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CECÍLIA MARIA DE JESUS FERREIRA IRONI LIRIO DA CRUZ GONÇALVES SIDINEI MARIA DA PAZ LIMA ESTUDO DO EFEITO DA DESNUTRIÇÃO NO PLEXO MIOENTÉRICO FACULDADES INTEGRADAS TORRICELLI NÚCLEO DE APOIO DE NUTRIÇÃO

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CECÍLIA MARIA DE JESUS FERREIRA

IRONI LIRIO DA CRUZ GONÇALVES

SIDINEI MARIA DA PAZ LIMA

ESTUDO DO EFEITO DA DESNUTRIÇÃO NO PLEXO MIOENTÉRICO

FACULDADES INTEGRADAS TORRICELLI

NÚCLEO DE APOIO DE NUTRIÇÃO

GUARULHOS

2008

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CECÍLIA MARIA DE JESUS FERREIRA (III)

IRONI LIRIO DA CRUZ GONÇALVES (I)

SIDINEI MARIA DA PAZ LIMA (II

ESTUDO DO EFEITO DA DESNUTRIÇÃO NO PLEXO MIOENTÉRICO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Apresentado às Faculdades Integradas

Torricelli, como exigência parcial para a Conclusão do CURSO DE NUTRIÇÃO, tendo por orientadora: Profª. Ms. Luciana Simões.

FACULDADES INTEGRADAS TORRICELLI

NÚCLEO DE APOIO DE NUTRIÇÃO

GUARULHOS

2008

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CECÍLIA MARIA DE JESUS FERREIRA

IRONI LIRIO DA CRUZ GONÇALVES

SIDINEI MARIA DA PAZ LIMA

ESTUDO DO EFEITO DA DESNUTRIÇÃO NO PLEXO MIOENTÉRICO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APRESENTADO ÀS FACULDADES INTEGRADAS TORRICELLI COMO EXIGÊNCIA DA

CONCLUSÃO DO CURSO DE NUTRIÇÃO

Orientador

Nome: ______________________________________________

Assinatura:__________________________________________

2º Examinador

Nome:______________________________________________

Assinatura:__________________________________________

3º Examinador

Nome:______________________________________________

Assinatura:__________________________________________

NOTA FINAL:_____________

Biblioteca

Bibliotecário:_________________________________________

Assinatura:___________________________Data:___/___/____

Guarulhos, __14_de__dezembro_de 2008_

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Dedicamos

Aos nossos familiares pela

paciência, dedicação, amor e pelo incentivo

durante todos esses anos de curso.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus pela sua força presente em nosso dia a dia, nos

conduzindo sempre ao seu lado;

Aos nossos professores no decorrer do Curso de Nutrição, enriquecendo

nosso conhecimento acadêmico;

A todos os colegas de sala pelos anos de boa convivência;

À Professora Mestra Orientadora Luciana Simões pelos conselhos e

informações prestadas durante a elaboração desse Trabalho de Conclusão de

Curso;

Às Professoras Co-orientadoras pelas contribuições para a realização desse

trabalho:

Profª. Ms. Ana Maria Machado

Profª. Ms. Fabíola Jundurian Bolonha

Profª. Ms. Dra. Maria de Lourdes Nascimento

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“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes os

caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!”

Mário Quintana

“Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”.

Carlos Drumont de Andrade

“Lutar e não vencer... talvez, desistir jamais!”Autor Desconhecido

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RESUMO

O Plexo Mioentérico, localizado entre a camada submucosa e serosa de todo o trato gastrointestinal é

constituído de músculo liso longitudinal e circular, células ganglionares com interneurônios motores e

fibras amielínicas responsáveis pela inervação e contração dos músculos durante a passagem dos

alimentos desde o esôfago até o ânus. Durante a passagem dos alimentos, o organismo vai

realizando a secreção de hormônios e enzimas digestivas promovendo a degradação desses

alimentos, facilitando com isso, a digestão e absorção dos nutrientes contidos. Toda essa

movimentação de alimentos é efetuada pelo Sistema Nervoso Entérico. As contrações peristálticas do

intestino delgado envolvem os músculos circular e longitudinal e empurram o quimo vindo do

estômago. Os músculos circulares misturam o quimo aos sucos digestivos e os músculos

longitudinais deslocam o quimo de um lado para outro. Com esses movimentos e a adição de

substâncias vindas do pâncreas, fígado, estômago e vesícula biliar, o alimento é absorvido em sua

grande maioria no duodeno, jejuno e íleo. Para que todo esse processo ocorra, é necessária a

liberação de energia das células do organismo. A desnutrição afeta todos os sistemas do organismo,

mas o mais afetado é o Trato Gastrointestinal, pois é através das suas funções que todas as células

dos órgãos e tecidos do corpo recebem suprimentos. De acordo com estudos realizados na

