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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE DIREITO, CI˚NCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONMICAS FADE CURSO DE DIREITO Lindomarques Ferreira Lopes ASPECTOS RELEVANTES SOBRE A INFIDELIDADE PARTID`RIA A LUZ DA RESOLU˙ˆO 22.610/07 E A CONSTITUI˙ˆO FEDERAL Governador Valadares - MG 2010 pdfMachine - is a pdf writer that produces quality PDF files with ease! Get yours now! “Thank you very much! I can use Acrobat Distiller or the Acrobat PDFWriter but I consider your product a lot easier to use and much preferable to Adobe's" A.Sarras - USA

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E

ECONÔMICAS � FADE

CURSO DE DIREITO

Lindomarques Ferreira Lopes

ASPECTOS RELEVANTES SOBRE A INFIDELIDADE PARTIDÁRIA A LUZ

DA RESOLUÇÃO 22.610/07 E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Governador Valadares - MG

2010

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LINDOMARQUES FERREIRA LOPES

ASPECTOS RELEVANTES SOBRE A INFIDELIDADE PARTIDÁRIA A LUZ

DA RESOLUÇÃO 22.610/07 E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Monografia apresentada ao curso de Direito da Faculdade de Direito, Ciências

Administrativas e Econômicas- FADE, da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito parcial para obtenção do título

de bacharel em Direito.

Orientadora: Profª. Beatriz Dias Coelho.

Governador Valadares - MG

2010

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LINDOMARQUES FERREIRA LOPES

ASPECTOS RELEVANTES SOBRE A INFIDELIDADE PARTIDÁRIA A LUZ

DA RESOLUÇÃO 22.610/07 E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em

Direito, apresentada à Faculdade de

Direito, Ciências Administrativas e

Econômicas � FADE da Universidade do Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, _____ de ______________ de_____

Banca Examinadora:

_______________________________________________ Profª.: Beatriz Dias Coelho � Orientadora

Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________________ Prof.:

Universidade Vale do Rio Doce

_______________________________________________ Prof.:

Universidade Vale do Rio Doce

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Dedico a Deus, por ter me oferecido a oportunidade de

crescer e evoluir intelectualmente, aos professores e a

minha família pelo apoio e carinho oferecido em todos os

momentos.

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AGRADECIMENTOS A Deus pelo seu amor que é incondicional, e pela oportunidade que me proporcionou

na conclusão do curso.

A minha orientadora Beatriz por ter sido peça tão importante na conclusão desta

pesquisa. Pela paciência, dedicação, empenho e compreensão, e por ter estado

presente em todas as etapas, dando-me segurança e todo o apoio necessário.

A minha família e amigos pelo incentivo e apoio dedicado a mim com suas orações e

palavras de conforto.

E aos meus professores e orientadores por terem me ensinado que o saber é a

maior dádiva de Deus em nossas vidas.

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�O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos

acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço

do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel,

do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se

orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que da sua ignorância

política nasce a prostituta, o menor

abandonado e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais�.

Bertold Brecht

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RESUMO

A fidelidade partidária surgiu no Brasil através da Emenda Constitucional de número

01/69. Em 1.985, através da emenda constitucional de número 25, a fidelidade partidária deixou de fazer parte da nossa Constituição. No ano de 1.988, através da

promulgação da nova Constituição Federal o tema foi, novamente, inserido na nossa

carta magna, mas de forma mais amena e sem o mesmo pragmatismo de tempos anteriores, já que os mecanismos de repressão as atitudes dos infiéis não foram

inseridos nela, deixando isto a cargo dos Partidos Políticos. Depois da consulta

formulada pelo DEM- Partido Democratas, antigo PFL, ao TSE perguntando a quem pertencer a vaga do parlamentar infiel, deu-se início a publicação da Resolução

22.610/07, que veio disciplinar a perda do mandato daquele parlamentar infiel. Esse trabalho dedica-se a trazer o conceito da infidelidade partidária, seu contexto

histórico, as decisões jurisprudenciais sobre o tema, as questões controvertidas

além de fazer um paralelo sobre a infidelidade partidária praticada no Brasil e em

outros países. Busca trazer ao nosso conhecimento as controvérsias acerca da sua

constitucionalidade além de expor de forma clara e meticulosa os pontos mais importantes da Resolução 22.610/07 como as causas que implica a perda do

mandato por infidelidade; a competência para julgar estas ações; o prazo para requerimento desta vaga além de definir aquele que tenha interesse jurídico para

pedir a vaga do infiel. Palavras chave: Fidelidade Partidária. TSE. Emenda Constitucional. Perda do

mandato.

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ABSTRACT The Party fidelity began in Brazil through the Constitutional amendment number 01/69. In 1985, through the Constitutional Amendment number 25, the Party fidelity was removed from our Constitution. In 1988, through the promulgation of the new Federal Constitution the subject was, again, inserted in our Magna Carta, although in a more mild way and without the same pragmatism of previous times, once that the mechanisms of repression to the attitude of the infidels were not inserted in it, leaving this on the responsibility of the Political Parties. After the consultation formulated the DEM � Partido Democrata (Democratic Party), known before as PFL, to the TSE asking to whom belongs the vacancy of the council member who is infidel, it started the publication of the Resolution 22.610/07, which come to discipline the losen of the mandate of those infidels. This work deals with the concept of the Party Infidelity, its historical context, the jurisprudencial decisions about the subject, the controverted questions besides doing a parallel about Party Infidelity ocorring in Brazil and in another countries. It tries to bring to our knowledge the controversies of its constitutionality besides showing in a meticulous and clear way the more relevant points of the Resolution 22.610/07 like the reasons that implicates the losen of the mandate for infidelity; the competence to judge these actions; the dead line for requiring this vacancy besides defining those who has juridical interest to ask the infidel�s vacancy. Key-words: Party Fidelity, TSE, Constitutional Amendment, Losen of Mandate.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................9

2 FIDELIDADE PARTIDÁRIA.................................................................................10

2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ................................................................10

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO...................................................................................11

2.3 CONCEITO.........................................................................................................14

3 A FIDELIDADE PARTIDÁRIA E O DIREITO COMPARADO..............................19

3.1 FIDELIDADE PARTIDÁRIA NO BRASIL ............................................................19

3.2 A FIDELIDADE PARTIDÁRIA EM OUTROS PAÍSES ........................................21

3.3 A FIDELIDADE PARTIDÁRIA E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ........................23

4 PERDA DE MANDATO COMO CAUSA DE INFIDELIDADE PARTIDÁRIA.......27

4.1 AS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DA VAGA DO INFIEL ...................................31

4.2 QUESTÕES CONTROVERTIDAS .....................................................................34

5 BREVE CRONOLOGIA .......................................................................................37

6 CONCLUSÃO ......................................................................................................39

REFERÊNCIAS ........................................................................................................40

ANEXOS...................................................................................................................43

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1 INTRODUÇÃO

Há tempos a doutrina e a jurisprudência entendiam que a fidelidade

partidária não era princípio estabelecido na Constituição Federal, inclusive na

vigente, razão pela qual os parlamentares poderiam trocar, livremente, de partido,

sem qualquer tipo de sanção por essa prática.

Contudo o Egrégio Supremo Tribunal Federal ao mudar sua composição e

sensível aos clamores da sociedade, observando o processo de mutação

constitucional em prol da concretização dos princípios constitucionais, notadamente

aos aplicáveis a Administração Pública, dentre os quais o da moralidade pública,

evolui o seu entendimento, passando a defender tese oposta, isto é, de que o

mandato pertence sim aos partidos políticos e não aos parlamentares, restando

vedada, assim a mera troca de partido sem justa causa.

O Egrégio Tribunal Superior Eleitoral dando cumprimento e efetividade a

decisão do STF editou a Resolução 22.610/07, que estabeleceu de forma

pormenorizada o rito de perda de mandato do agente político infiel detentor de

mandato eleito pelo sistema proporcional ou majoritário de qualquer esfera do

Governo.

O presente trabalho traz de forma breve o conceito e o contexto histórico da

infidelidade partidária, mostrando a infidelidade partidária no Brasil e em diversos

países além de debater sobre a sua constitucionalidade.

Esmiúça de forma clara os artigos da Resolução 22.610/07 dando ênfase as

causas em que o parlamentar não perderá o mandato caso se desligue do partido e

trazendo diversas jurisprudências e decisões sobre tema tão importante e novo para

a sociedade brasileira.

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2 FIDELIDADE PARTIDÁRIA

2.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O fortalecimento dos partidos políticos num estado democrático de bases

partidárias constitucionais, nada mais é que o robustecimento da Democracia.

Consoante lição do jurista Miguel Reale Júnior apud Moraes (2002) no Brasil é

mister iniciar a obra da ligação entre a sociedade civil e o Estado pelo fortalecimento

dos partidos políticos (MELO, 2007).

A situação partidária brasileira aduz justamente ao contrário. A falta de

compromisso dos políticos brasileiros e de sanções efetivas para os �infiéis,

enfraquece os partidos políticos criando o fenômeno da �mercantilização de

candidaturas� através de sua individualização e dos subseqüentes vícios

(coronelismo, caciquismo, clientelismo, etc.) comprometedores do sistema

democrático. Nesse sentido, observa Benevides:

A mudança de partido tornou-se endêmica no cenário

político brasileiro. E, por isso, não pode ser tratada como

parte do nosso folclore ou como uma curiosidade a mais neste pais tão pleno de práticas pouco institucionalizadas.

Transformada em prática corrente, a troca de legenda

passou a vigorar como instrumento suplementar de modificação da correlação de forças no Congresso, com

impacto diferenciado sobre o desempenho dos sistemas partidários estaduais, a constituição das coalizões

governamentais e o grau de representatividade do sistema partidário nacional. Tornou-se ainda, na medida em que ganhou destaque na mídia, parte do rol de atividades que,

na percepção da população, contribuem para situar o

Congresso e os partidos nos últimos lugares em qualquer

pesquisa que se faça acerca da credibilidade das instituições no país (BENEVIDES, 1991, p. 23).

