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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ YURI ANDREAS BOECK Trabalho de Conclusão de Estágio AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO SISTEMA DE JATEAMENTO NA EMPRESA ARKHÊ DECORAÇÕES ITAJAÍ 2012

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ YURI ANDREAS BOECK

Trabalho de Conclusão de Estágio AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO

SISTEMA DE JATEAMENTO NA EMPRESA ARKHÊ DECORAÇÕES

ITAJAÍ 2012

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YURI ANDREAS BOECK

Trabalho de Conclusão de Estágio AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO

SISTEMA DE JATEAMENTO NA EMPRESA ARKHÊ DECORAÇÕES

Trabalho de conclusão de estágio desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí. Prof. Orientador: Adm. Raulino Pedro Gonçalves

ITAJAÍ 2012

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Agradeço a todos que me auxiliaram nesta caminhada aos mestres que me auxiliaram quando precisei a família pela paciência e ao professor Raulino Pedro Gonçalves pela persistência e apoio.

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“Protegei-me da sabedoria que não chora, da filosofia que não ri e da grandeza que não se inclina perante as crianças". (Gibran Khalil Gibran)

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário Yuri Andreas Boeck b) Área de estágio OSM c) Orientador de conteúdo Prof.: Raulino Pedro Gonçalves, Adm. d) Supervisor de campo José Roberto de Oliveira Malta e) Responsável pelo Estágio Prof. Eduardo Krieger da Silva, MSc.

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

a) Razão Social Ferreira & Malta Ltda. b) Endereço R: Imbituba N°368 c) Setor de Desenvolvimento do Estágio Administrativo d) Duração do estágio mais de 300 horas e) Nome e cargo do supervisor de campo José Roberto de Oliveira Malta, sócio administrador. f) Carimbo e visto da organização

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RESUMO

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) do produto define-se como uma metodologia que permite identificar o ciclo de vida de um produto ou serviço, desde a extração da matéria prima até o seu reuso e descarte. Esta identificação permite a mensuração dos impactos ambientais associados a cada etapa do ciclo. Por último é feita a interpretação dos resultados, de forma que haja aplicações diversas, e minimização dos impactos relacionados ao consumo de recursos naturais, à saúde humana e ao meio ambiente. O presente estudo apresenta a aplicação de uma avaliação de ciclo de vida na organização Arkhê Decorações, a fim de se mensurar os danos ocasionados pelos processos de prestação de serviços da organização. Visto que hoje em dia a preocupação com o meio ambiente é foco primário de muitas organizações, se viu necessária a realização de um estudo que pudesse apontar os processos mais danosos da empresa. A tipologia utilizada foi a de pesquisa diagnóstico com abordagem quantitativa e aporte qualitativo. O trabalho analisou os processos da organização com intuito de apontar os danos gerados por eles. Durante a pesquisa foi possível mapear os processos e estimar os principais danos que a empresa causa. Foi possível apontar o processo mais danoso ao meio ambiente, seus impactos pela extração do abrasivo, pela geração de poeira e de seu gasto energético. Palavras-chave: Avaliação de Ciclo de Vida; ACV; NBR ISO 14.040; Gestão Ambiental;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 1.1 Objetivo geral.................................................................................................. 10

1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 10 1.3 Justificativa da realização do estudo .............................................................. 11

1.4 Aspectos metodológicos ................................................................................. 11 1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ......................................................... 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 16 2.1 Organizações.................................................................................................. 16

2.2 Conceito de Administração ............................................................................. 17 2.3 Áreas funcionais da administração ................................................................. 18

2.3.1 Organização, Sistema e Métodos ............................................................... 19 2.3.2 Administração de marketing ........................................................................ 19

2.3.3 Administração de produção e serviços ....................................................... 20 2.3.4 Administração de Recursos Humanos ........................................................ 21

2.4 Responsabilidade Social ................................................................................ 21 2.4.1 Sustentabilidade na história ........................................................................ 22

2.4.2 Gestão Sustentável ..................................................................................... 23 2.4.3 Desenvolvimento Sustentável ..................................................................... 24

2.4.4 Sistemas de Gestão Ambiental ................................................................... 25 2.4.5 Produção mais Limpa ................................................................................. 27

2.4.6 Ecoeficiencia ............................................................................................... 28 2.4.7 Indicadores Ambientais ............................................................................... 28

2.5 Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) .................................................................. 29 2.6 Fases de uma ACV ......................................................................................... 33

2.6.1 Definição de objetivo e escopo ................................................................... 33 2.6.2 Análise do inventário ................................................................................... 35

2.6.3 Análise de impacto ...................................................................................... 38 2.6.4 Interpretação de Dados ............................................................................... 40

2.6.5 Limites de uma ACV ................................................................................... 41 3 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ......................................................... 43

3.1 Histórico .......................................................................................................... 43 3.2 Dados de identificação ................................................................................... 43

3.3 Características dos Serviços oferecidos ......................................................... 44 3.4 Visão, Missão e Valores ................................................................................. 44

3.5 Mercado .......................................................................................................... 45 3.6 Organograma.................................................................................................. 46

3.7 Processo Produtivo ......................................................................................... 46 4 RESULTADOS DA PESQUISA .......................................................................... 48

4.1 Etapas da ACV ............................................................................................... 48 4.2 Processos ....................................................................................................... 49

4.2.1 Recebimento ............................................................................................... 49 4.2.2 Corte de Pedra ............................................................................................ 49

4.2.3 Corte de Vidro ............................................................................................. 50 4.2.4 Plotagem ..................................................................................................... 50

4.2.5 Adesivagem ................................................................................................ 51 4.2.6 Jateamento ................................................................................................. 52

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4.2.7 Pintura ......................................................................................................... 52

4.2.8 Polimento .................................................................................................... 53 4.2.9 Entrega ....................................................................................................... 53

4.3 Análise de Ciclo de Vida ................................................................................. 53 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 60

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 66

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1 INTRODUÇÃO

No ambiente globalizado em que nos encontramos a sociedade pede por

métodos e sistemas que sejam amigáveis ao meio ambiente, pois à medida que

cresce ela também se desenvolve. Hoje em dia uma gestão sustentável se tornou

uma necessidade e as empresas têm aumentado o foco em um futuro sustentável.

Principalmente devido à grande exigência dos clientes, o mesmo se dá na

construção civil.

Foi detectado um aquecimento na construção civil na região do vale do Itajaí.

Com este aumentou a procura por prestadoras de serviços na região para suprir a

demanda de vidros, pedras e metais como também, a procura pelo jateamento

destes materiais. Crescimento que se deu em parte ao grande apoio do governo

federal no programa de aquisição a primeira residência e a redução do imposto

sobre produtos industrializados (IPI) para produtos destinados a construção civil.

Segundo o Sindicato da indústria da construção Civil - SINDUSCON (2010)

apesar das crises econômicas o mercado da construção civil apresentou um

crescimento de 8,1% em 2010 contra 3,4% de crescimento do mercado de trabalho

em geral. Acompanhando esse crescimento as exigências também aumentaram.

A empresa Arkhê decorações situa-se em Itajaí há 14 anos. Sendo uma das

principais empresas de jateamento de Itajaí e região. Há anos atende quase todas

as vidraçarias e marmorarias da região, tornando-se uma referência na área.

Neste contexto observou-se que se faz necessária uma avaliação do atual

sistema de jateamento para expor os melhores métodos a fim de se alcançar a

sustentabilidade. A grande maioria dos abrasivos disponíveis no mercado é tóxico, o

que torna o seu manuseio um perigo tanto para o jateador quanto para o meio

ambiente.

O sistema de jateamento comumente utilizado funciona por impacto de

abrasivos sob alta pressão na superfície a ser limpa ou decorada. O jateamento é

muito procurado para gravação decorativa, limpeza de materiais, remoção de

ferrugem e acabamento de materiais.

Um dos maiores problemas que se pode analisar em um sistema de jato de

areia é o isolamento. Na falta de um isolamento apropriado, o abrasivo forma uma

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nuvem de poeira muito fina que pode causar graves problemas respiratórios as

pessoas em volta.

Referente aos abrasivos, o óxido de alumínio é o que predomina atualmente,

pois traz mais vantagens técnicas e até econômicas.

Este Trabalho é composto de fundamentação teórica, descrição e análise do

atual sistema de jateamento. A realização deste trabalho se deu a partir do estágio

supervisionado da grade curricular do curso de administração da universidade do

vale do Itajaí.

1.1 Objetivo geral

Neste tópico é apresentado o objetivo do Trabalho. Segundo Roesch (2009,

p.27) “O objetivo geral define o propósito do trabalho”. Assim o objetigo geral do

trabalho consiste em analisar o ciclo de vida dos processos da organização.

1.2 Objetivos específicos

Sob este tópico estão expostos os objetivos específicos do Trabalho.

Segundo Roesch (2009, p.89) “formular um objetivo geral não é o suficiente para dar

uma idéia de como o trabalho será desenvolvido, devido à generalidade do objetivo

geral existe a necessidade de se especificar os objetivos do trabalho”. Os objetivos

específicos deste trabalho são:

identificar as etapas da ACV;

descrever os processo produtivo da organização;

efetuar um fluxograma do sistema de jateamento; e

efetuar a ACV.

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1.3 Justificativa da realização do estudo

Esse capítulo apresenta a justificativa da realização do trabalho. De acordo

com Roesch (2009) a justificativa é a apresentação das razões para a existência do

trabalho. As razões que em geral são divididas em importância, oportunidade,

originalidade e viabilidade.

Quanto a sua importância, o trabalho além de ser pouco difundido no meio

acadêmico é de grande importância para as empresas na área. Traz uma visão do

impacto ambiental causado pelas empresas do ramo. Facilita a busca por soluções.

Foi uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e acadêmico, pois o trabalho

possibilitou explorar uma área que hoje em dia traz grande preocupação.

O momento atual é muito oportuno para o desenvolvimento deste estudo.

Devido à grande preocupação com o meio ambiente o foco atual das empresas tem

se tornado a sustentabilidade.

No que tange a originalidade, é um trabalho original, pois se trata da análise

de um sistema que possui pouca atenção. Podendo trazer uma melhora a todo um

setor de trabalho, não só a empresa a ser analisada.

No que se refere à viabilidade, por ser uma organização familiar o acesso aos

profissionais de jateamento e aos dados sobre os processos que movimentam a

organização foram facilitados. Referente aos custos houve gastos apenas com

impressão e encadernação. O trabalho foi considerado viável, pois há um grande

interesse dos dirigentes da organização no estudo, pois as possibilidades de

melhora com as descobertas do trabalho podem ser tanto ambientais quanto

econômicas.

1.4 Aspectos metodológicos

Este capítulo vai apresentar a metodologia do trabalho. Consiste na descrição

detalhada do método adotado para o desenvolvimento do Trabalho apresentado as

suas características, tipologia, método de pesquisa e análise de dados.

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Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para

um problema, que têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. Para GIL

(1999, p. 42), “a pesquisa é um processo formal e sistemático de desenvolvimento

do método científico”. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas

para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. A pesquisa é

realizada quando se tem um problema e não se tem informações para solucioná-lo.

Para que seja considerada uma pesquisa científica tem, portanto, de ter a

realização de uma investigação planejada e desenvolvida de acordo com as normas

consagradas pela metodologia científica. A metodologia da pesquisa e elaboração

de dissertação científica é entendida como um conjunto de etapas ordenadamente

dispostas que você deve proceder na investigação de um fenômeno (ROESCH,

2009). O que inclui a escolha do tema, o planejamento da investigação, o

desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação de dados, a análise dos

resultados, a elaboração das conclusões e a divulgação de resultados.

Para este Trabalho foi utilizado o modelo de pesquisa diagnóstico. Segundo

Roesch (2009) este tem a finalidade de explorar uma situação organizacional para

captar e definir problemas. Através desta pesquisa podem-se identificar quais são e

onde se localizam as deficiências do processo. O trabalho analisou os processos da

organização com intuito de avaliar a sua eficácia ambiental.

