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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Educação Física Lucinar Jupir Forner Flores EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO EM RATAS OOFORECTOMIZADAS E INFARTADAS: AVALIAÇÕES DO CONTROLE AUTONÔMICO DA CIRCULAÇÃO SÃO PAULO 2006

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEUtítulo de M estre em Educ ação Física do Progr am a Stricto Sens u em Educ ação Física da U niversida de São Jud as Tadeu. Área de Con centração:

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  • UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU 

    Programa de PósGraduação Str icto Sensu em Educação Física 

    Lucinar  J upir  Forner  Flores 

    EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO EM RATAS 

    OOFORECTOMIZADAS E INFARTADAS: AVALIAÇÕES DO 

    CONTROLE AUTONÔMICO DA CIRCULAÇÃO 

    SÃO PAULO 

    2006

  • UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU 

    Programa de PósGraduação Str icto Sensu em Educação Física 

    Lucinar  J upir  Forner  Flores 

    EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO EM RATAS 

    OOFORECTOMIZADAS E INFARTADAS: AVALIAÇÕES DO 

    CONTROLE AUTONÔMICO DA CIRCULAÇÃO 

    Dissertação  apresentada  como  requisito  parcial  à  obtenção  do título de Mestre em Educação Física do Programa Stricto Sensu em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. 

    Área de Concentração: Bases Biodinâmicas da Atividade Física. 

    Orientadora: Prof a . Dr a . Kátia De Angelis. 

    SÃO PAULO 2006

  • DEDICATÓRIA 

    Dedico este trabalho a toda minha família, que tanto me apoiou e não me deixou estremecer 

    nos momentos difíceis desta longa, árdua e recompensadora jornada; 

    Mais exatamente dedico este trabalho a minha incrível mãe (Dona Nilva Dona em sinal de 

    respeito), mais que mãe é amiga, é companheira, é incentivadora e é guerreira desta difícil e prazerosa tarefa de viver; 

    Aos meus  irmãos  Luciano  e Nara,  apesar  de  distantes  e  poucos  contatos  o  fator  genético 

    sempre  nos  permitirá  estarmos  próximos.  Ao meu  super maninho  Janerson,  que muito me  apóia  e me  faz  buscar  o 

    sucesso para servir de espelho para sua longa caminhada; 

    A  minha  amável  noiva  Ieda  (e  seus  familiares),  como  pude  encontrar  alguém  assim  tão 

    maravilhosa...  sua  paciência  durante  todos  esses  meses  afastados,  o  apoio  para  não  sucumbir  as  dificuldades  e  o 

    incentivo para alcançar os meus objetivos que no futuro bem próximo serão os nossos objetivos; 

    Ao meu querido papai (Orlades Rebello Flores) que muito cedo teve de partir, mas mesmo 

    assim mostroume e continuas me guiando (de onde ele está) para os caminhos menos tenebrosos da vida; 

    Aos meus  tios  (Tio Forner  e  Simone  e Tio Má  e  Juce)  pelos  auxílios  nos  variados  dias  e 

    horários, que nunca me negaram apoio para o meu amadurecimento pessoal e profissional.

  • AGRADECIMENTOS 

    Agradeço a minha querida e paciente orientadora Prof a . Dr a . Kátia De Angelis, primeiramente 

    pela  grande  capacidade  de  orientar  e  direcionar aos  objetivos  acadêmicos,  segundo pelo  carisma  e  humanismo  com 

    todos que lhe norteiam e terceiro pelo admirável valor acadêmico que conquistou com muito suor, noites sem dormir e 

    horas em frente a uma bancada ou computador, servindo de incentivo para os que a conhecem; 

    Aos meus  colegas  de  laboratórios....nossa  quantos...e  quantos  eu  tenho  que  agradecer...que 

    bom!  Assim  acredito  que  poderei  contar  com  alguns  deles  nos  momentos  difíceis  para  conversar.  Muito  obrigado: 

    Luciana,  Iris,  Demilto,  Janaína,  Nathália,  Diego,  Felipe,  Kátia  Ponciano,  Juliana,  Márcio,  Marcelo  e  Michele  do 

    Laboratório do Movimento Humano; 

    Aos demais colegas do Laboratório do Movimento Humano: Márcia, Camila, Silvia, Zirlene, 

    Regina, Adilson, Prof a . Dr a . Sandra e Prof. Dr. Rogério; 

    Aos funcionários da USJT: Maria Leide, Rosane, Selma, Simone, Patrícia, Vivian e Fátima; 

    Aos  colegas  do  InCor  muito  obrigado  pelos  ensinamentos:  Cristiano,  Bruno,  Kaleizu, 

    Janaína, Mariane, Karen, Tati, Geórgia, Dani, Cristiane, André, Silvinha e Leandro; 

    Aos  professores  do  programa  de  pósgraduação  –Mestrado  da  Universidade  São  Judas 

    Tadeu, meus sinceros agradecimentos pelas importantes discussões e debates para um melhor entendimento da atuação 

    profissional; 

    A  Prof a .  Dr a .  Vilma  Leni  NistaPiccolo  que  me  acolheu  como  praticamente  filho  e  vem 

    colaborando muito para o meu amadurecimento acadêmicoprofissional na área da Educação Física; 

    A Prof a . Dr a . Maria Cláudia Irigoyen que proporcionou parte do meu crescimento acadêmico, 

    através  do  acesso  e  intercâmbio  dentro  de  um  dos  principais  centros  de  pesquisas  brasileiras  na  área  da  fisiologia 

    cardiovascular (InCor); 

    Aos colegas e acadêmicos da METROCAMP; 

    Aos companheiros da primeira turma de mestrado em Educação Física da USJT. 

    Aos meus  amigos  (por mais que  eu  esteja  longe  sempre manteremos  o  contato)  do Paraná 

    (Cleyton,  Darclé,  Kenio,  Fran,  Flávio,  Robson,  Rodrigo,  Fábio,  Fábio  de  Castro,  Gustavo,  Jane,  Valdo,  Kiko, 

    Wellington, Jair, Sandra, Gilmar e Edna) aos colegas do Handebol de São Paulo (Salada, Ivan e Danilo) e aos amigos

  • do  cativeiro  de  São  Paulo  (Daniel  e Demilto)  e mais  recentemente  do  recanto  (Ari  e  Porfírio) muito  obrigado  pela 

    paciência; 

    A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP pelo importantíssimo 

    apoio financeiro através da bolsa de mestrado; 

    Agradeço a Deus.

  • SUMÁRIO 

    DEDICATÓRIA 

    AGRADECIMENTOS 

    RESUMO 

    ABSTRACT 

    LISTA DE TABELAS 

    LISTA DE FIGURAS 

    LISTA DE ABREVIATURAS 

    1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................1 

    1.1. Aspectos Epidemiológicos das Doenças Cardiovasculares.........................................................1 

    1.2. Pressão Arterial e Risco Cardiovascular......................................................................................3 1.2.1. Regulação da Pressão Arterial.................................................................................................7 1.3. Infarto Agudo do Miocárdio.......................................................................................................10 1.3.1. Epidemiologia e Definições Conceituais.................................................................................10 1.3.2. Etiologia do Infarto do Miocárdio...........................................................................................11 1.3.3. Evolução do Infarto do Miocárdio e suas Conseqüências......................................................13 1.4. Gênero e Risco Cardiovascular..................................................................................................17 

    1.5. Risco Cardiovascular Durante a Menopausa..............................................................................19 

    1.6. A Influência do Gênero Feminino na Incidência do Infarto do Miocárdio................................21 

    1.7. Sedentarismo como Fator de Risco Cardiovascular....................................................................24 

    1.8. Treinamento Físico como Tratamento Nãofarmacológico das Doenças Cardiovasculares......25 

    1.9. Efeitos do Treinamento Físico no Sistema Cardiovascular........................................................27 

    2. OBJETIVOS.................................................................................................................................32 

    2.1. Objetivo Geral.............................................................................................................................32 

    2.2. Objetivos Específicos..................................................................................................................32 

    3. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................................33 

    3.1. Animais e Grupos......................................................................................................................33 

    3.2. Seqüência Experimental.............................................................................................................34 3.2.1. Ooforectomia Bilateral...........................................................................................................34 3.2.2. Infarto do Miocárdio..............................................................................................................35

  • 3.2.3. Avaliações Ecocardiográficas................................................................................................36 3.2.4. Teste de Esforço Máximo.......................................................................................................40 3.2.5. Treinamento Físico.................................................................................................................41 3.2.6. Avaliações Hemodinâmicas Sistêmicas..................................................................................42 3.2.7. Avaliação da Sensibilidade dos Pressorreceptores...............................................................43 3.2.8. Avaliação do Reflexo Cardiopulmonar.................................................................................46 3.2.9. Avaliação do Controle Autonômico......................................................................................46 3.2.10. Avaliações da Função Ventricular......................................................................................47 3.2.11. Avaliações Bioquímicas......................................................................................................49 3.2.12. Determinação do Peso Ventricular e da Razão do Peso Ventricular/Peso Corporal.......50 3.2..13. Determinação do Peso dos Pulmões.................................................................................50 3.2.14. Avaliação doTamanho do Infarto do Miocárdio................................................................51 3.3. Análise estatística.....................................................................................................................51 

    4. RESULTADOS.......................................................................................................................52 