É importante ressaltar e enfatizar, que não haveria necessidade do instituto

da fidelidade partidária se os partidos políticos não fossem entidades constitucionais

por meio da qual a filiação é pressuposto obrigatório para se disputar um mandato

político. Porém, a agremiação, ao possuir esse caráter imprescindível, torna

necessário o dever de lealdade do filiado com o partido, para dessa forma, não

ludibriar o eleitor que votou naquela ideologia partidária mais próxima de seu

posicionamento político (MELO, 2007).

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Assim a fidelidade partidária objetiva coadunar as vontades do parlamentar e

do partido, dentro dos princípios gerais que norteiam o programa partidário, com

escolha do eleitor na hora de votar. E não, como posicionamento retrógrado de

alguns, que acreditam que a fidelidade tenderia a acorrentar o parlamentar para que

esse seja manipulado pela cúpula partidária e suas ambições individuais. É cristalina

a manifestação de ambas as Cortes Supremas, tanto a Eleitoral quanto o Supremo,

de que a fidelidade partidária é medida de fortalecimento da democracia, e não de

retrocesso, sendo esse postulado assim como outros princípios basilares do Direito,

nunca absolutos (MELO, 2007).

Feito os apontamentos iniciais, passaremos nos itens subseqüentes, a

analisar pormenorizadamente o instituto da fidelidade partidária, comparando com

outros países, examinando peculiaridades brasileiras e os posicionamentos legais e

jurisprudenciais (MELO, 2007).

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO

Desde o Império Grego e Romano, podemos observar manifestações do

sistema eletivo. Na sociedade Ateniense os cidadãos participavam de assembléias

do povo e por intermédio de sorteio davam provimentos a certas magistraturas. Para

eles, no dizer de Ribeiro (1996, p. 23), �havia elevada impregnação religiosa em se

deixar a escolha de algumas magistraturas aos imprevistos do sorteio, a anunciar a

própria revelação da divindade (CORONEL, 2009).�

Entretanto, esse tipo de escolha não perdurou por muito tempo, pois a

cidade já não mais consentia em se ater à vontade dos deuses. Assim, surgia

verdadeiramente o sistema eletivo, com a criação de listas de nomes que eram

apresentadas à votação popular (CORONEL, 2009).

Em Roma, já poderíamos ver algumas características do sistema

proporcional eleitoral e a divisão em partidos políticos. Nesta sociedade os votos

eram representados pelo sufrágio de classes determinadas e não pelo voto de

pessoa a pessoa, diferentemente da Grécia onde a participação da vida política era

pessoal e indelegável (CORONEL, 2009).

As primeiras instituições representativas foram de fato observadas na Idade

Média através do sistema monárquico europeu, destacando-se pelo poder das

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Cortes em deliberar em matéria tributária e, até mesmo autorizarem a celebração da

paz pelo rei Fernando IV, conferindo à Espanha a precedência na implantação de

sistema eletivo regular (CORONEL, 2009).

O Brasil, desde a sua colonização e divisão em Capitanias Hereditárias já

apresentava instituições representativas, haja vista que os donatários eram

responsáveis pela organização e construção de vilas, bem como pelas eleições de

seus Conselhos (CORONEL, 2009).

Ressalte-se que para funções, como a de Governador-Geral, não havia

eleição, mas simplesmente nomeação do Rei de Portugal (Dom João III). Assim, as

eleições nessa época, eram de característica municipal e somente em relação aos

assuntos deliberativos dos Conselhos (CORONEL, 2009).

O direito de votar surgiu de fato, com as Ordenações Afonsinas e Filipinas,

porém estava limitado aos �homens bons�, especialmente os ligados ao exercício de

serviço público, proprietários de terras e descendentes dos colonizadores

(CORONEL, 2009).

Antes mesmo de ser declarada a Independência do Brasil, muitas medidas

tomadas denotavam a inclinação ao governo representativo e, enfim, à quebra do

vínculo com Portugal. Observe-se:

A primeira eleição no Brasil, sob os moldes

modernos, inspirados pelo liberalismo, realizou-se para a escolha dos deputados às cortes constituintes de Lisboa

(1821). O processo obedeceu ao sistema indireto, de quatro graus, na forma da Constituição Espanhola de 1812

(chamada Constituição de Cádiz), provisoriamente adotada

em Portugal (HOUAISS, 1976, apud RAMAYANA, 2008, p. 8).

De acordo com Ribeiro:

Em 03.06.1822, ouvindo os apelos das Câmaras e do

Conselho de Procuradores, expede D. Pedro, decreto de convocação da �Assembléia Constituinte Luso-Brasiliense�. Nove dias depois, em decorrência de nova manifestação

emanada da Câmara do Rio de Janeiro, publica José

Bonifácio as instruções para eleição da �Assembléia Geral

Constituinte do Brasil�, a ser composta de 100 deputados, mantendo-se o sistema indireto, com o povo designando nas freguesias os eleitores das paróquias que

subseqüentemente fariam as escolhas dos deputados constituintes (RIBEIRO, 1996, p. 33).

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Com a declaração de Independência e a Constituição de 1824, as eleições

indiretas foram reguladas e os eleitores passaram a ser divididos em duas

categorias (dois graus):

[...] os eleitores de primeiro grau que tinham que ter

renda anual de cem mil réis de bens de raiz, idade de 25

anos e elegiam apenas os deputados de 2° grau (eram os

eleitores das paróquias); e os eleitores de segundo grau,

cuja renda era agora de duzentos mil réis de bens de raiz,

e elegiam os deputados e senadores (parte destes eram indicados pelo Imperador e outra era eleita), eram os eleitores de província (RAMAYANA, 2008, p. 9).

Assim, a principal característica dessa Constituição foi o sufrágio restrito,

havendo exclusão de grande parte da população pelo seu poder aquisitivo, bem

como de criados de servir, dos religiosos, entre outros. Curioso é que os analfabetos

não foram excluídos do sufrágio, porém podiam votar �em aberto�, de maneira não

sigilosa, o que facilitava as fraudes (CORONEL, 2009).

Com a proclamação da República, a Constituição da República de 1891

regulou as eleições para Presidente e Vice-Presidente e estabeleceu o sufrágio

universal com obrigatoriedade de maioria absoluta de votos para eleição do

candidato (CORONEL, 2009).

E foi há pouco mais de cem anos, em 1906, que se realizou a primeira

eleição para Presidente da República no Brasil, sendo eleito Afonso Pena. Muitos

candidatos além dele receberam votos e, presume-se que outros totalizando o

número de cem, receberam apenas o próprio voto.

[...] naquela época, a lei não disciplinava o registro

das candidaturas e nem era necessário que o candidato

fosse inscrito em agremiação política; ou seja, os partidos

políticos não detinham, como detêm hoje, o monopólio da

representação popular. E assim sendo, os eleitores

poderiam indicar para qualquer cargo em disputa, os nomes que desejassem, fossem eles conhecidos ou desconhecidos do teatro político. Podia-se votar mesmo em quem não fosse candidato. O grande Rui Barbosa, por

exemplo, recebeu votos em todas as eleições até a sua

morte, em 1923, [...] E eleitores anônimos votavam em políticos que haviam notabilizado desde os tempos do

Império e que já até tinham falecido, como ocorreu na

eleição para Presidente, em 1894, em que o Visconde do

Uruguai foi votado, embora morto desde 1866 (PIMENTA, 2008, p. 29).

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A Revolução de 1930 deve ser considerada a grande propulsora do direito

eleitoral brasileiro, pois através de sua indignação às fraudes do processo eleitoral,

surgiu o primeiro Código Eleitoral Brasileiro, Decreto n° 21.076, de 24 de fevereiro

de 1932 (CORONEL, 2009).

Enfim, os partidos políticos da época do Império, ainda que divididos por

historiadores em conservadores e liberais, não passavam de meros grupinhos

sobreviventes à sombra da tolerância e favores do Imperador (PIMENTA, 2008),

foram mencionados.

As demais Constituições promulgadas representaram avanços na

construção do sistema eleitoral brasileiro, contudo, o grande marco do direito

eleitoral pátrio foi a atual Constituição, a Constituição de 1988 (CORONEL, 2009).

A organização de todo o processo eleitoral que engloba a fase de

alistamento, votação, apuração e diplomação dos candidatos foi conferida ao Poder

Judiciário, incumbindo ao Ministério Público Eleitoral a defesa do regime

democrático (CORONEL, 2009).

Haja vista a máxima prevista na própria Constituição, art. 1° § único de que

�Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou

diretamente� (CORONEL, 2009).

Dentro desse cenário, os partidos políticos assumiram notória participação

em todo o processo eleitoral:

Os partidos políticos passaram a ser considerados

pessoas jurídicas de Direito Privado, sendo livre sua criação

junto ao registro civil, restando-lhes apenas registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral, sem maiores indagações sobre sua constituição e organização, devendo conter, em seus estatutos, sanções sobre infidelidade

partidária, entre outras (RAMAYANA, 2008, p. 15).

2.3 CONCEITO

Conta-se que na Grécia Antiga havia um grande líder que se chamava

Fidélis. Ele era um tipo de braço direito de Constantino e muitas das grandes

conquistas obtidas à época são atribuídas a ele. Ante a sua grande influência

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perante o governo, bem como a capacidade de conquistar novos aliados facilmente

que os seguiam, teria se originado a palavra fidelidade (CORONEL, 2009).

Assim, fidelidade seria a qualidade daquele que cumpre e observa

determinado interesse imposto ou assumido, com exatidão bem como lealdade

àquele que o impôs (CORONEL, 2009).

Fidelidade. [...] 2. Nas linguagens comum e jurídica: a) probidade; b) lealdade; c) exatidão; d) semelhança entre

o original e a cópia; e) observância aos deveres assumidos

ou impostos por lei; f) honestidade na guarda de valores alheios; g) qualidade de quem é fiel (DINIZ, 2005, p. 628).

