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Sri Sri Guru-Gaurangau Jayatah Venu-Gita O SOM DA FLAUTA DE KRISHNA Srimad-Bhagavatam Comentário do décimo canto - Capítulo vinte e um As Gopis cantam as glórias do som da flauta de Sri Krishna quando Ele Se embrenha na encantadora floresta de Vrindavana durante a chegada do outono Sua Divina Graça Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaj Fundador-Acharya da Sociedade Internacional de Bhakti Yoga Pura (IPBYS)

Venu Gita

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Venu Gita em português por Srila Narayana Gosvami Maharaj

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Sri Sri Guru-Gaurangau Jayatah

Venu-Gita O SOM DA FLAUTA DE KRISHNA 

Srimad-BhagavatamComentário do décimo canto - Capítulo vinte e um

As Gopis cantam as glórias do som da flauta de Sri Krishna quando Ele Se embrenha naencantadora floresta de Vrindavana durante a chegada do outono

Sua Divina GraçaSri Srimad Bhaktivedanta

Narayana Gosvami Maharaj

Fundador-Acharya da Sociedade Internacional de Bhakti Yoga Pura (IPBYS)

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PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA

sri guru gaura-gandharva

govindanghrin ganaih sahavande prasadata yesamsarvarambhah subhankarah

Ofereço minhas respeitosas reverências aos pés de lótus de meu mestre espiritual, a Sri CheitanyaMahaprabhu , Srimati Radharani e a Suprema Personalidade de Deus, Sri Govinda, acompanhados de Seusrespectivos associados. Todas as invocações se tornam auspiciosas por sua misericórdia.

O livro Sri Cheitanya-charitamrita é o estudo pós-graduado para Gaudiya Vaishnavas e começacom a invocação “vande gurun”, “Ofereço minhas respeitosas reverências aos mestres espirituais.” 

Assim, Srila Krishnadasa Kaviraja Goswami revela que a concepção espiritual plenamente madura

abre um leque recheado de uma pluralidade de gurus. As escrituras em geral apresentam um conceitomuito amplo e universal de Sri Guru, dando ênfase a substância espiritual, ou seja, a corrente divina denéctar que flui para este plano terreno proveniente da dimensão mais elevada através da inspiração que seacha no coração do verdadeiro Vaishnava.

Negar que a revelação divina possa vir através de um outro agente que não esteja conectado a umadeterminada instituição com a desculpa de que isso é contrário a fidelidade ao guru, na verdade, pode serofensivo e até mesmo suicida.

Atente-se para que o que se afirma aqui não é a criação de uma sociedade em que se misture asdiversas missões Vaishnavas, numa mistura de humores, aqui não se pretende que um grupo vá desviaroutro grupo de sua própria visão da concepção Krishna, aqui não se critica quem quer que seja oVaishnava sucessor em sua própria sampradaya. Aqui não se pretende que todos se embrenhem numa“floresta de acharyas”. O que se pretende, isso sim, desenvolver uma visão mais ampla com relação aconsciência de outros devotos e não há duvida que esse estudo facilita a compreensão dos ensinamentos daassistência espiritual que o devoto recebe, enfim é o abrir do coração dos Vaishnavas para citar expressõesde Sridhara Maharaja, “na linha ziguezagueante em que Krishna se manifesta”, aqui ou ali, e absorver onéctar, sem medo, sem compromissos institucionais com qualquer que seja a missão, já que a verdade dasinstituições e dos edifícios já não satisfazem mais.

O devoto tem de se conscientizar que existe semelhanças e contrastes de humores entre osensinamentos dos acharyas , o que acarreta no desenvolvimento de uma identidade religiosa própria, sejaem relação a outras escolas Vaishnavas, seja em relação, num estágio superior, a própria sabor que odevoto se agrada dentro da infinita variedade do mundo espiritual, tudo necessário para o amadurecimento

do devoto.Esta variedade contribui para o desenvolvimento psicológico e emocional do devoto, elementoimportante na formação da personalidade espiritual, desenvolvendo uma visão espiritual mais ampla,mudando a percepção dos ensinamentos para melhor de tal devoto.

Temos aí a possibilidade de conscientização do devoto dos mecanismos das estruturas dos humoresVaishnavas. Isso enriquece e afasta o monstro do sectarismo reinante , aceitando os elementos espirituaisque são diferentes dos seus.

Se não for assim , como um devoto vai poder avaliar sua própria identificação espiritual, comopoderá trazer modificações favoráveis a um estado de progresso contínuo, utilizando tudo que aprende embenefício próprio e dos outros, ao invés de , como ocorre hoje, esconder seus livros em bibliotecasfechadas com medo de que alguém mais leia.

Ora, abrir-se para o novo e o desconhecido não significa , necessariamente , um despedaçamentodos valores que o devoto aprendeu em sua instituição e sim, numa visão melhor, a possibilidade de

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enriquecer seu potencial como meio de incentivo, amparo e assistente espiritual, devendo participarativamente de sua sociedade sem medo de ser expulso, infelizmente , fato que ainda hoje ocorre.

Tal conscientização implica que o devoto vai ter que aprender a se colocar no lugar do outro, vai terde incorporar dados novos e, portanto, olhar para si mesmo com mais objetividade, passará a haver umacapacidade maior de autocrítica, de aceitação do mundo Vaishnava e não Vaishnava que nos cerca, será

que isso é tão doloroso?Tenho fé plena que podemos aprender a desenvolver a capacidade de apreciar o valor absoluto dos

ensinamentos de tantos acharyas, sem nos deixarmos vencer pela relatividade dos valores das instituições.Não pode haver mais o medo de que o devoto analise de maneira objetiva o porquê de suas

preferências atuais, de que o devoto valorize a sensibilidade, sem medo de abraçar outros devotos para nãoser taxado de prakrita sahajya.

Estamos vendo devotos partirem para outras escolas Vaishnavas, outros humores Vaishnavas,entristecendo-nos, todavia, que o fechamento das informações nas mãos de alguns privilegiados acarretaque muitos devotos estão voltando ao cristianismo. Será isso que desejamos?

Aqui não se acalenta a atitude egoísta e invejosa dos grupos que se fecharam, impedindo todo e

qualquer intercâmbio com Vaishnavas de outras instituições, em nome de proteção de seus devotosneófitos, se formaram redomas dogmáticas onde nos grupos mais radicais até se exige que todos sejamreiniciados, ali se houve apenas o eco de suas próprias vozes, aparentando uma grande paz, que não passada paz reinante nos cemitérios, ali o pai entrega o filho ao cadafalso em nome da ideologia, devotosdesviam seu caminho na rua para não encontrar com outros devotos, amigos de outrora, só porque estãoconectados a outros ramos da grande árvore de Cheitanya. Qual o problema em haver múltiplossentimentos no mundo Vaishnava, será que somos máquinas insensíveis, sem coração, será que nosenganaram quando nos ensinaram que podíamos apreciar todos os Vaishnavas, que podíamos respeitartodos, ou estamos encarcerados eternamente sem que se tome em consideração o que sentimos. Será que opaternalismo atual impede de seus filhos crescerem, será que não interessa o amadurecimento, será que aviagem de Gopa Kumara narrada no livro Brihat Bhagavatamrita de Sanatana Goswami (leitura obrigatóriapara todos nós) é pura ilusão ou de fato o movimento espiritual é progressivo.

A quem interessa manter os devotos ignorantes das realizações de outros Vaishnavas puros, seráque o fator dinheiro desorienta a visão de Krishna, a realidade, o belo.

Obviamente o conceito de Guru está pervertido no ocidente, aquela pessoa responsável e disponívelque auxilia a tarefa de seu discípulo para assumir o seu aprendizado, adaptando o ensino do devoto àrealidade individual de cada um em particular, essa função de ajuda e de assistência, possibilitando aodevoto avaliar seu próprio progresso, aquela pessoa informada sobre as expectativas de cada seu discípulocom relação ao aprendizado de cada um, que está em estágio, diferente, há devotos de mais de 20 anos deaprendizado e há os recém chegados, não se pode imprimir formulas cerradas para todos. Há que haver ointeresse no desenvolvimento das potencialidades individuais. O Guru hoje tem de estar interessado em seu

discípulo, mediando o saber, observando, organizando e avaliando, senão todo o processo sucumbe.Não se pode conceber mesmo o conceito de siksha guru hoje se tal pessoa encarregada dessamissão no seu papel de assistência não estiver interessada no seu discípulo como indivíduo, nos seusinteresses, uma vez que os métodos antigos aqui aplicados surtiram efeitos desastrosos por não levar emconta a realidade do devoto, nem sua natureza.

Não se trata, obviamente , de um novo método espiritual, mas trazemos a necessidade premente deuma nova abordagem metodológica na relação guru/ discípulo, devendo as várias escolas Vaishnavas secomplementarem e não excluírem umas às outras.

Não se pode eleger um método como correto, nem uma instituição como o summum bonun daverdade, considerando os demais como incorretos ou apasampradaya, de fato, dentro da ótica espiritual sãoas necessidades que vão ditar qual o método de acordo, como nos ensinou Bhaktivedanta Swami, com ascircunstancias.

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Hoje, o mundo requer o guru flexível, que pode se adaptar aos novos fluxos do mundo moderno,dinamizando seus ensinamentos, refletindo as necessidades de cada discípulo dentro do grau decompreensão de cada um, tendo que estar sempre à mão para esclarecimentos e ajuda, preocupado,principalmente, com o desenvolvimento do aspecto afetivo, que infelizmente, devido a formação anglo-saxão , fizeram com que os americanos ao recebem a cultura milenar da Índia, mandassem o aspecto

afetivo para o Alasca e até hoje ali repousa e ainda mais fizessem camisas de força ideológicas queimpediram até aqui o crescimento dos devotos como indivíduo.

O fato é que não existem essas bandeiras particulares na religião de Deus, pois a religião é só uma.Não podemos aceitar que uma determinada instituição que forme e propague seu exclusivismo possa

diminuir o caráter universal da religião de Sri Gouranga, somos seguidores de Sri Cheitanya ou Sri Gourangaque nos outorgou a Sua Religião de Amor e Beleza, que é a religião perfeita para toda a humanidade, nospassos de Nityananda e por isso nunca tomamos qualquer que seja a declaração como ofensa.

Como esses grupos fechados poderão cumprir o preceito inicial firmado no Srimad-Bhagavatam derespeito aos Vaishnavas onde se deve servi-los, mesmo que haja grande escassez, oferecendo-se água fresca,assento e doces palavras.

Se seguirmos os padrões impostos no Ocidente atualmente, Gopa Kumara seria no mínimoconsiderado um desertor, pois assim que seu coração ansiava por algo mais, lhe era oferecido um novocaminho pelo seu próprio Guru, que o mandava para outros locais de aprendizagem. Não havia lá ninguémdizendo que a verdade era encontrada apenas naquele local, que aquele era a única porta voz doVaishnavismo puro. Não, não vimos isso.

Por isso, procuramos o respeito a todos os Vaishnavas, oferecemos assento a todos os Vaishnavaspara ouvir seu upadesh e o seva é entregue ao guru de nosso coração, o guru que se manifesta numainfinidade de formas, e aquele que estejamos mais gratos será o mais importante, não importa que sejasiksha, diksa ou sannyas guru.

A nossa linha preceptoral é siksha, no ocidente costuma-se dizer, “PAI É AQUELE QUE CRIA”, assim, a menos que haja uma preocupação real com a vida espiritual dos devotos aqui no ocidente, sem apreocupação do quanto em dinheiro tal devoto possa doar, estarão implantados os padrões norte-americanos de capitalismo selvagem dentro do Vaishnavismo, onde o “guru de plantão” será o capitalistaexplorador e os discípulos serão operários explorados, talvez, com alguma razão, um filósofo materialistadisse aqui que “a religião é o ópio do povo” porque alguns a estão utilizando para seu proveito próprio,

  juntar dinheiro e prathista (prestígio) estabelecendo-se a exploração, para tais homens incautos, quemataram que roubaram em nome de Deus, aguardamos justiça, pois não devemos usar da misericórdia paraquem não a teve.

A inspiração de outro Vaishnava é que nos faz mover, não importa a bandeira Vaishnava que estejano portão de seu ashrama. Entenda-se que isso não vai atrapalhar o seva de ninguém ao seu guru, pelocontrário, vai incrementar sua fé no Vaishnavismo e no guru.

Aqui não encontramos um Vaishnava a cada esquina como acontece na Índia, raramente recebemosvisita dos baluartes do Vaishnavismo, por isso, temos que estar com o coração aberto a quem quer que nosvisite ou envie sua mensagem.

Swami Bhaktivedanta Prabhupada, já nos idos de 1936, proferia uma esclarecedora palestra acomunidade Vaishnava da Gaudiya Math em Bombaim, Índia, que aparece no livro A ciência da auto-realização, página 68, edição de 1986.

“Cavalheiros, a oferenda que se faz esta noite tal como foi programado ao Acharyadeva não possuium caráter sectário, pois quando nos referimos ao principio fundamental do gurudeva ou Acharyadeva,falamos de algo de aplicação universal. Está totalmente fora de cogitação discriminar meu guru do seu oudo de qualquer um. Existe apenas um guru, que aparece numa infinidade de formas para ensinar aossenhores, a mim e a todos os demais.” e prossegue: “o guru também não pode ser dois... aqui nos reunimosa fim de oferecer nossas humildes homenagens ao Acharyadeva, que não é o guru de uma instituição

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sectária. Ele é o guru de todos nós;... portanto devemos nos render hoje aos pés do representante de SriVyasadeva para eliminarmos todas as nossas divergências por nossa atitude insubmissa”.

A fidelidade de um discípulo a um guru se demonstra ao reconhecer a divina presença de Sri Guruonde quer que ela se ache e curvar sua cabeça aos pés de lótus deste agente, independentemente de suafigura física, do grupo devocional que pertença.

A verdadeira castidade das gopis de Vraja se mostrava quando elas respondiam ao chamado daflauta de Sri Krishna na calada da noite, embora aparentemente, abandonassem seus maridos para atenderao chamado.

O fato é que persiste o erro de algumas pessoas que foram vitimas do mesmo juízo falso, pessoasque foram expulsas de suas missões por ousar buscar o néctar em outras missões, agora se arvoram emcometer o mesmo engano de que foram vitimas, querendo expulsar quem quer que ouse buscar o néctar emoutros grupos Vaishnavas, esquecem o mal que isso causou, todos nós vimos irmãos espirituais rejeitadosse suicidarem, vimos muitos devotos serem chutados, isso paira sob a cabeça desses pseudo-puristasespirituais. Tais pessoas estão adormecidas na concepção corpórea de Sri Guru.

O que nos interessa são os que estão acordando para a dimensão interna da personalidade divina do

conceito de Sri Guru.Srila Sridhara Maharaja ensina: “não devemos identificar nosso guru com a aparência física quepercebemos com nossos sentidos externos. Nossa identificação interna com Ele vai ser esclarecida namedida do crescimento de nossa visão. Quando nossa visão aumenta e toma forma saindo do aspectomaterial em direção a dimensão transcendental, a aparência de Sri Guru também mudacorrespondentemente. A não ser que se abandone a visão material, o que veremos será baseado naconcepção de corpo físico. E forçar a concepção material para que entenda a Divindade é um crime, éignorância, é um erro. Temos que nos libertar da armadilha de identificar a realidade com a forma físicaque se apresenta aos nossos olhos. É necessário eliminar o conceito externo, temos que adentrar nadimensão interna, e isto será de suma importância para um discípulo progressivo, se temos a intenção defato de chegar a dimensão interna da realidade”. 

Na proporção da profundidade e intensidade de nosso anseio interno por uma conexão com aDivindade, nosso conceito de Guru vai se expandir saindo da simples identidade corpórea de umdeterminado devoto. Quando as gopis estavam separadas de Sri Krishna, elas se aproximavam até mesmodas árvores perguntando: “Onde está Krishna?

Srila Bhaktisiddhanta Saraswat Thakura ensina:“A forma refletida dos pés de lótus de Sri Guru em diferentes receptáculos revelam muitos novos

assuntos num fluxo constante para nossa instrução. Para aqueles que tiverem desperto a visão divina, eles poderão perceber os traços da divindade em todo lugar e em tudo.”  

Será que essas lições não falam por si? Quantas vidas deverão ainda ser ceifadas? Quantas ofensasdeverão ainda ser cometidas em nome da defesa das diferenças entre meu guru e seu guru, minha

instituição, sua instituição, quantas vezes ainda teremos que ser agressivamente interpelados por neófitosmal iluminados indagando-nos, ”por que você não aceita o único guru autêntico, o da minha instituição,meu guru?” 

A iluminação de onde quer que venha é bem vinda, ela vai aprofundar nossa relação com nossoGuru, vai trazer luz a cantos escuros de nossa compreensão, vai poder fazer brilhar a manifestação deBaladeva nesses Vaishnavas encarregados de nos buscar do lodo da existência material, vai fazer com queas almas voltem a progredir espiritualmente, vai levantar questões obscuras, vai trazer indagaçõesprofundas, vai infundir entusiasmo em tantos que estão cansados de ouvir as mesmas lições, num repetirinútil e enfadonho, vai trazer vida ao Vaishnavismo no ocidente que padece de males terríveis: estagnaçãofilosófica, sectarismo, intolerância para com a posição espiritual de outros Vaishnavas, total incapacidadede conviver com opiniões opostas, espirito de seita, fanatismo, falta de perspectiva e esvaziamento em suasfileiras.

Desaprendemos que Krishna é aquele que concilia os opostos.

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É com a esperança de que o Vaishnavismo no ocidente se abra para um fluir dos sentimentosverdadeiros que ousamos traduzir o presente livro, orando para que os leitores se aproximem com umaatitude humilde, submissa e com um coração aberto para as obras deste e de muitos outros Prabhupadas,que estão aqui e ali manifestando o lado inspirado dos Vaishnavas, pois eles falam sempre de coração paracoração.

Buscamos assim dar nutrição ao desenvolvimento da livre fé interna, afastando a lei e a coação dosregulamentos institucionais mal formulados.

Trabalho forçado tocado sob a forca de uma bandeira só empurram seus seguidores ao fanatismoreligioso, a intolerância com outros Vaishnavas, a ofensa, ao Vaishnava aparadha e a morte espiritual. Issotodos nós temos sido testemunhas vivas.

A liberdade é o princípio mais elevado. Os estatutos não podem nos escravizar, eles é que sãoescravos, pois devem promover o livre fluxo do coração.

Várias questões atormentam o pensamento Vaishnava atual no Ocidente, a primeira é qual deve sera atitude de um devoto maduro no caso de Vaishnavas superiores estar em disputa?

Quem responde é Bhakti Promode Puri Maharaja, o discípulo de Bhaktisiddhanta Maharaja, em seu

livro O Coração de Krishna, às páginas 75:“Caso testemunhemos uma disputa entre Vaishnavas superiores, será benéfico para nós não ver issocomo uma rivalidade mundana e sim como um veículo para que se propague e aumente o amor porKrishna no coração desses Vaishnavas, similar as discussões entre Satyabhama e a Rainha Rukmini, amatéria transcendental de suas lutas era sempre a mesma - Krishna. As diferenças de opinião entreVaishnavas são inspiradas por Sri Cheitanya a fim de nos instruir. SE ALGUÉM, POR TOLICE, TOMAPARTIDO NESSE DEBATE, TAL PESSOA SE TORNA UM APARADHI POR FAZER OPOSIÇÃO ECRITICAR O OUTRO VAISHNAVA, E A CONSEQÜÊNCIA SERÁ A MAIS PERNICIOSA PARA TALDEVOTO”. 

A segunda questão crucial hoje no Ocidente é como a insistente afirmativa da superioridade de umguru de determinada instituição poderia ou não ser benéfica ao mundo Vaishnava e aos discípulosneófitos?

Quem vem em nosso socorro é o mestre dos Prabhupadas, Srila Sachidananda Bhakti VinodaThakura, no livro Sri Cheitanya Shikshamritam à página 7, primeira edição da Sri Gaudiya Math Madras ,25maio1983:

“Não é adequado ou conveniente a insistente divulgação da discutível superioridade dosensinamentos dos Acharyas de sua região sobre o que se ensina em outros locais, ainda que o devoto possae, mais ainda, deva acalentar tal crença a fim de adquirir firmeza em sua própria fé. Tal discussão nenhum

 benefício vai trazer ao mundo.” O movimento de Mahaprabhu é mais do coração do que do intelecto e o amor só pode desabrochar

num ambiente de liberdade. A primeira prioridade é a da alma, da vida espiritual, por ela negligenciamos

tudo, o mundo, o universo.Foi por isso que saímos de nossas casas.Oramos para que com esta obra inspirada o apego aos pés de lótus de Sri Guru cresça mais e mais.Prostrando-me em dandavats-pranams e rogando a misericórdia sem causa e perdão a todos os

Vaishnavas, sem esperança de sair do jugo de kama, kamini e prathista, sempre no anseio de servir

com toda humildade possívelPhanibhusan dasEDITOR

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PREFÁCIO

Essa publicação foi produzida a partir dos discursos proferidos por Om Visnupada Sri SrimatiBhaktivedanta Narayana Maharaja os quais foram realizadas na presença de um pequeno grupo de seguidoresocidentais de língua inglesa. Esses seguidores aproximaram-se dele para iluminação e compreensão da expressãodos sentimentos divinos que descrevem o Décimo Canto do Srimad-Bhagavatam que é manifestado pelasexaltadas devotas de Sri Krishna, as vraja-gopis.

Esse livro é uma combinação de seu comentário pessoal sobre os versos seletos e uma tradução para oinglês da sua própria tradução em hindi dos versos originais em sânscrito. A introdução foi escrita pessoalmentepor Srila Narayana Maharaja em hindi para esse livro e traduzida para o inglês. Um estudo cuidadoso daintrodução vai elucidar o conselho dado pelos acharyas prévios no que se refere as qualificações necessárias

para as pessoas que tentam entrar na compreensão desses assuntos tão elevados.Embora o inglês não seja a língua nativa de Srila Narayana Gosvami Maharaja, ele, ainda assim, comclareza, transmite o significado profundo deste assunto de uma maneira cativante e agradável, habilitando osleitores sinceros e despretensiosos a obter a introvisão desses sentimentos sumamente exaltados.

Este é o primeiro livro produzido diretamente de seus comentários em inglês. Esperamos que os leitorespossam experimentar uma profunda inspiração que é sentida pela audiência durante seus discursos. Prostrando-nos aos pés de lótus de nosso divino mestre, Srila Narayana Gosvami Maharaja, oramos para que ele aceite nossatentativa e nos abençoe, outorgando-nos entrada na pura concepção madhurya do Venu-Gita.

Os Editores.

Este Venu-Gita foi completado em 19 de maio de 1995, no dia do desaparecimento de Srila Ray Ramananda.

EDIÇÃO 2012

A fim de realizar uma rápida propagação dos livros de Srila Gurudeva em línguaportuguesa resolvi publicar uma versão online da tradução de Phanibhusan das do Venu-Gita.

Essa atitude visa preencher a lacuna da falta de muitos livros de Srila Gurudeva em línguaportuguesa. Antes de tudo, devo resaltar que essa não é uma versão corrigida do livro eesperamos que devotos ávidos no serviço devocional aos pés de Srila Gurudeva possamtrabalhar para uma versão mais atualizada e possam apresentar uma publicação impressa domesmo para o prazer de Srila Gurudeva e os vaisnavas.

Ramananda Das

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INTRODUÇÃO

O Srimad-Bhagavatam é uma manifestação direta do Senhor Supremo. É um ambrosíaco, um fluirdo oceano nectáreo de amor (prema-rasa) para svayam-bhagavam vrajendra nandana Sri Krishna. A

personificação da rasa divina. Rasika e bhavuka bhaktas sempre mergulham neste oceano. O Srimad-Bhagavatam é o fruto totalmente maduro, o nectáreo fruto da árvore dos desejos da literatura Védica quecompreende a inteireza do pensamento indiano. Dentro do Srimad-Bhagavatam, gopi-prema foi avaliadocomo sendo o objetivo final. Umas poucas ondas muito elevadas de gopi-prema podem ser vistas a partirdo Venu-Gita, na porção do Srimad-Bhagavatam. Os Rasika-bhaktas se atiram nessas ondas e chegam aperder a consciência de seus próprios corpos. A ânsia por imergir nesse oceano nectáreo brota mesmo noscorações dos devotos fiéis que ainda estão na praia desse oceano.

Sri Cheitanya Mahaprabhu, é a forma combinada de rasa-rajya e Mahabhava, resplandecente comsentimento e a compleição corpórea de Sri Radha, Ele saboreia o néctar do Venu-Gita com SvarupaDamodara e Ray Ramananda no Sri Gambhira. Srila Sanatana Das Gosvami e Srila Jiva Gosvami reuniram

umas poucas gotas deste néctar em seus comentários do Srimad-Bhagavatam intitulados Brihat VaishnavaToshani e Laghu Vaishnava Toshani respectivamente. Sri Visvanatha Chakravarti Thakura, através de seucomentário chamado Sarartha Darsini, distribuiu a todo mundo o mesmo néctar na forma dos remanentesda maha-prasada deles.

Algumas pessoas acreditam que alguns sadhakas desqualificados são inelegíveis para ouvir, cantarou lembrar os tópicos do Sri Venu Gita, Sri Rasa Pancadhyaya, Yugala Gita, Brahmara Gita, e assim pordiante, como se descreve no Décimo Canto do Srimad-Bhagavatam.

Esta consideração é totalmente legítima. Contudo, segundo a concepção dessas pessoas, apenas osadhaka que tenha conquistado os seis impulsos (kama, krodha, etc.) que esteja livre de todos os anarthas,totalmente purificado em seu coração da doença da luxúria, é elegível para ouvir esses tópicos, ao passoque outras pessoas não . Agora, vamos examinar esse assunto com mais profundidade.

Srila Rupa Goswami, que estabeleceu e satisfez o desejo interno de Sri Cheitanya Mahaprabhu,compôs o Sri Bhakti Rasamrita Sindhu, Sri Ujjvala-nilamani e outros textos sagrados. Srila KrishnadasaKaviraja Goswami compôs o Sri Cheitanya Charitamrita. Enquanto escreviam, eles estiveram preocupadosque esses textos confidenciais sobre rasas não caíssem nas mãos de pessoas desqualificadas. Se issoocorresse, haveria uma grande perturbação no mundo. Um relance desses tópicos se encontra no SriCheitanya Charitamrita (Adi-Lila, IV . 231-237). Como foi declarado por Srila Krishnadasa KavirajaGosvami:

e sabá siddhanta gudha, - kahite na yuyyayana kahile, keha ihara anta nahi paya

ataeva kahi kichu Karina nigudhabujhibe rasika bhakta, na bujhibe mudhahrdaye dharaye ye Cheitanya nityanandae sabá siddhante sei paibe ananda

e sabá siddhanta haya amrera pallavabhakta-gana kokilera sarvada vallabha

abhakta-ustrera ithe na haya pravesatabe citte haya mora ananda-visesa

ye lagi kahite bhaya, se yadi na Janeiha vai kiba sukha ache tribhuvane

ataeva bhakta-gane kari namaskaranihsanke kahiye, tara hauk camatkra

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"As conclusões esotéricas e confidenciais concernentes aos passatempos amorosos de rasa-raja Sri Krishnacom as gopis, que são a corporificação de Mahabhava, não devem ser reveladas ao homem ordinário.Contudo sem os revelar, ninguém poderá entrar nesses tópicos. Portanto, eu descreverei esses tópicos deuma maneira velada de tal modo que apenas os rasikas bhaktas poderão entender e os desqualificados, não.

Qualquer um que estabeleceu Sri Cheitanya Mahaprabhu e Sri Nityananda Prabhu em seus

corações alcançará bem aventurança transcendental em seus peitos. Toda essa doutrina é tão doce quanto amanga recém brotada que pode ser saboreada apenas pelos devotos que se equiparam aos pássaros cucos.Para os que são como camelos, não devotos, não existe possibilidade de admissão nesses tópicos. Portanto,existe um júbilo especial em meu coração.

Se aquelas pessoas que eu temo são incapazes de compreender esses tópicos, então qual poderia sera fonte de felicidade em todos os três mundos? Portanto, após oferecer reverências aos devotos, eu reveloesse assunto sem nenhuma hesitação."

Ao ler e ouvir esses tópicos, todos podem alcançar o excelso benefício. Srila Krishnadasa KavirajaGosvami, clareou esses tópicos ao citar o seguinte verso do Srimad-Bhagavatam:

anugrahaya bhaktanam manusam dehaam asritahbhajate tadrsth krida yah srutva tatparo bhavet

"A fim de outorgar a misericórdia aos devotos bem como às almas condicionadas, Bhagavan Sri Krishnamanifesta Sua forma semelhante a humana e executa passatempos extraordinários (rasa-lila) e aqueles queouvem sobre isso se tornam devotados exclusivamente a Ele.( Cc, adi lila 4.34)"

Aqui Krishnadasa Kaviraja aponta o verbo bhavet que está citado no verso acima e está no modoimperativo. Isso significa que é compulsório que as jivas ouçam esses passatempos, como se explica noshloka do Sri Cheitanya Charitamrita( Cc., Adi-lila 4.35):

bhavet kriya vidhin, sei iha kayakartavya avasya ei, anyatha pratyavaya

"No verso acima, o verbo bhavet está no modo imperativo. Portanto, isso, com certeza, deve ser executado.Não o fazer seria um disparate."

Para informação dos leitores, refiro-me aqui ao comentário do Vaishnava Toshani de Srila JivaGosvami sobre o verso citado do Srimad Bhagavatam(10.33.36).

tatra loke dhisthatrtvena Krishnakhya narakara parabrahmanah Sri gopair anubhatatvatevam bhaktanugrahartham tat keidety abhipretam.Aptakama tvé pi bhaktamugrahoyujyate visuddha sattvasya tatha svabhavatt yad bhava bhavite cãnyatra drsyate sau

tathã raugananugrahake 'Sri jada bharata carite,yatha vã bhagavad anugrahake mayítica tatra bhakta 'sabdena braja devyio braja janas ca sarve kala-traya sambandhino nyeca vaishnava grhitam _braja devinam purva-rãgãdibhir braja jananam janmandibhiranyesan ca bhakta darsana sravanadibhir apurvativa sphuranat .ataeva tadrsa bhaktaprasangena tadrsih sarva cittakarsinih krida bhajete,yah sadharanir api srutvabhaktebho nyo pijanas tatparo bhavet.kimuta rasa lila rupam imamsrutvetyarthah.vaksyat ca-vikriditam vrajavadhubhir idan ca visnoh (S.B.10.33.39)ityadi.yad va,mansam deham asritah sarvo pi jivas tatparo bhavet,martyaloke Sri bhagavad avatarat tatha bhajane mukhyatvac ca manusyanam mumuksunammuktanan cety arthah iti parama karunyam Eva karanam uktam tathapi bhajanasambadhenavam sarvanugraho jñeyah aniattaih tatra bahirmukhanapititatparyantatvam vivaksitam,parama prema parakastha maytaya Sri sukasyapi tadvarnanatisaya pravrtteh gopinam ity asyarthantare tv evam vyakhyeyam

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 As palavras anugrahaya bhaktanam manusam deham asritah indicam que o Supremo Senhor Sri

Krishna aparece em Sua forma tal como a humana e executa vários passatempos a fim de outorgar favor aSeus devotos. Portanto, Sri Krishna embora seja satisfeito em Si mesmo(aptakama), Sua demonstração debondade em relação aos devotos é muito adequada. Esta é a característica que distingue visuddha

sattva(bondade pura). O Senhor está sempre preparado para recompensar os devotos com um resultado emconcordância com a execução de bhajana deles. O favor demonstrado ao Rei Rahugana por Sri JadaBharata e o benefício do Senhor a meu favor(Shukadeva) elucida isso.

No verso sob análise, diz-se que o Senhor manifesta Sua forma e passatempos a fim de outorgarbenefício aos Seus devotos. A palavra bhakta usada aqui refere-se às vrajadevis(as gopis) , aos vrajavasis(os residentes de Vraja) e a todos os outros Vaishnavas - seja no passado, presente ou futuro. A fim deoutorgar Seu favor às Vrajadevis, svayam bhagavan Sri Krishna executa esses passatempos amorosamentecomo purva raga(o apego que ocorre já antecipando o encontro com Krishna antes da união). Para que sejaoutorgada misericórdia a todos os residentes de Vraja, Ele desempenha o nascimento e outrospassatempos, e por todas Suas atividades, Ele outorga benefício aos devotos do passado, do presente, do

futuro com a audição de lila-katha.Sri Krishna manifesta todos esses passatempos para benefício dos devotos, ao fazer isso , mesmopessoas comuns(não devotos), que ouvem até os passatempos mais comuns do Senhor, tornam-setotalmente absortas no Senhor. Portanto, ao se ouvir o sumamente ambrosíaco rasa-lila, pessoas comuns,com certeza, vão se tornar exclusivamente devotadas ao Senhor, que disso não haja dúvida. Este fato seráelaboradamente discutido nos versos que se seguem tais como vikriditam vraja vadhubhir idan cavisnoh(Srimad Bhagavatam 10.33.39).

As palavras manusam deham asritah podem indicar também que aquelas jivas que alcançaram aforma humana de vida estão capacitadas a ouvir todos esses passatempos e assim se tornar devotadas aoSenhor Supremo. Isso é assim porque o Senhor encarna exclusivamente nos planetas terrestres (martyaloka), e é aqui que predomina a adoração ao Senhor. Por via de conseqüência, os seres humanos residentesnos planetas terrenos podem , com facilidade, ouvir essas narrações dos passatempos do Senhor.

A palavra bhaktanam aparece neste verso. Todavia, em outras edições no seu lugar aparece apalavra bhutanam. Neste caso o significado é como se segue: o Senhor encarna pela causa dos devotos ,resulta que os devotos são a causa raiz da aparição do Senhor. O Senhor aparece em Sua forma original talcomo a humana, a fim de outorgar seu benefício às almas liberadas (muktas), aos aspirantes aliberação(mumuksus), aos desfrutadores dos sentidos(visayis) e a todas as entidades vivas segundo arelação delas com os devotos. A compaixão do Senhor é portanto a causa de Sua aparição. Contudo, deve-se compreender que a misericórdia do Senhor em relação as outras entidades vivas é devido apenas aconexão delas com os devotos.

Em seu comentário do Bhagavatam conhecido como Bhavartha Dipika , Sridhara Svami escreveu

que o que se poderia dizer em relação aos devotos se mesmo pessoas materialistas ficam livres de suaabsorção material ao ouvir os passatempos do Senhor, e assim se tornam exclusivamente estabelecidasnEle.

Srila Visvanatha Chakravarti Thakura explica este verso em seu comentário conhecido comoSarartha Darsini:

bhaktana manugrahaya tadrsih kridah bhajate yah sruiva manusam deham asrito jivahtatparas tad visayakah sraddhavan bhaved iti krtdantar ato vailaksanyena madhura rasamayahasyah kridays tadrsi mani mantra-mahausadhanam iva kacid atarkya saktir astity avagamyate.

"O Senhor executa grande variedade de passatempos para mostrar Seu favor aos devotos. As entidadesvivas que ouvem estes passatempos ao terem aceito a forma humana de vida, tornam-se exclusivamentedevotadas ao Senhor. Em outras palavras, adquirem uma fé firme nas narrações das atividades do Senhor.

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O que mais pode ser dito sobre a importância de se ouvir lila-katha? E este rasa-lila, por estar totalmentemergulhado em madhura rasa, é totalmente distinto dos outros passatempos do Senhor. Do mesmo modoque uma jóia, um mantra ou um poderoso remédio, este rasa-lila tem uma potência estonteante eindiscutível fazendo com que ao ouvi-lo as pessoas na forma humana se tornem devotadas ao SenhorSupremo. Todos os devotos que ouvem estes passatempos serão exitosos e obterão o máximo prazer.

Haverá ainda alguma dúvida a esse respeito?Nesse diapasão, podemos citar o seguinte verso do Srimad Bhagavatam (10.33.30):

naitat samacarej jatu manasapi hy anisvarahvinasyaty acaran maudhyad yatha'rudro'bdhijam visam

"Em outras palavras, os que não são Ishvara, Senhor Supremo,que não possuem poder, nunca podem tentar imitar os passatempos do Senhor, até mesmo mentalmente.Se alguém por tolice tenta beber o veneno que foi gerado do oceano, com certeza , será destruído."

A essência dos comentários de Sri Jiva Gosvami e Sri Visvanatha Chakravarti Thakura sobre esse

verso é que as entidades vivas que são subservientes ao corpo material e que são anisvara- desprovidas dapotência controladora do Senhor - nunca podem se comportar como foi citado, mesmo que sejamentalmente. O que pode, então, ser dito da execução dessas atividades. Nem sequer podem ser desejadas.Em suma, os atos executados pelo Senhor que transgridem os códigos religiosos não devem sequer sermeditados.

A palavra samacaran (comportamento), quando a dividimos em suas duas partes constituintes(samyak + acarana), indica uma atitude completa. Foi usada aqui para indicar que essas atividades estãocompletamente proibidas. Portanto, o significado é que este comportamento não pode ser adotado nemmesmo em sua mínima parte. O que se pode dizer, então , da execução dessas atividades através da fala edos sentidos. Essas atividades não podem sequer ser concebidas mentalmente.

A palavra hi indica que , com certeza, não pode ser executada. Se alguém se propõe a transgredirisso, será totalmente aniquilado. O significado da palavra maudhyad (estupidez) é que se alguém, semconhecer a potência do Senhor e a sua própria incompetência, por tolice, adota esse comportamento estáfadado a total queda, do mesmo modo que se alguém , exceto o Senhor Shiva, se propuser a consumir omortal veneno, terá instantânea destruição. Todavia, o Senhor Shiva, por beber o veneno não obtevedestruição , ao contrário, obteve maior esplendor e fama recebendo o nome de Nilakantha, aquele cujagarganta tornou-se azul por ter bebido veneno.

Aqui neste verso, proíbe-se a imitação desse comportamento, ainda que no verso seguinte(10.33.36)-yah srutva tatparo bhavet - evidencia-se que não só os devotos , mas qualquer pessoa que ouça essespassatempos, irão se tornar totalmente devotados ao Senhor Supremo. Isso explicaremos no verso seguintedo Srimad Bhagavatam (10.33.39):

vikriditam vraja vadhubhir idan ca visnohsraddhanvito 'nusrnuyad atha varnayed yahbhaktim param bhagavati pratilabhya kamanhrd -rogam asv apathinoty acirena dhirah

"Uma pessoa sóbria que ouve com fé e continuamente de seu Guru as narrações da sem precedente dançada rasa do Senhor Sri Krishna com as jovens esposas(gopis) de Vraja e depois descreve esses passatempos,muito em breve vai alcançar para-bhakti ou prema-bhakti em relação ao Senhor Supremo, e assim se tornacompetente para com rapidez se curar da doença da luxúria do coração."

