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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EFEITO DE UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E EXERCÍCIO CONTÍNUO DE MODERADA INTENSIDADE SOBRE MARCADORES DE APETITE EM HOMENS COM OBESIDADE Discente: VICTOR ARAÚJO FERREIRA MATOS NATAL, RN 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · sessão, efeito conhecido como anorexia induzida pelo exercício (AIE) (King et al., 1994). Evidencias sugerem que esse fenômeno

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

EFEITO DE UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E EXERCÍCIO CONTÍNUO DE MODERADA INTENSIDADE SOBRE MARCADORES DE APETITE EM HOMENS COM OBESIDADE

Discente:

VICTOR ARAÚJO FERREIRA MATOS

NATAL, RN

2017

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VICTOR ARAÚJO FERREIRA MATOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

EFEITO DE UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E EXERCÍCIO CONTÍNUO DE MODERADA INTENSIDADE SOBRE MARCADORES DE APETITE DE HOMENS COM OBESIDADE

Dissertação apresentada ao programa de pós graduação em Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para obtenção do titulo de Mestre em Educação Física

Orientador: Prof Dra. Ana Paula Trussardi Fayh

Co-orientador: Prof Dr. Eduardo Caldas Costa

NATAL, RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Matos, Victor Araujo Ferreira.

Efeito de uma sessão de exercício intervalado de alta intensidade e exercício contínuo

de moderada intensidade sobre marcadores de apetite em homens com obesidade / Victor

Araújo Ferreira Matos. - Natal, 2017.

62f.: il.

Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Centro de

Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Ana Paula Trussardi Fayh.

Coorientador: Eduardo Caldas Costa.

1. Treinamento Intervalado de Alta Intensidade - Dissertação. 2. Obesidade -

Dissertação. 3. Apetite - Dissertação. I. Fayh, Ana Paula Trussardi. II. Costa, Eduardo

Caldas. III. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 796.8

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RESUMO

Introdução: O exercício físico é considerado uma estratégia fundamental no

tratamento da obesidade por promover aumento no déficit calórico. Evidências

recentes sugerem que o exercício de alta intensidade pode induzir alterações

fisiológicas que diminuem o apetite, contribuindo para redução da ingestão calórica,

fenômeno conhecido como anorexia induzida pelo exercício (AIE). Objetivo:

comparar o efeito agudo do exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) e

exercício contínuo de intensidade moderada (ECMI) sobre o consumo energético e

percepção do apetite em homens com obesidade. Métodos: A pesquisa

caracterizou-se como um ensaio clínico randomizado com delineamento cruzado.

Quinze voluntários (31,0 ± 6,1 anos, 31,0 ± 6,0 kg/m², 40,1 ± 2,2% de gordura

corporal) foram submetidos a três sessões experimentais, separadas por sete dias: I)

EIAI (10 x 1 min a 90% da frequência cardíaca máxima [FCmáx] + 1 min recuperação

ativa), II) ECMI (20 min a 70% da FCmáx) e III) Controle (sem exercício). Uma

refeição padronizada foi oferecida 60 min antes de cada sessão. A percepção

subjetiva do apetite (fome, saciedade, plenitude e perspectiva de consumo

alimentar) foi avaliada por meio de uma escala visual analógica (EVA) em três

momentos: 1) pré-sessão, 2) pós-sessão e 3) uma hora após sessão. O consumo

alimentar ad libitum foi analisado uma hora após as sessões experimentais e

controle, por meio de registro pesado e o consumo alimentar ao longo do dia da

sessão (24 h) foi avaliado por meio de um registro alimentar estimado. A ANOVA

two-way com medidas repetidas foi utilizada para analisar possíveis diferenças entre

as condições e momentos na percepção do apetite e uma ANOVA de medidas

repetidas para analisar as diferenças entre as condições no consumo alimentar ad

libitum e 24 h. Resultados: Não houve diferenças significativas na percepção de

fome [F(1,3, 17,5)=0,00, p=0,972], saciedade [F(1,3, 17,5)=0,00, p=0,972], plenitude

[F(2, 28)=0,13, p=0,876] e perspectiva de consumo [F(2, 28)=0,76, p=0,476] entre

as condições, bem como não foram identificadas diferenças significativas no

consumo energético na refeição ad libitum: CON (674,5 ± 252,1), ECMI (666,7±

213,8) e EIAI (689,6± 263,8kcal) [F (2, 28)=0,13, p=0,877] e ao longo do dia da

sessão: CON (2857,6 ± 867,2), ECMI (2608,5± 595) e EIAI (2556,1± 489,5kcal) [F

(2, 28) = 1,54, p=0,233]. Conclusão: Uma sessão de EIAI e ECMI não modificou o

apetite e o consumo energético após 60 min e ao longo do dia em homens com

obesidade.

PALAVRAS CHAVE: Exercício Intervalado de Alta Intensidade; Obesidade; Fome;

Saciedade; Consumo Alimentar.

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ABSTRACT

Introduction: Physical exercise is considered a fundamental strategy in the

treatment of obesity by promoting increase in the caloric deficit. Recent evidence

suggests that high-intensity exercise can induce physiological changes that suppress

appetite, decreasing caloric intake, a phenomenon known as exercise-induced

anorexia (EIA). Objective: compare the acute effect of high intensity interval

exercise (HIIE) and continuous moderate intensity exercise (ECM) on energy intake

and appetite perception in obese men. Methods: The study was characterized as a

randomized clinical trial in cross-over design. Fifteen volunteers (31.0 ± 6.1 years,

31.0 ± 6.0 kg/ m², 40.1 ± 2.2% body fat) underwent three experimental sessions,

seven days apart: I) HIIE ( 10x 1 min at 90% of maximal heart rate [HRmax] + 1 min

active recovery), II) ECM (20min to 70% of HRmax) and III) Control (without exercise).

A standardized meal was offered 60 min before each session. Appetite perception

(hunger, satiety, fullness and perspective food consumption) were evaluated through

a visual analogue scale (VAS) in three moments: 1) Pre-session, 2) Post-session and

3) one hour after session. Energy intake was assessed one hour after session with

an ad libitum meal and the consumption throughout the day (24hrs) was analyzed

with a estimated food record. ANOVA Two-way with repeated measures was used to

analyze the differences between conditions and moments on appetite perception and

ANOVA with repeated measures to assess the differences between conditions on

energy intake in ad libitum and 24hrs. Results: There were no significant differences

on hunger [F (1.3, 17.5) = 0.00, p = 0.972], satiety [F (1.3, 17.5) = 0.00, p = 0.972],

fullness [F (2, 28) = 0.13, p = 0.876] and prospective food consumption [F (2, 28) =

0.76, p = 0.476] between conditions. As well as no significant differences on energy

intake were observed during ad libitum meal: CON (674,5 ± 252,1), ECM (666,7±

213,8) e HIIE (689,6± 263,8kcal) [F (2, 28) = 0.13, p = 0.877] and throughout the day

CON (2857,6 ± 867,2), ECM (2608,5± 595) e HIIE (2556,1± 489,5kcal) [F (2, 28) =

1.54, p = 0.233].Conclusion: A single session of HIIE and ECM did not modified

appetite and energy intake 60 min after and during the day following exercise in

obese man.

Key-words: High intensity interval exercise; Obesity; Hunger; Satiety; Food Intake

LISTA DE ABREVIATURAS

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AIE - Anorexia induzida pelo exercício

EIAI - Exercício intervalado de alta intensidade

ECMI - Exercício contínuo de intensidade moderada

CON - Controle

FCmáx - Frequência cardíaca máxima

EVA - Escala visual analógica

LDL - Lipoproteína de baixa densidade

IMC - Índice de Massa Corporal

NPY - Neuropeptídio Y

AGRP - Proteína relacionada ao agouti

α-MSH - Hormônio alfa-melanócito estimulante

POMC - Proopiomelanocortina

CART - Transcrito relacionado por anfetamina e cocaína

PYY - Peptídeo yy

GLP-1 - Peptídeo semelhante ao glucagon 1

VO2máx - Volume máximo de oxigênio

DEXA - Densitometria pela dupla emissão de raios-x

RA - Registro alimentar estimado

HDL - Lipoproteína de alta densidade

VLDL - Lipoproteína de muito baixa densidade

TGO - Transaminase glutâmico-oxalacética

TGP - Transaminase glutâmico-pirúvica

VP - Velocidade de pico

ANOVA - Analise de variância

PSE - Percepção subjetiva de esforço

PFC - Perspectiva de consumo alimentar

CHO - Carboidrato

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PTN - Proteína

LIP - Lipídeo

VO2pico - Consumo de oxigênio de pico

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização da amostra.

Tabela 2 - Características das sessões de exercício intervalado de alta intensidade e

exercício contínuo moderado.

Tabela 3 - Efeito da interação, tempo e condição dos marcadores de percepção do

apetite.

Tabela 4 - Macronutrientes na refeição ad libitum e ao longo do dia das sessões

experimentais e controle

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Interação neuroendócrina entre hormônios periféricos e os neurônios do hipotálamo na regulação do apetite. Figura 2 - Fluxograma do estudo.

Figura 3 - Refeição ad libitum servida aos participantes da pesquisa uma hora após

diferentes condições experimentais e controle.

Figura 4 - Fluxograma de inclusão e randomização dos participantes na pesquisa.

Figura 5 - Percepção subjetiva de fome, saciedade, plenitude e perspectiva de consumo nas diferentes condições experimentais e controle.

Figura 6 - Consumo energético (kcal) em refeição ad libitum e ao longo do dia (24h).

