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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Andrey Fabiano Lourenço de Aguiar
Desenvolvimento e validação de método analítico para
quantificação
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Ciências Biomédicas
Andrey Fabiano Lourenço de Aguiar
Desenvolvimento e validação de método analítico para
quantificação de canabinoides em extratos de
Rio de Janeiro
2018
1
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Ciências Biomédicas
Andrey Fabiano Lourenço de Aguiar
Desenvolvimento e validação de método analítico para
de Cannabis
2
Andrey Fabiano Lourenço de Aguiar
Desenvolvimento e validação de método analítico para
quantificação de canabinoides em extratos de Cannabis
Orientadora: Profª. Drª. Virgínia Martins Carvalho
Rio de Janeiro
2018
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade Federal do
Rio de Janeiro como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de
bacharel em Ciências Biológicas:
Modalidade Médica
Habilitação: Biociência Legal
3
Agradecimentos
A minha mãe, Andreia, que bravamente venceu os obstáculos que uma mãe
solteira se vê obrigada a superar todos os dias para oferecer aos filhos uma vida
digna e uma educação de qualidade. Graças aos seus esforços, eu pude me tornar
o homem que sou hoje.
A minha irmã e cunhado, Andressa e Leonardo, que me abraçaram como
filho em todos os momentos em que precisei de apoio e contribuíram imensamente
para que eu pudesse ir mais longe do que qualquer um.
Aos meus grandes amigos Vitor, Max, Zé, Raquel, Rafaela, Thays e Victor,
os quais sempre tinham uma palavra de conforto, uma boa dose de risada ou
apenas o bom e velho amor incondicional para me ajudar a superar os dias de
ansiedade e desânimo.
A família que a Biomedicina-UFRJ me deu, Bruna, Anne, Leonan, Marcus,
Júlia, Deka, Mayara, Thiago, Larissa, Guilherme, Nathalia, Letícia e John. Vocês
foram essenciais para tornar os dias de aula e terrores de provas muito mais leves e
prazerosos.
A minha orientadora, Virgínia, que além de ser uma cientista incrível, me
mostrou o poder de mudança que a empatia tem, me ensinando a me tornar um ser
humano melhor nessa jornada e me dando o presente que foi esse trabalho. Minha
gratidão não pode ser mensurada.
Ao povo brasileiro, que luta bravamente todos os dias por seus direitos, pelo
acesso a um programa de saúde que atenda suas necessidades e por um Estado
mais empático. Retribuir o investimento de seus impostos em minha formação é uma
das motivações para o meu trabalho.
4
Não há garantias, mas lembre-se:
até no futuro, o doce não é tão doce
sem o amargo
(Vanilla Sky)
5
Resumo
AGUIAR, A.F.L. Desenvolvimento e validação de método analítico para quantificação de canabinoides em extratos de Cannabis. Rio de Janeiro, 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas: Modalidade Médica) –Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
As plantas do gênero Cannabisapresentam uma controversa história, em que
tradição e proibição se colidem, sobretudo após a Convenção Internacional de
Drogas de 1961. No Brasil, no entanto, seu uso terapêutico foi reclamado por
familiares e pacientes portadores de epilepsia refratária, os quais redescobriram as
propriedades farmacológicas dos canabinoides. Essas terapias, utilizadas de forma
compassiva, ainda não possuem estudos que comprovem sua segurança e doses
necessárias para obtenção do efeito farmacológico desejado. Desse modo, este
trabalho visa desenvolver um método de quantificação de canabinoides em matrizes
oleosas para sua validação conforme regulamentação publicada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A técnica de identificação e quantificação
utilizada foi a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a um Detector de
Arranjo de Diodo (CLAE-DAD). O método apresentou-se parcialmente validado,
havendo a necessidade de aumento do número de repetições de alguns parâmetros
e avaliação da robustez. Os resultados demonstram ainda uma incongruência entre
o valor quantificado e o relatado nos rótulos de extratos comercializados no Brasil.
Espera-se que o método desenvolvido possa ser otimizado e revalidado para
matrizes vegetais para identificação do perfil químico de variedades cultivadas por
pacientes com salvo-conduto judicial
Palavras-chave: Cannabis. Canabinoides, CLAE-DAD. Validação. Extratos.
6
Lista de Abreviaturas e siglas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AO – Ácido olivetólico
ASC – Área sob a curva
CBD – Canabidiol
CBDA – Ácido Canabidiólico
CBDAS – CBDA-sintase
CBC – Canabicromeno
CBCA – Ácido canabicromênico
CBG – Canabigerol
CBGA – Ácido canabigerólico
CBN – Canabinol
CB1 – Receptor canabinoide 1
CB2 – Receptor canabinoide 2
CG – Cromatografia gasosa
CG-EM – Cromatografia gasosa acoplado à espectrometria de massas
CLAE – Cromatografia líquida de alta eficiência
CLAE-DAD – Cromatografia líquida de alta eficiência acoplado à detector de arranjo de diodo
CMD – concentração média determinada
CME – Concentração média experimental
CT – Concentração teórica
CV – Coeficiente de variação
CYP – Citocromo P450
DAD – Detector de arranjo de diodos
DP – Desvio padrão
DPR – Desvio padrão relativo
7
EM – Espectrômetro de massas
FDA – Food and Drug Administration
GABA – Ácido γ-aminobutírico
GOT – Geranil pirofosfato-olivetolatogeraniltransferase
GPP – Pirofosfato de geranil
LD – Limite de detecção
LQ – Limite de quantificação
QC – Controle de qualidade
TCM – Triglicerídeo de cadeia média
THC ou Δ9-THC – Δ9-tetrahidrocanabinol
Δ8-THC – Δ8-tetrahidrocanabinol
THCS – THC-sintase
THCA – Ácido tetrahidrocanabinólico
TRPA1 – Receptor de potencial transitório anquirina 1
TRPV1 - Receptor de potencial transitório vaniloide 1
TRPV2 - Receptor de potencial transitório vaniloide 2
Δ8THC – Δ8-tetrahidrocanabinol
2- AG – 2-araquidonilglicerol
8
Lista de Ilustrações
Figura 1: Principais canabinoides encontrados em extratos de Cannabis sativa.................. 13
Figura 2: Esquema da biossíntese de canabinoides a partir do ácido canabigerólico.......... 15
Figura 3: Variedade organoléptica de extratos recebidos para análise..................................30
Figura 4: Branco de metanol adicionado de padrão interno (diazepam)................................31
Figura 5: Perfil cromatográfico de canabinoides a 10µg/mL................................................. 32
Figura 6: Perfil cromatográfico do ponto 1 da curva de calibração........................................33
Figura 7: Perfil cromatográfico do ponto 2 da curva de calibração........................................33
Figura 8: Perfil cromatográfico do ponto 3 da curva de calibração....................................... 34
Figura 9: Perfil cromatográfico do ponto 4 da curva de calibração....................................... 34
Figura 10: Perfil cromatográfico do ponto 5 da curva de calibração......................................35
Figura 11: Perfil cromatográfico do ponto 6 da curva de calibração......................................35
Figura 12: Perfil cromatográfico do ponto 7 da curva de calibração......................................36
Figura 13: Representação gráfica para curva analítica de THC, a partir de 7 pontos de
calibração, entre as concentrações 1,11 a 21,31µg/mL........................................................37
Figura 14: Representação gráfica para curva analítica de CBD, a partir de 7 pontos de
calibração, entre as concentrações 1,29 a 32,93 µg/mL.......................................................37
Figura 15: Representação gráfica para curva analítica de THCA, a partir de 7 pontos de
calibração, entre as concentrações 1,22 a 31,10 µg/mL.......................................................38
Figura 16: Representação gráfica para curva analítica de CBDA, a partir de 7 pontos de
calibração, entre as concentrações 1,23 a 31,19 µg/mL.......................................................38
Figura 17: Representação gráfica para curva analítica de THCA, a partir de 7 pontos de
calibração, entre as concentrações 1,15 a 29,24 µg/mL.......................................................39
Figura 18: Perfil cromatográfico de óleo de coco, adicionado de Diazepam na concentração
de 5µg/mL..............................................................................................................................40
Figura 19: Perfil cromatográfico de óleo de soja, adicionado de Diazepam na concentração
de 5µg/mL..............................................................................................................................40
9
Figura 20: Perfil cromatográfico de óleo de girassol, adicionado de Diazepam na
concentração de 5µg/mL........................................................................................................41
Figura 21: Perfil cromatográfico do azeite de oliva, adicionado de Diazepam na
concentração de 5µg/mL....................................................................................................... 41
Figura 22: perfil cromatográfico dos triglicerídeos de cadeia média (TCM), adicionado de
Diazepam na concentração de 5µg/mL.................................................................................42
Figura 23: Perfil cromatográfico de um extrato importado (CBD puro) em TCM como
veículo.....................................................................................................................................45
Figura 24: Perfil cromatográfico de extrato artesanal rico em THC em azeite de oliva como
veículo.....................................................................................................................................45
10
Lista de Tabelas
Tabela 1: Gradiente adotado na separação dos analitos.......................................... 24
Tabela 2: Concentração dos interferentes das matrizes nos tempos de retenção dos canabinoides............................................................................................................. 42
Tabela 3: Parâmetros de segurança do método para CBD e THC........................... 43
Tabela 4: Resultados preliminares de produtos comerciais importados analisados por CLAE-DAD................................................................................................................ 47
Tabela 5: Resultados preliminares de produtos artesanais caseiros ou clandestinos analisados por CLAE-DAD.........................................................................................48
11
Sumário
1. Introdução ............................................................................................................. 13
1.1. Histórico .......................................................................................................... 13
1.2. Canabinoides .................................................................................................. 15
1.3. Biossíntese ..................................................................................................... 15
1.4. THC ................................................................................................................ 18
1.5. CBD ................................................................................................................ 19
1.6. Formas ácidas THCA e CBDA ........................................................................ 20
1.7. CBN ................................................................................................................ 21
1.8. Sistema endocanabinoide ............................................................................... 21
1.9. Farmacocinética ............................................................................................. 22
2. Obejtivo ................................................................................................................. 24
2.1. Objetivo geral .................................................................................................. 24
2.2. Objetivos específicos ...................................................................................... 24
3. metodologia........................................................................................................... 25
3.1. Extração e preparo de amostras ..................................................................... 25
3.2. Identificação dos canabinóides ....................................................................... 25
3.3. Quantificação e Validação do método ............................................................ 26
3.3.1. Especificidade ........................................................................................... 26
3.3.2. Linearidade ............................................................................................... 27
3.3.3. Precisão .................................................................................................... 28
3.3.4. Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) ............................ 29
3.3.5. Exatidão .................................................................................................... 30
3.3.6. Robustez ................................................................................................... 30
4. Resultados e discussão ........................................................................................ 32
12
4.1. Extração e preparo de amostras ..................................................................... 32
4.2. Identificação dos canabinoides, quantificação e validação do método ........... 33
4.3. Aplicação do método às amostras autênticas ................................................. 46
4.4. Comparação entre CLAE-DAD e cromatografia gasosa ................................. 51
4.5. discrepância entre valores estipulados nos rótulos e quantificados ............... 53
4.6. implicações forenses e terapêuticas do desenvolvimento de um novo método
analítico para canabinoides ............................................................................ 55
4.7. limitações para validação do método .............................................................. 56
5. Conclusão ............................................................................................................. 59
6. Referências ........................................................................................................... 60
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. HISTÓRICO
Provavelmente uma das plantas mais controversas do mundo, a Cannabis
foi primeiramente descrita por Carolus Linnaes em 1753. Contudo, era usada por
culturas bem mais antigas como substrato para preparações medicinais, rituais
religiosos ou ainda para fins recreativos, tendo sua origem atribuída à Ásia Central e
se expandido posteriormente para a Ásia Oriental, onde o cânhamo era utilizado
para a manufatura de tecidos, sobretudo na região onde atualmente se encontra o
norte da China (LI, 1975).