Aqui Sri Jiva Gosvami comenta no seu Vaishnava Toshani:

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sraddhaya visvasenanvita iti. tad viparttavajna-rupaparadha-nivrty arthanca nairantaryarthanca . tac caphala vaisistyartham, ataeva yo'nu nirantaram srnuyat, athanantaram svayam varnayec ca, upalaksanancaitat smarec ca, bhaktim prema-laksanam para Sri gopika premanusaritvat sarvottama jutiyam;pratiksanam nutanatvena labdha, hrd-roga-rupam kamam iti bhagavad visayah kama viseso vyavacchinnah,tasya parama prema rupatvena tad vaiparttyat. kamam ity bhagavad visayah kama viseso vyavacchinnah,

tasya parama prema rupatvena tad vaiparttyat, kamam ity upalaksanam anyesam api hrd-roganam . anyatrasruyate(sri gita 18.54) - "brahma bhutah prasanntama na socati na kanksati, samah sarvesu bhutesu madbhaktim labhate param."iti atra tu hrd rogapahant purvam eva parama bhakti praptih tasmat paramabalavadevedam sadhanam iti bhavah.

Tendo concluído a narração do rasa-lila, Shukadeva Gosvami ficou totalmente imerso no êxtaseespiritual. Neste verso, ele descreve os frutos da audição e do canto de rasa-lila e assim dá bênçãos a todosos futuros ouvintes e recitadores. Aqueles que incessante e fielmente ouvem o rasa-lila de Sri Krishna comas jovens esposas de Vraja e em seguida recita esses passatempos, com rapidez, alcança para-bhakti emrelação a Bhagavan Sri Krishna e assim abandona a doença-luxúria do coração.

Sraddhanvita significa ouvir com fé firme. Esta palavra foi usada para prevenir a ofensa queresulta da desconfiança (avisvasa) ou da desconsideração (avajna) com relação as declarações do shastra -em completa oposição ao princípio de ouvir com fé. Ela também é usada para promover a constanteaudição. Através dessa palavra , assinala-se a importância da audição. As palavras atha varnayed indicamque após a audição constante do rasa-lila junto a outros passatempos especiais, a pessoa irá pessoalmentenarrar aqueles passatempos. Através de upalaksana, ou implicação indireta, indica-se mais adiante queapós ouvir e narrar a pessoa irá lembrar-se daqueles passatempos e obterá grande deleite neles. Em outraspalavras, a audição, o canto, a lembrança, o experimentar do deleite, etc., todos estão contidos nas palavrassraddhanvitah anusrnuyat atha varnayed ( ouvir amiúde com fé e após narrar).

Para-bhakti significa bhakti que vai na esteira das gopis de Vraja. Portanto, refere-se aqui abhakti de prema-bhakti ou da mais elevada categoria. A palavra pratilabhya (repetidamente obtida), emconjunto com a palavra para-bhakti, indica que primeiramente para-bhakti (possuindo a característicadistinta de prema) é obtida com o coração a cada momento numa variedade sempre nova . Porconseqüência a pessoa , com rapidez, abandona a doença da luxúria do coração.

Aqui a diferença entre kama (luxúria material) como uma doença do coração e kama (amorespiritual) em relação ao Senhor Supremo está apontada. Elas se distinguem uma da outra. A palavra kamaaqui indiretamente conclui que todas as doenças do coração será rapidamente dispersa.

É dito no Bhagavad-gita (18.54) : "Aquele que se situa na posição transcendental além dacontaminação dos três modos da natureza (bhrama-bhuta), que está totalmente satisfeito no eu, que nãolamenta nem anseia por nada, e que olha imparcialmente por todos os seres vivos, alcança para-bhakti emrelação a Mim."

Neste verso do Gita, diz-se que uma pessoa alcança para-bhakti somente após o desaparecimentodas doenças do coração, mas no verso acima é dito que a pessoa alcança para-bhakti mesmo antes dessedesaparecimento, por via de consequência, compreende-se que a audição e canto do rasa-lila é a formamais poderosa de sadhana.

Srila Visvanatha Chakravarti Thakura declara no seu comentário Sarartha-darsini emrelação ao mesmo verso (10.33.39):

anudinam va srnuyat.atha varnayet kirttayet svakavitaya kavyarupatvena nibadhniteti va.param premalaksanm prapyeti ktiva pratyayena hrd-rogavaty apy adhkarini pratham ataeva premanah pravesas tatas tatprabhavenaivacirato hrd roga nasa iti premayam jñana vaishnava-siddhantacharya-samraj iva na durbalamparatantras ceti bhavah.hrd-roga-rupam kamam iti bhagavad visayakah kama viseso vyavacchinnah tasyapremamrta rupatvena tad vaiparityat.dhirah pandita iti hrd roge satyapi katham prema bhaved ity anastikya

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laksanema murkhatvena rahita ity arthah.ataeva sraddhanvita iti sastravisvasinam namaparadhinampremapi nangikarotiti bhavah.

O prefixo anu (repetida ou metodicamente) quando se aplica a palavra srnuyat (ouvir) indicauma audição constante. Através de continuamente se ouvir do shravana guru e Vaishnavas e depois disso

recitar, narrar ou descrever (aqueles passatempos) em versos de sua própria composição, tal pessoa alcançapara-bhakti ou em outras palavras bhakti que possui a natureza de prema (prema-laksana-bhakti).

O sufixo ktva foi usado na formação do verbo pratilabhya (obtido) como se segue: prati +labh + ktva. De acordo com as regras da gramática sânscrita quando se aplica o sufixo ktva a uma raizverbal que tenha prefixo , ele é substituído por yap. Em seguida a letra p cai e assim se obtém a forma finalda palavra pratilabhya. O sufixo ktva se aplica ao primeiro dentre dois verbos executado pelo mesmoagente para demonstrar ação sucessiva ou seja, após obter prema, abandona-se todos os desejos luxuriososdo coração. Neste caso, a primeira ação é pratilabhya (obtenção de prema) e a segunda ação é apahinoti (renúncia ao desejos luxuriosos do coração).

Portanto, o sufixo ktva no verbo pratilabhya indica que embora a luxúria e outros males

ainda permaneçam dentro do coração, primeiro prema-bhakti entra no coração, destruindo por suaextraordinária influência todos os vícios pela raiz. Em outras palavras ouvir e recitar rasa-lila possui umpoder tão extraordinário que a luxúria no coração do sadhaka fiel é destruída e ele alcança prema. Emboraos dois ocorram simultaneamente, a influência de prema se manifesta primeiro através de seu efeito,dissipam-se todos os desejos luxuriosos do coração.

Dessa forma com o resultado de se ouvir e cantar as narrações do passatempo do Senhor, apessoa primeiro vai alcançar prema pelos pés de lótus do Senhor e depois disso seu coração ficará livre dosdesejos luxuriosos e de todas as contaminações. Em outras palavras tal pessoa se torna perfeitamente puraporque prema não é um processo débil como jñana e vaishnava-siddhantacharya-samraj. Bhakti éonipotente e supremamente independente.

As palavras hrd-roga-kama indicam a diferença entre desejos luxuriosos do coração e kamaem relação ao Senhor Supremo. Kama em relação ao Senhor Supremo é da própria natureza do néctar deprema (premamrita svarupa), ao passo que os desejos luxuriosos do coração são exatamente o oposto.Portanto, esses dois itens são diferentes um do outro. Isso está consubstanciado pelo uso das palavras hrid-roga-kama.

A palavra dhira significa pandita, ou aquele que é versado no shastra. O que descrê dasdeclarações deste verso e permanece pensando do seguinte modo: “Enquanto a doença da luxúriapermanecer no coração, não se pode obter prema”, é dito que possui um temperamento ateísta. Aquelapessoa que está livre desta conduta tola e ateísta é conhecida como pandita ou pessoa sóbria (dhira).Conseqüentemente, apenas os que tem uma firme fé no shastra são conhecidos como dhira. Aqueles quenão possuem fé nas declarações do shastra são ateístas e ofensores do Santo Nome. As pessoas que pensam

que só após erradicar a luxúria é que poderão obter prema, elas mesmas nunca vão alcançar prema.Por consequência, apenas nos corações dos sadhakas (devotos fiéis) que acreditam nasdeclarações dos shastras, é que prema vai manifestar sua influência como resultado de ouvir o lila-katha.Portanto, tanto a luxúria quanto todos os males presentes dentro do coração dos devotos serão destruídospela raiz pela força dessa audição.

O comentário de Srila Visvanatha Chakravarti Thakura sobre o Srimad-Bhagavatam (10.47.59)também é relevante nesta discussão. Nesse verso se declara que bhakti é a única causa de qualidadessuperiores que se encontram em qualquer indivíduo. Austeridade, conhecimento, sabedoria e assim pordiante, não são a causa de qualidades superiores. Embora bhakti em si esteja acima de tudo, ela nãoaparece apenas nos indivíduos excepcionais dotados com todas as boas qualidades. Pelo contrário, bhaktipode se manifestar ou permanecer mesmo nas pessoas mais condenáveis e indignas. Além do que bhaktifaz com que pessoas totalmente desprezíveis e caídas alcancem todas as boas qualidades, tornando-sedignas de respeito por todos, podendo alcançar o mais elevado e raro desígnio.

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Por esta razão, a opinião de que bhakti-devi entra apenas no coração depois que todos os anarthas,aparadhas, luxúria e outras doenças do coração tiverem sido totalmente erradicas, não encontra suporte nosshastras. Pelo contrário, pela misericórdia do Senhor Supremo ou de Seus devotos, ou através da execuçãode sadhana e bhajana com plena fé, a rara bhakti entra no coração e depois é que todos os anarthas sedissipam de modo natural  – esta é a conclusão das escrituras.

Portanto, apenas fiéis sadhakas com uma crença firme nas declarações dos shastras, guru eVaishnavas são elegíveis para ouvir o lila-katha do Srimad Bhagavatam que estão repletos de rasa. E, nosentido oposto, aqueles que acreditam que apenas os sadhakas que estão completamente livres de todos osanarthas são elegíveis para ouvir os passatempos acima mencionados, sequer conseguirão se livrar dosseus próprios anarthas, nem estarão aptos para ouvir lila-katha, mesmo após milhões de nascimentos.

Outro ponto a ser considerado é que se aceitássemos os argumentos contrários (de queapenas os que se livraram de todos os anarthas podem ouvir lila-katha) , então, nós, sadhakas que aindaestamos afetados pelos anarthas, embora possuidores de alguma fé, nunca poderíamos ouvir ou ler oslivros sagrados deixados pelos acharyas Gaudiya Vaishnavas Rasika como Srila Sanatana Goswami , SrilaRupa Goswami, Srila Visvanatha Chakravarti e Srila Bhaktivinoda Thakura. Assim, estaríamos

condenados a eterna privação sobre os temas que versam sobre as verdades extremamente confidenciais eelevadas de bhakti que foram faladas por esses acharyas. Não haveria, pois, nenhuma possibilidade de queacontecesse a ânsia por raganuga-bhakti que não poderia de outro modo ser desperta em nossos corações.Estaríamos assim eternamente frustrados em relação a esse assunto, até então, proibido sobre prema-rasado mais munificente Sri Sachinandana, o outorgador de Krishna – prema. Qual seria então a diferença entreos Gaudiya Vaishnavas que se abrigaram em Sri Cheitanya Mahaprabhu e os outros Vaishnavas de outrassampradayas?

Um terceiro ponto a se considerar é o que se segue. No Sri Cheitanya Charitamrita (madhya,8.70) cita-se o seguinte verso do Padyavali:

Krsna-bhakti-rasa-bhavita matihKriyatam yadi kuto 'pi labhyateTatra laulyam api mulyam ekalamJanma-koti-sukrtair na labhyate

Aqui as palavras laulyam api mulyam ekalam ( de fato, o único preço a ser exigido é a ânsia) indicaque este desejo raríssimo não pode surgir nem mesmo for força de atividades piedosas acumuladas durantemilhões e milhões de nascimentos. Como pode em alguém então nascer esta vontade? As palavrasKrishna – bhakti-rasa-bavita matih indicam uma pessoa cuja inteligência ou percepção foi desperta emrelação a Krishna – bhakti-rasa. Aqui se responde que por simplesmente se ouvir fielmente as narrações dospassatempos de Sri Krishna saturados com rasa dos lábios de rasika Vaishnavas em que surgiu o Krishna – 

bhakti-rasa, ou através do estudo fiel e atento das literaturas relacionadas com os passatempos de SriKrishna provindas desses rasika Vaishnavas pode ser obtida essa vontade. Não existe outras maneiras defazer nascer esse anseio.

Outro argumento, totalmente ilógico, que se dá é que atualmente não existem sadhakas queestejam totalmente livres dos anarthas e , portanto, ninguém é elegível, nem no futuro haverá alguémelegível . Deve-se entender que esse estado de libertação da luxúria e dos anarthas não é em si e por si aexigência que se faz para entrada em raganuga-bhakti. Muito pelo contrário, o único requisito para seentrar em raganuga-bhakti é o despertar do desejo em relação a madhurya (doçura). Saibam que não existenenhuma certeza de que pelo simples cumprimento rotineiro das regulações de vaidhi-bhakti haverá odespertar automático do desejo por raganuga-bhakti. Em nenhuma parte das escrituras existe evidênciadisso. Portanto, o que temos que fazer é seguir ao pé da letra as instruções dos acharyas anteriores atravésde seus comentários sobre os versos mencionados do Srimad Bhagavatam que falam de raganuga-bhakti.

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Pela inspiração de Sua Divina Graça Srila Guru-pada -padma nitya-lila pravista OmVisnupada astottara-sata Sri Srimad Bhakti Prajñana Keshava Gosvami Maharaja e os repetidos pedidos demuitos devotos que são como zangões, eu apresento Sri Venu-Gita ao leitores acompanhado com umsignificado aos comentários de Srila Chakravarti Thakura e Srila Jiva Gosvami chamados Sarartha Darsinie Sri Vaishnava Toshani, respectivamente. Ao ler este assunto com total fé, a ânsia por adentrar em

raganuga-bhakti será, com certeza, germinado nos corações de devotos fiéis. Este em si é o própriosignificado da vida humana.

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MANGALACHARANA

Namah om visnupadaya gaura presthaya bhutaleSri srimad bhakti prajñana Keshava iti namineAtimartya caritraya svasritananca paline

Jiva duhkhe sadarttaya sri nama-prema dayine

Eu ofereço minhas reverências prostradas ao meu mais adorável mestre espiritual Jagad Guru OmVisnupada 108 Sri Srimad Bhakti Prajna Keshava Goswami, o Acharya que é como um leão, que executoufeitos extraordinários , que mantém seus dependentes com o máximo cuidado e afeição, cujo coração seenternece de compaixão pelo sofrimento das almas condicionadas que se afastaram de Sri Krishna e quedistribui Sri nama-prema.

Visvasya natha rupo'sau bhakti vartma-pradarsanatBhakta-cakre varttitatvat cakravartty akhyaya bhavat

Porque ele ilumina o caminho de bhakti para todos ( do mesmo modo que Visvanatha Mahadeva, omelhor entre os devotos), ele é conhecido como 'Visvanatha'. Devido a que ele alcançou a posição maisexaltada na comunidade de devotos, ele é conhecido como 'Chakravarti'. A partir do significado dessasduas palavras, seu nome se tornou ainda mais significativo como Visvanatha Chakravarti. ( a palavrachakra significa círculo ou roda e varti significa habitar. Assim Chakravarti significa aquele que residenum círculo ou comunidade. Neste caso a palavra varti também carrega o sentido de um eixo ou eixo derodas sobre qual a roda gira. Assim, Chakravarti é aquela pessoa que é o eixo sobre qual a comunidadeVaishnava gira.)

sri cheitanya mano 'bhistam sthapitam yena bhutalesvayam rupah kada mahyam dadati sva-padantikam

Quando Sri Rupa Goswami, o querido associado de Sri Cheitanya Mahaprabhu, vai me outorgar o abrigode Seus pés de lótus? Ele estabeleceu Krishna – prema e o método de se obter Krishna – prema neste mundo,que é o desejo interno do coração de Sri Cheitanya Mahaprabhu.

Vancha kalpatarubhyas ca kripa sindhubhya eva caPatitanam pavanebhyo vaisnavebhyo namo namah

Eu ofereço minhas reverências prostradas repetidas vezes aos Vaishnavas que são como árvores do

desejo, satisfazendo os desejos de todos e que são como um oceano de misericórdia, purificando as almascaídas e condicionadas.

venunada sudhavrstya niskramayyokti madhurimyasam nah payayamasa krsnasta eva no gatih

O derramar do néctar na forma de melodia da flauta de Sri Krishna , que é perito nos váriospassatempos esportivos por toda Vraja, faz com que Suas mais queridas vraja gopis deixem escapar o fluxode doçura na forma de suas palavras que são suscitadas pelo êxtase de prema. Ele outorgou a nós a boasorte de beber as declarações dessas gopis que são o nosso único e exclusivo abrigo.

Namo maha-vadanyaya Krishna – prema-pradayateKrsnayaKrishna – cheitanya-namne goura tuise namah

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 Ofereço minhas prostradas reverências a Sri Gouranga Mahaprabhu, que é resplandecente com a

compleição dourada , tendo assumido o sentimento e refulgência corpórea de Sri Radha. Ele éGopijanavallabha, o Próprio Sri Krishna , levando o mais misericordioso nome de Sri Krishna Cheitanyaque outorga a mais valiosa e rara mercadoria de Krishna – prema.

TEXTO UM

sri shuka uvacha

Ittham sarat-svaccha-jalampadmakara-sugandhinanyavisad vayuna vatamsa-go-gopalako 'cyutah

sri -sukah uvacha- Sri Shukadeva Gosvami disse ( ou sriya shuka, o muito querido papagaio de SrimatiRadhika disse); ittham- desse modo; sarat - da estação de outono belamente adornada; svaccha - claro;

 jalam - tendo água; padma-akara-dos lagos, lagoas e rios tais como o Yamuna, Kusuma-sarovara, ManasiGanga, govinda-kunda e outros reservatórios de água repleto de flores de lótus; su-gandhina- com umadoce fragrância; nyavisat - Ele entrou; vayuna - pela brisa fragrante e fresca; vatam-ventilado; sa- com; go-as vacas; gopalakah-e os vaqueirinhos; acyutah - o infalível Nandanandana Sri Krishna

TRADUÇÃO

Sri Shukadeva Gosvami disse: Desse modo, Ó Maharaj Parikshit, Sri Vrindavana tornou-se deextrema beleza devido a extraordinária decoração da estação de outono. Os lagos, lagos e rios estavamrepleto de água doce e cristalina. Uma brisa fragrante e gentil soprava, levando o aroma da flor de lótusdos lagos. O infalível Nandananda Sri Krishna entrou nesta encantada floresta de Vrindavana, se fazendoacompanhar pelas vacas e gopas.

COMENTÁRIO

Shukadeva Gosvami explica as seis estações.(*) O verão e a estação das chuvas já passaram, eagora estamos no outono. Ao outono se segue o inverno e após vem vasanta, primavera. EmboraVrindavana esteja sempre em clima de primavera, existem algumas diferenças entre as estações. Esteprimeiro verso do Venu-Gita descreve a estação de outono.

Uma vez que a estação de outono vem após a estação das chuvas, os lagos e rios ficam cheios deágua pura e as flores de lótus estão em plena florescência. As abelhas estão “ beijando” as flores em suasandanças, daqui para ali, sorvendo o néctar. O ar está abundante e forte com a fragrância de várias flores -beli, chameli , juhi e outras.

É nesta Vrindavana que Krishna com os gopas e vaquinhas entram na floresta todas as manhãs.Balarama também está com Ele. As gopis de suas casas observam Krishna e Seus amigos entrarem nafloresta, e assim entre amigas que compartilham do mesmo humor amoroso por Krishna, elas discutem ospassatempos dEle.

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Este verso descreve um passatempo matinal. Embora Krishna já tenha adentrado na floresta deVrindavana, as gopis ainda estão vendo essa entrada na floresta e ouvindo a canção de Sua flauta em seuscorações. Elas se juntaram em grupos específicos para conversar sobre Krishna e para expressar suasmentes para as outras gopis que compartilham do mesmo humor.

Existem diferentes tipos de grupos (samuha).O termo samuha refere-se a um grupo genérico que

consiste tanto de gopis mais velhas na rasa de afeição de pais, como gopis mais jovens que têm umarelação conjugal com Krishna. Dentro desses grupos existem muitos partidos (yutha). Cada yutha possuiuma uythesvari ou líder. Srimati Radhika é a líder de um partido de gopis, Chandravali é a líder de outra eShyama, Bhadra, Chitra e às vezes Lalita e Vishakha são líderes de outros partidos.

Dentro desses partidos(yutha), as gopis se dividem em partes ainda menores que consiste naquelasque estão experimentando o mesmo bhava ou sentimento amorosos em relação a Krishna. Dentro dessaspequenas facções (ganas), as gopis revelam seus corações umas às outras. Desse modo, elas ficam absortasnesse passatempo em particular e são capazes de realmente vê-lO em seus corações. As gopis não serecordam de seus lares, de seus corpos físicos ou de qualquer coisa material. Elas só vêem a Krishna e ospassatempos com Ele, embora elas estejam em casa e Ele esteja na floresta com as vaquinhas e os

vaqueirinhos.

  Na Índia, de fato, existem 6 estações, após o verão a estação das chuvas e após o inverno a estação seca-a cada 2 meses há uma estação distinta.

Esses passatempos ocorrem no outono (sarat), entre o verão e o inverno. As flores estãodesabrochando e o peso de suas fragrâncias tornam o ar tão pesado que até mesmo o simples mover-senesse ambiente é dificultoso. Qualquer um que tente correr nessa atmosfera encontra dificuldade. Porestarmos no outono o ar também se encontra ligeiramente frio. Jayadeva Gosvami escreveu um belopoema que traz as seguintes linhas: dhira-samire yamuna-tire vasanti vane vana-mali. dhira - samiresignifica que a brisa sopra agradavelmente; yamuna-tire significa às margens do rio Yamuna. Embora asgopis estejam em suas casas no povoado, elas podem ver Krishna às margens do Yamuna dentro de seuscorações por estarem absortas na lembrança dos passatempos dEle. Por terem entregue seus corações etoda atenção a Krishna, elas se tornaram ansiosas e todos os sintomas de êxtase se manifestam.

No primeiro verso do Venu-gita, as gopis descrevem tanto o cenário de Vrindavana quanto a belezade Krishna no momento que Ele se embrenha na floresta com milhares de vaquinhas e vaqueirinhos (sa-go-

gopalako 'cyutah) . Acyuta significa que Krishna é infalível. O Seu semblante é formoso. Ele está inquietoe isso por sua vez faz com que as gopis fiquem ansiosas. Krishna rouba seus corações (viksipta-manaso-nrpa) e os leva dentro de Seu próprio coração . Assim as gopis perdem os sentidos; seus corações estãocom Krishna.

As gopis expressam purva-raga, o humor da expectativa do encontro com Krishna. Existem doistipos de purva-raga, um do sadhaka que pratica raganuga-bhajana e outro do devoto siddha. O raganuga-sadhaka só pode experimentar uma sombra ou aparência de purva-raga, mas os vrajavasis experimentam apurva-raga genuína. Quando Srimati Radhika encontra Krishna, Ele pensa que é a primeira vez que O estávendo e Krishna pensa que nunca antes encontrou Radhika. Radha e Krishna são nitya-navina. Eles sãosempre viçosos. Os raganuga-sadhaka só podem vivenciar purva-raga quando visuddha-satva(bondade

pura) entra em seus corações . Até esse momento chegar, ele experimenta purva-raga apenas de um modoteórico. Quando o saddhaka alcança o estágio siddha, ele pode vivenciar tudo em sua forma pura.

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Tanto o Srimad-Bhagavatam quanto o Bhihad Vamana Purana explica que as gopis ao ouvirem aflauta de Krishna dividem-se em três tipos: as kaya-vyuha de Srimati Radhika, as nitya-siddhas e assadhana-siddhas. As gopis que pertencem a categoria de kaya-vyuha não são jiva-tattva. Elas sãoexpansões corpóreas de Srimati Radhika que é uma personificação de hladini-shakti. As gopis nitya-siddhasão jiva-tattva que se manifestam a partir de Baladeva Prabhu. Elas em tempo algum estiveram

condicionadas. As gopis sadhana-siddha são de dois tipos: yauthaki e ayauthaki. A palavra yauthikasignifica que pertencem a um grupo (yutha) ou, em outras palavras, membro de um partido. As gopisyauthaki pertencem a um partido específico e as ayauthaki não . As gopis yauthaki se subdividem em duascategorias: shruti cari e rsi cari ou muni-cari ( os sábios que meditaram em Dandakaranya).

As gopis sruti-chari praticaram raganuga-sadhana por muitos milhares de anos e elas satisfizeram oSenhor através da oferenda de belas preces. Pela graça do Senhor, elas alcançaram a associação de devotosavançados ao nível de Rupa Gosvami e Raghunatha das Gosvami e desenvolveram no passado o estágiosde shraddha, nistha, ruchi, asakti e bhava. Quando elas chegaram ao estágio onde o bhava está prestes a seconverter em prema, elas deixaram seus corpos e nasceram nos ventres das gopis em Vrindavana. Emseguida se associaram com devotos nitya-siddhas e tornaram-se aptas a se juntar na dança da rasa e outros

lilas. As gopis rsi-chari não praticaram em sua plenitude o raganuga-bhajana. Não se tornaram siddha.Elas alcançaram o nível de suddha-sattva através da meditação. Elas também possuem lobha (ânsia) porbhajana como o de Rupa e Raghunatha Gosvamis. Quando viram o Senhor Ramachandra, seus desejos setornaram ainda maior e o seu próximo nascimento se deu no ventre de gopis, pela misericórdia do Senhor.Segundo a qualificação anterior, algumas das gopis rsi-chari receberam a associação de devotos nitya-siddha e algumas não receberam. Aquelas que receberam associação das gopis nitya-siddha se purificaramatravés dessa associação e assim se tornaram aptas a juntarem-se a dança da rasa. Aqueles que não seassociaram com as gopis nitya-siddha foram retidas por yogamaya.

Tanto as gopis srt-cari como as gopis rsi-chari são gopis yathaki - eles pertencem a partidosespeciais segundo o bhava ou humor de serviço a Krishna. As gopis ayauthaki são as filhas dossemideuses. Todas elas desenvolveram lobha (desejo) de se associar com Krishna em humor conjugal porouvir e ver os passatempos de Krishna. As gopis yauthaki são praticantes sob a guia de gopis nitya-siddha.

Quando Krishna chamou as gopis a floresta no meio da noite para a dança da rasa, apenas aquelasgopis que tinham alcançado a perfeição foram capazes de ir. Pela influência de yogamaya, as gopis nitya-siddha não possuem um relacionamento verdadeiro com seus maridos e elas não possuem filhos. Portanto,elas são capazes de ir a Krishna. As gopis menos avançadas tem relacionamento com seus maridos e assimelas são embaraçadas por eles. Pela influência de yogamaya, essas gopis são impedidas de ir a Krishna paraa dança da rasa, no entanto, devido elas experimentarem purva-raga intensa e por causa do desejo de seassociarem com Krishna, o fogo da separação queima o bom e mal karma delas e elas ficam purificadas. Opurva-raga delas é tão forte que pelo simples ouvir da flauta de Krishna, elas ficam absortas na lembrança

de Krishna em profunda separação.O Srimad Bhagavatam 10.29.10 declara:

duhsaha-prestha-viraha-tivra-tapa-dhutasubhah

."Para aquelas gopis que ficaram confinadas em suas casa, a separação intolerável distante de seu amadocausa uma intensa agonia que queima lentamente todo karma ímpio. "Sri Visvanatha Chakravarti explicouque seus corpos eram em parte material e em parte chinmaya (espiritual). A base de seu karma impiedoso(asubha) era que elas tinham alguma atração por seus maridos e filhos e pelos afazeres do mundo. Contudo, o fogo da separação lentamente queimava tudo. Krishna apareceu a elas nesse momento e elas O

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retiveram em seus olhos e O trouxeram em seus corações, abraçando-O tão intensamente que tanto okarma piedoso quanto o impiedoso desapareceram (praksina-bandhanah).

O karma impiedoso delas desapareceu, mas Sri Visvanatha Chakravarti nos diz que o subha karmatambém desapareceu. O que é esse karma piedoso? Asubha significa apego ao mundo; subha significaelogio, riqueza, reputação, seguidores - tudo que de forma automática vem quando se pratica bhakti.

Ambos os karmas são obstáculos em bhakti. No caso dessas gopis, seus maridos e outros parentes asamava muito, e o apego delas a esse subha karma era um obstáculo que desapareceu quando elas puseramKrishna em seus corações.

Atualmente , temos tanto subha quanto asubha karma. Sri Visvanatha Chakravarti Thakura explicaesses dois karmas totalmente no Bhakti-rasamrita-sindhu-bindu e no Madhurya kadambini. Os anarthasnessas obras foi dividido em categorias: sukrti-uttha, duskrta-uttha, bhakti-uttha, aparadha-uttha. Duskrta-utta significa que estamos embaraçados em muitos prazeres e sofrimentos de nossos corpos. Devido aestarmos corporificados, sofremos de tantas maneiras, e isso aparece para trazer obstáculos a nossa bhakti.Quando todos os anarthas tiverem sido dissolvidos do coração , então suddha-bhakti pode entrar.

No caso das gopis rsi-chari, nem tudo desapareceu pela prática de raganuga-sadhana; elas ainda

retêm uma pequena quantidade de subha e asubha karma. As gopis sruti-chari estavam numa posiçãodiferente porque através da associação delas com os devotos nitya-siddha, elas estavam totalmente livrestanto das atividades piedosas quanto impiedosas. Como resultado, elas eram capazes de ir a Krishnaquando Ele as chamava com Sua flauta. Essas gopis não eram almas comuns. Elas foram capazes demeditar em Krishna vinte e quatro horas por dia em purva-raga. As gopis no Venu-gita passaram por todosos estágios de sadhana e alcançaram prema.

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TEXTO DOIS

kusumita-vanaraji-susmi-bhrnga-dvija-kula-ghusta-sarah-sarin-mahidhrammadhupatir avagahya carayan gah

saha-pasu-pala-balas cukuja venum

kusumita- em floração; vana-raji -entre as fileiras de árvores da floresta; susmi - enlouquecido; bhrnga-com abelhas; dvija- de pássaros; kula-e rebanhos; ghusta - ressoando; sarah sarit- seus lagos, lagoa e rios;mahidram - Govardhana, Nanda-gaon e todas as outras colinas; madhu-patih-akdhila-rasamrta-sindhu SriKrishna (aqui madhu significa rasa; portanto, madhu-patih, refere-se ao rasika Krishna que é o oceano denéctar na forma da rasa completa); avagahya - entrando e banhando-se; cararyan- enquanto pastoreando(pastorear); gah - as vacas; saha-pasu-pala-balah- na companhia dos animais, os vaqueirinhos e Seu irmãomais velho, Balarama; cukuja- vibrou; venum - sua flauta

TRADUÇÃO

As abelhas intoxicadas zuniam daqui para ali entre as fileiras de verdes árvores exuberantesrepletas de fragrantes e belas flores. Todos os lagos, rios e colinas da floresta ressoavam com o doce emelodioso arrulhar dos bandos de vários pássaros. Madhupati Sri Krishna, acompanhado por Baladeva e osgopas, entraram nesta floresta e, enquanto pastoreavam as vacas, vibravam uma doce melodia de Suasedutora flauta.

COMENTÁRIO

Este verso descreve como as abelhas enlouqueceram pela fragrância de kamala, beli, chameli, juhie todas as outras flores recém florescidas. As abelhas estavam intoxicadas ao saborear o madhu ou mel dasflores. Gradualmente como elas voavam de flor em flor, elas perdiam sua discriminação devido aintoxicação e aterrizavam em qualquer flor, sem considerar sua qualidade.

Krishna é da mesma classe das abelhas, e portanto Ele é mencionado neste verso como Madhupati,o Senhor de madhu. Krishna é o maior entre as abelhas, contudo Ele é da mesma natureza e possui a tezcomo das pequenas abelhas. Quando as gopis vêem as abelhas em Vrindavana, elas se lembram deKrishna. Elas vêem as abelhas enlouquecidas voando da fragrante flor kamala para uma flor que nãopossui fragrância , e isso relembra a elas de como Krishna saboreia as gopis e então, após se intoxicar daassociação delas, perdendo Sua discriminação, vai Se encontrar com Kubja. As gopis acham que Krishna

está cego ou dominado por um sonho, num estado de intoxicação similar ao das abelhas.Uma vez que as abelhas não possuem discriminação, elas vão se sentar numa flor de lótus parabeber o mel mesmo que as flores estejam para se fechar. A lótus se fecham e as abelhas ficam presasdentro. Elas estão tão intoxicadas que sequer lutam para se livrar . Do mesmo modo, Krishna vai de umalinda gopi, que é como uma flor, a outra gopi, então, Ele esquece as gopis e vai até kubja e outrasmulheres.

Kusumita-Vanaraji , Vrindavana está repleta dessa variedade de flores. Usualmente, as árvorescomo a mango e jambu não florescem no outono, mas nessa época, flores de todas as estações seencontram resplandecentes e as árvores estão carregadas de frutas. As gopis vêem as flores e as abelhasque voam daqui para ali, e elas também vêem os pássaros (dvija-kula) - cucos, pavão e pássaros papiha(uma espécie comum de cuco) . O pássaro papiha faz um som que se assemelha a "pikaha". Pi significapriyatam, "onde está meu amor? Onde está meu amor?" E os cucos gritam, "Ku hoo, ku hoo." De fato, kurefere-se a Krishna. O pássaro está impaciente porque não pode ver Krishna .

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Cada palavra do Bhagavatam é néctar condensado. A palavra "cuco" nos faz lembrar de umanayaka e nauika, Um amante e sua amada. Segundo o Bhakti-rasamrita-Sindhu, a lembrança que sechama tecnicamente de uddipana, é um estímulo para o despertar de rasa no humor de lembrança deKrishna. A flauta de Krishna, os pavões, os pássaros e as abelhas nos trazem a lembrança dos passatemposde Krishna em Vrindavana.

Os pavões macho e fêmea cantam ke ka ke ka. O macho grita "ke", Radha. Quando Krishna entrana floresta pela manhã, Srimati Radhika experimenta mana (ira ciumenta) , e ela também está tímida porencontrar-se com Krishna porque existe tantas pessoas presentes de um bhava (virudha) oposto. A sogradela, cunhada, marido e outros parentes estão presentes e eles vão criticá-la. Ela fica suportando aascensão de seu próprio bhava na presença de tantas pessoas. Contudo, quando Ela ouvir a flauta deKrishna e observar que Ele lhe lança um olhar, Ela vai encontrar Krishna . Krishna A chama através dosom da flauta dEle e devido a beleza dEle, Ele induz Ela a sobrepujar todos os obstáculos e encontrá-lO nafloresta.

O pavão fêmea está gritando "ka"- Krishna é um elefante que só pode ser controlado por SrimatiRadhika. Portanto, quando os pavões chamam uns aos outros, eles incrementam a rasa - ajudam Krishna a

lembrar de Radhika e Radhika lembrar de Krishna.Ghusta-sarah-sarin-mahidhram: os pássaros cantam em toda parte de Vrindavana, e a fragrânciadas flores penetram na atmosfera. O Yamuna( que é um rio feminino) fica tomada de alegria quando ouvea canção da flauta de Krishna e o vê-lO entrar na floresta com as vacas e os vaqueirinhos (madhupartiravagahya crayan gah saha- pasu -pala- blas cukuja venu ).

Quando eles entraram na floresta, só Krishna tocava a flauta, enquanto os outros meninos ouviamou cantavam junto. Este ponto será melhor esclarecido no capítulo: anu-venu-justam (texto 7)

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TEXTO TRÊS

tad vraja-striya asrutyavenu-gitam smarodayamkascit paroksam krsnasya

sva-sakhibhyo‟ nvavarnayan 

tat- este, vraja-striyah-as jovens mocinhas (kishoris) na aldeia de pastores de Vraja, asrutya- ouvindo, venu-gitam - a canção da flauta, smara-udayam - instigando um desejo intenso dentro do coração para seencontrar com Krishna , kascit- algumas delas, paroksam- privadamente ( As gopis se encontram num localprivado onde Krishna não estava presente. Nem outras pessoas ali estavam, tais como as sogras ou outrosmembros familiares das gopis), krsnasya- as amadas gopis de Krishna , sva-sakhibhyah- para companhiaíntima delas, anu-avarnayam- continuamente descrito (enquanto num estado de tadatma- identificaçãocompleta com Krishna )

TRADUÇÃO

O som da flauta desperta sentimento de amor em relação a Krishna e um desejo intenso deencontrar com Ele. Quando as gopis ouvem aquele som, seus corações ficam tomados de prema. As gopisse tornam totalmente apaixonadas e, num local retirado, elas começam a descrever a forma e qualidade deSri Krishna e a poderosa influência da Sua flauta em Seus amigos íntimos.

Krishna controla toda entidade viva através de Sua flauta. Quando as ordenhadeiras ouvem acanção de Sua flauta, elas de imediato vem correndo na direção dEle. Mesmo a natureza é controlada pelaflauta de Krishna. Quando ela (a natureza) ouve a canção da flauta , todas as árvores e flores brotam ecriam uma bela atmosfera para as trocas amorosas.

Os gopas e as gopis também ficam enlouquecidos pelo som da flauta de Krishna (tad vraja stryaasrutya venu-gitam smarodayam). Quando se fala esses versos, as gopis não ouvem o som da flauta deKrishna. Krishna já partiu para a floresta. Portanto, as gopis lembram-se da canção da flauta em suasmentes e corações. Smaradayam significa que kamadeva, o cupido, está aparecendo. As gopis lembram deseus passatempos conjugais com Krishna. Kama significa prema, contudo não é prema comum. Quando asgopis experimentam kama, elas querem encontrar Krishna e Krishna deseja encontrá-las. Elas se tornamloucas em smara ( recordações de suas trocas conjugais com Sri Krishna ).

