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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O Sistema de Gestão Ambiental e a Sustentabilidade nas organizações. Por: Marcio José Rodrigues Cavalcanti Orientador Prof. Ms. José Francisco Carrera Rio de Janeiro 2010 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... tendo como referência a ABNT NBR ISO 14001, ... Especificação e Diretrizes para Uso; ISO 14004, ... Diretrizes para Auditoria

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O Sistema de Gestão Ambiental e a Sustentabilidade

nas organizações.

Por: Marcio José Rodrigues Cavalcanti

Orientador

Prof. Ms. José Francisco Carrera

Rio de Janeiro

2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

2

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O Sistema de Gestão Ambiental e a sustentabilidade

nas organizações.

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Ambiental.

Por: Marcio José Rodrigues Cavalcanti

3

AGRADECIMENTOS

A Prof. José Francisco Carrera, pela

orientação na elaboração desta

monografia e aos demais que de

alguma forma, contribuíram ao longo

do nosso curso para termos acesso

aos conhecimentos utilizados na

elaboração desta monografia.

4

DEDICATÓRIA

.....dedica-se aos meus filhos

Rodrigo, Mariah, Fernanda e a

minha esposa Mônica,

responsáveis por todos os

meus investimentos pessoais.

Que esse trabalho possa, de

alguma forma, incentivá-los nos

seus caminhos.

5

RESUMO

Este estudo pretende relacionar a gestão ambiental de organizações de médio

e grande porte, que atuam no Brasil, com seus projetos de sustentabilidade.

Para isso, é apresentado inicialmente o conceito de sistema de gestão de

forma genérica, relacionando-o a uma abordagem por processos, para em

seguida focar na questão ambiental e suas especificidades. Além disso,

apresentar também a composição básica de um sistema de gestão ambiental e

suas possibilidades, tendo como referência a ABNT NBR ISO 14001, norma

brasileira de requisitos de orientação para uso em sistemas de gestão

ambientais. Num segundo momento, são estudados diversos conceitos de

sustentabilidade e os caminhos escolhidos pelas organizações para alcançar a

perenidade no negócio. Para então e finalmente, identificar e relacionar o papel

do Sistema de Gestão Ambiental no desenvolvimento desses projetos,

apresentando casos ocorridos nas organizações que desenvolviam o seu

sistema de gestão ambiental também com esse foco.

Palavras-chave: Sistema de Gestão – Sistema de Gestão Ambiental –

Sustentabilidade

6

METODOLOGIA

Serão utilizadas como fonte de pesquisa a norma ISO 14001:2004, a

legislação ambiental do país, os balanços sociais publicados por organizações

nacionais ou multinacionais estabelecidas no país, livros e revistas

especializadas.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................9

1. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL....................................................12

1.1 Sistema de Gestão Ambiental.....................................................12

1.2 Série ISO 14000..........................................................................13

1.3 Comitê Técnico 207 e o CB38.....................................................14

1.4 ISO 14001....................................................................................16

1.5 Certificação..................................................................................17

1.6 As revisões da norma ISO 14001................................................18

1.7 Definições Fundamentais da Série ISO 14000............................19

1.7.1 Meio Ambiente.............................................................................19

1.7.2 Aspecto ambiental.......................................................................19

1.7.3 Impacto ambiental........................................................................19

1.7.4 Política ambiental.........................................................................19

1.7.5 Sistema de gestão ambiental.......................................................20

1.7.6 Auditoria do sistema de gestão ambiental...................................20

1.7.7 Objetivo ambiental.......................................................................20

1.7.8 Meta ambiental............................................................................20

1.7.9 Desempenho ambiental...............................................................20

1.7.10 Organização.................................................................................21

2. SUSTENTABILIDADE............................................................................22

3. A PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÂO AMBIENTAL NA

SUSTENTABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES.......................................31

8

3.1 Histórico.......................................................................................31

3.2 Cultura ambiental nas organizações............................................33

3.3 Marketing Verde ou ecológico......................................................38

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................40

REFERÊNCIAS ................................................................................................42

ÍNDICE .............................................................................................................46

FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................48

9

INTRODUÇÃO

A preocupação com os efeitos (Impactos/Danos) oriundos das

interações das atividades humanas, incluso as atividades nas organizações,

com o Meio Ambiente é recente. As nações se manifestaram de forma

organizada, somente em 1972 com a publicação do relatório “The limits of

growth” pelo Clube de Roma, estabelecendo modelos globais baseados nas

técnicas pioneiras de analise de sistemas, projetados para predizer como seria

o futuro se não houvesse modificações ou ajustamentos nos modelos de

desenvolvimento econômicos adotados e de lá para cá, as evidências mostram

que nada mudou e a situação tem-se agravado.

As organizações utilizam do termo sustentabilidade para demonstrar o

seu grau de envolvimentos com as questões econômicas, ambientais e sociais

muitas vezes, se pegando aos mais diversos conceitos disponíveis no mercado

e os relacionando a forma como realiza as suas atividades. Para o que chama

de desenvolvimento sustentável, muitas vezes não tem o entendimento social

sobre o que é ser sustentável, dificultando sua comunicação com a sociedade

e transformando boas intenções em meras ações desarticuladas.

Enquanto isso, os sistemas de gestão se tornam importantes

ferramentas para o desenvolvimento de uma atitude real e positiva com

relação ao tratamento das questões ambientais por essas organizações. Não

abrange todos os requisitos necessários para tornar uma organização

sustentável, mas se constitui alicerce para o desenvolvimento de outras ações

que podem propiciar condições de grande relevância nessa direção.

Dessa forma, esse estudo iniciará com o desenvolvimento do que é um

sistema de gestão ambiental e suas possibilidades, fornecerá conceitos

significativos sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade e mostrará

o que as organizações estão fazendo para aplicar esses conceitos e se

destacarem como organizações socialmente responsáveis e sustentáveis.

10

CAPÍTULO I

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

1.1 Sistema de Gestão Ambiental

Em 1972, foram dados os primeiros passos para o surgimento de um

sistema de gerenciamento ambiental durante a conferência das Nações

Unidas, realizada em Estocolmo, Suécia. Entretanto, o assunto tornou-se

prioridade somente a partir da Conferência das Nações Unidas realizada no

Rio de Janeiro em 1992. Outro passo importante foi a publicação, no mesmo

ano, pela Bristish Standard Institution, da norma BS7750, que buscou ordenar

os procedimentos de gestão empresarial já existentes e, ao mesmo tempo,

permitir a certificação dos Sistemas de Gestão Ambiental. Essa norma

(BS7750) serviu de base para a ISO 14001 e está diretamente relacionada à

BS5750, que é o equivalente inglês da série ISO 9000.

Como descrito na própria NBR ISO 14001, o Sistema de Gestão

Ambiental (SGA) é definido, internacionalmente, como um conjunto de

processos e interações de elementos e fatores, que compõem o meio

ambiente, incluindo-se além dos elementos físicos, biológicos, socio-

econômicos, os fatores políticos e institucionais. Um sistema de gestão do

ambiente é a parte do sistema global de gestão que inclui a estrutura funcional,

atividades de planejamento, responsabilidades práticas, procedimentos,

processos e recursos, para desenvolver, implementar, concretizar, rever e

manter a Política Ambiental.