Após a Convenção de Internacional Drogas de 1961 (Convenção de Nova
York), revisitada em 1972, uma política internacional de combate às drogas foi
instituída através da cooperação entre os países signatários para suprimir o uso,
comércio, troca, distribuição e importação de opioides e outras substâncias
psicotrópicos, sendo o controle da Cannabis instituído no artigo 28 (UNITED
NATIONS, 1972).
Segundo Carlini (2006), a chegada de produtos derivados de Cannabis ao
Brasil deu-se através da composição das velas e cordames das embarcações, as
quais eram produzidas a partir de cânhamo, uma variedade da planta. Seu uso não
terapêutico disseminou-se, contudo, entre negros escravos que trouxeram sementes
consigo durante o transporte para o Brasil. No século XIX, era usada no tratamento
de bronquite crônica, asma, insônia, além de sua prescrição por conta de sua
atividade hipnótica, sedativa e antiemética, até 1930, quando teve início uma era de
repressão da planta no país, sobretudo após a atuação dos delegados brasileiro e
egípcio na II Convenção do Ópio.
14
Atualmente no Brasil, a repressão ao tráfico e uso de substâncias
entorpecentes encontra-se normatizada pela lei nº 11.343/2006, a qual institui o
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e cria um canal de apelação
para usuários que portam quantidades para consumo próprio, além de introduzir a
possibilidade de autorização judicial para plantio e cultura de plantas proscritas em
acordo com convenções internacionais das quais o Brasil é signatário. Contudo, a lei
não estabelece parâmetros quantitativos para considerar o material apreendido com
pessoa física como tráfico ou uso pessoal, cabendo ao juiz responsável avaliar a
questão com base em fatores sociais e pessoais, local e condições de realização da
ação, quantidade apreendida, além da conduta e dos antecedentes do agente.
No âmbito pericial, a identificação positiva para canabinoides de amostras
apreendidas segue sobretudo triagem qualitativa por meio de testes químicos
rápidos, chamados de presuntivos, tais como Fast Blue B Salt e teste de Duquenois-
Levine, sendo posteriormente submetidos a testes confirmatórios como, por
exemplo, a cromatografia gasosa (CG). Em 2006, foi publicado um roteiro que
auxiliasse peritos criminais a fazer a identificação botânica da planta em matéria
vegetal fresca, na qual os testes químicos não podem atuar com eficiência
(VALENTE et al., 2006).
Em 2015, devido à demanda de pacientes portadores de enfermidades
neurológicas graves com quadros de epilepsias refratárias aos tratamentos
disponíveis no Brasil, a Anvisa publicou a RDC 17/2015 (BRASIL, 2015) com o
objetivo de estabelecer os critérios e procedimentos para importação de produtos à
base de canabidiol (CBD) em associação com outros canabinoides, inclusive THC,
em caráter excepcional. A resolução, portanto, autoriza a importação de produtos
industrializados contendo CBD por pessoas físicas, para uso próprio, segundo
prescrição médica por profissional de saúde habilitado e mediante cadastro prévio
numa base eletrônica da agência reguladora
autorizou a importação de THC e partes da planta (BRASIL, 2016)
1.2. CANABINOIDES
A Cannabis é uma planta que apresenta mais de 400 componentes, sendo
mais de 60 pertencentes à classe de canabinoides, sendo o
(THC) o mais abundante entre eles, po
canabinoides podem ser naturais, dividindo
endocanabinoides, ou sintéticos
antagonistas com relação ao THC
encontram-se representados na
Figura 1: Principais canabinoides encontrados em extrat
1.3. BIOSSÍNTESE
Os principais compostos participantes da via de biossíntese de
são o pirofosfato de isopentenila e difosfato de dimetilalilo.
iniciais, acreditava-se que os
industrializados contendo CBD por pessoas físicas, para uso próprio, segundo
prescrição médica por profissional de saúde habilitado e mediante cadastro prévio
numa base eletrônica da agência reguladora (BRASIL, 2015)
a importação de THC e partes da planta (BRASIL, 2016)
CANABINOIDES
é uma planta que apresenta mais de 400 componentes, sendo
mais de 60 pertencentes à classe de canabinoides, sendo o ∆
(THC) o mais abundante entre eles, possuindo relevante atuação psicotrópica.
canabinoides podem ser naturais, dividindo-se entre fitocanabinoides e
endocanabinoides, ou sintéticos, podendo apresentar efeitos aditivos, sinérgicos ou
antagonistas com relação ao THC (ASHTON, 2001). Os principais canabinoides
se representados na Figura 1.
nabinoides encontrados em extratos de Cannabis sativa
Os principais compostos participantes da via de biossíntese de
são o pirofosfato de isopentenila e difosfato de dimetilalilo. A partir de estudos
se que os terpenoides eram formados através da via do
15
industrializados contendo CBD por pessoas físicas, para uso próprio, segundo
prescrição médica por profissional de saúde habilitado e mediante cadastro prévio
(BRASIL, 2015) e, em seguida,
a importação de THC e partes da planta (BRASIL, 2016).
é uma planta que apresenta mais de 400 componentes, sendo
∆9-tetraidrocanabinol
ssuindo relevante atuação psicotrópica. Os
se entre fitocanabinoides e
, podendo apresentar efeitos aditivos, sinérgicos ou
incipais canabinoides
Cannabis sativa.
Os principais compostos participantes da via de biossíntese de terpenoides
A partir de estudos
s eram formados através da via do
16
mevalonato (ROHMER, 1999). Contudo, posteriores experimentos demonstraram
que sua biossíntese ocorria no mesmo compartimento da via do fosfato de 1-deoxi-
D-xilulose, de modo que a via do mavelonato e do fosfato de 1-deoxi-D-xilulose
poderiam trocar componentes entre si, o que foi comprovado por experimento que
mostrou a incorporação de mavelonato radioativamente marcado na formação de
precursores de canabinoides, acrescentando ainda que pirofosfato de geranil (GPP)
e ácido olivetólico (AO) atuavam como intermediários específicos na biossíntese dos
canabinoides (EISENREICH et al., 1998; FELLERMEIER et al., 2001). A via de
biossíntese atualmente aceita consiste na condensação de GPP com AO através da
enzima geranil pirofosfato-olivetolatogeraniltransferase (GOT), enzima que promove
a prenilação de AO, gerando como produto o ácido canabigerólico (CBGA)
(FELLERMEIER; ZENK, 1998). CBGA pode então sofrer a ação de majoritariamente
três enzimas diferentes secretadas na cavidade de armazenamento dos tricomas
glandulares (SIRIKANTARAMAS et al., 2005) para gerar as formas ácidas de
importantes canabinoides.
As enzimas ácido ∆9-tetraidrocanabinolico-sintase (THCAS), ácido
canabidiólico-sintase (CBDAS) e ácido canabicromêmico-sintase (CBCAS) são
responsáveis por promover a ciclização oxidativa de CBGA, produzindo o ácido ∆9-
tetraidrocanabinolico, o ácido canabidiólico e o ácido canabicromênico (TAURA et
al., 1995; TAURA; MORIMOTO; SHOYAMA, 1996; MORIMOTO et al., 1998). As
plantas de Cannabis sativa produzem apenas as formas ácidas dos canabinoides,
de modo que as formas neutras são formadas a partir da descarboxilação não-
enzimática dos ácidos por ação da luz ou calor (PREEDY, 2016). Em 1970, um
grupo de pesquisadores japoneses identificou a presença de ácido canabinólico
(CBNA) em plantas secas armazenadas, o que não
frescas, através de cromatografia em sílica gel, comprovando posteriormente que
sua origem estava atrelada ao THCA
de THCA e CBDA com uma lâmpada UV
amostras de THCA irradiadas
degradação do THCA e não possui vínculo com a degradação de CBDA
(SHOYAMA; YAMAUCHI; NISHIOKA, 1970)
isomerização ácida de ∆
biossíntese desses compostos.
Figura 2: Esquema da biossíntese de canabinoides a partir do ácido canabigerólico.
Fonte: Adaptado de
Nota: ∆Τ= aquecimento;
(CBNA) em plantas secas armazenadas, o que não foi constatado
, através de cromatografia em sílica gel, comprovando posteriormente que
sua origem estava atrelada ao THCA. Essa conclusão foi alcançada
e CBDA com uma lâmpada UV, processo que gerou CBNA apenas das
amostras de THCA irradiadas, demonstrando que CBNA é um produto de
do THCA e não possui vínculo com a degradação de CBDA
(SHOYAMA; YAMAUCHI; NISHIOKA, 1970). A formação de ∆
∆9-THC (GAONI; MECHOULAM, 1966). A
biossíntese desses compostos.