Foi abordada por meio de pesquisa quantitativa com aporte qualitativo.

Roesch (2009) afirma que se o propósito do trabalho implicar em medir relações

entre algumas variáveis e avaliar os resultados estatisticamente, recomenda-se a

utilização de pesquisa quantitativa. Sendo assim o enfoque primário do trabalho foi

sobre a pesquisa quantitativa, com enfoque qualitativo na avaliação dos resultados.

O método quantitativo se dá pela utilização de estatísticas para conseguir

uma quantificação das variáveis. As pesquisas qualitativas estão fortemente ligadas

ao mercado. De acordo com Roesch (2009) elas são íntimas das ações de

marketing tomadas por uma determinada empresa a despeito de um produto ou

serviço. A empresa depende de ambos os modelos de pesquisas, para determinar

ações de venda efetivas sobre certo produto ou serviço que fora o objeto central do

estudo.

O método qualitativo é de caráter mais exploratório visando estimular os

entrevistados a pensarem de forma mais livre no tema abordado. Esse método é

mais comum em pesquisas com menor número de entrevistados. Visa extrair dos

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pesquisados questões mais profundas sobre o que se pesquisa, chegando ao

âmago da questão.

A pesquisa qualitativa é útil como uma ferramenta para determinar o que é

importante para os clientes e porque é importante. Esse tipo de pesquisa fornece um

processo a partir do qual questões-chave são identificadas e perguntas são

formuladas, descobrindo o que importa para os clientes e por que.

Delineamentos qualitativos e quantitativos usados em avaliação formativa e

de resultados são formas complementares e não antagônicas de avaliação.

Segundo Roesch (2009) as pesquisas quantitativas e qualitativas oferecem

perspectivas diferentes, mas não necessariamente polos opostos. As formas podem

ser usadas em conjunto para fornecer mais informações do que se teria usando

apenas um dos métodos.

Do ponto de vista de seus objetivos e fins a pesquisa é exploratória. De

acordo com Gil (2002) este método visa proporcionar maior familiaridade com o

problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a facilitar a construção de

hipóteses. Esse tipo de pesquisa tem como principal objetivo o aprimoramento ou

descoberta de idéias. A pesquisa exploratória é extremamente flexível, de modo que

todo aspecto relativos ao fato estudado têm importância.

Também foi abordada pelo método de pesquisa descritiva. Segundo Gil

(2002) a pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada

população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A

pesquisa descritiva tem natureza quantitativa, mas pode ser quantitativa e qualitativa

ao mesmo tempo, se representar descrição de amostra não probabilística.

Do ponto de vista para obtenção dos materiais e meios pode ser por meio da

pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (2002) é elaborada a partir de material já

publicado, sendo constituído por livros, artigos de periódicos e material

disponibilizado na Internet. Em várias situações não existem outros modos de se

encontrar fatos passados senão por meio da pesquisa bibliográfica.

Com a intenção de obter meios e materiais foi utilizado o levantamento. De

acordo com Gil (2002) levantamento que é quando a pesquisa envolve a

interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecerem. Faz-se

o levantamento interrogando as pessoas que conhecem o problema ou questão, ou

levantando dados mediante análise quantitativa. Foram interrogadas as pessoas

diretamente envolvidas com o processo de jateamento.

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No que se trata dos meios, a pesquisa documental também foi utilizada.

Segundo Vergara (2007) este tipo de pesquisa usa documentos conservados por

diversas fontes para compreender o tema abordado. A investigação documental é

realizada com variados tipos de documentos.

1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados

Na pesquisa de caráter quantitativo a análise e coleta de dados são

separadas pelo tempo. Segundo Roesch (2009) as principais técnicas de coleta são

a entrevista, questionários, testes e observação, e pode-se trabalhar com dados

existentes tais como bancos de dados, índices ou relatórios. Já na pesquisa de

caráter qualitativo os métodos de coleta em geral são a entrevista, observação, uso

de diários, entrevistas em grupo, técnica de incidentes críticos e as técnicas

projetivas.

Os dados foram coletados utilizando fontes primárias e secundárias. Fontes

primárias referem-se aos dados coletados pelo próprio acadêmico. Fontes

secundárias referem-se à análise de dados já pesquisados (ROESCH, 2009). A

população analisada é constituida de pessoas envolvidas diretamente com o sistema

de jateamento, que são o jateador e a sócia da empresa que o auxilia. O local

estudado situa-se em Itajaí, Santa Catarina, bairro Dom Bosco na rua imbituba

numero 368. No que tange a análise de dados a técnica empregada foi a descritiva.

Abaixo Segue o quadro 1 apresentado as técnicas de coleta e análise de

dados.

Coleta e análise de dados

Objetivo Fonte Participante Técnica de Coleta

Técnica de análise

identificar as etapas da ACV

Primária/ Secundária

Acadêmico Pesquisa bibliográfica/

Levantamento/ Checklist/ Entrevista

Descritiva

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efetuar um fluxograma do

processo

Primária/ Secundária

Acadêmico Pesquisa bibliográfica/

Levantamento/ Checklist/ Entrevista

Descritiva

efetuar a ACV

Primária/ Secundário

Acadêmico Pesquisa bibliográfica/

Levantamento/ Checklist/ Entrevista

Descritiva

apresentar os resultados

Primária/ Secundário

Acadêmico Pesquisa bibliográfica/

Levantamento/ Checklist/ Entrevista

Descritiva

Quadro 1: Análise e tratamento dos dados de pesquisa Fonte: Acadêmico

Segue abaixoo quadro 2 com o roteiro metodológico do trabalho de conclusão

de estágio.

ETAPAS DA PESQUISA

ETAPA DO TRABALHO

PERÍODO DE REALIZAÇÃO

ATIVIDADES

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Elaboração do Projeto

Março à Junho Pesquisa bibliográfica sobre o tema

Fundamentação Teórica

Definição do problema de pesquisa

Estratégia de Pesquisa Construção da pergunta de

pesquisa a partir do problema e definição dos objetivos

Agosto à Outubro Projeto

Novembro Elaboração dos instrumentos

Redação e apresentação do

TPE parcial

Dezembro Redação e entrega do TPE

PESQUISA DE CAMPO

Coleta de Dados Novembro e Dezembro

Caracterização da empresa

Análise e Interpretação dos

Dados

Fevereiro e Março Revisão do TPE

Redação do TCE

TCE Resultados Obtidos

Abril Elaboração da conclusão e recomendações

Maio Revisão geral do TCE

Julho Apresentação da Banca

Quadro 2: Roteiro metodológico do trabalho de conclusão de estágio. Fonte: Acadêmico

Os quadros acima exemplificam o roteiro e estrutura do trabalho. Dando uma

visão geral dos métodos utilizados e do tempo decorrido.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica tem por objetivo prover sustentação ao

desenvolvimento do estudo com informações fundamentadas sobre administração e

suas áreas. Segundo Roesch (2009, p. 170) “a revisão da literatura busca uma

fundamentação teórica para o trabalho”. A fundamentação teórica tomou por base a

conceituação e importância da gestão ambiental dentro do aspecto administrativo e

organizacional, tentando elucidar e confrontar diferentes teorias a fim de atingir um

entendimento melhor do tema.

2.1 Organizações

As organizações complexas são um dos elementos mais importantes da

sociedade. Desde o início das vidas das pessoas as organizações cumprem um

papel importante. Organizações movimentam a economia, organizam recursos em

uma cidade e assim por diante.

O conceito de organização segundo Lacombe e Heilborn (2003) é um grupo

de pessoas organizadas para atingir um objetivo comum. A organização pode ser

entendida como produto do processo de organizar como a forma que assume toda a

associação humana para se atingir o objetivo comum. De acordo com Schein (1972)

apud Lacombe e Heilborn (2003) a organização pode ser definida como a

coordenação racional de atividades de certo número de pessoas, que desejam

alcançar um objetivo comum e explícito, mediante a divisão de funções e do trabalho

por meio de hierarquização da autoridade e da responsabilidade. Esse sentido se

assemelha coma definição de instituição, com a diferença que instituições

dificilmente podem ser informais.

As empresas familiares são as formas predominantes de empresa em todo o

mundo. Na atual economia capitalista as maiorias das empresas começam de idéias

e esforços de indivíduos empreendedores e seus parentes. De acordo Gersick et al

(1997) muitas delas são empreendimentos pequenos que nunca irão se desenvolver

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e passar para o próximo herdeiro e outras se tornam enormes e bem-sucedidas

empresas. Para muitas pessoas o trabalho e a família são os dois itens mais

importantes das suas vidas, então é de fácil compreensão o poder que esse tipo de

empreendimento tenha nas pessoas, trabalhar em uma empresa familiar afeta todos

os envolvidos.

2.2 Conceito de Administração

Toda organização existe com um propósito ou missão. A administração é

utilizada pelos gestores ou responsáveis a fim de atingir os alvos organizacionais da

empresa. Segundo Certo (2005) a administração é o processo que permite alcançar

as metas de uma empresa, fazendo uso de pessoas e recursos disponíveis pela

empresa. De acordo com Daft (2003) administrar é o alcance de metas

organizacionais de maneira eficaz e eficiente por meio de planejamento,

organização, liderança e controle dos recursos organizacionais.

Administração é um conjunto de atividades relacionadas, que permitem

alcançar os objetivos da empresa fazendo uso das pessoas e recursos disponíveis.

Lacombe e Heilborn (2003) definem administração como um conjunto de princípios e

normas com o propósito de planejar, organizar, liderar e controlar os esforços de

indivíduos que se associam com o intuito de atingir um objetivo comum. O conceito

de administração tem um ponto em comum para diversos autores que é o processo

de atingir objetivos de forma adequada e com os recursos disponíveis

A história da administração é considerada por vários autores como recente.

Proveniente das diversas mudanças ocasionadas pela revolução industrial,

revolução que teve início na Inglaterra com a criação da máquina a vapor, se

espalhando rapidamente pela Europa e Estados Unidos. Segundo Chiavenato

(1994) a administração tal como a conhecemos teve seu início no século XX quando

os engenheiros Jules Henri Fayol e Frederick W. Taylor publicaram as suas

experiências.

Administrar se divide em quatro principais funções, planejar, organizar, liderar

e controlar. Segundo Daft (2003) planejar significa a definição de metas para o

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desempenho organizacional futuro e a decisão das tarefas e recursos necessários

para atingir estas metas. De acordo com Lacombe e Heilborn (2003, p.49) planejar é

pensar antecipadamente e determinar meios e recursos para concretizar o que se

quer alcançar. A falta de um bom planejamento pode destruir o desempenho da

organização.

Outra principal função da administração é a organização. Segundo Daft

(2003) organizar geralmente segue o planejamento refletindo como a empresa irá

realizar o planejado, organizar envolve a atribuição de tarefas e atribuição de

autoridade para alocação dos recursos necessários. De acordo com Lacombe e

Heilborn (2003) organizar envolve além de distribuir responsabilidade a necessidade

de se estabelecer relações para que as pessoas trabalhem de forma eficaz. Sem

uma boa organização o planejamento não poderá atingir seus objetivos.

A próxima função da administração é a liderança. Segundo Daft (2003) liderar

é a atribuição e o uso de influência a fim de motivar os funcionários a alcançar as

metas estabelecidas, liderar tem se tornado cada dia mais uma função administrativa

mais importante da empresa. De acordo com Lacombe e Heilborn (2003) o líder

deve atingir os objetivos por meio de seus liderados, agindo de acordo com o

liderado, alterando a forma de agir quando necessário, sem perder de vista os

objetivos da empresa. Sem uma liderança apropriada a organização anda sem rumo

e não poderá atingir seus objetivos.

A última função é controlar. Segundo Daft (2003) controle se refere a

monitorar as atividades dos funcionários, determinando se a organização esta ou

não no caminho para atingir as suas metas. Sem um método de controle a

organização não saberá se está atingindo seus objetivos da melhor forma possível.

