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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ECONOMIA JOSÉ LUIZ CHABASSUS MAIA POR DENTRO DA BOLHA IMOBILIÁRIA: UMA ANÁLISE EMPÍRICA DAS INTERAÇÕES ENTRE RENDA, CRÉDITO E TAXA DE JUROS E SEUS IMPACTOS SOBRE OS PREÇOS DAS RESIDÊNCIAS NORTE-AMERICANAS Campinas 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

JOSÉ LUIZ CHABASSUS MAIA

POR DENTRO DA BOLHA IMOBILIÁRIA: UMA ANÁLISE

EMPÍRICA DAS INTERAÇÕES ENTRE RENDA, CRÉDITO E

TAXA DE JUROS E SEUS IMPACTOS SOBRE OS PREÇOS

DAS RESIDÊNCIAS NORTE-AMERICANAS

Campinas 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

JOSÉ LUIZ CHABASSUS MAIA

POR DENTRO DA BOLHA IMOBILIÁRIA: UMA ANÁLISE

EMPÍRICA DAS INTERAÇÕES ENTRE RENDA, CRÉDITO E

TAXA DE JUROS E SEUS IMPACTOS SOBRE OS PREÇOS

DAS RESIDÊNCIAS NORTE-AMERICANAS

Profª. Drª. Rosângela Ballini - orientadora

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Econômico, área de concentração: Desenvolvimento Econômico, Espaço Ambiente.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO JOSÉ LUIZ CHABASSUS MAIA E ORIENTADO PELA PROFª. DRª. ROSÂNGELA BALLINI .

Campinas Setembro de 2017

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca do Instituto de Economia

Mirian Clavico Alves - CRB 8/8708

Maia, José Luiz Chabassus, 1964-

M28p MaiPor dentro da bolha imobiliária : uma análise empírica das interações entre

renda, crédito e taxa de juros e seus impactos sobre os preços das residências

norte-americanas / José Luiz Chabassus Maia. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.

MaiOrientador: Rosângela Ballini.

MaiDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de

Economia.

Mai1. Mercado imobiliário. 2. Crise financeira global, 2008-2009. 3. Política

monetária. 4. Taxas de juros. I. Ballini, Rosângela, 1969-. II. Universidade

Estadual de Campinas. Instituto de Economia. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Inside the real estate bubble : an empirical analysis of the

interactions between income, credit and interest rates and their impacts on the US home

prices

Palavras-chave em inglês:Real estate market

Global financial crisis, 2008-2009

Monetary policy

Interest rates

Área de concentração: Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente

Titulação: Mestre em Desenvolvimento Econômico

Banca examinadora:Rosângela Ballini [Orientador]

Ana Rosa Ribeiro de Mendonça Sarti

Leandro dos Santos Maciel

Data de defesa: 20-09-2017

Programa de Pós-Graduação: Desenvolvimento Econômico

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

JOSÉ LUIZ CHABASSUS MAIA

POR DENTRO DA BOLHA IMOBILIÁRIA: UMA ANÁLISE

EMPÍRICA DAS INTERAÇÕES ENTRE RENDA, CRÉDITO E

TAXA DE JUROS E SEUS IMPACTOS SOBRE OS PREÇOS

DAS RESIDÊNCIAS NORTE-AMERICANAS

Defendida em 20/09/2017

COMISSÃO JULGADORA

Profª. Drª. ROSÂNGELA BALLINI Instituto de Economia / UNICAMP

Profª. Drª. ANA ROSA RIBEIRO DE MENDONÇA SARTI Instituto de Economia / UNICAMP

Prof. Dr. LEANDRO DOS SANTOS MACIEL UFRJ

Ata de Defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai, José Olympio Ferreira Maia, que se foi quando eu ainda era muito

jovem, mas que deixou seus livros, plantou em mim a vontade de conhecer mais e me ensinou

que a perseverança nos leva longe. Obrigado, pai.

À minha mãe, Wilma Chabassus Maia, que esteve presente no início dessa jornada

e sempre me incentivou muito. Obrigado, mãe.

Aos meus amados filhos, João Cândido Cartocci Maia e Gabriel Cartocci Maia: que

o processo de aprendizagem, o conhecimento, a perseverança, a dedicação e o coração bondoso

continuem nos nossos caminhos.

À Cynthia César, minha esposa amada, que esteve incondicionalmente ao meu lado

nessa longa jornada.

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AGRADECIMENTOS

Defender uma dissertação de mestrado aos 53 anos de idade não é tarefa fácil,

sobretudo quando o estudo e a pesquisa têm que ser conciliados com o trabalho e a família. Foi

uma longa jornada e muitas pessoas contribuíram de forma direta ou indireta.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a minha orientadora, Professora Doutora

Rosangela Ballini. Seu apoio, dedicação e cuidado foram fundamentais. Seu grande

conhecimento sobre econometria e economia e a forma de me orientar sobre estas matérias

foram para mim um dos grandes legados deste mestrado.

Não poderia deixar de agradecer também a Professora Doutora Alejandra Caporale

Madi. A Professora Alejandra foi quem, com seu profundo conhecimento, me guiou

inicialmente na definição do tema de pesquisa. Além disso, esteve sempre à disposição durante

muito tempo para discutir o trabalho, contribuindo com sugestões relevantes.

Gostaria também de agradecer a Professora Doutora Ana Rosa Ribeiro de

Mendonça Sarti e ao Professor Doutor Giuliano Contento de Oliveira: suas sugestões foram

importantes para o aprimoramento do trabalho.

O Instituto de Economia da Unicamp me acolheu desde o início de braços abertos.

Não poderia deixar de agradecer os professores Lopreato e José Maria, que, sabendo da minha

necessidade de conciliar trabalho e mestrado, me indicaram sempre o melhor caminho para

cumprir minhas obrigações acadêmicas, contribuindo com sugestões importantes.

Ao longo do mestrado tive a grande oportunidade de estudar com excelentes

professores. Gostaria de agradecer a todos. Especialmente, gostaria de agradecer novamente as

professoras Rosangela Ballini e Alejandra Madi e os professores Wilson Cano, Ricardo

Carneiro e Mariano Laplane: uma parte importante da discussão que procurei conduzir na

dissertação de mestrado nasceu nas aulas desses professores.

Agradeço também a todo o pessoal do Instituo de Economia, especialmente da

secretaria da pós-graduação. Deixo um agradecimento especial à Marinete da Silva Correa, que,

mesmo antes de eu entrar no mestrado, foi sempre muito atenciosa e assim continuou até o fim,

me ajudando com toda a sorte de questões e dúvidas. O pessoal do xerox e da biblioteca,

especialmente a Alexandra, também merecem ser lembrados por todo o apoio e ajuda.

Agradeço ao Hugo Maciel de Carvalho pela cuidadosa revisão e pelo cumprimento

dos prazos sempre apertados.

Na graduação na PUC-SP tive professores que foram muito importantes para me

incentivar a cursar o mestrado. Gostaria de agradecer a professora Rosa Maria Vieira Berriel e

o professor Roland Veras Saldanha Júnior por toda a atenção e incentivo.

Trabalhando desde 2002 na LCA Consultores, tive a oportunidade de conviver com

economistas brilhantes no meu dia a dia. Muitos deles me ajudaram com dicas de onde

encontrar fontes de dados e com sugestões relevantes. Agradeço a todos com quem discuti

economia e o meu tema de pesquisa durante esses anos. Especialmente, gostaria de agradecer

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aos economistas Luiz Suzigan, Bráulio Borges, Fábio Romão, Carlos Joaquim Paulino e Dario

Guerrero, que, além do incentivo, deram dicas e sugestões que me ajudaram muito.

Muitas pessoas me incentivaram a iniciar o mestrado, mas devo um agradecimento

especial ao Professor Roberto Vermulm, à economista Sandra Hollanda e ao Professor Luciano

Coutinho: vossas ajudas e indicações dos caminhos a seguir, além do entusiasmo, foram de

grande valor.

Devo agradecer também ao Joel Maia e ao Nélio Sacramento (in memoriam) por

me ajudarem, com muita sabedoria e sensibilidade, a iluminar os caminhos que trilhei.

Minha família merece um agradecimento especial. Primeiro, por reconhecerem o

valor do estudo e do esforço e por me incentivarem. Segundo, por terem convivido com minha

ausência sem cobranças: foram incontáveis finais de semana e feriados estudando e trabalhando

na dissertação. Por fim, por terem propiciado um ambiente cheio de amor e compreensão.

Minha esposa, Cynthia, meus filhos, João Cândido e Gabriel, e meus enteados, Gabriel e Luiza,

propiciaram, sempre, um ambiente acolhedor e continente para essa jornada.

A todos, meu sincero agradecimento!

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo compreender qual foi a contribuição da renda das famílias, do

crédito hipotecário e da taxa de juros sobre os movimentos de preços dos imóveis residenciais

norte-americanos e como interagiram para a formação da bolha imobiliária dos anos 2000.

Adicionalmente, sugere-se avaliar os coeficientes de ajustamento de longo prazo para

compreender os desvios do equilíbrio de longo prazo do mercado imobiliário norte-americano.

Inicialmente, analisa-se o contexto macroeconômico dos vinte anos que antecederam a bolha

imobiliária norte-americana, enfatizando como o sistema de Inflation Targeting lidou com a

questão dos preços dos ativos. Em seguida, analisa-se a literatura sobre os preços dos imóveis,

concluindo-se que pouca importância foi dada à interação entre a renda das famílias, o crédito

hipotecário e os juros como causadores dos desalinhamentos de preços dos imóveis

residenciais. A hipótese deste trabalho é que a renda das famílias deveria funcionar como um

limitador do volume de crédito concedido, na medida em que este último precisa guardar

relação com a capacidade de pagamento das famílias. Para dar conta da análise, utilizando a

metodologia de Johansen, foram ajustados três modelos VEC. Por meio de testes de causalidade

de Granger, da análise dos resultados da função impulso-resposta e da análise da decomposição

da variância do erro de previsão, sugere-se que não houve equilíbrio entre a renda das famílias

e o crédito a partir dos anos 2000, ocasionando um significativo aumento dos preços das

residências, a formação da bolha imobiliária e seu posterior estouro. Sugere-se, também, que a

taxa de juros não foi capaz de desinflar a bolha imobiliária, como se previa no sistema de

Inflation Targeting. A partir da análise dos coeficientes de ajustamento de longo prazo dos

modelos VEC-M de períodos distintos — período em que houve equilíbrio versus período em

que houve desequilíbrio no mercado imobiliário —, é possível avaliar diferentes velocidades

de ajustamento. Essas diferentes velocidades de ajustamento podem indicar um maior ou menor

afastamento do equilíbrio de longo prazo do mercado imobiliário norte-americano, sugerindo a

identificação de bolhas imobiliárias ocasionadas por desequilíbrios entre as variáveis

examinadas.

Palavras-chave: Mercado imobiliário. Crise financeira global 2008-2009. Política monetária.

Taxas de juros.

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ABSTRACT

The aim of this work is to understand what were the households’ income, mortgage credit and

interest rate contributions to the North American real property price movements and how they

interacted to build up the 2000’s housing bubble. Additionally, it is suggested to evaluate the

long-term adjustment coefficients to understand the deviations of the real estate market long-

term equilibrium between the variables examined. Initially, it analyzes the macroeconomic

environment over twenty years before the US housing bubble, emphasizing how the Inflation

Targeting system has dealt with asset prices issues. Then it analyzes the literature on real estate

prices, concluding that little importance was given to the interaction between household income

mortgage credit and interest rates as responsible for the misalignments of home prices. The

hypothesis of this study is that the household income should act as a boundary of the credit

volume to the extent that the latter would be related to the households’ payment capacity. To

account for the analysis, it was adjusted three VEC models using the Johansen’s methodology.

Through Granger causality tests, the impulse response function analysis and the forecast error

variance decomposition analysis it is suggested that there was no equilibrium between

households’ income and mortgage credit on the 2000’s, producing a significant increase in

home prices, the boom of the housing bubble and its subsequent burst. It is also suggested that

the interest rate was not able to deflate the real estate bubble, as predicted by the Inflation

Targeting system. Through the analysis of the long-term adjustment coefficients of the different

periods VEC-M models — the period in which there was equilibrium versus the period in which

there was imbalance in the real estate market —, it is possible to evaluate different adjustment

rates. These different velocities of adjustment may indicate a greater or lesser distance from the

long-term equilibrium, suggesting the identification of real estate bubbles caused by imbalances

between the variables examined.

Keywords: Real Estate Market. Global Financial Crisis 2008-2009. Monetary Policy. Interest

Rates.

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LISTA DE SIGLAS

AIC Akaike information criterion

BC Banco Central

BEA Bureau of Economic Analysis

BIS Bank for International Settlements

CPI Consumer Price Index (Índice de Preços ao Consumidor – IPC)

CRDF Home Mortgage Flow (Crédito Imobiliário)

FED Federal Reserve System

FPE Final Prediction Error

FRB Federal Reserve Board

GDP Gross Domestic Product (Produto Interno Bruto – PIB)

HQ Hannan-Quinn information criterion

INC Total Disposable Personal Income (Renda das Famílias)

INT Interest Rate (Taxa de Juros)

IT Inflation Targeting

LR Likelihood-ratio test

LTCM Long-Term Capital Management

LTV Loan-To-Value Ratio

MCI Índice de Condições Monetárias

MQO Mínimos Quadrados Ordinários

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PCE Personal Consumption Expenditure

RPP Residential Property Prices (Preços dos Imóveis Residenciais)

SC Schwarz information criterion

SIV Structured Investment Vehicles

VAR vetor autorregressivo

VEC vetor de correção de erros

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráficos:

Gráfico 1 - Índices de Preço dos Imóveis dos EUA ................................................................. 60

Gráfico 2 - Índice de Renda das Famílias dos EUA ................................................................. 61

Gráfico 3 - Índice de Crédito Imobiliário dos EUA ................................................................. 61

Gráfico 4 - Índice da Taxa de Juros dos EUA .......................................................................... 62

Gráfico 5 - Períodos analisados da série de preços dos imóveis residenciais, RPP ................. 64

Tabelas:

Tabela 1 - Estatísticas descritivas ............................................................................................. 62

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14

1 INFLATION TARGETING: PROPOSIÇÕES E CRÍTICAS A ESSE SISTEMA ................. 16 1.1 O sistema IT: breve caracterização e a questão dos preços dos ativos ........................... 16 1.2 IT após a crise financeira de 2008 .................................................................................. 18

1.3 Preços dos ativos dentro do quadro do IT ....................................................................... 20 1.3.1 A principal referência do sistema IT: a variável preços dos ativos fica de fora do

escopo ................................................................................................................................ 20 1.4 Evolução das discussões sobre a inclusão dos preços dos ativos no sistema IT ............ 21

2 DISCUSSÕES SOBRE OS PREÇOS DOS IMÓVEIS ........................................................ 26

2.1 Preços dos imóveis e bolha imobiliária: de 1988 a 2004 ................................................ 26

2.2 Diante da bolha imobiliária ............................................................................................. 33

2.3 Comparativo entre as diferentes abordagens sobre os preços dos imóveis residenciais e

sobre a identificação de bolha imobiliária ............................................................................ 41

3 PROCURANDO COMPREENDER A BOLHA IMOBILIÁRIA ........................................ 43 3.1 Endividamento e capacidade de pagamento ................................................................... 43

3.1.1 Bolha imobiliária: momento Minsky? ..................................................................... 45 3.1.2 Crise subprime e bolha imobiliária .......................................................................... 46

3.2 Instabilidade financeira endógena .................................................................................. 48 3.3 Hipóteses sobre a relação de longo prazo entre os preços dos imóveis, a renda das

famílias, o crédito hipotecário e a taxa de juros ................................................................... 53

4 MODELOS, RESULTADOS E ANÁLISES PARA COMPREENDER A BOLHA

IMOBILIÁRIA ......................................................................................................................... 56

4.1 Variáveis ......................................................................................................................... 57 4.2 Analise das séries ............................................................................................................ 59

4.3 Definição dos períodos das séries ................................................................................... 63 4.4 Breve descrição metodológica ........................................................................................ 65 4.5 Estacionaridade das séries .............................................................................................. 65

4.5.1 Período T .................................................................................................................. 66 4.5.2 Período A ................................................................................................................. 66

4.5.3 Período B .................................................................................................................. 66 4.6 Identificação dos modelos .............................................................................................. 67

4.6.1 Autocorrelação residual ........................................................................................... 69

4.6.2 Teste de normalidade dos resíduos .......................................................................... 70 4.6.3 Testes de exogeneidade ............................................................................................ 71

4.7 Teste de causalidade de Granger..................................................................................... 73 4.7.1 Teste de causalidade de Granger: variável RPP (preços) ......................................... 74

4.7.2 Teste de causalidade de Granger: variável INC (renda) .......................................... 74 4.7.3 Teste de causalidade de Granger: variável CRDF (crédito) ..................................... 74 4.7.4 Teste de causalidade de Granger: variável INT (juros) ........................................... 75

4.8 Função impulso-resposta ................................................................................................ 76 4.8.1 Função Impulso-Resposta: período T ...................................................................... 76

4.8.2 Função Impulso-Resposta: períodos A e B .............................................................. 77 4.9 Decomposição da variância dos erros de previsão ......................................................... 78

4.9.1 Decomposição da variância dos erros de previsão: período T ................................. 78 4.9.2 Decomposição da variância dos erros de previsão: períodos A e B ........................ 79

4.10 Análise dos coeficientes de ajustamento de longo prazo .............................................. 82

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 86

FONTES DE DADOS .............................................................................................................. 90

APÊNDICE: METODOLOGIA ............................................................................................... 91 1 Testes de raiz unitária ........................................................................................................ 91 2 Cointegração ...................................................................................................................... 92

3 Teste de causalidade de Granger ....................................................................................... 96 4 Função impulso-resposta ................................................................................................... 97 5 Decomposição da variância dos erros de previsão ............................................................ 99

ANEXOS ................................................................................................................................ 102 Anexo 1 - Quadro comparativo entre as diferentes abordagens sobre preços de imóveis

residenciais e bolha imobiliária .......................................................................................... 102 Anexo 2 - Testes de raiz unitária das séries do período T .................................................. 104

Anexo 3 - Testes de raiz unitária das séries do período A .................................................. 106 Anexo 4 - Testes de raiz unitária das séries do período B .................................................. 108 Anexo 5 - Seleção da Ordem do VAR ................................................................................ 110 Anexo 6 - Testes de Cointegração ...................................................................................... 113

Anexo 7 - Procedimento de Cointegração de Johansen ...................................................... 116 Anexo 8 - Teste de Cointegração de Johansen – Ajustamento de Curto Prazo .................. 119

Anexo 9 - Análise de Estabilidade ...................................................................................... 122 Anexo 10 - Correlograma dos Resíduos do VEC ............................................................... 124 Anexo 11 - Teste de Portmanteau de autocorrelação residual ............................................ 127

Anexo 13 - Teste de Normalidade ...................................................................................... 133 Anexo 14 - Testes de Exogeneidade ................................................................................... 136

Anexo 15 - Teste de Causalidade Conjunta de Granger ..................................................... 142 Anexo 16 - Função Impulso-Resposta: gráficos e tabelas dos períodos T, A e B .............. 145

Anexo 17 - Decomposição da Variância dos Erros de Previsão ......................................... 151

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INTRODUÇÃO

A crise financeira iniciada nos Estados Unidos em 2008 não explicitou apenas a

fragilidade dos mercados financeiros em nível global, mas expôs também os pontos fracos da

abordagem macroeconômica que vinha sendo utilizada pelos formuladores e executores de

políticas econômicas. Houve mais de duas décadas de prevalência de um quadro teórico de

consenso, cuja maior expressão e aplicação foi o sistema de Inflation Targeting (IT). Embora o

IT tenha sido utilizado com diferentes graus de liberdade por diferentes países, houve consenso

de que operava superior framework of monetary police (ARESTIS; SAWYER, 2008); mais ou

menos explicitamente, as principais economias globais utilizaram e ainda utilizam esse sistema

como guia de política econômica.

As lacunas do sistema IT expostas pela crise propiciaram terreno fértil para a

revisão e reformulação dos instrumentos de política econômica. O espectro de tópicos a serem

examinados ou reexaminados, até hoje, é extenso, cobrindo vários pontos da política monetária,

da política fiscal e da regulação prudencial do sistema financeiro.

Dentre os aspectos que o sistema IT deixou de lado, certamente podemos citar a

falta de acompanhamento mais resoluto e/ou a subestimação dos efeitos dos preços dos ativos

sobre a economia. Embora alguns bancos centrais tenham feito um acompanhamento mais

sistemático da questão, políticas para lidar com a evolução desses preços ficaram à margem. A

crise financeira de 2008 é um indicador mais que suficiente para explicitar essa omissão. Nela,

ficou evidente o problema da bolha imobiliária dos EUA.

A análise crítica pré e pós-crise do sistema IT evidencia a importância de um

acompanhamento sistemático da evolução dos preços dos ativos, sobretudo dos preços das

ações e dos preços dos imóveis. Mais especificamente, parece haver consenso sobre a

necessidade de um instrumento de acompanhamento dos preços destes ativos que seja capaz de

sinalizar quando bolhas estão se formando. Nesse ponto, emergem os objetivos deste trabalho:

i. Avaliar quais foram os determinantes da bolha imobiliária dos EUA nos anos 2000.

Especificamente, queremos compreender qual foi a contribuição da renda das famílias,

do crédito hipotecário e da taxa de juros sobre os movimentos de preços dos imóveis

residenciais norte-americanos e como interagiram para a formação da bolha imobiliária

dos anos 2000.

ii. Avaliar os coeficientes de ajustamento de longo prazo de modelos VEC-M para

compreender os desvios do equilíbrio de longo prazo do mercado imobiliário residencial

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norte-americano. Diferentes velocidades de ajustamento podem indicar um maior ou

menor afastamento do equilíbrio de longo prazo, sugerindo a identificação de bolhas

imobiliárias ocasionadas por desequilíbrios entre o preço dos imóveis, a renda das

famílias, o crédito imobiliário e a taxa de juros.

A construção das etapas deste trabalho obedeceu uma ordem de aproximação aos

objetivos: procuramos partir de uma análise mais macro para uma discussão mais próxima das

questões que nos propomos examinar aqui. Para dar conta destes objetivos, dividimos o trabalho

nos seguintes capítulos.

No capítulo 1, explorando uma abordagem teórica mais ampla, apresentamos

resumidamente o sistema IT e algumas críticas feitas a ele antes e depois da crise, destacando

a questão dos preços dos ativos. Consideramos essa contextualização necessária, uma vez que

nos interessa explicitar o ambiente teórico e crítico durante a evolução da bolha imobiliária.

No capítulo 2, com o objetivo de nos aproximarmos mais do tema, fazemos uma

revisão bibliográfica dos trabalhos associados à questão dos preços dos imóveis: apresentamos

as principais análises e modelagens desenvolvidas para tratar do assunto. Concluímos aqui que,

para compreender a bolha imobiliária, pouca atenção foi dada à interação entre os preços dos

imóveis residenciais, a renda das famílias, o crédito hipotecário e a taxa de juros.

No capítulo 3, já mais próximos do tema, procuramos delinear um quadro teórico

que auxilie na compreensão dos mecanismos que originaram a bolha imobiliária norte-

americana dos anos 2000 e seu estouro, provocando a crise financeira de 2008.

Especificamente, procuramos entender quais foram os mecanismos que ajudaram a criar a bolha

e a consequente fragilidade financeira desse período. Ainda nesse capítulo, delineamos as

hipóteses sobre quais foram os determinantes da bolha imobiliária norte-americana, tecendo

considerações sobre as relações entre renda das famílias, crédito e juros para a formação da

bolha.

O capítulo 4 expõe o trabalho empírico que empreendemos como respostas às

questões que levantamos: apresenta as variáveis de preços dos imóveis, renda das famílias,

crédito hipotecário e taxa de juros que utilizamos, uma breve descrição da metodologia

empregada (mais bem delineada em apêndice ao trabalho), os modelos VEC-M que ajustamos,

seus resultados e as análises que elaboramos. Após esse capítulo, fazemos nossas considerações

finais.

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1 INFLATION TARGETING: PROPOSIÇÕES E CRÍTICAS A ESSE SISTEMA

1.1 O sistema IT: breve caracterização e a questão dos preços dos ativos

O sistema de Inflation Targeting foi adotado nas duas últimas décadas tanto pelos

países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE

como por outros em transição ou em desenvolvimento. Essa adoção foi direta (quando o banco

central – BC persegue um objetivo de inflação por meio da manipulação da taxa de juros) ou

indireta (quando um país atrela sua taxa de câmbio à moeda de outro país que utiliza diretamente

o IT).

A ideia principal do sistema IT é que o BC adote uma função de reação que

direcione seu comportamento para responder a choques da economia, conduzindo-a para um

alvo de inflação explícito ou implícito (CARLIN; SOSKICE, 2006). A primeira tarefa da

função de reação é fornecer uma âncora nominal para o médio prazo, ou seja, define-se um alvo

de inflação ou nível de preços. A definição desse alvo tem como objetivo direcionar a taxa de

inflação de médio prazo, coordenando as expectativas sobre o futuro, sobre a formação de

preços. Dessa forma, se estabelece um compromisso com um ambiente de baixa inflação.

A segunda tarefa da função de reação é fornecer um guia aos agentes econômicos

de como o BC se comportará em virtude dos desvios da economia. Mediante o manejo da taxa

de juros — o instrumento de política do banco —, procura-se responder a diferentes choques

de forma que os objetivos de médio prazo de inflação sejam atingidos enquanto se minimiza a

flutuação do produto.

O modelo IT é descrito por um conjunto de três equações (ARESTIS; SAWYER,

2008). A primeira é a equação da demanda agregada ou do hiato do produto corrente,

determinado pelo hiato do produto passado e esperado, e pela taxa real de juros. A segunda

equação é a curva de Philips, com a inflação baseada no hiato do produto corrente e na inflação

passada e futura. A terceira equação é uma regra monetária, em que a taxa nominal de juros é

baseada na expectativa de inflação, no hiato do produto, nos desvios da inflação em relação ao

alvo e na taxa de juros de equilíbrio.

Embora o IT ainda seja amplamente utilizado, vem sofrendo muitas críticas. Mesmo

antes de a crise atingir seu ápice em novembro de 2008, Arestis e Sawyer (2008), por exemplo,

fizeram uma avaliação de alguns aspectos que acreditam ser cruciais para o desenvolvimento

dessa abordagem. São eles: (i) IT como ancora nominal, (ii) a separação entre fatores reais e

monetários, (iii) as causas da inflação segundo os seguidores do modelo IT e (iv) questões

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ligadas aos preços dos ativos. Para o que nos interessa, em seguida discorreremos brevemente

sobre o último ponto formulado pelos autores.

Os autores argumentam que a questão dos preços dos ativos levanta argumentos

críticos ao modelo IT como sendo um guia incompleto para a política monetária. Isso ocorre

porque o modelo e as políticas implementadas não dão conta das desordens provocadas pelos

desarranjos nos preços dos ativos. Esses desequilíbrios, afirmam, têm maior probabilidade de

ocorrer no ambiente de hoje.

These imbalances are more likely to occur in today’s environment of

deregulated financial markets, essentially due to their ability to innovate. The

imbalances thereby created are not expected to have immediate effects on

inflation, but can have significant employment and output costs. These

disorders are asset price and debt bubbles, which IT cannot cure. The

implication being that additional policy measures are required; IT by itself

cannot achieve the objectives assigned to it.1 (ARESTIS; SAWYER, 2008)

Os autores concluem este ponto afirmando que, embora muitos países tenham

obtido sucesso no controle da inflação, não há garantia de que os preços dos ativos não sofram

variações importantes. Quando sua evolução foge do controle, argumentam, bolhas

especulativas são formadas e, com o estouro destas, os necessários ajustes dos preços da

economia impõem efeitos negativos ao emprego e ao nível de atividade.

O exemplo recente deste problema é a crise financeira que se iniciou nos Estados

Unidos e se alastrou pelo mundo a partir de setembro de 2008. O estouro da bolha imobiliária

norte-americana, o problema dos ativos financeiros tóxicos e as consequências em termos de

insolvência bancária, redução abrupta do crédito (devido ao aumento da aversão ao risco) e seus

impactos no emprego, na renda e no investimento vêm afetando profundamente a economia

mundial, tanto dos países desenvolvidos como dos em desenvolvimento. Embora quando

escreveram o artigo a crise financeira iniciada em setembro de 2008 ainda não tivesse atingido

seu ápice, Arestis e Sawyer (2008) comentaram que:

Yet the experience of many countries shows that successful control of CPI-

inflation does not guarantee low asset price inflation — witness the late 1990s

US experience, for example (Arestis and Karakitsos, 2004). When asset price

inflation gets out of control bubbles are built and while they grow they

1 Tradução livre: “Esses desequilíbrios são mais propensos a ocorrer no ambiente atual de mercados financeiros

desregulados, essencialmente devido à sua capacidade de inovar. Não se espera que os desequilíbrios assim criados

tenham efeitos imediatos sobre a inflação, mas podem ter custos significativos para os níveis de emprego e de

produção. Esses distúrbios são bolhas de preços ou de débitos, que o modelo IT não pode curar. A implicação

disso é que são necessárias políticas suplementares; o modelo IT, por si só, não pode atingir os objetivos a ele

atribuídos.”

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generate a lot of euphoria. But bubbles have ultimately burst with devastating

consequences not only for the investors in the stock markets, but also for the

economy as a whole. The experience of the last twenty years shows that the

adverse consequences of the burst of a bubble hit not only weak economies,

but also strong economies such as the US and Japan. Monetary policy should,

therefore, target asset prices in addition to inflation (Dupor, 2002; Cecchetti

et al, 2000). Goodhart’s (2001) suggestion, based on Alchian and Klein

(1973), and in contrast to Bernanke and Getler (2000), that central banks

should consider housing prices and, to a lesser extent, stock market prices in

their policy decisions, is very pertinent.2

1.2 IT após a crise financeira de 2008

Após a evolução da crise financeira de 2008 e seus desdobramentos até o momento

(segundo semestre de 2017), é evidente que a abordagem sobre o problema dos preços dos

ativos e das bolhas tanto não vinha como não vem sendo tratada adequadamente pelo sistema

IT. No período pós-crise houve um movimento intenso de revisão crítica do ferramental

macroeconômico antecedente. Por exemplo, num artigo crítico intitulado “Rethinking

Macroeconomic Policy”, Blanchard, Dell’Ariccia e Mauro (2010) afirmam que, na

macroeconomia utilizada pelos bancos centrais, havia apenas um alvo para a política monetária

— a inflação —, e apenas um instrumento de política — a taxa de juros. A política monetária

estava centrada no uso da taxa de juros de curto prazo que o BC podia controlar diretamente

mediante as operações de mercado aberto. Segundo os autores, atrás dessa escolha de política

havia duas hipóteses. A primeira é que o efeito real da política monetária se dá por meio da taxa

de juros e dos preços dos ativos. A segunda hipótese é que todas as taxas de juros e os preços

dos ativos estão ligados pela arbitragem. Dessa forma, as taxas de longo prazo são dadas pelo

próprio ajuste médio da taxa futura de curto prazo ajustada pelo seu risco; os preços dos ativos

seriam ajustados pelos fundamentos, ou seja, o valor presente descontado pelo risco dos

rendimentos dos ativos. Sob tais hipóteses, os gestores só precisariam afetar a taxa de juros

corrente e a taxa esperada de curto prazo: todos os outros preços seguiriam esse movimento,

2 Tradução livre: “No entanto, a experiência de muitos países mostra que o controle bem-sucedido da inflação/CPI

não garante uma baixa inflação dos preços dos ativos — conforme testemunha a experiência do final dos anos

1990 nos EUA, por exemplo (Arestis e Karakitsos, 2004). Quando a inflação de preços dos ativos sai do controle,

as bolhas se desenvolvem e, enquanto estão crescendo, geram muita euforia. Mas elas acabam estourando,

provocando consequências devastadoras não só para os investidores nos mercados de ações, mas também para a

economia como um todo. A experiência dos últimos vinte anos mostra que as consequências adversas do estouro

de uma bolha atingem não apenas economias fracas, mas também economias fortes — como os EUA e o Japão. A

política monetária deve, portanto, incluir um objetivo de preços dos ativos, além da inflação (Dupor, 2002;

Cecchetti et al., 2000). A sugestão de Goodhart (2001), com base Alchian e Klein (1973), e em contraste com

Bernanke e Getler (2000), de que os bancos centrais devem considerar os preços das residências e, em menor

medida, os preços das ações nas suas decisões políticas, é muito pertinente.”

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ajustando-se. Isso poderia ser feito implícita ou explicitamente, usando-se regras transparentes

e previsíveis, como a regra de Taylor, transformando a política de taxas de juros numa função

do ambiente econômico corrente.

Embora argumentos contra o sistema IT tenham sido levantados, evidências

sugeriam que uma ancoragem mais sólida das expectativas de inflação, possível graças aos

sinais claros e ao comportamento do BC, tiveram um importante papel em reduzir os efeitos de

choques na economia. Nesse artigo, Blanchard, Dell’Ariccia e Mauro (2010) ainda ressaltam

que as respostas bem-sucedidas do sistema IT à quebra do mercado de ações em 1987, ao

colapso das Long-Term Capital Management – LTCM e ao estouro da bolha das empresas

baseadas na Internet, chamadas de “empresas pontocom”, reforçaram a visão de que a política

monetária estava bem equipada para lidar com as consequências de estouros de bolhas de preços

dos ativos. Assim, “[…] by the mid-2000s, it was indeed not unreasonable to think that better

macroeconomic policy could deliver, and had indeed delivered, higher economic stability. Then

the crises came.”3 (BLANCHARD; DELL’ARICCIA; MAURO, 2010).

Com a crise evidenciou-se definitivamente a limitação do sistema IT, ficando claro

que o comportamento da inflação é muito mais complexo que o assumido pelos modelos.

Evidenciou-se também que, mesmo com a inflação e o hiato do produto sendo estáveis, o

comportamento dos preços dos ativos e de agregados de crédito são indesejáveis.

Dentro da revisão da política macroeconômica sugerida pelo artigo de Blanchard,

Dell’Ariccia e Mauro (2010), estão tópicos que vão da própria política monetária, da política

fiscal à regulação macro prudencial. Fica clara a necessidade de se ter não apenas um sistema

de metas de inflação, mas um conjunto de instrumentos complementares que auxiliem os

gestores para além do que o sistema IT tem conseguido. Os autores concluem:

The ultimate goals should be to achieve a stable output gap and stable

inflation. But the crisis has made clear that policymakers have to watch many

targets, including the composition of output, the behavior of asset prices, and

the leverage of different agents. 4 (BLANCHARD; DELL’ARICCIA;

MAURO, 2010)

3 Tradução livre: “[…] em meados dos anos 2000 era, de fato, razoável pensar que a melhor política

macroeconômica pudesse entregar, e que efetivamente entregou, maior estabilidade econômica. E então veio a

crise.” 4 Tradução livre: “Os objetivos finais devem ser alcançar um hiato do produto e uma inflação estáveis. Mas a crise

deixou claro que os formuladores de políticas devem visar a muitos objetivos, incluindo a composição do produto,

o comportamento dos preços dos ativos e a alavancagem de diferentes agentes.”

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Com o pano de fundo explicitado até aqui, em seguida discorremos brevemente

sobre as questões relevantes ligadas aos preços dos ativos e ao sistema IT discutidas durante os

últimos vinte anos.