Nisto, kascit paroksam Krishnasya sv-sakhibhyo nvavarnayan quando um pote está cheio eletransborda. Do mesmo modo, quando as gopis se tornam preenchidas pelo som da flauta, elas começam adiscutir os passatempos e qualidades de Krishna com outras gopis. Elas ficam loucas devido ao amor.

Embora elas tentem falar, não conseguem falar de uma maneira ordenada : elas discutem seus diferentespassatempos com Krishna segundo as ondulações do bhava delas.Quando as gopas ouvem o som da flauta de Krishna elas pensam que é lindo, mas o som da flauta

de Krishna possui um efeito muito diferente nas gopis. De fato, as vacas, os gopas e as gopis estão todosouvindo os seus próprios nomes no som da flauta. "Krishna está me chamando!" Radha ouve, "Radhe!Radhe!" Lalita ouve, "Lalite! Lalite!" e cada uma das vacas ouve seu próprio nome e pensa que Krishnaestá chamando por ele. Cada gopi pensa que a canção da flauta é uma representante de Krishna(pratinidhi). Krishna enviou o representante na forma dessa canção que entra em seus ouvidos e rouba suasmentes e corações. Nisto o som carrega aquelas mentes e corações de volta a Krishna. Quando as gopisvêem que suas mentes e corações foram roubados por Krishna, elas na hora correm atrás do ladrão que osroubou. O único que importa é perseguir o ladrão.

Madhupatir avagahya carayan gah saha-pasu-pala balas cukuja venum: Madhupatir é Krishna. Omadhu de Seus lábios está entrando na flauta e está sendo transformado em néctar (batido). E esse néctar

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que entra nos ouvidos das gopis e as faz ficar loucas de amor por Krishna. Este verso declara: tad vraja-striya asrutya

venu-gitam smarodayamkascita paroksam Krishnasyasv-sakhibhyo nvavarnayan

Ao se beber esse madhu, néctar, dos lábios de Krishna através do veículo de vamisi, elas ficamloucas com kama (smaraudayam). Smara significa prema , mas especificamente, é a posse de kamanugaou gopis Kamatmika. Kama é visuddha prema -1.

As gopis são como xícaras repletas de néctar. Quando transbordam , elas começam a discussãosobre os passatempos e qualidades de Krishna, entre as gopis de um bhava similar. Elas conversam sobreKrishna , sobre a Sua flauta, tudo sobre Krishna. Krishna já entrou na floresta e elas não podem de fatoouvir a canção da flauta, mas elas ouvem em suas mentes. Quando eu era jovem, eu costumava ir entre às18 horas até às 4 horas ver dramas teatrais baseados no Ramayana. Quando terminava e estávamos nocaminho para casa, ainda podíamos ouvir o som em nossos ouvidos. Esse é um exemplo de como as gopis

ouvem o som da flauta de Krishna, muito embora elas estejam em casa e ele tenha ido para a floresta.

1-No estágio de bhava, visuddha-sattva é injetada no coração do raganuga sadhaka pelosassociados eternos ragatmika do Senhor que residem em Goloka Vrindavana. Então ele se torna sthayi-bhava. Após isso os elementos de vibhava, anubhava, sattvika-bhavae vyabhicari-bhava se misturam com osthaytbhava. No estado de bhava esses elementos serão experimentados somente no pequeno grau. Osadhaka não pode experimentar além desse estágio no corpo atual. Após abandonar esse corpo , o sadhakaque tenha alcançado esse estágio nasce no prakata-lila do Senhor. Ali ele pode alcançar prema, que sedesenvolve em sneha , mana, pranaya, raga, anuraga, bhava e Mahabhava. Visuddha prema refere -se a estedesenvolvimento de prema desde seu estágio inicial (simplesmente chamado prema) até Mahabhava.

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TEXTO QUATRO

tad varnayitum arabdhahsmarantyah krsna-cestitamnasakan smara-vegena

viksipta-manaso nrpa

tat- esta ( a doçura da flauta de Krishna ), varnayitum- descrever, arabdhah- iniciando, smarantyah-lembrando (i.e., mexer e voltar repetidamente com suas mentes), krsna-cestitam- as atividades de Krishna(que atrai os corações de todos), na asakan- elas são incapazes, smara-vegena- pela força de seu prema queestá repleto com kama para o encontro com Krishna , viksipta- agitado, manasah- cujas mentes, nrpa- ÓRei Pariksit

TRADUÇÃO

As gopis de vraja começam a descrever a doçura do som da flauta de Krishna entre elas, mas assimque elas se lembram da flauta, elas ficam tomadas com fortes sentimentos de afeição pelo amado, SriKrishna. Assim elas se lembram de suas atividades fascinantes, sobrancelhas artisticamente curvadas, seuolhar compelindo cheio de amor e Seu doce e suave sorriso. Os corações delas ficam plenos de um imensodesejo de se encontrar com Shyama. Elas por completo perdem o controle de suas mentes e de imediatoelas chegam antes de Sri Krishna dentro de seus corações. Suas vozes ficam abafadas de êxtase e assimelas não são capazes de descrevê-lO .

COMENTÁRIO

Tad varnayitum arabdhah: as gopis começam a discussão dos passatempos de Krishna (Krsna-cestitam). Embora elas estejam experimentando purva-raga , elas também experimentam a presença deKrishna por conversar sobre os passatempos delas com Ele. Em geral, quando um devoto experimentapurva-raga (separação) ele não experimenta a presença de Krishna simultaneamente. Esses são humorescontraditórios. Contudo, as gopis saboreiam ambos os humores simultaneamente.

O Srimad Bhagavatam descreve que por lembrar e discutir os passatempos de Krishna, as gopisenlouquecem pela força ascensional do cupido. Elas se lembram dos graciosos passos de dança(lalita-

gati), de Seu belo sorriso e Sua encantadora conversa com elas. Elas se lembram, por exemplo, comoSrimati Radhika foi ao Kusuma-sarovara para colher flores com Lalita e Vishakha. Krishna desejavaencontrar-se com Ela, assim ele também foi ao kusuma -sarovara.

Quando Ele a viu, ele perguntou: "Quem é você?Ela respondeu: "Você não sabe quem eu sou? Por que você fala isso? "Krishna queria conversar com Radhika e sob este pretexto, Ele incitou uma discussão .Srimati Radhika disse: "Não, eu é que não sei quem Você é. Por que Você me pergunta quem sou

Eu?"Krishna : "Você é uma ladra. Você está roubando Minhas flores."Radha: “Você é que é o verdadeiro ladrão . Você destrói as flores de Vrindavana ao conduzir as

vacas nas florestas e permite que as vacas e os vaqueirinhos esmaguem essas flores. Nós, as gopis,plantamos essas flores, assim por que Você alega serem Suas as flores?"

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Desse modo, Radha e Krishna discutem. As gopis lembram-se este passatempo junto com muitasoutras conversas entre Krishna e as gopis. E elas se lembram como Krishna dança tão graciosamente ecomo ele fala de um modo que prende os corações das gopis a Ele. Elas desejam discutir essas coisas entreelas (nasakan smara-vegena viksipta-manaso), contudo devido que o prema delas está repleto de kama dodesejo de se encontrar com krishna , saborear Krishna e ser saboreada por Krishna , elas não conseguem

falar.

TEXTO CINCO

barhapidam nata-vara-vpuh karnayor karnikarambhibhrad vash kanaka-kapism vaijayantim ca malamrandhran venor adhara-sukhayapurayan gopa-vrndairvrndaranyam sva-pada -ramanam pravisad gita-kirtih

barha- uma pena de pavão, apidam- como decoração na cabeça, nata-vara- do melhor entre os dançarinos(ou sem paralelo em intrigas ou galanteios amorosos), vapuh- o corpo transcendental, karnayoh- nasorelhas, karnikaram- uma flor similar a lótus amarela, bibhrat- usando, vasah- vestimentas, kanaka- comoouro, kapisam- amarelado, vaijayantim- chamado vaijayanti (uma guirlanda ensartadas de flores de cincocores diferentes e que se estende até os joelhos), ca- e, malam- a guirlanda, randhran- os buracos, venoh-da flauta, adhara- de Seus lábios, sudhaya- com o néctar, apurayan- preenchendo, gopa-vrndaih- pelosvaqueirinhos, vrnda-aranyam- a floresta presidida por Vrinda devi ( a floresta de Vrindavana), sva-pada-devido as marcas incomuns de Seus pés de lótus, ramanam- encantando, pravisat- Ele adentrou, gita- sendocantado, kirtih- Suas glórias

TRADUÇÃO

De início as gopis começaram a ver Krishna dentro de suas mentes. Acompanhado com seusamigos vaqueirinhos. Sri Krishna Se embrenhou na encantadora floresta de Vrindavana. Sua cabeça seencontrava decorado por uma pena de pavão. Ele ostentava flores karnikara sobre Suas orelhas e umaroupa amarela dourada em Seu corpo, além de uma bela e fragrante guirlanda vaijyayanti em torno de Seupescoço Sri Krishna exibia Sua aparência supremamente cativante, do mesmo modo que o melhor entre osdançarinos ao se exibir no palco. ele preenchia os buracos de Sua flauta com o néctar de Seus lábios. Osvaqueirinhos O seguiam cantando Suas glórias que purificam todo o mundo. Deste modo, a floresta deVrindavana manifestava um esplendor ainda maior que o apresentado em Vaikuntha, devido a queVrindavana estava em bem aventurança pelas marcas dos pés de lótus de Krishna .

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Comentário

Descreve-se Krishna como usando um ornamento de pena de pavão em Sua cabeça. A pena depavão possui sete cores primárias, do mesmo modo que as cores do arco-íris. O arco-íris sempre aparecenuma posição oposta ao do sol, em um dia nublado o arco-íris apresenta uma beleza especial. Do mesmo

modo, Krishna possui o tom de um arco-íris recém formado. Ele é shyama, azul escuro. Quando umanuvem está repleta de água, ela ficara escura. O clarão de relâmpagos vem e vão. Esses claros são opitambhara (dhoti amarelo), e o arco-íris da pena de pavão é um mukuta (ornamento) que fica no turbantede Krishna .

Descreve-se Krishna também aqui como nata-vara, o melhor entre os dançarinos. No teatrodramático indiano, o início do programa se dá com um jovem casal dançando antes do espetáculopropriamente começar, com a finalidade de encantar a audiência. O jovem casal se veste belamente einiciam a dança. Isso se chama nata. Quando eles aparecem diante da platéia, todos silenciam e prestamtoda a atenção. Krishna se chama o melhor entre os dançarinos. O senhor Shiva também é conhecido comodançarino (nata raja), como também são assim conhecidos os Gandharvas e os semideuses, contudo

Krishna aqui é descrito como o melhor, vara.Em Hindi, vara significa o jovem noivo. Mesmo um jovem feio fica parecendo belo no dia de seucasamento. Seus parentes, vão decorá-lo com ouro e ornamentos para fazer com que ele pareça bonito.Krishna nos três mundos é o mais belo rapaz entre todos. Ele é tão belo quanto “ um elefanteenlouquecido”. Às vezes Ele coloca uma flor karnikara sobre uma de suas orelhas. Sri VisvanathaChakravarti Thakura explica em seu comentário a este verso: “ Somente uma flor karnikara é usada. Apalavra kanayoh (orelhas) está no caso dual, o que indica que às vezes a flor está colocada na orelhaesquerda e às vezes na direita. Ele a usa desse modo, com uma expressão da intoxicação de Sua juventudee assim as atividades de Krishna agita muitíssimo a influência do cupido para aquelas jovensordenhadeiras”. 

karnikaram bibhrad vasah kanaka kapisam vaijayantim ca malam. O seu dhoti amarelo(pitambhara, knaka kapisam) é mais belo que o ouro. Sua guirlanda vaijayanti, que consiste de umacombinação de cinco tipos de flores diferentes, que pende de Seu pescoço até Seus joelhos. É de uma docefragrância repleta de tulasi manjaris e por isso atrai as abelhas.

Randhran venor adhara sudhayapurayan: Krishna preenche Sua flauta com o néctar de Seus lábios.O venu é masculino , ainda assim ele saboreia a doçura dos lábios de Krishna , contudo a flauta nãoconsegue segurar este néctar, que de imediato seca na forma do som.

Este é um verso famoso e é o melhor shloka em todo o Srimad Bhagavatam no que se refere alembrança de Krishna . Existem três shlokas no Srimad Bhagavatam que são considerados análogos,embora exista alguma gradação entre eles. Junto a este verso, existe os versos 10.14.1 e 10.23.22:

sri brahmovacanaumidya te‟bhra vapuse tadid ambaraya gunjavatamsa paripiccha laso mukhayavanya sraje kavala vetra visana venulaksma sriye mrdu pade pasupangajaya

“O senhor Brahma disse: Ó Senhor, você é quem pode receber a adoração de todo o universo. Ó filho dorei dos vaqueirinhos, Seu corpo transcendental é de um azul escuro como uma nuvem recém formada, suasroupas são brilhantes como relâmpagos e a beleza de Seu rosto aumenta pelos Seus brincos gunja e a penade pavão de Sua cabeça. usando guirlandas de flores diversas de diferentes florestas e usando um bastão depastorear, um chifre de búfalo, uma flauta e um punhado de grãos misturado com iogurte em Sua mão,Você é muito atrativo. Seus pés de lótus são muito macios. eu ofereço minhas preces a Você.” O outro verso:

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 syamam hiranya paridhim vanamalya barhadhatu pravala nata- vesam anuvratamsevinyasta -hastam itarena dhunanam abjamkarnotpalalaka kapola mukhubja hasam

“Sua tez era negra , shyama, como uma nuvem de chuva recém formada e Sua roupa dourada. Decoradocom uma pena de pavão, minerais coloridos, hastes de botões de flores e uma guirlanda de flores e folhasda floresta. Ele estava vestido com o melhor de todos os dançarinos. ele repousava Seu braço esquerdosobre os ombros de um amigo e com sua mão direita, girava uma flor de lótus como passatempo, e líriosornamentavas Suas orelhas, Seus cabelos caiam sobre Suas bochechas e Sua face de lótus sorriadocemente.” 

Estes três shlokas possuem uma gradação, a prece de Brahma é o início, as esposas dos yajnisbrâmanes estão no meio e o ápice se alcança na descrição de Krishna pelas gopis. Nos seguimos as gopis,

não Brahma ou as dvija patnis, eles também são avançados , mas nos desejamos apenas seguir as gopis. Asdescrições parecem similares, mas cada verso revela um sabor diferente ou ambição no narrador. Cada umdeles descreve a beleza de Krishna , contudo Brahma adora Krishna com dasya rasa. Krishna se encontrano topo do Monte Evereste e Brahma se posiciona na base da montanha em dasya rasa olhando para cima,ele é tão avançado que consegue ver o cume da montanha mesmo estando na base, assim ele está olhandoKrishna como seu servo humilde. Portanto, ele oferece reverências em sua prece: “Krishna , Você é o maiselevado e eu sou seu servo caído” 

As dvija-patnis, contudo, não estão oferecendo reverências a Krishna . Elas tem algum gosto porvraja rasa, elas encontram Krishna nos limites de Vrindavana e Mathura. Portanto , elas estão maispróximas de Krishna . A ambição delas é entrar nos passatempos de Krishna em Vrindavana. Estando nafronteira de Vrindavana e Mathura significa que elas estão numa posição marginal.

Elas são residentes de Mathura assim elas possuem alguma aishvarya bhava, porém, elas tambémpossuem laulyam pelo humor e passatempos de Krishna de Vrindavana. A ânsia delas é uma centena devezes mais forte do que a de Brahma e portanto elas podem entrar em alguns passatempos de Krishna aooferecer a Ele e Seus amigos vaqueirinhos algo para comer. As dvija patnis são capazes de cruzar afronteira entre aishvarya bhumi e madhurya bhumi e ver Krishna como um belo vaqueirinho. Por estarazão, elas não oferecem reverências como Brahma o fez.

As dvija patnis ainda não vivenciaram seus athayi bhava. elas seguem na trilha das kamatmikagopis, por elas terem nascido em Mathura na família de brâmanes elas se deparam com um obstáculo emsua adoração no humor de Vrindavana . elas são no momento atual kamanugas (aspirando seguir askamatmikas gopis); em suas próximas vidas, elas nascerão no ventre de vraja gopis e elas próprias se

tornarão kamatmika gopis. Devido a que elas não encontraram sabor na adoração a Krishna em Mathura , euma vez que elas seguem as kamatmikas gopis nesta vida dia, todo o karma , tanto piedoso comoimpiedoso delas, serão queimados e elas poderão nascer em Vrindavana segundo desejam.

A descrição dada pelas gopis é a melhor entre os três versos. O Senhor Brahma descreve a formosabeleza corpórea de Krishna como sendo uma nuvem de chuva recém formada (abra sekam). Tanto oSenhor Brahma quanto as dvija patnis descrevem a tonalidade corpórea de Krishna , as gopis vêem Krishnaatravés de um olhar diferente. todos os três versos descrevem a guirlanda vaijayanti de Krishna ou Sua florou Seu dhoti amarelo, mas Brahma não descreve o sorriso na face de Krishna , nem Krishna quando tocaSua flauta. Brahma vê a flauta de Krishna presa em sua cinta junto com sua vara de pastorear e Sua corneta(vanya sraje kavala vetra visana venu). A descrição dada por Brahma de Krishna não é tão bela quanto aque fornece as brâmanes.

A flauta também não está presente na descrição dada pelas dvija patnis, ao invés disso elasconcentram-se na descrição da face de Krishna , Sua tez e as decorações da floresta que Ele usa:

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 syamam hiranya paridhim vanamalya barhadhatu pravala nata- vesam anuvratamsevinyasta -hastam itarena dhunanam abjamkarnotpalalaka kapola mukhubja hasam

Krishna está tocando Sua flauta apenas na descrição que nos fornece as gopis, Elas descrevem osorriso de Sua face e como néctar de Seus lábios secam pelas fendas da flauta: randhran venor adharaaudhayapurayan gopa vrndair. Quando Krishna sopra Sua flauta, a canção da flauta primeiramente buscapor alguém qualificado para ouvir. Ao não encontrar ninguém, ele sobe até Brahmaloka após cruzar o RioViraja, em seguida vai até mukti dhama. em seguida vai até Shiva loka, após vai a Vaikuntha , apósAyodhya e Dvaraka, após Mathura . Contudo em nenhum lugar ele encontra alguém qualificado para ouvirsua canção. finalmente, ele entra em Vrindavana . Lá ele encontra alguns devotos que são qualificadospara receber seu néctar, mas ele não vai em direção aos devotos que estão em santa ou dasya ou mesmosakhya rasa. Ele encontra alguns devotos qualificados entre os que estão em vatsalya rasa, todavia,

somente entra no mais profundo do coração e mente das gopa ramanis, as amantes do MeninoVaqueirinho. Lá ele encontra belos corações e os rouba. Então, ele retorna a Krishna .

mukti-dhama- Mahakalapura consiste de duas partes , uma de coberturas óctuplas do universo e alémdisso, mukti-dhama. Após se libertar de todos identificação grosseira, uma pessoa se torna apta a entrar nasoito coberturas do universo. Aquele que deseja mukti mas ainda não está livre de identificações sutis edesejos por desfrute ficam presos nestas cascas do universo. Após se livrar mesmo das contaminaçõessutis, a pessoa adentra em Mukti-dhama. Lá, a refulgência do Senhor - Brahman - é proeminente. Alémdisso se situa Sadashiva-loka, em seguida temos Vaikuntha, após Goloka Vrindavana (Brihad-Bhagavatamrita parte 2, capitulo 2.225-226, Capitulo 3.12-31)

Quando as gopis ouvem a canção da flauta, elas enlouquecem e correr em direção a Krishna parareclamar no que foram roubadas. Não importa o que estejam fazendo - quer estejam comendo ou sevestindo ou passando cosméticos, ou servindo seus maridos e filhos. Elas apenas correm para Krishna semqualquer outra consideração.

Cada uma das gopis caminha sozinha, sem parar para chamar as outras. Embora as gopis tenhamficado atordoadas em êxtase e não consigam falar (nasakan smara-vegena viksipta-manaso), ainda assimnão conseguem parar de falar como mulheres loucas. A conversa que travam não obedece a uma ordemlógica mas devido a loucura pulam de assunto para assunto. Quando nos debruçamos sobre os versos doVenu-gita, percebemos que não existe uma relação sequencial entre os versos, não existe qualquerseguimento. Elas falam o que vem na mente. Este verso em especial foi falado por Shukadeva Goswami,

mas os versos seguintes foram falados por diversas gopis.A terra se sente afortunada porque Krishna caminha em sua superfície. As gopis tambémreconhecem a boa fortuna da terra quando elas observam os passos deixados por Krishna em todo lugar.Vendo Suas pegadas e ouvindo a canção de Sua flauta, elas endoidecem tanto que não conseguem falar,mas após algum tempo elas recobrem a fala de uma maneira dissimulada para não revelar seus corações.

Este shloka é necessário para a pratica de nossa raganuga-bhajana. Temos que nos lembrar deKrishna segundo essa descrição. Temos tão pouco tempo e nosso coração ainda está tão duro. Em primeirolugar temos que aprender o significado do Srimad-Bhagavatam , e se aprendemos os significados maisinternos, isso nos dará a qualificação para ler os livros dos Seis Goswamis e seus seguidores.

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Texto Seis

iti venu ravam rajansarva bhuta-mahoharam

Srutva vraja-striyah sarvaVarnayantyo bhirebbhire

Iti- assim, venu-ravam- a vibração da flauta , rajan- Ó Rei Pariksit, sarva-bhuta- para todos os seres vivos,manah-haram- roubando as mentes, srutva- ouvindo, vraja- striyah- as moças da aldeia de raja, sarvah-todas elas, varnayantyah- ocupada sem descrever , abhirebhire- abraçado a Sri Krishna , a personificaçãoda suprema bem aventurança espiritual.

Tradução

Ó Rei, o som da flauta de Krishna rouba as mentes de todos os seres viventes, sejam animados ou,inanimados. Quando as jovens gopis de Vraja ouvem esse som elas começaram a descrevê-lo. Enquantoelas prosseguem na descrição do som da flauta elas entram num estado de transe extático e ficamcompletamente absortas pensando em Sri Krishna . Dentro de seus corações, elas vão abraçar Sri Krishna ,que é a personificação da suprema bem aventurança espiritual.

comentário

Sri Shuka descreve o som da flauta do ponto de vista das gopis, O Maharaja Pariksit, o som doce daflauta venu é sarva-bhuta-manoharam, atrai as mentes de todos as entidades vivas . Embora as gopis osaboreie de um modo especial. elas ficam tomadas de kama. Primeiramente vem o cupido, tad varnayitumarabdhah smarantyadh Krishna cestitam nasakan smara-vegena yiksipta manaso nrpa (texto 4):smara(cupido) vem. Esse éo motivo de elas desejarem falar, mas não conseguem . Temos um significado muito profundo aqui; Por

que elas não consegue falar? Devido a que elas todas estão tentando esconder algo. elas querem ocultar aprofundidade de seus bhava umas das outras. Seus corações estão transbordando como um oceano repletode ondas, contudo elas tentam esconder o que sentem. avahita significa ocultar algo falando de uma formaindireta.

Aqui temos todas as gopis sentindo smara kama. Kama e prema significam amor, mas kamapossui um significado profundo e especial. A partir de bhava nos percebemos prema, contudo não existekama neste prema. Não existe kama antes do estagio de anuraga (estagio no desenvolvimento de prema) ,

devido a que kama não é objeto de sakhya e vatsalya-rasa. Após anuraga, kama surge : ao ver Krishna ouqualquer coisa que faca lembrar Krishna , surge kama. Portanto, são apenas as gopis que possuem smara ,que vivenciam kama. Apenas as gopis kamanuga ou kamatmika. Todas as gopis que se manifestam noVenu-gita são kamatmika.

Uma das características de kama é que esse sentimento tenta se ocultar. Essa é a svarupa ou naturezade kama. Kama é como uma serpente que sempre quer se esconder. Cada uma das gopis desejam ocultarseus sentimentos das outras gopis, temendo que pelos sintomas de seu smara, as outras poderãocompreender o que ela esta sentindo . Trata-se aqui de um segredo aberto, mas mesmo assim cada uma dasgopis querem ocultar o fato de que amam a Krishna , elas querem se encontrar com Krishna e desfrutar comKrishna . Quando isso é feito as ocultas, torna-se muito mais lindo. Elas acreditam que se disserem as clarasque desejam sentir o gosto de Krishna , tudo será estragado.

Srutva vraja-striyah sarva varnayantyo bhirebhire. Cada uma delas esconde seu prema em relação aKrishna . Ao invés de dizer que Krishna é o belo, elas dizem que esta ou aquela árvore tamala é tão bela.

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Essas corças são tão felizes, pois, não precisam permissão de seus maridos para irem até Krishna .elas assim não mencionam Krishna , mas falam indiretamente de seu amor por Ele, e assim falando elaspercebem o amor no coração das outras gopis Elas falam uma após a outra. Shukadeva Gosvami ouve aspalavras delas que fluem do coração e as repete a Maharaja Pariksit. aksanvatam phalam idam na paramvidamah. Para os que possuem olhos, acreditamos que nada superior é observável com o sentido da visão”

(texto 7).Rupa Gosvami desenvolve seu estilo ao descrever o livro Ujjvala-nilamani após ler esses versos , ou

podemos também dizer que esses veros (em especial os que estão contidos nos capítulos rasa doBhagavatam) foram escritos no estilo desenvolvido no livro Ujjvala-nilamani de Rupa Goswami. O livroSrimad Bhagavatam é mula-pramana, a raiz original de todas as evidências védicas. Portanto, Rupa Gosvamicompôs sua poesia nos passos da versão do Srimad Bhagavatam. todavia, devido a que Rupa Gosvami éRupa Manjari, uma associada eterna de Radha e Krishna , ele é a origem de toda compreensão. Assim é damesma forma verdade dizer que o Srimad-Bhagavatam segue a direção fornecida por Rupa Gosvami. Paracompreender rasa, a pessoa deve estudar o Ujjvala-nilamani com um Vaishnava rasika. Dessa forma, elapode adentrar profundamente neste campo e compreender todos os sintomas de bhava e prema.

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TEXTO SETE

sri gopya ucuhadsanvatam phalam idam na param vidamah

Sakhyah pasun anuvivesayator vayasyaihvaktram vrajesa-sutayor anuvenu-justam

Yair va nipitam anurakta-kataksa-moksam

sri -gopyah ucuh- as gopis disseram, aksanvatam- dentre os que possuem olhos, phalam-o fruto, idam- estabela visão do rosto de Sri Krishna quando Ele embrenha-Se na floresta com as vaquinhas e os vaqueirinhos,na- não, param- outro(objeto da visão para os olhos), vidamh- sabemos, sakhyah- Ó amigos, pasum, asvacas, anuvivesayatoh-fazendo com que entre numa floresta após a outra, vayasyaih- com Seus amigos demesma idade, vaktram- os rostos, vraja isa- de Maharaja Nanda, sutayoh- dos dois filhos (Krishna e

Balarama ), anu-venu-justam- possuidores de flautas, yaih- pelo qual, va- ou, nipitam- bebido ou saboreado( o néctar das olhadelas laterais de Krishna ), anurakta-amorosa, kata-aksa-olhadelas de lado, moksam-lançar.

Tradução

As gopis iniciam uma conversa ente si: Ó sakhis! achamos que dentre os que possuem olhos, existeuma única coisa que é o objeto apropriado da visão. O êxito dos olhos reside em contemplar apenas esteobjeto. Não sabemos de outro mais. E qual é o objeto mais precioso a ser alcançando para os olhos? É avisão dos dois filhos de Maharaja Nanda, Sri Krishna e Baladeva, acompanhados pelos gopas, quandoembrenham-se pela floresta levando as vacas, ou quando eles retornam trazendo-as de volta a Vrindavana.Eles seguram Suas flautas em Seus lábios e olham para nos com um sorriso suave e um carinhoso olhar desoslaio repleto de amor. Neste instante, bebemos a doçura de Suas faces.

Comentário

Ao mesmo tempo que experimentavam o bhava de avahita (tentando ocultar sua kama), as gopisiniciaram uma conversação. Existem muitos diferentes grupos de gopis formados segundo o humor comumentre elas de amor a Krishna . Aqui, uma gopi está falando. “ Qual é o propósito desses olhos? Qual autilidade de se ter olhos? Só temos uma resposta: ver o rosto de Krishna quando Ele Se embrenha na florestade Vrindavana com as vacas e os gopas, vestido como um belo dançarino no frescor de Sua juventude. Ele

parece com um elefante louco. As gopis são testemunhas dessa cena todas as manhas .Sudhayapurayan gopa- vrindair: Krishna está cantando rodeando pelos gopas que O aplaudem,Sadhu, sadhu, sadhu! Vrindaranyam sva pada- ramanam pravisad gita- kirtih (texto 5): Ele caminha sobre aterra de Vrindavana e marcas do solado de Se pé ficam impressas por toda parte ,e portanto a Terra Seconsidera afortunada por ter Krishna caminhando suavemente sobre seu seio. Pravisad-gita-kirtih: as gopisestão pensando na boa sorte de Prithivi-devi( a Terra) e quando elas vêem as marcas dos pés de Krishna eouvem a canção de Sua flauta, elas ficam tão loucas que sequer conseguem articular seus sentimentosrelacionados a Krishna com as outras gopis. após algum tempo elas se recompõem e reiniciam a conversa.

As gopis falam sobre a canção da flauta que atrai todas as entidades vivas, embora não sejam todasas entidades que de fato são atraídas. Apenas as gopis são realmente atraídas. Todas as entidades vivasouvem a doçura da canção da flauta de Krishna , mas somente as gopis enlouquecem . Ninguém mais correpara Krishna quando ouve o som de Sua flauta; tal som é em especial de tremenda doçura para as gopis.

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Srutva vraja-striyah sarva varnayantyo bhirebhire: desse modo elas conversam entre si sobre Krishna e Suaflauta, e elas questionam sobre o efeito que esse som produz nas outras pessoas. Elas dizem:

adsanvatam phalay idam na param vidamahsakhyah pasun anuvivesayator vayasyaih

vaktram vrajesa-sutayor anuvenu-justamyair va nipitgam anurakta-katuksa-moksam

Krishna possui tantas vacas e tantos vaqueirinhos O acompanham. Vayasyaih significa que osmeninos são da mesma idade que Krishna , todos são Kishora(adolescentes). As gopis falam em sentidoamplo, cuja descrição inclui as vacas e os gopas(vaqueirinhos), devido a que elas tentam esconder seubhava. todas vêem Krishna como muito belo, assim não se comprometem em destacar isso, e assim elasfalam uma para as outras. Cada uma delas quer dissimular seu sentimento para a outra. Portanto, elasmencionam que Krishna está indo para a floresta acompanhado pelos meninos e pelos animais. Assim elasdisfarçam o amor exclusivo que sentem por Krishna .

As gopis dizem phalam idam, o fruto de seus olhos é ver Krishna . Elas declaram que não conhecemnada alem de Krishna . Krishna se faz presente com Seus amigos e vaquinhas, e ele adentra na floresta deVrindavana , que é muito fragrante com as flores que desabrocham e frutas amadurecidas. Vaktram vrajesa-sutayor significa “ só para ver o belo rosto de Krishna quando Ele está rodeado pelos vaqueirinhos”.contudo, este verso possui outros significados. Vrajesa significa Nanda, e sutayor significa Krishna eBalarama . Anuve-justam: A flauta está em Seus lábios. Yair va nipitam anurakta-katksa-moksam, Krishnaestá olhando para as gopis com um olhar amoroso (anurakta-kataksa). ele olha para elas pelo canto de Seusolhos e sorri. Ele está mendigando por algo com grande afeição . As gopis declaram que aqueles que nãoviram Krishna mendicante não puderam perceber o valor de seus próprios olhos.

De fato, segundo Sri Jiva Gosvami, Sri Sanatana Goswami e Sri Visvanatha Chakravarti Thakuraeste verso possui quatro ou cinco significados. O significado acima é o superficial ou simples, poremexistem outros significados rasika.

Parece haver algo errado neste verso. As gopis amam apenas a Krishna , mas Baladeva também estapresente. Quando Baladeva está presente ao lado de Krishna , as gopis se tornam tímidas e cobrem seusrostos com os saris. Não existe a troca de olhares na presença de Balarama . Por que, então, ShukadevaGosvami narra o fato como se Krishna e Balarama estivessem ambos presentes no momento em que Krishnaflertou com as gopis? O significado se esconde na língua sânscrita.

As gopis conversam entre si com o mesmo bhava, o mesmo yutha. elas dizem, “ Ó sakhi. Krishnaestá vindo. ele olha para nos pelo canto de Seus olhos e está mendigando algo. Ele possui tal beleza, rodeadopelos gopas”. Sutayor significa Baladeva e Krishna . Porem anu significa que Krishna vem logo atrás deBaladeva . Baladeva já se embrenhou na floresta e Krishna está para adentrar, e ele está olhando e sorrindo

para as gopis para pedir seus kama. Ele lança dardos a partir do arco de Sua sobrancelha (puspabana) . Asgopis comentam que alcançar tal visão é a perfeição de seus olhos. Não é suficiente poder ver Krishnadentro de um quadro geral quando Ele adentra na floresta pela manhã rodeado pelos vaqueirinhos evaquinhas, o que é necessário é poder vê-lO sozinho com Seu olhar recheado de kama.

A menção que as gopis fazem do nome de Baladeva é outro exemplo da tentativa delas para esconderseus verdadeiros sentimentos por Krishna . Ao mencionar o nome de Baladeva, ninguém vai atinar do amorexclusivo delas por Krishna . Todos vão pensar que não existe um sentimento exclusivo com relação aKrishna porque o significado de vrajesa-sutayor é a narração de Krishna e Balarama adentrando na floresta.

Anuvenu-justam: essa é a chave para outro significado. Baladeva não toca a flauta todo o tempoporque Ele não é tão habilidoso quanto Krishna . Baladeva geralmente toca o chifre de búfalo . Anuvenu-

  justam - significa que é Vrajendranandana que está caminhando atrás de Baladeva e toca Sua flauta. Asgopis indiretamente estão dizendo que Balarama está tocando o chifre de búfalo , assim embora pareça queelas se refiram tanto a Krishna quanto a Balarama , elas falam apenas sobre Krishna , pois é ele que está

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tocando a flauta. Elas querem ir ver Nanda-suta, aquele Krishna que está coma flauta em Seus lábios eolhando para nós com tanto amor. Mas, como elas poderão ir ver Krishna ? Os pais das gopis poderão vê-laspartir - bem como sogra, sogro e cunhadas. Assim elas conversam baixinho, pois assim não serão ouvidaspor seus superiores. De outro modo, seus parentes as acusarão de ser incastas e as prenderão em casa. Qual opior castigo que seus parentes poderão infligir? Eles poderão expulsar as gopis de casa. Todavia, as gopis

estão preparadas para isso, se não fosse assim elas estariam sempre proibidas de ver Krishna e seus olhos setornariam inúteis. Ainda que as gopis mais velhas não proíbam suas filhas e noras devido a que elas mesmasestão indo ver Krishna quando ele se embrenha em Vrindavana pela manha. Assim as gopis pensam, “quemal poderá haver se também formos?”. 

Uma das gopis vai para se certificar se está seguro e após juntas decidem ir ver Krishna a distância.Nipitam anurakta-kataksam-molsam, Krishna está olhando amorosamente para nós, Nipita significa beber.Elas estão bebendo kataksa-moksam, os olhares transversos que Krishna envia para elas e Ele está olhandopara elas. Uma sakhi diz para que elas sigam adiante e sorvam o néctar da flauta de Krishna e Seu sorriso,“Desse modo, este verso possui três ou quatro significados que podemos compreender analisando cada umadas palavras.

Estes shlokas estão aqui para que os usemos em raganuga-sadhana. Temos que ser curiosos paracompreender todos os significados dos versos e ver Krishna dessa maneira. Sakhya possui dois significados:sakha (amigo) e sakhi (amiga). Vayasyaih significa tanto amigo como amiga. As gopis se referem apenas aKrishna quando falam de vrajesa-sutayor anuvenu-justam. Balarama está presente, no entanto segue a frentena floresta. Krishna mantém a flauta em Seus lábios e olha para as gopis pelo canto de Seus olhos. As gopistambém estão oferecendo archana para Krishna pelo canto de seus olhos. Portanto, quem quer que tenhatestemunhado esta cena alcançou a finalidade de possuir olhos.

Outro significado deste verso se baseia na definição de vrajesa-sutayor. Baladeva segue na dianteira eKrishna , o irmão mais novo (anu), segue logo atrás . As gopis dizem que apenas desejam ver o rosto doirmão mais novo de Balarama , o belo Krishna . todavia. quando olhamos para as palavras vrajesa-sutayor,encontramos outro significado.

Devido a que as gopis só querem ver Krishna entre elas, elas usam as palavras sakhyah e vayasiaihambas referindo-se as gopis, não aos gopas. Quando Krishna se embrenha na floresta com os vaqueirinhos,ele atua com Sua potência yogamaya para deixar os gopas para trás. Assim ele vai para o kusuma-sarovara,Radha-kunda ou Surya-kunda para encontrar as gopis. Vayasyaih (rodeado pelos amigos) refere-se a Krishnaestar rodeado pelas gopis, Srimati Radhika também está presente.

As palavras vrajesa-sutayor possui outro significado. Vrajesa refere-se a dois pais, VrishabhanuMaharaja e Vrajesa-nanda. Ambos são Vrajesa, reis de Vrindavana . Vrishabhanu-suta é Radhika e Nanda-suta é Krishna . Sutasya significa filho e sutasya significa filha. Quando suta e sutá se combinam nagramática sânscrita , a palavra muda para sutayo. Portanto, vrajesa-sutayor refere-se a Radha e Krishna .

As gopis estão descrevendo vrajesa-sutayor como sendo a perfeição da visão. Quando Radha e

Krishna estão junto no kunja e quando Krishna sorri para Radha e Radha lança olhares amorosos paraKrishna , quem puder ver o rosto de Krishna neste momento vai beber o mais doce dos néctares.Assim existem múltiplos significados neste verso. Primeiro vemos Baladeva e Krishna , depois

apenas Krishna , depois Radha e Krishna . Tudo se encontra neste shloka, os devotos em dasya, sakhya evatsalya terão a visão de Krishna e Baladeva juntos, as priya-sakhis só visualizarão Krishna , mas os que seencontram em manjari-bhava observarão Radha e Krishna .

