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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ALEXANDRE REBOLEDO PAULO ROGÉRIO VEIGA SILVA TATIANE ARAÚJO CORDEIRO ANÁLISE COMPORTAMENTAL DAS CARGAS DE INCÊNDIO EM ESTRUTURAS SÃO PAULO 2010

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

ALEXANDRE REBOLEDO

PAULO ROGÉRIO VEIGA SILVA

TATIANE ARAÚJO CORDEIRO

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DAS CARGAS

DE INCÊNDIO EM ESTRUTURAS

SÃO PAULO 2010

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Orientador: Prof. Me. Calebe Paiva Souza

ALEXANDRE REBOLEDO

PAULO ROGÉRIO VEIGA SILVA

TATIANE ARAÚJO CORDEIRO

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DAS CARGAS

DE INCÊNDIO EM ESTRUTURAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi

SÃO PAULO 2010

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Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2010.

______________________________________________

Prof. Me. Calebe Paiva Souza

______________________________________________

Nome do professor da banca

ALEXANDRE REBOLEDO

PAULO ROGÉRIO VEIGA SILVA

TATIANE ARAÚJO CORDEIRO

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DAS CARGAS

DE INCÊNDIO EM ESTRUTURAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi

Comentários:_________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Dedicamos este trabalho em especial as nossas filhas Bruna e Laura Reboledo,

Letícia Silva e Ana Beatriz Cordeiro.

Aos nossos familiares que sempre estiveram ao nosso lado.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos pais que nos guiaram até aqui, sempre acreditando e

apoiando nos momentos difíceis.

Ao nosso professor Me. Calebe, pela orientação sensata e pelo incentivo com que

conduziu este trabalho e, principalmente pela amizade e apoio constante.

Pelo apoio dos nossos amigos Simone Santana, Sabrina Thomaz, Aristides Simões,

Malio Akihiko, Hilton Alexandre e Rafael Almeida sempre cooperaram e nos

aconselharam ao longo deste curso.

A todos os professores da Universidade Anhembi Morumbi que de alguma forma

contribuíram em nossa formação.

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RESUMO

O estudo do comportamento de estruturas em situação de incêndio tem adquirido

recentemente a atenção especial da comunidade científica com a finalidade de

analisar a capacidade resistente das estruturas em função dos materiais que as

constituem. Existem várias dificuldades práticas para a análise de situações em

escala real, contudo, com o desenvolvimento de métodos numéricos e programas

computacionais, meios de solucionar possíveis equívocos.

Foi abordado o contexto histórico e a evolução dos estudos do comportamento do

incêndio abrangendo: a modelagem do incêndio, a análise térmica e a análise

estrutural quanto as características à perda da resistência e módulo de elasticidade

dos materiais utilizados em estruturas, concreto, aço e madeira e os materiais para a

proteção térmica que podem retardar a perda da resistência na estrutura.

No estudo de caso, citam-se as exigências da lei quanto à verificação estrutural nas

edificações. São apresentados os danos em uma edificação depois de ocorrido

incêndio. A partir disso, desenvolve-se, então, um comparativo entre o método

tabular e tempo equivalente para uma nova edificação, a qual o comportamento da

carga de incêndio foi analisada por meio do software FTOOL e foi possível ser

verificada a tendência desta estrutura, bem como a temperatura que essa estrutura

tende a atingir pela curva de incêndio padrão.

Na análise de transferência de calor pelo método dos elementos finitos são

apresentados modelos de estudo da literatura pesquisada tanto para estrutura

metálica quanto de concreto e comparados com os valores referenciais das normas.

É apresentado o comportamento de uma estrutura isostática (viga apoiada metálica)

e analisada as diferenças entre o comportamento com a estrutura hiperestática do

pórtico por meio do software FTOOL.

Palavra chave: aço, concreto, incêndio, modelos numéricos, análise térmica e

análise estrutural.

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ABSTRACT

The behavior of fire loading in structures has recently acquired the special attention

from the scientific community in order to analyze the resistance of structures

depending on the material used. There are several practical difficulties for the

analysis of situations in real scale, however, with the development of numerical

methods and softwares that it is possible to solve some mistakes.

This paper has approached the history context and evolution of the fire loading

studies including: fire modeling, thermal and structural analysis that stands the

resistance and stiffness reduction due to the materials used in the structures,

concrete, steel and wood. The thermal protection materials are described to increase

the resistance of the structure

In the study case it focuses on the law's requirements regarding the structural

analysis. The damages in a building after fire occurred are presented, then a

comparison is developed between the tabular method and equivalent time for a new

building. The behavior of the fire loading in the study of a new building in which the

loads are analyzed using the FTOOL and could be observed the tendency of this

structure and the temperature tends to reach the elements by the standard fire curve.

In the analysis of heat transfer by finite element method models are presented for the

study of literature for both concrete and steel structure and compared with reference

values of the norms and standards.

The structural behavior of the fire loading is done in a linear section of an isostatic

structure (steel beam supported) and analyzed the differences between the behavior

with the hyperstatic structure through the software FTOOL.

Key words: steel, concrete, fire, numerical models, thermal analysis, structural

analysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1 - Triângulo do fogo e quadrilátero do fogo 23

Figura 5.2 – Fases típicas do desenvolvimento do incêndio 29

Figura 5.3 - Curvas Nominais EN 1991-1-2 (EUROCODE, 2000) 31

Figura 5.4 - Curva Nominal RWS 32

Figura 5.5 - Variação da resistência dos materiais em função da temperatura 35

Figura 5.6 - Variação do módulo de elasticidade em função da temperatura 35

Figura 5.7 - Fenômenos associados ao Spalling 36

Figura 5.8 – Situação das estruturas após incêndio. (a) elemento isolado de aço, (b)

Spalling em pilar de concreto e (c) carbonização da madeira. 36

Figura 5.9 – Fator de redução da resistência do concreto x temperatura 38

Figura 5.10 – Fator de redução do módulo de elasticidade do concreto em função da

temperatura 38

Figura 5.11 – Fator de redução da resistência do aço de armadura passiva em

função da temperatura 40

Figura 5.12 – Fator de redução do módulo de elasticidade do aço de armadura

passiva em função da temperatura 41

Figura 5.13 – Fator de redução da resistência no aço de armadura ativa em função

da temperatura 42

Figura 5.14 – Fator de redução modulo de elasticidade da armadura ativa em função

da temperatura 42

Figura 5.15 – Condutividade térmica da madeira e camada carbonizada 45

Figura 5.16 – Calor específico da madeira e camada carbonizada 46

Figura 5.17 – Densidade para U inicial 12% carbonizada 46

Figura 5.18 – Fator de massividade para alguns elementos estruturais 56

Figura 5.19 – Modelagem com o programa SMARTFIRE 69

Figura 5.20 - Recurso de animação do Vulcan onde se pode ver em um lapso de

tempo a animação da estrutural durante o período de análise 69

Figura 5.21 – Modelagem com o programa OZONE 70

Figura 5.22 - Tela de análise do SAFIR 71

Figura 5.23 – Representação TRRF no CAD/TQS 71

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Figura 5.24 – Resultados obtidos durante a verificação da estrutura em situação de

incêndio ACAD/TQS 72

Figura 5.25 – Modelo de análise da estrutura em situação de incêndio ACAD/TQS 73

Figura 5.26 – Detalhes análise da estrutura em situação de incêndio ACAD/TQS 73

Figura 5.27 – Entrada de dados da temperatura FTOOL 74

Figura 6.1 – Pilar e piso de concreto danificados situação de “Spalling” 77

Figura 6.2 – Piso danificado pelo incêndio “Spalling” 77

Figura 6.3 – Vista pilares que se mantiveram após o incêndio 78

Figura 6.4 – Planta e corte esquemático depósito 79

Figura 6.5 – Pilar misto quadrado preenchido com concreto 86

Figura 6.6 – Viga metálica simplesmente apoiada 88

Figura 6.7 – Deformações viga metálica em função da temperatura 88

Figura 6.8 – Detalhe perfil 89

Figura 6.9 - Pórtico hiperestático em análise 90

Figura 6.10 – Curva do tempo x temperatura do aço 90

Figura 6.11 – Diagrama de esforços normais 91

Figura 6.12 – Diagrama de forças cortantes 91

Figura 6.13 – Diagrama de momentos fletores 92

Figura 6.14 – Diagrama das deformadas 92

Figura 6.15 – Diagrama de esforços no Ponto A (Engaste Pilar) 93

Figura 6.16 – Diagrama de esforços no Ponto B (Pilar x Viga) 94

Figura 6.17 – Diagrama de esforços no Ponto C (Centro da Viga) 94

Figura 6.18 – Reação Horizontal (kN) de apoio 95

Figura 6.19 – Deslocamentos no Pórtico 95

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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 - Principais incêndios em edifícios altos na cidade de São Paulo. 21

Tabela 5.2 – Fatores e suas influências na severidade do incêndio e segurança da

vida e patrimônio. 25

Tabela 5.3 – Temperatura dos gases em função do tempo 32

Tabela 5.4 – Fatores de redução do aço 43

Tabela 5.5 – Coeficiente de dilatação térmica da madeira a temperatura ambiente 47

Tabela 5.6 – TRRF – Decreto Estadual 46.076 de 31 de agosto de 2001. 48

Tabela 5.7 – Acondicionamento 51

Tabela 5.8 – Valores de potencial calorífico específico 51

Tabela 5.9 – Fatores de medida de segurança contra incêndio 52

Tabela 5.10 – Características da edificação 52

Tabela 5.11 – Risco de ativação 52

Tabela 5.12 – Fator K 53

Tabela 5.13 – Valores do Fator E 54

Tabela 5.14 – Classificação dos materiais 57

Tabela 5.15 - Gradiente térmico ∆Ө ( º C) 62

Tabela 5.16 – Dimensões mínimas para lajes apoiadas em vigas 65

Tabela 5.17 - Dimensões mínimas para lajes lisas ou cogumelo 65

Tabela 5.18 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas biapoiadas 65

Tabela 5.19 - Dimensões mínimas para vigas biapoiadas 66

Tabela 5.20 - Dimensões mínimas para vigas contínuas de concreto armado, em

situação de incêndio 66

Tabela 6.1 – Propriedades térmicas do perfil laminado IPE 400 84

Tabela 6.2 – Temperatura Média ºC 84

Tabela 6.3 – Temperaturas médias obtidas via MDF com e sem discretização do

material de proteção 85

Tabela 6.4 – Comparação dos resultados em relação a temperatura 85

Tabela 6.5 – Comparação da temperatura obtida nas umidades 2% e 4% 85

Tabela 6.6 – Análise Ansys Viga metálica isostática e hiperestática 87

Tabela 6.7 – Módulo de Elasticidade em função da temperatura 93

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas

CFD = Computacional Fluids Dinamic

CT = Comissão Técnica

CBPMESP = Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo

DIN = Deutsches Institut für Normung

EUROCODE = European Committee for Standardization

FLA = Flambagem local da mesa comprimida

FLM = Flambagem local da Alma

FLT = Flambagem lateral

ISO = International Organization for Standardization

IT = Instrução Técnica

MDF = Método das diferenças finitas

MEF = Método dos elementos Finitos

TRRF = Tempo Requerido de Resistência ao fogo

UFMG = Universidade Federal de Minas Gerais

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LISTA DE SÍMBOLOS

= área;

= área do piso;

= área de ventilação horizontal;

= área total do compartimento (paredes, tetos e pisos, incluindo aberturas);

= área de ventilação vertical;

= elemento de compartimentação;

= calor específico;

= módulo de elasticidade;

F = índice de massividade;

= valor característico de uma ação;

= resistência característica do concreto;

= resistência característica do aço;

H = altura;

= fator de redução de resistência / módulo de elasticidade;

K = coeficiente da condutividade térmica;

= comprimento;

= carga de incêndio;

t = tempo;

u = perímetro;

V = grau de ventilação do compartimento;

W = fator relacionado a ventilação do ambiente;

= coeficiente adimensional / coeficiente de segurança;

= alongamento provocado pela variação de temperatura;

= condutividade térmica do material;

= massa específica;

= temperatura;

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SUMÁRIO

p.

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 17

2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 17

2.2 Objetivo Específico ................................................................................................. 17

3. MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................ 18

4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 19

5 ANÁLISE COMPORTAMENTAL DAS CARGAS DE INCÊNDIO EM

ESTRUTURAS .......................................................................................................... 20

5.1 Histórico ..................................................................................................................... 20

5.2 Conceitos ................................................................................................................... 23

5.2.1 Definição de incêndio ............................................................................................ 23

5.2.2 Temperatura ........................................................................................................... 26

5.2.3 Tipos de Proteção .................................................................................................. 27

5.2.4 Flashover ................................................................................................................. 28

5.2.5 Modelagem do incêndio ........................................................................................ 29

5.2.6 Incêndio padrão ..................................................................................................... 30

5.3 Principais materiais de construção utilizados em estruturas e suas

características ...................................................................................................................... 33

5.3.1 Concreto .................................................................................................................. 37

5.3.2 Aço ........................................................................................................................... 39

5.3.3 Madeira .................................................................................................................... 43

5.4 Métodos de Dimensionamento do TRRF .......................................................... 47

5.4.1 Método tabular ....................................................................................................... 47

5.4.2 Método do tempo equivalente ............................................................................. 49

5.4.2.1 Carga de incêndio .............................................................................................. 50

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5.4.2.2 Coeficientes adimensionais ............................................................................. 51

5.4.2.3 Coeficientes de segurança ............................................................................... 52

5.4.2.4 Fator “K” .............................................................................................................. 53

5.4.2.5 Fator relacionado à ventilação do ambiente ................................................. 53

5.4.2.6 Fator de correção estrutural ............................................................................. 54

5.4.3 Calculo do índice de massividade ....................................................................... 55

5.5 Materiais utilizados para proteções contra incêndio ..................................... 55

5.5.1 Classificação dos materiais .................................................................................. 55

5.5.2 Materiais Projetados .............................................................................................. 57

5.5.3 Placas rígidas ......................................................................................................... 58

5.5.4 Tintas intumescentes ............................................................................................ 58

5.5.5 Materiais incorporados no concreto .................................................................... 59

5.6 Dimensionamento das cargas de estruturas ................................................... 59

5.6.1 Ações, segurança e resistência de cálculo NBR 14323 (ABNT, 1999) ........ 60

5.6.1.1 Método simplificado ........................................................................................... 61

5.6.1.2 Temperatura crítica ........................................................................................... 64

5.6.2 Segundo a NBR 15200 (ABNT, 2004) ............................................................... 64

5.6.3 Segundo a EUROCODE ....................................................................................... 66

5.7 Avaliações de utilização em projetos ................................................................ 67

5.7.1 Programas específicos para análise de estruturas em incêndio ................... 68

5.7.2 Programas convencionais adaptados para incêndio ....................................... 71

6 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 76

6.1 Incêndio ocorrido em galpão industrial ............................................................ 76

6.2 Verificação estrutural ............................................................................................. 78

6.3 Análise do TRRF entre o método tabular e o tempo equivalente ............... 80

6.3.1 Análise pelo método tabular ................................................................................. 80

6.3.2 Análise pelo método do tempo equivalente....................................................... 81

6.3.3 Aferição dos resultados ........................................................................................ 83

6.4 Modelo para transferência de calor .................................................................... 83

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6.5 Análise comportamental das cargas de incêndio .......................................... 86

6.6 Comportamento de vigas ...................................................................................... 87

6.7 Comportamento pórtico plano ............................................................................. 89

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 97

8 CONCLUSÕES .................................................................................................. 99

9 RECOMENDAÇÕES........................................................................................ 100

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 101

ANEXO A ................................................................................................................ 105

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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico trouxe profundas modificações nos sistemas

construtivos, caracterizadas pela utilização de grandes áreas sem

compartimentação, pelo emprego de fachadas envidraçadas e pela incorporação

acentuada de materiais combustíveis aos elementos construtivos. Tais modificações,

aliadas ao número crescente de instalações e equipamentos de serviço, introduziram

riscos que anteriormente não existiam nas edificações.

