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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO SÓCIO ECONÔMICO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
TÉCNICA DE PESQUISA EM CONTABILIDADE
RODRIGO VALVERDE DA SILVA
PERÍCIA CONTÁBIL:
A APLICAÇÃO DA PERÍCIA CONTÁBIL NAS ACÕES
TRABALHISTAS
FLORIANÓPOLIS, 2005
2
RODRIGO VALVERDE DA SILVA
PERÍCIA CONTÁBIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC como um dos pré-requisitos para obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberton
FLORIANÓPOLIS, 2005
3
RODRIGO VALVERDE DA SILVA
A APLICAÇÃO DA PERÍCIA CONTÁBIL NAS ACÕES
TRABALHISTAS
Esta monografia foi apresentada como trabalho de conclusão do curso de Ciências Contábeis
da Universidade Federal de Santa Catarina, obtendo a nota média de ............., atribuída pela
banca constituída pelos professores abaixo mencionados.
Florianópolis, novembro de 2005.
Profª. Eleonora Milano Falcão Vieira, Msc.
Coordenadora de Monografia do CCN
Professores que compuseram a banca examinadora
Prof. Dr. Luiz Alberton
Presidente
Prof. Alexandre Zoldan da Veiga
Membro
Prof. Marco Antônio Bisca Miguel
Membro
4
Dedico este trabalho:
Aos meus pais Guilherme e Edna,
meus primeiros incentivadores;
Aos meus irmãos Luiz Guilherme, Ana Luiza e
Maria Fernanda.
5
AGRADECIMENTOS
A todos aqueles que direta ou indiretamente me auxiliaram nesta caminhada,
meu sincero agradecimento e, em especial:
A Deus, que me concedeu o dom da vida e do discernimento;
A minha família, pela compreensão e o apoio de que necessitei para a
realização deste trabalho;
Ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Alberton, não apenas pelas lições que
ensinou, mas também pelo exemplo de integridade, humildade e dedicação, o qual merece
todo meu respeito;
A minha namorada Priscila da Silva Weber, pela paciência e companheirismo;
Aos meus amigos, pelo apoio e incentivo.
6
RESUMO
SILVA, Rodrigo Valverde da. Perícia Contábil – A aplicação da perícia contábil nas ações trabalhistas. 2005, 106 páginas. Curso de Ciências Contábeis. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. O objetivo geral do presente trabalho é verificar a importância da perícia contábil nas ações trabalhista, suas técnicas de realização e a legislação pertinente à matéria. Este trabalho apresente de forma objetiva e concisa as principais características sobre a perícia contábil trabalhista. A contabilidade possui, entre seus vários ramos de atuação, a Perícia Contábil. Esta, por sua vez, investiga, analisa, examina os fatos contábeis, a fim de se obter uma prova ou opinião sobre um litígio. A justiça do trabalho tem competência para julgar as ações que envolvem relações de trabalho, ou seja, problemas advindos de uma relação trabalhista, tais como horas extras, sobreaviso, verbas rescisórias dentre tantas outras questões que podem advir de uma relação de trabalho. Este trabalho apresente um caso prático de um processo trabalhista onde o empregado pleiteou na justiça do trabalho algumas verbas trabalhistas que lhe foram negadas na vigência de seu contrato de trabalho. Neste caso prático são abordadas as fase de um processo trabalhista desde a petição inicial até a sentença definitiva, inclusive, com a demonstração da perícia trabalhista que liquidou os valores sentenciados. A perícia contábil judicial, tanto no âmbito da justiça do trabalho como em outra áreas, é uma forma de dirimir as controvérsias postas em juízo, possibilitando que o magistrado julgue as ações impetradas de uma forma mais justa e segura.
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LISTA DE ABREVIATURAS
CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social
CPC – Código de Processo Civil
CFC – Conselho Federal de Contabilidade
CRC – Conselho Regional de Contabilidade
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CF – Constituição Federal
DRT – Delegacia Regional do Trabalho
DJ – Diário da Justiça
DOESP – Diário Oficial do Estado de São Paulo
FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
IR – Imposto de Renda
INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade
STJ – Superior Tribunal de Justiça
TR – Taxa Referencial
TRCT – Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho
TRT – Tribunal Regional do Trabalho
TST – Tribunal Superior do Trabalho
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SUMÁRIO
RESUMO.........................................................................................................................06
LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................07
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................10
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA............................................................................10
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA..............................................................................11
1.3 OBJETIVOS.........................................................................................................11
1.4 JUSTIFICATIVA.................................................................................................12
1.5 METODOLOGIA.................................................................................................13
1.5.1 Método de Abordagem...................................................................................13
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.........................................................................13
2 PERÍCIA CONTÁBIL E A LEGISLAÇÃO.............................................................15
2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PERÍCIA.....................................................15
2.1.1 Objeto da perícia.............................................................................................17
2.1.2 O perito contábil e a legislação.......................................................................18
2.1.3 Da prova pericial.............................................................................................24
2.1.4 Laudo pericial..................................................................................................28
2.2 PERÍCIA CONTÁBIL TRABALHISTA..............................................................30
2.2.1 A perícia contábil em ações trabalhistas..........................................................30
2.2.2 Jurisdição e competência da justiça do trabalho..............................................31
2.2.3 Perícia na fase de instrução..............................................................................35
2.2.4 Perícia na fase de liquidação............................................................................36
2.2.4.1 Liquidação por cálculos................................................................................38
2.2.4.2 Liquidação por artigos..................................................................................39
9
2.2.4.3 Liquidação por Arbitramento.......................................................................41
3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.................................................................43
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO.................................................43
3.1.1 Petição Inicial..................................................................................................44
3.1.2 Audiência Inicial.............................................................................................51
3.1.3 Contestação.....................................................................................................52
3.1.4 Manifestação à contestação.............................................................................62
3.1.5 Audiência de instrução e julgamento..............................................................73
3.1.6 Sentença..........................................................................................................76
3.1.7 Recurso ordinário............................................................................................81
3.1.8 Contra razões de recurso ordinário..................................................................86
3.1.9 Acórdão do Tribunal Regional do Trabalho da 12° Região............................89
3.2 LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA..........................................................................94
3.2.1 Laudo pericial de liquidação ..............................................................................95
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................105
REFERÊNCIAS .............................................................................................................107
10
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresenta-se o tema a ser abordado no presente trabalho, seus
objetivos, sua justificativa e a metodologia utilizada para a elaboração desta monografia.
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
Tendo em vista a grande velocidade com que, atualmente, as notícias são
difundidas, os cidadãos brasileiros estão melhor informados com relação aos seus direitos,
principalmente na área do direito do consumidor e na área trabalhista, onde as normas do
trabalho são amplamente divulgadas, seja pelas rádios, emissoras de televisão, mas,
principalmente pela intensiva atuação dos sindicatos de classe, ainda mais agora, quando um
ex-sindicalista está governando o país.
Com trabalhadores melhor informados, é normal que a quantidade de ações
propostas na Justiça do Trabalho venham aumentando gradativamente, pois os abusos
cometidos pelos empregadores ainda são grandes.
Conseqüentemente, a demanda por perícias trabalhistas também vem
aumentando, e, além disso, com o advento do rito sumaríssimo na Justiça do Trabalho, as
ações onde o quantum pleiteado não ultrapasse o valor de 40 salários mínimos, a petição
inicial deve vir líquida, ou seja, com os valores discriminados, o que aumenta ainda mais a
demanda por perícias.
Essa nova realidade está abrindo um mercado amplo, digno e rentável para os
profissionais da área contábil, que têm a obrigação de “manter adequado nível de competência
profissional, através do conhecimento atualizado das Normas Brasileiras de Contabilidade,
11
das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia, da legislação inerente à
profissão, atualizando-se permanentemente através de programas de capacitação, treinamento,
educação continuada e outros meios disponíveis, realizando seus trabalhos com observância
da equidade” (NBC P 2).
Com base no exposto acima, propõe-se o presente trabalho de estudo da
aplicação da perícia contábil nas ações trabalhistas.
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA
O estudo da aplicação da perícia trabalhista na justiça do trabalho é um tema
relevante e de suma importância para a solução dos litígios trabalhistas, entretanto constata-se
que muitos contadores têm dificuldades em calcular as verbas trabalhistas, seja por
desconhecimento da legislação, seja pelo desconhecimento das técnicas aplicadas à perícia
contábil.
Com isso, levanta-se neste trabalho, as seguintes questões:
a) Qual a legislação a ser observada pelo perito contábil na área trabalhista?
b) Quais as técnicas a serem aplicadas pelo perito contábil na área trabalhista?
1.3 OBJETIVOS
Identificar as técnicas para realização de uma perícia contábil e a legislação
trabalhista e processual pertinente ao assunto.
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Os objetivos específicos que se pretende alcançar com o presente estudo, são:
1 – identificar as teorias, técnicas e a legislação aplicáveis à perícia contábil
trabalhista;
2 – apresentar a legislação trabalhista e processual pertinentes à perícia ;
3 – demonstrar um exemplo pratico de perícia trabalhista;
1.4 JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa se justifica pela necessidade de aperfeiçoamento do
contador na elaboração de perícias trabalhistas frente à demanda crescente, visto que, o perito
contábil deve, obrigatoriamente, ser bacharel em Ciências Contábeis, regularmente inscrito no
Conselho Regional de Contabilidade - CRC de sua região.
A perícia contábil nas ações trabalhistas decorre da necessidade de
esclarecimento relacionados a algumas situações fáticas que não estão claras em uma relação
jurídica onde as partes necessitam de uma decisão judicial para solucionar sua lide.
Contudo, para que a perícia possa surtir seus efeitos legais e servir à instrução
processual, ela deve ter alguns requisitos, como a clareza e precisão quanto à demonstração
do fato, o respeito e cumprimento das normas técnicas para elaboração de uma perícia, o
respeito pela legislação e outros requisitos que serão demonstrados ao longo deste trabalho.
Para suprir uma necessidade de demanda do mercado e para melhorar a
qualidade dos serviços periciais contábeis é que se justifica a necessidade e a importância da
elaboração desta monografia.
13
1.5 METODOLOGIA
1.5.1 Método de abordagem
Utilizar-se-á do método dedutivo na pesquisa, partindo da norma, doutrina e
jurisprudência, chegando-se à aplicabilidade da perícia contábil trabalhista mais
especificamente. Quanto ao problema e objetivos deste trabalho, será realizada uma pesquisa
quantitativa, qualitativa e exploratória. Quanto aos procedimentos, foi realizado um estudo de
caso. O estudo de caso foi realizado em uma reclamatória trabalhista
Para dar suporte ao estudo de caso foi realizado uma revisão bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica foi realizada em:
a) Fontes primárias: pesquisa documental, envolvendo as normas brasileiras de
contabilidade, a legislação processual civil e trabalhista.
b) Fontes secundárias: pesquisa de livros, monografias, artigos, revistas,
utilização de casos práticos etc.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho constitui-se de uma pesquisa bibliográfica ao longo dos
dois primeiros capítulos, encerrando-se com a descrição, análise e caracterização de um
estudo de caso de um processo trabalhista.
O primeiro capítulo aborda as considerações iniciais, objetivos do trabalho, sua
justificativa e a metodologia utilizada. No segundo capítulo analisa-se a perícia contábil e a
legislação pertinente, ressaltando-se seus conceitos e definições, seus objetivos, sua função
como prova em um processo e, o perito contábil. Ainda, nesse capítulo analisa-se a perícia
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contábil nas ações trabalhistas, iniciando-se por uma breve análise de jurisdição e
competência da justiça do trabalho, as fases em que a perícia pode ser realizada e os tipos de
perícia existente em um processo.
Finalmente, no terceiro e último capítulo, realiza-se a descrição e análise de
um caso prático de perícia realizada na fase de liquidação de sentença de um processo
trabalhista. Neste capítulo se analisa cada etapa do processo, iniciando-se pela petição inicial,
contestação, audiências, sentença de primeira instância, recursos e encerra-se com a decisão
de segunda instância, realizando-se a cada etapa uma análise técnica aplicada à perícia, ou
seja, realiza-se um estudo sobre todas as etapas do processo, para ao final, encerrar o capítulo
com a liquidação da sentença, onde o produto final é o laudo pericial, que informa ao juízo o
valor das verbas concedidas ao autor da demanda.
15
2 PERÍCIA CONTABIL E A LEGISLAÇÃO
Este capítulo dedica-se a analise da perícia contábil de uma forma geral, suas
características, definições e fundamentação legal. Também serão abordados neste capitulo os
objetivos da perícia contábil e os tipos de perícia que podem ser realizadas.
Serão apresentadas as regras a serem cumpridas para a formulação do laudo
pericial, o valor da prova pericial e os requisitos e atribuições do perito judicial.
Por ultimo serão demonstrados a legislação pertinente, que regulamenta todos
os aspectos anteriormente descritos.
2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PERÍCIA
Segundo a NBC-13, no item 13.1.1, “a perícia contábil constitui o conjunto de
procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instância decisória elementos de
prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil e/ou
parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a
legislação específica no que for pertinente”.
Conforme o Código de Processo Civil - CPC, art. 420, “a prova pericial
consiste em exame, vistoria ou avaliação”.
Segundo D’Aurea (1962, p. 152) “o conceito pacifico de perícia e que, juizes e
interessados, pedem o testemunho e os subsídios dos técnicos para decidir e resolver”.
Alberto (1996, p. 44) ainda esclarece que:
Perícia e um modo definido e delimitado, e um instrumento, portanto, e, este, por sua vez e especial porque se concretiza por uma pe;a ou relatório com características formais, intrínsecas e extrínsecas, também definidas (o laudo pericial). Esta pe;a contem, por outro lado, o resultado materializado, fundamentado cientifica e tecnicamente, dos procedimentos utilizados para
16
constatação, prova ou demonstração conclusiva sobre a veracidade do estado do objeto sobre o qual recaiu (a situação, coisa ou fato).
Desta forma tem-se que a perícia contábil e um instrumento formal e
estabelecido por normas e técnicas especificas, que devem ser utilizadas por profissionais da
área contábil, para auxiliar alguém, o juízo, a proceder fundamentadamente a tomada de uma
decisão que iraa por fim a lide.
Fernando Lehnen (2001, p. 96) ensina que:
a perícia contábil consiste no conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil, e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente”.
Caracteriza-se, a perícia contábil, como a incumbência atribuída ao contador,
para examinar determinada matéria patrimonial, administrativa e de técnica contábil, e
asseverar seu estado circunstancial.
Magalhães (1995, p.14) esclarece que “ao trabalho de notória especialização
realizado com o objetivo de se obter prova ou opinião, cientificamente embasada, para
orientar autoridade judicial, no julgamento de um litígio, se da o nome de perícia”.
A perícia contábil consiste numa especialidade importantes da Ciência da
Contabilidade, pois o perito contábil, além da condição legal, da capacidade técnica e da
condição moral, tem uma responsabilidade muito grande, tendo em vista que ele age como
auxiliar da Justiça, já que suas afirmações merecem fé pública e servem de base para a
decisão do juízo, envolvendo, quase sempre, interesses e valores substanciais.
17
2.1.1 Objeto da Perícia
Após ser conceituada a perícia contábil, importante se faz, esclarecer qual é o
objetivo da perícia contábil, o que se pretende examinar e qual resultado chegar através da
perícia, porque se tem a necessidade de intervenção do perito contador para examinar, referir,
analisar e opinar sobre determinado assunto.
Antes de adentrar na discussão do objeto da perícia contábil, necessário se faz
esclarecer qual é o objeto da Contabilidade.
Koliver in Alberto (1996, p.46) ensina que:
“o objeto fundamental da Contabilidade é o Patrimônio, na sua expressão mais ampla, abrangendo, pois, todos os aspectos quantitativos e qualitativos, não somente em termos estatísticos, mas principalmente dinâmicos, isto é, das suas variações. A Contabilidade, nos seus alicerces doutrinários, é, pois, teoria de valor e o seu campo é vastíssimo, abrangendo setores que para alguns poderão parecer estranhos, como é o caso da Contabilidade Ecológica”.
Assim tem-se que o objeto fundamental da contabilidade é o patrimônio, que
por sua vez é algo real, concreto, estudável e mensurável, tanto patrimônios de pessoas físicas
quanto das jurídicas.
Tem-se então que o objeto da contabilidade é o patrimônio, logo, pode-se
inferir que “a perícia será de natureza contábil sempre que recair sobre elementos objetivos,
constitutivos, prospectivos ou externos, do patrimônio de quaisquer entidade, sejam elas
físicas ou jurídicas, formalizadas ou não, estatais ou privadas, de política ou de governo”.
(Alberto, 1996. p. 46)
Para Ornelas (1995, p. 31), “a perícia contábil tem por objeto central as
questões contábeis relacionadas com a causa, as quais devem ser verificadas, e, por isso, são
submetidas a apreciação técnica do perito contábil, que deve considerar, nesta apreciação,
certos limites essenciais ou caracteres essenciais”.
18
Tais limites, em se tratando de perícia judicial contábil, deve estar adstrita as
questões submetidas ao juízo, ou seja, a perícia deve versar somente sobre os fatos aos quais o
magistrado deverá se pronunciar.
Santos (apud Lehnen, 2001, p. 96) ensina que:
A perícia versa sobre fatos (...) Mas não são quaisquer fatos, ou circunstâncias de fato, que podem constituir objeto da perícia e sim aqueles que escapam do conhecimento ordinário. Por meio dela o processo se instrui quanto a fatos cuja prova não pode ser utilmente fornecidas pelos meios ordinários – confissão, testemunha, documentos – e reclamam verificação, mesmo que esta exija simples percepção, por intermédios de técnicos. Daí dizer-se que o fato, para constituir objeto da perícia, é aquele cuja prova depende do conhecimento especial. Isto é, depende do conhecimento técnico ou científico”.
A perícia em si, é considerada uma prova técnica, que pode se somar a outras
provas ou, sozinha, já é considerada suficiente para a solução da lide.
As questões contábeis são o objeto da perícia contábil. O perito contábil ao
apreciar estas questões deve atentar para determinados limites da matéria, sem entretanto,
deixar de proceder minuciosa observação de forma eficaz e com total imparcialidade.
Assim tem-se que no âmbito judicial, o objeto da perícia contábil, são as
questões contábeis apresentadas pelas partes, em forma de alegação ou contestação, que são
submetidas à apreciação do perito a fim de se obter um laudo que possibilite revelar a verdade
dos fatos, contribuindo, desta forma, com o desate da lide.
2.1.2 O Perito Contábil e a Legislação
Santos (apud Lehnen, 2001, p. 106) ensina que:
“Perito – do latim peritus, formado do verbo perior, quer dizer experimentar, saber por experiência – é o sujeito ativo da perícia. (...). É o perito uma pessoa que, pelas qualidades especiais que possui, geralmente de natureza científica ou artística, supre as insuficiências do juiz no que tange a verificação, ou apreciação daqueles fatos da causa que para tal exijam conhecimentos especiais ou técnicos”.
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O perito contábil é o profissional que, necessariamente, tem que possuir
conhecimentos técnicos e teóricos sobre o assunto a ser periciado. O perito judicial é nomeado
pelo Juiz da causa, para realizar seu trabalho e ao final fornecer o seu laudo que deverá conter
as informações necessárias para auxiliar o magistrado em sua decisão.
D`áurea (1962, p. 35) explica que:
O perito contador, porém, é aquele que, especializado nesse mister, faz da perícia sua profissão habitual. A vantagem da especialização, está em que esse profissional adquiri tirocínio na função e procura formar um cabedal de conhecimentos incomuns a qualquer outro contador, tal seja a prática forense e o conhecimento da legislação atinente ao seu oficio.
D`áurea (1962, p. 35) ainda explica que “resumem-se no perito a competência
técnica da sua especialidade, a experiência da função e as qualidades morais, formando um
conjunto de requisitos que lhe dão a reputação necessária para ser preferido pelas partes
interessadas e pelas autoridades judiciárias”.
Ornelas (1995, p. 43) explica que o perito deve ter qualidades especiais,
conforme se observa no fragmento abaixo transcrito:
Conhecimentos gerais e profundos da ciência contábil, teórica ou aplicada em suas varias manifestações organizacionais publicas e privadas, alem de outras áreas correlatas, como, por exemplo, matemática financeira, estatística, assuntos tributários, técnicas e praticas de negócios, bem como domínio do direito processual civil, em especial quanto aos usos e costumes relativos à perícia e da legislação correlata são essenciais ao desempenho competente da função pericial aliados com qualidade de espírito que o fazem perspicaz, critico, hábil e circunspecto.
Sá (1997, p. 20) também enumera algumas qualidades essenciais que um perito
deve possuir, das quais destaca-se:
a) Capacidade Legal – deve possuir o título de bacharel em Ciências Contábeis ou equiparação legal e o registro no Conselho regional de Contabilidade; b) Capacidade Profissional – se caracteriza pelo conhecimento geral e teórico da contabilidade e conhecimentos afins, conhecimento prático das tecnologias contábeis, experiências em perícias, perspicácia, perseverança, sagacidade, índole criativa e intuitiva; c) Capacidade Ética – cabe ao profissional obedecer ao Código de Ética Profissional do Contador, bem como às Normas do Conselho Federal de Contabilidade; d) Capacidade Moral – observa as atitudes pessoais do profissional.
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O exercício da atividade pericial contábil é uma atribuição privativa do
bacharel em Ciências Contábeis que estiver devidamente registrado no CRC, conforme
Resolução 731/92, que aprova a NBC T 13 – da perícia contábil.
Tal determinação também esta contemplada no artigo 145 do CPC que
prescreve o seguinte:
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou cientifico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. § 1º Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capitulo VI, seção VII, deste Código. § 2º Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. §3º Nas localidades onde não houver profissional qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.
Conforme observa-se do artigo acima transcrito, não só os bacharéis em
ciências contábeis podem servir como peritos. Conforme for a necessidade de cada localidade,
o juiz poderá nomear pessoa que tenha equiparação legal ou conhecimento técnico necessário
para auxiliar na solução da lide.