O controle permite uma correção caso a organização esteja fazendo algo de errado

nos seus processos.

2.3 Áreas funcionais da administração

As principais áreas da administração são: a administração financeira, a

administração de materiais, administração mercadológica, administração de

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produção, organização sistemas e métodos e administração de recursos humanos. A

seguir são apresentadas de forma sucinta cada uma das áreas.

2.3.1 Organização, Sistema e Métodos

Organização, Sistemas e Métodos é uma área clássica da administração que

lida com um conjunto de técnicas que tem como objetivo principal aperfeiçoar o

funcionamento das organizações. Para Oliveira (2005), a responsabilidade básica

desta área é a de executar as atividades de levantamento, análise, elaboração e

implementação de sistemas administrativos na empresa. O objetivo é o de criar ou

aprimorar métodos de trabalho, agilizar a execução das atividades. Segundo Cury

(2005) a função de Organização e Métodos é uma das especializações de

Administração que tem como objetivo a renovação organizacional. Ela modela a

empresa, trabalhando sua estrutura, seus processos e métodos de trabalho.

A ACV trabalha junto com os sistemas e métodos da organização, pois é a

base delas que irá melhorar o processo a ser estudado. Segundo Chehebe (2002) a

ACV ajuda a melhorar o entendimento dos aspectos ambientais ligados ao processo

de produção das organizações. Estudo que auxilia na implementação de métodos e

sistemas adequados a realidade da organização visando sempre minimizar os danos

causados por ela.

2.3.2 Administração de marketing

Marketing é uma atividade que permeia todos os domínios de uma

organização. Uma das definições mais aceitas é que marketing é o processo de

planejar e executar o processo, o preço, a promoção e a propagação de idéias, bens

e serviços que satisfaçam o cliente e a organização. Segundo Sobral e Peci (2007)

marketing se refere ao conjunto de atividades de uma organização desenvolvidas

para criar e trocar valor com os clientes atingindo os objetivos organizacionais.

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De acordo com Sobral e Peci (2007) os três grandes eixos de ação do

marketing são: o foco na satisfação do cliente, a integração das atividades da

organização a fim de satisfazer o cliente e, consequentemente, levando a realização

dos objetivos da organização. À medida que a gestão sustentável vem se tornando

foco do público, as empresas que primam por uma gestão que não agrida o meio

ambiente são as que se saem melhor no mercado.

As empresas estão incorporando a questão da gestão sustentável nas suas

práticas de marketing. Segundo Formentini (2004) ações sociais duradouras estão

se tornando uma poderosa ferramenta de marketing. A empresa em questão poderá

fazer bom uso do estudo e se o novo método for considerado ambientalmente viável

será uma ação importante para a imagem da organização na região que a cerca.

2.3.3 Administração de produção e serviços

A administração de produção não se refere apenas a produção de bens

físicos, juntamente com a organização de manufaturas há também a organização de

serviços, que se ocupa a produzir bens não físicos, tais como serviços médicos,

educacionais, de comunicação ou transporte. Daft (2003) define a administração de

produção como o campo da administração que se especializa na produção de bens

e serviços e faz uso de ferramentas e técnicas para solucionar problemas de

produção.

De acordo com Daft (2003) o que difere em muito a produção de serviços da

manufatura é que o cliente final está diretamente envolvido no processo de produção

e em contraste com a manufatura os serviços não podem ser estocados por serem

intangíveis. Hoje em dia os consumidores querem que as empresas além de

produzir produtos de qualidade sejam responsáveis e preocupadas com a sociedade

que as cercam. O mesmo vale para os serviços prestados, quanto mais uma

organização se preocupa e age em prol da sociedade, mais valor seus produtos e

serviços agregam.

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2.3.4 Administração de Recursos Humanos

As pessoas que compõe a organização são a sua vantagem competitiva

principal a administração de recursos humanos tem um papel importante na busca e

desenvolvimento dessas pessoas. Segundo Daft (2003) na última década a

administração de recursos humanos apagou a antiga imagem que tinha de

departamento de pessoal e passou a ter um maior reconhecimento como um grande

participante das estratégias corporativas. Pode se definir a administração de

recursos humanos como as atividades realizadas para atrair, desenvolver e manter a

força de trabalho eficaz dentro da organização. Administração de RH refere-se à

aplicação de sistemas formais para melhor utilização do talento humano a fim de

atingir as metas organizacionais.

Se preocupar com a saúde física e mental dos funcionários é hoje um dever

das organizações. Tornar o local de trabalho um lugar seguro e saudável, tornou-se

preocupação principal de muitas organizações. De acordo com Certo (2005) a

gestão de recursos humanos que tem uma boa política social se torna referência na

área que atua. Desenvolver métodos que não agridam o meio ambiente e que não

agridem o ser humano tem se tornado uma grande preocupação dos gestores.

Adotar a gestão ambiental pode trazer vários benefícios à saúde dos que trabalham

na empresa ou vivem ao redor dela

2.4 Responsabilidade Social

As últimas décadas apresentaram uma grande mudança no ambiente em que

as empresas estão inseridas. Segundo Donaire (1999) foram apresentados novos

papéis em que as organizações devem desempenhar além do já conhecido papel

econômico e produtivo na sociedade. O que tornou as variáveis sociais e políticas

importantes para a empresa.

Hoje se espera da organização que ela participe ativamente em prol dos

recursos naturais, saúde, segurança e qualidade de vida da comunidade que a

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cerca. Tornando a responsabilidade sócio-ambiental extremamente importante para

a sociedade.

2.4.1 Sustentabilidade na história

Observando-se a história humana o que se observa é a falta de preocupação

com os recursos naturais. O homem sempre encarou a natureza como algo com

capacidade ilimitada, destruindo e produzindo sem se preocupar com os danos que

estava causando.

O ambientalismo não é uma causa política nova, em meados do século XIX

nas reações contrárias a revolução industrial, antes da revolução a poluição era

pouco conhecida. No século XVII foi feita uma petição sobre os perigos que a

combustão por carvão causava aos londrinos, não foi tomada como atitude

legislativa ate que dois séculos depois teve a promulgação da lei do ar puro.

(SMITH, 1994)

As questões ambientais só passaram a ser vistas sobre o ponto de vista da

sobrevivência das espécies a partir da década de 70. Segundo Tibor e Feldman

(1996) surgiram grupos ambientais que conseguiram mobilizar a opinião pública.

Durante essa década graças aos grupos de proteção ambiental, tanto nos Estados

Unidos quanto na Grã Bretanha a sociedade presenciou a criação da agência de

proteção ambiental e o ministério do ambiente.

No final da década de 70 e início da década de 80, aconteceram grandes

mudanças na estratégia e organização política. Nesta época, por exemplo, foi criado

o partido verde na Alemanha Oriental. No decorrer da década de 80 as questões

ambientais se tornaram mais politizadas e internacionalizadas. (SMITH, 1994)

De forma geral os países começaram a entender que as medidas de proteção

ambiental não impediam o desenvolvimento econômico. Muitos países têm inserido

em seus estudos de desenvolvimento, modelos de impacto e custo ambientais nas

análises de trabalhos econômicos. Isto resulta em novas diretrizes, regulamentações

e leis na formulação de seus trabalhos de governo, iniciativa que acarreta uma nova

visão da gestão dos recursos naturais. (DONAIRE, 1999).

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2.4.2 Gestão Sustentável

Segundo Donaire (1999) desenvolvimento sustentável atende as

necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações de atenderem as

suas. É a palavra da vez desde que a comissão mundial sobre o meio ambiente das

Nações Unidas públicou seu relatório em abril de 1987 sob o tema Nosso Futuro

Comum.

A proteção ambiental passou a ser vista de outra forma. De acordo com

Donaire (1999) a proteção ambiental deixou de ser uma função exclusiva da

produção para se tornar uma função administrativa contemplada na estrutura

organizacional interferindo no planejamento estratégico tornando-se uma parte

importante da gestão da empresa. Deixou de ser algo puramente produtivo pra fazer

parte do cerne das organizações.

O desenvolvimento sustentável passou a ser um tema muito importante nas

organizações. De acordo com Seiffert (2007b) desenvolvimento sustentável são as

relações entre o ambiente e o desenvolvimento integradas. A integração entre

economia, ecologia e política representa uma perspectiva ainda em construção, a

discussão traz uma contribuição aos conceitos e práticas ao mesmo tempo em que

apresenta limitações.

Essa discussão levou a constatações que se traduzem em elementos comuns

das definições de desenvolvimento sustentável. Segundo Seiffert (2007a) esses

elementos são:

• Igualdade: todos os povos devem ter acesso à possibilidade de

melhoria no seu bem-estar econômico, tanto nas gerações atuais

quanto futuras.

• Administração Responsável: os processos produtivos e financeiros

devem ser responsáveis com relação ao objeto das suas ações, sendo

elaborados a fim de causar o menor dano ambiental possível.

• Limites: o desenvolvimento deve seguir dentro dos limites dos recursos

não renováveis quanto da intervenção tolerável do ser humano sobre o

ecossistema.

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• Comunidade Global: Não existem fronteiras para os prejuízos

ambientais, a reparação dos danos já ocasionados e prevenção de

maiores danos só são possíveis com integração entre os países,

assegurando um desenvolvimento seguro no futuro.

• Natureza sistêmica: a relação entre os ecossistemas naturais e a

atividade humana deve ser considerada.

2.4.3 Desenvolvimento Sustentável

No mercado de hoje a empresa precisa saber lidar com as constantes

mudanças. Os métodos de gestão surgiram dessa necessidade. De acordo com

Dias (2007) são vários fatores que induzem uma resposta da empresa no que tange

a redução da contaminação, estes são:

O estado que utiliza de ferramentas legais com o objetivo de proteger a

saúde das pessoas e o bem comum, estabelecendo regulamentos e

para o uso dos recursos ambientais e fiscalizando seu cumprimento e

multando devidamente os infratores.

As comunidades locais são as primeiras a sofrerem os impactos da

poluição, em função disso apresentam uma resposta mais rápida

afetando as decisões das empresas no que se refere a um melhor

controle ambiental.

O papel do mercado é importante, pois hoje o se observa um aumento

na consciência ambiental, que varia em função de cada tipo de

mercado. Os locais mais desenvolvidos são os que consomem mais

produtos ecológicos o que envolve a reputação da empresa como bem

feitor ou não do meio ambiente.

Os fornecedores que em muitas vezes atendem empresas que

necessitam ter um bom desempenho ambiental em toda a sua cadeia

produtiva, o que os obriga a serem portadores de certificações

ambientais.

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A gestão ambiental hoje em dia se tornou um grande fator competitivo devido

aos benefícios que traz ao processo produtivo como um todo. Segundo Dias (2007)

o grau de envolvimento das empresas com a questão ambiental varia de acordo com

a importância que a organização da para a variável ecológica. Os motivos que em

geral interferem no envolvimento da empresa com uma gestão ambiental efetiva são

em geral a dificuldade da obtenção de investimento para adaptação dos seus

processos produtivos, falta de conhecimento técnico científico sobre as questões

ambientais e o grau de compromisso do seu quadro de pessoal com a ética

ambiental.

À medida que a sociedade vai se conscientizando da necessidade de se

preservar o meio ambiente, a opinião pública começa a pressionar o meio

empresarial a buscar meios de desenvolver suas atividades econômicas de maneira

mais racional. Segundo Barbieri (2007) a gestão ambiental deve apoiar três critérios

importantes que são a equidade social, o desenvolvimento econômico e o respeito

pelo meio ambiente. Critério que se respeitados podem contribuir para geração de

riqueza.

São três as possibilidades de inserção competitiva para as empresas que

adotam uma estratégia de gestão ambiental. De acordo com Dias (2007) são a

adoção de procedimentos além dos exigidos por lei; a busca por excelência

ambiental como foco principal na qualidade e tornar-se líder no seu setor em termos

ambientais. A adoção de um sistema de gestão ambiental ajuda a minimizar gastos

e tornar a sociedade mais justa.