Outro ponto neste verso é vrajesa-sutayor anuvenujustam. O verso declara que ambos estão com aflauta, mas já analisamos como Balarama não estão tocando a flauta e sim o chifre de búfalo. Assim issopode significar ou que Radha roubou a flauta de Krishna ou que Krishna pediu a Radha para que Oensinasse a tocar a flauta, entregando-lhe a flauta. Este é um fruto ainda mais doce para os olhos, ver Radhaensinar Krishna como tocar a flauta. As gopis vêem Radhika dizer a Krishna , “Você errou enquanto tocavaa flauta, Você não sabe tocar essa melodia. Posso tocar? “Assim Krishna lhe entrega a flauta e ele toca aindamelhor que Krishna . Rupa e Raghunatha Goswamis descreveram esse passatempo em suas poesias.

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Anuvenu-justam: primeiro Krishna toca na vamsuli. Em seguida (anu) Radhika pega a flauta e dizque Ele não está tocando apropriadamente. Então Ela começa a tocar. Krishna olha para Radhika pelo cantode Seus olhos e Radhika também olha de lado para Krishna . Se qualquer pessoa puder ver esta cena, seusolhos serão exitosos. “Se não for assim” as gopis dizem: “não pudemos alcançar o objetivo de termosolhos”. Anuvenu-justam: Os dois tocam na flauta vamsi e kataksa-moksam - Eles dois entreolham-Se pelo

canto dos olhos. Yair va nipitam. Nipitam significa que temos que sorver este katksa ( olhar de soslaio) eentão nossos olhos alcançarão o êxito de sua existência.

Existe ainda outro significado para este verso: aqui as gopis se referem aos priya-narma-sakhas e aospriya-sakhis. Elas não se referiram as manjaris. As manjaris não vão se encontrar com Krishna diretamente,pois o bhava das manjaris é ver Radha e Krishna juntos. É assim que as manjaris sentem o máximo prazer.Esse é o svabhava (natureza) e guna (qualidade) das manjaris. Elas sentem um prazer centenas de vezesmaior no encontro de Radha e Krishna do que obtém no encontro com Krishna .

Qual é o bhava de Rupa Manjari, Rati Manjari e todas as outras manjaris aqui? As gopis queremencontrar-se com Krishna , mas este verso também descreve o humor das manjaris. Nipitam anurakta-katksa-moksam: as manjaris não desejam saborear este rasa para si mesmas, elas querem Radhika

encontrando-se com Krishna e Krishna vendo Radhika. Este é o bhava de uma manjari.Este verso também contém sakhi-bhava . As sakhis não são svatantra (independentes) como são aspriya-narma sakhas. Uma sakhi diz a outra: “Vamos ver Krishna adentrar na floresta.” A outra sakhiresponde? “Como podemos ir? Não podemos. Existem tantos membros familiares mais velhos aqui. E nóssomos recém casadas assim temos que ficar em casa.” Outra sakhi diz: “Ficar na casa do marido é comoficar numa jaula. E não ver Krishna quando Ele Se embrenha na floresta é pior que estar numa jaula. Vamos

 já ir ver Krishna e beber o néctar que vem de Seus olhos na forma de Seus olhares de flanco.”  A primeira sakhi está perguntando como elas podem ir uma vez que seus sogros e sogras estão em

casa. “não fale tão alto,” ela diz, “Se eles ouvirem nossa conversa, eles vão nos ofender.” A segunda sakhi diz, “Se eles chorarem, não nos importamos. O que eles podem fazer? Todos estão

indo ver Krishna , sejam velhos ou jovens, senhora ou cavalheiros, brâmanes ou não. Mesmo as filhas recémcasadas estão indo. Todavia, se minha cunhada e sogra ouvem que eu quero ir ver Krishna , elas vão meproibir. Elas próprias estão indo, mas vão me dizer que devo ficar em casa. Elas dirão que existe umaserpente negra na estrada que vai me picar e eu morrerei com o veneno.” A segunda sakhi diz, “Nipitamanurakta kataksa-moksam.” Aqui nipita não significa ver e sim beber. Qualquer pode beber este néctar ao seaproximar de Krishna . Contudo, muitos estão indo ver Krishna . Como podemos ser tão desavergonhadas epassar na frente de todos quando Krishna passar? Melhor irmos ao kunja ou ver Krishna a distancia. Nosposicionaremos de forma que Krishna possa nos ver também. Não podemos nos aproximar demais deKrishna , mas se Ele nos ver, podemos beber o néctar de Seus olhares transversos.

Srila Visvanatha Chakravarti descreve outra gopi dizendo: “não se preocupe com essas questões deetiqueta. Vamos ficar na frente de Krishna mas a distancia. Se Krishna olhar para qualquer de uma de nós,

de imediato, vamos perder nossa vergonha e nossa paciência. Só por ver o olhar de Krishna do canto de Seusolhos, esquecemos de tudo e enlouqueceremos. Assim qual será nosso futuro? Não se preocupe, a canção daflauta vai fazer todos os arranjos. A flauta vai nos arrastar para os pés de lótus de Krishna . Após sorver onéctar dos lábios de Krishna , perderemos a cabeça e não mais vamos nos preocupar com nossos parentes.

 Nem vamos saber o que está ocorrendo conosco, assim vamos para lá beber e enlouquecer.” Shukadeva Gosvami forneceu esses detalhes para os leitores do Bhagavatam. Se você possui olhos,

então olhe para esta visão de Radha e Krishna entreolhando-Se. Tente se lembrar de todas essas coisasdentro de seu coração.

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TEXTO OITO

cuta-prvala-brha-stabakotpalabjamalanuprkta-paridhana -vicitra-vesaumadhye virejatur alam pasu-pala-gosthyam

range yatha nata-varau kvaca gayamanau

cuta- de uma árvore de manga, pravala- recém brotados, barha- penas de pavão, stabaka- feixe de flores,utpala- lírios da água ou lótus azuis, abja- e lótus, mala- com guirlandas, anuprkta- tocado, paridhana- Suasvestimentas, vicitra- com grande variedade, vesau- estando vestido,madhye- no meio, virejatuh- dois delesbrilhou amplamente, alam-magnificente, pasu-pala- dos vaqueirinhos, gosthyam- dentro da assembléia,range- no palco, yatha- assim como, nata-varau- dois exímios dançarinos, kvaca- às vezes , gayamanau- Elescantando.

tradução

Ó sakhis! Sri Krishna de tez negra, vestido com suas roupas amarelas e Baladeva de belacompleição, vestido com roupas azuis, Se decoram com botões de manga recém colhidas, penas de pavão,ramalhetes de flores e guirlandas de lótus multicoloridas e lírios, essa aparição torna-se espantosa. Eles sesentam bem no meio do agrupamento de vaqueirinhos e cantam as mais doces canções. O priya sakhi!quando isso ocorre, eles se assemelham a dois exímios e belos dançarinos no palco do teatro. O que possodizer do esplendor desse acontecimento?

comentário

É importante para o bhajana-raganuga compreender como as gopis pensam e como elas servemKrishna quando ele adentra na floresta durante o dia, elas estão sempre pensando em Krishna e aocompreender o humor delas, nos também podemos pensar sempre em Krishna . em raganuga-bhajana, temosque lembrar de Krishna com uddipana. Krishna é o amante. ele e tão belo e tão rasika. Temos que praticar osmaranam das gopis com as quais ansiamos seguir. Temos que lembrar de Krishna , contudo temos tambémque lembrar das gopis (janam casya) - como elas servem Radha e Krishna . Esses versos descrevem o humordas gopis. Ao estudá-los, podemos compreender como as gopis pensam em Krishna .

Já expliquei o significado de nata-vara no quinto verso. como em vrajesa-sutayor, nata-vara tambémpossui um significado duplo. Significa Krishna e Balarama e também significa Radha e Krishna . As gopis

tentavam ocultar sua profunda afeição por Krishna , mas porque perderam o autocontrole, alguns de seusbhavas se tornaram evidentes. Portando, elas tentam novamente encobrir seus sentimentos falando coisasgerais sobre a dança de Krishna e Balarama. Desse modo, vai parecer que elas não possuem nenhum kamaespecial por Krishna se elas também mencionam o nome de Balarama.

Tanto Krishna quanto Balarama se decoraram com cuta-pravala, Chuta significa manga e pravalasignifica recém brotado. Normalmente, existe de doze a quinze brotos vermelhos numa haste e possuemuma fragrância doce como o mel. barha significa pena de pavão, que Eles colocaram sobre Seus turbantes

 juntamente com stabaka, feixes de flores - lótus, lírios e outras flores. eles estão usando uma guirlanda deflores (malanuprikta) de belo, chameli, jihi e outras flores e as guirlandas que iam de Seus pescoços até Seuspés. Malanuprikta-paridhana vicitra-vesau, a guirlanda que pendia em Krishna . As abelhas vagueavamdaqui para lá e existem tulasi-manjaris na guirlanda. As roupas de Krishna são amarelas e ele estaresplandecentemente belo (alam). ele é virejatur, elegante, simples e atrativo. Krishna e Balarama estãodançando e cantando como o faz o melhor entre os dançarinos (nata-raja).

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Às vezes Eles cantam, às vezes dançam e às vezes tocam a flauta. eles executam lá passatemposdivertidos. Pasu-pala-gosthyam: pasu -pala significa vaqueirinhos e gosthya significa companhia. No meiodeles Krishna e Balarama executam kirtana, tocando a flauta e dançando.

Como já mencionei, esta descrição esconde o bhava das gopis. elas usam a palavra gayamanau,significando Krishna e Balarama que estão cantando, ainda que elas não estejam se referindo a Krishna e

Balarama , e sim a Radha e Krishna . Sem Radha , algo fica faltando. As manjaris, em especial, desejam verRadha e Krishna juntos. As sakhis podem ver Krishna sozinho, mas as nitya-sakhis e prana-sakhis não vêemKrishna separado de Radha. Sakhi significa “ aquela cuja inclinação pende para Krishna “ . Nitya -sakhis eprana-sakhis possuem uma inclinação para Srimati Radhika. Elas querem a ambos, Radha e Krishna . Radhae Krishna são a dupla jovem, como o casal que vem ao palco no início de um drama. ele dança, rodeadospelas sakhis, como se estivessem num placo. Neste shloka, Sri Visvanatha Chakravarti Thakura narra queuma sakhi diz a outra, “ Podemos ir ver Krishna a distancia, mas como podemos chegar a beber o adhara -sdha, o mel dos lábios de Krishna ? todos nos verão e nos envergonharemos” outra sakhi responde, “ Não sepreocupe. quando Krishna olhar para nos pelo canto dos olhos e pedir nosso amor, enlouqueceremos. Oolhar de Krishna vai tirar toda nossa vergonha. Vamos e o que tiver q ue acontecer acontecera.”

Outra gopi diz, “ Como poderemos encarar esta vergonha se nossos maridos, sogros e outros parentestentam nos barrar, e os membros mais velhos da comunidades no acusam? Não acho que devemos ir. “Então, outra gopi diz, “ Não existe mal algum em irmos porque Baladeva também esta lá junto com tantosoutros meninos. Se Krishna estivesse sozinho, poderíamos ser criticadas, mas Krishna está com Balarama ,ninguém vai pensar mal de nós, Baladeva é como nosso próprio pai ou irmão mais velho. e há tantos de Seuscompanheiros. não temos que ter vergonha.” Assim a gopi inicia dizendo que ela não devem ir ver Krishna ebeber o néctar de Seus lábios, em seguida ela decide que as gopis devem ir para ver Krishna e Balarama decerta distancia escondendo-se nos arbustos. Deste modo, elas verão Krishna e Balarama tocando e poderãover o quão belo Krishna é, ela também poderão ouvir a canção da flauta e vê-lO dançar e após poderãoretornar as suas casas.

Outra gopi diz, “ Sim , poderemos ir, mas eu acho que ao vermos Krishna, ficaremos tão atraídas queenlouqueceremos e perderemos nossa paciência. De qualquer forma, vamos. O que quer que ocorra não vaiestar sob nosso controle”

Outra gopi diz, “ Ao vermos como Krishna esta decorado com brotos aver melhados e frescos demanga pingando mel e ao vermos a pena de pavão em Seu turbante e a flor karnikara sobre uma de Suasorelhas, enlouqueceremos.” Krishna usa a flor karnikara sobre Sua orelha como um sinal de orgulhosa

 juventude. Ele é um jovem e Ele caminha como um jovem elefante. Quando um elefante fica louco pelosabor do néctar, Seus olhos viram em sua cabeça. Krishna caminha como esse elefante que enlouquece como sabor do néctar.

Ele também carrega um lila-kamala em Sua mão, uma lótus que serve como distração. Essa lótus évermelha e muito bela, Krishna a gira enquanto dança e quando as gopis vêem isso, seus olhos e corações

também dançam. Portanto, Krishna sempre gira essa flores de lótus, Krishna foi para a floresta e as gopisestão em casa. contudo as gopis conversam sobre os passatempos de Krishna como se estivessem alipresentes testemunhando tudo.

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TEXTO NOVE

gopyah kim acarad ayam kusalam sma venurdamodaradhara-sudham api gopikanam

bhunkte svayam yad avasista-rasam hradinyo

hrsyat-tvaco „sru mumucus taravo yatharyah 

gopyah- Ó gopis (uma das gopis fala), kim- o que, acarat- executado, ayam-ete, kusalam- atividadespiedosas em vidas anteriores, sma- certamente, venuh- a flauta, damodara- de Krishna , adhara-sudham- onéctar dos lábios, api- mesmo, gopikanam- que é apenas das gopis por direito de propriedade, bhunkte-desfruta, svayam- independentemente, yat- do qual (ele é capaz de saborear o néctar dos lábios de Damodarao tato que queira), - nem ma gota remanescente, rasam- dessa rasa(o néctar dos lábios de Damodara),hradinyah- os rios, hrsyat- sentindo-se alegre(ao ver a ânsia da flauta em saborear o néctar dos lábios deKrishna , manifestando assim sintomas extáticos na forma de flores de lótus que desabrocham), tvacah-aqueles corpos, asru- lágrimas, mumucuh- as árvores, yatha-exatamente como, aryah- velhos antepassados

traduçãoÓ queridas sakhis! Embora esta flauta seja masculino, não podemos imaginar qual o tipo de sadhana ebhajana que ele praticou em seu nascimento anterior para que em nossa própria presença possa saborear onéctar dos lábios de Damodara, que por uma questão de direito pertence apenas a nos. ele sequer dispensauma única gota dessa rasa para nos. Sob o pretexto do desabrochar de flores de lótus, os rios , que deramalimento a flauta com sua água(rasa), exibe sintomas de calafrios extáticos. As árvores, que são osantepassados da flauta, são como o melhor entre os homens. Ao ver seu descendente repleto de tão intensoamor pelo Senhor, elas ficaram entusiasmadas e lágrimas de êxtase jorram de seus olhos.comentário

Gopyah significa que uma das gopis esta falando. Elas comentam sobre a boa sorte da flauta .Embora a flauta seja masculino, deve ter executado tanta atividade piedosa no seu nascimento anterior quepode ganhar a chance de estar nos lábios de Krishna e fazer o papel de uma gopi. Apenas as gopis estãoautorizada a beber o adhara-sudha, o néctar dos lábios de Krishna , mas bem em frente das gopis, a flauta ,mesmo sendo masculino, está sorvendo todo o néctar e não deixa uma gota sequer para as gopis. A flautavenu não se preocupa com as gopis. ele bebe o néctar desafinado as gopis. Por isso, elas chamam a flauta denidara, destemido.

As gopis dizem “ queremos saber que tipo de tapasya esta flauta executou em nascimentos anteriorespara ter alcançado esta posição assim nos também poderemos executar as mesmas austeridades e alcançar omesmo resultado de poder sorver o néctar dos lábios de Krishna mesmo na frente de nossos maridos, pais,sogros e outros parentes mais velhos. O que temos que fazer para nos tornar tão ousadas?

Tais expressões são a fala de mulheres enlouquecidas que estão saboreando Krishna -bhava. As gopis

falam de um modo espontâneo , como se todo mundo tivesse uma relação madhurya com Krishna . Elasfalam em desespero de causa sem nenhum controle sob suas mentes e sentidos , sob o efeito da loura que seapoderou delas.

Os pais da flauta ao verem a sede desesperada de seu filho, ficam felizes ao ver que se filho se tornoua flauta de Krishna e assim capaz de beber o néctar de Seus lábios. A flauta venu é de bambu. Portanto, asárvores de bambu regozijam ao ver a boa sorte de se parente. As árvores kadamba, manqueiras e outrasárvores grandes também sorriem , pois, são todas membros da família do bambu, . Todas elas reconhecem aboa sorte de se descendente. Lagrimas de felicidade (anandasru) preenchem seus olhos na forma de seivaque corre, e seus cabelos se arrepiam na forma de flores que brotam. Do mesmo modo que pais e mães sealegram com a prosperidade de seus filhos, as árvores e flores coram de felicidade por se parente, a flauta.

Hradinyah- aqui significa água - os lagos e rios. A água também é mãe da flauta, porque o bambucresce na água dos rios e o bambu sustenta seu corpo ao beber o leite (água) dos rios, portanto, os rios (mãede leite) simultaneamente riem e choram ao verem seu filho tão afortunado. Se sorriso assume a forma de

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flores de lótus. Quando alguém cora de tristeza, suas lágrimas serão quentes, mas se de alegria , suaslágrimas serão frias. Uma vez que as lágrimas do rios são frias, as gopis imaginam que os rios estão felizes

 por seu filho. “ mesmo Brahma e Shiva não conseguem atingir esta posição, como pode ser, então, quenosso filho, simples bastão de bambu, pode saborear o néctar dos lábios de Krishna ?”

Do ponto de vista das gopis, a flauta é um rival. A venu não se importa com o clamor das gopis em

busca do néctar dos lábios de Krishna , bebe tudo sozinho. ele não deixa uma gota sequer, . Portanto, asgopis desejam executar as mesmas austeridades executadas pela flauta em sua ida passada , a fim de no seupróximo nascimento se tornar uma flauta de Krishna .

Krishna nunca se afasta de Sua flauta. ele a carrega por toda parte, a flauta fica com Ele mesmoquando dorme. As gopis almejam estar sempre com Krishna também quando Ele dorme, quando Ele vai afloresta pastorear as vacas e em todos os outros momentos. Ainda que isso seja inalcançável devido obloqueio de seus pais. Assim a flauta é um rival. A flauta está livre para ir com Krishna a qualquer parte, eas gopis não podem. Portanto, a mãe e o pai da flauta estão felizes por ver seu filho bebendo o néctar doslábios de Krishna mas as gopis estão invejando isso. elas almejam nascer como uma flauta em seu próximonascimento, assim estarão sempre na associação de Krishna , sem que ninguém as ofenda, critique ou

questione o comportamento delas.As gopis estão experimentando mahabhava, e em mahabhava seu humor é de adhirudha-bhava* . Asgopis expressam seus sentimentos. tudo está sendo saboreado em seus próprios corações. A natureza dodevoto mahabhagavata é ver tudo e todos como se estivessem no mesmo bhava. A flauta estando ou nãoconsciente a, as gopis o vê como um rival no que se refere ao néctar dos lábios de Krishna . Portanto, veratravés de seus olhos significa ver através desse bhava. Ver algo e nos lembra de nosso amor por Krishna ,se chama uddipana-bhava. As gopis vêem as coisas em suas mentes e corações segundo o madhurya-rasa,que é o humor que faz tudo em Vrindavana ser visto como trocas de amor conjugal com Krishna . Umdevoto uttama-adhikari segue este humor e vê as coisas do mesmo modo , em uddipana-bhava.

*Adhirudha bhava são de dois tipos: madana e modana. Modana se experimenta em vipralambha(separação) e só se encontra no grupo de Srimati Radhika. Madana só se encontra em Srimati Radhika edentro da mais elevada qualidade de prema. Desde o estágio inicial de prema até madana, todos essesbhavas são chamados visuddha-prema.

Quando em mahabhava todos os tipos de asta-sattvika-bhavas e vyabhicaribhavas manifestam-se emseu grau mais elevado, todos os tipos de felicidade que aqui encontramos acrescido do que pode serencontrado até brahma-loka, não se compara sequer com uma gota de vipralambha, cujo estado se chamaadhirudha. Quando se experimenta adhirudha mahabhava no estagio de modana, então se alcança

vipralambha.

Essa gopi fala tão docemente. “ Ó queridas gopis, kim acarad ayam kusalam sma venur: Esta venu émasculino, embora seu comportamento seja como de uma mocinha(kishori), Essa é a razão de nãopodermos ver a flauta. Será que esta flauta foi a tantos tirthas? Terá tomado banho em tantos lugaressagrados? Será que executou tantas caridade que pode saborear o néctar dos lábios de Krishna dia e noite?Vamos executar as mesmas austeridades assim nos tornaremos afortunadas, tanto quanto a flauta.

“ O que pensa esta flauta que está fazendo? Apenas as gopis tem o direito de beber o néctar doslábios de Krishna. Ninguém mais tem esta permissão, nem mesmo brâmines.

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Apenas as gopis se permite que bebam o néctar (damodaradhara-sudham api gopikanam). Esta flautanada mais é que uma vara de bambu? Mesmo sedo uma vara de bambu, ele esta sedente por este néctar eportanto , ele está desesperadamente bebendo tudo.

“Bem a nossa frente ele está roubando nossa propriedade. Ele não tem nenhuma vergonha. Por queele está fazendo isso?” Quando a fruta badari está verde, ela é negra, mas quando amadurece, fica amarela.

Os lábios de Krishna são vermelhos como a fruta bimba, mas por soprar aflauta o dia todo e porque a flautapegou o néctar dos lábios de Krishna , agora Seus lábios mudaram da cor vermelha para amarela. Apesar deter sorvido tanto néctar, a flauta de bambu permanece seca. Assim as gopis estão na realidade criticando aflauta embora pareça que estão louvando sua boa fortuna.

Hrsyat-tvaco „sru mumucus taravo yatharyah: este é o significado oculto. Em comparação com estaflauta, nós , as gopis, não podemos servir Krishna . Se não podemos obter outro nascimento e nestenascimento nos tornarmos bambus, podemos também ser flauta e ser tão afortunadas quanto esta flauta é aosaborear o néctar dos lábios de Krishna . Ser gopis não é o suficiente para nós devido a que nestes corposnão podemos ir até Krishna , não podemos nos encontrar com Krishna . Existem tantos obstáculos. Portanto,oramos a Deus para nascermos como árvores de bambu e após nos tornarmos flautas de modo que podemos

estar sempre na associação de Krishna .Neste verso também as gopis chamam Krishna pelo nome de Damodara. Damodara significa Radha -Damodara. Damodara significa que Krishna é tão amorosa em relação a Seus devotos (bhakta-vatsala) queele vai satisfazer os desejos de Seus devotos. “Se oramos para Ele para nos tornarmos flautas de bambu, Elevai conceder nossos desejos.” 

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TEXTO 10

vrndavanam sakhi bhuvo vitanoti kirtimyad devaki-suta-padmbuja-labdha-laksmi

govinda-venum anu matta-mayura-nrtyampreksyadri-sany-avaratanya -samasta-sattvam

vrndavanam- Vrindavana; sakhi- Ó amiga; bhuvah- da Terra; vitanoti-propaga (as glórias da Terra queexcede em muito mesmo a de Vaikuntha); kirtim- as glórias, yat- porque; devaki-suta - do filho de Devaki(outro nome de Yashoda); pada-ambuja- dos pés de lótus ; labdha- recebido, lakshmi- as belas marcas;govinda-venum - a flauta de Govinda; anu- ao ouvir; matta- enlouquecidas; mayura- dos pavões; nrityam- noqual há a dança; preksya- vendo; adrisanu- do alto das colinas (Govardhana, etc.); avatara- estonteado; anya-outro; samastra- todos; sattvam- criaturas

TRADUÇÃO

Ó Sakhi! Esta Sri Vrindavana , que é ainda maior que Vaikuntha, enaltece a fama do planeta Terra .Isso se deve a estar esplendidamente decorado com as impressões deixadas pelos pés de lótus de DamodaraSri Krishna , o filho de Yashoda. Ó amigo! Quando Sri Krishna toca uma canção na flauta, que cativa só trêsmundos, os pavões ficam intoxicados e começam uma dança acompanhando a melodia. Vendo e ouvido issotodos os pássaros, animais e outros seres móveis na colina de Govardhana ficam paralisados e silenciam,permanecendo sentados ou de pé sem se mover, esquecendo de todas suas atividades.

Comentário

As gopis se expressam do ponto de vista de seu mahabhava. No shloka anterior, as gopis vêem tudoem Vrindavana em relação a Krishna . Nesse diapasão vêem a flauta de Krishna , os parentes da flauta (oslagos, rios, árvores e flores), a corça e pássaros como mais afortunados do que elas próprias. Todos osmoradores da floresta podem ver e tocar Krishna sem nenhum obstáculo, mas as gopis tem que se defrontarcom tantos embaraços para se aproximar de Krishna . A flauta em especial, é a amais afortunada. Mesmo se

considerando que a flauta seja masculino, Krishna comprime a flauta contra Seus lábios, colocando-a emSua cintura ou encostando-a em Seu peito. ele até mesmo dorme com a flauta. As gopis acham que nãoconseguiram obter tanta boa fortuna de poder estar sempre com Krishna . Elas oram a Krishna para quepossam executar as mesmas austeridades levadas a cabo pela flauta no seu nascimento anterior, de tal modoque possam no próximo nascimento se tornarem flautas. Contudo, ao final elas se dão conta que isso não épossível.

Quando as gopis olham na direção da floresta de Vrindavana , elas vêem as pisadas de Krishnaimpressas por toda a parte. Quando elas estão em suas casas na aldeia, elas visualizam como a associaçãocom Krishna é ampla para os habitantes de Vrindavana , tais como as árvores, trepadeiras e corças. elasficam achando que todos esses seres receberam uma maior fortuna.

Os pés de Krishna recebe a adoração de Brahma , Shiva e toda a criação, embora Ele suba nasárvores de Vrindavana quando brinca.

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As gopis sonham em ter os pés de Krishna sobre seus seios, mas esses mesmos pés trepam nos galhosdas árvores, caminham pelos kunjas, adentram nos lagos e vão a toda parte. Por isso, as gopis se põem aglorificar Vrindavana .

“ Ó Sakhi, Vrindavanam bhuvo( o chão de Vrindavana ) é ainda mais glorioso que Vaikuntha, pois,nesta Vrindavana , Devaki-suta-padambuja-labdha-lakshmi: as impressões dos pés de Krishna estão por toda

 parte”. Devaki-suta refere-se a Krishna , também se conhece Yashoda com o nome de Devaki.Em Vrindavana , Krishna anda de pés descalços em toda parte, assistindo a dança enlouquecida dos

pavões e tocando Sua venu ou vamshi. O som da flauta soa como nuvens trovejantes fazendo com que ospavões enlouqueçam , dando início a dança. Krishna , ao vê-los dançar, toca ainda mais a flauta e os pavõesouvindo a seqüência do som incrementam a sua dança. Os pavões ficam tão alucinados que elevam suacauda para o prazer de Krishna . E assim tanto Krishna como os pavões ficam muito felizes e o pavões comoagradecimento entregam a pena de sua cauda de pavão a Krishna Os pavões sentem que não possuem nadamais para oferecer além de suas belas penas. Para reciprocar Krishna coloca as penas dos pavões em Seuturbante, dizendo-lhes que vai manter as penas pelo resto de Sua vida e essa declaração incita mais ospavões na dança.

Preksyadri-sanv-avaratanya-samasta-sattvam: Krishna toca Sua flauta e os pavões executam umacoreografia tão maravilhosa que todos os pássaros, vaqueirinhos , vacas e corças sobem a colina deGovardhana para poder assistir com uma melhor visão, todos os galhos das árvores estão repletos depássaros. os vaqueirinhos ficam bem próximos a Krishna e aos pavões e toda a encosta da colina ficatomada de espectadores. De início, os pavões e demais pássaros silenciam. Após, todos os presentes,meninos e animais se esquecem de tudo mais observando Krishna dançar. Os bezerros deixam suas mães eos pavões e pavoas se desligam um do outro dando início a dança.

 Neste verso, as gopis dizem: “ Oh, se pudéssemos ser tão afortunadas quanto Vrindavana cujo seiorecebe os pés de lótus de Krishna ! Não somos tão afortunadas. Krishna está dançando com os pavões epavoas. Será que podemos dançar com nossos maridos ao som da flauta de Krishna ? Não, não temos talsorte. Se nos vissem com Krishna , isso só irritaria nossos maridos. As corças, as árvores e todos os pássarospodem ficar perto de Krishna . Todavia, não nos é dada tal chance de estar com Krishna ou receber Seus pésde lótus em nossos seios. Nada podemos fazer. Nossa única esperança é se pudéssemos morrer e voltar emoutro corpo em Vrindavana.

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TEXTO 11

dhanyah sma mudha-gatayo‟pi harinya eta ya nanda-nandanam upatta-vicitra-vesamadarnya venu-ranitam saha-krsna-sarah

pujam dadhur viracitam pranayavalokaih

dhanyah- afortunada, abençoada; sma- certamente; mudha-gatayah- nascendo em ignorantes espécies devida animal; api- embora; harinyah corça-fêmea, etah- esses; yah- quem; nanda-nandanam- o filho deMaharaja Nanda; upatta-vicitra-vesam- vestido muito atrativamente; akarnya- ouvindo; venu-ranitam; - osom de Sua flauta; saha-krsna-sarah- acompanhado pela corça negra (seus maridos); pujam dadhuh- elasadoraram(Krishna de um local próximo); viracitam- executado; pranaya avalokaih- pelos olhares de soslaioafetuosos

TRADUÇÃO

Ó sakhi! Quando o mais querido Nandanandana Sri Krishna usa sua vestimenta de extremo bomgosto e toca Sua flauta, então mesmo a tola corça, ao ouvir a melodia, se aproxima acompanhada do corçopousando se olhar arregalado em Krishna com muito afeto. Nós bem sabemos o significado desse olhar.Com olhos enormes que parecem desabrochados como as pétalas das flores de lótus, elas adoram aos pés delótus de Sri Krishna aceitando o convite que Krishna formula com Seu olhar amoroso de canto de olho. Semdúvida, as vidas dessas corças foram abençoadas. (Embora sejamos gopis de Vrindavana, não podemosabertamente nos entregar a Krishna do mesmo modo que as corças o fazem, pois os nossos maridos emembros mais velhos da sociedade nos reprimem e nos batem - que atitude absurda!

Comentário

Em sua meditação, as gopis vêem as corças (harinya) se aproximando para ouvir a canção da flautade Krishna . Elas chegam tão perto que Krishna pode tocá-las. As gopis tem as corças por animais tolos, poismesmo sem saber, se entregam ao doce som da flauta de Krishna . Elas não atinam sobre a origem do som -que poderia ser uma isca na direção da morte - mas se aproximam da fonte do som com as orelhas eretascomo animais tolos. “ Elas embora tão tolas, são ainda assim mais afortunadas que nós .”  

As gopis já estão em casa mas vêem as corças se aproximarem de Krishna , acreditando que aintenção delas é beijar Krishna . Krishna usa belos ornamentos . Ele usa viçosos brotos vermelhos de manga

e folhas de manga verdejante e Ele ainda ostenta ramalhetes de flores e uma pena de pavão em Seu turbante.Seu dhoti é de um amarelo brilhante e Ele usa uma flor karnikara atrás de Sua orelha e uma guirlandavaijayanti que desce até Seu joelhos. Krishna se veste como um kishora, no frescor da juventude . As corçasolham para Krishna com concentração total quando Ele dança vestido com belas roupas.

Akarnya-venu-ranitam: elas ouvem o som da flauta de Krishna e correm em Sua direção juntamentecom seus maridos (saha-krsna-sarah). Os maridos das corças são conhecidos como krsna-sara, que significaque Krishna é a essência de suas vidas. Eles não podem viver sem Krishna . Essas corças fizeram de Krishnaseu objeto e finalidade; eles seguem suas esposas devido a que amam Krishna de todo coração. As corçasnão olham para seus maridos que seguem atrás delas; elas só correm na direção de Krishna , sem ver nadamais. Os corços se dão conta que embora amem a Krishna , suas parceiras possuem muito mais afeto porKrishna . Portanto, eles aceitam suas esposas como mais avançadas.

As gopis acham que as corças tem mais sorte que elas próprias. As corças não estão preocupadascom quem está olhando elas correm na direção de Krishna . Elas não tem medo da sociedade. Elas sequer

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estão consciente de seu corpo. As corças não estão preocupados se seus maridos vão ficar ciumentos. Elas sóoferecem puja a Krishna em troca de um afetuoso olhar. Neste verso, pranaya significa pelo canto dos olhose pujam dadhuh significa que elas estão adorando Krishna de um local ali próximo. Pranaya-avatokaih, verKrishna com pranaya é o mesmo que executar archana. As gopis observam as corças quando elas estãoexecutando esse archana.

As gopis declaram, “Ó corça, você é tão feliz e nós somos tão infelizes. Seus maridos permitem quevocês se aproximem de Krishna mas os nossos só trazem impedimentos. Na verdade eles ficam zangadosquando queremos ir ver Krishna ou quando percebem que amamos Krishna . O marido de vocês observamvocês executando archana dos olhares de soslaio e só o que fazem é apreciar o quanto vocês amam aKrishna. Eles incentivam vocês a irem até Krishna .

“Nossos maridos são o contrário. Não podemos ir até Krishna ou oferecer nossos afetuosos olharesporque nossos maridos e parentes mais velhos ficam por perto. Achamos que seria melhor nascermos comocorças assim poderíamos ir até Krishna com nossos maridos e servi-lO do mesmo modo que vocês estãofazendo.” 

Neste verso, as gopis referem-se as corças como mudhas, ou seja, animais tolos. Qual o problema de

ser tolo e no entanto estar associado com Krishna, o problema é se alguém é muito inteligente e descuida deKrishna , então de que serve tal inteligência? As estão dizendo que elas estão dispostas a tornarem-se tolascomo as corças se puderam apenas servir a Krishna .

Yashoda e todos as gopas também pensam do mesmo modo. Elas não têm tattva-jñana de queKrishna é Deus. Pelo contrário, todos os tattva-jnanis querem adorar a poeira dos pés de Nanda-baba e osvrajavasis.

Em nossa sampradaya, em primeiro lugar aprendemos tattva-jñana, ou conhecimento dos princípiosfilosóficos, a saber, o que é Krishna ? O que é Maya? O que é a jiva? O que é bhakti? Em seguida, teremosque esquecer que Krishna é Deus. Teremos que esquecer cada um dos pontos doutrinários sobre tattva eapenas seguir uma das gopis, de modo especial a gopi Rupa Manjari e o nosso próprio mestre espiritual.Esse é o modo que devemos servir Srimati Radhika e Sri Krishna . As gopis são as mais inteligentes e oúnico desejo delas é servir a Krishna e Srimati Radhika. Todavia elas são apenas ordenhadeiras sem nenhumtattva-jñana.

Eu posso contar uma história de minha experiência pessoal de como uma pessoa que parecia ser tolaobteve o respeito de todos os Vaishnavas devido ao apego que demonstrou pelo santo nome. Em nosso Mathcerta vez, havia uma pessoa meio louca que estava sempre cantando os santos nomes. Todos sabiam que eleera doido e se faziam certas brincadeiras zombando de sua situação de diversas maneiras. Eu sempre lheoferecia respeito internamente. Meu gurudeva também respeitava essa pessoa. Se alguém fazia algumapilhéria contra ele, meu guru maharaja repreendia de imediato. Qualquer um , mesmo os muito cultos,sem titubear sentavam-se com ele porque o seu canto era constante. De um modo similar, as gopis respeitamas tolas corças devido a seu apego a Krishna .

As gopis estão saboreando viraha-bhava, separação de Krishna . Elas vêem todos os que estão emcontato com Krishna como muito felizes, mesmo as árvores , bezerros, as tolas corças , ou os maisinteligentes como os semideuses. As gopis desejam também ter essa oportunidade de se associar comKrishna .

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TEXTO DOZE

krsnam niriksya vanitotsava-rupa-silamsrutva ca tat-kvanita-venu-vivikta-gitamdevyi vimana-gatayah smara-nunna-sara

vhrasyat-prasuna-kabara mumuhur vinivyah

krsnam- Sri Krishna ( o conquistador do coração ), niriksya- observando, vanita- para todas as jovens(kishoris), utsava- um festival, Rupa- cuja beleza, silam- e característica, srutva- ouvindo, ca- e, tat- por Ele,kvanita- vibrou, venu- da flauta, vivikta- claro, gitam- canção, devyah- as esposas dos semideuses, vimana-gatayah- viajando em seus aeroplanos, smara- pelo Cupido, nunna- agitou, sarah- seus corações, bhrasyat-escorregando, prasuna-kabarah- as flores atadas a seus cabelos, mumuhuh- elas se confundiram, vinivyah-suas cintas se afrouxaram

tradução

Ó sakhi! Para não falar das corças, quando as esposas dos semideuses vêem Sri Krishna , que é ummanancial de toda beleza e caráter e um festival de bem aventurança para todas mocinhas, e ouvem asmelodias variadas e doces que Ele toca em Sua flauta, elas perdem a inteligência e caem inconscientes emseus aeroplanos, bem na frente de seus maridos. Como sei disso, Ó amiga? Simplesmente ouça! Quando oscorações delas ficam possuídos de um intenso desejo de se encontrar com Sri Krishna , elas ficam tãoconfusas que não conseguem sequer perceber que as flores entrelaçadas em suas tranças estão caindo naterra. O que precisa mais, sequer percebem que seus saris estão escorregando de suas cinturas e caindo nochão.

COMENTÁRIO

Após ver a boa fortuna da corça, as gopis também viram que as esposas dos semideuses estavamobservando Krishna dançar e por isso estavam ficando loucas e desmaiavam. Primeiro as gopis falaram datola corça que era superior a elas porque tinha a associação de Krishna . Depois, elas falaram dasuperioridade das semideusas (devis) que também têm o darshan de Krishna . As gopis desejam tornar-sedevis assim, elas também pode presenciar Krishna tocando Sua flauta.