Universidade Paranaense onde se avaliou os efeitos da desnutrição protéica sobre o intestino de

ratos, observou-se que houve alterações na estrutura do intestino e peso dos animais. O estado

nutricional adequado é o reflexo do equilíbrio entre a ingestão balanceada de alimentos e o consumo

de energia necessária para manter as funções diárias do organismo. Sempre que existir algum fator

que interfira em qualquer uma das etapas desse equilíbrio, haverá riscos de o indivíduo desenvolver

desnutrição e outras doenças.

PALAVRAS-CHAVE: plexo mioentérico, motilidade intestinal, ratos, sistema nervoso

entérico, desnutrição.

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ABSTRACT

The mesenteric plexus, located between the layers and serous submucosa of the entire

gastrointestinal tract is composed of smooth muscle longitudinal and circular, with ganglion cells and

interneurons engines amielínicas responsible for nerve fibers and contraction of muscles during the

passage of food from the esophagus to the anus. During the passage of food, the agency is

conducting the secretion of hormones and digestive enzymes promoting the degradation of such

food, easing it off, the digestion and absorption of nutrients contained. All this handling of food is

done by the enteric nervous system. The peristaltic contractions of the muscles surrounding the small

bowel movement and longitudinal and push the chime from the stomach. The circular muscles mix

chyme to the digestive juices and the longitudinal muscles move the chime from one side to another.

With these moves and the addition of substances from the pancreas, liver, stomach and gallbladder,

the food is absorbed in the vast majority in the duodenum, jejunum and ileum. For all that this

process occurs, it is necessary to release energy from the cells of the body. The malnutrition affects

all systems of the body, but the most affected is the gastrointestinal tract, for it is through their roles

that all cells of organs and tissues of the body receive supplies. According to studies at the University

Paranaense where they assessed the effects of protein malnutrition on the intestines of rats, it was

observed that there were changes in the structure of the intestine and weight of the animals. The

adequate nutritional status is a reflection of the balance between the intake of balanced food and

energy consumption required to keep the body's daily functions. Where there is any factor that

interferes in any of the steps that balance, the risk of an individual developing malnutrition and other

illnesses.

KEY WORDS: myenteric plexus, intestinal motility, rats, enteric nervous system, bad nutrition.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 09

