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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO HUMANA

PONTA GROSSA 2011

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MARIA DÓRIS PENTEADO

A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO HUMANA

Trabalho de implementação apresentado como requisito parcial pela Profª Maria Dóris Penteado para obtenção de título escolar (PDE), promovido pelo Governo do Estado do Paraná. Orientadora: Profª. Drª Silvana Oliveira (UEPG).

PONTA GROSSA

2011

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RESUMO:

O objetivo deste trabalho é despertar o gosto pela leitura, em alunos de 7ª série do Colégio

Estadual Dr. Claudino dos Santos, situado no município de Ipiranga, por meio da leitura de

contos literários. Por meio de atividades dirigidas de leitura literária, pretende-se promover

exercícios de interpretação e produção de textos que garantam condições de compreensão e

valorização do ato de leitura como uma atividade significativa no processo de conhecimento e

aprimoramento pessoal dos jovens envolvidos. A organização do trabalho se dará,

inicialmente, pela seleção de contos a serem lidos, estudo interpretativo de cada um deles e

preparação da abordagem a ser encaminhada em sala de aula com o grupo de alunos

selecionado, organizados neste Material Didático sob o título “A Leitura Literária na

Formação Humana”. Ao final da implementação, pretende-se que o grupo de alunos

envolvido seja capaz de produzir textos narrativos, nos moldes tradicionais do conto literário.

Com o material produzido pelo grupo, pretende-se organizar uma pequena antologia escolar

de contos.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura, Literatura e Contos.

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A LEITURA LITERÁRIA NA FORMAÇÃO HUMANA

APRESENTAÇÃO

A presente Unidade Didática destina-se ao registro de textos e atividades a serem

trabalhados na proposta de intervenção Pedagógica na Escola, como parte integrante do PDE.

Esta proposta metodológica propõe realizar um estudo sobre leitura literária com alunos de 7ª

série /8º ano do Ensino Fundamental.

Com essa Unidade Didática, será produzida várias atividades de compreensão,

interpretação, reflexão, análise e reescrita, de modo que cada participante perceba a estrutura

narrativa de cada conto e os seus elementos. Da mesma forma, se dará uma atenção especial

para a contribuição que a literatura proporciona para a sociedade e para o indivíduo. A

organização desse trabalho se dará, inicialmente, pela seleção de contos a serem lidos,

interpretados e compreendidos.

ATIVIDADE I

O QUE É LITERATURA?

Já houve centenas de tentativas de definir o que é literatura. É uma pequena

pergunta que tem várias respostas. Não existe uma resposta correta, porque cada tempo, cada

grupo social tem uma resposta, tem sua própria definição para literatura.

Segundo, Lajolo, foi, portanto na Grécia antiga, de mármores brancos e deuses

olímpicos, que começou a tomar forma um conceito e uma prática de literatura, cujas

metamorfoses últimas são as que se conhecem hoje. (Lajolo, 1990, p.25).

Não é, portanto, o uso deste ou daquele tipo de linguagem que vai configurar a

literatura. È a relação que as palavras estabelecem com o contexto, com a situação de

produção e leitura que instaura a natureza literária de um texto. É a literatura porta de um

mundo autônomo que, nascendo com ela, não se desfaz na última página do livro, no último

verso do poema. Permanece ricocheteando no leitor. Literatura não transmite nada. Cria. Dá

existência plena ao que, sem ela ficaria no caos. Quando Gonçalves Dias chora de saudades

da Pátria dizendo que sua terra tem palmeiras onde canta o sabiá, “palmeiras” e “sabiá” são

traços leves, por assim dizer só relacionados a sensação de saudade, de finitude do homem, de

sua familiaridade maior com certos espaços e resistência a outros. O traço da paisagem é

circunstancial: brasileiro, quase verde e amarelo. No texto do poeta, no entanto, transformam-

se e significam muito mais do que meros elementos da flora e da fauna brasileira. Evocam,

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em cada leitor, sua palmeira e seu sabiá, que podem não ter existido, mas cuja existência se

pressente a partir da leitura. (Lajolo1990, p.44)

Segundo Franco e Oliveira, essa pergunta já vem sendo feita há mais de 2.500 anos.