A escolha do perito judicial cabe privativamente ao Juiz de Direito Presidente
do Processo que tem total autonomia para nomear perito toda vez que achar necessário a ajuda
de profissional que possa auxilia-lo na evidenciacão dos fatos, conforme prescreve o art. 421
do CPC:
Art. 421. “O juiz nomeará perito fixando de imediato o prazo para entrega do
laudo”.
As partes também podem nomear profissional com conhecimentos técnicos e
teóricos específicos para ajudar na solução do litígio, contudo, tal profissional não recebe o
nome de perito e sim de assistente técnico, que conforme Magalhães (1995, p.16), nada mais é
do que um “Perito da Parte”.
21
O assistente técnico, segundo Ornelas (1995, p. 38), “pode oferecer
colaboração deveras importante aos advogados, debatendo com os mesmos as possibilidades
técnicas quanto ao desenvolvimento da prova técnica contábil, culminando por sugerir
quesitos ou proposições que possam solucionar os fatos controvertidos objeto da lide”.
Desta forma tem-se que o perito é o assistente do juiz, auxiliar da justiça e,
presta um “múnus publico”, enquanto que o assistente técnico é um assistente da parte que o
contrata.
O Conselho Federal de Contabilidade - CFC, através da Resolução nº 803, de
10/10/1996, aprovou o Código de Ética Profissional do Contabilista que, em seu art. 5º
prescreve os deveres do Contador, quando atuar como perito, assistente técnico, auditor ou
árbitro, na forma a seguir:
Art. 5º. O contador quando perito, assistente técnico, auditor ou arbitro deverá: I – recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida; II – abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto da perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração do respectivo laudo; III – abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua convicção da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos; IV – considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido a sua apreciação; V – mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito sobre peças contábeis de seu trabalho, respeitando o disposto no inciso II, do art. 2º; VI – abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado munido de documentos; VII – assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que concerne à aplicação dos Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC; VIII – considerar impedido para emitir ou elaborar laudos sobre peças contábeis observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; IX – atender à fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar à disposição desses, sempre que solicitado, papeis de trabalho, relatórios e outro documentos que deram origem e orientaram a execução do seu trabalho.
O CPC também disciplina os direitos e deveres dos peritos, conforme constata-
se nos artigos transcritos a seguir:
22
Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição.
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o oficio, no prazo que lhe assina a Lei, empregando toda a sua diligencia; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legitimo.
Na primeira parte do artigo acima citado observa-se que o perito tem a
obrigação de cumprir seu oficio dentro no prazo fixado pelo juiz e, para tanto, pode utilizar-se
de toda sua diligencia, ou seja, pode investigar, ouvir testemunhas, requerer documentos e,
praticar todos os atos legais e necessários para a realização de seu trabalho.
Tal autonomia, também foi contemplada no art. 429 do CPC, destacando que:
Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte ou repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.
Observa-se, ainda, na parte final do artigo 146, anteriormente transcrito, que o
perito tem o direito e até a obrigação em alguns casos de não aceitar a incumbência que lhe
foi atribuída quando este tiver motivo legítimo, ou seja, considera-se motivo legítimo, por
exemplo, as causas de impedimentos ou suspeição, conforme tratam os artigos 138 e 423 do
CPC.
Art. 138. aplicam-se também os motivos de impedimentos e suspeição: (...) III – ao perito; Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por motivo de impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeara novo perito.
Os motivos de impedimento aplicáveis são aqueles definidos nos artigos 134
do CPC, que, são aplicados tanto aos peritos quanto aos assistentes técnicos, senão veja-se a
seguir:
Art. 134. É defeso ao [...] exercer a suas funções no processo contencioso ou voluntário: I – em que for parte; II – em que interveio como mandatário da parte, [...], funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
23
III – omissis; IV – quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou linha colateral, ate segundo grau; V – quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, ate o terceiro grau.
Já os casos de suspeição, que são aplicados somente aos peritos, são os
seguintes, conforme o art. 135, a seguir transcrito:
Art. 135. Reputa-se fundada suspeição de parcialidade do [...], quando: I – amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II – alguma das partes for credora ou devedora do [...], do seu cônjuge ou parentes destes, em linha reta ou colateral ate o terceiro grau. III – herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV – receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes cerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio. V – interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. Parágrafo único. Poderá ainda[...] declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Caso o perito deixe de cumprir suas obrigações legais, serão lhe aplicadas
sanções penais e civis, além de possíveis sanções pelo seu conselho de classe, conforme
prescreve o artigo 147 do Código de Processo Civil:
Art. 147. O perito que por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
Existem ainda, outras sanções que podem ser aplicadas ao perito que deixar de
cumprir com suas obrigações, como por exemplo a sua substituição nos autos e aplicação de
multas, conforme prescreve o art. 424, do CPC:
Art. 424. O perito pode ser substituído quando: I – carecer de conhecimento técnico ou cientifico; II – sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. Parágrafo único – No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo dependente do atraso no processo.
Desta forma, resumidamente, conforme visto acima, tem-se que para exercer a
função de perito contábil, são necessários alguns requisitos objetivos e subjetivos, tais como,
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no primeiro caso, ser bacharel em Ciências Contábeis, estar devidamente inscrito no
respectivo órgão de classe e, no segundo caso, ter aptidões profissionais, éticas e morais.
Preenchidos os requisitos acima citados e a partir do momento em que o
contador é nomeado perito de um processo, este passa a ter diversas responsabilidades civis e
éticas que, se não cumpridas, poderão resultar em sanções civis e penais, alem de multa e
sanções do respectivo conselho de classe.
2.1.3 Da Prova Pericial
Antes de adentrar na conceituação de prova pericial contábil, que é uma das
espécies do gênero prova pericial, explicar-se-á o conceito de prova unicamente. Para
Milhones in Ornelas (1995, p. 20) “a prova tem por finalidade demonstrar a verdade ou não
de uma afirmação”.
Para Santos (1983. V. 1, p. 2), “a prova visa, como fim último, a incutir no
espírito do julgador a convicção de existência do fato perturbador do direito a ser
restaurado”.
Santos (1983, V.1, p. 13), explica, ainda, que “a prova é a soma dos fatos
produtores da convicção, apurados no processo”.
O art. 332 do CPC prescreve que:
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados nesse código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se fundamente a ação ou a defesa.
Para que uma das partes do processo possa obter êxito em sua ação ou defesa,
não basta somente alegar, tem que provar que o que se está alegando seja verdade, pois,
conforme uma máxima do direito “alegar e não provar é o mesmo que não alegar”.
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Importante ressaltar nesse momento, a quem cabe o ônus da prova, ou seja
quem deve demonstrar que o que se esta alegando seja verdade.
O artigo 333 do CPC esclarece de quem é o ônus da prova:
Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor; Parágrafo único – É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando: I – recair sobre direito indisponível da parte; II – tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito
Conforme observa-se no artigo transcrito acima cumpre ao autor a
comprovação de fatos constitutivos de seu direito e, ao réu, a comprovação dos fatos
impeditivos, modificativos e extintivos do direito do autor.
Santos (1983. p. 23) conceitua de forma bastante clara os fatos constitutivos,
impeditivos, modificativos e extintivos de direito.
Por fatos constitutivos “se entendem os que têm a eficácia jurídica de dar vida,
de fazer nascer, de constituir a relação jurídica”.
Já os fatos extintivos são “os que tem a eficácia de fazer cessar a relação
jurídica”, os impeditivos são “todas aquelas circunstâncias que impedem decorra de fato o
efeito que lhe é normal, ou próprio, e que constitui a sua razão de ser”, por último, os fatos
modificativos são “os que, sem excluir ou impedir a relação jurídica, à qual são posteriores,
tem a eficácia de modifica-la”.
Independente de quem caiba o ônus da prova, a este estudo, interessa o
conceito de verdade formal, aquele embasado nas provas que, conforme Amaral dos Santos “a
verdade não existe no espírito sem a sua percepção. Os recursos de que se utiliza a
inteligência, para a percepção da verdade, constituem a prova”.
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Assim, o interesse de buscar a verdade formal quanto aos fatos, cabe ao perito,
tendo em vista ele será o responsável funcional à trazê-la aos autos do processo.
Milhones in Ornelas (1995, p. 19) ensina que “a prova, no significado comum
e geral, visa à demonstração da verdade, ao passo que a prova especifica processual civil
limita-se à produção da certeza jurídica”.
Após uma breve analise sobre o conceito de “prova”, passa-se a explicar a
prova pericial, que tem por fim último a comprovação de fatos que auxiliem o juízo na
solução de um litígio posto ao crivo do judiciário.
Diante da evolução social e cultural, da evolução da ciência, da evolução dos
meios de comunicação e do acesso à informação a que o mundo globalizado esta sofrendo, é
impossível que uma pessoa tenha conhecimentos técnicos e científicos sobre todos os
assuntos.
Sendo assim, por mais culto e inteligente que sejam os magistrados, é comum
que eles necessitem de auxiliares técnicos com conhecimentos específicos em determinadas
áreas, para que estes realizem uma perícia para averiguar determinadas situações.
Portanto, conforme Silva (1998, p. 34), a prova pericial é “uma declaração de
ciência sobre os fatos relevantes à causa, emitida por pessoa com conhecimento técnico ou
especializado, também chamado expert, fornecendo, assim, subsídios ao juiz para proferir a
decisão sobre o feito”.
Para Ornelas (1995, p. 22), “a função primordial da prova pericial é a de
transformar os fatos relativos à lide, de natureza técnica ou científica, em verdade formal, em
certeza jurídica”.
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A prova pericial é de suma importância para o magistrado, pois, ele não pode
julgar um processo por convicções pessoais, sem embasamento jurídico, de tal sorte que a
perícia vem a suprir esta necessidade dando subterfúgios ao juiz para decidir a lide.
Conforme prescreve o art. 420 do CPC existem três modalidades de prova
pericial:
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria e avaliação.
Segundo Ornelas (1995, p. 32) “exame pericial é a espécie de perícia contábil
mais comum. É desenvolvida através da analise de livros e documentos. Pode envolver
também procedimentos indagativos e investigativos”.
Conforme explica o Prof. D’Auria (1962, p. 161) o exame pericial “caracteriza
a função do perito contador a designação do técnico que tem de observar matéria contábil e
conexa, e referir ou opinar em conformidade com as questões formuladas pela parte ou partes
interessadas ou por autoridade judiciária”.
Já a vistoria é uma modalidade de perícia não muito usual da perícia contábil
sendo mais utilizada em perícias médicas ou de engenharia (cf. Ornelas, 1995, p. 32).
Conforme a NBC-T 13 a vistoria consiste em “verificação ou constatação de situação, coisa
ou fato, de forma circunstancial”.
O Prof. D’auria (1961, p. 161) explica as características dessa modalidade de
perícia da seguinte forma:
Quando, em forma solene, se procede ao exame de matéria patrimonial, promovida por pessoa ou órgão publico, a fim de avaliar, ou simplesmente verificar, econômica ou tecnicamente, um patrimônio, elemento ou obra, instalação ou serviço, - à vistoria, - que em certos casos, judiciais principalmente, se denomina diligência.
Por último, a modalidade de avaliação consiste no trabalho pericial de fixação
de valor ou estimação em moeda “de coisas, de acervos patrimoniais ou de bens, direitos e
obrigações” (cf. NBC-T 13).
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A prova pericial tem o fim último de comprovar fatos, ou seja, demonstrar a
verdade sobre uma situação posta ao crivo judicial. A prova pericial consiste num conjunto de
fatores, documentos e situações que, analisadas e estudadas por um perito, tem condições de
revelar a verdade.
2.1.4 Laudo Pericial
O laudo pericial é o resultado final apresentado pelo perito, onde, deverão
constar as conclusões da perícia que darão subsídios para que o magistrado possa decidir a
lide de forma fundamentada e conclusiva.
O laudo pericial contábil, segundo a definição dada pela NBC-T 13 “é a peça
escrita, na qual os peritos contábeis expõem, de forma circunstanciada, as observações e
estudos que fizeram e registraram as conclusões fundamentadas da perícia”. A NBC-T 13
ainda esclarece que “o laudo deve expor, de forma clara e objetiva, a síntese do objeto da
perícia, os critérios adotados e as conclusões do perito contábil”.
O laudo pericial deve ser feito com clareza e precisão de suas informações, de
preferência deve ser embasado em documentos que comprovem as informações nele contidas,
para que assim, possa servir à instrução processual e produzir seus efeitos legais.
Sá (1997, p. 51), define laudo como sendo o “julgamento ou pronunciamento,
baseado nos conhecimentos que tem o profissional de contabilidade em face de eventos ou
fatos que são submetidos a sua apreciação”.
Conforme o art. 429 do CPC, para a elaboração do laudo, pode o perito,
“utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,
solucionando documentos que estejam em poder de parte ou em partições públicas, bem como
instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças”.
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D’Auria (1962, p. 167) tem uma explicação muito clara e completa sobre a
forma que um laudo pericial deve ser confeccionado, conforme transcreve-se a seguir:
Feito um exame pericial, em estrita concordância com os quesitos propostos pela parte interessada ou por ambas as partes em litígio, e anotados os dados e todas as particularidades a eles referentes, - eis que o perito está habilitado a elaborar o laudo pericial. Nas informações a prestar, nas respostas a dar e nas opiniões a manifestar, o profissional terá sempre em vista a letra e as intenções das questões formuladas, circunscrevendo a elas a sua elaboração. A redação das respostas deve ser em linguagem clara e precisa, tendo como norma a repetição das mesmas expressões das proposições e perguntas, quando a elas tenha de referir-se, transcrever ipsis verbis as partes examinadas que interessarem, e nada omitir ou aditar àquilo que é limitado nos quesitos.
Para fins judiciais, o perito, através do seu trabalho pericial, deve responder a
quesitos formulados ou pelas partes, pelo magistrado ou por ambos.
Quesitos, segundo Ornelas (1995, p.69), podem ser definidos da seguinte
forma:
São as perguntas de natureza técnica ou cientifica a serem respondidas pelo perito contábil. São, em geral, apreciadas pelo magistrado e pelas partes no sentido de se evitarem indagações impertinentes, fora do âmbito da lide proposta, bem como diligencias desnecessárias ou procrastinatórias. Surgem então duas categorias de quesitos: os pertinentes e os impertinentes. Os primeiros tem por objetivo esclarecer as questões técnicas contábeis. Os impertinentes abordam, geralmente, aspectos não relacionados com os que se debate nos autos do processo, ou então são perguntas que buscam do perito contábil opinião fora de sua competência legal.
Além dos quesitos pertinentes e impertinentes transcritos acima, existem ainda,
os quesitos suplementares, que são um complemento dos demais quesitos e, tem o objetivo de
esclarecer situações novas e relevantes relacionadas com a causa discutida.
Conforme prescreve o art. 425, do CPC, os quesitos suplementares poderão ser
apresentados durante a diligência, esta entendida como o período em que se está discutindo o
laudo, ou seja, durante as investigações dos fatos e análise dos documentos discutidos em
juízo.
30
Após a realização de todas as diligências necessárias a realização da perícia e
analise dos documentos apresentados, o perito terá condições de realizar o laudo pericial, que
servirá de prova técnica e auxiliara o magistrado em sua decisão.
Trata-se, o laudo pericial, de um exame que necessita de fundamento técnico,
cabendo ao perito demonstrar suas fontes de informações e pesquisas, indicando os livros
consultados, os documentos examinados, os trabalhos de pesquisa desenvolvidos, as técnicas
adotadas, em suma, a menção de tudo que é de interesse da perícia, para que o mesmo não
deixe dúvidas com relação a sua integridade.
2.2 PERÍCIA CONTÁBIL TRABALHISTA
Neste tópico será analisada a perícia contábil no processo trabalhista, as fases
em que a perícia pode ser realizada e os tipos de perícia existentes.
2.2.1 A Perícia Contábil em Ações Trabalhistas
Grande parte das ações ajuizadas na justiça do trabalho necessitam de perícia
contábil. Nesses casos, a perícia pode se dar por diversos motivos, dentre os quais destaca-se:
a) Necessidade de contagem de horas trabalhadas pelo reclamante para
apuração de eventuais horas extras ou adicional de sobreaviso;
b) Análise de valores depositados a título de Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço - FGTS, para verificação de eventuais diferenças;
31
c) Apuração de valores a pagar ao Instituto Nacional de Seguridade Social -
INSS e Imposto de Renda - IR;
d) Apresentação de laudo de liquidação para a quantificação das verbas
concedidas na sentença.
Durante a realização da perícia contábil, o perito deverá proceder minuciosa
análise em todos os elementos dos autos, atentando especialmente para a petição inicial, a
contestação, os cartões ponto, os recibos de pagamento, a convenção coletiva de trabalho,
dentre outros documentos que podem vir a ajudar na perícia.
Para desenvolver um laudo contábil em ações trabalhistas, é necessário que o
perito seja formado em ciências contábeis e tenha um bom conhecimento em legislação
trabalhista.
2.2.2 Jurisdição e Competência da Justiça do Trabalho
Segundo Giglio (1986, p. 53), jurisdição pode ser definida como sendo “o
poder de que todo juiz é investido pelo Estado para dizer o direito, nos casos concretos
submetidos a sua jurisdição” .
Em termos sintéticos, Costa (1986, p.23), definiu que jurisdição “é o poder de
julgar”.
Para Gusmão (vol. 30, p.367), a jurisdição pode ser definida em dois sentidos,
um objetivo e outro subjetivo:
Por um sentido objetivo, como uma área ou órbita de atuação do Estado e, principalmente do Poder Judiciário, do Juiz, no exercício do suas atribuições legais. Por um sentido subjetivo, como a atividade específica dos Tribunais e Juizes, no concernente ao poder de declarar o direito, como função do Estado, diferençada a função jurisdicional da legislativa e executiva (administrativa ou de governo).
32
Diferencia-se jurisdição de competência, pois conforme visto acima, a
jurisdição é o poder concedido a um magistrado de julgar uma lide posta em juízo, já a
competência pode ser definida como uma limitação da jurisdição.
Pinto (1998, p.117) ensina que:
Tomando como ponto de partida a consciência da amplitude da jurisdição, abrangente de uma das funções do Estado, é de concluir-se que seu exercício se tornaria falho se os órgãos nela investidos tivessem a mesma amplitude de atividade que a caracteriza. Sentiu-se, portanto, a necessidade de fracioná-la para dar funcionalidade à sua realização.
Analisadas tais premissas conceituais, conclui-se que os conceitos de
jurisdição e competência são bem diferentes, o que empresta lógica absoluta ao pensamento
de Couture (apud Pinto 1998, p.117) no sentido de que “todos os juizes tem jurisdição; mas
nem todos tem competência para conhecer de determinada questão”.
A partir dos conceitos acima analisados, vê-se que a Justiça do Trabalho
integra o Poder Judiciário pátrio e, abrange todo o território nacional, ou seja, tem jurisdição
Federal, inclusive por determinação constitucional (Constituição Federal - CF, art. 92,
parágrafo único).
Portanto, passa-se a seguir, a delimitar a competência da Justiça do Trabalho,
que se classifica em competência material, pessoal, territorial e funcional.
A Constituição Federal da República Federativa do Brasil, de 1988, delimitou
em seu artigo 114 que é competência a Justiça do Trabalho processar e julgar:
Art. 114. Compete à justiça do trabalho processas e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II – as ações que envolvam exercício de direito de grave; III – as ações sobre a representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores; IV – os mandados de segurança, hábeas corpus e hábeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita a sua jurisdição; V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”. VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
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VIII – a execução, de oficio, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, “a”, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho na forma da Lei.
Constata-se, então, uma regra geral, onde a Justiça do Trabalho é competente
para julgar matéria trabalhista.
Além da Competência material, existe na Justiça do Trabalho a competência
pessoal, que estão intimamente ligadas entre si.
A competência pessoal está ligada à material, haja vista a evidente interação
entre a relação jurídica de direito material e os sujeitos que a constituem.
Pinto (1998, p.121) explica essa interação entre a competência material e
pessoal, na forma a seguir:
Assim, a relação entre empregador e empregado deve ser de emprego. E, sendo-o, o órgão jurisdicional determinado para conhecer dos dissídios havidos por força dela é o trabalhista. Isso importa e concluir que a justiça do trabalho deve ser competente, tanto em razão da matéria quanto em razão das pessoas.
Conclui-se, portanto, que a competência material e pessoal têm caráter
absoluto, pois, se a matéria a ser julgada não for trabalhista ou se uma das partes envolvidas
forem estranhas à relação de emprego, a justiça do trabalho será incompetente para julgar a
demanda posta ao seu crivo. Além disso, haja vista o seu caráter absoluto, a incompetência
material e pessoal, podem ser argüidas em qualquer fase do processo. (art. 305 do CPC)
Além da competência material e pessoal, na Justiça Trabalhista, assim como na
Cível, Criminal e nas outras, existe ainda, a competência territorial, na qual são impostas
limitações geográficas no exercício da jurisdição.
Pinto (1998, p.122) explica a importância da competência territorial da
seguinte forma:
Assume particular importância num pais da extensão territorial do Brasil, quando se cogita de jurisdição federal, dando solução ao problema nevrálgico da proximidade entre o juiz e as partes do processo. Tal proximidade facilita o acesso do jurisdicionado ao órgão jurisdicional, diminuindo-lhe os custos da postulação. Mais ainda, faculta o acesso do próprio juiz às fontes de prova, especialmente testemunhal, Tudo, portanto, se conjuga para acelerar, baratear e tornar mais segura
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a administração da Justiça do trabalho, acentuando-lhe a nobre função social incita em sua atividade mediadora dos conflitos do trabalho.
Difere a competência territorial da material e pessoal, em relação à sua
natureza, pois enquanto essas duas são de natureza absoluta, aquela é de natureza relativa,
portanto, sanável, podendo ser inclusive, tolerada, ou seja, mesmo não sendo o juízo
competente em relação ao lugar da ação, se tal prejudicial não for alegada pela parte contrária
no momento oportuno, pode o juízo declarar-se competente para julgar a demanda (Art. 94 e
seguintes, do CPC).