As devis sentam-se nos seus aeroplanos nos colos de seus maridos e atiram flores para baixo quandoKrishna toca Sua flauta e dança com os pavões. A palavra vanita significa kishori, mocinhas. A beleza daforma de Krishna é uma grande festa para os olhos dessas mocinhas (krsnam niriksya vanitosava-rupa-

silam). Qualquer mocinha enlouqueceria ao ver essa forma decorada com a pena de pavão, usando uma florkarnikara sobre Sua orelha e com Seu turbante ornado com broto de manga fresca e ramalhetes de flores.Suas vestes reluziam como ouro e Ele dançava como o melhor entre os dançarinos. O que se pode falarentão do efeito que causava a audição da flauta de Krishna ? Smara surgia e o resultado era kama. Srutva catat-kvanita-venu -vivikta-gitam: o som da flauta cria kama nos corações das mocinhas. Ao ver a forma deKrishna como kama-rupa, as mulheres que estão voando em seus aeroplanos desmaiam no colo de seusmaridos (devyo vimana-gatayah smara-nunna-sara bhrasyat-prasuna -kabara mumuhur vinivyah). Entre ospares , os maridos não se importam ao ver o kama de suas esposas porque eles próprios também amam aKrishna . Nem os machos se importam com a atitude das corças , pois nenhum deles tem qualquer inveja ouciúme por suas companheiras amarem a outra pessoa. Ao invés disso, os homens encorajam o prema desuas mulheres. As gopis acreditam que a corça é de uma espécie de animal inferior e os semideuses sãosuperiores; apenas entre os humanos (de espécie intermediária) os maridos sentem ciúmes do amor de suas

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esposas por Krishna . Portanto, elas, as gopis, são as mais desafortunadas. Elas sentem que tanto seus olhos,quanto corpos e inteligência não encontraram sucesso na vida.

Bhrasyat-prasuna-kabara mumuhur vinivyah: as flores e guirlandas das devis caíram, seus cintos seafrouxaram e elas desmaiaram nos colos de seus maridos. Os maridos então ajudando suas esposas dizem,“Oh, vocês são tão afortunadas. Nós amamos Krishna , todavia, não temos tal nível de sentimento porque

não somos como vocês.” As gopis respondem, “ Se no futuro pudermos nascer como dev is ou apsaras aí então seremos realmente afortunadas.” 

As gopis falam assim porque estão saboreando mahabhava. De fato, não é possível para as esposasdos semideuses observar os passatempos de Krishna . Do mesmo modo que Sri Cheitanya Mahaprabhuolhava para o Chataka-parvata como sendo Govardhana, para o oceano como sendo o rio Yamuna, e todasas florestas como sendo Vrindavana, as gopis , similarmente, experimentavam uddipana. Tudo fazia comque elas lembrassem de Krishna . A flauta não é de fato uma pessoa que está roubando o néctar dos lábiosde Krishna , é uma simples vara de bambu seco. Porém, na loucura de amor a Deus das gopis, elas viam obambu de outra forma. Também, embora os semideuses e suas esposas estivessem na realidade presentes,eles não eram capazes de saborear o prema que as gopis atribuíam a elas.

Mesmo Lakshimi não pode adentrar em Vrindavana e saborear o rasa que as gopis sentem. Mesmo osdvija-patnis estão em posição mais vantajosa que as devis, mas elas não podem também entrar emVrindavana e ver Krishna em seus passatempos. Portanto, esses versos que descrevem a posição da flauta,da corça e das devis estão sendo falados na loucura da separação de Krishna . As gopis vêem tudo a partir deseu próprio bhava, embora possa ser que não seja realidade. As gopis estão tão ansiosas para se associar comKrishna que se Chanura e outros lutadores estivessem lutando com Krishna, a visão das gopis seria da boasorte dos lutadores ao poderem tocar o corpo de Krishna e sendo tocado por Ele. Esse é o porquê de emBhandiravana, as gopis desejarem lutar com Krishna . Elas lutam com ele. Radhika quer lutar com Krishnacomo os lutadores.

Se as gopis vêem um papagaio e sua companheira sentados numa árvore em Vrindavana, elasdesejam se tornar papagaios fêmea e sentar-se com Krishna : “Oh , quão belos e afortunados elas são

podendo até sentar-se e beijar Krishna . Que lindo! Nós, as gopis, não podemos nos sentar com Krishnadesse jeito.” Elas acham que Krishna se tornou um papagaio e uma gopi se transformou num sari. Ospapagaios fornecem o campo para o surgimento do uddipana-bhava. As gopis supõem que o papagaiomacho é Krishna e a fêmea é uma gopi, e elas querem também se associar com Krishna da mesma forma.

Às vezes devotos perguntam com quem as gopis são casadas. Se elas fossem casadas com os gopas,será que a situação não seria a mesma que ocorre quando os animais machos da corças e os maridos dasdevis, que também amam a Krishna e não apresentam ciúmes ou inveja de Krishna ? Diz-se as vezes que asgopis não possuem maridos verdadeiros, que Yogamaya manufaturou maridos em duplicata para manter asaparências.

No Garga-samhita existe a história de Krishna casando com todas as gopis durante o Brahma-

vimohana-lila no momento que Ele se expandia como vaqueirinho. Em outros textos , diz-se que em Goloka,as gopis mantêm a concepção (abhimana) de ter marido, mas , na verdade, elas não são absolutamentecasadas. As vezes se diz que não existe um atila ou Abhimanyu verdadeiros, embora temos que ponderar decomo poderia ocorrer o Yavata sem Jatila.

Isso é madhurya-lila. Mahurya-lila significa que não existe aishvarya. As gopis pensam com asmesmas mentes e corações dos seres humanos - nada há de místico nisso. Não existe aishvarya. As gopis nãosão oniscientes (antaryami) como a Superalma. Elas são ordenhadeiras muito simples; elas não são muitoespertas. Elas não sabem de todas as coisas. Os seus corações são muito singelos. Elas não conseguemperceber que yogamaya pregou uma peça nelas por as ter casado com Krishna ao invés de as ter casado comseus pretensos maridos. Assim que elas pensassem que yogamaya estava envolvida, surgiria aishvarya. Emsuas mentes, elas tem estado casada com os gopas e isso é tudo que elas sabem. Dessa mentalidade é queelas falam de seu amor a Krishna em madhurya-rasa.

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As gopis não sabem que elas estão de fato casadas com Krishna . Não sabem que não são casadascom os gopas. Elas só tem consciência que são casadas e seus maridos são os gopas. Elas aceitam todos ospais dos gopas como sendo os seus próprios. Contudo, quando chega uma terceira pessoa que não possuigopi-bhava para observar como Vyasadeva, Shukadeva, Narada ou nós mesmos, então é que se percebetodos os detalhes. Nós percebemos todos os detalhes, mas gopis de nada se dão conta. Se elas percebessem,

então os lilas não poderiam ocorrer.Narada Muni sabe que elas não estão casadas com os gopas e sim com Krishna . Esse é o fato.

Todavia, o fato real é o que as gopis vêem. Narada, Shukadeva, Vyasa e os outros não possuem o mesmobhava das gopis. Os outros são sarvajna, conhecedores plenos. Uddhava também não possui gopi-bhava. Asgopis só possuem um único bhava. Elas amam a Krishna de uma maneira secreta, sem saber como poderiamvivenciar esse amor a Krishna . Elas se encontram em casa meditando em Krishna , tentando esconder seusbhavas. Isso é tudo que elas conseguem saber.

As gopis muni-chari não desenvolveram um prema total. Elas realmente se casaram com vrajavasis egeraram filhos. Não podemos falar sobre a natureza de seus maridos, se eles são nitya-siddha gopas ousadhana-siddha gopas. Não há informações disso em nenhuma parte. Porém se as gopis soubessem que não

são casadas com os gopas e sim com Krishna , então se estragaria todo o lila. Se mesmo Krishna soubesseque Ele está casado com todas as gopis, então, novamente, todo o lila se arruinaria. Devemos entender que oSrimad-Bhagavatam expressa a pura verdade.

Do mesmo modo, as gopis vêem Jatila e Abhimanyu porque eles são necessários para o lilacontinuar. Contudo, uma pessoa neutra não os pode ver. As gopis vêem Jatila, mas Uddhava não vê Jatila ouAbhimanyu da mesma forma que as gopis os vêem. Uddhava vem de Mathura e tem que retornar para láporque sua visão é diferente da visão de um vrajavasi. Narada Muni também não pode adentrar emVrindavana. Se Krishna pensasse que Jatila e Abhimanyu não fossem reais, com poderia Ele desfrutar deSeu lila? Krishna está atuando como um vaqueirinho comum. Yogamaya fez todos os arranjos para Seuprazer.

Este foi o motivo que confundiu Brahma e Indra quando estes viram Krishna como um menino. Porconsequência, devemos ver tudo através dos olhos das gopis. Se não agirmos desse modo, não poderemosadentrar neste lila. Não temos que pensar como Krishna casou com as gopis, ou que isso signifique que elasnão são de fato casadas com seus maridos. Também não temos que ver os arranjos de Yogamaya para ospassatempos de Krishna .

Sri Jiva Gosvami explicou todas essas questões para demonstrar a santidade dos passatempos deKrishna com as gopis. Assim em algumas passagens Jiva Gosvami parece favorecer a concepção de svakiyaou amor de cônjuge. Ele escreveu nesse diapasão preocupado com a leitura de pessoas desqualificadas quepoderiam não compreender a superioridade de parakiya rasa. Isso se torna claro em suas própriasdeclarações expressadas no livro Sri Ujjvala-nilamani (1:21) quando comenta sobre o verso „laghutvam atrayat proktam' 2

svecchaya likhitam kincit kincit atra parecchayayat-purvapara sambaddham tat-purvam aparam param

“Alguns itens que eu escrevi foi por meu próprio desejo, alguns outros foi pelo anseio de outras pessoas. Aporção que do começo ao fim possui solida lógica, ou seja, as que reconciliam as concepções de svakiya eparakiya foram escritas pelo meu anseio, ao passo que as partes que não foram assim reconciliadas expressao desejo de outros.” 

2- O verso completo do Ujjvala-nilamani é o que se segue:

laghutvam atra yat proktam tat tu prakrta nayakena krsne rasa niryasa svadartham avatarini

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“Os falhas ou impropr iedades que se expressam (em outros rasas shastras) em relação ao amor de amantequando se aplica ao mundo ordinário dos amantes e não a Sri Krishna , pois, Ele é o apreciador da essêncialiquida de rasa e a fonte de todas as encarnações.”(Em outras palavr as, as encarnações do Senhor são oscontroladores da religião e irreligião e nunca estão sujeitas as normas. Como poderia Sri Krishna estarsubjugado a esses códigos quando Ele é a fonte de todas as encarnações?)

Temos que compreender que tanto Sri Jiva Gosvami e Srila Visvanatha Chakravarti Thakuraexpressam-se de maneira correta sobre svakiya e parakiya rasa. Srila Jiva Gosvami e Visvanatha ChakravartiThakura são Vaishnavas rupanugas e este é sucessor daquele. Portanto temos que entender o ponto de vistade Srila Jiva Gosvami através de Srila Chakravartipada.

Srila Visvanatha Chakravarti Thakura afirma, “Muitas pessoas acreditam que Srila Jiva Gosvamifavoreceu svakiya rasa. Isso foi apenas para o beneficio de pessoas desqualificadas que ele mencionousvakiya rasa em algumas poucas passagens, mas para os aptos ele, de modo especifico, mencionou parakiyarasa.” 

Os pensamentos expressos nos comentários de Srila Jiva Gosvami e Srila Chakravarti Thakura com

referência ao livro Sri Ujjvala-nilamani sobre svakiya e parakiya , tanto um quanto outro estão corretosquando se considera suas perspectivas individuais. A diferença está simplesmente no ponto de vista. Sri JivaGosvami escreveu do ponto de vista de tattva e portanto defendeu a posição de svakiya ao passo que SrilaChakravartipada escreveu do ponto de vista de lila e portanto, defendeu a posição de parakiya. Do mesmomodo, Sri Rupa, Sri Sanatana, Sri Raghunatha dasa , Sri Kavi Karnapura e outros mais descreveram ospassatempos de Sri Radha e Krishna no humor de parakiya.

De modo que as explicações de Jiva Gosvami em relação a Krishna ter se casado com as gopis sãoespecificamente em função do siddhanta e da pregação as pessoas em geral, mas não para dar entrada aobhava das gopis. Rasika Vaishnavas, todavia, almejam ver as coisas através dos olhos de Srila VisvanathaChakravarti Thakura e suas explicações do relacionamento parakiya das gopis com Krishna , porque issofacilita a entrada desses devotos no lila.Uddhava foi até as gopis e viveu em Vrindavana por muitos meses, embora ele não tenha sido capaz deesquecer o aishvarya. Ele desejava ter a mesma visão das gopis, mas não foi capaz.

O Srimad-Bhagavatam (10.14.3) declara:

 jnane paryasam udapasya namanta eva jivanti san-kukharitam bhavadiya-vartamsthane sthitah sruti-gatam tanu-van-manobhirye prayaso‟jita jito‟py asi tais tri-lokyam

“Por residir continuamente no ashrama dos sadhus, ou seja, pessoas que abandonaram por completo atentativa de obter conhecimento da identidade e opulência de Bhagavan através do conhecimento empírico,de modo automático, ouvem hari-katha fluindo das bocas de lótus dos devotos puros. Essas pessoas ocupamcorpo, mente e palavras no recebimento dessas descrições de Seu nome, forma , qualidades e passatempostranscendentais. Essas pessoas mantêm suas vidas dessa maneira, abandonando todas as outras ocupações.Krishna decerto se torna conquistável por essas pessoas, ainda que de outra maneira fosse inconquistável porquem quer que seja dentro dos três mundos.” 

Jnane prayasam udapasya: os devotos tem que abandonar todo esforço em busca de conhecimento.Essa instrução não é só para o nirvishesha-jnani. Lembrar-se sempre de Krishna como Deus dos deuses,como sarva-karana anadi, não é uma instrução para os devotos rasika. Temos que esquecer tais instruçõessobre Krishna . Tornar-se um Vaishnava rasika significa cultivar krsna-anushilanam, nosso relacionamentode serviço com Krishna . Isso é a expressão da verdade para os que desejam adentrar nos quatro bhavas dedasya, sakhya, vatsalya ou madhurya. Tais devotos não tem que reconhecer Krishna como Deus dos deuses.

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Advayam jñana paratattva: não temos que pensar em Krishna desse modo. Ao invés disso, temos que sempreouvir e cantar e lembrar dos passatempos de Krishna em Vrindavana. Um devoto rasika vai aprender apenaso suficiente sobre tattva-jñana que facilite sua entrada no bhava pelo qual ele se atrai. Em seguida tudo vai sedesenvolver e tal devoto estará apto a entrar no lila. Se esse devoto pensar sempre em Krishna como oSenhor Supremo, então sua atração por Krishna ficará dominada por aishvarya jñana e ele não será capaz de

entrar em madhurya lila de Krishna . Portanto um Vaishnava rasika não deve concentrar-se em Krishna do jeito que Ele se apresenta no Bhagavad-gita, como Deus Supremo.

Se alguém desenvolve bhava, então tudo automaticamente vai seguir a frente e o que se segue seráapenas bhava. Bhava, vibhava, anubhava, sattvika, vyabhichari - esses estados virão e o devoto entrarãoneles. Sri Rupa Gosvami nunca fala de Krishna de um jeito não-rasika, mas Sri Jiva Gosvami escreveu todo otattva nos Sandarbhas.

Jiva Gosvami escreveu assim para auxiliar as almas condicionadas. O dever dele era estabelecer asampradaya do Senhor Cheitanya. Ele próprio, no entanto, estava no mesmo humor de Rupa-Raghunatha.Ele no seu intimo estava apenas interessado em chorar por Radha -Krishna . Sri Krsnadasa Kaviraja Gosvami

estava no mesmo humor. Há muitas passagens do Cheitanya-charitamrita que contem filosofia dosSandarbhas, mas Krsnadasa Kaviraja expressava mais o humor de rasa-vichara de Rupa e Raghunatha dasaGosvamis. Portanto, ao final de cada capitulo ele escrevia, sri rupa-raghunatha-pade yara asa/cheitanya-charitamrita kahe krsnadasa.

Ao lermos o Venu-gita temos que esquecer tudo sobre Krishna ser Bhagavan e as gopis seremBhagavati. Temos que aceitar apenas o ponto de vista das gopis como ensinado por Rupa Gosvami.

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TEXTO TREZE

gavas ca krsna-mukha-nirgata-venu-gita-piyusam uttabhita-karna-putaih pibantyah

savah snuta-stana-payah-kavalah sma tasthurgovindam atmani drsasru-kalah sprisantyah

gavah- as vacas, ca- e, krsna-mukha- da boca de Sri Krishna , nirgata- emitiu, venu- da flauta, gita- dacanção, piyusam- o néctar, uttabhita- elevou-se alto, karna- com seus ouvidos, putaih- que atuaram comoxícaras, pibantyah- bebendo, savah- as corças, snuta- transpirando, stana- dos úberes, payah- o leite, kavalah-em cujos pedaços, sma- de fato, tasthuh- paralisou ( um sintoma de sattvika-bhava de ficar atordoado),govindam- Sri Krishna , atmani- dentro de seus corações, drsa- com sua visão, asru-kalah- seus olhos cheiosde lágrimas, sprsantyah- tocando (abraçando)

TRADUÇÃO

Outras gopis disseram: Ó amigo! Por que você fala das devis? Você não vê as vacas? Quando o nosso maisamado Sri Krishna enche os buracos da flauta com o som que flui de Sua boca e as vacas ouvem essa docemusica, suas orelhas se sobressaltam e sem qualquer discriminação saboreiam o néctar com suas orelhasassemelhada a xícara. Desse modo, elas estão sorvendo a doçura desta musica. Por que isso ocorre, Óamigo? Aceitando o amado Govinda em seus corações através dos portões de seus olhos, elas O assentamali, abraçando-O dentro de suas mentes. Veja por si mesmo, a veracidade de minhas palavras! Jorramlágrimas de alegria de seus olhos. A condição dos filhotes é de fato estranha. Embora o leite fluaautomaticamente dos úberes das vacas, os filhotes no meio de processo de amamentação, ouvem de repenteo som da flauta. Nisso, os filhotes não são nem capazes de cuspir , nem de engolir o leite que ainda está emsuas bocas. Eles também acolhem Sri Krishna dentro de seus corações e O abraçam . Ao ser tocado pelasmão de Sri Krishna , seus olhos inundam-se com lágrimas de alegria, e eles estancam imóveis.

COMENTÁRIO

Devyo vimana-gataya smara-nunna-sara (texto 12): A forma e tudo que se relaciona com Krishna éum festival para os olhos das gopis. No texto 12, as devis, as esposas dos semideuses, foram exaltadas pelasgopis pois tinham melhor sorte. De fato, as devis não eram mais afortunadas do que as gopis porque as devisnão possuem madhurya-bhava. Elas não tem a visão dos passatempos de Krishna com as gopis e elas nãopodem descender a Terra para se ocupar nos passatempos com Krishna . Se as devis tivessem tanto bhava

por Krishna , elas poderiam vir e se juntar na dança da rasa ou encontrar-se com Krishna em outro momento,contudo, elas não vêm. Elas não podem vir. É apenas a visão das gopis que qualifica as devis dentro destebhava, já que as gopis sentem-se como as mais desafortunadas.

Se uma cabra (bakari) está buscando por grama tenra e ocorre de ir ao local onde Krishna está, asgopis vão olhar para a cabra como se ele estivesse colocando sua cabeça aos pés de Krishna em reverencias.Contudo, a cabra não está de fato oferecendo reverências; ela só está procurando por grama fresca. Noentanto, as gopis vão ver isso de um modo diferente.

Os animais são tolos, mas as gopis acreditam que eles são sábios porque embora não saibam nadasobre amor a Krishna , eles se aproximam de Krishna , ouvem a doce canção da flauta, e dedicam seuscorações a Krishna . O que existe de especial é que ao mesmo tempo que as devis vêem Krishna , elas se

esquecem que estão sentadas no colo de seus maridos. Se um homem vê sua esposa amando outro homem,ele ficará com ciúmes e vai reagir. Mas, neste caso, as gopis pensam, “Oh, veja quão maravilhosas e

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afortunadas as devis são. Eles devem ter executados muitos atividades piedosas em nascimentos anteriorespois se tornaram merecedoras em ter maridos tão bons que as permitem amar a Krishna . Não apenas isso,seus maridos acreditam que suas esposas são mais afortunadas que eles mesmos porque elas sentem um

 prema muito maior do que o deles: „Krishna é o Senhor Supremo. Nós, semideuses, temos grande fortuna porter casado com mulheres que amam tanto a Krishna . Somos muito afortunados por poder nos associar com

nossas esposas.‟ Os semideuses não sentem ciúmes de Krishna , embora suas esposas amem tanto a Krishna.” 

É natural que tenhamos fé em alguém que possua mais bhakti do que nós concernente a Krishna. Énatural que um devoto vá buscar a associação amorosa com alguém que possua mais bhakti do que elepróprio e que ele tente prestar serviço. Portanto, os maridos das devis sintam-se satisfeitos de poder seassociar com suas esposas, consideradas por eles mais avançadas.

A natureza de bhakti-devi é assim. Quando ela percebe que alguém possui amor e afeição porKrishna, ela oferta tudo a esse devoto. É assim que os semideuses se sentem : “Nós recebemos tanta graça por termos esposas que apresentam boas qualidades. Elas possuem tanta afeição por Krishna que as flores caemde seus cabelos e suas cintas escorregam. Elas nem se lembram onde estão. Devido ao som da flauta de

Krishna, elas perderam o senso da realidade mesmo estando em nossos colos. Se nós pudéssemos ter apenasum pouco de afeição por Krishna nossas vidas seriam perfeitas.” É assim que eles prestam suas homenagensa suas esposas.

Todavia no caso das gopis ocorre o oposto. “Nossos maridos vão sentir ciúmes e vão tentar nosimpedir de correr para Krishna. Assim, almejamos nascer como devis pois poderemos ir para Krishna sempreque quisermos. Mesmo que não possamos participar de Seus passatempos ou tocar Seus pés ou nos banhar na

 poeira de Seus pés de lótus, ainda assim seremos muito afortunadas.” Tudo que as gopis vêem é um estímulo para um incremento do amor. Elas já falaram sobre a corça e

as devis, e neste verso elas relembram a posição das vacas. Embora a posição dos semideuses seja exaltada,as gopis acreditam que qualquer coisa em Vrindavana - as árvores, vacas, flauta e corça - tenham mais

oportunidade de servir a Krishna. Gavas ca krsna-mukha-nirgata-venu-gita/piyusam uttabhita-karna-putaih  pibantiah: “Vejam quão afortunadas são as vacas. Se não podemos ser esposas dos semideuses, entãoreconheçamos a fortuna das vacas. Krishna está tocando Sua flauta e o néctar escorre torrencialmente. Asvacas aparam esse néctar usando suas orelhas eriçadas como se fossem cálices.” Normalmente as orelhas dasvacas ficam para baixo, mas quando elas ouvem algo, as orelhas se põem de pé. Por que? Porque elas sãocomo cálices. Elas querem absorver o que estão ouvindo. As lágrimas inundam seus olhos fechados e o leiteflui de seus úberes.

Quando se vê o leite assim derramar, temos um sinal de vatsalya-rasa. O mesmo sintoma vemos emYashoda-mata. Quando ela vê Krishna, espontaneamente seus seios enchem-se de leite. As vacas são comomães. O êxtase e a afeição delas por Krishna está em vatsalya-rasa. Descreve-se isto no Srimad-Bhagavatam.

As gopis observaram que por muitos anos Krishna levava as vacas ao pasto. Ele as banhava nos lagos,

Ele as ordenhava e as vezes as acariciava. Como Krishna e as vacas estiveram juntos por tanto tempo, énatural que uma relação afetuosa sai se desenvolvesse.

As vacas que Krishna levava todo dia no pauganda-lila eram ainda bezerros. Havia uma afetuosarelação entre Krishna e os bezerros que costumava acariciá-los e levá-los ao pasto. Esses bezerros cresceram,e agora como vacas tem muito priti por Krishna. As vacas são como mães na afeição por Krishna e no modoque elas doam seu leite a Ele. Essas vacas haviam se acostumado, quando bezerros, a acompanhar Krishna eagora crescidas acompanhavam-nO também mesmo já com seus primeiros filhotes nascidos. As vacas nãoiam ao pasto com outros gopas devido ao amor por Krishna.

Os bezerros, no começo de suas vidas, não têm uma rasa específica com Krishna. Do mesmo modo,as gopis - crianças ainda não despertaram seu madhurya-rasa com Krishna (svaccha-rati). As gopis afirmam

que as vacas já tinham afeição por Krishna desde a tenra infância e ao ouvir a flauta de Krishna, elas fixamseus olhos no rosto de Krishna com grande afeição. Mas não é isso que ocorre de fato. Trata-se de outro

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exemplo da mentalidade das gopis que imaginam as corças e as esposas dos semideuses como íntimos deKrishna. As gopis pensam: “Os bezerros, que não têm relacionamento com Krishna pois estão na fasesvaccha-rati, estão com três ou quatro dias de vida ou menos que um mês. Contudo, ao ouvir a flauta e verKrishna, mesmo tão jovens ficam estupefatos, como se já fossem maduros. Os bezerros perdem os sentidos, eembora os mamilos de suas mães estejam em suas bocas, eles não conseguem mais mamar. E as vacas que

estão ruminando não conseguem mais mastigar e o capim cai de suas bocas. “ Tudo paralisa quando Krishna chega. As gopis vêem Krishna e vêem que as vacas estão olhando para

Krishna. Elas observam que as vacas e os bezerros trouxeram Krishna para dentro de seus corações e queeles querem abraçar Krishna. Krishna é filho deles. O que eles desejam é apertar Krishna contra seus peitosdo mesmo jeito que a mãe abraça seu filho e carrega sua imagem no coração. Eles querem abraçar Krishnacomo um amigo amado. Da mesma forma que uma gopi, eles desejam dar um abraço apertado emKrishna, internamente. As gopis se dão conta que os desejos deles estão sendo realizados porque elas vêemlágrimas escorrendo de seus olhos: Savah snuta-stana-payah-kavalah sma tasthur/govindam atmani drsasru-kalah sprsantyah: Asru-kalah, significa que seus olhos estão cheios de lágrimas. Tanto os olhos das vacasquanto dos bezerros estão inundados de lágrimas. Eles não conhecem nada além do rosto de Krishna e do

som de Sua flauta. Eles só conseguem ver Krishna. Os bezerros nem olham para suas mães, nem as mãesolham para suas crias. Nenhum deles consegue ver o pasto, eles não vêem nada além de Krishna.As vacas e os bezerros podem ser tanto devotos nitya-siddha ou sadhana-siddha. Podemos perceber

que as vacas foram sruti-mantra, do mesmo modo que algumas gopis foram muni-sari. A maioria das vacassão shlokas védicos e os bezerros são rishis e munis. Por ouvir essas descrições, o sadhaka pode desejar sercomo as vacas e os bezerros. A jiva é independente (svatantra) e pode desejar qualquer coisa. Não existenenhuma razão que explique alguém desejar ser uma vaca ao invés de um vaqueirinho ou ser uma gopi maisvelha em vatsalya-rasa. A independência é a tendência da jiva. Se o sadhaka quer ser uma serpente quempode entender seus motivos? Raghunatha das Gosvami diz: yat kincit trna-gulma -kikata-mukham gosthesamastam hi tat sarvanandamayam mukunda-dayitam lilanukulam, “A relva, arbustos, insetos, e todas asoutras criaturas de Vraja são muito queridos pelo Senhor Krishna. Todos auxiliam o Senhor em Seuspassatempos. Todos têm bem-aventurança transcendental plena”(Vraja-vilasa stava, texto 102).

Tudo em Vraja é sac-cit-ananda. Qual o motivo que levaria o devoto a querer ser uma árvore? Aresposta é que Krishna virá e sentará em sua sombra e colherá seus frutos. Krishna vai se esconder em suasombra e vai subir em seus galhos. Mesmo uma serpente causará temor a Radhika fazendo com que Elacorra para os braços de Krishna. Pode ser que um devoto ao ouvir isto, deseje tornar-se uma serpente. Nãoexiste outra motivação para o devoto.

Esse verso fornece um belo vislumbre das atividades dos residentes de Vrindavana a partir do pontode vista das gopis. Temos que meditar nesse quadro em nosso raganuga-bhajana.

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TEXTO QUATORZE

 prayo batamba vihaga munayo vane‟smin krsneksitam tad-uditam kala-venu-gitam

aruhya ye druma-bhujan rucira-pravalansrnvanti milita-srso vigatanya-vacah

prayah- quase, bata- decerto, amba- Ó mãe (Ó amigo), vihagah- os pássaros, munayah- grandes sábios, vane-na floresta, asmin- isso, krsna-iksitam- observando a beleza do semblante de Krishna , tat-uditam - criadopor Ele, kala-venuitam- as doces vibrações feitas pelo tocar da flauta, aruhya- elevando-se, ye- quem,druma-bhujan- aos galhos das árvores (na forma do Srimad-Bhagavatam), rucira-pravalan- tendo belastrepadeiras e galhos, srnvanti- elas ouvem, milita-drisah- com sua visão retirada de todos os fenômenos etodo o conhecimento relacionado com o corpo material (i.e. com os olhos bem abertos e sem piscarexclusivamente fixos na forma transcendental de Sri Krishna ), vigata-anya-vacah- cessando todos os outros

sons (não relacionados a Sri Krishna )

TRADUÇÃO

Ó Sakhi! Não se preocupe com esta conversa comum sobre vacas e bezerros. Você não vê os pássaros deVrindavana? Chamá-los de pássaros é, por certo, um erro. Falando a verdade, a maioria desses pássaros sãoexaltados rishis e munis. Eles se sentam silenciosos sob as belas árvores verdejantes de Vrindavana, emcima de galhos que estão brotando muitos botões recém formados. Todavia, esses rishis e munis não fechamseus olhos. eles observam continuamente , sem piscar os olhos, a doçura da forma de Krishna e recebendoSuas olhadelas de lado carregadas de amor, eles se encantam. Ignoram todos os outros tipos de sons, eles sóouvem a voz e a musica cativantes que provem de Krishna que cativa todos os três mundos. Minha queridasakhi! Quão felizes eles são. (Oh! quão infelizes nós somos Nossa vida não tem sentido e nossos olhos sãoinúteis. Onde vamos achar a fortuna de poder contemplar a bela forma de Krishna ?)

COMENTÁRIO

Essa gopi está chamando a outra gopi com as palavra amba, mãe. Tanto em Bengali quanto emHindi, dizemos ma. Sempre que há mulheres reunidas e alguém faz uma bela declaração, elas dizem Mago eem hindi, Mayi-re. Contudo, aqui não temos nenhuma mãe, apenas jovens mocinhas que são amigas entre si,apesar disso elas dizem, “Ó mãe! Este é o tom de exclamação. No Srimad-Bhagavatam ocorre muitas vezes

senhoras chamando-se mutuamente de mãe, embora não sejam mães de fato. Ó mãe, Ó sakhi, Ó amiga -todas essas são formas de chamamento (sambhodana).No último shloka diz-se, gavas ca, tanto as vacas quanto seus filhotes amam a Krishna com tanta

intensidade que no momento que os filhotes estão sugando o leite e suas mães estão pastando, todos ficaramatônitos devido o som da flauta de Krishna . Krishna ama a todos eles também, que tomam posição com asorelhas, como cálices, erguidas. Eles perderam o sentido do seu próprio eu. Eles apenas ouvem o somdelicioso da venu.

As gopis recordam que tudo em Vrindavana é muito feliz uma vez que pode saborear o néctar daflauta e a doçura da forma de Krishna . Tudo e todos em Vrindavana, desde o mais elevado ao mais baixo -os pavões, os cucos, as abelhas, os rios, a corça, os semideuses - ficam atraídos pela delicioso som da flautae pela beleza de Krishna. Do mesmo modo, as gopis vêem os pássaros posicionados quietos nos galhos dasárvores como grandes munis. Normalmente os pássaros voam daqui para ali , cantando e gorjeando, masquando Krishna toca Sua flauta, os pássaros silenciam , fecham os olhos e ouvem. Portanto, essa gopi está

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chamando sua sakhi da seguinte forma: “Mãe, observe a maravilha das ações desses pássaros” : vihagamunayo vane‟smin. 

Asmin vane significa a floresta de Vrindavana. vihaga munayo significa que os pássaros são munisou estão agindo como tal. Os sintomas de um muni é que ele sempre se senta com seus olhos cerrados. Talpessoa não possui consciência de seus sentidos externos, não fala com ninguém e se concentra em

meditação. Decerto os pássaros em Vrindavana são munis.Krsneksitam tad-uditam kala-venu-gitam: “Por nós estarmos vendo os sintomas de muni nos

pássaros, não podemos afirmar se os munis nasceram como pássaros ou se os pássaros vieram a ser munis.Talvez as duas afirmações sejam verdadeiras.” 

Krsna-iksitam significa por ver o belo rosto de Krishna. Tad uditam kala-venu-gitam significa porouvir a doce melodia que flui como o néctar da flauta. Kala significa doces vibrações. Também significaklim, la la, kama-bija. Kala também significa que os pássaros acham que Krishna chama somente a eles.Isso é kala.

Existem dois tipos de pássaros e três tipos de munis. Um dos tipos de muni é o dos que meditam noBrahman (brahmavadis, como os quatro Kumaras antes de sentir o aroma das folhas da tulasi oferecidas aos

pés de lótus do Senhor), outro tipo é o dos que meditam no Superalma (paramatmavadis, como SaubhariMuni), e por final há os que meditam em Bhagavan (bhagavat-tattva-vadis), aqui todos são devotos.Em cada tipo de muni existe um destino diferente. Os brahmavadis não vêem a forma de Brahman,

mas possuem nistha. Não é o mesmo que os shankara-vadis que são sunyavadis. No inicio os quatroKumaras e Shukadeva Gosvami eram brahmavadis. Sem sadhu-sanga, tais munis irão alcançar mukti ou emsiddha-loka ou em brahmajyoti. Brahma-bhutah prasannatma na socati na kanksati/ samah sarvesu bhutesumad-bhaktim labhate param, “Aquele que está situado na plataforma transcendental de Brahman, estandoplenamente satisfeito em seu coração, nunca se lamenta e nem deseja por nada. Tal pessoa observa todas asentidades vivas com a mesma visão. Neste estado ele alcança  para bhakti ou prema bhakti a Mim.” (Bg.18.54). Se um brahmavadi chega a se associar com um rasika Vaishnava o ouve seu siddhanta, talbrahmavadi vai alcançar para-bhakti (prema-bhakti, visuddha-bhakti). Em tal situação, ele poderá ir ou paraVaikuntha ou para Goloka Vrindavana.

Descreveram-se os paramatma-vadis no Bhagavad-gita. Aqueles que se lembram do Paramatmacomo a testemunha no coração, como o outorgador das reações provindas das atividades do passado e comoo que satisfaz os desejos, essas pessoas se tornam livres dos frutos de todas as atividades do passado. Sãocomo iogues. Há neles uma mescla de sat e cit e eles estão cientes das varias formas de Krishna comoKaranodakasayi Visnu e Garbhodakasayi Visnu. Primeiro eles vão a Brahmaloka com Brahma , após elespoderão ir onde quiserem segundo o nível de avanço e vivência. Eles podem ir a Brahmajyoti ou aVaikuntha, ou mesmo a Goloka, conforme a associação que tenham e os seus bhajanas sobre o nome, forma,passatempos e qualidades do Senhor. Contudo eles são munis e assim não podem entrar em Vrindavana.Apenas os que cantam e dançam podem adentrar em Vrindavana, como os pavões, cucos e papagaios. Os

papagaios e cucos cantam melodiosamente assim eles podem atrair Krishna e Radhika. Os papagaios nãocantam, mas eles dançam.Portanto, depreendemos que os pavões, cucos e papagaios não são de fato munis ou iogues. Eles são

bhaktas, ou munis do mais alto nível. Ao ver ou se lembrar de Krishna , eles começam a cantar e dançar.Desse modo, Sadashiva decerto é um rasika Vaishnava porque ele canta e dança. Sri Cheitanya Mahaprabhudisse kirtaniya-sada harih. Sua instrução é kirtana:

ceto-darpana-marjanam bhava-mahadavagni-nirvapanamsreyah-kairava-candrika-vitaranam vidya-vadhu-jivanamanadambudhi-vardhanam prati-padam purnamrtasvadanamsarvatma-snapanam param vijayate sri-krsna-sankirtanam

Existem sete estágios. Sarvatma é o último estágio , mas tudo se alcança através do kirtana. Por essarazão, kirtana é o que há de melhor.

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Sri cheitanya-charitamrita afirma sapta-jiva: primeiro, ceto-darpana-marjanam ( limpando o espelhodo coração) ; segundo, bhava-mahadavagni-nirvapanam (extinguindo o fogo ardente da existência material); terceiro, sreyah-kairava-candrika-vitaranam ( o florescer dos primeiros raios de luar da boa fortuna naforma de bhava-bhakti); quarto, vidya-vadhu-jivanam ( a vida e alma do conhecimento transcendental);quinto, anandambudhi-vardhanam (o crescente oceano da bem aventurança de amor a Deus); sexto , prati-

padam-purnamrtasvadanam ( sentindo o gosto deste oceano de bem aventurança a cada passo); e sétimo,sarvatma-snapanam (banhando-se por inteiro neste oceano).

Kirtana e prema são a mesma coisa. Somente através do Kirtana e da dança em bhava, seja gopi-bhava ou outro vraja-bhava, pode-se alcançar prema. Os pavões, cucos e papagaios macho e fêmea cantam edançam, portanto, eles não são munis que apenas se sentam em meditação.

A palavra praya significa quase todos e não todos. Assim praya não significa os cucos, pavões epapagaios macho e fêmea, que são apenas três tipos de pássaros. Quando esses mencionados vêem o rostode Krishna e ouvem a canção de Sua flauta, eles começam a dançar e cantar. Quando os outros tipos depássaros ouvem a canção da flauta de Krishna e vêem Seu rosto e os pavões, papagaios e cucos dançando ecantando, esses pássaros saem de seus ninhos e observam a beleza da cena. Todos os diferentes tipos de

pássaros assim se dirigem para os galhos das árvores e ali se sentam(aruhya ye druma-bhujan ricira-pravalan) nos locais onde estão brotando recém formadas folhas vermelhas. Eles não se sentam em árvoresde folhas grandes que poderia atrapalhar a visão de Krishna , e sim nas árvores onde as folhas são recémformadas. Desse modo, Krishna também pode ver esses pássaros. Já sentar-se em galhos onde não hajafolhas é perigoso , uma vez que caso fiquem inconscientes eles podem cair.