Os gregos antigos, por exemplo, já se dedicavam a pensar sobre aquelas manifestações do

espírito que não tinham uma função clara, como as narrativas contadas de uns para os outros,

ou declamações com temas alegres ou tristes que emocionavam os ouvintes.

As noções sobre o que é literatura variam bastante conforme a

época. Como já deve ter ficado claro para todos, estabelecer o conceito de literatura não é

nada simples. Dependemos de contextos históricos, referências culturais e esforço teórico.

Além disso, fica claro que a relação de literatura está diretamente relacionado á arte. Pois a

literatura é compreendida como exercício artístico da linguagem.

ATIVIDADE II

PARA QUE SERVE A LITERATURA?

Quando pensamos em para que serve a literatura, ainda recuperamos as idéias de

Aristóteles, elas nos servem para compreender o fenômeno da arte da palavra. (Franco e

Oliveira, 2009, p.17 a 22). A literatura serve como produção humana, está intrinsecamente

ligada à vida social.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ensino, a literatura é

vista como arte que transforma/humaniza o homem e a sociedade. Antonio Candido (1972)

atribui à literatura três funções: a psicológica, a formadora e a social.

A primeira, função psicológica, permite que o homem fuja da realidade,

mergulhando num mundo de fantasias, o que lhe possibilita momentos de reflexão,

identificação e catarse.

Na segunda, Candido (1972), afirma que a literatura por si faz parte da formação do

sujeito, atuando como instrumento de educação, ao retratar realidades não reveladas pela

ideologia dominante. (Secretaria do Estado de Educação do Paraná-Diretrizes da Educação

Básica, 2008, p.57).

Eagleton (1983) comenta sobre a dificuldade em definir literatura, uma vez que

depende da maneira como cada um atribui o significado a uma obra literária. Segundo esse

teórico (1983, p.105), “sem essa constante participação ativa do leitor, não haveria obra

literária”. A escola ,portanto, deve trabalhar a literatura em sua dimensão estética. Aquele

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que lê amplia seu universo, mas amplia também o universo da obra a partir da sua experiência

cultural.

Jauss (1994) elaborou a teoria conhecida como Estética de Recepção. Nela o autor

apresenta sete fases com a finalidade de propor uma metodologia para (re)escrever a história

da literatura:

Na primeira tese ele aborda relação entre leitor e texto, afirma que o leitor dialoga

com a obra atualizando-a no ato da leitura. A segunda tese destaca o saber prévio do leitor, o

qual reage de forma individual diante da leitura, influenciado, por um contexto social.

A terceira enfatiza o horizonte de expectativas , o quarto apresenta a idéia de que é

possível medir o caráter artístico de uma obra literária tendo como referência o modo e o grau

como foi recebida pelo público nas diferentes épocas em que foi lida. A quarta tese aponta a

relação dialógica do texto. Na quinta, Jauss aponta o enfoque diacrônico, que enfoca a

maneira como a obra foi produzida e como foi recebida em diferentes momentos históricos. A

sexta refere-se ao corte sincrônico, no qual é visto o caráter histórico da obra literária no viés

atual.

Na última tese, o caráter emancipatório da obra literária relacionada a experiência

estética com atuação do homem em sociedade, permitindo a este por meio de emancipação,

desempenhar um papel atuante no contexto social (Diretrizes Curriculares da Educação

Básica Língua Portuguesa, 2008, p.59).

Leitura: Segundo, Solé (1998) a leitura é um processo de interação entre o leitor e o

texto: neste processo tenta-se satisfazer ( obter uma informação pertinente para) os objetivos

que guiam sua leitura. Os objetivos da leitura são elementos que devem ser levados em conta

quando se trata de ensinar as crianças a ler e a compreender.

A leitura literária, pode ser considerada um processo constante e verificação de

previsões que levam à construção de uma interpretação. Os fatos que sucedem uma história-e

os elementos que compõe cenário, personagens, problema, ação, resolução , nos permitem

prever o que vai acontecer; é um processo que deve ser ensinado e aprendido. È importante

estabelecer que, embora um autor possa elaborar um texto para comunicar determinados

conteúdos, a idéia ou as idéias principais construídas pelo leitor dependem em grande parte

dos seus objetivos de leitura, dos seus conhecimentos prévios e daquilo que o processo de

leitura lhe oferece em relação aos primeiros. O processo de leitura deve garantir que o leitor

compreenda o texto e que pode ir construindo uma ideia sobre seu conteúdo, extraindo dele o

que lhe interessa em função de seus objetivos. A literatura como produção humana, está

intrinsecamente ligada à vida social.

