - Subprefeituras e seus respectivos distritos, Município de São Paulo Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakasu, 2010.

Mapa 19 - Uso e Ocupação do Solo, Região de São Mateus Fonte: Sempla, 2004. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.

Mapa 20 - Corredor Metropolitano ABD, São Mateus - Jabaquara Fonte: EMTU, 2010.

Mapa 21 - Operações Urbanas Consorciadas Fonte: PMSP, 2010

Mapa 22 - Sistemas Produtores de Água na Cidade de São Paulo Fonte: PMSP, 2010.

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GRÁFICOS Gráfico 1 - Qualidade da limpeza e coleta no Jardim São Francisco e Parque das

Flores Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado pela Equipe Unicsul, 2010.

Gráfico 2 - Origem dos Habitantes do Parque das Flores Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado pela Equipe Unicsul, 2010.

Gráfico 3 - PEA e Não PEA, Jardim São Francisco Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.

Gráfico 4 - Motivo da Vinda à Região do Jardim São Francisco Fonte: dados coletados através de questionários. Elaborado por Cecília Keiko Kakazu, 2010.

Gráfico 5 – Estabelecimentos Escolares da Subprefeitura de São Mateus Fonte: Sempla, 2006. Elaborado por Adriana Monsalvarga, 2010.

Gráfico 6 - Abastecimento de Água no município de São Paulo 1980-2006 Fonte: Sempla, 2010.

Gráfico 7 - Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006 Fonte: Sempla, 2010.

TABELAS

Tabela 1 - Aterros existentes no município de São Paulo Fonte: LIMPURB, 2002. Organizado por Equipe Unicsul, 2010.

Tabela 2 - População da Região de São Mateus e percentual de distribuição por

distritos - 1980 á 2000 Fonte: IBGE, Censos 1991 e 2000 e Contagem Populacional 1996.

Tabela 3 - Crescimento Populacional, Região de São Mateus Fonte: IBGE, Censo 1980; 1991; 2000.

Tabela 4 -Distribuição da População por faixas etárias, 2000. Fonte: IBGE, Censo 2000.

Tabela 5 - População da Região de São Mateus, 1950 - 2000 Fonte: Sempla, 2010. Adaptado por Cecília Keiko Kakazu.

Tabela 6 - Renda Média da População da Região de São Mateus Fonte: Sempla (*) Total de domicílios MSP: Base amostra Censo IBGE 2000. Domicílios por faixa de rendimento em salários mínimos. Adaptado por: Cecília Keiko Kakazu

Tabela 7 – Unidades de Atendimento Básico por Rede Fonte: SEMPLA, 2006. Elaborada por Adriana Monsalvarga, 2010.

Tabela 8 - Hospitais por Rede Fonte: SEMPLA, 2006. Elaborada por Adriana Monsalvarga, 2010.

Tabela 9 - Padrões de qualidade da água no Córrego Caaguaçu Fonte: Projeto APA Nascentes do Aricanduva, 2007.

Tabela 10 - Padrão de Potabilidade Segundo Portaria Nº 518/04 MS Fonte: Tabela gerada a partir de informações da portaria Nº 518 do Ministério da Saúde.

Tabela 11 - Abastecimento de Água Município de SP 1980, 1991 e 2000 a 2006 Fonte: Sempla, 2010.

Tabela 12 - Domicílios Particulares permanentes por Condição de Abastecimen-

to de Água, Segundo Unidades de Informações Territorializadas: 2000 Fonte: UIT's Emplasa, 2010.

Tabela 13 - Domicílios Particulares Permanentes Por Condição de Esgotamento

Sanitário Segundo Unidades de Informações Territorizadas: 2000 Fonte: UIT's Emplasa, 2010.

Tabela 14 - Coleta de Esgoto Município de São Paulo 1980, 1991, 2000 a 2006 Fonte: Sempla, 2010.

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FIGURAS Figura 1 - Região de São Mateus Fonte: Região de São Mateus. Adriana Fernandes Monsalvarga, 2010.

Figura 2 - Escorregamento no Parque das Flores Fonte: Escorregamento no Parque das Flores. Cecília Keiko Kakasu, 2010.

Figura 3 - Nomenclatura dos Cursos D'água Fonte: Nomenclatura dos cursos d'água. Elaborado por Vanessa C. Paulini, 2010.

Figura 4 - Córrego Caaguaçu, Jardim São Francisco Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 5 - Córrego Caaguaçu e Mata Ciliar Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 6 - Nascente do Córrego Caaguaçu - Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 7 – Vertente em Movimento Planar Fonte: Alexandre Vastella, 2010.

Figura 8 – Movimentos de Massa – Parque das Flores Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.

Figura 9 – Vertente em Movimento Rotacional Fonte: Alexandre Vastella, 2010.

Figura 10 – Movimento Rotacional no Parque das Flores Fonte: Jamille Almessane, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.

