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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL AGREGANDO VALOR A GESTÃO SUSTENTÁVEL Por: Bruno Moraes de Souza Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · extraído, tornou-se a mola dessa prática mercadológica e para Reinaldo Dias ... sócio-ambiental não faz parte desta pretensa

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL AGREGANDO VALOR A GESTÃO

SUSTENTÁVEL

Por: Bruno Moraes de Souza

Orientador:

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL AGREGANDO VALOR A GESTÃO

SUSTENTÁVEL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em educação

ambiental.

Por: Bruno Moraes de Souza

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e familiares que me incentivaram com carinho, amor,

preocupação e zelo me cobrindo com um manto de palavras de conforto, de

perseverança na busca contínua de nossos objetivos.

Aos meus amigos e colegas de classe que me estimulou com palavras

motivadoras e altivas nos momentos felizes e tristes desta caminhada.

A todos os professores do curso de pós-graduação lato sensu da Universidade

Cândido Mendes pela carga de conhecimento que adquiri e em especial ao

meu professor, mestre e orientador Vilson Sérgio de Carvalho pelo auxílio

incomensurável, paciência, carinho e simplicidade no compartilhar de

experiência para a realização deste trabalho.

Agradeço a todos os colaboradores da Universidade Cândido Mendes pelo

suporte operacional e funcional.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os homens e

mulheres que fundamentam as suas vidas

a causa socioambiental.

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RESUMO

Este trabalho teve como finalidade analisar e discutir aspectos inerentes a

educação ambiental e o desenvolvimento sustentado a gestão ambiental de

modo a agregar valor não apenas na obtenção de vantagem competitiva de

mercado, reputação da imagem empresarial e fortalecimento da marca de seus

produtos e serviços, mas uma filosofia gerencial com base em um processo de

sensibilização, conscientização, conhecimento e disseminação de valores e

posturas socioambientais contínuos com os seus públicos estratégicos,

permitindo a essas organizações administrarem as expectativas desses

públicos de forma eficaz e eficiente, dando um caráter democrático, holístico e

verdadeiro a gestão sustentável.

Palavras-chave: educação ambiental, sistema de gestão ambiental e

desenvolvimento sustentado.

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Toda grande empresa é por definição

social. Ou é social ou é absolutamente

anti-social e, portanto, algo a ser extirpado

da sociedade. Uma empresa que não leve

em conta as necessidades do país, que

não leve em conta a crise econômica, que

seja absolutamente indiferente à miséria e

ao meio ambiente, não é uma empresa, é

um tipo de câncer.

Herbert de Souza

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METODOLOGIA

Este trabalho se baseia em uma pesquisa bibliográfica nos seguintes

temas: sistema de gestão ambiental, educação ambiental, cidadania e

sustentabilidade como fatores para um desenvolvimento equilibrado e

sustentado nos aspectos sociais, econômicos e ambientais, onde as

organizações passam a ter um desempenho de conciliar lucro, gestão

sustentável e comércio justo, vislumbrando uma mudança de paradigma aos

seus negócios, tendo a responsabilidade socioambiental como cálculos de

seus ativos e consequentemente uma boa cidadania corporativa, haja vista que

a empresa é um sistema vivo e interdependente aos vários segmentos da

sociedade, tendo a educação ambiental como um viés para uma gestão

participativa e democrática que vai além dos seus muros.

O estudo é sistematizado e desenvolvido com base em material

publicado em livros, artigos e revistas acadêmicas e redes eletrônicas, tais

como internet.

Os autores explicitados neste trabalho são: Bellen (2006), Boff (1999),

Bulgarelli (1998), Chiavenato (2000), Dias (2004), Dias (2009), Gomes (2006),

Layrargues (1998), Harringhton e Knight (2001), Junior e Pelliccione (2004),

Ruscheinsky et al (2002), Silva (2008), Silva (2004), Souza (2000), Tanner

(1978), Teixeira (2000), Tenório (2004), Tozoni-Reis (2008), Vergara (2003) e

Larosa e Ayres (2008).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................9

CAPÍTULO I – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL........................................11

CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO AMBIENTAL........................................................26

CAPÍTULO III – EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO AMBIENTAL...41

CONCLUSÃO....................................................................................................57

BIBLIOGRAFIA CITADA...................................................................................62

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................65

ANEXOS...........................................................................................................66

ÍNDICE..............................................................................................................76

FOLHA DE AVALIAÇÃO..................................................................................77

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento nas últimas décadas assumiu uma definição para as

evoluções tecnológicas e da industrialização, gerando uma incrível capacidade

de produção em detrimento de um controle racional dos recursos naturais,

mola propulsora deste desenvolvimento. A Revolução Industrial nos trouxe

esse modelo torto e errôneo de desenvolvimento que molda a nossa sociedade

e todos os segmentos que a compõe, destacando essa evolução humana em

uma linha tênue com o ambiente natural.

O desenvolvimento, na essência de seu conceito, precisa envolver não

apenas questões relacionadas a política econômica e de mercado, tais como:

PIB, moeda forte e consumo, mas práticas ligadas a qualidade de vida

sustentável, patrimônio natural e cultural com uma sociedade em todos os

âmbitos, responsáveis com as suas ações, compatibilizando ,

consequentemente esses pontos em um desenvolvimento sustentado no

crescimento econômico e ambiental, tendo outra parte, do que se

convencionou a trindade da sustentabildade que é o equilíbrio social que

pressupõe a sociedade a repensar seus conceitos, valores e posturas de

cidadania, sendo este um processo de aprendizado cognitivo de uma nova

maneira de pensar e agir socioambientalmente, seguindo um panorama de

redefinição de ser um cidadão.

A educação ambiental descortina ao ser humano essa possibilidade de

refletir filosoficamente um novo modelo de vida compatível a qualidade de vida

tão subjetivo e equivocado atualmente em todos os ambientes a qual

interagem, democratizando essas vertentes da sustentabildade.

A educação vislumbra a sociedade mundial uma alternativa, um

equilíbrio são do corpo e da alma, baseada na reflexão, na prática e no senso

crítico, sendo uma ferramenta de construção de uma disseminação de políticas

socioambientais adaptável a todo planejamento de ação dos mais diversos

atores que compõe a sociedade.

Como um desses atores, as empresas fazem parte desse processo

sistêmico e que não está alheio a esse crescimento econômico e tecnológico,

haja vista que estas são impulsionadoras desse fenômeno.

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As empresas precisam interagir com os anseios da sociedade e

responder positivamente aos fatores externos a elas, tais como o poder

público, a comunidade em seu entorno, o mercado, os fornecedores e o

ambiente natural.

As organizações perante esses fatores externos passam a serem

pressionadas, exigindo destas a adoção de sistemas de gestão ambiental para

dar qualidade as suas ações, mas que em sua maioria priorizam o lucro,

tornando-se protocolares e institucionais, mecanizando pseudo ações, não

fidelizando seus públicos, marginalizando a essência de tal projeto.

Um sistema de gestão ambiental deve adotar uma filosofia de gestão

responsável baseado na cidadania, na sustentabilidade ambiental, tendo a

vantagem competitiva como conseqüência da veracidade dos projetos,

sinônimo de um comportamento ético, transparente, devido a valores,

credibilidade e um relacionamento permanente com os seus públicos

estratégicos.

O referido estudo analisará e discutirá tal temática, onde um sistema de

gestão ambiental administrando não só projetos, mercado e competitividade,

mas também as expectativas da sociedade tendo a educação ambiental como

a construção de valores éticos, morais, filosóficos plenos e verdadeiros a todos

os envolvidos em uma organização, direta ou indiretamente.

No capítulo I será analisado o sistema de gestão ambiental e os

processos que a estrutura, tais como a norma ISO 14000, modelos de

desenvolvimento limpos e ecoeficientes, marketing verde, responsabilidade

social ambiental, e relacionamento das empresas com seus grupos de

interesse.

No capítulo II será conceituada educação ambiental na sua concepção

ética, filosófica e social e a discussão conceitual e histórica do desenvolvimento

sustentável, além de seus dilemas e novos paradigmas.

No capítulo III será discutida a educação ambiental para uma gestão

sustentável nas organizações como forma de equilibrar conceito, reflexão de

aprendizado a um sistema operacional.

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CAPÍTULO I

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

O desenvolvimento tecnológico dos dias atuais e um monumental desfile

de inovações na cultura comportamental descortinado pelo consumo se devem,

em sua maioria, pelas empresas e seu sempre mutável relacionamento com o

mercado cada vez mais ávido por novidades e resolução infindável de seus

anseios. O ser humano enxerga como tão somente uma necessidade mediata,

mas como uma alternativa de inserção sócio-cultural onde se traveste de várias

personas, ou seja, a sua personalidade comportamental, espiritual e psíquica,

ligada a objetos inanimados que sintetiza suas aspirações, desejos e o mais

importante, a sua identidade e atualmente, a ideologia, seguindo os princípios

do marketing clássico e moderno, respectivamente.

Conforme explicita Philip Kotler e Gary Armstrong (1995) sobre o

conceito básico e inerente ao marketing, cujo ponto parte das necessidades

humanas:

“Necessidades humanas são estados de carência percebida. O homem tem muitas necessidades complexas: necessidades básicas físicas de alimentação, roupas, calor e segurança; necessidades sociais de fazer parte de um grupo e ser querido; e necessidades individuais de conhecimento e auto-realização.” (p. 3).

Para satisfazer aos anseios e necessidades desse mercado, cada vez

mais exigente, mutável e que cresce vertiginosamente é preciso produzir e

para produzir é preciso obter dos recursos naturais o insumo necessário para

fazer a máquina do consumo girar. O ambiente natural e o recurso dele

extraído, tornou-se a mola dessa prática mercadológica e para Reinaldo Dias

(2009), a questão sócio-ambiental está e sempre esteve em segundo plano, ou

seja, apesar de ser uma prática relevante para o desenvolvimento, a questão

sócio-ambiental não faz parte desta pretensa premissa desenvolvimentista.

Essas atividades de grande utilidade realizada pelas organizações, no entanto,

nos últimos anos está quase ficando em segundo plano em função dos

problemas ambientais causados pelas indústrias; estes problemas se tornam o

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aspecto mais visível, na maioria das vezes, de sua relação com o ambiente

natural. (p. 44).

O papel de vilã da sociedade pelas empresas não se deve apenas pela

degradação do ambiente natural, mas pela distorção social, política e

econômica que são personagens principais para a sustentação da

biodiversidade. Para tanto, um processo de reeducação no que tange as

posturas e comportamentos na política de produção, marketing e

relacionamento com o mercado das empresas deve partir das pessoas, não

apenas como gestores e colaboradores das organizações, mas pensarem e

agirem como cidadãs, fazer parte da sociedade, afinal, a empresa é um

organismo vivo que tem de interagir com os outros segmentos da sociedade e

administrado por pessoas, as empresas, são as pessoas.

Entretanto, historicamente falando, não fora assim, pois se acredita que

a base do livre mercado e da produção surgira com a Revolução Industrial no

fim do século XVIII com o liberalismo, conforme menciona Chiavenato (2000),

onde seus pensadores e teorias, apesar de aceitas, não tinha uma

preocupação latente com o ambiente natural e um futuro de degradação atual:

“Ao término do século XVIII, os economistas clássicos liberais conseguem aceitação de suas teorias. A reação para o liberalismo culmina com a Revolução Francesa. As idéias liberais decorreram do direito natural: a ordem natural é a ordem mais perfeita. Os bens naturais, sociais e econômicos são inalienáveis e deve existir uma harmonia preestabelecida em toda a coletividade de indivíduos.” (p. 21).

O evento relevante desta época fora a Revolução Industrial, onde o

trabalho manufaturado, herança da Idade Média, dá lugar ao trabalho repetitivo

e pragmático de máquinas para alimentar uma inovação na forma de produzir

bens em escala proporcional a uma demanda que na época, vislumbrava

melhoria de vida, onde se tinha perspectivas de trabalhar nas fábricas

instaladas e na nova percepção de consumo, onde expõe historicamente

Chiavenato (2000) que com a invenção da máquina a vapor por James Watt

(1736 – 1819) e a sua aplicação à produção, surgiu uma nova concepção de

trabalho que modificou completamente a estrutura social e comercial da época,

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provocando profundas mudanças de ordem econômica, política e social que,

num lapso de século, foram maiores do que as mudanças havidas em todo o

milênio anterior.” (p.20).

Esse período sombrio que marcou o alicerce da industrialização e a

conseqüente propagação das empresas atualmente fez com que estas

estruturassem uma resposta a esses fatores externos, estabelecendo

processos sistêmicos de gestão ambiental para minimizar seus impactos

ambientais buscando uma melhor qualidade de vida para uma sociedade

marcada por equívocos de desenvolvimento a qual a temática ambiental esteve

excluída de tais pretensões como um personagem antagônico ao crescimento,

convencionando na responsabilidade social que, segundo Tenório (2004):

“A responsabilidade social reforça a busca pela qualidade de vida e o bem estar da população e tem uma tênue relação com o que se conhece hoje como desenvolvimento sustentável, primando pelo ser humano e a valorização de práticas e projetos sociais.” (p.38).

Já Dias (2009), vislumbra a resposta das empresas como benefícios

financeiros e uma mudança de paradigma de mercado com base na temática

sócioambiental e na minimização dos impactos que geram, onde foram

enumerados os principais benefícios:

ü “Menores gastos com matérias-prima, energia e disposição resíduos, com menor dependência de instalações de tratamento e de destinação final de resíduos; ü Redução ou eliminação de custos futuros decorrentes de processos de despoluição de resíduos enterrados ou de contaminação causada por eles; ü Menores complicações legais (que representam ganhos obtidos pelo pagamento de multas ambientais; ü Menores custos operacionais e de manutenção.” (p. 50).

A questão ambiental, é notório dizer, faz parte da realidade

organizacional, tornando-se representativa nos seus custos e benefícios,

ameaças e oportunidades, fazendo com que fiquem mais explicitas na rotina

gerencial das organizações e principalmente para um mercado cada vez mais

inclinado nesta causa, ou seja, é uma tendência do mercado, é quase um

suicídio não associar a prática ambiental aos negócios e dela estruturar um

processo de gestão eficaz.

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Porém todo o processo sistêmico e nas empresas não foge à regra está

fadada ao fracasso devido a equívocos na sua missão e visão pré-

estabelecida. A gestão ambiental, com as suas ferramentas que configura em

um sistema é operada por pessoa e o que deveria ser autêntico, pleno e

associado a uma gestão sustentável flexível, mais humanizada, torna-se

institucional, algo mecanizado que vislumbre o lucro, tão somente, tornando o

seu propósito e objetivo míope e principalmente pouco holístico.

1.1. Marketing verde

O termo “marketing verde”, ecológico ou ambiental, surgiu nos anos de

1970, quando a AMA (American Marketing Association) realizou um workshop

com a intenção de discutir o impacto do marketing sobre o meio ambiente, que

para Kotler e Armstrong (1995), foi um movimento das empresas para criarem

e colocarem no mercado produtos ambientalmente responsáveis em relação ao

meio ambiente (p.302).

