112
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS AVALIAÇÃO DAS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA GRANDE NATAL: ELABORAÇÃO DE UMA EQUAÇÃO PREDITIVA THIAGO CÉSAR VIANA NUNES NATAL-RN 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AVALIAÇÃO DAS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA GRANDE NATAL: ELABORAÇÃO DE

UMA EQUAÇÃO PREDITIVA

THIAGO CÉSAR VIANA NUNES

NATAL-RN

2012

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

THIAGO CÉSAR VIANA NUNES

AVALIAÇÃO DAS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA GRANDE NATAL: ELABORAÇÃO DE

UMA EQUAÇÃO PREDITIVA

ORIENTADOR: PROFº. DR. UMBERTO LAINO FULCO

(DBF/CB/UFRN)

CO-ORIENTADOR: PROFº. DR. GILBERTO CORSO

(DBF/CB/UFRN)

Dissertação de Mestrado

apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Biológicas do

Centro de Biociências da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial à obtenção do título de

Mestre em Ciências Biológicas.

NATAL-RN

2012

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

 

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AVALIAÇÃO DAS PRESSÕES RESPIRATÓRIAS MÁXIMAS EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA GRANDE NATAL: ELABORAÇÃO DE

UMA EQUAÇÃO PREDITIVA

THIAGO CÉSAR VIANA NUNES

Esta dissertação, apresentada pelo aluno THIAGO CÉSAR VIANA

NUNES ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, do Centro de

Biociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi julgada

adequada e aprovada pelos membros da Banca Examinadora, na sua redação

final, para a conclusão do Curso e à obtenção do título de Mestre em Ciências

Biológicas.

MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Umberto Laino Fulco (Orientador) DBF/CB/UFRN

Prof. Dr. Gilberto Corso (Co-orientador) DBF/CB/UFRN

Prof. Dr. Roner Ferreira da Costa Departamento de Física/UFCE

Natal, 30 de Março de 2012.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

EPÍGRAFE

“Quanto mais te deixares enraizar na

santa humildade, tanto mais íntima

será a comunicação da tua alma com

Deus”.

São Padre Pio de Pietrelcina

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

AGRADECIMENTOS

Após anos de espera mais uma etapa de minha formação está

concluída, e para que isso fosse possível, muitos são, de alguma forma,

responsáveis, e nada mais justo do que expressar a minha gratidão a eles.

Agradeço as meus familiares por fazerem parte da minha tão importante e

especial família; ao meu irmão, Felipe Nunes, por fazer parte integral de minha

vida; a minha namora Bruna Alice e, brevemente, minha esposa, que me ajuda,

orienta, auxilia e acima de tudo: me ama! Sem ela nada disso seria possível, e

a sua incomensurável presença na minha vida me move a cada dia; aos meus

pais: Maria Aparecida Nunes e José Nunes, que me deram, dão e continuarão

dando as coordenadas para que a minha vida siga, sem eles eu não estaria

aqui para escrever essas palavras: - “Vocês são os estímulos nervosos que

chegam aos meus músculos respiratórios; o O2 e CO2 difundidos por meus

capilares pulmonares; a Hemoglobina que carreia o oxigênio aos meus tecidos;

e a FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA, que me leva a respirar e a

sobreviver”. E um agradecimento mais que especial e que eu sempre,

enquanto eu viver, farei: A minha eterna e mais adorável flor do meu jardim,

que Deus colheu para fazer parte do arranjo de Sua mesa: A minha vó

Crinauria Viana Neves (in Memoriam), a ela a minha eterna gratidão e amor.

Meus agradecimentos aos meus mestres que me incentivaram a

prosseguir me instigando a alcançar sempre mais. A minha gratidão com

grande ênfase ao meu orientador Professor Umberto Laino Fulco e ao meu co-

orientador Gilberto Corso. Agradeço também ao Professor Ronaldo do Amaral

pela sua contribuição significativa para a pesquisa.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

Não poderia esquecer de agradecer a Jonas Periarde pelo auxílio nas

minhas coletas; e a Bruna Alice de Lima Dias por sua colaboração nas coletas,

correções e análises.

Um agradecimento especial ao PPGCB e ao CNPq que me deram

subsídios intelectuais e materiais para a concretização de mais essa etapa

acadêmica.

E acima de tudo e de todos agradeço a Deus por sempre acreditar em

mim, me concedendo sabedoria e discernimento, e a Sempre Virgem Maria o

meu mais perfeito e belo exemplo de vida e de santidade, que com o seu amor

maternal me ama e conduz.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

RELAÇÃO DE TABELAS

Pág

Tabela 2.1- Faixas de valores normais para as pressões respiratórias máximas, por gênero e grupo etário (em cmH2O)......................................... 40 Tabela 2.2- Faixas de valores normais das pressões respiratórias

máximas com relação a idade e gênero (em cmH2O)................................... 42

Tabela 3.1 – Escolas da Grande Natal participantes da pesquisa................ 50

Tabela 4.1 – Análise descritiva da amostra da pesquisa dividida por faixa

etária.............................................................................................................. 64

Tabela 4.2 – Análise descritiva da amostra da pesquisa.............................. 65

Tabela 4.3 – Descrição das variáveis estudadas, com relação ao gênero, e suas respectivas significância estatística .................................................. 69

Tabela 4.4 – Comparação das médias entre as variáveis antropométricas

nas faixas etárias..................................................................................... 75

Tabela 4.5 – Comparação das médias entre as Pressões Respiratórias Estáticas Máxima nas faixas etárias......................................................... 75 Tabela 4.6 – Correlações (r) e suas respectivas significâncias (p) para as

variáveis estudadas para cada gênero separadamente e para a amostra como um todo................................................................................................ 76

Tabela 4.7 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação

entre duas variáveis antropométricas para o gênero masculino................... 80

Tabela 4.8 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação entre três variáveis antropométricas para o gênero feminino........................ 81

Tabela 4.9 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação entre as três variáveis antropométricas isoladas........................................... 82

Tabela 4.10 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação

entre as três variáveis antropométricas, sendo o produto entre a MC e a E. 83

Tabela 4.11 – Equações preditivas para a PI e PEmáx em ambos os

gêneros para os diferentes autores............................................................... 86

Tabela 4.12 – Equações preditivas para a PI e PEmáx em ambos os

gêneros com a associação entre duas variáveis........................................... 86

Tabela 4.13 – Equações preditivas para a PI e PEmáx em ambos os gêneros com a associação entre três variáveis isoladas e com o produto entre MC e E.................................................................................................. 87

Tabela 4.14 – Valores de referência para as PREM ao longo dos anos....... 89

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

RELAÇÃO DE FIGURAS

Pág

Fig. 1 - Representação esquemática dos volumes e capacidades pulmonares....................................................................................................

37

Fig. 2 – Caracterização da amostra pesquisada.......................................... 59

Fig. 3 – Distribuição da Idade para o gênero masculino (A) e Feminino (B)

e suas respectivas frequências.................................................................... 60

Fig. 4 – Distribuição da Massa Corporal para o gênero masculino (A) e Feminino (B) e suas respectivas frequências.............................................. 60

Fig. 5 – Distribuição da Estatura para o gênero masculino (A) e Feminino (B) e suas respectivas frequências............................................................... 61

Fig. 6 – Distribuição da PEMáx para o gênero Masculino (A) e Feminino (B) e PIMáx para o gênero Masculino (C) e Feminino (D) suas respectivas frequências.................................................................................................... 62

Fig. 7 – Distribuição da amostra por faixa etária.......................................... 63

Fig. 8 – Comparação entre os gêneros para a idade (*p=0,006)................. 66

Fig. 9 – Comparação entre os gêneros para a estatura (*p=0,002)............. 67

Fig. 10 – Comparação entre os gêneros para a massa corporal

(p=0,098)....................................................................................................... 67

Fig. 11 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino) para a PImáx (**p<0,001) e PEmáx (**p<0,001). 68

Fig. 12 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino)

para a PImáx (*p<0,05) e PEmáx (**p<0,001) dos 10 aos 11 anos.............. 72 Fig. 13 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino)

para a PImáx (**p<0,001) e PEmáx (**p<0,001) dos 12 aos 13

anos............................................................................................................... 73

Fig. 14 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino)

para a PImáx (*p<0,05) e PEmáx (**p<0,001) dos 14 aos 16

anos............................................................................................................... 74

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

SUMÁRIO

Pág

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 14

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.................................................................. 14

1.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO.................................................................. 16

1.3 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 17

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................... 18

1.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO..................................................................... 18

2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 20

2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA............... 20

2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO

RESPIRATÓRIO..................................................................................... 21

2.3 BIOMECÂNICA E BIOFÍSICA DA RESPIRAÇÃO................................... 25

2.3.1 Músculos Inspiratórios............................................................... 30

2.3.2 Músculos Expiratórios................................................................ 31

2.3.3 Músculos Acessórios.................................................................. 32

2.4 CONTROLE DA RESPIRAÇÃO.............................................................. 32

2.5 VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES....................................... 34

2.6 MANOVACUOMETRIA............................................................................ 37

2.6.1 Pressões Respiratórias Estáticas Máximas................................... 37

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

2.7 DISFUNÇÃO DOS MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS............................... 41

2.8 DADOS ANTROPOMÉTRICOS.............................................................. 44

3 METODOLOGIA........................................................................................ 46

3.1 CARECTERIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................... 46

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA.................................................................... 46

3.2.1 População................................................................................ 46

3.2.2 Amostra...................................................................................... 46

3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO............................................ 47

3.3.1 Critérios de inclusão................................................................... 47

3.3.2 Critérios de exclusão.................................................................. 47

3.4 INSTRUMENTOS DE MEDIDA............................................................... 47

3.5 MATERIAIS UTILIZADOS....................................................................... 48

3.6 PROCEDIMENTOS................................................................................. 48

3.7 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................... 55

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................. 58

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES............................................................. 90

REFERÊNCIAS............................................................................................. 92

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

RESUMO

O sistema respiratório do ser humano foi concebido de maneira que

possibilitasse uma ventilação eficiente, independente das variações do meio

externo que possam vir a dificultar o ato da respiração, tal ato envolve dezenas

de variáveis, dentre elas encontramos a pressão respiratória, que nada mais é

do que a força muscular respiratória. As pressões são amplamente utilizadas

em diversos casos: Doenças neuro-musculares; evolução de disfunções

pulmonares e parâmetro preditivo para a descontinuidade da ventilação

mecânica. Assim sendo foi proposto a realização de avaliações dessas

pressões respiratórias para as crianças e adolescentes de 10 aos 16 anos e

propor uma equação preditiva que envolvesse as variáveis antropométricas

idade (ID, anos); massa corporal (MC, Kilogramas) e estatura (E, metros) com

as pressões respiratórias máximas (pressão inspiratória e expiratória máxima).

Foram realizadas as avaliações nessa faixa etária em estudantes de escolas

públicas e privadas da grande natal, as mensurações foram realizadas através

da manovacuometria analógica, as crianças e adolescentes foram informadas e

seus responsáveis deram o consentimento. Foram realizadas 517 coletas,

sendo 250 para o gênero masculino (M), 255 para o gênero feminino (F) e 12

foram excluídos de acordo com nossos critérios de exclusão. A amostra foi

subdividida em 3 faixas etárias (10 a 11; 12 a 13 e 14 a 16 anos de idade).

Constatou-se através do teste t de student (p≤0,05) que para todas as variáveis

pesquisadas, as crianças e adolescentes do gênero masculino apresentaram

médias superiores aos do gênero feminino, exceto para a MC. Para a

correlação entre as variáveis encontramos significativa correlação (p<0,05)

entre todos as variáveis quando analisadas par a par exceto entre Estatura e a

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

PImáx para o gênero feminino. A elaboração das equações preditivas (para

p≤0,05) baseadas nos 3 tipos de estratégias adotadas ficaram restritas a

associação entre duas variáveis antropométricas isoladas, resultando em: para

o gênero masculino: PImáx= -32,29 + (-2,11*ID) + (-0,52*MC); PImáx= 9,99 +

(-0,36*MC) + (-49,40*E); PEmáx= 18,54 + 3,53*ID + 0,42*MC; PEmáx= -33,37

+ 2,78*ID + 52,18*E e PEmáx= -17,39 + 0,33*MC + 55,04*E; para o gênero

feminino encontramos: PEmáx= 24,32 + 2,59*ID + 0,24*MC.

Palavras-Chave: Força Muscular Respiratória; Pressões Respiratórias

Máximas; Manovacuometria.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

ABSTRACT

The human respiratory system was so designed that would allow efficient

ventilation, regardless of variations in the external environment that may hinder

the act of breathing, such an act involves dozens of variables, among them we

find the respiratory depression, which is nothing more than respiratory muscle

strength. The pressures are widely used in several cases: Neuro-muscular;

evolution of pulmonary dysfunction and a predictor for discontinuation of

mechanical ventilation. Therefore it was proposed to carry out evaluations of

these respiratory pressures for children and adolescents aged 10 to 16 years

and propose a predictive equation that involves the anthropometric variables

age (A, years), body mass (BM, kilograms) and height (H, meters) with maximal

respiratory pressures (maximum inspiratory and expiratory pressure).

Evaluations were performed in this age group of students in public and

private schools of the “Grande Natal”, measurements were performed using the

analogue manometer, were children and adolescents and their parents gave

informed consent. 517 samples were taken, and 250 for males (M), 255 for

females (F) and 12 were excluded according to our exclusion criteria. The

sample was subdivided into three age groups (10-11, 12-13 and 14 to 16 years

old). It was found through the student’s t test (p ≤ 0.05) for all variables studied,

children and male adolescents had higher means than females, except for the

MC. For the correlation between the variables found significant correlation (p

<0.05) among all the variables when analyzed as pairs except between MIP

and height for females. The development of predictive equations (for p ≤ 0.05)

based on three types of strategies adopted were restricted to two association

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

between anthropometric variables isolated, resulting in: for males: MIP = -32.29

+ (-2.11*A) + (-0.52*BM), MIP = 9.99 + (-0.36*BM) + (-49.40*H); MEP = 18.54 +

3.53*A + 0, 42*BM, MEP = -33.37 + 2.78*A + 52.18* H, MEP = -17.39 +

0.33*BM + 55.04*H; and, for females we find: MEP = 24.32 + 2.59 * A +

0.24*BM.

Key-Words: Respiratory muscle strength, maximal respiratory pressures,

manovacuometry.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório
Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

15

1. INTRODUÇÃO

5.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

O sistema respiratório do ser humano foi concebido de maneira que

possibilitasse uma ventilação eficiente, independente das variações do meio

externo que possam vir a dificultar o ato da respiração. Com isso garantindo

uma boa relação ventilação/perfusão através de um fluxo aéreo

predominantemente constante. Além dos elementos principais, como pulmões

e vias aéreas, o sistema respiratório necessita de componentes que promovam

uma movimentação capaz de criar uma diferença de pressões (AZEREDO,

2000).

