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UNIVERSIDADE DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP PEDAGOGIA KARIN MICHELLE CHIEZA A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL CAÇADOR - SC 2010

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UNIVERSIDADE DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP PEDAGOGIA

KARIN MICHELLE CHIEZA

A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

CAÇADOR - SC 2010

KARIN MICHELLE CHIEZA

A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do titulo Licenciado em Pedagogia, no 2º semestre de 2010, sob orientação do (a) professor (a) Jussara Fonseca

CAÇADOR - SC 2010

DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista primeiramente a Deus, por ter me dado forças e coragem para vencer mais esse obstáculo que passamos na vida, esses os quais que me fortaleceram e me ajudaram a conquistar muitas outras coisas na vida. Aos meus pais que me deram apoio nos momentos difíceis da caminhada durante o curso, e que vibram comigo nos momentos bons. E à todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a conquistar esse grande sonho.

AGRADECIMENTOS

A Deus pela força, coragem e companhia durante o curso, que me

ajudou a superar e conquistar a essa vitória.

Aos colegas da turma que ajudaram com as trocas de experiências e

conhecimentos trazidos para a sala de aula sempre acrescentando nas

experiências vividas.

Aos mestres que nos conduziram a melhor formação com seus

conhecimentos trazidos até nós com suas aulas.

À professora Jussara Fonseca, que me orientou durante o

desenvolvimento deste trabalho.

E principalmente a todos meus familiares que me apoiaram durante o

curso, dando incentivo e força para concluir.

“"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver

meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas

sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."

( Carlos Drummond de Andrade )

RESUMO A psicomotricidade é o controle sobre a expressão motora, a qual auxilia o entendimento do desenvolvimento motor da criança. Este trabalho tem como objetivo principal analisar a pratica da psicomotricidade nas salas de aula, como auxilio para o desenvolvimento infantil. Buscamos, através de um levantamento bibliográfico, autores que pesquisaram a importância que a psicomotricidade tem para o pleno desenvolvimento infantil, bem como a relação estabelecida entre a desenvolvimento motor e o processo de ensino aprendizagem. Após a pesquisa bibliográfica realizamos uma pesquisa com profissionais na área de educação infantil para saber como utilizam a psicomotoricidade na sala de aula como auxilio no processo de ensino aprendizagem. Pudemos, através da pesquisa, que o trabalho psicomotor quando bem desenvolvido ajuda a criança a ter melhores resultados em sala de aula, pois todas as disciplinas trabalhadas estão diretamente relacionadas com o domínio corporal e psicológico, ou seja, crianças que não tem domínio de lateralidade, esquema corporal, noção espacial e temporal, apresentarão dificuldades em organização no caderno, em noções matemáticas e trocas de letras. A criança para ter um bom desenvolvimento precisa ter conhecimento de seu corpo, assim se dá a ligação dos atos psíquicos com os atos motores. PALAVRAS-CHAVE: PSICOMOTRICIDADE, DESENVOLVIMENTO, CRIANÇA

ABSTRACT

The psychomotor is control over the motor expression, which helps the understanding of motor development of children. This paper aims at analyzing the practice of psychomotor in classrooms, as an aid to child development. We seek, through a literature review, authors who have researched the importance it has for the psychomotor full child development, as well as the relation between motor development and teaching and learning process. After the literature search carried out research with professionals in education to learn how to use the psychomotor skills in the classroom as an aid in teaching and learning process. We were able, through research, that work well when developed psychomotor helps children do better in class because all disciplines worked directly related to bodily and psychological domain, ie children who do not master of laterality , body scheme, spatial and temporal sense, will present difficulties in organizing the book in mathematical ideas and exchanges of letters. The child to have a good development needs to be aware of your body, thus, the connection of psychical acts with motor acts. KEYWORDS: psychomotricity development, child

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9

1. A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ..... 12

Histórico da psicomotricidade ...................................................... 12

1.1. O que é psicomotricidade ............................................................. 14

1.2. Elementos psicomotores no esquema humano ........................... 14

1.3. Importância do desenvolvimento no processo de ensino

aprendizagem .............................................................................. 20

1.4. Importância da psicomotricidade na educação infantil ................. 21

1.5. O desenvolvimento infantil segundo Vygotsky, Piaget e Wallon .. 24

1.5.1. Piaget ........................................................................................... 24

1.5.2. Vygotsky ....................................................................................... 25

1.5.3. Wallon .......................................................................................... 26

1.6. O desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo da criança ............ 28

1.7. A educação Infantil ....................................................................... 29

1.8. O lúdico na educação infantil ....................................................... 34

1.9. Jogos e brincadeiras na educação infantil ................................... 36

2. ANALISE DOS RESULTADOS ........................................................ 39

3. RELAÇÃO DA PEDAGOGIA COM O TEMA E COM AS DISCIPLINAS

.......................................................................................................... 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 45

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 48

9 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso trata a relação da

psicomotricidade com o desenvolvimento infantil.

A psicomotricidade tem origem no termo grego psychê, que significa

alma, e no verbo latino moto, que significa mover. Assim pode-se dizer que

psicomotricidade significa “alma de mover”.

Os primeiros estudos referentes à psicomotricidade foram escritos em

1909 e 1912, estes estudos foram resultado de observações no período de

guerra, onde as pessoas apresentavam problemas. Estes resultados foram

publicados na França em 1925, após a guerra.

No Brasil a psicomotricidade tem seus primeiros registros em 1950, onde

os profissionais começaram a valorizar os movimentos do corpo, e utilizar a

psicomotricidade em consultórios de psicologia e psiquiatria, mas sem usar o

termo. Mais tarde com a observação de problemas em salas de aula, é que se

deu o inicio da pratica da psicomotricidade nas instituições de ensino. Com o

surgimento da psicomotricidade na educação brasileira há tão pouco tempo,

professores atuantes na educação ainda carregam consigo duvidas referentes

à prática pedagógica que trabalha a psicomotricidade.

Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio

corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem

da Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma

consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse

corpo, localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é

construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como

expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento

significante. É necessário que toda criança passe por todas as etapas em seu

desenvolvimento.

A psicomotricidade hoje é usada como auxilio do desenvolvimento

integral das crianças na educação infantil e anos iniciais, tendo como objetivo

ajudar na tomada da consciência do “eu” corporal, estimulando e respeitando o

desenvolvimento das crianças dentro dos seus estágios, estágios estes que

Piaget e Wallon deixam claros em estudos e pesquisas contribuintes para a

educação.

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O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a

formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e

psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades

lúdicas, se conscientize sobre seu corpo. Através da recreação a criança

desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do

comportamento psicomotor.

O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de

problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da

direcional idade, da lateralidade e do ritmo. A educação da criança deve

evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo, levando em

consideração sua idade, a cultura corporal e os seus interesses. A educação

psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções

motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o

ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu

desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do

mundo que a cerca.

É de suma importância salientar que o movimento é a primeira

manifestação na vida do ser humano, pois desde a vida intra-uterina

realizamos movimentos com o nosso corpo, no qual vão se estruturando e

exercendo enormes influências no comportamento.

A partir deste conceito e através da nossa prática no contexto escolar,

considera-se que a psicomotricidade é um instrumento riquíssimo que nos

auxilia a promover preventivos e de intervenção, proporcionando resultados

satisfatórios em situações de dificuldades no processo de ensino-

aprendizagem.

Com esta pesquisa sobre a psicomotricidade e o desenvolvimento

infantil levantou-se a problemática, se a psicomotricidade é rabalhada de forma

correta na educação infantil, trazendo um desenvolvimento integral do

educando nos primeiros anos de vida.

O trabalho traz como objetivo principal, pesquisar e analisar a pratica da

psicomotricidade nas salas de aula da educação infantil. Com pesquisas

realizadas em campo, em forma de questionários para profissionais atuantes

na educação infantil.

11

O primeiro capitulo, trata da fundamentação teórica, onde será descrito a

psicomotricidade segundo teóricos e a educação infantil, relacionando os dois

assuntos.

O segundo capitulo trata da analise dos dados coletados com as

pesquisas entregues aos profissionais da educação infantil comparando as

respostas com as idéias dos autores pesquisados e citados na pesquisa

bibliográfica.

O terceiro e ultimo capitulo deste trabalho, traz uma análise da relação

do tema com o curso de pedagogia, assimilando a pratica pedagógica

juntamente com a pratica da psicomotricidade nas atividades escolares.

12

CAPITULO I

1. A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

1.1. Histórico da psicomotricidade

A palavra psicomotricidade tem sua origem no tempo grego “psyche”

que significa “alma” e no verbo latino “moto” que significa mover. Assim unindo

os dois significados psicomotricidade significa “alma de mover”.

A história do saber da psicomotricidade, representa já um século de esforço de ação e de pensamento a sua cientificidade na era da cibernética e da informática, vai-nos permitir certamente, ir mais longe da descrição das relações mutuas e recíprocas da convivência do corpo com o psíquico. Esta intimidade filogenética e ontogenética representam o triunfo evolutivo da espécie humana, um longo passado de vários milhões de anos de conquistas psicomotoras. (FONSSECA, 1988, p.99).

O corpo humano sempre foi valorizado, desde a antiguidade, como por

exemplo na cultura grega, onde havia o culto excessivo do esplendor físico. Ao

corpo, era conferido um lugar de destaque, constatável nas esculturas de

mármore, sempre presentes nos estádios ou locais de cultos.

Os filósofos da época como Platão, elaboraram uma concepção clássica

do corpo, “lugar de transição da existência do mundo de uma alma imortal”.

Platão apresenta a dicotomia entre psico – motricidade pela cisão entre corpo e

alma, como foi considerada na antiguidade afirmando um dualismo radical

dentro do ser humano, existindo assim duas realidades. Para os gregos o

corpo expressa a beleza da alma, a saúde do corpo é uma virtude.

