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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PSICOPEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA Por: Eliane Corrêa de Carvalho de Oliveira Orientador Prof. Magaly Vasques Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PSICOPEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA

Por: Eliane Corrêa de Carvalho de Oliveira

Orientador

Prof. Magaly Vasques

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PSICOPEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Por: Eliane Corrêa de Carvalho de Oliveira

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela força que me deu para chegar até

aqui. Sem Ele nada seria. Nada alcançaria.

Ao meu marido Israel pela presença incansável, mesmo que silenciosa,

nos momentos mais difíceis.

À minha filha Camille, que mesmo sem entender os meus momentos de

ausência, esteve ao meu lado e com seu sorriso angelical me deu forças para

prosseguir.

À minha amiga Karine que esteve ao meu lado e muitas vezes me

“carregou” naqueles momentos que pensei em desistir.

À minha amiga e companheira de trabalho Célia Loureiro pela inspiração

e “norte” neste trabalho de conclusão.

Não poderia esquecer a minha querida mãe Lindalva. Simplesmente me

formou na vida e até hoje é referência pra mim.

A todos vocês meu muito obrigada. Sem vocês eu talvez não

conseguisse chegar até aqui.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha filha

Camille. Que todo meu esforço sirva de

exemplo na sua vida futura e que ela

nunca não venha a desistir diante dos

obstáculos que possam se apresentar em

sua a vida.

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RESUMO

A psicopedagogia exerce um papel fundamental na busca de soluções

para os problemas de aprendizagem.

Teve sua origem na Europa no século XX com caráter médico –

pedagógico, o qual visava à readaptação de crianças com comportamentos

socialmente inadequados.

O Brasil foi influenciado fortemente pela Argentina e iniciou com

assuntos psicopedagógicos na década de setenta e tem como “luz” a teoria

criada por Jorge Visca: a Epistemologia Convergente que propõe um trabalho

clínico utilizando-se da integração de três linhas: a psicogenética, a

psicanalítica e a psicologia social. Naquela época os distúrbios de aprendizagem que eram tratados nos

consultórios chegaram às escolas, que sem critério algum passaram a “taxar”

crianças como sendo “disléxicas”, “hiperativas”, entre outros adjetivos.

A partir deste fato, constatou-se a necessidade de um aprofundamento

nos estudos de casos e a ação de um profissional competente para solucioná-

los.

Jorge Visca e Sara Paín ofereceram à psicopedagogia uma visão da

pluricausalidade de fatores que envolvem o processo de aprendizagem,

facilitando assim, a compreensão dos motivos de alguns problemas na

aprendizagem.

O psicopedagogo é, visto então, como um profissional responsável por

sanar todos os problemas de aprendizagem que se apresentam em nossas

crianças e adolescentes.

No entanto, para sanar tais problemas na aprendizagem o

psicopedagogo utiliza vários instrumentos de apoio que o auxiliam no processo,

tais como: diagnóstico psicopedagógico, caixa de trabalho, EOCA (Entrevista

Operativa Centrada na Aprendizagem), provas piagetianas e outros recursos.

Com tantos instrumentos e técnicas a sua disposição, o psicopedagogo

deve ter cuidado no uso de tais instrumentos e lembrar-se que o método é um

meio e não um fim em si mesmo.

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METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas,

tendo como base inicial os autores Jorge Visca e Nádia Bossa. A consulta de

tais bibliografias foi feita na Biblioteca Euclides da Cunha (UNIGRANRIO –

Campus Duque de Caxias) que cedeu gentilmente seu acervo para consulta.

Também foram consultados trabalhos e teses expostos na Internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Psicopedagogia: Um breve histórico 10

CAPÍTULO II - A psicopedagogia e sua teoria 16

CAPÍTULO III – A psicopedagogia e sua prática 25

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 00

BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional) 00

ANEXOS 00

ÍNDICE 00

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INTRODUÇÃO

A psicopedagogia é a área que estuda e lida com o processo de

aprendizagem e com os problemas decorrentes deste processo. A

Psicopedagogia é vista por Souza (1996), como área que investiga a relação

da criança com o conhecimento.

A psicopedagogia não é sinônimo de psicologia educacional ou

psicologia escolar. Psicopedagogia estuda a atividade psíquica da criança e

dos princípios que daí recorre.

Hoje, é uma área pouco divulgada e bem restrita em termos de

atuação. Existem profissionais com esta formação, mas que atuam em outras

áreas da educação. Apesar de ser de fundamental importância para o processo

ensino x aprendizagem, vê-se ainda certo descrédito por parte dos

profissionais da área de educação.

A presente pesquisa bibliográfica, em seu primeiro capítulo, mostra um

breve histórico sobre a psicopedagogia, seu surgimento na Europa, no Brasil e

sua influência na busca dos motivos de alguns problemas na aprendizagem.

Há também uma breve definição do termo psicopedagogia com o objetivo

buscar uma melhor compreensão do que vem a ser a psicopedagogia. Pela

seriedade deste trabalho não poderia deixar de citar a criação da Associação

Brasileira de Psicopedagogia, que contribui diariamente na função da

psicopedagogia frente aos problemas de aprendizagem no campo educacional

do nosso país.

Mais complexo que o termo psicopedagogia é a função da mesma no

processo complexo do ensino x aprendizagem. Para tentar esclarecer sobre a

real função da psicopedagogia, no segundo capítulo, é feito um levantamento

sobre as teorias que embasam o trabalho psicopedagógico, através das

contribuições de alguns autores com Nádia Bossa, Maria Lúcia Weiss, Jorge

Visca, entre outros. Há também um breve relato sobre a Epistemologia

Convergente, de Jorge Visca. Teoria que é a base da psicopedagogia.

O psicopedagogo pode atuar de duas maneiras: preventiva e curativa.

A preventiva se dá antes do problema de aprendizagem se instalar na criança;

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a curativa que é clínica-terapêutica, tem a função de tratar e sanar distúrbios de

aprendizagem já instalados no aluno.

Cabe ao psicopedagogo possibilitar o progresso da criança no

processo ensino x aprendizagem. E para que isso aconteça, é necessária a

verdadeira atuação do psicopedagogo, tanto nas instituições escolares, quanto

em nível de sistemas e ainda nos consultórios de psicopedagogia.

O terceiro e último capítulo deste trabalho trata sobre a prática

psicopedagógica. As intervenções que podem ser feitas pelos psicopedagogos,

como: diagnóstico psicopedagógico, a entrevista operativa centrada na

aprendizagem, a caixa de trabalho, provas operatórias piagetianas e outras.

O trabalho psicopedagógico implica na compreensão da situação de

aprendizagem do sujeito, o que requer uma modalidade particular de ação para

cada caso no que diz respeito à abordagem, tratamento e forma de atuação.

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CAPÍTULO I

PSICOPEDAGOGIA: UM BREVE HISTÓRICO

Para entender um pouco sobre a psicopedagogia é necessário fazer um

levantamento sobre seu histórico. É difícil datar com precisão o aparecimento

da expressão. Há registros do começo do século XX.

Segundo Bossa (2007) a psicopedagogia não nasceu aqui e tampouco

na Argentina. A preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem

na Europa, ainda no século XIX. Os primórdios Centros Psicopedagógicos

foram inaugurados na Europa, mais precisamente na França, em 1946, por J

Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica, com objetivo de

tratar comportamentos socialmente inadequados de crianças, tanto na escola

como no lar, visando sua readaptação.

Observamos que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa

tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da

equipe do Centro Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e

pedagogos. Segundo Bossa (2000) esses centros contribuíram com ação

terapêutica em crianças que tinham lentidão ou dificuldades para aprender.

Segundo Bossa (2007) a criança que não conseguia aprender era taxada como

“anormal”, devido à interpretação de que a causa de seu fracasso era atribuída

a alguma anomalia anatomofisiológica.

Esperava-se através desta articulação entre Psicologia-Psicanálise-

Pedagogia, conhecer a criança e o seu meio, e buscar a solução dos

problemas de comportamento e aprendizagem.