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CONTO

A palavra conto vem do latim, significa (contare= falar). É narrativa breve de um

fato real, fantasioso, desenrola-se com poucos personagens, apresenta apenas um drama. O

espaço e tempo são restritos. Tem uma narrativa direta e objetiva.

Guardamos na memória heróis, vilões, objetos mágicos e forças sobrenaturais que

povoavam contos maravilhosos, de aventura, de mistério, lidos e ouvidos ao longo da vida.

Os contos fazem pensar, intrigam, trazem descobertas, provocam susto, riso encantamento.

“Quem conta um conto aumenta um ponto”, muitas vezes até mudando o sentido da

narrativa. É assim que acontecem os equívocos no cotidiano, muitas vezes interpretado de

maneira errônea, algum fato que se passa de boca em boca.

PORQUE TODO MUNDO GOSTA DE HISTÓRIAS?

Não há sociedade sem narrativa. O homem é um animal narrativo. Contamos

histórias desde o amanhecer até a hora de dormir. Por meio da leitura do conto podemos

descobrir outros lugares, outros tempos, outras formas de agir e ser. Senta-se num táxi,

histórias, entra em um ônibus, histórias, vai para a escola, histórias, deu uma topada, histórias,

briga com o(a) namorado(a),histórias.

Todas as situações da vida propiciam conhecimentos notáveis e vivemos desse

entrelaçamento de narrativas. (David Arrigucci Jr.(entrevista para a revista de Cultura da

Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo-Revista: Na ponta do lápis, AnoV, nº 12, p.14).

Os irmãos Grimm, Jacob (04/01/1785) e Wilhelm(24/02/1786), nasceram na

Alemanha, estudaram direito, mas se dedicaram à pesquisa e ao estudo da língua. Para

preservar as histórias tradicionais do seu povo, escreviam as narrativas que ouviam de

parentes, amigos, camponeses e assim reuniam grande quantidade de contos e lendas

populares. Os primeiros contos recolhidos pelos irmãos Grimm foram publicados e 1812. A

obra chama-se “ Histórias das crianças e do lar” e apresenta 51 contos. Os textos foram por

eles publicados espalharam-se pelo mundo, ganharam outras versões e fascinaram pessoas de

diferentes línguas e culturas.

Nossos objetivos com este material são os seguintes:

1. Conhecer e compreender textos literários;

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2. Entender como são compostos e os efeitos de leitura que os textos literários

provocam no leitor

3. Compreender a importância do texto literária na formação humana

ATIVIDADE III

COMO VOCÊ LÊ?

Nesta atividade você vai responder a algumas perguntas que o levarão a pensar que

tipo de leitor você é. Ao pensar nisso, com certeza você perceberá que pode melhorar as suas

condições de leitura e expandir o universo de textos com que costuma ter contato.

QUESTIONÁRIO INFORMATIVO:

1. Você lembra de algum livro que leu na escola, ainda no início, de 1ª a 4ª série?

O que mais te chamou a atenção nesse(s) livro(s)?

2. E da 5ª série, até hoje, há algum livro que marcou sua história de leitura? por

quê?

3. Que tipo de leitura mais chama sua atenção?

4. Costuma ler fora da escola?

5. Que tipo de texto você escolhe para ler?

6. Quando você ouve música presta atenção na letra ou só na melodia?

7. O que você acha de contos?

8. Ler para você é uma diversão ou uma chateação? Por quê?

9. A leitura para alcançar nota é diferente da leitura livre, sem cobrança?

10. O que você entende por conto literário? Existe outro tipo de conto?

ATIVIDADE IV

UM PAR DE TÊNIS Pedro Bandeira (Recanto das letras, 24de abril de 2010)

COMO DIFERENCIAR O CERTO DO ERRADO?

Essa atividade servirá para que você reflita um pouco sobre seus limites, como se

forma a moral das pessoas e de como devemos agir numa sociedade, cheia de cobranças e

princípios.