Após esse evento o marketing ecológico foi definido como o estudo dos

aspectos positivos e negativos das atividades de marketing em relação a

poluição, ao esgotamento de energia e dos recursos naturais, onde as

empresas elaboram seus produtos e serviços de acordo com os desejos e

necessidades do mercado.

Entretanto, pode-se dizer que o conceito de marketing verde surgiu com

um processo de consolidação de uma consciência ambiental global onde o

cidadão insere tais práticas a suas posturas de consumidores, conforme

menciona Dias (2009):

“Esse novo consumidor ecológico manifesta suas preocupações ambientais no seu comportamento de compra, buscando produtos que considera que causam menos impactos negativos ao meio ambiente e valorizando aqueles que são produzidos por empresas ambientalmente responsáveis.” (p.139).

Pode-se dizer também que o grande propulsor do marketing ambiental

ou verde foi à obediência à legislação. E por essa ótica, muitas vezes o fato era

e ainda é encarado como custo adicional e não como um investimento a médio

ou longo prazo e atua na minimização de impactos socioambientais, haja vista

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que o produto ou serviço associado a essa prática certamente utilizou de

produção ecoeficiente e utilizou recursos naturais de forma racional e

sustentada e consequentemente credibiliza a imagem da empresa perante o

mercado.

1.1.1. Consumidor verde

O mercado com seus consumidores verdes demonstraram,

teoricamente, uma preocupação latente em preservar o ambiente e é engajada

nas questões concernentes a saúde e a qualidade de vida, conforme Teixeira

(2000) ressalta:

“O consumidor verde demonstra uma preocupação até nos seus hábitos de compra e consumo, onde se preocupa em utilizar produtos que possui políticas sérias de preservação do meio ambiente e qualidade de vida da população, ou seja, preocupa-se com o bem estar social e ambiental, além de cobrar de seus representantes governamentais e de empresas o mesmo comportamento, em prol do bem comum.” (p. 44).

Entretanto, convém ressaltar que diante de um mercado mais ligado a

temática sócioambiental, não significa plenitude de uma mudança de

paradigma empresarial, de cidadania e de leis, quando se tem em questão

distúrbios comportamentais, culturais e sociais arraigados nos serviços

públicos de fiscalização ambiental e miopia do que tange a informação

cognitiva da população na prática sócioambiental.

O aprofundamento do marketing ambiental pode ainda ocorrer nas

empresas quando os seus grupos de interesse não estão interagidos, de fato,

com uma gestão participativa. As organizações são sistemas abertos que são

afetadas e, por sua vez, afetam seus ambientes externos. Ou seja, as

organizações interagem com forças de relevância além dos seus limites a qual

pode se destacar: concorrentes, governo, fornecedores, clientes etc, conforme

explicita Dias (2009), onde sob o ponto de vista do marketing ambiental o

cliente não é o único público-alvo a ser atingido por estratégias de marketing,

embora continue sendo o mais importante. Outros públicos que direta ou

indiretamente se relacionam com a empresa devem merecer atenção, pois

podem se constituir em obstáculo ao desenvolvimento organizacional e impedir

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sua permanência no mercado, cada vez mais competitivo. Outros públicos que

devem ser considerados quando se tratam da questão ambiental, visto que

podem limitar a liberdade de atuação de uma organização, são: os grupos

ambientalistas, os distribuidores, o governo, a comunidade mais próxima da

unidade de produção etc. (p.140).

O consumidor ou mercado não apenas deve ser impactado por produtos

ou serviços que não degradam o ambiente natural, mas ter incutido em sua

mente à importância de desenvolver questões ligadas a cidadania, sendo o

marketing ambiental um veículo não só de venda de produtos, mas a formação

de uma ideologia focada na mudança de comportamento, tendo inclusive o

mesmo efeito gerado entre os colaboradores da empresa, o que poderia

chamar de endomarketing socioambiental e a adesão dos seus grupos de

interesse, conforme Dias (2009) relata:

“O marketing verde não pode ser considerado somente um conjunto de técnicas voltadas para projetar e comercializar produtos que não prejudiquem o meio ambiente é também uma forma articular as relações entre o consumidor, a empresa e o meio ambiente. Assim, ao se adotar uma filosofia de marketing ecológico, deve-se ter em mente essa concepção macro do processo, onde a compreensão da importância da preservação do meio ambiente esteja impregnada em toda a organização, incluindo o comportamento cotidiano das pessoas que a interagem.” (p. 142).

A iniciativa de organizações não é gerar receita com a venda de

produtos apenas com apelações para adquirir market share, mas disseminar,

tal como educadores, modelos, posturas e práticas que repensem seus

conceitos de consumo, multiplicando como um benchmarking ambiental.

1.1.2. Valor ao produto ou serviço e fortalecimento da marca

Um processo de reeducação gera uma nova cultura socioambiental no

que tange ao consumo e o produto precisa ter características inerentes a essa

cultura, é preciso reinventar não só a arte de vender um produto, conhecido

com diferencial competitivo, mas com esse produto pode arraigar ao

consumidor ao longo de sua vida, é uma marca que deve perdurar. Para tanto,

o conceito de marketing mix devem estar vinculadas aos segmentos-alvo

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conhecidos e aos atributos ou serviços que lhes serão oferecidos conforme

menciona Silva et al (2004) que o marketing mix é um direcionamento geral

para todas as atividades da empresa e que precisa ser detalhado em sua forma

de execução como desenvolver produtos para completar o portfólio da

empresa, fidelizar o cliente, reposicionar a marca ao mercado e melhorar a

qualidade do produto, diferenciando-o. (p.82).

Dias (2009) fala do marketing mix ecológico que utiliza as variáveis do

marketing as práticas da gestão sustentável, conforme consta na figura 1:

Figura 1: Marketing mix ecológico

“4 ps” Definição e características

O produto verde Cumpre as mesmas funções dos produtos e causa um dano inferior ao meio ambiente, durante todo o seu ciclo de vida.

O preço ecológico A decisão de compra dos consumidores é bastante influenciada pelo preço, em muitos casos, gerando um impeditivo que pode reduzir o consumo. No entanto, nem todo tipo de produtos ou mercados refletem esta realidade, dependerá muito do valor de uso que se lhe atribui o consumidor.

Distribuição do produto ecológico Engloba o conjunto de atividades referentes a transferência de mercadorias e logística.

Comunicação ecológica Informar os atributos e principalmente os aspectos positivos do produto em relação ao meio ambiente, sustentando a imagem da empresa.

Fonte: Dias (2009).

Diante dessas ferramentas que alicerça o marketing tradicional é

preciso, por parte das organizações, globalizarem a sua gestão sustentável em

todos os setores da empresa elaborando um planejamento estratégico

holístico.

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1.2. ISO 14000

Os impactos socioambientais gerados pelo desenvolvimento empresarial

e econômico do mundo, além da ação destrutiva do ser humano ao ambiente,

como o uso desenfreado dos recursos naturais, a degradação da fauna e da

flora e a ausência de um processo de sensibilização junto a sociedade pela

preservação do meio ambiente geram um grande problema para as

autoridades e até mesmo para as organizações.

Sabe-se que na década de 1990, viu a necessidade de se

desenvolverem normas que tivessem o intuito de padronizar os processos de

empresas que utilizem recursos tirados da natureza ou causassem algum dano

ambiental decorrente de suas atividades.

As normas ISO são normas ou padrões desenvolvidos pela International

Organization for Standartization (ISO), organismo internacional não

governamental com sede em Genebra. No Brasil, a única representante da ISO

e um de seus fundadores é a ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas), também reconhecida pelo governo brasileiro como Fórum Nacional

de Normatização (Dias, 2009, p. 91).

As normas ISO 14000 são umas famílias de normas que buscam

estabelecer ferramentas e sistemas para a administraçao ambiental de uma

organização. Buscam a padronização de algumas ferramentas-chave de

análise, tais como a auditoria ambiental e a análise do ciclo de vida. (Dias,

2009, p. 92).

A ISO 14000 visa à padronização da qualidade ambiental por parte das

empresas, auxiliam as mesmas na melhora de uma reputação e imagem

perante o público-alvo e a sociedade e no incremento da sua competitividade e

diferenciação nos seus produtos e serviços, associando a uma postura e

preocupação das empresas com o ambiente.

A importância da ISO 14000 é dar veracidade diante das exigências do

mercado, tendo como objetivo estratégico, ao obter o certificado uma vitrine

para expor os produtos ou serviços para o mundo, adquirindo conforme

conceitua Harrington e Knight (2001) uma rotulagem ambiental, cujos objetivos

são: 1º - proteger o ambiente: é concedido a empresas que tenham

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comprovado que a fabricação de um produto , assim como os produtos si, não

afeta negativamente o meio ambiente; 2º - encorajar a inovação

ambientalmente saudável na empresa: incentiva o desenvolvimento de

mercados para produtos que contemplam na sua concepção os aspectos

ambientais; 3º - desenvolver a consciência ambiental dos consumidores: a

rotulagem é um instrumento de educação que estimula a mudança para hábitos

de consumo mais positivos do ponto de vista ambiental, incorporando tais

aspectos no dia a dia dos cidadãos. (p. 89).

A certificação ISO 14000 não garante que uma empresa alcance um

desempenho ambiental satisfatório, apenas confirma que a empresa tem os

requisitos básicos para um sistema de gestão ambiental. Para tanto, é

imprescindível o comprometimento de líderes, como verdadeiros pedagogos

empresariais na disseminação das práticas socioambientais junto ao público

interno, com um processo de cultura ambiental organizacional para ser bem

aceita e assimilada para assim, com base nesta filosofia gerencial, dar

veracidade a gestão ambiental.

1.3. Produção Mais Limpa e a Ecoeficiência

Um sistema de gestão ambiental precisa adotar medidas, que visam

uma maior eficiência na produção, onerando seus custos e consequentemente

agregando valor ao produto para o consumidor final.

Entre os conceitos mais discutidos pelas organizações empresariais

estão os de ecoeficiência e produção mais limpa que se relacionam e

constituem mecanismos que complementam e fortalecem o sistema de gestão

ambiental nas empresas. Tanto a ecoeficência como a produção mais limpa

têm como objetivo sustentável conseguir que os recursos naturais

transformem-se efetivamente em produtos e não gerem resíduos.

Durante o ano de 1989, o Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente, PNUMA (em inglês, United Nations Environmental Program –

UNEP), introduziu o conceito de produção mais limpa para definir a aplicação

contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integral que envolve

processos, produtos e serviços, de maneira que a previnam ou reduzam os

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riscos de curto ou longo prazo para o ser humano e o meio ambiente. (Dias,

2009, p.126).

Pode ser definida também como uma estratégia ambiental, aplicada a

processos, produtos e serviços empresariais, que tem como objetivo a

utilização eficiente dos recursos e a disseminação de seu impacto negativo ao

meio ambiente.

Entretanto existem entraves para se adotar a produção mais limpa, a

qual pode-se destacar a falta de orçamento das empresas ao implementar a

tecnologia, de que é custo e não um investimento a rejeição do público interno

no que tange a uma nova configuração da cultura ambiental organizacional e

aplicabilidade.

Estudos divulgados pelo PNUMA apontam razões políticas, financeiras e

técnicas pelas quais não se adota a produção mais limpa, como segue na

figura 2:

Figura 2: entraves para implantar a produção mais limpa e a ecoeficiência.

Razões % Políticas (60%)

ü Resistência burocrática ü Tendências conservadoras ü Legislação descoordenada ü Sensacionalismo dos meios de

comunicação em massa ü Ignorância do público ou falta de

informação ü Subsídios para disposição ü Escassez de fundos

20 10

10

10 10 10

Financeiras (30%) ü Vinculado a indústria de

resíduos ü Falta de informações confiáveis

10 5

Técnicas (10%) ü Falta de apoio ao aplicar

minimização dos resíduos as necessidades individuais

5

Total 100 Fonte: PNUMA. Disponível em: www.unep.org

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No ano de 1992, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável, em seu informe denominado “Mudando o curso”, afirmavam que

seriam chamadas empresas ecoeficientes aquelas que alcancem de forma

contínua maiores níveis de eficiência, evitando a contaminação mediante a

substituição de materiais, tecnologias e produtos mais limpos e a busca do uso

mais eficiente e a recuperação dos recursos através de uma boa gestão. (Dias,

2009, p. 130).

O traço específico da ecoeficiência em relação a produção mais limpa é

buscar além do aproveitamento sustentável dos recursos e do aproveitamento

sustentável dos recursos e da redução da contaminação, destacando a criação

de valor agregado tanto para os negócios, como para a sociedade em geral,

mantendo os padrões de competitividade.

Diante da importância das tecnologias mais limpas, há fatores que

afetam a sua adoção como estruturais como a necessidade de modificar a

equipe já instalada, a situação financeira das empresas e a sua capacidade de

adaptarem-se as tendências de mercado, institucionais, rejeição a mudança,

ausência de programas educativos socioambientais para segmentar e dar

veracidade ao sistema etc.

Em suma, a busca pela ecoeficiência não deve ser objetivo empresarial

ou um ponto que deve alimentar o sistema de gestão ambiental, mas ser

compartilhada por todos os grupos de interesse da empresa.

1.4. Grupos de interesse ou stakeholders

A atuação fiscalizadora do governo, da sociedade civil, de organizações

não governamentais, entre outros segmentos sociais fez com que as

empresas, grandes responsáveis pela degradação do meio ambiente natural,

revisse seus negócios e filosofia gerencial, fazendo com que estas assumissem

maior responsabilidade ambiental, tanto no ambiente externo que envolve toda

a comunidade no entorno, como no ambiente interno, junto aos processos e

produtos resultantes.

Esse fenômeno se deve a um processo ético, transparente de uma

cultura ambiental organizacional que deve ser arraigado a tradicional gestão

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empresarial de modo a assimilar gestão a relacionamento, ou seja, administrar

as expectativas da sociedade, sendo este um novo desafio para a gestão

ambiental, não setorizando as responsabilidades pela gestão sustentável, mas

criar parcerias para gerar não só um produto ambientalmente correto por ações

socioambientais e educativas.

A figura 3 demonstra a disposição de cada grupo ou segmento de

interesse que forma o conceito de responsabilidade social corporativa:

Figura 3: Os grupos de interesse de uma empresa.

Fonte: Lopes (2003)

Atualmente, ignorar as expectativas e demandas da sociedade está

ficando cada vez mais difícil para as empresas perdurarem e antes de qualquer

ferramenta ou sistema de gestão ambiental ser considerado como legítimo,

convém ressaltar que a legitimidade da cidadania deve ser o maior ativo das

empresas para gerar receita, cultura comportamental e mudança de

paradigma.

1.5. Responsabilidade social empresarial

A responsabilidade social deve ser vista como uma ferramenta

estratégica e de marketing, não só de cunho mercadológico, mas também na

promoção e disseminação de uma postura e ou comportamento social, com o

envolvimento pleno do seu público externo.

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Para Lopes (2003), responsabilidade social é o compromisso das

empresas em contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável,

trabalhando seus funcionários e suas famílias, a comunidade local e a

sociedade para melhorar a qualidade de vida. (p.45).