Descarte afirma a dualidade corpo e alma, na organização de dois eixos

de reflexão e analise: uma fisiologia para o corpo e uma teoria de paixões para

a alma. “É a alma que dá ordens ao corpo e comanda seus movimentos”. o

corpo passa a ter vida mas influenciado pelas paixões. A teoria do individuo

livre e voluntário diz respeito a um ser que domina suas reações corporais cuja

força reside no controle que exerce sobre as paixões.

O termo psicomotricidade apareceu pela primeira vez em um discurso

médico. No século XIX, onde houve uma preocupação em identificar e nomear

as áreas especificas do córtex cerebral segundo as funções desempenhadas

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por cada uma delas, assim apareceu o termo psicomotricidade na área da

neurologia. Mas só no século XX a psicomotricidade passou a desenvolver-se

como uma pratica independente, e aos poucos transforma-se em ciência.

A psicomotricidade começou a ser praticada no momento em que o

corpo deixou de ser visto apenas como um pedaço de carne, para ser algo

indissociável do sujeito.

A psicomotricidade encontra seu principal impulso no começo do século

XX, na França, onde o saber psicomotor tem se ocupado da temática corporal

atravessado por um complexo pluralizado de ciências, como a psicologia, a

sociologia, a psicanálise entre outras.

Em 1909 Deprê define a síndrome da debilidade motora, através das

relações entre corpo e inteligência, dando partida para os estudos dos

transtornos psicomotores, patologias não relacionadas a nenhum indicio

neurológico estudados pela Psicomotricidade.

Henry Wallon, relacionou a motricidade com a emoção, e com isso o fim

do dualismo cartesiano que separa o corpo do desenvolvimento intelectual e

emocional do individuo.

Em 1935, com Eduard Guilmain, iniciou a prática psicomotora, pois ele

elaborou exames para os transtornos psicomotores.

A origem do termo psicomotricidade vem imbuída pelo paralelismo

psicomotor, isso é a associação estreita entre o desenvolvimento da

motricidade, da inteligência, e da afetividade. Mas só em 1969 a

psicomotricidade teve uma abrangência na educação e reeducação

psicomotora.

No Brasil na década de 50, a psicomotricidade passa a ser empregada

nas escolas especiais ligadas às áreas das deficiências auditivas, visuais,

motoras e mentais, numa perspectiva eminentemente reeducativa sua

expansão, acontece principalmente através dos cursos disseminadoras de

suas idéias, e de sua inserção nos currículos universitários, onde os mesmos

rompem com a supervalorização dos técnicos, propondo uma abordagem

técnico-emocional, que valoriza as atividades espontâneas da criança, o jogo e

o acesso ao simbolismo.

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O ano de 1978 é um marco histórico para o desenvolvimento da

psicomotricidade, no Brasil, especialmente com a vinda de Jean Le Boulch.

1.2. O que é psicomotricidade

A psicomotricidade é o controle sobre a expressão motora, é uma

organização para entender de forma consciente e constante as necessidades

do corpo. Pode-se também definir como a ciência da educação que norteia o

movimento, ao mesmo tempo em que põe em jogo as funções da inteligência.

A partir desta posição pode-se ver a relação intima das funções motoras

cognitivas e que, também pela afetividade, encaminha o movimento.

A motricidade é interação de diversas funções motoras. A

psicomotricidade relaciona-se com a ação psíquica com o ato motor, assim, a

psicomotricidade é o conhecimento dos movimentos, onde a criança através

dos movimentos desenvolve todas as funções do organismo.

A atividade motora é de suma importância no desenvolvimento global da

criança, assim desenvolvendo a consciência de si mesma e do mundo exterior.

A psicomotricidade é, inicialmente, uma determinada organização funcional da conduta e da ação, correlatamente, é um tipo de prática da reabilitação gestual. (CHAZAUD, p. 11)

Toda criança possui um esquema de assimilação que evolui de acordo

com a etapa de desenvolvimento em que ela atravessa. O entendimento da

criança do mundo que a cerca inicia ao nascer onde ela começa a

compreender os movimentos. Conforme Piaget, a primeira linguagem que a

criança compreende é a linguagem do corpo, a linguagem da ação. Desde o

momento da concepção, o organismo humano tem uma lógica biológica, uma

organização, um calendário maturativo e evolutivo.

O fato de a psicomotricidade ter estreita relação com o aspecto físico, o

aspecto físico e a inteligência do ser humano tornam-se um elemento

fundamental na educação, principalmente quando esta relacionada com o

descobrimento dos objetos, do espaço e do tempo.

A psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e das posturas;... ela inclui a orientação temporal e espacial, das orientações, na pratica de seu corpo e dos objetos

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que ele manipula, visando a realização de suas intenções. (CHAZAUD, p. 12)

1.3. Elementos psicomotores no esquema humano

São várias as classificações e as terminologias utilizadas para

denominar as funções psicomotoras. De qualquer forma, os conceitos são

basicamente os mesmos; o que muda é a forma de classificar e agrupar estes

conceitos. Assim, as terminologias mais utilizadas no Brasil e seus respectivos

conceitos são os seguintes: esquema corporal, tônus, motricidade ampla,

motricidade fina, lateralidade, estruturação espacial, estruturação temporal e

ritmo.

Esquema corporal:

“Para uma criança agir através de seus aspectos psicológicos,

psicomotores, emocionais, cognitivos, e sociais, precisa ter um corpo

“organizado”. Esta organização de si mesma é o ponto de partida para que

descubra suas diversas possibilidades de ação e, portanto, precisa levar em

consideração os aspectos neurofisiológicos, mecânicos, anatômicos,

locomotores” (OLVIEIRA, 2002, p. 48).

O esquema corporal surge no primeiro ano da vida através do

conhecimento do conjunto do corpo. Aos três anos a criança começa a adquiri

a independência psicomotora e a identificar algumas partes do seu corpo.

Desta forma a elaboração da noção do corpo estrutura-se ao longo da

infância e projeta-se numa permanente evolução dialética inacabada durante

toda a existência do individuo.

Esquema corporal é o conhecimento intelectual das partes do corpo e de

suas funções. Segundo pesquisadores, um esquema corporal organizado,

permite a uma criança se sentir bem, na medida em que seu corpo lhe

obedece, em que tem equilíbrio, domínio de coordenações, pode utilizar todas

essas possibilidades de ação e movimento para seu poder cognitivo.

Esquema corporal resulta das experiências que possuímos provenientes

do corpo e das sensações que experimentamos. Não é um conceito aprendido

e que depende de treinamento. Ele se organiza pela experienciação do corpo

da criança. É uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de

acordo com o uso que faz de seu corpo.

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Le Boulch1982) propõe algumas etapas do esquema corporal:

1ª etapa: corpo vivido (até 3 anos de idade)

Corresponde à fase de inteligência sensória motora de Piaget(1975).

O bebê sente o meio ambiente como fazendo parte dele mesma. À

medida que cresce, com um maior amadurecimento de seu sistema nervoso,

vai ampliando suas experiências e passa, pouco a pouco a diferenciar de seu

meio ambiente. Nesse período a criança tem uma necessidade muito grande

de movimentação e através desta vai enriquecendo a experiência subjetiva de

seu corpo e ampliando a sua experiência motora. Suas atividades iniciais são

espontâneas.

2ª Etapa: corpo percebido ou descoberto ( 3 a 7 anos)

Corresponde à organização do esquema corporal devido à maturação da

"função de interiorização" que é definida como a possibilidade de deslocar sua

atenção do meio ambiente para seu próprio corpo a fim de levar à tomada de

consciência.

A função de interiorização permite a passagem do ajustamento

espontâneo, a um ajustamento controlado que, propicia um maior domínio do

corpo, culminando em uma maior dissociação dos movimentos voluntários. A

criança com isso, passa a aperfeiçoar e refinar seus movimentos adquirindo

uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo determinado. Descobre

sua dominância e com ela seu eixo corporal.

O corpo passa a ser um ponto de referência para se situar e situar os

objetos em seu espaço e tempo. Neste momento assimila conceitos como

embaixo, acima, direita, esquerda e adquire também noções temporais como a

duração dos intervalos de tempo e de ordem e sucessão, isto é, primeiro e

ultimo.

No final dessa fase, a criança pode ser caracterizada como pré-

operatória, porque está submetida à percepção num espaço em parte

representado, mas ainda centralizado sobre o próprio corpo.

3ª Etapa: corpo representado (7 a 12 anos)

Nesta etapa observa-se a estruturação do esquema corporal.

No início desta fase a representação mental da imagem do corpo

consiste numa simples imagem reprodutora e é uma imagem de corpo estática.

A criança só dispõe de uma imagem mental do corpo em movimento a partir de

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10/12 anos, significando que atingiu uma representação mental de uma

sucessão motora, com a introdução do fator temporal.

Sua imagem do corpo passa a ser antecipatória, e não mais somente

reprodutora revelando um verdadeiro trabalho mental devido à evolução das

funções cognitivas correspondentes ao estágio preconizado por Piaget(1975)

de operações concretas.

Os pontos de referência não estão mais centrados no corpo próprio, mas

são exteriores ao sujeito, podendo ele mesmo criar os pontos de referência que

irão orientá-lo.

Le Boulch (1982) afirma que crianças que não tem consciência de seu

próprio corpo podem experimentar algumas dificuldades como insuficiência de

percepção ou de controle de seu corpo, incapacidade de controle respiratório,

dificuldades de equilíbrio e de coordenação. Elas podem também, apresentar

dificuldades em se locomover em um espaço predeterminado e em situar-se

em um tempo, pois o esquema corporal está intimamente ligado à orientação

espaço-temporal. Uma criança com grandes problemas de esquema corporal

manifesta normalmente dificuldade de coordenação dos movimentos,

apresentando certa lentidão que dificulta a realização de gestos harmoniosos

simples, como abotoar uma roupa.

A criança se confunde em relação às diversas coordenadas de espaço,

como em cima, embaixo, ao lado, linhas horizontais e verticais, e também não

adquire o sentido de direção devido a confusões entre direita e esquerda.