CONTO:

Caroline e Simone tinham a mesma idade, 16 anos, moravam na periferia na mesma

quadra. Estudavam na mesma escola e trabalhavam em fábricas vizinhas. Iam direto após o

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trabalho para a escola e sentavam sempre juntas no ônibus. Saltavam no ponto final e

caminhavam mais uma meia hora até chegar à escola.

Caroline descobre que tem nome de princesa ao ler uma manchete de um jornal que

um sujeito sacolejava ao lado do banco onde estavam sentadas.

O título da reportagem dizia: “Princesa Caroline casa-se em segredo”

Caroline começou logo a sonhar com um futuro dourado que confiava atingir,

dizendo à Simone.(...)

ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:

1. O que sugere esse título?

2. Ao ler este conto, você lembra outra história na qual essa narrativa tenha se

baseado?

3. O tênis tem um defeito de fabricação, e o defeito da garota qual é?

4. Comente e analise o comportamento de Simone para conseguir o par de tênis.

5. O que pode acontecer assim que o garoto “riquinho” descobrir que o tênis

pertence a Caroline? Como será a reação dele?

6. Compare esta narrativa com o conto tradicional em que a história se baseia e

indique qual o papel assumido por Simone.

7. Para ela conseguir ter acesso á festa de gente rica precisou de estratégias, quais

foram elas?

8. O “príncipe” tem uma condição diferente de Caroline?

9. Caso, seja ele um “nobre” de classe social mais abastada, Caroline teria alguma

possibilidade de conquista?

10. A condição social de Caroline a impede de gostar de viver o sonho de encontrar

seu “príncipe encantado”?

11. Para uma jovem de classe menos favorecida, qual o significado de um casamento

com um homem rico?

AGORA É COM VOCÊS

Vamos dar um outro final para a história de Caroline, escolha um dos tópicos para

desenvolver a tua narrativa:

- O príncipe encantado de seus sonhos, não era filho de um rei.

-O príncipe encantado dos seus sonhos também usava roupa emprestada.

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-O príncipe encantado de seus sonhos era da mesma classe social de Caroline.

- O príncipe encantado de seus sonhos não passou apenas de sonho, imaginação.

Agora algumas narrativas serão apresentadas aos colegas da classe, e comentadas.

ATIVADADE V

BIRUTA (Lygia Fagundes Telles)

O SIGNIFICADO DA AMIZADE.

Este conto contém uma grande carga dramática que irá cativar você. Certamente,

você já presenciou ou já viveu alguma história parecida com esta. Após a leitura do conto,

comente algo sobre este fato com seus colegas e com o professor. Em seguida você fará um

levantamento do vocabulário e estas palavras serão exploradas junto com o professor e com

seus colegas.

CONTO:

Alonso foi para o quintal carregando uma bacia cheia de louça suja. Andava com

dificuldade, tentando equilibrar a bacia que era demasiado pesada para seus bracinhos finos.

- Biruta, eh, Biruta- chamou sem se voltar.

O cachorro saiu de dentro da garagem. Era pequenino e branco, uma orelha em pé e

a outra completamente caída.

- Sente-se aí, Biruta, que vamos ter uma conversinha – disse Alonso pousando a

bacia ao lado do tanque. Ajoelhou-se, arregaçou as mangas da camisa e começou a lavar os

pratos.

Biruta sentou-se muito atento, inclinando interrogativamente a cabeça ora para a

direita, ora para a esquerda, como se quisesse aprender melhor as palavras do seu dono. A

orelha caída ergueu-se um pouco, enquanto a outra empinou, aguda e ereta. Entre elas,

formaram-se dois vincos, próprios de uma testa franzida do esforço de meditação (...).

ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

Vamos retomar a leitura para verificarmos os personagens, a sequência das ações, o

espaço, o tempo, o foco narrativo. Cada um de vocês lerá um trecho em voz alta e vamos

observando como isso acontece.

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Reunam-se em pequenos grupos para dar seu parecer conforme diferentes pontos de

vista sobre a narrativa.

Em seguida à discussão cada grupo apresentará suas respostas ao restante da turma.

