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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ESPORTE ESCOLAR
ANTONIO DALMIR BEZERRA SALAZAR
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO EM MANAUS
Manaus 2007
ANTONIO DALMIR BEZERRA SALAZAR
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO EM MANAUS
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.
Orientador: Prof.Dr. Thomas Abdala
Manaus 2007
SALAZAR, Antonio Dalmir Bezerra Relato de Experiência da Implantação do Programa Segundo Tempo em Manaus.
Manaus, 2007.
27 p.
TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.
1. Comunidade 2. Desporto Social 3. Segundo Tempo.
ANTONIO DALMIR BEZERRA SALAZAR
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO EM MANAUS
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente: Profa. Keila Elizabeth Fontana
Membro:
Prof. Doutor. Gilmar Eduardo Costa do Couto
Manaus, 17 de Setembro de 2007.
RESUMO
O presente trabalho busca apresentar um relato de experiência acerca da
implantação e desenvolvimento do Programa Segundo Tempo e as formas de avaliação
dos impactos desse programa dentro de comunidades carentes, e em especial, a
importância no desenvolvimento educacional e social na Comunidade Nossa Senhora
de Fátima II, Zona Norte (Região Rural) de Manaus. Para a elaboração do trabalho,
utilizou-se o método dedutivo de pesquisa, sendo a pesquisa de natureza descritiva, e
como técnica, a pesquisa bibliográfica, documental e de observação ao abordar o
programa Segundo Tempo. O trabalho relaciona as principais características do
programa, e aborda as principais dificuldades encontradas durante a realização e
implantação dos princípios norteadores lúdicos, e entre essas dificuldades, a falta de
limpeza pública e falta de estrutura no bairro foram as mais presentes, porém com um
esforço concentrado da comunidade em parceria com a coordenação do programa, isso
foi resolvido e deu-se andamento e seguimento ao programa.
PALAVRAS-CHAVE: Programa Social – Lúdico – Segundo Tempo
ABSTRACT
The present work searchs to inside present a story of experience concerning the
implantation and development of the Program Second time and the forms of evaluation
of the impacts of this program of devoid communities, and in special, the importance in
the educational and social development in the Community Ours Mrs. of Fátima II, Zone
North (Agricultural Region) of Manaus. For the elaboration of the work, the deductive of
research was used, being the research of descriptive nature, and as technique, the
bibliographical research, documentary method and of comment when approaching the
program Second time. The work relates the main characteristics of the program, and
approaches the main difficulties found during the accomplishment and implantation of
the principles playful, and between these difficulties, the lack of public cleanness and
lack of structure in the quarter had been more the gifts, however with an intent effort of
the community in partnership with the coordination of the program, this was decided and
gave to course and pursuing to the program.
KEY-WORDS: Social Program - Playful - Second time
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 07
2 LEITURA DA REALIDADE ....................................................................................... 09
3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA ................................................................ 12
4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA
LOCALIDADE............................................................................................................. 18
5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES ................................................................... 22
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS (OU CONCLUSÃO) ...................................................... 24
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 27
1. INTRODUÇÃO
O presente relato de experiência trata da implantação do programa Segundo
Tempo, que é um programa idealizado pelo Ministério do Esporte, destinado a
democratizar o acesso à prática esportiva, por meio de atividades esportivas e de lazer
realizadas no contra-turno escolar. Tem a finalidade de colaborar para a inclusão social,
bem-estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento intelectual e humano, e
assegurar o exercício da cidadania.
Considerando a experiência alcançada através da Educação Física nas escolas,
e mais especificamente na escola municipal do Bairro Nossa Senhora de Fátima 2,
Zona Rural de Manaus, registrou-se as seguintes situações: alunos desmotivados que
não querem participar das aulas; alunos indisciplinados que se ocupam com outras
atividades, procurando chamar a atenção do grupo; crianças que a todo tempo ficam
pedindo bola querendo sempre jogar futebol durante as aulas.
Nestas experiências, quando as atividades foram direcionadas para o lúdico,
percebeu-se que as crianças demonstraram maior envolvimento, criatividade e até
mesmo deram sugestões de jogos ao término das aulas, inclusive demonstrando não
querer parar com as atividades. Assim os jogos foram fazendo parte do planejamento
para enriquecer as aulas de Educação Física. Em relação a alguns alunos
indisciplinados, que antes ficavam mais distantes do grupo, também procuravam
participar das aulas.