Esta corrente europeia influenciou significativamente a Argentina (que

influenciou a práxis brasileira). Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández

(apud BOSSA, 2000), a Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 30

anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso

de Psicopedagogia.

A partir de 1948 o termo pedagogia curativa passou a ser definido como

terapêutica, o qual visava atender crianças e adolescentes desadaptados que,

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embora inteligentes, tinham maus resultados escolares. Essa pedagogia

curativa poderia ser conduzida individualmente ou em grupos.

Desde a primeira intenção de se definir como seria o atendimento

psicopedagógico até os dias de hoje, vemos que, segundo Sara Paín o objetivo

do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a

possibilidade de o sujeito aprender normalmente em condições melhores.

O curso de psicopedagogia, inicialmente, visava fornecer maiores

conhecimentos quanto ao processo de desenvolvimento, maturação e

aprendizagem.

Scoz (1994) relata que a partir da década de sessenta a categoria

profissional dos psicopedagogos começa a expandir-se e a organizar-se,

buscando, inicialmente, as causas do fracasso escolar através da sondagem

de aspectos do desenvolvimento físico e psicológico do aprendiz.

Nessa época, os psicopedagogos prendiam-se a uma concepção

organicista e linear, com conotação nitidamente patologizante, que encarava os

indivíduos com dificuldades na escola como portadores de disfunções

psiconeurológica, mentais e/ou psicológicas.

A partir da década de oitenta, a psicopedagogia, em função da eficiência

demonstrada na prática clínica, tem se estruturado como corpo de

conhecimentos e se transformando em campo de estudos multidisciplinares.

No Brasil a psicopedagogia surge na década de setenta através dos

cursos de extensão da PUC/SP. Em 1979 surge como especialização, mas

com o título de Tratamento dos problemas de aprendizagem.

Em 1985 inicia-se o curso de psicopedagogia, em nível de

especialização na PUC/SP. Este com enfoque preventivo e preparando para o

processo institucional.

Segundo Johnson & Myklebust (1987), pesquisadores do Intitute for

Linguage Disorders, os conceitos de Disfunção cerebral Mínima (DCM) e o de

Distúrbios de Aprendizagem (afasias, disgrafias, discalculias, dislexias) eram

considerados os principais responsáveis pela incapacidade de algumas

crianças para aprender.

Essas ideias, inicialmente difundidas através dos consultórios

particulares, acabaram chegando às escolas que, sem nenhum critério,

classificavam as crianças com dificuldades para ler e escrever como

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“disléxicas” e as mais agitadas como “hiperativas”. Esses problemas eram

atribuídos, por vezes, às disfunções cerebrais. Essas crianças eram

encaminhadas a profissional da área médica, que reforçavam o diagnóstico dos

professores e recorriam, frequentemente, a uma linha medicamentosa de

tratamento.

O conceito DCM permitiu uma aceitação maior da criança pelo professor

e pelos pais, uma vez que portadora de uma “doença” neurológica, ela não

poderia ser responsabilizada pelo próprio fracasso. Porém, serviu também para

desmotivar os educadores a investirem na aprendizagem deste aluno. Já nos

consultórios de atendimento psicopedagógico, reforçou a explicação

organicista de problema de aprendizagem, enfatizando, mais uma vez, a

postura medicamentosa vigente na época.

Nesses trinta anos a psicopedagogia deu conta das áreas de saúde e

educação, mas, após a criação do centro de saúde mental em Buenos Aires,

percebe-se que após um ano de tratamento, os pacientes retornavam com os

problemas de aprendizagem resolvidos, mas com fobias, traços psicóticos, etc.

Os problemas eram deslocados. A partir deste fato, constatou-se a

necessidade do olhar e da escuta clínica da psicanálise. Procurou-se captar as

mensagens que estavam por trás dos discursos.

Segundo Jorge Visca1987 (apud Bossa, 2007),

“a psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação

subsidiária da medicina e da psicologia, perfilou-se como

um conhecimento independente e complementar,

possuidora de um objeto de estudo – o processo de

aprendizagem – e de recursos diagnósticos, corretores e

preventivos próprios”.

A divulgação das ideias escola novistas também repercutiu no

pensamento psicopedagógico. A ênfase nos aspectos afetivos da

aprendizagem acabou levando os psicopedagogos a utilizarem um número

exagerado de testes e instrumentos de mensuração, na tentativa de encontrar

índices que o conduzissem a um diagnóstico.

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Mais recentemente, os psicopedagogos, à luz de contribuições de

diversas áreas do conhecimento como, por exemplo, da psicologia, sociologia,

antropologia, linguística, psicolinguística, vem reformulando suas linhas de

análise.

Para Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo das crianças é, inicialmente,

determinado por processos biológicos e quando, subsequentemente, por

interações sociais com adultos, que iniciam e mediam, pelas interações sociais,

o desenvolvimento das habilidades cognitivas.

Alguns autores que tomam a psicopedagogia como campo principal de

seus estudos, entre os quais Jorge Visca e Sara Paín, também têm oferecido

valiosas contribuições para o avanço desse campo na tentativa de elaborar

uma teoria da prática psicopedagógica.

Visca (1991) concebe a aprendizagem como uma construção

intrapsíquica, com continuidade genética e diferenças evolutivas, resultantes

das pré-condições energético-estruturais do sujeito e das circunstâncias do

meio.

Para Paín (1985), a aprendizagem depende da articulação de fatores

internos e externos ao sujeito. Os fatores internos referem-se ao funcionamento

do corpo, do organismo, do desejo, das estruturas cognitivas e da dinâmica do

comportamento. Os fatores externos são aqueles que dependem das

condições do meio que circunda o indivíduo.

Por apresentarem uma concepção mais complexa do ser humano, estes

autores tiveram o mérito de oferecer à psicopedagogia uma visão da

pluricausalidade de fatores que envolvem o processo de aprendizagem e os

problemas dele decorrentes, o que evidencia a necessidade de um

conhecimento multidisciplinar na ação psicopedagógica.

1.1 – A Associação Brasileira de Psicopedagogia

A associação Brasileira de Psicopedagogia tem contribuído para que a

psicopedagogia assuma uma nova função no cenário educacional brasileiro, a

partir de um redimensionamento da concepção de problema de aprendizagem.

Ao iniciar suas atividades, em 1980, denominando-se inicialmente Associação

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de Psicopedagogos de São Paulo, já se preocupava em definir o perfil desses

profissionais. Para isso promovia pequenos encontros para reflexão e troca de

experiências de trabalho, enfocando os problemas de aprendizagem.

Com o crescente avanço do campo de atuação da psicopedagogia, os

psicopedagogos sentiram a necessidade de aprimorar a própria formação,

adquirindo conhecimentos multidisciplinares. Partindo dessa perspectiva, a

Associação passou a promover diversas modalidades de atividades (cursos,

palestras, conferências, seminários, etc.). A necessidade de conhecimentos

multidisciplinares impunha-se cada vez mais para uma atuação

psicopedagógica mais abrangente.

Em razão de sua crescente expansão, assinalando-se, sobretudo a

criação de inúmeros núcleos associativos em diversos estados do Brasil – em

1998, passa a denominar-se Associação Brasileira de Psicopedagogia e realiza

o I Congresso e o 3º encontro de psicopedagogos.

A contínua expansão da psicopedagogia, em decorrência disso, a

abertura indiscriminada de cursos de formação nessa área em todo o país,

levou a Associação a elaborar um documento sobre a Identidade Profissional

do Psicopedagogo, a partir da delimitação de seu campo de estudos e de

atuação.

No II Congresso e V Encontro realizados em julho de 1992, a

Associação abordou o tema “A Práxis Psicopedagógica na Realidade

Educacional Brasileira”.

Nessa oportunidade ficou clara a posição da Associação em enfatizar a

psicopedagogia enquanto uma práxis e, como tal, capaz de oferecer

alternativas de ação no sentido de uma melhoria nas condições de

aprendizagem, objetivando reverter a situação dramática em que se encontram

as escolas brasileiras.

