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Universidade de Brasília IVONISIO DAMASCENO LACERDA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A OBESIDADE NOS ALUNOS DE QUINTA SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL LOBO D’ALMADA DE BOA VISTA – RORAIMA BOA VISTA 2007

Universidade de Brasília - ufrgs.br · mais precisos. Na revisão bibliográfica foram ressaltados os pontos mais ... Para uma boa qualidade de vida, comece com caminhadas associadas

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Universidade de Brasília

IVONISIO DAMASCENO LACERDA

A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A OBESIDADE NOS ALUNOS DE QUINTA SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL LOBO D’ALMADA DE BOA VISTA – RORAIMA

BOA VISTA

2007

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IVONISIO DAMASCENO LACERDA

A Educação Física Escolar e a Obesidade nos alunos de quinta série do Ensino Fundamental da Escola Estadual

Lobo D’almada de Boa Vista – Roraima

Monografia realizada como requisito

parcial para obtenção do título de

Especialista em Esporte Escolar, pelo Centro de Ensino a Distância, da

Universidade de Brasília.

Orientador: Prof. MsC Moacir Augusto de Souza

Boa Vista/RR 2007

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IVONISIO DAMASCENO LACERDA

A Educação Física Escolar e a Obesidade nos alunos de quinta série do Ensino Fundamental da Escola Estadual

Lobo D’almada de Boa Vista – Roraima

Monografia aprovada como requisito parcial

para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar, pelo Centro de Ensino a

Distância, da Universidade de Brasília, pela

Comissão formada pelos professores:

Presidente: Professor Mestre: Moacir Augusto de Souza

Orientador

Membro:

Professora Doutora: Keila Elizabeth Fontana Leitora

Brasília (DF), 2007.

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DEDICATÓRIA

A minha esposa Francimá, meus filhos

Ivonisio Junior e Iury e nossa secretária

Felicia, pelo amor, compreensão e apoio

constante com que me ofereceram

durante todo o tempo desse trabalho.

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AGRADECIMENTOS:

A Deus.

Ao meu orientador Prof. Moacir Augusto

de Souza, amigo e incentivador que dedicou

parte do seu tempo para me orientar na ela-

boração desta Monografia. A nossa tutora

Anita Souto Mayor Rondon pela dedicação e

compreensão com seus alunos.

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RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido a partir do nosso conhecimento, do diagnóstico e pesquisa realizada com os alunos de quinta série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Lobo D’almada, em Boa Vista, Roraima, com relação à Educação Física Escolar e a Obesidade. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados, o questionário aplicado aos alunos, e a aferição do peso e a medição da estatura, para que se pudesse apurar o Índice de Massa Corporal - IMC desses alunos, e assim melhor se chegar aos nossos objetivos, com resultados mais precisos. Na revisão bibliográfica foram ressaltados os pontos mais importantes e significativos abordados pelos diversos autores referentes ao tema. O principio básico deste trabalho é fazer com que as nossas autoridades de saúde e da educação, reconheçam a importância e a necessidade de aprofundarmos nessa pesquisa, numa abrangência bem mais ampla envolvendo as demais Escolas do Estado, bem como em todas as suas séries. Torna-se um trabalho da mais alta importância e reconhecido por toda a sociedade e comunidade escolar, por ser inédito e por sua relevância na prevenção e promoção da saúde física e mental dos alunos. Serão feitas algumas propostas e recomendações as autoridades educacionais do Estado, no sentido da continuidade deste trabalho, de maneira integrada, bem como para se montar uma infra-estrutura necessária, com profissionais especializados e capacitados para essa realização plena, ou seja, definindo suas causas, conseqüências e o tratamento adequado para cada caso. Entendemos que a proposta curricular da base complementar, passa a exigir conteúdos específicos sobre a saúde e hábitos alimentares mais saudáveis, aliados às atividades físicas praticadas de maneira regular por essas crianças, para que possam ter uma vida saudável e, portanto, de qualidade. Palavras Chaves: Educação Física Escolar, Obesidade, Índice de Massa Corporal, Hábitos Alimentares

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Sumário

1. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1 – Justificativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 – Objetivo Geral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3 – Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2. Fundamentação Teórica...................................................................... 2.1 – A Obesidade Infantil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.1-Os Carboidratos e as Proteinas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.2-Dietas para demonstração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 – A Educação Física Escolar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.1-Atividades físicas regulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.2-Benefícios de um bom condicionamento físico . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.3-Movimento e Equilíbrio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.4-O Aquecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.5-O Alongamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.6-A Respiração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.7-Mitos e Verdades dos Exercícios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.8-As Calorias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.9-Curiosidades sobre Nutrição e Atividades Físicas. . . . . . . . . . . . . . 3.1.10-Efeitos negativos dos exercícios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.3 – Metodologias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 – Resultados e Interpretação dos Exames Biométricos e Questionário aplicado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.1 – Questionário do Aluno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.2 – Exames Biométricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 – Propostas e Recomendações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 – Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 – Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 – Apêndices. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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1. INTRODUÇÃO

A Educação Física como disciplina obrigatória do sistema educacional brasileiro

através do Ensino Fundamental, tem uma importante tarefa de proporcionar

uma melhor qualidade de vida, o desenvolvimento psico-socio-cultural e esportivo

de crianças e jovens estudantes.

Hoje, no mundo globalizado, onde as várias tecnologias e meios de comunicação

proporcionam informações e um aprendizado rápido e dinâmico, é impossível

não se cuidar da saúde o do físico dos alunos, mostrando que a Educação Física

tem também essa responsabilidade.

Considera-se que esse trabalho de diagnóstico e pesquisa de campo tem o

objetivo de identificar, conhecer e apresentar propostas e recomendações,

utilizando o conhecimento de profissionais da saúde, como: médicos

endocrinologistas, os nutricionistas e os profissionais de educação física, para

trabalharem conjuntamente nesse sentido.

Essa problemática da obesidade infantil é uma preocupação de todos nós,

familiares, educadores, profissionais envolvidos, governantes e a sociedade

como um todo. A escola através da educação física tem essa missão nesses

novos tempos em que essa obesidade se torna uma preocupação mundial.

No passado ver os netos gordinhos era a alegria das avós. Criança rechonchuda

era sinônimo de criança saudável. De certa forma, havia lógica nesse conceito.

Hoje, a obesidade infantil transformou-se num problema sério de saúde e vem a

cada dia se alastrando, atingindo parte expressiva dessa população.

A criança obesa aprende, através da educação física (jogos lúdicos e pré-

desportivos, danças, ginástica, lutas e outras atividades), a importância da cultura

corporal desses movimentos. É por meio dessa participação, que o aluno

descobre que pode se manter saudável e até perder aqueles quilinhos

indesejáveis, passando a se integrar e se relacionar mais com seus colegas de

turma( a sociabilização).

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As causas dessa obesidade são muitas, mas pesam os hábitos alimentares

baseados no fast food, salgadinhos e guloseimas com altos níveis de colesterol e

também as horas passadas em frente da televisão ou computador, jogando

videogame (o sedentarismo). Esse controle deve começar em casa, com a

mudança dos hábitos alimentares, com refeições balanceadas e o estimulo a

prática de atividades físicas regulares.

A desnutrição também é um problema de saúde que existe, principalmente em

regiões menos desenvolvidas social e economicamente. A desnutrição também

pode estar presente na obesidade, quando faltam os nutrientes necessários.

Além da desnutrição, o excesso de peso quando chega a se caracterizar como

Obesidade, deve ser entendida como uma doença que deve ser tratada.

Obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo de gordura

corporal, que causa prejuízos à saúde. É uma doença de difícil tratamento, pois é

decorrente de diversas causas. Podem estar relacionadas a fatores genéticos

(hereditários), aqueles que a criança herda dos pais e metabólicos

(funcionamento do organismo), bem como a fatores externos (ambientais,

influenciados pelo meio em que vive).

A obesidade é o que os médicos chamam “fator de risco”. Quer dizer, quem é

obeso tem mais chance de sofrer de doenças graves como diabetes, doenças do

coração, hipertensão e outras.

Na infância ou na adolescência as células gordurosas se multiplicam para

estocar mais gorduras, e na fase adulta elas vão aumentando de tamanho. Os

seres humanos, em algumas situações, passam a produzir gorduras em seu

metabolismo a partir de carboidratos e proteínas consumidas em excesso. Há

casos em que as pessoas ingerem grandes quantidades de carboidratos que

associado à situação de estresse formam enormes quantidades de gorduras no

organismo.