1.1. Os Alimentos 09

1.2. A Digestão e Absorção de alimentos 10

1.3. O Sistema Digestório – apresentação sucinta 13

1.4. O Intestino Delgado 14

1.4.1. Funções do Intestino Delgado 14

1.4.2. Áreas Específicas do Intestino Delgado 15

1.4.3. Camadas do Trato Gastrointestinal 15

1.5. A importância do SNC na atividade do Trato Gastrointestinal 17

1.5.1. O Sistema Nervoso Autônomo e o controle na Musculatura Lisa 19

1.5.2. A contração do Músculo Liso 21

1.5.3. A Energia para a Contração Muscular 21

1.6. Quadro Clínico nas Privações de Alimentos 21

1.7. A Desnutrição 23

1.7.1. Desnutrição Protéico Energética em Crianças de 1-3 anos 25

1.7.2. Desnutrição Protéico Energética em crianças abaixo de 1 ano 26

1.7.3. Desnutrição na Gravidez 27

1.7.4. Desnutrição Mundial e Brasileira 28

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2. JUSTIFICATIVA 30

3. OBJETIVO 31

3.1. Objetivo principal 31

3.2. Objetivo específico 31

4. METODOLOGIA 32

5. MATERIAIS 32

6. EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO AO PLEXO MIOENTÉRICO 33

6.1. O Plexo Mioentérico 33

6.1.2. Conseqüências da desnutrição no corpo e Plexo Mioentérico 34

7. DISCUSSÃO 39

8. CONCLUSÕES 41

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – As camadas do TGI 16

FIGURA 2 – Sistema Nervoso esquematizado 17

FIGURA 3 – Liberação de ACh e NE no plexo mioentérico 20

FIGURA 4 – Morte de crianças indígenas por desnutrição 23

FIGURA 5 – Criança com Kwashiokor 25

FIGURA 6 – Criança com Marasmo 26

FIGURA 7 – Recém nascido com desnutrição intra uterina 27

FIGURA 8 – Visão dos neurônios corados no plexo mioentérico 33

FIGURA 9 – A espessura das camadas do músculo liso 35

FIGURA 10 – Aspectos dos neurônios do GC e GE 37

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Evolução dos neurônios do duodeno de ratos 38

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Os Alimentos

Os alimentos, fonte dos nutrientes necessários ao organismo, são

encontrados na natureza sob a forma chamada in natura. Uma vez captados pelo

homem, sofrendo ou não transformações caseiras ou industriais, devem ser

inicialmente ingeridos, sendo depois digeridos, absorvidos e, por fim, distribuídos às

células, onde serão utilizados no metabolismo ou armazenados. A regulação da

ingestão de alimentos e a escolha dos mesmos permitem aos indivíduos a

homeostase interna de nutrientes de maneira a garantir a sobrevivência,

crescimento e reprodução (TEIXEIRA NETO, 2003).

Os nutrientes são os elementos responsáveis pela manutenção de todas as

reações bioquímicas necessárias para o perfeito funcionamento do organismo. Os

nutrientes essenciais não são produzidos pelo organismo e, por isso são retirados

dos alimentos como, por exemplo, ácidos graxos linoléico (ômega 6 precursor de

eicosanóides em nível tecidual) e linolênico (ômega 3 importante nas membranas

estruturais especialmente do tecido nervoso e retina), vitaminas, minerais e alguns

aminoácidos (TIRAPEGUI e MENDES, 2006).

O termo necessidade nutricional pode ser definido como as quantidades de

nutrientes e de energia disponíveis nos alimentos que um indivíduo sadio deve

ingerir para satisfazer suas necessidades fisiológicas normais e prevenir sintomas

de deficiência. Assim as necessidades nutricionais representam valores fisiológicos

individuais que se expressam em médias para grupos semelhantes da população.

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As recomendações nutricionais, Recommended Dietary Allowances (RDA) são

estabelecidas pela Food And Nutrition Board (FNB) e National Research Council

(NRC), desde 1941 e em 1990, a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição

(SBAN) analisou as recomendações do FNB/NRC vigentes, adaptando-as à

população brasileira (CUPPARI Lílian, et al, 2005).

Proteínas (construtores): 0,8g Kg/dia para adultos de ambos os sexos com

mais de 19 anos, e gestantes com mais de 19 anos e crianças de 19 a 50 meses:

1,1g/Kg/dia.

Carboidratos (energia para as células, especialmente cérebro que é o único

órgão glicose-dependente): 130g/dia para adultos, gestantes 175g/dia, Lactantes

210g/dia.

Lipídeos (energia, absorção de vitaminas lipossolúveis e carotenóides): O

Institute of Medicine 2002, ponderou a inexistência de dados suficientes para

determinar a ingestão adequada (AI), recomendações dietéticas (RDA) e nível

máximo de ingestão (UL) para lipídeos. Entretanto, sugere que as dietas tenham o

menor conteúdo possível de colesterol, ácidos graxos trans. e gorduras saturadas,

tendo em vista as correlações positivas da ingestão desses tipos de lipídeos com

aumento de risco de doenças cardiovasculares.

Fibras (tem impacto positivo sob o peso corpóreo, normalização das

concentrações de lipídeos sanguíneos, redução dos índices glicêmicos, aumento do

bolo fecal e melhora do trânsito intestinal, outros, no entanto o excesso pode

interferir no metabolismo e reduzir a biodisponibilidade de alguns minerais),foram

estabelecidas as necessidades de fibras total expressas em g/dia de acordo com

idade, g/kg de acordo com peso e g/1000Kcal na dieta, assim é mais recomendado

o uso de ingestão adequada: AI: 38g/dia para homens de 19-50 anos e 30g/dia para

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homens de 51 ou mais, 25g/dia para mulheres de 19-50 anos e 21 g/dia para

mulheres de 51 anos ou mais, gestantes de 14 anos ou mais é de 28g/dia e nutrizes

de 14 anos ou mais 29g/dia.

