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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR MAYRA PONTES COUTINHO A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS: A PERSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFC FORTALEZA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA

EDUCAÇÃO SUPERIOR

MAYRA PONTES COUTINHO

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS:

A PERSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFC

FORTALEZA

2015

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MAYRA PONTES COUTINHO

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS:

A PERSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFC

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Políticas Públicas e Gestão da

Educação Superior da Universidade Federal do

Ceará, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre. Área de

concentração: Gestão Estratégica para as IES.

Orientador: Prof. Dr. Maxweel Veras

Rodrigues

FORTALEZA

2015

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências Humanas

__________________________________________________________________________________________

C897c Coutinho, Mayra Pontes.

Acomunicação institucional em universidades públicas : a perspectiva da administração superior

da UFC/Mayra Pontes Coutinho. – 2015.

107 f. : il. color., enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-

Graduação, Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, Fortaleza,

2015.

Área de Concentração: Gestão estratégica para as IES.

Orientação: Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues.

1. Comunicação na administração pública – Fortaleza(CE). 2. Comunicação nas organizações –

Fortaleza(CE). 3. Administradores de universidades – Atitudes. 4. Universidade Federal do Ceará –

Sistemas de comunicação. I. Título.

CDD 658.45098131

__________________________________________________________________________________________

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MAYRA PONTES COUTINHO

A COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS:

A PERSPECTIVA DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFC

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional em Políticas Públicas e Gestão da

Educação Superior da Universidade Federal do

Ceará, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre. Área de

concentração: Gestão Estratégica para as IES.

Aprovada em: 11 / 03 / 2015.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________

Profª. Dr.ª Ana Augusta Ferreira de Freitas

Universidade Estadual do Ceará (UECE)

____________________________________________________

Profª. Drª. Sueli Maria de Araújo Cavalcante

Universidade Federal do Ceará (UFC)

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AGRADECIMENTOS

A Deus.

Aos meus pais, por toda dedicação.

Ao meu marido, pelo amor, paciência e coorientação.

Às professoras participantes da banca, Profª. Dr.ª Ana Augusta Ferreira de Freitas

e Profª. Drª. Sueli Maria de Araújo Cavalcante, pelas valiosas contribuições.

A todos os entrevistados, pela atenção com que me receberam e pelo tempo

dedicado a esta pesquisa.

À UFC, por investir no desenvolvimento de seus servidores.

Ao Poleduc, por ser um espaço privilegiado de troca e crescimento acadêmico e

profissional.

À Rute de Alencar, colega de trabalho e amiga, pelas orientações, conselhos e

escuta.

À amiga Cristiane Sampaio, pela leitura atenta.

Ao amigo Daniel Fonseca, pelo apoio vindo do Rio de Janeiro.

Ao Raimundo Nonato de Lima e aos meus colegas de trabalho, pelo apoio.

À Fernanda Alves Araújo, pelo carinho e atenção.

Aos meus colegas da turma Poleduc 2013, em especial à Ana, Angela, Gerusa,

Glaucilene, Mariângela e Nirlange, pela generosidade e alegria.

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RESUMO

Em um mundo globalizado, onde as informações fluem de maneira veloz, a comunicação

ocupa um papel fundamental em todos os tipos de organização, incluindo as Instituições de

Ensino Superior (IES). Contudo, para obter bons resultados, é fundamental não apenas a

existência de um setor de comunicação profissional, mas o envolvimento da administração

superior dessas instituições na área. Os dirigentes devem autorizar a transformação da

comunicação em um instrumento de qualificação dos processos e da identidade

organizacional, participando também desse processo A partir desse panorama e da

constatação da pouca atenção dada ao comportamento dos gestores das IES em relação à

comunicação na literatura acadêmica, o objetivo deste trabalho é analisar o papel da

comunicação institucional na perspectiva dos integrantes da administração superior da

Universidade Federal do Ceará (UFC). A revisão teórica articulou conceitos relacionados à

comunicação integrada, à gestão da comunicação, à comunicação estratégica, entre outros.

Para conseguir atingir o objetivo estabelecido, foram realizadas entrevistas semiestruturadas

com integrantes da administração superior da UFC. Utilizando uma abordagem qualitativa, os

dados foram transcritos e analisados seguindo o método de análise de conteúdo. Os resultados

indicam que os gestores da UFC entrevistados reconhecem a comunicação como algo

fundamental no relacionamento com os diferentes stakeholders, com destaque especial para o

público interno. Para eles, as ações de comunicação são instrumentos que auxiliam na

prestação de contas e na transparência, permitindo que a sociedade saiba qual é o trabalho

desenvolvido pela UFC. Mas apesar do reconhecimento da importância, para a grande maioria

dos gestores, a comunicação ainda ocupa uma dimensão instrumental, mais relacionada ao seu

papel de divulgadora das decisões tomadas.

Palavras-chave: Comunicação institucional. Comunicação integrada. Comunicação

estratégica. Instituições de Ensino Superior (IES).

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ABSTRACT

In a globalized world, where information spreads fast, communication plays an important role

in all kinds of organizations, including Higher Education Institutions (IES). However, in order

to obtain good results, not only the existence of a professional communication sector, but also

the involvement of the superior administration from these institutions with the area are

fundamental. The leaders must authorize the transformation of communication into an

instrument for the qualification of processes and also of organizational identity, also taking

part in this process. Based on this panorama and on the observation that little attention is

given to the behavior of the leaders of higher education institutions with relation to

communication in the academic literature, the goal of this study is to analyze the role of

institutional communication under the perspective of the senior management staff at the

Federal University of Ceará (UFC). The theoretical review articulated concepts related to

integrated communication, to communication management, to strategic communication,

among others. In order to reach the established goal, semi-structured interviews with senior

management members at UFC were accomplished. Making use of a qualitative approach, the

data were transcribed and analyzed according to the method of content analysis. The results

indicate that the UFC managers who were interviewed recognize communication as

something fundamental in the relationship with different stakeholders, especially for the

internal public. According to them, the communication actions are instruments that help in the

legal reporting and in transparency, allowing society to know what the work developed by

UFC is. But despite the acknowledgment of its importance, for the great majority of the

leaders, communication still occupies an instrumental dimension, more related to its role of

announcing the decisions made.

Keywords: Institutional communication. Integrated communication. Strategic

communication. Higher Education Institutions (IES).

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Composto da Comunicação Integrada ................................................................19

Figura 2 – Divisão da CCSMI / UFC ................................................................................. 56

Quadro 1 – Perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa .............................................. 50

Quadro 2 – Pessoas entrevistadas e tempo de duração .......................................................... 50

Quadro 3 – Categorias Analíticas .......................................................................................... 51

Quadro 4 – Categorias Analíticas e Unidades de Análise ..................................................... 52

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Aberje Associação Brasileira de Comunicação Empresarial

ABRACOM Associação Brasileira das Agências de Comunicação

Aerp Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República

CCSMI Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional

CGU Controladoria-Geral da União

Consuni Conselho Universitário

CWUR Center for World University Rankings

DIP Departamento de Imprensa e Propaganda

Ebserh Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

IABC International Association of Business Communicators

IES Instituições de Ensino Superior

MEC Ministério da Educação

MPU Ministério Público da União

Rehuf Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais

Reuni Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

RP Relações Públicas

RUF Ranking Universitário da Folha

Sinaes Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SIR Scimago Institutions Ranking

SISU Sistema de Seleção Unificada

TI Tecnologia da Informação

TCU Tribunal de Contas da União

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFC Universidade Federal do Ceará

UFCA Universidade Federal do Cariri

Unilab Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

UP Revista Universidade Pública

VT Videotape (Produções Audiovisuais)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10

2 A COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ...........................................................14

2.1 A Comunicação Organizacional nos EUA ............................................................... 14

2.2 A Comunicação Organizacional no Brasil ............................................................... 16

2.3 A Comunicação Organizacional Integrada .............................................................. 18

2.3.1 Comunicação Mercadológica ...................................................................................... 20

2.3.2 Comunicação Administrativa ...................................................................................... 22

2.3.3 Comunicação Interna .................................................................................................. 23

2.3.4 Comunicação Institucional ........................................................................................ 26

2.3.4.1 Relações Públicas ........................................................................................................ 28

2.3.4.2 Assessoria de Imprensa ...............................................................................................30

2.3.4.3 Jornalismo Empresarial .............................................................................................. 32

2.3.4.4 Propaganda Institucional ............................................................................................ 34

2.3.4.5 Imagem e Identidade Corporativa ............................................................................... 35

2.3.4.6 Marketing Social e Cultural ........................................................................................ 37

2.3.4.7 Editoração Multimídia ................................................................................................ 38

2.4 A gestão da Comunicação .......................................................................................... 39

2.4.1 Dimensão Instrumental x Dimensão Estratégica ....................................................... 39

2.4.2 A estratégia nas Organizações .................................................................................... 40

2.4.3 A estratégia na Comunicação ..................................................................................... 43

3 MÉTODO DE ESTUDO ...........................................................................................47

3.1 Metodologia da pesquisa ............................................................................................ 47

3.2 Método proposto ......................................................................................................... 48

3.2.1 Etapa 1 ......................................................................................................................... 48

3.2.2 Etapa 2 .......................................................................................................................... 49

3.2.3 Etapa 3 .......................................................................................................................... 49

3.2.4 Etapa 4 .......................................................................................................................... 50

3.2.5 Etapa 5 .......................................................................................................................... 51

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................53

4.1 Estrutura da Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional .. 53

4.1.1 Comunicação Integrada ............................................................................................... 54

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4.2 A compreensão da Comunicação Institucional por parte dos integrantes da

Administração Superior da Universidade ................................................................ 62

4.2.1 Comunicação Institucional .......................................................................................... 63

4.3 Relação entre representantes da Administração Superior e a Coordenadoria de

Comunicação da Universidade .................................................................................. 80

4.3.1 Relações Estabelecidas ................................................................................................ .80

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................89

REFERÊNCIAS .........................................................................................................94

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA AOS

INTEGRANTES DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFC ......................102

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA AO

COORDENADOR DA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO

SOCIAL E MARKETING INSTITUCIONAL DA UFC ..................................... 103

ANEXO A – COMPOSIÇÃO DE PROFISSIONAIS DA COORDENADORIA

DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UFC .............................................................104

ANEXO B – RELATÓRIO DO CLIPPING DE NOTÍCIAS DA UFC 2014 ......105

ANEXO C – RELATÓRIO DO CLIPPING DE NOTÍCIAS DA UFC 2013 ......106

ANEXO D – RELATÓRIO DO CLIPPING DE NOTÍCIAS DA UFC 2012 ......107

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1 INTRODUÇÃO

Este capítulo tem o objetivo de apresentar as ideias iniciais desta dissertação, as

razões que levaram a sua realização, o problema da pesquisa e seus objetivos. Na parte final,

também apresenta a estrutura das demais etapas, expostas por meio de uma pequena descrição

dos capítulos.

Justificativa

A contemporaneidade trouxe mudanças que alteraram o status das Instituições de

Ensino Superior (IES). Para Barichello (2001), desde o final do século XX, essas instituições

estão perdendo a legitimidade. Segundo a autora, isso ocorre porque elas deixaram de ser o

local de busca da verdade e passaram a seguir a racionalidade mercadológica que vigora

atualmente. Assim, não são mais as únicas e legítimas detentoras e transmissoras do saber,

competindo com a mídia, com as empresas e com a própria sociedade.

Sabe-se que, dentro dessa nova racionalidade, a demanda da sociedade por uma

postura transparente, um comportamento ético e ações que visem atender às necessidades dos

stakeholders, tendo em vista a manutenção de uma boa imagem perante a opinião pública,

culmina na necessidade de uma comunicação organizacional profissional e competente por

parte das IES, assim como das outras organizações.

A comunicação pode agregar valor às organizações, auxiliando-as no

cumprimento de sua missão e na conquista de seus objetivos. O bom uso dela é capaz de

qualificar também práticas gerenciais, melhorar o desempenho operacional, além de promover

mudanças significativas nas múltiplas relações da instituição com os seus públicos

(MONTEIRO; DUARTE, 2009). Oliveira (2002) defende que a comunicação ganha destaque

em relação à gestão “[...] pela sua função de conhecer, analisar e direcionar os fluxos

informacionais para o objetivo geral da organização, dando um sentido estratégico à pratica

comunicacional.” (OLIVEIRA, 2002, p. 62).

Para Kunsch (2003), as organizações modernas, para se posicionarem perante a

sociedade e fazerem frente a todos os desafios da complexidade contemporânea, necessitam

planejar, administrar e pensar estrategicamente a comunicação. É a partir dessa visão que a

autora defende o desenvolvimento da comunicação integrada, prática que busca unir as quatro

subáreas que, segundo ela, permeiam a comunicação organizacional – comunicação

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institucional, comunicação mercadológica, comunicação administrativa e comunicação

interna –, permitindo uma atuação sinérgica.

No composto da comunicação integrada, a comunicação institucional é a

responsável direta pela construção e pela formatação de uma imagem e uma identidade

organizacionais fortes e positivas, sendo formada por atividades como relações públicas,

assessoria de imprensa, jornalismo empresarial, publicidade institucional, entre outras.

Contudo, Monteiro e Duarte (2009) destacam que, para que a comunicação traga bons

resultados, não basta apenas que a organização conte com uma equipe responsável por essas

atividades. Na verdade, é essencial o engajamento das altas cúpulas das organizações para que

elas autorizem e participem da transformação da comunicação em um instrumento de

qualificação dos processos, da identidade organizacional e da melhoria dos resultados. Dessa

forma, os dirigentes precisam assumir um papel de liderança em comunicação e perceber que

o envolvimento e a responsabilidade sobre o assunto não podem ficar apenas com os

profissionais da área.

Em relação às IES, são encontrados vários estudos que discutem diferentes

ângulos da comunicação desenvolvidos nesses ambientes organizacionais. Como exemplo, é

possível citar Cruz (2010), que analisou a comunicação e a comunicação interna na

perspectiva da avaliação institucional, conforme a proposição do Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Superior (Sinaes), em universidades no Rio Grande do Sul. O estudo

mostrou que a comunicação é vista pelo Sinaes como uma ferramenta de transmissão de

informações planejadas, numa relação linear entre emissor e receptor, o que não daria conta

de todo o cenário complexo que norteia a educação superior na atualidade.

Moraes e Porto (2009) fazem uma reflexão sobre a difusão científica on-line em

nove universidades federais do Nordeste brasileiro. O mapeamento evidencia que, mesmo

dispondo de base tecnológica ampliada, as ações de divulgação da ciência desenvolvidas nos

sites ainda recorrem a modelos limitados. Freitas (2013) traz um estudo que objetivou

identificar as potencialidades e limitações do boletim de notícias “UFBA em Pauta”,

instrumento de comunicação interna da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho

também indica que o potencial da internet não é utilizado para fortalecer a estratégica

comunicacional.

O foco na comunicação voltada para o público interno também está presente em

Silva (2007), que pesquisou a comunicação interna da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Os resultados da pesquisa revelam que o processo formal de comunicação interna na UFC

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necessitava ser reajustado e aperfeiçoado e apresentava como principais barreiras

comunicacionais a ausência de feedback e a falta de habilidade comunicativa.

Apesar da multiplicidade de abordagens e partindo da constatação da importância

do envolvimento dos dirigentes na comunicação, foi possível perceber uma lacuna na

literatura. Quase não são encontrados estudos que busquem compreender qual o papel da

comunicação institucional na perspectiva dos integrantes da Administração Superior das IES.

A partir dessa constatação e percebendo que a comunicação institucional é a subárea da

comunicação integrada que recebe a maior atenção na UFC1, constata-se a relevância desse

estudo e tem-se a seguinte pergunta de pesquisa: como os integrantes da Administração

Superior da UFC compreendem a perspectiva estratégica da comunicação institucional

desenvolvida na organização, a sua estrutura e as relações estabelecidas com o setor?

Objetivos

A partir da formulação do problema da pesquisa, foram estabelecidos os objetivos

deste trabalho, que serão apresentados a seguir.

Objetivo geral

Analisar a perspectiva estratégica da comunicação institucional desenvolvida na

UFC, a sua estrutura e as relações estabelecidas a partir da compreensão dos integrantes da

Administração Superior da organização.

Objetivos específicos

1. Investigar como o setor de comunicação está estruturado na universidade a

partir do composto da comunicação integrada;

2. Verificar como a comunicação institucional estratégica desenvolvida na UFC é

compreendida pelos integrantes da Administração Superior da Universidade;

1 Em sua análise sobre a comunicação interna da UFC, Silva (2007) apontou que o principal enfoque da política

de comunicação era fortalecer os instrumentos de comunicação da Universidade, fazendo com que ela se

tornasse menos dependente da mídia local na prestação de contas de sua atuação junto à sociedade. Assim,

havia o esforço em manter em circulação os produtos existentes como meios de valorização, promoção e

difusão da produção científico-cultural da Instituição.

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3. Conhecer como se dá a relação entre representantes da Administração

Superior e a Coordenadoria de Comunicação da Universidade.

Estrutura do trabalho

Para contemplar o objeto estudado, este trabalho é composto por cinco capítulos.

Após apresentar o cenário desta pesquisa, seus objetivos e sua estrutura, o segundo capítulo

contextualiza a comunicação organizacional no Brasil, abordando a história de implantação e

sua aplicação; e destaca os fundamentos da comunicação integrada e suas subdivisões,

enfatizando a comunicação institucional e a comunicação dentro de uma perspectiva

estratégica. O objetivo dessa etapa é apresentar um referencial da área, indicando como ela é

desenvolvida, conforme as reflexões de Kunsch (2003, 2006a, 2006b, 2012), Torquato (1987,

2013), Bueno (2005, 2009, 2011, 2013), Argenti (2006) e Oliveira (2002), entre outros.

O terceiro capítulo é constituído pela apresentação da metodologia desenvolvida

nesse estudo que, utilizando como critério de classificação os objetivos gerais, estabelecidos

por Gil (2010), caracteriza-se, quanto à abordagem, por ser uma pesquisa qualitativa e, quanto

aos objetivos gerais, por ser uma pesquisa descritiva. Os dados serão coletados através da

realização de entrevistas semiestruturadas, cujas respostas serão tratadas através da análise de

conteúdo, proposta por Bardin (2004).

No quarto capítulo, são apresentados os resultados esperados após a aplicação dos

instrumentos previstos na metodologia e, no último capítulo, são feitas as considerações

finais, a partir dos objetivos estabelecidos para o trabalho.

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2 A COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

Não existe consenso sobre o termo a ser utilizado no campo da comunicação

desenvolvida nas instituições. Alguns estudiosos chamam de “comunicação organizacional”;

outros, de “comunicação institucional”; e há ainda aqueles que continuam denominando

“comunicação empresarial”.

No campo prático, do dia a dia das diferentes instituições, é comum essa área ser

chamada simplesmente de assessoria de imprensa ou de relações públicas. De acordo com

Mafei (2007, p. 25), essa indefinição existe no Brasil porque a área de comunicação não é tão

desenvolvida como em outros países:

É claro que esse ciclo não se completou no Brasil. Por aqui, estamos falando ainda

de uma interligação entre relações públicas e assessoria de imprensa. Mas isso

ocorre em boa parte porque ainda existe uma grande confusão quanto aos termos

empregados para os ramos da comunicação. Para alguns, o conjunto das três áreas

(comunicação interna, institucional e mercadológica) dá origem ao conceito de

comunicação organizacional. Para outros, a junção de tudo denomina-se relações

públicas.

Para esse trabalho, foi decidido que a opção mais adequada seria utilizar

“comunicação organizacional”, seguindo a linha de Kunsch (2003, 2006a, 2006b, 2012), por

se acreditar que esse termo tem um maior poder de abrangência, conseguindo abarcar todos os

tipos de organização, sejam públicas ou privadas, e todas as atividades executadas.

Sendo assim, o objetivo deste capítulo é proporcionar uma reflexão sobre

comunicação organizacional, os fundamentos da comunicação organizacional integrada,

dando ênfase à comunicação institucional e à discussão dessa área dentro de uma perspectiva

estratégica.

2.1 A comunicação organizacional nos EUA

Entre o final do século XIX e o início do século XX, os Estados Unidos

vivenciavam um período de consistente crescimento econômico, principalmente com o

fortalecimento dos investidores do Nordeste do País. Os negócios incluíam especulação de

terras, construção de estradas de ferro, exploração de recursos minerais e abertura de novos

bancos.

Chaparro (2010) explica que o espírito de competição e a busca sem limites por

riquezas eram o que prevalecia. A frase “the public be damned” ou, em uma tradução livre

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para o português, “o público que se dane”, citada por um empresário do ramo de ferrovias,

William Henry Vanderbilt, em 1882, reflete bem esse momento. Ele fez a declaração ao ser

questionado por jornalistas sobre problemas em um ramal ferroviário que estava prejudicando

a locomoção da população local.

A situação de total desrespeito pelo bem-estar do povo foi propícia para a criação

de um jornalismo de denúncia, que ajudava a desmascarar o comportamento da elite

econômica local. Ao mesmo tempo, os trabalhadores, que estavam cada vez mais inseridos no

contexto do fortalecimento da industrialização, com a adoção das práticas do taylorismo e do

fordismo, tentavam fazer com que suas demandas fossem conhecidas e seus direitos

ampliados através da criação de seus próprios jornais e folhetos sindicais. Diante desse quadro

de forte oposição, os grandes capitalistas decidiram recorrer a um trabalho especializado em

busca de melhorar suas imagens (MAFEI, 2007).

O jornalista Ivy Lee marcou o surgimento da comunicação organizacional, em

1906, com um trabalho que mostrou ótimos resultados ao oferecer informações sobre as

grandes corporações com o objetivo de atingir positivamente a opinião pública. De acordo

com Chaparro (2010), o trabalho de Lee consistia em fornecer notícias e colocar-se à

disposição dos jornalistas para fazer esclarecimentos. Além de investir no relacionamento

com a mídia, desenvolveu também técnicas de criação de fatos noticiáveis que ajudassem a

melhorar a imagem das pessoas e das instituições.

O primeiro cliente do ex-jornalista, o bilionário John Rockfeller, era considerado

na época um homem de negócios sem escrúpulos, que havia mandado atirar sobre grevistas da

Colorado Fuel and Iron Co. Com o tempo, as ações de comunicação desenvolvidas por Lee

tornaram Rockfeller um dos nomes mais apreciados pela opinião pública americana. Esses

bons resultados fizeram com que o trabalho de assessor de imprensa/relações públicas

crescesse rapidamente (CHAPARRO, 2010).

Anos depois, com a crise de 1929, o Estado americano também passou a sentir

necessidade de melhorar o diálogo com a sociedade. A população queria entender como de

um dia para a noite toda a riqueza e a fartura do País haviam sumido. Franklin Delano

Roosevelt, eleito presidente dos Estados Unidos em 1932 e reeleito em 1936, foi o primeiro

governante a utilizar a psicologia e as técnicas da comunicação dentro da sua política de

reerguimento do País (New Deal). Sua gestão se caracterizou pela promoção de entrevistas

coletivas, realizadas em um espaço especialmente criado para isso, a sala de imprensa na Casa

Branca, e pelo envio de releases para a imprensa, sempre com o intuito declarado de informar

a população (AMARAL, 2010).

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Segundo Chaparro (2010), na década de 1930, o crescimento da atividade de

relações públicas passou a despertar interesse nos meios acadêmicos. Nesse período, as

Universidades de Yale, Harvard e Columbia criaram disciplinas sobre o tema e começaram a

formar especialistas na área, que foi inicialmente vinculada ao campo da Administração antes

de se tornar autônoma.

2.2 A comunicação organizacional no Brasil

Apesar de os primeiros indícios de estruturação da comunicação organizacional

no Brasil sinalizarem que ela também tenha iniciado no começo do século XX, uma das

diferenças da experiência brasileira em relação à americana é que no Brasil ela ocorreu

inicialmente no âmbito governamental.

Duarte (2010) considera que um sinal concreto de preocupação com a

sistematização da divulgação jornalística na área pública aconteceu no governo do presidente

Nilo Peçanha, em 1909. Durante a estruturação do Ministério da Agricultura, Indústria e

Comércio, foi criada a Seção de Publicações e Bibliotecas. O setor tinha entre suas finalidades

reunir e distribuir informações por meio de notas ou notícias fornecidas à imprensa.

Em 1914, a experiência começa a ocorrer na iniciativa privada. Naquele

momento, a empresa canadense The Light and Power Co, concessionária de iluminação e

transporte da cidade de São Paulo, funda o primeiro departamento oficialmente chamado de

Relações-Públicas no Brasil. Como a multinacional tinha o objetivo de expandir seus serviços

pelo País, o setor foi criado com o intuito de garantir um bom relacionamento com as

autoridades federais e estaduais (LIMA, 1985).

Apesar dessas iniciativas, Torquato (2013) afirma que, apenas nos anos 1930,

durante a ditadura Vargas, a comunicação passou a ser mais valorizada no Brasil, sendo

utilizada como uma ferramenta fundamental para a consolidação do regime. Naquele período,

o governo começou a interferir diretamente em todos os meios de comunicação, organizando

um sistema articulado nacionalmente através do Departamento de Imprensa e Propaganda

(DIP). Entre outros produtos, o DIP distribuía material jornalístico, que era aproveitado nas

redações do País, e o programa radiofônico “A hora do Brasil”, transmitido obrigatoriamente

em todas as rádios brasileiras.

A estratégia de utilizar a comunicação como ferramenta de controle também foi

usada durante outro período ditatorial. Após o golpe de 1964, o Governo Federal criou a

Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República (Aerp). O órgão

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coordenava a rede governamental de divulgação, criando e difundindo notícias oficiais para

toda a imprensa escrita e eletrônica brasileira. O poder da Aerp era ampliado pelo clima de

medo que imperava nas redações e pela censura estatal (MAFEI, 2007).

Já na iniciativa privada, no período entre as décadas de 1950 e 1970, as empresas

estrangeiras, especialmente as de petróleo e de automóveis, continuaram na vanguarda da

comunicação organizacional. Trazendo as experiências de seus países de origem, o trabalho

naquele momento se caracterizava pela elaboração de um conjunto de ações de comunicação

desenvolvidas por agências ou departamentos de publicidade e de relações públicas. Esses

profissionais faziam o planejamento de comunicação, a divulgação jornalística e a produção

de publicações. Não havia, contudo, um setor específico de relacionamento com a imprensa.

Nassar (2006) informa que, nesse contexto, surge, em 1967, a Associação

Brasileira de Editores de Revistas e Jornais de Empresa (Aberje), fruto da parceria entre os

profissionais de jornalismo, relações públicas e recursos humanos que atuavam em grandes

empresas multinacionais e perceberam a necessidade de uma maior sistematização das

publicações empresariais.2 O mercado da produção de jornais e revistas empresariais era mais

promissor para os jornalistas da época já que ainda não era fácil fazer assessoria de imprensa

no Brasil. Segundo Duarte (2010), a prática de tentar inserir informações oriundas das

organizações privadas na imprensa era limitada porque os jornalistas de redação não

aceitavam divulgar notícias relacionadas a empresas ou citar nomes de produtos comerciais.

