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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA RENATA APARECIDA MARTINS ÓLEO DE SOJA E SEBO BOVINO NA RAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM CLIMA QUENTE CUIABÁ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

CURSO DE ZOOTECNIA

RENATA APARECIDA MARTINS

ÓLEO DE SOJA E SEBO BOVINO NA RAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM CLIMA QUENTE

CUIABÁ 2016

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RENATA APARECIDA MARTINS

ÓLEO DE SOJA E SEBO BOVINO NA RAÇÃO DE POEDEIRAS SEMIPESADAS CRIADAS EM CLIMA QUENTE

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Heder José D’Avila

Lima

CUIABÁ 2016

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A minha mãe Célia Aparecida Momesso Martins

Com carinho e amor

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela proteção, saúde e por sempre me conduzir pelos melhores

caminhos.

Ao professor Heder José D’Avila Lima, pela oportunidade na realização deste

trabalho. Pela orientação, ensinamentos, atenção e, acima de tudo, pelo exemplo de

dedicação, responsabilidade e profissionalismo.

Ao meu namorado Andrey, pelo amor, amizade, cumplicidade, carinho e

companheirismo. Pelas risadas, ajuda e presença constante, o que tornou a

realização deste trabalho mais agradável.

A minha mãe Célia, pelo amor incondicional, carinho, educação, apoio,

incentivo e confiança. Pela força e compreensão nos momentos de cansaço,

dificuldades e fraqueza. Obrigada por ter acreditado em mim!

Ao meu pai João, pela confiança e por ter me proporcionado todas as

condições para que eu pudesse estudar e concluir o curso.

Aos meus sobrinhos Kauany, Érik e Letícia pela descontração nos momentos

de estudo.

A professora Alexandra Potença, pela amizade, confiança, apoio, incentivo,

conselhos e ensinamentos, que ajudaram substancialmente na minha formação ao

longo da graduação.

A amiga Ana Carolina Martins, pela disposição de sempre, parceria, esforço e

dedicação na condução do experimento.

Ao professor Nelcino Francisco de Paula, pelos conselhos valiosos.

Ao professor Marcio Aquio Hoshiba, por ter aceitado o convite para compor a

banca examinadora, dispondo de seu tempo e conhecimento para avaliar este

trabalho.

A todo o corpo docente do curso de Zootecnia pelos conhecimentos

adquiridos, especialmente aos professores Carlos, Felipe, Janessa, Joadil, Lisiane,

Lívia e Sânia.

Aos colegas e amigos da faculdade que deixaram o ambiente de estudo mais

leve: Ana Cláudia, Ana Luíza, Bianca, Danilo, Débora, Flávia, Georger, Jackeline

Carvalho, Jackeline Nerone, Kamila, Kellen, Ludimilla, Thuanny e Rafael Menegildo.

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Aos funcionários da fazenda experimental, Antônio, Donato, Lourival, Luiz,

Manézinho, Miguel, Orlando e Sandro pelas conversas e risadas que deixavam os

dias de trabalho mais animados.

A empresa Sebo Jales, pelo fornecimento do sebo bovino.

A Universidade Federal de Mato Grosso, pela oportunidade de realização

deste curso.

MUITO OBRIGADA!

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“Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito,

mas um hábito”.

Aristóteles

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição percentual e calculada das rações experimentais............... 14

Tabela 2 - Desempenho produtivo e qualidade de poedeiras semipesadas

alimentadas com rações contendo óleo de soja e sebo bovino .............. 18

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LISTA DE ABREVIATURAS

Å = Angstrom

ABIOVE = Associação Brasileira de Indústrias de Óleos Vegetais

ABPA = Associação Brasileira de Proteína Animal

C18:2 = Ácido linoleico

C18:3 = Ácido linolênico

C20:4 = Ácido araquidônico

FABP = Fatty acid binding protein – proteína ligadora dos ácidos graxos

HDL = Lipoproteínas de densidade alta

IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LDL = Lipoproteínas de densidade baixa

MUFA = Ácidos graxos monoinsaturados

NRC= National Research Council

PUFA = Ácidos graxos poli-insaturados

RIISPOA = Regulamentação da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de

Origem Animal

USDA = United States Departament of Agriculture

VLDL = Lipoproteínas de densidade muito baixa

ω-3 = Ômega-3

ω-6 = Ômega-6

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1

2. OBJETIVO ............................................................................................................ 3

3. REVISÃO.............................................................................................................. 4

3.1 Lipídeos: características e funções ........................................................................... 4

3.2 Ácidos graxos essenciais ........................................................................................... 5

3.3 Digestão e absorção de lipídeos ............................................................................... 6

3.4 Óleos e gorduras nas rações ..................................................................................... 8

3.5 Óleo de soja ................................................................................................................ 10

3.6 Sebo bovino ................................................................................................................ 11

4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 13

4.1 Local e duração do experimento ............................................................................. 13

4.2 Aves e instalações ..................................................................................................... 13

4.3 Tratamentos e dietas experimentais ....................................................................... 14

4.4 Manejo ......................................................................................................................... 14

4.5 Parâmetros avaliados................................................................................................ 15

4.5.1 Produção de ovos .................................................................................................. 15

4.5.2 Consumo de ração ................................................................................................ 15

4.5.3 Peso do ovo ............................................................................................................ 15

4.5.4 Massa de ovos ....................................................................................................... 15

4.5.5 Conversão alimentar por massa de ovos .......................................................... 16

4.5.6 Conversão alimentar por dúzia de ovos ............................................................. 16

4.5.7 Variação do peso corporal.................................................................................... 16

4.5.8 Viabilidade das aves.............................................................................................. 16

4.5.9 Componentes dos ovos ........................................................................................ 16

4.5.10 Gravidade específica ............................................................................................. 17

4.6 Análise dos dados...................................................................................................... 17

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 18

6. CONCLUSÕES................................................................................................... 22

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 23

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 24

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RESUMO

Objetivou-se com este estudo, avaliar os efeitos da inclusão do óleo de soja e sebo

bovino nas rações, sobre o desempenho produtivo e qualidade dos ovos de

poedeiras semipesadas após o pico de postura, criadas em clima quente. O período

experimental teve duração de 63 dias, sendo dividido em 3 ciclos de 21 dias cada.