Figura 11 – Rastejo em Vertente Fonte: Alexandre Vastella, 2010.

Figura 12 – Indício de Rastejo, Parque das Flores Fonte: Fabiana Luz, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.

Figura 13 – Vertente em processo de desmatamento, Morro do Cruzeiro Fonte: Catarina Troiano, 2010.

Figura 14 – Corte de talude e áreas instáveis Fonte: Alexandre Vastella, 2010.

Figura 15 – Construção sob corte de talude, Parque das Flores Fonte: Jamille Almessane, 2010.

Figura 16 – Vegetação adequada e inadequada Fonte: Alexandre Vastella, 2010.

Figura 17 – Vertente com bananeiras (vista Sul, Morro do Cruzeiro) Fonte: Jamille Almessane, 2010.

Figura 18 – Arruamento-escoamento e curvas de nível Fonte: Alexandre Vastella, 2010.

Figura 19 – Situação de enxurrada em arruamento inadequado

Parque das Flores Fonte: Jamille Almessane, 2010. Adaptado por Alexandre Vastella, 2010.

Figura 20 – Residências de alvenaria no Parque das Flores Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.

Figura 21 – Talude de Corte e Despejo de Lixo Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010

Figura 22 – Lançamento de água em superfície, Parque das Flores Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010

Figura 23 – Vertente desmatada, Parque das Flores Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.

Figura 24 – Ocupação na várzea do C. Caaguaçu, Parque das Flores Fonte: Adriana Monsalvarga & Cecília Keiko Kakasu, 2010

Figura 25 – Vegetação rasteira, C. Caaguaçu, Parque das Flores Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.

Figura 26 - Estudantes do projeto UNISOL Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 27 - Detalhe da Fauna e Flora, Morro do Cruzeiro Fonte: Adriana Monsalvarga & Catarina Troiano, 2010.

Figura 28 - Vegetação Diversificada, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

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Figura 29 - Árvore-guarda-chuva, ao centro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010. Ao centro a Schefflera actimophylla, (árvore-guarda-chuva).

Figura 30 - Cipreste, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

Figura 31 - Calipal, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

Figura 32 - Eucalipto, Morro do Cruzeiro Fonte: Cecilia Liebort Nina & Fernando Takeo Maprim, 2010.

Figura 33 - Cássia fitula L. Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamentais e Aromáticas, p. 167.

Figura 34 - Jacarandá Fonte H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madeireiras Ornamentais e Aromáticas, p. 102.

Figura 35 - Tipuana Fonte: H. Lorenzi. Árvores Exóticas no Brasil, Madereiras Ornamentais e Aromáticas, p. 211.

Figura 36 - Supressão da mata secundária nativa por conta da ocupação irregu-

lar no Parque das Flores, 2010 Fonte: Mayra Dias, 2010.

Figura 37 - Intensificação dos conflitos sócio-ambientais Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.

Figura 38 - Aterro Sanitário São João cercado por mata nativa Fonte: Google Maps. Adaptado por Mayra Dias, 2010.

Figura 39 - Localização dos Aterros Sanitários Sapopemba e São João Fonte: Google Maps. Adaptado por Equipe Unicsul, 2010.

Figura 40 - Obra Av. Jacú-Pêssego, ao fundo Aterro Sapopemba Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 41 - Aterro Sapopemba em 2010 Fonte: Google Earth, 2010.

Figura 42 - Aterro Sapopemba em 2004 Fonte: Google Earth, 2010.

Figura 43 - Aterro São João Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 44 - Aterro São João em 2010 Fonte: Google Earth, 2010.

Figura 45 - Aterro São João em 2004 Fonte: Google Earth, 2010.

Figura 46 - Conjuntos Habitacionais, Jardim São Francisco Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.

Figura 47 - Autoconstrução, Jardim São Francisco Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.

Figura 48 - Um Rio, duas realidades Fonte: Catarina Troiano, 2010.

Figura 49 - Vista panorâmica do Parque das Flores Fonte: Carlos Eduardo Martins, 2010.

Figura 50 - Lixo nas margens do Córrego Caaguaçu Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 51 - Lixo nas Ruas, Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 52 - Esgoto sem tratamento, Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 53 - Arruamento Irregular, Parque das Flores Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 54 - Casas de Mutirão e Conjuntos Habitacionais Fonte: Cecília Keiko Kakasu, 2010.

Figura 55 - Gleba São Francisco Fonte: Catarina Troiano, 2010.

Figura 56 - Auto-construção, Jardim São Francisco Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.

Figura 57 - Obras da expansão da Av. Jacu-Pêssego Fonte: Cecília Keiko Kakazu, 2010.

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Figura 58 - Arruamento Parque das Flores X Jardim São Francisco Fonte: Equipe Unicsul, 2010.

Figura 59 – Playground no Jardim São Francisco Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.

Figura 60 – Parque das Flores, com o Morro do Cruzeiro ao fundo Fonte: Adriana Monsalvarga, 2010.

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