    4.1. Peso Corporal.........................................................................................................................52 

    4.2. Avaliações Bioquímicas........................................................................................................53 

    4.3. Capacidade Física..................................................................................................................55 

    4.4. Análise Morfométrica de órgãos...........................................................................................56 

    4.5. Avaliações da Área Infartada................................................................................................59 

    4.6. Avaliações Ecocardiográficas...............................................................................................61 4.6.1. Avaliações Morfométricas..................................................................................................61 4.6.2. Avaliações da Função Sistólica..........................................................................................62 4.6.3. Avaliações da Função Diastólica.......................................................................................64 4.6.4. Avaliação Ecocardiográfica da Função Global................................................................65 4.7. Avaliações Hemodinâmicas Sistêmicas...............................................................................66 

    4.8. Avaliação da Sensibilidade dos Pressorreceptores.................................................................69 

    4.9. Avaliações do Reflexo Cardiopulmonar.................................................................................71 

    4.10. Avaliações do Controle Autonômico da Freqüência Cardíaca.............................................74 

    4.11. Avaliações da Função Ventricular........................................................................................78 

    5. DISCUSSÃO.............................................................................................................................86 

    5.1. Avaliação do Peso Corporal e de Parâmetros Metabólicos ...................................................86 

    5.2. Avaliação da Capacidade Física..............................................................................................89 

    5.3. Avaliação do Perfil Hemodinâmico e do Controle Autonômico da Freqüência Cardíaca......90 

    5.4. Avaliação da Sensibilidade dos Pressorreceptores.................................................................95 

    5.5. Avaliação do Reflexo Cardiopulmonar..................................................................................99 

    5.5. Avaliação da Função Ventricular..........................................................................................102

  • 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................112 

    7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................113

  • LISTA DE TABELAS 

    Tabela 01 Incidência de fatores de risco em diferentes populações brasileiras............................25 

    Tabela  02  Peso  corporal  (gramas)  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT), 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado  (OIT)  ao  longo  do 

    protocolo............................................................................................................52 

    Tabela  03  Valores  plasmáticos  de  glicose  e  triglicerídeos  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).......................................................................................54 

    Tabela  04  Velocidade  máxima  (km/h)  alcançada  nos  testes  de  esforço  máximos  dos  grupos  ooforectomizado 

    sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado 

    infartado treinado (OIT) ao longo do protocolo.....................55 

    Tabela  05  Peso  do  VE  (mg),  Peso  do  coração  (mg)  e  razão  peso  do  coração/peso  corporal  (mg/g)  dos  grupos 

    ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e 

    ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)................................................................................................................................................57 

    Tabela 06 Peso dos pulmões úmidos (g), peso dos pulmões secos (g), dos grupos ooforectomizado sedentário (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)........................................................................................58 

    Tabela  07  Parâmetros  ecocardiográficos  de  morfometria  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)........................................................................................62 

    Tabela  08  Velocidade  de  encurtamento  circunferencial  (VEC)  nos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).......................................................................................64 

    Tabela  09  Parâmetros  ecocardiográficos  de  função  diastólica  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).......................................................................................65 

    Tabela  10  Pressão  Arterial  e  Freqüência  Cardíaca  em  repouso  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).)......................................................................................67

  • Tabela 11Respostas hipotensoras (∆ PAM, mmHg) induzidas pela estimulação do reflexo cardiopulmonar nos grupos 

    ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e 

    ooforectomizado infartado treinado (OIT)...............72 

    Tabela  12 Respostas  bradicárdicas  (∆ FC,  bpm)  induzidas  pela  estimulação  do  reflexo  cardiopulmonar nos  grupos 

    ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e 

    ooforectomizado infartado treinado (OIT)...............72 

    Tabela  13  Efeitos  vagal  e  simpático  na  freqüência  cardíaca  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).........................................................................................74 

    Tabela  14  Pressão  Sistólica  Ventricular  (mmHg),  Pressão  Diastólica  Final(mmHg),  Derivadas  de  Contração  e  de 

    Relaxamento  do  Ventrículo  Esquerdo  (mmHg/seg)  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado 

    treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).........................................................................................80

  • LISTA DE FIGURAS 

    Figura 01 Fatores básicos influenciadores da pressão arterial........................................................3 

    Figura 02 Representação esquemática da interação entre fatores determinantes da hipertensão....6 

    Figura 03 Localização dos pressorreceptores..................................................................................8 

    Figura 04 Etapas de realização da ooforectomia bilateral em ratas...............................................35 

    Figura  05  Fotografia  mostrando  a  oclusão  da  artéria  coronária  esquerda  no  miocárdio  do 

    rato....................................................................................................................................................36 

    Figura 06 Correlação entre o consumo de oxigênio (VO2) e a velocidade no teste de esforço (km/h) em ratas 

    ooforectomizadas...................................................................................................41 

    Figura 07 Fotografia mostrando ratos submetidos a protocolo de treinamento físico em esteira ergométrica na 

    USJT………............................................................................................................42 

    Figura 08 Registro da pressão arterial e freqüência cardíaca antes e após a administração de drogas 

    vasoativas.........................................................................................................................................45 

    Figura 09 Avaliação através da linguagem MATLAB 6.0 da pressão arterial e freqüência cardíaca antes e após a 

    administração de drogas vasoativas...........................................................................45 

    Figura 10– Fotografia mostrando o sistema de registro de pressão arterial no rato. (PA) pressão arterial sistêmica; (VE) 

    pressão ventricular esquerda; (TP) transdutores de pressão; (CM) coluna de mercúrio para calibração do sistema; (CT) 

    cama térmica (direita)............................................................................................................................................48 

    Figura  11–  Peso  corporal  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT), 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado  (OIT)  no  início  e  final  do 

    protocolo.................................................................................................................53 

    Figura  12–  Velocidade  alcançada  nos  testes  de  esforço  (TE1:  inicial  e  TE3:  final)  dos  grupos  ooforectomizado 

    sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado 

    infartado treinado (OIT)........................................................56

  • Figura  13–  Razão  peso  do  coração/peso  corporal  (mg/g)  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS), 

    ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).......................................................................................58 

    Figura 14– Avaliações ecocardiográficas no início e fim do protocolo da Área Infartada do Ventrículo Esquerdo (%) 

    dos  grupos  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).....................................................................................................................59 

    Figura 15 Área Infartada através da medida direta do Ventrículo Esquerdo (%) dos grupos ooforectomizado infartado 

    sedentário (OIS) e ooforectomizado infartado treinado (OIT)..............60 

    Figura  16  Correlação  entre  as  medidas  do  VE  da  área  do  IM  (%)  avaliadas  pelo  papel  milimetrado  e  o 

    Ecocardiograma...........................................................................................................................60 

    Figura 17 Avaliações inicial e final da FE (%) dos grupos ooforectomizado sedentário (OS), ooforectomizado treinado 

    (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)....................................................................................................................63 

    Figura 18  Índice de desempenho miocárdico  (IDM) dos  grupos  ooforectomizado sedentário  (OS), ooforectomizado 

    treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)...................................................................................................................66 

    Figura 19 Pressão arterial média (PAM) dos grupos ooforectomizado sedentário (OS), ooforectomizado treinado (OT), 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)................................................................................................................68 

    Figura  20–  Freqüência  cardíaca  (FC)  de  repouso  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado 

    treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).................................................................................................................69 

    Figura  21–  Sensibilidade  barorreflexa  avaliada  pelo  índice  de  bradicardia  reflexa  (bpm/mmHg)  dos  grupos 

    ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e 

    ooforectomizado infartado treinado (OIT).......................................70 

    Figura  22–  Sensibilidade  barorreflexa  avaliada  pelo  índice  de  taquicardia  reflexa  (bpm/mmHg)  dos  grupos 

    ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e 

    ooforectomizado infartado treinado (OIT).......................................70

  • Figura  23  Correlação  entre  a  fração  de  ejeção  (FE)  e  a  resposta  de  taquicardia  (RT)  barorreflexa  nos  grupos 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)................................................................................................................................................71 

    Figura  24 Sensibilidade  reflexa  dos  receptores  cardiopulmonares avaliada  pela  injeção  de  doses  crescentes  de  5HT 

    através das variações de pressão arterial dos grupos ooforectomizado sedentário (OS), ooforectomizado treinado (OT), 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).......................................................................................73 

    Figura  25 Sensibilidade  reflexa  dos  receptores  cardiopulmonares avaliada  pela  injeção  de  doses  crescentes  de  5HT 

    através  das  variações  de  freqüência  cardíaca  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado 

    (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).......................................................................................73 

    Figura 26– Efeito vagal na freqüência cardíaca (bpm)  dos grupos ooforectomizado sedentário (OS), ooforectomizado 

    treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)....................................................................................75 

    Figura  27–  Efeito  simpático  na  freqüência  cardíaca  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado 

    treinado  (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).................................................................................................................75 

    Figura  28  Correlação  entre  a  fração  de  ejeção  (FE)  e  o  efeito  vagal  (EV)  nos  grupos  ooforectomizado  infartado 

    sedentário (OIS) e ooforectomizado infartado treinado (OIT)...........76 

    Figura 29 Correlação entre a fração de ejeção (FE) e o efeito simpático (ES) nos grupos ooforectomizado infartado 

    sedentário (OIS) e ooforectomizado infartado treinado (OIT)............76 

    Figura  30  Correlação  entre  a  resposta  de  bradicardia  (RB)  do  barorreflexo  e  o  efeito  vagal  (EV)  nos  grupos 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)...............................................................................................................................................77 