Foram utilizadas 160 poedeiras semipesadas da linhagem Hisex Brown, com 50

semanas de idade e peso inicial de 1,755 ± 0,172 kg. As aves foram criadas em

sistema de piso, sendo alojadas em boxes. O delineamento utilizado foi o

inteiramente casualizado, composto por 2 tratamentos e 5 repetições, com 16 aves

por unidade experimental (boxe). Foram formuladas 2 dietas experimentais a base

de milho e farelo de soja, com a inclusão de óleo de soja e sebo bovino constituindo

os tratamentos 1 e 2 respectivamente. Os parâmetros avaliados foram: produção de

ovos (%), consumo de ração (g), massa de ovos (g), conversão alimentar por massa

de ovos (kg/kg), conversão alimentar por dúzia de ovos (kg/dúzia), peso dos ovos,

gema, albúmen e casca (g), porcentagem da gema, albúmen e casca (%), gravidade

específica (g/cm3) e variação do peso corporal (g). Não foram observadas diferenças

(P>0,05) em nenhum dos parâmetros avaliados. A adição de óleo de soja ou sebo

bovino nas rações, não influência o desempenho produtivo e a qualidade dos ovos

de poedeiras semipesadas, criadas em clima quente no final do primeiro ciclo de

postura. O sebo bovino pode ser utilizado nas rações de poedeiras como uma opção de

fonte lipídica de baixo custo.

Palavras-chaves: lipídeos, gordura animal, óleo vegetal, peso dos ovos.

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1. INTRODUÇÃO

A avicultura industrial, é um dos setores mais desenvolvidos do agronegócio

brasileiro. Este segmento, destaca-se pela alta produtividade de carne e ovos,

alcançada graças aos avanços observados em melhoramento genético, manejo,

sanidade e nutrição. No que se refere a avicultura de postura no Brasil, de acordo

com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2016), a produção de

ovos em 2015 foi de 2,92 bilhões de dúzias, sendo registrado um aumento de 3,5%

comparado ao ano anterior. Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal –

ABPA (2016), neste mesmo ano, o estado de Mato Grosso ocupou o 4º lugar em

produção (6,43%), ficando atrás do Espírito Santo (9,61%), Minas Gerais (11,50%),

e São Paulo (33,24%), maior estado produtor nacional.

Para que essa produção continue aumentando, é necessário que a atividade

seja economicamente viável, e esse fator está relacionado principalmente com a

alimentação das aves, que representa a maior fração do custo de produção, e

pequenas melhorias na eficiência de utilização dos nutrientes da ração, resultam em

grandes economias para o produtor (RODRIGUES et al., 2005).

Devido a altas temperaturas registradas no verão, observa-se uma queda

considerável no consumo de ração pelas aves, na tentativa de minimizar a produção

de calor metabólico e com isso reduzir o estresse causado pelo excesso de calor.

Porém, ao diminuir o consumo de alimento, as aves ingerem quantidades

insuficientes de nutrientes necessários para um ótimo desempenho produtivo

(CHURCH e POND, 1988).

Uma alternativa para estimular o consumo de ração em épocas quentes do

ano, consiste em formular dietas com óleos vegetais ou gorduras animais, pois

aumenta a palatabilidade das rações e garante a ingestão adequada de energia,

além de possuir menor incremento calórico que os carboidratos e proteínas,

diminuindo dessa forma os efeitos prejudiciais do calor sobre a produção (SILVA et

al., 2014).

Dentre as fontes lipídicas de origem vegetal, destacam-se os óleos extraídos

de oleaginosas como soja, girassol, canola, milho, linhaça, palma e algodão, e entre

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as de origem animal, encontram-se produtos como o sebo bovino, banha suína,

gordura de aves e óleo de peixe (OLIVEIRA, 2008).

O óleo de soja é rico em ácidos graxos insaturados como o oleico, linoleico e

linolênico, o que desperta grande interesse para uso em rações avícolas, porém

constitui um ingrediente caro e sua utilização poderá elevar os custos de produção

(DUARTE, 2007). O sebo bovino é um subproduto obtido do abate de bovinos,

sendo comumente utilizado pela indústria avícola nas formulações de rações

(Oliveira et al. 2011), constituindo uma fonte de energia de baixo custo quando

comparado ao óleo de soja.

Diante disso, torna-se importante o estudo do uso de diferentes fontes

lipídicas, disponíveis no mercado, nas rações de poedeiras, principalmente em

regiões onde as temperaturas são altas durante o ano inteiro, levando em

consideração os efeitos sobre o desempenho produtivo do animal e a qualidade dos

ovos.

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2. OBJETIVO

O objetivo com o presente estudo, foi avaliar o desempenho produtivo e

qualidade física dos ovos de poedeiras semipesadas criadas em clima quente,

alimentadas com rações contendo óleo de soja e sebo bovino.

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3. REVISÃO

3.1 Lipídeos: características e funções

Os lipídeos pertencem a um grupo de compostos quimicamente diferentes

entre si, e possuem como característica em comum a insolubilidade em água, sendo

solúveis em solventes orgânicos apolares, como clorofórmio, benzeno, éter, acetona

e octano (SILVA et al., 2014). Tais compostos incluem os fosfolipídios, triglicerídeos,

ceras, esteroides (colesterol), prostaglandinas e terpenos, que desempenham

diversas funções importantes no organismo (KLEIN, 2016).

De acordo com Nelson e Cox (2014), os fosfolipídios e os esteróis são

elementos estruturais fundamentais das membranas celulares. Os triglicerídeos que

constituem as gorduras e os óleos, são as principais fontes e formas de

armazenamento de energia, uma vez que, apresentam 2,25 vezes mais calorias no

processo de oxidação que os carboidratos (LANA, 2005; McDONALD et al., 2010).

Além disso, outros lipídeos mesmo presentes em quantidades relativamente

pequenas, desempenham papéis fundamentais como cofatores enzimáticos,

carreadores de elétrons, pigmentos fotossensíveis, âncoras hidrofóbicas para

proteínas, agentes emulsificantes no trato digestivo, hormônios e mensageiros

celulares (NELSON e COX, 2014).