Se uma pessoa continua a alimentar-se de uma mesma quantidade diária e não

pratica uma atividade física, por exemplo, com pesos, para ganho de massa

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magra, a cada dia que se passa seu mecanismo formador de gorduras será

constante. Imagine esse processo ao longo de vários anos.

As pessoas que valorizam a caminhada, por exemplo, para a queima de gordura,

estão absolutamente certas, só que não resolve eternamente. Caso você pare ou

abandone esse procedimento, mesmo com dietas pobres em calorias você pode

engordar.

Para uma boa qualidade de vida, comece com caminhadas associadas a

atividades com peso – isso poderá manter ou aumentar os seus músculos,

segundo o professor Nuno Cobra: “O músculo é um braço do cérebro”, que de

maneira cientifica tem sua veracidade.

Para quem tem barriga: evite ingerir carboidratos após as 20 horas, faça

caminhada em jejum de carboidratos, três vezes por semana, durma à noite

continuamente sem interrupção, e a “barriguinha” começará a regredir.

O meio mais fácil de calcular os valores diários de calorias através da bioquímica

é, multiplicar seu peso atual por 24 cal/dia. Uma pessoa de 70 quilos, por

exemplo, terá 70 x 24 =1.680 cal; dia, que deve ser o consumo de energia

enquanto está dormindo ou em repouso absoluto. Caso se tenha ingestão maior

que essa quantidade, tenha uma vida sedentária e trabalhe sentado, com toda

certeza algumas gordurinhas vão começar a aparecer, e quando você precisar

perdê-las terá enorme dificuldade.

Caso essa pessoa não faça atividade física regularmente, não vai emagrecer

nem com reza brava. Ela não tem massa magra suficiente para dar vazão às

gorduras da atividade física. Por isso os obesos mórbidos não conseguem

resultado com a atividade física convencional.

A avaliação e diagnóstico da Obesidade de cada paciente através de exames

isolados, não produzem segurança na sua eficácia, pois em cada um o

metabolismo é diferente, o que acarreta a necessidade de cuidados e

tratamentos individualizados.

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1.1. Justificativa

Nos últimos anos a obesidade da população em geral e principalmente entre as

crianças, se tornou um motivo de preocupação em todo o mundo. É natural que

uma criança filha de pais obesos, venha também se tornar obesa até por uma

questão genética. Porém, não necessariamente essa criança será uma pessoa

adulta obesa.

Para tanto, serão necessários orientações e acompanhamentos, de saúde,

nutricional e da prática de atividades físicas regulares. Para educar e manter um

físico considerado normal (dentro do peso ideal) e saudável, significa primeiro

educar nossos hábitos alimentares, através de uma alimentação balanceada rica

em vitaminas e proteínas e em quantidade suficiente de acordo com cada faixa

etária. Uma vida saudável se constitui por alguns fatores, e entre eles está o

habito alimentar saudável e a prática regular de atividades físicas.

Através da nossa experiência e observações feitas principalmente quanto ao

lanche desses alunos de quinta série do Ensino Fundamental da Escola Estadual

Lobo D`almada no horário do recreio, consideramos que esses alimentos são

inadequados e pobres em vitaminas, uma vez que eles fazem seus lanches (na

sua grande maioria), basicamente constituídos de massas, gorduras e doces

(salgados, sanduíches, pizzas, etc.) e refrigerantes.

É uma péssima idéia persistir nessa seqüência de erros nutricionais. Soluções

inteligentes foram propostas por várias organizações internacionais. É preciso

agir principalmente sobre a alarmante e crescente obesidade infantil, retirando

das escolas o lanche rápido, (doces, salgadinhos, salgados, bombons,

chocolates, sorvetes, refrigerantes, etc.), substituindo esses itens por alimentos

saudáveis.

As próprias cadeias de comidas e lanches rápidos já oferecem opções menos

calóricas, inclusive saladas. Opções de refrigerantes, sorvetes e mesmo doces

menos calóricos estão tomando lugar das tradicionais porções engordativas. É

necessário deixar claro que nada disso irá funcionar se não programarmos contra

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os riscos da obesidade uma campanha como se fez contra o cigarro, por

exemplo. Informação ainda é o melhor remédio.

A escolha da Escola Estadual Lobo D’almada para realizarmos este trabalho, se

deu pelo fato de termos percebido uma quantidade razoável de alunos com

características semelhantes de sobrepeso. Como profissional de educação física

convivendo diariamente com essas crianças, tenho observado e constatado que

cresce o número de alunos que estão ficando com o peso acima do ideal. Essas

constatações têm causado preocupações e foi um dos motivos de termos

escolhido esse tema para podermos nos aprofundar e apresentar as propostas e

recomendações necessárias para amenizar esse problema.

Através deste trabalho de pesquisa de campo, poderemos diagnosticar e

constatar toda essa problemática na sua plenitude, e assim concluir por oferecer

algumas recomendações. A educação física escolar tem um papel importante e

determinante nesse processo de reeducação alimentar dessas crianças

estudantes.

Crianças filhas de pais obesos têm mais chances de se tornarem obesas

também. Há estudos que mostram que 80% dos filhos de pais e mães obesos,

também são obesos. Quando só um dos dois (pai ou mãe) é obeso, essa

proporção cai para 40% e, quando nenhum dos dois é obeso, só 7% dos filhos o

são.

Já é fato que uma em três crianças nos Estados Unidos é obesa. Pesquisas

mostram que dois terços dos pais não sabem conversar com seus filhos sobre

esse problema. Mostra também que o apoio de outras pessoas facilita a

compreensão sobre a necessidade de se perder esse peso a mais.

Da mesma forma, pais que conversavam de maneira efetiva com seus filhos

sobre o problema, notavam grande avanço, afirma Joseph Grenny, co-autor do

bestseller “Crucial Conversations”. Grenny oferece algumas dicas, como:

Pergunte ao seu filho o que é importante para se manter com saúde e com uma

boa aparência. Se ele deseja ficar mais saudável, se ofereça como treinador.

Também lembre que um bom treinador serve de exemplo. Demonstre seu próprio

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comprometimento para manter um estilo de vida saudável. Faça-o assumir essa

responsabilidade.

A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 350 milhões de pessoas

em todo o mundo são obesas, e 800 milhões estão acima do peso ideal. Prevê

ainda que em 2015, 70% da população brasileira estará com seu peso acima do

ideal.

Uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2005 revela que esse problema é

nacional, pois de cada 10 pessoas, quatro sofrem com o excesso de peso. A

obesidade também vem crescendo entre as crianças, devendo ser uma das

preocupações dos nossos governantes, uma vez que, esse excesso de peso

gera alguns problemas de saúde.

A segunda etapa de divulgação da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do

IBGE, mostrou que os brasileiros não estão se alimentando corretamente.

Segundo a pesquisa, são 38,8 milhões de pessoas com 20 anos ou mais de

idade que estão acima do peso, o que significa 40,6% da população total do país.

E, dentro deste grupo, 10,5 milhões são obesos. Entre os homens os obesos são

cerca de 20%, entre as mulheres o excesso de peso representa o total de um

terço (33%).

O Ministério da Saúde, por meio da Política de Alimentação e Nutrição, lançou o

primeiro Guia Alimentar para a População Brasileira, com informações, dados,

avaliações, curiosidades, alertas sobre a alimentação e também dicas de como

melhor aproveitar o alimento no cardápio do brasileiro. O material é direcionado

para a promoção da alimentação saudável e prevenção de doenças crônicas,

transmissíveis e infecciosas e orienta o trabalho dos profissionais de saúde nos

estados e municípios.

O Conselho Federal de Educação Física do Brasil - CONFEF desenvolve uma

campanha nacional permanente que é o da OBESIDADE ZERO. A intenção é

mostrar que os Conselhos e os Profissionais de Educação Física, como

interventores na área da saúde, não estão alheios ao problema da obesidade e

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comprometem-se eticamente com a segurança e com a melhoria da qualidade de

vida da população, principalmente dos jovens estudantes.

A Secretaria Estadual de Saúde de Roraima, nos informou que não existe

nenhum estudo sobre a obesidade infantil no estado, e que portanto não dispõem

de dados oficiais sobre o tema.

1.2. Objetivo Geral

Realizar um estudo do sobrepeso e da obesidade nos alunos de quinta série do

Ensino Fundamental da Escola Estadual Lobo D’almada de Boa Vista-Roraima.