A segurança de incêndio deve levar em conta parâmetros como o comportamento da

estrutura em temperatura elevada, a exposição ao calor e os benefícios dos meios

de proteção ativa e passiva.

Os materiais modernos de construção que são usados nas edificações levam à

necessidade de se conhecer seus comportamentos em situação de incêndio. Os

riscos podem variar muito com o uso de novos materiais sem controle de sua reação

e resistência ao fogo; dessa maneira, torna-se necessário ensaiar todos os materiais

e sistemas construtivos do mercado, o que nem sempre tem sido feito.

Como quanto maior a complexidade maior o risco, quanto mais sofisticado, quanto

maiores e mais altas forem as edificações, maiores os cuidados com a inspeção,

com o projeto, com a construção, com o funcionamento e com mudanças de uso.

Novos riscos são gerados diariamente e a partir de grandes desastres o

conhecimento e maior domínio sobre o incêndio se fizeram necessários.

Com o desenvolvimento da tecnologia por meio de softwares é possível determinar e

desenvolver análise do comportamento global de estruturas e de forma adequada

verificar o desempenho da estrutura.

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2. OBJETIVOS

Este trabalho descreve o comportamento das estruturas em situação de incêndio e

os materiais usuais na construção civil (concreto, aço e madeira).

2.1 Objetivo Geral

Estudar os métodos para a verificação de uma estrutura em situação de incêndio e

apresentar soluções para minimizar o efeito da temperatura sobre os materiais.

2.2 Objetivo Específico

Discutir parâmetros de cálculo e dimensionamento por meio das normas brasileiras e

outras referências como normas estrangeiras (Eurocode).

Verificar soluções e meios para controlar as cargas excepcionais provocadas pelo

calor específico.

Fazer um comparativo entre diversos tipos de materiais utilizados e o

comportamento nas estruturas isostáticas e hiperestáticas.

Identificar, se possível, os motivos pelos quais a análise de incêndio não é

costumeiramente considerada como variável em projetos estruturais.

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3. MÉTODO DE TRABALHO

A elaboração deste trabalho de conclusão de curso foi composto de diferentes

recursos, visando obter maior êxito no estudo e no material adquirido, com a

finalidade de atender os objetivos propostos.

A pesquisa foi dividida em pesquisa bibliográfica, visita técnica e elaboração de

estudo de caso, bem como, pesquisa em sites específicos, visando obter

informações atualizadas.

Para conhecer as tecnologias utilizadas na atualidade foram pesquisados: materiais

em livros e artigos técnico-científicos, teses de mestrado e doutorado.

Devido à complexidade do assunto foram coletadas informações das obras, tendo os

projetos e fotos como objeto de análise.

Durante a pesquisa, foi dada especial atenção para a legislação e normas técnicas

brasileiras, instrução técnica do corpo de bombeiros e a Eurocode, onde foram

analisados os fatores de segurança e exigências pelos órgãos competentes.

Verificar as tendências e metodologias empregadas nas empresas de projetos

estruturais, por meio de catálogos de diferentes fornecedores para obter uma melhor

opção de estudo, além de pesquisa de ensaios tecnológicos e procedimentos

técnicos utilizados em estruturas com temperaturas altas.

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4 JUSTIFICATIVA

A carga de incêndio depende de um conjunto extenso de parâmetros que, por sua

variabilidade é de difícil definição nos projetos.

Neste cenário, a introdução de critérios para conhecer o comportamento das

estruturas em cada tipo de edificação é objeto de estudos científicos e acadêmicos,

utilizando “softwares” de cálculos pelo método dos elementos finitos e ensaios reais

nas mais adversas condições.

Este estudo visa conhecer os aspectos que influenciam as estruturas em altas

temperaturas destacando-se a redução da resistência mecânica e o módulo de

elasticidade dos elementos estruturais da edificação, conduzindo a deformações

adicionais, podendo levar a estrutura ao colapso.

No estudo do comportamento de estruturas em situação de incêndio, três etapas são

importantes: modelagem do incêndio, análise térmica e análise estrutural. (CALDAS,

2008). A análise estrutural entre os diversos tipos de materiais: aço, concreto e

mistas mostra comportamentos diferentes em situação de incêndio e é

imprescindível conhecer as vantagens e desvantagens de cada material em situação

de incêndio.

Convém lembrar que a estaticidade também é relevante no comportamento da

estrutura em situação de incêndio sendo que as estruturas isostáticas sofrem

apenas deformações adicionais enquanto que nas hiperestáticas surgem esforços

internos adicionais.

Estima-se que o risco de morte em um incêndio comparado ao sistema de transporte

pode ser até 60 vezes menor. Visto que a asfixia é a principal causa de morte, o

risco devido o colapso estrutural é ainda menor. Contudo a importância de preservar

a estrutura de uma edificação é relevante para manter o bem patrimonial interno

instalado, minimizar os danos em edificações vizinhas e garantir maior

sustentabilidade da edificação.

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5 ANÁLISE COMPORTAMENTAL DAS CARGAS DE INCÊNDIO EM

ESTRUTURAS

5.1 Histórico

A evolução dos estudos em incêndio se deve à mudança de conceitos. No princípio

o incêndio era considerado com sendo uma obra do acaso. Contudo, nos dias atuais

sabe-se que o incêndio é uma ação controlável, desde que os meios de proteção

sejam utilizados, e as vítimas ou a perda do patrimônio são conseqüências da

ignorância ou ato criminoso.

A segurança contra incêndio engloba: medidas de prevenção, extinção, segurança

estrutural, rotas de saída para rápida evacuação, etc.

Historicamente a necessidade de segurança em todos os níveis tais como estrutural,

utilização, prevenção e combate, surgiu depois de ocorridos os desastres. Fatores

como adensamento dos centros urbanos, a arquitetura, o sistema construtivo,

predomínio do uso de madeiras como estrutura, tornaram-se meio fácil de

propagação e produção de incêndios.

Em 1666, a cidade de Londres foi destruída em quase 75% de sua área após um

incêndio que durou por 3 dias, sendo o mais significativo até o momento e

denominado como The Great Fire. Este foi o ponto de partida para a adoção de

medidas de proteção contra incêndio, tornando-se a regulamentação precursora das

regulamentações atuais.

Nos Estados Unidos, mesmo após desenvolvimento de técnicas e materiais contra

incêndio, eclodiram grandes incêndios em Chicago no século XIX, fatos que

aumentaram a preocupação com a segurança patrimonial.

Internacionalmente a Suíça por meio da SIA (Societé Suisse des Ingénieurs et des

Architectes), foi a pioneira a adotar métodos de avaliação de riscos de incêndio por

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21

meio da SIA – 81 “Método de avaliação de risco de incêndio”, em 1984 tendo por

princípio os trabalhos de Gretener. Posteriormente, estes trabalhos serviram de base

para as normas austríacas TRVB A-100 (cálculo) e TRVB A-126 (parâmetros de

cálculo) publicadas em 1987.

O EUROCODE 1 (1995), e DIN 18230 (1987), incorporam de maneira simplificada o

método de Gretener.

Os registros e a maioria das informações de incêndios ocorridos no Brasil devem-se

aos registros CBPMESP, criada em 1880, de acordo com Bonitese (2007).

Destacam-se os incêndios do edifício Andraus 1972, e do edifício Joelma em 1974,

como mostrado na Tabela 5.1

Tabela 5.1 - Principais incêndios em edifícios altos na cidade de São Paulo.

Data do incêndio Edifício Número de Andares Vítimas

pavimentos atingidos fatais

13/01/1969 Grande Avenida 23 5º ao 18º 0

24/02/1972 Andraus 31 1º ao 29º 16

01/02/1974 Joelma 25 12º ao 25º 179

04/09/1978 Conjunto Nacional 26 1º ao 9º 0

09/04/1980 Secretaria da Fazenda 22 13º ao 14º 0

14/02/1981 Grande Avenida 23 1º ao 19º 17

03/06/1983 Scarpa 17 12º ao 13º 0

21/05/1987 Torres da CESP 21 e 17 todos 2

Fonte: Bonitese (2007)

Em 1994, o corpo de Bombeiros de São Paulo publicou uma Instrução Técnica

outorgando diretrizes para o projeto de estruturas metálicas. Não foram incluídas

recomendações para estruturas em concreto, por já existir a norma NBR: 5627

(ABNT, 1980) “Exigências particulares das obras de concreto armado e protendido

em relação à resistência ao fogo”. A atitude do CBPMESP foi adequada, porém as

exigências de segurança foram consideradas excessivas e inflexíveis. A IT, no

entanto, incentivou o interesse pelo tema dos meios técnicos, acadêmicos e

industriais (SILVA, 2010).

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A partir deste cenário, em 1996 foi criada a Comissão de Estudos CE-24:301-06 pela

ABNT com objetivo de criar uma norma específica para proteção contra fogo em

estruturas metálicas, resultando em 1999 a NBR 14323 (ABNT, 1999)

“Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio” e em

seguida devido a necessidade foi criada a NBR: 14432 (ABNT, 2000) “Exigências de

resistência de elementos construtivos das edificações”, sendo válida

independentemente do material (concreto, aço, alvenaria, madeira, etc.) utilizado.

A NBR 5627 (ABNT, 1980) foi cancelada em 2001. A partir de 2004 as estruturas de

concreto passaram a ter norma específica, a NBR 15200 (ABNT, 2004) “Projeto de

estruturas de concreto em situação de incêndio”. A IT do CBPMESP de acordo com

Silva (2010), revisada, é compatível com as Normas Brasileiras.

O estudo da modelagem de um compartimento em situação de incêndio pode ser

feito por meio de ensaios experimentais ou desenvolvidos por modelos numéricos.

Devido ao alto custo dos ensaios, estes ainda são modestos no Brasil, portanto os

modelos numéricos são relevantes nesta realidade para simular o comportamento

das estruturas submetidas a incêndio. No caso das propriedades dos elementos dos

materiais (concreto, aço e madeira) isoladamente os ensaios experimentais são mais

utilizados.

Mesmo que bem documentados os “incêndios acidentais” e o conhecimento das

propriedades físicas dos materiais, podem dar apenas indícios do comportamento

estrutural. Porém, é impossível reconstruir o cenário completo, incluindo o

desenvolvimento da temperatura e propagação do incêndio (CALDAS, 2008).

Realizar experimentos somente em elementos individuais pode levar a uma situação

diferenciada do real. Foi desenvolvido pela Britain British Steel na década de 90 um

grande projeto experimental que consistia em edifício de 8 pavimentos, típico de um

escritório moderno, em Cardington, Reino Unido, possibilitando entender as

complexas interações que ocorrem durante um incêndio e sendo capaz de produzir

modelos numéricos.

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5.2 Conceitos

Apresentam-se os conceitos básicos do incêndio, descrição das características de

um incêndio, das proteções ativa e passiva de combate ao incêndio e apresentar os

tipos de modelagens e as curvas que representam um incêndio, tais como: curvas

paramétricas, nominais, TRRF e Tempo Equivalente.

5.2.1 Definição de incêndio

O fogo é uma reação química que fornece calor, luz e chama e só é possível

acontecer devido à presença de três elementos básicos: combustível, oxigênio e

calor, conhecido como o triângulo do fogo conforme Figura 5.1.

Figura 5.1 - Triângulo do fogo e quadrilátero do fogo

Fonte: Caldas (2008)

O produto da combustão dos materiais sólido, líquido e gasoso, com a liberação de

luz e calor, tornando-se uma reação em cadeia, apresentando uma quarta condição

a qual é representada pelo tetraedro, ou quadrilátero do fogo conforme Figura 5.1.

Para Caldas (2008), existem três pontos notáveis da combustão: ponto de fulgor,

ponto de combustão e ponto de ignição. O ponto de fulgor é a temperatura mínima

na qual o combustível começa a desprender vapores, que se incendeiam em contato

com uma chama ou centelha (agente ígneo), mas sem que a chama se mantenha

devido à insuficiência da quantidade de vapores. O ponto de combustão ou

inflamação é a temperatura mínima na qual o corpo combustível começa a

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desprender vapores, que se incendeiam em contato com um agente ígneo e

mantém-se queimando, mesmo com a retirada do agente ígneo. O ponto de ignição

é a temperatura na qual os gases desprendidos do combustível entram em

combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar, independentemente de

qualquer agente ígneo.

Além do incêndio propriamente dito é importante definir a segurança contra incêndio

que segundo a IT- 03 (CBPMESP, 2004), “é conjunto de ações e recursos, internos

e externos à edificação e áreas de risco, que permitem controlar a situação de

incêndio”.

Com o objetivo de minimizar o risco de morte e a perda patrimonial, os

requerimentos de segurança contra incêndio para edificações no Brasil são

expressos por leis como, por exemplo, em São Paulo a lei 684 de 30 de setembro de

1975 e a lei 14130 de 19 de dezembro de 2001 do estado de Minas Gerais.

As leis têm o intuito de que os projetistas reflitam sobre os riscos que um incêndio

pode acarretar. A Tabela 5.2 apresenta um resumo de alguns fatores e suas

influências na severidade do incêndio e segurança da vida do patrimônio.

Em um incêndio haverá a combinação e/ou falha de diversos tipos destes fatores

citados na Tabela 5.2. No âmbito estrutural, a falha de um pilar pode levar à falha da

estrutura ou uma redistribuição de carga entre os demais pilares deixando-os

sobrecarregados e correndo o risco do colapso podendo ser potencialmente

desastroso no caso das estruturas hiperestáticas. De acordo com Caldas (2008),

deve sempre ser previsto nos pilares a resistência em situação de incêndio para que

não ocorram falhas extremas. As vigas comportam-se perdendo a resistência e a

rigidez ocasionando grandes deslocamentos, considerando que permaneçam

ligadas nas extremidades, e que a as lajes sobrepostas não entrem em colapso, os

efeitos serão somente locais. Neste caso necessita-se avaliar a influência das vigas

na estabilidade dos pilares, sobretudo nos de extremidade. Com relação as lajes se

estas falharem isoladamente ou apresentam fissuras como resultado de grandes

deslocamentos, o ponto de problema principal é a propagação do fogo de um andar

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para o outro, este podendo ocorrer também devido a falha nas ligações entre vigas e

pilares.

Tabela 5.2 – Fatores e suas influências na severidade do incêndio e segurança da vida e

patrimônio.

Fatores Influência na Influência na Influência na

severidade do

incêndio segurança da vida

segurança do patrimônio

Carga de incêndio

A temperatura máxima de um incêndio depende da quantidade, tipo e distribuição do material combustível.

O nível de enfumaçamento, toxicidade e calor depende da quantidade, tipo e distribuição do material combustível.

O conteúdo da edificação é consideravelmente afetado por incêndios de grandes proporções

Ventilação

Em geral, o aumento da ventilação faz aumentar a temperatura do incêndio e diminuir sua duração

A ventilação mantém as rotas de fuga livres de níveis perigosos de enfumaçamento e toxicidade.

A ventilação facilita a atividade de combate ao incêndio por evacuação da fumaça e dissipação dos gases quentes.

Compartimentação

Quanto mais isolantes forem os elementos de compartimentação (pisos, tetos e paredes), menor será a propagação do fogo para outros ambientes, porém, o incêndio será mais severo no compartimento.