VAMOS RECORDAR

ELEMENTOS DA NARRATIVA

A história dá-se em duas posições: a de contar como personagens, em 1ª pessoa.

-ou colocar-se fora da história, contando os fatos em 3ª pessoa.

O conto Biruta é narrado em 3ª pessoa. Coloca a personagem aproximando-a mais

através do discurso indireto livre. O que faz com que o leitor viva mais próximo o drama do

menino; o leitor sente o impacto da perda do melhor amigo.

AÇÃO – ENREDO:

Compreende-se tudo o que acontece numa narrativa - os fatos e os atos que os

personagens praticam.

-Sequência lógica causal: as ações seguem como decorrência umas das outras.

-Sequência cronológica ou temporal: os fatos são narrados numa ordem linear ou

não.

No conto Biruta os fatos ocorrem na maioria em tempo presente, isto é, no momento

em que ocorrem. Em alguns momentos é feito flash-back, recurso usado para recordar fatos

que ocorreram no passado.

TEMPO:

Tempo: tempo-época; tempo-duração.

Tempo época: momento histórico dos acontecimentos narrados.

Tempo duração: é o tempo que transcorre do começo ao fim da história narrada.

(horas, dias, meses, anos).

PERSONAGEM:

Protagonista- Alonso, Biruta, Leduína, Zulu e o doutor

ESPAÇO:

Onde ocorrem as ações dos personagens.

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ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

1.Como você se sentiu emocionalmente durante a leitura do conto Biruta ?

2. Qual é o tema desta história ?

3. O narrador faz da técnica flash-back, isto é, retoma fatos do passado? Quais fatos

são estes?

Agora vamos pensar um pouco.

Observe os fatos abaixo e anote: presente ou passado.

-Alonso conversa bravo com Biruta. ( )

-Quando morava no asilo recebia visita da madrinha. ( )

-Alonso dormia com Biruta na garagem. ( )

-Coloca o cachorrinho no banco do carro. ( )

-Conversa entusiasmado com a empregada Leduína a respeito de Biruta. ( )

-Zulu engana Alonso dizendo que vai só emprestar o Biruta. ( )

-Desolado e muito triste o menino vai até a garagem. ( )

- O doutor se montra indiferente a tudo o que acontece. ( )

-Alonso em companhia de Biruta lava a louça. ( )

5. Em que dia e mês do ano acontece a história? Mais precisamente a que horas?

6.Por que fica mais pesada a carga de crueldade de dona Zulu pela escolha desse dia

para dar sumiço em Biruta?

7.Quais eram as características físicas e psicológicas de Alonso ?

8.Que tipo de trabalho ele fazia e onde dormia?

9.Como era o comportamento de Biruta? E por que ele agia assim?

10.Como Alonso se relacionava com o cão e por que ele era tão importante para o

menino?

11. Que motivos levaram Zulu a adotar o menino?

12. Entre Zulu e Leduína há diferença na maneira de tratar o menino ?

13.E com o marido de dona Zulu como era o relacionamento com Alonso ?

14.Que espaço ficou reservado na casa para o menino e o cãozinho ?

AGORA É COM VOCÊ

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Produzam um texto narrativo inspirados neste conto de Lygia Fagundes Telles, o

qual fará parte da coletânea de contos produzidos por vocês.

TÉCNICA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Para o próximo encontro vocês vão trazer materiais, sucatas para confeccionar

fantoches com os quais apresentarão aos colegas em forma de teatro suas produções,

expressando seus pensamentos, ações, desejos, aventuras inspirados nos contos estudados.

ATIVIDADE VI

AS FORMIGAS (Lygia Fagundes Telles)

GRANDIOSAS POR SUA ORGANIZAÇÃO E SABEDORIA

Com esse conto pretende-se esclarecer aos alunos as dificuldades que os jovens de

hoje encontram quando precisam se estabelecer fora dos seios familiares em busca de

aperfeiçoamento e sonhos a serem realizados, principalmente com os estudos. A maioria dos

adolescentes, não enfrentam as dificuldades, desistindo de buscar o crescimento pessoal,

voltando para casa dos pais.

CONTO:

Quando minha prima e eu descemos do táxi já era quase noite. Ficamos imóveis

diante do velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um vazado por uma

pedrada. Descansei a mala no chão e apertei o braço da prima.

