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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UTILIDADES DO CUSTO PADRÃO COMO FERRAMENTA DE
GESTÃO E TOMADA DE DECISÕES ESTRATÉGICAS NAS
INDÚSTRIAS
Por: Joaquim de Souza Freire Junior
Orientador
Prof. Luciano Gerard
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
UTILIDADES DO CUSTO PADRÃO COMO FERRAMENTA DE
GESTÃO E TOMADA DE DECISÕES ESTRATÉGICAS NAS
INDÚSTRIAS
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Auditoria e Controladoria.
Por: Joaquim de Souza Freire Junior.
3
DEDICATÓRIA
.....dedico este trabalho à minha noiva, à
minha mãe, pai e irmãos.......
4
RESUMO
Esta monografia descreve a importância do custo padrão para a tomada
de decisões estratégicas em uma indústria. Respondendo aos seguintes
problemas, como garantir que o custo padrão pode ser uma boa ferramenta
para planejamento e definições de objetivos e também como garantir sua
correta implementação. Primeiramente iremos descrever quais os tipos de
custo padrão existentes, suas aplicações, vantagens e desvantagens. Após
esta descrição analisaremos a melhor alternativa de custo padrão para a
indústria . Para finalizar demonstraremos a real importância do custo padrão no
contexto da indústria atual e também descreveremos seu funcionamento como
ferramenta de auxílio ao controle estratégico e facilitador nas tomadas de
decisões.
5
METODOLOGIA
Utiliza-se nesta monografia, a pesquisa, a coleta e a análise qualitativa através
de leitura de livros e artigos na internet. Para que seja melhor evidenciada a
importância do custo padrão na gestão de indústrias e no processo de tomada de
decisões. Todo o trabalho terá seu fundamento em obras de Charles T. Horngren,
Eliseu Martins, Sérgio de Iudícibus, Clóvis Luís Padoveze, entre outros.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPITULO I – A Atividade Industrial. 10
CAPITULO II – Custo Padrão. 15
CAPÍTULO III – Custo Padrão como Ferramenta de Gestão. 22
CAPÍTULO IV – Custo Padrão no Processo de Tomada de Decisões. 32
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 39
7
8
INTRODUÇÃO
Após a revolução industrial ocorrida no século XVIII que gerou um
grande crescimento das empresas em todo mundo, o volume de informações e
dados relacionados aos processos produtivos e resultados também cresceu
imensamente.
Com a criação de empresas de grande porte onde o responsável pela
empresa já não conseguia centralizar e analisar os dados de uma maneira
simples surgiu também a contabilidade gerencial que tem como sua grande
auxiliar a contabilidade de custos, com a missão de coletar os dados e
condensá-los de maneira que possam embasar as tomadas das decisões da
empresa.
Reforçando este entendimento, busca-se em Kaplan et al. (2000, p. 67)
o conceito de contabilidade gerencial, definido pelo Institute of Management
Accountants (IMA), como o “processo de identificação, mensuração,
acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações
para planejar, avaliar e controlar o uso apropriado e responsável dos recursos
de uma empresa”.
Com o passar dos anos, já no final do século XIV, as empresas
passaram por uma nova fase de crescimento com a globalização e abertura
dos mercados para a concorrência internacional. Devido ao aumento da
competição entre as empresas, tornou-se cada vez mais necessário ter dados
confiáveis em um curto espaço de tempo, uma vez que com a concorrência
acirrada, os preços se tornaram semelhantes, obrigando todos a terem uma
margem de lucro parecida, sendo assim era fundamental aproveitar ao máximo
os recursos disponíveis e ter agilidade nas informações para que as decisões
fossem acertadas e tomadas no momento correto.
Outro fator importante a ser analisado nas tomadas de decisões é a
confiabilidade das informações, pois de nada adiantaria ter informações no
momento correto, se elas não espelharem a realidade dos fatos. Desta
9
maneira, também se tornou essencial o controle das informações, seja este
controle através de um procedimento formal que garanta a veracidade das
informações, seja ele através de uma análise detalhada das variações, antes
da utilização destas para a tomada de decisões.
Para facilitar as empresas a obterem todas essas informações da
maneira desejada, com o controle e velocidade necessárias, surgiu o custo
padrão, uma técnica de controle de custos , que possibilita o planejamento dos
custos, a mensuração do que efetivamente ocorreu e a análise dos desvios
entre o que foi planejado e o que foi realizado.
Procuramos então com este trabalho demonstrar como o custo padrão
pode se tornar uma boa ferramenta para tomada de decisões gerenciais. O
tema sugerido é de fundamental relevância pois demonstra como a análise
prévia dos possíveis custos de um determinado produto pode ser decisiva para
um melhor controle nos processos produtivos e definição de metas e objetivos.
São portanto, objetivos desta pesquisa , demonstrar a importância desta
ferramenta que antecipa as decisões gerenciais da empresa, demonstrar quais
os tipos de custo padrão e as vantagens e desvantagens da implementação
desta ferramenta de controle no segmento industrial.
10
CAPÍTULO I
A ATIVIDADE INDUSTRIAL
A atividade industrial é aquela que se caracteriza na transformação de
matéria prima em produtos prontos para comercialização, muitas vezes o
produto acabado de uma determinada indústria se torna matéria prima para
industrialização de outro produto em outra empresa, e assim sucessivamente
até que o produto final seja vendido para um cliente que não mais irá
industrializar o produto e sim consumi-lo.
Entretanto, não é apenas a transformação que caracteriza a produção
industrial; ela pode ocorrer também em função, do beneficiamento, da
montagem, da restauração, entre outros.
Nas indústrias de transformação, as matérias primas através de um
processo mecânico, técnico ou químico, se tornam um novo produto que será
comercializado com um maior valor agregado. Ex.: Indústrias de móveis
(mecânico), siderúrgicas (técnico) e petrolíferas (química).