A Gestão Ambiental se faz com o entendimento da organização dos

fatores e processos que integram no espaço e no tempo, juntamente com a

avaliação das intervenções humanas sobre o meio.

11

Para a organização um SGA deve estabelecer uma política ambiental

adequada à sua própria realidade, que identifique os aspectos ambientais

significativos, os requisitos legais relevantes, estabelecendo os objetivos e

metas ambientais num Programa de Gestão Ambiental.

De acordo com a ISO 14001, o Sistema de Gestão Ambiental requer uma

auditoria periódica, planejada para assegurar a efetividade de cada operação.

As auditorias são projetadas para promover informação adicional à

administração do sistema e provem de informações práticas que podem ou

não diferir dos procedimentos atuais, oferecendo dessa maneira, uma

oportunidade para correção de desvios e melhorias.

Além disso, requer também, uma política ambiental apoiada pela alta

administração; Identificação de aspectos ambientais e impactos significantes;

Identificação de exigências legais; Metas e objetivos ambientais; um programa

de administração ambiental; Definição de papéis, responsabilidades, e

autoridades; Treinamentos e procedimentos de consciência; Processo para

comunicação do SGA a todas as fases interessadas; Documento e

procedimentos de controle operacionais; Procedimentos para resposta de

emergência; Procedimentos para monitorar e medir operações que podem ter

um impacto significante no ambiente; Procedimentos para corrigir não-

conformidades; Registro de procedimentos da administração; Um programa

para examinar ações corretivas; Procedimentos para revisões da

administração.

1.2 Série ISO 14000

Depois da aceitação rápida da série de Normas Técnicas ISO 9000 e do

aumento de padrões ambientais ao redor do mundo, a ISO avaliou a

necessidade de criar padrões ambientais empresariais. Com isso, foi criado,

12

em 1991, o grupo SALVA - Grupo Aconselhador Estratégico no Ambiente,

responsável pela promoção da administração ambiental em semelhança com a

administração da qualidade.

Em 1992, através das recomendações do SALVA, foi criado um novo

comitê, o TC 207, focado na administração ambiental internacional.

A nova série ISO14000 foi então projetada para cobrir sistemas de

administração ambientais, avaliação de desempenho ambiental, etiquetas

ambientais, análise do ciclo de vida e aspectos ambientais em padrões de

produto.

A série ISO 14000 são documentos genéricos aplicáveis para todas as

indústrias. As normas se aplicam a todos os tipos e tamanhos de organizações

e são projetadas para cercar as diversidades geográficas, culturais e sociais.

Em 1996, a ISO colocou à disposição da comunidade mundial as

primeiras normas da série ISO 14000: ISO 14001, Sistema de Gestão

Ambiental, Especificação e Diretrizes para Uso; ISO 14004, Sistema de Gestão

Ambiental, Diretrizes Gerais sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio;

ISO 14010, Diretrizes para Auditoria Ambiental, Princípios Gerais; ISO 14011

Diretrizes para Auditoria Ambiental, Procedimentos de Auditoria, Auditoria de

Sistemas de Gestão Ambiental; e ISO 14012 Diretrizes para Auditoria

Ambiental, Critérios de Qualificação para Auditores Ambientais, de um

conjunto de 28 normas que deverão compor a série.

1.3 Comitê Técnico 207 e o CB38

O Comitê Técnico 207 , que trabalha as normas referentes ao meio

ambiente, representado no Brasil pelo CB38 (Comitê Brasileiro de Meio

13

Ambiente), está dividido em seis sub-comitês; cada um tem sua área de

trabalho e desenvolve documentos relativos a essa área.

Os sub-comitês são os seguintes: Sistema de Gestão Ambiental (SGA),

responsável por desenvolver as normas para as atividades de estabelecimento

da política ambiental, objetivos e responsabilidades e para sua implementação

através do planejamento, medidas de efetividade e controle do impacto

ambiental; Auditoria Ambiental (AA), responsável pela normalização no campo

da auditoria ambiental e pesquisas correlatas; Rotulagem Ecológica

responsavel pelo desenvolvimento de terminologia padronizada, definições,

símbolos, métodos de teste, sumário de testes, relatórios padrão, etc;

Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) responsável pelo

estabelecimento de diretrizes a avaliação dos efeitos ambientais dos produtos

e serviços e o efeito dos negócios sobre o ambiente; Avaliação de Ciclo de

Vida (ACV) responsável pelo desenvolvimento de programas padronizados

para a análise dos impactos ambientais dos produtos, processos e serviços

durante o ciclo de vida, incluindo a produção e utilização da matéria-prima,

práticas de manufatura, métodos de distribuição e opções relacionadas à

disposição final e reciclagem; Termos e Definições responsável por padronizar

terminologia e harmonizar as normas com os demais Comitês dentro da ISO;

Aspectos Ambientais em Normas de Produtos, responsável por desenvolver

diretrizes para uso por outros Comitês Técnicos, visando incluir os elementos

ambientais nas próximas normas de produto.

Essas áreas de trabalho se situam em dois grupos gerais. As normas de

SGA, AA e ADA são utilizadas para avaliar a organização enquanto as demais

avaliam o produto e/ou o processo.

As normas SGA fornecem a base para o sistema gerencial ambiental. A

auditoria e a avaliação de desempenho ambiental são ferramentas gerencias

que representam um papel crítico na implantação bem sucedida de um SGA.

14

As normas de rotulagem, avaliação do ciclo de vida e aspectos ambientais em

normas de produtos avaliam e analisam características de produtos e

processos, dando suporte ao SGA.

1.4 NBR ISO 14001

A NBR ISO 14001 é a única norma da série 14000 utilizada para fins de

certificação, enquanto os 16 documentos restantes já publicados, e os 10

outros documentos em elaboração, são documentos que fornecem diretrizes

para auxiliar as organizações a desenvolver e manter seus Sistemas de

Gestão Ambiental, bem como para ajudá-los com os elementos dos programas

de gerenciamento ambiental (como, por exemplo, a avaliação do ciclo de vida),

e com as ferramentas de identificação e avaliação de aspectos e impactos

ambientais.

A norma ISO 14001 é uma norma de gerenciamento e não uma norma de

produto ou desempenho. Ou seja, a ISO 14001 é um padrão ambiental

empresarial, não é um padrão de produto. Ela não estabelece padrões para

desempenho ambiental, mas define exigências para um Sistema de Gestão

Ambiental (SGA) efetivo. O propósito da ISO 14001 é auxiliar empresas a

melhorar seu desempenho ambiental. Porém são as próprias empresas que

estabelecem padrões para seu desempenho ambiental e suas metas para

melhoria contínua. Dessa forma, a ISO 14001 define um processo de

gerenciamento das atividades da empresa que tem impacto no meio ambiente.