�Fidelidade. sf 1. Qualidade de fiel, lealdade. [...] 3. Exatidão no cumprimento

dos deveres. [...] 5. Probidade escrupulosa.� (MUNIZ, 2003, p. 449).

Por sua vez, a palavra partido é de origem latina (pars, partis = rachado,

dividido, desunido). Em sua concepção política, pode-se dizer ser o partido uma

divisão política caracterizada pelas diferenças sociais, culturais e psicológicas que

levam cada indivíduo a autodeterminar-se e defender determinado ideal, através da

formação de grupos (CORONEL, 2009).

Segundo Diniz (2005, p. 600):

Partido político: Ciência política e direito civil.

Associação civil ou pessoa jurídica de direito privado que

deve ter seu estatuto registrado, mediante requerimento ao cartório competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas

Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral, para arregimentar membros que defendendo seu programa e seus princípios

políticos, venham a alcançar o poder por meio das eleições.

No mesmo sentido:

Partido [...] 2. Organização cujos membros têm as

mesmas idéias políticas e sociais e se congregam para

realizar seu programa, facção. 3. Associação de pessoas

unidas pelos mesmos interesses, ideais, objetivos; liga (MUNIZ, 2003, p. 768).

Hoje, os partidos políticos são de essencial importância na construção de

nosso regime democrático, posto que não há de se falar em candidato sem prévia

filiação partidária, um dos requisitos para elegibilidade. E, ao filiar-se a determinado

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partido, o candidato não é considerado somente mais um filiado, mas sim, um

candidato comprometido com os ideais e propostas de seu partido. Diga-se

(CORONEL, 2009):

Organizações destinadas a congregar eleitores que

participam dos mesmos interesses ou das mesmas ideologias ou da mesma orientação política, em relação aos

problemas fundamentais do país, os partidos políticos são

definidos como associações de cidadãos, homens e

mulheres, maiores ou não, unidos por um idem sentire et

velle político geral, associações estavelmente organizadas,

que desenvolvem atividades continuadas, externas e públicas, dirigidas ao escopo de exercer influências sobre decisões políticas, ou, mais brevemente, como acordos

entre certo número de cidadãos, para procederem em

comum, nas eleições de dos governantes, e na fiscalização

do poder que estes exercem. [...] cada filiado encontra-se ligado ao outro �por princípios filosóficos, sociais,

doutrinários, que promete respeitar, constituindo esses

pressupostos a lealdade partidária (CRETELLA JUNIOR,

1989 apud GOMES, 2008, p. 72).

Após essas considerações, podemos analisar o que seria a fidelidade

partidária e dizer que pode ser conceituado como a probidade escrupulosa e

exatidão no cumprimento dos deveres que os membros de uma associação política

assumem quando são filiados, bem como eleitos, por determinado partido político

(CORONEL, 2009). Ou seja:

Fidelidade partidária é uma característica medida pela

obediência do filiado ao programa, diretrizes e deveres

definidos pelo partido político, ou ainda pela migração do

filiado de um partido político para outro. O TSE entende que, por vigir no Brasil o sistema

representativo, o mandato eletivo pertence ao partido político (Cta n° 1.398 de 27.3.7 e Cta 1.407 de 16.10.2007).

Assim sendo, o titular de mandato que mudar de partido poderá perder o cargo em procedimento próprio (BRASIL,

2009, p. 1).

As candidaturas são de monopólio dos partidos políticos, principalmente em

um sistema de eleições proporcionais, o qual é objeto deste estudo, pois para ser

eleito neste sistema não basta ter determinada quantidade de votos, mas que o seu

partido alcance o quociente eleitoral para, então, serem as vagas distribuídas

(CORONEL, 2009).

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Ademais, desligar-se dos ideais propostos durante a eleição, seria uma

traição aos próprios cidadãos eleitores, que através do sufrágio universal,

depositaram sua confiança em tal candidato/partido.

Assim, mais que um dever de lealdade ao partido, a fidelidade partidária

deve ser encarada como o compromisso do candidato com seus eleitores, bem

como com a defesa do regime democrático e a soberania popular (CORONEL,

2009).

A doutrina aponta para inúmeros conceitos sobre o que seria a fidelidade

partidária. Serão expostos os conceitos mais relevantes para este trabalho.

Nos dizeres de Cléve apud Revista Eletrônica Paraná Eleitoral (2008), o

instituto da fidelidade partidária se presta a manutenção da coesão partidária e não

é um meio de engessar a atividade do parlamentar, pois trata-se de diretriz, de

norma de conduta, concretizadora do programa ou da doutrina partidária. Por fim o

autor diz que apenas a autêntica diretriz partidária pode autorizar a emergência,

ocorrente descumprimento, de ato de infidelidade partidária.

Segundo Leite apud Revista Eletrônica Paraná Eleitoral (2008), o conceito

de fidelidade partidária ainda é algo incerto, já que depende da análise dos estatutos

dos partidos, os quais possuem autonomia para definir as próprias regras sobre

disciplina e fidelidade partidária, porém a autora ressalta que a fidelidade partidária

não pode, de maneira alguma, ser um impedimento à liberdade de expressão e

pensamento do parlamentar, não forçando a uma traição aos princípios íntimos de

cada um.

Crentella Junior apud Revista Eletrônica Paraná Eleitoral (2008) afirma que a

fidelidade partidária é um problema de cunho ético, no qual está a idéia de devoção

voluntária por parte da pessoa. Assim diz o autor, citando Manoel Gonçalves

Ferreira Filho: �fidelidade partidária é a consagração consciente, completa e prática

do melhor modo possível�.

Orides Mezzaroba apud Revista Eletrônica Paraná Eleitoral (2008) diz que o

instituto da fidelidade partidária determina que o parlamentar deve prestar contas tão

somente ao partido, sob pena de ser substituído no exercício da representação

política. Mas em uma análise à proposta da reforma política, o autor supracitado diz

que se pode conceituar concretamente fidelidade partidária como sendo: �o

compromisso assumido pelos representantes eleitos para o Legislativo ou para o

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Executivo, em defender e acatar os princípios programáticos de seu partido e das

resoluções democraticamente aprovadas em convenções partidárias�.

Celso Ribeiro Bastos apud Revista Eletrônica Paraná Eleitoral (2008) define

a fidelidade partidária como sendo �o dever dos parlamentares federais, estaduais e

municipais de não deixarem o partido pelo qual foram eleitos, ou de não se oporem

às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos da direção partidária, sob

pena de perderem o mandato por decisão proferida pela justiça eleitoral�. Entretanto,

deve-se advertir que tal posicionamento tinha origem em outro tempo constitucional,

e que tal idéia não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988.

Eliane Cruxên Barros de Almeida Maciel apud Revista Eletrônica Paraná

Eleitoral (2008) afirma que a fidelidade partidária é �o dever que se impõe ao

parlamentar de obediência às diretrizes do partido e de permanecer no partido em

que tenha sido eleito, sob pena de perder o mandato�.

José Afonso da Silva apud Revista Eletrônica Paraná Eleitoral (2008)

considera a fidelidade partidária como uma espécie de disciplina partidária, assim: A

disciplina não há de entender-se como obediência cega aos ditames dos órgãos

partidários, mas respeito e acatamento do programa e objetivos do partido, às regras

de seu estatuto, cumprimento de seus deveres e probidade nos exercícios de

mandatos ou funções partidárias e, num partido de estrutura interna democrática,

por certo que a disciplina compreende a aceitação das decisões discutidas e

tomadas pela maioria de seus filiados-militantes. O ato indisciplinar mais sério é o da

infidelidade partidária, que se manifesta de dois modos: a) oposição, por atitude ou

pelo voto, a diretrizes do partido; b) o apoio ostensivo ou disfarçado a candidatos de

outra agremiação.

Verifica-se, assim, que somente há a perda do mandato eletivo como ponto

de discussão no que tange aos conceitos ora expostos.

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3 A FIDELIDADE PARTIDÁRIA E O DIREITO COMPARADO

Antes de adentrarmos no caso brasileiro, veremos as peculiaridades do

instituto da fidelidade partidária em países que possuem um nível de democracia

mais avançado que o Brasil, como: os Estados Unidos e a Alemanha (MELO, 2007).

A característica comum dos países supracitados é que a fidelidade partidária

é implícita, ou seja, não houve necessidade de uma regulamentação para que os

parlamentares respeitassem suas respectivas agremiações e a opção de escolha do

eleitor na hora de votar. É importante observar que nesses países são baixíssimos

os níveis de migração partidária (MELO, 2007).

Diferentemente do Brasil, essas potências democráticas, mesmo com suas

particularidades históricas e temporais, possuem partidos políticos fortes e sistema

eleitoral consolidado, sendo o eleitor a força motriz para impedir os atos de

infidelidade partidária de políticos que tendem a priorizar suas ambições individuais

em detrimento das agremiações políticas (MELO, 2007).

A análise dessas nações democráticas sobre o aspecto da fidelidade

partidária, servirá como instrumento de estudo para adentrarmos nas questões

referentes ao nosso sistema pátrio, objetivando melhores alternativas para

ultrapassarmos os problemas enfrentados por nossas instituições políticas na

atualidade (MELO, 2007).

3.1 FIDELIDADE PARTIDÁRIA NO BRASIL

De acordo com Yurtsever (2009) no Brasil pouquíssimos trabalhos

acadêmicos incorporaram o conceito de identificação ideológica, merecendo

destaque o estudo de Singer (2000), cuja análise verificou-se especialmente quanto

aos eleitos de 1989 e 1994. Ao analisar a influência da identificação ideológica no

comportamento eleitoral, verificou que a maior parte dos eleitores (60%) não sabem

definir que o eleitor sabe reconhecer, mas não verbalizar uma intuição ideológica.