2.4.4 Sistemas de Gestão Ambiental

Sistemas de gestão ambiental se referem a processos que de forma

sistemática e planejada controlam e minimizam os impactos ambientais negativos da

organização. De acordo com Dias (2007) para se obter a certificação a empresa

deve implementar ferramentas e monitorar as suas atividades.

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Segundo Seiffert (2007a) dentre as certificações com enfoque na

organização, as mais conhecidas são a série ISO (International organization for

standardization) de gestão ambiental:

ISO 14001 e ISO 14004: A norma 14001 é a única que permite a

certificação por terceiros, sendo também o único que é efetivamente

auditado na forma de requisitos obrigatórios, já a ISO 14004 apresenta

um caráter não-certificável que visa à orientação, que fornece

informações importantes para a implantação do ISO 14001.

Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 19011): Essas

normas estabelecem os procedimentos e requisitos das auditorias e

dos auditores de um sistema de gestão ambiental certificável, sendo

um subsídio determinante para a implantação do requisito de auditoria

em um sistema de gestão ambiental.

Avaliação de desempenho ambiental (ISO 14031): apresentam as

normas para a avaliação de desempenho ambiental dos processos nas

organizações, essa avaliação é um processo bem mais detalhado, pois

envolve um processo de medição, análise avaliação e descrição do

desempenho organizacional da organização em relação aos objetivos

definidos para o seu sistema de gestão ambiental.

Ainda de acordo com Seiffert (2007a) dentre as certificações com

enfoque no produto e processo, as mais conhecidas são as séries:

Rotulagem Ambiental (ISO 14020; ISO 14021; ISO 14024): São

normas que estabelecem objetivos diferentes para a concessão de

selos ambientais, a rotulagem ambiental dentro do escopo da ISO é

muito interessante, uma vez que se constitui em um padrão de

credibilidade e aceitação internacional.

Avaliação de Ciclo de Vida (ISO 14040; ISO 14041; ISO 14042; ISO

14043).

Esses sistemas permitem à empresa avaliar os seus procedimentos, a definir

a sua política e os seus objetivos ambientais. Também os obrigam a atuar em

conformidade com esses procedimentos e demonstrar a outros como os objetivos

foram atingidos.

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2.4.5 Produção mais Limpa

Uma grande característica das organizações que trabalham no setor produtivo

é o desperdício e o uso de matéria prima. Segundo Barbieri (2007) a produção mais

limpa é uma estratégia preventiva aplicada a processos, produtos e serviços que

visa minimizar os impactos ambientais e otimizar os processos. Surgiu da

necessidade de um método que reduzisse os custos sem reduzir a capacidade

produtiva.

Este modelo vem sendo desenvolvido desde a década de 80 pelo Programa

das nações unidas para o meio ambiente (PNUMA) e a Organização das Nações

Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI). Segundo Barbieri (2007) e

Nascimento et al (2008) o modelo foi desenvolvido com intuito de instrumentalizar os

conceitos e objetivos do desenvolvimento sustentável.

O grande foco desse sistema é aumentar a vantagem econômica e

competitiva da empresa racionalizando o uso de insumos. Segundo Nascimento et

al. (2008) a produção mais limpa busca direcionar o design a fim de reduzir o

impacto negativo do ciclo de vida do produto desde sua extração até o produto final.

Primando pela redução nos desperdícios e na geração de resíduos criando

vantagem competitiva.

Aplicar a produção mais limpa pode ser lucrativo, pois o retorno em geral é de

curto prazo. De acordo com Nascimento et al. (2008) a maior mudança precisa ser

comportamental, por isso o foco precisa ser a conscientização. O beneficio é grande,

pois se tem uma redução nos desperdícios e, consequentemente, uma redução de

custos.

O modelo estabelece uma hierarquização de prioridades. Segundo Barbieri

(2007, p.135) é “prevenir, reduzir, reusar, reciclar, tratamento com recuperação de

materiais e energia, tratamento e disposição final”. Este raciocínio não deixa espaço

para desperdício.

Os ganhos com o uso desse método são inúmeros. Segundo Nascimento et

al. (2008) o método tem potencial de ganhos diretos com o processo de produção e

indiretos associados com o tratamento do refugo. É um método que provê a

possibilidade de um ganho tanto para a empresa quanto para a sociedade. Trazendo

melhoras ambientais junto com a redução de custos e melhoria dos processos.

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2.4.6 Ecoeficiencia

Por anos se pensou que a obtenção de lucro e o desenvolvimento sustentável

eram opostos. Preconceito que causou uma demora da adoção dos métodos de

gestão ambiental. Segundo Vinha (2003) as tecnologias ambientais seguem o rumo

contrário, reduzindo custos melhorando a produtividade e reduzindo desperdício. E

em 1992 o modelo foi desenvolvido e vem sendo indicado com uma das melhores

formas de redução de desperdício e poluição.

Esse modelo de gestão prima pela redução de recursos incrementando a

produtividade. Segundo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento

Sustentável (CEBDS) (2012) a ecoeficiência é alcançada mediante o fornecimento

de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas

e tragam qualidade de vida, reduzindo o impacto ambiental e o consumo de recursos

ao longo do ciclo de vida, a um nível, equivalente à capacidade de sustentação

estimada da Terra. Este modelo pode trazer uma grande vantagem competitiva para

a organização.

É um modelo de consumo e produção responsável. Segundo Barbieri (2007)

a ecoeficiencia baseia-se na redução de energia e materiais por unidade de produto

ou serviço aumenta a competitividade da empresa. Reduzindo as pressões com o

meio ambiente tanto como origem quanto reservatório de insumos.

Diferentemente do modelo de produção mais limpa a ecoeficiencia se

preocupa com a reciclagem interna e externa. De acordo com Barbieri (2007) o

modelo de produção mais limpa se preocupa com o processo de produção enquanto

a ecoeficiencia se preocupa com o produto em si e o impacto posterior que ele

possa oferecer.

2.4.7 Indicadores Ambientais

Inicialmente precisa se entender o que são indicadores. Indicadores servem

para apontar, identificar ou informar um progresso em direção a uma determinada

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meta. De acordo com Van Bellen (2007) os indicadores têm por objetivo agregar e

quantificar as informações de modo que a sua significância fique mais aparente.

Simplificando as informações e melhorando o processo de comunicação.

A definição das variáveis e o levantamento são etapas fundamentais da

formação indicadores. Porém segundo Van Bellen (2007) informações brutas, sem

nenhum tratamento, não são consideradas indicadores. Os indicadores apresentam

certo grau de sistematização, sendo que, os mais usados são aqueles que resumem

ou simplificam as informações importantes, tornando os eventos mais aparentes.

Esta característica é particularmente importante na gestão ambiental.

A partir de um nível de agregação os indicadores podem ser definidos como

variáveis individuais ou variáveis que são função de outras variáveis. Segundo Van

Bellen (2007) a grande maioria dos indicadores foi criada para objetivos específicos

tais como os ambientais, de saúde, sociais e econômicos e nem todos podem ser

considerados indicadores de sustentabilidade. Mas alguns possuem um potencial

dentro do contexto do desenvolvimento sustentável. São poucos os sistemas de

indicadores que lidam com desenvolvimento sustentável. Na sua maioria são

indicadores experimentais desenvolvidos para aprimorar o entendimento sobre

sustentabilidade.

2.5 Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)

O ciclo de vida é a história do produto, desde a fase de extração das matérias

primas, passando pela fase de produção, distribuição, consumo, uso e até sua

transformação em lixo ou resíduo. Existe uma demanda crescente, tanto de

consumidores como de governos, acionistas, concorrentes, a fim de reduzir os

impactos ambientais. Redução que leva em conta todo o processo de criação e pós-

uso deste sistema

Iníciou-se o desenvolvimento desta técnica em meados da década de 1960 e

até 1975, estudos iniciais de ACV foram conduzidos por várias instituições. Até a

década de 80, houve uma redução no interesse pelos estudos envolvendo a gestão

de produtos (CHEHEBE, 2002).

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Em 1985 a Comunidade Econômica Européia (CEE) criou uma diretiva (Liquid

Food Container Directive) que obrigava as empresas a monitorar o consumo de

matérias primas, energia e a geração de resíduos sólidos na fabricação de

embalagens alimentícias. Em 1991 foi desenvolvido o primeiro software (Ökobase)

relacionado à ACV (CHEHEBE, 2002).

Em 1965, a Coca Cola encomendou um estudo para o Midwest research

institute (MRI) com o objetivo de comparar os diferentes tipos de embalagem de

refrigerante, quanto aos índices de emissões ao meio ambiente e quanto ao

desempenho em relação à preservação de recursos naturais. Esse estudo ficou

conhecido como Resource and Environmental Profile Analysis (REPA), aperfeiçoado

pelo próprio MRI, e é tido por muitos como o marco inicial da ACV (CHEHEBE,

2002).

No Brasil, historicamente, o ACV teve início formalmente em 1993, com a

criação do Grupo de Apoio à Normalização (GANA), um subcomitê especificamente

voltado ao tema, dentro da administração de Hubmaier Andrade, Cícero Dias e José

Ribamar Chehebe, dando origem a primeira obra publicada e especializada no tema

intitulada Análise de Ciclo de Vida de Produtos; Ferramenta Gerencial da ISO 14000,

de autoria de José Ribamar Chehebe em 1997 (GRUPO DE PESQUISAS EM

AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA, 2012).

Segundo Galdiano (2006) em 1998 registra-se um marco da trajetória da ACV

no Brasil, com a criação do Grupo de Prevenção da Poluição (GP2), da Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo, instituído com o objetivo de gerar

conhecimentos e desenvolver competência nas áreas de prevenção à poluição e de

gestão ambiental, escolhendo o estudo ACV como sua principal linha de pesquisa.

Internacionalmente foi criada a Society for Environmental Toxicology and

Chemistry (SETAC). Passou a ser o primeiro organismo que se preocupou em

recolher as diversas experiências que estavam em andamento para definir objetivos

e termos comuns para o desenvolvimento da ACV (TIBOR; FELDMAN, 1996).

A crise do petróleo, entre o final da década de 60 ao início da década de 80,

desencadeou uma preocupação com o consumo de combustíveis fósseis (não-

renováveis) e, posteriormente, com o impacto ambiental gerado pela utilização dos

recursos naturais. Preocupações que acabaram levando inúmeras instituições na

ânsia de utilizar a ACV como estratégia de marketing. Fazendo o público ver

somente os resultados que lhes interessavam (CHEHEBE, 2002).

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Uma demonstração do mau uso dessa ferramenta se teve na Suíça. Que

segundo Chehebe (2002) em 1985 por meio dos seus institutos tecnológicos

publicou um estudo sobre diferentes materiais para embalagens. Estudo que

constatou que a embalagem de vidro era mais amigável ao meio ambiente do que as

outras. Observando esta análise de forma mais detalhada foi descoberto que o

estudo foi embasado em dados suíços e americanos dos anos 70. Com a evolução

dos processos se os dados fossem atuais ter-se-ia um nível de emissão 70 vezes

menor que com os dados utilizados.

Outro grande exemplo é chamado estudo Ekvall. Segundo Chehebe (2002)

esse estudo comparava dois outros estudos um sueco e outro suíço sobre

embalagens de papelão para tentar descobrir a origem das discrepâncias que os

estudos apresentavam. Os estudos chegavam a apresentar uma diferença de 30%

nas necessidades de energia térmica e 60% nas necessidades de energia elétrica.

Uma das razões dessa diferença é que os estudos consideravam de forma

diferente as fontes de energia. Segundo Chehebe (2002) os suíços baseavam as

suas fontes em hidroelétricas e usinas nucleares e queima de combustíveis fósseis.