A compartimentação limita a propagação do incêndio.

A compartimentação limita a propagação do incêndio, restringindo as perdas.

Resistência das estruturas em situação de incêndio

A resistência das estruturas em situação de incêndio não afeta diretamente a severidade do incêndio.

A resistência das estruturas em situação de incêndio tem pequeno efeito na segurança à vida em edifícios de pequena altura ou área, por serem de fácil desocupação. Em edifícios altos é essencial a resistência em situação de incêndio, pois garante a segurança ao escape dos ocupantes, às operações de combate e à vizinhança.

O colapso estrutural pode trazer conseqüências danosas às operações de combate ou à vizinhança. Se o risco for pequeno, a verificação de resistência pode ser dispensada.

Rotas de fuga

Rotas de fuga bem sinalizadas, desobstruídas e seguras estruturalmente são essenciais para garantir a evacuação e dependem do tipo de edificação.

Reserva de água

Água e disponibilidade de pontos de suprimento são necessários para extinção do incêndio, diminuindo os riscos de propagação e seus efeitos à vida e ao patrimônio.

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Fatores Influência na Influência na Influência na

severidade do

incêndio segurança da vida

segurança do patrimônio

Detecção de calor ou fumaça

A rápida detecção do incêndio, apoiada na eficiência da brigada contra incêndio e copo de bombeiros, reduzem o risco da propagação do incêndio.

A rápida detecção do início do incêndio, por meio de alarme, dá aos ocupantes rápido aviso da ameça, antecipando a desocupação.

A rápida detecção do início de um incêndio minimiza o risco de progação, reduzindo a região afetada pelo incêndio.

Chuveiros automáticos

Projeto adequado e manutenção de chuveiros automáticos são internacionalmente reconhecidos como um dos principais fatores de redução do risco de incêndio, pois contribuem, ao mesmo tempo, para a compartimentação, a detecção e a extinção.

Chuveiros automáticos limitam a propagação do incêndio e reduzem a geração de fumaça e gases tóxicos.

Chuveiros automáticos reduzem o risco de incêndio e seu efeito na perda patrimonial.

Hidrantes e extintores

Hidrantes, extintores e treinamento dos usuários da edificação, para rápido combate, reduzem o risco de propagação do incêndio e seu efeito ao patrimônio e à vida humana.

Brigada contra incêndio

A presença de pessoas treinadas para prevenção e combate reduz o risco de início e progração de um incêndio.

Além de reduzir o risco de incêndio, a brigada coordena e agiliza a desocupaçõa da edificação.

A presença da brigada contra incêndio reduz o risco e as consequentes perdas patrimoniais decorrentes de um incêndio.

Corpo de Bombeiros

Proximidade, acessibilidade e recursos do Corpo de Bombeiros otimizam o combate ao incêndio, reduzindo o risco de propagação.

Em grandes incêndios, o risco à vida é maior nos primeiros instantes. Dessa forma deve haver medidas de proteção independentes da presença do Corpo de Bombeiros. Um rápido e eficiente combate por parte do Corpo de Bombeiros reduz o risco à vida.

Proximidade, acessibilidade e recursos do Corpo de Bombeiros facilitam as operações de combate ao incêndio, reduzindo perdas estruturais e do conteúdo.

Projeto de segurança contra incêndio

Um projeto de engenharia de segurança contra incêndio deve prever um sistema adequado ao porte e à ocupação da edificação, de forma a reduzir o risco de início e propagação de um incêndio, a facilitar a desocupação e as operações de combate. Dessa forma reduz a severidade do incêndio, as perdas de vidas e patrimoniais.

Fonte: Vargas e Silva (2005) apud Caldas (2008)

5.2.2 Temperatura

A temperatura é gerada por meio da diferença de temperatura entre os elementos

sólidos e os gases gerando fluxo de calor que é transferido à estrutura existente. A

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temperatura máxima atingida é utilizada para cálculo em projetos. As temperaturas

são divididas em atuante e crítica.

A temperatura atuante são aquelas determinadas por meio de softwares, pela

análise de um incêndio natural e por normas brasileiras e internacionais. É definida

por uma curva padrão de incêndio associado ao tempo requerido de resistência ao

fogo.

A temperatura crítica é a temperatura na qual a estrutura entra em colapso, isto é,

entra no estado plástico. Ela é comparada com a temperatura máxima atingida a fim

de garantir a segurança na estrutura. A temperatura máxima tem que ser menor que

a temperatura crítica (SILVA, 2001).

5.2.3 Tipos de Proteção

A proteção à vida humana e a segurança patrimonial são abordadas pelas normas e

pelas instruções técnicas. Subdivide-se a proteção e prevenção do incêndio em:

proteções ativas e passivas.

De acordo com a IT-03 (CBPMESP, 2004), “proteções ativas são medidas de

segurança contra incêndio que dependem de uma ação inicial para o seu

funcionamento, seja ela manual ou automática”. Os chuveiros automáticos

(sprinklers), os extintores, os hidrantes, brigada de incêndio, sistemas automáticos

de detecção de fumaça ou calor, sistema de exaustão de fumaça são consideradas

como proteções ativas.

A proteção passiva na mesma instrução é definida como “medidas de segurança

contra incêndio que não dependem da ação inicial para o seu funcionamento”. Rotas

de fuga, sinalização, controle da quantidade de materiais combustíveis incorporados

aos elementos construtivos, compartimentação vertical e horizontal são exemplos de

proteção passiva.

O dimensionamento da estrutura objeto deste estudo é considerado como proteção

passiva. Neste âmbito também são consideradas a compartimentação vertical

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(paredes, parapeitos e portas) e horizontal (lajes), escada de segurança, rotas de

fuga, materiais retardantes à chama.

A característica da edificação e os riscos estão intimamente relacionados com as

proteções a serem determinadas, quando da execução do projeto.

5.2.4 Flashover

Os procedimentos de cálculo das estruturas em situação de incêndio em normas e

as relações temperatura-tempo dos gases baseiam-se no comportamento do

incêndio em compartimentos, o qual se distingue em três fases distintas para efeito

de cálculo: (1) crescimento do incêndio; (2) combustão permanente com aumento

rápido de temperatura; (3) redução da temperatura Figura 5.2.

Convém lembrar a dificuldade de se dimensionar a intensidade e a duração do

incêndio, devido a diversidade das condições, porém é possível com razoável

probabilidade, indicar para qualquer compartimento uma relação temperatura-tempo

com intuito de facilitar o estudo dos componentes resistentes da edificação.

A fase 1 é chamada de pré-flashover e flashover, sendo esta relevante para

engenharia estrutural . Durante o pré-flashover os gases quentes e fumaça são

liberados. Os gases acumulam-se na parte superior do compartimento incendiado,

criando com as entradas de ar (janelas e portas) duas zonas: sendo a superior de

gases quentes e a inferior de ar fresco e no meio conhece-se por linha neutra. Para

efeito de cálculo admite-se que o incêndio continua a evoluir e o fenômeno em que

todos os materiais encontram-se envolvidos pelo fogo é conhecido por flashover

(inflamação generalizada). O flashover está associado principalmente ao fluxo de

calor recebido pelos materiais que ainda não entraram em combustão (CALDAS et

al., 2008).

Posteriormente ao flashover ocorre a fase pós-flashover (2) conhecida pelo aumento

da temperatura rapidamente, ficando difícil a extinção e o combate do incêndio.

Nesta etapa, concentra-se então em prevenir a propagação do incêndio para os

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outros compartimentos. Obter a relação temperatura-tempo é o principal objetivo na

fase pós-flashover.

Segundo Caldas (2008) esta é a fase mais relevante para engenharia estrutural, pois

os danos a estrutura também atingem o máximo. Após um período de combustão,

muitos materiais são consumidos e a taxa de combustão começa a diminuir,

indicando então o ponto em que começa o decréscimo na taxa de calor liberado

entrando na fase (3) a qual as temperaturas diminuem e o incêndio se extingue ao

ponto em que todos os materiais combustíveis são consumidos.

Figura 5.2 – Fases típicas do desenvolvimento do incêndio

Fonte: Bonitese (2007)

5.2.5 Modelagem do incêndio

A modelagem do comportamento de incêndio tem sido desenvolvida por diversos

pesquisadores e pode ser dividida em três grupos: modelos analíticos, modelagem

por zonas e modelagem computacional utilizando dinâmica dos fluídos (CFD).

O modelo analítico é o menos complexo dos três e onde as normas são

fundamentadas. Exemplos de modelos analíticos das normas brasileiras NBR 14323

(ABNT, 1999) são as curvas de incêndio padrão que por meio destas o TRRF indica

a máxima temperatura onde o mesmo é tabelado restringindo o tipo de edificação a

ser projetado. Internacionalmente a EN 1991-1-2 (EUROCODE, 2002) indica as

curvas: de incêndio parametrizado e incêndio localizado.

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A modelagem computacional (CFD) utiliza recursos com base nas equações

fundamentais da dinâmica dos fluídos, termodinâmica, mecânica e reações

químicas. Os softwares que utilizam esses modelos serão descritos no item 5.7,

neste caso os cálculos são resolvidos a partir da discretização do compartimento em

um grande número de volumes de controle, volumes finitos ou elementos finitos

(CALDAS, 2008).

A modelagem por zonas está no nível intermediário entre a modelagem analítica e a

modelagem (CFD). A diferença é que a divisão do incêndio é menor e fica em duas

grandes zonas praticamente: uma zona superior de gases quentes e uma zona

inferior de ar fresco, assumindo propriedades uniformes em cada zona como a

temperatura e a concentração de gases. Para Caldas (2008) os compartimentos

geometricamente regulares e também nos casos dos incêndios localizados (Pré-

flashover), a modelagem por zonas fornece um bom entendimento do

comportamento do incêndio. Nas edificações que possuem medidas de proteção

ativa e passiva eficientes para evitar a propagação do incêndio e extingui-lo na fase

Pré-flashover, nenhuma verificação adicional da estrutura será necessária.

5.2.6 Incêndio padrão

O incêndio padrão é uma representação por meio de curvas padronizadas Figura 5.3

com a finalidade de fornecer parâmetros de projetos, na modelagem analítica.

Segundo Silva (2001) é importante ressaltar que essa curva não representa um

incêndio real e quaisquer conclusões que tenham por base essa curva devem ser

analisadas com cuidado. A principal diferença entre essa curva e o incêndio real é

que a mesma é representada por uma curva ascendente admitindo que a

temperatura dos gases seja sempre crescente com o tempo, independente das

características do ambiente e da carga de incêndio.

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Figura 5.3 - Curvas Nominais EN 1991-1-2 (EUROCODE, 2000)

Fonte: EN 1991-1-2, 2000 apud Caldas, 2008

De acordo com a NBR 14432 (ABNT, 2000) “incêndio padrão é a elevação

padronizada de temperatura em função do tempo”, dada pela equação (5.1) utilizada

para incêndios a base de materiais celulósicos:

345 (5.1)

onde:

é a temperatura dos gases, em graus Celsius no instante t;

é a temperatura do ambiente antes do início do aquecimento, em graus Celsius,

geralmente tomada igual a 20ºC;

é o tempo, em minutos;

A equação (5.1) também é prescrita nas normas EN 1991-1-2 (EUROCODE, 2002) e

ISO 834-1 (DIN, 1999). A Tabela 5.3 relaciona a temperatura em função dos gases

conforme a equação (5.1).

Para incêndio, devido à combustão de materiais formados por hidrocarbonetos, a EN

1991-1-2 (EUROCODE, 2002) apresenta a equação (5.2) para relação temperatura-

tempo:

(5.2)

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Estruturas externas, localizadas fora do compartimento incendiado, porém podem

servir de ação de incêndio por meio das aberturas. Para estas a EN-1991-1-2

(EUROCODE, 2002) apresenta a equação (5.3):

(5.3)

Tabela 5.3 – Temperatura dos gases em função do tempo

Tempo (min) Temperatura (ºC) Tempo (min) Temperatura (ºC)

0 20 65 957

5 576 70 968

10 678 75 979

15 739 80 988

20 781 85 997

25 815 90 1006

30 842 95 1014

35 865 100 1022

40 885 105 1029

45 902 110 1036

50 918 115 1043

55 932 120 1049

60 945

Fonte: Silva (2001)

Para estruturas especiais como túneis, a curva de incêndio padrão não pode ser

utilizada. De acordo com ensaios realizados neste tipo de estrutura, foi criada a

curva RWS curve onde as temperaturas nos primeiros minutos são muito elevadas

conforme Figura 5.4. As temperaturas críticas chegam há aproximadamente 30

minutos e se mantém durante aproximadamente 2 horas (BREUNESE, 2010).

Figura 5.4 - Curva Nominal RWS

Fonte: Site Efectis Nederland (Acessado em Setembro 2010)

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5.3 Principais materiais de construção utilizados em estruturas e suas

características

Os materiais sólidos são freqüentemente classificados em três grupos principais:

materiais metálicos, materiais cerâmicos e materiais poliméricos ou plásticos. Esta

classificação é baseada na estrutura atômica e nas ligações químicas

predominantes em cada grupo. Um quarto grupo, que foi incorporado nesta

classificação nas últimas décadas, é o grupo dos materiais compósitos.

Os materiais metálicos são normalmente combinações de elementos metálicos. Eles

apresentam um grande número de elétrons livres, isto é, elétrons que não estão

presos a um único átomo. Muitas das propriedades dos metais são atribuídas a

estes elétrons. Por exemplo, os metais são excelentes condutores de eletricidade e

calor e não são transparentes à luz. A superfície dos metais, quando polida, reflete

eficientemente a luz. Eles são resistentes, mas deformáveis. Por isto são muito

utilizados em aplicações estruturais.

Entre os quatros grupos de materiais mencionados anteriormente, os materiais

metálicos, e em particular os aços, ocupam um lugar de destaque devido à sua

extensiva utilização.

Os materiais cerâmicos são normalmente combinações de metais com elementos

não metálicos. Os principais tipos são: óxidos, nitretos e carbonetos. A esse grupo

de materiais também pertencem os argilo-minerais, o cimento e os vidros. A

cerâmica vermelha (telhas, tijolos e manilhas) e a cerâmica branca (azulejos,

sanitários e porcelanas) são constituídas principalmente de silicatos hidratados de

alumínio, tais como caulinita, haloisita, pirofilita e morilonita. O óxido de ferro é que

confere a cor avermelhada de muitos produtos cerâmicos.

Os polímeros são constituídos de macromoléculas orgânicas, sintéticas ou naturais.

Os plásticos e borrachas são exemplos de polímeros sintéticos, enquanto o couro, a

seda, o chifre, o algodão, a lã, a madeira e a borracha natural são constituídos de

macromoléculas orgânicas naturais. Os materiais poliméricos são geralmente leves,

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isolantes elétricos e térmicos, flexíveis e apresentam boa resistência à corrosão e

baixa resistência ao calor.

Os materiais compósitos são materiais projetados de modo a conjugar

características desejáveis de dois ou mais materiais. Os materiais compósitos são

também conhecidos como materiais conjugados ou materiais compostos.

A madeira é um material compósito natural, em que a matriz e o reforço são

poliméricos. O concreto é outro compósito comum. Neste caso, tanto a matriz como

o reforço são materiais cerâmicos. No concreto, a matriz é cimento Portland e o

reforço é constituído de 60 a 80% em volume de um agregado fino (areia) e de um

agregado grosso (pedregulho). O concreto pode ainda ser reforçado com barras de

aço.