Essas diferenças pressóricas são realizadas por movimentos

inspiratórios e expiratórios, protagonizados pelos músculos diafragma,

intercostais e abdominais. A monitorização da função pulmonar é utilizada para

determinar a gravidade, as consequências funcionais e o progresso de diversas

disfunções pulmonares e neuro-musculares. A avaliação das pressões

respiratórias estáticas máximas (PREM) é um recurso frequentemente utilizado

para este fim (GIBSON; WHITELAW; SIAFAKAS, 2002). A pressão inspiratória

máxima (PImáx) e a pressão expiratória máxima (PEmáx) são extensivamente

usadas para o diagnóstico de fraqueza dos músculos respiratórios em

pacientes com doenças neuro-musculares, doenças pulmonares, ou ainda

como parâmetro preditivo de sucesso na descontinuação da ventilação

mecânica (BLACK; HYATT, 1971; FIZ et al., 1993).

O conhecimento dos índices fisiológicos de força muscular respiratória

em crianças e adolescentes tem vasta aplicação, permitindo avaliar o estado

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

16

funcional dos músculos respiratórios, o diagnóstico precoce da fraqueza e

insuficiência muscular respiratória. Tais índices constituem bases para

estabelecer um protocolo de tratamento pneumo-funcional adequado,

permitindo analisar o progresso do paciente e oferecendo-o uma recuperação

mais eficiente da condição pulmonar normal (FREITAS et al., 2005; DO VALLE

et al., 1993).

Parâmetros de normalidade para a PImáx e PEmáx são necessários

para o uso do suporte ventilatório e monitorização da ventilação mecânica,

onde são indicativos para pacientes que apresentam pressões 50% dos valores

normais (TRAEGER; PANITCH, 2004).

Fauroux e Lofaso (2005) ressaltam a importância do conhecimento dos

índices normais de pressão máxima em crianças e adolescentes nas unidades

de terapia intensiva (UTI). Esses dados auxiliam na avaliação da mecânica

respiratória, na indicação da ventilação invasiva ou não invasiva, no desmame

do ventilador e na extubação do paciente. A disfunção diafragmática pode

causar fadiga dos músculos respiratórios e predispor a atelectasia. A

observação de comprometimento da força muscular respiratória é agente

determinante nos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, sendo um dos

fatores responsáveis pela redução dos volumes e capacidades pulmonares e

alterações nos padrões respiratórios.

A função de um músculo esquelético pode ser estudada através da

avaliação de três parâmetros: a força que é capaz de gerar, a velocidade com

que se contrai e o encurtamento que experimenta (AZEREDO, 1999).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

17

Matecki (2004) relata a dificuldade de interpretar exames clínicos para a

força muscular respiratória devido a grande variabilidade metodológica dos

testes e seus valores de referências.

Diante do exposto, surgiu o interesse em se mensurar valores médios

para PImáx e PEmáx em crianças e adolescentes de 10 a 16 anos e 11 meses

que possam ser utilizados na avaliação e na intervenção da Fisioterapia

Respiratória em toda a sua área de atuação, servindo como elemento

imprescindível para a exploração da biomecânica dos músculos respiratórios.

Além da elaboração de uma equação de predição que envolva variáveis como

gênero, idade, massa e estatura, correlacionando-as com as PREM (PImáx e

PEmáx).

5.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

A atuação da Fisioterapia Respiratória é de fundamental importância na

reabilitação e prevenção de distúrbios ventilatórios tanto em adultos como em

crianças e adolescentes. Diversos parâmetros fisiológicos aplicados em

exames e na terapêutica respiratória diferem entre as idades, gênero e

características corporais como a massa e a estatura. O estudo e a

compreensão das variáveis que podem interferir na terapêutica são de grande

relevância para os profissionais de fisioterapia respiratória por contribuir como

referências fidedignas para determinados grupos de indivíduos.

O desenvolvimento de uma tabela das forças musculares estáticas

máximas em crianças e adolescentes favorece um melhor entendimento do

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

18

sistema ventilatório e dos distúrbios respiratórios nessa faixa da população.

Sendo realizado com um exame simples e com pequeno custo financeiro.

O estudo servirá de contribuição para auxiliar no desenvolvimento e

aplicação de técnicas de fisioterapia respiratória como: no treinamento

muscular respiratório, em pacientes submetidos à ventilação mecânica, em

pacientes no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca, pacientes ambulatoriais

e no leito hospitalar, bem como em atletas. Colaborando para o

estabelecimento de valores normais das PImáx e PEmáx em indivíduos de 10 a

16 anos na região da Grande Natal/RN.

O estudo proporcionará também uma melhora qualitativa do

entendimento da biomecânica e da capacidade de geração de força da

musculatura respiratória por parte dos acadêmicos de fisioterapia e de outras

áreas vinculadas à manipulação do paciente pneumopata, além de

conhecimento sobre as médias e as possíveis correlações das variáveis

biofísicas com as características físicas do indivíduo.

5.3 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral da pesquisa foi mensurar as variáveis antropométricas

(idade, massa corporal e estatura) bem como as PREM (PImáx e PEmáx)

correlacionando-as. De posse de todas essas correlações propomos a

elaboração de uma equação preditiva envolvendo as variáveis estudadas,

proporcionando uma tabela de valores de normalidade para tal população na

região estudada.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

19

5.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Temos como nossos objetivos específicos:

Mensurar variáveis antropométricas como: Massa Corporal e Estatura;

Mensurar variáveis da FMR expressas como PREM (PImáx e PEmáx);

Subdividir as crianças e adolescentes na sua faixa etária levando em

consideração anos e meses de idade;

Obter as médias e os seus respectivos desvios padrão (DP) para todas

as variáveis em questão;

Correlacionar as variáveis: Gênero, idade, massa corporal e estatura

com a PImáx e PEmáx;

Elaborar uma equação de predição envolvendo o gênero, idade, massa

corporal e estatura com as PREM.

Elaborar uma tabela de valores normais para PREM que envolvam as

variáveis e as faixas etárias citadas.

5.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Durante a realização da pesquisa encontramos alguns fatores que

contribuíram de forma negativa para o transcorrer normal do estudo, alguns

deles são:

Os pareceres com pendências do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da

UFRN, dados por diferentes avaliadores com diferentes critérios, o que

atrasou o início das coletas;

Greve das escolas estaduais localizadas em Natal/RN;

Não adesão por parte dos diretores de 2 escolas pré-selecionadas para

a pesquisa;

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

20

Capacidade de compreensão por parte de algumas crianças e

adolescentes para a realização da mensuração (mesmo com a

explicação e demonstração por parte do avaliador);

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

21

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA

Para entendimento do mecanismo de funcionamento do sistema

respiratório, se faz necessário analisar aspectos da fisiologia da contração

muscular, o controle que o sistema nervoso central (SNC) exerce sobre o

sistema respiratório e a biomecânica da musculatura envolvida no processo de

respiração.

A classificação das células musculares tem como base a sua estrutura,

localização e sua função. Todas essas células podem ser divididas em dois

grandes grupos: a musculatura estriada e lisa. Contudo o músculo estriado

pode ser dividido em três subgrupos: esquelético, cardíaco e visceral

(JOHNSON, 2000).

Guyton e Hall (2002) descrevem que 40% do corpo é constituído por

músculos esqueléticos e outros 10% representa os músculos liso e cardíaco. A

linha de pesquisa desse trabalho abordará aspectos relacionados à

musculatura esquelética, por ser este grupo responsável pela biomecânica

respiratória.

A contração muscular esquelética ocorre por um mecanismo de

encurtamento da sua unidade funcional, o sarcômero, gerando tensão e força.

Esse fenômeno se manifesta devido a uma excitação nervosa através de um

potencial de ação no interior da fibra muscular, acarretando um deslizamento

dos filamentos finos de actina sobre os grossos de miosina. A propagação

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

22

desse impulso é mediada pela ação da acetilcolina, neurotransmissor que atua

na placa motora, estimulando a liberação de íons Ca+2 pelas cisternas do

retículo sarcoplasmático (ROCOCK; RICHARDS, 2006).

Os íons Ca+2 liberados no interior do músculo, irá se acoplar a

receptores específicos situados em uma proteína regulatória denominada

troponina, levando a uma alteração conformacional da tropomiosina, liberando

os sítios ativos da actina.

Ocorrerá então, a ligação desse sítio com o filamento de miosina

formando o complexo actina-miosina dependente de ATP. Com a hidrólise do

ATP acorrerá liberação de energia que será utilizada no mecanismo de

deslizamento dos filamentos finos sobre os grossos, gerando tensão e força

muscular. Cessando o impulso nervoso, o Ca+2 retornará as cisternas do

retículo sarcoplasmático através da bomba de cálcio, deixando o sítio ativo da

actina coberto pela tropomiosina desfazendo o complexo actina-miosina,

voltando o músculo ao seu estado de repouso (WILMORE; COSTILL, 2001;

ROCOCK; RICHARDS, 2006).

2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

West (2005) relata que o conhecimento da anátomo-fisiologia

respiratória é fundamental para o diagnóstico apropriado e eficaz dos distúrbios

pulmonares, apresentando princípios científicos básicos na perspectiva do

fisioterapeuta.

Azeredo (2000) descreve a respiração como um processo fisiológico vital

na qual faz parte de uma sincronização de eventos relacionados e

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

23

dependentes entre si. A ventilação pulmonar pode ser descrita como sendo

uma etapa primária da sistemática respiratória sendo descrita como o resultado

de uma série de fenômenos e interações fisiomecânicas complexas. Esse

mesmo autor observa que essas interações são compostas pelo controle

neural da respiração, pela musculatura respiratória, fluxo e ventilação alveolar.

Bullock, Boyle e Wang (1998), descrevem como a principal função do sistema

respiratório, a manutenção do meio interno, fornecendo O2, para as

necessidades metabólicas e excretando CO2, descrito como respiração

externa. Dentre as funções secundárias do sistema respiratório pode-se incluir

o auxílio à manutenção do equilíbrio ácido-básico, defesa do corpo contra

partículas inaladas (como bactérias e polens), atuação como filtro para impedir

a entrada de coágulos na circulação sistêmica, síntese de substâncias vaso

ativas e reserva sanguíneas.

Para a realização do fenômeno respiratório, as vias onde os gases se

deslocam devem estar funcionais, e os músculos produzindo força motriz para

gerar o fluxo de ar. A anatomia das vias respiratórias consiste em uma série de

tubos ramificados que se tornam mais estreitos à medida que penetram nos

pulmões (WEST, 2005). A primeira cavidade onde o ar passa ao entrar no

organismo é a cavidade nasal, que possui três funções distintas: o

aquecimento do ar pelas extensas superfícies das conchas e do septo, com

área total de 160 cm2. O ar é quase completamente umedecido e filtrado com

os pêlos na entrada das narinas e pelas precipitações turbulentas ao colidir

com os obstáculos anatômicos como o septo e a parede da faringe (GANONG,

2005).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

24

Em seguida o ar passa por um tubo músculo-membranoso com o

comprimento em torno de 12,5 cm estendendo-se da base do crânio até o

esôfago, chamado faringe. Essa região está dividida em três partes: nasal, oral

e laríngea. A nasofaringe está situada na região posterior à cavidade nasal,

enquanto que a orofaringe está situada na região posterior da cavidade bucal.

Ambas estão separadas por uma camada de músculo coberta por uma

membrana mucosa, denominada palato mole. A terceira região da faringe, a

laringo-faringe, está por baixo do osso hióide e por trás da laringe (ROCOCK;

RICHARDS, 2006). Logo abaixo da região da laringo-faringe encontra-se uma

região que liga a faringe com a traqueia, denominada laringe. É nessa região

que se encontra a epiglote, agindo como “dobradiça” na entrada da laringe.

Durante a deglutição ela atua agindo como uma válvula, prevenindo a

aspiração do alimento pelo sistema respiratório (GARDNER; GRAY;

O’RAHILLY, 2000).

As vias aéreas inferiores são compostas, principalmente, pela traqueia,

pelos brônquios e seus ramos, os pulmões e os alvéolos, onde acontecem as

trocas gasosas. A traqueia é um órgão cilíndrico que varia entre 9 a 13 cm ela

é limitada posteriormente pelo esôfago onde se encontra na forma achatada,

na sua porção anterior ela serve de sustentação para a glândula tireoide. É um

órgão que apresenta anéis traqueais cartilaginosos em forma de ferradura que

variam entre 12 e 16 mm. Na constituição da traqueia encontramos 4 camadas:

a membrana mucosa; a submucosa; a camada adventícia e a camada interna,

essa é a mais importante e que apresenta funções importantes na dinâmica da

respiração por apresentar um epitélio ciliado que varrem as partículas inaladas

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

25

para o sistema digestivo evitando infecções respiratórias (CANCE; HUETHER,

1998).

Após o fim da traqueia, delimitada pela carina (estrutura que divide a

traquéia em dois brônquios), aparecem os brônquios que são: brônquio direito

e brônquio esquerdo. O brônquio direito difere do esquerdo por ser mais curto,

mais largo e com um trajeto vertical; enquanto que o esquerdo é mais longo,

mais estreito e com um trajeto horizontalizado. O brônquio direito divide-se,

mais inferiormente, em três brônquios secundários ou lobulares, cada um

destinado a um lobo pulmonar. Já o brônquio esquerdo apresenta duas

ramificações, cada uma referente a um lobo pulmonar. A partir dessa

subdivisão dos brônquios principais em brônquios secundários, cada um dos

brônquios secundários se divide em brônquios segmentares ou terciários, cada

um se distribua para uma unidade do pulmão chamada segmento

broncopulmonar. Os brônquios segmentares se dividem em unidades ainda

mais finas e menos calibrosas que são chamados de bronquíolos. Todos os

bronquíolos se dividem em uma ramificação para cada lobo, unidade básica do

pulmão, dividindo-se em dois ou mais bronquíolos terminais que iram se

projetar até os sacos alveolares, onde serão realizadas as trocas gasosas

(ROCOCK; RICHARDS, 2006).

Os alvéolos são estruturas de formato sacular possuindo parede

extremamente delgada e diâmetro de aproximadamente 0,25 mm durante a

desinsuflação. Em cada pulmão há cerca de 300 milhões de alvéolos formando

uma área de aproximadamente 80 m2 destinada a troca gasosa (GANONG,

2005).

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

26

A parede alveolar se funde com dois capilares e dá origem à membrana

alvéolo capilar, formada por tecidos colágeno, elástico e reticulina, acrescida de

uma camada de células endoteliais capilares do lado dos capilares, e

endoteliais alveolares, do lado dos alvéolos. Esse conjunto de tecidos tem

como propriedade fundamental, permitir a passagem do CO2, proveniente das

hemácias para a luz alveolar, bem como do O2 existente nos alvéolos para a

corrente sanguínea (MOORE, 1999).