Por fim, opera-se na Justiça Trabalhista a competência funcional, que segundo
Pinto (1998, p. 122) “deflui da hierarquia dos órgãos judiciários. É a competência em razão
do grau de jurisdição ou das instâncias a que cabe conhecer da matéria (instâncias de
conhecimento”.
A Justiça do trabalho, conforme prescrito no art. 11 da CF, repetido no art. 644
da CLT, está dividida em três graus de jurisdição a conhecer:
No primeiro grau encontram-se as Varas do Trabalho, cuja competência está
prevista no artigo 652 da CLT, que prescrevem o seguinte:
Ar. 652.Compete às Varas do Trabalho: a) conciliar e julgar: I – os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de empregado; II – os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo de rescisão do contrato individual de trabalho; III – os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice; IV – os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho; V – as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o órgão gestor da mão de obra decorrentes da relação de trabalho; b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave ; c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões; d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência.
As Varas do Trabalho têm sua competência funcional exclusivamente
originária, ou seja, é o ponto de partida das instâncias.
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Em segundo grau encontram-se os Tribunais Regionais do Trabalho, que ao
contrário das Varas do Trabalho, que possuem competência exclusivamente originária, os
Tribunais Regionais possuem competência derivada, ou seja, correspondem ao grau de
continuação de instância, embora, em alguns casos, também possuam competência originária.
As atribuições dos Tribunais Regionais do Trabalho estão previstas nos artigos
674 e seguintes da CLT.
Por último, está o terceiro grau de jurisdição, compreendido pelo Tribunal
Superior do Trabalho, com sede em Brasília-DF, e tem jurisdição em todo o Território
Nacional e sua competência está prevista na Lei 7.701 de 21 de dezembro de 1988.
2.2.3 Perícia na Fase de Instrução
Denomina-se instrutória a fase do processo destinada à produção de provas. É
nesta fase processual em que as partes, litigantes, produzem suas provas documentais,
testemunhais e, se for o caso, provas periciais, todas, logicamente, destinadas a conferir maior
segurança à sentença a ser proferida.
Tendo em vista a complexidade e abrangência das reclamações trabalhistas, é
cada vez mais freqüente a necessidade de provas periciais com o objetivo de demonstrar a
existência de fatos ou situações técnicas que exigem conhecimentos específicos, com a
finalidade de auxiliar o juiz a formar sua convicção a respeito da lide posta em juízo.
A prova pericial deve ser requerida ou, ao menos, indicada pelas partes, seja na
petição inicial, seja na defesa, cabendo ao juiz examinar a conveniência de seu deferimento e,
em caso de positivo, a ele cabe a nomeação do profissional especializado, facultando-se às
partes a indicação de assistentes técnicos e a formulação de quesitos (perguntas).
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As provas periciais realizadas na fase de instrução do processo podem ser
realizadas por um médico do trabalho, para detectar, por exemplo, condições insalubres de
trabalho ou, por um engenheiro, para, por exemplo, verificar condições perigosas de trabalho
ou, por um contador para verificar, por exemplo, se as horas extras foram pagas corretamente
ou se as comissões foram pagas de forma adequada.
Enfim, na fase de instrução, constata-se que dependendo do tipo de ação, dos
pedidos realizados pelo autor, da defesa do réu ou das provas juntadas aos autos, pode-se ter a
necessidade de diversos tipos de perícia, a fim de se produzir provas que esclareçam os pontos
controversos do litígio.
2.2.4 Perícia na Fase de Liquidação
A sentença põe fim a fase de instrução processual e, segundo Gonçalves (1989)
a sentença constitui “ato culminante do processo de conhecimento, por meio do qual o
Estado-Juiz decide o litígio, declarando a vontade concreta da lei”.
Pont (1996, p.44) explica que:
A sentença pode ser terminativa ou final. A sentença terminativa põe fim ao processo, sem resolver o mérito, constituindo uma das formas de encerramento anômalo do processo, porque não contem o julgamento da pretensão deduzida em juízo. A sentença final é a decisão de mérito proferida pelo juiz de primeira instancia. Entretanto o encerramento do processo de conhecimento somente ocorrerá com o transito em julgado da decisão, isto é, quando tiver sido interposto recurso de sentença ou quando já forem exauridos os recursos cabíveis. A sentença torna-se, então, definitiva, operando-se a coisa julgada, em razão da qual a sentença adquire imutabilidade, possuindo forca de lei nos limites da lide e das questões decididas (CPC, art. 468)...
A sentença terminativa faz coisa julgada formal, ou seja, extingue o processo
sem o julgamento de mérito, já as sentenças finais, fazem coisa julgada material,ou seja,
extinguem o processo com julgamento do mérito.
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Pont (1996, p.47) explica com propriedade as diferenças e as conseqüências da
coisa julgada formal e material:
Transitada em julgado a sentença, porque não há mais possibilidade de ser reformada no processo em que foi proferida (coisa julgada formal), surge a coisa julgada material ou substancial, ou seja, a eficácia do conteúdo da sentença, a saber, a imutabilidade da solução que a sentença deu a questão litigiosa, solução que se tornou indiscutível para as partes e, eventualmente, para terceiros, impedindo, inclusive, que qualquer juiz, seja o prolator da decisão, seja outro juiz, possa reexaminar e decidir a mesma relação jurídica de Direito Material que foi objeto da decisão. Nem sempre, entretanto, a coisa julgada formal produz a coisa julgada material. Em principio, só as sentenças finais, ou seja, aquelas que, na linguagem processual moderna, põem fim ao processo mediante a apreciação do mérito, é que produzem a coisa julgada material (art. 468, do CPC). As sentenças terminativas, que implicam a extinção do processo, sem exame do mérito, tem os limites de sua eficácia restritos ao processo em que forma proferidas, produzindo apenas coisa julgada formal, uma vez que a decisão nelas contidas se refere apenas ao processo, podendo a questão de fundo ser reaberta em outro processo (...).
Desta forma, com a sentença que põe fim ao processo, com julgamento do
mérito, inicia-se a fase de liquidação de sentença, ou seja, passa-se a calcular os valores
concedidos na sentença, logicamente, somente nos casos em que a sentença tenha dado
procedência a ação, total ou parcialmente.
A liquidação da sentença é essencial para que ela se torne exeqüível, liquida e
certa, ou seja, é através da liquidação que se irá quantificar o valor a ser pago ao vencedor da
ação. Sem a liquidação de uma sentença, não há como saber quanto o credor (vencedor) tem a
receber, nem quanto o devedor (perdedor) tem a pagar.
A sentenças no processo de conhecimento se limitam a declarar a existência de
um direito ou não, entretanto, não dizem de quanto é esse direito, dessa forma, se faz
necessário, antes de executar a sentença, liquidá-la, conforme prescreve o art. 586, do CPC.
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título líquido, certo e exigível. § 1o. Quando o título executivo for sentença, que contenha condenação genérica, proceder-se-á primeiro a sua liquidação.
Daí a importância da perícia contábil nessa fase do processo, pois será através
dela que se irá quantificar os valores a serem pagos e recebidos pelas partes do processo.
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A ausência da liquidação de uma sentença trará prejuízos irreparáveis à parte
vencedora do processo, pois ela não terá como executar a sentença, ou seja, não terá como
cobrar efetivamente, os valores a ela devidos, isto porque a sentença para ser executada, deve
ser exigível líquida e certa conforme prescreve o art. 618, I, do CPC, senão vejamos:
Art. 618. É nula a execução: I – se o título executivo não for líquido, certo e exigível.
Constata-se, através da legislação pátria, a importância e imprescindibilidade
da perícia contábil nessa fase processual, pois a sua ausência tornará nula a execução do
processo.
Observando-se os elementos colacionado aos autos, e em especial tratando-se
de sentença condenatória, o sistema processual trabalhista, assim como o processual civil,
previu três espécies de liquidação, conforme prescreve o art. 879, da CLT.
Art. 879. A liquidação poderá ser feita por calculo, por arbitramento ou por artigo. § 1°. Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda, nem discutir matéria pertinente a causa principal. § 2°. Elaborada a conta e tornada liquida, o Juiz poderá abrir as partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.
2.2.4.1 Liquidação por Cálculos
A liquidação por cálculos será adotada quando a apuração depender de simples
operações aritméticas.
Almeida (1998, p.464) esclarece que:
A liquidação por calculo é deferida (ou determinada) pelo juiz quando nos autos encontram-se todos os elementos necessários para que, em simples operações aritméticas, sejam fixados os valores das parcelas e o total da condenação, acrescidas de juros e correção monetária.
A liquidação por cálculos poderá ser realizada, por determinação do juiz, pelo
contador do Juízo, ou, na sua falta, por funcionário da junta habilitado para tais operações.
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Pode ser realizado, ainda, por perito contador nomeado pelo juiz ou, o juiz concederá um
prazo para que o reclamante elaborar os cálculos de liquidação.
No caso dos cálculos terem sido efetuados pelo reclamante, o juiz assinará
prazo para que a parte adversa se pronuncie sobre os mesmos e apresente os cálculos que
entender corretos, em caso de divergência. Em caso de divergência, o juiz homologara o
calculo que entender correto, entretanto, sendo ambos os cálculos imprestáveis ou incorretos,
o juiz determinara a sua correção, estabelecendo as diretrizes corretas, podendo esta ser refeita
pela parte ou pelo contador do juízo ou por perito contador nomeado pelo juiz (cf. Pont, 1996,
p. 49).
Inexistindo manifestação o juiz homologará a conta apresentada, salvo se ele
próprio estiver convicto de que não estão corretos.
Conforme prescrito no art. 879, em seu § 2°., da CLT, transcrito no item
anterior, independentemente de quem tenha realizado os cálculos de liquidação, podem as
partes receberem vistas dos cálculos por dez dias para se manifestarem.
Tendo em vista que o § 2°, do art. 879 da CLT, não obriga a concessão de
prazo para as partes se manifestarem sobre os autos, alguns juizes, ao receber os cálculos de
liquidação, proferem sentença os homologando e determinando a expedição de mandado
executivo, sem conceder vistas a nenhuma das partes, por entenderem que o momento próprio
para a impugnação aos cálculos apresentados é nos embargos a execução, que tanto o
executado como o exeqüente podem apresentar (cf. Carrion, 2005, p. 726).
2.2.4.2 Liquidação por artigos.
Conforme Pont (1996, p. 52), “diz-se por artigos essa modalidade de
liquidação, porque deve a parte na petição inicial, articular aquilo que deve ser liquidado, isto
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é, indicar um a um, os itens que constituirão o objeto da quantificação, concluindo por pedir,
precisamente, quantia, quantidade e qualidade certas”.
A liquidação por artigos está prevista no art. 608, do CPC e, será realizada
quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato
novo.
Entretanto, é vedado a parte alegar fato que não tenha sido alegado ou
comprovado em fase de conhecimentos (art. 879, §1°, da CLT), capaz de alterar a sentença de
conhecimento. Na liquidação por artigos, serão trazidos aos autos os elementos e provas
necessários á realização dos cálculos de liquidação.
Apesar do art. 608, do CPC, determinar que a liquidação por artigos será
realizada sempre que houver necessidade de alegar e provar fato novo, Pont (1996, p. 53)
adverte que:
Advirta-se, entretanto, que o adjetivo novo não significa que o fato sequer tenha estado na petição inicial, que deu origem ao processo de cognição; fosse assim, estar-se-ia diante de sentença extra petita (sentença que concede mais do que foi requerido); ou, quando não, se estaria modificando ou inovando, na liquidação, a norma proibitiva que se irradia do texto da lei (CLT, art. 879, parágrafo único). Desta maneira, a novidade, em relação a qual se produzirá a prova, deve estar intimamente vinculada à sentença liquidada e ao conteúdo desta.
O art. 609, do CPC, determina que na liquidação por artigos deve-se observar o
processo ordinário, entretanto, a Lei 8898/94 tornou claro que, conforme o valor da causa ou a
sua natureza, pode caber o procedimento sumário na liquidação por artigos. Tal preceito deve
ser seguido pela justiça do trabalho, observando-se, entretanto, o processo ordinário
trabalhista.
Observado o prescrito anteriormente, todos os meios de prova poderão ser
utilizados pelas partes, devendo cada qual comprovar o que alegar, como se tratasse
exatamente de um processo de conhecimento.
Por ter a liquidação por artigos que se fazer novas provas e juntar-se novos
documentos, tal modalidade deve ser evitada nos processos trabalhistas, por ser um processo
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mais dispendioso e demorado, cabendo ao juiz e as partes, já no processo de conhecimento,
trazerem aos autos elementos suficientes e capazes de remeterem a sentença aos cálculos de
liquidação, respeitando assim, os princípios da celeridade e o da economia processual.
2.2.4.3 Liquidação por Arbitramento
O art. 606, do CPC, prescreve que:
Art. 606. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; II – o exigir a natureza do objeto da liquidação.
Almeida (1998, p. 468) explica que:
No processo trabalhista é bastante comum para apuração dos valores das gorjetas espontâneas; das horas extras variadas cumpridas de forma irregular e de acordo com o andamento de certos serviços, sem uma comprovação objetiva, especifica – parcelas, enfim, cujo valor tenha de ser fixado aproximadamente, muitas vezes conforme usos e costumes, ou peculiaridades da atividade profissional em causa, levando-se em conta circunstâncias as mais diversas, e que exigem uma pessoa especializada, para colher dados, manipulá-los, e elaborar um laudo, como se se tratasse de uma perícia.
Existem situações em que a liquidação de sentença não depende unicamente de
cálculos aritméticos ou demonstração de novos documentos para a realização dos cálculos,
mas sim de análise pericial das situações e circunstancias em que o autor laborava, pois,
dependem de conhecimentos específicos e especializados que possibilitam a percepção das
situações peculiares e as formas em que elas se davam.
Segundo Pont (1996, p. 50), “o arbitramento constitui, portanto, exame ou
vistoria pericial, cuja finalidade reside em apurar o quantum correspondente à obrigação que
deve ser satisfeita pelo devedor”.
Pont (1996, p. 51) ainda explica que:
Dentre as hipóteses de liquidação por arbitramento, previstas no art. 606, do CPC, é menos rara, no processo do trabalho, a do inciso I, na parte em que diz de a própria sentença haver determinado que fosse feito dessa forma. Seria o caso, v.g., de o provimento jurisdicional reconhecer a pretendida relação de emprego, condenando
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o empregador a pagar, dentre outras coisas, os salários devidos ao autor durante o período de vigência do contrato. Sucede, porém, que não havendo nos autos qualquer elemento capaz de permitir a sentença fixar, desde logo, o valor do salário, e convencendo-se o juiz de que este objetivo também seria frustrado no caso de remeter-se à liquidação por artigos, a solução estaria no arbitramento, devendo o perito, observar, o quanto possível , a regra do art. 460, da CLT. Extremamente remota é a existência de ajuste entre as partes, estabelecendo a liquidação por arbitramento; e insólita é a hipótese prevista no inciso II, do art. 606, do CPC, que se refere aa natureza do objeto da condenação exigir essa forma de liquidação.
Haja vista que a liquidação por arbitramento se assemelha a uma perícia, tendo
a designação do perito, que nesse caso pode se chamar de árbitro, é feita pelo juiz, fica
facultada as partes nomearem assistente técnico e formularem quesitos.
Apresentado o laudo pelo árbitro, devem, as partes serem intimadas para se
manifestarem, para em seguida, com ou sem manifestação, ser proferida a sentença pelo juiz,
que não tem vinculação ao laudo, podendo ele formar sua própria convicção em relação aos
elementos carreados aos autos, podendo inclusive determinara nova liquidação.
43
3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Pretende-se através do presente capítulo demonstrar e analisar um caso prático
de perícia contábil trabalhista através da verificação dos métodos e critérios adotados para o
levantamento das verbas trabalhista reconhecidas pelo poder judiciário em favor do autor
(empregado) em face da empresa requerida (empregador).
A ação analisada a seguir corresponde a um processo real em que o empregado
foi demitido sem justa causa e algumas verbas trabalhistas lhe foram negadas, não restando
outra alternativa a ele, a não ser recorrer ao judiciário para ver seus direitos garantidos.
Processo foi protocolado em 04/04/2004 tendo sua decisão de segunda
instancia transitada em julgado em 05/05/2005.
Para preservar a empresa requerida e o autor da demanda, os nomes
verdadeiros das partes foram alterados, pois não foi possível conseguir autorização das partes
para que seus nomes constassem deste trabalho.
Convém salientar que a transcrição documental foi feita ipis literes, mantendo-
se a terminologia empregada.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO
Na caracterização do estudo de caso demonstra-se e analisa-se, passo a passo,
todas as etapas de um processo judicial, desde a petição inicial, audiências, contestação,
impugnação à contestação, sentença de primeira instância, recurso e por fim a decisão de
segunda instância, tudo, para que se possa chegar ao objetivo final, que é o laudo pericial,
onde o perito contador quantifica os valores concedidos no processo, ao reclamante.
44
3.1.1 Petição Inicial
A petição inicial é o documento que inicia um processo judicial, nela são
colocados, basicamente, os fatos que ensejaram o descontentamento do autor, o direito, ou
seja, a lei que foi violada pela parte requerida e por fim, os pedidos que o autor pretende ter
deferidos.
A petição inicial a ser verificada segue abaixo:
JOÃO DA SILVA, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o n.° 888.888.888-
88, titular da CTPS n° 00000/00-SC, residente e domiciliado na Rua das Rosas, n. 000, apto
A-00, bairro Estreito, Florianópolis/SC, CEP 88.888-000, vêm, através de seu procurador
(doc. incluso) com escritório na Rua João Pinto, n. 00, 1o e 2o andar, Centro,
Florianópolis/SC, CEP 00000-000, onde recebe intimações, respeitosamente a presença de
Vossa Excelência propor
AÇÃO TRABALHISTA contra
IXX LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.°
00.000.000/0012-53, estabelecida na Rua Gerônimo Coelho, n. ° 000, 1° Andar, bairro
Centro, Florianópolis/SC, CEP 88.000-000, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a
expor para ao final requerer:
a) Dos fatos
O Autor foi contratado pela Ré em 01 de dezembro de 1999, para uma jornada
de oito horas, de Segunda a Sexta feira, para exercer as funções de supervisão de call center,
na filial de Porto Alegre, percebendo inicialmente à título de salário R$ 1.200,00 (um mil e
duzentos reais).
Em setembro de 2000, foi transferido para a filial de Florianópolis, exercendo
as funções de coordenador de call center. Ao assumir tal posto o Autor era o responsável por
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sanar quaisquer problemas no call center, seja técnico, seja com o pessoal e para tanto a
empresa lhe disponibilizou um aparelho celular para que ficasse de sobreaviso. Cumpre
esclarecer que é praxe da empresa fornecer o aparelho celular para os seus empregados que
cumprem sobreaviso, entretanto, ao Autor tal verba nunca foi paga, conforme se demonstrará.
Após, passou a coordenador técnico de produtos, onde era o responsável por
abrir os chamados nas empresas de telecomunicações bem como seu acompanhamento,
sempre que surgissem problemas nas E1’s (canais de comunicação da empresa). Assim, era
necessário estar sempre disponível a atender a um chamado do empregador, ficando sempre,
por ser o único responsável pela área na filial, de sobreaviso.
E mais, a partir de 02 de maio de 2002, o Autor passou a ocupar o cargo de
supervisor de suporte de internet, tendo suas atribuições descrita no comunicado exarado pela
empresa (doc. junto), inclusive plantão 24 horas.
Exerceu o Autor suas funções até 20/02/2004, quanto teve extinto
irregularmente seu contrato sem justa causa, conforme demonstra o Aviso Prévio dado pela
empresa.
Durante os intervalos entre jornadas tinha o Autor, ainda, o dever de manter
seu aparelho celular sempre ligado para que se houvesse qualquer problema com as redes,
conexões, antenas e sistemas da empresa pudesse ser acionado a qualquer tempo e horário.
Assim, tinha que manter-se na área de cobertura de sua empresa de telefonia móvel e a uma
distância que o possibilitasse atender as emergências do empregador, mas sem qualquer
contraprestação à título de sobreaviso.
E mais, há muito extinguiu-se o aviso prévio trabalhado, encontrando-se o
Autor desde então num limbo, visto que não conseguirá outro emprego, pois o empregador
reteve sua carteira de trabalho e não percebeu qualquer das verbas rescisórias, conforme se
verá.
46
Ocorre que ao longo da contratualidade, bem como no momento da rescisão
contratual, embora o autor sempre honrasse seus compromissos o mesmo não se pode dizer do
empregador que sonegou vários de seus direitos, não tendo escolha o autor senão buscar nesta
Justiça Especializada o ressarcimento das verbas impagas ao longo da contratualidade,
conforme será demonstrado abaixo.
b) Do direito
Das verbas rescisórias
Conforme a correspondência da empresa terminaria o aviso prévio do autor em
20/02/2004 e a rescisão contratual em 23/02/2004. Infelizmente somente o aviso prévio foi
cumprido pelo Autor, já que a empresa nem ao menos sinalizou com o cumprimento de sua
parte na avença.
Veja-se a má-fé do empregador, que informa ao Autor, com mais de um ano de
casa e com acordo coletivo com o sindicato representante de classe do Autor que a rescisão
contratual será homologada fora do Sindicato, tentando esconder as faltas cometidas na
contratualidade.
E mais, passados mais de um mês do prazo dado pela empresa da rescisão
contratual, nenhuma das verbas rescisórias foram honradas pelo empregador, como férias
vencidas, férias proporcionais, 13o salário e proporcional, saldo de salário e da multa de 40%
do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Frustrou ainda, Excelência, o saque do próprio FGTS, e o recebimento do
seguro desemprego a que faz jus o Autor (número máximo de 5 quotas). E mais, desde abril
de 2003 a Ré não efetua o depósito do FGTS do Autor.
Assim, requer a condenação da Ré ao pagamento das seguintes verbas
rescisórias tomadas por base a maior remuneração do Autor:
1) férias vencidas;
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2) férias proporcionais;
3) 13o salário;
4) 13o salário proporcional;
5) saldo de salário;
6) multa rescisória de 40% do FGTS;
7) depósitos do FGTS em sua conta vinculada desde abril de 2003;
8) indenização correspondente ao seguro desemprego em cinco quotas
considerando o teto do seguro desemprego;
Requer ainda, entrega da CTPS em primeira audiência e a incidência de juros a
partir do inadimplemento e correção monetária.