Os munis também vivem em cabanas feitas de galhos e folhas na floresta. Esses pássaros tambémvivem em kutiras. Eles não moram em galhos onde não haja folhas. Onde eles se sentam não há folhas, masem volta há galhos com folhas grandes. Portanto, embora eles possam ver Krishna e Krishna os possa ver,eles ficam escondidos dos outros pássaros. Do mesmo modo que os munis, eles querem ver Krishna e obterSua misericórdia. Existe um relacionamento sambandha entre Krishna e os munis, mas ninguém conseguever o que os munis fazem. Eles desejam adorar Krishna da privacidade de suas cavernas ou kutiras e nãoquerem ser vistos por ninguém exceto por Krishna . Este é o sintoma de um muni. Esses pássaros tambémapresentam esses sintomas.

Esta é a visão das gopis. As gopis vêem como os pássaros se comportam, mas esses versos nascem deseus corações. Existe um verso no Srimad-Bhagavatam (11.1.45):

sri-havir uvachasarva-bhuteseu yah pasyedbhagavad-bhavam atmanahbhutani bhagavaty atmanyesa bhagavatot tamah

“Sri Havir disse: Aquele que percebe a atitude de amor transcendental ao Senhor dentro de tudo, animado einanimado, e percebe que tudo se situa em suas formas espirituais perfeitas, ocupando-se em servir aoSenhor neste humor, é conhecido como um uttama- bhagavata.” 

O sintoma de um uttama-bhagavata é sarva-bhutesu yah pasyed, ele vê seu bhava em relação aKrishna em toda parte. Prahlada Maharaja vê Nrisimhadeva em todo parte e sente que todos adoramNrisimhadeva como ele próprio faz. Os quatro Kumaras acham que todos são iogues. Yashoda-ma acreditaque todos amam Krishna como ela ama. Esses são os sintomas de um mahabhagavata.

Explica-se também este verso no Cheitanya-charitamrita. Sarva-bhutesu yah pasyed bhagavad-bhavam atmanah. Atmanah significa seu relacionamento com Krishna , como o mahabhagavata ama aKrishna .Todos os mahabhagavatas vêem que todas as pessoas estão adorando Krishna como eles própriosestão.

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Os mahabhagavatas também percebe que todos estão situados em Krishna como eles próprios estão.Yashoda-ma viu todo o universo, incluindo-se todas as entidades vivas na boca de Krishna . Arjuna viu avirat-rupa. Prahlada Maharaja também teve essa visão. Embora isso não fosse a visão de um vraja bhakta,Yashoda-ma teve essa visão, da mesma forma que o Senhor Brahma. Esse é um dos sintomas de um devotomahabhagavata.

Cheitanya Mahaprabhu afirma no Madhya 8.274: sthavara-jangama dekhe, na dekhe tara murtisarvatra haya nija ista-deva-sphurti, “O mahabhagavata vê todas as coisas moveis e imóveis, mas não vêdiretamente suas formas. Pelo contrario, ele vê de imediato, Sri Krishna manifestando-se como o objeto daânsia de seus corações.” 

Neste verso existem dois tipo de significado: sthavara-jangama dekhe, ele vê as pessoasindividualmente, as árvores, as entidades vivas, mas não as vê como se existissem neste mundo. Ele vai verque essa é uma gopi (se estiver em gopi-bhava) . Ele vai ver todos os seres moveis e imóveis como estandosituados no mesmo bhava que ele próprio está. Essas entidades vivas podem não estar situados no mesmobhava que ele, mas esta é a forma de ver de um mahabhagavata. Não existe esse bhava nas árvores, e existeum tipo diferente de bhava nos pássaros e vacas, mas as gopis acham que cada uma dessas entidades vivas

se situam apenas no humor de gopi-bhava e que estão, por isso, amando Krishna da mesma forma que elasamam. Devido a que elas desejam se aproximar de Krishna , tocá-lO e ser tocadas por Ele, elas acham quetodas as entidades vivas estão tentando conseguir o mesmo objetivo. E uma vez que as gopis não estãoalcançando êxito em seu objetivo, elas acham que todas as entidades vivas como as árvores, corças, flauta,vacas e pássaros são mais afortunados que elas próprias.

Sthavara-jangama dekhe, na dekhe tara murti: as gopis vêem tanto as entidades vivas moveis quantoas imóveis, mas elas não vêem apenas suas forma da maneira mencionada. Toda entidade viva é para elasum estimulo para um amor ainda maior (uddipana). Por essa visão elas reconhecem Krishna em toda parte.Elas não acham que as árvores são seres inertes ou que as vacas são seres moveis; elas vêem apenas os seuspróprios gopi-bhava nessas entidades. Esse é um sintoma de um mahabhagavata.

As gopis estão experimentando mahabhava. Este êxtase não pode ser encontrado em outras rasas(dasya, sakhya, ou vatsalya), embora devotos situados nessas rasas possam ser mahabhagavatas. PrahladaMaharaja é um mahabhagavata, como também é Uddhava e Narada. Porem cada um desses bhaktas sópodem ver de acordo com seu próprio bhava. Um devoto mahabhagavata em gopi-bhava vai ouvir Krishnatocando Sua concha e vai pensar, “Oh, quão afortunado esta concha é pois está saboreando o néctar doslábios de Krishna .” A própria concha não possui tal visão, mas o mahabhagavata vai achar que sim. 

Outro sintoma de um mahabhagavata é que ele todos servindo Krishna exceto ele mesmo.Exemplifica-se isso nas gopis neste capitulo porque elas estão falando da boa sorte das tantas entidadesvivas e reconhecem sua má sorte.

Existe um segundo significado de druma-bhujan (dos galhos das árvores). Existem muitos munis quesão brahma-jnanis e que fazem sua escalada pelos Upanishads, que é um dos ramos dos Vedas. Eles

ascendem e olham para Krishna de lá. Eles vêem Krishna como Brahman. Um iogue faz sua escalada emcertos Upanishads, nos Smriti. Os bhaktas possuem sua própria ramificação, o ramo do Srimad-Bhagavatam.Ao se escalar neste ramo, eles podem ver Krishna e Krishna pode vê-los. Caso contrário, em qualquer Veda,Purana, Upanishad ou Smriti não vai ser encontrado o galho onde se pode sentar e observar.

Portanto, druma-bhujan significa que os munis abandonam todas as ramificações dos Vedas eescalam nos galhos do Srimad-Bhagavatam. Desse modo, Eles chegam a Vrindavana e escalam o galho evêem Krishna . Eles preferem a árvore de Vrindavana a árvore dos Vedas. Em Vrindavana eles podem verKrishna quando sobem nas árvores, mas não conseguem vê-lO se subirem nas árvores dos Upanishads ouqualquer outro Vedas. Esses munis desejaram se tornar pássaros - Sanaka, Sanandana, Sanatana , Sanat-kumar, Shukadeva Gosvami (que se tornou um papagaio) e tantos outros munis. Quando eles abandonaramos demais Vedas, eles naturalmente se dirigiram a Vrindavana e viram Krishna quando subiram nos galhosdas árvores.

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As gopis disseram rucira-pravalan, que os pássaros estão sentados nos finos galhos e trepadeiras daárvore do Srimad-Bhagavatam. A partir deste local , os munis podem ver os pavões e os papagaios dançandoe os cucos cantando, mas eles próprios não estão cantando ou dançando - apenas se sentam como fazem osmunis, observando tudo.

As gopis estão dizendo que é fato que Shukadeva Gosvami e os quatro Kumaras, bem como todos os

munis, executaram tantas austeridades e serviram Radha e Krishna tanto, que pela misericórdia deyogamaya, eles puderam vir a Vrindavana na forma de pássaros. Desse modo, este estão vendo e saboreandoKrishna . Srnvanti milita-drso vigztanya-vacah: os pássaros não estão cantando. Os sentidos externos delesficaram paralisados . As gopis almejam ter tanta fé quanto esses pássaros cujos sentidos externos pararam eque se esqueceram de tudo exceto Krishna . “Se somos afortunados o bastante para nos tornarmos pássaros  na próxima vida, poderemos voar até Krishna sem nenhuma hesitação ou restrição. Se nos tornarmos cucosou papagaios, então o que mais poderemos almejar? Seremos tão fieis que sempre poderemos voar até asmão de Krishna ou Srimati Radhika. Se nos tornamos cucos, cantaremos para Krishna , se for pavões,dançaremos para Krishna .” 

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TEXTO QUINZE

nadyas tada tad upadhraya mukunda-gitamavarta-laksita-manobhava-bhagna -vegahalingana-sthagitam urmi-bhujair murarer

srhnanti pada-yugalam kamalopaharah

nadyah- os rios (Sri Kalindi, Manasi Ganga e outros); tada- nisto, tat- esta; upoadharya- percebendo(atentamente ouvindo a canção da flauta que chega a eles); mukunda- de Sri Krishna , o ápice da bemaventurança espiritual, que outorga libertação de todo sofrimento ao conferir Sua associação; gitam- acanção da flauta de Mukunda, que faz nascer a bem aventurança espiritual suprema; avarta- numredemoinho (indicativo de sua kama para se encontrar com Krishna ); laksita- manifesta; manah-bhava- porseus desejos conjugais; bhagna- quebrado; vegah- suas correntezas; alingana- pelos braços de suas ondas;murareh- do Senhor Murari, o matador do demônio Mura; grhnanti- elas agarram; pada-yugalam- os dois pésde lótus; kamala-upaharah- levando oferendas de flores de lótus

tradução

Outras gopis disseram: Ó sakhi! Por que você fala das devis, vacas e pássaros? Todos eles são seres vivosanimados. Você não percebe os rios inanimados? Você não vê os redemoinhos que acontece nos rios,compreende-se que dentro de seus corações surgem um desejo intenso para se encontrar com Syamasundara.O fluxo dos rios ficaram paralisados por essa intensa agitação emocional. Os rios também ouviram o som daflauta de nosso amado Krishna . Olhe bem! Olhe bem! Com os braços de suas ondas, eles agarraram os pésde lótus de Krishna e estando fazendo uma oferenda de flores de lótus. Os rios abraçam Seus pés de lótuscomo se estivessem oferecendo seus corações a Ele.

COMENTÁRIO

Ao ouvir a canção da flauta, os rios se aquietaram. Eles estão cheios de bhava. Eles não conseguempensar em nada mais. Sthagitam significa que eles silenciaram. As gopis vêem Krishna caminhando pelaspraias do rio Yamuna com seus bhava-netra (olhos do amor). De fato , elas estão sentada em seus quartos,mas elas vêem Krishna caminhando pelas praias do Yamuna tocando Sua flauta. Neste capitulo, as gopisfalam apenas das influencias do som da flauta de Krishna sobre os residentes de Vrindavana; portanto,chama-se a isso de Venu-gita.

Nadyas tada, as gopis vêem que o Yamuna se aquietou. Por ver o belo rosto de Krishna e ouvir Suaflauta, o rio parou de fluir. Tad upadharya mukunda-gitam avarta-laksita-manobhava-bhagna-vegah: as gopis

acreditam que o Yamuna é melhor que elas mesmas , uma vez que simplesmente por ouvir a flauta deKrishna , o Cupido flechou o coração do rio Yamuna e agora ela (o rio) deseja saborear Krishna (kama).Este é o porquê Yamuna se aquietou. Se smara (o Cupido) flecha o coração de alguém, em especial ocoração de uma kamatmika-gopi, então vão se manifestar sintomas perceptíveis.

As gopis falam de um modo dissimulado (avahita). Eles tentam não tornar claro seus sentimentos(bhava) para as outras gopis. Até esse ponto, elas não revelaram o que aconteceu a elas quando ouviram acanção da flauta e viram o belo rosto de Krishna , mas aconteceram sintomas. Neste instante, kama estárapidamente se apoderando de seus corações. Elas estão tão imersas em Krishna-prema que queremesconder isso das outras gopis. Elas não expressam o humor de seus corações. Caso alguém ame umapessoa tanto quanto as gopis amam a Krishna , esse alguém terá palpitações em seu coração. Não só essadisritmia cardíaca , se qualquer um tiver uma experiência de sentir amor por alguém, então tal pessoa poderáavaliar comparativamente o sentimento das gopis, embora o amor entre homem e mulher seja o oposto aoprema das gopis. O prema das gopis em vipralambha é como um veneno mortal (halahala). As gopis estão

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sentindo o efeito do veneno nesta passagem, não há néctar. Às vezes , elas sentem como se tivessemmorrendo, outras vezes como se tivessem renascendo. Elas não conseguem ter claro se é veneno ou néctar oque elas sentem.

No amor do mundo, se o amado vai embora por um dia e o que fica não sabe se haverá retorno ounão, haverá muita ansiedade em seu no coração. Quem fica sequer conseguirá dormir e estará sempre

apreensivo. Shukadeva Gosvami apenas fornece pistas aqui sobre o que as gopis sentem. E de um modooculto as gopis dizem que não podem expressar o que se passa no coração de Yamuna, porque ela estávendo Krishna e ouvindo o som de Sua flauta. Elas só dizem que percebem que Yamuna está atordoada.Portanto, ela deve estar experimentando kama.

Yamuna ouve a partir da superfície de suas águas e suas ondas se atiram em direção a Krishna paraabracá-lO. As ondas que se formam não é só a partir das águas da superfície, mas também das águasprofundas. Isso cria milhares de redemoinhos. Tantos bhavas surgem em seu coração, não é só um tipo debhava. Sri Cheitanya Mahaprabhu experimentou o turbilhão do kila-kinchita-bhava juntamente com váriosoutros bhavas, tudo ao mesmo tempo. Os diferentes bhavas vinham e cortavam Seu coração em pedaços. Domesmo modo, tantos humores surgem no rio Yamuna que criam milhares e milhares de turbilhões. Ao final,

com seus longos braços (ondas), ela(o rio Yamuna), abraça os pés de lótus de Krishna (urmi-bhujair murarerghrnanti pada-yugalam kamalopaharah) oferecendo-Lhe flores de lótus.Este é o sinal de kama no Yamuna. Este é o motivo de sua correnteza quebrar-se em tantos locais. As

gopis comparam isso ao seu próprio humor e como seus corações estão repletos de correntezas quebradas eredemoinhos. As flores de lótus quebram-se na haste pela forca dos redemoinhos e Yamuna devi as pega ,oferecendo-as aos pés de lótus de Krishna (alingana-sthagitam urmi-bhujair murarer).

Outro significado para a palavra alingana é que uma vez que Krishna passeia nas margens doYamuna, as ondas se atiram aos Seus pés de lótus , abraçando-os. Como as ondas do oceano que se quebramna praia, as ondas do Yamuna se quebram aos pés de lótus de Krishna . O Yamuna não é um rio comum. Asgopis vêem Yamuna abraçando Krishna , mas Krishna não correspondeu tal abraço . Ao final ela (o rioYamuna), fica envergonhada e diz, “Oh, eu estou errada, não sou qualificada. Se fosse as gopis, Krishna

teria correspondido. Como eu não são tão bonita e formosa Krishna não me abraça.Embora Yamuna seja uma expansão de Vishakha, as gopis a vêem dessa maneira. Yamuna então se

aproxima de Krishna , entregando-Lhe seu coração na forma de flores de lótus (kamalopaharah) e suplicaque Ele a abrace. Em geral as mulheres não expressam seus sentimentos ao seu amor primeiro, e sim esperaque o homem tome a iniciativa. Se a mulher se declara primeiro, o homem pode ignorar , fazendo-a recuar.Então tal mulher vai suplicar como faz Yamuna. Devido a que Krishna ficou calado e não correspondeu aseu abraço, Yamuna sentiu-se envergonhada e humilhada. Portanto, ela oferece flores de lótus a Seus pés.

As gopis vêem Yamuna como afortunada porque ela pode abraçar Krishna . Ela pode cair a Seus pés.Ela pode colocar flores a Seus pés. Ela pode ouvir a melodia de Sua flauta bem próxima. “ Nós , gopis, nadapodemos fazer. Se fossemos as águas do Yamuna, poderíamos fazer essas coisas com muita facilidade.

Como nada podemos fazer agora, somos muito desafortunadas.” Esse é um verso importante. Quando Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura fazia referência a esteshloka em suas palestras, ele sempre apresentava sintomas de bhava, sua boca se avermelhava e seus olhosenchiam-se de lágrimas. Nadyas tada tad upadharya mukunda-gitam. Isso é que é gopi-bhava. Até agora, asgopis dissimulam seu bhava e o controla. Elas não expressam seu sentimento a nenhuma outra gopi. Porém ,neste verso, elas não conseguem mais conter seus sentimentos. Elas tentam contê-los, mas não podem. Ossentimentos vem por si. Não há como segurá-los. Este é o motivo desse shloka ser importante.

Quando elas percebem que perderam o controle e estão expressando mais do que intencionavam, asgopis outra vez tentam dissimular seus sentimentos. O que elas fazem é expressar o que sentem de outromodo, agora indireto. Quando elas se dão conta que de qualquer jeito o bhava está aparecendo, elas ficamenvergonhadas. Assim , elas querem encobri-lo outra vez.

Pode parecer notável que considerando-se que as gopis estejam entre amigas de bhava e idadesimilares, não deveriam sentir-se envergonhadas ao ver seus sentimentos expostos. Todavia, essa é a

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característica deste bhava. Se elas o expõe abertamente, então as outras gopis vão pensar: “Ela desejaKrishna !” Nisto outra gopi também vai desejar Krishna e elas terão que compartilhar. Elas não queremcompartilhar nem seus humores , nem Krishna , mesmo entre suas melhores amigas, embora compartilhemseus sentimentos com as manjaris.

Por exemplo, o que se conhece por sannyasi pode ter muitos amigos. Se ele se apaixonar por uma

bela mulher, será que ele vai contar para todos seus amigos? Ele não vai poder contar. Ele quer, isso sim, écessar essa atração porque ele é um sannyasi. Todavia, se apesar disso sua mente continuar indo nessesentido, ele não vai contar para todo mundo. Ele vai tentar esconder isso. Do mesmo modo, as gopis não sãocasadas com Krishna , ainda que experimentem desejos conjugais. Elas desejam Krishna totalmente. Elasquerem que Ele fique só sob o controle delas. Se elas expressam isso abertamente, todos irão saber osegredo delas. Toda a sociedade vai rir delas ou puni-las. Portanto , elas estão escondendo essessentimentos.

Radhika mesmo quando está entre Lalita e Vishakha esconde Seus sentimentos. Existem algumascoisas que ela expõe que não precisa ser oculto - ou seja, as coisas mais gerais. Todavia, aqui não estamostratando de raga, e sim de purva-raga. As gopis estão no humor de desejo ardente por Krishna . E por

consequência, elas não dirão isso a ninguém.

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TEXTO DEZESSEIS

drsvatape vraja-pasun saha rama-gopaihsancarayantam anu venum udirayantamprema-pravrddha uditah kusumavalibhih

sakhyur vyadhat sva-vapusambuda atapatram

drstva- vendo; atape- no abrasante calor do sol; vraja-pasun- os animais domésticos de Vraja(as vacas);saha- junto com; rama-gopaih- Sri Balarama e os vaqueirinhos; sancarayantam- apascentando juntos; anu-uma e outra vez; venum- Sua flauta; udirayantam- tocando alto; prema- por amor; pravrddhah- expandido;uditah- elevando-se alto; kusuma-avalibhih- com partículas de vapor d‟água, que são como ramalhetes deflores; sakhyuh- para suas amigas ( que eram da mesma cor- shyama); vyadhat- ele construiu; sva-vapusa-por seu próprio corpo; ambudah- a nuvem; atapatram- um guarda-sol (composto de gotas d‟água) 

tradução

Ó sakhi! Esses rios também pertencem a nossa Vrindavana. Portanto, Não é de se espantar que eles estejamoferecendo de tudo aos pés de lótus de Sri Krishna . Por favor, preste atenção nas nuvens por um instante.Quando elas vêem o príncipe de Vraja, Sri Krishna e Sri Balarama acompanhados pelos vaqueirinhos,apascentando as vacas sob o sol abrasante de verão, e quando elas ouvem Sri Krishna tocar muitodocemente Sua flauta, seus corações se enchem de amor. As nuvens pairam sobre Eles. Ao expandir seuscorpos, as nuvens negras recém formadas (syamaghana) se tornam guarda-sol , oferecendo abrigo para seuamigo Ghanasyama. Além do mais, quando as nuvens precipitam pequenas gotas de água sobre Eles, pareceque as nuvens estão banhando os dois com lindas flores brancas. Ainda que isso seja apenas um pretexto;pois ao assim agir, as nuvens estão, de fato, oferecendo tudo, incluindo-se suas vidas.

COMENTÁRIO

Após contarem a história de Yamuna, as gopis perceberam na hora que cometeram um erro. Elasfalaram algo que não queriam falar. Assim quiseram esconder de novo seus sentimentos. Neste verso,drstvatape significa que elas estão outra vez falando de sakhya-rasa. Elas querem dissimular sua madhurya-rasa com sakhya-rasa. Portanto, elas ficam olhando para as nuvens observando que é meio-dia. O sol estáquente, mas as nuvens formam uma espécie de guarda-sol sobre Krishna . Krishna apascenta Suas vacas sobo abrigo das nuvens, que são amigas de Krishna . As nuvens atuam como guarda-sol sobre Krishna paraprotegê-lO do calor abrasante.

Neste verso, as gopis outra vez repetem o nome de Balarama para vir a tona sakhya-rasa. Vraja-pasun

saha rama-gopaih: Krishna está com as vaquinhas e bezerros de Vraja acompanhado de Balarama e todos osvaqueirinhos. Ao falar de Krishna rodeado pelos meninos e vacas, elas encobrem o humor de madhurya-bhava.

Sancarayantam anu venum udirayantam: O Senhor Krishna está continuamente vibrando Sua flautaenquanto apascenta os animais de Vraja. As nuvens ouve a flauta e, ao mesmo tempo, nota que seu amigoKrishna está sob um sol escaldante. O sol arde em Seu corpo e Ele está transpirando. As nuvens decidiramservir a Krishna (prema-pravrddha) numa expansão de amor. Prema-pravrddha significa que o amor é tantoque a nuvem constrói um guarda-sol composto de gotas de vapor d‟água ( que são como flores) de seuspróprios corpos (uditah kusumavalibhih sakhyur vyadhat sva-vapusambuda atapatram). Ao ver Krishna ,lágrimas chegam a seus olhos. Quando as lágrimas são de tristeza ou ira, elas são quentes, mas quando elascorrem por felicidade, elas são frias. As nuvens derramam lágrimas de felicidade e Krishna se refresca comessas lágrimas. Este é o modo que as nuvens executam seus deveres de amigo (sakhyur vyadhat).

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As gopis acreditam que por não poderem ter o mesmo humor de Yamuna (elas não podem abraçarKrishna em seus coração ou oferecer flores de lótus aos Seus pés), talvez possam então servir como asnuvens o fazem. Elas querem nascer como nuvens assim podem oferecer sombra a Krishna e derramarlágrimas refrescantes para agradar a Ele. Elas acreditam que desse modo, elas se tornarão afortunadas.

TEXTO DEZESSETE

purnah pulindya urugaya-padabja-ragasri-kunkumena dayita-stana-manditena

tad-darsana-smara-rjas trna-rusitenalimpantya anana-kucesu jahus tad-adhim

purnah- total satisfação , pulindyah- as esposas da tribo Shabara (uma tribo inferior de aborígines), urugaya-de Sri Krishna (que toca alto na flauta), pada-abja- dos pés de lótus, raga- trazendo a cor avermelhada, sri-kumkumena- pelo pó transcendental de kunkuma, dayita- de Suas namoradas(de Sri Radha), stana- os seios ,manditena - que decorou, tat- disso, darshana - pela visão , smara - de Kamadeva (Cupido), rujah - sentindoa aflição , trna - sobre a relva, rasitena - afeiçoado, limpantyah- manchando, anana- em suas faces, kucesu -e seios, jahuh - elas abandonam, tat- isso, adhim- a aflição causada por kamadeva

TRADUÇÃO

Algumas outras Vraja Gopis disseram: Ó sakhis! consideramos as jovens nativas ( Pulindis) comoverdadeiramente abençoadas e exitosas porque elas possuem um extraordinário apego( anuraga) em seuscorações. Quando elas vêem o nosso mais querido e amado Krishna brota um intenso desejo de encontrarcom Sri Krishna dentro de seus corações Os corações delas são atacados com a doença do amor. Nestemomento, elas untam seus seios e faces com o pó vermelho kumkuma que foi colhido na relva deVrindavan, as amadas gopis de Krishna adornam seus seios com pó de kumkuma que fica preso aos pés delótus de Sri Krishna. Quando Syamasundara caminha em Vrindavan, a grama se cobre com esse pó. Assumamente afortunadas Pulindis então untam seus seios e faces com esse pó deste modo elas aliviam aangústia de seu amor.

COMENTÁRIO

As Gopis não queriam revelar seus sentimentos umas às outras. Avahita significa não revelar, ouseja, ocultar os sentimentos mais íntimos em relação a Krishna . Elas são Kamatmika-gopis. Isso é porqueelas desejavam esconder o desejo de encontrar Krishna e satisfazê-lO. Elas estavam dissimulando os seussentimentos e para isso narravam as particularidades da flauta, a saber, de como é tão doce a canção daflauta e como tudo em Vraja, seja móvel ou imóvel, se enternece ao ouvir a canção da flauta. As entidadesmóveis se tornam inertes como pedras e as pedras se derretem. Os bezerros esquecem de sugar o leite desuas mães e as vacas esquecem de pastar. Tudo é esquecido quando Krishna vibra sua flauta. Ao falar destascoisas, as gopis tentam esconder seu próprio bhava em relação a Krishna.

No texto quinze as Gopis expressaram abertamente seus sentimentos. Elas estavam tão tomadas deamor por Krishna que se esqueceram de si mesmas e falaram às claras. Os rios em geral não tem amor . o

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Manasi- ganga parece não ter amor. Contudo as gopis viam o rio através de seus corações como seestivessem abraçando Krishna. De fato o Rio Yamuna e o Manasi Ganga não aparentam ter consciência,mesmo assim as gopis expressam os seus próprios sentimentos ao descrever o humor dos rios.

Se qualquer mulher amar um homem como as gopis amam a Krishna, pode ocorrer que no momentoque ela abraçar este homem , ele vá agir como se fosse indiferente a ela, ele pode agir de um modo

distante, assim a mulher ficará envergonhada e colocará sua cabeça aos pés dele. Isso foi o que a Yamunafez quando ela se abraçou a Krishna e Ele não retribuiu o abraço. As gopis viram isso em seus corações. NoSrimad-Bhagavatam existe um verso (5.18.12):

yasyasti bhaktir bhagavaty akincanasarvair gunais tatra samasate surahharav abhaktasya kuto mahad-gunamanorathenasati dhavato bahih

“Todos os devatas e suas exaltadas qualidades, tais como dharma, jñana e vairagya se encontram

plenamente naquele que desenvolveu bhakti imaculada pela Suprema Personalidade de Deus, Vasudeva.Aquele que não possui hari-bhakti se ocupa em desejos disfarçados, karma, jñana e ioga, ou estão apegadosao lar e desfrute material. Portanto, tal pessoa não pode deter devoção exclusiva em relação a Sri Hari.Estando obsidiado por fantasias mentais, tal pessoa empenha-se pelo impermanente, os objetos externos dogozo dos sentidos. Como pode haver qualquer boa qualidade nessa pessoa?” 

Yasyasti bhaktir bhagavaty akincana: onde houver bhakti e essa bhakti for akinchana, ouniskinchana, então sarvair gunais tatra samasate surah, todas as qualidades espirituais (apakrita) aparecemnessa bhakti e nessa pessoa que executa bhakti. Uma das qualidades é saber tudo, mesmo que não sejavisível. As gopis não podem ver o que Krishna está fazendo quando elas estão em casa e Ele estápastoreando as vacas. Um bhakta akinchana sabe do passado e do futuro. Narada Muni e ShukadevaGosvami são akinchana-bhaktas. Sanjaya também está voltado para akinchana-bhakti. Por conseqüência, elepode ver tudo que ocorria no campo de batalha de Kurukshetra embora não estive pessoalmente presente.

Nós possuímos alguma bhakti , contudo não somos akinchana-bhaktas. Akinchana-bhakti é tãopoderosa que, por seu intermédio, pode-se conhecer até mesmo o coração de Krishna . Pode-se conhecertambém o coração de Srimati Radhika. As manjaris, Lalita e Vishakha conhecem o coração de Radha .Conhecer o coração de Radhika é mais difícil do que conhecer o coração de Krishna . De modo geralKrishna pode ocultar algo, mas Radhika não . Por outro lado, Se Radhika deseja esconder algo, mesmo paraKrishna é difícil descobrir. As gopis possuem niskinchana-bhakti. Srimati Radhika e as gopis amam aKrishna e Krishna também ama a Srimati Radhika e as gopis. Todavia , o prema das gopis é maior. Esse é oporquê Krishna está sempre mais atraído às gopis do que as gopis estão atraídas a Ele.

As gopis estão dizendo tudo. Embora pareça que não exista prema nos rios, as gopis vêem o prema

dos rios. A Yamuna é um rio, assim como é possível para ela ter prema? Todavia, ela também é umaexpansão de Vishakha, por isso , de fato , ela possui amor por Krishna que está sendo descrito pelas gopis.As gopis explicam isso ao descrever o humor de Yamuna.

Devido as gopis possuírem bhakti, elas também têm prema. Contudo, mais do que isso elasexperimentam madanaikya-bhava. Krishna quer saborear este madanaikya-bhava, todavia Ele não conseguesaboreá-lo no Krishna-lila. Portanto, Ele aparece como Cheitanya Mahaprabhu.

As gopis chegam a madanaikya-bhava. Elas experimentam prema-vaicittya( sentimentos deseparação mesmo na presença do amado, instigado pela intensidade do prema) em madanaikya.*

No estágio de modanaikya, as gopis experimentam divyonmada e citra-jalpa. Descreve-se isso noBhramara-gita. O bhava das gopis se estende até modanaikya, madanaikya e todos os outros sintomas.

* Madana é o estágio mais elevado de prema e se encontra apenas em Srimati Radhika. Madanaikya-bhavaocorre no encontro. No estágio de madana, Radha esquece de Sua própria identidade e assim troca Sua

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identidade com Krishna (bhranti). Devido a completa identificação de Radha com Seu objeto de afeição ,Ela Se considera como sendo Krishna . No encontro existe uma separação e na separação existe umencontro. Krishna põe Radha em Seu colo e Radhika fica pensando, “Onde está Krishna ? Onde está Krishna?” Na separação Radha abraça a árvore tamala e pensa que Krishna está com Ela. Existem muitos sintomascomo esses que não aparecem nos estágios anteriores a bhava. Portanto, madana é o clímax supremo de

prema.Modana, todavia, refere-se ao êxtase que se experimenta em viraha, separação. Quando as condições

de modana se tornam incontroladas e paralisadas na separação e quando todos os oito sattvika-bhavas estãototal e simultaneamente manifestos em sua plena fascinante confusão, chama-se divyonmada. Estedivyonmada ou loucura divina se expressa em múltiplas formas entre as quais udghurna e chitra jalpa sãoproeminentes. Citrajalpa divide-se, posteriormente em dez variedades.

A descrição que as gopis fazem da vida em Vraja provém de seus corações. Elas não estãosimplesmente falando sobre nuvens, pavões ou corças. Elas falam dos residentes de Vraja. É um fato queesses habitantes mostram também afeição por Krishna. Assim as gopis falam do humor desses habitantes deVraja, mas como as gopis estão tentando ocultar sua própria bhakti, elas se socorrem dessas descrições para

poder expressar o que sentem de forma indireta. No final elas já não conseguem esconder o que sentemdevido a profunda emoção. Elas falam abertamente. Logo em seguida elas tentam novamente ocultar seussentimentos no shloka anterior onde se menciona o nome de Balarama e se fala das nuvens comoparticipante do sakhya-rasa.

Devido a que elas não conseguem mais ocultar seus sentimentos, elas se lembram da boa fortuna dasPulindis. Os Pulindis são originários da tribo Shabara. Eles dão duro para sobreviver trabalhando comocarregadores de liteira ou arando os campos. Suas esposas extraem madeira e coletam esterco das florestas.Vendem o excedente e usam a sobra em suas próprias cozinhas. Os Pulindis moram próximos a Govardhanae a aldeia de Vrindavana, assim eles encontram muita chance de ouvir a canção da flauta de Krishna e de veras gopis. Srimati Radhika é tão liberal que ama todos esses Pulinda-kanya. De fato, Srimati Radhika amatodas as mocinhas ocupando-as em serviço.

Srimati Radhika pede para que os Pulindis tragam flores e outras parafernálias que ela necessita dafloresta. No Govinda Lilamrita descreve-se o passatempo onde Radha e Krishna estavam jogando. Krishnaapostava Sua flauta e aguardava para ver o que Radha iria apostar. Lalita ofereceu a própria Radhika comoaposta para Krishna. Mas quando Radhika perdeu a aposta, Radha pediu que chamassem uma camponesaPulindi, “Oh, Minhas sakhis amigas chamem uma Pulindi.” Radhika não subestimava as Pulindis emborasocialmente elas fossem de uma casta inferior. Quando a Pulindi chegou, Srimati Radhika, Lalita e Vishakhacom um meigo sorriso a convidaram para que se sentasse como uma amiga. Todavia Krishna percebeu o quese passava de imediato. Ele previu o plano de Radha de pagar a aposta com a Pulindi. A Pulindi estava muitoenvergonhada sentada ao lado de Radha e Krishna e todas as sakhis, mas ela executava um serviço muitoíntimo.

As gopis conversam sobre essas Pulindis: purnah pulindya, essas mocinhas ficam muito contentes.Tudo que elas almejam na vida elas conseguem no humor das gopis que se descreveu aqui:

aksanvatam phalam idam na param vidamahsakhyah pasun anu vivesayator vayasyaihvaktram vrajesa-sutayor anuvenu-justamyair va nipitam anurakata-kataksa-moksam

“Ó sakhis! Cremos que par a os que tem olhos, só existe um objeto apropriado da visão. O propósito dosolhos reside no contemplar apenas esse objeto; não há outro. E qual é esse precioso objeto de desejo para osolhos? É a visão dos dois filhos de Maharaja Nanda, Sri Krishna e Baladeva, acompanhados de Seus amigosvaqueirinhos, quando eles se embrenham na floresta levando as vacas, ou quando eles retornam a

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Vrindavana. Eles seguram Suas flautas nos lábios e de soslaio olham amorosamente mostrando um docesorriso. Momento em que sorvemos a doçura de Suas faces”. (Bhag. 10.21.7) 

Disse que foi alcançado o propósito dos olhos quando se vê Krishna tocando Sua flauta. O êxito seráainda maior ao poder observar os olhares enviesados entre Krishna e as gopis (que é o modo que as gopisusam para adorar Krishna com Seus olhos). Baladeva segue à frente e Krishna está um pouco atrás. Todavia

as gopis comentam algo mais, embora estejam tentando ocultar o que sentem pela menção do nome deBalarama. Elas estão tentando nos dizer que Radha executa arcana para Krishna e Krishna por Sua vezoferece arcana a Srimati Radhika tudo executado pelos cantos de Seus olhos. Somente as gopis, as manjaris,podem observar esses detalhes. E elas também conseguem ver outros passatempos além desses. Portanto,purnah pulindya, a vida das Pulindis se tornaram exitosas e as gopis acreditam que as Pulindis receberamuma graça maior do que elas próprias. Tanto Sanatana Gosvami quanto Visvanatha Chakravarti Thakuraafirmam que as gopis estão quase no mesmo status que Srimati Radhika. Jiva Gosvami explica que esseverso não foi falado por Srimati Radhika e sim por Lalita ou Vishakha ou talvez Chandravali. Jiva Gosvamimostra que parece ser mais Lalita ou Vishakha devido ao dayita-stana-manditena, Dayita significa muitoquerido por Krishna, Sua amada. Quando as Pulindis vão pegar madeira seca e estrume de vaca na floresta,

elas vêem kunkuma na relva. Elas ficam tomadas por kama, em smara-ruja. Smara-ruja significa tapa ou asensação ardente que queima mais que o fogo e que se origina do kama. As Pulindis pegam o kunkuma eesfregando em suas bocas, seios e por todo o corpo.

As gopis assistem essas cenas de suas casas. Yasyasti bhaktir bhagavaty akinchana - Pelo fruto debhakti elas conseguem ver todos esses eventos. Embora as gopis sejam kaya-vyuha (expansões corpóreas) deSrimati Radhika, não podemos nos concentrar nesses detalhes porque isso é nara-lila. Isso é madhurya-lilaem Vraja, não é Goloka-aishvarya-bhumi. Portanto nossa atenção não é unicamente nesses pontos que sãoauxiliares para nosso madhurya-bhava, não podemos nos prender a essas coisas que pertencem ao aishvarya-bhava. As gopis têm bhakti, e isso é o que faz com elas consigam ver o que Krishna faz na floresta emboraestejam e suas casas. Elas vêem as Pulindis pegando kunkuma da relva e após friccionando em seus corpos eesse ato alivia o fogo do kama das Pulindis.