Existem ainda, recomendações pela FNB/IOM (Food and Nutrition

Board/Institute of Medicine) para diferentes Vitaminas e Minerais todos com

estimativas específicas para cada uma delas de acordo com as funções e

necessidades. Segundo (CUPPARI et al, 2005), as recomendações de Água e

Eletrólitos pela FNB/IOM são:

Água (homeostase, plasma, constituinte do corpo humano, outros). De

acordo com a recomendação da (FNB/IOM) Food and Nutrition Board/Institute of

Medicine (2004), a ingestão média de água total é AI= 19-50 anos para homens

3,7L/dia e Mulheres é de 2,7l/dia. Para gestantes é 3,0 L/dia e lactantes 3,8L/dia.

Potássio (cátion intracelular que junto com sódio participa do equilíbrio

hídrico normal, e com o cálcio participa da atividade neuromuscular) na def. ocorre

hipocalemia (arritmia cardíaca, fraqueza muscular, intolerância à glicose) Por

insuficiência de dados a FNB/IOM (2004), estimulou a AI (ingestão adequada) em

4,7g/dia para adultos.

Sódio (osmolalidade sérica e volume extracelular) AI segundo a FNB/IOM

1,5g/dia para adultos de ambos os sexos até 50 anos, gestantes e lactantes; de 51-

70 anos 1,3g/d e mais de 70 anos 1,2g/dia.

Cloro (todo o cloreto da dieta é fornecido com o sódio) AI = 2,3g/dia para

adultos de ambos os sexos até 50 anos, gestantes e lactantes; de 51-70 2g/dia e

mais de 70 anos 1,8g/dia.

A maioria dos nutrientes é absorvida com notável eficiência: menos de 5% de

carboidratos, proteínas e gorduras ingeridos são perdidos nas fezes de indivíduos

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normais que se alimentam com dieta balanceada. Para atingir o objetivo de

absorção de nutrientes, as diferentes partes do trato gastrointestinal agem de

maneira estritamente coordenada, controlada por mecanismos neurais e humorais.

(TEIXEIRA NETO, 2003)

1.2 A Digestão e a Absorção de alimentos

A digestão requer que o alimento seja trabalhado por enzimas e co-

fatores cuja atividade deve ser facilitada pela agitação mecânica do conteúdo

intestinal. As moléculas complexas são quebradas pelo processo digestório e então

absorvidas na corrente sanguínea. A maior parte da absorção ocorre no intestino

delgado como a água, eletrólitos como Na+, K+, Cl, açúcares como glicose,

galactose e frutose, aminoácidos e dipeptídeos, vitaminas e minerais, e gorduras. A

absorção é um processo lento que requer movimento controlado do material através

das seções absortivas do trato gastrointestinal (DAVIES et al, 2002 a).

A presença de alimento na boca e trato digestório potencializa a secreção

por mecanismos humorais e nervosos locais, como por exemplo: Amido - a digestão

começa com amilase salivar na boca; gorduras – se inicia no estômago pela lípase

gástrica, porém tem ação limitada pela acidez gástrica; proteína – a digestão inicia

no estômago e precisa de meio ácido. O processo digestivo principal ocorre no

Duodeno (TEIXEIRA NETO, 2003 a).

A maior parte dos nutrientes principais dos alimentos esta ligada em

grandes moléculas que não podem ser absorvidas pelo intestino devido ao seu

tamanho ou pelo fato delas não serem solúveis. O Sistema Digestório é responsável

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por reduzir estas grandes moléculas em unidades menores, para serem absorvidas

prontamente e a converter as moléculas solúveis. A função própria dos mecanismos

absortivos e de transporte é crucial para a liberação de produtos da digestão para as

unidades celulares. O desarranjo de qualquer desses sistemas pode resultar em

desnutrição mesmo na presença de uma dieta adequada (MAHAH e STTUMP,

2005).