Os suecos consideravam as emissões evitadas como incineração de resíduos de

papel como substituto dos combustíveis fósseis. O que gerou diferenças nos estudos

de 10% a 50% para energia e 20% a 100% para emissões.

Ambos os casos nos mostram a importância dos dados utilizados e seu efeito

potencial para distorcer resultados. Segundo Chehebe (2002) A falta de critérios que

disciplinassem o modo que estes estudos deveriam decorrer e serem levados a

público fez com que houvesse uma guerra de marketing. Onde cada produtor

tentava apresentar o melhor do seu produto, adulterando dados ou ignorando-os na

tentativa de ocultar os reais problemas por trás dos seus produtos.

Com esse constante mau uso houve a necessidade de se normatizar essa

ferramenta. A técnica é regulamentada pela série ISO 14040 Segundo O Grupo de

Pesquisas em Avaliação do Ciclo de Vida (2012) até 2006, A ISO 14040 especifica a

estrutura geral, princípios e requisitos para conduzir e relatar estudos de avaliação

do ciclo de vida. Não inclui as técnicas de avaliação do ciclo de vida em detalhes.

A ISO 14041 orienta como o escopo deve ser a fim de assegurar que a

extensão, a profundidade e o grau de detalhe do estudo sejam suficientes para

atender ao objetivo estabelecido. Da mesma forma, esta norma orienta como realizar

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a análise de inventário (GRUPO DE PESQUISAS EM AVALIAÇÃO DO CICLO DE

VIDA, 2012).

Ainda segundo o Grupo de Pesquisas em Avaliação do Ciclo de Vida (2012) a

ISO 14042 especifica os elementos essenciais para a estruturação dos dados.

Aponta a sua caracterização, e a avaliação dos impactos potenciais identificados na

etapa da análise do inventário.

A ISO 14043 define um procedimento sistemático para identificar, qualificar,

conferir e avaliar as informações dos resultados do inventário do ciclo de vida ou

ACV. Procedimento que facilita a interpretação do ciclo (GRUPO DE PESQUISAS

EM AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA, 2012).

A série também contém três relatórios técnicos que exemplificam a aplicação

das normas acima citadas. Segundo Mourad e Vilhena (2002) o primeiro

denominado ISO TR 14047: Illustrative examples on how to apply ISO 14042, foi

publicado em 2001 e fornece exemplos de como aplicar a norma ISO 14042. O

segundo chamado ISO TR 14048: environmental management – life cycle

assessment – LCA data documentation format, fornece exemplos sobre a

documentação dos dados coletados na ACV. O terceiro é a ISO TR 14049:

environmental management – life cycle assessment – examples for the application of

ISO 14041 to goal scope definition and inventory analysis, publicada em 2000,

fornece exemplos sobre a aplicação da ISO 14041. Estas normas vêm sendo

internalizadas no Brasil pela ABNT.

Segundo Chehebe (2002) a avaliação de ciclo de vida pode ser útil para a

tomada de decisão na hora de escolher os indicadores ambientais necessários para

a avaliação dos trabalhos e para o planejamento estratégico. A avaliação do ciclo de

vida leva em conta as etapas da criação a sua destinação final ou o seu

aproveitamento após o uso, da criação ao reaproveitamento.

Existem várias aplicações para os resultados obtidos. Dentre elas estão:

estabelecimento de ampla base sobre as necessidades dos recursos

consumo de energia e geração de poluentes;

identificação de pontos críticos;

comparação entre as entradas e saídas do sistema visando a redução

do consumo e da geração de emissões; e

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desenvolvimento de novos produtos, processos e atividades tendo em

vista a redução do consumo (CHEHEBE, 2002; TIBOR; FELDMAN,

1996).

Chehebe (2002) afirma que em suma a ACV pode ser usada para se obter um

grande entendimento de todo o sistema e como aprimorá-lo. A ACV é uma ótima

ferramenta gerencial e técnica que pode contribuir com todos os setores da

organização e da sociedade.

2.6 Fases de uma ACV

Como todo estudo a ACV é dividida em partes. Chehebe (2002) menciona

que a ISO 14040 estabelece que devem haver a definição do objetivo e escopo do

trabalho a análise do inventário a avaliação do impacto e a interpretação dos

resultados. Segue abaixo uma análise destas fases da avaliação.

2.6.1 Definição de objetivo e escopo

Na definição de objetivo e escopo é onde se define os produtos e limitadores

de análise de ciclo de vida. Quais processos serão incluídos na análise e as

emissões relacionadas a eles. Os limitadores permitem que ACV seja mais focada e

aprofundada. Chehebe (2002) afirma que é neste ponto onde será determinada a

razão principal do estudo, sua abrangência e limites. A norma ISO 14040 estabelece

em seu conteúdo que a ferramenta ACV deve obedecer três dimensões:

onde iniciar e parar o estudo do ciclo de vida;

quantos e quais subsistemas incluir na ACV; e o

nível de detalhes do estudo, ou seja, quanto ele terá de ser

aprofundado.

Segundo Chehebe (2002) as dimensões devem ser definidas de forma

compatível para atender aos objetivos estabelecidos na ferramenta. No passado, o

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excesso de estudos sobre ACV sem uma metodologia adequada levou a exageros

que quase comprometeram a imagem dessa ferramenta de avaliação.

Quanto mais detalhes são adicionados à ACV, maior se torna a sua

complexidade, despesas e utilidade. Para se evitar isso, regras são necessárias para

determinar limites do estudo. Deve-se buscar um sistema gerencial, prático

econômico, sem descuidar da sua confiabilidade. Segundo Chehebe (2002) ao

iniciar a ACV do produto deve-ser esclarecer os objetivos para os quais tal análise

se propõe. Faz-se necessário saber de onde os dados virão; como utilizar o estudo;

como a informação será manipulada e onde os resultados serão aplicados.

Através das normas ISO 14040 e 14041 é que se estabelecem padrões para

os objetivos do estudo. Chehebe afirma (2002) que ao definir os objetivos deve-se

pensar de forma clara os propósitos e reunir todos os aspectos relevantes para

direcionar ações a serem realizadas. Porém, à medida que se percebe o andamento

dos trabalhos, os objetivos podem ser reformulados.

É importante que seja informado quem está realizando o estudo e a quem se

destina, considerando-se os seguintes aspectos:

o sistema a ser estudado;

os limites do sistema;

definir as unidades do processo;

estabelecer a função do sistema;

procedimentos de alocação;

requisitos, hipóteses e limitações dos dados;

as fases da ACV que serão implementadas;

tipo de relatório necessário para o estudo; e

estabelecer critérios para a revisão critica se for necessária

(CHEHEBE, 2002; TIBOR; FELDMAN, 1996).

Para Chehebe (2002), alguns processos geram produtos secundários que,

apesar de não serem de interesse direto do estudo, não podem ser esquecidos. A

descrição da área geográfica deve ser estabelecida na fase da definição dos

objetivos levando-se em conta a localização geográfica real de uma determinada

empresa; a média de uma área geográfica representando a situação real de oferta; a

localização geográfica imprópria e a melhor localização geográfica ou a melhor

possível.

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Chehebe (2002) aponta que os requisitos de qualidade dos dados devem ser

definidos de forma a possibilitar que os objetivos sejam alcançados. Esses requisitos

devem envolver:

cobertura relacionada ao tempo: idade desejada para os dados e o

período mínimo de tempo sobre o qual os dados devem ser coletados;

cobertura geográfica: área geográfica de onde os dados devem ser

coletados;

cobertura tecnológica;

precisão: variedade dos custos;

integridade: dados primários;

representatividade: avaliação qualitativa dos dados;

consistência: qualidade da metodologia adotada e

reprodutibilidade: avaliação da qualidade das informações.

Os dados dos estudos de ACV só farão sentido se forem utilizados de forma

correta, precisa, íntegra e com representatividade, bem como com consistência ao

longo do estudo.

2.6.2 Análise do inventário

A Análise do Inventário refere-se à coleta de dados e ao estabelecimento dos

procedimentos de cálculo de forma a facilitar o agrupamento de dados. Segundo

Chehebe (2002) esse é o momento em que se quantificam todas as variáveis.

Considera-se nessa fase que tudo que entra deve ser igual ao que sai do sistema.

Cria-se uma unidade de peso ambiental, que corresponde ao gasto de uma

unidade de peso monetário. Combina índices ecológicos, econômicos e sociais na

avaliação de cada emissor. O valor final dado a cada um deles é multiplicado pela

quantidade em que é emitido, gerando uma unidade de peso ambiental.

Considerando o custo e importância de cada impacto ambiental causado pelo

processo estudado (CHEHEBE, 2002).

Na norma ISO 14040 são apresentados alguns parâmetros de forma

detalhada e precisa. Segundo Chehebe (2002) o processo deve conter a

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apresentação do sistema de produtos a ser estudado e os limites dos estágios de

ciclo de vida nos processos, entradas e saídas dos sistemas; deve ter uma base

para comparação entre os sistemas; tem de ter um procedimento de cálculos e

coleta de dados, incluindo regras de alocação de produtos e energia e ter elementos

necessários para interpretação corretas dos resultados da análise do inventário para

seus usuários.

A norma ISO 14041 estabelece um padrão para a análise do inventário. Os

fluxos de entrada e saída devem ser detalhados para satisfazer os objetivos do

estudo. Tipicamente, o inventário de dados inclui o consumo de matéria-prima, água

e energia e a emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.

As definições dos quais os dados serão necessários para a realização de uma

ACV dependerão dos objetivos do estudo. Os dados coletados para a análise podem

ser oriundos de medidas no processo ou podem ser calculados ou estimados

através de dados da literatura existente.

Alguns cuidados devem ser tomados para assegurar o entendimento das

informações solicitadas. Esses cuidados devem incluir:

fluxograma específico que mostre todas as unidades do processo e

suas inter-relações;

descrição detalhada de cada unidade do processo;

desenvolvimento de um glossário;

descrição das técnicas usadas para a coleta e cálculo dos dados; e

fornecimento de instruções aos técnicos para uso dos dados fornecidos

(CHEHEBE, 2002).

Chehebe (2002) afirma que a coleta de dados é a tarefa que mais consome

tempo e os recursos durante a ACV. O tempo e recursos escassos podem não

permitir investigações detalhadas. As principais fontes de informação podem estar

associadas as: normas técnicas; estatísticas ambientais; licenças ambientais;

literatura técnica; informações internas na empresa; associação de classe;

fornecedores e banco de dados de ACV.

Os procedimentos usados para a coleta de dados podem variar de acordo

com a necessidade, porém o registro e a documentação dos dados são essenciais.

Deve-se prestar muita atenção quanto à disponibilidade de informações sobre a

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geração de resíduos, quantificando-os conforme forem sendo processados

(CHEHEBE, 2002).

A norma ISO 14041, dispõe sobre cada categoria de dados e o seu devido

tratamento, que deve ser documentado e resultar em um valor justificado para o

dado, um valor igual a “zero” caso justificado, ou em um valor calculado baseado no

valor relatado de unidades de processo empregando tecnologia similar (CHEHEBE,

2002).

Durante todo o processo de ACV, revisões podem ser feitas, isso pode

significar a necessidade de alterações significativas. Segundo Chehebe (2002) tal

revisão pode resultar em exclusão de estágios de ciclo de vida ou subsistemas,

exclusão de fluxos de materiais insignificantes para os resultados da avaliação e

inclusão de novas unidades de processo que se mostrem significativas.

Os sistemas de produto, as suas fases de produção devem ocorrer de forma

integrada. Segundo Chehebe (2002) processos que podem gerar mais do que um

produto, são chamados de coprodutos e assim, como nos processo anteriores,

devem ser documentados e registrados. Nem sempre o produto principal é o

responsável por todos os efeitos ambientais do processo. Os coprodutos ou

subprodutos também podem gerar resíduos e problemas relevantes ao meio

ambiente.

