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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CUSTOS DE TRANSAÇÃO E ARRANJOS INSTITUCIONAIS ALTERNATIVOS: UMA ANÁLISE DA AVICULTURA DE CORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO ANTONIO CARLOS LIMA NOGUEIRA Orientador: Prof. Dr. DECIO ZYLBERSZTAJN SÃO PAULO 2003

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMI A ... · Ainda que seja predominante na avicultura brasileira, o contrato de parceria ... 7. Tabela de contingência para Escala e

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

CUSTOS DE TRANSAÇÃO E ARRANJOS INSTITUCIONAIS ALTERNATIVOS:

UMA ANÁLISE DA AVICULTURA DE CORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO

ANTONIO CARLOS LIMA NOGUEIRA

Orientador: Prof. Dr. DECIO ZYLBERSZTAJN

SÃO PAULO

2003

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

CUSTOS DE TRANSAÇÃO E ARRANJOS INSTITUCIONAIS ALTERNATIVOS: UMA

ANÁLISE DA AVICULTURA DE CORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO

ANTONIO CARLOS LIMA NOGUEIRA Dissertação apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Administração

Orientador: Prof. Dr. DECIO ZYLBERSZTAJN

SÃO PAULO

2003

iii

Para

Sílvio e Leodyr

Pelos valores que duram para a vida toda

Renata

Pelo amor, paciência e dedicação demonstrados dia a dia

iv

AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Decio Zylbersztajn, pela orientação e motivação durante o estudo, pelo apoio na

minha carreira profissional e principalmente pelo exemplo de ética e responsabilidade.

Aos colegas do PENSA-Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial, pela

convivência enriquecedora e companheirismo.

Ao Sr Érico Pozzer, pelo auxílio prestado na coleta dos dados dos integrantes da Associação

Paulista de Avicultura.

À Nice, pelo suporte nas mais diversas situações durante a realização do trabalho.

Às colegas da Revista de Administração da USP, Sônia e Celeste, pelo apoio na fase final do

trabalho.

v

RESUMO

Neste estudo pretende-se analisar a coexistência de arranjos institucionais alternativos

em sistemas produtivos agroindustriais, com foco no suprimento de frangos aos processadores

na avicultura. Ainda que seja predominante na avicultura brasileira, o contrato de parceria

com produtores coexiste com outros arranjos institucionais no Estado de São Paulo, como as

transações via mercado com intermediários de frango vivo ou contratos de fornecimento

temporário com produtores independentes. O objetivo do estudo é analisar a participação

percentual dos arranjos institucionais alternativos no suprimento total dos processadores e as

razões para que sejam adotados. As variáveis explicativas consideradas são algumas

características e estratégias dos processadores, assim como percepções que eles têm sobre as

transações, e o ambientes competitivo. Os dados foram obtidos em questionário aplicado para

30 processadores. A análise foi realizada considerando-se os arranjos institucionais

individuais, o grau de integração medido pelo arranjo predominante (mercado, contratos e

integração) e a escolha dicotômica do Mercado. Para cada nível de análise foram realizadas

análises de estatística descritiva, análise de correlação, análise de correspondência e testes

qui-quadrado para testar as hipóteses levantadas com base na Economia dos Custos de

Transação.

Palavras-chave: custos de transação, arranjos institucionais, avicultura, sistemas

agroindustriais, coordenação vertical.

vi

ABSTRACT

The study analyzes the coexistence of institutional arrangements in agri-food

productive systems, with focus on supply of chickens to the processors in the poultry industry.

Although it is predominant in the Brazilian aviculture, the partnership contract with producers

coexists with other arrangements in the State of São Paulo, as spot market transactions with

dealers of live chicken or contracts of temporary supply with independent producers. The

objective of the study is to analyze the percentile participation of the alternative institutional

arrangements in the total supply of the processors and the reasons why they are adopted. The

considered explanatory variables are some characteristics and strategies of the processors, as

well as perceptions that they have about the transactions, the competitive and institutional

environments. The data was collected by questionnaires applied to a sample of 30 processors.

The analysis had considered the institutional arrangements the degree of coordination

measured by the predominant arrangement (spot market, contracts and vertical integration)

and the dichotomist choice of spot market.. To each level of analysis, the data were treated by

descriptive statistics, correlation analysis, correspondence analysis and chi-square test in order

to test the hypothesis proposed, based on Transaction Cost Economics.

Key-words: transaction costs, institutional arrangements, poultry industry, agri-food systems,

vertical coordination.

vii

SUMÁRIO

Página

1 O PROBLEMA............................................................................................................ 13

1.1 Introdução................................................................................................................ 13 1.2 Situação-Problema ................................................................................................... 15 1.3 Objetivos e Delimitação do Estudo........................................................................... 17 1.4 Referencial Teórico .................................................................................................. 17 1.5 Justificativa .............................................................................................................. 18

2 ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO......................................................... 19

2.1 Fundamentos............................................................................................................ 20 2.2 Dimensões das Transações ....................................................................................... 21 2.3 Arranjos institucionais.............................................................................................. 23 2.4 Ambiente Institucional ............................................................................................. 25

3 ANÁLISE DE ARRANJOS INSTITUCIONAIS.......................................................... 27

3.1 Tipos de Arranjos Institucionais ............................................................................... 27 3.2 Escolha dos Arranjos Institucionais .......................................................................... 31 3.3 Evolução dos Arranjos Institucionais........................................................................ 38

4 COORDENAÇÃO NA AVICULTURA DE CORTE................................................... 40

4.1 Ambiente Institucional ............................................................................................. 40 4.2 Ambiente Competitivo ............................................................................................. 41 4.3 Evolução dos Arranjos Institucionais........................................................................ 44

5 METODOLOGIA ........................................................................................................ 51

5.1 Definição de Variáveis ............................................................................................. 51 5.2 Hipóteses ................................................................................................................. 57 5.3 Instrumentos de Medida ........................................................................................... 64 5.4 Coleta de Dados ....................................................................................................... 65 5.5 Tratamento e Análise dos Dados .............................................................................. 66 5.6 Limitações do Método.............................................................................................. 69

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 71

6.1 Considerações Gerais ............................................................................................... 71 6.2 Arranjos Institucionais ............................................................................................. 72 6.3 Perfil do processador................................................................................................ 76 6.4 Transação de Mercado.............................................................................................. 86 6.5 Ambiente Competitivo ............................................................................................. 88 6.6 Testes de Hipóteses .................................................................................................. 89

viii

7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 124

ANEXOS .......................................................................................................................... 131

1. Estatísticas descritivas dos grupos Arranjos institucionais, Perfil do Processador, Transação de mercado e Ambiente competitivo.............................................................. 132 2. Análise de Correlação para os grupos Arranjos institucionais, Perfil do processador, Transação de mercado e Ambiente competitivo.............................................................. 135 3. Resumo da análise de correspondência para Perfil do processador, Transação de mercado e Ambiente competitivo, cada grupo cruzado com Grau de integração ............. 139 4. Testes de Qui-quadrado para Perfil do processador, Transação de mercado, Ambiente competitivo e Mercado................................................................................................... 144 5. Questionário aplicado para processadores da avicultura do Estado de São Paulo ....... 148

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 150

ix

LISTA DE FIGURAS Figura Página 1. Continuum de arranjos institucionais básicos da avicultura paulista................................. 53 2. Agentes e arranjos institucionais para fornecimento de frango vivo na avicultura paulista53 3. Arranjos institucionais de suprimento de frangos vivos ao processador (AB). ................. 54 4. Participação percentual média dos arranjos institucionais de cada processador ................ 73 5. Participação percentual dos arranjos institucionais no total de abate da amostra. ............. 73 6. Participação percentual dos casos conforme o Grau de integração adotado....................... 74 7. Participação percentual de adoção de Mercado no total de casos da amostra ................... 74 8. Histograma do ano de instalação das empresas na amostra. ............................................. 77 9. Distribuição percentual por décadas do ano de instalação das empresas na amostra......... 77 10. Histograma de freqüência das empresas na amostra por faixas de escala de produção

(animais abatidos/dia). ................................................................................................. 79 11. Distribuição percentual das empresas na amostra por faixas de escala (animais

abatidos/dia)................................................................................................................. 79 12. Histograma da empresas por faixa de participação do frango congelado. ....................... 80 13. Distribuição das empresas por faixas de participação do frango congelado.................... 81 14. Histograma de empresas por faixa de participação do frango exportado. ....................... 82 15. Distribuição das empresas entre exportadoras e não exportadoras.................................. 83 16. Histograma de empresas por faixa de concentração de vendas....................................... 84 17. Distribuição das empresas por faixas de concentração de vendas no maior comprador. . 85 18. Mapa de análise de correspondência entre Grau de integração e Instalação.................... 92 19. Mapa de análise de correspondência entre Grau de integração e Escala ......................... 93 20. Mapa de análise de correspondência para Congelamento e Grau de integração.............. 94 21. Mapa de análise de correspondência para Concentração e Grau de Integração............... 96 22. Mapa de análise de correspondência para Regularidade e Grau de integração................ 98 23. Mapa de análise de correspondência para Qualidade e Grau de Integração .................... 99 24. Mapa de análise de correspondência para Sanidade e Grau de Integração.................... 100 25. Mapa de análise de correspondência para Negociação e Grau de Integração................ 102 26. Mapa de análise de correspondência para Manutenção e Grau de Integração............... 103 27. Mapa de análise de correspondência para Justiça e Grau de Integração ....................... 105 28. Mapa de análise de correspondência para Impostos e Grau de Integração.................... 106 29. Mapa de análise de correspondência para Previsão e Grau de Integração..................... 107 30. Mapa de análise de correspondência para Conquista e Grau de Integração .................. 108 31. Mapa de análise de correspondência para Informação e Grau de Integração ................ 109 32. Mapa de análise de correspondência para Insumo e Grau de Integração ...................... 111 33. Mapa de análise de correspondência para Comprador e Grau de Integração ................ 112

x

LISTA DE QUADROS Quadro Página 1. Arranjos institucionais para diversos níveis de incerteza e especificidade de ativos ......... 33 2. Previsão da forma organizacional da coordenação vertical .............................................. 34 3. Quadro de referência para a tomada de decisão sobre coordenação vertical .................... 35 4. Variáveis dependentes correspondentes aos arranjos institucionais.................................. 54 5. Variáveis explicativas de perfil e percepções do processador........................................... 56 6. Critério para categorias das variáveis explicativas. ........................................................... 57

xi

LISTA DE TABELAS Tabela Página

1. Variações esperadas nas variáveis de arranjos institucionais............................................ 64 2. Tabela de contingência para o cruzamento de Instalação e Escala ................................... 78 3. Tabela de contingência para o cruzamento de Congelamento e Escala............................. 81 5. Tabela de contingência para o cruzamento de Concentração e Escala............................... 85 6. Tabela de contingência pelo cruzamento de Instalação e Grau de integração ................... 91 7. Tabela de contingência para Escala e Grau de Integração ................................................ 93 8. Tabela de correspondência entre o Congelamento e o Grau de integração ....................... 94 9. Tabela de contingência para Exportação e Grau de integração......................................... 95 10. Tabela de contingência para Concentração e Grau de integração ................................... 96 11. Tabela de contingência para Regularidade e Grau de integração.................................... 97 12. Tabela de contingência para Qualidade e Grau de integração ........................................ 99 13. Tabela de contingência para Sanidade e Grau de integração ........................................ 100 14. Tabela de contingência para Negociação e Grau de integração. ................................... 101 15. Tabela de contingência para Manutenção e Grau de integração ................................... 103 16. Tabela de contingência para Tecnologia e Grau de integração ..................................... 104 17. Tabela de Contingência para Justiça e Grau de integração........................................... 105 18. Tabela de contingência para Impostos e Grau de integração ........................................ 106 19. Tabela de contingência para Previsão e Grau de integração ......................................... 107 20. Tabela de contingência para Conquista e Grau de integração....................................... 108 21. Tabela de contingência para Informação e Grau de integração..................................... 109 22. Tabela de contingência para Insumo e Grau de integração........................................... 110 23. Tabela de contingência para Comprador e Grau de integração..................................... 112 24. Tabela de contingência para Instalação e Mercado ...................................................... 113 25. Tabela de contingência para Escala e Mercado............................................................ 114 26. Tabela de contingência para Congelamento e Mercado ............................................... 114 27. Tabela de contingência para Exportação e Mercado .................................................... 115 28. Tabela de contingência para Concentração e Mercado................................................. 115 29. Tabela de contingência para Regularidade e Mercado ................................................. 116 30. Tabela de contingência para Qualidade e Mercado ...................................................... 117 31. Tabela de contingência para Sanidade e Mercado........................................................ 117 32. Tabela de contingência para Negociação e Mercado.................................................... 118 33. Tabela de contingência para Manutenção e Mercado................................................... 119 34. Tabela de contingência para Tecnologia e Mercado..................................................... 119 35. Tabela de contingência para Justiça e Mercado ........................................................... 120 36. Tabela de contingência para Impostos e Mercado........................................................ 120 37. Tabela de contingência para Previsão e Mercado......................................................... 121 38. Tabela de contingência para Conquista e Mercado ...................................................... 122

xii

39. Tabela de contingência para Informação e Mercado .................................................... 122 40. Tabela de contingência para Insumo e Mercado .......................................................... 123 41. Tabela de contingência para Comprador e Mercado .................................................... 123 42. Estatísticas descritivas das variáveis dependentes........................................................ 133 43. Estatísticas descritivas das variáveis do grupo Perfil do processador ........................... 133 44. Estatísticas descritivas das variáveis explicativas do grupo Transação de mercado ...... 134 45. Estatísticas descritivas das variáveis explicativas do grupo Ambiente competitivo ...... 134 46. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis dependentes do grupo Arranjos

institucionais (significância entre parênteses) ............................................................. 136 47. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis explicativas do grupo Perfil do

processador (significância entre parênteses) ............................................................... 136 48. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis explicativas do grupo Transação

de mercado (significância entre parênteses)................................................................ 137 49. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis explicativas do grupo Ambiente

competitivo (significância entre parênteses) ............................................................... 137 50. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis explicativas e as variáveis

dependentes (significância entre parênteses)............................................................... 138 51. Resumo da análise de correspondência para Perfil do processador e Grau de integração140 52. Resumo da análise de correspondência para Transação demercado e Grau de integração

.................................................................................................................................. 141 53. Resumo da análise de correspondência para Ambiente competitivo e Grau de integração

.................................................................................................................................. 143 54. Teste de Qui-quadrado entre Perfil do processador e Mercado..................................... 145 55. Teste Qui-quadrado entre Transação de mercado e Mercado ....................................... 146 56. Teste Qui-quadrado para Ambiente competitivo e Mercado ........................................ 147

1 O PROBLEMA 1.1 Introdução

A coordenação nas cadeias produtivas tem sido um tema cada vez mais relevante no

estudo das organizações em razão da grande variedade de arranjos institucionais que têm

surgido em diversas indústrias. Arranjos como os contratos de fornecimento de longo prazo,

subcontratação (terceirização) de fornecedores de produtos e serviços, condomínios

industriais onde fornecedores operam dentro das instalações do cliente, contratos de franquia,

contratos de exclusividade de canal, entre outros, estão tornando as transações via mercado

cada vez menos freqüentes. As inovações nos arranjos institucionais podem gerar novas

questões relativas à defesa da concorrência para o setor público, desafios estratégicos para os

agentes privados e temas de pesquisa para os acadêmicos que estudam as organizações.

No âmbito do agronegócio, a coordenação tem especial interesse em virtude da

tendência, verificada nas últimas décadas, de estreitamento das relações entre as diversas

etapas produtivas. Considerando-se as crescentes exigências de variedade, qualidade e

segurança do alimento por parte dos mercados consumidores domésticos e internacionais, os

sistemas produtivos devem apresentar atualização tecnológica, padronização e uniformidade

de oferta, em qualquer nível de processamento industrial envolvido. Um dos principais

desafios nesse processo é conciliar o aumento da coordenação com os aspectos intrínsecos de

sazonalidade, incerteza e perecibilidade da produção agropecuária.

A compreensão dos determinantes da existência dos diversos arranjos institucionais

que têm surgido representa um desafio para o enfoque tradicional da Teoria da Organização

Industrial, que considera principalmente as alternativas de transação de mercado e integração

vertical. Para Scherer e Ross (1990), essa teoria estuda as decisões dos agentes sobre a oferta

de produtos, o uso de recursos escassos e a distribuição dos resultados com base numa

abordagem de mercado. Considera-se que consumidores e produtores agem respondendo a

sinalizações de preços gerados pelo confronto entre oferta e demanda em mercados com graus

distintos de concentração e competição.

14

Segundo os mesmos autores, se o grau de integração vertical da indústria for analisado

de forma estática, ela representa a extensão das firmas no espectro completo dos estágios de

produção e distribuição. Por outro lado, se se considerar um processo de adaptação da

estrutura da indústria, as firmas podem avançar em etapas a montante (para trás), passando a

produzir matérias-primas ou produtos semi-elaborados usados como insumos, ou a jusante

(para a frente), envolvendo processamento posterior ou distribuição. Os motivos citados para

esses movimentos seriam a redução de custos na integração para trás e o aumento do controle

sobre o ambiente econômico na integração para a frente.

Para Mahoney et al. (1994), a coordenação ao longo da cadeia produtiva pode ser

obtida por meio de vários mecanismos, incluindo mercados (preços), contratos implícitos e

alianças, contratos formais, acordos acionários de joint-ventures e integração vertical. Propõe-

se a existência de uma competição entre formas organizacionais alternativas, com os agentes

econômicos escolhendo aquela que atinja seus objetivos (redução de custos de produção,

compartilhamento de riscos, poder de mercado) ao custo mais baixo.

Assim, os autores consideram que, no campo econômico, as políticas públicas

deveriam permitir uma livre competição entre as formas organizacionais e, portanto, não

poderiam restringir os agentes econômicos em sua escolha. De acordo com essa visão, a

contratação vertical e a integração vertical financeira devem ser tratadas legalmente de forma

equânime.

A competição entre formas alternativas de coordenação vertical pode gerar situações

de coexistência entre elas na mesma indústria, o que representa uma intrigante questão ainda

sem resposta. O tema foi tratado por Zylbersztajn (2001), que procurou estabelecer as bases

teóricas para a difusão de arranjos institucionais, partindo do pressuposto de que o arranjo

mais eficiente será gradativamente adotado pelos agentes econômicos. Esse processo seria

influenciado por três fatores: “(1) existência de capacidades dinâmicas não copiáveis, geradas

em conjunto pelos agentes especializados que fazem parte da cadeia ou rede, (2) ambiente

institucional no qual o arranjo ocorre, implicando que a observação de arranjos simultâneos

pode representar uma situação temporária de desequilíbrio, com agentes adotando o novo

arranjo institucional, (3) barreiras de natureza tecnológica, sob controle do grupo”.

Outro conceito importante para que se entendam os arranjos verticais é o de

subsistema estritamente coordenado, proposto por Zylbersztajn e Farina (1999), que

representa a aplicação a uma cadeia produtiva do conceito de firma como um nexo de

contratos, proposto por Ronald Coase. As proposições dos autores são: (1) uma cadeia de

suprimento pode ser encarada como um nexo de contratos ampliado, cuja arquitetura resulta

15

de seu alinhamento com as características das transações e o ambiente institucional; (2)

existem arranjos contratuais que reproduzem a arquitetura contratual existente na firma, e a

motivação para a elaboração de um subsistema por algum agente dentro da cadeia parte das

estratégias de mercado e da busca de eficiência em custos de transação.

Assim, uma cadeia produtiva pode ser considerada uma entidade independente, ou um

subsistema estritamente coordenado, se um grau suficiente de controle puder ser aplicado. Um

subsistema apresenta maior probabilidade de ocorrência em cadeias de suprimento individuais

do que em sistemas mais agregados. Além disso, diversos mecanismos de motivação e

controle podem ser implementados, para dar suporte à idéia de gestão de uma cadeia de

suprimento.

Para Sauvée (1995), o processo de tomada de decisão pelos agentes sobre a estrutura

de governança é complexo e ainda não está totalmente compreendido. Analisando-se o grau

de coordenação que cada estrutura oferece, verifica-se que essas estruturas poderiam ser

ordenadas em um continuum entre as formas extremas de mercado e de integração vertical,

que seriam intercaladas por um conjunto de formas híbridas (contratos de longo prazo).

Observa-se que as principais abordagens que buscam explicar o crescimento da coordenação

no sistema produtivo baseiam-se na busca do poder de monopólio ou na eficiência.

1.2 Situação-Problema

Na avicultura brasileira, o arranjo institucional dominante para o suprimento de

frangos aos processadores tem sido o contrato de parceria com produtores, que surgiu no

início da década de 60 no Oeste do Estado de Santa Catarina. Nessa estrutura, os

processadores oferecem rações de fabricação própria, pintos de linhagens selecionadas,

medicamentos, assistência técnica e veterinária durante a engorda, comprometendo-se a

adquirir os frangos em peso de abate. Os produtores são responsáveis pelas instalações e

equipamentos das granjas e pelo manejo, assumindo o compromisso de vender os frangos

para o processador contratante. O contrato prevê o pagamento dos lotes de acordo com índices

de eficiência do produtor no manejo, como conversão alimentar ou mortalidade.

A disseminação dos contratos de parceria favoreceu o rápido desenvolvimento

tecnológico da produção e industrialização de aves, gerando ganhos expressivos de

produtividade, redução de custos, qualidade e padronização. Com isso, foi possível uma

16

redução consistente dos preços, aumento do consumo doméstico e o avanço em diversos

mercados internacionais.

Os produtos obtidos após o processamento podem ser o frango resfriado inteiro ou em

cortes, o frango congelado inteiro ou em cortes e alimentos industrializados. As estratégias de

produto dos processadores geralmente estão condicionadas aos mercados atendidos e ao nível

de investimentos realizados em equipamentos. Produzir frango congelado inteiro ou em cortes

exige maiores investimentos do que produzir somente frango resfriado, em razão da

necessidade de túneis de congelamento. Os lideres da indústria têm dirigido os produtos de

maior valor agregado para o mercado doméstico e o frango congelado inteiro ou em partes

para a exportação.

No Estado de São Paulo verifica-se a coexistência dos contratos de parceria com

outras estruturas de governança, como as transações via mercado com intermediários de

frango vivo ou os contratos de fornecimento temporário com produtores, que por sua vez

podem subcontratar produtores de menor escala. A existência de preços mais elevados nos

insumos para a ração (milho e soja), em relação a outras regiões produtoras de aves, e a

competição acirrada por preços no varejo provocam redução nas margens de lucro dos

processadores e produtores, contribuindo para o avanço dos contratos de parceria.

O Estado apresenta pelo menos duas características que o diferenciam na avicultura

brasileira. Primeiro, trata-se do local de origem da avicultura comercial do País, na década de

40, a qual desenvolveu-se a partir de agentes independentes nas diversas etapas e transações

via mercado, até a entrada das grandes agroindústrias com projetos de parceria, após os anos

60. Portanto, existe uma tradição de produção independente importante e competitiva, tanto

que São Paulo sempre esteve entre os quatro maiores Estados produtores do País.

O segundo diferencial é que São Paulo abriga o maior mercado consumidor de frango

inteiro resfriado, que apresenta baixa exigência de padronização e qualidade. Essa condição

viabiliza a existência de processadores de menor porte produzindo apenas frango resfriado,

opção que exige menores investimentos em instalações. Esses agentes adotam contratos de

parceria, de fornecimento temporário ou fazem transações de mercado.

A questão básica que motiva este estudo é compreender por que coexistem arranjos

institucionais distintos no suprimento de frango aos processadores no Estado de São Paulo.

17

1.3 Objetivos e Delimitação do Estudo

O objetivo geral desta dissertação é analisar a coexistência de arranjos institucionais

alternativos em sistemas produtivos agroindustriais, focalizando o suprimento de frangos para

processadores na avicultura de corte do Estado de São Paulo. Os objetivos específicos são:

1. analisar a participação percentual dos arranjos institucionais alternativos no

suprimento total dos processadores;

2. analisar o perfil dos processadores, considerando-se as características da produção

e das vendas;

3. analisar as percepções dos processadores sobre as transações de mercado, os

impactos do ambiente institucional nessas transações e o ambiente competitivo;

4. identificar as relações de dependência dos arranjos institucionais alternativos

adotados pelos processadores com o perfil e as percepções analisados.

O estudo está delimitado às variáveis dependentes que representam os arranjos

institucionais para suprimento de frango vivo adotados pelos processadores. Pretende-se

pesquisar, com os processadores, qual a participação percentual de cada arranjo institucional

em seu suprimento total e as razões para que sejam adotados. Como variáveis explicativas,

são considerados aspectos relacionados ao perfil (características e estratégias) e às percepções

dos agentes sobre as transações e o ambiente competitivo.

1.4 Referencial Teórico

A Economia de Custos de Transação é o referencial teórico usado para o levantamento

de hipóteses a ser testadas pela análise dos dados obtidos dos questionários.

A coordenação de cadeias produtivas tem sido um tema central no âmbito da Nova

Economia Institucional, particularmente em um de seus ramos: a Economia dos Custos de

Transação (ECT). A significativa contribuição da ECT ao conhecimento sobre o tema tem

sido possível porque ela oferece uma abordagem em dois níveis distintos e complementares.

O primeiro nível é microanalítico, tratando das transações e dos arranjos contratuais entre e

intrafirmas, enquanto o segundo é macroinstitucional, considerando os impactos das

instituições formais e informais nas atividades econômicas e nas decisões dos agentes. Esse

arcabouço teórico nasceu das idéias de Ronald Coase, apresentadas em 1937, sobre a

relevância dos custos de transação e do caráter contratual das firmas. Os custos em questão

18

estariam relacionados à busca de informações, negociação, elaboração e monitoramento de

contratos formais ou informais.

No desenvolvimento da ECT destaca-se o trabalho de Oliver E. Williamson, que adota

a transação entre agentes econômicos como unidade de análise, identifica suas principais

dimensões e propõe um modelo teórico pelo qual os agentes escolhem os arranjos verticais

mais eficientes, para um dado ambiente institucional, buscando a minimização de custos de

transação.

1.5 Justificativa

O estudo se justifica por contribuir para a aplicação empírica do referencial teórico e

pela relevância do problema para a avicultura, aspectos detalhados a seguir.

Com relação ao referencial teórico, o estudo avança ao buscar explicar a coexistência

de estruturas de governança distintas na mesma indústria. Essa situação contraria o

pressuposto de alinhamento dos arranjos institucionais com as transações num dado ambiente

institucional, gerando o predomínio do arranjo mais eficiente em custos de transação. Para

explicar esse paradoxo pretende-se analisar os perfis e as percepções dos agentes sobre a

transação de mercado.

Com relação à importância do problema para a avicultura de corte, deve-se destacar

que as vantagens competitivas alcançadas por essa indústria nos mercados domésticos e

internacionais de carnes devem-se principalmente à adoção da estrutura de governança

baseada em contratos de parceria. Assim, torna-se relevante levantar as possíveis causas da

coexistência desse modelo com outras alternativas no Estado de São Paulo, para orientar as

ações dos agentes privados e públicos, dadas as tendências gerais da avicultura nacional e

internacional. Trata-se de questionar as razões para a sobrevivência e a viabilidade futura das

estruturas de governança diferentes do padrão predominante.

A pesquisa se insere em uma seqüência de estudos que combinam análises do

ambiente institucional e dos arranjos institucionais para a indústria avícola de outros países,

como em Menard (1996), Souvée (1995) e Martinez (1999).

2 ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO

A escolha da Economia dos Custos de Transação (ECT) como referencial teórico neste

estudo se justifica pelo fato de esta apresentar duas linhas de pesquisa distintas mas

complementares, identificadas por Williamson (1991) como Ambiente Institucional e

Instituições de Governança. Essas ferramentas podem ser úteis para se analisar em

profundidade a dinâmica da coordenação na avicultura paulista, considerando-se o quadro

institucional e os aspectos microanalíticos.

Buscando demonstrar a adequação da Economia dos Custos de Transação para

explicar os objetivos das firmas, suas razões de existência e como elas tomam decisões,

Williamson (2000) afirma que essa linha teórica sustenta o uso de critérios de eficiência

econômica para a análise de contratos e organizações, e que a existência e a governança das

firmas são os temas centrais dessa escola de pensamento. O autor considera que o conceito de

firma como uma estrutura de governança ainda está em construção, mas que teria sido útil

para o aprofundamento da compreensão de muitos fenômenos contratuais e organizacionais

complexos, e funcionado como um mecanismo de verificação para evitar usos abusivos ou

incorretos da ortodoxia. Com relação aos resultados obtidos em estudos empíricos, o autor

afirma que a ECT é uma história de sucesso, e completa citando Paul Joskow, que observa

que esse trabalho empírico está em condições bem melhores que o realizado na área de

Organização Industrial em geral.

A primeira seção deste capítulo apresenta conceitos fundamentais e pressupostos

comportamentais do referencial teórico; a segunda seção trata das dimensões consideradas nas

transações, que são as unidades básicas de análise; a terceira seção contém o tratamento dado

pela teoria aos arranjos institucionais, elementos essenciais na abordagem microanalítica; a

quarta seção contém o tratamento dado ao ambiente institucional.

20

2.1 Fundamentos

A escolha da ECT como referencial teórico se justifica pelo enfoque microanalítico e

institucional que a caracteriza e que contribui para uma análise detalhada dos arranjos

institucionais e de suas relações com o ambiente institucional.

O caráter microanalítico revela-se na análise aprofundada das transações e das

múltiplas dimensões dos arranjos contratuais que as governam, considerando alguns

pressupostos comportamentais dos agentes econômicos individuais. Essa abordagem contribui

para que se possa identificar os determinantes da dinâmica dos arranjos contratuais adotados

entre firmas e dentro delas. No caso das transações entre firmas, trata do grau de integração

vertical adotado, enquanto dentro das organizações analisa os mecanismos de incentivo,

monitoramento e mensuração de resultados individuais.

A abordagem institucional envolve a análise conjunta de regras formais e informais

relacionadas com direitos de propriedade, tributos, defesa da concorrência, meio ambiente e

outros aspectos, que regulam a ação dos agentes, assim como as organizações instituídas para

criar e aplicar essas regras e solucionar conflitos, como parlamentos, governos, tribunais e

instâncias de arbitragem.

Para Sauvée (1995), a coordenação vertical tem sido um campo importante da

pesquisa econômica, tanto teórica quanto empírica. Para ele, a teoria da Organização

Industrial tem enfocado a integração vertical e as decisões do tipo “fazer ou comprar”,

baseada em uma abordagem tecnológica e de competição imperfeita. A Economia dos Custos

de Transação (ECT) tem desenvolvido uma visão contratual das firmas e dos mercados,

abrindo novas perspectivas para o estudo da coordenação vertical.

A origem da ECT está em Coase (1937), no clássico artigo The Nature of the Firm,

onde o autor argumenta que os custos das transações, da coordenação e da contratação

deveriam ser considerados explicitamente para se entender a extensão da integração vertical.

Desse ponto de vista, as firmas, na busca da maximização de lucros, passariam a realizar as

atividades que envolvessem custos inferiores em relação à contratação no mercado.

Os custos de transação foram definidos por Williamson, citado por Zylbersztajn

(1995), como “os custos ex-ante de preparar, negociar e salvaguardar um acordo, bem como

os custos ex-post dos ajustamentos e adaptações quando a execução de um contrato é afetada

por falhas, erros, omissões e alterações inesperadas. Em suma, são os custos de conduzir o

sistema econômico”.

21

Ainda segundo Zylbersztajn, o objetivo dessa teoria é “estudar o custo das transações

como o indutor dos modos alternativos de organização da produção (governança) dentro de

um arcabouço analítico institucional. Assim a unidade de análise fundamental passa a ser a

transação, onde são negociados direitos de propriedade”.

Esse autor relaciona os pressupostos da ECT:

Custos de transação: aparecem tanto na utilização do sistema de preços como em

transações regidas por contratos internos à firma, o que significa que todos os tipos de

contratos (externos ou internos à firma) são importantes para o funcionamento da economia.

Ambiente institucional: as transações ocorrem em ambientes institucionais

estruturados (regulamentos formais ou informais nos diversos agrupamentos sociais) e as

instituições interferem nos custos de transação, por afetarem o processo de transferência dos

direitos de propriedade (uso, controle e apropriação de resultados dos ativos).

Racionalidade limitada: considera-se que o agente econômico busca um

comportamento otimizador e racional, mas que não conseque satisfazer esse desejo, dada sua

limitação na capacidade cognitiva de receber, armazenar, recuperar e processar informações,

o que faz com que não seja totalmente racional em suas decisões.

Oportunismo: conceito que resulta da ação dos indivíduos na busca de seu auto-

interesse, mas com uma conotação não cooperativa. Ele pode ocorrer, por exemplo, quando

um agente tem uma informação sobre a realidade não disponível a outro agente, e ela é

utilizada de modo a permitir que o primeiro desfrute de algum benefício do tipo

monopolístico.

Com essas ferramentas, a teoria tem como objeto principal de análise as transações

entre os agentes econômicos, em determinado ambiente institucional (externo e interno às

firmas). Busca-se explicar e, se possível, prever a dinâmica dessas transações, com base na

premissa de que os agentes têm como objetivo final minimizar os custos de transação, em

busca de maior eficiência econômica.

2.2 Dimensões das Transações

A hipótese central do trabalho de Williamson é que as transações estão relacionadas

aos arranjos institucionais, que diferem entre si principalmente quanto à eficiência em custos

de transação. Portanto, conhecendo-se as dimensões significativas das transações é possível

prever os arranjos institucionais. As dimensões consideradas são a freqüência com que

22

ocorrem, o grau e o tipo de incerteza à qual estão sujeitas e a condição de especificidade de

ativos (WILLIAMSON, 1979). Os impactos dessas características nos custos de transação são

descritos a seguir.

A incerteza é a característica da transação com efeitos menos conhecidos nos custos de

transação. Definida como uma condição em que os agentes não conhecem os resultados

futuros de determinada transação, representa uma situação diferente daquela na qual existe o

fator chamado risco, geralmente associado a uma distribuição de probabilidades conhecida de

eventos previsíveis. Aparentemente, quanto maior a incerteza, maiores os custos de transação

em razão de uma maior necessidade de salvaguardas nos contratos, que reduzem os retornos

por causa dos custos diretos ou da realização de investimentos inferiores aos necessários para

uma escala de produção ótima.

A freqüência das transações afeta os custos de negociar, elaborar e monitorar

contratos, assim como o comportamento dos agentes quanto ao oportunismo e à construção de

reputação. À medida que a freqüência aumenta, principalmente entre os mesmos agentes,

caem os custos relativos aos contratos e os ganhos provenientes de ações oportunistas, visto

que elas podem interromper o relacionamento. Por outro lado, o aumento da freqüência

aumenta os incentivos para a construção de reputação positiva pelos agentes, pelo reforço à

redução já mencionada nos custos relativos aos contratos.

A especificidade dos ativos é o grau de perda de valor quando o recurso é excluído da

transação e aplicado em sua melhor utilização alternativa. Quanto maior essa perda, maior a

especificidade do ativo. Essa característica torna-se fundamental na análise das transações

porque é uma das fontes de quase-rendas que podem ser criadas nas transações que envolvem

esse tipo de ativo.

Quando determinado agente realiza investimentos em ativos específicos, o outro

agente envolvido na transação pode pretender se apropriar dessa quase-renda, para melhorar

suas condições na negociação, contando com a perda a ser gerada ao primeiro agente se a

transação não ocorrer. Williamson (1985) classifica os tipos de especificidades de ativos

como: de local, de ativos físicos, de ativos humanos e de ativos dedicados, enquanto Masten

et al. (1991) identificam a especificidade de tempo, conceitos detalhados a seguir:

Especificidade de local: as partes envolvidas na transação se relacionam de modo

muito semelhante ao da propriedade unificada: os ativos em questão são imóveis, implicando

elevados custos para que sejam deslocados. A decisão de investimento (custo ex-ante) leva

em consideração o compromisso das partes em manter o relacionamento durante a vida útil

dos ativos, para economias em custos de transporte e estoques, entre outros. A quebra

23

contratual gera a perda dessas vantagens, implicando em custos de transação para o

estabelecimento de novos acordos.

Especificidade de ativos físicos: quando uma ou ambas as partes investem em

equipamentos e maquinário cujas características físicas (capacidade, projeto, especificações

técnicas, etc) são específicas para o propósito da relação e têm baixo valor em usos

alternativos.

Especificidade de ativos humanos: os investimentos em qualificação de pessoal e o

processo de aprendizagem contínuo durante a realização das atividades tornam o capital

humano dotado de habilidades específicas ao interesse das partes envolvidas.

Especificidade de ativos dedicados: a expansão da capacidade produtiva adotada por

uma das partes com o propósito único de responder ao incremento da quantidade demandada

pela outra parte se converte em ativos específicos. Se o contrato for cancelado, o fornecedor

ficará com excesso de capacidade de produção.

Especificidade de tempo: em determinados produtos o tempo é um fator fundamental

para a atribuição de valor ou para a eficiência no processo produtivo de determinados

produtos. Assim, observa-se essa característica em jornais diários, que se tornam

ultrapassados no dia seguinte, em alimentos perecíveis, pelos aspectos sanitários, e em

processos produtivos agroindustriais ou da construção civil, pelo encadeamento rigoroso das

etapas. Quanto maior a especificidade de tempo nos ativos, maior a probabilidade de

integração vertical ou de aproximação física das partes.

2.3 Arranjos institucionais

O estudo dos contratos tem sido uma vertente essencial ao longo da evolução da ECT,

em razão do reconhecimento de sua função como de governar as transações. Considerados de

forma ampla, eles representam os mais variados acordos entre os agentes, podendo aparecer

entre firmas no mercado, como uma simples transação de compra e venda, ou dentro das

firmas, como um contrato de trabalho.

Zylbersztajn (1995) destaca o estudo das relações contratuais como uma das principais

áreas da Nova Economia Institucional, da qual a ECT faz parte, que envolve outras áreas,

como Economia, Direito e Administração, ainda que estas tenham enfoques diferentes sobre

os contratos. A Economia considera os aspectos ligados à eficiência, enquanto para o Direito

24

o critério de avaliação dos contratos seria a justiça. O autor relaciona os seguintes aspectos

dos contratos:

Incompletude: característica fundamental de qualquer contrato, deriva da

impossibilidade de se prever eventos ou comportamentos futuros, assim como da

racionalidade limitada dos agentes, que seriam incapazes de considerar todos os aspectos

relevantes das transações envolvidas. O desenvolvimento de uma teoria dos contratos deve

contemplar regras para o preenchimento das lacunas inevitáveis dos contratos.

Custos: relativos à negociação, elaboração, monitoramento, criação e aplicação de

mecanismos para a solução de conflitos e para a punição de comportamentos indesejados.

Uma das formas encontradas pela sociedade para reduzir os custos na solução de conflitos foi

a criação de instituições estruturadas para esse fim, como tribunais formais ou informais. A

firma pode ser considerada uma estrutura apta a resolver uma parcela significativa das

disputas, através da hierarquia.

Duração: concebidos em geral com prazo indeterminado, os contratos podem ser

temporários a priori ou ter a duração interrompida por quebras contratuais unilaterais ou

novas etapas de negociação. A presença de ativos específicos gera a necessidade de

compromissos com prazos mais longos, suficientes para que se recupere o investimento

realizado.

Williamson (1991) oferece uma análise detalhada de três arranjos contratuais básicos,

cada um representando uma estrutura de governança. Ele considera cada contrato como uma

função de p (preços), k (especificidade de ativos) e s (salvaguardas).

Para o contrato clássico, característico das relações de mercado, o preço é

determinante, enquanto k e s são baixos, se não nulos. Nesses contratos, cláusulas formais

especificam a maioria das características da transação em questão, sendo irrelevante a

identidade dos participantes, e as transações são altamente monetizadas.

No outro extremo das estruturas, o contrato de forbearance (controle) pode ser o

contrato implícito das organizações formais, no qual p tem pequena influência, enquanto k e s

têm valores elevados. Nesse arranjo, é crucial a adaptabilidade às mudanças do ambiente, e os

ativos altamente específicos criam a possibilidade de oportunismo, que é reduzida com a

construção de salvaguardas. Neste caso, a hierarquia é o principal instrumento de

adaptabilidade, através do poder de fiat.

Entre os dois arranjos citados estão os contratos neoclássicos, característicos das

formas híbridas, onde os preços têm um papel importante de ajustamento, que é limitado pela

presença de ativos específicos (k é positivo), e as salvaguardas são de difícil implementação.

25

O contrato neoclássico é tipicamente um arranjo de longo prazo, cujo objetivo é desenvolver

um relacionamento continuado, no qual a identidade dos agentes é importante em virtude da

existência de dependência bilateral, enquanto os mecanismos de ajustamento devem ser

flexíveis o suficiente para permitir que as partes se adaptem a distúrbios de impacto

moderado.

2.4 Ambiente Institucional

A linha de pesquisa da ECT que trata do ambiente institucional surgiu do

reconhecimento de que esse elemento afeta o comportamento dos agentes e por conseqüência,

os custos de transação. Com isso, as instituições passaram a ser objeto de análise pela teoria.

Para North (1991),

instituições são restrições (normas) construídas pelos seres humanos, que

estruturam a interação social, econômica e política. Elas consistem em restrições

informais (sanções, tabus, costumes, tradições e códigos de conduta) e regras

formais (constituições, leis e direitos de propriedade).

Farina, Azevedo e Saes (1997, p. 59) consideram que algumas instituições podem

impor restrições sobre outras instituições, ou seja, são instituições que servem

para regular as restrições às ações humanas, servindo de parâmetro para a

escolha de regras formais e informais. Para que as instituições sejam ainda mais

abrangentemente definidas é necessário também incluir na definição anterior os

instrumentos responsáveis pelo funcionamento adequado das regras que compõem

as instituições.

Ainda para esses autores, a principal contribuição da corrente Ambiente Institucional é

o estabelecimento da relação entre instituições e desenvolvimento econômico, que estaria

expresso no slogan da NEI: instituições são importantes e suscetíveis de análise.

Essa corrente parte do pressuposto de que a especialização dos agentes, apesar de

gerar ganhos de eficiência, aumenta a quantidade de transações necessárias e a dependência

entre as partes, o que eleva os custos de transação. Assim, deve-se buscar um ponto de

equilíbrio para o grau de especialização que o agente deverá atingir. O papel das instituições

seria amenizar o crescimento dos custos de transação, tornando as transações viáveis em

ambientes com diferentes graus de especialização.

26

A análise de Ambiente Institucional tem sido realizada consoante dois procedimentos:

investigar os efeitos de uma mudança no ambiente institucional sobre o resultado econômico e

teorizar sobre a criação das instituições. O primeiro tem se desenvolvido nos estudos voltados

para a história econômica, revelando, por exemplo, evidências de que a existência de direitos

de propriedade claramente definidos e o compromisso claro do Estado para que eles sejam

cumpridos favorecem os investimentos e o crescimento econômico. O segundo tem

encontrado mais dificuldades em seu desenvolvimento, principalmente porque os

pressupostos adotados têm sido os mesmos da economia neoclássica, ou seja, que a

tecnologia, dotações iniciais e preferências definem os preços relativos das ações humanas,

incluindo o oportunismo. A tese básica é que à medida que passa a ser economicamente

interessante o estabelecimento de uma instituição, via mudança nos preços relativos, os

agentes se sentem incentivados a implementá-la. Entretanto, os resultados obtidos nos

estudos dessa corrente têm sido contraditórios. O determinismo da correspondência entre

instituições e preços relativos pode ser afetado justamente pela presença de custos de

transação. Nesta condição, a escolha do quadro institucional não responderia com precisão às

mudanças nos preços relativos (FARINA, AZEVEDO e SAES , 1997, p. 65-66).

3 ANÁLISE DE ARRANJOS INSTITUCIONAIS

Este capítulo trata nos três itens seguintes, da análise dos arranjos institucionais em

sistemas produtivos. O primeiro apresenta os tipos básicos de arranjos institucionais e suas

características, o segundo discute as razões para que sejam escolhidos conforme diversas

abordagens teóricas e o terceiro trata da evolução dos arranjos institucionais no tempo.

3.1 Tipos de Arranjos Institucionais

Ao tratarem da integração vertical e do suprimento das firmas em cadeias produtivas,

Brickley, Smith e Zimmerman (1997, p. 350) observam que as firmas podem mudar seu grau

de integração ao longo do tempo e que escolhem a forma de suprimento (outsourcing) num

conjunto seqüencial e contínuo (continuum) de possibilidades. Em uma das extremidades

desse conjunto está o mercado, no qual produtos ou serviços podem ser adquiridos de

qualquer agente de um grande número de fornecedores. Na outra extremidade está a

integração vertical, com a realização interna do produto ou serviço. Entre essas duas opções

extremas estão os contratos de longo prazo, que podem assumir diversas configurações. A

seguir são comentadas essas três alternativas básicas.

3.1.1 Mercado

Brickley, Smith e Zimmerman (1997, p. 354) apresentam os benefícios das transações

em mercados competitivos, como a promoção da produção eficiente – realizada ao menor

custo médio unitário possível. O preço seria igual ao custo médio, fazendo com que os

compradores adquiram produtos ao menor valor que inclua uma taxa normal de retorno do

investimento feito pelos produtores. No longo prazo, os produtores adotam avanços

tecnológicos que reduzem os custos de produção e/ou aprimoram a qualidade do produto. A

redução nos custos é repassada aos compradores na forma de preços mais baixos. Essa análise

28

sugere que quando existem mercados competitivos para a compra de produtos e serviços, as

firmas devm usá-los. Na maioria dos casos, uma firma não consegue adquirir um produto de

forma mais barata por meio de uma transação fora do mercado, que, em muitos casos, sai

mais cara do que no mercado.

Uma condição limitante significativa para a produção interna de insumos é a

necessidade de se atingir um volume suficiente para se tirar proveito das economias de escala.

Suponha-se que, em determinado mercado competitivo, o ponto de custo médio unitário é

atingido para a quantidade Q, individualmente por algumas firmas. Se uma firma precisa de

uma quantidade menor do que Q e produz essa quantidade, seu custo médio unitário será

maior. Se ela decidir produzir Q, poderá vender o excesso no mercado. Entretanto, essa

decisão implica entrar em um novo mercado que não é o seu foco original de negócios. Essa

diversificação pode reduzir o valor da empresa, pois seu desempenho pode vir a ser inferior

ao que seria se ela fosse mais focalizada.

Outra questão a ser considerada no caso de suprimento obtido por meio de transações

fora do mercado é a motivação para a produção eficiente. Divisões que fazem parte de

grandes empresas podem ser ineficientes e ainda assim permanecerem operando, se elas

forem subsidiadas por outras áreas mais lucrativas da firma. As firmas devem adotar sistemas

de incentivo e controle para motivar gerentes internos a se engajar em uma produção

eficiente. De forma semelhante, parceiros em contratos de suprimento de longo prazo

precisam ser motivados para cumprirem suas responsabilidades no acordo. Por outro lado,

firmas independentes estão sujeitas a pressões de mercado mais diretas. Se elas forem

ineficientes em suas linhas de negócio, perderão dinheiro ou eventualmente serão forçadas a

encerrar suas atividades.

Apesar das vantagens no uso de transações de mercados competitivos, a maioria das

transações são realizadas fora deles, com integração vertical ou contratos de longo prazo,

também chamados de formas híbridas. As razões para essa situação serão tratadas no item

“Escolha dos Arranjos Institucionais”.

3.1.2 Integração Vertical

Analisando as vantagens e desvantagens da integração vertical, D’Aveni e Ravenscraft

(1994) estudaram uma comparação entre as economias provenientes da integração e os custos

burocráticos incorridos. O estudo testou as relações entre a integração vertical, os custos da

29

estrutura e a performance no plano da linha de negócios. Os resultados indicaram que a

integração vertical resulta em economia mesmo depois que as economias características da

indústria (economias de escopo e de escala) são controlados. Linhas de negócios integradas

verticalmente economizaram em custos de publicidade, pesquisa e desenvolvimento, mas

tiveram maiores custos de produção, tendo por isso lucratividades ligeiramente superiores às

linhas independentes. Outro resultado foi que a elevação dos custos de produção esteve

relacionada à integração para trás, sugerindo um isolamento das pressões do mercado e falta

de incentivo para que se produza com custos menores. Assim, os autores concluem que os

efeitos de eficiência e de custos burocráticos apareceram, e que os benefícios da integração

superaram ligeiramente suas desvantagens.

3.1.3 Formas Híbridas

O desenvolvimento dos mercados e das estruturas organizacionais levou ao

aprofundamento da questão das fronteiras da firma. Joskow (1993) considera que esse limite

oferece uma distinção bastante grosseira entre os dois mecanismos institucionais básicos para

a alocação de recursos (firma e mercados), representando apenas o início e não o fim da

questão. Isto porque as firmas podem adotar diversas estruturas organizacionais, assim como

as transações de mercado podem adotar muitas formas, desde transações simples em

mercados spot até contratos complexos de longo prazo.

Ao discutir evidências empíricas que relacionam a especificidade de ativos com as

relações verticais, o autor considera estas últimas como uma variável dependente, limitada a

três situações: integração vertical, contratos de longo prazo e transações em mercado spot.

Assim, espera-se que os agentes escolham com mais freqüência a integração vertical ou os

contratos de longo prazo à medida que as quase-rendas associadas a investimentos específicos

se tornem mais importantes e os benefícios associados aos acordos prévios aumentem. Para a

análise empírica, necessita-se de alguma medida de especificidade de ativos a ser tomada

como variável independente.

O autor afirma ainda que existem diversos custos de transação e organizacionais

associados à integração vertical e aos contratos de longo prazo que não aparecem nas

operações em mercados spot. As dificuldades em elaborar, monitorar e exigir o cumprimento

de contratos de longo prazo que possam responder eficientemente a mudanças no mercado

podem provocar uma tendência de adoção da integração vertical. Por outro lado, custos

30

organizacionais, economias de escala, experiência e outros aspectos podem reverter a

tendência no sentido dos contratos de longo prazo ou das operações no mercado spot.

Menard (1996), ao tratar das formas híbridas de governança, faz uma revisão dos

estudos recentes sobre a cordenação vertical, abordando Organização Industrial, que

considera as questões tecnológicas ou o comportamento estratégico na decisão de integrar

verticalmente ou não (TIROLE, 1988). Outros enfoques consideram a integração vertical

como uma resposta à ameaça de apropriação oportunista de quase-rendas (KLEIN,

CRAWFORD & ALCHIAN, 1978) ou como a busca de uma estrutura ótima de propriedade

na qual os resultados são compartilhados de forma a manter os incentivos para os

investimentos (GROSSMAN & HART, 1986).

Uma das alternativas de formas híbridas é a subcontratação, também conhecida como

terceirização, que consiste nos contratos de prestação de serviços para determinadas

atividades da empresa, geralmente como forma de reduzir custos fixos. González et al. (2000)

apresentam um estudo empírico sobre as causas da subcontratação na indústria da construção.

Os resultados indicaram que as empresas tendem a subcontratar menos tarefas quando o risco

de hold-up (comportamento oportunista do agente contratado), medido por índices de

especificidade elaborados pelos autores, aumenta. Outro resultado foi que a incerteza não

parece exercer qualquer efeito significativo na subcontratação, resultado tomado com ressalva

pelos autores, que consideraram que esse efeito foi parcialmente anulado por outros fatores

contrários. Em terceiro lugar, descobriu-se que a subcontratação aumenta quando o número de

produtos diferentes, a especialização em design e o controle técnico aumentam.

Ao analisarem as decisões sobre a integração vertical, Klein, Crawford e Alchian

(1978) tratam da ameaça de rompimento de contratos quando existem quase-rendas

apropriáveis. Quando um investimento específico (que gera perda de valor para o uso

alternativo dos ativos) é realizado, e com isso, criam-se quase-rendas, existe a possibilidade

de oportunismo. De acordo com o referencial de Coase, esse problema pode ser resolvido por

integração vertical ou contratos. O pressuposto adotado pelos autores é o de que à medida que

os investimentos se tornam mais específicos, aumentando as quase-rendas, os custos da

contratação geralmente crescem mais do que os custos da integração vertical.

31

3.2 Escolha dos Arranjos Institucionais 3.2.1 Considerações Gerais

Uma das questões que freqüentemente emergem ao se discutir o grau de integração

vertical é a razão para que agentes aumentem seu controle em outras etapas no sistema em

que atuam, seja por integração vertical financeira ou por contratos de longo prazo. A visão

mais tradicional, baseada em conceitos da Organização Industrial, tende a considerar que a

principal razão para esse movimento é a busca de poder monopolístico. Essa abordagem pode

influenciar as políticas públicas de defesa da concorrência, no sentido de coibir ou punir

práticas que aumentem a integração vertical nos sistemas produtivos com o pretenso objetivo

de favorecer a concorrência. Entretanto, essa abordagem vem sendo superada pelo argumento

da busca da eficiência, segundo o qual a organização do sistema produtivo depende do grau

de coordenação necessário para as atividades realizadas em um dado ambiente institucional.

Essa visão tem sido reforçada por grande número de evidências obtidas em estudos empíricos.

Para Brickley, Smith e Zimmerman (1997, p. 350-360), existem pelo menos três

razões básicas para a realização de transações fora do mercado: custos de transação, taxas ou

regulação e poder de monopólio.

Com relação aos custos de transação, os fatores considerados seriam a especificidade

de ativos, os custos para medir a qualidade, problemas de coordenação e externalidades,

detalhados a seguir.

O investimento em ativos específicos por uma das partes cria vulnerabilidade a ações

oportunistas da outra parte, que pode exigir melhores condições nas negociações, dada a perda

de valor do ativo fora da transação.

A dificuldade de medir a qualidade do insumo adquirido pode favorecer o relaxamento

do fornecedor em suas atividades, o que incentiva o uso de contratos que permitam esse

controle.

Problemas de coordenação podem surgir decorrentes de características do sistema

produtivo que dificultem o uso do sistema de preços, como a utilização da mesma ferrovia por

diversas empresas independentes, ou a gestão de preços em pontos de varejo, que oferece

melhores resultados globais se for centralizada, como nas redes de franquias de fast-food.

As externalidades aparecem para distribuidores quando o produtor consegue criar uma

reputação no mercado e fidelidade dos clientes. Entretanto, podem ocorrer comportamentos

32

de carona de distribuidores independentes, como a falta de investimentos em propaganda ou

em recursos humanos, que prejudica as vendas. Esses problemas podem ser minimizados com

a integração vertical dos canais ou com os contratos de longo prazo que incentivam os

esforços de venda.

A tributação e a regulação também influem na integração vertical. Se determinada

etapa for fortemente taxada enquanto outra não, a firma pode realizar a integração vertical do

estágio menos tributado. Analogamente, uma firma que atua em um segmento altamente

regulado nos preços pode integrar verticalmente outras etapas com menor grau de regulação,

aumentando seus lucros.

Com relação ao poder de monopólio, é possível elaborar estratégias de integração que

tenham como objetivo aumentar lucros provenientes dessa fonte. Uma delas é a possibilidade

de discriminar preços em produtos finais distintos quando se controla a produção de insumos

comuns (BRICKLEY, SMITH e ZIMMERMAN, 1997, p. 350-360).

Nos itens seguintes desta seção aprofunda-se o tema da eficiência em custos de

transação, são apresentadas abordagens que integram outras teorias da Nova Economia

Institucional e finalmente consideram-se alguns aspectos sobre a influência das características

dos agentes na escolha da estrutura de governança.

3.2.2 Eficiência em Custos de Transação

Williamson (1985) discute aspectos teóricos e prescritivos da integração vertical,

situando a evolução da compreensão do tema. O debate sobre esse tema iniciou-se no campo

de estudo dos monopólios, com a discussão sobre qual seria a função principal da integração:

a discriminação de preços, a sucessiva marginalização dos concorrentes ou a criação de

barreiras de entrada. Mais recentemente, percebe-se que a discussão no campo da eficiência

tem avançado significativamente, apesar da objeção dos que consideram as razões de

monopólio e de tecnologia como predominantes.

Assim, para esse autor, nas organizações mais complexas a integração vertical atende

a muitos propósitos, mas o principal seria a eficiência, pela minimização dos custos de

transação, e o fator predominante para a tomada de decisão sobre integrar é a condição de

especificidade de ativo – perda de valor na melhor utilização alternativa.

Se a especificidade de ativo não existir, a contratação via mercado das sucessivas

etapas de produção pode ser eficiente, visto que os fornecedores podem agregar a demanda de

33

diversos clientes, e a busca de novos fornecedores teria custos desprezíveis, já que nenhuma

das partes teria um interesse específico na continuidade do relacionamento. À medida que a

especificidade aumenta, torna-se mais vantajoso incorporar a atividade na organização.

A partir da abordagem de custos de transação, Brickley, Smith e Zimmerman (1997, p.

366) apresentam no Quadro 3 um modelo que indica os arranjos institucionais mais prováveis,

combinando três níveis (baixo, médio e alto) de especificidade de ativos e de incerteza

ambiental. Assim, quando a especificidade de ativos é baixa, a configuração ideal é o uso de

transações de mercado para o suprimento. À medida que o grau de especificidade de ativos

aumenta, as transações fora do mercado (contratos e integração vertical) tornam-se mais

desejáveis. Quando a incerteza é baixa, é possível a elaboração de contratos relativamente

completos. Assim, contratos podem ser usados para resolver conflitos de incentivos,

motivados pela presença de ativos específicos. À medida que a incerteza aumenta, a

contratação se torna mais dispendiosa, até o ponto em que a integração vertical de ativos

específicos se torna a configuração mais adequada.

Quadro 1. Arranjos institucionais para diversos níveis de incerteza e especificidade de ativos

Incerteza Baixo Médio Alto

Baixo Transação de mercado

Transação de mercado

Transação de mercado

Médio Contrato Contrato ou

integração vertical

Contrato ou integração vertical

Esp

ecif

icid

ade

de a

tivos

Alto Contrato Contrato ou

integração vertical

Integração vertical

Fonte: Brickley, Smith e Zimmerman (1997, p.366) 3.2.3 Integração de Abordagens

Ao tratar, com extensa revisão bibliográfica, da competição entre os diversos arranjos

institucionais com extensa revisão bibliográfica, Mahoney et al. (1994) citam, como

principais motivos para a coordenação vertical, a busca de poder monopolístico,

compartilhamento de riscos e eficiência. Os autores identificam que a abordagem de

eficiência apresenta aceitação generalizada na literatura de custos de transação, que considera

34

a ameaça de ações oportunistas quando existe especificidade de ativos (física, humana ou

locacional), assim como destaca o papel da incerteza (de demanda ou tecnológica).

Entretanto, para os autores, a Economia dos Custos de Transação negligencia os

efeitos interativos dos problemas de mensuração apontados pela Teoria da Agência. Essa

teoria enfatiza questões de assimetria informacional entre o principal e os agentes, como os

problemas da inseparabilidade e da programabilidade da tarefa. O problema da

inseparabilidade representa a dificuldade de identificar a ação individual dentro de um grupo.

Se a recompensa não pode ser baseada no resultado, é necessário inserir um gerente para

monitorar o comportamento dos agentes. O problema da programabilidade da tarefa refere-se

ao conhecimento sobre o processo de transformação. Baixo nível de programabilidade de

tarefas reduz a efetividade do esforço de monitoramento.

A integração das abordagens de Custos de Transação e de Agência considera a

programabilidade de tarefas, a inseparabilidade, a incerteza de demanda, a incerteza

tecnológica e a especificidade de ativos como os cinco determinantes da forma

organizacional. Ainda que as incertezas de demanda e tecnológica possam influir, os autores

sugerem que seu efeito ainda é indeterminado e optaram por não considerá-las no modelo, que

adota uma abordagem dicotômica (alto e baixo) das quatro restantes, conforme o Quadro 2.

Quadro 2. Previsão da forma organizacional da coordenação vertical Baixa programabilidade de tarefas Alta programabilidade de tarefas Baixa

especificidade Alta

especificidade Baixa

especificidade Alta

especificidade Baixa inseparabilidade

1. Mercados spot

2. Contrato de longo prazo

5. Mercados spot

6. Joint ventures

Alta inseparabilidade

3. Contratos relacionais

4. Clã (hierarquia) 7. Contrato interno

8. Hierarquia

Fonte: Mahoney et al. (1994).

Sauvée (1995) realiza um esforço de compilar e comparar abordagens de economia

institucional, organizacional e de gestão estratégica, para analisar a questão da coordenação

vertical. Para ele, o uso de novos conceitos e pressupostos permite uma visão mais realista e

completa da coordenação e pode ampliar consideravelmente o escopo da análise. O autor

reconhece que as escolas de pensamento são divergentes e estão longe da unificação,

identificando grande oposição metodológica entre as áreas de gestão estratégica e de

economia das organizações.

35

Ao elaborar um quadro de referência descritivo para a coordenação vertical, o autor

inicia destacando a diferença entre os conceitos de ambiente institucional e de arranjo

institucional. Para isso, ele cita Williamson, que afirma que o ambiente institucional é o

conjunto de regras políticas, sociais e legais que estabelecem as bases para a produção, as

trocas e a distribuição, dando como exemplos as regras de eleições, os direitos de propriedade

e o direitos dos contratos. Um arranjo institucional é um acordo entre unidades econômicas

que governa o modo pelo qual essas unidades podem cooperar ou competir. Ele fornece uma

estrutura dentro da qual seus membros podem cooperar, ou um mecanismo que pode influir

em mudanças das leis e dos direitos de propriedade.

O quadro de referência desenvolvido por Sauvée tem os seguintes objetivos: fornecer

uma descrição completa da coordenação vertical por meio de suas principais características

institucionais e propor um modelo de tomada de decisão das firmas, no que se refere à escolha

dessas características. São combinados elementos da Teoria dos Custos de Transação, Teoria

da Organização Industrial, Teoria de Agência e Teoria das Convenções. O quadro de

referência aparece no Quadro 5.

Quadro 3. Quadro de referência para a tomada de decisão sobre coordenação vertical

Foco Primeiro Passo Segundo Passo Produção (ativos) Trocas (transações)

Objetivos Entender a configuração dos estágios da cadeia produtiva Entender a emergência dos padrões de autoridade Determinar os objetivos estratégicos do processo de coordenação

Analisar os mecanismos de controle e de troca Descrever os problemas de agência:

- Seleção adversa - Risco moral

Analisar os problemas de incentivo Variáveis Variáveis tecnológicas

Especificidade de ativos para os agentes ou para as coalizões versus o ambiente competitivo

Características das Transações Incerteza Programabilidade e inseparabilidade das tarefas

Abordagens Análise de Organização Industrial Análise competitiva / institucional Análise de Teoria das Convenções

Análise de custos de transação e de coordenação

Fonte: Sauvée (1995).

Como conclusão, o autor observa que a habilidade de explicar porque as relações

verticais heterogêneas surgem, permanecem e competem está longe de ser atingida. As

decisões sobre coordenação vertical são resultado de procedimentos complexos. Apesar dos

conceitos promissores e resultados significativos, um entendimento completo desse fenômeno

desafia a pesquisa futura. A progressiva construção de uma análise institucional, combinando

36

economia das organizações com gestão estratégica, pode contribuir para essas futuras

pesquisas.

3.2.4 Características dos Agentes

Um aspecto ainda pouco estudado na literatura é o papel da estrutura organizacional e

dos incentivos na elaboração dos contratos entre compradores e vendedores de produtos

agrícolas. Baseando-se nas teorias de Agência, Contratos Incompletos e Custos de Transação,

Sikuta e Cook (2001) analisam como as diferenças na orientação das empresas (para

investidores) e tipos alternativos de cooperativas (para produtores) podem afetar os contratos

com produtores agrícolas.

Nas empresas, investidores em ações dispersos têm direitos de propriedade sobre os

lucros, direitos que podem ser facilmente avaliados e transferidos. A relação das empresas

com os fornecedores é um jogo de soma zero, onde os acréscimos nos preços pagos

representam perdas nos lucros para os investidores, gerando uma tendência inerente de

desconfiança entre os agentes envolvidos, o que favorece a assimetria informacional.

Em cooperativas tradicionais, produtores proprietários investem em cotas na

organização, mas a distribuição da renda residual pode ser definida por critérios de poder ou

por acordos com as organizações. A relação entre a cooperativa e os fornecedores não é

necessariamente um jogo de soma zero, visto que um preço superior pago a um fornecedor

representa um pagamento equivalente a alguns investidores. Com os produtores participando

da governança da organização, há menor grau de assimetria informacional, o que sugere

maior confiança entre os participantes.

Os autores consideram que, comparados aos das cooperativas, os contratos das

empresas com produtores tendem a apresentar: mecanismos de monitoramento e definição de

preços mais transparentes e facilmente verificáveis, verificação ou arbitragem por terceiros,

direitos e responsabilidades mais detalhados sobre um universo maior de contingências (4)

mais direitos de decisão dos contratantes sobre as atividades dos produtores e pagamentos,

aos produtores, de valores menos correlacionados diretamente com os lucros da contratante.

As cooperativas tradicionais são comparadas com as de “nova geração”, conforme

classificação de Cook baseada nos direitos de propriedade, que seriam vagamente definidos

nas tradicionais, gerando problemas como: caronas (cooperados desfrutam de benefícios sem

a contribuição correspondente), horizonte (ganhos residuais não acompanham a extensão da

37

vida dos ativos envolvidos), portfolio (atividades podem estar desalinhadas com os interesses

dos cooperados), controle (menor pressão de mercado na gestão), influência (decisões sobre a

distribuição de riquezas).

As cooperativas de “nova geração” têm maior controle na entrada de cooperados, nos

direitos de entrega de mercadorias, e cotas transferíveis e precificáveis, gerando renda

adicional ao cooperados pela valorização do capital. Assim podem reduzir o efeito carona e

incentivar o reinvestimento dos lucros, tornando-se mais aptas para estabelecer contratos

cujos preços sejam menos correlacionados com os lucros da organização e com cláusulas mais

específicas, geralmente necessárias em produtos com maior valor agregado.

Outra forma de analisar o papel das fronteiras da firma em sua estratégia é verificar se

elas influem nas decisões de alocação de recursos. Mullainathan e Scharfstein (2001) tratam

desse tema num estudo empírico sobre a correlação entre os investimentos em capacidade de

produção e o grau de integração vertical. Os autores analisam o grau de integração da

produção de monômeros de vinil clorídrico (VCM) com a etapa seguinte, onde o produto é

um insumo na obtenção de polivinil clorídrico (PVC).

A partir de um banco de dados global de produtores, os resultados obtidos pelos

autores sugerem que existem diferenças no modo como firmas integradas e não integradas

alocam os recursos. A capacidade dos produtores de VCM integrados parece ser insensível ao

consumo na etapa a jusante da cadeia produtiva, enquanto esse parâmetro é bastante sensível

entre produtores não integrados. A capacidade dos produtores integrados depende somente da

demanda interna por VCM de suas próprias unidades de PVC. Além disso, identificou-se uma

potencial alocação ineficiente de recursos, em razão da manutenção de capacidade ociosa em

relação ao consumo.

Os autores sugerem duas possíveis explicações: foco organizacional no mercado de

PVC, o que leva à incapacidade de perceber oportunidades nos mercados de VCM, e

diferenças no modo de definir preços de transferência e de mercado, que fazem com que os

preços de transferência definidos pelos integrados não respondem tão rapidamente às

mudanças na demanda de mercado quanto os definidos pelos não integrados.

38

3.3 Evolução dos Arranjos Institucionais

Esta seção trata da análise dos arranjos institucionais ao longo do tempo. O tema tem

sido pouco explorado pela ECT, visto que na literatura predominam as análises comparativas

de arranjos institucionais discretos para situações estáticas. Assim, configura-se o desafio de

manter os fundamentos dessa corrente teórica e adaptar suas ferramentas para a análise

dinâmica da coordenação em sistemas produtivos.

Inicialmente, é necessário identificar os tipos de contrato a ser abordados. Por estarem

ligados a transações de mercado, os contratos neoclássicos são, por natureza, de curto prazo,

não apresentando maior interesse com relação ao tema do presente capítulo. Os contratos de

forbearance ocorrem dentro das firmas e têm prazo indefinido, mas o estudo da duração

desses arranjos foge ao escopo deste estudo, por envolver outros aspectos organizacionais.

Assim, os contratos de maior interesse são os contratos relacionais, por envolverem

transações entre firmas e representarem arranjos institucionais híbridos, nas quais os agentes

criam um relacionamento estreito, a especificidade de ativos está presente e existe

flexibilidade para adaptações do contrato em resposta a choques externos. Por essas

características, existe um interesse mútuo em que a transação perdure no tempo.

As relações entre as estratégias das empresas e a evolução dos arranjos institucionais

são tratadas em estudo sobre a organização da distribuição na indústria de refrigerantes norte-

americana (MURIS, SCHEFFMAN e SPILLER, 1992). Os autores analisam, sob a ótica da

Teoria dos Custos de Transação, a mudança nos canais de distribuição da Coca-Cola e da

Pepsi-Cola, que utilizavam engarrafadores independentes e passaram a adotar a integração

vertical com subsidiárias. A hipótese formulada é a de que as mudanças no ambiente e nas

estratégias das empresas aumentaram os custos de transação com os engarrafadores

independentes. O estudo abrange uma primeira etapa qualitativa de levantamento da hipótese,

seguida da etapa quantitativa, com dois testes empíricos. O primeiro explora as diferenças

entre a Coca-Cola e a Pepsi-Cola, na distribuição do produto para as máquinas de refrigerante.

O segundo envolve análises estatísticas dos efeitos competitivos da maior integração vertical

nos canais. Os testes suportaram a hipótese considerada.

Ao estudarem as formas de coordenação entre produtores e processadores nos sistemas

agroindustriais de suínos e bovinos nos EUA, LAWRENCE e HAYENGA (2002) observam

uma significativa mudança das transações a mercado para os contratos de longo prazo ou para

a integração vertical, no caso de suínos, enquanto no setor de bovinos predominam ainda o

mercado spot e os contratos de curto prazo com processadores. Para os autores, as diferenças

39

nas formas de coordenação parecem estar relacionadas, no caso dos suínos, com a

concentração de escala de produção, e a pequena quantidade de processadores disponíveis na

região Sudeste e os maiores investimentos específicos de produtores independentes ou

processadores detentores de marcas. Com relação ao setor de bovinos, observa-se uma cadeia

produtiva com mais etapas e uma ênfase mais tardia em programas de valorização de marcas.

Assim, no volume total de suínos, de 1993 a 2000 a participação percentual das transações a

mercado passou de 87% para menos de 2%, a integração por processadores passou de 2%

para 18% e os contratos evoluíram de 11% para 60%. Os contratos de suínos apresentam

duração de 3 a 10 anos ou renovação perpétua.

Analisando a coordenação vertical da indústria de suínos na Austrália, Gall e Schroder

(2002) avaliaram as alternativas e as razões ds escolha dos produtores para o escoamento do

produto, a situação atual e as perspectivas sobre o relacionamento com compradores e outros

agentes de suporte à atividade. As principais mudanças identificadas nos produtores foram:

passagem da comercialização por leilões para a negociação direta com os abatedouros, e

mudança da operação independente para um relacionamento mais estreito com os principais

compradores, outros produtores e principalmente veterinários e fornecedores de insumos. Os

autores observam também que as maiores fontes de vantagem competitiva são provenientes

de ganhos de produtividade relacionados à saúde dos animais. Os resultados da pesquisa

indicam que o estreitamento das relações com veterinários e fornecedores de insumo gerou

maiores impactos na qualidade e nas performances técnicas e financeiras dos produtores do

que o relacionamento destes com os principais compradores, que são os processadores.

4 COORDENAÇÃO NA AVICULTURA DE CORTE 4.1 Ambiente Institucional

Ao analisar o sistema LABEL ROUGE da indústria avícola francesa, Menard (1996)

aborda de maneira bastante abrangente a influência do ambiente institucional sobre os

arranjos institucionais vigentes, que constituem formas híbridas (intermediárias entre as

transações de mercado e a integração vertical). Utilizando conceitos da Teoria dos Custos de

Transação, o autor levanta questões sobre o processo de coordenação existente, sua eficiência

e a coexistência de diferentes estruturas organizacionais. Assim, identifica-se o papel das

organizações certificadoras privadas, que estabelecem os padrões de processo e de produto

para o uso da marca LABEL, com o suporte de organismos e regulamentos federais, o que

reforça o conceito de autoridade para a coordenação das cadeias. Para o autor, trata-se de um

tipo de poder concedido e limitado pelos agentes envolvidos, diferente da hierarquia nas

firmas, a qual é resultado dos direitos de propriedade.

No Brasil, é possível identificar a influência do ambiente institucional em diversos

momentos da história da avicultura. Sua origem em moldes mais comerciais ocorreu nos anos

40, a partir da especialização da colônia de imigrantes japoneses da região de Mogi das

Cruzes, no Estado de São Paulo. Temos, neste caso, a cultura e os hábitos de uma comunidade

específica condicionando uma atividade econômica. Esse ambiente favoreceu a especialização

de agentes independentes em cada etapa do sistema agroindustrial (ração, pintos, engorda e

abate).

A introdução, pioneira por uma agroindústria, dos contratos de parceria com

produtores no Oeste de Santa Catarina ocorreu no início dos anos 60. A existência de

financiamentos governamentais subsidiados para a atividade representou um suporte essencial

para a disseminação do modelo. Também contribuiu para o sucesso da atividade na região a

uniformidade cultural (imigrantes europeus) e de estrutura fundiária (pequenas unidades de

produção) dos produtores, além da proximidade das propriedades. Essas condições

41

favoreceram a transmissão do pacote tecnológico, o controle do manejo zootécnico e

veterinário e a logística de transporte de ração, pintos e frangos para abate.

Outro evento significativo no âmbito institucional formal foi a decisão das autoridades

econômicas de permitir a atuação de empresas estrangeiras de genética avícola no Brasil, que

passaram a produzir avós e matrizes no país nos anos 60. A iniciativa dificultou o

desenvolvimento tecnológico nessa área por empresas brasileiras. Trata-se de um segmento

tradicionalmente controlado por algumas empresas multinacionais de grande porte, que

inicialmente forneciam seus produtos no mercado e posteriormente estabeleceram contratos

com as grandes agroindústrias processadoras do setor.

Em 1995, no auge da crise provocada nos agronegócios pela implementação do Plano

Real em 1994, com a sobrevalorização cambial e a abertura comercial, novamente o governo

criou um programa de crédito rural específico para os sistemas de parcerias. Por meio desse

mecanismo, vigente até hoje, os recursos são alocados pelos bancos às agroindústrias, que os

repassam aos produtores parceiros.

4.2 Ambiente Competitivo 4.2.1 Avicultura Mundial

De acordo com a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango

(ABEF, 2001), que cita dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e

Alimentação), de 1996 a 2000 a produção mundial de frangos cresceu 4,8% ao ano, passando

de 47,6 para cerca de 56,8 milhões de toneladas. O maior produtor mundial de frangos, os

Estados Unidos, vem reduzindo sua taxa de crescimento, em razão dos baixos retornos

econômicos da atividade e da forte concorrência no mercado externo. Em 2000 os EUA

exportaram 2.190 mil toneladas (líder) e o Brasil ficou em segundo lugar, com 906 mil

toneladas, seguido de Hong Kong (885 mil ton.), China (430 mil ton.) e França (350 mil ton.).

Conforme Martins (2002), a carne de frango é a que tem apresentado maior aumento

no consumo mundial, com taxas de crescimento anuais superiores a 3,3% nos últimos seis

anos, crescendo mais de 8% apenas no ano de 1999. O crescimento das exportações mundiais

tem sido superior ao do consumo, alcançando 10% em 2000 e 15% em 2001. O surgimento da

doença da “vaca louca”, inicialmente circunscrita à Inglaterra mas que se manifestou em

42

diversos outros países europeus, favoreceu a exportação brasileira de carnes, especialmente a

de frango, com maior demanda por parte do consumidor europeu.

Entre 1990 e 2000, a avicultura brasileira aumentou sua participação na produção

mundial de 9,6% para 13,7%, crescendo de 2,3 para 5,9 milhões de toneladas, enquanto a

produção global se expandiu 66% no período. As exportações brasileiras cresceram

fortemente de 1996 até 2001, passando de 569 mil toneladas para 1.249 mil toneladas em

2001 (MARTINS, 2002), o que representa uma variação de 119%. Os principais mercados

consumidores dos produtos brasileiros, considerando-se o faturamento gerado em 2000, foram

o Oriente Médio (37,5%), a Ásia (27,4%) e a União Européia (23,6) (ABEF, 2000).

Esse desempenho tem sido obtido principalmente pelas principais agroindústrias do

setor, com uma tendência discreta de desconcentração nessa participação. Enquanto os três

principais grupos (Sadia, Perdigão e Ceval) controlavam 70% das exportações em 1995

(JANK, 1996), os três primeiros colocados em exportação no ano de 2000 (Sadia, Perdigão e

Seara) responderam por 67,2% (ABEF, 2000).

A competitividade da avicultura brasileira no mercado internacional tem sido

conquistada pela conjugação de diversos fatores. Jank (1996) identificou como principais

elementos: (1) o rígido controle sanitário na produção das aves, com a presença permanente

de veterinários nas linhas de abate e em modernos laboratórios para a análise de produtos; (2)

escala operacional de abate semelhante à dos EUA (250 a 400 mil aves por dia) para as

empresas líderes brasileiras; (3) segmentação das exportações por regiões geográficas e

adaptação do produto às exigências de cada mercado, oferecendo-se peito de frango sem osso

e sem pele para a União Européia, asas e coxas desossadas para os países do Sudeste Asiático,

com grande padronização de cortes especiais, frangos inteiros de pequeno porte (1 kg) para o

Oriente Médio, frangos maiores (2 kg) e com a pele mais amarelada para a Argentina e,

finalmente, produtos de baixo preço para países mais pobres (África e Ásia).

A elevada competitividade da indústria avícola brasileira no contexto externo é

evidente, o que explica a estratégia da Doux, de capital francês, ao adquirir a Frangosul e

expandir sua produção para exportação. O excepcional desempenho alcançado pela indústria,

principalmente nas três últimas décadas, assim como os padrões de competição vigentes estão

intimamente ligados aos arranjos institucionais adotados, conforme detalhamento apresentado

na próxima seção.

43

4.2.2 Avicultura Brasileira

Apesar do desempenho positivo no mercado internacional, o crescimento da produção

apoiou-se principalmente no consumo interno, que cresceu de 2,0 para 4,9 milhões de

toneladas (AVES E OVOS, 2001). O consumo brasileiro per capita passou de 14,2 kg em

1990 (APA, 2001), para 22,2 kg em 1996 e 29,9 kg em 2000 (ABEF, 2000), próximo do nível

do Canadá (29,5 kg), mas ainda distante do índice em Hong Kong (43,4kg).

Segundo dados da União Brasileira de Avicultura, citados por Brum (2000), a

conversão alimentar apresentou expressiva evolução positiva neste século, visto que em 1930

eram necessários 3,5 kg de ração para se obter um kg de frango, 2,15 kg em 1990, 1,95 kg em

1997 e 1,9 kg em 2000, o que permitiu que se atingisse o peso de abate em 39 dias.

Considerando-se a quantidade de animais abatidos, segundo dados do IBGE (2002)

referentes a dezembro de 2001, os principais produtores são os Estados do Paraná (56,7

milhões), Santa Catarina (51,7 milhões), Rio Grande do Sul (47,6), São Paulo (35 milhões),

para um total de 243,6 milhões no Brasil. São Paulo esteve entre os três maiores de 1990 até

1996, sendo ultrapassado pelo Rio Grande do Sul em 1997. Verifica-se expansão da produção

na Região Centro-Oeste, com a instalação de abatedouros de grande porte, pela proximidade

das matérias-primas da ração.

Ainda em relação à quantidade de frangos abatidos, a indústria apresenta baixa

concentração, com a participação de mercado das 4 maiores empresas atingindo 31,56% em

1999, seguidas de 15 firmas (comerciais e cooperativas) com participação acumulada de 26%

(AVES E OVOS, 2000). As empresas líderes são a Sadia, com 12,24% dos abates, Perdigão

(8,75%), Doux Frangosul (5,39%) e Seara (5,18%).

Com relação aos preços, observa-se uma tendência persistente de queda no preço do

frango desde a metade da década de 90. Rocha (2002) apresenta a evolução do preço do

frango em dólares desde 1994, no qual se percebe um pico de US$ 1,50 em dezembro de

1994, provavelmente provocado pela sobrevalorização do Real. A partir desse ponto observa-

se uma queda consistente, com alguns pontos de depreciação acentuada por excesso de oferta,

como em abril de 2000 (US$ 5,00), atingindo seu menor valor em junho de 2002 (US$ 4,8).

Para analistas consultados, além da desvalorização cambial no período (62,15%), o

crescimento na oferta de frango e a queda da renda da população explicam a redução das

cotações em dólar. Para um representante da União Brasileira de Avicultura, entretanto, o

aumento da produtividade do setor é um dos principais motivos da redução nos preços. O

44

aumento da produção nos últimos dois anos foi estimulado pelas perspectivas de ganhos por

parte do setor produtivo, por conta das crises sanitárias na Europa.

No mercado interno, caracterizado por elevada rivalidade, aparentemente existem dois

padrões básicos de concorrência na indústria. O primeiro, entre as empresas líderes, consiste

na diferenciação através da diversificação e da agregação de valor em produtos (cortes

temperados, embutidos e pratos congelados) e em expressivos investimentos em marca. O

segundo se refere aos produtos padronizados, como o frango inteiro resfriado ou congelado,

do qual participam, além das empresas líderes, também os demais abatedouros de pequeno

porte. Nesse mercado, as exigências de qualidade são menores, existe baixa diferenciação

entre as marcas, as barreiras de mobilidade são baixas e a competição está baseada em preço.

Focalizando a análise no Estado de São Paulo, Martins (2002) observa que a avicultura

deste Estado, constituída por empresas relativamente antigas e de pequena escala, vem

passando por uma crise decorrente da competição com modelos de produção mais modernos

instalados em outros Estados, que têm sido beneficiados por incentivos estaduais de caráter

fiscal e financeiro. As desvantagens se agravam quando problemas conjunturais, como a

escassez de milho, combinam-se com a saturação do mercado externo e a absorção pelo

mercado consumidor paulista do excesso da produção. Observa-se que a participação relativa

do Estado no total de carne de frango consumida no Brasil caiu consistentemente de 20% para

15% (estimativas) entre 1998 a 2002. Sua participação apresenta maior estabilidade na

produção de pintos (de 22% para 19%) e no alojamento de matrizes de corte (de 19% para

18%). As potenciais saídas propostas pela autora implicam investimentos em plantas de

congelamento, preferencialmente através da associação de pequenas empresas, visando à

atuação conjunta no mercado internacional e talvez criando uma marca forte paulista.

4.3 Evolução dos Arranjos Institucionais 4.3.1 Avicultura Mundial

Com base na Economia dos Custos de Transação, Martinez (1999) analisou a evolução

dos arranjos contratuais adotados pela indústria avícola dos EUA, visando a levantar

previsões sobre o comportamento da indústria de suínos. O autor afirma que os contratos de

produção e a integração vertical facilitaram a rápida adoção de tecnologias, melhoraram o

45

controle de qualidade e garantiram o escoamento da produção de frangos e o suprimento dos

processadores. Com isso o consumo per capita de produtos de alta qualidade derivados do

frango apresentou consistente crescimento, superando o das carnes bovina e suína.

Ao longo da história da indústria avícola norte-americana, a partir da II Guerra

Mundial, foram adotados seis tipos básicos de contratos, detalhados a seguir:

(1) Contabilidade aberta. O primeiro firmado entre integradores (normalmente a

empresa de rações) e produtores, previa a concessão de crédito ao produtor, que era

responsável pelas construções, equipamentos, trabalho, combustível e outros insumos.

Quando os frangos eram vendidos o produtor pagava o débito ao integrador, que obtinha

lucros das margens nos produtos e da cobrança de tarifas fixas pela operação. À medida que

os produtores se especializavam na produção de frangos, os riscos de preço e de produção se

tornavam mais críticos.

(2) Preço garantido. Esses contratos reduziram os riscos de preço e de produção dos

produtores e suas restrições financeiras. A empresa de rações fornecia insumos por uma tarifa

e assumia o risco de preço, visto que para o produtor havia garantia de preço. Quando o preço

contratado excedia os custos do produtor, a diferença era repassada ao produtor, mas quando

era inferior, a perda era cancelada. Assim, os integradores passaram a assumir uma parte dos

riscos de produção. Os produtores ainda estavam sujeitos ao risco do preço dos insumos e a

requerimentos elevados de capital. O preço garantido favoreceu o relaxamento dos

produtores, resultando em aves de baixa qualidade.

(3) Tarifa básica. Esses contratos se tornaram os mais utilizados nos anos 50 e 60. O

integrador fornecia pintos, ração, medicamentos, assistência técnica periódica e tinha um

título de posse dos frangos. O produtor não ficava devedor do integrador pelos insumos e

recebia um valor fixo por ave entregue, unidade de peso ou semana de trabalho. Nessa

configuração, as necessidades de capital e os riscos de produção dos produtores foram

reduzidos. Os riscos de preços de insumos e de venda foram transferidos para o integrador.

Como os pagamentos não eram baseados em ganhos de conversão alimentar e os esforços dos

produtores eram dificilmente monitorados, havia incentivos ao relaxamento.

(4) Compartilhamento. Para deter o relaxamento dos produtores, os integradores

desenvolveram variações do contrato de tarifa fixa. Os integradores forneciam os pintos,

ração, medicamentos e combustível, enquanto os produtores forneciam as instalações,

equipamentos e o trabalho. As aves fornecidas que excediam os custos do integrador eram

compartilhadas com o produtor, provocando um interesse parcial de um agente nos objetivos

do outro. As perdas eram absorvidas pelo integrador, mas eram encorajados os aumentos de

46

margem nos insumos fornecidos, de modo a reduzir os lucros a ser compartilhados. Os

produtores ainda estavam sujeitos a elevados requerimentos de capital e a riscos de preço de

venda, e tinham algum incentivo ao relaxamento.

(5) Conversão alimentar. Esses contratos foram desenhados a fim de fornecer

incentivos para a melhoria das práticas de produção. Nesse arranjo, além da tarifa fixa, era

pago um bônus pela conversão alimentar, baseado em unidades de peso de ração sobre o peso

das aves. Os incentivos ao relaxamento do produtor eram reduzidos pela vinculação da renda

ao desempenho, ainda que o produtor estivesse sujeito ao risco de produção e a restrições de

capital.

(6) Combinação. Esses contratos combinavam os atributos desejáveis dos contratos

apresentados acima. Normalmente eles incluíam uma tarifa fixa ao produtor ajustada por

algum bônus, para desencorajar o relaxamento. Esses bônus eram incluídos dependendo do

compartilhamento de lucros, da eficiência na conversão alimentar, da mortalidade ou de

outros indicadores. Além disso, o bônus era calculado com base na performance do produtor

em comparação com a de produtores similares, e não em relação a algum padrão absoluto.

O autor observa o rápido avanço dos contratos de longo prazo firmados inicialmente

entre produtores e produtores de ração e, posteriormente, entre produtores e processadores.

Enquanto em 1950 5% dos frangos eram produzidos sob contratos ou integração vertical e

95% com produção independente, cinco anos depois 86% da produção já era feita sob

contratos e 10% com produção independente. A participação dos contratos tem se mantido

praticamente estável, apresentando ligeira queda progressiva ao atingir 82% em 1994, quando

convivem com a integração vertical em cerca de 15% da produção e os independentes

respondem pelos 3% restantes.

No âmbito da avicultura francesa, Menard (1996) analisa o sistema LABEL ROUGE a

partir do conceito de estrutura institucional de produção, que significa caracterizar as formas

híbridas de governança considerando outros elementos além dos arranjos contratuais. Ele

conclui que, nessas estruturas, nem a tecnologia nem a propriedade são os principais

determinantes da forma híbrida analisada. Trata-se de um arranjo institucional específico,

desenvolvido deliberadamente pelos participantes através de uma rede de contratos e

profundamente enraizado no ambiente institucional. Assim, para esse autor, os arranjos

institucionais são mais amplos do que os arranjos contratuais específicos, abrangendo-os.

47

4.3.2 Avicultura Brasileira

A estrutura de governança que favoreceu a dinamização da indústria tem como

principal componente o contrato de parceria entre processadores e produtores rurais. Esse

arranjo também é conhecido como contrato de integração, por criar uma situação semelhante

à integração vertical, pelos processadores, da fase de engorda dos frangos, ainda que os

agentes permaneçam como entidades distintas.

Uma denominação mais precisa parece ser a indicada por Blois (1996), que discute a

existência de uma situação chamada de quase-integração vertical, na qual algumas firmas

conseguem obter as vantagens da integração vertical sem assumir os riscos ou a rigidez da

propriedade.

Para esse autor, trata-se do desenvolvimento de um relacionamento estreito entre

clientes e fornecedores, baseado principalmente na dependência do fornecedor, relativa a uma

parcela significativa de seus negócios, com relação a um cliente particular. O estudo indica

que esse tipo de situação fornece ao consumidor um considerável poder de barganha sobre

tais fornecedores, e que esse poder algumas vezes é exercido para exigir condições especiais

ou termos de comercialização que podem aumentar a dependência do fornecedor. Conclui-se

que esse relacionamento pode ser considerado um tipo de integração vertical sem

formalização legal e que em diversas indústrias muitos fornecedores têm encontrado

dificuldades em manter sua independência de gestão em relação a grandes clientes.

Na configuração mais comum do contrato adotado na indústria avícola brasileira, o

processador fornece ao produtor pintos de linhagens selecionadas, ração, assistência

veterinária, medicamentos e garantia de compra. O produtor é responsável pelos

investimentos em instalações e equipamentos, e pela mão-de-obra. Ao final do ciclo de

engorda, o pagamento dos lotes de aves varia de acordo com índices de eficiência atingidos

no processo (conversão alimentar, mortalidade, tempo de engorda).

Outro elemento bastante comum nessa estrutura de governança é o controle por meio

da integração vertical da fábrica de ração pelos processadores, que gera maior controle sobre

as características e os custos de produção dos frangos, melhores condições na compra de

insumos (milho e farelo de soja) e economias de escala na produção da ração para todos os

contratados.

Com essa estrutura de governança, o processador busca padronização na qualidade,

regularidade na quantidade e pontualidade nos prazos para a aquisição dos animais com peso

de abate. Além disso, ela facilita a implementação de inovações tecnológicas nas diversas

48

etapas da cadeia produtiva, o que explica os consistentes ganhos de produtividade e de

conversão alimentar verificados nas últimas décadas.

Para o produtor, a engorda de frangos com contrato de parceria é uma alternativa

viável por reduzir riscos de demanda e de oscilações no fluxo de caixa. O contrato elimina os

custos envolvidos em transações de mercado, como o acompanhamento e a negociação do

preço, a busca de compradores e as operações de logística, aspectos razoavelmente definidos

no contrato. Ao se concentrar na atividade pecuária, o produtor se especializa e pode buscar

ganhos de produtividade e qualidade para o produto final (conversão alimentar, tempo de

engorda e sanidade).

O contrato de parceria tem se mostrado extremamente adaptado às estratégias das

empresas líderes da indústria e das cooperativas de grande porte para os mercados interno e

externo. Para o mercado interno, a ênfase é produzir carne de frango para uso como insumo

de produtos com maior valor agregado. Para o mercado externo, trata-se de obter produtos

(frango inteiro ou cortes) que atendam às necessidades do consumidor em cada região, que

são diversificadas.

4.3.3 O Caso do Estado de São Paulo

A avicultura de corte em moldes empresariais surgiu em São Paulo, na região de Mogi

das Cruzes, nos anos 40. No final dos anos 50, observou-se uma reestruturação da produção,

com novas granjas e novos métodos de manejo, que contavam com a atuação do Instituto

Biológico de São Paulo no controle sanitário e de doenças. Mas foi a partir de 1960, com a

importação de linhagens específicas para corte, que a avicultura paulista passou a se expandir

nos moldes hoje observados, conforme Zirlis (1991) apud Nicolau (1994). Nessa época,

iniciava-se em condições modestas a avicultura no oeste de Santa Catarina, organizada sob o

sistema de contratos de parceria entre abatedouros e criadores, baseado no modelo americano

de integração e na experiência acumulada na região pela parceria na produção de suínos.

Ao analisar o processo de avanço dos contratos de parceria na avicultura paulista,

Marques (1991) observa que os frigoríficos paulistas começaram a adotar lentamente essa

estrutura de governança a partir de 1969, processo que ganhou impulso a partir de 1981, para

atingindo cerca de 71% da produção em 1991. Observou-se uma crescente concentração no

setor, considerando-se os oito maiores frigoríficos. Nessa obra, o autor considera que o

produtor apresentava pequeno poder de barganha com os frigoríficos, que por sua vez

49

apontaram como principais motivos para a adoção dos contratos a busca de uma escala

mínima de operação, a redução de custos de intermediação e de instalações, assim como a

facilitação do planejamento da produção. Detectou-se também que o ambiente institucional

relacionado aos tributos favorece os contratos, visto que as transferências entre processadores

e produtores contratados ficam isentas.

Em análise das disfunções da indústria avícola na macrorregião de Ribeirão Preto

(SP), Azevedo et al. (1999) tratam da evolução dos arranjos institucionais. Os autores relatam

que a avicultura dessa macrorregião começam a se destacar a partir da década de 70, quando

existiam apenas produtores independentes. A partir do início dos anos 80, dado o elevado

custo da ração, a existência desses produtores ficou ameaçada, e sobreviveram apenas aqueles

que promoveram a integração vertical na produção da ração. Alguns chegaram a adquirir

também abatedouros e matrizeiros próprios. Surgiu então, a figura do integrador, que,

aproveitando a escala de produção de ração e o acesso a novas técnicas, passou a integrar

pequenos produtores independentes, fornecendo ração, pintos de um dia e assistência técnica

para a engorda dos frangos.

Os autores esclarecem que ainda existem alguns produtores independentes, assim

como abatedouros que não possuem granjas integradas. Desses produtores independentes, a

grande maioria faz parte da Cooperativa Coperguaçu (Descalvado), que funciona como uma

integradora, dispondo de parque industrial para abate e processamento, além de granjas de

matrizes e incubatórios. A diferença desse sistema para o sistema de integração usual é que

existe um rateio dos lucros (ou prejuízos) entre a cooperativa e os cooperados, ao invés de

uma remuneração ao produtor. Apesar da presença do sistema cooperativo e de produtores

independentes, predomina na região, como no resto do País, o sistema de integração.

Outra peculiaridade do sistema de integração praticado na região é a presença de

novos agentes, como a figura do intermediário e do corretor de frangos. A característica desse

sistema é a integração do frango vivo, ou seja, os grandes integradores não possuem

abatedouro próprio e, então, atuam no mercado paralelo, comercializando frango vivo. São

encontrados, assim, abatedouros independentes e pequenas avícolas de frango vivo. Apesar de

reconhecerem que esses intermediários desempenham função econômica ao gerenciar

informações e coordenar ações entre os participantes da cadeia produtiva, os autores

identificam ameaças à sua sobrevivência. Com a concorrência intensa na oferta de frango

inteiro no varejo, as margens de toda a cadeia estão sendo reduzidas, ameaçando a

sobrevivência dos abatedouros independentes, clientes dos intermediários integradores.

50

Deve-se destacar também outro agente característico da região – o corretor, que se

situa eventualmente entre os abatedouros independentes e os intermediários integradores ou

entre os primeiros e as granjas independentes. A existência desse agente pode ser justificada

por sua atividade de concentrar e utilizar informações importantes sobre o mercado e por

conseguir prazo maior de pagamento junto ao intermediário, questão muitas vezes

significativa para os abatedouros. A sobrevivência desses agentes também está ameaçada pela

redução das margens dos abatedouros e dos intermediários.

5 METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentados os métodos utilizados para estruturar, obter e analisar

os dados necessários para que os objetivos do estudo sejam atingidos. A orientação geral da

metodologia é obter informações sobre a coexistência entre os arranjos institucionais e o que a

determina, com o maior detalhamento possível.

São adotados dois procedimentos que podem contribuir para o aprofundamento da

análise sobre a adoção dos arranjos. Primeiro, analisa-se a participação percentual de cada

arranjo no suprimento total do processado, o que oferece mais informação do que a pesquisa

simplesmente das escolhas do agente para o arranjo predominante. Segundo, incorpora-se na

definição do arranjo institucional o agente envolvido na transação, o que pode permitir

identificar preferências do processador sob esse aspecto.

O capítulo está estruturado em seções que tratam da definição das variáveis (descrição

e fundamentos para que sejam escolhidas), as hipóteses formuladas com base na teoria tratada

nos capítulos anteriores, o instrumento de medida utilizado (descrição do questionário), a

coleta de dados (informações sobre a amostra e sobre a forma de abordagem das empresas),

métodos de tratamento dos dados e limitações da metodologia.

5.1 Definição de Variáveis

Conforme Azevedo et al. (1999), os agentes presentes na avicultura paulista são os

relacionados a seguir, com os códigos adotados para esta dissertação entre parênteses:

a) processadores (AB) – empresas comerciais ou cooperativas que abatem e processam o

frango vivo;

b) corretores de frango vivo (CO) – intermediários com informações sobre mercados que

viabilizam as transações entre processadores e produtores independentes;

c) integradores de frango vivo (PV) – produtores independentes que adicionam à sua

produção os frangos vivos tratados por outros produtores de menor porte, através de

contratos;

52

d) produtores independentes (PI) – agentes que adquirem pintos de um dia no mercado e

realizam a engorda para comercialização do frango vivo;

e) produtores parceiros (PP) – agentes participantes de contratos de parceria com

processadores.

5.1.1 Variáveis Dependentes

Conforme a delimitação estabelecida neste estudo, as variáveis dependentes serão os

arranjos institucionais. A partir da análise fornecida por Azevedo et al. (1999) e de contatos

preliminares com agentes do setor, identificam-se no Estado de São Paulo alguns arranjos

institucionais básicos para o suprimento dos processadores, para os quais são adotadas as

seguintes denominações:

a) Mercado (M) – representa o conjunto de transações esporádicas para a compra de frango

vivo, com baixo conhecimento sobre o vendedor e seu processo de produção, e não

envolve o compromisso de que a transação se repita no futuro. O preço pago é aquele

definido pelas forças de oferta e demanda no momento da negociação.

b) Fornecimento (F) – o contrato de fornecimento pode ser temporário ou de prazo

indeterminado e estabelece um compromisso de fornecimento de frango vivo em volumes

determinados. O preço pago é geralmente aquele definido pelo mercado no momento da

transação, condição estabelecida no acordo;

c) Parceria (P) – o contrato de parceria estabelece que o processador fornece os pintos, ração

e assistência técnica ao produtor parceiro, que fica responsável elos investimentos em

instalações e equipamento e por realizar o manejo para a engorda do frango até o abate,

quando é remunerado de acordo com critérios específicos ao contrato. O arranjo é

conhecido também por "integração", visto que o processador controla muitos fatores de

produção e define os procedimentos durante a engorda, remunerando a prestação de

serviço do produtor. O preço pago é definido por fórmulas que podem ser baseadas

somente em coeficientes técnicos do manejo ou que incluem também o preço de mercado

no momento do abate.

d) Integração (I) – a integração vertical pelo processador representa o controle financeiro

total da engorda dos frangos, incluindo a genética, produção de ração, instalações,

equipamentos e remuneração da mão-de-obra;

53

Utilizando-se o conceito de continuum dos arranjos institucionais, as opções podem

ser ordenadas pelo grau de coordenação vertical que oferecem, conforme apresentado na

Figura 1.

Mercado

Fornecimento

Parceria

Integração |

M | F

| C

| I

Figura 1. Continuum de arranjos institucionais básicos da avicultura paulista

Combinando-se os agentes com os arranjos contratuais possíveis, temos os fluxos do

frango vivo apresentados na Figura 2, onde as setas indicam o sentido da transferência do

frango entre os agentes e cada arranjo institucional completo foi definido como a combinação

do arranjo básico com os agentes participantes.

Figura 2. Agentes e arranjos institucionais para fornecimento de frango vivo na avicultura paulista

As estruturas identificadas são: integração de AB (IAB); parceria entre AB e PP

(CPP); fornecimento entre AB e PV (FPV); fornecimento entre AB e PI (FPI); fornecimento

entre PV e PI (FPI”); mercado entre AB e CO (MCO); mercado entre AB e PV (MPV);

mercado entre AB e PI (MPI); mercado entre CO e PV (MPV’); mercado entre CO e PI

(MPI’).

Conforme a delimitação deste estudo, são considerados somente os arranjos

institucionais adotados pelo processador (AB). Alinhados em ordem crescente de coordenação

vertical, esses arranjos formam um novo continuum que aparece na Figura 3.

Como o processador pode adotar mais de um arranjo institucional simultaneamente,

pretende-se avaliar a participação percentual de cada um no suprimento total, considerando-os

PPP

MCO IAB

MPI’

PP

CO PV

PI

AB

MPV’

MPV

FPI

MPI

FPV

FPI”

CPP

54

como variáveis dependentes contínuas com valores entre 0 e 100. Assim é possível analisar o

grau de adoção de cada um de forma independente dos demais.

mercado com PI

mercado com CO

mercado com PV

contrato de fornecimento

com PI

contrato de fornecimento

com PV

contrato de parceria com PP

integração

vertical |

MPI |

MCO |

MPV |

FPI |

FPV |

CPP |

IAB Figura 3. Arranjos institucionais de suprimento de frangos vivos ao processador (AB).

Um resumo das variáveis dependentes é apresentado no Quadro 4.

Quadro 4. Variáveis dependentes correspondentes aos arranjos institucionais.

Nome Agente envolvido Unidade Tipo

Mercado PI Produtor independente % contínua

Mercado CO Corretor de frango vivo % contínua

Mercado PV Integrador de frango vivo % contínua

Fornecimento PI Produtor independente % contínua

Fornecimento PV Produtor integrador de frango vivo % contínua

Parceria Produtor parceiro % contínua

Integração - % contínua

Definidas as variáveis para os arranjos institucionais, são criadas duas novas variáveis

categóricas a partir do agrupamento dos resultados originais. São elas:

Grau de Integração. Trata-se de um critério de cluster subjetivo baseado na

predominância de determinado arranjo institucional básico na composição de cada

processador. É uma variável que pode assumir três categorias: Mercado, Contratos e

Integração. O caráter subjetivo, atribuído à decisão do pesquisador, deve-se à possibilidade de

que certos agentes tenham seu suprimento dividido igualmente entre duas categorias. Nestes

casos adota-se como critério a classificação que resulte em maior equilíbrio numérico entre os

clusters.

Mercado: Essa variável representa a presença do arranjo institucional básico de

mercado, com qualquer participação percentual diferente de zero e com qualquer agente

envolvido. Por essa definição, torna-se uma variável dicotômica que pode assumir as

categorias "Sim" ou "Não".

55

5.1.2 Variáveis Explicativas

Neste estudo opta-se pela criação de três grupos de variáveis explicativas. O primeiro,

denominado de Perfil do processador, inclui algumas características da produção e das

estratégias do processador. São indicadores objetivos relatados pelo administrador. O segundo

grupo de variáveis, chamado Transação de mercado, trata da percepção sobre a transação de

mercado, que é governada pelo arranjo institucional com o menor grau de coordenação no

continuum identificado para a avicultura paulista. Assume-se o pressuposto de que a

percepção do administrador sobre essa transação influi na composição adotada entre os

arranjos institucionais para o suprimento total de frango vivo. Neste grupo existem duas

variáveis que tratam do impacto do ambiente institucional sobre a transação de mercado. O

terceiro grupo, denominado Ambiente competitivo, contém indicadores subjetivos do

administrador sobre a competição na avicultura paulista atual, focalizando o relacionamento e

o poder de barganha da empresa com fornecedores, compradores e concorrentes.

No Quadro 5 é apresentado um resumo das variáveis explicativas.

56

Quadro 5. Variáveis explicativas de perfil e percepções do processador

Nome Descrição Unidade Tipo

Perfil do processador

Instalação ano do início da operação anos contínua

Escala capacidade de processamento industrial aves/dia contínua

Congelamento participação do frango congelado na produção total

% contínua

Exportação participação do frango exportado na produção total

% contínua

Concentração participação do maior comprador % contínua

Transação de mercado

Regularidade dificuldade de ser conseguida no fornecimento graus escalar

Qualidade dificuldade de medir qualidade graus escalar

Sanidade dificuldade de medir sanidade graus escalar

Negociação dificuldade de negociar com fornecedores graus escalar

Manutenção dificuldade para manter fornecedores fiéis graus escalar

Tecnologia freqüência de mudança tecnológica do fornecedor

graus escalar

Justiça freqüência de disputas judiciais com fornecedores

graus escalar

Impostos carga de impostos na transação graus escalar

Ambiente competitivo

Previsão dificuldade de prever volume de vendas graus escalar

Conquista dificuldade de conquistar novos compradores graus escalar

Informação freqüência de troca de inf. sobre fornecedores com concorrentes

graus escalar

Insumos dificuldade de negociar com fornecedores de insumos para frangos

graus escalar

Comprador dificuldade de negociar com compradores graus escalar

De modo similar ao adotado para as variáveis dependentes, as variáveis explicativas

também têm seus resultados agrupados em categorias. A diferença é que elas continuam

sendo tratadas individualmente. Na Tabela são apresentados os critérios para as categorias de

cada variável.

57

Quadro 6. Critério para categorias das variáveis explicativas.

Nome Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4

Instalação Até 1970 De 1971 a 1980 De 1981 a 1990 De 1991 até hoje

Escala Até 9.600 De 9.600 a 48.000 Acima de 48.000 Cabeças/dia

Congelamento Menos que 33% De 33 a 67% Mais que 67% -

Exportação Não Sim - -

Concentração Menos que 5% De 5 a 15% Mais que 15% -

Regularidade De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Qualidade De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Sanidade De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Negociação De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Manutenção De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Tecnologia De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Justiça De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Impostos De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Previsão De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Conquista De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Informação De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Insumos De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 -

Comprador De 0 a 3 De 4 a 6 De 7 a 10 - 5.2 Hipóteses

A seguir, são apresentadas hipóteses para os sinais da correlação entre as variáveis

dependentes para os arranjos institucionais e as variáveis explicativas dos grupos Perfil do

processador, Transação de mercado e Ambientes competitivo.

Perfil do processador:

1. Instalação. Essa variável indica o ano em que a empresa foi instalada. Pressupõe-se que

essa característica do processador esteja relacionada à freqüência das transações, visto que

quanto mais antiga a empresa (menor o ano de instalação) aumenta a probabilidade de

que a freqüência seja maior. Conforme o referencial teórico, o aumento da freqüência nas

transações favorece a construção de reputação e cria incentivos para a continuidade do

relacionamento, pela redução dos custos de transação. Quando isso acontece, existe maior

possibilidade de que os agentes criem relacionamentos mais estreitos, como os contratos

de longo prazo. Assim, levanta-se a hipótese de que quanto mais atual o ano de instalação,

58

ou mais recente for a firma, maior a dificuldade da empresa para estabelecer contratos de

longo prazo, e maior a adoção do mercado e da integração vertical.

2. Escala. A variável indica a capacidade máxima de processamento da empresa, medida

pela quantidade de aves que podem ser abatidas por dia. As instalações necessárias ao

abate e processamento de frangos são ativos específicos, apresentando aplicação

alternativa apenas para outras aves. Conforme o referencial teórico da ECT, quanto maior

o investimento em ativos específicos realizado por determinado agente, maior será a

necessidade de coordenação sobre a transação, para garantir a plena utilização dos ativos e

minimizar o oportunismo dos outros agentes envolvidos nas transações. Assim, propõe-se

a hipótese de que o aumento na escala exige maior coordenação do suprimento, para

minimizar a capacidade ociosa da planta, favorecendo a adoção de contratos de longo

prazo e da integração vertical.

3. Congelamento. A variável mede a participação percentual do frango congelado no total da

produção. A produção desse item exige a utilização de túneis de congelamento e câmaras

frigoríficas para armazenagem, que são ativos específicos. De acordo com o referencial

teórico da ECT, quanto maior a especificidade de ativos, maior a necessidade de

coordenação da transação. Propõe-se a hipótese de que quanto maior a participação do

frango congelado, maior será a necessidade de coordenação do suprimento de frango vivo,

para se obter regularidade de fornecimento e minimizar a capacidade ociosa nos

equipamentos, promovendo a adoção de contratos e a integração vertical.

4. Exportação. A variável indica a participação da quantidade de frango exportado em

relação à produção total. A exportação de frangos exige o atendimento de padrões rígidos

de qualidade, sanidade e uniformidade, além de envolver volumes elevados e estar

vinculada ao produto congelado. Um dos custos de transação previstos pelo referencial

teórico da ECT é a avaliação do cumprimento de padrões de produto ou processo. Em

transações de mercado esses custos podem se tornar excessivos e inviabilizar a transação.

A hipótese proposta é a de que o aumento da participação da exportação na produção total

exige maior coordenação do suprimento, promovendo a adoção de contratos e a integração

vertical.

5. Concentração. A variável mede a participação percentual do maior comprador na

quantidade total vendida pelo processador. Quando determinado comprador passa a ter

participação significativa das vendas, cria-se uma situação de dependência do vendedor

em relação a esse comprador. Assim espera-se que o processador busque atender às

necessidades desse cliente em volumes e atributos do produto, tornando-se necessário

59

garantir o fornecimento de frango vivo que atenda a essas condições. Portanto, propõe-se

a hipótese de que o aumento da concentração nas vendas no maior cliente maior exige

maior coordenação do suprimento, promovendo a adoção de contratos e a integração

vertical.

Transação de mercado:

6. Regularidade. A variável mede a dificuldade percebida para se conseguir regularidade no

fornecimento de frangos em transações de mercado. A regularidade no suprimento de

frango vivo pode ser definida como o grau em que os fornecedores conseguem entregar os

produto nos volumes e prazos acertados anteriormente. A obtenção de regularidade

representa uma incerteza para o processador, que está sujeito às falhas de entrega do

fornecedor, seja por desvio do produto em ações oportunistas ou queda na produção por

doenças durante o manejo. Conforme o referencial teórico da ECT, esse tipo de incerteza

pode fazer com que o agente busque aumentar a coordenação sobre a transação. Assim,

propõe-se a hipótese de que o aumento na dificuldade de se obter regularidade favoreça a

adoção de contratos de longo prazo e da integração vertical.

7. Qualidade. A variável mede a dificuldade percebida para se medir a qualidade da carne de

frangos em transações de mercado. De acordo com o referencial teórico da ECT, a

aferição da qualidade representa um fonte de custos de transação, visto que é uma das

ações de monitoramento dos contratos, a partir da avaliação dos resultados obtidos. A

aquisição de frango em transações de mercado oferece o risco de que o produto não atenda

requisitos mínimos de qualidade exigidos pelo mercado de destino. A qualidade do frango

adquirido está associada às condições da carne obtida após o abate, que por sua vez está

sujeita à alimentação e manejo oferecidos pelo produtor. O processador pode métodos de

avaliação da qualidade analisando o frango vivo ou a carne obtida após o abate,

incorrendo em custos de transação. Esses custos podem variar com o grau de confiança

que o processador tenha no fornecedor. Conforme a ECT, se os custos de transação

tornam-se muito elevados, o processador tende a buscar maior coordenação na transação.

Assim, propõe-se a hipótese de que o aumento na dificuldade percebida para se medir a

qualidade do frango adquirido em transações de mercado favorece a adoção de contratos e

da integração vertical;

8. Sanidade. A variável avalia a dificuldade em se medir a sanidade do frango adquirido em

transações de mercado. Esse aspecto é bastante similar à qualidade, sendo relacionado

com o cuidados tomados pelo produtor durante a fase de engorda, principalmente no que

se refere ao controle sanitário do ambiente e uso de medicamentos. A sanidade representa

60

uma elemento de risco para o processador e envolve custos para a realização de testes, que

se caracterizam como custos de transação, conforme o referencial teórico da ECT. Se

esses custos de transação aumentam excessivamente, o agente buscará aumentar a

coordenação sobre o processo para que eles sejam reduzidos. Assim, propõe-se a hipótese

de que quanto maior a dificuldade percebida para se medir a sanidade, maior a tendência

de adoção de contratos e integração vertical.

9. Negociação. A variável mede a dificuldade percebida em se negociar com fornecedores

em transações de mercado. Essa negociação pode envolver itens como o preço, o prazo de

pagamento, a responsabilidade pelo transporte, o peso médio das aves, entre outros. De

acordo com o referencial teórico da ECT, esses aspectos são custos de transação

decorrentes dos recursos utilizados (dinheiro, pessoas ou tempo) até que se chegue a um

consenso entre os agentes. À medida que esses custos crescem a transação pode se tornar

inviável, provocando atrasos ou a interrupção no suprimento. A avaliação dessa situação

nas transações de mercado pode levar o processador a escolher outros arranjos

institucionais mais eficientes em custos de transação. Propõe-se a hipótese de que quanto

maior a dificuldade percebida na negociação a mercado, maior será a participação de

arranjos com maior grau de coordenação, como contratos e integração.

10. Manutenção. A variável mede a dificuldade percebida em se manter fornecedores fiéis em

transações de mercado. O mercado é um contrato de curto prazo utilizado para a compra e

venda de bens ou serviços padronizados, com preços definidos principalmente pela

combinação das forças de oferta e demanda, e para o qual a identidade dos agentes tem

pequena importância. Portanto, teoricamente não existem incentivos para que se criem

relacionamentos formais de longo prazo. Entretanto, mesmo em transações de mercado, a

geração de vínculos informais é desejável porque pode reduzir custos de transação. Se

existe dificuldade para a manutenção de fornecedores fiéis a mercado, o processador

poderá buscar outros arranjos institucionais. Portanto, formula-se a hipótese de que quanto

maior a dificuldade percebida para a manutenção de fornecedores fiéis em transações de

mercado, maior a participação de arranjos institucionais que ofereçam mais coordenação,

como os contratos e a integração.

11. Tecnologia. A variável mede a freqüência percebida na mudança tecnológica adotada pelo

fornecedor em transações de mercado. Nas últimas três décadas a avicultura tem

melhorado os níveis de produtividade e qualidade em virtude do contínuo

desenvolvimento tecnológico. Uma das principais vantagens dos arranjos institucionais

contratuais é justamente permitir a rápida adoção dos avanços tecnológicos por parte dos

61

produtores contratados. O objetivo dessa variável é avaliar o grau de atualização

tecnológica dos produtores que não participam de arranjos contratuais. Em um ambiente

de mudanças tecnológicas freqüentes, a desatualização dos fornecedores representa um

risco para os processadores. Assim, propõe-se a hipótese de que quanto maior a freqüência

percebida na mudança tecnológica dos fornecedores de mercado, menor a participação de

arranjos institucionais que ofereçam mais coordenação, como os contratos e a integração.

12. Justiça. A variável mede a freqüência percebida nas disputas judiciais relativas a conflitos

com fornecedores nas transações de mercado. Essa freqüência é influenciada pela

quantidade e gravidade dos conflitos, pelos custos envolvidos e pela confiança na

utilização das cortes formais. A abordagem de Douglass North do âmbito da Nova

Economia Institucional sustenta que o ambiente institucional condiciona as decisões dos

agentes econômicos. Se as regras formais e informais vigentes em determinado ambiente

econômico não garantem o cumprimento dos contratos e a preservação dos direitos de

propriedade, aumenta a incerteza dos agentes, que por isso reduzem seus investimentos ou

adotam arranjos institucionais com maiores salvaguardas e maior coordenação.

Considerando-se a reputação de baixa eficiência da justiça brasileira, com altos custos e

prazos longos para a obtenção sentenças definitivas, as disputas judiciais parecem ser mais

prováveis em casos muito graves ou que envolvam valores elevados. Assim, propõe-se a

hipótese de que quanto maior a freqüência de disputas judiciais em transações de

mercado, maior a participação de arranjos que ofereçam mais coordenação, como os

contratos e a integração vertical;

13. Impostos. A variável mede o impacto percebido dos impostos em transações de mercado,

que reduz a rentabilidade do processador. Trata-se de outro aspecto do ambiente

institucional, relacionado ao sistema tributário vigente na avicultura. Por ser um item de

custo facilmente mensurável, seu impacto na rentabilidade da atividade é evidente.

Considerado como elemento de política pública, o imposto envolve um equilíbrio entre a

necessidade de receita do Estado e o incentivo à sonegação fiscal gerado pelo custo direto

da alíquota e pelos custos administrativos que acarreta às empresas. Quando o imposto

passa a se tornar inviável na transação de mercado, a empresa buscará outras formas de

suprimento. Portanto, quanto maior o impacto percebido dos impostos na transação de

mercado, maior a participação de arranjos institucionais que ofereçam maior coordenação,

como os contratos e a integração vertical;

62

Ambiente competitivo:

14. Previsão. A variável mede a dificuldade percebida para se prever o volume de vendas. A

dificuldade para se prever vendas está relacionada à oscilação histórica da demanda do

mercado e ao volume de informações que o agente dispõe sobre esse mercado. Trata-se de

uma fonte de risco para o processador, já que a programação de sua produção depende

basicamente da previsão de vendas. Adotando-se uma abordagem de Organização

Industrial, supõe-se que os agentes com maior poder no mercado de frango abatido

provavelmente possuem mais informações e maior capacidade de processá-las, o que

facilita a elaboração de previsões e gera mais confiança para a adoção de maior

coordenação no suprimento de frango vivo. Portanto, propõe-se a hipótese de que quanto

maior a dificuldade percebida para se prever vendas maior a participação das transações

de mercado no suprimento.

15. Conquista. A variável mede a dificuldade percebida para se conquistar novos

compradores. A conquista de novos compradores, desde que a empresa seja capaz de

aumentar a sua produção, ocorre se houver demanda não atendida, se o mercado crescer

ou com o deslocamento de concorrentes. Considerando o baixo crescimento econômico

verificado nos anos recentes, supõe-se que a conquista esteja limitada ao deslocamento de

concorrentes. Para que isso seja possível, considerando-se uma abordagem tradicional de

Organização Industrial, o processador com maior poder no mercado de frango abatido

teria maior facilidade de conquistar novos concorrentes ao oferecer vantagens em

logística, preços ou prazos de pagamento ao varejista. Se isso for verdade, esse agente

poderia adotar maior coordenação no suprimento para garantir a produção necessária aos

novos compradores. Portanto, por oposição, supõe-se que a quanto maior a dificuldade

percebida de conquistar novos compradores, maior a participação de transações de

mercado.

16. Informação. A variável mede a freqüência percebida de troca de informações sobre

fornecedores entre concorrentes. A troca de informações entre concorrentes é uma atitude

cooperativa que pode favorecer a estabilidade do sistema produtivo. Ela funciona como

um sistema informal de monitoramento e punição de ações oportunistas dos fornecedores

durante a vigência de um contrato de longo prazo. Na visão tradicional de Organização

Industrial, essa atitude poderia ser considerada um indício da existência de cartel, já que

poderia favorecer a definição conjunta de preços. Entretanto, em mercados pulverizados

essa iniciativa apresenta enorme dificuldade de execução. A troca de informações, reduz

risco de ações oportunistas e assim os custos de transação para a adoção de contratos de

63

longo prazo tornam-se menores. Pelo exposto, propõe-se a hipótese de que quanto maior a

freqüência de troca de informações sobre fornecedores, maior a participação dos contratos

de longo prazo.

17. Insumo. A variável mede a dificuldade percebida de se negociar com fornecedores de

insumos para a engorda de frangos. A negociação com fornecedores de insumos é

necessária para os processadores que operam com integração vertical ou com contratos de

parceria. Os principais insumos negociados são matérias-primas para a fabricação de

ração, como a soja e o milho. As margens de negociação para commodities são muito

estreitas, já que os preços são dados pelo mercado, e a obtenção de vantagens na compra

só é possível em grandes volumes ou se existem oportunidades de arbitragem. Portanto,

propõe-se a hipótese de que quanto maior a dificuldade percebida para se negociar com

fornecedores de insumos, maior a participação das transações de mercado e dos contratos

de fornecimento.

18. Comprador. A variável mede a dificuldade percebida para se negociar com compradores.

A negociação com compradores depende do poder de mercado que o processador possui,

que se traduz em poder de barganha. A estratégia de montagem da carteira de clientes

deve levar em conta esse aspecto, para que se evite a concentração excessiva em

compradores com poder de barganha muito superior à do processador. Para o mercado em

questão, os compradores mais poderosos são as grandes redes de hipermercados. A

existência de negociações equilibradas ou favoráveis ao processador reduz o risco de

quedas nas margens e aumenta a possibilidade adotar maior coordenação no suprimento.

Assim, propõe-se a hipótese de que quanto maior a dificuldade de se negociar com

compradores, maior a participação das transações de mercado.

Na Tabela 1 são apresentados os sinais esperados para as variáveis independentes

relacionadas com os arranjos institucionais, de acordo com as hipóteses formuladas:

64

Tabela 1. Variações esperadas nas variáveis de arranjos institucionais

Variáveis explicativas

Variáveis dependentes

Nome Mercado PI

Mercado CO

Mercado PV

Fornecimento PI

Fornecimento PV

Parceria Integração

Instalação + + + - - - -

Escala - - - + + + +

Congelamento - - - + + + +

Exportação - - - + + + +

Concentração - - - + + + +

Regularidade - - - + + + +

Qualidade - - - + + + +

Sanidade - - - + + + +

Negociação - - - + + + +

Manutenção - - - + + + +

Tecnologia + + + - - - -

Justiça - - - + + + +

Impostos - - - + + + +

Previsão + + + - - - -

Conquista + + + - - - -

Informação - - - + + + -

Insumos + + + + + - -

Comprador + + + + - - - 5.3 Instrumentos de Medida

A partir das hipóteses formuladas, foi elaborado o questionário que consta no Anexo

2. O questionário tem 25 questões, que se dividem em quatro blocos, detalhados a seguir.

Questões de 1 a 7: variáveis do grupo Arranjos institucionais, medidas pela

participação percentual dos arranjos no suprimento total da empresa, para preenchimento dos

valores pelo respondente nos campos indicados.

Questões de 8 a 12: variáveis do grupo Perfil do processador, com características da

produção e das estratégias de venda da empresa, e preenchimento dos valores pelo

respondente nos campos indicados.

Questões de 13 a 20: variáveis do grupo Transação de mercado, com percepções do

respondente sobre a transação de mercado para aquisição de frango vivo, sobre o impacto do

65

ambiente institucional nessa transação. Foi utilizada uma escala do tipo Likert de 11 níveis

identificados de zero a dez, onde o “0” representa o nível mínimo e “10” o máximo.

Questões de 21 a 25: variáveis do grupo Ambiente competitivo, com percepções sobre

o relacionamento com concorrentes e compradores na avicultura atual. Foi utilizada uma

escala do tipo Likert de 11 níveis identificados de zero a dez, onde o “0” representa o nível

mínimo e “10” o máximo.

5.4 Coleta de Dados

Para o estudo dos processadores da avicultura no Estado de São Paulo, foi necessário,

inicialmente, dimensionar e identificar a população total.

A primeira medida adotada foi a obtenção de um banco de dados cadastrais de 217

processadores, de uma empresa que realiza pesquisas de mercado. Em dezembro de 2002

foram enviados para toda a população envelopes contendo o questionário e uma carta de

apresentação solicitando a colaboração da empresa e informando as opções de envio da

resposta, por via postal ou por fax. Em janeiro de 2003 foram feitos contatos telefônicos e

novo envio dos questionários por fax ou por correio eletrônico para cerca de 30 empresas.

A segunda ação foi um contato com a Associação Paulista de Avicultura (APA), para

apresentação do questionário e busca de apoio à realização da pesquisa. Assim, foi obtida uma

lista dos associados, composta de 21 empresas. Esse grupo concentra as empresas de maior

porte do Estado de São Paulo, que participam de reuniões semanais. Os questionários foram

encaminhados através da associação, com uma recomendação do responsável pela área de

avicultura de corte para que fossem respondidos. Esse trabalho foi reforçado com a presença

do pesquisador a uma das reuniões da associação.

Dos 217 questionários enviados pelo correio, 49 retornaram em razão de endereço

incorreto ou de fechamento da firma, restando 168 registros válidos. O resultado da coleta de

dados foi uma amostra de 30 empresas, das quais 20 são associadas à APA e representam os

principais processadores do Estado de São Paulo.

66

5.5 Tratamento e Análise dos Dados

Os dados obtidos foram analisados em três níveis de agrupamento. O primeiro refere-

se aos resultados originais das variáveis dependentes e explicativas, conforme os formatos do

questionário aplicado. O segundo envolve o agrupamento dos resultados das variáveis

dependentes na variável Grau de integração, com três categorias referentes aos arranjos

predominantes em cada agente. As variáveis explicativas também são categorizadas em faixas

de valores. O terceiro adota novo agrupamento das variáveis dependentes na variável

Mercado de formato dicotômico (sim/não). Nesse nível adota-se a mesma categorização nas

variáveis explicativas. As ferramentas de análise são detalhadas a seguir.

5.5.1 Análise de Estatística Descritiva.

Trata-se da análise preliminar dos resultados obtidos para as variáveis dependentes e

explicativas nos formatos originais do questionário. As estatísticas utilizadas são detalhadas a

seguir, conforme Spiegel (1985):

§ Média aritmética: razão entre a somatória dos valores e a quantidade de casos.

§ Mediana: para um conjunto de valores ordenados em ordem de grandeza, é o valor médio

ou a média aritmética dos dois valores centrais. Geometricamente a mediana é o valor de

X correspondente à vertical que divide o histograma em duas partes de áreas iguais.

§ Moda: para um conjunto de números, é o valor que ocorre com a maior freqüência, isto é,

o valor mais comum. A moda pode não existir e, mesmo que exista, pode não ser única.

§ Desvio-padrão: é a raiz média quadrática dos desvios em relação à media aritmética.

§ Mínimo: valor mínimo de uma série de números.

§ Máximo: valor máximo de uma série de números.

§ Curtose: é o grau de achatamento de uma distribuição, considerado usualmente em relação

a uma distribuição normal.

§ Assimetria: é o grau de desvio, ou afastamento da simetria, de uma distribuição. Se a

curva de freqüência de uma distribuição tem uma cauda mais longa à direita da ordenada

máxima do que à esquerda, diz-se que a distribuição é desviada para a direita, ou que ela

tem assimetria positiva. Se é o inverso que ocorre, diz-se que ela é desviada para a

esquerda, ou que tem assimetria negativa.

67

5.5.2 Análise de Correlação.

A correlação é o grau de relação entre as variáveis, que procura determinar o quanto

uma equação linear, ou de outra espécie, descreve ou explica a relação entre as variáveis. A

correlação linear é obtida a partir de um gráfico de dispersão das variáveis X e Y, formados

pelos pontos (X,Y) em um sistema de coordenadas retangulares. Se todos os pontos desse

diagrama parecem cair nas proximidades de uma reta, a correlação é denominada linear. Se Y

tende a aumentar quando X cresce, a correlação é denominada positiva ou direta. Se Y tende a

diminuir quando X aumenta, a correlação é denominada negativa ou inversa.

Será calculado o coeficiente de correlação de Pearson entre pares de variáveis dentro

de cada grupo de variáveis (Arranjos institucionais, Perfil do processador, Transação de

mercado e Ambiente competitivo) e principalmente entre as dependentes e as explicativas,

comparando-se o resultado com as hipóteses propostas. Consideram-se os coeficientes que

apresentam nível de significância suficiente para a rejeição da hipótese nula, nos níveis de

1%, 5% e 10%.

5.5.3 Análise de Tabelas de Contingência. 5.5.3.1 Tabelas de Contingência

Uma tabela de contingência é formada por h linhas e k colunas formando células que

são ocupadas por freqüências observadas. Em uma tabela h X k, para cada freqüência

observada há uma esperada ou teórica, que é calculada de acordo com as regras da

probabilidade. A freqüência total de cada linha é denominada freqüência marginal.

Para investigar a concordância entre as freqüências observadas e esperadas, calcula-se

a estatística:

(oj – ej)2

X2 = Σ j ej

68

Nessa expressão é considerada a soma de todas as casas da tabela de contingência e os

símbolos oj e ej representam, respectivamente as freqüências observadas e esperadas da casa

de ordem j. Essa soma, contém hk termos. A soma de todas as freqüências observadas é

representada por N e é igual à de todas as freqüências esperadas.

O número de graus de liberdade, v, dessa distribuição de qui-quadrado é dado, para

h> 1 e k > 1 por:

a) v = (h – 1) (k – 1), quando as freqüências esperadas podem ser calculadas sem que se

tenha que estimar os parâmetros populacionais por meio das estatísticas amostrais.

b) v = (h – 1) (k – 1) – m, quando as freqüências esperadas somente podem ser calculadas

mediante a estima de m parâmetros populacionais, por meio das estatísticas amostrais.

Quando X2 = 0, as freqüências teóricas e observadas concordam exatamente, enquanto,

quando X2 > 0, isso não se dá. Quanto maior for o valor de X2, maior será a discrepância entre

as freqüências observadas e esperadas.

5.5.3.2 Testes de significância

As freqüências esperadas em uma tabela de contingência são calculadas em uma

hipótese Ho. Se, por essa hipótese, o valor de X2, for maior que alguns valores críticos (tais

como X2 0,95 ou X2 0,99, que são os valores críticos nos níveis de significância 0,05 e 0,01,

respectivamente) é possível concluir-se que as freqüências observadas diferem, de modo

significativo, das esperadas e rejeitar-se H0 (hipótese nula) no nível de significância

correspondente. No caso contrário, deve-se aceitá-la ou, pelo menos, não a rejeitar. Esse

processo é denominado teste de Qui-quadrado da hipótese ou significância.

5.5.3.3 Análise de Correspondência

Conforme Hair et al (1995), a análise de corresponência é uma técnica de

interdependência que tem se tornado crescentemente popular para a redução dimensional e

mapeamento perceptual. É uma técnica composicional porque o mapa perceptual é baseado na

associação entre objetos e um grupo de características descritivas ou atributos especificados

pelo pesquisador. Dentre as técnicas composicionais, a análise de fatores é a que mais se

parece com ela, mas a análise de correspondência vai além dessa técnica. A sua aplicação

69

mais direta é a ilustração da correspondência entre categorias de variáveis, particularmente

aquelas medidas em escalas nominais. Essa correspondência se torna a base para o

desenvolvimento dos mapas perceptuais. Os benefícios da análise de correspondência estão

em suas capacidades únicas de representar linhas e colunas, por exemplo referentes a marcas e

atributos, em um mesmo espaço.

O método consiste em duas etapas básicas, descritas a seguir.

Cálculo da medida de associação. A análise de correspondência utiliza o qui-quadrado

para padronizar os valores das freqüências e formar a base para as associações. A partir de

uma tabela de contingência, calculam-se as freqüências esperadas e o valor de qui-quadrado

para cada célula, considerando-se as diferenças entre as freqüências observadas e as

esperadas. A padronização é necessária porque é mais fácil a ocorrência de diferenças em

células com altas freqüências do que para aquelas com valores pequenos.

Criação do mapa perceptual. Os valores de similaridade (qui-quadrado) oferecem

uma medida padronizada da associação. Com essas medidas, a análise de correspondência

cria uma medida em distância métrica e cria dimensões ortogonais sobre as quais as

categorias podem ser projetadas, de forma a representar o grau de associação dado pelas

distancias de qui-quadrado.

5.6 Limitações do Método

A pesquisa do tipo survey, adotada neste estudo, caracteriza-se pela aplicação de

questionários para uma amostra da população. A aplicação desse método em ciências sociais

aplicadas, seu uso mais comum, apresenta algumas dificuldades e limitações, que são

discutidas a seguir.

Motivação para participar da pesquisa. Nos estudos em Administração, quando o

objeto de análise é a firma, uma das dificuldades básicas é conseguir a adesão da pessoa que

recebe o questionário. Pode ocorrer que a empresa tenha políticas de sigilo que impeçam a

divulgação de algumas informações. Outro problema possível é a falta de tempo do

profissional, que é comum, principalmente entre os ocupantes de níveis hierárquicos mais

elevados. Outra ameaça é a desconfiança do entrevistado para com o entrevistador e suas

intenções de uso das informações. Em geral esses problemas reduzem a quantidade de

respostas para a pesquisa.

70

Dúvidas com o questionário. Quando o questionário é respondido sem a ajuda do

pesquisador, existe o risco de aparecerem dúvidas para o respondente, o que pode prejudicar a

fidedignidade das respostas. Buscando a minimização desse risco, o questionário foi

submetido à Associação Paulista de Avicultura para avaliação preliminar. Entretanto, é

possível que tenha ocorrido alguma distorção nas respostas, já que a maioria dos questionários

da amostra foi respondida sem a ajuda do pesquisador.

Escala tipo Likert. Essa escala envolve grande subjetividade nas respostas, visto que

cada pessoa pesquisada pode ter percepções muito particulares sobre cada nível apresentado.

Neste estudo busca-se minimizar essa dificuldade com a aplicação de uma escala de 11 níveis

em que o respondente deve atribuir uma nota de zero a dez para cada tema proposto. Assim,

permite-se grande variedade de respostas e utiliza-se um esquema razoavelmente conhecido

de avaliação. Além disso, foram elaboradas perguntas com estruturas muito parecidas entre si,

de modo a permitir um “aprendizado” do pesquisado durante as respostas.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 Considerações Gerais

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos e os tratamentos

aplicados aos dados. As primeiras quatro seções do capítulo referem-se aos grupos de

variáveis Arranjos institucionais (dependentes), Perfil do processador, Transação de mercado

e Ambiente competitivo (explicativas). Em cada seção os resultados das variáveis são tratados

por estatísticas descritivas e análise de correlação dentro de cada grupo.

A última seção apresenta testes de hipóteses entre as variáveis dependentes e

explicativas, distribuídos em três itens. No primeiro item, os resultados originais das variáveis

são tratados pela análise de correlação e comparados pelas hipóteses formuladas no Capítulo

3. No segundo item são considerados os resultados das variáveis explicativas nas categorias já

definidas e a variável dependente categórica Grau de Integração, formando tabelas de

contingência a serem tratadas por análise de correspondência. No terceiro item são

consideradas as variáveis explicativas categorizadas e a variável dependente dicotômica

Mercado, que formam novas tabelas de contingência, para as quais aplica-se o teste Qui-

quadrado.

Com a análise de correlação pretende-se identificar o sinal e o grau de correlação entre

as variáveis, tomadas duas a duas. O instrumento utilizado é o coeficiente de correlação de

Pearson em análise bivariada. Trata-se de uma avaliação preliminar da correlação entre duas

variáveis, que tem como limitação o fato de não isolar totalmente a influência das demais

variáveis no comportamento daquelas focalizadas.

A análise de correspondência trata de variáveis categóricas cruzadas em tabelas de

contingência. De acordo com a quantidade de categorias, o método cria duas dimensões que

formam gráficos, onde os pontos são as categorias das duas variáveis. Assim, é possivel

visualizar semelhanças entre categorias da mesma variável e entre as variáveis de acordo com

distância entre os pontos no gráfico.

72

6.2 Arranjos Institucionais 6.2.1 Estatística Descritiva

Os resultados das estatísticas descritivas para os resultados desagregados são

apresentados na Tabela 42 do Anexo 1. Desta tabela foram extraídos os valores para a

elaboração da Figura 4, onde se observa a participação percentual média de cada arranjo

institucional em cada processador da amostra. Como esperado, a maior porcentagem é de

contratos de parceria (33%), mas deve-se destacar a participação significativa da integração

vertical (25%) e do total dos contratos de fornecimento (27%), quando se somam as dados de

produtores independentes e de integradores de frango vivo. As transações totais de mercado

atingem 14,9%, somando-se produtores independentes, corretores e integradores de frango

vivo.

Quando as participações dos arranjos no suprimento dos processadores são ponderadas

pela escala, as porcentagens sofrem alterações significativas, conforme pode ser observado na

Figura 5. Percebe-se um aumento da participação do contrato de parceria, que atinge 50%, e

uma redução no total de contratos de fornecimento, que é reduzido para 14,1% do suprimento

total da amostra. A integração vertical diminui ligeiramente para 24,3% e o mercado total

passa para 12,6%.

Considerando-se que a amostra inclui os principais processadores da avicultura

paulista, esses valores representam uma boa estimativa da participação dos arranjos na

capacidade total de abate do Estado. Esse resultado apresenta divergência com a situação

relatada por Marques (1991), que afirma que os contratos de parceria representavam 71% da

produção em 1991 no Estado de São Paulo. Saboya (2001), ao analisar a dinâmica de

localização dos abatedouros de aves e suínos no Centro-Oeste, encontrou uma participação de

83% da capacidade total de abate por empresas “integradas”, que utilizam contratos de

parceria. O mesmo autor relata que no Sul essa participação é praticamente 100%. O presente

estudo indica uma situação peculiar em São Paulo quanto à participação do contrato de

parceria, que estaria em patamar inferior e decrescente nos anos 90 em relação a outras

regiões produtoras.

73

25,0%

33,0%

18,1%

8,9%

3,9%

3,7%

7,3%

integração vertical

parceria

fornecimento PV

fornecimento PI

mercado PV

mercado CO

mercado PI

4. Participação percentual média dos arranjos institucionais de cada processador

23,4%

50,0%

10,3%

3,8%

6,5%

2,4%

3,7%

integração vertical

parceria

fornecimento PV

fornecimento PI

mercado PV

mercado CO

mercado PI

5. Participação percentual dos arranjos institucionais no total de abate da amostra.

74

6. Participação percentual dos casos conforme o Grau de integração adotado

Tomando-se a agregação de resultados por processador, definida pela variável Grau de

integração, temos o gráfico da Figura 6. Observa-se que 60% dos casos apresentam ênfase nas

diversas formas de contratos, 16,7% optam por transações de mercado e 23,3% adotam a

integração vertical

Com a nova agregação de resultados definida pela variável Mercado, temos o gráfico

da Figura 7

7. Participação percentual de adoção de Mercado no total de casos da amostra

23,3%

60,0%

16,7%

Integração

Contratos

Mercado

40,0%

60,0%

Sim

Não

75

6.2.2 Análise de Correlação no Grupo

Observando-se as correlações entre os arranjos institucionais alternativos, que são

variáveis dependentes, na Tabela 46 do Anexo 2, percebe-se que os sinais são negativos em

todos os pares. Trata-se de uma situação esperada, visto que os valores das variáveis sempre

somam 100% para cada processador. Essa condição faz com que a cada variação positiva em

determinado arranjo corresponda uma variação negativa em outros arranjos para que a soma

permaneça constante. Na maioria dos pares de variáveis os coeficientes de correlação não

apresentam significância suficiente para que sejam aceitos. Nesses casos, não existem

evidências estatísticas da correlação entre os arranjos institucionais.

Duas exceções aparecem com a variável Fornecimento PV, que apresenta coeficiente

de -0,372 com a Parceria, significativo a 5%, e coeficiente de -0,335 com a Integração,

significativo a 10%. Esses dados podem ser interpretados como uma tendência dos adotantes

do Fornecimento PV em considerar esses arranjos mais incompatíveis em um composto de

suprimento do que os outros arranjos, com maior grau de rejeição da Parceria do que da

Integração.

É interessante notar que os três arranjos envolvidos com os coeficientes significativos

são os que oferecem os maiores níveis de coordenação da transação Do ponto de vista do

adotante do Fornecimento PV em porcentagens relevantes, a incompatibilidade revela um

limite máximo de coordenação considerado adequado para a sua operação, visto que os outros

dois arranjos oferecem maior coordenação e maiores níveis de investimento. Por outro lado,

se considerarmos o ponto de vista dos adotantes de Parceria e Integração em níveis

importantes, a incompatibilidade com o Fornecimento PV talvez seja um indicador de que

esse arranjo é considerado pouco flexível ou envolve um grau de coordenação desnecessário

para garantir o suprimento total de frango vivo, o que leva à adoção de outros arranjos

complementares.

76

6.3 Perfil do processador 6.3.1 Estatística Descritiva 6.3.1.1 Instalação

A variável Instalação foi derivada da quantidade de anos que a empresa já atua na

avicultura, informação obtida na pesquisa. A conversão para o ano de instalação foi feita para

oferecer uma interpretação mais direta e evitar a necessidade de que o ano fosse calculado

pelos leitores a partir da data de realização da pesquisa.

A partir da Tabela 43 do Anexo 1 foram obtidos os dados de freqüência para a

elaboração do histograma na Figura 6. A primeira constatação é a grande amplitude do

período de instalação, que demonstra a longa história da avicultura paulista, dado que a

empresa mais antiga da amostra instalou-se em 1960, tendo portanto 42 anos. Percebe-se um

aumento na quantidade de empresas que se instalaram até 1970, e se observa um forte

declínio nas duas décadas seguintes. A partir de 1990 observa-se um grande salto na

freqüência, que atinge o maior valor da amostra em torno de 1990, com seis empresas,

seguido de declínio, ainda que com mais nove empresas abertas até 2001.

Outra forma de visualizar esses dados aparece na Figura 9, quando os dados são

categorizados por décadas. Aqui se percebe que os grupos das empresas instaladas até 1970 e

nas décadas de 70 e 80 representam, cada um, 20% dos casos. A concentração maior se dá na

década de 90, com 40% dos casos.

É interessante comparar esses dados com os fornecidos por Saboya (2001) sobre a

distribuição da época de instalação de empresas de avicultura e suinocultura no Centro-Oeste.

O autor informa que 74% das empresas se instalaram na década de 90, 15% na década de 80 e

11% até 1980. Percebe-se um movimento paralelo de instalação de indústrias nas duas

regiões, com forte concentração na década de 90.

77

instalação (ano)

2000,0

1995,0

1990,0

1985,0

1980,0

1975,0

1970,0

1965,0

1960,0

Fre

qüên

cia

7

6

5

4

3

2

1

0

8. Histograma do ano de instalação das empresas na amostra.

9. Distribuição percentual por décadas do ano de instalação das empresas na amostra.

40,0%

20,0%

20,0%

20,0%

de 1991 até hoje

de 1981 a 1990

de 1971 a 1980

até 1970

78

O cruzamento entre Instalação e Escala, com dados agrupados em faixas, permite uma

análise mais aprofundada da distribuição das décadas de instalação por porte da empresa,

conforme apresentado na Tabela 2. Nessa tabela observa-se na década de 70 instalaram-se

33% do total das atuais empresas grandes, seguida pela década de 90, quando instalaram-se

28% do mesmo universo. Deve-se destacar também que na última década do século vinte

instalaram-se 60% de todas as atuais empresas médias.

Tabela 2. Tabela de contingência para o cruzamento de Instalação e Escala Escala (aves/dia) Total Até

9.600 De 9.600 a

48.000 Mais que 48.000

Instalação até 1970 1 2 3 6 de 1971 a 1980 6 6 de 1981 a 1990 2 4 6 de 1991 até hoje 1 6 5 12 Total 2 10 18 30 6.3.1.2 Escala

Com relação à escala de produção, percebe-se grande variabilidade nos casos,

conforme pode ser observado no histograma da Figura 10, elaborado com dados da Tabela 39

do Anexo 1. Para um valor médio de 78.583 cabeças por dia, o mínimo é de 500 e o máximo

atinge 276.000 cabeças por dia. Assim, convivem no Estado empresas com enormes

diferenças em necessidades de suprimento, que podem se refletir nos arranjos institucionais

adotados.

Quando os dados de escala são categorizados em faixas, obtemos a Figura 11. As

faixas são as mesmas utilizadas por Saboya (2001), que adapta os valores utilizados pela

Secretaria de Defesa Agropecuária. Por esse critério, as empresas pequenas abatem até 9.600

cabeças/dia, as médias estão entre 9.600 e 48.000 e as grandes abatem mais do que 48.000. Na

amostra estudada percebe-se forte concentração em grandes empresas (60%).

79

escala (aves/dia)

275000,0

250000,0

225000,0

200000,0

175000,0

150000,0

125000,0

100000,0

75000,0

50000,0

25000,0

0,0

Fre

qüên

cia

7

6

5

4

3

2

1

0

10. Histograma de freqüência das empresas na amostra por faixas de escala de produção (animais abatidos/dia).

60,0%

33,3%

6,7%

mais que 48.000

de 9.600 a 48.000

até 9.600

11. Distribuição percentual das empresas na amostra por faixas de escala (animais abatidos/dia).

80

6.3.1.3 Congelamento

Conforme os dados apresentados na Tabela 43 do Anexo 1, a participação percentual

de frango congelado no total da produção, expressa pela variável Congelamento, tem por

média cerca de 20%, com um mínimo de zero e um máximo de 100%. Com uma mediana de

10% e uma moda de zero, percebe-se um predomínio das estratégias de distribuição local de

frango resfriado, o que torna as empresas muito vulneráveis às oscilações de mercado.

Quando ocorrem quedas na demanda ou superoferta do produto, gerando redução no preço, as

empresas que oferecem somente frango resfriado são obrigadas a vender com margens

comprimidas, por não possuírem estrutura de congelamento e armazenagem a frio. Além

disso, seu raio de alcance da distribuição também é limitado, visto que o produto resfriado não

permite armazenagem por longos períodos e uma parte significativa do prazo de validade é

consumida durante o transporte.

Essa situação pode ser visualizada no histograma da Figura 12, onde aparece a

quantidade de casos nas diversas faixas de percentuais de congelado, e no gráfico da Figura

13, com as participações percentuais do total da amostra para três faixas de percentuais de

congelado (menor que 33%, entre 33% e 67% e mais que 67%).

congelamento (%)

100,080,060,040,020,00,0

Fre

qüên

cia

14

12

10

8

6

4

2

0

12. Histograma da empresas por faixa de participação do frango congelado.

81

6,7%

20,0%

73,3%

mais que 67%

de 33% a 67%

menos que 33%

13. Distribuição das empresas por faixas de participação do frango congelado.

O cruzamento das variáveis Congelamento e Escala, com dados agrupados em faixas

de valores, permite a elaboração da Tabela 3. Nessa tabela observa-se nas faixas de 33% a

67% e de mais que 67% de congelamento há o predomínio das empresas médias e grandes.

Entretanto, deve-se destacar que 54% das grandes empresas operam com menos que 33% de

frango congelado. A preferência pelo frango resfriado pode representar uma opção estratégica

deliberada ou falta de recursos para investimentos, já que as grandes empresas têm escala que

justificam o aumento da produção de frango congelado.

Tabela 3. Tabela de contingência para o cruzamento de Congelamento e Escala Escala (aves/dia) Total Até

9.600 De 9.600 a

48.000 Mais que 48.000

Congelamento menos que 33% 2 8 12 22 de 33% a 67% 2 4 6 mais que 67% 2 2 Total 2 10 18 30

82

6.3.1.4 Exportação

De acordo com os dados contidos na Tabela 43 do Anexo 1, verifica-se que a

participação média do frango exportado na produção de cada processador é de 5%, em uma

amostra com valor mínimo de zero e máximo de 70%. Conforme o gráfico da Figura 14,

observa-se que a maior freqüência ocorre na faixa entre zero e 10%, e que apenas um

processador apresenta o valor máximo de participação. A pequena participação da exportação

é esperada, considerando-se a ênfase das empresas na produção de frango resfriado e o

relevante mercado consumidor do Estado.

O dados de Exportação agrupados em categorias dicotômicas são apresentados no

gráfico da Figura 15, que contém a divisão da amostra entre exportadoras ou não. A existência

de 23% de exportadoras revela que um grupo significativo de empresas tem interesse no

mercado internacional, e já consegue direcionar uma pequena parcela da produção para esse

fim.

exportação (%)

80,060,040,020,00,0

Fre

qüên

cia

30

20

10

0

14. Histograma de empresas por faixa de participação do frango exportado.

83

23,3%

76,7%

Exportadoras

Não exportadoras

15. Distribuição das empresas entre exportadoras e não exportadoras.

O cruzamento dos dados de Exportação e Escala, agrupados em faixas de valores, gera

a Tabela 4. Observa-se o predomínio total das exportadoras entre as grandes empresas, como

era esperado. O dado que se destaca é a participação 47% de grandes empresas no total das-

que não exportam. Essa situação é similar à participação do frango congelado nas grandes

empresas, já que o direcionamento da produção para o mercado interno também pode indicar

uma estratégia definida ou simplesmente a falta de recursos para os investimentos necessários

à exportação.

Tabela 4. Tabela de contingência para o cruzamento de Exportação e Escala Escala (aves/dia) Total Até

9.600 De 9.600 a

48.000 Mais que 48.000

Exportação Não 2 10 11 23 Sim 7 7 Total 2 10 18 30

84

6.3.1.5 Concentração

Os dados sobre a participação do maior comprador nas vendas são apresentados na

Tabela 43 do Anexo 1. A média é de 11,6%, com um mínimo de zero e um máximo de 100%,

e a maior freqüência aparece na faixa de zero a 10%, conforme o histograma da Figura 16. O

gráfico da Figura 17 foi elaborado agrupando-se os dados de Concentração em três faixas de

valores. Nesse gráfico verifica-se que 56% das empresas concentram menos que 5% das

vendas no maior cliente. Percebe-se uma dispersão importante nas vendas, o que indica um

mercado de frango abatido com elevada liquidez e com grande número de compradores de

pequeno porte.

O cruzamento da Concentração e da Escala, com dados categorizados, permite a

elaboração da Tabela 5. Nessa tabela observa-se que as grandes empresas representam 64%

das que concentram as vendas em até 5% no maior cliente, somam 70% no segmento que

concentra vendas entre 5% e 15% e não estão representadas no grupo que concentra mais que

15% das vendas. Por outro lado, as empresas médias predominam absolutas na faixa de

concentração acima de 15%. Portanto, aparentemente as grandes empresas aproveitam a

pulverização do mercado para diluir riscos de inadimplência.

concentração (%)

100,080,060,040,020,00,0

Fre

qüên

cia

30

20

10

0

16. Histograma de empresas por faixa de concentração de vendas.

85

10,0%

33,3%56,7%

mais que 15%

de 5 a15%menos que 5%

17. Distribuição das empresas por faixas de concentração de vendas no maior comprador. Tabela 5. Tabela de contingência para o cruzamento de Concentração e Escala Escala (aves/dia) Total Até

9.600 De 9.600 a

48.000 Mais que 48.000

Concentração menos que 5% 1 5 11 17 de 5 a15% 1 2 7 10 mais que 15% 3 3 Total 2 10 18 30 6.3.2 Análise de Correlação no Grupo

Os resultados da análise de correlação para as variáveis de Perfil do processador

aparecem na Tabela 47, no Anexo 2. A variável Exportação apresenta coeficientes de

correlação significativa entre as variáveis Escala (0,417 significativa a 5%) e Congelamento (

0,517 significativa a 1%). A variável Escala apresenta coeficiente de correlação de –0,358

com a variável Instalação (significativa a 10%).

No caso da Exportação, os coeficientes positivos estão de acordo com o esperado,

considerando-se que as empresas com maior participação de frango exportado precisam

operar com escalas mais elevadas e maior porcentagem de frango congelado, por ser

exatamente esse o produto exportado.

86

A correlação entre a Escala e a Instalação revela que as empresas com maiores escalas

são as que têm mais tempo de operação no mercado (menor valor para Instalação). Esse dado

pode ser interpretado como o aproveitamento da vantagem de se entrar primeiro em uma

indústria, o que permite a expansão das empresas pioneiras. Outra forma de analisar esse dado

é considerar que as empresas mais recentes (maior valor para Instalação) têm conseguido

competir com escalas de produção menores do que as das empresas mais antigas, o que pode

revelar uma estratégia de distribuição com menor amplitude geográfica, provavelmente

operando com frango resfriado.

6.4 Transação de Mercado 6.4.1 Estatística Descritiva

Neste item apresenta-se um resumo das estatísticas descritivas para as variáveis do

grupo Transação de mercado. Consultando-se a Tabela 44 no Anexo 1, observa-se uma forte

concentração dos valores médios entre os graus 4 e 5, que ocorre para as variáveis

Regularidade (4,0), Qualidade (4,8), Sanidade (4,3), Negociação (4,2), Manutenção (4,2) e

Tecnologia (4,9). A dispersão dos dados em torno da média é elevada, visto que os valores de

desvio-padrão apresentam o mínimo de 1,938 para a Tecnologia, e situam-se entre 2,717 e

3,055 para as demais variáveis citadas. Assim, os administradores pesquisados têm

praticamente a mesma percepção de dificuldade de nível médio para se conseguir

regularidade de fornecimento, medir sanidade do frango adquirido, negociar com

fornecedores e manter fornecedores fiéis. Ainda próximas desse nível, mas ligeiramente

superiores estão as percepções sobre a freqüência na atualização tecnológica dos produtores e

sobre a dificuldade de medir a qualidade do frango adquirido.

As outras variáveis do grupo, Justiça e Impostos, apresentam resultados bastante

divergentes entre si e das demais. Para a variável Justiça, o valor médio é 1,7, com desvio-

padrão de 2,28, enquanto o item Impostos apresenta média de 7,4, com desvio padrão de

2,59. A primeira variável revela um baixo índice de disputas judiciais com fornecedores, o

que pode indicar que os eventuais problemas ocorridos durante as transações, alguns

refletidos nas variáveis anteriores, não são considerados suficientemente graves para que

sejam levados à Justiça. O resultado também poderia ser explicado pela reconhecida

87

ineficiência nos diversos níveis das cortes brasileiras, dados os custos elevados e os longos

prazos envolvidos para a obtenção de sentenças definitivas.

A variável Impostos apresentou o maior valor médio do grupo, representando uma

percepção generalizada de que a atividade é fortemente penalizada por tributos incidentes nas

transações de mercado. Esse resultado pode ser justificado pela alta competição existente na

indústria avícola, principalmente de frango inteiro resfriado ou congelado, produtos que se

comportam como commodities. Como os expressivos ganhos de eficiência obtidos pelos

processadores nas últimas três décadas têm sido repassados aos consumidores em preços

declinantes, as margens desses agentes são sempre pequenas ou até negativas. Assim,

qualquer item de custo que agrave essa situação é considerado relevante. Na transação em

questão, o principal tributo é o ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços),

regido por legislação estadual.

6.4.2 Análise de Correlação no Grupo

As correlações entre as variáveis de Transação de mercado aparecem na Tabela 47 no

Anexo 2. A situação de maior destaque é que a variável Manutenção apresenta coeficientes de

correlação significativos a 1% com Regularidade (0,713), Qualidade (0,492), Sanidade

(0,627) e Negociação (0,696). Com esses dados, pode-se considerar que as dificuldades em

manter fornecedores fiéis com as transações de mercado são em parte decorrentes da falta de

regularidade no fornecimento, custos elevados para medir qualidade e sanidade, e negociações

difíceis sobre os termos da transação. Todos esses fatores são tipicamente custos de transação,

por estarem relacionados à negociação, avaliação de resultados e monitoramento dos

contratos.

Dentro do grupo, a variável Regularidade também apresenta coeficientes de correlação

de 0,670 com Negociação significativa a 1%, e de 0,390 com Sanidade significativa a 5%.

Assim, os processadores que têm dificuldade em conseguir regularidade no fornecimento

também percebem problemas para medir a sanidade e na negociação com os fornecedores.

Outro caso de forte correlação aparece entre Qualidade e Sanidade (0,724 significativa

a 1%), bastante razoável por se tratar de aspectos dependentes do manejo adotado durante a

engorda do frango.

As demais variáveis não apresentam coeficientes de correlação significativa.

88

6.5 Ambiente Competitivo 6.5.1 Estatística Descritiva

Neste tópico são apresentados os resultados para as variáveis do grupo Ambiente

competitivo. Conforme os dados da Tabela 45, no Anexo 1, verifica-se que os valores médios

se concentram entre os graus 5 e 6 para as variáveis Previsão (5,7), Conquista (6,0),

Informação (5,6) e Comprador (5,9). Os valores de desvio-padrão para essas variáveis

também são relevantes, ficando na faixa de 2,55 a 2,90. A variável Insumo situa-se

ligeiramente abaixo dessa faixa, com média de 4,6 e desvio-padrão de 3,02.

Ainda que a análise das médias fique prejudicada em razão dos níveis elevados de

desvio padrão, é possível identificar algumas tendências gerais. Verifica-se que os resultados

refletem percepções praticamente iguais de dificuldade em nível médio para a conquista de

novos compradores e para negociar com os compradores atuais. No caso da Conquista, os

agentes percebem a forte competição entre os processadores pela expansão do mercado, mas

também que, em geral, existe demanda a ser atendida e há espaço para seu produto.

Com relação à negociação com compradores atuais, que são os canais de distribuição,

aparentemente os processadores enfrentam dificuldades em virtude da oscilação natural de

preços em mercados de commodities, mas realizam negociações equilibradas no que se refere

ao poder de barganha. Provavelmente essa situação é explicada pela baixa concentração de

vendas no maior comprador, expressa na variável Concentração.

As variáveis Previsão e Informação têm resultados semelhantes, ligeiramente

inferiores ao patamar das demais, revelando também percepção de dificuldades em nível

médio. Vendendo seus produtos diretamente para um grande número de varejistas e atuando

em mercados locais com frango resfriado, os processadores, em tese, teriam informações

suficientes para realizar previsões com certa facilidade. A dificuldade percebida pode estar

relacionada com o desconhecimento das estratégias dos líderes da indústria, que possuem

esquemas de distribuição de alcance nacional, por atuarem com frango congelado. A incerteza

da entrada desses produtos nos canais de distribuição pode aumentar a dificuldade para se

prever as vendas pelos processadores paulistas.

O resultado da variável Informação pode indicar que, apesar de competirem

fortemente na colocação dos produtos, os processadores apresentam um comportamento

medianamente cooperativo no que se refere à troca de informações sobre fornecedores.

89

Provavelmente esse processo ocorre nas reuniões semanais da APA, visto que a amostra

analisada contém quase a totalidade dos seus associados.

6.5.2 Análise de Correlação no Grupo

Os resultados da análise de correlação das variáveis de Ambiente Competitivo

aparecem na Tabela 49 do Anexo 2. A variável Insumo apresenta coeficiente de correlação de

0,658 significativa a 1% com Comprador e também de 0,375 significativa a 5% com

Conquista. Assim, os processadores que tem dificuldades de negociar com fornecedores de

insumos para a engorda de frangos também têm dificuldades para negociar com compradores

e para conquistar novos compradores.

6.6 Testes de Hipóteses 6.6.1 Análise de Correlação para Arranjos Institucionais

Os resultados da correlação entre as variáveis dependentes e as explicativas aparecem

na Tabela 50 do Anexo 2. A seguir, esses resultados são comparados com as hipóteses

propostas no Capítulo 3, analisando-se cada arranjo institucional e as variáveis explicativas

que apresentem coeficientes de correlação significativa.

Mercado PI. Verifica-se um coeficiente de correlação de 0,379 significativa a 5% com

Qualidade. O sinal não suporta a hipótese levantada, indicando que mesmo quando a

dificuldade percebida para se medir a qualidade é elevada, o arranjo de mercado com

produtores independente é adotado com participação relevante. Possíveis explicações para

essa situação podem estar relacionadas à pequena preocupação com a qualidade, em virtude

da baixa exigência dos consumidores ou da falta de alternativas para suprimento fora das

transações de mercado. Os demais coeficientes de correlação obtidos não apresentam

significância suficiente para a rejeição da hipótese nula.

Mercado CO. Observa-se o coeficiente de correlação de 0,513 significativo a 1% com

a variável Concentração, contrariando a hipótese proposta. Com a variável Conquista existe

um coeficiente de -0,418 significativo a 5%, também contrariando a hipótese proposta. Os

90

demais coeficientes de correlação obtidos não apresentam significância suficiente para a

rejeição da hipótese nula.

Mercado PV. Existe o coeficiente de -0,461 significativo a 5% com a variável

Tecnologia, contrariando a hipótese proposta. Os demais coeficientes de correlação obtidos

não apresentam significância suficiente para a rejeição da hipótese nula.

Fornecimento PI. Existe o coeficiente de 0,471 significativo a 1% com a variável

Concentração. Os demais coeficientes de correlação obtidos não apresentam significância

suficiente para a rejeição da hipótese nula.

Fornecimento PV. Observa-se o coeficiente de 0,417 significativo a 5% com

Tecnologia, contrariando a hipótese proposta. Os demais coeficientes de correlação obtidos

não apresentam significância suficiente para a rejeição da hipótese nula.

Parceria. Existem os seguintes coeficientes: 0,516 significativo a 1 % com Escala,

suportando a hipótese proposta, 0,670 significativo a 1% com Congelamento, suportando a

hipótese proposta, e o coeficiente de -0,398 significativo a 5% com Qualidade, contrariando a

hipótese proposta. Os demais coeficientes de correlação obtidos não apresentam significância

suficiente para a rejeição da hipótese nula.

Integração. Verifica-se o coeficiente de 0,411 significativo a 1% com Qualidade,

suportando a hipótese proposta. Os demais coeficientes de correlação obtidos não apresentam

significância suficiente para a rejeição da hipótese nula.

6.6.2 Análise de Correspondência para Grau de Integração

Neste item são apresentados os resultados da análise de correspondência entre as

variáveis explicativas tomadas com resultados categóricos. e a variável Grau de integração.

Avalia-se a tabela de contingência, os resultados do teste de Qui-quadrado, que aparecem nas

Tabelas 51, 52 e 53 do Anexo 3, e o mapa da análise de correspondência,

91

6.6.2.1 Perfil do Processador 6.6.2.1.1 Instalação

Aplicado aos dados da Tabela 6, O teste de Qui-quadrado resultou em um valor

significativo a 10% para rejeição da hipótese nula, conforme os dados da Tabela 51 do Anexo

3, o que indica relação de dependência entre o ano de instalação e o arranjo institucional

predominante.

As preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no

mapa da análise de correspondência da Figura 18. Nesse mapa observa-se a posição

eqüidistante da faixa até 1970 entre Integração e Mercado, a proximidade entre a década de

70 e os Contratos, a eqüidistância da década de 80 de Contratos e Mercado, e a eqüidistância

da década de 90 de Contratos e Integração.

Verifica-se que quanto mais atual for o ano de instalação do processador maior o grau

de coordenação adotado, o que contraria a hipótese 1 proposta no Capítulo 3. Uma possível

explicação seria o acompanhamento da avicultura paulista, ainda que com arranjos

institucionais próprios, à tendência de maior coordenação exigida na avicultura no plano

nacional. Com isso a participação das transações de mercado reduziu-se nas últimas três

décadas, o que pode ter forçado os entrantes a adotarem arranjos com grau crescente de

coordenação quanto mais atual o ano de entrada.

Tabela 6. Tabela de contingência pelo cruzamento de Instalação e Grau de integração Grau de integração

Instalação Mercado Contratos Integração Total até 1970 2 1 3 6 de 1971 a 1980 0 6 0 6 de 1981 a 1990 1 5 0 6 de 1991 até hoje 2 6 4 12 Total 5 18 7 30

92

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

de 1991 até hoje

de 1981 a 1990

de 1971 a 1980

até 1970

Integração

Contratos

Mercado

de 1991 até hoje

de 1981 a 1990

de 1971 a 1980

até 1970

Dimensão 2

grau de integração

instalação

18. Mapa de análise de correspondência entre Grau de integração e Instalação 6.6.2.1.2 Escala

Aplicado aos dados da Tabela 7, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 51 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência que suporte a relação de dependência entre Escala e Grau de

integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 19. Nesse mapa observa-se a proximidade das grandes

empresas com os Contratos, a posição eqüidistante das empresas médias com Contratos e

Mercado, e a maior distância do mapa entre as pequenas empresas e os Contratos.

A proximidade entre as grandes empresas e os Contratos segue a tendência dos líderes

nacionais da avicultura, que operam com contratos de parceria. Deve-se destacar, entretanto, a

freqüência relevante de grandes empresas com ênfase em Integração, que revela uma

coordenação total, mas com custos elevados. Essas empresas provavelmente não conseguiram

atrair agentes para a elaboração dos contratos. Verifica-se a tendência, ainda que com baixa

93

significância estatística, no mesmo sentido da hipótese 2, do Capítulo 3, de que quanto maior

a empresa maior o grau de coordenação adotado.

Tabela 7. Tabela de contingência para Escala e Grau de Integração Grau de integração

Escala Mercado Contratos Integração Total até 9.600 1 0 1 2 de 96.000 a 48.000 3 6 1 10 mais que 48.000 1 12 5 18 Total 5 18 7 30

Dimension 1

Integração

Contratos

Mercado

mais que 48.000

de 9.600 a 48.000

até 9.600

Integração

ContratosMercado

mais que 48.000

de 9.600 a 48.000

até 9.600

Dimension 2

grau de integração

escala

19. Mapa de análise de correspondência entre Grau de integração e Escala 6.6.2.1.3 Congelamento

Aplicado aos dados da Tabela 8, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 51 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Congelamento e Grau de integração.

94

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 20. Nesse mapa observa-se que a categoria de

congelamento até 33% fica eqüidistante das categorias Contratos e Mercado, que o

congelamento entre 33 e 67% torna-se mais próximo dos Contratos, e que o nível de 67%

fica mais próximo da Integração.

Na Tabela 8 observa-se que o uso de Contratos representa 54% das empresas que

trabalham com menos de 33% de frango congelado, e 83% das empresas que operam com

congelamento entre 33% e 67%. A análise sobre o impacto do congelamento sobre o grau de

integração aparentemente ficou prejudicada porque 73% da amostra opera com menos de 33%

de frango congelado.

Tabela 8. Tabela de correspondência entre o Congelamento e o Grau de integração

Grau de integração Congelamento Mercado Contratos Integração Total

Menos que 33% 4 12 6 22 De 33% a 67% 1 5 0 6 Mais que 67% 0 1 1 2

Dimensão 1

Integração

ContratosMercado

mais que 67%

de 33% a 67%

menos que 33%

IntegraçãoContratos

Mercado

mais que 67%

de 33% a 67%

menos que 33%

Dimensão 2

grau de integração

congelamento

20. Mapa de análise de correspondência para Congelamento e Grau de integração

95

6.6.2.1.4 Exportação

Conforme verificado na análise de estatísticas descritivas, no item 6.1.2.4, o percentual

médio de participação do frango exportado é de 14,7% e o histograma indica a maior

freqüência para a Exportação ente zero e 10%. Assim, no agrupamento dos resultados para

essa variável, opta-se pela criação de categorias dicotômicas (sim/não). Aplicando-se análise

de correspondência entre Exportação e Grau de integração, o método cria apenas uma

dimensão, inviabilizando a elaboração do mapa.

Aplicado aos dados da Tabela 9, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 51 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Exportação e Grau de integração. Apesar dessa condição, as preferências dos processadores

podem ser discutidas de forma qualitativa. Observa-se que no grupo de empresas exportadoras

não há casos de Mercado e que 71% dessas empresas utilizam Contratos, enquanto nas

empresas que não exportam os contratos participam com 56% dos casos. Portanto a utilização

de Contratos é bastante difundida entre os dois grupos.

Tabela 9. Tabela de contingência para Exportação e Grau de integração Grau de integração Mercado Contratos Integração Total Exportação Não 5 13 5 23 Sim 5 2 7 Total 5 18 7 30 6.6.2.1.5 Concentração

Aplicado aos dados da Tabela 9, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 51 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Concentração e Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 21. Pela Figura percebe-se que a faixa de menor

concentração está eqüidistante de Integração e Mercado, o nível médio de Concentração tem a

96

menor distância dos Contratos e o nível mais elevado de Concentração fica eqüidistante entre

Contratos e Mercado, ainda que mais distante.

Tabela 10. Tabela de contingência para Concentração e Grau de integração Grau de integração Concentração Mercado Contratos Integração Total Menos que 5% 3 10 4 17 De 5 a15% 1 6 3 10 Mais que 15% 1 2 0 3 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

mais que 15%

de 5 a15%

menos que 5%

Integração

Contratos

Mercado

mais que 15%de 5 a15%

menos que 5%

Dimensão 2

grau de integração

concentração

21. Mapa de análise de correspondência para Concentração e Grau de Integração

97

6.6.2.2 Transação de Mercado 6.6.2.2.1 Regularidade

Aplicado aos dados da Tabela 11, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 52 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Regularidade e Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 22. Pela Figura, observa-se que os agentes que

consideram nível Baixo apresentam ligeira preferência por Contratos em comparação com

Mercado. Para o nível Médio, existe maior afinidade com Contratos, seguidos da Integração, e

grande distância de Mercado. O nível Alto encontra-se eqüidistante de Mercado e Integração

e mais afastado de Contratos.

Tabela 11. Tabela de contingência para Regularidade e Grau de integração Grau de integração Regularidade Mercado Contratos Integração Total Baixo 2 6 2 10 Médio 1 9 3 13 Alto 2 3 2 7 Total 5 18 7 30

98

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

regularidade

22. Mapa de análise de correspondência para Regularidade e Grau de integração 6.6.2.2.2 Qualidade

Aplicado aos dados da Tabela 12, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

suficiente para a rejeição da hipótese nula a 10%, conforme apresentado na Tabela 52 do

Anexo 3. Portanto, existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Qualidade e Grau de integração.

As preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no

mapa da análise de correspondência da Figura 23. Consultando-se a Figura, observa-se que os

agentes que consideram nível Baixo estão bastante afastados de Mercado e Integração, com

distâncias muito semelhantes. Os agentes que optaram por nível Médio têm maior afinidade

por Contratos, seguidos da Integração, e estão mais afastados do Mercado do que os que

escolheram nível Baixo, o que seria esperado. Os processadores que responderam nível Alto

estão mais distantes dos Contratos e mais próximos da Integração e do Mercado, de forma

eqüidistante.

Os resultados da análise de correspondência indicam que a percepção da dificuldade

de medir qualidade apresenta uma discreta influência positiva no aumento da coordenação da

transação, suportando a hipótese formulada no Capítulo 3. Esse efeito é mais claro entre os

99

níveis Baixo e Médio, enquanto para o nível Alto, os agentes parecem confiar mais na

Integração do que nos Contratos, ainda que não deixem de fazer transações de Mercado. A

concessão ao uso de Mercado pode ser resultante da falta de alternativas para completar o

suprimento total.

Tabela 12. Tabela de contingência para Qualidade e Grau de integração Grau de integração Qualidade Mercado Contratos Integração Total Baixo 3 7 0 10 Médio 0 8 4 12 Alto 2 3 3 8 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Mercado

Alto

Baixo

Integração

MercadoAlto

Baixo

Dimensão 2

qualidade

23. Mapa de análise de correspondência para Qualidade e Grau de Integração 6.6.2.2.3 Sanidade

Aplicado aos dados da Tabela 13, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 52 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre Sanidade

e Grau de integração.

100

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 24. A observação do revela grande afinidade dos

optantes pelo nível Baixo com Contratos, mas também seu grande distanciamento da

Integração, e o Mercado como situação intermediária. Os que escolhem o nível Médio

apresentam grande afinidade com Integração e maior afastamento dos Contratos e do

Mercado. Aqueles que optam pelo nível Alto têm maior afinidade com Contratos, seguidos da

Integração e do Mercado.

Tabela 13. Tabela de contingência para Sanidade e Grau de integração Grau de integração Sanidade Mercado Contratos Integração Total Baixo 2 8 1 11 Médio 2 5 4 11 Alto 1 5 2 8 Total 5 18 7 30

Integração

Contratos

Mercado Alto

Médio

Baixo

Integração Contratos

Mercado

Alto

Médio Baixo

Dimensão 2

grau de integração

sanidade

24. Mapa de análise de correspondência para Sanidade e Grau de Integração

101

6.6.2.2.4 Negociação

Aplicado aos dados da Tabela 14, o teste de Qui quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 52 do Anexo 3.

estatística que suporte a relação de dependência entre

Negociação e Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no ma

análise de correspondência da Figura 25. No mapa da Figura, verifica-

o nível Baixo e Contratos, o nível Médio e Integração e o nível Alto e Mercado. Assim,

agentes com percepção de alta dificuldade de negociação com fornecedore

transações a mercado, talvez por não conseguir completar o suprimento com outros arranjos.

Baixo (72%), enquanto a maior concentração de Integração aparece no nível Médio.

Tabela 14. Tabela de contingência para Negociação e Grau de integração. Gau de integração

Mercado Contratos TotalBaixo 8 1 Médio 1 5 12

2 4 7Total 18 7

102

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

negociação

25. Mapa de análise de correspondência para Negociação e Grau de Integração

6.6.2.2.5

Aplicado aos dados da Tabela 15, o teste de Qui-

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 52 do Anexo 3.

Portanto, não exis

Manutenção e Grau de integração.

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

-se que os optantes do nível

preferência, mas em menor grau. Os processadores que adotam o nível Alto apresentam

Pelos dados da Tabela 15, percebe se a predominância dos Contratos nos níveis Baixo

e Médio (63,6%) em relação ao nível Alto (50%). A análise revela que a pe

dificuldade de manter fornecedores fiéis em transações de mercado não influi na escolha do

arranjo institucional predominante, contrariando a hipótese levantada no Capítulo 3.

103

Tabela 15. Tabela de contingência para Manutenção e Grau de integração Grau de integração Manutenção Mercado Contratos Integração Total Baixo 3 7 1 11 Médio 0 7 4 11 Alto 2 4 2 8 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

manutenção

26. Mapa de análise de correspondência para Manutenção e Grau de Integração 6.6.2.2.6 Tecnologia

Aplicado aos dados da Tabela 15, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 52 do Anexo 4.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Tecnologia e Grau de integração. A análise de correspondência para Tecnologia resultou em

apenas uma dimensão, o que impediu a elaboração do gráfico.

Os dados da Tabela 15 indicam que os Contratos são a forma predominante para os

adotantes dos níveis Baixo (50%), Médio (66%) e Alto (50%). Essa condição revela que a

percepção sobre a freqüência de mudança tecnológica dos fornecedores de mercado não tem

104

influência sobre o arranjo contratual predominante e explica a inexistência de significância

ação de dependência.

Tabela 16. Tabela de contingência para Tecnologia e Grau de integração

Grau de integraçãoTecnologia Contratos Integração Baixo 2 1 6

1 12 18Alto 3 1 Total 5 7 30

6.6.2.2.7

Aplicado aos dados da Tabela 17, o teste de Qui quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 52 do Anexo 3.

iça e

Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

percebe-

adotantes do nível Baixo e Contratos. Os que percebem nível Médio estão próximos do

Mercado, seguidos da Integração. Destaca se a discreta afinidade entre os optantes pelo nível

Alto e Contratos, e que estão muito distantes do

A análise revela que a percepção da freqüência de disputas judiciais com fornecedores

de nível Alto para a freqüência nas disputas judiciais contribui para esse resultado. Outro fator

que afirma que quanto maior a freqüência de disputas, maior a coordenação adotada.

105

Tabela 17. Tabela de Contingência para Justiça e Grau de integração Grau de integração Justiça Mercado Contratos Integração Total Baixo 4 15 6 25 Médio 1 2 1 4 Alto 0 1 0 1 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

AltoMédio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

justiça

27. Mapa de análise de correspondência para Justiça e Grau de Integração 6.6.2.2.8 Impostos

Aplicado aos dados da Tabela 18, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 52 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre Impostos

e Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 28. Pelo mapa observa-se que os adotantes do nível

Baixo estão em eqüidistantes de Mercado e dos Contratos, os que adotam nível Médio estão

mais próximos do Mercado e os que optam pelo nível Alto estão próximos dos Contratos.

106

Tabela 18. Tabela de contingência para Impostos e Grau de integração Grau de integração Impostos Mercado Contratos Integração Total Baixo 1 2 0 3 Médio 1 2 1 4 Alto 3 14 6 23 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

impostos

28. Mapa de análise de correspondência para Impostos e Grau de Integração 6.6.2.3 Ambiente Competitivo 6.6.2.3.1 Previsão

Aplicado aos dados da Tabela 19, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 53 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre Previsão

e Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

107

análise de correspondência da Figura 29. Pelo mapa observa-se que os adotantes dos níveis

Baixo e Alto apresentam afinidade com Contratos, e os que adotam nível Médio estão mais

próximos da Integração.

Tabela 19. Tabela de contingência para Previsão e Grau de integração Grau de integração Previsão Mercado Contratos Integração Total Baixo 1 6 2 9 Médio 2 4 3 9 Alto 2 8 2 12 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

previsão

29. Mapa de análise de correspondência para Previsão e Grau de Integração 6.6.2.3.2 Conquista

Aplicado aos dados da Tabela 20, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 53 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Conquista e Grau de integração.

108

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 30. Pelo mapa percebe-se a proximidade do nível Baixo

com a Integração, a posição quase eqüidistante do nível Médio com os Contratos e com a

Integração, e a proximidade do nível Alto com os Contratos.

Tabela 20. Tabela de contingência para Conquista e Grau de integração Grau de integração Conquista Mercado Contratos Integração Total Baixo 1 2 2 5 Médio 1 6 3 10 Alto 3 10 2 15 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Contratos Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Dimension 2

grau de integração

conquista

30. Mapa de análise de correspondência para Conquista e Grau de Integração

109

6.6.2.3.3 Informação

Aplicado aos dados da Tabela 21, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 53 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Informação e Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 31. No mapa percebe-se a proximidade eqüidistante do

nível Baixo com a Integração e com Contratos, a afinidade do nível Médio com os Contratos,

e a proximidade quase eqüidistante do nível Alto com Mercado e Integração.

Tabela 21. Tabela de contingência para Informação e Grau de integração Grau de integração Informação Mercado Contratos Integração Total Baixo 0 6 2 8 Médio 1 7 2 10 Alto 4 5 3 12 Total 5 18 7 30

Dimensão 1Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

ContratosMercado

Alto

Médio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

informação

31. Mapa de análise de correspondência para Informação e Grau de Integração

110

6.6.2.3.4 Insumo

Aplicado aos dados da Tabela 22, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 53 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre Insumo e

Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 32. No mapa percebe-se a proximidade do nível Baixo

com Contratos, a afinidade do nível Médio com a Integração, e a proximidade do nível Alto

com Mercado. A afinidade do nível Baixo com Contratos pode indicar que muitos desses

arranjos não incluem o fornecimento de alimentação aos contratados, o que libera os

processadores da negociação com fornecedores de insumos.

Tabela 22. Tabela de contingência para Insumo e Grau de integração Grau de integração Insumo Mercado Contratos Integração Total Baixo 2 7 2 11 Médio 1 5 3 9 Alto 2 6 2 10 Total 5 18 7 30

111

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

Baixo

Dimensão 2

grau de integração

insumo

32. Mapa de análise de correspondência para Insumo e Grau de Integração 6.6.2.3.5 Comprador

Aplicado aos dados da Tabela 23, o teste de Qui-quadrado apresentou significância

insuficiente para a rejeição da hipótese nula, conforme apresentado na Tabela 53 do Anexo 3.

Portanto, não existe evidência estatística que suporte a relação de dependência entre

Comprador e Grau de integração.

Apesar de não apresentarem significância estatística para a relação de dependência, as

preferências dos processadores podem ser visualizadas de forma qualitativa no mapa da

análise de correspondência da Figura 33. Pelo mapa percebe-se que o nível Baixo está

próximo de Contratos, podendo revelar processadores de maior escala e com maior poder de

barganha com os distribuidores. O nível Médio encontra-se próximo do Mercado e o nível

Alto da Integração. Essas afinidades podem estar relacionadas a processadores de menor

porte.

112

Tabela 23. Tabela de contingência para Comprador e Grau de integração Grau de integração Comprador Mercado Contratos Integração Total Baixo 0 5 1 6 Médio 2 5 2 9 Alto 3 8 4 15 Total 5 18 7 30

Dimensão 1

Integração

Contratos

Mercado

AltoMédio

Baixo

Integração

Contratos

Mercado

Alto

Médio

BaixoDimensão 2

grau de integração

comprador

33. Mapa de análise de correspondência para Comprador e Grau de Integração 6.6.3 Tabelas de Contingência para Adoção de Mercado

Neste item são analisadas as tabelas de contingência entre as variáveis explicativas

tomadas com resultados categóricos e a variável dicotômica Mercado. São analisados os testes

Qui-quadrado que constam das Tabelas 54, 55 e 56 do Anexo 4.

113

6.6.3.1 Perfil do Processador 6.6.3.1.1 Instalação

Aplicado à Tabela 24, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 54 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Instalação e Mercado.

A tabela de contingência entre instalação e mercado indica que a maior concentração

de processadores que não utiliza Mercado instalaram-se a partir dos anos 90. Assim, esses

agentes já entraram no mercado com o arranjo institucional de parceria já estabelecido

nacionalmente e difundindo-se em São Paulo.

Tabela 24. Tabela de contingência para Instalação e Mercado Mercado Total Não Sim Instalação até 1970 2 4 6 de 1971 a 1980 4 2 6 de 1981 a 1990 4 2 6 de 1991 até hoje 8 4 12 Total 18 12 30

6.6.3.1.2 Escala

Aplicado à Tabela 25, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 54 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Escala e Mercado.

Pela Tabela 25 verifica-se que 70% das empresas médias não utiliza mercado, assim

como 55% das grandes. Essa tendência contraria a hipótese de que quanto maior a escala,

maior a utilização de formas híbridas ou integração vertical. Uma possível justificativa seria a

dificuldade de se conseguir produtores para os contratos em uma conjuntura de margens

estreitas na indústria. Com isso, as empresas de porte menor ainda conseguem suprimento

suficiente, enquanto as grandes são obrigadas a buscar o mercado de forma complementar

114

Tabela 25. Tabela de contingência para Escala e Mercado Mercado Total Não Sim Escala até 9.600 1 1 2 de 9.600 a 48.000 7 3 10 mais que 48.000 10 8 18 Total 18 12 30

6.6.3.1.3 Congelamento

Aplicado à Tabela 26, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 54 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Congelamento e Mercado.

Analisando-se a Tabela 26, percebe-se uma concentração de empresas com congelado

que não utilizam mercado (59%), o que seria esperado pela maior necessidade de

coordenação. Para os que não produzem congelado, a concentração é ainda maior (62%), mas

sobre uma base menor de empresas.

Tabela 26. Tabela de contingência para Congelamento e Mercado Mercado Não Sim Total Congelamento Não 5 3 8 Sim 13 9 22 Total 18 12 30

6.6.3.1.4 Exportação

Aplicado à Tabela 27, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 54 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Exportação e Mercado.

Na Tabela 27, considerando-se as empresas que usam Mercado, percebe-se

participação significativa (42%) das exportadoras, ainda que a base represente apenas 23% da

amostra. Essa situação poderia ser explicada pela pequena participação percentual média da

exportação nas empresas pesquisadas, permitindo o suprimento destinado a esse fim

115

proveniente de outros arranjos institucionais. A exportação exige níveis de qualidade e

padronização dificilmente encontrados no mercado.

Aparentemente a Exportação e o uso de Mercado convivem nas empresas da

avicultura paulista porque ambas têm pequena participação na quantidade vendida total e no

suprimento total, respectivamente.

Tabela 27. Tabela de contingência para Exportação e Mercado Mercado Total Não Sim Exportação Não 14 9 23 Sim 4 3 7 Total 18 12 30

6.6.3.1.5 Concentração

Aplicado à Tabela 28, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 54 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Concentração e Mercado.

Aparentemente a baixa concentração adotada e a pequena participação do Mercado no

suprimento na maioria das empresas não criam efeitos detectáveis de interdependência.

Na Tabela 28, observa-se que, para o grupo com menor Concentração, ocorre a maior

freqüência de empresas que não adotam Mercado. Assim, empresas que teriam maior

confiabilidade de suprimento aparentemente não buscam maior concentração de vendas, o que

em tese seria possível. As razões podem ser a minimização de riscos relacionados aos

compradores ou incapacidade de atender os volumes exigidos.

Tabela 28. Tabela de contingência para Concentração e Mercado Mercado Total Não Sim Concentração menos que 5% 11 6 17 de 5 a15% 5 5 10 mais que 15% 2 1 3 Total 18 12 30

116

6.6.3.2 Transação de Mercado 6.6.3.2.1 Regularidade

Aplicado à Tabela 29, o teste Qui-quadrado apresentou significância suficiente para a

rejeição da hipótese nula a 5%, conforme apresentado na Tabela 55, do Anexo 4. Portanto

existem evidências que suportam a existência de dependência entre Regularidade e Mercados.

A maior freqüência aparece entre os que têm percepção de nível médio e não utilizam

mercado (84%). Neste caso o nível médio de dificuldade parece ser suficiente para que as

empresas evitem as transações de mercado. Para as empresas que utilizam o Mercado,

aparentemente o fazem de modo acessório e com pequenas participação no suprimento total.

Tabela 29. Tabela de contingência para Regularidade e Mercado Mercado Total Não Sim Regularidade Baixo 5 5 10 Médio 11 2 13 Alto 2 5 7 Total 18 12 30

6.6.3.2.2 Qualidade

Aplicado à Tabela 30, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 55 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Qualidade e Mercado.

A maior freqüência aparece para os têm percepção de nível médio e não utilizam

mercado (75%). Percebe-se uma tendência de evitar o mercado por dúvidas em relação à

qualidade. Entretanto, não existe efeito estatístico porque as empresas aceitam oscilações da

qualidade em virtude da baixa exigência do mercado consumidor. Com isso, a adoção do

Mercado com pequena participação não prejudica os níveis de qualidades necessários para

atender o merco.

117

Tabela 30. Tabela de contingência para Qualidade e Mercado Mercado Total Não Sim Qualidade Baixo 5 5 10 Médio 9 3 12 Alto 4 4 8 Total 18 12 30

6.6.3.2.3 Sanidade

Aplicado à Tabela 31, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 55 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Sanidade e Mercado.

A maior freqüência aparece para os que têm percepção de nível médio e não utilizam

Mercado (63%), seguida pelos casos de percepção de nível alto sem Mercado (62%). Aqui

aparecem os riscos de sanidade podendo inibir as transações de mercado. A falta de relação de

dependência pode estar relacionada à existência de padrões de sanidade já incorporados pelos

produtores independentes e considerados fundamentais para a sobrevivência na atividade, já

que fornecem frango para processadores dos mais variados portes. Assim, eles devem atender

a padrões mínimos exigidos pelas empresas de maior porte.

Tabela 31. Tabela de contingência para Sanidade e Mercado Mercado Total Não Sim Sanidade Baixo 6 5 11 Médio 7 4 11 Alto 5 3 8 Total 18 12 30

6.6.3.2.4 Negociação

Aplicado à Tabela 32, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 55 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Negociação e Mercado.

118

A maior freqüência aparece entre os que têm percepção de nível Médio e não utilizam

o Mercado (66%), seguida pelo nível Baixo sem Mercado (63%). Para o nível Alto, a

freqüência dos que não adotam o mercado é de 42%. As variações no nível percebido não

provocam alterações significativas na opção relacionada à adoção do Mercado. De modo geral

o ponto principal da negociação é o preço, e as dificuldades surgem porque o vendedor tenta

sustentar o preço alegando que ele é definido pelo mercado, enquanto o comprador tenta

reduzí-lo alegando que suas margens são estreitas pela competição no varejo. As variações de

percepção de dificuldade podem apresentar viés se o respondente considerar que o preço não

é objeto de negociação, por ser dado pelo mercado.

Tabela 32. Tabela de contingência para Negociação e Mercado Mercado Total Não Sim Negociação Baixo 7 4 11 Médio 8 4 12 Alto 3 4 7 Total 18 12 30

6.6.3.2.5 Manutenção

Aplicado à Tabela 33, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 55 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Manutenção e Mercado.

A maior freqüência aparece entre os que têm percepção de nível Médio e não utilizam

Mercado (81%). Aparece aqui uma tendência de se evitar o mercado pela baixa fidelidade dos

fornecedores. Entretanto, não aparece o efeito estatístico porque nas percepções de nível

Baixo e Alto existe um equilíbrio nas posições antagônicas com relação ao uso do Mercado.

Aparentemente, o mercado já possui padrões estabelecidos que dispensam a manutenção do

mesmo fornecedor, apesar de ser uma situação vantajosa em custos de transação. Portanto a

manutenção de um fornecedor fiel em transações de mercado parece não ser muito importante

para os processadores, quando decidem adotar ou rejeitar esse arranjo.

33. Tabela de contingência para Manutenção e Mercado

Total Sim Manutenção Baixo 5 11 Médio 9 11

3 5 Total 18 30

Tecnologia

4, o teste Qui-

rejeição da hipótese nula a 10%, conforme apresentado na Tabela 55, do Anexo 4. Portanto,

existe evidência estatística que suporta a relação de dependência entre Tecnologia e Mercado.

A maior freqüência aparece para os que têm percepção de nível Médio e não utilizam

atualização tecnológica dos fornecedores de mercado, reduzindo a predisposição para que

adotem e

a se abastecerem parcialmente pelo Mercado. Assim a avaliação geral parece ser a de que os

fornecedores de mercado estão um passo atrás na corrida tecnológica, mas não estã

Entretanto, essa defasagem reduz os negócios desse grupo.

Tabela 34. Tabela de contingência para Tecnologia e Mercado Mercado Não

Baixo 2 6 14 4 Alto 4 6

18 12

6.6.3.2.7 Justiça

Aplicado à Tabela 35, o teste Qui quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 55 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

120

O nível baixo de disputas para o total da amostra apresenta concentração de 83%.

Deste grupo, 60% não utiliza mercado. Assim, o indicador de disputas judiciais parece não

influir na adoção de mercado. A pequena freqüência de disputas judiciais pode ser creditada à

falta de conflitos ou à opção de não recorrer à Justiça. A primeira opção parece mais provável,

por envolver um mercado altamente competitivo, com elevada padronização e grande

diversidade de agentes compradores e vendedores. As transações são fortemente

regionalizadas, o que gera incentivos para a construção de reputação, mesmo em transações

de mercado.

Tabela 35. Tabela de contingência para Justiça e Mercado Mercado Total Não Sim Justiça Baixo 15 10 25 Médio 2 2 4 Alto 1 1 Total 18 12 30

6.6.3.2.8 Impostos

Aplicado à Tabela 36, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 55 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Impostos e Mercado.

Percebe-se a predominância da percepção em nível Alto no total da amostra (76%),

dos quais 65% não utilizam mercado. Aqui a percepção de nível Alto para o impacto dos

impostos não apresenta efeito estatístico porque é fortemente dominante, não importando a

opção sobre a adoção do Mercado. Nessa percepção também pode estar atuando a compressão

das margens resultante do aumento de custos com insumos, o aumenta o impacto dos

impostos.

Tabela 36. Tabela de contingência para Impostos e Mercado Mercado Total Não Sim Impostos Baixo 1 2 3 Médio 2 2 4 Alto 15 8 23 Total 18 12 30

121

6.6.3.3

6.6.3.3.1 Previsão

Aplicado à Tabela 37, o teste Qui quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a

estatística que suporte a relação de dependência entre Previsão e Mercado.

-se a maior concentração entre o nível alto sem mercado (75%), seguido do

não está de acordo com o esperado, visto que

se existe maior incerteza nas vendas, o processador poderia evitar os contratos para não se

mercado. Uma justificativa para que o mercado não seja adotado pode ser a falta de oferta

37. Tabela de contingência para Previsão e Mercado

Total Sim Previsão Baixo 6 9 Médio 6 9

9 3 Total 18 30

6.6.3.3.2

Aplicado à Tabela 38, o teste Qui quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 56 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

Percebe se a mesma concentração nos níveis Baixo sem Mercado, Médio sem

nível de percepção o Mercado é rejeitado por uma parcela significativa dos processadores. Por

outro lado, para os

dificuldade de conquista está mais relacionada a fraquezas internas dos processadores, como a

descapitalização, o que inibe os investimentos para aumento da produção.

122

Tabela 38. Tabela de contingência para Conquista e Mercado Mercado Total Não Sim

Conquista 3 2 Médio 4 10 Alto 9 15

Total 12 30

Informação

-quadrado apresentou significância suficiente para a

se nula a 10%, conforme apresentado na Tabela 56, do Anexo 4. Portanto,

existe evidência estatística que suporta a relação de dependência entre Informação e Mercado.

A maior concentração ocorre para o nível Médio sem Mercado (80%), seguida do

nível Baixo

Assim, aparentemente os agentes que não adotam mercado tendem a trocar informações em

níveis medianos ou baixos. Dada a grande representatividade de participantes da APA na

o resultado é intrigante. A explicação possível é que essa informação não seja

relevante, seja pela fidelidade dos fornecedores ou porque a informação já circule livremente

39. Tabela de contingência para Informação e Mercado

Merca Total Sim Informação Baixo 2 8 Médio 8 10

4 8 Total 18 30

6.6.3.3.4

Aplicado à Tabela 39, o teste Qui-

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 56 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

123

A maior concentração ocorre para o nível Médio sem Mercado (66%), seguida do

nível Alto sem Mercado (60%). Assim, os agentes que adotam maior coordenação podem

perceber as maiores dificuldades na aquisição de insumos.

Tabela 40. Tabela de contingência para Insumo e Mercado Mercado Total Não Sim Insumo Baixo 6 5 11 Médio 6 3 9 Alto 6 4 10 Total 18 12 30

6.6.3.3.5 Comprador

Aplicado à Tabela 40, o teste Qui-quadrado apresentou significância insuficiente para

a rejeição da hipótese nula, conforme a Tabela 56 do Anexo 4. Portanto, não existe evidência

estatística que suporte a relação de dependência entre Comprador e Mercado.

A maior concentração ocorre para o nível médio sem mercado (66%), seguida do nível

alto sem mercado (53%). Assim, percebe-se que os processadores que exercem maior

coordenação no suprimento (sem mercado) consideram que têm menor poder de barganha na

venda, provavelmente porque negociam com distribuidores de maior porte.

Tabela 41. Tabela de contingência para Comprador e Mercado Mercado Total Não Sim Comprador Baixo 4 2 6 Médio 6 3 9 Alto 8 7 15 Total 18 12 30

CONCLUSÃO

s as considerações finais e reflexões do autor sobre o

resultado da pesquisa. Considerando se o objetivo geral do estudo de analisar a coexistência

de arranjos institucionais alternativos em sistemas produtivos agroindustriais, o estudo

ama abrangente do tema na avicultura do Estado de São Paulo.

e pela pesquisa sobre a participação percentual de cada arranjo no suprimento do processador

contribuiu fo

possível realizar análises em diversos níveis de profundidade, com o agrupamento sucessivo

das informações. Assim, analisou se o suprimento dos processadores considerando-

arranjo individualmente, a predominância relativa de mercado, contratos ou integração e,

A seguir são apresentadas as conclusões relativas aos objetivos específicos do estudo.

Arranjos Institucionais. O co

visto que representa 33% do suprimento médio de cada processador, ou 50% do suprimento

total da amostra. Esses dados indicam uma participação inferior à verificada nas principais

do Brasil. Com relação à dinâmica de adoção, aparentemente houve um

recuo do contrato de parceria no suprimento durante a década de 90, conforme dados obtidos

O contrato de fornecimento aparece com destaque, participando em média c

do suprimento de cada processador, ainda que essa participação reduza para 14,1% no

suprimento total da amostra. Portanto, é um arranjo que não está associado às empresas de

s envolvidos no

contrato de parceria, como ração e assistência veterinária. Essa pode ter sido a alternativa das

mercado altamente competitivo da avicultura.

-se os agentes envolvidos nos contratos de fornecimento, os produtores

suprimento total da amostra, enquanto os contratos de fornecimento com produtores

125

integradores de frango vivo participam, em média, com 18,1% do suprimento do processador

e 10,3% do suprimento total da amostra. Os dados revelam a importância do integrador de

frango vivo, figura que se estabelece de forma única no Estado, e cuja estratégia é a de

contratar a produção de outros agentes de menor escala. Assim, o integrador de frango vivo

assume alguns dos custos de gestão presentes no contrato de parceria que alguns

processadores não poderiam suportar.

Outro resultado de destaque é a relevante participação da integração vertical, aqui

considerada no sentido literal de posse financeira dos ativos. Esse arranjo responde por 25%

do suprimento médio de cada processador e 24,3% do suprimento total da amostra. Trata-se

de outra situação distintiva do Estado em relação às outras regiões produtoras. O contrato de

parceria pode oferecer alto grau de coordenação do suprimento sem a necessidade de

investimento em instalações e mão-de-obra, razão pela qual ele substitui a integração vertical.

A sobrevivência desse arranjo aparece é uma questão levantada pelo estudo. Possíveis

explicações podem estar relacionadas à dificuldade de se encontrar produtores parceiros,

dadas as margens estreitas em que a indústria tem operado.

O mercado aparece como o arranjo de menor relevância, com uma participação média

de 11% no suprimento de cada processador e de 6,1% no suprimento total da amostra. Na

avicultura, verifica-se elevada competição, esquemas de distribuição de âmbito nacional

operados pelos processadores líderes, ganhos de produtividade repassados ao consumidor na

forma de preços mais baixos e pressão de custos provenientes de insumos que têm cotações

internacionais (soja e milho). Com essas condições, a existência de um mercado de frango

vivo com volumes significativos torna-se cada vez mais difícil, em virtude do enorme nível de

risco para os operadores, compradores ou vendedores. No Estado, esse mercado parece

sustentar-se somente se as transações forem destinadas à produção de frango resfriado para

distribuição local.

Considerando-se os agentes envolvidos nas transações de mercado, os produtores

independentes respondem, em média, por 7,3% do suprimento do processador e 3,7% do

suprimento total da amostra, enquanto os corretores de frango vivo participam, em média,

com 3,7% do suprimento do processador e 2,4% do suprimento total da amostra e finalmente

os integradores de frango vivo são responsáveis, em média, por 3,9% do suprimento de cada

processador e 6,5% do suprimento da amostra. Por esses dados percebe-se que as transações

de mercado com integradores de frango vivo estão associadas a volumes maiores, enquanto as

transações com produtores independentes são de menor escala. Pela discreta participação

126

revelada, o corretor de frango vivo aparece como um agente em decadência, cuja

sobrevivência é cada vez mais difícil em razão das estreitas margens operadas na indústria.

Perfil do Processador. A pesquisa descobriu algumas características básicas do

processador na avicultura do Estado de São Paulo. O levantamento sobre o ano de instalação

surpreende pela enorme faixa de variação dos dados na amostra, visto que a empresa mais

antiga instalou-se em 1960 e a mais nova em 2001. A maior concentração aparece a partir de

1991, com 40% das empresas, seguida de uma distribuição equilibrada nas outras três faixas –

até 1970, de 1971 a 1980 e de 1981 a 1990, com 20% dos casos em cada faixa. Os dados

revelam uma larga tradição da avicultura paulista e uma grande diversidade nos históricos das

empresas que estão competindo atualmente.

O levantamento da escala de produção revela uma média de 78 mil animais por dia

para a capacidade máxima, com uma variação de 500 a 276 mil animais/dia. A maior

concentração por faixa é de 60% de grandes empresas (acima de 48.000 animais/dia), seguida

pelas médias (entre 9.600 e 48.000 animais/dia), com 33,3%, e as pequenas (até 9.600

animais/dia), com 6,7%. Trata-se de um parque industrial diversificado e com predominância

de empresas de alta produção, que parecem ser as sobreviventes de um forte processo de

falências identificado na devolução de questionários pelos Correios e nos contatos telefônicos.

A pesquisa sobre congelamento revelou que a participação média do frango congelado

é de 21,8%, com um mínimo de zero e um máximo de 100%. A maior concentração resultou

em 73% na faixa até 33% de frango congelado. Esses dados indicam a predominância do

frango resfriado como produto principal e de distribuição local, em razão do prazo de validade

reduzido.

A exportação revela-se extremamente tímida entre os processadores paulistas, visto

que a participação média do frango exportado no total da produção é de 5%. A melhor medida

dessa situação é a divisão da amostra entre empresas que não exportam, com 76,7%, e as

exportadoras, que representam 23,3%. Esses dados estão de acordo com a informação sobre

frango congelado, visto que o investimento em túneis de congelamento é a base para se

trabalhar com qualquer produto exportável.

A concentração de vendas no maior comprador revelou uma tendência de forte

pulverização dos volumes, visto que a média ficou em 11,8%. Quando agrupado em faixas,

verifica-se que a maior concentração (56,7%) é das empresas que vendem menos de 5% para

o maior cliente. Esses dados revelam uma distribuição direta para muitos varejistas dos mais

diversos portes.

127

Transação de Mercado. O trabalho identificou as percepções dos processadores sobre

a transação de mercado em uma escala de dez níveis, sendo o zero a dificuldade mínima e dez

a máxima. Em média, os agentes avaliam a dificuldade de manter a regularidade do

fornecimento a mercado com o nível 4. A dificuldade de medir a qualidade do frango

adquirido, com o nível 4,8. A dificuldade de medir a sanidade do frango adquirido, com o

nível 4,3. A dificuldade de negociar com fornecedores, com o nível 4,2. A dificuldade de

manter fornecedores fiéis, com o nível 4,2. A freqüência de atualização tecnológica dos

fornecedores, com o nível 4,9. A freqüência de disputas judiciais, com o nível 1,7. O peso dos

impostos na transação, com o nível 7,4.

Na maioria dos casos a avaliação ficou em um nível médio, com exceção das disputas

judiciais, com nível baixo, e do peso dos impostos, com nível alto. Neste grupo destaca-se a

forte correlação positiva entre as variáveis de regularidade, qualidade, sanidade, negociação e

manutenção, o que revela que são parâmetros altamente interdependentes e avaliados de

forma bastante uniforme pelos agentes.

Traduzindo-se os resultados pelo referencial da Economia dos Custos de Transação, os

custos de transação relacionados à freqüência, ao monitoramento de atributos e processos

(qualidade e sanidade), à negociação sobre as condições da transação e a criação de reputação

de fornecedor são avaliados em nível mediano. O impacto do ambiente institucional parece

ser relevante para a transação no caso dos impostos, e de pequena relevância na resolução de

conflitos, que de resto parecem ser pouco freqüentes nessa transação, conforme os contatos

realizados com os processadores.

Ambiente Competitivo. O estudo revelou percepções dos processadores sobre o

ambiente competitivo da avicultura atual, com a mesma escala de onze níveis já citada. Em

média os agentes avaliaram a dificuldade de prever as vendas em 5,7, a dificuldade de

conquistar novos compradores em 6,5, a freqüência de troca de informação sobre

fornecedores com competidores em 5,5, a dificuldade de negociar com fornecedores de

insumos para a engorda do frango em 5,0, e a dificuldade de negociar com comprador em 6,5.

Avaliando-se as respostas, percebe-se que a incerteza de demanda, a rivalidade na

disputa pelos compradores, a cooperação entre competidores, o poder de barganha dos

fornecedores e o poder de barganha do comprador também são avaliados em nível mediano,

ainda que ligeiramente superior ao atribuído no grupo de Transação de Mercado.

Relações de dependência entre variáveis. A análise das relações entre os arranjos

institucionais e as variáveis explicativas foi feita em três níveis: dados originais de todas as

variáveis, dados categorizados das variáveis explicativas e arranjo predominante no

128

processador, e a mesma categorização das variáveis explicativas e escolha dicotômica de

mercado. Seguem as conclusões para cada nível.

Para os dados originais foi realizada a análise de correlação apresentada a seguir,

citando os coeficientes signific

aos coeficientes com significância insuficiente.

. O uso de mercado com produtor independente tem coeficiente de

correlação de 0,379 (5%) com a dificuldade de medir qualidade, o que sup

levantada e revela que o arranjo é adotado mesmo quando a dificuldade para medir a

qualidade é elevada. Explicações para isso podem ser a baixa exigência de qualidade dos

Mercado CO O uso de mercado com corretor de frango vivo tem coeficiente de

correlação de 0,513 (1%) com a concentração de vendas no maior comprador, contrariando a

concentração são muito baixos para a amostra. Com a variável Conquista existe um

-0,418 (5%), também contrariando a hipótese proposta. A explicação pode ser o

compradores, que são as redes varejistas.

Mercado PV. O uso de mercado com integrador de frango vivo tem coeficiente de

-0,461 (5%) com a freqüência de atualização tecnológica dos fornecedores de

es de mercado com integrador de

frango vivo podem considerar os outros fornecedores de mercado atualizados

fornecedores, ou então não estão preocupados com o grau de atualização do fornecedor de

Fornecimento PI

coeficiente de correlação de 0,471 (1%) com a concentração de vendas no maior comprador,

suportando a hipótese proposta.

Fornecimento PV

tem coeficiente de correlação de 0,417 (5%) com freqüência de atualização tecnológica dos

fornecedores de mercado, contrariando a hipótese proposta. Aparentemente, os processadores

ue utilizam contrato de fornecimento consideram os fornecedores de mercado atualizados, já

que estes podem ter o mesmo padrão oferecido pelo integrador de frango vivo e por seus

129

Parceria. O uso do contrato de parceria tem os seguintes coeficientes: 0,516 (1%) com

escala de produção, suportando a hipótese proposta, 0,670 (1%) com participação do frango

congelado, suportando a hipótese proposta e o coeficiente de correlação de -0,398 (5%) com a

dificuldade de medir qualidade no frango adquirido, contrariando a hipótese proposta. A

explicação para o coeficiente de qualidade que contraria a hipótese pode ser uma situação da

indústria em que os padrões de sanidade estariam sendo adotados por todos os tipos de

produtores. Com isso, a dificuldade de medir a sanidade seria reduzida.

Integração. O uso da integração vertical tem coeficiente de correlação de 0,411 (1%)

com a dificuldade de medir qualidade no frango adquirido, suportando a hipótese proposta.

Para os dados categorizados pelo arranjo predominante, as conclusões são

apresentadas a seguir.

Perfil do Processador. Existe relação de dependência entre o arranjo predominante e a

escala de produção, com 10% de confiança. Verifica-se forte concentração do uso de

contratos nas empresas instaladas entre 1971 e 1980 e entre aquelas instaladas a partir de

1991. Para as variáveis do grupo não foram encontradas evidências que suportem a relação de

dependência.

Transação de Mercado. Não foram encontradas evidências que suportem a relação de

dependência entre as variáveis de regularidade, qualidade, sanidade, negociação, manutenção,

informação, tecnologia, justiça e impostos, e o grau de integração, medido pelo arranjo

preferencial.

Ambiente Competitivo. Não foram encontradas evidências que suportem a relação de

dependência entre as variáveis de previsão, conquista, informação, insumos e comprador e o

grau de integração, medido pelo arranjo preferencial.

Para os dados categorizados em escolha dicotômica do Mercado, as conclusões são

apresentadas a seguir.

Perfil do Processador. Não foram encontradas evidências que suportem a relação de

dependência entre as variáveis de regularidade, qualidade, sanidade, negociação, manutenção,

informação, tecnologia, justiça e impostos e a adoção de mercado, medido de forma

dicotômica.

Transação de Mercado. Foram encontradas evidências de relação de dependência da

dificuldade em se obter regularidade de fornecimento e da freqüência de atualização

tecnológica do fornecedor a mercado com a adoção do mercado. Para a variável dificuldade, a

percepção de nível médio tende a inibir a utilização de mercado. Para a variável tecnologia, a

percepção de nível médio parece estar associada à ausência de adoção do mercado. Não

130

foram encontradas evidências que suportem a relação de dependência entre as variáveis de

qualidade, sanidade, negociação, manutenção, informação, justiça e impostos e a adoção de

mercado, medida de forma dicotômica.

Ambiente Competitivo. Foi encontrada uma evidência de dependência entre a

freqüência de troca de informações sobre fornecedores com competidores e a adoção do

mercado. Aparentemente, os agentes que não adotam mercado tendem a trocar informações

em níveis medianos ou baixos. Não foram encontradas evidências que suportem a relação de

dependência entre as variáveis de previsão, conquista, insumos e comprador e a adoção de

mercado, medido de forma dicotômica.

Limitação do Estudo. A principal limitação identificada está relacionada com a opção

de se analisar somente a transação de mercado. Como é uma transação pouco utilizada, houve

certa dificuldade em obter a percepção dos administradores sobre ela. A idéia inicial da

pesquisa incluía a avaliação da percepção sobre as transações realizadas sob outros arranjos

institucionais, mas foi abandonada para simplificar o questionário e a coleta de dados.

Percebe-se que atualmente essa transação exerce pequena influência na escolha dos arranjos

institucionais.

Recomendações para novos estudos. O estudo levantou algumas questões que

merecem a atenção de pesquisadores. A primeira diz respeito à importância de um estudo que

compare o arranjo institucional estabelecido entre integradores de frango vivo e produtores de

menor porte que fornecem frango vivo, com o contrato de parceria tradicional, adotado pelos

processadores líderes da indústria. A segunda se refere à pertinência de uma avaliação

aprofundada dos contratos de fornecimento, analisando-se a influência dos agentes

participantes, assim como as características formais e informais desse arranjo.

ANEXOS

132

ANEXO 1. Estatísticas descritivas dos grupos Arranjos institucionais, Perfil do Processador, Transação de mercado e Ambiente competitivo

133

Tabela 42. Estatísticas descritivas das variáveis dependentes

Estatística Mercado PI

Mercado CO

Mercado PV

Fornecimento PI

Fornecimento PV

Parceria Integração

N 30 30 30 30 30 30 30

Média (%) 7,300 3,733 3,933 8,883 18,133 33,000 25,017

Mediana 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000

Moda 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

D. Padrão 20,9205 16,4378 18,2604 26,4313 37,2575 39,7752 34,3367

Assimetria 3,635 5,331 5,371 3,132 1,780 ,605 1,240

D. Padrão da Assimetria

0,427 0,427 0,427 0,427 0,427 0,427 0,427

Curtose 14,019 28,844 29,160 8,906 1,390 -1,378 ,318

D. Padrão da Curtose

0,833 0,833 0,833 0,833 0,833 0,833 0,833

Mínimo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Máximo 100,0 90,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Tabela 43. Estatísticas descritivas das variáveis do grupo Perfil do processador

Estatística Instalação (ano)

Escala (cab/dia)

Congelamento (%)

Exportação (%)

Concentração (%)

N 30 30 30 30 30

Média (%) 1.983,42 78.583,33 21,80 5,07 11,58

Mediana 1.987,50 62.500,00 10,00 ,00 5,00

Moda 1.972 80.000 0 0 10

D. Padrão 13,073 67229,161 25,719 14,022 21,046

Assimetria -0,310 1,474 1,350 3,850 3,511

D. Padrão da Assimetria

0,427 0,427 0,427 0,427 0,427

Curtose -1,440 2,118 1,552 16,538 12,440

D. Padrão da Curtose

0,833 0,833 0,833 0,833 0,833

Mínimo 1.960 500 0 0 0

Máximo 2.001 276.000 100 70 100

134

Tabela 44. Estatísticas descr

Regularidade Sanidade Negociação Tecnologia Justiça

N 30 30 30 30 30 30 30 30

Média (%) 4,00 4,83 4,33 4,20 4,20 4,97 1,77 7,37

Mediana 4,00 5,00 5,00 4,00 4,50 5,00 1,00 8,00

Moda 0* 6 5 4 5 5 1 8*

D. Padrão 2,717 3,270 3,055 2,917 2,917 1,938 2,285 2,593

Assimetria -,149 ,051 ,073 ,208 ,029 -,254 2,111 -1,185

D. Padrão da Assimetria

0,427 ,427 ,427 ,427 ,427 ,427 ,427 ,427

Curtose -1,048 -1,000 -1,032 -,713 -,994 ,573 4,970 1,131

D. Padrão da Curtose

,833 ,833 ,833 ,833 ,833 ,833 ,833 ,833

Mínimo 0 0 0 0 0 0 0 0

Máximo 8 10 10 10 10 9 10 10 * Foram identificadas várias modas, sendo apresentado o menor valor. Tabela 45. Estatísticas descritivas das variáveis explicativas do grupo Ambiente competitivo

Previsão Conquista Informação Insumo Comprador

N 30 30 30 30 30

Média (%) 5,77 6,00 5,57 4,60 5,87

Mediana 6,00 6,50 5,50 5,00 6,50

Moda 3* 8 5 7 8

D. Padrão 2,909 2,613 2,873 3,024 2,556

Assimetria -,094 -,696 -,420 -,021 -,903

D. Padrão da Assimetria

0,427 0,427 0,427 0,427 0,427

Curtose -,898 ,141 -,499 -,957 ,050

D. Padrão da Curtose

0,833 0,833 0,833 0,833 0,833

Mínimo 0 0 0 0 0

Máximo 10 10 10 10 9 * Foram identificadas várias modas, sendo apresentado o menor valor.

135

ANEXO 2. Análise de Correlação para os grupos Arranjos institucionais, Perfil do processador, Transação de mercado e Ambiente competitivo

136

Tabela 46. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis dependentes do grupo Arranjos institucionais (significância entre parênteses)

Mercado PI

Mercado CO

Mercado PV

Fornecimento PI

Fornecimento PV

Parceria

Mercado PI 1 .

Mercado CO -0,074 1 (0,696) .

Mercado PV -0,071 -0,038 1 (0,709) (0,840) .

Fornecimento PI 0,038 -0,075 -0,068 1 (0,843) (0,694) (0,722) .

Fornecimento PV -0,154 -0,105 -0,094 -0,162 1 (0,416) (0,580) (0,622) (0,392) .

Parceria -0,208 -0,152 -0,171 -0,285 -0,372(*) 1 (0,269) (0,421) (0,367) (0,127) (0,043) .

Integração -0,156 -0,064 -0,118 -0,215 -0,335 -0,244 (0,410) (0,736) (0,533) (0,255) (0,071) (0,193)

* A correlação é significativa no nível de 0,05 (bicaudal). Tabela 47. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis explicativas do grupo Perfil do processador (significância entre parênteses)

* A correlação é significativa no nível de 0,05 (bicaudal). ** A correlação é significativa no nível de 0,01 (bicaudal)

Instalação Escala Congelamento Exportação

Instalação 1 .

Escala -0,358 1 (0,052) .

Congelamento 0,179 0,251 1 (0,344) (0,180) .

Exportação -0,143 0,417(*) 0,517(**) 1 (0,450) (0,022) (0,003) .

Concentraçao 0,302 -0,179 -0,235 -0,126 (0,104) (0,344) (0,212) (0,507)

137

Tabela 48. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis explicativas do grupo

Regularidade Qualidade Negociação Manutenção Tecnologia Justiça

Regularidade 1 .

Qualidade 0,326 1 (0,079) .

Sanidade 0,390(*) ,724(**) 1 (0,033) (0,000) .

Negociação 0,670(**) 0,231 ,391(*) 1 (0,000) (0,219) (0,033) .

Manutenção 0,713(**) 0,492(**) 0,627(**) 0,696(**) 1 (0,000) (0,006) (0,000) (0,000) .

Tecnologia 0,177 0,184 0,182 -0,072 0,154 1 (0,350) (0,330) (0,335) (0,706) (0,418) .

Justiça 0,095 -0,028 0,076 0,100 0,168 0,169 1 (0,619) (0,881) (0,691) (0,598) (0,376) (0,371) .

Impostos 0,019 -0,188 -0,025 -0,033 -0,179 -0,162 -0,043 (0,919) (0,320) (0,897) (0,863) (0,345) (0,392) (0,820)

* A correlação é significativa no nível de 0,05 (bicaudal). ** A correlação é significativa no nível de 0,01 (bicaudal). Tabela 49. Coeficiente de correlação de Pearson entre as variáveis explicativas do grupo Ambiente competitivo (significância entre parênteses)

Previsão Conquista Informação Insumo

Previsão 1 .

Conquista -0,027 1 (0,886) .

Informação 0,239 0,110 1 (0,203) (0,562) .

Insumo 0,209 0,375(*) 0,110 1 (0,269) (0,041) (0,562) .

Comprador 0,344 0,336 0,250 0,658(**) (0,063) (0,070) (0,183) (0,000)

* A correlação é significativa no nível de 0,05 (bicaudal). ** A correlação é significativa no nível de 0,01 (bicaudal).

138

Tabela 50. dependentes (significância entre parênteses)

Mercado

Mercado

Mercado PV

Fornecimento PI

Fornecimento PV

Parceria Integração

Instalação -0,122 0,122 -0,227 0,345 0,083 -0,087 -0,117 (0,522) (0,521) (0,228) (0,062) (0,665) (0,646) (0,537)

Escala -0,210 -0,096 0,169 -0,234 -0,255 0,516** -0,056 (0,264) (0,615) (0,372) (0,212) (0,173) (0,004) (0,770)

Congelamento -0,077 -0,169 -0,137 -0,243 -0,316 0,670** -0,045 (0,684) (0,373) (0,471) (0,195) (0,089) (0,000) (0,814)

Exportação -0,099 -0,066 -0,047 -0,101 -0,149 0,353 -0,053 (0,604) (0,728) (0,806) (0,596) (0,432) (0,056) (0,782)

Concentração -0,137 0,513** -0,073 0,471** -0,063 -0,206 -0,179 (0,469) (0,004) (0,702) (0,009) (0,741) (0,274) (0,345)

Regularidade 0,335 0,109 -0,252 0,300 -0,085 -0,127 -0,113 (0,070) (0,565) (0,179) (0,108) (0,654) (0,502) (0,553)

Qualidade ,379* -0,213 -0,260 -0,054 0,092 -0,398* 0,411* (0,039) (0,260) (0,165) (0,776) (0,627) (0,030) (0,024)

Sanidade 0,228 -0,192 -0,242 -0,129 0,182 -0,221 0,241 (0,226) (0,308) (0,198) (0,496) (0,336) (0,240) (0,200)

Negociação 0,042 ,402* -0,259 -0,043 0,077 -0,057 -0,064 (0,826) (0,027) (0,166) (0,821) (0,688) (0,763) (0,738)

Manutenção 0,291 -0,166 -0,250 -0,019 0,012 -0,063 0,110 (0,119) (0,3820 (0,183) (0,919) (0,948) (0,740) (0,564)

Tecnologia 0,226 -0,286 -0,461* 0,151 0,417(*) -0,189 -0,106 (0,231) (0,126) (0,010) (0,426) (0,022) (0,318) (0,577)

Justiça 0,204 0,016 -0,131 -0,068 0,175 0,035 -0,239 (0,281) (0,934) (0,490) (0,721) (0,356) (0,856) (0,204)

Impostos -0,150 0,210 0,212 0,026 -0,069 -0,183 0,145 (0,430) (0,265) (0,261) (0,890) (0,717) (0,332) (0,445)

Previsão -0,076 0,245 0,009 0,019 -0,042 -0,071 0,037 (0,690) (0,191) (0,963) (0,921) (0,827) (0,708) (0,845)

Conquista 0,320 -0,418* 0,012 0,151 0,101 -0,017 -0,207 (0,085) (0,021) (0,952) (0,426) (0,597) (0,931) (0,273)

Informação 0,237 0,287 0,179 0,098 -0,365* -0,035 -0,015 (0,208) (0,125) (0,344) (0,607) (0,047) (0,854) (0,937)

Insumo 0,276 -0,271 0,154 -0,125 -0,154 0,040 0,095 (0,140) (0,148) (0,415) (0,511) (0,417) (0,832) (0,616)

Comprador 0,059 0,178 0,162 0,075 -0,261 0,040 -0,027 (0,755) (0,347) (0,394) (0,695) (0,163) (0,835) (0,886)

* A correlação é significativa no nível de 0,05 (bicaudal). ** A correlação é significativa no nível de 0,01 (bicaudal).

139

3. Resumo da análise de correspondência para Perfil do processador, Transação de

140

Tabela 51. Resumo da análise de correspondência para Perfil do processador e Grau de integração

Valor Singular

Inércia Qui- quadrado

Sig. Proporção da Inércia Confiança Valor Singular

Responsável por Cum. Desv padrão Correlação Instalação

Dimensão 21 ,599 ,359 ,947 ,947 ,112 -,3772 ,141 ,020 ,053 1,000 ,155

Total ,379 11,365 ,078a 1,000 1,000 Escala

Dimensão 21 ,392 ,154 ,699 ,699 ,171 -,5252 ,257 ,066 ,301 1,000 ,172

Total ,220 6,590 ,159b 1,000 1,000 Congelamento

Dimensão 21 ,307 ,094 ,883 ,883 ,114 -,0902 ,112 ,012 ,117 1,000 ,108

Total ,107 3,206 ,524c 1,000 1,000 Exportação

Dimensão 1 ,247 ,061 1,000 1,000 ,070

Total ,061 1,828 ,401d 1,000 1,000

Concentração Dimensão 2

1 ,236 ,056 ,984 ,984 ,145 -,4612 ,030 ,001 ,016 1,000 ,183

Total ,056 1,693 ,792* 1,000 1,000Legenda para nível de significância:

Instalação a 6 graus de liberdade Escala b 4 graus de liberdade Congelamento c 4 graus de liberdade Exportação d 2 graus de liberdade Concentração e 4 graus de liberdade

141

Tabela 52. Resumo da análise de correspondência para Transação demercado e Grau de integração

Valor Singular

Inércia Qui- quadrado

Sig. Proporção da Inércia Confiança Valor Singular

Responsável por Cum. Desv padrão Correlação Regularidade

Dimensão 21 ,247 ,061 ,936 ,936 ,173 -,1372 ,064 ,004 ,064 1,000 ,181

Total ,065 1,948 ,745a 1,000 1,000 Qualidade

Dimensão 21 ,433 ,188 ,716 ,716 ,107 -,6952 ,273 ,075 ,284 1,000 ,176

Total ,262 7,866 ,097b 1,000 1,000 Sanidade

Dimensão 21 ,285 ,081 ,947 ,947 ,161 -,0902 ,067 ,005 ,053 1,000 ,169

Total ,086 2,573 ,632c 1,000 1,000 Negociação

Dimensão 1 ,368 ,135 ,891 ,891 ,169 ,0182 ,128 ,016 ,109 1,000 ,204

Total ,152 4,547 ,337d 1,000 1,000 Manutenção

Dimensão 21 ,384 ,147 ,911 ,911 ,116 -,3802 ,120 ,014 ,089 1,000 ,182

Total ,162 4,857 ,302e 1,000 1,000

Tecnologia Dimensão

1 ,367 ,135 1,000 1,000 ,164Total ,135 4,048 ,400f 1,000 1,000

Justiça

Dimensão 1 ,168 ,028 ,927 ,927 ,110 ,1162 ,047 ,002 ,073 1,000 ,180

Total ,031 ,916 ,922g 1,000 1,000

Impostos Dimensão

1 ,223 ,050 ,871 ,871 ,155 -,2582 ,086 ,007 ,129 1,000 ,188

Total ,057 1,719 ,787h 1,000 1,000Legenda para nível de significância:

Regularidade a 4 graus de liberdade Manutenção e 4 graus de liberdade

Qualidade b 4 graus de liberdade Tecnologia f 4 graus de liberdade

Sanidade c 4 graus de liberdade Justiçag 4 graus de liberdade

Negociação d 4 graus de liberdade Impostosh 4 graus de liberdade

142

143

Tabela 53. Resumo da análise de correspondência para Ambiente competitivo e Grau de integração

Valor Singular

Inércia Qui- quadrado

Sig. Proporção da Inércia Confiança Valor Singular

Responsável por Cum. Desv padrão Correlação Previsão

Dimensão 21 ,209 ,044 ,890 ,890 ,183 -,0752 ,073 ,005 ,110 1,000 ,164

Total ,049 1,471 ,832a 1,000 1,000 Conquista

Dimensão 21 ,249 ,062 ,820 ,820 ,177 -,0932 ,117 ,014 ,180 1,000 ,166

Total ,076 2,273 ,686b 1,000 1,000 Informação

Dimensão 21 ,397 ,158 ,983 ,983 ,147 -,1622 ,052 ,003 ,017 1,000 ,177

Total ,160 4,810 ,307c 1,000 1,000 Insumo

Dimensão 21 ,167 ,028 ,968 ,968 ,186 -,0062 ,030 ,001 ,032 1,000 ,189

Total ,029 ,861 ,930d 1,000 1,000 Comprador

Dimensão 21 ,263 ,069 ,968 ,968 ,109 ,0212 ,048 ,002 ,032 1,000 ,189

Total ,071 2,142 ,710e 1,000 1,000Legenda para nível de significância:

Previsão a 4 graus de liberdade

Conquista b 4 graus de liberdade

Informação c 4 graus de liberdade

Insumo d 4 graus de liberdade Comprador e 4 graus de liberdade

144

ANEXO 4. Testes de Qui-quadrado para Perfil do processador, Transação de mercado, Ambiente competitivo e Mercado

145

Tabela 54. Teste de Qui-quadrado entre Perfil do processador e Mercado

Valor Graus de liberdade

Sig. assintótica (bicaudal)

Sig. Exata (bicaudal)

Sig. Exata. (mono)

Instalação Qui-quadrado de Pearson 2,222 3 ,528 Razão de verossimilhança 2,190 3 ,534 Associação linear 1,279 1 ,258 Escala Qui-quadrado de Pearson ,648 2 ,723 Razão de verossimilhança ,660 2 ,719 Associação linear ,126 1 ,722 Congelamento Qui-quadrado de Pearson ,028 1 ,866 Correção de Continuidade (a) ,000 1 1,000 Razão de verossimilhança ,029 1 ,866 Teste exato de Fishert 1,000 ,604 Associação linear ,027 1 ,868 Exportação Qui-quadrado de Pearson ,031 1 ,860 Correção de Continuidade (a) ,000 1 1,000 Razão de verossimilhança ,031 1 ,860 Teste exato de Fishert 1,000 ,597 Associação linear ,030 1 ,862 Concentração Qui-quadrado de Pearson ,629 2 ,730 Razão de verossimilhança ,624 2 ,732 Associação linear ,108 1 ,743 N 30

146

Tabela 55. Teste Qui-quadrado entre Transação de mercado e Mercado

Valor Graus de liberdade

Sig. assintótica (bicaudal)

Regularidade Qui-Quadrado de Pearson 6,580 2 ,037 Razão de verossimilhança 6,980 2 ,031 Associação linear ,347 1 ,556 Qualidade Qui-Quadrado de Pearson 1,875 2 ,392 Razão de verossimilhança 1,931 2 ,381 Associação linear ,009 1 ,924 Sanidade Qui-Quadrado de Pearson ,218 2 ,897 Razão de verossimilhança ,217 2 ,897 Associação linear ,138 1 ,710 Negociação Qui-Quadrado de Pearson 1,140 2 ,566 Razão de verossimilhança 1,123 2 ,570 Associação linear ,590 1 ,442 Manutenção Qui-Quadrado de Pearson 4,006 2 ,135 Razão de verossimilhança 4,206 2 ,122 Associação linear ,310 1 ,578 Tecnologia Qui-Quadrado de Pearson 5,926 2 ,052 Razão de verossimilhança 6,035 2 ,049 Associação linear ,000 1 1,000 Justiça Qui-Quadrado de Pearson ,833 2 ,659 Razão de verossimilhança 1,185 2 ,553 Associação linear ,095 1 ,758 Impostos Qui-Quadrado de Pearson 1,316 2 ,518 Razão de verossimilhança 1,296 2 ,523 Associação linear 1,272 1 ,259 N 30

147

Tabela 56. Teste Qui-quadrado para Ambiente competitivo e Mercado

Valor Graus de liberdade

Sig. assintótica (bicaudal)

Previsão Qui-Quadrado de Pearson 3,958 2 ,138 Razão de verossimilhança 3,970 2 ,137 Associação linear 3,432 1 ,064 Conquista Qui-Quadrado de Pearson ,000 2 1,000 Razão de verossimilhança ,000 2 1,000 Associação linear ,000 1 1,000 Informação Qui-Quadrado de Pearson 5,972 2 ,050 Razão de verossimilhança 6,099 2 ,047 Associação linear 4,006 1 ,045 Insumo Qui-Quadrado de Pearson ,303 2 ,859 Razão de verossimilhança ,305 2 ,859 Associação linear ,069 1 ,793 Comprador Qui-Quadrado de Pearson ,556 2 ,757 Razão de verossimilhança ,558 2 ,757 Associação linear ,431 1 ,511 N 30

148

ANEXO 5. Questionário aplicado para processadores da avicultura do Estado de São Paulo

149

Questionário para Processadores da Avicultura do Estado de São Paulo Preencha os quadros com a participação em porcentagem de cada opção no suprimento total de frangos vivos (%) para o abatedouro: % 1. Compra eventual de produtor independente

2. Compra eventual de corretor de frango vivo

3. Compra eventual de integrador de frango vivo

4. Contrato de fornecimento com produtor independente

5. Contrato de fornecimento com integrador de frango vivo

6. Contrato de parceria com produtor

7. Granja própria para engorda de frango Perfil do processador Resp.

8. Há quantos anos esta empresa atua na avicultura ?

9. Quantas aves podem ser abatidas por dia no máximo?

10. Qual a participação do frango congelado na quantidade vendida total (%) ?

11. Qual a participação do frango exportado na quantidade vendida total (%) ?

12. Qual a participação do maior cliente na quantidade vendida total (%) ? As questões abaixo devem ser respondidas com a indicação de níveis que variam de zero a dez. Assinale o nível atribuído para os temas seguintes, relacionados ao suprimento de frango vivo em transações no mercado livre, no passado ou no presente.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

13. O nível de dificuldade de se conseguir regularidade no fornecimento.

o o o o o o o o o o o

14. O nível de dificuldade para se avaliar a qualidade da carne que será obtida do frango vivo adquirido.

o o o o o o o o o o o

15. O nível de dificuldade para se avaliar a sanidade do frango vivo adquirido.

o o o o o o o o o o o

16. O nível de dificuldade em negociar com fornecedores. o o o o o o o o o o o

17. O nível de dificuldade em manter fornecedores fiéis. o o o o o o o o o o o

18. O nível que o Sr(a) atribui para a frequência da mudança tecnológica dos fornecedores.

o o o o o o o o o o o

19. O nível que o Sr(a) atribui para a freqüência de disputas judiciais com fornecedores.

o o o o o o o o o o o

20. O nível que o Sr(a) atribui ao peso dos impostos na transação, que reduzem as margens de lucro da atividade.

o o o o o o o o o o o

Para a avicultura atual, avalie:

21. O nível de dificuldade em se prever o volume de vendas. o o o o o o o o o o o

22. O nível de dificuldade de conquistar novos compradores. o o o o o o o o o o o

23. O nível que o Sr(a). atribui para a freqüência na troca informações com os concorrentes sobre fornecedores.

o o o o o o o o o o o

24. O nível de dificuldade em se negociar com fornecedores de insumos usados na engorda de frangos.

o o o o o o o o o o o

25. O nível de dificuldade em se negociar com compradores. o o o o o o o o o o o

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