Do sobreaviso
O Autor, conforme já dito foi transferido para Florianópolis em setembro de
2000 e passou a ficar de sobreaviso, inclusive com o celular da empresa (prática corrente da
empresa aos funcionários que ficam em regime de sobreaviso e recebiam tal verba), ou seja, a
empresa além de obrigar o Autor a manter-se em casa esperando ligação telefônica da
empresa para que, além do aparelho celular ligado 24 horas por dia para que pudesse ser
acionado a qualquer tempo, situação que perdurou até o fim irregular da contratualidade.
Isso tolhia seu direito de ir e vir, de gozar plenamente de seus intervalos entre
jornadas ou mesmo gozar plenamente de seus fins de semana, pois a qualquer tempo poderia
ser acionado pela empresa para atender uma ocorrência o que teria, sob pena de ser demitido,
cumprir.
Além da obrigação de manter o celular ligado 24 horas por dia para que
pudesse ser acionado, também, tinha o Autor a obrigação de manter-se em casa, visto a área
onde reside e, visto o risco de não cumprir com as obrigações impostas pela Ré.
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Mesmo que os telefonemas partissem somente para seu telefone móvel, faria
jus a percepção do sobreaviso. Ora, não pode prosperar face as novas tecnologias o
entendimento de que o telefone celular não tolhe o direito de ir e vir, pois o Autor por
exemplo, não poderia deslocar-se além da área de cobertura das antenas de telefonia móvel,
pois ficaria incomunicável, não poderia ir a praia, pois local impróprio para um celular,
participar de uma festa, praticar esportes enquanto estivesse de sobre aviso, mesmo com
celular e mais é prática da empresa o uso do aparelho celular aos funcionários que obedecem
o regime de sobreaviso.
Ora, torna-se óbvio que, mesmo com a utilização do aparelho celular, tolhido o
direito de locomoção, de descanso e lazer pleno, pois sempre levaria a preocupação de ser
acionado a qualquer tempo, além de não poder distanciar-se muito da empresa sob pena de
não conseguir cumprir a tarefa quando acionado.
Entretanto, embora tivesse a obrigação de ficar de sobre aviso após a jornada
de trabalho tinha ainda de cumprir o sobre aviso, mas nunca percebeu a contraprestação
devida.
Assim, requer a condenação da Ré ao pagamento do adicional de sobreaviso,
no montante de 1/3 sobre as horas em que ficou de sobreaviso, considerada a maior
remuneração, durante toda a contratualidade e seus reflexos.
Do termo de rescisão do contrato de trabalho
No momento da rescisão contratual a Ré não levou em consideração a maior
remuneração percebida pelo empregado, fazendo inserir no termo de rescisão e para fins de
cálculo o salário nominal percebido pelo funcionário quando o artigo 477 da CLT diz que
deve tomar por base a maior remuneração da empresa após incorporados os adicionais de
periculosidade, noturno, horas extras habituais e a gratificação natalina na forma dos
Enunciados das Súmulas 139; 60; 291 e 148 do Tribunal Superior do Trabalho - TST.
49
Assim requer a condenação da Ré nas verbas rescisórias, considerando a maior
remuneração percebida pelo Autor durante a empresa, incorporadas as verbas
supramencionadas, compensando o que já foi pago.
Aplicação da multa do art. 477, § 8° da CLT
Devido ao atraso muito superior ao prazo estipulado no parágrafo oitavo do
artigo 477 da Consolidação da Leis do Trabalho, requer o autor a condenação da Ré ao
pagamento de uma remuneração, considerada a maior percebida na empresa.
Aplicação do art. 467 da CLT
Requer o Autor que a Ré pague em primeira audiência as verbas
incontroversas sob pena de pagá-las com acréscimo de 50%, nos termos do artigo 467 da
CLT.
c) Dos pedidos
Na forma do exposto, requer se digne Vossa Excelência a receber a presente,
determinando a citação da ré no endereço declinado inicialmente, para responder os termos
desta, sob pena de revelia e confissão, sendo ao final, julgada totalmente procedente a ação,
para condenar a ré ao pagamento das seguintes parcelas, acrescidas de juros correção
monetária, custas e honorários advocatícios assistenciais :
a) Das verbas rescisórias, assim compreendidas: férias vencidas e adicional de
1/3 constitucional; férias proporcionais e adicional de 1/3 proporcional; 13o salário; 13o
salário proporcional; saldo de salário; multa rescisória de 40% do FGTS; depósitos do FGTS
em sua conta vinculada desde abril de 2003; indenização correspondente ao seguro
desemprego em cinco quotas, considerando o teto do seguro desemprego, todas inadimplidas
pelo empregador;
50
b) ao pagamento do adicional de sobreaviso, no montante de 1/3 sobre as horas
em que ficou de sobreaviso, considerada a maior remuneração, durante toda a contratualidade
e seus reflexos.
c) que seja considerado para fins rescisórios a maior remuneração percebida
pelo Autor durante a empresa, incorporadas as verbas supramencionadas, compensando o que
já foi pago.
d) a condenação da ré ao pagamento do art. 477, § 8° da CLT.
Requer seja a ré intimada para pagar em primeira audiência as verbas
incontroversas, sob pena de aplicação do contido no art. 467, da CLT.
Requer o Autor que a ré junte aos autos os cartões ponto do Autor, escalas de
plantão em dias de semana, escalas de sábados e domingos e escalas de sobreaviso.
Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente
através de depoimento pessoal, expressamente ora requerido, de testemunhas, e juntada de
documentos e pericial.
Requer, por derradeiro, lhe seja concedido o benefício da assistência judiciária,
na forma da Lei 5.584/70, eis que não se encontra em condições de demandar sem prejuízo do
sustento próprio ou de sua família, estando assistido por profissional credenciado pelo
Sindicato da categoria (doc. anexo).
Dá-se a presente, para fins de rito e alçada e dada a impossibilidade do autor
deduzir pedido líquido, o valor de R$ 10.000,00 (Dez mil reais).
Da análise da petição inicial, extrai-se que o autor requer o pagamento das
verbas rescisórias sonegadas no momento de sua despedida sem justa causa, tais como o saldo
de salário, 13° proporcional, férias proporcionais e multa rescisória do FGTS.
51
Pleiteia, o autor, que seja a ré condenada ao pagamento da multa prevista no
art. 477, da CLT, multa do art. 467, da CLT, mais uma indenização equivalente ao pagamento
de 5 (cinco) parcelas do seguro desemprego, haja vista que com a negativa do pagamento das
verbas rescisórias não foi possível o autor sacar tal benefício.
Requer, ainda, o autor o pagamento de adicional de sobreaviso, uma vez que
ele, segundo a exordial, ficava a disposição da empresa através do seu telefone celular,
mesmo após encerrar sua jornada normal de trabalho.
3.1.2 Audiência Inicial
A audiência inicial é uma tentativa que o juízo faz de conciliar as partes, ou
seja, tenta-se fazer um acordo judicial a fim de se evitar que o processo se prolongue por
muito tempo, haja vista o principio da celeridade que vige na justiça do trabalho
a) Ata de audiência
Aos dezoito dias do mês de maio do ano dois mil e quatro, às 14h20min, na
sala de audiências desta MM. 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis, Estado de Santa Catarina,
presente Sr(a). Juiz(a) do Trabalho Dr(a). JUIZ, foram por ordem do MM. Juiz(a) apregoadas
as partes supra mencionadas para a audiência de conciliação e julgamento.
PRESENÇAS: do(a) autor(a) acompanhado(a) do(a) Dr(a). Advogado
OAB/SC 00.000; do réu pelo(a) preposto(a) Sr(a). Preposto, acompanhado(a) do(a) Dr(a).
Advogado de defesa OAB/SC 00.001. Credenciais juntadas neste ato.
CONCILIAÇÃO: rejeitada.
LEITURA DA INICIAL: dispensada.
52
CONTESTAÇÃO: escrita, lida e juntada aos autos, com documentos dos
quais se concede vista ao adverso pelo prazo de 15 dias, iniciando o prazo em 24-05-2004,
para manifestação, devendo apontar as diferenças que entender cabíveis.
PROSSEGUIMENTO: fica designado o dia 00-00-2004, às 00h, quando as
partes deverão comparecer para depor, sob pena de confissão, devendo o autor vir munido
com sua Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, bem como trazer as testemunhas
que desejarem ouvir, sob pena de preclusão da prova, independentemente de intimação,
munidas com documento de identidade e CTPS.
Cientes os presentes. Nada mais.
Conforme se depreende da ata de audiência acima transcrita, compareceram à
audiência o autor com seu procurador e a empresa requerida representada por seu preposto
acompanhado do advogado.
A tentativa de conciliação foi rejeitada, recebendo o Juiz a contestação da
empresa, sendo aberto prazo de 15 (quinze) dias para que o autor, querendo, apresente
impugnação à contestação.
Por fim foi designada data para audiência de instrução e julgamento.
3.1.3 Contestação
A contestação é a peça processual em que a empresa requerida apresenta sua
defesa e, no presente caso a empresa não concorda com a alegações postas pelo autor em sua
petição inicial, conforme passa-se a verificar a seguir:
IXX LTDA., pessoa jurídica de direito privado,já qualificada nos autos, com
filial na cidade de Florianópolis – SC, na Rua Jerônimo Coelho, n° 250, Centro, CEP 88.000-
53
00, vem à presença de V. Exa., através de seu advogado infra assinado, com escritório na Rua
das Orquídeas, onde recebe notificações, apresentar defesa, na forma de contestação, à ação
trabalhista movida por João da Silva, conforme as razões de fato e de direito adiante expostas.
a) Suma da reclamatória
Alega o reclamante que foi admitido no dia 01.12.1999, na função de
supervisor de call center, esta exercida até 02.05.2002, quando passou a ocupar o cargo de
supervisor de suporte à Internet. Alega que foi dispensado sem justa causa no dia 20.02.2004,
sem que lhe fossem pagas as verbas rescisórias devidas. Aduz também que não lhe foram
entregues as guias do seguro desemprego, de FGTS e INSS.
Em razão disso, pretende receber tais verbas, bem como adicional de
sobreaviso e indenização correspondente ao seguro desemprego que, segundo afirma, não
pôde ser recebido.
Pretende, por fim, que lhe seja deferida a multa do art. 467 e 477, §8° da CLT,
bem como assistência judiciária gratuita e honorários de sucumbência.
Essa, em apertada síntese, a pretensão deduzida em juízo pelo reclamante.
b) Preliminar de mérito – Da justiça gratúita
Em preliminar, a reclamada impugna o pedido de assistência judiciária. Isso
porque o reclamante não preencheu os requisitos das leis que regulam a matéria (1006/50 e
5584/70), não juntando atestado do Ministério do Trabalho e da Previdência Social ou
declaração de autoridade policial da circunscrição na qual situa-se (§2° e 3° do art. 14, da Lei
5584/70), de maneira a provar sua situação econômica, nem tampouco demonstrou que sua
remuneração era igual ou inferior ao dobro do mínimo legal.
O reclamante confessa que auferia remuneração superior à permitida em lei
para a concessão do benefício ora impugnado, além de não demonstrar que o pagamento de
eventuais custas processuais poderia vir a afetar a sua subsistência e a de sua família.
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Requer-se, assim, o acolhimento da presente preliminar, indeferindo-se o
benefício da gratuidade pretendida.
c) Da defesa do mérito
Os fatos narrados pelo reclamante não condizem com a realidade, sendo
necessário reescrevê-los. Em primeiro lugar, há de se dizer que as verbas rescisórias não
foram pagas até a presente data, simplesmente porque o reclamante não compareceu no dia
marcado para a homologação de sua rescisão. Em razão de sua falta, restou frustrada a
possibilidade de quitação das referidas verbas rescisórias.
Tal impontualidade, contudo, não pode ser imputada à reclamada, uma vez que
esta cumpriu todas as exigências legais referentes à espécie. Prova disso é que chegou,
inclusive, a entregar ao reclamante uma minuta de termo de rescisão de contrato de trabalho,
documento este juntado aos autos.
Embora assente a rescisão do contrato de trabalho do reclamante, há de se
analisar cada uma das rubricas demandadas, uma vez que algumas se mostram descabidas,
conforme ora se demonstrará.
d) Pagamento das verbas rescisórias
As verbas rescisórias não foram pagas simplesmente porque o reclamante não
logrou vir recebê-las, haja vista que estas seriam pagas no momento da homologação da
rescisão de seu contrato de trabalho, junto ao sindicato representante de sua categoria, e que
este não compareceu àquele ato. Como o reclamante furtou-se a comparecer no dia designado,
restou frustrado o pagamento das verbas rescisórias, até o presente momento. Na audiência
inaugural, contudo, a areclamada pretendeu pagar-lhe as verbas rescisórias correspondentes
ao período trabalhado.
Ainda a respeito das verbas rescisórias, faz-se necessário impugnar
expressamente o pedido referente ao 13° salário relativo a 2001, 2002 e 2003, uma vez que
55
tais rubricas já foram satisfeitas ao reclamante em suas épocas próprias, conforme recibos ora
carreados aos autos.
e) Depósitos de FGTS
O reclamante não demonstrou o fato constitutivo de seu direito, qual seja não
lhe terem sido depositadas todas as parcelas de seu FGTS. Sendo assim, não merece prosperar
sua pretensão.
f) Recolhimento da multa do FGTS
Tal quantia será depositada pela empresa, tão logo sejam resolvidas as demais
questões atinentes à rescisão do reclamante.
g) Pagamento de indenização referente ao seguro desemprego
Não prospera tal pretensão. A um porque tal pleito traduz verba de natureza
civil, e, assim, insuscetível de ser apreciada pela justiça especializada trabalhista.
A dois, porque o reclamante não demonstrou ter requerido o seguro
desemprego, não tendo provado, também, que tal verba foi indeferida.
A três porque a obrigação de entrega das guias reflete obrigação de fazer, e não
de dar, fato que torna impossível a sua conversão em valores pecuniários, tal como ora
pretende o reclamante.
A quatro, porque a duração do contrato de trabalho daria ao reclamante direito
a receber três parcelas do seguro desemprego, e não cinco como pretende.
A cinco, porque, na remota hipótese de condenação, o valor alusivo a tal seria
o correspondente ao benefício mínimo, e não ao teto, como pretendo o reclamante.
Assim, tendo em conta o princípio da eventualidade, em caso de condenação,
requer-se que observada, não apenas a duração mínima para o gozo do referido benefício (três
meses), mas também o valor mínimo de cada parcela.
h) Pagamento de adicional de sobreaviso
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Conforme demonstram as fichas ponto anexas, o reclamante trabalhava das 9h
às 12h e das 13 às 18h, de segunda à sexta-feira, sendo inverídica a afirmação de que ficava a
disposição da empresa fora do horário de expediente.
A própria natureza das funções por ele exercidas afasta a pretensão de
recebimento de adicional de sobreaviso. Com efeito, o reclamante trabalhou como supervisor
e coordenador de “call center”, e supervisor de suporte à Internet. Tais tarefas consistem em
controlar e fiscalizar os atendentes de suporte à Internet, que, por sua vez, auxiliam os clientes
da empresa na solução de problemas de ordem administrativa (emissão de segunda via de
boleto bancário, bloqueio de sinal pelo não pagamento, etc.), ou técnica, tais como
configuração de acesso, problemas de conexão com o provedor, etc.
Evidente, assim, que tais funções não eram essenciais para o normal
funcionamento da empresa, uma vez que as dúvidas administrativas, ou mesmo de ordem
técnica, que não pudessem ser solucionadas de plano pelos atendentes, poderiam, muito bem,
aguardar uma posição do reclamante até o dia útil imediatamente seguinte.
Não sendo vitais para o funcionamento da empresa, é evidente que as funções
exercidas pelo reclamante não são sequer compatíveis com o pedido de adicional de
sobreaviso, uma vez que nada justifica sua chamada quando estivesse em repouso.
Resta, assim, impugnada a pretensão de sobreaviso descrita na inicial, bem
como o adicional pretendido, uma vez que tal não corresponde à realidade havida durante o
contrato de trabalho.
i) Aplicação do art. 467 da CLT
É indevida a multa do art. 467 da CLT, uma vez que as verbas salariais de
natureza incontroversa serão satisfeitas ao reclamante já na audiência inaugural.
j) Multa do art. 477 da CLT
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Requer o reclamante a condenação da reclamada ao pagamento da multa
prevista no parágrafo 8° do art. 477 da CLT, em razão da suposta omissão no pagamento das
verbas rescisórias. Não pode, todavia, prosperar tal intento, uma vez que, conforme se
depreende da análise da defesa, o não pagamento das verbas rescisórias no tempo devido
somente se deu em virtude do comportamento do reclamante, que não compareceu no dia
previamente designado para a homologação de sua rescisão.
Nesse sentido “MULTA DO PARÁGRAFO 8° DO ART. 477 DA CLT
INDEVIDA- Inexiste previsão legal determinando que se aplique multa em caso de
deferimento de diferenças de verbas rescisórias através de decisão judicial.” (TRT R. – Ac. T.
02960119074 – Rel. Juiz Guarido Amaury Fórmica – Diário Oficial do Estado de São Paulo -
DOESP 14.03.96).
Desse modo, requer sejam julgados improcedentes os pedidos referentes à
multa do art. 477 da CLT.
k) Pagamento de honorários advocatícios
Indevido o pagamento de honorários advocatícios. Isso porque a Lei n.
8.906/94 é norma genérica que não derrogou a Lei 5.584/70 que possui mandamentos
específicos sobre o pagamento da verba honorária nesta justiça especializada, entendimento
este, ademais corroborado pelos enunciados 219 e 329 do TST. Assim, totalmente
improcedente o pleito de honorários advocatícios.
l) Da impugnação
Outrossim, em conformidade com o art. 830 da CLT, impugna-se todos os
documentos juntados pelo reclamante que sejam cópias simples ou não originais, uma vez
que, não constituem meio legítimo para consubstanciação de prova e, ainda, todos os
documentos fabricados de forma unilateral pelo reclamante, não reconhecendo a reclamada
sua autenticidade.
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m) Dos juros e da correção monetária
Na remota eventualidade de a reclamada ser condenada em algum dos pedidos
efetuados na exordial, o que não se espera, desde já requer sejam observados quanto aos juros
e a correção monetária o disposto na legislação vigente.
É principio doutrinário e jurisprudencial que a época própria para o cálculo da
correção monetária é, sempre, a data do vencimento da obrigação – por analogia do art. 46, do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da CF/88 – ou seja, a data em que o débito
poderá ser exigível (Decreto Lei 75/65).
Outrossim, o parágrafo único do art. 459, da CLT, com a redação da Lei
7.855/89, concede às empresas a prerrogativa quanto ao pagamento de salários até o quinto
dia útil ao mês subseqüente ao vencido.
Posto isso, sendo deferida alguma verba ao reclamante, requer que tais valores
sejam atualizados a partir do mês da obrigatoriedade da satisfação do crédito trabalhista (art.
459, §1°, da CLT), ou seja, quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido.
Outrossim, nos termos do Enunciado de Súmula n° 304, do C. TST, requer o
reclamado a não incidência de juros de mora na eventualidade de condenação em alguma
parcela postulada.
n) Dos descontos previdenciários e fiscais
Na hipótese de serem julgados procedentes alguns dos pedidos formulados
pelo reclamante, requer sejam determinados os descontos a título de INSS e Imposto de
Renda na Fonte, sobre eventual crédito deferido. Efetivamente, nos cálculos homologados
deverão ser consideradas as retenções na fonte relativas ao imposto de renda, e as
contribuições previdenciárias (INSS) sobre as verbas salariais, quando do efetivo pagamento,
na forma do Provimento 01/96 (DJU 10/12/96) da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho
e do §3°. Do art. 114 da CF, nos termos da E. Constitucional n° 20.
59
Requer-se, ainda, seja declarada, segundo as expressa determinações legais
atinentes a cada desconto, a correta forma para apuração das retenções a esse título.
A apuração relativa ao INSS deve ser feita mês a mês, deduzindo-se os valores
já recolhidos, aplicando-se o disposto nos arts. 43 e 44, da Lei n° 8.212/91, com a redação
dada pela Lei n° 8.620/93.
No tocante ao imposto de renda retido na fonte, a apuração deverá ser feita
sobre o total disponibilizado ao reclamante, deduzidas as parcelas de natureza indenizatória,
aplicando-se a alíquota vigente quando do efetivo pagamento – fato gerador desse tributo –
consoante o disposto no art. 46, §2°, da Lei 8.541/92, bem como, o disposto no art. 640, do
Dec. 3.000/1999, de 26.03.1999, que determina o seguinte:
“No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto na fonte
incidirá sobre o total dos rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto na fonte incidirá
sobre o total dos rendimentos pagos no mês, inclusive sua atualização monetária e juros (leis
n° 7.713/88, art. 12 e 8.134/90, art. 3°)”.
Requer, portanto, o pronunciamento desta MM. Juízo quanto às retenções
acima pleiteadas, bem como, quanto à forma de apuração das mesmas.
o) Da compensação ad cautelam
Como medida de extrema cautela, invoca a reclamada, a seu favor, a teor do
contido no art. 767, da CLT, c/c o disposto no Enunciado n. 48 do C. TST, o instituto da
compensação (art. 1009 e seguintes do Código Civil), requerendo a compensação de todos os
valores já pagos ao reclamante no mesmo título, principalmente os valores pagos a título de
horas extras/adicional noturno constante dos seus recibos de salário, caso, eventualmente,
seja-lhe deferida qualquer verba ao mesmo, a fim de se evitar a configuração do
enriquecimento ilícito.
p) Da litigância de má fé
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Aduz o reclamado a litigância de má fé com a qual demanda o reclamante.