Em julho de 1996, a Associação realizou o III Congresso e o VII

Encontro, com o tema “A Psicopedagogia em Direção ao Espaço

Transdisciplinar”. O objetivo desse encontro foi solidificar a ideia de que a

Psicopedagogia ultrapassasse as interpretações cartesianas em direção a uma

concepção de mundo indivisível.

Entre os dias 05 e 08 de julho de 2012 foi realizado o IX Congresso

Brasileiro de Psicopedagogia promovido pela Associação Brasileira de

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Psicopedagogia, em parceria com o I Simpósio Internacional de Neurociências,

Saúde Mental e Educação promovido pelo Projeto Cuca Legal do Centro de

Estudos de Psiquiatria da UNIFESP, em São Paulo nas instalações da UNIP –

Universidade Paulista, Campus Paraíso. Com uma relevância ímpar nas áreas

de Psicopedagogia, Neurociências e Educação em nosso país e superando

todas as expectativas e objetivos esperados, esse Congresso teve como tema

“Diálogos entre as Neurociências, Saúde Mental e Educação”.

Com isso a psicopedagogia além de dominar a patologia e a etiologia

dos problemas de aprendizagem, aprofundou conhecimentos que possibilitam

uma contribuição efetiva não só relacionada aos problemas de aprendizagem,

mas também, na melhoria da qualidade do ensino oferecido nas escolas.

Além disso, ao utilizar-se de várias áreas do conhecimento para

aprofundar seu campo de estudo e atuação, a psicopedagogia deixou de

privilegiar esta ou aquela corrente de pensamento, esta ou aquela ciência.

Dessa forma, contribui para a percepção global do fato educativo e para a

compreensão satisfatória dos objetivos da Educação e da finalidade da escola,

possibilitando, assim, uma ação transformadora.

Segundo Scoz (1994), a partir desses encontros a psicopedagogia além

de dominar a patologia dos problemas de aprendizagem, propõe que esses

profissionais contribuam para a qualidade do ensino oferecido nas escolas,

deixando também de privilegiar essa ou aquela corrente de pensamento ou

ciência, possibilitando assim uma ação transformadora.

Como se vê, um número cada vez maior de profissionais encontra na

Psicopedagogia um campo de atuação capaz de criar novas respostas para os

velhos problemas educacionais que têm se mostrado insolúveis.

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CAPÍTULO II

A PSICOPEDAGOGIA E SUA TEORIA

Para entender o que é Psicopedagogia, é importante ir além da simples

junção dos conhecimentos oriundos da Psicologia e da Pedagogia, que ocorre

com bastante frequência no senso comum, isto porque, em sua própria

denominação Psicopedagogia aparecem suas partes constitutivas – psicologia

+ pedagogia – e que oferece uma definição reducionista a seu respeito.

2.1 – O que é Psicopedagogia?

A psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas

dificuldades e apresenta um caráter preventivo. Nasceu com o intuito de

resolver e compreender os problemas de aprendizagem que se apresentavam

inicialmente no âmbito escolar. Assim, a psicopedagogia visa identificar,

analisar, planejar e intervir nos problemas que se apresentam no processo de

aprendizagem.

O Código de Ética da Psicopedagogia, no Capítulo I, Artigo 1 º, afirma

que "A Psicopedagogia é campo de atuação em saúde e educação o qual

lida com o conhecimento, sua ampliação, sua aquisição, distorções,

diferenças e desenvolvimento por meio de múltiplos processos" .

Com a reformulação do Código de Ética em 1996, a conceituação de

Psicopedagogia sofre alteração, passando ser a seguinte: "... campo de

atuação em Educação e Saúde que lida com o processo de aprendizagem

humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do

meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, usando

procedimentos próprios da Psicopedagogia". (Cap. I; Artigo 1º).

Continua afirmando que a Psicopedagogia é uma área de atuação que

engloba saúde e educação, também limita o campo de atuação à cognição,

destacando que envolve os padrões normais e patológicos da

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aprendizagem, ainda, enfatiza a influência do meio (família, escola e

sociedade).

A Psicopedagogia é uma área de estudos nova que pode e está

atendendo os sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem.

Segundo Bossa (1994), a Psicopedagogia nasce com o objetivo de atender

a demanda - dificuldades de aprendizagem.

Existem várias definições de vários autores. A maioria escrita de formas

diferentes, porém com a mesma essência. Esses autores enfatizam o caráter

interdisciplinar. Segundo Bossa (2007)

“reconhecer tal caráter significa admitir sua

especificidade enquanto área de estudos, uma vez que,

buscando conhecimentos em outros campos, cria o seu

próprio objeto, condição essencial da

interdisciplinaridade”. (BOSSA, 2007, p. 27)

Scoz (1992) define psicopedagogia como área que estuda o processo de

aprendizagem e suas dificuldades e em uma ação profissional, deve englobar

vários campos do conhecimento, integrando-os e sistematizando-os.

Lino Macedo (1992) define:

“A psicopedagogia é uma (nova) área de atuação

profissional que tem, ou melhor, busca uma identidade e

que requer uma formação de nível interdisciplinar (o que

já é sugerido no próprio termo psicopedagogia)”.

(MACEDO, 1992, p. 47).

Ainda segundo Macedo (1992) no novo dicionário Aurélio da língua

portuguesa o termo psicopedagogia é definido como aplicação da psicologia

experimental à pedagogia.

Alguns profissionais brasileiros também têm dado suas contribuições no

que se refere à definição sobre psicopedagogia.

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Para Maria M. Neves (1991)

“Falar sobre psicopedagogia é, necessariamente, falar

sobre a articulação entre educação e psicologia,

articulação essa que desafiam estudiosos e práticos

dessas duas áreas. Embora quase sempre presente no

relato de inúmeros trabalhos científicos que tratam

principalmente dos problemas ligados à aprendizagem, o

termo psicopedagogia não consegue adquirir clareza na

sua dimensão conceitual”. (NEVES, 1991).

Baseando-se no que diz esses autores definir o termo psicopedagogia é

um trabalho infindável. Algo que ainda não está claro. Se a dimensão

conceitual ainda não está clara, como será a sua prática?

De acordo com Golbert (1985) o

“objeto de estudo da psicopedagogia deve ser entendido

a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico. O

enfoque preventivo considera o objeto de estudo da

psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento,

enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a

ser educada, seus processos de desenvolvimento e as

alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades

do aprender, num sentido amplo. Não deve se restringir a

uma só agência como a escola, mas ir também à família e

à comunidade. Poderá esclarecer, de forma mais ou

menos sistemática, a professores, pais, administradores

sobre as características das diferentes etapas do

desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de

aprendizagem, sobre as condições psicodinâmicas da

aprendizagem, sobre as condições determinantes de

dificuldades de aprendizagem. O enfoque terapêutico

considera o objeto de estudo da psicopedagogia a

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identificação, a análise, elaboração de uma metodologia

de diagnóstico e tratamento das dificuldades de

aprendizagem”. (GOLBERT, 1985, p. 24).

A psicopedagogia preventiva visa à prevenção de possíveis problemas

na aprendizagem. Seu trabalho gira em torno de questões metodológicas, bem

como orientando professores e trabalhando com os pais, enquanto a

terapêutica visa diretamente recuperar crianças com distúrbios já instalados e

manifestados. Busca “curar os sintomas”. Essa prática acontece nos

consultórios de psicopedagogia, a forma de atendimento pode ser individual ou

em grupo. O trabalho desenvolvido com cada criança varia de acordo com a

teoria e a prática de cada psicopedagogo.

Segundo Kiguel (1991)

“o objeto central de estudo da psicopedagogia está se

estruturando em torno do processo de aprendizagem

humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos –

bem como a influência do meio (família, escola, sociedade)

no seu desenvolvimento”. (KIGUEL, 1991).

Do ponto de vista de Weiss (1991) a psicopedagogia busca a melhoria

das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na

construção da própria aprendizagem de alunos e educadores.