As indústrias de restauração são aquelas cuja atividade se concentra na
recuperação de produtos usados ou até mesmo deteriorados. Ex.: Retifica de
motores, recauchutadores, lanternagem e pintura.
A atividade industrial de beneficiamento é a operação que visa modificar,
melhorar e até mesmo dar uma melhor aparência ao produto novo, sem que
haja transformação. Ex.: Empresa de beneficiamento de arroz, trigo, cacau.
Na indústria de montagem o produto final é o conjunto de peças que são
normalmente produzidas pela indústria de transformação. Ex.: Indústrias
automobilísticas, de rádios, de televisores, etc.
11
1.1- Evolução da atividade industrial.
Com o aparecimento de empresas industriais, na revolução industrial,
surgiu a contabilidade de custos, com o intuito de calcular os custos dos
produtos fabricados. Antes os artigos eram produzidos artesanalmente, e
praticamente só existiam empresas comerciais, que utilizavam a contabilidade
financeira basicamente para a apuração do resultado do período. Segundo
MARTINS (2009, p.19) para a apuração do resultado do período, bem como
para o levantamento do balanço no final do período, bastava o levantamento
dos estoques em termos físicos, já que sua medida em valores monetários era
extremamente simples: O contador verificava o montante pago por item
estocado, e dessa maneira valorava as mercadorias. Fazia o cálculo
basicamente por diferença, computava o quanto possuía de estoques iniciais,
adicionava as compras do período e comparava com o que ainda restava,
apurava o valor de aquisição das mercadorias vendidas, na clássica
disposição:
Estoque Inicial
(+) Compras do Período
(–) Estoque Final
(=) Custos das Mercadorias Vendidas.
Confrontando esse valor com as receitas líquidas obtidas nas vendas
desses bens, chegava-se ao lucro bruto, do qual bastava deduzir as despesas
necessárias à manutenção da entidade durante o período, as vendas dos bens
e ao financiamento de suas atividades, para obter-se o lucro líquido. Daí o
aparecimento do também clássico demonstrativo de resultado da empresa
comercial:
12
Vendas líquidas
(-) Custos das Mercadorias Vendidas
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas Administrativas
(-) Despesas Comerciais
(-) Despesas Financeiras
(=) Resultado antes do imposto de renda.
Após o aparecimento das empresas industriais, a apuração do resultado
do período continuou sendo efetuada da mesma forma que as empresas
comerciais:
Vendas
(-) Custos dos Produtos Vendidos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas Administrativas
(-) Despesas Comerciais
(-) Despesas Financeiras
(=) Lucro Líquido.
Porém, o custo dos produtos vendidos não era conhecido, pois os
produtos não eram mais comprados prontos, mas produzidos pelas empresas a
partir de vários insumos (materiais, itens prontos, pessoal, equipamentos,
energia, entre outros). Nessa situação, em que vários itens são consumidos
para a confecção dos produtos, não é tão simples o cálculo dos custos dos
produtos fabricados e vendidos. Portanto, após a revolução industrial, quando o
setor industrial começou efetivamente a se desenvolver, esta dificuldade em
determinar os custos, culminou com o aparecimento da contabilidade de
13
custos, voltada inicialmente apenas para a avaliação dos inventários e a
determinação do resultado do período.
Figura 1 - Evolução do processo produtivo.
1.2- Evolução dos métodos de controle e análise gerencial na
indústria.
Segundo KAPLAN e JHONSON ( 1996, p.19 ),
” Antes da Revolução Industrial, a contabilidade era sobretudo um
registro das relações externas de uma unidade comercial com outras
unidades comerciais, um registro de relações determinadas pelo
mercado. Mas com o advento de operações produtivas de larga
escala, surgiu a necessidade de maior ênfase na contabilidade
voltada aos interesses dentro da unidade competitiva e ao uso de
registros contábeis como meio de controle administrativo da empresa.
O surgimento das contas de custos na fabricação, constitui um
exemplo.”
Inicialmente a contabilidade de custos, era utilizada apenas como
ferramenta para controle dos estoques e apuração do resultado, e não era
utilizada como um instrumento de administração. Devido ao aparecimento das
grandes empresas e o conseqüente aumento na complexidade do sistema
produtivo, bem como o aumento da distancia entre administrador e os ativos, a
contabilidade de custos passou a ser encarada como uma eficiente forma de
auxílio no desempenho da missão gerencial, constatando-se que as
ARTESÕES COMÉRCIO CONSUMIDOR INDÚSTRIAS COMÉRCIO CONSUMIDOR
Revolução
Industrial
14
informações fornecidas, pela contabilidade de custos, eram potencialmente
úteis ao auxílio gerencial, indo além da mera determinação contábil do
resultado do período.
Ainda Segundo KAPLAN e JHONSON ( 1996, p.19 ),
“O aparecimento de novas técnicas contábeis nas primeiras tecela-
gens estava intimamente relacionado com o desejo dos
administradores de controlar a taxa em que os recursos (matérias-
primas, mão-de-obra e despesas gerais) eram convertidos em
produção intermediária.”
Atuando como facilitador das decisões gerenciais a contabilidade de
custos, tem duas grandes utilidades:
No que diz respeito ao auxílio ao controle, os custos podem, através de
comparações com padrões e orçamentos, indicar onde estão ocorrendo
problemas ou situações não previstas.
No processo de tomada de decisões, as informações de custos
demonstram informações úteis nos processos decisórios de curto e longo
prazo, como: corte de produtos, fixação de preços de vendas, opção de compra
ou fabricação de produtos, dentre outras. Resumidamente, de apêndice da
contabilidade financeira, a contabilidade de custos passou a desempenhar
importante papel como sistema de informações gerenciais, obtendo lugar de
destaque nas empresas. Cabe aqui ressaltar, que o ambiente concorrencial
onde as empresas encontram-se inseridas está em contínua mudança,
modificando constantemente a quantidade e a qualidade das informações
demandadas pela empresa. Isto aliado ao fato de que o uso da contabilidade
de custos em sua nova função (auxilio gerencial) é relativamente recente, faz
com que haja permanente e rápido aprimoramento nos procedimentos da
contabilidade de custos.