A capacidade resistente do concreto, do aço, das estruturas mistas, da madeira, da

alvenaria estrutural e do alumínio em situação de incêndio segundo a EN 1994-1-1

(EUROCODE, 2004) é reduzida em vista da degeneração das propriedades

mecânicas dos materiais (Figura 5.5 e Figura 5.6) ou da redução da área resistente.

Apesar de a redução das propriedades mecânicas do concreto e da madeira ser

mais acentuada, em função da temperatura, do que a do aço deve-se lembrar que a

temperatura média atingida por um elemento isolado de aço (Figura 5.8a) em

incêndio é geralmente maior do que a dos outros dois materiais. O aço e o alumínio

têm resistência e módulo de elasticidade reduzida quando submetidos a altas

temperaturas. Nas Figura 5.5 e Figura 5.6 apresentam-se a redução de resistência e

do módulo de elasticidade para espécies de madeira coníferas, aço, concreto e

alumínio.

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Figura 5.5 - Variação da resistência dos materiais em função da temperatura

Fonte: Padilha (2000)

Figura 5.6 - Variação do módulo de elasticidade em função da temperatura

Fonte: Padilha (2000)

Segundo a EN 1992-1-2 (EUROCODE, 2004) o concreto, além da redução da

resistência, perde área resistente devido ao Spalling (Figura 5.7), quando uma

estrutura de concreto é aquecida, a distribuição de temperatura se espalha ao longo

da peça. Nas altas temperaturas, a fissuração interna e a desidratação levam a uma

perda de resistência do concreto gerando tensões térmicas de compressão ou

tração que devido a perda de umidade ocorre um aumento de pressão interna na

face exposta ao incêndio, aparecendo fissuras ou lascamento da superfície do

elemento de concreto submetido a um incêndio.

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Figura 5.7 - Fenômenos associados ao Spalling

Fonte: Breunese e Fellinger (2004)

Em concretos de alta resistência pode ocorrer o Spalling explosivo, pela maior

dificuldade de percolação da água. O Spalling reduz a área resistente do concreto e

expõem a armadura ao fogo (Figura 5.8b). Já os elementos de madeira sofrem

carbonização na superfície exposta ao fogo, reduzindo a área resistente (Figura

5.8c) e realimentando o incêndio. A região central recebe proteção proporcionada

pela camada carbonizada, atingindo baixas temperaturas.

(a) (b) (c)

Figura 5.8 – Situação das estruturas após incêndio. (a) elemento isolado de aço, (b) Spalling

em pilar de concreto e (c) carbonização da madeira.

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5.3.1 Concreto

O concreto tem uma estrutura interna altamente complexa e heterogênea, sendo

esta a dificuldade de sua compreensão. Entretanto, o conhecimento da estrutura e

das propriedades individuais dos materiais constituintes e da relação entre eles

auxilia a compreensão das propriedades dos vários tipos de concreto.

As propriedades térmicas de forma simplificada do concreto de densidade normal

conforme NBR 14323 (ABNT, 1999):

alongamento

calor específico

condutividade térmica

De acordo com a NBR 15200 (ABNT, 2004), a equação (5.4) e a Figura 5.9

descrevem a resistência a compressão quando o concreto está submetido a altas

temperaturas:

(5.4)

onde:

é a resistência característica à compressão do concreto em situação normal;

é o fator de redução da resistência do concreto na temperatura θ, conforme

Figura 5.9

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Figura 5.9 – Fator de redução da resistência do concreto x temperatura

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

O módulo de elasticidade, outra propriedade comprometida quando o concreto

submetido a altas temperaturas também é fornecida na NBR 15200 (ABNT, 2004)

uma equação (5.5) e Figura 5.10:

(5.5)

onde:

é o módulo de elasticidade inicial do concreto em situação normal. Essa mesma

expressão vale para o módulo secante ;

é o fator de redução do módulo de elasticidade do concreto na temperatura θ,

conforme Figura 5.10.

Figura 5.10 – Fator de redução do módulo de elasticidade do concreto em função da

temperatura

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

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39

5.3.2 Aço

O aço é uma liga de ferro e carbono com alguns elementos adicionais como silício,

manganês, fósforo, enxofre, podendo ter suas propriedades mecânicas alteradas por

meio de conformação mecânica ou tratamento térmico. O aumento do teor de

carbono eleva a resistência do aço, porém diminui sua ductilidade (capacidade de se

deformar).

De forma simplificada segundo a NBR 14323 (ABNT, 1999) podem ser utilizados os

valores a seguir para representar as propriedades térmicas:

alongamento

calor específico

condutividade térmica

Nas estruturas mistas de aço e de concreto, o aço é empregado nos perfis, nas

barras das armaduras, nos conectores de cisalhamento, nos parafusos e nas formas

metálicas incorporadas ao concreto em lajes mistas. Os perfis e as chapas das

formas são produtos laminados, as barras das armaduras e os fios de aço podem

ser laminados ou trefilados, os parafusos de alta resistência e os conectores são

fabricados com aço, podendo haver tratamento térmico para aumento de suas

resistências.

As armaduras empregadas no concreto podem ser do tipo ativa e passiva para a

alteração das propriedades de resistência ao escoamento e rigidez do aço das

armaduras a elevadas temperaturas devem ser obtidas na NBR 15200 (ABNT,

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40

2004). A resistência ao escoamento para armadura passiva é representada pela

equação (5.6) e Figura 5.11:

(5.6)

onde:

é a resistência característica do aço de armadura passiva em situação normal;

é o fator de redução da resistência do aço de armadura passiva na temperatura

θ, conforme Figura 5.11;

- curva cheia aplicável quando > 2%, usualmente armaduras tracionadas de

vigas, lajes ou tirantes;

- curva cheia aplicável quando < 2%, usualmente armaduras comprimidas de

pilares, vigas ou lajes.

Figura 5.11 – Fator de redução da resistência do aço de armadura passiva em função da

temperatura

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

O módulo de elasticidade do aço da armadura passiva é representado pela Figura

5.12 e equação (5.7)

(5.7)

onde:

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41

é o módulo de elasticidade do aço da armadura passiva em situação normal,

é o fator de redução do módulo de elasticidade do aço de armadura passiva na

temperatura θ, conforme Figura 5.12

Figura 5.12 – Fator de redução do módulo de elasticidade do aço de armadura passiva em

função da temperatura

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

As armaduras ativas são representadas pela equação (5.8) e Figura 5.13 para o

decréscimo da resistência ao escoamento do aço em função da temperatura:

(5.8)

onde:

é a resistência característica do aço de armadura ativa em situação normal

é o fator de redução da resistência do aço de armadura ativa na temperatura θ,

conforme Figura 5.13

O decréscimo do modulo de elasticidade da armadura ativa em função da

temperatura é obtido pela equação (5.9) e Figura 5.14

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Figura 5.13 – Fator de redução da resistência no aço de armadura ativa em função da

temperatura

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

(5.9)

onde:

é o módulo de elasticidade do aço da armadura ativa em situação normal,

é o fator de redução do módulo de elasticidade do aço de armadura ativa na

temperatura θ, conforme Figura 5.14

Figura 5.14 – Fator de redução modulo de elasticidade da armadura ativa em função da

temperatura

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

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No caso dos aços estruturais a norma que indica as propriedades térmicas é a NBR

14323 (ABNT, 1999) e a perda da resistência e do módulo de elasticidade em

função da elevação da temperatura para aços laminados e trefilados são indicados

na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Fatores de redução do aço

Temperatura

do aço θa

Fator de redução para a resistência

ao escoamento dos aços

laminados

Fator de redução para a resistência

ao escoamento dos aços trefilados

Fator de redução para o módulo de elasticidade dos aços laminados

Fator de redução para o módulo de elasticidade

dos aços trefilados

(ºC) Ky,θ Kyo,θ KE,θ KEo,θ

20 1,000 1,000 1,000 1,000

100 1,000 1,000 1,000 1,000

200 1,000 1,000 0,900 0,870

300 1,000 1,000 0,800 0,720

400 1,000 0,940 0,700 0,560

500 0,780 0,670 0,600 0,400

600 0,470 0,400 0,310 0,240

700 0,230 0,120 0,130 0,080

800 0,110 0,110 0,090 0,060

900 0,060 0,080 0,068 0,050

1000 0,040 0,050 0,045 0,030

1100 0,020 0,030 0,023 0,020

1200 0,000 0,000 0,000 0,000

Nota: Para valores intermediários da temperatura do aço pode ser feita por interpolação

Fonte: NBR 14323 (ABNT, 1999)

5.3.3 Madeira

A madeira é um combustível sólido. Como tal, passa por um processo de

degradação térmica quando submetida à elevação da temperatura. Nesse processo,

diferentes resíduos são produzidos, entre eles: compostos químicos voláteis, gases,

vapor d’água, fumaça, cinzas e carvão. Combustíveis sólidos, como a madeira, são

fontes compactas de armazenamento de energia que passam por um processo de

gaseificação para alimentar as reações de combustão. Esse processo ocorre em

etapas e sua compreensão, assim como a reação e resistência ao fogo da madeira,

auxilia no estudo do desempenho da madeira em situação de incêndio para uso

estrutural, permitindo assim a tomada de decisões para seu emprego racionalizado e

seguro.

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As propriedades da madeira são condicionadas por sua estrutura anatômica,

devendo distinguir-se os valores correspondentes à tração dos correspondentes à

compressão, bem como os valores correspondentes à direção paralela às fibras dos

correspondentes à direção normal às fibras.

Define-se o termo prático “densidade básica” da madeira como sendo a massa

específica convencional obtida pelo quociente da massa seca pelo volume saturado.

A massa seca é determinada mantendo-se os corpos de prova em estufa a 103°C

até que a massa do corpo de prova permaneça constante. O volume saturado é

determinado em corpos de prova submersos em água até atingirem peso constante.

A resistência é a aptidão de a matéria suportar tensões. A resistência é determinada

convencionalmente pela máxima tensão que pode ser aplicada a corpos de prova

isentos de defeitos do material considerado, até o aparecimento de fenômenos

particulares de comportamento além dos quais há restrição de emprego do material

em elementos estruturais. De modo geral estes fenômenos são os de ruptura ou de

deformação específica excessiva.

A rigidez dos materiais é medida pelo valor médio do módulo de elasticidade,

determinado na fase de comportamento elástico-linear.

O módulo de elasticidade na direção paralela às fibras é medido no ensaio de

compressão paralela às fibras e o módulo de elasticidade na direção normal às

fibras é medido no ensaio de compressão normal às fibras.

A combustibilidade da madeira é interpretada desfavoravelmente por projetistas do

setor construtivo e os faz declinar a outras opções na escolha do material estrutural.

No entanto, é necessário ponderar a respeito das características que lhe são

favoráveis e as que não lhe são favoráveis, visto que o principal obstáculo para o

maior aproveitamento da madeira estrutural é o desconhecimento total ou parcial

das potencialidades próprias do material, de notória variabilidade, sob as diversas

condições de uso.

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Vários são os fatores que concorrem para o comportamento favorável da madeira

em situação de incêndio, entre eles a formação de uma camada superficial de

carvão, que atua como isolante térmico, protegendo as ca99madas internas da

exposição às elevadas temperaturas presentes na superfície da madeira. A lenta

transmissão de calor colabora para que não haja perdas das propriedades físicas e

mecânicas do elemento estrutural. Se não houver o combate ao incêndio, o lento

avanço da zona de combustão da madeira será progressivo, degradando as

camadas internas da seção e conduzindo a perda de capacidade de suportar

carregamento do elemento estrutural, caso sua seção transversal residual efetiva

passe a ser insuficiente para suportar o carregamento ao qual é solicitado (PINTO,

2005).

Não há norma brasileira específica para a madeira em situação de incêndio, sendo a

norma que indica as propriedades térmicas da mesma a NBR 7190 (ABNT, 1997),

apresentadas as principais a seguir:

Condutividade térmica conforme Figura 5.15

Figura 5.15 – Condutividade térmica da madeira e camada carbonizada

Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997)

Calor específico conforme Figura 5.16

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Figura 5.16 – Calor específico da madeira e camada carbonizada

Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997)

Densidade conforme Figura 5.17

Figura 5.17 – Densidade para U inicial 12% carbonizada

Fonte: NBR 7190 (ABNT, 1997)

Dilatação térmica

Quanto maior a temperatura maior será a oscilação atômica e o conseqüente

distanciamento dos átomos entre si. No que se refere ao dimensionamento

estrutural, o coeficiente de dilatação térmica da madeira é desprezível, em parte

devido aos seus valores e em parte devido ao efeito compensatório de retração da

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madeira pela perda de umidade durante a elevação de temperatura (MELO, 2002).

O coeficiente de dilatação térmica à temperatura ambiente pode ser visto na Tabela

5.5

Tabela 5.5 – Coeficiente de dilatação térmica da madeira a temperatura ambiente

Direção ( -1)

Radial 15 a 30 x 10-6

Tangencial 25 a 50 x 10-6

Longitudinal 3 a 5 x 10-6

Fonte: Melo (2002)

5.4 Métodos de Dimensionamento do TRRF

Na fase de dimensionamento dos componentes estruturais contra a ação de um

incêndio, deve-se prever qual o campo de temperatura que carga solicitante está

trabalhando. A norma NBR 15200 (ABNT, 2004) considera os seguintes métodos

para determinação do TRRF: O método tabular e o método do tempo equivalente.

5.4.1 Método tabular

Neste método, o TRRF é determinado em função do uso da edificação, da altura da

edificação (que deve ser entendida como a altura do ponto de saída para a rua até o

piso do último pavimento) e as tabelas do corpo de bombeiros IT-08 (CBMESP,

2004) e NBR 14432 (ABNT, 2000).

Conforme a IT-08 (CBMESP, 2004), as classificações das classes de incêndio e seu

tempo de resistência ao fogo são descritos na Tabela 5.6. Foi levada em conta a

curva do modelo de incêndio padrão NBR 15200 (ABNT, 2004).

Com a combinação dos dois elementos acima descritos e a Tabela 5.6, obtém-se a

classe do incêndio e o seu respectivo TRRF.

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Conforme Silva (2008) a NBR 15200 (ABNT, 2004) não leva em conta os efeitos do

Spalling e deformação térmica, podendo haver uma alteração significativa e

acelerada da resistência da peça devido à exposição da armadura.

Tabela 5.6 – TRRF – Decreto Estadual 46.076 de 31 de agosto de 2001.