Juntamente com a inserção dos jogos no dia a dia, os professores de sala de
aula declararam que após as aulas de Educação Física, o rendimento com os alunos
são melhores, principalmente nas atividades que requer concentração. Esses fatos
foram relevantes para a busca de conhecimentos necessários à compreensão da
função do jogo no processo educacional.
Admite a necessidade do desenvolvimento do esporte intrinsecamente
relacionado à educação e que se fundamente também numa relação de co-educação
entre aqueles que, juntos, aprendem; se fundamente no respeito e na preservação da
individualidade de cada um dos participantes desse processo em relação às diversas
outras individualidades, tendo em vista o contexto uno e diverso no qual o homem está
inserido.
Dessa forma, o objetivo do presente relato de experiência é apresentar sua
relevância ao buscar analisar os impactos educacionais e sociais do referido programa
nas crianças e adolescentes participantes, democratizando este espaço.
2 LEITURA DA REALIDADE
O programa Segundo Tempo busca, exatamente, discutir qual a importância do
jogo e da dinâmica no processo de educação, melhorando o desempenho dos alunos
dentro e fora de sala de aula.
Acreditamos em uma Educação Física num contexto interdisciplinar , organizada
em tempo e espaço ideal (ações educativas na escola), para indivíduos ávidos à
aprendizagem.
Percebe-se que cada vez mais os esportes vêm revolucionando as escolas do
país. A preocupação no ensino vem crescendo e uma maneira de incentivo aos nossos
alunos é buscar o desenvolvimento nos esportes. Por isso, a importância do esporte na
educação.
A prática esportiva como instrumento educacional visa o desenvolvimento
integral das crianças, jovens e adolescentes, capacita o sujeito a lidar com suas
necessidades, desejos e expectativas, bem como, com as necessidades, expectativas e
desejos dos outros, de forma que o mesmo possa desenvolver as competências
técnicas, sociais e comunicativas, essenciais para o seu processo de desenvolvimento
individual e social.
O esporte, como instrumento pedagógico, precisa se integrar às finalidades
gerais da educação, de desenvolvimento das individualidades, de formação para a
cidadania e de orientação para a prática social. O campo pedagógico do Esporte é um
campo aberto para a exploração de novos sentidos/significados, ou seja, permite que
sejam explorados pela ação dos educandos envolvidos nas diferentes situações
(AUGUSTÍN, 2005).
Ensinar a prática de esportes é preparar o aluno para executar determinadas
habilidades por meio da descoberta do prazer de se exercitar. Tudo isso envolvendo
segurança, bons profissionais e educadores sempre por perto. Para a criança ou
adolescente estar em contato com o esporte, natureza e aventura é o modo de
desenvolver outras habilidades e nesta hora que é mostrado o potencial de cada um.
Através destas aulas é possível adequar as disciplinas dadas em sala de aula,
mostrando e fazendo com que a criança se desenvolva melhor (AUGUSTÍN, 2005).
O esporte é uma grande ferramenta de inclusão social, ao se observar o esporte
praticado por crianças nos clubes, ele pouco difere da prática adulta do rendimento, a
não ser pela redução das dimensões dos equipamentos (tamanho da bola, tempo de
jogo, etc.), além de reproduzir alguns comportamentos condenáveis: técnicos
maltratando seus atletas por erros cometidos, pais xingando árbitros, frases negativas
entoadas pela torcida, enfim, um contexto em que a preocupação de todos está voltada
quase que exclusivamente para o resultado do confronto.
Aprofundando essa análise para além do momento da competição, é possível
encontrar crianças submetidas a peneiras para a seleção de equipes e a sessões de
treinamento exaustivas, muitas vezes incompatíveis com a continuação dos estudos e
outras atividades comuns ao período da infância.