Uma perturbação de esquema corporal pode levar a uma

impossibilidade de se adquirirem os esquemas dinâmicos que correspondem

ao hábito visomotor e também intervém na leitura e escrita. Uma conseqüência

séria da falta de esquema corporal é o não desenvolvimento dos instrumentos

adequados para um bom relacionamento com as pessoas e como seu meio

ambiente, e pior ainda, leva a um mau desenvolvimento da linguagem.

Imagem corporal:

É a representação mental inconsciente que fazemos do nosso próprio

corpo, formada a partir do momento em que este corpo começa a ser desejado

e, conseqüentemente a desejar e a ser marcado por uma história singular e

pelas inscrições materna e paterna. Um exemplo de como se dá sua

construção é o estágio do espelho que começa aos 6-8 meses de idade,

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quando a criança já se reconhece no espelho, sabendo que o que vê é sua

imagem refletida. A imagem, portanto, vem antes do esquema, portanto, sem

imagem, não há esquema corporal.

Tônus:

É a tensão fisiológica dos músculos que garante equilíbrio estático e

dinâmico, coordenação e postura em qualquer posição adotada pelo corpo,

esteja ele parado ou em movimento. Exemplo: a maioria das pessoas

portadoras da Síndrome de Down possui uma hipotonia, ou seja, uma

tonicidade ou tensão menor do que a normal, o que faz com que haja um

aumento da mobilidade e da flexibilidade e uma diminuição do equilíbrio, da

postura e da coordenação.

Coordenação global ou motricidade ampla:

É a ação simultânea de diferentes grupos musculares na execução de

movimentos voluntários, amplos e relativamente complexos. Exemplo: para

caminhar utilizamos a coordenação motora ampla em que membros superiores

e inferiores se alternam coordenadamente para que haja deslocamento.

Motricidade fina:

É a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando pequenos

grupos musculares das extremidades. Exemplo: escrever, costurar, digitar.

Lateralidade:

Segundo pesquisadores lateralidade, é a capacidade motora de

percepções integradas dos dois lados do corpo, direito e esquerdo. É o

elemento fundamental de relações e orientações com o mundo exterior. Todo

ser humano possui uma predominância de um dos lados do corpo, isso se faz

em função do hemisfério cerebral. Esse lado dominante apresenta maior força

muscular, mais precisão e rapidez.

“perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado que o outro é o inicio da descriminação entre a esquerda e a direita; de inicio, a criança distingue os dois lados do corpo, num segundo momento, ela compreende que os dois braços encontram-se em cada lado do seu corpo, embora ignore que sejam “direita-esquerda”. Aos cinco anos aprende a diferenciar uma mão da outra, um pé do outro, e em seguida passa a distinguis um olho do outro. Aos seis anos a criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e tem noção dos órgão pares, apostando sua localização. Aos sete anos sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo”. (LE BOUCH, 1984,p.42).

19

Pode-se observar também, lateralidade homogênea, dominância destra

ou canhota à nível de todas as observações os membros superiores e

inferiores). Lateralidade cruzada, destra da mão e canhota do pé, olho e ouvido

e vice-versa. Ambidestria, a criança é tão hábil do lado esquerdo quanto do

direito. A lateralização é a base da estruturação espacial e é através dela que

uma criança se orienta no mundo que a rodeia.

Estruturação espacial:

É a tomada de consciência da situação das coisas entre si. É a

possibilidade, para a pessoa de organizar-se perante o mundo que cerca de

organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las. É

ter noção de direção e de distancia em interação. Toda percepção do mundo é

uma percepção espacial na qual o corpo é o termo de referencia. A

estruturação espacial não nasce com o individuo, é construída através das

relações que estabelecemos.

É através destas noções que a criança vai aprender conceitos como:

direita e esquerda, conceitos de tamanho, de posição, de movimentos, de

formas, de qualidade, de superfícies e volume.

Estruturação temporal:

É a capacidade de situar-se em função da sucessão dos

acontecimentos, da duração dos intervalos, de períodos do caráter irreversível

do tempo. A noção do tempo é muito abstrata e por isso muito difícil para a

criança compreender, pois exige a ação da memória e da lembrança.

“As noções de corpo, espaço e tempo, têm que estar intimamente

ligadas se quisermos entender o movimento humano. O corpo coordena-se,

movimenta-se continuamente dentro de um espaço determinado, em função do

tempo, em relação a um sistema de referencia” (Oliveira, p. 86, 2002).

Ritmo:

Cada ser humano tem seu próprio ritmo, funciona como um relógio.

Todo o nosso corpo trabalha dentro de um determinado ritmo, que é

influenciado por estímulos externos Oliveira define três tipos de ritmos: motor,

auditivo, e visual. O ritmo motor está ligado ao movimento do corpo e se realiza

em um intervalo de tempo constante. O ritmo auditivo é associado com algum

movimento. E para que a criança desenvolva, é necessário que o ritmo auditivo

e motor estejam associados. O ritmo visual esta diretamente ligado a leitura e

20

escrita. Para os olhos acompanharem com ritmo uma palavra atrás da outra,

precisa ter um ritmo, para respeitar os espaços entre as palavras, ordenar as

letras dentro da palavras e as palavras nas frases. Uma letra deve suceder a

outra. A pontuação e a entonação que acompanham a leitura e escrita, são

resultado de habilidades rítmicas.

Equilíbrio:

É a capacidade de manter-se sobre uma base reduzida de sustentação

do corpo utilizando uma combinação adequada de ações musculares, parado

ou em movimento. Um exemplo de equilíbrio dinâmico é caminhar sobre uma

prancha e de equilíbrio estático é manter-se sentado corretamente.

1.4. A importância do desenvolvimento motor no processo de ensino

aprendizagem

O desenvolvimento motor inicia no período de gestação onde o bebê

efetua seus primeiros movimentos. desde a concepção o bebê já possui

movimentos, onde inicia sua formação cognitiva e motora. Após seu

nascimento ele necessita que alguém o conduza e o ajude a desenvolver seu

esquema corporal com estímulos e carinho. É através dos primeiros

movimentos que a psicomotricidade educa-os e Poe em jogo suas funções

intelectuais, analisando assim, se ele possui um desenvolvimento mental

normal ou não.

O corpo da criança expressa a linguagem corporal, que se revela por

meio da exterioridade e interioridade, pensamentos e sentimentos. A linguagem

corporal se revela através de gestos, risos e expressão facial.

As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas de suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe também os meios com os quais fará grande fará grande parte de seus contatos. (José, 2000. p. 109).

A psicomotricidade é a educação dos movimentos juntamente cm a

funções intelectuais, o desenvolvimento intelectual perfeito mostra-se

primeiramente no bom desenvolvimento motor.

Durante a infância até aproximadamente os três anos de idade a criança

não tem bem definida suas funções motoras,explora o mundo e seus objetos

21

com os órgãos dos sentidos, cada vez com mais curiosidade criando

mediações entre ela e o meio em que vive.

Assim a criança precisa de seu esquema corporal seja bem trabalhado

para acalcar um bom desenvolvimento de sua aprendizagem.

A criança com bons estímulos na motricidade, é capaz de desenvolver-

se melhor no processo de ensino-aprendizagem, assim muitos pesquisadores

defendem o trabalho da psicomotricidade nas salas de aula da educação

infantil, pois iniciando desde cedo um bom desenvolvimento motor a criança

não terá problemas no seu desenvolvimento.

Na lateralidade a criança usa todo o jogo de seu corpo, pois necessita

dominar bem seus pés, mãos, olhos e ouvidos. Por isso precisa ter atenção e

percepção bem centradas para ocorrer a aprendizagem. Encontramos

indivíduos que são destros, canhotos e ambidestros. Poderemos entrar

também crianças que não tem lateralidade definida, e isso precisa ser

trabalhada o quanto antes na criança, pois para iniciar o processo de

alfabetização a criança precisa ter sua lateralidade bem definida.

O conhecimento, “esquerda- direita” decorre da noção de dominância

lateral, é a percepção do eixo corporal, a tudo que está ao redor da criança.

Esse conhecimento será aprendido quanto mais for explicado e trabalhado o

esquema corporal, quanto mais trabalhar com a naturalidade a lateralidade

mais a criança vai perceber direita e esquerda.

É na orientação espacial que a criança tem que ter noção do seu “eu”

referencial, para entender depois outros objetos ou pessoas em movimentos,

tomando consciência das coisas entre si, é a possibilidade de organizar-se

perante o mundo, de organizar as coisas entre si, e movimentá-las.

Sem a lateralidade e a organização espacial da criança, ela encontrará

como problemas na alfabetização a confusão das letras, não será capaz de ler,

pois não conseguirá movimentar os olhos da esquerda para a direita, entre

outros problemas no processo de alfabetização.

Sendo a estruturação temporal a capacidade de situar-se no tempo, para

que a criança não venha a ter esses problemas, ela tem que ter a noção de

antes, depois, e durante, em qualquer atividade. Assim a orientação temporal e

espacial da criança são de suma importância para o desenvolvimento motor da

criança.

22

O educador deve estar bem atento a esse desenvolvimento da criança,

pois se ela não tiver esses conceitos bem definidos ele irá apresentar vários

problemas, e se o educador não estiver atento ao processo de ensino-

aprendizagem da criança ele poderá avaliá-la de forma errada, e deixando

essa falha no processo, prejudicando a criança.

1.5. A importância da psicomotricidade na educação infantil

Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio

corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem

da Psicomotricidade permitirá a compreensão da forma como a criança toma

consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio deste

corpo, localizando‐se no tempo e no espaço. O movimento humano é

construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção, o movimento

transforma‐se em comportamento significante. É necessário que toda criança

passe por todas as etapas em seu desenvolvimento. O trabalho da educação

psicomotora com a criança deve prever a formação de base indispensável em

seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando oportunidade para

que por meio de jogos e de atividades lúdicas, se conscientize sobre seu corpo.

Através da recreação, a criança desenvolve suas aptidões perceptivas como

meio do ajustamento do comportamento psicomotor. A recreação dirigida

proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que

ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio‐afetivo.