Durante a análise do inventário, destaca-se também a necessidade de

alocação para reciclagem de produtos, subprodutos e dos resíduos, que também

devem ser tratados com muita responsabilidade pela empresa. Chehebe (2002)

define os processos de reciclagem em dois grupos: O primeiro, o ciclo aberto, que

ocorre nos casos em que um rejeito de um sistema de produto é usado por outro

sistema de produto. O segundo, o ciclo fechado, ocorre tanto nos casos em que um

ou mais processos em um sistema de produto são coletados e retornados ao mesmo

sistema de produto quanto um produto final é reutilizado sem deixar o sistema.

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2.6.3 Análise de impacto

Esta fase da Análise do Ciclo de Vida pode se tornar uma das mais difíceis e

trabalhosas em função da não disponibilidade de dados, da qualidade dos dados

disponíveis ou da necessidade de estimá-los.

Portanto, deve-se levar em consideração:

a necessidade de uma estratégia cuidadosa na preparação para a

coleta de dados;

a coleta de dados;

o refinamento dos limites do sistema;

a determinação dos procedimentos de cálculo; e

os procedimentos de alocação (CHEHEBE, 2002).

Segundo Chehebe (2002) indicadores de avaliação de impactos de ciclo de

vida fornecem uma perspectiva incompleta dos dados do inventário em relação ao

uso dos recursos, emissões e resíduos. Estudos adicionais e outras técnicas

ambientais podem fornecer informações complementares para a tomada de decisão

sobre as melhorias necessárias ao sistema.

A avaliação do impacto é útil na análise de oportunidades de melhoria do

sistema. Segundo Tibor e Feldman (1996) nos casos de caracterização do sistema e

seus estágios com o intuito de facilitar a tomada de decisão e na indicação de outras

técnicas ambientais para complementar as informações para a tomada de decisões.

Esta é uma fase que busca identificar, caracterizar e avaliar, quantitativa e

qualitativamente, os impactos ambientais. Segundo Chehebe (2002) para a

condução apropriada dos aspectos ambientais e uso dos resultados da avaliação de

impactos é necessário que os procedimentos sejam relatados de forma

documentada, que a utilização de julgamentos baseados em valores em qualquer

ocasião seja identificada e que todo o processo seja revisto criticamente de forma

apropriada para o uso pretendido.

Alguns exemplos de problemas ambientais a serem avaliados quantos aos

seus impactos segundo Chehebe (2002) são:

exaustão de recursos não renováveis;

aquecimento global;

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redução da camada de ozônio;

toxidade para a população;

ecotoxidade;

acidificação;

oxidantes fotoquímicos.

Dentre os elementos a análise de impacto encontram-se a seleção de

categorias de impacto que consiste na escolha e definição de categorias de impacto,

indicadores de categoria e modelos de caracterização que compõem o método de

ACV. Segundo Chehebe (2002), esta seleção deve ser fundamentada em

conhecimento científico dos mecanismos ambientais e processos estudados. Dentre

as categorias de impacto utilizadas em métodos existentes, pode-se citar

aquecimento global, redução do ozônio, acidificação, utilização de recursos naturais

e uso do solo.

Logo em seguida se encontra a etapa de classificação que segundo Chehebe

(2002) é a relação dos resultados do Inventário do Ciclo de Vida a diferentes

categorias de impacto, tais como ecotoxicologia, acidificação, aquecimento global,

etc.

Após a classificação vem à caracterização dos impactos onde são calculados

os resultados dos indicadores para cada categoria de impacto, por meio de fatores e

modelos de caracterização. Segundo Chehebe (2002) a caracterização é seguida da

normalização que é o cálculo da magnitude dos resultados dos indicadores de

categoria referente a informações de referência. Os fatores de normalização

envolvidos representam o impacto potencial daquela categoria.

Após a normalização vem à atribuição de pesos. Esta etapa segundo

Chehebe (2002) consiste na agregação de categorias de impacto ou danos em

grupos semelhantes, ou classificação das categorias de impacto em áreas de

proteção. Os potenciais para diferentes impactos são avaliados segundo sua

severidade e, de acordo com o resultado, são estabelecidos diferentes fatores de

ponderação: um fator para cada categoria de impacto e de dano.

Após as etapas de classificação, tem-se um perfil ambiental do produto,

sendo que qualquer problema deve ser ponderado de acordo com sua gravidade. Ao

passar por estas etapas é realizada uma análise dos dados coletados e então se

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passa pra última parte da ACV que é a interpretação destes dados (CHEHEBE,

2002; TIBOR; FELDMAN, 1996).

2.6.4 Interpretação de Dados

A fase da interpretação dos dados consiste na combinação dos resultados de

análise de impacto ambiental de cada produto. Chehebe (2002) afirma que nesta

parte os resultados podem ser apresentados na forma de conclusões e

recomendações aos tomadores de decisão. Resultados que podem determinar a

contribuição dos aspectos ambientais e características do ciclo de vida de um

produto em cada um dos impactos ambientais.

Neste estágio do estudo deve se retornar aos objetivos e escopo do trabalho.

Segundo Chehebe (2002) Os objetivos principais da fase de interpretação dos

resultados consistem em analisar os dados e tirar conclusões apresentando as

limitações que podem tornar os objetivos iniciais inalcançáveis.

A fase de interpretação da ACV compreende três etapas. Segundo Chehebe

(2002) a primeira é identificação das questões ambientais mais importantes

baseando-se nos resultados da análise do inventário. A segunda é a avaliação, que

pode incluir elementos como checagem da integridade, sensibilidade e consistência.

A terceira diz respeito à conclusão, onde são emitidas recomendações e relatórios

sobre as questões ambientais significativas.

A interpretação da análise do inventário não deve deixar de considerar

também os objetivos do estudo. Após a análise do inventário, os resultados da ACV

devem ser relatados de forma justa, completa e precisa. Chehebe (2002) afirma que

o relatório final deve ser elaborado de forma a possibilitar o uso dos resultados e sua

interpretação de acordo com os objetivos do estudo. O quadro 3 abaixo exemplifica

as etapas da ACV e a sua correlação.

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Quadro “3”: Etapas da ACV

Fonte: Chehebe (2002)

2.6.5 Limites de uma ACV

A fase onde se define os limites do sistema estabelece o contorno que

delimita os subsistemas a serem estudados. Segundo Chehebe (2002), os limites do

sistema determinam quais conjuntos de unidades de processo devem ser incluídas

na ACV. Os fatores que priorizam a definição dos limites do sistema são: as

aplicações pretendidas do estudo, as hipóteses realizadas, os critérios de corte, as

restrições de dados e de custos, e a audiência pretendida.

Os critérios estabelecidos ditam os limites do sistema e precisam ser

identificados e apresentados no escopo do estudo, e devem ser utilizados para

garantir o comprometimento dos resultados. Definir os limites do sistema significa,

estabelecer o que deve e o que não deve ser incluído no estudo. O excesso de

detalhamento gera gastos e não produz efeitos nos resultados. Chehebe (2002)

exemplifica com a produção de determinados tipos de bens de capital, como

edificações utilizadas na manufatura, que é ignorada porque os impactos ambientais

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desses processos são relativamente pequenos quando comparados aos impactos

do ciclo de vida dos produtos.

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3 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

Neste capítulo é tratada da caracterização da empresa Ferreira & Malta Ltda.,

objeto de estudo desse trabalho.

3.1 Histórico

José Roberto de Oliveira Malta nascido em São Paulo, casado, reside e

trabalha há 17 anos em santa Catarina prestando serviços de jateamento e

gravação em vidros, pedras e metais. Em São Paulo ele já trabalhava com design.

Trabalhou também com marketing, e em meados de 1985 ele abriu uma

estamparia que chegou a ter 7 funcionários. Devido ao avanço da tecnologia e ao

fato de ele não ter se adaptado a ela o fez fechar a empresa. Mais ou menos um ano

antes de se mudar para Santa Catarina começou a trabalhar com jateamento.

Mudou-se para Itajaí no ano de 1995 onde começou a trabalhar como

jateador para a vidraçaria Clipper, onde ficou por volta de um ano. Após um ano na

empresa decidiu montar uma empresa própria. Comprou uma casa com espaço

físico e um compressor de ar e começou a operar, juntamente da esposa sua sócia.

Posteriormente levantou um galpão, comprou um veículo e um compressor

maior, e agora atende grande parte das marmorarias e vidraçarias da região.

3.2 Dados de identificação

A organização possui regime jurídico como empresa simples, tendo como

razão social Ferreira & Malta LTDA e sendo conhecida pelo seu nome fantasia Arkhê

Decorações.

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Seu galpão se localiza em Itajaí, na rua Imbituba bairro dom Bosco, onde

recebe os materiais de diversas marmorarias e vidraçarias, tem grande capacidade

de armazenagem.

A estrutura organizacional da empresa se mantém enxuta e centralizada. Por

ser uma empresa familiar à administração da empresa e os processos são geridos

pelos sócios Roberto e Monica Malta. Não possuem funcionários.

3.3 Características dos Serviços oferecidos

O serviço principal é o de gravação por jateamento, os pedidos mais comuns

são:

o jateamento total de vidros para vedar a visão e dar privacidade a um

local;

desenho em vidros e pedras para fins estéticos;

marcação de faixas de segurança em degraus de pedra;

gravação de pedras de túmulo;

limpeza de metais;

gravação em taças; e

produção de troféus para eventos.

3.4 Visão, Missão e Valores

A Missão está intimamente ligada ao Negócio. A declaração da Missão

apresenta os fins, o propósito da organização. A missão da organização é “Prestar

Serviços de jateamento com excelência, oferecendo rapidez aliada com tecnologia

de ponta”.

Segundo Chiavenato e Sapiro (2003) a elaboração da visão e negócios é um

processo carregado de emoção, pois o que se procura reconhecer é o propósito de

ser da organização. Devendo ser sucinta, mas mantendo sua capacidade de fazer

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sonhar e incentivar o compromisso de todos os interessados. Muitas vezes ela é

expressa em slogans. A visão da organização é “Tornar-se uma empresa referência

no estado oferecendo design único e atendimento diferenciado”.

As organizações possuem, implícita ou explicitamente, suas crenças, seus

valores e princípios fundamentais. Os valores da organização são:

Fidelidade;

Honra;

Trabalho; e

Integridade.

3.5 Mercado

O ramo de atividade de decorações é um ramo que esta em ascensão no

Brasil, pois junto com a construção vem à necessidade de se decorar os locais.

Referente aos concorrentes existem as empresas Arteviva e Revesti ambas

situadas em Itajaí. No segmento de jato existem algumas empresas que atendem a

alguns tipos de serviço que a empresa oferece, mas poucas conseguem trabalhar

com todos os materiais. Algumas empresas possuem abrasivos e equipamentos

pesados que não podem ser usados em materiais delicados como taças ou vidros, e

outras não conseguem trabalhar com metais pois só possuem equipamento para

trabalhos delicados.

A maior parte dos clientes da empresa são pessoas jurídicas, que incluem o

jateamento em seus orçamentos, são poucas as pessoas físicas que vem

diretamente procurar o jateamento, pois preferem que as vidraçarias e marmorarias

resolvam tudo para eles.

Os principais fornecedores são a Mineração Veiga, que fornece o abrasivo

utilizado. A distribuidora Serilon, que fornece o adesivo. Distribuidora de pedras leão,

que fornece as pedras. Marmoraria Aurora, que além de cliente é parceira no

fornecimento de pedras e a, Italages que é a principal fornecedora de vidros.

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3.6 Organograma

O organograma tem como finalidade mostrar como estão dispostos os órgãos

ou setores, a hierarquia e as relações de comunicação existentes entre eles dentro

da empresa.

No caso da empresa Arkhê por não ter funcionários foi utilizado um modelo de

organograma funcional para melhor exemplificar a divisão das funções. A figura 1

abaixo apresentará o organograma:

Figura 1: Organograma Funcional Fonte: Acadêmico

Como exemplificado pela figura acima o organograma funcional representa

não as relações hierárquicas, e sim as relações funcionais da organização.