Profundidade do Subsolo hs Altura da edificação h

Grupo

Ocupação/Uso Divisão

Classe S2

Classe S1

Classe P1

Classe P2 Classe P3 Classe P4 Classe P5

hs >10m

hs ≤ 10m h ≤ 6m

6m < h ≤ 12m

12m < h ≤ 23m

23m < h ≤ 30m

30m < h ≤ 80m

h > 80m

A

Residencial

A-1 a A-3

90 60 30 30 60 90 120 CT

B

Serviços de hospedagem

B-1 e B-2

90 60 30 60 60 90 120 CT

C

Comercial varejista

C-1 90 60 60 60 60 90 120 CT

C-2 e C-3

90 60 60 60 60 90 120 CT

D

Serviços profissionais, pessoais e técnicos

D-1 a D-3

90 60 60 60 60 90 120 CT

E

Educacional e educação física

E-1 a E-6

90 60 30 30 60 90 120 CT

F

Locais de reunião de

público

F-1, F-2, F-5, F-6,F-8 e F-10

90 60 30 60 60 90 120 CT

F-3, F-4 e F-7

90 60 ver item A2.3.4 30 60 CT CT

F-9 CT

G

Serviços automotivo

s

G-1 e G-2 não abertos lateralmente e G-3 a G-5

90 60 30 60 60 90 120 CT

G-1 e G-2 abertos lateralmente

90 60 30 30 30 30 60 120

H

Serviços de saúde e instituciona

is

H-1 e H-4

90 60 30 60 60 90 120 CT

H-2, H-3 e H5

90 60 30 60 60 90 120 CT

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Profundidade do Subsolo hs Altura da edificação h

Grupo

Ocupação/Uso Divisão

Classe S2

Classe S1

Classe P1

Classe P2 Classe P3 Classe P4 Classe P5

hs >10m

hs ≤ 10m h ≤ 6m

6m < h ≤ 12m

12m < h ≤ 23m

23m < h ≤ 30m

30m < h ≤ 80m

h > 80m

I

Industrial

I-1 90 60 30 30 60 60 120 CT

I-2 120 90 30 30 60 90 120 CT

I-3 120 90 60 60 90 120 120 CT

J

Depósitos

J-1 60 30 ver item A2.3.5 30 30 60 CT

J-2 90 63 30 30 30 30 60 CT

J-3 90 63 30 60 60 120 120 CT

J-4 120 90 60 60 90 120 120 CT

L

Explosivos

L-1, L-2 e L-3

120 120 120 CT CT

M-1 150 150 150 CT

M Especiais

M-2 CT

M-3 120 90 90 90 120 CT

NOTAS: 1. CT - Utilizar comissão Técnica junto ao corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo

2. O TRRF dos subsolos não pode ser inferior ao TRRF dos pavimentos situados acima do solo

Fonte: IT-08 (CBMESP, 2004)

5.4.2 Método do tempo equivalente

O método do tempo equivalente NBR 14432 (ABNT, 2000) foi criado para

correlacionar os resultados obtidos nos ensaios de laboratório executados em fornos

aquecidos com uma situação real de incêndio. Este procedimento relaciona a

máxima temperatura do aço em situação real com a curva do incêndio-padrão.

Na IT-08 (CBMESP, 2004) descreve o detalhamento para o cálculo do tempo de

resistência ao fogo, conforme abaixo na equação (5.10)

(5.10)

onde:

é tempo equivalente (minutos);

é carga de incêndio (MJ/m²);

= coeficiente adimensional que leva em conta a presença de medidas

de proteção ativa da edificação, determinado conforme Tabela 5.9;

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coeficiente de segurança que depende do risco de incêndio e das

conseqüências do colapso da edificação, determinado conforme Tabela 5.10 e

Tabela 5.11;

fator determinado conforme Tabela 5.12;

fator associado à ventilação do ambiente;

fator de correção que depende do material da estrutura, determinado conforme

Tabela 5.13.

A seguir são definidos os elementos necessários para o cálculo do método

equivalente.

5.4.2.1 Carga de incêndio

Conforme a NBR 14432 (ABNT, 2000) foi criada a tabela no anexo A que relaciona o

tipo de uso e ocupação com as cargas de incêndio em MJ/m². Quando a ocupação

se destina a depósitos são utilizados os procedimentos com a equação (5.11)

(5.11)

onde:

é o valor da carga de incêndio específica (MJ/m²);

é a massa total de cada componente i do material combustível (Kg). Este valor

não pode ser excedido durante a vida útil da edificação, exceto quando houver

alteração de ocupação, ocasião em que o deve ser reavaliado;

é o potencial calorífico específico de cada componente i do material combustível

(MJ/ kg) ver Tabela 5.8;

é a área do compartimento (m²).

Para a avaliação do acondicionamento dos materiais deve-se utilizar a Tabela 5.7.

Os levantamentos das cargas de incêndio devem ser realizados em módulos de

500m² ou em módulos compartimentados menores que 500m². Quando há módulos

maiores, deve-se levar em conta se existem materiais combustíveis com potenciais

caloríficos específicos semelhantes e se podem ser considerados uniformemente

distribuídos.

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Tabela 5.7 – Acondicionamento

Acondicionamento

(MJ/m³)

Armações de madeira com caixotes de madeira 400

Armações de madeira com prateleiras de madeira 100

Armações metálicas 20

Armações metálicas com prateleiras de madeira 80

Caixotes de madeira ou de plástico 200

Pallets de madeira 400

Fonte: NBR 14432 (ABNT, 2000)

Tabela 5.8 – Valores de potencial calorífico específico

Tipo de material H (MJ/kg)

Acrilico 28

Algodão 18

Borracha Espuma - 37 / tiras - 32

Couro 19

Epóxi 34

Grãos 17

Graxa, lubrificante 41

Lã 23

Lixo de cozinha 18

Madeira 19

Palha 16

Papel 17

Petróleo 41

Policarbonato 289

Poliéster 31

Polietileno 44

Polipropileno 43

Poliuretano P 23

PVC 17

Resina melamínica 18

Seda 19

Fonte: NBR 14432 (ABNT, 2000)

5.4.2.2 Coeficientes adimensionais

Os coeficientes adimensionais são definidos pela NBR 14432 (ABNT, 2000) e a IT-

08 (CBMESP, 2004). São conhecidos como fatores de segurança contra incêndio.

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52

Tabela 5.9 – Fatores de medida de segurança contra incêndio

Valores de

Existência de chuveiros automáticos ( Brigada contra incêndio

Existência de detecção automática

0,6 Não Profissional Profissional

0,9 0,9 0,6

Na ausência de algum meio de proteção, indicado na Tabela 5.9, deve ser adotado o respectivo

Fonte: IT-08 (CBMESP, 2004)

5.4.2.3 Coeficientes de segurança

É definido pela compartimentação e a altura da edificação em função do risco de

ativação conforme IT-08 (CBMESP, 2004).

Tabela 5.10 – Características da edificação

Área do compartimento Altura da edificação

(m²) Térrea h ≤ 6m 6m < h ≤ 12m 12m < h ≤ 23m 23m < h ≤ 30m 30m < h ≤ 80m h > 80m

≤ 750 1,00 1,00 1,10 1,20 1,25 1,45 1,60

≤ 1000 1,05 1,10 1,15 1,25 1,36 1,65 1,85

≤ 2500 1,10 1,25 1,40 1,70 1,85 2,60 3,00

≤ 5000 1,15 1,45 1,75 2,35 2,65 3,00 3,00

≤ 7500 1,25 1,70 2,15 3,00 3,00 3,00 3,00

≤ 10000 1,30 1,90 2,50 3,00 3,00 3,00 3,00

≤ 20000 1,60 2,80 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00

≥ 65000 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00

Fonte: IT-08 (CBMESP, 2004)

Tabela 5.11 – Risco de ativação

Valores de

Risco de ativação do

incêndio Exemplos de ocupação

0,85 Pequena Escola, galeria de arte, parque aquático, igreja, museu

1 Normal

Biblioteca, cinema, correio, consultório médico, escritório, farmácia, frigorífico, hotel, livraria, hospital, laboratório fotográfico, indústria de papel, oficina elétrica ou mecânica, residência, restaurante, teatro, depósitos de: produtos farmacêuticos, bebidas alcoólicas, venda de acessórios de automóveis, depósitos em geral

1,2 Média Montagem de automóveis, hangar, indústria mecânica

1,5 Alta Laboratório químico, oficina de pintura de automóveis

Nota: as ocupações não relacionadas poderão ser enquadradas por similaridade.

Fonte: IT-08 (CBMESP, 2004)

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53

5.4.2.4 Fator “K”

É descrito na IT-08 (CBMESP, 2004) na Tabela 5.12

Tabela 5.12 – Fator K

(J/m² s1/2 ºC)

K (min.m²/MJ)

√ >2500 0,04

720≤√ ≤ 2500 0,055

√ < 720 0,07

Fonte: IT-08 (CBMESP, 2004)

onde:

massa específica do elemento de vedação do compartimento (kg/m³)

calor específico do elemento de vedação do compartimento (MJ/kgºC)

condutividade térmica do elemento de vedação (W/mºC)

Notas:

1) Quando houver elementos de compartimentação com diferentes camadas de material, pode ser utilizado o menor

valor de √ , a favor da segurança.

2) Quando houver diferentes valores de em paredes, pisos e tetos, este valor é determinado conforme equação (5.12). (IT-08 CBMESP, 2004, p. 213)

(5.12)

onde:

é o fator do elemento de compartimentação i;

é a área do elemento de compartimentação i (m²);

é a área total do compartimento (piso, teto e paredes) (m²)

é a área de ventilação vertical (janelas, portas e similares) (m²)

5.4.2.5 Fator relacionado à ventilação do ambiente

Em uma estrutura sujeita ao incêndio, a ventilação é um fator preponderante para o

dimensionamento do TRRF indicado na IT-08 (CBMESP, 2004) conforme eq. (5.13):

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54

[

] (5.13)

onde:

é altura do compartimento (m);

área de ventilação vertical (janelas, portas e similares) (m²)

área do piso (m²)

área de ventilação horizontal - piso (m²)

5.4.2.6 Fator de correção estrutural

Para cada tipo de estrutura é aplicado um coeficiente de correção estrutural, o qual

serve para determinar uma condição satisfatória: aço revestido termicamente ou

concreto armado (com um coeficiente = 1) e uma condição não satisfatória para o

aço sem revestimento (com um coeficiente abaixo de 1). Sendo assim com a sua

utilização na fórmula do tempo equivalente, é reduzido o tempo de resistência ao

fogo.

Tabela 5.13 – Valores do Fator E

Material da Estrutura Fator E

Concreto armado 1

Aço revestido termicamente 1

Aço sem revestimento termico 13,7V

Nota: no caso de estruturas mistas de aço e concreto, utilizar, onde aplicável, o valor mais desfavorável de E.

Fonte: IT-08 (CBMESP, 2004)

onde:

V é o grau de ventilação do compartimento calculado, no qual é obtido pela equação

(5.14)

(5.14)

onde:

área total de aberturas verticais (m²)

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altura média das janelas, (m)

área total do compartimento (paredes, teto e piso, incluindo aberturas) (m²)

Nota: limites de aplicação: 0,02 m1/2 < V < 0,2 m1/2

5.4.3 Calculo do índice de massividade

De acordo com a NBR 14323 (ABNT, 1999) define o fator de massividade como a

relação entre o perímetro da peça sobre a área exposta ao fogo. Este critério é

utilizado como procedimento inicial de cálculo analítico simplificado sem proteção

térmica.

Para cada formato e diferença de perímetro exposto existe um fator de massividade

a seguir indicado na Figura 5.18.

5.5 Materiais utilizados para proteções contra incêndio

Para evitar e/ou retardar a perda de resistência das estruturas, devido a redução das

propriedades mecânicas do aço e concreto, utiliza-se materiais para envolver as

peças estruturais, criando uma proteção conhecida como “proteção passiva”.

Conforme Vargas (2003) esses materiais devem possuir as seguintes propriedades:

baixa massa específica, baixa condutividade térmica, alto calor específico, adequada

resistência mecânica, garantia a integridade durante a evolução do incêndio e custo

compatível.

5.5.1 Classificação dos materiais

Conforme Regobello (2007) e Fakuri (1999) os matérias de proteção podem ser

divididos em:

- Quanto ao material constituinte;

- Quanto a morfologia (formato de aplicação);

- Quanto a técnica de colocação.

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56

Figura 5.18 – Fator de massividade para alguns elementos estruturais

Fonte: NBR 14323 (ABNT, 1999)

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57

Os principais materiais segundo apud Regobello (2003) são descritos na Tabela

5.14.

Tabela 5.14 – Classificação dos materiais

Material Massa

específica (Kg/m³)

Teor de umidade %

Condutividade térmica (W/mºC)

Calor específico (J/KgºC)

Fibra mineral 300 1 0,12 1200

Argamassa de vermiculita 350 15 0,12 1200

Perlita 350 15 0,13 1200

Materiais projetados de alta densidade

Vermiculita (ou perlita) e cimento

550 15 0,12 1100

Vermiculita (ou perlita) e gesso

650 15 0,12 1100

Placas

Vermiculita (ou perlita) e cimento

800 15 0,2 1200

Silicato fibroso ou silicato de cálcio fibroso

600 3 0,15 1200

Fibrocimento 800 5 0,15 1200

Placas de gesso 600 20 0,2 1700

Placas de fibra compactada

Silicato fibroso, lã mineral e lã rocha

150 2 0,2 1200

Concreto 2300 4 1,6 1000

Concreto leve 1600 5 0,8 840

Blocos de concreto 2200 8 1 1200

Tijolo cerâmico vazado 1000 0,4 1200

Tijolo cerâmico maciço 200 1,2 1200

Fonte: Regobello (2007)

De acordo com Silva (2008), no Brasil são mais utilizados os materiais projetados,

materiais rígidos ou semi-rígidos e as tintas intumescentes.

5.5.2 Materiais Projetados

São materiais, fibras e argamassas, com base cimentícia, vermiculita ou gesso e são

aplicados pelo processo de jateamento. Conforme Silva (2008), os materiais podem

fornecer resistência ao fogo até 240 minutos.

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O processo de jateamento consiste em transportar uma massa fluída misturada com

água por meio de uma mangueira ou esguicho.

Conforme Vargas (2003) o material projetado deve trabalhar monoliticamente com a

estrutura, formando uma camada homogênea em todas as peças estruturais

aplicadas.

Os materiais aplicados devem possuir durabilidade igual ao da estrutura, devem ser

higroscópicos, ter índice zero de combustibilidade e propagação de chamas e não

possuírem espaços vazios.

Um ensaio muito utilizado é o da erosão sobre correntes de ar com velocidade de

teste de 24 km/h.

5.5.3 Placas rígidas

Os materiais rígidos são aplicados seguindo o formato das peças e a seco. O

isolamento térmico se desenvolve por meio do envolvimento da estrutura. Tem

acabamento melhor do que a argamassa projetada. Estes são constituídos por lã de

rocha basáltica, placas de gesso, painéis de silicato autoclavado, vermiculita e as

fibras cerâmicas (SILVA, 2008).

5.5.4 Tintas intumescentes

De acordo com Vargas (2003), as tintas intumescentes são constituídas por

materiais que, após o contato com o fogo, aumentam de volume e,

conseqüentemente cria um aumento do índice de massividade, aumentando a

capacidade de proteção.

Conforme Silva (2008), a primeira patente do produto foi criada em 1938. A origem

etimológica é do latim “tumescere” que quer dizer expandir ou iniciar.

A sua aplicação é feita geralmente em estruturas metálicas e é composta por três

camadas básicas: primer, tinta (na qual reage) e selante.

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A tinta propriamente dita é composta por um agente catalisador, um aglutinante, um

agente carbonizante e um agente espumifico.

5.5.5 Materiais incorporados no concreto

Outra forma de reduzir os efeitos de colapso da estrutura proveniente da carga de

incêndio é a introdução de materiais na composição do concreto.

São adicionadas fibras de polipropileno ou aço na mistura do concreto. Com esta

inclusão é reduzido os efeitos de colapso devido à temperatura. Conforme

Breunese (2010) a introdução de 3 kg/m³ de polipropileno em relação a massa de

concreto reduz os efeitos de tração e conseqüentemente o aparecimento de fissuras

de tração nas estruturas onde o incêndio segue o padrão da curva RWS. Com isso

evita o aparecimento do “Spalling” explosivo.

5.6 Dimensionamento das cargas de estruturas

Normalmente os edifícios são projetados à condição de temperatura ambiente.

Contudo em edificações grandes e altas, contendo maior carga de incêndio, número

grande de pessoas, necessidades especiais de prevenção e proteção contra

incêndio entre outras devem ser verificadas sob combinações excepcionais de

ações, no estado limite último.