1.3 O Sistema Digestório – apresentação sucinta

Os órgãos que compõem o sistema digestório e suas respectivas glândulas

anexas são:

Boca - é a primeira seção do tubo digestivo. Suas funções principais são:

mastigação e o umedecimento do alimento.

Dentes - Os incisivos e caninos cortam os alimentos e os pré-molares e

molares trituram os alimentos dividindo-os em pedaços bem pequenos.

Faringe - participa na deglutição.

Esôfago - é um corredor formado por músculos lisos que empurram

delicadamente o bolo alimentar para o estômago.

Estômago - produz o suco gástrico que modifica a estrutura dos alimentos e

impede o desenvolvimento de bactéria e fermentação.

Intestino Delgado (duodeno, jejuno, íleo) - produz o suco entérico e absorve

os nutrientes.

Intestino Grosso (ceco, cólons ascendente, transverso, descendente,

sigmóide) reto, ânus - o material que chega ao intestino grosso contém muita água.

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Uma função importante do intestino grosso é a reabsorção dessa água, que passa

para o sangue, o que não foi digerido transforma-se em fezes e é excretado pelo

canal anal.

Glândulas anexas - Glândulas salivares (água, muco e enzima), degradam o

amido, ação da amilase salivar ou ptialina (que inicia o processo de digestão dos

carboidratos presentes no alimento), em maltose.

Fígado - produz a bile, armazena nutriente, atua sobre grandes gorduras.

Vesícula Biliar- armazena bilirrubina e a libera no intestino para degradar gorduras.

Pâncreas – produz os hormônios insulina, glucagon e suco pancreático.

(CESARE, 2008).

1.4 O Intestino Delgado

Da boca até o ânus, os alimentos sofrem uma série de transformações pela

ação de substâncias químicas. O Intestino Delgado, com cerca de mais ou menos 6

(seis) metros de comprimento e 2,4 cm de largura em forma de tubo enrolado, é

considerado o principal órgão do Sistema Digestório, onde ocorre a maior parte da

absorção dos nutrientes contidos nos alimentos (MORAES et al, 2006 a).

1.4.1 Funções do Intestino Delgado

Secreção - adição de enzimas digestivas e co-fatores.

Absorção - captação dos produtos finais da digestão.

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Motilidade - agitação e movimento controlado pelo sistema nervoso entérico.

(DAVIES et al, 2002 a).

1.4.2 Áreas Específicas de Absorção no Intestino Delgado

Duodeno e jejuno – No duodeno e jejuno são absorvidas as gorduras,

proteínas, carboidratos, Ca, Mg, absorve também as Vitaminas A,B,D,E,K,C,

oligoelementos Zn, Cu, Fe;

Íleo – No íleo são absorvidas as vitamina B12, Zn, sais biliares, Ca;

Duodeno, jejuno e íleo – Absorve água, eletrólitos, ácido graxo (TEIXEIRA

NETO, 2003 a).

1.4.3 Camadas do Trato Gastrointestinal Responsáveis pela secreção,

absorção e motilidade dos alimentos

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Figura 1 – Camadas do Trato Gastrointestinal (CAVADAS, 2007).

Mucosa – epitélio localizado no lúmen intestinal contém células epiteliais,

pregas, criptas, glândulas fossetas, vilosidades; placa de Peyer (são aglomerados

de nódulos linfáticos localizados principalmente na mucosa do íleo). Secreta

imunoglobulina para defesa contra micróbios; lâmina própria – contêm tecido

conjuntivo frouxo rico em colágeno e elastina, vasos linfáticos e sanguíneos; camada

muscular da mucosa – camada fina de músculo liso, cuja contração dobra a mucosa

em pregas e cristas;

Submucosa – como a lâmina própria, compostos por tecido conjuntivo com

vasos sanguíneos maiores e em algumas partes do TGI, glândulas submucosas;

Plexo submucoso nervoso de Meissner – densa rede de células nervosas,

inervadas pelo sistema nervoso autônomo e, que quando isoladas funcionam como

sistema independente por si só (sistema nervoso entérico);

Muscular – camada circular interna – camada espessa de músculo liso

circular ou helicoidal em torno do trato gastrointestinal cuja função tende a contrair o

lúmen;

Plexo Mioentérico ou de Auerbach – segunda rede densa de células

nervosas similar ao plexo submucoso e a inervação comandada pelo sistema

nervoso autônomo e entérico;

Camada longitudinal externa de músculo liso- feixes de células ao longo do

trato gastrointestinal que é encurtado por sua contração;

Adventícia - camada serosa no mesentério ou camada mais externa de

tecido conjuntivo recoberta por uma camada de células mesoteliais escamosas

(CAVADAS, 2007).