E por falar em estudos, ao se deslocar o foco de análise para o esporte escolar,
a imagem não é muito diferente, já que não são raras as vezes em que a grande
preocupação de ter equipes competitivas nas escolas sobrepõe-se à intenção de
ensinar o esporte para os alunos. Assim, qualquer proposta pedagógica é facilmente
substituída por um determinado número de bolsas de estudo oferecidas a alguns
poucos talentos, e as aulas de Educação Física transformam-se em celeiros de atletas.
Segundo Cavalieri (2002), essa é a pedagogia do rendimento. A pedagogia do
rendimento não se restringe à prática do esporte, mas parece estar presente no dia-
adia das pessoas que se submetem e são submetidas à obrigatoriedade de render, de
ser o melhor em qualquer situação: ser o primeiro na lista de aprovados do vestibular, o
profissional com melhor remuneração, o melhor aluno...
Assim, baseado na teoria crítica que compara o esporte de rendimento às
relações de trabalho nas sociedades industriais, o próprio homem torna-se uma
máquina de rendimentos. Segundo ele, os motivos disso não estão no desenvolvimento
do esporte em si, mas no próprio desenvolvimento das sociedades atuais, onde o
rendimento configura-se no princípio máximo de todas as ações.
Nessa perspectiva, o esporte infantil também não se constitui como uma prática
pedagógica isolada, mas está diretamente relacionado aos significados de infância
expressos nas relações sociais estabelecidas entre crianças e adultos ao longo dos
tempos (CARVALHO, 2001).
3 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA
A visão contemporâneo-integradora do esporte é aquela que, reconhecendo a
necessidade premente de ações que objetivem restaurar o humano do homem,
concebe como sendo insubstituíveis o valor e a importância atribuídos à emancipação
do homem, à sua autonomia, à sua participação efetiva na construção da realidade, ao
desenvolvimento da sua auto-estima, de sua criatividade, de seu auto conhecimento, de
sua ludicidade, da sua capacidade de cooperar, bem como da preservação da sua
identidade cultural.
O programa Segundo Tempo caracteriza-se pelo acesso a diversas atividades e
modalidades esportivas (individuais e coletivas) e ações complementares,
desenvolvidas em espaços físicos da escola ou em espaços comunitários, tendo como
enfoque principal o esporte educacional.
A Zona Norte e a Zona Rural de Manaus, onde está localizada a comunidade
Nossa Senhora de Fátima II é bastante complexa e uma das dificuldades é a distância
para se chegar às diversas comunidades longe região metropolitana de Manaus sendo
necessário algumas vezes utilizar barcos. Há ainda, a região terrestre rural que também
apresenta dificuldades de acesso, em virtude da predominância das chuvas na região,
pois algumas comunidades não possuem estradas pavimentadas.
A exclusão social, educacional e geográfica da comunidade é um problema que
pode ser combatido com ações governamentais na esfera municipal, estadual e até
federal, como no caso do Programa Segundo Tempo, que tem como público-alvo,
crianças, adolescentes e jovens matriculados no Ensino Fundamental e Médio dos
estabelecimentos públicos de educação no Brasil localizados em áreas de risco social,
bem como aqueles que estão fora da escola, de forma a oportunizar sua inclusão no
ensino formal.
As questões sociais, então, assumem dimensão estratégica na construção de
uma sociedade desenvolvida no Brasil. A busca de modernização das ações na área
social constitui-se em enorme tarefa para o Estado brasileiro
A escola onde foi implantado o trabalho era situada no Bairro Nossa Senhora de Fátima 2, mais
especificamente na Rua Bem-te-vi, área pobre com alto índice de criminalidade principalmente roubo e
drogas segundo o Departamento Policial responsável da área.
O público-alvo do programa foram crianças com faixa etária entre 6 e 17 anos dos sexos
masculino e feminino. E as principais atividades desenvolvidas no cronograma inicial e que foram
desenvolvidas de fato, foram as atividades lúdicas e recreativas e futsal, voleibol e queimada.
As condições físicas encontradas na localidade eram as piores possíveis, ou seja, a quadra de
esportes não era cimentada, encontrando-se em estado de barro, que eram muito castigados quando o
clima não estava seco, ou seja, na época das chuvas em Manaus, a quadra ficava impraticável.
As primeiras medidas tomadas na busca das soluções foi fazer grandes mutirões para a limpeza
do local com os próprios alunos e familiares, onde se arrumava a quadra e a deixava com o mínimo de
condições de abrigarem as atividades idealizadas para prática lúdica e desportiva.