1.3. Objetivos Específicos

Realizar os exames de peso e estatura dos alunos;

Fazer os cálculos para obtenção dos Índices de Massa Corporal;

Orientar os Estudar as causas e conseqüências dessa obesidade;

alunos que estejam acima ou abaixo da tabela do IMC;

Identificar os hábitos alimentares desses alunos, principalmente em

relação à merenda escolar;

Apresentar propostas e recomendações para as autoridades da saúde e da

educação.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 – A OBESIDADE INFANTIL A história da nutrição humana indica que atravessamos os séculos em uma

alternância de épocas de abundancia e de fome, tal como na história bíblica dos

sete anos de vacas gordas seguidas de sete anos de vacas magras. Até bem

recentemente, os zelosos pais e avós buscavam superalimentar as crianças.

Na segunda metade do século XX, teve inicio uma pálida resistência a esse tipo de

encorajamento em excesso. Os médicos e nutricionistas passaram a notar que a

abundancia de alimentos, a massificação dos cardápios, a super oferta de açúcar

sob todas as formas, a proliferação das cadeias de fast-food e a universal

popularização de refrigerantes, salgadinhos, doces, chocolates, etc, levaram a

população dos paises industrializados à obesidade (que já atinge 60% dos

americanos). Os alimentos industrializados são mais baratos, abundantes e muito

mais fáceis de se obter.

Outro fator importante que deve ser mencionado é que a porção da comida rápida

aumentou consideravelmente. O hambúrguer da década de 50, por exemplo, pesava

80 gramas (cerca de 205 calorias) e o atual está com 120 gramas, fornecendo 315

calorias. Rodízios de carne, massas, pizzas se popularizaram na base do “coma o

quanto puder”.

Uma pesquisa do IBGE mostrou que no Brasil, em 2003, houve declínio de consumo

do tradicional arroz com feijão em detrimento dos embutidos, dos refrigerantes, dos

sorvetes e da comida rápida. Nossos hábitos alimentares mudam durante o tempo, e

o que não é bom, muda para pior. O resultado dessa mudança é que mais de 40%

dos brasileiros estão com excesso de peso, e mais de 10% já se tornaram obesos.

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Estudos indicam que, 40% das crianças obesas aos 7 anos de idade serão adultos

obesos; 70% das crianças obesas entre 10 e 13 anos de idade serão adultos obesos

e 80% dos adolescentes obesos serão adultos obesos.

O que pode ser feito? A família é determinante no tratamento da obesidade em

crianças e adolescentes. Muitas das decisões (o que comprar, o que preparar para

as refeições, aonde comer – em casa, restaurante, fast-food – não são decisões

tomadas pelas crianças e sim pelos pais). Além disso, o exemplo da família é

fundamental, a mensagem para as crianças nunca deve ser, “você é gorda e precisa

perder peso”. Ao invés disso, deve ser, “todos nós precisamos comer corretamente e

ser ativos para nos tornarmos saudáveis”.

Nas últimas décadas, a dieta tradicional foi trocada pelo fast-food e pelo consumo

excessivo de açúcar e gorduras. As pessoas desenvolveram hábitos sedentários. Há

alguns anos se proliferaram os diversos tipos de regimes através dos famosos

shakes e pílulas, que não passam de charlatanismo, (uma falsa aparência

momentânea), pois, após ser completado o tratamento, o corpo dessa pessoa

voltará gradativamente ao estado de antes.

O Problema não está só na má alimentação, mas também nas comodidades

modernas das novas tecnologias, da escada rolante, do controle remoto dos

equipamentos eletrônicos, do computador, das lan House, a insegurança nas ruas e

praças (violência) tirou a liberdade de muitas crianças, limitando assim o lazer.

Constantemente estamos vendo na mídia casos de crianças obesas, em que os

próprios pais já estão sendo alertados e chamados à responsabilidade, para se

conscientizarem dessa doença, sob pena da perda da guarda dos seus próprios

filhos,(Jornal Record-15.03.07).

Outros casos foram relatados, na mídia nacional, como o caso da criança Lucas de 8

anos que mora em Campina Grande do Sul de São Paulo, que já está com 89 kilos;

o Matheus da Bahia, que, com um ano e três meses já está com 24 kilos, pois já

nasceu com o peso acima do normal; O João Pedro de São Paulo com 13 anos, que

atualmente pesa 146 kilos; e outros mais.(Programa Domingo Espetacular da Rede

Record em 25.03.07).

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A Pastoral da Criança atende crianças em bairros carentes em todo o Brasil. Esses

voluntários cuidam de crianças desnutridas, que praticamente estavam morrendo de

fome. Agora a preocupação é também com uma outra doença: a obesidade infantil.

Em Piracicaba, no interior de São Paulo, das 16 comunidades acompanhadas pela

Pastoral da Criança, em oito foram identificados meninos e meninas com o peso

acima do ideal. “De uns cinco anos para cá a gente está percebendo que as

crianças começaram a ganhar muito peso. E, na Pastoral, é mais normal haver

crianças com pouco peso. A gente começou a investigar, e ver o que essas crianças

estavam comendo. A maioria comia frituras, salgadinhos, biscoitos recheados e

refrigerantes em excesso, conta a voluntária Maria Suely Augusto”.

Alguns Governos Estaduais já aprovaram e colocaram em vigor leis que dispõem de

critérios para a comercialização de lanches pelas escolas públicas e privadas,

obedecendo a padrões de qualidade nutricional indispensáveis à saúde dos alunos.

O Governo do Estado de Santa Catarina com a Lei nº 12.061 de 18 de dezembro de

2001, fica expressamente proibido a comercialização do seguinte:

a)bebidas alcoólicas;

b)balas, pirulitos e gomas de mascar;

c)refrigerantes e sucos artificiais;

d)salgadinhos industrializados;

e)salgados fritos; e

f)pipocas industrializadas.

Enquanto que o Governo do Estado do Rio de Janeiro com a Lei nº 4508 de 11 de

janeiro de 2005, proíbe a comercialização, aquisição, confecção e distribuição de

produtos que colaborem para a obesidade infantil, ou seja: refrigerantes, salgados,

salgadinhos, balas, doces, qualquer fritura e outros.

A nutricionista Rita de Cássia Pereira da clinica de nutrição do Centro Universitário

de Araraquara, adverte, “precisa haver limite e disciplina, hora de comer é hora de

comer. Se a criança não aceitar o alimento naquele momento, os pais devem

guarda-los e não oferecer outro. Não dê aquilo que a criança mais gosta porque

daqui a pouco a fome vem e ai ela vai aceitar”.

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Para chegar ao peso ideal, é preciso uma dieta equilibrada. Os nutricionistas usam

uma pirâmide para mostrar o que devemos comer todos os dias. Na base, está o

grupo de alimentos que dão energia, como massas, arroz e pães. São os que

precisamos comer em maior quantidade. Em seguida, ficam os legumes, ricos em

vitaminas; as folhas, ricas em fibras; e também as frutas. Já o leite, a carne e o feijão

também devem entrar no cardápio todos os dias, mas em porções menores.

Nesses novos tempos já não se faz mais jovens fortes, saudáveis e bem

condicionados fisicamente como antigamente. Isso se deve a esses novos modelos

de vida, fazendo com que essas novas gerações levem uma vida sedentária.

Calcula-se que as doenças cardiovasculares são as causas da morte de 30% dos

brasileiros hoje. E se não mudarmos com urgência certas atitudes cotidianas e

hábitos alimentares perigosos, esse numero por certo aumentará nas próximas

décadas. Um estudo da Universidade Columbia, dos Estados Unidos, sugere que o

Brasil será o campeão mundial de novos casos de infarto em 2040. E esses casos

estarão acontecendo nessa época justamente com essas crianças obesas de hoje.

Os riscos decorrem do nosso estilo de vida. A falta de atividade física, a alimentação

rica em gorduras animais e açucares, e o excesso de trabalho sem lazer, é o

caminho perfeito para a arteriosclerose, a maior causa de infartos e derrames. Um

fato preocupante, confirmado pelo IBGE, é que estamos cada vez mais gordos. É

preciso, portanto, ter uma alimentação mais diversificada e de qualidade, viver de

forma mais saudável, tendo mais lazer e praticando atividades físicas regularmente.