Convém lembrar que só se deve reutilizar uma estrutura submetida a incêndio se for

vistoriada e garantida que apresente as mesmas características antes do incêndio

no estado limite ultimo e estado limite de serviço NBR 15200 (ABNT, 2004).

Após a determinação da temperatura por meio de cálculos numéricos (curva de

incêndio padrão) e dimensionamento TRRF ou por meio de modelagem

computacionais o esforço resistente de cálculo em situação de incêndio é obtido.

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60

A NBR 14323 (ABNT, 1999) ressalta que este esforço determinado em situação de

incêndio não pode ser tomado com valor superior ao resistente de cálculo a

temperatura ambiente.

5.6.1 Ações, segurança e resistência de cálculo NBR 14323 (ABNT, 1999)

A combinação última das ações na NBR 14323 (ABNT, 1999), adotou os seguintes

critérios em função do uso da construção.

Locais com predominância de pesos de equipamentos que ficam fixos por

grandes períodos de tempo ou grande quantidade de pessoas (equação

5.15);

∑ (5.15)

Em bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens (equação 5.16);

∑ (5.16)

Em locais onde não há pesos de equipamentos e nem altas concentrações de

pessoas (equação 5.17);

∑ (5.17)

onde:

é o valor característico das ações permanentes diretas;

é o valor característico das ações térmicas decorrentes do incêndio;

é o valor característico das ações variáveis decorrentes do uso e ocupação da

edificação;

é o valor do coeficiente de ponderação para as ações permanentes diretas, igual

a 1,0 para ações permanentes favoráveis e indicado em tabelas específicas para

ações permanentes desfavoráveis.

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O esforço solicitante de cálculo obtido pelas equações (5.15 a 5.17) é o fator que

será verificado para condição de segurança de uma estrutura em situação de

incêndio expressada simplificadamente pela expressão (5.18).

(5.18)

Onde:

valor de cálculo dos esforços atuantes, determinado a partir da combinação

última excepcional de ações;

valor do esforço resistente com o efeito da ação térmica e o coeficiente de

redução Ky,θ conforme Tabela 5.4.

5.6.1.1 Método simplificado

Neste método é apresentado o método simplificado de dimensionamento das barras

prismáticas constituídas por perfis laminados e soldados não híbridos, às vigas

mistas aço concreto e pilares mistos aço-concreto nos quais o perfil de aço utilizado

é laminado ou soldado não híbrido, e às lajes mistas aço-concreto (também

chamadas de lajes de concreto com fôrma de aço incorporada) pela NBR 14323

(ABNT, 1999).

Para se determinar as solicitações de cálculo, o efeito do gradiente térmico ao longo

das barras é obtido pela diferença entre temperaturas da mesa inferior e superior, no

caso de vigas sem proteção térmica ou proteções tipo contorno, ou com proteção

tipo caixa na qual a temperatura é considerada uniforme. A norma NBR 14323

(ABNT, 1999) prescreve a seguinte tabela comparando a espessura em função do

TRRF, determinando um gradiente térmico específico.

Os esforços resistentes são divididos em três situações: barras tracionadas, barras

comprimidas e barras fletidas.

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Tabela 5.15 - Gradiente térmico ∆Ө ( º C)

tf (mm) TRRF ∆Ө máx

( º C)

t máx

15 30 60 90 120 (min)

9,5 140 77 3 3 2 163 11

12,5 166 69 9 4 2 171 13

16,0 178 78 19 5 3 178 15

19,0 179 100 37 6 4 181 18

22,5 178 100 37 6 4 183 17

25,0 168 159 94 12 6 190 21

Fonte: Silva (2001)

Para o caso de barras tracionadas, segundo Silva (2001), o cálculo do esforço

normal resistente de tração de uma barra de distribuição uniforme de temperatura ao

longo do comprimento para estado limite último é igual a equação (5.19):

(5.19)

onde:

área bruta da seção transversal (m²);

coeficiente redutor da resistência do material em decorrência da ação térmica;

valor característico da resistência de escoamento dos aços;

= 1.

Para os casos de barras comprimidas axialmente, no caso dos elementos que

compõem as estruturas na seção transversal sigam os limites da NBR 8800 (ABNT,

2004), o valor de cálculo da força axial resistente a compressão, com distribuição

uniforme de temperatura ao longo de seu comprimento, para o estado limite último

de flambagem por flexão, é dado pelas expressões (5.20 e 5.21):

(5.20)

(5.21)

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sendo:

fator de redução da resistência em situação de incêndio;

área bruta da seção transversal (m²);

coeficiente redutor da resistência do material em decorrência da ação térmica;

valor característico da resistência de escoamento dos aços;

= 1.

Nas barras fletidas os elementos componentes da seção transversal, no regime

plástico, não podem sofrer flambagem local (SILVA, 2001).

A flambagem local leva em consideração o índice de esbeltez determinado na NBR

8800 (ABNT, 2004) para temperatura ambiente, sendo para o estado limite último

dividida em flambagem lateral (FLT), de flambagem local da mesa comprimida (FLM)

e flambagem local da Alma (FLA).

Para estado limite último de FLT o momento é dado pela expressão (5.22a/b/c):

(5.22a)

[ ( )

] (5.22b)

(5.22c)

Sendo;

valor característico do momento de plastificação da seção transversal;

valor característico do momento fletor resistente ao correspondente no início do

escoamento da seção transversal;

momento crítico à flambagem lateral, no regime plástico;

módulo resistente plástico;

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fator de correção, para distribuição não uniforme de temperatura ao longo do

comprimento da barra fletida;

fator de correção, para distribuição não uniforme de temperatura ao longo do

comprimento da barra fletida;

Para o estado limite último nas situações (FLM) e (FLA) quando o é

conforme a equação (5.22a) e para o a equação (5.23) é utilizada.

[ ( )

]

(5.23)

5.6.1.2 Temperatura crítica

A temperatura crítica do aço é determinada em função da dilatação térmica do aço

. A obtenção desta temperatura é dada pela expressão (5.24) deve ser

comparada com a temperatura máxima de projeto a fim de verificar eventuais

necessidades de proteções na estrutura calculada.

[

] (5.24)

5.6.2 Segundo a NBR 15200 (ABNT, 2004)

Na NBR 15200 (ABNT, 2004) considera que os esforços gerados no aquecimento

podem ser desprezados, embora a rigidez da peça diminuir, e há uma adaptação da

estrutura no estado plástico.

A verificação utilizada em norma é dada pela expressão (5.25):

( ∑ ) [ ] (5.25)

onde:

valor de cálculo do esforço solicitante em situação de incêndio;

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valor de cálculo do esforço resistente em situação de incêndio;

coeficientes de ponderação e de combinação na presença de incêndio;

valores característicos das ações permanentes e variáveis;

valores característicos reduzidos da resistência do concreto e

do aço a uma temperatura .

Para a verificação da fórmula acima, são usados métodos simplificados, tabulares ou

gerais.

No método tabular são dadas as dimensões mínimas apresentadas em função do

tempo estrutural e do TRRF. As tabelas (Tabela 5.16 a Tabela 5.19) apresentam as

dimensões mínimas para diversos elementos estruturais.

Tabela 5.16 – Dimensões mínimas para lajes apoiadas em vigas

TRRF h c1 (mm)

(min) mm Armada em duas direções Armada numa

ly/lx 1,5 1,5<ly/lx 2 direção

30 60 10 10 10

60 80 10 15 20

90 100 15 20 30

120 120 20 25 40

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

Tabela 5.17 - Dimensões mínimas para lajes lisas ou cogumelo

TRRF h c1 (mm)

(min) mm

30 150 10

60 180 15

90 200 25

120 200 35

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

Tabela 5.18 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas biapoiadas

TRRF Nervuras Combinações de b (min)/c1 Capa

(min) mm/mm h/c1

1 2 3 mm/mm

30 80/15 80/10

60 100/35 120/25 190/55 80/10

90 120/45 160/40 250/30 100/15

120 160/60 190/55 300/40 120/20

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Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

Tabela 5.19 - Dimensões mínimas para vigas biapoiadas

TRRF Nervuras Combinações de b (min)/c1

(min) mm/mm bw min

1 2 3 4 mm/mm

30 80/25 120/20 160/15 190/15 80

60 100/40 160/35 190/30 300/25 100

90 140/55 190/45 300/40 400/35 100

120 190/65 240/60 300/55 500/50 120

Fonte: NBR 15200 (ABNT, 2004)

Conforme a norma simplificada é permitida que as solicitações de incêndio seja

igual a 70% das situações de cálculo em situação normal conforme equação (5.26):

(5.26)

5.6.3 Segundo a EUROCODE

A NBR 15200 (ABNT, 2004) teve seus fundamentos na EN1992-1-2 (EUROCODE,

2004) que fornece as dimensões mínimas dos elementos estruturais.

A EN1992-1-2 (EUROCODE, 2004) recomenda, dependendo do elemento estrutural,

valores mínimos de dimensões da seção transversal e da distância entre o centro

geométrico da barra longitudinal e da superfície externa do concreto. A seguir

contempla algumas recomendações (Tabela 5.20):

Tabela 5.20 - Dimensões mínimas para vigas contínuas de concreto armado, em situação de

incêndio

TRRF (min)

Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4 Espessura mínima (mm) b (mm) a (mm) b (mm) a (mm)

b (mm)

a (mm)

b (mm) a

(mm)

30 80 25 120 15 160 10 200 10 80

60 120 40 160 35 200 30 300 24 100

90 150 55 200 45 250 40 400 35 100

120 220 65 240 55 300 50 500 45 120

Fonte: EN1992-1-2 (EUROCODE, 2004)

sendo:

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67

a - é a mínima distância do centro geométrico da armadura longitudinal e da face

externa do elemento de concreto.

b - é a mínima largura associada a mínima distância “a”.

5.7 Avaliações de utilização em projetos

Os requisitos funcionais a serem atendidos por um edifício seguro estão ligados à

seqüência de etapas de um incêndio, as quais se desenvolvem no seguinte fluxo:

início do incêndio, crescimento do incêndio no local de origem, combate, propagação

para outros ambientes, evacuação do edifício, propagação para outros edifícios e

ruína parcial e/ou total do edifício.

Estabelecida a seqüência de etapas de um incêndio, pode-se considerar que os

requisitos funcionais atendidos pelos edifícios consistem em:

a) dificultar a ocorrência do princípio de incêndio.

b) ocorrido o princípio de incêndio, dificultar a ocorrência da inflamação generalizada

do ambiente.

c) possibilitar a extinção do incêndio no ambiente de origem, antes que a inflamação

generalizada ocorra.

d) instalada a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio, dificultar

a propagação para outros ambientes.

e) permitir a fuga dos usuários do edifício.

f) dificultar a propagação do incêndio para edifícios adjacentes.

g) manter o edifício íntegro, sem danos, sem ruína parcial e/ou total.

h) permitir operações de natureza de combate ao fogo e de resgate/salvamento de

vítimas.

Em todas as fases que envolvem o processo produtivo, assim como o uso do

edifício, a segurança contra incêndio deve ser considerada, passando pelo estudo

preliminar, pela concepção do anteprojeto, pelo projeto executivo e pela construção,

operação e manutenção. Se a segurança contra incêndio for desconsiderada em

qualquer uma das etapas, o edifício ficará suscetível a riscos de inconveniências

funcionais, gastos excessivos e níveis de segurança inadequados. Grande parte da

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segurança contra incêndio dos edifícios é resolvida na fase de projeto. Muitas

diretrizes também são, nessa fase, encaminhadas para a solução geral do problema.

Tudo o que foi previsto em projeto deve ser considerado na fase de construção do

edifício, garantindo assim tanto a confiabilidade como a efetividade anteriormente

previstas. Deve-se, ainda, ressaltar que parte considerável dos problemas com

relação à proteção contra incêndio ocorre durante a fase de operação do edifício e

depende da caracterização do tipo de ocupação, de usuário e das regulamentações

compulsórias existentes.

Outro fato importante a destacar é sobre a abordagem das normas que segundo

Caldas (2008) é pouco abordada à interação entre os elementos estruturais e, em

geral, apenas são apresentadas as diretrizes que devem ser seguidas para

realização de análises numéricas em elementos individuais que formam as

estruturas tendo um enfoque no estado limite último destes elementos. Contudo o

comportamento das estruturas mistas, por exemplo, não são tratadas pelas normas.

Todavia existem modelos computacionais avançados que podem solucionar

problemas de análise como um todo do comportamento da estrutura em situação de

incêndio. Os programas de computador desenvolvidos, atualmente, podem ser

divididos em dois grupos: (1) programas desenvolvidos exclusivamente para análise

de estruturas em situação de incêndio e (2) programas comerciais adaptados para

análise em situação de incêndio.

5.7.1 Programas específicos para análise de estruturas em incêndio

O programa SMARTFIRE desenvolvido na Universidade de Greenwich é específico

para utilizar a modelagem CFD. A Figura 5.19 apresenta a análise de um

compartimento incendiado demonstrado no trabalho de Caldas (2008) obtendo a

relação temperatura-tempo dos gases em um compartimento para posterior análise

da estrutura, demonstrando a possibilidade de economia com a utilização de

métodos avançados de cálculo.

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Figura 5.19 – Modelagem com o programa SMARTFIRE

Fonte: Caldas (2008)

VULCAN é um programa de análise estrutural de terceira dimensão foi desenvolvido

principalmente para modelar o comportamento do incêndio em estruturas de aço e

estruturas compostas, incluindo as lajes de piso, em condições de incêndio,

desenvolvido pela Universidade de Sheffield. Distribuições de temperatura entre os

membros podem ser não-uniforme, causando expansão térmica diferencial e um

espalhamento nas propriedades elásticas e inelásticas em toda a seção (Figura

5.20), e uma série de seções transversais podem ser definidas, permitindo diferentes

formas e materiais a serem representados.

Figura 5.20 - Recurso de animação do Vulcan onde se pode ver em um lapso de tempo a

animação da estrutural durante o período de análise

Fonte: Site Vulcan (Acessado em maio 2010)

O programa OZONE foi desenvolvido pela Universidade de Liège – Bélgica em

parceria com a Arcelor Profil Luxembourge Research Centre. São inseridas as

dimensões dos compartimentos, as cargas de incêndio, os perfis utilizados, áreas de

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ventilação e exaustão conforme Figura 5.21. Com os dados inseridos é possível

calcular o tempo requerido de resistência ao fogo.

Outro programa específico é o SAFIR que pelo método elementos finitos faz análise

não-linear geométrica e análise do material, especialmente desenvolvido para o

estudo de estruturas sujeitas à ação do fogo, desenvolvido na Universidade de Liège

– Bélgica.

Figura 5.21 – Modelagem com o programa OZONE

Fonte: Site Difisek (Acessado em setembro 2010)

Modelagens numéricas são importantes para prever o comportamento de estruturas

em situação de incêndio, conforme Figura 5.22. O desenvolvimento de métodos

numéricos, dos computadores e o conhecimento das propriedades do concreto, aço

e madeira em temperatura elevada permitem o desenvolvimento de programas

genéricos ou especializados, capazes de realizar análises estruturais em situação de

incêndio.

Todavia, estes programas sofisticados não estão sempre à disposição de

engenheiros e tendem a ser mais utilizados em pesquisas. Métodos simplificados,

por outro lado, são apresentados em normas de projeto (CALDAS, 2008).

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71

Figura 5.22 - Tela de análise do SAFIR

Fonte: Site SAFIR (Acessado em maio 2010)

5.7.2 Programas convencionais adaptados para incêndio

Os programas convencionais estão incrementando recursos para inserir a situação

da estrutura em incêndio tornando-se uma alternativa aos problemas deparados nos

programas específicos.