Figura 2: Esquema da biossíntese de canabinoides a partir do ácido canabigerólico.
Fonte: Adaptado de DE BACKER et al., 2009.
aquecimento; -CO2= descarboxilação.
17
foi constatado em plantas
, através de cromatografia em sílica gel, comprovando posteriormente que
. Essa conclusão foi alcançada após irradiação
, processo que gerou CBNA apenas das
, demonstrando que CBNA é um produto de
do THCA e não possui vínculo com a degradação de CBDA
∆8-THC ocorre pela
. A Figura 2 ilustra a
Figura 2: Esquema da biossíntese de canabinoides a partir do ácido canabigerólico.
18
1.4. THC
O ∆9-tetraidrocanabinol (THC) é o principal componente psicoativo da
Cannabis sativa e foi primeiramente isolado em 1964 (GAONI; MECHOULAM,
1964), atuando como agonista parcial dos receptores CB1 e CB2, modulando efeitos
excitatórios, por ação sobre a neurotransmissão mediada por glutamato e dopamina,
e inibitórios por ação sobre liberação de ácido γ-aminobutírico (GABA) (SHEN, 1999;
PISTIS et al., 2002).
No Brasil, o THC encontra-se registrado na lista de substâncias
psicotrópicas de uso proscrito (lista F2), segundo portaria SVS/MS nº 344/98,
enquanto seu equivalente sintético, dronabinol, encontra-se na lista A3 de
substâncias psicotrópicas. O primeiro medicamento à base de Cannabis sativa
registrado na Anvisa e de comercialização autorizada foi o Mevatyl®, conhecido no
exterior como Sativex®, composto por 27mg/mL de THC e 25mg/mL de CBD e
administrado na forma de solução oral (spray orobucal), cujo uso é preconizado no
tratamento da espasticidade muscular moderada ou severa em pacientes com
esclerose múltipla (SYED; MCKEAGE; SCOTT, 2014). Mantêm-se vetados para
registro pela Anvisa produtos com teores maiores do que 30mg/mL de THC ou CBD.
(BRASIL, 1998; BRASIL, 2017)
Um recente estudo publicado no fim de 2017 foi capaz de associar a
administração aguda de THC ao aumento da ansiedade em homens com exposição
prévia mínima, explicitando ainda a correlação entre a disponibilidade de receptores
CB1 na amídala e a intensidade da resposta fisiológica e elucidando o mecanismo
de atuação do THC nesse sistema (BHATTACHARYYA et al., 2017).
19
O THC apresenta um análogo sintético de estrutura idêntica chamado
dronabinol, conhecido pelo nome comercial de Marinol®, registrado na lista A3 de
substâncias psicotrópicas da ANVISA. Esse composto foi inicialmente utilizado como
antiemético após aprovação pelo FDA para tratamento de náuseas e enjoos em
pacientes oncóticos não-responsivos aos tratamentos antieméticos tradicionais
(MAY; GLODE, 2016). E meados dos anos 90, surgiram estudos focando em seu
uso como indutor de apetite para anorexia ligada à pacientes com Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (AIDS) (BEAL et al., 1995, 1997), além de estudos para
avaliação de sua atuação antiemética em combinação com outros fármacos
disponíveis no mercado, tais como proclorperazina e ondasetrona (LANE et al.,
1991; MEIRI et al., 2007).
1.5. CBD
O canabidiol foi primeiramente isolado por Adams (1940), a partir do
cânhamo cultivado em Minessota (EUA). Devido à falta de estudos capazes de
comprovar a atividade intrínseca do CBD, por muitos anos ele foi considerado um
canabinoide inativo, até o surgimento de um estudo que demonstrou efeitos
altamente discrepantes do THC em animais tratados com a substância isolada e
com o extrato de Cannabis, surgindo a hipótese de que outros canabinoides, entre
eles o CBD, poderiam interferir e modular o efeito do THC, o que foi posteriormente
comprovado. Além disso, posteriores trabalhos foram capazes de identificar uma
série de aplicações terapêuticas para o CBD, tais como antiepiléptico, sedativo,
ansiolítico, antipsicótico, anti-inflamatório e antiemético, além de sua atividade
neuroprotetora (ZUARDI, 2008).
20
No âmbito molecular, o CBD age como agonista do receptor 5-HT1a, dos
receptores α1 e α3 de glicina, do receptor de potencial transitório anquirina 1
(TRPA1), assim como o receptor de potencial transitório vaniloide 1 e 2 (TRPV 1 e
TRPV2, respectivamente) (CILIO; THIELE; DEVINSKY, 2014). Além disso, CBD é
capaz de mediar a neuroproteção através da regulação do fluxo de cálcio em
patologias envolvendo disfunções mitocondriais, prevenindo a sinalização apoptótica
(RYAN et al., 2009).
1.6. FORMAS ÁCIDAS THCA E CBDA
Nas plantas frescas, THC e CBD são sintetizados em sua forma ácida THCA
e CBDA, respectivamente, convertendo-se para sua forma neutra após ação não-
enzimática de fatores físicos, tais como luz e calor. Devido à instabilidade térmica
desses compostos, sua análise por metodologias que necessitam submeter a
amostra a elevadas temperaturas, tais como a cromatografia gasosa (CG), requerem
um processo de derivatização da amostra para torná-la volátil e estável (DE
BACKER et al., 2009). Até o momento, não foram identificadas atividades
terapêuticas desses compostos, de modo que sua conversão para as formas neutras
é de grande importância para a produção de fitoterápicos.
Na rotina forense, a análise de amostras de plantas apreendidas
presumidamente pertencentes ao gênero Cannabis pode ser feita por CG sem a
necessidade de derivatização desses compostos, posto que sua conversão durante
a análise já é capaz de comprovar a presença de canabinoides e, portanto, tipifica a
infração.
21
1.7. CBN
O canabinol (CBN) é uma molécula gerada pela oxidação do THC,
primeiramente identificada em amostras de plantas secas armazenadas. Foi o
primeiro fitocanabinoide isolado da Cannabis sativa e, a princípio, foi erroneamente
considerado o principal responsável pela atividade psicotrópica da planta.
Sua atividade biológica ainda não foi totalmente elucidada, havendo indícios
de que atue como fraco agonista parcial de receptores CB1 e CB2, revelando uma
potencial aplicação terapêutica em doenças que envolvem superativação de
receptores CB (IZZO et al., 2009).
1.8. SISTEMA ENDOCANABINOIDE
Em 1990, o primeiro receptor do sistema endocanabinoide, CB1, foi descrito
e clonado a partir do cérebro de ratos (MATSUDA et al., 1990), descrito ainda como
característico do sistema nervoso central, seguido do receptor CB2, o qual foi
identificado em macrófagos, na região periférica do baço e em outras células do
sistema imune (MUNRO; THOMAS; ABU-SHAAR, 1993). A partir de experimentos
com extratos de cérebros de porcos, a anandamida, um ligante endógeno capaz de
interagir com os receptores CB1 e CB2, foi descrita e, em 1997, um segundo ligante
endógeno, o 2-aracdonilglicerol (2-AG) foi caracterizado (DEVANE et al., 1992;
STELLA; SCHWEITZER; PIOMELLI, 1997). Em 2002, um terceiro endocanabinoide,
virodamina, foi caracterizado como antagonista do receptor CB1 e agonista total do
receptor CB2 (PORTER et al., 2002).
Ambos receptores são acoplados à proteína G inibitória, a qual inibe a
atividade da enzima adenilato ciclase, reduzindo os níveis citoplasmáticos de AMPc
e possivelmente mediando o mecanismo de analgesia in vivo (HOWLETT et al.,
22
1988). A estimulação do receptor CB1 também suprime a liberação de
neurotransmissores como, por exemplo, GABA, além de mediar a supressão
induzida por despolarização de neurônios inibitórios que recebem sinal retrógado em
células do hipocampo, culminando no efeito inibitório dos canabinoides em aspectos
relacionados à memória e ao movimento (BARINAGA, 2001; KLEIN et al., 2003)
1.9. FARMACOCINÉTICA
Os canabinoides são substâncias altamente lipofílicas, portanto facilmente
capazes de atravessar barreiras biológicas, e suscetíveis à metabolização por
enzimas hepáticas, sobretudo os citocromos P450 (CYP). Foi encontrada uma
correlação entre CYP2C9 e CYP3A com a formação de 7-hidroxi-THC e 6-β-hidroxi-
THC, respectivamente, enquanto CYP2C foi responsável pela biotransformação
de∆8-tetraidrocanabinol, ∆
9-tetraidrocanabinol e canabinol para seus respectivos
metabólitos do tipo 11-hidróxi (LOCKWOOD, 2002; WATANABEet al., 1995). Em
2007, a enzima CYP3A4 foi identificada como a principal responsável pela 7-α-
hidroxilação e 7-β-hidroxilação de ∆8-THC e 9-α-epoxidação e 10-α-epoxidação de
∆9-THC (WATANABE et al., 2007). Esse efeito de primeira passagem hepático reduz
drasticamente a biodisponibilidade de canabinoides após sua administração por via
oral. Adicionalmente, CBD e CBN possuem efeito inibitório seletivo sobre a isoforma
CYP1, viabilizando a formulação de medicamentos com base na interação de
fármacos para prolongar a ação de um composto metabolizado por essa enzima
(YAMAORI et al., 2010).
A administração pela via pulmonar é mais eficiente com relação à velocidade
de absorção e biodisponibilidade quando comparada à via oral devido à grande
23
superfície alveolar e intensa vascularização do tecido pulmonar, permitindo a rápida
absorção dos canabinoides, além de não apresentar o efeito de primeira passagem
da via oral. A pico da concentração de CBD e THC no soro e no cérebro acontece
nos primeiros minutos após administração pulmonar e duas horas após a
administração na via oral, havendo ainda relação sinérgica entre esses compostos
na manutenção da biodisponibilidade (HLOŽEK et al., 2017).
A lipofilicidade desses compostos colabora para sua distribuição sobretudo
no tecido adiposo e órgãos com elevado teor de gordura, tais como o cérebro. No
sangue, a maior parte do THC encontra-se ligado a proteínas plasmáticas, enquanto
o restante apresenta-se internalizado em eritrócitos (HUESTIS, 2007).