1.3 Preços dos ativos dentro do quadro do IT

O estudo da questão dos preços dos ativos não é novidade na literatura econômica.

Dentro do quadro teórico colocado pelo IT, os trabalhos mais recentes têm procurado avaliar

três pontos principais: (i) se os movimentos dos preços dos ativos devem ou não ser

incorporados ao ferramental de política econômica, (ii) quais preços dos ativos levar em conta

e (iii) como incorporar de forma prática os preços dos ativos nos instrumentos de política. Em

seguida, comentamos alguns trabalhos que tratam desses pontos.

1.3.1 A principal referência do sistema IT: a variável preços dos ativos fica de fora do

escopo

Em artigo que referenciou boa parte da condução macroeconômica pré-crise

financeira de 2008, Bernanke e Gelter (2000) reconhecem que os preços dos ativos podem

causar sérios danos à economia. Contudo, acham que, para lidar com as desordens provocadas

por eles, é mais adequado usar apenas o IT — leia-se, a taxa de juros. O argumento principal é

que é difícil para o BC diferenciar se as mudanças nos preços dos ativos são devidas a forças

fundamentais, a forças não fundamentais ou uma combinação de ambas. Se a mudança nos

preços dos ativos é de origem fundamental — como, por exemplo, um aumento de

produtividade —, afirmam que tentar estabilizar os preços é contraproducente.

Elaboram um conjunto de simulações comparando quais seriam as consequências

de o BC responder apenas à inflação (utilizando o sistema IT convencional) versus responder

adicionalmente às variações dos preços dos ativos. O experimento consiste em comparar os

resultados de uma função de reação do BC que responde à inflação com os resultados de outra

função que responde tanto à inflação quanto aos preços dos ativos.

Na avaliação dos autores, melhores resultados são alcançados quando se foca

apenas na inflação, ou seja, quando se utiliza apenas o IT como instrumento de política.

Afirmam que o IT fornece um efetivo e unificado quadro para atingir tanto a estabilidade

macroeconômica geral quanto a estabilidade financeira. Concluem que, dado o forte

compromisso com estabilizar a inflação esperada, não é necessário nem desejável que a política

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monetária responda a mudanças nos preços dos ativos, exceto quando isso ajuda a projetar

pressões inflacionárias ou deflacionárias.

1.4 Evolução das discussões sobre a inclusão dos preços dos ativos no sistema IT

As discussões que sucedem o trabalho de Bernanke e Gelter (2000) procuram

avaliar a importância de deixar os preços dos ativos dentro ou fora do sistema IT. Em seguida,

ressaltamos alguns trabalhos que dialogam, ao longo do tempo, com esse ponto.

Para Cecchetti et al. (2000), um BC comprometido com a estabilização da inflação

não deve apenas ajustar seus instrumentos de política em resposta às projeções futuras de

inflação e hiato do produto, mas deve também alvejar os preços dos ativos. Partindo do modelo

desenvolvido por Bernanke e Gelter (2000), Cecchetti et al. (2000) incorporam a este o preço

das residências, que, avaliam, contém informações importantes sobre o movimento dos preços

agregados. Não incorporam o preço das ações, pois consideram que estes são muito ruidosos

para serem úteis na medida de inflação. Analisando os resultados das simulações que

elaboraram, os autores afirmam que é bastante aconselhável que o sistema IT responda aos

preços dos ativos. Essa conclusão é em parte baseada na ideia de que uma reação aos preços

dos ativos deve reduzir a probabilidade de desalinhamento desses preços.

Assim como Bernanke e Gelter (2000), Cecchetti et al. (2000) acham importante

diferenciar o movimento dos preços dos ativos entre fundamentais e não fundamentais. A

discussão nos dois artigos tem a mesma base: se o desalinhamento dos preços dos ativos tem

origem no mercado de ativos ou no setor real. Novamente, o BC não deveria interferir quando

os preços dos ativos são alterados por um aumento de produtividade do setor real da economia.

Por isso, não acham recomendável que o BC responda a todos os desalinhamentos de preços

dos ativos procurando estourar as bolhas que identifica nem que deva perseguir níveis

específicos de preços dos ativos.

Cecchetti et al. (2000) admitem que os preços dos ativos devam ser levados em

conta na política monetária e por isso incorporam esse elemento no modelo IT: o modelo

proposto por eles responde à inflação e ao preço das residências. Apesar disso, a taxa de juros

continua sendo o único instrumento de política para lidar tanto com a inflação quanto com os

preços dos ativos.

Diferentemente de Bernanke e Gelter (2000), Dupor (2002) argumenta que

movimentos não fundamentais dos preços dos ativos sinalizam distorções dos mercados de

capitais às quais a política monetária deveria responder. Seu trabalho, desenvolvido a partir da

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formulação de modelos teóricos, procurou entender que tipo de resposta a política monetária

deveria dar a choques distorcivos originados por investimentos no setor real. Para Dupor,

quando as empresas superestimam o retorno de capital, elas tendem a aumentar seu

investimento físico. Por conta dos custos de ajustamento ao novo patamar de investimentos, os

preços das ações também aumentam. Para tentar frear esse aumento, o BC age aumentando a

taxa de juros. Como há certa rigidez de preços, isso faz com que o preço real dos bens aumente.

Com os preços reais dos bens mais elevados, há uma redução da sua demanda, diminuindo o

volume de trabalho necessário para atender a demanda fixada a preços nominais. A redução do

trabalho causa uma redução do produto marginal e da renda do capital. Um menor rendimento

do capital parcialmente compensa tanto o incremento na demanda por investimentos como o

aumento dos preços das ações. Portanto, para neutralizar o choque distorcivo, a política

monetária introduz uma deflação nominal de preços. Dessa forma, conclui Dupor, seu trabalho

fornece uma justificativa formal para que a autoridade monetária responda a movimentos não

fundamentais dos preços das ações em detrimento da estabilidade nominal de preços.

Além de o modelo desenvolvido por Dupor incorporar a questão dos preços dos

ativos no ferramental da política monetária via preços das ações, considera que os agentes são

racionais e que as distorções nos preços se dão por conta da rigidez no mercado de trabalho. A

questão da racionalidade dos agentes pode inviabilizar uma interpretação da crise financeira de

2008. Por exemplo, um dos pontos de apoio do ferramental pré-crise foi a utilização do conceito

de que a racionalidade dos agentes os capacitaria a avaliar adequadamente o nível de risco a

que estavam expostos.

Clewes (2002), avaliando a necessidade de incluir os preços dos ativos dentro do

ferramental de política monetária, afirma que os participantes do mercado formam uma opinião

sobre vários temas, mas que o mercado de ativos é apenas uma parte do conjunto da economia.

Para o autor, faz sentido monitorar os preços dos ativos com o objetivo de ajudar a interpretar

os movimentos econômicos à luz de outras informações sobre a economia. Porém, os ativos,

por si sós, raramente dão sinais inequívocos para a formulação de política, pois as ligações entre

estes e a inflação dependem das circunstâncias. Por essa razão, os preços dos ativos não são

uma boa opção de alvo intermediário para os formuladores de política monetária, cujo principal

alvo é controlar a inflação.

Bean (2003) afirma que desequilíbrios financeiros e desalinhamentos nos preços

dos ativos — e a instabilidade que podem causar — colocam problemas significativos para os

decisores de política monetária. Atingir a estabilidade dos preços não garante que a

instabilidade financeira possa ser evitada. Porém, para ele, ter em conta os desequilíbrios

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financeiros no desenho da política monetária não exige uma mudança na retórica do IT, pois a

instabilidade financeira invariavelmente também terá um impacto significativo sobre a

atividade e sobre a inflação. A atração do IT é que este foca nos objetivos da política — e não

nos meios pelos quais tais objetivos são atingidos, tal como seria o caso em regimes de metas

de agregados monetários ou de taxas de câmbio fixas. Uma solução prática para o problema de

definir a função objetivo principal de um regime de metas de inflação é especificar um alvo de

“primeiro nível” para a taxa de inflação, mas exigindo do decisor de política que considere as

implicações de desequilíbrios financeiros. Um formulador de metas de inflação flexíveis não

necessita incorporar às suas atribuições a adição explícita de desequilíbrios financeiros ou os

preços de ativos. Nesse sentido, as implicações dos eventuais desequilíbrios e desvios para as

variáveis macroeconômicas almejadas devem necessariamente estar consignadas na avaliação

das expectativas de crescimento futuro e na inflação, de forma que se possa executar o plano

ideal. Bean conclui que, portanto, o IT (flexível) é suficiente para lidar com os problemas dos

preços dos ativos e dos desequilíbrios financeiros.

Bordo e Jeanne (2002), embora admitindo a confecção de um modelo bastante

estilizado e reforçando o fato de que sua análise deve ser interpretada como sugestiva, porque

não fornece estimativas empíricas da perda de produto sob diferentes alternativas de política,

são críticos ao sistema IT. Para eles, os modelos utilizados pelo IT deveriam incorporar algum

tipo de não linearidade e alguma probabilidade de desordem financeira. Embora a introdução

desses elementos não seja tarefa tecnicamente trivial, afirmam que é difícil omitir a relação

entre política monetária e instabilidade financeira. Os autores suspeitam que, dentro do quadro

dos modelos IT, deveria ser recomendável para os formuladores de política desviarem-se das

regras usadas em épocas normais em algumas circunstâncias, particularmente quando há um

boom nos preços dos ativos. Crises financeiras sistêmicas são eventos com probabilidade de

cauda, mas de grandes consequências, e o sistema de regras do IT não desenvolveu uma

doutrina bem articulada com relação a esses riscos. Ao contrário, argumenta-se que política

monetária e instabilidade financeira são questões separadas. Concluem afirmando que essa

omissão não é por acaso, pois a estabilidade financeira apresenta um desafio direto para o

sistema de regras do IT porque pode necessitar de desvios ocasionais das regras simples. Por

exemplo, pode requerer decisões complexas de julgamento discricionário, muitas vezes difíceis

de comunicar ao público.

Palley (2002), embora reconhecendo diferentes caminhos analíticos, sugere uma

equivalência entre as recomendações do quadro teórico do IT (em termos de como operar a taxa

de juros e o alvo de inflação) e o paradigma pós-keynesiano. Para o autor, não basta apenas o

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manejo da taxa de juros para atingir um alvo de inflação. Na sua visão, há a necessidade de a

política ser complementada por regulação dos balanços dos intermediários financeiros: essa

necessidade emerge devido à endogeneidade da moeda, que pode desestabilizar a economia.

Por isso, recomenda que haja regulação financeira, instituindo-se o que chamou de asset-based

reserve requirements, uma forma de manejar (desencorajar) a posse de ativos de acordo com o

risco de contágio financeiro que cada categoria de ativo oferece. Por exemplo, na medida em

que o risco financeiro de determinado ativo aumentasse durante um boom, se constituiria uma

reserva baseada nesse ativo, que, além de desencorajar apostas mais arriscadas ao diminuir as

expectativas de retorno, serviria como uma proteção para os momentos futuros de turbulência

financeira.

Bordo e Wheelock (2004) propõem uma nova abordagem, examinando o ambiente

econômico nos quais os booms de ações ocorreram nos EUA, para tentar entender como

emergem os booms de preços de ativos. Avaliando as últimas vinte décadas, eles concluíram

que dois booms do mercado de ações se destacam em termos de duração e incremento de preços:

o boom de 1923-1929 e o de 1994-2000. Geralmente, esses booms aconteceram em períodos de

crescimento real da economia e avanços na produtividade. De qualquer modo, os autores não

encontraram relações consistentes entre inflação e um boom de ações, apesar de os booms terem

ocorrido quando tanto o crescimento da moeda quanto do crédito estavam abaixo da média. Os

autores concluem afirmando que, embora seja possível oferecer argumentos teóricos plausíveis

para responder proativamente a um boom de ativos, sua pesquisa sugere que os formuladores

de política devem ter cautela ao tentar deflacionar os preços dos ativos se não houver uma forte

evidência de que o colapso destes pode ter um alto custo macroeconômico.

Já no período da crise financeira iniciada em 2008, Arestis e Karakitsos (2009)

discutem o seguinte ponto: para lidar com a questão de que o IT só atua na inflação e no hiato

do produto deixando de lado o problema dos preços dos ativos, lançam a ideia de monitorar e

observar as implicações que os preços dos ativos têm no padrão de gastos do consumidor.

Assim, propõem monitorar a riqueza líquida do setor privado, sendo esta definida como o total

de ativos detidos menos as dívidas, incluindo hipotecas e créditos de consumo. A razão entre a

riqueza líquida e a renda disponível apresenta considerável flutuação no curto prazo, mas não

se altera significativamente no longo prazo, a não ser que haja mudança no padrão de poupança

entre gerações. Portanto, afirmam que a riqueza líquida é ideal para monitorar e controlar bolhas

porque está no cerne do mecanismo de transmissão entre os preços dos ativos, os débitos e o

consumo.

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Arestis e Karakitsos (2009) calcularam que a riqueza líquida média nos EUA desde

a Segunda Guerra Mundial tem sido aproximadamente 5 vezes a renda anual disponível. A

riqueza líquida teve um pico na crise financeira recente, atingindo 6,2 vezes a renda disponível.

Por isso, propõem que o Federal Reserve System – FED deveria manter um alvo da razão entre

riqueza líquida e renda disponível da ordem de 4,3 a 5,3 vezes, algo similar a 1 ou 2% para a

inflação (PCE Inflation). Esse alvo poderia incorporar as mudanças demográficas ou ser revisto

para ancorar as expectativas de inflação de ativos. Além disso, a política monetária poderia ser

restritiva ou relaxada para manter esse limite particular. Essa ação não evitaria apenas o boom

dos preços dos ativos, mas poderia prevenir bolhas e seus efeitos econômicos adversos. Essa

proposta poderia também ajudar na engenharia de regulação financeira, mitigando as

consequências da liquidez ao mesmo tempo em que não interferiria na engenharia financeira

dos bancos. Dessa forma, o alvo de riqueza poderia reduzir a perda de produto numa crise de

crédito, assim como a amplitude de um ciclo de negócios.

Ao examinarmos a literatura recente sobre a questão dos preços dos ativos,

evidencia-se que, embora esse assunto seja tratado tanto do ponto de vista analítico quanto do

ponto de vista de aplicação prática, não se encontrou uma maneira adequada de incorporá-lo ao

ferramental de política econômica. A questão principal colocada pelo quadro teórico que

dominou o sistema IT é que não é possível incorporar os preços dos ativos, pois não se consegue

diferenciar satisfatoriamente se há movimentos fundamentais ou não fundamentais destes.

Também se argumenta que as taxas de juros seriam o mais eficaz e único instrumento para

corrigir os desalinhamentos da economia como um todo e dos preços dos ativos em particular.

Com o objetivo de compreender melhor o que foi discutido recentemente,

especificamente sobre os preços dos imóveis e seus impactos na economia, no próximo capítulo

fazemos um apanhado das principais contribuições acadêmicas sobre o tema. Optamos por

expor os artigos e textos analisados em ordem cronológica, pois nos parece interessante

explicitar como, ao longo do tempo, os trabalhos foram dialogando com as possíveis distorções

que os preços dos imóveis poderiam provocar. Como será apontado, inicialmente os preços dos

imóveis estavam dentro de uma discussão mais ampla — os preços dos ativos —, como

demonstramos acima. Mas, na medida em que os desenvolvimentos do mercado imobiliário

vão acontecendo, na medida em que a bolha vai se formando, o tema passa a ser tratado mais

especificamente.

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2 DISCUSSÕES SOBRE OS PREÇOS DOS IMÓVEIS

2.1 Preços dos imóveis e bolha imobiliária: de 1988 a 2004

Nesta seção, discorremos a respeito dos trabalhos sobre os preços dos imóveis que

cobrem o período que vai de 1998 até 2004. É interessante notar, sob uma perspectiva histórica,

como os artigos que tratam da questão dos preços dos imóveis vão acompanhando a evolução

do mercado. Por exemplo, Case e Shiller (1988), de certa forma ainda distantes da bolha

imobiliária, passam ao largo da discussão sobre os desenvolvimentos dos mercados financeiros

de crédito. Já Quigley (1999), Hofmann (2001), Herring e Wachter (2002) e Tsatsaronis e Zhu

(2004), embora em sua maioria ainda dialogando bastante com a questão dos juros (sistema IT),

começam a incorporar em seus trabalhos a importância do mercado de crédito. Por exemplo,

Tsatsaronis e Zhu (2004) fazem uma descrição já bastante detalhada sobre os mecanismos de

desenvolvimento do setor hipotecário e como essa evolução pode ter impactado os preços dos

imóveis e o setor bancário. A seguir, explicitamos os principais pontos desses trabalhos.

Case e Shiller (1988), interessados em entender as flutuações por que passava o

mercado imobiliário dos EUA — os preços estavam se movendo em direções distintas em

diferentes partes do país —, conduziram uma pesquisa com os compradores de imóveis

residenciais, aplicando um questionário para compreender seu comportamento.

Os resultados da pesquisa indicaram que os bruscos movimentos dos preços dos

imóveis podem ser entendidos como reações dos investidores aos seus próprios movimentos

(uma espécie de efeito manada), aos aumentos de preços passados ou a alguma outra evidência

de aquecimento de mercado, ao invés de serem atribuídos aos fundamentos da economia.

Segundo os autores, a pesquisa permite afirmar que os investidores do mercado imobiliário

residencial não conhecem os fundamentos da economia e tendem a interpretar os eventos como

boatos, clichês e observações casuais. Além disso, identificaram que há, por parte dos

compradores, uma alta motivação de considerar a aquisição de imóveis como investimento e,

ainda, que há a expectativa de valorização dos imóveis nos booms e preocupação quanto a

perdas no futuro. Por conta desses achados, os autores argumentam que seria plausível supor

que as expectativas influenciam bastante os preços que os compradores estão dispostos a pagar.

E porque esse comportamento parece não fazer muito sentido, eles concluem que os preços não

são racionalmente determinados.

Interessados em entender o que levava a um boom no mercado imobiliário, Case e

Shiller (1988) incluíram em seu questionário perguntas que procuravam compreender o que os

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compradores achavam que estava ocorrendo com o mercado. Questionaram também se eles

poderiam dar nome a algum evento que tivesse mudado o comportamento dos preços. A

resposta mais comum foi que a mudança nos preços era consequência de mudanças nas taxas

de juros. Porém, os autores ponderam que não houve mudanças significativas nas taxas, o que

os levou a concluir que o gatilho que dispara um boom é uma sequência de eventos que a

maioria dos compradores não observa, ou talvez nenhum comprador observe. Por exemplo,

dentre essas mudanças podem estar o crescimento da renda ou mudanças demográficas.

A pesquisa de Case e Shiller (1988) também revelou evidências de que, em não

havendo uma crise econômica pronunciada, os preços das residências são inflexíveis para baixo,

ou seja, não respondem às flutuações econômicas negativas.

Quigley (1999) propõe desenvolver uma série de modelos para identificar quais

deles são melhores em projetar os preços dos imóveis de 41 regiões metropolitanas dos EUA.

Sobretudo, o trabalho teve como objetivo identificar quais modelos são capazes de prever as

mudanças de direção nos preços. Dessa forma, seria possível identificar se uma bolha está se

formando ou estourando. Sua análise compreende o período de 1986 a 1994. Com esse objetivo,

Quigley constrói treze modelos de equilíbrio para projetar os preços dos imóveis, divididos em

três diferentes grupos. O primeiro grupo é formado por modelos baseados nos fundamentos

econômicos: renda das famílias, número de licenças de construção, taxa de ocupação dos

imóveis e número de famílias. Os modelos vão desde os mais simples (tendo apenas renda como

variável explicativa) até os mais completos (contendo todas as variáveis). O segundo grupo é

composto por modelos autorregressivos com uma ou duas defasagens. O terceiro grupo contém

modelos que combinam variáveis econômicas com termos defasados (dos mais simples aos

mais completos em termos de número de defasagens e variáveis). O estudo concluiu que,

embora os modelos que contêm os fundamentos econômicos sejam melhores para projetar os

preços, eles não explicam adequadamente quando uma bolha está desinflando. O que nos

chamou atenção no estudo de Quigley foi a não inclusão das condições de crédito na análise.

Hofmann (2001) publicou um artigo buscando entender as relações entre os

agregados de crédito, a atividade econômica e os preços dos imóveis de uma maneira formal.

Inicialmente, descreve quais são as conexões teóricas entre esses fatores para, em seguida,

analisar os resultados da modelagem que busca compreender e confirmar tais conexões.

Segundo ele, a atividade econômica, as taxas de juros e os preços dos imóveis

podem afetar o crédito tanto pelo lado da demanda de crédito como pelos canais de oferta. As

condições econômicas e suas perspectivas determinam o consumo e a demanda por

investimentos e, portanto, determinam a demanda por crédito. Por outro lado, mudanças na

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atividade econômica têm impactos no fluxo de caixa das empresas e na renda das famílias.

Dessa forma, fluxo de caixa e renda determinam a capacidade das empresas e das famílias de

pagar seus débitos. Portanto, mudanças na atividade econômica podem também afetar a

disposição dos bancos em ampliar o volume de crédito ofertado, ou seja, o nível de atividade

econômica deve também afetar a oferta de crédito.

As taxas de juros de mercado (custos financeiros) têm um efeito negativo sobre a

demanda de crédito. Quando as taxas sobem, os empréstimos ficam mais caros e a sua demanda

é reduzida. Uma austeridade monetária, expressa pelo aumento das taxas de juros, pode também

induzir os bancos a reduzirem sua oferta de crédito. Por sua vez, uma redução no volume de

crédito pode deteriorar a posição financeira das empresas e das famílias. Além disso, por meio

das operações de mercado aberto, um aperto monetário pode drenar as reservas, afetando os

fundos emprestáveis do setor bancário, o que deve causar uma redução na oferta de crédito.

Ainda segundo Hofmann (2001), os preços dos imóveis devem afetar a demanda e

a oferta de crédito. Como os imóveis são uma porção importante dos ativos das famílias,

mudança nos preços destes podem ter impactos significativos no efeito riqueza das famílias,

assim impactando a demanda de crédito. Isso se dá uma vez que os imóveis são usados como

colaterais: se os preços destes sobem, aumenta a capacidade das empresas e das famílias de se

alavancarem, induzindo assim a disposição dos bancos em aumentar a oferta de crédito. Aqui

destaca-se o efeito do financial accelerator desenvolvido por Bernanke, Gertler e Gilchrist

(1998). O estoque físico de ativos é fixo no curto prazo e os valores dos ativos que podem ser

usados como colaterais pelas famílias e pelas empresas para a obtenção de crédito são

precificados por movimentos dos próprios preços dos ativos. Um aumento nos preços destes,

causado ou por um incremento no produto agregado ou por uma queda das taxas de juros, ou

ainda pela “exuberância irracional”, eleva a riqueza líquida das famílias e empresas e, a partir

disso, a disponibilidade de crédito. Um aumento nos níveis de crédito estimula a atividade

econômica, impulsionando ainda mais os preços dos ativos, criando um efeito de

retroalimentação do processo. Tendo em conta que os empréstimos são garantidos por

propriedades, a evolução dos preços dos imóveis será mais importante para a capacidade de

tomar emprestado das empresas e das famílias do que a evolução dos preços de ações, por

exemplo. Portanto, uma correlação entre as condições de crédito e os preços dos imóveis é uma

implicação direta, via efeito riqueza, do mecanismo financial accelerator.

Com base nessas conexões, Hofmann (2001) conclui que a atividade econômica, as

taxas de juros e os preços dos imóveis afetam tanto a demanda quanto a oferta de crédito.

Pondera que há dificuldades em identificar a demanda e a oferta de crédito, sobretudo porque

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sempre será difícil modelar a oferta, uma vez que não há séries de dados disponíveis sobre a

rentabilidade dos bancos, sobre a estrutura competitiva e o grau de regulação do setor — pode

ser isso que justifique a existência de poucos estudos a respeito. De todo modo, empreende

esforços para entender que fatores direcionam os agregados de crédito, mesmo que não seja

possível identificar claramente os drivers de demanda e de oferta destes.

Tendo as relações descritas acima como pano de fundo, Hofmann (2001)

desenvolve dois grupos de modelos para dezesseis países industrializados, utilizando as

seguintes séries: crédito privado agregado real, agregado real de atividade econômica, agregado

real de custos financeiros (taxas de juros reais ex-post, medida como taxa interbancária de três

meses do money market) e os preços reais dos imóveis (média ponderada entre os preços

residenciais e comerciais). Para o primeiro grupo, utiliza as seguintes variáveis: crédito real,

GDP real e taxa real de juros. Para o segundo grupo, utiliza as variáveis já citadas e adiciona os

preços dos imóveis ao sistema. As séries são trimestrais no período de 1980Q1 a 1998Q4, com

exceção de alguns países, como, por exemplo, o Canadá, cujo período de análise foi de 1986Q1

a 1998Q4. Utilizou a metodologia de Johansen para a análise de cointegração, feita por meio

de modelos VAR e VEC, uma vez que identificou ao menos um vetor de correção de erros nos

modelos de cinco países do primeiro grupo e em todos os modelos nos países do segundo grupo

de equações (que incluem os preços dos imóveis).

Concluiu que a evolução de longo prazo do crédito não pode ser explicada por

fatores usais associados à demanda de crédito, como, por exemplo, GDP real e taxas de juros

(análise associada ao primeiro grupo de equações). Porém, uma vez que os preços dos imóveis

são adicionados à modelagem (segundo grupo), é possível identificar relações de longo prazo

positivas entre o crédito e o GDP real e entre o crédito e os preços, e relações negativas entre o

crédito e as taxas de juros.

Para entender as respostas das variáveis a choques aleatórios, Hofmann (2001)

emprega a função impulso-resposta. Para identificar os choques estruturais do sistema de

equações, utilizou a decomposição de Cholesky proposta por Sims (1980), sendo necessária a

ordenação das variáveis da mais exógena para a menos exógena. A ordem escolhida foi: GDP

real, crédito real, preços reais dos imóveis e taxa de juros real. Essa ordenação é baseada na

hipótese de que o GDP não responde contemporaneamente às inovações de nenhuma outra

variável, mas pode afetar outras variáveis dentro de um trimestre (os dados são trimestrais).

Segundo Hofmann, essa hipótese é padrão na literatura relativa à transmissão da política

monetária. Além disso, ele assume que os juros devem reagir contemporaneamente a todas as

inovações, mas, por outro lado, um choque vindo dos juros não tem um efeito imediato sobre

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todas as outras variáveis. Isso refletiria a hipótese usual de que os juros afetam a economia de

forma defasada. Hofmann assume também que o crédito deve ter um efeito contemporâneo nos

preços dos imóveis, mas que o contrário não acontece, uma vez que deve levar algum tempo

para que o efeito riqueza impacte o volume de crédito positivamente. Por conta dessas relações,

a ordenação utilizada parece ser a mais plausível, além de ter rendido resultados consistentes.

Assim, mediante análise dos resultados da função impulso-resposta que os modelos

VEC permitem realizar, concluiu-se que as interações dinâmicas estão em linha, de forma geral,

com as expectativas, a saber: (i) um aumento no GDP real provoca um aumento no volume de

empréstimos e nos preços dos imóveis, e incrementos no crédito e nos preços aumentam o GDP

real; (ii) há uma relação nos dois sentidos entre crédito bancário e preços dos imóveis, ou seja,

um aumento do crédito faz os preços aumentarem e o contrário também.;(iii) aumentos dos

juros tem um impacto negativo forte no crédito, no GDP e nos preços. Neste ponto, o autor

destaca que as autoridades monetárias poderiam usar a política monetária para controlar as

condições de crédito, embora isso não garanta que uma ação desse tipo suavize os ciclos

financeiros. Por conta disso, ainda permaneceria em aberto a questão de como os bancos

centrais deveriam responder a potenciais problemas no mercado de crédito e no setor

imobiliário.

Em artigo elaborado para a conferência Asset Price Bubbles: Implications for

Monetary, Regulatory, and International Policies, promovida em abril de 2002 pelo Federal

Reserve Bank of Chicago e pelo World Bank Group’s, Herring e Wachter (2002) procuraram

responder por que bolhas imobiliárias e crises bancárias estão relacionadas e como podem

ocorrer conjuntamente. Sua abordagem é baseada na análise dos determinantes dos preços de

imóveis e do comportamento dos bancos, e em como estes componentes interagem entre si.

Tem como pano de fundo as crises financeiras asiáticas que haviam ocorrido pouco tempo

antes.

Para entender o comportamento dos preços dos imóveis, partem de um modelo

teórico de equilíbrio entre oferta e demanda de terrenos, composto por agentes racionais que

estão nas duas pontas: proprietários de terrenos e investidores do setor imobiliário O crédito

bancário — que, segundo os autores, tem um papel importante no incremento dos booms dos

preços do mercado imobiliário — compõe o modelo por um termo que representa o volume de

crédito emprestado pelos bancos aos projetos desses investidores. Este termo é definido por

quanto o setor bancário quer emprestar ao setor imobiliário, multiplicado por um coeficiente

que representa o nível de risco que o setor bancário está disposto a assumir. A partir desse

componente de risco, os autores descrevem o que chamam de “miopia ao desastre”, que é um

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processo em que basicamente os bancos e as instituições de supervisão bancária não enxergam

os riscos a que estão expostos. Esse processo é fundamentado na ideia de que há uma tendência

ao longo do tempo de se subestimar choques de baixa frequência, como os causados por uma

bolha imobiliária, em comparação aos choques de alta frequência, como os provocados por uma

deterioração do mercado de crédito automotivo, por exemplo. A ideia de que choques no

mercado de crédito automobilístico são mais frequentes faria com que os agentes desse mercado

se preparassem mais contra os riscos, o que não ocorreria no mercado de crédito imobiliário,

em que os choques são menos frequentes. Nesse sentido, os agentes do setor de crédito

imobiliário iniciariam um processo de relaxamento das condições de segurança relativas aos

empréstimos. Uma vez que a exposição dos bancos aumenta diante de uma inflexão no mercado

de imóveis, estes começam a ter dificuldades na medida em que seus balanços estão

artificialmente inflados por contratos e garantias que contabilizam imóveis com preços altos.

Haveria, a partir daí, uma tendência a não contabilizar o problema, seja pelo lado dos bancos,

que não querem ter uma redução do seu capital, seja pelo lado das autoridades supervisoras,

que querem evitar, no limite, uma corrida bancária, e por isso tenderiam a ser mais

complacentes com os bancos.

Com a consolidação de um mercado imobiliário em baixa, expressa pelos preços

cadentes dos imóveis, os bancos se tornam mais expostos e podem amplificar os efeitos de uma

crise imobiliária, alastrando-a para toda a economia via contágio financeiro. É nesse cenário

que os autores recomendam que haja regulação bancária, sobretudo nas economias onde os

bancos são a principal fonte de financiamento do setor imobiliário.

Tsatsaronis e Zhu (2004) procuraram entender quais são as forças que direcionaram

o mercado imobiliário em dezessete países entre 1970 e 2003: Alemanha, Austrália, Bélgica,

Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália,

Japão, Noruega, Reino Unido, Suécia e Suíça. Inicialmente, argumentaram que, embora haja

diferenças locais, existem também determinantes comuns aos países tanto no longo quanto no

curto prazo. No longo prazo, do lado da demanda, citam a renda disponível, variações na

demografia, mudanças de impostos e taxas de juros. Do lado da oferta, elencam a

disponibilidade e o custo de terrenos, custos da construção e diferenças na qualidade dos

imóveis. No curto prazo, o mercado pode ser afetado pela extensão do planejamento e execução

de projetos de construção e pelas condições de financiamento de compra. Também argumentam

que custos de transação e o efeito que a volatilidade dos preços impõe na decisão de compra,

uma vez que são decisões que têm implicações de longo prazo, afetam as decisões de curto

prazo.

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Seu trabalho empírico consistiu em ajustar modelos VAR para os diversos países

com o intuito de captar a dinâmica dos preços dos imóveis em cada um deles. Como variáveis

selecionadas para os modelos individuais, além do preço dos imóveis, incluíram um indicador

de renda agregado (GDP), índice de preços ao consumidor, taxa de juros de curto prazo, uma

taxa de spread entre juros de curto e longo prazo e um indicador de crédito imobiliário.

Analisando a decomposição da variância do erro propiciada pelo modelo VAR, os resultados

comuns aos dezessete países indicaram que a inflação é o driver de maior importância a afetar

os preços dos imóveis. O principal argumento dos autores para justificar o resultado é que os

imóveis funcionam como um ativo que protege a riqueza da erosão provocada pela inflação.

Num ambiente de inflação mais alta, o que significaria maior incerteza quanto ao futuro, os

imóveis seriam ativos mais interessantes em termos de retornos futuros quando comparados aos

investimentos em títulos e ações, por exemplo.

Em segundo lugar em importância para o entendimento da dinâmica dos preços dos

imóveis, emergem os fatores financeiros. Enquanto a inflação contribui no conjunto dos países

com 53% de importância nas variações de preços, os fatores financeiros contribuem

especificamente na seguinte proporção: crédito bancário com 11,4%, taxa de juros de curto

prazo com 10,8% e spread com 9,8%.

Segundo Tsatsaronis e Zhu (2004), a renda das famílias teve um poder explicativo

pequeno sobre os preços dos imóveis, sendo responsável por menos de 10% da sua variação. O

argumento usado pelos autores para justificar tal resultado foi que as decisões de compra de

imóveis parecem ser direcionadas pelo valor nominal da parcela, ao invés de ser considerado o

tamanho total da dívida em relação à renda familiar. Segundo eles, esse resultado confirma

estudo de 2003 do Bank for International Settlements – BIS que avalia que, em anos recentes,

as históricas baixas taxas de juros teriam sido o grande responsável pelos booms dos preços dos

imóveis residenciais na maioria dos países industrializados.

Além de detectarem a inflação como sendo o principal driver que afeta os preços

dos imóveis, os autores também ressaltam os desenvolvimentos do mercado de crédito

hipotecário como um fator que influencia tais preços. Esses desenvolvimentos consideram os

benefícios que o setor imobiliário vinha tendo em relação ao aumento da confiança em canais

de financiamento baseados no mercado. Destacam três pontos.

O primeiro diz respeito à disseminação de métodos de classificação de crédito e de

contratos hipotecários padrão que, em conjunto com o apetite crescente por novos instrumentos

negociáveis entre investidores institucionais, levou à crescente securitização de ativos

hipotecários. A partir desses instrumentos, as grandes instituições de crédito poderiam focar

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naquilo em que tinham vantagens comparativas — originação e serviços —, vendendo no

mercado secundário os ativos indesejados que piorassem sua exposição ao risco. Esses

mercados, frisam os autores, tiveram um grande desenvolvimento, sobretudo nos EUA, em que

agências patrocinadas pelo governo tiveram papel instrumental para a evolução do setor

imobiliário.

Em segundo lugar, com a redução do custo de originação e com o aumento da

liquidez dos ativos hipotecários, foi possível reduzir as taxas que incidiam sobre as transações

e flexibilizar os termos dos contratos de empréstimo. Essa flexibilidade permitiu, por exemplo,

maiores facilidades às famílias para obter taxas de refinanciamento menores, ao mesmo tempo

em que havia incremento dos preços residenciais, aumentando o efeito riqueza e impactando o

consumo privado.