Alguns alimentos são altamente calóricos, por exemplo:

• Uma barra de chocolate de 100 gramas; = 524 calorias

• 100 gramas de torresmo; = 728 calorias

• 500 ml. de refrigerante; = 480 calorias

• Um ovo frito; = 150 calorias

• 120 gramas de hamburger; = 314 calorias

• 100 gramas de frango empanado; = 224 calorias

• 150 gramas de bisteca porco; = 360 calorias

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2.1.1 - Os Carboidratos e as Proteínas:

Carboidratos lentos Carboidratos rápidos Proteínas (complexos) (simples)

quanto mais ingeridas mais emagrece

engorda em grandes engorda em pequenas

quantidades quantidades

Carne, frango, peixe, Pizza, pão, bolacha,

sorvete, doce, Arroz, feijão, queijo branco, clara chocolate e batata... de ovo, leite, fibras

refrigerantes iogurtes e gelatinas

Somente aos sábados

e domingos, no almoço

Suspenso por 70 dias

100 gramas= 1 xícara

2.1.2 - Dietas para demonstração

às 7 horas pão integral, clara de ovo, leite desnatado com café, gelatina e queijo branco

das 9 às 11 horas frutas 2 unidades/shake

das 12 às 14 horas carnes à vontade, verduras, legumes, queijo, gelatina, clara de ovo

das 15 às 17 horas

frutas 2 unidades/shake

das 18 às 20 horas o mesmo do almoço ou sopa de carne com legumes

não ingerir carboidratos após as 18 horas. Alimentar-se somente com proteinas

20

Esta instrução não deve ser seguida sem a orientação de um médico e nutricionista.

3.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR A atividade física teve inicio com o surgimento do ser humano, pela necessidade

desse primitivo de executar os movimentos corporais naturais, principalmente

através dos seus membros inferiores e superiores, e que, são básicos para a nossa

sobrevivência, como: correr, pular, trepar, arremessar, empurrar, e muitos outros.

Essa atividade física natural fazia parte da cultura milenar dos povos, e a Grécia deu

inicio a essa prática cultural com o jogo, da ginástica e da dança, como uma forma

de alegrar, de fortalecer os espíritos. Muitos séculos depois, esses jogos eram

apresentados somente para os aristocratas, como forma de terapia para a

manutenção da própria saúde.

Os índios brasileiros praticam a Educação Física de maneira natural quando têm que

caçar, pescar, remar, correr, lutar, etc. São excelentes nessas praticas, pois fazem

parte do seu dia a dia. Os negros, quando vieram para o Brasil, trouxeram consigo

seus conhecimentos e práticas naturais que deram origem a copoeira. No período

colonial os europeus trouxeram a influencia da igreja, em que essas atividades

físicas eram realizadas pelos escravos.

Até o final do século IXX a Educação Física era muito diferente da que conhecemos

e praticamos hoje. Os soldados militares eram treinados através dos exercícios

naturais assim como os índios.

Em 1893 a Associação Cristã de Moços se estabeleceu no Brasil e começou a

incentivar a prática da ginástica e de alguns desportos. Em 1907 uma missão militar

francesa veio para cá e trouxe consigo o método francês de ginástica, que foi

aplicado na Força Pública do Estado de São Paulo. Surgiu daí a Escola de

Educação Física da Policia Militar, a mais antiga do País. Assim, em 1920, o Brasil

pôde enviar a primeira equipe de atletas para os Jogos Olímpicos.

21

A Educação Física foi se tornando cada vez mais necessária e em 1931 foi

implantada como uma disciplina nas escolas brasileiras, passando os estudantes a

partir daí, a terem condições de se prepararem melhor fisicamente. Em 1969 foram

criados os Jogos Estudantis Brasileiros (JEBS), pelo Departamento de Educação

Física e Desportos do Ministério da Educação e Cultura. Com isso, a pratica da

educação física escolar e dos desportos, ganhava um grande incentivo. Além do

mais, os atletas e técnicos que se destacavam nos Jebs eram enviados a outros

paises onde faziam estágios e aperfeiçoamento técnico.

Estamos sempre procurando observar as recomendações dos PCNs, quanto aos

conteúdos, metodologias, sugestões de projetos interdisciplinares, etc. Para

relembrar seguem os principais pontos dos PCNs, que são divididos em 3 grandes

blocos:

1 – Conhecimentos sobre o corpo

• Anatomia (ossos, músculos, relaxamento e contração, etc.).

• Fisiologia (freqüência cardíaca, calorias, nutrição, etc.).

• Biomecânica (postura, equilíbrio, etc).

• Bioquímica (produção de energia, reposição de nutrientes, etc).

2 – Esportes, Lutas, Jogos e Ginástica.

• Esportes (regras oficiais e adaptadas, competição x recreação).

• Esportes x cultura x mídia

• lutas

• Ginásticas (para o esporte, saúde, recreação).

• Jogos (pré-desportivos, populares, brincadeiras).

3 – Atividades rítmicas e expressivas

• Danças (funk, rap, samba, de rua, de salão, etc).

• Brincadeiras de roda

• “Lengalengas”

22

3.1.1 - Atividades físicas regulares

• Até 1995, a ACSM (American College Sport Mediccine) dizia que deveríamos

fazer 30 minutos de exercícios aeróbios no mínimo três vezes por semana.,

Descobriu-se que qualquer tipo de exercício aeróbico traz benefícios a saúde.

Por exemplo, atividade da vida diária como: varrer e lavar a casa, lavar o

carro, passear com o cachorro, subir escadas em vez de usar o elevador,

passear de bicicleta, etc., trazem benefícios para a saúde. Assim, a

recomendação agora, é que, gastemos 200kcal por dia em atividades físicas,

para que os exercícios tragam benefícios para a saúde, diminuindo o risco de

doenças.

• A OMS determina que gastemos 2000 kcal de energia com atividades físicas

durante a semana.

• Um estivador precisa fazer exercícios? Um carteiro que anda todo dia precisa

fazer exercícios? Os exercícios foram criados para quem não faz nenhum tipo

de atividades físicas por dia.

• Praticar atividades físicas uma vez por semana é bom? Sim, é melhor do que

não praticar nenhuma vez. O perigo é exagerar, querendo fazer todo o

esforço de uma semana, em um dia. Mas se for feita, uma vez é melhor que

nenhuma.

• Mas o ideal é que pratiquemos alguma atividade física de modo adequado e

de acordo com as nossas possibilidades de condicionamento físico, todos os

dias.

• A Educação Física Escolar oferece aos alunos duas aulas por semana de 60

minutos cada, o que consideramos não ser o suficiente, pois nessa idade os

alunos estão condicionados fisicamente para fazer essas atividades

diariamente. Não só as atividades físicas fazem com que os alunos se

23

mantenham saudáveis e com o peso ideal, mas também uma alimentação

saudável e balanceada.

• A falta de exercícios pode levar a uma das principais causas de doenças: a

arteriosclerose, que é o entupimento das veias e artérias pela gordura

acumulada nas paredes e pode causar acidente vascular cerebral (a.v.c.),

hipertensão, diabetes, etc. Os exercícios físicos regulares também auxiliam a

prevenir a osteoporose (degeneração dos ossos), sarcopenia (perda de

músculos), reumatismo e traumatismos.

• Quando utilizamos mais de 30% a 40% da nossa massa muscular em um

exercício, este exercício passa a ser anaeróbico, pois pela musculatura está

sendo muito exigida passa a obstruir os vasos sangüíneos, deixando de irrigar

corretamente para os músculos, deixando de nutrir e ainda aumentando a

produção de acido lático. Assim, é importante termos uma musculatura forte,

pois num esforço de levantar um peso, só utilizaria por exemplo, 20%, não

causando obstrução dos vasos sangüíneos, evitando um maior cansaço para

ele.

• Um jovem, ao levantar uma cadeira, utiliza 50% da sua força nas pernas. Um

idoso utiliza 90% da sua força nas pernas. Assim, se fizesse um trabalho de

fortalecimento, em vez de 90%, poderia diminuir bastante esta percentagem.

Com isso, pelo esforço ficar menor com um treinamento de força, seu coração

trabalha menos e a pressão arterial diminui.

• Principais causas de lesões em treinamentos: quedas; cargas excessivas;

amplitude do movimento exagerada; impacto; trauma; repetições (excesso);

velocidade (acelerar e desacelerar rapidamente); mudanças bruscas de

direção;

• Preocupamo-nos quando alguém nos diz que tem pressão alta, diabetes,

gordura elevada, mas não nos importamos quando alguém diz que é

sedentário, que não faz nada de exercício. O exercício é o principal e mais

fácil meio de se evitar doenças causadas pela falta dele como arteriosclerose,

obesidade, problemas posturais, doenças do coração, osteoporose, etc., e

24

90% da população em geral é considerada inativa. Até mesmo muitos jovens

alunos são sedentários, pois não participam das aulas de educação física por

pura preguiça (inventam que não podem ou que estão doentes). Falta uma

conscientização geral e uma maior divulgação sobre os males de uma

alimentação inadequada e do sedentarismo.