Diante disso temos confirmada nossa hipótese, tendo em vista que, ao mudar de

partido, o candidato eleito se descaracteriza, pois deixa de apresentar um dos

componentes que influiram para sua eleição, notadamente o aspecto ideológico que,

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juntamente com a sua pessoa, o fez lograr êxito da disputa eleitoral. Assim, não é

verdadeiramente o mesmo candidato eleito como representante do povo.

Pressuposto indispensável para a candidatura e, por conseguinte, para a

aquisição e o exercício do mandato eletivo, a filiação partidária, exigida pela

Constituição Federal, é fator determinante da fidelidade partidária, no sentido de

exigir obediência as normas doutrinárias e programáticas e as diretrizes

estabelecidas pelos órgãos de direção do partido, nos termos de seu estatuto.

É certo que mesmo aquele que tenha por convicção sua filiação em

determinado momento divergirá das diretrizes estabelecidas pela direção, seja de

maneira orientativa ou impositiva. Tal confronto é necessário para o aprimoramento

dos debates e objetivos. Mas, há inconstância com relação as posições ideológicas

do partido, que mudam-se ao sabor do vento, sem qualquer norte ou resguardo aos

ideais que ensejaram a sua criação, torna-se pacífico a busca por satisfação não

apenas ao político ou partido, mas principalmente à sociedade que elege seus

representantes.

As mudanças de partido vem marcando a política brasileira desde a

democratização, em 1.985. No período democrático de 1946/64, em que não havia

restrição para essas trocas, as mudanças ocorreram, porém com menor intensidade.

Figuras tradicionais da política brasileira estiveram sempre associadas a um mesmo

partido: Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola ao PTB; Tancredo Neves,

Amaral Peixoto, Benedito Valadares ao PSDB; Carlos Lacerda, Milton Campos,

Afonso Arinos a UDN (MACIEL, 2004).

Além de não terem diminuído com o avanço da democracia, as mudanças

de partido viraram quase uma regra, ou melhor uma solução para múltiplos

problemas parlamentares, como convenções perdidas ou ameaçadas, ampliação

das chances dos candidatos nas eleições proporcionais, conflitos e aproximações

pessoais, busca de recursos para projetos regionais e locais, movimento que

justifica o aumento das bancadas governistas, principalmente logo após as eleições

e até diferenças ideológicas (MACIEL, 2004).

Nas legislaturas de 1987/91, 1991/95 e 1995/98, que totalizaram 1503

Deputados Federais, um total de 467 parlamentares, ou seja, 31% (trinta e um por

cento) abandonaram o partido pela qual se elegeram, durante a legislatura.

Ocorreram trocas em todos os partidos, com diferença de intensidade entre eles. O

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PT perdeu menos eleitos, ou seja, 03 (três) Deputados em 100. O PTB perdeu 41%,

o PSDB 16%, o PFL 24%, o PPB 26%, o PMDB 34% e o PDT 37% (MACIEL, 2004).

No período de 1999 a 2003, que engloba a 51ª legislatura e o início da 52ª,

ocorreram mudanças de partido na Câmara dos Deputados. Dos partidos políticos

com representação na Câmara dos Deputados (18 na 51ª legislatura e 19 na 52ª

legislatura), quase todos perderam parlamentares (MACIEL, 2004).

Em outubro de 2003, Roberto Pompeu de Toledo Registrava em seu artigo

na Revista VEJA, a rapidez das mudanças de partido, relacionando-as com a busca

de vantagens junto ao governo. Partidos da base de apoio governista, como PTB e

PL tiveram aumento considerável de seus quadros, no período de menos de um

ano. De uma bancada eleita de 26 deputados, o PTB passou para 55. O PL também

aumentou de 26 para 42, enquanto os partidos da oposição, PFL e PSDB, passaram

de 84 para 65, o primeiro, e de 70 para 52 o segundo.

A realidade atual, de intensas migrações no sentido governista, comprova a

hipótese de que, em última análise, o político troca de partido em busca de melhor

alternativa partidária, ou seja, da que lhe permita maior acesso aos recursos

disponibilizados pelo Poder Executivo, para alocação junto às suas bases eleitorais

e para garantir continuidade de sua carreira.

3.2 A FIDELIDADE PARTIDÁRIA EM OUTROS PAÍSES

Para Yurtsever (2009) o Brasil não é o único país que encontra dificuldades

com a fidelidade partidária. De maneira exemplificada, ainda que resumida, será

feita uma exposição sobre fidelidade partidária em alguns países.

Naquela que é considerada a maior democracia do mundo, os Estados

Unidos, existe alternativa nos diversos níveis de governo entre republicanos e

democratas. A polarização entre estes dois partidos tem feito com que o eleitor seja

disputado de maneira intermitente. Devido ao seu tempo de criação, todos com mais

de cem anos, a identificação daqueles que postulam qualquer cargo público aos

ideais do partido faz com que praticamente não mudem de partido no decorrer de

sua vida pública. As únicas exceções tem sido os dissidentes democratas e

republicanos que tem concorrido por efêmeros ou reduzidos partidos independentes,

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mas não se encontram registros de mudanças entre os dois grandes partidos de

forma sistemática ou consciente.

Outro aspecto nesta relação é que mudanças na sigla partidária é vista com

desconfiança pelo eleitorado, o que implicaria em dificuldades para se reeleger.

Segundo Reiner apud Yurtsever (2009) a taxa de reeleição de políticos

norte-americanos oscila entre 60% e 80%, um percentual bem acima da média

brasileira que é de 40%. Assim, para o caso norte-americano, pode-se afirmar que

consolidação dos partidos políticos e a identificação dos eleitores com estes

provocaram fidelidade partidária de fato que é recompensada por altas taxas de

reeleição.

A Alemanha é dirigida por dois grandes partidos. Revezam-se no poder

sócio democrático e a democracia cristã, fazendo coalizões com partidos menores

como o partido liberal e o partido verde. A Lei dos partidos Políticos da Republica

Federal da Alemanha especifica o conceito de partido político, sua organização,

apresentação de candidatos, financiamento e prestação de conta e remete

explicitamente a fidelidade partidária ao Estatuto dos partidos políticos.

A incompatibilidade entre os partidos faz com que os políticos evitem a troca,

corroborando ainda pela impossibilidade de explicar ao eleitor as razões desta

mudança. Estas explicações podem ser constantes, considerando a proximidade

com o eleitor devido o sistema eleitoral que é distrital misto. Este possibilita não

apenas uma projeção nacional mas impede o crescimento de pequenos partidos,

pois exige a necessidade de uma representatividade de 5 % dos votos nacionais.

Se Estados Unidos e Alemanha mostram-se como exemplos de fidelidade

partidária, talvez, pela falta de opções partidárias, o mesmo não se pode dizer da

França. Na França existem diversos partidos políticos agrupados sob ideológias

diversas, a exemplo, comunistas e socialistas numa representação esquerdista, e,

tradicionalistas católicos, conservadores e liberais, os quais representam a direita.

Cabe aos partidos estipular a fidelidade partidária, sendo que quase

inexistem casos de mudança de partidos , exceto nos casos de fusão, incorporação

ou criação de um novo partido. Em geral a fidelidade partidária é ligada a princípios

e programas de governo, o que compromete os eleitores, torna-se particularmente

difícil, nesse contexto, explicar mudanças de legenda aos eleitores.

Considerando todos estes aspectos é possível ressaltar que fidelidade

partidária mostra-se não apenas a mudança de ideologia partidária, mas

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principalmente uma ruptura com relação aos compromissos feitos com o eleitor e a

sociedade, ademais, em que pese não interferir diretamente nas chances ou não de

reeleição, a troca de partido é um fenômeno que pode influir na composição

partidária de Congresso, no desempenho eleitoral e na representatividade do

sistema partidário, tendo, sobretudo, uma imagem negativa dos próprios

parlamentares.

3.3 A FIDELIDADE PARTIDÁRIA E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A fidelidade partidária, como a obrigação que ao parlamentar se impõe de

obediência às normas do partido e a permanência no partido no qual foi eleito, sob

pena de perder o mandato, é novo no Brasil. Foi introduzido através da Emenda

Constitucional número 1, de 69, em seu artigo 152, que dispunha, em sua original

versão:

Art. 152. A organização, o funcionamento e a extinção

dos partidos políticos serão regulados em lei federal

observados os seguintes princípios. I- [...] V-Disciplina partidária VI-[...] Parágrafo Único: Perderá o mandato no Senado

Federal, na Câmara dos Deputados, nas Assembléias

Legislativas e nas Câmaras Municipais quem, por atitudes

ou pelo voto, se opuser as diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos de direção partidária ou deixar o

partido sob legenda que foi eleito. A perda do mandato será

decretada pela Justiça Eleitoral, mediante representação do

partido, assegurado o direito de ampla defesa (MACIEL, 2004, p. 2).

A Lei de número 5.682, de 1971 � �Lei Orgânica dos partidos Políticos�,

regulava a matéria alem de impor, como a regra constitucional, que se cassasse o

mandato do parlamentar que abandonasse o partido através do qual se elegeu ou

descumprisse os programas e as diretrizes estabelecidas pela direção partidária

(MACIEL, 2004, p. 2).

O instituto manteve-se altamente através da Emenda Constitucional de

número 11, de 78, até sua abolição. A Emenda Constitucional de número 25, de 85,

deu redação nova ao artigo 152 para determinar:

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Art. 152 É livre a criação de partidos políticos. Sua

organização e funcionamento resguardarão a Soberania

Nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo político

e os direitos fundamentais da pessoa humana, observados os seguintes princípios:

I- [...] V-[...] Parágrafo Terceiro: Resguardados os princípios

previstos no caput e itens deste artigo, a Lei Federal estabelecerá normas sobre a criação, fusão, incorporação,

extinção e fiscalização financeira dos partidos políticos e

poderá dispor sobre regras para a sua organização e

funcionamento (MACIEL, 2004, p.2).

A Constituição Federal de 1988 trouxe outra vez o instituto de fidelidade

partidária, mas com mudança importante quanto ao texto de 69, pois,

especialmente, não estabeleceu penalidades para o não-exercício da norma. As

bases para se estender a fidelidade partidária na Constituição encontram-se em dois

artigos, os 14 e 17 (MACIEL, 2004).