No programa CAD/TQS há um módulo de verificação em incêndio, onde há diversos

processos presentes nas normas de incêndio que se é possível verificar. Dentre

eles, o Método Tabular, representada pelo TRRF conforme Figura 5.23.

Os dados adotados e resultados obtidos durante a verificação da estrutura em

situação de incêndio são apresentados num relatório completo, conforme Figura

5.24

Figura 5.23 – Representação TRRF no CAD/TQS

Fonte: Site CAD/TQS (Acessado em maio 2010)

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72

Figura 5.24 – Resultados obtidos durante a verificação da estrutura em situação de incêndio

ACAD/TQS

Fonte: Site ACAD/TQS (Acessado em maio de 2010)

Além do relatório, os dados e resultados da verificação da estrutura em situação de

incêndio também podem ser facilmente avaliados e otimizados por meio de um

visualizador gráfico especialmente desenvolvido para este fim, conforme Figura 5.25

Os elementos que não passaram na verificação são coloridos na cor vermelha. É

possível selecioná-los (pilar, viga ou laje), clicando-se com o mouse diretamente

sobre a janela gráfica, ou nas tabelas ao lado.

Em cada uma destas tabelas, são apresentados todos os dados e resultados

pertinentes na verificação de cada elemento.

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73

A grande maioria dos dados pode ser livremente editada pelo Engenheiro. A

qualquer alteração, o programa automaticamente reverificará o elemento editado

instantaneamente, conforme Figura 5.26.

Figura 5.25 – Modelo de análise da estrutura em situação de incêndio ACAD/TQS

Fonte: Site ACAD/TQS (Acessado em maio de 2010)

Figura 5.26 – Detalhes análise da estrutura em situação de incêndio ACAD/TQS

Fonte: Site ACAD/TQS (Acessado em maio de 2010)

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74

O FTOOL é um programa destinado ao meio acadêmico que também possui módulo

no qual se pode analisar o comportamento estrutural de um sistema indicando a

temperatura a ser atendida. É desenvolvido pela Universidade Pontificia Catolica do

Rio de Janeiro (PUCRJ).

É possível construir uma infinidade de modelos estruturais planos que demonstram

alguns parâmetros gráficos como diagrama de momentos fletores cortantes e

esforços normais que será objeto de estudo, conforme Figura 5.27. É limitado a uma

análise estrutural bidimensional

Figura 5.27 – Entrada de dados da temperatura FTOOL

Fonte: Programa FTOOL

No Brasil há vários estudos sendo desenvolvidos nesta disciplina. Caldas (2008)

comenta sobre alguns desenvolvidos pela Universidade de São Paulo que realiza

modelos numéricos para simulação de vigas mistas formadas por perfis de aço

formado a frio utilizando o ANSYS.

Modelo desenvolvido por Souza Jr. (apud CALDAS, 2008) pela Universidade Federal

do Rio Grande do Sul que programou um modelo de elementos de viga 3D onde a

não-linearidade física.

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75

A UFMG desenvolve os programas CALTEMI e THERSYS, sendo que o CALTEMI

avalia o comportamento estrutural quando da distribuição de temperatura ao longo

das estruturas via MEF. O THERSYS é capaz de analisar problemas tridimensionais

de transferência de calor por condução em domínios sólidos.

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76

6 ESTUDO DE CASO

No presente estudo de caso será apresentada uma avaliação de segurança

estrutural seguindo as normas, por meio de métodos simplificados.

Os programas computacionais específicos apresentados no capítulo 5, embora com

melhor eficiência nos resultados, não têm custos acessíveis. Por isso, utilizou-se o

software educacional FTOOL para elaboração de modelos numéricos que constam

no estudo de caso. Como as análises pelo método dos elementos finitos são

importantes e encontradas na maioria da literatura pesquisada, alguns modelos

desta literatura são apresentados no estudo de caso como o modelo de

transferência de calor.

O estudo está organizado em: demonstrar um fato ocorrido e as conseqüências,

relacionar por meio das normas verificação estrutural nas edificações, determinação

do TRRF pelo método tabular e tempo equivalente, determinação da temperatura

por meio das curvas de incêndio padrão e natural, analisar linearmente na seção

transversal comportamento da carga de incêndio em estruturas metálicas (vigas e

pórticos).

6.1 Incêndio ocorrido em galpão industrial

Em setembro de 2008 ocorreu um incêndio em um galpão industrial e os danos

restringiram-se ao armazém de produtos acabados com duração aproximada de 3

horas.

Após a análise da estrutura danificada, foi constatado que houve mudanças

significativas na estrutura conforme Figura 6.1, Figura 6.2 e Figura 6.3. Concluiu-se,

então em não aproveitar a estrutura existente para um novo projeto. Portanto, a

estrutura remanescente foi demolida e outra foi construída no local.

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77

Figura 6.1 – Pilar e piso de concreto danificados situação de “Spalling”

Figura 6.2 – Piso danificado pelo incêndio “Spalling”

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78

Figura 6.3 – Vista pilares que se mantiveram após o incêndio

6.2 Verificação estrutural

Segundo o decreto de lei 46.076 de 31 de agosto de 2001 as exigências de

verificação estrutural contra de incêndio são para edificações em qualquer grupo

com área superior a 750m² ou altura superior a 12,0m e independente da carga de

incêndio.

Os procedimentos que o CBMESP exige para atendimento do decreto acima

mencionado estão descritos na IT-08 (CBMESP, 2004) e para elementos estruturais

as metodologias são: execução de ensaios específicos de resistência em

laboratórios, atendimento das tabelas mencionadas no capítulo 5 e modelos

matemáticos (analíticos) normatizados.

A verificação estrutural da seção transversal neste trabalho abordará a análise linear

a partir de estruturas mais simples, ou seja, a viga simplesmente apoiada e condição

isostática e pórtico na condição hiperestática de um galpão esquematizado na

Figura 6.4.

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79

Utilização como depósito, com uma área aproximada de 1.600m² e um pé direito

médio de 9 metros. A estrutura foi projetada com vigas e pilares metálicos. O

fechamento lateral do edifício foi projetado em alvenaria com espessura de 19 cm

com revestimento em ambos os lados.

Figura 6.4 – Planta e corte esquemático depósito

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80

6.3 Análise do TRRF entre o método tabular e o tempo equivalente

Para dimensionamento do TRRF foram admitidas as características abaixo

relacionadas para o projeto do galpão industrial Figura 6.4:

Edifício para utilização como depósito de papel

Altura entre a saída e o último piso do edifício= 9,0m

Altura do compartimento (H) = 9,00m

Área de ventilação vertical (Av) = 96,00m²

Área de ventilação horizontal (Af) = 108,00m²

Área do piso = 1.600,00m²

Altura média das janelas (heq) = 1,50m

Área de parede = 1.800,00m²

Elemento de vedação: alvenaria

Com chuveiros automáticos

Com detecção automática

Brigada de incêndio não profissional

6.3.1 Análise pelo método tabular

Para determinação do TRRF pelo método tabular é feita com a entrada dos dados

feita nas tabelas das normas e instruções técnicas que está descrita na Tabela 5.6

da revisão bibliográfica. Os dados para o estudo em questão são:

Grupo / Ocupação / Uso: J-Depósito

Divisão J-3 (depósitos com carga de incêndio entre 300 a 1.200Mj/m²).

Classe de enquadramento: P2 (Altura da edificação 6 < h ≤ 12m)

O resultado obtido é de um TRRF de 60 minutos.

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81

6.3.2 Análise pelo método do tempo equivalente

O cálculo para determinação do TRRF do depósito em estudo pelo método do tempo

equivalente está baseado nas equações e tabelas do Item 5.4.2. O TRRF é obtido

conhecendo-se: carga de incêndio, coeficientes de segurança e de proteção, fator

associado a ventilação do ambiente e fator de correção que depende do material.

A carga de incêndio é determinada pela equação 5.11,

O cálculo do coeficiente adimensional de medida de segurança contra incêndio foi

determinado pela Tabela 5.9.

=

O coeficiente de segurança em função da compartimentação foi obtido por meio das

Tabela 5.10 e Tabela 5.11.

O fator K é determinado pela característica do elemento de vedação do

compartimento que neste estudo é a alvenaria. Os dados do elemento de

compartimentação que neste caso é a alvenaria são:

massa específica da alvenaria 2.200Kg/m³

calor específico da alvenaria 1.000MJ/KgºC

condutividade térmica da alvenaria 1W/mºC

A Tabela 5.12 é utilizada para obtenção do valor de e conforme o resultado é

obtido o fator k.

√ J/m² s1/2 ºC

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Portanto para = J/m² s1/2 ºC o fator é K = 0,055.

Para determinar o fator W relacionado a ventilação do meio ambiente é utilizada a

equação 5.13

[

]

1,002

O fator de correção estrutural obtido pela Tabela 5.13, é determinado pelo tipo de

material (concreto ou aço sem / com revestimento térmico), analisando em todas as

condições:

E=1, nos casos de estrutura de concreto ou de aço revestido termicamente.

E= 13,7V, sendo: √

E= 0,50, no caso de estrutura de aço sem revestimento térmico

O TRRF pelo método do tempo equivalente pode ser obtido pela equação 5.10, nas

situações:

Considerando o tempo equivalente com revestimento térmico

minutos

Considerando o tempo equivalente sem revestimento térmico

minutos

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83

6.3.3 Aferição dos resultados

Fazendo um comparativo entre o método tabular (TRRF=60min) e o método do

tempo equivalente (45min e 23min) respectivamente com e sem revestimento

térmico, verificou-se que o método tabular é aproximadamente 33% maior que o

tempo equivalente com revestimento, pois o método tabular não leva em conta as

áreas de ventilação e compartimentação do prédio. Já o tempo equivalente com

revestimento é o dobro do que sem revestimento.

O método do tempo equivalente tem pouca utilização no Brasil (SILVA; VARGAS;

ONO, 2010). É recomendada a adoção da seguinte prática neste caso: o tempo

equivalente deve ser no mínimo 15min e adotar o menor valor entre o tabelado e

tempo equivalente, portanto o adotado neste estudo para calculo de TRRF é de

45min.

6.4 Modelo para transferência de calor

A transferência de calor se dá por três mecanismos: condução, convecção e

radiação. Define-se o mecanismo de condução como o qual em que o calor é

transferido a nível molecular sem qualquer movimento de porções macroscópicas da

matéria. A convecção é a transferência de calor na interface entre um fluido e as

superfícies de um sólido, está se dá independente dos gradientes térmicos, e

causado por um agente externo. Já a radiação que diferentemente das anteriores

que não depende de um meio entre a fonte de calor e o receptor esta é transferida

por ondas eletromagnéticas que podem ser absorvidas, transmitidas ou refletidas

pelas superfícies.

Caldas (2008) cita os programas FIRES-T3, TASEF-2, SAFIR e SUPER-TEMPCALC

como modelo para transferência de calor.

Os exemplos apresentados são perfil laminado com proteção tipo contorno, viga de

concreto, pilar misto quadrado preenchido com concreto.

Perfil I laminado com proteção tipo Contorno:

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O perfil analisado conforme Ribeiro (2004) apud Caldas (2008) é um perfil

laminado IPE 400, com as propriedades de massa específica de 240kg/m³,

calor específico e condutividade térmica conforme Tabela 6.1.

Tabela 6.1 – Propriedades térmicas do perfil laminado IPE 400

Temperatura (ºC) Condutividade térmica (W/mºC) Calor específico (J/KgºC)

100 0,061 2093

200 0,08 1770

400 0,112 2148

482 0,147 2303

600 0,173 2343

1093 0,208 2512

Fonte: Ribeiro (2004) apud Caldas (2008)

O programa utilizado para comparação foi o SAFIR com o método de

diferenças finitas e os valores recomendados pela NBR 14323 (ABNT, 2003).

O perfil protegido foi discretizado em 1376 elementos e duas análises foram

feitas: 1032 elementos retangulares e 1020 elementos triangulares. A curva

utilizada foi a do incêndio padrão e considerado em todos os lados o

mecanismo de condução foi utilizado por meio do coeficiente igual 25W/m²C e

a emissividade resultante igual a 0,5 conforme NBR 14323 (ABNT, 2003).

Foi analisado para 30 minutos e 60 minutos e os resultados médios obtidos

encontram-se na,Tabela 6.2 a diferença nos resultados foram próximas

sendo 15% para 30 minutos e apenas 6% para 60 minutos.

Tabela 6.2 – Temperatura Média ºC

TRRF (min) MDF MEF (retangular) MEF (triangular) SAFIR NBR 14323

30 335 286 291 337 328

60 625 568 571 581 604

Fonte: Caldas (2008)

Foi elaborado também um para verificar o fluxo de calor com e sem

discretização do material de proteção e os resultados médios obtidos são

apresentados na

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Tabela 6.3 – Temperaturas médias obtidas via MDF com e sem discretização do material de

proteção

TRRF (min) MDF (proteção discretizada) MDF (sem proteção discretizada) NBR 14323

30 335 332 328

60 625 610 604

Fonte: Caldas (2008)

Viga de concreto:

Para o estudo em viga de concreto com dimensões 160x230mm² sobreposta

por laje de 100mm Caldas (2008) compara resultados do programa

THERSYS com valores segundo a isoterma do EN 1992-1-2 (EUROCODE,

2004).

Os resultados obtidos estão descritos na Tabela 6.4 que analisa a média da

distribuição da temperatura e a Tabela 6.5 que observa o comportamento no

trecho submetida a maior temperatura em função da umidade em relação ao

peso do concreto de 2% e 4%.

Tabela 6.4 – Comparação dos resultados em relação a temperatura

TRRF (min) MDF/THERSYS EUROCODE

30 1,03 1,19

60 1,02 1,12

Fonte: Caldas (2008)

Tabela 6.5 – Comparação da temperatura obtida nas umidades 2% e 4%

TRRF (min) MDF Umidade 2% MDF Umidade 4% EUROCODE

30 812 811 820

60 936 936 939

Fonte: Caldas (2008)

Nota-se que na Tabela 6.4 os resultados não estão tão próximos e para

Caldas (2008) esta diferença deve estar associada principalmente às

propriedades do concreto como a condutividade térmica, calor específico e a

umidade, embora nos resultados obtidos com essa última propriedade estão

mais próximos.

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Pilar misto quadrado preenchido com concreto:

O exemplo utilizado foi um pilar com dimensões de 405x405mm² com perfil

tubular de espessura de 5mm. Caldas (2008) analisou um comparativo entre

MDF e isotermas apresentadas no ECCS-TC3 (2001). Utilizou-se a

discretização em 7056 elementos e TRRF de 30 a 120 minutos. As

propriedades térmicas utilizadas foram conforme NBR 14323 (ABNT, 2003).

Os resultados obtidos foram próximos em vários pontos medidos da peça, em

geral, o ponto E indicado na Figura 6.5 houve alterações maiores que 5% e

quando o TRRF 90 e 120 minutos a alteração no ponto B chegou a

aproximadamente 14%.

Figura 6.5 – Pilar misto quadrado preenchido com concreto

A análise da transferência de calor satisfaz a condição de cálculo principalmente em

pilares de concreto, pois além do esmagamento do concreto e/ou escoamento das

armaduras pode ocorrer também a flambagem sendo a falha mais difícil de ser

avaliada do que vigas simplesmente apoiadas e lajes armadas em uma direção.

6.5 Análise comportamental das cargas de incêndio

Em virtude da contemporaneidade do assunto, apresenta-se a contribuição de

diversas pesquisas sobre o comportamento de estruturas em situação de incêndio.