• Já foi provado por estudo que pais que praticam esportes levarão seus filhos

a praticarem atividades físicas. Sinceridade é fundamental em uma família:

obesidade não é defeito de personalidade. Existem vários fatores que

contribuem para o surgimento deste quadro e somente com compreensão

pelas dificuldades e respeito pelo desejo das crianças e adolescentes é que o

jovem poderá aprender a cuidar de si, que no fim das contas, é o objetivo dos

pais.

3.1.2 - Benefícios de um bom condicionamento físico

• Diminuição da F.C. de repouso – os batimentos do coração, sem exercícios

físicos (quando a pessoa esta descansando, sentada no trabalho, almoçando,

etc.). Por exemplo, numa pessoa sedentária, o coração bate de 80 a 90 vezes

por minuto e num atleta de maratona pode bater de 50 a 60 vezes por minuto.

Imagine a economia de batidas do coração no final de 24 horas, de uma

semana, de um mês, de 365 dias.

• Diminuição da F.C. submáxima – batimentos do coração durante os

exercícios que não estão no Maximo do nosso limite, aproximadamente 85%

do esforço máximo.

• Diminuição da P.A. – A pressão arterial diminui por causa de uma melhoria

no fluxo sangüíneo e na contração do coração. Ocorre também um melhor

retorno venoso.

• Diminuição da resistência periférica – os vasos sangüíneos tornam-se mais

elásticos e limpos de gordura, facilitando a circulação do sangue.

25

• Diminuição da taxa de colesterol, gordura etc. – Os exercícios usam a

gordura como fonte de energia, diminuindo assim o peso corporal de gordura,

colesterol etc.

• Aumenta a contratilidade do coração - o coração passa a se contrair

melhor e a distribuir melhor o sangue para todo o corpo.

• Aumenta o numero de mitocôndrias – As mitocôndrias são as células onde

o oxigênio é usado para transformar os nutrientes em energia para o corpo.

• Aumenta o numero de capilares e vasos sangüíneos – Os capilares são

vasos do tamanho de fios de cabelo, cuja quantidade aumenta devido ao

exercício e assim levam mais oxigênio e nutrientes para as células e ajudam a

retirar os resíduos nocivos do corpo. Alguns autores acreditam que eles não

aumentam, mais sim que estejam fechados e passam a abrir com o estimulo

do exercício.

• Aumenta o numero de enzimas oxidativas – São enzimas que ajudam a

transformação dos nutrientes e do oxigênio em fonte de energia para o corpo.

• Aumenta a ATP, CP, glicogênio muscular – O ATP, CP e glicogênio são

alguns tipos de fontes de energia que o corpo produz, que tendem a

aumentar em quantidade, podendo assim ser utilizadas quando necessário.

• Aumenta o D.C. – o débito cardíaco é o volume de sangue que o coração é

capaz de bombear, multiplicado pelo numero de batimentos do coração.

• Aumenta a circulação coronariana – São os vasos que irrigam o coração e

levam os nutrientes e oxigênio a ele.

• Aumenta a produção de H.D.L. – é a abreviação em inglês de lipídeos de

alta densidade, que fazem algumas ações de limpeza nos vasos, retirando a

gordura que provoca os entupimentos, causando os enfartes.

• Aumento do VO2 máximo – é o volume máximo de oxigênio que o

organismo consegue captar, pois quanto mais o corpo consegue usar

26

oxigênio, melhor ele aproveita seus nutrientes, sentindo menos fadiga,

consumindo menos energia nos exercícios, etc.

• Aumento da capacidade de remover ácido lático – o ácido lático forma-se

como resíduos nos músculos, dificultando a contração do músculo.

• Aumento da resistência muscular – os músculos passam a suportar

(agüentar) os exercícios por um tempo maior do que de uma pessoa que não

faz exercícios, pois acumula mais energias de reserva, retirando mais rápido

o ácido lático.

• Aumento da flexibilidade das articulações

• Aumento do alongamento muscular

• Aumento da agilidade

• Aumento da coordenação motora

• Melhora a regulação intestinal

• Aumento da sudorese - com economia de sais minerais – o suor aumenta e

é mais bem distribuído pelo corpo, o que possibilita seu resfriamento mais

rápido; e saem menos sais minerais que são importantes para o nosso corpo,

principalmente para a contração muscular. O inicio da sudorese é também

mais rápido em pessoas bem condicionadas.

• Melhoria da regulação térmica – o corpo se adapta melhor e não se

aquecer demais durante os exercícios, pois muito calor é prejudicial para o

organismo.

• Diminuição da T.P.M. nas mulheres – a tensão pré-menstrual nas mulheres

diminui ou desaparece, quando fazem atividades regulares leves ou

moderadas.

• OBSERVAÇÃO: Exercícios durante a gravidez – os benefícios dos exercícios

(adequados) são tanto para as mães, como para os fetos, pois aumentam seu

peso corporal e adquirem melhores condições de saúde (musculares,

cardíacas, etc.).

27

3.1.3 - Movimento e Equilíbrio

Toda pessoa tem uma estrutura física, um peso, uma altura, um condicionamento

físico, uma coordenação motora, um equilíbrio. Quando estamos correndo ou se

movimentando em uma outra atividade, por exemplo, precisamos fazer um esforço

para conseguirmos mudar de direção ou parar imediatamente.

Correr cansa porque precisamos dominar duas forças: a força da gravidade, que

através do nosso peso, nos atrai para a terra; e a força da inércia, que faz com que

precisemos fazer um esforço para começar a correr ou a parar. Quando não

dominamos estas duas forças nos desequilibram. É importante não perdermos o

equilíbrio em momento nenhum, pois o resultado é sempre desastroso.

3.1.4 - O Aquecimento

• O aquecimento é muito importante antes de realizar uma atividade física, pois

prepara o corpo nos aspectos orgânicos, físicos, psicológicos, etc.,

melhorando a viscosidade dos músculos, ativando o sistema nervoso,

ativando a circulação sangüínea, fornecendo oxigênio aos músculos,

reduzindo a tensão muscular, além de desenvolver a consciência corporal,

etc.

• No aquecimento deve ter também exercícios de alongamento e flexibilidade,

mais sem forçar demais a amplitude das articulações, pois podem ocorrer

pequenas lesões. Depois podem ser feitos exercícios baseados nos próprios

movimentos do esporte que será realizado, mas em intensidade mais fraca.

• Ao final do exercício, devemos continuar por cerca de 2 a 3 minutos o mesmo

movimento ou outro movimento de baixa intensidade, como, por exemplo, o

andar depois de uma corrida, para que se retire dos músculos o ácido lático,

para que haja maior oferta de oxigênio e para auxiliar a circulação sangüínea,

pois os

28

músculos ao se contraírem, “espremem” os vasos sangüíneos, ajudando o

sangue a retornar ao coração. Depois, devemos novamente fazer uma “volta

à calma”, em que descansamos, reduzindo os batimentos cardíacos e a

freqüência respiratória.

3.1.5 - O Alongamento

Existem diferentes tipos de alongamentos: passivos, ativos e outros. Para pessoas

que não tem ainda uma prática habitual de atividades físicas, é recomendado

sempre o alongamento passivo, em que não existe movimento, isto é, procura-se

alongar o músculo até o ponto “Maximo” (sem dor intensa, pois não é tortura) e se

segura aproximadamente de 10 a 15 segundos, sem necessidade de prender a

respiração e também lembrando de manter uma postura correta, principalmente na

coluna vertebral. Alongamento ativo é aquele praticado com insistência, isto é, a

pessoa fica fazendo varias vezes o mesmo movimento, tentando sempre alongar o

máximo possível. Não é o mais indicado, mesmo para atletas, pois força a

musculatura, causando micro lesões, que mais tarde, podem gerar uma lesão maior

ao músculo.

3.1.6 - A Respiração

Uma das coisas mais importantes para o nosso organismo é levar oxigênio aos

pulmões e eliminar gás carbônico e outros elementos. Isto é feito através da

inspiração e expiração. A boa oxigenação do organismo facilita o funcionamento

de todos os órgãos, como o coração e os pulmões. No nosso organismo, o oxigênio,

juntamente com os alimentos, libera a energia necessária para o corpo.

Durante as atividades físicas há maior consumo de oxigênio e por isso maior

produção de gás carbônico, que deve ser eliminado do nosso organismo para não

causar intoxicação. E isso se faz através da expiração e de exercícios respiratórios,

fazendo com que voltemos à calma.

É importante sempre procurarmos para as nossas caminhadas, por exemplo, locais

abertos e arborizados para permitir uma boa oxigenação do nosso organismo, e

assim, poder absorver maior quantidade de oxigênio e eliminarmos o gás carbônico.