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1.5 A Importância do SNC na Atividade do Trato Gastrointestinal

O Sistema Nervoso Central (SNC) é essencialmente importante na atividade

do trato gastrointestinal, pois para manter a parte funcional existe uma série de

neurônios intramurais entrelaçados linearmente, que começam no esôfago e vão até

o ânus. Por sua vez, esses neurônios fazem o controle efetivo e independente das

funções do trato digestivo. O controle neural é constituído de uma divisão

autonômica denominada Sistema Nervoso Entérico (GUYTON e HALL, 2002)

O comportamento alimentar é regulado de diversas maneiras pelo sistema

Nervoso. O hipotálamo no Sistema Nervoso Autônomo é considerado uma unidade

integradora, que funciona na recepção e organização dos sinais associados à

ingestão de alimentos (visão, cheiro, pensar no alimento), produzindo salivação,

secreção gástrica, motilidade, aumento da atividade hormonal, estímulo a fome e

atividades metabólicas como a saciedade (TEIXEIRA NETO, 2003 a).

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Figura 2 - O Sistema Nervoso esquematizado (BARROS, 2008).

O Sistema Nervoso Entérico é um componente regional que funciona de

modo semi-independente do SNC. Tem responsabilidade na inervação do trato

gastrointestinal, e é constituído de fator intrínseco representado pelos neurônios do

plexo mioentérico e submucoso, e de fator extrínseco, formado por fibras

colinérgicas (do parassimpático) e fibras adrenérgicas (do simpático) (CORMAK,

2003).

O Plexo submucoso entre as camadas da mucosa e a submucosa controla

funções locais como: secreção, absorção, contração e libera neurotransmissor

(hormônios responsáveis pelo controle da motilidade e secreção de substâncias do

Trato gastrointestinal). O Plexo Mioentérico, entre a camada submucosa e

adventícia, é formado de músculo liso longitudinal e circular responsáveis pela

motilidade dos alimentos desde o esôfago até o ânus. (MACHADO, 2004).

O Músculo liso faz parte de diversos sistemas, estando presente, por

exemplo, nas paredes do trato gastrointestinal, das artérias e das vias respiratórias.

Suas contrações são involuntárias, comandadas pelo sistema nervoso autônomo.

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Esse tecido de músculo liso é formado por células alongadas e sem estrias.

(MORAES et al, 2006 b).

Diversos fenômenos orgânicos ocorrem como conseqüência da desnutrição

afetando praticamente todos os sistemas. Um dos mais afetados é o Trato

Gastrointestinal, que além da sua função na digestão e absorção dos nutrientes, é

considerado importante órgão imunológico ao atuar também como barreira à entrada

de microorganismos. Os componentes da barreira intestinal são: a própria mucosa

intestinal (onde se encontram as vilosidades para promover a absorção dos

alimentos), a mucina (muco), a microflora simbiótica, os anticorpos secretórios e os

específicos como por exemplo : a imunoglobulina secreta (IgA), os macrófagros e

outras células imunológicas da lâmina própria do intestino e dos linfonodos

mesentéricos. Todos esses componentes dependem de nutrição adequada para a

sua preservação. (TEIXEIRA NETO, 2003 b).

1.5.1 O Sistema Nervoso Autônomo e o Controle na Musculatura Lisa

O SNA trabalha com dois neurônios: Um dentro do SNC e outro nas vísceras.