Entretanto, a responsabilidade social ainda possui uma configuração

tradicional, que não passavam de deveres básicos organizacionais, tais como

tributária, por exemplo. As empresas ainda se posicionam como filantropas,

com projetos não permanentes, ou seja, sem continuidade e vislumbra,

conforme explicitado por Lopes apenas para sustentabilidade econômica e

mercadológica.

A responsabilidade social não pode ser encarada apenas com

sentimentos filantrópicos e esporádicos, e método ineficaz, frio, já que leva a

uma satisfação momentânea. Deve ser uma ferramenta de gestão que visa

obter mudanças no comportamento da sociedade e dos colaboradores, com

projetos que elevam a qualidade de vida em longo prazo.

Uma empresa que pratica responsabilidade social, respeitando seus

colaboradores, fornecedores, clientes, concorrência e comunidade com

posturas éticas, com base em um planejamento estratégico participativo, não

está sendo uma empresa “boazinha”, mas sim cumprindo com seu papel na

sociedade.

Segundo expõe Dias (2009):

“Na nova concepção de empresa, esta compreende que a atividade econômica não deve orientar-se somente por uma lógica de resultados, mas também pelo significado que esta adquire na sociedade como um todo.” (p. 155).

A empresa não deve ser compreendida como um centro de produção,

com ilegitimidade de seus pseudo projetos sociais, mas formada por um grupo

de pessoas que tem uma meta, uma perspectiva que atendem a si, enquanto

profissionais e cidadãos e os seus públicos estratégicos e ou parceiros. A

responsabilidade social se concretiza no respeito aos direitos humanos, na

melhoria da qualidade de vida da comunidade e da sociedade e na

preservação dos ambientes que interagem.

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1.5.1. Responsabilidade social ambiental

Com a nova concepção da responsabilidade social corporativa tornou-se

latente a obrigação das empresas, principalmente daquelas que utilizam

recursos naturais ou que desenvolvem atividades produtivas e operacionais

que podem acarretar um alto risco de degradação, uma postura ambiental

politicamente correta, perante a sua atual conjuntura.

Com esse paradigma socioambiental tornou-se um atributo por parte

dessas empresas um relacionamento ético e transparente para com a

sociedade, governo, seu público-alvo, entre outros, demonstrando que a

mesma não pode determinar suas atividades de forma egocêntrica. Diante de

um mundo globalizado e volúvel social, comportamental, cultural e

economicamente falando, é imprescindível a consciência e a responsabilidade

de verdadeiras empresas cidadãs onde o sentimento de cumplicidade com os

stakeholders tornou-se essencial para sustentabilidade da sociedade e de seus

negócios.

Para Bulgarelli (1998):

“Trata-se de uma comunhão de propósitos entre os que fazem parte da empresa e aqueles não diretamente ligados a ela, fazendo surgir. Desta forma não obstante o seu legado obscurantismo, como algo que é superior e independente dos membros que a compõe, afirmando-se sociologicamente como um grupo social intermediário entre o Estado e o indivíduo.” (p. 49).

Entretanto, a incorporação de posturas ambientais por parte das

empresas não deve apenas permanecer no campo das especulações ou de

visões românticas acerca da importância da conservação do meio ambiente. É

preciso uma mensuração e efetividade em torno de uma gestão ambiental

balizada que repercuta favoravelmente os seus negócios, mobilizando seu

público interno e externo.

1.5.2. Responsabilidade social interna e externa

A responsabilidade social apresenta duas dimensões quando

considerada a empresa: a interna e a externa. Considerando o público interno,

estes devem ser parte integrante de uma gestão socialmente responsável.

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Deve existir na empresa uma cultura onde o maior capital é o capital

intelectual, onde os mesmos estejam estimulados e envolvidos por um

processo não só de gestão, institucional, mas ser um agente de mudança de

postura social, ser configurado como cidadão conhecedor de seus deveres e

direitos, tal como um processo educacional.

Na gestão ambiental, não deve ser diferente e Dias (2009) conceitua que

as práticas responsáveis socialmente dizem respeito primeiramente aos

trabalhadores e se referem a questões como os investimentos realizados em

recursos humanos, a saúde e a segurança do trabalho, e a gestão das

mudanças provocadas pelo processo de reestruturação produtiva, e a gestão

dos recursos naturais utilizados na produção. (p. 158).

O público externo deve se apresentar sempre interconectadas não

apenas com os seus públicos estratégicos, tais como: governo, distribuidores e

o mercado, mas ter o público interno como um alicerce de suas práticas

mercadológicas, ou seja, o reflexo da satisfação dos clientes internos irá

repercutir da forma positiva nos clientes externos, pois as pessoas que compõe

a instituição irão realizar trabalhos para esses clientes com ética e

transparência, onde os recursos humanos assumem junto aos colaboradores

uma posição de capital social, são os profissionais-cidadãos.

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CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A temática ambiental, nos primórdios, não tinha uma abordagem

abrangente, ou seja, não era associada a questões sociais, política, econômica

e da saúde física e psicológica do ser humano, mas restringia-se a estudos de

espécies ecossistêmicas por cientistas e apreciadores do meio ambiente

natural. A educação ambiental na essência de sua definição não era

disseminada às camadas mais simples da população, conforme menciona

Genebaldo Freire Dias (2004) que, na época, idos do século XIX, havia uma

excessiva preocupação com aspectos meramente descritivos do mundo

natural, destacando a botânica e a zoomorfologia. As interrelações eram pouco

abordadas e a noção do todo ficava circunscrita a análises filosóficas,

importante, porém não holística. (p. 30).

Sabe-se, entretanto que, com o desencadeamento da Revolução

Industrial na Inglaterra e o seu período de expansão urbana desequilibrada,

redundou no clamor da população por mais qualidade de vida e a preocupação

de cientistas e estudiosos com a questão iminente da degradação

socioambiental.

Para Dias (2004):

“Patrick Geddes, escocês, considerado o pai da educação ambiental, já expressava a sua preocupação com os efeitos da Revolução Industrial, iniciada em 1779, na Inglaterra, pelo desencadeamento do processo de urbanização e suas conseqüências para o ambiente natural. O intenso crescimento econômico do pós-guerra acelera a urbanização, e os sintomas da perda da qualidade ambiental começavam a aparecer em diversas partes do mundo.” (p. 76).

Sabe-se que, em 1945, a expressão “temáticas ambientais” começava a

ser utilizada por profissionais de ensino na Grã Bretanha e, quatro anos mais

tarde, a temática ambiental passaria a ocupar as escolas dos Estados Unidos.

(Dias, 2004, p. 77).

Todavia, a temática ambiental era algo ainda pouco aplicado ao senso

comum e as camadas menos favorecidas, as que não tinha acesso a educação

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formal, ou seja, as questões ambientais eram um tema inacessível e

centralizado aos bancos escolares e preconizava apenas o conceito ligado ao

bioma, ao ecossistema, distante das práticas antrópicas, tal como uma

natureza intocada e inexplorada.

Catástrofes ambientais ocorriam e os diálogos continuavam a ser

restritos aos cidadãos abastados que não conheciam a realidade de uma

esmagadora população mundial que estava a mercê de sua própria ignorância

e consequentemente desastres naturais, em detrimento de um pseudo

desenvolvimento que se descortinava devido as práticas capitalistas.

Genebaldo Dias (2004) fala das reformas no ensino de ciências, em que

a questão ambiental começava a ser abordada, porém de forma reducionista. A

promoção da percepção dos efeitos globais, resultantes da ação local das

atividades humanas, ainda era incipiente e ficava reduzida a algumas

advertências praticadas no meio acadêmico. (p. 78).

Sabe-se que, na década de 1960 começava, exibindo ao mundo as

conseqüências de tal desenvolvimento econômico pelos países membros do

bloco capitalista e as suas empresas-símbolo com seus despejos industriais e

de extração irracional dos recursos naturais.

Dias (2004) considera que no início da década de 1970 testemunhara os

eventos mais decisivos para a evolução da abordagem ambiental no mundo.

Impulsionada pela repercussão internacional do Relatório do Clube de Roma, a

Organização das Nações Unidas promovera, de 5 a 16 de junho, na Suécia, a

“Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano”, ou Conferência de

Estolcomo, como ficaria consagrada, reunindo representantes de 113 países

com o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios comuns que

servissem de inspiração e orientação para a humanidade e melhoria do

ambiente humano. (p. 79).

Entretanto, o sistema capitalista era uma realidade e os traços sócio-

políticos e econômicos já estavam delineados em todo o globo, tendo a causa

ambiental historicamente excluída e pouco disseminada desde então, sendo

usada para fazer lobby. A educação ambiental e o ritmo da sustentabilidade

preconizada nas grandes conferências encontravam entraves para a sua

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aplicabilidade de forma plena e decisiva redundando em melhoria da qualidade

de vida para a população mundial.

Sabe-se que, em uma das mais atuais conferências que o mundo

assistiu, foi na Dinamarca, onde se discutiram questões ligadas a redução da

emissão de gases poluentes a atmosfera e a participação econômica de

grandes países (ricos) no financiamento a práticas socioambientais, porém não

ocorreu consenso entre os países, pois a questão econômica foi, mais uma

vez, foi priorizada. A questão não era só a redução das emissões de gases ou

tão pouco ajudas financeiras a tecnologias limpas para minimizar os impactos

ambientais, mas também utilizar mecanismos para minimizar impactos sociais,

culturais e comportamentais, fatores esses que são essenciais para a

preservação do ambiente natural e essa ferramenta é a educação ambiental.

2.1 – Capitalismo: personagem antagônico?

O sistema capitalista foi o principal personagem do que se considera

como cataclisma ambiental, que desembocou na Revolução Industrial, símbolo

tradicional do sistema. O modelo se propagou, as intenções, mesmo que

tardias, surgiram, entretanto os atores de preocupação ou suposta

preocupação são os próprios países ricos que são os “formadores de opinião”

dos acontecimentos globais, sendo a temática ambiental, discutidas por esses

países, carregada de muita subjetividade e controvérsias, mas é inegável que

no auge da Revolução Industrial, na Inglaterra, a população e os trabalhadores

das fábricas começaram a se organizar para protestar melhores condições de

trabalho e de vida nas cidades, podendo versar que esse momento, portanto,

foi um dos primeiros, formalizados pelo senso comum, de cunho ambientalista.

Contudo, cai-se em uma ambigüidade conceitual quando se fala do

significado do meio ambiente, assim define Ruscheinsky et al (2002) como o

conjunto de processos abiótico e biótico existentes na Terra passível da

influência da ação humana. Sem o aspecto social, todavia, não há abrangência

efetiva do “meio ambiente” na sua totalidade (p. 38).

O dilema ambiental e a inércia da educação ambiental encontram-se

neste momento em que se preconiza um discurso ultrapassado de tornar o

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meio ambiente natural intocado em tempos atuais e o conceito de integração

do homem com a natureza, de fato, sustentável. A educação ambiental deve

ter o papel de informar, mostrar todos os lados da moeda, e estabelecer a

todos uma possibilidade de ter um senso crítico limpo, sem interferências e que

ultrapasse as barreiras do transcendental, que para muitos é utópico, mas

numa concepção aceitável e fundamentado, é o que se pretende chegar,

objetivar, evitando, sempre, formulações engessadas acerca do tema,

dogmando os preceitos e ações da educação ambiental e as suas vertentes,

sendo sim, mutável, adaptável aos tempos e discutida ao passo que se efetive.

O capitalismo é um evento histórico e de fato foi maléfico às pretensões

socioambientais, pelo simples fato de que não fora pauta de suas práticas e

ações e que extraiu e extrai todos os recursos naturais e sabe-se que,

atualmente com o neoliberalismo e a globalização como a sua porta de

entrada, torna os países pobres subservientes a formação de opinião e as

decisões econômicas e políticas dos países ricos, tendo ainda a questão

ambiental como entrave, uma obrigação inconveniente.

As empresas, a mola propulsora deste desenvolvimento, expandiram,

cresceram, se tornaram a chave-mestra para o crescimento econômico do

planeta e hoje estabeleceu um sistema de modo a gerenciar ou tentar, os seus

passivos ambientais e transforma-los em ativos com as suas práticas de gestão

responsável.

Dias (2004) fala dessa velocidade de eventos, a bordo do processo

multidimensional da globalização, produziu e precipitou uma das mais graves

preocupações para os cientistas da área ecológico-ambiental, referente à

capacidade de suporte da Terra e à viabilidade biológica da espécie humana: o

número crescente de indivíduos que passam a ocupar o mesmo nicho, dentro

da biosfera, ou seja, cada vez mais pessoas adotam os mesmos níveis de

padrões de consumo, em todo o mundo, exercendo pressões crescentes sobre

uma mesma categoria de recursos finitos ou cuja velocidade de regeneração

não está sendo observada. (p. 92).

As questões econômicas e de crescimento permeou-se pela produção e

pelo consumo como forma de progresso e desse conceito as nuances políticas

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globais, fizeram as suas plataformas, moldando o comportamento a uma

cultura descartável por produtos efêmeros daqueles que alimentam tal sistema

a população.

Dias (2004) ressalta que a globalização vai além da dimensão

econômica para caracterizar o processo e apresenta a dimensão

comunicacional-cultural, estaria intrinsecamente relacionada com o

desencadeamento desse processo: a dimensão de conteúdos, modos de vida,

e formas de lazer, originalmente americanos. A mídia mundial, americanizada,

projeta a sua cultura para o mundo todo e desperta nas pessoas o desejo de

ter “aquilo” e “ser” assim, sem que as suas condições econômicas, sociais,

políticas, culturais e até ecológicas permitam. (p. 93).

A educação ambiental, apesar de deficitária, nas suas aspirações

conceituais e filosóficas, vem promovendo a sensibilização das pessoas a

respeito da questão, mas continuariam incipientes quanto as reais

possibilidades de configurar prospectivas menos sombrias.

As empresas antes declaradamente opostas e contra as conversações

ou que na sua concepção errônea de onerar custos nas práticas de prevenção

e mitigação do impacto socioambiental de seus negócios ao ambiente natural e

cultural, atualmente dispõe de sistemas de gestão para reverter suas ações

impactantes, porém muitas delas caem em um círculo vicioso da tradicional

gestão empresarial desprendido da gestão sustentável e ainda enxerga a

gestão ambiental como algo centralizado nas empresas, sem um processo de

educação que propicie ao sistema uma visão mais complexa do tema e que

vislumbre a todos os públicos que as compõe direta ou indiretamente, gerando,

inclusive, desconfortos em sua estrutura e cultura organizacional devido a

questões ligadas como rejeição a mudanças, devido a falta de informação ou

gaps em sua maturação e disseminação.

Em suma, uma empresa se torna socioambiental, desde que crie um

sistema mais humanizado e com perspectivas integradas entre diferencial

competitivo e atitudes cidadãs.

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2.2 – A crise socioambiental na atividade produtiva

Ainda no âmbito organizacional, apesar de se separar por uma ordem

pouco óbvia, pode-se dizer que a força de seu trabalho, suas satisfações

humanas, seus anseios e os seus relacionamentos interpessoais estão em

consonância com elementos naturais que conduzem tais práticas, conforme

explicita Ruscheinsky et al (2002) que o trabalho reúne no mínimo três

elementos que são, direta ou indiretamente, naturais: a atividade produtiva

(sendo o homem um mamífero com dons especiais), o objeto de trabalho (ou

seja, a matéria sobre a qual recai a atividade produtiva com vistas à satisfação

de uma necessidade humana ou carência tida como tal) e o instrumento de

trabalho (que é o mediador entre a primeira e a segunda). (p.38).