Sem dúvida, nos termos do art. 17 e respectivos incisos do Código de Processo Civil, o
reclamante, no afã de ver colhido suas descabidas pretensões em face da empresa reclamada,
omito ou distorce fatos do qual possui pleno conhecimento. Requer o pagamento de horas
extras quando sebe não ter prestado labor extraordinário; demanda pelo pagamento de
adicional noturno quando sabe não ter trabalhado entre as 22h e às 5h e, mais, pleiteia o
pagamento de horas extras pela participação em cursos e eventos quando a empresa reclamada
jamais lhe exigiu tal. Frente a isso, requer que se repute o reclamante como litigante de má fé,
condenando-a não só no pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, como
também a pagar indenização condizente com a sua conduta censurável perante o poder
judiciário e a empresa acionada (art. 17 do CPC).
q) Dos requerimentos
Por todo o exposto requer-se a declaração do reclamante como litigante de má
fé, condenando-o não só em honorários advocatícios, como também a pagar indenização
condizente com a sua conduta censurável perante o poder judiciário e a empresa acionada (art.
17 do CPC). Requer-se, também, que sejam julgados integralmente improcedentes todos os
pedidos constante da presente ação, condenando o reclamante também ao pagamento de
custas processuais e outras cominações de estilo.
Pretende provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente pelo depoimento pessoal do reclamante, que desde já se requer sob pena de
confissão a teor do disposto no enunciado n° 74 do C. TST, oitiva de testemunhas, juntada de
novos documentos, realização de perícias e todas as demais que se fizerem necessárias.
Analisando-se a contestação apresentada acima, extrai-se inicialmente que a
requerida faz um resumo dos pedidos elencados na petição inicial pelo autor.
61
Em seguida argui, em preliminar, que não faz jus o autor ao beneficio da
assistência judiciária por não ter, ele, comprovado sua condição de hipossuficiência
financeira.
Com relação ao mérito da ação, defende-se a requerida argüindo que as verbas
rescisórias não foram pagas tendo em vista que o autor não logrou ir recebê-las, pelo mesmo
motivo não foi pago a multa de 40% sobre o FGTS.
Insurge-se contra o pagamento de indenização referente ao seguro desemprego
alegando que tal verba tem natureza civil, e que o autor não comprovou que tal verba lhe foi
indeferida.
A empresa requerida requer a improcedência do pagamento do adicional de
sobreaviso haja vista que as horas laboradas pelo autor estão consignadas nos cartões-ponto,
alegando, ainda, que é inverídica a afirmação de que o autor ficava a disposição da empresa
fora do seu horário de expediente.
Impugna todos os documentos juntados pelo autor, requerendo a
improcedência da aplicação das multas previstas no art. 467 e 477, da CLT.
Requer seja considerada as épocas próprias para o cálculo da correção
monetária e dos juros, bem como requer sejam realizados os descontos previdenciários e
fiscais, aquele calculado pelo regime de competência e, este calculado pelo regime de caixa,
para o caso de uma eventual condenação.
Por fim, requer a reclamada, seja o autor condenado por litigância de má fé,
por entender que as verbas por ele pleiteadas são indevidas.
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3.1.4 Manifestação à contestação
A manifestação à contestação é a oportunidade em que o autor tem de contra
argumentar a contestação e os documentos apresentados pela empresa requerida, conforme
passa-se a verificar a seguir:
JOÃO DA SILVA, já qualificada nos autos do processo AT 0000-2004, de
uma AÇÃO TRABALHISTA proposta contra a IXX LTDA., também qualificada, vêm,
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, atendendo a intimação de fls., apresentar sua
impugnação à documentação, nos termos da legislação vigente, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos para ao final requerer
a) Dos fatos
O Autor conforme a exordial laborou para a Ré de 01 de dezembro de 1999 até
20 de fevereiro de 2004, exercendo as funções de Supervisor de Call Center e após
Coordenador Técnico de Produtos, dentre outras, percebendo a título de salário inicialmente
R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais).
No exercício de suas funções o Autor era o responsável por abrir os chamados
nas empresas de telecomunicações bem como seu acompanhamento, sempre que surgissem
problemas nas E1’s (canais de comunicação da empresa). Sendo necessário estar sempre
disponível a atender aos chamados da Ré, sendo o responsável pelas funções acima descritas.
Inclusive em comunicado enviado pela empresa, o Autor faria plantão 24 horas
(fls. 16), atestando somente um fato que ocorria diariamente na empresa e a forma encontrada
foi a disponibilização de aparelho celular da empresa ao funcionário para que pudesse atender
quaisquer ocorrências fora de sua jornada, o que evidentemente foi feito, conforme demonstra
o documento de fls. 19, onde o Autor devolve a empresa a posse do aparelho utilizado para a
realização dos sobreavisos.
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Tal aparelho deveria ficar ligado durante todos os dias da semana, após a
realização de sua jornada de trabalho, já exaustiva na empresa, mas o autor nenhuma
contraprestação percebeu pelos sobreavisos realizados.
Vêm também o Autor na exordial requerer os demais direitos sonegados
durante a vigência do contrato de trabalho tais como o pagamento relativo ao descanso
semanal efetivamente trabalhados pelo Autor, conforme a documentação acostada a exordial,
visto que a Ré também não produziu qualquer tipo de prova neste sentido, confirmando que o
Autor sempre laborou durante os períodos de repouso previsto em lei, sem perceber mais uma
vez a contra prestação devida com o adicional de 100%, nos termos da exordial.
A Ré sequer dignou-se a pagar o Autor as verbas rescisórias, as verbas
(descritas na exordial) que são devidas por qualquer empregador ao término do contrato de
trabalho, não forneceu ao empregado as guias pertinentes ao saque do FGTS e do Seguro-
Desemprego, frustrando ao Autor a percepção de tais verbas deixando-o completamente
desamparado até que consiga colocação no mercado de trabalho.
Chega, Excelência, a Ré que não produziu qualquer documentação que
comprove suas alegações, que sonegou ao trabalhador todas as verbas devidas na rescisão
contratual, que sonegou verbas durante a contratualidade objeto da presente demanda, que não
efetuou todos os depósitos do FGTS, que sonegou as guias de recolhimento do FGTS
(inclusive por sua inadimplência), que não entregou as guias para a percepção pelo Autor do
seguro desemprego, ao absurdo de IMPUGNAR A ASSISTÊNCIA SINDICAL E DA
JUSTIÇA GRATUITA, alegar LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO AUTOR que outra não fez
senão prestar serviço a Ré, cumprir sua parte no contrato de trabalho .
Ante as práticas da Ré, outra saída não havia ao Autor senão a busca do
Judiciário e do ressarcimento correspondente a efetiva prestação de trabalho, conforme será
abaixo demonstrado.
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b) Da preliminar de mérito
A empresa que não quitou sequer as verbas relativas a rescisão contratual,
requer mesmo sem ter legitimidade para tanto, o indeferimento da Assistência Sindical e da
Justiça Gratuita, respectivamente as leis 5.584/70 e 1.060/50, sob a argumentação de que não
juntou atestado do Ministério Trabalho e Previdência Social ou declaração da autoridade
policial ou demonstrou que sua remuneração era igual ou inferior ao dobro do mínimo legal.
Ora, lembra o Autor a Ré que ainda espera o pagamento das verbas rescisórias
e demais obrigações legais inadimplidas pela Ré. A empresa não só prejudicou a subsistência
do Autor, mas a inviabilizou e que percebia conforme coloca na contestação e não tem
qualquer condição de arcar com as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio,
conforme documento de fls. 15 dos autos e fls. 2 do primeiro anexo ao presente.
São devidos os honorários assistenciais requeridos a exordial, visto que trata-se
de hipossuficiente e assistido por seu sindicato de classe, credenciamento juntado a exordial,
preenchendo os requisitos para concessão do benefício senão vejamos:
O artigo 14 da Lei 5.584/70, informa que:
Art. 14. Na Justiça do Trabalho, assistência judiciária a que se refere a Lei
1.060 de 5 de fevereiro de 1950, será prestado pelo sindicato da categoria profissional a que
pertencer o trabalhador.
§ 1°. A assistência é devida a todo aquele que perceber salário igual ou inferior
ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário,
uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do
sustento próprio ou da família.
E, nos termos dos Enunciados 219 e 329 do TST:
219. Na Justiça do Trabalho , a condenação em honorários advocatícios, nunca
superiores a 15%, não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar
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assistida por Sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior
ou dobro do mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita
demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.
O Autor preenche os requisitos para a concessão dos honorários assistenciais,
visto que assistido pelo sindicato de classe e, trata-se de hipossuficiente que não possui
condições de arcar com as custas do processo, nos termos já expostos.
Assim, requer a concessão de honorários assistenciais conforme requerido na
exordial.
c) No mérito
Demonstra Excelência a Ré, toda sua má-fé, modifica a realidade dos fatos.
Alega que foi o Autor quem não quis receber as verbas rescisórias e quer comprovar que foi o
Autor que se negou, pois alega que entregou uma cópia do TRCT ao Autor.
Inicialmente cumpre informar que por força de lei, vide o Art. 477, § 1° da
CLT e por acordo coletivo de trabalho a empresa se obrigou a homologar as quitações de
contrato de trabalho na sede do Sindicato com a presença de um representante sindical, ora
tanto o Autor como o Sindicato, ora assistente, desconhecem qualquer ato da empresa que
pudesse resultar na homologação do contrato de trabalho de quaisquer empregados da IFX em
Florianópolis ou mesmo qualquer reunião com os empregados para dar-lhes satisfação do
porquê do não pagamento.
E mais, alega ainda a ré que o Autor não compareceu no dia marcado, faltou a
Ré esclarecer em qual local foi marcada a homologação, alterando clara e absurdamente a
realidade dos fatos.
d) Do pagamento das verbas rescisórias
Insiste a Ré, modificando a realidade dos fatos, que o Autor que teve que
buscar o Judiciário e manifestar toda sua discordância com a inadimplência da Ré, sendo essa
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a única forma de perceber o que lhe é devido, só não percebeu as verbas rescisórias porque
não compareceu a uma suposta homologação num lugar ainda desconhecido tanto ao
Sindicato que detêm a competência para realizar a homologação quanto ao próprio empregado
que nunca foi informado sobre a homologação.
E mais, afirmou que o pagamento das verbas rescisórias seriam pagas na
audiência inaugural, portanto, incontroversas, o que evidentemente não foi feito, logo fazendo
incidir a regra do artigo 467 da CLT, sendo desde já e nos termos da exordial o que se requer.
e) Do depósito do FGTS
Ora, claramente demonstrado pelos documentos de fls. 17 do anexo primeiro
que a Ré encontra-se inadimplente desde abril de 2003.
Se tal não fosse, não haveria motivo para empresa não apresentar as guias de
liberação do FGTS e do Seguro Desemprego na audiência inaugural o que não o fez, tornando
incontroversa a matéria seja por completa falta de documentação aos autos que comprovem
suas alegações, ou seja, os fatos extintivos, impeditivos ou modificativos do direito do Autor,
nos termos do artigo 333, II do CPC e do artigo 818 da CLT o que faz incidir a regra do art.
467, conforme requerido na exordial.
f) Da multa rescisória do FGTS
Este tópico além de incontroverso, confessa a empresa que encontra-se
inadimplente, visto que ainda não depositou a parcela relativa a rescisão, logo não poderia
fornecer as guias para a liberação do FGTS e do Seguro desemprego.
g) Do seguro desemprego
Ora, passa dos limites a Ré ao afirmar que o Autor só não percebeu o seguro
desemprego porque não requereu o benefício e que se trata de obrigação de fazer o que torna
impossível sua conversão em pecúnia, que o Auto só tem direito a três parcelas e não cinco e
que é de natureza cível.
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Ora, o dano moral é de natureza cível e no entanto a justiça do trabalho tem
competência para julgá-lo, pois advêm da relação de emprego.
Seguindo o raciocínio da empresa se o empregado não fizer o requerimento ao
empregador para a percepção do seguro desemprego, perde o direito. Ao firmar contratos as
partes adquirem direitos, mas também deveres faltou a empresa a observância desta parte e
uma delas é o fornecimento das guias atinentes ao FGTS e do seguro desemprego.
Como pode a Ré afirmar que é necessário o requerimento do Autor para a
percepção do benefício e logo abaixo afirmar que se trata de obrigação de fazer e, embora
discutível se não o fez está inadimplente e quem causar dano a outrem deve indenizá-lo eis o
direito do autor a indenização das quotas do seguro desemprego.
Quanto ao número de parcelas transcreve-se a doutrina que elucida a questão:
“mercê das alterações que a Lei n. 8.900, de 30.6.94, fez na Lei n. 7.998, o
benefício do seguro desemprego será concedido ao trabalhador desempregado por um período
máximo variável de 3 a 5 meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo,
cuja duração cabe ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador –
CODEFAT – definir. A cada novo período aquisitivo, concede-se novo seguro desemprego. O
período máximo de percepção do benefício em tela tem de observar o seguinte critério:
observação da relação entre o número de parcelas mensais do benefício e o tempo de serviço
do trabalhador nos últimos 36 meses que antecederam a data da dispensa causadora do
requerimento do seguro desemprego; 3 parcelas para quem trabalhou no mínimo, 6 e, mo
máximo, 11 meses no período de referência; 5 parcelas a quem trabalhou no mínimo 24 meses
no período de referência.” (p. 329)
E quanto a indenização continua o doutrinador:
“empregador que, por omissão ou comissão, impedir a obtenção do seguro-
desemprego do trabalhador despedido, terá de indenizá-lo neste particular” (329)
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Quanto ao valor o seguro desemprego é fixado pelo valor da remuneração do
empregado até um patamar máximo, o teto, ora pelo salário percebido pelo Autor na empresa
nos últimos cinco anos, por óbvio que receberia, se não tivesse sido frustrado pelo
empregador, o benefício no valor do teto do seguro desemprego.
Dessa forma requer seja condenada a Ré a indenizar ao Autor as parcelas do
seguro desemprego nos termos da exordial.
h) Do adicional de sobreaviso
Quanto as alegações da Ré visando negar a percepção do Autor ao adicional de
sobreaviso, como todas as demais são inverídicas e confrontam com a documentação acostada
aos autos pelo Autor e produzidas pela própria empresa Ré, senão vejamos:
Omite a Ré a determinação por ela própria exarada, conforme documento de
fls. 16 que o Autor deveria efetuar plantão 24 horas, vê-se ainda que não há qualquer
determinação temporal, quanto aos dias da semana, presumindo-se que deveria ficar de
plantão todos os dias com a finalidade de sanar as emergências ocorridas fora de sua jornada
habitual.
Em sua contestação omite a Ré o fato de ter fornecido aparelho celular ao
funcionário para que pudesse realizar o sobreaviso, conforme depreende-se da análise do
documento de fls. 19 dos autos, devolvendo o Autor à empresa o aparelho utilizado para
tanto.
Senão, qual seria a necessidade da empresa fornecer o aparelho ao funcionário,
seria bondade, não esclarece o Réu na contestação, prefere omitir-se, demonstrando que
conhece da efetiva realização de sobreaviso pelo Autor, mas nunca honrou com a
contraprestação devida.
E mais, as funções exercidas pelo Autor na empresa vão muito além das peça
contestatória, e tal fato é de conhecimento da empresa , conforme documento de fls. 16, o que
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quer a empresa é exonerar-se do pagamento das verbas devidas ao Autor, de cumprir sua parte
na avença, da mesma forma que vem fazendo com todas as verbas rescisória, objeto dos
demais pedidos da presente lide.
Ora, Excelência, conforme a exordial o Autor era responsável pelas E1’s que
são os canais de comunicação da empresa, ora como poderia uma empresa de transmissão de
dados, com problemas nos canais de comunicação, de responsabilidade do autor, não ser
essencial ao funcionamento da empresa, de modo a ser resolvido no dia anterior, como quer
fazer crer a empresa.
Dessa forma, conforme os fatos demonstrado e o conjunto probatório constante
dos autos, requer o Autor seja a Ré condenada ao pagamento do adicional de sobreaviso
durante toda a contratualidade e seus reflexos nos termos da exordial.
i) Da CTPS do autor
Excelência, neste tópico, vê-se o descaso da ré para com seus funcionários.
Requereu o Autor a devolução de sua CTPS, pois foi entregue ao empregador para que
fossem feitas as anotações devidas e a baixa do contrato de trabalho firmado entre as partes.
Vários fatos, podem levar a conclusão de que a CTPS do Autor encontra-se
com a Ré, senão vejamos.
Excelência, pergunta-se o Autor qual o motivo que levaria a empresa a mandar
um e-mail ao funcionário já demitido (e-mail enviado 4 de abril de 2004) requerendo nova
CTPS para anotação, senão porque evidentemente perderam a CTPS do Autor, senão porque
nunca a devolveram. (e-mail, incluso).
E mais, conforme explicitado acima, a rescisão contratual deveria ser realizada
no Sindicato de Classe da categoria, onde deveriam ser entregues ao Autor não só sua CTPS
com a devida baixa, mas também, as guias relativas ao seguro desemprego, as guias relativas
ao saque do FGTS, a comprovação do depósito de 40% do FGTS, os termos de rescisão do
70
contrato de trabalho para a homologação pelo Sindicato, não só conforme acordado pela
empresa nos acordos coletivos de trabalho, mas pela própria legislação vigente, qual seja, o
artigo 477 da CLT.
Ao contrário do que afirma a Ré, nunca houve qualquer comunicação da
empresa quer quanto a data da homologação que deveria ser no Sindicato, vê-se pelo próprio
documento de fls. 18 que a homologação seria na Delegacia Regional do Trabalho - DRT
(fugindo do sindicato, que certamente não homologaria a rescisão sem a apresentação da
CTPS devidamente preenchida, das guias referentes ao FGTS e seguro desemprego, dos
comprovantes de depósito da multa rescisória do FGTS e das vias do TRCT para
homologação).
Vê-se também no documento de fls. 18 que as afirmações da Ré, são
mentirosas, pois em momento algum o Autor foi informado da data em que seria realizada a
homologação da rescisão, da entrega das vias do seguro desemprego, FGTS, comprovante de
recolhimento da multa rescisória e a entrega da CTPS devidamente preenchida.
Aliás, informa o autor ao juízo que ainda espera a rescisão contratual, as guias,
o comprovante de depósito e a CTPS, visto que nada recebeu da empresa nos últimos quatro
meses. Deliberadamente a Ré modifica a verdade dos fatos, incorrendo em litigância de má-
fé, devendo esse respeitável juízo coibir tal prática.
j) Da impugnação da documentação
Não pode prosperar o pedido de impugnação da documentação, visto que a Ré
sequer aponta quais os vícios que tornam imprestáveis os documentos juntados aos autos, não
impugna quaisquer dos conteúdos dos documentos acostados, confirmando que atestam a
veracidade dos fatos alegados na exordial.
k) Da correção monetária
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A empresa não juntou qualquer documento que comprove que se encontra em
liquidação, aliás, conforme máxima no direito alegar e não provar é o mesmo que nada alegar,
dessa forma inaplicável a Súmula 304 do TST, devendo incidir os juros de mora e correção
monetária na forma da Lei, conforme requerido na exordial.
l) Dos descontos previdenciários e fiscais
Quanto aos descontos previdenciários requer a Ré seja o Autor condenado a
recolher as contribuições sociais de sua parte o que nos termos da lei será determinado por
Vossa Excelência.
Requer da mesma forma a condenação da empresa ao recolhimento de sua
parte da contribuição ao INSS, verificando ainda se todas as contribuições ao longo da
contratualidade estão adimplidas.
Quanto ao imposto de renda, devem obedecer o regime de competência e
respeitados as alíquotas vigentes e isenções mês a mês, quando talvez não sejam devidos.
m) Aplicação da multa do art. 477, § 8° da CLT.
Devido ao atraso muito superior ao prazo estipulado no parágrafo oitavo do
artigo 477 da Consolidação da Leis do Trabalho, requer o autor a condenação da Ré ao
pagamento de uma remuneração, considerada a maior percebida na empresa.
n) Aplicação do artigo 467 da CLT
Requer a aplicação do acréscimo de 50% em todas as verbas incontroversas,
nos termos alegados na exordial e admitidas pela Ré em sua peça contestatória e mais as que
restaram incontroversas por falta de defesa e de documentação por parte da Ré, nos termos do
art. 333, II do CPC.
o) Da litigância de má-fé
Requer o Autor seja o Réu, por tudo o que foi narrado, a condenação em
litigância de má-fé, na forma dos artigos 17 e 18 do CPC, senão vejamos:
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Primeiro afirma que não houve homologação porque o Autor não compareceu,
sem indicar onde e quando se daria tal homologação. Confirma tal fato a Lei e o acordo
coletivo onde estão insertos que para contratos com mais de um ano de vigência a
homologação só se dará com a presença do Sindicato (ora assistente na presente demanda).
Segundo por afirmar não ter pago as verbas rescisórias porque o Autor não foi
a tal homologação, logo foi o Autor quem frustrou o pagamento de tais verbas, um absurdo.
Terceiro, afirmou que as verbas rescisórias seriam pagas em primeira
audiência, o que não foi feito.
Quarto, afirma que o Autor não comprovou que a Ré não depositou as parcelas
atinentes ao FGTS e logo após confessa textualmente que não depositou a multa rescisória
(fato incontroverso).
Quinto, altera não só a verdade dos fatos, mas a própria lei ao afirmar que só
não pagou o seguro desemprego (confessando aliás) porque o autor não lhe requereu.
Sexto, alega que empresa encontra-se em liquidação mas não fez qualquer
comprovação neste sentido.
Sétimo e último, requer Ré a litigância de má-fé do Autor que não percebeu
quaisquer das verbas em detrimento das alterações promovidas nos fatos ocorridos pela
própria empresa.