A maioria da crianças que passam por dificuldades de aprendizagem na

escola, muitas vezes não esta no nível de escolaridade que a criança esta

freqüentando, mas sim nos anos de base de ensino que essa criança

participou, ou seja, na educação infantil.

Com isso, estudiosos defendem a idéia de que a psicomotricidade é de

fundamental importância no desenvolvimento da criança, assim, é preciso que

o professor encaminhe de forma agradável e produtiva o processo do ensino-

aprendizagem, sendo que a psicomotricidade torna-se fundamental para o

rendimento escolar. O professor que analisa os “erros” de seus alunos

geralmente descobrirá a causa nas fases anteriores e nas perturbações

23

psicomotoras, assim o professor poderá sanar estes erros propondo diversas

atividades tais como a de despirem-se, as de ginástica, nas de matemática, de

canto, em habilidades manuais. Pois os elementos básicos, condições mínimas

necessárias para uma boa aprendizagem, continuem a estruturação da

educação psicomotora.

O papel da psicomotricidade é iadaptação psicomotora, pois apresenta

uma finalidade reorganizadora nos processos de aprendizagem de gestos

motores. Surge como base sensório-perceptivo-motor indispensável na

contribuição do do processo de educação e reeducação psicomotoras, pois

atua diretamente na organização das sensações, percepções e nas

compreensões, visando a sua utilização em respostas adaptativas previamente

planificadas e programadas.

Quando se trabalha com a educação infantil, é de fundamental

importância o conhecimento e aplicação da psicomotricidade, pois quando

falamos em movimento, falamos principalmente da psicomotricidade, o qual é

uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana,

trabalhando diretamente no desenvolvimento do movimento infantil e sua

aprendizagem.

São diversas as significação que a psicogenética walloriana atribui ao ato motor. Além do seu papel na relação com o mundo físico (motricidade de realização), o movimento tem um papel fundamental na afetividade e também na cognição (GALVÃO, p.69, 1999).

A educação motora tem como objetivo ampliar as possibilidades do uso

significativo de gestos e posturas corporais, desenvolvendo assim, também o

movimento humano, pois ele é mais do que um simples deslocamento do corpo

no espaço, constituem-se em uma linguagem que permite às crianças agirem

sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as

pessoas por meio de seu teor expressivo assim como levar as crianças a

expressar sentimentos, emoções e pensamentos.

A educação motora deve ser levada a serio na educação infantil,

obedecendo o desenvolvimento por faixa etária, para que não seja prejudicado

o processo de ensino-aprendizagem da criança. A psicomotricidade deve ser

conduzida de forma lúdica, recreativa, levando-as uso de diferentes gestos,

posturas e expressões corporais, com intencionalidade, ou seja, objetivando

desenvolver áreas especificas, como: coordenação motora ampla e fina,

24

equilíbrio, velocidade, agilidade, ritmo, e para isso utilizado materiais

diversificados que possam proporcionar esses objetivos. Esses materiais

podem ser: bambolês, cordas, que possam montar um circuito recreativo,

atividades de roda, pneus, bolas de diferentes tamanhos e espessuras. Esses

materiais devem passar para a criança segurança, para que ela possa arriscar

e vencer desafios, proporcionando conhecimento através de si mesmo, dos

outros e do meio que vive.

1.6. O desenvolvimento infantil segundo Vygotsky, Piaget, e Wallon

1.6.1. Piaget

No desenvolvimento humano, podemos perceber claramente a

existência de etapas diferenciadas, caracterizadas por um conjunto de

necessidades. O desenvolvimento tem um ritmo próprio, resultante da atuação

dos princípios funcionais.

“as primeiras semanas de vida são inteiramente dominadas por funções de ordem fisiológica, vegetativa: além da respiração, contemporânea do nascimento, são o sono, a fome e um sentimento confuso do próprio corpo (sensibilidade proprioceptiva)” (GALVÃO, 1995 p. 116).

Para Piaget, a criança recém nascida, tem comportamentos de reflexo,

mas pela via do reflexo de sucção, no segundo mês de vida faz as primeiras

diferenciações entre os objetos do seu ambiente. Entre o quarto e o oitavo mês

inicia a coordenação da visão e do tato.

Piaget definiu o desenvolvimento como um processo de equilibrações

sucessivas. Cada etapa define um momento de desenvolvimento ao longo do

qual a criança constrói certas estruturas cognitivas, segundo Piaget esse

desenvolvimento passa por quatro etapas: sensório-motora, pré-operatória,

operatório-concreta e operatório-formal.

a) sensório-motora: vai do nascimento até os dois anos de idade. A

criança baseia somente em percepções sensoriais e em esquemas motores

para resolver seus problemas. Nesse período considera-se que ela ainda não

possui pensamento isso porque nessa idade acriança não dispõe ainda da

capacidade de representar eventos, de evocar o passado, e referir-se ao futuro.

Forma assim, ”conceitos sensoriomotores” de maior, de menor, de objetos que

25

balançam e não balançam etc. Estes esquemas sensóriomotores são

construídos a partir de reflexos inatos.

b) pré-operatória: é essencialmente o aparecimento da linguagem oral

da criança, por volta dos dois anos. Nessa fase surge os chamados esquemas

representativos ou simbólicos. A criança é capaz de formar representação de

avião papai, etc. Partindo dessas possibilidades de lidar com o meio, a criança

a partir daí começa a poder lidar com situações parecidas, como por exemplo,

pegar uma boneca e fazer de conta que é um bebê, agindo como se fosse à

mãe da “criança”. Tem origem agora o pensamento sustentado por conceitos

pensamento pré-operatório é caracterizado como pensamento egocêntrico,

pois tudo que a criança refere-se é pensando em si mesmo. Outra

característica é o animismo, a criança faz com que tudo a sua volta possui vida,

como se doasse sua alma aos objetos.

c) operatória concreta: acontece por volta dos sete anos de idade. Nesta

etapa o pensamento lógico objetivo adquire preponderância, o pensamento se

torna menos egocêntrico, agora a criança é capaz de construir um

conhecimento mais compatível com o mundo que a rodeia. O real e o fantástico

não mais se misturarão em sua percepção.

d) operatório-formal: o pensamento se torna livre. Essa etapa acontece a

partir dos treze anos de idade, nessa etapa a criança consegue pensar

logicamente sem que seu pensamento seja concreto.

Piaget acredita que existe no desenvolvimento humano diferentes

momentos. As etapas de desenvolvimento são ao mesmo tempo contínuas e

descontínuas. Continuas porque sempre se apóiam na anterior, e descontinua

porque não são apenas um prolongamento. As etapas encontram-se, assim,

funcionalmente dentro de um mesmo processo.

1.6.2. Vygotsky

Vygotsky centrou-se mais no desenvolvimento humano, e aprendizado,

fazendo uma relação entre eles.

Para Vygotsky, desde o nascimento a criança tem um aprendizado que

se desenvolve com o passar das fases. É o aprendizado que possibilita o

26

despertar de processos internos de desenvolvimento, que, se não fosse o

contato do indivíduo com certo ambiente cultural, não ocorreriam.

Vygotsky chama a atenção para o fato de que compreender adequadamente o

desenvolvimento devemos considerar não apenas o nível de desenvolvimento

real da criança, mas também seu desenvolvimento potencial, isto é, sua

capacidade de realizar tarefas com a ajuda de professores ou de companheiros

mais capacitados. Essa possibilidade de alteração no desenvolvimento de uma

pessoa pela interferência de outra é fundamental na teoria de Vygotsky; isto

porque representa um momento de desenvolvimento: não é qualquer indivíduo

que pode, a partir da ajuda de outro, realizar qualquer tarefa, isto é, a

capacidade de se beneficiar da colaboração de uma outra pessoa vai ocorrer

num certo nível de desenvolvimento, não antes. A idéia de nível de

desenvolvimento capta, assim, um momento do desenvolvimento que

caracteriza não as etapas já alcançadas, já consolidadas, mas etapas

posteriores, nas quais a interferência de outras pessoas afeta

significativamente o resultado da ação individual.

É a partir da existência desses dois níveis de desenvolvimento, real e

potencial, que Vygotsky define a zona de desenvolvimento proximal como “a

distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar

através da solução independente de problemas e o nível de desenvolvimento

potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de

um adulto ou em colaboração com companheiros mais capacitados”.

A zona de desenvolvimento proximal refere-se ao caminho que o

indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de

amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu

nível de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento proximal é um

domínio psicológico em constante transformação.

Na concepção que Vygotsky tem do ser humano, portanto, a inserção do

indivíduo num determinado ambiente cultural é parte essencial de sua própria

constituição enquanto pessoa.

1.6.3. Wallon

27

Wallon acredita que o desenvolvimento infantil é processo pontuado por

conflitos, conflitos estes que ocorrem entre as ações da criança e o indo

exterior a ela, pois suas ações geralmente não correspondem com o mundo.

Wallon vê os conflitos como propulsores do desenvolvimento.

Wallon vê o desenvolvimento da pessoa como uma construção

progressiva em que sucedem fases com predominância alternadamente afetiva

e cognitiva. Wallon descrimina essas fases em cinco estágios, os quais cada

um tem suas características e correspondem a uma fase do desenvolvimento

da criança, que são Impulsivo-emocional, Sensório-motor e projetivo,

Personalismo, Categorial, Predominância-funcional, Alternância-funcional.

Impulsivo-emocional: acontece no primeiro ano de vida, é principalmente

emocional, tendo a emoção como objeto principal de interação da criança com

o meio. A afetividade orienta a criança em suas relações com os outros e com

o meio em que ela vive.

Sensório-motor e projetivo: acontece até o terceiro ano de vida da

criança. A atenção da criança se volta para exploração sensório-motora do

mundo físico, outra característica é a exploração da função simbólica da

linguagem. Projetivo, é a característica do funcionamento mental que a criança

apresenta neste estagio, pois neste estágio os pensamentos projetam-se em

atos motores, pois aqui a criança precisa gesticular para se exteriorizar.