O segundo passo foi a busca por apoio financeiro e material externo, onde buscamos solicitar de
algumas empresas material de qualidade para desenvolver as atividades desportivas e lúdicas.
Outra saída importante na implantação do projeto foi a integração com outras comunidades, outra
escola e outra criança e adolescentes de outros bairros, e fazer amistosos em outros colégios afim de
treinamento num local com melhor condição. Dessa foram, além da integração, buscou-se melhores
condições estruturais no desenvolvimento cognitivo e esportivo dos participantes do projeto.
Acredito que a escolha pelos métodos adotados foram as corretas, uma vez que
em relação ao jogo, pois ele é essencial na vida da criança. De início tem-se o jogo de
exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro
prazer, por ter apreciado seus efeitos.
Em torno dos 2-3 e 5-6 anos nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que
satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente o
acontecido, mas de executar a representação.
Em período posterior surgem os jogos de regras, que são transmitidos
socialmente de criança para criança e por conseqüência vão aumentando de
importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento social. Para Piaget
apud Morin (2001), o jogo constitui-se em expressão e condição para o
desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam assimilam e podem
transformar a realidade.
Assim, pode-se considerar que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que
as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. O brinquedo, o jogo
e a brincadeira cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal na criança, lembrando que
se afirma que a aquisição do conhecimento se dá através das zonas de
desenvolvimento: a real e a proximal. A zona de desenvolvimento real é a do
conhecimento já adquirido, é o que a pessoa traz consigo, já a proximal, só é atingida,
de início, com o auxílio de outras pessoas mais “capazes”, que já tenham adquirido
esse conhecimento (COHEN, 2002).
A brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que
não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento,
determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível
de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob
a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz.
Segundo Morin (2001), diversos autores classificam o esporte em forma de
brincadeira, em algumas fases: durante a primeira fase a criança começa a se
distanciar de seu primeiro meio social, representado pela mãe, começa a falar, andar e
movimentar-se em volta das coisas. Nesta fase, o ambiente a alcança por meio do
adulto e pode-se dizer que a fase estende-se até em torno dos sete anos. A segunda
fase é caracterizada pela imitação, a criança copia os modelos dos adultos. A terceira
fase é marcada pelas convenções que surgem de regras e convenções a elas
associadas.
A noção de “zona proximal de desenvolvimento” interliga-se portanto, de maneira
muito forte, à sensibilidade do professor em relação às necessidades e capacidades da
criança e à sua aptidão para utilizar as contingências do meio a fim de dar-lhe a
possibilidade de passar do que sabe fazer para o que não sabe.
No processo da educação infantil o papel do professor é de suma importância,
pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou
seja, faz a mediação da construção do conhecimento.
A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do
conhecimento estruturado e formalizado ignora as dimensões educativas da brincadeira
e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a atividade construtiva da criança. É
urgente e necessário que o professor procure ampliar cada vez mais as vivências da
criança com o ambiente físico, com brinquedos, brincadeiras e com outras crianças
(MORIN, 2001).
O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá
encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os
professores compreenderem melhor toda sua capacidade potencial de contribuir para
com o desenvolvimento da criança.
Percebeu-se em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento
infantil, afirma que "quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-
história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da atividade
lúdica". Segundo esse autor, é fundamental que os professores tenham conhecimento
do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sociocultural,
para formular sua proposta pedagógica.
A partir dos princípios aqui expostos, que o professor deverá contemplar a
brincadeira como princípio norteador das atividades didático-pedagógicas,
possibilitando às manifestações corporais encontrarem significado pela ludicidade
presente na relação que as crianças mantêm com o mundo.
O caminho que parece possível implica pensar a formação permanente dos
profissionais que nela atuam. É preciso que os profissionais de educação infantil
tenham acesso ao conhecimento produzido na área da educação infantil e da cultura
em geral, para repensarem sua prática, se reconstruir enquanto cidadãos e atuarem
enquanto sujeitos da produção de conhecimento.
E para que possam mais do que "implantar" currículos ou "aplicar" propostas à
realidade da creche/pré-escola em que atuam efetivamente participar da sua
concepção, construção e consolidação.