15
CAPÍTULO II
CUSTO PADRÃO
2.1- Conceito de Custo.
Antes de abordarmos o custo padrão e suas vantagens e desvantagens,
é fundamental que primeiramente tenhamos uma visão bem nítida sobre o que
é custo.
Toda empresa comercial, industrial ou de serviço possui um custo, ou
seja, toda e qualquer atividade gera um valor que demonstra que foi pago uma
quantia pelo serviço ou produto adquirido para ser transformado ou vendido ao
consumidor. De acordo com HORNGREN, FOSTER e DATAR (1997, p.19)
“muitas pessoas consideram custos como quantias monetárias (como dólares,
pesos, libras ou ienes) que devem ser pagos na obtenção de mercadorias ou
serviços”.
Segundo o dicionário Michaellis, custo é a avaliação em unidades de
dinheiro de todos os bens materiais e imateriais, trabalho e serviços
consumidos pela empresa na produção de bens industriais, bem como aqueles
consumidos na manutenção de suas instalações. O mesmo sentido podemos
observar também na definição de MARTINS ( 2009, p.25 ), que diz que, “custo
é um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou
serviços.” São insumos de bens de capitais ou serviços efetuados para
execução de determinados objetos.
Sendo assim podemos então afirmar que a contabilidade de custos é o
ramo das Ciências Contábeis que estuda os gastos ocorridos para aquisição de
produtos ligados diretamente à atividade operacional da empresa, o que é
reforçado por HORNGREN, FOSTER e DATAR (1997, p.2), que definem que
“a contabilidade de custo mensura e relata informações financeiras e não-
financeiras relacionadas à aquisição e ao consumo de recursos pela
organização”.
16
2.2- Importância do controle dos custos industriais.
Segundo MARTINS ( 2009, p. 305 ), “ controlar significa conhecer a
realidade, compará-la com o que deveria ser, tomar conhecimento rápido das
divergências e suas origens e tomar atitudes para sua correção.”
O controle dos custos industriais é um dos fatores primordiais para a
eficiência de uma empresa, os custos conforme abordado no capítulo anterior,
determinam em unidades monetárias, todo o sacrifício financeiro para se
produzir determinado bem, sendo assim a correta determinação deste valor é
de essencial importância para os processos de tomada de decisões e
planejamento da empresa.
A administração dos custos ajuda as empresas a obterem um melhor
desempenho em suas atividades, permite também renovarem e melhorarem
todas as estratégias de serviço através da análise das variações do custo de
um determinado produto ao longo de cada etapa produtiva. Proporciona assim
o aumento de oportunidades de mercado e faz com que a empresa se torne
mais eficaz e organizada, melhorando e fortalecendo o comprometimento e
satisfação dos funcionários e clientes, contribuindo assim para o
desenvolvimento das atividades diárias de maneira mais eficaz.
Uma vez que toda decisão precisa ser tomada fundamentada em
informações, o controle dos custos industriais se torna uma excelente
ferramenta para gerar informações confiáveis que embasarão as decisões.
Para MAHER (2001, p.41), “informações sobre o passado representam
um meio para um fim, pois ajudam a prever o que acontecerá no futuro”.
Com base nestas informações a empresa poderá decidir qual produto
deverá fabricar, quanto custará a produção deste produto, por quanto ele será
vendido e também comparar os resultados obtidos com o planejamento
efetuado anteriormente. Esta análise dos resultados permite a empresa
17
determinar qual produto ou segmento lhe dá um maior retorno, ou seja, aonde
é melhor investir seus recursos, e até mesmo descobrir o motivo do retorno
abaixo do esperado para um certo produto cujo planejamento demonstrava
uma perspectiva de boa rentabilidade.
2.3- O Custo Padrão.
2.3.1- Definição de custo padrão.
Segundo MARTINS( 2009, p.309 ) “ de nada adianta a elaboração de
relatórios que digam apenas o quanto se gastou disso ou daquilo. É necessário
que sejam feitas comparações entre o real ocorrido e o que deveria acontecer.”
Para HORNGREN ( 1989 ,p. 198 )
“ Os custos-padrão são custos cuidadosamente predeterminados,
que deveriam ser atingidos dentro de operações eficientes. Servem
para aferição de desempenho, para fazer orçamentos úteis, para
nortear preços, para obter um custo significativo de produto e para
economia de escrituração.”
O custo padrão foi desenvolvido por engenheiros industriais com a
finalidade de ser uma ferramenta voltada para a redução de custos, porém foi
adaptado pela Contabilidade de Custos devido a necessidade da antecipação
da informação dos custos dos produtos, a fim de agilizar a tomada das
decisões estratégicas e buscando também fornecer informações para o
controle das atividades produtivas. Devido a estes dois enfoques, o custo
padrão se tornou uma ótima ferramenta que possibilita a antecipação das
decisões, controle dos custos e avaliação de produtividade.
O custo padrão tem como meta estabelecer medidas de comparação
(padrões) concernentes à eficiência da utilização dos meios de produção e
seus custos associados. (BORNIA, 2002)
18
Segundo NUNES,
“O Custo Padrão designa um custo pré-determinado que
representa o valor ideal ou ponto de referência de custos para uma
empresa. No início de cada exercício as empresas estabelecem os
seus valores padrão para os diversos tipos de custos sejam eles os
custos das matérias primas, custos com o pessoal, gastos gerais
de fabricação, etc., constituindo estes a referência para o
estabelecimento de objetivos.