Na década de 1980, com o enfraquecimento do regime militar e a posterior

redemocratização, empresas brasileiras e outras instituições perceberam que também

precisavam melhorar a comunicação com os diferentes setores da sociedade. Até aquele

momento, diferente do que ocorria com as multinacionais, a maioria das empresas nacionais

destacava profissionais de setores de recursos humanos para executar papel de porta-vozes,

relações públicas, atender jornalistas e editar publicações. Kunsch (2006a, p. 173) analisa

essas mudanças:

Com a reabertura política do País, a partir de 1985, novos ares surgem para a

comunicação, passando as instituições e organizações a entenderem melhor a

necessidade de serem transparentes e que suas relações com a sociedade deveriam se

dar pelas vias democráticas. Consequentemente, perceberam que aqueles formatos

tradicionais dos departamentos de relações públicas governamentais e de relações

com a imprensa, assim como as ações comunicativas centradas no jornalismo

empresarial, focadas somente nos produtos (jornais, revistas, boletins, vídeos

institucionais ufanistas etc.), não dariam conta de atender as novas demandas sociais

[...].

2 Em 1989, a ABERJE passou a se denominar Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Contudo, a

sigla foi mantida.

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De acordo com Nassar (2006), é a partir de 1990, com o movimento de

reestruturação produtiva sofrido pelo Brasil, que a comunicação organizacional passa a ser

cada vez mais incorporada aos processos cotidianos de planejamento, como componente

principal das políticas de relacionamento das empresas e instituições com inúmeros públicos

estratégicos, entre eles os empregados e os acionistas.

Nesse período, foi possível observar as ações de comunicação somadas, cada vez

mais, aos processos de fusões e aquisições, aos fechamentos de fábrica, às inovações de

recursos humanos, de processos, de produtos e de serviços, entre outros momentos da vida

organizacional. Além de presente na vida empresarial, é nesse momento que a comunicação

passa a ganhar mais importância também nos órgãos públicos e nas entidades do terceiro setor

(TORQUATO, 2013).

2.3 A comunicação organizacional integrada

Depois de apresentar o caminho percorrido pela comunicação organizacional na

história, é preciso compreender como a área é desenvolvida na contemporaneidade. Para

Martinuzzo (2013), a comunicação organizacional é o processo pelo qual as organizações dão

vazão aos seus fluxos informacionais gerenciais, administrativos e relacionais, tanto no

ambiente interno como no meio externo. Segundo o autor (MARTINUZZO, 2013, p. 17):

Em verdade, a comunicação é o amálgama de qualquer organização, constituindo-se

instrumento e espaço de ação institucional. É veículo e meio de construção de

identidade, mensagens, imagem. Pela comunicação, as organizações se posicionam

ante a concorrência, a sociedade e o mercado, fundamentalmente trabalhando sua

imagem junto a seus públicos de interesse.

Para Weil (1992), as organizações se apresentam cada vez mais como uma

sociedade humana completa e adotam uma semântica antropomórfica, possuindo uma

consciência, um corpo, um espírito e um coração. Essa comparação tem como principal

mérito o poder pedagógico de transmitir a ideia implícita de que as empresas têm tanto o

direito de existir quanto os homens. Nesse contexto em que as organizações são vistas como

um corpo uno e indivisível, a comunicação tem a função de transformar a organização em um

ambiente familiar, favorecendo a integração de todos.

A concepção da organização como uma unidade também é uma característica das

pesquisas em comunicação corporativa, segundo Christensen e Cornelissen (2011). Assim,

não existem individualmente gerentes, campanhas publicitárias ou interação entre os

empregados. Tudo isso é visto como partes ou fragmentos da comunicação organizacional.

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Seguindo a concepção de unicidade, Kunsch (2006b) considera que atualmente

não basta se pautar por ações isoladas de comunicação para resolver questões, gerenciar crises

e gerir produtos. As organizações modernas, para se posicionarem perante a sociedade e

fazerem frente a todos os desafios da complexidade contemporânea, necessitam planejar,

administrar e pensar estrategicamente a sua comunicação. É a partir dessa visão que a autora

defende o desenvolvimento da ‘comunicação integrada’, prática que busca unir as diferentes

modalidades comunicacionais que permeiam a comunicação organizacional.

Para Farias (2009), Kunsch percebe a comunicação organizacional como uma área

na qual se inserem os diversos escopos de ação comunicacional. Portanto, o conceito

defendido pela autora parte de uma visão na qual a comunicação dentro das organizações tem

o papel de pilar das pontes que reúnem os diferentes pensares e fazeres comunicacionais

ligados à organização. Kunsch (2003, p. 150) estabelece a seguinte definição para

comunicação integrada:

Entendemos por comunicação integrada uma filosofia que direciona a convergência

das diversas áreas, permitindo uma atuação sinérgica. Pressupõe uma junção da

comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação interna

e da comunicação administrativa, que formam o mix, o composto da comunicação

organizacional.

O diagrama a seguir ilustra a divisão (FIGURA 1):

Figura 1 – Composto da Comunicação Integrada

Fonte: Kunsch (2003, p. 151).

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Essa visão não nega as diferenças e peculiaridades de cada área que compõe o

composto. Na verdade, o que ela defende é uma unidade harmoniosa, apesar das diferenças,

pois, havendo a convergência das atividades, com base numa política global e nos objetivos

gerais da organização, será possível a realização de ações estratégicas e táticas de

comunicação mais pensadas e trabalhadas com vistas a alcançar os resultados esperados.

Outros autores da área também compartilham dessa opinião. Para Marchiori

(2006), a comunicação organizacional precisa ser vista como uma unidade, concentrando suas

atividades internas e externas em uma única área e criando uma gestão que desenvolva toda a

responsabilidade da comunicação integrada, que deixaria de ser vinculada à área de recursos

humanos ou marketing.

Neves (2009) vai além. Para ele, a comunicação integrada é um processo que

agrega todas as funções que se relacionam com públicos ou que fazem algum tipo de

comunicação, agregando marketing, relações com a imprensa, vendas, recursos humanos,

relações públicas, advogados, ombudsman, telemarketing, serviço de atendimento ao

consumidor, agências de publicidade etc. Todas essas atividades devem operar debaixo do

mesmo processo de comunicação.

Apesar de suas qualidades, a aplicação da comunicação integrada é um grande

desafio. Lupetti (2007) lembra que, para que a comunicação integrada exista, é preciso um

árduo trabalho de análise, planejamento e aplicação de técnicas de avaliação. Para a autora, a

comunicação integrada institui uma política global em função da existência de coerência entre

todas as áreas da comunicação e evita a sobreposição de tarefas.

Agora, serão apresentadas as divisões e as características das grandes áreas que

compõem a comunicação organizacional integrada: comunicação administrativa,

comunicação interna, comunicação mercadológica e comunicação institucional. Como o

objeto deste trabalho é a comunicação institucional, daremos mais destaque a essa área.

2.3.1 Comunicação mercadológica

A comunicação mercadológica é responsável pela produção comunicativa em

torno dos objetivos de mercado de uma organização. Apesar de estar dedicada às relações

comerciais, essa área deve estar em harmonia com o conceito de posicionamento institucional

das organizações.

De acordo com Kotler e Keller (2006), a comunicação mercadológica é o meio

pelo qual as empresas buscam informar, persuadir e lembrar direta ou indiretamente os

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consumidores sobre seus produtos e marcas que comercializam. A comunicação de marketing,

de certa forma, representa a voz da marca e é o meio pelo qual ela estabelece um diálogo e

constrói relacionamentos com os consumidores. “A comunicação de marketing permite às

empresas conectar suas marcas a outras pessoas, lugares, eventos, marcas, experiências,

sensações e objetos.” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 533).

Para Lupetti (2007), a comunicação mercadológica é toda forma de comunicação

capaz de atingir um objetivo de marketing. Ela tem a finalidade de divulgar os produtos e/ou

serviços da organização, visando ao aumento das vendas ou, simplesmente, a sua

estabilização no mercado.

Essa divisão da comunicação integrada responde pelas manifestações simbólicas

de um conjunto de instrumentos de comunicação persuasiva para conquistar o consumidor e

os públicos-alvo estabelecidos pela área de marketing. Na contemporaneidade, fatores como o

acelerado desenvolvimento tecnológico dos processos industriais, que resulta em produtos

com as mesmas especificações técnicas e com padrões de qualidade semelhantes, o aumento

da concorrência, a globalização dos mercados e o surgimento de um consumidor mais crítico,

levam as empresas à constatação de que as ferramentas e as atividades de comunicação não

mais podem ser utilizadas isoladamente. Torna-se, então, necessário incluir todas elas em um

planejamento orgânico, que coordene os esforços e as ações empreendidas na busca de um

propósito único e adequado ao momento atual (PINHO, 2002).

A comunicação mercadológica geralmente se constitui na forma de uma

mensagem persuasiva elaborada a partir do contexto sociocultural do consumidor. Ela é

composta por muitas ferramentas, como as seguintes:

a) marketing: compreende um conjunto de ações que objetivam identificar

oportunidades de mercado e atendê-las de modo a gerar receita às

organizações. Estuda as necessidades e os desejos dos clientes atuais e

potenciais, buscando a sua satisfação a partir de ofertas cuidadosamente

planejadas.

b) propaganda: propósito básico de influenciar o comportamento das pessoas por

meio da criação, mudança ou reforço de imagens e atitudes mentais. A

propaganda constitui-se de ações que estão voltadas para a difusão de ideais,

principalmente políticas.

c) promoção de vendas: instrumento que dinamiza as vendas a partir da

concessão de vantagens aos clientes, como descontos, brindes, sorteios, trocas

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de cupons etc. Essas ações estimulam a compra pelos clientes e ajudam na

rotação dos estoques dos distribuidores;

d) feiras e exposições: ferramentas de comunicação mercadológica que permitem

aproximar a marca dos clientes potenciais ao possibilitar ao público a

oportunidade de sentir e testar os produtos;

e) marketing direto: instrumento que busca o estabelecimento ou ampliação de

relações de consumo a partir de mala direta, catálogos, telemarketing e

propagandas de relacionamento, isso é, vantagens obtidas por meio da

fidelização do consumidor a uma marca. Ele tem o objetivo de promover um

atendimento customizado e, para isso, busca obter o máximo possível de

informações sobre o cotidiano dos clientes;

f) merchandising: instrumento que visam destacar os produtos nos pontos de

venda através da criação de um ambiente favorável à escolha e à decisão de

compra. Dentro dessa estratégia é comum o uso de displays coloridos,

distribuição de folhetos, cartazes etc. A forma de merchandising mais

conhecida no Brasil é aquela em que há a citação ou apresentação de produtos

e serviços em programas mediáticos, como novelas. Esse caso é denominado

“merchandising editorial”.

g) venda pessoal: é a atividade que atua como um verdadeiro elo entre as

empresas e os clientes, já que o vendedor é o principal representante da

companhia para os clientes. Essa função também tem outro papel

fundamental: trazer para a empresa informações sobre clientes, concorrentes e

mercado.

O objeto de estudo deste trabalho é a comunicação institucional realizada nas

Instituições de Ensino Superior. É claro que a educação não é um produto que se vende em

prateleira. Mas, indiscutivelmente, o aumento da concorrência entre essas organizações,

especialmente entre as instituições particulares, e a necessidade de busca por legitimidade,

geram a necessidade constante de investir em algumas das ferramentas da comunicação

mercadológica.

2.3.2 Comunicação administrativa

A comunicação administrativa abrange todos os conteúdos relativos ao cotidiano

da administração. Ela tem a finalidade de orientar, atualizar, ordenar e reordenar o fluxo das

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atividades funcionais, atendendo às áreas centrais de planejamento e às estruturas técnico-

normativas. Por se desenvolver dentro das funções administrativas, essa área da comunicação

viabiliza todo o sistema organizacional através de fluxos e redes formais e informais.

Por ser tão ligada ao dia a dia das organizações, a comunicação administrativa

acontece de forma natural através da ação de profissionais de diferentes setores e posições

hierárquicas. De simples avisos e memorandos a políticas de gestão, a comunicação

administrativa mostra-se sempre presente.

De acordo com Torquato (2013), falhas e distorções são comuns. Ele acredita que

isso ocorra devido ao desconhecimento do sistema, à profusão dos centros emissores de

comunicação e à carência de profissionais no mercado com formação adequada para tratar e

administrar os elos da cadeia. O autor defende que, para melhorar a qualidade da

comunicação administrativa, é necessário, entre outros pontos, haver uma definição clara de

responsabilidades, o que impediria informações duplicadas por fontes diversas ou falta de

informação.

Para Lupetti (2007), o fato de ter origem em diferentes setores das organizações é

que faz com que o processo de alinhamento desse tipo de comunicação seja tão árduo. Por

isso a autora defende a existência de um gestor da comunicação administrativa com amplo

conhecimento sobre o sistema organizacional e o sistema de comunicação para orientar e

administrar os diferentes setores, gerando unificação, clareza e objetividade na construção das

mensagens.

Apesar de a comunicação administrativa estar diretamente relacionada ao

funcionamento da organização, ela não deve ser confundida com outra grande área da

comunicação integrada, a comunicação interna, próximo assunto a ser apresentado.

2.3.3 Comunicação interna

Na maioria das organizações, os investimentos na área da comunicação são

prioritariamente voltados para a comunicação externa. Muitas vezes, os empregados são os

últimos a saberem sobre assuntos diretamente relacionados ao seu trabalho. Em oposição a

essa situação, o desenvolvimento da comunicação interna trabalha com a premissa básica de

que são necessários o reconhecimento e a valorização da equipe.

Nesse sentido, é fundamental a existência de ambientes de trabalho que estimulem

e respeitem os funcionários. A comunicação interna ajuda a envolver o empregado com as

questões relacionadas ao seu emprego e a valorização do público interno é vantajosa, já que

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também tem um efeito multiplicador. No mundo externo, o funcionário atua como um porta-

voz positivo ou negativo da organização.

Welch e Jackson (2007) apresentam uma visão mais pragmática da comunicação

interna. Eles defendem que os gestores precisam compreender que a comunicação interna, ao

promover a comunicação entre a direção e os funcionários, tem papel fundamental na criação

do sentimento de pertencimento, no estímulo a um maior comprometimento, além de fazer

com que o público interno se concentre nos objetivos organizacionais.

Nessa mesma linha, Torquato (2013) afirma que a comunicação interna tem como

missão básica contribuir para o desenvolvimento e a manutenção de um clima positivo,

propício ao cumprimento das metas estratégicas da organização, ao crescimento continuado

de suas atividades e serviços e à expansão de suas linhas de produtos.

Mesmo com esse olhar, o autor enfatiza que é um erro pensar que as publicações

internas servem apenas ao fluxo descendente (direção para subordinados). Para ele, as

publicações internas são peças centrais de um programa de comunicação escrita e devem

servir a todos os fluxos: descendente, ascendente (subordinado para direção) e horizontal

(mesmo nível hierárquico). Sendo assim, ele considera que a comunicação interna é um

instrumento para o estímulo funcional, já que é um porta-voz de benefícios, promoções,

serviços sociais, além de possibilitar o estreitamento das relações humanas.

A valorização do público interno parte da compreensão de que ele é amplo e

vasto. Bueno (2009) considera não ser razoável acreditar na possibilidade de reunir todos os

públicos de uma organização em um mesmo grupo. Para clarear o seu argumento, o autor dá o

exemplo das universidades, onde é possível distinguir pelo menos três públicos com perfis

específicos e características bastante definidas: os alunos, os professores e os funcionários.

Bueno (2009, p. 85) explica:

Há, entre eles, algumas diferenças básicas de idade (os alunos, em geral, são mais

jovens dos que os funcionários e professores), experiência de vida (maior nos mais

velhos), nível de informação (provavelmente maior nos professores) e até formas

peculiares de enxergar a educação, o ensino e o mercado profissional.

Ainda dentro do exemplo citado, o autor vai além ao reconhecer a existência de

diferenças no interior de cada grupo como interesses diversos entre alunos de Ciências

Humanas e os de Ciências Exatas. Ou entre professores mais jovens e professores com muito

tempo de casa.

Com o reconhecimento da diversidade de público, é possível elaborar uma política

ou um plano de comunicação mais efetivo, buscando personalizar os contatos, os veículos, os

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discursos e as falas. “Assim, em uma universidade (para continuarmos com o mesmo

exemplo) não será razoável imaginar que um único jornal interno possa, satisfatoriamente,

contemplar todas essas demandas.” (BUENO, 2009, p. 86).

Marchiori (2006) também acredita que não há a possibilidade de o veículo de

comunicação ser global, servindo a todos os públicos e interesses. Por isso, ela defende a

necessidade de segmentar a comunicação. A autora acredita que nesse processo é de

fundamental importância a análise do público, por meio de pesquisas, auditorias,

levantamento da cultura organizacional, alto conhecimento do negócio, avaliação de pontos

fortes e fracos, ameaças e oportunidades. Marchiori (2006, p. 210) explica:

Esses são aspectos fundamentais na elaboração de um planejamento estratégico de

comunicação interna, o qual se torna efetivo graças a uma administração estratégica,

ou seja, a empresa necessita valorizar esse processo e perceber os resultados que traz

para si quando tem a prática da comunicação profissionalizada.

Algumas das principais ferramentas que podem ser desenvolvidas pela

comunicação interna são o jornal mural; os informativos, em formato de jornal impresso ou

digital; os boletins; as revistas customizadas; os canais de rádio e TV corporativos; e portais

de intranet. Além das mídias, Martinuzzo (2013) cita ainda os eventos, as festas e tradicionais

reuniões e encontros como ferramentas da comunicação interna.

No rol das ferramentas da comunicação interna, outra muito importante é o canal

de sugestões e reclamações. Ele pode ter diferentes composições, desde uma simples caixa de

acrílico ou e-mail a uma equipe estruturada de call center e ouvidoria, mas o seu objetivo é

conhecer a opinião dos funcionários sobre o dia a dia da organização. Trata-se de uma

comunicação bastante relevante, já que os empregados são os mais aptos a avaliar e opinar

sobre os processos organizacionais (MARTINUZZO, 2013).

É necessário ressaltar que dificuldades no desenvolvimento da comunicação

interna podem gerar consequências ruins para a organização. Roman (2009) chama de

discursos “mal-ditos” aqueles produzidos à sombra dos espaços institucionais e divulgados à

margem dos canais convencionais de comunicação. Eles existem exatamente em oposição aos

discursos “bem-ditos”, que são mensagens orais ou escritas institucionais e oficiais.

Na linguagem organizacional, os discursos “mal-ditos” são geralmente espalhados

no que popularmente é conhecido como “rádio-corredor”, “rádio-peão” ou “rádio-cafezinho”.

Eles se propagam com muita velocidade e apresentam linguagem livre e leve, tornando-se,

por isso, muito atrativos. Além desses espaços reais, eles se caracterizam também por se

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propagar com muita rapidez e intensidade também nas redes informatizadas de comunicação.

O e-mail tem sido muito utilizado para esses fins. Roman (2005, p. 80) explica:

O e-mail é descentralizador e pluralístico. Graças à forma e à velocidade com que as

mensagens são transmitidas, ele facilita o enredamento comunicativo e permite que

se contornem as hierarquias, mostrando a obsolescência de instâncias repassadoras

de informação.

Roman (2009) defende que, quando as informações recebem o tratamento devido,

os boatos são rapidamente esvaziados e tornam-se inofensivos. A falta de informações

institucionais e oficiais é um dos principais desencadeadores de produção de boatos, já que as

pessoas não suportam o “vácuo informativo”. Se a organização não oferece informação de

qualidade, os funcionários produzem informações emocionais sem compromisso com a

verdade. Portanto, para o autor, a proliferação de “mal-ditos” está mais relacionada à

insuficiência ou impertinência de “bem-ditos” do que à intenção dos trabalhadores de gerarem

informações prejudiciais. Contudo, Roman (2009, p. 143) enfatiza:

É importante destacar que a produção suficiente de bem-ditos não reduzirá

necessariamente a quantidade de mal-ditos, mas terá reflexo direto na qualidade

desses mal-ditos e em sua repercussão entre os trabalhadores. Quando os bem-ditos

atendem a demanda dos funcionários por informações, os inevitáveis mal-ditos

apenas vão repercutir essas informações de maneira bem-humorada, sacana e

invariavelmente distorcida.

Com esse mesmo raciocínio, Bueno (2011) acredita que a “rádio-peão” ou os

boatos são sínteses das fraquezas e falhas do processo de gestão da comunicação nas

organizações. Diante desses problemas, a “rádio-peão” seria uma alternativa para funcionários

que querem de alguma forma estar interados sobre os acontecimentos dentro da empresa onde

trabalham. O autor defende que a comunicação interna bem realizada é um antídoto eficaz

para os boatos e, por extensão, para os prejuízos que a “rádio-peão” pode causar às

organizações.

2.3.4 Comunicação institucional

De acordo com Kunsch (2003), no composto da comunicação integrada, a

comunicação institucional é a responsável direta pela construção e formatação de uma

imagem e identidade organizacionais fortes e positivas. Segundo a autora, essa área está

intrinsecamente ligada aos aspectos institucionais que explicitam o lado público das

organizações, constrói uma personalidade organizacional e tem como proposta básica a

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influência político-social na sociedade onde está inserida. Sua importância é estratégica para a

organização, uma vez que exerce uma função política, na acepção mais ampla do termo. É ela

quem se responsabilizará por angariar simpatia e credibilidade para a organização (SOUSA,

2006).

A comunicação institucional, por meio das relações públicas, enfatiza os aspectos

relacionados com a missão, a visão, os valores e a filosofia da organização e contribui para o

desenvolvimento do subsistema institucional, compreendido pela junção desses atributos.

Esse posicionamento supera o que prevalecia anteriormente e que considerava a organização

como uma simples divulgadora de marcas. Sendo assim, ultrapassando a questão puramente

comercial, o significado da instituição passa a prevalecer.

Weil (1992) explica que a comunicação institucional nasceu em oposição à

comunicação mercadológica. Ela surgiu como resultado de uma mudança de consciência das

empresas sobre elas mesmas ao abandonarem o status de simples produtoras de mercadoria. A

partir dessa mudança, o objetivo da comunicação institucional é apresentar a empresa e

estimular a adesão ao seu projeto e ao que a inspira. Portanto, a identidade da empresa não

está apenas no que ela produz, mas no projeto que ela desenvolve e na forma como ela quer

ser lembrada pelas pessoas. Weil (1992, p. 111, tradução nossa) explica:

Para provocar a compra, é preciso haver conquistado um lugar privilegiado no

espírito do indivíduo que será o cliente: para conquistar parte do mercado, é

necessário conquistar antes a imagem; para interessar futuros colaboradores é

necessário lançar o nome da empresa a altura de uma marca que dará orgulho, para

atrair pessoas com títulos, é necessário criar uma confiança geral no

desenvolvimento da empresa; finalmente, para envolver os trabalhadores, é melhor

ter traçado um projeto com o qual ele possa colaborar. 3

É importante destacar que, para alguns autores, a comunicação institucional se

divide em comunicação interna e externa, isso é, a comunicação interna não está separada da

comunicação institucional, mas, na verdade, faz parte dela. Para Valsani (2006), a

comunicação institucional necessariamente envolve a instituição na totalidade, ou seja,

pretende estabelecer uma clara compreensão do significado da instituição, seu papel, sua

razão de ser, tanto interna quanto externamente.

3 Para provocar la compra, es preciso haber ganado um lugar privilegiado en el espíritu del individuo que será

el cliente: para ganar parte del mercado, hace falta haber ganado antes parte de la imagen; para interessar a

futuros colaboradores, hay que izar el nombre de la empresa a la altura de uma marca de la que estarán

orgullosos, para interesar a los portadores de títulos, hay que crear uma confianza general em el desarollo em

la empresa; finalmente para implicar al asalariado, es mejor haber trazado un proyecto en el que pueda

colaborar (WEIL, 1992, p. 111).

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É essa também a opinião de Martinuzzo (2013). Em sua classificação, o autor

utiliza as expresões “comunicação institucional externa” para as ações voltadas ao público

externo e “comunicação institucional interna” para as iniciativas destinadas aos funcionários,

sócios, ocupantes de cargo de comando e trabalhadores terceirizados. De forma similar, para

Abracom (2008), a comunicação institucional interna é baseada na produção de materiais e

campanhas que visam apresentar e posicionar a organização e seus conceitos de missão, visão,

valores, políticas e processos.

Cheney e Christensen (2001 apud WELCH; JACKSON, 2007) refletem a visão de

que não existem separações tão distintas entre comunicação interna e externa, havendo, na

verdade, limites organizacionais difusos. Eles argumentam que a comunicação interna se

torna externa tão logo o e-mail é encaminhado para a mídia ou o boletim é levado para casa.

Da mesma forma, o desempenho do diretor da organização na TV local pode ser visto pelos

stakeholders internos e externos. Além disso, os indivíduos podem ter mais de um papel,

sendo empregado, acionista e/ou cliente.

A partir de agora, serão apresentadas algumas das subáreas que compõem a

comunicação institucional: relações públicas, jornalismo empresarial, assessoria de imprensa,

publicidade/propaganda institucional, imagem e identidade corporativa, marketing social e

marketing cultural.

2.3.4.1 Relações públicas

O trabalho de Relações Públicas enfatiza o lado institucional e corporativo das

organizações. As atividades desenvolvidas nesse campo têm a função de identificar os

públicos de interesse e estabelecer estratégias comunicacionais de relacionamento de acordo

com as demandas sociais e o ambiente organizacional. Kunsch (2003, p. 102) esclarece:

Na prática, as relações públicas buscam criar e assegurar relações confiantes ou

formas de credibilidade entre as organizações e os públicos com os quais elas se

relacionam. Evidentemente, isso exige tempo, pesquisas, auditorias, diagnósticos

(para avaliar o grau de relacionamento da organização com os seus públicos,

planejamento, participação programada, implementação e avaliação de resultados).

As relações públicas também têm a missão de gerenciar o processo comunicativo

dentro das organizações. Sendo assim, elas exercem uma função estratégica, ajudando as

organizações a se posicionarem perante a sociedade, demonstrando qual é a sua missão, quais

são seus valores, no que acreditam e o que cultivam.

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As relações públicas se valem da comunicação dirigida para conseguir estabelecer

relações com seus diferentes públicos. Essa comunicação pode acontecer das seguintes

formas:

a) comunicação dirigida escrita: adotando uma linguagem específica para cada

público, esse tipo de comunicação está presente na correspondência (carta,

ofício, memorando, telegrama, e-mail, cartão-postal etc), na mala direta

(folheto, circular etc.) e nas publicações (jornais e revistas internos, e externos,

relatórios, manuais, folhetos institucionais, folders etc.);

b) comunicação dirigida oral: acontece por meio de discursos, uso de alto-

falantes, telefones, conversas face a face, reuniões, colóquios, conferências,

mesas-redondas etc;

c) comunicação dirigida auxiliar: caracteriza-se pelo uso de recursos audiovisuais,

como vídeos, filmes e videojornal, e meios digitais, como internet e intranet.

Essa modalidade, como o próprio nome indica, tem como objetivo auxiliar a

comunicação da organização com os seus mais diferentes públicos;

d) comunicação dirigida aproximativa: caracteriza-se por trazer o público para

junto da organização, possibilitando um contato direto e pessoal. Ela pode

acontecer por meio de visitas às instalações e da realização de diferentes tipos

de eventos. Pode acontecer ainda através da simples cessão de um espaço

físico, como um auditório, para realização de eventos de outra organização.