    Figura  31  Correlação  entre  a  resposta  de  taquicardia  (RT)  do  barorreflexo  e  o  efeito  vagal  (EV)  nos  grupos 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).................................................................................................................................................77

  • Figura  32  Correlação  entre  a  resposta  de  bradicardia  (RB)  do  barorreflexo  e  o  efeito  simpático  (ES)  nos  grupos 

    ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)..................................................................................................................................................78 

    Figura  33  Pressão  Sistólica  Ventricular  (A)  Pressão  Diastólica  Final  (B),  Derivadas  de  Contração  (C),  e  de 

    Relaxamento  do  Ventrículo  Esquerdo  (D)  dos  grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  treinado 

    (OT),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT).....................................................................................................................81 

    Figura 34 Correlação entre a pressão sistólica ventricular (PSVE) e a resposta de taquicardia (RT) do barorreflexo nos 

    grupos  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)....................................................................................................................................82 

    Figura 35 Correlação entre a pressão sistólica ventricular (PSVE) e a resposta de bradicardia (RB) do barorreflexo nos 

    grupos  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)...................................................................................................................................82 

    Figura  36 Correlação  entre  a  derivada  de  contração  (+dP/dt)  e  a  resposta  de  bradicardia  (RB)  do  barorreflexo  nos 

    grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado 

    treinado (OIT)...........................................................................83 

    Figura  37  Correlação  entre  a  derivada  de  contração  (+dP/dt)  e  o  efeito  vagal  (EV)  nos  grupos  ooforectomizado 

    sedentário  (OS),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)....................................................................................................................83 

    Figura 38 Correlação entre a derivada de relaxamento (dP/dt) e a resposta de taquicardia (RT) do barorreflexo nos 

    grupos  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)...................................................................................................................................84 

    Figura 39 Correlação entre a derivada de relaxamento (dP/dt) e a resposta de bradicardia (RB) do barorreflexo nos 

    grupos  ooforectomizado  sedentário  (OS),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado 

    treinado (OIT)............................................................................84 

    Figura  40  Correlação  entre  a  derivada  de  relaxamento  (dP/dt)  e  o  efeito  vagal  (EV)  nos  grupos  ooforectomizado 

    sedentário  (OS),  ooforectomizado  infartado  sedentário  (OIS)  e  ooforectomizado  infartado  treinado 

    (OIT)....................................................................................................................85

  • LISTA DE ABREVIATURAS 

    ACSM: American College Sports Medicine. 

    AHA: American Heart Association. 

    AVC: acidente vascular cerebral. 

    DC: débito cardíaco. 

    DCV: doenças cardiovasculares. 

    DDVE: diâmetro diastólico do VE. 

    DESAC. E: desaceleração da onda E. 

    dP/dt: derivada de pressão do VE. 

    DSVE: diâmetro sistólico do VE. 

    ECA: enzima conversora de angiotensina. 

    EDRF: fator de relaxamento derivado do endotélio. 

    EPM: erro padrão da média. 

    ES: efeito simpático. 

    EV: efeito vagal. 

    FC: freqüência cardíaca. 

    FE: fração de ejeção. 

    FNA: fator natriurético atrial. 

    HAS: hipertensão arterial sistêmica. 

    HDL: lipoproteína de alta densidade. 

    IC: insuficiência cardíaca. 

    IDM: índice de desempenho miocárdico. 

    IM: infarto do miocárdio. 

    ip: intraperitonial. 

    LDL: lipoproteína de baixa densidade. 

    MVE: massa do VE. 

    NCHS: National Center for Health Statistics. 

    OIS: grupo ooforectomizado infartado sedentário. 

    OIT: grupo ooforectomizado infartado treinado. 

    ONDA A: velocidade de enchimento lento do VE. 

    ONDA E: velocidade de enchimento rápido do VE. 

    OS: grupo ooforectomizado sedentário. 

    OT: grupo ooforectomizado treinado. 

    PA: pressão arterial. 

    PAD: pressão arterial diastólica.

  • PAM: pressão arterial média. 

    PAS: pressão arterial sistólica. 

    PDF: pressão diastólica final. 

    PSVE: pressão sistólica do VE. 

    RB: resposta bradicárdica. 

    RT: resposta taquicárdica. 

    RVP: resistência vascular periférica. 

    SNS: sistema nervoso simpático. 

    SRAA: sistema reninaangiotensinaaldosterona. 

    SUS: Sistema Único de Saúde. 

    SVDIA: espessura diastólica do septo interventricular. 

    TE: teste de esforço. 

    TEF: tempo de ejeção de fluxo. 

    TRIV: tempo de relaxamento isovolumétrico. 

    USJT: Universidade São Judas Tadeu. 

    VE: ventrículo esquerdo. 

    VEC: velocidade de encurtamento circunferencial. 

    VEDIA: cavidade do VE em diástole. 

    VS: volume sistólico. 

     dP/dt: derivada de relaxamento do VE. 

    + dP/dt: derivada de contração do VE. 

    5 HT: serotonina.

  • LISTA DE ABREVIATURAS DA DISSERTAÇÃO: 

    EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO EM RATAS OOFORECTOMIZADAS E INFARTADAS: AVALIAÇÕES DO CONTROLE AUTÔNOMO 

    DA CIRCULAÇÃO 

    Mestrando: Lucinar J. F. Flores. Orient.: Profa. Dra. Kátia De Angelis. 

    ACSM: American College Sports Medicine. AHA: American Heart Association. AVC: Acidente Vascular Cerebral. DC: Débito Cardíaco. DCV: Doenças Cardiovasculares. DDVE: Diâmetro Diastólico do VE. DESAC. E: Desaceleração da onda E. dP/dt: Derivada de pressão do VE. DSVE: Diâmetro Sistólico do VE. ECA: Enzima Conversora de Angiotensina. EDRF: Fator de relaxamento derivado do endotélio. EPM: Erro padrão da média. ES: Efeito Simpático. EV: Efeito Vagal. FC: Freqüência Cardíaca. FE: Fração de Ejeção. FNA: Fator Natriurético Atrial. HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica. HDL: Lipoproteína de alta densidade. IC: Insuficiência Cardíaca. IDM: Índice de desempenho miocárdico. IM: Infarto do Miocárdio. ip: Intraperitonial. LDL: Lipoproteína de baixa densidade. MVE: Massa do VE. NCHS: National Center for Health Statistics. OIS: Grupo Ooforectomizado Infartado Sedentário. OIT: Grupo Ooforectomizado Infartado Treinado. ONDA A: Velocidade de enchimento lento do VE. ONDA E: Velocidade de Enchimento rápido do VE. OS: Grupo Ooforectomizado Sedentário. OT: Grupo Ooforectomizado Treinado. PA: Pressão Arterial. PAD: Pressão Arterial Diastólica. PAM: Pressão Arterial Média. PAS: Pressão Arterial Sistólica. PDF: Pressão Diastólica Final. PSVE: Pressão Sistólica do VE. RB: Resposta bradicárdica. RT: Resposta taquicárdica. RVP: Resistência Vascular Periférica. SNS: Sistema Nervoso Simpático. SRAA: Sistema ReninaAngiotensinaAldosterona.

  • SUS: Sistema Único de Saúde. SVDIA: Espessura diastólica do septo  interventricular. TE: Teste de Esforço. TEF: Tempo de Ejeção de Fluxo. TRIV: Tempo de Relaxamento Isovolumétrico. USJT: Universidade São Judas Tadeu. VE: Ventrículo Esquerdo. VEC: Velocidade de Encurtamento Circunferencial. VEDIA: Cavidade do VE em Diástole. VS: Volume Sistólico.  dP/dt: Derivada de relaxamento do VE. + dP/dt: Derivada de contração do VE. 5 HT: Serotonina.

  • RESUMO 

    O  objetivo  do  presente  estudo  foi  verificar  os  efeitos  cardiovasculares  e  autonômicos  do  treinamento  físico 

    aeróbio  em  ratas  ooforectomizadas  e  infartadas.  Foram utilizados  ratos Wistar  fêmeas,  (200  e  230g)  divididos  em 4 

    grupos:  ooforectomizado  sedentário  (OS,  n=12),  ooforectomizado  treinado  (OT,  n=12),  ooforectomizado  infartado 

    sedentário (OIS, n=8) e ooforectomizado infartado treinado (OIT, n=8). A ooforectomia foi realizada pela secção dos 

    ovidutos e  remoção  bilateral dos  ovários. Dois dias após a ooforectomia os grupos OIS e OIT  foram submetidos ao 

    infarto do miocárdio (IM) através da ligadura da artéria coronária esquerda. O teste de esforço máximo foi realizado em 

    todos  os  grupos  para  verificação  da  capacidade  física.  Os  grupos  OT  e  OIT  foram  submetidos  a  um  protocolo  de 

    treinamento  físico  em  esteira  ergométrica  (1 hora/dia;  5 dias/semana; 8  semanas;  5060% da  velocidade máxima no 

    teste de esforço). A função cardíaca foi avaliada de forma indireta pelo ecocardiograma (ECO) (no início e no final) e 

    de forma direta pela da cateterização do ventrículo esquerdo (VE) (no estado basal e em resposta a uma sobrecarga de 

    volume).  Ao  final  do  período  de  treinamento  foram  realizadas  as  avaliações  bioquímicas  (estradiol,  glicemia  e 

    triglicerídeos). Os sinais de pressão arterial (PA) foram gravados e processados por um sistema de aquisição (CODAS, 

    2KHz). A sensibilidade barorreflexa foi avaliada através das respostas de taquicardia (RT) e bradicardia (RB) reflexas a 

    alterações  de  PA  induzidas  pela  injeção  (i.v.)  de  doses  crescentes  de  nitroprussiato  de  sódio  e  fenilefrina, 

    respectivamente.  O  reflexo  cardiopulmonar  foi  determinado  através  da  avaliação  das  repostas  hipotensoras  e 

    bradicárdias induzidas pela injeção (i.v.) de doses crescentes de serotonina (5HT). Os efeitos vagal (EV) e simpático 

    (ES) foram medidos através (i.v.) do bloqueio vagal (atropina, 3mg/Kg) e simpático (propranolol, 4mg/Kg). Os grupos 

    OT e OIT apresentaram menor ganho de peso corporal quando comparados aos grupos OS e OIS ao final do protocolo. 