Por fim, as mudanças de regras nas práticas contábeis hipotecárias influenciaram o

apetite dos credores por maior exposição, de tal modo que passaram a ofertar mais crédito,

impactando os preços dos imóveis. Um importante exemplo disso foi a mudança em relação

aos parâmetros prudenciais dos empréstimos. Pelo lado dos bancos, passou-se a utilizar

métodos que baseavam as decisões de empréstimos considerando o valor atual de mercado dos

imóveis, como a LTV (loan-to-value), versus o cômputo dos valores históricos, permitindo-os,

assim, emprestar contabilizando imóveis com valores mais altos como colateral.

As recomendações finais de Tsatsaronis e Zhu (2004), que consideram a inflação

como o principal problema para a elevação dos preços dos imóveis, sugerem cautela às

autoridades monetárias, uma vez que um relaxamento na política de taxas de juros poderia

acelerar tais preços. Um ponto que também merece destaque no artigo é a ideia apresentada de

que a securitização do crédito hipotecário — e um mercado desenvolvido de negociação desses

títulos — permitiu, nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Holanda e na Austrália, a

transferência do risco de crédito do mercado imobiliário ao mercado de capitais, reduzindo,

assim, a exposição ao risco do setor bancário.

2.2 Diante da bolha imobiliária

Com as claras evidências da existência de uma bolha de preços no mercado de

imóveis residenciais norte-americano, os artigos selecionados a partir de 2008 parecem

demonstrar uma preocupação de seus autores em justificar que o quadro teórico do IT deveria

ou poderia ter dado conta da formação da bolha. Nessa direção, os artigos de Goodhart e

Hofmann (2008), Jaroncinski e Smets (2008) e Dokko et al. (2009) procuram mapear e

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entender, sobretudo, a relação entre a política monetária e a evolução dos preços dos imóveis.

Goodhart e Hofmann (2008), por exemplo, embora ressaltem a importância da política

monetária sobre os preços dos imóveis residenciais, concluem também que a oferta de crédito

afeta os preços das residências. Já Dokko et al. (2009) procuram justificar a coerência da política

monetária do BC norte-americano — implementada dentro do quadro teórico do IT —,

alegando que os agentes agiram diante das informações que tinham à época e diante daquilo

que percebiam. A seguir, detalhamos um pouco mais esses três artigos.

Goodhart e Hofmann (2008) publicaram um artigo cujo objetivo foi avaliar a

ligação entre oferta monetária, crédito, preços dos imóveis residenciais e a economia utilizando

modelagem multivariada. Para isso, desenvolvem um painel de estudo contendo dezessete

países, a saber: Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos,

Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Reino Unido, Suécia e Suíça. A

abordagem é desenvolvida por meio da elaboração de modelos VAR para dois períodos: 1973

a 2006, e 1985 a 2006. A distinção entre os períodos se dá porque os autores estão interessados

em entender se há diferença nos resultados da análise para cada período. Essa separação é feita

uma vez que nos anos 1970 houve alta inflação, maior volatilidade do produto e desemprego,

ao passo que nos anos 1980 houve uma mudança de paradigma, o que significou um maior

combate à inflação (reduzindo-a) e um período de maior estabilidade macroeconômica, a

chamada “grande moderação”. Além disso, o setor financeiro passou por grandes mudanças a

partir dos anos 1970, tornando-se menos regulado nos países industrializados, o que poderia

fortalecer o vínculo entre os preços residenciais e esse setor. As variáveis selecionadas para os

modelos, em bases trimestrais, foram as seguintes: GDP, CPI, taxa de juros nominal de curto

prazo, preço nominal das residências, oferta monetária nominal e o crédito nominal concedido

ao setor privado.

Os resultados da análise sobre o período mais longo (1973-2006), obtidos pelo teste

de Granger, indicaram uma causalidade multidirecional das variáveis, com destaques para: (i)

as variáveis monetárias afetando os preços residenciais, (ii) os preços residenciais afetando a

oferta monetária futura e o crescimento do crédito e (iii) variáveis monetárias e preços das

residências afetando o GDP.

Confirmando os resultados do teste anterior, a análise feita a partir da função

impulso-resposta também indicou uma relação multidirecional entre as variáveis monetárias,

os preços das residências e a macroeconomia para o período mais extenso.

Com relação ao período mais curto (1985-2006), embora a expectativa dos autores

fosse que houvesse um maior impacto das variáveis monetárias sobre os preços das residências

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— sobretudo por conta da desregulação financeira e de uma maior estabilidade orientada pela

política monetária do período —, os resultados dos testes de causalidade de Granger indicaram

que os efeitos das variáveis monetárias tinham se tornado mais fracos em relação ao período

anterior. Além disso, a oferta monetária e o crédito não tiveram efeito significativo no

crescimento futuro do GDP nem sobre os preços futuros das residências.

Os resultados da função impulso-resposta sobre o período mais curto também

confirmaram uma relação multidirecional forte entre as variáveis monetárias, os preços das

residências e a macroeconomia. Mas houve algumas mudanças em relação à análise do período

mais longo: (i) a resposta da inflação a choques foi bem mais fraca, o que poderia refletir a

implementação do sistema IT durante o período; (ii) os efeitos de choques dos preços das

residências sobre o GDP, sobre os juros e sobre as variáveis monetárias aumentaram em relação

ao período mais longo; e (iii) os choques advindos do crédito e da oferta monetária ficaram

mais fracos. Apesar disso, uma vez que a resposta da inflação enfraqueceu mais que a resposta

ao choque de preços nominais das residências, o efeito de um choque monetário ou de crédito

nos preços reais dos imóveis se tornou mais forte. Porém, ponderam os autores, devido ao fato

de os intervalos de confiança serem grandes por conta das diferenças entre as amostras dos

períodos de tempo, a função impulso-resposta foi estatisticamente não significante quando se

considera a incerteza ao redor de ambas respostas.

Considerando ainda a hipótese de que há uma ligação entre as variáveis monetárias

e os ativos imobiliários, sobretudo em épocas de boom destes, Goodhart e Hofmann (2008)

desenvolvem mais uma análise sobre o período mais curto. Dessa vez, introduzem no modelo

duas variáveis dummy, sendo uma delas ajustada para o período de boom e outra para o período

em que não há boom dos preços residenciais. Para tanto, seguem uma metodologia de definição

de períodos de boom desenvolvida por Borio e Lowe (2004) e Adalid e Detken (2007). Em

resumo, definem o boom como um desvio positivo de ao menos 5% de uma tendência suavizada

da série de preços das residências, por pelo menos doze trimestres. Segundo os autores, há certa

arbitrariedade na definição desses critérios, embora as metodologias inspiradoras citadas

também tenham arbitrado alguns parâmetros.

Com base no modelo descrito acima, os resultados da função impulso-resposta

sugerem que os choques de oferta monetária e de crédito na economia e nos preços das

residências, tanto nominais quanto reais, são fortes. Segundo os autores, tais resultados

sustentam a ideia de que o crescimento da oferta monetária e o crescimento do crédito têm

informações úteis sobre o crescimento dos preços das residências e sobre a formação de bolhas

imobiliárias.

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Outra maneira de analisarem se houve boom imobiliário foi avaliando se existiu

uma conexão relevante entre as variáveis monetárias e os preços das residências nos países que

tiveram fortes aumentos desses preços. Considerando a metodologia que os autores usaram para

definir os booms, dos dezessete países avaliados, cinco deles apresentaram aumentos de preços

de mais de 200% durante o período analisado: Bélgica, Espanha, Holanda, Irlanda e Reino

Unido. Os resultados da função impulso-resposta mostraram que há forte conexão entre oferta

monetária e crédito afetando os preços dos imóveis nesses países. Os EUA não estavam nesse

grupo, pois o aumento dos preços dos imóveis no período avaliado (1985-2006) foi considerado

moderado, cerca de 70%.

A última análise empreendida por Goodhart e Hofmann (2008) avaliou como

possíveis limitadores das condições de crédito (ou a ausência destes) poderiam ter impactado

os preços dos imóveis residenciais. Segundo eles, havia dois tipos de limitadores. Um deles, a

LTV (loan-to-value), acima mencionada, é uma taxa que restringe o valor emprestado a uma

razão do valor do imóvel/colateral. Quanto menor a taxa, menor o valor que o banco emprestará

para a aquisição do bem. A outra restrição é relativa à renda dos tomadores de empréstimo —

as parcelas do financiamento deveriam guardar uma proporção pré-estabelecida, considerada

pagável, em relação à renda. Segundo os autores, como, em geral, não há informações sobre o

último tipo de restrição nos vários países estudados, eles compararam apenas a evolução da

LTV ao longo do tempo. A conclusão a que chegaram é que, a despeito de haver uma associação

entre alta LTV e o aumento significativo de preços no grupo de cinco países acima citados, não

há uma correlação direta entre essa taxa e os preços no conjunto dos dezessete países

examinados. Citam como exemplo os EUA, onde, embora a LTV tenha sido historicamente

bastante alta, os aumentos de preços dos imóveis no período estudado foram moderados.

Os autores concluem dizendo que seus achados vão em várias direções: que a oferta

monetária tem um efeito importante sobre os preços dos imóveis e sobre o crédito, que o crédito

influencia a oferta monetária e os preços dos imóveis e que estes influenciam tanto a oferta

monetária quanto o crédito. Enfatizam que a ligação entre o preço dos imóveis afetando a oferta

monetária e o crédito, sobretudo no período de análise mais recente que empreenderam, deve

refletir os efeitos da liberalização do sistema financeiro durante os anos 1970 e início dos anos

1980. Destacam também que os choques advindos dos preços das residências, do crédito e da

oferta monetária têm efeitos importantes sobre a atividade econômica e sobre a inflação de

preços agregada. Com relação aos efeitos da oferta monetária e do crédito sobre os preços das

residências, destacam que só são capturados quando há um boom nestes preços, embora esse

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achado não seja estatisticamente significante devido ao grande intervalo de confiança da função

impulso-resposta.

Considerando os resultados de seu trabalho, sugerem que a política monetária que

dê o devido peso aos desenvolvimentos monetários pode ajudar a conter desequilíbrios

nascentes. Porém, em épocas de baixa inflação, os bancos centrais podem ter dificuldade em

sinalizar isso, uma vez que estariam remando contra a maré. Uma forma de agir contra tais

desequilíbrios, sugerem os autores, seria atacar diretamente as conexões entre os preços das

residências e as variáveis monetárias. Isso se daria por meio da introdução de tetos regulatórios

das LTVs para os empréstimos hipotecários residenciais. Quando o nível de crédito hipotecário

sobe, e com ele os preços dos imóveis, a LTV deveria ser mais baixa ou cair, limitando a oferta

de crédito, e vice-versa.

O objetivo do artigo de Jaroncinski e Smets (2008) foi rever o papel do mercado de

imóveis residenciais e da política monetária dos EUA durante o período de 1987 até 2007,

utilizando um modelo Vetor Autorregressivo Bayesiano (BVAR). Este modelo foi utilizado

para realizar três análises.

Primeiramente, queriam avaliar o boom e o estouro da bolha dos anos 2000 usando

projeções baseadas no modelo estimado. A pergunta a que os autores pretendiam responder é

se seria possível estimar o boom e o estouro da bolha imobiliária tendo em conta a evolução do

GDP real, dos preços dos imóveis e das taxas de juros de curto e longo prazo. Os resultados

encontrados pela modelagem VAR foram tais que a evolução do mercado residencial pode ser

explicada apenas parcialmente pelas variações do GDP. Mais especificamente, o grande

crescimento dos preços dos imóveis nos anos 2000 e o pico alcançado em 2006 não puderam

ser explicados pelo modelo. De todo modo, ponderam que adicionar a evolução das taxas de

juros de curto e longo prazo na análise ajudou a melhorar as projeções da bolha.

Em segundo lugar, eles identificaram que os choques de demanda por imóveis

residenciais têm um importante impacto sobre os investimentos residenciais e sobre os preços

destes imóveis. Apesar disso, tais choques aparentemente tiveram um pequeno impacto na

economia dos EUA em termos de crescimento do produto e da inflação agregada. Há também

evidências de que a política monetária tem efeitos significativos sobre o investimento

residencial e sobre os preços das casas, e que o relaxamento da política monetária, concebido

para afastar os possíveis riscos de deflação entre 2002-2004, contribuiu para o boom no

mercado imobiliário em 2004 e 2005. No entanto, mais uma vez, o impacto sobre toda a

economia foi limitado. Uma simulação contrafactual elaborada pelos autores sugere que, sem

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esses choques de política monetária, a inflação teria sido cerca de 25 pontos inferior no final de

2006.

Por último, baseados nas conclusões anteriores e seguindo a metodologia proposta

por Céspedes et al. (2006),5 Jaroncinski e Smets (2008) exploraram o uso de um Índice de

Condições Monetárias (MCI), que inclui a taxa dos títulos federais norte-americanos, o

diferencial da taxa de juros de longo prazo e os preços reais das casas, para medir a orientação

da política monetária. A ideia de medir as condições monetárias levando em conta o peso

adequado dos preços dos ativos financeiros foi lançada pelo Bank of Canada e pelo Reserve

Bank of New Zealand na década de 1990. Como esses dois países são pequenas economias

abertas, seus bancos centrais estavam preocupados em compreender como mudanças na taxa

de câmbio poderiam afetar a condução da política monetária. A ideia foi construir um índice

ponderado da taxa de juros de curto prazo e da taxa de câmbio, em que os pesos refletiam o

impacto relativo das condições monetárias em uma variável-objetivo intermediária ou final, tais

como o hiato do produto, o crescimento do produto ou a inflação. Vários autores têm estendido

a ideia da MCI a outros preços de ativos, argumentando que esses preços podem ser tão ou mais

importantes do que a taxa de câmbio. Um exemplo conhecido dessa extensão está no artigo de

Goodhart e Hofmann (2007), que argumentam que os preços reais das residências deveriam

receber um peso significativo devido ao seu grande impacto sobre a economia e sobre a

inflação. Em contraste a esse artigo, a metodologia MCI proposta por Céspedes et al. (2006)6 é

tal que considera que as taxas de juros e os preços das residências são variáveis endógenas que

respondem sistematicamente aos movimentos da economia. Como resultado, a MCI pode ser

interpretada como uma medida de política monetária.

Usando o BVAR que desenvolveram, Jaroncinski e Smets (2008) procuraram

entender se o aumento dos preços dos imóveis residenciais e se a queda das taxas de juro de

longo prazo levou a um afrouxamento da política monetária nos EUA. Mostram que, apesar da

endogeneidade dos preços das residências em relação à atividade econômica e ao nível de taxas

de juros, considerar esses preços pode reforçar a inferência sobre se a orientação da política

monetária mudou ao longo do tempo. Dada a incerteza sobre as fontes de flutuações do ciclo

de negócios e sobre o impacto dos vários choques sobre a economia (incluindo choques de

demanda habitacional), a incerteza quanto à orientação da política monetária continua a ser

elevada. No entanto, tendo em conta a evolução dos preços das casas, há alguma indicação de

5 CÉSPEDES, B. et al. Conditional Forecasts and The Measurement of Monetary Policy Stance in Brazil, 2006.

Mimeo, apud JARONCINSKI; SMETS, 2008. 6 CÉSPEDES, B. et al. Op. cit., apud JARONCINSKI; SMETS, 2008.

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que as condições monetárias podem ter sido muito relaxadas em 2004 e foram relativamente

restritivas no verão de 2007.

Num artigo publicado em 2009 (pós-estouro da bolha) pela divisão de estatística e

pesquisa do Federal Reserve Board, intitulado Monetary Policy and Housing Bubble, Dokko et

al. (2009) mostraram que os modelos de política monetária do FED, e os modelos da academia

em geral, indicaram uma condução de política monetária coerente com o que era percebido no

ambiente econômico tanto pelo próprio FED como por outros autores.

A preocupação em demonstrar que a política monetária foi correta durante os anos

2000, especialmente entre 2002 e 2006, período que afirmam que foi o da formação da bolha,

procurava lidar com o argumento de que esta tinha se desenvolvido por conta de um

relaxamento da política monetária. O artigo empreendeu uma série de análises com o objetivo

de demonstrar o acerto da política.

Inicialmente, usando o modelo do sistema IT para determinar a taxa de juros do

FED — foi usada uma versão da regra de Taylor —, os autores empreendem um exercício

alterando alguns parâmetros e premissas com base em críticas que o FED vinha recebendo à

época. Basicamente, tais mudanças tornam o modelo mais sensível, o que resulta em taxas de

juros maiores do que as que o FED praticou. Na média, entre os anos 2003 e 2006, as taxas do

FED ficaram cerca de 200 pontos-base abaixo das taxas sugeridas por essa modelagem

alternativa, indicando que a autoridade monetária poderia ter subido as taxas de juros nesse

período.

Os autores argumentam que as decisões do FED foram tomadas considerando as

informações que a própria autoridade monetária e os analistas de mercado tinham naquele

momento. Além disso, por meio de um exercício que simula o impacto de taxas de juros mais

altas nos principais indicadores macroeconômicos, concluem que um possível aumento dos

juros, para além do praticado, não afetaria de maneira substancial o desempenho da economia

no período. Ou seja, a conclusão é que a política monetária implementada no período foi correta

tendo em conta os modelos de IT que o FED utilizou.

A partir dessa conclusão, os autores exploram outras possíveis análises que

poderiam ajudar a entender se de fato houve erro na política monetária, sobretudo se esta

poderia ter afetado o mercado imobiliário norte-americano. Examinam dois outros modelos,

sendo que o primeiro é o principal modelo para analisar a política macroeconômica da economia

dos EUA utilizado pelo Federal Reserve Board, o FRB/US Model. Neste modelo, a política

monetária afeta o custo de utilização de habitações e a riqueza das famílias mediante canais

convencionais de ativos de preço. Esses canais, explicam os autores, determinam o ímpeto dos

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investimentos no setor imobiliário advindos da política monetária: a demanda por habitação é

sensível a persistentes mudanças nas taxas de juros do FED, uma vez que tais mudanças têm

um impacto importante no custo de utilização das habitações (porque os imóveis são ativos de

longa duração). Com o FRB/US Model, empreenderam simulações com juros mais altos que os

praticados entre os anos 2000 e 2006 e concluíram que estes não afetariam muito os

investimentos residenciais. Segundo eles, uma política monetária mais apertada para atacar a

bolha imobiliária não resolveria o problema e, possivelmente, geraria mais desemprego.

O segundo modelo examinado segue a estrutura dos modelos que pesquisadores

fora do FED desenvolveram, como, por exemplo, o elaborado por Jarocinski e Smets (2008),

acima citados. Trata-se de um modelo VAR que inclui as seguintes variáveis: GDP real; gastos

com consumo pessoal; índice de desempenho dos empréstimos em relação ao core do PCE

(Personal Consumption Expenditure, mede essencialmente os gastos das famílias em bens

duráveis e não duráveis e serviços); o índice core do PCE; taxa de desemprego; e taxa de juros

nominal (nominal federal fund rates). As simulações elaboradas usando o VAR sugerem,

segundo os autores, que as condições macroeconômicas não foram responsáveis pelo

desenvolvimento da bolha imobiliária no período que vai de 2003 a 2008. Além de utilizarem

outros modelos e listarem estudos que seguem na mesma direção, concluem esse ponto dizendo

que não conhecem trabalhos que usam uma abordagem estrutural ou semiestrutural que conecte

de forma significativa a política monetária aos desenvolvimentos do mercado imobiliário

durante os anos 2000 nos EUA.

Uma vez que ficou demonstrado que não houve uma importante ligação entre a

política monetária e a bolha imobiliária, examinaram outros fatores que poderiam ter

contribuído para os desalinhamentos do setor imobiliário. O foco dessa parte da análise se

concentrou na desregulamentação do mercado de crédito hipotecário e em como o

desenvolvimento privado desse setor pode ter contribuído para a formação da bolha. Segundo

os autores, a forma do financiamento hipotecário, com a predominância de hipotecas de taxas

ajustáveis versus as de taxas fixas e o papel de outros novos e exóticos instrumentos de

securitização, junto com a demanda por residências e a evolução dos seus preços, permitiram a

insustentável evolução do risco associado a tais inovações. Concluem a análise dizendo que tais

achados são limitados, na medida em que descrevem a evolução do problema, mas não explicam

por que ocorreu.

Reconhecendo que de fato houve uma bolha imobiliária nos EUA durante os anos

2000, afirmam que, com base na noção de mercados eficientes, não há razão a priori para não

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se detectar uma bolha imobiliária em tempo real. A questão seria, nesse ponto, de ordem

empírica prática, ou seja, bastante difícil.

2.3 Comparativo entre as diferentes abordagens sobre os preços dos imóveis residenciais

e sobre a identificação de bolha imobiliária

Com base nos artigos que pesquisamos acima, elaboramos um quadro comparativo

com o objetivo de entender de forma mais sistematizada quais foram as abordagens utilizadas

para compreender os preços dos imóveis residenciais e bolhas imobiliárias, que variáveis foram

utilizadas e quais os foram principais resultados. Há estudos que apresentam algumas variações

entre modelos — as diferenças são, sobretudo, relativas à inclusão ou subtração de variáveis ou

relativas a análises de períodos distintos. Nesse caso, consideramos os modelos mais relevantes

— a inclusão dos submodelos de cada estudo não afetaria o quadro geral. Há um único estudo

que apresenta modelos estruturalmente distintos — nesse caso, listamos os dois modelos.

Ainda, um dos estudos não apresenta modelos econométricos, seu conteúdo foi elaborado com

base em entrevistas. O Anexo 1 apresenta o quadro que elaboramos contendo nove abordagens

distintas. A partir da análise desse quadro, gostaríamos de ressaltar os seguintes pontos:

i. Das nove abordagens, oito utilizaram econometria.

ii. Das oito que utilizaram econometria, cinco utilizaram modelos estruturais do tipo

VAR/VEC.

iii. Os preços dos imóveis foram incluídos em seis das nove abordagens.

iv. Como indicador de renda, seis delas utilizaram o GDP, uma utilizou a renda das famílias

e duas não utilizaram nenhuma variável de renda.

v. Com relação aos indicadores de crédito, quatro abordagens não incluíram nenhum

indicador e cinco delas incluíram indicadores agregados de crédito.

vi. Com relação às outras séries incluídas nas abordagens, a mais utilizada foi a taxa de

juros, comum a seis delas.

vii. Quanto às principais conclusões, há uma dispersão significativa. Contudo, destacam-se:

a política monetária não afeta os preços dos imóveis; o crédito afeta os preços dos

imóveis.

O que chama a atenção nos pontos levantados acima é que, embora essas

abordagens sejam propostas para entender o comportamento dos preços dos imóveis, apenas

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uma delas incluiu na análise a renda das famílias. O GDP, que foi a variável de renda mais

utilizada, nos parece muito distante da dinâmica dos preços dos imóveis. Por exemplo, o GDP

poderia estar caindo devido a uma deterioração na balança comercial, mas a renda das famílias

poderia, nesse caso, continuar constante.

Além disso, com relação ao crédito, quatro das abordagens avaliadas não

contemplaram nenhuma variável de crédito e as outras cinco usaram agregados, o que nos

parece também muito distante da dinâmica dos preços dos imóveis.

Por fim, embora a taxa de juros tenha sido incluída em seis das nove abordagens,

seus efeitos apontam para direções distintas. Por exemplo, Jaroncinski e Smets (2008) dizem

que o relaxamento das condições monetárias pode ter influenciado a formação da bolha

imobiliária, ao passo que Dokko et al. (2009) afirmam que as condições macroeconômicas —

e, portanto, a taxa de juros — não foram responsáveis pela bolha imobiliária.

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3 PROCURANDO COMPREENDER A BOLHA IMOBILIÁRIA

Dado o quadro exposto na seção 2.3, acima — e antes de explicitarmos nossas

hipóteses a respeito das relações entre crédito, renda e taxa de juros na formação dos preços dos

imóveis —, procuramos, a seguir, delinear um quadro teórico que nos ajude a compreender os

mecanismos que originaram a bolha imobiliária norte-americana dos anos 2000 e levaram ao

seu estouro, provocando a crise financeira de 2008. Para tanto, partimos da interpretação de

Minsky (2008) a respeito da fragilidade financeira, e de interpretações e evoluções sobre sua

proposta. Depois de discutirmos brevemente se a bolha imobiliária norte-americana foi ou não

um momento Minsky — apresentando as discussões de Davidson (2008) e Dymski (2010a;

2010b) —, explicitamos a interpretação de Kregel (2008); esta interpretação parte de Minsky,

mas incorpora os desenvolvimentos que ocorreram nos EUA ao longo dos anos 2000,

conseguindo assim demonstrar o caráter endógeno dos desequilíbrios observados nos mercados

imobiliário e financeiro que aqui estamos examinando.

3.1 Endividamento e capacidade de pagamento

Há vasta literatura sobre os efeitos do crédito na economia, sobretudo em relação a

sua capacidade de formar bolhas especulativas ou expor estruturas de financiamento que

colocam risco sistêmico ao setor bancário e à economia como um todo. Um exemplo do

primeiro tipo está em Galbraith (1954), que descreve detalhadamente como os bancos norte-

americanos se excederam nos volumes de empréstimos concedidos às empresas e às famílias, e

como isso foi determinante para a formação e estouro da bolha da bolsa de Nova Iorque em

1929.

Sobre o segundo tipo, Minsky (2008) demonstra como as empresas se fragilizam

ao se endividarem em níveis que seus balanços não suportam absorver, sobretudo quando há

uma reversão do ambiente econômico. Segundo ele, no curso ascendente de um ciclo de

negócios as empresas tomam crédito para financiar seus investimentos e contam com as receitas

futuras destes para quitar seus débitos. Como o fluxo futuro de receitas depende da demanda

futura, que, por sua vez, depende de fatores econômicos e das preferências dos consumidores,

o fluxo de caixa das empresas que tomam crédito é fundamental para a saúde financeira destas

e, consequentemente, para os bancos que emprestam. Numa análise de fluxo de caixa da

economia, a relação crítica que determina o desempenho do sistema é aquela entre os

compromissos de pagamento dos débitos das empresas e suas receitas advindas de operações

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correntes. É a partir da relação entre fluxos de caixa (receitas) e nível de endividamento que

Minsky cria a tipologia que descreve a instabilidade financeira: hedge, especulativo e Ponzi.

De acordo com o Minsky (2008), a robustez ou a fragilidade financeira de um

sistema financeiro dependem do tamanho e da força das margens de segurança, além da

probabilidade de que distúrbios iniciais sejam ampliados. As empresas, de forma geral, e

independentemente de estarem envolvidas em esquemas de financiamento de menor risco, estão

vulneráveis aos desenvolvimentos econômicos que reduzem o fluxo de caixa.

As empresas que usam o sistema hedge esperam que os fluxos de caixa originados

a partir dos bens de capital ou de contratos financeiros sejam mais que suficientes para a

quitação dos compromissos contratuais de financiamento — uma empresa hedge não pode ter

um grande volume de dívidas à vista.

Empresas que usam o sistema especulativo esperam que o fluxo de caixa que se

origina da operação de bens será menor que os compromissos de pagamentos à vista em alguns

períodos tipicamente de curto prazo — em alguns destes períodos o pagamento de

compromissos em dinheiro excede o valor de receita esperada devido aos bens possuídos, ou

seja, os pagamentos em dinheiro dos rendimentos aos investidores excedem o recebimento

esperado de entrada de novos recursos financeiros. No sistema especulativo, os fluxos de caixa

de curto prazo são de tal monta que os custos financeiros não aumentam suas dívidas. Neste

esquema de financiamento a empresa que toma crédito sabe ex ante (dado os termos do contrato

de débito) que os fluxos de pagamento da dívida excederão, em algum momento no futuro, o

fluxo de caixa proveniente das receitas do projeto financiado. No entanto, sob uma perspectiva

de longo prazo, ou seja, considerando a vida útil do ativo criado pelo projeto, os fluxos de

receita gerados por este serão suficientes para pagar o investimento. No esquema especulativo

a empresa sabe que terá que refinanciar, em algum momento no futuro, parte remanescente de

seus débitos.

Já no sistema Ponzi os custos de financiamento são maiores do que as receitas, de

forma que a quantidade nominal de dívida aumenta — as empresas envolvidas nesse sistema

capitalizam juros dentro de sua estrutura de obrigações. Neste esquema a empresa sabe que os

fluxos de receita gerados pelo projeto não são suficientes para cobrir o financiamento. Portanto,

para lidar com os compromissos ela recorre a mais endividamento, aumentando seu volume de

dívidas até, como num esquema Ponzi de pirâmide, não encontrar novos refinanciadores.

Ainda segundo Minsky (2008), devedores ou banqueiros que utilizam o esquema

especulativo ou o esquema Ponzi têm a expectativa de que o pagamento de compromissos sobre

as dívidas ocorra por meio de financiamento, do aumento das dívidas ou da queda de estoques

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desnecessários de bens ou bens financeiros. A seu turno, as empresas envolvidas no esquema

hedge só terão dificuldades de honrar seus compromissos financeiros se suas receitas caírem

em relação às expectativas — portanto, estão imunes a mudanças nas condições financeiras, o

que não ocorre com as empresas envolvidas nos esquemas especulativo ou Ponzi. Estas últimas

são vulneráveis aos desenvolvimentos nos mercados financeiros e precisam enfrentar condições

de mercado que se alteram constantemente e que afetam a taxa de juros e a disposição dos

bancos em emprestar.

3.1.1 Bolha imobiliária: momento Minsky?

Embora Minsky não tenha explorado profundamente em sua análise o

endividamento das famílias com hipotecas residenciais, muitos veículos de mídia e analistas de

Wall Street se referiram à crise de 2008 como um “momento Minsky”. A ideia básica por trás

dessa interpretação refere-se ao grande volume de endividamento hipotecário que as famílias

absorveram entre os anos 2000 e 2007, sobretudo aquelas consideradas subprime, e a

incapacidade de suas rendas darem conta do pagamento das dívidas contraídas. Analogamente

à análise que Minsky fez do endividamento das empresas que buscam financiar seus projetos

de investimento, o “momento Minsky” de 2008 seria enquadrado no esquema Ponzi, onde as

famílias contrairiam dívidas esperando incrementar sua riqueza, mas em níveis que suas receitas

(renda) não suportam absorver, atingindo um nível de endividamento impossível de ser quitado.

Em contraponto a essa interpretação, Davidson (2008) argumenta que a crise

financeira de 2008 não foi um “momento Minsky”. Pare ele, para que um tomador de

empréstimo subprime entre num esquema Ponzi de financiamento, este deveria obter uma

segunda hipoteca para ajudar a pagar os débitos da primeira. Como os tomadores de empréstimo

subprime têm pouco ou nenhum patrimônio residencial para dar em garantia a um segundo

empréstimo hipotecário, o esquema Ponzi não é uma alternativa viável nesse caso. Portanto,

argumenta Davidson, não é um “momento Minsky” por definição, na medida em que a crise

financeira iniciada pelas hipotecas subprime não se enquadram nos esquemas especulativo ou

Ponzi especificados por Minsky para descrever a fragilidade financeira.

Ainda sobre a questão de a crise financeira de 2008 ser considerada um “momento

Minsky”, Dymski (2010b) argumenta que alguns aspectos desta não se encaixam dentro da

elaboração do primeiro. Dymski afirma que Minsky entendia as desacelerações econômicas

como sendo causadas por ciclos de investimentos e não pelo colapso dos preços dos imóveis

residenciais. Por conta disso, focou sua análise nas empresas e não nas famílias. Outro ponto

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destacado por Dymski a respeito da análise de Minsky é que este último argumentava que as

desacelerações econômicas poderiam ser contidas pelo governo no papel de emprestador de

última instância, reestabelecendo a estabilidade financeira e incentivando a demanda agregada

— o que não seria possível executar da mesma forma quando se considera o endividamento das

famílias. Por conta dessas ponderações a respeito do processo de fragilização financeira

proposto por Minsky, Dymski (2010b) propõe três modificações no modelo de Minsky. Para os

objetivos deste trabalho, destacamos apenas uma delas: incorporar os efeitos da evolução da

exclusão e da desigualdade social na dinâmica financeira dos EUA pré-crise de 2008.

3.1.2 Crise subprime e bolha imobiliária

Segundo Dymski (2010a), a crise financeira de 2008 — chamada por ele e por

vários outros autores de crise subprime, foi caracterizada por novas circunstâncias. As

mudanças estratégicas dos bancos norte-americanos no início dos anos 1980, combinadas com

as mudanças estruturais no mercado hipotecário, permitiram a eles conceder empréstimos sem

a necessidade de carregá-los até a maturidade — isso significava que os bancos geravam risco,

mas não o absorviam. No início dos anos 1990, os bancos começaram a fazer empréstimos

predatórios em comunidades socialmente excluídas, muitas vezes através de empresas

subsidiárias. Esses empréstimos não eram produtivos, no sentido de que traziam mais riscos (ao

invés de melhorarem) à posição dos donos das residências que as adquiriam. O risco real desses

empréstimos foi obscurecido por um mercado de residências que surgia e cujo crescimento era

subscrito pela plena liquidez que fluía ao mercado norte-americano de ativos. Dessa forma,

quando os preços das residências atingiram limites críticos em alguns mercados, os bancos

tinham instrumentos disponíveis para conceder empréstimos que antes seriam considerados

muito arriscados.

Segundo Dymski (2010a), os bancos e suas empresas subsidiárias criaram novos

instrumentos para atingir o mercado de famílias de baixa renda e de minorias: dentre esses

instrumentos estavam empréstimos predatórios. Historicamente, desde o início dos anos 1990,

tais instrumentos haviam crescido num ritmo elevado em comunidades ou bairros que sempre

foram excluídos financeiramente. O autor foca sua análise em uma categoria de empréstimos

predatórios: a hipoteca subprime.

Os empréstimos subprime se originaram quando os corretores de hipoteca e os

credores combinaram uma estratégia agressiva de vendas de hipotecas com a segmentação

demográfica. Hipotecas com taxas excessivas, multas elevadas e altas taxas de juros foram

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vendidas às famílias que só tinham tido, até então, acesso ao crédito informal. Inicialmente, a

maioria dos empréstimos subprime eram segundas hipotecas, que eram vendidas aos

proprietários de residências modestas em áreas socialmente excluídas, devastadas pela

desindustrialização.

Muito rapidamente, os empréstimos com estas características foram sendo

comercializados para os novos compradores de residências, especialmente das minorias. Por

conta da grande diferença entre os preços dos imóveis residenciais e a renda das famílias de

baixa renda, criou-se uma modalidade de empréstimos ajustáveis. Tais empréstimos permitiam

pequenos pagamentos por parte dos tomadores de crédito, diferentemente da prática até então

vigente, que exigia pagamentos maiores. Dentro dessa nova modalidade, aos compradores

poderiam ser oferecidos empréstimos que excediam em 80% o preço das residências, ou mesmo

dois novos empréstimos — um para arcar com os 80% do valor da residência e outro para dar

conta dos 20% restantes. Segundo Dymski (2010a), essa modalidade de empréstimo hipotecário

se tornou dominante a partir de 2003, a ponto de o termo “empréstimo subprime” ser usado

especificamente para se referir aos empréstimos para compra de residências feito por famílias

incapazes de absorver o esquema de pagamento denominado “plain vanilla” — ou seja, por um

esquema regular antes utilizado pelo mercado, onde o comprador teria que ter uma poupança

prévia de 20% do valor da residência para compor o empréstimo e ainda teria que usar mais de

30% de sua renda para pagamento da hipoteca.