Os triglicerídeos, representam o grupo mais expressivo de lipídeos do ponto

de vista do metabolismo energético dos animais (REECE, 2006). Estes compostos,

são formados por ácidos graxos esterificados com glicerol, e podem ser fornecidos

via dieta, ou sintetizados por meio de fontes não-lipídicas no fígado, tecido adiposo e

glândula mamária (FURLAN e MACARI, 2002; REECE, 2006).

Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos ramificados, com cadeias

hidrocarbonadas longas, contendo geralmente entre 12 e 20 carbonos, sendo

classificados em saturados, quando apresentam ligações simples, e insaturados,

com duas ou mais ligações duplas (KLEIN, 2016). Segundo Silva et al. (2014),

quando os ácidos graxos insaturados possuem apenas uma ligação dupla, são

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chamados de monoinsaturados (MUFA), e quando apresentam duas ou mais, são

conhecidos como poli-insaturados (PUFA).

Os ácidos graxos, normalmente são representados por um símbolo numérico

que especifica o comprimento da cadeia e o número de ligações duplas separados

por dois pontos. Por exemplo, a abreviação C16:0 simboliza o ácido palmítico, com

16 carbonos sem ligações duplas, enquanto C18:1 representa o ácido oleico com 18

carbonos e 1 ligação dupla (MOTTA, 2011; NELSON e COX, 2014).

As propriedades físicas de óleos e gorduras, estão relacionadas com grau de

insaturações e com o comprimento da cadeia de seus ácidos graxos, em que o

ponto de fusão diminui com o número de insaturações e aumenta com comprimento

da cadeia (MARZZOCO e TORRES, 1999). De acordo com Bertechini (2012), os

óleos vegetais são líquidos em temperatura ambiente, por serem basicamente

compostos por ácidos graxos insaturados, enquanto as gorduras de origem animal,

possuem característica sólida na mesma temperatura, devido a maior proporção de

ácidos graxos saturados.

As insaturações e o comprimento da cadeia também estão relacionados com

a digestibilidade dos lipídeos. Ácidos graxos insaturados, de cadeia curta e média

apresentam maiores valores de coeficientes de absorção que os ácidos graxos

saturados e de cadeia longa, devido a facilidade na formação de micelas, da

velocidade de hidrólise e pelo fato de não sofrerem reesterificação após a absorção

(GONZALES e SILVA, 2006; BERTECHINI, 2012).

3.2 Ácidos graxos essenciais

A exigência de lipídeos nas dietas das aves e outras espécies animais, está

relacionada com pequenas quantidades de ácidos graxos que não são sintetizados

pelo organismo, conhecidos como ácidos graxos essenciais, que são basicamente

poli-insaturados (FURLAN e MACARI, 2002).

Os ácidos graxos α-linolênico (C 18:3), linoléico (C 18:2) e araquidônico (C

20:4) são considerados essenciais para os animais, na qual o ácido α-linolênico

pertence à família da série ômega-3 (ω-3), ao passo que o ácido linoléico e

araquidônico pertencem à família da série ômega-6 (ω-6) (RUTZ, 2002). No entanto,

o ácido araquidônico pode ser considerado como metabolicamente essencial, pois o

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mesmo, é sintetizado no fígado a partir do ácido linoléico na presença de vitamina B6

(BERTENCHINI, 2012).

A definição ômega (ω), está associada a posição da dupla ligação, a partir da

extremidade da cadeia com o carbono do grupo metila (carbono ω), onde os ácidos

graxos com uma ligação dupla entre os carbonos 3 e 4 são chamados de ácidos

graxos ômega-3, e aqueles com a ligação dupla entre os carbonos 6 e 7 são

considerados ácidos graxos ômega-6 (NELSON e COX, 2014).

Segundo Rutz (2002), os ácidos graxos essenciais, especialmente o linoléico,

fazem parte de vários tecidos, como componentes de fosfolipídios e ésteres de

colesterol. No entanto, o autor esclarece, que sua principal função biológica, é atuar

como precursor de prostaglandinas e tromboxanos, que propiciam a contração

uterina, promovendo a expulsão do ovo, facilitando também a oviposição ao relaxar

a musculatura vaginal.

Além disso, o ácido linoleico encontrado em grandes quantidades nos óleos

vegetais, é importante para manter uma ótima produção, maximizar o tamanho dos

ovos e desempenho reprodutivo (BRAGG et al., 1973). De acordo com o NRC -

National Research Council (1994), o requerimento mínimo necessário de ácido

linoleico para aves adultas é de 1%, e níveis mais altos podem ser necessários pelas

poedeiras para proporcionar e manter maior peso dos ovos.

Caso as exigências dos ácidos graxos essenciais não sejam atendidas, as

aves podem apresentar atraso no crescimento, fígado gorduroso, redução na taxa

de postura e no peso dos ovos, aumento na mortalidade embrionária, e redução na

capacidade de eclosão dos ovos (JEROCH e FLACHOWSKY, 1978; BERTECHINI,

2012).

3.3 Digestão e absorção de lipídeos

A digestão de lipídeos pode ser dividida em emulsificação, hidrólise, formação

de micelas e absorção (CUNNINGHAM e KLEIN, 2008). Nas aves, a emulsificação

se inicia com a ação enzimática e mecânica do proventrículo e moela, ocorrendo a

destruição física dos glóbulos de gorduras em pequenas partículas de lipídeos,

transformando-as em uma fina emulsão, aumentando dessa maneira, a área de

superfície para ação das enzimas no lúmen intestinal (FURLAN e MACARI, 2002).

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Quando o alimento atinge o intestino delgado, ocorre a secreção do hormônio

colecistoquinina pela mucosa gastrointestinal, que diminui a motilidade gástrica,

estimulando a liberação da lipase pelo pâncreas, e dos sais biliares através da bile,

armazenada na vesícula biliar (SILVA et al., 2014). Conforme Nelson e Cox (2014),

os sais biliares produzidos pelo fígado a partir do colesterol, atuam como

detergentes biológicos, convertendo as gorduras da dieta em micelas mistas de sais

biliares e triglicerídeos.