Vê-se, portanto, que esses autores corroboram em algumas

considerações em relação ao objeto de estudo da psicopedagogia: o fato de

que ela ocupa-se em estudar a aprendizagem humana e as problemáticas

estruturais que se apresentam em seu processo. Para Bossa (2007) a

concepção de aprendizagem resulta de uma visão de homem, e é em razão

desta que acontece a práxis psicopedagógica.

Porém, não foi sempre assim. Houve um tempo em que a

psicopedagogia visava à reeducação, após a avaliação dos déficits que se

apresentavam e o resultado que se buscava era o de vencer tais defasagens.

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Num outro momento o objeto de estudo da psicopedagogia era o de buscar a

solução do motivo pelo qual o sujeito “não aprendia”, através de análises feitas

em grupos de sujeitos com idades semelhantes. Mais adiante, o “não aprender”

passou a ter significados e não mais o oposto do aprender. Nessa concepção o

sujeito passou a ser visto com suas singularidades, particularidades e com uma

história própria dentro do seu mundo sociocultural.

Toda essa variação na concepção de sujeito não aconteceu do dia para

a noite. Variou de acordo com o momento histórico correspondente a

concepção de aprendizagem.

Nos dias atuais, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de

sujeito dotado de um aparelho biológico. Aparelho esse que sofre influências

afetivas e intelectuais do meio que vive. Ou seja, ele influencia e é influenciado

o tempo todo pelas condições socioculturais do seu meio.

2.2 – As teorias do Trabalho Psicopedagógico

Não dá para embasar o trabalho psicopedagógico numa única teoria. A

psicopedagogia necessita da interação de várias teorias que incidam sobre seu

objeto de estudo.

Como exemplo, a psicanálise que se encarrega do mundo inconsciente

e suas representações profundas; a psicologia social que trata a constituição

do sujeito em relação aos familiares, grupo que vive e instituições, como

também suas condições socioculturais e econômicas específicas; a

epistemologia e psicologia genética que se encarregam de analisar e descrever

o processo construtivo do conhecimento do sujeito em interação com outros

sujeitos e objetos; a linguística que traz a compreensão da linguagem como um

dos meios que caracterizam o sujeito como humano e social, tendo a fala como

fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado; a pedagogia que contribui com as

diversas abordagens do processo ensino-aprendizagem; e por fim, os

fundamentos da neuropsicologia que possibilita compreender os mecanismos

cerebrais necessários à aprendizagem, indicando, do ponto de vista orgânico,

as evoluções ocorridas nesse processo.

Todas essas áreas servem de apoio à psicopedagogia, fornecendo

meios para refletir e operar no campo psicopedagógico.

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Nádia Bossa, em seu livro A Psicopedagogia no Brasil, dá um exemplo

claro sobre o auxílio dessas áreas no campo da psicopedagogia: uma criança é

encaminhada ao psicopedagogo por não aprender a ler nem escrever. O

psicopedagogo deve recorrer a esses campos teóricos, citados anteriormente,

para buscar eliminar o centro do problema.

O psicopedagogo deve fazer vários questionamentos: será que a

metodologia utilizada é adequada? As teorias pedagógicas se encarregariam

de responder a essa pergunta. Será que o sujeito sofreu uma anóxia de parto

que lhe ocasionou uma lesão cerebral? A neurologia facilmente responderia

essa questão. E as diferenças culturais e de linguagem? A linguística

ampararia conceitualmente a causa desta problemática ao psicopedagogo.

Não basta ao psicopedagogo ficar no “achismo” desse ou daquele

motivo de um possível problema de aprendizagem. Cabe a ele investigar a

fundo o porquê do problema para que alcance um resultado favorável e

satisfatório, tanto para quem aprende como para quem ensina.

O papel da psicopedagogia diante de uma queixa de dificuldade na

aprendizagem seja de origem primária ou associada a algum distúrbio

psiconeurológico, é investigar como o sujeito, particular e único, interage com

os objetos do meio social em que vive.

Para Visca (1987), a aprendizagem depende de uma estrutura onde

envolva o cognitivo/ afetivo/ social, nas quais estas sejam indissociavelmente

ligadas a alguns aspectos desses três elementos. Sendo assim, a inteligência

vai se construindo a partir da ação mútua do sujeito e as circunstâncias do

meio social. No seu ponto de vista bastante clínico, e aludindo-se muito a

Piaget, Freud, Pichon e suas epistemologias, Visca é capaz de mostrar que a

aprendizagem é vital na edificação das ideias. Que para aprender a pensar

socialmente é indispensável a orientação do condutor e o contato do aprendiz

com outros de si. Baseado nesse pensamento Visca criou a Epistemologia

Convergente.

2.3 – Epistemologia Convergente

A epistemologia convergente é uma linha teórica criada por Jorge Visca.

Essa linha teórica propõe um trabalho clínico utilizando-se da integração de

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três linhas: a Psicologia genética (Jean Piaget), a Psicanálise (Sigmund Freud)

e a Psicologia Social (Enrique Pichon Rivière).

A teoria da psicologia genética, de Jean Piaget, aborda a construção da

aprendizagem em estruturas cognitivas, na qual os conceitos são construídos

pelo indivíduo para compreender e responder às experiências que decorrem do

meio em que vive.

Piaget dividiu o desenvolvimento humano em quatro estágios vividos de

acordo com cada sujeito. São eles: sensório motor (até os dois anos de idade)

no qual a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos

físicos que a rodeia; simbólico ou pré-operatório (de dois a oito anos) no qual a

criança busca habilidade verbal; operatório concreto (de sete/ oito anos a onze/

doze anos) no qual a criança lida com conceitos abstratos, números e

relacionamentos; operatório formal (de doze a catorze/ quinze anos) no qual a

criança começa a ter raciocínio lógico e sistemático.

Visca ao se reportar a Piaget compreendeu que o desenvolvimento

humano se dividiu em quatro níveis: o primeiro, que corresponde ao estágio

sensório motor, a criança constrói um conjunto de esquemas de ação que lhe

permite compreender a realidade e a forma como ela funciona. As ações da

criança não representam para si mesma o ato do pensamento, há apenas uma

ação motriz. O segundo nível, que corresponde ao estágio pré-operatório, a

criança é competente ao nível do pensamento representativo, mas precisa de

operações mentais que ordene e organize o seus pensamentos. Há distinção

entre o significante (conduta de imitação, desenho, imagem mental, jogo,

palavra) e o significado (situação evocada, objeto representado). O terceiro

nível, que corresponde ao estágio operatório concreto, as experiências físicas e

concretas se acumulam e a criança começa a estruturar lógicas para explicar

as experiências sem abstração. O pensamento torna-se reversível podendo

realizar operação inversa no pensamento. O quarto nível, que corresponde ao

estágio operatório formal, a criança atinge o raciocínio abstrato, levantando

hipóteses e sendo capaz de pensar cientificamente. O pensamento torna-se

independente do concreto, é um pensamento abstrato.

Baseados nessa linha teórica de Piaget são aplicados diagnósticos,

provas operatórias, exames clínicos que verifica o nível de aprendizagem em

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que o sujeito se encontra. Segundo Visca (1991) ninguém pode tornar-se

capaz de aprender algo acima do nível de estrutura perceptiva que demonstra.

Essa é a contribuição da teoria psicogenética para a prática

psicopedagógica. Porém, na epistemologia convergente o desenvolvimento

cognitivo não se respalda apenas no aspecto psicogenético. Os elementos

afetivos e sociais também possuem uma grande importância no

desenvolvimento e na aprendizagem do ser humano.

A outra linha teórica que embasa a epistemologia convergente é a teoria

psicanalítica (Freud). Nessa visão dois sujeitos podem ter o mesmo nível

cognitivo e distinto em relação a um objeto, mas aprenderão de forma

diferente, pois a personalidade é inigualável. Conhecer o ser humano, o modo

como este se conhece, seu objeto de desejo, impulsos e valores, dá um

significado maior ao vínculo e a relação com o indivíduo.