A poeira dos pés de Krishna e os pés de Krishna não são diferentes. As Pulindis passam a poeira dospés de Krishna em seus corpos. Esse é o jeito que elas mantêm os pés de Krishna em seus seios, cabeças ecorpos. Elas sentem como se de fato os pés de Krishna estivessem ali. Assim é que elas conseguem aliviar okama-tapa. Se elas não fizessem isso o desejo por Krishna aumentaria uma vez que o kunkuma por si éuddipana para elas - só por ver o kunkuma aumenta o desejo de união com Krishna. A única maneira dealiviar o fogo do kama é encontrar-se com Krishna. Por isso, as Pulindis pegam o kunkuma, que é a poeirados pés de Krishna, e o esfrega em seus corpos. Por estar com a poeira dos pés de Krishna elas sentem comose estivessem diretamente com Krishna em pessoas. Isso alivia o fogo ardente de seus corações. NoVaishnava Toshani, Sanatana Gosvami fornece um significado mais profundo. Ele explica como pode secompreender quem é dayita (a amada) quem estaria portanto falando este verso. Se dayita refere-se a Lalita,

podemos presumir que Vishakha é que está falando. Dayita se refere a alguém superior a quem fala, a quemestá usando a palavra dayita. Como decidir quem é dayita? Anayaradhito nunam bhagavan harir isvarah yanno vihaya govindah prito yam anayad rahah: “Decerto o independente Senhor Sri Narayana, que elimina atristeza de todos foi adorado com perfeição por esta afortunada gopi, uma vez que Govinda nos abandonounos confins da floresta e levou somente Radha para um local retirado”(Bhag. 10.30.28) 

Anayaradhito nunam: todas as gopis estavam presentes na arena da dança da rasa, porém Radhika eKrishna desapareceram. Quando as outras gopis viram as pegadas e outros sinais de que Krishna estava comRadha - viram as flores que Krishna costumava decorar esta gopi especial, viram a pisada de Krishna nolocal onde Ele havia Se esticado para colher flores. As marcas de Seus pés estavam mais profundas do que onormal indicando que Ele carregava Radha no colo - por isso as gopis entenderam que essa gopi especialhavia agradado a Deus, não Krishna, mas Deus e foi por isso que Deus articulou tudo para Ela se tornasse aamada de Krishna. Por Ela ser tão querida para Krishna, Ele a levou embora deixando todas as outras gopis.As gopis consideram que Radha é superior. É assim que as sakhis explicam quem é dayita. Esse verso

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referiu-se a Radhika. Sri-kunkumena sayita-stana-manditena: as Pulindis encontraram o kunkuma quedecorava os seios da amada de Krishna (dayita) e essa amada tem que ser Srimati Radhika.

Yat te sujata-caranamburuham stanesubhitah sanaih priya dadhimahi karkasesu

tenatavim atasi tad vyathate na kim svitkurpadibhir bhramati dhir bhavad-ayusam nah

“Ó mui amado! Os Seus pés de lótus são tão tenros que os colocamos sobre nossos seios, temendo que Vocêmachuque Seus pés. Quando Você vai de floresta em floresta ficamos ansiosas por temer que Vocêmachuque Seus pés suaves como lótus nas pedras afiadas e nos cascalhos. Você é a própria vida que há emnós. Somente com Sua satisfação poderemos continuar vivendo.”(Bhag. 10.31.19) 

Esse verso é do Gopi-Gita. Jayati te „dhikam janmana vrajh, ou tava kathamritam tapta jivanam. Asgopis falam e gritam todos esses versos às margens do Rio Yamuna próximo ao rasa-sthali. Yat te sujata é oshloka final. Quando Krishna ouve este shloka Ele não consegue mais se esconder. Yat te sujata -

karanamburuham stanesu: Radhika diz que os pés de Krishna é mais fragrante que a flor de lótus. São tãomacios que Radha quer colocá-los gentilmente sobre Seus seios, assim eles não serão feridos quando Krishnaandar na floresta. Embora Radha queira preservar os pés de Krishna com tanta meiguice, Ele caminha sobreafiadas pedras nas trilhas da floresta, onde até mesmo as vacas temem caminhar, porém Krishna caminha porali e machuca Seus pés. Srimati Radhika deseja manter os pés de Krishna sobre Seus seios.

Existem duas ocasiões em que Radha segura os pés de Krishna, uma nos passatempos da meia noite eo outro ao meio dia no sanket ou Radha-kunda. Nessas ocasiões as gopis estão sozinhas com Krishna. Elaspodem segurar os pés Krishna e Ele desfruta com elas. As gopis se lembram disso e falam que apenasRadhika é afortunada o suficiente para colocar os pés de Krishna em Seus seios. Jiva Gosvami explica queesse verso usa a palavra dayita, e por isso não pode ser Radhika que está falando o verso. Ela não falaria deSi mesma desse modo. Portanto, as sakhis são porta vozes de Radha e descrevem Radha como dayita.

Ao se compreender os versos do Gopi Gita, percebemos que esse também é o humor de Radhika: yatesujata - caranamburuhan stanesu. Se fosse Radhika que estivesse usando a palavra dayita, de quem Elaestaria falando? Ela poderia estar falando de Lalita, Vishakha ou outra sakhi uma vez que em qualidade elassão quase iguais a Srimati Radhika. As sakhis são manifestações parciais das qualidades de Radha. (Kaya-vyuha) Portanto, elas também tem oportunidade de colocar os pés de Krishna em seus seios.

Assim esse verso poderia ter sido falado tanto por Radhika quanto por outra gopi uma vez que eledescreve corretamente esses humores. Aqui Radhika está em madanaikya-bhava e fala o que sente as outrasgopis. Dayita-stana-manditena: a sakhi diz, “Ó Pulindi, você é tão afortunada. Embora você não tenha os pésde Krishna diretamente, você recebeu o kunkuma dos pés de Krishna diretamente. Esse kunkuma estava nosseios das gopis. Krishna estava com seus pés nos seios das gopis, e o kunkuma se espalhou em Seus pés. Ao

alvorecer quando Krishna retornou do kunja (nisanta-lila), o kunkuma se misturou com o orvalho que estavasobre a grama lavando os pés de Krishna. Vocês Pulindis esfregaram esse kunkuma com afeto em suas bocas, seios e corpos.”

As gopis acreditam que caso se tornem Pulindis, elas terão a melhor sorte. Se elas se tornarem dayita,então terão extrema fortuna, “porém não temos tanta sorte de nos tornarmos amada de Krishna. Portanto,queremos nascer na próxima vida como Pulindis. Como não podemos nos tornar Pulindis, desejamos nostornar a grama de Vrindavana assim Krishna vai andar sobre nós e o kunkuma de Seus pés de lótus vai cairsobre nós. Assim ficaremos saciadas. Não conseguirmos nos tornar gramas tampouco Pulindis e nem dayita.Por isso as Pulindis são tão afortunadas. Nós sentimos kama mas não conseguimos satisfazê-la esfregando okunkuma sobre nossos corpos como as Pulindis fazem. Nem podemos ser gramas sobre a qual Krishna anda.O melhor é morrermos e nos tornarmos grama que são m ais afortunadas do que as Pulindis.“ A dayita dasdayitas é Srimati Radhika. Isso é o que esta gopi fala.

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Urugaya -padabja: essa gopi chama Krishna de urugaya. Urugaya - padabja - raga. Por que a gopiusou a palavra urugaya? Uru significa tocando a flauta. Krishna conclama Sua dayita pelo som melodioso deSua flauta vamsi .

Nós vimos no texto 15, alingana-sthagitam urmi-bhujair murarer. Murare tem uma ligação comurugaya. Mura era um demônio que foi morto por Narayana. Quando ocorreu a batalha entre os semideuses e

os demônios, Narayana ficou do lado dos semideuses e matou muitos asuras. Mura escapou e se submeteu amuitas duras austeridades na adoração de Brahma. Brahma satisfeito apareceu e perguntou ao demônio Muraqual era a bênção que ele queria. Mura disse, “eu quero ter o poder de apenas com um toque da palma deminha mão incendiar meu inimigo.” Brahma concordou. Assim o demônio Mura espalhou terror por todo omundo e quando algum semideus o atacava, ele colocava suas mãos sobre a cabeça de seu inimigo e oincendiava e o matava. Todos sabiam da bênção que Brahma havia lhe concedido e ninguém queria lutarcom ele.

Certa vez Mura foi até Yamaraja. Embora Yamaraja fosse muito poderoso ele sabia que o demônioMura era ainda mais poderoso. Mura disse, “eu quero lutar com alguém. Não posso viver sem lutar.Yamaraja explicou que o único oponente a altura seria o próprio Narayana: “se você desafiar Narayana, Ele

vai lutar com você e também vai te matar.” Mura ficou muito contente e perguntou onde Narayana mor ava.Yamaraja disse, “Narayana mora em toda a parte. Eu não posso especificar o local, mas se você meditar nelecom certeza Ele vai aparecer. “ 

Mura assim meditou em Narayana na esperança de meditar com Ele. De fato Narayana apareceu eperguntou qual era seu desejo. Mura disse “meu desejo é lutar com alguém, mas no mundo não há ninguémque esteja à minha altura. Me contaram que Você é um poderoso oponente.” Narayana respondeu: “você nãoestá apto a lutar comigo! Seu coração treme só em falar comigo”. O demônio Mura replicou, “meu coraçãonão está tremendo.” Narayana disse, “coloque sua mão sobre seu peito e você vai ver como seu coração estátremendo. Assim foi que o demônio Mura se incendiou e morreu quando tocou seu próprio peito. Narayanaenganou o demônio.

No Brahma Purana, a palavra mura possui quatro significados. É nome de um demônio. Tambémsignifica kama (luxúria divina). Tapa (o calor ardente que vem da luxúria), santa (paz) e duhkha(sofrimento). Mura-hara significa matar o demônio. Outro significado é estancar a dor. Mas no caso dasgopis, não existe santa, não existe paz, e nem existe um demônio. O que ocorre ai é kama-roga ou hrd-rogacoração surge (a doença do coração). Essa “doença do coração” surge do encontro com Krishna.Significando aqui que esse dayita que apresenta kama-roga causado pelo som da flauta de Krishna (urugaya)está colocando os pés de Krishna em seus seios. O significado mais interno de urugaya é que este ato de poros pés em Krishna não é para o próprio prazer delas. Urugayati significa que Krishna deseja ardentementeque elas coloquem os pés de Krishna em seus seios. Por isso chamam-se as gopis de daya, misericordiosas.Elas estão saciando a sede de Krishna. Urugaya-padabja-raga-sri-kunkumena-dayita-stana-manditena tgad-darsana-smara-rujas trina-rusitena limpantya anana-ducesu-jahus tad-adhim.]

Em resumo, as gopis vêem todos esses eventos que estão descritos neste capítulo do Bhagavatam emseus corações. No começo elas ocultam seus sentimentos de amor por Krishna, depois pela força do kamatudo é revelado mesmo contra a vontade delas. Elas dizem que as Pulindis são afortunadas porque elas untamseus corpos com o kunkuma da relva e assim saciam o kama-tapa. O kunkuma provem dos pés de Krishna.Mas onde foi que Krishna o conseguiu? O kunkuma estava no pé de Krishna porque esses pés estavam nosseios de Suas amadas. Dayita-stana-manditena, as gopis se untam com o kunkuma e quando elas colocam ospés de Krishna em seus seios o kunkuma passa para os pés de Krishna.

Existe um sentimento que se expressou assim, “somos tão desafortunadas”. Quem fala isso? É a  própria dayita que está falando seja uma sakhi ou Radhika. “Sentimos tão pouca afeição por Krishna.Executamos pouquíssimo serviço. Por isso não podemos encontrar diretamente Krishna. Somos como asPulindis que não colhem o kunkuma diretamente dos pés de Krishna e sim da grama onde Ele caminhou. Éassim que as Pulindis se enchem de prema. Nós não temos essa graça, Embora possamos ver Krishna

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diretamente não sentimos o prema que essas Pulindis experimentam. Até mesmo a grama é mais afortunadaque nós. Esse pó de kunkuma é assim tão poderoso”. 

Visvanatha Chakravarti Thakura diz: “A refulgência dos pés de lótus das jovens filhas do reiVrishabhanu que manifestam sentimento amoroso da mais elevada essência conhecidos como madana oumaha-bhava, o sétimo estágio de prema, estabelece o intenso encanto de Krishna. Mesmo se alguém não têm

uma conexão com as qualidades transcendentais de beleza, da flauta sendo tocada por Krishna tal pessoapelo mais leve contato com Krishna ficará apaixonado. Esse é o significado da palavra purna (completo). AsPulindis, as esposas dos Shabaras são completas, ao passo que nós (as gopis) somos incompletas. Portanto,devemos pesquisar sobre quais foram as austeridades que elas executaram”. 

Sri Visvanatha Chakravarti dá um nome a essa dayita : ela é Srimati Radhika. Sri Jiva Gosvamiafirma que a palavra dayita significa que outras gopis falam esse verso sobre uma amada particular. Dayitatambém pode significar que Radhika fala essas palavras para outra gopi. Mas Visvanatha ChakravartiThakura diz que dayita refere-se a Srimati Radhika. Portanto quem fala esse verso é outra sakhi.

Sri Visvanatha Chakravarti diz: “essa idéia dá o indício da atração extática delas, anuraga. Mas deve-se perguntar, „como elas são completas?‟ É pelo divino pó de kunkuma em que se encontra o matiz (raga -

ranjana) dos pés de lótus do Senhor Urugaya. Mas onde se encontra esse kunkuma dos pés de lótus deKrishna? Ele ornamentava os seios das namoradas de Krishna, ou em outras palavras o kunkuma untava osseios de Suas namoradas quando Krishna desfrutava intimamente com elas. Portanto, as gopis estavam

 pensando, „embora queiramos glorificar a grande fortuna desse kunkuma nós não somos tão ousadas. Porisso preferimos glorificar as Pulindis‟. 

“Nesse caso estão se referindo a própria filha de Vrishabhanu porque a atração dela por Krishna é tãoexaltada, mas isto não está especificamente revelado aqui. Podemos perguntar onde as Pulindis contataramcom as namoradas de Krishna. Será que foi através do kunkuma que estava espalhado na grama? O kunkumaficou espalhado nas folhas da grama após Krishna ter desfrutado com Suas namoradas na floresta. Ao ver okunkuma espalhado na grama, o que as Pulindis sentiram foi o suplício do Cúpido (smara-ruk = kandarpa-

 pida). Em outras palavras, as gopis pensavam, „não conseguimos imaginar o que aconteceu a elas quando

viram Krishna‟ . E com grande desejo de cheirar a fragrância do corpo de Krishna, elas passavam kunkumaem Seu rosto e querendo desfrutar dos mesmos momentos que Ele havia desfrutado, elas esfregavamkunkuma em seus seios. Ao fazer isso elas consideravam que estavam sendo desfrutadas por Krishna ecuravam-se daquela condição de ardência. O sofrimento causado pelo Cúpido. As gopis pensam, „Oh, essepó de kunkuma deve ter alguma magia especial. Em toda nossas vidas sequer podemos conseguir essekunkuma.‟ 

“Cita-se esse mesmo verso no Srimad Ujjvala-nilamani sob o tópico de madana e mostra que mesmoestando sempre desfrutando com Krishna elas se ocupam em louvar o odor de Krishna só para poder senti-lo.Segundo o verso sada bhoge api, o estado de madana inclui todos os outros sentimentos amorosos, todos ostipos de desfrute íntimos e todos os tipos de prazeres. Portanto, esse passatempo das Pulindis é também de

desfrute íntimo mútuo porque Krishna aparece automaticamente junto com o kunkuma. Por consequência,como se descreveu nos primeiros versos desse capítulo, varnayantyo bhire bhire: „enquanto descreviam asglórias do kunkuma abraçavam-se mutuamente.‟ Isso indica que o próprio Krishna apareceu de repente e elasficaram abraçando-O‟. 

As gopis enlouqueceram na medida que essas novas revelações brotavam em seus corações. Abhiresignifica punah punah, os abraços eram mútuos e repetidos. O sintoma de madana-bhava é que após desfrutarcom Krishna elas acreditam que de nenhum modo desfrutaram com Ele. As gopis vêem Krishna a toda hora.Ainda assim acham que nunca o haviam visto antes e que O estão vendo pela primeira vez. Na verdade, okunkuma veio dos seios das gopis, todavia elas acham que são muito desafortunadas. Isso é madana. Elasesqueceram de tudo que ocorreu antes e só anseiam por Krishna. Aí elas alcançam divyonmada, falam citra-

 jalpa, e passam por muitos estágios de êxtase. A diferença entre divyonmada e madana é que no encontrocom Krishna, prema-vaicittya (sentimento de separação mesmo na presença do amado) - surge, ao passo queem divyonmada e citra-jalpa esses sentimentos provêm da separação.

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Sri Visvanatha Chakravarti Thakura continua: “declara-se essa mesma idéia no Ujjvala-nilamani(14.219), sarva-bhavodgam -ollasi madano „yam paratparah/rajate hladini-saro radhayam eva yah sada:“ Esse prema é a própria essência da potência hladini e que é a manifestação completamente florescida detodos os sentimentos espirituais desde rati até chegar em modana adhirudha mahabhava que conhecemoscomo madana. É o desenvolvimento mais elevado de prema e portanto superior até mesmo a modana

mahabhava. Isso está sempre presente em Srimati Radhika (mesmo Lalita não sente isso)”. Nós encontramos em Radha tanto divyonmada quanto madanaikya-bhava. Assim Chakravarti pada

diz que esta dayita é Srimati Radhika. Esse é um dos melhores shlokas do Srimad-Bhagavatam. Se você querter uma vivência deste shloka você terá que se tornar uma dasi de Srimati Radhika, não aqui, mas lá naqueladimensão, uma palya-dasi de Srimati Radhika. Somente assim poderemos entender esses bhavas. Ouvimossobre isso, mas nenhum efeito nos causa. Aqueles que possuem anseio (lobha) por essas coisas podem sentiralgo. Eles podem executar prema- bhakti. VERSO, “Meu querido Senhor, quando meus olhos se encherão delágrimas durante o canto de Seus santos nomes? Quando minha voz se embargará e meus cabelos searrepiarão ao recitar os Seus santos nomes?” (Shikshastaka verso 6). 

Para os leitores que não alcançaram esses estágios eles podem acalentar o anseio. Se surgir um

minúsculo raio de lobha, então essa vida será perfeita. Se não surgir, então nosso Krishna bhakti, nossosadhana, não é verdadeiro. O que é sadhana? Sadhana significa nossa prática da consciência de Krishna parasuscitar bhava. Se praticamos sadhana desse modo, então poderá ser chamado de sadhana, se não for comessa motivação não é sadhana.

Tanto em raganuga bhajana quanto em vaidhy-bhakti executam-se shravana kirtana smaranan.Podemos conseguir salvação, svarga (o céu) e desfrutar desse céu e de muitos outros benefícios obtidos poresse aupadhika-bhakti (bhakti limitada pelas designações materiais) mas não vamos poder chamar isso deraganuga-sadana-bhajanan. Quando surgir bhava-bhakti, a sua motivação será prema-bhakti, ou não seráverdadeira bhava-bhakti. Quando se executa sadhana com a finalidade de obter bhava, então temos overdadeiro sadhana-bhakti. Krti sadhya bhavet sadhya bhava.

Sadhya-bhava significa o sadhana que manifesta bhava. Isso é sadhana. Quando se alcança algumestágio de bhava através do sadhana, não se pode chamar mais de sadhana e sim nitya-siddha-bhava. Por quechamamos o sadhana executado por um sadhaka de nitya-siddha-bhava? Se é nitya-siddha em gopi-bhava,pela associação com um devoto que é praticante neste bhava e pela prática do sadhana com esse objetivo,então, esse bhava vai entrar no coração do sadhaka.

Porém a semente desse bhava em especial tem que estar lá também. Quando a semente é nutrida pelonitya-siddha-bhava que se situa nos corações dos associados eternos do Senhor, então pode se manifestar nocoração do sadhaka. É o mesmo processo de formação das pérolas. As pérolas não aparecem em qualquerlugar e sim num momento astrológico do aparecimento da constelação svati-naksatra. Assim as pérolas seformam das gotas da chuva que caem nesse momento. Contudo para que se forme o bhava em nossospróprios corações necessitamos mais do que as simples de gotas de chuva da associação. Se não existe a

semente para a formação de um bhava específico, então essa pérola não vai se formar. Para que uma plantacresça precisamos tanto de água quanto de uma semente.Em raganuga-sadhana lembramo-nos dos afazeres das gopis, como elas executam o arati com seus

olhos e corações, e como isso se parece com a oferenda da lâmpada de ghee(manteiga clarificada) durante oarati no templo. Temos que lembrar do arati de Lalita, Vishakha e de todas as outras gopis. O arati vai serudipana (um estímulo para o amor). Assim como quando vemos os pavões podemos nos lembrar dospassatempos de kunkuma e todas as gopis.

Quando Lalita oferece água no arati ela pode estar pensando que Radha e Krishna acabaram delevantar para o nishanta-lila. Lalita oferece a Eles água para que lavem Seus rostos. Existem muitos sinais deprazeres amorosos nos corpos de yugala-kishora que Jatila percebe e por isso Lalita lava esses sinais,servindo-se de água e um pano. É assim que Srimati Radhika quer que tudo seja bem limpo antes que Ela vápara casa. Srimati Radhika diz para Krishna também se lavar e ela mesma auxiliada pelas gopis mostramonde estão os sinais de Seus prazeres. Uma pessoa que executa raganuga-bhajana vai ter seu coração repleto

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dessas imagens e daí tirar idéias cada vez melhores sobre como servir. Eu não posso dizer o que todas essascoisas são porque elas são idéias dos devotos superiores.

Raghunatha dasa Gosvami explicou o passatempo de Srimati Radhika quando Ela trouxe a garotaPulindi no dhama-keli-cintamani. Todavia, Raghunatha dasa Gosvami encobriu esse passatempo de tal modopara que ninguém pudesse adentrá-lo. Ele informou sobre as valiosas jóias e pesos (manis - manika) mas nós

não somos capazes de avaliar isso. Visvanatha Chakravarti Thakura escreveu um comentário sobre essepassatempo, mas ele não revelava os significados internos. Ele não queria perder esse passatempo. É assimque as coisas têm que ser. O passatempo tem que se revelar no coração do ouvinte através do serviço ao guruno parampara. Ninguém deve tentar ganhar conhecimento instantâneo sobre todas essas coisas. O resultadoseria kama (luxúria mundana). O prema seria tomado erroneamente como sendo luxúria mundana e sedanificaria a compreensão correta.

Temos que oferecer nossas preces pedindo que esses passatempos se manifestem em nossos coraçõespela misericórdia de nosso guru e guru parampara. Nosso pensamento tem que ser (estou aguardando porisso. Se eu tivesse algum anseio, então seria revelado. Tenho que ansiar, mas não consigo). Ao ouvir essespassatempos, as lágrimas tem que vir a nossos olhos e o nosso coração tem que ser derretido. Sri Cheitanya

Mahaprabhu saboreou a realidade desse passatempo no Gambhira. Ao se ouvir este verso do Venu Gita, esseanseio pode ser desenvolvido. O anseio vai se desenvolver mas agora ele ainda não está em nós. ShukadevaGosvami revelou todas essas coisas apenas no Srimad Bhagavatam. Para aqueles que não possuem esseanseio pode se desenvolvê-lo através da leitura e do sadhana. E para aqueles que já anseiam o ouvir dessespassatempos irá incrementá-lo.

Ao se ouvir esses passatempos a luxúria mundana pode ser destruída, porém a fé, shraddha, énecessária. Caso contrário a luxúria vai brotar e veremos os passatempos de Krishna através dos olhos daluxúria terrena. Não estaremos dando uma chance dos passatempos de Krishna agir em nós. Se uma pessoanão tem gosto pelo santo nome ou por hari katha, então ela não vai ter a oportunidade de ouvir essespassatempos. Shukadeva Gosvami nos alertou para não revelar esses passatempos a pessoas que não possuiesse anseio, ou em outras palavras as pessoas em geral. Aqueles que estão muito dominados pela ira, luxúriaou inveja não devem ouvir esses passatempos.

Para nós, o que resta de luxúria, ira e inveja está sendo dissipado pela bênção do Srimad Bhagavatam:

vikriditam vraja-vadhubhir idan ca visnohsraddhanvito „nusrnyyad atha varnayaed yah bhaktim param bhagavati pratilabhya kamamhrd-rogam asv apahinoty acirena dhirah

“Uma pessoa sóbria que ouve fiel e continuamente os passatempos da sem precedente dança da rasa do

Senhor Sri Krishna acompanhado com as jovens donzelas de Vraja e posteriormente repete essespassatempos muito em breve alcançam para-bhakti ou prema-bhakti ao Senhor Supremo ficando assim aptoa dispersar com rapidez a doença da luxúria do coração.” (Bhag. 10.33.39) Bhakti vai entrar no coração eexpulsar a luxúria; se não houver bhakti, a luxúria é quem vai reinar.

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TEXTO 18

hantayam adrir abala rai-dasa-varyohyad rama-krsna-carana-sparasa-pramodah

manam tanoti saha-go-ganayos tayor yatpaniya-suyavasa-kandara-kandamulaih

hanta- Oh (indicando tristeza); ayam- este( como se estivesse apontando com o dedo que Govardhana está alipróximo); adrih- colina (Giriraja Govardhana); abalah- Ó amigas (sakhis) (abalah literalmente significaaquele que está desprovido de bala ou força para servir Krishna com a mesma capacidade de Govardhana),hari-dasa-varyah- o melhor entre os servos do Senhor hari (Hari: Ele que rouba a mente, as atividadespecaminosas e todo o sofrimento);yat-rama-krsna-carana-sparasa- devido ao toque dos pés de lótus de SriKrishna e Sri Balarama ( ou devido ao toque dos pés de lótus de Sri Krishna e as ramanis-gopis); pramodah-

 jubilante (júbilo que faz surgir os oito sattvika-bhavas tais como arrepiar os cabelos como se fosse uma relva,

lágrimas torrenciais como cascata, etc.); manam tanoti- oferece respeito (executando vários serviços); saha-com; go-gnayoh- as vacas, bezerros e vaqueirinhos; tayoh- a Eles(aos pés de lótus de Sri Krishna , ou aos pésde lótus de yugala- Sri Krishna e Sua ramani); yat- porque; paniya- com água potável ou água refrescanteprovinda das cachoeiras de Govardhana; suyavasa- grama muito macia, grãos alimentícios, flores e frutos;kandara- cavernas; kanda-mulaih- e raízes comestíveis

Tradução

Ó sakhis! Este Giriraja-Govardhana é o melhor entre todos os devotos de Sri Hari (sri Harideva).Quanta sorte ele tem! Você não vê o quão feliz ele está por Sri Krishna tocá-lo com Seus pés de lótus, quemé que chamamos de prana-vallabha, mais caro que a vida, Sri Baladeva a quem chamamos Nayanabhirama, afonte de prazer para os olhos? Quem pode louvar esta sorte de uma forma adequada? Observe como elerecebe afetuosamente todas as vacas e vaqueirinhos amigos de Krishna e Balarama. Ele supre a água doceclara e fresca para o banho e para beber, o capim verde e tenro para as vacas, cavernas para eles repousareme frutas e raízes para eles comerem. Este Giriraja Govardhana é verdadeiramente abençoado.

COMENTÁRIO

Hantayam adrir abala hari-dasa-varyo. Abala significa sakhis, gopis. Uma gopi se dirige a outra: Porque se dirigem a ele como abala? Porque eles não São capazes e nem tem sorte suficiente para tocar os pés

de lótus de Krishna. Eles são desafortunados e portanto se usa a palavra abala. Na realidade, as gopis não sãoabalas, elas são sabalas. Elas têm poder ou shakti porque elas são energias de Krishna. Porém elas se sentemdesafortunadas e fracas. Através dos olhos internos as gopis vêem a poeira, as árvores, os lagos e rios deVrindavana com muito mais sortes do que elas. Todos os seres móveis e imóveis que vivem em Vrindavanasão mais afortunados que elas porque têm oportunidade de tocar os pés de lótus de Krishna e olhar para Suaforma. E mais do que só ver Krishna, algumas entidades vivas têm a chance de brincar com Krishna e tocarSuas mãos e pés. Para os seres que não podem caminhar, Krishna vai até eles. Ele sobe nas árvores e comafeição colhe as flores das trepadeiras, mima as vacas e ama os bezerros. As gopis acham que tudo emVrindavana tem mais sorte do que elas.

Hantayam adrir abala. Hanta é falado quando se está em kheda, em duhkha, em lamentação. Sedesejamos algo que não conseguimos, então lamentamos. Por outro lado, se existe um excesso de alegria,então (hanta! Hanta!). Faremos exclamações de nossa felicidade. Todavia as gopis falam hanta masmagoadas. Elas estão muito tristes. Elas lamentam por não ter a chance de ver Krishna. Por isso elas se

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lembram de Giriraja Govardhana ayam adrir, a Colina. As gopis usam a palavra ayam, esta, para indicarGovardhana. Elas falam como se tivessem próximas a colina de Govardhana mas elas estão em casa. Aafeição é tanta que fez com que elas enlouquecessem (pramada).

Usa-se a palavra pramada para mulheres especiais. As gopis são krsnasya pramada. Pelo devido amorelas enlouqueceram. Giriraja Govardhana também está louco. Ele esqueceu seu corpo e tudo relacionado

com seu corpo. Do mesmo modo as gopis esqueceram tudo sobre elas mesmas - seus corpos, seus parentes,onde se encontram, suas funções corpóreas - por isso são chamadas de loucas. Quando elas executavam adança da rasa com Krishna, elas eram chamadas de pramada porque elas se enchiam de tanto amor porKrishna que se tornavam manavati ou anuragavati. Assim elas estavam plenas de mahabhava. Por isso elas sechamam pramada: pramada rama-pati, loucas por rama-pati, Krishna.

Nesse verso, a palavra adri significa Giriraja-Govardhana. As gopis sentadas em suas casasconversam sobre a boa sorte da colina de Govardhana. Govardhana é o maior servo do Senhor Hari (hari-dasvarya). Por que chamam Govardhana de hari-dasa-varya? Porque se alguém serve Krishna e Krishna ficasatisfeito com o serviço desse servo e o servo por sua vez fica satisfeito por servir, então o servo é chamadode Hari dasa. O servo sente alegria pela satisfação do mestre e nisto o mestre fica contente pela satisfação de

seu servo na execução de seu serviço. E isso torna o servo ainda mais contente - cria-se desse modo umacompetição entre a alegria do servo e a alegria do mestre a tal ponto que é muito difícil dizer quem está maisfeliz.

Krsnadasa Kaviraja Gosvami descreveu este fenômeno em relação a Krishna e as gopis no CheitanyaCharitamrita. Se alguém serve seu mestre e sofre pelas dificuldades na execução do serviço, então essarelação não é serviço “por eu ter trabalhado tão duro, estou muito cansado, mesmo assim não posso dormir porque tenho que continuar executando meu serviço.” Esta não é a mentalidade de um servo. Se qualquer servo está executando seu serviço de má vontade, então este servo (sevaka) não está executando seva. Ele éum vaka. Um (shudra) trabalhador braçal desonesto. Não existe seva. Apenas vaka. Aqueles que estãofazendo serviço mas sentem-se cansados e não estão sentindo nenhuma bem aventurança não são servos.

Quando Govardhana serve Krishna, seus cabelos se arrepiam e lágrimas rolam de seus olhos(romanca-pulaka, asru-kampa), e ele sente bem aventurança ao ter os pés de lótus de Krishna tocando seucorpo. Ele fica satisfeito. Indra manda relâmpago sobre Govardhana mesmo assim Govardhana sente bemaventurança no serviço a Krishna. Por isso Govardhana é um servo superior.

Do mesmo modo se um devoto serve seu gurudeva e seu gurudeva fica satisfeito e se o devoto senteprazer nesse serviço, doando tudo, mesmo seu próprio corpo a seu gurudeva, e se satisfaz apenas com oserviço oferecido, temos ai um servo verdadeiro.

Nesse verso, descreve-se a colina de Govardhana. Harideva é seu mestre. Harideva está caminhandosobre o corpo de Giriraja, Govardhana. O servo pode prestar serviço a seu mestre de diversas maneiras:através de sthana (posição), mana (mente), dhana (riqueza), vidya (conhecimento), budhi (inteligência - oque ele tiver, ele tem que oferecer. Se o servo presta serviço a seu mestre espiritual ou a seu amado apenas

através de palavras, e não usa seu coração, seu corpo, e riqueza, então ele não é um bom servo. Se alguémestá servindo com tudo que possui até mesmo coração e corpo, este é um servo verdadeiro.Se uma pessoa usa em seu serviço seu corpo, mente e qualquer outro meio a sua disposição porém

não consegue entregar totalmente sua alma, temos então aishvarya-bhava. Um sakha pode servir a Krishna,todavia ele não se entrega totalmente ao serviço de Krishna. O pai ou a mãe também podem servir a Krishna,eles podem dar tudo, incluindo seu coração e alma. Porém tem uma coisa que eles não conseguem dar.Todavia as gopis se doam totalmente. Elas não deixam nada de lado, nem mesmo a reputação. Elas arriscamser envergonhadas na sociedade. Elas arriscam tudo.

Neste verso, as gopis observam que Govardhana não separa nada para si mesmo. Govardhana doatudo a Krishna. O Srimad-Bhagavatam (10.47.56) descreve Uddhava, uma das três pessoas que são chamadasde haridasa: krsnam samsmarayan reme hari-daso vrajaukasam, “Este servo do Senhor Hari encontra seu

 prazer ao inspirar os habitantes de Vrindavana através da lembrança do Senhor Krishna”.  

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Narada também é um bhakta porque serve Krishna e todos os outros avataras. Prahlada, Dhruva,Narada, Vyasa - todos são servos. Contudo o Srimad-Bhagavatam designa apenas três pessoas comoharidasa. O primeiro é Yudhisthira Maharaja, na ocasião do rajasuya-yajna quando todos os rishis,brahmarsis, o avô Bhisma, Vyasa, Narada e todos os outros santos e sábios chegaram, Yudhisthira Maharajaentão disse, “Oh, que grande fortuna a minha porque esses rishis vieram a minha casa ver Krishna. Vocês são

os maiores santos do universo. Krishna deseja encontrar com vocês”  Narada disse a Yudhisthira que ele tinha milhões de vezes mais bênçãos do que os sábios: “Krishna

vive em sua casa como servo, amigo e mestre. Krishna lava os pés de todos os rishis que vieram aqui para osacrifício rajasuya. Krishna é o objetivo para todos os seres humanos, ainda que seja muito honrado podervê-lO. Contudo ele está aqui vivendo em sua casa. Krishna se tornou seu servo. Nós não viemos aqui paraver Krishna e sim o sacrifício rajasuya e ver como você conquistou o que é inconquistável, Krishna, e comovocê O satisfez.” 

“De fato os rishis vieram aqui para ver você, Yudhisthira, uma vez que aquele para -brahma,testemunha no coração, Krishna, está sempre a seu lado em sua casa como um amigo íntimo.” Nar ada aonarrar isso começou a chorar e o próprio Shukadeva foi tomado de alegria ao relatar isso a Maharaja Pariksit.

“Que maravilha que isso é”. Hari-dasasya rajarse rajasuya-mahodayam (Bhag. 10.75.27)Haridasaya nesse caso significa Yudhisthira. Os sábios estão falando, “que boa sorte esta dosPandavas pois nesse rajasuya-yajna reuniram-se os rishis para poder ver os Pandavas acompanhados deKrishna. O serviço deles a Krishna é tal que Krishna se tornou controlado por eles. ”Isso é haridasa:Yudhisthira é mais velho do que Krishna e assim ele não serve a Krishna pessoalmente. Embora os outrosPandavas, a rainha Kunti, as esposas de Yudhisthira, as crianças e todas as pessoas de seu reino estavamservindo a Krishna. Desse modo, Krishna foi controlado por sthana, mana, dhana, vidya e budhi. Eles estãodando tudo a Krishna, no entanto apenas Maharaja Yudhisthira, tinha sido mencionado como haridasa.

Shukadeva Gosvami também descreveu Uddhava como haridasa: krsnam samsmarayan reme hari-daso vrajaukasam. Shukadeva Gosvami está dizendo que Krishna mandou Uddhava para consolar seu pai emãe, as gopis e todos os residentes de Vrindavana. Portanto, Uddhava é haridasa. Porque ele entregou tudoao serviço de Krishna. Krishna disse a Uddhava que ele próprio deveria ir ao invés disso ele estava enviandoUddhava como representante (pratinidhi). Portanto ele é haridasa.

Por que Krishna não foi Ele mesmo? Krishna queria aumentar o bhava em separação, Se não existe aseparação então como poderá haver mahabhava, citra-jalpa e todos os outros estados que as gopisexperimentam? Todos vão pensar que Krishna era muito cruel. Krishna gosta de ouvir a descrição que asgopis fazem dEle. E Ele concorda com a análise delas. Assim através de uma crueldade aparente, Krishnarevelou o mais elevado estágios de amor a Deus. Além disso existem outras razões que explicam porqueKrishna não foi pessoalmente ver as gopis. Certa vez no Prema sarovara (próximo a Varsana) Krishna estavasentado com Srimati Radhika e outras gopis, uma abelha se aproximou e começou a zumbir em volta dos pésde Srimati Radhika, a abelha imaginava que havia encontrado uma fragrante flor de lótus. Radhika ficou

assustada e começou a correr daqui para lá para escapar dessa abelha. No entanto a abelha persistia tentandotocar os pés de Radhika. Ao final, Madhumangala sacou de uma vara e afugentou a abelha. Madhumangalase aproximou de Radhika e lhe disse “a abelha (madhusudana) foi embora. Ela não vai voltar mais”. Nessaaltura Radhika estava sentada no colo de Krishna e ela começou a chorar dizendo, “onde está madhusudana,onde está madhusudana? Krishna ficou assombrado ao ver os sentimentos de Radhika em separação mesmoestando em sua presença. (prema-vaicittya). Nisso Krishna percebeu que mesmo quando encontrava Radhikaela apresentava sentimentos de separação; e quando ela apresentava esses sentimentos, ela abraçava a árvoretamala, conversava, sorria e se comportava como se estivesse na presença de Krishna. Krishna percebeu quequando Ele estava presente Ela podia sentir separação. E quando Ele estava ausente Ela encontrava-se comEle, comia e bebia e estava sempre feliz em separação. Foi por isso que Krishna decidiu que não mais iriaviver em Vrindavana pois assim todo mundo saberia das glórias do amor em separação das gopis. Foi assimque Krishna partiu de Vrindavana e nunca mais voltou visivelmente.

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Nesse verso as gopis vêem que Govardhana entrega tudo a Krishna. Krsnam samsmarayan reme hari-daso vrajaukasam: Govardhana presta serviço em diferentes modos. As gopis dizem ao final: yad rama-krsna-carana-sparasa- pramodah, “Ao ser tocado pelos pés de lótus de Krishna se Balarama, Govardhana parecemuito jubiloso.