4 ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA LOCALIDADE
De acordo com o relato da aplicabilidade do Programa Segundo Tempo,
conforme supracitado podemos relacionar alguns pontos fortes e fracos relacionados
com a experiência.
Pontos Positivos Pontos Negativos
Responsabilidade Social do
Programa
Fala sistemática de apoio
Introdução ao Lúdico com os
alunos
Precariedade na estrutura física
Manutenção de atividades
desportivas
Alto índice de criminalidade e
pobreza no local
Integração entre as comunidades
através do desporto
Como pontos positivos, citamos a responsabilidade social inerente ao projeto, a
introdução do lúdico com os alunos, a manutenção ampliação de atividades desportivas
na comunidade e ainda Integração entre as comunidades através do desporto.
O Lúdico, aqui utilizado no Programa Segundo Tempo, apresenta valores
específicos para todas as fases da vida humana. Assim, na idade infantil e na
adolescência a finalidade é essencialmente pedagógica. A criança e mesmo o jovem
opõe uma resistência à escola e ao ensino, porque acima de tudo ela não é lúdica, não
é prazerosa.
Dessa forma, defendemos a alegria na escola, vendo-a não só como necessária,
mas como possível. A maior parte das crianças em situação de fracasso são as de
classe popular e elas precisam ter prazer em estudar; do contrário, desistirão,
abandonarão a escola, se puderem.
Quanto mais os alunos enfrentam dificuldades de ordem física e econômica,
mais a Escola deve ser um local que lhes traga outras coisas. Essa alegria, não pode
ser uma alegria que os desvie da luta, mas eles precisam ter o estímulo ao prazer. A
alegria deve ser prioridade para aqueles que sofrem mais fora da escola.
O indivíduo criativo é um elemento importante para o funcionamento efetivo da
sociedade, pois é ele quem faz descobertas, inventa e promove mudanças. O
referencial teórico dessa pesquisa teve como base as teorias críticas da educação. O
sentido verdadeiro da educação física lúdica, só estará garantido se o professor estiver
preparado para realizá-lo e ter um profundo conhecimento sobre os fundamentos da
mesma. Assim pode-se perceber que o Lúdico apresenta uma concepção teórica
profunda e uma concepção prática, atuante e concreta (MARINHO, 1997).
Atualmente passou-se por uma crise muito séria na educação: professores
descontentes, pais preocupados, alunos desmotivados. Entende-se que, para uma
possível melhora nessa situação, além da necessidade da formação continuada dos
educadores, surge o ludismo como uma forma não mágica, mas mais atraente,
estimuladora para a construção do conhecimento. Usando o brinquedo, a brincadeira, é
possível desenvolvermos em nossos educandos o prazer em construir o próprio
aprendizado.
Acredita-se que essa construção faz com que nos sintamos realmente sujeitos
de nossa história; e não meros repetidores e expectadores. As atividades lúdico-
exploratórias vão contribuir no desenvolvimento pessoal, social, cognitivo, afetivo, físico
e psicomotor (MORIN, 2001).
A educação física, cada vez mais formal, padroniza o comportamento das
crianças para que se adaptem, produzam bem e se integrem às expectativas familiares.
Na correria de cada dia, não estão programados o cultivo da vida interior da criança e o
tempo para ela se encontrar consigo mesma e descobrir o que gosta de fazer.
A proposta do programa Segundo Tempo também é que, por meio de atividades
lúdico-exploratórias desportivas, as crianças liberem sua capacidade de criar e de
reinventar o mundo, de expor sua afetividade e de ter suas fantasias aceitas e
exercitadas para que, através do mundo mágico do faz-de-conta, possam explorar seus
limites. A escola deve proporcionar atividades lúdicas para que haja a interação entre a
criança e o objeto de estudo.
Por meio dessa relação, é possível ocorrer uma interação maior entre o sujeito
cognoscitivo e o objeto a ser conhecido. Para que elas possam compreender e
reconstruir seu conhecimento, é imprescindível ocuparmos esse espaço estimulando o
interesse e a participação delas.