Algumas importantes características da ISO 14001:

Ela é compreensiva: Todos os membros da organização participam na

proteção ambiental (clientes, funcionários, acionistas, fornecedores e a

sociedade). São utilizados processos para identificar todos os impactos

15

ambientais. A ISO 14001 pode ser utilizada por qualquer tipo de organização,

industrial ou de serviço, de qualquer porte, de qualquer ramo de atividade;

Ela é pró-ativa: Seu foco é na ação e no pensamento pró-ativo, em lugar

de reação a comandos e políticas de controle do passado;

Ela é uma Norma de Sistema: Reforça o melhoramento da proteção

ambiental pelo uso de um único sistema de gerenciamento, permeando todas

as funções da organização.

Como já foi dito anteriormente, para a ISO 14001, com exceção de

exercer a melhoria contínua com a legislação aplicável, o padrão não

estabelece exigências absolutas para o desempenho ambiental. Isso significa

que, organizações desempenhando atividades semelhantes, podem ter gestão

ambiental empresarial e desempenho ambiental extensamente diferentes e

apresentarem conformidade com a ISO14001.

1.5 Certificação

A ISO 14001 pode ser usada para implantação e desenvolvimento de um

SGA, credenciado ou não. A certificação é o reconhecimento formal,

concedido por um organismo autorizado, que uma organização possui

processos, produtos ou serviços em conformidade com determinadas normas

previamente estabelecidas.

Para o início do processo, a ISO 14001 requer uma Política Ambiental

desenvolvida pela organização e apoiada pela alta administração. A política da

empresa visa não só o pessoal interno, mas também o público. Precisa ser

clara e estar relacionada com a Legislação Ambiental, acentuando o

compromisso de melhoria contínua.

16

O objetivo da ISO 14001 não é apenas ajudar empresas a melhorar o seu

desempenho ambiental, mas também estabelecer e definir padrões para

desempenho de melhoria de sistema organizacional.

A avaliação inicial ou preparatória também deve incluir uma larga

consideração da legislação, podendo em alguns casos ser cópia da mesma. A

empresa deverá declarar seus objetivos ambientais primários, sendo eles os

de maior impacto no meio ambiente. Para obter maior benefício estes se

tornarão as áreas primárias de consideração dentro do processo de melhoria,

e do programa ambiental da empresa. O programa será planejado para

alcançar metas específicas ou objetivos junto a uma meta específica, e deve

descrever os meios para alcançar esses objetivos.

O SGA estabelece procedimentos, instruções de trabalho e controles

para assegurar a implementação da política e realização dos objetivos. A

Comunicação é um fator vital e permite que as pessoas na organização

estejam atentas às suas responsabilidades, sendo capazes de contribuir para

seu sucesso.

1.6 As revisões da norma ISO 14001

Não há a menor dúvida que as normas ISO para Sistemas de Gestão são

um sucesso global. Existem atualmente, em todo o mundo, cerca de 450.000

organizações certificadas pela ISO 9001/2/3 e outras 10.000 pela ISO 14001

(em 1999). Toda essa expressiva aceitação é que tem levado a Organização

Internacional para a Normalização (ISO) a empreender um grande esforço na

revisão de ambas as séries de normas (9000 e 14000) e na melhoria da

compatibilidade entre as mesmas. No Brasil já são cerca de 320 empresas

certificadas pela NBR ISO14001.

17

Em princípio, as normas ISO estão sujeitas, a cada 5 anos, a passarem

por um ciclo de revisão. A exemplo do que ocorreu com a série ISO 9000, a

revisão da norma 14001- que deveria acontecer somente em 2001 - já foi

iniciada, justamente com o objetivo de alinhar seu ciclo revisional ao da ISO

9000 e, assim, assegurar que tais normas sejam totalmente compatíveis para

as empresas que forem utilizá-las em conjunto. Aliás, estima-se que mais de

80% das empresas certificadas pela ISO 14001 também o são pela ISO

9001/2/3.

1.7 Definições Fundamentais da Série ISO 14000

1.7.1 Meio Ambiente

Meio Ambiente é a circunvizinhança em que uma organização opera,

incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas

inter-relações. Neste contexto, circunvizinhança estende-se do interior das

instalações para o sistema global.

1.7.2 Aspecto ambiental

Aspecto ambiental é o elemento das atividades, produtos ou serviços de

uma organização que pode interagir com o meio ambiente. Um aspecto

ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter um impacto ambiental

significativo.

1.7.3 Impacto ambiental

18

Impacto ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou

benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou

serviços de uma organização.

1.7.4 Política ambiental

Política Ambiental é a declaração da organização, expondo suas

intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que

provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas

ambientais.

1.7.5 Sistema de gestão ambiental

Sistema de gestão ambiental é a parte do sistema de gestão global que

inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,

práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar,

atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental.

1.7.6 Auditoria do sistema de gestão ambiental

A Auditoria do Sistema de Gestão Ambiental é o processo sistemático e

documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva,

evidências que determinem se o sistema de gestão ambiental de uma

organização está em conformidade com os critérios de auditoria do sistema de

gestão ambiental estabelecido pela organização, e para comunicar os

resultados deste processo à administração.

1.7.7 Objetivo ambiental

19

Objetivo ambiental é o propósito ambiental global, decorrente da política

ambiental, que uma organização se propõe a atingir, sendo quantificado

sempre que exeqüível.

1.7.8 Meta ambiental

A Meta ambiental é o requisito de desempenho detalhado, quantificado

sempre que exeqüível, aplicável à organização ou partes dela resultante dos

objetivos ambientais e que necessita ser estabelecido e atendido para que tais

objetivos sejam atendidos.

1.7.9 Desempenho ambiental

O Desempenho Ambiental são os resultados mensuráveis do sistema de

gestão ambiental, relativos ao controle de uma organização sobre seus

aspectos ambientais, com base na sua política, seus objetivos e metas

ambientais.

1.7.10 Organização

Companhia, corporação, firma, empresa ou instituição, ou parte ou

combinação destas, pública ou privada, sociedade anônima, limitada ou com

outra forma estatutária, que tem funções e estrutura administrativa próprias.

Para organizações com mais de uma unidade operacional, cada unidade

isolada pode ser definida como uma organização.

20

CAPÍTULO II

SUSTENTABILIDADE

Segundo Bellen (2006), o conceito de desenvolvimento sustentável surge

de um longo processo histórico de reavaliação crítica da relação que existe

entre a sociedade civil e seu meio natural. Por se tratar de um processo

contínuo e complexo, observa-se a existência uma variedade de abordagens

que procuram explicar o conceito de sustentabilidade e que pode ser mostrada

pelo enorme número de definições desse conceito.

O termo desenvolvimento sustentável foi discutido pela primeira vez na

World Conservation Union, também chamada de International Union for the

Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN) no documento intitulado

World`s Conservation strategy (IUCN et al., 1980). Esse documento afirma que

para que o desenvolvimento seja sustentável devem-se considerar aspectos

referentes às dimensões social e ecológica, bem como fatores econômicos,

dos recursos vivos e não vivos e as vantagens de curto e longo prazos de

ações alternativas. O foco do conceito é a integridade ambiental e apenas a

partir da definição do relatório Brundtland a ênfase desloca-se para o elemento

humano, gerando um equilíbrio entre as dimensões econômica, ambiental e

social.