No interior dos alvéolos existem células pneumócitos tipo II produtoras

de um líquido surfactante, que mantém uma tensão na parede alveolar

suficiente para que não ocorram colabamento nem hiperdistensão alveolar

(GANONG, 2005).

O objetivo de promover a diferença de pressões entre o meio externo e

as vias aéreas é facilitar a entrada de ar nos alvéolos, permitindo assim a

hematose (GYUTON; HALL, 2002).

2.3 BIOMECÂNICA E BIOFÍSICA DA RESPIRAÇÃO

Johnson (2000), explica a mecânica respiratória como as forças geradas

pelos músculos respiratórios para produzir a ventilação efetiva dos alvéolos. A

relação entre pressão e fluxo nos pulmões é determinada pela resistência e

complacência do sistema respiratório como um todo.

A ventilação pulmonar é responsável pelo fluxo de ar para dentro e para

fora dos pulmões a cada ciclo respiratório (inspiração e expiração). Para isto é

necessário a movimentação do sistema respiratório, realizando um trabalho no

sentido de vencer as forças de oposição. Estas forças são de naturezas

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

27

elásticas e viscoelasticas, que atuam tanto no pulmão como no tórax. Ainda

existindo a força do tipo resistiva, que apresenta resistência ao fluxo de ar nas

vias aéreas, e as forças plastoelásticas que são responsáveis pela histerese

vista na curva pressão x volume. O pulmão e o tórax apresentam um

comportamento comum a qualquer corpo elástico, isto é, possuem a

propriedade que permite o retorno as suas formas originais após sofrerem

deformações por uma força (Lei de Hooke) (ZIN e ROCCO, 1999; WEST,

2005).

Considerando que o comportamento mecânico do pulmão é baseado

em suas propriedades elásticas e em seu volume, a mensuração dos volumes

pulmonares oferece informações que podem ser essenciais para a

caracterização do estado fisiopatológico decorrente de anormalidades dos

processos pulmonar-ventilatórios (SBPT, 2002).

O sistema respiratório pode ser dividido em dois componentes: o pulmão

e a parede torácica. Como parte dessa última, temos incluso todas as

estruturas que se movem durante o ciclo ventilatório (com exceção dos

pulmões) inclusive o abdome já que este se movimenta para fora durante a

inspiração e retorna ao repouso durante a expiração (LOURENÇO, 1999).

Durante a respiração basal a expiração é geralmente passiva, devido à

retração dos tecidos e geração de energia potencial elástica pelos músculos da

inspiração e da parede torácica. Em situações especiais onde níveis mais

elevados de ventilação são desejados como no exercício, na obstrução das

vias aéreas ou na fadiga, as forças elásticas geradas na inspiração não são

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

28

suficientes para produzir movimentos expiratórios com o desempenho

desejado. Sendo então necessário um acréscimo de força motriz para expulsar

o ar das vias aéreas e promover uma maior dinâmica expiratória (GONANG,

2005; GUYTON; HALL, 2002).

Quanto mais intensa for à força empregada, isto é, a pressão produzida

pelos músculos inspiratórios, maior será o volume inspirado, cessada esta

força a estrutura distendida retorna a sua forma original. O pulmão e o tórax

estando na posição de relaxamento apresentam iguais forças de retração

elástica que atuam em sentidos contrários. Nesta situação se diz que o pulmão

se encontra em seu nível de “repouso” ou na posição de equilíbrio estático, que

não permite a entrada nem a saída de ar, permanecendo no pulmão uma

quantidade de ar conhecida como capacidade residual funcional (CRF).

Quando o pulmão se encontra em incursão máxima tanto inspiratória

quanto expiratória, além da força de retração elástica existe a atuação da força

exercida pelos músculos respiratórios. De forma que se o pulmão for inflado ao

máximo, a sua força de retração elástica é contrabalançada pela força

muscular inspiratória máxima. Similarmente em uma expiração máxima, a força

de retração elástica (principalmente da parede do tórax) tende expandir o

pulmão, o que é contrabalançado pela força muscular expiratória máxima

(ROMERO et al. 1998).

A força dos músculos respiratórios (FMR) pode ser avaliada pela

medida das pressões respiratórias estáticas máximas. Trata-se de um teste

simples, rápido e não-invasivo que utiliza um manovacuômetro na medida das

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

29

pressões negativas e positivas ao nível da boca e expressá-las em centímetros

de água (cmH2O) (MCCONNELL ET AL. 1999; MCELVANEY ET AL. 1989).

Recieri (2001) ressalta quanto à anatomia torácica, que este

corresponde à parte do corpo situada no tronco, entre a abertura torácica

superior, que se refere à margem superior do manúbrio esternal com a primeira

costela do lado direito e a primeira do lado esquerdo, e posteriormente, com a

primeira vértebra torácica, e o diafragma que separa as cavidades torácica e

abdominal. O limite inferior do tórax encontra-se abaixo do limite inferior da

cavidade torácica, que corresponde à convexidade da cúpula diafragmática.

A mesma autora observa a extensão das paredes abdominais do tórax à

pelve, sendo constituídas principalmente por grupos musculares que se

dividem em dorsais e ventrais. Os músculos abdominais formam o eixo de

sustentação da cavidade. Esses músculos dividem-se funcional e

anatomicamente em dois grupos fundamentais: (1) aqueles que atuam

diretamente na desinsuflação tóraco-abdominal, sendo sua atuação

imprescindível na dinâmica do mecanismo ventilatório, como os músculos

oblíquos externos; (2) aqueles que não atuam na desinsuflação tóraco-

abdominal, mas na estática da postura, como o músculo transverso do

abdome. Os músculos ventilatórios são, em essência, músculos estriados

esqueléticos e suas fibras caracterizam-se por maior resistência à fadiga, por

apresentar maiores índices de fluxo sanguíneo máximo, pela maior capacidade

oxidativa e por maior densidade capilar. Os movimentos respiratórios fazem à

bomba ventilatória movimentar-se ininterruptamente, gerando movimentos que

alteram a caixa torácica e abdome. As expressões “braço de bomba” e “alça de

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

30

balde”, descrevem os movimentos das costelas durante a ventilação, sendo a

primeira durante a ação dos músculos inspiratórios, onde suas extremidades

ventrais movem-se na direção craniana e ventral e a segunda onde as costelas

inferiores (da quinta a décima segunda) tornam-se progressivamente mais

oblíquas.

Durante o desenvolvimento da criança, a forma do tórax possui uma

alteração significativa. Ao nascer, a caixa torácica é composta em sua maioria

por cartilagem; com isso, as costelas se encontram mais circulares que em

adultos, possuindo menor eficiência mecânica. Em indivíduos adultos o volume

da caixa torácica é aumentado devido à elevação das costelas, enquanto em

crianças as costelas já se encontram elevadas, diminuindo o volume máximo

de ar inspirado. Com o desenvolvimento da criança, haverá um aumento

progressivo do volume pulmonar, força muscular respiratória e resistência à

fadiga (GAULTIER, 1995).

Os músculos envolvidos na mecânica respiratória podem ser

classificados em duas categorias, a musculatura inspiratória e expiratória.

Podemos ainda dividir estes dois grupos em outras duas categorias: músculos

principais, recrutados na respiração normal, e músculos acessórios, utilizados

na respiração forçada (KAPANDJI, 2000). O desempenho ventilatório depende

não apenas das propriedades mecânicas dos pulmões (vias aéreas e

parênquima) e da parede torácica, mas também da ação desses músculos.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

31

2.3.1 Músculos Inspiratórios

O diafragma se apresenta como motor primário da respiração. Esse

músculo possui forma de cúpula voltada cranialmente, e separa a cavidade

abdominal da cavidade torácica. É constituído de uma camada muscular que

se origina nas costelas inferiores e coluna lombar e se inserem no tendão

central. Possui inervação frênica, que se origina nas raízes de C3 a C5. Na

inspiração de repouso o diafragma é responsável por 70% do volume inspirado.

Quando o diafragma se contrai o conteúdo abdominal é deslocado para baixo e

anteriormente, aumentando o diâmetro céfalo-caudal do tórax, enquanto que a

parte distal das costelas são levantadas e giram externamente (ROCOCK;

RICHARDS, 2006).

O mesmo autor observa que em repouso o deslocamento do diafragma

é aproximadamente de 1 cm, e na inspiração forçada , pode chegar até a 10

cm, sendo o diafragma responsável por dois terços do volume corrente (VC) na

posição sentada e em pé, e de três quartos na posição supina.

As fibras musculares do diafragma são divididas em porção costal e

porção vertebral, as fibras posteriores, vertebrais, originam-se nas 3 primeiras

vértebras lombares e nos ligamentos arqueados medial e lateral. As fibras

costais originam-se anteriormente no processo xifóide do esterno e nas

margens superiores das seis últimas costelas. As fibras costais ao se

contraírem fazem à cúpula diafragmática descer, aumentando a pressão

abdominal e fazendo a caixa torácica move-se através do movimento de alça

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

32

de balde. Quando a porção vertebral se contrai, a cúpula diafragmática desce e

aumenta a pressão abdominal (DOUGLAS, 2002; AULER, 1995).

Essas alterações mecânicas reduzem a pressão intrapleural, o que

provoca a expansão pulmonar que reduz a pressão intrapulmonar abaixo da

pressão atmosférica. Essa alteração de pressão permite o fluxo de ar para o

interior dos pulmões o que promove as alterações dos volumes e capacidades

pulmonares (POWERS; HOWLEY, 2000).

Auxiliando o diafragma, os músculos intercostais externos (intercostais

paraesternais) desempenham um trabalho fundamental na elevação do gradil

costal, afastando uma costela da outra e aumentando os diâmetros transversal

e antero-posterior da caixa torácica. O trabalho mecânico desses músculos

produz pouca amplitude articular, porém somando-se a contração de todos eles

o trabalho se torna eficaz, atribuindo-lhe a função de motor primário da

inspiração em parceria com o diafragma. A ação desses músculos supre

satisfatoriamente as necessidades ventilatórias do organismo (COSTA, 2004).

2.3.2 Músculos Expiratórios

Na expiração mais profunda ou na tosse, há necessidade de um maior

trabalho muscular, surgindo então à ação da musculatura abdominal e

intercostais internos. Esses músculos possuem papel estabilizador da caixa

torácica, prevenindo movimentos paradoxais e a distorção durante a inspiração

diafragmática, e agem diretamente na desinsuflação do tórax abdominal

aumentando a pressão intra-abdominal e pleural. Com isso, o diafragma é

deslocado para cima e as costelas são puxadas para baixo e para dentro,

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

33

auxiliando a redução do volume pulmonar durante a expiração (POWERS;

HOWLEY, 2000; COSTA, 2004).

Azeredo (2000) cita que os músculos expiratórios podem também

facilitar a inspiração devido a sua atividade tônica em ortostatismo, prevenindo

o encurtamento do diafragma durante a inspiração e melhorando suas

características na curva de comprimento-tensão.

2.3.3 Músculos Acessórios

Costa (2004) descreve a musculatura respiratória acessória na

inspiração como sendo os músculos: esternocleidomastoídeom (ECM),

escalenos, peitoral menor, serrátil anterior e outros com menor intensidade

como o peitoral maior. Na expiração o mesmo autor descreve os músculos:

oblíquos internos e externos do abdome, reto abdominal, transverso do

abdome, paravertebrais e triangular do esterno.

Esses músculos são considerados acessórios da respiração por

entrarem em ação somente quando requisitados e quando há maior demanda

ventilatória (CARDEAL; PRADO, 2003).

2.4 CONTROLE DA RESPIRAÇÃO

A contração coordenada do músculo diafragma e de músculos da caixa

torácica, do abdome e das estruturas circundantes, determinam a frequência, a

profundidade e o padrão da respiração. O fenômeno respiratório possui

geração e regulação cíclica pelo centro respiratório no tronco cerebral,

precisamente no núcleo do trato solitário, e sua modificação pelo influxo de

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

34

informações provenientes dos centros cerebrais superiores e dos receptores

sistêmicos (FRANCO et al. 2004).

Os baroceptores e quimioceptores estão localizados em grande

quantidade no sistema nervoso central, na aorta e artérias carótidas, no próprio

pulmão, em mecanorreceptores neurais localizados na pele, faringe, laringe e

vias aéreas. Toda a informação captada por esses receptores é transmitida por

nervos aferentes para um componente central residente no bulbo, recebendo o

nome de centro de controle respiratório. Esse componente é constituído de

vários grupos anatomicamente distintos de células nervosas que agem gerando

e modificando o padrão ventilatório rítmico básico. (LORENZI et al., 1999;

CARDEAL; PRADO, 2003).

A característica periódica do ciclo respiratório é controlada por neurônios

bulbares conhecidos como centros inspiratórios e expiratórios, cada centro

composto por neurônios que são ativos durante a inspiração (núcleo do trato

solitário) e expiração (núcleo ambíguos e núcleo retro ambigual) (GANONG,

2005).

Os quimiorreceptores especializados, localizados nos corpúsculos

aórticos e na bifurcação das artérias carótidas, captam a pressão parcial de

dióxido de carbono (pCO2), oxigênio (pO2), a e o potencial hidrogeniônico (pH)

do sangue arterial, sendo transmitida de volta aos núcleos de integração

bulbares através dos nervos cranianos e determinando o impulso (drive)

ventilatório. É a partir da informação desses componentes que ocorre a

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

35

regulação da frequência e profundidade da respiração, sendo a pCO2 o

principal fator regulatório. (CARDEAL; PRADO, 2003).

2.5 VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia (SBPT) (2002)

ressalta que a determinação completa dos volumes pulmonares constitui-se em

uma das etapas da avaliação funcional pulmonar, geralmente seguindo-se a

espirometria. Considerando que o comportamento mecânico do pulmão é

baseado em suas propriedades elásticas e em seu volume, a mensuração dos

volumes pulmonares oferece informações que são essenciais para a

caracterização do estado fisiopatológico decorrente de anormalidades dos

processos pulmonar-ventilatório.

Lausted, (2006) realizou um estudo com 48 indivíduos com objetivo de

determinar uma equação que relacionasse as forças inspiratórias e expiratórias

máximas com os volumes pulmonares. Seus testes observaram a relação entre

essas duas grandezas pulmonares, constatando diferenças entre os gêneros e

que as pressões são determinadas de acordo com a capacidade dos volumes

pulmonares. Para cada nível volumétrico, existe uma determinada força

muscular respiratória, com isso a pressão inspiratória máxima (PImáx) e a

pressão expiratória máxima (PEmáx) possuem um platô em um determinado

nível de volume de gás no interior das vias aéreas. Tais medidas pressóricas

são mensuradas através da manovacuometria.