29

3.1.7 - Mitos e verdades dos exercícios

Usar sacos plásticos e outros objetos no corpo pode perder peso?

Essas matérias fazem o corpo superaquecer, perdendo líquidos em excesso, tirando

os sais minerais úteis para o corpo; não deixam o suor evaporar, o que faria o corpo

esfriar; a água que se perde não representa calorias perdidas.

Quem faz musculação e resolve parar, irá engordar?

A musculação provoca hipertrofia muscular (crescimento do volume das fibras), pelo

aumento das proteínas nas fibras, tecido conjuntivo e água. Se deixarem de ser

usadas, as proteínas serão retiradas e o volume do músculo irá diminuir (perdendo

peso). Quando temos muitas massas magras (músculos), gastamos bastante

gordura pelo aumento do metabolismo basal e, se perdemos músculos, podemos

gastar menos gordura e, assim acumular mais. O acumulo de gordura também pode

ocorrer, pois durante o treinamento, costuma-se comer melhor para suprir as

energias perdidas e, quando se para, deve-se diminuir a quantidade de alimento,

pois não irá gastar mais tanta energia, podendo daí começar a acumular em forma

de gordura.

A água gelada é absolvida mais rapidamente do que a água em temperatura ambiente?

O estomago absorve mais rápido a água gelada, o que é bom para reidratar mais

rápido nosso corpo.

Não se deve ingerir líquidos durante os exercícios?

Devemos sempre beber líquido, pois eles hidratam e ajudam na regulação térmica

do corpo. Devemos apenas ter o cuidado de não ingerir quantidades grandes, pois

podem gerar desconforto no estomago; menores quantidades são até obrigatórias

em competições como mini-maratona e outras provas de longa duração.

Bebidas com açúcar demoram mais para serem absorvidas pelo corpo e também

liberam insulina no corpo, que atrapalha a utilização do carboidrato como fonte

energética, o que reduziria o tempo em que conseguiríamos fazer exercício.

30

Comer e logo depois entrar na água faz mal?

Quando comemos, grande parte do sangue vai para a região abdominal para

realizar a digestão. O exercício necessita de sangue nos músculos e, por isso,

não há sangue

suficiente para as duas atividades, causando o que chamamos de “congestão”. Se,

por exemplo, ficamos apenas parados dentro da água, sem nos exercitar, não

teremos problemas. Mas o ideal após as refeições é descansar, deixando a digestão

“livre”.

Esporte é saúde?

Sim, esporte é saúde. Porém se praticarmos em exagero, de forma inadequada,

pode causar lesões musculares, nas articulações, vícios posturais, deficiências

nutricionais, problemas orgânicos, cardíacos, etc. Sempre aconselhamos aos

praticantes para uma maior segurança, procurar um médico e realizar um check-up.

Também um profissional de educação física para orientá-lo no planejamento de um

programa adequado para que cada um possa se sentir confiante, saudável e

preparado para essa prática.

3.1.8 - As Calorias

Uma pessoa gasta em media aproximadamente 2000 kcal/dia e dependendo do seu

nível de atividades diárias, essa media de calorias gasta num dia pode aumentar ou

baixar. Por exemplo, uma pessoa que trabalha como lenhador, por ser muito

cansativo, gasta aproximadamente 3500 kcal/dia. Já uma pessoa que está sentada,

sem realizar esforço nenhum, pode gastar aproximadamente 1500 kcal/dia.

Assim, uma pessoa que gasta cerca de 2000 kcal/dia deve também ingerir 2000

kcal/dia em alimentos para manter seu peso. Como exemplo, se comermos quatro

Big Mac (500 kcal = 2000kcal) num dia, alcançaremos a marca das 2000 kcal/dia. O

31

problema será analisarmos se a alimentação foi balanceada, com todos os

nutrientes necessários para o nosso organismo.

Uma alimentação balanceada deve ter os seguintes componentes:

• Carboidratos – São as principais fontes de energia. Estão presentes, por

exemplo, em pães, bolos, amido, etc.

• Gorduras – São fontes de energia, servem de proteção a órgãos vitais,

promovem isolamento térmico. Podem ser encontradas em carnes, ovos,

leites, queijos, mariscos, etc.

• Proteínas – Função de construção de células, tecidos e estruturas. São

encontradas em carnes, leites, ovos, cereais e gorduras etc.

• Vitaminas – substâncias que realizam as funções metabólicas das células.

Exemplos: A, D, E, K, B-1, B-2, C, etc.

• Água – é o meio em que ocorrem todos os processos do organismo. Está

presente na maioria dos alimentos, nas frutas, nas verduras, bebidas, etc.

Exemplos de quantidades de calorias gastas por uma pessoa, em um dia, de acordo com a profissão que exerce:

Idoso aposentado 1900 a 2400 kcal/dia

Técnico de laboratório 2100 a 2800 kcal/dia

Estudante 2200 a 2900 kcal/dia

Lenhador 3500 a 3700 kcal/dia

Operador de construção 3000 a 3300 kcal/dia

Dona de casa 2000 a 2200 kcal/dia

Assim, a pessoa que desempenha uma das profissões citadas deve,

conseqüentemente, ingerir por dia a quantidade de calorias indicadas para suprir

seu corpo de energia. Caso a pessoa gaste mais do que a quantidade de alimentos

que ingeriu, ela ira emagrecer.

Por exemplo: um operário da construção gastou num dia de trabalho 3000 kcal, mais

ingeriu apenas 2700 kcal. Assim, ficou com gasto de 300 kcal e irá emagrecer,

consumindo suas reservas de gordura armazenadas. Caso a pessoa gaste menos

do que a quantidade que ingeriu, irá acumular energia, em forma de gordura, dessa

32

forma poderá aumentar de peso. Se uma pessoa consome diariamente 2000 kcal e

sua alimentação também é de 2000 kcal, manterá seu peso. Caso ela pratique

alguma atividade física alem da sua atividade de trabalho como, por exemplo, correr

ou andar por 60 minutos, ela pode consumir, além das 2000 kcal normais, mais

300kcal. Assim, passará a consumir 2300 kcal e se mantiver sua alimentação igual

(2000 kcal), irá emagrecer.

3.1.9 - Curiosidades sobre nutrição e atividade física

Nós utilizamos energia para nos movimentarmos. Essa energia é obtida através de

uma reação do oxigênio com os alimentos. Porém a energia se gasta e o corpo

necessita constantemente de mais energia para poder funcionar regularmente.

E quanto mais intensa for sua atividade física você vai precisar de mais alimentos

adequados para compensar a energia gasta. Esses alimentos adequados,

combinados com o oxigênio nos dão a energia. Por isso é importante escolhermos

bem os alimentos que vamos comer.

De um modo geral os alimentos são divididos em três grupos: energéticos, plásticos e vitamínicos. Para um maior conhecimento, consta nos anexos as

Tabelas dos alimentos e suas calorias e as vitaminas com suas funções. Os

alimentos energéticos são justamente aqueles que fornecem a energia necessária

aos movimentos. Os plásticos servem para a formação e manutenção do corpo e os

vitamínicos ajudam a controlar o funcionamento do organismo.

A receita para ganhar massa magra (músculos) é comer adequadamente e realizar

as atividades físicas regulares:

• Proteínas: aumentam a produção do hormônio do crescimento (GH).

• Gorduras: aumentam a produção de testosterona, que aumenta a massa

muscular.

• Carboidratos: aumentam a liberação de insulina, que auxilia o aumento da

massa magra.

O aumento dos músculos ocorre por diversos motivos: hipertrofia (aumento do

volume das fibras pelas proteínas e tecidos conjuntivos), hiperplasia (apesar de

33

ainda em estudos, muitos acreditam que também exista aumento no numero de

fibras), hidratação (aumento da água no músculo). Quando aumentamos a massa

muscular, passamos a gastar mais calorias em repouso, isto é, no metabolismo

basal. Como esse é responsável por 70% do gasto calórico diário, se aumentarmos

nossos músculos, passaremos a gastar mais gordura e emagrecer. Os outros 30%

envolvem o processo de digestão e exercícios que fazemos diariamente.

A gordura das vísceras é a primeira a ser usada como fonte de energia. A gordura

cutânea é utilizada depois. Nas mulheres a gordura das coxas é a que demora mais

para ser utilizada como fonte de energia. Nos homens, a que demora mais é a da

barriga.

34

4. METODOLOGIA

Os trabalhos serão desenvolvidos a partir de um estudo bibliográfico,

observações, entrevistas, questionários aplicados e da coleta de dados dos

alunos (peso, estatura e índices do IMC).