Na divisão Simpática o neurônio fica dentro do sistema nervoso central o outro

neurônio fica fora do sistema nervoso central. Tem fibras pré-ganglionares curtas e

fibras longas pós-ganglionares. Na 1º Sinápse libera neurotransmissores

Noradrenalina e Adrenalina. Na divisão Parassimpática, há neurônio no Sistema

Nervoso Central e outro próximo ou dentro do órgão. Tem fibra pré-ganglionar longa

e fibra pós-ganglionar curta. O neurotransmissor liberado pelos botões sinápticos é a

Acetilcolina nos músculos. Os plexos são toda parte em parassimpático. A ação do

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simpático e do parassimpático em um determinado órgão depende do modo de

terminação das fibras pós-ganglionares de cada uma destas divisões do SNA dentro

do órgão, e apesar destes dois sistemas terem ações antagônicas, colaboram e

trabalham de forma harmoniosa coordenando a atividade visceral e adequando o

funcionamento de cada órgão às diversas situações em que é submetido o

organismo (MACHADO, 2004).

Figura 3 – A liberação de Acetilcolina e Norepinefrina (PINTO, 2006).

O sistema nervoso autônomo (SNA) possui duas divisões que atuam de forma

complementar entre si; o sistema nervoso simpático que reduz o peristaltismo no

intestino e o sistema nervoso parassimpático que acelera o peristaltismo no intestino

(MORAES et al, 2006 c).

O percurso do quimo, nas contrações musculares do intestino delgado é

auxiliado por três tipos de contração:

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Contração dos músculos circulares – misturam o quimo aos sucos

digestivos.

Contração dos músculos longitudinais – deslocam o quimo repetidamente de

um lado para outro sempre invertendo o movimento na direção oposta.

Contrações peristálticas – envolvem os músculos circulares e longitudinais e

empurram o quimo ao longo do intestino delgado. (MORAES et al, 2006 a).

1.5.2 A contração do Músculo Liso

Na musculatura lisa, as miofibrilas (fibras constituídas de proteínas (actina e

miosina) são muito finas e não se organizam em feixes, de maneira que são

dificilmente observadas. Assim o sarcoplasma (contém sarcômero – menor porção

da fibra capaz de sofrer contração) apresenta-se com aspecto homogênio, sem

estrias, e por isso as fibras desse músculo são chamadas de lisas (AAFRÔNIO,

2008).

1.5.3 A Energia para a Contração Muscular

O suprimento imediato de energia para a contração do músculo liso vem da

ATP, como ocorre no músculo estriado. A velocidade mais lenta característica de

encurtamento do músculo liso, compensa em algum grau, isso por dispersar a

demanda por ATP. O músculo liso também consome maior variedade de gordura e

carboidrato, como substrato para a produção de ATP (DAVIES et al, 2002 b).

1.6 O Quadro Clínico nas Privações de Alimentos

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Em um indivíduo com o estado nutricional normal, ao ter sua alimentação

altamente limitada, sofre primeiramente com o gasto energético. Se gasta

primeiramente a energia; ATP produzidos pelas mitocôndrias e em seguida a

glicose dos tecidos e do sangue com a liberação de insulina. Com o esgotamento da

glicose, utiliza-se o glicogênio armazenado nos músculos e no fígado; a sua

depleção irá causar apatia, prostração e síncopes no cérebro que utiliza a glicose e

os corpos cetônicos como energia. Em seguida são liberadas as gorduras

armazenadas, quebradas em ácidos graxos mais glicerol. A pele fica mais fina e

sem o tecido adiposo subcutâneo. As proteínas dos músculos e do fígado são

quebradas em aminoácidos na gliconeogênese para serem fontes de energia.

Ocorre perda de massa muscular e as feições do indivíduo ficam próximas ao

esqueleto. A força é mínima e a conseqüência de uma alimentação deficiente ou a

falta de alimentos é a desnutrição e se não tratada a tempo, o óbito (WIKIPÉDIA,

2008).

Segundo PIRES; Da SILVEIRA; Da SILVA, (2003), os nutrientes luminais são

essenciais para a manutenção da integridade intestinal. Ao estudar crianças

desnutridas com diarréia persistente, os mesmos autores citam que, a síndrome

diarréica é multifatorial, sendo que o desmame precoce, a pobreza, fatores

infecciosos, nutricionais e fenômenos alérgicos, contribuem para a sua perpetuação

e o resultado final destes eventos são danos à mucosa do intestino delgado.