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AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares, DILMA ARAUJO, ISAAC MATOS e AMANDA MOREIRA pelo

apoio incondicional neste período de dedicação e ausência.

Aos colegas e amigos de grupo de pesquisa, DANIEL COSTA, VICTOR OLIVEIRA e

ITALO FREIRE, que estiveram sempre presentes para que este projeto pudesse

acontecer.

A minha orientadora, ANA PAULA TRUSSARDI FAYH, pela atenção e empenho ao

me auxiliar sempre que necessário.

Aos professores, técnicos e servidores do Departamento de Nutrição (DNUT) e do

Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, que gentilmente permitiram que esta pesquisa fosse realizada com sucesso.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 14

2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15

3.1 Obesidade e estratégias para controle de peso ............................................... 15

3.2 Marcadores de apetite e consumo energético ................................................. 17

3.3 Exercício físico e regulação do apetite ............................................................. 21

4 MÉTODOS ............................................................................................................. 24

4.1 Delineamento do estudo e universo amostral .................................................. 24

4.2 Logística ........................................................................................................... 25

4.3 Avaliação da Composição Corporal ................................................................. 27

4.4 Pressão arterial ................................................................................................ 27

4.5 Exames bioquímicos ........................................................................................ 27

4.6 Teste incremental ............................................................................................. 28

4.7 Sessões experimentais .................................................................................... 29

4.7.1 Exercício aeróbio moderado contínuo .............................................................. 29

4.7.2 Exercício intervalado de alta intensidade ......................................................... 29

4.7.3 Sessão controle ................................................................................................ 29

4.8 Refeição padronizada ...................................................................................... 30

4.9 Percepção subjetiva do apetite ........................................................................ 30

4.10 Refeição ad libitum ......................................................................................... 30

4.11 Registro alimentar estimado .......................................................................... 32

4.12 Análise estatística .......................................................................................... 32

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 34

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 40

7 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 46

REFERENCIAS ......................................................................................................... 47

ANEXOS ................................................................................................................... 56

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1 INTRODUÇÃO

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura excessivo, sendo

considerada um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da incidência de

disfunções metabólicas, como resistência à insulina e inflamação crônica de baixo grau

(GRUNDY et al. 2004). A prevalência da obesidade vem aumentando

consideravelmente nos últimos anos, gerando um problema de saúde pública mundial

(WHO, 2014). Não obstante, mais da metade da população brasileira (53,8%) está com

o peso acima do recomendado, sendo 18,9% destes considerados obesos (VIGITEL,

2016). Desse modo, a adoção de práticas que promovam a perda de peso por déficit

calórico, como exercício físico e dieta, são fundamentais no tratamento da obesidade e

redução dos fatores de risco cardiovasculares, metabólicos e inflamatórios

relacionados à essa condição (ROSS et al. 2000; TRUSSARDI et al. 2013).

Ademais, o controle do apetite pode ser considerado um fator chave no processo

de emagrecimento, sendo necessária a compressão do comportamento dos

marcadores envolvidos nesse processo durante medidas que induzam o déficit

calórico. O apetite e a ingestão de alimentos são regulados em nível fisiológico pelo

sistema neuroendócrino, dos quais hormônios gastrointestinais reguladores do apetite

desempenham papel de mediador de episódios de fome e saciedade (MURPHY,

BLOOM 2006). Neste sentido, estratégias que auxiliem no controle do consumo

energético, tornam-se um fator determinante para a gestão de peso e emagrecimento.

Pesquisadores sugerem que o exercício físico, além de induzir o aumento no

gasto energético, é capaz de reduzir o apetite e consumo energético após uma única

sessão, efeito conhecido como anorexia induzida pelo exercício (AIE) (King et al.,

1994). Evidencias sugerem que esse fenômeno ocorre por meio de alterações

fisiológicas nos hormônios gastrointestinais, refletindo na supressão do apetite. Dessa

forma, a intensidade do exercício parece exercer um papel regulador na magnitude

deste efeito (SIM et al. 2013; HAZZEL et. 2016).

O exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) se caracteriza por breves

estímulos de exercício intenso, intercalados por curtos períodos de recuperação

(GIBALA, MCGEE, 2006), e surge como uma potencial alternativa de exercício para

indivíduos com obesidade. Esta modalidade é considerada uma estratégia eficiente em

termos de tempo para induzir adaptações fisiológicas, contribuindo para a melhora de

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marcadores metabólicos como sensibilidade à insulina, redução de LDL e aumento na

oxidação de gorduras (GIBALA, MCGEE, 2006; WISLOFF et al. 2007; WESTON et al.

2013, BOUCHER et al. 2011).

Evidências recentes demostraram que o EIAI pode influenciar positivamente a

regulação do apetite em indivíduos eutróficos e com sobrepeso. Por exemplo, Deighton

et al. (2013b) observaram uma tendência a menor sensação de fome até 3,5 horas

após um protocolo submáximo de EIAI (85-90% do VO2máx) quando comparado ao

ECMI (60% VO2máx). Resultados semelhantes também foram encontrados ao comparar

protocolos submáximos de EIAI com o ECMI na supressão do apetite (SIM et al. 2013;

BAILEY et al. 2015). Adicionalmente, uma recente metanálise observou que indivíduos

eutróficos não aumentam o consumo de energia após exercícios de intensidade leve a

vigorosa (36 a 81% VO2máx), contribuindo para a manutenção de uma balanço

energético negativo, o que poderia resultar em perda de peso (SCHUBERT et al 2013).

No entanto, o efeito de diferentes intensidades de exercício físico nestes estes

marcadores em indivíduos com obesidade, não parecem bem esclarecidos na

literatura.

Portanto, sabendo que indivíduos com obesidade apresentam excesso de tecido

adiposo associado a alterações metabólicas, que podem resultar em respostas

diferentes de indivíduos eutróficos ou com sobrepeso nos marcadores do apetite, torna-

se relevante compreender o efeito do exercício físico de diferentes intensidades nestes

indicadores. A hipótese inicial deste estudo é que após a realização do EIAI, ocorrerá

uma AIE (menor percepção de fome, maior percepção de saciedade e redução na

ingestão de energia) ampliada em comparação ao ECMI.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Verificar o efeito de uma sessão de EIAI, EMC e controle sobre marcadores de

apetite em homens com obesidade.

2.2 Objetivos Específicos

Analisar o efeito de uma sessão de EIAI, EMC e controle sobre os seguintes

marcadores:

Percepção subjetiva de fome, saciedade, plenitude e perspectiva de

consumo alimentar;

Consumo energético e de macronutrientes em refeição ad libitum;

ofertada 60 minutos após as condições experimentais e controle;

Consumo energético e de macronutrientes ao longo do dia nas

diferentes condições experimentais e controle.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Obesidade e estratégias para controle de peso

A obesidade é caracterizada pelo acumulo de gordura excessivo, sendo

considerada um dos principais fatores responsáveis pelo aumento da

incidência de disfunções metabólicas, como resistência à insulina e inflamação

crônica de baixo grau (GRUND et al. 2004). A obesidade é classificada de

acordo com os pontos de corte como o Índice de Massa Corporal (IMC), cujo

um indivíduo é classificado como obeso quando o seu IMC atinge ou supera os

30 kg/m2 (WHO, 1998). Além disso, o acrescimo da circunferência da cintura

em conjunto com o IMC parece prever uma maior variação no risco para a

saúde do que o IMC sozinho (JENSEN et al. 2014). Em adultos com um IMC

de 25 a 34,9 kg/ m², uma circunferencia de cintura maior que 102 cm para

homens e 88 cm para as mulheres está associada a um maior risco de

complicações cardiometabolicas (JENSEN et al. 2014).

A prevalência da obesidade tem aumentado consideravelmente nos

últimos anos, tornando-se um problema de saúde publica mundial. No mundo

todo, o excesso de peso atinge 2,1 bilhões de pessoas. Dados recentes

apontam que mais da metade da população (53,8%) apresentam excesso de

peso, e 18,9% dos adultos brasileiros apresentam obesidade (VIGITEL, 2017).

Esta crescente prevalência de sobrepeso e obesidade pode afetar

negativamente a saúde da população, uma vez que indivíduos com obesidade

têm um risco aumentado para o desenvolvimento de várias doenças crônicas,

tais como diabetes tipo 2, doença cardiovascular, e alguns tipos de câncer

(JENSEN et al. 2014).

Entre as principais causas da obesidade, o sedentarismo surge em

conjunto com o desequilibrio entre a ingestão e o gasto calórico, resultando em

um balanço energetico positivo que contribui para o aumento de peso e de

tecido adiposo (DROLET et al. 2007). Neste sentido, estrategias que induzam

o deficit calorico, como prescrição dietética e exercicio fisico, tornam-se

ferramentes importantes no combate a obesidade.

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Os hábitos alimentares inadequados podem contribuir diretamente no

desenvolvimento da obesidade, uma vez que o aumento de peso ocorre a partir

do consumo excessivo de calorias (JENSEN et al. 2014). Entretanto, uma

alimentação adequada, além de auxiliar na perda de peso, possui efeito

preventivo contra os fatores de risco presentes na obesidade. Neste sentido,

recomenda-se o consumo regular de frutas, legumes, grãos integrais e

oleaginosas, devido ao perfil de macro, micronutrientes e compostos bioativos,

substâncias que atuam como antioxidantes, auxiliando na redução colesterol

total e LDL, e melhorando a sensibilidade à insulina (JIANG et al., 2005;

RUDKWSKA; JONES, 2007), assim como evitar o consumo de gorduras

saturadas e trans, sal e bebidas alcoólicas (KRUMMEL, 2010).