- É sinistro.

Ela me impeliu na direção da porta. Tínhamos outra escolha? Nenhuma pensão nas

redondezas oferecia um preço melhor a duas pobres estudantes, com liberdade de usar o

fogareiro no quarto, a dona nos avisara por telefone que podíamos fazer refeições ligeiras com

a condição de não provocar incêndio. Subimos a escada velhíssima, cheirando a creolina.

- Pelo menos não vi sinal de barata - disse minha prima.(...)

ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

1. Qual é o tema dessa história?

2. Em que pessoa está narrado o conto ?

3. Quando acontecem os fatos ? Cite uma passagem que comprove isto.

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4. Qual foi a primeira impressão que as garotas tiveram da pensão ? Por quê ?

5. Descreva a dona da pensão.

6. Como era dentro dos cômodos da pensão ?

7. Porque havia uma caixa com ossos humanos no quarto ?

8. O que acontecia à noite?

9. Quem eram as garotas?

10. Porque abandonaram a pensão às pressas ?

Agora vocês vão iniciar um conto do seu cotidiano e escreverão aproximadamente

três linhas e passarão ao colega da sua frente na fila, o qual dará continuidade ao seu texto, e

assim sucessivamente até o último da fila, o qual vai dar um final á narrativa, e em seguida

fará a leitura desse texto aos colegas.

ATIVIDADE VII

A MOÇA TECELÃ (Marina Colasanti)

A MULHER COMO DONA DO SEU DESTINO, SEUS ENCANTOS E

DESENCANTOS.

Com esse conto pretendemos trabalhar com a narrativa fantástica de forma a mostrar

como tudo pode acontecer e desfazer-se também com muita facilidade, concretizando as

fantasias e desejos do ser humano.

CONTO:

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da

noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz que ela ia passando entre

os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenrolava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que

nunca acabava .

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na

lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida

pelas nuvens, escolhia um fio prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a

chuva vinha cumprimentá-la à janela.

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Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os

pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a

acalmar a natureza.(...)

CONHECENDO UM POUCO SOBRE A AUTORA

Marina Colasanti nasceu em Asmará, Etiópia- hoje chamada Eritréia. Ainda bem

pequena, foi com a família para a Itália,no inicio da Segunda Guerra Mundial e, por causa da

guerra veio para o Brasil, em 1948. Aqui no Brasil, estudou Belas Artes, trabalhou como

jornalista, traduziu textos importantes da literatura italiana. Publicou várias obras,

poesias,contos literatura para crianças e jovens.

ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

1. Levantamento do vocabulário

2. Você sabe o que é um tear?

3. De onde vinha a inspiração para a moça tecer?

4. Porque resolveu tecer alguém para lhe fazer companhia?

5. Como era essa pessoa que ela escolheu para acompanhá-la?

6. Houve mudanças em sua vida após essa criação? Ela era Feliz?

7. Escreva um conto fantástico inspirando-se nessa narrativa. Em seguida apresente

aos colegas.

ATIVIDADE VIII

A FELICIDADE CLANDESTINA (Clarice Lispector)

A INFÂ NCIA E A MANIFESTAÇÃO DOS DESEJOS

Com a leitura deste conto, você vai acompanhar a história de uma menina apai

xonada por um livro e as dificuldades criadas por uma colega, dona do livro desejado.

CONTO:

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados.

Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse,

enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer

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criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai que qualquer criança devoradora de

histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas

com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente

bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres.(...)

ATIVIDADE DE COMPREESÃO E INTERPRETAÇÃO

1. O que levou a menina filha do dono da livraria, a agir dessa maneira com a colega

de classe?

2. Descreva como era fisicamente essa menina.

3. Quem está narrando o texto e em que pessoa está?

4. Como se chama o livro que gerou essa trama?

5. Quantos personagens há no conto?

6. Porque ela sempre mandava a colega voltar no dia seguinte?

7. Quem tomou partido nas dores da menina?

8. Como ficou essa pessoa ao descobrir o comportamento da jovem?

9. Qual foi o comportamento da menina ao receber o livro em suas mãos?

10. Como foi a atitude dela depois com o livro? Por quê agia assim?

Descreva algum acontecimento em sua vida que a deixou tão feliz! Que você não

queria que terminasse nunca. Depois apresente aos colegas.