A psicanálise de Sigmund Freud enquanto método de investigação

caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto

daquilo que é manifesto, é um instrumento importante para análise e

compreensão de fenômenos sociais relevantes: as novas formas de sofrimento

psíquico, o excesso de individualismo no mundo contemporâneo, a

exacerbação da violência, etc.

Para Visca, a psicanálise revela a importância das relações afetivas e

dos bons ou maus vínculos estabelecidos pelo sujeito estando diante do objeto

de aprendizagem. Segundo Visca cada contexto oferece diferentes crenças,

conhecimentos, atitudes e habilidades.

A última linha teórica é o da psicologia social. Nesta linha Jorge Visca

fundamenta-se em Pichon Rivière, que considera o estabelecimento do vínculo

como o principal atributo no processo da aprendizagem, caracterizando a

formação do grupo operativo como uma unidade de funcionamento na

aplicação no campo psicoterapêutico e na educação.

A epistemologia convergente dentro de uma perspectiva integradora de

três teorias possibilita ao educador/ psicopedagogo refletir sobre as mais

diversas causas dos problemas que aparecem no decorrer da aprendizagem e

do ensino. Essa teoria foi considerada um método clínico, destinado ao

processo de diagnóstico e intervenção, pois segundo Visca (1987)

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...quando se fala de psicopedagogia clínica, se está

fazendo referência a um método com o qual se tenta

conduzir à aprendizagem e não a corrente teórica ou

escola. Em concordância com o método clínico podem-se

utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é

o da epistemologia convergente. (VISCA, 1987, p.16).

Então, de acordo com Jorge Visca, nos estudos da epistemologia

convergente o ser humano aprende sem interrupções, desde seu nascimento

até sua morte. Essa teoria fundamenta-se na assimilação recíproca das

contribuições das escolas piagetianas, psicoanalíticas e da psicologia social. O

que se entende a aprendizagem como uma variável dependente dos aspectos

afetivos, cognitivos e sociais que acontecem simultaneamente.

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CAPÍTULO III

A PSICOPEDAGOGIA E SUA PRÁTICA

São crescentes os problemas referentes às dificuldades de

aprendizagem no Brasil. A Pedagogia embasada em teóricos conceituados

como Piaget, Vygotsky, Freinet, Ferreiro, Teberosky e outros, tem sido

insuficiente para prevenir ou intervir nas dificuldades de aprendizagem. Para

tanto, a Psicopedagogia surge para auxiliar na intervenção e prevenção dos

problemas de aprendizagem.

Como já visto nos capítulos anteriores, a Psicopedagogia é uma área de

conhecimento interdisciplinar que se preocupa em estudar o processo de

aprendizagem em seus diferentes espaços, a partir das relações que o sujeito

estabelece à sua volta, nas interações com os grupos, instituições e cultura.

Dessa forma, o conhecimento psicopedagógico avalia as possibilidades

do sujeito, sua disponibilidade afetiva de saber, ser e de fazer, reconhecendo

que esse saber é inerente ao saber humano e aprofundando o conhecimento

que lhe contribui a aprendizagem e também, em nível mais amplo, na melhoria

da qualidade do ensino.

O tema aprendizagem é bastante complexo e é de grande importância

lembrar que a concepção do termo é resultado de uma visão de homem e, em

razão disso, acontece a práxis psicopedagógica. Tem por objeto de estudo as

características da aprendizagem humana, principalmente o aprendizado, bem

como o tratamento e prevenção das dificuldades na aprendizagem.

No que diz respeito à prevenção ou tratamento dos problemas de

aprendizagem o psicopedagogo pode atuar de maneira preventiva ou curativa.

Como preventiva se apresenta com o compromisso de evitar as dificuldades na

aprendizagem, ou seja, ensinar e aprender. Já na atuação curativa é conduzir

um método que favoreça a readaptação pedagógica do sujeito, uma vez que

auxiliará o mesmo a adquirir conhecimento, desenvolvendo a sua

personalidade e enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem.

A psicopedagogia tem como área de atuação a clínica e as instituições

como hospitais, empresas e escolas. Neste capítulo será enfocado o trabalho

na instituição escolar.

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O psicopedagogo tem que distinguir as teorias que lhe permitam

conhecer de que modo se dá a aprendizagem, o que é ensinar e aprender. No

trabalho de ensinar a aprender, o psicopedagogo utiliza diagnósticos para

detectar a falha na aprendizagem.

O trabalho psicopedagógico implica na compreensão da situação de

aprendizagem do sujeito, o que requer uma modalidade particular de ação para

cada caso no que diz respeito à abordagem, tratamento e forma de atuação.

Existem várias formas de intervenção do psicopedagogo tanto na clínica

como na institucional. Uma das formas é o diagnóstico psicopedagógico.

3.1 – O diagnóstico Psicopedagógico

O psicopedagogo usa o diagnóstico psicopedagógico para detectar os

problemas de aprendizagem. Rubinstein (1996) compara diagnóstico

psicopedagógico a um processo de investigação, onde o psicopedagogo

assemelha-se um a detetive a procura de pistas, selecionando-as e

centrando-se na investigação de todo processo de aprendizagem, levando-

se em conta a totalidade dos fatores envolvidos neste processo.

A autora afirma que o diagnóstico psicopedagógico é em si mesmo

uma intervenção, pois o psicopedagogo tem que interagir com o cliente, a

família, e a escola, partes envolvidas na dinâmica do problema de

aprendizagem.

Ainda segundo Rubinstein (1996) "durante e após o processo

diagnóstico serão construídos um conhecimento e uma compreensão a

respeito do processo de aprendizagem" (p. 128). Isto permite que o

psicopedagogo tenha maior clareza a respeito dos objetivos a serem

alcançados no atendimento psicopedagógico.

O diagnóstico psicopedagógico clínico, segundo Rubinstein (1996)

deve concentrar sua ação no sentido de "... levantar hipóteses, verificar o

potencial de aprendizagem, mobilizar o aprendiz e o seu entorno (família e

escola) no sentido da construção de um olhar sobre o não aprender” (p.

134).

Vale lembrar o que diz Bossa (1994, p.74) sobre o diagnóstico:

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“O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um

contínuo sempre revisável, onde a intervenção do

psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, numa

atitude investigadora, até a intervenção. É preciso

observar que esta atitude investigadora, de fato,

prossegue durante todo o trabalho, na própria

intervenção, com o objetivo de observação ou

acompanhamento da evolução do sujeito.” (BOSSA,

1994, p. 74).

Quais recursos o psicopedagogo usa para realizar o diagnóstico e a

intervenção psicopedagógica?

O Código de Ética da Psicopedagogia, em seu Capítulo I - Dos

Princípios - Artigo 1º afirma que o psicopedagogo pode utilizar

procedimentos próprios da Psicopedagogia. Neste sentido, realizando o

diagnóstico psicopedagógico, o psicopedagogo está utilizando

procedimentos próprios de sua área de atuação. No artigo 2º, enfatiza-se o

caráter interdisciplinar da Psicopedagogia, destaca o uso de recursos das

várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de

aprender, também, menciona o uso de métodos e técnicas próprias.

Rubinstein (1996) destaca que o psicopedagogo pode usar como

recursos a entrevista com a família; investigar o motivo da consulta; procurar

a história de vida da criança realizando Anamnese; entrevistar o cliente;

fazer contato com a escola e outros profissionais que atendam a criança;

manter os pais informados do estado da criança e da intervenção que está

sendo realizada; realizar encaminhamento para outros profissionais, quando

necessário.

Os recursos apontados por Rubinstein (1996) constituem-se em

instrumentos para a realização do diagnóstico e intervenção

psicopedagógica.