A bile é composta por sais biliares, lecitina e colesterol, que em conjunto,

atuam reduzindo a tensão superficial dos lipídeos, permitindo que as gotículas se

dividam ainda mais, de forma que, a fração lipídica fique mais acessível à ação das

lipases hidrossolúveis no intestino (CUNNINGHAM e KLEIN, 2008; FURLAN E

MACARI, 2002; NELSON e COX, 2014).

Conforme Cunningham e Klein (2008), os triglicerídeos, que constituem o

principal componente lipídico da dieta, são hidrolisados por meio da ação combinada

das enzimas pancreáticas lipase e colipase. Segundo os autores, a função da

colipase, é facilitar o acesso da lipase ao triglicerídeo, pois a mesma não consegue

penetrar a camada de bile que recobre as gotículas de lipídeos. A lipase atua na

interface lipídio-água das gotículas emulsificadas, liberando um monoglicerídeo

(ácido graxo central), e dois ácidos graxos livres das posições 1 e 3 do triglicerídeo

(ARGENZIO, 2006).

Os produtos resultantes da hidrólise dos triglicerídeos, são solubilizados pelos

sais biliares, formando micelas de 40 a 60 Å (Angstrom) de diâmetro, favorecendo a

absorção pelas células epiteliais do intestino delgado (enterócitos) (SILVA et al.,

2014). Existe uma proteína citosólica chamada de FABP (Fatty acid binding protein –

proteína ligadora dos ácidos graxos), encontrada em grandes concentrações nos

locais de maior absorção de ácidos graxos, como jejuno proximal e íleo (FURLAN e

MACARI, 2002). Essa proteína seria a responsável pelo transporte dos ácidos

graxos da membrana da parede intestinal, para o citosol do enterócitos, possuindo

alta afinidade com ácidos graxos, principalmente para aqueles de cadeia longa e

insaturados (BERTECHINI, 2012).

Dentro dos enterócitos, os monoglicerídeos e os ácidos graxos livres são

reesterificados em triglicerídeos, e se combinam com o colesterol, fosfolipídios e

proteínas para formar as lipoproteínas, que nas aves são conhecidas como

portomícrons (GONZALES e SILVA, 2006). O termo portomícrons foi criado por

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Bensadoun e Rothfeld (1972), para descrever as lipoproteínas formadas nas aves,

que são semelhantes aos quilomícrons nos mamíferos, sendo compostas

principalmente por triglicerídeos (91%).

Segundo Baião e Lara (2005), como o sistema linfático nas aves não é bem

desenvolvido, a absorção dos portomícrons é realizada através do sistema porta-

hepático, onde posteriormente serão transportados para o tecido adiposo, músculos

e demais tecidos. Os ácidos graxos de cadeia curta e média não se ligam a proteína

FABP, sendo absorvidos diretamente pelo sistema porta sem sofrer reesterificação

(SILVA et al., 2014).

A combinação de lipídeos e proteínas formam lipoproteínas com composição

variável e densidades diferentes, sendo classificadas em: quilomícrons nos

mamíferos e portomícrons nas aves; lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL);

lipoproteínas de densidade baixa (LDL); e lipoproteínas de densidade alta (HDL)

(ALVARENGA et al., 2011; MOTTA, 2011).

As VLDL, são consideradas as mais importantes para aves, uma vez que

durante o período de postura, estas lipoproteínas são responsáveis pelo transporte

dos lipídeos do fígado para os tecidos extra-hepáticos, como o ovário, onde serão

utilizados para a síntese da gema do ovo (BAIÃO e LARA, 2005).

3.4 Óleos e gorduras nas rações

Em virtude das altas temperaturas registradas em muitas regiões brasileiras,

as poedeiras tendem a reduzir o consumo de ração e consequentemente de

nutrientes, em resposta ao estresse térmico causado pelo excesso de calor,

afetando diretamente a produção de ovos e o comportamento das aves (COTTA,

2002). Isto ocorre, porque as aves de postura consomem ração principalmente para

satisfazer suas necessidades energéticas, e quando a temperatura do ambiente se

eleva, menor será a exigência de energia para manutenção da temperatura corporal,

fazendo com que ocorra diminuição na ingestão de alimento. (DAGHIR, 2008;

LEESON e SUMMERS, 2005).

Segundo COTTA (2002), poedeiras alojadas em ambientes com temperaturas

entre 0 a 29°C, diminuem o consumo de ração em 4 kcal/dia a cada 1°C de aumento

na temperatura ambiental, sendo observado queda considerável na necessidade

energética, quando as aves são submetidas a temperaturas acima de 30°C. No

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entanto, a relação entre a produção de calor no organismo e a temperatura do

ambiente não é linear, e a partir de uma certa temperatura crítica, a demanda de

energia pelas aves aumentam, onde 80% da energia ingerida é desviada para

manutenção da homeotermia com o intuito de iniciar os mecanismos de resfriamento

do corpo, restando apenas 20% para produção (ABREU e ABREU, 2004; LEESON e

SUMMERS, 2005)

Sendo assim, essa maior exigência de energia para manutenção da

homeostase térmica, combinada com o menor consumo de ração, compromete o

desempenho das aves criadas em regiões de altas temperaturas (LAGANÁ, 2008).

Desta forma, para assegurar a ingestão adequada de ração em períodos de

estresse calórico, é necessário formular dietas com alta densidade energética por

meio da adição de óleos ou gorduras, pois estimula o consumo de alimentos nas

aves devido ao aumento da palatabilidade, melhorando assim, a produtividade e a

eficiência alimentar (NRC, 1994). Bertechini (2012) salienta que, ao elevar a

concentração de energia, simultaneamente deve-se aumentar os níveis de todos os

ingredientes da dieta, para garantir que as exigências dos nutrientes necessárias

para produção sejam atendidas.

Outra vantagem, é que os lipídeos possuem menor incremento calórico que as

proteínas e os carboidratos, reduzindo dessa forma, o aumento da temperatura

corporal ligada a processos metabólicos, como digestão e absorção, mantendo o

animal mais confortável (DOLZ, 1996; DAGHIR, 2008).