O custo padrão baseia-se em referências determinadas a partir da
análise das condições “normais” de produção, considerando um bom
desempenho de mão-de-obra, uso de matéria-prima, máquinas e
equipamentos e outros fatores de produção.
O termo “custo padrão” pode ser explicado pelos seus dois
componentes: padrão e custo. Os padrões de custos são os custos
predeterminados cientificamente para materiais, mão-de-obra e custos indiretos
aplicados a um produto ou serviço. Para estabelecer os padrões de custos
deve-se: efetuar uma cuidadosa seleção de materiais, um estudo de tempos e
movimentos dos processos, um estudo técnico sobre os equipamentos e
demais instalações produtivas.
Deve-se pensar em um padrão em termos de itens específicos, tais
como quilos de materiais, horas de mão-de-obra exigidas e horas de
capacidade de fábrica a empregar. Esses padrões físicos que formam a base
de cálculo de um custo padrão devem ser fixados com a maior precisão.
2.3.2- Principais diferenças entre custo padrão e custo real.
Ao se falar de custo padrão, muitas pessoas se questionam se ele
substitui o custo real.
No custo real a determinação dos custos é feita após o fato gerador
deste custo ter ocorrido e ter sido contabilizado, ou seja, como o próprio nome
19
descreve é o custo que realmente aconteceu, o custo incorrido para produção
de determinado produto.
No custo padrão a determinação dos custos antes do início da produção,
é o que faz a distinção dele com os outros métodos de custo existentes. Esta
previsão servirá como parâmetro de avaliação e serão cotejados com os custos
reais da produção em um determinado período. Tais diferenças serão
naturalmente postas em discussão e analisadas para que se possa tomar
alguma decisão no que tange à correção de comportamento.
Em consonância com PADOVEZE ( 1996, p.286 ) ,
“O Custo-Padrão só fornece informações preciosas se estiver
acoplado a outro sistema de custeamento com base em custos reais”
, criando assim uma base de comparações que dará condições para
a empresa analisar as causas das distorções ocorridas e decidir a
melhor maneira de corrigi-las.
Isso nos leva a concluir que a implementação do custo padrão não
significa a eliminação do custo real, pelo contrário, ele só se torna eficaz na
medida da existência do custo Real como medida de comparação. Desta forma
verificamos que o objetivo do custo padrão é determinar o custo que deveria
incorrer possibilitando o comprometimento dos setores responsáveis por
cumprir as metas estabelecidas e dar condições de medir a eficácia
operacional da empresa, enquanto que o objetivo do custo real é demonstrar o
quanto foi efetivamente gasto na produção de determinados bens e servir de
base para comparação com o custo padrão.
2.4- Tipos de Custo Padrão.
Existem três tipos básicos de Custo-Padrão:
a) Custo Padrão Ideal;
b) Custo Padrão Estimado;
20
c) Custo Padrão Corrente.
O custo padrão ideal é fixado levando em consideração condições ideais
de qualidade de materiais, utilização máxima da capacidade produtiva,
melhores índices de eficiência da mão-de-obra, equipamentos e etc.
Representa o custo de um produto produzido sem qualquer desperdício de
materiais, ociosidade de máquinas e pessoas ou falhas no processo produtivo.
É tomado como o custo meta da empresa, porém dificilmente será
atingido, pois não tem margem para eventuais problemas que possam ocorrer
como oscilação da produtividade, perdas maiores do que o planejado,
problemas com fornecedores, entre outros.
O custo padrão estimado se baseia nos fatos ocorridos em períodos
passados, pressupõe que a média dos custos de períodos passados se
repetirão na mesma proporção, ou seja estima-se qual deverá ser o custo para
um determinado período futuro.
Assim o custo padrão estimado provavelmente não demonstrará
possíveis problemas no processo, pois ao utilizar fatos ocorridos anteriormente
ele já os considera como base para sua estimativa.
A terceira forma de emprego do custo padrão é o custo padrão
corrente. Este considera a ineficiência que a empresa tenta eliminar.
O custo padrão corrente está mais próximo da realidade, pois é feito
através de estudos do que ocorre no dia-a-dia da empresa e a meta fixa pode
ser alcançada em curto ou médio prazo.
"O corrente leva em conta os fatores de produção que a empresa
realmente tem a sua disposição, como máquinas que possui, mão-de-obra na
qualidade que detém ou pode recrutar no período etc." MARTINS (2009,
p.316).
21
Podemos então concluir que uma vez que o custo padrão é utilizado
para o controle, a melhor forma para se empregar é o corrente, já que este é
feito através de estudos teóricos e práticos da empresa, e quando comparado
com a realidade da empresa, apontará os problemas e ineficiência do processo
produtivo.
22
CAPÍTULO III
CUSTO PADRÃO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO
O ponto de partida para utilização do custo padrão é a definição dos
padrões a serem seguidos. Estes padrões são o fundamento do sistema e
devem representar estimativas, fixadas de preferência em quantidades físicas e
valores monetários, sejam elas de mão de obra, materiais, horas máquina entre
outros.
Vale ressaltar que não é papel da contabilidade de custos definir estes
padrões a serem seguidos, uma vez que ela normalmente não dispõe de
especialistas no processo produtivo, sendo assim, esta tarefa de fixação dos
padrões costuma ficar ao cargo da engenharia de produção.
3.1- Natureza dos padrões
3.1.1 Padrões Quantitativos.
Para determinação do padrão quantitativo se faz necessário considerar
as especificações do produto, o desperdício normal, o desperdício inevitável e
os métodos de produção. Este padrão pode servir de base para análise da
quantidade de matéria prima utilizada para produzir um produto, entre outros.
3.1.2 Padrões de Eficiência de Trabalho.
O estabelecimento de padrões de eficiência de trabalho é uma tarefa
complexa uma vez que normalmente quando é feito um estudo de tempos e
movimentos, os colaboradores sabem que estão sendo avaliados e tem o
costume de se esforçar ao máximo para demonstrar que são eficientes, isto
pode gerar a criação de um padrão muito elevado, uma vez que normalmente
temos oscilações de performance durante o período produtivo.