Todavia, desse ponto de vista humano, o trabalho atual padece em

grande parte devido a apropriação dos meios de produção em mãos da minoria

de capitalistas, os assalariados estão alienados do fruto de trabalho, devido as

sucessivas crises econômicas, tendo a mais recente crise econômica nos

Estados Unidos em 2008 e pelas taxas de subempregos e até desempregados.

Sob essa perspectiva intimista das relações de trabalho, torna-se impossível

qualquer prática de educação socioambiental, haja vista que a concepção

crítica, de cidadania é massacrada por formas quase que escravocratas de

trabalho.

Uma ausência de questões como qualidade de vida no trabalho,

desenvolvimento profissional e uma característica sombria deste colaborador

as questões relacionadas a cidadania é uma comprovação de que a gestão

sustentável está direcionada a competitividade e ao consumo desenfreado e ao

tamanho da empresa no mercado e a educação ambiental no sentido holístico

de sua real importância não se faz presente nas organizações. Qualidade de

vida no trabalho (QVT) arquiteta tudo que se promove em educação ambiental

corporativa, onde a questão do desenvolvimento profissional é importante, mas

o cuidar é essencial, dá sentido de importância ao colaborador, de

pertencimento e Boff (1999) em seu livro “saber cuidar” fez uma detalhada

descrição do modo de ser básico a todo ser humano que se configura nas

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empresas, que se considera como educação ambiental que advém de seu

corpo e de sua alma:

“A essência não se encontra na inteligência, na liberdade ou na criatividade, mas basicamente no cuidado. O cuidado é, na verdade, o suporte real da criatividade, da liberdade e da inteligência. No cuidado se encontra o ethos fundamental do humano. Quer dizer, no cuidado identificamos os princípios, os valores e as atitudes que fazem da vida um bem-viver e das ações um reto agir.” (p.49).

Um trabalhador, que não encontra a sua razão de ser na empresa, é

porque tem um sistema de gestão organizacional que não cuida de seus

anseios, posicionando-o em um dilema existencial e colocando a educação

ambiental em uma concepção de caos nas organizações.

Ruscheinsky et al (2002) fala do assalariado da sua atividade produtiva,

pois não é ele (e sim o capitalista ou um represente seu) quem decide o que e

como fará o assalariado na empresa. (p. 39).

Neste sentido, pode-se afirmar que as empresas refletem o caos

socioambiental que se alastraram pelo planeta, refletindo os seus revezes,

onde a globalização, símbolo desse suposto crescimento marginaliza a todos

os países pobres sem voz em conferências que não chegam a concretizar

nada palpável e viável para gerar benesses a sociedade mundial, acarretando

desigualdades mundiais e massificando a pobreza e a falência de posturas e

comportamentos socioambientais as empresas e a que nelas operam.

2.3 – Desigualdade social

O problema não está na escassez da riqueza, mas na sua distribuição e

na má gestão de recursos, sejam eles naturais ou financeiros, sendo o primeiro

finito. A concentração da riqueza engorda a globalização que orquestra

embargos econômicos, manipulam decisões e formação de opiniões

configurando ainda mais a subserviência de milhões para poucos poderosos.

A desigualdade social gera pobreza, pessoas ao flagelo da vida, do

processo de cognição dos fatos a sua volta e a uma vida indigna, porém a

educação ambiental, para Dias (2004) é um processo que consiste em

propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente em que

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está inserido, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam

questionar e mudar o panorama atual, adotando uma posição consciente e

participativa, a respeito das questões relacionadas com a conservação e

adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de

vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. (p. 99-

100).

A educação é uma alternativa de desenvolvimento político que parte do

ser humano, enquanto homem social e para tal postura fazer acontecer é

preciso criar mecanismos para romper com o tradicionalismo que é encarado a

educação ambiental atualmente em todos os setores da sociedade expor a

todo o cidadão questões relacionadas a consumo e desenvolvimento

econômico versus ambiental que ocorre no atual cenário mundial e a

correlação da degradação ambiental as suas práticas individuais e coletivas

representadas por outros segmentos tais como: governo empresas, entre

outros.

Para Junior e Pelicioni (2005) a desigualdade social se dá devido a esse

contexto entre desenvolvimento econômico e ambiental e a conseqüência

desse embate na vida social da população mundial. Fica claro que o vínculo

entre prosperidade econômica e desenvolvimento humano e ambiental não é

automático nem evidente como poderia parecer. Nesse sentido servem de

exemplo os países que possuem rendas per capita similares e valores de

desenvolvimento humano diferentes. (p. 389).

É impossível abordar a questão da sustentabilidade sem se referir as

desigualdades sociais e a disparidade entre miséria e riqueza, pois como

argumentar a temática ambiental e sustentável sem criar um clamor, um

chamamento das questões sociais que estão imersas por conta da pobreza e

da falta de perspectivas de milhares de pessoas ao redor do globo. Como

exemplo, no Brasil e em países pobres, tem-se a favelização, que se dá devido

às especulações imobiliárias, em prol do desenvolvimento, onde as pessoas

sem poder aquisitivo, buscam sobreviver e construir sua casa em encostas de

morro, correndo risco de morte, dada à fragilidade de tais edificações e ainda

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impactando o bioma desses morros, formando aglomerados urbanos

subdesenvolvidos e a margem do que se convenciona de ascensão social.

Desenvolvimento sustentável requer não apenas debater as questões

relacionadas ao meio ambiente e seus problemas estruturais e conceituais,

eles existem e estão diante de olhos da sociedade e do poder público, mas

discutir e efetivar os rumos do futuro social da população mundial que não tem

sequer acesso a educação formal, saneamento ambiental, saúde, segurança e

emprego que faça suprir suas necessidades básicas de subsistência.

As empresas devem ser atores desse processo de mudança, agentes

multiplicadores de mudança e gerar debate, com base em uma ideologia nova

e arrojada nestes preceitos socioambientais é a base de uma nova filosofia

gerencial dentro da gestão ambiental, que contemple todas as pessoas que a

compõe a serem atores dessa mudança de paradigma, não só mercadológica,

mas de ideologia, o marketing ideológico.

2.4 – Sustentabilidade: dilemas e um novo paradigma

O termo desenvolvimento sustentável partiu de um pessimismo, fruto de

um passado de degradações ambientais, por parte de alguns cientistas e

especialistas que configuraram os desafios que o futuro reservava.

O desenvolvimento sustentável é um conceito novo e geminado que

surgiu de inquietações das sombras pelo Clube de Roma e que, no início, se

opõe ao cenário que perdurava no mundo do desenvolvimento sócio-

econômico responsável pela degradação do ambiente natural.

Para Souza (2000), o desenvolvimento sustentável surgiu do medo, de

alguns e contra um modelo que imperava, onde as discussões atuais foram

desafiadas a remover as limitações iniciais propostas pelo pessimismo do

Clube de Roma. Tem início o conta-ataque, com o apoio a tecnologia, por um

lado, e no direito ambiental, por outro, para gerar condições de

“sustentabilidade” para o processo do desenvolvimento. (p. 161).

O conceito de auto-sustentabilidade compatível e desejado surge em

uma roupagem mais robusta e com uma maturação no diálogo, na Conferência

de Estocolmo, em 1972, por ter sido o primeiro encontro oficial e com o

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Relatório Brundtland, em 1987 e a ECO 92, no Rio de Janeiro, os momentos de

maior relevância do planeta, no último século, referentes a causa

socioambiental, porém sem efetividades.

Souza (2000) explicita tais momentos e a sua importância, que

culminaram para a formatação do desenvolvimento sustentável, dando

diretrizes as mudanças nas esferas social, política e econômica e propagar

igualdade e inclusão entre a população:

“Orientado para o exame da “durabilidade”, pretendeu-se divulgar e manter como viável, tecnicamente, a idéia básica do progresso material sadio. Compatibilizar o esforço do desenvolvimento, o combate a pobreza pela via da melhor distribuição de renda, tanto nacional, como internacional, com os cuidados necessários a preservação da biosfera e também da atmosfera, foram os seus tópicos centrais.” (p.162).

As preocupações com um modelo que possa ser auto-sustentável, ou

pelo menos durável, ficou travado na história não tendo aplicabilidade,

funcionalidade, devido às questões e entraves políticos e econômicos, sendo

estas a maior preocupação dos países ricos. Conferências, tratados, acordos,

não passaram de demagogias histórias entre os estadistas e acordo de

cavalheiros.

Uma nova proposta foi aceita e a Conferência do Rio em 1992 foi

implementada no calendário ambiental do mundo, onde os debates de

intensificaram, porém foram acusados, mais uma vez, de lobby e de elitistas,

por outras mais radicais do ambientalismo, criando estes um acordo paralelo,

propondo outras exigências aos países poderosos e desenvolvidos.

Souza (2000) ressalta a criação da Agenda 21, envolvendo as empresas

nesse processo de sustentabilidade a sobrevivência global, onde a mesma

tenta ser, a sua grande “suma política”. Diante do agravamento acelerado da

crise ambiental, que a otimista década de 80 veio a revelar, a busca da

sustentabilidade ganhou o perfil de uma exigência imperativa da sobrevivência.

(p. 163).

Porém, o encontro ganhou em visibilidade, notoriedade e até algum

respeito, com a Agenda 21, o seu principal produto, de fato relevante, mas

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mais uma vez o capítulo triste da degradação ambiental, seja natural como

cultural, ainda não foi virada.

2.4.1 – Dilemas conceituais da sustentabilidade

O desenvolvimento sustentável não apresenta apenas problemas na sua

aplicabilidade, mas também na sua essência, em sua concepção, em seu

conceito, a começar pela sua definição mais usual na comunidade científica

que ficou conhecida a partir, acredita-se, a partir do Relatório Brundtland, onde

diz que deve atender as necessidades da população mundial, entretanto a

palavra “necessidades”, de acordo com interesses, pode assumir inúmeras

definições e ideologias, conforme explicita Bellen (2006) que define

desenvolvimento sustentável como um conceito carregado de valores que

fundamentam uma sociedade ou comunidade e sua concepção de

sustentabilidade. (p. 27).

A partir daí, surgem os dilemas conceituais da sustentabilidade e a sua

dificuldade em interpretá-lo, pois o termo foi discutido não levando em

consideração aspectos particulares de cada sociedade ou país, ou seja, as

necessidades são múltiplas e nunca deve ser mensurada em comum a todos

os povos, tal como um juízo de valor.

Para Bellen (2006), a sustentabilidade deve ser encarada como uma

norma, plenamente adaptável às realidades culturais, políticas, econômicas,

ambientais de um povo e a educação ambiental contempla essas perspectivas,

de modo a dar uma diretriz capaz de compreender o seu conceito e torná-lo, de

fato, aplicável:

“Existem múltiplos níveis de sustentabilidade, o que leva à questão da interrelação dos subsistemas que devem ser sustentáveis, o que, entretanto, por si só, não garante a sustentabilidade do sistema como um todo. É possível observar a sustentabilidade a partir de subsistemas como, por exemplo, dentro de uma comunidade local, um empreendimento industrial, uma ecorregião ou uma nação, entretanto deve-se reconhecer que existem interdependências e fatores que não podem ser controlados dentro das fronteiras desses sistemas menores.” (p. 27).

Partindo dessa premissa sistêmica da sustentabilidade, preconizada por

Bellen, pode-se explicar o processo perverso e paradoxal da globalização que

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desequilibra a balança do desenvolvimento sustentável priorizando questões

econômicas, de consumo e de produção equivocados culminando tal prática a

todos os países pobres, rompendo com sua identidade e soberania nacional. A

educação ambiental, na sua concepção filosófica, social e cultural resgatando

valores locais e adaptando-o a realidade social. Para Tozoni-Reis (2008) a

educação tem como função preparar intelectual e moralmente os indivíduos

para que estes assumam seu papel social, predefinido pelo projeto político e

econômico em curso. No que diz respeito à dimensão ambiental da educação,

sua função é, essencialmente, a preparação intelectual dos indivíduos para que

estes assumam seu papel social, predefinido pelo projeto político e econômico

em curso. No que diz respeito à dimensão ambiental da educação, sua função

é, essencialmente, a preparação intelectual dos indivíduos para que estes

assumam a postura social. (p. 99).

Outro fator polêmico e que gera uma ambigüidade conceitual, da

sustentabilidade, não é apenas uma definição e essência, mas também a

semântica que está ligada ao tema, onde Souza (2000) destaca três conjuntos

e expressões de entendimentos poucos coincidentes que, esbarram em

questões históricas e até obsoletas, levando em conta as tendências mutáveis,

em todos os âmbitos da vida, na sociedade:

“Destaca-se três expressões que os seus imprecisos vem a acarretar: a- Sustentabilidade ecológica: prioriza equilíbrio natural. Implica uma perspectiva preservacionista, cujo conceito não é conciliável com as demandas objetivas do processo econômico; b- Desenvolvimento sustentável: embora com múltiplas e às vezes até incoerentes definições, possui núcleo comum. Nele se sugere ênfase quase distinta da primeira. A tônica das preocupações volta-se para o ângulo do progresso continuado. Afasta-se a visão preservacionista. Dominam as preocupações problemas de abertura e alargamento da fronteira de emprego, equilibrando-se o progresso com as necessidades do meio ambiente natural. Busca-se o equilíbrio social. c- Uso sustentável: por outro lado, é conceito bem mais restrito. Não é possível aplica-lo como referencial para políticas gerais, porque refere-se apenas a recursos renováveis. Trata-se de uma intolerável contradição. O que não é renovável, uma vez usado, esgota-se para sempre. “(p. 203-204).

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O que prevalece nas conferências, tratados e relatórios está na segunda

definição, onde foi definida com sua decisão política, haja vista que o

desenvolvimento econômico e um pretenso progresso engrenavam o planeta e

a temática ambiental surgira como um clamor da sociedade e de uma urgência

mesclada a um pessimismo quanto a realidade futura do planeta, diante de um

caos socioambiental já configurado e que cresce vertiginosamente diante dos

olhos da sociedade, doente e ausente de valores, de fato, sustentáveis. O

objetivo de um desenvolvimento sustentável envolve a busca de um caminho

para melhorar a qualidade de vida humana, dentro dos limites da capacidade

dos diversos ecossistemas que servem de base física aos esforços de

desenvolvimento, sem prejudicar o direito das próximas gerações. Partindo

dessa premissa, tende a combater os valores imediatistas dominantes,

sintetizados pelos países ricos. Porém, diante de conferências teatralizadas por

esses países e os seus poderes de barganha política, cultural e econômica e

também a inércia destes eventos como o Protocolo de Kyoto e o encontro na

Dinamarca, em 2010, no que tange a redução de emissões de gases

atenuantes do efeito estufa e consequentemente a neutralidade diante dos

dilemas socioambientais, acarreta na não propagação efetiva das práticas do

desenvolvimento sustentável.