Personalismo: ocorre dos três aos seis anos de idade, ocorre aqui a

formação da personalidade da criança.

Categorial: inicia-se aos seis anos de idade, ocorre neste estagio grande

progressos da inteligência da criança, fazendo com que ela concentre suas

capacidades no conhecimento, e conquista do mundo exterior.

Predominância-funcional: na adolescência, pois é onde o ser humano já

conquistou seus conhecimentos de mundo e esta em transito entre a vida

adulta e a infância, aqui a criança tem uma predominância afetiva.

Alternância-funcional: é a alternância de uma fase para outra, pois a

cada nova fase que a criança passa ela muda seus gostos e suas descobertas,

fazendo assim uma alternância.

Wallon explica os estágios de desenvolvimento das crianças através dos

níveis de afetividade encontrado em cada um.

28

O ritmo descontínuo que Wallon assinala ao processo de desenvolvimento infantil assemelha-se ao movimento de um pêndulo que, oscilando entre pólos opostos, imprime características próprias a cada etapa do desenvolvimento. (GALVÃO, 1995 p. 47)

1.7. Desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo da criança.

No desenvolvimento humano, podemos perceber claramente a

existência de etapas diferenciadas, caracterizadas por um conjunto de

necessidades. O desenvolvimento tem um ritmo próprio, resultante da atuação

dos princípios funcionais.

“as primeiras semanas de vida são inteiramente dominadas por funções de ordem fisiológica, vegetativa: além da respiração, contemporânea do nascimento, são o sono, a fome e um sentimento confuso do próprio corpo (sensibilidade proprioceptiva)” (GALVÃO, 1995 p. 116).

Para Piaget, a criança recém nascida, tem comportamentos de reflexo,

mas pela via do reflexo de sucção, no segundo mês de vida faz as primeiras

diferenciações entre os objetos do seu ambiente. Entre o quarto e o oitavo mês

inicia a coordenação da visão e do tato.

Piaget definiu o desenvolvimento como um processo de equilibrações

sucessivas. Cada etapa define um momento de desenvolvimento ao longo do

qual a criança constrói certas estruturas cognitivas, segundo Piaget esse

desenvolvimento passa por quatro etapas: sensoriomotora, pré-operatória,

operatório-concreta e operatório-formal.

a) sensoriomotora: vai do nascimento até os dois anos de idade. A

criança baseia somente em percepções sensoriais e em esquemas motores

para resolver seus problemas. Nesse período considera-se que ela ainda não

possui pensamento isso porque nessa idade acriança não dispõe ainda da

capacidade de representar eventos, de evocar o passado, e referir-se ao futuro.

Forma assim, ”conceitos sensoriomotores” de maior, de menor, de objetos que

balançam e não balançam etc. Estes esquemas sensoriomotores são

construídos a partir de reflexos inatos.

b) pré-operatória: é essencialmente o aparecimento da linguagem oral

da criança, por volta dos dois anos. Nessa fase surge os chamados esquemas

representativos ou simbólicos. A criança é capaz de formar representação de

avião papai, etc. Partindo dessas possibilidades de lidar com o meio, a criança

29

a partir daí começa a poder lidar com situações parecidas, como por exemplo,

pegar uma boneca e fazer de conta que é um bebê, agindo como se fosse à

mãe da “criança”. Tem origem agora o pensamento sustentado por conceitos

pensamento pré-operatório é caracterizado como pensamento egocêntrico,

pois tudo que a criança refere-se é pensando em si mesmo. Outra

característica é o animismo, a criança faz com que tudo a sua volta possui vida,

como se doasse sua alma aos objetos.

c) operatória concreta: acontece por volta dos sete anos de idade. Nesta

etapa o pensamento lógico objetivo adquire preponderância, o pensamento se

torna menos egocêntrico, agora a criança é capaz de construir um

conhecimento mais compatível com o mundo que a rodeia. O real e o fantástico

não mais se misturarão em sua percepção.

d) operatório-formal: o pensamento se torna livre. Essa etapa acontece a

partir dos treze anos de idade, nessa etapa a criança consegue pensar

logicamente sem que seu pensamento seja concreto.

Piaget acredita que existe no desenvolvimento humano diferentes

momentos. As etapas de desenvolvimento são ao mesmo tempo contínuas e

descontínuas. Continuas porque sempre se apóiam na anterior, e descontinua

porque não são apenas um prolongamento. As etapas encontram-se, assim,

funcionalmente dentro de um mesmo processo.

1.8. A educação infantil

O atendimento às crianças de zero (0) à seis (6) anos em instituições de

ensino teve origem com as mudanças sociais e econômicas, causadas pelas

revoluções industriais no mundo todo. Neste momento as mulheres deixaram

seus lares por um período, onde eram cumpridoras de seus afazeres de

criação também dos filhos e os deveres domésticos, cuidando do marido e da

família, para entrarem no mercado de trabalho. Atrelado a esse fato, sob

pressão dos trabalhadores urbanos que, claro viam igualmente nas creches um

direito, seus e de seus filhos, por melhores condições de vida. Deu-se então

início ao atendimento da educação infantil (termo atual referente ao

atendimento de crianças de 0 a 6 anos) no Brasil.

30

A educação pré-escolar começou a ser reconhecida como necessária tanto na Europa quanto no Estados Unidos durante a depressão de 30. Seu principal objetivo era o de garantir emprego a professores, enfermeiros e outros profissionais e, simultaneamente, fornecer nutrição, proteção e um ambiente saudável e emocionalmente estável para crianças carentes de dois a cinco anos de idade. (KRAMER, 1992, p. 25)

No Brasil Escravista, a criança escrava entre 6 e 12 anos já começa a

fazer pequenas atividades como auxiliares. A partir dos 12 anos eram vistos

como adultos tanto para o trabalho quanto para a vida sexual. A criança

branca, aos 6 anos, era iniciada nos primeiros estudos de língua, gramática,

matemática e boas maneiras. Vestia os mesmos trajes dos adultos.

As primeiras iniciativas voltadas à criança tiveram um caráter higienista,

cujo trabalho era realizado por médicos e damas beneficentes, e se dirigiram

contra o alto índice de mortalidade infantil, que era atribuídas aos nascimentos

ilegítimos da união entre escravas e senhores e a falta de educação física,

moral e intelectual das mães.

Com a Abolição e a Proclamação da República, a sociedade abre portas

para uma nova sociedade, impregnada com idéias capitalistas e urbano-

industrial.

Neste período, o país era dominado pela intenção de determinados

grupos em diminuir a apatia que dominava as esferas governamentais quanto

ao problema da criança.

No Brasil, o surgimento das creches foi um pouco diferente do restante

do mundo. Enquanto no mundo a creche servia para as mulheres terem

condição de trabalhar nas indústrias, no Brasil, as creches populares serviam

para atender não somente os filhos das mães que trabalhavam na indústria,

mas também os filhos das empregadas domésticas.

As creches populares atendiam somente o que se referia à alimentação,

higiene e segurança física. Eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda.

Até 1920, as instituições tinham um caráter exclusivamente filantrópico e

caracterizado por seu difícil acesso atribuído do período colonial e imperialista

da história do Brasil.

Na década de 20, passava-se à defesa da democratização do ensino.

Educação significava, possibilidade de ascensão social e era definida como

direito de todas as crianças.

31

Na década de 30, o Estado assumiu o papel de buscar incentivo de

órgãos privados, que, viriam a colaborar com a proteção da infância. Diversos

órgãos foram criados voltados à assistência infantil, (Ministério da Saúde;

Ministério da Justiça e Negócios Interiores, Previdência Social e Assistência

social , Ministério da Educação e a iniciativa privada). Nesta década passou-se

a se preocupar com a educação física e higiene das crianças como fator de

desenvolvimento das mesmas, tendo como principal objetivo o combate à

mortalidade infantil. Nesta época iniciou-se a organização de creches, jardins

de infância e pré-escolas de maneira desordenada e sempre numa perspectiva

emergencial, como se os problemas infantis criados pela sociedade, pudessem

ser resolvidos por essas instituições. Também em 1940 surgiu o departamento

Nacional da Criança, com objetivo de ordenar atividades dirigidas à infância,

maternidade e adolescência, sendo administrado pelo Ministério da saúde . Na

década de 50 havia uma forte tendência médico-higiênica do departamento

nacional da Criança, desenvolvendo vários programas e campanhas visando o

combate à desnutrição, vacinação. Era também fornecido auxílio técnico para a

criação, ampliação ou reformas de obras de proteção materno-infantil do país,

basicamente hospitais e maternidades.

Na década de 60, o Departamento Nacional da Criança teve um

enfraquecimento e acabou transferindo algumas de suas responsabilidades

para outros setores, prevalecendo o caráter médico-assistencialista, enfocando

suas ações também em reduzir a mortalidade materna e infantil.

Na década de 70, ocorreu a promulgação da lei nº 5.692, de 1971, a

qual refere-se à educação infantil, designando-a como ser conveniente à

educação também em escolas maternais, jardins de infância e instituições

equivalentes. Também em outro artigo, é sugerido que, as empresas

particulares, as quais têm mulheres com filhos menores de sete anos, ofertem

atendimento educacional a estas crianças, podendo ser auxiliadas pelo Poder

público. Tal lei recebeu inúmeras críticas, quanto sua a superficialidade, sua

dificuldade de realização, pois, não havia um programa mais específico para

estimular as empresas na criação das pré-escolas.

32

Elaborar leis que regulassem a vida e a saúde dos recém-nascidos; regulamentar o serviço das amas de leite; velar pelos menores trabalhadores e criminosos; atender às crianças pobres, doentes, defeituosas, maltratadas e moralmente abandonadas; criar maternidades, creches e jardins de infância. (KRAMER 1992, p.52).