23
Segundo HORNGREN ( 1989, p.220 ),
“ para ser eficaz, o estudo deve levar em conta as condições
prevalecentes no local de trabalho, não só a própria operação. Isto
significa profunda consideração de fatores como equipamentos,
manejo e disponibilidade de materiais, roteiros e instruções de
operários.”
Sendo assim também devem ser considerados no estabelecimento do
padrão um percentual de oscilação devido à fadiga e descanso dos
colaboradores e também devido à má qualidade de materiais que podem
ocasionar um retrabalho ou um trabalho mais vagaroso.
3.1.3 Padrões de Preço de Matéria Prima.
Os padrões de preço de matéria prima normalmente se baseiam nos
preços esperados para o período em questão.
Segundo HORNGREN ( 1989, p. 210 ),
“...é possível exercer certo controle sobre os preços solicitando
numerosas cotações, comprando em lotes econômicos,
barganhando, selecionando o meio de transporte mais econômico e
aproveitando os descontos de pagamento à vista.”
3.2- Análise das Variações entre o Custo Padrão e Real.
Segundo MARTINS ( 2009 , p. 323 ), “ ao serem obtidos os valores de
Custo Real, a primeira providência é a sua comparação com o padrão, para se
aquilatarem as diferenças.”
Para iniciarmos as comparações vamos utilizar como exemplo os
valores abaixo:
Custo Padrão: Custo Total por unidade = R$ 340
Custo Real: Custo Total por unidade = R$ 385
24
Analisando a variação que foi de R$ 45, podemos concluir que algo não
ocorreu conforme planejado, porém precisamos de mais detalhes para
identificarmos aonde ocorreu a variação. Ao decompor os valores acima
chegamos ao detalhamento abaixo:
Custo-padrãoMateriais Diretos 170R$ Mão-de-obra Direta 95R$ Custos Indiretos 75R$ 340R$ /un
Custo RealMateriais Diretos 185R$ Mão-de-obra Direta 105R$ Custos Indiretos 95R$ 385R$ /un
Variação TotalMateriais Diretos 15R$ Mão-de-obra Direta 10R$ Custos Indiretos 20R$ 45R$ /un D
Quadro 1 - Fonte: MARTINS ( 2009, p.324 )
Ainda temos uma visão que não nos permite tomar decisões que
possam vir a corrigir as anomalias, sendo assim vamos analisar
separadamente cada divisão acima.
3.2.1 Variação de materiais diretos.
Podemos observar analisando o quadro dois na página seguinte que
tivemos dois tipos de variação em relação ao padrão estabelecido.
25
Custo PadrãoMatéria-Prima X 16 kg x R$4,00/kg = R$ 64Matéria-Prima Y 5 m x R$10,00/m = R$50Embalagem 80 fl x R$0,70/fl = R$56 170R$ /un Custo RealMatéria-Prima X 19 kg x R$4,20/kg = R$79,80Matéria-Prima Y 4 m x R$13,55/m = R$54,20Embalagem 75 fl x R$0,68/fl = R$51,00 185R$ /un Variação TotalMatéria-Prima X 15,80R$ Matéria-Prima Y 4,20R$ Embalagem 5,00R$ 15R$ /un D
Quadro 2 - Fonte: MARTINS ( 2009, p.324 )
A primeira delas foi a variação de quantidade consumida de cada
material. Para demonstrar o impacto desta variação no aumento do custo real
dos materiais diretos, vamos utilizar a matéria prima X como exemplo.
Para calcular a variação basta subtrairmos a quantidade real consumida
da quantidade padrão:
Quantidade real consumida = 19 Kg
Quantidade padrão = 16 Kg
Diferença = 3 Kg
Ao multiplicarmos a diferença pelo preço padrão achamos o valor do
impacto que se deve a variação de quantidade.
3 Kg x R$4,00 = R$ 12,00
Sendo assim podemos afirmar que da variação total de R$15,80 da
matéria prima X, R$12,00 se devem ao aumento do consumo desta matéria
prima no processo produtivo.
O segundo tipo de variação é a variação de preço, ou seja, no caso do
exemplo acima, o quanto o valor da compra da matéria prima, seja ele mais
caro ou mais barato, impactou na variação desfavorável do custo real em
relação ao custo padrão.
26
Para calcularmos esta variação basta subtrairmos o preço de compra
real do preço de compra padrão.
Preço de compra real = R$4,20/Kg
Preço de compra padrão = R$4,00/Kg
Diferença = R$0,20/Kg
Ao multiplicarmos a diferença pela quantidade padrão achamos o valor
do impacto que se deve a variação de preço.
R$0,20 x 16Kg = R$3,20
Podemos perceber que somando os dois impactos, de quantidade e de
preço, chegamos ao valor de R$15,20.
R$12,00 + R$3,20 = R$15,20
Ao compararmos com a diferença apontada no quadro 2, verificamos
que existe uma diferença de R$0,60.
R$15,80 – R$15,20 = R$0,60
Esta diferença se refere a um terceiro tipo de variação, a variação mista.
Para explicarmos esta variação iremos utilizar o quadro abaixo como exemplo.
Preço R$ Variação de Preço
Preço Real = R$ 4,20 Variação MistaPreço Padrão = R$ 4,00
Variação de Quantidade
Quantidade Padrão = 16 KG QuantidadeQuantidade Real = 19 KG
Quadro 3 - Fonte: MARTINS ( 2009, p. 325 )
27
A área central do retângulo representa o custo padrão, pois se trata do
preço padrão multiplicado pela quantidade padrão.