O artigo 14 da Constituição Federal, ao dispor a respeito das condições de

elegibilidade, estabelece a filiação partidária como sendo uma das exigências para a

pessoa postular uma candidatura para qualquer cargo eletivo, e também outros

requisitos (pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, nacionalidade

brasileira, domicílio eleitoral, idade mínima de 30 anos para Governador e Vice-

Governador do Distrito Federal e dos Estados, de 35 anos para senador, Presidente

e Vice-Presidente da Republica, 21 anos para Deputado Distrital, Estadual e

Federal, juiz de paz, Prefeito, Vice-Prefeito, e 18 para Vereador) (MACIEL, 2004).

O artigo 17 da Constituição Federal debate a respeito dos partidos políticos,

das Garantias e Direitos Fundamentais, fixa que a criação é livre, incorporação,

extinção e fusão de partidos políticos, defendidos a soberania nacional, o

pluripartidarismo, os direitos fundamentais do individuo, o regime democrático, e

analisados os preceitos que enumera:

I - Caráter nacional; II - Proibição de recebimento de recursos financeiros

de entidade ou governo estrangeiro ou de subordinação a

estes; III - Prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - Funcionamento de acordo com a lei (MACIEL,

2004, p. 3).

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Estes dispositivos, porém, não representam uma retomada do instituto assim

como foi estabelecido na lei constitucional da 1.969, como se pode observar pelo

número elevado de troca de partidos pelos parlamentares, desde a sua edição. Ao

estabelecer que os estatutos partidários incorporem regras de disciplina e fidelidade

partidárias, a Constituição está concedendo aos partidos uma margem ampla de

autonomia, para que regulem estes institutos, em suas regras programáticas e

organizacionais, com menor ou maior rigor (MACIEL, 2004).

Todavia ao estabelecer como preceito o funcionamento parlamentar de

acordo com a lei, a Constituição Federal, impõe sérias restrições ao funcionamento

dos partidos. Vale registrar, embora não seja objeto deste estudo, que o

funcionamento parlamentar, definido na Lei 9.096 de 1995, nos artigos 12 e 13,

constitui uma restrição ao livre funcionamento dos partidos, quando determina:

Art. 12. O partido político funciona, nas Casas

Legislativas, por intermédio de uma bancada, que deve

constituir suas lideranças de acordo com o estatuto do

partido, as disposições regimentais das respectivas Casas e

as normas desta Lei. Art.13. Tem direito ao funcionamento parlamentar, em

todas as Casas Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em cada eleição para a

Câmara dos Deputados obtenha o apoio de, no mínimo,

cinco por cento dos votos apurados, não computados os

brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço

dos Estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um deles (MACIEL, 2004, p. 4).

A perda do mandato, que é a principal pena imposta pela anterior regra

constitucional aos que trocasse de partido, não se encontra prevista na atual

Constituição, que impõe a máxima penalidade como sanção para mais graves

infrações, como procedimento dito incompatível com a decência parlamentar,

criminal condenação em sentença transitada em julgado e outras, estabelecidas no

artigo 55. Além de não estabelecer a perda de mandato pelo fato de infidelidade

partidária, a Constituição Federal veda essa punição totalmente, quando proíbe, no

artigo 15, a cassação dos direitos políticos, que a suspensão ou perda apenas

ocorrerá em casos de cancelamento da naturalização pela sentença transitada em

julgado, condenação criminal transitada em julgado, incapacidade civil absoluta,

enquanto perdurarem seus efeitos, prestação alternativa ou recusa no cumprimento

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da obrigação imposta a todos, nos termos doa artigo 5, VIII, improbidade

administrativa, nos termos do artigo 37, parágrafo quarto (MACIEL, 2004).

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4 PERDA DE MANDATO COMO CAUSA DE INFIDELIDADE PARTIDÁRIA

Em 29 de março de 2007, o TSE, respondendo à Consulta de número 1398,

formulada pelo Partido de Frente Liberal (PFL), hoje DEM (democratas), por meio de

seus membros (6XI), entendeu que �os mandatos obtidos nas eleições, pelo sistema

proporcional (deputados estaduais, distritais, federais e vereadores), pertencem aos

partidos políticos ou às coligações e não aos candidatos eleitos (OLIVEIRA, 2008).

Sustentou o TSE que o parlamentar que deixa o partido sem justo motivo

renuncia implicitamente ao mandato, uma vez que a eleição daquele fora viabilizada

pela agremiação que reúne esforços neste intento. Por conseguinte, caracterizando

o abandono de sigla uma espécie de traição, na concepção do TSE, os partidos

políticos ou coligações devem conservar o direito ao mandato obtido, acaso o

candidato eleito se desvincule de agremiação, passando a integrar legenda diversa.

Em outras palavras, pertencendo o mandato ao partido, a troca de sigla configura

ato de infidelidade partidária, sujeitando à infração e à perda do cargo eletivo

(OLIVEIRA, 2008).

Nota-se, todavia, que a resposta à consulta em análise abrangeu

unicamente as cadeiras referentes ao sistema proporcional, remanescendo uma

lacuna no que toca aos mandatos obtidos no sistema majoritário. Quer isso dizer

que a consulta 1398 não consagrou as situações de abandono de sigla operadas por

prefeitos, governadores, senadores e presidente da República. Assim é que, em 16

de outubro de 2007, o TSE ampliou o objeto da consulta 1398, respondendo

afirmativamente à consulta 1407 formulada pelo deputado Nilson Mourão (PR-AC).

Nesta oportunidade, decidiu o TSE que a perda de mandato por infidelidade

partidária se aplicará também aos cargos majoritários (OLIVEIRA, 2008).

Posteriormente após o julgamento pelo STF dos mandados de segurança

número 26.602, 26.603 e 26.604, entenderam o TSE por editar a Resolução de

número 22.610/07, no afã de disciplinar o processo de perda de cargo eletivo e da

justificação de desfiliação partidária. Destarte, a partir de então, com base na

resolução acima apontada, o parlamentar que, sem justa causa, desvincular-se do

partido sob cuja legenda fora eleito, estará suscetível à perda respectivo mandato

eletivo. Frise-se que a resolução não fez qualquer distinção entre o sistema

proporcional e majoritário, vale dizer, a vaga obtida por este sistema ou por aquele

há que ser preservada pelo partido político em caso de pedido de cancelamento de

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filiação ou de transferência do candidato eleito por um partido para outra legenda

(OLIVEIRA, 2008).

É bom frisar que não são todas as trocas de partidos do político que dão

oportunidade de perda do mandato. Algumas situações permitem ao político mudar

de partido sem que com isto ele perca o seu cargo, são consideradas causas justas,

ou seja: incorporação ou fusão do partido, criação de novo partido, mudança

substancial ou desvio reiterado do programa partidário e grave discriminação

pessoal (art. 1, parágrafo primeiro, incisos I, II, III, e IV, da Resolução 22.610/07).

Conforme o entendimento de Pimenta (2008) não se deve confundir

incorporação com fusão. A incorporação do Partido dá-se quando um partido

absorve outro, extinguindo-se este e subsistindo naquele; a fusão é criado um

partido novo e, no mesmo momento, dissolvem-se os partidos fundidos. Esta se

prova objetivamente com a juntada do documento que comprove a incorporação ou

a fusão do partido.

A Criação de partido novo se prova objetivamente mediante documento

comprobatório de sua criação (PIMENTA, 2008).

A mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário, aqui a

prova se reveste de caráter eminentemente objetivo, por que um novo programa, ou

mesmo estatuto, partidário pode se desviar, por mudança dos objetivos definidos por

escrito, do programa ou estatuto anteriores. Entretanto o desvio reiterado pode

assumir natureza subjetiva e requerer dilação probatória, se a pretensão for provar

que a prática partidária não em correspondendo ao ideário do partido. Importante

observar que se o filiado vê o seu partido coligar-se com outro de ideologia

diferente, poderá desligar-se com �justa causa� sob o amparo deste inciso III? A

contrariu sensu, entende-se que um filiado municipal que apóia, em disputa estadual

um candidato a Governador de outro partido, comete infidelidade com o partido no

qual está inscrito (PIMENTA, 2008).

A grave discriminação pessoal significa discernir, diferenciar, distinguir,

separar. Grave, por sua vez, tem como sinônimos as expressões intenso, doloroso,

penoso, sério. Conclui-se portanto que os termos graves e discriminação se referem

ao tratamento diferenciado, com conseqüências nefastas àquele que o suporta.

Dessa forma, para fins de exegese da previsão normativa inserta na mencionada

Resolução,deve grave discriminação ter relevância, suficientemente penosa para

justificar o rompimento do vínculo partidário (PIMENTA, 2008).

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Ocorrendo quaisquer das aludidas hipóteses, poderá o partido, num prazo

de 30 dias contado da desfiliação, formular pedido de perda do cargo eletivo perante

a Justiça Eleitoral. Nos 30 dias subseqüentes, se, porventura, o partido político não

efetivar tal postulação, aquele que tiver interesse jurídico ou o Ministério Publico

eleitoral poderá pugnar a perda do mandato (art. 1, parágrafo segunda, da

Resolução 22610/07).

Segundo a resolução ora em apreço, o TSE é competente para processar e

julgar pedido relativo a mandato federal e, nos demais casos, caberá ao tribunal

eleitoral do respectivo Estado apreciar o pleito (art. 2 da Resolução 22.610/07).

A Resolução estabeleceu que o partido para o qual migrou o parlamentar é

litisconsorte necessário, devendo também ser citado para responder aos termos da

ação no prazo de 05 (cinco) dias da citação.

Admite-se o número máximo de 03 (três) testemunhas para cada parte e

essas testemunhas devem ser arroladas por ocasião da apresentação da

contestação, quanto ao requerido, e na inicial, no que se refere ao autor.

Ultrapassados esses momentos processuais, preclui o direito de apresentar

testemunhas (PIMENTA, 2008).