3.7 Processo Produtivo

O sistema de jateamento é um processo abrasivo, que serve para a limpeza e

um acabamento da superfície. Em geral o jateamento é utilizado para a limpeza de

peças, preparação e decapagem mecânica de peças. O jateamento consiste no

bombardeio de partículas abrasivas a alta velocidade, que após o impacto com a

peça remove uma camada da superfície.

O tipo de material, a forma, as condições da superfície e a especificação do

acabamento têm influência direta na seleção do sistema de jateamento, do abrasivo

e a definição do procedimento. Existem casos que podem ser necessários outros

métodos de limpeza, antes e depois do jateamento para obter melhores resultados

nos revestimentos.

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O fluxograma apresentado na figura 2 abaixo é um exemplo do processo de

decisão da organização.

Figura 2: Fluxograma de decisão Fonte: acadêmico

A figura acima exemplifica os processos e o método de decisão básico para

cada um deles, dando uma visão geral do dia-a-dia da empresa estudada.

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4 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo é tratado dos resultados obtidos durante a pesquisa aplicada

na empresa Ferreira & Malta Ltda.

4.1 Etapas da ACV

Atendendo ao primeiro objetivo do trabalho seguem as etapas de uma

avaliação de ciclo de vida. Etapas que já foram detalhadas na seção 2.6 e foram

baseadas em Chehebe (2002).

A primeira etapa é a definição de objetivo e escopo, como já explicada na

seção 2.6.1 é a etapa na qual se delimita o produto ou serviço a ser estudado e são

estabelecidas as limitações da análise de ciclo de vida: é a etapa em que se

determina o que será estudado e até onde o estudo irá.

Em sequência tem-se a análise do inventário, conforme analisada na seção

2.6.2 que se trata da coleta de dados e o estabelecimento de procedimentos de

cálculo a fim de facilitar o agrupamento de dados. Neste trecho do trabalho são

quantificadas as entradas e saídas, são quantificadas as entradas e saídas

relevantes do sistema como um todo. Geralmente os dados incluem o consumo de

matéria-prima, água e energia e a emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.

A etapa seguinte é a análise de impacto aboradada na seção 2.6.3 etapa na

qual se quantifica os impactos ambientais dos processos. E a última etapa é a

interpretação dos dados que é abordada na seção 2.6.4 que é a etapa que combina

os resultados da análise de impacto ambiental de cada processo a fim de que seja

determinado qual processo é o mais nocivo

Como todo estudo existe a necessidade de se delimitar os limites e barreiras

do estudo. A elaboração de um estudo ACV necessita normalmente de muitos

recursos e arrasta-se por muito tempo.

O estudo ACV não determina qual produto ou processo é o mais caro ou

funciona melhor. Por isso, a informação desenvolvida num estudo ACV deve ser

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utilizada como um componente de um processo de decisão que conta com outros

componentes, tais como, o custo e a desempenho. Este trabalho se limitará aos

possíveis impactos ambientais gerados durante o processo produtivo realizado pela

organização, afim de não se perder o foco do trabalho em meio à quantidade de

dados que podem ser levantados.

4.2 Processos

Apresenta-se a seguir e são descritos os processos operacionais da empresa,

bem como, as suas entradas e saídas. Sendo estes o recebimento, o corte de vidro,

o corte de pedra, a plotagem, a adesivagem, o jateamento, a pintura, o polimento e a

entrega. Conforme apresentado na seção 3.7.

4.2.1 Recebimento

Os materiais, são recebidos na empresa, são feitas as anotações necessárias

a respeito do posicionamento do jato e dos tipos de serviços que serão necessários.

No quadro 4 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Papel

Caneta

Papel com anotações

Quadro 4: Entradas e saídas do processo de recebimento Fonte: Acadêmico

4.2.2 Corte de Pedra

O corte de pedra é esporádico, feito cerca de uma vez ao mês. Para realizar o

corte das pedras, é solicitada ao fornecedor uma chapa de cerca de 3 metros por 1,9

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50

metros e 2,5 centímetros de espessura. Com essa chapa é possível cortar cerca de

50 a 50 peças.

Ao chegar, a chapa é colocada sobre a bancada de corte, onde é marcada

com as linhas que serviram de guias para os cortes. Depois de realizadas as

marcações a máquina de corte realiza os cortes necessários separando as pedras

que são depois levadas a adesivagem e polimento e, posteriormente, levada ao

cliente. No quadro 5 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Pedra inteira

Energia

Disco de corte

Equipamento de proteção

Água

Lâmina

EPI

Resíduo de pedra com água

Poeira de pedra

Lâmina

EPI

Quadro 5: Entradas e saídas do processo de Corte de pedra Fonte: Acadêmico

4.2.3 Corte de Vidro

O corte de vidro é esporádico, pois na maioria das vezes o vidro já é adquirido

no seu tamanho exato. Inicialmente o vidro é marcado, delimitando a área de corte

necessária. O vidro então é riscado com o uso da lâmina diamantada e com leves

batidas na área contrária ao risco realizado o vidro é partido no tamanho desejado.

No quadro 6 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Vidro

Lâmina diamantada

Restos de Vidro

Lâmina diamantada Quadro 6: Entradas e saídas do processo de Corte de vidro

Fonte: Acadêmico

4.2.4 Plotagem

O processo de plotagem é utilizado diariamente para corte de desenhos e

letras utilizados no jateamento. Após o recebimento dos materiais a serem gravados

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51

é realizada uma verificação no tipo de serviço a ser realizado, qual tipo de

letra/desenho, tamanho a ser cortado e que cor será pintada após a gravação.

O desenho então é feito utilizando-se em geral o software Corel Draw. Após o

término do desenho o adesivo1 é colocado na máquina de plotter onde é realizada a

impressão e realizado o corte do adesivo. Após o corte o adesivo é enviado para a

adesivagem. No quadro 7 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste

processo:

Entradas Saídas

Película

Energia elétrica

Lâminas

Lâminas usadas

Quadro 7: Entradas e saídas do processo de Plotagem Fonte: Acadêmico

4.2.5 Adesivagem

A adesivagem se faz necessária sempre que o serviço é um desenho, listras

ou nomes gravados no vidro ou na pedra. Inicialmente é verificada qual será a

superfície a ser adesivada e qual será a quantidade de adesivo necessária. Tendo

estes dados verificados a superfície é limpa com um pano úmido ou um pano com

álcool se necessário. É retirada a camada de papel do adesivo e ele é colocado a

seco na superfície a ser jateada. E então o desenho e as listas podem ser marcados

e cortados. Retirando-se o adesivo apenas nas áreas a serem gravadas.

No caso de adesivos recortados na máquina de plotter é colocada uma

máscara sobre o adesivo, sendo então removido o papel que o protege para que

seja aplicada a superfície, depois a máscara é removida e guardada para reuso. No

quadro 8 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Película

Estopa

Película

Papel

Estopa

Quadro 8: Entradas e saídas do processo de Adesivagem Fonte: Acadêmico

1 ¹ A película adesiva é formada por três partes, a frontal onde fica a superfície do adesivo, que é o

que poderá ser cortado ou impresso, a parte do meio é a parte do adesivo que proporcionará aderência da parte frontal a superfície desejada, e a terceira parte é uma camada protetora de papel.

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4.2.6 Jateamento

O processo de jateamento segue alguns passos antes de se efetivamente

jatear as peças. O compressor de ar é previamente ligado para encher o tanque de

ar comprimido. É verificada se há a quantidade de abrasivo necessária na cabine. A

pistola de jato é verificada. Estando todos os equipamentos funcionando de forma

adequada os materiais são levados a cabine de jateamento, onde com o compressor

se libera ar em alta pressão que por sua vez suga o abrasivo e lança na superfície.

Removendo uma leve camada de sua superfície, tornando-a rugosa e preparada

para posteriores serviços.

No quadro 9 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Energia

Abrasivo

Óleo Compressor

Ar comprimido

Filtros

EPI

Abrasivo

Poeira

Óleo Usado

Filtros Usados

EPI

Quadro 9: Entradas e saídas do processo de Jateamento Fonte: Acadêmico

4.2.7 Pintura

Este processo é realizado somente nas pedras, após o jateamento nas

pedras por meio de uma espátula uma camada de tinta é passada na superfície.

Após a pintura a espátula é limpa com solvente e uma estopa.

No quadro 10 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Tinta automotiva

Espátula

Solvente para tinta

Estopa

Adesivo com tinta

Solvente com tinta

Espátula

Estopa com tinta

Quadro 10: Entradas e saídas do processo de Pintura Fonte: Acadêmico

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4.2.8 Polimento

O processo de polimento é esporádico, é realizado apenas nas laterais da

pedra, pois o polimento na superfície impossibilita o jateamento. São utilizadas 10

lixas por cerca de 3 minutos cada uma na superfície da pedra para rebaixar e dar

acabamento, e por último é utilizada uma lixa de papel com cera de abelha para

finalizar o trabalho.

No quadro 11 abaixo são apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Lixas

Energia elétrica

Cera

Lixa

Estopa com cera

Quadro 11: Entradas e saídas do processo de Polimento Fonte: Acadêmico

4.2.9 Entrega

A entrega é esporádica e realizada a apenas um cliente. O trajeto é de cerca

de 7 km. Contabilizando cerca de 28 km ao mês. No quadro 12 abaixo são

apresentadas as entradas e saídas deste processo:

Entradas Saídas

Gasolina

Pneu

Óleo lubrificante

Fluído de freio

Água

CO2

Óleo lubrificante usado

Carcaça de pneu

Fuligem de borracha

Fluído de freio usado Quadro 12: Entradas e saídas do processo de Entrega

Fonte: Acadêmico

4.3 Análise de Ciclo de Vida

Durante todos os processos, com exceção do corte de vidro, todos os outros

processos necessitavam de energia elétrica para serem realizados. Para ser gerada

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a energia elétrica passa por processos que atingem fatalmente o meio ambiente.

Com o aumento do seu consumo e a manutenção de sua forma tradicional de

obtenção, criam-se sérios riscos para vida em nosso planeta.

No Brasil, a eletricidade é predominantemente hidráulica, mas é gerada

também em termoelétricas que utilizam carvão mineral, óleo combustível e fissão

nuclear. Na tabela 1 abaixo são apresentadas as matrizes energéticas em operação

no estado.

Matriz energética de Santa Catarina Percentual médio de geração

Hidráulica 81,73%

Eólica 3,33%

Termoelétrica 14,94%

Total 100%

Tabela 1: Matrizes energéticas de Santa Catarina Fonte: Aneel

Os impactos causados pela energia elétrica, quase não são percebidos, pois

as transformações ambientais ocorrem antes que a energia chegue até o

consumidor. A energia elétrica proveniente de usinas hidrelétricas é gerada a partir

do aproveitamento da força das águas de um rio. Este processo aproveita a

passagem da água para forçar a movimentação das pás, possibilitando que o

gerador converta a energia do movimento das águas em energia elétrica. Entre os

principais impactos das usinas hidrelétricas estão:

a inundação de áreas extensas de produção de alimentos e florestas;

alteram fortemente o ambiente e com isso prejudicam muitas espécies

de seres vivos;

alteram o funcionamento dos rios; e

geram resíduos nas atividades de manutenção de seus equipamentos.

As unidades termoelétricas produzem energia através de um gerador que é

impulsionado pela queima de combustível. Ao queimar, o combustível aquece uma

caldeira com água, produzindo vapor com uma pressão tão alta que move as pás de

uma turbina, acionando o gerador.

O combustível para as usinas térmicas pode ser carvão, óleo, gás natural e

madeira. Principais impactos ambientais negativos de usinas térmicas:

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emitem gases que contribuem para o efeito estufa, tais como o dióxido

de carbono;

no caso das usinas térmicas a carvão e óleo, também há emissão de

óxidos de enxofre e nitrogênio, que se liberados na atmosfera podem

ocasionar chuvas ácidas prejudiciais à agricultura e florestas; e

geram resíduos nas atividades de manutenção de seus equipamentos.