A área colorida de cinza acima do retângulo central representa a
variação do preço de compra, e a área colorida de cinza à direita do retângulo
central representa a variação de quantidade consumida.
A área branca no canto superior direito representa a variação mista, que
nada mais é do que o valor da diferença de preço multiplicado pela diferença
de quantidade.
R$0,20 x 3Kg = R$0,60.
Somando os valores da variação de quantidade, variação de preço e
variação mista chegamos ao total da variação da matéria prima X.
R$12,00 + R$3,20 + R$0,60 = R$15,80
Os mesmos cálculos devem ser feitos para a matéria prima Y e para a
embalagem, afim de compor o total de variação de materiais diretos.
3.2.2 Variação de mão de obra direta.
Para calcularmos a variação de mão de obra direta iremos utilizar o
mesmo raciocínio e maneira de cálculo da variação de materiais diretos. A
única diferença será com relação a nomenclatura utilizada, substituindo a
variação de preço por variação de taxa e a variação de quantidade por variação
de eficiência.
Decompondo a segunda divisão do quadro 2 chegamos aos seguintes
números de mão de obra direta.
28
Padrão:No departamento A: 40 h x R$1,20/h = 48,00R$ No departamento B: 20 h x R$2,35/h = 47,00R$ R$ 95/un RealNo departamento A: 46 h x R$1,25/h = 57,50R$ No departamento B: 19 h x R$2,50/h = 47,50R$ R$ 105/un
Quadro 4 - Fonte: MARTINS ( 2009, P.330 )
Podemos calcular a variação de eficiência no departamento A,
subtraindo as horas realmente utilizadas da quantidade de horas padrão e
multiplicando pela taxa padrão.
Variação de eficiência = ( 46h – 40h ) x R$1,20/h = R$7,20
A variação da taxa é calculada da mesma forma, multiplicando-se a
diferença entre a taxa real e taxa padrão pelas horas padrão.
Variação de taxa = ( R$1,25/h – R$1,20/h ) x 40/h = R$2,00
Assim como na variação de materiais diretos, na variação de mão de
obra direta, também temos a variação mista. Que será calculada multiplicando-
se a diferença de horas pela diferença de taxa.
Variação mista = ( 46h – 40h ) x ( R$1,25/h – R$1,20/h ) = R$0,30
Ao somarmos as três variações acima encontramos o total de variação
do departamento A em relação ao padrão estabelecido.
O mesmo deve ser feito com relação ao departamento B para
compormos o total da variação de mão de obra direta.
3.2.3 Variação de custos indiretos.
Suponhamos que a determinação do custo indireto padrão de
R$75,/und. demonstrado no quadro 2, tenha sido feita da maneira descrita
abaixo.
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Padrão de Custo Indireto Variável: R$45/und
Padrão de Custos Indiretos Fixos: R$30.000/mês
Volume padrão de Produção: 1.000 und/mês
Custo Indireto Padrão Total:
Variável: R$45/und x 1.000 und/mês = R$ 45.000 /mês
Fixo: R$ 30.000 /mês
Total: R$ 75.000 /mês : 1.000 und/mês =
Padrão de CIP por unidade = R$75 /und/mês
Para compararmos estes valores com o que realmente ocorreu vamos
dizer que os custos indiretos de produção reais foram:
CIP Reais Totais: R$76.000
Volume real produzido 800 und.
Com estes valores chegamos ao custo indireto total real demonstrado no
quadro 2, ao dividirmos o CIP real total pelo volume produzido.
Custo indireto total ocorrido = R$ 76.000 / 800 und. = R$95/und.
Podemos melhor identificar o motivo desta variação dividindo-a em
variação de volume de produção e variação de custo de produção.
O cálculo da variação de volume é feito primeiramente multiplicando-se
os custos variáveis pela quantidade produzida, após adicionamos os custos
fixos que permanecerão os mesmos.
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Custos Indiretos Variáveis : R$450/und x 800und/mês = R$36.000
Custos Indiretos Fixos: R$30.000
Total: R$66.000
O total dos custos indiretos, dividimos pela quantidade produzida para
encontrarmos o CIP por unidade no volume de produção informado.
CIP und = R$66.000 : 800 und = R$82,50
A diferença entre o CIP encontrado e o CIP padrão é a variação de
volume.
CIP und. com volume reduzido = R$ 82,50
CIP und. Padrão = R$ 75,00
Variação de volume= R$ 7,50/und.
Para calcularmos a variação de custo basta raciocinarmos da seguinte
maneira: uma vez que a variação total entre o custo indireto real e o custo
indireto padrão foi de R$20,00 por unidade ( R$95 – R$75 ), e a variação que
se refere à queda no volume de produção foi de R$7,50/und. A diferença entre
a variação total e a variação de volume será a variação de custo.
Variação de custo = R$20,00 – R$7,50 = R$12,50
A variação de custo ainda pode ser detalhada em diversos fatores tais
como: materiais indiretos; energia elétrica; depreciação entre outros. Porém
não entramos em mais detalhes uma vez que cada empresa pode determinar a
melhor análise para seu processo produtivo, podendo esta análise ser por
departamentos, produtos, linha de produtos, usinas e etc.
3.3- Gestão estratégica de custos.
Cada vez mais, ouvimos falar de gestão estratégica de custos, que
segundo MARTINS ( 2009, p. 297 ), “ vem sendo utilizada nos últimos tempos
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para designar a integração que deve haver entre o processo de gestão de
custos e o processo de gestão da empresa como um todo.”
Ainda segundo MARTINS ( 2009, p. 299 ),
“ Passa a ser papel também da contabilidade de custos prevenir,
evitar, reduzir, eliminar ou otimizar os custos e as despesas,
propiciando aos gestores uma postura muito mais proativa do que
reativa.”
Podemos citar alguns princípios fundamentais da gestão estratégica de
custos como o confronto do custo real com o custo meta e estabelecimento de
mensurações de desempenho para atividades relevantes. Estes dois
princípios são aplicados ao se utilizar o custo padrão como ferramenta de
gestão.