Dymski (2010a) prossegue afirmando que essa dinâmica levou à explosão de preços

do mercado de residências dos EUA e ao insustentável alargamento dos limites de liquidez no

mercado financeiro. Limites cada vez mais permissivos de securitização do crédito aumentaram

o percentual de empréstimos contratados por meio dos bancos, mas garantidos fora deles, pelo

mercado. Consequentemente, a pressão de risco de liquidez que deveria previamente derrubar

o volume de empréstimos no pico do ciclo não esteve presente. Quando esse pico chegou, não

eram mais os bancos que detinham os balanços mais alavancados, como seria esperado num

ciclo típico do modelo de Minsky. Ao invés disso, as famílias subprime que tomaram crédito e

os SIV (Structured Investment Vehicles) eram quem estava nessa posição. Portanto, continua

Dymski, eram essas unidades — e não os bancos, conforme o modelo de Minsky — que

arcaram com o peso do declínio do mercado residencial, arrastando os bancos com elas.

Além de não caracterizar o processo da bolha imobiliária norte-americana como um

“momento Minsky”, Dymski (2010a) reforça a importância que a renda das famílias (em

especial das famílias de baixa renda) teve no desequilíbrio desse mercado: fica explícito o

descompasso entre a renda das famílias e o volume de crédito concedido na formação da bolha.

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3.2 Instabilidade financeira endógena

A despeito da discussão sobre se a crise financeira de 2008, provocada pela bolha

imobiliária, foi ou não foi um momento Minski, Kregel (2008) parte do quadro teórico

desenvolvido por Minsky (2008) para procurar entender a origem da instabilidade financeira

desse período. Segundo Kregel, Minsky baseou sua análise a respeito da fragilidade financeira

na ideia de que a própria estabilidade do sistema gera comportamentos que produzem a

instabilidade. Essa instabilidade seria criada por um declínio das margens de segurança das

transações financeiras e por um aumento da alavancagem dos bancos. As margens de segurança

de um empréstimo de um banco para uma empresa, por exemplo, poderiam ser determinadas

pela diferença entre o montante emprestado e o montante do projeto financiado; poderiam

também ser definidas ou pelo montante de colaterais exigidos da empresa pelo banco para

financiar o projeto ou, ainda, pelo montante de depósitos em garantia direcionados ao banco

pela empresa. A ideia de incluir a margem de segurança no montante da transação financeira é

criar dispositivos que assegurem que o banco recupere o empréstimo quando as receitas do

projeto forem frustradas.

Kregel (2008) diz que, para Minsky, o incremento da fragilidade financeira é

gestado em torno da lenta e imperceptível erosão das margens de segurança durante o período

de estabilidade. Para entender como isso ocorre, ele explica que os bancos baseiam suas

decisões de empréstimo e a definição das margens de segurança destes tendo em vista dois

aspectos. O primeiro é o histórico de pagamentos do tomador: um bom pagador, com um bom

histórico de quitação de seus empréstimos, torna-se um bom candidato a novos empréstimos.

Ocorre que, em situação de expansão estável, onde julgamentos sobre o futuro são camuflados

pela expansão da economia como um todo, os bancos se tornam menos rigorosos na avaliação

de risco dos tomadores e acabam reduzindo suas margens de segurança. Segundo Kregel

(1997), “It is the expansion that validates more risky projects, rather than any change in

evaluation on the part of the lender”.7

O segundo aspecto que determina a decisão de empréstimo dos bancos está ligado

à avaliação que se faz sobre a opinião convencional que, segundo Minsky, considera o

julgamento dos outros bancos sobre o ambiente de negócios. Isso quer dizer que, em momentos

de otimismo, a avaliação dos bancos sobre a capacidade de pagamento dos emprestadores é

7 Tradução livre: “É a expansão que valida projetos mais arriscados, em vez de qualquer mudança na avaliação

por parte do credor.”

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mais complacente. Assim, tanto os tomadores de empréstimos quanto os bancos se tornam mais

confiantes, sem necessariamente experimentarem euforia ou otimismo excessivo. Nesse

contexto, expectativas otimistas crescentes a respeito da capacidade de pagamento dos

empréstimos, num ambiente de expansão cíclica, podem ser vistas como uma reação racional

dos agentes às avaliações dos eventos passados expressas em altas probabilidades de sucesso.

Nesse ponto, Kregel (2008) relembra Keynes, que havia destacado que esse sucesso não se deve

às habilidades dos empresários, mas sim ao ambiente econômico em expansão — como

resultado, há excesso de empréstimos, sobreinvestimento e concentração de risco.

Embora Kregel (2008) reconheça que a crise de 2008 apresente esquemas de

financiamento Ponzi e também redução das margens de segurança dos empréstimos, ele destaca

que estes elementos tiveram uma origem particular neste período. Por conta do declínio nos

ganhos dos bancos comerciais nos Estados Unidos nos anos 1980, a regulação que os limitava

para a captação de depósitos e para empréstimos de curto prazo foi relaxada para permitir uma

atuação mais ampla no mercado financeiro por meio da criação de empresas afiliadas. Os

bancos, ao perderem sua dominância no mercado de empréstimos, onde os lucros tinham

origem nas margens líquidas de juros, mudaram para atividades que geravam taxas sobre

transações financeiras e comissões sobre a receita. Eles procuraram aumentar suas receitas por

meio de negociações exclusivas em um mercado não regulado por autoridades governamentais.

Isso foi possível graças à revogação, em 1999, da Lei Glass-Steagall,8 o que permitiu a criação

de empresas de operação bancária que praticavam virtualmente todos os tipos de atividades

financeiras.

Ao mesmo tempo, segundo Kregel (2008), a introdução dos padrões mínimos de

adequação de capital dos bancos pelo acordo de Basileia encorajou-os a continuar a aumentar

os seus honorários e comissões e a transferir os empréstimos dos seus balanços para

filiais/empresas não relacionadas aos próprios bancos. Isto produziu uma nova forma de

operações bancárias, conhecidas como “originar e distribuir”. Nelas, os bancos procuravam

8 A Lei Glass-Steagall (Glass–Steagall Act) foi aprovada nos Estados Unidos em 1933 e tratava da regulação

bancária. Para o que nos interessa neste trabalho, vale destacar que tal lei limitava os títulos emitidos por bancos

comerciais, assim como as atividades e afiliações entre bancos comerciais e financeiras. Dentre outros, os objetivos

da lei eram evitar um colapso financeiro sistêmico (como o de 1929) e propiciar condições para um processo de

alavancagem mais alinhado com as necessidades do setor industrial (em detrimento do setor financeiro) — o que

se convencionou chamar de finanças industrializantes. Em 12 de novembro de 1999, a Glass-Steagall foi revogada

e substituída pela Lei Gramm–Leach–Bliley, também chamada de Financial Services Modernization Act. A

revogação da Glass-Stegall removeu a separação que antes existia entre os bancos comerciais e os bancos de

investimento, permitindo que bancos comerciais detivessem empresas com balanços desvinculados dos seus —

isso possibilitava uma alavancagem superior à determinada pelos acordos de Basileia; permitiu também uma série

de inovações em termos de produtos financeiros, abrindo caminho para inovações financeiras como, por exemplo,

os títulos hipotecários subprime.

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maximizar seus honorários e comissões sobre a comercialização de ativos que originavam e

que eram transferidos para empresas afiliadas. Estas empresas, chamadas de empresas de

propósito especial, não estavam ligadas ao próprio originador — isso quer dizer que os ativos

originados pelos bancos, como, por exemplo, recebíveis de empréstimos imobiliários ou

recebíveis de crédito pessoal ao consumo, não eram lançados em seus balanços. Por conta disso,

os bancos passaram a não se preocupar com o risco associado aos ativos que estavam

originando. Seu interesse passou a ser originar o maior número de ativos dentro desse esquema,

obtendo receitas pelas comissões sobre as vendas destes. Consequentemente, as margens de

segurança dessas operações financeiras são reduzidas, uma vez que o problema de solvência

dos ativos não estaria mais nas mãos dos bancos originadores. Qualquer risco de crédito passa

a ser suportado, portanto, pelas entidades de propósito especial e pelos investidores (como

companhias de seguros, fundos de pensões e hedge funds) que financiaram essas operações

comprando tais passivos.

Para que esses ativos pudessem ser vendidos aos investidores pelas empresas de

propósito específico, era necessário que tivessem a classificação e certificação de risco

elaboradas pelas agências de risco. Nesse ponto, Kregel (2008) chama a atenção para uma

diferença importante entre os mecanismos da crise de 2008 e aqueles analisados por Minsky

ligados à redução das margens de segurança. Diferentemente dos bancos, que conheciam o

histórico dos tomadores de crédito, as agências de classificação de risco não tinham ligação

com estes últimos. Para superar esse desconhecimento, elas utilizaram métodos e modelos

estatísticos que procuravam correlacionar o escore de crédito baseado em atributos específicos

dos emprestadores com a probabilidade de estes pagarem seus débitos. Os empréstimos que

eram incluídos em um pool de recebíveis representando as informações dos ativos detidos pela

entidade de propósito específico eram selecionados de maneira a atender uma determinada

probabilidade de retorno — eles não eram selecionados pelo histórico dos mutuários. Isso

representou uma espécie de viés de seleção, onde apenas os empréstimos que se esperava que

tivessem um bom risco de crédito fossem incluídos no pool.

De acordo com Kregel (2008), este procedimento era diferente do descrito por

Minsky, pois não levava em conta o histórico dos mutuários incluídos nos recebíveis, mas

procurava usar a história de outros mutuários para fazer uma previsão prospectiva de risco de

crédito. No caso da securitização9 de empréstimos que não obtinham notas de crédito adequadas

(empréstimos subprime), Kregel diz que este processo foi particularmente perigoso, uma vez

9 Este termo é utilizado no mercado financeiro para designar a transformação de recebíveis em títulos negociáveis.

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que constituíram uma parte importante do crédito hipotecário global durante apenas alguns anos

(de 8% em média entre 2001-2003, a 20% entre 2005-2006). Não houve, portanto, nenhuma

série estatística de desempenho para determinar as correlações entre as pontuações de crédito

dos mutuários e a probabilidade de serem capazes de cumprir seus compromissos. Além disso,

em sua maioria, estes empréstimos foram concedidos sem documentação adequada sobre os

rendimentos dos mutuários, sua riqueza e situação de emprego — cerca de 50% deles foram

classificados como tendo pouca ou nenhuma documentação em 2005 e 2006. Portanto,

prossegue Kregel, muitas informações que seriam necessárias para fazer uma avaliação de

crédito com base no escore dos mutuários não estavam disponíveis e, em muitos casos, foram

fabricadas.

Segundo Kregel (2008), uma grande parcela das hipotecas subprime (cerca de 90%

entre 2004 e 2006) foram subscritas com o esquema de pagamentos tendo taxas de juros

ajustáveis ou apenas taxa de juros simples nos primeiros anos de contrato. Passado esse período,

de cerca de dois a três anos, havia uma mudança prevista nos contratos, que passavam então a

ser ajustados por taxas de juros de mercado mais altas do que as taxas iniciais, pois continham

a parcela de margem de segurança. Quando havia apenas taxas de juros no período inicial, os

contratos previam o refinanciamento total dos débitos. Em ambos os casos, estes procedimentos

impunham aos contratos um declínio nas margens de segurança.

Ainda em relação às margens de segurança dos contratos hipotecários dos anos

2000 nos EUA, Kregel (2008) diz que, para mantê-las, supondo que o mutuário tivesse renda

suficiente para cumprir os seus compromissos durante o período inicial do empréstimo, após

este período seria necessário que: (i) as taxas de juro permanecessem ou abaixo dos níveis muito

baixos em que as hipotecas foram originalmente subscritas, ou (ii) a renda dos mutuários

aumentasse, ou (iii) o preço do imóvel associado às hipotecas permanecesse estável ou subisse,

de modo que, no caso de o mutuário não ser capaz de cumprir os pagamentos, a propriedade

pudesse ser vendida sem perda. Assim, mostrando a conexão com o que Minsky desenvolveu

a respeito da evolução da fragilidade financeira, Kregel diz que o que parecia ser um esquema

de financiamento especulativo nos primeiros anos se transformava ao equivalente a um

esquema Ponzi, uma vez que os compromissos de pagamentos de todo o contrato hipotecário

só poderiam ser mantidos por empréstimo obtidos em uma data futura após os anos iniciais —

apenas dessa forma seria possível dar conta do descasamento entre tais compromissos e as

rendas necessárias para quitá-los. Embora essas hipotecas tenham tido um valor presente

líquido positivo quando avaliadas nos dois ou três primeiros anos, quando se avaliava seu

período total de contrato considerando-se expectativas razoáveis de valores futuros de taxas de

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juros, de crescimento da renda e dos preços de imóveis, o valor presente líquido era igual a

zero. Kregel prossegue: “These were the assets that were securitized and used as collateral to

back the liabilities sold by the special-purpose entities to final investors.”10

O que permitiu a comercialização desses títulos, compostos por diferentes tipos de

hipotecas e demais papéis, foi a junção (num mesmo título — pool) de contratos com diferentes

graus de risco. Kregel (2008) descreve esta composição diferenciando três classes de títulos,

associadas aos seus riscos e retornos.

A classe sênior ou supersênior oferecia uma taxa de retorno garantida porque

continha colaterais suficientes para cobrir qualquer quebra em seus fluxos de receitas. Porém,

embora as hipotecas seniores representassem menos de 100% do valor do conjunto das

hipotecas contidas neste tipo de título, todas as outras (as de maior risco) acabavam por

emprestar o menor grau de risco das primeiras. Este aparente excesso de colateralização das

hipotecas seniores representa o que Minsky chamaria de margem de segurança: o rendimento

esperado delas era um grande múltiplo dos pagamentos de juros e do principal prometidos aos

compradores de títulos — seriam então enquadrados no perfil hedge. E, como tal, recebiam

grau de investimento pelas agências de classificação de crédito, embora contivessem também

em sua composição hipotecas subprime sem valor. Foi a ampla margem de segurança conferida

pelas hipotecas seniores que tornou possível a emissão de títulos com grau de investimento,

embora a composição efetiva desses papéis não refletisse tal grau de risco.

A segunda classe de hipotecas que compunham os títulos comercializados pelas

empresas de propósito específico era composta por títulos intermediários e residuais. Esta classe

de papéis receberia os rendimentos remanescentes após o pagamento dos compromissos das

hipotecas seniores — tinham, portanto, uma margem de segurança menor. Isso lhes conferia

uma receita que variava e que ocasionalmente poderia ficar aquém dos compromissos de

pagamento, mas, em média, apontavam para um valor presente líquido positivo.

Por fim, o pool de títulos comercializados tinha papéis residuais que gerariam

rendimentos aos compradores apenas quando não houvesse pagamentos anteriores ou quando

houvesse falta de pagamentos relativos às hipotecas das duas primeiras classes. Em termos de

fluxos previstos, não havia nesta terceira classe receita em dinheiro para atender a saída de caixa

até que as duas classes de títulos superiores anteriores tivessem sido pagas.

Considerando a composição descrita acima por Kregel, se todos os rendimentos

esperados fossem de fato recebidos, esses títulos teriam uma taxa de retorno muito maior, porém

10 Tradução livre: “Esses são os ativos que foram securitizados e utilizados como garantia para suportar os passivos

vendidos pelas sociedades de propósito específico (SPE) para investidores finais.”

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com uma margem de segurança zero. Entretanto, dada essa mesma composição, o retorno

poderia efetivamente ser zero. Os títulos que não eram classificados como investment grade

foram vendidos a hedge funds dispostos a assumir riscos maiores tendo como objetivo obter

retornos mais elevados; ou foram agrupados e securitizados para dar corpo a outra entidade de

propósito especial que emitiria títulos seniores investment grade, títulos de classificação

intermediária e títulos de valores residuais.

Como a classificação investment grade era crucial para o sucesso desses

instrumentos, as instituições financeiras consultavam as agências de classificação de risco a

respeito da composição adequada dos títulos, bem como sobre a estrutura do passivo. Assim,

mais uma vez, foram essas agencias que determinaram as margens de segurança adequadas dos

títulos. Aqui também tais margens foram definidas considerando-se as probabilidades

estatísticas das taxas de pagamento e de inadimplência das hipotecas subprime associadas aos

títulos.

Kregel (2008) conclui que, na medida em os preços dos imóveis residenciais

continuaram a subir e as originações de títulos a aumentar, as margens de segurança

continuaram a diminuir e, por isso, a fragilidade financeira foi aumentando. Segundo ele, o

declínio da margem de segurança representado pela supercolateralização inerente aos produtos

financeiros descritos acima não é resultado de um processo de avaliação de crédito ocorrendo

ao longo do tempo — como o descrito por Minsky, mas tem origem na análise estatística das

correlações entre as características prévias de tomadores de crédito e suas relações com as

mudanças nas condições financeiras. É a composição dos títulos que determina a margem de

segurança necessária, ao invés do comportamento dos mutuários ao longo do tempo gerando

um histórico de crédito. O resultado desse esquema de financiamento hipotecário e do processo

de comercialização dos títulos dessas hipotecas foi o responsável pela formação e estouro da

bolha imobiliária que aqui analisamos.

Em seguida, explicitaremos nossas hipóteses a respeito das relações entre crédito,

renda e taxa de juros na formação dos preços dos imóveis.

3.3 Hipóteses sobre a relação de longo prazo entre os preços dos imóveis, a renda das

famílias, o crédito hipotecário e a taxa de juros

Nossa hipótese é que há uma relação de longo prazo entre os preços dos imóveis, a

renda das famílias, o crédito hipotecário e a taxa de juros. O esteio central dessa hipótese é que

a renda das famílias é o centro de gravidade dessa relação. As condições de crédito e os preços

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dos imóveis deveriam gravitar em torno da renda quando pensamos num mercado em equilíbrio.

Por sua vez, ainda supondo um mercado em equilíbrio, a taxa de juros deveria servir como

direcionador da riqueza das famílias, balizando os custos de oportunidade dos ativos que estas

desejam possuir.

Sobre a relação renda/crédito, Hofmann (2001), por exemplo, diz que é a renda das

famílias que determina sua capacidade de pagar seus débitos. Ainda, como explicitado por

Goodhart e Hofmann (2008), o crédito assumido pelas famílias deveria guardar uma proporção

com a renda delas. Em outras palavras, o limite de endividamento das famílias é dado por sua

capacidade de pagamento. Numa condição anômala desse mercado, em que o volume de crédito

ultrapassa o limite que a renda das famílias é capaz de suportar — e em que a taxa de juros não

anula os efeitos do aumento expressivo do volume de crédito —, um primeiro sintoma seria o

aumento dos preços dos imóveis. Um segundo, a depender do volume de crédito concedido —

do nível de endividamento das famílias —, seria o estouro de uma bolha imobiliária. Na vasta

literatura econômica sobre modelos de oferta e demanda de bens duráveis e não duráveis, a

renda das famílias aparece como sendo uma variável obrigatória junto com os preços desses

bens. As condições de crédito, por sua vez, juntamente com as taxas de juros, fazem parte de

praticamente todos os modelos de oferta e demanda de bens duráveis. Assim, outra hipótese

que queremos avaliar é que, a despeito do que previa o quadro do IT, onde a taxa de juros

poderia regular os preços dos ativos, não houve equilíbrio entre o fluxo de renda e o fluxo de

crédito no mercado imobiliário norte-americano nos anos 2000, provocando um

desalinhamento de preços desse mercado.

A abordagem que propomos não considera oferta e demanda de crédito, uma vez

que os volumes de crédito efetivamente concedidos — e é essa variável que exploraremos —

já expressam essas relações: embora o volume ofertado tenha aumentado significativamente no

início dos anos 2000, houve demanda para tal, pelo menos até certo limite, antes do estouro da

bolha. Além disso, vale a ressalva de que, num mercado que tende ao equilíbrio, uma eventual

restrição de oferta de imóveis faria com que os preços destes aumentassem até um nível tal em

que as interações entre renda e crédito chegassem ao seu limite — as famílias não pagariam

preços maiores e não se endividariam além do que sua renda pudesse suportar.

Estamos interessados em desenvolver um modelo que mostre como crédito, renda

e juros interagiram para formar a bolha de preços. Para tanto, como detalharemos, vamos dividir

o período de estudo em duas partes. A vantagem dessa abordagem é poder comparar o período

de equilíbrio do mercado imobiliário com o período de desequilíbrio, onde houve bolha. Com

essa comparação esperamos clarificar a importância de uma relação de equilíbrio de longo

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prazo entre as variáveis que queremos examinar. Essa relação, supomos, poderia ser usada para

monitorar o mercado imobiliário e evitar excessos.

Nossa hipótese não exclui os efeitos da desregulação sobre o mercado de crédito

nem os desenvolvimentos do mercado financeiro ocorridos nos EUA durante o período de

estudo, que contribuíram para impulsionar esse mercado. No entanto, entendemos que o foco

do problema não é esse, per se, e sim a desproporção que o volume de crédito passou a ter em

relação à renda das famílias a partir do início dos anos 2000 — não houve um cuidado, por

parte dos reguladores e autoridades monetárias, em olhar para essa relação. Embora se esperasse

um ajustamento do mercado dado pela manipulação da taxa de juros, a relação entre crédito e

renda das famílias não estava no centro das discussões do modelo IT, conforme já explicitamos.

Portanto, novamente, ressaltamos que nosso foco é no volume de crédito concedido, e em suas

interações com renda, taxa de juros e preços.

A partir dessas formulações, em seguida, expomos e analisamos as variáveis

selecionadas, além de explicitar a divisão de períodos que elaboramos para nos auxiliar a

entender o que houve no mercado imobiliário norte-americano. Depois, apresentamos os

modelos que desenvolvemos, seus resultados e análises para compreender a bolha.

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4 MODELOS, RESULTADOS E ANÁLISES PARA COMPREENDER A BOLHA

IMOBILIÁRIA

Neste capítulo apresentamos as variáveis que utilizamos, uma breve descrição da

metodologia empregada (aprofundada no Apêndice), os modelos, seus resultados e as análises

que empreendemos como respostas às questões que levantamos, as quais apresentamos

novamente a seguir:

i. Queremos compreender qual foi a contribuição da renda das famílias, do crédito

hipotecário e dos juros sobre os movimentos de preços dos imóveis residenciais norte-

americanos e como interagiram para a formação da bolha imobiliária dos anos 2000.

ii. Queremos, também, avaliar os coeficientes de ajustamento de longo prazo dos modelos

VEC-M para compreender os desvios do equilíbrio de longo prazo do mercado

imobiliário residencial norte-americano.

Nossa proposta é desenvolver modelos econométricos e análises para compreender

as questões acima. Assim, nas seções de 4.1 a 4.3, abaixo, apresentamos as variáveis, a análise

das séries e a divisão de períodos que efetuamos para identificar a bolha imobiliária. Em

seguida, na seção 4.4, discorremos brevemente sobre a metodologia que utilizamos — o

detalhamento da metodologia se encontra ao final do trabalho, no Apêndice. Na seção 4.5

analisamos a estacionariedade das séries. Na seção 4.6 falamos sobre a identificação dos

modelos. Esta é uma seção importante, uma vez que expomos as relações de longo prazo que

encontramos entre os preços dos imóveis, a renda das famílias, o crédito hipotecário e a taxa de

juros no mercado norte-americano. Nas subseções de 4.6.1 a 4.6.3 tratamos dos testes relativos

aos modelos — especificamente nesta última, já apresentamos alguns resultados relativos à

exogeneidade das séries. Nas seções seguintes se encontram os resultados dos testes e das

análises que empreendemos e que procuram responder às questões que levantamos. A seção 4.7

apresenta os resultados dos testes de causalidade de Granger. A seção 4.8 traz os resultados das

análises da função impulso-resposta. Na seção 4.9 expomos os resultados da decomposição da

variância dos erros de previsão. Por fim, na seção 4.10, apresentamos a análise dos coeficientes

de ajustamento de longo prazo dos modelos de cada período.

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57

4.1 Variáveis

Como queremos entender como a renda, o crédito e a taxa de juros interagiram na

formação dos preços dos imóveis residenciais dos EUA, consideramos as seguintes variáveis:

• RPP – Residential Property Prices. Preço real dos imóveis residenciais nos EUA,

número índice. Fonte: BIS – Bank for International Settlements.

• INC – Total Disposable Personal Income. Renda total pessoal disponível nos EUA em

bilhões de dólares. Fonte: BEA – Bureau of Economic Analysis.

• CRDF – Home Mortgage Flow. Hipotecas residenciais, fluxo de crédito concedido às

famílias nos EUA em bilhões de dólares. Fonte: FED – Federal Reserve System: Flow

of Funds.

• INT – Wu-Xia Shadow Federal Funds Rate. Taxa de juros nominais de curto prazo do

Federal Reserve System – FED, com ajuste a partir de dezembro de 2008.11 Fonte:

Federal Reserve Bank of Atlanta.

A origem dos dados está apresentada ao final do trabalho, na seção “Fontes de

Dados”. As séries INC e CRDF foram deflacionadas pelo índice de preços ao consumidor dos

EUA (CPI). Todas as séries têm periodicidade trimestral, compreendem o período do quarto

trimestre de 1975 (1975Q4) ao quarto trimestre de 2013 (2013Q4) e foram transformadas em

índice base 100 (100=1975Q4).

11 A Fed Funds Rate (taxa de juros de curto prazo) é usada pelo FED como o principal instrumento de política

monetária dentro dos EUA. A partir dezembro de 2008, com o objetivo de estimular a economia abatida pela crise

financeira, a taxa ficou próxima de zero, de modo que não havia mais possibilidade de reduzi-la. Para tentar

estimular ainda mais a economia norte-americana, dada a limitação imposta pela já baixa taxa de juros, o FED

passou a utilizar outra alternativa de política monetária: a compra de ativos em larga escala, conhecida como

quantitative easing. Com o objetivo de entender o impacto dessa política, Wu e Xia (2015) desenvolveram um

modelo que traz uma descrição empírica do comportamento das taxas de juros a partir de 2008. A série de dados

Wu-Xia Shadow Federal Funds Rate considera a Fed Funds Rate efetiva até dezembro de 2008; a partir de janeiro

de 2009, incorpora uma série de taxas de juros ajustada pelo modelo que as autoras desenvolveram. Vale observar

que essa série ajustada se torna negativa a partir de julho de 2009, refletindo conjuntamente as baixíssimas taxas

de juros nominais e o aumento da oferta monetária desse período. Outro ponto que merece ser destacado é que a

série pura do FED (positiva, mas muito próxima de zero) não rendeu resultados satisfatórios nos modelos aqui

desenvolvidos, provavelmente porque mascaravam o real efeito das políticas monetárias do período que

estudamos, que vai até 2013Q4. Os resultados das regressões desenvolvidos com a série pura de taxas de juros

nominais do FED forneceram modelos onde os sinais dos juros não faziam sentido, eram positivos. Já os resultados

obtidos com a série ajustada de juros fornecida por Wu e Xia (2015) produziram resultados conforme o esperado:

os sinais obtidos foram negativos.

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Com relação à taxa de juros nominal de curto prazo que usamos aqui, além do

esclarecimento contido na nota de rodapé n. 11, acima, é importante mencionar por que não

utilizamos uma série real de juros de curto prazo. A escolha da taxa nominal obedeceu a dois

critérios que provavelmente estão ligados entre si. O primeiro, de ordem prática, refere-se aos

sinais encontrados na modelagem dos juros reais: a maioria dos modelos testados apresentou

sinais positivos para essa variável real. Portanto, descartamos os juros reais, uma vez que se

espera que essa variável tenha sinal negativo nos modelos.12

O segundo critério, de ordem teórica, refere-se aos conceitos de taxa de juros

nominais e reais, e pode ter influenciado os resultados do primeiro. A taxa de juros nominal é

escolhida pelo banco central com base em expectativas sobre a inflação futura e sobre o nível

de atividade presente e futuro — é uma definição anterior à realização da inflação e do nível de

atividade. Já a taxa de juros reais considera a taxa nominal (que embutia expectativas) menos a

taxa de inflação efetivamente ocorrida, e só pode ser determinada ex-post. Embora se possa

fazer hipóteses sobre a taxa real corrente, a decisão de alocação da riqueza das famílias é tomada

ex-ante, considerando a taxa nominal de juros. Aliás, é essa a taxa que, junto com as

expectativas sobre inflação e atividade futuras, orientam a decisão de alocação de portfólio das

famílias e das empresas — este ponto faz parte do quadro teórico do IT. Portanto, faz sentido

que os preços dos imóveis sejam influenciados pela taxa nominal de juros, e não pelas taxas

reais. Há uma discussão ampla sobre esse tema, mas parece haver certo consenso quanto à

utilização da taxa nominal de juros em trabalhos acadêmicos que procuram entender bolhas

imobiliárias. Por exemplo, Dokko et al. (2009) acima citados, usam a taxa de juros nominal de

curto prazo em seus modelos para entender as relações entre a política monetária norte-

americana e a bolha imobiliária dos anos 2000. Goodhart e Hofmann (2008), também já citados,

usam a taxa nominal de juros de curto prazo em modelos para 17 países onde querem também

entender as relações desta com os preços dos imóveis. Mendonça e Sachsida (2012), num

trabalho intitulado “Existe bolha no mercado imobiliário brasileiro?”, desenvolvem modelos

12 Como os imóveis são considerados ativos, espera-se que um aumento das taxas de juros impacte negativamente

em seus preços. O conceito que sustenta este efeito baseia-se na ideia de que os imóveis são ativos que têm retorno

— os aluguéis. Nesse sentido, um aumento das taxas de juros aumenta o custo de aquisição de um imóvel, via

encarecimento de crédito, fazendo com que caia a rentabilidade desse ativo: o valor relativo dos aluguéis cai em

relação ao custo de aquisição do imóvel. Com a queda dos rendimentos dos imóveis, caem seus preços.

Concomitantemente, um aumento dos juros torna mais atrativas as aplicações em títulos atrelados a estes,

provocando uma realocação de recursos aplicados em imóveis para, por exemplo, papéis que rendem juros. É o

mesmo efeito que se observa no mercado de ações: um aumento das taxas de juros faz os preços das ações caírem.

Por fim, vale lembrar que esse efeito dos juros sobre os ativos é exatamente aquele esperado e preconizado pelo

quadro teórico do IT.

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que usam a taxa de juros nominais de curto prazo para entender os preços dos imóveis em

algumas regiões do Brasil.

Por fim, se faz necessário um último esclarecimento quanto à definição da variável

de política monetária aqui utilizada. Como já explicitado acima, as taxas de juros reais não

renderam modelos onde o sinal fizesse sentido. Estes resultados podem ser atribuídos a algum

problema de correlação entre variáveis dependentes (que optamos por não explorar) ou à

omissão de alguma variável ligada à política monetária. Considerando esta última hipótese,

testamos incluir a oferta monetária (M1) do período que examinamos, uma vez que a política

monetária dos EUA, antes da implementação do sistema IT — e, portanto, antes de a taxa de

juros se tornar o instrumento de política monetária —, era baseada na manipulação da

quantidade de moeda.13 De todo modo, os resultados obtidos com a inclusão do M1 não

renderam sinais satisfatórios para os juros reais, nem tampouco para o próprio agregado. Vale

ressaltar que a utilização do M1 em conjunto com a Wu-Xia Shadow Federal Funds Rate, que

é a taxa de juros nominais de curto prazo ajustada que utilizamos, também não rendeu resultados

satisfatórios em termos de sinais para os juros nem para este agregado monetário.

4.2 Analise das séries

Como já afirmamos, neste trabalho queremos avaliar se há uma relação de longo

prazo entre os preços dos imóveis residenciais (RPP), a renda das famílias (INC), o crédito

imobiliário (CRDF) e a taxa de juros (INT) no mercado norte-americano. Uma vez que

encontramos essa relação, queremos compreender especificamente qual foi a contribuição da

renda das famílias, do crédito hipotecário e da taxa de juros sobre os movimentos de preços dos

imóveis residenciais daquele país e como interagiram para a formação da bolha imobiliária dos

anos 2000. A hipótese a ser testada é que, embora os agentes do mercado e os formuladores de

política econômica esperassem um ajustamento do mercado imobiliário, inclusive pela ação das

taxas de juros, houve um claro afastamento do equilíbrio — a bolha imobiliária —, indicando

que as forças desse mercado e a política monetária não foram capazes de ajustá-lo. Nesse

contexto, queremos compreender as origens desse desvio. Adicionalmente, propomos avaliar

os coeficientes de ajustamento de longo prazo dos modelos que desenvolvemos para

compreender os desvios do equilíbrio de longo prazo entre as variáveis examinadas. As

diferentes velocidades de ajustamento de cada modelo/período podem indicar um maior ou

13 Segundo Bordo e Schwartz (1997), foi em 1992 que o FED passou a estabelecer diretamente um alvo para a Fed

Funds rate.

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menor afastamento do equilíbrio de longo prazo, sugerindo a identificação de bolhas

imobiliárias ocasionadas por desequilíbrios entre o preço dos imóveis, a renda das famílias, o

crédito imobiliário e a taxa de juros.

As séries selecionadas contêm dados amostrais do quarto trimestre de 1975 até o

quarto trimestre de 2013. Os Gráficos 1 a 4 mostram o comportamento das variáveis que

examinamos durante o período selecionado para o estudo. Na Tabela 1 apresentamos as

estatísticas descritivas de cada uma das séries de índices.

Gráfico 1 - Índices de Preço dos Imóveis dos EUA

Fonte: Elaboração própria

80

120

160

200

240

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Preços dos Imóveis Residenciais - RPP

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Gráfico 2 - Índice de Renda das Famílias dos EUA

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 3 - Índice de Crédito Imobiliário dos EUA

Fonte: Elaboração própria

80

100

120

140

160

180

200

220

240

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Renda das Famílias - INC

-200

0

200

400

600

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Crédito Imobiliáriao - CRDF

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-50

0

50

100

150

200

250

300

350

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010

Taxa Nominal de Juros - INT

Gráfico 4 - Índice da Taxa de Juros dos EUA

Fonte: Elaboração própria

Tabela 1 - Estatísticas descritivas

Fonte: Elaboração própria

Como podemos observar no Gráfico 1, a série RPP apresenta significativo aumento

a partir do ano 2000, atingindo seu pico no primeiro trimestre de 2006, com um aumento de

145% em relação ao trimestre base (1975Q4). Após este período, teve uma queda de 39% em

RPP INC CRDF INT

Mean 147,1076 164,9951 176,0694 102,9883

Median 135,5098 157,7697 149,1094 101,0423

Maximum 244,9984 238,6067 630,4655 337,9522

Minimum 96,3815 100,0000 -194,4587 -36,6909

Std. Dev. 34,0736 44,2502 155,3215 78,5029

Skewness 1,2692 0,1587 1,0259 0,5065

Kurtosis 4,0262 1,6431 4,0350 3,4451

Jarque-Bera 47,790030 12,380570 33,665270 7,803305

Probability 0,000000 0,002049 0,000000 0,020208

Sum 22507,46 25244,26 26938,62 15757,20

Sum Sq. Dev. 176473,1 297627,7 3666962,0 936729,9

Observations 153 153 153 153

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relação ao pico, porém, mantendo um nível mais alto que o valor atingido no quarto trimestre

de 1989. Notamos, na Tabela 1, que essa série tem alta variabilidade, sendo assimétrica e com

cauda longa. A série de renda das famílias (INC), apresentada no Gráfico 2, tem um

comportamento crescente ao longo de todo o período, sendo assimétrica, porém com cauda

curta. A série de crédito (CRDF), apresentada no Gráfico 3, varia em torno de 190 até o quarto

trimestre de 1990 e, a partir daí, apresenta uma tendência crescente nos valores, atingindo o

maior valor, 630, no primeiro trimestre de 2006; após esse trimestre, inicia-se a queda na série

de crédito — é o início do estouro da bolha —, assumindo valores negativos a partir do terceiro

trimestre de 2008. No Gráfico 4, vemos que a série de taxa nominal de juros (INT) cresce

rapidamente, cerca de 230%, entre 1975Q4 e 1981Q2, quando atinge seu pico nessa amostra.