E, dessas relações, podem passar a desenvolver uma das qualidades mais
importantes para a construção do conhecimento: a confiança em sua capacidade de
encontrar soluções e levantar perguntas, o que pode ser estimulado com os jogos e
brincadeiras que lhes possibilitem construir relações qualitativas ou lógicas, aprendendo
a questionar seus erros e acertos.
Portanto, cabe a nós, professores de educação física, mediar a construção do
conhecimento com atividades lúdicas desportivas desafiadoras, criativas e
significativas. Este é o momento de fazermos a diferença para que nossos alunos
possam sentir, acreditar e se tornar sujeitos participantes, autônomos, alegres e críticos
com relação ao contexto em que estão inseridos.
Porém, o presente relato também cita, de acordo com as informacoes
supraditadas, os pontos negativos, que podem ser deinidos como: a falta sistemática de
5 ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES
Percebemos através deste relato que o jogo no programa Segundo Tempo, foi
aplicado na escola com fins pedagógicos, auxiliando no processo educacional de
crianças entre quatro e quatorze anos, pois, permitem um desenvolvimento integral dos
alunos.
A faixa etária, os jogos cooperativos favorecem o desenvolvimento cognitivo
(atenção, memória, raciocínio e criatividade); afetivo-social (relações humanas) e o
desenvolvimento motor (aspectos biológicos e a aprendizagem de atividades básicas e
específicas). Em relação ao referencial trabalhado fica a impressão de que os objetivos
variam conforme o período de escolarização.
O educador tem nos jogos um forte aliado para desenvolver e fixar conceitos.
Seus objetivos tornaram-se bem claros e dominados pelo professor, para então, a sua
aplicação no dia a dia ser eficaz. Para a análise e escolha de um jogo é importante que
o educador elabore um planejamento, no qual determine as características do jogo e do
grupo.
Esses registros devem conter: nome do jogo; origem histórica do jogo; materiais
necessários para o desenvolvimento da atividade; número de participantes; local
disponível e necessário para o bom andamento da atividade; descrição da regra
tradicional; interpretação da regra pelo grupo; variações do jogo; objetivos e
observações específicas ao roteiro proposto. Além de realizado o diagnóstico do jogo, a
ação do professor é fundamental para alcançar e ampliar os objetivos propostos.
Temos como reflexão central que os jogos, utilizados segundo os tópicos supra
citados, não são apenas importantes no processo educacional. Mas sim centrais para
um processo embasado na cooperação entre cidadãos.
O presente relato teve como objetivo central contextualizar a importância e os
métodos de do programa Segundo Tempo, do governo Federal em uma comunidade
carente na Zona Rural de Manaus.
6 CONCLUSÃO
O presente relato teve como objetivo central contextualizar a importância e os
métodos de do programa Segundo Tempo, do governo Federal em uma comunidade
carente na Zona Rural de Manaus.
Percebe-se a importância em definir os objetivos que orientam a promoção
dessa atividade que, mantendo-se técnica, destina-se ao aprimoramento das políticas
sociais em seus propósitos de solucionar problemas e atender a carências. Com base
nas experiências desenvolvidas e na literatura sobre o tema, alguns pressupostos vêm
orientando a construção dessa atividade.
O campo mais geral de entendimento da avaliação pressupõe a noção de que
políticas públicas consistem em processo contínuo de decisões, que se alteram
permanentemente. Em realidade, o objeto central da avaliação é o processo das
políticas públicas. Parece mais apropriado, do ponto de vista empírico, e sem dúvida
mais consistente com a proposição relativa à onipresença da política, ver o sistema das
políticas públicas como um processo em fluxo, que se caracterizam por constantes
barganhas, pressões e contrapressões, e não raro por redefinições do próprio objeto
das decisões.
A implantação do programa Segundo Tempo buscou enfocar a Educação Física
escolar, e percebeu-se que esta atividade precisa ser estruturada através de
abordagens microscópicas, que partiu do posicionamento básico de que, se a
Educação física pretende atender às reais necessidades e expectativas da criança, ela
necessita, antes de qualquer coisa, compreender as suas características em termos de
crescimento, desenvolvimento e aprendizagem, e assim demonstrando características
da educação pelo movimento acontecendo como um ciclo natural no desenvolvimento.