O relatório Brundtland foi elaborado a partir da World Commission on

Environment and Development (WCED) e trás uma das definições mais

conhecidas afirmando que o desenvolvimento sustentável é o que atende às

necessidades das gerações presentes sem comprometer as possibilidades das

gerações futuras atenderem suas próprias necessidades (WCED, 1987).

Para Goldsmith e co-autores (1972), uma sociedade pode ser considerada

sustentável quando todos os seus propósitos e intenções podem ser atendidos

21

indefinidamente, fornecendo satisfação ótima para seus membros. Pronk e ul

Haq (1992) destacam o papel do crescimento econômico na sustentabilidade.

Para eles, o desenvolvimento é sustentável quando o crescimento econômico

trás justiça e oportunidades para todos os seres humanos do planeta, sem

privilégio de algumas espécies, sem destruir os recursos naturais finitos e sem

ultrapassar a capacidade de carga do sistema.

Para algumas organizações não-governamentais, e para os programas

das Nações Unidas para o Meio Ambiente e para o desenvolvimento (PNUMA

e Pnud), o desenvolvimento sustentável consiste na modificação da biosfera e

na aplicação de seus recursos para atender as necessidades humanas e

aumentar a qualidade de vida (IUCN et al., 1980). Para assegurar a

sustentabilidade do desenvolvimento devem-se considerar os fatores social,

ecológico e econômico, dentro das perspectivas de curto, médio e longo prazo.

Para Constanza (1991) o conceito de desenvolvimento sustentável deve

ser inserido na relação dinâmica entre o sistema econômico humano e um

sistema maior, com taxa de mudança mais lenta, o ecológico. Para ser

sustentável, essa relação deve assegurar que a vida humana possa continuar

indefinidamente, com crescimento e desenvolvimento de sua cultura,

observando-se que os efeitos das atividades humanas permaneçam dentro de

fronteiras adequadas, de modo a não destruir a diversidade, a complexidade e

as funções do sistema ecológico de suporte à vida. Munasinghe e McNeely

(1995) resumem a sustentabilidade à obtenção de um grupo de indicadores

que sejam referentes ao bem-estar e que possam ser mantidos ou que

cresçam no tempo.

O termo desenvolvimento sustentável pode ser visto como palavra chave

dessa época, e existem para ele numerosas definições. Apesar dessa grande

quantidade de definições do conceito, ou talvez devido exatamente a isso, não

se sabe exatamente o que o termo significa. As duas definições comumente

mais conhecidas, citadas e aceitas são a do Relatório Brundtland (WCED,

22

1987) e a do documento conhecido como agenda 21. A mais conhecida

definição, do Relatório Brundtland, apresenta a questão das gerações futuras e

suas possibilidades. Ela contém dois conceitos chaves: a necessidade

referindo-se particularmente às necessidades dos países subdesenvolvidos, e

a idéia de limitação, imposta pelo estado da tecnologia e de organização social

para atender as necessidades do presente e do futuro.

A questão da ênfase do componente social no desenvolvimento

sustentável está refletida no debate que ocorre sobre a inclusão ou não de

medidas sociais na definição. Esse debate aparece em função da variedade de

concepções de sustentabilidade que contém componentes que não são

usualmente mensurados, como o cultural e o histórico. Os indicadores sociais

são considerados especialmente controversos, pois refletem contextos

políticos e julgamentos de valor. A integração de medidas é ainda mais

complicada por causa das diferentes, e muitas vezes incompatíveis,

dimensões. A definição do Relatório Brundtland não estabelece um estado

estático, mas um processo dinâmico que pode continuar a existir sem a lógica

auto destrutiva predominante. As diferentes forças que atuam no sistema

devem estar em balanço para que o sistema como um todo se mantenha no

tempo.

Segundo Pearce (1993) existem diferentes ideologias ambientais que

fazem do ambientalismo um fenômeno complexo e dinâmico. Dentro do

ambientalismo esse autor identifica dois extremos ideológicos: de um lado o

tecnocentrismo e do outro o ecocentrismo. Dentro dessa linha contínua

podem-se identificar quatro campos distintos, com características particulares:

sustentabilidade muito fraca, fraca, forte e muito forte. A concepção

tecnocentrica pode ser aproximado a um modelo antropocêntrico de relação

Homem-Natureza enquanto a posição ecocêntrica observa essa relação como

simétrica.

23

Pode-se encontrar também um paralelo na associação que Naess (1996)

faz entre ecologia profunda e ecologia superficial. Na ecologia Superficial o

objetivo central é a afluência e a saúde das pessoas, juntamente com a luta

contra a poluição e a depleção de recursos, enquanto o foco da ecologia

profunda se concentra no igualitarismo biosférico e nos princípios da

diversidade, complexidade e autonomia.

Os autores ligados à tendência tecnocêntrica acreditam que a

sustentabilidade se refere à manutenção do capital total disponível no planeta

e que ela pode ser alcançada pela substituição de capital natural pelo capital

gerado pela capacidade humana. No extremo ecocêntrico os autores destacam

a importância do capital natural e da necessidade de conservá-lo não apenas

pelo seu valor financeiro, mas principalmente pelo seu valor substantivo.

Dentro de uma concepção de sustentabilidade muito fraca não existem limites

para o desenvolvimento, fato ressaltado por alguns autores que enxergam no

desenvolvimento sustentável uma estratégia da sociedade contemporânea

para escapar das concepções de limites naturais (Fearnside, 1997). Já para os

postuladores da ecologia profunda existem limites naturais para o

desenvolvimento do nosso planeta.

Dahl (1997) explora toda a temática da sustentabilidade abordando os

inúmeros conceitos, as diversas definições, os mais importantes documentos,

a definição do Relatório Brundtland e o surgimento da Agenda 21 juntamente

com os acréscimos fornecidos pelas conferências do Cairo, Copenhagen,

Beijing, Istambul e Roma. Segundo ele, a definição do Relatório Brundtland é

muito geral e não implica responsabilidade específica a respeito das

dimensões do desenvolvimento sustentável e nem em relação às gerações

futuras. A segunda definição geral, e bem mais aceita atualmente, é todo o

documento intitulado Agenda 21, um plano de ação composto por 40 capítulos,

negociado e adotado dentro da Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992 (United

Nations, 1993).

24

Para Dahl (1997) o termo desenvolvimento sustentável é claramente um

conceito carregado de valores, e existe uma forte relação entre os princípios, a

ética, as crenças e os valores que fundamentam uma sociedade ou

comunidade e sua concepção de sustentabilidade. Dahl pondera que um dos

problemas do conceito refere-se ao fato de que a sociedade deve saber para

onde quer ir para que depois se possa medir se esse objetivo ou direção estão

sendo seguidos ou alcançados. Para alcançar o desenvolvimento sustentável

deve-se chegar a uma concepção que seja compreensiva e, ao mesmo tempo,

compreensível do conceito. Ou seja, que consiga captar o conceito de

desenvolvimento sustentável ao mesmo tempo em que transmite essa

concepção para os atores da sociedade de uma maneira mais clara. Entretanto

o próprio autor reconhece que dar forma a essa concepção não é tarefa fácil.