Em seguida, passa a cair até 1987Q1 a níveis próximos do seu início. Tem um novo crescimento

até 1989Q2 e, depois desse ponto, tem uma tendência de queda, apresentando valores negativos

a partir de 2009Q3 até o fim da série. Por fim, na Tabela 1 constatamos que essa série é também

assimétrica e com alta variabilidade.

4.3 Definição dos períodos das séries

Para atingirmos os objetivos acima explicitados, dividimos as séries em três

períodos distintos. A partir do ajuste de modelos e testes que desenvolvemos pare estes

períodos, analisamos e comparamos os resultados de cada um deles.

• Período Total T: 1975Q4 até 2013Q4. Compreende todo o período amostral analisado.

• Período A: 1975Q4 até 1999Q4. É o período onde há equilíbrio no mercado imobiliário.

• Período B: 2000Q1 até 2013Q4. Período onde a bolha se forma e estoura.

O Gráfico 5, abaixo, ressalta a divisão de períodos da série RPP, pois é importante

visualizarmos sua evolução. O exame visual facilita a compreensão das divisões dos períodos,

explicitando o mercado mais próximo do equilíbrio no período A e a bolha imobiliária no

período B.

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64

Gráfico 5 - Períodos analisados da série de preços dos imóveis residenciais, RPP

Fonte: BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS, [s.d.]

O período A denota movimentos menos intensos dos preços dos imóveis

residenciais, RPP, e do fluxo de crédito concedido, CRDF. Entretanto, a taxa de juros INT

cresce e cai bastante nesse período. O início do período B é marcado em 2000Q1, quando o

preço dos imóveis residenciais começa a subir constantemente, ultrapassando o nível mais alto

que havia atingido até então (1989Q4), para, a partir daí, formar a bolha imobiliária. A escolha

do início do período B é arbitrária, mas muito próxima da escolha adotada por Goodhart e

Hofmann (2008), que também utilizaram em sua metodologia alguns parâmetros arbitrários

para definir o início da formação da bolha: 2000Q2, apenas um trimestre à frente de nossa

escolha. Assim, o período B é o de formação e estouro da bolha — logo, o período de

desequilíbrio. Vale notar que a variável crédito tem um aumento significativo nesse período, ao

passo que a renda tem um comportamento mais linear, inclusive durante todo o período T. Os

juros, não surpreendentemente, inicialmente experimentam uma queda dentro do período B, até

2003Q — esse movimento pode ter reforçado a formação da bolha durante o período B. Em

seguida, os juros voltaram a subir até 2007Q1, possivelmente como um movimento que tentava

desinflar a bolha imobiliária. Para cada um dos três períodos, criamos modelos específicos que

serão detalhados à frente.

0

50

100

150

200

250

300

19

75

Q4

19

77

Q3

19

79

Q2

19

81

Q1

19

82

Q4

19

84

Q3

19

86

Q2

19

88

Q1

19

89

Q4

19

91

Q3

19

93

Q2

19

95

Q1

19

96

Q4

19

98

Q3

20

00

Q2

20

02

Q1

20

03

Q4

20

05

Q3

20

07

Q2

20

09

Q1

20

10

Q4

20

12

Q3

Período T = Período A + Período B

RPP

Período A Período B

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65

4.4 Breve descrição metodológica

Neste trabalho, analisamos os períodos T, A e B com o objetivo de poder compará-

los quanto aos modelos obtidos e quanto aos resultados das análises que empregamos. Para

avaliar se há relação de longo prazo entre os preços dos imóveis, a renda das famílias, o crédito

imobiliário e os juros de cada período, primeiramente checamos se as séries RPP, INC, CRDF

e INT são cointegradas. Para essa checagem, inicialmente identificamos se elas são

estacionárias ou não estacionárias. Para tanto, empregamos testes de raiz unitária por período e

por série. Uma vez que identificamos a presença de séries I(1), fizemos os testes de cointegração

das variáveis para cada um dos três períodos. Com base nestes testes, identificamos a presença

de um vetor de cointegração, propiciando a construção de modelos VEC-M para os períodos T,

A e B. Para estes três modelos, desenvolvemos os seguintes testes e análises: (i) testes de

causalidade de Granger; (ii) função impulso-resposta; (iii) decomposição da variância dos erros

de previsão e (iv) coeficiente de ajustamento de longo prazo dos modelos. Analisamos

individual e conjuntamente os resultados dos testes. Para a identificação da bolha imobiliária,

comparamos os coeficientes de ajustamento dos três modelos VEC-M dos diferentes períodos.

O software estatístico usado nesse trabalho foi o EViews 9. As metodologias relativas aos testes

de raiz unitária, à modelagem econométrica, aos testes de causalidade de Granger, à função

impulso-resposta, à decomposição da variância dos erros de previsão e aos coeficientes de

ajustamento de longo prazo dos modelos estão descritas no Apêndice: Metodologia, ao final do

trabalho.

4.5 Estacionaridade das séries

O primeiro passo para a análise econométrica é verificarmos a estacionaridade das

séries RPP, INC, CRDF e INT de cada um dos três períodos estudados. Para todas as séries,

aplicamos os testes ADF, Phillips-Perron e o teste de raiz unitária com quebra estrutural. Os

resultados específicos dos três testes de cada uma das séries dos períodos T, A e B estão nos

Anexos 2, 3 e 4, respectivamente; cada anexo contém três tabelas, referentes aos testes ADF,

Phillips-Perron e quebra estrutural. Os testes permitem concluir que todas as séries de todos os

períodos têm uma raiz unitária. A seguir, comentamos alguns resultados dos testes das séries

por período.

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66

4.5.1 Período T

Série RPP. O resultado do teste ADF não foi conclusivo (Anexo 2, Tabela 1); idem

quanto ao teste de quebra estrutural (Anexo 2, Tabela 3). Porém, o teste de Phillips-Peron indica

que a série tem uma raiz unitária (Anexo 2, Tabela 2). Portanto, concluímos que a série é não

estacionária.

Série INC. Os resultados dos testes de quebra estrutural dessa série não são

conclusivos (Anexo 2, Tabela 3). Porém, a série não aparenta ter quebra estrutural. Já os

resultados dos testes ADF e Phillips-Peron (Anexo 2, Tabelas 1 e 2) permitem concluir que a

série tem uma raiz unitária, sendo não estacionária.

Série INT. Os resultados dos testes ADF e Phillips-Peron não são conclusivos para

essa série (Anexo 2, Tabelas 1 e 2, respectivamente). Porém, o resultado do teste de quebra

estrutural indica que a série tem uma raiz unitária (Anexo 2, Tabela 3). Concluímos, portanto,

que essa série é não estacionária.

4.5.2 Período A

Série RPP. O resultado do teste ADF não foi conclusivo (Anexo 3, Tabela 4).

Porém, o teste de Phillips-Peron e o teste de quebra estrutural indicam que a série tem uma raiz

unitária (Anexo 3, Tabelas 5 e 6, respectivamente). Portanto, concluímos que a série é não

estacionária.

Série INC. Neste período, também os resultados dos testes de quebra estrutural não

são conclusivos para essa série (Anexo 3, Tabela 6). Porém, como comentamos acima, a série

não aparenta ter quebra estrutural. Já os resultados dos testes ADF e Phillips-Peron (Anexo 3,

tabelas 4 e 5) permitem concluir que a série tem uma raiz unitária, sendo não estacionária.

Série CRDF. Os resultados do teste Phillips-Peron dessa série não são conclusivos

(Anexo 3, Tabela 5). Contudo, tanto os resultados do teste ADF como os resultados do teste de

quebra estrutural indicam que a série tem uma raiz unitária, sendo não estacionária (Anexo 3,

Tabelas 4 e 6, respectivamente).

4.5.3 Período B

Série RPP. O resultado do teste ADF não foi conclusivo (Anexo 4, Tabela 7), o

mesmo ocorrendo quanto ao teste de quebra estrutural (Anexo 4, Tabela 9). Porém, como no

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período T acima, o teste de Phillips-Peron indica que a série tem uma raiz unitária (Anexo 4,

Tabela 8). Portanto, aqui também concluímos que a série é não estacionária.

Série INC. Para este período, os resultados dos testes de quebra estrutural dessa

série, como nos períodos T e A, não são conclusivos (Anexo 4, Tabela 9). De todo modo, como

comentado acima, essa série não aparenta ter quebra estrutural. Já os resultados dos testes ADF

e Phillips-Peron permitem concluir que a série tem uma raiz unitária, sendo não estacionária

(Anexo 4, Tabelas 7 e 8, respectivamente)

Série INT. Como no período T acima, os resultados dos testes ADF e Phillips-Peron

não são conclusivos para essa série (Anexo 4, Tabelas 7 e 8, respectivamente). Porém, o

resultado do teste de quebra estrutural indica que a série tem uma raiz unitária (Anexo 4, Tabela

9). Concluímos, portanto, que essa série é não estacionária.

Uma vez que concluímos que as séries dos períodos T, A e B das variáveis RPP,

INC, CRDF e INT têm uma raiz unitária, sendo não estacionárias, podemos prosseguir na

identificação dos modelos que nos ajudarão na análise que queremos empreender.

4.6 Identificação dos modelos

Como nosso objetivo é analisar a relação de longo prazo durante três períodos

distintos entre os preços dos imóveis nos EUA (RPP), a renda das famílias (INC), o fluxo de

crédito hipotecário (CRDF) e as taxas de juros (INT), construímos três modelos de correção de

erro, um para cada período (T, A e B), tendo como base a metodologia de Johansen para extrair

os vetores de cointegração. Os testes de cointegração de Johansen estão ligados ao Teorema da

Representação de Granger, que prescreve a existência de um modelo de correção de erro sempre

que as variáveis forem cointegradas, sendo aplicado apenas para variáveis integradas de

primeira ordem.

Assim, o primeiro passo para a construção do modelo de correção de erro é a

determinação da ordem (ou defasagens) do VAR. Como as periodicidades das séries são

trimestrais, analisamos a possível ordem até a décima segunda defasagem e utilizamos os

seguintes critérios de seleção de defasagens: FPE (Final prediction error), AIC (Akaike

information criterion), SC (Schwarz information criterion), HQ (Hannan-Quinn information

criterion) e LR (sequential modified LR test statistic). Os resultados obtidos encontram-se no

Anexo 5, Quadros 5.1 a 5.3.

Para o modelo T, período Total, dos cinco critérios analisados, dois indicaram

ordem 2 (SC e HQ) e três indicaram sete defasagens (LR, FPE e AIC) — ver Quadro 5.1. Para

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o modelo período A, três critérios indicaram duas defasagens (FPE, SC e HQ) e dois indicaram

oito defasagens (LR e AIC) — Quadro 5.2. Já para o modelo B, dois critérios indicaram duas

defasagens (LR e SC), um critério indicou onze defasagens (FPE) e dois critérios indicaram

doze defasagens (AIC e HQ) — ver Quadro 5.3. Optamos por indicar o VAR com duas

defasagens para todos os modelos, pois todas as outras opções possíveis renderam vetores de

cointegração onde o sinal da variável INT era positivo. Dessa forma, o modelo VEC-M terá

uma defasagem para cada um dos três modelos14: modelo T, modelo A e modelo B.

Após inspeção visual das séries, utilizamos a hipótese que considera que há

tendência linear nas séries e optamos pelo modelo com intercepto no vetor de cointegração.

Como podemos verificar no Anexo 6, Quadros 6.1 e 6.2, os testes do traço e do máximo

autovalor indicaram um vetor de cointegração para o modelo T e para o modelo A,

respectivamente. Já para o modelo B, o teste do traço indicou um vetor de cointegração e o teste

do máximo autovalor não indicou cointegração, conforme podemos observar no Quadro 6.3.

Optamos em considerar um vetor de cointegração para o modelo B, dado que um dos testes

indicou este resultado.

Com esses resultados, confirmamos a relação de longo prazo entre as séries para

cada um dos três períodos. Esse ponto merece especial atenção, uma vez que uma das hipóteses

deste trabalho é analisar a relação de longo prazo entre as variáveis. Os vetores de cointegração

estimados, normalizados em relação à variável RPP, para cada um dos modelos/períodos são:

• Modelo Período T: 𝑅𝑃𝑃 = 0,424 𝐼𝑁𝐶 + 0,123 𝐶𝑅𝐷𝐹 − 0,058 𝐼𝑁𝑇 + 61,335 (1)

• Modelo Período A: 𝑅𝑃𝑃 = 0,011 𝐼𝑁𝐶 + 0,285 𝐶𝑅𝐷𝐹 − 0,010 𝐼𝑁𝑇 + 85,847 (2)

• Modelo Período B: 𝑅𝑃𝑃 = 0,490 𝐼𝑁𝐶 + 0,134 𝐶𝑅𝐷𝐹 − 0,136 𝐼𝑁𝑇 + 49,630 (3)

Outro resultado dos testes, também em linha com as hipóteses levantadas, refere-se

aos sinais encontrados dos vetores de cointegração para cada período, indicando a relação

esperada entre o preço dos imóveis, a renda das famílias, o volume de crédito imobiliário e a

taxa de juros nominal de curto prazo. O Anexo 7 descreve as equações de cointegração

normalizadas (1) a (3) com os respectivos valores da estatística t-Student. Podemos verificar

que os coeficientes associados à variável crédito imobiliário (CRDF) são significativos nas três

equações de cointegração (Quadros 7.1 a 7.3). O coeficiente da variável renda das famílias

14 Os vetores de cointegração foram ajustados considerando uma defasagem a menos do que as obtidas pelo VAR

sem restrição, uma vez que o ajuste é feito em primeira diferença.

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(INC) no modelo que corresponde ao período Total, também é significativo na equação de

longo prazo (Quadro 7.1). Já os coeficientes associados à variável renda das famílias (INC) nos

períodos A e B, e os coeficientes associados à variável taxa nominal de juros (INT) nos três

períodos, dentro das respectivas equações de longo prazo, não permitem essa conclusão (ver

Quadros 7.1 a 7.3).

Nesse escopo, os resultados do Anexo 8 (Quadros 8.1 a 8.3) ilustram os

ajustamentos de curto prazo para os três períodos. Os coeficientes da variável preço dos imóveis

(RPP) são significantes para corrigir os desequilíbrios contra suas próprias realizações no

período anterior, uma vez que o coeficiente de ajustamento de curto prazo é significativamente

diferente de zero para os três períodos

Antes de discutirmos os resultados dos modelos VEC-M, devemos analisar a

condição de estabilidade para cada um dos modelos ajustados. Como as variáveis são postas

em nível, e todas têm raízes unitárias, não é possível avaliar a estabilidade no nível. Assim,

construímos um VAR com as variáveis em primeira diferença. O Anexo 9 mostra os gráficos

das raízes no círculo unitário. Podemos notar que o VAR com as variáveis defasadas é

estacionário para os três modelos. Os conjuntos estimados não possuem raízes unitárias e os

estimadores são consistentes. A estacionaridade indica que os modelos convergem para a média

e têm variância não explosiva. Assumimos, portanto, que o VEC é corretamente estimado,

sendo os estimadores consistentes e assintoticamente eficientes.

4.6.1 Autocorrelação residual

Duas questões a serem analisadas são a autocorrelação residual e a normalidade dos

resíduos. Ao se garantir que os resíduos do VEC têm distribuição normal, garante-se que os

estimadores também têm distribuição normal, o que valida o uso dos testes convencionais de

hipóteses sobre a significância dos coeficientes. Também existe a necessidade de se garantir a

não existência de autocorrelação dos resíduos do VEC.

O Anexo 10 mostra os correlogramas dos resíduos associados aos três modelos e

atesta pela razoável inexistência de autocorrelação residual. Há exceções pontuais nas quais

não se rejeita a autocorrelação na defasagem, mas, dadas as frequências sem padrão e a

periodicidade das séries, assumimos que são correlações espúrias.

Além da análise do correlograma, dois testes foram aplicados com o objetivo de

verificar a propriedade de autocorrelação não contemporânea dos resíduos do VAR: o teste de

Portmanteau e o teste LM.

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O teste de Portmanteau tem como hipótese nula a não existência de autocorrelação

residual não contemporânea até a defasagem h. Os valores foram apresentados no Anexo 11.

Analisando os resultados para o modelo período T, rejeita-se a hipótese nula do teste para

algumas defasagens pelo apontamento do p-valor, lançando dúvida sobre a não existência de

autocorrelação residual (Quadro 11.1). Para os modelos períodos A e B, observamos a não

rejeição da hipótese nula até a décima segunda defasagem destes (Quadros 11.2 e 11.3,

respectivamente). Assim, o teste de Portmanteau não rejeita a inexistência de autocorrelação

residual para as defasagens consideradas para os modelos A e B; para o modelo T, o teste aponta

a existência de autocorrelação residual em algumas defasagens analisadas.

O teste LM de correlação residual é baseado na hipótese nula de não correlação

serial de ordem 1. Os resultados estão no Anexo 12 e sua análise determina que não rejeitamos

a hipótese nula, a 5%, para a extensa maioria das defasagens apontadas. Todavia, também neste

teste, algumas defasagens mostraram-se sobressalentes para os modelos dos três períodos.

Dados os resultados obtidos no teste anterior, assumiremos como espúrias as correlações

apontadas no teste LM. Em suma, os correlogramas mostraram bom comportamento das

correlações dos resíduos e os testes Portmanteau e LM corroboraram com a inexistência de

autocorrelação serial.

4.6.2 Teste de normalidade dos resíduos

A análise do teste de normalidade dos resíduos, exposto no Anexo 13, é resultante

da estatística produzida pela ortogonalização de Cholesky. Os resultados mostraram que, no

quesito coeficiente de assimetria, a 5%, para o modelo período Total, o coeficiente residual para

as variáveis RPP e INT tem comportamento normal, ao passo que para CRDF e INT não tem

comportamento normal. O teste conjunto sob o coeficiente de assimetria também rejeita a

hipótese nula de normalidade — Quadro 13.1. O Quadro 13.2, que se refere ao modelo A,

mostra que as variáveis RPP e INC têm comportamento normal; CRDF e INT não têm

comportamento normal nesse período e o mesmo se conclui quanto ao teste conjunto, onde

rejeita-se a hipótese de normalidade. Já no modelo período B, os resultados do teste indicam

que as variáveis RPP, INC e INT apresentam comportamento residual normal quanto ao quesito

assimetria; idem para o teste conjunto. A variável CRDF, segundo os resultados do teste, não

apresenta comportamento normal.

Quanto à análise da curtose, os testes indicam os resultados a seguir. Modelo

período T, Quadro 13.1: RPP, INC, CRDF e INT, bem como a análise conjunta das variáveis,

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não têm comportamento normal, uma vez que o p-valor obtido nos testes dessas variáveis é

inferior a 5%, significando que a hipótese nula de os resíduos serem normais é rejeitada. Modelo

período A, Quadro 13.2: INC e CRDF apresentam comportamento normal, ao passo que RPP,

INT e a análise conjunta das variáveis não apresentam normalidade. Modelo período B, Quadro

13.3: RPP, INC e CRDF apresentam comportamento normal. INT e a análise conjunta das

variáveis indicam que não há normalidade.

A última etapa do teste de normalidade é o teste de Jarque-Bera, o qual compõe

ambos os quesitos de observação. No Quadro 13.1, que se refere ao modelo período Total, os

testes individuais dos componentes nos levam à rejeição da normalidade de todas as variáveis,

exceto para a variável INC. O teste conjunto também não permite assumir normalidade dos

resíduos para o modelo período Total. No Quadro 13.2, a análise dos resultados do teste do

modelo período A nos conduz à não rejeição da hipótese de normalidade para os componentes

RPP, INC e CRDF. Porém, o teste indica a rejeição dessa hipótese para a variável INT e para o

teste conjunto das variáveis. No Quadro 13.3, a análise dos resultados do teste Jarque-Bera do

modelo período B nos leva à não rejeição da hipótese nula de normalidade para os componentes

RPP e INC; já as variáveis CRDF e INT, bem como os resultados do teste conjunto, não

apresentam normalidade dos resíduos.

Em suma, vimos que, para os testes de normalidade para os três períodos, quando

analisamos os resíduos dos componentes individualmente, temos que os resíduos associados ao

componente INC apresentam normalidade, exceto para a curtose do período Total. Os resíduos

para os outros componentes dependem do período considerado. Uma possível correção da

normalidade poderia ser feita com a inclusão de variáveis dummies para capturar efeitos de

outlier. Porém, essa abordagem não foi considerada neste trabalho. A normalidade para o VEC

apenas fornece mais segurança para os testes de hipóteses dos coeficientes, mas não é

fundamental. Ainda que cientes dos resultados relativos à normalidade dos resíduos do VEC,

prosseguimos a análise.

4.6.3 Testes de exogeneidade

Uma outra etapa da análise está relacionada aos testes para a exogeneidade de cada

variável do VEC. A análise do VEC permite entender como se dá o ajustamento de curto prazo

para garantir a manutenção da relação de cointegração de longo prazo. A estimação desse

modelo também possibilita estudar o grau de exogeneidade das variáveis e, eventualmente,

detectar relações de causalidade no sentido de Granger. Para realizarmos este teste devemos

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aplicar restrições ao vetor de correção de erro, sendo a hipótese nula a variável em questão

fracamente exógena.

Os resultados apresentados no Anexo 14 mostram que não é possível rejeitar a

hipótese de que INC (renda) e INT (juros) são variáveis fracamente exógenas para os três

modelos ajustados, ou seja, nos três períodos. Nos modelos VEC-M ajustados para os períodos

T e B, não é possível rejeitar a hipótese de que a variável CRDF (crédito) é fracamente exógena.

Já para a variável RPP (preços), é possível rejeitar a hipótese de que ela seja fracamente exógena

para os três períodos. Assumimos que RPP não é exógena em relação ao vetor de cointegração.

Isso significa que os preços dos imóveis residenciais nos EUA respondem aos desequilíbrios

de curto prazo das respectivas equações de cointegração.

Para o modelo do período A, rejeitamos a hipótese de que a variável CRDF seja

exógena — ela também responde aos desequilíbrios de curto prazo nesse período. Logo, para

os três períodos de nossa análise, a variável RPP é endógena no ambiente econômico estimado

e as variáveis INC e INT podem ser tratadas como fracamente exógenas nesses períodos em

relação ao vetor de cointegração.

Pelos testes de exogeneidade fraca podemos determinar, utilizando como critério o

valor da estatística do Anexo 14, uma ordenação entre as variáveis para cada um dos três

períodos — da menos endógena para a mais endógena. Os Quadros 14.1 a 14.3 fornecem,

respectivamente, os seguintes resultados de ordenação:

• Período T: Crédito (CRDF), Juros (INT), Renda (INC) e Preços (RPP)

• Período A: Juros (INT), Renda (INC), Crédito (CRDF) e Preços (RPP)

• Período B: Renda (INC), Crédito (CRDF), Juros (INT) e Preços (RPP)

Considerando os modelos VEC-M — Anexo 8, Quadros 8.1 a 8.3 —, analisamos a

causalidade no sentido de Granger para as variáveis endógenas do modelo de correção de erro.

O teste de causalidade de Granger entre blocos de variáveis do modelo VEC é baseado na

comparação de modelos restritos e irrestritos.

No caso do modelo VEC, as variáveis defasadas testadas pelas exclusões são apenas

aquelas em diferença. Eventualmente, os termos defasados presentes na equação de

cointegração não são testados. Como há cointegração, o estudo da causalidade é diferente do

procedimento tradicional. Se uma variável é fracamente exógena, essa variável já é Granger

causada pelo bloco de variáveis do vetor de cointegração. Como já mencionamos acima, a

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exogeneidade fraca foi rejeitada para a variável preço em todos os períodos. Então essa variável

é Granger causada no vetor de cointegração.

Nota-se que o resultado da ordenação das variáveis do período A é o mais

consonante com a teoria econômica, tendo-se em conta as relações de causalidade no sentido

de Granger. Nesse modelo, a determinação da taxa de juros Granger causa a renda, que por sua

vez Granger causa o crédito concedido para as famílias e, por fim, este último Granger causa

os preços dos imóveis residenciais nos EUA. Como o período A é o período de equilíbrio, as

relações econômicas entre as variáveis obtidas nessa análise explicitam um dos pontos que

propomos investigar neste trabalho: o crédito, num mercado em equilíbrio, deve ser

determinado pelo comportamento da renda e dos juros. Além disso, estes resultados também

confirmam a hipótese de que há uma relação causal entre os preços dos imóveis dos EUA, a

taxa de juros, a renda e as condições de crédito nesse país. Em outras palavras, variações da

taxa de juros, da renda e do crédito contribuem para variações dos preços dos imóveis.

Possivelmente porque o mercado nos dois outros períodos estava em desequilíbrio,

sobretudo no período B, a relação causal no sentido de Granger obtida para a variável CRDF

não foi conforme o esperado. Chama atenção o crédito aparecer como a variável menos

endógena no período T e ser a segunda variável menos endógena no período B. Uma hipótese

para sustentar tal resultado poderia residir na ideia de que as decisões de oferta de crédito

tiveram um ímpeto próprio, sendo determinadas de forma exógena ao sistema econômico desses

períodos, com baixa regulação e não considerando a capacidade de pagamento das famílias

dada sua renda. Essa ideia guarda relação com o exposto acima sobre o trabalho de Dymski

(2010a), segundo o qual no período que precedeu a bolha imobiliária nos EUA houve

relaxamento dos limites de securitização do crédito, aumentando o percentual de empréstimos

contratados através dos bancos, mas garantidos fora deles, pelo mercado; idem com relação a

Kregel (2008), que explicita como foi possível a alavancagem do sistema.

Dados os resultados do teste de exogeneidade, agora vamos expor os resultados e

análises do teste de causalidade de Granger.

4.7 Teste de causalidade de Granger

Já definimos acima que a variável preço dos imóveis (RPP) é fracamente exógena

em todos os períodos. Idem para o crédito (CRDF) no período A. Já para as variáveis renda

(INC) e juros (INT), que não foram definidas como endógenas em todos os períodos, assim

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74

como para o crédito (CRDF) nos períodos T e B, é possível verificar a causalidade pelo teste

Wald para o bloco de variáveis. O teste tem a seguinte estrutura:

{𝐻0 ∶ 𝑦 𝑛ã𝑜 𝐺𝑟𝑎𝑛𝑔𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎 𝑧

𝐻𝐴 ∶ 𝑦 𝐺𝑟𝑎𝑛𝑔𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎 𝑧

Considerando os testes da causalidade de Granger do teste Wald para o bloco de

variáveis, expostos no Anexo 15, Quadros 15.1 a 15.3, analisamos em seguida os resultados de

cada variável, comentando-os por período.

4.7.1 Teste de causalidade de Granger: variável RPP (preços)

Quando se considera o efeito conjunto das demais variáveis sobre RPP, notamos

que esta é Granger causada nos três períodos, a 5% de nível de significância. Esse resultado

reforça o caráter endógeno já observado dessa variável na seção 4.6.3.

4.7.2 Teste de causalidade de Granger: variável INC (renda)

Para a variação de INC, não rejeitamos a hipótese de não causalidade da variação

conjunta do preço (RPP), do crédito (CRDF) e dos juros (INT) a 5% de significância. Ou seja,

INC não é Granger causada pelas demais variáveis em conjunto, em todos os períodos — não

há exogeneidade forte. Este resultado está em linha com o obtido no teste de exogeneidade fraca

exposto acima para INC, onde se concluiu pela exogeneidade dessa variável.

4.7.3 Teste de causalidade de Granger: variável CRDF (crédito)

Os resultados do teste de exogeneidade fraca, expostos na seção 4.6.3, acima,

identificaram que a variável CRDF (crédito) é causada pelo vetor de cointegração apenas no

período A. Como já comentamos, esse resultado, neste período — que é o período de equilíbrio

—, parece fazer sentido com a teoria econômica, onde o crédito ocupa uma ordenação de

determinação precedida por juros e renda, respectivamente.

Já nos testes Wald para o bloco de variáveis para todos os períodos, notamos que

todas as demais variáveis Granger causam em conjunto CRDF a 5% de significância (Anexo

15, Quadros 15.1 a 15.3). Esses resultados reforçam o caráter endógeno dessa variável em todos

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os períodos, confirmando que esta variável é tomada como endógena nos modelos dos três

períodos.

É interessante notar que, no período B — o período de desequilíbrio —, o efeito

conjunto é explicado, sobretudo, pelo impacto individual dos preços no crédito, explicitando

possíveis conexões de retroalimentação do sistema. É possível que preços crescentes dos

imóveis sejam um sinalizador positivo de desempenho para o mercado de crédito, incentivando

mais empréstimos, que geram o efeito de aumentar os preços dos imóveis e, assim, podendo

contribuir para a formação de bolha imobiliária. Esse efeito guarda relação com o mecanismo

financial accelerator desenvolvido por Bernanke, Gertler e Gilchrist (1998) e também

explorado por Hofmann (2001) e Tsatsaronis e Zhu (2004), acima citados.

4.7.4 Teste de causalidade de Granger: variável INT (juros)

Nos testes de exogeneidade comentados acima, a variável INT foi considerada

fracamente exógena em todos os períodos, o que é consonante com a teoria econômica. Ainda

com relação a esses testes, o resultado da ordenação das variáveis em função das estatísticas

obtidas evidenciou o esperado apenas no período A: os juros aparecem como a variável mais

exógena. Como já comentamos na seção 4.6.3, os resultados da ordenação dos juros nos

períodos T e B podem advir dos desequilíbrios que queremos apontar nestes períodos.

Aparentando também refletir tais desequilíbrios nos períodos T e B, os resultados

dos testes Wald para o bloco de variáveis destes indicaram que as demais variáveis, em

conjunto, Granger causam INT (respectivamente Quadros 15.1 e 15.3 do Anexo 15). Como a

teoria econômica não indicaria que os juros fossem Granger causados por RPP, INC e CRDF

em conjunto, interpretamos esses resultados como mais um possível reflexo do desequilíbrio

do mercado desses períodos.

Para o período A, os resultados dos testes Wald para o bloco de variáveis indicaram

que INT não é Granger causada pelas demais variáveis em conjunto. Mais uma vez, os

resultados encontrados indicam que este período aponta para um mercado em equilíbrio, dentro

do esperado pela teoria econômica.

Em seguida, analisamos os resultados da função impulso-resposta e da

decomposição da variância dos erros de previsão para os três períodos.

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4.8 Função impulso-resposta

À parte o modelo ajustado, podemos analisar qual o comportamento individual de

variáveis endógenas quando se efetua um choque aleatório de intensidade padrão para cada

variável. O método de separação dos efeitos individuais sobre cada variável endógena de um

choque aleatório sobre o conjunto VAR é possível pela decomposição de Cholesky. Essa

decomposição, todavia, exige a ordenação ad hoc das séries em questão pelo seu grau de

endogeneidade, da menos endógena para a mais endógena. Segundo o critério apresentado

acima nos testes de exogeneidade fraca, para aplicar Cholesky temos as seguintes ordenações:

período T: CRDF, INT, INC, RPP; período A: INT, INC, CRDF, RPP; período B: INC, CRDF,

INT, RPP. Os resultados para um período de trinta trimestres estão ilustrados no Anexo 16.

Este anexo é composto pelas Figuras 16.1 a 16.3 (gráficos) e pelos Quadros 16.1 a 16.3

(tabelas). Em seguida, comentamos os resultados obtidos.

4.8.1 Função Impulso-Resposta: período T

Analisando o Anexo 16, Figura 16.1 e Quadro 16.1, notamos que os preços expostos

aos choques aleatórios advindos dos próprios preços reagem subindo inicialmente até o sexto

período após o choque. Em seguida, seus efeitos vão perdendo intensidade até se tornarem

negativos a partir do vigésimo período. Isso sugere que o comportamento recente dos preços

tem um impacto no comportamento futuro destes, durante certo período.

Por sua vez, um choque aleatório nos preços advindos da renda é negativo a partir

do segundo período, começando a ter um impacto positivo após o décimo primeiro período pós-

choque. Daí passa a subir suavemente, tornando-se quase constante por volta do vigésimo

quarto período. Uma vez que a variável renda se comporta de forma quase constante ao longo

do período analisado, os resultados da resposta dos preços advindos de um choque aleatório da

renda, nesse período, sugerem que as decisões sobre o comprometimento da renda com imóveis

são mais cautelosas — há uma defasagem entre seus aumentos e o impacto destes nos preços

dos imóveis. Essa cautela poderia ser entendida como um período para que o aumento de renda

se consolide até poder ser empenhada, com maior segurança, em imóveis, por exemplo,

aumentando seus preços. Uma outra interpretação, que não exclui a primeira, diz respeito à

possibilidade de aumentos de renda serem, inicialmente, usados para a aquisição de bens não

duráveis ou bens duráveis de menor valor (linha branca ou marrom). Uma vez satisfeitas as

necessidades desses bens e em permanecendo os efeitos do choque de renda, a alocação desta

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começaria a ser desviada em direção a bens duráveis — ativos imóveis — impactando seus

preços.

Com relação ao crédito, nota-se que a resposta dos preços dos imóveis a um choque

aleatório do primeiro é significativa em intensidade e duração, em linha com os achados de

Hofmann (2001) e Goodhart e Hofmann (2008), acima citados. Um aumento no crédito impacta

os preços a partir segundo período, que então passam a crescer a taxas significativas e perduram,

em níveis elevados, até o último período analisado (trigésimo). Vale notar que vem do crédito

o choque aleatório de maior intensidade e duração que afeta os preços no período T. Em

conformidade com as hipóteses que levantamos, os resultados da função impulso-resposta

sugerem que o impacto do crédito nos preços dos imóveis é bastante importante. Esta é uma

das constatações centrais deste trabalho, sendo que o efeito do crédito é mais explosivo do que

o da renda. Ainda, em relação à bolha imobiliária que ora examinamos, constata-se que o

volume de crédito ofertado poderia ser dirigido, evitando que inflasse os preços dos imóveis e

criasse, por meio do efeito riqueza, condições de se tomar mais crédito. Crédito este que, vale

dizer, não guardou relação com a evolução da renda do período.

Com relação aos juros, como vimos quando abordamos o quadro teórico do IT,

esperava-se que fossem capazes de agir sobre o mercado imobiliário norte-americano,

desinflando a bolha. Contudo, embora os juros impactem os preços dos imóveis conforme o

esperado — um choque dos juros afeta os preços negativamente —, os resultados obtidos aqui

mostram que o choque dos juros nos preços é menor em intensidade e duração do que o choque

advindo do crédito. Se se tem em conta um choque de intensidade 1, o impacto deste choque

nos preços, originado pelos juros, chega ao máximo de 3,52 vezes (em módulo), no vigésimo

sexto período. Por sua vez, o mesmo choque de intensidade 1 nos preços, agora advindo do

crédito, chega ao máximo de 8,62 vezes no vigésimo nono período. Pelo exame dos gráficos do

Anexo 16, Figura 16.1, percebe-se também que o efeito do crédito sobre os preços acelera mais

e mais rápido que o efeito dos juros sobre os preços — o crédito afeta mais os preços do que os

juros. Em outras palavras, parece que os juros não foram capazes de neutralizar os efeitos do

crédito sobre os preços dos imóveis residenciais dos EUA.