A educação não era tratada por um órgão apenas, mas de forma

fragmentada. As creches se queixavam da falta de alimentação e das

condições difíceis das crianças. Nesse quadro, a maioria das creches públicas

prestava um atendimento de caráter assistencialista, que consiste na oferta de

alimentação, higiene e segurança física, sendo, muitas vezes, prestado

atendimento de forma precária e de baixa qualidade enquanto as creches

particulares desenvolviam atividades educativas, voltadas para aspectos

cognitivos, emocionais e sociais. Consta-se um maior número de creches

particulares, devido à privatização e à transferência de recursos públicos para

setores privados.

Nos anos 80, os problemas referentes à educação pré-escolar são:

ausência de uma política global e integrada; a falta de coordenação entre

programas educacionais e de saúde; predominância do enfoque preparatório

para o primeiro grau; insuficiência de docentes qualificados, escassez de

programas inovadores e falta da participação familiar e da sociedade.

Através de congressos, da ANPEd e da Constituição de 88, a educação

pré-escolar é vista como necessária e de direito de todos, além de ser dever do

Estado, devendo ser integrada ao sistema de ensino (tanto creches como

escolas).

Partindo dessas criações, tanto a creche quanto a pré-escola são

instituições educacionais, que seguirão uma concepção pedagógica, e também

complementando a ação familiar. Assim as creches e pré-escolas não são

mais assistencialistas, passando a ser um dever do Estado e direito da criança.

Esta perspectiva pedagógica vê a criança como um ser social, histórico,

pertencente a uma determinada classe social e cultural. Ela desmascara a

educação compensatória, que delega á escola a responsabilidade de resolver

os problemas da miséria.

Porém, essa descentralização e municipalização do ensino trazem

outras dificuldades, como a dependência financeira dos municípios com o

Estado para desenvolver a educação infantil e primária. O Estado nem sempre

33

repassa o dinheiro necessário, deixando o ensino de baixa qualidade, as

privatizações, o que tende a favorecer.

Com a Constituição de 88 tem-se a construção de um regime de

cooperação entre estados e municípios, nos serviços de saúde e educação de

primeiro grau. Há a reafirmação da gratuidade do ensino público em todos os

níveis, instituindo a creche e a pré-escola um direito da criança de zero a seis

anos, a ser garantido como parte do sistema de ensino básico. Neste período,

o país passa por um período muito difícil, pois aumentam-se as demandas

sociais e diminuem-se os gastos públicos e privados com o social. O objetivo

dessa redução é o encaminhamento de dinheiro público para programas e

público-alvo específico.

Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, lei 8069/90, os

municípios são responsáveis pela infância e adolescência. Criando as diretrizes

municipais de atendimento aos seus direitos e do Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente, criando o Fundo Municipal dos Direitos

da Criança e do Adolescente e o Conselho Tutelas dos Direitos da Criança e

do Adolescente.

Com essa situação, na educação tem-se aumentado a instituição de

programas de tipo compensatório, dirigido para as classes carentes. Esse

programa requer implementação do sistema de parceria com outras

instituições, já que o Estado está se retirando de suas funções.

A educação infantil é muito nova, sendo aplicada realmente no Brasil a

partir dos anos 30, quando surge a necessidade de formar mão-de-obra

qualificada para a industrialização do país.

A educação infantil foi conceituada, no art. 29 da L.D.B., como sendo

destinada às crianças de até 6 anos de idade, com a finalidade de

complementar a ação da família e da comunidade, objetivando o

desenvolvimento integral da criança nos aspectos físicos, psicológicos,

intelectuais e sócias.

Aos sistemas municipais de ensino compete o cuidado necessário para

a institucionalização da educação infantil em seus respectivos territórios, para

que as creches e escolas se enquadrem, no prazo máximo de 3 anos (art. 89),

nas normas da L.D.B, isto é, componham o 1º nível da educação básica

(exigência do inciso I, art. 21), providenciando sua autorização e exigindo de

34

seus professores a habilitação legal em curso normal médio ou de nível

superior (art. 62).

Pelo art. 30 da L.D.B., ficou clara a divisão da educação infantil em duas

etapas. A primeira destinada a crianças de até 3 anos de idade, poderá ser

oferecida em creches ou entidades equivalentes. A 2ª, para as crianças de 4 a

6 anos de idade, a ser desenvolvida em pré-escolas.

A lei, em seu art. 31, determinou que, na fase de educação infantil, a

avaliação deverá ser feita apenas mediante acompanhamento e registro do

desenvolvimento da criança e sem qualquer objetivo de promoção ou de

classificação para acesso ao ensino fundamental.

1.9. O lúdico na educação infantil

Muitos pais ao chegarem às escolas onde seus filhos freqüentam a

educação infantil e verem seus filhos brincando com algum jogo, montando

pecinhas, brincando de uma brincadeira de roda, acreditam que o professor

está apenas passando tempo. Mas muito pelo contrário, toda brincadeira ou

brinquedo oferecido em sala de aula tem sim um fundamento, e servira de

alguma maneira para o desenvolvimento da criança. Não é raro encontrar pais

que digam que a pré-escola é um lugar onde as crianças vão apenas para

brincar e que não aprendem nada, mas gastam muitos materiais, sendo isso

sem serventia.

Na verdade as brincadeiras são algo muito sério, onde as crianças

desenvolvem potencialidades. Através da brincadeira podemos avaliar como a

criança constrói e conhece o mundo. Nas brincadeiras a criança desenvolve a

coordenação motora, percepção visual, auditiva e tátil, raciocínio cognitivo e

critico.

Nas brincadeiras as crianças passam a entender como as coisas

funcionam e que o mundo que as cercam tem regras, aceitando assim sua

realidade. Brincando a criança aprende até onde vão seus limites, autonomia,

separação, pois na brincadeira a criança libera sua angustia e deixa todos seus

pensamentos desenvolverem e fluírem na brincadeira.

35

Brincar é a atividade infantil por excelência. Quando a criança brinca

entra em contato com o imaginário e integra ao desenvolvimento cognitivo e

motor.

As crianças precisam brincar independentemente de suas condições físicas intelectuais ou sociais, pois a brincadeira é essencial a sua vida. O brincar alegra e motiva as crianças, juntando-as e dando-lhes oportunidade de ficar felizes, trocar experiências, ajudarem-se mutuamente. (SECRETARIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2005).

Os jogos e brinquedos na educação infantil são muito mais educativos

do que a matéria em si, pois com os jogos e brinquedos tem-se como avaliar a

criança em todos os aspectos, matemática, linguagem oral e escrita, artes,

natureza e sociedade, movimento, e até mesmo música.

Os jogos e os brinquedos são estudados por vários teóricos, como

Dewey, Freud, Froebel Vygotsky entre outros.

O brincar é fundamental para o desenvolvimento da identidade e da

autonomia da criança. As brincadeiras por mais simples que sejam

desenvolvem a imaginação da criança, fazendo com que ela pense,

estimulando assim o seu desenvolvimento cognitivo.

Nas brincadeiras as crianças desenvolvem algumas capacidades

fundamentais como atenção, imitação, memória, imaginação e socialização.

Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. (BRASIL, 1998, p. 22)

Vygotsky concebe criança como um ser histórico e social. A criança

constrói-se nas relações e interações com os outros.

Para Vygotsky no jogo existem três processos: no primeiro, a criança

experimenta as necessidades que não podem ser satisfeitas. Segundo, a

criança relaciona-se para buscar as satisfações. E no terceiro, a criança

armazena e opera os dados da memória. Neste quadro de processos é que

ocorrem as mudanças de comportamento existentes no desenvolvimento das

crianças.

Para ele, brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na

criança, em que um pode adquirir significado.

No brinquedo a criança se comporta de forma mais avançada do que na

vida real, uma vez que o brinquedo a liberta das restrições da vida real.

36

Há dois elementos importantes na brincadeira: a imaginária e as regras.

A imaginaria é imaginar ser algo ou alguém, e as regras é cumprir os jogos de

acordo com o que pedem. Para Vygotsky a brincadeira e o brinquedo têm um

papel muito importante no desenvolvimento do pensamento da criança. É no

brincar que aparecem as premissas necessárias para o desenvolvimento da

memória voluntária. Também é assim que a criança desenvolve a motricidade.

Já Piaget fez uma classificação baseada na evolução das estruturas

mentais, colocando três formas básicas de atividades lúdicas, as quais são

chamadas de pensamento sensório motor, etapa que vai do nascimento até o

aparecimento da linguagem, caracterizados pelos exercícios de funcionamento,

exercícios de valor exploratório simbólico, jogos com simbologias que

aparecem entre os dois e seis anos. Este jogo assimila a realidade sendo que a

criança vai assimilar a realidade do seu eu. Jogo de regras, entre os quatro e

os seis anos começa a se manifesta e se desenvolve entre os sete e os doze

anos.

Fazendo um paralelo entre Vygotsky e Piaget, referente as brincadeiras

e jogos, verificamos que Piaget concentrou seus estudos nos estágios de

desenvolvimento do ser humano e Vygotsky considerou as relações sociais

com o meio e o outro.

Apesar de a relação brinquedo-desenvolvimento poder ser comparada à relação desenvolvimento,o brinquedo fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas - tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança (VYGOTSKY, 1999, p. 135).

A criança precisa da brincadeira para demonstrar sua realidade, a

brincadeira mostra aos educadores como a criança se comporta em sociedade.

É possível avaliar a aprendizagem de uma criança em uma brincadeira, pois se

ela compreende bem os propósitos da brincadeira, sabe como administrar o

tempo que lhe é oferecido, e desenvolve todas as tarefas propostas na

brincadeira. Pode-se avaliar que a criança esta com um desenvolvimento

cognitivo bom.

37

1.10. Jogos e brincadeiras na educação infantil

Lúdico se origina do latim "ludus" que significa "brincar". A ludicidade

poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse

pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização

do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula.

O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo

e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio

sobre o meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e

apropriar-s dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos

e, é isso que lhe garante sobrevivência e a integração na sociedade como ser

participativo, critico e criativo.

Esse ato de busca, de troca de interação, de apropriação é que damos o

nome de educação.