    O peso do VE e do coração foram maiores nos grupos ooforectomizados infartados quando comparados aos grupos OS 

    e OT. Já a razão peso corporal/peso do coração foi maior nos grupos infartados quando comparado ao grupo OS. A área 

    do IM do VE avaliada através do ECO foi semelhante entre os grupos infartados nas avaliações iniciais e finais (~35%), 

    apresentando  correlação  (r=0,9:  p

  • quando comparado ao OS (31,93 ± 2,5 ms) ao final do protocolo. Não foram observadas diferenças entre o grupo OIT e 

    os grupos não infartados nos parâmetros de função diastólica. O índice de desempenho miocárdico foi semelhante entre 

    os grupos na avaliação  inicial do ECO e na avaliação  final este parâmetro apresentou aumento no OIS  (0,61 ± 0,04) 

    quando comparado ao OIT (0,45 ± 0,04). A pressão diastólica final do ventrículo esquerdo (PDF)  foi aumentada nos 

    grupos OIS (11 ± 3 mmHg) e OIT (11,5 ± 1,2 mmHg) quando comparados aos valores de OS (1,1 ± 1,1 mmHg) e OT ( 

    0,1 ± 0,5 mmHg) na situação basal. A pressão sistólica do ventrículo esquerdo (PSVE) mostrouse reduzida no grupo 

    OIS  (117 ± 4,3 mmHg) no basal em relação ao OS (134 ± 4,9 mmHg). Nos grupos  infartados e no OS observouse 

    redução das derivadas de contração e de relaxamento em diferentes momentos da avaliação ventricular em comparação 

    com o grupo OT. A pressão arterial média  (PAM) foi maior no grupo OS (121 ± 2,5 mmHg) quando comparado ao 

    grupo  OT  (113 ±  1,5  mmHg).  Já  o  grupo  OIS  (103 ±  2,4  mmHg)  apresentou  valores  reduzidos  de  PAM  quando 

    comparado aos grupos OS e OIT (121 ± 2,5 e 113 ± 2,9 mmHg respectivamente). A freqüência cardíaca (FC) no grupo 

    OT  (345±9 bpm)  apresentouse  reduzida  quando  comparada  ao  grupo OS  (377±6 bpm),  evidenciando  a  eficácia  do 

    treinamento físico. O treinamento físico melhorou a sensibilidade barorreflexa nas ratas ooforectomizadas, tanto para a 

    RB  (1,16  ±  0,1  no OS  vs  1,74  ±  0,11  bpm/mmHg  no  OT),  quanto  para  RT  (2,37  ±  0,21  no OS  vs  4,26  ±  0,34 

    bpm/mmHg  no  OT).  De  forma  semelhante,  o  grupo  OIT  apresentou  um  aumento  da  sensibilidade  barorreflexa  em 

    relação ao grupo OIS na RB (1,68 ± 0,24 no OIT vs.1,08 ± 0,14 bpm/mmHg no OIS) e na RT (4,31 ± 0,32 no OIT vs. 

    2,61  ±  0,22  bpm/mmHg  no  OIS).  A  sensibilidade  dos  receptores  cardiopulmonares  avaliada  pelas  respostas 

    hipotensoras  foram  reduzidas  (11,8  ±  2,1  e  10,8  ±  1,7  mmHg)  no  OIS  (doses  8µg/Kg  e  16µg/Kg)  e  OIT  (dose 

    16µg/Kg) quando comparado ao grupo OS. Nas respostas de FC à serotonina, os animais dos grupos treinados (OT e 

    OIT)  apresentaram  aumento  (95,7  ±  18  e  72  ±  22  bpm)  da  resposta  de  bradicardia  na  dose  de  16µg/kg  quando 

    comparado  ao  grupo OIS. Nos  grupos OT  (80±13 bpm)  e OIT  (70±8 bpm)  o EV  foi maior  quando  comparado  aos 

    grupos OS (44±1,7 bpm) e OIS  (38±6 bpm).  Já o ES  foi maior no grupo OIS  (61±5 bpm) em relação ao grupo OS 

    (31±6,4 bpm) e OIT (44±6 bpm). Adicionalmente, obtiveramse correlações entre os valores de EV e a FE (r=0,6), a 

    RB (r=0,7) e a RT (r=0,7), nos animais dos grupos OIS e OIT; entre os valores de ES e a FE (r=0,7) e a RB (r=0,7); e 

    entre os valores da RT e a FE (r=0,6). Correlações entre os grupos OS, OIS e OIT foram obtidas entre as RT e a PSVE 

    (r=0,7) e a –dP/dt (r=0,7); entre a RB e a PSVE (r=0,6), a +dP/dt (r=0,7) e a –dP/dt (r=0,85); e entre o EV e a +dP/dt 

    (r=0,6)  e  a  dP/dt  (r=0,65).  Os  resultados  obtidos  neste  estudo  permitem  concluir  que  o  treinamento  físico  induz 

    atenuação das disfunções metabólicas, ventriculares e hemodinâmicas, provavelmente associada a melhora do controle 

    autonômico tônico e reflexo cardiovascular em ratas submetidas à privação dos hormônios ovarianos, em presença ou 

    não de IM. Em conjunto os achados sugerem importante papel do treinamento físico no manejo do risco cardiovascular 

    em mulheres menopausadas.

  • ABSTRACT 

    The purpose of the present study was to investigate the cardiovascular and autonomic effects of aerobic physical 

    training  in  ovariectomized  infarcted  rats.  Female  Wistar  rats  (200230g)  were  divided  in  4  groups:  sedentary 

    ovariectomized  (SO,  n=12),  trained  ovariectomized  (TO,  n=12),  sedentary  ovariectomized  infarcted  (SOI,  n=8)  and 

    trained ovariectomized infarcted (TOI, n=8). The ovariectomy was realized throughout the oviduct section and bilateral 

    ovary removal. Myocardial infarction (MI) was induced by left coronary artery ligation 2 days after ovariectomy. The 

    maximum exercise test was performed in all groups to evaluate physical capacity. TO and TOI groups were submitted 

    an exercise training protocol on treadmill (1hour/day; 5 days/week; 8 weeks; 5060% maximum exercise test velocity). 

    The  ventricular  function was  analyzed  indirectly  by  echocardiogram  (initial  and  final)  and  directly  by  left  ventricle 

    (LV)  catheterization  (basal  state  and  during  volume overload). At  the  end  of  training  period,  biochemist  evaluations 

    were performed  (oestradiol, glycemia,  triglycerides). The arterial pressure signals  (AP) were  recorded and processed 

    using a data acquisition system (CODAS, 2 KHz). The baroreflex sensitivity was evaluated by the tachycardic (TR) and 

    bradycardic (BR) responses to AP changes induced by injections (e.v.) of increasing doses of sodium nitroprusside and 

    phenylephrine,  respectively.  The  cardiopulmonar  reflex  evaluation  was  measured  by  hypotensive  and  bradycardic 

    responses to increasing doses of serotonin (5HT). The vagal effect (VE) and sympathetic effect (SE) were determined 

    by  vagal  (methylatropine,  3mg/kg)  and  sympathetic  (propranolol,  4mg/kg)  blockades.  TO  and  TOI  animals  showed 

    decreased body weigh gain when compared with OS and OIS animals. LV and heart weights were enhanced in infarcted 

    ovariectomized  groups  when  compared  to  SO  and  TO  groups.  The  body  weight/  heart  weight  ratio  was  higher  in 

    infarcted rats in comparison to SO rats. LV infarction area evaluated by ECO was similar between infarcted groups in 

    initial and final evaluations (~35%), showing a correlation (r= 0.9: p> 0.0001) with the %LV infarction area measured 

    by millimeter paper stamps (~44 %) realized at the end of the protocol. Trained groups demonstrated physical capacity 

    improvement when  compared with  sedentary  groups  (TO vs.  SO; TOI  vs.  SOI  in  the  final  exercise  test). Metabolic 

    results evidenced reduced glycemia in TOI group in relation to SO e SOI groups. Triglycerides were increased in SOI 

    rats  as  compared  to  other  groups. Oestradiol was  lower  than  commercial  kits  detect  levels,  evidencing  ovariectomy 

    procedure efficacy. Echocardiography  results  showed LV mass and LV diameter cavity  increase  in infarcted animals 

    when  compared  to  OS  animals  in  the  initial  evaluation,  however,  these  alterations  were  not  observed  in  the  final 

    evaluation. Ejection  fraction  (EF) was reduced  in the  initial ECO measurement  in  infarcted groups in relation to non 

    infarcted groups (41.2 ± 2.22 % in SIO and 44.1 ± 3.6 % in TIO vs. 67 ± 2% in SO and 67.9 ± 2% in TO). In the final 