Alguns métodos que procuram avaliar a sustentabilidade partem da suposição

sobre algumas características e metas da sociedade. Outros procuram

observar as metas e os princípios que emergem da própria sociedade. Todas

essas concepções são importantes para que se tenha um retrato mais

elaborado sobre esse sujeito complexo que é o desenvolvimento sustentável.

“Existem múltiplos níveis de sustentabilidade, o que leva a

questão da inter-relação dos subsistemas que devem ser

sustentáveis, o que, entretanto, por si só, não garante a

sustentabilidade do sistema como um todo.” (Bellen,

2006, p.27)

Tal afirmação significa que é possível observar a sustentabilidade a partir

de subsistemas como, por exemplo, dentro de uma comunidade local, um

empreendimento industrial, uma ecorregião ou uma nação, entretanto deve-se

reconhecer que existem interdependências e fatores que não podem ser

controlados dentro das fronteiras desses sistemas menores.

Bossel (1998, 1999) afirma que só existe uma alternativa à

sustentabilidade, que é a insustentabilidade. O conceito de desenvolvimento

25

sustentável envolve a questão temporal; a sustentabilidade de um sistema só

pode ser observada a partir da perspectiva futura, de ameaças e

oportunidades. Dificilmente é possível verificar a sustentabilidade no contexto

dos acontecimentos. Ele lembra que, no passado, a sustentabilidade da

sociedade humana nunca esteve seriamente ameaçada, uma vez que a carga

provocada pela atividade humana sobre o sistema era de escala reduzida, o

que permitia uma resposta adequada e uma adaptação suficiente. As ameaças

sobre a sustentabilidade de um sistema começam a requerer atenção mais

urgente na sociedade à medida que o sistema ambiental não é capaz de

responder adequadamente a carga que recebe. Se a taxa de mudança

ultrapassa a habilidade do sistema de responder, ele acaba deixando de ser

viável.

As ameaças para a viabilidade do sistema, segundo Bossel (1999, 1998),

derivam de alguns fatores: as dinâmicas da tecnologia, da economia e da

população. Todas podem levar a uma acelerada taxa de mudanças. O autor

reafirma a necessidade de operacionalizar o conceito de sustentabilidade, que

já julga estar implícito na sociedade, acreditando na improbabilidade desse

sistema ter uma tendência de autodestruição. A operacionalização deve

auxiliar na verificação sobre a sustentabilidade ou não do sistema, ou, pelo

menos, ajudar na identificação das ameaças à sustentabilidade de um sistema.

Para isso há a necessidade de se desenvolver indicadores que forneçam

essas informações sobre onde se encontra a sociedade em relação à

sustentabilidade.

Sustentar para Bossel significa manter em existência, prolongar, e, se

aplicado apenas nesse sentido, o conceito não tem, segundo ele, muito

significado para a sociedade humana. Para ele a sociedade humana não pode

ser mantida no mesmo estado. A sociedade humana é um sistema complexo,

adaptativo, incluso em outro sistema complexo que é o meio ambiente. Esses

sistemas co-evoluem em interação mútua, com constante mudança e

26

evolução. Essas habilidades de mudar e evoluir devem ser mantidas na

medida em que se pretenda um sistema que permaneça viável.

Para ele existem diferentes maneiras de alcançar a sustentabilidade de

um sistema com conseqüências diversas para seus participantes. Bossel

lembra que algumas civilizações se mantiveram sustentáveis em seus

ambientes, durante muito tempo, pela institucionalização de sistemas de

exploração, injustiça e de classes que são atualmente inaceitáveis. Para

Bossel (1999), se a sustentabilidade ambiental estiver relacionada com o

prolongamento das tendências atuais, onde uma minoria dispõem de grandes

recursos, as custas de uma maioria, o sistema será socialmente insustentável

em função da pressão crescente que decorre de um sistema institucionalmente

injusto. Uma sociedade ambiental e fisicamente sustentável, que explora o

ambiente em seu nível máximo de sustentação, pode ser psicológica e

culturalmente insustentável. Para ele, a sustentabilidade deve abordar as

dimensões material, ambiental, social, ecológica, econômica, legal, cultural,

política e psicológica.

Bossel constrói um esquema onde mostra os diferentes caminhos que

uma sociedade pode tomar. A partir de seu momento atual, ocorrem diferentes

alternativas de desenvolvimento; entretanto, segundo ele, há diversas

restrições ao desenvolvimento, algumas flexíveis e outras fixas. O campo total

das possibilidades de desenvolvimento é determinado por esses elementos,

deixando apenas um espaço potencial limitado de opções que Bossel chama

de espaço acessível onde o desenvolvimento ocorre. Dentro desse campo

existem inúmeras possibilidades, ou caminhos, de desenvolvimento. Isso leva

à questão das diferentes escolhas ou julgamentos e à inclusão de referências

éticas.

Assim, Bossel afirma que o conceito de desenvolvimento sustentável

deve ser dinâmico. A sociedade e o meio ambiente sofrem mudanças

contínuas, as tecnologias, culturas, valores e aspirações se modificam

27

constantemente e uma sociedade sustentável deve permitir e sustentar essas

modificações. O resultado dessa constante adaptação do sistema não pode

ser previsto, pois é conseqüência de um processo evolucionário.

Em termos gerais para Hardi e Zdan (1977), a Idéia de sustentabilidade

está ligada à persistência de certas características necessárias e desejáveis de

pessoas, suas comunidades e organizações, e os ecossistemas que as

envolvem, dentro de um período de tempo longo ou indefinido. Para atingir o

progresso em direção à sustentabilidade deve-se alcançar o bem estar

humano e dos ecossistemas, sendo que o progresso em cada uma dessas

esferas não deve ser alcançado à custa da outra. Eles reforçam a

interdependência entre os dois sistemas.

Afirmam ainda, que desenvolver significa expandir ou realizar as

potencialidades, levando a um estágio maior ou melhor do sistema. O

desenvolvimento deve ser qualitativo e quantitativo, o que o diferencia da

simples noção de crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável,

ainda para Hardi e Zdan, não é um estado fixo, harmonioso; ao contrário, trata-

se de um processo dinâmico de evolução. Segundo eles, essa idéia não é

complicada, apenas mostra que algumas características do sistema devem ser

preservadas para assegurar a continuidade da vida. Assim como Dahl, eles

afirmam que o sistema é global e apenas um ator, como uma empresa ou

comunidade, não pode ser considerado sustentável em si mesmo; uma parte

do sistema não pode ser sustentável se as outras não o são.

Em relação à questão temporal, um sistema só pode ser declarado

sustentável quando se observa o passado. Como afirmam Constanza e Patten

(1995), um sistema sustentável é aquele que sobrevive ou persiste, mas só se

pode constatar isso posteriormente. Assim, a definição do Relatório Brundtland

é uma afirmação sobre as condições de sustentabilidade dos sistemas naturais

e humanos e não se refere especificamente ao ponto onde eles devem chegar.

Algumas outras abordagens referem-se a aspectos particulares do sistema,

28

que são considerados especialmente importantes para alcançar a

sustentabilidade. Uma delas é o passo natural baseado no fato de que a

natureza deve sobreviver independentemente da sua avaliação econômica

(Robert et al., 1995).