Ele é hari-dasa-varya. Hari-dasa-varya (o melhor servo do Senhor Hari) é Govardhana. As gopis

oferecem ainda mais honra e respeito a Govardhana do que oferecem a Uddhava ou Yudhisthira, porque yadrama-krsna-carana-sparasa-pramodah, Krishna põe Seus pés de lótus no corpo de Govardhana e ele sentemuita alegria. Quando Krishna foi pastorear com seu irmão, vacas e amigos, Ele se dirigiu até Giriraja-Govardhana, assim Govardhana sentiu o toque dos pés de lótus de Krishna. Giriraja Govardhana é haridasavarya porque diferentemente de Narada, Vyasa, Sukha e outros sábios, Govardhana tornou seu corpo amorada de Krishna. Giriraja Govardhana se tornou um kunja, provendo guphas (cavernas), e sarovaras(lagos). Tudo isso se faz presente em sua cabeça e corpo.

Krishna leva as vacas e os vaqueirinhos para Govardhana e Govardhana sente tanto prazer em servi-los que lágrimas fluem de seus olhos na forma de manasi-ganga, kusuma-sarovara e outros corpos de água.Govardhana assim derrama tantas lágrimas e experimenta tanto desfrute. Em seu êxtase, seus cabelos se

arrepiam (na forma da relva) e todos os tipos de botões de flores. Tanta grama fragrante cresce emGovardhana como resultado de seu êxtase e essas gramas por sua vez nutrem as vacas e bezerros tornandoseu leite doce. Também, em diferentes estações, Govardhana torna seu corpo útil para Krishna. Na estaçãodas chuvas Govardhana fica seca pois assim Krishna pode andar por toda a parte; no inverno Govardhanafica quente; no verão fica fria. Govardhana muda segundo as estações de modo que a atmosfera fica gravadapara Krishna, Govardhana ainda provê água, grama, e milhares de árvores frutíferas tais como manga, e sucode fruta-pão. Em Govardhana cresce todos os tipos de frutas e flores. Govardhana provê belos tronos que tema doce fragrância do almíscar. Govardhana também provê belos kunjas onde existem camas de flores(paryamka). Govardhana também provê belas jóias (ratna) e minerais. Geralmente as pedras são duras, masas pedras de Govardhana são macias. Ao ouvir o doce som da flauta de Krishna as pedras derretem. É assimque Govardhana se transforma só para agradar Krishna. E manam tanoti saha-go-ganayos tayor yat:Govardhana oferece todo respeito as vacas, vaqueirinhos, Balarama e Krishna. Govardhana serve a todos.

Em seu comentário sobre o Cheitanya Charitamrita Madhya (8.34), Srila Visvanatha ChakravartiThakura explica a opulência da colina de Govardhana como se segue: paniya refere-se as águas cristalinasdas cachoeiras de Govardhana. Paniya também significa pani-jal. Paniya e suyavasya: quando se combinaessas duas palavras forma-se paniyasu. Aqui paniya significa jal e su significa suyate ou jharati. A águaprovêm do alto e cai (nirjhar) como uma cascata ou uma fonte. Em geral, suyavasa significa bons grãos. MasVisvanatha Chakravarti combinou su com panya e as usou para explicar que existem cascatas na colina deGovardhana.

Suyavasa também significa todos os tipos de grãos alimentícios, flores e frutos. Kamdara significagupha ou caverna. Govardhana fornece cavernas que são agradáveis tanto no inverno quanto no verão para

lazer de sentar-se, deitar-se e brincar. Kamdamulayr significa raízes comestíveis. Através de upalaksana ouinferência indireta pode-se compreender que Govardhana oferece camas de jóias, assentos, lamparinas,espelhos e assim por diante. Tudo que Krishna ou Seus amigos e vacas desejam, as plantas de Govardhanaimediatamente fornecem porque Govardhana dá todo respeito aos membros do séquito de Krishna. Portanto,decerto ele é um bhagavata-bhakta. A jóia mais preciosa de todos os devotos e de todos os haridasas.Yudhistira Maharaja não pode prestar serviço como Govardhana faz, nem mesmo Uddhava pode, emboraUddhava possa até mesmo representar Krishna com as gopis

As gopis dizem que Uddhava não podem fazer uma coisa : yad rama-krsna-crana-sparasa-pramodah.Que isso significa? Esse é o significado indireto. Será que elas se referem a Rama e Krishna? Rama aqui nãosignifica Baladeva. Significa ramaniya encantador e prazeroso ou aquele que é comprazido pelos prazeresamorosos. Assim, Rama Krishna charana (os pés de lótus de Rama e Krishna) na realidade significaramaniya Krishna charana, apenas os encantadores pés de lótus de Sri Krishna. As gopis têm premaexclusivo (ananya) por Krishna. Elas não vêem Balarama. Na dança da rasa Krishna brinca com Radhika e

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desfruta com as gopis. Esse haridasa testemunha tudo. Radha e Krishna e todas as gopis caminham sobre suacabeça e peito. Seu peito é a arena para a dança da rasa. Govardhana sente prazer por Krishna estarbrincando e dançando com as gopis. Essa é a razão dele possuir tanto pramodha, júbilo. Portanto, essa gopidiz que Rama significa ramaniya, que Krishna está amando todas as gopis como Suas amantes. Yad rama-krsna-carana-sparasa-pramodah manam tanoti saha-go-ganayos tayor yat paniya-suyavasa-kandara-

kandamulaih.As gopis estão falando este significado de uma maneira velada (avahita) ao usar a palavra rama.

Segundo o dicionário Amara-kosa, a palavra rama possui três significados: azul, encantador e branco.Visvanatha Chakravarti Thakura explica que rama possui também outro significado: “a frase he abala indicaque para aquele que está sob o controle do mestre sua única saída é refugiar-se no mestre. Devido a essedesfrute, yatha, Govardhana expande a honra e adoração a fim de satisfazer a ambos. Refere-se aqui aos doisque estão presentes com todas as vaquinhas”.

Giriraja Govardhana é mais glorioso do que os outros dois haridasas porque ele serve Radha eKrishna com seu corpo. Por isso Govardhana têm a mais rara das visões. Krishna dançando com todas asgopis sobre seu peito. Mas Uddhava e Yudhisthira não podem testemunhar isso.

Tanto Sanatana das Gosvami como Raghunatha dasa Gosvami descreveram as glórias de giriGovardhana em suas preces e eles apontam aqueles que estão falando da colina de Govardhana comohabitadas varya. Sanatana Gosvami diz, he Govardhana , ayati saila kula-dhiraja. Quando se glorifica GirirajaGovardhana no Brihat Bagavatamrita Sanatana Gosvami diz que Govardhana deve ser louvada porque foramas gopis que o chamaram de haridasa varya. Porém Raghunatha dasa Gosvami em sua obra Sri Govardhana-vasa-prarthana-dasakam (texto 8) diz: giri-nrpa! Haridasa-sreni-varyeti-namamrtam idam uditam sri-radhika-vaktra-candrat, “Ó rei da montanha! Olha! Da própria boca suave como o luar de Sri Radha foram emitidasas seguintes palavras: „amados! Essa colina é a mais magnifica entre todos os servos de Krishna‟. 

Sanatana Gosvami diz que uma das gopis falou este verso, mas Raghunatha das Gosvami foi a própriaRadhika que falou. Visvanatha Chakravarti Thakura concilia essas duas opiniões dizendo que Radhika é umagopi. Sanatana Gosvami diz que uma gopi falou este verso e Visvanatha Chakravarti mostra que isto nãocontradiz o fato de que foi Radhika quem falou. Radha é a líder de todas as gopis. Se Raghunatha Gosvamidiz Sri Radhika vaktra-candrati, assim Ela é a gopi que está falando. Onde Radhika disse isso? Verso 18 doVenu Gita.

Rupa Gosvami concorda com esse ponto de vista e portanto, Raghunatha dasa Gosvami como umrupanuga fez suas preces dessa maneira. Ele diz que Radhika é quem fala esses versos: Barhapidam nata-vara-vapuh karnayoh karnikaram (texto 4), e aksanvatam phalam idam na param vidamah sakhyah pasunanuvivesayator vayasyaih(texto 7). Este verso (texto 18) também foi falado por Srimati Radhika. A prova éque no verso anterior (texto l7) se diz: daiyta sthana-manditena. Radhika deu kunkuma de seus seios para ospés de Krishna. Mas Ela se esqueceu disso. Isso é uma exaltada madhurya, por Ela ter entregue seu kunkumaa Krishna, mas Ela própria quer saborear essa troca outra vez. Portanto, não existe opiniões controversas

sobre esse ponto entre Sanatana Gosvami e Raghunatha dasa Gosvami.Giriraja Govardhana saboreia mais bem aventurança (ananda) do que Uddhava pode compreender.Uddhava não vivenciou a dança da rasa como Krishna fica sob o controle desta gopi. Krishna coloca Suamão no pescoço das gopis. Shukadeva Gosvami diz:

„nayam striyo „nga u nitanta-rateh prasadahsvar-yositam nalina-gandha-rucam kuto‟nyah rasotsave „sya bhuja-danda-grhita-kanthalabdhasisam ya udagad vraja-vallabhinam

“No rasa-lila, Bhagavan Sri Krishna abraçou as gopis com Seus braços poderosos e assim satisfez os desejosdos corações delas. Este favor transcendental nunca foi outorgado a Lakshmi, embora Ela sempre resida no

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peito de Sri Narayana e Se situe em prema imaculado. Nem as consortes das encarnações do Senhor nomundo espiritual obtiveram esse favor. Na verdade, isso sequer passou pela imaginação das mais belasmocinhas no planeta celestial cujo brilho corpóreo e aroma assemelham-se a flor de lótus. O que falar deoutras mulheres comuns”(Bhagavatam 10.47.60) 

Esse verso também foi falado por Srimati Radhika. Pois quando Krishna deixou as gopis na dança da

rasa e se embrenhou na floresta com Srimati Radhika, Krishna segurou no pescoço de Radha e disse: “Vo cênão pode me deixar porque Eu não posso viver sem você”. Desse jeito, Radhika controla Krishna. GirirajaGovardhana viu essa cena. Ele é a testemunha de todos esses passatempos. Krishna executa a dança da rasasobre seu peito e Giriraja Govardhana saboreia esses passatempos e sente grande júbilo.

Pramodha significa pramada, loucura, é similar ao que as gopis experimentam. As gopis dizem quegostariam de ser uma Govardhana-shila, uma pequeníssima pedra de Govardhana. Cada pedaço deGovardhana, cada shila, é tão afortunada por experimentar um toque de Krishna e derreter ao ouvir o som daflauta de Krishna. Quando Krishna pisa em Govardhana as pedras ficam tão macias quanto manteiga porqueelas se derreteram com o som de Sua flauta. “Mas nós não conseguimos nos derreter como essas pedras. Nóstambém ouvimos o doce som da flauta e também vemos Krishna, porém não derretemos. Portanto,

desejamos nos tornar um grão de poeira em Govardhana ou uma pedra, assim poderemos derreter pelo somda flauta de Krishna.” Como podemos nos transformar em pedra? Se alguém deseja Krsna-bhakti ou Krsna-prema essa

pessoa tem que se abrigar em um tadatmika-bhakta. Se não se consegue a associação tadatmika-bhakta entãodeve se ter a associação de um Raganuga-bhakta. Se não se consegue essa associação, ao menos deve-seprocurar associação de um devoto que tem um sentido de anseio na direção de Raganuga. É assim que oanseio de um devoto pode se desenvolver e ele pode alcançar raganuga bhakti. Portanto, oramos e nosabrigamos na Giriraja Govardhana. A colina de Govardhana é tão udara, liberal. Govardhana pode oferecersua associação porque ele serviu a Krishna a Seus associados e as vacas. Se nos rendemos a GirirajaGovardhana receberemos suas bênçãos porque Govardhana é muito liberal. Oramos a Govardhana para nosdar misericórdia, assim podemos nos qualificar para também servir a Krishna. Esse é o significado principaldesse verso. Somos servos das gopis e portanto temos que adorar Govardhana como as gopis nos instruíram.Se servimos Govardhana como Harideva, perderemos tudo. Mas se adoramos Giriraja como narrado aqui(hari-dasa-varya) então receberemos muito. Se alguém adora Krishna, não vai obter muito. Se alguém adoraKrishna, não receberá tanto quanto aquele que serve os devotos de Krishna. Se alguém serve as gopis, oganho é intenso, milhares de vezes maior do que adorar Krishna. Nossos Gosvamis foram sábios ao eleger oserviço das gopis. Eles queriam ser palya-dasa de Radha, não palya-dasa de Krishna.

Cheitanya Mahaprabhu adorou sua Govardhana-shila como sendo Krishna. Mahaprabhu assumiu ohumor de Srimati Radhika e sempre aspirava saborear Krishna. Em toda parte que Ele olhava Ele viaKrishna, Krishna, Krishna, portanto, Ele também via Govardhana como Krishna. Mahaprabhu adoravaGovardhana banhando-o com Suas lágrimas e abraçando a shila contra Seu peito.

Srimati Radhika não adorava Govardhana como Krishna e sim como haridasa varya. Ela desejava queGiriraja lhe desse um kunja belo e decorado com belos lagos e cachoeiras. Se ela visse Govardhana comoCheitanya Mahaprabhu via, ou seja como Krishna, então como Krishna poderia dar a Radha os kunjasretirados com flores e frutas abundantes para o serviço de Radha a Krishna? Krishna não pode dar a Radhatodas essas coisas. Portanto, a adoração a Govardhana apresenta diferenças no Cheitanya Lila ao sercomparado com o Krishna Lila.

Existem duas percepções. Uma é de Srimati Radhika quando Ela está em Vraja e a outra é de Krishnaquando Ele assume o humor de Srimati Radhika como Cheitanya Mahaprabhu. Quando CheitanyaMahaprabhu no humor de Srimati Radhika percebe-Se a Si mesmo, o bhava de Radha está lá, no entantoexistem algumas diferenças. Isto é acintya-bheda-bheda. Mahaprabhu no humor de Radha vê Govardhanacomo Krishna, porém em Vraja, Srimati Radhika vê Govardhana como haridasa varya.

Desejamos servir Govardhana como Srimati Radhika e Suas gopis. Mahaprabhu vê apenas Krishna equando Ele coloca uma gunja-mala próximo ao Seu shila, Mahaprabhu também vê Srimati Radhika. Nos

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passatempos de Cheitanya Mahaprabhu, Srimati Radhika não está diretamente presente - apenas o humordEla se faz presente. Assim, há uma diferença entre o Cheitanya lila e o Krishna lila. Krsna-smaran janamcasya (Bhakti-rasamrita-Sindhu 1.2.294): desejamos a prática de raganuga-bhajana. Krishna smaranamsignifica lembrança de Krishna. Janam significa os associados de Krishna na própria rasa que o devoto estádesejando. Krishna é um, mas Seus associados são de cinco tipos. Qualquer pessoa que possua um desejo em

qualquer das cinco rasas, em especial madhurya-rasa, e no campo de madhurya-rasa, tat tat bhava icchamayimanjari-bhava, então tal devoto deve praticar a lembrança desse bhava mais do que a lembrança de Krishna. 

Krishna é objeto de prema e Radha é ashraya ou o abrigo de prema. Aqueles que estão em gopimanjari bhava tem que praticar a lembrança de ashraya tattva. Lalita e Vishakha também são ashraya tattva

 juntamente com Rupa Manjari e Rati Manjari. (Lalita e Vishakha às vezes agem em manjari bhava, emborasejam sakhis). As gopis (excetuando-se Srimati Radhika) dividem-se em dois tipos. Lalita e Vishaka sãokamatmika-gopis, mas elas também podem adentrar em gopi-manjari-bhava. No Cheitanya Charitamrita,Cheitanya Mahaprabhu mencionou aos dois veshas (identidades) contudo se alguém desejar esse bhavaespecífico, tat tat bhava icchamayi manjari bhava vai ter que se lembrar deste bhava mais do que do próprio

Krishna. Tal devoto deve estar sempre pensando no serviço da manjari específica que ele deseja seguir e setornar tadatmika neste bhava. Se alguém aspira por esse humor, mas se lembra e adora Giriraja Govardhanada maneira que Cheitanya Mahaprabhu o fez, isso não vai contribuir para se chegar ao bhava desejado. Deuma maneira geral, todos os devotos adoram Giriraja da maneira de Mahaprabhu porque é rara a associaçãocom devotos que estejam em manjari bhava. Tais devotos não podem imaginar como é esse bhava. Assimtemos que sempre nos lembrar do humor de Radhika e das gopis e especialmente de nosso gurudeva,olhando tudo isso do ponto de vista de uma manjari, sob a guia de Rupa Manjari, Rati Manjari e LavangaManjari.

Govardhana é um associado de Krishna porque ele dá tudo que tem ao serviço de Krishnaespecificamente ao serviço das gopis. Os sakhas não precisam de um kunja; podendo pastorear as vacas emqualquer lugar. Não há necessidade de esconder nada. Porém as gopis necessitam de cavernas secretas ekunjas. Giriraja Govardhana fornece isso para o serviço das gopis. Por isso Giriraja é haridasa varya.Portanto temos que preferir também Giriraja varya (Govardhana como um devoto), mais que Harideva (comoo próprio Krishna). Apenas alguém que esteja no mesmo humor de Cheitanya deve pensar em Govardhanacomo Harideva.

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TEXTO DEZENOVE

ga gopakair anu-vanam nayator udara-venu-svanaih kala-padais tanu-bhrtsu sakhyah

aspandanam gati-matam pulakas tarunamniryoga-pasha-krta-laksanayor vicitram

gah- as vacas; gopakaih- com os vaqueirinhos; anu-vanam- em cada floresta; nayatoh- conduzindo; udara-muito liberal (o som da flauta é muit liberal porque distribui bem aventurança suprema às gopis em várioslocais); venu-svanaih- pela vibração da flauta do Senhor; kala-padaih- tendo doces notas; tanu-bhrtsu- entreas entidades vivas; sakhyah- Ó amigas; aspandanam -gati-nmatam- a completa imobilidade daquelasentidades vivas que podem se mover a seu bel prazer, bem como os rios, etc., cuja natureza é estar sempreem movimento; pulakah- tarunam- o extático júbilo das arvores imóveis; niryoga-pasha- as cordas paraprender as patas trazeiras das vacas; krta-laksanayoh- dos dois (Krishna e Balarama), que se caracterizam

por; vicitram- maravilhoso

TRADUÇAO

Outra gopi disse: Ó sakhis! A movimentação desses dois jovens (Krishna e Balarama) um escuro eoutro claro (syama-gaura) por certo único. Em Seus turbantes, Eles enrolaram um tipo de corda para prenderas pernas das vacas na hora da ordenha. Em Seus ombros, Eles dependuram outro tipo de corda para laçar asvacas fugitivas. Eles tocam em Suas flautas e cantam doces canções acompanhados dos vaqueirinhos quandoEles conduzem as vacas de uma floresta a outra. Nesses momentos, sem mencionar os seres humanos, todasas outras entidades vivas, tais como animais e pássaros bem como os rios, ficaram aturdidos e as árvoresimóveis tremem de êxtase. O que eu poderia falar mais sobre as maravilhas extraordinárias da flauta?

COMENTÁRIO

As gopis dizem, “ó amigas (sakhyas) ó vocês que possuem afeto por Krishna (krishna -anurajini)”. Asgopis discutem todos esses passatempos, e em especial a canção da flauta. Assim elas mergulham no oceanode bhava (bhava-sindhu). Elas falam espontaneamente a medida que essas coisas surgem em seus corações emente, não é coisa decorada. Elas explicam as características de hari-dasa varya, Giriraja Govardhana, ouseja como Govardhana serve a Krishna de tantas maneiras diferentes. “Ó sakhya, é muito difícil servir os pésde Krishna de modo que Giriraja Govardhana o faz. O que falar de servir aos pés de Krishna se não podemosnem mesmo tocar os pés de Krishna ou sentir Sua fragrância. E se alguém percebe que estamos lembrando

de Krishna em nossos corações, então vamos ser acusadas e fazer com que nos sintamos culpadas. Aindaassim não podemos esconder esse sentimento. Giriraja serve Krishna de todas as maneiras.” As gopis se lembram disso e dizem umas as outras : yad rama-krsna-carana-sparasa-pramodah manam

tanoti saha-go-ganayos tayor yat paniya-suyavasa-kandara-kandamulaih (TEXTO 18), esses são os serviçosexecutados pela colina de Govardhana. E ao executá-los Govardhana sente-se feliz e em regozijo pelo toquedos pés de Krishna. Seus cabelos se arrepiam e o suor escorre pelo seu corpo. Assim mesmo tudo vem docorpo de Govardhana, e em especial durante a dança da rasa porque nesse momento todas as gopis seapresentam. Srimati Radhika está no meio e todas as gopis estão dançando. Nessa hora, Srimati Radhikasente-Se cansada e Krishna A coloca sentada no trono que Giriraja preparou. Krishna gentilmente massageiaos pés de Radhika e às vezes Ele também coloca os pés dEla que está ornamentado com resinas vermelhas,sobre o Seu peito. Giriraja Govardhana se alegra ao ver isso, sentindo os pés de Krishna e Radhika em suacabeça, peito e corpo. Govardhana se sente satisfeitíssimo deixando escorrer lágrimas e suor. Giriraja

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Govardhana treme com o surgimento de tantos bhavas e experimenta ondas de prema. É tanto prema que elesequer consegue expressar sua alegria.

“Oh , quanta alegria esse Govardhana está experimentando. Ó sakhis, não podemos tocar os pés deKrishna nem servi-lO da maneira que faz a colina de Govardhana.” As gopis tocaram os pés de Krishna eencontram com Krishna diariamente e prestam serviço na dança da rasa, contudo elas sentem purva-raga.

Portanto, elas falam como se nunca antes houvessem encontrado com Krishna ou tivessem a oportunidade detocar Seus pés,

Giriraja Govardhana fornece a Krishna muitas variedades de frutas doces e acres. Existem quatrosabores nas frutas - semelhante aos limões, laranjas, mangas e etc. Giriraja Govardhana fornece as frutas quecrescem em seu corpo. Govardhana não necessita comprar ou importar. “Se nós tivéssemos alguma fruta emnossos corpos poderíamos dá-la a Krishna - que maravilhoso seria! Mas não temos as frutas, então o quepoderemos doar?

O pensamento das gopis vai até um ponto que o próprio Srimad-Bhagavatam não consegue explicá-lototalmente. Apenas os seguidores rasika de Shukadeva Gosvami ou outros devotos podem explicar todasessas coisas. Em cada serviço que a colina de Govardhana presta, sente grande júbilo. Govardhana se dá

totalmente, e as gopis acreditam que elas não conseguem se doar assim. Elas não fornecem frutos comoGovardhana. Elas não podem tocar os pés de Krishna ou servir os amigos e vacas de Krishna do jeito queGovardhana faz. Não temos a mesma consideração por Krishna (manam tanoti). O humor que as gopisexpressam é de lamentação. “Ó sakhis! Sequer imaginamos como Giriraja Govardhana faz seu serviço. Nãotemos esta oportunidade.” Pensando desta maneira as gopis se comovem em seu bhava. K rishna estáapascentando as vacas em Govardhana e as gopis estão em casa, ainda assim elas vêem Govardhana dentrode seus corações.

Go significa vacas e gopakair significa vaqueirinhos. Krishna protege as vacas e os vaqueirinhos detodas as calamidades, e Ele também os protege da separação. Outro significado é que eles conservamKrishna dentro deles. Gopayati significa raksayati (abrigo). Os vaqueirinhos amam tanto Krishna; portantoKrishna está sempre em seus corações.

Anu-vanam significa “em cada floresta”. Krishna e os vaqueirinhos conduzem a manada de florestaem floresta. Qual o motivo de ele andar de floresta em floresta acompanhado de milhares de vaqueirinhos evacas? O motivo é que Krishna busca por algo. A busca dEle é tal que ninguém consegue captar Seusmotivos. Aparentemente Krishna está apenas interessado em apascentar as vacas e encontrar um capim maisdoce e água. Decerto Ele está em busca de água, pois água significa vida. Quando Krishna vê esta água noksuma-sarovara, radha-kunda ou em Govardhana aparentemente Ele encontrou o que procurava. Krishnaprocura pela vigraha do amor; na realidade Ele está procurando apenas por Radhika. E se Ele não consegueencontrá-lA, então nayator-udara-venu-svanaih, Krishna chama Radha através do som de Sua flauta.

Os vaqueirinhos estão pensando que Krishna toca a flauta para chamar as vacas. De fato, cada vacaacredita que Ele está chamando somente por ela. Pelas doces notas (kala-padais) da canção da flauta. Assim

esse verso diz - kala. E kala também significa klim. Na palavra klim cada nome todos os nomes das gopisestão presentes. Todos acreditam que uga-gopakair significa “as vacas” , mas o real significado é as gopis.Venu-svanaih - a canção da flauta é tão liberal (udara) porque se destina a tudo e a todos. Não é só

para as gopis ou só para as vacas e vaqueirinhos. Destina-se para todos - cada trepadeira, cada árvore, cadapássaro e animal, cada átomo. Todas as entidades vivas sentem júbilo quando ouvem a canção da flauta, maso que cada um escuta se limita ao grau de qualificação. As gopis são as que mais são afetadas, mas todas asentidades vivas se enche de prema, transbordando de amor, por ouvir a flauta de Krishna.

Tanu-bhrtsu sakhyah aspandanam gati-matam pulakas tarunam: aquelas entidades vivas que sãoimóveis iniciam um movimento e aquelas que são móveis ficam paralisadas. Tudo que tem vida - sejaárvores, montanhas, rios, pessoas, pássaros ou animais - se classificam em dois tipos móveis ou imóveis. Aspandanam gati-matham: aqueles que são seres móveis, como a corça quedam silentes. Esses animaisdeveriam estar fugindo com medo dos vaqueirinhos e vacas, no entanto elas ficam paralisadas e oferecemseu afeto a Krishna através de seus olhos. Todos os pássaros se calam, embora sejam pássaros canoros

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quando soa alto o doce som da flauta e pode-se ver o belo rosto de Krishna. As árvores e as montanhas sãoconsiderados seres imóveis e se tornam mutáveis. As rochas nas encostas derretem e ficam macias. Asárvores enchem-se de flores e frutos e seus galhos se curvam para tocar os pés de lótus de Krishna. Suasfolhas tremulam quando ouvem o som da flauta e os sintomas dos júbilos das árvores são as flores quenascem. Pulakas tarunam niryoga-pasha-krta-laksanayor vicitram.

Krishna construiu Seu próprio svarupa, Seu corpo, muito belo. Ele tem um turbante na cabeça e neleexiste um pasha, uma corda para prender as patas das vacas (niryoga). Na ordenha das vacas, os vaqueirinhosprendem suas patas traseiras com as cordas. Esta corda especial porque ela liga a jiva à Krishna. Quando avaca não quer ceder seu leite, o vaqueirinho coloca o bezerro amarrado ao lado de sua mãe estimulando avaca a soltar o seu leite. A corda que amarra a vaca ao bezerro se chama niryoga. Krishna usa essa niryoga-pasha em Seu turbante. Como vaqueirinho que Krishna é, Ele está belamente ornamentado. Tudo que Ele fazé belo.

Krishna usa Sua corda como um laço. Quando a vaca está nervosa e não quer dar leite, ou quando avaca se comporta mal então os vaqueirinhos costumam amarrar a corda do pescoço até as pernas, assim elasnão podem escapar. O laço do pescoço é apertado com bambu e se a vaca tenta correr o bambu não se

movimenta e assim não poderá escapar. Por isso Krishna carrega esse laço.Se a vaca é pacífica, o vaqueirinho às vezes amarra próxima a uma vaca selvagem para impedir que aselvagem fuja. Krishna usa essa corda no seu turbante. Krishna possui uma aparência tão formosa quandoEle está com a vaca ordenhando-as. Aqui as gopis dizem “ó sakhi, Krishna está usando essa niryoga-pashapara nós. O que queremos é o mesmo que as vacas querem. Queremos que Krishna nos ate com Sua corda deamor. Krishna eternamente com Sua corda pode amarrar qualquer jiva, qualquer um que possua um corpo.Essa corda é tão linda que ela atrai a todos. Após ser laçado por ela é impossível ficar longe de Krishna. Essacorda laça as entidades vivas aos pés de lótus de Krishna.

“A corda no turbante de Krishna não é uma corda comum. Ela é niryoga. Ela conecta nossas mentes ecorações para sempre a Krishna. Nós não conseguimos ir mais para nossas casas. Não conseguimos maisficar com nossos maridos, pais ou mães. Essa corda nos arranca tudo que possuímos e para sempre nos ligaaos pés de lótus de Krishna.” Esse é o significado de niryoga, A corda não é realmente um pasha paraamarrar vacas, ela se destina segurar os nossos sentidos e corações porque eles estão repletos do mesmodesejo de correr daqui para lá que as vacas sentem. Essa é a corda do amor (prema). “Nós não temos aoportunidade de servir a Krishna do mesmo jeito que Giriraja Govardhana ou como as árvores e trepadeirasde Vrindavana, ainda assim Krishna atrai nossos corações de tal modo que nunca mais conseguimos ficarlonge dEle. Embora na realidade, estejamos tão distantes de Krishna”. Assim faland o sobre a corda quesegura as vacas, as gopis lembram-se dos passatempos de Krishna.

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TEXTO 20

evam-vidha bhagavatoya vrndavana-carinah

varnayantyo mitho gopyahkridas tan-mayatam yayuh

evam-vidhah- dessa maneira ( passatempos de uma tal maneira que deixa atônito todo o mundo);bhagavatah- da Suprema Personalidade de Deus (que manifesta Sua própria ilimitada doçura); yah- qual;vrndavana-carinah- que estava caminhando na floresta de Vrindavana; varnayantyah- (as gopiscontinuamente) ocupadas em descrever todos esses passatempos do Senhor( e assim alcançaram o estado detadatma nesses passatempos; em outras palavras, elas adentram nos passatempos e vivenciaram a associaçãodireta de Krishna ); mithah- entre um e outro; gopyah- as gopis; kridah-tat-mayatam-yayuh- elas alcançaram

completa identificação com aqueles passatempos; em outras palavras, os passatempos se manifestaram emseus corações

TRADUÇÃO

Ó Maharaja Pariksit! As gopis profundamente imersas em prema discutem todos os dias entre si ospassatempos inumeráveis de Sri Krishna executados na floresta de Vrindavana. Devido a essa ação elasentram no transe extático de meditação em Krishna. Essa é a maneira que os passatempos do Senhor semanifestam continuamente dentro dos corações delas.

COMENTÁRIO

As gopis se lembram de todos os passatempos de Krishna em Vrindavana. É assim que elasenlouquecem em prema. Evam-vidha descreveu-se tudo nestes 19 shlokas, todos que estão descritos noSrimad-Bhagavatam e alguns que não estão ali. As gopis discutem isso entre si.

Shukadeva Gosvami pergunta a Maharaja Pariksit neste verso: “Como é possível alguém explicar asondas de prema na imensidão do oceano dos corações das gopis? Eu não posso explicar tudo que ocorre.”Shukadeva Gosvami está dizendo que não consegue expressar os sentimentos das gopis quando estão noestado de purva-raga antes de ocorrer o abhisara (encontro) ou expressar a inquietação das gopis. Quando a

amante espera em demasia por seu amado, ela fica agitada. Nem consegue dormir. Os 33 tipos de sancari-bhava e os 8 tipos de sattvika-bhava todos surgem nos corações das gopis. Shukadeva Gosvami diz que podever isso tudo mas não consegue explicar tudo: como surge, como se apresenta e como parte semelhante aondas. Portanto Shukadeva dá apenas uma amostra aqui. Neste livro deu-se apenas um resumo disso tudo.Mesmo o Senhor Brahma não consegue descrever os sentimentos das gopis mesmo possuindo quatro bocas.Nem sequer Maha Sankarshana pode descrever isso com Suas milhares de bocas. O que falar de outraspessoas? Nem mesmo Krishna consegue expressar o que as gopis sentem por Ele. Este capítulo descrevepurva-raga que inclui sentimentos de separação (vipralamba). Purva-raga significa separação antes doencontro. Um sadhaka tem que experimentar esse sentimento de separação. Não existe sadhana sem essesentimento de separação, pois o sadhana deve trazer a tona esse sentimento.

Esses versos são svarasiki (uma contínua e inquebrantável meditação que flui como uma correntezade mel que vem de um pote). Esses versos não se destinam ao mantra-upasana. Nós também podemospraticar a lembrança svarasiki com esses versos. Pratica-se o mantra upasana ao se meditar um verso de cada

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vez, mas o svarasiki-lila é uma sequência de versos onde cada verso espalha lembrança de muitospassatempos fazendo a conexão com outros versos. Esse capítulo está repleto de sequências de lilas. Estaguirlanda é formada por muitas flores. Do início ao fim, este capítulo contém muitos passatempos.

Se tomamos um verso de cada vez, podemos usá-lo no mantra-upasana, especialmente versos comobarhapidam nata-vara-vapuh karnayoh karnikaram. Pode-se usar também o verso seguinte para o mantra-

upasana. Mas como um todo este capítulo destina-se a lembrança svarasiki. As descrições de que as pedrasderretem e os rios endurecem não devemos tomá-las como metáforas poéticas. No Charana Pahari e emoutros locais vemos lugares onde as pedras se derreteram ao toque dos pés de lótus do Senhor Cheitanya,ficando impresso Suas pegadas. Isso também é visível no Alalanatha num lugar onde se encontraram Rama eBharata. Embora nossos corações sejam mais duros do que a pedra poderão ser derretidos e tornarem-sesuaves através da audição e da lembrança desses passatempos no nosso raganuga bhajana.

SOBRE O AUTOR

Sua Divina Graça Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaja é discípulo de Om Visnupada SriSrimad Bhakti Prajnana Keshava Gosvami Maharaja que foi um dos mais destacados líderes discípulo deOm Visnupada Sri Srimad Bhaktisiddhanta Sarasvati Prabhupada. Sri Narayana Maharaja nasceu numaaldeia chamada Tewaripur localizada próxima as margens do sagrado rio Ganges em Bihar, Índia. O lugar éconhecido como sendo o local onde o Senhor Ramachandra e Visvamitra Muni mataram o demônio Taraka.Srila Narayana Maharaja nasceu no dia de amavasya (lua nova), em fevereiro de 1921 numa família muitoreligiosa de brâmanes trivedi. Na sua infância ele sempre acompanhava seu pai aos kirtanas e reuniõespravacham.

Em fevereiro de 1947 ele encontrou seu Gurudeva em Sri Navadvipa dhama, Bengala Ocidental. Elehavia se dirigido para esse local após o encontro com um discípulo de Srila Bhaktisiddhanta chamado SrilaNarottamananda Brahmachari que viajava e pregava a mensagem de Sri Cheitanya deva. Após suas primeirasimpressões com este devoto Narayana Maharaja se convenceu da posição suprema da filosofia dada pelosacharyas na linha de Srila Rupa Gosvami e após alguns dias ele deixou seu lar para se juntar a missão de seu

mestre espiritual e entregar sua vida.Quando ele chegou em Sri Navadvipa dhama executava-se o parikrama anual e ele se juntou aogrupo. Em goura purnima ele recebeu as iniciações hari nama e gayatri sendo-lhe dado o nome de Sri GouraNarayana. Seu mestre espiritual também lhe concedeu o título de bhakta- bhandava que significa “amigo dosdevotos” porque ele está sempre servindo todos os Vaishnavas de muito bom grande.  

Ele viajou muito extensivamente com Srila Keshava Maharaja e pregando por toda a Índia nos cincoanos seguintes e em 1952 também goura purnima seu amado gurudeva lhe deu iniciação na sagrada ordem desannyasa. Em 1954 Srila Keshava Maharaja deu-lhe o comando do recém aberto templo de Mathurachamado Sri Kesavaji, Gaudya Matha. Assim Srila Narayana Maharaja passava parte do ano em Mathura eparte na Bengala levando a cabo sua missão. Assim foi pelos quatorze anos seguintes. E seu gurudeva oapontou como vice-presidente da missão da Sri Gaudya Vedanta Samiti e editor chefe das publicações emhindi e da revista mensal Sri Bhagavat Patrika. Em 1968 Srila Keshava Maharaja deixou o planeta e SrilaNarayana Maharaja executou todas as cerimônias para a instalação do samadhi.

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Após isso Srila Narayana Maharaja passou a organizar o parikrama anual kartika vraja mandala até osdias de hoje. Srila Narayana Maharaja foi encarregado por seu gurudeva a traduzir os livros de SrilaBhaktivinodha Thakura do bengali para o hindi e atualmente todos esses livros estão sendo traduzidos para oinglês por seus seguidores. Srila Narayana Maharaja faz conferências em hindi, bengali e inglês por toda aÍndia.

Srila Narayana Maharaja desfrutou de um íntimo relacionamento com Sua Divina Graça A CBhaktivedanta Swami Prabhupada. Eles se encontraram pela primeira em 1948 em Calcutá onde passaram aprestar serviço na ramificação da Gaudya Samiti. Esta associação continuou na sociedade chamada Liga dosDevotos que Bhaktivedanta Swami Prabhupada tentava estabelecer. Já na década de 50 BhaktivedantaSwami Maharaja passou a morar em Mathura a convite de Seu irmão espiritual Srila Keshava Maharaja.Narayana Maharaja respeitava Srila Prabhupada como seu sênior e superior, bem como seu amigo. Em 1959Srila Bhaktivedanta Swami Prabhupada recebeu a ordem de sannyasi de Srila Keshava Gosvami Maharajasendo que esta cerimônia de fogo e todos os rituais foram executados por Srila Narayana Maharaja. Foi SrilaNarayana Maharaja que enviou as primeiras mridangas e karatalas para Srila Bhaktivedanta usá-las nosankirtana no ocidente. Foi Srila Narayana Maharaja que a pedido do próprio Bhaktivedanta Swami

Prabhupada se encarregou de executar todos os rituais quando da partida desse mundo mortal deBhaktivedanta Swami Prabhupada, o que bem demonstra a profunda confiança de Bhaktivedanta SwamiMaharaja depositava em Srila Narayana Maharaja.

Srila Narayana Maharaja desde a partida de Srila Bhaktivedanta Swami vem a pedido destefornecendo visões mais profundas e abrigo amoroso aos discipulos de Bhaktivedanta Swami e a todos que oprocuram. Srila Narayana Maharaja continua a iluminar o caminho daqueles que desejam descobrir eprofundamente mergulhar no oceano extático de radha-dasya, serviço aos belos e radiantes pés da mui amadade Sri Krishna, Srimati Radhika.