Segundo NAKAGAWA ( 1993, p.54 ),
“ a empresa deve medir o progresso de como está agindo o custo
meta (padrão) estabelecido. Esta informação é crucial, se a empresa
espera reduzir custos durante determinado período de tempo
previamente determinado para chegar ao custo meta.”
Ainda segundo NAKAGAWA ( 1993, p. 54 ),
“ Os objetivos da mensuração de desempenho são: mensurar o nível
de acerto com que as atividades da empresa estão sendo
executadas, em relação às metas e objetivos discutidos e aprovados
durante a fase do processo de planejamento estratégico e oferecer
adequado suporte ao processo de eliminação de desperdícios.”
Caberá então, ao gestor de custos e ao gestor de produção definirem
até onde será necessário se aprofundarem no detalhamento das variações
para que possam se utilizar desta ferramenta de análise com o intuito de
melhor identificar aonde, como e quando ocorrem os problemas durante o
processo produtivo.
32
CAPÍTULO IV
CUSTO PADRÃO NO PROCESSO DE TOMADA DE
DECISÕES.
Para HORNGREN ( 1989, p. 203 )
“ os sistemas de contabilidade de custo-padrão e os sofisticados
relatórios de análise de variações poucas vantagens trarão se os
gerentes responsáveis não os utilizarem como pistas para a análise
dos desempenhos que fugirem dos padrões. Os benefícios reais
aparecem quando os gerentes tomam o sistema e os relatórios como
pontos de partida para o melhoramento das operações.”
Segundo LEONE ( 2000, p. 288), “ a análise das causas dos desvios tem
que ser muito cuidadosa. Entretanto, essa é uma das grandes potencialidades
do custo-padrão”. Vejamos então como podemos utilizar as informações de
maneira a buscar a melhoria dos processos.
Ao se calcular a variação do custo do produto acabado, e verificar que
ele ficou acima do custo padrão, a administração da empresa pode fazer os
seguintes questionamentos:
1- Ocorreu algum problema com a matéria prima comprada, sua
qualidade não estava boa, fazendo assim com que a perda no
processo fosse maior ?
2- Houve um maior consumo de matéria prima devido a falta de
experiência de funcionários recém contratados que desperdiçavam
tempo e matéria prima ?
3- As máquinas responsáveis pela produção estavam mal ajustadas e
tiveram mais panes do que o esperado gerando perda de tempo e
matéria prima ?
4- As máquinas responsáveis pela produção estão obsoletas e geram
muito desperdício ?
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5- Houve aumento no preço de compra da matéria prima ?
Para verificar o que ocorreu a administração deve questionar os
responsáveis por cada área envolvida.
No caso do primeiro questionamento os responsáveis são o setor de
compras e o setor de qualidade, que irão respectivamente informar se houve
alguma alteração de fornecedor de matéria prima, e se houve algum problema
de qualidade do produto.
Caberá a administração da empresa então tomar a decisão de alterar o
fornecedor, cobrar do fornecedor atual mais qualidade em seus produtos ou
aumentar os testes de qualidade antes do início do processo produtivo.
No segundo questionamento podemos utilizar o custo padrão para
verificar a taxa de eficiência da mão de obra, comparando a taxa padrão com a
taxa ocorrida, o que nos apontará se os colaboradores gastaram mais tempo
do que o padrão para produzir os produtos acabados.
Ficará a cargo da administração da empresa tomar a decisão de investir
em capacitação de seus funcionários para que possam produzir mais e melhor,
buscar um profissional melhor capacitado para a função, ou até mesmo, rever
os processos atuais de produção.
Segundo HORNGREN ( 1989, p.222 ) “ Entre as causas de ineficiência
da mão de obra, podem ser incluídas as quebras de máquinas, a reusinagem,
o material defeituoso, o uso de equipamento diferente do preferencial, e etc”.
Na terceira hipótese ao compararmos o padrão de disponibilidade de
horas máquina com o efetivamente ocorrido, poderemos verificar se as
máquinas estão funcionando corretamente ou se estão tendo inúmeras panes
que comprometam a capacidade produtiva.
A administração da empresa poderá então rever o planejamento de
manutenção periódica das máquinas, atuando de forma proativa para evitar
que as panes ocorram.
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Para a quarta possibilidade o custo padrão poderá ser utilizado ao se
comparar o padrão de dois setores um que tenha máquinas obsoletas e outro
que tenha máquinas modernas.
Analisando a diferença de produção destes dois setores a administração
da empresa poderá tomar a decisão de substituir o parque de máquinas que
está obsoleto por máquinas modernas.
Na quinta hipótese basta verificar a variação do preço de compra de
matérias primas com o padrão de preços.
Ao se detectar um aumento no valor de compra em relação ao padrão, a
administração da empresa deve questionar o setor de compras, quais foram os
motivos deste aumento, verificar a possibilidade de troca de fornecedor ou até
mesmo a negociação de um contrato de exclusividade que melhore o preço de
compra.
Todas as decisões relativas a compra de matéria prima devem ser
cuidadosamente analisadas para evitar a parada de produção por falta de
matéria prima, ou até mesmo por má qualidade desta.
Estas são apenas algumas possibilidades de análise que servem de
auxílio para a tomada de decisões e planejamento das empresas tendo como
base o custo padrão.
Segundo MARTINS ( 2009, p. 331 ),
“ Algumas vezes as causas são fáceis de ser localizadas; outras
vezes, o tempo despendido em sua pesquisa pode ser muito grande.
Por isso, deve a empresa determinar um valor abaixo do qual não
gastará esforço em localizar a razão da variação; esse valor pode ser
fixado tanto em valor absoluto em reais, como em percentual sobre o
próprio padrão.”