ATIVIDADE IX

A VONTADE DO FALECIDO (Stanislaw Ponte Preta)

O ÚLTIMO DESEJO DE UM MORIBUNDO DEVE SER RESPEITADO?

O que leva algumas pessoas a terem desejos pós-morte se tudo está consumado?

Um corpo sem vida já não pode manifestar desejo algum. E os entes queridos têm como

obrigação fazer cumprir o último desejo do falecido. Até onde isso tem um fundamento?

CONTO:

Seu Irineu Boaventura não era tão bem aventurado assim, pois sua saúde não era lá

para que se diga. Pelo contrário, seu Irineu ultimamente já tava até curvando a espinha, tendo

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merecido, por parte dos vizinhos mais irreverentes, o significado de “Pé na Cova”. Se digo

significativo é porque seu Irineu Boaventura realmente já dava a impressão de que, muito

brevemente, iria comer capim pela raiz, isto é, iam plantar ele e botar um jardinzinho por

cima.

Se havia expectativa em torno do pensamento de seu Irineu? Havia sim. O velho

tinha seus guardados. Não eram bens imóveis, pois seu Irineu conhecia de sobra Altamirando,

seu sobrinho, e sabia que, se comprasse terreno, o nefando parente se instalaria nele sem a

menor cerimônia. De mais a mais, o velho era antigão: (...)

ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

1. Levantamento do vocabulário.

2. Por que o texto chama-se a vontade do falecido?

3. Em que pessoa é narrado o texto?

4. Como era seu Irineu fisicamente e ele era feliz?

5. A respeito do relacionamento entre tio e sobrinho, como era?

6. Qual é o significado do verbo “plantar” no texto?

7. (...) a erva dela era viva. Tudo guardado em pacotinhos (...) nessa erva é que

aparentada trava de olho grande (...)

-Explique o significado da expressão destacada.

Em relação às atitudes dos parentes no velório de seu Irineu- indique se cada uma

das afirmações é verdadeira ou falsa e justifique sua resposta:

-Os parentes choraram muito, pois ficaram tristes com a morte de seu Irineu.

-Os parentes eram muito unidos e cofiavam uns nos outros.

A expressão “Pé- na- Cova” é usada na linguagem popular para dizer que uma

pessoa está próxima da morte.

Explique o significado das expressões usadas com a palavra “pé” nas frases a seguir:

-Ele fez um pé-de-meia e teve um futuro tranqüilo.

-Nosso time entrou com o pé direito no campeonato.

-Um bom pedreiro faria esse trabalho com um pé nas costas.

-A mulher entrou pé ante pé no quarto do bebê.

8. Por que o autor usa a expressão vinte em pacotinhos de “Tiradentes” e quarenta

em pacotinhos de “Santos Dumont”?

9. Qual foi a reação do sobrinho na hora em que o cofre foi aberto?

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10. Por que é necessário o reconhecimento de firma em cartório de alguns

documentos ?

Agora vocês vão pesquisar a vida do autor. Em seguida relatem em forma de texto

algum fato ou situação engraçada que vocês viram ou ouviram, e apresentem aos colegas.

ATIVIDADE X

A MÁQUINA EXTRAVIADA (José J. Veiga).

SERIA ESSA MÁQUINA MAIS UM ELEFANTE BRANCO EM NOSSA

SOCIEDADE?

Com essa atividade pretende-se mostrar como o Brasil está sendo mal administrado,

com tantos políticos irresponsáveis e corruptos, governando o nosso país. “Há muitos anos,

um rei dava um elefante branco para os súditos de quem não gostava. O animal ocupava

espaço, não tinha utilidade e era caro para manter”. Por isso tudo que é grande custa uma a

fortuna e não serve para nada ganha o nome de “elefante branco”. São obras gigantescas

inacabadas que não beneficiam a população. Elas estão espalhadas por todo o nosso território,

infelizmente é o nosso suado dinheirinho que estão aí nessas obras.

CONTO:

Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe

contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina

imponente, que está entusiasmando todo mundo. Desde que ela chegou, não me lembro

quando, não sou muito bom em lembrar datas, quase não temos falado em outra coisa; e da

maneira que o povo aqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que

ninguém tenha brigado ainda por causa dela, a não ser os políticos.