4.8.2 Função Impulso-Resposta: períodos A e B

No Anexo 16, Figuras 16.2 e 16.3 e Quadros 16.2 e 16.3, apresentamos os gráficos

e as tabelas da função impulso-resposta dos períodos A e B, respectivamente.

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A análise dos resultados da função impulso-resposta do período A sugere haver uma

resposta mais equilibrada dos preços dos imóveis em relação a choques aleatórios dos próprios

preços, da renda, do crédito e dos juros, sobretudo quando comparamos com os resultados do

período B. No período A, no vigésimo período pós-choque aleatório, as variáveis respondem

na seguinte proporção: 3,91 CRDF / 1,72 RPP / 0,95 INC / -1,82 INT. Em contraste, no período

B, a resposta dos preços evidencia, mais uma vez, a importância do crédito na formação da

bolha. Nesse período, a resposta a choques aleatórios, quando também se toma o vigésimo

período pós-choque, guarda a seguinte proporção: 14,64 CRDF / 0,06 RPP / 1,20 INC / -5,65

INT.

Chama atenção o fato de que as respostas dos preços a choques aleatórios

originados pelo crédito são quase quatro vezes maiores no período B do que no período A no

vigésimo período. Já a resposta dos preços a um choque dos próprios preços é menor que a

unidade (0,03 vezes) no período B em relação ao período A. Em relação a um choque da renda,

a resposta dos preços no período B é 1,26 vezes maior que no período A. Com relação ao choque

advindo dos juros, ele foi cerca de 3 vezes mais intenso no período B do que no período A,

comparando-se também o vigésimo período dos testes. Porém, apesar de os juros impactarem

mais os preços no período B, não tiveram força para desinflar a bolha, explicitando, mais uma

vez, que possivelmente não tiveram o efeito esperado pelo quadro do IT. Além disso, conclui-

se que o choque de crédito, em detrimento dos choques das outras variáveis, contribuiu

fortemente com os aumentos dos preços dos imóveis no período B, o período do desequilíbrio.

4.9 Decomposição da variância dos erros de previsão

Com o objetivo de avaliar a intensidade da relação causal que verificamos no teste

de causalidade de Granger, realizamos a decomposição de erros da variância dos três períodos.

Os resultados se encontram no Anexo 17, Quadros 17.1 a 17.3, onde se observa o que segue.

4.9.1 Decomposição da variância dos erros de previsão: período T

Analisando-se inicialmente RPP, no Anexo 17, Quadro 17.1, verifica-se que os

erros de previsão dos preços dos imóveis foram atribuídos aos próprios preços do primeiro ao

décimo período, contribuindo com 98,70% e 54,43%, respectivamente. A contribuição continua

caindo, atingindo 15,38% no vigésimo período e 7,77% no trigésimo. Essa trajetória revela não

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só a importância de RPP na sua própria variação, mas também explicita que vai perdendo força

em se autoexplicar.

As variações dos preços atribuídos às variações de renda, INC, embora menos

intensas que as oriundas das outras variáveis, são mais constantes. Iniciam-se com um valor

inferior a 1% no primeiro período. No décimo período contribuíram com 0,77%; no vigésimo,

com 0,50%; e voltam a subir um pouco no trigésimo, contribuindo com 0,78%. É possível que

um desempenho menos intenso da renda durante o período T seja mascarado pelos efeitos do

crédito: os resultados sobre a renda encontrados nos períodos A e B, abaixo, parecem confirmar

esse ponto.

Já as variações dos preços atribuídas às variações do crédito são bem mais

significativas e confirmam, mais uma vez, as hipóteses deste trabalho: o crédito tem papel

decisivo e prolongado na formação dos preços dos imóveis. Os erros de previsões de RPP

foram, assim, atribuídos à CRDF: 0,35%, 33,10%, 69,08%, e 76,80%, relativos ao primeiro, ao

décimo, ao vigésimo e ao trigésimo períodos, respectivamente. Nota-se um impacto importante

do crédito nos preços dos imóveis: constante, crescente e duradouro. Em linha com os

resultados do teste de causalidade de Granger e também com os resultados da função impulso-

resposta, os resultados aqui reforçam a importância do crédito na formação da bolha imobiliária.

A análise da decomposição da variância dos preços dos imóveis atribuída aos juros

denota que, embora os juros tenham importância na formação dos preços, não foram capazes

de desinflar a bolha imobiliária. Sua participação na formação dos preços dos imóveis é a

terceira maior em intensidade, ficando, porém, bem atrás do crédito. 15 Os juros, assim,

contribuíram na formação dos preços dos imóveis: 0,93%, 11,69%, 15,02%, e 14,62%, relativos

ao primeiro, ao décimo, ao vigésimo e ao trigésimo período, respectivamente. Esses resultados

também sugerem que o efeito dos juros, ao contrário do que era proposto pelo quadro teórico

do IT, não foi capaz de deter a bolha imobiliária.

4.9.2 Decomposição da variância dos erros de previsão: períodos A e B

Os resultados da decomposição da variância dos erros de previsão relativos aos

períodos A e B se encontram no Anexo 17, Quadros 17.2 e 17.3.

15 Vale lembrar que os juros entram no modelo VEC-M com sinal negativo e os efeitos capturados na

decomposição da variância dos erros de previsão tratam da contribuição percentual atribuída de uma variável em

relação à outra. Nesse sentido, entende-se que os juros contribuíram negativamente para a formação dos preços

dos imóveis.

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Mais uma vez, de forma geral, a análise dos resultados dos testes do período A

evidencia uma relação mais equilibrada entre as variáveis, aparentando um mercado em

equilíbrio. Nota-se, em contraste com os resultados do período B, uma mudança mais gradual

ao longo do tempo no que concerne à importância das variáveis na formação dos preços dos

imóveis.

Também em consonância com o que foi encontrado ao analisarmos o período T, no

período A os erros de previsão dos preços dos imóveis impactaram bastante os próprios preços,

contribuindo com 71,17% no primeiro período e reduzindo essa contribuição de forma não

abrupta, passando para 24,47% no décimo período, 17,30% no vigésimo, até alcançar 15,25%

no trigésimo período. Nota-se que, no período A, os preços no final do período analisado

contribuem mais para explicar os próprios preços do que o resultado do período T.

A renda no período A parece evidenciar, mais uma vez, seu papel num mercado

mais equilibrado — sem bolha, pois sua participação nos erros de previsão dos preços dos

imóveis é bem mais alta nesse período do que a participação encontrada tanto no período T

como no período B. Além disso, essa participação é mais constante, pois cai relativamente

menos no período observado: vai de 10,97% no primeiro período para 4,53% no trigésimo

período. Nos períodos T e B temos, respectivamente, as seguintes participações da renda: 0,00%

e 0,82% no primeiro período após o choque e 0,78% e 0,54% no trigésimo período após o

choque.

O crédito no período A, conforme o esperado, ganha importância em termos de

impactos nos preços: as variações dos preços dos imóveis atribuídas ao crédito vão de 12,82%

no primeiro período até 65,24% no trigésimo período. Nesse caso também parece haver mais

equilíbrio na resposta dos preços aos impactos atribuídos ao crédito quando comparamos esse

resultado com os dos outros períodos.

A contribuição dos juros sobre os preços dos imóveis no período A tem trajetória

mais constante e com maior participação relativa em comparação aos períodos T e B,

sinalizando, mais uma vez, um comportamento esperado mais próximo de um mercado em

equilíbrio. É possível supor que, num mercado onde a oferta de crédito guarde uma relação com

a renda mais próxima do equilíbrio — como a encontrada no período A —, os juros exerçam o

papel mais próximo do esperado pelo quadro do IT. As contribuições dos juros para as variações

de preços no período A foram as seguintes: 5,01%, 15,60%, 15,16% e 14,97%, relativas ao

primeiro, ao décimo, ao vigésimo e ao trigésimo períodos, respectivamente. Para o período B,

temos: 0,00%, 2,46%, 9,22% e 11,51%.

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No período B, os preços respondem aos próprios preços dos imóveis de forma

esperada, inclusive muito similarmente ao que encontramos no período T: sua contribuição vai

de 96,61% no primeiro período para 2,39% no trigésimo. Como já ressaltado anteriormente, faz

sentido que os preços passados sejam importantes na determinação dos preços futuros, já que

os primeiros são a referência do mercado. Além disso, espera-se que os preços sejam

importantes nos períodos iniciais e que depois percam importância relativa para o crédito (como

é o caso em todos os períodos analisados), para a renda e para os juros (como seria esperado

num mercado mais equilibrado, do tipo encontrado no período A).

Como já dissemos acima, a renda no período B parece desempenhar um papel

menos importante, ao menos quando comparada ao crédito e mesmo aos juros. A resposta dos

preços às variações advindas da renda é bastante mais fraca, aumentando pouco durante os trinta

períodos analisados.

A análise da decomposição da variância dos erros do período B indica, mais uma

vez, a importância do crédito na formação da bolha. A resposta dos preços dos imóveis às

variações originadas pelo crédito neste período demora, inicialmente, dois períodos para afetar

os preços. Porém, essa pequena demora é, em seguida, sucedida por um rápido crescimento da

sua contribuição: o crédito literalmente infla os preços, indo de 23,15% de contribuição no

quinto período para 85,55% no trigésimo.

A contribuição dos juros na formação dos preços dos imóveis no período B é a

menor dentre os períodos analisados. Inicia com 0,00% no primeiro período, passando para

apenas 2,46% no décimo período. Há um salto no vigésimo período, indo para 9,22%, não

subindo muito mais até o trigésimo período, onde fica em 11,51%.

Considerando os impactos dos juros sobre os preços dos períodos A e B, os

resultados do primeiro parecem dialogar melhor com a proposição do IT, onde os juros teriam

um efeito importante capaz de direcionar os preços dos ativos. Vale ressaltar que, no período

A, a oferta de crédito está dentro de limites mais razoáveis quando comparada aos outros dois

períodos, guardando uma relação mais adequada com a renda das famílias. Dentro desse

ambiente (o ambiente encontrado no período A), pode-se supor que os juros seriam capazes de

operar os objetivos do quadro teórico do IT, agindo sobre os preços dos imóveis. Porém, no

período B, a oferta de crédito foi muito além do que era manejável pela política econômica,

evidenciando que o quadro do IT adotado pelo FED não foi capaz de lidar com esse tipo de

desequilíbrio neste período, o período da bolha. Em outras palavras, os juros não foram capazes

de desinflar a bolha no período B. Outro ponto que emerge da discussão a respeito do ambiente

encontrado no período B é o fato de que não há um equilíbrio do mercado imobiliário resultado

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da interação das próprias forças deste mercado neste período, indicando dificuldade de

autoajustamento. O afastamento do volume de crédito de níveis suportáveis pela renda das

famílias e a incapacidade dos juros de desinflarem os preços dos imóveis, originando a bolha

imobiliária norte-americana, é uma evidência disso.

4.10 Análise dos coeficientes de ajustamento de longo prazo

As equações de cointegração que desenvolvemos para os períodos T, A e B, trazem,

para além das análises que já empreendemos até aqui, informações bastante relevantes a

respeito de cada período específico.

O coeficiente de ajustamento de longo prazo, que é o termo que explicita a

intensidade da resposta de desvios do equilíbrio de longo prazo do sistema, nos fornece

informações sobre qual é a velocidade de ajuste de cada período que examinamos. Como

estamos interessados na identificação de bolhas imobiliárias, esses coeficientes podem ser

usados para exprimir quanto cada sistema/período está longe da sua trajetória de equilíbrio,

quanto tempo “demora” para retornar ao equilíbrio de longo prazo. Segundo Enders (2010),

dado qualquer valor de um vetor de cointegração êt−1, um grande valor de 𝛼𝑦 é associado a um

grande valor de ∆𝑌𝑡. Além disso, o autor nos diz que os valores absolutos desses coeficientes

não devem ser muito altos, uma vez que as estimativas pontuais devem implicar que as variáveis

cointegradas convirjam para a relação de equilíbrio de longo prazo. Os coeficientes de

ajustamento de longo prazo obtidos foram os seguintes:

𝛼𝑇 = − 0,0578

𝛼𝐴 = − 0,0449

𝛼𝐵 = − 0,1025

Em consonância com o observado por Enders (2010), considerando respostas

distintas aos desvios do longo prazo, as diferenças absolutas entre os coeficientes não são altas.

De todo modo, há diferenças importantes entre eles. Antes de falarmos sobre essas diferenças,

vale um esclarecimento sobre os sinais dos coeficientes.

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Uma representação geral dos vetores de cointegração normalizada pode ser

expressa como:

𝑅𝑃𝑃𝑡−1 + 𝛽1𝐼𝑁𝐶𝑡−1 + 𝛽2𝐶𝑅𝐷𝐹𝑡−1 + 𝛽0 = 0 (4)

Para entendermos como essa equação nos fornece uma medida do afastamento do

equilíbrio de longo prazo, tomemos como exemplo os valores das variáveis em 2005Q2: RPP =

233,37, INC = 212,10, CRDF = 565,28 e INT = 57,69. Considerando que o vetor de

cointegração de erros para o período B, Anexo 7 (Quadro 7.3), é 𝑅𝑃𝑃𝐵,𝑡−1 −

0,4907 𝐼𝑁𝐶𝐵,𝑡−1 − 0,1341 𝐶𝑅𝐷𝐹𝐵,𝑡−1 + 0,1366 𝐼𝑁𝑇𝐵,𝑡−1 − 49,6305, o resultado numérico

desse vetor é 11,7384. Esse número, multiplicado pelo coeficiente de correção de erros de

longo prazo, 𝛼𝐵 = − 0,1055 , resulta em − 1,2384 , que é quanto ∆𝑅𝑃𝑃𝐵 desviou do seu

equilíbrio de longo prazo em 2005Q3.

Assim, dentro do esperado, 𝛼𝐴 apresenta o maior valor em relação aos outros

coeficientes, uma vez que exprime a menor velocidade de ajustamento ao nível de equilíbrio de

longo prazo num ambiente sem bolha, ou seja, onde não houve grandes desvios do equilíbrio.

No outro extremo, também dentro do esperado, 𝛼𝐵 apresenta o menor valor, sendo um

sinalizador importante da ocorrência de bolha imobiliária no seu período: um menor valor desse

coeficiente é associado a um maior desvio do equilíbrio de longo prazo, o período da bolha,

conforme demonstrado no exemplo acima. Por sua vez, 𝛼𝑇 apresenta um valor intermediário,

exprimindo uma velocidade de ajustamento que considera períodos mais próximos do equilíbrio

com períodos mais distantes desse.

Por fim, dados os resultados obtidos neste trabalho, os coeficientes de ajustamento

de longo prazo dos diferentes períodos que examinamos sugerem um maior ou menor

afastamento do equilíbrio de longo prazo dos sistemas: o mercado imobiliário dos EUA estará

mais perto do equilíbrio quando o valor de 𝛼𝑌 estiver próximo de − 0,0449 (valor obtido de

𝛼𝐴). Ao se distanciar desse valor, quanto menor for o coeficiente (quanto mais negativo), o risco

de bolha imobiliária aumenta, sendo que, quanto mais se aproximar de − 0,1055 (valor obtido

de 𝛼𝐵), maior será o risco de formação de uma bolha imobiliária.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho procuramos inicialmente caracterizar o sistema IT e explicitar sua

lacuna teórica por contar apenas com a política monetária (taxa de juros) como instrumento que

pudesse atuar sobre a formação de bolhas de ativos. Essa lacuna, entendemos, junto com a

desregulamentação financeira e a flexibilização das normas prudenciais do setor creditício,

foram responsáveis pela formação e estouro da bolha imobiliária norte-americana dos anos

2000.

Dentro desse quadro, para entender a bolha imobiliária norte-americana,

procuramos demostrar a importância de se considerar a relação entre os preços dos imóveis, a

renda das famílias, o endividamento e a taxa de juros. Pelas análises empíricas que

empreendemos, fica claro que um mercado mais próximo do equilíbrio, como o do período A,

tem uma relação entre a renda das famílias, o crédito hipotecário e os juros mais adequada,

suportável pelas famílias. Uma relação renda/volume de crédito/taxa de juros mais sadia

significa também preços dos imóveis menores e um menor potencial de gerar bolhas

imobiliárias. Por outro lado, quando o volume de crédito aumenta muito mais do que a renda

— além daquilo que as famílias podem suportar, como no período B —, uma bolha imobiliária

se forma e, com ela, aumentam os riscos financeiros do sistema. Nesse ponto, os resultados que

encontramos apontam também para a incapacidade da taxa de juros de atuar sobre o mercado

de ativos, especificamente o mercado imobiliário residencial norte-americano. Ainda que a

política monetária aplicada tenha sido de subir os juros no período que precedeu o estouro da

bolha (de 2004Q1 a 2007Q1), não conseguiu desinflá-la — os resultados acima expostos da

função impulso-resposta e da decomposição da variância do período B, sobretudo, explicitam

esse efeito. Em outras palavras, os juros não conseguiram neutralizar o efeito do aumento

significativo do volume de crédito descolado da renda.

Embora os efeitos do crédito e dos juros sobre os preços dos imóveis seja algo

estudado, não encontramos até o momento trabalhos que focassem na relação renda das

famílias/crédito e que mostrassem, quantitativamente, o distanciamento que o crédito teve da

renda das famílias no período que analisamos. Esse distanciamento, repetimos, teve o papel de

formar a bolha e, posteriormente, criar um desalinhamento financeiro cujos resultados sentimos

até hoje. Nesse ponto, este trabalho reforça a ideia de se encontrar instrumentos que monitorem

adequadamente a relação entre os preços dos imóveis, a renda das famílias, o crédito imobiliário

e as taxas de juros. Talvez aqui a dificuldade resida em acompanhar de forma adequada o

sistema de crédito, sempre sujeito a inovações financeiras e a flexibilizações tidas como

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adequadas ao mercado, tornando opaco o monitoramento dessa relação. Uma possível

contribuição para contornar esse problema, dados os resultados expostos neste trabalho, seria

utilizar os coeficientes de ajustamento de longo prazo de diferentes períodos para avaliar

mercados mais ou menos distantes do equilíbrio (com maior ou menor velocidade de

ajustamento), mais próximos ou mais distantes de uma bolha de ativos. Portanto, fica aqui a

sugestão do desenvolvimento de pesquisas futuras que possam avaliar os coeficientes de

ajustamento de longo prazo de modelos que representem os mercados imobiliários de outros

países. Adicionalmente, pode-se utilizar a mesma metodologia aqui empregada para, em

trabalhos a serem desenvolvidos, avaliar o desempenho de outros ativos em diferentes

mercados.

Por fim, sugerimos que a comparação de coeficientes de ajustamento de longo prazo

de diferentes períodos possa ser utilizada também para avaliar relações entre outras variáveis

com o intuito de verificar a proximidade ou o distanciamento do equilíbrio dessas relações. Um

exemplo que consideramos interessante desenvolver seria avaliar a relação de longo prazo entre

a concentração de renda, um indicador de desigualdade e algum indicador de financeirização

da economia. A hipótese para essa pesquisa futura seria que o aumento da financeirização afasta

o sistema do equilíbrio, aumentando a concentração de renda e, portanto, aumentando a

desigualdade.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE: METODOLOGIA

Nesta parte do trabalho descrevemos as metodologias que usamos para empreender

os testes de raiz unitária, os procedimentos e os testes de cointegração, os testes de causalidade

de Granger, a função impulso-resposta e a decomposição da variância dos erros de previsão.

1 Testes de raiz unitária

Para verificar se as séries que utilizamos no trabalho são estacionárias ou não

estacionárias, primeiramente utilizamos o Augmented Dicket Fuller Unit Root Test, proposto

por Dickey e Fuller em 1981. Considerando modelos em que as variáveis são geradas por um

processo autorregressivo de ordem p, o teste ADF avalia três diferentes equações que podem

ser usadas para checar a presença de uma raiz unitária. A inclusão no modelo dos termos

defasados 𝑌 em primeira diferença preserva as condições de que o termo 휀𝑡 seja um ruído

branco. As equações são as seguintes:

∆𝑌𝑡 = 𝑎0 + 𝛾𝑌𝑡−1 + 𝑎2𝑡 + ∑ 𝛽𝑖𝑝𝑖=2 ∆𝑌𝑡−1+1 + 휀𝑡 (5)

∆𝑌𝑡 = 𝑎0 + 𝛾𝑌𝑡−1 + ∑ 𝛽𝑖𝑝𝑖=2 ∆𝑌𝑡−1+1 + 휀𝑡 (6)

∆𝑌𝑡 = 𝛾𝑌𝑡−1 + ∑ 𝛽𝑖𝑝𝑖=2 ∆𝑌𝑡−1+1 + 휀𝑡 (7)

A diferença entre as três equações diz respeito à presença dos termos

determinísticos constante 𝑎0 e de tendência 𝑎2𝑡 . Considerando a hipótese nula 𝛾 = 0 , a

primeira e mais completa equação inclui um drift, constante, e uma tendência temporal linear.

A segunda não tem o componente de tendência linear, e a terceira, além disso, não tem a

constante, sendo um modelo do tipo passeio aleatório puro.

O parâmetro de interesse do teste ADF é 𝛾. Se 𝛾 = 0, a série 𝑌𝑡 tem uma raiz

unitária. O procedimento do teste é estimar uma ou mais das equações acima usando o método

de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para obtermos o valor estimado de 𝛾 e o erro padrão

associado a essa estimação. Usamos o critério de informação de Schwarz para a seleção dos

termos defasados dos modelos. Para determinar se aceitamos ou rejeitamos a hipótese nula de

que 𝛾 = 0, comparamos o resultado da estatística obtida no teste com o valor apropriado

reportado na tabela Dickey-Fuller.

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Para confirmar os resultados obtidos pelo teste ADF, empregamos o procedimento

de Phillips-Perron, proposto em 1988. Em comparação ao ADF, este processo não assume que

휀𝑡 é um ruído branco. Como é um teste consistente mesmo quando há variáveis dependentes

defasadas e correlação serial nos erros, não é necessário um modelo autorregressivo de ordem

p para corrigir tais correlações. Assim, o teste estima as equações (5), (6) e (7), mas sem o termo

∑ 𝛽𝑖𝑝𝑖=2 ∆𝑌𝑡−1+1, e muda a razão do coeficiente 𝛾, de forma que a correlação serial não afete a

distribuição assintótica da estatística do teste. Ao aplicarmos este teste nas variáveis de

interesse, utilizamos o critério Newey-West Bandwidth para a seleção dos termos defasados

dos modelos.

Por fim, considerando que os testes convencionais de raiz unitária podem ter um

viés na direção de uma falsa confirmação da hipótese nula quando os dados têm tendência

estacionária com quebra estrutural, aplicamos o teste de raiz unitária com quebra estrutural nas

séries que apresentavam a possibilidade de quebra. O procedimento deste teste, sugerido por

Perron (1989), considera quatro modelos para séries com uma quebra estrutural. Para dados

sem tendência, considera-se um modelo com (i) mudança no nível da série. Para séries com

tendência, considera-se modelos com (ii) mudança de nível, (iii) mudança de nível e mudança

na tendência e (iv) mudança na tendência.

O procedimento do teste considera ainda duas versões de modelos que diferem

quanto ao tipo de quebra: o modelo inonovational outlier assume que a quebra ocorre

gradualmente, como se seguisse a dinâmica de uma inovação; o modelo additive outlier

considera que a quebra ocorre imediatamente. As equações são as mesmas do teste ADF com a

adição de variáveis dummy de quebra para eliminar a dependência assintótica da estatística do

teste na estrutura de correlação dos erros. O teste empregado nesse procedimento avalia a

hipótese nula onde a série segue um processo de raiz unitária, possivelmente com uma quebra

estrutural, contra uma hipótese alternativa que considera uma tendência estacionária com

quebra.

Neste procedimento, há uma série de especificações para as hipóteses nula e

alternativa que dependem das premissas que se fazem sobre a dinâmica da quebra, sobre o

comportamento de tendência, e se a data da quebra é conhecida ou determinada endogenamente.

2 Cointegração

Uma vez que identificamos que as séries RPP, INC, CRDF e INT são integradas de

ordem 1, a próxima etapa consiste em avaliar se essas séries têm uma relação de equilíbrio de

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longo prazo. Em outras palavras, precisamos verificar se são cointegradas, o que garante que

exista um modelo de correção de erros. Especificamente, aqui analisamos três modelos de

cointegração para as séries RPP, INC, CRDF e INT, um para cada um dos períodos T, A e B.

Como estamos interessados em uma cointegração multivariada, usamos o teste de

cointegração de Joahansen, descrito em Enders (2010); por envolver as três variáveis de

interesse, não se exige que pré-determinemos quais delas são endógenas ou exógenas no

modelo.

O objetivo do procedimento é verificar a presença de um ou mais vetores de

cointegração, de forma que a relação 𝑢𝑡 = 𝑅𝑃𝑃𝑡 − 𝛽1𝐼𝑁𝐶𝑡 − 𝛽2𝐶𝑅𝐷𝐹𝑡 + 𝛽3𝐼𝑁𝑇𝑡 seja

cointegrada de ordem zero. Para tanto, usa-se um modelo VAR (vetor autorregressivo),

representado pela seguinte equação:

𝑋𝑡 = 𝐴0 + 𝐴1𝑋𝑡−1 + 𝐴2𝑋𝑡−2 + 𝐴3𝑋𝑡−3 + ⋯ + 𝐴𝑘𝑋𝑡−𝑝 + 휀𝑡 (8)

em que:

𝑋𝑡 = vetor (4 × 1) composto pelas das variáveis 𝑅𝑃𝑃𝑡, 𝐼𝑁𝐶𝑡 , 𝐶𝑅𝐷𝐹𝑡, 𝐼𝑁𝑇𝑡

𝐴0 = vetor (4 × 1) dos termos de intercepto

𝐴𝑖 = matriz (4 × 4) dos coeficientes, para i=1, 2, …, p

휀𝑡 = vetor (4 × 1) dos termos de erro, sendo 휀𝑡~ 𝑖. 𝑖. 𝑑 (0, 𝛺)

Para determinação das defasagens dos modelos VAR, utilizamos os seguintes

critérios: FPE (Final prediction error), AIC (Akaike information criterion), SC (Schwarz

information criterion) e HQ (Hannan-Quinn information criterion).

De acordo com Enders (2010), pelo teorema de representação de Granger, a

equação (8) pode ser expressa por um modelo VEC (vetor de correção de erros), quando

𝑋𝑡~ 𝐶𝐼(𝑑, 𝑏), obtendo-se:

∆𝑋𝑡 = 𝜋𝑋𝑡−1 + ∑ 𝜋𝑖𝑝−1𝑖=1 ∆𝑋𝑡−𝑖 + 휀𝑡 (9)

De forma que 𝜋 = −(𝐼 − ∑ 𝐴𝑖𝑝𝑖=1 ), em que I é uma matriz identidade e

𝜋𝑖 = − ∑ 𝐴𝑗𝑝𝑗=𝑖+1 , 𝑖 = 1, 2, … , 𝑝 − 1 .

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A matriz 𝜋, que neste trabalho é de ordem (4 × 4), pode ser representada pelo

produto da matriz de ajustamento 𝛼, composta por r vetores de ajustamento, pela matriz 𝛽

composta por r vetores de cointegração. Assim, temos:

𝜋 = 𝛼𝛽𝑇 (10)

A matriz 𝛼 expressa os ajustes médios para os desequilíbrios no curto prazo. A

matriz 𝛽 fornece os parâmetros de cointegração, ao passo que a expressão 𝛽𝑇𝑋𝑡−1 representa o

termo de correção do erro.

Considerando hipóteses de normalidade e de não correlação do termo erro, ou seja,

휀𝑡~ 𝑁 (0, 𝛺) e 𝐸[휀𝑡, 휀𝑞] = 0, para 𝑡 ≠ 𝑞, o modelo é estimado por máxima verossimilhança.

O posto da matriz 𝜋 na equação (9), denotado por 𝑟, é igual ao número de vetores

de cointegração. Se 𝑟 = 0, a matriz é nula e a equação (9) é um modelo VAR em primeira

diferença. Nesse caso, não haveria relação de longo prazo entre RPP, INC e CRDF, pois não há

uma combinação linear entre as variáveis que resulte em um vetor erro estacionário. Se 𝑟 = 3,

ou seja, se for igual ao número de variáveis no modelo, 𝜋 tem posto completo e as variáveis do

vetor 𝑋𝑡 são estacionárias — daí não seria necessária a análise de cointegração. Por fim, se 1 <

𝑟 < 𝐾, em que 𝐾 é o número de variáveis do modelo, existem 𝑟 vetores de cointegração.

Johansen propôs dois testes para determinação do posto da matriz 𝜋 , ambos

baseados na análise de significância das raízes características, ou autovalores, da matriz 𝜋. Para

tanto, empregam-se dois testes estatísticos: (i) estatística traço, λtrace ; (ii) estatística do

máximo autovalor, λ𝑚𝑎𝑥.

O teste do traço considera como hipótese nula a existência de, no máximo, 𝑟∗

vetores de cointegração, contra a hipótese alternativa de 𝑟 > 𝑟∗. A estatística do teste é dada

pela seguinte equação:

λ 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑒(𝑟) = −𝑇 ∑ 𝑙𝑛𝐾𝑡=𝑟+1 (1- 𝜆𝑖) (11)

em que λ ∈ [0,1] são os autovalores da matriz 𝜋, 𝑇 é o número de observações e 𝐾

é o número de variáveis empregadas. Aqui consideramos 𝐾 = 3.

O teste do máximo autovalor testa a hipótese nula de 𝑟∗ vetores de cointegração

contra a hipótese alternativa de 𝑟∗ + 1 vetores. A estatística do teste do máximo autovalor é

dada pela equação:

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λ 𝑚𝑎𝑥(𝑟, 𝑟 + 1) = −𝑇 𝑙𝑛 (1- 𝜆𝑖) (12)

Os valores críticos das estatísticas traço e máximo autovalor foram tabulados por

Johansen e Juselius (1990). De acordo com Enders (2010), os resultados dos testes podem ser

conflitantes. Neste caso, é apropriado usar o teste de máximo autovalor, uma vez que a hipótese

alternativa é mais rigorosa.

Para a determinação do número de vetores de cointegração do modelo, ainda é

necessário considerar a possibilidade de inclusão de termos determinísticos dentro e/ou fora do

vetor de cointegração. Harris (1995) discute essa decisão a partir de um modelo de correção de

erros simplificado, conforme abaixo:

∆𝑋𝑡 = 𝛼[𝛽𝑡𝑋𝑡−1 + 𝜇1 + 𝛿1𝑡] + ∑ Γ𝑖∆𝑋𝑡−𝑖 + 𝜇2𝑝−1𝑖=1 + 𝛿2𝑡 + 휀𝑡 (13)

A partir da equação (13) podemos obter outros cinco modelos, sendo que cada um

deles pode representar melhor as características particulares dos dados. Abaixo listamos as

possibilidades.

• Modelo 1: ausência de componentes determinísticos na série de dados, o modelo mais

apropriado deve ter uma especificação mais restrita, ou seja: 𝛿1 = 𝛿2 = 𝜇1 = 𝜇2 = 0.

• Modelo 2: se a série não exibe uma tendência determinística em nível e se a primeira

diferença dela tem média zero, então, quando houver cointegração, o modelo com

intercepto no vetor de cointegração será o mais apropriado: 𝛿1 = 𝛿2 = 𝜇1 = 0.

• Modelo 3: se a série exibe uma tendência linear em nível, recomenda-se usar um modelo

que permita a constante dentro e fora do vetor de cointegração: 𝛿1 = 𝛿2 = 0.

• Modelo 4: para capturar o crescimento de tendência exógena desconhecida pelo modelo,

e que não seja quadrática, a restrição a ser imposta permite a inclusão de uma tendência

estacionária apenas no vetor de cointegração: 𝛿2 = 0.

• Modelo 5: para capturar os efeitos de uma tendência quadrática no longo prazo e de uma

tendência linear no curto prazo, o modelo deve ser tal que o parâmetro 𝛿2 seja irrestrito.

De acordo com o sugerido por Harris (1995), a escolha do modelo é dada por uma

avaliação visual da série, selecionando assim qual é a especificação que, dentre as cinco listadas

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acima, se ajusta melhor à série. Neste trabalho usamos o modelo 2, pois, após visualização das

séries, assumimos que não há uma tendência determinística em nível e que em primeira

diferença a série tem média zero. Além disso, esse modelo é o mais parcimonioso quando

comparado aos modelos 3 e 4.

Uma vez selecionado o modelo mais apropriado, estimamos o VEC-M e podemos

empreender os testes de causalidade de Granger, de impulso-resposta e de correção da variância

dos erros, além de analisar o coeficiente de ajustamento de longo prazo, que multiplica o vetor

de correção de erros. Como dito acima, desenvolvemos três modelos VEC, um para cada

período distinto (períodos T, A e B).

3 Teste de causalidade de Granger

A abordagem de Granger (1969) para testar se uma variável 𝑋 causa outra

variável 𝑌 consiste em avaliar quanto das mudanças do valor atual de 𝑌 pode ser explicado

pelos valores passados do próprio 𝑌 e, em seguida, testar se a adição de valores defasados de 𝑋

pode melhorar a explicação. 𝑋 Granger causa 𝑌 se 𝑋 contribui na predição de 𝑌 ou, de forma

equivalente, se os coeficientes dos valores defasados de 𝑋 são estatisticamente significantes. O

efeito causal bidirecional é relativamente frequente, de modo que podemos ter como resultado

do teste, simultaneamente, 𝑋 Granger causa 𝑌 e 𝑌 Granger causa 𝑋. Vale notar que a frase “𝑋

Granger causa 𝑌” não implica que 𝑌 é o efeito ou o resultado de 𝑋. O teste de causalidade de

Granger mede precedência/antecedência e informações de conteúdo, mas não indica, per se,

causalidade no sentido comumente usado.

O primeiro passo para efetuar o teste deve ser selecionar o número de defasagens

da regressão. Não há uma regra pré-definida para tal seleção, porém, é preferível que se use

mais defasagens ao invés de menos, uma vez que a teoria se apoia na relevância das informações

passadas. Pode-se arbitrar uma defasagem 𝑙, por exemplo, que razoavelmente corresponda ao

período mais longo em que se supõe que uma das variáveis pode auxiliar na predição da outra.

As equações do teste têm o seguinte formato:

𝑌𝑡 = 𝛼0 + 𝛼1𝑌𝑡−1 + ⋯ + 𝛼𝑙𝑌𝑡−𝑙 + 𝛽1𝑋𝑡−1 + 𝛽𝑙𝑋𝑡−𝑙 + 휀𝑡 (14)

𝑋𝑡 = 𝛼0 + 𝛼1𝑋𝑡−1 + ⋯ + 𝛼𝑙𝑋𝑡−𝑙 + 𝛽1𝑌𝑡−1 + 𝛽𝑙𝑌𝑡−𝑙 + 휀𝑡 (15)

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para todos os possíveis pares de séries (𝑋, 𝑌) do grupo de variáveis. A estatística F

do teste é dada pela estatística Wald, considerando a seguinte hipótese conjunta para cada

equação:

𝛽1 = 𝛽2 = ⋯ = 𝛽𝑙 = 0

A hipótese nula do teste é:

𝑋 não Granger causa 𝑌 na equação (14)

𝑌 não Granger causa 𝑋 na equação (15).