Além disso, os lipídeos de maneira geral, quando adicionado nas rações de

poedeiras, atuam como precursores de vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos

essenciais; participam na secreção de bile e síntese de prostaglandinas; favorece a

absorção e aproveitamento de cálcio e de substâncias lipossolúveis, como as

vitaminas, carotenos e ácidos graxos; estimulam a liberação da colecistoquinina,

hormônio que promove efeito no aumento da secreção do suco pancreático, rico em

enzimas, facilitando a digestão de proteínas, lipídeos e carboidratos; reduzem a

velocidade de passagem do conteúdo tratogastrointestinal melhorando a eficiência

de utilização de todos os nutrientes presentes na dieta; diminui a pulverulência das

rações, bem como a perda de nutrientes, além de facilitar a formação de pellets

(BAIÃO e LARA, 2005; LANA, 2005; BERTECHINI, 2012).

Existem diversas fontes de lipídeos que podem ser utilizadas nas formulações

de rações de poedeiras, sejam elas de origem vegetal (óleos de girassol, milho,

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canola, soja) ou de origem animal (gordura de aves, banha suína, sebo bovino),

porém a escolha dependerá de sua disponibilidade e qualidade, do preço que o

mercado oferece e dos efeitos sobre o desempenho produtivo e a qualidade dos

ovos (TORRES e DREHER, 2015).

3.5 Óleo de soja

A soja (Glycine max (L.) Merrill) cultivada comercialmente no Brasil, trata-se

de uma planta herbácea, cujo os grãos são muito utilizados pela agroindústria na

fabricação de óleo vegetal e rações para animais, indústria química e de alimentos

(FREITAS, 2011; NEPOMUCENO et al., 2008). De acordo com LEESON e

SUMMERS (2005), a soja constitui uma excelente fonte de proteína e energia para

as aves, contendo cerca de 38% de proteína bruta e 20% de óleo em sua

composição.

Dentre os óleos vegetais, o óleo de soja ocupa o segundo lugar mundial tanto

para produção como para o consumo, ficando atrás apenas do óleo de palma

(UNITED STATES DEPARTAMENT OF AGRICULTURE - USDA, 2016). De acordo

com a Associação Brasileira de Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE (2016), a

produção de óleo de soja no Brasil no ano de 2015 foi de 8,074 milhões de

toneladas, sendo estimada para o ano de 2016, cerca de 8,050 toneladas. O

consumo doméstico absorveu 80% da produção em 2015, com previsão de 6,500

milhões de toneladas para o ano de 2016.

O óleo de soja é obtido através da prensagem mecânica dos grãos em

prensas contínuas ou “expelers”, seguido de uma extração com solvente químico

orgânico, passando posteriormente por um processo de refinação que consiste em

transformar o óleo bruto em óleo comestível, por meio da remoção de impurezas,

como fosfolipídios, polímeros, metais, ácidos graxos livres, pigmentos entre outros,

melhorando a aparência, odor e sabor (MANDARINO e ROESSING, 2001).

Este produto possui em sua composição, cerca de 61% de ácidos graxos poli-

insaturados, 24% de monoinsaturados e 15% de saturados, apresentando alto teor

de ácido linoleico (ω-6), além do ácido oleico (ω-9) e ácido linolênico (ω-3) (DOSSIÊ

ÓLEOS, 2014). Desta forma, sua inclusão nas rações para poedeiras torna-se mais

interessante que o uso de gordura de origem animal, devido ao maior coeficiente de

digestibilidade, graças a grande proporção de ácidos graxos insaturados, e pela

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presença de quantidades elevadas do ácido linoleico (52,78%), que parece estar

associado com o aumento do peso dos ovos (ROSTAGNO et al., 2011;

BERTECHINI, 2012).

No entanto, devido à grande concorrência com a indústria alimentar humana e

atualmente com a produção de biodiesel, este produto atinge preços elevados

tornando sua utilização nas rações animais, na maioria das vezes, inviável

economicamente (LEESON e SUMMERS, 2005).

3.6 Sebo bovino

De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos

de Origem Animal (RIISPOA) Art. 307, o sebo bovino constitui um “produto

gorduroso não comestível”, obtido por meio da fusão de partes ou tecidos que não

são destinados ao consumo humano, bem como de carcaças, parte de carcaças,

órgãos e vísceras que forem rejeitados pela Inspeção Federal.

Durante o processo de fabricação, o sebo bovino recebe tratamento especial,

onde são retiradas impurezas e umidade, para obtenção de um produto de

qualidade, tendo em vista a sua larga utilização como ingrediente energético na

nutrição animal (AMORIM et al., 2015). Este produto apresenta característica sólida

em temperatura ambiente, e coloração que pode variar de branca até amarelada,

devido a influência de fatores relacionados a alimentação, idade, raça do animal, e

também das condições de processamento (PEREIRA, 2009).

O sebo bovino contém em sua totalidade 52,1% de ácidos graxos saturados e

47,9% de ácidos graxos insaturados, sendo composto principalmente pelo ácido

oleico (36%), ácido palmítico (24,9%) e ácido esteárico (18,9%), possuindo

pequenas quantidades do ácido linoleico (3,1%) e linolênico (0,6%) (NRC, 1998).

Conforme Mateos et al. (1995), o ácido linoleico (C18:2) é mais digestível que

o ácido oleico (C18:1), e este por sua vez é mais digestível que o ácido esteárico

(C18:0). Já o ácido palmítico (C16:0) é mais digestível que o ácido esteárico (C18:0).

Assim, os ácidos graxos insaturados são mais digestíveis que os saturados, e

quando não possui ligações duplas, o que prevalecerá sobre a digestibilidade será o

menor número de carbonos. Portanto, os autores enfatizam que a digestão e

absorção do óleo de soja chega a ser 50% mais eficiente que o sebo bovino.

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A grande vantagem do sebo bovino reside no preço, apresentando valores

relativamente inferiores quando comparado aos óleos vegetais. Porém, por ser uma

fonte rica em ácidos graxos saturados, sua eficiência e utilização nas rações pode

ser prejudicada, em razão da menor digestibilidade, resultando em baixo

desempenho das aves (FERREIRA, 2004).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local e duração do experimento

O experimento foi realizado no setor de avicultura da fazenda experimental da

Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), localizada no município de Santo

Antônio do Leverger - MT, entre os meses de outubro e dezembro de 2015. O

período experimental teve duração de 63 dias, sendo dividido em 3 ciclos de 21 dias

cada. As análises da qualidade física dos ovos, foram realizadas no Laboratório de

Tecnologia de Produtos de Origem Animal (TPOA), da Faculdade de Agronomia e

Zootecnia da UFMT.