A máquina chegou uma tarde, quando as famílias estavam jantando ou acabando de

jantar, e foi descarregada na frente da Prefeitura. Com os gritos dos choferes e seus ajudantes

(a máquina veio em dois ou três caminhões) muita gente cancelou a sobremesa ou o café e foi

ver que algazarra era aquela. (...)

ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

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1. Você conhece ou já ouviu falar de alguma obra não concluída em sua região, ou

seja “elefante branco”?

2. Comente com os colegas, que benefício traria para a comunidade se tal obra fosse

concluída.

3. No texto: quem é que mais aproveita a máquina extraviada?

4. Com quem o autor está falando da máquina?

5. O que fez o prefeito diante de tal situação?

6. Qual está sendo a finalidade da máquina?

7. Descreva como ocorreu o acidente com o caixeiro de loja do velho Adudes.

8. O que você entende por monumento?

9. O que aconteceria se realmente essa máquina começasse a funcionar?

10. Crie uma situação interessante e no final a transforme em “elefante branco”.

11. Pesquisa de campo: localize no seu município alguma obra que podemos

caracterizar como elefante branco e a descreva.

ATIVIDADE XI

UM APÓLOGO (Machado de Assis)

QUEM É MAIS IMPORTANTE A AGULHA OU A LINHA?

Com essa atividade pretende-se esclarecer sobre a importância que cada um de nós

representamos na sociedade; e que todos vivemos em grupos. Ninguém consegue viver só,

por mais independente que seja sempre vai precisar do próximo.

CONTO:

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale

alguma cousa neste mundo?

- Deixe-me, senhora.

- Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com ar insuportável?

Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

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-Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça.

Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e

deixe a dos outros.

-Mas você é orgulhosa.

- Decerto que sou.

-Mas por quê?

- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os

cose, senão eu?

- Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose

sou eu e muito eu?

- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou

feição aos babados... (...)

ATIVIDADE DE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

1. Passar o documentário sobre a vida e obras de Machado de Assis.

2. De que maneira acontece o enredo do texto?

3. Quem são os personagens?

4. Aonde acontecem os fatos?

5. Você já passou por alguma situação parecida com a do texto, na rua, na escola ou

em casa? Explique.

6. Vamos dividir a turma em dois grandes grupos e fazer uma discussão em defesa

da agulha e da linha. Em seguida fazer um comentário com todos os alunos.4

7. Qual é o papel do alfinete?

8. Elaborar outro apólogo com personagens diferentes do original e apresentar para

os colegas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOJUNGA, I. Paisagem. 4ª Ed.2. Imp. Rio de Janeiro: Agir, 1998.

FRANCO, Jefferson Luiz & Silvana Oliveira. Teoria Literária l. Ponta Grossa, Ed UEPG,

2009.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. Série educação. São

Paulo. Ed. Ática. 1993.

LAJOLO, Marisa. O que é literatura. Coleção 53 primeiros passos. 12ª Ed. Editora

Brasiliense. 1990, 97p.

SILVA, Ezequiel Theodoro. Elementos de pedagogia da leitura. 2ªed. São Paulo, Martins

Fontes, 1993.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6ª Ed. Porto Alegre. Ed.Artemed, 1998.

STANISLAW, Ponte Preta. Dois amigos e um chato. São Paulo.ed.Moderna, 1986.

TELLES, Lygia Fagundes. Seminário dos ratos. 8ª Ed.. Rio de Janeiro.Rocco,1998.

GODOY, Ladeira Julieta do. Contos Contemporâneos/organização (Julieta do Godoy

Ladeira) – São Paulo: Moderna 1994. Viagem Nestlé Pela Literatura.

SECRETARIA do Estado de Educação do Paraná – Diretrizes curriculares da Educação

Básica, 2008.

REVISTA: Na Ponta do Lápis. Ano V, n° 12,p.14.

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Disponível em: <http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/O -elefantes+brancos>. Acesso em: 13 jul. 2011. ZILBERMAN,Regina. A literatura infantil na escola. 4 ed.São Paulo:Globo Ed.,1985.