Todas essas formas de comunicação devem ser planejadas e estruturadas, tanto no

que diz respeito à mensagem a ser divulgada como em relação ao veículo escolhido, como

defende Ferreira (1997). Para o autor, ao fazer isso, a comunicação dirigida proporcionará

mais rapidez do feedback, o que permitirá uma análise mais imediata dos efeitos produzidos.

Para Torquato (2013), nos últimos anos, a área de relações-públicas passou por

uma significativa mudança. Se antes ela era caracterizada por dar uma cobertura sempre

positiva aos fatos organizacionais, atualmente ela trabalha de forma mais estratégica, realista

e objetiva, ajustando o objeto da comunicação aos interesses dos diversos públicos. Torquato

(2013, p. 79) explica:

Uma das principais ferramentas do profissional de relações-públicas é a pesquisa de

mercado, necessária para mapear o perfil dos públicos-alvo. A partir da pesquisa,

definem-se as estratégias e as ações básicas de comunicação. Portanto, já se foram

os tempos em que o profissional era enquadrado na categoria de “organizador de

festinhas”. Suas atividades estão voltadas para a formulação e a implantação de

políticas internas e externas. E têm uma atuação importante na assessoria ao corpo

dirigente da organização. O profissional de relações-públicas atua em conjunto com

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equipe de editoração e jornalistas, na medida em que veículos de comunicação são

importantes ferramentas de apoio, ao mesmo tempo em que eventos de relações-

públicas podem servir de fonte primária para a atividade jornalística.

Em relação às IES, Simas e Costa (2008) afirmam que o papel das relações-

públicas nessas instituições ainda não foi claramente identificado. O mercado educacional

ainda apresenta resistência e pouca compreensão sobre o significado dessa área profissional,

confundindo com atividades realizadas por outros setores. Seria necessário, portanto, que as

IES concebessem as relações-públicas como processo integrado à política da gestão e que

definissem princípios e procedimentos coordenados para a realização das atividades de

comunicação.

Segundo os autores, as relações-públicas podem contribuir de forma fundamental

com as IES por terem como um de seus princípios a exposição clara e honesta dos fatos e a

criação de contatos com pessoas e entidades capazes de influir nas decisões e de transmitir

ideias a grupos importantes da sociedade. Esse princípio faz com que a atividade se torne um

instrumento a mais na luta pelos interesses defendidos pelos integrantes do Sistema de Ensino

Superior.

2.3.4.2 Assessoria de imprensa

A área de assessoria de imprensa é considerada uma das principais frentes de

atuação no mercado da comunicação organizacional no Brasil. Ela é uma ferramenta essencial

na mediação das organizações com o grande público, a opinião pública e a sociedade. Por

conta dessa importância, muitas vezes, os departamentos de comunicação, embora ofereçam

serviços como relações-públicas, comunicação interna, publicidade e propaganda, editoração

e marketing, são chamados exclusivamente de “assessoria de imprensa”.

Portanto, a assessoria de imprensa, mesmo sendo apenas um dos serviços que

podem ser oferecidos dentro das ações de comunicação organizacional integrada, é o mais

conhecido pela sociedade em geral. É lá onde ocorre o relacionamento com os jornalistas e,

consequentemente, com os meios de comunicação. Martinusso (2013, p. 75) esclarece:

Conseguir espaço editorial nos meios jornalísticos é uma das principais metas da

comunicação organizacional, pois, com a chancela do jornalismo, as chamadas

“mídias espontâneas”, garantem confiabilidade às mensagens de divulgação das

organizações. De outra sorte, a assessoria também trabalha para garantir que as

organizações sejam ouvidas e se posicionem em casos de crises e polêmicas que as

envolvam nas abordagens jornalísticas.

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Sempre que uma notícia é publicada ou veiculada, ela abrange uma ampla e

diversificada quantidade de pessoas, que integram públicos visados pelos assessores de

imprensa (jornalistas) ou relações públicas. Cabe à assessoria de imprensa fazer o difícil, ou

seja, conseguir que a imprensa se manifeste de maneira espontânea, no espaço destinado ao

conteúdo editorial, e não à publicidade, sobre assuntos de interesse dos públicos relacionados

aos assessorados (MAFEI, 2007).

As assessorias de imprensa abrigam uma série de atividades no seu cotidiano de

trabalho. Embora a divulgação jornalística permaneça sendo a forma de atuação mais habitual

do assessor de imprensa, é possível identificar outras contribuições do setor. Duarte (2010, p.

237) cita:

O que propomos é que o assessor de imprensa utilize seu conhecimento técnico e

agir ético para agregar valor, criar e administrar produtos informativos de uma

organização, afinal, a notícia institucional é de interesse não apenas para jornalistas

na redação, mas também para acionistas, empregados e familiares, aposentados,

dirigentes e outros segmentos do público. Por sua ação de mediador, o assessor pode

não apenas aumentar a presença das fontes na imprensa, mas também democratizar o

acesso da sociedade à informação, iluminar o contexto em que a organização está

inserida para os dirigentes e estimular o envolvimento dos empregados com a

questão que lhes afetam.

Algumas das mais importantes atividades que, segundo Duarte (2010), podem ser

realizadas por uma assessoria de imprensa, a depender da estrutura disponível são:

acompanhamento de entrevistas, apoio a eventos, produção de artigos de opinião, atendimento

à imprensa, entrevistas coletivas, envio de releases, treinamento para fontes (media

trainning), fotos, levantamento de pautas, clipping e análise do noticiário.

No âmbito universitário, além de divulgar a universidade, a assessoria de

imprensa tem mais uma particularidade, que é a de contribuir para a divulgação da ciência

para os meios de comunicação. Isso porque a produção científica brasileira, diferentemente do

que ocorre em outros países onde o desenvolvimento da pesquisa cabe a institutos de pesquisa

e a departamentos de desenvolvimento de grandes empresas, tem sua origem nas instituições

universitárias e nelas está até hoje altamente concentrada (MACEDO, 2005).

Dessa forma, pode-se considerar a divulgação científica como um dos principais

papéis da comunicação institucional nas IES. Torres, Ziviani e Silva (2012, p. 198)

esclarecem:

A universidade é, por excelência, um espaço de produção de conhecimento

científico sobre os mais variados temas. A importância dessa produção científica não

se restringe ao âmbito acadêmico, pois o conhecimento científico é cada vez mais

necessário à sociedade. Para o cidadão comum, constitui um recurso ao qual se

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recorre para auxílio e para orientação nas decisões cotidianas. É, portanto, um

instrumento para a compreensão da natureza e da vida social. Sendo assim, a

divulgação científica é de extrema relevância para a sociedade.

Para Duarte (2004), o comunicador que atua na área científica deve ser um agente

de mudanças, aproveitando o fato de estar próximo do dirigente e do cientista não apensas

para facilitar a democratização da informação, mas também para mediar relacionamentos,

abrir janelas para o mundo exterior, criar situações de interação do cidadão com a ciência.

2.3.4.3 Jornalismo empresarial

Apesar do nome restritivo, o jornalismo empresarial está presente em todos os

tipos de organização e é resultado do desejo de desenvolver diferentes mecanismos para a

difusão da informação. De acordo com Lemos e Del Gáudio (2010), a definição dos formatos

deve ser feita de acordo com os objetivos buscados, o público, os recursos disponíveis, a

cultura organizacional e a evolução dos processos de comunicação na instituição.

A obediência a todos esses detalhes se torna importante porque nem sempre um

veículo tecnologicamente avançado se ajusta ao público que se deseja alcançar. Além disso,

como já foi citado anteriormente neste capítulo, um único veículo nunca vai atingir todas as

pessoas porque cada público tem suas especificidades. Lemos e Del Gáudio (2010, p. 284)

elucidam:

Uma boa estratégia de comunicação combina ferramentas diversas para atingir

públicos diferentes. Além disso, está atenta às mudanças nas necessidades dos

públicos. Se um jornal mensal pode ser suficiente para atender às demandas de

informação dos empregados na fase inicial da implantação de uma política de

comunicação, a própria evolução do processo tende a tornar o público interno mais

exigente: novas etapas do trabalho podem exigir a publicação de um informativo

semanal, de murais específicos para as áreas e a implantação da intranet, com

atualização permanente.

Segundo Torquato (1987), essa especialização do jornalismo tem as mesmas

características do jornalismo convencional: periodicidade, atualidade, difusão e

universalidade. Outro ponto importante ressaltado por Lemos e Del Gáudio (2010) diz

respeito à qualidade da informação, isso é, a necessidade de os produtos seguirem as regras do

jornalismo. Dessa forma, as matérias devem ser bem estruturadas e objetivas para obterem

credibilidade.

Em relação aos temas, Costa e John (2011) ressaltam que, de modo geral, o

universo de matérias que compõem um periódico jornalístico organizacional deve tratar de

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assuntos selecionados por atraírem o leitor, mas que também sejam do interesse da

organização. O enfoque da temática dos produtos do jornalismo empresarial gera críticas, pois

dificilmente toca nos pontos passíveis de incômodo para quem tem nas mãos a direção de seus

veículos.

Para Nassar (2009), os temas de interesse das empresas podem gerar controvérsia,

pontos de vista diversos, porque tratam de mudanças de metodologias de produção, de

comportamento e cultura, os quais, normalmente, impactam o bolso das pessoas, o ambiente e

a sociedade. A comunicação empresarial trata esses temas como se existisse uma única fonte

de informações no mundo: a própria empresa. Ao agir dessa forma, despreza os aspectos

econômicos, sociais, psicológicos e históricos de milhões de pessoas ao tratá-los de maneira

insossa, a evitar a polêmica e o confronto de opiniões.

Entre os principais veículos empresariais usados, estão: informativo/boletim,

informativo digital, jornal, revista, newsletter, mural, mídia indoor, intranet, internet,

programas de TV, programas de rádio, entre outros.

Alguns desses veículos, como a revista, permite a elaboração de matérias mais

aprofundadas e interpretativas, o que se adéqua perfeitamente à ideia da divulgação científica

também no jornalismo empresarial. Já os informativos e jornais têm como característica

apresentar as tradicionais “notícias quentes”, isto é, informações curtas e mais atuais, mesmo

a periodicidade sendo mais espaçada do que os meios jornalísticos tradicionais.

Moraes e Porto (2009) ressaltam que, entre todas as tecnologias comunicacionais,

é a internet que tem provocado transformações mais significativas no processo de produção da

informação, especialmente no que diz respeito à interatividade e à democratização. E isso

também repercute no jornalismo empresarial. A maioria dos veículos impressos, programas de

rádio e TV pode conservar números ou programas anteriores em banco de dados alojados em

máquinas de crescente capacidade de armazenamento, o que amplia o potencial público e

permite o resgate daquelas informações de forma mais fácil.

Seja utilizando o conceito seguindo por Kunsch (2003), em que a comunicação

interna é considerada isoladamente, seja utilizando o conceito de Martinuzzo (2013), com a

comunicação institucional dividida em interna e externa, uma observação importante a ser

feita diz respeito ao cuidado que a gestão da comunicação deve ter com os excessos de

informação.

Roman (2009) lembra que a tecnologia da informação ampliou muito a

capacidade de as organizações gerarem e divulgarem informações. Mas, assim como o

público interno reclama da falta de informação, ele também não gosta do excesso. Muitas

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vezes a profusão de notícias atende a uma ansiedade dos gestores em fazer com que as coisas

aconteçam, mas acaba resultando em vulgarização da informação ou, até mesmo, na

deslegitimação de um canal ou veículo. Portanto, é fundamental a disponibilização de

sistemas que autorizem a seleção de informação útil e a rejeição das demais, “[...] sob pena de

se inundar a organização com informação não qualificada, dificultando ou até impedindo o

acesso à informação necessária para o processo produtivo.” (ROMAN, 2009, p. 151).

Marchiori (2010) apresenta um estudo realizado pela International Association of

Business Communicators (IABC), em 2005, sobre as melhores práticas de comunicação com

os funcionários. Um dos pontos expostos na conclusão do trabalho foi a importância de

gerenciar o excesso de informação. De acordo com o estudo, as pessoas têm sido

bombardeadas com inúmeras informações, tanto nos ambientes organizacionais como em

nível externo. Mensagens repetitivas e até mesmo conflitantes fazem com que o público não

tenha tempo nem interesse para processar tantas notícias.

Dentro desse contexto, a autora defende que o comunicador deva ser visto como

um facilitador, priorizando e organizando informações para que os funcionários possam reter

o que é importante. O profissional deve também avaliar a necessidade dos veículos existentes

para que não haja sobreposição de trabalho de divulgação.

2.3.4.4 Propaganda institucional

A propaganda institucional é uma área em que as atividades de relações públicas e

de propaganda interagem. De acordo com Pinho (2002), ela tem como propósito preencher

necessidades legítimas, como proteger os negócios da organização quando ela recebe ataque

político, facilitar o recrutamento de pessoal e dar assistência, em áreas especiais, aos esforços

de venda da empresa. Além disso, a propaganda institucional visa divulgar as realizações das

organizações e transmitir sua personalidade. Gracioso (1995, p. 23-24 apud KUNSCH, 2003,

p. 175) define:

A propaganda institucional consiste na divulgação de mensagens pagas e assinadas

pelo patrocinador, em veículos de comunicação de massa, com o objetivo de criar,

mudar ou reforçar imagens e atitudes mentais, tornando-as favoráveis à empresa

patrocinadora.

Focando especificamente no mundo empresarial, Pinho (2002) explica que, na

propaganda com função institucional, de maneira geral, os anúncios contam a história da

empresa e apresentam dados sobre as fábricas e as filiais, o pessoal e as relações trabalhistas,

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as políticas de administração e os métodos de distribuição. Informam, ainda, sobre os

produtos fabricados, a estrutura do capital da empresa, os investimentos em pesquisa e

desenvolvimento de novos produtos, a responsabilidade social da empresa para com o bem-

estar da comunidade, os volumes de vendas, a posição da concorrência e os serviços prestados

aos consumidores.

Em relação ao mercado educacional, com a mudança que desencadeou a

ampliação no número de IES privadas, houve aumento significativo no número de vagas.

Contudo, a maior parte delas ficou ociosa. Por necessidade de sobrevivência, essas

instituições tiveram que estruturar e profissionalizar seus departamentos de comunicação.

Para Sabbadini (2012), essa mudança representou uma quebra de paradigma porque as IES

tradicionais enxergavam o investimento em propaganda com receio e resistência. Segundo a

autora, as propagandas das IES devem estar alinhadas às perspectivas e aos anseios do

público-alvo. O conceito, a imagem e a linguagem da campanha devem ser atrativos e

provocar estímulo. Para tanto, devem proporcionar associações ao estilo de vida atual e ao

almejado pelo público para o futuro, já que a educação é um investimento de longo prazo.

2.3.4.5 Imagem e identidade corporativa

Uma empresa ou instituição pode ter várias imagens. Isso porque a relação que ela

estabelece com os diferentes stakeholders é diferente. A imagem construída pelos

funcionários vai ser diferente da imagem construída pelos clientes, já que quem trabalha

dentro de uma organização sempre consegue ter mais informações do que o público externo,

mesmo que seja através da “rádio-peão”. Empresas podem ter excelente imagem com seus

clientes, mas péssima imagem com seus funcionários por não tratá-los bem.

Em uma instituição pública, também é possível observar a existência de várias

imagens. No caso das instituições de ensino superior, utilizando um exemplo já citado em

outro momento deste capítulo, é possível reconhecer imagens diferenciadas entre os três

públicos que a constituem – no caso, professores, servidores técnicos e estudantes. Isso

porque a relação que cada um tem com a instituição é diferenciada. Além do público direto, é

possível dizer que as instituições de ensino superior também possuem imagens construídas

pelos estudantes secundaristas que ainda irão escolher onde fazer o curso superior, pelos

jornalistas que utilizam a comunidade acadêmica como fonte, pelas pessoas que moram no

entorno dos campi, pelo público que participa dos projetos de extensão etc.

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Portanto, de acordo com Bueno (2009), a imagem corporativa é a representação

mental de uma organização construída por um indivíduo ou grupo por meio de percepções e

experiências concretas, informações e influências recebidas de terceiros ou da mídia.

Já a identidade corporativa flui da organização para a sociedade e para o mercado

através dos valores que defende, da sua cultura, do que oferece ao público, do perfil técnico,

da forma de comunicação que estabelece etc. De acordo com Sousa (2006), se a identidade

corporativa não é firmada sobre bases reais, será volátil e facilmente se desmanchará na

imaginação do público, o que afetará a imagem que a instituição deseja construir. A

identidade corporativa é, portanto, a “personalidade” da instituição. E é do reflexo dessa

“personalidade” que surgem suas diferentes imagens. Já a identidade visual é constituída

pelos elementos gráficos e estéticos que a identificam, como logotipo, embalagens, estrutura

do prédio, cores etc.

Para Freitas, Vieira e Dalto (2014), a elaboração e a veiculação de determinada

mensagem por parte de uma organização possibilitam a sua interpretação pelo indivíduo,

segundo seus valores e princípios, concorrendo, assim, para a construção da imagem

corporativa. A imagem terá um conteúdo simbólico que não será necessariamente equivalente

à realidade. Cada indivíduo agregará ao conteúdo simbólico elementos representativos de seus

próprios valores, os quais exercem influência na formação da imagem.

Christensen e Cornelissen (2011) explicam que as organizações estão preocupadas

com a coerência de suas mensagens para que elas não sejam mal interpretadas, gerando

confusão e desconfiança na organização. Nos dias atuais, a má conduta corporativa é

fortemente associada à incoerência e à falta de sinceridade e pode atingir de forma irreversível

os stakeholders. Christensen e Cornelissen (2011, p. 397, tradução nossa) ressaltam que “[...]

a ênfase na credibilidade das empresas e no desejo crescente de informação e conhecimento

dos stakeholders parece indicar que um público cada vez mais crítico e bem organizado está,

de fato, exigindo tais políticas de coerência.”4

No segmento educacional, a imagem institucional também é extremamente

importante. As IES que possuem imagem positiva, aliando a percepção de qualidade, de

inovação e tradição têm vantagem perante as concorrentes. Explicitar o posicionamento da

IES, seja ele referente à qualidade dos cursos, do corpo docente, da estrutura física e

tecnológica, seja pelo oferecimento de cursos diferenciados no mercado, é extremamente

4 […] the emphasis on corporate credibility and the growing desire for information and stakeholder insight seem

to indicate that an increasingly critical and well-organized public is in fact demanding such policies of

consistency (CHRISTENSEN; CORNELISSEN, 2011, p. 397).

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importante. É a partir da clareza do posicionamento que os públicos começam a identificar os

diferenciais da instituição e formar a imagem que terão dela. Contudo, Sabbadini (2012, p.

53) também ressalta:

De nada adianta apresentar em uma propaganda uma estrutura fenomenal, o melhor

corpo docente, a qualidade do ensino, entre outros aspectos, se na realidade a IES

não tiver comprovadamente todos esses atributos e se realmente a qualidade não for

suficiente para ser percebida pelo público, pois, ao invés de uma imagem favorável,

ela poderá ficar muito prejudicada, pois as pessoas se sentirão enganadas.

2.3.4.6 Marketing social e cultural

De acordo com Torquato (2013), a sociedade contemporânea desenvolveu

mecanismos muito fortes de defesa. Isso significa que os grupos sociais deixaram de ser

apenas consumidores de bens e serviços e se transformaram em núcleos ativos e participativos

dos processos decisórios na política e na administração. E os resultados dessas mudanças se

fazem presentes na expansão dos valores de crítica, de denúncia, de cobrança de

transparência, e, consequentemente, de um maior sentido de cidadania. Foi dentro desse novo

cenário que as organizações passaram a ter foco nas demandas mais expressivas da sociedade.

Torquato (2013, p. 81) defende:

E essa estratégia tem funcionado bem. Por seu intermédio, estabelece-se uma

sintonia fina com as comunidades. As empresas deslocam parcela de seus programas

e recursos para atender às necessidades cotidianas de grupos próximos às fábricas e

matrizes da organização. Nascem, assim, os programas de marketing social. Neles,

desenvolvem-se campanhas de alta envergadura nas áreas de saúde, saneamento,

preservação do meio ambiente, educação, esportes e lazer. Para essas duas últimas

áreas, os recursos são destinados a patrocinar eventos artísticos e carreiras de atletas

amadores e profissionais. Trata-se de investimento com alto poder de retorno, já que

tais eventos e perfis recebem costumeiramente forte cobertura da mídia.

O marketing social se vale dos conceitos do marketing propriamente dito para

trabalhar com o produto social. Ele se volta para a ideia, o produto social, tendo como alvo a

sociedade e o interesse público. Para Bolan e Motta (2007), o marketing social é utilizado na

gestão de projetos e programas sociais, que levam o conhecimento e as técnicas

mercadológicas para ações de promoção de bem-estar social, usualmente temporárias e focais.

Apesar do caráter assistencialista que assume com frequência, constitui ferramenta valiosa

para implementação de estratégias de mudanças comportamentais, principalmente quando

orientadas por preceitos éticos, fundamentados nos direitos humanos e na equidade social.

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Já o marketing cultural, especificamente, está relacionado com a produção e o

patrocínio da cultura. Para Vaz (1995), o marketing cultural é o conjunto de ações de

marketing utilizadas no desenvolvimento de um projeto cultural aplicadas tanto em relação

aos objetivos e critérios que orientam a concessão de fundos quanto aos procedimentos para

arrecadação de recursos. Nesse sentido, o marketing cultural não se restringe apenas à ação do

patrocinador da atividade artística e intelectual. A expressão é utilizada também para se referir

a iniciativas desenvolvidas pelos produtores culturais, com o objetivo de obter recursos e

patrocínios para os seus projetos.

No contexto das IES, a existência da extensão universitária sempre foi defendida

por setores que desejam que a universidade permaneça mais próxima aos setores socialmente

excluídos. Mas a expansão do ensino superior privado no Brasil e o aumento da

competitividade entre essas instituições trouxeram a novidade da utilização da divulgação dos

projetos de extensão como iniciativas de marketing (PUC MINAS, 2006).

Calderón (2005) destaca que pautar as estratégias de marketing em torno da

questão da responsabilidade social é tendência no mercado de ensino superior, contudo,

muitas vezes de maneira superficial. Para o autor, a radicalização da extensão é o grande

desafio à gestão universitária. Trata-se de criar uma nova cultura institucional que permita que

as IES cumpram seus deveres e obrigações e a construção de uma universidade socialmente

responsável.

2.3.4.7 Editoração multimídia

A editoração multimídia pode ser considerada como um suporte para as demais

atividades da comunicação institucional. Kunsch (2003) explica que todos os produtos

comunicacionais, sejam impressos, eletrônicos ou digitais, devem receber um tratamento

técnico que essa área propicia. Isso vale para livros impressos e eletrônicos, revistas, encartes

especiais institucionais, CR-ROMs, DVDs, CDs, manuais, sites, hot-sites, videoconferências,

internet e intranet, entre outros produtos.

Segundo a autora, a editoração multimídia é um instrumento da comunicação

institucional que acompanha os avanços tecnológicos, e é fundamental a criação de produtos

que instiguem o olhar do público.

Para Lupetti (2007), todos os produtos de editoração multimídia devem possuir

uma linguagem unificada e condizente com os objetivos gerais da organização, levando o

usuário à compreensão e à preservação dos conceitos fundamentais da organização.

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2.4 A gestão da comunicação

A comunicação não circula adequadamente na maioria das organizações. Isso

acontece porque não existe o uso adequado e estratégico de canais múltiplos, as mensagens

não são adaptadas aos públicos, há excessos de barreiras e alguns gestores ainda acreditam

que comunicar é igual a disseminar informações. Além disso, outro problema enfrentado é a

falta de engajamento da alta cúpula para transformar a comunicação em um instrumento de

qualificação de processos, da melhoria organizacional e da melhoria dos resultados.

(MONTEIRO; DUARTE, 2009).

Portanto, o fortalecimento da comunicação dentro das organizações passa pelo

reconhecimento de sua importância como meio fundamental para a obtenção de bons

resultados organizacionais. Neste item, serão discutidos os papéis que a comunicação pode

assumir nas instituições.

2.4.1 Dimensão instrumental x dimensão estratégica

As organizações podem utilizar a comunicação de formas diferentes. Para Kunsch

(2012), a dimensão instrumental é a que predomina nas organizações em geral. É aquela que é

considerada mais como transmissão de informações e como instrumento para viabilizar os

processos e permitir o pleno funcionamento de uma organização para o alcance dos seus

objetivos globais, sendo caracterizada como funcional e técnica. Trata-se de uma visão linear

da comunicação e que ignora contextos e outros aspectos subjetivos.

No que diz respeito à relação com os trabalhadores, Oliveira (2002) defende que,

quando a comunicação é desenvolvida dentro de uma perspectiva instrumental, ela busca

somente a adesão dos públicos internos, sem se preocupar em trabalhar os fluxos

informacionais e comunicacionais. A dimensão instrumental centraliza a ação na utilização de

meios impressos, eletrônicos, visuais que facilitam a transmissão, não vendo o público interno

como interlocutor, na medida em que não valoriza a troca de informação. Dessa forma, o

trabalhador fica alheio aos objetivos e às estratégias organizacionais. “A falta de um trabalho

efetivo de comunicação pode constituir círculos viciosos de ineficácia provocados pelo

desconhecimento da organização como um todo.” (OLIVEIRA, 2002, p. 76).

Quando utilizada como um instrumento meramente tático ou operacional, a

sensação que existe é de que o aproveitamento da comunicação como ferramenta eficaz para a

qualificação da organização não foi inteiramente explorado. Nesses casos, os assessores têm

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pouca influência na gestão; as políticas da área, quando existem, permanecem no papel; os

dirigentes não assumem seu papel de liderança em comunicação; a comunicação transparente,

integrada e estratégica fica no discurso; não se faz avaliação dos resultados; o envolvimento

com a qualidade da comunicação fica apenas com a equipe da área. (MONTEIRO; DUARTE,

2009).

Já na dimensão estratégica, a comunicação adquire outras características. De

acordo com Kunsch (2012), essa dimensão está relacionada com a visão pragmática da

comunicação, com as ações comunicativas propriamente ditas, sua eficácia e seus resultados.

Por isso, é considerada uma dimensão que agrega valor à organização e aos negócios. Alinha-

se, estrategicamente, por meio do planejamento e da gestão, aos objetivos globais da

organização e aos princípios estabelecidos em relação a sua missão, sua visão e seus valores.

Bueno (2009) defende que, para a comunicação ser definida como estratégica, ela

deve participar efetivamente do processo de tomada de decisão, não se limitando a ocupar

uma condição prioritariamente operacional, tática e “tarefeira”. O autor defende que, quando

o setor que gerencia a comunicação se subordina a uma área técnica ou administrativa e

apenas executa trabalhos definidos em instâncias superiores, ela está desvinculada de uma

perspectiva verdadeiramente estratégica.