4.2 Aves e instalações

Foram utilizadas 160 poedeiras semipesadas, da linhagem Hisex Brown, com

idade inicial de 50 semanas, pesando 1,755 ± 0,172 kg. As aves foram criadas em

sistema de piso, sendo alojadas em um galpão experimental, medindo 8,33 metros

de largura e 23,13 metros de comprimento, coberto com telhas de cerâmica, e

laterais protegidas por tela metálica e cortinas de lona de ráfia, acionadas por

carretilha.

O galpão possui 10 boxes, cada um com área de 14,77 m2, com divisórias

teladas, e piso de concreto forrados com cama de maravalha, onde foram

distribuídas 16 poedeiras em cada boxe, na densidade de 1,08 aves/m2. Dentro de

cada boxe, havia um comedouro tubular, um bebedouro pendular, e um ninho

simples, composto de 1 bateria de 10 bocas (ninhos individuais), dispostas em 2

andares, com 5 bocas de ninho cada. Cada ninho individual, foi forrado com palha

de arroz, e possuía as seguintes dimensões: 30 cm de largura, 34 cm de

comprimento e 36 cm de profundidade.

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4.3 Tratamentos e dietas experimentais

As aves foram distribuídas em delineamento inteiramente casualizado,

composto por 2 tratamentos e 5 repetições, com 16 aves por unidade experimental

(boxe). Foram formuladas 2 dietas experimentais, cada uma com uma fonte lipídica

diferente, óleo de soja (origem vegetal) e sebo bovino (origem animal), constituindo

os tratamentos 1 e 2 respectivamente (Tabela 1). As rações foram formuladas a

base de milho e farelo de soja, de acordo com as recomendações nutricionais de

Rostagno et al. (2011).

Tabela 1 – Composição percentual e calculada das rações experimentais

Ingredientes (%) Fonte lipídica

Óleo de soja Sebo bovino

Milho moído 61,46 61,46 Farelo de soja 25,00 25,00 Calcário 8,10 8,10 Fosfato bicálcico 1,10 1,10 Sal comum 0,50 0,50 Núcleo de postura1 1,80 1,80 Amido 0,52 0,05 Óleo de soja 1,52 0,00 Sebo bovino 0,00 1,99

Composição nutricional calculada

Energia metabolizável (kcal/kg) 2900,00 2900,00 Proteína bruta (%) 16,15 16,15 Lisina digestível (%) 0,77 0,77 Metionina+Cistina digestível (%) 0,70 0,70 Triptofano digestível (%) 0,18 0,18 Treonina digestível (%) 0,56 0,56 Cálcio (%) 3,90 3,90 Fósforo disponível (%) 0,30 0,30 Sódio (%) 0,21 0,21 Fibra bruta (%) 2,42 2,42

1Composição/kg de produto: Cálcio: 170g, Fósforo: 45g, Metionina: 10g, Vitamina A: 140.000 U.I., Vitamina D3: 35.000 U.I., Vitamina E: 140 U.I., Tiamina (B1): 10mg, Riboflavina (B2): 75mg, Piridoxina (B5): 20mg, Vitamina B12: 120mg, Vitamina K3: 30mg, Ácido Fólico: 6mg, Niacina: 300mg, Pantotenato de Cálcio: 120mg, Colina: 5000mg, Sódio: 30g, Manganês: 1600mg, Zinco: 1300mg, Cobre: 160 mg, Ferro: 630mg, Iodo: 20mg, Selênio: 6mg, Fitase: 10.000 FTU, e Bacitracina de Zinco: 500mg.

4.4 Manejo

As aves receberam água e ração à vontade, durante todo o período

experimental. O arraçoamento era realizado duas vezes ao dia, às 08h00 e 15h00. A

limpeza dos bebedouros, era feita no período da manhã e da tarde. As temperaturas

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e umidade relativa do ar, foram registradas às 08h00 e 15h00, por meio de um

termo-higrômetro digital modelo INCOTERM, posicionado no meio do galpão.

Os ovos eram coletados diariamente no período da tarde às 16h00, sendo a

produção diária anotada em uma planilha de acordo com as unidades experimentais.

As aves foram submetidas a um programa de luz de 16 horas, sendo dividido em 12

e 4 horas de iluminação natural e artificial respectivamente.

4.5 Parâmetros avaliados

4.5.1 Produção de ovos

A produção média dos ovos, foi expressa em porcentagem sobre a média de

aves do período (ovo/ave/dia).

4.5.2 Consumo de ração

No final de cada ciclo, foi calculado o consumo de ração, através da diferença

entre a quantidade fornecida e as sobras de cada unidade experimental. O valor

obtido, foi dividido pelo número de aves e pelos dias que as aves consumiram a

ração, sendo o consumo expresso em g/ave/dia.

4.5.3 Peso do ovo

Nos 3 últimos dias de cada ciclo de 21 dias, foram coletados 4 ovos por

unidade experimental em cada dia, e posteriormente foram pesados individualmente

em balança analítica eletrônica de precisão de 0,0001g, e o peso total obtido foi

dividido pelo número de ovos pesados, resultando em peso médio dos ovos em

gramas (g).

4.5.4 Massa de ovos

O peso médio dos ovos foi multiplicado pelo número total de ovos produzidos

durante os 63 dias de experimento. O valor obtido foi dividido pelo número total de

aves por dia do período, obtendo-se dessa forma, a massa de ovos expressa em

gramas de ovo por ave por dia (g ovo/ave/dia).

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4.5.5 Conversão alimentar por massa de ovos

A conversão alimentar por massa de ovos (kg de ração/kg de ovos), foi

calculada por meio do consumo diário de ração por ave em kg dividido pela massa

de ovos em kg.

4.5.6 Conversão alimentar por dúzia de ovos

A conversão alimentar por dúzia de ovos (kg de ração/dúzia de ovos), foi

calculada através do consumo total de ração em kg, dividido pelas dúzias de ovos

produzidos durante o experimento.