A infância é a idade das brincadeiras. Por meio delas a criança satisfaz,

em grande parte, seus interesses necessidades e desejos particulares, sendo

um meio privilegiado de inserção na realidade, pois expressa a maneira como a

criança reflete e ordena

O jogo carrega em si um significado muito abrangente. É construtivo

porque pressupõe uma ação do indivíduo sobre a realidade. É carregado de

simbolismo, reforça a motivação e possibilita a criação de novas ações e o

sistema de regras, que definem a perda ou o ganho. Nem todos os jogos e

brincadeiras são sinônimos de divertimento, pois a perda muitas vezes pode

ocasionar sentimentos de frustração, insegurança, rebeldia e angústia. Dessa

forma, são sentimentos que devem ser trabalhados principalmente na escola,

para que não se perpetuem impossibilitando que a criança tenha novas

iniciativas. A brincadeira é a atividade mais típica da vida humana, por

proporcionar alegria, liberdade e contentamento. É a ação que a criança

desempenha ao concretizar as regras do jogo e ao mergulhar na ação lúdica.

Pode-se dizer que é o lúdico em ação.

Os jogos e brinquedos são meios que ajudam a criança a penetrar em

sua própria vida tanto como na natureza e no universo. Froebel define o brincar

como ação livre da criança, a adoção da supervisão relaciona-se com o

interesse em concebê-lo como forma eficaz de gerar unidade

38

O mundo do lúdico é um mundo onde a criança está em constante

exercício. É o mundo da fantasia, da imaginação, do faz-de-conta, do jogo e da

brincadeira. Podemos dizer que o lúdico é um grande laboratório que merece

toda atenção dos pais e educadores, pois é através dele que ocorrem

experiências inteligentes e reflexivas, praticadas com emoção, prazer e

seriedade. Através do brinquedo e das brincadeiras ocorre a descoberta de si

mesmo e do outro, portanto, aprende-se. É no brincar que a criança está livre

para criar e é através da criatividade que o indivíduo descobre seu eu.

Pode-se dizer que as brincadeiras e os jogos são as principais

atividades físicas da criança; além de propiciar o desenvolvimento físico e

intelectual, promove saúde e maior compreensão do esquema corporal. É

jogando que a criança aprende a respeitar regras, limites, esperar a vez e

aceitar resultados. O brincar e o jogar para a criança não é apenas um

passatempo ou simples diversão, mas, um momento sério, pois está

aprendendo o que ninguém pode lhe ensinar, descobrindo o mundo e as

pessoas que a cercam.

Como exemplos de jogos e brincadeiras na educação inafntil podemos

destacar muitos como:

Jogo da memória: jogo que estimula a criança a pensar, e memorizar as

peças do jogo. Este jogo pode ser feito com peças ou até mesmo com as

próprias crianças.

Jogos de palavras: estes jogos estimulam as crianças a conhecerem as

palavras, facilitando a alfabetização.

Jogos de competições: estimulam a criança a ter espírito esportivo, onde

a mesma deve estar ciente de que poderá vencer e perder, trabalhando os

conflitos emocionais das crianças.

Brincadeiras: em geral as brincadeiras estimulam as crianças em todos

os aspectos, pois as brincadeiras de movimentos estimulam as crianças a

desenvolver a coordenação motora, seja ela fina ou ampla, desenvolvem a

lateralidade, enfim as brincadeiras trabalham nas crianças o desenvolvimento

cógnito, afetivo e motor.

39

2. ANALISE DOS RESULTADOS

1) Qual sua formação?

Graduação_____________________ Completo ( ) Incompleto ( )

Pós Graduação _________________ Completo ( ) Incompleto ( )

Especialização _________________ Completo ( ) Incompleto ( )

R: foram entrevistados sete profissionais da área de educação infantil em um

centro de educação infantil da cidade de Caçador. Dentre eles dois

profissionais possuem Pós- Graduação completa, um profissional possuem

graduação completa e Pós- Graduação incompleta, três profissionais

concluindo a graduação, e um profissional concluindo a graduação e a pós-

graduação. A graduação e pós-graduação dos sete profissionais é voltada a

pedagogia.

Assim todos os profissionais entrevistados são aptos a responder as

questões, pois todos cursaram ou estão cursando a graduação em pedagogia e

atuam na área de educação infantil.

2) Você possui alguma formação referente a psicomotricidade?

R: os sete profissionais entrevistados colocaram não possuir nenhuma

formação referente a psicomotricidade, apenas os conhecimentos adquiridos

no curso de graduação e pós-graduação.

3) Qual a importância da psicomotricidade na educação infantil para o

desenvolvimento da criança?

R: Professor D, respondeu:

“Visa contribuir para o desenvolvimento integral da criança, favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo, emocional, e sociocultural, buscando ações educativas, desenvolvimentos espontâneos e atitudes corporais”.

Em âmbito geral, os sete profissionais acreditam ser importante a

psicomotricidade para o desenvolvimento infantil, onde colocaram a

importância para o desenvolvimento de todas as áreas da criança, facilitando o

desenvolvimento integral mais tarde.

40

4) O desenvolvimento motor da criança na educação infantil pode implicar

no desenvolvimento integral da criança, quando ela passar para o

ensino fundamental?

R: O professor E respondeu:

“Com certeza, pois, o seu desenvolvimento motor, afetivo, e intelectual, esta em pleno desenvolvimento.

Os professores entrevistados deram como resposta que se a criança

não tiver um bom desenvolvimento motor ela terá essa área defasada no

decorrer do processo que enfrentará após a educação infantil, pois todo o

sistema de ensino é uma continuidade e tendo algo mal desenvolvido

acarretará em dificuldades posteriores que o professor dos anos iniciais

enfrentará.

5) Como você auxilia o desenvolvimento motor da criança através da

psicomotricidade, na educação infantil?

R: O professor D respondeu:

Nos exercícios de engatinhar, rolar, balançar, se equilibrar em um pé só, então pode-se afirmar que através de atividades afetivas e psicomotoras contribui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas e promovendo a totalidade do ser humano.

Os professores entrevistados entendem que auxilio no desenvolvimento

motor das crianças dá-se primordialmente no desenvolvimento das atividades

de movimento, as quais envolvem a motricidade ampla desenvolvendo

equilíbrio lateralidade etc. Colocam que desenvolvem atividades de movimento

no dia-a-dia das crianças para contribuir com o desenvolvimento motor das

crianças.

6) Como você estimula a psicomotricidade na sua sala de aula?

R: O professor E respondeu:

Através de atividades de movimento, circuito psicomotor, movimentos para baixo, para cima, descer, subir, correr... nos movimentos da criança se articula toda sua afetividade, desejos e sua potencialidade de comunicação.

Como já haviam colocado na resposta anterior a forma de estimulo da

psicomotricidade na sala dos professores entrevistados é através de

movimentos e brincadeiras direcionadas que desenvolverão a motricidade

ampla.

41

7) Quais as dificuldades que você encontra para utilizar a psicomotricidade

na sala de aula?

R: O professor A respondeu:

Na educação infantil não vejo dificuldades, a não ser o espaço, pois, tem salas que têm duas turmas.

Os professores apontaram como principal dificuldade na educação

infantil o espaço, que muitas vezes não condiz com a atividade proposta, pois

muitas salas da educação infantil abrigam duas turmas. Apontaram também

como dificuldade a falta de alguns materiais adequados para a realização de

certas atividades.

8) Como sua formação o auxiliou em relação a psicomotricidade?

R: O professor D respondeu:

Não muito, partiu de mim ir buscar, aprofundar para poder estar desenvolvendo na criança um aspecto de suma importância no processo.

Os profissionais entrevistados colocaram que a formação não os trouxe

muito para contribuir em relação a psicomotricidade, para agirem em sala de

aula procuraram aprofundar-se no assunto para um melhor entendimento.

9) Quais seus conhecimentos sobre psicomotricidade?

R: O professor E respondeu:

É a ação do sistema central que cria uma consciência sobre os movimentos motores (velocidade, tempo, espaço).

Os professores apontaram o conhecimento básico da psicomotricidade

que o desenvolvimento do esquema motor da criança para auxiliar no processo

de ensino aprendizagem.

10) A realização de atividades motoras na educação infantil deve ser

aplicada por um profissional especifico ou pelo próprio professor pode

proporcionar esse conhecimento para seus alunos? Porque?

R: O professor D respondeu:

O professor pode sim proporcionar tendo o conhecimento de movimento, concluindo com o intelecto e a afetividade tem na elaboração da aprendizagem da criança a preocupação do professor não deve ser somente em transmitir conhecimentos mas educar com carinho e amor...

Os professores colocam que o professor da educação infantil pode

realizar essas atividades, pois é uma área estudada na graduação e deve ser

42

desempenhada em sala de aula, mas que um profissional auxiliaria no

desenvolvimento de atividades diversificadas em relação a psicomotricidade.

Analisando as repostas dos professores entrevistados, percebemos que

a pratica da psicomotricidade na educação infantil, é trabalhada de forma

adequada.

Todos os professores alegaram não ter nenhuma formação referente a

psicomotricidade, mas mesmo assim buscam esse conhecimento para aplicar

com seus alunos tendo plena consciência da importância da psicomotricidade

no desenvolvimento infantil.

43

3. A RELAÇAO DA PEDAGOGIA COM O TEMA E COM

AS DISCIPLINAS

Durante essa longa caminhada no Curso de Pedagogia é difícil

estabelecer relação apenas com algumas disciplinas, pois a contribuição no

processo de aprendizagem torna-se multidisciplinar uma completa a outra.

A psicomotricidade é um tema que relaciona-se com várias disciplinas

do curso, inicialmente com a disciplina de fundamentos e metodologia da

educação física, onde os movimentos são base de estudo da disciplina, e

através destes estudos pudemos conhecer e estudar metodologias para

ampliar os conhecimentos motores, os quais participam integralmente do

desenvolvimento integral das crianças em idade escolar.