Logo, pelos fatos narrados requer a condenação da Ré por litigância de má-fé,
na forma dos artigos 17 e 18 do CPC.
p) Dos pedidos
Na forma do exposto, requer se digne Vossa Excelência, indeferir a preliminar
de impugnação à assistência sindical e da assistência gratuita invocada por insubsistente e no
mérito julgar totalmente procedente a presente ação trabalhista, condenando a Ré ao
pagamento das verbas rescisórias e reflexos, multa rescisória de 40% do FGTS e reflexos,
73
pagamento da indenização referente as cinco quotas do seguro desemprego, nos termos da
exordial, do adicional de sobreaviso e reflexos, das horas extraordinárias e reflexos; seja
declarada a maior remuneração do obreiro para o cálculo das verbas rescisórias e o pagamento
das diferenças e seus reflexos; a aplicação do artigo 477, § 8° da CLT, a aplicação do artigo
467 da CLT e a concessão da assistência sindical e honorários assistenciais tudo nos termos
da exordial por ser de Direito e Justiça
Após o término da instrução processual, restando comprovado que a Ré reteve
a CTPS do Autor e não a devolveu, requer o Autor, digne-se Vossa Excelência a determinar a
devolução da CTPS, sob pena de multa diária a ser estipulada por esse juízo. Nada Mais.
Sobre a contestação da empresa requerida se manifestou o autor, corroborando
com os pedidos elencados na petição inicial. Impugnou todos os fatos, pedidos e argumentos
da requerida, inclusive os documentos juntados por ela. Por fim, requer que o processo seja
julgado totalmente procedente.
3.1.5 Audiência de instrução e julgamento
A audiência de instrução e julgamento que, está prevista no art. 843, da CLT, é
o momento onde o juízo toma o depoimento das partes, colhe as provas testemunhais, bem
como outras provas que se fizerem necessárias. Também, nessa audiência há uma tentativa de
conciliação.
a) Ata de audiência
Ao primeiro dia do mês de setembro do ano dois mil e quatro, às 16h51min, na
sala de audiências desta MM. 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis, Estado de Santa Catarina,
74
presente Sr(a). Juiz(a) do Trabalho Dr(a). JUIZ, foram por ordem do MM. Juiz(a) apregoadas
as partes supra mencionadas para a audiência de conciliação e julgamento.
PRESENÇAS: do(a) autor(a) acompanhado(a) do(a) Dr(a).Advogado do
autor, OAB/SC 00.000; do réu pelo(a) preposto(a) Sr(a).Preposto, acompanhado(a) do(a)
Dr(a).Advogado de defesa, OAB/SC 00.001.
A reclamada, neste ato, procede à entrega da CTPS do autor e junta documento
para comprovar que a mesma foi enviada pelo Correio ao autor mas foi devolvida em razão da
mudança de endereço.
DEPOIMENTO DO(A) RECLAMANTE. I. R. que: recebeu o aviso de
fl.18; no dia 23/02/2004, compareceu à empresa e o responsável pelo RH lhe disse que
deveria acionar a empresa para receber as rescisórias; estavam junto com o depoente na hora
em que falou com responsável pelo RH, dois colegas de trabalho e outros atendentes e ainda o
gerente Fábio; isto ocorreu na sede da empresa, achando que foi na sala de reuniões; ficava de
sobreaviso 24h e a empresa o localizava através do celular ou, ainda, através do telefone fixo
de sua casa ou através de um amigo; o depoente era responsável pela área de internet e desta
forma tinha que estar em contato com os fornecedores para a solução de qualquer problema; o
depoente, em caso de problema, tinha que entrar em contato com as empresas de Internet para
solucioná-lo e colocar a Internet no ar; a área técnica não tinha por atribuição “pressionar” o
fornecedor para a solução do problema; havia uma área técnica. Nada mais.
DEPOIMENTO DO(A) PREPOSTO(A) DO(A) RECLAMADO. I. R. que:
a empresa fechou as filiais e demitiu os empregados, estando em funcionamento na cidade de
São Paulo e Rio de janeiro; atualmente a empresa não tem escritório em Florianópolis; a
depoente foi demitida em 13/01/2004 e a empresa fechou as portas logo após, achando que
foi em março/04; a depoente trabalhava como auxiliar de escritório na filial de Florianópolis;
tem conhecimento que, ao fechar a filial, os empregados demitidos não receberam as verbas
75
rescisórias; não lembra as funções exercidas pelo autor mas que por uma delas o autor ficava
de sobreaviso, não sabendo especificar a função e o período; acredita que o autor era chamado
sempre que dava algum problema, não importando o dia da semana ou o horário. Nada mais.
PROVA TESTEMUNHAL DO(A) AUTOR(A). PRIMEIRA
TESTEMUNHA. Marcos, identidade n°/SC, nascido em 09/03/78, solteiro, desempregado,
residente na Rua Tal, 00, Abraão, Florianópolis.
A testemunha foi contraditada sob o argumento de mover ação contra a ré com
o mesmo objeto e pela amizade íntima com o autor. Inquirida, respondeu que a ação já foi
resolvida por acordo judicial e a amizade íntima resumia-se ao ambiente de trabalho. Rejeita-
se a contradita uma vez que o direito de ação é assegurado constitucionalmente e o simples
fato da testemunha demandar contra o mesmo réu com pedidos similares não induz suspeição
da mesma. Neste sentido é o entendimento sedimentado no Enunciado da Súmula de
jurisprudência nº 357 do TST e porque inexistente a amizade íntima. Protestos pelo
procurador do reclamado.
Advertido(a) e compromissado(a). I.R. que: trabalhou na reclamada por três
anos, tendo saído quando esta fechou a filial; o depoente trabalhava na parte do suporte
técnico da internet; o suporte técnico funcionava 24h por dia, com escala de trabalho
distribuída entre os funcionários; dando algum problema, o reclamante era chamado a
qualquer hora do dia ou da noite; se fosse necessário, na falta do celular, ligavam para a
residência do autor; o reclamante cuidava da conexão da internet e saindo do ar ou
desestabilizando a conexão, o reclamante era chamado; os técnicos trabalhavam em regime de
escala e sobreaviso, mas antes de acionar o técnico tinham que contatar o reclamante; em
todas as filiais haviam técnicos em regime de escala e sobreaviso; não sabe se nas outras
filiais havia o supervisor de internet; qualquer problema que ocorresse nas filiais do Rio
Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina o autor tinha que ser informado. Nada mais.
76
As partes não tem outras testemunhas a serem ouvidas.
INSTRUÇÃO PROCESSUAL: encerrada.
CONCILIAÇÃO : rejeitada.
A audiência de instrução e julgamento tem por objetivo colher provas que
ajudarão no convencimento do juízo para a solução do litígio.
No dia e hora marcado compareceram à presença do juízo o autor com seu
procurador, a empresa requerida, representada por seu preposto, e o seu advogado.
Foi colhido o depoimento pessoal do autor, o depoimento do preposto da
empresa e, por fim, o depoimento de uma testemunha do autor.
Em seguida, o juiz deu por encerrada a fase de instrução processual e
determinou que os autos fossem conclusos para sentença.
3.1.6 Sentença
Na sentença o juiz, conforme seu livre convencimento e, conforme os fatos e
provas colhidas nos autos, decide o litígio, conforme segue abaixo:
Sentença
JOÃO DA SILVA, qualificado na inicial, propôs reclamação trabalhista contra
IFX LTDA, também qualificada, pleiteando, pelos fatos narrados na peça inaugural, o
pagamento das verbas rescisórias, adicional sobre as horas de sobreaviso, multa do art. 477 da
CLT, aplicação do art. 467 da CLT e verba honorária. Atribuiu à causa o valor de R$
10.000,00. Juntou documentos.
Em resposta, a reclamada contestou o feito, pugnando pela improcedência do
pedido. Juntaram documentos.
77
Manifestação do autor sobre os documentos juntados com a defesa às fls.
169/181.
A tutela antecipada de mérito foi deferida (fls. 190), porém a reclamada não
chegou a ser intimada.
As partes foram ouvidas (fls. 198), uma testemunha foi inquirida (fls.
198/199).
Instrução processual encerrada.
Propostas conciliatórias rejeitadas.
É o relatório.
Decide-se
a) Das verbas rescisórias
A tese da defesa, de que o autor não recebeu as verbas rescisórias por não ter
comparecido ao sindicato, foi fulminada pelo depoimento da preposta que afirmou que “tem
conhecimento que, ao fechar a filial, os empregados demitidos não receberam as verbas
rescisórias” (fls. 198).
Em sendo assim, defere-se ao autor as seguintes parcelas:
- Saldo de 20 dias de salário de fevereiro/2004;
- 2/12 de 13° salário, férias e terço constitucional;
- férias, integrais, do período aquisitivo de 2002/2003, com o acréscimo
do terço constitucional;
- valor equivalente ao FGTS do mês de abril/03 e de junho/03 a 20.02.04;
- multa de 40% sobre o FGTS de todo o período contratual;
- valor equivalente ao seguro-desemprego, a título de indenização, uma
vez que a reclamada, ao deixar de fornecer as guias de dispensa, impediu o autor de perceber
a benesse;
78
- multa do art. 477 da CLT, no valor do último salário do autor, haja vista
que as verbas rescisórias não foram pagas até a presente data;
Sobre o valor reconhecido pela reclamada no demonstrativo de fls. 128,
referente a fevereiro/2004, incidirá o percentual de 50%, pela aplicação do art. 467 da CLT.
Do total apurado deverá ser deduzido o valor de fls. 80.
O autor pleiteia o pagamento de 13° salário sem mencionar o período que não
teria sido pago. Às fls.78, o próprio autor trouxe aos autos o recibo do 13° salário integral
referente ao ano de 2003, impondo-se o indeferimento do pedido.
Indefere-se, também, o FGTS do mês de maio/03, eis que os documentos de
fls. 22 e 24 atestam o seu recolhimento.
b) Das horas de sobreaviso
Pretende o autor o pagamento do adicional sobre as horas de sobreaviso, a
partir de setembro de 2000, quando foi transferido para Florianópolis, alegando que poderia
ser chamado a qualquer momento através de seu telefone fixo ou pelo telefone celular da
empresa.
Entende-se não assistir razão ao reclamante.
A um, porque no presente caso, não é possível a aplicação analógica do art.
244 da CLT, uma vez que o autor não era obrigado a permanecer em casa pois, se a reclamada
necessitasse de seus serviços, poderia localizá-lo “através do celular ou, ainda, através do
telefone fixo de sua casa ou através de um amigo” (fls. 198), conforme seu próprio
depoimento.
A dois, porque o documento de fls. 16/17, juntado aos autos com a exordial,
demonstra que o reclamante exercia cargo de confiança, sem controle de horário, fato que é
confirmado pelo depoimento de sua testemunha a qual asseverou que “os técnicos
trabalhavam em regime de escala e sobreaviso, mas antes de acionar o técnico tinham que
79
contatar o reclamante; em todas as filiais haviam técnicos em regime de escala e sobreaviso ...
qualquer problema que ocorresse nas filiais do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina o
autor tinha que ser informado” (fls. 199).
Indefiro o pedido.
c) Da verba honorária
O autor encontra-se assistido pelo sindicato de classe (fls. 11), bem como
declarou, de próprio punho, a sua insuficiência econômica (fls. 12). Assim, presentes os
requisitos da Lei 5.584/70, defiro a verba honorária ao sindicato assistente, na base de 15% do
valor da condenação.
d) Da litigância de má-fé
Rejeito a argüição, por não vislumbrar a presença dos requisitos do art. 17 do
CPC.
e) Da tutela antecipada
Em vista da sentença ora prolatada, resta prejudicado o despacho de fls. 190,
que deferiu a antecipação da tutela de mérito, mormente porque não foi possível o seu
cumprimento.
São os fundamentos
ISTO POSTO, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para
condenar a reclamada IFX DO BRASIL LTDA a pagar ao autor CRISTIANO GUTERRES
KAEHLER as seguintes parcelas, na forma da fundamentação: 1) saldo de 20 dias de salário
de fevereiro/2004; 2) 2/12 de 13° salário, férias e terço constitucional; 3) férias, integrais, do
período aquisitivo de 2002/2003, com o acréscimo do terço constitucional; 4) valor
equivalente ao FGTS do mês de abril/03 e de junho/03 a 20.02.04; 5) multa de 40% sobre o
FGTS de todo o período contratual; 6) valor equivalente ao seguro-desemprego; 7) multa do
art. 477 da CLT, no valor do último salário do autor; 8) sobre o valor reconhecido pela
80
reclamada no demonstrativo de fls. 128, referente a fevereiro/04, incidirá o percentual de
50%; 9) juros e correção monetária na forma da legislação vigente; 10) verba honorária ao
sindicato assistente, na base de 15% do valor da condenação.
Do total apurado deverá ser deduzido os valores já pagos.
Liquidação por cálculos.
Os descontos fiscais e previdenciários são autorizados, ambos pelo regime de
competência, isto é, os cálculos deverão ser efetuados mês a mês, observando-se as alíquotas,
isenções e épocas próprias.
Custas, pela reclamada, de R$ 300,00, calculadas sobre o valor
provisoriamente arbitrado de R$ 15.000,00, sujeitas a complementação.
Após a fase de instrução processual em que ambas as partes produziram suas
provas, sejam documentais ou testemunhais, o juízo proferiu a sentença que determinou, em
suma, o seguinte:
Após um breve relatório dos principais eventos do processo o juízo de primeira
instância condenou a empresa requerida a pagar ao autor as verbas rescisórias sonegadas no
momento da rescisão contratual e, deferiu, também, o benefício da justiça gratuita ao autor.
Indeferiu o pedido do autor com relação ao sobreaviso requerido na petição inicial. Também
indeferiu o pedido da empresa em relação ao pedido de litigância de má fé.
Por fim, na parte dispositiva da sentença, o juiz julga parcialmente procedente
os pedidos do autor, para condenar a requerida a pagar as verbas rescisórias com juros e
correção monetária e os honorários assistenciais na ordem de 15% sobre o valor da
condenação.
81
Determinou que na fase de liquidação dos cálculos fossem realizados os
descontos previdenciários e fiscais, ambos pelo regime de competência, isto é, os descontos
devem ser realizados mês a mês.
Condenou, ainda, a requerida a pagar as custas judiciais, que arbitrou em R$
300,00.
3.1.7 Recurso Ordinário
O recurso ordinário é, como o próprio nome já diz, um recurso, em que a parte,
descontente com a decisão, pode impetrar para a instância superior, a fim de ver revista a
decisão recorrida. No caso em estudo, somente o autor impetrou o recurso ordinário,
conforme se passa a verificar a seguir:
Razões de recurso ordinário
Trata-se de Ação Trabalhista visando o ressarcimento de verbas sonegadas
durante a relação contratual, conforme a exordial, sendo que o juízo a quo deferiu somente
saldo de 20 dias de salário de fevereiro/2004; 2/12 de 13º salário; férias e terço constitucional;
férias integrais do período aquisitivo de 2002/2003, com o acréscimo do terço constitucional;
valor equivalente ao FGTS do mês de abril/03 e de junho de/03 a 20.02.2004; multa de 40%
sobre o FGTS de todo o período contratual; valor equivalente ao seguro desemprego; multa
do artigo 477 da CLT, no valor do último salário do Autor; sobre o valor reconhecido pela
reclamada no demonstrativo de fls. 128, referente a fevereiro/2004, incidirá o percentual de
50%, na forma do artigo 467 da CLT, inclusive sobre a multa de 40% do FGTS; juros e
correção monetária na forma da legislação vigente; verba honorária ao sindicato assistente, na
base de 15% do valor da condenação.
82
Entretanto, tal decisão não reflete a realidade dos fatos, bem como as demais
provas colhidas durante a instrução processual conforme se verá, sendo necessária sua
reforma, na forma a seguir exposta:
a) Do adicional de sobreaviso
Com a breve análise das provas colhidas na instrução processual, vê-se que
tem o Autor, direito à percepção da remuneração correspondente ao adicional de sobreaviso,
face a confissão da Ré, conforme depreende-se do depoimento de fls. para que integre o
salário do recorrente para todos os fins, além de seus reflexos legais no descanso semanal
remunerado, 13º salário, férias com o correspondente adicional de 1/3, aviso prévio, FGTS e
multa pela demissão sem justa causa de 40% dos valores depositados pela Recorrida a sua
conta vinculada ao FGTS.
Veja-se o depoimento da Reclamada, através de preposto por ela indicado:
“...não lembra as funções exercidas pelo autor mas que por uma delas o autor
ficava de sobreaviso, não sabendo especificar a função e o período; acredita que o autor era
chamado sempre que dava algum problema, não importando o dia da semana ou o horário.”
Excelências, o preposto desconhece as funções exercidas pelo Recorrente,
desconhece por qual delas o Recorrente ficava de sobreaviso, mas AFIRMA
CATEGORICAMENTE QUE O RECORRENTE FICAVA DE SOBRAVISO E QUE O
RECORRENTE ERA CHAMADO SEMPRE QUE DAVA ALGUM PROBLEMA, A
QUALQUER DIA DA SEMANA E A QUALQUER HORA.
Logo, torna-se claro que o Recorrente realizava jornada de sobreaviso na
forma declinada na exordial, ou seja desde o término de sua jornada de trabalho até o início da
jornada de trabalho do dia seguinte (cuja jornada de trabalho encontra-se descrita no contrato
de trabalho firmado entre as partes anexo aos autos), corroboradas pelo depoimento pessoal
do preposto da empresa, corroborada pelas demais provas produzidas nos autos.
83
Quanto à confissão ficta, por completo desconhecimento do preposto já
afirmou o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região:
Ac.-1ªT-Nº 07512/2004 111/2004 RO-V 00790-2003-002-12-00-1
PREPOSTO. DESCONHECIMENTO DOS FATOS. Nos termos do art. 843, §
1º, da CLT, o preposto tem a obrigação de conhecer os fatos sobre os quais versa a demanda.
Por conseqüência, considera-se a reclamada fictamente confessa quanto aos fatos sobre os
quais o preposto mostrou ignorar, mormente quando o reclamante alega que os cartões de
ponto não espelham a real jornada trabalhada e o preposto expressamente afirma desconhecer
se a empresa permitia ou não o registro correto nos controles de horário.
E do corpo do acórdão extraímos o entendimento do Egrégio Tribunal
Regional do Trabalho da 12ª Região acerca da matéria:
“O Juízo de primeiro grau acolheu a pretensão ante o preposto desconhecer os
fatos, razão pela qual a ré foi tida como confessa neste aspecto, reputando-se verdadeira a
jornada de trabalho declinada na petição inicial, com o conseqüente deferimento de horas
extras.”
“O preposto da reclamada declarou que “desconhece se o autor realizava horas
extras; desconhece se a empresa permitia ou não o registro correto de jornada nos cartões de
ponto; o depoente batia cartão de ponto” (fl. 67).
“Nos termos do art. 843, § 1º, da CLT, o preposto tem a obrigação de conhecer
os fatos sobre os quais versa a demanda. Assim, o desconhecimento dos fatos por parte do
preposto possibilita ao juiz aplicar a pena de confissão.”
“A confissão ficta implica que se tenha por verdadeiro o que foi alegado pela
parte adversa, desde que inexista prova em contrário. Sendo assim, presume-se verdadeira a
assertiva da petição inicial no sentido de que os cartões de ponto não espelham a real jornada
trabalhada, porque só era permitido o registro da jornada contratual, com pequenas variações
84
de minutos (fl. 03), uma vez que a reclamada não produziu prova para infirmar essa alegação,
ônus que lhe incumbia.”
“Nego aqui provimento ao recurso.”
(in www.trt12.gov.br, pesquisa realizada em 03.11.2004, Ac.-1ªT-Nº
07512/2004 111/2004, RO-V 00790-2003-002-12-00-1)
E mais:
Ac.-2ªT-Nº 057643 691/2003 RO-V 02184-2002-005-12-00-9
PREPOSTO. FALTA DE CONHECIMENTO DOS FATOS. EXEGESE DO §
1º DO ART. 843 DA CLT. CONFISSÃO FICTA. Evidenciado o total desconhecimento por
parte do preposto sobre o assunto discutido nos autos, contrariando a regra prevista no § 1º do
art. 843 da CLT, resta caracterizada a confissão ficta do empregador.
“No presente caso, com foco no art. 818 da CLT e por força do art. 843 do
mesmo Texto Consolidado, que requer um preposto que tenha conhecimento dos fatos,
militam as provas colacionadas aos autos em desfavor da ré.”
(in www.trt12.gov.br, pesquisa realizada em 03.11.2004, Ac.-2ªT-Nº 057643
691/2003 RO-V 02184-2002-005-12-00-9
E ainda:
ACÓRDÃO-3ªT-Nº 03840 /2000 TRT/SC/RO-V 9085/99
CONFISSÃO FICTA. MATÉRIA DE FATO. Em face da confissão ficta,
devem ser admitidas como verdadeiras as alegações feitas na inicial, se o reclamado não
compareceu à audiência em que deveria prestar depoimento pessoal. Não obstante a prova
documental existente nos autos, a ficta confessio impõe o reconhecimento da verdade das
alegações feitas na peça de ingresso quanto ao horário de trabalho.
“Correta a aplicação da pena de confissão ao reclamado que não compareceu à
audiência em que deveria prestar depoimento pessoal. Não obstante a prova documental
85
existente nos autos, a ficta confessio impõe o reconhecimento da verdade das alegações feitas
na inicial quanto ao horário de trabalho.”
(in www.trt12.gov.br, pesquisa realizada em 03.11.2004, ACÓRDÃO-3ªT-Nº
03840 /2000 TRT/SC/RO-V 9085/99)
b) Dos pedidos
Na forma do exposto, requer se digne seja recebida por essa respeitável Turma
do Egrégio TRT da 12a Região, uma vez que preenchidos os pressupostos de admissibilidade,
o presente Recurso Ordinário e no mérito sejam acatadas as presentes razões de recurso
reformando a sentença no sentido de condenar a Recorrida ao pagamento ao Recorrente do
adicional de sobreaviso, tendo este início no término de sua jornada ao início da jornada do
dia seguinte (conforme jornada declinada no contrato de trabalho firmado entre as partes,
anexo aos autos), durante todo o período contratual, visto a confissão da Recorrida, por ser de
Direito e Justiça.
Conforme se depreende do recurso acima transcrito, apesar da sentença ter sido
parcialmente procedente, somente o autor recorreu da sentença de primeira instância, já a
empresa requerida deixou de recorrer.