4 Função impulso-resposta

O objetivo da função impulso-resposta é analisar o comportamento individual das

variáveis de um sistema a partir de choques advindos de inovações. Um choque em uma

determinada variável tem impactos na própria variável e em todas as outras variáveis endógenas

do sistema, dada a estrutura dinâmica de defasagens de um modelo tipo VAR.

Segundo Bueno (2011), de modo geral, um modelo VAR não permite identificar

todos os parâmetros da forma estrutural, a não ser que sejam impostas restrições adicionais.

Para lidar com isso, Sims (1980) sugere um sistema recursivo de identificação do modelo, o

que significa impor que alguns coeficientes sejam iguais a zero — geralmente, argumentos

econômicos são usados para definir quais deles são iguais a zero. Essa sugestão impõe que o

efeito feedback seja limitado. Tendo em conta um modelo bivariado, em que a restrição é 𝑎12 =

0 associada ao efeito contemporâneo da variável 𝑍𝑡 na variável 𝑌𝑡, temos:

𝑌𝑡 = 𝑏10 + 𝑏11𝑌𝑡−1 + 𝐵12𝑍𝑡−1 + 휀𝑡 (16)

𝑍𝑡 = 𝑏20 − 𝑎21𝑌𝑡 + 𝑏21𝑌𝑡−1 + 𝐵22𝑍𝑡−1 + 휀𝑡 (17)

A restrição torna os parâmetros estruturais restantes identificáveis, conforme

abaixo:

𝐴−1 = [1 0

−𝑎21 1] ⟹

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[𝑌𝑡

𝑍𝑡] = [

1 0−𝑎21 1

] [𝑏10

𝑏20] + [

1 0−𝑎21 1

] [𝑏11 𝑏12

𝑏21 𝑏22] [

𝑌𝑡−1

𝑍𝑡−1] +

+ [1 0

−𝑎21 1] [

𝜎𝑦 0

0 𝜎𝑧] [

휀𝑦𝑡

휀𝑧𝑡].

Como 𝑎12 = 0, os erros reduzidos serão:

[𝑒1𝑡

𝑒2𝑡] = [

𝜎𝑦휀𝑦𝑡

𝜎𝑧휀𝑧𝑡 − 𝑎21𝜎𝑦휀𝑦𝑡] ,

de modo que:

𝑣𝑎𝑟(𝑒1) = 𝜎𝑦2 (18)

𝑐𝑜𝑣(𝑒1, 𝑒2) = −𝑎21𝜎𝑦2 (19)

𝑣𝑎𝑟(𝑒2) = 𝜎𝑧2 + 𝑎21

2 𝜎𝑦2 (20)

Utilizando-se as equações (18), (19) e (20) combinadas às demais estimativas de

identificação do modelo, obtêm-se os parâmetros estruturais deste:

𝜙10 = 𝑏10; 𝜙20 = 𝑏20 − 𝑏10𝑎21;

𝜙11 = 𝑏11; 𝜙12 = 𝑏12;

𝜙21 = −𝑎21𝑏11 + 𝑏21; 𝜙22 = −𝑎21𝑏12 + 𝑏22

Para generalizar a metodologia de Sims (1980) para um vetor composto de n

variáveis endógenas, utiliza-se a decomposição de Cholesky, gerando uma matriz de

covariância de dimensão n x n; as condições de verificação requerem a imposição de 𝑛2−𝑛

2

restrições ao modelo. Segundo Bueno (2011), a imposição de restrições leva à ordenação das

variáveis de forma arbitrária. Assim, Sims (1980) sugere que, se os autovalores do polinômio

(𝐼 − ∑ 𝜙𝑖𝑝𝑖=1 𝐿𝑖) estiverem fora do círculo unitário, é possível representar um VAR de ordem p

em um vetor de médias móveis infinito. Considerando um modelo VAR (1) bivariado, teremos:

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99

𝑋𝑡 = 𝑋 + ∑ Φ1𝑖∞

𝑖=0 𝑒𝑡−𝑖 = 𝑋 + ∑Φ1

𝑖

1−𝑎12𝑎21

∞𝑖=0 [

1 −𝑎12

−𝑎21 1] [

𝜎𝑦휀𝑦𝑡−𝑖

𝜎𝑧휀𝑧𝑡−𝑖] (21)

Em que 𝑋 ≡ (𝐼 − Φ1)−1Φ0 é a média de longo prazo.

Então, definindo-se a matriz:

Ψ𝑖 =Φ1

𝑖

1−𝑎12𝑎21[

1 −𝑎12

−𝑎21 1] (22)

Desse modo:

𝑋𝑡 = 𝑋 + ∑ Ψ𝑖

𝑖=0

𝛽휀𝑡−𝑖 =

= 𝑋 + ∑ [𝜓𝑖,11 𝜓𝑖,12

𝜓𝑖,21 𝜓𝑖,22]

𝑖=0

[𝜎𝑦휀𝑦𝑡−𝑖

𝜎𝑧휀𝑧𝑡−𝑖] (23)

Ainda segundo Bueno (2011), os elementos da matriz Ψ𝑖 são os multiplicadores de

impacto de um choque sobre as variáveis endógenas. Dessa maneira, o impacto total de um

choque de 휀𝑦𝑡 sobre 𝑦𝑡+ℎ é dado pela soma dos coeficientes 𝜓𝑖,11, 𝑖 = 0,1,2 … , ℎ. O choque

sobre 𝑧𝑡+ℎ é dado pela soma dos coeficientes 𝜓𝑖,21 . Graficamente, os coeficientes contra 𝑖

geram a função resposta ao impulso. Já o gráfico da soma dos coeficientes contra 𝑖 gera a função

resposta ao impulso acumulada.

5 Decomposição da variância dos erros de previsão

A decomposição da variância dos erros de previsão nos permite entender qual

proporção dos movimentos de uma série é relativa ao seu próprio choque versus a proporção

de movimentos advindos de choques de outras variáveis. Isso possibilita examinarmos a

intensidade da relação causal entre as variáveis, identificando a parcela de cada variável

endógena nos termos de erro de previsão da variável dependente.

A forma de verificarmos isso é estimando um VAR de ordem p, o qual é um sistema

de equações lineares dinâmicas em que cada variável endógena é determinada por uma

Page 100: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

100

combinação linear de suas próprias defasagens e das defasagens das variáveis endógenas de

outras equações. Segundo Yang, Balyeat e Leatham (2005), esse modelo pode ser representado

por:

𝑍𝑡 = 𝐴0 + 𝐴1𝑍𝑡−1 + ⋯ + 𝐴𝑝𝑍𝑡−𝑝 + 𝜗𝑡 (24)

sendo 𝑍𝑡 um vetor (n x 1) que inclui as n variáveis, 𝐴𝑖 a matriz dos coeficientes, e

sendo 𝑖 = 0,1, … , 𝑝 . 𝜗𝑡 ≈ 𝐼𝑁(0, ∑ )𝑡 o vetor de inovações do processo, com distribuição

Gaussiana multivariada de média zero e matriz de variância-covariância não singular. Com esse

tipo de modelo conseguimos capturar o efeito dinâmico das relações entre as variáveis. Para

estimá-lo, usa-se o método de MQO em três estágios. Inicialmente, estimamos as equações

separadamente pelo método de MQO. Em seguida, utilizamos os resíduos da regressão do passo

anterior para estimar as variâncias e as covariâncias dos erros. Por fim, utilizamos as estimativas

das variâncias dos erros para estimar as equações conjuntamente.

Uma vez que temos o VAR estimado, usamos o modelo de decomposição da

variância dos erros de previsão para entendermos as relações entre as variáveis. Assim,

considerando o mesmo vetor de variáveis 𝑍𝑡 e seguindo um processo de médias móveis infinito,

temos:

𝑍𝑡 = ∑ 𝐵𝑖∞𝑖 휁𝑡−1 (25)

em que 𝑡 = 1, 2, … , 𝑇; 𝐵 representa a matriz dos parâmetros; e 휁𝑡 um processo ruído

branco.

Seguindo Yang, Balyeat e Leatham (2005), a generalização da decomposição da

variância dos erros é então dada por:

𝜙𝑖𝑗 =𝜎𝑖𝑖

−1 ∑ (𝑒𝑖′𝐵𝑙 ∑ 𝑒𝑗)

2𝑛𝑙=1

∑ (𝑒𝑖′𝐵𝑙 ∑ 𝐵𝑙

′𝑛𝑙=1 𝑒𝑖)

(26)

sendo 𝑖, 𝑗 = 1, 2, … , 𝑚; 𝜎𝑖𝑖 é o elemento 𝑖𝑖 da matriz de variância-covariância (∑)

dos resíduos do vetor 𝑍𝑡 ; 𝑒𝑗 é um vetor que associa o valor 𝑙 à linha 𝑗 e, a todos os demais

elementos, associa zero. O número de passos à frente na previsão é denotado por 𝑛.

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101

Com o método descrito acima, podemos identificar qual percentual da variância dos

erros de previsão pode ser atribuído aos choques não antecipados da própria variável e das

demais variáveis endógenas do sistema, separadamente.

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ANEXOS 102

Anexo 1 - Quadro comparativo entre as diferentes abordagens sobre preços de imóveis residenciais e bolha imobiliária

Preços dos imóveis Renda Crédito Outras variáveis

Case e Shiller

(1998)

Entrevistas com

compradores de

imóveis

Não disponível Não disponível Não disponível Não disponível

Quigley (1999)Econométrica -

modelos multivariadosSim

Sim - renda das

famíliasNão

Número de licenças

de construção, taxa

de ocupação,

número de famílias

Hofmann (2001)Econométrica -

estrutural - VAR/VEC

Sim - preços reais

dos imóveisSim - GDP real

Sim - agregado real

de crédito privadoTaxa de juros

Herring e

Wachter (2002)

Modelo teórico de

equilibrio entre oferta e

demanda de terrenos

Não disponível Não disponível Não disponível Não disponível

Tsatsaronis e

Zhu (2004)

Econométrica -

estrutural - VAR

Sim - não

especificadoSim - GDP

Sim - indicador de

crédito imobiliário

não especificado

CPI, taxa de juros de

curto prazo, spread

entre juros de curto

e longo prazo

Goodhart e

Hofmann (2008)

Econométrica -

estrutural - VAR/VEC

Sim - preços

nomimaisSim - GDP nominal

Sim - crédito nominal

ao setor privado

Taxa de juros

nominal de curto

prazo, oferta

monetária nominal

Jaroncisnki e

Smets (2008)

Econométrica -

estrutural - BVAR

Sim - não

especificadoSim - GDP real Não

Taxa de juros de

curto prazo, taxa de

juros de longo prazo

Dokko, Doyle,

Kiley, Kim,

Sherlund, Sim e

Van den Heuvel

(2009)

Econométrica - modelo

de equilibrio geralNão Sim - GDP real Não

Taxa de desemprego,

PCE Core, CPI, Taxa

nominal de juros de

curto prazo,

investimento

nominal residencial,

balanço nominal da

conta corrente

Autor/ano Tipo de abordagemVariáveis utilizadas

Crédito e oferta monetária afetam os preços

dos imóveis

Politica monetaria pode ter sido relaxada em

2004, podento ter afetado preços dos imóveis

Juros não afetaram os investimentos

residencias entre os anos 2000 e 2006

Principais conclusões

Preços dos imóveis podem responder a

alterações na renda ou mudanças demográficas

Modelo não explica quando bolhas se

formaram

(i) Relação bi-direcional entre crédito e preços

dos imóveis; (ii) GDP real afeta crédito e preços

dos imóveis e estes afetam o GDP; (iii) Juros

tem forte impacto no crédito

Relaxamento das condições de crédito podem

causar crise financeira

Inflação é o principal fator que afeta os preços

dos imóveis

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ANEXOS 103

Anexo 1 (continuação)

Preços dos imóveis Renda Crédito Outras variáveis

Dokko, Doyle,

Kiley, Kim,

Sherlund, Sim e

Van den Heuvel

(2009)

Econométrica -

estrutural - VAR

Sim - preço real das

residenciasSim - GDP real

Sim - indicador de

crédito em relação ao

PCE

Gasto real com

consumo pessoal,

índice PCE, taxa de

desemprego, taxa de

juros nominal

Condições macroeconômicas não foram

responsáveis pela bolha imobiliária

Autor/ano Tipo de abordagemVariáveis utilizadas

Principais conclusões

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ANEXOS 104

Anexo 2 - Testes de raiz unitária das séries do período T

1% de

significância

5% de

significância

10% de

significância

Com constante e tendência linear -3,57 -4,02 -3,44 -3,14

Com constante, sem tendência linear -1,95 -3,47 -2,88 -2,57

Sem constante e sem tendência linear 0,11 -2,57 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -2,13 -4,01 -3,43 -3,14

Com constante, sem tendência linear 0,68 -3,47 -2,88 -2,57

Sem constante e sem tendência linear 7,94 -2,58 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -1,23 -4,02 -3,44 -3,14

Com constante, sem tendência linear -1,35 -3,47 -2,88 -2,57

Sem constante e sem tendência linear -1,05 -2,57 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -3,17 -4,01 -3,43 -3,14

Com constante, sem tendência linear -1,11 -3,47 -2,88 -2,57Sem constante e sem tendência linear -1,1 -2,58 -1,94 -1,61

Tabela 1. Perído T - Testes de raíz unitária das séries utilizando o Augmented Dickey-Fuller Test (ADF)

Séries Modelos Hipótese nulaEstatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

RPPExiste 1 raíz

unitária

No modelo com constante e tendência, H0 é rejeitada à 5 e 10% de nível de

significância. Recomenda-se fazer teste Phillips-Perron na série para dupla

verificação

INCExiste 1 raíz

unitáriaNão rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

CRDFExiste 1 raíz

unitáriaNão rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

INTExiste 1 raíz

unitária

No modelo com constante e tendência, H0 é rejeitada à 10% de nível de

significância. Recomenda-se fazer teste Phillips-Perron na série para dupla

verificação

1% de

significância

5% de

significância

10% de

significância

Com constante e tendência linear -2,04 -4,02 -3,44 -3,14

Com constante, sem tendência linear -1,63 -3,47 -2,88 -2,57

Sem constante e sem tendência linear 0,37 -2,57 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -2,18 -4,01 -3,43 -3,14

Com constante, sem tendência linear 0,48 -3,47 -2,88 -2,57

Sem constante e sem tendência linear 8,12 -2,58 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -1,62 -4,02 -3,44 -3,14

Com constante, sem tendência linear -1,74 -3,47 -2,88 -2,57

Sem constante e sem tendência linear -1,21 -2,57 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -3,21 -4,01 -3,43 -3,14

Com constante, sem tendência linear -1,03 -3,47 -2,88 -2,57

Sem constante e sem tendência linear -1,05 -2,58 -1,94 -1,61

Tabela 2. Período T - Testes de raíz unitária das séries utilizando o Phillips-Perron Test

Série Modelos Hipótese nulaEstatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

RPPExiste 1 raíz

unitáriaNão rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

INTExiste 1 raíz

unitária

No modelo com constante e tendência, H0 é rejeitada à 10% de nível de

significância. Considerando-se os resultados deste teste e do teste ADF,

conclui-se que série tem 1 raiz unitária ao nível de 10% de significância

CRDFExiste 1 raíz

unitáriaNão rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

INCExiste 1 raíz

unitáriaNão rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Page 105: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 105

1% de

significância

5% de

significância

10% de

significância

-4,01 -4,94 -4,44 -4,19

-4,62 -5,34 -4,85 -4,6

-4,63 -5,71 -5,17 -4,89

Dados com tendência com quebra na tendência -3,65 -5,06 -4,52 -4,26

Dados sem tendência com quebra no intercepto -1,68 -4,94 -4,44 -4,19

Dados com tendência com quebra no intercepto -3,69 -5,34 -4,85 -4,6

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência -2,52 -5,71 -5,17 -4,89

Dados com tendência com quebra na tendência -2,56 -5,06 -4,52 -4,26

-2,63 -4,94 -4,44 -4,19

-4,15 -5,34 -4,85 -4,6

-3,51 -5,71 -5,17 -4,89

-2,66 -5,06 -4,52 -4,26

-2,69 -4,94 -4,44 -4,19

-3,87 -5,34 -4,85 -4,6

-4,88 -5,71 -5,17 -4,89

-3,81 -5,06 -4,52 -4,26

INCExiste 1 raíz

unitária

Rejeita-se H0, série não tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Tabela 3 - Período T - Testes de raíz unitária com quebra estrutural das séries

Séries Modelos (especificação da tendência)Hipótese

nula

Estatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

RPPExiste 1 raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Ao nível de 10% de significância, rejeita-se H0. Série tem 1 raiz unitária

ao nível de 10% de significância - considerou-se defasagem de 1 período

no teste. Breakpoint date do teste: 2006Q4

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária - considerou-se

defasagem de 1 periodo no teste. Breakpoint date do teste: 2003Q1

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados sem tendência com quebra no intercepto

CRDFExiste 1 raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra na tendência

INTExiste 1 raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária - considerou-se

defasagem de 0 periodos no teste. Breakpoint date do teste: 1978Q1

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária - considerou-se

defasagem de 0 periodos no teste. Breakpoint date do teste: 1981Q3

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra na tendência

Page 106: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 106

Anexo 3 - Testes de raiz unitária das séries do período A

1% de

significância

5% de

significância

10% de

significância

Com constante e tendência linear -3,37 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear -2,92 -3,5 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear 1,32 -2,55 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -1,49 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear 2 -3,49 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear 5,03 -2,58 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -1,73 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear -1,59 -3,5 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear 0,32 -2,58 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -2,69 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear -1,91 -3,49 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear -0,78 -2,58 -1,94 -1,61

Tabela 4 - Período A - Testes de raíz unitária das séries utilizando o Augmented Dickey-Fuller Test (ADF)

Séries ModelosHipótese

nula

Estatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

RPP

Existe 1

raíz

unitária

INC

Existe 1

raíz

unitária

No modelo com constante e com tendência, H0 é rejeitada à 10% de nível de

significância. No modelo com constante e sem tendência, H0 é rejeitada à 5% e

10%. Recomenda-se fazer teste Phillips-Perron na série para dupla verificação.

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

INT

Existe 1

raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

CRDF

Existe 1

raíz

unitária

1% de

significância

5% de

significância

10% de

significância

Com constante e tendência linear -2,11 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear -1,82 -3,49 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear 1,32 -2,58 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -1,39 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear 1,49 -3,49 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear 6,78 -2,58 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -4,63 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear -4,16 -3,49 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear -0,33 -2,58 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -2,51 -4,05 -3,45 -3,15

Com constante, sem tendência linear -1,73 -3,49 -2,89 -2,58

Sem constante e sem tendência linear -0,78 -2,58 -1,94 -1,61

INT

Existe 1

raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Tabela 5 - Período A - Testes de raíz unitária das séries utilizando o Phillips-Perron Test

Série ModelosHipótese

nula

Estatística

estimada

Estatística do teste

No modelo com constante e com tendência e também no modelo com constante e

sem tendência, H0 é rejeitada à 1%, à 5% é à 10% de nível de significância.CRDF

Existe 1

raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

RPP

Existe 1

raíz

unitária

INC

Existe 1

raíz

unitária

Conclusão

Page 107: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 107

1% de

significância

5% de

significância

10% de

significância

-4,19 -4,94 -4,44 -4,19 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-4,49 -5,34 -4,85 -4,6 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-4,38 -5,71 -5,17 -4,89 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados com tendência com quebra na tendência -3,49 -5,06 -4,52 -4,26 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados sem tendência com quebra no intercepto -0,33 -4,94 -4,44 -4,19 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados com tendência com quebra no intercepto -2,4 -5,34 -4,85 -4,6 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência -2,31 -5,71 -5,17 -4,89 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados com tendência com quebra na tendência -2,35 -5,06 -4,52 -4,26 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-2,45 -4,94 -4,44 -4,19 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-2,44 -5,34 -4,85 -4,6 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-2,48 -5,71 -5,17 -4,89 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-2,31 -5,06 -4,52 -4,26 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-3,17 -4,94 -4,44 -4,19 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-3,00 -5,34 -4,85 -4,6 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

-4,99 -5,71 -5,17 -4,89

-3,76 -5,06 -4,52 -4,26 Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

INCExiste 1 raíz

unitária

Tabela 6 - Período A - Testes de raíz unitária com quebra estrutural das séries

Séries Modelos (especificação da tendência)Hipótese

nula

Estatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

RPPExiste 1 raíz

unitária

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

CRDFExiste 1 raíz

unitária

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra na tendência

INTExiste 1 raíz

unitáriaNão se rejeita H0, série tem 1 raiz unitária - considerou-se defasagem de

0 períodos no teste. Breakpoint date do teste: 1982Q2

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra na tendência

Page 108: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 108

Anexo 4 - Testes de raiz unitária das séries do período B

1% de

significânci

a

5% de

significânci

a

10% de

significância

Com constante e tendência linear -3,53 -4,14 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -3,59 -3,56 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear -0,10 -2,61 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -1,57 -4,13 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -1,79 -3,55 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear 4,71 -2,6 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -2,15 -4,13 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -0,95 -3,55 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear -0,97 -2,6 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -3,13 -4,14 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -2,17 -3,56 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear -2,28 -2,61 -1,94 -1,61

Tabela 7 - Período B - Testes de raíz unitária das séries utilizando o Augmented Dickey-Fuller Test (ADF)

Séries ModelosHipótese

nula

Estatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

No modelo sem constante e sem tendência, H0 é rejeitada à 5% e 10% de nível de

significância. Recomenda-se fazer teste Phillips-Perron na série para dupla verificação

RPPExiste 1

raíz unitária

INCExiste 1

raíz unitária

CRDFExiste 1

raíz unitária

INTExiste 1

raíz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

No modelo com constante e com tendência, H0 é rejeitada à 5% e à 10% de nível de

significância. No modelo com constante e sem tendência, H0 é rejeitada à 1%, 5% e 10% de

nível de significância. Recomenda-se fazer teste Phillips-Perron na série para dupla verificação

1% de

significânci

a

5% de

significânci

a

10% de

significância

Com constante e tendência linear -1,66 -4,13 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -1,5 -3,55 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear 0,08 -2,6 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -2,42 -4,13 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -2,02 -3,55 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear 4,73 -2,6 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -2,15 -4,13 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -0,73 -3,55 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear -0,97 -2,6 -1,94 -1,61

Com constante e tendência linear -1,8 -4,13 -3,49 -3,17

Com constante, sem tendência linear -1,32 -3,55 -2,91 -2,59

Sem constante e sem tendência linear -1,82 -2,6 -1,94 -1,61

INTExiste 1

raíz unitária

No modelo sem constante e sem tendência, H0 é rejeitada a 10% de nível de significância.

Série tem 1 raíz unitária ao nível de 10% de significância.

Tabela 8 - Período B - Testes de raíz unitária das séries utilizando o Phillips-Perron Test

Série ModelosHipótese

nula

Estatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

CRDFExiste 1

raíz unitária

RPPExiste 1

raíz unitária

INC

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Existe 1

raíz unitária

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ANEXOS 109

1% de

significância

5% de

significância

10% de

significância

-3,99 -4,94 -4,44 -4,19

-4,76 -5,34 -4,85 -4,6

-3,15 -5,71 -5,17 -4,89

-3,06 -5,06 -4,52 -4,26

Dados sem tendência com quebra no intercepto -2,27 -4,94 -4,44 -4,19

Dados com tendência com quebra no intercepto -4,59 -5,34 -4,85 -4,6

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência -6,39 -5,71 -5,17 -4,89

Dados com tendência com quebra na tendência -6,06 -5,06 -4,52 -4,26

-4,11 -4,94 -4,44 -4,19

-4,34 -5,34 -4,85 -4,6

-3,65 -5,71 -5,17 -4,89

-2,64 -5,06 -4,52 -4,26

-4,06 -4,94 -4,44 -4,19

-4,51 -5,34 -4,85 -4,6

-4,49 -5,71 -5,17 -4,89

-3,14 -5,06 -4,52 -4,26

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Rejeita-se H0, série não tem 1 raiz unitária

Rejeita-se H0, série não tem 1 raiz unitária

INCExiste 1 raíz

unitária

Tabela 9 - Período B - Testes de raíz unitária com quebra estrutural das séries

Séries Modelos (especificação da tendência)Hipótese

nula

Estatística

estimada

Estatística do teste

Conclusão

RPPExiste 1 raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária

Ao nível de 10% de significância, rejeita-se H0. Série tem 1 raiz unitária

ao nível de 10% de significância - considerou-se defasagem de 1 período

no teste. Breakpoint date do teste: 2006Q4

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária - considerou-se

defasagem de 1 período no teste. Breakpoint date do teste: 2003Q1

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária - considerou-se

defasagem de 2 períodos no teste. Breakpoint date do teste: 2004Q1

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra na tendência

CRDFExiste 1 raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra na tendência

INTExiste 1 raíz

unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem 1 raiz unitária

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária - considerou-se

defasagem de 2 períodos no teste. Breakpoint date do teste: 2008Q3

Não rejeita-se H0, série tem uma 1 raiz unitária - considerou-se

defasagem de 1 períodoo no teste. Breakpoint date do teste: 2006Q3

Dados sem tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebra no intercepto

Dados com tendência com quebras no intercepto e na tendência

Dados com tendência com quebra na tendência

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ANEXOS 110

Anexo 5 - Seleção da Ordem do VAR

Quadro 5.1 - Modelo Período Total

VAR Lag Order Selection Criteria

Endogenous variables: RPP INC CRDF INT

Exogenous variables: C

Date: 03/01/17 Time: 11:12

Sample: 1975Q4 2013Q4

Included observations: 141

Lag LogL LR FPE AIC SC HQ

0 -2903.524 NA 9.57e+12 41.24148 41.32513 41.27547

1 -1979.788 1781.959 24505162 28.36578 28.78405 28.53575

2 -1863.749 217.2644 5932633. 26.94679 27.69967* 27.25273*

3 -1851.868 21.57005 6298477. 27.00523 28.09271 27.44714

4 -1832.358 34.31620 6008222. 26.95543 28.37753 27.53332

5 -1817.358 25.53151 6119809. 26.96962 28.72633 27.68349

6 -1796.873 33.70649 5778417. 26.90600 28.99732 27.75584

7 -1779.294 27.92724* 5699550.* 26.88360* 29.30953 27.86941

8 -1767.732 17.71171 6140388. 26.94655 29.70709 28.06834

9 -1756.630 16.37683 6681168. 27.01603 30.11118 28.27379

10 -1752.826 5.396167 8093866. 27.18902 30.61878 28.58276

11 -1737.616 20.71176 8377981. 27.20022 30.96460 28.72993

12 -1731.245 8.313609 9880762. 27.33681 31.43579 29.00249

* indicates lag order selected by the criterion

LR: sequential modified LR test statistic (each test at 5% level)

FPE: Final prediction error

AIC: Akaike information criterion

SC: Schwarz information criterion

HQ: Hannan-Quinn information criterion

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ANEXOS 111

Quadro 5.2 - Modelo Período A

VAR Lag Order Selection Criteria

Endogenous variables: RPP INC CRDF INT

Exogenous variables: C

Date: 03/01/17 Time: 11:21

Sample: 1975Q4 1999Q4

Included observations: 85

Lag LogL LR FPE AIC SC HQ

0 -1538.153 NA 6.74e+10 36.28594 36.40089 36.33218

1 -1043.353 931.3867 863817.2 25.02008 25.59482 25.25126

2 -995.2592 86.00387 407012.9* 24.26492 25.29946* 24.68104*

3 -983.2887 20.27939 450404.7 24.35973 25.85406 24.96079

4 -973.9942 14.87127 533845.4 24.51751 26.47163 25.30351

5 -963.5564 15.71805 620717.1 24.64839 27.06230 25.61933

6 -939.6288 33.78013 530697.6 24.46185 27.33556 25.61774

7 -920.9862 24.56430 520290.9 24.39968 27.73318 25.74050

8 -892.2558 35.15253* 408607.3 24.10014* 27.89343 25.62591

9 -879.4408 14.47339 475678.4 24.17508 28.42817 25.88579

10 -861.4472 18.62872 501925.1 24.12817 28.84105 26.02382

11 -849.1882 11.53784 624065.9 24.21619 29.38887 26.29679

12 -835.8710 11.28043 784913.8 24.27932 29.91179 26.54485

* indicates lag order selected by the criterion

LR: sequential modified LR test statistic (each test at 5% level)

FPE: Final prediction error

AIC: Akaike information criterion

SC: Schwarz information criterion

HQ: Hannan-Quinn information criterion

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ANEXOS 112

Quadro 5.3 - Modelo Período B

VAR Lag Order Selection Criteria

Endogenous variables: RPP INC CRDF INT

Exogenous variables: C

Date: 03/01/17 Time: 11:24

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Lag LogL LR FPE AIC SC HQ

0 -1086.266 NA 9.57e+11 38.93807 39.08273 38.99415

1 -771.3978 573.5097 22177891 28.26421 28.98755 28.54464

2 -715.2187 94.30070* 5330600. 26.82924 28.13125* 27.33403

3 -706.3884 13.56074 7048147. 27.08530 28.96598 27.81444

4 -693.3015 18.22819 8177127. 27.18934 29.64870 28.14283

5 -674.9010 23.00060 8088305. 27.10361 30.14164 28.28145

6 -652.0911 25.25385 7126335. 26.86040 30.47710 28.26258

7 -630.1104 21.19565 6849548. 26.64680 30.84217 28.27334

8 -616.5712 11.12154 9640264. 26.73468 31.50873 28.58557

9 -579.1253 25.40972 6479660. 25.96876 31.32147 28.04400

10 -541.0718 20.38580 5071393. 25.18113 31.11252 27.48072

11 -490.1756 19.99493 3347296.* 23.93484 30.44490 26.45878

12 -440.2870 12.47215 4013716. 22.72454* 29.81327 25.47282*

* indicates lag order selected by the criterion

LR: sequential modified LR test statistic (each test at 5% level)

FPE: Final prediction error

AIC: Akaike information criterion

SC: Schwarz information criterion

HQ: Hannan-Quinn information criterion

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ANEXOS 113

Anexo 6 - Testes de Cointegração

Quadro 6.1 - Modelo T

Date: 03/01/17 Time: 12:56

Sample (adjusted): 1976Q2 2013Q4

Included observations: 151 after adjustments

Trend assumption: Linear deterministic trend

Series: RPP INC CRDF INT

Lags interval (in first differences): 1 to 1

Unrestricted Cointegration Rank Test (Trace)

Hypothesized Trace 0.05

No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**

None * 0.196892 58.74414 47.85613 0.0034

At most 1 0.093456 25.63497 29.79707 0.1400

At most 2 0.067958 10.81944 15.49471 0.2228

At most 3 0.001274 0.192511 3.841466 0.6608

Trace test indicates 1 cointegrating eqn(s) at the 0.05 level

* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level

**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values

Unrestricted Cointegration Rank Test (Maximum Eigenvalue)

Hypothesized Max-Eigen 0.05

No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**

None * 0.196892 33.10917 27.58434 0.0088

At most 1 0.093456 14.81553 21.13162 0.3020

At most 2 0.067958 10.62693 14.26460 0.1739

At most 3 0.001274 0.192511 3.841466 0.6608

Max-eigenvalue test indicates 1 cointegrating eqn(s) at the 0.05 level

* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level

**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values

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ANEXOS 114

Quadro 6.2 - Modelo A

Sample (adjusted): 1976Q2 1999Q4

Included observations: 95 after adjustments

Trend assumption: Linear deterministic trend

Series: RPP INC CRDF INT

Lags interval (in first differences): 1 to 1

Unrestricted Cointegration Rank Test (Trace)

Hypothesized Trace 0.05

No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**

None * 0.345238 62.95032 47.85613 0.0011

At most 1 0.133818 22.71935 29.79707 0.2601

At most 2 0.078026 9.071675 15.49471 0.3588

At most 3 0.014152 1.354038 3.841466 0.2446

Trace test indicates 1 cointegrating eqn(s) at the 0.05 level

* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level

**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values

Unrestricted Cointegration Rank Test (Maximum Eigenvalue)

Hypothesized Max-Eigen 0.05

No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**

None * 0.345238 40.23097 27.58434 0.0007

At most 1 0.133818 13.64767 21.13162 0.3946

At most 2 0.078026 7.717637 14.26460 0.4081

At most 3 0.014152 1.354038 3.841466 0.2446

Max-eigenvalue test indicates 1 cointegrating eqn(s) at the 0.05 level

* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level

**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values

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ANEXOS 115

Quadro 6.3 - Modelo B

Date: 03/01/17 Time: 12:59

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Trend assumption: Linear deterministic trend

Series: RPP INC CRDF INT

Lags interval (in first differences): 1 to 1

Unrestricted Cointegration Rank Test (Trace)

Hypothesized Trace 0.05

No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**

None * 0.377042 50.68794 47.85613 0.0264

At most 1 0.226896 24.18443 29.79707 0.1928

At most 2 0.097735 9.773283 15.49471 0.2986

At most 3 * 0.069167 4.013841 3.841466 0.0451

Trace test indicates 1 cointegrating eqn(s) at the 0.05 level

* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level

**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values

Unrestricted Cointegration Rank Test (Maximum Eigenvalue)

Hypothesized Max-Eigen 0.05

No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**

None 0.377042 26.50351 27.58434 0.0682

At most 1 0.226896 14.41115 21.13162 0.3322

At most 2 0.097735 5.759442 14.26460 0.6443

At most 3 * 0.069167 4.013841 3.841466 0.0451

Max-eigenvalue test indicates no cointegration at the 0.05 level

* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level

**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values

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ANEXOS 116

Anexo 7 - Procedimento de Cointegração de Johansen

Quadro 7.1 - Relação de Longo Prazo – Período Total

Vector Error Correction Estimates

Date: 02/12/17 Time: 18:17

Sample (adjusted): 1976Q2 2013Q4

Included observations: 151 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegrating Eq: CointEq1

RPP(-1) 1.000000

INC(-1) -0.424796

(0.08724)

[-4.86911]

CRDF(-1) -0.123096

(0.01486)

[-8.28240]

INT(-1) 0.058360

(0.04821)

[ 1.21044]

C -61.33580

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ANEXOS 117

Quadro 7.2 - Relação de Longo Prazo – Período A

Vector Error Correction Estimates

Date: 02/12/17 Time: 18:20

Sample (adjusted): 1976Q2 1999Q4

Included observations: 95 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegrating Eq: CointEq1

RPP(-1) 1.000000

INC(-1) -0.011819

(0.07374)

[-0.16028]

CRDF(-1) -0.285704

(0.03711)

[-7.69854]

INT(-1) 0.010353

(0.02626)

[ 0.39426]

C -85.84775

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ANEXOS 118

Quadro 7.3 - Relação de Longo Prazo – Período B

Vector Error Correction Estimates

Date: 02/12/17 Time: 18:21

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegrating Eq: CointEq1

RPP(-1) 1.000000

INC(-1) -0.490771

(0.27165)

[-1.80664]

CRDF(-1) -0.134126

(0.01485)

[-9.03100]

INT(-1) 0.136617

(0.09668)

[ 1.41307]

C -49.63059

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ANEXOS 119

Anexo 8 - Teste de Cointegração de Johansen – Ajustamento de Curto Prazo

Quadro 8.1 - Modelo Período Total

Error Correction: D(RPP) D(INC) D(CRDF) D(INT)

CointEq1 -0.057833 -0.014474 -0.052651 0.113958

(0.01000) (0.01038) (0.33639) (0.13977)

[-5.78383] [-1.39493] [-0.15652] [ 0.81534]

D(RPP(-1)) 0.793718 0.074672 6.587387 1.508272

(0.04138) (0.04294) (1.39214) (0.57843)

[ 19.1808] [ 1.73887] [ 4.73186] [ 2.60752]

D(INC(-1)) -0.259442 -0.328460 0.170782 1.098337

(0.07600) (0.07887) (2.55682) (1.06236)

[-3.41368] [-4.16460] [ 0.06679] [ 1.03387]

D(CRDF(-1)) -0.002988 -0.003016 -0.433910 0.034143

(0.00234) (0.00243) (0.07879) (0.03274)

[-1.27576] [-1.24083] [-5.50695] [ 1.04289]

D(INT(-1)) -0.004292 -0.004432 -0.445618 -0.120898

(0.00580) (0.00602) (0.19500) (0.08102)

[-0.74051] [-0.73688] [-2.28519] [-1.49213]

C 0.372213 1.154628 -4.626696 -2.642229

(0.13632) (0.14146) (4.58602) (1.90549)

[ 2.73047] [ 8.16200] [-1.00887] [-1.38664]

R-squared 0.801388 0.134450 0.274797 0.075696

Adj. R-squared 0.794539 0.104603 0.249789 0.043823

Sum sq. resids 300.1114 323.1963 339662.3 58639.03

S.E. equation 1.438657 1.492963 48.39937 20.10988

F-statistic 117.0132 4.504703 10.98878 2.374956

Log likelihood -266.1187 -271.7137 -797.0010 -664.3813

Akaike AIC 3.604221 3.678327 10.63577 8.879223

Schwarz SC 3.724113 3.798219 10.75567 8.999115

Mean dependent 0.514528 0.896461 -0.834549 -0.843926

S.D. dependent 3.173896 1.577762 55.87893 20.56555

Determinant resid covariance (dof adj.) 4306941.