A autora, assim como Fernández (1991) e Paín (1985) sugere, ainda, o

uso de jogos considerando que o sujeito através deles pode manifestar, sem

mecanismos de defesa, os desejos contidos em seu inconsciente. Além do

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mais, no enfoque psicopedagógico os jogos representam situações-

problemas a serem resolvidas, pois envolvem regras, apresentam desafios e

possibilitam observar como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de

pensamento, como reage diante de dificuldades. Levando-se em conta que

o sujeito possui poucos recursos (vocabulário, por exemplo) para se

comunicar expressar o que sente, o que deseja, pode fazer uso de jogos,

desenhos e brincadeiras para manifestar o que sente. Sendo assim, cabe ao

psicopedagogo estar atento para fazer a leitura e análise das mensagens

que o sujeito está lhe enviando.

Quanto ao uso de testes, Bossa (1994), não apresenta restrições

quanto ao uso dos instrumentos a que ela se refere para o diagnóstico

psicopedagógico. Alguns testes são de uso exclusivo de psicólogos, como

as Provas de Inteligência (Wisc), Testes Projetivos, Avaliação

perceptomotora (Teste Bender), Teste de Apercepção Infantil (CAT.), Teste

de Apercepção Temática (TAT.). Porém, a autora chama atenção para as

recomendações dos autores dos testes, como no CAT Infantil, no manual,

afirma-se que o mesmo poderá ser aproveitado por psiquiatras,

psicanalistas, psicólogos, assistentes sociais e professores.

Fernández (1990) afirma que o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a

mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que

dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento

necessário.

É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses

provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo,

para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Segundo Bossa (2000) esta

investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de

intervenções e da “... escuta psicopedagógica...”, para que “... se possam

decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção”.

(p. 24).

O diagnóstico psicopedagógico não se refere apenas à prescrição de

orientações para alunos em particular, mas aborda outros assuntos de caráter

mais geral derivados de discussões sobre alunos com dificuldades, do

desenvolvimento das orientações e, também, da análise conjunta de dúvidas

ou questionamentos sobre assuntos didáticos. Desta forma, a psicopedagogia,

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além de ajudar a resolver problemas, intervém de uma forma mais preventiva e

institucional, evitando o aparecimento de outros.

Na Epistemologia Convergente todo o processo diagnóstico é

estruturado para que se possa observar a dinâmica de interação entre o

cognitivo e o afetivo de onde resulta o funcionamento do sujeito (Bosse, 1995,

p. 80).

Conforme Weiss,

“O objetivo básico do diagnóstico psicopedagógico é

identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo

de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na

aprendizagem dentro do esperado pelo meio social.”

(WEISS, 2003, p. 32).

O diagnóstico possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento.

Ele mexe de tal forma com o paciente e sua família que, por muitas vezes,

chegam a acreditar que o sujeito teve uma melhora ou tornou-se agressivo e

agitado no decorrer do trabalho diagnóstico. Por isso devemos fazer o

diagnóstico com muito cuidado observando o comportamento e mudanças que

isto pode acarretar no sujeito.

Visca (1991) propõe iniciar o diagnóstico com a Entrevista Operativa

Centrada na Aprendizagem - EOCA e não com a anamnese argumentando que

“... os pais, invariavelmente ainda que com intensidades

diferentes, durante a anamnese tentam impor sua opinião,

sua ótica, consciente ou inconscientemente. Isto impede

que o agente corretor se aproxime ‘ingenuamente’ do

paciente para vê-lo tal como ele é para descobri-lo. (Id.

Ibid., 1987, p. 70).

Os profissionais que optam pela linha da Epistemologia Convergente

realizam a anamnese após as provas para que não haja “contaminação” pelo

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bombardeio de informações trazidas pela família, o que acabaria distorcendo o

olhar sobre aquela criança e influenciando no resultado do diagnóstico.

A técnica de investigação diagnóstica começa com a Entrevista

Operativa Centrada na Aprendizagem - EOCA, de onde se extrai um primeiro

sistema de hipóteses e se define a linha de pesquisa. São então selecionadas

as provas piagetianas para o diagnóstico operatório, as provas projetivas

psicopedagógicas e outros instrumentos de pesquisa complementares.

A partir da análise desses dados, elabora-se o segundo sistema de

hipóteses e organiza-se a linha de pesquisa para a anamnese (entrevista com

os pais), e entrevista com a escola (professor e orientação escolar).

Por fim, o psicopedagogo, conclui seu terceiro sistema de hipóteses,

levantando as causas das dificuldades na aprendizagem e, posteriormente,

fazendo a devolutiva aos pais e ao sujeito, indicando-se os agentes corretores

ideais e possíveis. Importante destacar que no processo diagnóstico,

dependendo do caso, tem a interferência de outros profissionais, como: médico

neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional. Portanto, exige

um trabalho multidisciplinar.

3.2 – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA

A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem - EOCA é um

instrumento inspirado na psicologia social de Pichon-Rivière, nos postulados da

psicanálise e no método clínico da escola de Genebra. Foi idealizado por Jorge

Visca e é um instrumento de uso simples que avalia em uma entrevista a

aprendizagem. (Bossa, 2007.p.46)

Uma forma de primeira sessão diagnóstica é proposta por Jorge Visca

através da EOCA.

"Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito

construir a entrevista de maneira espontânea, porém

dirigida de forma experimental. Interessa observar seus

conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de

defesas, ansiedades, áreas expressão da conduta, níveis

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de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc.”.

(Weiss apud Visca, 2007, p. 57).

O entrevistador poderá apresentar vários materiais, tais como: folhas de

ofício tamanho A4, borracha, caneta, tesoura, régua, livros ou revistas,

barbantes, cola, lápis, massa de modelar, lápis de cor, lápis de cera, quebra-

cabeça ou ainda outros materiais que julgar necessários.

Para Visca, a EOCA deverá ser um instrumento simples, porém rico em

seus resultados. Consiste em solicitar ao sujeito que mostre ao entrevistador o

que ele sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer e o que aprendeu a fazer,

utilizando-se de materiais dispostos sobre a mesa, após a seguinte observação

do entrevistador: “este material é para que você o use se precisar para mostrar-

me o que te falei que queria saber de você” (VISCA, 1987, p. 72).

O entrevistado tende a comportar-se de diferentes maneiras após ouvir a

consigna. Alguns imediatamente pegam o material e começam a desenhar ou

escrever etc. Outros começam a falar, outros pedem que lhe digam o que

fazer, e outros simplesmente ficam paralisados. Neste último caso, Visca nos

propõe empregar o que ele chamou de modelo de alternativa múltipla (1987, p.

73), cuja intenção é desencadear respostas por parte do sujeito. Visca nos dá

um exemplo de como devemos conduzir esta situação: "você pode desenhar,

escrever, fazer alguma coisa de matemática ou qualquer coisa que lhe venha à

cabeça..." (1987, p. 73).

De acordo com Visca, o que nos interessa observar na EOCA é: “... seus

conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas

de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e

vertical etc”. (VISCA, 1987, p. 73). É importante também observar três aspectos

que fornecerão um sistema de hipóteses a serem verificados em outros

momentos do diagnóstico: A temática – é tudo aquilo que o sujeito diz, tendo

sempre um aspecto manifesto e outro latente; A dinâmica – é tudo aquilo que o

sujeito faz, ou seja, gestos, tons de voz, postura corporal, etc. A forma de pegar

os materiais, de sentar-se são tão ou mais reveladores do que os comentários

e o produto. O produto – é tudo aquilo que o sujeito deixa no papel. (Id. Ibid.,

1987, p. 74).

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Visca (1987) observa que o que obtemos nesta primeira entrevista é um

conjunto de observações que deverão ser submetidas a uma verificação mais

rigorosa, constituindo o próximo passo para o processo diagnóstico.

É da EOCA que o psicopedagogo extrairá o primeiro Sistema de

hipóteses e definirá sua linha de pesquisa. Logo após são selecionadas as

provas piagetianas para o diagnóstico operatório, as provas projetivas

psicopedagógicas e outros instrumentos de pesquisa complementares.

3.3 – Caixa de Trabalho Psicopedagógico

Visca idealizou a caixa de trabalho para se trabalhar com as dificuldades

de aprendizagem e, para isso, inspirou-se na caixa individual utilizada pelos

terapeutas analista na Psicanálise de crianças. Ela seria composta de

brinquedos e materiais escolhidos para representarem o mundo interno das

crianças, suas fantasias inconscientes frente ao mundo (BARBOSA, 2000, p.