Oliveira (2002) compactua com essa visão. Para a autora, o campo da

comunicação deve se tornar cada vez mais autônomo e ocupar um lugar destacado na

estrutura organizacional, sendo reconhecido pelo corpo diretivo como estratégico. A

comunicação também deve participar dos processos de tomada de decisão. Oliveira (2002, p.

95) explica:

Para a comunicação exercer sua função de gerir os fluxos informacionais e

comunicacionais, tem de ter lugar definido no processo decisório, fazendo análises

sobre os impactos das políticas definidas. Essa participação proporciona à

comunicação concepção estratégica e dá sentido para a organização, na medida em

que cada decisão tomada desencadeia novos processos informacionais e

comunicacionais que se materializam em um ou mais grupos de relacionamento e

que precisam ser geridos dentro de um objetivo mais amplo.

2.4.2 A estratégia nas organizações

Em uma análise etimológica, o termo “estratégia” vem do vocábulo grego

strategos e era usado para se referir à pessoa responsável por comandar tropas e estabelecer as

táticas a serem executadas pelos subordinados. O strategos, portanto, era aquele que tinha

habilidades psicológicas e comportamentais para conduzir suas tropas.

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O conceito de estratégia organizacional teve origem nos Estados Unidos, na

década de 1960. Ele surgiu dentro de um contexto de internacionalização do mercado,

desenvolvimento tecnológico e fortalecimento dos movimentos sociais. Nesse momento de

intensas mudanças, as organizações passaram a buscar instrumentos capazes de identificar e

analisar cenários para melhor se relacionar com o ambiente externo.

Dentro do viés organizacional, a estratégia é conceituada como um plano de ação

administrativo para conduzir as operações da empresa. (THOMPSON; STRICKLAND III;

GAMBLE, 2008). Sua elaboração representa um compromisso em adotar um conjunto

específico de ações por parte dos gerentes com o objetivo de possibilitar o crescimento da

organização, atrair e satisfazer os clientes, competir de modo bem-sucedido, conduzir

operações e melhorar o desempenho financeiro e de mercado. Thompson, Strickland III e

Gamble (2008, p. 3-4) esclarecem:

A estratégia tem tudo a ver com o modo como os gerentes pretendem fazer a

empresa crescer, como conseguirão clientes fiéis e suplantarão os rivais, como cada

área funcional (pesquisa e desenvolvimento, atividade da cadeia de suprimentos,

produção, vendas e marketing e distribuição, finanças e recursos humanos) será

operada e como o desempenho será melhorado.

Para Johnson, Scholes e Whittington (2007), estratégia é a direção e o escopo de

uma organização no longo prazo, que busca obter vantagem em um ambiente em mudança

através de sua configuração de recursos e de competências com o objetivo de atender às

expectativas dos stakeholders.

Dentro dessa mesma linha, Mintzberg, Ahlstrand e Larnpel (2000) defendem que

é possível funcionar melhor quando se concebe algumas coisas como certas, ao menos por

algum tempo. De acordo com eles, um papel importante da estratégia nas organizações é

resolver as grandes questões para que as pessoas possam cuidar dos pequenos detalhes.

Contudo, os autores também concordam que as situações acabam mudando e que, se não

houver flexibilidade, a estratégia estabelecida pode se tornar uma desvantagem.

Portanto, a estratégia não pode ser uma camisa de força, sendo improvável que ela

seja mantida integralmente ao longo do tempo. (THOMPSON; STRICKLAND III;

GAMBLE, 2008). Por ser uma atividade em evolução, a estratégia de uma organização se

modifica a partir dos esforços da administração em realizar ajustes de alguns elementos em

resposta aos eventos. Algumas vezes, o tempo de uma estratégia pode ser muito curto. Isso

acontece quando ela falha, gerando prejuízos financeiros, ou quando é desenvolvida em

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setores que vivem mudanças rápidas, como a área de tecnologia. A esse respeito, Thompson,

Strickland III e Gamble (2008, p. 9) destacam:

[...] independentemente de a estratégia alterar-se de modo gradual ou acelerado, o

importante é que sempre é temporária e experimental, em função das novas ideias

para aperfeiçoamento propostas pelos administradores, condições setoriais e

competitivas em alteração e quaisquer outros acontecimentos que justifiquem ajustes

na estratégia.

Na academia, o conceito de estratégia apresenta várias correntes. Nas décadas de

1960 e 1970, período em que foram constituídos os fundamentos clássicos do tema, os

estudos sobre estratégia eram pautados na metodologia do planejamento estratégico,

apresentando características mais rígidas e formais. A partir da década de 1980, os conceitos

se multiplicaram em várias escolas de pensamento e abordagens diferentes. “No entanto, a

maioria converge no sentido de situar estratégia como um processo amplo e não linear, no

qual o planejamento formal constitui um entre muitos instrumentos de formulação da

estratégia.” (OLIVEIRA; PAULA, 2007, p. 40).

Neste trabalho, o objetivo não é detalhar esse tema, mas sim apresentá-lo de uma

forma mais geral, já que o foco é o papel da comunicação institucional na perspectiva dos

integrantes da Administração Superior da Universidade Federal do Ceará. O assunto é

abordado porque a literatura defende que, se for desenvolvida dentro de um viés estratégico, a

comunicação pode contribuir de maneira muito mais proveitosa para as organizações.

Infelizmente, apesar da gestão estratégica da comunicação não ser um assunto

novo, continua sendo de difícil aplicação. Mas essa dificuldade não existe somente nessa área.

Johnson, Scholes e Whittington (2007) defendem que colocar em prática a própria gestão

estratégica é um grande desafio. Para eles, a dificuldade da aplicação está relacionada à

complexidade que surge de situações ambíguas e não rotineiras, com implicações para toda a

organização. Os autores ressaltam:

Esse é um grande desafio para gerentes que estão acostumados a administrar em

bases diárias os recursos que controlam. Pode ser um problema particular devido ao

histórico de gerentes que tenham sido treinados, talvez durante muitos anos, para

assumir tarefas operacionais e responsabilidade operacional. (JOHNSON;

SCHOLES; WHITTINGTON, 2007, p. 51).

Essa dificuldade de compreensão sobre a estratégia parte também das

multiplicidades de maneiras de atuação. Johnson, Scholes e Whittington (2007) defendem que

a estratégia existe em diferentes níveis dentro de uma organização. São elas:

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a) Estratégia em nível corporativo: é a base das outras decisões estratégicas e trata

do escopo geral de uma organização e do modo de agregar valor às diferentes

partes. Inclui decisões relativas aos negócios em que a empresa deve entrar ou

sair, decisões sobre cobertura geográfica, diversidade de produtos/serviços ou

unidades de negócios e forma como os recursos devem ser alocados entre as

diferentes partes da organização;

b) Estratégia em nível empresarial: considerada o segundo nível da estratégia,

trata de decisões mais ligadas a determinadas unidades de negócios. Refere-se

aos meios pelos quais a organização busca vantagem competitiva em cada um

de seus negócios. Como exemplo, os autores apresentam a decisão de como

concorrer de forma bem-sucedida em determinados mercados ou como

fornecer o melhor valor nos serviços públicos;

c) Estratégia operacional: está relacionada à maneira como as partes componentes

de uma organização entregam efetivamente as estratégias ao nível corporativo

e empresarial em termos de recursos, processos e pessoas. Para os autores, na

maioria das empresas, estratégias empresariais bem-sucedidas dependem em

grande parte das decisões tomadas ou das atividades que ocorrem no nível

operacional.

Para Bueno (2009), a comunicação organizacional deve ser incluída nas

estratégias ao nível empresarial. Dessa forma, passaria a ter papel fundamental tanto na busca

de eficácia na interação com os stakeholders como no desenvolvimento de planos e ações que

imprimam vantagem competitiva às organizações.

Ferrari (2009) enfatiza que, na área da Comunicação, tudo é estratégia: a ação, os

públicos, o planejamento, o processo, a avaliação e os resultados. Contudo, a autora lembra

que o uso da palavra “estratégia” muitas vezes ocorre de maneira indevida por já fazer parte

do jargão contemporâneo. Ela ressalta que é necessário ter cautela na utilização do termo para

que ele seja usado no seu verdadeiro significado.

2.4.3 A estratégia na comunicação

A comunicação não apenas deve ser vista como estratégica como deve estar

diretamente ligada à estratégia da organização por ser um elemento que possibilita a sua

implementação. Se for desenvolvida de maneira adequada, ela é capaz de mobilizar mudanças

e contribuir para a criação de novas realidades organizacionais.

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Segundo Pérez (2012), a comunicação estratégica é uma espécie de

intencionalidade consciente e orientada para controlar os processos de comunicação e chegar

aos resultados propostos, gerando valor significativo. O autor apresenta uma abordagem

centrada nas estratégias de comunicação como sendo um esquema prévio que fornece suporte

para um curso de ação e para a construção de uma determinada visão de mundo. Para ele, o

que diferencia as estratégias de comunicação das demais estratégias é o fato de os jogadores

utilizarem a interação simbólica.

Argenti (2006) destaca que, no contexto atual de constante mudança, todas as

organizações, sejam elas grandes empresas ou um sindicato nacional, precisam se comunicar

de forma estratégica. As equipes de comunicação desempenham um papel fundamental na

definição da missão da empresa, considerada por ele a pedra angular da estratégia geral do

negócio, e na comunicação dessa missão a públicos internos e externos. Para o autor, o modo

como as organizações se adaptam e modificam seu comportamento, conforme manifestado

por suas comunicações, determinará o seu sucesso ou fracasso.

Já para Oliveira e Paula (2007), os fatores determinantes para a adoção de uma

concepção estratégica da comunicação pelas organizações são a necessidade de se relacionar

de forma intencional e estruturada com a sociedade, a exigência da prestação de contas sobre

sua atuação e o reconhecimento do papel e da ação dos stakeholders. Contudo, para que de

fato a comunicação estratégica exista, a autora defende a ampliação do papel e da função

dessa área com o objetivo de alcançar uma função gerencial.

Alguns especialistas se aproximam de uma visão clássica da estratégia ao apontar

o planejamento como uma condição básica para a existência da comunicação estratégica. A

comunicação estratégica não se sustenta em ambientes organizacionais em que a perspectiva

de planejamento esteja ausente. Ela só pode ser pensada, implantada e exercida se a

organização adota e pratica a administração estratégica. “Dificilmente se poderia surpreender

uma Comunicação Empresarial Estratégica numa organização que fosse avessa a um sistema

de gestão comprometido com esse paradigma organizacional.” (BUENO, 2009, p. 59).

Bueno (2009) levanta duas perspectivas que para ele são essenciais para a área. As

duas são bases para o processo de construção do planejamento. A primeira delas é a

construção de cenários5. Para o autor, não se pode pretender uma comunicação estratégica

sem o esforço de entender as variações e tendências do micro e do macroambiente. O autor

5 De acordo com Bueno (2009), o processo de construção de cenários é um trabalho sistemático de avaliação de

tendências, respaldado em dados confiáveis. A iniciativa não se restringe a utilizar indicadores econômico-

financeiros, de caráter estritamente quantitativo, mas incorpora a perspectiva sociocultural, indispensável para

a modelagem de cenários reais.

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enfatiza que não se trata simplesmente de prever o futuro, mas de um trabalho sistemático de

avaliação de tendências, respaldado em dados confiáveis. “A proposta implícita no esforço de

construção de cenários sempre será reduzir o nível de incerteza e promover a adaptação a uma

realidade em permanente mudança.” (BUENO, 2009, p. 41).

A outra perspectiva levantada pelo autor diz respeito à realização de pesquisas.

Para ele, a pesquisa deve ser utilizada como ferramenta básica, pois apenas ela pode

contribuir para qualificar as informações e os conhecimentos de que as organizações dispõem

sobre o comportamento dos seus públicos e sobre a eficácia de seus produtos, ações e

estratégias. Dessa forma, a não realização de pesquisas na área aumenta a vulnerabilidade do

processo de tomada de decisões que dizem repeito à comunicação organizacional.

A opinião é compartilhada por Kunsch (2003). Para ela, o planejamento é um

processo complexo e abrangente, que possui dimensões e características próprias, não se

restringindo ao que fazer, de que modo e com que recursos, exigindo conhecimentos,

criatividade, análises conjunturais e ambientais, além de aplicativos instrumentais e técnicos.

A autora defende que o planejamento é inerente ao processo de gestão estratégica

e precede as demais funções administrativas de organização, de direção e de controle. Embora

as funções estejam relacionadas, é o planejamento que estabelece os objetivos e os parâmetros

de todo o processo administrativo. É ele também que permite estabelecer um curso de ações

para atingir objetivos predeterminados com o objetivo de interferir na realidade para

transformá-la.

Mas, para que tudo isso aconteça, é necessário conhecimento. Lupetti (2010) traz

uma questão importante sobre o conhecimento superficial de muitos gestores sobre os

elementos que compõem um planejamento de comunicação organizacional. Para ela, termos

como “missão”, “visão”, “posicionamento” e “estratégias” são utilizados de forma empírica.

Por não haver conhecimento real sobre tais conceitos, a aplicação prática pode trazer

distorções que levam a resultados ineficazes.

Já Mourão (2013) levanta a reflexão sobre o planejamento estratégico de

comunicação como uma prática social, a partir de uma perspectiva interacional. Para a autora,

no contexto atual das organizações, muitas vezes o planejamento estratégico é compreendido

como um dispositivo de controle que busca resultados por meio da comunicação. Contudo,

pensar a comunicação de maneira estratégica não significa definir um planejamento rígido, já

que a comunicação é um processo dinâmico, moldado pelos diferentes contextos. A autora

defende que a estratégia planejada de comunicação pode se tornar uma forma de interferir na

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comunicação no contexto das organizações de maneira planejada, mas não linear ou

reducionista.

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3 MÉTODO DE ESTUDO

O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior

segurança e economia, permitem alcançar conhecimentos válidos, estabelecendo a trajetória a

ser seguida, apontando erros e auxiliando as decisões do cientista (LAKATOS; MARCONI,

2010). Partindo desse conceito, este capítulo tem o objetivo de apresentar a metodologia do

estudo e as etapas empregadas neste trabalho.

3.1 Metodologia da pesquisa

Esta dissertação, utilizando os critérios de classificação estabelecidos por Gil

(2010), caracteriza-se, quanto à abordagem, por ser uma pesquisa qualitativa e, quanto aos

objetivos gerais, por ser uma pesquisa descritiva.

Appolinário (2012) defende que uma pesquisa qualitativa é aquela que prevê a

coleta de dados a partir de interações sociais do pesquisador com o fenômeno pesquisado.

Para o autor, outro ponto que define a abordagem qualitativa é que a análise dos dados se dá a

partir da interpretação do próprio pesquisador.

Oliveira (2010) segue a mesma defesa ao afirmar que a opção por uma abordagem

qualitativa deve ter como principal fundamento a crença de que existe uma relação dinâmica

entre o mundo real, objetivo, e o sujeito. Esse procedimento tem o objetivo de buscar

informações fidedignas para se explicar o significado e as características de cada contexto em

que se encontra o objeto de pesquisa.

Em relação aos objetivos gerais, Cervo, Bervian e Silva (2007) afirmam que a

pesquisa descritiva trabalha sobre dados e fatos colhidos da própria realidade. Ela se

caracteriza por observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-

los. Na mesma linha de pensamento, Oliveira (2010) esclarece que a pesquisa descritiva

permite uma análise do problema de pesquisa em relação aos aspectos sociais, econômicos,

políticos, percepções de diferentes grupos, comunidades, entre outros pontos. Também é

utilizada para a compreensão de diferentes fatores e elementos que influenciam um

determinado fenômeno.

Gil (2010) defende que estudos descritivos são usados principalmente nas ciências

humanas e sociais, utilizando dados e problemas que merecem ser estudados, mas cujo

registro não consta em documentos.

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Em toda pesquisa, outra etapa fundamental é a definição dos instrumentos, que

devem estar adequados aos objetivos do estudo. Nas pesquisas de análise qualitativa, a

entrevista está entre os mais importantes instrumentos utilizados na busca por desvendar

fenômenos ou fatos, por isso a entrevista semiestruturada foi o instrumento escolhido para

este trabalho. Para Oliveira (2010), a entrevista é um excelente instrumento de pesquisa por

permitir a interação entre pesquisador e entrevistado e a obtenção de descrições detalhadas

sobre o que se está pesquisando. A autora alerta, contudo, que o roteiro de entrevista deve

estar ajustado aos objetivos e às especificidades de cada grupo participante.

Quanto ao ambiente de investigação, a Universidade Federal do Ceará foi

selecionada como locus desta pesquisa. A escolha decorre da importância da Instituição para

o Estado, o que pode ser refletido pelo desempenho nos rankings universitários nacionais e

internacionais. A UFC é a melhor colocada do Ceará no ranking do Center for World

University Rankings (CWUR)6, no ranking do Scimago Institutions Ranking (SIR)7 e no

Ranking Universitário da Folha (RUF)8, divulgados ao longo de 2014. A opção também é

fruto do vínculo da pesquisadora com essa universidade, já que, além de aluna, é servidora da

Instituição, o que aumenta o interesse em compreender o papel desempenhado pela

comunicação institucional na perspectiva dos integrantes da Administração Superior.

3.2 Método proposto

O método proposto foi dividido em cinco etapas, com o objetivo de facilitar sua

aplicação.

3.2.1 Etapa 1

Na primeira fase da pesquisa, com o objetivo de construir o referencial teórico do

estudo, foi realizada uma revisão da literatura, que compreendeu livros, dissertações, teses e

6 A Universidade Federal do Ceará ocupou a 16ª posição entre as melhores universidades do País, de acordo com

ranking do Center for World University Rankings (CWUR), divulgado em 2014. O Centro apresenta uma

relação de mil universidades de todo o mundo, na qual figuram 18 instituições brasileiras. O ranking mede a

qualidade da educação e formação dos alunos, assim como o prestígio dos professores e a qualidade de suas

pesquisas (CWUR, 2014). 7 O SIR é um dos mais prestigiados rankings universitários do mundo. Ele avalia principalmente a produção

científica, bem como a qualidade dessa produção e sua publicação em revistas especializadas de alto nível. A

UFC é a 45ª entre as 501 universidades ibero-americanas avaliadas no ranking divulgado em 2014. 8 No Ranking Universitário Folha (2014), a UFC ocupa a 13ª posição nacional, a 10ª entre as federais e a

segunda do Nordeste. O RUF é um levantamento anual do jornal Folha de S. Paulo que mapeia o desempenho

de 192 instituições em cinco dimensões: pesquisa, ensino, reconhecimento do mercado, internacionalização e

inovação.

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artigos publicados sobre comunicação organizacional, institucional, estratégica, além da

comunicação desenvolvida em IES e outras organizações. Além disso, a etapa também

consistiu na coleta de informações em documentos oficiais impressos e on-lines sobre a

CCSMI da UFC.

3.2.2 Etapa 2

Em seguida, foi realizado o mapeamento dos integrantes da Administração

Superior da UFC, visando identificar as fontes que deveriam ser entrevistadas para a

construção da análise do estudo.

O Plano de Desenvolvimento Institucional 2013/2017 e o Anuário Estatístico

2014 da Instituição informam que a Administração Superior é exercida pelo Conselho

Universitário (Consuni); pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão; pelo Conselho de

Curadores; e pela Reitoria. Ao mencionar nominalmente os integrantes da Administração

Superior, os documentos citam 16 cargos: reitor, vice-reitor, pró-reitor de Graduação, pró-

reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, pró-reitor de Extensão, pró-reitor de Assuntos Estudantis,

pró-reitor de Planejamento, pró-reitor de Administração, pró-reitor de Gestão de Pessoas,

procurador-geral da UFC, diretor da Secretaria de Tecnologia da Informação, diretor da

Secretaria de Acessibilidade UFC Inclui, diretor da Secretaria de Cultura Artística,

superintendente de Infraestrutura, superintendente dos Hospitais Universitários e chefe de

gabinete.

Além desses cargos, foi definido que, para compreender o funcionamento do setor

de comunicação da UFC, seria de fundamental importância a realização de entrevista com o

coordenador da CCSMI da UFC. Na estrutura organizacional da Instituição, o setor é um dos

órgãos de assessoramento do reitor, pertencendo, portanto, à reitoria.

3.2.3 Etapa 3

Na terceira etapa, dois roteiros de entrevista semiestruturadas, com questões

baseadas em Kunsch (2003, 2006a, 2006b, 2012), Torquato (2013), Bueno (2005, 2009, 2011,

2013), Argenti (2006) e Oliveira (2002) foram produzidos. O roteiro elaborado para os

integrantes da Administração Superior pode ser visto no Apêndice A. Já o roteiro elaborado

para o coordenador da CCSMI pode ser conferido no Apêndice B.

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As questões que auxiliaram no cumprimento de cada um dos objetivos da

pesquisa são apresentadas no Quadro 1. É necessário enfatizar que, além das perguntas

presentes nos roteiros, outros questionamentos surgiram ao longo das entrevistas.

Quadro 1 – Perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa

Objetivos Questões Roteiro

Administração Superior

Questões Roteiro

coordenador CCSMI

1 - Investigar como o setor de

Comunicação está estruturado na

universidade a partir do composto

da comunicação integrada

Este objetivo deve ser

cumprido através das

perguntas do roteiro para o

coordenador da CCSMI.

1,2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10

2 - Verificar como a comunicação

institucional estratégica é

compreendida pelos integrantes

da Administração Superior

1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

Este objetivo deve ser cumprido

através das perguntas do

Roteiro Administração Superior

3- Conhecer como se dá a relação

entre representantes da

Administração Superior e a

Coordenadoria de Comunicação

da Universidade

8, 9, 10, 11 e 12

Este objetivo deve ser cumprido

através das perguntas do

Roteiro Administração Superior

Fonte: Elaboração própria.

3.2.4 Etapa 4

Com o objetivo de obter as informações necessárias para a realização da análise,

foram realizadas dez entrevistas a partir de critérios de disponibilidade das fontes. Uma delas

foi com o coordenador da Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da

UFC. As outras nove foram com integrantes da Administração Superior da Universidade. Os

encontros ocorreram nos meses de dezembro de 2014 e janeiro de 2015. Todas as entrevistas

foram gravadas presencialmente e ocorreram nos gabinetes das seguintes fontes, como indica

o Quadro 2:

Quadro 2 – Pessoas entrevistadas e tempo de duração das entrevistas

Cargo Tempo de duração

reitor 1h13min

vice-reitor 45 min

chefe de gabinete 22min

pró-reitor de Assuntos Estudantis 51min

pró-reitor de Extensão 43min

pró-reitor de Gestão de Pessoas 42min

pró-reitor de Graduação 58min

pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação 47min

pró-reitor de Planejamento 01h08min

coordenador da Coordenadoria de Comunicação

Social e Marketing Institucional da UFC

01h26min

Fonte: Elaboração própria.

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Para que a opinião individual dos entrevistados não seja identificada, ao longo da

análise, cada participante será apresentado apenas como “entrevistado”, seguido de um

numeral que pode variar de 1 a 9. Como houve apenas uma entrevistada do sexo feminino,

todos serão apresentados no masculino. Também estão omitidos trechos que facilitariam a

identificação dos gestores. Já o coordenador da CCSMI será identificado apenas pelo cargo.

3.2.5 Etapa 5

Coletados os dados, eles foram transcritos e a apreciação se deu seguindo a

análise de conteúdo proposta por Bardin (2004). Segundo a autora, a análise de conteúdo é um

conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e

objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.

O procedimento básico da análise de conteúdo refere-se à definição de categorias

apropriadas ao objetivo da pesquisa. De acordo com Bardin (2004), a categorização é uma

operação de classificação de elementos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente,

por reagrupamento a partir dos critérios definidos. Neste estudo, as categorias seguiram o

critério semântico, isso é, os elementos foram agrupados por tema.

Para análise deste trabalho, foi utilizada a grade mista. Nesse modelo, as

categorias pertinentes ao objetivo da pesquisa foram definidas preliminarmente, mas também

foram permitidas inclusões de categorias que surgiram no processo de análise. No Quadro 3,

são apresentadas as categorias relacionadas com os objetivos.

Quadro 3 – Categorias Analíticas

Objetivos Categorias

1. Investigar como o setor de Comunicação está

estruturado na universidade a partir do composto da

comunicação integrada

Comunicação Integrada

2. Verificar como a comunicação institucional

estratégica desenvolvida na UFC é compreendida pelos

integrantes da Administração Superior da Universidade;

Comunicação Institucional

3. Conhecer como se dá a relação entre representantes

da Administração Superior e a Coordenadoria de

Comunicação da Universidade.

Relações estabelecidas

Fonte: Elaborado a partir de pesquisa bibliográfica em Kunsch (2003, 2006a, 2006b, 2012), Torquato (2013),

Bueno (2005, 2009, 2011, 2013), Argenti (2006) e Oliveira (2002).

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Para o estabelecimento das categorias, foi necessário definir as unidades de

análise, que neste trabalho também foi desenvolvido a partir do nível semântico. Para Bardin

(2004), fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem

a comunicação e cuja presença pode significar algo para o objetivo analítico escolhido. No

Quadro 4, são apresentadas as unidades de análise relacionados às respectivas categorias:

Quadro 4 – Categorias Analíticas e Unidades de Análise

Categoria

Comunicação Integrada

Categoria

Comunicação Institucional

Categoria

Relações estabelecidas

Divisão interna da CCSMI Importância da Comunicação Relação estabelecida com o setor

de Comunicação

Produtos desenvolvidos Prestação de contas /

Transparência

Reatividade da CCSMI

Públicos prioritários Produtos desenvolvidos pela

CCSMI

Descentralização do setor de

Comunicação

Perfil e número de profissionais Relação da UFC com os meios de

comunicação

Dimensão desempenhada pela

Comunicação na UFC para

gestores

Dimensão desempenhada pela

Comunicação para coordenador

da CCSMI

Públicos prioritários para a UFC

Dificuldades na Comunicação

Interna da UFC

Fonte: Elaborado a partir de pesquisa bibliográfica em Kunsch (2003, 2006a, 2006b, 2012), Torquato (2013),

Bueno (2005, 2009, 2011, 2013), Argenti (2006) e Oliveira (2002).

Neste processo, o primeiro passo para a análise dos dados primários foi a

transcrição das respostas às entrevistas semiestruturadas. Para desenvolver a análise de

conteúdo das informações coletadas, foram adotadas as três fases: pré-análise (leitura

flutuante, escolha de documentos, definição das hipóteses e objetivos e criação dos

indicadores), exploração do material (etapa de codificação, unidade de registro ou contexto) e

tratamento dos resultados, inferência e interpretação (VERGARA, 2012).

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo está dividido em três partes. Na primeira, será apresentada a

Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional (CCSMI) da Universidade

Federal do Ceará. Na segunda, será realizada a análise do papel da comunicação institucional

na perspectiva dos integrantes da Administração Superior da mesma universidade. Já na

terceira será discutida como se dá a relação entre integrantes da Administração Superior e o

setor de comunicação da Instituição.

4.1 Estrutura da Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional

Criada através da lei 2.373, de dezembro de 1954, a Universidade Federal do

Ceará foi constituída originalmente pela união da Escola de Agronomia, da Faculdade de

Direito, da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Farmácia e Odontologia. Durante mais

de cinco décadas, foi a única universidade federal instalada no Estado, situação modificada

recentemente com a instalação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia

Afro-Brasileira (UNILAB), em 2010, e da Universidade Federal do Cariri (UFCA), em 2013.

Atualmente, a UFC é composta por três campi em Fortaleza –Benfica, Porangabussu e Pici.

No Interior do Estado, a UFC conta com campi nos municípios de Sobral, Quixadá, Russas e

Cratéus.

A preocupação com a comunicação institucional na Universidade surgiu na

década de 1970, com a instalação do setor de “Assessoria de Imprensa e Relações Públicas”,

na gestão do reitor Walter de Moura Cantídio. Na época, a área contava apenas com uma

profissional de comunicação, a jornalista Ivonete Maia, e com bolsistas do curso de

Comunicação Social/Jornalismo da Universidade. O setor tinha como principais tarefas o

envio de informativos para as redações dos jornais de Fortaleza, para divulgação dos assuntos

importantes pertinentes à Instituição, e ações de comunicação interna (PAIVA, 2012). Em

1987, a Assessoria mudou de nome e ganhou o status de Coordenadoria de Comunicação

Social.

Na segunda metade da década de 1990, além do trabalho de relacionamento com a

mídia, o setor desenvolveu novos produtos, com destaque para o Guia de Fontes, publicação

destinada a facilitar o trabalho dos jornalistas de redação e fortalecer os nomes dos

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professores da UFC como fontes de informação, e o primeiro website da UFC, ainda no início

da popularização da internet no Brasil9.

De acordo com Paiva (2012), esse período foi marcado por dificuldades

estruturais básicas, como a impossibilidade de telefonar para celular, falta de disquetes e tintas

nas impressoras. Mesmo com essas limitações, houve um projeto de fortalecimento dos

produtos jornalísticos já existentes e de criação de outros capazes de mostrar a dimensão e a

importância da Instituição para o desenvolvimento do Estado. Um dos produtos criados foi a

revista Universidade Pública, no ano 2000. Nesse período, a equipe de colaboradores era

formada por aproximadamente sete pessoas, entre jornalistas e técnicos, sem contar com os

profissionais lotados na Rádio Universitária.

Em 2003, a Coordenadoria passou a se chamar Coordenadoria de Comunicação

Social e Marketing Institucional.10

Ao longo da década, foram criados o Jornal da UFC e o

Programa UFCTV. Além disso, o site se transformou em portal e consolidou-se como

principal instrumento de comunicação da Universidade.

Esse momento também foi marcado pelo lançamento de publicações especiais,

como a Revista da Expansão, voltada para a divulgação das modificações vivenciadas pela

UFC após a adesão ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais (REUNI); e a Revista das Profissões, voltada para o fornecimento de

informações ao público pré-universitário. A equipe cresceu consideravelmente, passando a

contar com cerca de 40 profissionais entre jornalistas, publicitários, fotógrafos, cinegrafistas,

editores de imagem, revisores, além do corpo administrativo. Ao acrescentar a equipe da

Rádio Universitária, esse número se amplia para mais de 70 funcionários, entre efetivos e

terceirizados.

4.1.1 Comunicação integrada

Conforme apresentado anteriormente, um dos objetivos deste estudo é investigar

como o setor de Comunicação está estruturado na Universidade a partir do composto da

comunicação integrada. As informações foram obtidas a partir de entrevista realizada com o

9 Antes do primeiro portal ser desenvolvido, a UFC tinha apenas um website bastante simples para os padrões

atuais, com informações sobre a Instituição, sua história, organização administrativa e dados numéricos. Essa

primeira página foi publicada em 1996, durante a gestão do Reitor Roberto Cláudio. Era um site com aspecto

visual bem simples e que não fornecia nenhuma forma de comunicação com a Comunidade Universitária.

(Informações concedidas à autora pela analista de TI da UFC responsável pelo Portal da Universidade desde o

seu surgimento). 10

Informações concedidas à autora pelo coordenador da Coordenadoria de Comunicação Social da UFC no

período de 2003 a 2012.

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coordenador do setor, em dezembro de 2014, na Rádio Universitária FM 107,9. Este tópico,

portanto, traz informações sobre a estrutura da CCSMI, juntamente com a análise do setor a

partir da categoria “comunicação integrada”.

Para Kunsch (2003), a comunicação integrada prevê a convergência das diferentes

áreas da comunicação, não negando as suas diferenças e peculiaridades. Para a autora, quando

essa harmonia existe, torna-se possível a realização de ações estratégicas e táticas de

comunicação mais exitosas para a organização.

Em relação ao desenvolvimento de uma comunicação integrada, o coordenador da

CCSMI ressalta que esse é um dos grandes desafios do setor. Segundo ele, ainda existem

muitas dificuldades para uma total implementação da integração, mas esse é um dos objetivos

perseguidos por sua gestão. Para o gestor, a CCSMI busca alcançar “uma perspectiva de

comunicação em que a equipe aja integradamente [...] e que esteja integrada também à

estrutura organizacional da Instituição, pensando a comunicação como parte desse processo.”

Durante a entrevista, o coordenador afirmou existirem dois aspectos que devem

ser considerados no trabalho de comunicação desenvolvido pela UFC. O primeiro é que a

CCSMI deve atuar como um órgão de assessoramento da administração superior, mas um

assessoramento de caráter institucional, e não promocional do reitor ou dos pró-reitores.

Portanto, o setor atua como um órgão facilitador do processo de comunicação interna e de

relações externas da comunicação. O segundo aspecto é que a área deve atuar na perspectiva

de gestão da informação. Para o coordenador,

A Universidade é, por natureza, uma espécie de geradora permanente, diária e

intensa de informação. Tanto informação mais no sentido do cotidiano dos cidadãos

como, por exemplo, informando quando é que vai haver matrícula, quando é que vai

haver abertura do Sisu, quando é que vão criar um novo curso, como de divulgação

do conhecimento novo: pesquisa, aplicação das pesquisas, aí entra o aspecto da

extensão. E isso exige uma postura institucional de como é que a gente vai promover

a comunicação desses saberes todos, interna e externamente, portanto, na

comunidade universitária e na sociedade em geral.

Para desenvolver o seu trabalho, a CCSMI é dividida informalmente em três

subáreas: marketing, artes visuais e jornalismo. A divisão é considerada informal porque a

Coordenadoria ainda não concluiu um processo de Planejamento Institucional, iniciado em

2014, que oficializará essas mudanças. O diagrama a seguir ilustra a divisão (FIGURA 2).

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Figura 2 – Divisão da Coordenadoria de Comunicação Social e

Marketing Institucional/UFC

Fonte: Elaboração própria.

Essas subáreas desenvolvem diferentes atividades. O marketing, atualmente, é

responsável pela organização do Festival UFC de Cultura, um evento anual que discute temas

de relevância acadêmica e social com pesquisadores, personalidades e artistas. Além disso, a

área também é responsável pelo lançamento de edital de publicação e edição de livros. Para

promover essas ações, muito do esforço empreendido é na captação de recursos que custeiam

essas iniciativas.

O jornalismo é a subárea que demanda a maior parte dos profissionais da CCSMI

e se distribui entre assessoria de imprensa, televisão e rádio. Na assessoria de imprensa, além

do trabalho de relacionamento com a mídia e atualização do guia de fontes, que não tem

periodicidade definida, a equipe também é responsável pela produção do boletim eletrônico

“UFC Informa”, enviado via e-mail para a comunidade acadêmica e a comunidade externa, e

pela atualização diária das notícias do portal e dos sites de redes sociais (Facebook, Twitter e

Instagram).

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A assessoria também produz o “Jornal da UFC”, uma publicação impressa

mensal, com circulação durante o período letivo e tiragem de 10 mil exemplares. O produto

procura atingir toda a comunidade da UFC e representações da sociedade. Outro produto

jornalístico da Assessoria de Imprensa é a Revista Universidade Pública (UP). Com

periodicidade bimestral e tiragem de 7,5 mil exemplares, a revista circula nacionalmente e

tem o objetivo de propagar a produção científica e cultural da UFC. Em entrevista concedida

na edição de comemoração dos 10 anos da UP, o então coordenador da CCSMI afirmou que a

revista foi criada com o intuito de ser um instrumento de prestação de contas da UFC. Para

ele, havia

A urgência em publicizar e popularizar os resultados das pesquisas, programas de

extensão e ações culturais. Era inadmissível que uma instituição do porte da UFC

não contasse com uma revista. Outro fator importante foi a descoberta de que a

Universidade não se conhecia. Muitas vezes, cursos do mesmo departamento não

sabiam o que o outro produzia. Às vezes, no mesmo curso existiam barreiras

instransponíveis. (FONTELES, 2010).

No segundo semestre de 2014, foi criado o “Conexão”, um boletim informativo

semanal enviado por email. O produto foi criado com a intenção de alcançar mais diretamente

o público interno de servidores técnico-administrativos e professores.

Além da Assessoria de Imprensa, o setor de Jornalismo conta ainda com o

Programa UFCTV, uma revista eletrônica institucional de meia hora de duração, que é

veiculada na TV Ceará (TVC) e no portal da Universidade. Com periodicidade semanal, o

programa tem como objetivo principal apresentar a produção da Instituição nas áreas de

pesquisa, ensino e extensão.

O setor de jornalismo é composto também pela Rádio Universitária FM

107,9MHz. Criada em 22 de fevereiro de 1981, a Rádio mantém uma programação voltada

para a divulgação das atividades da UFC através de boletins informativos e entrevistas com

docentes e pesquisadores. A emissora ainda mantém espaço aberto para debates sobre temas

de interesse da sociedade e para a prestação de serviços, além de uma vasta programação

musical. Apesar de ser o instrumento antigo, por muito tempo a rádio não foi considerada

como sendo parte da CCSMI, atuando de forma isolada. Essa mudança no posicionamento é

recente, sendo resultado do fortalecimento da comunicação organizacional da UFC.

A subárea de artes visuais, composta por designers, publicitários e fotógrafos,

atende aos outros dois setores, desenvolvendo todo o material gráfico do que é produzido na

CCSMI, tanto produtos da própria coordenadoria, como produtos de divulgação de outros

espaços da UFC.

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Ao comparar os dados da descrição do trabalho desenvolvido pela comunicação

organizacional da UFC com o composto da comunicação integrada proposto por Kunsch

(2003) (FIGURA 1), é possível observar que grande parte das ações se enquadra na divisão

“comunicação institucional”. A única exceção é o “Conexão”, um produto criado visando a

uma parte do público interno, enquadrando-se, portanto, na área “Comunicação Interna”. Já a

área “Comunicação Mercadológica” não conta com nenhuma atividade.

Também é possível perceber que, na área de Comunicação Institucional, a CCSMI

desenvolve atividades de assessoria de imprensa, jornalismo empresarial, editoração

multimídia e marketing cultural. A subárea de artes visuais se enquadra na subárea

“editoração multimídia” por fornecer suporte para todas as demais atividades da comunicação

institucional.

Mesmo não contando com todas as áreas do composto da comunicação integrada,

a busca pela integração existe dentro do desenvolvimento da própria área da comunicação

institucional. Ainda assim, promover uma atuação unificada não é fácil. Uma das dificuldades

está na organização espacial do setor11

, que funciona em três lugares diferentes. Diante dessa

situação, os veículos estabelecidos em prédios separados trabalham com seus próprios

processos produtivos (pauta, produção, reportagem e edição), o que gera redundância das

rotinas e perda de informações que deveriam ser disseminadas por todos. Mesmo assim, é

possível constatar que a busca por integração está presente mesmo quando só existe uma área

da comunicação consolidada.

O estudo da estrutura da CCSMI também indica que, com exceção do boletim

informativo Conexão, o setor não estabelece uma definição clara sobre os públicos dos

produtos desenvolvidos. Ao ser questionado sobre esse ponto, o atual coordenador da CCSMI

explicou:

Pra mim, o público prioritário nosso é a comunidade universitária por causa dessa

minha visão de que comunicação forte começa em casa. Agora, fora disso, a

sociedade em geral mesmo tem o direito e é o nosso endereçamento imediato. No

entanto, a gente não pode negar que a sociedade é dividida em classes. De fato, todo

público a que a gente se dirige, mais diretamente, é um público com certo domínio

da informação, com certa noção do que deve fazer uma universidade e com uma

certa visão crítica da sociedade. E é esse público aí, inclusive, que vai formar

opinião dos vários outros segmentos também.

11

A CCSMI funciona em três lugares separados. Os setores de marketing, de Artes Visuais e o subsetor de

Assessoria de Imprensa, do setor de Jornalismo, funcionam no prédio da Reitoria da UFC. A Rádio

Universitária funciona em um prédio exclusivo para ela e o Programa UFC TV está instalado junto ao curso de

Jornalismo da UFC.

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A partir dessa apreciação, é possível perceber que a maioria dos produtos da UFC

se direciona a um público amplo, buscando atingir prioritariamente a comunidade interna,

mas também outros setores da sociedade.

Esse modelo vai de encontro ao estabelecido pela literatura. Para Silva e Bueno

(2009), os diversos grupos com os quais uma organização se relaciona exigem posturas mais

afirmativas. Nesse cenário, a comunicação, como instrumento de relacionamento, ganha

também um caráter mais específico, em que iniciativas genéricas dão lugar a instrumentos e

conteúdos que realmente contemplem as necessidades dos receptores. Dessa forma, a

segmentação dos públicos tem o objetivo de fortalecer a comunicação, ao adequar os meios e

mensagens comunicacionais aos objetivos específicos implícitos no relacionamento com cada

tipo de público.

Outro aspecto observado na estrutura da Comunicação Institucional da UFC foi a

composição profissional da CCSMI. Ao analisar o perfil de profissionais do quadro da

Coordenadoria, é possível constatar a grande predominância de jornalistas (ANEXO A). Nos

últimos anos, houve um aumento considerável na quantidade de representantes dessa

categoria12

, o mesmo não ocorrendo com outros perfis profissionais importantes para o setor

da Comunicação. Essa situação faz com que o desenvolvimento de outras atividades, como

campanhas, seja desafiador devido ao número insuficiente de publicitários, como constata o

coordenador da CCSMI: “Publicidade feita por jornalista é completamente diferente.

Jornalista tem uma visão... É possível você pegar uma publicidade feita por jornalista e

inverter completamente”.

Essa desproporção no número de profissionais também gera dificuldades na

própria organização do setor, com insuficiência de pessoal que cuide da parte administrativa.

Segundo o coordenador,

A dificuldade que a gente tem de avançar em relação a isso é um pouco a questão da

estrutura. É a parte mais complicada porque, como a gente não tem uma estrutura

adequada, você desperdiça muita energia fazendo coisas que já deveriam estar bem

resolvidas.

Pela análise da grade de profissionais também é possível observar a inexistência

de relações-públicas (RP) no quadro de funcionários da Coordenadoria. Essa constatação se

torna relevante porque Kunsch (2003) aponta essa área como fundamental dentro da

subdivisão Comunicação Institucional. Para a autora, as relações públicas têm o objetivo de

12

Desde 2008, já houve três concursos para a área de Comunicação da UFC, sendo admitidos 15 jornalistas e 1

publicitário.

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gerenciar o processo comunicativo, exercendo função estratégica ao ajudar as organizações a

se posicionarem na sociedade.

Provavelmente, a inexistência de profissionais de RP seja reflexo da inexistência

de cursos de graduação em Relações-Públicas no Ceará, o que faz com que a profissão não

ganhe espaço na estrutura atual da Universidade. Além das características próprias do local,

de acordo com Simas e Costa (2008), o mercado educacional do Brasil ainda não incorporou a

importância dessa área profissional para a gestão da comunicação organizacional.

Por conta dessa situação, muitas das atividades que os teóricos tradicionalmente

classificam como sendo do RP, acabam sendo exercidas por outras áreas da UFC. Exemplos

disso são o cerimonial e a organização de eventos institucionais, que fica sob a

responsabilidade do “Cerimonial do Gabinete do Reitor”, um setor independente da

Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional.

A análise sobre o atual contexto organizacional da CCSMI também levou a uma

reflexão sobre o papel que deve ser desempenhado pelo setor. O coordenador da CCSMI

defende que a gestão da comunicação da CCSMI deva ir além da mera produção de veículos

jornalísticos e da divulgação de notícias. Para ele, é essencial que a comunicação passe a

ocupar um espaço maior na própria Instituição, superando a visão instrumental, que hoje

ainda é predominante. Ele afirma:

Então, em geral, as pessoas não pensam a comunicação como parte do

funcionamento da Instituição. Não pensam assim. Não pensando, assim, essa

dimensão de fazer girar a informação, levar a comunicação, promover diálogo

interno e externo, isso fica um pouco sacrificado. Então, esse é um aspecto que pesa

muito no desenvolvimento do trabalho da Coordenadoria. Esse trabalho meio

acessório teria que ser superado. A outra coisa, bom, superando esse caráter

acessório, aí nós teríamos sim a atuação do setor de comunicação que ampliasse a

perspectiva de comunicação.

A literatura revisada aponta que a superação da comunicação instrumental é um

objetivo a ser perseguido pelos gestores da comunicação organizacional (OLIVEIRA, 2002).

Ela indica também que a comunicação é um processo de múltiplos canais, não significando

apenas circulação de informação. Ela envolve estruturas, padrões, fluxos de informação e

processos de interação (MONTEIRO; DUARTE, 2009). O que hoje é possível observar na

UFC, a partir da fala do coordenador, é que a comunicação ainda desempenha essa função

instrumental ao centrar sua ação na utilização de meios eletrônicos, impressos e visuais de

transmissão da informação, utilizando boa parte da sua força de trabalho na elaboração desses

produtos.

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É preciso salientar, contudo, que, além da consciência de que a comunicação não

deve ficar presa ao caráter instrumental, há certas evidências que mostram que a CCSMI está

buscando ir além desse posicionamento. Um deles diz respeito à realização de um

planejamento estratégico, que ainda está em curso, provavelmente o primeiro do setor13

. Esse

planejamento poderá ser uma ferramenta capaz de ajudar a área a superar a condição de setor

“tarefeiro”. As organizações modernas precisam planejar, administrar e pensar

estrategicamente a sua comunicação, não sendo mais suficiente se pautar por decisões

isoladas de comunicação (KUNSCH, 2003).

Outro indício de busca de superação de uma visão instrumental da comunicação é

a realização de pesquisas. O atual coordenador considera que a pesquisa é uma ferramenta

fundamental e é fator de mudança, conforme explica:

E primeiro porque eu não acredito que você possa mudar as coisas sem conhecer.

Então, a minha perspectiva era: pessoal trabalha bem, a equipe é muito boa, tem

bons produtos, mas eu não sei como é o processo, a gente não sabe o que é que o

público acha, como é recebido isso. De repente a gente tem um produto que está

ótimo e as pessoas não aprovam. De que adianta você fazer um produto pra uma

comunidade, você ficar muito feliz com o resultado e a comunidade não aprovar?

Você está jogando dinheiro fora, esforço, então... E a outra coisa: é importante ouvir

a comunidade. Pra fazer comunicação, é importante saber o que a comunidade

pensa. Não é uma submissão pura e simplesmente ao que a comunidade diz, mas é

um diálogo.

A importância da realização de pesquisa também está presente na literatura

revisada. Para Bueno (2005), não é incomum perceber que, mesmo produtos tradicionais da

comunicação organizacional, como jornais e publicações, eventos, assessoria de imprensa

etc., não merecem avaliação sistemática ou não decorreram de pesquisa ou planejamento

prévio. Para o autor, muitos produtos são criados e mantidos pela convicção de que são

necessários, mas reproduzem modelos e padrões que não estão em sintonia com a cultura

organizacional, com a dinâmica do mercado ou com os objetivos maiores das organizações.

Um exemplo que parece indicar que a CCSMI está buscando se basear mais na

pesquisa ocorreu no “Jornal da UFC”. O periódico passou por mudanças em 2014. De acordo

com o coordenador da CCSMI,

[...] a gente fez uma grande mudança nele, inclusive em consequência de uma

pesquisa que nós fizemos como a comunidade universitária. Porque antes o jornal

era bonito, era grande, era bimensal e as matérias longas, muitas delas, às vezes,

se distanciavam muito dos objetivos da comunicação institucional da UFC. E aí a

13

Como a CCSMI não conta com um arquivo através do qual possa ser conhecida a sua história, para descobrir

se já havia sido feito algum planejamento na área, a pesquisadora conversou com três funcionários mais

antigos do setor. Contudo, eles afirmaram não se lembrar da realização de planejamento em outras gestões.

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gente foi na comunidade universitária e a comunidade universitária disse tudo o que

a gente precisava fazer e nós fizemos. [...] Então, o jornal tem sido modificado

bastante e deu resultado.

Para concluir a análise de como a comunicação institucional é estruturada na

UFC, é necessário reforçar uma das falas do coordenador. Para ele, uma das buscas do

trabalho desenvolvido hoje na CCSMI é a promoção de uma comunicação integrada, que

aconteça envolvendo não apenas os profissionais que trabalham diretamente com a

comunicação, mas toda a Instituição. Essa visão mais ampla da comunicação é identificada na

literatura revisada, que defende que a comunicação de uma organização está diretamente

ligada ao processo de gestão implantado na organização e que ela acontece através de todos

aqueles que se relacionam com o público (BUENO, 2009).

Nesse contexto, o papel do gestor de comunicação e de toda sua equipe seria

pedagógico e motivador, orientado sobre práticas eficientes e naturalizando a preocupação

com a comunicação com todos os integrantes da organização. Em relação aos dirigentes, é

fundamental que eles acreditem, se envolvam e apoiem a criação de uma consciência

comunicativa na organização. Caso contrário, o compartilhamento de informações será apenas

uma figura de retórica sem aplicação prática no cotidiano (MONTEIRO; DUARTE, 2009).

4.2 A compreensão da Comunicação Institucional por parte dos integrantes da

Administração Superior da Universidade

Outro objetivo deste estudo é verificar como a comunicação institucional

estratégica desenvolvida na UFC é compreendida pelos integrantes da Administração

Superior da Universidade. A partir desse objetivo e tomando como base a revisão

bibliográfica, foi estabelecida a categoria “comunicação institucional”. Nesta seção, serão

apresentados o detalhamento da categoria e a análise realizada a partir dela.

Para atingir esse objetivo, foram entrevistadas nove pessoas que ocupam os

seguintes cargos: reitor, vice-reitor, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, pró-reitora de

Extensão, pró-reitor de Planejamento, pró-reitor de Assuntos Estudantis, pró-reitor de Gestão

de Pessoas, pró-reitor de Graduação e chefe de gabinete.

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4.2.1 Comunicação institucional

A comunicação institucional tem o objetivo de envolver a instituição na

totalidade, ou seja, pretende estabelecer uma clara compreensão do significado da

organização, seu papel, sua razão de ser, tanto interna quanto externamente. (VALSANI,

2006). Para Kunsch (2003), a comunicação institucional está diretamente ligada aos aspectos

que apresentam o lado público das organizações. Assim, ela ajuda construir a personalidade

da instituição e tem como proposta básica a influência político-social na sociedade onde está

inserida.

Assim como na literatura, todos os entrevistados expuseram uma visão da

comunicação como algo fundamental para apresentar a Universidade e para estabelecer as

relações com os vários setores da sociedade. Para o Entrevistado 1, a comunicação “deve

colocar a universidade como vitrine, colocar a universidade sendo refletida no que é seu

papel, no que ela faz.” Para o Entrevistado 2, a comunicação tem o papel fundamental de

fazer com que as comunidades externas e internas vejam a UFC com bons olhos, percebendo

que ela é um órgão público que traz benefícios para a sociedade.

O Entrevistado 6 destaca um ponto apontado por Kunsch (2003) acerca da

comunicação. A autora explica que a comunicação institucional ressalta os aspectos

relacionados com a missão, a visão, os valores e a filosofia da organização. O entrevistado

apresentou um posicionamento alinhado a essa visão. Para ele, com a comunicação,

A gente consegue envolver as pessoas. A gente consegue parceiros. A gente

consegue trazer as pessoas pra dentro do movimento, né? [...] Eu não conheço

nenhuma instituição, seja governo, seja ela de que natureza for... Ela pode ser forte,

ela pode cumprir bem a sua missão, se ela não tiver, assim, como princípio

fundamental trabalhar bem a sua comunicação, ela não passa missão, ela não passa

valores, ela não dá resultados. (ENTREVISTADO 6, Integrante da Administração

Superior da UFC).

Dentro da mesma linha de reconhecimento da importância da comunicação, o

Entrevistado 3 analisa que a velocidade dos acontecimentos na contemporaneidade e a

quantidade de informação existente fazem com que a comunicação se torne tão importante:

“Sem isso, é muito difícil porque a informação hoje é essencial, principalmente em uma

universidade. A nossa dinâmica... Quem está na universidade já acha uma coisa absurda e

quem está fora sequer imagina”, afirma.

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A compreensão de que o mundo contemporâneo exige o estabelecimento de uma

comunicação forte é compartilhada pelo Entrevistado 4, que acredita que o trabalho de

comunicação faz com a que a Instituição possa ser reconhecida e defendida. Ele afirma:

E, nos dias de hoje, mais do que nunca. Se você quiser ser esquecido, tudo bem. Eu

posso querer para poder estar em paz, né? Mas a Instituição não pode pensar nisso

nunca. [...] De certa forma, até para que as pessoas consigam defender a

Universidade. A Universidade precisa fazer sua parte para ser reconhecida pela

sociedade. (ENTREVISTADO 4, Integrante da Administração Superior da UFC).

A perspectiva de utilizar a comunicação como uma estratégia de defesa também é

apresentada pelo Entrevistado 5, que acredita que a ideia de privatização, presente no discurso

de alguns setores da sociedade, precisa ser enfrentada com iniciativas que façam a sociedade

reconhecer a importância da Universidade para defendê-la.

O Entrevistado 7 ressalta que a comunicação tem o papel fundamental de criar um

senso de direção para que a organização consiga atingir os seus objetivos. Ele enfatiza que a

comunicação “mexe com informação, mas isso é só a ponta do iceberg. Tem algo por baixo

que é muito mais relevante do que a simples transmissão de informação. Ela está aglutinando

forças para chegar a determinados propósitos”.

A visão da comunicação como algo mais vital para a organização é apresentada

pelo Entrevistado 8. Para ele, a comunicação vai muito além da mera divulgação, ocupando

um papel de destaque na organização. Ele ressalta:

A comunicação é fundamental porque o cumprimento dos papéis a exige para isso se

efetivar. Se a UFC pudesse cumprir a sua missão sem comunicação, eu diria que a

comunicação seria secundária nesta instituição. Mas, para cumprir a sua função hoje,

a Universidade, que não está isolada, que tem uma relação forte com a sociedade,

uma educação superior que precisa se integrar com a escola básica, com as

empresas, com as organizações públicas e privadas, fazer convênios... Tudo isso faz

com que comunicação seja fundamental para o cumprimento da missão institucional.

(ENTREVISTADO 8, Integrante da Administração Superior da UFC).

Esses dois últimos posicionamentos vão ao encontro da literatura revisada e dão

um olhar mais estratégico à área. Para Oliveira (2002), a comunicação contribui no

direcionamento dos fluxos informacionais para o objetivo geral da organização. Nessa

mesma linha, Monteiro e Duarte (2009) defende que a comunicação pode agregar valor às

organizações, auxiliando-as no cumprimento de sua missão e na conquista de seus objetivos.

Os teóricos enfatizam que a valorização da comunicação pelos gestores é

fundamental para os resultados do setor. Bueno (2005) ressalta que a comunicação não se

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realiza à margem das organizações, sendo necessário que ela esteja diretamente associada a

sistemas específicos de gestão e culturas organizacionais.

Durante as entrevistas, quatro participantes citaram que a comunicação

institucional funciona como uma modalidade de prestação de contas e possibilita a

transparência das ações desenvolvidas na UFC. Para eles, a divulgação das informações,

através dos veículos de comunicação da Universidade ou de ações da assessoria de imprensa,

permite que a sociedade tome conhecimento das atividades desenvolvidas e do que é feito

com os recursos financeiros que são repassados para a Instituição. O Entrevistado 6 aponta a

ligação direta entre transparência e comunicação:

Até porque, assim, a obrigação de todo gestor é prestar contas, ser transparente. E é

impossível você fazer isso se não estiver preocupado com o elemento de

comunicação. Uma decisão que a gente tome aqui precisa ser conhecida, ela precisa

ser explicada. (ENTREVISTADO 6, Integrante da Administração Superior da UFC).

Um dos entrevistados ressaltou que o reconhecimento da comunicação como

instrumento de prestação de contas deve existir nas notícias positivas e nas negativas. O

Entrevistado 3 lembra que o ano de 2014 foi muito positivo para a UFC em termos de

avaliação externa14

, mas, em anos anteriores, alguns cursos de pós-graduação tiveram que ser

descredenciados por não conseguirem atingir os resultados esperados. Para ele, mesmo sendo

negativas, essas informações tiveram que ser divulgadas porque a sociedade tinha o direito de

saber sobre esses desempenhos ruins. “Da mesma forma que a gente publica que a

Universidade ficou bem colocada nesse curso e naquele, a gente também tem que dizer que

esses cursos aqui não foram bem avaliados por isso, por isso e por isso.”

A divulgação dos recursos e dos investimentos que são realizados foi outro

aspecto que surgiu ao longo das entrevistas. Para o Entrevistado 9, a universidade “tem que

prestar contas porque é dinheiro demais aqui dentro”. Já o Entrevistado 2 defende que a

sociedade precisa saber o que é feito por ser ela que permite que a Universidade exista.

Uma palavra que está muito em voga é a transparência do que está sendo feito.

Passo o dia trabalhando aqui, 24 horas por dia desenvolvendo isso, isso e aquilo

outro, e lá fora as pessoas pensam que não estamos fazendo. Ou fazemos quase nada

ou fazemos muito pouco. (ENTREVISTADO 2, integrante da Administração

Superior da UFC).

14

A Universidade Federal do Ceará ocupou a 16ª posição entre as melhores universidades do País no ranking do

Center for World University Rankings (CWUR, 2014), a 45ª entre as 501 universidades ibero-americanas

avaliadas no Scimago Institutions Ranking (SIR, 2014) e a 13ª posição nacional, a 10ª entre as federais e a

segunda do Nordeste no Ranking da Folha de São Paulo.

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Essa preocupação com a transparência e de como a comunicação pode contribuir

para que ela se consolide também é encontrada na literatura revisada. De acordo com

Christensen e Cornelissen (2011), em seus esforços para responder às expectativas sociais

para prestação de contas e transparência e se apresentar como instituições coerentes,

confiáveis e de confiança, um crescente número de organizações está implementando políticas

de coerência em todas as comunicações e buscando a uniformidade em tudo o que diz e faz.

Tudo isso para que sejam vistas pela sociedade como organizações que não têm nada a

esconder.

Para fazer com que a comunicação aconteça na UFC, uma das principais

estratégias realizadas pela CCSMI, como já foi citado anteriormente, é o desenvolvimento de

produtos jornalísticos para rádio, TV, meios impressos e virtuais. Quando questionados sobre

esse trabalho, oito dos nove entrevistados avaliaram os produtos de comunicação

desenvolvidos pela CCSMI como sendo de ótima qualidade. Para o Entrevistado 6,

A nossa revista é primorosa. O jornal tem ganho um dinamismo muito grande. Ele

tem incorporado esse sentimento. Ele tem trabalhado nessa linha de... Fazer com que

as pessoas... Estimular o pertencimento das pessoas à Instituição. O programa de

televisão também é muito legal. [...] Acho que a rádio também é um patrimônio

enorme... Acho que a rádio é bastante informativa, de muito boa qualidade. Uma

coisa muito séria. (ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da

UFC).

Uma avaliação positiva também é feita pelo Entrevistado 3:

Acompanho todos. Eu avalio que o jornal melhorou muito. É outro jornal. Eu tinha

críticas muito duras quanto ao outro. A nossa revista é muito boa. Não tem reparo. O

programa UFCTV também é muito bom. São sempre temas variados. Uma dinâmica

muito boa. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 8 ressalta a qualidade e a necessidade de permanente atualização

que o avanço da tecnologia exige. Ele afirma o seguinte:

A qualidade desses produtos, pra mim, é muito boa, individualmente, cada um deles.

Se eu for ver hoje a revista que a UFC produz, a qualidade da programação do

UFCTV, se for olhar o site da UFC, eu gosto. Ele foi atualizado pra melhor. Eu acho

que, individualmente, esses produtos são bons. É claro que cada vez mais a

tecnologia vai exigindo... A atualização é um processo permanente, mas a gente não

está, em comparação com outras instituições, a gente não está atrasado.

(ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 4 foi o único que afirmou não acompanhar cotidianamente os

veículos de comunicação da Universidade e a criticar o formato e a periodicidade do Jornal da

UFC:

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O jornal da UFC... O jornal da UFC tem que se transformar em um jornal eletrônico

também. E talvez, em vez de ser mensal, ele tenha uma regularidade maior. Talvez

semanal. Porque acontece toda semana. Acontece todo dia! E aí ficam coisas mais

pontuais. O jornal mensal. Quantos jornais mensais você vê no Brasil que tenham

assim uma grande audiência? Se você quiser chamar jornal, de revista mensal, que

eu me lembre, tem a Piauí, né, que é mensal. [...] Mas quantas revistas mensais têm

um público de alcance grande? Eu acho que essa ideia de jornal mensal, eu não

acredito... É bom. Eu não estou dizendo que seja ruim, mas ele é muito pouco ainda.

(ENTREVISTADO 4, integrante da Administração Superior da UFC).

Já o Entrevistado 9 afirmou acompanhar e gostar de todos os produtos. A única

crítica feita foi em relação às pautas da Revista Universidade Pública:

A revista... Eu não gosto muito da “Universidade Pública”. Eu respeito, mas não

gosto. Eu acho que ela se afastou muito da Universidade, na minha visão. [...] Ela

deveria ser mais universidade. Ela é mais sociedade. [...] A Universidade Pública

deve mostrar o que a gente tem de bom. [...] (ENTREVISTADO 9, integrante da

Administração Superior da UFC).

Interessante observar que, enquanto o Entrevistado 9 avalia a linha editorial mais

aberta da Revista Universidade Pública como algo negativo, o Entrevistado 5 já percebe de

forma oposta, como é possível perceber neste trecho:

Porque a qualidade da revista é muito boa. Ela fala... Ela tem o nome Universidade

Pública. Todos os temas são temas ligados diretamente à Universidade, mas ela tem

enfrentado temas polêmicos que não são dentro da Universidade, mas que cabe a ela

enfrentá-los, discuti-los. E sempre enfrenta com uma visão muito ampla. Muito

holística. (ENTREVISTADO 5, integrante da Administração Superior da UFC).

Na opinião de todos os entrevistados, dos veículos existentes hoje na UFC, sem

dúvida o portal é o mais acompanhado. Todos eles afirmaram consultar a página para

acompanhar as novidades. É o caso do Entrevistado 2, que diz que acessar o site “faz parte do

meu cotidiano. É a primeira coisa que eu faço no meu computador é ir no portal da UFC.” As

visitas do Entrevistado 9 ao portal são ainda mais constantes: “milagrosamente, não estava

aberto aqui, mas o site da Universidade eu consulto umas vinte vezes por dia. Pra mim, a

principal fonte de informação da universidade é o site. Ele fica aberto direto”.

Na análise dos produtos jornalísticos da UFC, dois entrevistados apresentaram em

suas falas uma preocupação quanto à necessidade de os produtos chegarem a mais pessoas. O

Entrevistado 5 analisa que o grande desafio da CCSMI é realizar uma distribuição mais

agressiva na sociedade. Ele avalia:

Eu acho os instrumentos excelentes. Talvez o que faltasse fosse uma política de

consolidação desses instrumentos na sociedade. Por exemplo, o UFCTV. Ele é

reproduzido em um canal que é pouco assistido, que não é muito assistido. Talvez,

se a gente conseguisse um patrocínio para conseguir a inserção dele em um canal

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que fosse mais assistido... [...] Mas os veículos eu diria que são excelentes na sua

concepção. São excelentes na sua execução, mas são apenas bons na sua inserção na

sociedade. (ENTREVISTADO 5, integrante da Administração Superior da UFC).

Já o Entrevistado 8, avalia que os produtos devem ser mais bem distribuídos

dentro da própria UFC. Para ele,

Eu fico imaginando que a Universidade tem vários espaços em que esses produtos

poderiam estar sendo vitrines. Digitalmente, entendeu? Cada unidade acadêmica tem

seu saguão de entrada, a reitoria tem, as pró-reitorias têm. Eu acho que a gente

precisa instalar nesses lugares instrumentos de comunicação. Restaurante

universitário é um lugar que atinge muitos estudantes diariamente. O que é que tem

como instrumento de informação para o estudante, que não está nem atrás de

informação, mas basta estar lá instalado pra ele saber das coisas?

(ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior da UFC).

Na análise do trabalho desenvolvido pela CCSMI, os entrevistados também

citaram as ações de relacionamento com a mídia. Para todos eles, a relação não é boa. Ao ser

questionado se a imagem construída nos meios de comunicação sobre a UFC é positiva, o

Entrevistado 2 responde:

Não, não. Não passa essa imagem positiva. Às vezes ela é muito resumida e, muitas

vezes, distorcida. Muitas vezes o que a gente vê nos jornais, na televisão... Mas por

falta de informação. Eu não quero colocar culpa aqui em ninguém, mas é um fato. A

gente que lê diz: “Poxa, mas olha o que botaram aqui nesse jornal! Não é isso que é

a realidade. É outra coisa!”. Muitas vezes vai até na direção da notícia, da realidade

daquele fato. Mas não é completo. Às vezes é distorcido. E, muitas vezes, por que

não dizer, parece maldosamente deturpado, entende? Muitas vezes maldosamente

deturpado. Isso tem acontecido e a gente sofre muito com isso. (ENTREVISTADO

2, integrante da Administração Superior da UFC).

Já o Entrevistado 6 traz uma reflexão sobre como a UFC parece estar sem

proteção no ambiente externo. Ele explica:

Eu acho que a gente fica muitas vezes desprotegido no sentido das relações externas.

Eu acho que a mídia acaba também sem ter muita informação do que acontece

dentro da Universidade. Vez por outra a gente é surpreendido com informações

negativas da Universidade, coisas que eu acho que poderiam ser evitadas.

(ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da UFC).

Essa sensação de desamparo na relação com os meios de comunicação também é

compartilhada pelo Entrevistado 9: “Eu particularmente tenho sentido, assim, algumas

lacunas, quer dizer, na minha visão, de determinados assuntos da Universidade que... Eu acho

que a Universidade fica um pouco descoberta.”, afirma.

Durante as entrevistas, foi possível perceber que a imagem negativa da relação da

Universidade com os meios de comunicação foi fortemente influenciada pela cobertura da

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Operação Gourmet, realizada por um jornal de Fortaleza15

. A operação, deflagrada pela

Polícia Federal, investiga fraudes em licitações da UFC, principalmente em relação à

administração do restaurante universitário entre os anos de 2009 e 2012. O suposto esquema

teria causado um prejuízo estimado de cerca de R$ 7 milhões aos cofres públicos.

Na fala dos entrevistados, sempre é reforçada a compreensão de que o jornal não

se preocupou em escutar a UFC. O Entrevistado 6 é um dos que refletem sobre esse

comportamento da imprensa. “Não é a coisa mais comum a gente ver um comportamento

isento com relação à comunicação, isso é, aquela história de você olhar os dois lados, de você

sempre ouvir, saber que uma história tem sempre dois lados, tem as duas versões”, afirma.

A visão de que o jornalismo sempre deve ouvir o outro lado e de que isso não é

feito pela imprensa local também é trazida pelo Entrevistado 9. Ele explica:

Eu não sei por que razão nós não temos o contraponto. Não é defesa não, porque a

Universidade não precisa de defesa não. Ela precisa do contraponto, né? A

Universidade é autoimune. Por quê? Porque, quanto mais ela sofre, sai uma notícia

“Primeiro lugar não sei aonde”, “Num sei quantos trabalhos num sei aonde” [...]

Quer dizer, ela tem um poder de regeneração tão grande, um poder de

autorregeneração, que ela não precisa. Mas ela tem que ser submetida ao

contraditório também, né? Deixa ela falar. (ENTREVISTADO 9, integrante da

Administração Superior da UFC).

As críticas se referem especialmente ao fato de o jornal não ter dado espaço para

mostrar o que a UFC promoveu de mudanças depois da descoberta do desvio, preocupando-se

apenas em divulgar as mesmas denúncias em reportagens com espaço temporal de mais de

dois anos. O Entrevistado 3 defende que seria importante para a sociedade saber quais

providências foram tomadas a partir da crise. Ele ressalta:

Por exemplo, a Universidade foi extremamente diligente em apurar aquela questão

do Restaurante Universitário. Em nenhum momento nós omitimos qualquer

informação. Mas nós não podemos, ao tratar isso, estar criminalizando esse ou

aquele gestor, de forma nenhuma, até porque existem os canais próprios pra isso. A

informação dada é essa. Houve falha? Houve nisso, nisso e nisso. A Universidade

está apurando. A CGU, o TCU e o MPU e a Justiça estão acompanhando. A

Universidade fez o que tinha que fazer. [...] Então, nesse aspecto, nos ajudou a ser

mais cautelosos, a endurecer o controle, aumentar a formalidade nos processos.

Porque, até então, a Universidade era muito informal. A Universidade, por essência,

reage muito ao formalismo, à burocracia, até pela própria dinâmica dela. Não tem

nem tempo. Mas, felizmente, o País mudou. A Universidade aprendeu com isso. E

agora tem os processos burocráticos tendo que ser cumpridos. (ENTREVISTADO 3,

integrante da Administração Superior da UFC).

15

A primeira reportagem sobre as irregularidades na licitação foi divulgada em maio de 2012, quando o

Ministério Público da União (MPU) iniciou as investigações. Dois anos depois, em setembro de 2014, a notícia

é novamente divulgada como se fosse uma denúncia nova e sem que nenhum destaque tenha sido dado a todo o

procedimento desenvolvido pela UFC após o início das investigações.

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De uma maneira geral, todos os entrevistados afirmaram acreditar que os meios de

comunicação têm uma natural preferência pela agenda negativa, como refletiu o Entrevistado

1: “Tudo bem que eles queiram fazer a divulgação de um escândalo que aconteceu, mas

deveriam também pontuar os aspectos positivos de projetos que estão sendo feitos,

pesquisas...”. Na mesma linha, o Entrevistado 5 analisa “que as informações pra quantidade

que é enviada, para o que acontece na Universidade, eu acho que as informações [positivas]

são raras ou, então, são informações muito pequenas e muitos curtas”.

Para dois dos entrevistados, as notícias positivas que saem têm a função apenas de

amenizar um pouco a relação dos jornais com a UFC. Essa é a opinião do Entrevistado 9:

“Porque é uma agenda muito ruim pra Universidade. Eu soube até que agora, em um

determinado jornal, saiu sobre os sessenta anos. Uma coisa elogiando na universidade. Quer

dizer, eu bato, bato e sopro uma vez.”. O Entrevistado 4 tem apreciação parecida: “Nos

jornais do Ceará, eu acho que os jornais mordem e alisam. Se acontece alguma coisa boa aqui,

as chances de sair são mínimas. Se acontece algum problema pequeno, com certeza ele sai. E

sai com o nome ‘UFC’.”.

Essas considerações negativas dos gestores sobre a cobertura dos meios de

comunicação impressos não correspondem aos resultados dos relatórios do clipping dos

jornais o Povo e Diário do Nordeste, realizados pela CCSMI. Nos três últimos anos, o número

de notícias positivas divulgadas pelos jornais foi imensamente superior ao número de notícias

negativas. Em 2012, por exemplo, foram 818 notícias positivas contra 29 negativas. Em 2013,

foram 828 contra 213. Já em 2014 foram 832 contra 51. O detalhamento desses relatórios

pode ser observado nos Anexos B, C e D

A opinião dos gestores e a reflexão sobre a análise dos números do clipping da

UFC refletem bem o que na literatura revisada é apontado como a dificuldade que os

assessorados têm de compreender o funcionamento dos meios de comunicação. De acordo

com Faria (2010), geralmente as instituições aceitam a mídia quando o tratamento editorial é

positivo e negam quando a notícia realça o deslize e instaura a controvérsia. Dessa forma, se

não houver um diálogo constante sobre essas características entre assessores e assessorados,

em um trabalho pedagógico, fica muito difícil compreender a natureza contraditória da

imprensa.

Contudo, é preciso relembrar que, no jornalismo, a notícia negativa tem muito

mais valor do que a positiva. Isso acontece porque o valor-notícia primário da orientação do

jornalismo são as situações fora do comum e que rompem com a ordem natural do cotidiano.

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(FARIA, 2010). O Entrevistado 8 tem uma compreensão que segue o raciocínio da literatura

revisada, estendendo o interesse pelo negativo também para o público. Ele afirma:

E a gente sabe que a questão cultural é muito importante porque, quando a manchete

é negativa culturalmente, as pessoas se interessam mais em ir atrás da notícia.

Quando a manchete é positiva, ela passa despercebida. Então, essa é uma questão

cultural mesmo. Daí porque eu acho que os jornais dão sempre mais valor às

manchetes negativas porque sabem que as pessoas estão interessadas mais nelas.

(ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior da UFC).

Mas, além da crítica à postura dos meios de comunicação, as falas de outros dois

entrevistados também mostram desconhecimento sobre o papel de uma assessoria de imprensa

em sua função de busca ativa por oportunidades para pôr a organização em evidência nos

meios de comunicação. É possível perceber isso na fala do Entrevistado 6: “Eu sei que o setor

de comunicação da Universidade não tem o poder... Não cabe a ela pautar os órgãos de

imprensa. De jeito nenhum. Eu sei que é difícil. Eu sei que eles buscam uma independência.”.

Em relação às limitações, o Entrevistado 3 também reflete:

Porque nós não podemos investir em verba de publicidade. Nós temos fôlego de

chegar com a informação na sociedade se os jornais se pautam pela notícia ruim? É

muito difícil a gente conseguir que os jornais com a mesma frequência pautem a

Universidade naquilo que ela faz de positivo, de bom. (ENTREVISTADO 3,

integrante da Administração Superior da UFC).

Já o Entrevistado 9 cobra uma atitude mais ativa da CCSMI na relação com os

meios de comunicação. Para ele,

Nossa comunicação tem que descobrir como é que vai botar isso aí. Passa a ideia, e

eu digo isso até com certa preocupação, às vezes me passa a ideia que a

comunicação social não se apropriou da Universidade. Tem que virar dono. Tem que

virar dono. Inclusive, eu sou a favor que toda comunicação para o exterior seja via

comunicação social. (ENTREVISTADO 9, integrante da Administração Superior da

UFC).

O Entrevistado 7 também acredita que a UFC pode estabelecer uma relação mais

forte com os meios de comunicação. “Eu não sou da área, mas eu tenho a impressão de que a

mídia está louca por notícias. E a gente sabe que muita coisa acontece na Universidade.

Então, acho que a gente não está chegando”, analisa.

Apesar de reconhecer as dificuldades de se pautar os meios de comunicação, o

Entrevistado 6 defende que a estratégia para melhorar as pautas da UFC nos meios de

comunicação do Ceará passa por um trabalho mais forte da assessoria. Ele explica:

Eu acho que é intensificar o trabalho, intensificar as ações. É como eu digo: é

procurar estar mais presente. Ter mecanismos e fluxos regulares de informação.

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Porque o que a Universidade faz é muita coisa. Muita coisa. A gente faz coisa

demais. A gente faz coisa demais. Eu sempre digo que é um privilégio trabalhar num

ambiente desse aqui. Porque se você for comparar com as outras instituições que

estão aí fora, né? (ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da

UFC).

Mesmo enfatizando a cobertura negativa da UFC nos meios de comunicação, três

entrevistados também ressaltaram que a UFC tem uma imagem muito forte na sociedade

cearense. Para o Entrevistado 8,

É paradoxal. Eu precisaria mesmo, inclusive, entender melhor. Porque parece que,

mesmo quando se fala mal, essa notícia repercute em favor da UFC. É como se a

Universidade, que completou 60 anos, durante esse período, ela fez um bem muito

grande ao Estado e à região. Ela tem milhares de pessoas formadas nela, que têm

uma experiência de terem sido formados pela UFC. Então, mesmo a maioria das

notícias não sendo boas... [...] Ela está arraigada de uma forma tão positiva na

cultura das pessoas, que, quando é a UFC, as pessoas acham que, por mais que

tenham a notícia negativa, ela é menor do que tudo de positivo que a Instituição faz.

(ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 4 chegou a se referir à pesquisa Anuário-Datafolha Top of Mind,

em que a UFC sempre obtém bons resultados. Nas últimas nove edições, a UFC obteve o

primeiro lugar como a universidade mais lembrada pelos cearenses.16

“Tenho a seguinte

consciência: de todas as pesquisas de mercado que são feitas, parece que a grife ‘UFC’ é uma

das mais lembradas aqui. Quando você fala o nome, você lembra logo da Universidade

Federal do Ceará”.

O mesmo reconhecimento sobre a boa imagem da UFC na sociedade também é

citado pelo Entrevistado 3. Para ele,

A nossa instituição tem um nome muito forte. A UFC tem um nome muito forte. [...]

Se a Universidade consegue manter a sua fortaleza, consegue ser uma instituição

respeitada, não é pela propaganda. É pelo que ela faz. É pelo que ele produz. Pelo

que a sociedade sente e pelo que a sociedade se apropria do que ela faz. E isso eu

sinto também onde eu ando. As pessoas sempre destacando que a Universidade vem

crescendo, que a Universidade produz muito etc etc. (ENTREVISTADO 3,

integrante da Administração Superior da UFC).

Essa reflexão apresenta alinhamento com a literatura revisada, que prega que, para

construir uma boa imagem, é necessário que o trabalho desenvolvido pela organização tenha

qualidade. Se a identidade corporativa não se apoia sobre bases reais, facilmente é desfeita

16

Nas últimas nove edições da pesquisa Anuário-Datafolha Top of Mind, a UFC ocupou o primeiro lugar.

(QUAL..., 2013). Na edição de 2014, ela obteve 15,9% das menções, empatando tecnicamente com a Unifor,

que ficou com 14,8%. Entre os cinco primeiros lugares, ainda estão a Universidade Estadual do Ceará

(UECE), com 5,8%; a Faculdade Farias Brito (FFB), com 3,8%; e a Estácio FIC e a Faculdade 7 de Setembro

(FA7), com 3,5% de recall cada uma (ANUÁRIO..., 2014).

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pelo público (SOUSA, 2006). No caso da UFC, para esses três entrevistados, o bom trabalho

desenvolvido pela Universidade ao longo da sua existência acaba sendo mais importante para

a sociedade do que a imagem construída nos meios de comunicação que, na avaliação deles, é

negativa.

Na discussão sobre comunicação institucional, a definição do público prioritário

está sempre presente. Isso porque todos os produtos de comunicação que são elaborados só

conseguem atingir seu objetivo final se forem, das mais diferentes maneiras, consumidos

pelas pessoas.

Das nove pessoas entrevistadas, dois destacaram que a comunicação institucional

desenvolvida pela UFC deve priorizar todos os públicos: comunidade interna, formada por

estudantes, professores e servidores técnico-administrativos, e sociedade. É o caso do

Entrevistado 2, que defende que a sociedade precisa saber de tudo o que ocorre na

Universidade, apesar de reconhecer que existem aspectos que interessam mais à área

acadêmica, enquanto outros interessam mais à área administrativa da Universidade.

O Entrevistado 4 também defende que a comunicação deve priorizar todos os

públicos e ressalta que uma boa relação da comunicação com Governo do Estado, prefeituras,

indústria e comércio, em um trabalho de articulação mais direto realizado pelo setor de

comunicação, poderia gerar parcerias benéficas para a sociedade.

Além da articulação com os governos e forças produtivas, o Entrevistado 4

defende que a comunicação também deva fazer uma articulação com outros setores. “Por

exemplo, a comunicação deve ir aos colégios. [...] Nós temos aqui um Museu de Ciências, tá

certo? E quantas pessoas aqui conhecem na cidade? Era para ter um público infinitamente

maior”, enfatiza. A visão dele sobre o papel da comunicação vai ao encontro do que Kunsch

(2003) defende. Para ela, a comunicação institucional, especificamente o setor de Relações-

Públicas, tem a missão de estabelecer estratégias comunicacionais de relacionamento de

acordo com as demandas sociais e o ambiente organizacional.

Ao reconhecer também a importância do público interno, o Entrevistado 4 reflete

sobre a diversidade de características existentes na Universidade que devem ser consideradas

pela CCSMI. Ele explica:

Você pega um engenheiro, coordenador. Ele não tem pai nem mãe. A conversa

morre em cinco minutos. ‘Pessoal, vocês ainda não decidiram? Que diabo é que

vocês querem decidir? Não vou passar uma hora conversando não.’ Você vai para a

Saúde e lá eles têm uma preocupação com o social. É a natureza deles. Você vai

conversar, por exemplo, com o pessoal da área de Humanas: ‘Não, pera aí! Nós

temos que discutir esse processo. Essa coisa não pode ser assim não. Você quer

decidir isso aqui agora!’. E quem é que está certo e quem é que está errado? Todos

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estão certos porque são culturas distintas. (ENTREVISTADO 4, integrante da

Administração Superior da UFC).

A observação sobre a diversidade do público que compõe a UFC também é

destacada pelo Entrevistado 7. Ele ressalta que, dentro da complexidade que é ser gestor de

uma universidade pública, o desafio de encontrar a linguagem certa para dialogar com cada

público é um dos mais difíceis. Ele destaca:

[...] dentro do quadro de complexidade da Universidade, a gente tem públicos e

linguagens totalmente diferentes. Você falar para professor é uma coisa. Você falar

para técnicos-administrativos é outra. Você falar para pessoal de nível médio e

superior é outra. Você tem linguagens profissionais convivendo. Em uma

multinacional como a Sony, por exemplo, são pessoas da área de TI. Engenheiros...

Então, há uma certa uniformidade. Aqui você tem de tudo. Desde um cargo de TI a

um de Engenharia Civil, Medicina, Economia... Então, cada categoria fala e

compreende de uma maneira diferente. Então, para a Comunicação, isso é

particularmente complexo de resolver. (ENTREVISTADO 7, integrante da

Administração Superior da UFC).

No debate sobre a diversidade de público, o Entrevistado 8 reflete sobre a

necessidade de adequar os produtos de comunicação desenvolvidos ao público-alvo que se

quer atingir. Ele afirma:

Você imagina, por exemplo, que nós colocamos a informação no portal da UFC. A

gente está pressupondo que todo mundo tem o hábito de fazer esse acesso para

conhecer o que a gente quer dizer, e não é verdade. A Universidade tem uma

multiplicidade de gostos, de públicos... Então, a gente tem que imaginar que tem um

público interno, que tem um público externo, que tem um público interno que tem o

hábito já de acesso às mídias digitais. Tem um público interno que resiste às mídias

digitais da mesma forma que tem no público externo. (ENTREVISTADO 8,

integrante da Administração Superior da UFC).

Assim como os entrevistados, a literatura revisada enfatiza muito a questão dos

perfis diferenciados dos públicos para o sucesso da comunicação. Roman (2009) ressalta que

para cada público deve ser produzida uma mensagem específica, com linguagem e estilos

apropriados, divulgada com rapidez em veículos adequados.

Na discussão sobre qual deveria ser o público priorizado no trabalho de

comunicação desenvolvido pela UFC, os outros entrevistados ressaltaram a importância do

público interno. O Entrevistado 3 defende que “o fortalecimento da comunicação interna

ajuda também nessa divulgação externa.” Essa seria uma saída estratégica, já que, para ele, a

mídia não dá o destaque necessário ao que é desenvolvido de bom na UFC. Dessa forma,

estando bem informados, professores, estudantes e servidores trabalhariam na divulgação

externa.

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O Entrevistado 8 traz um raciocínio similar:

Se você imaginar que a comunidade da Universidade é superior a 40 mil pessoas, 40

mil pessoas que estão alocadas em pontos vários e estratégicos do Estado e tudo

mais, essas 40 mil pessoas, bem informadas, provocariam uma revolução de

informação. (ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior da UFC).

Nessa linha de argumentação, o Entrevistado 8 defende ainda que, dentro do

público interno, se fosse possível hierarquizar, a comunicação com os professores seria a mais

importante pela característica própria da profissão. Ele explica:

O professor é o público número 1. Não é porque ele é o mais importante não. É

porque ele influencia mais. O servidor técnico-administrativo, em geral, não tem a

oportunidade de ter grupos grandes com ele diariamente e o professor tem. O

segundo público, o servidor técnico-administrativo, e o terceiro grupo, o estudante.

[...] Um técnico que está fazendo um trabalho em uma coordenação de curso não

tem a mesma oportunidade que um professor que está em uma sala de aula com 40,

50 alunos, que tem um efeito multiplicador muito maior. Então, eu acho que a

Universidade precisaria focar muito mais no professor, que tem uma capacidade de

influenciar muito grande. Ele é muito escutado. (ENTREVISTADO 8, integrante da

Administração Superior da UFC).

Essas opiniões vão ao encontro da visão de Kunsch (2003). Para ela, apesar de

não poder ser a única opção de uma organização, manter os públicos internos atualizados e

envolvidos com as questões relacionadas à instituição é uma iniciativa vantajosa exatamente

por ter um efeito multiplicador, já que as impressões vão ser repassadas para familiares,

amigos e vizinhos.

Contudo, ao mesmo tempo em que reconhecem o público interno como

prioritário, os entrevistados enfatizam que fazer com que essa comunicação de fato aconteça

dentro da UFC é um grande desafio. Para o Entrevistado 1, o público interno precisa ser

priorizado: “Porque eu acredito que muito do que acontece dentro da própria Universidade é

desconhecido pela comunidade universitária”.

Essa última fala reflete bem uma insatisfação presente em todos os entrevistados.

Para eles, a comunidade interna não está bem informada. Como analisa o Entrevistado 2:

“Porque, por incrível que pareça, existem pessoas que desconhecem o que acontece no

vizinho, uma parede e meia da sala, entende? Isso é normal, não estou criticando, mas, com

uma boa divulgação, as pessoas passam a conhecer”. A reflexão do Entrevistado 6 também

traz essa preocupação:

Há uma preocupação muito grande porque essas informações não chegam como

deveriam chegar. Essa é uma coisa que, pra mim, é um desafio enorme e que, sendo

bem honesto, os nossos instrumentos de comunicação, apesar de tudo, eles não

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respondem como deveriam, como poderiam. Não estou fazendo crítica pessoal a

ninguém, nem ao sistema como é montado. Eu acho que é porque realmente é um

desafio. Não é só uma coisa nossa. Eu trabalho muito no MEC, por exemplo, e eu

vejo isso também acontecer, sabe? (ENTREVISTADO 6, integrante da

Administração Superior da UFC).

Mas, se para uma parte dos entrevistados a responsabilidade por essa

desinformação é do setor de comunicação, na opinião de quatro entrevistados, a causa é outra.

Para este grupo, a comunidade interna parece não ter interesse em saber o que ocorre dentro

da Universidade, isso é, as informações são divulgadas através dos diferentes veículos

existentes na UFC, mas as pessoas não se interessam em conhecer. É o que pensa o

Entrevistado 3:

Eu acho que não é por falta de produzir informação, não é a falta de informação. O

problema... Por isso que eu digo: eu não sei se cabe ao setor de comunicação e

marketing encontrar uma fórmula para que as pessoas tenham acesso a essa

informação ou se é outro ente que tem que trabalhar as pessoas para poder... Olha,

você tem um canal de informação que é o site da Universidade, os e-mails que vêm

tanto da Comunicação como das pró-reitorias, e vocês não estão lendo [...] Agora,

você pode culpar a equipe de comunicação por falta de informação? Não, não pode.

O fato é que as pessoas continuam dizendo que não são informadas.

(ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Uma análise muito parecida a essa também é realizada pelo Entrevistado 7. Para

ele, um dos grandes problemas existentes hoje na UFC é o comportamento do público. Ele

afirma:

Eu acho que não é nem uma questão da Comunicação, em relação às mídias e à

linguagem... É muito mais fazer com que o público-alvo reaja e se interesse. [...] Eu

entendo que, numa média geral, o nosso público-alvo é muito desconectado das

coisas. (ENTREVISTADO 7, integrante da Administração Superior da UFC).

Para exemplificar esse problema, os entrevistados usam experiências vivenciadas

no dia a dia de suas atividades, quando o envolvimento direto com determinados eventos

deixa claro que houve divulgação, mas, mesmo assim, as pessoas continuaram desinformadas,

como mostra o Entrevistado 1:

E ontem mesmo eu estava aqui, fui saindo e falei com duas bolsistas: ‘E aí? Vocês

vão lá no sábado?’ ‘Pra onde?’ ‘Vocês não sabem do projeto?’ ‘Não, não ouvi nem

falar’. Pô! E tá sendo todo dia divulgado! Então, o próprio agente... Ele não busca

essa informação. (ENTREVISTADO 1, integrante da Administração Superior da

UFC).

E a dificuldade não é apenas com o público de estudantes/bolsitas. O Entrevistado

1 também ressalta experiência parecida com colegas professores. Ele cita:

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Às vezes, a gente divulga comunicações. Aí, de repente, eu me encontro com

professores que dizem: “Eu não sabia desse evento! Ninguém nem me avisou!”

“Mas como? Tem mais de um mês que é divulgado no nosso site...” Sinal de que os

professores não estão buscando. Não é que não tenha. É que talvez os professores

não tenham esse interesse, essa motivação de estar procurando. (ENTREVISTADO

1, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 9 também se mostrou preocupado com o que ele qualificou como

“desinteresse da comunidade interna” e citou como exemplo uma consulta recente realizada

com estudantes e professores da Universidade. Apesar da participação final de cada categoria

ter sido considerada boa, cerca de 60%, muitos professores justificaram que não haviam

participado do processo porque não foram informados. Segundo ele, “a própria comunicação

social estampou no site. Inclusive, tinha uma hora em que o banner ficava fixo. Então, eu

acho que o público interno tem que ser saturado com as informações da Universidade. Mas

saturados mesmo!”.

Situação semelhante também foi compartilhada pelo Entrevistado 3. Ele relata:

Você vê o que é uma coisa, que o problema não é a falta da informação. Fui

participar de um evento e dei alguns dados da Universidade. Comecei dizendo que a

Universidade tinha 106 cursos de pós-graduação e 109 de graduação. Era o que nós

tínhamos naquele momento. E citei que, de 2008 para cá, foram criados 24 cursos de

doutorado e 22 de mestrado. Estava presente um diretor de uma unidade acadêmica,

que disse que nunca, na cabeça dele, imaginaria que a universidade tivesse 106

cursos de pós-graduação. E o que é que você vai fazer? Um diretor de uma unidade

acadêmica! Não é incrível isso? (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração

Superior da UFC).

A reflexão sobre a visão apresentada pelos gestores passa pela compreensão do

tamanho da UFC. Contando apenas com o público de estudantes presenciais da graduação,

professores e servidores, a população da Universidade já chega a 31. 987 pessoas17

. Esse

número aponta o desafio de se fazer com que a comunicação envolva todos os públicos. Essa

dificuldade é refletida pelo Entrevistado 3:

[...] por sermos uma instituição muito espalhada, tanto em Fortaleza quanto no

estado do Ceará, o papel da comunicação fica ainda mais difícil. Eu tenho ouvido,

por exemplo, no Interior, agora diminuiu muito, mas ainda tem gente que reclama

que a informação não chega no Interior da mesma forma que chega aqui.

(ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

17

De acordo com o Anuário Estatístico UFC 2014 – Base 2013, a UFC possui 24.670 estudantes de graduação,

2.185 de pós-graduação, 1791 professores e 3.342 técnico-administrativos distribuídos nos campi de Fortaleza,

Quixadá e Sobral. Os de Quixadá e Crateús não entraram na contagem porque só começaram a funcionar em

2014 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2014).

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Ao mesmo tempo em que se mostram preocupados com essa situação, os gestores

acreditam que é preciso encontrar saídas para o problema. É o caso do Entrevistado 1, que

acredita que é necessário encontrar fontes ou veículos alternativos para que as notícias

cheguem aos sujeitos que a Universidade tem o interesse de alcançar. Para o Entrevistado 9, a

CCSMI deve se apropriar cada vez mais das informações da Universidade e desenvolver uma

dinâmica que consiga atingir todo o público. Ele acredita que sempre vai existir o

desinteressado. “Tem o ‘não li. Não vi. Não gostei.’ Esse vai sempre existir. Mas ele vai ficar

à margem mesmo, que é como ele gosta de ficar.”

Já o Entrevistado 8 acredita que o problema não é meramente operacional, o que

se resolveria com a simples criação de produtos ou mudança dos já existentes. Segundo ele, o

problema é mais grave e está relacionado com o comportamento das pessoas. Para ele,

É algo que tem a ver com o hábito regular das pessoas, tem a ver com o estilo de

vida das pessoas, tem a ver com as competências das pessoas. Muitas vezes as

pessoas não acessam porque alguns meios são distantes delas. Tudo isso junto cria

esse espaço a ser preenchido, que é o espaço da comunicação. Eu acho que muita

coisa na Universidade, muitos problemas seriam minimizados, muitos nem

apareceriam se a comunicação fosse melhor. (ENTREVISTADO 8, integrante da

Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 3 também acredita que a Universidade e CCSMI precisa encontrar

uma saída para conseguir sensibilizar a comunidade para a importância de ir atrás da

informação. Ele acredita que o grande desafio é fazer a comunicação chegar na hora certa, no

lugar certo e pelo meio mais adequado para cada público. Para ele,

Nós primeiro precisamos saber que comunicação as pessoas querem hoje. Precisa

saber. Qual a melhor forma de comunicação hoje? Porque me parece que as pessoas

não têm paciência de ler muito. Eu pelo menos não tenho. Eu vou logo direto onde

está a informação importante ali. Leio porque sou obrigado. Como gestor, eu sou

obrigado a ler tudo, mas confesso que a paciência vai diminuindo.

(ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Não existe explicação fácil para compreender qual a causa do desinteresse do

público interno apontado por vários entrevistados. Contudo, assim como na fala do

Entrevistado 3, a literatura revisada também aponta para o cansaço das pessoas diante da

quantidade grande de informação. De acordo com Marchiori (2010), um estudo americano

demonstrou que as pessoas se sentem abarrotadas com o excesso de informação, muitas das

quais irrelevantes e conflitantes, o que cria nelas cinismo, em vez de entusiasmo. De acordo

com a autora, diante dessa situação, os empregados estão prestando atenção, mas escolhendo

não escutar.

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A partir da literatura revisada, outra justificativa possível para esse problema seria

a necessidade de segmentar mais a comunicação a partir de um estudo dos públicos que se

quer atingir, como já foi citado em outro momento desta análise. Bueno (2009) defende que as

pessoas, em função dos cargos e papéis que desempenham, têm demandas específicas por

produtos e informações. Dessa forma, cada público exige um canal específico, com conteúdo,

formato e linguagem diferenciados. Para o autor, já não existe espaço para produtos que

pretendem satisfazer todos os públicos ao mesmo tempo.

Essa dificuldade em atingir as pessoas acaba sendo um empecilho na criação de

vínculos mais fortes entre a comunidade interna, considerada público prioritário por muitos

dos entrevistados, e a Universidade. O Entrevistado 1 acredita que a comunicação deve ajudar

a construir o “bem-querer” pela Universidade para que as pessoas possam se orgulhar de fazer

parte da Instituição. Nessa mesma linha, o Entrevistado 6 critica o fato de a CCSMI não

realizar campanhas e propõe que sejam realizados trabalhos que estimulem o sentimento de

pertencimento. Ele justifica:

É raro o dia em que não se produza, que não aconteça nessa universidade um fato

que não se celebre, uma conquista, alguma coisa que seja relevante para a vida das

pessoas aqui dentro, que torne essas pessoas mais, eu digo, com um sentimento de

mais pertencimento à Universidade e que mostre à sociedade que a gente está

lutando para fazer o nosso papel, né? (ENTREVISTADO 6, integrante da

Administração Superior da UFC).

A discussão demonstra uma visão de que comunicação da UFC deve ir além dos

trabalhos mais focados em divulgação jornalística, reforçando a atuação no fortalecimento de

sua imagem institucional através da utilização, entre outras ferramentas, da propaganda

institucional. Essa visão vai ao encontro do que defende a literatura revisada. Para Lemos e

Gaudio (2010), a comunicação tem a função de reinventar os laços organizacionais e

amplificar o sentimento de pertencimento dos trabalhadores com relação à organização.

Outro ponto voltado para o público interno muito enfatizado pelo Entrevistado 3

foi a preocupação com a força dos boatos na UFC. Na perspectiva dele, as informações falsas

espalhadas pela Universidade muitas vezes causam mais impacto e possuem mais força do

que a fala dos gestores ou mesmo as notícias divulgadas nos veículos de comunicação da

Instituição. Ele analisa:

Essas notícias que não são tão boas e que não têm nenhum aparelho preparado para

divulgá-la ganham em dimensão e impacto, numa proporção muito maior do que as

notícias boas, que muitas vezes a gente nem coloca. Então, não advogo nem por uma

ou por outra. Eu acho que o que é notícia verdadeira tem que ser dita. [...] Mas eu

acho que precisa se fazer uma reflexão para compreender por que essas duas coisas

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não têm o mesmo peso e não têm a mesma importância em termos de comunicação.

Isso me inquieta, embora eu tenha aprendido a conviver muito com isso.

(ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

Da mesma forma como a perspectiva apresentada pelo Entrevistado 3, uma

pesquisa realizada pela Mercer, divulgada pela revista Veja em junho de 2000, aponta que

64% dos dirigentes ouvidos acreditam que os boatos exercem mais influência do que as

comunicações oficiais (CABRAL, 2004).

Para a literatura especializada, essa situação existe quando a comunicação interna

não ocorre de maneira satisfatória, não conseguindo atingir o público-alvo. Roman (2009)

defende que os boatos são superados pela publicação de informações de qualidade, divulgadas

com tempestividade, em veículos adequados. Ele enfatiza, contudo, que nunca será possível

eliminar os boatos, mas, sim, reduzi-los, já que nas organizações sempre circularão pessoas

diferentes, com desejos diversos, que são obrigadas a se integrar. Portanto, para a literatura

revisada, a comunicação interna bem-sucedida é a melhor estratégia para amenizar esse tipo

de problema.

4.3 Relação entre representantes da Administração Superior e a Coordenadoria de

Comunicação da Universidade

O terceiro e último objetivo deste estudo é conhecer como se dá a relação entre

representantes da Administração Superior e a CCSMI da UFC. Essas relações foram

analisadas a partir da utilização da categoria analítica “relações estabelecidas”, que será

apresentada na próxima seção.

4.3.1 Relações estabelecidas

A existência de um bom relacionamento dos gestores com o setor de

Comunicação, especialmente em uma estrutura grande como a de uma universidade pública, é

fundamental para o sucesso da comunicação organizacional. No caso da UFC, as entrevistas

indicaram que a relação estabelecida dos integrantes da Administração Superior com a

CCSMI é considerada boa.

O Entrevistado 1 relata que está sempre tendo o cuidado em estabelecer o diálogo

com a CCSMI. Um dos instrumentos que ele usa para se comunicar é o e-mail. Ele explica:

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Tudo que eu vejo que é importante eu dissemino. Na mesma hora, já passo um e-

mail. E uma coisa que eu acho rica é o retorno rápido da CCSMI. Porque eu acho

que quem trabalha com comunicação tem que dar resposta rápida. Eu acho que isso

é muito positivo. Não sei se é só comigo. Acho que não porque a gente vê vários

segmentos publicando, principalmente na nossa página. (ENTREVISTADO 1,

integrante da Administração Superior da UFC).

Além da relação através do e-mail, o Entrevistado 1 afirma que também mantém contato

direto com o coordenador do setor. Nesses casos, além de atuar na divulgação de informações,

a CCSMI é procurada para tirar dúvidas, dar opinião sobre quais são as melhores estratégias

para divulgação direta de determinados eventos a serem realizados e orientação para produção

de material gráfico.

Esse contato direto com o gestor da área foi observado em oito dos nove

entrevistados. O Entrevistado 2 explica que a relação direta com o coordenador se dá por uma

questão hierárquica. Ele afirma: “Eu me uso da hierarquia. A primeira coisa que eu faço é

tentar falar com o coordenador do setor.” O mesmo ocorre com o Entrevistado 9: “Tem lá

uma menina, mas é porque eu não gravo o nome das pessoas. Mas, via de regra, eu procuro o

coordenador do setor. Eu tenho mais contato, mais intimidade no sentido de informar e ser

informado.”.

A questão da proximidade também é abordada pelo Entrevistado 3 sobre a relação

com a CCSMI:

Muito tranquila e bastante informal, como eu sou. [...] E direto com o coordenador.

Sempre com ele. Seja pra tratar da nossa mídia interna, seja pra tratar da externa,

quando sai alguma coisa que a universidade precisa se posicionar. Geralmente por e-

mail e, quando é uma coisa que pode gerar uma crise, a gente vai para o telefone e

resolve. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da UFC).

O Entrevistado 5 mostrou um certo incômodo em fazer esse contato diretamente

com o coordenador do setor. Ele acredita que isso sobrecarrega o gestor da comunicação e

afirma o seguinte:

Normalmente, eu pessoalmente aciono o coordenador do setor. E o coordenador

com muita paciência me distribui para onde eu deveria ter falado. [...] Na verdade, o

meu caminho é um atalho. Não é o caminho correto. O caminho não é ligar para o

gestor maior da área de comunicação para querer dar uma notícia.

(ENTREVISTADO 5, integrante da Administração Superior da UFC).

O único entrevistado que demonstrou ter contato e saber os nomes de outros

profissionais da CCSMI foi o Entrevistado 6. Por conhecer melhor a equipe, ele diz que se

sente à vontade para reclamar de problemas e dar sugestões. Ele cita:

Muitas vezes eu ligo e digo: “Olha, não é possível, aconteceu isso hoje, mas não

tinha ninguém ou ninguém noticiou!”. Eu faço muito isso porque, primeiro, eu tenho

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muita liberdade com o coordenador do setor. Tinha com o antigo coordenador.

Tenho uma proximidade muito grande com as pessoas da comunicação. Gosto

muito. (ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da UFC).

Durante as entrevistas, foi possível perceber que a relação é baseada em muito

respeito pelo papel do setor dentro da UFC. É o que pode ser percebido na fala do

Entrevistado 2: “Eu respeito a hierarquia porque o coordenador sabe o que fazer. Eu mesmo

não sei como é que faz lá dentro. Não tenho como opinar nem como decidir nada.

Absolutamente não.” Essa também é a postura do Entrevistado 3:

Vou dar um exemplo: sábado à noite eu recebi de um colega uma informação

importante. Imediatamente, eu passei um e-mail para o coordenador. “Gostaria que

fosse avaliada a possibilidade de divulgar isso na nossa página”. Aí ele tem a

liberdade... Eu não posso dizer “divulgue!”. Não sei se... Quem tem que avaliar são

eles. Eles avaliam. Entram em contato com o professor para colher mais informação.

Isso foi no sábado, na segunda-feira estava na página. (ENTREVISTADO 3,

integrante da Administração Superior da UFC).

Apesar de a relação ser considerada boa por todos, nem sempre a comunicação

acontece. O Entrevistado 2 destaca que, muitas vezes, presos em um cotidiano cheio de

atividades e pressão, a ação de divulgar é esquecida. Para ele, um dos grandes responsáveis

por isso é a personalidade dos professores.

Mas, de modo geral, como eu disse no início, a cultura nossa não é de fazer isso.

Nós somos muito introspectivos no nosso caminhar, no nosso dia a dia, entende? E,

às vezes, passa. Passa. Uma informação muito interessante que poderia ser veiculada

acaba perdendo o time. Já passou, não tem mais sentido colocar, embora, de modo

geral, as coisas que acontecem na Universidade possam ser ditas em qualquer tempo

e elas sempre sejam atuais. Mas alguns aspectos, uma decisão, por exemplo, que

atinge a comunidade acadêmica, se começou a funcionar e não deu a divulgação, já

deu... Tá feito, não tem mais o que discutir. Isso aqui e acolá acontece.

(ENTREVISTADO 2, Integrante da Administração Superior da UFC).

A partir desse exemplo, é preciso destacar um aspecto que surgiu

espontaneamente na fala de oito dos nove entrevistados: a reatividade da CCSMI. De uma

maneira geral, eles avaliam que a Coordenadoria de Comunicação precisa ter mais iniciativa

no relacionamento com os outros setores da UFC. Para o Entrevistado 7, “a gente precisa

sempre estar provocando. Assim, se a gente não tomar a iniciativa, me parece que a

Comunicação não chega, não vem. Então, a gente está sempre caçando porque, se você não

for atrás, não aparece”.

O Entrevistado 2 também apontou essa questão como uma característica

vivenciada pela UFC. Para ele,

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A gente conhece o caminhar do dia a dia na parte acadêmica, sabe que está

acontecendo coisas maravilhosas e que pouca gente sabe. Se aquele professor, se

aquele grupo não toma iniciativa de informar, em geral, a comunicação institucional

não chega lá, por um motivo ou por outro. Eu não estou aqui criticando, não. Já

disse que considero muito boa, mas pode melhorar. (ENTREVISTADO 2,

Integrante da Administração Superior da UFC).

A opinião também é compartilhada pelo Entrevistado 1, que acredita que a

CCSMI precisa estar mais atenta a questões importantes da Universidade que precisam ser de

conhecimento do público. Para ele,

Vocês sabem que tem projeto de pesquisa que já está concluindo aí... Isso era

importante ver. Nós temos vários projetos que são aprovados por órgãos, como o

CNPq, Capes... Tá perto de acabar o projeto? Dá uma ligadinha. “Olha, aquele

projeto que você ganhou há dois anos? Tem algum resultado? Como é que foram os

resultados? Você não queria que a gente fizesse uma matéria?” Então, eu acho que

seria uma forma de tanto internamente a CCSMI estar disseminado o que o

professor está fazendo em termos de pesquisa, de extensão, como também de

divulgar para a imprensa maior. (ENTREVISTADO 1, Integrante da Administração

Superior da UFC).

A mesma crítica é feita pelo Entrevistado 8. Ele ressalta:

Muitos eventos importantes não têm fotógrafo, não têm jornalista para repercutir.

Parece que a CCSMI precisa ser sempre acionada. Ela não tem fôlego pra ela mesma

ser a “descobridora”. Não é que o evento esteja escondido. Ele foi divulgado e tudo

mais. Mas, se ela não for chamada para estar em um evento que está divulgado até

na página da UFC, ela não vai. Muitas vezes eu digo assim para o cerimonial da

UFC: “Peça um fotógrafo para ir para aquela reunião muito importante.”. Liga e vai.

Mas a notícia estava lá. O reitor vai fazer isso. Se não chamasse, iria? Iria não. É

falta de fôlego? Talvez. É falta de gente... Não sei. (ENTREVISTADO 8, Integrante

da Administração Superior da UFC).

Para dois dos entrevistados, uma atitude mais ativa da CCSMI poderia gerar como

consequência a consolidação da rotina de comunicar. “Porque aí ela vai gerar, não diria uma

obrigação, mas uma vontade de informar. Um hábito. Tudo no mundo que eu faço eu

informo”, explica o Entrevistado 9.

Para o Entrevistado 4, no momento em que a comunicação se tornar mais ativa, o

comportamento dos gestores sobre a área também vai mudar. Para ele, “a comunicação tem

que ser mais agressiva. Eu tenho que saber que a Comunicação vai me telefonar: ‘Professor, o

senhor quer explicar melhor? Saiu uma notícia...’. Então, aquela coisa passa a ser um negócio

do dia a dia e eu não sinto isso aqui”.

Nessa mesma linha, o Entrevistado 6 também enfatiza:

Sinto muita falta de um acompanhamento mais próximo das ações que são

desenvolvidas dentro da Universidade como um todo. Tem coisas das nossas

agendas que eu não sei se a comunidade tem conhecimento delas, dos

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desdobramentos que elas têm, da importância que elas têm. A gente viaja muito. A

gente tá muito ausente. E eu não sei... Eu tenho certeza que a comunidade não sabe o

motivo dessas viagens, quais são os desdobramentos delas, qual a influencia que isso

tem para a vida da Universidade. (ENTREVISTADO 6, integrante da Administração

Superior da UFC).

O Entrevistado 3 acredita que o fato de a CCSMI atuar de maneira

predominantemente reativa, recebendo mais informação do que indo buscar, gera uma

desigualdade na produção de conteúdo. Para ele, algumas unidades já descobriram o caminho

da informação e estão sempre presentes nos veículos de comunicação da UFC “enquanto

outras, mais tímidas, mais distantes, por não possuírem a compreensão da importância da

publicação daquilo que fazem, ainda não têm espaço”. Por isso, para ele, seria necessário que

a CCSMI estabelecesse relações com todos os setores, o que permitiria a democratização das

informações.

A reflexão o Entrevistado 6 vai ao encontro da ideia de que o setor de

Comunicação deve ter sempre iniciativa. Ele analisa:

Eu acho que precisava incluir nesse trabalho da Comunicação um processo de busca

ativa pelo que está acontecendo dento da Universidade, e não uma passividade, que

hoje é o que acaba surgindo. É aquela pessoa que vai promover um evento, que tá

promovendo alguma coisa, aquela unidade acadêmica, ou aquele professor... Ele se

preocupa em passar para a equipe de comunicação alguma informação. E acho que a

gente tinha que fazer o contrário. Eu acho que a gente deveria todo dia estar ligando

para os diretores, ligando para as unidades, sabendo o que está acontecendo.

(ENTREVISTADO 6, integrante da Administração Superior da UFC).

A reflexão sobre o relacionamento estabelecido entre a Administração Superior da

UFC e a CCSMI é importante porque é a partir dela que pode se conhecer qual o papel

desempenhado pela comunicação dentro da Instituição, se ela ocupa uma função acessória ou

importante no tecido da organização (NEVES, 2009). Ou, dentro da concepção de Oliveira

(2002), se a comunicação desenvolve uma dimensão instrumental ou estratégica.

De uma maneira geral, é possível perceber nas falas destacadas que a dimensão de

comunicação que ainda prevalece na UFC é a instrumental. A maioria dos gestores reconhece

a importância da Comunicação, mas não a percebe como parte do processo. É apenas no final

de cada iniciativa que ela é lembrada para cumprir o seu papel: divulgar, ou seja, fazer com

que o público tome conhecimento do que ocorre na UFC. Até mesmo a crítica que é feita vai

nessa direção, isso é, a CCSMI deve ser mais ativa no processo de busca por informação

sobre o que ocorre na UFC.

Um dos entrevistados destacou a importância de a CCSMI ir além do trabalho de

divulgação. Apesar de reconhecer que ele mesmo não se lembra da Comunicação em seu

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cotidiano, o Entrevistado 4 acredita que o ideal seria “que todo gestor, quando pensasse em

fazer alguma coisa, tivesse na cabeça dele a comunicação. Isso aí eu não vejo ainda no sangue

dos gestores.”. Ele vai além e acha que a CCSMI deveria tentar implantar essa “cultura de

comunicação” nos professores, especialmente nos mais jovens. Ele destaca:

Existe uma realidade que vocês têm que saber que é a seguinte... A Universidade

tem dois tipos de público: o público mais antigo, que eu faço parte, e um grupo de

700 professores que deve ter cinco, seis anos na Universidade. Eles foram

contratados pelo REUNI18

. Se eu fosse mais objetivo, eu procuraria esse público

jovem. Eu já estou viciado no sentido de que dificilmente tenho mais chances de

mudar a cultura de comunicação. Mas esse público é novo! Esse público, vocês

podem atingir e eles vão ser os futuros gestores. Então, vai estar no sangue deles

essa questão da comunicação. (ENTREVISTADO 4, integrante da Administração

Superior da UFC).

O Entrevistado 6 defende que, para conseguir dar resultado, a comunicação deve

ser priorizada. E, para isso acontecer, é fundamental que ela seja incorporada no dia a dia do

gestor: “Eu acho que, em toda ação, toda, a gente tem que tomar determinada medida: como é

que eu vou comunicar isso? A quem eu vou comunicar? Com que finalidade?”. Para ele, esse

precisa ser um exercício mais sistemático porque, ao fazer isso, evitam-se problemas,

minimiza mal-entendidos e maximiza resultados.

Apesar de reconhecer a importância da Comunicação, o Entrevistado 7 confessou

ter dificuldade de fazê-la acontecer no seu cotidiano de gestor. “A gente sabe que precisa da

comunicação, mas não consegue encaixar bem na dinâmica do trabalho, que é muito

complexa. Na hora em que a gente coloca os pés aqui dentro não para, então, a gente termina

deixando pra depois”, afirma.

Na busca por solucionar esse problema, ele acredita ser fundamental que a relação

dos gestores com a Comunicação seja fortalecida através da descentralização dos servidores

especialistas na área. Ele afirma o seguinte:

Porque, quando uma reunião de duas horas termina, a gente tem outras coisas pra

resolver e, no caso, essa pessoa sai pra dar seguimento às coisas, por isso que eu

acho importante ter uma pessoa perto, porque ela está focada naquilo. Está

percebendo coisas que a gente não está e, o que é mais importante, ela já sai da

reunião pra fazer as coisas acontecerem. (ENTREVISTADO 7, integrante da

Administração Superior da UFC).

18

O Reuni foi instituído pelo Decreto Presidencial 6.096, de 24 de abril de 2007, com o objetivo de dar às

instituições condições de expandir o acesso e garantir condições de permanência no Ensino Superior. O Plano

adotou uma série de medidas para retomar o crescimento do ensino superior público, criando condições para

que as universidades federais promovessem a expansão física, acadêmica e pedagógica da rede federal de

educação superior (BRASIL, 2007).

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A mesma opinião é compartilhada pelo Entrevistado 8. Ele defende que a

Comunicação é tão importante que não pode depender apenas da lembrança do gestor,

devendo estar presente, de forma descentralizada, na estrutura orgânica dos setores mais

importantes da Universidade através de núcleos da CCSMI. Dessa forma, a CCSMI estaria

mais presente e a comunicação seria fortalecida. Ele afirma:

Eu estou tentando fazer a minha relação com a comunicação não depender de mim,

não depender da minha vontade, da minha lembrança. Como é que eu posso fazer

isso? Instalando na estrutura orgânica da pró-reitoria um setor de comunicação e

colocando neste setor de comunicação alguém da área de comunicação. Então, pra

mim, não pode depender de mim – ou do meu substituto seguinte – ser mais sensível

ou menos sensível. Tem que ser algo que faça parte da estrutura. (ENTREVISTADO

8, integrante da Administração Superior da UFC).

Apesar dessa discussão sobre a importância da comunicação estar mais

incorporada ao dia a dia dos gestores, apenas o Entrevistado 3 demonstrou já ter no seu

cotidiano o setor de Comunicação como um aliado indispensável. Para ele, isso ocorre não

apenas na hora de divulgar as informações, mas durante todo o processo em que a decisão está

sendo discutida. “Até dois anos atrás, a gente sempre estava perdendo a batalha da

informação. E aí nós percebemos que informar depois não resolvia o problema”, afirma.

De acordo com ele, a sensibilização para a importância da CCSMI foi ficando

mais evidente, especialmente nos casos que poderiam gerar impactos negativos na

comunidade acadêmica e na sociedade em geral.

Acho que nós aprendemos com isso e vamos procurar intensificar mais. Uma coisa

que passamos a fazer que nós não fazíamos antes é, em toda reunião da equipe,

chamar a Comunicação para acompanhar, pra ir absorvendo os temas, muitas vezes,

complexos e polêmicos que nós estamos discutindo. O pessoal não divulga nada.

Eles vão pegando a informação e encontrando a forma de fazer a gestão daquela

informação no momento certo. Isso tem melhorado muito o impacto de algumas

decisões que são polêmicas. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração

Superior da UFC).

Em sua análise, o Entrevistado 3 destaca duas situações na história recente da

Universidade em que o papel desempenhado pela CCSMI foi fundamental para o bom

desenrolar do processo. O primeiro caso foi durante a criação da Empresa Brasileira de

Serviços Hospitalares (Ebserh), instituída pelo Decreto nº 7.082, de 27 de janeiro de 2010,

para viabilizar a reestruturação dos hospitais universitários federais através do Programa

Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) (BRASIL, 2010).

Ele cita:

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Eu vou dar um exemplo de sucesso nosso. A UFC foi a única universidade do

Brasil, a única, que não teve dificuldade de aprovar a adoção a Ebserh. Nós não

tivemos conflito. Nós não tivemos Consuni invadido. Não tivemos. Nós tivemos

manifestação na medida correta. A indignação das pessoas expressa na forma de

uma manifestação que é perfeitamente legítima. Mas por que isso? Porque um ano e

meio antes eu chamei aqui a equipe e disse: vamos preparar a comunidade para a

questão da Ebserh. Vamos até a exaustão da informação. (ENTREVISTADO 3,

integrante da Administração Superior da UFC).

Outro caso difícil citado pelo Entrevistado 3 foram as resoluções de carga horária

e de progressão funcional dos docentes da UFC19

. De acordo com o professor,

Foi um trabalho extraordinário da Comunicação, por um lado, apresentando os

aspectos positivos, em contraponto à Adufc, que estava no papel dela, que colocava

os pontos negativos. Mas aí, nesse caso, nós vencemos a batalha da comunicação.

[...] Agora, só continuando o exemplo da comunicação, essas resoluções, que nós

aprovamos também sem qualquer manifestação mais violenta, nós colocamos na

página da Universidade durante um ano. [...] Ninguém pode dizer que não viu, que

não participou. (ENTREVISTADO 3, integrante da Administração Superior da

UFC).

Outro ponto destacado por ele diz respeito a um assunto já abordado

anteriormente, que é a transparência. Ele acredita que um bom trabalho de comunicação

estimula o debate da sociedade, permitindo que as pessoas tenham acesso à informação bem

antes das decisões serem tomadas. Ele analisa:

Nas vezes em que nós colocamos a comunicação para antecipar, o que poderia ser lá

na frente um problema, nós conseguimos êxito. Porque o argumento sempre de

quem é contra é de que foi feito às escondidas, que não houve transparência, palavra

muito usada. Isso aqui na UFC não conta porque tudo foi feito. (ENTREVISTADO

3, integrante da Administração Superior da UFC).

Na análise da relação estabelecida com a CCSMI, o Entrevistado 3 afirma que a

participação da comunicação foi fundamental para o sucesso dos processos. Ao detalhar como

se deu a relação, ele destacou o cuidado tido pelo setor de Comunicação em frear certos

comportamentos mais intempestivos da Administração Superior e aguardar o momento certo

para divulgar determinados assuntos e, antes, ir preparando o público.

Ao longo das entrevistas, foi possível constatar que todos os entrevistados

enfatizaram que a Comunicação é algo fundamental para a UFC, mas que acham que ela não é

ainda uma preocupação presente entre os seus outros colegas gestores da Universidade, com

algumas poucas exceções. A fala do Entrevistado 8 sintetiza bem essa opinião:

19

As duas resoluções administrativas tratam sobre carreira docente e foram aprovadas em outubro de 2014. A

primeira aborda os critérios e procedimentos para progressão e promoção funcional dos professores. A segunda

trata de regime de trabalho e carga horária docentes. As novas normas entraram em vigor em 1º de fevereiro de

2015.

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Se você pergunta para muitos gestores sobre a importância da comunicação, 100%

deles vão dizer que é muito importante. Mas, quando eu digo que eles não acham

realmente isso, eu estou falando de engajamento. Eu digo “não” por quê? Porque eu

não sinto engajamento ou as pessoas têm menos paciência ou menos fôlego para

lutar pela comunicação. (ENTREVISTADO 8, integrante da Administração Superior

da UFC).

Essa reflexão aponta para a percepção de que a comunicação institucional ainda

tem um longo caminho a percorrer para ser considerada como estratégica dentro da UFC. De

uma forma geral, é possível perceber que a comunicação ainda não está integrada à gestão da

organização e que ela não é vista dessa forma pela maioria dos integrantes da Administração

Superior entrevistados.

Ao serem vistas como estratégicas, as relações estabelecidas dos gestores com o

setor de comunicação se transformam. Para Oliveira e Paula (2007), o desenvolvimento de um

papel estratégico decorre do entendimento da alta administração sobre sua função da

comunicação no processo decisório. Decorre também de uma atuação pró-ativa dos

profissionais de comunicação na medida em que são consultados sobre os efeitos de

determinadas decisões e ações na reputação da organização e no seu relacionamento com os

diferentes públicos de interesse.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comunicação vem recebendo cada vez mais importância no âmbito

organizacional. As exigências do mundo contemporâneo por agilidade, transparência e

permanente prestação de contas fazem com que ela seja vista como uma aliada fundamental

das organizações. Nesse contexto, a existência de um setor de comunicação profissionalizado

não é suficiente. Para que a comunicação consiga gerar bons resultados, é imprescindível o

envolvimento da alta administração. Essa exigência vale para todos os tipos de organização,

inclusive as IES.

Muitos estudos já foram produzidos sobre diferentes aspectos da comunicação nas

IES. Contudo, a literatura não tem dado muito destaque à relação dos gestores dessas

organizações com a área. Com este trabalho, foi possível abordar essa questão através da

busca pela compreensão do papel da comunicação institucional na perspectiva dos integrantes

da Administração Superior de uma universidade pública – no caso, a Universidade Federal do

Ceará.

Para apresentar essa discussão, é necessário destacar como os três objetivos

propostos neste trabalho foram alcançados. O primeiro deles era investigar como o setor de

Comunicação está estruturado na UFC a partir do composto da comunicação organizacional

integrada. Na entrevista realizada para atingir esse objetivo, feita com o coordenador da

CCSMI, foi possível perceber que, ao comparar os dados da descrição do trabalho

desenvolvido pela comunicação organizacional da UFC com o mix de comunicação integrada

proposto, formado por comunicação administrativa, comunicação mercadológica,

comunicação interna e comunicação institucional, a grande maioria das ações desenvolvidas

pelo setor estudado se enquadrava na divisão “comunicação institucional”. Portanto, a partir

dessa primeira constatação, a delimitação “comunicação institucional” para este trabalho ficou

ainda mais pertinente.

Além disso, foi verificado que o setor está dividido informalmente em três

subáreas: marketing, artes visuais e jornalismo. Apesar dessa divisão, a maior parte das ações

desenvolvidas é de iniciativas voltadas à elaboração de produtos jornalísticos. Esses produtos

se direcionam a um público amplo, buscando atingir prioritariamente a comunidade interna,

mas também outros setores da sociedade.

A partir da entrevista, foi possível observar ainda que a CCSMI passa por uma

série de mudanças voltadas a dar um caráter mais integrado e estratégico à área. Um exemplo

dessa transformação é a realização de um primeiro planejamento estratégico, ainda em

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andamento, que visa fazer com que o setor possa se estruturar melhor para o futuro e deixar

de ser um mero executor de tarefas. O outro exemplo diz respeito à realização de pesquisas

que fundamentem melhor os projetos executados, permitindo que o setor deixe de se guiar

apenas pela intuição.

Apesar de não desenvolver todas as áreas do mix de comunicação, na investigação

sobre a estrutura da CCSMI, foi possível perceber que o setor busca desenvolver

integradamente o trabalho que já executa, não negando as diferenças e peculiaridades dos

setores.

O segundo objetivo era verificar como a comunicação institucional estratégica

desenvolvida na UFC é compreendida pelos integrantes da Administração Superior da

Universidade. Nas entrevistas realizadas com nove integrantes desse grupo, foi possível

perceber que todos consideram a Comunicação um aliado fundamental para o

desenvolvimento da Universidade.

Em relação ao principal trabalho desenvolvido pela CCSMI, os produtos

jornalísticos, a avaliação da grande maioria dos entrevistados é muito positiva. Contudo, o

mesmo não ocorre na avaliação da relação da UFC com os meios de comunicação. De

maneira geral, eles avaliam que os jornais só dão destaques a pautas negativas e ainda erram

por não darem espaço ao contraditório. Alguns deles defendem que a CCSMI deve investir

mais nessa relação, o que poderia gerar uma imagem positiva da instituição.

Contraditoriamente, como foi ressaltado durante a análise dos resultados, os relatórios dos

clippings de notícias realizados pela CCSMI nos anos de 2012, 2013 e 2014 indicam que o

número de notícias positivas sobre a UFC é consideravelmente superior ao número de notícias

negativas.

Quanto ao público, dois entrevistados compreendem que a comunicação

institucional desenvolvida na UFC deve priorizar os públicos interno e externo, sendo que um

desses enfatiza que a comunicação tem o papel fundamental de articular a relação da UFC

com setores estratégicos do Estado. Já os outros sete acreditam que o público interno é o mais

importante. Muitos deles argumentam que, se a comunidade acadêmica for priorizada, pelo

fato de a UFC trabalhar com um número muito grande de pessoas, essas informações iriam

certamente repercutir fora dos muros da Instituição.

Provavelmente, o destaque dado ao público interno é fruto de uma questão

levantada por oito dos entrevistados: a desinformação da comunidade acadêmica. Para alguns,

essa situação é fruto de uma falha do setor de comunicação, que deveria divulgar mais o que

acontece na Universidade e fazer as informações fluírem melhor. Já para outros, o problema

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não é com a CCSMI, mas sim com a própria comunidade interna. Na análise desses, as

informações são divulgadas através dos diferentes veículos existentes na UFC, mas as pessoas

não se interessam em conhecer.

O terceiro objetivo específico do trabalho era conhecer como se dá a relação entre

representantes da Administração Superior e a CCSMI da UFC. As entrevistas indicaram que

essa relação é considerada boa. Todos os entrevistados afirmaram que o contato com o setor

se dá diretamente com o coordenador da área e enfatizaram a rapidez com que as respostas

são dadas pelo setor.

Apesar de satisfeitos com a agilidade das respostas, de uma maneira geral, os

entrevistados consideram que a Coordenadoria de Comunicação precisa ter mais iniciativa no

relacionamento com os outros setores da UFC. Na avaliação deles, a CCSMI só dá resposta se

for procurada e essa reatividade faz com que muitas iniciativas importantes que ocorrem não

sejam de conhecimento público. Isso porque os setores que ainda não despertaram para a

necessidade de divulgar suas ações não estão presentes nos veículos de comunicação da

Instituição.

A análise da relação dos gestores com a CCSMI também indicou que a dimensão

de comunicação que ainda prevalece na UFC é a instrumental. A maioria dos gestores

reconhece a importância da Comunicação, mas não a percebe como parte do processo. É

apenas no final de cada iniciativa que ela é lembrada para cumprir o seu papel: divulgar.

Apenas um entrevistado demonstrou já pôr em prática a ideia de que o setor pode ir além,

participando dos processos decisórios desde o início e contribuindo na resolução de casos

mais complicados.

Após essa discussão, torna-se necessário retomar a pergunta de pesquisa: como os

integrantes da Administração Superior da UFC compreendem a perspectiva estratégica da

comunicação institucional desenvolvida na organização, a sua estrutura e as relações

estabelecidas com o setor?

No estudo, foi possível perceber que os entrevistados consideram a comunicação

institucional fundamental para a universidade dentro de diferentes aspectos. Alguns

destacaram que ela ressalta os aspectos relacionados com a missão, a visão, os valores e a

filosofia da organização. Outros enfatizaram o papel da comunicação em dar mais

transparência à UFC, sendo uma ferramenta importante no processo de prestação de contas

com a sociedade. Para eles, a sociedade precisa saber o que é feito com os recursos públicos

investidos e a comunicação deve ajudar a cumprir esse papel. Dois gestores ressaltaram ainda

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que a comunicação tem um papel essencial na criação de um senso de direção para que a

organização consiga atingir seus objetivos.

Muitos dos achados dessa pesquisa estão coerentes com a literatura revisada.

Assim como a teoria afirma, a dimensão instrumental, que percebe o setor de comunicação

como uma área de “divulgação”, ainda é o que prevalece na Instituição. Da mesma forma, as

entrevistas mostraram que a busca pelo planejamento e pela realização de pesquisas é

fundamental para que o setor possa ocupar uma função mais estratégica na organização. Outra

característica observada durante as entrevistas que vai ao encontro do que diz a literatura é

que o desenvolvimento de produtos comunicacionais sem a definição de um público

específico acaba enfraquecendo a comunicação por não conseguir atingir as especificidades

da comunidade acadêmica. Pode-se citar ainda a dificuldade de os gestores lidarem com as

matérias negativas dos meios de comunicação.

Por outro lado, a divisão estabelecida por Kunsch (2003) na relação comunicação

institucional e comunicação interna não foi observada. Na UFC, a comunicação interna faz

parte da comunicação institucional, assim como a externa. A linha seguida pela Instituição é

corente com o que estabelece Martinuzzo (2013) e Valsani (2006).

Em relação às contribuições deste trabalho, deve ser destacada a possibilidade de

conhecer como os dirigentes de uma universidade pública compreendem, tanto de uma forma

geral como especificamente, o trabalho de comunicação desenvolvido na UFC. A literatura

enfatiza muito a importância de os setores de comando da organização valorizarem a

comunicação. Para eles, se isso não ocorre, as chances de as ações de comunicação serem

bem-sucedidas diminuem consideravelmente.

A partir da análise das entrevistas foi possível perceber que existe uma abertura da

Administração Superior da Universidade para o setor e que ela deve ser aproveitada pela

CCSMI para fortalecer o seu papel na Instituição. E isso se torna mais importante tendo em

vista a cultura universitária brasileira que ainda não consegue pôr em prática a necessidade de

dialogar com os vários setores da sociedade.

Já em relação às contribuições gerenciais, um dos direcionamentos deste trabalho

é a compreensão da necessidade da CCSMI apresentar de forma mais contundente para os

gestores a natureza do seu trabalho e os seus resultados. Como foi possível observar durante a

análise, apesar de reconhecer a importância do setor, muitos entrevistados mostraram

desconhecer como o setor funciona, quais são os seus objetivos, sua estrutura e os frutos do

trabalho desenvolvido.

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Finalmente, reconhecem-se as limitações deste estudo. A inexistência de uma

literatura mais específica sobre o papel dos dirigentes no desenvolvimento da comunicação

organizacional gerou a necessidade de uma revisão teórica mais geral, que possibilitasse

dialogar com os vários caminhos possíveis da comunicação desenvolvida na prática. Essa

circunstância pode ter aberto muito o leque da discussão.

Outra limitação diz respeito ao caminho metodológico seguido, mais precisamente

a abordagem qualitativa, que não permite generalizações. Portanto, a pesquisa teve como

lócus a Universidade Federal do Ceará e o seu objetivo foi compreender o papel da

comunicação institucional na perspectiva dos integrantes da Administração Superior da

Instituição.

Para estudos futuros, a sugestão é que sejam realizadas pesquisas com

professores, servidores técnico-administrativos e alunos para compreender suas concepções

sobre a comunicação institucional e a sua relevância para a Universidade. A partir da

perspectiva crítica apresentada pelos integrantes da Administração Superior, também seria

interessante o desenvolvimento de um estudo mais específico sobre o trabalho de assessoria

de imprensa desenvolvido pela UFC.

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APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA AOS INTEGRANTES DA

ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFC

1. De uma forma geral, qual o papel da comunicação institucional em uma organização?

2. Como o senhor avalia o trabalho de comunicação desenvolvido na UFC?

3. Em que aspectos a comunicação institucional desenvolvida na UFC pode ser aprimorada?

4. Quando o (a) senhor (a) toma uma decisão ou participa de determinados processos, há a

preocupação em divulgar essas ações? A ideia de comunicar surge?

5. Na sua opinião, a comunicação institucional da UFC deve ter que públicos prioritários?

6. Quais são os aspectos positivos que o (a) senhor (a) enxerga na comunicação institucional

da UFC?

7. Quais são os aspectos negativos que o (a) senhor (a) enxerga na comunicação institucional

da UFC?

8. Como acontece a relação da sua área com o setor de comunicação da UFC?

9. O seu setor desenvolve alguma articulação conjunta com a CCSMI?

10. Quando surge a ideia de que é importante comunicar o fato, ideia ou projeto, como o (a)

senhor (a) costuma agir?

11. O (a) senhor (a) sabe o que fazer para que uma informação seja divulgada?

12. No processo de tomada de decisão da Administração Superior como um todo, o (a) senhor

(a) acredita que a preocupação com a comunicação está presente?

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA APLICADA AO COORDENADOR DA

COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E MARKETING

INSTITUCIONAL DA UFC

1. Qual é a missão da CCSMI?

2. Quais atividades e produtos de comunicação institucional estão sob a responsabilidade da

CCSMI?

3. Como ocorre o planejamento dessas atividades?

4. Como está estruturada a assessoria em termos de equipamento e pessoal?

5. A UFC possui uma política de comunicação definida (formal ou informal)?

6. Como o senhor sente que é vista a comunicação pelos integrantes da Administração

Superior da UFC?

7. Quais são os públicos dos produtos desenvolvidos pela CCSMI?

8. A CCSMI atua de maneira integrada?

9. A CCSMI possui planejamento estratégico?

10. Existe algum tipo de avaliação sobre o trabalho desenvolvido pela CCSMI?

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ANEXO A – COMPOSIÇÃO DE PROFISSIONAIS DA COORDENADORIA DE

COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UFC

Grade de Profissionais CCSMI 2014

PROFISSÕES

QUANTIDADE DE

FUNCIONÁRIOS

Publicitário 1

Jornalista 22

Assistente de Comunicação 8

Editor de Publicações 1

Revisor de Texto 3

Redator 2

Assistente de Diagramação 3

Sonoplasta 4

Assistente de som 1

Locutor 4

Técnico em Audiovisual 1

Diretor de Programa 2

Produtor Cultural 1

Bibliotecário/Documentalista 1

Técnico em Arquivo 1

Técnico de Manutenção de Áudio e

Vídeo 1

Fotógrafo 3

Cinegrafista 4

Editor de Imagem 2

Garçom 1

Recepcionista 1

Assistente em Administração 4

Operador de Pós-Impressão Gráfica 1

Supervisor de Produção Gráfica 2

Assistente de distribuição 1

TOTAL 75

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing

Institucional da UFC

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ANEXO B – RELATÓRIO DO CLIPPING DE NOTÍCIAS DA UFC 2014

Clipping 2014

Positivo Neutro Negativo Total

janeiro 39 49 3 92

fevereiro 28 27 2 57

março 39 37 2 78

abril 24 21 2 47

maio 46 44 7 97

junho 35 32 3 70

julho 72 75 2 149

agosto 27 85 5 117

setembro 88 89 14 191

outubro 286 257 7 570

novembro 81 68 2 151

dezembro 67 66 2 135 Total 832 850 51 1754

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing

Institucional da UFC

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106

ANEXO C – RELATÓRIO DO CLIPPING DE NOTÍCIAS DA UFC 2013

Clipping 201320

Positivo Neutro Negativo Total

Janeiro 51 40 4 95

Fevereiro 23 33 2 58

Março 77 43 29 149

Abril 89 57 10 156

Maio 95 61 30 186

Junho 77 42 35 154

Julho 54 53 10 117

Agosto 76 65 49 190

Setembro 86 60 16 162

Outubro 122 46 12 180

Novembro 78 22 20 120

Dezembro

Total 828 522 217 1567

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing

Institucional da UFC

20

Não foi possível descobrir por que os dados referentes ao mês de dezembro de 2013 não foram incluídos no

relatório final.

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ANEXO D – RELATÓRIO DO CLIPPING DE NOTÍCIAS DA UFC 2012

Clipping 2012

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing

Institucional da UFC

Positivo Neutro Negativo Total

Janeiro 55 22 3 80

Fevereiro 49 52 3 104

Março 45 35 3 83

Abril 59 35 3 97

Maio 77 43 4 124

junho 88 36 2 126

julho 78 39 3 120

agosto 45 59 1 105

setembro 75 78 5 158

outubro 106 51 2 159

novembro 96 44 / 140

dezembro 45 27 / 72 Total 818 521 29 1368