A psicomotricidade auxilia no incentivo das atividades físicas das

crianças, facilitando o trabalho em relação a boa saúde na criança. Durante o

curso tivemos a disciplina de saúde e educação que tratava em sua emente de

obesidade infantil, ocasionada também pelas atividades sedentárias que nos

dias de hoje as crianças preferem muito mais do que atividades físicas.

Na educação infantil, o desenvolvimento integral da criança é o tema

central, com a psicomotricidade o professor pode utilizar técnicas simples e

valiosas para promover o desenvolvimento integral da criança de zero a seis

anos. Com essas características a psicomotricidade tem muita influencia na

disciplina de fundamentos e metodologia da educação infantil, a qual aplicou

durante o curso metodologias para a educação infantil.

Tendo como continuidade da educação infantil a criança quando

ingressa nos anos iniciais utiliza dos conhecimentos psicomotores para

alfabetizar-se, assim na disciplina de fundamentos e metodologia dos anos

iniciais o tema psicomotricidade torna-se muito importante, pois no processo de

alfabetização da criança ela apresentara progressos e dificuldades que com as

técnicas e atividades psicomotoras poderão ser solucionados em sala de aula

sem prejudicar o educando.

A disciplina de psicologia do desenvolvimento, estuda o

desenvolvimento integral da criança, com base em teóricos como por exemplo

44

Wallon que aprofunda seu estudo do desenvolvimento da criança com base

nos movimentos. Assim explica Galvão:

O ritmo descontínuo que Wallon assinala ao processo de desenvolvimento infantil assemelha-se ao movimento de um pêndulo que, oscilando entre pólos opostos, imprime características próprias a cada etapa do desenvolvimento. (GALVÃO, 1995 p. 47)

Fundamentos e metodologia da alfabetização, é uma disciplina que liga-

se a psicomotricidade devido ao processo de alfabetização, pois a criança em

fase de alfabetização precisa de conhecimentos como lateralidade e esquema

corporal, bem definidos, pois para ordenar a leitura e a escrita a criança

necessita entender que seu corpo tem dois lados. Um estudo de LEBOUCH,

explica esse entendimento da criança em relação aos dois lados do corpo da

criança.

“perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado que o outro é o inicio da descriminação entre a esquerda e a direita; de inicio, a criança distingue os dois lados do corpo, num segundo momento, ela compreende que os dois braços encontram-se em cada lado do seu corpo, embora ignore que sejam “direita-esquerda”. Aos cinco anos aprende a diferenciar uma mão da outra, um pé do outro, e em seguida passa a distinguis um olho do outro. Aos seis anos a criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e tem noção dos órgão pares, apostando sua localização. Aos sete anos sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda de seu corpo”. (LE BOUCH, 1984,p.42).

A psicologia da aprendizagem, traz estudos mais aprofundados em

relação às habilidades psicomotoras que a criança desenvolve em idade

escolar. Abordando as condições necessárias que a criança necessita para

uma boa aprendizagem.

Quase todas as disciplinas do curso de pedagogia relaciona-se com a

psicomotricidade, pois tratando-se do desenvolvimento integral da criança a

psicomotricidade relaciona-se com a aprendizagem das crianças, sendo assim

todas as disciplinas contribuem para o desenvolvimento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou apresentar a prática docente na educação

infantil com o auxilio da psicomotricidade, utilizando a mesma como objeto

principal de estudo.

A educação infantil teve origem com as mudanças sociais e econômicas,

causadas pelas revoluções industriais no mundo todo. Nesse período as mães

deixaram seus lares para trabalhar, e seus filhos precisavam de um local para

ficar durante o período que a mãe estava fora de casa, assim a sociedade

exigia a criação de um local adequado para cuidar destas crianças. Deu-se

então início ao atendimento da educação infantil (termo atual referente ao

atendimento de crianças de 0 a 6 anos) no Brasil.

No Brasil, o surgimento das creches foi um pouco diferente do restante

do mundo. Enquanto no mundo a creche servia para as mulheres terem

condição de trabalhar nas indústrias, no Brasil, as creches populares serviam

para atender não somente os filhos das mães que trabalhavam na indústria,

mas também os filhos das empregadas domésticas.

As creches populares atendiam somente o que se referia à alimentação,

higiene e segurança física. Eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda.

E muito depois é que as creches começaram a ter um caráter educacional e a

serem reconhecidas pelo ministério da educação como instituição de ensino.

Com a lei nº 5.692 de 1971, é que a educação infantil passou a ser

reconhecida. Partindo dessas criações, tanto a creche quanto a pré-escola são

instituições educacionais, que seguirão uma concepção pedagógica, e também

complementando a ação familiar. Assim as creches e pré-escolas não são mais

assistencialistas, passando a ser um dever do Estado e direito da criança. Esta

perspectiva pedagógica vê a criança como um ser social, histórico, pertencente

a uma determinada classe social e cultural. Ela desmascara a educação

compensatória, que delega á escola a responsabilidade de resolver os

problemas da miséria.

Durante o desenvolvimento, a criança passa por várias etapas evolutivas

as quais vão aperfeiçoando suas habilidades cognitivas, emocionais e

46

psíquicas, dando origem também a maturação motora, que juntamente com o

desenvolvimento integral da criança auxiliará no processo de ensino

aprendizagem. Primeiramente a criança desenvolverá as habilidades motoras

amplas, como andar, correr, e pular, e depois para chegar a uma coordenação

motora fina, necessária à construção da escrita.

Wallon acredita que o desenvolvimento infantil é processo pontuado por

conflitos, conflitos estes que ocorrem entre as ações da criança e o indo

exterior a ela, pois suas ações geralmente não correspondem com o mundo.

Wallon vê os conflitos como propulsores do desenvolvimento.segundo ele o

desenvolvimento da pessoa é como uma construção progressiva em que

sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Wallon

descrimina essas fases em cinco estágios, os quais cada um tem suas

características e correspondem a uma fase do desenvolvimento da

criança,sendo estes estágios o Impulsivo-emocional, Sensório-motor e

projetivo, Personalismo, Categorial, Predominância-funcional, Alternância-

funcional. Wallon explica os estágios de desenvolvimento das crianças através

dos níveis de afetividade encontrado em cada um.

A necessidade de se trabalhar a motricidade surgiu a parir das

dificuldades apresentadas nas crianças desde a educação infantil até nos anos

iniciais.

A psicomotricidade traz ao educando formas lúdicas de aprender por

meio de movimentos, os quais desenvolvem na criança habilidades motoras

que são utilizadas em toda a vida, trazendo assim um bom desenvolvimento

motor e psíquico, na criança.

Os movimentos são existentes no ser humano mesmo antes de nascer,

dentro da barriga da mãe, e estes movimentos devem ser aperfeiçoados após

o nascimento com os estímulos motores necessários. Segundo os autores

pesquisados, a estimulação motora da criança inicia-se desde recém nascida,

e este trabalho deve ser realizado durante todo o processo escolar para que

facilite seu desenvolvimento integral.

A educação motora deve ser levada a serio na educação infantil,

obedecendo o desenvolvimento por faixa etária, para que não seja prejudicado

o processo de ensino-aprendizagem da criança. A psicomotricidade deve ser

conduzida de forma lúdica, recreativa, levando-as uso de diferentes gestos,

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posturas e expressões corporais, com intencionalidade, ou seja, objetivando

desenvolver áreas especificas, como: coordenação motora ampla e fina,

equilíbrio, velocidade, agilidade, ritmo, e para isso utilizado materiais

diversificados que possam proporcionar esses objetivos. Esses materiais

podem ser: bambolês, cordas, que possam montar um circuito recreativo,

atividades de roda, pneus, bolas de diferentes tamanhos e espessuras. Esses

materiais devem passar para a criança segurança, para que ela possa arriscar

e vencer desafios, proporcionando conhecimento através de si mesmo, dos

outros e do meio que vive.

Com os questionários aplicados aos profissionais da educação infantil

pode verificar que mesmo sem conhecimentos específicos referentes a pratica

da psicomotricidade todos têm consciência da importância da psicomotricidade

para o desenvolvimento da criança que freqüenta a educação infantil,

respeitando sempre as etapas de desenvolvimento da criança para que as

mesmas aperfeiçoem suas habilidades.

Portanto com os estudos realizados para a construção deste trabalho de

conclusão de curso, verifica-se que o movimento e a aquisição dos

conhecimentos motores estão intimamente ligados ao desenvolvimento integral

das habilidades que a criança adquire durante seu processo de maturação,

auxiliando assim no processo de ensino aprendizagem.

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REFERÊNCIAS BARRETO, Sirlei de Jesus. Psicomotricidade: educação e reeducação. Blumenau SC. Odorizzi 2000. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil: formação Pessoal e social vol. 2. Brasília. MEC/SEF. 1998. CHAZAUD, Jacques. Introdução à psicomotricidade: síntese dos enfoques e dos métodos. Tradução: Urias Corrêa Arantes. Editora MANOLE. São Paulo. 1976. CORIAT, Lydia F. Maturação Psicomotora nos primeiros anos de vida da

criança. São Paulo. Editora Moraes. 1991.

DANTAS, Heloysa; LATAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de. Piaget, Vygotsky, Wallon teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo. Summus. 1992. FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: Filogênese, ontogênese, e retrogênese. 2 ed. Porto Alegre. Artes Médicas, 1998 GALVÃO, Isabel. Henri Wallon, uma concepção dialética d desenvolvimento infantil. 6ª Ed. Petrópolis. Editora Vozes. 1999. GUILLARME, Jean Jaques.educação e reeducação psicomotoras. Tradução de Arlene Caetano. Editora ARTES MEDICAS. Porto Alegre. 1983 HERMANT, Gérard. Atualização em psicomotricidade o corpo e sua memória. Editora MANOLE. São Paulo. 1988. JOSÉ ELIZABETE, de Assunção & COELHO, Maria Tereza. Problemas de Aprendizagem. São Paulo. SP.: Afiliado 2000 (série e educação). LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor do nascimento aos 6 anos. Porto Alegre. Artes Médicas 1982.