35).

Segundo Visca (1987)

“...cada caixa de trabalho é única, não apenas porque

será usada por um único paciente (individual ou grupal),

mas também no sentido de que não há duas caixas

iguais, da mesma maneira que não existem dois

indivíduos ou dois diagnósticos iguais”. (VISCA, 1987, p.

29).

A caixa deverá ser única porque ela representa uma importância

significativa para o sujeito, já que contém objetos que foram escolhidos para

ele, os quais intencionam promover “... a superação ou a minimização das

dificuldades de aprendizagem” (BARBOSA, 2002, p. 36).

A caixa de trabalho nada mais é do que uma simples caixa, que pode

ser de papelão ou plástica, com tamanho suficiente para depositar os objetos

de uso do sujeito e suas produções.

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Apesar de sua simplicidade na aparência tem um valor significado

internamente, já que é ali que o sujeito depositará suas construções e

elaborações como desenhos, pintura, texto etc. Ela representa “o depositário

de conteúdos simbólicos do paciente” (WEISS, 2003, p. 152). A caixa não

deverá se tornar apenas receptáculos de materiais e produções, pois

representa o mundo interno do aprendiz, devendo ser manejada apenas por

seu dono, sem correr o risco de ser mexida ou observada por terceiros, de

acordo com Barbosa. O psicopedagogo deverá garantir a privacidade do sujeito

para que este não se sinta invadido e não perca a confiança.

Para Barbosa a caixa é “um continente, no qual a criança poderá

depositar seus conteúdos de saber e de não saber” (BARBOSA, 2002, p. 35).

Já a autora Weiss nos informa que “Os materiais a serem colocados são

definidos ao final do diagnóstico quando se planeja o tratamento” (WEISS,

2003, p. 152). Barbosa completa nos dizendo que os materiais são escolhidos

previamente de acordo com a leitura que fizemos da criança ou adolescente

durante a avaliação psicopedagógica (2002, p. 35).

Na organização de uma caixa de trabalho psicopedagógico é preciso

considerar alguns aspectos, tais como: estágio de pensamento, interesses ou

motivações, déficits de aprendizagem, sexo, idade, meio sociocultural,

prognóstico e grau de focalização da tarefa (VISCA, 1987, p. 29). Barbosa

completa ainda com: nível de apropriação da linguagem escrita, vínculos

afetivos estabelecidos com as situações de aprendizagem (2002, p. 36).

Segundo Barbosa é preciso haver uma observação de extrema

relevância acerca da composição da caixa:

“ Há crianças ou adolescentes que apresentam o

predomínio da assimilação, ou seja, são aquelas que se

aproximam mais de situações lúdicas. Para estes sujeitos

deverão ser colocado apenas um material não estruturado

(tinta, argila, peças para montar, massa de modelar, etc.)

e mais materiais estruturados ou semiestruturados

(cadernos, livros, jogos com regras, modelos, receitas

etc.) a fim de que ele se identifique com a caixa através

deste único material não estruturado e experimente

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mudanças através dos diferentes materiais estruturados”

(BARBOSA, 2002, p. 36-37).

O excesso de materiais não estruturados para este tipo de aprendiz

representa o excesso de recursos distratores, dificultando sua concentração e

sua busca em direção ao movimento de acomodação, que o obriga a modificar

os esquemas de aprendizagem já existentes (Id. Ibid., 2002, p. 37).

Já em outros sujeitos ocorre o predomínio da acomodação, que são

aqueles que estão sempre modificando seus esquemas de forma excessiva o

que acabam por imitar e não criar. Para estes, Barbosa recomenda um material

estruturado para servir como ponto de partida e mais materiais não

estruturados para que criem sem seguir modelos, sem modificar seus

esquemas de aprendizagem, ou seja, são sujeitos que necessitam de uma

maior flexibilidade.

Além de materiais, estruturados e não estruturados, a caixa deverá

conter materiais básicos que servirão de apoio, tais como: lápis, borracha,

régua, apontador e a depender da necessidade apontada pela avaliação:

tesoura, cola, revistas para recortar, cadernos etc.

A caixa de trabalho pode ser incluída como uma das constantes do

enquadramento, a qual só poderá sofrer modificações com novos combinados

entre o terapeuta e o sujeito. Dentre as modificações está o acréscimo ou a

retirada de algum objeto. Se isto for feito sem nenhum critério ou avaliação, a

evolução do sujeito poderá ser seriamente prejudicada.

Na realidade atual, torna-se praticamente inviável que o psicopedagogo

possa dispor de materiais como: jogos, tesouras, caixas de lápis de cor etc.

para uso exclusivo de um único cliente. A menos que o profissional se dedique

a atender pessoas de classe econômica alta, o que não me parece ser o

objetivo da Psicopedagogia (BOSSE, 1995, p. 81).

As substituições também não deverão ser feitas de forma aleatória. Elas

deverão responder a questões tais como: “Porque vou substituir este

disparador nesta sessão? Porque vou introduzir outro”. Mesmo quando o

sujeito pedir algo e este objeto estiver na sala, Bosse propõe que diga que

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talvez lhe seja entregue na próxima sessão. Isto permitirá a avaliação do seu

nível de tolerância à frustração e suas resistências.

É importante lembrar mais uma vez, que a proposta da Epistemologia

Convergente é de se trabalhar com a caixa de trabalho, através da qual o

psicopedagogo irá observar as ações do cliente para, a partir daí, fazer suas

intervenções com o objetivo de promover o seu avanço em relação às

dificuldades.

3.4 – Provas Piagetianas

Na Epistemologia Convergente todo o processo diagnóstico é

estruturado para que se possa observar a dinâmica de interação entre o

cognitivo e o afetivo de onde resulta o funcionamento do sujeito (BOSSA, 1995,

p.80).

Piaget em sua teoria criou estágios de desenvolvimento cognitivo. Para

diagnosticar problemas de conservação ocorridos nos estágios pré-operatórios

e de operações concretas. A teoria piagetiana ressalta a importância de

entender a qualidade de pensamento, os argumentos do sujeito na tentativa de

compreender as transformações da realidade.

Conforme Weiss, a teoria piagetina ressalta a importância de entender

a qualidade de pensamento. As provas operatórias têm como objetivo principal

determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento

cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o

nível de estrutura cognoscitiva com que opera. (2003, p. 106).

Ela ainda nos alerta que não se devem aplicar várias provas de

conservação em uma mesma sessão para se evitar a contaminação da forma

de resposta. Observa que o psicopedagogo deverá fazer registros detalhados

dos procedimentos da criança, observando e anotando suas falas, atitude,

soluções que dá às questões, seus argumentos e juízos, como arruma o

material. Isto será fundamental para a interpretação das condutas.

Para a avaliação as respostas são divididas em três níveis:

• Nível um: Não há conservação, o sujeito não atinge o nível operatório

nesse domínio.

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• Nível dois ou intermediário: As respostas apresentam oscilações,

instabilidade ou não são completas. Em um momento conservam, em

outro não.

• Nível três: As respostas demonstram aquisição da noção sem vacilação.

Muito interessante o que Weiss nos diz sobre as diferentes condutas

em provas distintas. Pode ocorrer que o sujeito não obtenha êxito em apenas

uma prova, quando todo o conjunto sugere a sua possibilidade de êxito. Pode-

se ver se há um significado particular para a ação dessa prova que sofra uma

interferência emocional: encontramos várias vezes crianças, filhos de pais

separados e com novos casamentos dos pais, que só não obtinham êxito na

prova de intersecção de classes. Podemos ainda citar crianças muito

dependentes dos adultos que ficam intimidadas com a contra argumentação do

terapeuta, e passam a concordar com o que ele fala, deixando de lado a

operação que já são capazes de fazer (2003, p. 111).