2.4.2 – Um novo paradigma da sustentabildade

Eventos como o neoliberalismo e a globalização, heranças ainda de um

sistema vigente, o capitalismo, a questão cultural e o desenvolvimento cultural

de regiões passam a ser estigmatizadas e muitas vezes consideradas

obsoletas, haja vista que o processo auto-sustentável se dá exaltando o

desenvolvimento cultural de regiões e povos, tendo, portanto, a capacidade e a

liberdade de adaptar-se a realidade global e não o contrário.

Pode-se dizer que a preservação e a integração da diversidade cultural

devem ser condições essenciais para a sustentabilidade plenamente

desenvolvida, entretanto, conforme explicita Silva (2008) o progresso das

tecnologias da informação e da comunicação que deveriam ser veículos de

propagação e disseminação e fortalecimento de culturas regionais, acaba que

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por modelar as formas de pensar e agir, junto ao processo de mundialização da

economia, promovendo a livre circulação de bens e serviços culturais,

favorecendo um sombrio intercâmbio de culturas. Entretanto, assim como nas

relações econômicas desse processo, existe uma assimetria nesse

intercâmbio, o que aumenta o risco de dominação e consequentemente o

empobrecimento cultural para os dois lados. (p. 39).

O empobrecimento cultural de ambos os lados, mencionado por Silva,

pode ocorrer para os dois lados ou pode também servir como um pavio para a

subserviência de um ou vários povos por um único povo, banalizando e

evoluindo a concepção de cultura, tornando ambíguo e míope a identidade de

povos, modificando seus comportamentos e visão acerca de temas relevantes

ao seu futuro, não só socioambiental, mas político e econômico.

Silva (2008) vislumbra com preocupação e ceticismo criar políticas locais

de desenvolvimento cultural:

“(...) somente criar essas políticas localmente seria uma medida de pouca eficácia e grande risco. Rapidamente elas podem ser ameaçadas, pois a liberdade dos governos de definir e colocar em prática ações de preservação e promoção da diversidade cultural não é compatível com a aplicação de regras de liberação do comércio e da globalização econômica. Esta última promove a mercantilização da cultura.” (p. 39).

O desenvolvimento cultural de regiões, cidades e países são importantes

para alicerçar a questão do desenvolvimento sustentável, mas pode se tornar

vulnerável com o atual cenário político, social e econômico.

Portanto, deve haver uma forte interação entre diversidade cultural e as

demais dimensões do desenvolvimento sustentável, sendo importante buscar o

equilíbrio. A tolerância, com base na educação ambiental e formal, com a

diversidade cultural, juntamente com as políticas públicas que as garantem e

as viabilizam, constitui um fator fundamental para o desenvolvimento

sustentável das cidades, regiões e países, conforme mostra a figura 4,

elaborado por Silva (2008) que enfatiza um terceiro elemento cultural, ou seja,

elementos culturais que se interagem.

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Figura 4: Terceiro elemento cultural

Fonte: Silva (2008).

Silva (2008), corroborando com a questão da importância da educação

ambiental para o desenvolvimento cultural, essencial a sustentabilidade:

“(...) a apropriação da informação e a sua transformação em conhecimento por parte dos cidadãos é um ato cultural. Em outras palavras: a educação é um ato cultural. A própria diversidade cultural encontra abrigo nos processos educacionais dos diferentes povos, possibilitando a divulgação, a acumulação e a transformação das tradições culturais.” (p. 55).

O desenvolvimento sustentável, conforme mencionado, assume diversas

definições e conceitos. Entretanto, um conceito como o de desenvolvimento

sustentável, com várias concepções, não pode ser operacionalizado, o que

prejudica a implementação e a avaliação dos processos desse novo modelo de

desenvolvimento.

Existe a necessidade de definir concretamente o conceito, verificando

criticamente o seu significado e observando-se as diferentes dimensões que

abrange, adaptando-os a realidade de cada região, de cada povo, o

desenvolvimento cultural como o alicerce para a compreensão das outras

dimensões, apesar de controversas, que moldam o desenvolvimento

sustentável, tais como: econômica, social, ambiental, geográfica e

consequentemente cultural, tendo como atores desse processo de mudança de

paradigma cultural o poder público, as empresas e os demais segmentos que

compõe a sociedade organizada.

Cultura global

Cultura local

Novos elementos culturais

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CAPÍTULO III

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO

AMBIENTAL

As organizações convivem em um ambiente amplamente competitivo,

intensificando e ampliando a luta pela sobrevivência mercadológica. Diante de

tendências cada vez mais mutáveis, sofrem transformações radicais para se

adaptarem ao meio em que estão inseridas. Porém, esses efeitos provenientes

dessas transformações são devastadores não apenas para o ambiente natural,

de onde provêm os recursos ou subsídios necessários para a matéria-prima

para produzir os seus produtos, mas também envolve a questão

comportamental, cultural e do consumo da sociedade que também assume a

personagem de mercado consumidor, sendo essas questões, essenciais para a

formatação do seu conceito de qualidade de vida, tão subjetivada e

incompreendida pela sociedade atual, devido a essas transformações, quase

que galopantes.

Em um cenário totalmente antropocêntrico, sendo as empresas e o

sistema capitalista, como responsáveis e partes integrantes deste cenário,

torna-se imprescindível uma harmonia, onde as organizações, em especial,

precisam desenvolver e proteger a si próprias e o meio ao qual estão inseridas,

por intermédio de um sistema de gestão que identifique, avalie as ameaças e

oportunidades de impactos ao meio ambiente, com uma verificação contínua,

fortalecendo uma integração antrópica ao aspecto natural num processo de

educação para a cidadania.

Todavia, a gestão ambiental encontra falhas na sua estrutura, no que

tange a sua aplicabilidade, simplesmente pelo fato de interesses meramente

mercadológicos e de lucro pelo lucro a curto prazo, o meio ambiente por

modismo competitivo. A empresa precisa vislumbrar não apenas

sustentabilidade competitiva com um sistema de gestão ambiental, mas a

busca de um desenvolvimento cultural, social e ambiental a sociedade a qual

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está inserida, fazendo parte crescimento pleno e justo, construindo a sua

reputação e imagem corporativa com base nesses preceitos.

A educação para a gestão ambiental pode ser apenas mais uma

nomenclatura ao cenário ambiental, mas traz uma perspectiva inovadora e

arrojada a um sistema de gestão tão mecanizado e institucional que vislumbra

apenas o resultado financeiro e não o capital social e natural como o ativo

fundamental adequado as atuais tendências de mercado.

A educação ambiental para a gestão sustentável precisa propagar e

levantar questões com vistas a efetivações ao consumo ético e sustentável, a

qualidade de sua implementação e principalmente estabelecer uma conexão

com a sociedade, conforme ressalta Layrargues (1998):

“(...) a educação para a gestão ambiental, sobressai atualmente como a portadora de determinados conceitos que podem com grande probabilidade responder aos desafios de se trabalhar uma educação ambiental voltada para o exercício da cidadania, no sentido de desenvolvimento da ação coletiva para o enfrentamento dos conflitos socioambientais.” (p.2).

A educação ambiental é capaz de fazer com que empresas compostas

por pessoas, e a sociedade, como um todo, reflita seus valores e condutas,

totalmente mergulhada em crise e em incertezas, conforme menciona Gomes

(2006):

“Vive-se atualmente em um momento de transição, em uma verdadeira crise de valores. O paradigma antropocêntrico, que predominou durante toda a modernidade, ainda está presente em nossa sociedade, mas há sinais visíveis de que a lógica do mercado está destruindo a vida do planeta. Sendo assim, se faz necessário a mudança para uma visão de mundo biocêntrica, comprometida com todas as formas de vida na Terra.” (p.2).

A educação ambiental possui um papel fundamental na formatação de

uma nova mentalidade, mas não se deve retroceder radicalmente, mas sim

adaptar-se aos cenários não de mercado, mas de postura ou mudança de

comportamento e no que este pode mudar o mercado. As empresas

inegavelmente são imprescindíveis ao crescimento econômico e ao

desenvolvimento de uma sociedade, de um país e a educação ambiental

corporativa, apesar de mais uma nomenclatura, torna-se um processo de

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empreendedorismo socioambiental competitivo que une a lógica de mercado às

questões relevantes ao consumo sustentável e a utilização racional dos

recursos naturais, promovendo uma interação harmônica entre o homem e o

ambiente natural.

3.1 – O contexto da educação ambiental para a gestão ambiental

A educação ambiental no âmbito empresarial emergiu, sendo uma

vertente da educação ambiental, em meio a preocupações ambientais, em face

de respostas demandadas por órgãos do Sistema Nacional de Meio Ambiente

(SISNAMA). Ou seja, a temática ambiental, surgira apenas nas empresas com

o intuito destas se adequarem às legislações ambientais vigentes e não como

uma preocupação com os impactos socioambientais de suas atividades e

negócios.

Sabe-se que, na concepção da educação ambiental nas empresas no

passado até os dias atuais, dada a visão pouco arrojada e míope de seus

gestores, a mesma tem sido designada erroneamente a atividades curtas de

treinamento ambiental regular do público interno das empresas ou a ações

fragmentadas (não contínuas), efêmeras e desarticuladas para o público do

seu entorno na forma de: hortas, reciclagem, desfiles, caminhadas em trilhas,

ações que muitas vezes são apenas sensibilizações sem algo tangível a ações

que redundem em resultados concretos de sustentabilidade socioambiental,

sem qualidade nos processos de gestão.

Para Pedrini e Pelliccione (2004) em outras vezes as ações são

encaradas como respostas a Termos de Ajustes de Conduta (TAC) devido a

incidentes, acidentes ambientais ou para certificação ambiental como a busca

pela ISO 14001. Em geral, esses treinamentos são de eficácia e efetividade

conceitual e metodológica desde sua concepção até a avaliação final da

atividade (p.4).

Ou seja, o conceito de educação ambiental para a gestão ambiental

passa a assumir uma postura meramente de gestão empresarial, relacionado a

um contexto voltado para competitividade, economia de custos e muitas vezes,

para obtenção certificada da ISO 14001 que não garante que as empresas

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estão em consonância com as práticas mercantis e produtivas a posturas

socioambientais, sendo sempre adaptável às novas tendências de mercado

aliado as atividades de negócios sustentáveis.

Diante desse cenário, apresenta-se uma série de tipologias de empresas

que configuraram e configuram a educação ambiental para a gestão ambiental,

principalmente no Brasil, que são as conservadoras, que são as tradicionais,

negócios centralizados que utilizam de uma gestão ambiental para desviar

seus próprios impactos ambientais, maquiando a realidade de suas atividades,

há também a empresa que se sensibiliza por questões ligadas a legislação

vigente que a pressiona e aquelas empresas que buscam títulos e certificações

para pendurar como troféus em suas dependências sem um processo contínuo

e flexível no que tange a sua adaptabilidade e consequentemente

aplicabilidade.

Uma empresa que programa um sistema de gestão ambiental com a

educação ambiental agregando valor, de fato, tem de adquirir certificados e

realizar além do que está protocolado, mostrando uma política ambiental

avançada, que realiza ações sociais que contemple o seu colaborador a todo o

grupo de interesse da empresa e disseminar uma prática cidadã, modificando e

rompendo antigas condutas que degradam o ser humano enquanto um ser

social.

Layrargues (1998) examina o significado do surgimento da educação

para gestão ambiental e verifica seus determinantes sociológicos, uma vez que

o termo está se disseminando a passos largos nas iniciativas de formação de

professores. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais) promoveu, em 1998 e 1999, Cursos de Introdução à Educação no

Processo de Gestão Ambiental, destinado a ONGs (Organizações não

Governamentais) que atuam no IBAMA e educadores tanto nos núcleos de

educação ambiental do órgão como das Unidades de Conservação do país.

(p.2). Quando se menciona em determinantes sociológicos, englobam-se

questões relacionadas à cultura, ao desenvolvimento social e não somente a

questões socioeconômicas, tão preconizadas pelas organizações como fator

vital a sobrevivência e sustentabilidade competitiva.

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3.2 – Fatores educacionais para a educação para a gestão ambiental

Um momento de divisor de discussões para a compreensão e

identificação da educação para a gestão ambiental está na transição da

educação conservacionista para a educação ambiental e também para analisar

se há dissonâncias entre a educação para a gestão ambiental.

Um primeiro comparativo entre a educação conservacionista e a

educação ambiental está no ambiente não humano, onde aborda basicamente

as ciências naturais como conteúdo a transmitir, e a sua principal mensagem é

mostrar ao educando os impactos decorrentes das atividades humanas na

natureza, para então enfatizar os meios tecnológicos capazes de enfrentá-los.

Entendendo o problema ambiental como fruto de um desconhecimento dos

princípios ecológicos que gera “mais comportamentos”, caberia à educação

conservacionista, um instrumento de socialização humana perante a natureza,

criar “bons comportamentos”. (Tanner, 1978, p. 49).

O segundo comparativo, por outro lado, segundo Tanner (1978),

esclarece que a educação ambiental insere o ambiente humano em suas

considerações, sobretudo o urbano, promovendo uma maior articulação entre o

mundo natural e o mundo social. Com isso, transcende a perspectiva da

abordagem de conteúdos meramente biologizantes das ciências naturais e

engloba aspectos socioeconômicos, políticos e culturais. (p.52).

O segundo momento interpretativo dos fatores educacionais

condicionantes para a definição da educação para a gestão ambiental é mais

abrangente e holístico, visto que a questão do ambiente natural e a sua

degradação para ser compreendida é preciso englobar as questões

relacionadas aos aspectos sociais, políticos, culturais, econômicos e finalmente

ambientais, não fragmentando as atividades antrópicas ao ambiente natural,

sejam elas positivas ou negativas.

Layrargues (1998), apresenta ainda uma visão crítica da realidade

bastante pertinente, demonstrando que a causa primeira da atual degradação

ambiental teve sua origem ao sistema cultural da sociedade industrial, cujo

paradigma norteador da estratégia desenvolvimentista, pautada pelo mercado

competitivo como a instância reguladora da sociedade, fornece uma visão de

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mundo unidimensional, utilitarista, economicista e a curto prazo da realidade,

em que o ser humano ocidental se percebe numa relação de exterioridade e

domínio da natureza. (p.2-3).

A educação ambiental, na medida em que inclui o ambiente humano em

suas práticas, incorpora os processos decisórios participativos como um valor

fundamental a ser considerado na proteção ambiental. Dessa forma, torna-se

uma prática que não se reduz à esfera comportamental. Essa é a principal

diferença de cunho sociológico de relevância.

3.3 – Formulação da educação para a gestão ambiental

A educação para a gestão ambiental foi formulada em âmbito

governamental no Brasil por José da Silva Quintas e Maria José Gualda,

educadores da Divisão de Educação Ambiental do IBAMA. Em julho de 1995,

foi realizado um seminário em Brasília para a elaboração de curso de pós-

graduação latu sensu, no qual se formulou um documento para introduzir o

tema aos participantes do evento. (Layrargues, 1998, p.4).