    ECO evaluation, EF was enhanced in TOI group (54.7 ± 4.9%) in comparison to SOI group (44.1 ± 3.6%). There was 

    no EF differences between OIT rats and non infarcted rats at the end of the protocol (69.4 ± 1.1% in OS and 67.2 ± 1.7 

    % in OT). In relation to diastolic function, Ewave was diminished in SOI group when compared to SO group at the 

    final ECO evaluation. Additionally, isovolumic relaxation time was increased in SOI rats (40.7 ± 1.5 ms) in comparison 

    SO rats (31.93 ± 2.5 ms) at the end of the protocol. There were no diastolic function parameters differences between 

    TOI  group  and non  infarcted  groups. Myocardial  performance  index was  similar  between  groups  in  the  initial ECO

  • evaluation, but in the final ECO measurement this parameter was enhanced in SOI animals (0.61 ± 0.04) in relation to 

    TOI animals (0.45 ± 0.04). LV end diastolic pressure (LVEDP) was increased in SOI (11 ± 3 mmHg) and TOI (11.5 ± 

    1.2 mmHg) groups when compared to SO (1.1 ± 1.1 mmHg) and TO (0.1 ± 0.5 mmHg) groups in basal conditions. 

    Only OIS rats (117 ± 4.3 mmHg) showed reduced LV systolic pressure in comparison to SO rats (134 ± 4.9 mmHg) in 

    basal record. Infarcted groups and SO group presented reduced LV derivates of rise and fall at different moments of LV 

    evaluations in relation to TO group. Mean AP was increased in OS rats (121 ± 2.5 mmHg) in comparison to TO group 

    (113 ± 1.5 mmHg). SOI rats (103 ± 2.4 mmHg) presented diminished mean AP values in relation to TOI (113 ± 2.9 

    mmHg) and SO (121 ± 2.5 mmHg) rats. OT group (345 ± 9 bpm) showed resting bradycardia when compared to SO 

    group  (377 ±  6  bpm),  evidencing  exercise  training  efficacy.  Exercise  training  induced  improvement  on  baroreflex 

    sensitivity to BR (1.16 ± 0.1 in OS vs. 1.74 ± 0.11 bpm/mmHg in OT) and to TR (2.37 ± 0.21 in OS vs. 4.26 ± 0.34 

    bpm/mmHg in OT). Similarly, TOI animals showed improved BR (1.68 ± 0.24 in OIT vs. 1.08 ± 0.14 bpm/mmHg in 

    OIS) and TR (4.31 ± 0.32  in OIT vs. 2.61 ± 0.22 bpm/mmHg  in OIS)  in relation  to SOI animals. Cardiopulmonary 

    receptors sensitivity evaluated by hypotensive responses to serotonin was impaired (11.8 ± 2.1 and 10.8 ± 1.7 mmHg) 

    in  OIS  (8µg/Kg  and  16µg/Kg  doses)  and  TOI  (16µg/Kg  dose)  groups  when  compared  to  SO  group.  Bradycardic 

    responses to serotonin were increased (95.7 ± 18 e 72 ± 22 bpm) in 16µg/kg doses in trained groups (TO and TOI) 

    when compared to SOI rats. TO (80±13 bpm) and TOI (70±8 bpm) groups showed enhancement on VE as compared to 

    SO (44±1.7 bpm) and SOI (38±6 bpm) groups. SE was increased in SOI animals (61±5 bpm) in relation to SO (31±6.4 

    bpm) and TOI  (44±6 bpm) animals. Additionally, correlations were obtained including  infarcted groups between VE 

    and EF (r=0.6), BR (r=0.7) and TR (r=0.7); between SE and EF (r=0.7) and BR (r=0.7); and between TR and EF 

    (r=0.6). Correlations including SO, SOI and TOI animals were obtained between TR and LVSP (r=0.7) and –dP/dt (r= 

    0.7); between BR and LVSP (r=0.6), +dP/dt  (r=0.7) and –dP/dt  (r=0.85); and between VE and +dP/dt  (r=0.6) and   

    dP/dt  (r=0.65).  In  conclusion,  exercise  training  induced  metabolic,  ventricular  and  hemodynamic  dysfunctions 

    attenuations, probably associated with tonic and reflex autonomic control of cardiovascular system improvement in rats, 

    myocardium infarcted or not, submitted to ovarian hormones deprivation. These findings suggest an important role of 

    exercise training in the cardiovascular risk management in menopaused women.

  • 1. INTRODUÇÃO 

    1.1.  Aspectos Epidemiológicos das Doenças Cardiovasculares 

    As  doenças  cardiovasculares  (DCV)  constituem  uma  das  mais  importantes  causas  de 

    mortalidade em diversos países, sendo que nos países desenvolvidos são a principal causa de morte, 

    respondendo por aproximadamente 50% das mortes entre homens e mulheres com mais de 30 anos 

    de idade (American Heart Association  AHA, 1998). Cerca de 946 mil pessoas morrem por ano de 

    DCV ou de doenças relacionadas somente nos Estados Unidos (EUA), totalizando 39% de todas as 

    mortes nesse país. Além disto, outras 62 milhões de pessoas possuem DCV nos EUA (Nabel, 2003). 

    Na América Latina,  as DCV  respondem por  cerca  de um  terço  de  todas  as ocorrências  de morte 

    (Lotufo, 1998). As DCV representam  também a principal causa de morte em  todas as  regiões do 

    Brasil,  com crescente  abrangência  nas  regiões Norte  e Nordeste  (Timerman  et  al.,  2001; Lotufo, 

    2005).  Para  as  pessoas  que  tinham  30  anos  ou mais  em  1994,  a  mortalidade  por DCV  alcançou 

    percentuais por volta dos 34% no Brasil (Timerman et al., 2001). Vale ressaltar que a partir de 1960 

    ficou  evidenciada  uma  tendência  à  diminuição  do  número  de  mortes  por  DCV  nos  países 

    desenvolvidos e à aumento nos países subdesenvolvidos. Uemura e Pisa (1985) mostraram redução 

    da mortalidade na década de 1970 e início da década de 1980, na faixa etária entre 40 e 69 anos, em 

    27  países  industrializados  como o  Japão  e  a Austrália,  assim  como,  aumento  da mortalidade  em 

    países como a Bulgária e a Polônia.

  • Dentre as DCV as com maior  incidência são as doenças isquêmicas do coração e as doenças 

    cerebrovasculares (40 a 60%) (Ministério da Saúde, 1998). Conforme Laurenti (2005), no Brasil, as 

    doenças isquêmicas do coração e cérebrovasculares representaram 30 e 32,5% do total de DCV no 

    biênio 19992000. Nesta mesma época, a insuficiência cardíaca (IC) se apresentava como uma das 

    principais causas de  internação hospitalar,  embora o maior custo das hospitalizações  no Brasil  se 

    relacionasse aos procedimentos de alta complexidade em cardiologia (Lotufo, 2005). Semelhante a 

    tendência  observada  em  países  industrializados,  observouse  diminuição  de  mortes  por  doença 

    cérebrovascular e doença isquêmica cardíaca nas pessoas com mais de 30 anos de ambos os sexos 

    nas regiões mais desenvolvidas do país, Sul e Sudeste, em contraposição ao aumento observado nas 

    regiões CentroOeste e Nordeste do país (Marinho et al., 2001). 

    A  redução da mortalidade por DCV nos países e  regiões desenvolvidas  ainda não está bem 

    explicado, mas acreditase que pode ser atribuída às mudanças ocorridas  nos padrões dietéticos e 

    hábitos  de  vida,  decorrentes  do  desenvolvimento  econômico,  além  da  provável  influência  da 

    diminuição do consumo de sal, do maior consumo de carnes e  lacticínios e da  redução do  fumo. 

    Além disto, é clara a melhora no controle terapêutico de doenças que levam a estes eventos graves 

    (Iso et al., 1999; Walker, 1977; 1983). 

    Outro importante fator norteador das DCV é o alto custo do manejo dos pacientes acometidos 

    por estas enfermidades. Dados brasileiros recentemente publicados (Ribeiro et al., 2005) apontam 

    para  valores  próximos  aos  de  países  desenvolvidos.  Estes  custos  anuais  são  em  torno  de  R$ 

    2.733,00 por paciente atendido no setor público, Sistema Único de Saúde (SUS), e de R$ 6.788,00 

    por  paciente  de  convênios  particulares.  Grande  parte  destes  gastos  é  devido  ao  tratamento 

    farmacológico,  41%  (SUS)  e  17%  (nos  convênios  particulares).  A  ocorrência  de  eventos 

    cardiovasculares  agudos  aumenta  ainda  mais  o  custo  gerado  pelo  tratamento  crônico  destas 

    doenças, alcançando no setor público o custo anual de cerca de R$ 4.626,00 e no setor privado de

  • R$  13.453,00  por  paciente.  Diante  destes  valores  elevados,  a  busca  por  manejos  que  possam 

    diminuir estes custos é importante. 