Irresignado com a sentença de primeira instância, o autor entrou com um
recurso ordinário. Tal recurso visa a revisão, em segunda instância, das decisões definitivas
das varas do trabalho.
No recurso ordinário o autor demonstra o seu descontentamento com a
sentença de primeiro grau em relação ao adicional de sobreaviso que, segundo ele, restou
cabalmente comprovado nos autos, através de documentos e provas testemunhais, que o autor
realizava sobreaviso desde o término de sua jornada de trabalho até o início da jornada
seguinte. Fundamenta seu recurso com base na doutrina e na jurisprudência.
86
Outro argumento do autor é que o preposto da empresa confessou que o autor
realmente fazia sobreaviso, podendo ser chamado a qualquer hora da noite para resolver
problemas da empresa.
3.1.8 Contra Razões de Recurso Ordinário
Contra o recurso ordinário interposto pelo autor insurge-se a ré com os
seguintes argumentos, verificados a seguir:
Contra razões de recurso ordinário
Senhores Juizes:
A pretensão recursal cinge-se a um único ponto: obrigação de pagamento de
adicional de sobreaviso ao recorrente.
Nesse particular, a sentença deve ser mantida por seus próprios e jurídicos
fundamentos.
O reclamante exercia cargo de confiança. Prova disso são os documentos de
fls. 16/17 dos autos. Conforme consta nos referidos documentos:
O referido cargo sempre foi exercido por vossa pessoa com total autonomia nas ações importantes a serem adotadas ou tomadas dentro da esfera administrativa e/ou técnicas junto à clientela, sendo que a jornada de trabalho sempre foi controlada por V. Sª, sem qualquer interferência ou ingerência da empresa empregadora. Em função disto, das características e das particularidades do exercício das funções, informamos a V. Sª que, por tratar-se de Cargo de confiança, nos termos do artigo 62 da CLT, está desobrigado a partir desta data de anotar e controlar sua jornada de trabalho. São Paulo, 02 de maio de 2002.
O exercício de função de confiança, sem anotação de horário ou obrigação de
estar na empresa, por si só, exclui o direito ao pretendido adicional.
Não fosse isto, existe também o fato de a recorrida manter corpo técnico
próprio para atender as eventuais chamadas de emergência. Prova disso fazem os depoimentos
de fls. 199: “em todas as filiais haviam técnicos em regime de escala e sobreaviso”. Ora, se a
87
recorrida mantinha corpo técnico especializado de sobreaviso, nada justificaria o
deslocamento do recorrente para resolver os mesmos problemas. Bastaria contatar tais
técnicos que já se encontravam de prontidão.
Por fim, como bem lembrou a sentença, o reclamante não ficava obrigado a
permanecer na sua residência. O reclamante era contatado via celular. De seu celular também
poderia ligar para os técnicos de prontidão. Tudo sem que tivesse de se deslocar até a empresa
ou até o local do problema.
Conforme reitera a jurisprudência do TST, as horas de sobreaviso somente são
devidas se o empregado permanecer em sua residência aguardando chamado par o serviço,
não se enquadrando na hipótese de porte de celular. O simples uso de aparelho celular não
implica situação de sobreaviso, que exigiria efetiva permanência do trabalhador em sua
residência, para caracterizar o direito ao adicional.
No recurso de revista n° 178/2001, a Segunda Turma do Superior Tribunal de
Justiça - STJ julgou que o celular é um aparelho de comunicação móvel, que permite livre
locomoção do empregado, não obrigando a este permanecer à disposição da empresa em sua
casa. Em função disso, reconheceu que o simples uso do referido equipamento não dá direito
ao recebimento do adicional de sobreaviso.
Noutro caso semelhante, o TST deu provimento ao recurso de revista da
empresa para cassar o sobreaviso deferido pelo Tribunal a quo segundo as observações feitas
pelo Ministro Dalazen:
No caso dos autos, o trabalhador era chamado para resolver problemas afetos a empresa por meio de telefone fixo ou celular, havendo prova testemunhal no sentido de que se não era encontrado, retornava a ligação em outro horário, o que afasta o estado de prontidão e de tempo à disposição do empregador que caracterizam as horas de sobreaviso.
O referido relator também entendeu como compatível, ao caso. A aplicação
analógica a orientação jurisprudencial n° 49 da subseção de Dissídios individuais – 1 (SDI –
88
1). “Se o empregado que porta BIP não faz jus às horas de sobreaviso (OJ 49), da mesma
forma o que é chamado por meio de telefone também não tem direito ao benefício” (RR
43994/02).
No âmbito desse regional a orientação jurisprudencial não poderia ser outra:
SOBREAVISO. O que caracteriza o sobreaviso é a exigência efetiva do empregador para que o obreiro fique a sua disposição, em horários determinados, escalas, revezamentos com outros empregados, acarretando privação de sua liberdade de locomoção. O permanente estado de alerta não se confunde com a eventual convocação do trabalhador para atender situações de emergência (RO-V-A 01234-2002) SOBREAVISO. TELEFONE CELULAR. DESCARACTERIZAÇÃO. Não se considera submetido ao regime de sobreaviso o empregado que permanece, através do uso de telefone celular, à disposição de seu empregador para atender eventuais chamados. A interpretação do regime excepcionado conduz a limitação, por exigências técnicas do empreendimento, das atividades normais do empregado que fica vinculado a ocasional conveniência patronal de seu imediato recrutamento. (Acórdão 12324/2004 – Juíza Ligia M. Teixeira Gouvêa – Publicado no DJ/SC em 09/11/2004, pagina: 245).
Correta assim a sentença de primeiro grau ao indeferir ao obreiro o direito ao
recebimento do referido adicional.
Por fim, pouco importa se o preposto da reclamada tinha ou não reconhecido
tais fatos. É evidente que a revelia induz presunção de veracidade da matéria de fato, mas que
tal presunção pode ser elidida por outros meios de prova constantes dos autos.
Nesse sentido:
CONFISSÃO PRESUMIDA. A presunção de veracidade decorrente da confissão ficta não é absoluta e deve ser conciliada com o princípio universal do livre convencimento do Juiz. (Acórdão 12091/2004 – Juíza Ione Ramos – Publicado no DJ/SC em 29/10/2004, pagina:230).
No caso em questão, a prova testemunhal refutou a alegação de sobreaviso, o
que, por certo, foi levado em consideração pelo juiz sentenciante ao formar seu
convencimento na prolação da sentença.
Por todas essas razões, espera a recorrida que seja negado provimento ao
presente recurso, mantendo-se a sentença de primeiro grau no tocante ao adicional de
sobreaviso indeferido ao obreiro.
89
Verifica-se que a empresa requerida se manifesta contra o recurso ordinário
interposto pelo autor alegando que tal recurso não pode ser provido, haja vista que, segundo
ela, o adicional de sobreaviso não é devido para os funcionários que possuem cargo de
gerencia. Fundamenta ainda, que o fato do autor ficar com seu celular ligado não caracteriza
sobreaviso. Por fim, colaciona nas contra razões doutrina e jurisprudência.
3.1.9 Acórdão Tribunal Regional do Trabalho – Santa Catarina
O acórdão verificado a seguir foi proferido pelo Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho de Santa Catarina, que decidiu da seguinte forma:
Horas de sobreaviso. O adicional assegurado pelo § 2º do art. 244 da CLT aos
ferroviários foi estendido de forma analógica a empregados de outras categorias que, em
decorrência da função desempenhada, ficam de sobreaviso após o expediente, aguardando
eventual chamado para serviços de emergência, principalmente se a norma coletiva respalda
esse direito que é, inclusive, reconhecido pela reclamada. O exercício de cargo de confiança
não desobriga o empregador em relação ao regime de sobreaviso a que submete o trabalhador.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de RECURSO ORDINÁRIO
VOLUNTÁRIO, provenientes da Vara do Trabalho de Florianópolis, SC, sendo recorrente
JOÃO DA SILVA e recorrida IXX LTDA.
Irresignado com a sentença, recorre o autor a este Tribunal. Pretende seja
condenada a ré ao pagamento de adicional de sobreaviso, com início no término de sua
jornada ao início da jornada seguinte, com base na confissão ficta da reclamada.
Contra-razões são apresentadas.
90
O Ministério Público do Trabalho declara ser desnecessária a sua intervenção
no feito.
É o relatório.
Voto
Conheço do recurso e das contra-razões, hábeis e tempestivos.
Mérito
a) Horas de sobreaviso. Uso de celular
Alega o recorrente que a partir de 2000 foi transferido para Florianópolis,
quando passou a ficar de sobreaviso, mediante uso de aparelho celular, concedido pela
empresa. Requer o pagamento do respectivo adicional, no importe de 1/3 sobre as horas à
disposição, considerada a maior remuneração.
A ré alega que a jornada do autor era das 9h às 12h e das 13h às 18h, de 2ª a 6ª
feira. A função exercida pelo empregado era de supervisor e coordenador de “call center” e
supervisor de suporte à internet, que consiste em controlar e fiscalizar os atendentes de
suporte à Internet, que, por sua vez, auxiliam os clientes da empresa na solução de problemas
de ordem administrativa ou técnica.
O contrato prevê a jornada das 8h50min às 12h e das 13h às 18h40min (fl. 13).
Consta do documento de fl. 16, emitido pela empresa, que dentre as funções do autor está o
“Plantão 24h para problemas relacionados ao VISP e Callcenter”. O documento de fl. 19
comprova o fornecimento de aparelho celular pela empresa.
Dispõem as cláusulas 10ª dos ACTs entabulados entre a empresa e o sindicato
da categoria profissional:
O pagamento das horas em que o funcionário permanecer em regime de sobreaviso, de acordo com as escalas de plantão previamente organizadas, será calculado a base de 33% da respectiva hora normal de trabalho. (fls. 82 e 89) Segundo o depoimento da preposta da empresa: ...não lembra as funções exercidas pelo autor, mas que por uma delas o autor ficava de sobreaviso, não sabendo especificar a função e o período; acredita que o autor
91
era chamado sempre que havia algum problema, não importando o dia da semana ou o horário. (fl. 198)
O “Comunicado” de fls. 16 e 17 da reclamada ao autor dá ciência a este de que
a partir de 1º-12-00 ele passou a exercer o cargo de “SUPERVISOR SUPORTE
INTERNET”, estabelecendo as funções respectivas, dentre as quais está a de “Plantão 24h
para problemas relacionados ao VISP e Callcenter” e “Auxílio emergencial em caso de
problemas relacionados à saúde”. Esse documento visa, sem dúvida, a desonerar a demandada
de quaisquer possíveis implicações relacionadas à responsabilização decorrente de horas
extras e de outras verbas em caso de eventual condenação trabalhista, para fins de
enquadramento do empregado na exceção de que trata o art. 62 da CLT. Isso porque o
comunicado foi emitido em 02-05-02, com vistas a resguardar possíveis direitos que
pudessem ser reclamados desde 1º-12-99, porquanto assim finaliza o documento:
Deixamos frisado que o referido cargo sempre foi exercido por vossa pessoa com total autonomia nas opções importantes a serem adotadas ou tomadas dentro da esfera administrativa e/ou técnica junto à clientela, sendo que a jornada de trabalho sempre foi controlada por V.Sª, sem qualquer interferência ou ingerência da empresa empregadora. Em função disto, das características e das particularidades do exercício das funções, informamos a V.Sª que, por tratar-se de “Cargo de Confiança”, nos termos do artigo 62 da CLT, está desobrigado(a) a partir desta data de anotar e controlar sua jornada de trabalho.
Todavia, o recorrente estava sujeito a controle de jornada, pelo menos até
junho de 2002, conforme registro de freqüência à fl. 153, não obstante tenha afirmado a
empresa que o cargo, “sem ingerência da empresa”, fora ocupado desde 1999 (um documento
produzido a posteriori, que pretende “ajustar” situações não acordadas anteriormente).
Ora, não se trata o caso presente de horas extras decorrentes de função de
confiança, haja vista que o pleito em si limita-se a horas de sobreaviso, o que independe do
exercício de cargo de confiança, mormente in casu, em que o pagamento é determinado em
norma coletiva (cláusula 10ª).
Logo, admitida a prestação de horas de sobreaviso pela empresa, tanto por
força do documento de fls. 16 e 17, quanto pela confissão da preposta (fl. 198), já transcrita
92
linhas atrás, deve o referido adicional de sobreaviso ser pago ao autor, independentemente do
cargo por ele ocupado.
Vale registrar que o autor teve seu salário pouco alterado com a mudança de
cargo, conforme se depreende dos holerites juntados, porquanto antes de passar a supervisor
recebia R$ 1.200,00 de salário básico, mas havia pagamento de muitas horas extras, com
adicionais de 50 e 100%, girando o seu líquido em torno de R$ 1.200,00. Em outubro de
2000, passou o salário-base para R$ 1.700,00 (fl. 33) e em dezembro para R$ 1.785,00.
Assim, não se observa aumento salarial considerável que corresponda a uma mudança
significativa da responsabilidade atribuída pela reclamada. De qualquer sorte, esta pagava
horas extras a trabalhador que considerava de confiança e ainda lhe cobrava o controle de
ponto, somente vindo a corrigir possível enquadramento no art. 62 com o comunicado de fl.
16, o qual, a meu ver, somente serve para confirmar a cobrança de horas de sobreaviso, sendo
certo ainda que o autor deveria ser chamado mesmo antes dos técnicos, conforme apontou a
testemunha ouvida.
A assertiva de que o regime de sobreaviso era destinado apenas aos técnicos
em regime de escala e sobreaviso não subsiste, na medida em que a testemunha do autor
também afirmou que o autor:
...era chamado a qualquer hora do dia ou da noite, se fosse necessário, na falta do celular, ligavam para residência do autor; o reclamante cuidava da conexão da internet e saindo do ar ou desestabilizando a conexão, o reclamante era chamado; os técnicos trabalhavam em regime de escala e sobreaviso, mas antes de acionar o técnico tinham que contatar o reclamante (...) qualquer problema que ocorresse nas filiais do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina o autor tinha que ser informado... (fl. 199) (destaquei)
O controle de horário exercido pela ex-empregadora chega a ser irrefutável
prova contrária à ré, pois consigna “Horas de Atraso” (julho/2001, fl. 161), que foram
descontadas, conforme holerite de agosto de 2001, fl. 47, além do desconto verificado a tal
título em setembro de 2001, fl. 48, por exemplo. O desconto de atrasos ao serviço, aliado ao
pagamento de sobrelabor no decurso do contrato (“HORAS EXTRAS C/50%, HORAS
93
EXTRAS C/75%”, setembro/;2000, fl. 33; “HORAS EXTRAS C/100%”, novembro/2000, fl.
34; “HORAS EXTRAS C/100%”, março/2001, fl. 43; “Média H.Extras 13º Ad”,
novembro/2001, fls. 51, e dezembro/2001, fl. 52; Dif.Hs.Ext.Not., maio/2002, fl. 56), faz
esmorecer a tese patronal e o documento de fls. 16 e 17 nesse particular.
Ademais, a ré reconhecia o pagamento das horas extras a título de sobreaviso
quando pagou os seguintes itens: “Méd.HS.Estr.Férias”, fevereiro/2002, fl. 53, e
“Med.HS.Ext.Férias”, em março de 2002, fl. 54.
Traço característico do sobreaviso é a exigência efetiva da empregadora para
que o obreiro fique à sua disposição, em horários determinados, escalas, revezamentos com
outros empregados, acarretando privação do convívio familiar, dos amigos, da liberdade de
locomoção.
Assim, se reconheçe o regime de sobreaviso a que era submetido o autor,
conforme apontado pela prova oral, incluído o depoimento pessoal da ré, traduzido pela sua
preposta, aliada à garantia estabelecida na norma coletiva, que está prescrita entre as
atividades do autor. O recorrente devia ficar todo seu tempo de sobreaviso, não importando à
empresa se estava ocupado com afazeres domésticos ou com sua vida social, o serviço deveria
estar acima de seu interesse particular, podendo ser interrompido a qualquer momento
mediante chamado por meio de aparelho celular fornecido pela empresa para tal fim. É o que
se depreende da prova oral dos autos.
Ante o exposto, dou provimento ao recurso para condenar a reclamada a pagar
a título de sobreaviso o valor correspondente a 33% da maior remuneração do autor a partir
de outubro de 2000.
Pelo que,
Acordam os Juízes da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª
Região, por unanimidade de votos, CONHECER DO RECURSO. No mérito, por igual
94
votação, DAR-LHE PROVIMENTO para condenar a reclamada a pagar a título de
sobreaviso o valor correspondente a 33% (trinta e três por cento) da maior remuneração do
autor a partir de outubro de 2000. Arbitrar o valor provisório à condenação em R$ 20.000,00
(vinte mil reais).
Conforme verifica-se do acórdão acima transcrito, a Terceira Turma do TRT
de Santa Catarina conheceu do recurso ordinário interposto pelo autor e no mérito lhe deram
provimento para condenar a requerida a pagar ao autor o adicional de sobreaviso no valor
correspondente a 33% (trinta e três por cento) da maior remuneração auferida pelo autor a
partir de outubro de 2000.
Entendeu a Terceira Turma que apesar do autor ter um cargo de confiança, tal
não exime a empresa da obrigação de pagar o adicional de sobreaviso, além do mais, restou
comprovado nos autos que o autor realizava tais horas de sobreaviso ficando com seu celular
ligado à disposição da empresa. Além do mais, o preposto da empresa confessou que o autor
ficava de sobreaviso.
Após a certidão de julgamento do Tribunal Regional do Trabalho da 12°
Região, transitado em julgado a sentença, os autos foram remetidos à Vara de origem sendo
em seguida nomeado perito para efetuar a liquidação da sentença.
3.2 LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Após a decisão de segunda instância, como não houve mais nenhum recurso, o
processo transitou em julgado, ou seja, chegou ao seu fim. Entretanto, as decisões de primeira
e segunda instância demonstram tão somente quais verbas o autor tem direito a receber, mas
95
não quantificam tais verbas, de tal sorte que é necessário, conforme já mencionou a decisão de
primeira instancia (pág. 76/80), que seja realizada a liquidação por cálculos.
Reformada a decisão de primeiro grau e transitada em julgado a decisão de
segunda instância, deve-se proceder a liquidação da sentença, bem como das parcelas
previdenciárias e fiscais, porventura existente.
3.2.1 Laudo pericial de liquidação
O laudo apresentado a seguir, bem como os cálculos e as planilhas
apresentadas, foram realizados pelo perito judicial nomeado pelo juiz do processo ora
analisado.
Exeqüente: João da Silva
Executado: IXX Ltda.
Dados Referenciais:
Autuação: 04/03/2004 Admissão: 01/12/1999 Demissão: 20/02/2004 Cálculos em: 01/06/2005
a) Resumo da condenação de fls. 76/80 e 89/94:
1) Saldo de salário de 20 dias do mês de fevereiro de 2004;
2) 2/12 avos de 13° salário proporcional, férias proporcionais e terço
constitucional de férias;
3) Férias, integrais, do período aquisitivo de 2002/2003, com acréscimo de 1/3;
4) Valor equivalente ao FGTS do mês de abril de 2003 e de junho de 2003 a 20
de fevereiro de 2004;
96
5) Multa de 40% sobre o FGTS de todo o período contratual;
6) Valor equivalente ao seguro desemprego;
7) Multa do Art. 477 da CLT, no valor do último salário do autor;
8) Sobre o valor reconhecido pela reclamada na rescisão contratual, incidirá o
percentual de 50% (multa do art. 467, da CLT);
9) Aplicação do art. 467 da CLT também sobre a multa de 40% do FGTS;
10) Condenar a reclamada a pagar a título de sobreaviso o valor
correspondente a 33% (trinta e três por cento) da maior remuneração do autor a
partir de outubro de 2000;
11) Juros e correção monetária na forma da legislação vigente;
12) Verba honorária ao sindicato assistente, na base de 15% do valor da
condenação;
13) Descontos fiscais pelo regime de competência;
14) Descontos previdenciários pelo regime de competência;
b) Dos critérios de cálculos das verbas sentenciadas
A respeitável sentença determinou o pagamento das verbas rescisórias lançadas
no item 1 da tabela 2 (pág. 76/80), tendo como base de cálculo o valor da última remuneração
do autor, que equivale a R$ 2.355,00. Incluiu, ainda, a sentença, o pagamento da multa
prevista no art. 477, da CLT, o qual determina o pagamento de uma multa equivalente a
última remuneração percebida pelo empregado em caso de o empregador não obedecer o
prazo para o pagamento das verbas rescisórias.
Também deferiu a aplicação do art. 467 da CLT sobre as verbas rescisórias,
bem como sobre a multa de 40% do FGTS, cujo valor está assentado no item 2, da tabela 2. O
97
artigo 467, da CLT, determina que o empregador deve pagar já na primeira audiência as
verbas incontroversas, sob pena de pagá-las com acréscimo de 50%.
A sentença determinou, também, o pagamento da indenização substitutiva
referente ao seguro desemprego, referente a 5 cotas, cujo valor está quantificado no item 3, da
tabela 2
Deferiu, ainda, o pagamento do valor equivalente ao FGTS do mês de abril de
2003 e de junho de 2003 até 20 de fevereiro de 2004, porque não depositados, cujo valor está
registrado no item 4, da tabela 3.
Determinou, a sentença, que fosse efetuado o pagamento da multa de 40% do
FGTS, cujo valor está registrado no item 5, da tabela 3.
Por fim, o v. acórdão regional determinou o pagamento do sobreaviso,
calculado a base de 1/3 sobre a maior remuneração do autor, a partir de outubro de 2000, cujo
valor está assentado no item 6, da tabela 4.
b) Da correção monetária
Os índices de correção monetária estão de acordo com os publicados pela
tabela de atualização dos débitos trabalhistas, vigência para 01/06/2005, do Setor de Perícias
Contábeis do Tribunal Regional do Trabalho da 12° Região. Tal índice corresponde à TR
(taxa referencial) instituída pela Lei n° 8.177/91.
Os índices de correção do FGTS foram os mesmo utilizados para a correção
dos débitos trabalhistas, haja vista a determinação prevista na Orientação Jurisprudencial n°
302, da Seção dos Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho.