A perda de peso induzida por dietas tem se mostrado uma estratégia

eficiente no combate a obesidade. De acordo com a Associação Brasileira para

o estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO, 2016), o tratamento

dietético recomendado para perda de peso, deve seguir uma restrição calórica

de 500 a 1000 kcal do gasto energético total diário, com a seguinte distribuição

de macronutrientes: carboidratos 55-60%, proteínas 15-20% e lipídeos 20-25%.

Nesta perspectiva, evidencias demostram que uma redução 500 kcal da

ingestão calórica diária leva a uma diminuição entre 5 a 10% no peso corporal

total, reduzindo o IMC entre 2,0 e 2,9 kg/ m² (NICKLAS et al. 2004; WEISS et

al. 2006), além de produzir melhorias em diversos marcadores

cardiometabólicos, como redução do risco de desenvolver diabetes tipo 2

(JENSEN et al. 2014). Dietas com maior grau de restrição (600 a 1000 kcal/dia)

podem aumentar a redução no peso corporal entre 7 a 12% (XYDAKIS et al.

2004), levando a diminuição de fatores de risco de doenças cardiovasculares,

atenuando a necessidade de medicação para controlar tais doenças, assim

como a diabetes tipo 2 (JENSEN et al. 2014).

Adicionalmente, modelos de dietas mais recentes tem ganhado cada vez

mais espaço por profissionais da saúde e adeptos, como potenciais estratégias

para perda de peso, como por exemplo, as dietas paleolíticas, low carb e

cetogênicas (ABESO, 2016). Ambas os modelos preconizam restrições no

consumo de calorias, mais especificamente na ingestão de carboidratos, o que

pode induzir a perda de peso, no entanto, ressalta-se que tais perdas não

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ocorrem de maneira superior a dietas balanceadas quando a restrição calórica

é semelhante (NAUDE et al. 2014; PARR et al. 2016).

A prática regular de atividade física também representa um papel

importante no combate à obesidade e seus fatores de risco associados, como

redução no risco de eventos cardiovasculares, câncer de cólon e câncer de

mama, fraturas osteoporóticas, depressão e ansiedade, retardando a

mortalidade. De acordo com o Colégio Americano de Medicina do Esporte

(ACSM, 2007), esses benefícios são claramente evidenciados em indivíduos

que passam de um estilo de vida sedentário para um comportamento

fisicamente ativo.

Um potencial mecanismo que pode contribuir para um balanço

energético negativo a partir do exercício físico é a sua capacidade de suprimir o

apetite por meio de alterações fisiológicas (DEIGHTON, STENSEL, 2014).

Evidencias sugerem que o exercício agudo possui a capacidade de induzir um

comportamento favorável sobre os hormônios gastrointestinais, que estão

diretamente relacionados com as percepções de fome e saciedade. Por

exemplo, na meta-análise conduzida por Schubert et al. (2013), o exercício

agudo induziu uma diminuição de 16,5% na concentração de grelina (d=-0,20),

hormônio conhecido por estimular o consumo alimentar. Em contrapartida, os

hormônios conhecidos por suprimir o consumo alimentar tiveram aumentos

expressivos, como o peptídeo YY (↑ 8,9%, d=0,24), polipeptídeo pancreático (↑

15%, d=0,50) e peptídeo semelhante ao glucagon 1 (↑ 13%, d=0,28).

Nesse contexto, torna-se evidente a importância dos hábitos saudáveis,

como a pratica regular do exercício físico e alimentação adequada, como

medidas não farmacológicas fundamentais para o combate a obesidade e

controle de peso, ao qual devem ser abordadas como ferramentas em tal

população.

3.2 Marcadores de apetite e consumo energético

A regulação do apetite e do peso corporal é um processo complexo

controlado por sistemas neurais que integram sinais cognitivos, hedônicos,

emocionais e homeostáticos, regulando o balanço energético a partir de

respostas comportamentais, autonômicas e endócrinas (SCHNEEBERGER,

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18

GOMIS, CLARET, 2014). Mais especificamente ao controle fisiológico,

devemos reconhecer a circulação de hormônios com propriedades

orexigênicas (estimulantes do apetite) e anorexigênicas (inibidor do apetite)

como fatores determinantes ao consumo de energia por meio de mudanças na

percepção de fome e saciedade (SHOUBERT et al. 2013; HAZELL et al.

2016a).

Em contrapartida, sensações subjetivas de fome e saciedade podem ser

influenciadas por diversos fatores internos, incluindo variáveis fisiológicas e

psicológicas (BLUNDELL, STUBBS, 1997). Além disso, fatores externos, como

refeições prévias, temperatura, clima e o exercício físico podem influenciar as

percepções no momento do teste (FLINT et al. 2000).

A avaliação subjetiva do apetite inclui uma série de medidas destinadas

a captar, durante um determinado período, sensações específicas ou estado

geral percebido de fome, motivação/desejo de comer (em geral ou tipos

específicos de alimentos) ou análises prospectivas da quantidade de alimentos

ou tipos de alimentos que poderiam ou seriam consumidos em um determinado

momento. Os principais conceitos e definições sobre percepção no apetite

podem ser observadas no Quadro 1.

Quadro 1 – Definição dos indicadores de percepção do apetite.

Percepção Definição

Apetite Combinação de sensações que levam à busca, escolha e ingestão de alimentos.

Fome Reconhecimento fisiológico de uma necessidade de comer.

Saciedade Processos que inibem a ingestão de mais alimentos após terminar uma refeição.

Plenitude Sensação física que pode estar relacionado com o grau de enchimento do estômago.

Consumo potencial de alimentos

Quantidade antecipada que seria ou poderia ser consumida.

*Adaptado de SALMENKALLIO-MARTTILA 2009; BLUNDELL et al., 2010;

LIVINGSTONE, 2010.

Dentre os principais métodos de avaliação das dimensões fisiológicas e

psicológicas do apetite, podemos citar a escala visual analógica (EVA). Este

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19

método consiste em linhas horizontais de 100 mm ancoradas em cada

extremidade com os extremos do sentimento subjetivo a ser quantificado

(Anexo 1). Tais medidas, embora subjetivas, são consideradas marcadores

clínicos importantes, uma vez que podem revelar informações sobre os

processos que controlam o comportamento alimentar ou sua relação com a

ingestão energética em um determinado momento (FLINT et al. 2000;

STUBBS, HUGHES, JOHNSTONE, 2000). Nesse contexto, a EVA é

considerada uma ferramenta pratica e eficiente para determinar o efeito de

diferentes protocolos de exercício físico na regulação do apetite, assim como

observado em estudos prévios (DEIGHTON et al. 2013; THIVEL et al. 2013;

ALKAHTANI et al. 2014; SIM et al. 2014; MARTINS et al. 2014; PANISSA et al.

2016; HAZZEL et al. 2016; KING et al.2017).

Os hormônios reguladores do apetite exercem funções no sistema

nervoso central (hipotálamo), que por consequência induzem alterações no

balanço energético. Neste sentido, a análise do consumo alimentar surge como

um indicador do consumo energético, tornando-se um marcador do apetite, no

qual pode refletir o comportamento e a ação destes hormônios. Por exemplo,

SIM et al. (2013) observaram uma redução significativa na concentração de

grelina (hormônio orexígeno) após o EIAI, o que também estava associado com

um menor consumo energético na refeição seguinte.

Nesta perspectiva, para quantificar e avaliar a ingestão de nutrientes e

de energia de maneira adequada, os instrumentos mais apropriados devem ser

capazes de coletar informações detalhadas sobre o consumo, no que se refere

aos alimentos consumidos e às quantidades ingeridas. Dessa forma, o registro

alimentar estimado torna-se um instrumento interessante e validado para

analisar o consumo de energia (FISBERG, MARCHIONI, COLUCCI, 2009).

Quanto às respostas neuroendócrinas, a ação dos hormônios periféricos

é controlada por determinadas áreas do sistema nervoso central, regulando

diretamente a percepção do apetite, refletindo no aumento ou redução do

consumo energético (SCHWARTZ et al. 2000). Entre as diversas áreas do

sistema nervoso central envolvidas na regulação do apetite, o hipotálamo é

considerado o centro controlador da homeostase energética, impactando no

consumo energético e no peso corporal (GAO, HORVATH, 2007). O

hipotálamo é subdividido em diversos centros, sendo o núcleo arqueado,

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20

núcleo paraventricular, núcleo ventromedial, núcleo dorsomedial e área

hipotalâmica lateral (SCHNEEBERGER, GOMIS, CLARET, 2014).

Entre estes centros, o núcleo arqueado possui grande importância no

controle da homeostase energética. Localizado abaixo do núcleo ventromedial,

uma área estratégica que o aproxima da barreira hemato-encefálica

(BROADWELL & BRIGHTMAN 1976), o núcleo arqueado consegue detectar

flutuações de hormônios e de nutrientes na corrente sanguínea (GAO,

HORVATH, 2007).

Mais especificamente no núcleo arqueado ocorrem dois grupos de

neurônios que controlam o apetite e o gasto de energia sendo estes: 1) grupo

de neurônios que co-expressam peptídeos orexígenos, como o neuropéptido Y

(NPY) e a proteína relacionada ao agouti (AGRP), e 2) grupo de neurônios que

co-expressam neuropeptídeos anorexígenos, como o hormônio alfa-melanócito

estimulante (α-MSH), derivado da proopiomelanocortina (POMC) e o transcrito

relacionado por anfetamina e cocaína (CART) (SCHWARTZ et al. 2000;

SCHNEEBERGER, GOMIS, CLARET, 2014). A Figura 1 ilustra as interações

neuroendócrinas dos hormônios reguladores do apetite.

.

FIGURA 1 – Interação neuroendócrina entre hormônios periféricos e os neurônios do hipotálamo na regulação do apetite. Adaptado de Schwartz e Morton (2002).

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21

Os hormônios produzidos na periferia do sistema nervoso central

atravessam a barreira hemato-encefálica, atingindo seus receptores

específicos nos grupos neuronais do núcleo arqueado e por consequência,

induzindo alterações no balanço energético (SCHWARTZ et al. 2000;

SCHNEEBERGER, GOMIS, CLARET, 2014; HAZELL et al. 2016), como visto

na figura 1. Nesse modelo, é possível observar as interações de hormônios

periféricos orexígenos produzido no estomago (grelina) e consequente ativação

dos seus receptores no hipotálamo, ativando a população de neurônios do eixo

NPY/Agrp, induzindo o aumento no apetite e consumo energético. De maneira

oposta, em condições de consumo energético excessivo, hormônios periféricos

produzidos no intestino, pâncreas e tecido adiposo (PYY, insulina e leptina,

respectivamente) desencadeiam ativação dos seus receptores na população de

neurônios do eixo POMC/α MSH, aumentando a saciedade, refletindo na

redução do consumo energético. Ambas os mecanismos de ativação ocorrem

no hipotálamo, mais precisamente no núcleo arqueado.

3.3 Exercício físico e regulação do apetite

A prática regular de exercício físico representa uma intervenção

importante para a perda de peso por meio de um potencial de aumento no

gasto de energia induzindo um balanço negativo (EPSTEIN & GOLDFIELD,

1999). Neste sentido, a prática de exercícios de baixa e moderada intensidade

são comumente recomendados como parte de um programa de treinamento

para indivíduos com excesso de peso (LAZZER et al. 2010). Esta intensidade é

adequada para evitar lesões e melhorar a tolerância (WARBURTON, NICOL,

BREDIN, 2006), assegurando que os praticantes sedentários possam manter a

duração de sessões de exercício (LAZZER, 2010; VENABLES, JEUKENDRUP,

2008).

Adicionalmente, o EIAI, modalidade ao qual se caracteriza por alternar

breves estímulos supramáximos ou intensidades próximas ao VO2máx ( 90%)

com intervalos de descanso, surge como uma potencial estratégia para

promover alterações positivas em marcadores fisiológicos relacionados à saúde

e ao desempenho (GIBALA et al, 2012; GILLEN & GIBALA, 2013).

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22

O EIAI pode reduzir o risco de diversas causas de mortalidade em

indivíduos com sobrepeso e obesidade, tornando-se uma alternativa terapêutica

para este publico (GILLEN et al. 2012; HEYDARI et al. 2013). Um exemplo é o

modelo prático proposto por Gillen e Gibala (2013), que consiste em 10

repetições de 60 segundos com um esforço próximo a 90% da frequência

cardíaca máxima (FCmáx), intercalados por períodos iguais de recuperação. No

entanto, os efeitos desta modalidade de exercício nas respostas do apetite e

consumo energético precisam ser melhores esclarecidos na literatura, mais

especificamente em indivíduos com sobrepeso e obesidade.

As respostas biológicas e comportamentais ao exercício físico são

altamente variáveis, e essas respostas interagem determinando a capacidade

de mudança de peso corporal (HOPKINS, KING e BLUNDEL, 2010). Por

exemplo, em alguns indivíduos, a prática de exercício físico pode estimular um

aumento no consumo de energia além do que foi gasto durante a sessão. Este

fenômeno é conhecido como efeito compensatório, um fator que quando

presente pode minimizar a perda de peso (STUBBS et al. 2004).

Este efeito compensatório do apetite induzido pelo exercício pode ser

classificado como respostas comportamentais ou metabólicas, e respostas

automáticas ou volitivas. Uma resposta compensatória automática é uma

alteração biológica, considerada obrigatória, enquanto que uma resposta

compensatória automática é uma consequência metabólica de um balanço

energético negativo, por exemplo, uma redução na taxa metabólica de repouso

ou aumento das concentrações de grelina. Em contraste, uma resposta

compensatória tende a ser comportamental (que o indivíduo realiza

intencionalmente), por exemplo, aumento na frequência de refeições (KING et

al. 2007)

Os mecanismos fisiológicos relacionados ao consumo compensatório

ainda precisam ser determinados. Entre estes, especula-se que o exercício de

alta intensidade pode ser um fator determinante para a presença deste

fenômeno. Como exemplo, Deighton et al. (2013a) observaram que, apesar de

uma maior supressão de fome durante uma sessão de EIAI, houve um

aumento na percepção de fome após a realização deste protocolo de EIAI (6x

30s supramáximo) comparado ao ECMI. No entanto, ao utilizar um protocolo de

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exercício intervalado de alta intensidade submáximo (85-90% do VO2máx), os

mesmos pesquisadores observaram uma tendência a menor sensação de fome

até 3,5 horas quando comparado ao ECMI (60% VO2máx).

Em contrapartida, outro fenômeno fisiológico que pode ser decorrente do

exercício de alta intensidade, no entanto por estimular a redução do consumo

energético, é conhecido como “anorexia induzida pelo exercício" (AIE), um

termo criado em 1994 por King et al. (1994) para descrever a condição onde o

apetite é suprimido após exercício agudo. Nesta mesma pesquisa foi

observado que o apetite foi temporariamente suprimido durante e após o

exercício de alta intensidade em homens magros saudáveis. Fortalecendo

estes achados, resultados semelhantes também foram verificados em

pesquisas subsequentes (CUMMINGS et al. 2001;BROON et al. 2007;

HARROLD et al. 2012; HAZELL et al. 2016b)

A AIE pode ser decorrente de alterações nos hormônios gastrointestinais

durante o exercício físico. Por exemplo, Broom et al. (2007) observaram que

uma única sessão de exercício (60 minutos de corrida em esteira a 72% do

VO2max) reduziu significativamente a percepção de fome em homens saudáveis

por ate 3 horas após exercício, o que estava positivamente associado com a

supressão de grelina acilada (r=0,699). Além disso, SIM et al. (2013)

registraram que protocolos de exercícios de alta intensidade e supra máxima

(>80% VO2máx e 170% VO2máx, “all out”, respectivamente) suprimiram as

concentrações de grelina após exercício em indivíduos com sobrepeso quando

comparado a exercício em intensidade moderada (60%VO2máx).

Um dos principais mecanismos envolvidos na regulação do apetite e que

poderiam justificar a AIE seria o aumento do fluxo sanguíneo para o tecido

muscular e sua consequente redução na região gastrointestinal, resultando em

menor ativação das células P1/D1 (responsáveis pela produção de grelina)

(BROOM et al. 2007; DEIGHTON et al. 2013; HAZELL et al. 2016).

Concomitante a este processo, ocorre uma elevação nas concentrações de

hormônios anorexígenos como o GLP-1 e PYY (UEDA et al. 2013; BEAULIEU

et al. 2014). Com o aumento na circulação de catecolaminas durante o

exercício, a concentração de ácidos graxos circulantes é elevada estimulando

células enteroendocrinas (células L) a produzir estes hormônios, culminando no

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aumento na percepção de saciedade e plenitude (MARTINS et al. 2015;

HAZELL et al. 2016)

Diante deste cenário, observa-se uma serie de divergências nos

achados anteriores, além da utilização de diferentes marcadores do apetite e

de protocolos de exercícios analisados, além da população amostral

caracterizada como indivíduos eutróficos e/ou com sobrepeso. Adicionalmente,

tendo em vista que a obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de

gordura corporal, associada a diversas alterações metabólicas (GRUND et al.

2004), parece bem esclarecido que a pratica regular do exercicio fisico pode

ser uma estratégia interessante para esta população. No entanto, resta

compreender os seus efeitos na regulação do apetite, o que pode otimizar a

perda de peso. Neste sentido, mais estudos são necessários para verificar os

efeitos de diferentes protocolos de exercício em indivíduos com obesidade.

4 MÉTODOS

4.1 Delineamento do estudo e universo amostral

A pesquisa caracterizou-se por um ensaio clínico randomizado com

delineamento cruzado, onde todos os voluntários realizaram as seguintes

intervenções: (1) ECMI, (2) EIAI e (3) sessão controle (CON), com intervalo de

uma semana entre elas. Esta pesquisa é um recorte de um estudo maior

intitulado “EFEITOS DOS TREINAMENTOS INTERVALADO DE ALTA

INTENSIDADE E MODERADO CONTÍNUO ASSOCIADOS À DIETA SOBRE

PARÂMETROS CARDIOMETABÓLICOS EM OBESOS”. O protocolo do estudo

foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (Parecer No 976.389/2015 CEP/UFRN) em consonância com

a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

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25

A pesquisa foi realizada no Departamento de Educação Física da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na cidade de Natal, do

Estado do Rio Grande do Norte. A população do estudo foi composta por

indivíduos do sexo masculino, adultos jovens (25 a 46 anos), classificados em

obesidade em grau I e II (IMC > 30 kg/m2 < 39,9 kg/m²). Os critérios de inclusão

para o estudo foram: ausência do uso de fármacos hipoglicemiantes ou insulina

e medicações para o controle de hipertensão; sem participação em programas

de exercícios; relatar estabilidade da massa corporal nos últimos seis meses.

Foram considerados critérios de exclusão: tabagistas atuais ou indivíduos com

diagnóstico clínico de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes,

hipertensão e neoplasias.

4.2 Logística

Após o aceite verbal da participação na pesquisa, estes foram

encaminhados ao laboratório de pesquisa (GEPEFIC) no Departamento de

Educação Física, em data previamente agendada. A amostra ocorreu por

voluntariedade, após a apresentação do projeto de pesquisa ao voluntário e

aceite do convite. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento

livre esclarecido antes do início da pesquisa.

Os participantes foram recebidos no laboratório para a primeira visita de

familiarização e coleta dos dados de base para caracterização da amostra.

Nesta visita, foram realizadas a avaliação da composição corporal pela técnica

antropométrica e pela densitometria pela dupla emissão de raios-x (DEXA). Em

seguida, foi realizado um teste incremental em esteira rolante para

determinação de intensidades de exercício nas próximas sessões.

Nas três visitas seguintes, os participantes realizaram três condições

experimentais (CON, ECMI e EIAI), em ordem randomizada por meio de

sorteio, com uma semana de intervalo entre as sessões. Durante as visitas, os

sujeitos compareceram ao laboratório às 8:00h, após jejum noturno de 12 h,

onde foi realizada a primeira coleta sanguínea. Em seguida, os sujeitos

receberam uma refeição padrão conforme as recomendações de alimentação

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26

pré-exercício (ADA, 2016). Posteriormente, os participantes permaneceram em

repouso por 60 minutos até o inicio das condições experimentais:

1 – Controle: os sujeitos foram mantidos em repouso, sentados, sendo

permitido ler e/ou utilizar o computador durante o mesmo período das sessões

experimentais;

2 – ECMI;

3 – EIAI.

Todos os procedimentos foram conduzidos no mesmo laboratório com

temperatura constante (24 ± 1ºC). A coleta de sangue, para caracterização da

amostra, ocorreu em jejum, enquanto que as escalas de percepção subjetiva

do apetite foram aplicadas em três momentos distintos: 1) pré-exercício

(imediatamente antes do início do exercício); 2) imediatamente após o

exercício; 3) 60 minutos após exercício. A refeição ad libitum ocorreu uma hora

após exercício e a análise do consumo energético foi realizada por meio de

registro alimentar estimado (RA) durante o dia em que ocorreram as

intervenções. A Figura 3 ilustra o fluxograma do estudo.

FIGURA 2. Fluxograma do estudo. coleta de sangue em jejum, refeição

padronizada após jejum de 12 h, repouso de 60 min até o início do

exercício, sessão de exercício, 60 min de recuperação. cs: coletas de

sangue após 12 horas de jejum; eva: escala visual analógica para análise

da percepção de fome e saciedade.

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4.3 Avaliação da Composição Corporal

Durante a visita de familiarização, foram realizadas as seguintes

medidas antropométricas: massa corporal e estatura para cálculo do índice de

massa corporal (IMC) e estado nutricional. A massa corporal foi medida pela

balança digital da marca Tanita® (modelo BC 553, EUA) com capacidade

máxima de 150 kg e precisão de 100 gramas, com o indivíduo descalço e

vestindo roupas leves. Para estatura foi utilizada estadiômetro portátil marca

Sanny® (Personal Caprice Portatil, Brasil), com precisão de um (01) mm

estando os indivíduos na posição de Frankfurt. Para cálculo do IMC, foi

utilizada a fórmula: [IMC = massa corporal (kg) * estatura (m)-2]. Para avaliação

do percentual de gordura, foi utilizado um equipamento de densitometria por

dupla emissão de raios-X (DEXA) (GE Medical Systems, Madison, WI, USA).

Para esta avaliação, os participantes compareceram ao laboratório pela manhã

as 08h00 em jejum noturno de 12 horas, portando roupas leves. Os mesmos

foram orientados a evitar uso de diuréticos e bebidas cafeinadas no dia anterior

a análise (SIM et al. 2013; ALKAHTANI et al. 2014).

4.4 Pressão arterial

A analise de pressão arterial foi realizada no laboratório durante a

primeira visita de familiarização. Para este procedimento, foi utilizado um

Esfigmomanômetro (Omron, São Paulo, Brasil), com resolução de 01 mmHg.

Inicialmente, os voluntários permanecerem sentados por dez minutos de

repouso com as braçadeiras posicionadas no braço esquerdo e adequadas de

acordo com a circunferência braquial dos voluntários. Três medidas foram

realizadas em intervalos de três minutos, sendo considerado o valor médio.

4.5 Exames bioquímicos

Os voluntários compareceram ao laboratório após doze horas de jejum

noturno para coleta sanguínea, na qual posteriormente foram realizadas as

analises dos seguintes marcadores bioquímicos: glicose, colesterol total,

lipoproteína de alta densidade (HDL), Lipoproteína de baixa densidade (LDL),

lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL), triglicerídeos, transaminase

glutâmico-oxalacética (TGO), transaminase glutâmico-pirúvica (TGP), ureia,

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creatinina, acido úrico. Os marcadores bioquímicos foram determinados por

métodos colorimétricos, utilizando kits comerciais (DOLES® kit, São Paulo - SP,

Brasil) específicos para cada parâmetro.

Ao iniciar o procedimento, 10ml de sangue foram removidos em veia da

região antecubital por um profissional capacitado. O sangue foi retirado com

seringa e agulhas descartáveis e colocadas em tubos com solução heparina a

6%, que em seguida, foi centrifugado a 4000 rotações por minuto (rpm). O

plasma foi aliquotado em microtubos e armazenado à –80º C, até o momento

de sua análise no Laboratório Potengi (Natal/RN).

4.6 Teste incremental

Previamente ao teste incremental, os participantes realizaram um

aquecimento em esteira ergométrica Movement® (modelo RT 250, São Paulo,

Brasil) com velocidade de 4,0 km/h, com duração de três minutos. Na

sequência, iniciaram o teste incremental com velocidade inicial de 5 km/h e

incrementos de 1 km/h a cada minuto, até a exaustão voluntária. O teste foi

finalizado diante da impossibilidade de continuar o teste. As medidas

ventilatórias e de trocas gasosas foram obtidas a cada três ciclos respiratórios,

sendo a média das leituras nos últimos 20 s de teste considerada o VO2máx. A

velocidade de pico (VP) foi a maior potência sustentada por um estágio

completo de um minuto. Durante o teste, os indivíduos realizaram as trocas

gasosas por meio de um bucal, conectado a um analisador de gases

automatizado (Quark CPET, Cosmed®, Italy). Antes de cada teste, o analisador

foi calibrado a partir de um cilindro com gases cujas concentrações de O2 e

CO2 serão conhecidas, e o ventilômetro foi calibrado com uma seringa de 3 L

(Hans Rudolph, Vacumed, Ventura, USA). O VO2max foi determinado pela

presença de pelo menos um dos seguintes critérios: i) presença da razão de

troca respiratória (VCO2/VO2) > 1,1; ii) ocorrência de platô no consumo de

oxigênio; iii) exaustão física, foi tomada a medida da velocidade máxima

alcançada no VO2máx, para a prescrição do exercício

(HOWLEY, BASSETT, WELCH, 1995).

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4.7 Sessões experimentais

4.7.1 Exercício aeróbio moderado contínuo

A sessão de exercício moderado contínuo consistiu em atividade em

esteira rolante por 20 minutos com uma carga correspondente a 70% da

frequência cardíaca máxima (FCmáx). Quando necessário, alterações na

velocidade foram realizadas com a finalidade de manter a frequência cardíaca

alvo. Os sujeitos realizam um aquecimento de 3 minutos a 4 km/h, após a parte

principal da sessão, um desaquecimento de 2 minutos com a mesma

intensidade do aquecimento.

4.7.2 Exercício intervalado de alta intensidade

A sessão de exercício intervalado de alta intensidade foi realizado em

uma relação “esforço-pausa” de 1:1, com 60 segundos de estímulo e 60

segundos de recuperação. Os estímulos foram compostos por 10 estímulos a

90% da FCmáx seguidos por recuperação ativa a 30% da FCmáx. Inicialmente, os

sujeitos realizam um aquecimento de 3 minutos 4 km/h, após a parte principal

da sessão, um desaquecimento de 2 minutos com a mesma intensidade do

aquecimento, contabilizando um tempo total de 25 minutos. O protocolo é

similar ao modelo prático de baixo volume proposto por Gillen e Gibala (2013).

4.7.3 Sessão controle

Durante a sessão controle a logística dos procedimentos de pesquisa

ocorreram da mesma maneira. Os participantes chegavam ao laboratório sob

jejum noturno e realizavam a refeição padrão. Em seguida aguardavam 60

minutos para a sessão controle, embora neste momento os sujeitos

permaneciam sentados em repouso (fazendo leituras ou atividades em

computador ou celular) durante o tempo equivalente as sessões de exercício

(30 minutos). Em seguida, os participantes aguardavam 60 minutos para

realizar a refeição ad libitum.

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4.8 Refeição padronizada

Após um período de jejum de 12 h, os participantes consumiram refeição

líquida padronizada 60 min antes das sessões experimentais (Mass Titanium®,

Max Titanium, Brasil). O produto comercial possuía apresentação em pó e foi

reconstituído em 400 ml de água para oferecer 4,5 kcal x kg de massa corporal

a cada participante. De acordo com o fabricante, cada 100 g do produto contêm

377 kcal, 87,5% de carboidrato, 11,2% de proteína e 1,3% de lipídio. Este

modelo de refeição padronizado foi utilizado para reduzir diferenças individuais

na percepção do apetite entre os participantes, garantindo o mesmo consumo

de calorias nas diferentes condições experimentais (i.e., EIAI e ECM). A

refeição ofertada atendeu as recomendações nutricionais para a prática de

exercício físico, com base na quantidade de calorias, distribuição de

macronutrientes e tempo de ingestão pré-exercício (ADA, 2016).

4.9 Percepção subjetiva do apetite

A avaliação da percepção de apetite ocorreu por meio de escala

analógica visual e envolveu quatro aspectos: fome, saciedade, plenitude e

perspectiva de consumo. Essa escala é válida e reprodutível para avaliação da

percepção de apetite (FLINT et al. 2000; STUBBS, HUGHES, JOHNSTONE,

2000). A escala consiste em duas linhas horizontais de 100 mm que aponta o

máximo da percepção de fome e saciedade que o participante possa

apresentar na extremidade direita e pouca ou nenhuma percepção de fome e

saciedade na extremidade esquerda. Os participantes foram orientados a

marcar uma linha vertical no ponto em que a sua percepção de fome e

saciedade se aproximasse da extremidade referida, para mais ou para menos.

Os pontos marcados foram, então, medidos com auxílio de uma régua, da

extremidade esquerda (pontuação mínima 0,0 mm) para direita (pontuação

máxima 100 mm) para determinar a percepção de apetite (ANEXO 1).

4.10 Refeição ad libitum

A refeição ad libitum foi ofertada uma hora após as sessões

experimentais em ambiente reservado. Os alimentos foram oferecidos em

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31

forma de buffet onde os participantes eram convidados a escolher os alimentos

que desejassem e se servirem à vontade, “até se sentirem confortáveis”.

Faziam parte deste buffet as seguintes opções de alimentos: maçã, banana,

torrada, iogurte natural, “salgadinho” de batata frita, chocolate, suco de fruta,

ovo cozido, geleia e manteiga, conforme detalhes do Quadro 1. Para análise do

consumo ad libitum, os alimentos foram pesados antes e após consumo e

analisados com ajuda de um software de para análise de alimentos Dietwin

Profissional® (versão 2016). A escolha dos alimentos ofertados durante a

refeição ad libtum foram realizadas de acordo com o guia alimentar para a

população brasileira (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014), no qual estabelece

direcionamentos para uma alimentação saudável e adequada considerando

fatores sociais, econômicos e culturais de cada região do Brasil.

FIGURA 3 – Refeição ad libitum servida aos participantes da pesquisa uma hora após diferentes condições experimentais e controle.

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Quadro 1 – Valor calórico total e distribuição de macronutrientes na refeição ad libitum.

Alimento Quantidade (g ou mL)

Energia (Kcal)

CHO (g) PTN (g) LIP (g)

Maçã argentina ~120g 82,8 19,9 0,2 0,2

Banana pacova ~180g 156,4 36,5 2,2 0,2

Suco Frutas Marata®

200ml 107,6 26 0,9 0,0

Iogurte integral Nestlé®

170gr 126,5 9,1 6,8 7,0

Salgadinho Ruflles® 27gr 153 13,0 1,7 10,5

Chocolate Twix® 40gr 191,2 24 2,2 9,6

Torrada Bauducco® 20gr 77,0 13,2 3,1 1,3

Ovo cozido ~150 gr 211,7 0,9 20,0 14,3

Geléia de frutas 30gr 74,3 18,5 0,0 0,0

Manteiga 20gr 148,7 0,0 0,1 16,5

Total 957 1329 161,2 37,2 59,6

Total (% macronutrientes)

- - 48,5 11,2 40,3

4.11 Registro alimentar estimado

Para avaliação do consumo alimentar e dietético, foi aplicado um registro

alimentar estimado, onde os participantes descreviam em formulários todos os

alimentos consumidos e suas respectivas quantidades ao longo do dia em

cada sessão experimental de acordo com protocolos padronizados de

avaliação nutricional (Fisberg, Marchioni, Colucci, 2009). Os participantes

também tiveram como auxilio uma balança de precisão digital (Thinox,

Plenna®) para pesar e descrever as quantidades dos alimentos consumidos.

Para análise do consumo dietético foi utilizado um software de análise de

alimentos Dietwin Profissional® (versão 2016). Quando necessário, foram

inseridas informações nutricionais presentes nas fichas técnicas, rótulos e

tabelas consultadas durante a padronização.

4.12 Análise estatística

A normalidade dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk,

assimetria e curtose. Os dados descritivos paramétricos foram apresentados

em média e desvio padrão, e os dados não paramétricos, em mediana e

percentis 25 e 75. A ANOVA two-way de medidas repetidas com post hoc de

Bonferroni foi aplicado na comparação de cada variável das EVA (fome,

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33

saciedade, plenitude e perspectiva de consumo) entre e intracondições. A

hipótese de esfericidade foi verificada pelo teste de Mauchly e, quando violada,

os graus de liberdade foram corrigidos pelas estimativas de Greenhouse‐

Geisser. A ANOVA de medidas repetidas ou ANOVA de Friedman foi aplicada

na comparação do consumo alimentar (kcal) e macronutrientes (carboidratos,

proteínas e lipídeos) entre as condições experimentais e controle. O tamanho

do efeito das variâncias foi calculado pelo eta quadrado parcial (η2p). O nível de

significância foi adotado em P<0.05. Os procedimentos estatísticos foram feitos

com auxílio do SPSS for Win/v.20.0 (Statistical Package for Social Sciences,

Chicago, IL, USA).

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34

5 RESULTADOS

Após a divulgação do estudo nas redes sociais e murais da

Universidade, 32 sujeitos entraram em contato para participação, sendo que 10

não se encaixavam no principal critério de inclusão (IMC ≤ 30 ou > 40kg/m2).

Desta forma, 22 sujeitos compareceram presencialmente para a entrevista.

Durante esta visita, sete sujeitos foram eliminados por motivos relacionados

aos critérios de exclusão. Ao final do estudo, 15 sujeitos foram incluídos na

pesquisa e conseguiram concluir as três visitas seguintes. A Figura 1 apresenta

o fluxograma de inclusão dos sujeitos de pesquisa no protocolo de estudo e as

informações das exclusões nas diferentes etapas.

Figura 4 - Fluxograma de inclusão e randomização dos participantes na pesquisa.

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35

A Tabela 1 apresenta os dados de caracterização dos participantes da

pesquisa. De acordo com os marcadores antropométricos e de composição

corporal, os voluntários se caracterizam como obesos de grau I, obtendo

marcadores bioquímicos e hemodinâmicos dentro da normalidade, revelando

ausência de doenças cardiometabólicas. Quanto ao nível de atividade física,

observa-se elevado nível de sedentarismo entre os voluntários, caracterizado

por maior parte de tempo sentado, associado a um pequeno tempo de

caminhada e/ou atividades moderadas e vigorosas.

Tabela 1. Caracterização da amostra (n=15).

Média ±DP

Idade (anos) 31,0 ± 6,1

Antropometria e composição corporal

Estatura (cm) 174 ± 7,7

Massa corporal (kg) 107,3 ± 16,5

Índice de massa corporal (kg/m2) 35,5 ± 4,1

Massa livre de gordura (kg) 65,1 ± 10,4

Gordura corporal (%) 40,1 ± 2,2

Parâmetros hemodinâmicos e metabólicos

Pressão arterial sistólica (mmHg) 125,7 ± 8,0

Pressão arterial diastólica (mmHg) 78,9 ± 8,2

Frequência cardíaca de repouso (bpm) 75,7 ± 8,1

Frequência cardíaca máxima (bpm) 193,1 ± 12,4

Glicose de jejum (mg/dL) 96,6 ± 22,9

Colesterol total (mg/dL) 192,3 ± 28,1

HDL (mg/dL) 42,9 ± 5,3

LDL (mg/dL) 131,5 ± 27,1

VLDL (mg/dL) 24,0 ± 7,4

Triglicerídeos (mg/dL) 135,6 ± 57,3

TGO (mg/dL) 24,7 ± 5,9

TGP (mg/dL) 28,8 ± 8,6

Ureia (mg/dL) 28,5 ± 8,0

Creatinina (mg/dL) 0,81 ± 0,23

Acido úrico (mg/dL) 5,0 ± 1,8

Nível de atividade física

Tempo de caminhada (min/sem) 16,9 ± 21,3

Atividade moderada (min/sem) 10,8 ± 15,0

Atividade vigorosa (min/sem) 0

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36

Tempo sentado (h/dia) 9,7 ± 3,3

HDL: lipoproteínas de alta densidade; LDL: lipoproteínas de baixa

densidade; VLDL: lipoproteínas de muito baixa densidade; TGO:

transaminase glutâmica oxalacética; TGP: transaminase glutâmica

pirúvica.

A Tabela 2 apresenta os dados de caracterização das sessões

experimentais. Neste sentido, a sessão EIAI apresentou valores superiores na

FC quando comparado ao ECMI em função da sua característica mais intensa

e maior demanda cardiovascular. De maneira concomitante, foi observada

diferença significativa na PSE entre as condições experimentais, levando em

consideração os valores de estímulo, o EIAI apresentou um maior esforço

percebido. Os níveis de lactato logo após o exercício se mostraram superiores

para o EIAI quando comparado ao ECMI, o que pode indicar maiores níveis de

estresse metabólico.

Tabela 2. Características das sessões de exercício intervalado de alta intensidade e exercício contínuo moderado (n=15).

Variáveis ECMI EIAI p

Frequência cardíaca

Sessão completa (%FCmáx) 70,5 ± 1,1 83,7 ± 6,8 0,001

Estímulos (%FCmáx) - 89,1 ± 3,8 0,001

Recuperação (%FCmáx) - 78,2 ± 4,0 0,001

Percepção subjetiva de

esforço

Sessão completa (6-20) 11,5 ± 1,2 13,0 ± 1,8 0,04

Estímulos (6-20) - 14,1 ± 1,5 0,001

Recuperação (6-20) - 11,8 ± 1,7 0,563

Lactato (mmol/L) 4,9 ± 1,4 12,5 ± 2,6 0,001

Nota: Valores são expressos em média ± DP. Diferenças significativas

quando o p < 0,05.

A análise dos marcadores subjetivos do apetite (fome, saciedade,

plenitude e PFC) nas condições experimentais (ECMI, EAI e controle), foi

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realizada entre os momentos PRÉ, PÓS e PÓS 1H. A Tabela 3 apresenta os

resultados de interação, tempo e condição destes marcadores. Apenas as

variáveis de fome e perspectiva de consumo alimentar apresentaram interação

significativa.

Tabela 3 – Efeito da interação, tempo e condição dos marcadores de percepção do apetite.

(*) Efeito significativo na interação. (**) Efeito significativo no tempo.

A Figura 5 apresenta os dados da percepção apetite nas diferentes

condições experimentais e controle entre diferentes momentos (PRÉ, PÓS e

PÓS 1H). Depois de verificada interação na percepção subjetiva de apetite e

PFC, o post hoc foi aplicado para verificar o efeito no tempo. Na sessão EIAI

tal análise revelou uma diminuição da fome PÓS (p=0,018), seguido de um

aumento em PÓS 1H (p=0,013). Na condição controle foi observado um

aumento da fome PÓS (p=0,022) e PÓS 1H (p=0,008). Na analise da PFC, o

post hoc revelou que na sessão EIAI houve um aumento PÓS (p=0,025) e uma

hora PÓS 1H (p=0,002).

Variáveis Interação Tempo Condição

Fome F(4, 56)=6,25,

*P<0,001, η2p=0,309

F(2, 28)=14,63, **P<0,001, η2

p=0,511 F(1,3, 17,5)=0,00, P=0,972, η2

p=0,00

Saciedade F(4, 56)=1,61,

P<0,183, η2p=0,103

F(2, 28)=20,73, **P<0,001, η2

p=0,597 F(2, 28)=0,13,

P=0,876, η2p=0,009

Plenitude F(4, 56)=1,07,

P=0,380, η2p=0,071

F(1,4, 19,2)=6,57, **P=0,012, η2

p=0,319 F(2, 28)=0,31,

P=0,7,33, η2p=0,022

PFC F(4, 56)=3,23,

*P<0,019, η2p=0,188

F(2, 28)=8,94, **P=0,001, η2

p=0,390 F(2, 28)=0,76,

p=0,476, η2p=0,052

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FIGURA 5: Percepção subjetiva de fome, saciedade, plenitude e perspectiva de consumo nas diferentes condições experimentais e controle. Valores apresentados em média e desvio padrão. CON = situação controle; EMC = exercício moderado contínuo; EIAI = exercício intervalado de alta intensidade; PFC = perspectiva de consumo alimentar. a= Diferença significativa no tempo (p< 0,05) em EIAI. b= Diferença significativa no tempo (p< 0,05) em CON.

A Figura 6 apresenta os resultados do consumo energético após as

sessões experimentais e controle. Referente à refeição ad libitum, não houve

diferença entre as condições F (2, 28) = 0,13, p=0,877, η2p= 0,009. Do mesmo

modo, não houve diferença entre as condições no consumo energético nas 24

horas ao longo do dia da sessão (F (2, 28) = 1,54, p=0,233, η2p= 0,099).

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Figura 6- Consumo energético (kcal) em refeição ad libitum (1 hora após

sessão) e consumo ao longo do dia da sessão (24h) após intervenção

(n=15). Valores apresentados em média e desvio padrão.

A Tabela 4 apresenta os resultados do consumo de macronutrientes na

refeição ad libitum e ao longo do dia das sessões experimentais e controle.

Referente à refeição ad libitum, não houve diferença entre as condições na

quantidade de carboidratos (F (2, 28) = 0,224, p = 0,801, η2p= 0,016), proteínas

(F (2, 28) = 0,04, p = 0,956, η2p= 0,003) e lipídeos (F (2, 28) = 0,11, p = 0,900,

η2p= 0,007). Referente ao consumo energético ao longo das sessões

experimentais e controle, não houve diferença entre as condições na

quantidade de carboidrato (χ2 (2) = 3,73, p = 0,170), proteína (χ2 (2) = 0,93, p =

0,711) e lipídeo (χ2 (2) = 0,44, p = 0,834).

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Tabela 4 - Macronutrientes na refeição ad libitum e ao longo do dia das

sessões experimentais e controle (n=15).

CON ECM EIAI Valor do p

CHO (g)

Ad libitum 81,3 ± 35,9 79,4 ± 31,1 83,4 ± 32,9 0,801

24 h 389,9 (370,0-445,9) 353,6 (309,6-405,6) 348,0 (302,4-426,3) 0,170

PTN (g)

Ad libitum 24,4 ± 9,1 24,3 ± 6,7 23,9 ± 8,9 0,956

24 h 100,0 (90,9-136,6) 107,6 (82,6-129,5) 113,5 (92,1-118,0) 0,711

LIP (g)

Ad libitum 28,0 ± 11,8 28,0 ± 11,2 29,0 ± 13,1 0,900

24 h 79,0 (56,1-93,9) 74,7 (53,8-91,4) 68,2 (56,9-85,2) 0,834

Valores apresentados em média ± desvio padrão ou em mediana

(intervalo interquartil 25-75). EIAI: Exercício intervalado de alta

intensidade; EMC: Exercício moderado continuo; CON: Controle; CHO:

Carboidrato; PTN:Proteína; LIP: Lipídeo.

6 DISCUSSÃO

Os principais achados deste estudo foram: i) não houve diferenças

significativas na fome, saciedade, plenitude e perspectiva de consumo entre as

condições; e ii) não foram identificadas diferenças significativas no consumo

energético e de macronutrientes na refeição ad libitum e durante 24 h após as

sessões. Assim, nossa hipótese inicial de que após o EIAI ocorreria uma

redução do apetite (menor percepção de fome, maior percepção de saciedade,

redução na ingestão energética ad libitum e durante 24 h) comparado ao ECMI

e CON não foi confirmada.

O presente estudo não revelou diferenças significativas entre condições

experimentais (ECMI e EIAI) e controle nos marcadores subjetivos do apetite.

Corroborando com os presentes achados, ALKHATANI et al. (2014) ao

comparar uma sessão de EIAI em cicloergômetro (15 seg a 85% de VO2máx +

15 seg de recuperação ativa) com ECMI (30 min, na zona máxima de oxidação

de gorduras), não observaram diferenças significativas na percepção de fome e

saciedade após o exercício em indivíduos com sobrepeso/obesidade. No

entanto, em nosso estudo, foi realizada uma nova medida da percepção do

apetite 60 min após as sessões experimentais e controle, o que possibilitou

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41

observar os efeitos do exercício nestes marcadores por um maior período de

tempo.

De maneira semelhante, SIM et al. (2014) não observaram diferenças

significativas ao avaliar o efeito agudo do ECMI (30 min a 60% de VO2pico), EIAI

(60s a 100% VO2pico + 240 s a 50% VO2pico) e exercício supramáximo (15 s a

170%VO2pico + 60 s a 32% de VO2pico) sobre a percepção de apetite

imediatamente e 60 min depois do exercício em indivíduos com sobrepeso, fato

que pode causar respostas distintas do nosso estudo.

Um estudo prévio conduzido por nosso grupo corrobora com os

presentes achados, mostrando que indivíduos com sobrepeso não

apresentaram diferenças significativas na percepção de fome, saciedade e

plenitude imediatamente e 40 min após ECMI (20 min a 65% da FCmáx) e EIAI

(10x 60s a 90% FCmáx) (MATOS et al., 2017), indicando um comportamento

semelhante em obesos. Adicionalmente, KING et al. (2017) observaram que

indivíduos eutróficos não apresentaram diferenças significativas (p=0,142) na

percepção de fome imediatamente após diferentes condições de exercício (44

± 17 mm) e controle (44 ± 18 mm), bem como não houve relação entre a fome

pós-exercício e a intensidade do exercício (r=0,108). Neste sentido, os achados

do presente estudo revelam que indivíduos com obesidade apresentam um

comportamento semelhante aos indivíduos eutróficos e sobrepesados, quando

submetidos a protocolos de exercícios de intensidade e duração próximos na

percepção de fome.

Em relação ao consumo alimentar ad libitum 60 min após as sessões

experimentais não foram identificadas diferenças significativas entre as

condições experimentais e controle. Corroborando nossos achados, MARTINS

et al. (2014) não encontraram diferenças significativas no consumo energético

de indivíduos com sobrepeso e com obesidade em refeição ad libitum (90 min

após) em diferentes protocolos de exercício (EMC: 70% FCmáx; EIAI: 8s all out

+ 12s a 20-30 rpm). No entanto, neste estudo os protocolos de exercício foram

equiparados por gasto calórico, diferente do presente estudo, que foi

equalizado pelo tempo (~25 min de sessão), o que pode resultar em diferentes

gastos calóricos entre as sessões de exercício.

Apesar de avaliarem sexos diferentes, resultados semelhantes também

foram encontrados por KISSILEFF et al. (1990) após analisarem o efeito do

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exercício vigoroso (70% VO2pico) e moderado (50% VO2pico) durante 40 min (ou

repouso) na ingestão energética em mulheres com peso normal ou sobrepeso.

Neste estudo, a avaliação do consumo energético foi realizada 15 minutos

após exercício, e não foram identificadas diferenças significativas entre o

exercício moderado e vigoroso nas voluntarias com sobrepeso. No entanto, o

consumo foi significativamente menor após exercício vigoroso apenas nas

mulheres eutróficas. Em contrapartida, no presente estudo, a refeição ad

libitum foi ofertada 60 minutos após o exercício, a fim de se observar o efeito

no consumo energético de maneira prolongada.

Diferente dos nossos resultados, SIM et al. (2014) observaram que

exercícios de alta intensidade (60s a 100% VO2pico + 240s a 50% VO2pico) e

supramáximos (15s a 170% de VO2pico + 60s a 32% de VO2pico) reduziram de

maneira significativa (~170 kcal) o consumo energético em refeição ad libitum

de indivíduos com sobrepeso. No entanto, a refeição ad libitum foi ofertada

apenas 30 min após sessão, período em que indivíduos ainda estariam

expostos ao efeito transitório da AIE. Neste sentido, especula-se que

exercícios em intensidades elevadas possam auxiliar na redução do consumo

energético de pacientes com obesidade, contribuindo para um balanço

energético negativo. Entre os principais mecanismos envolvidos neste

processo, evidências recentes sugerem que a intensidade máxima e

supramáxima utilizada nestes protocolos de exercício tenham induzido

alterações fisiológicas como a redução no esvaziamento gástrico e alteração

no fluxo sanguíneo, reduzindo a produção nos níveis de grelina no estomago,

reduzindo a percepção de fome, o que poderia impactar em menor consumo

energético (SHOUBERT et al. 2013; HAZZEL et al. 2016)

Entretanto, King et al. (2017) ao analisar o efeito do exercício em

refeições ad libitum (até uma hora após exercício) em indivíduos sem excesso

de peso, não conseguiram observar diferenças significativas no consumo de

energia entre as diferentes condições de exercício e controle (p=0,977), além

de um pequeno tamanho de efeito (d=0,10).

No presente estudo, não foram identificadas diferenças significativas no

consumo alimentar ao longo do dia (24 h), entre as condições. Adicionalmente,

o consumo energético no dia das sessões experimentais não foi superior à

sessão controle, o que indica também a ausência de um efeito compensatório

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43

no consumo energético apos exercício físico. Corroborando com estes

achados, MARTINS et al. (2014) não encontraram diferença significativa no

consumo energético ao longo do dia da sessão ao comparar ECMI (70%FCmáx)

e EIAI (8s all out + 12s a 20-30rpm) em indivíduos com obesidade, sugerindo

que o exercício agudo não induziu um aumento no consumo de energia mesmo

após um protocolo de intensidade supra máxima.

Corroborando com evidências recentes, nossos dados do presente

estudo indicam que o exercício não altera o consumo energético em indivíduos

eutróficos. Por exemplo, KING et al (2017) observou o consumo energético de

128 indivíduos eutróficos ao longo de um dia, e não verificou diferenças entre

as condições (exercício: 2315 ± 1306 kcal vs controle 2268 ± 1298 kcal; p =

0,481), indicando uma forte correlação entre a pratica de exercício sem

alterações no consumo energético (r = 0,949). No entanto, poucas evidências

demostram este efeito em indivíduos com obesidade. Deste modo, os achados

do nosso estudo reforçam que ambas as condições experimentais (EIAI e

ECMI) podem ser ferramentas interessantes para induzir a perda de peso por

meio de um déficit energético, sem um posterior aumento no consumo de

energia nesta população.

De acordo com o cenário apresentado no presente estudo, o ECMI e

EIAI parecem não influenciar de maneira aguda o apetite e o consumo

energético em homens com obesidade, bem como, não induziram alterações

nos marcadores de apetite de maneira que levassem a um posterior aumento

no consumo energético. Além disso, é importante destacar que estes

marcadores apresentaram um comportamento semelhante aos observados em

indivíduos eutróficos e com sobrepeso (SIM et al. 2014; PANISSA et al. 2016;

KING et al. 2017; MATOS et al. 2017).

Referente aos pontos fortes deste estudo, ressalta-se a oferta de uma

refeição padronizada e ajustada em proporção ao peso corporal dos

participantes previamente a sessão de exercício. Esta medida foi importante

para evitar possíveis alterações biológicas/ individuais diárias na percepção do

apetite entre as condições. Estudos prévios com o objetivo de analisar o efeito

agudo de diferentes intensidades de exercício no controle do apetite não

adotaram essa padronização, que pode se tornar um potencial fator de

confusão (ALKAHTANI et al. 2014; SIM et al. 2014; KING et al. 2017). Além

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44

disso, a realização das sessões de exercício na ausência de uma refeição

padrão ou realizada em estado de jejum (sem alimentação prévia) poderia

reduzir a validade ecológica do estudo, uma vez que esta não é uma prática

recomenda/ utilizada para o exercício físico. Ressaltamos que a análise de

consumo energético foi realizada uma hora após exercício (refeição ad libitum)

por meio da pesagem de alimentos logo após o consumo no laboratório e ao

longo do dia da sessão, através do registro alimentar estimado. Neste método,

foi permitido que o consumo dos alimentos fosse realizado em ambiente

externo (fora do laboratório), aumentando a validade externa do presente

estudo, cuidado este que não foi observada em diversos estudos prévios

(THIVEL et al. 2013; KING et al. .2017).

Entre os pontos limitantes da presente pesquisa, torna-se necessário

informar que os protocolos de exercício (ECMI e EIAI) foram pareados por

tempo (20 min/sessão), e não por gasto calórico, o que pode gerar diferenças

na demanda de energia e consequentemente no balanço energético no dia da

sessão. Além disso, os registros de consumo alimentares no dia de cada

intervenção foram realizados através de um diário alimentar estimado. Este

instrumento permite uma avaliação limitada do consumo de energia, uma vez

que, depende da total franqueza do voluntario ao descrever seu próprio

consumo. Por fim, não foi realizado o calculo amostral a priori sobre o consumo

alimentar de 24hrs. Uma analise a posteriori revelou um poder de 30% nesse

desfecho.

Do ponto de vista prático, compreender o efeito de diferentes

intensidades de exercício sobre os marcadores do apetite em indivíduos com

obesidade se fazem importantes em diversas vertentes da área da saúde. Por

exemplo, com estes dados, profissionais da Educação Física, poderão

melhorar sua prescrição de exercícios, aumentando o gasto de calorias e,

consequente, auxiliando a manutenção de um balanço energético negativo,

como parte de um programa de treinamento envolvendo diferentes protocolos

de exercício nesta população. De maneira concomitante, profissionais da

nutrição poderão manipular estratégias nutricionais mais eficientes para o

controle no consumo de calorias de acordo com o protocolo de exercício

realizado, o que pode resultar em uma melhor aderência ao planejamento

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45

alimentar e consequente perda de peso. Deste modo, os dados da presente

pesquisa poderão otimizar o efeito de importantes estratégias para o controle

de peso, por meio de intervenções multidisciplinares (Educação física e

Nutrição), o que pode resultar em menor frequência da obesidade.

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46

7 CONCLUSÃO

Uma única sessão de EIAI e ECMI não modifica a percepção de apetite

e consumo alimentar em homens com obesidade. Desse modo, os marcadores

do apetite parecem não ser influenciados de maneira intensidade-dependente

do exercício, refutando a hipótese inicial de que o EIAI induz uma AIE de

maneira superior ao ECMI. Estes achados podem auxiliar os profissionais da

saúde para uma prescrição de exercício e dietética mais eficientes dentro de

um programa de emagrecimento, contribuindo para manutenção de um balanço

energético negativo. Contudo, estudos futuros são necessários para melhor

esclarecer os mecanismos de regulação fisiológica, por meio de analises de

hormônios do apetite e de avaliações de ingestão de energia por métodos

diretos, a fim de se obter maiores informações sobre estes marcadores nesta

população.

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47

REFERENCIAS

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ANEXOS

ANEXO 1- Escala visual analógica para fome e saciedade.

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ANEXO 2- Consumo ad-libitum 60 min após

Nome:

Sessão: Data:

Alimento Peso (Pré)

Peso (Pós)

Consumido

Maçã – 1 unidade ~120g

Banana pacova – 2 unidades

~180g

Suco marata 200ml

Iogurte Nestlé 170gr

Batata Rufles 25gr

Chocolate twix 40gr

Torrada bauduco 20gr

Ovo cozido 150 gr

Geleia 30gr

Manteiga 20gr

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ANEXO 3- Registro alimentar 24 hrs

NOME:

SESSÃO: DATA:

Preencha no quadro abaixo todos os alimentos consumidos ao longo do dia

e suas respectivas quantidades ou medidas caseiras, no horário e local

onde foi realizada a refeição. Lembrando que não existe resposta correta.

REFEIÇÃO LOCAL/ HORA:

ALIMENTOS, QUANTIDADES (g)/MEDIDA CASEIRA

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ANEXO 4- Parecer do comitê de ética e pesquisa

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