    1.2. Pressão Arterial e Risco Cardiovascular  

    Um grande número de mortes cardiovasculares anuais são derivadas do infarto do miocárdio 

    (IM), acidente vascular cerebral (AVC) e doenças renais crônicas (Nahas, 2001; Bouchard, 2003). 

    Por  essas  razões,  é  de  extrema  importância  compreender  os  mecanismos  envolvidos  nestas 

    alterações,  incluindo o controle da circulação e da pressão arterial  (PA) que garantem a perfusão 

    adequada de órgãos e tecidos. 

    A  PA  pode  ser  definida  como  a  força  exercida  pelo  sangue  contra  as  paredes  arteriais, 

    determinada  pela  quantidade  de  sangue  bombeado pelo  ventrículo  esquerdo  e  pela  resistência  ao 

    fluxo sangüíneo (Michelini, 1999; Marieb e Branstrom, 1996; Silverthorn, 2003). Grande parte dos 

    casos de hipertensão arterial parece estar relacionada ao aumento da resistência vascular periférica 

    (RVP), que pode ser definida como a resistência hemodinâmica  imposta ao fluxo sanguíneo pelos 

    vasos, determinada por fatores dimensionais dos vasos e pelo atrito interno das camadas de sangue, 

    ou  seja,  pela  “viscosidade  sangüínea”  (Franchini,  1999).  A  Figura  01  apresenta  os  fatores 

    fisiológicos básicos influenciadores da PA. 

    Fatores Fisiológicos 

    Débito Cardíaco (Freqüência cardíaca x Volume Sistólico) 

    Resistência Periférica 

    Volume de Sangue Arterial 

    Complacência 

    Arterial 

    Fatores Físicos 

    Pressão 

    Arterial 

    Fatores Fisiológicos 

    Débito Cardíaco (Freqüência cardíaca x Volume Sistólico) 

    Resistência Periférica 

    Volume de Sangue Arterial 

    Complacência 

    Arterial 

    Fatores Físicos 

    Pressão 

    Arterial

  • Figura 01 Fatores básicos influenciadores da PA (Adaptado de Berne e Levy, 2000). 

    Alguns  estudos  indicam  que  a  pressão  arterial  diastólica  (PAD) ≥  90  mmHg,  e  a  pressão 

    arterial sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg resultam em diminuição da expectativa de vida e são fatores 

    de risco para AVC, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e 

    doenças vasculares periféricas em homens e mulheres de meia idade (Guyton e Hall, 1997; Black, 

    2000;  Magalhães  et  al.,  2002).  Em  sujeitos  com  complicações  como  diabetes,  nefropatia  e 

    insuficiência cardíaca (IC), níveis de pressão mais baixos (130/80 mmHg) podem ser considerados 

    como hipertensão arterial diagnosticada (Oigman, 2003). Porém, qualquer classificação dos níveis 

    pressóricos é insuficiente dada à importância de se considerar no diagnóstico da hipertensão, além 

    dos níveis tensionais, os fatores de risco, a lesão de órgãosalvo, alterações estruturais das artérias, 

    distúrbios  metabólicos  e  as  comorbidades  associadas  (Magalhães  et  al.,  2002;  Brandão  et  al., 

    2003). A “relação positiva” entre o risco de DCV e a PA ocorre com um nível pressórico abaixo de 

    115/75 mmHg e dobra a cada aumento de 20/10mmHg. Outro fator importante em relação ao risco 

    de hipertensão é o aumento da idade. Segundo Vassan et al. (2002) um indivíduo com 55 anos de 

    idade e PA normal tem um risco 90% maior quando comparado a um adulto jovem de desenvolver 

    hipertensão no seu tempo restante de vida. 

    A HAS  afeta  cerca  de 18% da população mundial  adulta,  sendo o motivo mais  comum de 

    consultas ambulatoriais e principal fator de risco de IM, AVC, insuficiência renal e outras doenças 

    vasculares,  que  associadas  são  responsáveis  pela  maioria  das  mortes  nos  países  industrializados 

    (Alderman, 2000; Powers e Howley, 2000), como os EUA, no qual há 58,4 milhões de americanos 

    com 18 anos ou mais  tem HAS (AHA, 2005; Chobanian et al. 2003; JNC VI, 1997; Hajjar et al., 

    2003).

  • Sabese  que  aproximadamente  90% dos  casos  são  de hipertensão  essencial  ou  primária,  na 

    qual o paciente não apresenta nenhum fator causal claro. Contudo, muitos pesquisadores atrelam o 

    alto nível pressórico às alterações do débito cardíaco (DC) e da RVP 

    Os  10%  de  casos  restantes  são  considerados  hipertensão  arterial  secundária    com  causa 

    conhecida    atrelada  a  alguma  patologia  (Sherwood  1989; Wilmore  e  Costill,  2001;  Silverthorn, 

    2003). Um estudo realizado na Suécia com uma  amostra de 689 homens  hipertensos  indicou que 

    94,8% dos casos apresentavam a HAS sem causa definida; as causas nos 5,2% restantes indicavam 

    para  as  nefropatias  crônicas  (4%),  a  doença  renovascular  (1%),  a  coarctação  da  aorta  (0,1%)  e 

    aldoterismo primário (0,1%) (Pollock e Wilmore, 1993). 

    Vale  ressaltar  que  a  manutenção  da  função  cardíaca  normal  é  obtida  através  da  regulação 

    neural  pela  integração  da  atividade  nervosa  do  sistema  simpático  e  do  parassimpático  ou  vago. 

    Além  disso,  o  controle  da  homeostase  cardiovascular  é  dependente  da  atuação  dos  reflexos 

    originados  pelos  pressorreceptores  e  quimiorreceptores  arteriais,  além  dos  receptores 

    cardiopulmonares  e  sua  integração  central  (Mancia  et  al.,  1994).  Estes  reflexos  contribuem  de 

    forma  importante  para  que,  em  circunstâncias  normais,  a  PA  não  se  altere  de  forma  abrupta 

    permitindo a perfusão adequada de órgãos e tecidos. 

    Estudos  experimentais  e  clínicos  vêm  demonstrando  que  disfunções  no  sistema  nervoso 

    autônomo, conhecidas como disautonomia, estão presentes em uma série de patologias, tais como a 

    HAS, a IC e o diabetes mellitus. 

    Nas DCV, as alterações da atividade simpática são bem mais conhecidas e estudadas que as 

    do parassimpático, constituindo as mais  fortes evidências da disfunção autonômica cardiovascular 

    (Franchini e Krieger, 1995). Entretanto, existe um consenso de que a função vagal (parassimpática) 

    preservada  é  benéfica  na manutenção  da  PA  em  valores  normais,  o  que  protege  órgãos  como  o

  • coração, os rins e o cérebro de lesões decorrentes das grandes oscilações da PA (Su e Miao, 2001). 

    Na Figura 02 são apresentados os mecanismos que interagem para regulação e manutenção da PA. 

    ESTRUTURA 

    AMBIENTE 

    MECANISMOS NEUROGÊNICOS 

    SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA 

    ESTRESSE 

    OUTROS PEPTÍDIOS VASOATIVO 

    FUNÇÃO 

    GENÉTICA 

    OBESIDADE 

    DÉBITO CARDÍACO  RESISTÊNCIA PERIFÉRICA = 

    HIPERTENSÃO (↑débito e/ou ↑ resistência) 

    SAL 

    CLIMATÉRIO 

    RESISTÊNCIA À INSULINA 

    SEDENTARISMO 

    PRESSÃO ARTERIAL  X 

    ENDOTÉLIO 

    ALTERAÇÕES MONOGÊNICAS 

    ALTERAÇÕES POLIGÊNICAS 

    PRESSÃO ARTERIAL NORMAL 

    Figura  02  Representação  esquemática  da  interação  entre  fatores  determinantes  da hipertensão. A relação entre fatores ambientais e alterações genéticas determina o padrão de funcionamento  de  mecanismos  responsáveis  pela  regulação  da  pressão  arterial.  Estes mecanismos  levam  a  adaptações  funcionais  e  estruturais  cardiovasculares  modificando,  em última  análise,  a  equação  que  define  a  pressão  arterial.  O  balanço  entre  estes  fatores representa a diferença entre a pressão arterial normal e alterada. Reproduzido com permissão de Irigoyen et al., 2005a (Tratado de Cardiologia da SOCESP).

  • 1.2.1 Regulação da Pressão Arterial 

    Em  circunstâncias  normais,  a  PA,  é  mantida  em  estreita  faixa  de  variação  permitindo  a 

    perfusão tecidual adequada, principalmente em territórios que têm pequena capacidade de alterar a 

    resistência periférica como é o caso da circulação cerebral (Irigoyen et al., 2003). 