O sistema se fundamenta em quatro condições que devem ser

alcançadas. A primeira delas, diz que as substancias na crosta terrestre não

devem aumentar sistematicamente na ecosfera, a segunda, afirma que as

substancias produzidas pela sociedade não devem aumentar sistematicamente

na ecosfera, na terceira diz que a base física para a produtividade e a

diversidade da natureza não deve ser sistematicamente reduzida e por último,

que os recursos devem ser utilizados correta e eficientemente com relação ao

alcance das necessidades humanas.

Segundo Hardi e Barg (1997), embora seja possível apontar a direção do

desenvolvimento para que este seja mais sustentável, não é possível definir

precisamente as condições de sustentabilidade de determinado

desenvolvimento. O problema da definição é que não pode capturar de

maneira detalhada ou precisa a dinâmica da sustentabilidade humana e

natural. A maior parte do debate contemporâneo sobre sustentabilidade se

refere a visões específicas de diferentes autores sobre aspectos distintos do

conceito. Sem entrar em debate teórico, os autores sugerem que as definições

de sustentabilidade devem incorporar aspectos de sustentabilidade econômica

e ecológica juntamente com o bem estar humano.

Para Rutherford (1997) o maior desafio do desenvolvimento sustentável é

a compatibilização da análise com a síntese. O desafio de construir um

desenvolvimento dito sustentável, juntamente com indicadores que mostrem

essa tendência, é compatibilizar o nível macro com o micro. No nível macro

deve-se entender a situação do todo e sua direção de uma maneira mais geral

e fornecer para o nível micro, onde se tomam as decisões, as informações

importantes para as necessárias correções de rota. Ele afirma que a evolução

29

da ecosfera é resultado da interação, inclusive humana, de milhares de

decisões de nível micro. Por outro lado, existe uma interação do

comportamento do micro em relação ao macro. É necessária uma abordagem

holística se o objetivo é a compreensão mais clara do que seja um

desenvolvimento ambientalmente sustentável e como devem construir seus

indicadores.

Um dos princípios que está por trás de qualquer política que promova o

desenvolvimento sustentável é que o desenvolvimento implica, em menor ou

maior grau, alguma forma de degradação do meio ambiente (Cavalcanti,

1997). Como vários autores mostram, existe um limite físico dentro do qual

uma economia pode operar. Esse limite físico para Daly (1994) é determinado

pelo sistema maior dentro do qual uma economia deve funcionar: o ecológico.

Para Rutherford (1997) deve-se olhar para o problema sob diferentes

perspectivas. As principais esferas são a econômica, a ambiental e a social.

Entretanto, não se deve, segundo ele, restringi-las exclusivamente a seus

domínios e sim ampliar as idéias para o sistema como um todo.

Também para Dahl (1997), o conceito de sustentabilidade pode ser mais

bem entendido a partir de diversas dimensões, e ele cita reiteradamente o

caso das sociedades ocidentais onde a dimensão econômica tem sido

predominantemente utilizada.

“Talvez o fato de existirem diferentes concepções

ambientalistas sobre a ideologia de desenvolvimento

sustentável possa explicar a existência das diversas

definições desse conceito. Entretanto um conceito como

o do desenvolvimento sustentável, com várias

concepções, não pode ser operacionalizado, o que

prejudica a implementação e a avaliação dos processos

desse novo modelo de desenvolvimento. Existe a

30

necessidade de definir concretamente o conceito,

verificando criticamente o seu significado e observando-

se as diferentes dimensões que abrange.” (Bellen, 2006,

p.33)

Considerando a sustentabilidade como um conceito dinâmico que

engloba um processo de mudança, Sachs (1997) afirma que o conceito de

desenvolvimento sustentável apresenta cinco dimensões: Sustentabilidades

social, econômica, ecológica, geográfica e cultural.

31

CAPÍTULO III

A PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO

AMBIENTAL NA SUSTENTABILIDADE DAS

ORGANIZAÇÕES

Segundo Dias (2008), das instituições existentes nas sociedades

humanas, as empresas constituem, hoje, uma dos principais agentes

responsáveis pela obtenção de um desenvolvimento sustentável. A questão na

realidade envolve primeiramente o ambiente interno das empresas, pois não

há condições de atuação responsável de uma organização na sociedade mais

geral, se internamente os seus quadros não estão convencidos da importância

da adoção de práticas ambientalmente corretas. Daí decorre a importância da

adoção de sistemas de Gestão Ambiental entre as preocupações da população

interna.

3.1 Histórico

A partir de 1960, o Brasil passou por um intenso ritmo de industrialização,

com o conseqüente aumento da população nas áreas urbanas, o que provocou

intensificação dos impactos no meio ambiente. Principalmente em áreas

industrializadas, como Cubatão, Volta Redonda, ABC paulista, é que a questão

ambiental começou a ser sentida com mais intensidade, entre outros motivos,

em razão do fenômeno de concentração de atividades urbanas e industriais.

Como reflexo da conferência de Estocolmo (1972), o governo brasileiro

criou, em 30 de outubro de 1973, a secretaria do Meio Ambiente (SEMA).

Nesse mesmo ano, já havia sido criada a Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental (SETESB) em São Paulo (Lei nº 118, de 29 de junho

de 1973), foi criado o Conselho Estadual de Proteção Ambiental (CEPRAM) na

32

Bahia. A partir daí, vários órgãos ambientais foram criados tendo como objetivo

o controle ambiental, e como eixo central de sua atuação a poluição industrial.

Na década de 80, foi criado no Canadá o Programa de atuação

responsável, sob o nome de Responsable Care Program. É considerado um

programa que traz grandes contribuições para a solução dos problemas

ambientais, entre as quais: enfoque proativo, busca de melhoria contínua,

antecipando-se a própria legislação, e visão sistêmica que abarca, em um

mesmo programa, as preocupações com segurança, saúde ocupacional e

meio ambiente.

No Brasil o Programa de atuação responsável é promovido pela

Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), e conta com a adesão

de uma centena de empresas brasileiras. O programa está baseado em seis

áreas: princípios diretivos; códigos de práticas gerenciais; comissões de

lideranças executivas; conselhos comunitários consultivos; avaliação de

progresso; e difusão na cadeia produtiva.

Uma medida que contribuiu para o incremento de ações mais

responsáveis em relação ao meio ambiente foi à obrigatoriedade a partir de

1986, dos estudos de impacto ambiental quando da instalação de novas

unidades industriais e outros empreendimentos de vulto, como represas,

construção de estradas, entre outros.

O Relatório Brundtland, “Nosso Futuro Comum”, destacou a

responsabilidade e o impacto das atividades industriais no desenvolvimento

sustentável. Ofereceu uma visão do crescimento econômico sustentável e da

elevação da qualidade ambiental que poderia ser alcançada através de boas

práticas industriais e produzindo mais com menos, como já apresentado no

capítulo anterior desse estudo.

33

3.2 Cultura ambiental nas organizações

A adoção de um sistema de gestão ambiental nas empresas deve vir

acompanhada de uma mudança cultural, em que as pessoas tem que estar

mais envolvidas com a nova perspectiva. Nesse sentido, alguns hábitos e

costumes arraigados que são consolidados no ambiente externo das empresas

devem ser combatidos e outros positivos devem ser assimilados pelo conjunto

da organização.