A eliminação do THC pode ser realizada pela urina, após reação de
conjugação com o ácido glicurônico, produzindo um composto com maior polaridade,
ou através das fezes. A excreção de metabólitos de canabinoides na urina é muito
baixa, sendo a excreção fecal a principal responsável pelo clearance de THC (WALL
et al., 1983).
24
2. OBEJTIVO
2.1. OBJETIVO GERAL
Desenvolver e validar um método analítico que possa ser aplicado na
quantificação de canabinoides presentes em extratos medicinais artesanais e
produtos industrializados à base de Cannabis utilizados no Brasil.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Constituem objetivos específicos deste trabalho:
• Desenvolvimento de método analítico para quantificação de canabinoides por
CLAE-DAD.
• Validação do método desenvolvido
• Avaliação de extratos medicinais e importados segundo método proposto.
25
3. METODOLOGIA
3.1. EXTRAÇÃO E PREPARO DE AMOSTRAS
A extração dos canabinóides foi otimizada por extração líquido-líquido com
base nas referências DEBACKER et al. (2009) e AMBACH et al. (2014), para tanto
100mg de extrato foi pesado e adicionado de 10mL da solução de metanol e n-
hexano (9:1 v/v) em tubo de polipropileno (Falcon) de 15mL. Os tubos foram
agitados em vórtex à velocidade de 2000rpm por 1 minuto e seguiram para um
banho de ultrassom durante 30 minutos. As amostras foram mantidas sob
resfriamento a -20ºC por 30 minutos e centrifugadas por 25 minutos a 4000rpm. O
sobrenadante foi retirado com o auxílio de uma seringa e filtrado em membrana com
poros de 0,22µm do tipo PTFE. A amostra final foi adicionada de diazepam 5,0µg/mL
para padronização interna.
Para quantificação dos canabinoides foi adotada a diluição das amostras de
no mínimo 10 vezes.
3.2. IDENTIFICAÇÃO DOS CANABINÓIDES
A separação e quantificação dos analitos (THC, THCA, CBD, CBDA e CBN)
foi realizada com base no publicado por DeBacker (2009) porcromatografia líquida
de alta eficiência acoplada ao detector de arranjo de diodos, equipamento da marca
ThermoFisher, utilizando-se uma bomba modelo 600, tipo Rheos 5600,
automostrador Accela, detector Accela PDA e software Chromequest.
As condições cromatográficas adotadas foram: coluna C18, 25cm x 4,6mm
de diâmetro interno e partícula de 5um, da marca ACE, temperatura de 50°C, fase
móvel composta por tampão formiato de amônio 50mM, pH 5,19 e metanol no modo
gradiente (Tabela 1), fluxo de 1,0 mL/min, volume de injeção de 10µL e λ=240 nm.
26
Tabela 1 - Gradiente adotado na separação dos analitos.
Intervalo de tempo (min) A B 0 - 10 32% 68%
10 - 20 15% 85% 20 - 22 8% 92% 22 - 30 5% 95%
Nota: A=tampão formiato de amônio, pH 5,19; B=metanol.
3.3. QUANTIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO DO MÉTODO
No Brasil, não há método farmacopeico de quantificação de canabinóides,
nem em outras farmacopeias ou compêndios oficiais reconhecidos pela ANVISA,
portanto o método de quantificação foi desenvolvido e parcialmente validado com
base nas normativas Resolução RE 899/2003, sua atualização RDC nº 166/2017 e
regulação de fitoterápicos Instrução Normativa nº 4, de 18 de junho de 2014 que
trata sobre os critérios de registro de fitoterápicos, inclusive o controle de qualidade.
Os seguintes parâmetros de segurança foram avaliados: especificidade, linearidade,
intervalo, precisão, limite de detecção, limite de quantificação, exatidão e robustez.
3.3.1. Especificidade
A especificidade é o parâmetro que se refere à capacidade de um método
analítico de diferenciar o sinal referente ao analito de interesse de sinais gerados por
interferentes presentes na matriz. No método desenvolvido, foi utilizado um detector
de arranjo de diodo (DAD) acoplado ao cromatógrafo, permitindo maior
especificidade na identificação dos componentes com auxílio da identificação dos
espectros de absorção UV. Padrões de referência certificados para os canabinoides
THC, CBD, THCA, CBDA E CBN na concentração de 0,1 mg/mL (Cerilliant, Sigma-
Aldrich, 1 mg/mL em estoque) foram analisados individualmente e o tempo de
retenção para cada um desses compostos foi identificado para comparação do perfil
cromatográfico com as amostras. Além disso, 5 matrizes oleosas diferentes foram
27
analisadas a fim de avaliar o efeito-matriz, sendo elas óleo de coco, óleo de soja,
azeite de oliva, óleo de girassol e triglicerídeos de cadeia média (TCM).
3.3.2. Linearidade
A linearidade é a relação entre o sinal obtido na análise e a concentração do
analito na amostra, dentro de um intervalo previamente estabelecido. As curvas de
calibração foram estabelecidas através da análise de 7 concentrações crescentes de
soluções contendo padrões de referência certificados. As curvas foram projetadas
para o intervalo compreendido entre 1µg/mL e 30µg/mL, abrangendo as
concentrações de 1,0; 5,6; 7,5; 10,0; 15,0; 20,0 e 30,0µg/mL, e a regressão linear foi
aplicada, sendo a linearidade expressa pelo valor do coeficiente de determinação
(r2). Segundo critérios da IN nº4/2014, a linearidade deve ser determinada pela
análise de pelo menos 5 concentrações diferentes das concentrações do material de
certificado, na faixa de 80 a 120% da concentração teórica do teste. O critério
adotado na IN nº4/2014é de r≥0,99 para curva de calibração de padrão e r≥0,98
quando a curva de calibração for preparada na matriz.
A curva de calibração foi construída por padronização interna com diazepam
(CITTI et al., 2016) na concentração de 5µg/mL.
As concentrações teóricas, no entanto, foram normalizadas pela massa de
cada composto (curva de calibração construída por gravimetria), portanto os pontos
de calibração ajustados foram1,11; 6,89; 9,13; 12,08; 15,99; 21,26 e 28,31µg/mL
para THC, 1,29; 8,02; 10,63; 14,05; 18,60; 24,74 e 32,93µg/mL para CBD, 1,22;
7,57; 10,04; 13,27; 17,57; 23,36 e 31,10µg/mL para THCA, 1,23; 7,59; 10,07; 13,31;
17,62; 23,43 e 31,19µg/mL para CBDA e 1,15; 7,12; 9,44; 12,47; 16,52; 21,96 e
29,24µg/mL para CBN.
28
3.3.3. Precisão
A precisão é definida através da proximidade de resultados obtidos através
de uma metodologia durante consecutivas replicatas de uma mesma amostra.
A precisão intra-ensaio, ou repetibilidade, refere-se à proximidade dos
resultados obtidos através de análises com o mesmo analista, reagentes,
equipamento e em curto intervalo de tempo, enquanto a precisão inter-ensaio, ou
precisão intermediária, deve ser mensurada através da aplicação do método
analítico sob condições diferentes daquelas previamente mencionadas, no mesmo
laboratório. A precisão inter-laboratorial, ou reprodutibilidade, contudo, refere-se a
concordância entre os resultados obtidos em diferentes laboratórios, o que é
importante para a inclusão de um método na Farmacopéia.
Neste trabalho, foi avaliada a precisão intra-ensaio apenas para os analitos
THC e CBD que são os canabinóides de interesse nos tratamentos farmacológicos.
Esse ensaio foi realizado pela análise de amostras de controlede qualidade (QC) em
concentração alta (QC1= 52µg/mL de THC e 45µg/mL de CBD) ebaixa (QC2=
3,5µg/mL de THC e 2,5µg/mL de CBD), de acordo com o intervalo do método, em 6
repetições para cada QC. Este parâmetro é avaliado em termos de imprecisão e
para tanto é adotado o desvio padrão relativo (DPR), também chamado de
coeficiente de variação (CV) (Equação 1). Para fitoterápicos, é aceito coeficiente de
variação de até 15%.
29
Equação 1: CV= (DP x CMD) x 100
Onde:
CV=coeficiente de variação;
DP=desvio padrão;
CMD=concentração média determinada.
3.3.4. Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ)
Entende-se como limite de detecção a menor concentração de um analito
capaz de gerar resposta no detector quando submetido ao método experimental,
sem que necessariamente possa ser quantificado de forma precisa e exata. O LD
para os canabinoides também podem ser determinados através da avaliação da
relação de 3 vezes o ruído da linha de base de 3 curvas de calibração,
compreendendo concentrações de analito próximas ao suposto limite de
quantificação.
O limite de quantificação, por sua vez, representa a menor concentração de
um analito que pode ser determinada com exatidão e precisão aceitáveis quando
submetidas ao método analítico, a qual também pode ser determinada
considerando-se uma relação de 10 vezes o ruído da linha de base.
Optamos por adotar como limite de detecção a menor concentração capaz
de proporcionar pico integrado pelo equipamento, diferenciado do ruído da linha de
base (método visual), enquanto, para o limite de quantificação, foi considerado o
valor correspondente ao menor valor ensaiado durante a execução da curva de
calibração corrigido para os fatores de diluição adotados na preparação da amostra.
30
3.3.5. Exatidão
A exatidão é entendida como a concordância entre os resultados obtidos a
partir de um teste analítico com um valor de referência aceito como verdadeiro
(CAUSON, 1997; PETERS; MAURER, 2002).
A avaliação desse parâmetro foi feita através da análise de 6 determinações,
sendo duas concentrações, média (QC1= 10µg/mL) e alta (QC2= 20µg/mL), em
triplicata, de amostras preparadas numa matriz de TCM com a adição de padrão de
referência certificado em concentrações finais compreendidas dentro do intervalo
linear e submetidas ao método extrativo. Os resultados foram comparados com as
soluções de padrões de referência certificados diluídos em metanol, ou seja, os
valores encontrados para essas amostras foram convencionalmente aceitos como
verdadeiros. Para cálculo da exatidão foi adotada a equação 2 (BRASIL, 2003).
Equação 2: Exatidão = (CME/CT) x 100
Onde:
CME=concentração média experimental;
CT=concentração teórica.
3.3.6. Robustez
A robustez é o parâmetro que se refere à capacidade de um método de gerar
os mesmos resultados mesmo com pequenas e deliberadas alterações das
condições analíticas, tais como pH, soluções-tampão, proporção entre componentes
da fase móvel, entre outros. Uma lista de fatores que afetam a robustez de um
método é elucidada na RE 899/2003, sendo eles a variação de pH da fase móvel,
31
variação na composição da fase móvel, mudança no lote ou fabricante da coluna
cromatográfica, temperatura e fluxo da fase móvel, no que tange à cromatografia
líquida.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. EXTRAÇÃO E PREPARO D
Uma extensa variedade de amostras foi recebida para aplicação do método
proposto (Figura 3). A metodologia de extração proposta visava ser eficiente para os
extratos recebidos de forma a abranger as diferentes matrizes oleosas empregadas
na produção dos extratos.
amostra e sua diluição em 10mL de solução metanol:n
adequadas para realizar
nas curvas de calibração. Para o caso de extratos em que a concentração de
canabinoides pós-quantificação ultrapassava o limite da curva, posterior diluição foi
realizada com solução diluente com 5
ficaram abaixo do limite de quantificação, 1g de amostra foi pesada, para aumentar a
quantidade de canabinoides extraídos. Os resultados foram normalizados pelos
fatores de diluição.
Figura 3: Variedade organoléptica
E DISCUSSÃO
EXTRAÇÃO E PREPARO DE AMOSTRAS
Uma extensa variedade de amostras foi recebida para aplicação do método
proposto (Figura 3). A metodologia de extração proposta visava ser eficiente para os
s recebidos de forma a abranger as diferentes matrizes oleosas empregadas
na produção dos extratos. Os resultados obtidos a partir da pesagem de 100mg de
amostra e sua diluição em 10mL de solução metanol:n-hexano (9:1, v/v) foram
para realizar a extração de canabinoides dentro do intervalo ensaiado
nas curvas de calibração. Para o caso de extratos em que a concentração de
quantificação ultrapassava o limite da curva, posterior diluição foi
da com solução diluente com 5µg/mL de padrão interno. Para amostras que
ficaram abaixo do limite de quantificação, 1g de amostra foi pesada, para aumentar a
quantidade de canabinoides extraídos. Os resultados foram normalizados pelos
ariedade organoléptica de extratos recebidos para análise.
32
Uma extensa variedade de amostras foi recebida para aplicação do método
proposto (Figura 3). A metodologia de extração proposta visava ser eficiente para os
s recebidos de forma a abranger as diferentes matrizes oleosas empregadas
Os resultados obtidos a partir da pesagem de 100mg de
hexano (9:1, v/v) foram
a extração de canabinoides dentro do intervalo ensaiado
nas curvas de calibração. Para o caso de extratos em que a concentração de
quantificação ultrapassava o limite da curva, posterior diluição foi
mL de padrão interno. Para amostras que
ficaram abaixo do limite de quantificação, 1g de amostra foi pesada, para aumentar a
quantidade de canabinoides extraídos. Os resultados foram normalizados pelos
de extratos recebidos para análise.
4.2. IDENTIFICAÇÃO DOS CA
DO MÉTODO
A identificação dos canabinoides foi obtida através
tempos de retenção. Foi
2016) em metanol para identificação do tempo de retenção do padrão interno (Figura
4). Em seguida, foram adicionados 10mg/mL de padrão
para os canabinoides THC, CBD, THCA, CBDA e CBN, cujos tempos de retenção
foram verificados (Figura 5).
Figura 4: Branco de metanol adicionado de padrão interno (diazepam). Tempo do diazepam= 7,947 minutos.
Os tempos de retenção de cada canabinoide obtidos pela análise individual
dos respectivos padrões de referência certificado
min para CBD, 19,00 min para CBN, 11,47 min para CBDA e
os quais estão associados ao parâmetro de especificidade do método analítico,
IDENTIFICAÇÃO DOS CANABINOIDES, QUANTIFICAÇÃO E VA
A identificação dos canabinoides foi obtida através da
i realizada adição de padrão interno diazepam
em metanol para identificação do tempo de retenção do padrão interno (Figura
). Em seguida, foram adicionados 10mg/mL de padrão de referência
para os canabinoides THC, CBD, THCA, CBDA e CBN, cujos tempos de retenção
foram verificados (Figura 5).
Figura 4: Branco de metanol adicionado de padrão interno (diazepam). Tempo do diazepam= 7,947 minutos.
Os tempos de retenção de cada canabinoide obtidos pela análise individual
dos respectivos padrões de referência certificados foram 20,69 min para THC, 14,96
min para CBD, 19,00 min para CBN, 11,47 min para CBDA e 16,17 min para THCA.
os quais estão associados ao parâmetro de especificidade do método analítico,
33
, QUANTIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO
da determinação dos
adição de padrão interno diazepam (CITTI et al.,
em metanol para identificação do tempo de retenção do padrão interno (Figura
de referência certificado
para os canabinoides THC, CBD, THCA, CBDA e CBN, cujos tempos de retenção
Figura 4: Branco de metanol adicionado de padrão interno (diazepam). Tempo de retenção
Os tempos de retenção de cada canabinoide obtidos pela análise individual
20,69 min para THC, 14,96
16,17 min para THCA.,
os quais estão associados ao parâmetro de especificidade do método analítico,
posto que o método foi eficiente em demonstrar um
dos extratos.
Figura 5: Perfil cromatográfico de canabinoides a 10de 5µg/mL.
Após otimização
899/2003 (ANVISA), com atualização
Instrução Normativa nº4 da ANVISA, publicada em junho de 2014
O próximo parâmetro a ser avaliado foi a linearidade, através da construção
de uma curva de calibração formada a partir da análise de amostras com
concentrações conhecidas de padrão certificado de referência.
referentes a cada ponto de calibração
posto que o método foi eficiente em demonstrar uma separação dos componentes
Figura 5: Perfil cromatográfico de canabinoides a 10µg/mL. Concentração de diazepam foi
otimização do método, foi realizada a validação
(ANVISA), com atualização da RDC nº 166, de 24 de julho de
Instrução Normativa nº4 da ANVISA, publicada em junho de 2014
âmetro a ser avaliado foi a linearidade, através da construção
de uma curva de calibração formada a partir da análise de amostras com
concentrações conhecidas de padrão certificado de referência.
referentes a cada ponto de calibração são apresentados nas Figura
34
a separação dos componentes
tração de diazepam foi
oi realizada a validação segundo a RE
de 24 de julho de 2017, e
Instrução Normativa nº4 da ANVISA, publicada em junho de 2014.
âmetro a ser avaliado foi a linearidade, através da construção
de uma curva de calibração formada a partir da análise de amostras com
concentrações conhecidas de padrão certificado de referência. Os cromatogramas
Figuras 6 a 12.
Figura 6: Perfil cromatográfico do ponto 1 da curva de calibração. Concentração de diazepamigual a 5µg/mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores: THC=1,11µg/mL, CBD=1,29CBN=1,15µg/mL.
Figura 7: Perfil cromatográfico do ponto 2 da curva de calibração. Concentração de diazepam igual a 5µg/mL e dos aTHC=6,89µg/mL, CBD=8,02CBN=7,12µg/mL.
Figura 6: Perfil cromatográfico do ponto 1 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBD=1,29µg/mL, THCA=1,22µg/mL, CBDA=1,23
Figura 7: Perfil cromatográfico do ponto 2 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBD=8,02µg/mL, THCA=7,57µg/mL, CBDA=7,59
35
Figura 6: Perfil cromatográfico do ponto 1 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBDA=1,23µg/mL,
Figura 7: Perfil cromatográfico do ponto 2 da curva de calibração. Concentração de nalitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBDA=7,59µg/mL,
Figura 8: Perfil cromatográfico do ponto 3 da curva de calibração. Concentração de diazepam igual a 5µg/mL e dos analitos corresTHC=9,13µg/mL, CBD=10,63CBN=9,44µg/mL.
Figura 9: Perfil cromatográfico do ponto 4 da curva de calibração. Concentração de diazepam igual a 5µg/mL e dos analitos correspondentesTHC=12,08µg/mL, CBD=14,05CBN=12,47µg/mL.
Figura 8: Perfil cromatográfico do ponto 3 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBD=10,63µg/mL, THCA=10,04µg/mL, CBDA=10,07
Figura 9: Perfil cromatográfico do ponto 4 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBD=14,05µg/mL, THCA=13,27µg/mL, CBDA=13,31
36
Figura 8: Perfil cromatográfico do ponto 3 da curva de calibração. Concentração de pondentes aos seguintes valores:
mL, CBDA=10,07µg/mL,
Figura 9: Perfil cromatográfico do ponto 4 da curva de calibração. Concentração de aos seguintes valores:
mL, CBDA=13,31µg/mL,
Figura 10: Perfil cromatográfico do ponto 5 da curva de calibração. Concentração de diazepam igual a 5µg/mL e dos analitos correspondentes aos segTHC=15,99µg/mL, CBD=18,60CBN=16,52µg/mL.
Figura 11: Perfil cromatográfico do ponto 6 da curva de calibração. Concentração de diazepam igual a 5µg/mL e dos analitos correspondentes aos seguintesTHC=21,26µg/mL, CBD=24,74CBN=21,96µg/mL.
Figura 10: Perfil cromatográfico do ponto 5 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seg
mL, CBD=18,60µg/mL, THCA=17,57µg/mL, CBDA=17,62
Figura 11: Perfil cromatográfico do ponto 6 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes
mL, CBD=24,74µg/mL, THCA=23,36µg/mL, CBDA=23,43
37
Figura 10: Perfil cromatográfico do ponto 5 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBDA=17,62µg/mL,
Figura 11: Perfil cromatográfico do ponto 6 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBDA=23,43µg/mL,
Figura 12: Perfil cromatográfico do ponto 7 da curva de calibração. Concentração de diazepam igual a 5µg/mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valoresTHC=28,31µg/mL, CBD=32,93CBN=29,24µg/mL.
Inicialmente, havia sido projetada uma curva de calibração com os mesmos
valores para cada canabinoide. Contudo, cada componente da amostra foi pesado
individualmente e fizemos um cálculo de sua concentração na amostra final com
base no peso, normalizando os dados com relação à massa dos compostos.
Portanto, foram gerados intervalos lineares e limites inferior e superior de
quantificação diferentes para cada analito.
A partir da resposta obtida no detector para cada concentração de analito,
foram geradas as curvas para THC, CBD, THCA, CBDA e CBN
A representação gráfica das curvas de calibração
equações de reta e coeficientes de determinação
analito/área do PI) são apresentadas nas Figuras 1
Figura 12: Perfil cromatográfico do ponto 7 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores
mL, CBD=32,93µg/mL, THCA=31,10µg/mL, CBDA=31,19
Inicialmente, havia sido projetada uma curva de calibração com os mesmos
valores para cada canabinoide. Contudo, cada componente da amostra foi pesado
e fizemos um cálculo de sua concentração na amostra final com
base no peso, normalizando os dados com relação à massa dos compostos.
Portanto, foram gerados intervalos lineares e limites inferior e superior de
quantificação diferentes para cada analito.
partir da resposta obtida no detector para cada concentração de analito,
foram geradas as curvas para THC, CBD, THCA, CBDA e CBN
A representação gráfica das curvas de calibração com as respectivas
equações de reta e coeficientes de determinação obtidas pela área relativa (área do
analito/área do PI) são apresentadas nas Figuras 13, 14, 15, 16 e 1
38
Figura 12: Perfil cromatográfico do ponto 7 da curva de calibração. Concentração de mL e dos analitos correspondentes aos seguintes valores:
mL, CBDA=31,19µg/mL,
Inicialmente, havia sido projetada uma curva de calibração com os mesmos
valores para cada canabinoide. Contudo, cada componente da amostra foi pesado
e fizemos um cálculo de sua concentração na amostra final com
base no peso, normalizando os dados com relação à massa dos compostos.
Portanto, foram gerados intervalos lineares e limites inferior e superior de
partir da resposta obtida no detector para cada concentração de analito,
com as respectivas
área relativa (área do
e 17.
Figura 13: Representação gráfica para curva analítica depontos de calibração, entre as concentrações 1,11 a 21,31
Figura 14: Representação gráfica para curva analítica de CBDpontos de calibração
Representação gráfica para curva analítica de THC, a papontos de calibração, entre as concentrações 1,11 a 21,31µg/mL.
entação gráfica para curva analítica de CBDpontos de calibração, entre as concentrações 1,29 a 32,93µg/mL
39
THC, a partir de 7 mL.
entação gráfica para curva analítica de CBD, a partir de 7 mL.
Figura 15: Representação gráfica para curva analítica de THCApontos de calibração, entre as concentrações 1,22
Figura 16: Representação gráfica para curva analítica de CBDApontos de calibração
Representação gráfica para curva analítica de THCA, entre as concentrações 1,22 a 31,10µg/mL
Representação gráfica para curva analítica de CBDApontos de calibração, entre as concentrações 1,23 a 31,19µg/mL
40
Representação gráfica para curva analítica de THCA, a partir de 7 mL.
Representação gráfica para curva analítica de CBDA, a partir de 7 mL.
Figura 17: Representação gráfica para curva analítica de THCApontos de calibração
Os cromatogramas obtidos no ensaio de especificidade pela análise de
alguns óleos normalmente empregados como veículos nos
apresentados nas Figura
azeite de oliva e TCM apresentaram interferentes nos tempos de retenção do CBD e
CBDA, enquanto o óleo de girassol apresentou interferentes nos tempos de retenção
do CBDA e THC. Após a aplicação do cálculo do valor do fator de diluição
amostra, a concentração de interferente que seria adicionada a cada amostra
encontra-se representada na
Representação gráfica para curva analítica de THCAção, entre as concentrações 1,15 a 29,24µg/mL
Os cromatogramas obtidos no ensaio de especificidade pela análise de
alguns óleos normalmente empregados como veículos nos extratos
Figuras 18 a 22. Conforme observado, os ó
azeite de oliva e TCM apresentaram interferentes nos tempos de retenção do CBD e
CBDA, enquanto o óleo de girassol apresentou interferentes nos tempos de retenção
Após a aplicação do cálculo do valor do fator de diluição
amostra, a concentração de interferente que seria adicionada a cada amostra
se representada na Tabela 2.
41
Representação gráfica para curva analítica de THCA, a partir de 7 mL.
Os cromatogramas obtidos no ensaio de especificidade pela análise de
extratos medicinais são
. Conforme observado, os óleos de coco, soja,
azeite de oliva e TCM apresentaram interferentes nos tempos de retenção do CBD e
CBDA, enquanto o óleo de girassol apresentou interferentes nos tempos de retenção
Após a aplicação do cálculo do valor do fator de diluição para cada
amostra, a concentração de interferente que seria adicionada a cada amostra
Figura 18: Perfil cromatográfico de óleo de coco, adicionado de Diazepam na concentração de 5µg/mL.
Figura 19: Perfil cromatográfico de óleo de soja, adicionado de Diazepam na concentração de 5µg/mL.
Figura 18: Perfil cromatográfico de óleo de coco, adicionado de Diazepam na g/mL.
Figura 19: Perfil cromatográfico de óleo de soja, adicionado de Diazepam na g/mL.
42
Figura 18: Perfil cromatográfico de óleo de coco, adicionado de Diazepam na
Figura 19: Perfil cromatográfico de óleo de soja, adicionado de Diazepam na
Figura 20: Perfil cromatográfico de óleo de girassol, adicionado de Diazepam na concentração de 5µg/mL.
Figura 21: Perfil cromatográficoconcentração de 5µg/mL.
Figura 20: Perfil cromatográfico de óleo de girassol, adicionado de Diazepam na g/mL.
Figura 21: Perfil cromatográfico do azeite de oliva, adicionado de Diazepam na g/mL.
43
Figura 20: Perfil cromatográfico de óleo de girassol, adicionado de Diazepam na
do azeite de oliva, adicionado de Diazepam na
Figura 22: perfil cromatográfico dos triglicerídeos de cadeia média (TCM), adicionado de Diazepam na concentração de 5
Tabela 2: Concentração dos interferentes das matrizedos canabinoides. Matrizes
Óleo de coco Óleo de soja Óleo de girassol Azeite de oliva TCM
TCM= triglicerídeos de cadeia média.ND= não detectável
No ensaio de precisão intra
CBD e CV= 2,97% e 6,47% para o THC nos QC1 e QC2, respe
Os parâmetros de segurança do método para CBD e THC estão
apresentados na Tabela 3
Figura 22: perfil cromatográfico dos triglicerídeos de cadeia média (TCM), adicionado de Diazepam na concentração de 5µg/mL.
: Concentração dos interferentes das matrizes nos tempos de retenção
Concentração de interferentes (
CBD CBDA 0,07 0,083 0,052 0,083 ND 0,062
0,071 0,095 0,072 0,081
M= triglicerídeos de cadeia média.
No ensaio de precisão intra-ensaio foram obtidos CV=3,25% e
CBD e CV= 2,97% e 6,47% para o THC nos QC1 e QC2, respect
Os parâmetros de segurança do método para CBD e THC estão
la 3.
44
Figura 22: perfil cromatográfico dos triglicerídeos de cadeia média (TCM), adicionado
s nos tempos de retenção
Concentração de interferentes (µµµµg/mL)
THC ND ND
0,053 ND ND
3,25% e 6,21% para o
ctivamente.
Os parâmetros de segurança do método para CBD e THC estão
45
Tabela 3: Parâmetros de segurança do método para CBD e THC
Parâmetro
LQ (µµµµg/mL)
0,1 LD (µµµµg/mL)
0,01 Intervalo linear (µµµµg/mL)
1 - 30 Coeficiente de determinação (r2) para CBD
0,99965 Coeficiente de determinação (r2) para THC 0,99936
QC1 QC2
Imprecisão intra-ensaio 3,25 6,21 (CV %) para CBD
Imprecisão intra-ensaio 2,97 6,47 (CV %) para THC
LQ= limite de quantificação; LD= limite de detecção; CV= coeficiente de variação; QC1= concentração alta, sendo CBD=45,0µg/mL e THC=52,0µg/mL; QC2= concentração baixa, sendo CBD=2,5µg/mL e THC=3,5µg/mL.
Os resultados da validação parcial estão de acordo com a Instrução
Normativa nº4 da ANVISA, publicada em junho de 2014, para registro de
medicamento fitoterápico.
A exatidão do método foi mensurada para os canabinoides CBD, THC e
CBN, segundo formula descrita na RE 899/2003, na matriz TCM, e os valores
obtidos para cada QC encontram-se mostrados na Tabela 4.
Tabela 4: Exatidão do método na quantificação dos canabinoides CBD, THC e CBN.
CBD THC CBN
QC1 89,51% 85,05% 97,09%
QC2 117,45% 99,49% 90,34%
Nota: QC1= 10µg/mL; QC2= 20µg/mL.
46
No QC2 para CBD, o valor de 117,45% de exatidão pode ser um indicativo
de ação do interferente da matriz TCM, o qual foi confirmado na análise da matriz
(Figura 22 e Tabela 2).
4.3. APLICAÇÃO DO MÉTODO ÀS AMOSTRAS AUTÊNTICAS
No âmbito do projeto de extensão universitária Farmacannabis-UFRJ,
amostras de extratos medicinais artesanais e produtos industrializados utilizados no
tratamento de pacientes com epilepsia refratária foram recebidas pela equipe e o
método proposto de quantificação dos canabinoides foi aplicado. Os perfis
cromatográficos de duas amostras, uma importada e outra artesanal, são
apresentados nas Figuras 24 e 25. As amostras, conforme se pode observar na
Figuras 24 e 25, frequentemente tiveram que ser diluídas a fim de se obter valores
dentro do intervalo da curva de calibração.
Figura 23: Perfil cromatográfico de um extrato importado (CBD puro) em TCM como veículo
Figura 24: Perfil cromatográfico de extrato artesanal veículo.
Figura 23: Perfil cromatográfico de um extrato importado (CBD puro) em TCM como
: Perfil cromatográfico de extrato artesanal rico em THC em azeite de oliva como
47
Figura 23: Perfil cromatográfico de um extrato importado (CBD puro) em TCM como
em azeite de oliva como
48
As Tabelas 5 e 6 mostram dados preliminares obtidos no projeto
Farmacannabis em que é possível estabelecer comparações entre a realidade
química dos extratos de Cannabis importados e dos produzidos artesanalmente. Os
extratos apresentaram grande variabilidade nas características físicas e
organolépticas, tais como, cor, textura, odor e viscosidade, além de grande
variabilidade de veículos, tais como, óleo de coco, soja, uva, girassol, TCM, azeite
de oliva, glicerina, óleo de semente de cânhamo, entre outros, gerando dificuldades
no estabelecimento de um branco de matriz para o método analítico.
49
Tabela 4: Resultados preliminares de produtos comerciais importados analisados por CLAE-DAD.
CBD purificado
Concentração (mg/mL ou mg/g)
origem forma/veículo concentração
no rótulo CBDA CBD THCA CBN THC
EUA oleoso 200 mg/mL
ND 210,45 ND ND ND
EUA oleoso 50 mg/mL
ND 13,17 ND 0,45 ND
EUA oleoso 50 mg/mL
ND 77,45 ND ND ND
EUA oleoso 50 mg/mL
ND 41,17 1,10 0,4 ND
EUA oleoso 100 mg/mL
ND 104,13 ND ND ND
EUA oleoso 200 mg/mL
ND 284,90 ND ND ND
EUA oleoso 100 mg/mL
ND 88,40 ND ND ND
EUA oleoso 100 mg/mL
ND 90,70 ND ND ND
Extratos ricos em CBD
CBDA CBD THCA CBN THC
EUA oleoso 50 mg/mL ND 47,88 ND 0,75 3,30
EUA oleoso 60 mg/mL ND 39,34 ND ND 1,44
EUA oleoso 61 mg/mL ND 40,67 ND ND 1,74
Canadá oleoso 24,97 mg/mL 1,15 21,14 0,56 0,30 2,16
EUA resina 170 mg/mL ND 121,93 1,00 0,42 2,31
EUA resina 160 mg/g
(THC<9 mg/g)
4,49 142,48 ND 1,32 8,15
EUA resina 240 mg/g 1,97 118,81 ND ND 1,60
EUA cápsula ND ND 80,87 ND ND 4,12
EUA cápsula 50 mg/cápsula ND 95,88 ND ND 4,33
ND= não detectado (limite de detecção= 0,01mg/mL ou 0,01mg/g, para resina). EUA= Estados Unidos da América.Fonte: CARVALHO, 2017.
50
Tabela 5: Resultados preliminares de produtos artesanais caseiros ou clandestinos analisados por CLAE-DAD.
Extratos ricos em THC
ou THC-CBD (1:1) Concentração (mg/mL ou mg/g)
origem forma/veículo Variedade de Cannabis
CBDA CBD THCA CBN THC
RJ oleoso Cronic
ND 0,1 2,36 ND 1,64
RJ oleoso Pur Kush
ND 0,1 3,65 ND 1,39
RJ oleoso Cinderela
ND ND 0,8 ND 2,19
RJ oleoso Cinderela
ND ND 1,16 ND 2,64
RJ oleoso Wildfire
ND 0,97 ND ND 6,39
RJ oleoso óleo de Harletsu + resina de
Cinderela
3,35 2,59 0,74 0,4 2,83
RJ oleoso Híbrida:
CBD skunk haze + LSD
3,81 ND 2,39 ND 0,1
SC oleoso NI
0,1 0,61 2,65 0,11 12,9
SC oleoso NI
ND 2,2 0,9 1,03 44,85
SC oleoso NI
0,1 1,36 0,71 0,77 29,6
RJ resina Cinderela
0,1 0,33 0,14 8,42 28,3
SC resina NI
ND 16,67 6,32 5,43 338,22
SC resina NI
0,75 14,59 0,7 4,2 314,12
SC resina NI
ND 14,05 1,02 5,84 303,25
Extratos ricos em CBD
CBDA CBD THCA CBN THC
RJ oleoso Harletsu 2,32 1,06 0,1 ND ND
RJ oleoso Harletsu 2,67 1,21 0,1 ND 0,1
RJ oleoso Harletsu 4,33 3,3 0,11 ND 0,25
RJ oleoso Harletsu 0,24 4,77 ND 0,1 0,4
RJ oleoso Harletsu 0,1 7,95* ND ND 0,33
RJ oleoso Harletsu 4,25 17,43* ND 0,15 0,73
Extratos com traços de canabinoides CBDA CBD THCA CBN THC
PB glicerina NI ND ND 0,2 ND 0,14
PB glicerina NI ND ND 0,2 ND 0,14
PB glicerina NI 0,3 0,1 0,12 ND 0,1
PB glicerina NI 0,4 0,14 0,1 ND 0,12
PB glicerina NI 0,21 0,1 0,1 ND 0,1
PB glicerina NI 0,21 0,1 0,1 ND 0,1
PB glicerina NI ND ND 0,19 ND 0,1
PB glicerina NI ND 0,1 0,21 0,05 0,16
PB glicerina NI 0,04 0,03 0,04 ND 0,02
PB água/spray NI 0,05 ND 0,2 ND 0,06
ND= não detectado (limite de detecção= 0,01mg/mL ou 0,01mg/g de resina); PB= Paraíba, BR; RJ= Rio de Janeiro, BR; SC= Santa Catarina, BR; NI= não identificado; *Preparado por extração alcoólica no Laboratório de Análises Toxicológicas sob supervisão farmacêutica. Fonte: CARVALHO, 2017.
51
As amostras que apresentaram concentração abaixo de 1mg/mL, estando,
portanto, muito próximas do LQ do método, foram novamente analisadas pesando-
se 1g da amostra ao invés de 100mg, a fim de obter de obter picos dentro da faixa
linear do método compreendido na curva de calibração ensaiada.
A partir dos resultados qualitativos e quantitativos foi possível verificar
diferenças entre os teores de canabinoides em produtos comerciais importados e
produtos artesanais nacionais, uma vez que o os comerciais importados
apresentaram em sua totalidade teores de CBD muito maiores do que THC.
4.4. COMPARAÇÃO ENTRE CLAE-DAD E CROMATOGRAFIA GASOSA
Uma série de técnicas quantitativas podem ser empregadas na
determinação dos teores de canabinoides de amostras e determinação de perfis
químicos como, por exemplo, CLAE, cromatografia gasosa com detecção de
ionização de chama (CG-DIC), ressonância magnética nuclear e outras (AIZPURUA-
OLAIZOLA et al., 2014; CITTI et al., 2016; PESCHEL; POLITI, 2015).
A forma mais comum de consumo de Cannabis acontece por via pulmonar,
através do fumo da planta, ou via oral, através da ingestão de produtos alimentícios
preparados utilizando-a como ingrediente. Em ambos os casos, a utilização de
elevadas temperaturas para consumo ou preparo do material contribui para a
descarboxilação da forma ácida do THC, gerando a forma neutra e seu consequente
efeito psicoativo. Por tratar-se de uma planta proscrita no Brasil, a detecção de
canabinoides numa amostra de planta já é suficiente para fornecer evidência para a
inclusão da amostra analisada como prova em possíveis inquéritos policiais e ações
judiciais. Portanto, para efeito de avaliação forense, a simples detecção da
52
concentração total de THC (constituído pela soma da concentração de THC com a
concentração de THCA) presente na amostra atende à necessidade da rotina de
trabalho dos peritos. Para tal finalidade, tende-se a utilizar a cromatografia gasosa,
por conta de sua alta seletividade e sensibilidade, acoplada a diversos detectores,
sendo os mais comuns o detector de ionização de chama (DIC) e espectrômetro de
massa (EM). CG baseia-se na separação de compostos com base na afinidade do
analito entre uma fase móvel gasosa, geralmente composta por um gás inerte, tal
como o hélio, ou um gás não reativo, como o nitrogênio, e uma fase estacionária
líquida, sob alta temperatura, a qual promove a volatilização do composto a ser
analisado. No caso dos canabinoides, a análise no equipamento de CG promove a
descarboxilação das formas ácidas por conta da temperatura empregada
(ROMANO; HAZEKAMP, 2013; VERESS; SZANTO; LEISZTNER, 1990), de modo
que, para que seja feita a análise desses componentes, seja necessária a introdução
de uma etapa extra de preparo das amostras que consiste na derivatização dos
compostos ácidos, assim como dos compostos derivados dos canabinoides em
matrizes biológicas (CLOUETTE et al., 1993; STAUB, 1999). Cabe ressaltar que
diferentes processos extrativos também podem influenciar na concentração final de
canabinoides em uma amostra, tal como em sua descarboxilação (SMITH;
VAUGHAN, 1977)
Contudo, em análises de material vegetal e extratos utilizados com finalidade
terapêutica, a distinção entre as formas ácidas e neutras de THC e CBD são de
extrema importância. Até o momento, os efeitos farmacológicos das formas ácidas
dos canabinoides não foram suficientemente explorados e descritos, de modo que a
ação terapêutica é atribuída massivamente às formas neutras, motivo pelo qual a
53
validação do método, mormente no ensaio de precisão, foi focada nos marcadores
THC e CBD. Assim, é imprescindível para os pacientes o acesso aos extratos que já
tenham sofrido o processo de descarboxilação ou, pelo menos, ter conhecimento
dos teores de cada um dos principais canabinoides para prospectar alternativas para
providenciar a descarboxilação para maior aproveitamento do material terapêutico,
além de auxiliá-los no gerenciamento do tratamento, através do ajuste de doses por
parte dos médicos responsáveis.
Portanto, o uso de CLAE-DAD neste trabalho trouxe algumas vantagens
para o desenvolvimento das análises que o tornou uma opção mais adequada à
rotina. Primeiramente, exclui-se a necessidade de derivatização das amostras para
análise das formas ácidas THCA e CBDA, posto que a baixa temperatura no
equipamento mantém os compostos estáveis durante a análise, sendo possível
avaliar suas concentrações de forma independente.
4.5. DISCREPÂNCIA ENTRE VALORES ESTIPULADOS NOS RÓTULOS E
QUANTIFICADOS
O uso medicinal de Cannabis emergiu de forma inusitada no Brasil a partir
de 2015, sobretudo em decorrência do movimento social liderado por mães de
pacientes portadores de epilepsia refratária como consequência de condições
clínicas graves, esse cenário trouxe uma questão para o uso terapêutico da planta: a
correta identificação dos teores de canabinoides em produtos industrializados
importados e artesanais nacionais.
No exterior, produtos à base de Cannabis são comercializados como
suplemento alimentar ao invés de produto farmacêutico. Devido a essa classificação,
tais produtos não passam pelo rígido controle de qualidade ao qual são submetidas
54
as formulações para uso terapêutico. Portanto, a homogeneidade intra e inter-lote
não pode ser assegurada, gerando o risco de ingestão inadequada de canabinoides,
o que pode ocasionar resposta fisiológica variável nos pacientes. Vandrey et al.
(2015) fizeram um levantamento de produtos alimentícios à base de Cannabis
através de quantificação por CLAE e determinou que 60% das amostras analisadas
apresentaram rótulos que indicavam teores de canabinoides maiores do que o
declarado nos rótulos. Portanto, transportando essa realidade para o panorama
brasileiro, em que extratos são utilizados no tratamento de doenças graves, a
discrepância entre rótulo e concentração real pode gerar respostas variáveis
capazes de afetar profundamente o bem-estar de pacientes.
As recentes conquistas dos movimentos sociais pró-Cannabis medicinal
incluem a autorização judicial para cultivo e manufatura de extratos com finalidade
terapêutica através da concessão de salvo-condutos. Para tais extratos, o mais
interessante é produzi-los a partir de cânhamo, ou seja, planta de Cannabis com
teores expressivamente maiores de CBD quando comparado ao THC e demais
canabinoides(OOMAH et al., 2002; CARVALHO, 2017). Como esta planta não se
encontra caracterizada dentre as variedades cultivadas no Brasil, a avaliação
qualitativa e quantitativa dos extratos produzidos pelas famílias de pacientes é
essencial para monitoramento das terapias, o que vem sendo feito pelo projeto
Farmacannabis-UFRJ no âmbito da extensão universitária. Os resultados
preliminares verificados na Tabela 3 evidenciam que a discrepância entre rótulos e
concentração real, dados também constatados por Vandrey e colaboradores (2015),
se reproduz nos produtos que chegam ao mercado brasileiro. Além disso, mostra
que a variedade Harletsu apresenta um perfil químico mais próximo do cânhamo
55
(razão CBD:THC>>1). No entanto, futuros estudos de otimização de processos
extrativos e secagem das plantas precisam ser desenvolvidos para o
estabelecimento de protocolos seguros e confiáveis para secagem, extração e
ressuspensão da resina em óleo, sob formulação apropriada para a ingestão por via
oral.
4.6. IMPLICAÇÕES FORENSES E TERAPÊUTICAS DO DESENVOLVIMENTO
DE UM NOVO MÉTODO ANALÍTICO PARA CANABINOIDES
Na rotina forense, a metodologia de análise de canabinoides geralmente é
feita através de CG. O uso de CLAE, no entanto, traria vantagens à implementação
de análises toxicológicas, sobretudo no que concerne a matrizes biológicas, extratos
de plantas ou mesmo matéria seca, ao compararmos a relação custo-benefício.
A ausência de uma metodologia de quantificação de canabinoides descrita e
validada na Farmacopeia Brasileira ou outras farmacopeias e compêndios
reconhecidos pela ANVISA apresenta um obstáculo à padronização de análises
forenses e toxicológicas em laboratórios do Brasil, posto que é possível que
apliquem metodologias diferentes e, portanto, variações nos resultados capazes de
gerar discrepâncias entre os resultados obtidos. O presente trabalho traz uma nova
perspectiva para essa realidade ao introduzir uma metodologia validade segundo os
parâmetros estabelecidos na legislação sanitária vigente, portanto adequado à
aplicação em múltiplas unidades de análise, mantendo-se a confiabilidade dos
resultados obtidos.
Os canabinoides já possuem extensa aplicação biológica no controle de
condições clínicas. Um estudo preliminar foi capaz de associar o consumo de CBD à
redução do consumo de tabaco por indivíduos decididos a deixar de fumar,
56
reduzindo o anseio por nicotina causado pela abstinência (MORGAN et al., 2013),
além de auxiliar no controle da ansiedade provocada por discurso em público de
pacientes com Desordem de Ansiedade Social (BERGAMASCHI et al., 2011).
Apesar dessas atividades, é o efeito anticonvulsivante do CBD que mais atrai a
atenção de pacientes com quadros de epilepsia refratária aos tratamentos
disponíveis no sistema de saúde brasileiro. A aquisição de extratos que possuem
canabinoides em sua composição esbarra num aparato burocrático e na ausência de
informações precisas com relação à segurança dos tratamentos.
O desenvolvimento do método analítico por CLAE-DAD para quantificação
de canabinoides oferece às famílias de pacientes a possibilidade de identificar o
perfil químico dos extratos utilizados para tratamento no Brasil, sobretudo no que
tange aos teores de CBD, THC, CBDA, THCA e CBN, os quais possuem maior
importância farmacológica no tratamento anticonvulsivante. Tendo essas
informações em mãos, as quais por vezes difere dos dados declarados em rótulos
de produtos, pacientes e seus respectivos médicos podem ajustar o tratamento para
melhor atender às necessidades individuais e ajustar as doses administradas para
obtenção do efeito farmacêutico desejado.
4.7. LIMITAÇÕES PARA VALIDAÇÃO DO MÉTODO
A validação do método analítico seguiu as diretrizes expedidas pela ANVISA
na RE 899/2003, RDC nº 166/2017 e IN nº 4/2014, a fim de estar de acordo com a
regulamentação nacional prevista para fitoterápicos. Para a devida validação de um
novo método, algumas informações acerca das formulações são necessárias para a
correta avaliação das variáveis que afetam os resultados obtidos. Primeiramente,
necessita-se de conhecimento com relação à matriz em que o analito se encontra,
57
além de padrões de referência certificados e quantidades suficientes de amostras
para realização das replicatas. Com relação à Cannabis, o acesso a essas
informações/amostras encontra barreiras burocráticas que dificultam o trabalho.
Além do problema da falta de acurácia entre as informações dos rótulos dos
produtos à base de Cannabis importados e sua concentração legítima, as
informações no que tange aos componentes utilizados como matriz também por
vezes encontra-se defasada. De modo geral, o TCM é descrito em diversos rótulos
como componente da matriz, contudo é difícil precisar a exata origem do TCM
utilizado e se as diferentes fontes interferem na composição geral do que é tido
como TCM. Neste trabalho, foi utilizado o TCM purificado a partir do óleo de coco,
cujo cromatograma é mostrado na Figura 22. Uma rápida comparação visual entre
este cromatograma e aquele mostrado na Figura 23, referente a uma amostra
importada que descrevia o uso de TCM em seu rótulo, mostra a inexistência dos dois
picos de interferentes nos minutos finais da corrida, o que poderia ser um indicativo
de que pode ter sido utilizado TCM de fonte diferente do óleo de coco. Alguns
produtos apresentam ainda óleo de semente de cânhamo como componente da
matriz, o qual possui acesso altamente limitado pela legislação regulatória brasileira,
portanto não temos acesso a ele para realização dos estudos do efeito de matriz.
Os padrões certificados de referência apresentam elevado valor de mercado
e um forte aparato burocrático de controle de sua importação, mesmo para fins de
pesquisa. A ausência de quantidades expressivas de padrões para utilização na
validação do método analítico foi limitante durante o estabelecimento de alguns
parâmetros que exigiam muitas replicatas, tais como precisão e exatidão. Para
contornar essa questão, o ensaio de precisão foi realizado a partir de amostras de
58
concentração conhecida, atendendo aos critérios preconizados na IN nº 4/2014.
Com relação à exatidão, o ensaio foi feito com a adição de padrão certificado de
referência à TCM e submissão da amostra ao método. Apenas uma corrida para
cada uma das três concentrações de teste foi feita, demandando conclusão das
replicatas antes de considerar esse parâmetro totalmente validado.
Por fim, o próprio acesso a amostras é dificultado. Devido ao elevado preço
do produto importado e dificuldade na produção artesanal do extrato, os pacientes
atendidos pelo Farmacannabis-UFRJ não podem dispor de volumes grandes de
amostras para que sejam feitas repetições das análises para avaliação de
parâmetros importantes na realidade de um tratamento farmacêutico, tal como
estabilidade da amostra e degradação dos componentes. A autorização de cultivo de
plantas do gênero Cannabis pela UFRJ por parte da ANVISA seria de grande
importância para a elaboração de estudos mais aprofundados com relação ao uso
dos extratos de Cannabis como medicamento, aumentando sua segurança para
pacientes e familiares.
59
5. CONCLUSÃO
Os resultados mostraram que o método analítico desenvolvido durante este
trabalho foi capaz de oferecer concordância satisfatória com os parâmetros
analíticos preconizados na RE 899/2003 e na RDC n° 166, de 24 de julho de 2017.
Deste modo, o método pode ser submetido a futuros testes afim de obtenção integral
de sua validação e utilização para controle de qualidade de fitoterápicos produzidos
à base de Cannabis.
O presente método precisa ser mais profundamente testado, sobretudo no
que tange a fatores que afetam a robustez do método, de modo a obtermos a
validação plena.
A avaliação preliminar dos extratos utilizados para tratamento de pacientes
com quadros de epilepsia refratária no Brasil demonstra uma incongruência em
muitos casos entre as informações emitidas nos rótulos dos produtos com sua real
quantificação, o que pode oferecer um risco ao quadro clínico desses pacientes,
sendo extremamente necessário que seja feito o acompanhamento farmacêutico
desses tratamentos.
Uma outra possível aplicação para a metodologia, além das já citadas,
poderia ser a identificação do perfil químico de variedades de Cannabis cultivadas
atualmente no Brasil para a prospecção de variedades que ofereçam melhor
adequação terapêutica às demandas da sociedade civil, análises toxicológicas em
matrizes biológicas e continuidade da análise de extratos artesanais e importados
utilizados no país.
60
6. REFERÊNCIAS
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