Nessa época, é estabelecido como definição-mor de meio ambiente

como o relacionamento de atividades antrópicas com o meio natural ao social,

estabelecendo processos intensos de transformação, haja vista que é realizada

por sujeitos sociais diferentes, com necessidades emocionais e fisiológicas

opostas, criando o que se chama de conflitos socioambientais, entrando em

cena a gestão ambiental, responsável, como todo processo de gestão, pela

mediação de conflitos de interesses e múltiplas motivações e estímulos

antrópicos.

Layrargues (1998), fala da diversidade dos atores sociais envolvidos nos

conflitos socioambientais como um fator de dominância de uns sobre os outros,

reconhecendo também a assimetria dos poderes político e econômico presente

no cerne da sociedade. Nem sempre o grupo dominante leva em consideração

os interesses de terceiros em suas decisões. Dessa forma, uma decisão pode

definir a distribuição dos ganhos e perdas. O que é benefício para uns pode ser

prejudicial ou mesmo fatal para outros. (p.5).

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Diante desses questionamentos em torno da educação para a gestão

ambiental inaugurado no Brasil, está centrada a polêmica de que o termo

educação ambiental para a gestão ambiental difere da educação ambiental,

levando em consideração as questões dos conflitos de interesse que

supostamente permeiam a gestão ambiental e as dimensões conceituais da

educação ambiental e Layrargues (1998) define que não difere educação

ambiental da educação para a gestão ambiental. Esta última apenas avança no

detalhadamento de uma das dimensões da educação ambiental, sendo

entendida como um subconjunto da educação ambiental. (p.5).

Em suma, a educação ambiental para a gestão ambiental, tornou-se

uma vertente para o mundo corporativo como um empreendedorismo

socioambiental, permitindo que ferramentas de gestão ambiental, institucionais

e muitas vezes mecanizadas, tivessem uma concepção filosófica, conceitual e

crítica acerca do cerne da temática ambiental disseminando comportamentos,

de fato, a aplicabilidade da gestão ambiental, de forma ética e transparente.

3.4 – A educação para a gestão ambiental e a realidade empresarial

Atualmente a questão da degradação ambiental não está no meio

ambiente natural, mas em intensos períodos e momentos de transição no seio

da sociedade, uma verdadeira crise de valores, de entendimento filosófico do

ser humano consegue mesmo. São graves problemas sociais que mergulham a

população mundial num mar de incertezas que influenciam, em muito, em suas

decisões, das mais simples do cotidiano, a aquelas que podem modificar as

suas vidas e do meio em que vivem.

A educação ambiental para a gestão ambiental requer para a sua

plenitude essa integração, essa coexistência das manifestações antrópicas e

do meio natural, entretanto, essa relação pode fortalecer o processo de

cidadania, mas pode estabelecer um relacionamento explosivo e complicado

dado o ritmo torto do ser humano de hoje, ligado às práticas consumistas.

Gomes (2006) preconiza que a sociedade vive em um momento de

paradigma antropocêntrica, ou seja, o homem no centro das atividades e

detentor de seu destino e de tudo ao seu redor, ou seja, a sociedade

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contemporânea vive um momento de crise, em que se faz necessária a

mudança do paradigma antropocêntrico ainda predominantemente para uma

visão de mundo biocêntrica, comprometidas com toda a vida na Terra.” (p.2).

Gomes enfatiza fatos históricos para corroborar as conseqüências do

presente, ou seja, o homem como o centro do progresso, o ator do

desenvolvimento, tendo o meio ambiente natural como a linha para fazer o

motor do desenvolvimento girar, não há impedimentos para o homem e suas

pretensões capitalistas de livre mercado.

Gomes (2006) explicita o crescente processo de industrialização que

sempre foi bem visto pela sociedade, vez que o progresso econômico tem sido

buscado incessantemente. Os recursos naturais têm sido utilizados como se

fossem infinitos, e não há qualquer preocupação com os impactos das

atividades realizadas. (p.2).

O paradigma antropocêntrico, que predominou durante toda a

modernidade ainda está presente na sociedade sendo que a lógica do

mercado, na sua forma mais perversa, está destruindo vida no planeta. Não

somente a vida, mas toda uma estrutura social e comportamental da

sociedade.

Sabe-se que o planeta viveu e vive os resquícios de uma grave crise

capitalista que culminou em 2008, nos Estados Unidos, onde se concebeu

tanto credito com um marketing agressivo para consumidores aderirem a

compras de casas, onde bancos e seguradoras passaram a investir nesse

período supostamente fértil do mercado imobiliário norte-americano e o

consumidor, vislumbrando com tantas facilidades passou a não pagar. Bancos

e seguradoras faliram, trabalhadores perderam seus empregos, a economia

mundial subserviente a dos Estados Unidos ficou de joelhos e a crise cambial,

hoje em voga, tornou-se latente, dada ao dólar fraco, e ao protecionismo dos

países emergentes, como a China e Índia.

Em suma, empresas e governo alimentam um consumo desenfreado e a

qualquer preço a um mercado consumidor ávido por novidades, motivados por

uma vida que para se ter qualidade é preciso comprar compulsoriamente. A

educação possui um papel fundamental na formulação de uma nova

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mentalidade, de modo mais específico, a educação para o consumo é

elemento-chave na conscientização da população. Há a necessidade de

mudanças no modo de pensar, que levem em consideração as atuais

características da sociedade contemporânea e privilegiem uma visão total de

mundo, com uma postura ética, responsável e solidária e as empresas tem

uma participação neste processo de mudança de paradigma da sociedade.

3.4.1 – Modelo de consumo sustentável

O modelo econômico adotado atualmente pela sociedade proporciona e

induz a um alto padrão de consumo, que, mesmo ao alcance de poucos, é

insustentável pelos danos que acarreta para o meio ambiente. Diante desse

cenário, para que o desenvolvimento siga no caminho da sustentabilidade é

preciso alterar os padrões de consumo.

Para adotar a ética de vida sustentável, a sociedade deverá estimular os

valores que apóiem esta ética e desencorajar aqueles incompatíveis com um

modo de vida sustentável. Assim, a idéia de consumo sustentável torna-se um

imperativo na formulação de uma nova sociedade.

Para Gomes (2006), o consumo consciente e responsável é a principal

manifestação de responsabilidade social do cidadão. A responsabilidade social

é uma nova consciência do contexto social e cultural no qual se inserem as

empresas e os cidadãos. Ela pode ser entendida como a contribuição direta

destes para o desenvolvimento social e a criação de uma sociedade mais justa

e igualitária, por meio da condução correta de seus negócios e de suas ações

pessoais. (p. 9).

A mudança de comportamento do consumidor é um processo que requer

sensibilização e mobilização social, e a informação é fundamental nesse

processo. Assim, para que haja maior conscientização, é necessário que o

consumidor tenha acesso à informação referente às atividades corporativas,

para que possa exercer melhor o seu poder de escolha e preferir as empresas

socialmente responsáveis e comprometidas com a preservação do meio

ambiente.

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Para Gomes, o consumidor, está assumindo uma postura mais

sustentável e que querem, além de bons produtos e serviços, fornecedores que

estejam comprometidos com a melhoria da qualidade de vida da comunidade.

Quando percebe a existência de consciência social, o consumidor se identifica

com a empresa sob o prisma do exercício da cidadania, criando vínculos de

fidelidade difíceis de ocorrer com entidades que cultivam valores diferentes.

(2006, p. 10).

Embora seja a parte mais vulnerável na relação do consumo, em termos

de preservação do meio ambiente, o consumidor tem grande poder, pois possui

a barganha da escolha sobre os produtos e serviços à sua disposição no

mercado. Entretanto, esse poder de barganha somente poderá ser

efetivamente exercido quando os indivíduos tiverem conhecimento de sua

existência e, principalmente, de sua força, sendo a educação indispensável na

conscientização dos cidadãos.

O consumidor tem papel fundamental nas suas escolhas cotidianas, seja

na forma que consome, seja escolhendo empresas com responsabilidade

social e que a educação ambiental é capaz de dar diretriz ética e moral ao

cidadão para tal processo, porém convém ressaltar que, o consumidor é só

parte desse movimento de mudança e as empresas e o governo precisam

remodelar as suas políticas de mercado e de desenvolvimento econômico,

respectivamente. Tais processos podem assumir efetividade dada o estado de

degradação socioambiental, mas é esse o sistema que ainda está vigente,

apesar do caos instalado.

3.4.2 – Teoria do caos socioambiental

O processo de interdependência a que se estabeleceu com a

globalização foi e é determinante para ditar as regras da economia e do cenário

político mundial vigente e principalmente para seus momentos de

desestabilidade, vide a crise cambial, por exemplo. Com a globalização e o

neoliberalismo há uma tênue linha pelo que se conhece de caos.

Para Chiavenato (2000) a palavra caos tem sido tradicionalmente

associada à desordem. Nas mitologias e cosmogonias antigas, caos era o

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vazio escuro e ilimitado que precede à criação do mundo. Desde tempos

imemoriais, o ser humano se defronta com o desconhecido e o percebe como

caótico e aterrorizante. (p.146).

Ou seja, a configuração marginalizadora e sombria da globalização

remete a sociedade a incerteza quanto as pretensões de empresas e governos

em relação a temática ambiental, tornando essa sociedade predominantemente

a mercê da incerteza, como em tempos medievais, onde que em vez de a

sociedade e todos os seus níveis travarem uma batalha contra o caos e tornar

o mundo conhecido aos seus olhos e corações o torna mais incerto e obscuro

diante de práticas destrutivas relacionados a um pretenso desenvolvimento

socioeconômico.

Ainda para Chiavenato (2000), a teoria do caos é uma ordem mascarada

de aleatoriedade. O que parece caótico é, na verdade, o produto de uma ordem

subliminar, na qual pequenas perturbações podem causar grandes efeitos

devido à não linearidade do universo. Tudo na natureza muda e evolui

continuamente. Nada no universo é passível ou estável. A noção de equilíbrio,

que obedecem ao princípio da linearidade de causa e efeito, constitui um caso

particular e pouco freqüente. Na verdade, não existem mudanças no universo.

O que existe é mudança. (p.447).

Na atual conjuntura socioeconômica e política no planeta, estabeleceu-

se uma teoria do caos socioambiental, mas que não tende ao equilíbrio com as

perturbações e ruídos orquestrados pelo capitalismo, pois mencionar em

equilíbrio quando acordos são feitos sempre com a questão da sustentabilidade

ambiental como coadjuvante, sendo um processo não de evolução, mas de

involução sociocultural.

A palavra caos para o futuro socioambiental global continua na

incerteza, sem equilíbrios, quando faz parte de um sistema que, conforme

explicita Chiavenato retorna ao equilíbrio dado a abordagem sistêmica é

operado por pessoas, empresários, líderes mundiais que encaram o consumo

sustentável e a temática ambiental como entrave ao progresso.

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3.5 – Desenvolvimento sustentável nas empresas

A penetração do conceito de desenvolvimento sustentável no meio

empresarial tem se pautado mais como um modo de empresas assumirem

formas de gestão mais eficientes, como práticas identificadas com a

ecoeficiência e a produção mais limpa, do que uma elevação do nível de

consciência do empresariado em torno de uma perspectiva de um

desenvolvimento econômico mais sustentável. Uma lacuna identificada devido

a falta de um processo de educação ambiental para a gestão sustentável, que

seja perceptível para que as empresas se tornem, de fato, agentes de um

desenvolvimento sustentável, socialmente justo, economicamente viável e

ambientalmente correto.

Historicamente, Dias (2009) fala que um documento do Conselho

Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, que participaram ativamente

da organização da temática empresa e meio ambiente na Conferência do Rio

em 1992, representado pelo seu presidente, Stephan Schmidheiny. O

Conselho reuniu 48 líderes empresariais de diversos países, que

posteriormente elaboram um documento sobre o desenvolvimento sustentável

voltado para o meio empresarial o qual denominaram: “Mudando o rumo: uma

perspectiva global do empresariado para o desenvolvimento e o meio

ambiente.” (p.37).

O documento admite que o progresso em direção ao desenvolvimento

sustentável é um bom negócio, pois consegue criar vantagens competitivas e

novas oportunidades, mas que precisa assumir uma referência que venha a

atingir todas as dimensões da sustentabilidade, envolvendo não só os aspectos

econômicos, mas sociais e ambientais.

O mais importante na abordagem das três dimensões da

sustentabilidade empresarial é o equilíbrio dinâmico necessário e permanente

que devem ter, e que tem de ser levado em consideração pelas organizações

que atuam preferencialmente em cada uma delas, conforme segue na figura 5:

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Figura 5: Equilíbrio dinâmico da sustentabilidade nas empresas.

Fonte: Dias (2009).

Após longo tempo, desde os primórdios da Revolução Industrial, o

crescimento econômico foi sinônimo de desenvolvimento e progresso,

revelando a importância da economia do dia a dia da humanidade. De fato, a

industrialização trouxe a importância econômica de utilização dos recursos

naturais para o benefício da humanidade, com o desenvolvimento de produtos

para satisfazer as suas necessidades. No entanto, durante muito tempo,

pensou-se que os recursos naturais fossem infinitos, que durariam

eternamente, e agiu-se desse modo, durante todo o período, com o desperdício

sendo a marca registrada do crescimento.

3.6 – Cultura ambiental organizacional

Fala-se em desenvolvimento sustentável nas empresas e o equilíbrio

coexistente entre os aspectos sociais, econômicos e ambientais em um cenário

capitalista que propaga o livre comércio e o consumo desenfreado. Uma

Economia

Ambiental

Social

Desenvolvimento

sustentável

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organização que quer estruturar uma perspectiva socioambiental com base na

adoção de sistemas de gestão ambiental utilizando ainda a educação

ambiental como um diferencial sustentável, ético e principalmente permanente

tem de vir acompanhada de uma mudança cultural e comportamental, em que

as pessoas têm de estar envolvidas com essa nova perspectiva.

Conforme ressalta Dias (2009), alguns hábitos e costumes arraigados

que são consolidados no ambiente externo das empresas devem ser

combatidos e outros positivos devem ser assimilados pelo conjunto da

organização. (p.96).

Ainda há uma disparidade acentuada de comportamento no âmbito

empresarial no que diz respeito às questões ambientais. Entretanto, algumas

organizações demonstram grande preocupação com essa questão, outras não

a vêem como significativa para ser incluída no planejamento estratégico. A

educação ambiental na gestão sustentável traz esse processo de

desenvolvimento social e comportamental, levando em consideração uma série

de condicionantes, tais como: desenvolvimento profissional, incentivos,

necessidades fisiológicas e emocionais, etc.

Chiavenato (2000) conceitua comportamento organizacional consistindo

no estudo da dinâmica das organizações e de como os grupos e indivíduos se

comportam dentro delas. É uma ciência interdisciplinar. Por ser sistema

cooperativo racional, a organização somente pode alcançar seus objetivos se

as pessoas que a compõe coordenarem seus esforços a fim de alcançar algo

que individualmente jamais conseguiriam. Da mesma forma que uma

organização tem expectativas acerca de seus participantes, quanto às suas

atividades, talentos e potencial de desenvolvimento, também os participantes

têm suas expectativas em relação à organização. (p. 272-273). Ou seja,

elaborar um planejamento estratégico de modo que dissemine e envolva os

colaboradores a adotarem posturas e comportamentos sociais e ambientais

para tornar fidedigno todo e qualquer projeto socioambiental na empresa,

gerando consequentemente oportunidades e diferenciais mercadológicos, com

base em um alicerce marcado pelo desenvolvimento cultural e social de suas

pessoas.