4.5.7 Variação do peso corporal

No primeiro e último dia do período experimental, as aves foram pesadas para

determinar a variação do peso corporal, que é obtida pela subtração do peso final

pelo peso inicial.

4.5.8 Viabilidade das aves

Para o cálculo de viabilidade, o número de aves ao final do experimento foi

dividido pelo número de aves alojadas no início, e o resultado multiplicado por 100.

4.5.9 Componentes dos ovos

Foram analisados o peso do albúmen, gema e casca de todos os ovos

íntegros produzidos nos 3 últimos dias de cada ciclo. Para isso, em cada dia, foram

coletados aleatoriamente 4 ovos por unidade experimental, sendo os mesmos

pesados, e posteriormente, foi realizada a quebra para separação do albúmen e da

gema. A gema de cada ovo foi pesada, e a respectiva casca foi lavada e seca ao ar,

por 72 horas, para obtenção do peso da casca. O peso do albúmen, foi obtido pela

diferença entre o peso do ovo, gema e casca.

Com os pesos dos componentes dos ovos, foi calculado a porcentagem do

albúmen, gema e casca em relação ao peso do ovo, dividindo o peso dos

componentes, pelo peso do ovo, e o resultado multiplicado por 100.

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4.5.10 Gravidade específica

Todos os ovos íntegros coletados nos três últimos dias de cada ciclo, foram

imersos em soluções salinas (NaCl), de diferentes concentrações, com densidades

variando de 1,065 a 1,100 g/cm3, com intervalos de 0,005 g/cm3. Estas densidades

foram determinadas com o auxílio de um densímetro modelo INCOTERM – OM –

5565.

4.6 Análise dos dados

Os dados coletados foram submetidos a análise de variância ao nível 5% de

probabilidade, e as médias foram comparadas pelo teste F, pelo programa

ASSISTAT – Assistência Estatística (SILVA, 2016).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período experimental, as médias de temperatura máxima e mínima e

umidade relativa do ar registradas, foram de 35,1 e 25,8°C e 83,1 e 51,0%

respectivamente. Por estes valores, observa-se que as aves foram submetidas a

períodos de estresse por calor, pois a faixa de conforto térmico de aves adultas

situa-se entre 15-18°C e 22-25°C e umidade relativa do ar entre 50 a 70% (TINÔCO,

2001).

Não foi verificado efeito (P>0,05) da inclusão de óleo de soja e sebo bovino

sobre o desempenho produtivo e qualidade dos ovos (Tabela 1). Observa-se que a

adição de óleo de soja e sebo bovino nas rações não ocasionou mortalidade e perda

de peso nas aves.

Tabela 2 - Desempenho produtivo e qualidade de ovos poedeiras semipesadas alimentadas com rações contendo óleo de soja (OS) e sebo bovino (SB)

Parâmetros Fonte lipídica CV (%)

OS SB

Consumo de ração (g)NS 100,34 100,72 4,87

Produção de ovos (%)NS 75,18 74,93 4,87

Massa de ovos (g)NS 43,47 44,22 4,85

Conversão alimentar por massa de ovos (kg/kg)NS 2,30 2,27 2,93

Conversão alimentar por dúzia de ovos (kg/dz)NS 1,62 1,63 3,78

Gravidade específica (g/cm3)NS 1,088 1,089 0,15

Peso dos ovos (g)NS 59,71 60, 98 1,77

Peso de gema (g)NS 14,65 15,05 2,17

Peso de albúmen (g)NS 39,34 40,01 2,23

Peso de casca (g)NS 5,71 5,91 3,55

Porcentagem de gema (%)NS 24,54 24,69 2,26

Porcentagem de albúmen (%)NS 65,89 65,61 0,98

Porcentagem de casca (%)NS 9,56 9,70 2,5

Viabilidade (%)NS 100 100 0,00

Variação do peso corporal (g) 107 129 -

NS = não significativo (P>0,05); CV = coeficiente de variação

Grobas et al. (2001), não constataram diferenças no consumo de ração,

produção de ovos, conversão alimentar por massa e dúzia de ovos, variação do

peso corporal e peso de gema, em poedeiras que consumiram rações

suplementadas com óleo de soja e sebo bovino. Contudo, os autores verificaram

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que as aves do tratamento óleo de soja, apresentaram, em valores absolutos, maior

peso de ovos, massa de ovos, peso de albúmen e casca em comparação ao sebo

bovino. Segundo os autores, o maior peso dos ovos foi atribuído ao maior peso do

albúmen proporcionado pelo ácido linoleico, que foi inferior a 1% no tratamento com

sebo bovino, o que tem sido demonstrado ser insuficiente para maximizar o tamanho

dos ovos.

De acordo com Whitehead et al. (1993), a síntese de triglicerídeos e

lipoproteínas de baixa densidade no fígado, assim como a síntese de albumina no

oviduto, ocorre sobre o controle do estradiol, que tem seus níveis aumentados no

plasma com a inclusão de ácidos graxos nas dietas, principalmente o ácido linoleico,

revelando a possível influência desse ácido graxo sobre o aumento de peso do

albúmen e da gema.

Nobakht et al. (2011), ao testarem a inclusão de sebo bovino, óleo de soja e a

mistura de ambos, nas rações de poedeiras da linhagem Hy-Line W36 com 50 a 62

semanas de idade, não observaram diferenças na produção de ovos, massa de

ovos, consumo de ração e conversão por massa de ovos. No entanto os autores

constataram que poedeiras alimentadas com sebo bovino apresentaram maior peso

dos ovos, do que aquelas alimentadas com óleo de soja, mas ao misturar óleo de

soja com óleo de girassol, foi verificado aumento no peso dos ovos em comparação

com as dietas contendo apenas sebo bovino. Para os autores, os ovos mais

pesados observados com a mistura dos dois óleos vegetais, se deve provavelmente

pelo melhor perfil de ácidos graxos insaturados, com grande proporção de ácido

linoleico.