98
c) Dos juros de mora
Calculados a partir da data de autuação, 04/03/2004, até a data do cálculo,
01/06/2005, a taxa fixa de 14,90%, porque se tratam de parcelas vencidas. Os critérios estão
de acordo com o art. 39, § 1°, da Lei n° 8.177/91, à taxa de 1% ao mês, pro rata die.
d) Das contribuições previdenciárias
O cálculo das contribuições previdenciárias foi realizado em observância ao
decisum e ao artigo 879, parágrafo 1°, “A”, da CLT, que determina que a liquidação de
sentença abrangerá, também, o calculo das contribuições previdenciárias devidas. Observado
o critério de competência, face à determinação do julgado.
O valor está quantificado no item 7 da tabela 5.
e) Das contribuições fiscais
Calculado pelo critério de competência, face a determinação da sentença
(fls.73/78).
O valor está quantificado no item 8, da tabela 6.
f) Das solicitações finais
Os honorários assistenciais foram calculados à base de 15% sobre o valor da
condenação, conforme determinado na sentença. Isto posto, submete-se o laudo em referência
à vossa apreciação e consideração.
105
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pretende-se por derradeiro, tecer algumas considerações finais acerca dos
resultados obtidos após a realização desta pesquisa. Para tanto, extraem-se alguns aspectos
mais relevantes tratados neste trabalho.
Constatou-se através do presente trabalho a importância que o perito contábil
tem para o poder judiciário e para as partes litigantes em um processo, nesse caso específico,
nos processos trabalhistas, tanto na verificação e constituição do conteúdo probante, quanto
na quantificação das verbas determinadas pelas decisões judiciais.
A perícia contábil é imprescindível para a verificação dos valores a serem
pagos ou recebidos pelas partes do processo, sendo necessária a apresentação de um trabalho
competente, sério, imparcial, com a aplicação de técnicas contábeis, especialmente as
aplicáveis à perícia além de razoável conhecimento em leis trabalhistas e processuais.
Conforme verificou-se neste trabalho, a perícia contábil pode ser utilizada em
diversas fases do processo, tanto na fase de instrução processual, onde poderá servir como
prova que constituirá a base para a fundamentação da decisão, como, também, na fase de
liquidação de sentença, onde, após solucionado o litígio, o perito, com base na decisão
judicial e na legislação pertinente, tornará líquida a decisão, ou seja, determinará através de
técnicas periciais contábeis o valor da condenação.
Através da apresentação e estudo de um caso prático, foram analisadas os
aspectos de um processo trabalhista onde foram verificadas a petição inicial, a audiência de
conciliação, a contestação, a sentença de primeira instância, o recurso apresentado pelo autor
da demanda, as contra-razões de recurso e a sentença de segunda instância, para ao final, já na
fase de liquidação de sentença, através do laudo pericial, determinar o valor da condenação.
106
Concluindo o presente trabalho, verificou-se que seus objetivos foram
atingidos, pois, foram identificadas as teorias, técnicas e a legislação aplicável à perícia
contábil trabalhista e, por fim, a análise de um exemplo prático de perícia trabalhista.
Tendo em vista o dinamicismo das normas trabalhistas e processuais, bem
como das normas e técnicas periciais e, considerando ainda, o constante aperfeiçoamento das
normas contábeis, é necessário que o perito contador mantenha-se sempre atualizado e atento
às alterações e evoluções tanto das normas quanto das técnicas periciais.
Por fim, recomenda-se a confecção de trabalhos e pesquisas na área pericial
contábil, haja vista a sua vasta aplicação, não só na área trabalhista, como apresentada neste
trabalho, mas também na área habitacional, cível, comercial, tributária e em quaisquer outros
ramos onde o perito contador se faça necessário para colaborar com a solução de um litígio,
seja ele, judicial, ou extra judicial.
107
REFERÊNCIAS
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108
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99
TABELA 1
DADOS AUXILIARESAUTUAÇÃO 4/mar/04 CNPJ réu: -PRESCRIÇÃO CPF autor: -DÉBITO TRABALHISTA POSICIONADO PARA: 1/jun/05 Tabela adotada: TRT/SC - débito trabalhistaFGTS POSICIONADO PARA: 1/jun/05 Tabela adotada: TRT/SC - débito trabalhista
A - CRÉDITOS DO AUTOR R$
1. PRINCIPAL 42.170,152. FGTS+40% 5.140,503. SUBTOTAL 47.310,654. JUROS LEGAIS - 454 dias = 14,90% 7.049,295. TOTAL BRUTO DEVIDO AO AUTOR 54.359,946. ( - ) INSS (294,89)7. ( - ) IRPF (9.255,71)8. TOTAL LÍQUIDO DEVIDO AO AUTOR 44.809,34
B - CRÉDITOS DE TERCEIROS
1. HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS DE 15% 8.153,992. HONORÁRIOS PERICIAIS (contábeis)3. HONORÁRIOS PERICIAIS (médico/engenheiro)4. IOESC5. TOTAL 8.153,99
C - CRÉDITOS DA FAZENDA NACIONAL
1. CUSTAS DEVIDA - Base = R$ 54.359,94 1.087,202. CUSTAS PAGAS3. SALDO DE CUSTAS 1.087,204. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE 9.255,715. TOTAL 10.342,91
D - CRÉDITOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
1. COTA AUTOR 294,892. COTA PATRONAL 8.249,633. TOTAL 8.544,52
E - TOTAL GERAL DA CONDENAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES R$
PRINCIPAL LÍQUIDO DEVIDO AO AUTOR 44.809,34INSS - COTA AUTOR 294,89INSS - COTA PATRONAL 8.249,63IRPF 9.255,71SALDO DE CUSTAS 1.087,20HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS 8.153,99TOTAL GERAL DA CONDENAÇÃO 71.850,76
Base de cálculo do Imposto de Renda (regime de competência)Imposto de Renda a recolher 9.255,71Fonte: Dados de campo
RESUMO DA LIQUIDAÇÃO
100
TABELA 2
1. VERBAS RESCISÓRIAS SENTENCIADASVERBAS DATA
RESCISÃOÉPOCA
PRÓPRIABASE DE CÁLCULO
VLR DEVIDO ÍNDICE C MONET
PRINCIPAL CORRIGIDO
1. SALDO DESALÁRIOS DE FEV/04 (20dias) 20/fev/04 1/mar/04 2.355,00 1.570,00 1,0266284 1.611,812. 2/12 DE 13º SALÁRIO PROP. 20/fev/04 1/mar/04 2.355,00 392,50 1,0266284 402,953. 3/12 DE FÉRIAS PROP. +1/3 20/fev/04 1/mar/04 2.355,00 785,00 1,0266284 805,904. FÉRIAS 2002/03 + 1/3 20/fev/04 1/mar/04 2.355,00 3.140,00 1,0266284 3.223,615. MULTA DO ART. 477 DA CLT 20/fev/04 20/fev/04 2.355,00 2.355,00 1,0267326 2.417,966. ( - ) DEDUÇÃO DO VLR JÁ PAGO 20/fev/04 1/mar/04 (942,00) 1,0266284 (967,08)TOTAL DEVIDO EM 01/06/2005 7.495,15
2. APLICAÇÃO DO ART. 467 DA CLTVERBAS DATA
RESCISÃOÉPOCA
PRÓPRIABASE DE CÁLCULO
VLR DEVIDO ÍNDICE C MONET
PRINCIPAL CORRIGIDO
1. SALDO DESALÁRIOS DE FEV/04 (20dias) 20/fev/04 1/mar/04 1.570,00 785,00 1,0266284 805,902. 2/12 DE 13º SALÁRIO PROP. 20/fev/04 1/mar/04 392,50 196,25 1,0266284 201,483. 3/12 DE FÉRIAS PROP. +1/3 20/fev/04 1/mar/04 785,00 392,50 1,0266284 402,954. FÉRIAS 2002/03 + 1/3 20/fev/04 1/mar/04 3.140,00 1.570,00 1,0266284 1.611,815. MULTA DE 40% DO FGTS 20/fev/04 20/fev/04 3.161,63 1.580,81 1,0000000 1.580,81TOTAL DEVIDO EM 01/06/2005 4.602,95
3. INDENIZAÇÃO DO SEGURO-DESEMPREGOVERBAS DATA
LEGALN° DE COTA VLR COTA VLR DEVIDO ÍNDICE C
MONETPRINCIPAL CORRIGIDO
1. CÁLCULO DO SEGURO-DESEMPREGO 21/mar/04 5,00 254,45 1.272,25 1,0254397 1.304,62TOTAL DEVIDO EM 01/06/2005 1.304,62Fonte: Dados de campo
101
TABELA 3
4. FGTS DOS MESES DE ABRIL E JUNHO/03 ATÉ 20/FEV/04PERÍODO BASE DE
CÁLCULOFGTS 8% ÍNDICE C
MONETFGTS
CORRIGIDOabr/03 2.047,00 163,76 1,0574588 173,17
1,0523869 0,00jun/03 2.047,00 163,76 1,0478988 171,60jul/03 2.047,00 163,76 1,0425912 170,73
ago/03 2.047,00 163,76 1,0383619 170,04set/03 2.047,00 163,76 1,0350795 169,50out/03 2.047,00 163,76 1,0319215 168,99nov/03 2.355,00 188,40 1,0300109 194,05dez/03 2.355,00 188,40 1,0282253 193,7213°/03 2.355,00 188,40 1,0290343 193,87jan/04 2.355,00 188,40 1,0269940 193,49
20/fev/04 1.570,00 125,60 1,0266284 128,94TOTAL DEVIDO EM 01/06/2005 1.928,92
5. MULTA DE 40% DO FGTS DA CONTRATUALIDADEPERÍODO BASE DE
CÁLCULOÍNDICE C MONET
BASE CORRIGIDA
MULTA 40% CORRIGIDA
1. FGTS DO ITEM 4 1.978,87 1,0000000 1.978,87 791,552. SALDO FGTS EXISTENTE 5.765,71 1,0276618 5.925,20 2370,08TOAL DEVIDO EM 01/06/2005 3161,63Fonte: Dados de campo
102
TABELA 4
6. SOBREAVISO A PARTIR DE OUTUBRO/2000PERÍODO BASE DE
CÁLCULOVLR DEVIDO INDICE C MONET
LEI 8177/91 (TR)SOBREAVISO CORRIGIDO
out/00 1.700,00 566,67 1,1339396 642,57nov/00 1.700,00 566,67 1,1326188 641,82dez/00 1.785,00 595,00 1,1313841 673,17
0,00 1,1320580 0,00jan/01 1.785,00 595,00 1,1300491 672,38fev/01 1.785,00 595,00 1,1294375 672,02mar/01 1.785,00 595,00 1,1273231 670,76abr/01 1.785,00 595,00 1,1257375 669,81mai/01 1.785,00 595,00 1,1237186 668,61jun/01 1.785,00 595,00 1,1218304 667,49jul/01 1.785,00 595,00 1,1190941 665,86
ago/01 1.895,00 631,67 1,1154748 704,61set/01 1.895,00 631,67 1,1133598 703,28out/01 1.895,00 631,67 1,1103924 701,40nov/01 1.895,00 631,67 1,1082466 700,04dez/01 1.895,00 631,67 1,1059917 698,62
0,00 1,1071494 0,00jan/02 1.895,00 631,67 1,1033075 696,92fev/02 1.895,00 631,67 1,1019417 696,06mar/02 1.895,00 631,67 1,0998268 694,72abr/02 1.895,00 631,67 1,0973812 693,18mai/02 1.895,00 631,67 1,0951482 691,77jun/02 1.895,00 631,67 1,0931732 690,52jul/02 1.895,00 631,67 1,0904120 688,78
ago/02 1.895,00 631,67 1,0876764 687,05set/02 2.047,00 682,33 1,0854361 740,63out/02 2.047,00 682,33 1,0823886 738,55nov/02 2.047,00 682,33 1,0793636 736,49dez/02 2.047,00 682,33 1,0755065 733,85
0,00 1,0775137 0,00jan/03 2.047,00 682,33 1,0703365 730,33fev/03 2.047,00 682,33 1,0663941 727,64mar/03 2.047,00 682,33 1,0617003 724,43abr/03 2.047,00 682,33 1,0574588 721,54mai/03 2.047,00 682,33 1,0523869 718,08jun/03 2.047,00 682,33 1,0478988 715,02jul/03 2.047,00 682,33 1,0425912 711,39
ago/03 2.047,00 682,33 1,0383619 708,51set/03 2.047,00 682,33 1,0350795 706,27out/03 2.047,00 682,33 1,0319215 704,11nov/03 2.355,00 785,00 1,0300109 808,56dez/03 2.355,00 785,00 1,0282253 807,16
1,0290343 0,00jan/04 2.355,00 785,00 1,0269940 806,19
20/fev/04 2.355,00 523,33 1,0266284 537,27TOTAL DEVIDO EM 01/06/2004 28.767,44Fonte: Dados de campo
103
TABELA 5
7. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Renda Anterior
Renda Sentenciada
Renda Atual
out/00 1.147,25 566,67 1.713,92 Cont. s/Teto 146,11 126,20 19,91 1,1339396 22,58 172,21nov/00 1.328,25 566,67 1.894,92 Cont. s/Teto 146,11 146,11 0,00 1,1326188 0,00 172,01dez/00 1.328,25 595,00 1.923,25 Cont. s/Teto 146,11 146,11 0,00 1,1313841 - 180,4113º/00 - - - - 0,00 1,1320580 - -jan/01 1.328,25 595,00 1.923,25 Cont. s/Teto 146,11 146,11 0,00 1,1300491 - 180,20fev/01 1.328,25 595,00 1.923,25 Cont. s/Teto 146,11 146,11 0,00 1,1294375 - 180,10mar/01 1.328,25 595,00 1.923,25 Cont. s/Teto 146,11 146,11 0,00 1,1273231 - 179,76abr/01 1.328,25 595,00 1.923,25 Cont. s/Teto 146,11 146,11 0,00 1,1257375 - 179,51mai/01 1.328,25 595,00 1.923,25 Cont. s/Teto 146,11 146,11 0,00 1,1237186 - 179,19jun/01 1.430,00 595,00 2.025,00 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1218304 - 178,89jul/01 1.430,00 595,00 2.025,00 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1190941 - 178,45ago/01 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1154748 - 188,84set/01 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1133598 - 188,48out/01 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1103924 - 187,97nov/01 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1082466 - 187,61dez/01 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1059917 - 187,2313°/01 - - - - 0,00 1,1071494 - -jan/02 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1033075 - 186,78fev/02 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,1019417 - 186,54mar/02 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,0998268 - 186,19abr/02 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,0973812 - 185,77mai/02 1.430,00 631,67 2.061,67 Cont. s/Teto 157,30 157,30 0,00 1,0951482 - 185,39jun/02 1.561,56 631,67 2.193,23 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0931732 - 185,06jul/02 1.561,56 631,67 2.193,23 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0904120 - 184,59ago/02 1.561,56 631,67 2.193,23 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0876764 - 184,13set/02 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0854361 - 198,49out/02 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0823886 - 197,93nov/02 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0793636 - 197,38dez/02 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0755065 - 196,6713º/02 - - - - 0,00 1,0775137 - -jan/03 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0703365 - 195,73fev/03 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0663941 - 195,10mar/03 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0617003 - 194,15abr/03 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0574588 - 193,37mai/03 1.561,56 682,33 2.243,89 Cont. s/Teto 171,77 171,77 0,00 1,0523869 - 192,45jun/03 1.869,34 682,33 2.551,67 Cont. s/Teto 205,63 205,63 0,00 1,0478988 - 191,62jul/03 1.869,34 682,33 2.551,67 Cont. s/Teto 205,63 205,63 0,00 1,0425912 - 190,56ago/03 1.869,34 682,33 2.551,67 Cont. s/Teto 205,63 205,63 0,00 1,0383619 - 189,88set/03 1.869,34 682,33 2.551,67 Cont. s/Teto 205,63 205,63 0,00 1,0350795 - 189,28out/03 1.869,34 682,33 2.551,67 Cont. s/Teto 205,63 205,63 0,00 1,0319215 - 188,70nov/03 2.355,00 785,00 3.140,00 Cont. s/Teto 205,63 205,63 0,00 1,0300109 - 216,69dez/03 2.355,00 785,00 3.140,00 Cont. s/Teto 205,63 205,63 0,00 1,0282253 - 216,3213°/03 - - - - 0,00 1,0290343 - -jan/04 2.355,00 785,00 3.140,00 Cont. s/Teto 264,00 259,05 4,95 1,0269940 5,08 216,06fev/04 2.093,33 2.093,33 11,00% 230,27 - 230,27 1,0266284 236,40 575,9513º/04 392,50 392,50 7,65% 30,03 - 30,03 1,0266284 30,83 107,99
TOTAL DEVIDO EM 01/06/2005 294,89 8.249,63Fonte: Dados de campo
Cota PatronalParcela já Contribuída
Diferença a Contribuir
Coeficiente Correção Monetária
Cota Empregado
SALÁRIO-CONTRIBUIÇÃOPeríodo Alíquota Contribuição Mensal
104
TABELA 6
8. IMPOSTO DE RENDA
Renda Anterior Renda Sentenciada
INSS Dependentes
out/00 1.700,00 566,67 126,20 0,00 2.140,47 27,50% 228,63 18,16 210,47 1,1339396 238,66
nov/00 1.700,00 566,67 146,11 0,00 2.120,56 27,50% 223,15 42,32 180,83 1,1326188 204,81
dez/00 1.785,00 595,00 146,11 0,00 2.233,89 27,50% 254,32 42,32 212,00 1,1313841 239,85
13º/00 - 0,00 - Isento 0,00 0,00 0,00 1,132058 0,00
jan/01 1.785,00 595,00 146,11 0,00 2.233,89 27,50% 254,32 42,32 212,00 1,1300491 239,57
fev/01 1.785,00 595,00 146,11 0,00 2.233,89 27,50% 254,32 42,32 212,00 1,1294375 239,44
mar/01 1.785,00 595,00 146,11 0,00 2.233,89 27,50% 254,32 42,32 212,00 1,1273231 238,99
abr/01 1.785,00 595,00 146,11 0,00 2.233,89 27,50% 254,32 42,32 212,00 1,1257375 238,66
mai/01 1.785,00 595,00 146,11 0,00 2.233,89 27,50% 254,32 42,32 212,00 1,1237186 238,23
jun/01 1.785,00 595,00 157,30 0,00 2.222,70 27,50% 251,24 55,91 195,33 1,1218304 219,13
jul/01 1.785,00 595,00 157,30 0,00 2.222,70 27,50% 251,24 55,91 195,33 1,1190941 218,59
ago/01 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 291,57 55,91 235,66 1,1154748 262,87
set/01 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 291,57 55,91 235,66 1,1133598 262,37
out/01 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 291,57 55,91 235,66 1,1103924 261,68
nov/01 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 291,57 55,91 235,66 1,1082466 261,17
dez/01 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 291,57 55,91 235,66 1,1059917 260,64
13°/01 - 0,00 - Isento 0,00 0,00 0,00 1,1071494 0,00
jan/02 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 228,58 32,21 196,37 1,1033075 216,66
fev/02 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 228,58 32,21 196,37 1,1019417 216,39
mar/02 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 228,58 32,21 196,37 1,0998268 215,97
abr/02 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 228,58 32,21 196,37 1,0973812 215,49
mai/02 1.895,00 631,67 157,30 0,00 2.369,37 27,50% 228,58 32,21 196,37 1,0951482 215,05
jun/02 1.895,00 631,67 171,77 0,00 2.354,90 27,50% 224,59 49,77 174,82 1,0931732 191,11
jul/02 1.895,00 631,67 171,77 0,00 2.354,90 27,50% 224,59 49,77 174,82 1,090412 190,63
ago/02 1.895,00 631,67 171,77 0,00 2.354,90 27,50% 224,59 49,77 174,82 1,0876764 190,15
set/02 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0854361 250,26
out/02 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0823886 249,56
nov/02 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0793636 248,86
dez/02 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0755065 247,97
13º/02 - 0,00 - Isento 0,00 0,00 0,00 1,0775137 0,00
jan/03 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0703365 246,78
fev/03 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0663941 245,87
mar/03 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0617003 244,79
abr/03 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0574588 243,81
mai/03 2.047,00 682,33 171,77 0,00 2.557,56 27,50% 280,33 49,77 230,56 1,0523869 242,64
jun/03 2.047,00 682,33 205,63 0,00 2.523,70 27,50% 271,02 90,86 180,16 1,0478988 188,79
jul/03 2.047,00 682,33 205,63 0,00 2.523,70 27,50% 271,02 90,86 180,16 1,0425912 187,83
ago/03 2.047,00 682,33 205,63 0,00 2.523,70 27,50% 271,02 90,86 180,16 1,0383619 187,07
set/03 2.047,00 682,33 205,63 0,00 2.523,70 27,50% 271,02 90,86 180,16 1,0350795 186,48
out/03 2.047,00 682,33 205,63 0,00 2.523,70 27,50% 271,02 90,86 180,16 1,0319215 185,91
nov/03 2.355,00 785,00 205,63 0,00 2.934,37 27,50% 383,87 168,00 215,87 1,0300109 222,35
dez/03 2.355,00 785,00 205,63 0,00 2.934,37 27,50% 383,87 168,00 215,87 1,0282253 221,96
13°/03 - 0,00 - Isento 0,00 0,00 0,00 1,0290343 0,00
jan/04 2.355,00 785,00 259,05 0,00 2.880,95 27,50% 369,18 155,69 213,49 1,026994 219,25
fev/04 2.093,33 - 0,00 2.093,33 15,00% 155,30 0,00 155,30 1,0266284 159,44
13º/04 392,50 - 0,00 392,5 Isento 0,00 0,00 0,00 1,0266284 0,00
TOTAL DEVIDO EM 01/06/2005 9.255,71Fonte: Dados de campo
Coeficiente Correção Monetária
Diretença a Reter
Atualizada
Base de Cálculo Líquida
Alíquota Valor Total da Arrecadação
Valor já Retido Retenção
Período Base de Cálculo Diferença a Reter
Deduções