Entendendo o Juiz Relator que todos os elementos necessários à

configuração dos fatos alegados na inicial e na defesa, trazidos até então pelas

partes, já se encontram devidamente produzidos nos autos e são suficientes ao

deslinde da questão, pode dispensar a dilação probatória, aplicar a regra do artigo

330, I, do CPC, e incluir o feito e pauta para julgamento. Foi o que entendeu o

Tribunal Regional Eleitoral do Pará, no processo numero 2010, acórdão numero

20.199 (inteiro teor no Apêndice). Trata-se de caso clássico de julgamento

antecipado da lide (PIMENTA, 2008).

Havendo necessidade de provas, deferirá o Relator, designando o quinto dia

útil subseqüente para, em única assentada, tomar depoimentos pessoais e inquirir

testemunhas, as quais serão trazidas pela parte que as arrolou, importante frisar que

as testemunhas não serão intimadas pelo tribunal. É responsabilidade da parte

trazê-las a audiência (PIMENTA, 2008).

Conforme dispõe o art. 1, parágrafo segundo, da Resolução, o Ministério

Público Eleitoral pode figurar como parte autora no processo que pedir a perda do

cargo eletivo, quando o partido político não formular o pedido. Neste caso, terá o

Ministério Público, assim como as partes, o prazo comum de 48 (quarenta e oito)

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horas para as alegações finais. Entretanto, quando o Ministério Público não for parte

autora, não apresentará alegações finais, mas ofertará parecer, intervindo como

fiscal da lei e tendo vista dos autos após as partes trazerem as suas razões,

conforme lhe assegura o art. 83, I, do Código de Processo Civil (PIMENTA, 2008).

As alegações finais só são cabíveis se houver instrução; não ocorrendo

dilação probatória, as razões finais são dispensáveis, por que apenas viriam repetir

a matéria já tratada na inicial e na defesa (PIMENTA, 2008).

A Resolução é clara: o ônus da prova de fato extintivo, impeditivo ou

modificativo da eficácia do pedido é do requerido. Há uma verdadeira inversão do

ônus da prova. E não devem ser consideradas alegações , genéricas e não

provadas, da existência de justa causa (PIMENTA, 2008).

A Resolução estabelece um rito processual da mais absoluta celeridade,

fixando até mesmo um prazo de 60 (sessenta) dias para encerramento do processo,

prazo esse que dificilmente será observado, em face da grande quantidade de

pedidos dirigidos aos tribunais regionais e da necessidade de, na maioria deles, em

vista da argüição da grave discriminação pessoal, cuja a prova é de natureza

subjetiva, ser necessária a dilação probatória, com designação de audiência para

oitiva de testemunhas. A celeridade também é destacada quando a Resolução diz

que estes processos tem preferência (PIMENTA, 2008).

Após o regular processo, julgada procedente a postulação, será decretado

pelo tribunal a perda do cargo, devendo a decisão ser comunicada ao presidente do

órgão legislativo competente, a fim de que emposse o suplente ou vice num prazo

de 10 dias (art. 10 da Resolução 22.610/07). Por fim, dispõe o art. 13 que será a

resolução aplicável tão-somente às desfiliações consumadas após 27 de março de

2007, no que toca ao sistema proporcional e, após 16 de outubro de 2007, quanto a

eleitos pelo sistema majoritário. O prazo de 10 (dez) dias deverá ser contado da

publicação do acórdão, na linha do que tem decidido o TSE, conforme segue:

RESPE 2837, Relator CARLOS AUGUSTO AYRES

DE FREITAS BRITO. [...] 5.O Tribunal Superior Eleitoral tem sido firme no sentido que são imediatos os efeitos das

decisões proferidas pelos Regionais em sede de ação de

impugnação de mandato eletivo, aguardando-se tão só a

publicação do respectivo acórdão. Não há que se falar na

aplicação do artigo 15 da Lei Complementar 64/90 nos casos de cassação de mandato (DJ - DIÁRIO DE JUSTIÇA,

v. 1, 04 abr. 2008, p. 8).

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O cerne da questão da fidelidade partidária gira em torno da

constitucionalidade da resolução apontada. Isto porque, conforme mencionado

alhures, o art. 55 da Constituição Federal não previu a perda de mandato por

fidelidade, do que decorre o empate doutrinário e jurisprudencial acerca de

aplicabilidade ou não do diploma promulgado pelo TSE. Há quem defenda, inclusive,

sequer tratar-se de hipótese de perda de mandato, não se enquadrando, portanto,

no rol do citado dispositivo. Parte esta corrente da premissa de que pertencendo o

mandato ao partido político, não o perderá o parlamentar, porquanto é impossível

que este perca aquilo que não possui.

4.1 AS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DA VAGA DO INFIEL

Os Tribunais Regionais Eleitorais não têm tido muita divergência quando da

indagação de quem pertence à vaga remanescente do mandatário infiel (coligação

ou partido político) (CORONEL, 2009).

A teoria de que a vaga remanescente pertence à coligação, não tem

avançado perante os Tribunais e, raramente há de se ter decisões como esta

proferida pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina:

[...] o requerente é o 12° suplente de vereador da

coligação PP/PDT/PFL do Município de Lages e pleiteia

assumir a vaga de seu partido ocupada pelo vereador Paulo Roberto Branco, ao argumento que os demais suplentes do PDT também se desfiliaram. No entanto, como o partido

concorreu coligado, outros suplentes teriam, em tese, prioridade em convocação para assumir o cargo.

Ante o exposto, notifique-se o requerente para que, no prazo de dois dias, informe se os suplentes de outros partidos integrantes da coligação também mudaram de

partido. [...] decisão em 11/02/2008 à unanimidade, extinguir o

processo sem resolução do mérito, por falta de interesse

processual, nos termos do voto do Relator (SANTA CATARINA, 2008, p. 1).

Lado outro, como já nos é sabido, as coligações são de caráter temporário e

apenas representam uma união de forças durante o pleito eleitoral, no intuito de

revelar o real desejo do cidadão através de seu sufrágio (CORONEL, 2009).

Em Minas Gerais já foram várias as decisões de que a vaga pertence ao

partido político:

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[...] A coligação aponta que seu suplente apto a

ocupar o cargo vago seria o Sr. José Adauto Carneiro. Ao

final, pede a procedência dos pedidos com a decretação de

perda do mandato eletivo do requerido e determinação de

posse ao suplente da coligação. No essencial, é o relatório.

DECIDO: Constato, de plano, a manifesta ilegitimidade da requerente o que a torna carecedora de ação. [...] Assim ,

não se admitem coligações em quaisquer dos pólos da

ação reivindicatória de mandato, uma vez que a cadeira

ocupada pelo agente político trânsfuga pertence aos

partidos. [...] Por sua vez, sabe-se que, embora as coligações partidárias sejam formadas por partidos

políticos, com eles não se confundem. [...] �Por isso, não

poderá reivindicar, em nome de qualquer do partidos

políticos que a integraram, ou de quaisquer dos candidatos,

eleitos ou suplentes, o mandato do trânsfuga. Sua finitude

impede-lhe tal legitimação� (MINAS GERAIS, 2007 apud PIMENTA, 2008, p. 77-81).

[...] constato a ilegitimidade ativa do requerente para

a propositura da presente ação. [...] O §2° do art. 1° da

Resolução TSE n° 22.610/07 confere legitimação residual

para pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da

perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação

partidária sem justa causa, a quem tenha interesse jurídico.

Para que se possa apurar o referido �interesse jurídico� é

necessário buscar-se a �mens legis�, ou seja, a finalidade da

lei, o seu objetivo no âmbito social. A Resolução TSE n°

22.610/07 veio consolidar o posicionamento do e. Tribunal Superior Eleitoral e também do c. Supremo Tribunal Federal

no sentido de que o mandato é do partido, e não da

coligação, cuja formação constitui faculdade atribuída aos partidos políticos para a disputa do pleito, tendo assim

existência limitada no tempo. O que se busca, por meio da

ação de decretação de perda de mandato eletivo, é garantir

a fidelidade do candidato eleito à ideologia partidária em

respeito ao voto cidadão que pretende nele (candidato) um

representante seu a defender aqueles ideais. [...] Daí

decorre que somente os suplentes do partido que foi preterido pelo candidato eleito e infiel são legitimados para

requerer, em juízo, a vaga surgida (MINAS GERAIS, 2008 apud PIMENTA, 2008, p. 82-83).

Outros Tribunais Regionais Eleitorais, também observando o caráter

temporário e restrito das coligações, têm se posicionado neste sentido:

[...] PROCESSO DE PERDA DE CARGO ELETIVO.

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA. PRELIMINARES. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO.

ILEGITIMIDADE ATIVA. DECADÊNCIA. REJEIÇÃO.

MÉRITO. JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA. PROCEDÊNCIA DA

AÇÃO. PERDA DO MANDATO. [...] Não há de se falar em fidelidade à coligação, mas

sim ao partido, sendo em tese ilegal a migração partidária

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operada em período vedado pela Resolução TSE n° 22.610,

ainda que para partido integrante de uma coligação então

existente. Tem o requerente legitimidade para interpor a

presente ação, pois é o suplente do PMDB, e a vaga

perseguida é deste partido, à medida que o requerido foi eleito por ele (PARÁ, 2008, p. 1).

EMENTA: REPRESENTAÇÃO � INFIDELIDADE

PARTIDÁRIA � DECLARAÇÃO DE PERDA DE CARGO

ELETIVO � PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA DE SUPLENTE DA COLIGAÇÃO � ACOLHIMENTO � TITULARIDADE DO MANDATO PERTENCENTE AO PARTIDO POLÍTICO E NÃO À COLIGAÇÃO � EXTINÇÃO

DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. [...] Desse modo, o suplente da coligação não é o

legitimado para requerer a perda do cargo eletivo do chamado mandatário �infiel�, mas apenas o suplente do partido político a que este pertencia (RIO GRANDE DO NORTE, 2008, p. 1).