A energia eólica é produzida através do acionamento de geradores por pás

movidas por massas de ar. A energia dos ventos é renovável e limpa, em alguns

locais é abundante. Os principais impactos ambientais dos geradores eólicos são a

geração de ruídos e a poluição visual devido a seu grande porte.

O Brasil por ser um país com geração hidrelétrica predominante é o que

menos libera CO2. A tabela abaixo apresenta os níveis de emissão de cada modelo

de produção de energia por Kw/h produzido:

Matriz energética Nível médio de emissão CO² Por Kwh

Carvão 800 - 300 g CO²/Kwh

Óleo Combustível 700 – 900 g CO²/Kwh

Gás natural 400 – 700 g CO²/Kwh

Nuclear 150 – 400 g CO²/Kwh

Hídrica 20 – 300 g CO²/Kwh

Biomassa 40 – 80 g CO²/Kwh

Eólica 10 – 50 g CO²/Kwh

Tabela 2: Emissão de CO² por Kwh produzido Fonte: Greenpeace

Na organização foram contabilizados os principais gastos energéticos

mensais que são exemplificados pela tabela abaixo:

Equipamentos Gasto Diário Kwh / Mês

Motor Compressor 5280 w/dia 105,6

Makita Polimento 7800 W/dia 7,8

Makita corte 2600 W/dia 2,6

Computador 2600 W/dia 52

Plotter 400 W/dia 8

Total 176

Emissão de Co² 0,09 Kg Co²/Kwh

Tabela 3 Gastos energéticos da empresa e Geração de CO2 Fonte: acadêmico

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Observando a tabela fica evidente que entre os maiores gastos está o motor

do compressor que funciona diariamente. O que gera um custo ambiental maior.

Estes equipamentos trazem um nível de emissão de cerca de 0,09 Kg de CO² ao

mês o que daria 1,08 Kg de CO² ao ano. Isso somente do uso de energia elétrica na

empresa.

Durante o processo de recebimento não existem grandes impactos. Visto que

o material é recebido na empresa, não há a necessidade de se ir buscar. O único

gasto é a utilização de papel para anotação do serviço a ser realizado.

O corte de vidro é outro processo que não tem impactos significativos, é

apenas utilizado uma lâmina diamantada para marcar o vidro, não havendo nem

mesmo geração de poeira.

O corte de pedra conta com o gasto energético, o uso da água durante o corte

para evitar superaquecimento da lamina e a produção de poeira e lama. A perda de

pedra gerada por cada corte é de 2 milímetros o que costuma gerar uma perda de

0,087 m³ por peça cortada (equivalente a 87 litros), que é liberada tanto em poeira

quanto na água. A figura 3 abaixo ilustra a perda no processo de corte de perda.

Figura 3: Imagem ilustrativa da perda de pedra Fonte: Acadêmico

Durante o processo de plotagem existe o gasto de energia, o uso da máquina

de plotter. Não existem maiores gastos ambientais além destes.

A adesivagem é realizada a seco e no caso dos adesivos que saíram do

plotter, é necessária a utilização de uma máscara que é aplicada sobre o adesivo

que é colocado sobre a superfície e depois é retirada e pode ser utilizada

posteriormente. Neste caso durante o ano pode ser utilizado cerca de 720 M² de

adesivo e 240 M² de máscara durante um ano, o que gera 960 M² de papel. O papel,

por ser grosso é em geral reutilizado para embalar vidros, como molde, como

rascunho, e a sobra é enviada para reciclagem.

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No jateamento existe o gasto energético ocasionado pelo compressor de ar,

que tem na sua manutenção mensal a troca dos filtros, cerca de 32 filtros de papel

ao ano que são enviados para reciclagem após seu uso. E o uso de óleo lubrificante,

cerca de 20 litros ao ano, que após o uso é enviado para uma empresa de aluguel

de equipamentos para construção civil onde é reutilizado na lubrificação das

betoneiras. A pistola de jateamento, é um modelo único desenvolvido pelo

proprietário da empresa, que requer em sua manutenção a troca de um tubo de ferro

de 0,5 polegada de diâmetro com 8 cm de comprimento, é trocado diariamente o que

contabiliza 23,04 metros de ferro ao ano, que ao serem utilizados são enviados para

reciclagem.

O jateamento também requer o uso de abrasivo, são cerca de 6 toneladas ao

ano. O abrasivo comumente utilizado é a sílica que é retirada da reserva de itapocu,

onde é realizada por extração em leito de cursos d’água onde é extraída por meio de

dragas de sucção. A areia extraída é lançada em local de estocagem.

Em caso de extração em leito de cursos de água navegáveis, o processo é

realizado pôr meio de embarcações equipadas com silos de estocagem, com

tamanho suficiente para suportar a carga por determinado tempo e com

equipamento de escavação do tipo lança “Clam-shell”, esse tipo de equipamento faz

com que a extração se dê de forma vertical em profundidade. Ou pode ocorrer pôr

meio de dragas de sucção.

O material retirado é depois levado até a margem, onde fica estocado

aguardando o transporte até o local de consumo. A extração de areia nos rios

provoca graves danos, como a turbidez da água, assoreamento e em alguns casos,

até mesmo o desvio do leito.

A exploração de areia nas margens dos rios passa, em médio prazo, a

provocar inundações, águas paradas e todas as suas consequências, como

proliferação de insetos e doenças. Dentre os impactos causados pela extração de

areia estão os seguintes: alteração na paisagem; modificações na estrutura do solo;

interferência sobre a fauna; alterações nos cursos d’água; poluição sonora, poluição

atmosférica.

Referente ao óleo utilizado, não foram obtidas informações da empresa. Mas

visto o óleo utilizado ser sintético, tanto para o compressor quanto para o veículo,

apesar de custarem mais caro, têm um excelente custo/benefício, pois aumentam a

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vida útil do motor e o intervalo do período de troca. Reduzindo o resíduo gerado, e

melhorando o desempenho do equipamento.

A geração de poeira no jateamento é um problema recorrente, por isso o

jateamento deve ocorrer apenas em uma cabine propriamente vedada, foi estimado

que durante o jateamento fosse removida cerca de 2 micrometros da superfície da

peça, o que daria 0,000002 M³ de poeira por metro quadrado. Considerando que se

faz cerca de 500 M² de jateamento ao ano, a poeira gerada seria o equivalente a

0,001 M³, ou um copo descartável de água de 100ml.

A sílica utilizada durante o ano não pode ser jogada no lixo comum, mas

como o processo de jateamento afina consideravelmente a gramatura, o que torna

ela inútil para o jateamento, mas ainda útil para a construção civil. Por isso a sílica é

vendida para construtoras ou doadas para construções.

Logo após o jateamento é realizada a pintura das pedras, o que consome

cerca de 10,8 litros de tinta ao ano. Neste caso sobram restos de adesivo e tinta que

são enviados para a reciclagem.

Durante o processo de polimento são utilizadas 10 lixas que tem uma

durabilidade, aproximada, de 6 meses. Por ser um serviço esporádico faz com que

tenham uma boa durabilidade tendo a necessidade de troca apenas uma vez ao ano.

Após o uso as lixas podem ser enviadas para reciclagem.

A entrega é um processo esporádico, realizado a apenas um cliente, o que

gera um trajeto mensal de 28 km, o que causa um gasto de cerca 2,5 litros de

combustível gasolina, o que causa uma emissão anual de 43,2 Kg de CO². Se

houvesse a troca de gasolina para etanol haveria uma redução para 0,6 Kg de CO²

ao ano.

Principais Impactos Ambientais dos Processos

Processo Material/Equipamento Impacto ambiental mensal Impacto ambiental anual

Recebimento -x- -x- -x-

Corte de vidro Lâmina diamantada -x- 1 Lâmina

Corte de pedra Makita de corte 2,6 Kwh 31,2 Kwh

Plotagem Plotter 0,4 Kwh 4,8 Kwh

Computador 2,6 Kwh 31,2 Kwh

Adesivagem Máscara 20 Metros 240 Metros

Adesivo 60 Metros 720 Metros

Jateamento Abrasivo 0,5 tonelada 6 toneladas

Óleo de motor 1,66667 Litros 20 Litros

Tubo de ferro 0,5 pol. 1,92 Metros 23,04 Metros

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Filtros de papel 3 36

Compressor 105,6 Kwh 1267,2 Kwh

Pintura Tinta automotiva 0,9 Litro 10,8 Litros

Polimento Lixas 10 20

Cera -x- 1 Barra

Entrega Carro 28 Km 336 Km

3,8 Kg Co ² 43,2 Kg Co ²

Gasolina 2,5 Litros 30 Litros

Tabela 4: Principais impactos ambientais dos processos Fonte: acadêmico

Conforme os resultados apresentados acima os principais impactos

ambientais podem ser apontados ao processo de jateamento, pois é o processo que

mais utiliza energia elétrica, e existe um grande impacto pelo uso do abrasivo e do

óleo de motor.

Entre os principais danos encontrados nos processos estudados foram os

danos gerados pelo uso da energia e dos abrasivos, por este motivo estes dois

temas foram mais aprofundados que o resto dos processos.

O processo de jateamento também é um grande gerador de poeira, cerca de

0,0001 M³ de poeira é gerada, que se não for contida corretamente pode gerar

graves problemas de saúde ao jateador e as pessoas em volta do local de

jateamento.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se chegar ao final do trabalho é que se pode verificar se a estratégia

escolhida, se o caminho percorrido realmente nos fez chegar ao destino traçado.

O objetivo principal do trabalho era aplicar uma avaliação do ciclo de vida no

processo produtivo da organização a fim de se mensurar os impactos ambientais

causados pela organização. Este objetivo foi cumprido apresentando o processo de

jateamento como mais danoso ao meio ambiente, tanto pelo dano da extração do

abrasivo, como pela geração de poeira e gasto energético. Resultado que dará à

organização uma chance de se estudar métodos alternativos de gravação ou

melhorias ao processo já existente.

No trabalho foram destacados itens de suma importância na realização de

uma avaliação de ciclo de vida. Assim como itens que trarão um conhecimento mais

aprofundado da organização e seus processos aos leitores deste trabalho.

A seção 4 apresenta em detalhes os processos e os danos que eles causam,

trazendo à empresa uma visão geral de seus métodos. A compilação dos dados foi

um trabalho difícil, pois alguns dados foram difíceis de contabilizar sem o uso de

equipamentos adequados, tais como o cálculo de poeira. E outros dados não

estavam disponíveis.

A aplicação da ACV na organização foi de grande valia, pois é um

conhecimento que será empregado por ambas as partes, e é um trabalho que trará

ramificações futuras nos processos da organização.

Outros temas que podem ser abordados são: avaliações do ciclo de vida da

extração de minério para fabricação de abrasivo, avaliação do impacto da produção

do compressor, avaliação da extração da pedra e uma avaliação da produção do

vidro e seus impactos.

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DECLARAÇÃO DO TRABALHO NA ORGANIZAÇÃO

ITAJAÍ, 24 de Maio de 2012.

A empresa FERREIRA & MALTA declara, para os devidos fins, que o

estagiário YURI ANDREAS BOECK, aluno do Curso de Administração do Centro de

Educação de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade do Vale do Itajaí -

UNIVALI cumpriu a carga horária de estágio prevista para o período de 01/02/11 a

30/07/12, seguiu o cronograma de trabalho estipulado no Trabalho de Estágio e

respeitou nossas normas internas.

__________________________________

(José Roberto de Oliveira Malta)

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Yuri Andreas Boeck

Orientador de conteúdo Prof.: Raulino Pedro Gonçalves, Adm.

Supervisor de campo José Roberto de Oliveira Malta

Responsável pelo Estágio Prof. Eduardo Krieger da Silva, MSc.