No Brasil, há uma disparidade muito grande de comportamento no âmbito

empresarial no que diz respeito às questões ambientais. Enquanto algumas

organizações demonstram grande preocupação com essa questão, outras não

a vêem como significativa para ser incluída no seu planejamento estratégico.

Além disso, a preocupação revelada por muitas empresas pode ter varias

origens, não se constituindo num aumento de consciência ecológica, ou em

maior envolvimento quanto à sustentabilidade.

As pressões sociais de todo o tipo certamente são o fator mais importante

na consideração por muitas empresas da questão ambiental. Ao mesmo

tempo, devemos considerar a influência dos cidadãos dos paises

desenvolvidos, que provocam o surgimento de varias restrições legais às

empresas ali sediadas, além de pressionarem no sentido do desenvolvimento

de tecnologias e produtos ecologicamente aceitáveis. Deste modo, muitas

empresas, quando instalam suas plantas industriais em paises em

desenvolvimento, levam essa cultura organizacional, influenciando a mudança

de atitudes em relação a problemática ambiental. Como descrito por Almeida

(2009) sobre a Natura Cosméticos.

“Reconhecida pelo pioneirismo em sustentabilidade, a

Natura Cosméticos atingiu um estágio de crescimento

que muitos consideram portador de um dilema: deve

atender às demandas e expectativas agressivas do

34

mercado ou avançar ou avançar nos compromissos com

a responsabilidade socioambiental?” (Almeida, 2009,

p.171)

Essas empresas, ao mesmo tempo, partem da premissa de que qualquer

cenário futuro de investimento de forma global deve considerar o crescimento

das preocupações ambientais. A produção de bens para o mercado mundial

deve ser ambientalmente correta, pois existe uma mobilização ambiental ativa

em todo o mundo que conecta os cidadãos dos mais diversos países, através

das organizações não governamentais. Nesse contexto, uma empresa que

insiste em atuar de forma negativa em termos ambientais, em determinado

país, corre o risco de um boicote de seus produtos pelos consumidores de

outras regiões do planeta.

Atualmente, muitos valores culturais relacionados com o meio ambiente,

a infra-estrutura e os conhecimentos técnicos são trazidos pelas empresas

transnacionais. Dessa forma, a difusão de uma cultura ambiental, embutida na

cultura organizacional, se dá através de lideranças, técnicos e outros

profissionais que incorporam novos hábitos e costumes e os repassam às

demais empresas.

Podemos considerar dentro deste contexto, que a cultura ambiental

constitui, em primeiro lugar, um aspecto da cultura de uma empresa, ou seja,

está contida dentro da cultura organizacional. A ela pertencem todos os

hábitos e costumes, conhecimentos, e o grau de desenvolvimento científico e

industrial relacionados com o meio ambiente. Ou seja, a cultura ambiental é o

conjunto de comportamentos sociais, fundamentados no valor “meio

ambiente”, que se constitui em um sistema de significados e símbolos coletivos

segundo os quais os integrantes de determinada empresa interpretam suas

experiências e orientam suas ações referentes ao meio ambiente. Em outras

palavras, é um sistema de orientação coletivo em que se estabelece um

acordo no qual se interpreta o valor do meio ambiente e que, em

35

conseqüência, determina a atitude de cada um frente a ele. Deste modo,

quanto maior a importância do valor “meio ambiente” para a empresa, mais

forte será a sua cultura ambiental; e a cultura organizacional terá uma

orientação ambiental mais enfatizada.

O sistema de gestão ambiental é um dos alicerces que sustentam os

processos de sustentabilidade das organizações. São muitos os exemplos

conhecidos no mercado, de empresas que investiram e obtiveram relativo

sucesso em seus projetos de sustentabilidade. Segundo Almeida (2009) o

Banco Real, a 3M, Basf e EDP são quatro desses exemplos:

“Após investir agressivamente num modelo de negócios

que combina busca de lucro com gerenciamento de

impactos socioambientais, o Banco Real obteve

valorização inédita no mercado e disseminou inovação

entre os concorrentes.” (Almeida, 2009, p.87)

A 3M do Brasil aposta em tecnologias socioambientais

para abrir novas oportunidades de negócios. (Almeida,

2009, p.37)

“A busca de altos padrões de ecoeficiência faz com que a

Basf estimule a competência para a sustentabilidade e

construa mecanismos de fortalecimento do dialogo com

seus stakeholders.” (Almeida, 2009, p.103)

“Focada no mercado de energias complementares e

renováveis, a EDP - Energias do Brasil encara o desafio

de ajudar o país a descentralizar a produção energética

como solução para continuar crescendo com menos

emissões de carbono.” (Almeida, 2009, p.145)

36

Nas ações das grandes organizações extrativistas minerais na área do

desenvolvimento sustentável, o que se pode observado é que não é possível

estabelecer uma atividade realmente sustentável quando se trata da extração

de recursos não renováveis. As ações desenvolvidas por essas empresas,

apesar de se mostrarem extremantes importantes para o desenvolvimento das

comunidades em torno dos empreendimentos, nada mais são, do que ações

compensatórias, sem qualquer capacidade de minimizar e muito menos,

reverter o impacto ambiental já produzido, como descrito por Almeida (2009)

sobre a Alcoa e em seguida sobre as intenções da Coca-Cola.

“A Alcoa aposta no diálogo com a comunidade para

explorar uma mina de bauxita no coração da Amazônia e

superar o estigma que acompanha a atividade de

mineração. A experiência pioneira, que pretende ser

modelo para o setor, segue em meio a tensões e

controvérsias.” (Almeida, 2009, p.49)

“Terceira maior operação do grupo The Coca-Cola

Company, a Coca-Cola Brasil pôs os recursos hídricos no

topo de sua política ambiental. Em 12 anos, reduziu o

consumo médio de 5,4 litros para 2,11 litros de água por

litro de bebida produzida. A meta global do grupo é

devolver à natureza e às comunidades toda a água

utilizada na produção.” (Almeida, 2009, p.135)

Ambições que talvez nunca sejam atingidas, mas que fazem parte do dia-

a-dia da maior produtora de refrigerantes do mundo.

Seguindo uma linha similar, a Revista Meio Ambiente Industrial em sua

publicação 67 de maio e junho do ano de dois mil e sete destaca que dentro do

seu compromisso com a conservação ambiental e o desenvolvimento social, a

AES Eletropaulo promove várias ações para combater o desperdício da

37

energia elétrica e conscientizar a população sobre o uso racional e seguro da

eletricidade, o que vai diretamente contra o consumo do seu produto final,

seguindo a mesma linha do questionamento feito por Almeida (2009) sobre a

Suzano.