FEITO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE PERDA DE

CARGO ELETIVO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA.

PRELIMINARES REJEITADAS. DIRETÓRIO MUNICIPAL

QUE NÃO CONSTA NA INICIAL MAS QUE APRESENTA

CONTESTAÇÃO. ADMISSIBILIDADE COMO ASSISTENTE

SIMPLES. REGIONAL. PARTE LEGÍTIMA NA DEMANDA.

GRAVE DISCRIMINAÇÃO PESSOAL. JUSTA CAUSA.

PEDIDO IMPROCEDENTE. Se dos quatro suplentes do partido, somente o

requerente permanece no mesmo partido, na qualidade de suplente imediato tem ele interesse e legitimidade para requerer a decretação da perda do cargo da titular. Ainda,

seguindo o entendimento de que o mandato pertence ao partido, segue-se que tal direito surge dentro do partido prejudicado e não no âmbito da coligação, de existência

temporária e restrita ao processo eleitoral (Resoluções TSE

n.ºs 22563 e 22580). Não prospera a alegação de que

demanda semelhante já havia sido proposta pelo 1.º

suplente da coligação, verdadeiro legitimado para demanda,

porquanto a ação por ele proposta foi extinta sem resolução

de mérito, por faltar-lhe legitimidade, exatamente porque não concorreu para o pleito pelo partido prejudicado (MATO GROSSO DO SUL, 2008, p. 1).

Ora, os partidos políticos são os verdadeiros �donos�, assim por dizer, do

cargo eletivo, e como já dito anteriormente, a eles pertence o monopólio do pleito

eleitoral (CORONEL, 2009).

Ademais, a corroborar com essas decisões o Tribunal Superior Eleitoral tem

se posicionado no sentido de que pertence ao suplente do partido político a vaga

remanescente. Senão vejamos:

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1. O mandato é do partido e, em tese, o parlamentar

o perde ao ingressar em novo partido. 2. Consulta respondida positivamente, nos termos do

voto. [...] A presente consulta versa sobre a troca de partidos por parlamentar, tema já analisado anteriormente por esta Corte

(Cta. n° 1.398, Rel, Min. César Asfor Rocha, DJ de

08.05.2007). Naquela ocasião, o TSE respondeu que �os Partidos

Políticos e as Coligações conservam o direito à vaga obtida

pelo sistema eleitoral proporcional, quando houver pedido de cancelamento de filiação ou transferência do candidato

eleito por um partido para outra legenda�. Agora, o tema avança para indagar a conseqüência

da desfiliação ou da transferência, pra fins de perda do

mandato parlamentar. [...] Conclui o ilustre relator que �[...] o mandato é do

partido e, em tese, o parlamentar poderá perdê-lo ao ingressar em novo partido� (BRASIL, 2007 apud PIMENTA, 2008, p. 74-75).

E acrescenta:

Consulta. Detentor. Cargo eletivo proporcional.

Transferência. Partido integrante da coligação. Mandato.

Perda. 1. A formação da coligação constitui faculdade

atribuída aos partidos políticos para a disputa do pleito,

conforme prevê o art. 6°, caput, da Lei n° 9.504/97, tendo a

sua existência caráter temporário e restrito ao processo

eleitoral. 2. Conforme já assentado pelo tribunal, o mandato

pertence ao partido e, em tese, estará sujeito à sua perda o

parlamentar que mudar de agremiação partidária, ainda que

para legenda integrante da mesma coligação pela qual foi

eleito (BRASIL, 2007 apud PIMENTA, 2008, p. 75).

Assim, podemos dizer que as jurisprudências deverão ser uniformizadas

neste sentido, haja vista que o Tribunal Superior Eleitoral em várias consultas

afirmou ser a vaga pertencente ao partido político (CORONEL, 2009).

4.2 QUESTÕES CONTROVERTIDAS

Ainda são muitas as discussões em torno do que foi estipulado na

Resolução 22.610. Pequenos detalhes deixaram de ser abordados e, para alguns,

até mesmo a própria publicação da Resolução pelo Tribunal Superior Eleitoral seria

inconstitucional (CORONEL, 2009).

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Existem alguns pontos relevantes e de controvérsias quando da aplicação

da norma, como, por exemplo, a aplicabilidade desta regra no caso de policiais, ou

de forma mais correta e abrangente, militares (CORONEL, 2009).

A Constituição Federal no art. 142 §3°, V diz que o militar, enquanto em

serviço na ativa, não poderia estar filiado a um partido político. Ocorre que essa

mesma Carta Magna assegura a esses cidadãos o direito à elegibilidade.

Para Gomes:

[...] sendo a filiação partidária uma das condições de

elegibilidade, como poderia o militar em atividade, exercer sua cidadania passiva � reconhecida e afirmada na Lei Maior � se está proibido de filiar-se a partido político? Para

superar a colisão, Mendes propugnava haver necessidade

de não se estabelecer �qualquer lapso temporal anterior a

apresentação e registro da candidatura por meio do partido

político (GOMES, 2008, p. 124).

Assim sendo, o Tribunal Superior Eleitoral entende que os militares poderão

apenas requerer o seu registro junto ao partido político através do qual pretendem

concorrer às eleições no dia da Convenção partidária, que é o momento decisivo

para a escolha e posteriormente registro dos candidatos (CORONEL, 2009).

Portanto, eles estão isentos da filiação partidária. �A condição de prévia

filiação partidária não é exigível dos militares da ativa, bastando o pedido de registro

da candidatura, depois de sua escolha em convenção partidária.� (PAZZAGLINI

FILHO, 2008 p. 44).

Este é apenas um dos questionamentos que nos impõe a Resolução. O

outro seria do questionamento da candidatura para reeleição. Um candidato eleito

pelo partido A pretende se candidatar novamente pelo partido B. Ocorre que a

própria legislação eleitoral vigente estipula um prazo mínimo para a filiação.

Para concorrer às eleições, o candidato deverá estar

com a filiação deferida pelo partido há pelo menos 1 ano

antes do pleito. No entanto, o estatuto poderá estabelecer

prazo superior, o qual não poderá ser alterado em ano de eleição (LE, art. 9°, LOPP, arts. 18 e 20). As exceções a

essa regra ficam por conta de alguns agentes públicos que,

por determinação constitucional, não podem dedicar-se a atividades político-partidárias (GOMES, 2008, p. 122).

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Se tal candidato não pode desviar-se das diretrizes impostas pelo partido

através do qual foi eleito sob pena de perda do cargo eletivo, onde estaria o seu

direito assegurado na Lei Maior? Afinal, a Constituição Federal de 1988 garante o

pluripartidarismo político:

Art. 17 - É livre a criação, fusão, incorporação e

extinção de partidos políticos, resguardados a soberania

nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os

direitos fundamentais da pessoa humana [...] (BRASIL, 2009, p. 14).

Neste sentido, observa Ramayana:

Os mandatários não podem mudar de partido político

sem que comprovem a justa causa. Não está prevista a

possibilidade de desfiliação 1 (um) ano antes da próxima

eleição. O art. 18 da Lei dos partidos Políticos, sofre,

portanto, substanciosa alteração em relação aos

mandatários. A Resolução demanda urgente alteração dos arts. 17

e 55 da Constituição Federal para sua adequação aos

novos rumos e diretrizes da jurisprudência e preservação do

sistema eleitoral, que se afigura em certa moldagem ao de lista fechada (RAMAYANA, 2008, p. 325).

Portanto, muitas coisas ainda se encontram obscuras com a entrada em

vigor da Resolução 22.610 de 2007, vez que a mesma deixou de se manifestar

sobre muitos dos aspectos peculiares do sistema eleitoral (CORONEL, 2009).

Estas são apenas algumas das dificuldades a que somos remetidos quando

da aplicação da resolução em caso concreto. Ademais, não se trata meramente da

questão de participar desse ou daquele partido político, mas sobretudo, da formação

humana, do critério psico-sócio-cultural que cada indivíduo revela ao propor

determinado ideal, expondo seus valores. Trata-se da essência de cada indivíduo,

do poder que ele poderá ter em fazer um mundo ideal, aquele dos sonhos de muitas

gerações passadas com a promoção da justiça e do bem comum (CORONEL,

2009).

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5 BREVE CRONOLOGIA

1969 - 1. A Emenda Constitucional número 01 de 1969, introduz no Brasil o

instituto da fidelidade partidária, com o propósito de manter unida a ARENA, partido

que apoiava os militares; não tinha portanto o objetivo de fortalecer os partidos. O

mandatário poderia perder o mandato se contrariasse as diretrizes partidárias.

1985 - 2. A emenda constitucional número 25, de 1985, extinguiu o instituto

da fidelidade partidária.

1988 - 3. A constituição de 1988 recriou a fidelidade partidária, mas não

estabeleceu normas sobre a matéria, deixando para os estatutos dos partidos, não

para a legislação, criar os mecanismos de repressão as atitudes infiéis dos seus

filiados.

2007 - 4. No dia 01 de março de 2007, o partido da Frente Liberal-PFL, que

se transformou no Partido Democratas- DEM, encaminhou consulta ao Tribunal

Superior Eleitoral- TSE, indagando-se, no caso das eleições proporcionais

(deputados federais, deputados estaduais e vereadores), os mandatos pertencem

aos partidos ou aos candidatos eleitos.

5. Na histórica sessão do dia 27 de março de 2007, o TSE entendeu, por

maioria (houve um voto divergente), que os mandatos são dos partidos. A decisão

apreciou apenas os mandatos conquistados em eleições proporcionais.

6. Publicado o entendimento do TSE, alguns partidos (DEM, PPS e PSDB)

dirigiram petição ao Presidente da Câmara dos Deputados, pedindo a vacância da

cadeira de 23 deputados que haviam mudado de partido a partir das eleições de

2006 e a conseqüente posse dos suplentes. O deputado Arlindo Chináglia,

Presidente da Câmara, negou os pedidos, o que fez com que os partidos

protocolassem Mandados de Segurança junto ao Supremo Tribunal Federal.