As crianças normais no dia a dia esbanjam movimentos, os quais levarão à
aquisição de novos conhecimentos. A qualidade desses movimentos é que farão a
diferença na vida. Através da aplicação de recursos pedagógicos apropriados no
processo educacional, a educação pelo movimento estará sendo beneficiada.
As tentativas e critérios para classificação dos jogos têm sido intensas nos
últimos trinta anos, por estudiosos de diferentes áreas. Porém, a importância da
cooperação e sua valorização pouco se evoluíram até a última década. O objetivo desta
etapa do trabalho é apresentar a cooperação como um fator intrínseco ao binômio:
ganhadores vencedores.
Todos ganham juntos para isso, uma das funções do professor é tornar-se um
“Clips” para unir os alunos despertando neles o espírito da cooperação, fazendo com
que estes se ajudem mais, ao invés de competirem entre si. A convivência entre os
homens está necessitando de mais respeito mútuo, harmonia e unidade, na busca por
um objetivo maior, onde cada um faz a sua parte para o benefício de todos.
Vive-se num mundo onde as pessoas estão procurando aproximar-se mais,
diminuindo fronteiras, fazendo com que os interesses do vizinho estejam em prol de
todos que o rodeiam, e então porque não haver uma união do grupo (bairro, vila, rua,
etc.) para alcançar um objetivo que pode ser benéfico para todos?
O tipo de jogo usado no programa Segundo Tempo vai contribuir para o êxito ou
o fracasso dos objetivos do professor, e o que percebemos foi uma melhora contínua
na motivacao e desempenho dos participantes em Manaus.
Percebeu-se também, nessa experiência, que ao se optar por jogos de
competição valoriza-se a busca de resultados em relação ao oponente, prevalecendo a
rivalidade, jogando um contra o outro. A competição não une as pessoas, antes as
separa mais. Enquanto os membros de uma equipe estão unidos entre si, há
sentimentos de separação e desumanidade contra os da outra equipe.
Jogos cooperativos são quando as pessoas ou grupos combinam suas
atividades, trabalhando em união para a busca de objetivos comuns, onde o sucesso de
um seja também o sucesso dos demais. O importante é aprender a jogar, pois, para a
maneira com que se joga pode tornar o jogo mais importante do que imaginamos, pois
significa nada menos que a maneira como estamos no mundo.
A cooperação é muito coerente com o trabalho em grupo (escola), pois, evita a
competição para alcançar metas comuns; evita a eliminação procurando a integração
de todos; evita a passividade permitindo a criação e colaboração de todos assim como
evita também a agressão física que é comum nos jogos competitivos. Cooperação é a
capacidade de trabalhar em prol de uma meta comum.
Por conseguinte os jogos cooperativos estariam favorecendo a empatia
(capacidade de sentir como está o outro); a estima (reconhecendo e expressando a
importância do outro) e o diálogo franco entre os jogadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUGUSTÍN, AP. A Importância do Esporte na Educação. São Paulo: USP Press, 2005. BARBIERI, C. Conversando sobre esporte educacional. In: Festival de jogos cooperativos: um exercício de convivência, Livros de boas memórias. Taubaté, (s.n.), 1999. CARVALHO, Maria do Carmo Brant. Avaliação participativa: uma escolha metodológica. In: RICO, Elizabeth M. et al. (Org.). Avaliação de políticas sociais: uma questão em debate. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. CAVALIERI, Eduardo. Pedagogia de alto rendimento. Artigo cientítico. Marília: UNIFESP, 2002. COHEN, Ernesto; FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. 5. ed. Petrópolis, Vozes, 2002. MARINHO, A., RESENDE, M., FAÇANHA, L. O. Brazilian federal universities: relative efficiency evaluation and data envelopment analysis. Revista Brasileira de Economia, v. 51, n. 4, p. 489-508, out./dez. 1997. MORIN, E. Sete saberes necessários à educação do futuro. Relatório da UNESCO. São Paulo: Cortez, 2001. MORIN, LP. A contribuição dos Programas Jovem Cidadão: Meu Primeiro Trabalho e Bolsa-Trabalho para a discussão das políticas públicas de trabalho e renda e/ou para a juventude. São Paulo: FLACSO, 2001.