    Os  pressorreceptores  arteriais,  localizados  principalmente  na  crosta  da  aorta  e  no  seio 

    carotídeo,  constituemse  na  forma  mais  importante  de  controle  da  PA  em  curto  prazo,  ou  seja 

    momento  a  momento  (Franchini  e  Krieger,  1995).  Com  a  alteração  das  paredes  dos  vasos,  por 

    exemplo,  devido  a  altos  valores  de  PA,  são  gerados  potenciais  de  ação  que  são  conduzidos  ao 

    núcleo do trato solitário no sistema nervoso central, onde são produzidas respostas de aumento da 

    atividade vagal e queda da freqüência cardíaca (FC), bem como a diminuição da atividade simpática 

    para  o  coração  e  os  vasos,  auxiliando  a  bradicardia,  a  contratilidade  cardíaca,  a  RVP  e  a 

    capacitância  venosa,  num  intervalo  entre  dois  batimentos  cardíacos  aproximadamente  (Michelini, 

    1999;  Irigoyen  et  al.,  2003;  Silverthorn,  2003).  Já  na  hipertensão  sustentada,  esses 

    mecanorreceptores  sofrem  alterações  que  reduzem  a  sensibilidade  dos  pressorreceptores, 

    determinando  que  os  hipertensos  tenham  um  número  menor  de  informações  e,  conseqüente 

    deficiência na regulação reflexa da PA (Irigoyen et al., 2003), mas mesmo assim elevações e quedas 

    abruptas da PA serão corrigidas pelos pressorreceptores,  lembrando que os valores médios da PA 

    estão  elevados  (Michelini,  1999).  Assim  o  comprometimento  da  função  dos  pressorreceptores

  • poderia  atuar  como  elemento  permissivo  ao  estabelecimento  de  alterações  primárias  de  outros 

    mecanismos  de  controle  da  função  cardiovascular,  por  não  modular  a  atividade  simpática  e 

    parassimpática adequadamente  (Irigoyen et al., 1995). De  fato, a disfunção barorreflexa  tem  sido 

    documentada  na HAS  e  em outras  doenças  cardiovasculares  em  estudos  clínicos  e  experimentais 

    como um  importante preditor de mortalidade e sobrevida (Irigoyen e Krieger, 1998; La Rovere et 

    al.,  1998;  Zanchetti  e  Mancia,  1991).  Na  Figura  03,  podemos  visualizar  a  localização  dos 

    pressorreceptores arteriais. 

    Figura 03 Localização dos pressorreceptores (Adaptado de Guyton e Hall, 1997). 

    Além  dos  pressorreceptores,  os  receptores  cardiopulmonares  exercem  importante  papel  na 

    regulação da PA em curto prazo (Vasquez, 1994). Três grupos de receptores cardiopulmonares são 

    ativados por mudanças na pressão das câmaras cardíacas. O primeiro grupo, localizado nas junções 

    venoatriais  é  ativado  pelo  enchimento  e  contração  atriais,  provocando  aumento  da  freqüência

  • cardíaca  (devido  à  elevação  da  atividade  simpática  para  o  nodo  sinoatrial),  vasodilatação  da 

    musculatura  esquelética  e  aumento  no  débito  urinário  (redução  da  atividade  simpática  renal).  O 

    segundo  grupo  de  receptores  cardiopulmonares,  cujas  aferências  não mielinizadas  trafegam  pelo 

    vago, comportase, quando ativado, como os mecanorreceptores carotídeos e aórticos, reduzindo a 

    atividade simpática e aumentando a atividade do vago para o coração. O terceiro grupo de aferentes 

    cardiopulmonares  trafega  junto  aos  aferentes  cardíacos  simpáticos  até  a  medula  espinhal.  Sua 

    importância  funcional  não  está  totalmente  esclarecida,  mas  parecem  ser  ativados  por  estímulos 

    químicos  gerados  em  áreas  isquêmicas  do  miocárdio,  quando  também  ocorre  sensação  dolorosa 

    (dor anginosa) (Irigoyen et al., 2003). 

    Os reflexos cardiopulmonares podem ser testados experimentalmente pela injeção endovenosa 

    de substâncias químicas  (reflexo de BezoldJarisch) como a serotonina, provocando bradicardia e 

    hipotensão, ou pela expansão do volume plasmático, aumentando o retorno venoso e a pressão de 

    enchimento atrial e ventricular (Vasquez, 1994; Irigoyen et al., 2005a) provocando inibição reflexa 

    da atividade simpática (bradicardia e vasodilatação). 

    No final da década de 90, o controle reflexo da circulação comandado pelos pressorreceptores 

    foi  reconhecido  também  como  um  importante  preditor  de  risco  de  vida  após  evento  agudo 

    cardiovascular. O estudo de La Rovere et al. (1998) ATRAMI (Autonomic Tone and Reflexes After 

    Myocardial  Infarction)  forneceu  evidências  clínicas  do  valor  prognóstico  da  sensibilidade  do 

    barorreflexo  e  da  variabilidade  da  FC  na  mortalidade  cardíaca  pósinfarto  do  miocárdio, 

    independente da fração de ejeção do ventrículo esquerdo e de arritmias ventriculares. 

    Segundo estudo de Huikuri et al.  (1996) a sensibilidade  barorreflexa é menor em mulheres 

    saudáveis de meiaidade em relação a homens nas mesmas condições. Esses autores concluíram que 

    a  responsividade  barorreflexa  está  atenuada,  apesar  da  atividade  parassimpática  mostrarse 

    aumentada no sexo  feminino. Além disto, Laitinen et al. (1998) demonstraram que 24% (n = 58)

  • das  mulheres  na  faixa  etária  entre  40  e  59  anos  de  idade  apresentavam  uma  diminuição  na 

    sensibilidade  barorreflexa  em  relação  a  mulheres  com menos  de  39  anos,  além  de  apresentarem 

    menor  sensibilidade  barorreflexa quando  comparados  aos  homens  avaliados  neste  trabalho. Esses 

    achados  em  conjunto  confirmam  que  a  idade  e  o  gênero  têm  impacto  no  controle  do  sistema 

    nervoso  autônomo  sobre  a  função  cardiovascular  e  conseqüentemente  tem  importância  no 

    desenvolvimento das doenças cardiovasculares. 

    1.3. Infarto do Miocárdio 

    1.3.1. Epidemiologia e Definições Conceituais 

    O  infarto do miocárdio (IM)  foi considerado uma das doenças mais preocupantes do século 

    XX (Nahas, 2001; Bouchard, 2003). No Brasil, as DCV representam cerca de 30% da mortalidade 

    geral,  sendo  que  o  IM  e  suas  conseqüências  resultam  1/3  dessas  mortes  (MINISTÉRIO  DA 

    SAÚDE, 1998). No importante estudo AFIRMAR de Piegas et al. (2003) foram avaliados os fatores 

    de risco para o IM baseado em casoscontrole em hospitais de 51 cidades brasileiras para avaliar a 

    associação de fatores de risco e o primeiro IM nesta população. O estudo envolveu 1279 pares de 

    pacientes  e  sujeitos  controles,  e  apontou  os  seguintes  fatores  de  risco  independentes  para  o  IM: 

    tabagismo  igual ou superior a cinco cigarros/dia; glicemia > 126mg/dl;  relação cintura/quadril:  > 

    0,94, histórico familiar de doença arterial coronariana; fração de colesterol LDL 100120 mg/dl ou 

    >  120 mg/dl;  hipertensão  arterial  sistólica  (HAS);  diabetes  mellitus;  ingestão  de  álcool  de  3  a  7 

    dias/semana; renda familiar entre R$600,00 e R$1200,00 reais e baixo grau de escolaridade.

  • Baseado  nas  evidências  de  diversos  estudos  atuais,  o  IM  é  considerado  uma  desordem 

    complexa multifatorial e poligênica que é resultado da interação entre a genética humana e vários 

    fatores  ambientais  (Yamada  et  al.,  2002). O  IM  tem  como  conseqüência  extrema  a morte,  e  em 

    casos  de  sobrevivência  pós  evento  acarreta  problemas  sociais  e  econômicos  que  necessitam  de 

    medidas  destinadas  a  reduzir  não  só  a mortalidade,  como  também  a morbidade  pós  IM. Embora 

    haja um aumento da incidência do IM em praticamente todos os países do mundo, a mortalidade na 

    fase  aguda  do  quadro  tem  diminuído  drasticamente  nos  últimos  anos,  principalmente  em 

    decorrência da melhoria das condições de tratamento dentro e fora do ambiente hospitalar (Mill et 

    al.,  2001).  Apesar  da  evolução  no  tratamento  do  IM,  ainda  existem  dúvidas  com  relação  as 

    diferentes  abordagens  terapêuticas.  Estudos  com  humanos  e  animais  de  experimentação  vêm 

    buscando  alternativas  para  o  tratamento  desta  patologia  que  consigam  abordar  da  forma  mais 

    abrangente possível às múltiplas disfunções desencadeadas após o IM, tentando evitar, desta forma, 

    que  cronicamente muitos  pacientes  evoluam  para  um  quadro  de  insuficiência  cardíaca  (Bassand, 

    1995). 