7. Em 04 de outubro de 2007, o STF julgou os Mandados de Segurança,

ratificando o entendimento do TSE e decidindo que a infidelidade partidária tem

como conseqüência a perda do mandato. A decisão foi por maioria: oito votos.

Entretanto o Supremo fixou uma data a partir da qual a fidelidade partidária era

exigível: o dia 27 de março de 2007, dia em que o TSE havia decidido a questão.

8. O deputado Nilson Mourão (PT-AC) protocolou consulta indagando se a

decisão, válida para proporcionais, poderia ser estendida aos candidatos

majoritários (prefeitos, governadores, senadores e presidente), uma vez que estes,

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ao contrários daqueles, eram eleitos com base no total de votos que recebiam, sem

necessidade de se calcular quociente eleitoral.

9. Em 16 de outubro de 2007, o TSE julgou a Consulta número 1407,

decidindo que, no caso do eleito pelo sistema majoritário, também ocorre a perda de

mandato em caso de desfiliação injustificada, passando essa data (16.10.07) a ser

considerada como o marco a partir do qual a fidelidade partidária era exigível para

os eleitos no sistema majoritário. O TSE entendeu que, embora não dependentes da

votação total do partido, os majoritários também necessitavam estar filiados a um

partido para se eleger, razão pela qual os Ministros decidiram que os mandatos dos

Prefeitos, Governadores, Senadores e Presidente, igualmente pertencem aos

partidos.

10. No dia 25 de outubro de 2007, o TSE editou a Resolução número

22.610, disciplinando as regras a serem seguidas no processo de perda de cargo

eletivo por infidelidade partidária, bem como no processo de justificação da

desfiliação.

11. Em 30 de outubro de 2007, O Diário da Justiça da União, na página 169,

publica a Resolução TSE número 22.610

2007 - 12. No dia 27 de março de 2008, a Resolução 22.610 foi republicada

no Diário da Justiça da União, página 11, por determinação da Resolução 22.733, de

11.03.08, que determinou alteração no artigo 11, para admitir recurso das decisões

regionais.

13. Na sessão plenária de 27 de março de 2008, é cassado, por

unanimidade, o parlamentar Walter Brito Neto (PRB-PB), primeiro deputado federal

a ser cassado pelo TSE por infidelidade partidária, com base na Resolução TSE

22.610/07. O pedido foi formulado pelo Diretório Nacional do Partido Democratas-

DEM (pet. 2756).

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39

6 CONCLUSÃO

Com a consulta formulada pelo Partido dos Democratas, antigo PFL, junto

ao TSE deu-se prosseguimento a criação da Resolução 22.610/07 que veio incutir

em nossa Legislação Eleitoral a Fidelidade Partidária

Por tudo que ficou exposto conclui-se que a Resolução 22.610/07 goza de

constitucionalidade, razão pela qual os agentes políticos eleitos pelo sistema

proporcional e pelo sistema majoritário, que trocarem de partido sem justa causa a

partir de 27 de março e 16 de outubro de 2007, poderão perder o mandato após o

devido processo legal perante a Justiça Eleitoral, cabendo ao Presidente do

Legislativo correspondente declarar a perda do mandato e empossar, conforme o

caso, o suplente ou vice nos 10 dias subseqüentes.

A troca de partido não é exclusividade brasileira, acontecendo em outros

países, mas talvez não com a mesma intensidade com que aqui se verifica.

A ausência de regras de Fidelidade partidária estimulava a autonomia dos

representantes eleitos, que consideravam seus mandatos como decorrentes de seus

esforços pessoais, mais do que de uma boa campanha do partido.

A Resolução 22.610/07 veio colocar um ponto final nesta discussão

devolvendo aos partidos políticos, a quem merece de direito, a exclusividade e

responsabilidade na administração da Política Brasileira.

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REFERÊNCIAS

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________. Lei 9.096 de 19 de setembro de 1995. Dispõe sobre os partidos políticos,

regulamenta os art. 17 e 14, §3°, inciso V, da Constituição Federal. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 19 set. 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9096.htm> Acesso em: 24 ago. 2009.

________. Tribunal Superior Eleitoral. Glossário eleitoral. 09/2009 Disponível em:

<http://www.tse.jus.br/internet/institucional/glossario-eleitoral/index.html>. Acesso em: 01 set. 2009.

________. Tribunal Superior Eleitoral. Resolução 22.610/07. Art. 11 alterado pela Resolução TSE nº 22.733, de 11 de março de 2008. Publicada no Diário da Justiça

de 30.10.2007., p. 169 e no Minas Gerais de 31.10.2007, p. 120. Republicada no DJ de 27/03/2008, por determinação do art. 2º da Resolução nº 22.733/2008.

CLÉVE, Clemerson Merlin. Fidelidade Partidária: estudo de caso. Curitiba: Juruá,

1998.

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RIO GRANDE DO NORTE. Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte. RP n. 2737. Relator: Juiz Fernando Gurgel Pimenta. 2008. Disponível em:

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ANEXOS

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ANEXO 1 - RESOLUÇÃO 22.610/07

(Art. 11 alterado pela Resolução TSE nº 22.733, de 11 de março de 2008.)

Relator Ministro Cezar Peluso.

O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, no uso das atribuições que lhe confere o

art. 23, XVIII, do Código Eleitoral, e na observância do que decidiu o Supremo Tribunal

Federal nos Mandados de Segurança nº 26.602, 26.603 e 26.604, resolve disciplinar o

processo de perda de cargo eletivo, bem como de justificação de desfiliação partidária,

nos termos seguintes:

Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a

decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa

causa.

§ 1º - Considera-se justa causa:

I) incorporação ou fusão do partido;

II) criação de novo partido;

III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;

IV) grave discriminação pessoal.

§ 2º - Quando o partido político não formular o pedido dentro de 30 (trinta) dias

da desfiliação, pode fazê-lo, em nome próprio, nos 30 (trinta) subseqüentes, quem tenha

interesse jurídico ou o Ministério Público eleitoral.

§ 3º - O mandatário que se desfiliou ou pretenda desfiliar-se pode pedir a

declaração da existência de justa causa, fazendo citar o partido, na forma desta

Resolução.

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Art. 2º - O Tribunal Superior Eleitoral é competente para processar e julgar

pedido relativo a mandato federal; nos demais casos, é competente o tribunal eleitoral do

respectivo estado.

Art. 3º - Na inicial, expondo o fundamento do pedido, o requerente juntará prova

documental da desfiliação, podendo arrolar testemunhas, até o máximo de 3 (três), e

requerer, justificadamente, outras provas, inclusive requisição de documentos em poder

de terceiros ou de repartições públicas.

Art. 4º - O mandatário que se desfiliou e o eventual partido em que esteja inscrito

serão citados para responder no prazo de 5 (cinco) dias, contados do ato da citação.

Parágrafo único - Do mandado constará expressa advertência de que, em caso

de revelia, se presumirão verdadeiros os fatos afirmados na inicial.

Art. 5º - Na resposta, o requerido juntará prova documental, podendo arrolar

testemunhas, até o máximo de 3 (três), e requerer, justificadamente, outras provas,

inclusive requisição de documentos em poder de terceiros ou de repartições públicas.

Art. 6º - Decorrido o prazo de resposta, o tribunal ouvirá, em 48 (quarenta e oito)

horas, o representante do Ministério Público, quando não seja requerente, e, em seguida,

julgará o pedido, em não havendo necessidade de dilação probatória.

Art. 7º - Havendo necessidade de provas, deferi-las-á o Relator, designando o 5º

(quinto) dia útil subseqüente para, em única assentada, tomar depoimentos pessoais e

inquirir testemunhas, as quais serão trazidas pela parte que as arrolou.

Parágrafo único - Declarando encerrada a instrução, o Relator intimará as partes

e o representante do Ministério Público, para apresentarem, no prazo comum de 48

(quarenta e oito) horas, alegações finais por escrito.

Art. 8º - Incumbe aos requeridos o ônus da prova de fato extintivo, impeditivo ou

modificativo da eficácia do pedido.

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Art. 9º - Para o julgamento, antecipado ou não, o Relator preparará voto e pedirá

inclusão do processo na pauta da sessão seguinte, observada a antecedência de 48

(quarenta e oito) horas. É facultada a sustentação oral por 15 (quinze) minutos.

Art. 10 - Julgando procedente o pedido, o tribunal decretará a perda do cargo,

comunicando a decisão ao presidente do órgão legislativo competente para que

emposse, conforme o caso, o suplente ou o vice, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 11 - São irrecorríveis as decisões interlocutórias do Relator, as quais

poderão ser revistas no julgamento final, de cujo acórdão cabe o recurso previsto no art.

121,§ 4º da Constituição da República. (Artigo com redação alterada pelo art. 1º da

Resolução TSE nº 22.733, de 11/03/2008.)

Art. 12 - O processo de que trata esta Resolução será observado pelos tribunais

regionais eleitorais e terá preferência, devendo encerrar-se no prazo de 60 (sessenta)

dias.

Art. 13 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se

apenas às desfiliações consumadas após 27 (vinte e sete) de março deste ano, quanto a

mandatários eleitos pelo sistema proporcional, e, após 16 (dezesseis) de outubro

corrente, quanto a eleitos pelo sistema majoritário.

Parágrafo único - Para os casos anteriores, o prazo previsto no art. 1º, § 2º,

conta-se a partir do início de vigência desta Resolução.

Marco Aurélio - Presidente. Cezar Peluso - Relator. Carlos Ayres Britto. José

Delgado. Ari Pargendler. Caputo Bastos. Marcelo Ribeiro.

Brasília, 25 de outubro de 2007.

(Publicada no "Diário da Justiça" de 30.10.2007, pág. 169 e no "Minas Gerais" de

31.10.2007, pág120)

(Republicada no DJ de 27/03/2008, por determinação do art. 2º da Resolução nº

22.733/2008.)

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