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Considera-se que a cultura ambiental constitui um aspecto da cultura de

uma empresa, ou seja, está contida dentro da cultura organizacional. A ela

pertencem todos os hábitos, costumes, conhecimentos e o grau de

desenvolvimento científico e industrial relacionados com o meio ambiente. Ou

seja, constitui em um sistema de significados e de símbolos coletivos os quais

as pessoas que compõe a empresa interpretam suas experiências e orientam

suas ações referentes a questões socioambientais.

Para tanto, é preciso o empenho e envolvimento de todos os setores da

empresa, sem centralizar nas mãos de poucos a gestão ambiental, como

enfatiza Dias (2009) que para integração da cultura ambiental localizada num

departamento específico da empresa, formando uma subcultura departamental,

é uma prática comum nas organizações brasileiras e, muitas vezes, visa

atender às exigências de órgãos públicos ou à pressão da sociedade. (p. 98).

O isolamento da ação ambiental num departamento específico não contribui

para a formação de uma consciência ambiental coletiva, que só pode ser

gerada através de ações sociais e educativas para a cognição ambientalmente

orientadas e desenvolvidas pelo conjunto de membros da organização.

A educação ambiental integrada com a área de recursos humanos,

chamada de gestão social, deve ser a política fundamental de uma

organização, desde a alta administração até a base da pirâmide organizacional

constituída pelo chão de fábrica, até a liderança no que tange a produção e a

cultura socioambiental.

O estudo da cultura ambiental, integrada na cultura organizacional,

permite identificar o grau de interiorização das práticas ambientais da

organização, fortalecendo por outro lado a identidade do quadro de pessoal

com a empresa, a partir do momento em que os objetivos desta se identificam

com os interesses individuais de melhoria de qualidade de vida, que se

fortalecem a cada dia em função do aumento da consciência socioambiental.

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CONCLUSÃO

Neste estudo foi discutida a importância da educação ambiental na sua

concepção conceitual, filosófica, social e cultural para um sistema de gestão

ambiental nas organizações, agregando valor no que tange aos seus negócios

e processo de produção e relacionamento com os seus públicos estratégicos,

ou seja, a sua melhor aplicabilidade para atingir credibilidade de sua imagem

institucional, veracidade e consequentemente o empreendedorismo

socioambiental, ou seja, a capacidade inovativa e competitiva das empresas

em adaptarem-se as tendências de mercado e também propagar o que se

convencionou de benchmarking social, ou seja, a capacidade de gerar novas

idéias de negócios, com base na disseminação filosófica de gestão.

Eventos históricos foram mencionados, levando em consideração o

cerne da atual e latente expansão das organizações, grandes responsáveis por

extraírem, para insumo ou matéria-prima, os recursos naturais para produzirem

seus produtos que culminaram com o liberalismo e a sua concretização com a

Revolução Industrial, onde a produção manufatureira deu lugar a um

pragmático, porém em escala complexa de produção orquestrada por

máquinas e um exército de novos trabalhadores, que alimentou e configurou

um sistema que até os dias atuais perdura entre crises e reinvenções: o

capitalismo.

Um pseudo desenvolvimento mesclado a um crescimento excludente,

marginalizado e segregador foi a tônica, com uma expansão demográfica,

urbana e da pobreza, com as questões ambientais como mera coadjuvante,

afinal era preciso desbravar e travar uma “guerra verde” para descortinar o

progresso, que era uma realidade, até então.

A estrutura dorsal do mundo se curvou para a Revolução Industrial e as

suas fábricas, assumindo uma conjuntura social e política e cultural voltada

para o livre comércio cujo cidadão passou a ser dotado por uma infinidade de

necessidades fisiológicas, culturais, comportamentais e emocionais

estimulados pela mola propulsora do capitalismo, o consumo, em detrimento de

uma avassaladora degradação e hoje a crise socioambiental.

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A década de 1960 e 1970 chegou e com eles olhares pessimistas e

preocupados de cientistas e ambientalistas com o futuro socioambiental global

com tratados, conferências, semeando o termo já massificado em dias atuais, o

desenvolvimento sustentável, porém ficaram nas intenções, nos acordos de

cavalheiros e na pouca efetividade. A herança de uma política de livre mercado

baseado no consumo vai contra uma política ambiental, a não ser que usada

para lobby ou oportunismo para manipular a opinião pública e calar os

cientistas e engajados em causas socioambientais.

Entretanto, é inegável dizer que esses eventos foram relevantes, pois

foram, apesar de pouco efetivos, momentos em que o planeta discutiu um

iminente futuro sombrio: a degradação a socioambiental. Tanto que tais

conferências caíram e ainda caem em contradição, principalmente levando em

conta que os seus principais participantes, são os países ricos e maiores

poluidores, são esses países que tinham e tem voz, até hoje. Os países pobres

servem apenas de massa de manobra, sem voz, sem espaço nessas

conferências. O desenvolvimento sustentável vislumbra equilibrar questões

sociais, políticas, econômicas, ambientais ou seria apenas uma forma de

preservar ambientes naturais para extrair dele, de forma desenfreada, seus

recursos para produção? O conceito de desenvolvimento sustentável, na sua

essência também é paradoxal, apesar de sua intenção ser, de fato, relevante

para a atual conjuntura social, política e econômica do planeta, mas não têm

efetividade, somente conversações.

Diante dessa dicotomia existencial, empresas preocupadas com a sua

responsabilidade socioambiental criam sistemas de gestão ambiental, com

vistas a adequar-se as novas leis de mercado e anseios de uma sociedade que

herdou um equívoco histórico, ministrado por aqueles responsáveis por sua

expansão, além de legislações vigentes.

Porém, o sistema de gestão ambiental é ambíguo por quem o opera, na

sua funcionalidade, haja vista que muitos administradores pensam que gestão

ambiental é gestão empresarial, na sua concepção e que vislumbra apenas a

sustentabilidade econômica, produtiva e mercadológica e não ideal a ser

disseminado, moldado em uma nova cultura, comportamento aos seus

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colaboradores, sociedade e demais segmentos, não tendo um

comprometimento ético, permanente, fidedigno que coexista ao

desenvolvimento empresarial, econômico a melhoria da qualidade de vida de

todos os seus públicos estratégicos.

Apesar de uma adesão maciça da responsabilidade social no cenário

empresarial mundial, é fato que a falta de conhecimento teórico e técnico sobre

a sua formalização ou a limitação gerencial de alguns administradores na sua

prática ainda é preocupante.

Falta a gestão ambiental um processo de reeducação daqueles que o

dirige, para deixar de ser institucional, mecanizado e contemplar a todos os

envolvidos como uma educação ambiental para a gestão ambiental para

estimular uma percepção teórica e filosófica para agregar valor e humanizar o

sistema de gestão ambiental.

A educação ambiental nas empresas deve ser a nova mola propulsora

para a tão almejada coexistência social, política, econômica e ambiental nas

empresas, de modo a formatar uma cultura ambiental organizacional plena e

que conecte a todos, de fato, tais como o seu público interno, como o principal

alicerce, disseminando relações com os seus públicos externos.

A figura 6 mostra o equívoco da gestão ambiental quando da ausência

de uma educação ambiental, não sendo consequentemente uma gestão

responsável e participativa e os eventos históricos que redundaram em tal

problemática:

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Figura 6: Dilemas históricos e atuais do Sistema de Gestão Ambiental.

Contudo, a figura 7 mostra uma urgência de rever os processos e o

conceito que deveria alicerçar o sistema de gestão ambiental focando numa

filosofia gerencial socioambiental baseada na humanização e da educação ao

ambiente natural e cultural. Entretanto, a figura 6 revela esse traço educativo a

gestão ambiental com a possibilidade de conciliar lucro, sustentabilidade e

comércio justo, como processo decisório por parte das pessoas que compõe as

organizações, conhecido como sistema integrado de gestão e educação

ambiental.

Conversações sobre o caos ambiental e a sua ineficácia

Revolução Industrial

Cultura de livre mercado voltado para o consumo

Gestão Ambiental

institucional e mecanizada.

Expansão das fábricas

indústrias e empresas.

Liberalismo

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Figura 7: O sistema integrado de gestão e educação ambiental.

Em suma, torna-se imprescindível a democratização do debate sobre

sustentabilidade para ampliar a massa crítica, fator esse preponderante para

que a sociedade esteja mais capacitada para escolher a política pública para

mudar este cenário sombrio oriundo do caos ambiental em detrimento da

expansão do crescimento econômico a todo custo, a escolha de um produto

ambientalmente viável formatando um novo conceito de consumo e as

empresas têm participação de orquestrar esse processo de mudança e

disseminação de cultura em uma economia voltado para um consumo

inteligente e correto. Para que essas pequenas, mas significativas revoluções

aconteçam, sejam tangíveis aos olhos de uma nova sociedade que tem que se

redefinir, com base nos preceitos socioambientais é preciso educação

ambiental, capaz de formar um comportamento e posturas de cidadãos,

consumidores e profissionais capazes de pressionar governos e empresas,

estimulando o surgimento de lideranças nesses âmbitos engajados nesse

processo, como resultado de uma sociedade ambientalmente saudável.

Educação ambiental

Gestão sustentável participativa

Gestão ambiental educativa

Relacionamento contínuo com os stakeholders.

Educação como percepção social, política, cultural e ambiental.

Cultura ambiental empresarial.

Humanizar sistema.

Economia ética e ambiental.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

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http://www.remea.furg.br/edicoes/vol16/art02v16.pdf. Acesso em: 19-11-2010.

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http://material.nereainvestiga.org/publicacoes/user_35/FICH_FR_30.pdf

Acesso em: 21-11-2010.

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HARRINGTON, H. James e KNIGHT, Alan. A implementação da ISO 14000:

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KOTLER, Philip e ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 7ª edição.

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PEDRINI, Alexandre de Gusmão e PELLICCIONE, Nina Beatriz Bastos.

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sua qualidade conceitual. Rio de Janeiro. 2004. Disponível em:

http://rearj.com/wp-

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Acesso em: 21-11-2010.

PNUMA. Eco-efficiency and cleaner production: charting the course to

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RUSCHEINSKY, Aloísio et al. Educação ambiental: abordagens múltiplas. 1ª

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integrado e adaptativo. 2ª edição. Editora Vozes. Petrópolis, 2008.

SILVA, Helton Haddad et al. Planejamento estratégico de marketing. 1ª edição.

Editora FGV. Rio de Janeiro, 2004.

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contemporânea. 1ª edição. Editora Thex. Rio de Janeiro, 2000.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em

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monografia: passo a passo... siga o mapa da mina. 7ª edição. Editora Wak, Rio

de Janeiro, 2008.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1: Artigo................................................................................................66

Anexo 2: Notícias............................................................................................69

Anexo 3: Matéria ............................................................................................72

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ANEXO 1

A Educação Ambiental e a Gestão dos Recursos Humanos na Gestão Ambiental

Embora seja lugar comum dizer que a abordagem ambiental deva ser holística e que devemos pensar globalmente e agir localmente, o que percebemos muitas vezes é uma práxis que reforça o ambientalmente incorreto dito popular que diz que em casa de ferreiro o espeto é de pau.

O tema meio ambiente entrou definitivamente na pauta de discussão da nossa sociedade. É verdade que os meios de comunicação, a produção literária - científica e pedagógica, as iniciativas públicas e privadas, as ONG's e as pessoas de uma forma em geral, pressionados pela anunciada catástrofe ambiental a que estamos submetendo o planeta através de práticas danosas cometidas por todos nós, indivíduos e coletividade, ou seja, você e eu, também colaboram para que o assunto tenha tamanha repercussão. Seja através de discussões técnicas e científicas ou de posturas ideológicas e apaixonadas pela causa, o fato é que a temática ambiental vai, pouco a pouco, sendo inserida e incorporada pela nossa sociedade como um divisor de água na busca de uma melhor qualidade de vida.

Pesquisas realizadas com diferentes públicos - professores universitários e de ensino fundamental, alunos universitários e empregados de grandes empresas brasileiras revelam que a maioria dos entrevistados considera meio ambiente importante. A maioria também se interessa pelo tema e considera que a qualidade ambiental é fundamental para a sobrevivência – nossa e do planeta, concluindo ser possível conciliar meio ambiente com desenvolvimento.

Embora seja lugar comum dizer que a abordagem ambiental deva ser holística e que devemos pensar globalmente e agir localmente, o que percebemos muitas vezes é uma práxis que reforça o ambientalmente incorreto dito popular que diz que em casa de ferreiro o espeto é de pau. Apesar dos avanços, a gestão ambiental continua, ainda hoje, centrada, na maioria das vezes, na aquisição de equipamentos de controle ambiental, não levando em consideração aspectos importantes relacionados à cultura das pessoas.

De fato a degradação ambiental põe em risco a saúde do planeta e de seus habitantes. As medidas mitigadoras colocadas em práticas não resolvem de todo a questão, apenas – como o próprio nome anuncia, atenuam um quadro ascendente de problemas socioambientais.

As práticas de controle ambiental são recentes e ainda não foram totalmente incorporadas pelas empresas, seja pelo seu alto custo ou pela falta de conscientização.

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Existe toda uma cultura que precisa ser estimulada para uma nova concepção na relação do homem com o meio ambiente. Percebe-se que pouco adiantarão tecnologias de controle ambiental de última geração se as pessoas não refletirem sobre o seu comportamento no que se refere ao consumo e ao uso insustentável dos recursos naturais.

Este cenário coloca à mesa uma discussão que passa pela revisão de conceitos e será necessário que cada indivíduo compreenda a importância de estar comprometido com a qualidade ambiental da sua cidade, do seu bairro, da sua casa e do seu posto de trabalho. Parafraseando o imperador romano, não basta apenas estarmos comprometidos, temos que demonstrar este comprometimento colocando em prática os princípios básicos de sustentabilidade.

No entanto, existe uma cultura arraigada em pressupostos que acredita de fato que em casa de ferreiro o espeto é de pau, quando na verdade deveria ser estimulada a refletir e perceber que em casa de ferreiro na maioria das vezes o que temos é sucata de sobra e que cada um de nós é na verdade um ferreiro a produzir diariamente uma quantidade enorme de sucatas.

As pessoas de um modo em geral não percebem que a degradação ambiental é resultado do modelo que escolhemos para sobreviver, não reconhecendo nas suas relações com o meio os impactos produzidos por este modelo. De fato é pouco usual a conjugação do verbo poluir na 1a pessoa. Quando o sujeito não é indefinido (alguém polui), se encontra na 3a pessoa do plural: eles poluem.

Ações de controle ambiental são fundamentais na busca de uma melhor qualidade de vida, pensar globalmente e agir localmente também. No entanto, atuamos muitas vezes desconsiderando fatores fundamentais relacionados à cultura das pessoas e das instituições que as abrigam.