Segundo Silva (2001), as condições de segurança das estruturas em situação de

incêndio são verificadas quando a temperatura atingida pelos elementos estruturais

(θm) for menor do que a temperatura crítica (θcr) desses elementos, ou seja, a

temperatura na qual a estrutura atinge o colapso.

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Por razões mencionadas, o presente trabalho utiliza o programa FTOOL para

determinação dos diagramas de esforços, deslocamentos e deformações, que

representam a análise de estruturas planas.

6.6 Comportamento de vigas

Silva (2001) apresenta algumas situações que analisam por meio do programa de

Ansys a flecha, deslocamento, reação e momento fletor de vigas isostáticas e

hiperestáticas de perfil metálico.

Os parâmetros foram elemento “Beam24”, 25kN/cm², a deformação linear

específica considerada é relativa ao final do patamar de escoamento. O coeficiente

de dilatação térmica do aço considerado foi 1,4 10-5 ºC-1, a flambagem local não foi

considerada. A relação entre o valor de cálculo em situação de incêndio, do

carregamento (pd,fi) e o valor de cálculo do carregamento a temperatura ambiente

(pd) adotado é 0,6, sendo os resultados apresentados na Tabela 6.6.

Tabela 6.6 – Análise Ansys Viga metálica isostática e hiperestática

Temperatura (ºC)

flecha da deformada (cm) Deslocamento não linear Momento fletor na seção

mais solicitada (103 Kn/cm)

viga isostática

viga hiperestática

viga isostática

viga hiperestática

viga isostática

viga hiperestática

22 4 0 0 não há constante 100

200 6 20 3,5 não há constante 130

400 10 50 8 não há constante 150

600 72 100 5 não há constante 100

Fonte: Silva (2001)

Como se observa, as flechas são maiores na viga hiperestática, porém esse

aumento se dá de maneira mais lenta. O deslocamento devido à restrição nas vigas

hiperestáticas não é considerado. A variação do momento fletor ocorre na viga

hiperestática devido à diferença da reação vincular e das tensões que na

temperatura ambiente são de compressão e com o aumento da temperatura no

patamar da temperatura crítica a reação vincular inverte o sentido de aplicação do

esforço, reduzindo o momento fletor e aumenta as tensões de tração.

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Um modelo de viga metálica isostática é estudado neste trabalho por meio do

programa FTOOL apresentado na Figura 6.6, as características adotadas são

30kN/cm² e viga tipo VS550x75: d=55cm; b=25cm; tf=1,25cm; tw=0,63cm.

Figura 6.6 – Viga metálica simplesmente apoiada

Os esforços internos não se alteraram em função da temperatura devido ao apoio

livre, portanto foi possível observar deslocamento horizontal que varia linearmente

conforme Figura 6.7.

Figura 6.7 – Deformações viga metálica em função da temperatura

0

1

2

3

4

5

6

7

8

20 200 400 600 800

Deslo

cam

en

to (

cm

)

Temperatura (ºC)

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Devido às análises simplificadas do FTOOL percebe-se um aumento do

deslocamento com o aumento da temperatura, porém é possível observar no estudo

de Silva (2001) que este deslocamento é linear até certo limite e a partir de

aproximadamente 400ºC este decresce em análise não-linear.

6.7 Comportamento pórtico plano

O pórtico analisado abaixo utilizando o programa FTOOL pertence ao depósito

mencionado no item 6.2.

A estrutura é hiperestática, constituída por dois pilares engastados na fundação

ligados a uma viga. Os carregamentos de peso próprio e sobrecarga adotados são

g=1,3kN/m e q=0,10kN/m, as combinações de carga resultante p= g + q. Cargas

concentradas de Q1=16kN nos pilares e Q2=0,1kN no centro da cobertura conforme

Figura 6.9. O módulo de elasticidade de E= 205000MPa e o valor característico da

resistência ao escoamento fy= 250MPa foram obtidos pela NBR 8800 (ABNT, 2007).

As dimensões dos perfis utilizados são descritas abaixo e representadas na Figura

6.8:

Para viga: VS 400x 53kg/m Fator de massividade = 250 m-1

b= 20cm; d= 40cm; tw= 4,8mm; tf=12,5mm

Para os pilares: VS 400x49kg/m Fator de massividade = 175m-1

b= 20cm; d= 40cm; tw= 6,3mm; tf=9,5mm

Figura 6.8 – Detalhe perfil

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Figura 6.9 - Pórtico hiperestático em análise

A Figura 6.10 apresenta a temperatura do aço em relação ao tempo conforme a

curva nominal da NBR 14432 (ABNT, 2000) apresentada pela equação 5.1 no item

5.2.6, devido à diferença do índice de massividade a temperatura é distinta nos

perfis em função do tempo.

Figura 6.10 – Curva do tempo x temperatura do aço

O pórtico foi dimensionado à temperatura ambiente e os diagramas de normal,

cortante, momento fletor e deformação obtidos estão representados nas Figura 6.11,

Figura 6.12, Figura 6.13 e Figura 6.14, admitindo-se linearidade geométrica e do

material

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 10 20 30 40 50 60

temperatura do pilar temperatura da viga

B

C

A

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Figura 6.11 – Diagrama de esforços normais

Figura 6.12 – Diagrama de forças cortantes

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Figura 6.13 – Diagrama de momentos fletores

Figura 6.14 – Diagrama das deformadas

A variação de temperatura analisada foi de 20ºC a 900ºC, conforme a curva do

tempo e temperatura (Figura 6.10), o fator de redução do módulo de elasticidade foi

baseado na Tabela 5.4 e os valores resultantes do módulo de elasticidade estão na

Tabela 6.7.

As análises apresentadas a seguir são lineares sendo que os efeitos de 2ª ordem, o

gradiente térmico, flambagem e a perda de rigidez não foram considerados. Como a

temperatura dos elementos (vigas e pilares) estão próximas esta variação também

foi desconsiderada na aplicação das temperaturas.

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Tabela 6.7 – Módulo de Elasticidade em função da temperatura

Temperatura (ºC) KE,θ (MPa)

20 1,000 205.000

100 1,000 205.000

200 0,900 184.500

300 0,800 164.000

400 0,700 143.500

500 0,600 123.000

600 0,310 63.550

700 0,130 26.650

800 0,090 18.450

900 0,068 13.940

A partir da redução do módulo de elasticidade e da variação da temperatura interna

ao longo de toda estrutura foram feitas análises lineares e as Figura 6.15, Figura

6.16 e Figura 6.17 apresentam a variação dos esforços nos pontos A, B e C

indicados na Figura 6.9.

Figura 6.15 – Diagrama de esforços no Ponto A (Engaste Pilar)

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

20 200 400 600 800

ES

FO

OS

Temperatura (ºC)

Momento ( kN.m )

Cortante ( kN )

Normal ( kN )

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Figura 6.16 – Diagrama de esforços no Ponto B (Pilar x Viga)

Figura 6.17 – Diagrama de esforços no Ponto C (Centro da Viga)

Nota-se que os esforços internos da cortante e da normal praticamente não se

alteraram significativamente por não levar em conta a perda da rigidez. É possível

verificar apenas o crescimento do momento na ordem da temperatura de 500ºC e

depois o seu decréscimo em função da redução do módulo de elasticidade.

A reação horizontal apresenta variação com o aumento da temperatura indicada na

Figura 6.18, ocorre em razão da dilatação da viga e depois decresce na mesma

proporção do momento em função da redução do módulo de elasticidade.

-450

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

20 200 400 600 800

ES

FO

OS

Temperatura (ºC)

Momento ( kN.m )

Cortante ( kN )

Normal ( kN )

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

20 200 400 600 800

ES

FO

OS

Temperatura (ºC)

Momento ( kN.m )

Cortante ( kN )

Normal ( kN )

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95

Figura 6.18 – Reação Horizontal (kN) de apoio

A Figura 6.19 apresenta a variação dos deslocamentos nos pontos estudados da

estrutura em função da elevação da temperatura.

Figura 6.19 – Deslocamentos no Pórtico

Observa-se que o deslocamento no engaste não varia, devido o engaste, já no ponto

B (pilar x viga) o deslocamento é ascendente e praticamente linear acompanhando a

dilatação dos elementos viga e pilar. A situação de deformação no centro da viga

(Ponto C), no entanto, é praticamente o mesmo até a temperatura aproximada de

0

5

10

15

20

20 200 400 600 800

RE

ÃO

Temperatura (ºC)

Reação horizontal ( kN )

-30

-20

-10

0

10

20

20 200 400 600 800

Deslo

cam

en

to (

cm

)

Temperatura (ºC)

Ponto B Ponto C

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500ºC e depois devido a redução do módulo de elasticidade o deslocamento

decresce linearmente.

Foi possível analisar neste exemplo que as deformações térmicas podem provocar

aumento considerável dos esforços solicitantes e pode se observar também por

meio da curva de incêndio que este aumento encontra-se entre 10 a 15 minutos

depois de ocorrido o incêndio.

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7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A perda de resistência e módulo de elasticidade são parâmetros importantes na

integridade estrutural quando sujeita a altas temperaturas.

Baseado na metodologia aplicada no estudo da carga de incêndio foi possível

constatar os seguintes aspectos que são destacados:

A partir dos dados de um projeto e seguindo as tabelas e parâmetro das normas foi

possível verificar tempos distintos de resistência ao fogo do ambiente quando a

análise é feita pelo método tabular e pelo método do tempo equivalente. O TRRF do

método tabular é superior em 15 min no estudo, as normas por sua vez não fazem

nenhuma recomendação ou sugestão de qual método utilizar. Na literatura

observou-se que o método do tempo equivalente tem pouca utilização no Brasil e

estudos recentes começam a colocar em evidência este método para utilização nos

projetos.

A transferência de calor no caso do material aço é satisfatória comparando-se os

resultados das normas com os resultados dos modelos computacionais numéricos.

Contudo o mesmo comparativo em vigas de concreto não apresentou resultados tão

próximos devido às propriedades do concreto como a condutividade térmica e calor

específico.

O comportamento da carga de incêndio na estrutura isostática não apresenta

diferença nos esforços internos. Isto ocorre por não existir restrição à deformação.

Assim, este tipo de estrutura pode deformar consideravelmente, ainda em

temperaturas baixas, aumentando o risco de colapso. O mesmo não ocorre nas

estruturas hiperestáticas, como demonstrado no gráfico do pórtico, onde as

deformações começam a ser consideráveis a partir dos 400ºC.

No pórtico em estudo (Figura 6.9) foram analisados os nós localizados no centro do

pórtico, na junção entre o pilar e a viga superior e no engaste do pilar com a

fundação.

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Os esforços de cortante e normal tiveram variação pequena ao longo da estrutura

em comparação com o momento e o deslocamento.

No caso da cortante, o engaste e o centro da viga apresentaram na temperatura

crítica, isto é, entre 500ºC e 600ºC, variação de até três vezes se comparado aos

valores obtidos na temperatura ambiente. No centro da viga isto ocorreu por causa

da dilatação das vigas. Na base do pilar (engaste) essa variação ocorreu devido à

tendência das forças irem para o eixo do pórtico, ocasionando também a variação da

reação horizontal.

Ao verificar os momentos fletores no pórtico, os valores em todos os pontos

analisados apresentaram grandes variações quando submetido ao acréscimo da

temperatura diferentemente de outros trabalhos pesquisados. Cita-se que a variação

do momento de um pórtico em Silva (2001) provoca um acréscimo de cinco vezes no

engaste da temperatura ambiente para a temperatura de 400ºC. Na estrutura em

questão ocasionou um acréscimo de aproximadamente doze vezes. Como o

programa utilizado para a análise de comportamento estrutural foi o FTOOL,que faz

o estudo de forma linear, não levou em conta a perda de rigidez do pilar. Segundo

Silva (2001), ocorrem perdas significativas na rigidez do pilar a partir de 200ºC,

fazendo com que reduza significativamente os momentos fletores.

Ao estudar a estaticidade com o aumento de temperatura, verificou-se que, nas

estruturas isostáticas, a flecha de deformada fica cinco vezes menor do que nas

estruturas hiperestáticas a 400ºC. Entretanto na estrutura hiperestática o aumento

da flecha ocorre de forma mais lenta do que a estrutura isostática.

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99

8 CONCLUSÕES

Ao longo do presente trabalho, com base nos aspectos apresentados no capítulo 5,

procurou-se apresentar e descrever aspectos de interesse relacionados à ação

térmica em elementos estruturais constituinte de sistemas estruturais. Ao comparar

os parâmetros de cálculo da curva padrão de incêndio pelas normas brasileiras e

internacionais verificou-se que a NBR 14.432 tem como base um incêndio em

materiais celulósicos. Este mesmo parâmetro é verificado na EN1991-1-2

(EUROCODE,2000) onde, além das curvas de materiais celulósicos admite para os

materiais a base de hidrocarbonetos e o incêndio em área externa. Outra curva

utilizada é a RWS curve (Breunese,2010) que é usada especificamente para túneis.

Com base nas informações anteriores deve ser complementada a norma brasileira.

Como solução para controlar as cargas excepcionais de incêndio foi o emprego de

proteções passivas em função do TRRF calculado e do índice de massividade das

peças.

No capítulo 6, estabelecido ponto de partida para análise dos modelos numéricos,

foram apresentados alguns resultados referentes ao estudo numérico aqui adotado.

A análise do comportamento da estrutura na situação de incêndio utilizando o Ftool

pode demonstrar a tendência da estrutura submetida a altas temperaturas. Contudo,

para fim de dimensionamento, os resultados obtidos somente com a alteração do

módulo de elasticidade encontraram-se divergentes da literatura pesquisada.

Por meio da análise do prédio em estrutura metálica, observou-se que as

deformações térmicas podem provocar aumento considerável dos esforços

solicitantes num curto tempo de exposição ao incêndio (10 a 15 minutos), ficando

próximo do método do tempo equivalente sem proteção térmica que foi de 22

minutos. Neste caso, é necessário um novo dimensionamento com o uso de

materiais de proteção térmica. Outra solução seria redimensionar a estrutura

acrescentando os esforços máximos solicitantes. Isto provoca o aumento da seção

das peças, tornando-se inviável economicamente.

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9 RECOMENDAÇÕES

Os resultados obtidos com modelos simplificados de cálculo, quando comparados

aqueles obtidos via modelos numéricos, com relação aos casos analisados se

mostraram satisfatórios.

Diante dos resultados obtidos no capítulo 6, referente ao estudo de caso calculado

pelos métodos tabulares e tempo equivalente, conclui-se que a estratégia de

modelagem aqui adotada é eficiente para o estudo de situações em que elementos

de aço quanto são submetidos a um aquecimento uniforme em suas seções

transversais.

Os estudos foram executados no FTOOL. Este programa realiza a análise das

temperaturas de forma linear e não leva em consideração a perda de rigidez e

redução do módulo de elasticidade devido as cargas de incêndio. Como sugestão

para os próximos trabalhos, deve-se incorporar ao programa os parâmetros

anteriormente citados para que fiquem mais próximos aos programas comerciais,

tais como: ANSYS, SMARTHFIRE, VULCAN e CALTEMI.

A utilização de programas não-lineares e análises de momentos plásticos em cargas

de incêndio em estruturas de concreto como lajes e pilares para determinação da

temperatura critica.

Outra possibilidade para estudos futuros nos comportamentos das cargas de

incêndio nas estruturas são utilizações de materiais especiais no concreto como fibra

de vidro e/ou polipropileno reduzindo o efeito de Spalling explosivo na estrutura.

Os estudos acima sugeridos, quando abordado nas Universidades, são

apresentados de forma superficial e, naturalmente, os profissionais com estes

recursos adicionais terão oportunidades diferenciadas no mercado de trabalho.

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ANEXO A

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