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Para IUDÍCIBUS ( 1993, p.137 ),
“ O analista ficaria perdido ao tentar investigar as causas das
variações se não pudesse dispor de alguma metodologia que lhe
permitisse separar as variações em, pelo menos, duas categorias: as
que devem ser investigadas ( supõe-se que o custo desta
investigação seja compensado pelos benefícios ) e as que recaem na
categoria de flutuações normais, dentro de um sistema que se
encontra em condições de controle, devidas a fatores aleatórios, e
que não vale a pena investigar”.
Ainda segundo IUDÍCIBUS ( 1993, p.137 ), “ Existem formas e métodos
que se valem, basicamente, da estatística para apreciar o assunto sob uma luz
mais operacional”.
Podemos então observar que existem inúmeras possibilidades de
análise e que “ dependendo da razão averiguada, far-se-á uma verificação da
possibilidade de ser ela controlável ou não pela empresa” MARTINS ( 2009, p.
331). Ao se constatar que o controle da variação é possível a administração da
empresa deverá tomar medidas junto aos responsáveis pela variação
buscando soluções para os desvios.
Para MARTINS ( 2009, p.333 ), “ O importante do custo padrão não é
apenas a quantificação das variações, mas também a localização das causas
da sua existência e tentativa de sua erradicação”.
Segundo CERTO e PETER ( 2003 ),
“ O controle estratégico é composto pela medição do desempenho
organizacional, por uma comparação do desempenho organizacional
com objetivos e padrões definidos e a tomada de ações baseada nas
informações obtidas através desse processo.”
Sendo assim podemos verificar a importância do custo padrão no
processo de controle estratégico e tomada de decisões, uma vez que é o ponto
central deste processo.
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Para melhor entendermos a participação do custo padrão no processo
de controle estratégico vamos analisar a figura abaixo.
Figura 2 – Fonte: CERTO e PETER ( 2003 )
Ao apurarmos as medidas de desempenho organizacional
qualitativamente e quantitativamente, através do que realmente ocorreu,
comparamos com os padrões pré estabelecidos, se os objetivos padrões forem
alcançados, não é necessária nenhuma ação corretiva, enquanto que, se os
objetivos padrões não forem alcançados os gerentes, gestores e
administradores da empresa poderão executar ações corretivas para atingir
então as medidas de desempenho desejadas.
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CONCLUSÃO
Analisando a forma de emprego do Custo Padrão, conclui-se que duas
utilidades podem ser consideradas as mais importantes, são elas o controle e a
avaliação de desempenho.
Conclui-se, também, que o custo-padrão, serve como base para o
processo de planejamento, controle e avaliação das operações e seus
respectivos resultados.
Pode-se afirmar também que outra importante contribuição do custo-
padrão para a obtenção de um melhor desempenho econômico de uma
empresa é a sua utilidade como instrumento de controle, pois através do
processo de mensuração de desempenho torna-se possível a interligação e o
relacionamento entre o planejamento e o próprio controle. Desta forma, as
operações podem ser acompanhadas e os objetivos planejados comparados
com os objetivos alcançados, tornando possível a tomada de decisões para
correção dos desvios e obtenção do lucro planejado.
Podemos citar como benefícios da utilização do custo padrão:
• A programação das atividades industriais com base nos padrões de
custos, através da determinação dos padrões de taxa de mão de obra e
quantidade de materiais diretos consumidos;
• O melhoramento dos controles internos da empresa, pois o custo
padrão analisa os custos comparando os previstos com os realizados;
• A diminuição das falhas no processo produtivo pois o custo padrão
quantifica e analisa os desvios ocorridos , permitindo que as causas sejam
identificadas, investigadas e principalmente que as ações corretivas ou
preventivas sejam tomadas para que o mesmo problema não aconteça
novamente;
• A agilidade na informação, que será utilizada para tomada de decisões
mais rápidas, uma vez que com o custo padrão é possível saber qual o custo
do produto a qualquer momento, ao contrário do custo real que só informará o
custo no final do mês, pois alguns custos como o de energia elétrica só são
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conhecidos no final do mês quando é efetivamente enviada a conta pela
operadora;
• O auxílio na elaboração e acompanhamento do orçamento;
• O auxílio aos gestores para que hajam de forma preventiva e corretiva
para conduzir a empresa ao resultado planejado e desejado.
De uma maneira geral, o principal benefício do custo-padrão está no fato
de permitir todo o processo de planejamento, controle e avaliação de
desempenho das operações e negócios da empresa.
Podemos então concluir que a adequada utilização do custo-padrão
como instrumento de gestão de custos pode contribuir, decisivamente, no
sentido de proporcionar um melhor desempenho econômico à empresa.
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BIBLIOGRAFIA
PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial – Um Enfoque em Sistema de
Informação Contábil. São Paulo: Atlas, 1996.
NAKAGAWA, Masayuki. Gestão Estratégica de Custos – Conceito, Sistemas e
Implementação. São Paulo: Atlas, 1993.
HORNGREN, Charles T. FOSTER, George. DATAR, Srikant M. Contabilidade de
Custos. Rio de Janeiro: LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1997.
HORNGREN, Charles T. FOSTER, Contabilidade de Custos – Um Enfoque
Administrativo. São Paulo: Atlas, 1989.
CERT, Samuel C., PETER, J. Paul. Administração Estratégica: Planejamento e
Implantação da Estratégia. São Paulo: Editora Makron Books, 2003.
KAPLAN, Robert S.,JOHNSON, H. Thomas. A Relevância da Contabilidade de Custos.
Rio de Janeiro: Campus, 1996.
IUDÍCIBUS, Sérgio . Análise de Custos. São Paulo: Atlas, 1993.
MAHER, Michael. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2001.
LEONE, George S. Guerra. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas,
2000.
BORNIA, Antonio Cezar. Análise Gerencial de Custos. Bookman, 2002.