Determinant resid covariance 3662125.

Log likelihood -1998.112

Akaike information criterion 26.83592

Schwarz criterion 27.39542

Page 120: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 120

Quadro 8.2 - Modelo Período A

Error Correction: D(RPP) D(INC) D(CRDF) D(INT)

CointEq1 -0.044999 0.010778 0.987671 0.026857

(0.01085) (0.01224) (0.39247) (0.29374)

[-4.14903] [ 0.88034] [ 2.51657] [ 0.09143]

D(RPP(-1)) 0.568912 0.115114 7.941490 4.540506

(0.08066) (0.09106) (2.91899) (2.18471)

[ 7.05283] [ 1.26415] [ 2.72063] [ 2.07831]

D(INC(-1)) 0.074895 0.218288 0.767847 0.923311

(0.09374) (0.10583) (3.39233) (2.53898)

[ 0.79892] [ 2.06270] [ 0.22635] [ 0.36365]

D(CRDF(-1)) -0.006463 0.005990 -0.363824 0.091804

(0.00281) (0.00317) (0.10175) (0.07616)

[-2.29860] [ 1.88710] [-3.57563] [ 1.20548]

D(INT(-1)) -0.010724 -0.005717 -0.382718 -0.170059

(0.00372) (0.00420) (0.13464) (0.10077)

[-2.88242] [-1.36106] [-2.84259] [-1.68761]

C 0.194850 0.616334 -2.618549 -3.014025

(0.11852) (0.13380) (4.28891) (3.21003)

[ 1.64401] [ 4.60653] [-0.61054] [-0.93894]

R-squared 0.667788 0.136640 0.359685 0.129224

Adj. R-squared 0.649124 0.088137 0.323713 0.080304

Sum sq. resids 69.19080 88.17414 90604.40 50754.36

S.E. equation 0.881717 0.995350 31.90653 23.88040

F-statistic 35.78022 2.817122 9.998831 2.641530

Log likelihood -119.7412 -131.2574 -460.6673 -433.1408

Akaike AIC 2.647184 2.889630 9.824574 9.245069

Schwarz SC 2.808481 3.050927 9.985872 9.406366

Mean dependent 0.509556 0.865127 1.102242 0.005809

S.D. dependent 1.488512 1.042343 38.79841 24.90115

Determinant resid covariance (dof adj.) 313689.6

Determinant resid covariance 241638.3

Log likelihood -1127.969

Akaike information criterion 24.33618

Schwarz criterion 25.08890

Page 121: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 121

Quadro 8.3 - Modelo Período B

Error Correction: D(RPP) D(INC) D(CRDF) D(INT)

CointEq1 -0.105514 0.000451 0.199326 0.059747

(0.01955) (0.02040) (0.71922) (0.08047)

[-5.39644] [ 0.02209] [ 0.27714] [ 0.74252]

D(RPP(-1)) 0.684578 0.088671 7.605064 0.690356

(0.06734) (0.07028) (2.47719) (0.27715)

[ 10.1653] [ 1.26176] [ 3.07003] [ 2.49096]

D(INC(-1)) -0.251492 -0.505891 -0.314853 1.126771

(0.11599) (0.12104) (4.26673) (0.47736)

[-2.16814] [-4.17939] [-0.07379] [ 2.36044]

D(CRDF(-1)) -0.007847 -0.003886 -0.375994 -0.009892

(0.00400) (0.00418) (0.14725) (0.01647)

[-1.96029] [-0.93026] [-2.55341] [-0.60045]

D(INT(-1)) 0.069711 0.009220 -0.780950 0.382693

(0.03066) (0.03200) (1.12793) (0.12619)

[ 2.27339] [ 0.28813] [-0.69237] [ 3.03264]

C 0.572038 1.419015 -10.71623 -2.900087

(0.28343) (0.29577) (10.4256) (1.16641)

[ 2.01827] [ 4.79773] [-1.02787] [-2.48634]

R-squared 0.866231 0.299780 0.276492 0.406149

Adj. R-squared 0.852854 0.229758 0.204142 0.346764

Sum sq. resids 174.2695 189.7731 235796.6 2951.425

S.E. equation 1.866920 1.948194 68.67264 7.683001

F-statistic 64.75562 4.281230 3.821555 6.839235

Log likelihood -111.2476 -113.6339 -313.1310 -190.4719

Akaike AIC 4.187414 4.272640 11.39754 7.016855

Schwarz SC 4.404416 4.489642 11.61454 7.233856

Mean dependent 0.522963 0.949618 -4.120177 -2.285440

S.D. dependent 4.866888 2.219825 76.97787 9.505954

Determinant resid covariance (dof adj.) 3531366.

Determinant resid covariance 2244247.

Log likelihood -727.3109

Akaike information criterion 26.97539

Schwarz criterion 27.98806

Page 122: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 122

Anexo 9 - Análise de Estabilidade

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

Inverse Roots of AR Characteristic Polynomial

Figura 9.1 - Raízes do polinômio para VAR em primeira diferença – Período T

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

Inverse Roots of AR Characteristic Polynomial

Figura 9.2 - Raízes do polinômio para VAR em primeira diferença – Período A

Page 123: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 123

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5

Inverse Roots of AR Characteristic Polynomial

Figura 9.3 - Raízes do polinômio para VAR em primeira diferença – Período B

Page 124: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 124

Anexo 10 - Correlograma dos Resíduos do VEC

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,RPP(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,INC(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,CRDF(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,INT(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,RPP(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,INC(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,CRDF(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,INT(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,RPP(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,INC(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,CRDF(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,INT(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,RPP(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,INC(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,CRDF(-i))

-.3

-.2

-.1

.0

.1

.2

.3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,INT(-i))

Autocorrelations with 2 Std.Err. Bounds

Figura 10.1 - Correlograma dos resíduos – Modelo Período Total

Page 125: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 125

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,INT(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,INT(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,INT(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,INT(-i))

Autocorrelations with 2 Std.Err. Bounds

Figura 10.2 - Correlograma dos resíduos – Modelo Período A

Page 126: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 126

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(RPP,INT(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INC,INT(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(CRDF,INT(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,RPP(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,INC(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,CRDF(-i))

-.4

-.2

.0

.2

.4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Cor(INT ,INT(-i))

Autocorrelations with 2 Std.Err. Bounds

Figura 10.3 - Correlograma dos resíduos – Modelo Período B

Page 127: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 127

Anexo 11 - Teste de Portmanteau de autocorrelação residual

Quadro 11.1: modelo Período T

VEC Residual Portmanteau Tests for Autocorrelations

Null Hypothesis: no residual autocorrelations up to lag h

Date: 03/26/17 Time: 14:21

Sample: 1975Q4 2013Q4

Included observations: 151

Lags Q-Stat Prob. Adj Q-Stat Prob. df

1 3.770527 NA* 3.795664 NA* NA*

2 36.92670 0.1205 37.39688 0.1104 28

3 60.61189 0.0488 61.56218 0.0411 44

4 77.40814 0.0647 78.81548 0.0521 60

5 104.4803 0.0168 106.8148 0.0114 76

6 123.5361 0.0158 126.6591 0.0097 92

7 142.6158 0.0144 146.6662 0.0079 108

8 152.3556 0.0426 156.9509 0.0243 124

9 173.7006 0.0280 179.6488 0.0134 140

10 186.0686 0.0504 192.8940 0.0238 156

11 197.5914 0.0881 205.3221 0.0420 172

12 205.6824 0.1791 214.1116 0.0929 188

*The test is valid only for lags larger than the VAR lag order.

df is degrees of freedom for (approximate) chi-square distribution

Page 128: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 128

Quadro 11.2 - modelo Período A

VEC Residual Portmanteau Tests for Autocorrelations

Null Hypothesis: no residual autocorrelations up to lag h

Date: 03/26/17 Time: 14:30

Sample: 1975Q4 1999Q4

Included observations: 95

Lags Q-Stat Prob. Adj Q-Stat Prob. df

1 4.318559 NA* 4.364501 NA* NA*

2 22.50127 0.7576 22.93824 0.7361 28

3 35.20824 0.8253 36.05957 0.7971 44

4 55.32412 0.6470 57.05966 0.5839 60

5 68.50606 0.7172 70.97393 0.6416 76

6 86.14974 0.6522 89.80707 0.5453 92

7 107.2907 0.5012 112.6297 0.3610 108

8 112.7694 0.7559 118.6122 0.6197 124

9 129.3959 0.7292 136.9787 0.5564 140

10 136.7191 0.8648 145.1635 0.7225 156

11 143.9277 0.9416 153.3160 0.8438 172

12 153.3578 0.9696 164.1095 0.8950 188

*The test is valid only for lags larger than the VAR lag order.

df is degrees of freedom for (approximate) chi-square distribution

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ANEXOS 129

Quadro 11.3 - modelo Período B

VEC Residual Portmanteau Tests for Autocorrelations

Null Hypothesis: no residual autocorrelations up to lag h

Date: 03/26/17 Time: 14:31

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Lags Q-Stat Prob. Adj Q-Stat Prob. df

1 3.428262 NA* 3.490594 NA* NA*

2 18.69992 0.9071 19.32787 0.8877 28

3 33.72373 0.8691 35.20208 0.8255 44

4 46.79070 0.8936 49.27420 0.8371 60

5 71.91910 0.6113 76.86617 0.4506 76

6 92.13177 0.4765 99.50437 0.2784 92

7 104.1411 0.5872 113.2294 0.3463 108

8 115.9439 0.6846 126.9992 0.4086 124

9 130.0290 0.7158 143.7814 0.3960 140

10 144.9244 0.7273 161.9150 0.3563 156

11 157.3045 0.7823 177.3213 0.3745 172

12 164.3133 0.8929 186.2417 0.5225 188

*The test is valid only for lags larger than the VAR lag order.

df is degrees of freedom for (approximate) chi-square distribution

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ANEXOS 130

Anexo 12 - Teste LM de correlação serial

Quadro 12.1 - Modelo Período Total

VEC Residual Serial Correlation LM

Tests

Null Hypothesis: no serial correlation at

lag order h

Date: 03/26/17 Time: 16:10

Sample: 1975Q4 2013Q4

Included observations: 151

Lags LM-Stat Prob

1 20.74900 0.1884

2 44.05999 0.0002

3 25.09718 0.0681

4 18.26244 0.3088

5 29.07826 0.0234

6 20.55061 0.1964

7 20.74627 0.1885

8 10.38180 0.8459

9 22.38521 0.1312

10 13.11879 0.6641

11 12.07147 0.7390

12 8.398786 0.9361

Probs from chi-square with 16 df.

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ANEXOS 131

Quadro 12.2 - Modelo Período A

VEC Residual Serial Correlation LM

Tests

Null Hypothesis: no serial correlation at

lag order h

Date: 03/26/17 Time: 16:11

Sample: 1975Q4 1999Q4

Included observations: 95

Lags LM-Stat Prob

1 20.27773 0.2080

2 27.21820 0.0391

3 13.02670 0.6708

4 21.16906 0.1721

5 13.29819 0.6508

6 18.67163 0.2861

7 22.91661 0.1160

8 5.762121 0.9905

9 17.13000 0.3772

10 7.803090 0.9545

11 7.743018 0.9562

12 9.591330 0.8871

Probs from chi-square with 16 df.

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ANEXOS 132

Quadro 12.3 - Modelo Período B

VEC Residual Serial Correlation LM

Tests

Null Hypothesis: no serial correlation at

lag order h

Date: 03/26/17 Time: 16:12

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Lags LM-Stat Prob

1 6.479636 0.9820

2 18.50783 0.2950

3 15.06641 0.5198

4 13.21203 0.6572

5 26.47101 0.0478

6 22.44887 0.1293

7 13.76111 0.6165

8 11.87358 0.7526

9 17.08893 0.3799

10 15.04984 0.5210

11 12.73568 0.6920

12 7.348609 0.9659

Probs from chi-square with 16 df.

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ANEXOS 133

Anexo 13 - Teste de Normalidade

Quadro 13.1: Modelo Período Total

VEC Residual Normality Tests

Orthogonalization: Cholesky (Lutkepohl)

Null Hypothesis: residuals are multivariate normal

Date: 03/26/17 Time: 16:30

Sample: 1975Q4 2013Q4

Included observations: 151

Component Skewness Chi-sq df Prob.

1 -0.096191 0.232861 1 0.6294

2 -0.103820 0.271259 1 0.6025

3 -1.115505 31.31618 1 0.0000

4 1.039314 27.18438 1 0.0000

Joint 59.00468 4 0.0000

Component Kurtosis Chi-sq df Prob.

1 5.977764 55.78871 1 0.0000

2 3.898656 5.081036 1 0.0242

3 5.744544 47.39213 1 0.0000

4 12.80307 604.6307 1 0.0000

Joint 712.8926 4 0.0000

Component Jarque-Bera df Prob.

1 56.02157 2 0.0000

2 5.352295 2 0.0688

3 78.70831 2 0.0000

4 631.8151 2 0.0000

Joint 771.8973 8 0.0000

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ANEXOS 134

Quadro 13.2 - Modelo Período A

VEC Residual Normality Tests

Orthogonalization: Cholesky (Lutkepohl)

Null Hypothesis: residuals are multivariate normal

Date: 03/26/17 Time: 16:44

Sample: 1975Q4 1999Q4

Included observations: 95

Component Skewness Chi-sq df Prob.

1 -0.083286 0.109830 1 0.7403

2 0.174366 0.481387 1 0.4878

3 -0.530400 4.454294 1 0.0348

4 0.867322 11.91059 1 0.0006

Joint 16.95610 4 0.0020

Component Kurtosis Chi-sq df Prob.

1 4.211664 5.811343 1 0.0159

2 3.244662 0.236943 1 0.6264

3 3.528936 1.107436 1 0.2926

4 7.692484 87.16017 1 0.0000

Joint 94.31589 4 0.0000

Component Jarque-Bera df Prob.

1 5.921173 2 0.0518

2 0.718330 2 0.6983

3 5.561731 2 0.0620

4 99.07076 2 0.0000

Joint 111.2720 8 0.0000

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ANEXOS 135

Quadro 13.3 - Modelo Período B

VEC Residual Normality Tests

Orthogonalization: Cholesky (Lutkepohl)

Null Hypothesis: residuals are multivariate normal

Date: 03/26/17 Time: 16:45

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Component Skewness Chi-sq df Prob.

1 0.039496 0.014560 1 0.9040

2 0.074948 0.052427 1 0.8189

3 -0.899665 7.554370 1 0.0060

4 -0.332322 1.030752 1 0.3100

Joint 8.652108 4 0.0704

Component Kurtosis Chi-sq df Prob.

1 4.264295 3.729698 1 0.0535

2 2.514693 0.549554 1 0.4585

3 3.966270 2.178582 1 0.1399

4 4.581381 5.835121 1 0.0157

Joint 12.29295 4 0.0153

Component Jarque-Bera df Prob.

1 3.744257 2 0.1538

2 0.601981 2 0.7401

3 9.732952 2 0.0077

4 6.865873 2 0.0323

Joint 20.94506 8 0.0073

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ANEXOS 136

Anexo 14 - Testes de Exogeneidade

Quadro 14.1 - Modelo Período Total ____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 18:56

Sample (adjusted): 1976Q2 2013Q4

Included observations: 151 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(1,1)=0

Convergence achieved after 24 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 18.26318

Probability 0.000019

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 18:59

Sample (adjusted): 1976Q2 2013Q4

Included observations: 151 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(2,1)=0

Convergence achieved after 12 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 1.832233

Probability 0.175864

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:01

Sample (adjusted): 1976Q2 2013Q4

Included observations: 151 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(3,1)=0

Convergence achieved after 7 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 0.017201

Probability 0.895653

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ANEXOS 137

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:01

Sample (adjusted): 1976Q2 2013Q4

Included observations: 151 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(4,1)=0

Convergence achieved after 10 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 0.442210

Probability 0.506058

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ANEXOS 138

Quadro 14.2 - Modelo Período A _____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:03

Sample (adjusted): 1976Q2 1999Q4

Included observations: 95 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(1,1)=0

Convergence achieved after 8 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 11.59899

Probability 0.000660

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:04

Sample (adjusted): 1976Q2 1999Q4

Included observations: 95 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(2,1)=0

Convergence achieved after 7 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 0.700178

Probability 0.402724

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:04

Sample (adjusted): 1976Q2 1999Q4

Included observations: 95 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(3,1)=0

Convergence achieved after 9 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 5.032853

Probability 0.024871

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ANEXOS 139

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:05

Sample (adjusted): 1976Q2 1999Q4

Included observations: 95 after adjustments

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(4,1)=0

Convergence achieved after 2 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 0.007581

Probability 0.930614

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ANEXOS 140

Quadro 14.3 - Modelo Período B ________________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:06

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(1,1)=0

Convergence achieved after 15 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 12.02012

Probability 0.000526

_________________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:07

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(2,1)=0

Convergence achieved after 9 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 0.000433

Probability 0.983396

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:07

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(3,1)=0

Convergence achieved after 7 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 0.048047

Probability 0.826498

Cointegrating Eq: CointEq1

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ANEXOS 141

____________________________________________

Vector Error Correction Estimates

Date: 03/26/17 Time: 19:08

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Standard errors in ( ) & t-statistics in [ ]

Cointegration Restrictions:

A(4,1)=0

Convergence achieved after 17 iterations.

Not all cointegrating vectors are identified

LR test for binding restrictions (rank = 1):

Chi-square(1) 0.470819

Probability 0.492610

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ANEXOS 142

Anexo 15 - Teste de Causalidade Conjunta de Granger

Quadro 15.1 - Modelo Período T

VEC Granger Causality/Block Exogeneity Wald Tests

Date: 02/26/17 Time: 21:30

Sample: 1975Q4 2013Q4

Included observations: 151

Dependent variable: D(RPP)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(INC) 11.65319 1 0.0006

D(CRDF) 1.627574 1 0.2020

D(INT) 0.548361 1 0.4590

All 14.13769 3 0.0027

Dependent variable: D(INC)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 3.023663 1 0.0821

D(CRDF) 1.539658 1 0.2147

D(INT) 0.542993 1 0.4612

All 4.726505 3 0.1930

Dependent variable: D(CRDF)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 22.39045 1 0.0000

D(INC) 0.004462 1 0.9467

D(INT) 5.222078 1 0.0223

All 25.21050 3 0.0000

Dependent variable: D(INT)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 6.799176 1 0.0091

D(INC) 1.068885 1 0.3012

D(CRDF) 1.087626 1 0.2970

All 9.990560 3 0.0186

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ANEXOS 143

Quadro 15.2 - Modelo Período A

VEC Granger Causality/Block Exogeneity Wald Tests

Date: 02/26/17 Time: 21:41

Sample: 1975Q4 1999Q4

Included observations: 95

Dependent variable: D(RPP)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(INC) 0.638274 1 0.4243

D(CRDF) 5.283575 1 0.0215

D(INT) 8.308371 1 0.0039

All 13.00426 3 0.0046

Dependent variable: D(INC)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 1.598074 1 0.2062

D(CRDF) 3.561149 1 0.0591

D(INT) 1.852485 1 0.1735

All 6.664233 3 0.0834

Dependent variable: D(CRDF)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 7.401835 1 0.0065

D(INC) 0.051233 1 0.8209

D(INT) 8.080315 1 0.0045

All 16.61188 3 0.0008

Dependent variable: D(INT)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 4.319364 1 0.0377

D(INC) 0.132244 1 0.7161

D(CRDF) 1.453174 1 0.2280

All 6.238759 3 0.1006

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ANEXOS 144

Quadro 15.3 - Modelo Período B

VEC Granger Causality/Block Exogeneity Wald Tests

Date: 02/26/17 Time: 21:47

Sample: 2000Q1 2013Q4

Included observations: 56

Dependent variable: D(RPP)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(INC) 4.700814 1 0.0301

D(CRDF) 3.842755 1 0.0500

D(INT) 5.168312 1 0.0230

All 14.14051 3 0.0027

Dependent variable: D(INC)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 1.592026 1 0.2070

D(CRDF) 0.865387 1 0.3522

D(INT) 0.083017 1 0.7732

All 3.428479 3 0.3302

Dependent variable: D(CRDF)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 9.425097 1 0.0021

D(INC) 0.005445 1 0.9412

D(INT) 0.479383 1 0.4887

All 10.17497 3 0.0171

Dependent variable: D(INT)

Excluded Chi-sq df Prob.

D(RPP) 6.204865 1 0.0127

D(INC) 5.571688 1 0.0183

D(CRDF) 0.360539 1 0.5482

All 14.51756 3 0.0023

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ANEXOS 145

Anexo 16 - Função Impulso-Resposta: gráficos e tabelas dos períodos T, A e B

-4

0

4

8

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to RPP

-4

0

4

8

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to INC

-4

0

4

8

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to CRDF

-4

0

4

8

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to INT

Response to Cholesky One S.D. Innovations

Figura 16.1 - Gráficos da função Impulso-Resposta período T

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ANEXOS 146

-2

-1

0

1

2

3

4

5

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to RPP

-2

-1

0

1

2

3

4

5

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to INC

-2

-1

0

1

2

3

4

5

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to CRDF

-2

-1

0

1

2

3

4

5

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to INT

Response to Cholesky One S.D. Innovations

Figura 16.2 - Gráficos da função Impulso-Resposta período A

Page 147: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 147

-10

-5

0

5

10

15

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to RPP

-10

-5

0

5

10

15

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to INC

-10

-5

0

5

10

15

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to CRDF

-10

-5

0

5

10

15

5 10 15 20 25 30

Response of RPP to INT

Response to Cholesky One S.D. Innovations

Figura 16.3 - Gráficos da função Impulso-Resposta período B

Page 148: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 148

Quadro 16.1 - Tabela da função Impulso-Resposta período T

Period RPP INC CRDF INT

1 1.429291 0.012838 -0.085284 -0.139369

2 2.481086 -0.328107 0.037648 -0.394497

3 3.173024 -0.440975 0.403769 -0.637486

4 3.594513 -0.517536 0.875416 -0.916336

5 3.788643 -0.528705 1.451642 -1.189455

6 3.808595 -0.496650 2.075072 -1.462040

7 3.693842 -0.432380 2.724320 -1.722253

8 3.480243 -0.344587 3.373009 -1.967698

9 3.197022 -0.241816 4.004551 -2.194629

10 2.868560 -0.130158 4.605589 -2.401501

11 2.514572 -0.014893 5.167169 -2.587426

12 2.150774 0.100036 5.683434 -2.752371

13 1.789394 0.211567 6.151188 -2.896864

14 1.439671 0.317490 6.569309 -3.021862

15 1.108323 0.416264 6.938292 -3.128628

16 0.799963 0.506913 7.259850 -3.218616

17 0.517477 0.588916 7.536574 -3.293387

18 0.262360 0.662109 7.771654 -3.354546

19 0.035007 0.726608 7.968651 -3.403681

20 -0.165039 0.782738 8.131309 -3.442331

21 -0.338864 0.830972 8.263411 -3.471949

22 -0.488009 0.871887 8.368666 -3.493887

23 -0.614316 0.906118 8.450627 -3.509385

24 -0.719810 0.934333 8.512631 -3.519560

25 -0.806594 0.957201 8.557761 -3.525406

26 -0.876781 0.975379 8.588820 -3.527799

27 -0.932428 0.989492 8.608327 -3.527498

28 -0.975496 1.000129 8.618509 -3.525155

29 -1.007819 1.007831 8.621318 -3.521321

30 -1.031086 1.013089 8.618438 -3.516457

Page 149: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 149

Quadro 16.2 - Tabela da função Impulso-Resposta período A

Period RPP INC CRDF INT

1 0.743878 0.292139 0.315818 -0.197444

2 1.133606 0.521391 0.685180 -0.571506

3 1.315824 0.646280 1.124666 -0.788971

4 1.420975 0.722368 1.533313 -0.970249

5 1.486712 0.771538 1.897681 -1.112958

6 1.532693 0.806599 2.216402 -1.230749

7 1.567678 0.833541 2.491372 -1.329710

8 1.595634 0.855213 2.727734 -1.413356

9 1.618714 0.873161 2.930247 -1.484529

10 1.638077 0.888246 3.103568 -1.545187

11 1.654472 0.901029 3.251797 -1.596964

12 1.668415 0.911907 3.378526 -1.641186

13 1.680303 0.921182 3.486854 -1.678968

14 1.690450 0.929101 3.579445 -1.711252

15 1.699117 0.935865 3.658582 -1.738842

16 1.706521 0.941644 3.726217 -1.762420

17 1.712849 0.946583 3.784023 -1.782571

18 1.718256 0.950803 3.833427 -1.799793

19 1.722877 0.954410 3.875651 -1.814512

20 1.726826 0.957492 3.911737 -1.827091

21 1.730202 0.960126 3.942578 -1.837842

22 1.733086 0.962378 3.968937 -1.847030

23 1.735552 0.964302 3.991464 -1.854883

24 1.737659 0.965947 4.010718 -1.861594

25 1.739460 0.967352 4.027172 -1.867330

26 1.740999 0.968553 4.041235 -1.872232

27 1.742314 0.969580 4.053254 -1.876422

28 1.743438 0.970457 4.063526 -1.880002

29 1.744399 0.971207 4.072305 -1.883062

30 1.745220 0.971848 4.079808 -1.885678

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ANEXOS 150

Quadro 16.3 - Tabela da função Impulso-Resposta período B

Period RPP INC CRDF INT

1 1.835004 -0.169821 -0.298789 0.006127

2 2.897587 -0.632476 -0.015168 0.433792

3 3.453015 -0.434148 0.941132 0.685776

4 3.753288 -0.388334 2.030579 0.662724

5 3.814110 -0.209721 3.360681 0.428685

6 3.725326 -0.060918 4.713298 0.027293

7 3.515301 0.109544 6.086795 -0.478036

8 3.229683 0.269253 7.398122 -1.046130

9 2.895399 0.422690 8.627041 -1.638091

10 2.538622 0.563111 9.743559 -2.226783

11 2.177779 0.689414 10.73743 -2.790841

12 1.827495 0.800391 11.60228 -3.315845

13 1.497966 0.895819 12.33943 -3.792268

14 1.196114 0.976200 12.95414 -4.214921

15 0.926033 1.042362 13.45500 -4.581895

16 0.689598 1.095521 13.85258 -4.893846

17 0.486960 1.137019 14.15859 -5.153299

18 0.316976 1.168311 14.38511 -5.364076

19 0.177588 1.190846 14.54411 -5.530824

20 0.066129 1.206031 14.64697 -5.658633

21 -0.020419 1.215185 14.70424 -5.752734

22 -0.085224 1.219511 14.72548 -5.818266

23 -0.131449 1.220085 14.71910 -5.860113

24 -0.162137 1.217846 14.69243 -5.882785

25 -0.180127 1.213596 14.65164 -5.890349

26 -0.188001 1.208008 14.60185 -5.886392

27 -0.188058 1.201631 14.54721 -5.874009

28 -0.182295 1.194904 14.49099 -5.855814

29 -0.172415 1.188164 14.43567 -5.833969

30 -0.159838 1.181666 14.38308 -5.810217

Page 151: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 151

Anexo 17 - Decomposição da Variância dos Erros de Previsão

Quadro 17.1 - Tabela da Decomposição da Variância dos Erros de Previsão: Modelo

Período T

Period S.E. RPP INC CRDF INT

1 1.438657 98.70216 0.007963 0.351416 0.938458

2 2.913798 96.56592 1.269922 0.102362 2.061799

3 4.395700 94.53768 1.564411 0.888720 3.009185

4 5.840939 91.41383 1.671100 2.749614 4.165461

5 7.229936 87.12331 1.625442 5.825946 5.425305

6 8.571320 81.73200 1.492241 10.00614 6.769625

7 9.883675 75.43575 1.313649 15.12298 8.127622

8 11.18780 68.55091 1.120108 20.89241 9.436575

9 12.50196 61.43603 0.934413 26.99107 10.63849

10 13.83920 54.43337 0.771405 33.10210 11.69313

11 15.20661 47.81836 0.639005 38.96275 12.57988

12 16.60584 41.77693 0.539484 44.38716 13.29642

13 18.03412 36.40612 0.471178 49.26873 13.85398

14 19.48565 31.73009 0.430143 53.56792 14.27186

15 20.95281 27.72183 0.411481 57.29397 14.57272

16 22.42726 24.32381 0.410243 60.48676 14.77919

17 23.90069 21.46410 0.421934 63.20208 14.91188

18 25.36537 19.06756 0.442749 65.50123 14.98846

19 26.81446 17.06253 0.469616 67.44438 15.02347

20 28.24222 15.38439 0.500148 69.08697 15.02849

21 29.64400 13.97689 0.532543 70.47803 15.01253

22 31.01624 12.79226 0.565484 71.65979 14.98247

23 32.35637 11.79060 0.598036 72.66791 14.94346

24 33.66271 10.93897 0.629559 73.53217 14.89930

25 34.93434 10.21040 0.659636 74.27723 14.85273

26 36.17101 9.582920 0.688018 74.92335 14.80572

27 37.37294 9.038694 0.714574 75.48714 14.75959

28 38.54081 8.563273 0.739263 75.98222 14.71524

29 39.67559 8.144958 0.762105 76.41970 14.67323

30 40.77848 7.774272 0.783160 76.80869 14.63388

Page 152: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 152

Quadro 17.2 - Tabela da Decomposição da Variância dos Erros de Previsão: Modelo

Período A

Period S.E. RPP INC CRDF INT

1 0.881717 71.17793 10.97793 12.82963 5.014518

2 1.769301 58.72738 11.41038 18.18322 11.67901

3 2.677096 49.81006 10.81189 25.59126 13.78679

4 3.605588 42.99128 9.974317 32.19270 14.84171

5 4.543755 37.77680 9.163930 37.71401 15.34525

6 5.483853 33.74641 8.454730 42.22696 15.57190

7 6.418731 30.59713 7.857627 45.88750 15.65774

8 7.342728 28.10334 7.361016 48.86565 15.67000

9 8.251574 26.10183 6.948532 51.30469 15.64495

10 9.142236 24.47417 6.604567 53.31952 15.60174

11 10.01270 23.13413 6.315934 54.99915 15.55079

12 10.86173 22.01825 6.071983 56.41203 15.49774

13 11.68872 21.07935 5.864269 57.61079 15.44558

14 12.49352 20.28187 5.686129 58.63612 15.39588

15 13.27628 19.59868 5.532298 59.51968 15.34934

16 14.03743 19.00883 5.398598 60.28635 15.30622

17 14.77754 18.49594 5.281689 60.95584 15.26653

18 15.49730 18.04708 5.178886 61.54392 15.23012

19 16.19749 17.65191 5.088011 62.06330 15.19678

20 16.87890 17.30211 5.007288 62.52433 15.16628

21 17.54236 16.99090 4.935254 62.93547 15.13838

22 18.18868 16.71274 4.870699 63.30373 15.11283

23 18.81868 16.46303 4.812617 63.63492 15.08943

24 19.43313 16.23795 4.760160 63.93393 15.06796

25 20.03280 16.03431 4.712618 64.20483 15.04824

26 20.61841 15.84941 4.669385 64.45111 15.03010

27 21.19067 15.68096 4.629948 64.67571 15.01338

28 21.75023 15.52702 4.593865 64.88117 14.99795

29 22.29772 15.38592 4.560758 65.06964 14.98368

30 22.83373 15.25623 4.530301 65.24301 14.97046

Page 153: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE … · Desenvolvimento Econômico do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre

ANEXOS 153

Quadro 17.3 - Tabela da Decomposição da Variância dos Erros de Previsão: Modelo

Período B

Period S.E. RPP INC CRDF INT

1 1.866920 96.61008 0.827432 2.561409 0.001077

2 3.531265 94.33366 3.439216 0.717774 1.509346

3 5.092902 91.32117 2.380125 3.759919 2.538789

4 6.688653 84.43308 1.716998 11.39630 2.453628

5 8.414716 73.89219 1.146963 23.15104 1.809804

6 10.33949 61.92334 0.763149 36.11411 1.199401

7 12.51208 50.17920 0.528799 48.32700 0.965008

8 14.92923 39.92580 0.403955 58.50141 1.168837

9 17.56568 31.55720 0.349700 66.37914 1.713957

10 20.37671 25.00307 0.336240 72.19277 2.467913

11 23.31329 19.97353 0.344317 76.36375 3.318401

12 26.32675 16.14459 0.362434 79.30443 4.188537

13 29.37324 13.22942 0.384163 81.35482 5.031596

14 32.41521 10.99908 0.406138 82.77249 5.822293

15 35.42204 9.279350 0.426708 83.74497 6.548968

16 38.36978 7.940653 0.445183 84.40603 7.208131

17 41.24066 6.887532 0.461372 84.85017 7.800923

18 44.02230 6.049812 0.475341 85.14389 8.330956

19 46.70689 5.375789 0.487274 85.33392 8.803020

20 49.29043 4.827198 0.497400 85.45306 9.222338

21 51.77192 4.375556 0.505953 85.52435 9.594144

22 54.15273 3.999521 0.513157 85.56387 9.923455

23 56.43595 3.682993 0.519214 85.58284 10.21495

24 58.62594 3.413739 0.524300 85.58902 10.47294

25 60.72786 3.182395 0.528570 85.58771 10.70133

26 62.74736 2.981741 0.532158 85.58247 10.90363

27 64.69031 2.806165 0.535175 85.57567 11.08299

28 66.56257 2.651272 0.537718 85.56878 11.24223

29 68.36989 2.513592 0.539866 85.56271 11.38384

30 70.11772 2.390360 0.541688 85.55794 11.51002