35

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com os propósitos desta investigação foi aplicado aos alunos em sala de

aula, um questionário com dez perguntas conforme Anexo I, cujos resultados serão

detalhados e interpretados a seguir.

Foram questionados um total de 111(cento e onze) alunos, representando 56,06%

dos alunos de quinta série dessa Escola. Todos esses alunos são oriundos de

outras escolas, tanto do centro quanto de outros bairros da nossa capital, portanto

de diferentes classes sociais. Eles responderam na própria sala de aula essas dez

questões, que antes teve uma explicação, bem como tiradas algumas dúvidas pelos

seus professores.

Ao perguntar aos alunos se as escolas que eles estudaram no ano passado davam

orientações sobre nutrição, 36,93% responderam que sim, e 33,29% responderam

que não, enq uanto 33,34% disseram que só às vezes. Essas respostas bem

divididas refletem a realidade dentro da sala de aula no que se refere ao asssunto,

não existindo portanto, uma preocupação da escola ou mesmo da nossa Secretaria

de Educação. Apenas alguns professores por conta própria orientam ou não.

Perguntado aos alunos se seus professores anteriores os orientavam sobre uma boa

alimentação, 59,45% responderam que sim, 17,11% que não e 23,44% disseram

que somente às vezes recebiam essas orientações. Essa maioria de respostas sim,

já era esperada, uma vez que, de 1ª a 4ª série esse conteúdo é trabalhado. Porém

sem a preocupação com a saúde dessas crianças.

Indagados se os seus pais tinham características físicas que eram consideradas

acima do peso ideal, 54,95% responderam que sim, enquanto que 45,05% disseram

que não. Esse quase empate técnico, não reflete a realidade, pois os costumes e a

alimentação nessa região norte (com caldeiradas de peixe e churrascos de boi), são

consideradas propicias ao aumento de peso dessa população, além de suas

características físicas, onde muitos são descendentes de índios. Posteriormente

36

constatei que muitas dessas respostas não foram dadas por vergonha de dizerem

que seus pais estavam acima do peso.

Em seguida foi perguntado o que eles mais gostavam de comer (lanchar) fora das

suas refeições regulares, e, 71,17% responderam que tomavam refrigerantes,

61,26% disseram que comiam salgados e sanduíches. Enquanto que o percentual

restante foi muito dividido com outros produtos, como: sucos, pizzas, sorvetes,

bolos, chocolates, biscoitos, salgadinhos e frutas. Podemos perceber e constatar

que, a grande maioria absoluta desses produtos é prejudicial à saúde e ao mesmo

tempo propícias ao aumento de peso. É a realidade, não só de Roraima.

Ao perguntar se gostavam de comer frutas e verduras, 54,95% responderam que

sim, e somente 6,32% que não, enquanto que 38,73% disseram que gostam mais ou

menos. Essa grande diferença entre o sim e o não, tem uma característica, pois aqui

boa parte de nossas frutas regional (manga, caju, goiaba, jambo), não tem valor, são

apanhadas e comidas ali mesmo no meio da rua. Outra explicação que constatei, foi

por vergonha, pois dias atrás eu havia comentado com eles a importância de se

comer frutas e verduras.

Perguntado o que eles mais costumavam merendar na escola, 40,54% responderam

que era refrigerante com salgado da lanchonete, enquanto outros 36,93% disseram

preferir comer a própria merenda da escola na cantina. O percentual restante ficou

dividido entre: biscoitos, sorvetes, bolinhos, salgadinhos e sucos. Esses dois

percentuais se aproximam da realidade, mais por uma questão financeira, e mesmo

esses alunos que disseram comer a merenda da escola, somente o fazem nos dias

em que aquela merenda é ao sabor deles. Mais uma vez constata-se que esses

alunos não estão se alimentando bem.

Solicitado a opinião deles, se uma boa alimentação era importante para a saúde,

97,29% responderam que sim, apenas 2,71% disseram ser mais ou menos

importante, e houve unanimidade na resposta não, confirmando assim que uma boa

alimentação é muito importante para a nossa saúde. Eles têm essa consciência sim,

porém não são estimulados, convencidos a seguir.

37

Ao perguntar se eles consideravam que estavam com o peso acima do ideal,

36,03% responderam que sim, enquanto que 63,97% disseram que não. Essas

respostas se aproximam do resultado dessa pesquisa, quando foram apurados os

resultados comparativos do peso com a altura desses alunos, que estão constatados

e apresentados a seguir.

Quando lhes foi perguntado se praticavam alguma atividade física regularmente,

algum esporte, por exemplo, 80,18% responderam que sim, enquanto que somente

19,82% disseram que não. Pela nossa experiência e observação do nosso trabalho

na pratica com esses alunos diariamente, podemos afirmar que esses oitenta por

cento de sim, são realmente aqueles que praticam, inclusive nas aulas de educação

física.

Ao final foi perguntado o que deveríamos fazer para manter o nosso corpo saudável,

uma esmagadora maioria, 96,48% respondeu que deveríamos fazer exercícios ou

praticar algum esporte, ao mesmo tempo em que deveríamos se alimentar bem. O

restante, 3,52% deu outras opções como resposta. Fica constatado e evidenciado

que o nosso jovem tem essa consciência, e boa parte deles já seguem e a praticam.

Foram realizados os exames biométricos através da aferição do peso e da medida

da altura de 180 alunos da quinta série, o que corresponde a 90,91% do seu total.

Foram utilizadas uma balança de pé não digital e uma fita métrica comum. As

anotações foram feitas diretamente no formulário modelo Anexo 2, que é composto

de seis colunas: numero de ordem, nome do aluno, idade, peso, altura e IMC.

Após análise do IMC apurado, constatou-se que um total de 73 alunos está com o

peso acima do ideal, sendo 17 pré-obesos e 7 já no estado de obesidade. Quanto a

distribuição por sexo, o quadro ficou assim: 34,24% dos alunos com o peso acima do

ideal são do sexo feminino e 65,76% masculino; os pré-obesos são: 23,51%

feminino e 76,49% masculino; os obesos são: 42,85% feminino e 57,15% masculino.

Podemos constatar, portanto, que, os alunos do sexo masculino estão mais pesados

que os do sexo feminino, conforme os números acima, tanto nos que estão acima do

peso ideal, nos pré-obesos, bem como nos obesos. Observamos assim, que os

38

homens se importam menos com a aparência do que as mulheres. O que de certa

forma acaba sendo a realidade, não só no meio dos jovens, como também entre os

de mais idade, ou seja, de toda a nossa sociedade.

Após a análise e interpretação desses resultados, podemos apresentar algumas

propostas e recomendações para que as nossas autoridades governamentais

possam avaliar a importância desse trabalho.

1- Que seja realizado esse mesmo trabalho de pesquisa nas demais

séries, níveis e Escolas Estaduais do Ensino Básico, uma vez que se

considera necessário e muito importante;

2- Criar no seio da Secretaria de Estado da Educação, uma equipe multi-

disciplinar composta de profissionais da Educação Física, médicos e

nutricionistas, no sentido de realizar palestras, organizar as pesquisas,

acompanhar e tratar os casos detectados;

3- Desenvolver e apresentar um Programa de educação e tratamento ali-

mentar, com a orientação de especialistas, para aqueles alunos que

apresentarem problemas de sobrepeso.

39

6. CONCLUSÃO Com a realização desse trabalho de pesquisa sobre a Educação Física Escolar e a

Obesidade nos alunos de quinta série do Ensino Fundamental da Escola Estadual

Lobo D’almada”, pôde-se observar que essa educação física escolar ganha cada

vez mais importância na contribuição da saúde e de uma melhor qualidade de vida

dos nossos jovens estudantes.

A nossa perspectiva é de que possamos com o apoio e incentivo das nossas

autoridades educacionais, dar continuidade a esse trabalho de grande relevância

não só para a comunidade escolar e educacional, mas principalmente para esses

jovens alunos com problemas de sobrepeso, tanto no que se refere ao lado

psicológico, quanto na alta estima deles.

Com a continuidade desse trabalho poderemos atender as outras séries e níveis do

Ensino Básico, bem como as demais escolas estaduais da nossa capital e com

grandes possibilidades desse atendimento se estender também para as Escolas dos

Municípios do interior do nosso Estado.

É determinante esse apoio da Secretaria de Educação, criando as condições

necessárias para num período de curto e médio prazo, todo esse trabalho possa ser

realizado, e assim, poder contribuir e ao mesmo tempo dar uma resposta positiva a

nossa sociedade.