Segundo Torres (1979), o ácido linoleico pode ser considerado

verdadeiramente essencial, uma vez que esse ácido graxo da série ômega 6 (ω-6),

é imprescindível para o crescimento e produção de ovos, além de promover

aumento no peso dos ovos. Desta forma, o uso do óleo de soja, pode ser mais

favorável do ponto de vista do tamanho dos ovos, pelo fato de possuir alto teor de

ácido linoleico, cerca de 52,78%, ao passo que o sebo bovino possui apenas 3,10%

(ROSTAGNO et al. 2011). Entretanto, nesta pesquisa, não foi observada influência

das proporções do ácido linoleico presentes no óleo de soja e sebo bovino sobre o

peso dos ovos.

Resultados similares foram encontrados por Pumrojana et al. (2015) em

poedeiras da mesma linhagem, com 42 semanas de idade, alimentadas com rações

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contendo 10% de óleo de soja e sebo bovino, onde não verificaram diferenças

significativas no peso dos ovos, bem como, consumo de ração, produção de ovos,

massa de ovos, e peso corporal. Da mesma forma, Han et al. (1988), utilizando óleo

de soja e sebo bovino na ração de poedeiras Leghorn White, com 27 semanas de

idade, não observaram efeitos no peso dos ovos, consumo de ração, produção de

ovos e conversão alimentar por massa de ovos.

Em um estudo conduzido por Baucells et al. (2000), a mistura de sebo bovino,

óleo de peixe, colza, linhaça e girassol em diferentes proporções (75, 50, 25 e 0%),

não promoveram diferenças em relação a produção e peso dos ovos, consumo de

ração, conversão alimentar por massa de ovos e peso corporal de poedeiras

Leghorn White com 20 semanas de idade. Pereira (2009), ao formular dietas para

poedeiras Dekalb Brown com 27 semanas de idade, suplementadas com farinha de

carne e ossos, óleo de soja, sebo bovino e semente de girassol, não verificaram

influência das fontes lipídicas no peso dos ovos, gravidade específica, Unidade de

Haugh e porcentagens de gema, albúmen e casca.

Pesquisas realizadas por Celebe et al. (2009) e Buitendach et al. (2013),

comparando a inclusão de óleo de girassol e sebo bovino nas rações de poedeiras

das linhagens Isa Brown e Hy-Line Silver Brown com 67 e 20 semanas de idade

respectivamente, não demonstraram alterações significativas no peso dos ovos,

produção, consumo de ração e peso corporal.

Por outro lado, Bragg et al. (1973), avaliando 4 níveis de sebo bovino, óleo de

soja, girassol e colza, nas rações de poedeiras Leghorn White com 24 semanas de

idade, observaram maior produção de ovos, peso dos ovos e gema, e melhor

conversão alimentar por massa de ovos nas aves que consumiram ração contendo

1% de óleos vegetais em comparação ao sebo. Porém, ao aumentar os níveis das

fontes lipídicas, o nível de 2% de sebo bovino promoveu os mesmos efeitos que a

adição de 4% de óleo de soja sobre os parâmetros avaliados, exceto para peso da

gema que foi levemente superior com óleo de soja.

De acordo com os autores, o fato de aumentar a ingestão energética

independente das concentrações de ácido linoleico, melhora a conversão alimentar

e o peso dos ovos e gema. Os autores ainda apontam, que o melhor desempenho

produtivo verificado nos menores níveis dos óleos vegetais estudados, sugerem que

a energia foi utilizada de forma mais eficiente devido ao melhor equilíbrio entre os

ácidos graxos presentes na dieta.

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Conforme Daghir (2008), o baixo consumo de proteína, assim como de

aminoácidos, e energia relacionada principalmente com a ingestão de ácido

linoleico, constitui um dos fatores nutricionais que promove efeitos negativos sobre o

tamanho dos ovos. Nesta pesquisa, as aves receberam dietas isonutritivas, que

possivelmente proporcionaram quantidades adequadas de nutrientes para manter o

peso dos ovos satisfatório.

Apesar do sebo bovino, apresentar baixo perfil de ácidos graxos insaturados,

especialmente o ácido linoleico, sua utilização é possível se for combinado com

ingredientes que possui alto conteúdo de ácidos graxos insaturados. O milho que é

utilizado em grandes quantidades nas rações de poedeiras, é vantajoso a esse

respeito, pois seus ácidos graxos são principalmente insaturados, além de conter

45% de ácido linoleico (NRC, 1994; BERTECHINI, 2012).

Segundo Bertechini (2012), a participação de 65% de milho nas rações,

corresponde a um nível de 1% de ácido linoleico, que segundo Leeson e Summers

(2005) atende as necessidades das aves na maioria das situações, podendo ser

uma possível explicação para os resultados encontrados no presente estudo.

Observa-se que ainda não existe um consenso entre os pesquisadores, em

relação ao uso de fontes lipídicas de diferentes composições de ácidos graxos,

sobre o desempenho e qualidade de ovos de poedeiras. De acordo com Grobas et

al. (1999), os resultados conflitantes encontrados na literatura, se deve

provavelmente aos diferentes protocolos experimentais utilizados, como linhagens,

peso e idade diferentes das poedeiras, criação e condições ambientais diversas,

além da composição e variedade de ingredientes utilizados na formulação das

dietas, bem como a qualidade dos mesmos. Porém não se pode desprezar os

efeitos positivos do uso da gordura suplementar, seja ela de origem animal ou

vegetal, sobre o desempenho produtivo de poedeiras criadas principalmente em

regiões de altas temperaturas.

Com os resultados desta pesquisa, foi observado que o sebo bovino pode ser

incluso nas rações de poedeiras para reduzir os custos de produção, pois apesar

dessa fonte ser de origem animal e possuir grandes quantidades de ácidos graxos

saturados, sua utilização promove o mesmo desempenho e qualidade dos ovos que

o óleo de soja.

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6. CONCLUSÕES

A inclusão de óleo de soja ou sebo bovino nas rações de poedeiras

semipesadas criadas em clima quente, não influência o desempenho produtivo e a

qualidade física dos ovos. O sebo bovino pode ser utilizado nas rações de

poedeiras, como uma opção de fonte lipídica de baixo custo.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente trabalho, foi possível adquirir experiência na realização de

uma pesquisa científica, e entender a importância que os resultados e

conhecimentos obtidos trazem para aplicação prática.

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REFERÊNCIAS

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