“Por que um dos maiores produtores de celulose do

mundo adotou como estratégia promover e capacitar

cooperativas de catadores de papel?” (Almeida, 2009,

p.217)

A Revista Guia Exame 2009, edição de novembro de dois mil e nove

publica o resultado de sua pesquisa em que elege o Wallmart como a empresa

sustentável do ano de 2009. Como critério adotado utiliza uma lista de

verificação onde questiona se a organização publica e audita relatório de

Sustentabilidade no Brasil; se tem a remuneração dos seus executivos

vinculada a metas de desempenho econômico, ambiental e social; se possui

auditoria interna que se reporta diretamente ao conselho de administração; se

o planejamento estratégico adota medidas para a redução da pobreza e da

corrupção; se identifica, monitora e estabelece metas para reduzir os impactos

indiretos de sua operação; se elabora inventário das emissões de gases de

efeito estufa de suas atividades no Brasil e se tem metas de redução para

essas emissões; se assume responsabilidade sobre a saúde, segurança e

qualidade de vida dos terceirizados e por fim; se monitora os fornecedores

quanto a seu envolvimento com trabalho forçado ou compulsório.

O Wallmart, desses itens, não atende a publicação e auditoria do

relatório, a existência da auditoria interna e não se responsabilizar pela saúde,

segurança e qualidade de vida dos terceirizados, segundo a mesma revista. A

publicação, ainda menciona, outras empresas como exemplos de boas

práticas na condução de processos de sustentabilidade. Empresas dos mais

diversos seguimentos, porém sem publicar seus resultados ordinais na

pesquisa.

38

3.3 Marketing Verde ou ecológico

Dias (2008) considera que com o aumento da consciência ambiental em

todo o mundo, está consolidando-se um novo tipo de consumidor, denominado

“verde”. O que faz com que a preocupação com o meio ambiente não tenha a

sua importância ligada apenas ao fato social e seja percebido também como

um fenômeno de marketing.

Diz também, que o novo consumidor ecológico manifesta suas

preocupações ambientais no seu comportamento de compra, buscando

produtos que considera que causem menos impactos negativos ao meio

ambiente e valorizando aqueles que são produzidos por empresas

consideradas ambientalmente responsáveis. Esses consumidores de modo

geral, assumem que podem pagar um preço maior pelo produto

ecológicamente correto, pois compreendem que o valor agregado e traduzido

como um aumento no seu preço, na realidade significa aumento do seu valor

social. Por outro lado, esse consumidor manifestará seu repúdio em relação

àqueles produtos que contaminam o meio ambiente, formando correntes de

opinião desfavoráveis a determinadas empresas.

Finalizando, Dias (2008) destaca que é esse o comportamento do

consumidor ambientalmente consciente, preocupado com o ambiente natural,

que se torna gradativamente um modelo novo de paradigma de consumo que

obriga as empresas a adotar uma nova forma de abordar o marketing, de um

ponto de vista ecológico.

Diante disso, Dias (2008) relaciona a gestão ambiental ao marketing

verde.

“O processo de Gestão Ambiental é bastante complexo e

não pode ser considerado de forma fragmentada. Embora

39

as informações possam ter diferentes origens, tanto na

parte externa como interna da organização, a tomada de

decisão deve levar em consideração o todo ao qual elas

se referem, e que na sua essência é a organização. Deve

levar em consideração tanto o ambiente interno da

empresa, incluindo todos os seus setores e as diversas

interações que ocorrem entre os diferentes

departamentos, quanto o ambiente externo, constituído

pela sociedade-referência, que influencia e é influenciada

pelos processos internos de gestão da empresa. O

objetivo do sistema de gestão ambiental será sempre

uma gestão mais eficiente dos recursos e uma satisfação

do segmento de mercado em que atua.” (Dias. 2008,

p.143)

40

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Salvo raras exceções, a atuação ambiental de boa parte das

organizações brasileiras é resultado da diminuição de custos e riscos

associados a sansões sobre reparação econômica de danos ambientais. São

poucos os investimentos na adoção de um sistema de gestão ambiental

realmente estruturado.

A implementação de um sistema de gestão ambiental requer uma

radical mudança de mentalidade de toda organização. Dessa forma, é

necessário entender a relação entre a empresa e o meio ambiente como valor

para a organização, valor organizacional. Não abrir mão das diretrizes

ambientais, independentemente do negócio em que a organização esteja

envolvida. Mudança na cultura organizacional com a incorporação da variável

ambiental no dia-a-dia das pessoas que integram a empresa.

Não há modelos pré-definidos para o crescimento sustentável das

empresas no Brasil, mas algumas observações são necessárias para que o

termo sustentável possua uma razão para existir e não seja apenas uma

palavra utilizada para compor uma imagem positiva para a organização

perante o seu mercado.

Ao estudar as ações das grandes organizações extrativistas minerais

na área do desenvolvimento sustentável, fica claro entender a contradição que

existe entre a atividade e a possibilidade de reparo do dano, pode-se observar

que não é possível estabelecer uma atividade realmente sustentável quando

se trata da extração de recursos não renováveis. As ações desenvolvidas por

essas empresas, apesar de se mostrarem extremantes importantes para o

desenvolvimento das comunidades em torno dos empreendimentos, nada mais

41

são, do que ações compensatórias, sem qualquer capacidade de minimizar e

muito menos, reverter o impacto ambiental já produzido.

Dessa forma, fica claro que desenvolvimento sustentável requer

reversão do impacto ambiental produzido, como já ocorre nas atividades de

extrativismo mineral e indústrias poluidoras quando se empenham tanto na

mitigação do impacto quanto na criação de condições adequadas para a

perenidade da atividade e da organização.

42

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46

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ...........................................................................................2

AGRADECIMENTO ...........................................................................................3

DEDICATÓRIA ..................................................................................................4

RESUMO ...........................................................................................................5

METODOLOGIA ................................................................................................6

SUMÁRIO ..........................................................................................................7

INTRODUÇÃO ...................................................................................................9

1. O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL............................................... 12

1.1 Sistema de Gestão Ambiental.....................................................12

1.2 Série ISO 14000..........................................................................13

1.3 Comitê Técnico 207 e o CB38.....................................................14

1.4 ISO 14001....................................................................................16

1.5 Certificação..................................................................................17

1.6 As revisões da norma ISO 14001................................................18

1.7 Definições Fundamentais da Série ISO 14000............................19

1.7.1 Meio Ambiente.............................................................................19

1.7.2 Aspecto ambiental.......................................................................19

1.7.3 Impacto ambiental........................................................................19

1.7.4 Política ambiental.........................................................................19

1.7.5 Sistema de gestão ambiental.......................................................20

1.7.6 Auditoria do sistema de gestão ambiental...................................20

1.7.7 Objetivo ambiental.......................................................................20

1.7.8 Meta ambiental............................................................................20

1.7.9 Desempenho ambiental...............................................................20

1.7.10 Organização.................................................................................21

2. SUSTENTABILIDADE..............................................................................21

3. A PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÂO AMBIENTAL NA

SUSTENTABILIDADE DAS ORGANIZAÇÕES.......................................31

47

3.1 Histórico.......................................................................................31

3.2 Cultura ambiental nas organizações............................................33

3.3 Marketing Verde ou ecológico......................................................38

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................40

REFERÊNCIAS ................................................................................................42

FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................48

48

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: O Sistema de Gestão Ambiental e a sustentabilidade

nas organizações.

Autor: Marcio José Rodrigues Cavalcanti

Data da entrega: 13 de fevereiro de 2010

Avaliado por: Prof. Ms. José francisco Carreira Conceito: