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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ESTRESSE: SIGNIFICADOS E CONDIÇÕES QUE INTERFEREM NO
DESEMPENHO DE ATLETAS DE VOLEIBOL DE AMBOS OS SEXOS
ROBERTA RIBEIRO VIEIRA
São Paulo
2011
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ESTRESSE: SIGNIFICADOS E CONDIÇÕES QUE INTERFEREM NO
DESEMPENHO DE ATLETAS DE VOLEIBOL DE AMBOS OS SEXOS
ROBERTA RIBEIRO VIEIRA
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da
Universidade São Judas Tadeu como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Educação Física.
Linha de pesquisa: Bases pedagógicas e
psicológicas do esporte.
Orientadora: Profª. Dra. Maria Regina
Ferreira Brandão.
São Paulo
2011
iii
Vieira, Roberta Ribeiro
Estresse : significados e condições que interferem no
desempenho de atletas de voleibol de ambos os sexos / Roberta
Ribeiro Vieira. - São Paulo, 2011.
122 f. : il., fig. ; 30 cm.
Orientador: Maria Regina Ferreira Brandão
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2011.
1. Esporte – aspectos psicológicos 2. Voleibol - atletas I. Vieira,
Roberta Ribeiro II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
CDD – 796.325 Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
Aos meus pais, pois sem eles nada disso seria possível...
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, “(...) Te ter é a maior diferença em mim...”.
Agradeço aos meus pais: Vitalina e Danilo, pelos vários sacrifícios feitos durante o
caminho. Agradeço também minha irmã Renilce e minha sobrinha Gabriela. Vocês são minha
vida! Obrigada pela educação, pelo caráter, pela formação e principalmente pelo amor
incondicional.
Agradeço ao meu namorado Iderval, obrigada por entender minha ausência e por estar
ao meu lado nos momentos mais difíceis desse caminho.
Em especial, gostaria de agradecer a:
Minha orientadora Profª. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão pela paciência, pelo
entusiasmo, pela perseverança e principalmente pelo exemplo.
Todos os atletas e comissões técnicas, sem o apoio de vocês, este estudo não seria
uma realidade.
Meus novos amigos: Simone Bighetti, Wesley, Hugo, Kátia, Micheli e demais
amigos do mestrado. Foi fundamental contar com a amizade de vocês.
Professora Bia (New Age – curso de inglês) pela disposição, cooperação e
aprendizado. Teacher, thank you !!!
Todos os professores da Universidade São Judas Tadeu, em especial, a Profª. Dra.
Claudia Borim, hoje vocês são os “culpados” por mais essa conquista.
Todos os funcionários da Universidade, em especial, a secretária Simone.
Todos os amigos: Camila, Luciana, Marcelo, Zoraide, Elizabeth Gonzalez,
Edcarmen, Ana Rosa, Ângela, Ariana, Welder, Ana Maria, Rosana, Evelyn,
Fernanda, Gisele, sem a compreensão e a “mãozinha” de vocês, nada disso aqui
seria possível.
Se eu esqueço alguém, perdão! A cabeça falha, mas o coração não...
A todos vocês: “Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, pois cada pessoa é
única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não
veio só, nem nos deixa só. Levam um pouco de nós, e deixam um pouco de si... Há os que
muito levam, mas não há os que nada deixam. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida,
é a prova evidente de que duas pessoas não se encontram por acaso” (Antonie de Saint
Exupéry).
“Quanto mais as pessoas acreditam em uma coisa,
quanto mais se dedicam a ela, mais podem influenciar
no seu acontecimento.”
Dov Éden
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ ix
LISTA DE ANEXOS ........................................................................................................... x
RESUMO ........................................................................................................................... xi
ABSTRACT ...................................................................................................................... xii
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 01
1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 06
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 06
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 06
1.2.3 Justificativa ................................................................................................................. 07
CAPÍTULO 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 09
2.1 Estresse psicológico: conceito, causas e consequências ................................................. 09
2.2 Estresse e sua relação com o esporte .............................................................................. 14
2.3 Estresse e Voleibol ........................................................................................................ 18
CAPÍTULO 3 MÉTODO ................................................................................................... 22
3.1 Princípios norteadores do estudo ................................................................................... 22
3.2 Amostra ........................................................................................................................ 22
3.3 Instrumentos ................................................................................................................. 23
3.4 Procedimentos ............................................................................................................... 24
3.5 Análises dos dados ........................................................................................................ 25
CAPÍTULO 4 RESULTADOS .......................................................................................... 28
4.1 Da amostra total ............................................................................................................ 28
4.1.1 Resultados quanto as condições gerais de estresse ...................................................... 28
4.1.2 Resultados quanto aos comportamentos mais adotados frente às situações típicas de um
jogo de voleibol .................................................................................................................. 31
4.1.3 Resultados quanto ao significado do voleibol ............................................................. 33
4.1.3.1 Das categorias de discursos para a amostra total ...................................................... 34
4.1.4 Resultados quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de
estresse ............................................................................................................................... 38
4.2 Quanto ao gênero ........................................................................................................... 41
4.2.1 Resultados quanto as condições gerais de estresse por gênero ..................................... 41
4.2.2 Resultados quanto aos comportamentos adotados frente às situações típicas de um jogo
de voleibol por gênero ......................................................................................................... 43
4.2.3 Resultados quanto ao significado do voleibol por gênero ............................................ 47
4.2.4 Resultados quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de
estresse por gênero .............................................................................................................. 48
4.3 Quanto à categoria de jogo ............................................................................................. 58
4.3.1 Resultados quanto as condições gerais de estresse por categoria de jogo ..................... 58
4.3.2 Resultados quanto aos comportamentos adotados frente às situações típicas de um jogo
de voleibol por categoria de jogo ......................................................................................... 60
4.3.3 Resultados quanto ao significado do voleibol por categoria de jogo ............................ 63
4.3.4 Resultados quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de
estresse ............................................................................................................................... 64
4.4 Quanto às posições de jogo ............................................................................................ 73
4.4.1 Resultados quanto as condições gerais de estresse por posições de jogo ...................... 73
CAPÍTULO 5 DISCUSSÃO .............................................................................................. 79
5.1 Quanto as condições gerais de estresse ........................................................................... 79
5.2 Quanto aos comportamentos mais adotados frente às situações típicas de um jogo de
voleibol ................................................................................................................................ 84
5.3 Quanto ao significado do voleibol .................................................................................. 87
5.4 Quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de estresse .......... 90
CAPÍTULO 6 CONCLUSÃO ............................................................................................ 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 99
ANEXOS .......................................................................................................................... 109
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Mecanismo do estresse segundo adaptação dos estudos de Lazarus (1993), Cruz
(1996), Brandão (2000), Brandão et al. (2006), Lazarus (2006) e Brandão, Pires e Marques
(2008) ................................................................................................................................. 11
FIGURA 2 - Relação demandas, recursos (Adaptação de Lazarus, 2006b) ......................... 13
FIGURA 3 - O mecanismo do estresse adaptado da abordagem cognitiva, motivacional e
relacional de Lazarus (1993), Lazarus e Lazarus (1994), Cruz (1996) e Lazarus (2006b) ..... 15
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Caracterização dos participantes em função do gênero .................................. 23
TABELA 2 – Caracterização dos participantes em função da categoria de jogo ................... 23
TABELA 3 – Caracterização dos participantes em função da posição de jogo ..................... 23
TABELA 4 – Condições gerais de estresse (amostra total) ................................................. 28
TABELA 5 – Ranqueamento dos itens com maiores e menores médias .............................. 30
TABELA 6 – Comportamentos mais adotados frente às situações típicas de um jogo de
voleibol (amostra total) ....................................................................................................... 32
TABELA 7 – Concordância entre os juízes em cada categoria de discursos ........................ 34
TABELA 8 – Frequência de respostas sobre o significado do voleibol em cada categoria de
discursos (amostra total) ...................................................................................................... 37
TABELA 9 – Relação entre as condições gerais de estresse e as categorias do significado do
voleibol (amostra total) ....................................................................................................... 38
TABELA 10 – Média, desvio padrão e análise estatística das condições gerais de estresse em
função do gênero ................................................................................................................. 42
TABELA 11 – Comportamentos frente às situações típicas de um jogo de voleibol (gênero
feminino) ............................................................................................................................ 44
TABELA 12 – Comportamentos frente às situações típicas de um jogo de voleibol (gênero
masculino) .......................................................................................................................... 46
TABELA 13 – Frequência de respostas sobre o significado do voleibol em cada categoria de
discursos por gênero e o teste do Qui-quadrado ................................................................... 48
TABELA 14 – Relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de estresse para
o gênero feminino ............................................................................................................... 49
TABELA 15 – Relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de estresse para
o gênero masculino ............................................................................................................ 54
TABELA 16 – Média, desvio padrão e análise estatística das condições gerais de estresse em
função das categorias de jogo .............................................................................................. 59
TABELA 17 – Comportamentos frente a situações típicas de um jogo de voleibol (categoria
adulto) ................................................................................................................................ 61
TABELA 18 – Comportamentos frente a situações típicas de um jogo de voleibol (categoria
juvenil) ............................................................................................................................... 63
TABELA 19 – Frequência de respostas sobre o significado do voleibol em cada categoria de
discursos por categoria de jogo e o teste do Qui-quadrado .................................................... 64
TABELA 20 – Relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de estresse para
a categoria adulto ................................................................................................................ 65
TABELA 21 – Relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de estresse para
a categoria juvenil ................................................................................................................ 70
TABELA 22 – Condições gerais de estresse em função da posição de jogo ........................ 74
x
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 - Questionário de caracterização dos participantes ........................................... 110
ANEXO 2 - Versão adaptada do teste de efeito das condições gerais de estresse sobre o
desempenho ...................................................................................................................... 111
ANEXO 3 - Questionário composto pela pergunta aberta ................................................. 113
ANEXO 4 - Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) ..................................... 114
ANEXO 5 - Testes de normalidade “Kolmogorov-Smirnov” ............................................ 115
xi
RESUMO
As especificidades do voleibol, associadas ao modo como os indivíduos interpretam esta
modalidade esportiva, além dos fatores pessoais, situacionais e sociais inerentes à sua prática,
tornam esse contexto propício para a manifestação do estresse. Assim, o objetivo deste estudo
foi investigar a relação entre a percepção sobre o significado do voleibol e determinadas
condições de estresse que operam sobre o desempenho esportivo em atletas de ambos os
sexos. Para tanto, foram avaliados 69 atletas, de ambos os sexos, integrantes de equipes que
participaram de competições estaduais e nacionais no período de 2009/2010. Os atletas foram
avaliados através de um questionário de dados biográficos, uma versão adaptada do Teste de
Efeito das Condições Gerais de Estresse sobre o Desempenho proposto por Teipel (1993) e
um questionário composto por uma pergunta que permitia respostas abertas: “O que significa
o voleibol para você?”. Basicamente os dados foram tratados por meio de análise descritiva,
além de ter sido utilizada a frequência de respostas e os testes de Kolmogorov-Smirnov, Mann
Whitney, Kruskal Wallis e o Qui-quadrado. Para a análise do questionário composto pela
pergunta aberta foram utilizados os procedimentos de Análise de Conteúdo propostos por
Miles e Huberman (2002). Os resultados encontrados revelaram que os fatores considerados
estressantes compõem três grandes grupos, sendo, aspectos pessoais, aspectos que envolvem o
relacionamento entre a própria equipe ou com pessoas significativas e os aspectos
relacionados à organização e ao ambiente esportivo. Verificamos ainda que os aspectos
negativos estão centrados em questões pessoais, enquanto que os aspectos positivos se
concentram em torno do relacionamento entre a própria equipe ou com pessoas significativas.
No que diz respeito ao gênero e as categorias de jogo verificamos que os homens se
mostraram mais suscetíveis ao fenômeno do estresse, enquanto que os atletas adultos e
juvenis se mostraram mais suscetíveis às situações de conflito com pessoas tidas como
significativas para os mesmos. Em relação às posições de jogo verificamos que os atletas que
desempenham a função de central se diferenciam dos demais na percepção do estresse.
Quanto aos comportamentos dos atletas frente às situações típicas de um jogo de voleibol foi
interessante notar que independemente do gênero ou da categoria de jogo o comportamento de
não se importar com a equipe adversária foi uma constante. Sobre o significado que os atletas
atribuem ao voleibol observamos que para amostra total, o voleibol representa emoção, meio
de vida, desenvolvimento de capacidades e interação social, respectivamente. Enquanto
homens e mulheres apontaram aspectos emocionais como os principais motivadores por seu
engajamento e manutenção da prática esportiva, os atletas adultos e juvenis apontaram a
questão emocional, o desenvolvimento profissional e o sustento financeiro como os principais
significados para o voleibol. Isso nos leva a considerar que o significado pessoal que o atleta
atribui ao voleibol pode em parte explicar quais situações tem maior potencial para se
tornarem estressantes, do mesmo modo que, podem-se identificar quais delas se constituem
como aspectos positivos para o desempenho, sendo, portanto, passíveis de serem estimuladas
para melhorar o rendimento esportivo de cada atleta.
Palavras-chave: Estresse, Significados, Voleibol, Psicologia do Esporte.
xii
ABSTRACT
The specifics of volleyball related to how people interpret the sport in addition to personal
factors, situational and inherent in its social practice, make this environment conducive to the
manifestation of stress. The purpose of this study was to investigate the relationship between
the perception of the meaning of volleyball and certain stress conditions that operate on sports
performance in athletes of both sexes. We evaluated 69 athletes of both sexes who were
members of teams that participated in state and national competitions in the 2009/2010
period. Athletes were assessed using a biodata questionnaire, an adapted version of the Test
Conditions Effect of Stress on Performance proposed by Teipel (1993) and a questionnaire
with the open-ended question: “What does volleyball mean to you?” The data was analyzed
through descriptive analysis, and the frequency response tests of Kolmogorov-Smirnov, Mann
Whitney, Kruskal Wallis and Chi-Square. The open-ended question was composed using
content analysis procedures proposed by Miles and Huberman (2002). The results showed
that the factors considered stressful comprise three main groups, personal issues, issues
involving the relationship between the team itself or with significant others, and the
organization and sports environment. We found that the negative aspects are focused on
personal issues, while the positives are concentrated around the relationship between the team
itself or with significant others. With respect to gender and the categories of game we found
that men were more susceptible to the phenomenon of stress, while adult and juvenile athletes
were more susceptible to conflict with people perceived as significant to them. We found that
athletes who play the central role are different from others with respect to perception of stress.
It‟s interesting to note that regardless of the genre or category of game, the conduct of the
athletes ahead of the typical situations of a volleyball game were not concerned with the
opposing team. About the meanings that players attach to volleyball, we found that for the
total sample, volleyball represents emotion, livelihood, skill development and interaction,
respectively. While men and women indicated emotional aspects as the main motivators for
their commitment and maintenance of sports, adult and juvenile athletes indicated emotional
issue, professional development and financial support as main meanings for volleyball. This
leads us to believe that the personal significance that attaches to the volleyball athlete may
partly explain situations which have greater potential to be stressful. In the same way one can
identify which of them are positive aspects to performance and likely to improve sports
performance of each athlete.
Keywords: Stress, Meanings, Volleyball, Sports Psychology.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Desde muito cedo, o ambiente esportivo sempre fez parte do meu dia a dia. Foram as
aulas de Educação Física Escolar que me levaram a conhecer o voleibol. Lá por volta do ano
de 1995, quando estava na 5ª série do Ensino Fundamental, fui convidada pela professora da
escola para participar de uma escolinha de voleibol. Aceitado o convite, iniciei meus
treinamentos e com eles também se iniciou minha paixão por esse esporte. Durante vários
anos atuei como atleta amadora, em campeonatos locais e regionais. Conheci vários lugares,
fiz vários amigos, tive muitas experiências boas graças ao voleibol. Graças também a este
esporte, mais tarde, ingressei na faculdade de Educação Física.
A faculdade de Educação Física representou o caminho para continuar próxima a esse
esporte e apresentá-lo a outras pessoas. No 3º ano da faculdade, comecei a trabalhar com
iniciação ao voleibol. Ao longo deste trabalho observei os comportamentos dos atletas e
encontrei algumas semelhanças com o meu próprio comportamento. Assim, a partir da
vivência como atleta amadora e, posteriormente, como treinadora, me deparei, muitas vezes,
com algumas situações que me deixavam intrigada. Questionava o porquê de alguns atletas
oscilarem entre rendimentos elevados nos treinamentos e rendimentos inferiores em
competições ou, ao contrário, rendimentos elevados em competições e inferiores nos
treinamentos. Além do mais, questionava porque em situações competitivas semelhantes,
alguns atletas desenvolviam comportamentos e rendimentos diferentes.
A partir dessas indagações, passei a pesquisar sobre o assunto, recorrendo a Psicologia
do Esporte como um meio para tentar encontrar respostas a esses questionamentos. Foi no
último ano da graduação (2005), que elaborei um trabalho de conclusão de curso, sob
orientação do Profº. Dr. Roberto Tadeu Iaochite, que versava sobre o que era mais pesquisado
na área da Psicologia do Esporte em periódicos e congressos nacionais, no período de 1999 a
2004. Com a realização deste trabalho, percebi que muitos são os fatores que podem
contribuir para o bom desempenho esportivo de um atleta e de uma equipe esportiva ou
interferir negativamente em seu desempenho. Sobretudo, constatei que um dos temas mais
estudados e que é apontado como um fator psicológico preponderante para o bom
desempenho esportivo é o estresse (VIEIRA e IAOCHITE, 2006).
O estresse pode ser entendido a partir de duas perpesctivas, uma biológica e outra
psicológica. Na perspectiva biológica o estresse é definido como o conjunto de reações
2
metabólicas e viscerais provocadas no organismo por agentes agressores variados, no qual
estes agentes põem em perigo o equilíbrio de uma pessoa (MONAHAN, 1986).
Um dos primeiros estudiosos a investigar o estresse nessa perspectiva, foi o médico
britânico Hans Selye. Em 1936, Selye utilizou esse termo para designar a resposta geral e
inespecífica do organismo a um estímulo nocivo ou a uma situação estressante (BRANDÃO,
2000; MARGIS et al., 2003; LIMA, 2005). Para ele, essa resposta do organismo gerava um
processo bioquímico denominado de Síndrome da Adaptação Geral, composto por três
estágios: alarme, resistência e exaustão. No primeiro estágio, o de alarme, o organismo
reconhece e reage ao(s) estressor(es). Há um aumento da secreção de adrenalina, que produz
diversas manifestações sistêmicas, distúrbios fisiológicos e psicológicos. Na fase de
resistência, o organismo contra-ataca os efeitos nocivos do estressor, através de um processo
interno que envolve alterações hormonais e bioquímicas cujo objetivo é restabelecer o estado
de equilíbrio. Quando um organismo fica sob efeito do estresse por um período, alcança o
terceiro estágio, o de exaustão. Neste ponto, o seu sistema de defesa é sobrecarregado, a
capacidade de se adequar biologicamente é perdida por um período de tempo (BRANDÃO,
2000; MARGIS et al., 2003; ROHLFS et al., 2005).
Já em uma perspectiva psicológica, o termo estresse é utilizado quando ocorrem
alterações nos aspectos bioquímicos, físicos e psicológicos, desencadeadas pelo modo como
às pessoas interpretam e avaliam estímulos externos ou internos. (KAISSIDIS-RODAFINOS,
ANSHEL e PORTER, 1997; SAMULSKI, 2002; NOCE e SAMULSKI, 2002a; KELLER et
al., 2005; MACHADO, 2006a). Hanton, Fletcher e Coughlan (2005), acrescentam que o
estresse não é um fator que reside no indivíduo ou no ambiente, mas na relação entre ambos,
não podendo ser compreendido, portanto, somente do ponto de vista da pessoa ou do
ambiente como unidades separadas, mas sim da conjugação de um ambiente e de um
indivíduo que se interrelacionam e se influenciam mutuamente.
Um dos estudiosos que mais tem buscado desvendar o fenômeno do estresse é o norte-
americano Richard S. Lazarus. Para o autor, o estresse é resultado do desequilíbrio entre as
exigências impostas ao indivíduo e os recursos que o mesmo dispõe para lidar com tais
exigências, sendo que esse desequilíbrio ocorre primeiramente em um nível subjetivo, ou seja,
dependendo do modo como esse indivíduo avalia a situação. Isso gera estresse em maior ou
menor escala. (LAZARUS e LAZARUS, 1994). Este desequilíbrio é mediado pelos processos
cognitivos, que também são denominados de avaliação cognitiva e englobam quatro aspectos
distintos: a) avaliação das exigências internas ou externas; b) avaliação dos recursos
3
disponíveis para lidar com as exigências; c) avaliação das consequências e, d) significado que
as consequências têm para o indivíduo (CRUZ, 1996).
Assim, a avaliação cognitiva é o principal diferencial entre a perspectiva biológica e a
perspectiva psicológica do estresse. É através dessa concepção de estresse que podemos
compreender melhor porque um determinado acontecimento desencadeia uma reação
emocional em um indivíduo e, em outro não, ou até mesmo, porquê um mesmo indivíduo
pode apresentar reações emocionais distintas em acontecimentos semelhantes. Costa e Vieira
(2003) exemplificam essa afirmação ao dizerem que uma determinada situação, pode ser
motivadora para alguns, enquanto para outros pode ser estressante.
Assim, conhecendo um pouco melhor o fenômeno do estresse psicológico, cuja
influência pode ser positiva ou negativa para as pessoas, não é de se estranhar que ao longo do
tempo, numerosos estudos da área da Psicologia do Esporte têm buscado compreender como
esse fenômeno atua sobre o comportamento esportivo em várias ações e tarefas. O estresse
sempre foi considerado um fator psicológico preponderante para o rendimento, sendo
inclusive apontado como um aspecto interveniente no alto rendimento, isso porque os atletas
são submetidos aos mais diversos tipos de pressão, busca por resultados esportivos,
afastamento da família para participar de campeonatos nacionais e internacionais, exigências
físicas, além da interação com os companheiros de equipe, técnicos, adversários, torcida e, até
mesmo, com a mídia, que podem predispor o atleta de rendimento a manifestar uma reação
negativa de estresse e comprometer e/ou prejudicar seu rendimento (CRUZ, 1996; NOCE e
SAMULSKI 2002; GOUVÊA et al., 2004). Tais aspectos podem ainda levar o atleta a ter
alterações psicológicas como menor capacidade de concentração, aumento da ansiedade-
estado1, dentre outras reações emocionais negativas (MÁRQUEZ, 2006).
De acordo com Brandão (2000), a origem do estresse no esporte é um processo
complexo e multifatorial, que precisa ser analisado não somente pela natureza da situação,
mas pelo modo como as pessoas subjetivamente percebem e avaliam essa situação, e pela
repercussão que a mesma pode ter em suas ações. De Rose Júnior, Deschamps e Korsakas
(2001), afirmam ainda, que se o estresse é parte integrante do esporte, o fundamental é o
gerenciamento desse fenômeno, tanto pelos atletas experientes, quanto pelos atletas iniciantes
1 Ansiedade-estado caracteriza-se por um estado emocional transitório no qual sentimentos desagradáveis de
tensão e apreensão conscientemente percebidos são experienciados pelo indivíduo (GONÇALVES e BELO,
2007).
4
e que o diferencial em um contexto esportivo não é a ausência do estresse, mas sim a forma
como o indivíduo lida com esse fenômeno.
Contudo, apesar do mecanismo do estresse ser amplamente estudado no esporte por
pesquisadores nacionais e internacionais em relação aos aspectos situacionais (NOCE, 1999;
DE ROSE JUNIOR et al., 1999; NOCE e SAMULSKI, 2002a e b; DE ROSE JUNIOR, 2002;
DE ROSE JUNIOR et al., 2004; LOPES et al., 2007; GOUVEA et al., 2007; NOCE e SIMIN,
2009) e aspectos pessoais (BRANDÃO, 2000; COSTA e VIEIRA, 2003; KELLER et al.,
2005), alguns autores apontam a necessidade de que novos estudos sejam conduzidos para
ampliar o conhecimento sobre esse fenômeno.
Teipel (1993) ao avaliar atletas masculinos e femininos de futebol, observou que
determinadas condições ambientais, determinadas condições relacionadas ao próprio jogo de
futebol e determinadas condições relacionadas ao rendimento dos atletas, poderiam
desencadear reações de estresse. Em sua pesquisa, a interação com os adversários, torcedores
fanáticos, árbitros de “casa”, jogos perdidos fora e dentro de “casa”, má colocação no meio e
antes do final da temporada, foram considerados os fatores mais estressantes. Já os itens:
jogadas erradas no início do jogo, conflitos com o treinador e sensação de fraqueza, foram
apontados como responsáveis pela queda do desempenho.
Brandão (1996) ao avaliar 13 atletas que compunham a seleção brasileira de voleibol
masculino, identificou alguns fatores que interferiam no desempenho dos atletas. Como
estressores negativos, a autora, encontrou os aspectos, não estar em boa forma física, maus
rendimentos nos treinamentos e competições, nervosismo excessivo, discordâncias ou
conflitos com o treinador e companheiros de time, viagem muito longa e ficar no banco de
reservas. E como fatores positivos ao desempenho, foram apontadas questões como,
estabelecimento de metas altas, cumprimento das metas elevadas, fazer exercícios na praia, na
água e de força máxima, fazer alongamentos e exercícios de velocidade antes dos jogos, ter
períodos de lazer e folgas durante a semana, concentração e saber com antecedência que vai
ser titular.
Particularmente, esses estudos me instigaram a considerar a possibilidade de investigar
como essas condições avaliadas se manifestavam em atletas de voleibol, após a implantação
de uma nova sistemática advinda das mudanças implantadas pela Federação Internacional de
Voleibol (FIVB), a partir de 1998. Neste ano, a FIVB modificou algumas regras que regiam a
modalidade, dentre elas, o sistema de pontuação e a implantação do líbero. Essas alterações
fizeram com que o Voleibol assimilasse novas características àquelas já existentes, tornando-
5
se mais dinâmico e significativamente mais rápido, levando a profundas alterações na tática e
no comportamento dos jogadores dentro de quadra, isto porque, foi necessário estabelecer
formas mais eficientes de promover o sucesso em cada ação e de reduzir a quantidade de
erros.
Os erros passaram a ser tratados de uma forma tática, pois, muitas vezes, eles são
responsáveis pelo resultado da partida. Uma equipe que erra menos tem probabilidade maior
de chegar ao final do set e, posteriormente, ao final do jogo em vantagem (SZADE et al.,
2005). Além disso, o Voleibol caracteriza-se por exigir de seus atletas qualidades psicológicas
tais como, autoconfiança, valentia, determinação, disposição e vontade de vencer
(MEDVEDEV, 1988 apud BRANDÃO, 1996) e atributos como: atenção, concentração,
distribuição, estabilidade e velocidade de pensamento. Exige também a atenção sobre as ações
do adversário, atenção sobre as ações dos companheiros de equipe e sobre o placar, além de
dispor de uma boa memória para recordar a solução tática mais adequada para cada situação
do jogo (MARTINEZ e ABREU, 2003).
Além dos estudos de Teipel e Brandão, o enfoque dado à avaliação cognitiva por
Lazarus, também me estimulou a investigar se há relação entre o significado pessoal que o
atleta atribui a seu esporte e a forma como o mesmo interpreta o fenômeno do estresse.
Lazarus (2006) afirma que o nível e o tipo de resposta ao estresse variam de pessoa para
pessoa e que as características que fazem algumas pessoas vulneráveis a um estímulo
estressor, não fazem outras, ou se as fazem, as fazem em um nível menor. Brandão et al.
(2006), ao fazerem referência a abordagem defendida por Lazarus também ressaltam que o
nível de estresse experimentado pelo indivíduo está associado com a percepção subjetiva e
com a atribuição de juízos de valor que o mesmo tem sobre os estímulos impostos pelo meio.
A esse respeito Cruz (1996) e Margis et al. (2003), já afirmavam que os processos de
avaliação cognitiva, centram-se essencialmente no significado pessoal e relacional de cada
situação, determinando o modo de responder diante da situação estressora e a forma como o
mesmo será afetado pelo estresse, tanto no momento atual, como em eventos posteriores.
Portanto, em linhas gerais seria fácil afirmar que todos os atletas interpretam de forma
semelhante sua prática esportiva, isto é, imagina-se que todos, quando colocados diante de
regras e objetivos comuns, poderiam desenvolver as mesmas respostas emocionais e
comportamentais. No entanto, os estudos da área da Psicologia do Esporte têm demonstrado
que os indivíduos sentem diferentes emoções, têm diferentes expectativas e motivações, o que
nos sinaliza que o valor psicológico para a prática e a manutenção da vida esportiva, varia de
6
atleta para atleta. O envolvimento e engajamento destes atletas não podem ser explicados
somente por questões biológicas e sociais. Faz-se necessário que se observem os aspectos
psicológicos e o valor pessoal atribuído a essa prática (Brandão et al., 2008). Deste modo, é
importante que se observe a relação entre o significado pessoal frente à determinada prática
esportiva e as consequências que este significado pode ter no rendimento esportivo dos
atletas.
Assim, face ao exposto anteriormente, parece-nos que as especificidades da
modalidade voleibol, associadas ao modo como os indivíduos envolvidos interpretam o
significado do voleibol e os fatores situacionais, sociais e pessoais associados à sua prática,
tornam esse contexto propício para a manifestação do estresse, evidenciando assim um campo
fértil para novas pesquisas, pesquisas essas que levem em consideração, aspectos mais
abrangentes.
Deste modo, diante do exposto acima esta dissertação tem os seguintes objetivos:
1.2 - Objetivos
1.2.1 - Objetivo Geral
Investigar a relação entre a percepção sobre o significado do voleibol e determinadas
condições de estresse que operam sobre o desempenho esportivo em atletas de ambos os
sexos.
1.2.2 - Objetivos específicos
Identificar e analisar as condições gerais de estresse sobre o desempenho esportivo;
Avaliar e analisar os comportamentos dos atletas frente às situações típicas de um
jogo;
Compreender o significado do Voleibol para os atletas;
Relacionar os três aspectos anteriores com as variáveis de caracterização: gênero,
tempo de prática e posição de jogo;
7
1.3 - Justificativa
Com o avanço dos estudos nas subáreas das Ciências do Esporte tornou-se
fundamental pensar no treinamento desportivo como um todo. Há algumas décadas autores
como Jones e Hardy (1990) já afirmavam que o desempenho esportivo não é simplesmente
um produto de fatores fisiológicos e biomecânicos, mas um complexo processo no qual o
fator psicológico também exerce um papel crucial no desempenho.
Atualmente, há uma exigência cada vez maior para que os atletas tenham
desempenhos ótimos, isso faz com que os profissionais da área esportiva adotem um processo
preparativo que não contemple apenas os aspectos físicos, técnicos e táticos próprios da
modalidade, mas também os aspectos psicológicos que interferem no desempenho esportivo.
Dentre as diversas ciências relacionadas ao esporte, a Psicologia do Esporte vem procurando
estudar as características psicológicas dos atletas e suas relações com variáveis como gênero,
nível de performance, especialidade, o que de certa forma poderia ser considerado uma
contribuição para o processo de otimização do desempenho esportivo, no entanto, os achados
da literatura até o presente momento apresentam resultados diversos e inconclusivos,
demonstrando a existência de uma lacuna no conhecimento sobre o assunto (BARA FILHO et
al., 2004) reforçando, assim, a importância dos estudos sobre os fenômenos psicológicos
relacionados ao desempenho esportivo (AGNELLO, 2009).
Um dos fenômenos psicológicos que tem recebido grande atenção neste contexto é o
estresse. Tal tema foi o terceiro colocado em investigações apresentadas no Congresso
Europeu de Psicologia do Esporte, realizado na Grécia em 2007 e o primeiro colocado no
Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte, realizado em 2006 na cidade de São Paulo
(VIEIRA et al., 2010).
Este fenômeno tem sido amplamente estudado porque se constitui como um aspecto
altamente interveniente no contexto esportivo, isto porque, no ambiente esportivo os atletas
estão expostos aos mais diferentes tipos de pressão (família, exigências físicas, treinadores,
companheiros de equipe, adversários, torcida, mídia entre tantos outros fatores), que
isoladamente ou em conjunto podem predispor o atleta a manifestar uma reação negativa de
estresse. Para Lazarus (1994) o estresse é resultado do desequilíbrio entre as exigências
impostas ao indivíduo e os recursos que o mesmo dispõe para lidar com tais exigências, sendo
que esse desequilíbrio ocorre primeiramente em um nível subjetivo, de tal modo que a
avaliação que o indivíduo faz frente às exigências do meio e os recursos pessoais que dispõe
8
para lidar com as situações apresentadas gera estresse em maior ou menor escala. Além disso,
existe o fato de que quando se conhece o fenômeno do estresse, torna-se possível identificar
quais as situações que potencialmente deprimem o desempenho e quais facilitam o mesmo, o
que ajuda treinadores e comissões técnicas no planejamento das rotinas de treinamentos e
competições.
Deste modo, este estudo busca contribuir tanto para que os jogadores de voleibol
desenvolvam a conscientização necessária acerca do mecanismo do estresse, bem como,
compreendam as implicações do significado pessoal frente à prática esportiva, permitindo-
lhes, assim, usar estratégias de confronto mais apropriadas para cada situação que se apresenta
no contexto esportivo, quanto para com os demais profissionais da Educação Física, do
Esporte e da Psicologia do Esporte e em especial os que atuam no alto rendimento com mais
um referencial teórico que lhes permita conhecer melhor essa temática e lhes auxilie na
elaboração dos procedimentos metodológicos e mecanismos preventivos ao estresse, de tal
modo que seus trabalhos estejam alicerçados numa concepção na qual o treinamento moderno
tenha um enfoque multidisciplinar (AGNELLO, 2009). Além disso, pretende-se que este
estudo sirva de incentivo para que novos trabalhos sejam produzidos, complementando e/ou
superando os já existentes nesse contexto.
9
CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
Um dos desafios desse estudo é a análise da relação entre estresse e esporte,
particularmente o voleibol, de tal modo que se fez necessário dividir a presente revisão de
literatura em três seções principais. A primeira seção se refere à fundamentação do conceito
estresse psicológico, suas causas e consequências, a segunda aborda sua manifestação no
contexto esportivo e, a terceira, a relação entre o fenômeno do estresse e as características e
especificidades do Voleibol.
2.1 – ESTRESSE PSICOLÓGICO: CONCEITO, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
Como dissemos anteriormente o estresse pode ser entendido a partir de duas
perpesctivas, uma biológica e outra psicológica. No presente trabalho, adotamos a perspectiva
psicológica do estresse como norteadora de nossas discussões. Nesta perspectiva o termo
estresse é utilizado quando ocorrem alterações nos aspectos bioquímicos, físicos e
psicológicos, desencadeadas pelo modo como as pessoas interpretam e avaliam estímulos
externos ou internos (KAISSIDIS-RODAFINOS, ANSHEL e PORTER, 1997; WEIBERG e
GOULD, 2001; SAMULSKI, 2002; NOCE e SAMULSKI, 2002a; KELLER et al., 2005;
MACHADO, 2006a), em outras palavras, o estresse é resultado do desequilíbrio entre as
exigências impostas ao individuo e os recursos que o mesmo dispõe para lidar com tais
exigências, sendo que esse desequilíbrio ocorre primeiramente em um nível subjetivo, ou seja,
depende do modo como esse indivíduo avalia a situação. (LAZARUS, 1993; LAZARUS e
LAZARUS, 1994; LAZARUS, 2006).
Para Lazarus (1993); Kaissidis-Rodafinos, Anshel e Porter (1997); Brandão (2000);
Samulski (2002) e Machado (2006a) a principal diferença entre a perspectiva biológica e
psicológica do estresse é a avaliação cognitiva. É essa avaliação que determina o modo de
responder diante da situação estressora e a forma como o indivíduo será afetado pelo estresse
tanto no momento atual como em eventos posteriores. Sobretudo, é através dessa concepção
que se pode compreender melhor porque um determinado acontecimento desencadeia uma
reação emocional em um indivíduo e em outro não ou, até mesmo, por que um mesmo
indivíduo apresenta reações emocionais distintas em acontecimentos semelhantes. Além
10
disso, é através da avaliação cognitiva que também podemos compreender porque uma
determinada situação pode ser motivadora para alguns enquanto que para outros pode ser
estressante (JONES e HARDY, 1990; COSTA e VIEIRA, 2003).
Brandão, Pires e Marques (2008) afirmam que essa dimensão motivadora ou
estressante está associada à natureza da interpretação individual dos sintomas em termos de
terem uma relação positiva ou negativa com o desempenho subseqüente. Em 1993, Lazarus
afirmava que a avaliação cognitiva era um processo universal no qual as pessoas
constantemente avaliavam o significado do que estava acontecendo sob o ponto de vista de
seu bem estar pessoal. Mais tarde, Cruz (1996) e Margis et al. (2003) complementaram tal
idéia afirmando que os processos de avaliação cognitiva centram-se essencialmente no
significado pessoal e relacional de cada situação e o próprio Lazarus, em 2006, ratificou sua
tese afirmando que tais processos estão baseados no julgamento sobre a importância do que
está acontecendo do ponto de vista da própria pessoa e que a existência de diferenças pessoais
na percepção do estresse indicam que o estressor sozinho não é suficiente para definir o
aparecimento ou não do estresse.
Alicerçado nos estudos de Lazarus, Cruz (1996) afirma que a avaliação cognitiva
engloba quatro aspectos distintos: a) avaliação das exigências internas ou externas: diz
respeito às expectativas pessoais ou expectativas apresentadas por pessoas significativas; b)
avaliação dos recursos disponíveis para lidar com as exigências: capacidades pessoais para
responder adequadamente ao contexto que se apresenta; c) avaliação das conseqüências:
relacionada às implicações decorrentes da atitude estabelecida pelo indivíduo, no sentido de
serem positivas ou negativas a ele e, d) significado que as conseqüências têm para o
indivíduo, associado ao peso que essas conseqüências podem ter na percepção de valor
pessoal de cada um. Assim, como uma forma de melhor ilustrar o mecanismo do estresse
psicológico, na perspectiva dos estudos de Lazarus (1993), Cruz (1996), Brandão (2000),
Brandão et al. (2006), Lazarus (2006) e Brandão, Pires e Marques (2008) apresentamos a
figura 1 a seguir.
11
Figura 1: Mecanismo do estresse segundo adaptação dos estudos de Lazarus (1993),
Cruz (1996), Brandão (2000), Brandão et al. (2006), Lazarus (2006) e Brandão, Pires e
Marques (2008).
Na figura 1 podemos visualizar como se constitui o mecanismo do estresse numa
perspectiva em que a avaliação cognitiva assume extrema relevância no aparecimento ou não
desse fenômeno. Inicialmente o indivíduo se depara com um evento ou estímulo. A partir
desse estímulo, ocorre um processo pessoal de avaliação cognitiva, no qual são avaliadas as
exigências desse contexto, os recursos disponíveis para lidar com tais exigências, as
conseqüências e o significado dessas conseqüências.
Se o indivíduo interpretar esse estímulo como algo positivo podem surgir sentimentos
como alegria, prazer, satisfação, que dão origem a comportamentos voltados para o confronto,
orientados para a tarefa e que tem como consequência o que a literatura mais atual da área
denomina de estresse positivo ou eustress. O eustress se define como um conjunto de reações
que tem efeitos benéficos ao indivíduo (MATSUMOTO et al. 2009), o eustress deixa o
indivíduo preparado psicologicamente e estimulado fisiologicamente para a realização de
12
determinada tarefa (BRANDÃO, 2000, LEME, et al., 2008, BRANDÃO, PIRES e
MARQUES, 2008).
Contudo, se o indivíduo interpretar esse estímulo como algo negativo podem surgir
sentimentos como medo, raiva, vergonha, que dão origem a comportamentos voltados para a
evitação ou para a fuga da situação, o que é tradicionalmente denominado pela área de
estresse negativo ou distress. O distress pode ser definido como um conjunto de reações
físicas, mentais e comportamentais desencadeadas quando o indivíduo percebe um
determinado evento como sendo superior aos seus próprios recursos, no sentido de não se
sentir capaz para lidar com tal evento, e que recorrentemente tem efeitos negativos e
prejudiciais sobre o mesmo. O distress pode ainda levar o indivíduo a ter uma reentrada no
processo, o que a longo prazo poderia acarretar em maiores prejuízos a sua saúde física e
emocional. (BRANDÃO, 2000; HUTTON, 2000; BRANDÃO, PIRES e MARQUES, 2008).
Sabendo-se que a avaliação cognitiva é um aspecto central na abordagem psicológica
do estresse, Lazarus (2006b) propõe que o estresse seja analisado através de uma abordagem
mais ampla, denominada de abordagem cognitiva, motivacional e relacional. O autor explica
que o termo relacional indica que as emoções sempre envolvem a relação pessoa-ambiente,
bem como outras pessoas. Outra premissa importante é que o contexto é avaliado
constantemente, atribuindo assim, um significado pessoal a essa relação e é esse significado
que forma e define as emoções. Para entender melhor essa abordagem, o autor faz uma
analogia simples com uma gangorra. Uma versão adaptada dessa proposta é apresentada na
figura 2 a seguir:
13
Figura 2: Relação demandas, recursos (Adaptação de Lazarus, 2006b).
Essencialmente, o esquema proposto na figura 2 sugere três gangorras (A, B e C)
como meio para fazer uma analogia entre o ponto de equilíbrio das demandas do ambiente e
os recursos disponíveis pelo indivíduo para lidar com tais demandas. Assim como numa
gangorra tradicional, a extremidade que possui maior peso tende a ser a extremidade que
desequilibra a relação entre os dois lados da gangorra. Neste esquema, quando a carga
ambiental é percebida como substancialmente superior aos recursos da pessoa, uma relação
estressante passa a existir. Na parte A da figura notamos que há um equilíbrio entre as
demandas ambientais e as fontes pessoais disponíveis, ou seja, podemos dizer que não há uma
quantidade significativa de estresse ou mesmo que não há estresse. Na parte B da figura, os
recursos pessoais são superiores as demandas ambientais. Quando essa situação acontece,
muitas vezes, os indivíduos experimentam uma sensação de tédio frente às demandas
apresentadas pelo ambiente. Já na parte C da ilustração, as demandas ambientais são
superiores aos recursos pessoais disponíveis, o que acarreta em um alto nível de estresse.
Diante desse contexto o indivíduo pode não se sentir capaz de lidar satisfatoriamente com as
exigências impostas pelo ambiente, ou mesmo experimentar sensações de medo e ansiedade
que podem levar a fuga ou evitação da tarefa (LAZARUS, 2006b).
A partir dessa perspectiva o estresse psicológico passou a ser estudado e investigado
em diferentes contextos, o esporte, como veremos a seguir, é um destes contextos.
14
2.2 – ESTRESSE E SUA RELAÇÃO COM O ESPORTE
Sendo o estresse psicológico um fenômeno cuja influência pode ser positiva ou
negativa para as pessoas, não é de se estranhar que ao longo do tempo numerosos estudos da
área da Psicologia do Esporte têm buscado compreender como esse fenômeno atua sobre o
comportamento esportivo em várias ações e tarefas. O estresse é considerado um fator
psicológico preponderante para o rendimento, sendo inclusive apontado como um aspecto
interveniente no alto rendimento (NICOLAI RÉ, DE ROSE JR. e BOHME, 2004). Nicholls et
al. (2009) apontam que a participação no esporte profissional pode ser uma experiência
estressante. Os autores afirmam que em pesquisas feitas anteriormente com rúgbi, os
resultados demonstraram que os atletas experimentam uma variedade de fatores que podem
ser vistos como estressores, tais como, lesões, erros de desempenho durante o treinamento e
os jogos.
Diversos estudos têm apontado que os atletas são submetidos aos mais diversos tipos
de pressão e, portanto, vários fatores podem ser considerados estressores. A busca por
resultados esportivos, o afastamento da família para participar de campeonatos nacionais e
internacionais, as exigências físicas, além da interação com os companheiros de equipe,
técnicos, adversários, torcida e, até mesmo, com a mídia, podem predispor o atleta de
rendimento a manifestar uma reação negativa de estresse e comprometer e/ou prejudicar seu
rendimento (CRUZ, 1996; RUBIO, 2000; NOCE e SAMULSKI 2002; GOUVÊA et al., 2004,
COSTA e SAMULSKI, 2005). Esses aspectos, isoladamente ou em conjunto, podem levar o
atleta a apresentar alterações psicológicas como, menor capacidade de concentração, aumento
da ansiedade-estado, dentre outras reações emocionais negativas (MÁRQUEZ, 2006), além de
colaborarem para o aparecimento de sintomas psicofisiológicos, tais como, aumento da
frequência cardíaca, sudorese, aumento da tensão muscular, redução da flexibilidade e
coordenação motora, incidência maior de lesões entre outros aspectos (STEFANELLO,
2007a; NIPPERT e SMITH, 2008; GENCAY, 2009).
Contudo, nem sempre o contexto esportivo ou a competição esportiva são vistos como
estressores pelos os atletas, para alguns, esse ambiente pode ter um caráter desafiador e
motivador (STEFANELLO, 2007a). Para Cruz (1996) o atleta que acredita que o seu valor
pessoal depende do sucesso que tiver no esporte atribui aos resultados que obtém um
significado bastante diferente de outro atleta para quem o valor pessoal não passa
necessariamente pelos bons resultados. Para esse mesmo autor, fenômeno do estresse deveria
15
ser analisado a partir de uma abordagem cognitiva, motivacional e relacional, conforme
Lazarus já havia proposto em estudos anteriores, o que permitiria uma melhor compreensão
deste fenômeno. A figura 3 ilustra como seria esta abordagem.
Figura 3: O mecanismo do estresse adaptado da abordagem cognitiva, motivacional e
relacional de Lazarus (1993), Lazarus e Lazarus (1994), Cruz (1996) e Lazarus (2006b).
16
Nesta abordagem os elementos responsáveis por influenciar o processo de avaliação
cognitiva são chamados de variáveis antecedentes. As variáveis antecedentes se subdividem
em ambientais e individuais. As variáveis ambientais estão relacionadas às exigências e
limitações com que os atletas têm que se confrontar no dia a dia e/ou com as incertezas pelas
quais os mesmos têm que lidar durante todo o processo competitivo. Já as variáveis
individuais estão relacionadas às características pessoais e aos traços de personalidade, são
estas variáveis as responsáveis pelas predisposições para perceber, pensar e responder,
emocional e comportamentalmente frente a determinadas situações. Em conjunto essas
variáveis podem ser vistas como potenciais antecedentes da relação entre indivíduo e
ambiente no sentido de influenciarem os processos cognitivos mediadores. Esses são os
responsáveis pelas ligações entre a demanda ambiental e a resposta emocional, e entre crenças
pessoais e objetivos propostos. É através desses processos cognitivos que o atleta atribui um
significado pessoal à relação pessoa-ambiente. Inicialmente, o mesmo faz uma avaliação
considerada primária desta relação, analisa até que ponto o que está acontecendo é relevante
para si e, posteriormente, faz uma avaliação considerada secundária, nessa avaliação são
analisados aspectos relacionados às opções, recursos pessoais e prejuízos ou benefícios do
confronto com a situação. Dependendo do resultado desse processo de avaliação o atleta tem
uma resposta emocional que pode comprometer ou interferir em seu rendimento esportivo.
Estados emocionais negativos, como ansiedade, medo, falta de concentração podem ser
desencadeados a partir dessa avaliação. Frente a esse estado emocional o atleta tende a
desenvolver um novo processo, chamado neste momento, de processo de confronto. O
processo de confronto refere-se aos esforços do atleta para lidar com a situação momentânea e
específica e não ao sucesso ou insucesso desses esforços, sendo que podem ser direcionados
para a regulação emocional ou para a minimização dos efeitos nocivos impostos pela situação.
Ainda sobre esse caráter cognitivo e relacional da manifestação do estresse, Brandão
(2000) afirma que a origem do estresse no esporte é um processo complexo e multifatorial que
precisa ser analisado não somente pela natureza da situação, mas pelo modo como as pessoas
subjetivamente percebem e avaliam essa situação e pela repercussão que esta avaliação pode
ter em suas ações, podendo inclusive ter o estresse, assim como apresentado anteriormente,
uma dimensão facilitativa, o eustress, e uma debilitativa, o distress (JONES e HARDY,
1990). Na perspectiva do contexto esportivo, o eustress prepara o organismo para a uma tarefa
explosiva, deixando o atleta alerta e estimulado fisiologicamente, auxiliando-o a manter o
foco de atenção, a motivação e a conservar um alto nível de energia física, contribuindo dessa
17
forma para que o mesmo tenha um desempenho esportivo elevado (BRANDÃO, 2000). Já o
distress, consiste em uma avaliação negativa do estressor, que surge quando as pessoas
percebem as demandas como superiores aos seus recursos pessoais (HUNTTON, 2000), o que
implica em efeitos prejudiciais sobre o rendimento, isto porque com uma avaliação negativa
da situação, o atleta pode desenvolver comportamentos inadequados (medo, ansiedade,
dificuldade para tomar decisões entre outros) que prejudicarão ou interferirão em seu
rendimento. O distress tem implicações que vão além do rendimento, o mesmo pode
desencadear um processo crônico, deixando o atleta mais vulnerável a desenvolver lesões, ou
mesmo, interferindo em sua recuperação, podendo inclusive fazer com que passe a perceber a
competição como algo ameaçador e nocivo, levando-o ao esgotamento físico e mental
(“burnout” e/ou “overtraining”) e ao abandono precoce do esporte (COSTA e SAMULSKI,
2005; MÁRQUEZ, 2006; NOCE et al., 2008).
Os dados de diversos estudos evidenciam a elevada incidência do estresse em
contextos esportivos, vivenciado por muitos atletas, independentemente da idade e do nível
competitivo, e também demonstram que esse fenômeno se manifesta de diferentes formas, em
diferentes contextos e com as mais diversas repercussões. Por exemplo, Brandão (2000) ao
realizar um estudo sobre estresse em jogadores de futebol profissional encontrou que a
percepção das fontes de estresse variava de acordo com as situações e o ambiente e estavam
relacionadas às características da especificidade da posição de jogo e ao tempo de experiência
dos atletas. Já De Rose Júnior et al. (2004) ao desenvolverem seu estudo com atletas de
modalidades esportivas coletivas identificaram que as situações causadoras de estresse
estariam relacionadas a três grandes categorias: competência individual, competência coletiva
e pessoas importantes. Dias (2005) ao analisar 11 atletas e 6 treinadores de grande destaque
no esporte mundial, identificou que as fontes de estresse e ansiedade mais experenciadas eram
os aspectos relacionados com a natureza da competição e com as pressões externas mais do
que com o próprio desempenho, enquanto Marques e Rosado (2005) identificaram que as
situações consideradas estressantes pelos atletas relacionavam-se com os aspectos
organizativos, aspectos gerais e específicos da competição e do treino, custos e exigências da
modalidade e aspectos do desenvolvimento da carreira. Stefanello (2007a) ao analisar uma
dupla masculina do vôlei de praia brasileira identificou que os fatores situacionais foram os
mais determinantes e, dentre estes, os aspectos relacionados ao jogo foram os fatores
específicos mais influentes, tendo na facilidade/dificuldade da partida a principal fonte de
estresse para os atletas. Já Pires, Flores e Brandão (2008) ao realizarem um estudo para
18
identificar as situações de jogo causadoras de estresse em atletas das categorias de base de
handebol pertencentes a áreas geográficas e culturais distintas, sendo um grupo da parte Oeste
do Estado do Paraná e o outro do município de Campinas (SP), encontraram que para os
atletas do grupo Oeste do Paraná, o fato de estar perdendo para equipe tecnicamente inferior
foi considerado como o agente estressor majoritário, ao passo que os atletas de Campinas-SP
julgaram três momentos da partida como maiores geradores de estresse: arbitragem estar
prejudicando minha equipe; ser excluído nos momentos decisivos da partida; e sofrer um gol
devido a uma falha defensiva. Mais recentemente, Segato et al. (2010) ao analisarem 31
velejadores de alto nível, encontraram que estes velejadores apresentavam níveis baixos e
moderados de estresse, oriundos de fontes intrínsecas e extrínsecas ao contexto competitivo.
No entanto, concluíram ser importante que estes atletas controlem e administrem elevados
níveis de estresse psicológico, sabendo assim lidar com situações instáveis e imprevisíveis
advindas tanto da modalidade quanto do próprio contexto esportivo.
De um modo geral esses resultados corroboram com as afirmações de De Rose Júnior,
Deschamps e Korsakas (2001) e Barros e De Rose Júnior (2006) quando dizem que o estresse
é parte integrante do desenvolvimento humano, sendo que o fundamental é o gerenciamento
desse fenômeno tanto pelos atletas experientes quanto pelos atletas iniciantes e que o
diferencial em um contexto esportivo não é a ausência do estresse, mas sim a forma como o
indivíduo lida com esse fenômeno. Assim como Jones e Hardy já sugeriam em seus estudos
na década de 90, Nicolai Ré, De Rose Júnior e Bohme (2004) enfatizam que o imprescindível
no processo de treinamento e competição é buscar alternativas para que os atletas aprendam a
desenvolver e mobilizar mecanismos mentais positivos, que contribuam para a promoção do
eustress, ao mesmo tempo em que são necessárias formas eficientes de se controlar ou
minimizar os efeitos prejudiciais do distress na prática do esporte de alto rendimento, além de
ser necessária uma análise e consideração simultânea de vários fatores que se interrelacionam
e se associam no complexo processo do estresse.
2.3 – ESTRESSE E VOLEIBOL
Como já foi apresentado anteriormente o estresse é um dos fatores psicológicos
considerados mais preponderantes para o desempenho esportivo, e isso faz com que o estudo
da sua manifestação seja extremamente relevante nas mais diversas modalidades esportivas.
Uma das modalidades que mais tem sido estudada para a compreensão deste fenômeno é o
19
Voleibol. Esse esporte se caracteriza por ser uma modalidade na qual sua especificidade a
torna um contexto propício para a manifestação do estresse, evidenciando assim um campo
fértil para pesquisas NOCE (1999), NOCE e SAMULSKI (2002a), NOCE e SAMULSKI
(2002b), KELLER, et al. (2005), GOUVEA, et al. (2007), LOPES et al. (2007), NOCE et al.
(2010) e TRAPÉ, PRODÓCIMO e MORENO (2010). Para entender melhor toda essa relação
é necessário antes de tudo compreender como tem se constituído essa modalidade ao longo do
tempo.
O Voleibol é uma modalidade esportiva que surgiu em 1895, na cidade de
Massachussets nos Estados Unidos, idealizado pelo professor Willian C. Morgan com o
objetivo de ser praticado pelos idosos durante o forte inverno, quando era difícil praticar
qualquer outra modalidade fora dos ginásios esportivos (MACHADO, 2006b). Ao longo dos
anos sua finalidade foi se alterando, de um simples jogo de recreação para idosos, passou a ser
praticado por soldados durante a 1ª Guerra Mundial, o que levou posteriormente a criação de
seleções nacionais. Com a grande popularidade adquirida nesse período, não demorou muito
para que ganhasse todo o mundo e assim houve a necessidade de uniformizar suas regras e
instituí-lo formalmente, foi quando se criou a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) em
1947. A criação da FIVB foi um passo importante para o Voleibol porque possibilitou sua
inclusão nos Jogos Olímpicos em 1957 e a continuidade de sua expansão e popularidade pelo
mundo (SANTOS NETO, 2004).
Desde sua criação até os dias atuais o Voleibol manteve sua essência, um jogo
disputado por duas equipes, separadas por uma rede, que através de toques na bola tentam
conquistar um ponto. Entretanto, as regras que o regem sofreram várias modificações ao
longo dos anos. Duas modificações datadas de 1998 talvez sejam as regras que mais alteraram
a sistemática do jogo, o sistema de pontuação (MÍLAN et al,, 2001; MARTÍNEZ e ABREU,
2003; FONSECA, 2005; MILISTETD et al., 2009) e a implantação do líbero (MÍLAN et al.,
2001; MILISTETD et al., 2009).
Até 1997 o Voleibol era disputado, em competições oficiais, em jogos de 5 sets de 15
pontos cada. Para se obter um ponto nesse sistema era necessário primeiro ganhar o direito de
sacar (a vantagem) para depois ainda com a posse do saque, efetuar uma jogada qualquer que
culminasse com bola ao chão (DESCHAMPS, 2002). Em 1998, a FIVB motivada por
interesses comerciais e televisivos (YIANNIS et al., 2004), (até então, uma partida de
Voleibol poderia chegar a durar algo em torno de 3 horas, com sets que duravam em média de
20 a 40 minutos, o que comprometia a grade de programação de uma emissora), começou a
20
testar um novo sistema de pontuação, chamado de Rally-Point System, nesse sistema, uma
partida oficial, é disputada em 4 sets de 25 pontos corridos (cada bola ao chão é considerado
ponto para a equipe que efetue essa ação) e o último set de 15 pontos chamado de tie-break.
Com a utilização do novo sistema de pontuação, as partidas de Voleibol passaram a demorar
menos (YIANNIS et al. 2004), os sets passaram a ter uma duração em média de 15 a 30
minutos (MÍLAN et al., 2001; PINO, GÓMEZ e ALONSO, 2002; SANTOS NETO, 2004;
SZADE et al., 2005; FONSECA, 2005). Boucher (1999) afirma que já na Liga Mundial de
1999 em Mar del Plata (Argentina) o tempo médio de duração das partidas caiu, passando a
serem disputadas em 1h46min, com sets que duravam, em média, 23 minutos.
Também em 1998 a FIVB implantou um novo jogador, o Líbero, cuja principal função
é a defesa. O objetivo de sua criação era desequilibrar a supremacia do ataque frente à defesa.
A atuação do líbero está condicionada a algumas limitações, o mesmo atua somente na zona
de defesa, devendo abandonar a quadra quando chegar à zona de ataque, sendo substituído por
outro jogador. Com a criação do líbero, os principais jogadores envolvidos nessa nova regra,
foram os centrais, que passaram a participar do jogo somente na zona onde o líbero não atua,
isto é, a zona de ataque (MÍLAN et al., 2001).
Essas alterações fizeram com que o Voleibol assimilasse novas características
àquelas já existentes, tornando-se mais dinâmico e significativamente mais rápido, levando a
profundas alterações na tática e no comportamento dos jogadores dentro de quadra, isto
porque foi necessário estabelecer formas mais eficientes de promover o sucesso em cada ação
e de reduzir a quantidade de erros (SZADE et al., 2005). Trapé, et al. (2010) acrescentam que
o voleibol além de ser mais dinâmico se tornou mais imprevisível quanto ao resultado. Assim,
com esse novo sistema de pontuação, a decisão dos jogos ficou mais equilibrada, emocionante
e rápida, as equipes passaram a valorizar cada rally disputado, tendo em vista a necessidade
premente de somar todos os pontos possíveis para se vencer a partida (ANFILO, 2003). Para
Maehler e Achour Júnior (2001) o sistema de pontuação atual vem exigindo agressividade
tática e precisão técnica apuradas, além de habilidade, precisão e regularidade do atleta
(TRAPÉ et al. 2010) o que acarreta maior demanda física, técnica e psico-afetiva. Além disso,
o Voleibol se caracteriza por exigir de seus atletas qualidades psicológicas como,
autoconfiança, valentia, determinação, disposição e vontade de vencer (MEDVEDEV, 1988
apud BRANDÃO, 1996) e atributos como: atenção, concentração, distribuição, estabilidade e
velocidade de pensamento, atenção sobre as ações do adversário, atenção sobre as ações dos
21
companheiros de equipe e sobre o placar, além de dispor de uma memória para recordar a
solução tática mais adequada para cada situação do jogo (MARTINEZ e ABREU 2003).
Assim, face ao exposto anteriormente, parece-nos que as especificidades da
modalidade voleibol associadas ao modo como os indivíduos envolvidos interpretam o
significado do voleibol e os fatores situacionais, sociais e pessoais associados à sua prática
tornam esse contexto propício para a manifestação do estresse, evidenciando assim um campo
fértil para novas pesquisas, pesquisas essas que levem em consideração, aspectos mais
abrangentes e que contemplem a interação senão de todos, mas de grande parte dos fatores
apontados anteriormente.
22
CAPÍTULO 3
MÉTODO
3.1 - Princípios norteadores do estudo
Tratou-se de uma pesquisa descritiva, exploratória, em que se fez uso de um
questionário de dados biográficos, de uma versão adaptada do Teste de Efeito das Condições
Gerais de Estresse sobre o Desempenho proposto por Teipel (1993) e de um questionário
composto por uma pergunta que permite respostas abertas, como instrumentos de coleta de
dados. A análise dos dados foi feita por meio de análises estatísticas e pela análise de
discurso, que, em conjunto, ofereceram elementos indispensáveis para a compreensão dos
objetivos anteriormente estabelecidos.
3.2 - Amostra
Foram avaliados 69 atletas de voleibol integrantes de equipes que participaram de
competições estaduais e nacionais no período de 2009/2010. Como critérios de inclusão para
compor a amostra deste estudo os sujeitos deveriam ser jogadores de voleibol, de ambos os
sexos, integrantes da categoria juvenil e/ou adulta, que estivessem inscritos em equipes
participantes de competições estaduais e nacionais no ano de 2009/2010, supervisionadas pela
Confederação Brasileira de Voleibol. Poderiam constituir a amostra quaisquer atletas,
independemente, de classe social, credo ou raça. A participação em estudos anteriores
similares ou não, não foi impedimento para participação no referido estudo.
Como critérios de exclusão dos participantes foram observados os seguintes aspectos:
atletas que estavam sendo negociados e/ou estavam ingressando na equipe na ocasião da
coleta de dados e atletas estrangeiros que eventualmente não possuíam domínio do idioma
português.
Nas tabelas 1, 2 e 3 podem-se observar as características desses sujeitos.
23
Tabela 1 - Caracterização dos Participantes em Função do Gênero (em anos)
Gênero Masculino (n=47) Feminino (n=22)
M DP M DP
Idade 22,66 4,78 25,14 3,89
Tempo de prática 13,34 2,23 11,45 1,73
Tabela 2 - Caracterização dos Participantes em Função da Categoria de Jogo (em anos)
Categorias Adulto (n= 28) Juvenil (n= 19)
M DP M DP
Idade 25,36 4,43 19,36 0,95
Tempo de prática 12,6 2,32 13,05 2,12
Tabela 3 - Número de Participantes em Função da Posição de Jogo
Posição de jogo
Masculino
(n=47)
Feminino
(n=22)
n n
Ponteiro 14 5
Levantador 9 6
Central 12 7
Oposto 8 3
Líbero 4 1
3.3 – Instrumentos
Os atletas foram avaliados através dos seguintes instrumentos, selecionados
especialmente para fins desse estudo: a) Questionário de caracterização dos participantes
(Anexo 1), no qual os atletas responderam questões referentes à idade, gênero, experiência
profissional, tempo de prática do voleibol, posição que atuava na equipe, entre outros dados
pessoais; b) Versão adaptada do Teste de Efeito das Condições Gerais de Estresse sobre o
Desempenho proposto por Teipel (1993) (Anexo 2). Este teste possui o formato de uma escala
do tipo Likert com 7 pontos que representa a direcionalidade dos fatores de estresse, podendo
ser indicados de acordo com o grau percebido pelo indivíduo como um fator que aumenta ou
diminui o seu próprio desempenho e se subdivide em três seções, a primeira se intitula
“Condições ambientais” e consta de 12 itens; a segunda seção “Condições de jogo” consta de
19 itens; e a terceira “Condições da temporada” que consta de 9 itens. O instrumento tem
ainda uma seção denominada de “Comportamentos frente às situações típicas de um jogo”
24
que se subdivide em “Condições Gerais (32 itens)” e “Situações típicas de um jogo de
Voleibol (23 itens)”, e, c) Questionário composto por uma pergunta que permitiu respostas
abertas: O que significa o Voleibol para você? (Anexo 3), no qual os atletas poderiam
descrever em uma única palavra ou em um longo texto o significado que o Voleibol tem em
suas vidas. Este questionário contou com um cabeçalho autoexplicativo que informava aos
participantes de que não haveria limites para sua escrita e que os mesmos não precisariam se
preocupar com questões ortográficas.
Para a utilização da versão adaptada do Teste de Efeito das Condições Gerais de
Estresse sobre o Desempenho, inicialmente foi feita a tradução reversa do mesmo, versão em
português do “Test of Effect of the General Conditions of Stress on the Performance” que
seguiu as normas para adaptação cross-cultural de instrumentos de medidas em ciências da
saúde de Beaton et al. (2002), obedecidas as seguintes etapas: 1) Tradução do Inventário da
língua inglesa para o português por 2 profissionais, dos respectivos países, que dominam a
língua inglesa e a área da psicologia do esporte, gerando duas versões T1 e T2 dos
instrumentos; 2) Síntese das duas traduções para determinar a versão T3 do instrumento; 3)
Tradução reversa do T3 por 2 profissionais nativos da língua inglesa e domínio do português,
gerando as versões T4 e T5; 4) Síntese das duas traduções para determinar a versão T6 do
instrumento; 5) Avaliação do Inventário por especialistas doutores, gerando a versão T7 do
instrumento; 6) Versão final do Inventário (T7).
3.4 – Procedimentos
Inicialmente foi feito convite aos atletas para que participassem voluntariamente desta
pesquisa. Os que aceitaram participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE – Anexo 4) elaborado segundo as normas do Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade São Judas Tadeu.
Por meio do TCLE os atletas foram informados de que o sigilo seria mantido durante
todo o desenvolvimento do estudo, que sua participação na pesquisa apresentava risco
mínimo, podendo ocorrer apenas certo grau de constrangimento frente ao teor das questões
apresentadas nos instrumentos que seriam utilizados e que tal participação poderia ser
interrompida e retomada a qualquer momento, caso fosse de seu interesse. Os atletas foram
informados também de que esse estudo poderia lhes beneficiar no sentido de fornecer
informações sobre o mecanismo do estresse e como esse fenômeno poderia interferir no seu
25
rendimento durante os jogos e treinamentos. Os atletas ainda foram informados de que não
haveria qualquer despesa ou compensação financeira por sua participação e que os resultados
gerais obtidos seriam utilizados apenas para alcançar os objetivos do presente estudo e para
publicação na literatura científica especializada. Por fim os mesmos foram informados de que
poderiam receber uma cópia do estudo final caso assim o desejassem.
Assim, feito o contato inicial com os atletas ocorreu à coleta de dados desta pesquisa.
Tal coleta foi realizada pela própria autora deste estudo, em dias e horários pré-estabelecidos,
sendo que os atletas foram reunidos em grupo, em um local apropriado. Primeiramente a
autora explicou todos os objetivos e procedimentos referentes à pesquisa, logo em seguida, a
aplicação dos instrumentos ocorreu na seguinte ordem: inicialmente o atleta respondeu ao
questionário de dados biográficos, posteriormente, o mesmo respondeu a versão adaptada do
Teste de Efeito das Condições Gerais de Estresse sobre o Desempenho proposto por Teipel
(1993) e na sequencia ao questionário sobre o significado do Voleibol.
O presente projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu sob o protocolo nº89/2009.
3.5 - Análises dos dados
Para as análises estatísticas foi utilizado o pacote estatístico “Statistical Package Social
Science” (SPSS) versão 12.0, sendo que os dados referentes ao gênero, categoria de jogo,
idade, tempo de prática do voleibol e posição de jogo, coletados através do questionário de
dados biográficos, foram analisados através de frequência de resposta, média e desvio padrão.
Os dados coletados através da versão adaptada do Teste de Efeito das Condições
Gerais de Estresse sobre o Desempenho proposto por Teipel (1993) foram analisados
primeiramente por meio de uma análise descritiva, através da média e o desvio padrão.
Posteriormente, foi feito um ranqueamento com os dados levando-se em consideração os itens
que apresentaram médias superiores a 5.0 e inferiores a 3.0. Utilizou-se desse procedimento
porque o valor 4.0 na escala das Condições Gerais de Estresse representava um grau de
influência neutra para o desempenho dos atletas. Assim os itens com médias superiores a 5.0
foram considerados como positivos para o desempenho dos atletas, enquanto que os itens com
médias inferiores a 3.0 foram considerados negativos.
Após as análises expostas anteriormente, buscou-se identificar se havia diferenças
estatisticamente significativas para as Condições Gerais de Estresse quando se comparava os
26
atletas por gênero, por categoria e por posição de jogo. Para essa análise, primeiramente,
aplicou-se o teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov (teste D), o qual constatou que a
maioria dos itens não seguiu uma distribuição normal (Anexo 5).
Com esses resultados, somou-se à especificidade da amostra e o tipo de escala do
instrumento (tratou-se de uma variável ordinal, disposta em uma escala de 1 a 7), que em
conjunto, determinaram a escolha do teste de Mann Whitney (teste U) para verificar se
existiam diferenças estatisticamente significativas entre as condições gerais de estresse por
gênero e por categoria de jogo. Na sequência das análises optou-se por analisar a relação entre
as condições gerais de estresse e as posições de jogo utilizando-se o teste de Kruskal Wallis
(teste H).
Utilizou-se ainda a frequência de respostas para analisar os resultados da escala de
comportamentos adotados pelos sujeitos frente às situações típicas de um jogo de voleibol, o
que ocorreu por gênero e por categoria de jogo.
Já para a análise do questionário composto pela pergunta aberta foram utilizados os
procedimentos de Análise de Conteúdo propostos por Miles e Huberman (2002):
a) Transcrição palavra por palavra (“verbatim”) das respostas relatadas pelos atletas, sem
qualquer interpretação, para ter uma visão geral e obter o sentido dos relatos dos sujeitos; b)
Leitura exaustiva das respostas com o objetivo de familiarizar-se completamente com elas; c)
Posteriormente, foram selecionadas as informações consideradas relevantes, elegendo
unidades de significância palavras e/ou frases; d) A seguir foi feita uma redução dos dados
aplicando-se um sistema de codificação, reunindo as diversas afirmações em categorias de
análise, com características comuns definidas a partir das questões do estudo; e) Para
assegurar a validade deste procedimento, o mesmo foi apresentado a 07 juízes (Mestres e
Doutores em Educação Física e/ou Psicologia do Esporte) que classificaram as unidades de
significado em suas devidas categorias. Foram aceitas para análise as unidades com 80 % de
concordância (valor definido pelos autores) de classificação numa mesma categoria entre os
juízes. Esse passo assegurou maior fidedignidade na classificação das categorias.
Ainda neste contexto, utilizou-se a frequência de respostas para analisar o significado
do voleibol em cada categoria de discursos, para a amostra como um todo. Em seguida,
aplicou-se o teste do Qui-quadrado (X²) para identificar se o significado atribuído ao voleibol
mantinha a mesma tendência de respostas quando os dados eram comparados por gênero e por
categoria de jogo. E por fim, visando compreender se havia relação entre o significado
27
pessoal atribuído ao voleibol e as condições gerais de estresse, utilizou-se mais uma vez do
teste de Kruskal Wallis (teste H).
O nível de significância adotado em todos os procedimentos foi de p≤ 0,05.
28
CAPÍTULO 4
RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados encontrados neste estudo, para uma
melhor organização, optou-se por apresentar, primeiramente, os resultados encontrados para a
amostra como um todo. Na sequencia, os resultados são apresentados por gênero, categoria e
posição de jogo.
4.1 – Da amostra total
4.1.1 - Resultados quanto as Condições Gerais de Estresse
Os dados coletados através da versão adaptada do Teste de Efeito das Condições
Gerais de Estresse sobre o Desempenho proposto por Teipel (1993) foram tratados
primeiramente por meio de uma análise descritiva, através da média e o desvio padrão, o que
pode ser observado na tabela 4. Em tal tabela são expressos todos os itens do instrumento e
suas respectivas médias e desvios.
Tabela 4 - Condições Gerais de Estresse - (Amostra total, n=69)
Itens M DP
1 Jogadas erradas no começo do jogo 3,77 1,41
2 Adiamento do jogo 3,90 1,46
3 Nervosismo excessivo 2,51 1,31
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono 3,32 1,39
5 Ser o favorito 5,26 1,42
6 Metas e rendimento excessivamente altas 4,88 1,67
7 Derrotas anteriores 4,14 1,63
8 Condicionamento físico inadequado 2,28 1,36
9 Conflitos com o treinador 3,00 1,86
10 Resultados positivos inesperados dos adversários 4,77 1,41
29
11 Performances ruins em treinamentos e competições anteriores 3,42
1,45
12 Adversários desconhecidos 4,90 1,44
13 Ser vaiado durante o jogo 4,67 1,95
14 Grande superioridade do adversário 5,26 1,65
15 Ser prejudicado pelos juízes 3,86 1,72
16 Instalações de competições incômodas 2,77 1,14
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas 4,88 1,60
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis 3,46 1,28
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário 4,84 1,61
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador 5,01 1,43
21 Viagens muito longas 3,16 1,34
22 Jogar com torcida 6,22 1,17
23 Conflitos com os companheiros de time 3,17 1,40
24 Conflitos com familiares 2,80 1,37
25 Jogar com torcida contra 5,94 1,36
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo 3,20 1,34
27 Falta de preparação psicológica 3,25 1,32
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador 5,86 1,40
29 Jogar machucado 2,83 1,90
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos 5,19 1,66
31 Disputa pela vaga de titular na equipe 6,46 0,93
32 Falta de comunicação entre a equipe 2,62 1,24
30
Dos itens considerados estressantes, observa-se que os mesmos compõem três grandes
grupos. O primeiro grupo está relacionado a questões que envolvem aspectos pessoais e
contempla 8 itens (1, 11, 4, 27, 26, 29, 3 e 8). O segundo grupo envolve questões voltadas
para o relacionamento entre a própria equipe ou com pessoas significativas, isto é, o
relacionamento com familiares, amigos, treinadores, adversários e árbitros, e contempla 5
itens (15, 23, 9, 24 e 32). E o terceiro grande grupo está relacionado à organização e ao
ambiente esportivo e possui 4 itens (2, 18, 21 e 16).
Posteriormente os dados foram analisados levando-se em consideração os itens que
apresentaram médias superiores a 5.0 e inferiores a 3.0. Utilizou-se desse procedimento
porque o item 4 na escala das Condições Gerais de Estresse representava um grau de
influência neutra para o desempenho dos atletas. Assim os itens com médias superiores a 5.0
representam situações consideradas positivas para o desempenho dos atletas, enquanto os
itens com médias inferiores a 3.0 representam situações consideradas negativas. Na tabela 5 é
possível observar este ranqueamento.
Tabela 5 - Ranqueamento dos Itens com Maiores e Menores Médias
Itens M DP
31 Disputa pela vaga de titular na equipe 6,46 0,93
22 Jogar com torcida 6,22 1,17
25 Jogar com torcida contra 5,94 1,36
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador 5,86 1,40
5 Ser o favorito 5,26 1,42
14 Grande superioridade do adversário 5,26 1,65
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos 5,19 1,66
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador 5,01 1,43
9 Conflitos com o treinador 3,00 1,86
29 Jogar machucado 2,83 1,90
31
24 Conflitos com familiares 2,80 1,37
16 Instalações de competições incômodas 2,77 1,14
32 Falta de comunicação entre a equipe 2,62 1,24
3 Nervosismo excessivo 2,51 1,31
8 Condicionamento físico inadequado 2,28 1,36
Através do ranqueamento pode-se observar que os itens 31, 22, 25, 28, 5, 14, 30 e 20
foram considerados positivos para o desempenho, enquanto que os itens 9, 29, 24, 16, 32, 3 e
8 foram considerados negativos para o desempenho dos atletas.
4.1.2 - Resultados quanto aos comportamentos mais adotados frente às situações
típicas de um jogo de voleibol
Para analisar os comportamentos mais adotados pelos sujeitos frente às situações
típicas de um jogo de voleibol utilizou-se a frequência de respostas para cada tipo de
comportamento. Na tabela 6 são apresentadas as frequências de respostas para cada tipo de
comportamento para amostra como um todo. Desta forma é possível observar quais os
comportamentos mais adotados pelos os atletas frente às situações que são comuns em um
jogo de Voleibol:
32
Tabela 6 - Comportamentos mais Adotados Frente às Situações Típicas de um Jogo de Voleibol
Amostra total n=69
Itens
Per
co u
m p
ou
co a
mo
tiv
ação
Me
con
cen
tro
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pró
xim
as
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mai
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Peç
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ori
enta
ção
e a
aju
da
do
s
com
pan
hei
ros
ou
tro
s
1 Sou advertido por causa de uma reclamação .. 20 3 19 23 2 2 .. ..
2 Alguns dos meus companheiros não se esforçam 9 .. 7 1 1 35 12 3 1
3 O juiz toma uma decisão incorreta contra minha equipe .. 7 12 4 20 21 2 .. 3
4 Meus companheiros me criticam após uma jogada errada 1 25 2 1 12 7 21 .. ..
5 O treinador me critica por falta de esforço 3 10 2 2 6 4 38 2 2
6 Minha equipe perde o ponto porque adotei uma tática
errada 2 26 1 3 13 7 9 8 ..
7 Por causa dos meus erros o adversário abre vantagem no
placar 5 13 5 1 15 8 12 6 4
8 Perco o saque num momento importante do set 6 16 .. 3 19 15 6 1 3
9 Os torcedores vaiam todas minhas jogadas durante o jogo 4 5 1 40 10 3 5 .. 1
10 Sou substituído 13 5 1 12 10 9 11 3 5
11 Minha equipe está em desvantagem no tie-break 1 17 1 1 18 1 24 3 3
12 Minha equipe está em vantagem no tie-break .. 20 1 .. 11 .. 27 2 8
13 O melhor jogador da equipe adversária é substituído .. 9 2 29 3 1 14 .. 11
14 O melhor jogador da equipe adversária sai da partida por
estar lesionado .. 12 .. 36 2 .. 9 .. 10
15 O levantador da minha equipe é substituído .. 18 1 15 10 2 8 2 13
16 O levantador da equipe adversária é substituído .. 11 2 31 2 .. 6 3 14
17 O líbero da minha equipe é considerado o melhor jogador
da posição na competição .. 2 .. 13 1 1 10 3 39
18 O líbero da equipe adversária é considerado o melhor
jogador da posição na competição 2 3 .. 31 1 2 7 1 22
19 Cometo repetidamente os mesmos erros 10 4 2 .. 16 23 5 9 ..
20 Minha equipe recupera e vira uma “bola perdida” 1 11 2 2 1 3 18 4 27
21 Acontece um bate-boca entre a equipe adversária .. 9 6 37 7 1 2 1 6
22 Acontece um bate-boca entre os jogadores da minha
equipe 2 8 3 4 30 8 3 2 9
23 O bloqueio da equipe adversária é muito alto .. 10 3 21 2 .. 19 7 7
33
Como forma de melhor compreender esses resultados optou-se por categorizar os itens
do teste reunindo-se os mesmos em categorias de respostas com características comuns
(determinadas pela autora do estudo). Deste modo, estabeleceram-se três categorias:
1) Aspectos relativos ao desempenho pessoal – Se refere aos itens que contemplam
situações típicas que dependem quase que exclusivamente das ações dos próprios
atletas. Fazem parte dessa categoria os itens 1, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 19;
2) Aspectos relativos ao desempenho da equipe – Se refere aos itens que contemplam
atitudes que dependem em grande parte das ações dos companheiros de equipe ou que
envolvem pessoas significativas, ou ainda que envolvam o ambiente esportivo em si.
Compõem essa categoria os itens 2, 3, 11, 12, 15, 17, 20 e 22;
3) Aspectos relativos à equipe adversária – Se refere aos itens que contemplam atitudes
e/ou ações provenientes da equipe ou do jogador adversário. Fazem parte dessa
categoria os itens 13, 14, 16, 18, 21 e 23;
Ao analisar as frequências de respostas dos sujeitos para a categoria “Aspectos
relativos ao desempenho pessoal” verifica-se que esses atletas tendem a desenvolver
comportamentos voltados para o gerenciamento da situação, atribuindo a si mesmos a
responsabilidade pelas ações ocorridas no momento atual do jogo. Comportamentos como
“Me concentro nas próximas jogadas” e “Tento me tranquilizar” foram os que receberam uma
maior frequência de respostas dentro dessa categoria. Em quatro situações específicas “(5) O
treinador me critica por falta de esforço”, “(9) Os torcedores vaiam todas minhas jogadas
durante o jogo”, “(10) Sou substituído” e “(19) Cometo repetidamente os mesmos erros” os
atletas demonstraram outros tipos de comportamento que são, respectivamente, “Me esforço
mais”, “Não me importo”, “Perco um pouco a motivação” e “Fico irritado e nervoso”.
Quando analisamos a frequência de respostas dentro da categoria “Aspectos relativos
ao desempenho da equipe” verificamos que os comportamentos com maior frequência de
respostas foram “Fico irritado e nervoso”, “Me esforço mais” e “Outros”. Somente para duas
situações específicas “(15) O levantador da minha equipe é substituído” e “(22) Acontece um
bate-boca entre os jogadores da minha equipe” é que os atletas demonstraram outros tipos de
comportamento que são, respectivamente, “Me concentro nas próximas jogadas” e “Tento me
tranquilizar”.
34
Já quando analisamos a frequência de respostas para a categoria “Aspectos relativos à
equipe adversária” verificamos que os atletas tendem a ignorar a situação. O comportamento
com maior frequência de respostas dentro dessa categoria foi “Não me importo”.
4.1.3 - Resultados quanto ao significado do voleibol
Nesta seção são expressos os resultados encontrados para a pergunta que permitia
respostas abertas: “O que significa o Voleibol para você?”. A seguir é possível observar como
a amostra total deste estudo se comportou frente a este questionamento.
4.1.3.1 – Das categorias de discursos para a amostra total
Realizados os procedimentos de análise dos dados obteve-se um total de 203 unidades
de registro sobre o significado do voleibol. Dos dados originaram-se quatro categorias de
discursos: Desenvolvimento de Capacidades, Emoção, Interação Social e Meio de Vida. A
análise dos juízes validou 177 unidades, o que representa 87% de concordância do material
coletado.
A seguir, na tabela 7, são apresentados os percentuais de concordância entre os juízes,
para cada categoria e, na sequencia, serão apresentadas as definições de cada categoria e
como forma de ilustrá-las, são apresentadas algumas afirmações textuais dos atletas.
Tabela 7 - Concordância entre os Juízes em cada Categoria de Discursos
Categorias % de Concordância
Desenvolvimento de Capacidades 86
Emoção 87
Interação Social 73
Meio de vida 94
Total 87
1) Desenvolvimento de capacidades - Se refere aos discursos nos quais os atletas afirmam
que o voleibol favorece o desenvolvimento de habilidades e competências que podem ser
comportamentais, físicas e/ou psicológicas e que permitem o crescimento pessoal,
profissional e esportivo.
35
"Uma ferramenta que ajudará bastante para o resto da minha vida", "Tudo o que eu tenho,
tudo o que sou, tudo o que conquistei foi graças ao volei", "O Voleibol em minha vida me deu
um caminho muito bom", "Fui aprendendo a ter responsabilidade, respeito entre outras
coisas"; "Significa estar sempre em busca dos meus objetivos" "Onde posso aprender e
conquistar o futuro" "Com o volei pretendo construir minha vida e ser feliz" "Ser um grande
atleta", "Tento evoluir a cada dia que passa pra ser o melhor", "O volei me ensinou muita
coisa e me proporcionou também muitas coisas boas", "Um esporte que exige o máximo de
concentração durante toda a partida", "De certa forma um meio de disputa saudável para se
ver qual a melhor equipe", "Voleibol significa um esporte altamente disputado", "Já ganhei
muita experiência", "Com ele pretendo ganhar mais experiência de vida e profissionalmente",
"Através dele me sinto mais completo como ser humano", "Aprendi a ser sereno,
companheiro, disciplinado", "Me esforço o máximo possível para atingir outras metas",
"Esporte coletivo que exige companheirismo, dedicação, visão de jogo, inteligência,
dinamismo, agilidade", "Me motiva por sempre apresentar situações problemas
diversificadas que exigem minha atenção e minha adaptação", "Me ajudou a conquistar
muitas coisas, tanto profissionais quanto pessoais", "Me fez conhecer quase todo o país e
agora o mundo", "O voleibol me proporcionou e me ajudou a conquistar muitos objetivos,
sendo eles pessoais e profissionais", "Ele me ajudou a viver e respeitar o limite de cada
pessoa", "Me ensinou a ser mais independente e a lutar pelos meus objetivos", "É
recompensador pra saúde", "Superação de obstáculos", "Através dele alcancei todas as
minhas metas", "Superei muitas dificuldades", "Me ajudou a mostrar e trilhar os caminhos
certos na minha vida", "Minhas conquistas, realizações", "Possibilitou-me crescer num
ambiente diferente da realidade agressiva que hoje vivemos", "Algo que me ajudou muito a
crescer como pessoa", "Momento de superação, de transpor obstáculos", "Superação de
desafios reais e psicológicos", "Uma maneira de praticar uma atividade física", "Melhorei
meu preparo físico", "Aprendi muitas coisas" e "Me ajudou a evoluir como pessoa".
2) Emoção – Se refere aos discursos que indicam que a prática do voleibol provoca
sentimentos e emoções peculiares. Tais emoções podem ser subdivididas em dois grupos:
a) paixão pelo voleibol – se refere aos discursos que indicam que o voleibol é uma
atividade relevante para os atletas, pela qual demonstram muito apreço, além de representar
um aspecto central em suas vidas.
36
"Uma paixão", "O volei hoje é minha vida", "Uma paixão enorme", "Minha vida", "Aquilo
que mais gosto de fazer", "O volei é minha vida!", "Uma paixão que não consigo ficar longe",
"Ele faz parte de mim como se fosse mais um membro meu", "É um esporte coletivo e que eu
gosto muito”, “Voleibol pra mim é tudo!", "Um sonho", "Hoje o voleibol é tudo pra mim",
"Não me vejo fazendo outra coisa", "Foi o que eu escolhi pra mim", "É o que eu quero fazer
até meus joelhos permitirem", "É tudo na minha vida", "A coisa que mais amo", "É o que eu
realmente amo fazer", "Um sonho", "Uma loucura", "Significa tudo", "Gosto muito", "Da
quadra eu consigo esquecer tudo o que se passa a minha volta. Me entrego ao voleibol",
"Amor pelo esporte", "Voleibol pra mim é como se fosse o meu ar", "Sem ele não posso
viver", "Voleibol é a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida", "O voleibol
tem um significado importante em minha vida" e "É algo bom que acontece em minha vida"
b) prazer na participação – se refere aos discursos que indicam sentimentos positivos
derivados da participação no esporte, tais como, sentimentos de prazer, diversão e alegria.
"Um meio de diversão", "Lazer", "O meio que me traz satisfação e prazer", "Meu prazer",
"Uma diversão", "Um esporte alegre de se fazer", "Ele me dá muita motivação", "Onde me
sinto muito a vontade", "Desde sempre gostei da emoção de jogar, é muito estimulante pra
mim", "É um esporte que eu gosto e tenho prazer de jogar", "Uma alegria", "O que mais
gosto de fazer", "Momentos de alegria e conquistas", "Histórias inesquecíveis", "É o
momento em que faço o que gosto", "Me divirto", "Voleibol é prazer", "Faço o que gosto e me
faz bem", "O voleibol além de ser um esporte muito prazeroso de ser praticado", "Algo que
me deixa feliz", "Me descontrai" e "É um momento de prazer e descontração"
3) Interação social – Se refere aos discursos nos quais os atletas afirmam que o voleibol é um
agente socializador importante e que permite relações com pessoas que tem um impacto
importante na vida do atleta.
"Através do volei também consegui fazer muitos amigos", "Através do volei encontrei minha
namorada", "Um esporte coletivo onde temos que ter total companheirismo", "Um jogo
complexo de muita sintonia entre todos os atletas", "Através dele fiz amigos, companheiros e
pessoas que fizeram e fazem parte até hoje de minha vida", "Além de conhecer pessoas, fazer
37
amigos e desfrutar de tudo da melhor maneira possível", "Companheirismo", "Convívio em
grupo", "Conheci inúmeras cidades e diversas pessoas diferentes", "Amizades maravilhosas",
"Tenho boas relações interpessoais", "Foi através dele que conheci a maioria dos meus
amigos", "Conhecer muitos lugares e pessoas" e "Com o volei eu conheci grandes amigos”.
4) Meio de vida – Se refere aos discursos que mostram que os atletas veem o voleibol como
uma forma para desenvolver-se profissionalmente, tanto no tempo presente quanto no futuro,
além de ser um meio para o sustento financeiro de si próprio ou de sua família.
“Meio de vida”, “Minha profissão”, “Meu trabalho”, “Um meio de dar para minha família
uma vida melhor”, “Minha carreira”, “O que eu escolhi pro meu futuro”, “É o que quero
para o meu futuro”, “Em termos financeiros me ajuda”, “Com ele recebo meu salário”,
“Quero que isto um dia se torne meu ganha pão”, “Meu futuro”, “Pretendo fazer do volei
minha vida”, “Profissionalismo”, “Onde busco atingir metas que fiz, para ter um futuro
próspero”, “Ajudar minha família”, “Significa o meu futuro e o da minha família!”, “Um
meio de serviço”, “Agora trata-se de uma profissão”, “Pretendo ter muito sucesso nesse
esporte, me tornando um profissional um dia”, “Vida da minha família”, “O melhor de tudo:
ganho para isso”, “Me sustentei”, “Bolsas de estudo”.
Diante destes dados podemos observar que todas as categorias levantadas fazem
referência ao voleibol como um aspecto positivo. É interessante perceber que nenhum atleta
atribuiu um significado negativo ao voleibol.
Para ilustrar tais percepções, apresentamos a tabela 8 que evidencia a frequência e
porcentagem de respostas dos sujeitos para cada categoria de discurso.
Tabela 8 - Frequência de Respostas sobre o Significado do Voleibol em cada Categoria de
Discursos (Amostra total, n=69)
Categorias F
(frequência de respostas) %
Desenvolvimento de Capacidades 27 39,1
Emoção 53 76,8
Interação Social 14 20,3
Meio de vida 41 59,4
38
Assim podemos observar que para a amostra como um todo, o voleibol representa
Emoção (76,8%) e Meio de Vida (59,4%), sendo, posteriormente, concebido como
Desenvolvimento de Capacidades (39,1%) e Interação Social (20,3%).
4.1.4 - Resultados quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições
gerais de estresse
Para analisar se existiam diferenças estatisticamente significativas entre as categorias
do significado do voleibol e as condições gerais de estresse utilizou-se do teste de Kruskal
Wallis. Os resultados encontrados através deste teste demonstram se o significado que o atleta
atribui ao voleibol tem alguma relação com a percepção de estresse do mesmo, assim, tais
resultados podem ser observados na tabela 9 a seguir:
Tabela 9 - Relação entre as Condições Gerais de Estresse e as Categorias do Significado do Voleibol
para Amostra Total
Itens Categorias de discurso M DP H p
1 Jogadas erradas no começo do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,59 1,37
4,43 0,21 Emoção 3,89 1,41
Interação Social 3,36 1,11
Meio de Vida 3,88 1,45
2 Adiamento do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
4,11 1,20
3,00 0,39 Emoção 3,87 1,51
Interação Social 4,07 1,23
Meio de Vida 3,78 1,52
3 Nervosismo excessivo
Desenvolvimento de
capacidades
2,44 1,10
0,11 0,99 Emoção 2,46 1,27
Interação Social 2,43 1,05
Meio de Vida 2,41 1,30
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono
Desenvolvimento de
capacidades
3,30 0,98
1,95 0,58 Emoção 3,24 1,32
Interação Social 3,14 1,06
Meio de Vida 3,12 1,58
5 Ser o favorito
Desenvolvimento de
capacidades
5,00 1,39
2,91 0,40 Emoção 5,26 1,43
Interação Social 5,14 1,25
Meio de Vida 5,37 1,37
6 Metas de rendimento excessivamente altas Desenvolvimento de
capacidades
4,96 1,46 0,45 0,92
39
Emoção 4,94 1,67
Interação Social 4,93 1,45
Meio de Vida 5,05 1,84
7 Derrotas anteriores
Desenvolvimento de
capacidades
4,11 1,55
0,34 0,95 Emoção 4,19 1,64
Interação Social 4,21 1,48
Meio de Vida 4,17 1,73
8
Condicionamento físico inadequado
Desenvolvimento de
capacidades
2,04 1,04
1,49 0,68 Emoção 2,11 1,30
Interação Social 2,29 1,28
Meio de Vida 2,05 1,30
9 Conflitos com o treinador
Desenvolvimento de capacidades
3,37 1,88
6,00 0,11 Emoção 2,81 1,91
Interação Social 3,21 1,87
Meio de Vida 2,90 1,84
10 Resultados positivos inesperados do adversário
Desenvolvimento de
capacidades
4,78 1,35
4,84 0,18 Emoção 4,74 1,46
Interação Social 4,29 1,68
Meio de Vida 4,98 1,52
11 Performances ruins em treinamentos e competições
anteriores
Desenvolvimento de
capacidades
3,85 1,51
5,61 0,13 Emoção 3,37 1,53
Interação Social 3,36 1,45
Meio de Vida 3,44 1,61
12 Adversários desconhecidos
Desenvolvimento de capacidades
5,04 1,26
3,97 0,26 Emoção 4,91 1,43
Interação Social 4,71 1,03
Meio de Vida 5,02 1,52
13 Ser vaiado durante o jogo
Desenvolvimento de
capacidades 4,26 1,86
6,40 0,09 Emoção 4,81 1,88
Interação Social 4,86 1,31
Meio de Vida 4,95 1,91
14 Grande superioridade do adversário
Desenvolvimento de
capacidades
5,33 1,50
1,74 0,62 Emoção 5,46 1,67
Interação Social 5,14 1,74
Meio de Vida 5,29 1,82
15 Ser prejudicado pelos juízes
Desenvolvimento de
capacidades
4,30 1,56
6,14 0,10 Emoção 3,78 1,77
Interação Social 4,29 1,72
Meio de Vida 3,80 1,87
40
16 Instalações de competições incômodas Desenvolvimento de
capacidades
3,11 1,03 11,18 0,01
Emoção 2,74 1,13
Interação Social 3,14 1,06
Meio de Vida 2,61 1,13
17 Pensar constantemente em cumprir as metas
fixadas
Desenvolvimento de
capacidades
4,81 1,22
7,64 0,05 Emoção 4,98 1,57
Interação Social 4,79 0,94
Meio de Vida 5,34 1,57
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis
Desenvolvimento de
capacidades
3,37 1,06
0,98 0,80 Emoção 3,30 1,23
Interação Social 3,36 1,11
Meio de Vida 3,27 1,41
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
adversário
Desenvolvimento de
capacidades
5,15 1,24
5,54 0,13 Emoção 4,91 1,58
Interação Social 4,57 1,51
Meio de Vida 5,00 1,77
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador
Desenvolvimento de
capacidades
5,00 1,31
2,03 0,56 Emoção 5,06 1,43
Interação Social 4,86 1,25
Meio de Vida 5,20 1,58
21 Viagens muito longas
Desenvolvimento de
capacidades
3,15 1,08
3,40 0,33 Emoção 3,04 1,32
Interação Social 3,36 0,90
Meio de Vida 3,15 1,38
22 Jogar com torcida
Desenvolvimento de
capacidades
6,04 1,26
5,93 0,11 Emoção 6,28 1,08
Interação Social 6,36 0,98
Meio de Vida 6,51 0,97
23 Conflitos com os companheiros de time
Desenvolvimento de
capacidades
3,41 1,26
8,09 0,04 Emoção 2,94 1,41
Interação Social 3,07 1,59
Meio de Vida 3,37 1,47
24 Conflitos com os familiares
Desenvolvimento de
capacidades
3,00 1,25
9,59 0,02 Emoção 2,72 1,40
Interação Social 3,00 1,20
Meio de Vida 2,34 1,27
25 Jogar com torcida contra
Desenvolvimento de
capacidades
5,81 1,42
5,70 0,12 Emoção 6,02 1,26
Interação Social 6,00 1,00
41
Meio de Vida 6,32 1,05
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,07 1,16
0,50 0,91 Emoção 3,07 1,17
Interação Social 2,93 1,34
Meio de Vida 3,24 1,48
27 Falta de preparação psicológica
Desenvolvimento de
capacidades
3,63 1,16
5,15 0,16
Emoção 3,19 1,34
Interação Social 3,43 1,41
Meio de Vida 3,12 1,45
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador
Desenvolvimento de
capacidades
5,74 1,33
6,72 0,08 Emoção 5,98 1,34
Interação Social 5,57 1,41
Meio de Vida 6,22 1,08
29 Jogar machucado
Desenvolvimento de
capacidades
2,93 1,79
5,73 0,12 Emoção 2,72 1,99
Interação Social 3,36 2,07
Meio de Vida 2,71 1,91
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos
Desenvolvimento de
capacidades
4,74 1,74
8,28 0,04 Emoção 5,15 1,63
Interação Social 4,86 1,65
Meio de Vida 5,59 1,56
31 Disputa pela vaga de titular na equipe
Desenvolvimento de
capacidades
6,22 1,14
8,76 0,03 Emoção 6,52 0,90
Interação Social 6,36 0,90
Meio de Vida 6,66 0,82
32 Falta de comunicação entre a equipe
Desenvolvimento de
capacidades
2,74 1,14
6,50 0,09 Emoção 2,50 1,23
Interação Social 3,00 1,47
Meio de Vida 2,39 1,28
Aplicado o teste de Kruskal Wallis verificamos que há diferenças estatisticamente
significativas nos itens “(16) Instalações de competições incômodas”, “(17) Pensar
constantemente em cumprir as metas fixadas”, “(23) Conflitos com os companheiros de
time”, “(24) Conflitos com os familiares”, “(30) Receber "cobranças" de jogadores mais
velhos” e “(31) Disputa pela vaga de titular na equipe”.
42
4.2 – Quanto ao gênero
4.2.1 – Resultados quanto as Condições Gerais de Estresse por gênero.
Após as análises expostas anteriormente, buscou-se identificar se haviam diferenças
estatisticamente significativas para as Condições Gerais de Estresse quando se comparava os
atletas por gênero. Na tabela 10 são apresentados os resultados encontrados nessas análises, os
quais demonstram que de 32 itens, 5 apresentaram diferenças consideradas estatisticamente
significativas:
Tabela 10 – Média, Desvio Padrão e Análise Estatística das Condições Gerais de Estresse em Função
do Gênero
Itens Gênero n M DP U P
1 Jogadas erradas no começo do jogo Masculino 47 3,94 1,47
432,00 0,26 Feminino 22 3,41 1,22
2 Adiamento do jogo Masculino 47 3,81 1,53
467,50 0,50 Feminino 22 4,09 1,31
3 Nervosismo excessivo Masculino 47 2,55 1,38
493,50 0,76 Feminino 22 2,41 1,18
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono Masculino 47 3,23 1,61
430,50 0,25 Feminino 22 3,50 0,74
5 Ser o favorito Masculino 47 5,32 1,42
484,00 0,66 Feminino 22 5,14 1,46
6 Metas e rendimento excessivamente altas Masculino 47 4,91 1,78
484,50 0,67 Feminino 22 4,82 1,44
7 Derrotas anteriores Masculino 47 4,30 1,72
454,50 0,41 Feminino 22 3,82 1,40
8 Condicionamento físico inadequado Masculino 47 2,32 1,51
500,00 0,82 Feminino 22 2,18 1,01
9 Conflitos com o treinador Masculino 47 2,79 1,89
387,50 0,09 Feminino 22 3,45 1,77
10 Resultados positivos inesperados dos adversários Masculino 47 4,79 1,40
503,00 0,85 Feminino 22 4,73 1,45
11 Performances ruins em treinamentos e competições anteriores Masculino 47 3,34 1,61
430,50 0,25 Feminino 22 3,59 1,05
12 Adversários desconhecidos Masculino 47 5,02 1,53
413,00 0,17 Feminino 22 4,64 1,22
13 Ser vaiado durante o jogo Masculino 47 5,00 1,95
356,50 0,04 Feminino 22 3,95 1,79
14 Grande superioridade do adversário Masculino 47 5,43 1,68
413,00 0,17 Feminino 22 4,91 1,57
15 Ser prejudicado pelos juízes Masculino 47 3,62 1,81
388,00 0,09 Feminino 22 4,36 1,40
16 Instalações de competições incômodas Masculino 47 2,64 1,22
406,50 0,14 Feminino 22 3,05 0,90
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas Masculino 47 5,11 1,68
363,50 0,04 Feminino 22 4,41 1,30
43
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis Masculino 47 3,28 1,26
404,00 0,13 Feminino 22 3,86 1,25
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário Masculino 47 4,87 1,74
485,50 0,68 Feminino 22 4,77 1,34
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador Masculino 47 5,04 1,55
491,00 0,73 Feminino 22 4,95 1,17
21 Viagens muito longas Masculino 47 3,21 1,44
491,50 0,74 Feminino 22 3,05 1,09
22 Jogar com torcida Masculino 47 6,34 1,11
410,00 0,12 Feminino 22 5,95 1,29
23 Conflitos com os companheiros de time Masculino 47 3,09 1,44
479,50 0,62 Feminino 22 3,36 1,33
24 Conflitos com familiares Masculino 47 2,53 1,44
333,00 0,01 Feminino 22 3,36 1,00
25 Jogar com torcida contra Masculino 47 6,04 1,29
444,00 0,31 Feminino 22 5,73 1,52
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo Masculino 47 3,15 1,41
463,00 0,47 Feminino 22 3,32 1,17
27 Falta de preparação psicológica Masculino 47 3,13 1,35
452,50 0,39 Feminino 22 3,50 1,26
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador Masculino 47 5,96 1,40
442,00 0,30 Feminino 22 5,64 1,40
29 Jogar machucado Masculino 47 2,45 1,79
308,00 0,01 Feminino 22 3,64 1,92
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos Masculino 47 5,57 1,54
306,50 0,01 Feminino 22 4,36 1,62
31 Disputa pela vaga de titular na equipe Masculino 47 6,55 0,88
421,50 0,14 Feminino 22 6,27 1,03
32 Falta de comunicação entre a equipe Masculino 47 2,53 1,33
430,50 0,25 Feminino 22 2,82 1,01
Quando analisamos as Condições Gerais de Estresse comparando o gênero masculino
e feminino verificamos que há diferenças estatisticamente significativas nos itens “(13) Ser
vaiado durante o jogo”, “(17) Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas”, “(24)
Conflitos com familiares”, “(29) Jogar machucado” e “(30) Receber cobranças de jogadores
mais velhos”. Verificamos ainda que os itens 13, 17 e 30 são os fatores que mais influenciam
positivamente os homens, enquanto que os itens 24 e 29 são os fatores que mais influenciaram
negativamente tanto os homens quanto as mulheres, embora os homens tenham percebido
esses fatores como mais estressantes.
44
4.2.2 - Resultados quanto aos comportamentos adotados frente às situações
típicas de um jogo de voleibol por gênero
Seguindo os procedimentos aplicados anteriormente, as tabelas 11 e 12 trazem os
resultados da análise dos comportamentos para o gênero feminino e masculino, sendo que na
tabela 11 são apresentados os comportamentos mais adotados pelo gênero feminino e na
tabela 12 são apresentados os comportamentos mais adotados pelo gênero masculino, ambos,
frente à situações que são típicas em um jogo de Voleibol:
Tabela 11 - Comportamentos Frente às Situações Típicas de um Jogo de Voleibol
Gênero Feminino (n=22)
Itens P
erco
um
po
uco
a
mo
tiv
ação
Me
con
cen
tro
nas
pró
xim
as
jog
adas
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jo d
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s
Peç
o a
ori
enta
ção
e a
aju
da
do
s co
mpan
hei
ros
ou
tro
s
1 Sou advertido por causa de uma reclamação .. 1 2 7 10 2 .. .. ..
2 Alguns dos meus companheiros não se esforçam 2 .. .. 1 .. 12 3 3 1
3 O juiz toma uma decisão incorreta contra minha equipe .. 3 3 2 4 8 1 .. 1
4 Meus companheiros me criticam após uma jogada
errada .. 8 .. .. 6 2 6 .. ..
5 O treinador me critica por falta de esforço 2 1 1 1 2 1 12 1 1
6 Minha equipe perde o ponto porque adotei uma tática
errada .. 9 .. 2 2 2 3 4 ..
7 Por causa dos meus erros o adversário abre vantagem no
placar 2 3 1 .. 6 5 3 1 1
8 Perco o saque num momento importante do set 3 3 .. 1 7 7 1 .. ..
9 Os torcedores vaiam todas minhas jogadas durante o
jogo 3 3 .. 13 2 1 .. .. ..
10 Sou substituído 6 .. 1 3 3 4 3 .. 2
11 Minha equipe está em desvantagem no tie-break 1 2 .. .. 9 1 8 .. 1
12 Minha equipe está em vantagem no tie-break .. 4 .. .. 7 .. 7 1 3
13 O melhor jogador da equipe adversária é substituído .. 3 .. 5 1 .. 4 .. 9
14 O melhor jogador da equipe adversária sai da partida por
estar lesionado .. 5 .. 6 .. .. 3 .. 8
15 O levantador da minha equipe é substituído .. 6 .. 2 4 1 3 .. 6
16 O levantador da equipe adversária é substituído .. 3 .. 6 .. .. 2 2 9
45
17 O líbero da minha equipe é considerado o melhor
jogador da posição na competição .. 1 .. 2 .. .. .. .. 19
18 O líbero da equipe adversária é considerado o melhor
jogador da posição na competição .. .. .. 9 .. 1 1 .. 11
19 Cometo repetidamente os mesmos erros 1 1 1 .. 5 7 2 5 ..
20 Minha equipe recupera e vira uma “bola perdida” .. 2 .. 1 .. .. 7 1 11
21 Acontece um bate-boca entre a equipe adversária .. 2 2 10 3 .. 2 .. 3
22 Acontece um bate-boca entre os jogadores da minha
equipe 1 3 2 1 8 2 1 .. 4
23 O bloqueio da equipe adversária é muito alto .. 6 .. 2 .. .. 7 4 3
Ao analisarmos as frequências de respostas do gênero feminino para a categoria
“Aspectos relativos ao desempenho pessoal” verificamos que as atletas tendem a se comportar
de maneira mais emocional diante das situações, isto é, o repertório de comportamentos das
atletas tende a ser mais variado. “Perco um pouco a motivação”, “Me concentro nas próximas
jogadas”, “Não me importo”, “Tento me tranquilizar”, “Fico irritado e nervoso” e “Me
esforço mais”, foram os comportamentos mais assinalados nesta categoria.
Na categoria “Aspectos relativos ao desempenho da equipe” os comportamentos mais
assinalados foram “Me concentro nas próximas jogadas”, “Tento me tranquilizar”, “Me
esforço mais” e “Outros”, o que indica que essas atletas também buscam através de ações
individuais contribuírem para que a sua própria equipe consiga reverter situações
desfavoráveis. Somente para os itens “(2) Alguns dos meus companheiros não se esforçam” e
“(3) O juiz toma uma decisão incorreta contra minha equipe” é as atletas tendem a responder
de forma diferenciada, isto é, diante dessas situações o comportamento mais comum é “Fico
irritado e nervoso”.
Já na categoria “Aspectos relativos à equipe adversária” as atletas tendem a
desenvolver três tipos de comportamentos “Não me importo”, “Me esforço mais” e “Outros”,
o que indica que para essas atletas demonstrar indiferença e esforçar-se mais diante da equipe
adversária, é considerado um bom caminho para superar as adversidades de um jogo de
voleibol.
46
Tabela 12 - Comportamentos Frente a Situações Típicas de um Jogo de Voleibol
Gênero Masculino (n=47)
Itens
Per
co u
m p
ou
co a
mo
tiv
ação
Me
con
cen
tro
nas
pró
xim
as
jog
adas
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ori
enta
ção
e a
aju
da
do
s
com
pan
hei
ros
ou
tro
s
1 Sou advertido por causa de uma reclamação .. 19 1 12 13 .. 2 .. ..
2 Alguns dos meus companheiros não se esforçam 7 .. 7 .. 1 23 9 .. ..
3 O juiz toma uma decisão incorreta contra minha equipe .. 4 9 2 16 13 1 .. 2
4 Meus companheiros me criticam após uma jogada
errada 1 17 2 1 6 5 15 .. ..
5 O treinador me critica por falta de esforço 1 9 1 1 4 3 26 1 1
6 Minha equipe perde o ponto porque adotei uma tática
errada 2 17 1 1 11 5 6 4 ..
7 Por causa dos meus erros o adversário abre vantagem no
placar 3 10 4 1 9 3 9 5 3
8 Perco o saque num momento importante do set 3 13 .. 2 12 8 5 1 ..
9 Os torcedores vaiam todas minhas jogadas durante o
jogo 1 2 1 27 8 2 5 .. 1
10 Sou substituído 7 5 .. 9 7 5 8 3 3
11 Minha equipe está em desvantagem no tie-break .. 15 1 3 3 4 3 .. 2
12 Minha equipe está em vantagem no tie-break .. 16 1 .. 4 .. 20 1 5
13 O melhor jogador da equipe adversária é substituído .. 6 2 24 2 1 10 .. 2
14 O melhor jogador da equipe adversária sai da partida por estar lesionado
.. 7 .. 30 2 .. 6 .. 2
15 O levantador da minha equipe é substituído .. 12 1 13 6 1 5 2 7
16 O levantador da equipe adversária é substituído .. 8 2 25 2 .. 4 1 5
17 O líbero da minha equipe é considerado o melhor
jogador da posição na competição .. 1 .. 11 1 1 10 3 20
18 O líbero da equipe adversária é considerado o melhor
jogador da posição na competição 2 3 .. 22 1 1 6 1 11
19 Cometo repetidamente os mesmos erros 9 3 1 .. 11 16 3 4 ..
20 Minha equipe recupera e vira uma “bola perdida” 1 9 2 1 1 3 11 3 16
21 Acontece um bate-boca entre a equipe adversária .. 7 4 27 4 1 .. 1 3
22 Acontece um bate-boca entre os jogadores da minha
equipe 1 5 1 3 22 6 2 2 5
23 O bloqueio da equipe adversária é muito alto .. 4 3 19 2 .. 12 3 4
47
Ao analisarmos as frequências de respostas do gênero masculino dentro da categoria
“Aspectos relativos ao desempenho pessoal” verificamos que esses atletas tendem a
desenvolver comportamentos voltados para o gerenciamento da situação, atribuindo a si
mesmos a responsabilidade pelas ações ocorridas no momento atual do jogo.
Comportamentos como “Me concentro nas próximas jogadas”, “Fico irritado e nervoso” e
“Me esforço mais” foram os que receberam uma maior frequência de respostas dentro dessa
categoria. Somente para duas situações específicas “(9) Os torcedores vaiam todas minhas
jogadas durante o jogo” e “(10) Sou substituído” é que os atletas demonstraram outro tipo de
comportamento que é “Não me importo”.
Quando analisamos a frequência de respostas dentro da categoria “Aspectos relativos
ao desempenho da equipe” verificamos que os atletas tendem a desenvolver ações pessoais
que auxiliem os demais companheiros de equipe no gerenciamento da situação. Dentro dessa
categoria os comportamentos com frequência de respostas foram “Me concentro nas próximas
jogadas”, “Tento me tranquilizar”, “Me esforço mais” e “Outros”. Somente para o item “(2)
Alguns dos meus companheiros não se esforçam” é que os atletas demonstraram outro tipo de
comportamento que é “Fico irritado e nervoso”.
Já quando analisamos a frequência de respostas dentro da categoria “Aspectos
relativos à equipe adversária” verificamos que os atletas tendem a ignorar a situação. O
comportamento com maior frequência de respostas dentro dessa categoria foi “Não me
importo”.
4.2.3 – Resultados quanto ao significado do voleibol por gênero.
Sabendo-se que homens e mulheres podem ter percepções diferentes no contexto
esportivo, procedemos nossas análises visando identificar se o significado atribuído ao
voleibol mantém a mesma tendência de respostas quando os dados são comparados por
gênero, em termos de frequência de respostas em cada uma das categorias de discursos.
Na tabela 13 os resultados indicam que os dados foram comparados entre o sexo
masculino e feminino, através da prova do X² e que o nível de significância adotado foi de
p<0,05.
48
Tabela 13 – Frequência de Respostas sobre o Significado do Voleibol em cada Categoria de Discursos por
Gênero e o Teste do Qui-quadrado
Categorias Gênero
F
(frequência de
respostas)
% X² P
Desenvolvimento de Capacidades
Masculino
(n=47) 13 27,7
8,14 0,00 Feminino
(n=22) 14 63,6
Emoção
Masculino (n=47)
38 80,9
1,35 0,25 Feminino
(n=22) 15 68,2
Interação Social
Masculino
(n=47) 5 10,6
8,49 0,00 Feminino
(n=22) 9 40,9
Meio de vida
Masculino
(n=47) 32 68,1
4,59 0,03 Feminino
(n=22) 9 40,9
Ao analisarmos o significado do voleibol comparando os atletas por gênero
observamos que há diferenças estatisticamente significativas para as categorias
Desenvolvimento de Capacidades (X²= 8,14; p=0,00), Interação Social (X²= 8,49; p=0,00) e
Meio de Vida (X²= 4,59; p=0,03). Observamos também que a categoria Emoção não
apresentou diferença estatisticamente significativa (X²= 1,35; p=0,25) entre o gênero.
Tanto os homens quanto as mulheres apontaram aspectos emocionais (80,9% dos
homens e 68,2% das mulheres atribuíram ao voleibol uma conotação emocional) como os
principais motivadores por seu engajamento e manutenção da prática esportiva. Ambos
expressaram em seus discursos sentimentos ligados à paixão pelo esporte e à satisfação pela
sua prática.
Dentre os discursos proferidos pelos homens podemos encontrar: "O volei é minha
vida!", "(O voleibol é) Uma paixão que não consigo ficar longe", "Desde sempre gostei da
emoção de jogar, é muito estimulante pra mim", "É um esporte que eu gosto e tenho prazer
de jogar", entre outros discursos.
Já entre os discursos das mulheres encontramos: "Da quadra eu consigo esquecer
tudo o que se passa a minha volta. Me entrego ao voleibol","Voleibol pra mim é como se
fosse o meu ar", "(O voleibol é) Algo que me deixa feliz", "É um momento de prazer e
descontração".
49
4.2.4 - Resultados quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições
gerais de estresse por gênero
Para analisar se existiam diferenças estatisticamente significativas para a relação entre
o significado do voleibol e as condições gerais de estresse utilizou-se do teste de Kruskal
Wallis, de tal forma que os resultados encontrados para o gênero feminino podem ser
observados na tabela 14, enquanto que os resultados encontrados para o gênero masculino
podem ser observados na tabela 15:
Tabela 14 – Relação entre o Significado do Voleibol e as Condições Gerais de Estresse para o Gênero
Feminino
Itens Categorias de discurso M DP H P
1 Jogadas erradas no começo do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,07
1,23
4,02
0,25 Emoção
3,47
1,22
Interação Social
3,11
1,21
Meio de Vida
3,78
0,97
2 Adiamento do jogo
Desenvolvimento de capacidades
3,86
1,13
2,66 0,44
Emoção
4,20
1,40
Interação Social
3,67
1,06
Meio de Vida
3,44
1,23
3 Nervosismo excessivo
Desenvolvimento de
capacidades
2,29
1,04
0,83 0,84
Emoção
2,33
1,02
Interação Social
2,11
0,88
Meio de Vida
2,44
1,33
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono
Desenvolvimento de
capacidades
3,50
0,83
2,21 0,52
Emoção
3,27
0,69
Interação Social
3,44
0,69
Meio de Vida 3,33
0,70
5 Ser o favorito
Desenvolvimento de
capacidades
5,14
1,37
0,26 0,96 Emoção
5,13
1,43
Interação Social
5,22
1,14
50
Meio de Vida
5,00
1,22
6 Metas de rendimento excessivamente altas
Desenvolvimento de
capacidades
4,57
1,46
0,69 0,87
Emoção
4,73
1,41
Interação Social
4,56
1,44
Meio de Vida
5,00
1,58
7 Derrotas anteriores
Desenvolvimento de
capacidades
4,00
1,53
0,41 0,93
Emoção
4,00
1,33
Interação Social 3,89
1,38
Meio de Vida
3,67
1,58
8 Condicionamento físico inadequado
Desenvolvimento de
capacidades
2,14
1,00
0,42 0,93
Emoção
2,13
0,90
Interação Social
2,11
1,00
Meio de Vida
1,89
0,78
9 Conflitos com o treinador Desenvolvimento de
capacidades
3,71
1,89
Emoção
3,20
1,82
2,10 0,55 Interação Social
3,22
1,57
Meio de Vida 3,78
1,92
10 Resultados positivos inesperados do adversário
Desenvolvimento de
capacidades
4,50
1,56
3,25 0,35
Emoção
4,73
1,50
Interação Social
4,33
1,65
Meio de Vida
5,22
1,39
11 Performances ruins em treinamentos e competições
anteriores
Desenvolvimento de
capacidades
3,79
1,15
0,80 0,84
Emoção
3,53
0,97
Interação Social
3,67
1,06
Meio de Vida
3,67
1,00
12 Adversários desconhecidos
Desenvolvimento de
capacidades
4,57
1,19
0,61 0,89
Emoção
4,60
1,16
Interação Social 4,56
0,96
Meio de Vida
4,78
1,09
51
13 Ser vaiado durante o jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,57
1,78
7,71 0,52
Emoção
4,20
1,54
Interação Social
4,67
1,06
Meio de Vida
4,22
1,98
14 Grande superioridade do adversário
Desenvolvimento de
capacidades
4,64
1,51
1,76 0,62
Emoção
5,07
1,63
Interação Social
4,07
1,85
Meio de Vida
4,44
1,66
15 Ser prejudicado pelos juízes
Desenvolvimento de
capacidades
4,71
1,29
1,21 0,74
Emoção
4,53
1,52
Interação Social
4,56
1,66
Meio de Vida
4,56
1,33
16 Instalações de competições incômodas
Desenvolvimento de
capacidades
3,14
0,84 0,36 0,94
Emoção
3,20
0,92
Interação Social
3,11
1,00
Meio de Vida
3,11
0,78
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas
Desenvolvimento de capacidades
4,50
0,99
4,39 0,22
Emoção
4,60
1,22
Interação Social
4,33
0,67
Meio de Vida
5,00
0,70
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis
Desenvolvimento de
capacidades
3,57
1,06
2,48 0,47
Emoção
3,87
1,33
Interação Social
3,33
0,95
Meio de Vida
4,00
1,22
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
adversário
Desenvolvimento de
capacidades
4,71
0,89
1,62 0,65
Emoção
4,80
1,34
Interação Social
4,56
1,08
Meio de Vida 4,89
1,16
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador Desenvolvimento de
capacidades
4,71
1,04 2,36 0,50
52
Emoção
4,87
1,16
Interação Social
4,44
0,96
Meio de Vida
4,67
1,32
21 Viagens muito longas
Desenvolvimento de
capacidades
3,21
1,09
1,79 0,61
Emoção
2,93
1,01
Interação Social
3,00
0,82
Meio de Vida
3,00
1,11
22 Jogar com torcida
Desenvolvimento de
capacidades
6,00
1,32
4,96 0,17
Emoção
5,93
1,25
Interação Social
6,44
0,96
Meio de Vida 6,67
0,50
23 Conflitos com os companheiros de time
Desenvolvimento de
capacidades
3,36
1,35
2,30 0,51 Emoção
3,13
1,33
Interação Social
3,22
1,57
Meio de Vida
3,67
1,50
24 Conflitos com os familiares
Desenvolvimento de
capacidades
3,14
1,13
3,94 0,26
Emoção
3,47
0,90
Interação Social
3,33
1,06
Meio de Vida
2,78
1,20
25 Jogar com torcida contra
Desenvolvimento de
capacidades
5,50
1,70
2,10 0,55
Emoção 5,93
1,08
Interação Social
6,11
0,88
Meio de Vida
6,11
1,26
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,14
1,26
2,63 0,45
Emoção
3,33
1,15
Interação Social
3,00
1,26
Meio de Vida
3,67
1,32
27 Falta de preparação psicológica
Desenvolvimento de
capacidades
3,71
1,29 0,61 0,89
Emoção
3,47
1,47
53
Interação Social
3,67
1,51
Meio de Vida
3,67
1,58
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador
Desenvolvimento de
capacidades
5,29
1,40
4,02 0,25
Emoção
5,87
1,16
Interação Social
5,44
1,27
Meio de Vida
5,89
1,26
29 Jogar machucado
Desenvolvimento de
capacidades
3,29
1,77
1,18 0,75
Emoção
3,67
2,18
Interação Social
3,44
2,14
Meio de Vida
4,00
2,06
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos
Desenvolvimento de capacidades
4,00
1,57
3,37 0,33
Emoção
4,33
1,60
Interação Social
4,11
1,38
Meio de Vida
4,89
1,53
31
Disputa pela vaga de titular na equipe
Desenvolvimento de
capacidades
6,14
1,20
0,53
0,91
Emoção
6,33
1,02
Interação Social
6,33
0,95
Meio de Vida
6,44
1,01
32 Falta de comunicação entre a equipe
Desenvolvimento de
capacidades
2,86
1,00
0,84 0,83
Emoção
2,80
1,06
Interação Social
2,67
1,17
Meio de Vida 3,00
1,11
Para o gênero feminino verificamos que não há diferenças estatisticamente
significativas entre os itens.
54
Tabela 15 – Relação entre o Significado do Voleibol e as Condições Gerais de Estresse para o Gênero
Masculino
Itens Categorias de discurso M DP H p
1 Jogadas erradas no começo do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
4,15
1,30
1,21 0,74
Emoção
4,05
1,45
Interação Social
3,80
0,76
Meio de Vida
3,91
1,57
2 Adiamento do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
4,38
1,22
12,15 0,00
Emoção
3,74
1,54
Interação Social
4,80
1,19
Meio de Vida
3,88
1,60
3 Nervosismo excessivo
Desenvolvimento de
capacidades
2,62
1,16
3,14 0,37
Emoção
2,51
1,36
Interação Social
3,00
1,12
Meio de Vida
2,41
1,31
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono
Desenvolvimento de
capacidades
3,08
1,08
2,28 0,51
Emoção
3,23
1,50
Interação Social 2,60
1,39
Meio de Vida
3,06
1,75
5
Ser o favorito
Desenvolvimento de
capacidades
4,85
1,42
4,61
0,20
Emoção
5,31
1,44
Interação Social
5,00
1,45
Meio de Vida
5,47
1,41
6 Metas de rendimento excessivamente altas
Desenvolvimento de
capacidades
5,38
1,35
1,91 0,59
Emoção
5,03
1,77
Interação Social
5,60
1,23
Meio de Vida
5,06
1,93
7 Derrotas anteriores
Desenvolvimento de capacidades
4,23
1,59
1,88 0,59 Emoção
4,26
1,74
Interação Social
4,80
1,50
55
Meio de Vida
4,31
1,76
8 Condicionamento físico inadequado
Desenvolvimento de
capacidades
1,92
1,08
1,78 0,61
Emoção
2,10
1,43
Interação Social
2,60
1,66
Meio de Vida
2,09
1,42
9 Conflitos com o treinador
Desenvolvimento de
capacidades
3,00
1,82
2,13 0,54
Emoção
2,67
1,93
Interação Social
3,20
2,37
Meio de Vida
2,66
1,77
10 Resultados positivos inesperados do adversário
Desenvolvimento de capacidades
5,08
1,01
2,75 0,43
Emoção
4,74
1,45
Interação Social
4,20
1,76
Meio de Vida
4,91
1,57
11 Performances ruins em treinamentos e competições
anteriores
Desenvolvimento de
capacidades
3,92
1,84
5,82 0,12
Emoção
3,31
1,70
Interação Social
2,80
1,88
Meio de Vida
3,38
1,75
12
Adversários desconhecidos
Desenvolvimento de
capacidades
5,54 1,16
Emoção
5,03
1,52
3,46 0,32 Interação Social
5,00
1,12
Meio de Vida
5,09
1,63
13 Ser vaiado durante o jogo
Desenvolvimento de
capacidades
5,00
1,68
0,44 0,93
Emoção
5,05
1,96
Interação Social
5,20
1,64
Meio de Vida
5,16
1,86
14 Grande superioridade do adversário
Desenvolvimento de
capacidades
6,08
1,08
1,61 0,65 Emoção
5,62
1,66
Interação Social
6,00
1,12
56
Meio de Vida
5,53
1,81
15 Ser prejudicado pelos juízes
Desenvolvimento de
capacidades
3,85
1,72
1,45 0,69
Emoção
3,49
1,79
Interação Social
3,80
1,76
Meio de Vida
3,59
1,96
16 Instalações de competições incômodas
Desenvolvimento de
capacidades
3,08
1,22
9,45 0,02
Emoção
2,56
1,15
Interação Social
3,20
1,19
Meio de Vida
2,47
1,19
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas
Desenvolvimento de capacidades
5,15
1,36
1,97 0,57
Emoção
5,13
1,67
Interação Social
5,60
0,82
Meio de Vida
5,44
1,58
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis
Desenvolvimento de
capacidades
3,15
1,04
2,06 0,55
Emoção
3,08
1,12
Interação Social
3,40
1,39
Meio de Vida
3,06
1,41
19
Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário
Desenvolvimento de
capacidades
5,62
1,40
4,75
0,19
Emoção
4,95
1,67
Interação Social
4,60
2,11
Meio de Vida 5,03
1,92
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
treinador
Desenvolvimento de
capacidades
5,31
1,50
1,50 0,68
Emoção
5,13
1,53
Interação Social
5,60
1,39
Meio de Vida
5,34
1,63
21 Viagens muito longas
Desenvolvimento de
capacidades
3,08
1,08
11,23 0,01
Emoção
3,08
1,43
Interação Social
4,00
0,64
Meio de Vida
3,19
1,46
57
22 Jogar com torcida
Desenvolvimento de
capacidades
6,08
1,22
3,97 0,26
Emoção
6,41
0,98
Interação Social
6,20
1,00
Meio de Vida
6,47
1,07
23 Conflitos com os companheiros de time
Desenvolvimento de
capacidades
3,46
1,16
6,09 0,10
Emoção
2,87
1,44
Interação Social
2,80
1,64
Meio de Vida
3,28
1,48
24 Conflitos com os familiares
Desenvolvimento de
capacidades
2,85
1,36
4,83 0,18
Emoção
2,44
1,45
Interação Social
2,40
1,23
Meio de Vida
2,22
1,28
25 Jogar com torcida contra
Desenvolvimento de
capacidades
6,15
0,96
3,72 0,29
Emoção
6,05
1,32
Interação Social
5,80
1,19
Meio de Vida
6,38
1,00
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,00
1,05
0,01
0,99
Emoção
2,97
1,17
Interação Social
2,80
1,50
Meio de Vida
3,13
1,51
27 Falta de preparação psicológica
Desenvolvimento de
capacidades
3,54
1,02
3,78 0,28
Emoção
3,08
1,27
Interação Social
3,00
1,12
Meio de Vida
2,97
1,40
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador
Desenvolvimento de
capacidades
6,23
1,06
1,08 0,78
Emoção
6,03
1,41
Interação Social
5,80
1,64
Meio de Vida 6,31
1,03
29 Jogar machucado Desenvolvimento de
capacidades
2,54
1,76 5,37 0,14
58
Emoção
2,36
1,80
Interação Social
3,20
1,98
Meio de Vida
2,34
1,73
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos
Desenvolvimento de
capacidades
5,54
1,57
3,83 0,28
Emoção
5,46
1,54
Interação Social
6,20
1,19
Meio de Vida
5,78
1,53
31 Disputa pela vaga de titular na equipe
Desenvolvimento de
capacidades
6,31
1,08
6,42 0,09
Emoção
6,59
0,84
Interação Social
6,40
0,82
Meio de Vida 6,72
0,77
32 Falta de comunicação entre a equipe
Desenvolvimento de
capacidades
2,62
1,29
10,07 0,01
Emoção
2,38
1,28
Interação Social
3,60
1,78
Meio de Vida
2,22
1,28
Já para o gênero masculino verificamos que há diferenças estatisticamente
significativas nos itens “(2) Adiamento do jogo”, “(16) Instalações de competições
incômodas”, “(21) Viagens muito longas” e “(32) Falta de comunicação entre a equipe”.
4.3 – Quanto à categoria de jogo
4.3.1 – Resultados quanto as Condições Gerais de Estresse por categoria de jogo.
Na sequência é apresentada a tabela 16, a qual traz os resultados em termos de média e
desvio padrão das condições gerais de estresse por categoria de jogo e o teste Mann Whitney.
O teste de Mann Whitney foi aplicado para verificar se haviam diferenças estatisticamente
significativas entre atletas adultos e juvenis na percepção de estresse.
59
Tabela 16 – Média, Desvio Padrão e Análise Estatística das Condições Gerais de Estresse em Função
das Categorias de Jogo
Itens Categoria n M DP U P
1 Jogadas erradas no começo do jogo Adulto 47 3,79 1,35
456,00 0,42 Juvenil 22 3,73 1,55
2 Adiamento do jogo Adulto 47 3,83 1,32
490,00 0,71 Juvenil 22 4,05 1,73
3 Nervosismo excessivo Adulto 47 2,68 1,29
389,50 0,09 Juvenil 22 2,14 1,32
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono Adulto 47 3,23 1,13
484,00 0,66 Juvenil 22 3,50 1,85
5 Ser o favorito Adulto 47 5,11 1,36
409,50 0,15 Juvenil 22 5,59 1,53
6 Metas e rendimento excessivamente altas Adulto 47 4,83 1,59
484,00 0,66 Juvenil 22 5,00 1,85
7 Derrotas anteriores Adulto 47 4,15 1,55
493,50 0,76 Juvenil 22 4,14 1,83
8 Condicionamento físico inadequado Adulto 47 2,30 1,25
461,00 0,45 Juvenil 22 2,23 1,60
9 Conflitos com o treinador Adulto 47 3,21 1,76
362,00 0,04 Juvenil 22 2,55 2,04
10 Resultados positivos inesperados dos adversários Adulto 47 4,91 1,32
421,50 0,21 Juvenil 22 4,45 1,57
11 Performances ruins em treinamentos e competições anteriores Adulto 47 3,55 1,35
429,50 0,25 Juvenil 22 3,14 1,64
12 Adversários desconhecidos Adulto 47 4,85 1,44
487,50 0,70 Juvenil 22 5,00 1,45
13 Ser vaiado durante o jogo Adulto 47 4,62 1,87
477,50 0,60 Juvenil 22 4,77 2,14
14 Grande superioridade do adversário Adulto 47 5,15 1,68
454,00 0,40 Juvenil 22 5,50 1,60
15 Ser prejudicado pelos juízes Adulto 47 4,09 1,67
393,00 0,10 Juvenil 22 3,36 1,76
16 Instalações de competições incômodas Adulto 47 2,91 1,23
391,00 0,09 Juvenil 22 2,45 0,86
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas Adulto 47 4,79 1,47
441,00 0,32 Juvenil 22 5,09 1,85
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis Adulto 47 3,64 1,22
439,50 0,29 Juvenil 22 3,09 1,34
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário Adulto 47 4,96 1,53
459,50 0,45 Juvenil 22 4,59 1,79
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador Adulto 47 5,04 1,30
514,50 0,97 Juvenil 22 4,95 1,70
21 Viagens muito longas Adulto 47 2,94 1,15
379,00 0,07 Juvenil 22 3,64 1,59
22 Jogar com torcida Adulto 47 6,09 1,28
441,00 0,26 Juvenil 22 6,50 0,86
23 Conflitos com os companheiros de time Adulto 47 3,45 1,32
344,00 0,02 Juvenil 22 2,59 1,44
24 Conflitos com familiares Adulto 47 3,06 1,28
347,50 0,02 Juvenil 22 2,23 1,41
60
25 Jogar com torcida contra Adulto 47 5,83 1,42
435,00 0,26 Juvenil 22 6,18 1,22
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo Adulto 47 3,32 1,25
417,50 0,18 Juvenil 22 2,95 1,50
27 Falta de preparação psicológica Adulto 47 3,40 1,21
416,00 0,18 Juvenil 22 2,91 1,51
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador Adulto 47 5,79 1,49
498,00 0,79 Juvenil 22 6,00 1,20
29 Jogar machucado Adulto 47 3,11 1,98
379,00 0,07 Juvenil 22 2,23 1,60
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos Adulto 47 5,09 1,72
465,50 0,49 Juvenil 22 5,41 1,53
31 Disputa pela vaga de titular na equipe Adulto 47 6,36 0,99
415,50 0,11 Juvenil 22 6,68 0,78
32 Falta de comunicação entre a equipe Adulto 47 2,68 1,18
469,00 0,53 Juvenil 22 2,50 1,37
Quando analisamos as Condições Gerais de Estresse comparando as categorias de jogo
adulto e juvenil encontramos que há diferenças estatisticamente significativas nos itens “(9)
Conflitos com o treinador”, “(23) Conflitos com os companheiros de time” e “(24) Conflitos
com familiares”.
Para todos esses itens verificamos que tanto os atletas adultos quanto os juvenis
tendem a percebê-los como fatores que diminuem o seu desempenho, embora os atletas
juvenis os percebam como mais estressantes.
4.3.2 - Resultados quanto aos comportamentos adotados frente às situações
típicas de um jogo de voleibol por categoria de jogo
Assim como em análises anteriores, as tabela 17 e 18 apresentam os comportamentos
mais adotados pelos atletas frente às situações típicas de um jogo de voleibol, no entanto,a
tabela 17 apresenta os comportamentos mais adotados pelos atletas adultos, enquanto que a
tabela 18, apresenta os comportamentos mais adotados pelos atletas juvenis:
61
Tabela 17 – Comportamentos frente a Situações Típicas de um Jogo de Voleibol
Categoria Adulto (n=47)
Itens
Per
co u
m p
ou
co a
mo
tiv
ação
Me
con
cen
tro
nas
pró
xim
as
jog
adas
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Não
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Me
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mai
s
Peç
o a
ori
enta
ção
e a
aju
da
do
s co
mpan
hei
ros
ou
tro
s
1 Sou advertido por causa de uma reclamação .. 13 3 11 18 1 1 .. ..
2 Alguns dos meus companheiros não se esforçam 4 .. 6 1 .. 24 9 2 1
3 O juiz toma uma decisão incorreta contra minha equipe .. 6 9 3 13 11 2 .. 3
4 Meus companheiros me criticam após uma jogada
errada 1 18 2 .. 9 4 13 .. ..
5 O treinador me critica por falta de esforço 2 6 2 2 5 3 23 2 2
6 Minha equipe perde o ponto porque adotei uma tática
errada 2 18 .. 3 10 4 6 4 ..
7 Por causa dos meus erros o adversário abre vantagem no
placar 5 9 3 1 11 4 9 3 2
8 Perco o saque num momento importante do set 5 10 .. 3 14 10 3 1 1
9 Os torcedores vaiam todas minhas jogadas durante o
jogo 4 3 1 27 7 2 3 .. ..
10 Sou substituído 10 4 1 6 8 6 7 2 3
11 Minha equipe está em desvantagem no tie-break 1 10 .. .. 14 .. 17 2 3
12 Minha equipe está em vantagem no tie-break .. 15 1 .. 9 .. 15 2 5
13 O melhor jogador da equipe adversária é substituído .. 6 2 18 3 .. 9 .. 9
14 O melhor jogador da equipe adversária sai da partida por
estar lesionado .. 9 .. 24 2 .. 5 .. 7
15 O levantador da minha equipe é substituído .. 14 1 9 6 1 4 1 11
16 O levantador da equipe adversária é substituído .. 8 2 20 2 .. 3 2 10
17 O líbero da minha equipe é considerado o melhor
jogador da posição na competição .. 2 .. 8 1 1 4 3 28
18 O líbero da equipe adversária é considerado o melhor
jogador da posição na competição 1 1 .. 23 1 2 6 .. 13
19 Cometo repetidamente os mesmos erros 5 2 2 .. 13 15 4 6 ..
20 Minha equipe recupera e vira uma “bola perdida” 1 4 1 2 1 2 12 3 21
21 Acontece um bate-boca entre a equipe adversária .. 5 6 25 5 .. 2 .. 4
22 Acontece um bate-boca entre os jogadores da minha
equipe 1 5 3 2 21 4 2 2 7
23 O bloqueio da equipe adversária é muito alto .. 9 2 12 1 .. 14 4 5
62
Ao analisarmos as frequências de respostas da categoria adulta para a categoria de
respostas “Aspectos relativos ao desempenho pessoal” verificamos que os atletas tendem a
desenvolver comportamentos voltados para o gerenciamento da situação, atribuindo a si
mesmos a responsabilidade pelas ações ocorridas no momento atual do jogo.
Comportamentos como “Me concentro nas próximas jogadas”, “Tento me tranquilizar” e “Me
esforço mais” foram os que receberam maior frequência de respostas dentro dessa categoria.
Somente para os itens “(9) Os torcedores vaiam todas minhas jogadas durante o jogo”, “(10)
Sou substituído” e “(19) Cometo repetidamente os mesmos erros” é o que os mesmos
demonstraram comportamentos diferenciados. Para estes itens, os comportamentos foram
“Não me importo”, “Perco um pouco a motivação” e “Fico irritado e nervoso”,
respectivamente.
Para a categoria “Aspectos relativos ao desempenho da equipe” os comportamentos
mais assinalados foram “Me concentro nas próximas jogadas” e “Me esforço mais”, o que nos
sinaliza que para esses atletas contribuir individualmente em suas ações pode ser um
componente importante na superação das adversidades originárias do contexto da própria
equipe. Contudo, ainda dentro dessa categoria os atletas demonstraram comportamentos
diferenciados nos itens “(2) Alguns dos meus companheiros não se esforçam” e “(3) O juiz
toma uma decisão incorreta contra minha equipe”, no qual os mesmos assinalaram o
comportamento “Fico irritado e nervoso”, além de terem assinalado o comportamento
“Outros” para os itens “(18) O líbero da minha equipe é considerado o melhor da posição na
competição” e “(20) Minha equipe recupera e vira uma bola perdida”.
E para a categoria “Aspectos relativos à equipe adversária” observamos que os atletas
tendem a ignorar a situação. O comportamento com maior frequência de respostas dentro
dessa categoria foi “Não me importo”. Somente para o item “(23) O bloqueio da equipe
adversária é muito alto” é que os atletas demonstraram agir diferente, para esse item o
comportamento mais assinalado foi “Me esforço mais”.
63
Tabela 18 - Comportamentos frente a Situações Típicas de um Jogo de Voleibol
Categoria Juvenil (n=22)
Itens
Per
co u
m p
ou
co a
mo
tiv
ação
Me
con
cen
tro
nas
pró
xim
as
jog
adas
Rea
jo d
e fo
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agre
ssiv
a
Não
me
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ort
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Ten
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e tr
anq
uil
izar
Fic
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oso
Me
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mai
s
Peç
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ori
enta
ção
e a
aju
da
do
s
com
pan
hei
ros
ou
tro
s
1 Sou advertido por causa de uma reclamação .. 7 .. 8 5 1 1 .. ..
2 Alguns dos meus companheiros não se esforçam 5 .. 1 .. 1 11 3 1 ..
3 O juiz toma uma decisão incorreta contra minha equipe .. 1 3 1 7 10 .. .. ..
4 Meus companheiros me criticam após uma jogada
errada .. 7 .. 1 3 3 8 .. ..
5 O treinador me critica por falta de esforço 1 4 .. .. 1 1 15 .. ..
6 Minha equipe perde o ponto porque adotei uma tática
errada .. 8 1 .. 3 3 3 4 ..
7 Por causa dos meus erros o adversário abre vantagem no
placar .. 4 2 .. 4 4 3 3 2
8 Perco o saque num momento importante do set 1 6 .. .. 5 5 3 .. 2
9 Os torcedores vaiam todas minhas jogadas durante o
jogo .. 2 .. 13 3 1 2 .. 1
10 Sou substituído 3 1 .. 6 2 3 4 1 2
11 Minha equipe está em desvantagem no tie-break .. 7 1 1 4 1 7 1 ..
12 Minha equipe está em vantagem no tie-break .. 5 .. .. 2 .. 12 .. 3
13 O melhor jogador da equipe adversária é substituído .. 3 .. 11 .. 1 5 .. 2
14 O melhor jogador da equipe adversária sai da partida por estar lesionado
.. 3 .. 12 .. .. 4 .. 3
15 O levantador da minha equipe é substituído .. 4 .. 6 4 1 4 1 2
16 O levantador da equipe adversária é substituído .. 3 .. 11 .. .. 3 1 4
17 O líbero da minha equipe é considerado o melhor
jogador da posição na competição .. .. .. 5 .. .. 6 .. 11
18 O líbero da equipe adversária é considerado o melhor
jogador da posição na competição 1 2 .. 8 .. .. 1 1 9
19 Cometo repetidamente os mesmos erros 5 2 .. .. 3 8 1 3 ..
20 Minha equipe recupera e vira uma “bola perdida” .. 7 1 .. .. 1 6 1 6
21 Acontece um bate-boca entre a equipe adversária .. 4 .. 12 2 1 .. 1 2
22 Acontece um bate-boca entre os jogadores da minha
equipe 1 3 .. 2 9 4 1 .. 2
23 O bloqueio da equipe adversária é muito alto .. 1 1 9 1 .. 5 3 2
64
Já quando analisarmos as frequências de respostas da categoria juvenil para a categoria
“Aspectos relativos ao desempenho pessoal” verificamos que as atletas tendem a se comportar
de maneira variada. “Me concentro nas próximas jogadas”, “Não me importo”, “Tento me
tranquilizar”, “Fico irritado e nervoso” e “Me esforço mais”, foram os comportamentos mais
assinalados nesta categoria.
Na categoria “Aspectos relativos ao desempenho da equipe” os comportamentos mais
assinalados foram “Me concentro nas próximas jogadas”, “Tento me tranquilizar”, “Fico
irritado e nervoso”, “Me esforço mais” e “Outros”.
Já na categoria “Aspectos relativos à equipe adversária” os atletas tendem a
desenvolver dois tipos de comportamentos “Não me importo” e “Outros”.
4.3.3 – Resultados quanto ao significado do voleibol por categoria de jogo
Na tabela 19 é possível observar os significados atribuídos ao voleibol em função da
categoria de jogo dos atletas, tais dados foram comparados entre a categoria adulta e juvenil,
através da prova do X², sendo que o nível de significância adotado também foi de p<0,05:
Tabela 19 – Frequência de Respostas sobre o Significado do Voleibol em cada Categoria de Discursos por
Categoria de Jogo e o Teste do Qui-quadrado
Categorias Categoria
F
(frequência de
repostas)
% X² p
Desenvolvimento de Capacidades
Adulta
(n=47) 21 44,7
1,91 0,17 Juvenil
(n=22) 6 27,3
Emoção
Adulta
(n=47) 36 76,6
0,00 0,95 Juvenil
(n=22) 17 77,3
Interação Social
Adulta
(n=47) 10 21,3
0,09 0,77 Juvenil
(n=22) 4 18,2
Meio de vida
Adulta
(n=47) 28 59,6
0,00 0,97 Juvenil (n=22)
13 59,1
Ao analisarmos o significado do voleibol comparando os atletas por categoria de jogo
observamos que não há diferenças estatisticamente significativas entre as categorias de
discurso.
65
Os resultados encontrados nos indicam que atletas adultos e juvenis atribuem
significados semelhantes ao voleibol. Para eles o significado do voleibol centra-se na questão
emocional (76,6% dos atletas adultos e 77,3% dos atletas juvenis o consideraram assim).
Posteriormente envolve questões sobre o desenvolvimento profissional e o sustento financeiro
(59,6% dos atletas adultos e 59,1% dos atletas juvenis fizeram essa menção). Somente depois
é que vão aparecer referências ao voleibol como um agente que auxilia no desenvolvimento
de capacidades (44,7% dos adultos e 27,3% também fizeram essa menção) e que favorece a
interação social (21,3% dos adultos e 18,2% dos juvenis fizeram esse referência) entre seus
participantes.
4.3.4 - Resultados quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições
gerais de estresse
Ainda visando verificar se há relação entre o significado que o atleta atribui ao
voleibol e sua percepção de estresse, procedemos nossa análise através da comparação entre
as categorias adulto e juvenil. A seguir tais resultados são apresentados nas tabelas 20 e 21:
Tabela 20 – Relação entre o Significado do Voleibol e as Condições Gerais de Estresse para a Categoria
Adulto
Itens Categorias de discurso M DP H p
1 Jogadas erradas no começo do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,70
1,39
6,34 0,09
Emoção
4,00
1,38
Interação Social
3,31
1,14
Meio de Vida
3,79
1,42
2 Adiamento do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
4,15
1,32
6,55 0,08
Emoção
3,85
1,55
Interação Social
4,08
1,28
Meio de Vida
3,38
1,23
3 Nervosismo excessivo
Desenvolvimento de capacidades
2,55
1,03
1,91 0,59
Emoção
2,70
1,29
Interação Social
2,38
1,08
Meio de Vida
2,55
1,29
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono Desenvolvimento de
capacidades 3,05
0,98 1,30 0,72
66
Emoção
3,23
1,39
Interação Social
3,08
1,08
Meio de Vida
2,90
1,11
5 Ser o favorito
Desenvolvimento de
capacidades
5,00
1,46
5,63 0,13
Emoção
5,48
1,35
Interação Social
5,08
1,28
Meio de Vida
5,24
1,35
6 Metas de rendimento excessivamente altas
Desenvolvimento de
capacidades
5,25
1,34
2,89 0,40
Emoção
4,83
1,69
Interação Social
4,77
1,38
Meio de Vida 5,00
1,77
7 Derrotas anteriores
Desenvolvimento de
capacidades
4,30
1,66
0,85 0,83
Emoção
4,15
1,63
Interação Social
4,00
1,31
Meio de Vida
4,10
1,58
8 Condicionamento físico inadequado
Desenvolvimento de
capacidades
1,80
0,87
2,41 0,49
Emoção
2,20
1,35
Interação Social
2,08
1,08
Meio de Vida
1,97
0,94
9 Conflitos com o treinador
Desenvolvimento de
capacidades
3,50
1,97
3,63 0,30
Emoção
2,95
2,02
Interação Social 3,00
1,77
Meio de Vida
3,10
1,76
10 Resultados positivos inesperados do adversário
Desenvolvimento de
capacidades
5,05
1,25
12,20 0,00
Emoção
4,75
1,52
Interação Social
4,15
1,67
Meio de Vida
5,21
1,26
11 Performances ruins em treinamentos e competições
anteriores
Desenvolvimento de
capacidades
4,00
1,59 6,87 0,07
Emoção
3,38
1,50
67
Interação Social
3,38
1,51
Meio de Vida
3,69
1,44
12 Adversários desconhecidos
Desenvolvimento de
capacidades
5,30
1,19
11,17 0,01
Emoção
4,98
1,56
Interação Social
4,54
0,85
Meio de Vida
5,00
1,41
13 Ser vaiado durante o jogo
Desenvolvimento de
capacidades
4,55
1,89
1,48 0,68
Emoção
4,85
1,96
Interação Social 4,69
1,21
Meio de Vida
4,83
1,87
14 Grande superioridade do adversário
Desenvolvimento de
capacidades
5,45
1,54
1,56 0,66
Emoção
5,38
1,76
Interação Social
5,08
1,79
Meio de Vida
5,10
1,80
15 Ser prejudicado pelos juízes
Desenvolvimento de
capacidades
4,40
1,66
3,88 0,27
Emoção
3,78
1,86
Interação Social
4,15
1,71
Meio de Vida
4,03
1,84
16 Instalações de competições incômodas
Desenvolvimento de
capacidades
2,90
1,05
5,36 0,14
Emoção 2,68
1,11
Interação Social
3,08
1,08
Meio de Vida
2,76
1,18
17 Pensar constantemente em cumprir as metas
fixadas
Desenvolvimento de
capacidades
5,00
1,23
9,22 0,02
Emoção
5,25
1,52
Interação Social
4,69
0,91
Meio de Vida
5,07
1,51
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis
Desenvolvimento de
capacidades
3,30
1,15
0,67 0,87 Emoção
3,38
1,30
Interação Social 3,23
1,05
68
Meio de Vida
3,55
1,27
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
adversário
Desenvolvimento de
capacidades
5,50
1,17
16,92 0,00
Emoção
4,88
1,65
Interação Social
4,38
1,40
Meio de Vida
5,14
1,52
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
treinador
Desenvolvimento de
capacidades
5,30
1,31
4,60 0,20
Emoção
5,15
1,48
Interação Social
4,77
1,26
Meio de Vida
5,14
1,38
21 Viagens muito longas
Desenvolvimento de capacidades
3,20
1,17
3,92 0,27
Emoção
3,03
1,35
Interação Social
3,31
0,91
Meio de Vida
2,83
1,13
22 Jogar com torcida
Desenvolvimento de
capacidades
6,15
1,16
4,33 0,22
Emoção
6,48
0,92
Interação Social
6,31
1,00
Meio de Vida
6,45
1,08
23 Conflitos com os companheiros de time
Desenvolvimento de
capacidades
3,40
1,40
8,17 0,04
Emoção
3,13
1,47
Interação Social
2,92
1,55
Meio de Vida
3,66
1,44
24 Conflitos com os familiares
Desenvolvimento de
capacidades
3,20
1,13
12,90 0,00
Emoção
2,50
1,40
Interação Social
2,92
1,21
Meio de Vida
2,59
1,26
25 Jogar com torcida contra
Desenvolvimento de
capacidades
6,10
1,10
2,50 0,47
Emoção
6,10
1,16
Interação Social
6,00
1,04
Meio de Vida 6,28
1,09
69
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
Desenvolvimento de
capacidades
3,15
1,11
3,88 0,27
Emoção
3,10
1,14
Interação Social
2,85
1,36
Meio de Vida
3,52
1,24
27 Falta de preparação psicológica
Desenvolvimento de
capacidades
3,55
1,25
0,90 0,82
Emoção
3,20
1,33
Interação Social
3,38
1,45
Meio de Vida
3,34
1,28
28 Jogar contra um adversário
agressivo/provocador
Desenvolvimento de
capacidades
6,00
1,19
8,87 0,03
Emoção
6,15
1,11
Interação Social
5,46
1,40
Meio de Vida
6,21
1,11
29 Jogar machucado
Desenvolvimento de
capacidades
2,95
2,00
5,03 0,16
Emoção
2,70
1,97
Interação Social
3,46
2,11
Meio de Vida
3,07
2,08
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos
Desenvolvimento de
capacidades
5,05
1,84
5,38 0,14
Emoção
5,13
1,62
Interação Social
4,69
1,60
Meio de Vida
5,48
1,66
31 Disputa pela vaga de titular na equipe
Desenvolvimento de
capacidades
6,25
1,18
6,12 0,10
Emoção 6,53
0,92
Interação Social
6,31
0,91
Meio de Vida
6,62
0,82
32 Falta de comunicação entre a equipe
Desenvolvimento de
capacidades
2,65
1,24
4,16 0,24
Emoção
2,35
1,15
Interação Social
2,85
1,42
Meio de Vida
2,45
1,15
70
Quando analisamos a relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de
estresse para a categoria adulto verificamos que há diferenças estatisticamente significativas
nos itens “(10) Resultados positivos inesperados dos adversários”, “(12) Adversários
desconhecidos”, “(17) Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas”, “(19) Ter
perdido mais de uma vez para o mesmo adversário”, “(23) Conflitos com os companheiros de
time”, “(24) Conflitos com familiares” e “(28) Jogar contra um adversário
agressivo/provocador”.
Tabela 21 – Relação entre o Significado do Voleibol e as Condições Gerais de Estresse para a Categoria
Juvenil
Itens Categorias de discurso M DP H p
1 Jogadas erradas no começo do jogo
Desenvolvimento de
capacidades 3,29 1,30
2,37 0,49 Emoção 3,57 1,47
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 4,08 1,56
2 Adiamento do jogo
Desenvolvimento de
capacidades 4,00 0,77
3,88 0,27 Emoção 3,93 1,41
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 4,75 1,76
3 Nervosismo excessivo
Desenvolvimento de
capacidades 2,14 1,27
5,18 0,15 Emoção 1,79 0,95
Interação Social 3,00 0,00
Meio de Vida 2,08 1,31
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono
Desenvolvimento de
capacidades 4,00 0,54
5,85 0,11 Emoção 3,29 1,11
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 3,67 2,34
5 Ser o favorito
Desenvolvimento de
capacidades 5,00 1,22
6,79 0,07 Emoção 4,64 1,52
Interação Social 6,00 0,00
Meio de Vida 5,67 1,43
6 Metas de rendimento excessivamente altas
Desenvolvimento de
capacidades 4,14 1,49
12,44 0,00 Emoção 5,29 1,60
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 5,17 2,08
7 Derrotas anteriores
Desenvolvimento de
capacidades 3,57 1,07
10,99 0,01 Emoção 4,29 1,69
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 4,33 2,10
71
8 Condicionamento físico inadequado
Desenvolvimento de
capacidades 2,71 1,18
16,61 0,00 Emoção 1,86 1,14
Interação Social 5,00 0,00
Meio de Vida 2,25 1,96
9 Conflitos com o treinador
Desenvolvimento de
capacidades 3,00 1,54
11,84 0,00 Emoção 2,43 1,52
Interação Social 6,00 0,00
Meio de Vida 2,42 2,02
10 Resultados positivos inesperados do adversário
Desenvolvimento de
capacidades 4,00 1,34
7,99 0,04 Emoção 4,71 1,30
Interação Social 6,00 0,00
Meio de Vida 4,42 1,97
11 Performances ruins em treinamentos e competições
anteriores
Desenvolvimento de
capacidades 3,43 1,20
1,83 0,60 Emoção 3,36 1,66
Interação Social 3,00 0,00
Meio de Vida 2,83 1,89
12 Adversários desconhecidos
Desenvolvimento de
capacidades 4,29 1,18
12,51 0,00 Emoção 4,71 0,97
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 5,08 1,83
13 Ser vaiado durante o jogo
Desenvolvimento de
capacidades 3,43 1,53
18,86 0,00 Emoção 4,71 1,65
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 5,25 2,05
14 Grande superioridade do adversário
Desenvolvimento de
capacidades 5,00 1,34
3,87 0,27 Emoção 5,71 1,35
Interação Social 6,00 0,00
Meio de Vida 5,75 1,86
15 Ser prejudicado pelos juízes
Desenvolvimento de
capacidades 4,00 1,22
9,06 0,02 Emoção 3,79 1,54
Interação Social 6,00 0,00
Meio de Vida 3,25 1,91
16 Instalações de competições incômodas
Desenvolvimento de
capacidades 3,71 0,71
16,69 0,00 Emoção 2,93 1,18
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 2,25 0,96
17 Pensar constantemente em cumprir as metas
fixadas
Desenvolvimento de
capacidades 4,29 1,05 19,26 0,00 Emoção 4,21 1,50
Interação Social 6,00 0,00
72
Meio de Vida 6,00 1,04
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis
Desenvolvimento de
capacidades 3,57 0,74
16,83 0,00 Emoção 3,07 0,97
Interação Social 5,00 0,00
Meio de Vida 2,58 1,56
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
adversário
Desenvolvimento de
capacidades 4,14 0,85
13,94 0,00 Emoção 5,00 1,38
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 4,67 2,30
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
treinador
Desenvolvimento de
capacidades 4,14 0,85
10,14 0,01 Emoção 4,79 1,28
Interação Social 6,00 0,00
Meio de Vida 5,33 2,06
21 Viagens muito longas
Desenvolvimento de
capacidades 3,00 0,77
6,58 0,08 Emoção 3,07 1,24
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 3,92 1,67
22 Jogar com torcida
Desenvolvimento de
capacidades 5,71 1,52
8,39 0,03 Emoção 5,71 1,30
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 6,67 0,65
23 Conflitos com os companheiros de time
Desenvolvimento de
capacidades 3,43 0,74
20,31 0,00 Emoção 2,43 1,06
Interação Social 5,00 0,00
Meio de Vida 2,67 1,37
24 Conflitos com os familiares
Desenvolvimento de
capacidades 2,43 1,43
16,25 0,00 Emoção 3,36 1,19
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 1,75 1,13
25 Jogar com torcida contra
Desenvolvimento de
capacidades 5,00 1,89
8,42 0,03 Emoção 5,79 1,50
Interação Social 6,00 0,00
Meio de Vida 6,42 0,99
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
Desenvolvimento de
capacidades 2,86 1,27
5,32 0,15 Emoção 3,00 1,27
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 2,58 1,83
27 Falta de preparação psicológica
Desenvolvimento de
capacidades 3,86 0,85 12,07 0,00
Emoção 3,14 1,38
73
Interação Social 4,00 0,00
Meio de Vida 2,58 1,73
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador
Desenvolvimento de
capacidades 5,00 1,44
9,75 0,02 Emoção 5,50 1,79
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 6,25 1,05
29 Jogar machucado
Desenvolvimento de
capacidades 2,86 1,01
6,62 0,08 Emoção 2,79 2,07
Interação Social 2,00 0,00
Meio de Vida 1,83 1,03
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos
Desenvolvimento de
capacidades 3,86 1,01
19,37 0,00 Emoção 5,21 1,68
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 5,83 1,33
31 Disputa pela vaga de titular na equipe
Desenvolvimento de
capacidades 6,14 1,01
9,20 0,02 Emoção 6,50 0,83
Interação Social 7,00 0,00
Meio de Vida 6,75 0,86
32 Falta de comunicação entre a equipe
Desenvolvimento de
capacidades 3,00 0,75
12,40 0,00 Emoção 2,93 1,35
Interação Social 5,00 0,00
Meio de Vida 2,25 1,60
Já quando analisamos a relação entre o significado do voleibol e as condições gerais
de estresse para a categoria juvenil verificamos que há diferenças estatisticamente
significativas nos itens “(6) Metas de rendimento excessivamente altas”, “(7) Derrotas
anteriores”, “(8) Condicionamento físico inadequado”, “(9) Conflitos com o treinador”, “(10)
Resultados positivos inesperados do adversário”, “(12) Adversários desconhecidos”, “(13) Ser
vaiado durante o jogo”, “(15) Ser prejudicado pelos juízes”, “(16) Instalações de competições
incômodas”, “(17) Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas”, “(18) Estímulos
perturbadores visuais, acústicos e táteis”, “(19) Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
adversário”, “(20) Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador”, “(22) Jogar com
torcida”, “(23) Conflitos com os companheiros de time”, “(24) Conflitos com os familiares,
“(25) Jogar com torcida contra”, “(27) Falta de preparação psicológica”, “(28) Jogar contra
um adversário agressivo/provocador”, “(30) Receber "cobranças" de jogadores mais velhos”,
“(31) Disputa pela vaga de titular na equipe” e “(32) Falta de comunicação entre a equipe”.
74
4.4 – Quanto às posições de jogo
4.4.1 – Resultados quanto as Condições Gerais de Estresse por posições de jogo
Os resultados apresentados na tabela 22, a seguir, são originários do teste de Kruskal
Wallis (teste H), o qual foi aplicado para analisar a relação entre as condições gerais de
estresse e as posições de jogo.
Tabela 22 - Condições Gerais de Estresse em Função da Posição de Jogo
Itens Posições n M DP H P
1 Jogadas erradas no começo do jogo
Ponteiro 19 4,00 1,16
2,08 0,72
Levantador 15 3,60 1,55
Central 19 3,58 1,68
Líbero 5 3,80 1,92
Oposto 11 3,91 0,94
2 Adiamento do jogo
Ponteiro 19 4,16 1,83
3,58 0,72
Levantador 15 3,73 1,34
Central 19 3,53 1,39
Líbero 5 4,80 1,30
Oposto 11 3,91 0,94
3 Nervosismo excessivo
Ponteiro 19 2,58 1,26
3,61 0,47
Levantador 15 2,87 1,25
Central 19 2,53 1,39
Líbero 5 2,00 1,73
Oposto 11 2,09 1,22
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono
Ponteiro 19 3,53 1,61
1,68 0,46
Levantador 15 3,33 1,18
Central 19 3,21 1,32
Líbero 5 2,60 1,14
Oposto 11 3,45 1,57
5 Ser o favorito
Ponteiro 19 5,63 1,34
5,06 0,79
Levantador 15 5,13 1,51
Central 19 5,53 1,26
Líbero 5 4,80 1,64
Oposto 11 4,55 1,51
6 Metas de rendimento excessivamente altas
Ponteiro 19 5,42 1,71
9,65 0,28
Levantador 15 5,00 1,69
Central 19 4,42 1,64
Líbero 5 6,00 1,41
Oposto 11 4,09 1,30
7
Derrotas anteriores Ponteiro 19 4,00 1,92 2,16 0,05
Levantador 15 4,27 1,75
75
Central 19 3,84 1,39
Líbero 5 4,80 1,64
Oposto 11 4,45 1,44
8 Condicionamento físico inadequado
Ponteiro 19 2,21 1,55
3,08 0,71
Levantador 15 2,47 1,51
Central 19 2,32 1,16
Líbero 5 1,40 0,55
Oposto 11 2,45 1,44
9 Conflitos com o treinador
Ponteiro 19 3,32 2,14
6,86 0,54
Levantador 15 3,73 1,79
Central 19 2,37 1,74
Líbero 5 2,80 2,17
Oposto 11 2,64 1,29
10 Resultados positivos inesperados do adversário
Ponteiro 19 5,32 1,46
4,29 0,14
Levantador 15 4,87 1,46
Central 19 4,32 1,38
Líbero 5 5,00 1,41
Oposto 11 4,36 1,12
11 Performances ruins em treinamentos e competições
anteriores
Ponteiro 19 3,53 1,74
1,33 0,37
Levantador 15 3,53 1,46
Central 19 3,53 1,31
Líbero 5 3,40 1,95
Oposto 11 2,91 0,94
12 Adversários desconhecidos
Ponteiro 19 5,11 1,76
2,11 0,86
Levantador 15 4,93 1,39
Central 19 4,58 1,17
Líbero 5 5,00 1,00
Oposto 11 5,00 1,61
13 Ser vaiado durante o jogo
Ponteiro 19 5,11 1,94
3,13 0,71
Levantador 15 4,93 1,94
Central 19 4,53 1,74
Líbero 5 4,40 2,61
Oposto 11 3,91 2,07
14 Grande superioridade do adversário
Ponteiro 19 5,53 1,68
1,92 0,54
Levantador 15 5,13 1,69
Central 19 5,05 1,58
Líbero 5 5,80 1,64
Oposto 11 5,09 1,87
15 Ser prejudicado pelos juízes
Ponteiro 19 4,00 1,70
0,75
Levantador 15 4,07 1,62
Central 19 3,84 1,92 0,82
Líbero 5 3,60 1,82
Oposto 11 3,45 1,70
16 Instalações de competições incômodas Ponteiro 19 2,53 1,07 3,28 0,94
76
Levantador 15 2,60 1,35
Central 19 2,89 1,24
Líbero 5 3,40 0,89
Oposto 11 2,91 0,83
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas
Ponteiro 19 5,37 1,61
2,83 0,51
Levantador 15 4,60 1,81
Central 19 4,68 1,57
Líbero 5 4,60 2,07
Oposto 11 4,91 1,14
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis
Ponteiro 19 3,05 1,31
15,0 0,59
Levantador 15 3,60 1,68
Central 19 3,89 0,81
Líbero 5 2,00 1,00
Oposto 11 3,91 0,70
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário
Ponteiro 19 5,11 1,91
3,77 0,01
Levantador 15 4,33 1,54
Central 19 4,74 1,28
Líbero 5 5,40 1,82
Oposto 11 5,00 1,67
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador
Ponteiro 19 5,32 1,49
2,32 0,44
Levantador 15 4,87 1,25
Central 19 4,79 1,32
Líbero 5 5,60 1,52
Oposto 11 4,82 1,78
21 Viagens muito longas
Ponteiro 19 3,26 1,59
1,11 0,68
Levantador 15 2,93 1,16
Central 19 3,05 1,18
Líbero 5 3,40 1,14
Oposto 11 3,36 1,57
22 Jogar com torcida
Ponteiro 19 6,68 0,75
4,30 0,89
Levantador 15 6,13 1,13
Central 19 6,00 1,45
Líbero 5 6,20 0,84
Oposto 11 5,91 1,38
23 Conflitos com os companheiros de time
Ponteiro 19 3,47 1,54
3,46 0,37
Levantador 15 3,33 0,90
Central 19 2,89 1,41
Líbero 5 2,60 1,52
Oposto 11 3,18 1,72
24 Conflitos com os familiares
Ponteiro 19 2,95 1,31
5,11 0,28 Levantador 15 3,33 1,29
Central 19 2,58 1,50
Líbero 5 1,80 1,30
Oposto 11 2,64 1,21
25 Jogar com torcida contra Ponteiro 19 6,05 1,13 0,77 0,94
77
Levantador 15 5,93 0,96
Central 19 5,89 1,70
Líbero 5 6,20 1,30
Oposto 11 5,73 1,74
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
Ponteiro 19 3,05 1,27
3,31 0,51
Levantador 15 3,53 1,41
Central 19 3,26 1,28
Líbero 5 2,40 0,89
Oposto 11 3,27 1,62
27 Falta de preparação psicológica
Ponteiro 19 3,11 1,63
3,26 0,52
Levantador 15 3,27 1,28
Central 19 3,58 1,07
Líbero 5 2,60 1,14
Oposto 11 3,18 1,33
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador
Ponteiro 19 6,32 1,16
3,56 0,47
Levantador 15 5,73 1,34
Central 19 5,63 1,46
Líbero 5 6,00 1,41
Oposto 11 5,55 1,75
29 Jogar machucado
Ponteiro 19 3,05 2,20
1,43 0,84
Levantador 15 2,73 2,05
Central 19 3,00 1,73
Líbero 5 2,00 1,00
Oposto 11 2,64 1,91
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos
Ponteiro 19 5,74 1,49
5,07 0,28
Levantador 15 4,80 1,57
Central 19 4,89 1,73
Líbero 5 6,00 1,00
Oposto 11 4,91 2,02
31 Disputa pela vaga de titular na equipe
Ponteiro 19 6,53 1,02
2,13 0,71
Levantador 15 6,47 0,92
Central 19 6,47 0,84
Líbero 5 6,80 0,45
Oposto 11 6,18 1,17
32 Falta de comunicação entre a equipe
Ponteiro 19 2,79 1,32
1,02 0,91
Levantador 15 2,73 1,39
Central 19 2,53 1,07
Líbero 5 2,60 1,14
Oposto 11 2,36 1,36
Quando analisamos as Condições Gerais de Estresse comparando as posições de jogo
encontramos que há diferenças estatisticamente significativas nos itens “(7) Derrotas
78
anteriores” e “(19) Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário”. Ao analisarmos
separadamente cada item verificamos que:
Para o item “(7) Derrotas anteriores” encontramos que ponteiros, levantadores, líberos
e opostos tendem a perceber este item como um fator neutro, isto é, para essas posições de
jogo este aspecto não representa um fator de interferência em seu desempenho. Já para o
atleta que ocupa a posição de central, esse item tende a ser considerado um aspecto que
influencia negativamente o desempenho.
Já quando analisamos o item “(19) Ter perdido mais de uma vez para o mesmo
adversário” verificamos que aparentemente este item representa um aspecto positivo para o
desempenho de ponteiros, líberos e opostos, enquanto que para levantadores e centrais o
mesmo representa um fator neutro.
79
CAPÍTULO 5
DISCUSSÃO
5.1 – Quanto as Condições Gerais de Estresse
Quando analisamos os resultados encontrados para as Condições Gerais de Estresse
para a amostra como um todo, notamos que os atletas têm uma ligeira tendência para
perceberem as situações como mais positivas e motivadoras (n=8) do que negativas (n=7).
Costa e Vieira (2003) ao investigarem os fatores motivadores e estressantes em atletas de
basquetebol encontraram resultados que se diferem dos nossos, os autores identificaram
aproximadamente 62% dos itens como fatores estressantes e 38% como fatores motivadores.
Pesquisas realizadas por Brandão (1996), Woodman e Hardy (2001), Jing et al. (2008)
e Dias, Cruz e Fonseca (2009), no que se refere as fontes de estresse indicam que as principais
fontes de estresse estão relacionadas à aspectos interpessoais, situacionais e da própria
natureza da competição. Em nosso estudo, de um modo geral, as situações consideradas mais
estressantes para os atletas foram as relacionadas aos aspectos pessoais, haja visto que dos 7
itens com as maiores cargas negativas para o desempenho (“Conflito com o treinador”, “Jogar
machucado”, “Conflitos com familiares”, “Instalações de competições incômodas”, “Falta de
comunicação entre a equipe”, “Nervosismo excessivo” e “Condicionamento físico
inadequado”), 3 se referem aos aspectos pessoais (“Jogar machucado”, “Nervosismo
excessivo” e “Condicionamento físico inadequado”). Além do mais, o item
“Condicionamento físico inadequado” foi apontado como o mais estressante para os atletas,
sendo também o item mais assinalado pelos atletas nos estudos realizado por Brandão (1996)
e Noce (1999) junto a atletas de voleibol.
Com relação aos demais aspectos negativos, podemos observar que eles também se
repetem em outros estudos com atletas de diferentes modalidades esportivas e reforçam a
tendência encontrada em nossa pesquisa. Por exemplo, Brandão (2000) faz referência aos
conflitos com os companheiros de time e problemas familiares, como situações estressantes
para jogadores de futebol profissional; De Rose Júnior, Deschamps e Korsakas (2001)
apontam que as situações que envolvem a “Competência e dificuldade do jogo”, o “Estado
físico” e os “Adversários” são as fontes específicas mais assinaladas como estressantes por
atletas de basquetebol; Noblet e Gifford (2002) incluem a falta de feedback ou a má
80
comunicação entre a equipe como fontes de estresse; De Rose Júnior et al. (2004)
acrescentam que fatores como “Companheiro que não se esforça”, “Companheiro egoísta”,
“Companheiro que reclama muito”, “Jogar contundido ou mau estado físico”, também são
apontados como fontes de estresse por atletas de diversas modalidades coletivas e, Marques e
Rosado (2005) complementam essa discussão, apontando que situações que envolvem a falta
de comunicação entre os atletas, as lesões, as instalações inadequadas e as altas expectativas
de desempenho, são fatores que contribuem para o aparecimento do estresse no ambiente
esportivo.
Já em relação aos 08 itens considerados mais positivos, podemos observar que 2 estão
relacionados aos aspectos pessoais (itens 5 e 31), 4 com o relacionamento entre a própria
equipe ou com pessoas significativas (itens 28, 14, 30 e 20) e 2 itens estão relacionados à
organização e ao ambiente esportivo (itens 22 e 25). Alguns desses itens parecem seguir uma
tendência já encontrada em outros estudos, como é o caso, por exemplo, do item “Jogar com
torcida”, o qual também foi apontado como um aspecto positivo por Brandão (1996), Noce
(1999) e Gouvêa et al. (2004).
É interessante perceber que a origem dos fatores que influenciam o desempenho
esportivo dos atletas se diferencia quando são comparados os aspectos considerados positivos
e negativos. Enquanto os aspectos negativos estão centrados em questões pessoais, os
aspectos positivos se concentram em torno do relacionamento entre a própria equipe ou com
pessoas significativas. Brandão (1996) ao realizar um estudo com atletas de voleibol também
encontrou essa mesma tendência.
Ao nos remetermos a uma das questões levantadas neste estudo, se homens e mulheres
atletas respondiam às situações estressantes da mesma forma, encontramos que os itens “(13)
Ser vaiado durante o jogo”, “(17) Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas” e
“(30) Receber cobranças de jogadores mais velhos” são os fatores que mais influenciam
positivamente os homens, enquanto que os itens “(24) Conflitos com familiares” e “(29) Jogar
machucado” são os fatores que mais influenciaram negativamente tanto os homens quanto as
mulheres, embora os homens tenham percebido esses fatores como mais estressantes.
Noce (1999) ao realizar um estudo sobre o estresse psíquico em atletas de voleibol de
alto nível, também comparou homens e mulheres e encontrou diferenças entre os gêneros.
Com seus resultados o autor pôde constatar que as mulheres atribuem uma carga negativa
maior às mesmas situações, quando comparadas com os homens. Já Abrahamsen, Roberts e
Pensgaard (2008) conduziram um estudo para analisar o papel da ansiedade em atletas de elite
81
e observaram que os níveis de ansiedade das mulheres tendem a apresentar níveis mais
elevados de preocupação com o desempenho, baixa concentração e ansiedade somática,
quando comparadas com os homens. Anshel, Sutarso e Jubenville (2009) também
encontraram diferenças entre os gêneros, ao realizar uma pesquisa sobre diferenças raciais e
de gênero na percepção das fontes de estresse agudo no esporte. Os autores encontraram que
as mulheres e os brancos apresentavam níveis de estresse agudo mais elevados que os homens
e os negros. Os autores ainda concluíram que a raça e o gênero influenciam no processo de
enfrentamento no esporte competitivo.
Ainda sobre essa temática, Gan e Anshel (2009) realizaram um estudo com atletas
universitários chineses, cujo objetivo foi identificar as fontes de estresse agudo
experimentadas durante a competição, bem como, analisar em que medida as fontes de
estresse agudo difere em função do nível de habilidade e de gênero. Os resultados encontrados
demonstraram que não houve diferença significativa entre as atletas do sexo feminino e
masculino em relação à percepção de intensidade do estresse, no entanto, o gênero se mostrou
significativo em relação à classificação dos estressores. Assim, o gênero é visto como um
poderoso mediador psicossocial que influencia experiências esportivas dos participantes,
homens e mulheres (Noce, 1999).
Ao buscarmos algumas correspondências para nossos resultados na literatura
encontramos dois fatos interessantes: primeiro, os homens se mostraram mais suscetíveis ao
fenômeno do estresse, resultado este, também encontrado por Goyen e Anshel (2000).
Contudo nossos resultados se diferem dos encontrados por De Rose Júnior, Deschamps e
Korsakas (2001), Dias (2005) e Marques et al. (2010), os quais relataram que as mulheres
demonstravam maior nível de estresse e ansiedade, além de possuírem uma percepção de
ameaça mais acentuada. Já Gouvêa et al. (2004) observaram não haver diferenças
estatisticamente significativas entre os gêneros e, segundo, alguns itens também já foram
apontados como estressantes em outros estudos, é o caso, por exemplo, do item “Conflitos
com familiares” que também foi apontado como um aspecto estressante por atletas de futebol
investigados por Azevedo (2001). E o item “Jogar machucado”, que foi considerado um
aspecto negativo para o desempenho, tanto de homens quanto de mulheres em nosso estudo,
porém em um estudo conduzido por Noce (1999) foi considerado estressante apenas para
homens.
Dentro dessa corrente que avalia o comportamento dos atletas no contexto esportivo,
muitos estudos também têm sido conduzidos para analisar como atletas mais jovens e atletas
82
mais experientes reagem frente a um determinado fator ou uma dada situação. Miguel (2008)
afirma que a experiência esportiva é uma das características individuais que pode fazer
diferença na avaliação cognitiva das demandas de uma situação esportiva e, estudos como os
de Brandão (2000), Goyen e Anshel (2000), Keller et al. (2005) e Trapé, Prodócimo e Moreno
(2010), têm mostrado que os atletas mais jovens se diferem dos atletas mais experientes,
principalmente em relação a percepção do estresse. Além disso, esses autores também têm
sinalizado a importância de se analisar o comportamento dos atletas, levando-se em
consideração o fator idade. Para eles, a pouca idade ou o avançar da mesma são fatores
relevantes, que muitas vezes, determinam a posse dos recursos necessários para lidar com as
diferentes situações e estímulos advindos do ambiente.
Ao analisarmos as Condições Gerais de Estresse por categoria de jogo, observamos
que o item “Conflitos com os companheiros de time” também foi considerado uma condição
muito negativa para o desempenho de atletas menos experientes (BRANDÃO, 2000). Além
disso, os demais resultados estão de acordo com a literatura (BRANDÃO, 2000; GOYEN e
ANSHEL, 2000; KELLER et al., 2005; TRAPE, PRODOCIMO e MORENO, 2010). Costa e
Samulski (2005) afirmam que a variabilidade de características fisiológicas e psicológicas é
maior em atletas jovens do que em adultos devido ao processo de maturação incompleto.
Na sequência de nossas análises, investigamos a relação entre as Condições Gerais de
Estresse e as posições de jogo. Sobre a importância desse tipo de análise, autores como
Brandão (2000) têm afirmado que quando as investigações das características psicológicas
incorporam fatores, como a interpretação das demandas do esporte associadas à posição que
um atleta ocupa no time, tais investigações se tornam mais produtivas, pois consideram que
papéis específicos podem dar origem a atitudes psicológicas variadas, que ocorrem
prioritariamente em função da posição de jogo de cada atleta.
Assim, quanto ao fato do jogador central ter considerado o item “(7) Derrotas
anteriores” como um fator negativo, talvez esse dado possa ser explicado pelas características
da função do jogador central. O jogador central é um dos responsáveis por neutralizar o
ataque adversário através do bloqueio (MILISTETD et al., 2009), se seu rendimento em uma
partida for bom, muito provavelmente, o rendimento da equipe também será bom. Logo, se o
jogador central apresentar um baixo rendimento há uma tendência para que sua equipe
também apresente um baixo rendimento. Assim, podemos supor que para o jogador central a
possibilidade de ter vivenciado situações adversas no passado e/ou ter sofrido derrotas em
jogos ou campeonatos, pode ser um indicador de que esse mesmo jogador não tenha
83
conseguido desempenhar bem suas funções, o que pode futuramente culminar numa avaliação
negativa dessa situação. Diferentemente do que foi encontrado em nosso estudo, Noce (1999)
verificou que esta mesma condição se configurava como negativa para todos os atletas, sendo
o levantador o atleta que mais sentia essa influência negativa.
Já quanto ao item “(19) Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário”, é
interessante notar que esse item constitui um aspecto positivo para os atletas que
desempenham funções consideradas essenciais em um jogo de voleibol, isto é, os atacantes
(ponteiros e opostos) que têm como função principal definir o “rally” em favor de sua equipe
(MILISTETD et al., 2009) e o líbero que tem como função efetuar um bom início do “rally”,
através do passe ou efetuar uma boa defesa e proporcionar o contra-ataque a sua equipe
(MILISTETD et al., 2009). Talvez esse item, seja um aspecto motivador para que esses atletas
aprimorem a execução dos fundamentos que suas funções exigem, contribuindo de forma
direta, para que sua equipe supere as adversidades e tenha maiores chances de conquistar o
rendimento esperado. Essa mesma condição também foi contemplada no estudo de Noce
(1999), porém, a mesma foi considerada negativa para 34% do grupo, enquanto 25,5% a
consideraram positiva.
Um aspecto importante observado em nosso estudo foi à ausência de diferenças
estatisticamente significativas no que diz respeito ao líbero e suas percepções, ressalta-se,
entretanto que uma delimitação do estudo diz respeito a amostra de líberos deste estudo, por
isso sugere-se que novas análises sejam realizadas nesse contexto, uma vez que, o papel do
líbero tem se mostrado extremamente relevante para o voleibol atual, de tal modo que esse
jogador, em especial, deva receber maior atenção por parte dos pesquisadores da área. Sobre
esse aspecto, Gouvêa (2005) e Raimundi (2009) nos alertam que o líbero é o jogador que atua
em condições totalmente diferenciadas no jogo e o mesmo deve demonstrar equilíbrio
emocional, pois desempenha também a função de orientar os companheiros de equipe, seja na
armação de um bloqueio, ou na divisão de responsabilidades na hora do passe ou da defesa,
de tal forma que este jogador deve possuir como qualidades, boa comunicação, bom
conhecimento tático, além de liderança dentro da própria equipe. Assim o líbero constitui-se
como peça fundamental no Voleibol.
84
5.2 – Quanto aos Comportamentos mais adotados frente às situações típicas de um jogo
de Voleibol
Durante toda partida de voleibol os atletas estão expostos a uma variedade de
situações que devem ser lidadas da melhor forma possível. Essa “melhor forma de lidar com
as situações” é chamada por Lazarus (1993) como “coping”, para esse autor quando estamos
diante de uma relação pessoa-ambiente desfavorável, nós tendemos a tentar alterar as
circunstâncias, ou como elas são interpretadas, para fazê-las parecer mais favorável, assim,
passamos a desenvolver o que pode ser chamado de enfrentamento ou “coping”. Márquez
(2006) nos alerta que os atletas que utilizam estratégias de enfrentamento inadequadas ou que
se mostram incapazes de interpretar de forma correta os eventos relacionados com as
atividades esportivas, experimentam um estresse crônico e prolongado que se traduz em uma
queda de rendimento, que pode, inclusive, levar ao burnout e ao abandono esportivo. A autora
ainda complementa afirmando que os atletas necessitam empregar habilidades psicológicas e
estratégias de enfrentamento efetivas para alcançar suas expectativas e melhorar seu
rendimento.
Assim, quando analisamos os aspectos que envolvem o desempenho pessoal frente às
situações típicas de um jogo, verificamos que os comportamentos mais adotados são “Me
concentro nas próximas jogadas” e “Tento me tranquilizar”. Tais comportamentos nos
sinalizam que os atletas têm uma preocupação especial em tentar controlar suas emoções, se
concentrando em uma próxima jogada ou tentando se tranquilizar. Esses dados corroboram
com Noce (1999) que também identificou que tais comportamentos foram os mais adotados
pelos atletas em seu estudo. A esse respeito Miguel (2008) afirma que a auto-regulação da
excitação emocional é um dos fatores mais importantes para a criação e conservação de um
estado de pré-disposição psicológico ótimo, além do mais, a capacidade para controlar os
processos de pensamento e concentrar-se num estímulo apropriado durante a performance
atlética tem sido considerada uma importante competência psicológica para se conseguir uma
atuação eficaz (STEFANELLO, 2007b).
Quando um atleta desenvolve a capacidade de concentrar-se mais em uma determinada
tarefa e consegue manter a tranquilidade diante de situações adversas, aumenta a
probabilidade de se colocar em prática todo o seu potencial e, consequentemente, obter um
melhor rendimento esportivo. O reconhecimento dos fatores ou situações que afetam a
capacidade de concentração dos atletas e dos efeitos que estes fatores exercem na sua conduta
é de suma importância, pois o reconhecimento do atleta acerca do seu próprio padrão de
85
comportamentos poderá ajudá-lo a conseguir o autocontrole necessário para atuar no seu mais
alto nível de rendimento esportivo (STEFANELLO, 2007b).
No que diz respeito aos aspectos que envolvem o desempenho da equipe, verificamos
que os comportamentos mais adotados são “Fico irritado e nervoso”, “Me esforço mais” e
“Outros”. Irritar-se tende a ser um comportamento negativo, na medida em que o atleta
demonstra uma reação emocional para uma situação a qual ele não pode interferir diretamente
para solucionar ou amenizar o ocorrido. A esse respeito Lazarus (2006) afirma que tanto a
ansiedade quanto a raiva podem surgir nos momentos em que os atletas avaliam suas atitudes
com uma sensação de frustração e impotência em relação à ação do outro. O autor ainda
explica que níveis elevados de raiva podem também provocar consequências motivacionais
construtivas para os atletas que mobilizam energia extra ao árduo trabalho, em uma tentativa
de reparar uma injustiça, ou mesmo, de provar o seu valor para alguém. Cerin e Barnett
(2006) complementam essa ideia afirmando que a raiva mobiliza energia para defesa física ou
verbal e preenche o indivíduo com uma sensação de força, vigor e assertividade.
Já quando o atleta propõe “esforçar-se mais”, este demonstra uma reação voltada para
suprir as falhas que eventualmente estejam ocorrendo na equipe. Se, por um lado, esse
comportamento pode ter uma conotação positiva, por outro, pode sinalizar uma carga
excessiva de cobrança pessoal, o que pode culminar no desenvolvimento de um processo de
estresse, ou em um nível mais crítico, no aparecimento do Burnout. O burnout pode ser
entendido como um processo que envolve uma forte reação emocional, psicológica e física
em resposta a pressão e ao estresse excessivo; ao treinamento físico intenso; a exaustão física;
a insatisfação pela monotonia dos treinamentos e/ou ao repouso inadequado (BRANDÃO,
PIRES e MARQUES, 2008). Associado a esse aspecto, temos os problemas de
relacionamento dentro da equipe, Brandão (1996) nos alerta que os problemas de
relacionamento internos à equipe podem interferir diretamente no rendimento de um grupo
esportivo. Marques et al. (2007) explicam que é imprescindível haver um entendimento dos
papéis e funções de cada jogador na equipe, a fim de que haja uma boa comunicação e um
bom relacionamento, sendo estes adequados aos objetivos do grupo. Assim, para Hernandez e
Gomes (2002) se os indivíduos estiverem comprometidos em alcançar um bom desempenho,
suporte social e o encorajamento individual que ocorre no grupo, estes terão um efeito
positivo no desempenho.
Em relação aos comportamentos adotados para as situações que envolvem a equipe
adversária verificamos que ignorar a situação (“Não me importo”) foi a reação mais utilizada
86
pelos atletas. Esse resultado se difere do que foi encontrado por Marques e Rosado (2005),
para esses autores as situações competitivas específicas, identificadas como estressantes, se
relacionam com situações que os atletas supostamente não controlam, isto é, situações em que
os outros têm controle ou tomam controle da situação. No entanto, talvez essa reação mostre
que os atletas estão mais preocupados em administrar as questões que lhe dizem respeito, ou
que estão relacionadas com sua própria equipe, do que em tentar controlar as questões que
envolvem a equipe adversária. Quando o atleta sabe em que e como se concentrar, frente às
inúmeras exigências das situações esportivas, esse atleta tende a desenvolver o autocontrole
necessário para atuar no seu mais alto nível de rendimento esportivo (STEFANELLO,
2007b).
Ao fazermos uma comparação entre o gênero masculino e feminino, verificamos que
para a categoria “Aspectos relativos ao desempenho pessoal”, as mulheres tendem a ser mais
emocionais, apresentando um repertório de comportamentos mais variados do que o dos
homens, o que corrobora com a afirmação de Noce (1999), que constatou em seu estudo que
as mulheres atribuem uma carga negativa maior às situações quando comparadas com os
homens. De Rose Júnior, Deschamps e Korsakas (2001), Dias (2005) e Marques et al. (2010),
também relataram em seus estudos que as mulheres demonstravam maior nível de estresse e
ansiedade, além de possuírem uma percepção de ameaça mais acentuada.
Já na categoria “Aspectos relativos ao desempenho da equipe” ambos os gêneros
tenderam a desenvolver comportamentos que contribuem para que a equipe consiga reverter
as situações desfavoráveis. Para Dias, Cruz e Fonseca (2009) esse tipo de comportamento está
relacionado ao “coping ativo”, que pode ser entendido como ações diretas para lidar com a
situação problemática, o que se traduz num incremento do esforço, ou do trabalho, e na
procura de soluções alternativas, em outras palavras, os atletas tendem a não desistirem de
procurar resolver os problemas esportivos.
Por fim, quando observamos a categoria “Aspectos relacionados à equipe adversária”
percebemos que homens e mulheres tendem a não se importar com a equipe adversária,
contudo, as mulheres aparentemente mostram esforçarem-se mais diante das situações que
envolvem diretamente a ações e/ou atitudes da equipe adversária. Marques et al. (2010)
relatam que as mulheres geralmente buscam estratégias de enfrentamento focadas na emoção
e no suporte social, o que envolve estratégias utilizadas para regular ou reduzir as emoções e o
distress, mesmo quando fonte de ameaça permanece inalterada.
87
Ao analisarmos as categorias de jogo verificamos que os atletas adultos buscam o
gerenciamento das situações, atribuindo a si mesmos a responsabilidade pelas ações ocorridas
no momento atual do jogo, inclusive, buscando superar as adversidades originárias do
contexto da própria equipe a partir de sua contribuição pessoal. Os atletas adultos demonstram
possuir um repertório de comportamentos menor, porém, mais efetivo, no sentido de já
possuírem a experiência necessária para administrar as situações que se apresentam durante o
jogo. A esse respeito, Miguel (2008) afirma que a experiência esportiva é uma das
características individuais que pode fazer diferença na avaliação cognitiva das demandas de
uma situação esportiva.
Diferentemente dos atletas adultos, observamos que os atletas juvenis tendem a se
comportar de maneira mais variada, utilizando-se de um repertório maior de comportamentos
frente às situações do jogo de voleibol. Tal constatação talvez possa ser explicada pela falta
de experiência esportiva dos atletas juvenis, com a falta de experiência, esses atletas vão
experimentando diferentes formas de reagir às situações do jogo, na expectativa de obter o
melhor rendimento. Santos e Stefanello (2010) afirmam que considerando que os atletas mais
jovens se encontram em fases sensíveis de desenvolvimento da sua personalidade, estes
poderão apresentar maiores dificuldades em controlar suas emoções e reações, estando mais
suscetíveis a desequilíbrios graves e de consequências perduráveis Além do mais, os atletas
mais jovens encontram-se em um processo de aquisição de características e competências que
os capacitem a assumir os deveres e os papéis sociais de um adulto, aumentando assim, a
probabilidade de sentirem os efeitos negativos do estresse.
5.3 – Quanto ao Significado do voleibol
Atualmente, o voleibol é considerado o segundo esporte nacional, depois do futebol
(Machado, Araújo e Bartolomeu, 2010) e se configura como potência tanto no âmbito
internacional quanto no nacional (Moreira, Ferreira e Júnior, 2008), além do mais, o Brasil é
uma das escolas de voleibol mais fortes e imitada inclusive pelos adversários (Machado,
Araújo e Bartolomeu, 2010). Em tese, poderíamos pensar que esses fatos contribuem para que
o número de praticantes dessa modalidade cresça a cada dia, no entanto, isoladamente esses
dados não são suficientes para explicar o engajamento e a manutenção dos atletas, em especial
dos brasileiros, nesse esporte.
Brandão et al. (2008) afirmam que ao longo das últimas décadas estudos da área da
Psicologia do Esporte têm demonstrado que os indivíduos sentem diferentes emoções, têm
88
diferentes expectativas e motivações, o que nos sinaliza que o valor psicológico para a prática
e a manutenção da vida esportiva varia de atleta para atleta. Para os autores o envolvimento e
engajamento destes atletas não podem ser explicados somente por questões biológicas e
sociais, faz-se necessário que se observem os aspectos psicológicos e o valor pessoal atribuído
a essa prática. Samulski (2009) afirma que as pessoas não se submetem aos estímulos do
ambiente passivamente, mas sim concedem a estes uma importância pessoal. Assim,
compreender a relação entre o significado pessoal frente à determinada prática esportiva e as
consequências que este significado pode ter no rendimento esportivo dos atletas tem sido um
aspecto importante a ser estudado.
Ao procedermos nossas análises quanto ao significado do voleibol para os atletas,
verificamos que fazem referência ao voleibol como uma Emoção, ou seja, o esporte
representa um aspecto central em suas vidas e se constitui em uma prática prazerosa de ser
realizada. É interessante notar que na literatura, encontramos algumas correspondências para
esses resultados, sobretudo, porque diversos autores tem considerado a paixão como um
aspecto motivador para o engajamento e a manutenção da prática esportiva. Philippe et al.
(2009), por exemplo, afirmam que a paixão provém de uma forte inclinação ou desejo voltado
para uma atividade, que os indivíduos gostam, consideram altamente importante, e
despendem energia e tempo para realizá-la, sendo ainda, as atividades apaixonadas
consideradas aspectos centrais na identidade de uma pessoa (Brandão et al., 2008). Donahue,
Rip e Vallerand (2009) afirmam que nesse caso, a atividade auxilia a pessoa a desenvolver um
sentido de identidade e a faz sentir-se competente e auto-eficaz. Além do mais, quando um
indivíduo se mostra apaixonado por seu esporte, dedica-se a ele intensamente, persiste frente
aos obstáculos, e eventualmente atinge a excelência (Vallerand et al., 2008). Já sobre a
satisfação pela prática esportiva, Lopes, Samulski e Silva (2007) afirmam que a satisfação do
atleta pode ser definida como um estado afetivo positivo originado de uma avaliação
complexa das estruturas, dos processos e dos resultados associados com a experiência
esportiva desse, além de ser um pré-requisito para que os atletas desempenhem o máximo de
seu potencial.
Além do mais, é importante observar que esses atletas também veem o esporte como
um meio de desenvolver-se profissionalmente, inclusive, um caminho para sustentar a si
mesmo e a sua família. Noce (1999) já observava em seu estudo que os atletas tendem a
considerar o “prazer” e o “dinheiro” como os principais motivadores para a prática do
voleibol. Para esse mesmo autor, essa constatação sinaliza que os atletas têm uma fonte
89
intrínseca e outra extrínseca de motivação. Brandão et al. (2008) afirmam que os atletas
tendem a buscar uma segurança profissional e financeira, associada à satisfação com a prática
esportiva. Em outro estudo, Silva e Rubio (2003) observam que para alguns atletas avaliados
o real sentido da vida esportiva se constitui da conquista por vitórias e recordes, associadas ao
prestígio social, nacional e/ou internacional, e também está associada à retribuição financeira,
em forma de bonificações dos clubes e patrocínios, o que, consequentemente, aumenta a
condição econômica do atleta e de sua família, favorecendo a inserção e manutenção dos
mesmos em espaços sociais desejados desde muito tempo.
Vale ainda ressaltar que o desenvolvimento de capacidades e a interação social são
fatores importantes levantados pelos atletas, e também são aspectos apontados por autores,
como, Brandão et al. (2008) e Agnello (2009) em seus estudos. Para esses estudiosos, o
esporte tem sido visto como um meio para o aprimoramento de competências, que auxiliam os
atletas a encararem os desafios e as frustrações do esporte, além de também ser visto como
uma forma de criar e fortalecer os laços de amizades entre os participantes.
Quando analisamos homens e mulheres separadamente, dentro das categorias de
discursos que apresentaram diferenças estatisticamente significativas, verificamos que para
68,1% dos atletas do gênero masculino o voleibol representa um meio de vida. Essa
constatação nos mostra que para eles o voleibol é percebido como uma prática que permite
seu desenvolvimento profissional, mesmo que isso não ocorra no tempo presente, além de ser
inúmeras vezes visto como um meio para o sustento financeiro de si próprio ou de sua família.
Noce (1999), em seu estudo, afirma que a motivação profissional é importante para os
homens por serem eles, em geral, o chefe da família e procurarem uma situação de
estabilidade econômica.
Já para o gênero feminino, verificamos que as categorias com as maiores frequências
de respostas foram Desenvolvimento de Capacidades (63,6%) e Interação Social (40,9%),
respectivamente. Esses resultados nos indicam que as mulheres tendem a conceber o voleibol
como um aspecto que favorece o desenvolvimento de suas habilidades e competências, além
de ser um esporte que colabora no desenvolvimento de atitudes voltadas para o crescimento e
evolução pessoal, profissional e esportiva, inclusive sendo visto como um agente socializador
importante, que favorece a ampliação das relações pessoais e proporciona novos aprendizados
e novas experiências. Agnello (2009) ao pesquisar sobre o significado do voleibol junto a
atletas juvenis da Seleção Brasileira de voleibol encontrou resultados semelhantes aos nossos,
para as atletas, o voleibol e a atuação na Seleção Brasileira tinham um significado que se
90
relacionava a expressões de êxito em busca de conquistas e de experimentar orgulho,
satisfação e reconhecimento no desempenho da função, além de ser uma forma de
desenvolver diferentes tipos de habilidades e competências.
Quando passamos a considerar o fator idade como um aspecto relevante dentro da
construção do significado pessoal frente à prática esportiva dos atletas e procedemos nossas
análises, identificamos que o significado atribuído ao voleibol mantém a mesma tendência de
respostas quando os dados são comparados por categoria de jogo, mas em termos de
frequência de respostas em cada uma das categorias de discursos encontramos que os nossos
resultados se diferem dos resultados encontrados por Brandão et al. (2008) que ao analisarem
o significado do futebol para atletas de diferentes categorias, encontraram que para os
jogadores mais jovens, categorias sub 13, 15 e 17, o futebol era visto como uma forma de
socialização. Já para os jogadores das categorias sub 15, 17 e 20 o futebol era avaliado como
um divertimento e para os jogadores profissionais, o futebol era visto como uma satisfação e
um meio de vida.
5.4 – Quanto à relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de estresse
Cada atleta carrega consigo o significado que o voleibol tem sua vida, assim como, cada
atleta faz uma interpretação da sua relação com ambiente. A conjugação das crenças pessoais
dos atletas com as condições impostas pelo ambiente dá origem a um processo cognitivo
chamado de avaliação cognitiva. A avaliação cognitiva é um processo universal no qual as
pessoas constantemente avaliavam o significado do que está acontecendo sob o ponto de vista
de seu bem estar pessoal (LAZARUS, 1993; LAZARUS, 2006), sendo que, esse processo
centra-se essencialmente no significado pessoal e relacional de cada situação (CRUZ, 1996;
MARGIS et al.,2003).
É através da avaliação cognitiva que também podemos compreender porque uma
determinada situação pode ser motivadora para alguns enquanto que para outros pode ser
estressante (JONES e HARDY, 1990; COSTA e VIEIRA, 2003). Brandão, Pires e Marques
(2008) afirmam que essa dimensão motivadora ou estressante está associada à natureza da
interpretação individual dos sintomas em termos de terem uma relação positiva ou negativa
com o desempenho subsequente.
Assim, a partir do conhecimento sobre a importância da avaliação cognitiva no
processo de desenvolvimento do estresse, é que procedemos nossas análises para entender a
91
relação entre o significado do voleibol e as condições gerais de estresse. De tal modo que
identificamos que para a amostra total, os itens “Instalações de competições incômodas” e
“Conflitos com familiares” são vistos como fatores negativos para os atletas, em especial,
para aqueles que consideraram o voleibol como um meio de vida. Talvez esses dados possam
ser explicados pelo fato de que quando uma determinada condição ambiental é interpretada
como uma ameaça ao indivíduo, essa condição passa a se configurar como um aspecto
facilitador para o aparecimento do fenômeno do estresse (BRANDÃO, 2000; HUTTON,
2000; BRANDÃO, PIRES e MARQUES, 2008). Associada a essa condição, existe o juízo de
valor que o indivíduo tem acerca da modalidade esportiva que o mesmo pratica, se essa
modalidade configura-se para o atleta como um caminho que permite seu desenvolvimento
pessoal e/ou representa o seu próprio sustento ou de sua família, e a condição do ambiente
mostra-se contrária ou interveniente nesse processo. Pode-se concluir que existe uma
probabilidade maior de que essa condição seja avaliada como mais negativa pelos atletas.
Brandão et al. (2006) ressaltam que o nível de estresse experimentado pelo indivíduo está
associado com a percepção subjetiva e com a atribuição de juízos de valor que o mesmo tem
sobre os estímulos impostos pelo meio.
Em relação ao item “Conflitos com companheiros de time”, verificamos que ele
também foi avaliado como negativo pelos atletas, no entanto, esse item foi avaliado como
mais negativo pelos atletas que consideram o voleibol como uma emoção. Esse resultado
talvez possa ser explicado pelo fato de que quando existem conflitos no ambiente esportivo,
esse ambiente tende a ser menos prazeroso, o que faz com que os sentimentos positivos
(alegria, prazer, diversão) que antes existiam, deem lugar a sentimentos ou emoções
negativas, tais como, tristeza, tédio, raiva (MIGUEL, 2008). Assim para o atleta que considera
o voleibol uma emoção, a existência de um conflito no ambiente esportivo, pode representar
uma ameaça à condição anteriormente estabelecida, isto é, aspectos que antes eram
motivadores para a prática e manutenção da vida esportiva passam a ter uma conotação
negativa, influenciando não só o rendimento do atleta, mas principalmente seu envolvimento
com a modalidade esportiva.
No que diz respeito aos demais itens “Pensar constantemente em cumprir as metas
fixadas”, “Receber cobranças de jogadores mais velhos” e “Disputa pela vaga de titular na
equipe” observamos que embora esses itens não tenham sido considerados negativos pelos
atletas, todos se configuram como aspectos positivos, em especial para aqueles que
consideram o voleibol como um meio de vida. Talvez esses itens possam ser explicados como
92
positivos na medida em que o atleta que vê o voleibol como um meio de vida necessita ter um
destaque no meio, pois em tese, esse destaque garante a ele os recursos necessários para o seu
desenvolvimento profissional, bem como, o seu próprio sustento e o de sua família. Além
disso, tais condições podem representar uma oportunidade para que esse atleta renda melhor,
uma vez que, receber cobranças de pessoas significativas e disputar uma vaga no time, podem
ser fatores que o motivem intrinsecamente para um melhor rendimento esportivo. Costa e
Vieira (2003) nos lembram de que a motivação dirigida pela vontade, inerente ao indivíduo na
busca da auto-realização, é conhecida como intrínseca e que ela é um fator fundamental para
se alcançarem os resultados, figurando ao lado de outros determinantes para o sucesso no
esporte.
Em relação aos gêneros verificamos que as mulheres não se diferenciavam em termos
dos significados que atribuem ao voleibol e as condições gerais de estresse. Ao contrário, para
os homens parece haver uma pequena diferença para os atletas que consideram o voleibol
uma emoção e um meio de vida. De tal modo que os aspectos que envolvem a organização do
ambiente esportivo são mais negativos para os atletas que consideram o voleibol como uma
emoção, ao passo que, os aspectos que envolvem a própria equipe são mais negativos para os
atletas que consideram o voleibol como um meio de vida. Talvez esses resultados possam ser
explicados pelo fato de quando o atleta vê o voleibol como uma emoção, qualquer aspecto
que interfira em sua participação neste esporte, recebe uma conotação negativa. Ao mesmo
tempo em que para o atleta que considera o voleibol um meio de vida, qualquer fator que
represente uma interferência em seu desenvolvimento profissional também possa a ser
encarado como uma carga negativa. Essa constatação corrobora com Dias, Cruz e Fonseca
(2009) que encontraram em seu estudo que as fontes de estresse mais frequentemente
assinaladas pelos atletas estavam relacionadas com a „natureza da competição‟, „pressões
externas‟ e „não ter o desempenho esperado‟.
Já com relação as categorias de jogo, podemos verificar que há uma tendência para
que os atletas adultos percebam as condições gerais como positivas, independemente do
significado que eles atribuem ao voleibol, exceto para as condições as quais os conflitos com
pessoas significativas estão presentes. Tal constatação corrobora com o que já foi apresentado
anteriormente em nosso estudo, isto é, independentemente do grau de experiência dos atletas,
as situações de conflito com pessoas tidas como significativas para os mesmos, representam
uma fonte acentuada de estresse (BRANDÃO, 2000; GOYEN e ANSHEL, 2000; KELLER et
al., 2005; TRAPE, PRODOCIMO e MORENO, 2010).
93
No que diz respeito aos atletas juvenis, verificamos que há uma tendência dos atletas
que consideraram o voleibol como uma interação social, também considerarem as condições
gerais como menos estressantes. Muito provavelmente para esses atletas o voleibol se
caracteriza como uma fonte de prazer, na qual eles podem fazer amigos e se inter-relacionar,
além disso, a preocupação central deles podem não ser com o rendimento em si. No entanto,
para os atletas que consideraram o voleibol como desenvolvimento de capacidades, duas
situações específicas (“Derrotas anteriores” e “Ser vaiado durante o jogo”) se mostraram
estressantes, muito provavelmente porque esses atletas tendem a ver essas situações como
fatores que podem prejudicar ou adiar o cumprimento de uma meta pré-estabelecida, ou ainda,
de ter um rendimento esportivo adequado.
Os atletas que veem o voleibol como uma interação social tendem a avaliar todos os
estímulos como positivos, na verdade, eles tendem a avaliar como muito mais positivos do
que os atletas que veem o voleibol como outra categoria. Assim, os atletas que atribuem ao
voleibol um significado diferente de interação social tendem a avaliar as situações
estressantes de uma forma semelhante. Em síntese, os atletas que veem o voleibol como uma
interação social tem uma relação invertida com as demais categorias, no que diz respeito à
percepção dos estímulos impostos pelo meio.
Brandão et al. (2004) e Brandão et al. (2006) ao realizarem um estudo com jogadores
de futebol cujo o objetivo era examinar como estes percebiam o estresse em dois grupos
socioculturais contrastantes, Brasil e Japão e Brasil e Portugal, encontraram resultados
semelhantes aos nossos. Os autores, em seus estudos, também identificaram uma relação
inversa na percepção dos estímulos impostos pelo meio. Eles encontraram que nos itens
avaliados como positivos pelos dois grupos, os brasileiros tenderam a avaliá-los
significativamente como mais positivos que os japoneses e portugueses e quando os itens
foram avaliados como negativos pelas três nacionalidades, os brasileiros tenderam a avaliá-los
como mais negativos, além disso, os autores perceberam que uma grande quantidade de itens
eram avaliados como tendo influências totalmente inversas. Assim, os autores puderam
concluir que a variável cultural pode explicar a variabilidade da percepção do estresse.
No nosso caso, podemos pensar que a variável idade possa ser a interveniente nesse
processo. Os atletas juvenis apresentam aspirações diferentes dos adultos, enquanto os atletas
juvenis buscam interagir com seus pares, os adultos buscam desenvolver-se
profissionalmente. A esse respeito Brandão et al. (2008) fazem uma colocação importante, os
valores que os jovens atletas adotam não estão relacionados com sucesso e realização, o que
94
pode levar a conflitos de interesse com o que é estabelecido tradicionalmente pelo contexto
esportivo. Já Agnello (2009) nos alerta que para haver um bom desenvolvimento das etapas
de treinamento esportivo, aceitação e melhor aprendizagem das atividades físicas, um
programa relacionado com os interesses dos indivíduos que participam dessas atividades,
levando em consideração os fatores que motivam o adolescente em seu dia-a-dia, e essa
motivação pode ser classificada como intrínseca ou como extrínseca e, será influenciada pela
maneira do indivíduo se relacionar, perceber e atuar no ambiente, ou seja, os relacionamentos
diários, o entendimento de cada momento e situação e sua forma de atuação serão
determinantes do comportamento.
Deste modo, se os interesses dos atletas não forem levados em consideração no
contexto esportivo, corre-se o risco de que esses atletas abandonem cedo a prática esportiva.
Se forem priorizados os aspectos de rendimento em detrimento aos aspectos sócio-
psicológicos, temos como consequência um conflito de valores pode levar à diminuição da
satisfação e do divertimento pela prática (BRANDÃO et al., 2008).
95
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO
Este estudo teve por objetivo investigar a percepção sobre o significado do voleibol e
determinadas condições de estresse que operam sobre o desempenho esportivo em atletas de
ambos os sexos.
Os resultados revelaram que os itens considerados estressantes compõem três grandes
grupos, aspectos pessoais, relacionamento entre a própria equipe ou com pessoas
significativas, isto é, o relacionamento com familiares, amigos, treinadores, adversários e
árbitros, e organização e ambiente esportivo. Além disso, os resultados encontrados para as
Condições Gerais de Estresse para a amostra como um todo, revelaram que os atletas têm uma
ligeira tendência para perceberem as situações como mais positivas e motivantes do que
negativas. Sobre esse aspecto foi interessante perceber que a origem dos fatores que
influenciam o desempenho esportivo dos atletas se diferencia quando são comparados os
aspectos considerados positivos e negativos, enquanto os aspectos negativos estão centrados
em questões pessoais, os aspectos positivos se concentram em torno do relacionamento entre
a própria equipe ou com pessoas significativas.
No que diz respeito ao gênero conclui-se que os homens se mostraram mais
suscetíveis ao fenômeno do estresse. De modo geral, os resultados encontrados neste estudo
são consistentes com os encontrados na literatura da Psicologia do Esporte sobre as diferenças
na percepção do estresse entre homens e mulheres. Porém, os resultados encontrados até o
momento não são conclusivos, indicam que há uma tendência, ainda que não muito bem
definida, para homens e mulheres se comportarem de forma diferente no contexto esportivo.
Em relação aos atletas adultos e juvenis concluímos que independentemente do grau
de experiência dos atletas, as situações de conflito com pessoas tidas como significativas para
os mesmos, representam uma fonte acentuada de estresse e que existe uma tendência para que
os atletas mais jovens reajam de forma negativa diante desses aspectos, muito provavelmente
pela falta de experiência competitiva e por não possuírem os recursos necessários para lidar
com as diferentes situações e estímulos advindos do ambiente. Por isso julgamos importante
que as comissões técnicas, em especial das equipes de categorias inferiores, desenvolvam a
capacidade de lidar melhor com as situações de conflito, pois há uma grande probabilidade
96
dessas situações virem a representar uma fonte acentuada de estresse para os atletas mais
jovens.
Com relação às posições de jogo concluímos que os atletas que desempenham a
função de central se diferenciam dos demais na percepção do estresse, para esses jogadores as
derrotas anteriores representam uma carga negativa em seu desempenho. Isto nos levar a
considerar que o fenômeno do estresse psicológico é um processo complexo e multifatorial,
que não pode ser interpretado apenas pelos fatores ambientais, é preciso que se leve em
consideração o papel da avaliação cognitiva, que é pessoal e relacional. Além disso, também
foi possível concluir que as situações de conflitos no ambiente esportivo constituem um fator
importante no desencadeamento do estresse, assim, sugere-se que as comissões técnicas das
equipes procurem criar um ambiente no qual o dialogo se faça presente, um melhor
acompanhamento das relações interpessoais favorece a prevenção de aspectos emocionais
negativos que interferem no desempenho esportivo coletivo.
No que diz respeito aos comportamentos dos atletas frente às situações típicas de um
jogo de voleibol foi possível concluir que as mulheres demonstraram ser mais emocionais,
apresentando um repertório de comportamentos mais variados do que o dos homens, no
entanto, ambos os gêneros mostraram-se preocupados em reverter as situações desfavoráveis
e em ignorar as ações da equipe adversária. Os atletas adultos demonstraram buscar o
gerenciamento da situação, atribuindo a si mesmos a responsabilidade pelas ações ocorridas
no momento atual do jogo, inclusive, buscando superar as adversidades originárias do
contexto da própria equipe a partir de sua contribuição pessoal. A respeito dos atletas juvenis
podemos observar que eles tendem a se comportar de maneira mais variada, utilizando-se de
um repertório maior de comportamentos frente às situações do jogo de voleibol.
Dentro desse contexto foi interessante notar que independemente do gênero ou da
categoria de jogo o comportamento de não se importar com a equipe adversária foi uma
constante em nosso estudo, isso nos sinaliza que os atletas mantêm o foco em aspectos
pessoais e nos que estão relacionados à própria equipe. Deste modo, concentração e
tranquilidade podem ser vistos como importantes indicadores no sentido do controle dos
aspectos psicológicos para os atletas, especialmente nas situações que envolvem o jogo
propriamente dito, evidenciando que talvez esse dado seja relevante para as comissões
técnicas no sentido de que o trabalho psicológico ou social seja direcionado para o
desenvolvimento de comportamentos adequados no que diz respeito ao autocontrole e a
relação interpessoal dentro do grupo esportivo.
97
Sobre o significado que os atletas atribuem ao voleibol foi possível concluir que os
aspectos emocionais, a questão financeira, o aprimoramento e o desenvolvimento das próprias
capacidades, além da interação entre os participantes do grupo esportivo, são fatores que
muito provavelmente explicam o engajamento e a manutenção da vida esportiva pelos atletas
que praticam voleibol.
Os resultados encontrados para a relação entre o significado do voleibol e as condições
gerais de estresse mostraram que quando uma determinada condição ambiental é interpretada
como uma ameaça ao indivíduo, essa condição passa a se configurar como um aspecto
facilitador para o aparecimento do fenômeno do estresse, especialmente para aqueles atletas
que consideram o voleibol como um meio de vida. Além disso, para o atleta que vê o voleibol
como um meio de vida, ter destaque no meio esportivo se mostra um fator importante, pois
em tese, esse destaque garante a ele os recursos necessários para o seu desenvolvimento
profissional, bem como, o seu próprio sustento e o de sua família. Já para o atleta que
considera o voleibol uma emoção, a existência de um conflito no ambiente esportivo,
representa uma ameaça à condição anteriormente estabelecida, isto é, aspectos que antes eram
motivadores para a prática passam a ter uma conotação negativa, influenciando não só o
rendimento do atleta, mas principalmente seu envolvimento com a modalidade.
Em relação ao gênero, os resultados nos mostraram que os homens se mostravam mais
suscetíveis aos aspectos que envolvem a organização do ambiente esportivo, sendo mais
negativos para os atletas que consideram o voleibol como uma emoção, ao passo que, os
aspectos que envolvem a própria equipe são mais negativos para os atletas que consideram o
voleibol como um meio de vida. Em ambos os casos qualquer fator que represente uma
interferência para a participação ou o desenvolvimento profissional do atleta dentro da
modalidade, passa a ser encarado como uma carga negativa.
Em síntese, os atletas que veem o voleibol como uma interação social tem uma relação
invertida com as demais categorias, no que diz respeito à percepção dos estímulos impostos
pelo meio. De tal modo que talvez a variável idade seja interveniente nesse processo,
sobretudo porque os atletas juvenis apresentam aspirações diferentes dos adultos, enquanto os
atletas juvenis buscam fazer interagir com seus pares, os adultos buscam desenvolver-se
profissionalmente. Com isso podemos concluir que o significado pessoal que o atleta atribui
ao voleibol pode em parte explicar quais situações tem maior potencial para se tornarem
estressantes, do mesmo modo que, pode-se também identificar quais delas se constituem
98
como aspectos positivos para o desempenho, sendo, portanto, passíveis de serem estimuladas
para otimizar o rendimento esportivo de cada atleta.
Finalmente, podemos concluir que esse estudo cumpriu os objetivos previamente
estabelecidos, no sentido de contribuir para o conhecimento acerca do mecanismo do estresse
no esporte, bem como, compreender as implicações do significado pessoal frente à prática
esportiva. Assim, esse estudo pode se constituir em um referencial teórico que poderá auxiliar
os profissionais da Educação Física, do Esporte e da Psicologia do Esporte e, em especial, os
atletas, permitindo-lhes assim conhecer melhor essa temática, além de, lhes auxiliar na
elaboração dos procedimentos metodológicos e mecanismos preventivos ao estresse. Tais
informações podem e devem ser utilizadas pelos profissionais que trabalham com o Voleibol
ou ainda com outras modalidades esportivas, como fontes de reflexão, na medida em que os
dados encontrados mostram aspectos importantes, que se observados podem contribuir para a
melhora do desempenho esportivo. O primeiro deles é que os aspectos pessoais são, em
grande parte, fontes de estresse para os atletas. Segundo, homens e mulheres não podem ser
tratados da mesma forma dentro do esporte, pois embora não haja resultados conclusivos, a
literatura nos mostra que ambos se comportam de forma diferente dentro desse contexto.
Terceiro, as situações de conflito são fontes acentuadas de estresse, independemente do
gênero ou da categoria de jogo. Quarto, o autocontrole e a relação interpessoal dentro do
grupo esportivo são comportamentos que devem ser estimulados pelas comissões técnicas.
Quinto, conhecer o significado que a modalidade tem para o atleta pode contribuir na
identificação de quais situações tem maior potencial para serem estressantes ou positivas para
o atleta. De um modo geral, tais informações nos auxiliam a rever as condutas que até então
estavam sendo adotadas, ajudando-nos a perceber os equívocos cometidos no ambiente
esportivo.
99
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109
ANEXOS
110
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DO PARTICIPANTE
Prezado atleta,
Este questionário foi desenvolvido para nos ajudar a obter informações sobre você e sua atividade profissional. Não há
respostas certas ou erradas. Suas respostas são confidenciais. Desde já agradecemos a sua colaboração.
1) NOME: ___________________________________________________________________________
1) Idade: _______ anos
2) Gênero: □ Masculino
□ Feminino
3) Com que idade você começou a jogar Voleibol? _________________
4) Há quanto tempo você joga como atleta profissional? ___________________
5) Em que posição você joga na equipe? _________________________
6) Em qual categoria você joga:
1 Mirim □
2 Infantil □
3 Infanto-juvenil □
4 Juvenil □
5 Adulto □
6 Master □
7) De quantas competições você participou no último ano?
De 1 a 2 □
De 3 a 5 □
Mais de 5 □
8) Qual (is) o(s) título(s) mais importante(s) que você possui: -
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
________________________________________________________
111
ANEXO 2 - CONDIÇÕES GERAIS DE ESTRESSE SOBRE O DESEMPENHO Nome:
Idade: tempo de profissional:
Condições Gerais
Dim
inu
i o
desem
pen
ho
Au
men
ta o
desem
pen
ho
1 2 3 4 5 6 7
1 Jogadas erradas no começo do jogo
2 Adiamento do jogo
3 Nervosismo excessivo
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono
5 Ser o favorito
6 Metas de rendimento excessivamente altas
7 Derrotas anteriores
8 Condicionamento físico inadequado
9 Conflitos com o treinador
10 Resultados positivos inesperados dos adversários
11 Performances ruins em treinamentos e competições anteriores
12 Adversários desconhecidos
13 Ser vaiado durante o jogo
14 Grande superioridade do adversário
15 Ser prejudicado pelos juizes
16 Instalações de competições incômodas
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador
21 Viagens muito longas
22 Jogar com torcida
23 Conflitos com os companheiros de time
24 Conflitos com os familiares
25 Jogar com torcida contra
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
27 Falta de preparação psicológica
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador
29 Jogar machucado
30 Receber “cobranças” de jogadores mais velhos
31 Disputa pela vaga de titular na equipe
32 Falta de comunicação entre a equipe
Caro atleta,
Abaixo se encontra uma série de fatores e condições que podem afetar seu rendimento nas
competições. De acordo com sua percepção, no primeiro quadro, você deverá decidir se cada um desses
fatores aumenta ou diminui seu desempenho, atribuindo uma nota que pode variar de 1 a 7. Já no
segundo quadro, você deverá indicar como você reage frente a determinados eventos escolhendo a
resposta que mais se adapta a você.
Não existem respostas certas ou erradas. Por favor, não deixe nenhuma resposta em branco.
112
Comportamentos frente a um jogo de Voleibol
Perc
o u
m p
ou
co
a m
oti
vação
Me c
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róxim
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gad
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sfo
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mais
Peço
a o
rien
tação
e a
aju
da d
os c
om
pan
heir
os
ou
tro
s
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 Sou advertido por causa de uma reclamação
2 Alguns dos meus companheiros não se esforçam
3 O juiz toma uma decisão incorreta contra minha equipe
4 Meus companheiros me criticam após uma jogada errada
5 O treinador me critica por falta de esforço
6 Minha equipe perde o ponto porque adotei uma tática errada
7 Por causa dos meus erros o adversário abre vantagem no placar
8 Perco o saque num momento importante do set
9 Os torcedores vaiam todas minhas jogadas durante o jogo
10 Sou substituído
11 Minha equipe está em desvantagem no tie-break
12 Minha equipe está em vantagem no tie-break
13 O melhor jogador da equipe adversária é substituído
14 O melhor jogador da equipe adversária sai da partida por estar lesionado
15 O levantador da minha equipe é substituído
16 O levantador da equipe adversária é substituído
17 O líbero da minha equipe é considerado o melhor jogador da posição na competição
18 O líbero da equipe adversária é considerado o melhor jogador da posição na competição
19 Cometo repetidamente os mesmos erros
20 Minha equipe recupera e vira uma “bola perdida”
21 Acontece um bate-boca entre a equipe adversária
22 Acontece um bate-boca entre os jogadores da minha equipe
23 O bloqueio da equipe adversária é muito alto
113
ANEXO 3 - QUESTIONÁRIO COMPOSTO POR UMA PERGUNTA QUE PERMITE
RESPOSTAS ABERTAS
Prezado atleta,
Este questionário foi desenvolvido para nos ajudar a obter informações sua percepção sobre o significado que o Voleibol tem em sua vida. Não há respostas certas ou erradas. Não há limites para sua escrita. Você não deve se
preocupar com questões ortográficas. Suas respostas são confidenciais. Desde já agradecemos a sua colaboração.
1) O que significa o voleibol para você?
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________________________
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________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
114
ANEXO 4 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da Pesquisa: ESTRESSE: SIGNIFICADOS E CONDIÇÕES QUE INTERFEREM NO DESEMPENHO
DE ATLETAS DE VOLEIBOL
ASSINANDO ESTE TERMO DE CONSENTIMENTO, ESTOU CIENTE DE QUE:
O Objetivo da Pesquisa é: Investigar a relação entre a percepção dos jogadores sobre o voleibol e as
condições de estresse sobre o desempenho esportivo.
1. Durante o estudo serão aplicados três questionários, sendo, um questionário de dados biográficos, uma
versão adaptada do Teste de Efeito das Condições Gerais de Estresse sobre o Desempenho proposto
por Teipel (1993) e um questionário composto por uma pergunta que permite respostas abertas: “O que
significa o voleibol para você?”.
2. A participação nessa pesquisa apresenta risco mínimo de constrangimento para mim, podendo ser
interrompida e retomada a qualquer momento, caso seja de meu interesse. E caso não me sinta à
vontade poderei interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa e retornar se tiver
interesse.
3. Minha participação nessa pesquisa é voluntária e desvinculada de qualquer despesa ou compensação
financeira.
4. Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos através da pesquisa
serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho exposto acima, incluída sua ampla
publicação na literatura cientifica especializada.
5. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu para apresentar
recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799.1946. Assim como
poderei entrar em contato com a responsável pelo estudo Profª. Roberta Ribeiro Vieira e/ou Profª. Dra.
Maria Regina Ferreira Brandão pelo telefone (55) (11) 2799-1924.
6. Estou ciente que esse estudo poderá me beneficiar no sentido de fornecer informações sobre como
funciona o mecanismo do estresse e quais são os mecanismos preventivos a esse fenômeno.
7. Também estou ciente de que poderei receber uma cópia do estudo final caso deseje.
8. Ao final estou ciente de que obtive todas as informações necessárias para poder decidir
conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa.
9. E que esse Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder
e a outra com o Pesquisador responsável.
São Paulo, ___de ___________ de _______.
________________________ (Nome e Assinatura do Voluntário ou Responsável Legal)
_______________________ (Nome e Assinatura do Pesquisador Responsável).
Eu________________________________________________ RG: ________________, ______anos, residente:
__________________________________nº _____, complemento: _____, na cidade de _____________, estado:
_____, telefone: (___) _____________, email: ________________________, abaixo assinado (ou meu
responsável legal) assino o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para participar como voluntário do
Projeto de Pesquisa supracitado, sob a responsabilidade do Programa de Mestrado em Educação Física, da
Universidade São Judas Tadeu.
115
ANEXO 5 – Testes de Normalidade “Kolmogorov-Smirnov (teste D)”
Teste de normalidade para a variável gênero
Itens Gênero n D p
1 Jogadas erradas no começo do jogo Masculino 47 0,23 0,00
Feminino 22 0,19 0,05
2 Adiamento do jogo Masculino 47 0,25 0,00
Feminino 22 0,26 0,00
3 Nervosismo excessivo Masculino 47 0,19 0,00
Feminino 22 0,18 0,06
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono Masculino 47 0,15 0,01
Feminino 22 0,30 0,00
5 Ser o favorito Masculino 47 0,18 0,00
Feminino 22 0,17 0,08
6 Metas e rendimento excessivamente altas Masculino 47 0,18 0,00
Feminino 22 0,22 0,01
7 Derrotas anteriores Masculino 47 0,23 0,00
Feminino 22 0,14 0,20
8 Condicionamento físico inadequado Masculino 47 0,24 0,00
Feminino 22 0,25 0,00
9 Conflitos com o treinador Masculino 47 0,24 0,00
Feminino 22 0,20 0,02
10 Resultados positivos inesperados dos adversários Masculino 47 0,20 0,00
Feminino 22 0,15 0,20
11 Performances ruins em treinamentos e competições anteriores Masculino 47 0,22 0,00
Feminino 22 0,21 0,01
12 Adversários desconhecidos Masculino 47 0,17 0,00
Feminino 22 0,25 0,00
13 Ser vaiado durante o jogo Masculino 47 0,21 0,00
Feminino 22 0,17 0,09
14 Grande superioridade do adversário Masculino 47 0,27 0,00
Feminino 22 0,22 0,01
15 Ser prejudicado pelos juízes Masculino 47 0,14 0,02
Feminino 22 0,28 0,00
16 Instalações de competições incômodas Masculino 47 0,19 0,00
Feminino 22 0,22 0,01
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas Masculino 47 0,17 0,00
Feminino 22 0,18 0,08
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis Masculino 47 0,21 0,00
Feminino 22 0,32 0,00
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário Masculino 47 0,15 0,01
Feminino 22 0,22 0,01
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador Masculino 47 0,20 0,00
Feminino 22 0,29 0,00
21 Viagens muito longas Masculino 47 0,14 0,02
Feminino 22 0,22 0,01
22 Jogar com torcida Masculino 47 0,41 0,00
Feminino 22 0,29 0,00
23 Conflitos com os companheiros de time Masculino 47 0,18 0,00
Feminino 22 0,23 0,01
24 Conflitos com familiares Masculino 47 0,24 0,00
116
Feminino 22 0,37 0,00
25 Jogar com torcida contra Masculino 47 0,30 0,00
Feminino 22 0,30 0,00
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo Masculino 47 0,19 0,00
Feminino 22 0,22 0,01
27 Falta de preparação psicológica Masculino 47 0,17 0,00
Feminino 22 0,21 0,01
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador Masculino 47 0,28 0,00
Feminino 22 0,24 0,00
29 Jogar machucado Masculino 47 0,26 0,00
Feminino 22 0,27 0,00
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos Masculino 47 0,27 0,00
Feminino 22 0,18 0,05
31 Disputa pela vaga de titular na equipe Masculino 47 0,44 0,00
Feminino 22 0,31 0,00
32 Falta de comunicação entre a equipe Masculino 47 0,17 0,00
Feminino 22 0,20 0,02
117
Teste de normalidade para a variável categoria
Itens Categoria n D P
1 Jogadas erradas no começo do jogo Adulto 47 0,20 0,00
Juvenil 22 0,25 0,00
2 Adiamento do jogo Adulto 47 0,28 0,00
Juvenil 22 0,24 0,00
3 Nervosismo excessivo Adulto 47 0,17 0,00
Juvenil 22 0,27 0,00
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,21 0,01
5 Ser o favorito Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,23 0,00
6 Metas e rendimento excessivamente altas Adulto 47 0,17 0,00
Juvenil 22 0,22 0,01
7 Derrotas anteriores Adulto 47 0,22 0,00
Juvenil 22 0,19 0,04
8 Condicionamento físico inadequado Adulto 47 0,23 0,00
Juvenil 22 0,28 0,00
9 Conflitos com o treinador Adulto 47 0,22 0,00
Juvenil 22 0,32 0,00
10 Resultados positivos inesperados dos adversários Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,25 0,00
11 Performances ruins em treinamentos e competições anteriores Adulto 47 0,23 0,00
Juvenil 22 0,17 0,10
12 Adversários desconhecidos Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,20 0,02
13 Ser vaiado durante o jogo Adulto 47 0,20 0,00
Juvenil 22 0,18 0,07
14 Grande superioridade do adversário Adulto 47 0,23 0,00
Juvenil 22 0,26 0,00
15 Ser prejudicado pelos juízes Adulto 47 0,20 0,00
Juvenil 22 0,17 0,09
16 Instalações de competições incômodas Adulto 47 0,19 0,00
Juvenil 22 0,29 0,00
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas Adulto 47 0,15 0,01
Juvenil 22 0,17 0,11
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis Adulto 47 0,26 0,00
Juvenil 22 0,25 0,00
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,18 0,08
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador Adulto 47 0,26 0,00
Juvenil 22 0,17 0,11
21 Viagens muito longas Adulto 47 0,21 0,00
Juvenil 22 0,16 0,13
22 Jogar com torcida Adulto 47 0,34 0,00
Juvenil 22 0,40 0,00
23 Conflitos com os companheiros de time Adulto 47 0,21 0,00
Juvenil 22 0,18 0,05
24 Conflitos com familiares Adulto 47 0,26 0,00
Juvenil 22 0,31 0,00
25 Jogar com torcida contra Adulto 47 0,25 0,00
Juvenil 22 0,34 0,00
118
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo Adulto 47 0,24 0,00
Juvenil 22 0,19 0,03
27 Falta de preparação psicológica Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,17 0,10
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador Adulto 47 0,28 0,00
Juvenil 22 0,25 0,00
29 Jogar machucado Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,24 0,00
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos Adulto 47 0,21 0,00
Juvenil 22 0,21 0,01
31 Disputa pela vaga de titular na equipe Adulto 47 0,36 0,00
Juvenil 22 0,48 0,00
32 Falta de comunicação entre a equipe Adulto 47 0,18 0,00
Juvenil 22 0,19 0,04
119
Teste de normalidade para a variável posição de jogo
Itens Posições n D P
1 Jogadas erradas no começo do jogo
Ponteiro 19 0,29 0,00
Levantador 15 0,20 0,10
Central 19 0,21 0,02
Líbero 5 0,26 0,20
Oposto 11 0,27 0,03
2 Adiamento do jogo
Ponteiro 19 0,20 0,04
Levantador 15 0,31 0,00
Central 19 0,32 0,00
Líbero 5 0,33 0,08
Oposto 11 0,28 0,02
3 Nervosismo excessivo
Ponteiro 19 0,16 0,20
Levantador 15 0,22 0,04
Central 19 0,23 0,01
Líbero 5 0,32 0,11
Oposto 11 0,26 0,04
4 Dificuldades em conciliar e manter o sono
Ponteiro 19 0,23 0,01
Levantador 15 0,22 0,05
Central 19 0,31 0,00
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,34 0,00
5 Ser o favorito
Ponteiro 19 0,21 0,02
Levantador 15 0,17 0,20
Central 19 0,19 0,06
Líbero 5 0,29 0,20
Oposto 11 0,20 0,20
6 Metas de rendimento excessivamente altas
Ponteiro 19 0,24 0,00
Levantador 15 0,17 0,20
Central 19 0,23 0,01
Líbero 5 0,36 0,03
Oposto 11 0,16 0,20
7 Derrotas anteriores
Ponteiro 19 0,18 0,09
Levantador 15 0,23 0,04
Central 19 0,20 0,04
Líbero 5 0,29 0,20
Oposto 11 0,26 0,04
8 Condicionamento físico inadequado
Ponteiro 19 0,26 0,00
Levantador 15 0,22 0,05
Central 19 0,19 0,08
Líbero 5 0,37 0,03
Oposto 11 0,26 0,04
9 Conflitos com o treinador Ponteiro 19 0,26 0,00
Levantador 15 0,26 0,01
120
Central 19 0,31 0,00
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,24 0,09
10 Resultados positivos inesperados do adversário
Ponteiro 19 0,19 0,06
Levantador 15 0,19 0,15
Central 19 0,25 0,00
Líbero 5 0,36 0,03
Oposto 11 0,26 0,04
11 Performances ruins em treinamentos e competições anteriores
Ponteiro 19 0,20 0,05
Levantador 15 0,31 0,00
Central 19 0,18 0,10
Líbero 5 0,22 0,20
Oposto 11 0,27 0,03
12 Adversários desconhecidos
Ponteiro 19 0,23 0,01
Levantador 15 0,21 0,06
Central 19 0,22 0,02
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,32 0,00
13 Ser vaiado durante o jogo
Ponteiro 19 0,20 0,04
Levantador 15 0,19 0,15
Central 19 0,17 0,15
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,21 0,19
14 Grande superioridade do adversário
Ponteiro 19 0,24 0,00
Levantador 15 0,23 0,03
Central 19 0,15 0,20
Líbero 5 0,35 0,05
Oposto 11 0,32 0,00
15 Ser prejudicado pelos juízes
Ponteiro 19 0,14 0,20
Levantador 15 0,32 0,00
Central 19 0,11 0,20
Líbero 5 0,21 0,20
Oposto 11 0,21 0,18
16 Instalações de competições incômodas
Ponteiro 19 0,27 0,00
Levantador 15 0,21 0,09
Central 19 0,17 0,18
Líbero 5 0,35 0,05
Oposto 11 0,36 0,00
17 Pensar constantemente em cumprir as metas fixadas
Ponteiro 19 0,18 0,11
Levantador 15 0,13 0,20
Central 19 0,17 0,14
Líbero 5 0,18 0,20
Oposto 11 0,20 0,20
18 Estímulos perturbadores visuais, acústicos e táteis Ponteiro 19 0,22 0,02
121
Levantador 15 0,27 0,00
Central 19 0,34 0,00
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,28 0,02
19 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo adversário
Ponteiro 19 0,21 0,03
Levantador 15 0,25 0,01
Central 19 0,24 0,00
Líbero 5 0,23 0,20
Oposto 11 0,23 0,12
20 Ter perdido mais de uma vez para o mesmo treinador
Ponteiro 19 0,26 0,00
Levantador 15 0,36 0,00
Central 19 0,25 0,00
Líbero 5 0,25 0,20
Oposto 11 0,18 0,20
21 Viagens muito longas
Ponteiro 19 0,20 0,04
Levantador 15 0,21 0,07
Central 19 0,17 0,18
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,20 0,20
22 Jogar com torcida
Ponteiro 19 0,45 0,00
Levantador 15 0,31 0,00
Central 19 0,33 0,00
Líbero 5 0,23 0,20
Oposto 11 0,33 0,00
23 Conflitos com os companheiros de time
Ponteiro 19 0,21 0,02
Levantador 15 0,24 0,02
Central 19 0,21 0,03
Líbero 5 0,25 0,20
Oposto 11 0,23 0,12
24 Conflitos com os familiares
Ponteiro 19 0,32 0,00
Levantador 15 0,24 0,02
Central 19 0,27 0,00
Líbero 5 0,33 0,08
Oposto 11 0,20 0,20
25 Jogar com torcida contra
Ponteiro 19 0,27 0,00
Levantador 15 0,20 0,11
Central 19 0,31 0,00
Líbero 5 0,33 0,08
Oposto 11 0,31 0,00
26 Executar jogadas erradas no fim do jogo
Ponteiro 19 0,30 0,00
Levantador 15 0,24 0,02
Central 19 0,21 0,03
Líbero 5 0,35 0,05
Oposto 11 0,24 0,09
122
27 Falta de preparação psicológica
Ponteiro 19 0,13 0,20
Levantador 15 0,25 0,01
Central 19 0,19 0,07
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,19 0,20
28 Jogar contra um adversário agressivo/provocador
Ponteiro 19 0,35 0,00
Levantador 15 0,30 0,00
Central 19 0,25 0,00
Líbero 5 0,36 0,03
Oposto 11 0,33 0,00
29 Jogar machucado
Ponteiro 19 0,26 0,00
Levantador 15 0,25 0,01
Central 19 0,19 0,06
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,26 0,04
30 Receber "cobranças" de jogadores mais velhos
Ponteiro 19 0,33 0,00
Levantador 15 0,30 0,00
Central 19 0,20 0,04
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,16 0,20
31 Disputa pela vaga de titular na equipe
Ponteiro 19 0,47 0,00
Levantador 15 0,39 0,00
Central 19 0,37 0,00
Líbero 5 0,47 0,00
Oposto 11 0,30 0,01
32 Falta de comunicação entre a equipe
Ponteiro 19 0,15 0,20
Levantador 15 0,24 0,02
Central 19 0,27 0,00
Líbero 5 0,24 0,20
Oposto 11 0,21 0,20