Nem sempre estabelecemos afinidades com o público alvo de nossas ações ambientais. Informamos ao invés de nos comunicar. De uma hora para outra meio ambiente passa a ser uma coisa importante e todos devem zelar por ele. No entanto, pode ocorrer das pessoas sequer saberem o que é meio ambiente e neste caso, incorremos no velho modus operandi de controle ambiental no final da linha, quando na verdade deveríamos estar atuando na causa e não somente na conseqüência. A formação de uma consciência crítica em relação a este processo é fundamental para a busca de soluções que não sejam somente mitigadoras, passando a ter um caráter mais preventivo e educativo.

No entanto, para que uma gestão ambiental seja bem sucedida é necessário que ocorram mudanças nas atitudes, nos padrões de comportamento e na própria cultura das instituições.

Para alcançar o compromisso das pessoas com a melhoria da qualidade ambiental é preciso, em primeiro lugar, que elas se percebam como parte integrante deste processo, tendo acesso a conhecimentos básicos sobre meio ambiente que as auxiliem na identificação das principais fontes geradoras de impactos ambientais.

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Ao motivar e capacitar as pessoas para a adoção de ações preventivas a Educação Ambiental tem-se revelado um importante instrumento da Gestão Ambiental, permitindo que as pessoas conheçam, compreendam e participem das atividades de gestão ambiental, assumindo postura pró-ativa em relação à problemática ambiental.

Dentro da perspectiva de otimizar seus investimentos e de se manter dentro dos padrões ambientais exigidos pela sociedade e pelo mercado, algumas empresas estão implantando programas de Educação Ambiental como instrumentos do seu Sistema de Gestão Ambiental.

Para que as empresas obtenham o compromisso dos empregados com a gestão ambiental é necessário que ela disponibilize, além de recursos e equipamentos de controle ambiental, conhecimentos básicos sobre meio ambiente e gestão ambiental, auxiliando-os na identificação e controle das principais fontes geradoras de impactos ambientais da sua atividade.

Neste sentido, para que a educação ambiental se transforme em um instrumento eficiente da gestão ambiental é necessário que as atividades propostas estejam sintonizadas com a cultura da empresa e potencializem os aspectos positivos desta cultura.

Concebidos desta forma, esses programas permitem às empresas alcançar bons resultados, pois incentivam os empregados a agir de forma preventiva, identificando, controlando e minimizando os impactos ambientais da sua atividade.

José Lindomar Alves Lima é Prof. do Curso de Educação Ambiental para Gestores do Meio Ambiente do NIEAD/UFRJ

Fonte: Ambiente Brasil, portal gestão. Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/a_educacao_ambiental_e_a_gestao_dos_recursos_humanos_na_gestao_ambiental.html

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ANEXO 2

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Diversidade social avança pouco nas empresas brasileiras

A pesquisa, realizada pelo Instituto Ethos e Ibope Inteligência, divulgada este mês (11/11), no auditório da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, teve um caráter voluntário e considerou o universo das 500 maiores empresas do país, por faturamento, de acordo com um ranking baseado no anuário Melhores e Maiores 2009, da revista Exame. A amostra considerou 105 das 109 empresas que devolveram o questionário totalmente preenchido. Em decorrência dessa metodologia, o estudo pode não representar a realidade da totalidade das empresas do país. Apesar disso, o levantamento, que foi feito pela primeira vez em 2001, revela um crescimento muito lento na participação de mulheres, negros e portadores de deficiências, mesmo que restrito aos quadros de funcionários das empresas que responderam o questionário. No evento organizado para a divulgação do estudo, o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, admitiu que o quadro é preocupante. Em um exercício aritmético, sem grandes rigores científicos, baseado na evolução dos números apontados pelas cinco edições da pesquisa, ele observa que, nesse ritmo, o Brasil levaria 35 anos para alcançar uma equidade no mercado de trabalho na questão de gênero e 150 anos na questão racial. Comparada com a pesquisa anterior, feita em 2007, a participação feminina cresceu 2,2 pontos percentuais no nível executivo, passando de 11,5% para 13,7% do total. Nos níveis hierárquicos intermediários e na base, no entanto, a presença da mulher apresentou um decréscimo médio de 2 pontos. Quanto à população negra, que inclui

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pretos e pardos, seguindo a nomenclatura do IBGE, o estudo aponta um crescimento de 1,8 ponto percentual nos quadros de executivos, (passou de 3,5% em 2007 para 5,3% este ano), de 6 pontos no nível funcional e de 8,2 pontos no quando de supervisão. No nível gerencial, as resultados da pesquisa revelaram uma queda de participação dos negros de 3,8 pontos, passando de 17% para 13,2%, no mesmo período. No caso da população portadora de deficiências, a taxa de participação na força de trabalho das empresas pesquisadas continua extremamente baixa, considerada a população total, que de acordo com o censo de 2000, chegava a 14,5% da população brasileira. Em nenhum dos níveis hierárquicos a taxa ultrapassa a 1,5%, o que significa que as empresas ainda não estão cumprindo a lei 8.213, de 1991, que estabelece a obrigatoriedade de destinação de pelo menos 5% dos cargos a pessoas com deficiências, dependendo do porte da empresa. A nova pesquisa verificou ainda um discreto aumento (de 1 ponto percentual) no número de empresas que dizem contratar aprendizes, em comparação com 2007. No entanto, 43% delas ainda estão abaixo do mínimo exigido por lei, que é de 5% a 15%, dependendo do porte da companhia. Apesar disso, o contingente de jovens empregados por essas empresas está bem representado, com uma parcela de 19,3% com idade entre 16 e 24 anos, considerando-se que no perfil da população brasileira 17,4% estão entre 15 e 24 anos, de acordo com a PNAD 2009. O mesmo não acontece no caso da população com idade de 56 anos ou mais, que representam 2,5% do conjunto de funcionários das empresas que responderam ao questionário, embora 11,3% da população brasileira esteja na faixa acima de 60 anos. Para o vice-presidente do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, que apresentou e comentou rapidamente os resultados, “os avanços têm sido muito pequenos, apesar da tendência real de crescimento da participação especialmente das mulheres e dos negros”. No caso dos portadores de deficiência, ele lamentou que as empresas não estejam sequer cumprindo a lei, indagando quais seriam as razões para essa realidade. Entre os motivos detectados pela própria pesquisa, ele destaca que as empresas, em geral, reclamam de grandes dificuldades para lidar com as questões. Mas, de acordo com a vice-representante do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Mulher no Brasil (Unifem), Júnia Puglia, uma das integrandes da mesa que debateu os resultados da pesquisa, “as razões para a lenta evolução da inclusão social no país são todas conservadoras e retrógradas”. Para ela, “não existe nenhuma boa razão”. Representando a Faculdade Zumbi dos Palmares, o advogado e professor Hélio Silva Jr. disse que “é preciso superar a armadilha de tornar o tema como algo benemérito”. Para ele, as empresas precisam se conscientizar de que a diversidade social traz resultados reais para a produtividade e a lucratividade do negócio e que é preciso uma conjugação de esforços para a realização de um “pacto em torno dessa agenda”. Estiveram presentes ainda no encontro, o ex-jogador Raí Oliveira, da seleção brasileira, um dos dirigentes a ong Atletas pela Cidadania, e o gerente de planejamento do Ibope Inteligência, Hélio Gastaldi Filho.

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O estudo foi produzido em parceria com a Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com patrocínio do Instituto Unibanco e da Philips do Brasil e apoio institucional da Inter-American Foundation (IAF) e da Atletas pela Cidadania. Além da composição por sexo, raça e presença de pessoas com deficiência, a pesquisa levantou informações sobre faixa etária, tempo de empresa e escolaridade dos dirigentes, funcionários e aprendizes das companhias em todos os níveis hierárquicos. Traz também as políticas e ações afirmativas eventualmente adotadas pelas empresas em favor da diversidade e da eqüidade e, ainda, a percepção do principal executivo acerca dessas questões. (Envolverde) Por Celso Dobes Bacarji, especial para o Instituto Ethos

Fonte: Instituto ETHOS Disponível em: http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/pt/4822/servicos_do_portal/noticias/itens/diversidade_social_avanca_pouco_nas_empresas_brasileiras_.aspx

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ANEXO 3

Sustentabilidade e Marketing

A sustentabilidade, quem diria, virou assunto dos gurus do management. Primeiro foi Michael Porter, célebre mestre da competitividade. Em artigo publicado, no ano de 2008, na (HBR) Harvard Business Review, ele tratou como ineficaz o investimento em responsabilidade social dissociado da estratégia central do

negócio, despertando a ira dos que enxergam no tema um imperativo ético mais do que um tema de business.

Depois, vieram outros dois gênios da raça. Em 2009, Peter Senge, um importante especialista da gestão de conhecimento, escreveu Revolução Decisiva no qual apresenta os casos de empresas que estão mudando modelos de negócio na direção de uma economia de baixo carbono. No final do ano passado, o indiano C.K. Prahlad, idealizador do conceito de negócios na base da pirâmide, produziu importante artigo (também para a HBR) relacionando sustentabilidade e inovação. Falecido em maio último, esta foi a sua derradeira contribuição intelectual para o mundo da administração.

Agora é a vez do não menos estelar Philip Kotler, cujo nome está definitivamente associado ao pensamento do marketing contemporâneo. Tudo o que Kotler produz tende a fazer barulho. Deve ser também o caso de seu novo livro, Marketing 3.0 (Campus Elsevier, 256 páginas) escrito com Hermawan Kartajava e Iwan Setiawan.

Nele, o papa do marketing aborda uma questão que certamente provocará urticária entre os que crêem–e não são poucos— que sustentabilidade e marketing são como água e óleo. Para entender o título, é preciso recorrer à teoria do autor, uma espécie de decodificador da doutrina—seu livro Administração de Marketing equivale a uma bíblia á qual recorrem, com reverência, os estudantes de marketing de todo o planeta.

O Marketing 1.0, segundo ele, focou-se em produtos e na venda massificada. A versão 2.0 enfatizou a satisfação do consumidor via

Divulgação

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estratégia de segmentação de mercado. E a 3.0 reconhece no consumidor, mais do que um comprador, um sujeito inquieto, pleno de valores, preocupado com a sociedade, o meio ambiente e um mundo melhor.

Quem atua na área de sustentabilidade já sabe disso há bastante tempo. A novidade é a inserção do tema, com grande ênfase, no repertório de um pensador do marketing, um campo de conhecimento excessivamente pragmático, visto com reservas –muitas, diga-se – pelos protagonistas da responsabilidade social e sustentabilidade.

Na opinião de Kotler, companhias que praticam o Marketing 3.0 possuem uma visão que excede o simples ganhar dinheiro. Mais do que isso: ganham dinheiro porque compreendem a existência de um consumidor mais cidadão, engajado e participativo. Entre os exemplos citados, o autor destaca a Body Shop (cosméticos), a Timberland (calçados) e a Home Depot como empresas “com valores”, que promovem as questões socioambientais na relação com seus consumidores – ou, como sugere o subtítulo da obra, descobriram “as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano”.

Para defender sua tese, Kotler se apoia em dados conhecidos sobre a expansão do consumo consciente no mundo, a maior valorização das ações de empresas sustentáveis e a ascensão das empresas sociais, como as criadas por Muhamad Yunus em Bangladesh. Já antevendo possíveis reações de uma parte do público que costuma questionar os exageros de marketing verde, o chamado greenwashing, Kotler afirma que para ganhar a confiança deste novo consumidor, muito mais atento e exigente, a empresa terá que transformar intenções em evidências.

É certo que o pragmatismo do autor não vai agradar a todos os leitores. Mas as boas ideias contidas no livro – e a defesa técnica madura do autor -- valem pelo menos a leitura.

Conversas inspiradoras

“Conversas com os Mestres da Sustentabilidade” (Editora Gente, 298 páginas) de Laura Mazur e Louella Miles, é um desses livros que se pode ler de uma tacada só como quem lê uma série de entrevistas de um jornal, ou aos pedaços, capítulo a capítulo, procurando degustar o melhor de seus 15 personagens.

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Fiz as duas coisas. Primeiro, devorei-o ao longo de duas viagens de avião, empolgado com o brilho de livres pensadores como o cineasta ativista James “Avatar” Cameron e o físico Amory Lovins. Depois, retornei a algumas páginas, escolhendo trechos de conversas com experts já perfilados na revista Ideia Socioambiental como Ray Anderson (IterfaceFlor), Paul Dickinson (CDP) e John Elkington (Volans).

Na releitura seletiva, facilitada pelo formato de entrevistas do tipo ping-pong, os detalhes ganham nova textura. Este é, sobretudo, um livro cujo interesse se encontra justamente nos detalhes biográficos— erros, aprendizados e caminhos escolhidos.

Sobre “Conversas” pode-se questionar os critérios de seleção de um ou outro entrevistado, o rigor esquemático de algumas perguntas que se repetem e até mesmo a menor inspiração de uma ou mais respostas. O que não se discute é que o fato de que os mestres têm mesmo muito a ensinar. E o fazem, de coração aberto, respondendo a perguntas de quem sabe entrevistar. Aprende-se em três horas de leitura o equivalente a 15 vidas.

Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade.

Fonte: responsabilidadesocial.com Disponível em: http://www.responsabilidadesocial.com/article/article_view.php?id=1049

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO........................................................................................2

AGRADECIMENTO........................................................................................3

DEDICATÓRIA...............................................................................................4

RESUMO........................................................................................................5

EPÍGRAFE......................................................................................................6

METODOLOGIA.............................................................................................7

SUMÁRIO.......................................................................................................8

INTRODUÇÃO................................................................................................9

CAPÍTULO I

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL...........................................................11

1.1 – Marketing verde...................................................................................14

1.1.2 – valor ao produto ou serviço e fortalecimento da marca..........16

1.2 – ISO 14000............................................................................................17

1.3 – Produção mais limpa e a ecoeficiência................................................19

1.4 – Grupos de Interesse ou stakeholders..................................................21

1.5 – Responsabilidade social empresarial..................................................22

1.5.1 – Responsabilidade social ambiental........................................24

1.5.2 – Responsabilidade social interna e externa............................24

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO AMBIENTAL...........................................................................26

2.1 – Capitalismo: personagem antagônico?..............................................28

2.2 – A crise socioambiental na atividade produtiva...................................31

2.3 – Desigualdade social...........................................................................32

2.4 – Sustentabilidade: dilemas e um novo paradigma..............................34

2.4.1 – Dilemas conceituais da sustentabilidade..............................36

2.4.2 – Um novo paradigma da sustentabildade..............................38

CAPÍTULO III

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO AMBIENTAL....................41

3.1 – O contexto da educação ambiental para a gestão ambiental............43

3.2 – Fatores educacionais para a educação para a gestão ambiental.....45

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3.3 – Formulação da educação para a gestão ambiental.............................46

3.4 – A educação para a gestão ambiental e a realidade empresarial.........47

3.4.1 – Modelo de consumo sustentável.............................................49

3.4.2 – Teoria do caos socioambiental................................................50

3.5 – Desenvolvimento sustentável nas empresas.......................................52

3.6 – Cultura ambiental organizacional.........................................................54

CONCLUSÃO................................................................................................56

BIBLIOGRAFIA CITADA...............................................................................61

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................64

ANEXOS.......................................................................................................65

ÍNDICE..........................................................................................................75

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Educação ambiental agregando valor a gestão

sustentável.

Autor: Bruno Moraes de Souza

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: