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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Jorge Luiz Sbruzzi Portela APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO NO PROCESSO GERENCIAL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Taubaté - SP 2006

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Jorge Luiz Sbruzzi Portela

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO

NO PROCESSO GERENCIAL DAS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Taubaté - SP 2006

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

Jorge Luiz Sbruzzi Portela

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO

NO PROCESSO GERENCIAL DAS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Ciências Contábeis e Administração da Universidade de Taubaté, como parte dos requisitos para aprovação do curso de Pós-graduação, MBA em Gerência Empresarial. Orientadora: Profª MBA Vilma da Silva Santos

Taubaté - SP 2006

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JORGE LUIZ SBRUZZI PORTELA

APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE GESTÃO NO PROCESSO GERENCIAL DAS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização do Título de MBA, pelo Curso de Gerência Empresarial do Departamento de Economia, Ciências Contábeis e Administração da Universidade de Taubaté.

Data: 24/02/2006

Resultado: 8,5

BANCA EXAMINADORA

Profª MBA Vilma da Silva Santos (UNITAU)

Assinatura________________________________________

Profº. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira (UNITAU)

Assinatura_______________________________________

Profª Mestre Miroslava Hamzagic (UNITAU)

Assinatura_______________________________________

Profº Mestre Odir Cantanhede Guanieri (Suplente - UNITAU)

Assinatura_______________________________________

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Dedico este trabalho a Deus, que ele possa servir a Sua honra e glória, a

minha mãe Laurice Galdino Sbruzzi (in memorian) pelo

exemplo de amor e determinação e, ao meu filho

Vinícius Pavret Sbruzzi Portela.

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Agradecimentos

A Profª MBA Vilma da Silva Santos, pela habilidade, paciência, e boa vontade dedicados na

orientação de nosso trabalho.

Aos colegas do curso de MBA Gerência Empresarial-2004, em especial ao Pedro Luiz da

Silva, à Gláucia Regina Vilela de Moura e ao Jorge Gabriel Souza, pela ajuda intelectual e

companheirismo dedicados durante todo o curso.

Aos professores do curso MBA Gerência Empresarial-2004, em especial a Profª. Edna Maria

Querido de Oliveira Chamon, pela habilidade na transmissão de seus conhecimentos e ao

carinho e energia com que sempre nos incentivou à conclusão do curso.

Aos demais Professores e funcionários da UNITAU, pela atenção e excelência na prestação

de seus serviços.

A Profª Edina Maria Vaz Faria, pelo empenho, entusiasmo e competência dedicados na

revisão ortográfica do trabalho.

Aos amigos: Helton Davydson Bueno, Fabiana Gonçalves, Luiz Eduardo Faria Gomes e

Carlos Roberto Chaves pela (literal) ajuda na confecção de partes do trabalho; aos amigos que

indiretamente pelas sugestões e amizade me apoiaram emocionalmente na realização do

curso, em especial à: Olinda Galdino de Camargo, Ane Cristine Gonçalves Barreiro, José

Benedito Andrade, Alexandre Alves de Paula e Celestino Simão.

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Resumo

Este trabalho, abordando o cenário em que estão inseridas às Micro e Pequenas Empresas

(MPE), tenciona evidenciar a importância da aplicação de ferramentas de gestão na

administração dos pequenos negócios, as quais, se não raras, são parcialmente utilizadas. O

trabalho se desenvolve por meio de pesquisa bibliográfica explicativa explorando os conceitos

de: Gestão Estratégica de Negócios, Liderança, Criatividade, Tomada de Decisão, Gestão

Contábil, Crédito e Marketing. Utilizou-se de técnica de entrevistas por meio de questionário

previamente elaborado e comum a um público constituído entre 50 micro e pequenas

empresas da cidade de Caçapava, Estado de São Paulo, distribuídas entre os ramos de

Comércio, Indústria e Serviços. Por fim, conclui o trabalho que os principais agravantes pela

não utilização das ferramentas de gestão nas MPE estudadas são: conhecimento parcial das

ferramentas de gestão, falta de tempo para implantá-las e a dedução de que o uso das

ferramentas de gestão não são a elas, adequadas.

Palavras-Chave: Ferramentas, Gestão, Micro e Pequenas Empresas.

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Abstract

This work, dealing with the scene that is inserted in the Small and Medium-sized Enterprises

(SME) wants to show how important the business management tool in the Small Business that

them, if don’t rarely, are partially used by them. The work is developed through bibliographic

and explicative researches where are explored the concepts of Business Strategy

Management, Leadership, Creativity, to make-up One’s Mind, Account Management, Credits

and Marketing. It was realized the researches support by questionnaire with interview

techniques, before handed draw up, and comum to the public constituted between 50 Small

and Medium-sized Enterprises, from Caçapava city, Vale do Paraíba, São Paulo, including

commerce, service and industries. Finally, the work concluded that the mainly reason for the

no use of tools in the management of the analyzed SME are: partial knowledge of

management tools, lack of the time to introduce them and the thought that the use of the

tools management are not appropriate for them.

Key Words: Tools; Management; Small and Mediun-sized Entreprises (SME)

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Lista de Figuras

Figura 1 - Sete passos no processo de tomada de decisão.....................................................................38

Figura 2 - Diagrama do processo contábil..............................................................................................54

Figura 3 - Fluxo de relacionamento entre Administração e Contabilidade............................................57

Figura 4– Demonstrações Contábeis para análise ..................................................................................58

Figura 5– Partes interessadas na análise econômico-financeira.............................................................65

Figura 6 – Metodologia de análise econômico-financeira .....................................................................72

Figura 7 – Cinco grupos de indicadores financeiros ..............................................................................74

Figura 8 – Sinais de alerta do Capital de Giro .......................................................................................90

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Lista de Quadros

Quadro 1 – Número de empregos no Brasil ...........................................................................................24

Quadro 2 - Cálculo e Recolhimento do Imposto Simplificado (R$ mil)................................................27

Quadro 3 – Análise de SWOT................................................................................................................31

Quadro 4 – Relacionamentos contingências na liderança caminho-meta ..............................................50

Quadro 5 – Interesses dos tomadores de decisão ...................................................................................56

Quadro 6 - Custo de Mercadorias Vendidas ..........................................................................................58

Quadro 7 – Balanço Patrimonial (formato oficial).................................................................................59

Quadro 8 - Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)................................................................63

Quadro 9 – Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira ..........................................................64

Quadro 10 – Principais ajustes para demonstração das análises financeiras..........................................69

Quadro 11 – Reclassificação do Balanço Patrimonial ...........................................................................70

Quadro 12 – Legendas do Balanço Patrimonial .....................................................................................71

Quadro 13 – Principais índices de rentabilidade ....................................................................................75

Quadro 14 – Resultado do Patrimônio Líquido (RPL)...........................................................................76

Quadro 15 – Margem Operacional Líquida (MOL)...............................................................................76

Quadro 16 - Margem Líquida de Lucro (ML)........................................................................................77

Quadro 17 – Rotação do Ativo (RA) ....................................................................................................77

Quadro 18 - Rentabilidade do Investimento (RI)...................................................................................78

Quadro 19 – Grau de Alavancagem Financeira (GAF)..........................................................................78

Quadro 20 – Indicadores de Liquidez ....................................................................................................79

Quadro 21 – Liquidez Corrente (LC) .....................................................................................................80

Quadro 22 – Liquidez Seca (LS)............................................................................................................80

Quadro 23 – Liquidez Imediata (LI) ......................................................................................................80

Quadro 24 – Liquidez Geral (LG)..........................................................................................................81

Quadro 25 – Indicadores de Estrutura Patrimonial ................................................................................82

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Quadro 26 – Relação entre Fontes de Recursos .....................................................................................82

Quadro 27 – Endividamento Geral (EG)................................................................................................82

Quadro 28 – Composição das Exigibilidades (CE)................................................................................83

Quadro 29 – Imobilização do Patrimônio Líquido.................................................................................83

Quadro 30 – Passivo Oneroso sobre Ativo ............................................................................................84

Quadro 31 – Indicadores de Prazos Médios...........................................................................................84

Quadro 32 – Prazo Médio de Compras (PMC) ......................................................................................85

Quadro 33 – Prazo Médio de Estoques (PME) ......................................................................................85

Quadro 34 – Prazo Médio de Recebimentos ..........................................................................................86

Quadro 35 – Ciclo Operacional..............................................................................................................86

Quadro 36 – Fórmula do Ciclo Operacional (CO) .................................................................................86

Quadro 37 – Ciclo Financeiro ................................................................................................................87

Quadro 38 – Fórmula do Ciclo Financeiro CF.......................................................................................87

Quadro 39 – Capital de Giro (CDG) ......................................................................................................88

Quadro 40– Necessidade de capital de giro (NCG) ...............................................................................88

Quadro 41 – Situações do capital de giro...............................................................................................89

Quadro 42 – Saldo de Tesouraria ...........................................................................................................91

Quadro 43 – Causas do efeito tesoura ....................................................................................................92

Quadro 44 - Análise Vertical do Balanço Patrimonial...........................................................................94

Quadro 45 - Análise Vertical da DRE....................................................................................................94

Quadro 46 – Fórmula da Análise Horizontal .........................................................................................95

Quadro 47 – Análise Horizontal.............................................................................................................96

Quadro 48 – Fórmula do EVA ...............................................................................................................98

Quadro 49 – Balanço Patrimonial (análise do EVA) .............................................................................99

Quadro 50 – Análise de Criação de Valor............................................................................................100

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Lista de Gráficos

Gráfico 1 – Formação das Micro e Pequenas Empresas ......................................................................123

Gráfico 2 - Gestão estratégica de negócios ..........................................................................................125

Gráfico 3 – Liderança, criatividade e tomada de decisão.....................................................................126

Gráfico 4 – Gestão Contábil.................................................................................................................127

Gráfico 5 – Créditos utilizados pelas Micro e Pequenas Empresas .....................................................129

Gráfico 6 – Utilização de conceitos de Marketing ...............................................................................131

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Lista de Siglas

AC Ativo Circulante

ACC Ativo Circulante Cíclico

ACF Ativo Circulante Financeiro

AH Análise Horizontal

AP Ativo Permanente

ARLP Ativo Realizável a Longo Prazo

AV Análise Vertical

CDG Capital de Giro

CE Composição das Exigibilidades

CF Ciclo Financeiro

CMV Custo de Mercadorias Vendidas

CO Ciclo Operacional

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CPMF Contribuição Provisória para Movimentação Financeira

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DLPA Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

DOAR Demonstração de Origem e Aplicações de Recursos

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

EG Endividamento Geral

EPP Empresa de Pequeno Porte

EVA Economic Value Added

FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador

FCO Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Centro Oeste

FGTS Contribuição ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

GAF Grau de Alavancagem Financeira

ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços

IE Imposto sobre Exportação de Produtos Nacionais

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II Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros

ILG Índice de Liquidez Geral

IOF Imposto sobre Operações Financeiras

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

IPL Imobilização do Patrimônio Líquido

IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ISS Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

ITR Imposto sobre a Propriedade Rural

LC Liquidez Corrente

LG Liquidez Geral

LI Liquidez Imediata

LS Liquidez Seca

ME Micro Empresa

ML Margem Líquida de Lucro

MOL Margem Operacional Líquida

MPE Micro e Pequena Empresa

NCG Necessidade de Capital de Giro

PC Passivo Circulante

PCC Passivo Circulante Cíclico

PCF Passivo Circulante Financeiro

PELP Passivo Exigível a Longo Prazo

PIS Programas de Integração Social

PASEP Patrimônio do Servidor Público

PL Patrimônio Líquido

PMC Prazo Médio de Compras

PME Prazo Médio de Estoques

PMR Prazo Médio de Recebimentos

POSA Passivo Oneroso s/ Ativo Total

PROCERA Programa Especial de Crédito à Reforma Agrária

PROGER Programa de Geração de Emprego e Renda

RA Rotação do Ativo

RAIS Relatório Anual de Informações Sócias

REF Resultado de Exercícios Futuros

RFR Relação entre as Fontes de Recursos

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RI Rentabilidade do Investimento

RPL Resultado do Patrimônio Líquido

SEBRAE Serviço de Apoio a Pequena e Micro Empresa

SIMPI Sindicato da Micro e Pequena Indústria

SME Small and Mediun-sized Entreprises

SPC Serviço de Proteção ao Crédito

ST Saldo de Tesouraria

TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo

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Sumário

Resumo.....................................................................................................................................................6 Abstract ....................................................................................................................................................7 Lista de Figuras ........................................................................................................................................8 Lista de Quadros ......................................................................................................................................9 Lista de Gráficos ....................................................................................................................................11 Lista de Siglas ........................................................................................................................................12 Sumário ..................................................................................................................................................15

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................17 1.2 Objetivo Geral .........................................................................................................................18 1.3 Importância do Trabalho .........................................................................................................18 1.4 Delimitação do Tema ..............................................................................................................19 1.5 Estrutura do Trabalho ..............................................................................................................19

2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................................21 2.1 As Micro e Pequenas Empresas...............................................................................................21

2.1.1 A Importância das Micro e Pequenas Empresas ..............................................................22 2.1.2 As Micro e Pequenas Empresas e o Emprego no Brasil ..................................................23 2.1.3 As Micro e Pequenas Empresas e o Regime Tributário ...................................................25

2.2 Gestão Estratégica de Negócios ..............................................................................................28 2.2.1 Planejando um Empreendimento .....................................................................................32 2.2.2 Diferenças entre Empresa e Negócio ...............................................................................33 2.2.3 Público-alvo .....................................................................................................................34 2.2.4 A Escolha do Produto.......................................................................................................34

2.3 Tomada de Decisão Gerencial .................................................................................................36 2.3.1 Modelos de Tomadas de Decisão.....................................................................................37 2.3.2 Racionalidade nas Tomadas de Decisão ..........................................................................40 2.3.3 Intuição como Fator de Decisão.......................................................................................41 2.3.4 Personalidade e Inteligência Cognitiva ............................................................................41

2.4 Criatividade .............................................................................................................................43 2.4.1 Processo Criativo .............................................................................................................43 2.4.2 Características de Pessoas Criativas.................................................................................44 2.4.3 Condições Necessárias para a Criatividade......................................................................45 2.4.4 Aumento e Melhoria da Criatividade ...............................................................................46

2.5 Liderança .................................................................................................................................47 2.5.1 A Natureza da Liderança..................................................................................................47 2.5.2 Traços e Características da Liderança ..............................................................................48 2.5.3 Liderança Comportamental ..............................................................................................48 2.5.5 O Modelo de Troca Líder Membro ..................................................................................49 2.5.6 Teoria da Contingência da Liderança...............................................................................50 2.5.7 Liderança Transformacional ............................................................................................52 2.5.8 Liderança Carismática......................................................................................................52 2.5.9 Feedback de 360 graus.....................................................................................................52

2.6 Gestão Contábil .......................................................................................................................53 2.6.1 Contabilidade como Ferramenta de Gestão......................................................................55 2.6.2 Administrando com Contabilidade...................................................................................56 2.6.3 Contabilidade Financeira .................................................................................................57 2.6.4 Contabilidade Gerencial...................................................................................................63 2.6.5 Demonstrações Contábeis para Análise Econômico-Financeira......................................66 2.6.6 Análise Econômico-Financeira ........................................................................................71

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2.6.7 Indicadores Econômico-Financeiros ................................................................................73 2.6.8 Índices de Rentabilidade ..................................................................................................75 2.6.9 Índices de Liquidez ..........................................................................................................78 2.6.10 Índices de Estrutura e Endividamento............................................................................81 2.6.11 Indicadores de Prazos Médios........................................................................................84 2.6.12 Capital de Giro (CDG) ...................................................................................................88 2.6.13 Efeito Tesoura ................................................................................................................91 2.6.14 Análise Vertical e Horizontal.........................................................................................93 2.6.15 Índices-Padrão................................................................................................................97 2.6.16 Geração de Lucros e Criação de Valor...........................................................................97 2.6.17 Relatórios de Avaliação Final ......................................................................................100

2.7 Crédito ...................................................................................................................................101 2.7.1 Histórico do crédito........................................................................................................102 2.7.2 Conceito de Crédito........................................................................................................103 2.7.3 Os C’s do crédito............................................................................................................105 2.7.4 O Crédito nas Micro e Pequenas Empresas (MPE)........................................................107 2.7.5 Risco do Crédito.............................................................................................................109

2.8 Marketing para às Micro e Pequenas Empresas (MPE) ........................................................112 2.8.1 Marketing de Relacionamento .......................................................................................113 2.8.2 Objetivos do Marketing de Relacionamento..................................................................114 2.8.3 Pesquisas de Mercado ....................................................................................................115 2.8.4 Os 4 P’s do Marketing....................................................................................................117

3 METODOLOGIA.........................................................................................................................120 3.1 Metodologia da Pesquisa .......................................................................................................120 3.2 População e Amostra .............................................................................................................121 3.3 Coleta de Dados.....................................................................................................................121

3.3.1 Questionário ...................................................................................................................122 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ...................................................................................123

4.1 Formação das Micro e Pequenas Empresas (MPE)...............................................................123 4.2 Gestão Estratégica dos Negócios...........................................................................................124

4.3 Aspectos Comportamentais nas MPE ...............................................................................126 4.4 Gestão Contábil .....................................................................................................................127 4.5 Crédito ...................................................................................................................................128 4.6 Marketing utilizado pelas Micro e Pequenas Empresas ........................................................130

5 CONCLUSÃO..............................................................................................................................133 5.1 Recomendações para Continuação dos Estudos ....................................................................135

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................136 ANEXO 1 – PROTOCOLO DE APROVAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA DA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ.....................................................................................................................................139 ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA..........................................................140

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1 INTRODUÇÃO

No segmento das micro e pequenas empresas (MPE) é comum à verificação, num

mesmo ramo de negócios, seja ele comércio, indústria ou serviços empresas em diversos

níveis de estabilidade econômico-financeira. É comum a pergunta: Por que certas empresas

conseguem se manter tão bem em suas atividades e outras não?

A busca de alta produtividade, minimização de custos e a dinâmica modernização e

automação dos processos nas empresas, impostas a todos tipos de organizações, e não só às

grandes como num passado próximo, vem exigindo do mundo corporativo, cada vez mais,

processos gerenciais complexos e, profissionais com múltiplas habilidades e capacidades

técnicas (competências).

É fato que o emprego formal está cada dia mais difícil e, manter-se empregado tem se

tornado uma verdadeira “maratona de condicionamento profissional” para todos com esse

privilégio. Os sistemas automatizados vêm fazendo a maior parte dos serviços básicos ou

rotineiros, deixando para os trabalhadores atividades que, sempre focadas em resultados, os

levam a um trabalho autogerenciado e de muita responsabilidade.

Nas grandes empresas, a complexidade dessa realidade é comumente encontrada com

o amparo das mais diversas ferramentas e técnicas de gestão, o que no entanto, não ocorre no

segmento das Micro e Pequenas Empresas (MPE).

Por outro lado, percebe-se que um grande e crescente número de pessoas do mercado

de trabalho que poderiam estar trabalhando como empregados no mercado formal tem optado

ou muitas vezes, devido à dificuldade de emprego, sido forçadas a tornarem-se

empreendedoras em um negócio próprio.

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Pela constatação desses fatos e multiplicidade de sua repetição, vê-se a evolução deste

segmento de negócios, formado pelas MPE.

A proposta do Plano Real em 1994, prevendo a tendência do segmento, desde seu

início, detinha em suas diretrizes o estabelecimento de leis, serviços e mecanismos

governamentais que pudessem apoiar o desenvolvimento do setor.

Após 11 anos constata-se que realmente o segmento cresceu e muito se fez em prol das

Micro e Pequenas Empresas. Muitas empresas criadas naquela época ainda estão em

atividades e se mantendo lucrativas, mas o número de insucessos e instabilidades também é

expressivo.

1.2 Objetivo Geral

Analisar e demonstrar a importância da utilização de ferramentas de gestão pelo

segmento das Micro e Pequenas Empresas.

1.3 Importância do Trabalho

Sua importância reside na descrição do cenário em que se encontram as MPE, a que

tendem e, na relevância de se usar conceitos e técnicas administrativas como ferramentas na

gestão dos pequenos negócios.

Com o levantamento de dados, sua classificação e análise, pretende-se disponibilizar o

resultado da pesquisa para os públicos de interesse geral: estudantes, empresários, instituições

financeiras, analistas de mercado, entre outros.

Page 19: UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Jorge Luiz Sbruzzi Portela · Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização do Título de MBA, pelo Curso de Gerência Empresarial

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1.4 Delimitação do Tema

O estudo estará delimitado no segmento das Micro e Pequenas Empresas (MPE),

compreendido conforme estabelecido pelo estatuto elaborado pelo SEBRAE, todas as

empresas com faturamento bruto anual até R$ 1.200 mil.

É fato conhecido que a grande maioria das MPE, são empresas familiares,

característica muito importante quando se tenta entender os processos de gestão no universo a

ser estudado.

1.5 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos.

No primeiro capítulo encontra-se a introdução, descreve-se o objetivo geral, quando se

revela o cenário em que o trabalho será desenvolvido. São abordados também os objetivos

específicos, a importância, delimitação e a estrutura do trabalho.

No segundo capítulo é apresentada uma revisão de literatura sobre os conceitos

teóricos no qual está embasado o trabalho.

O terceiro capítulo descreve a metodologia e materiais adotados, apresentando as

amostras e populações pesquisadas. Este capítulo inicia-se com uma definição das

características do estudo, para em seguida, justificar a escolha da técnica de pesquisa e

instrumento de levantamento de dados. Busca-se nesse momento realizar análises que se

subdividirão em duas fases: a primeira será a de levantamento de dados; a segunda constituirá

na interpretação e mensuração dos dados obtidos pela pesquisa.

No quarto capítulo apresenta-se à análise e discussão dos resultados encontrados na

pesquisa realizada.

Page 20: UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Jorge Luiz Sbruzzi Portela · Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização do Título de MBA, pelo Curso de Gerência Empresarial

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O quinto capítulo refere-se a conclusão do trabalho e, se constitui por uma seção em

que o autor expõe seu ponto de vista sobre os resultados e fatos observados, sugerindo novas

pesquisas, tendo em vista a experiência adquirida no desenvolvimento do trabalho.

Page 21: UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Jorge Luiz Sbruzzi Portela · Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização do Título de MBA, pelo Curso de Gerência Empresarial

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Para dar sustentação ao trabalho de pesquisa, utilizar-se-ão consultas a livros,

periódicos, revistas especializadas, dissertações e teses e em sites da internet.

2.1 As Micro e Pequenas Empresas

Em pesquisa ao Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)

executada entre meados de 2002, estudando uma amostra de 1.700 empresas constituídas

entre 1997 e 2001, escolhidas aleatoriamente, verificou-se que 60% das empresas não

concluem o quinto ano de atividade, revelando uma média anual de 80 mil empresas paulistas

em processo de encerramento, perda de 500 mil postos de trabalhos, e uma cifra de R$ 15,6

bilhões em termos financeiros o que equivale a 1,2 do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro

(BEDÊ, 2004).

Existem muitos conceitos para definir as Micro e Pequena Empresas (MPE). No Brasil

há diferentes classificações entre os âmbitos federal e estadual. Sendo que, as classificações

mais comuns referem-se ao número de empregados e a receita bruta anual, estas ainda podem

encontrar-se subordinadas a especificações que se diferem entre os setores da indústria,

serviços, comércio (atacado e varejo), entre outras considerações (FRENTE EMPRESARIAL,

2005).

Para melhor atender aos objetivos deste trabalho adotou-se o critério de receita bruta

anual para a classificação das MPE.

Page 22: UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Jorge Luiz Sbruzzi Portela · Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização do Título de MBA, pelo Curso de Gerência Empresarial

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Os limites para classificação das MPE não foram atualizados desde sua implantação

em 1996. Os limites são de até R$ 120 mil para Micro Empresa (ME) e de até R$ 1.200 mil

para Empresa de Pequeno Porte (EPP).

Está em trâmite no Governo Federal a Lei Geral das MPE, organizada pelo SEBRAE a

partir de sugestões de diversos agentes do segmento que, de forma geral em relação a estes

assuntos tem a seguinte proposta:

Regulamenta do disposto no art. 146, inciso III, alínea “d”, e parágrafo único, e nos arts. 170, inciso IX, e 179, da Constituição, que dispõe sobre as normas gerais relativas ao tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido das microempresas e das empresas de pequeno porte (SEBRAE, 2005).

Para efeito desta lei considera-se:

- Microempresa (ME): pessoa jurídica, ou equiparada, que auferir, em cada

ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 480 mil; e

- Empresa de Pequeno Porte (EPP): pessoa jurídica, ou equiparada, que

auferir em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 480 mil e igual ou

inferior a R$ 3.600 mil.

2.1.1 A Importância das Micro e Pequenas Empresas

Já em 1974 o jornal americano Wall Street Journal descrevia:

A cada dia, de diferentes maneiras, a grande empresa se transforma numa espécie de dinossauro vacilante caminhando para sua extinção. O ambiente cultural e político tornam-se mais hostil; a adaptação natural torna-se cada dia mais difícil; as formas possíveis de sobrevivência estão além da faculdade de imaginação (AMARAL FILHO apud IE/UFRJ, 2002, p. 87).

Polêmicas discussões sobre a atuação das grandes empresas também se criaram em

torno de assunto abordado pelo livro Small is Beautifull (Shumacher apud IE/UFRJ, 2002, p.

87) lançado em 1973, cujo tema central girava em torno dos problemas da produção

capitalista, cujas causas não advêm da falta de capacidades intelectuais ou tecnológicas, mas

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sim, do efeito autopredatório do sistema industrial moderno de grande escala devorando suas

próprias bases de sustentação, ou seja, os recursos naturais e humanos.

Por seu lado o segmento das MPE contrasta com este cenário quando se revela pelo

reaproveitamento de mão-de-obra, diversificação de negócios, flexibilidade e fácil adaptação

às mudanças político-econômicas; atende de forma regionalizada seus mercados; é promotor

do desenvolvimento local sustentável, de ações empreendedoras e da geração de emprego e

renda (FRENTE EMPRESARIAL, 2005).

Com o crescimento do setor, fortaleceu-se sua importância em temas como combate à

pobreza pela geração de trabalho e melhor distribuição de renda.

Apesar dos avanços no campo das políticas públicas pelas MPE, ainda existe um

descompasso nas relações entre as MPE e as grandes empresas. Esse desequilíbrio, notável

em questões como acesso ao crédito, economias de escala, grande poder de negociação entre

outros, tem reflexos diretos na competitividade do segmento.

A situação torna-se mais grave quando as MPE ficam expostas à competição muitas

vezes desleal com a operação de empresas na informalidade, sendo que estas, na sua maioria

não têm condições econômicas suficientes para cumprir com as despesas da carga tributária e

burocracia da formalização (FRENTE EMPRESARIAL, 2005).

2.1.2 As Micro e Pequenas Empresas e o Emprego no Brasil

As Micro e Pequenas Empresas (MPE) são em todo mundo, segmentos importantes de

inclusão econômica e social, responsáveis por grande número dos postos de trabalho e

geração de renda. Esse segmento representa no Brasil nada menos que 99% do total dos

empreendimentos do país, 60% dos empregos existentes e contribui com 20% do PIB e, são

responsáveis por 95% dos novos empregos gerados a cada ano (SIMPI, 2005).

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Conforme informativos (Quadro 1), do Relatório Anual de Informações Sócias (RAIS)

o aumento do desemprego na indústria é muito grave. No resultado final percebe-se que nas

médias e grandes empresas o número de demissões é maior que o das admissões, ocorrendo o

contrário nas pequenas, é nelas que se criam empregos.

Empregos em Indústrias no Brasil – 1995 / 2000 Indústria/ Emprego 1995 2000 +/- % Micro – até 4 188.507 216.813 + 28.306 + 15,0 Micro: 5 a 19 591.437 745.096 + 153.659 + 26,0 Pequena: 20 a 99 1.082.581 1.246.082 + 163.506 + 15,1 MICRO E PEQUENA 1.862.525 2.207.991 + 345.456 + 18,5 Média: 100 a 499 1.510.758 1.426.418 (- 84.340) (- 5,6) Grande: mais de 500 1.533.261 1.183.609 (- 349.652) (- 22,8) TOTAL 4.906.524 4.818.018 (- 88.506) (- 1,8) Quadro 1 – Número de empregos no Brasil Fonte: RAIS (2001)

Nesses informativos, se constata o grande número de demissões nas grandes empresas

associado à automação, modernização, terceirização, novos métodos gerenciais, entre outros.

Somente as MPE vêm gerando saldo positivo no balanço das contratações. O fato parece estar

se caracterizando como tendência histórica, com perspectiva de continuação e, mesmo

ampliação, tanto no Brasil quanto no mundo (SIMPI, 2005).

Entre os principais fatores causadores do encerramento das atividades das MPE estão:

a falta de planejamento do negócio antes da abertura; má gestão empresarial durante os

primeiros anos de atividade; insuficiência de políticas públicas de apoio aos pequenos

negócios (políticas tributárias, trabalhistas, crédito, entre outras); conjuntura econômica

deprimida (retração do consumo, concorrência acirrada, entre outros) e os problemas pessoais

dos empresários como os problemas familiares, de saúde, efeitos da criminalidade, entre

outros (BEDÊ, 2004).

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25

2.1.3 As Micro e Pequenas Empresas e o Regime Tributário

Além da burocracia, em que o micro empresário é obrigado a se inscrever

isoladamente em mais de dez órgão das diversas esferas de poder (federal, estadual e

municipal) e apresentar mais de 90 documentos para a constituição de sua empresa, o atual

regime tributário também se mostra inadequado quanto a sua aplicação na fase operacional

das MPE, refletindo diretamente de forma negativa sobre a competitividade, crescimento e a

formalização das empresas (FRENTE EMPRESARIAL, 2005).

Os impostos a que estão sujeitas as MPE segundo a Frente Empresarial (2005), são:

- Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ);

- Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

- Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);

- Contribuição para Programas de Integração Social e de Formação de Patrimônio

do Servidor Público (PIS/PASEP);

- Contribuição para Manutenção da Seguridade Social, relativa ao empregador;

- Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); e

- Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

De acordo com a atividade da empresa e a legislação ainda são aplicáveis as MPE os

seguintes impostos:

- Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou

Valores Imobiliários (IOF);

- Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros (II);

- Imposto sobre Exportação de Produtos Nacionais (IE);

- Imposto sobre a Propriedade Rural (ITR);

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- Imposto de Renda sobre aplicações financeiras;

- Imposto de Renda relativo a ganhos de capital auferidos na alienação de bens do

ativo permanente;

- Contribuição Provisória para Movimentação Financeira (CPMF);

- Contribuição ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS);

- Contribuição para manutenção da Seguridade Social, relativa ao trabalhador; e

- Imposto de Renda relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pelas pessoas

jurídicas às pessoas físicas.

2.1.3.1 O Imposto Simples

O imposto SIMPLES, assim chamado, refere-se ao imposto criado por lei federal, que

consiste em uma forma simplificada e unificada de recolhimento de tributos. Seu cálculo dá-

se por meio da aplicação de percentuais progressivos, incidentes sobre uma única base de

cálculo, a receita bruta. O enquadramento ao SIMPLES admite como MPE, as empresas com

faturamento até R$ 120 mil e como EPP as empresas com faturamento até R$ 1.200 mil,

havendo diferentes faixas de incidência de acordo com as variações de faturamento verificado

em determinado exercício. Este limite estabelecido em 1996 não recebeu atualizações até o

momento (FRENTE EMPRESARIAL, 2005).

2.1.3.2 Impostos e Contribuições Abrangidos pelo Simples

A inscrição no SIMPLES implica no pagamento mensal unificado dos seguintes

impostos e contribuições:

- Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas ( IRPJ);

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- Contribuição para o PIS/PASEP;

- Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL);

- Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); e

- Contribuição para a Seguridade Social a cargo da Pessoa Jurídica.

A incidência dos percentuais do Simples, ocorre sobre as faixas de faturamento nas

MPE de modo progressivo, conforme demonstrado no Quadro 2.

Quadro 2 - Cálculo e Recolhimento do Imposto Simplificado (R$ mil) Fonte: SEBRAE (Lei do SIMPLES)

2.1.3.3 A Reforma Tributária

Sabe-se que a legislação tributária é composta por 18.589 páginas, com 55.767 artigos

e 300 mudanças anuais. Só do ICMS são 27 legislações diferentes, uma para cada estado, com

três mil normas em vigor (SIMPI, 2005).

Este elevado número de leis e artigos a que estão sujeitas as MPE é, mesmo, para

advogados e contadores fator de muito estudo e cuidados, devido a sua importância, tempo e

custos que nele estão envolvidos.

Fatos como incidências cumulativas de alguns impostos sobre outros e a incidência

aonde não há lucros, são, entre outros pontos negativos, fatores que atingem diretamente a

PERCENTUAIS POR FAIXA DE RECEITA BRUTA (R$ mil) Microempresa Empresa de Pequeno Porte Imposto

Até de de Até de de de de de de de De 60 a

90 a

240 a

360 a

480 a

600 a

720 a

840 a

960 a

1.080 a Contribuição R$ 60

90 120 240

360 480 600 720 840 960 1.080 1.200 IRPJ zero zero zero 0,13% 0,26% 0,39% 0,52% 0,65% 0,65% 0,65% 0,65% 0,65%

PIS/PASEP zero zero zero 0,13% 0,26% 0,39% 0,52% 0,65% 0,65% 0,65% 0,65% 0,65% CSLL zero 0,4% 1% 1%

COFINS 1,8% 2% 2% Contribuições

Previdenciárias 1,2% 1,6% 2,0% 2,14% 2,28% 2,42% 2,56% 2,7% 3,1% 3,5% 3,9% 4,3%

SUBTOTAL 3% 4% 5% 5,4% 5,8% 6,2% 6,6% 7% 7,4% 7,8% 8,2% 8,6% IPI 0,5% 0,5%

TOTAL 3,5% 4,5% 5,5% 5,9% 6,3% 6,7% 7,1% 7,5% 7,9% 8,3% 8,7% 9,1%

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competitividade do segmento, descapitalizando-o e levando-o a informalidade e ilegalidade

(SIMPI, 2005).

Por muitos fatores, se tem percebido a urgência de uma reforma tributária que permita

as MPE se integrarem às cadeias produtivas de modo harmonioso com as Médias e Grandes

empresas, permitindo a sinergia dos segmentos produtivos, segundo o SIMPI (2005):

Todos necessitam de leis claras e curtas. Isso pode ser conseguido, por exemplo com a harmonização das 27 legislações diferentes e a eliminação de muitas das 3 mil normas em vigor para o ICMS; ou então, reduzindo as 18.589 páginas de textos legais, com 55.767 artigos e 300 mudanças anuais. Precisa-se de menos burocracia e, também de menos tributos, para que o empreendedor possa dirigir com mais eficácia seus negócios e investir na melhoria de seus produtos, criando riquezas e os empregos de que o Brasil tanto necessita (SIMPI, 2005, p. 21).

Diante de um cenário tão complexo como o das MPE o conceito de gestão estratégica

dos negócios apresenta-se como ferramenta que acredita-se possa auxiliá-lo na administração

de seus negócios.

2.2 Gestão Estratégica de Negócios

A idéia do planejamento estratégico surgiu há 40 anos, no auge da expansão e

diversificação dos negócios na década de 1960. Durante esses anos a utilização de seu

conceito sofreu altos e baixos no mundo corporativo. Nos dias atuais, porém, ele volta a

ocupar o lugar de destaque nas listas de preocupações de empresários de todo o mundo

(CAVALCANTI, 2003).

Segundo Cavalcanti (2003) a velocidade em se criar novas idéias e produzir novos

bens e serviços, obtida pelos recursos tecnológicos, tem tornado cada vez mais limitada à

capacidade dos gestores para previsão de cenários ao longo prazo.

Chandler apud Cavalcanti (2003) define estratégia como a determinação de metas e

objetivos básicos de longo prazo, adoção de cursos de ação e a alocação de recursos para a

efetiva realização destas metas.

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As empresas precisam de tempo e competência para desenvolver a gestão estratégica,

para isso os administradores precisam planejar e agir estrategicamente e não apenas de um

planejamento de rotina.

A gestão estratégica vai além do simples planejamento (conceito clássico da

tradicional administração). O planejamento, mesmo que estratégico, pode ser conceituado

como uma ferramenta administrativa que ao mesmo tempo em que fixa processos e objetivos,

permite ao administrador o acompanhamento e revisão do que foi planejado, possibilitando

um re-direcionamento das metas iniciais, a fim de que se gaste para isto, o menor tempo e a

menor utilização de recursos (CAVALCANTI, 2003).

Para se conceituar gestão estratégica é necessário que conheça o conceito de cenários

no mundo dos negócios, resume Cavalcanti (2003):

Cenários são histórias que dão significado a acontecimentos; em muitos casos funcionam como memória do futuro; não tratam da administração do futuro, mas da percepção dos futuros no presente....cenários não são concebidos de uma só vez....podem ser desenvolvidos como dois ou três futuros potenciais com sua série de possibilidades e, ir ensaiando respostas a cada um deles (CAVALCANTI, 2003, p. 34).

Os cenários, define Cavalcanti (2003), não são previsões. Eles são concebidos por

meio de hipóteses alternativas sobre o futuro, permitindo às empresas um posicionamento

para cada possível ocorrência futura, exercitando os gestores a refletir sobre estratégias de

longo prazo. Na grande maioria das empresas, o planejamento estratégico é apenas uma rotina

programada, “motivada pelo calendário”, enquanto deveria ser uma revolução no modo de

exploração do potencial de negócios.

O principal obstáculo do pensar estratégico reside na percepção da diferença entre

planejar e criar estratégias, enquanto planejar tem a ver com programar, a estratégia se refere

ao descobrir imaginando ou sonhando.

Segundo Mintzberg apud Cavalcanti (2003), alguns conceitos podem sintetizar a

filosofia da visão estratégica:

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- A essência da estratégia é complexa, utiliza vários processos de pensamento;

- Envolve tanto as questões de processo, como as questões de conteúdo;

- As estratégias existem em diferentes níveis corporativos: negocial, estrutural,

capital intelectual, entre outros; e

- A estratégia focaliza o esforço da organização, dando-lhe direção, consistência e

sintetizando diferentes visões buscando um grau ótimo de generalidade.

A técnica de planejamento estratégico proporciona uma condição atenuante da

dificuldade cada vez maior, apresentada aos gestores, para previsão das ocorrências do meio

corporativo em longo prazo (CAVALCANTI, 2003).

Segundo Rosa e Olinquevitch (2005) é na década de 60, com origem nas salas de aula

de Harvard, que se populariza o conceito de análise de strengths, weaknesses, opportunities e

threats (SWOT), um conceito clássico do pensar estratégico.

Baseando-se no conhecimento e análise das forças e fraquezas SWOT confrontadas

com as oportunidades e ameaças (oportunities e threats), o gestor poderá fazer uma análise

com um bom grau de conhecimento das forças/fatores favoráveis e desfavoráveis que se

relacionam com seu(s) negócio(s).

Rosa e Olinquevitch (2005) sugerem um modelo básico para elaboração de um

planejamento que se utiliza à análise de SWOT em sua composição. Este modelo conforme

demonstrado no Quadro 3, contém as seguintes etapas:

- Análise da situação: Análise dos aspectos externos e internos (SWOT) que vão

interferir na realização do plano referente à implantação de uma empresa de

consultoria por um escritório de contabilidade;

- Objetivos: o que se quer atingir? Definição do período de tempo e estabelecimento

do que se quer realizar;

- Estratégias: como atingir os objetivos;

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- Plano de ação: definição detalhada das atividades a serem realizadas; e

- Orçamento básico: previsão dos gastos no período (instrumento de controle).

Quadro 3 – Análise de SWOT Fonte: Rosa e Olinquevitch (2005)

A elaboração de um plano inicial não cumpre a necessidade de um planejamento

completo, é apenas um momento do processo de planejar. Depois de consolidado e iniciadas

as atividades outros planos serão demandados.

No exemplo do Quadro 3, pode-se identificar com uma boa visibilidade os pontos

fortes que devem continuar sendo explorados, tais como: tradição no mercado, demanda

aquecida, entre outras, ao mesmo tempo em que mostra os pontos fracos que deverão ser

trabalhados, sendo eles: fatores do macro-ambiente, inexperiência no novo ramo de negócios

a ser explorado, entre outras.

FATORES EXTERNOS

Ameaças Oportunidades

Economia da região em dificuldades Empresas buscando idéias para se tornarem mais eficiente

Inadimplência crescendo Divulgação sobre importância de modernização

Cultura dos empresários locais é muito conservadora

Empresa X implantou um projeto de consultoria com bons resultados

FATORES INTERNOS

Fraquezas Forças

Inexperiência no ramo 30 anos de serviços ao mercado, com imagem sólida

Imagem fortemente visualizada em contabilidade

Boa estrutura: prédio/local, equipamento, mobiliário adequado

Pequena tradição em marketing e/ou vendas

Bom quadro de pessoal

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2.2.1 Planejando um Empreendimento

A fase inicial de qualquer empreendimento deve ser cuidadosamente planejada. Várias

idéias sobre inícios de empreendimentos ou qualquer outro negócio provêm de várias fontes.

Grandes idéias geralmente provêem de: grupos paritários, orientadores, visitas a outras

empresas, conferências sobre empresas concorrentes, bancos de dados de clientes e de

empresas (CHER, 2002).

Empreendedores de sucesso entram no ramo de atividade escolhido antes de

efetivamente abrirem seus negócios. Antes de investirem suas economias na abertura de seus

próprios negócios, envolvem-se no ramo, freqüentam o sindicato ou associações que reúnem

empresários do setor pretendido, mantêm contato com pessoas que já se encontram em

atividade no ramo, para sentirem e verificarem as ameaças ou oportunidades que enfrentarão

(CHÉR, 2002).

Ao verificar as variáveis do ramo em que pretende abrir seu novo negócio, o

empreendedor começa a entender as regras daquele ramo e a verificar como se comportam; ao

pesquisar revistas e publicações especializadas sobre o ramo de negócio, o empreendedor

iniciante começa a tomar conhecimento dos itens que poderão estar afetando o seu negócio

logo no início de atividade.

Chér (2002) cita quinze variáveis que os empreendedores deverão observar antes de

abrirem seus empreendimentos:

- Sazonalidade;

- Perfil do mercado consumidor;

- Perfil dos principais fornecedores;

- Grau de influência de decisões governamentais;

- Perfil da concorrência;

- Participação de mercado;

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- Políticas mercadológicas da concorrência;

- Políticas de preços;

- Prazos de pagamentos;

- Políticas de créditos e financiamentos;

- Estrutura administrativa da concorrência;

- Estrutura de vendas da concorrência;

- Técnicas de operação e produção da concorrência;

- Necessidade do mercado consumidor; e

- Políticas de garantia e assistência técnica.

Muitas vezes, o empreendedor iniciante já possui o conhecimento das informações

por ter atuado como empregador ou empregado em uma empresa do ramo, ou, muitas vezes,

por seu próprio interesse, ou seja, trabalha no ramo antes de iniciar efetivamente o negócio.

2.2.2 Diferenças entre Empresa e Negócio

As demandas e necessidades de mercado deverão balizar e ser sempre a razão da

existência do negócio. O conhecimento isolado de algum produto ou serviço não deverá ser o

motivo único para se empreender nos negócios (CHÉR, 2002).

Muitos empresários partem da premissa de que, por deterem algum conhecimento de

determinado produto estão aptos a competirem no mercado. Partindo daí, eles começam a

constituição da empresa: registro, nome comercial, instalações, divulgação, entre outros.

Os empresários bem sucedidos, primeiramente, identificam as necessidades de

mercado, avaliando se estas justificam a existência do empreendimento. Só num segundo

momento a preocupação passa a ser para a empresa, quando se verifica se haverá condições

viáveis de se empreender neste negócio (CHÉR, 2002).

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A partir do conhecimento do negócio pelo empresário, parte-se para a definição da

missão e planejamento da empresa.

2.2.3 Público-alvo

Torna-se necessário que o empresário conheça seu mercado consumidor e o cenário

em que está inserido. O mercado possui público com diversas características: pessoas físicas

e/ou jurídicas, idade, sexo, entre outros. A definição de qual público se pretende atender

(segmentação de mercado) é um ponto importante neste momento, pois, dependendo do

público escolhido se estabelecerá a estratégia e o plano de negócios. Cita Chér (2002):

Para pequenos negócios e, sobretudo para os recém-fundados, recomenda-se à definição de um nicho específico de atuação, grande o suficiente para gerar receita e lucro para a pequena empresa, porém pequeno o suficiente para desinteressar a grande empresa (CHÉR, 2002, p. 101).

A segmentação de clientes ou mercados tem se mostrado uma eficiente forma de se

usufruir melhor de um público alvo (mercado consumidor). A oferta de tudo a todos, torna a

empresa desfocada e menos competitiva, diminuindo suas chances de sucesso. O

conhecimento de fatos como: atuação da concorrência e existência de carências

mercadológicas são fatores importantes para estratégia dos negócios. Com isto, poderão ser

identificadas “brechas” ou oportunidades de mercado em determinado momento (CHER,

2002).

2.2.4 A Escolha do Produto

A colocação no mercado de produtos, sejam eles bens ou serviços, deverá ser feita de

forma detalhada e que visem a atender as necessidades de mercado. O empresário descuidado

poderá achar que pelo fato de dominar alguma habilidade no desenvolvimento de algum bem

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ou serviço e a sua a simples oferta no mercado provocará de forma natural o seu consumo

(CHER, 2002).

Esta suposição pode comprometer desde o início a viabilidade dos negócios, pois pode

não se ter em tempo hábil o retorno financeiro, frente às necessidades e compromissos de

caixa já assumidos para a realização dos negócios.

Num estudo do SEBRAE (2001) sobre as dificuldades de condução dos negócios logo

no seu primeiro ano de atividade, foram observados dois grupos: um com empresas bem

sucedidas e que ainda estavam operantes e outro com empresas que fracassaram, e ao ordenar

as dificuldades, as empresas de sucesso relacionaram as principais dificuldades como:

- Falta de capital de giro;

- Concorrência muito forte e/ou carga tributária elevada; e

- Maus pagadores.

As empresas que fracassaram apresentaram a seguinte ordem:

- Falta de capital de giro;

- Falta de clientes; e

- Carga tributária elevada.

Para Longenecker, Moore e Petty (1997), nenhum outro fator é tão importante para a

pequena empresa quanto à administração de capital de giro, isto é, o gerenciamento dos ativos

de curto prazo (disponibilidades) e suas fontes de financiamento (exigibilidades).

No entanto, para as empresas de sucesso a falta de clientes foi o sexto item na lista de

dificuldades apresentadas e não a segunda como nas que fracassaram. Isto demonstra uma

relação muito importante na estratégia e planejamento dos negócios com sua viabilidade. A

“falta de clientes” percebidas pelas empresas mal sucedidas certamente são reflexos de

negócios direcionados para o produto, em vez de serem orientados para o mercado.

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O estudo também revelou que nas empresas bem-sucedidas a presença de um bom

administrador e um bom conhecimento de mercado é mais efetiva do que nas mal-sucedidas;

os esforços com vendas e marketing são superiores em relação às mal-sucedidas; e nas mal-

sucedidas as preocupações com organização empresarial e análise financeira (preocupações

internas) são mais percebidas que nas bem-sucedidas (SEBRAE, 2001).

Com isso, percebeu-se que a empresa bem-sucedida está mais preocupada com o

ambiente externo da empresa e com foco para o mercado, enquanto a outra, mal-sucedida,

está voltada para seu ambiente interno, com foco voltado para a empresa (CHÉR, 2002).

Certamente as preocupações com organização e análises financeiras não podem ser

desprezadas, mas é conceitualmente a preocupação com o foco de mercado que se deve

preocupar o empresário. E isso requer que o mesmo deva estar orientado para o

mercado/cliente, seria “começar o negócio de trás para frente” (CHÉR, 2002).

Por isso, a motivação do negócio não pode depender somente da capacidade de se

produzir algum bem ou prestar algum serviço, mas sim, das necessidades de mercado e na sua

capacidade de poder supri-las, conforme, cita Chér (2002).

Os bens e serviços dessa forma, devem ser criados para satisfazer às demandas do mercado-alvo, sempre com atributos distintivos que os tornem diferenciados e comparativamente mais interessantes aos clientes. Esse é o momento em que você deve definir os mínimos detalhes do produto (CHÉR, 2002, p. 108).

Reconhecendo a importância dos processos adotados nas tomadas de decisões é que

será abordado o tema sobre tomadas de decisão.

2.3 Tomada de Decisão Gerencial

Reconhecendo a importância deste assunto num cenário corporativo com muitas

mudanças e limitação de tempo é que será abordado esse tema.

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Resumem Longenecker, Moore e Petty (1997):

Tanto as grandes quanto às pequenas empresas exigem um processo gerencial para dirigir e coordenar as atividades de trabalho. Se esse processo de dirigir e coordenar for bem executado, contribui para a produtividade e lucratividade, qualquer que seja o tamanho dos negócios. À medida que a empresa cresce, sua tarefa gerencial se torna mais complexa, e seus métodos gerenciais devem se tornar mais sofisticados (LONGENECKER, MOORE E PETTY, 1997, p. 419).

2.3.1 Modelos de Tomadas de Decisão

Há duas versões sobre como gerentes tomam decisões (DUBRIN, 2003).

- Modelo clássico: identifica o ambiente como certo e estável e o gerente racional,

bem informado, e os problemas rotineiros; e

- Modelo comportamental: com um ambiente instável, onde os gerentes têm

limitações cognitivas, desconhecem algum fator pertinente ao problema e agem

muitas vezes influenciados por fatores emocionais e pessoais.

Segundo Dubrin (2003) em estudos por ele realizados, concluiu-se que a mescla dos

dois modelos, clássico e comportamental, para os gerentes decidirem parece refletir a melhor

medida a ser adotada. Eles poderão atuar numa estrutura geralmente racional, porém

utilizando-se da intuição e julgamentos pessoais para agirem, mostrando claramente a

importância do modelo de decisão comportamental.

Nesses estudos foram identificados sete passos (Figura 1) no processo de tomada de

decisões, seguindo a mescla dos modelos clássico e comportamental. A compreensão dessas

etapas é útil, principalmente, para os eventos não programados, tanto de natureza pessoal

como organizacional (DUBRIN, 2003).

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Figura 1 - Sete passos no processo de tomada de decisão Fonte: Dubrin (2003).

- Identificação e diagnóstico do problema: a solução do problema e a tomada de

decisão começa com a conscientização de que o problema existe. O primeiro passo

é identificar o que é desejável e qual a condição real do problema. A identificação

dos problemas tem sido sugerida como “a chave do sucesso administrativo”;

- Estabelecimento do critério de decisão: critérios de decisão são padrões de

julgamento usados para avaliar alternativas. Quanto mais explícitos os critérios,

melhor será a decisão. Um aspecto importante no critério de decisão é a

especificação das regras básicas para decisão. Elas incluem quem vai tomar a

decisão final, prazo limite, que recursos serão investidos;

Identifique e faça um diagnóstico do problema

Estabeleça os critérios de decisão

Desenvolva alternativas criativas

Avalie as alternativas

Escolha uma alternativa

Implemente a decisão

Avalie e controle Se necessário, repita o processo

“Qual é realmente nosso problema?”

“O que estamos tentando realizar?”

“Vamos criar grandes idéias?”

“Quais idéias são boas?”

“Esta alternativa é a vencedora?”

“Agora, vamos desenvolver a ação?”

“Esta idéia era realmente boa?”

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- Desenvolver alternativas criativas: gerar soluções alternativas. Esse é o aspecto

intelectual de idéias livres, não particularmente racionais da tomada de decisão.

Todos os tipos de possibilidades são explorados nesse momento, mesmo que

pareçam pouco realistas. É nesse momento do processo decisório que os

administradores eficazes fazem diferença em uma organização;

- Avaliação das alternativas: comparar analisar/avaliar as alternativas

apresentadas. Parte da avaliação dos prós e contras de soluções alternativas é

comparar cada uma com os critérios de decisão do segundo passo (estabelecimento

de critérios de decisão);

- Escolha de uma alternativa: após investir tempo considerável na avaliação de

soluções alternativas, a escolha de uma delas é na realidade a tomada de decisão.

Os tomadores de decisão estão dispostos a correr riscos se o ganho potencial for

substancial. As decisões enfrentadas pelos gerentes são muitas vezes complexas e

os fatores envolvidos são confusos e pouco esclarecedores;

- Implementando a decisão: converter a decisão em ação é o passo seguinte. Até

que uma decisão tenha sido implementada, ela não é na realidade uma decisão,

pois muitas decisões representam esforços desperdiçados porque ninguém se

responsabiliza por sua implementação. Grande parte do cargo de gerente envolve

ajudar os membros do grupo a implementar decisões. Uma decisão é raramente boa

se os funcionários fazem resistência á sua implementação; e

- Avaliação e controle: é o passo final no processo de tomada de decisão, é avaliar

em que grau de satisfação, a decisão tomada, resolveu o problema. Controle

significa assegurar que os resultados da decisão obtida sejam os mesmos

estabelecidos durante o estágio de identificação do problema.

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Dubrin (2003), reconhece pela abordagem comportamental, que os tomadores de

decisões não têm tempo ou recursos para esperar por muito tempo a melhor solução, por isso,

necessitam de decisões satisfatórias. Porém, aceitar a primeira alternativa razoável apenas

adiará a necessidade de uma decisão que realmente resolva o problema.

2.3.2 Racionalidade nas Tomadas de Decisão

Diante disso, os administradores procuram decisões satisfatórias ou aquelas suficientes

para proporcionar um mínimo de satisfação para suas necessidades, tendendo estas, sempre ao

perfil comportamental de decisão.

Os tomadores de decisão muitas vezes lançam mão de estratégias simplificadas

também conhecidas como heurísticas (padrões ou regras limitadas e pré-estabelecidas na

avaliação ou julgamento de algo) para tomada de decisões. Apesar da heurística ajudar o

administrador a lidar com um volume muito grande de informação, sua simplificação pode

levar a tomada de decisões inadequadas ou incorretas (DUBRIN, 2003).

A necessidade de eficiência gerencial cresce na mesma proporção que os negócios

expandem, afirmam Logenecker, Moore e Petty (1997). Empresas pequenas que não se

adaptam às necessidades gerencias, podem até sobreviver por algum tempo, contrabalançada,

por méritos de seus produtos ou serviços. No entanto o gerenciamento inadequado será

limitador de sua taxa de crescimento e imporá tensões não desejáveis nos negócios.

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2.3.3 Intuição como Fator de Decisão

Segundo Dubrin (2003), a intuição é uma importante característica pessoal que

influência a tomada de decisão. Conforme sua pesquisa com 60 executivos, a intuição é vista

como uma opção viável no ambiente organizacional atual.

Constitui-se a intuição numa fórmula calcada na experiência de saber ou de raciocinar

pelas evidências que são avaliadas automaticamente. Diferentemente do conhecimento

heurístico, a intuição é utilizada por pessoas que detêm maior conhecimento sobre

determinado assunto ou problema.

2.3.4 Personalidade e Inteligência Cognitiva

São fatores que influenciam a habilidade de encontrar soluções eficazes.

Dubrin (2003), elenca nove perfis de características pessoais do administrador:

- Conservadorismo: uma dimensão relevante da personalidade é a cautela e o

conservadorismo. Uma pessoa conservadora e cautelosa normalmente opta por

solução de baixo risco e que, por insegurança, a levará a evitar tomar decisões

importantes por medo de errar;

- Perfeccionismo: o administrador com esta característica pessoal, pode estar

sempre envolto com situações de insegurança. A busca da melhor opção a ser

tomada estará protelando a decisão;

- Rigidez ou pensamento negativo: pessoas com características de comportamento

rígido ou negativo também terão dificuldades de tomar decisões eficazes e rápidas;

- Inteligência emocional: a inteligência emocional se refere à precisão com que se

administra sentimentos e se decifra os sentimentos dos outros. Isso afeta

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diretamente a qualidade das decisões, uma vez que elas poderão ficar isentas, ou

diminuídas de emoções e/ou sentimentos quando necessárias;

- Qualidade e acessibilidade da informação: alcançar uma decisão eficaz

geralmente requer informações válidas e de alta qualidade. A acessibilidade da

informação poderá ser ainda mais importante do que a qualidade para determinar

se a informação será ou não usada. Devido à escassez de tempo muitas vezes o

administrador se apóia em informações de qualidades inferiores as ideais;

- Interesses particulares: sob circunstâncias ideais, as decisões organizacionais são

tomadas isentas de favoritismos ou condições parciais. Na realidade porém, muitas

decisões são tomadas influenciadas por políticas internas de relacionamento e/ou

interesse particular do administrador;

- Crise e conflito: numa crise, as condições psicológicas dos administradores

tornan-se, de modo geral, altamente emocionais. As crises podem ser percebidas

pelos administradores como um evento extremamente estressante, levando a

dificuldade de concentração e julgamento, porém, não comumente, os tomadores

de decisão também podem percebê-las como um desafio, elevando-os ao seu

melhor nível de performance e solução de problemas;

- Valores do tomador de decisão: os valores, pontos de vista e bom senso do

administrador são itens importantes a serem considerados no processo decisório.

Sejam elas em busca de excelência no atendimento ou qualidade do clima

organizacional, o caráter pessoal do administrador sempre se demonstrará nos

processos decisórios; e

- Procrastinação: é a atitude ou hábito de se retardar uma ação. Muitos gerentes

incorrerão em medidas muitas vezes insignificantes porque procrastinam ou

demoram em tomar decisões sem um motivo válido. Geralmente resulta da

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indecisão e da falta de ação e é uma das principais causas do comportamento de

autofracasso.

2.4 Criatividade

A criatividade segundo Dubrin (2003), pode ser definida simplesmente como a

capacidade de criar idéias que poderão ser funcionais se forem aplicadas. Ela é essencial nas

tomadas de decisões onde se encontra grande ocorrência de imprevistos e problemas não

programados.

Drucker (1999) acredita que a mais importante tarefa de uma organização é a de

liderar mudanças. As mudanças são dolorosas, arriscadas e requerem uma grande dose de

esforço, porém, em períodos de tão rápidas mudanças os únicos que sobrevivem são os líderes

de mudanças.

Resume Drucker (1999):

Atualmente, todos aceitam que “mudanças são inevitáveis”,mas isto ainda implica que elas são como “morte e impostos”: devem ser adiadas o máximo possível e nenhuma delas é muito preferível (DRUCKER, 1999, p. 64).

2.4.1 Processo Criativo

Dubrin (2003) relata que, a compreensão das etapas encontradas nos processos criativos,

ajudam a desenvolver a criatividade pessoal e também a entender e administrar a criatividade

dos outros. Estas etapas estão classificadas em cinco fases:

- Oportunidade ou reconhecimento do problema: é quando se cria uma nova

idéia, rotina ou processo para solucionar algum problema;

- Imersão: o administrador se integra ao problema, vivenciando-o na totalidade,

sem influenciá-lo, colhendo dados e registros relevantes durante sua ocorrência;

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Incubação: é a situação onde o administrador de posse das informações conhece o

problema, e não age por algum tempo. O problema apesar de identificado fica

mentalmente sendo trabalhado;

- Percepção: a conquista da solução de problemas invade a mente da pessoa de

forma inesperada; e

- Verificação e aplicação: o indivíduo parte para provar que a solução criativa tem

mérito.

Sabe-se que o processo criativo não se dá de forma automática ou mecânica. Ela é

reflexo de uma somatória de experiências e características pessoais do decisor, ocorre de

forma instável, com altos e baixos de produção (AMABILE apud DUBRIN, 2003).

2.4.2 Características de Pessoas Criativas

Segundo Dubrin (2003) as características de pessoas criativas são diferentes de

pessoas não criativas. Estas características podem ser divididas em três áreas-chave:

conhecimento, habilidade intelectual e personalidade.

- Conhecimento: a solução de problemas de forma criativa requer um extenso

background de informações (base de informações);

- Habilidades intelectuais: as pessoas criativas que resolvem problemas tendem a

ser mais práticas e eficientes que brilhantes. Uma característica de pessoas com

este tipo de habilidade é a capacidade de elaboração de soluções alternativas em

curtos espaços de tempo. Bom senso de humor, curiosidade, flexibilidade, entre

outros; e

- Personalidade: as pessoas criativas tendem a ter uma boa auto-imagem sem serem

egocêntricas, são capazes de lidar com críticas, toleram e até apreciam o

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isolamento para trabalharem, são freqüentemente não conformistas e não precisam

de forte aprovação do grupo.

2.4.3 Condições Necessárias para a Criatividade

Uma pesquisa segundo Amabile apud Dubrin (2003), revela que são necessários três

componentes para que ocorra a criatividade nas empresas: especialização, habilidades

criativas e motivação.

- Especialização: refere-se ao conhecimento e quanto mais informações mais

chances de se resolver um problema;

- Habilidades / pensamento criativo: refere-se a maneira flexível e imaginativa

com que as pessoas abordam os problemas; e

- Motivação: no processo criativo é um importante fator. Quando motivadas pelo

desafio da criação, este fator passa a ser a principal recompensa pela solução ou

realização de uma tarefa.

A paixão pela tarefa e alta motivação contribuem para uma total absorção no trabalho

e uma intensa concentração. A “experiência de fluxo”, refere-se à tarefa que, por ser tão

gratificante, por si só favorece ao processo criativo (CSIKZENTMIHALVI apud DUBRIN,

2003).

Segundo Dubrin (2003), além das condições pessoais desejáveis aos administradores

criativos, fatores externos à pessoa também são importantes de serem analisadas nos

processos criativos, portanto, para estes administradores as necessidades, conflitos e

encorajamento são fatores fundamentais:

- Necessidade: é a condição que quando percebida, obriga ao administrador tomar

providência para sua supressão;

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- Conflitos: quando ocorrem de modo adequado promovem/favorecem, por meio

de pensamentos diferentes e opiniões contrárias, o processo criativo; e

- Encorajamento: advindo do clima organizacional pode ser encontrado nas

atitudes do gerente ou do grupo que aceita e encoraja o processo de inovação, não

punindo ou desmotivando as pessoas, quando esses processos se mostram

ineficientes.

2.4.4 Aumento e Melhoria da Criatividade

Segundo Rowe e Boulgarides apud Dubrin (2003), vários métodos e técnicas têm-se

criados para aumentar ou melhorar a criatividade. Os pensamentos rígidos, convencionais e

tradicionais são bloqueios às novas idéias e ao processo criativo, por isso podem/ devem ser

reavaliados. Cinco técnicas para se aumentar à criatividade são relevantes de serem citadas:

- Brainstorming: (tempestade de idéias), é um método em que se tenta extrair de

uma pessoa ou grupo de pessoas por meio de insigths (percepção de algo)

espontâneos e aleatórios, idéias ou soluções criativas para determinado problema.

O método quando em grupo deverá ocorrer de forma organizada e que permita

oportunidades iguais aos participantes;

- Cotas de idéias: é uma técnica que solicita às pessoas que apresentem idéias ou

soluções a respeito de determinado assunto. As idéias deverão ser abrangentes por

isso, devem ser solicitadas a todos da empresa desde a direção até os níveis de

execução;

- Grupos heterogêneos: a diversidade dos grupos, quando não causadora de

conflitos demasiados, pode beneficiar o processo criativo, uma vez que permite a

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exposição de vários pontos de vista. Esta diversidade advém das muitas origens:

disciplina profissional, experiências no cargo, fatores demográficos, entre outros;

- Incentivos financeiros: dependendo do modo como é enfocada poderá aumentar a

criatividade. Trabalhar focando apenas a recompensa financeira poderá até mesmo

diminuir a criatividade. O foco deverá estar sempre no desafio da melhor solução e

não apenas no benefício financeiro; e

- Arranjo físico: ou layout (organização física da empresa) refere-se ao modo como

as empresas deverão arrumar seus ambientes internos: escritórios, instalações,

temperatura, iluminação, entre outros, para que haja sempre estímulos ao

pensamento criativo.

2.5 Liderança

A liderança segundo Dubrin (2003) pode ser conceituada como “a capacidade que

certos administradores possuem em conseguirem influenciar outras pessoas em alcançar seus

próprios objetivos ou os da empresa”.

2.5.1 A Natureza da Liderança

Pode ser descrita como a habilidade de inspirar confiança e apoio entre as pessoas das

quais depende o desempenho. Embora seja uma função principal do gerenciamento, não é a

mesma coisa, pois enquanto gerenciamento lida com a complexidade que requer preservação

da ordem e do constante, a liderança lida com mudanças num mundo competitivo e mutante,

exigindo um novo conceito de liderança a ser estabelecido, ou seja: liderança eficaz =

atributos mais resultados (DUBRIN, 2003).

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2.5.2 Traços e Características da Liderança

Pesquisas confirmam que líderes eficazes são pessoas diferentes das outras, possuem

traços e características diferentes. Essas características se agrupam em: habilidades cognitivas

(habilidade mental, conhecimento técnico) e, traços ou padrões de personalidade (entusiasmo,

confiança, entre outros).

Segundo estudos feitos por Ibrahim e Goodwin apud Longenecker, Moore e Petty

(1999), foram identificados três fatores como responsáveis para o sucesso dos pequenos

negócios:

- Valores associados à carreira de empreendedor: inclui-se a intuição, a

disposição de assumir riscos, criatividade, noção de independência e alta

valorização do tempo;

- Habilidades gerencias: gerenciamento de estratégia de negócios; fluxo de caixa;

experiência no ramo de negócio antes de se tornar dono; educação e uma estrutura

organizacional simples; e

- Habilidades interpessoais: boas relações com funcionários, bom relacionamento

comercial.

2.5.3 Liderança Comportamental

Dubrin (2003) define que a abordagem comportamental de liderança supõe que os

lideres são relativamente consistentes no modo como tentam influenciar seus subordinados

em situações diferentes. O líder tenderá sempre a manter um padrão relativamente consistente

de liderança e, esse estilo estará sempre apoiado na sua personalidade.

Ainda em relação à consistência alguns líderes poderão apresentar estilos diferentes de

liderança se a situação o exigir.

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2.5.4 Estudos Pioneiros das Dimensões da Liderança

Pesquisas importantes sobre a teoria dos estilos de liderança têm origem nos estudos

realizados pela “Ohio State University e pela University of Michigan” no final dos anos 40

(Dubrin, 2003). Estes estudos apontaram dois tipos de estilos que receberam destaques:

- Estrutura da iniciação: descreve o grau para o qual o líder estabelece a

estrutura/atividade para os membros do grupo. Com foco na produção, ela está

baseada na designação de tarefas específicas, procedimentos a serem seguidos,

entre outros; e

- Consideração: descreve o grau em que o líder cria um ambiente de apoio

emocional, conforto, amizade e confiança entre os membros do grupo. Este estilo

detém foco nos funcionários, em que o líder sempre busca o bem-estar dos

membros do grupo.

As pesquisas desenvolvidas sobre líderes focados na produção em comparação com

líderes focados em funcionários mostraram que maiores índices de produtividade foram

verificadas junto a lideranças focadas nos funcionários.

2.5.5 O Modelo de Troca Líder Membro

Este modelo reconhece que os líderes desenvolvem um relacionamento

individualizado de relacionamento para cada funcionário, mesmo que este líder detenha

determinado padrão de liderança, Graen apud Dubrin (2003). Desta forma, este líder poderá

ser compreensivo e tolerante com um membro ou grupo, ao mesmo tempo em que demonstra

ausência dos mesmos sentimentos em relação a outro membro ou grupo.

As observações levaram à percepção de que esta relação entre líder e grupo, era

determinada pelo grau de semelhança entre eles, isto é, com referência às suas atitudes e

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valores pessoais. Esse grupo foi chamado grupo de dentro, enquanto que o grupo com menos

pontos comuns com o líder foi chamado grupo de fora.

2.5.6 Teoria da Contingência da Liderança

Segundo a teoria da contingência da liderança descrita por Dubrin (2003), o melhor

estilo de liderança depende de fatores contingenciados, relacionados aos membros do grupo e

ambiente de trabalho. Esta teoria se subdivide em quatro modelos:

- O modelo caminho-meta de liderança: especifica o que o líder deve fazer para

conseguir alto moral e produtividade do grupo em determinada situação. Refere-se

à ênfase em ajudar os empregados a encontrar o caminho correto para atingir um

objetivo.

Esta teoria permite ao líder escolher um estilo de liderança mais adequado ao grupo,

isto é, sugere que o estilo a ser adotado poderá ter predominâncias como: diretiva (focado no

trabalho), de apoio (focado no bem-estar do grupo), participativa (envolve a interação do

grupo nas decisões) e orientada pela realização (orientado por metas). O Quadro 4 relaciona

de forma resumida as situações de trabalho em que melhor se aplica o modelo de liderança

caminho meta.

Quadro 4 – Relacionamentos contingências na liderança caminho-meta Fonte: Dubrin (2003)

Estilo de Liderança Situação em que é apropriado

Diretiva

Afeta positivamente a satisfação e as expectativas dos subordinados que trabalham em tarefas ambíguas; Afeta negativamente a satisfação e as expectativas dos subordinados que trabalham em tarefas claramente definidas

De apoio Afeta positivamente a satisfação de subordinados que trabalham em tarefas insatisfatórias, estressantes ou frustrantes

Participativa Afeta positivamente a satisfação dos subordinados que estão envolvidos pelo ego em tarefas não repetitivas

Orientada pela realização Afeta positivamente a confiança de que o esforço levará ao desempenho eficaz dos subordinados que trabalham em tarefas ambíguas e não repetitivas

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- O modelo da contingência de Fielder: afirma que o melhor estilo de liderança é

determinado pela situação na qual o líder está trabalhando. Essa teoria tenta

orientar sobre qual estilo de liderança (foco no trabalho ou relações pessoais) a ser

utilizado poderia ser o mais adequado;

- O modelo de liderança situacional: a liderança no modelo situacional é

classificada de acordo com a intensidade relativa do comportamento voltado para a

tarefa ou para o relacionamento em que o líder se envolve. Este modelo não define

um único meio como o melhor. A eficácia vai depender do nível de prontidão do

grupo, balizando o líder sobre qual a melhor postura de liderança. Prontidão, neste

sentido, refere-se à competência do grupo ou membro em realizar tarefas

específicas; e

- O modelo de decisão normativa: este modelo vê a liderança como um processo

de tomada de decisões no qual o líder examina certos fatores dentro de uma

situação para determinar qual estilo de liderança será mais ajustado. Considerando-

se sempre a participação do grupo no processo, pode-se identificar cinco modos

para adoção do estilo de liderança:

- Decidir: o líder tomará decisões sozinho sem consultar, ou usar, do

conhecimento do grupo;

- Consultar individualmente: o líder consultará individualmente os membros

do grupo para decidir;

- Consultar grupo: o líder apresentará o problema ao grupo, coleta

informações e então decide;

- Facilitar: o líder agindo como facilitador apresentará o problema esperando

colaboração evitando que sua opinião tenha mais importância que a dos outros

membros do grupo; e

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- Delegar: o líder agindo como supridor de recursos e condições para

realizações de tarefas permitirá ao grupo a tomada de decisões.

2.5.7 Liderança Transformacional

O líder transformacional exerce uma influência maior do que um líder transacional

(rotineiro), portanto motivando as pessoas a fazerem mais do que o esperado. É vista como

uma ferramenta para transformar e revitalizar organizações (DUBRIN, 2003).

2.5.8 Liderança Carismática

Uma característica chave dos líderes carismáticos é a visão. Essa visão pode ser

multifacetada indo além das metas da organização. Envolve também um meio de se

identificar com a empresa, criando uma identidade coletiva da organização.

Os carismáticos são mestres da comunicação, usam metáforas para inspirar pessoas.

Estes líderes inspiram confiança, são ativos e pró-ativos, exalam energia. São habilidosos em

administrar suas impressões pessoais (aparência, inteligência, entre outros), o que os ajuda a

serem percebidos como carismáticos. O carisma é uma habilidade que pode ser desenvolvida

se treinada (DUBRIN, 2003).

2.5.9 Feedback de 360 graus

É um método muito eficaz para se medir a eficiência da liderança. O feedback de 360

graus é uma pesquisa/avaliação formal em que os administradores se submetem a opiniões de

vários stakholders (grupos de interesse) como: subordinados, superiores, pares da mesma

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linha hierárquica e até, clientes e fornecedores. Os 360 graus referem-se às avaliações feitas

por pessoas que estão à volta do avaliado (DUBRIN, 2003).

2.6 Gestão Contábil

O conhecimento da contabilidade e sua utilização como ferramenta de gestão

empresarial tornará o administrador mais habilitado nas atividades de planejamento,

organização e controle. Tanto em seus relacionamentos internos quanto nos externos a

administração poderá ser prejudicada se as informações contábeis não forem precisas e

esclarecedoras, definem Salazar e Benedicto (2004):

A contabilidade é regida por um conjunto de leis e normas que disciplinam a medição do lucro e que devem ser aplicadas por todas as empresas para que os tomadores de decisão, tais como administradores e investidores, tenham condições de facilmente visualizar o desempenho de uma empresa ao longo do tempo, bem como a comparação desse desempenho com o de outras empresas (SALAZAR e BENEDICTO, 2004, p. 41).

Segundo Neves e Viceconti (2000) a Contabilidade é uma ciência que, por meio de

uma metodologia própria, tem a seguinte finalidade:

- Controlar o patrimônio das entidades;

- Apurar o resultado das atividades das entidades; e

- Prestar informações e demonstrar a situação patrimonial e desempenho dessas

entidades a seus interessados internos e externos.

A Contabilidade é essencial na tomada de decisões porque identifica, quantifica data,

situa e demonstra o fluxo financeiro da empresa. Com esse conhecimento é possível uma

avaliação mais adequada do desempenho da empresa, de suas implicações administrativas e

financeiras, bem como, a escolha do melhor plano de ação (SALAZAR e BENEDICTO,

2004).

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A contabilidade tem no patrimônio das entidades e suas variações seu principal campo

de aplicação e objeto de estudo.

A Figura 2 demonstra o organograma da ciência contábil e seus objetivos.

Figura 2 - Diagrama do processo contábil Fonte: Neves e Viceconti (2001)

Conforme o artigo 3º da Resolução CFC nº 750/93 que legisla sobre os princípios e

convenções contábeis, os princípios fundamentais da contabilidade são:

- Entidade: reconhece o patrimônio como objeto da contabilidade;

- Continuidade: relaciona-se com a vida definida ou provável da entidade;

- Oportunidade: refere-se a tempestividade e à integridade do registro do

patrimônio e suas mutações;

CONTABILIDADE (Ciência)

Metodologia (Sistema Contábil)

Função Administrativa (Contabilidade Gerencial)

Função Econômica (Contabilidade Financeira)

Controlar o Patrimônio

Apurar o Resultado

Prestar Informações

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- Registro pelo valor original: afirma que os componentes do patrimônio devem

ser registrados pelos valores originais das transações, expressos em valor de moeda

corrente no País;

- Atualização monetária: admite um ajustamento da expressão formal dos valores

dos componentes patrimoniais;

- Competência: estabelece que receitas e despesas devem ser incluídas na apuração

do resultado do período em que ocorrem, independentemente de recebimento ou

pagamento; e

- Prudência: determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e

do maior para os do Passivo, sempre que se apresentam alternativas igualmente

válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio

líquido.

2.6.1 Contabilidade como Ferramenta de Gestão

Rosa e Olinquevitch (2005), descrevem que a contabilidade não deve se restringir

somente às atividades obrigatórias como as fiscais e trabalhistas. Muitos fatores concorrem

para a importância da contabilidade adotada nos processos gerenciais e decisórios:

- Competitividade: devida à acirrada competitividade entre as empresas, a busca da

eficiência se torna uma prioridade. Informações esclarecedoras sobre o patrimônio

e seu desempenho tornam-se imprescindíveis;

- Complexidade: as necessidades comerciais, financeiras, fiscais, trabalhistas, entre

outras tornaram as empresas em organizações muito complexas. Muitos

documentos e processos são requeridos diariamente, mesmo pelas empresas de

pequeno porte;

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- Riscos: o perfil dinâmico e instável dos mercados, hoje internacionalizados, expõe

as empresas a riscos muitos maiores e numerosos; e

- Transparência: a necessidade da prestação de contas obriga os administradores a

se amparar em bases sólidas de conhecimentos.

2.6.2 Administrando com Contabilidade

Os pequenos empresários tendem a imaginar que não necessitam de informações

contábeis e/ou financeiras. Talvez devido a seu demasiado envolvimento nos processos

operacionais da pequena empresa, em todas ou, quase todas as suas fases de produção. Não

raro observa-se que a falta de aptidão para interagir com os sistemas contábeis é um fator

básico de insucesso nas pequenas empresas (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997).

A contabilidade proporciona ao administrador e seus grupos de interesse

(proprietários, investidores, clientes, entre outros) informações vitais que os ajudarão a

visualizarem o modo como a empresa está sendo administrada, e que caminhos deverá ou

poderá seguir, como demonstrado no Quadro 5 (SALAZAR e BENEDICTO, 2004).

Quadro 5 – Interesses dos tomadores de decisão Fonte: Salazar e Benedicto (2004)

Tomadores de Decisão Decisões

Proprietários da empresa Aumentar ou reduzir investimentos;

Administradores Expansão ou redução de operações; Comprar a vista ou a prazo

Instituições financeiras Conceder ou não empréstimos

Fornecedores Conceder prazos, em que valor

Investidores Comprar ou não a empresa

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) As demonstrações contábeis respondem aos requerimentos legais?

Juízes de Direito Solicitação e apreciação de peritagens

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Os dados contábeis proporcionam condições de análises que servirão como

informações/meios para serem utilizadas, principalmente, nos processos de tomada de

decisões empresariais (PADOVESE e BENEDICTO, 2004).

Conforme demonstrado na Figura 3, pode-se ver uma estreita relação entre

administração e contabilidade, uma simbiose que quando equilibrada e voltada para os fins

(resultados) se tornará um poderoso instrumento de gestão (HORNGREN, 2000).

Administração Contabilidade

Figura 3 - Fluxo de relacionamento entre Administração e Contabilidade Fonte: Horngren (2000)

2.6.3 Contabilidade Financeira

A Contabilidade Financeira ou Geral segundo Martins (1987), cuja origem data de

registros da Era Mercantilista (século XVIII), voltava-se basicamente para as empresas

comerciais. Naquela época os bens eram produzidos em sua maioria por pessoas ou grupos de

pessoas sem personalidade jurídica.

Orçamentos

Registros Contábeis

Avaliação

Execução

Decisão

Relatórios Contábeis

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O comércio era explorado em sua grande maioria por empresas (pessoas jurídicas).

Data daquela época a o surgimento da clássica disposição contábil: Custo de Mercadorias

Vendidas (CMV) Martins (1987).

Conforme demonstrado de modo simplificado no Quadro 6, pode-se por meio do

conhecimento de valor do estoque inicial, que somado às compras e subtraído do valor dos

estoques finais, chegar ao CMV.

(=) Estoques Iniciais

(+) Compras

(-) Estoques Finais

(=) Custo de Mercadorias Vendidas

Quadro 6 - Custo de Mercadorias Vendidas Fonte: Martins (1987).

A lei nº 6.404/76 determina, conforme demonstrado na Figura 4, a elaboração e

publicação dos seguintes demonstrativos, para as sociedades anônimas: Balanço Patrimonial,

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Lucros ou Prejuízos

Acumulados (DLPA), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e a

Demonstração de Origem e Aplicações de Recursos (DOAR).

Figura 4– Demonstrações Contábeis para análise Fonte: Salazar e Benedicto (2004)

Demonstrações Básicas

Outras Demonstrações

Demonstração de Resultado do Exercício

Inventários Demonstrações Lucros Prejuízos Acumulados (DLPA) Demonstrações Origens, Aplicação de Recursos (DOAR) Demonstração Mutações do Patrimônio Liquido Demonstração do Fluxo de Caixa Relatório da Administração Notas Explicativas

Balanço Patrimonial

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Com a evolução dos processos e metodologia contábil, assim como a dos negócios, a

contabilidade vale-se de relatórios contábeis, denominados, muitas vezes como

demonstrativos financeiros, para uma melhor exposição de suas informações e registros.

As sociedades comerciais limitadas, principalmente, são obrigadas a elaborar apenas o

Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício, conforme Código

Comercial, artigo 10 (BANCO DO BRASIL, 2002).

2.6.3.1 O Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial, demonstrado no Quadro 7, representa a exposição dos

elementos financeiros e patrimoniais de entidade, por meio da apresentação ordenada de suas

aplicações/recursos (Ativo) e das origens/fontes desses recursos (Passivo). A ordem dos

elementos demonstrados no Balanço Patrimonial é feita de modo a facilitar o conhecimento e

a análise da situação financeira da entidade (NEVES e VICECONTI, 2000).

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Caixa / Bancos Fornecedores

Aplicações Financeiras Salários a Pagar

Contas a Receber Empréstimos

Estoques Impostos a Recolher

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXÍGIVEL A LONGO PRAZO

Clientes/Devedores Longo Prazo Financiamentos

PERMANENTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Investimentos Capital Social

Imobilizado Reservas

Diferido Lucros

ATIVO TOTAL PASSIVO TOTAL Quadro 7 – Balanço Patrimonial (formato oficial) Fonte: Padoveze e Benedicto (2004)

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A exposição e classificação do Balanço Patrimonial, segundo Padoveze e Benedicto

(2004), seguem os seguintes critérios:

- Curto prazo: classificam-se no curto prazo os bens, direitos e obrigações, com

prazo de vencimento ou realização de um ano;

- Longo prazo: classificam-se no longo prazo os bens, direitos e obrigações com

prazo de vencimento ou realização superior a um ano, ou seja, após o término do

exercício social seguinte; e

- Liquidez: refere-se ao ativo e representa a capacidade do mesmo em se

transformar em bens numerários. Quanto mais próximo este bem ou direito estiver

de se transformar em dinheiro, maior liquidez possuirá. As contas do ativo estão

dispostas em ordem decrescente do grau de liquidez, em três grupos:

- Ativo Circulante (AC): representa os valores de bens e direitos a serem

realizáveis no curto prazo como: caixa, bancos e aplicações financeiras entre

outros;

- Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP): representa os valores de bens e direitos

a serem realizados no longo prazo como: duplicatas a receber, adiantamento a

fornecedores e empréstimos a receber entre outros; e

- Ativo Permanente (AP): representa a aplicação permanente ou fixa de recursos.

O ativo Permanente se subdivide em: Investimento, Imobilizado e Diferido.

- Investimento: compreende as participações permanentes em outras sociedades e

os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante ou ativo

realizável a longo prazo, que não constituam negócios usuais na exploração do

objeto da empresa, tais como: ações ou títulos de participação societária de caráter

permanente em outra empresa e/ou participação em sociedades por cota de

responsabilidade limitada, aplicações de recursos em sociedades coligadas e/ou

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controladas, aplicações em imóveis não necessários à manutenção da atividade

explorada e não destinados à venda, entre outros;

- Imobilizado: compreende os bens e direitos que tenham por objetivo a

manutenção das atividades da empresa, tais como: edifícios, construções,

máquinas, móveis e utensílios, marcas e patentes, entre outros; e

- Diferido: compreende as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para

a formação de resultado em mais de um exercício social, como: despesas pré-

operacionais, despesas com pesquisas e desenvolvimentos, despesas com

reestruturação e/ou modernização de empresas, entre outros.

Partindo para a exposição do passivo temos os seguintes critérios:

- Exigibilidade: este termo refere-se às contas do passivo e representa as dívidas,

deveres e obrigações da empresa. No passivo as contas estão dispostas em ordem

decrescente de grau de exigibilidade em quatro grupos:

- Passivo Circulante (PC): compreende as obrigações e/ou dívidas de curto prazo;

- Passivo Exigível a Longo Prazo (PELP): compreende as obrigações de longo

prazo;

- Resultado de Exercícios Futuros (REF): representa uma apuração antecipada de

receitas ou resultados que deverão ocorrer futuramente, tais como aluguéis

recebidos antecipadamente, recebimento de comissões antecipadas, entre outros,

cuja devolução ou cancelamento, em hipótese alguma possa ocorrer; e

- Patrimônio Líquido (PL): Corresponde à diferença entre os valores que compõe

o Ativo e o Passivo Circulante, Passivo Exigível e o Resultado de Exercícios

Futuros [PL = Ativo Total – (PC + PELP + REF)]. O Patrimônio Liquido se divide

em: Capital Social, Reservas, Lucros ou Prejuízos Acumulados e Contas

Retificadoras, os quais também podem se subdividir em:

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- Capital Social: que subdivide-se em:

- Capital Subscrito : compromisso assumido e ainda não efetivado pelos

sócios;

- Capital Realizado: pagamento efetivo do compromisso pelos sócios; e

- Capital a Realizar: parcela do compromisso assumido pelos sócios, ainda

não quitada.

- Reservas: são parcelas do patrimônio líquido que excedem o valor do capital

social integralizado e é subdividido em:

- Reservas de Capital: São contribuições recebidas dos proprietários e/ou de

terceiros que não representam receitas ou ganhos da empresa. Ex. doações,

incentivos fiscais, entre outros;

- Reservas de Reavaliação: são classificadas as contrapartidas de valores

atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base

em laudo aprovado por assembléia geral. Ex. máquinas e equipamentos; e

- Reservas de Lucro: formadas pela retenção de lucros da companhia,

constituem também, garantia e segurança adicional para a saúde financeira

da companhia, enquanto ainda não distribuídos aos sócios.

- Lucros ou Prejuízos Acumulados: ficam contabilizados separadamente enquanto

não distribuídos ou capitalizados, porém, podem ser tecnicamente considerados

como reservas de lucros; e

- Contas Retificadoras: são contas retificadoras do patrimônio líquido. Exemplo:

Capital Social a Realizar; Ações em Tesouraria entre outras.

Resumem Longenecker, Moore e Petty (1997):

Poucos administradores de empresas pequenas podem esperar tornar-se peritos em contabilidade. Entretanto, todo empresário deve ter conhecimentos suficientes sobre o processo contábil, inclusive demonstrativos financeiros, para poder reconhecer quais métodos contábeis poderão funcionar de forma mais vantajosa em suas empresas (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997, p. 516) .

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2.6.3.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

Conforme exposto no Quadro 8, o principal objetivo da DRE é demonstrar o resultado

líquido do exercício e os elementos que o compõem (PADOVESE e BENEDICTO, 2004).

(=) Vendas

(-) Custo de Mercadorias Vendidas

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas: (Comerciais + Operacionais + Administrativas)

(=) Resultado Líquido (lucro ou prejuízo)

Quadro 8 - Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Fonte: Viceconti e Neves (2000).

A DRE inicia-se a partir do conhecimento da receita bruta (vendas totais), de um

período, da qual, deduzem-se os custos correspondentes (custo de produtos vendidos,

devoluções, descontos concedidos, entre outros), originando o resultado bruto, que deduzido

das despesas operacionais (despesas com vendas, administrativas, entre outras) permitem a

apuração do resultado líquido do exercício.

2.6.4 Contabilidade Gerencial

Como definido por Horngren (2000):

a contabilidade administrativa (gerencial) pode ser entendida melhor como um tema de custo-benefício associado a uma consciência da importância dos efeitos comportamentais. Mais ainda do que a contabilidade financeira, a contabilidade administrativa tem algo em comum com disciplinas relacionadas como a economia, as ciências da decisão e as ciências do comportamento (HORNGREN, 2000, p. 13).

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Na contabilidade gerencial, assim como na contabilidade financeira, os processos de

análise econômico-financeira iniciam-se pela seleção de dados e informações extraídos dos

registros da mesma escrituração contábil.

Enquanto a contabilidade financeira visa atender principalmente a seus públicos

externos (bancos e investidores, entre outros) com as demonstrações financeiras/ contábeis,

expondo em números a situação patrimonial da empresa em determinado momento, a

contabilidade gerencial (administrativa) enfatiza o atendimento a seus públicos internos

(administradores, gerentes supervisores, entre outros) como demonstrado no Quadro 9,

Horngren (2000).

CONTABILIDADE ADMINISTRATIVA

CONTABILIDADE FINANCEIRA

Principais usuários Administradores de vários níveis da organização

Administradores da Organização e partes externas

Liberdade de escolha

Nenhuma restrição; a escolha baseia-se na escolha da melhor relação do custo/benefício nas decisões administrativas

Limitada aos princípios contábeis de aceitação geral

Implicações comportamentais

Preocupação com a forma pela qual as informações influenciaram o comportamento diário dos administradores

Preocupação com a forma pela qual se devem medir e comunicar fenômenos econômicos. A preocupação comportamental é secundária

Enfoque do tempo Orientação para o futuro; uso formal de orçamentos e registros históricos

Orientação para o passado; avaliação histórica

Prazo Flexível, variando de uma hora para dez ou quinze anos

Menos flexível. Geralmente variando em períodos anuais

Relatórios Relatórios detalhados; preocupação com detalhes, partes, produtos, departamentos, territórios

Relatórios resumidos; preocupação da entidade como um todo

Delineamento de Atividades

O Campo de atividades é menos preciso; maior uso de economia, ciências da decisão e comportamento

O campo é mais definido; menor uso de disciplinas afins

Quadro 9 – Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira Fonte: Horngren (2000)

Conforme demonstrado na Figura 5, os principais interessados nas análises financeiras

são seus acionistas, gestores e credores. Porém, enquanto os investidores (acionistas) e

credores estão basicamente interessados em informações que possam revelar possibilidades de

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geração de lucros e capacidade de pagamento (solvência/liquidez), é no escopo da

administração contábil e da gestão interna que residem um número impar de possibilidades

para utilização da análise econômico-financeira (PADOVESE e BENEDICTO, 2004).

Figura 5– Partes interessadas na análise econômico-financeira Fonte: Padoveze e Benedicto (2004)

Nesse processo de análises para fins internos podem-se extrair da contabilidade

gerencial inúmeras informações e sugestões para tomadas de decisão, as quais, tornam-se num

instrumental de singular valor para seus gestores, pois ao proprietário da empresa a

importância das informações contábeis, reside no conhecimento da evolução e variações do

patrimônio.

Já para o usuário externo, o maior interesse está no conhecimento da viabilidade ou

não, da aplicação de seus recursos na empresa. A ótica do usuário é que determinará os

caminhos a serem trilhados (BANCO DO BRASIL, 2002).

Usuários Interessados na Análise

Principais interessados

Outros Interessados

Gestores

Investidores

Credores

. Governo

. Bolsa de Valores

. Empregados

. Fornecedores

. Outras Entidades

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Longenecker Moore e Petty (1997) orientam que os controles internos, apesar de

indispensáveis, não devam ser excessivamente enfatizados na pequena empresa. Dificuldades

como a informalidade do processo operacional e número limitado de funcionários, devem ser

prudentemente e com bom senso, superado, seja com esforços do próprio empresário ou com

a ajuda de um contador habilitado.

2.6.5 Demonstrações Contábeis para Análise Econômico-Financeira

Para Salazar e Benedicto (2004), as demonstrações contábeis cumprem com a

satisfação de necessidades de vários interessados na organização. Aos gestores, ela

possibilitará o melhoramento do desempenho operacional; aos credores, a avaliação da

probabilidade de recebimentos de seus recursos emprestados; e aos acionistas, a projeção de

lucros, dividendos e preços de ações no mercado.

As análises econômico-financeiras feitas internamente, de forma periódica, segundo

Padoveze e Benedicto (2004), permitem:

- Avaliação da empresa quanto a seu passado e forma de evolução;

- Verificação das estruturas de ativo e passivo e se estão em conformidade com o

esperado;

- Verificar se as estruturas de custos e despesas estão acompanhando as previsões;

- Verificar se a rentabilidade está de acordo com o esperado;

- Verificação da representação patrimonial nos demonstrativos contábeis, decorrente

das diretrizes e decisões tomadas;

- Confrontação dos dados: padrão, esperado e orçados;

- Verificação da coerência entre a geração de lucro esperada em relação à geração de

caixa;

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- Antecipação de elementos (valores/recursos) para necessidades futuras de caixa;

- Antecipar as possibilidades de destinação e distribuição de lucros;

- Acompanhar a criação de valor empresarial; e

- Confrontar o valor contábil da empresa com seu valor de mercado.

Apesar de ser comum a análise de balanço em períodos trimestrais (para as sociedades

anônimas) e anuais (para as demais tipos de sociedades), conforme os aspectos legais, para a

contabilidade gerencial, a análise de balanço e as demais análises econômicas e financeiras

deverão ser executadas mensalmente (PADOVEZE e BENEDICTO, 2004).

Segundo Padovesse e Benedicto (2004) essas análises poderão relatar os seguintes

pontos:

- Avaliação geral do mês e do acumulado até o mês;

- Verificação das variações dos dados reais em relação aos dados projetados ou

orçados;

- Alerta sobre eventuais pontos negativos detectados e sugestões de correção ou

melhoria; e

- Identificação de pontos para planejamentos econômico-financeiros futuros.

Para as análises contábeis atenderem a um satisfatório grau de transparência e

abrangência necessitam da completa observação dos princípios contábeis na estruturação de

suas demonstrações (PADOVEZE e BENEDICTO, 2004).

Em situações que os princípios contábeis não são corretamente observados, o gestor

ou analista necessitará de informações adicionais para estruturar as demonstrações contábeis.

Nessa pesquisa de dados, o gestor coletará informações mínimas para estruturar os ativos

(principalmente de giro)1 e os passivos exigíveis para formar juízos de liquidez; e dados de

vendas e custos para formar juízos de lucratividade e capacidade de geração de lucros futuros.

1 Giro – Produtividade do investimento; período/ciclo de operacionalização dos ativos .

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Resumem Padoveze e Benedicto (2004):

Em nosso país, principalmente as pequenas empresas, pelo fato da legislação tributária não exigir em algumas situações, as demonstrações contábeis, tornam maior a dificuldade de obtenção de dados adequados para a análise. Essas dificuldades vão desde a inexistência dos dados no formato contábil até demonstrações que não incorporam as melhores técnicas e recomendações contábeis (PADOVEZE e BENEDICTO, 2004, p. 85).

A extensão das análises contábeis poderá ser variada. Sua abrangência está ligada aos

objetivos dos gestores ou outros usuários interessados. Ela poderá se deter em apurações

simples como questões de liquidez, estrutura patrimonial e rentabilidade, como também

atender a avaliações mais complexas como fundamentar a decisão de compra ou venda de

uma empresa.

Porém, a simples apresentação de números ou indicadores obtidos não resumem a

finalidade das análises contábeis. Seu objetivo final será, sempre, embasar tecnicamente as

opiniões e julgamentos por meio de um entendimento conclusivo de sua análise (PADOVEZE

e BENEDICTO, 2004).

É necessário identificar as causas dos resultados obtidos, visto que eles são

conseqüências de fatos gerados por pessoas e sistemas que produzem bens e serviços que

interagem com ambientes internos e externos. Nesse particular é importante o bom senso, a

argúcia e a sensibilidade do analista.

A conclusão da análise contábil deverá fundamentar a avaliação e julgamento, por seu

usuário, dos seguintes questionamentos (BANCO DO BRASIL, 2002):

- Qual a situação econômica da empresa?

- Qual é a situação financeira da empresa?

- Quais os pontos fortes e fracos (econômico-financeiros) da empresa?

- Existe risco ou possibilidade de insolvência da empresa?

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Padoveze e Benedicto (2004), recomendam, para demonstração das análises

econômico-financeiras, alguns ajustes na exposição de elementos patrimoniais bem como do

balanço patrimonial.

Os principais ajustes nos balanço para demonstração das análises são demonstradas no

Quadro 10, são eles:

Duplicatas descontadas Devem ser reclassificadas para o passivo circulante

Despesas de Exercícios Futuros Reduzir do patrimônio líquido o valor das despesas antecipadas

Ativo Diferido Reduzir o patrimônio líquido o valor do ativo diferido, caso se considere que houve apenas o postergamento da contabilização dessas despesas

Resultado de Exercícios Futuros

Quando são recursos próprios da empresa, devem ser incorporados no PL. Se forem passivos exigíveis, manter no passivo

Ações de Tesouraria Se aplicação financeira classificá-la no ativo. Caso ocorra dubialidade considerá-la como conta dedutível do PL

Participações de Empregados ou Diretores

Tem características de despesas operacionais, recomenda-se classificá-las como despesas com pessoal

Quadro 10 – Principais ajustes para demonstração das análises financeiras Fonte: Padoveze e Benedicto (2004)

Para os usuários internos, tanto o Balanço quanto a DRE deverão conter um maior

detalhamento das contas e elementos patrimoniais, permitindo um maior acompanhamento

das áreas operacionais e não operacionais da empresa.

Para realização das análises contábeis são necessários os seguintes itens: balanço

patrimonial; DRE; informações complementares, montantes de compras de determinado

período e, se exigidos a DOAR, DMPL e as notas explicativas.

Os demonstrativos financeiros devem conter a assinatura do contador e do responsável

pela empresa para autenticidade de sua validade.

Além dos ajustes das contas do Ativo e Passivo Circulante, estes são reclassificados

segundo o Banco do Brasil (2002) em dois grupos: Financeiro e Cíclico. Desta forma o

balanço reclassificado, Quadro 11, se compõe da seguinte forma (BANCO DO BRASIL,

2002):

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Quadro 11 – Reclassificação do Balanço Patrimonial Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Ativo Circulante Financeiro: representam disponibilidades financeiras como

dinheiro e aplicações financeiras, entre outros;

- Ativo Circulante Cíclico: representa contas que estão relacionadas com as

atividades operacionais da empresa (compras, transformações e vendas). Ex:

clientes, duplicatas a receber, estoques, entre outros;

- Passivo Circulante Financeiro: representa as contas de dívidas financeiras de

curto prazo, que não fazem parte das atividades diárias/operacionais da empresa

(normalmente estão sujeitas a cobrança de juros). Ex: empréstimos bancários,

duplicatas descontadas, impostos, entre outros; e

- Passivo Circulante Cíclico: compreende as contas que identificam os

financiadores normais da atividade operacional da empresa, constituindo as fontes

espontâneas de recursos (fornecedores e salários entre outros).

Segundo Banco do Brasil (2002), o Quadro 12, resume as principais

legendas/nomenclaturas utilizadas na reclassificação do balanço patrimonial segundo o Banco

do Brasil (2002):

BALANÇO TRADICIONAL

PC

AC

PELP

ARLP

REF

AP

PL

BALANÇO RECLASSIFICADO

ACF Caixa

Bancos

PCF

Empréstimos Bancários

ACC Estoques Clientes

Adiantamentos

PCC

Fornecedores Salários a Pagar

Impostos

PELP ARLP

REF

AP

PL

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BALANCO TRADICIONAL BALANÇO RECLASSIFICADO

AC Ativo Circulante ACF Ativo Circulante Financeiro

ARLP Ativo Realizável a Longo Prazo ACC Ativo Circulante Cíclico

AP Ativo Permanente ARLP Ativo Realizável a Longo Prazo

PC Passivo Circulante PCF Passivo Circulante Financeiro

PELP Passivo Exigível a Longo Prazo PCC Passivo Circulante Cíclico

REF Resultado de Exercícios Futuros REF Resultado de Exercícios Futuros

PL Patrimônio Líquido PL Patrimônio Líquido

Quadro 12 – Legendas do Balanço Patrimonial Fonte: Banco do Brasil (2002)

2.6.6 Análise Econômico-Financeira

A análise e avaliação de uma empresa em termos de sua capacidade de segurança,

liquidez e rentabilidade, deverá valer-se dos demonstrativos financeiros de pelo menos três

exercícios sucessivos, para deles extrair os diversos indicadores com informações desejadas

(BANCO DO BRASIL, 2002).

Segundo Padoveze e Benedicto (2004), pode-se criar quantos indicadores forem

desejados, porém o excesso de indicadores pode prejudicar a análise.

Segundo Padovese e Benedicto (2004), cada analista pode ter procedimentos próprios

para análise, os quais deverão ser respeitados. Os procedimentos para uma análise econômico-

financeira podem ser reunidos dentro da seguinte ordem/lógica, transformando-se numa

metodologia de análise (Figura 6).

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Figura 6 – Metodologia de análise econômico-financeira Fonte: Padoveze e Benedicto (2004)

. Conhecimento da empresa/mercado de atuação

. Característica do setor de atividade Empresa e/ou

Mercado

Relatórios Financeiros

Ajuste das Informações

Análise de Rentabilidade e Lucratividade

Análise de

Liquidez

Análises de Endividamento e

Estrutura

Análise das Atividades Operacionais

Análise Horizontal

Análise Vertical

. Demonstrações contábeis

. Procedimentos contábeis padronizados

Readequação e reclassificação de dados contábeis

Avaliação econômica do desempenho da empresa

. Avaliação da capacidade de pagamento da empresa

. Avaliação do equilíbrio financeiro

. Avaliação da necessidade de capital de giro

. Proporção do capital próprio x capital de terceiros

. Grau de dependência de recursos de terceiros

. Origem das exigibilidades e seus riscos

Verificação dos prazos médios de atividades dos elementos do capital de giro

Participação relativa de cada valor em relação ao grupo de que faz parte

Avaliação do desempenho de valores patrimoniais comparados entre dois ou mais períodos

Relatórios de Avaliação

. Julgamento/recomendação do analista

. Situação econômico-financeira da empresa

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Segundo Padoveze e Benedicto (2004), a metodologia para análise econômico-

financeira de uma empresa concentra-se em quatro pontos fundamentais, são eles:

- Indicadores econômico-financeiros: são dados (índices, números relativos),

extraídos das inter-relações básicas entre contas e ou elementos contábeis para se

mensurar/identificar as operações patrimoniais;

- Análise Vertical (AV): consiste na análise da estrutura ou participação percentual

entre contas do patrimônio num mesmo período;

- Análise Horizontal: consiste na análise percentual, comparando-se as variações

patrimoniais ocorridas em dois ou mais períodos; e

- Relatórios de Avaliação: é a conclusão do processo analítico, em que o

responsável pela análise apresenta seu julgamento sobre o patrimônio.

2.6.7 Indicadores Econômico-Financeiros

Os indicadores econômico-financeiros obtidos através de cálculos e equações matemáticas e

expressos em índices, são os principais instrumentos utilizados para a realização da análise da

situação econômico-financeira de uma empresa .

Os índices demonstram a relação entre contas ou grupos de contas extraídos dos

demonstrativos contábeis com a finalidade de evidenciar aspectos da situação econômico-

financeira da empresa. “Os índices, portanto, servem como termômetro na avaliação da saúde

financeira da empresa” (BANCO DO BRASIL, 2002).

Os índices, no entanto não devem ser julgados isoladamente, mas sim, dentro de um

contexto em que outros índices, variáveis e fatores, devam ser conjugadamente observados.

É comum no ambiente corporativo o uso dos termos econômico e financeiro, porém é

necessário certo cuidado para seu emprego. Pois, ao mesmo tempo em que uma empresa

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detém uma excelente situação econômica, com muitos bens, ela pode apresentar dificuldades

financeiras (caixa) para saldar suas dívidas no curto prazo. Resume o Banco do Brasil (2002):

Um elevado grau de endividamento não significa necessariamente, que a empresa esteja à beira da insolvência. Há empresas que convivem com altos níveis de endividamento, sem comprometer sua solvência, já que há outros fatores que podem atenuar essa condição (BANCO DO BRASIL, 2002, p. 22).

Os índices, Figura 7, representam as inter-relações básicas entre itens patrimoniais

registrados nos demonstrativos contábeis (PADOVEZE e BENEDICTO, 2004).

Figura 7 – Cinco grupos de indicadores financeiros Fonte: Banco do Brasil (2002)

1 - Índices de

Estrutura

Avaliam a segurança oferecida pela empresa aos capitais alheios e revelam sua política de obtenção de recursos bem como sua alocação nos diversos itens do ativo;

2 - Índices de

Liquidez

Medem a posição financeira da empresa em termos de capacidade de pagamento;

3 - Índices de

Rentabilidade

Avaliam o desempenho global da empresa, em termos de capacidade de gerar lucros; sua alocação nos diversos itens do ativo;

4 - Índices de

Prazos Médios

Revelam a política de compra, estocagem e venda da empresa; e

5 - Necessidade de

Capital de Giro

Revela a carência ou não de capital de giro da empresa.

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75

2.6.8 Índices de Rentabilidade

Segundo Padoveze e Benedicto (2004) a análise da rentabilidade é o critério natural de

avaliação do retorno do investimento, tornando-se na mais importante análise de avaliação

dos indicadores financeiros. “Uma empresa rentável (adequadamente administrada) não terá

problemas de solvência ou capacidade de pagamento”.

Para o Banco do Brasil (2002), uma empresa com problemas de liquidez,

provavelmente, detém uma inadequada rentabilidade passada, ou mau direcionamento de seus

lucros ou fundos. A análise da rentabilidade demonstrará se o retorno real está coerente com o

retorno planejado.

O principal objetivo da apuração dos índices de rentabilidade é o conhecimento do

desempenho final da empresa. Os índices de rentabilidade refletirão a política administrativa

financeira adotada pela empresa, demonstrando de forma objetiva o nível de eficiência e o

grau econômico-financeiro obtido. Todos os índices de rentabilidade devem ser considerados:

“quanto maior, melhor” (BANCO DO BRASIL, 2002).

Conforme o Quadro 13, os principais índices de rentabilidade utilizados são:

Rentabilidade do Patrimônio Líquido RPL

Margem Operacional de Lucro MOL

Margem Líquida de Lucro ML

Rotação do Ativo RA

Rentabilidade dos Investimentos RI

Grau de Alavancagem Financeira GAF

Quadro 13 – Principais índices de rentabilidade Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL): segundo Padoveze e Benedicto

(2004) em ambientes com inflação controlada a rentabilidade mínima desejada

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76

situa-se entre 10% e 12% ao ano. Rendimentos acima de 15% são considerados

bons e acima de 18% ótimos. O índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido

(RPL) é o mais importante para o investidor de uma empresa. Ele mede a

remuneração dos capitais próprios investidos. Além de avaliar o capital próprio ele

permite a avaliação comparativa do investimento com outras alternativas de

aplicação. O Resultado do Patrimônio Líquido é obtido, Quadro 14 com a seguinte

equação Banco do Brasil (2002):

RPL – Rentabiliade do Patrimônio Líquido

Lucro Líquido

----------------------------- X 100 Patrimônio Líquido

Quadro 14 – Resultado do Patrimônio Líquido (RPL) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Margem Operacional de Lucro (MOL): é uma medida de lucratividade das

vendas antes das apurações das receitas e despesas não operacionais. Ela

representa a capacidade da empresa em gerar lucros com as vendas. Segundo

Padoveze e Benedicto (2004) a lucratividade/margem das vendas não devem ser

confundida com a rentabilidade da empresa, pois aquela relaciona-se unicamente

com o resultado das vendas, enquanto esta com o resultado obtido com o valor do

investimento. A MOL pode ser obtida pela equação demonstrada no Quadro 15

Banco do Brasil (2002):

MOL – Margem Operacional de Lucro

Lucro Operacional Líquido -------------------------------------- X 100 =

Receita Operacional Líquida

Quadro 15 – Margem Operacional Líquida (MOL) Fonte: Banco do Brasil (2002)

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77

- Margem Líquida de Lucro (ML): é uma medida da lucratividade obtida pela

empresa. O índice da Margem Líquida de Lucro reflete o ganho líquido da empresa

em cada unidade de venda. Ela pode ser obtida pela equação demonstrada no

Quadro 16, Banco do Brasil (2002):

ML – Margem Líquida de Lucro

Lucro Líquido --------------------------------------- X 100 =

Receita Operacional Líquida

Quadro 16 - Margem Líquida de Lucro (ML) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Rotação do Ativo (RA): este índice indica a performance de giro do ativo durante

determinado período. Ele pode demonstrar quantas vezes a empresa conseguiu

“vender seu ativo”. Embora não seja um índice essencialmente de rentabilidade, o

estudo de rotação do ativo (giro do ativo), constitui-se num aspecto importante

para conhecimento da rentabilidade de um investimento. Ele pode ser obtido pela

equação demonstrada no Quadro 17, Banco do Brasil (2002):

RA – Rotação do Ativo

Receita Operacional Líquida RA = -------------------------------------- X 100

Ativo Total

Quadro 17 – Rotação do Ativo (RA) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Rentabilidade dos Investimentos (RI): conhecida como Taxa de Retorno dos

Investimentos (TRI) ou Poder de Ganho da Empresa (PGE), este índice reflete a

obtenção dos resultados da empresa em relação aos seus investimentos totais. Ela

pode ser obtida conforme demonstrado no Quadro 18 pela seguinte equação Banco

do Brasil (2002):

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RI – Rentabilidade do Investimento

Lucro Operacional Líquido ----------------------------------------- X 100 =

Ativo Total

Quadro 18 - Rentabilidade do Investimento (RI) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Grau de Alavancagem Financeira (GAF): este índice demonstra a participação

de capitais de terceiros na estrutura de capital da empresa. Este endividamento

pode ser interessante sempre que o seu custo for menor que o retorno produzido

por sua obtenção. Quando verificada esta diferença positiva na relação custo/

benefício, sempre se observa uma promoção mais que proporcional nos resultados

líquidos dos proprietários, alavancando a rentabilidade dos negócios. O índice

Grau de Alavancagem Financeira (GAF), demonstrado no Quadro 19 pode ser

obtido com a seguinte equação, Banco do Brasil (2002):

GAF – Grau de Alavancagem Financeira

Lucro Líquido + Dividendos Pagos

---------------------------------------------- Patrimônio Líquido Médio

----------------------------------------------------------------------------

Lucro Líquido + Dividendos Pagos + Despesas Financeiras -------------------------------------------------------------------------

Ativo Total Médio

Quadro 19 – Grau de Alavancagem Financeira (GAF) Fonte: Banco do Brasil (2002)

2.6.9 Índices de Liquidez

Segundo Padoveze e Benedicto (2004) a principal finalidade de análise dos índices de

liquidez reside na condição de avaliação da capacidade de pagamento de uma empresa.

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79

Os ativos podem ser classificados quanto a sua liquidez, isto é, quanto maior sua

condição/capacidade de transformar-se em disponibilidade (dinheiro em espécie) maior será

sua liquidez.

Segundo Padoveze e Benedicto (2004), esta capacidade de transformação de ativos em

disponibilidades na linguagem contábil é chamada de “capacidade de realização” Os

principais ativos em ordem de liquidez são: caixa, bancos, seguidos das aplicações financeiras

de curto prazo, e depois pelos valores a receber e estoques.

Os índices de liquidez podem ser analisados pela definição de que, quanto maior,

melhor a situação financeira da empresa. Porém, um alto índice de liquidez não representa,

necessariamente, boa saúde financeira. O cumprimento das obrigações nas datas previstas

depende de uma boa administração dos prazos de pagamento e recebimento, Banco do Brasil

(2002).

Por existirem ativos e passivos com diferentes características e prazos de realização

dentro de um período, de modo geral, os analistas utilizam normalmente quatro indicadores de

liquidez, conforme demonstrado no Quadro 20, para representa-los (BANCO DO BRASIL,

2002):

1) Liquidez Corrente LC

2) Liquidez Seca LS

3) Liquidez Imediata LI

4) Liquidez Geral LG

Quadro 20 – Indicadores de Liquidez Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Liquidez Corrente (LC): é um dos índices, de liquidez mais conhecido e utilizado

nas demonstrações e análises econômico-financeiras. Ele representa quanto poderá

dispor a empresa de recursos no curto prazo (disponibilidades) para saldar suas

dívidas (passivo circulante). Este índice, pode ser obtido, pela equação

demonstrada no Quadro 21 (BANCO DO BRASIL, 2002):

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LC – Liquidez Corrente

Ativo Circulante (AC) ------------------------------------------

Passivo Circulante (PC)

Quadro 21 – Liquidez Corrente (LC) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Liquidez Seca (LS): este índice, apresentado no Quadro 22, revela quanto à

empresa dispõe de recursos circulantes (financeiro e cíclico), sem vender os

estoques, para cumprimento dos compromissos de curto prazo. Se o índice de

liquidez seca for igual a um, significa que a empresa não depende da venda de

estoques para saldar compromissos de curto prazo. Este índice pode ser obtido,

pela seguinte equação (BANCO DO BRASIL, 2002):

LS – Liquidez Seca

AC - Estoques ------------------------------------------

PC

Quadro 22 – Liquidez Seca (LS) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Índice de Liquidez Imediata (LI): este é o índice que mais revela a capacidade de

pagamento da empresa no curto prazo. Ele utiliza unicamente os elementos do

ativo circulante financeiro que podem ser disponibilizados imediatamente para

pagamentos de curto prazo. Este índice é obtido pela equação demonstrada no

Quadro 23 (BANCO DO BRASIL, 2002):

LI – Liquidez Imediata

Disponibilidades ------------------------------------------

Passivo Circulante

Quadro 23 – Liquidez Imediata (LI) Fonte: Banco do Brasil (2002)

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- Índice de Liquidez Geral (ILG): este índice representa a capacidade de

pagamento de todo o passivo da empresa. Ele indica o quanto à empresa dispõe de

recursos, circulantes e de longo prazo para honrar todos os seus compromissos.

Este índice é obtido pela equação demonstrada no Quadro 24 (BANCO DO

BRASIL, 2002):

LG – Liquidez Geral

AC + ARLP ------------------------------------------

PC + PELP

Quadro 24 – Liquidez Geral (LG) Fonte: Banco do Brasil (2002)

2.6.10 Índices de Estrutura e Endividamento

Segundo Padovese e Benedicto (2004) estes indicadores demonstram em percentual os

valores dos grupos representativos do balanço patrimonial. Eles revelam a porcentagem dos

ativos financiados por capitais próprios e/ou de terceiros.

Os índices de estrutura patrimonial avaliam a segurança que a empresa oferece a

capitais de terceiros e qual sua política de alocação dos mesmos na composição do Ativo.

O Ativo de uma empresa pode ser financiado pelos capitais próprios (PL/capital

próprio) e/ou capitais de terceiros (PC/obrigações) (BANCO DO BRASIL, 2002).

Os índices de estrutura podem ser interpretados como: quanto maior, pior, pois, quanto

maior for a participação de capitais alheios nos negócios, maior será a exposição a riscos de

viabilidade.

Podem ser utilizadas cinco fórmulas para apuração desses índices, conforme

demonstrados no Quadro 25 (BANCO DO BRASIL, 2002):

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1) Relação entre as Fontes de Recursos RFR

2) Endividamento Geral EG

3) Composição das Exigibilidades CE

4) Imobilização do Patrimônio Líquido IPL

5) Passivo Oneroso s/ Ativo Total POSA

Quadro 25 – Indicadores de Estrutura Patrimonial Fonte: Bando do Brasil (2002)

- Relação entre as Fontes de Recursos (RFR): também conhecido como

Participação de Capitais de Terceiros (PTC), ele estabelece a relação percentual

entre recursos de terceiros (PC+PELP+REF) e os recursos próprios (PL) aplicados

na empresa, bem como a política de obtenção desses recursos. Este índice é obtido

pela equação demonstrada no Quadro 26 (BANCO DO BRASIL, 2002):

Quadro 26 – Relação entre Fontes de Recursos Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Endividamento Geral (EG): este índice demonstra o grau de endividamento total

da empresa, sua política de obtenção de recursos e com que predominância

(própria ou de terceiros) ela vem financiando suas atividades. Este índice é obtido

pela equação demonstrada no Quadro 27 (BANCO DO BRASIL, 2002) :

EG – Endividamento Geral

PC + PELP --------------------- x 100

ATIVO

Quadro 27 – Endividamento Geral (EG) Fonte: Banco do Brasil (2002)

RFR – Relação entre as Fontes de Recursos

PC + PELP + REF --------------------------- X 100 PL

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- Composição das Exigibilidades (CE): este índice mede a qualidade do passivo da

empresa em termos de prazos. Ele compara o montante das dívidas de curto prazo

com o endividamento total. Quanto mais próximo o vencimento dos exigíveis,

maior será a exposição da empresa a riscos no curto prazo. Este índice é obtido

pela equação demonstrada no Quadro 28 (BANCO DO BRASIL, 2002):

CE – Composição das Exigibilidades

PC ------------------ X 100

PC + PELP

Quadro 28 – Composição das Exigibilidades (CE) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL): este índice revela quanto do Ativo

Permanente (AP) da empresa é financiado pelo Patrimônio Líquido (PL),

evidenciando a maior ou menor dependência de recursos de terceiros para

viabilidade dos negócios. Este índice é obtido pela equação demonstrada no

Quadro 29 (BANCO DO BRASIL, 2002):

IPL – Imobilização do Patrimônio Líquido

AP --------------- X 100

PL

Quadro 29 – Imobilização do Patrimônio Líquido Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Passivo Oneroso sobre Ativo (POSA): este índice revela a porcentagem de

participação das fontes onerosas de capital (capital de terceiros) nos investimentos

totais da empresa, revelando assim, o grau de dependência com instituições

financeiras. Este índice é obtido pela equação demonstrada no Quadro 30

(BANCO DO BRASIL, 2002):

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POSA – Passivo Oneroso sobre Ativo

PCF + PELP ---------------------- X 100

ATIVO

Quadro 30 – Passivo Oneroso sobre Ativo Fonte: Banco do Brasil (2002)

2.6.11 Indicadores de Prazos Médios

Estes indicadores possibilitam a análise do desempenho operacional da empresa suas

necessidades de capital de giro e sua política de administração do fluxo de caixa. Este índice é

obtido pela equação demonstrada no Quadro 31 (BANCO DO BRASIL, 2002):

Quadro 31 – Indicadores de Prazos Médios Fonte: Banco do Brasil (2002)

Também conhecidos como índices de atividades, demonstram a dinâmica de prazos de

algumas contas do patrimônio. Eles não devem ser analisados individualmente, mas sempre

em conjunto. A análise dos Prazos Médios constitui importante instrumento para se conhecer

a política de compra e venda da empresa e, de como estes recursos estão sendo administrados,

(BANCO DO BRASIL, 2002).

Indicadores de Prazos Médios

1) Prazo Médio de Compras PMC

2) Prazo Médio de Estoques PME

3) Prazo Médio de Recebimentos PMR

4) Ciclo Operacional CO

5) Ciclo Financeiro CF

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- Prazo Médio de Com pras (PMC): este índice demonstra o prazo que a empresa

vem obtendo de seus fornecedores para pagamento de suas compras. Pode-se dizer

que o PMC descreve o número de dias decorrentes entre a compra e seu respectivo

pagamento.

Quanto maior o PMC, melhor será para a empresa, o que revela o financiamento do

giro com recursos não onerosos. Este índice é obtido pela equação demonstrada no Quadro 32

(BANCO DO BRASIL, 2002):

PMC – Prazo Médio de Compras

Fornecedores

----------------------------- X 360 Montante de Compras

Quadro 32 – Prazo Médio de Compras (PMC) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Prazo Médio de Estoques (PME): este índice demonstra a média em dias, em que

os estoques são renovados (giro do estoque). Este índice revela o prazo médio que

os estoques ficam parados, por isso, quanto menor o PMC, melhor será o seu

resultado, pois o ideal é que os estoques se renovem o mais rápido possível. Este

índice é obtido pela equação demonstrada no Quadro 33 (BANCO DO BRASIL,

2002):

PME - Prazo Médio de Estoques (PME)

Estoques

--------------------------------- X 100 Custo Produtos Vendidos

Quadro 33 – Prazo Médio de Estoques (PME) Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Prazo Médio de Recebimentos (PMR): este índice demonstra o prazo médio do

recebimento das vendas totais, revelando o tempo entre a venda e sua efetiva

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realização (recebimento). Quanto menor o PMR, melhor será para a empresa, pois,

o ideal é que o prazo das vendas seja o menor possível. Este índice é obtido pela

equação demonstrada no Quadro 34 (BANCO DO BRASIL, 2002):

PMR – Prazo Médio de Recebimentos

Clientes ------------------------------- X 360

Receita Operacional Bruta

Quadro 34 – Prazo Médio de Recebimentos Fonte: Banco do Brasil (2002)

- Ciclo Operacional (CO): este índice indica o tempo decorrido entre o momento

em que a empresa compra insumos/mercadorias até o momento em que recebe

efetivamente (concretiza) o pagamento das vendas. Este índice é obtido pela

equação demonstrada no Quadro 35 (BANCO DO BRASIL, 2002):

Quadro 35 – Ciclo Operacional Fonte: Banco do Brasil (2002)

O Ciclo Operacional, demonstrado no Quadro 36, pode ser obtido com a seguinte fórmula

(BANCO DO BRASIL, 2002):

CO – Fórmula do Ciclo Operacional

PME + PMR = CO

Quadro 36 – Fórmula do Ciclo Operacional (CO) Fonte: Banco do Brasil (2002)

CICLO OPERACIONAL

Compra Venda Recebe

PME (63) + PMR (113) = CO (176 dias)

0 30 60 90 120 150 170 180 dias

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- Ciclo Financeiro (CF): este índice revela o prazo decorrido entre o momento de

pagamento das compras aos fornecedores até o recebimentos das vendas pelos

clientes. Conforme demonstrado no Quadro 37, o CF corresponde ao período em

que a empresa poderá (ou não) necessitar de recursos financeiros complementares

para manutenção de seu ciclo operacional. O CF corresponde a diferença entre o

Ciclo Operacional (PME +PMR) e o Prazo Médio de Compras (PMC).

Comumente o CF é financiado por capital próprio ou capital de terceiros (recursos

onerosos) (BANCO DO BRASIL, 2002)

Quadro 37 – Ciclo Financeiro Fonte: Banco do Brasil (2002)

O Ciclo Financeiro, demonstrado no Quadro 38, pode ser obtido com a seguinte

equação (BANCO DO BRASIL, 2002):

CF – Fórmula do Ciclo Financeiro

CF = PME + PMR – PMC ou CO - PMC

Quadro 38 – Fórmula do Ciclo Financeiro CF Fonte: Banco do Brasil (2002)

-----------------Ciclo Operacional--------176 dias Compra Venda Recebe (+) PME = 63 d (+) PMR = 113 176 d (-) PMC = 68 d CICLO FINANCEIRO = 108 Pagamento

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2.6.12 Capital de Giro (CDG)

O Capital de Giro corresponde aos valores contabilizados (aplicados) no Ativo

Circulante de uma empresa. Ele permite a viabilidade de todo o ciclo operacional e financeiro

(compra, estoque, venda e recebimento) da organização (BANCO DO BRASIL, 2002).

Segundo Longenecker, Moore e Petty (1997), a administração do capital de giro da

empresa é feito pelo gerenciamento dos ativos de curto prazo e também das fontes de

financiamento a curto prazo da empresa.

Conforme demonstrado no Quadro 39 o Capital de Giro (CDG) pode ser obtido pelas

seguintes equações (BANCO DO BRASIL, 2002):

CDG – Capital de Giro

CDG = Ativo Circulante – Passivo Circulante ou

CDG = (PL + REF + PELP) – (AP + ARLP)

Quadro 39 – Capital de Giro (CDG) Fonte: Banco do Brasil (2002)

2.6.12.1 Necessidade de Capital de Giro

A Necessidade de Capital de Giro (NCG) pode ser verificada, Quadro 40, quando

percebidas diferenças entre as aplicações cíclicas e as fontes cíclicas, ou seja, diferença entre

as contas ligadas diretamente à área operacional da empresa (Ativo Circulante Cíclico e

Passivo Circulante Cíclico), (BANCO DO BRASIL, 2002).

NCG - Necessidade de Capital de Giro

NCG = -

Quadro 40– Necessidade de capital de giro (NCG) Fonte: Banco do Brasil (2002)

ACC Contas a receber Estoques Outros operacionais

PCC Fornecedores Salários a Pagar Outros operacionais

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Duas situações podem ser observadas no Quadro 41, na análise do NCG (BANCO DO

BRASIL, 2002):

- NCG Positiva: ocorre a necessidade de capital de giro, o qual, deverá ser obtido

junto a seus proprietários ou com terceiros (onerosos); e

- NCG Negativa: neste caso a empresa dispõe de sobra de recursos para o giro, que

poderá ser destinada à aplicação no mercado financeiro.

Quadro 41 – Situações do capital de giro Fonte: Banco do Brasil (2002)

Entretanto a NCG pode-se apresentar de duas maneiras: Permanente ou Sazonal

- NCG Permanente: próprio de empresas cujo nível de atividade (produção e

vendas) é distribuído de forma homogenia durante o exercício; e

- NCG Sazonal: característico de empresas com forte concentração de atividades

em determinadas épocas do ano. Ex. fabrica de produtos natalinos.

A NCG quando verificada de forma negativa, isto é, com necessidade de

complementação, poderá ser suprida por recursos próprios (recurso dos sócios) ou de terceiros

(recursos onerosos).

Esses recursos terão fontes: Operacional, constituída pela geração de Lucro Líquido

do Exercício, verificado quando do recebimento das vendas com lucros, os quais vão sendo

incorporados ao caixa da empresa e Fonte Onerosa, geralmente oriundas de instituições

NCG - Necessidade de Capital de Giro

_ = ----------------------------------------------------------------

- =

ACC

PCC

ACC

ACC

NCG POSITIVA

NCG NEGATIVA

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90

financeiras, bancos principalmente e, são caracterizadas por demandarem custos financeiros

quando utilizados.

2.6.12.2 Importância do conhecimento da NCG

Várias tendências, conforme demonstradas na Figura 8, podem ser verificadas quando

analisada a NCG (BANCO DO BRASIL, 2002).

Ambiente Externo Reflexos Internos

Figura 8 – Sinais de alerta do Capital de Giro Fonte: Banco do Brasil (2002)

Dificuldades de obtenção de Insumos/mercadorias

(+) Adiantamento a

fornecedores

Concessão de maiores prazos (novos produtos)

Especulação, redução da demanda

(-) Fornecedores

(+) Estoques

(+) Duplicatas a

Receber

Redução nos prazos dos Impostos

Novos concorrentes

(-) Despesas Provisionadas

(-) Adiantamento de clientes

NCG / VENDAS

(+) Financiamentos Onerosos

(+) Despesas Financeiras

(-) Lucro Líquido

Redução de prazos Escassez de Matéria-prima

(oligopólios)

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O crescimento contínuo da NCG pode representar tanto indicador de anomalia de

gestão financeira, quanto sinal de crescimento empresarial por força da expansão dos

negócios. No entanto a NCG deverá ser evitada quando se apresentar em proporção superior

ao volume das vendas (BANCO DO BRASIL, 2002).

2.6.13 Efeito Tesoura

O efeito tesoura é um indicador que revela tendência crescente de saldo negativo da

tesouraria, variando em níveis superiores ao crescimento da NCG (necessidade de capital de

giro). O efeito tesoura revela descontrole na utilização de fontes onerosas de recursos no curto

prazo (BANCO DO BRASIL, 2002)

O Saldo de Tesouraria (ST), apresentado no Quadro 42, pode ser encontrado pela diferença

entre as contas do Ativo Circulante Financeiro (ACF) e do Passivo Circulante Financeiro

(PCF), isto é, pela diferença entre as contas do circulante que não guardam relação com a

atividade operacional da empresa (contas cíclicas/operacionais).

ST – SALDO DE TESOURARIA

-

ou Quadro 42 – Saldo de Tesouraria Fonte: Banco do Brasil (2002)

ACF PCF

ACC

PCC

ST (-)

ST = ACF – PCF ST = CDG - NCG

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O ST positivo revelará condições para que a empresa possa fazer aplicações no

mercado financeiro e re-investimentos em oportunidades negocias, entre outros, mas se

estiver negativo demonstrará dependência de fontes onerosas de recursos no curto prazo. O

ST negativo, no entanto não é preocupante, porém se a sua apresentação for tendenciosa (ST

negativo ano após ano), a situação se torna grave.

Quando o ST se apresenta negativo, períodos seguidos, representa um forte indício que

a empresa caminha para a insolvência. Essa tendência é considerada como efeito tesoura

(BANCO DO BRASIL, 2002).

Alguns fatores podem ser observados quando se verifica o efeito tesoura em uma

empresa:

- A empresa não vem tendo lucro, ou o mesmo está sendo distribuído (não

reinvestido);

- O ST negativo aumentando em níveis maiores que a NCG, confirmando o efeito

tesoura, significa que se os credores de curto prazo não renovarem os empréstimos

à empresa imediatamente se inviabiliza e

- Se os credores de curto prazo renovarem os empréstimos, o risco de insolvência

ainda é muito grande devido aos encargos financeiros que também tendem a ficar

cada vez maiores.

No Quadro 43 pode-se verificar as principais causas do efeito tesoura (BANCO DO

BRASIL, 2002):

Crescimento real das vendas a prazo, (PMV) muito maior que os prazos obtidos com os fornecedores (PMR); Imobilizações com recursos onerosos de curto prazo; Prejuízos; Distribuição excessiva de lucros; Dependência sistemática de empréstimos de curto prazo, com elevadas taxas de juros; Ciclo financeiro crescente. Quadro 43 – Causas do efeito tesoura Fonte: Banco do Brasil (2002)

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A solução para a retomada do equilíbrio para uma empresa que vem apresentando o

efeito tesoura se resume na capitalização da empresa com aportes de recursos dos sócios ou

novos sócios, conjugada com uma revisão de prazos e margens de lucro (BANCO DO

BRASIL, 2002).

2.6.14 Análise Vertical e Horizontal

Segundo Padoveze e Benedicto (2004) as análises Vertical e Horizontal, possibilitam

uma melhor visibilidade da situação econômico-financeira da empresa, identificando e

demonstrando os pontos negativos e positivos por meio dos registros contábeis.

2.6.14.1 Análise Vertical

A Análise Vertical demonstrará a participação percentual dos elementos patrimoniais

(representado pelas contas contábeis), em relação a um determinado/específico elemento

patrimonial, o qual se julgue mais importante ou necessário, para se estabelecer parâmetros

comparativos.

Segundo Padoveze e Benedicto (2004), convencionou-se que para a análise vertical de

Balanço Patrimonial o elemento mais importante é o total do ativo e/ou do passivo (analisados

individualmente) e para as Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) adotou-se a

utilização do total das receitas líquidas de vendas, denominada legalmente como receita

operacional líquida.

A Análise Vertical é muito importante e deve ser sempre utilizada, principalmente

aplicada a DRE, pois, possibilita a identificação em percentuais da composição das receitas e

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despesas, evidenciando aquelas com maior influência na formação do lucro ou prejuízo

(BANCO DO BRASIL, 2002).

No Quadro 44 e 45 pode-se ver como se demonstra a análise vertical do Balanço

Patrimonial e da DRE, respectivamente:

Análise Vertical do Balanço Patrimonial

Ativo Circulante R$ AV Passivo Circulante R$ AV

Estoques 27.000 45% Fornecedores 21.000 35%

Ativo Permanente Patrimônio Líquido

Imobilizado 33.000 55% Capital Social 39.000 65%

Total Geral 60.000 100% Total Geral 60.000 100%

Quadro 44 - Análise Vertical do Balanço Patrimonial Fonte: Padoveze e Benedito (2004)

No Balanço Patrimonial pode-se ver que o ativo total (100%) é composto por:

estoques (45%) e imobilizados (55%), enquanto que o passivo total (100%) é composto por:

fornecedores (35%) e capital social (65%).

Análise Vertical da DRE

Análise Vertical R$ AV

Vendas 80.000 100%

(-) Custo de Vendas (46.400) (58%)

(-) Despesas (24.000) (30%)

Lucro 9.600 12%

Quadro 45 - Análise Vertical da DRE Fonte: Padoveze e Benedito (2004)

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A análise vertical da DRE demonstra a seguinte composição: o custo das vendas

representa 58% , as despesas representam 30% do faturamento líquido, enquanto que a

lucratividade representada pela margem de lucro é de 12%.

Apesar de permitir análises comparativas com dados/registros históricos da própria

empresa, inclusive com possibilidades de identificação e reavaliação das mudanças

significativas da estrutura patrimonial, a análise vertical quando comparada com dados de

outras empresas, mesmo que de idêntico ramo de negócios, deve ser realizada com prudência,

pois, desde o processo decisório até a execução, muitas são as implicações que os diversos

modos operacionais, refletirão na produção e no resultado. Ex. terceirizações (PADOVEZE e

BENEDICTO, 2004).

2.6.14.2 Análise Horizontal

A Análise Horizontal (AH), resume-se na análise das variações dos componentes

patrimoniais entre dois ou mais períodos. Ela permite a identificação de tendências reveladas

pela comparação dos índices/valores dos demonstrativos contábeis (BANCO DO BRASIL,

2002).

Pode-se utilizar várias formas de demonstração da AH, sendo a mais comum, aquela

que permite a comparação, em termos percentuais, de um ano em relação ao outro (Quadro

46) (BANCO DO BRASIL, 2002).

Análise Horizontal

Valor Período Atual

[(---------------------------------------------- ) - 1] x 100 Valor do Período Anterior

Quadro 46 – Fórmula da Análise Horizontal Fonte: Padoveze e Benedicto (2004)

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96

Conforme exemplificado no Quadro 47, percebe-se uma redução de 9,1% no valor do

imobilizado no ano XY (provavelmente motivado por depreciações), quando comparado

como ano XX. A demonstração da AH permite a realização de diversas análises comparativas

(PADOVEZE E BENEDICTO, 2004):

ATIVO 31.12.XX 31.12.XY

Ativo Circulante R$ AH R$ AH

Estoques 27.000 100% 31.050 15%

Ativo Permanente

Imobilizado 33.000 100% 30.000 - 9,1%

Total Geral 60.000 100% 61.050 1,8%

PASSIVO 31.12.XX 31.12.XY

Passivo

Circulante R$ AH R$ AH

Fornecedores 21.000 100% 22.050 5,0%

Patrimônio

Líquido

Capital Social 39.000 100% 39.000 0,0%

Total Geral 60.000 100% 61.050 1,8%

Quadro 47 – Análise Horizontal Fonte: Padoveze e Benedito (2004)

Essas comparações podem se referir tanto à relação dos valores de cada conta, quanto

a vários grupos de contas, assim, como da variação dos índices por quantos períodos se deseje

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estudar. O estudo dos índices dispensa o analista, da preocupação quanto à correção da

inflação, uma vez que os índices são resultados de comparações de grandezas de um mesmo

período (BANCO DO BRASIL, 2002).

2.6.15 Índices-Padrão

São dados referenciais, obtidos por meio de métodos estatísticos, extraídos de um

universo previamente definido, o qual, a partir disso é utilizado para situações particulares

e/ou específicas (BANCO DO BRASIL, 2002).

Assim as comparações dos índices padrões servem tanto para verificar o

posicionamento da empresa junto ao mercado e à concorrência, quanto para verificação do

desempenho da empresa em relação a seu próprio planejamento (PADOVEZE e

BENEDICTO, 2004).

2.6.16 Geração de Lucros e Criação de Valor

Segundo Neves e Viceconti (2001), a geração de lucro decorre da superação do custo

ou das despesas pelas receitas.

Dentro da visão econômico-financeira, não há criação de valor se o lucro gerado for

insuficiente para cobrir o custo de oportunidade, que segundo Padoveze e Benedicto (2004)

resume como o “lucro mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o

investimento do acionista”.

Segundo Padoveze e Benedicto (2004) em linhas gerais o conceito de criação de valor,

associado ao conceito de geração de lucros, podem também ser traduzidos como dois

conceitos de lucro:

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- Lucro nominal (geração de lucro): refere-se ao lucro apresentado na DRE;

- Lucro real (criação de valor): é o lucro nominal, confrontado com o custo e

mínimo de capital.

Padoveze e Benedicto (2004) resumem:

.....só se considera que houve valor criado se o lucro operacional, gerado pelo ativo, for superior ao custo mínimo de capital desejado pelos proprietários, acionistas e financiadores externos à empresa......a geração do lucro operacional decorre da gestão e apropriação do valor agregado pelos produtos e serviços que a empresa vende a seus clientes (PADOVEZE e BENEDICTO, 2004, p.217).

Para obtenção do lucro real, é muito usual a utilização da metodologia Economic

Value Added (EVA), considerada o melhor modelo de avaliação e criação (ou não) de valor

para as empresas. Sua fórmula, apresentada no Quadro 48, permite, dependendo do critério do

investidor e/ou analista, a escolha de um índice (custo de oportunidade), que dentro do

contexto do negócio explorado, poderá melhor refletir o resultado pela opção de recursos

investidos na empresa (PADOVEZE e BENEDICTO 2004).

EVA

EVA = NOPAT – C% (TC)

Quadro 48 – Fórmula do EVA Fonte: Padoveze e Benedicto (2004)

Legenda:

NOPAT = Lucro Operacional após impostos

C% = Custo percentual do capital

TC = Capital total

Vários são os indicadores custos de oportunidades e/ou de capital que podem ser

utilizados para obtenção do EVA, alguns deles são:

- Taxa de juros de títulos do governo norte-americano;

- Libor ou Prime Rate;

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- TJLP – taxa de juros de longo prazo;

- Custo de capital exigido pelos acionistas;

- Custo médio ponderado de capital da empresa; e

Segundo Assaf Neto apud Salazar e Benedicto (2004) o EVA permite que a empresa

identifique se está agregando ou “destruindo valores” em suas atividades. E, para se calcular o

valor econômico agregado e necessário o conhecimento do custo de capital da empresa.

Conforme exposto no Quadro 49, Padoveze e Benedicto (2004) demonstram o

princípio da análise do EVA, no exemplo em que os proprietários de uma empresa realizam

investimentos no valor de R$ 10.000 (dez mil reais) detendo uma expectativa de 10% (custo

de oportunidade criado pelos sócios da empresa).

Balanço Patrimonial Inicial Final ATIVO Caixa/Bancos Outros ativos

0,0010.000

1.500

10.000 Total 10.000 11.500 PASSIVO Capital Social Lucros Acumulados

10.0000,00

10.000 1.500

Total 10.000 11.500 Quadro 49 – Balanço Patrimonial (análise do EVA) Fonte: Padoveze e Benedito (2004)

Os dados do balanço patrimonial demonstram no final do período um lucro líquido de

R$ 1.500, ou seja 15% de lucro nominal, o qual ao final, cria (criação de valor) um índice de

5% de lucro real (comparação do lucro nominal de 15% com o custo de oportunidade de10%,

inicialmente pretendidos pelos investidores). Este lucro seria representado monetariamente

pelo valor de R$ 500 (quinhentos reais).

Conforme demonstrado no Quadro 50 pode-se visualizar uma situação em que a

empresa ao invés de criar valor, incorre, pelo direcionamento dos investimentos, na

“destruição de valor” (BENEDICTO E PADOVEZE, 2004):

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Análise de Criação de Valor Custo de Capital (% )

Lucro Nominal...........................

(-) Custo de Capital....................

(=) Lucro Real...........................

10%

1.500

1.000

500

Criação de Valor

18%

1.500

1.800

300

Destruição de Valor

Quadro 50 – Análise de Criação de Valor Fonte: Padoveze e Benedito (2004)

Uma vez que as opções de investimentos de mercado apresentam uma possibilidade

mínima de ganho de 18%, a empresa, deixaria de criar valor e passaria a destruir valor para os

empresários.

2.6.17 Relatórios de Avaliação Final

Segundo Padoveze e Benedicto (2004) a análise econômico-financeira deve ser

realizada considerando-se os mais variados e possíveis aspectos e fatores conhecidos para sua

elaboração e avaliação.

O analista ou usuário das análises contábeis, poderá verificar entre outras coisas as

seguintes situações:

- Os índices de liquidez estão bons?

- O endividamento é aceitável?

- O giro do ativo está melhorando?

- Os prazos médios de recebimento e pagamento são normais?

- Os prazos médios de estocagem são aceitáveis para o setor?

- Há excesso de estoques de forma crônica?

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- O lucro gerado apresenta grau de segurança para pagamento do serviço da dívida

(juros dos financiamentos)?

- A rentabilidade do capital próprio está dentro da média do custo de oportunidade

do mercado?

- Os dividendos distribuídos satisfarão os acionistas e criarão lucro para a empresa?

- A análise geral indica empresa em crescimento e potencial de geração de lucros?

A avaliação final, segundo Padoveze e Benedicto (2004), consistirá na emissão de um

relatório que deverá ser objetivo ao máximo e necessariamente conter informações e opiniões

sobre a situação da empresa e possíveis tendências futuras de ação.

Os relatórios devem assegurar a validade dos números e garantir entre outras coisas:

- Provisões retificadoras para estoques obsoletos e/ou com preço de custo maior que

o mercado;

- Provisões para perdas prováveis como: depósitos em juízo, investimentos, entre

outros;

- Provisão adequada para perdas com créditos de liquidação duvidosa;

- Declaração de todos os passivos, inclusive avais para terceiros; e

- Verificação de que os resultados não contêm dados em duplicidade.

Todas essas medidas são muito importantes e têm por finalidade evidenciar um grau

de confiança maior, tanto ao analista quanto aos diversos usuários dos relatórios das análises

das demonstrações contábeis (PADOVEZE E BENEDICTO, 2004).

2.7 Crédito

Comumente a pequena empresa estará realizando operações de crédito, ora tomando

ora cedendo crédito, por isso, uma breve abordagem sobre o tema se faz muito oportuna.

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“O principal problema das Micro e Pequenas Empresas (MPE) em relação a crédito,

não reside somente na sua falta, da qual também é carente, mas sim, na sua incapacidade de

gestão” (FLORIANI apud IE/UFRJ 2002).

2.7.1 Histórico do crédito

Segundo Franco Jr. e Chacon, (1986) buscando-se dados históricos sobre as operações

comerciais e operações financeiras, encontraram-se registros que relatam a utilização de

moeda na Mesopotâmia (atual área correspondente ao Iraque) desde o quarto milênio a.C.,

ainda que, no sentido de que um bem (algo que se possuía) servisse como medida comum de

valor e instrumento de troca (escambo). No início o principal elemento de referência era a

cevada, passando com o tempo para os metais, sobretudo a prata.

Têm-se registros de que os bancos eram instituições antigas naquela região, constando

o surgimento do primeiro deles na cidade-Estado de Uruk, entre 3400 e 3200 a.C. Estes,

recebiam doações e oferendas que, junto com seus próprios recursos, eram emprestados a

juros para agricultores, comerciantes e escravos que queriam comprar sua liberdade. As

operações eram in-natura (FRANCO JR e CHACON, 1986).

No processo evolutivo, isto é, mil anos mais tarde havia bancos em toda Mesopotâmia

recebendo depósitos e emprestando-os com padrões de juros (33% para cereais, 20% para

metais) garantidos por bens que podiam ser imóveis, escravos ou animais.

Nos períodos subseqüentes surgiram grandes bancos realizando inúmeras atividades

mantidas até a atualidade. Ex: recebimento de depósitos, realização de empréstimos, débitos

em conta corrente para pagamento de juros e transferência de fundos para outras praças

(DAUPHIN-MEUNIER apud FRANCO e CHACON, 1986).

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2.7.2 Conceito de Crédito

Crédito, segundo Ferreira (2000), significa confiança.

Numa concepção mais ampla, crédito no sentido econômico, significa que num futuro

e de acordo com condições pré-estabelecidas de ressarcimento, se cumprirá o retorno de

recursos cedidos, quase sempre, acrescidos de juros (UNIBB, 2004).

A ciência econômica reconhece a existência da escassez de recursos e em decorrência

disso, admite a impossibilidade de que todos os desejos da humanidade sejam satisfeitos. Isto

faz com que os indivíduos ou seus representantes nem sempre, efetivem todos seus desejos e

escolhas (UNIBB, 2004).

Para as pequenas empresas as decisões quanto ao crédito e preço são vitais, elas

refletem diretamente no fluxo de caixa da empresa e consequentemente nos seus resultados.

Os clientes por sua vez costumam reagir negativamente às mudanças das políticas de crédito

(LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997).

A escassez de recursos financeiros, entretanto, nem sempre é absoluta, pois a

capacidade de geração de receitas pode oscilar no tempo. Assim é possível que haja

descasamento entre nossas necessidades e nossa capacidade financeira de satisfazê-las.

Nesse contexto atuam os bancos e as instituições financeiras, cujo papel é exatamente

o da intermediação financeira, ou seja, exercer a ligação entre as sobras de recursos de alguns

com necessidades de outros, propiciando o casamento de valores e prazos (UNIBB, 2004)

Sabe-se que os bancos são agentes de intermediação financeira, porém existem mais

elementos envolvidos com o assunto:

- Tomadores de recursos: são as pessoas que buscam nas instituições financeiras

de intermediação os recursos de que necessitam, e, com os quais se comprometem

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a devolvê-los nas datas e com os valores acordados. Podem ser chamados também

de mutuários (de mútuo) devedores ou clientes;

- Intermediadores de recursos: são as instituições financeiras autorizadas pelo

Banco Central. Estas instituições captam recursos oriundos, no caso dos bancos, de

clientes aplicadores, por intermédio de poupança, recibo de depósitos bancários

(RDB), planos de capitalização, entre outros, e os aplicam em operações como

financiamento, empréstimos ou desconto de títulos.

- Aplicadores de recursos: são os poupadores, depositantes e aplicadores de

recursos excedentes que estão dispostos a assumir os riscos de crédito com uma

instituição financeira. Nesse caso além do dinheiro depositam também a confiança

na instituição, pois acreditam que a mesma devolverá seus recursos quando deles

precisarem;

- Fundos e programas específicos: além dos depositantes, poupadores e

aplicadores, existem recursos financeiros captados de fundos e programas geridos

pelo governo e entidades não governamentais, como Fundo de Amparo ao

Trabalhador (FAT), Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Centro Oeste

(FCO), Programa Especial de Crédito à Reforma Agrária (PROCERA), Programa

de Geração de Emprego e Renda (PROGER), entre outros; e

- Garantidores: são elementos acessórios a intermediação que, a título gratuito ou

remunerado, se tornarão obrigados a garantir que os compromissos sejam

honrados, caso os tomadores não consigam cumpri-los conforme acordado. Trazem

para si a obrigação da dívida.

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2.7.3 Os C’s do crédito

Para Longenecker, Moore e Petty (1997), as compras e as vendas a prazo devem

satisfazer reciprocamente a vendedores e compradores. O crédito para as pequenas empresas

tem o objetivo de expandir as vendas, atrair novos clientes, aumentando o volume e a

regularidade das compras feitas pelos clientes. E, os registros de crédito ainda podem ser

usados para promoções de vendas, entre outras finalidades.

Principalmente as pequenas empresas segundo Longenecker, Moore e Petty (1997),

são beneficiadas pela criteriosa extensão do crédito dado pelos fornecedores. Esse crédito

possibilita às pequenas empresas seu suprimento de capital de giro, financiando a parte das

compras que não pode ser suprida pelo capital de giro próprio da empresa.

Como crédito se baseia em confiança, uma das maneiras de conseguir confiança é

conhecer a pessoa com quem se está negociando, para isso, seria importante o convívio

constante e duradouro. Entretanto, isso demandaria muito tempo e poderia inviabilizar muitos

negócios, quando na realidade precisaria ser ágil em mercados altamente competitivos

(UNIBB, 2004).

Para isso, foram desenvolvidas técnicas que antecipam o pré-conhecimento do cliente,

para o qual é dado o nome de Análise de Crédito. Esse conjunto de técnicas torna o processo

decisório menos empírico e mais técnico, ainda que, o elemento humano continue

desempenhando importante papel na cessão de crédito (UNIBB, 2004).

Estas técnicas se apóiam nos chamados “C’s do crédito”. Por eles pode-se observar o

cliente sob vários pontos de vista, cada um é capaz de avaliar determinados aspectos, de modo

que a soma deles permita segura avaliação que leve à decisão sobre a concessão do crédito.

São eles (UNIBB, 2004):

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106

- Caráter: é o mais importante critério a ser analisado no tocante ao crédito.

Relaciona-se este item com a honestidade, idoneidade e a “vontade do cliente” em

honrar seus compromissos. Enquanto os demais C’s se referem ao “poder pagar”, o

caráter refere-se ao “querer pagar”. Entidades de proteção ao crédito como Serviço

de Proteção ao Crédito (SPC), SERASA, cartórios de protestos, entre outros, são

fontes de informações disponíveis sobre histórico/situação das pessoas (físicas e

jurídicas) no tocante ao cumprimento de suas obrigações financeiras;

- Capacidade: está baseada na competência do cliente em gerar recursos financeiros

que o possibilitem de cumprir com seus compromissos. Informações sobre o

devedor neste caso também são imprescindíveis. Uma pessoa poderá tornar-se mau

pagador, não por falta de caráter, mas por falta de capacidade

administrativa/financeira;

- Condições: referem-se às influências circunstanciais que, derivadas de diversas

variáveis, afetam a capacidade de pagamento do devedor. Ex: Variáveis

macroeconômicas: alteração das taxas cambiais, carga tributária, aumento do nível

de desemprego, entre outros; Variáveis políticas: segurança pública, privatizações,

entre outras; Variáveis psicossociais: moda, nível de alfabetização, hábitos

culturais, entre outros; e Variáveis microeconômicas: refere-se ao ambiente

operacional do cliente e aspectos com os quais interage diretamente, influenciando

e sendo influenciado. Ex: mercados (consumidor e fornecedor), concorrência e

sazonalidade, entre outras.

- Capital: refere-se à situação econômica e financeira do cliente, ou seja, a

disponibilidade de recursos ou a existência de bens para honrar os compromissos.

Para análise da situação econômica de pessoas físicas são comparados os bens,

confrontando-os com suas dívidas. Para análise da situação financeira, comparam-

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se suas receitas (salários, honorários, entre outros), com suas despesas (custeio do

orçamento pessoal/familiar). A análise de pessoa jurídica se baseará nos

demonstrativos contábeis, os quais oferecem informações valiosas sobre o

desempenho e solidez da empresa;

- Conglomerado: conceito que representa o conjunto de empresas que de alguma

forma mantém relacionamentos entre si, seja por participação de capital ou por

possuírem dirigentes em comum. Apesar de orientado para análise de pessoas

jurídicas, o conceito deve estender-se às pessoas físicas que desempenhem mais de

uma atividade; e

- Colateral: refere-se à capacidade do cliente em oferecer garantias adicionais. Este

item é analisado como uma forma de compensação que o cliente poderá oferecer

para contra-balancear alguma deficiência apresentada na análise dos C’s anteriores

(exceto do caráter, que não permite atenuantes). Não deve ser considerado como

fator determinante na liberação do crédito, mas sim como item acessório (reforço).

2.7.4 O Crédito nas Micro e Pequenas Empresas (MPE)

Para Longenecker, Moore e Petty (1997), pode-se dividir o crédito em duas classes

distintas:

- Crédito ao consumidor: quando concedido pelos varejistas aos consumidores

finais, que o utilizam para compras de uso pessoal ou familiar; e

- Crédito comercial: quando cedido por empresas não financeiras (industrias e

atacadistas) a outras empresas clientes (lojas comerciais, empresas prestadoras de

serviços).

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No entanto, são percebidas diferenças marcantes entre o crédito ao consumidor e o

crédito comercial. Condições de venda (a prazo ou a vista); tipos de instrumentos de crédito

(contratos, duplicatas, entre outros) e a oferta de garantia de crédito, verificado usualmente no

crédito comercial.

O crédito ao consumidor apresenta três tipos de contas de crédito:

- Conta de cobrança em aberto: o cliente obtém um produto no ato da compra,

com pagamento futuro (carnês e/ou duplicatas), a ser feito quando faturado. Ex:

contas em lojas de departamentos, sapatarias, entre outros;

- Conta a prazo: é a modalidade que exige um pagamento de entrada com o saldo a

ser pago em um período de tempo especificado. É comum ser utilizado em

compras de produtos com valores expressivos, como: automóveis,

eletrodomésticos, entre outros;

- Conta de crédito rotativo: refere-se a uma linha de crédito, a qual o cliente pode

utilizar fazendo compras até um limite pré-estabelecido sem necessidade de

solicitações prévias (cartões de conveniência, entre outros).

As condições de venda a crédito, verificado no crédito comercial, variam muito,

dependendo do tipo de empresa.

As condições de prazo, valor e taxa de juros, estarão diretamente relacionadas quanto à

rotatividade dos negócios. Quanto maior o volume do pedido de compras, melhores serão as

condições oferecidas pelos fornecedores (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997).

As vendas a crédito tornaram-se uma prática comercial padrão. É notória a superação

do volume de vendas por empresas que vendem a prazo em relação com as empresas que só

vendem a vista.

Porém, cada empresa precisa considerar suas próprias condições para cessão do

crédito. Resume Longenecker, Moore e Petty (1997):

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Infelizmente a maioria das pequenas empresas presta pouca atenção a seu sistema de gerenciamento de crédito, até que os débitos incobráveis se tornem um problema. Freqüentemente é tarde demais. O gerenciamento de crédito deve começar antes da primeira venda a crédito, com um minucioso exame e, continuar durante todo o ciclo de crédito (LONGENECKER, MOORE e PETTY 1997, p.349).

2.7.5 Risco do Crédito

Conceituando-se crédito torna-se necessário conceituar também o termo risco, pois, o

mesmo é inerente à atividade creditícia.

O risco é algo que está presente em todos momentos da vida, quaisquer que sejam as

atividades. Na forma literal, risco significa perigo ou possibilidade de perigo (FERREIRA,

2000).

Pertinente a crédito o risco é que define a probabilidade de não se cumprir acordos

contratados na cessão do crédito (UNIBB, 2004).

Define Gitman (2004),

”fundamentalmente risco é a possibilidade de perda financeira.....quanto mais certo for o retorno de um ativo, menos variabilidade de risco ele oferecerá” (GITMAN, 2004, p.184).

O risco não pode ser eliminado da atividade de crédito, por isso deve-se tentar

diminuí-lo, reduzindo-se o nível de incerteza nele encontrado. É também por meio de medidas

probabilísticas que se tenta quantificá-lo, de modo a determinar seu espectro de influência na

formação de preço dos produtos de crédito (UNIBB, 2004).

Entre risco e incerteza existem diferenças. A incerteza ocorre quando se decide

unicamente embasados na sensibilidade, ou seja, quando se toma decisões subjetivas, sem

amparo de qualquer metodologia que indique mensurações que possa oferecer condições

objetivas para uma decisão. Já o risco pode ser calculado com base em informações e dados

históricos, fundamentados embasando a tomada de decisão a partir de estimativas aceitáveis

(UNIBB, 2004).

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Sabe-se que o crédito, entre outros aspectos, tem seu preço dependente do respectivo

risco. Ou seja, quanto maior o risco de crédito, maior deverá ser a taxa de juros associada à

operação. Nesse contexto, devemos sempre procurar o ponto de equilíbrio entre a

probabilidade de recebimento e a rentabilidade adequada.

De nada valerá uma boa negociação com taxas de juros elevadas, se os recursos não

retornarem nas datas e condições pactuadas. Concluindo, tão importante quanto à

rentabilidade da operação, é a segurança que norteia as operações de crédito. Uma análise de

crédito deve oferecer tranqüilidade a seus credores quanto à expectativa de retorno dos

recursos cedidos (UNIBB, 2004).

Os riscos podem ser classificados sobre diversos pontos de vista. Eles podem ser

avaliados quanto ao porte do cliente, valor da operação que se está realizando, grau de

concentração, entre outras. Pode-se elencar 11 tipos de risco de crédito (UNIBB, 2004):

- Risco de crédito: está relacionado à probabilidade do não cumprimento da

promessa de pagamento feita pelo tomador no ato da contratação, e, pode estar

relacionado com o cliente, negócio, grau de concentração e a administração do

crédito. Todas essas variáveis, entre outras, representam espécies de riscos que

compõem o risco de crédito;

- Risco do cliente: inerente ao tomador de recursos, decorre de suas características,

que constituem as variáveis relacionadas ao risco do cliente e são analisadas nos

chamados C’s do crédito (caráter, capacidade, condições, capital, conglomerado e

colateral);

- Risco da operação: todo negócio carrega em si características de risco inerentes à

sua finalidade e à sua natureza, como tipo de produto financiado, valor envolvido,

prazo e forma de pagamento, garantias oferecidas e encargos cobrados;

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111

- Risco da concentração do crédito: é a possibilidade de perda em decorrência da

não diversificação do crédito. Ocorre quando concentram-se operações em um

número reduzido de clientes, em determinado setor de atividade, em um segmento

de mercado, ou ainda, em uma região demográfica;

- Risco de administração do crédito: é o tipo de risco ligado à condução das

operações, as formas adotadas para acompanhamento aos profissionais envolvidos

na fiscalização. Muitos problemas e insolvências de créditos decorrem de

acompanhamentos insuficientes ou insatisfatórios na sua administração;

- Risco de mercado: é o risco de mudanças bruscas no mercado. Ex:

comportamento de taxas de juros e de câmbio, preços de ações, incompatibilidade

entre taxas, prazos moedas e índices, entre outros fatores;

- Risco legal: é o risco provocado pela inobservância dos dispositivos legais ou

regulamentares, por mudanças da legislação ou alterações na jurisprudência

aplicáveis às transações da organização. Tal fato pode provocar pedidos de

indenização por danos a terceiros ou ter suas atividades encerradas por

determinação de autoridades competentes;

- Risco de imagem: é a possibilidade de a organização ter seu nome desgastado em

razão de publicidade negativa, verdadeira ou não;

- Risco de liquidez: é a possibilidade de ocorrer falta de recursos para cumprimento

de uma ou mais obrigações, em função do descasamento entre entradas e saídas de

caixa;

- Risco de conjuntura: é a possibilidade de ocorrerem mudanças nas condições

políticas, culturais, sociais, econômicas ou financeiras, no país ou no exterior; e

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112

- Risco operacional: empresas operando com sistemas obsoletos, inadequados,

processos internos de administração ultrapassados, fraudes, controles internos

defeituosos.

2.8 Marketing para às Micro e Pequenas Empresas (MPE)

Por se tratar de um importante assunto para todo tipo de empresa, uma breve

abordagem sobre o tema torna-se oportuna.

Define Longenecker, Moore e Petty, (1997):

Marketing de pequenas empresas consiste daquelas atividades que se relacionam diretamente à identificação dos mercados alvo; à determinação do potencial do mercado-alvo e, à preparação, a comunicação e a satisfação plena desses mercados (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997, p.190).

Um conceito antigo marketing caracteriza-o como uma atividade de distribuição ou de

vendas simplesmente. No entanto, inúmeras atividades de marketing iniciam-se mesmo, muito

antes da produção de um produto ocorrer e, estar pronto para ser vendido (LONGENECKER,

MOORE e PETTY, 1997).

Para Churchill e Peter (2003), “marketing é o processo de planejar e executar a

concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços a

fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”.

Segundo Ferreira (2000) marketing define-se como o conjunto de estratégias e ações

relativas ao desenvolvimento, apreçamento, distribuição e promoção de produtos e serviços os

quais visam a adequação mercadológica destes.

Historicamente, pode-se verificar três filosofias de marketing: filosofias voltadas para

a produção (como fazer), outras orientadas para as vendas (como vender), e outras orientadas

para o consumidor (a quem vender). Apesar de que cada filosofia possa induzir ao sucesso,

são preferíveis as filosofias com orientação ao consumidor. Ela reconhece as metas de

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113

produção-eficiência e as vendas profissionais e acrescentam preocupação com a satisfação do

consumidor. “De fato uma empresa que adota a orientação para o consumidor, considera-o

como o início e o fim de suas transações comerciais” (LONGENECKER, MOORE e PETTY,

1997).

Alguns fatores podem influenciar na adoção de determinada filosofia de marketing.

- Concorrência: é um dos principais fatores. Ocorrendo uma demanda superior à

oferta, por falta de fornecedores (concorrentes), o foco de marketing certamente

enfatizará a produção. No entanto, deve-se saber que, geralmente esta é uma

situação temporária;

- Habilidades: reflete o interesse dos gestores, quando dotados de certas habilidades

produtivas, na valorização do marketing voltado para a produção mais do que para

as vendas. Na maioria das vezes evidenciam o processo produtivo como foco do

marketing; e

- Falta de visão do negócio: a orientação do marketing para as vendas, não deve ser

adotada para simplesmente “fazer a mercadoria sair”. A alta pressão colocada

sobre as vendas poderá criar insatisfação no cliente, contribuindo para dificuldades

de sobrevivência da empresa no longo prazo.

2.8.1 Marketing de Relacionamento

Segundo Gordon (1988), marketing de relacionamento é o processo contínuo de

identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de

seus benefícios durante uma vida toda de parceria. Marketing, ao contrário do que muitos

pensam não é somente “propaganda”. A palavra Marketing tem origem da palavra em latim

“Mercari”, que significa o ato de transacionar, comercializar, trocar.

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114

Gordon (1988), define o marketing tradicional como o processo de identificação e

satisfação das necessidades do cliente de forma a atingir os objetivos da organização. O

marketing de relacionamento se desenvolve a partir dessa definição, mas possui dimensões

diferentes, as quais possuem potencial para transformar a visão da empresa sobre o marketing

tradicional e sobre seu próprio papel como empresa.

Os profissionais de marketing de relacionamento devem se concentrar nas relações ao

invés das transações. O desafio é identificar meios para o cliente e fornecedor criarem

vínculos no longo prazo e construírem valores que trarão benefícios para ambos.

Para os produtos e serviços que tenham grande volume de vendas e boa margem de

lucro, os clientes individuais devem ser considerados em todos os aspectos do negócio. As

comunicações devem ser bilaterais e envolver o consumidor e seu futuro comportamento de

consumo. “A comunicação tem que se adiantar às questões do cliente, cativando-o mais

intensamente, garantindo sua satisfação por toda vida” (GORDON, 1988).

2.8.2 Objetivos do Marketing de Relacionamento

Resume Gordon (1988) que para os clientes serem atendidos da forma como desejam,

as empresas deverão formar alianças e parcerias não-tradicionais, talvez até mesmo com

concorrentes. Ao papel da gerência de relacionamento inclui-se a responsabilidade de escutar

o cliente, integrar comunicações, tecnologias, pessoas e processos.

Já o marketing orientado a criar valor para o cliente, baseia-se simplesmente na visão

(identificação) do motivo que leva os clientes a comprarem determinados produtos em vez de

outros. Churchill e Peter (2003) definem:

Valor para o cliente é a diferença entre as percepções do cliente quanto aos benefícios da compra e uso dos produtos e serviços e, os custos em que eles incorrem para obtê-los. O marketing voltado para o valor pressupõe que os clientes estejam dispostos e sejam capazes de realizar trocas e o farão quando os benefícios

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115

das trocas excederem os custos e, os produtos ou serviços oferecerem um valor superior em comparação com outras opções (CHURCHILL e PETER, 2003, p. 4).

Segundo Gordon (1988), são objetivos do marketing de relacionamento:

- Procurar criar novo valor para os clientes e compartilhar esse valor entre o

produtor e o consumidor;

- Reconhecer nos clientes o papel, fundamental, de sinalizadores de um mercado

consumidor, pois se pode, através deles, identificar um conjunto de valores e

benefícios priorizados por determinado segmento de consumo. O produto será

criado com o cliente e não para o cliente;

- Que a empresa alinhe e planeje seus negócios, suas comunicações, sua tecnologia

para manter o valor que o cliente individual deseja;

- Manter um esforço contínuo, colaborativo, em tempo real entre o comprador e o

vendedor possibilitando rápidas adequações às mudanças e novas exigências de

mercado;

- Reconhecer a importância de se manter o relacionamento permanente e constante

com o cliente durante um período de vida/consumo (fidelização) e não apenas por

ocasião de uma venda esporádica; e

- Criar uma rede de relacionamento entre a organização e seus colaboradores

(acionistas, fornecedores, entre outros), como auxílio no processo de criação de

valor ao cliente.

2.8.3 Pesquisas de Mercado

Definem Longenecker, Moore e Petty, (1997), “as disponibilidades de informações de

pesquisas de mercado não garantem boas decisões de marketing, mas constitui-se num fator

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116

muito importante. Pesquisa de mercado significa a compilação, processamento, relato e

interpretação de informações de mercado.

Numa pesquisa realizada nos Estados Unidos com 173 empresas, verificou-se que

entre várias fontes utilizadas para realização de pesquisas de mercado, as principais em ordem

de importância são: os próprios clientes (clientes costumeiros/usuais), a rede de trabalho

(colegas, empreendedores, mentores de produtos, entre outros), e a intuição,

(LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997).

Sabe-se também que uma pequena empresa realiza menos pesquisa de mercado que

uma grande. Além dos custos, que muitas vezes, inviabilizam a realização das pesquisas de

mercado, a falta de compreensão de como ela se processa é também fator limitador para

utilização dessa ferramenta de marketing, (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997).

Para uma pesquisa de mercado ter boa efetividade deverá contar com a ajuda do

empresário, orientando e validando as informações coletadas por outrem. Entre as várias

etapas para realização das pesquisas de mercado estão: identificação do problema/objetivo, a

busca de dados secundários (informações já coletadas), e dados primários (novas informações,

ainda não conhecidas) (LONGENECKER, MOORE e PETTY, 1997):

- Identificação do problema: resume-se em reunir os requisitos informais

(informações generalizadas) para a tomada de decisão. A atenção do pesquisador

deverá focar as necessidades e desejos dos clientes que, nem sempre são fácies de

serem percebidas e definidas suficientemente. Se isto não ocorre claramente, as

informações se tornam inúteis;

- Dados secundários: são informações que já existem e estão disponíveis de modos

compilados e/ou organizados dentro da própria empresa (dados internos) ou fora

da empresa (associações comerciais, serviços particulares, órgãos públicos, entre

outros) Cuidados sobre os dados secundários devem recair sobre aspectos como:

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117

atualização dos dados, unidades de medidas e credibilidade dos dados. A mera

publicação e disponibilidade não garantem sua validade.

- Dados primários: são dados/informações obtidos pelo pesquisador por meio de

técnicas de pesquisa. Sua obtenção pode-se utilizar várias técnicas de pesquisa,

como:

- Método de observação: é uma das formas mais antigas de pesquisa; é uma

forma muito comum e natural de se adquirir conhecimento; proporcionam

resultados de pesquisa de forma econômica que evitam viéses resultantes do

contato com os respondentes (pesquisados); e

- Método de questionamento: envolvem e mantém respondentes em vários

níveis. Poderá utilizar-se de contatos pessoais ou por correspondências quando

há impossibilidade do contato pessoal, porém, sabe-se que o retorno dessas

pesquisas por correspondências caracterizam-se por baixos índices de

respostas.

2.8.4 Os 4 P’s do Marketing

Gordon (1988) ao tratar dos 4 Ps do marketing: produto, preço, promoção e praça, os

expõe sob a ótica do marketing de relacionamento.

- Produto: o produto pelo modo tradicional é concebido por meio das fases de:

pesquisa de mercado (praticamente única fase em que há participação do cliente),

concepção, desenvolvimento e lançamento. Acredita-se com isso que o produto

reunirá uma série de vantagens que os clientes vão querer adquirir. Em vez disso, o

marketing de relacionamento concebe o produto a partir do conhecimento dos

desejos de seu grupo de clientes prioritários. Conseqüentemente o produto é

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118

resultado de um processo de colaboração e interação em tempo real entre empresa

e cliente, em todas as fases de elaboração do produto, objetivando-se com isso,

atender com um alto grau de certeza, as exigências de seu público alvo;

- Preço: no marketing tradicional, o preço é constituído pela proposta

produto/serviço conjuntamente e, deverá proporcionar um retorno justo e inflexível

ao investimento realizado pela empresa. No marketing de relacionamento a

formação do preço considera as preferências dos clientes. Seus desejos sobre as

características do produto, assim como os serviços oferecidos (antes, durante e

após as vendas) deverão permitir condições de pagamento flexíveis e

separadamente destes atributos (características e serviços);

- Promoção: no marketing tradicional a promoção almeja, por meio de um tipo de

mídia, atingir o cliente de um segmento específico de modo a conscientizá-lo e

motivá-lo a adquirir determinado produto ou serviço. No marketing de

relacionamento a empresa além de promover simplesmente a venda, utilizará a

promoção como ferramenta para aumentar o valor do negócio. Ela tem a opção de

oferecer aos clientes individuais vários tipos de mídia promocional (internet,

centrais de atendimento telefônico, mídia impressa, entre outras). A promoção

poderá se tornar meio de comunicação entre empresa e consumidor, permitindo

que estes tenham acesso à empresa/produtos, quando e como eles desejarem; e

- Praça/Ponto: no marketing tradicional a praça/ponto é vista como um canal de

distribuição entre a empresa e o consumidor. No marketing de relacionamento a

distribuição é considerada a partir da perspectiva do cliente, que, decidirá onde,

como, quando e, em que quantidade comprar. Desta forma a distribuição

(praça/ponto) não é vista como um canal, mas sim, como um processo que, admite

e necessita da interação do cliente.

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Resume Gordon (1988), enquanto o marketing tradicional oferece o produto como um

pacote (fechado) de benefícios, o marketing de relacionamento “desmonta’ este pacote,

oferecendo aos clientes, possibilidades de escolha individualizada e composições

personalizadas (customização) de seus produtos e serviços”.

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120

3 METODOLOGIA

3.1 Metodologia da Pesquisa

No capítulo anterior foi pesquisada a base de conhecimento teórico-empírico, por meio

das referências literárias, quando se buscou explicar e evidenciar conceitos e técnicas

administrativas que, sendo utilizadas pelos gestores, possibilitem a estes o desenvolvimento

de competências gerenciais que os ajudarão na conquista de seus objetivos sociais.

No escopo da amostra foi utilizada a coleta de dados junto a 50 empresas do segmento

das Micro e Pequenas Empresas (MPE) distribuídas entre os ramos de comércio, indústrias e

serviços da cidade de Caçapava. A metodologia do trabalho utilizou-se de dois tipos de

pesquisa:

- Bibliográfica: método que utiliza-se do referencial teórico existente em

documentos, publicações literárias e informações em ambiente virtual, fornecendo

meios de se explorar questões para problemas já conhecidos, como também novas

áreas, onde os conhecimentos não se solidificaram suficientemente (FELIPE apud

MANZO, 2003); e

- Explicativa: o objetivo da investigação explicativa é tornar algo inteligível,

explicando os fatores que contribuíram para a ocorrência de determinados

fenômenos (FELIPE apud VERGARA, 2003).

A pesquisa bibliográfica, desenvolvida por meio de revisão literária, procurou

evidenciar de forma genérica, os principais elementos e conceitos que compõem as

ferramentas de gestão estudadas no trabalho.

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121

Neste sentido, este trabalho utilizou-se da pesquisa explicativa para evidenciar que, a

utilização de alguns conceitos e ferramentas técnicas de administração para gestão de

pequenas empresas quando utilizadas podem proporcionar incremento na produtividade e

êxito das mesmas.

O relatório de pesquisa foi aprovado pela comissão de ética da Universidade de

Taubaté sob número CEP/UNITAU nº 407/05 em 08 de setembro de 2005 (Anexo 1).

3.2 População e Amostra

A população refere-se a um conjunto de pessoas que de forma específica, faz parte do

ambiente em que será realizada a pesquisa, ou seja, os micro e pequenos empreendedores que

localizado na cidade de Caçapava, Estado de São Paulo, distribuídas entre os ramos de

Comércio, Indústria e Serviços. E, ao seguir os procedimentos pré-estabelecidos, a pesquisa,

embora generalizada, garante ser ela, a representante adequada de toda população.

por meio de questionário previamente elaborado e comum a um público constituído

entre 50 da cidade de Caçapava, Estado de São Paulo, distribuídas entre os ramos de

Comércio, Indústria e Serviços.

A amostra da pesquisa abrangerá o número de 50 (cinqüenta) micro e pequenas

empresas de ambos os sexos e estado civil.

3.3 Coleta de Dados

A coleta de dados é uma tarefa importante na pesquisa ao envolver diversos passos,

como a determinação da amostra a ser estudada, a elaboração do instrumento de coleta, a

programação da coleta e também os dados e a própria coleta (CERVO e BERVIAN, 1996).

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122

Nesta fase, o objetivo será o de obter informações sobre a realidade dos usuários do

micro e pequenas empresas.

A coleta de dados possui métodos como o de tratamento estatístico dos dados, que ao

serem empregados podem determinar a validade e grau de confiabilidade da coleta realizada

(ANDRADE, 2001). Para isso, o trabalho utilizará a análise quantitativa e qualitativa.

3.3.1 Questionário

Dentre os vários instrumentos de coleta de dados existentes, este trabalho utilizar-se-á

do questionário como método para obtenção das informações necessárias à pesquisa e aos

resultados que se pretende atingir.

Por meio do uso do questionário com roteiro pré-estabelecido, existe a possibilidade

de encontrar oportunidade para explorar e entender novos significados, além de ajudar a

explicar e prever eventos ocorridos (VERGARA, 1997).

Será utilizada a pesquisa face a face, pela flexibilidade no ato das respostas ao

questionário e pela facilidade com que se ajusta aos fatos que venham acontecer durante o

processo de coleta. Além disso, ela será realizada por conversa orientada para recolher, por

meio de questionamentos baseados em um roteiro pré-estabelecido (Anexo 2), importantes

dados para a pesquisa.

Inicialmente, será explicado ao entrevistado o objetivo, a relevância da pesquisa e a

importância de sua colaboração, bem como a garantia do anonimato.

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123

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Formação das Micro e Pequenas Empresas (MPE)

Na apuração dos dados coletados, conforme demonstrado no Gráfico1, entre as 50

empresas pesquisadas verificou-se que elas apresentam dados distintos quanto a sua forma de

constituição social, ramo de negócios, tempo de empresa e escolaridade dos administradores.

Gráfico 1 – Formação das Micro e Pequenas Empresas

- Constituição social: quanto sua forma de constituição social as MPE estão

distribuídas da seguinte forma: Sociedades Limitadas (30%), Firmas Individuais

(70%) e Sociedades Anônimas (não encontradas);

- Ramo de negócio: quanto ao ramo de negócios as MPE estão localizadas entre: 35

empresas, isto é 70%, estão no ramo de comércio; 1 empresa correspondendo 2%

na indústria; e 14 empresas no total 28%, estão no ramo de serviços;

FORMAÇÃO DAS EMPRESAS

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1ConstituiçãoSocial

Escolaridade Tempo de Empresa

Ramo deNegócio

+ de 10 anosDe 5 a 10 anosAté 5 anos

Tempo de Empresa

Ensino SuperiorEnsino MédioFundamental

Escolaridade dosAdministradores

Sociedade Ltda.Firma IndividualSA

Constituição Social

ComércioIndústriaServiço

Ramo de Negócio

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- Tempo de empresa: quanto ao tempo de constituição das empresas foi

identificado que: 15 empresas (30%) estão com mais de 10 anos de constituição;

12 empresas (24%) detém de 5 a 10 anos de tempo de constituição; e 33 empresas

(46%) apresentam tempo de constituição de 0 a 5 anos de existência; e

- Escolaridade dos proprietários: foi verificado que 20 empresas (40%), possuem

administradores com formação escolar de nível superior completo; 25 empresas

(50%), possuem administradores com formação do ensino médio; e 5 empresas

(10%), possuem administradores com formação do ensino fundamental.

4.2 Gestão Estratégica dos Negócios

Em relaçao à gestão estratégica dos negócios, as MPE apresentaram, conforme

Gráfico 2, informações sobre: plano de negócios, conhecimento dos pontos fortes e pontos

fracos, utilização de consultoria e fatores de sucesso da MPE.

É importante ressaltar que dentre os empresários que relataram possuir algum tipo de

plano de negócio ou missão, muitos o confundiram com algum objetivo ou meta de curto

prazo, geralmente sem detalhamento da missão. Ex. aumentar as vendas.

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Gráfico 2 - Gestão estratégica de negócios

- Plano de negócios: 15 empresas (30%) relataram possuir plano de negócios; 05

empresas (10%) das que possuem o plano divulgam-no entre os funcionários e o

contador; e 30 empresas (70%), não têm plano de negócios;

- Conhecimento do negócio: 47 empresas (94%) relatam conhecer pontos fortes de

suas empresas; e 45 empresas (90%) relatam conhecer os pontos fracos;

- Consultoria empresarial: 2 empresas (4%) relatam já ter utilizado algum tipo de

consultoria empresarial; e 48 empresas (96%) não utilizaram consultoria;

- Fatores de sucesso: 24 empresas (48%) acreditam ser a boa administração (bom

administrador) o fator responsável pelo êxito dos negócios; 14 empresas (28%),

acreditam ser o capital próprio; e 12 empresas (24%) o atribuem ao conhecimento

do mercado.

GESTÃO ESTRATÉGICA

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1Plano de Negócios

Fatores de Sucesso

Consultoria Empresarial

Conhecimentodo Negócio

Já utilizaramNão utilizam

Consultoria Empresarial

Bom administradorCapital próprioConhecimento de Mercado

Fatores de sucesso

Possuem planoDivulgam o planoNão possuem plano

Plano de Negócios

Pontos fortesPontos fracos

Conhecimento do Negócio

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4.3 Aspectos Comportamentais nas MPE

Referente aos assuntos sobre aspectos comportamentais de gestão nas MPE, o Gráfico

3 demonstra resultados da pesquisa sobre liderança, criatividade e tomada de decisão.

Gráfico 3 – Liderança, criatividade e tomada de decisão

- Liderança: 22 empresários (44%) do público estudado, relataram preferências por

interação com pessoas com pensamentos iguais aos deles próprios. 50 empresários

(100%) acreditam inspirar nos outros suas qualidades quanto a excelência e

comprometimento. Da mesma forma, 50 empresários (100%) acreditam apresentar

fortes habilidades sociais e interpessoais;

- Criatividade: a totalidade dos respondentes, 50 empresários (100%) são passíveis

de adaptação às condições de mudanças, favoráveis a leitura e informações fora do

campo de interesse imediato e costumam usar da improvisação no seu dia-a-dia; e

LIDERANÇA, CRIATIVIDADE E TOMADA DE DECISÃO

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1Liderança Tomada deDecisão

Criatividade

PrioridadesPlanejamentoMelhoramentos

Tomadas de Decisão

Interação Pessoal ExcelênciaHabilidades pessoais

Liderança

MudançasLeiturasImprovisação

Criatividade

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127

- Tomada de decisão: 50 empresários (100%) estabelecem prioridades e planos de

ação. 23 empresários (46%) seguem a risca o planejamento diário das atividades e

32 empresários (64%) anotam freqüentemente os melhoramentos a implantar.

4.4 Gestão Contábil

O Gráfico 4 demonstra os resultados da pesquisa sobre a utilização da contabilidade

gerencial, como ferramenta auxiliar na gestão das MPE:

Gráfico 4 – Gestão Contábil

- Função contábil: 30 empresários (60%) consideram como finalidade da

contabilidade as atividades pertinentes ao recolhimento de impostos e registro de

empregados. 18 empresários (36%) atribuem à contabilidade, além das anteriores,

as funções de orientação jurídica, e somente 2 empresários (4%) utilizam relatórios

contábeis nos processos decisórios;

GESTÃO CONTÁBIL

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

1Função da Contabilidade

Equalização de datas

Conhecem o Capital de Giro

Relação com contador

Conhecem Desconhecem

Necessidade de Capital de Giro

Sempre As vezes Raramente

Equalização de datas de pagamentos

Recolhimentos Orientações FiscaisControles Internos

Função Contábil

Satisfatória Média

Relação com Contador

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- Relação com o contador: 22 empresários (44%) consideram satisfatória a relação

como o contador e 28 empresas (56%) consideram como insatisfatória a relação

com o contador; e

- Conhecimento do capital de giro: 30 empresários (60%) declararam conhecer o

volume de capital de giro necessário à manutenção de suas atividades, enquanto 20

empresários (40%) declararam desconhecê-lo; e

- Equalização das datas de pagamentos com as de recebimentos: 20 empresas

(40%) declararam conseguir equalizar as datas de pagamentos com as de

recebimentos, no entanto 25 empresas (50%) declararam que conseguem

equalizá-lo às vezes; e 10 empresas (5%) declararam consegui-lo raramente.

4.5 Crédito

Em relação à utilização de crédito pelas MPE a pesquisa, apresentado no Gráfico 5,

revela dados quanto: a participação de recursos de terceiros (onerosos) no financiamento das

atividades da MPE, percentual médio de vendas a prazo, existência de concentração de vendas

em relação aos clientes e os meios de pagamentos mais utilizados pelas MPE.

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129

Gráfico 5 – Créditos utilizados pelas Micro e Pequenas Empresas

- Recursos de terceiros: apenas 5 empresas (10%) responderam que não utilizam

recursos de terceiros (recursos onerosos como empréstimos e financiamentos); 30

empresas (60%) responderam que utilizam até 50% de recursos de terceiros para

manutenção de suas atividades; e 15 empresas (30%) responderam que utilizam de

51% a 100% de recursos de terceiros para manutenção de suas atividade;

- Vendas a prazo: esta questão reflete à proporção que as vendas a prazo ocupam

dentro das vendas totais da empresa; 17 empresas (34%) revelaram que as vendas a

prazo correspondem a 30% das vendas totais; 18 empresas (36%) revelaram que as

vendas a prazo correspondem de 31% a 70% das vendas totais; e 15 empresas

(30%) revelaram que as vendas prazo correspondem de 71% a 100% das vendas

totais;

- Concentração de vendas: esta questão revela a ocorrência de concentração de

vendas nos 5 maiores clientes da empresa; 33 empresas (66%) revelaram que

ocorre até 30% de concentração das vendas totais em seus 5 maiores clientes; 12

CRÉDITO

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1Recursos de terceiros

Concentração de vendas

Vendas a prazo

Meios de pagamento

Até 30%De 31% até 70%De 71% até 100%

Concentração de vendas

Não utilizaUtiliza até 50% + de 50%

Recursos de Terceiros

Até 30%De 31% até 70%De 71% até 100%

Vendas a Prazo

Formas de pagamentos

Boleto CobrançaCheque PréCartão

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empresas (24%) revelaram que a ocorrência de concentração de vendas em seus

cinco maiores clientes, estão entre 31% e 70%; e apenas 5 empresas (10%)

revelaram concentrar de 71% até 100% o total de suas vendas em seus 5 maiores

clientes; e

- Meios de pagamento: esta questão revela quais são os meios de pagamentos mais

utilizados e sua proporção dentro das vendas totais a prazo pelas MPE; 16% das

vendas a prazo são recebidas por meio de boleto de cobrança (boleto bancário);

56% das vendas são recebidas com de cheques pré-datados e, 28% das vendas a

prazo são recebidas por cartão de crédito;

4.6 Marketing utilizado pelas Micro e Pequenas Empresas

A pesquisa sobre a utilização de conceitos de marketing pelas MPE, procurou

evidenciar como os empresários do segmento vêm se utilizando desta ferramenta para criação

de valores destinados aos seus negócios.

Constatou-se que apenas 10% dos entrevistados julgaram importante a utilização dos

conceitos de marketing entre os 5 principais fatores de sucesso de um negócio. De um total

das 50 empresas entrevistadas, 54% delas relataram fazer investimentos em algum tipo de

mídia, desde carros de som até jornal, rádio e TV.

Conforme demonstrado no Gráfico 6, apenas 1 empresa (2%) relatou consultas ao

cliente para atualização de seu(s) produto(s), sendo que para a maioria das empresas, a maior

fonte de informações para as atualizações de produtos é encontrada junto aos seus próprios

fornecedores.

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131

Gráfico 6 – Utilização de conceitos de Marketing

- Investimento em Marketing: 27 empresas (54%) relataram que fazem

habitualmente, investimentos em marketing (propaganda); 16 empresas (32%)

afirmam que não fazem investimentos em marketing; e 7 empresas (14%) apesar

de não estarem fazendo na atualidade, investimentos em marketing, já o fizeram

anteriormente;

- Tipos de mídia: foram identificados vários tipos de mídias utilizadas pelas MPE,

porém, a utilização de jornal impresso corresponde ao meio mais utilizado (31%)

seguido do rádio (24%) e do panfleto (14%);

- Atualizações dos produtos: apenas 1 empresa (2%) relatou fazer consultas ao

cliente individualmente, para atualização de seus produtos; 15 empresas (30%)

relataram utilizar-se de informações dos próprios fornecedores para atualização de

produtos; 15 empresas (30%) relataram utilizar-se de participações em feiras para

atualização de seus produtos. Outros meios, dos mais diversos como: carros de

MARKETING

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1Investem em Marketing

Pós-VendaAtualizações de Produtos

Tipos de Mídia

Cliente Indivídual Fonecedores Mercado/Feiras

Atualização de Produtos

PossuemNão possuem

Serviços de Pós Vendas

Investem Não investemJá investiram

Investimentos emMarketing

JornalRádioPanfleto

Tipos de Mídia

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132

som, internet, entre outros, compõe com números menos expressivos os demais

tipos de mídia utilizados pelas MPE; e

- Pós-venda: 30 empresas (60%) relataram realizar serviços de pós-vendas; e 20

empresas (40%) relataram não utilizar serviços de pós-vendas.

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5 CONCLUSÃO

Concluindo o trabalho, confirma-se a importância das Micro e Pequenas Empresas

(MPE) na economia nacional, seja pela sua capacidade de geração de emprego e renda, bem

como pelo reaproveitamento de mão-de-obra (cada dia menos absorvida pelas grandes

empresas) seja pela diversificação de negócios, flexibilidade e fácil adaptação às mudanças

político-econômicas, atendimento regionalizado de seus mercados, desenvolvimento local

sustentável e de ações empreendedoras na geração de novos negócios.

Elas atuam com dificuldades entre os extremos, aonde de um lado encontra-se as

médias e grandes empresas e do outro a informalidade.

As médias e grandes empresas detêm enormes vantagens competitivas, pois

habitualmente possuem maior poder nas negociações (principalmente em compras), fácil

acesso ao crédito e economias de escala, entre outros.

A informalidade por seu lado detém um papel ainda mais nocivo, não só às MPE

diretamente, mas a sociedade como um todo. Ela permite a manutenção de negócios ilegais,

falsificação de produtos, comércio paralelo, evasão fiscal, entre outros.

Quanto à legislação tributária aplicada às MPE, verificou-se que esta é composta por

18.589 páginas, com 55.767 artigos, com uma média de 300 mudanças anuais. As incidências

cumulativas de alguns impostos sobre outros, incidência onde não há lucros, são também,

fatores que atingem diretamente a competitividade do segmento. Tais fatos tornam evidente a

urgência de se realizar a reforma tributária do setor e que esta possa permitir a integração das

MPE de modo mais harmonioso e sinergético aos outros segmentos produtivos.

Os principais fatos causadores da falência das MPE verificados originam da:

- Falta de planejamento do negócio antes da abertura;

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- Má gestão empresarial durante os primeiros anos de atividade; insuficiência de

políticas públicas de apoio aos pequenos negócios (políticas tributárias, trabalhistas

e de crédito entre outras);

- Conjuntura econômica deprimida (retração do consumo, concorrência acirrada,

entre outros); e

- Problemas pessoais dos empresários (problemas familiares, de saúde, efeitos da

criminalidade, entre outros).

Diante de tais fatos, conclui-se que a utilização de conceitos e ferramentas técnicas de

gestão mais que aplicáveis as MPE, são necessárias. Alguns fatores, porém, dificultam ou

mesmo impedem o acesso desses empresários ao uso de tais ferramentas. Os fatores

dificultadores mais evidentes, observados neste trabalho foram:

- Desconhecimento ou conhecimento parcial das ferramentas de gestão, seus

conceitos e práticas de utilização. A grande maioria dos empresários detém algum

conhecimento das ferramentas de gestão, porém, sentem muita dificuldade de

aplicá-las em sua rotina administrativa;

- Falta de tempo para atividades de planejamento e controle. Ocorre devido à intensa

dedicação a atividade operacional de seus negócios (compra, estocagem, vendas e

cobrança entre outros);

- Orçamento financeiro insuficiente para investimentos na profissionalização da

administração. A maior parte dos administradores das MPE declara não possuir

condições financeiras para investimento na profissionalização da administração.

Justificam que isso ocorre devido às margens de lucro, “cada dia menores”, à

manutenção de seus atuais compromissos/orçamentos; e

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- Pré-conceito quanto à utilização das ferramentas e técnicas de gestão pelos

administradores das MPE, pois, deduzem ou acreditarem que as ferramentas de

gestão administrativas “não são” a eles aplicáveis.

5.1 Recomendações para Continuação dos Estudos

Devido ao amplo escopo de temas pesquisados, sugere-se que este trabalho possa ser

continuado de forma a contribuir com mais informações sobre as ferramentas de gestão

disponíveis às MPE bem como a elaboração de conceitos sobre os benefícios de sua

utilização.

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ANEXO 1 – PROTOCOLO DE APROVAÇÃO DA COMISSÃO DE

ÉTICA DA UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

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ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA

1) Identificação da Empresa

Razão Social:__________________________________________________________

Endereço:_____________________________________________________________

Ramo de Atividade:______________________________________Franquia?_______

Data da Fundação:_____________________Capital Social: R$___________________

Porte da Empresa:_______________________________________________________

Faturamento Anual:_____________________________________________________

Número de Funcionários (incluindo sócios):__________________________________

2) Dados profissionais do(s) sócio(s) e/ou procurador(es):

Sócios Nome (Opcional) Atividade Anterior Função Anterior Tempo na Função

A

B

C

D

Procurador

3) Dados pessoais dos sócios/procurador:

Sócios Escolaridade Idade Estado Civil Nacionalidade Sexo Gerência (s/n)

A

B

C

D

Procurador

4) A empresa tem algum tipo de Plano de Negócios, Meta ou Missão definida(s)?

Sim ( ) Qual(ais)?_____________________________________________________

Não ( ) Por que?______________________________________________________

5) Os funcionários como o contador já conhecem a missão ou planejamento da empresa?

Sim ( ) Não ( )

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6) Cite alguns pontos fortes da Empresa: (em ordem de importância)

a)____________________________________________________________________

b)____________________________________________________________________

c)____________________________________________________________________

d)____________________________________________________________________

e)____________________________________________________________________

7) Cite alguns pontos fracos da Empresa: (em ordem de importância)

a)____________________________________________________________________

b)____________________________________________________________________

c)____________________________________________________________________

d)____________________________________________________________________

e)____________________________________________________________________

8) De seu ponto de vista qual(ais) a(s) finalidade(s) da contabilidade?

R.___________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

9) Na sua opinião a relação contador versus empresa é satisfatória?

R.___________________________________________________________________

10) São utilizados relatórios ou informações contábeis nos processos decisórios?

Sim ( ) Não ( )

Qual(ais)?_____________________________________________________________

11) A empresa conhece o volume de capital de giro adequado a empresa?

Sim ( ) Qual volume mensal? R$__________________________________________

Não ( )

12) A empresa faz atualizações de seus produtos e/ou serviços visando o cliente?

Sim ( ) Qual método?__________________________________________________

Não ( ) Qual motivo?___________________________________________________

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13) A empresa investe em propaganda

Sim ( ) Qual tipo de mídia(s)?_________________________________

Não ( )

14) A empresa consegue equalizar as datas de pagamentos com as de recebimentos?

Sempre ( ) As vezes ( ) Dificilmente ( )

15) A empresa conhece a margem de lucro dos produtos e do negócio?

Sim ( ) Não ( )

16) A empresa utiliza algum tipo de consultoria? Qual?

R.___________________________________________________________________

17) Na sua opinião pessoal, quais são os fatores mais importantes para uma empresa de

sucesso? (três opções):

Ousadia do empresário Bom conhecimento do produto

Ter um bom administrador Bom conhecimento do mercado

Capacidade de liderança Capital próprio

Criatividade do empresário Investimento de lucros na empresa

Estratégia de vendas Terceirização de atividades

Acesso a novas tecnologias Perseverança do empresário

Outro: Outro:

18) Na sua opinião quais os pontos na tabela abaixo são mais importantes para o sucesso de

um negócio? (três opções):

Preço do produto Administração financeira

Organização empresarial Marketing

Localização da empresa Compras

Qualidade no atendimento Qualidade do produto

Clima organizacional Tecnologia

Vendas Outro:

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19) Os principais clientes são constituídos por pessoas:

Físicas: ( ) func. de empresas privadas ( ) Públicos ( ) prof. Liberais ( ) misto

Jurídicas: ME ( ) EPP ( ) Grande Porte ( ) Misto ( )

20) A administração da empresa é:

Profissional ( ) Familiar ( ) Mista ( )

21) O nível de informatização da empresa é:

Defasado ( ) Atualizado ( ) avançado ( ) não possui ( )

22) Possui programa de treinamento de funcionários?

Sim ( ) Não ( )

23) Possui programa de remuneração e/ou incentivos para os funcionários?

Sim ( ) Não ( )

24) Trabalha com algum tipo de programa de qualidade total?

Sim ( ) Qual?___________________ Não ( )

25) Há concentração de vendas (05 maiores clientes)?

Até 10% ( ) De 11 a 30% ( ) De 31 a 70% ( ) De 71 a 100% ( )

26) As vendas a prazo, em relação às vendas totais estão entre:

30%( ) ( ) 50% ( ) 70% ( ) 90% ( ) 100%

Prazo Médio das Vendas a Prazo:__________dias

27) Em relação às vendas a prazo como estão divididas as opções de pagamentos:

Opções Porcentagem %

Cheque-Pré

Cartão de Crédito

Boleto Bancário

Carnês

Outros

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28) Possui algum serviço ou controle de pós-venda?

Sim ( ) Não ( )

29) Há concentração de compras em 01 fornecedor?

Até 20% ( ) de 21 a 40% ( ) de 41 a 70% ( ) de 71 a 100% ( )

30) Se sua empresa utiliza matéria prima, o segmento detém:

( ) grande oferta de insumos e muitos fornecedores

( ) grande oferta de insumos e poucos fornecedores

( ) muitos fornecedores e escassez de insumos

( ) escassez de fornecedores e de insumos

31) Existe controle de estoque de Matéria Prima ou Produto Acabado? O valor e o prazo

médio de estoques são conhecidos?

Sim ( ) Não ( )

Prazo médio do estoque MP:_______ dias. Valor médio do estoque MP: R$_____mil

Prazo médio do estoque PA:_______ dias. Valor médio do estoque PA: r$ ______mil

32) A empresa acredita que detém vantagem competitiva, em relação aos custos?

Sim ( ) Não ( )

33) Em relação ao financiamentos de seus ativos (bens e direitos), a empresa utiliza:

Porcentagem%

Recursos Próprios

Recursos Terceiros

34) A soma do total do ativo (patrimônio) da empresa está próximo de:

R$________________________________________

35) A empresa toma crédito em mais de uma instituição financeira?

Sim ( ) Não ( )

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36) A sede da empresa esta localizada em imóvel:

( ) próprio em nome da empresa

( ) alugado

( ) em nome do sócio (anexo à residência)

( ) em nome do sócio (independente da residência)

( ) cedido

37) O desempenho da empresa desde sua constituição vem:

( ) progredindo de maneira estável

( ) progredindo de maneira instável

( ) mantendo-se estabilizada

( ) mantendo-se com instabilidade

( ) regredindo

38) O setor no qual a empresa atua tende nos próximos 12 meses a manter-se:

favorável ( ) estável ( ) instável ( ) desfavorável ( )

39) Quanto à emissão de resíduos e agentes poluentes no meio ambiente:

( ) não há emissão

( ) há emissão de resíduos, mas existe programa de controle

( ) há emissão de resíduos e não existe programa de controle

40) A empresa participa ou ajuda algum programa, campanha ou entidade com atividade de

cunho sócio-cultural?

( ) habitualmente ( ) eventualmente ( ) raramente

41) Considera uma perda de tempo ler artigos, sites e livros fora de seu campo de interesse

imediato?

( ) sim ( ) não

42) Considera-se uma pessoa de fortes convicções?

( ) sim ( ) não

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43) Segue a risca o planejamento diário de atividades?

( ) sim ( ) não

44) Costuma usar da inovação no dia-a-dia?

( ) sim ( ) não

45) Anota freqüentemente melhoramentos que gostaria de fazer no futuro?

( ) sim ( ) não

46) Prefere interagir com pessoas que pensam como você?

( ) sim ( ) não

47) Estabelece prioridades e planos de ação?

( ) sim ( ) não

48) Aprende e melhora procedimentos?

( ) sim ( ) não

49) Adapta-se a condições de mudanças, influências e ambientes?

( ) sim ( ) não

50) Inspira excelência e comprometimento nos outros?

( ) sim ( ) não

51) Apresenta fortes habilidades sociais e interpessoais?

( ) sim ( ) não

Se achar interessante mencionar alguma crítica ou sugestão quanto ao questionário

utilize o espaço abaixo:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________