De acordo com as Diretrizes para Testes de Função Pulmonar da SBPT

(2002), os volumes pulmonares são classificados como estáticos e dinâmicos,

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

36

sendo o objetivo desse estudo a análise dos volumes estáticos. Diante dos

volumes e capacidades pulmonares temos:

O volume de ar corrente ou somente volume corrente (VAC ou VC) é o

volume de gás inspirado ou expirado espontaneamente a cada ciclo

ventilatório, sendo 500 ml o volume corrente normal. Geralmente corresponde

a 10% da capacidade pulmonar total (CPT).

O volume de reserva expiratório (VRE) é o volume máximo de gás que

pode ser expirado voluntariamente a partir do final de uma expiração

espontânea, isto é, uma expiração além do nível de repouso expiratório. Possui

valor em torno de 1,3 a 1,5 l e 15 a 20% da CPT.

O volume de reserva inspiratório (VRI) é o volume adicional máximo de

gás que pode ser inspirado voluntariamente acima do volume corrente, sendo

normalmente de 3,0 l, correspondendo a cerca de 45 a 50% da CPT.

O volume residual (VR) é o volume de gás que permanece nos pulmões

após uma expiração máxima, normalmente de 1 a 1,2 l e de 20 a 35% da CTP.

Esse gás residual impede o colapso total dos alvéolos.

A capacidade vital (CV) é o maior volume de gás que pode ser expirado

após uma inspiração máxima, compreendendo três volumes primários; VC, VRI

e VRE. Possui em torno de 70 a 75% da CPT.

A capacidade residual funcional (CRF) é o volume contido nos pulmões

ao final de uma expiração espontânea, permitindo a oxigenação do sangue

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

37

entre os ciclos respiratórios. Compreende o VR e o VRE e corresponde a cerca

de 40 a 50% da CPT.

A capacidade inspiratória (CI) seria o volume máximo inspirado

voluntariamente a partir do final de uma expiração espontânea (do nível

expiratório de repouso). Compreende o VC e o VRI. Corresponde a cerca de 50

a 55% da CPT e a cerca de 60 a 70% da CV.

Enfim, a CPT é o volume contido nos pulmões após uma inspiração

plena. Compreende todos os volumes pulmonares e é obtido pela soma CRF

com a CI que gira em torno de 6 l.

Essas representações dos volumes e capacidades estão contidas na

Figura 1.

Fig. 1 - Representação esquemática dos volumes e capacidades pulmonares.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

38

Dentro da análise e avaliação das variáveis que envolvem o sistema

respiratório em todos os seus âmbitos: Volumes, capacidades,

expansibilidades, resistência muscular, dentre outras, nos deteremos a

mensurar e qualificar a variável força muscular, que é expressa como pressão

respiratória e é denominada manovacuometria.

2.6 MANOVACUOMETRIA

A manovacuometria é um exame clínico simples, rápido, de baixo custo

e não invasivo que pode ser aplicado em indivíduos saudáveis, com patologias

pulmonares ou neuromusculares, podendo ser utilizado na avaliação de

intervenções terapêuticas. O objetivo principal desse exame é avaliar a força

muscular respiratória, através de duas manobras onde se verifica as pressões

inspiratórias e expiratórias estáticas máximas (PImáx e PEmáx) (AZEREDO,

2000; BLACK; HYATT, 1969).

Ao se observar às pressões máximas, pode-se quantificar a fraqueza da

musculatura respiratória, sendo assim um método específico na determinação

da força dessa musculatura, diferentemente de outros testes que sofrem

influencia de outras variáveis, como os testes de verificação do volume

pulmonar e os testes dinâmicos (SOUZA, 2002; BLACK; HYATT, 1969).

2.6.1 Pressões Respiratórias Estáticas Máximas

O estudo dos músculos respiratórios e das pressões que são capazes

de gerar é de fundamental importância na aplicação de técnicas de treinamento

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

39

muscular respiratório, tanto em pacientes submetidos à ventilação mecânica,

em pacientes pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca, pacientes ambulatoriais

e no leito hospitalar, como em atletas de diferentes modalidades desportivas

(DO VALLE; COSTA, 1993). Além de pacientes que estejam sobre efeito de

substâncias que alterem toda a ação normal da musculatura respiratória, como

é o caso de certos venenos e drogas que levam a curarização (paralização)

dessa musculatura. Segundo Silveira (2004) as alterações da mecânica

respiratória provocada pela ação do veneno da Bothrops jararaca é

dependente da dose e do tempo, mas que alteram as capacidades e volumes

normais do sistema respiratório.

As alterações do sistema respiratório provocadas por serpentes de

Crotalus durissus incluem o padrão restritivo, comprometimento da musculatura

respiratória pela ação da crotoxina, intenso a ponto de produzir insuficiência

respiratória aguda, acúmulo de secreções nas vias aéreas, atelectasias,

congestão e edema pulmonar (AMARAL; MAGALHÃES; REZENDE, 1991).

A avaliação das pressões respiratórias estáticas máximas (PREM)

consiste na medida da máxima pressão inspiratória e expiratória que o

indivíduo pode gerar na boca. Por se tratar de uma manobra estática, com a via

aérea ocluída, a pressão bucal avaliada reflete a pressão que está sendo

gerada nos alvéolos pela ação dos músculos respiratórios. A redução nos

níveis pressóricos fisiológicos é uma anormalidade bastante evidente em

pacientes com fraqueza de músculos respiratórios ou alterações de mecânica

pulmonar que levam à sobrecarga desses músculos (FIORE et al. 2004).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

40

Existem diversas variações metodológicas para a mensuração das

PREM que podem interferir no desempenho das manobras e interferir nos

resultados. O presente estudo utiliza a metodologia elaborada pela SBPT,

através das Diretrizes para Testes de Função Pulmonar, (2002), que vão de

encontro com Do Valle e Costa, (1993), Azeredo, (2000) e Schmidt, (1999).

A SBPT, (2002) desenvolveu uma tabela para cada grupo etário em que

a regressão com a idade não era significativa, a faixa de valores normais para

a pressão inspiratória máxima ao nível do volume residual (PImáx-VR) ou para

a PEmáx-CPT é apresentada sob a forma de valor médio das medidas do

grupo ± 2 vezes o desvio padrão das medidas (Tabela 1.1).

Tabela 2.1- Faixas de valores normais para as pressões respiratórias máximas, por gênero e grupo etário (em cmH2O).

Fonte: SBPT, (2002).

Ao contrário, para os grupos etários nos quais a regressão com a idade

era significativa, a faixa de valores normais para a PImáx-VR ou para a PEmáx-

CPT é apresentada sob a forma de valor previsto pela equação de regressão

para a idade central do grupo etário ± duas vezes o desvio padrão residual ao

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

41

redor da linha de regressão. O limiar inferior de normalidade de cada uma das

faixas pode ser calculado subtraindo-se o número à direita do sinal ± do

número à esquerda desse sinal. Se não superar o limiar inferior de normalidade

de sua faixa, um valor medido de PImáx-VR ou de PEmáx-CPT (expresso

como número absoluto) terá, no máximo, 2,5% de probabilidades de ser normal

e, por isso, já será considerado diminuído.

Em consenso realizado pela SBPT, (2002) não foram preconizados

valores de normalidade para faixas etárias que correspondessem a

necessidades de grupos como crianças e adolescentes. Diversos estudos

tentam encontrar os valores de PImáx e PEmáx para esses grupos.

Em estudo realizado no Brasil, Schmidt et al., (1999) analisaram 672

indivíduos de 6 a 14 anos sendo 343 do gênero masculino e 329 do gênero

feminino e observaram valores de normalidade para essa população (Tabela

1.2).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

42

Tabela 2.2- Faixas de valores normais das pressões respiratórias máximas com relação a idade e gênero (em cmH2O).

Fonte: Schmidt et al., (1999).

2.7 DISFUNÇÃO DOS MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS

Diversos fatores podem contribuir para fraqueza, fadiga e falência da

musculatura respiratória. Uma respiração inadequada pode ser causada por

deficiência nutricional, medicações sedativas, comprometimento do sistema

nervoso central, traumas torácicos, trabalho excessivo da respiração,

intolerância ao exercício dentre outros comprometimentos (REGENGA, 2000).

Diante de um quadro de fadiga muscular, observamos movimentos

descoordenados da parede torácica os quais produzem padrões respiratórios

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

43

diafragmáticos e intercostais combinados ou alternados. Podemos observar o

sinal de Hoover, com o movimento para dentro das margens costais e

respiração paradoxal com movimento do abdome para dentro durante a

inspiração. Nessa fase o paciente pode apresentar intolerância aos mínimos

esforços e não tolerar a posição horizontal no leito (REGENGA, 2000).

Enoka (2000) refere-se à fadiga muscular como sendo uma classe de

efeitos agudos que prejudicam o desempenho, fazendo com que o músculo

não seja capaz de gerar tensão suficiente para promover adequada ventilação

alveolar. Geralmente não é causada pelo comprometimento de um único

processo, variando de uma condição para outra.

Referindo-se a musculatura diafragmática, esta possui uma capacidade

oxidativa e uma densidade capilar duas a três vezes maiores do que os outros

músculos esqueléticos. Com isso a sua capacidade de obtenção energética e

resistência à fadiga são superiores aos outros músculos esqueléticos. Portanto,

o sistema respiratório é bem projetado para situações que demandam

respiração intensa durante o esforço físico de curta e longa duração e até

mesmo em casos patológicos como a asma (WILMORE; COSTILL, 2001).

A fadiga do músculo diafragma ocorre quando o índice de pressão-

tempo atinge um nível crítico, portanto, quando há um aumento na pressão

respiratória por doenças obstrutivas e restritivas. Seria mais provável afirmar

que haja fadiga devido à fraqueza dessa musculatura (ROCHESTER, 1996).

Nomori et al. (1994) e Rochester (1986), observam em estudos que a

eficácia da tosse é comprometida pelo surgimento da fraqueza muscular

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

44

respiratória. Em indivíduos normais em que a PEmáx cai a 30% do normal,

ocorre redução de 15% da taxa de fluxo de tosse. Isso ocorre devido ao déficit

do fluxo supramáximo inicial, representado pela expulsão de ar das vias aéreas

de grosso calibre. Esse fato sugere que a fraqueza da musculatura expiratória

diminui a compressão dinâmica das vias aéreas de grosso calibre, limitando o

mecanismo efetivo da tosse. A fraqueza é sugerida por uma redução da força e

elevação crônica da PaCO2 (pressão parcial de dióxido de carbono no sangue

arterial)

A falência respiratória é observada quando a capacidade vital do

indivíduo atinge valores menores ou iguais aos parâmetros de normalidade

levando a uma retenção de dióxido de carbono e caracterizando a falência

respiratória hipercápnica. Esse fato ocorre quando o consumo de energia pelo

músculo é maior do que o suprimento de energia fornecido pelo sangue

(ROCHESTER, 1986).

Pardy et al. (1988), diferenciam fraqueza de fadiga muscular respiratória.

A fraqueza é sugerida como uma redução da força e elevação crônica da

PaCO2. A fadiga é descrita como uma redução abrupta na força muscular

respiratória, aumento na PaCO2 ou desenvolvimento agudo de movimentos

paradoxais na parede abdominal.

Segundo Regenga (2000) e Azeredo (1999) a fadiga, fraqueza e falência

muscular respiratória podem ser correlacionadas e diagnosticadas através da

mensuração criteriosa e sistemática das PREM:

a) Fraqueza muscular respiratória: PImáx = -70 a - 45 cmH2O

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

45

b) Fadiga muscular respiratória: PImáx = -40 a -25 cmH2O

c) Falência muscular respiratória: PImáx ≤ -20 cmH2O

Observamos que esses são dados gerais referentes para uma

população adulta jovem e que a partir dos 20 anos de idade ocorre um

decréscimo anual de 0,5 cmH2O em ambos os gêneros AZEREDO (1999),

CHEN; KUO (1989); SCHMIDT et al. (1999); CLAR et al. (2003).

Diversos fatores como deformidades torácicas diminuem a mobilidade

torácica e interferem na dinâmica ventilatória. Essas alterações motoras

produzem encurtamentos e fraqueza de grupos musculares envolvidos na

respiração ocasionando a quebra da harmonia biofísica e cinesiológica da

musculatura respiratória. As mudanças da biomecânica corporal como

deformidades da caixa torácica, podem ocasionar distúrbios restritivos e

alterações das pressões respiratórias máximas (FAUROUX; LOFASTO, 2005;

BADARÓ, 1995).

2.8 DADOS ANTROPOMÉTRICOS

Diversas alterações progressivas ocorrem com a deposição crescente

de gordura, revestindo a cavidade torácica, dentro e sobre a cavidade

abdominal. A alteração mais importante envolve uma CRF mais baixa, causada

pelo processo mecânico simples de compressão da cavidade torácica, e uma

redução nas dimensões anatômicas pela massa de tecido adiposo de

revestimento. A redução da CRF ocorre tanto pela redução do VRE como pela

redução do VR. Na obesidade elevada ou moderada há perda da eficácia

muscular respiratória por compressão da cavidade torácica e pelo diafragma

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

46

encontrar-se elevado pelo abdômen distendido, além de uma redução nas

dimensões anatômicas pela massa de tecido adiposo de revestimento,

podendo assim ocasionar fadiga muscular respiratória (COSTA, 2003).

Considerando todo o conjunto de alterações que geralmente ocorrem

em indivíduos obesos, principalmente aquelas de natureza pulmonar, justifica-

se a necessidade de avaliações periódicas da função pulmonar com o objetivo

de monitorar as condições mecânicas do aparelho respiratório desses

indivíduos (VIUNISKI, 2000).

Em indivíduos mal nutridos há frequentemente o surgimento de fraqueza

da musculatura respiratória e maior susceptibilidade a fadiga, diminuindo a

eficácia ventilatória (PRIOR; WEBBER, 2002).

Para isso o avaliador deve ter como parâmetro dados de normalidade

das pressões estáticas máximas, a fim de comparação e diagnóstico de

distúrbios respiratórios (VIUNISKI, 2000).

A maturação ao longo dos anos (crescimento físico), um ganho das

capacidades de contração da musculatura, um aumento da área total pulmonar

e outros fatores associados são pontos fundamentais para a variação das

PREM, seja em qual for a faixa etária. Visto que as variáveis pulmonares

(pressão, capacidades e volumes) são determinadas por tais relações (massa,

estatura e idade). (FILARDO; FARESIN; FERNANDES, 2002).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

47

3. METODOLOGIA

3.3 CARECTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O trabalho busca conhecer com a precisão possível a relação de um

fenômeno com outros, sua natureza e características existentes na

comunidade. De acordo com os métodos e objetos utilizados, a pesquisa

caracteriza-se como sendo do tipo descritiva (CERVO; BERVIAN, 2006).

3.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA

3.2.1 População

A população envolvida na pesquisa é de crianças e adolescentes de

ambos os gêneros com idades entre 10 e 0 mês até 16 anos e 11 meses,

alunos do 6º ao 9º ano de escolas públicas (municipais e estaduais) e privadas

da grande Natal, o que inclui: Natal, Parnamirim, São José de Mipibú, São

Gonçalo do Amarante, Macaíba, Extremoz, Nísia Floresta e Ceará-Mirim.

Totalizando 16 escolas. Sendo relacionadas de acordo com as parcerias e as

autorizações para a realização da pesquisa. Para inclusão na pesquisa, as

crianças devem estar devidamente matriculadas em suas respectivas escolas,

concordar com o termo de consentimento livre e esclarecido devendo ser

assinado pelos responsáveis, não apresentar quadro de doenças neuro-

musculares, deformidades torácicas, patologias respiratórias pregressas ou

atuais, devem estar dentro da faixa etária proposta para a pesquisa.

3.2.2 Amostra

A amostra do estudo é composta de 505 crianças e adolescentes que

foram inclusas na pesquisa por estarem dentro dos critérios de inclusão e

exclusão. Foram excluídas da amostra uma quantidade de 12 entre crianças e

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

48

adolescentes, pelo fato de não estarem dentro da faixa etária estipulada (5

indivíduos) e por apresentarem algum tipo de doença pregressa ou em curso (7

indivíduos).

3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

3.3.1 Critérios de inclusão

Para a inclusão na pesquisa as crianças e adolescentes deveriam está

devidamente matriculados nas escolas citadas; ter o TCLE (Apêndice 1) lido e

assinado por um dos pais ou responsável; apresentar-se entre 10 anos e 0 mês

e 16 anos e 11 meses.

3.3.2 Critérios de exclusão

Não está de acordo com os critérios de inclusão acima relacionados; não

querer (por vontade própria) participar da pesquisa; apresentar doenças

neuromusculares, deformidades torácicas, doenças respiratórias pregressas ou

atuais, ter realizado algum tipo de cirurgia torácica e/ou abdominal; apresentar

alguma intercorrência no decorrer da avaliação.

3.4 INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Em nossa pesquisa utilizamos os seguintes instrumentos de medida:

Medição da massa com uma balança digital da marca Balmak Actlife®,

modelo slimtop-180;

Medição da estatura com o estadiômetro Standart Sanny®;

Medição da PImáx e PEmáx com o manovacuômetro da marca Wika®,

calibrado em +300 a -300 cmH2O.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

49

3.5 MATERIAIS UTILIZADOS

Balança digital da marca Balmak Actlife®, modelo slimtop-180;

Estadiômetro da marca Standart Sanny®;

Manovacuômetro da marca Wika®, calibrado em +300 a -300 cmH2O;

Clip nasal;

Solução de Hipoclorito + Água para desinfecção dos bocais;

Álcool gel à 70%;

TCLE (Apêndice 1);

Ficha de avaliação (Apêndice 2);

3.6 PROCEDIMENTOS

Após a elaboração do projeto e sua consequente aprovação pela

coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da

UFRN, o mesmo foi enviado para o Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da

UFRN ([email protected]) onde foi protocolado com o nº 181/10-P

CEP/UFRN e obteve a aprovação com o parecer nº 151/2011. Logo em

seguida foi feita uma pesquisa na Secretaria Estadual de Educação e Cultura

do RN (SEEC) sobre todas as escolas do RN, incluindo as escolas públicas

estaduais e municipais, além das particulares. Fomos encaminhados para as

DIREDs (Diretoria Regional de Educação, Cultura e Esportes), órgãos

responsáveis pela coordenação das escolas de uma determinada área, para a

nossa pesquisa (grande natal) as DIREDs responsáveis seria a 1ª e 2ª; onde

obtivemos autorização pela 1ª DIRED (Anexo 1) e 2ª DIRED (Anexo 2) para a

realização das coletas. A 1ª DIRED tem sob responsabilidade as Escolas

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

50

Estaduais de Natal, Macaíba e Extremoz; já a 2ª DIRED coordena as Escolas

Estaduais de: Parnamirim, São José de Mipibu, Nísia Floresta e Monte Alegre.

As escolas Estaduais de São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim foram

contatadas diretamente com seus respectivos diretores, assim como as escolas

particulares de Natal, devido a não colaboração de suas unidades

coordenadoras, mas que foi solucionada com o contato direto com a escola.

Tabela 3.1 – Escolas da Grande Natal participantes da pesquisa

Com a autorização concedida pelas DIREDs entramos em contato com a

escola e verificamos a disponibilidade de horários para a realização da coleta.

Entregamos a direção ou a coordenação pedagógica de cada escola um TCLE

(Apêndice 1), que deveria ser repassado aos pais ou responsáveis explicando

os objetivos da pesquisa e nos dando o consentimento de participação de seus

filhos ou da criança ou adolescente por quem eles eram responsáveis.

Agendamos um dia para a realização da coleta e recebimento dos TCLE das

crianças ou adolescentes os quais foram assinados pelos pais ou

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

51

responsáveis. Deixamos também com a direção uma cópia desse TCLE bem

como uma carta de encaminhamento da Secretaria do Programa de Pós-

Graduação assinada pelo meu orientador (Anexo 3).

Após a autorização dos pais através da assinatura do Terno de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e livre escolha de adesão por parte

das crianças ou adolescentes, realizou-se uma entrevista com perguntas sobre

algumas questões de saúde para rastreamento de possíveis fatores que

pudessem excluir tal criança ou adolescente da amostra. Depois que a criança

ou adolescente relatou algum fator que lhe excluísse da amostra, mesmo assim

a coleta era realizada, só depois que os dados eram excluídos. Todos os

procedimentos de coleta foram registrados em uma ficha de avaliação,

contendo dados para identificação (nome, gênero, idade, data de nascimento,

data de avaliação), os valores de pressão inspiratória máxima (PImáx), pressão

expiratória máxima (PEmáx) e os dados antropométricos de massa corporal e

estatura (Apêndice 2).

A avaliação desses indivíduos foram realizadas em 1 turno do horário

escolar (o turno dependia da disponibilidade de cada escola), em um sala

disponibilizada somente para a coleta, em temperatura ambiente, ventilada e

sendo os alunos avaliados de forma individual.

Inicialmente o aluno foi avaliado com relação a sua estatura e massa

corporal, utilizando os equipamentos relacionados anteriormente. A estatura foi

mensurada com o aluno em posição ereta, sem calçados, com o dorso

encostado em uma parede lisa e reta, com os calcanhares também encostando

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

52

na parede e com o olhar no plano horizontal. Adotamos a medida em metros e

consideramos duas (2) casas decimais.

Já a mensuração da massa corporal foi realizada com a balança digital e

com o aluno sem os calçados. Adotamos a medida em Quilograma (Kg) e

consideramos uma (1) casa decimal, estando o indivíduo parado por 10

segundos sobre a balança.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

53

Logo após a mensuração dos dados antropométricos, passamos para a

avaliação da força muscular respiratória, onde o avaliado era colocado na

posição sentada, estando o tronco em uma posição de 90° com as coxas, de

acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia

(SBPT) (2002) para testes de função pulmonar.

Foi exposto de forma clara e sucinta ao avaliado como realizar as

manobras de pressão respiratória máxima, dando-lhes oportunidade de treinar

e visualizar tais manobras no aparelho. Depois de devido entendimento do

exame por parte do avaliado, foi mensurado as medidas das pressões

respiratórias máximas através da manovacuometria. As medidas foram

realizadas com os indivíduos sentados tendo as narinas ocluídas com um clip

nasal para evitar vazamento e segurando o bocal do manovacuômetro,

colocando-o firmemente contra os lábios para evitar escape de ar.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

54

Para a mensuração dos valores de PImáx, foi realizada a Manobra de

Mueller. Sendo o tubo com a extremidade distal fechada o indivíduo realiza

uma expiração forçada até alcançar seu volume residual (VR), conectando-se

imediatamente a peça bucal contra os lábios, seguida de uma inspiração

máxima contra a via aérea ocluída. É importante observar que quanto mais

próximo do VR, maior é o feed back com relação à PImáx alcançada

(AZEREDO, 2000)

Para a obtenção da PEmáx, iniciava-se uma inspiração profunda,

atingindo a Capacidade Pulmonar Total (CPT) e em seguida realizava um

esforço expiratório máximo contra a via aérea ocluída (manobra de Valsalva).

Foi exigido que as pressões fossem mantidas estáveis durante pelo menos

dois segundos (SBPT, 2002), tanto para PImáx quanto para a PEMáx.

Cada uma das manobras foi repetida satisfatoriamente por cinco vezes

não devendo ter escape perioral de ar ou uso excessivo da musculatura facial,

sendo descartados os valores das manobras realizadas incorretamente. O

intervalo de tempo entre as medidas foi escolhido de acordo com as

necessidades de cada indivíduo, porém com o mínimo de trinta segundos (30s)

entre uma manobra e outra. Para a análise dos dados foi considerado apenas o

maior valor aferido para cada pressão inspiratória máxima e expiratória

máxima, descartando-se ao outros valores (SBPT, 2002). A cada aferição os

bocais eram trocados, sendo feita à desinfecção com água, sabão, solução de

hipoclorito e álcool a 70%, segundo as especificações adotadas pela ANVISA e

pelo Ministério da Saúde (1994).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

55

Vale a pena ressaltar que o bocal utilizado apresentava um orifício de

aproximadamente 1mm para minimizar a ação de músculos acessórios à

respiração. Autores como Smyth, Chapman e Rebuck (1994) realizaram um

estudo sobre bocais com e sem orifícios para testar a hipótese de que esse

orifício, assim criado, seria eficaz para impedir, durante esforços inspiratórios

máximos, o fechamento glótico e a consequente geração de valores

artificialmente elevados para a PImáx medida ao nível do volume residual. Em

15 voluntários adultos, esses autores verificaram que os valores de PImáx

medidos com a peça bucal assim modificada não diferiam significativamente

dos valores medidos com a peça bucal intacta.

Mayos et al. (1991) compararam, em 30 pacientes, os valores de PEmáx

ao nível da capacidade pulmonar total (PEmáxCPT) e de PImáx medidos com

dois orifícios de fuga distintos: um com 2 mm de diâmetro por 37 mm de

comprimento; outro com 1 mm de diâmetro por 15 mm de comprimento. Os

valores de PEmáxCPT e de PImáx medidos com o primeiro método foram

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

56

significativamente menores do que os valores correspondentes obtidos com o

segundo orifício.

Mas aceitando as recomendações da SBPT, (2002) usamos em nosso

estudo esse mesmo tamanho de orifício utilizado por Schmidt et al., (1999), Do

Valle et al., (1993) e Azeredo, (2000) que relata que ao serem comparados

estudos nos quais foram feitas medidas de PEmáx e de PImáx, deverão ser

levadas em conta as possíveis diferenças de dimensões entre os orifícios de

fuga, sendo utilizado um orifício de 1 mm de diâmetro.

Assim sendo realizada a coleta desses dados, tais resultados foram

armazenados em um banco de dados para o tratamento estatístico.

As fotografias apresentadas nessa pesquisa foram autorizadas pelos

responsáveis das crianças e/ou adolescentes (APÊNDICE 3).

3.7 ANÁLISE DOS DADOS

Com os nossos dados coletados e devidamente armazenados em um

banco de dados, utilizamos os programas estatísticos R (versão 2.13.1, para

Windows) e o GraphPad Prism (versão 5, para Windows) para o tratamento

dos dados.

Para a idade consideramos as crianças e adolescentes que tivessem 10

anos e 0 meses até 16 anos e 11 meses, após esses dados nós

transformamos esses meses em número, ou seja, dividimos a quantidade de

meses a mais que o indivíduo tinha por 12, obtendo uma idade relativa.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

57

A partir da amostra subdividida pelo gênero Masculino (M) e Feminino

(F), realizamos uma estratificação por faixas etárias, sendo criadas as faixas

etárias de 10 – 11 anos (81M; 99F); 12 – 13 anos (82M; 89F); e 14 – 16 anos

(87M; 67F), sendo considerados até os 11 meses a mais na idade. A análise

das comparações e correlações foram realizadas para a amostra como um

todo e para cada faixa etária em particular.

Os resultados foram mostrados como sendo Média ± Desvio Padrão. A

PImáx e PEmáx foram comparadas entre os gêneros masculino e feminino de

diferentes grupos de idade usando-se o t-test de student , visto que o t-test de

student se baseia em um teste de hipótese e pelo fato de estarmos realizando

uma comparação entre as médias de diferentes variáveis; bicaudal, pelo fato

de que consideramos os dois lados da distribuição de normalidade, já que

queremos provar a diferença entre as médias e não a posição (maior ou

menor); não-pareado e paramétrico, por usar a distribuição de student e

utilizar amostras independentes. Consideramos significativos os valores de

p<0,05.

Foram realizadas correlações entre as diferentes variáveis do estudo

através da correlação de Pearson, por ser uma correlação linear simples e que

correlaciona dados normais. Para valores de r entre 0 e 0.3 (positivo ou

negativo) consideramos correlação fraca; para um r entre 0.3 e 0.7 (positivo ou

negativo) consideramos uma correlação moderada e para r com valores acima

de 0.7 (positivo ou negativo) consideramos uma correlação forte. Por fim, foi

analisada a regressão linear múltipla envolvendo a PImáx e PEmáx com as

variáveis antropométricas como: idade, massa corporal e estatura; para cada

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

58

gênero separadamente. A regressão linear múltipla envolve duas ou mais

variáveis, variáveis essas que ajudam a melhorar a capacidade de predição da

equação. Para a regressão linear múltipla consideramos 3 (três) diferentes

situações: 1- equação envolvendo a combinação entre duas variáveis; 2-

equação envolvendo o somatório entre as 3 (três) variáveis; 3 - equação

envolvendo o somatório entre a idade e o produto entre a massa corporal e a

estatura ; sendo, por fim, proposta uma equação preditiva para cada situação,

baseada na significância estatística para cada variável em cada situação

especificamente.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

59

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao final do estudo foi coletada uma amostra de 517 indivíduos de ambos

os gêneros, sendo 250 do gênero masculino (13,17 anos de idade ±1,895), e

255 do gênero feminino (12,73 anos de idade ±1,780) e tivemos 12 indivíduos

excluídos da pesquisa em decorrência de não atenderem os critérios de

inclusão e/ou exclusão estabelecidos no estudo, mas vale salientar que as

mensuração dos dados foram realizadas, mas os dados não foram incluídos na

amostra analisada (Fig. 2).

Fig. 2 – Caracterização da amostra pesquisada.

Nos histogramas representamos as frequências das variáveis estudadas

da amostra para cada gênero. Sendo agrupadas por gênero para cada variável

e apresentadas por suas respectivas letras.

250 255

12

Participantes da pesquisa

Masculino

Feminino

Excluídos

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

60

Histograma Masculino

10.010

.511

.011

.512

.012

.513

.013

.514

.014

.515

.015

.516

.016

.517

.0

0

10

20

30Idade

A

Idade (Anos)

Fre

qu

ên

cia

Histograma Feminino

10.010

.511

.011

.512

.012

.513

.013

.514

.014

.515

.015

.516

.016

.517

.0

0

10

20

30

40Idade

B

Idade (Anos)

Fre

qu

ên

cia

Fig. 3 – Distribuição da Idade para o gênero masculino (A) e Feminino (B) e

suas respectivas frequências.

Histograma Masculino

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95100

0

10

20

30

40Massa Corporal

A

Massa Corporal (Kg)

Fre

qu

ên

cia

Histograma Feminino

25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95

0

10

20

30

40

50Massa Corporal

B

Massa Corporal (Kg)

Fre

qu

ên

cia

Fig. 4 – Distribuição da Massa Corporal para o gênero masculino (A) e

Feminino (B) e suas respectivas frequências.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

61

Histograma Masculino

1.25

1.30

1.35

1.40

1.45

1.50

1.55

1.60

1.65

1.70

1.75

1.80

1.85

1.90

0

10

20

30

40

50Estatura

A

Estatura (m)

Fre

qu

ên

cia

Histograma Feminino

1.30

1.32

1.34

1.36

1.38

1.40

1.42

1.44

1.46

1.48

1.50

1.52

1.54

1.56

1.58

1.60

1.62

1.64

1.66

1.68

1.70

1.72

1.74

1.76

1.78

0

10

20

30

40Estatura

B

Estatura (m)

Fre

qu

ên

cia

Fig. 5 – Distribuição da Estatura para o gênero masculino (A) e Feminino (B) e

suas respectivas frequências.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

62

Histograma Masculino

30 40 50 60 70 80 90 100

110

120

130

140

150

160

170

180

0

20

40

60

80PEmáx

A

PEmáx (cmH2O)

Fre

qu

ên

cia

Histograma Feminino

20 30 40 50 60 70 80 90 100

110

120

130

140

0

20

40

60

80PEmáx

B

PEmáx (cmH2O)

Fre

qu

ên

cia

Histograma Masculino

-160

-150

-140

-130

-120

-110

-100 -9

0-8

0-7

0-6

0-5

0-4

0

0

20

40

60PImáx

C

PImáx (cmH2O)

Fre

qu

ên

cia

Histograma Feminino

-160

-150

-140

-130

-120

-110

-100 -9

0-8

0-7

0-6

0-5

0-4

0-3

0

0

20

40

60PImáx

D

PImáx (cmH2O)

Fre

qu

ên

cia

Fig. 6 – Distribuição da PEMáx para o gênero Masculino (A) e Feminino (B) e

PIMáx para o gênero Masculino (C) e Feminino (D) suas respectivas

frequências.

A relação existente entre as PREM com a idade foram estudadas a partir

de uma estratificação da amostra em faixas de idade que apresentasse uma

maior semelhança para as características físicas da própria idade, bem como

uma melhor distribuição do ponto de vista amostral. Assim sendo a amostra foi

subdividida em três (3) grupos de idade: o primeiro engloba crianças dos 10

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

63

aos 11 anos (até os 11 meses); o segundo inclui as crianças dos 11 aos 12

anos (até os 11 meses) e o terceiro é composto por adolescentes dos 14 aos

16 anos (até os 11 meses). O 1º grupo é composto de 80 indivíduos do gênero

masculino e 99 do gênero feminino; o 2º grupo é composto de 83 do gênero

masculino e 89 do feminino e, por fim, o 3º grupo é composto por 87 do gênero

masculino e 67 do feminino (Fig.7).

Fig. 7 – Distribuição da amostra por faixa etária.

Com base nessa apresentação quantitativa da estratificação da amostra

pela faixa etária, realizamos a quantificação das médias e das demais variáveis

estatísticas para cada grupo em seu respectivo gênero, sendo expressos na

tabela 4.1. Incluímos todas as variáveis analisadas para a população proposta.

99

89

67

80 83 87

0

20

40

60

80

100

120

10 a 11 12 a 13 14 a 16

Qu

anti

dad

e

Faixa-Etária

Feminino

Masculino

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

64

Tabela 4.1 – Análise descritiva da amostra da pesquisa dividida por faixa etária.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

65

Analisando os dados obtidos e válidos para as variáveis em questão, e

tendo por base a faixa etária dos 10 anos e 0 mês até 16 anos e 11 meses,

obtivemos uma média de idade de 13,17 (± 1,90) para o gênero masculino e

12,73 (±1,78) para o gênero feminino; para a massa corporal a média para o

gênero masculino foi de 48,81 (±14,91) e para o gênero feminino foi de 46,82

(±11,94); a estatura mostrou uma média de 1,575 (±0,12) para o gênero

masculino e 1,546 (±0,10) para o gênero feminino; a PImáx apresentou uma

média de -85,44 (±27,12) para o gênero masculino e para o gênero feminino foi

de -70,55 (±25,87); e por fim, a PEmáx obteve uma média de 85,50 (±22,07)

para os homens e 68,63 (±19,56) para as mulheres, cada qual com suas

respectivas unidades, expressas na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Análise descritiva da amostra da pesquisa.

Fonte: Dados da Pesquisa

Realizando uma comparação das médias de cada gênero para cada

variável antropométrica pesquisada, observamos que para a idade e a estatura

as médias se apresentaram com diferença significativa, sendo os indivíduos do

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

66

gênero masculino, mais velhos (p=0,006*; Fig. 8) e mais altos (p=0,002*; Fig. 9)

do que os indivíduos do gênero feminino, para um p<0,05. Para a variável

massa corporal não foi encontrada diferença estatística (p=0,098; Fig. 10).

Já para as médias da força muscular respiratória (PImáx e PEmáx), a

comparação entre os gêneros se apresentaram diferentes estatisticamente,

para ambas as variáveis (PImáx e PEmáx, p<0,001**; Fig. 11).

Fig. 8 – Comparação entre os gêneros para a idade (*p=0,006).

Amostra

Masculino Feminino8

10

12

14

16

18 * Masculino

Feminino

Idade (

Anos)

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

67

Fig. 9 – Comparação entre os gêneros para a estatura

(*p=0,002).

Fig. 10 – Comparação entre os gêneros para a massa

corporal (p=0,098).

Amostra

Masculino Feminino0

50

100

150Masculino

Feminino

Massa C

orp

ora

l (K

g)

Amostra

Masculino Feminino1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

Feminino

Masculino

*

Esta

tura

(m

)

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

68

Fig. 11 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino)

para a PImáx (**p<0,001) e PEmáx (**p<0,001).

A mensuração das PREM foram realizadas ao nível de volume residual

(VR) para a PImáx e a nível de capacidade pulmonar total (CPT) para PEmáx.

Cuidados nas técnicas e nas padronizações das medições são necessárias

para uma maior confiabilidade dos dados colhidos, além da possibilidade de

reprodutibilidade e comparação entre os estudos subsequentes. A verificação

das PREM podem ser realizadas de várias formas, Gaultier e Zinman (1983) e

Bruschi et al. (1992) adotam a verificação da PImáx partindo da capacidade

residual funcional (CRF) e não do VR, destacando que esforços que partem do

VR levam a pressões geradas maiores do que as que se iniciam da CRF, mas,

por outro lado, Casan (1990); Wilson et al. (1984); Black e Hyatt (1969) e

Szeinberg et al. (1987) destacaram que a padronização das medições a partir

Amostra

1 2 1 2

-150

-100

-50

0

50

100

150

PIMÁX

PEMÁX

Gêneros

(cm

H2O

)

**

**

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

69

do VR e da CPT são os mais adequados, por se tratar de uma variável onde se

quer obter a capacidade máxima do músculo.

O uso do clip nasal e do bocal também são importantes para a

confiabilidade dos dados, evitando ou diminuindo os vazamentos. Estudos

prévios demonstraram que o tamanho do orifício do bocal não teve influência

significativa nos resultados finais (SZEINBERG, 1987; BLACK E HYATT, 1969)

e seguindo as orientações da SBPT (2002) usamos bocais com orifícios de

aproximadamente 1 mm de diâmetro.

Em suma, a comparação entre todas as médias das variáveis

pesquisadas para ambos os gêneros se comportou como demonstrado na

tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Descrição das variáveis estudadas, com relação ao gênero, e suas respectivas significância estatística.

Os resultados da nossa pesquisa corroboraram com Tomalak,

Pogorzelski e Prusak (2002) que encontraram valores de PImáx e PEmáx

Fonte: Dados da pesquisa

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

70

maiores para meninos do que para meninas usando-se do mesmo protocolo de

pesquisa e com a mesma faixa etária em questão. Da mesma forma que

Domènech-Clar et al. (2003) encontraram valores superiores para as PREM em

indivíduos do gênero masculino comparados aos indivíduos do gênero

feminino, para uma população com as mesmas características do presente

estudo.

Chen e Kuo, (1989) ao analisar a função muscular respiratória em 160

voluntários sendo 80 do gênero masculino e 80 do gênero feminino,

observaram que há diferença significativa entre os gêneros, tendo o homem

uma maior capacidade de endurance. Observou-se com isso a importância de

estabelecer médias distintas para os dois gêneros, por apresentar diferenças

fisiológicas na capacidade de geração de força da musculatura respiratória.

Ao se comparar os dados da pesquisa com o estudo realizado por Clar

et al. (2003) averiguou-se que ambos os trabalhos obtiveram resultados

significantes para uma maior força muscular respiratória para o gênero

masculino. Os autores analisaram 392 indivíduos de 8 a 17 anos dividindo-os

em dois subgrupos com 185 do gênero masculino e 207 do gênero feminino,

verificando que as pressões respiratórias estáticas máximas (PREM) para o

gênero masculino são significativamente maiores que as do gênero feminino

(p < 0.0001). Esses resultados foram obtidos em todas as faixas etárias

estudadas.

Lausted (2006) também observou em seu estudo com 19 homens e 29

mulheres que as pressões respiratórias máximas são significativamente

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

71

maiores no gênero masculino quando comparadas com o gênero feminino. Em

sua pesquisa as pressões produzidas pelos homens foram 64% maiores que

as médias produzidas pelas mulheres para a força muscular expiratória e 53%

para a força muscular inspiratória.

Schmidt et al. (1999) também obteve resultados semelhantes ao avaliar

672 indivíduos com faixa etária entre 6 a 14 anos. O autor dividiu a amostra em

dois grupos com 343 indivíduos do gênero masculino e médias de 88 ± 23

cmH2O para a PImáx e 88 ± 27 cmH2O para a PEmáx, e com 329 do gênero

feminino com médias de PImáx de 74 ± 20 cmH2O e PEmáx de 74 ± 17

cmH2O. Os valores médios da PImáx e da PEmáx observados no gênero

feminino corresponderam a, 84% dos valores da PImáx e a 84% dos valores

obtidos da PEmáx no gênero masculino.

O trabalho realizado por Wilson et al. (1984), ao observar 370 crianças e

adultos normais, sendo 137 meninos com média de idade de 11,1 ± 2,2 e 98

meninas com média de idade de 11,6 ± 2,5 verificou que o valor da PImáx e

PEmáx são significativamente menores em meninas com médias de 83% dos

valores obtidos pelo gênero masculino.

As Figuras de 12 a 14 representam a relação para as PREM em ambos

os gêneros e estratificados pelas faixas etárias descritas anteriormente.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

72

Amostra - 10 a 11 anos

-200

-100

0

100

200

PEmáx

PImáx

Gêneros

1 2 21

**

*

(cm

H2O

)

Fig. 12 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino)

para a PImáx (*p<0,05) e PEmáx (**p<0,001) dos 10 aos 11 anos.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

73

Amostra - 12 a 13 anos

-200

-100

0

100

200PImáx

PEmáx

Gêneros

1 2 21

**

**

(cm

H2O

)

Fig. 13 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino)

para a PImáx (**p<0,001) e PEmáx (**p<0,001) dos 12 aos 13 anos.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

74

Amostra - 14 a 16 anos

-200

-100

0

100

200

Gêneros

1 2 21

PImáx

PEmáx

**

**

(cm

H2O

)

Fig. 14 – Comparação entre os gêneros (1 – Masculino; e 2 – Feminino)

para a PImáx (*p<0,05) e PEmáx (**p<0,001) dos 14 aos 16 anos.

Também foram realizadas as comparações das médias das variáveis em

questão de acordo com as faixas etárias através do teste t-student, como forma

de diagnosticar a relação ou não de cada variável com as faixas etárias em

questão, resultados encontrados nas tabelas 4.4 e 4.5.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

75

Tabela 4.4 – Comparação das médias entre as variáveis antropométricas nas faixas etárias.

Tabela 4.5 – Comparação das médias entre as Pressões Respiratórias Estáticas Máxima nas faixas etárias.

Foi realizada a correlação entre todas as variáveis abordadas no estudo,

e consideradas significantes aquelas que apresentassem p<0,05. Incluímos

nessa análise a correlação separadamente por gênero, bem como para a

amostra como um todo. Para todas as associações existiram correlações

exceto para a PImáx e a Estatura no gênero Feminino, como mostrado na

Tabela 4.4.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

76

Tabela 4.6 – Correlações (r) e suas respectivas significâncias (p) para as variáveis estudadas para cada gênero separadamente e para a amostra como um todo.

Em estudos utilizando somente a variável PImáx para jovens até 18

anos, foram encontradas correlações entre a variável em questão com o:

gênero, idade, massa corporal e estatura (HAUTMANN, HEFELE, SCHOTTEN

e HUBER; 2000); da mesma maneira que o nosso estudo. Verificamos que se

levarmos em consideração a amostra sem subdividir em gênero, para todas as

variáveis existiram correlação significativa (para p<0,01) com diferentes

intensidades; mas se estratificarmos os dados pelo gênero, como já dissemos,

notamos que a correlação entre PImáx e estatura no gênero feminino não foi

significativa (p=0,06) e que a correlação entre a PImáx e a idade; a PImáx e a

Massa corporal no gênero feminino foram significativas para um p<0,05.

Fonte: Dados da pesquisa

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

77

Ao compararmos as correlações existentes entre as PREM com as

mesmas variáveis (gênero, idade, massa corporal e estatura) para outras

populações, observamos que na maioria dos estudos essas correlações se

mantém, com diferenças mínimas; na pesquisa de Johan et al. (1997) com

adultos de 20 a 80 anos; para Leech et al. (1983); Wilson et al. (1984) e Smyth

et al. (1984) para as mesmas populações, essas correlações se mantiveram. O

mesmo aconteceu para uma população diferente (crianças e adolescentes).

Dessa forma, podemos inferir que existe correlação entre as PREM com as

variáveis citadas para todas as faixas etárias.

Costa et al. (2003), ressalta a importância de relacionar a força muscular

respiratória com essas variáveis antropométricas, por considerar todo o

conjunto de alterações que geralmente ocorrem em indivíduos obesos,

principalmente aquelas de natureza pulmonar. Em indivíduos mal nutridos há

frequentemente o surgimento de fraqueza da musculatura respiratória e maior

susceptibilidade a fadiga, diminuindo a eficácia ventilatória. Justifica-se a

necessidade de avaliações periódicas da função pulmonar com o objetivo de

monitorar as condições mecânicas do aparelho respiratório desses indivíduos e

auxiliar na orientação de medidas preventivas, pré e pós-treinamento físico.

(PRIOR; WEBBER, 2002; COSTA et al. 2003).

Diversas pesquisas corroboram para a relação entre a PImáx e PEmáx e

os dados de antropometria. Esses dados nos fornecem elementos a serem

aplicados em indivíduos com alterações do peso e para a formulação de

equações de normalidade a serem aplicadas em cada indivíduo através de

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

78

análises de regressão linear (COSTA et al., 2003; PRIOR; WEBBER, 2002;

SCHMIDT et al., 1999; HAUTMANN, 2000).

Por não haver um consenso de que maneira devemos associar as

variáveis antropométricas com as PREM, propomos testar três estratégias

diferentes de correlacionar as varias variáveis. Resumindo inicialmente as

variáveis em questão; o objetivo consiste em explicar a Pressão Inspiratória

Máxima (PImáx) e a Pressão Expiratória Máxima (PEmáx), variáveis

dependentes, em função das seguintes variáveis preditivas ou independentes:

Idade (ID); massa corporal (MC) e estatura (E). Todas as analises de

correlação foram feitas separadamente para os grupos feminino e masculino.

O fato de não haver uma equação preditiva padrão na literatura em

fisiologia respiratória para a população de crianças e adolescentes entre os 10

e 16 anos nos levou a realizar estas três abordagens diversificadas. Estudos

foram realizados com abordagens diferentes dessas variáveis (Domènech-Clar

et al., 2003; Johan et al., 1997).

A primeira estratégia (I), de caráter exploratório, consistiu em testar cada

uma das variáveis independentes em função de pares de variáveis

dependentes, isto é, exploramos os seguintes três ajustes:

PImáx = a1ID + a2MC

PImáx = a1ID + a2E

PImáx = a1E + a2MC

onde a1, a2 são constantes de ajuste diferentes para cada equação.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

79

O mesmo vale para PEmáx, isto é:

PEmáx = a1ID + a2MC

PEmáx = a1ID + a2E

PEmáx = a1E + a2MC

A segunda estratégia (II) consiste em fazer a regressão usando as três

variáveis em uma mesma equação, o mesmo foi estudado por Johan et al.

(1997):

PImáx = a1ID + a2MC + a3E

PEmáx = a1ID + a2MC + a3E

Na terceira estratégia (III) usamos uma abordagem não linear, mas

utilizada por Domènech-Clar et al. (2003) que obteve algum sucesso preditivo

para o grupo masculino, mas pouco para o feminino. Nesta abordagem as

variáveis MC e E estão acopladas, sendo composto um produto entre elas, isto

é:

PImáx = a1ID + a2MC*E

PEmáx = a1ID + a2MC*E

Os coeficientes desses três estratégias estão relacionados nas tabelas

4.5 a 4.8, com as suas respectivas significância para as variáveis envolvidas.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

80

Tabela 4.7 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação entre duas variáveis antropométricas para o gênero masculino.

Fonte: Dados da pesquisa

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

81

Tabela 4.8 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação entre duas variáveis antropométricas para o gênero feminino.

Fonte: Dados da pesquisa

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

82

Tabela 4.9 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação entre as três variáveis antropométricas isoladas.

Fonte: Dados da pesquisa

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

83

Tabela 4.10 – Coeficientes de regressão linear múltipla com combinação entre as três variáveis antropométricas, sendo o produto entre a MC e a E.

Fonte: Dados da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

84

Wilson et al. (1984) em seu estudo associou as PREM somente com 1

(uma) variável antropométrica, para uma população de crianças e adultos. Não

encontramos na literatura estudos que envolvam puramente duas variáveis

antropométricas.

Com bases nas tabelas 4.5 e 4.8, onde foram expressos os coeficientes

com suas respectivas significâncias, propomos, então, a criação das equações

preditivas para as crianças e adolescentes entre 10 e 16 anos envolvendo 2

variáveis antropométricas combinada.

Em relação a estratégia I (tabela 4.5 e 4.6), temos para PImáx, para o

gênero feminino que apenas a massa corporal é uma boa variável preditiva. Já

para o gênero masculino, entretanto, apenas a idade, quando associada com a

estatura não foi significativa para explicar a correlação.

A estratégia II (tabela 4.7) apresentou um sucesso pouco convincente.

Para a PImáx apenas a massa corporal, em ambos os gêneros, se mostrou

explicativa, já para a PEmáx a idade foi fortemente significativa e a massa

corporal apenas significativa. Em ambas as situações a estatura não foi uma

variável que explicasse as pressões respiratórias máximas.

A estratégia III (tabela 4.8) não obtivemos resultados significativos para

PImáx tanto para o gênero feminino quanto para o gênero masculino. Para

PEmáx apenas houve, em ambos os gêneros, correlação com a idade.

Duas observações gerais seguem dos resultados apresentados. A

primeira é que PEmáx se correlaciona melhor do que PImáx com as variáveis

preditoras. A segunda é que o grupo masculino também se deixa explicar

melhor pelas variáveis dependentes do que o grupo feminino.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

85

Com base nas estratégias abordadas no presente estudo propomos as

equações preditivas para as PREM em crianças e adolescentes de 10 a 16

anos em ambos os gêneros. Nas tabelas 4.8 e 4.11 estão representadas as

equações paras as diferentes estratégias abordadas com suas respectivas

significâncias.

Estudos anteriores, como o de Domènech-Clar et al. (2003) com

crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos; Johan et al. (1997) com uma

amostra com idade entre 20 e 80 anos; Wilson et al. (1984), que envolveu

crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos; também demonstraram equações

preditivas para populações semelhantes ao do presente estudo envolvendo,

também, variáveis antropométricas (Tabela 4.9).

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

86

Tabela 4.11 – Equações preditivas para a PI e PEmáx em ambos os gêneros para os diferentes autores.

Tabela 4.12 – Equações preditivas para a PI e PEmáx em ambos os gêneros com a associação entre duas variáveis.

Fonte: Dados da pesquisa

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

87

Tabela 4.13 – Equações preditivas para a PI e PEmáx em ambos os gêneros com a associação entre três variáveis isoladas e com o produto entre MC e E.

Fonte: Dados da pesquisa

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

88

Ao longo dos anos foram sendo realizadas pesquisas que envolvem o

conhecimento acerca das PREM na população no geral, pouco vem se

discutindo esses valores para as crianças e adolescentes, quando

comparamos com a população adulta. A adequação de medidas de

normalidade para a população mundial ainda é difícil devido às diferentes

culturas, composição corporal, e hábitos de vida. Estudos mais abrangentes

envolvendo populações mais heterogêneas com base nos seus países de

origem devem ser realizadas para que dados de normalidades sejam propostos

para essa população de crianças e adolescentes. Com base nessa realidade a

tabela 4.12 foi criada para demonstrar os resultados, ao longo dos anos, para

as médias para as PREM, dos principais estudos, e que foram relatados e

analisados ao longo da pesquisa, incluindo os resultados do presente estudo.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

89

Tabela 4.14 – Valores de referência para as PREM ao longo dos anos.

Fonte: Dados da pesquisa

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

90

5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A dissertação teve como objetivo inicial a mensuração das Forças

Musculares respiratórias Máximas para crianças e adolescentes da Grande

Natal tarefa realizada com sucesso. Para fins de análise estatística os dados

foram agrupados por gênero e por faixa etária.

Para todas as variáveis pesquisadas, as crianças e adolescentes do

gênero masculino apresentaram médias superiores aos do gênero feminino,

exceto para a Massa Corporal. Em relação ao estudo das correlações, a tabela

4.4 nos mostra significativa correlação (p<0,05) entre todas as variáveis

quando analisadas par a par exceto entre Estatura e a PImáx para o gênero

feminino.

Foram testadas três tipos de equações preditivas com mais de duas

variáveis para as PREM e, grosso modo, a capacidade das variáveis atuar em

conjunto é baixa. De uma forma geral a idade e a massa corporal explicam

melhor a variabilidade de PImax e PEmax, a estatura não. A melhor das

equações preditivas envolvem linearmente apenas estas duas variáveis.

Para o gênero masculino, envolvendo somente 2 variáveis,

encontramos 2 equações predizendo a PImáx, uma associando a Idade e a

Massa Corporal, e outra associando a Massa Corporal e a Estatura; e

predizendo a PEmáx todas as associações foram significativas (3 equações).

Por outro lado, para o gênero feminino só encontramos significância para uma

(1) equação envolvendo a Idade e a Massa Corporal predizendo a PEmáx.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

91

Portanto a elaboração de uma equação preditiva só foi possível entre

duas (2) variáveis somente, quando associamos três (3) não encontramos

resultados significativos para esse estudo e essa população. Com base neste

estudo não nós arriscamos a escrever uma equação preditiva para PImax e

PEmax que possa vir a ser utilizada clinicamente. A variabilidade de PImax e

PEmax é grande demais para poder ser explicada satisfatoriamente por

qualquer uma das equações que utilizamos.

Assim sendo, as equações encontradas tanto para indivíduos do gênero

masculino e feminino são:

Acreditamos ser de fundamental importância mais estudos controlados e

randomizados envolvendo populações e amostras semelhantes ao do presente

estudo. Tais estudos poderiam ajudar a estabelecer equações preditivas

envolvendo um numero maior de variáveis. Ou, talvez, corroborar a hipótese de

que o fenômeno observado é demasiadamente complexo e que uma equação

significativa entre mais do que duas variáveis não pode ser estabelecida.

EQUAÇÕES PREDITIVAS ENCONTRADAS

MASCULINO FEMININO

PIMÁX = -32,29 + (-2,11*ID) + (-0,52*MC) PEMÁX = 24,32 + 2,59*ID + 0,24*MC

PIMÁX = 9,99 + (-0,36*MC) + (-49,90*E)

PEMÁX = 18,54 + 3,53*ID + 0,42*MC

PEMÁX = -33,37 + 2,78*ID + 52,18*E

PEMÁX = -17,39 + 0,33*MC + 55,04*E

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

92

REFERÊNCIAS

AMARAL, C. F. S.; MAGALHÃES, R. A.; REZENDE, N. A. Comprometimento respiratório secundário a acidente ofídico crotálico. Rev. Inst. Méd. Trop. São Paulo. v. 33, n. 4, p. 251-255, 1991.

AZEREDO C. Fisioterapia Respiratória no Hospital Geral. 1. ed. São Paulo: Manole, 2000.

AZEREDO C. Fisioterapia Respiratória Moderna. 3. ed. São Paulo: Manole, 1999.

AULER, J. C. Assistência Ventilatória Mecânica. São Paulo: Editora Atheneu, 1995 .

BADARÓ, A. F. Efeitos da Escoliose sobre a Função Pulmonar. Fisioterapia em Movimento, Paraná, vol. 8, n. 1, p. 25-47, jan./jun. 1995.

BLACK, L. F.; HYATT, R. E. Maximal respiratory pressures: normal values and relationship to age and sex. American Review of Respiratory Disease, s/l, v. 90, n. 99, p. 696-702, Mai. 1969.

______. Maximal Static Respiratory Pressures in Generalized Neuromuscular Disease. American Review of Respiratory Disease, s/l, v. 103, s/n, p. 641-650, jan. 1971.

BRASIL. Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde. Ministério da Saúde. Brasília. 39p, 1994.

BRUSCHI, C.; CERVERI, I.; ZOIA, M.C.; FANFULLA, F.; FIORENTINI, M.; CASALI, L.; GRASSI, M.; GRASSI, C. Reference values of maximal respiratory mouth pressures: a population based study. Am Rev Respir Dis 1992;146:790–793.

BULLOCK, J.; BOYLE, J.; WANG, M. B. National Medical Series para Estudo Independente: fisiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guabara Koogan, 1998.

CAMELO, J. S.; TERRA FILHO, J.; MANÇO J. C. Pressões Respiratórias Máximas em Adultos Normais. Jornal de Pneumologia. São Paulo, v. 11, n. 4, p. 181-184, jan. 1985.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

93

CANCE, M. C.; HUETHER, S. E. Pathophysiology, the Biological Bases for Disease in Adultes and Children. 30. ed. Missouri. Mosby, 1998.

CARDEAL, M.; PRADO, G. F. Apnéia Central. Revista Neurociências. São Paulo, v. 10, n. 3, p. 125-128, jan./jun. 2003.

CASAN, P.; MAYOS, M. Determinaciòn de las presiones estáticas màximas. Propuesta de procedimiento. Arch Bronconeumol 1990;26:223–228.

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Prentiu-Hall , 2006.

CHEN, H. I.; KUO, C. S. Relationship between respiratory muscle function and age, sex, and other factors. Applied Physiology, Califórnia, v. 66, n. 2, p. 943-948, jan./jun. 1989.

CLAR, R. D. et al. Maximal Static Respiratory Pressures in Children and Adolescents. Pediatric Pulmonology, New York v. 35, n. 2, p. 126-132, jun. 2003.

COSTA, D. et al. Avaliação da Força Muscular Respiratória e Amplitudes Torácicas e Abdominais após a RFR em Indivíduos Obesos. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 11, n. 2, p. 125-128, mar./apr. 2003.

COSTA, D. Fisioterapia Respiratória Básica. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.

DOMÈNECH-CLAR, R.; LÒPEZ-ANDREU, J.A.; COMPTE-TORRERO, L.; DIEGO-DAMIÀ, A. De; MACIÀN-GISBERT, V.; PERPIÑÀ-TORDERA, M. e ROQUÈS-SERRADILLA, J.M. Maximal Static Respiratory Pressures in Children and adolescents, Pediatric Pulmonology 35:126–132, 2003

DOOLEY, M. J.; POOLE, G. S. Poor Correlation Between Body Surface Area and Glomerular Filtration Rate. Cancer Chemotherapy and Pharmacology. Berlin, v. 46, n. 6, p. 523-526, dec. 2000.

DO VALLE, P. H. C. et al. Força muscular respiratória em atletas e não atletas. São Paulo, SP. Anais do XI Congresso Brasileiro de Fisioterapia. n. 38, jan. 1993. Disponível em: <www.buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787529A4-54k>. Acesso em: 20 ago. 2010.

DOUGLAS, C. R. Tratado de Fisiologia Aplicada à Fisioterapia. 1. ed. São Paulo: Robe Editorial, 2002.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

94

DUBOIS, D.; DUBOIS, E. F. A Formula to Estimate the Approximate Surface Area if Height and Weight be Known. Archives Internal Medical. United States, v. 17, s/n, p. 863-71, jan. 1916.

ENOKA, M. R. Bases Neuromecânicas da Cinesiologia. 2. ed. São Paulo: Manole, 2000.

FAUROUX, B.; LOFASTO, F. Pediatric Pulmonary Function Testing. Respiratory Research. Basel, v. 33, n. 14, p. 138, 2005.

FILARDO, A. F.; FARESIN, S. M.; FERNANDES, A. Validade de um Índice Prognóstico para Ocorrência de Complicações Pulmonares no Pós-Operatório de Cirurgia Abdominal Alta. Revista Associação Medica Brasileira. São Paulo, v. 48 n. 3, p. 209-216, jul./set. 2002.

FIORE, J. F. et al. Pressões Respiratórias Máximas e Capacidade Vital: Comparação entre Avaliações Através de Bocal e de Máscara Facial. Jornal Brasileiro de Pneumologia. São Paulo, v. 30, n. 6, p. 515-520, nov. 2004.

FIZ, J. A. et al. Spirometry and Maximal Respiratory Pressures in Patients with Facial Paralysis. Chest, United States, v. 103, s/n, p.170-173, 1993.

FRANCO, S. R. D. et al. Respiração de Cheyne-Stokes é pouco reconhecida no paciente internado. Revista Neurociências. São Paulo, v. 12, n. 4, p. 186-191, out./dez. 2004.

FREITAS, R. P. A. et al. Avaliação da Força Muscular Respiratória. Acta Cirúrgica Brasileira. São Paulo, v. 20, n. 1, p. 291, out./dez. 2005.

GANONG, W. F. Review of Medial Physiology. 22. ed. San Francisco: McGraw-Hill, 2005.

GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O’RAHILLY, R. Anatomia Estudo Regional do Corpo Humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kooga, 2000.

GAULTIER, C.; ZINMAN, R. Maximal static pressures in healthy children. Respir Physiol;51:45–61, 1983.

GAULTIER, C. Respiratory muscle function in infants. European Respiratory Journal. Netherlands, v. 8, s/n, p. 150–153, out./dez. 1995.

GIBSON, J.; WHITELAW, W.; SIAFAKAS, N. Tests of Overall Respiratory Function. American Journal Respiratory Critical Care Medicine. New York, v. 8, n. 6 p. 150–153, out./dez. 2002.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

95

GUYTON A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças. 6ª edição. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 1998.

HAUTMANN, H.; HEFELE, S.; SCHOTTEN, K.; HUBER, R.M. Maximal inspiratory mouth pressures (PIMAX) in healthy subjects: what is the lower limit of normal? Respiratory medicine, 94, 689-693, 2000.

IRWIN, S.; TECKLIN, J. S. Fisioterapia Cardiopulmonar. 2. ed. São Paulo: Manole, 1994.

JACOB, S. W.; FRANCONE C. A.; LASSOW, W. J. Anatomia e Fisiologia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.

JOHNSON, L. R. Fundamentos de Fisiologia Médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

JOHAN, A.; CHAN, C.C.; CHIA, H.P.; CHAN, O.Y.; WANG, Y.T. Maximal respiratory pressures in adult Chinese, Malays and Indians. Eur Respir J; 10: 2825–2828, 1997.

KAPANDJI, A.I. Fisiologia articular: esquemas comentados de mecânica humana. 5. ed. São Paulo: Panamericana, v. 3, 2000.

LAUSTED, C. G. et al.. Maximum static inspiratory and expiratory pressures with different lung volumes. Biomedical Engineering Online. Maryland, v. 5, n. 10, 2006. Disponível em http://www.biomedcentral.com/info/publishing_adv.asp Acesso em: 22 set. 2006.

LORENZI, F. G. et al. Entrainment of blood pressure and heart rate oscillations by periodic breathing. American Journal Respiratory Critical Care Medicine. New York, v. 159, n. 1, p. 1147-1154, jan./dez. 1999.

LOURENÇO, M. G. P. Repercussões Funcionais, Histopatológicas e Morfométricas do Pulmão Lesado Aagudamente pela Instilação Intratraqueal de Celulose Microcristalina. 1999 112 f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia da Respiração) – Instituto de Biofísica Carlos Chaga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.

MANUILA, L.; MANUILA, A; NICOULIN, M. Dicionário Médico Andrei. 29. ed. São Paulo: Andrei, 1997.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

96

MATECKI, S.; et al. Maximal Respiratory Pressures in Children: The Methodological Challenge. Rev Mal Respir. v. 21, n 6, p 1116-23, dez. 2004.

MAYOS, M. et al. Measurement of Maximal Static Respiratory Pressures at the Mouth with Different Air Leaks. Chest, v. 100, n. 6, p. 364, jan./fev. 1991.

MOORE, K.L.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clinica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

NOMORI, H.; et al. Preoperative Respiratory Muscle Training: assessment in thoracic surgery patients with special reference to postoperative pulmonary complications. Chest, v. 105, n. 8, p. 1782, jan./fev. 1994.

PARDY, R. L.; REID, W. D. BELMAN, M.J. Respiratory Muscle Trainig. Clinics in Chest Medicine. 1988;9:287-97.

POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3. ed. São Paulo: Manole, 2000.

PRIOR, J. A. WEBBER, B. A. Fisioterapia para Problemas Respiratórios e Cardíacos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

RECIERI, D. Anatomia da Parede Torácica e suas Relações com os Movimentos Respiratórios: uma abordagem fisioterápica. Fisio&terapia. Rio de Janeiro, v. 6, n. 29, p. 19-16, out/nov, 2001.

REGENGA, M. M. Fisioterapia em Cardiologia: da UTI à reabilitação. 1. ed. São Paulo: Rocca, 2000.

ROCHESTER, D. F. Inspiratory effects of respiratory muscle weakness and atrophy. American Review of Respiratory Disease. s/l, v. 130, n. 93, p. 1078, jan./fev. 1986.

ROCOCK, G.; RICHARDS, C. Fisiologia Humana a Base da Medicina. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

SCHMIDT, R. et al. Avaliação da Força Muscular Respiratória em Crianças e Adolescentes. Resista de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta. Rio Grande do Sul. v. 5, n. 1, p. 41-45, dez, 1999.

SILVEIRA, K. S. O.; BOECHEM, N. T.; NASCIMENTO, S. M.; MURAKAMI, Y. L. B.; BARBOZA, A. P. B.; MELO, P. A.; CASTRO, P.; MORAES, V. L. G.; ROCCO, P. R. M.; ZIN, W. A. Pulmonary mechanics and lung histology in acute lung injury induced by Bothrops jararaca venom. Respiratory Physiology & Neurobiology. 139:167-177, 2004.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

97

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISOLOGIA - SBPT. Diretrizes para Testes de Função Pulmonar. Jornal de Pneumologia. v. 28 (Supl 3):S1-S238. 2002.

SOUZA, R. B. Pressões Respiratórias Estáticas Máximas. Jornal de Pneumologia. São Paulo v. 28, n. 65, p. 155 dez,/jan. 2002.

SMYTH, R. J.; CHAPMAN, K. R.; REBUCK, A. S. Maximal Inspiratory and Expiratory Pressures in Adolescents. Normal values. Chest, v. 86, n. 72, p. 568, jan./fev. 1994.

SZEINBERG, A.; MARCOTTE, J.E.; ROIZIN, H.; MINDORFF, C.; ENGLAND, S.; TABACHNIK, E.; LEVISON, H. Normal values of maximal inspiratory and expiratory pressures with a portable apparatus in children, adolescents and young adults. Pediatr Pulmonol 1987;8:255–258.

TOMALAK, W.; POGORZELSKI, A.; PRUSAK, J. Normal Values for Maximal static Inspiratory and Expiratory Pressures in Healthy Children , Pediatric Pulmonology 34:42–46, 2002

TRAEGER, N.; PANITCH, H. B. Tests of Respiratory Muscle Strength in Neonates. NeoReviews. Colorado, v. 5, n. 5, p. 208, dez,/jan. 2004.

VIUNISKI, N. Pontos de Corte de IMC para Sobrepeso e Obesidade em Crianças e Adolescentes. São Paulo, 2000. Disponível em: <http://www.abeso.org.br>. Acesso em: 12 out. 2010.

WEST, B. J. Respiratory Physiology. 7. ed. United States: Lippincort Willams & Wilkis, 2005.

WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2. ed. São Paulo: Manole, 2001.

WILSON, S.H.; COOKE, N.T.; EDWARDS, R.T.H.; SPIRO, S.G. Predicted normal values for maximal respiratory pressures in Caucasian adults and children. Thorax; 39:535–538, 1984.

Figura 1: Acessada em: http://www.anestesiologia.com.br/mostraimagem.php?id=181 .

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

98

APÊNDICE 1

(TCLE)

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

99

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

MESTRADO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Este é um convite para você autorizar a participação de seu filho(a) na pesquisa:

“Avaliação da Força Muscular Respiratória em Crianças e Adolescentes da Grande Natal:

Elaboração de uma equação de predição”. A participação dele é voluntária, o que significa

que você ou ele poderá desistir, a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que

isso lhe traga algum prejuízo ou penalidade.

Essa pesquisa tem como objetivo avaliar as pressões respiratórias máximas de crianças e

adolescentes, ou seja, avaliaremos a força que a criança faz durante uma respiração forte. A

partir desta avaliação poderemos disponibilizar informações que poderão ser utilizadas por

profissionais da área da saúde para avaliar de forma prática a força muscular respiratória de

crianças e adolescentes. Desta forma, com os resultados desta pesquisa poderemos ajudar

muitas outras crianças e adolescentes que sofrem de qualquer doença que afete seu sistema

respiratório.

Após o seu consentimento, seu(sua) filho(a) será consultado sobre o desejo ou não de

participar da pesquisa e de realizar os testes que serão explicados de forma clara para que

eles(as) possam compreender. Caso a criança ou o adolescente não queira participar, sua

vontade será respeitada.

Para que seu(sua) filho(a) não fique cansado(a) durante a realização do teste ele

estará sentado e será dado tempo de descanso entre os testes. Além disso, as atividades

realizadas serão de natureza não invasiva.

Caso decida aceitar o convite, seu(sua) filho(a) será submetido(a) aos seguintes testes:

avaliação de seu peso, da sua altura e avaliação inicial da força muscular respiratória através

de um aparelho chamado Manovacuômetro, o qual mede a força que o ar entra e sai do

pulmão. Esta avaliação será realizada de forma simples através de um bocal.

Os riscos envolvidos com a sua participação são mínimos (ligeiro cansaço, como se a

criança tivesse enchido um balão de festa), que serão reduzidos através das orientações

necessárias dadas pelas pessoas que estarão realizando a avaliação. De acordo com a nossa

pesquisa a avaliação da força da respiração é mais fidedigna com a utilização desse método.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e o nome do seu(sua) filho(a) não será

identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação

dos resultados será feita sem a identificação dos indivíduos e de forma conjunta, permitindo

uma melhor confidencialidade. Será preservada a proteção da imagem dos indivíduos e não

utilização das informações em prejuízo das pessoas. Se seu(sua) filho(a) tiver algum gasto

que seja devido à sua participação na pesquisa, ele(a) será ressarcido, caso solicite. Em

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

100

qualquer momento, se seu(sua) filho(a) sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta

pesquisa, seu(sua) filho(a) terá direito a indenização.

Em caso de dúvidas, você pode falar com Thiago César Viana Nunes nos telefones

(84) 3215.3419 (departamento de Biofísica); Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Caixa Postal: 1524 – Campus Universitário – Lagoa Nova; CEP: 59072-970. Nata/RN - Brasil.

Dúvidas quanto a ética da pesquisa podem ser questionadas diretamente ao comitê de ética e

pesquisa da UFRN, no endereço: UFRN, CEP: 59078-970, em seu campus central, ou pelo

telefone: (84) 3215-3135.

Consentimento Livre

Eu, ___________________________________________________, declaro está ciente e

informado(a) sobre os procedimentos de realização da pesquisa, conforme explicado acima, e

permito que a criança ou o adolescente pelo qual sou responsável participe voluntariamente da

mesma.

Autorizo também a utilização dos dados obtidos para a realização de trabalhos e

apresentação em encontros científicos. Concedo ainda o direito de retenção e uso para

quaisquer fins de ensino e divulgação em jornais e/ou revistas científicas do país e do

estrangeiro, desde que mantido o sigilo sobre a identidade do meu filho(a), podendo usar

pseudônimos e caso haja imagem será mantido em sigilo a identidade dele, como o uso de

tarjas sobre o rosto da criança.

Identificação do vínculo no caso do (a) usuário (a) ser um (a) menor sob responsabilidade

do assinante.

( ) PAI ( ) MÃE ( ) outro __________________________

Natal, ___, ____________________ de 20___.

____________________________________

Responsável

____________________________________

Pesquisador

Digital

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

101

APÊNDICE 2

(Ficha de Avaliação)

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

102

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

1. IDENTIFICAÇÃO

Nome: _________________________________________________________

Gênero: Masculino ( ) Feminino ( )

Idade: ____________ Data de Nascimento: _____/_____/_____.

Data da Avaliação: ____/____/____.

Local de Avaliação:_______________________________________________

2. DADOS ANTROPOMÉTRICOS

MASSA CORPORAL: _________Kg ESTATURA:__________m

3. DADOS DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA MÁXIMA

PIMÁX (cmH2O)

1 2 3 4 5 FINAL

PEMÁX (cmH2O)

1 2 3 4 5 FINAL

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

103

APÊNDICE 3

(Autorização de Imagem)

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

104

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

MESTRADO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

AUTORIZAÇÃO DE FOTOS

Eu _____________________________________________ autorizo a

realização e a publicação de fotos de

______________________________________, pelo qual sou responsável,

mediante a sua participação na pesquisa: “Avaliação da Força Muscular

Respiratória em Crianças e Adolescentes da Grande Natal: Elaboração de

uma equação de predição”. Realizada pelo mestrando em Ciências

Biológicas Thiago César Viana Nunes e/ou seus colaboradores.

___________________________________

Responsável

___________________________________

Pesquisador

Digital

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

105

ANEXO 1

(Autorização da 1ª DIRED)

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

106

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

107

ANEXO 2

(Autorização da 2ª DIRED)

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

108

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

109

ANEXO 3

(Carta de encaminhamento)

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …2.1 FISIOLOGIA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR ESQUELÉTICA..... 20 2.2 NOÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS DO APARELHO ... O sistema respiratório

110