Visca também reuniu em outro livro “Técnicas projetivas

psicopedagógicas” as provas projetivas, cuja aplicação tem como objetivo

investigar os vínculos que o sujeito pode estabelecer em três grandes

domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo, através dos quais é possível

reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos

aspectos que constituem o vínculo de aprendizagem. Sobre as provas

projetivas Weiss observa que:

“O princípio básico é de que a maneira do sujeito

perceber, interpretar e estruturar o material ou situação

reflete os aspectos fundamentais do seu psiquismo. É

possível, desse modo, buscar relações com a apreensão

do conhecimento como procurar, evitar, distorcer, omitir,

esquecer algo que lhe é apresentado. Podem-se detectar,

assim, obstáculos afetivos existentes nesse processo de

aprendizagem de nível geral e especificamente escolar”

(WEISS, 2003, p. 117).

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Esses são apenas alguns dos instrumentos utilizados pelos

psicopedagogos para provar, buscar caminhos. Percebemos que há uma

necessidade de testes na área da psicopedagogia, testes feitos por

psicopedagogos para psicopedagogos. Ressalte-se que as provas acima

analisadas, em sua maioria, restringem-se aos aspectos cognitivos de crianças,

alunos. Ora a psicopedagogia não tem apenas esse olhar para o seu cliente,

não tem apenas esse tipo de cliente, possui um olhar diferenciado, que analisa

outros aspectos. Quais instrumentos os psicopedagogos possuem para avaliar

as inteligências múltiplas? E a área emocional? Há instrumentos preparados

para os adultos? E os idosos? E quanto aos testes projetivos?

Testes projetivos é um tipo de teste psicológico baseado no conceito

freudiano de projeção. São testes que permitem que a pessoa manifeste algum

fato de sua história ou personalidade mesmo que a pessoa não perceba isso.

Entretanto, eles são de uso exclusivo de psicólogos. Weiss apud Sampaio

(2004), diz que as provas projetivas permitem detectar barreiras afetivas

existentes no processo de aprendizagem. Visca analisou esse assunto no livro

“Técnicas projetivas psicopedagógicas”, ressaltando a importância das provas

projetivas. Lembremo-nos que a realidade do psicopedagogo argentino é

distinta da realidade do psicopedagogo brasileira, haja vista as restrições do

último.

Fernández (1991) levanta uma questão interessante sobre os testes e a

clínica. Em seu livro “A inteligência Aprisionada” a autora ressalta o cuidado

que devemos ter com os exames objetivos, que estabelecem medida.

Também salienta a precaução em usar testes que o psicopedagogo não

conheça, não sabe para quais objetivos ele foi criado.

É preciso discernimento e responsabilidade na escolha do método a ser

utilizado. Sensibilidade e cautela na interpretação de seus resultados.

Enfim, é necessário a participação de todos os envolvidos no processo

de aprendizagem e lembrar-se que o método é um meio e não um fim em si

mesmo.

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CONCLUSÃO

O campo de atuação da psicopedagogia é direcionado ao estudo do

processo de aprendizagem, diagnóstico e tratamento de seus entraves. O

psicopedagogo é responsável por diagnosticar e tratar os problemas que se

apresentam no processo de aprendizagem. A psicopedagogia estuda as

características da aprendizagem humana, ou seja, como se aprende - como a

aprendizagem varia historicamente e está condicionada por inúmeros fatores,

como reconhecer as alterações na aprendizagem, como tratá-las e preveni-las.

O diagnóstico psicopedagógico busca investigar, pesquisar para

averiguar quais são os obstáculos que estão levando o sujeito à situação de

não aprender, aprender com lentidão e/ou com dificuldade; esclarece uma

queixa do próprio sujeito, da família ou da escola.

A aprendizagem humana é determinada pela interação entre o indivíduo

e o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais. No

aspecto biológico o sujeito apresenta várias características que ajudam ou não

no desenvolvimento de seus conhecimentos. Já o aspecto psicológico e social

é consequência da história individual, de interações com o meio em que vive e

com a família, o que influenciará as experiências futuras, como, por exemplo, o

conceito de si próprio, insegurança, interações sociais, etc.

Portando, a psicopedagogia, pode fazer um trabalho entre os muitos

profissionais, visando à descoberta e o desenvolvimento das capacidades do

sujeito, bem como pode contribuir para que eles sejam capazes de olhar esse

mundo em que vivem, de saber interpretá-lo e de nele ter condições de

interferir com segurança e competência.

Assim, o psicopedagogo não só contribuirá com o desenvolvimento do

sujeito, como também contribuirá com a evolução de um mundo que melhore

as condições de vida da maioria da humanidade.

Segundo Bossa (1994, p.23),

“ cabe ao psicopedagogo perceber eventuais

perturbações no processo aprendizagem, participar da

dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a

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integração, promovendo orientações metodológicas de

acordo com as características e particularidades dos

indivíduos do grupo, realizando processos de orientação.

Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa

de equipes responsáveis pela elaboração de planos e

projetos no contexto teórico/prático das políticas

educacionais, fazendo com que os professores, diretores

e coordenadores possam repensar o papel da escola

frente a sua docência e às necessidades individuais de

aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.”

(BOSSA, 1994, p. 23)

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser

humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter

preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para

solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande

número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha,

atualmente, espaço nas instituições de ensino.

Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita

uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de

aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe

escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições

de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia

e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal

processo.

O psicopedagogo alcança seus objetivos quando, tendo a compreensão

das dificuldades de aprendizagem de determinado sujeito, consegue meios

para ajudá-lo, envolvendo a todos os envolvidos no processo na busca de

condições para amenizar e/ou sanar tal dificuldade. Deste modo, ele torna-se

uma ferramenta poderosa no auxílio da aprendizagem.

Quando os problemas concernentes ao fracasso escolar advêm de

motivos ligados à estrutura familiar e/ou individual, faz-se necessária uma

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intervenção psicopedagógica. Os encaminhamentos ao consultório

psicopedagógico, são feitos, em sua grande maioria, pela instituição. Assim, é

sumamente relevante que a psicopedagogia contribua com a escola, seja na

promoção da aprendizagem, seja no tratamento dos distúrbios e dificuldades

nesse processo.

Enfim, a atuação psicopedagógica nos tempos atuais é de suma

importância para o desenvolvimento integral do sujeito, não só no campo

educacional como também na interação com o meio em que vive.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil; Contribuições a Partir da

Prática. 3ª edição. Rio de Janeiro: Artmed, 2007.

DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA PORTUGUESA. 11ª Edição. 9ª

Tiragem. Editora Gamma: Rio de Janeiro, 1982.

FERNANDEZ. Alícia. Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas,

1991.

RUBINSTEIN, Edith. A Intervenção Psicopedagógica Clínica, in SCOZ at alii,

Psicopedagogia: Contextualização, Formação e Atuação Profissional. Porto

Alegre: Artes Médicas, l992.

VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica – Epistemologia Convergente. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1992.

___________. Psicopedagogia: Novas Contribuições. Organização e tradução

Andréa Morais, Maria Isabel Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

___________. O Diagnóstico Operatório na prática Psicopedagógica. São José dos Campos: Pulso, 2008. WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica. Porto Alegre: Artes Médicas,

1992.

www.psicopedagogia.com.br, acesso em 18/04/2012

www.abpp.com.br, acesso em 20/04/2012

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

PSICOPEDAGOGIA: UM BREVE HISTÓRICO 11

1.1 - A Associação Brasileira de Psicopedagogia 13

CAPÍTULO II

A PSICOPEDAGOGIA E SUA TEORIA 16

2.1 - O que é Psicopedagogia 16

2.2 - As teorias do Trabalho Psicopedagógico 20

2.3 - Epistemologia Convergente 21

CAPÍTULO III

A PSICOPEDAGOGIA E SUA PRÁTICA 25

3.1 - O Diagnóstico Psicopedagógico 26

3.2 - Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA 30

3.3 - Caixa de Trabalho Psicopedagógico 32

3.4 - Provas Piagetianas 35

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 42