Pudemos constatar também que falta muita coisa a ser feita pelas Secretarias da

Educação e da Saúde, tanto em relação às informações, quanto nas próprias ações,

que possam proporcionar mais saúde e uma melhor qualidade de vida

principalmente a esses jovens estudantes.

A própria merenda escolar oferecida pela COAN-Alimentos & Serviços, através de

contrato fIrmado com o Governo do Estado, não se torna um atrativo a mais para o

nosso alunado. Constatamos até que o seu cardápio não é dos piores, porém é

preciso melhorar, oferecendo uma maior diversidade e qualidade alimentar. Mais

produtos regionais precisam ser introduzidos nessa merenda.

40

Faz-se necessário também à realização de palestras e uma maior divulgação da

importância nutricional dessa merenda oferecida nas escolas públicas estaduais,

para que esses alunos se sintam confiantes e “sem vergonha”, voltando a comer a

merenda da escola.

Foi observada também a questão das Lanchonetes que vendem seus lanches

dentro das escolas, sendo na sua grande maioria, composto de frituras e salgados

de presunto e queijo, acompanhados do tradicional refrigerante “tubaina”.

Alguns Governos Estaduais e Municipais do nosso país, já criaram e adotaram suas

leis que disciplinam a venda desses lanches nas escolas, proibindo a

comercialização daqueles produtos com altos índices de gorduras e açúcares,

principalmente.

Conteúdos específicos sobre a saúde e os hábitos alimentares saudáveis desses

alunos poderão ser introduzidos e trabalhados na Proposta Curricular Estadual, para

que esses jovens estudantes tenham um maior conhecimento.

Os números aqui apresentados nos mostram que estamos dentro da média nacional,

e que também em nosso Estado de Roraima, esse problema da má alimentação e

qualidade de vida (sedentarismo), não é muito diferente do resto do país e do

mundo. Torna-se necessário, portanto, que as providencias para reverter essa

situação, sejam tomadas com urgência.

Temos o desejo e a esperança de que todas essas questões possam ter o

conhecimento e o reconhecimento das nossas autoridades educacionais, que

sensibilizadas venham trabalhar por elas.

41

7. REFERÊNCIAS

Manifesto Mundial da Educação Física, capitulo VII. A educação física como

educação para a saúde, FIEP, 2000.

MACCARIO, Bernard, Definição dos objetivos da educação física, Livros

Horizontes, Lisboa, 1984.

BARBOSA, Vera Lucia Perino, Texto: Como conversar com seus filhos sobre o

peso e lutando contra a obesidade infantil. Internet: movere.com.br – núcleo de

atividades esportivas, jun/2006.

GENTILE, Paola, Texto: Tia me dá uma maçã? Revista Nova Escola, nº 172,

maio/2004.

BARSA, Nova Enciclopédia, Obesidade, Barsa Consultoria Editorial, volume 10,

São Paulo, 2001.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTA (2005), disponível no

endereço http://www.ibge.gov.br. Acessado em fevereiro/2007 as tantas horas

OBESIDADE Infantil é preocupação mundial, http://listas.cev.org.br/cevnutri,

acessado em janeiro/2007.

MANIFESTO a favor da Educação Física na Escola, “Não há Educação sem

Educação Física”, http://www.confef.org.br, acessado em janeiro/2007.

FERREIRA, Vera Lúcia Costa, “Prática da Educação Física no 1º Grau”, Editora

IBRASA, São Paulo, 1984.

CADERNO DO PROFESSOR, Educação Alimentar e Nutricional, “Criança

Saudável, Educação Dez - Fome Zero”, Equipe do Ministério do Desenvolvimento

Social e Combate à Fome, Editora Globo, São Paulo, SP, 2003.

42

PINHEIRO, Dr. João, “Decifrando a Obesidade”, Editora Celebris, São Paulo,

2004.

REVISTA EF Órgão Oficial do CONFEF, Ano VI, nº 22, Dezembro/2006, Rio de

Janeiro, 2006.

TEIXEIRA, Hudson Ventura, Trabalho Dirigido de Educação Física, 1º grau, 3ª

edição, Saraiva S/A, São Paulo, 1978.

“Obesidade Infantil”, “Cantinas dentro da lei”, “Pastoral da criança enfrenta novo

desafio”, “Diário das calorias”, www.globo.com.br/globoreporter, acessado em

março/2007.

43

Universidade de Brasília-UnB

Cento de Educação a Distância-Cead Curso de Especialização em Educação Física Escolar

APÊNDICE 1

Questionário do Aluno

Escola Estadual de Ensino Fundamental Lobo D’almada Série:.......Turma:...........Turno:.........................Idade:.........Sexo:...................... Caro Estudante, Estamos desenvolvendo um trabalho de pesquisa sobre obesidade infantil, para a monografia de pós-graduação na área de educação física escolar, e, portanto, pedimos a sua colaboração nesse sentido. 1-A sua escola anterior desenvolveu entre seus alunos, orientações sobre nutrição? ( )Sim ( )Não ( )As vezes 2-Os professores apresentam em sala de aula, orientações sobre uma boa alimentação? ( )Sim ( )Não ( )As vezes 3-Seu pai ou sua mãe têm características físicas consideradas acima do peso normal? ( )Sim ( )Não 4-O que você mais gosta de comer (lanchar), fora das refeições regulares? R..................................................................................................................................... 5-Você gosta de frutas e verduras? Sim( ) Não( ) Mais ou menos( ). Quais:............................................................................................................................. 6-O que você costuma merendar na sua escola? R..................................................................................................................................... 7-Uma boa alimentação, é importante para a saúde? ( )Sim ( )Não ( )Mais ou menos 8-Você considera que está com o peso acima do normal? ( )Sim ( )Não 9-Você pratica alguma atividade física regularmente (esporte)? Sim ( ) Não ( )

10-O que devemos fazer para manter o nosso corpo saudável? R.....................................................................................................................................

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Universidade de Brasília-UnB

Centro de Educação a Distância-Cead Curso de Especialização em Educação Física Escolar

APÊNDICE 2

Exames Biométricos

Turma:_________ Turno:______________ Ord Nome Idade Peso Altura *IMC 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

*Índice de Massa Corporal

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TABELA DE IMC PARA CRIANCAS (BRITISH MEDICAL JOURNAL, 2000)

Homens Mulheres Homens Mulheres Idade (anos) Pré-obeso Obesidade

2 18,4 18,0 20,1 20,1 2,5 18,1 17,8 19,8 19,5 3 17,9 17,6 19,6 19,4

3,5 17,7 17,4 19,4 19,2 4 17,6 17,3 19,3 19,1

4,5 17,5 17,2 19,3 19,1 5 17,4 17,1 19,3 19,2

5,5 17,5 17,2 19,5 19,3 6 17,6 17,3 19,8 19,7

6,5 17,7 17,5 20,2 20,1 7 17,9 17,8 20,6 20,5

7,5 18,2 18,0 21,1 21,0 8 18,4 18,3 21,6 21,6

8,5 18,8 18,7 22,2 22,2 9 19,1 19,1 22,8 22,8

9,5 19,5 19,5 23,4 23,5 10 19,8 19,9 24,0 24,1

10,5 20,2 20,3 24,6 24,8 11 20,6 20,7 25,1 25,4

11,5 20,9 21,2 25,6 26,1 12 21,2 21,7 26,0 26,7

12,5 21,6 22,1 26,4 27,2 13 221,9 22,6 26,8 27,8

13,5 22,3 23,0 27,2 28,2 14 22,6 23,3 27,6 28,6

14,5 23,0 23,7 28,0 28,9 15 23,3 23,9 28,3 29,1

15,5 23,6 24,2 28,6 29,3 16 23,9 24,4 28,9 29,4

16,5 24,2 24,5 29,1 29,6 17 24,5 24,7 29,4 29,7

17,5 24,7 24,8 29,7 29,8 18 25 25 30 30

46

TABELAS DO IMC (NAO ATLETAS)

Categoria

IMC

Abaixo do peso

Abaixo de 18,5

Peso normal

18,5 – 24,9

Sobrepeso

25,0 – 29,9

Obeso leve

30,0 – 34,9

Obeso moderado

35,0 – 39,9

Obeso mórbido

40,0 e acima

CATEGORIA DE IMC (OMS)

IMC Magreza – grau III < 16 Magreza – grau II 16 – 16,9 Magreza – grau I 17 – 18,4

Eutrofia 18,5 – 24,9 Pré-obeso 25 – 29,9

Obeso – classe I 30 – 34,9 Obeso – classe II 35 – 39,9 Obeso – classe III > 40

Peso

IMC = Altura2