    1.3.2. Etiologia do Infarto do Miocárdio 

    A  isquemia  miocárdica  ocorre  por  redução  do  fluxo  sangüíneo  coronariano  ou mesmo  por 

    diminuição  do  conteúdo  arterial  de  oxigênio  para  suprir  as  necessidades metabólicas  do  coração, 

    resultado na maioria dos casos de aterosclerose das artérias coronárias, que causam o estreitamento 

    luminal  do  vaso  e,  muitas  vezes,  a  oclusão  total  da  artéria  (Pasternak  et  al.,  1996).  O  fluxo  de 

    sangue diminuído a um nível crítico, induz lesão isquêmica nas células miocárdicas, que quando é

  • prolongada,  leva  a  um  dano  irreversível,  caracterizado  como  IM. O  IM  ainda  pode  ser  definido 

    como a necrose do tecido cardíaco do ponto de vista histológico, havendo sempre perda da massa 

    muscular do coração (Giraldez e Cardoso, 2005). O IM pode ser dividido em dois tipos principais: 

    infartos transmurais, nos quais a necrose envolve toda a espessura da parede ventricular, e infartos 

    subendocárdicos,  nos  quais  a  necrose  envolve  o  subendocárdio,  sem  afetar  toda  a  parede  do 

    ventrículo o que favorece o desenvolvimento da circulação colateral (Pasternak et al., 1996). 

    A maior ocorrência de IM acontece no ventrículo esquerdo (VE) e no septo interventricular. 

    Se uma pequena extensão do VE for acometida pela lesão será possível uma boa evolução clínica, 

    ao contrário se uma grande massa ventricular for submetida à lesão isquêmica, a função de bomba 

    do VE  tornase  deprimida,  e  o  débito  cardíaco,  o  volume  sistólico,  a PA,  o  pico  da derivada  de 

    pressão em relação ao tempo (dP/dt) e a contratilidade do VE diminuem, já o volume sistólico final 

    e  a  pressão  diastólica  final  (PDF)  do VE  aumentam  (Pfeffer  et  al.,  1979, De Felice  et  al.,  1989; 

    Pasternak et al., 1996; Giraldez e Cardoso, 2005). 

    A  depressão  da  função  cardíaca  pós  IM  está  diretamente  relacionada  à  extensão  da  lesão 

    isquêmica no VE ao grau de aumento da pressão diastólica final do VE que é considerado o melhor 

    preditor da mortalidade após o IM (White et al., 1987). No entanto, a medida da função miocárdica 

    mais  utilizada  clinicamente  na  fase  crônica  do  IM  é  a  fração  de  ejeção  (FE)  do VE,  sendo  esta 

    avaliação utilizada para a estratificação de risco dos pacientes (White et al., 1987). Lesões do VE 

    em  torno  de  25%  da  área  total  são  comumente  encontrados  na  insuficiência  cardíaca  clínica,  já 

    eventos isquêmicos que comprometam 40% ou mais do VE são fatais em humanos. No entanto, em 

    animais  de  experimentação  (ratos)  Pfeffer  et  al.  (1979),  demonstraram  que  IM  pequenos  (46% do 

    VE) eram constantes a insuficiência do VE.

  • Segundo Giraldez e Cardoso (2005) nas primeiras horas após um IM, o principal mecanismo 

    que pode levar ao óbito é a fibrilação atrial que gera arritmias cardíacas cujo mecanismo está muito 

    pouco esclarecido na literatura, mas parece estar relacionado a presença de extrasístoles. Existem 

    diversos  fatores desencadeadores das arritmias cardíacas após o IM, entre eles o encurtamento do 

    potencial de ação do tecido isquêmico, que gera instabilidade da membrana celular tornando células 

    isquêmicas a  serem marcapassos ectópicos, acreditase que esse mecanismo pode ser  responsável 

    pelo aparecimento de taquicardia ventricular, contudo os danos das estruturas cardíacas (nodo átrio 

    ventricular e sistema HisPurkinje) também podem causar arritmias cardíacas graves. 

    1.3.3. Evolução do Infarto do Miocárdio e suas Conseqüências. 

    O  IM  determina  alterações  não  só  no  coração,  como  também  reações  mais  gerais  no 

    organismo, decorrentes de uma importante ativação neuronal e endócrina, que envolve três sistemas 

    principais:  1ativação  do  sistema  nervoso  simpático  (SNS),  dirigidos  para  rins,  coração,  vasos  e 

    suprarenal, com isto ocorre também aumento dos níveis circulantes de catecolaminas; 2 aumento 

    da  produção  e  liberação  do  fator  natriurético  atrial  (FNA);  3Ativação  do  sistema  renina 

    angiotensinaaldosterona (SRAA), tanto em estágio endócrino quanto parácrino no coração, devido 

    ao  aumento  da  produção  e  liberação  de  renina  pelos  rins  (Mill,  et  al.,  2001).  A  ativação 

    neuroendócrina  na  evolução  do  IM  ainda  é  tema  de muita  discussão,  pois  na  fase  inicial  após  o 

    evento,  a  descarga  simpática,  parece  ser  importante  para  a  manutenção  de  parâmetros 

    hemodinâmicos, principalmente a PA, dentro da faixa adequada para manter a perfusão tecidual a

  • nível periférico e do miocárdio. Já na fase crônica, a ativação simpática persistente indica gravidade 

    acentuada do quadro clínico, trazendo mais desvantagens que vantagens (Mill et al., 2001). 

    O FNA é um hormônio peptídio que horas após o IM está com sua concentração plasmática 

    elevada, indicando um prognóstico ruim e conseqüentemente é um fator de risco para os indivíduos 

    acometidos  pelo  IM  evoluírem  a  um  quadro  de  IC.  Todavia,  não  está  determinado  ainda  a 

    contribuição deste hormônio para este quadro. Entretanto, a dificuldade de excretar sódio e água nos 

    sujeitos  infartados,  secundária  à  ativação  do  SRAA,  contribui  para  o  aumento  do  volume 

    extracelular e decorrente instalação e agravamento da IC (Hall et al., 1995). 

    Conforme Mill  et  al.  (2001)  o  sistema  reninaangiotensina  também  é  um  fator  importante 

    após o IM. O aumento da produção de renina é secundário à redução do débito cardíaco observada 

    na  fase aguda do  IM, a qual é mediada pela descarga dos nervos  simpáticos  renais, que  induzem 

    uma ativação direta da liberação de renina. Na grande maioria dos casos a ativação do SRAA, que 

    acontece na  fase  aguda do  IM,  retorna a  valores  normais  alguns dias após o evento, desde que a 

    lesão não seja muito extensa, o qual acarretaria numa evolução para o estado de IC. 

    A síndrome clínica da IC representa uma soma de múltiplas alterações anatômicas, funcionais 

    e  biológicas  que  interagem  entre  si,  que  pode  ser  descrita  como  uma  enfermidade  progressiva 

    desencadeada  a  partir  de  um  insulto  inicial  que  acomete  o  músculo  cardíaco,  com  perda 

    considerável da massa muscular, prejudicando a geração de força e manutenção da função contrátil 

    adequada (Mann, 1999). Mesmo após a instalação da IC o paciente pode permanecer sem sintomas 

    por  períodos  variados,  em  decorrência  da  ativação  de  mecanismos  adaptativos:  SRAA  e  SNS. 

    Ainda  conforme Mann  (1999)  o  outro mecanismo  adaptativo  é  o  remodelamento  ventricular  que 

    tem, sobretudo fatores neurohormonais, mecânicos e provavelmente genéticos. 

    Tendo  em  vista  as  características  multifatoriais  da  IC  e  sua  evolução  clínica  sobre  os 

    pacientes acometidos, o tratamento da IC deve ser muito bem elaborado, caso a caso, abordando a

  • etiologia  para  as  possíveis  intervenções.  Basicamente  o  tratamento  da  IC  está  baseado  em 

    medicamentoso, através de βbloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensia (ECA), 

    bloqueadores dos receptores de angiotensina e diuréticos; não medicamentoso, através da redução 

    da ingestão de sal e líquidos; e cirúrgicos, transplantes, cirurgias paliativas e assistência circulatória 

    mecânica  (II  Diretrizes  Brasileiras  de  IC,  2002).  Apesar  disto  nos  últimos  anos  estudos  bem 

    conduzidos apontam para a  importância da realização sistemática e orientada de exercícios  físicos 

    como  uma  moderna  medida  de  tratamento  não  farmacológico  aos  portadores  de  IC  classes 

    funcionais I e II, que no passado eram altamente contraindicados. 

    Devido a sua relevância clínica e uma relativa facilidade metodológica, a IC induzida pelo IM 

    é um dos modelos mais utilizados nos trabalhos com animais de pequeno porte (Elsner e Riegger, 

    1995). Muitos investigadores têm determinado os parâmetros hemodinâmicos de ratos em diferentes 

    tempos  de  IM.  Diminuição  da  máxima  pressão  do  VE  e  da  velocidade  de  contração  (+dP/dt), 

    hipotensão  e  aumento  da  PDF  são  constantes  achados  neste  modelo  (Fletcher  et  al.,  1981).  O 

    prejuízo  da  função  do VE varia  da  leve disfunção  até  a  IC dependendo do  tamanho do  IM e da 

    dilatação do VE (Pfeffer et al., 1979; 1991). Em nosso grupo, De Angelis et al., (2002) observaram 

    que  animais  infartados  (56  dias)  apresentavam  hipotensão  em  relação  aos  controles  conforme 

    previamente  demonstrado  na  literatura  por De  Felice  et  al.,  (1989). Além  disto,  a  contratilidade 

    ventricular mostrouse  reduzida e a PDF elevada  (~15 mmHg) nos animais  infartados em relação 

    aos controles. Ao contrário dos demais parâmetros hemodinâmicos sistêmicos, o