As células epiteliais do intestino são renovadas a cada 2-3 dias, graças a

substratos nutritivos recebidos pelo lúmen intestinal e sangue. Assim sendo, a

ausência de nutrientes, o baixo fluxo circulatório e os fenômenos hormonais podem

interferir diretamente na capacidade de regeneração da mucosa intestinal. O melhor

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estímulo para a proliferação celular é a presença de nutrientes no lúmen intestinal

(TEIXEIRA NETO, 2003 b).

Figura 4 - Mortes de crianças indígenas por desnutrição (TEIXEIRA A, 2006).

1.7 A Desnutrição

Antes de tudo, deve-se dizer que a desnutrição nos primeiros anos de vida é

um dos maiores problemas de saúde enfrentados por países em desenvolvimento.

Há evidências exaustivas de que a ocorrência de desnutrição na infância determina

maior mortalidade, excesso de doenças infecciosas, comprometimento do

crescimento linear, prejuízo para o desenvolvimento psicomotor, menor

aproveitamento escolar e menor capacidade produtiva na idade adulta.

(MONTEIRO, 2008).

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AZEVEDO et al, (2007), cita em sua pesquisa que, segundo MAYES, (1990) a

desnutrição atinge especialmente populações pobres, idosos e grupos que requerem

fontes especiais como aqueles que estão em desenvolvimento e doentes crônicos.

A desnutrição é uma doença causada por má alimentação com dieta

inapropriada, hipocalórica e hipoproteica; também pode ser causada por má-

absorção de nutrientes ou anorexia, bulimia, disfagia... Ainda outras patologias

podem desencadear a desnutrição como, por exemplo, em pessoas hospitalizadas.

Tem influência de fator social, psiquiátrico ou simplesmente patológico. Acontece

principalmente em indivíduos de baixa classe social e principalmente entre as

crianças de países subdesenvolvidos. A causa mais freqüente da desnutrição ainda

é a má alimentação. Na desnutrição ocorre perda de massa muscular do coração,

assim como os outros músculos do corpo e em estágio mais avançado há

Insuficiência Cardíaca, o Sistema Imune torna-se ineficiente. O corpo humano não

vai ter os nutrientes necessários para produzir células de defesa. Logo, são comuns

infecções intestinais subseqüentes, respiratórias e outros acometimentos. A duração

de doenças é maior e o prognóstico é pior em comparação a indivíduos normais. A

cicatrização é lentificada. No Sangue pode ocorrer anemia ferropriva relacionada à

desnutrição, e no Trato Gastrointestinal há menor secreção de ácido clorídrico pelo

estômago, tornando esse ambiente mais propício a proliferação de bactérias

provenientes dos alimentos ingeridos. O intestino diminui seu ritmo de peristaltismo

e a absorção de nutrientes fica mais reduzida. (WIKIPÉDIA 2008).

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1.7.1 Desnutrição Protéica Energética em Crianças de 1- 3 anos

Figura 5 – Criança com Kwashiokor (ALVES, 2008).

Kwashiokor - Ocorre por acentuada limitação na ingestão de proteínas.

Retardo no crescimento;

Anorexia;

Diarréia;

Lesões na pele e cabelos;

Deficiência de micronutrientes;

Dermatoses e despigmentações;

Edema depressível;

Face de lua, Hepatomegalia;

Alterações mentais e de humor

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1.7.2 Desnutrição Protéica Energética em Crianças Menores de 1 ano

Marasmo – Ocorre por restrição crônica e severa de proteínas e energia:

Causa perda de gordura e massa muscular;

Diarréia;

É mais ansioso que apático;

Parasitoses;

Hipertrofia severa;

Infecção respiratória;

Face simiesca;

Deficiência de micronutrientes e vitaminas A e D,

Figura 6 – Criança com Marasmo (ALVES, 2008).

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1.7.3 A Desnutrição na Gravidez

MAHAN e STTUMP, (2005), apud BARKER (1995), dizem que vários fatores

determinam o progresso e o resultado de uma gravidez, inclusive o estado

nutricional da mãe antes de engravidar. Alguns fatores nutricionais podem afetar o

peso e o nascimento do recém-nascido, risco de defeitos no tubo neural por

deficiência de ácido fólico e a síndrome alcoólica fetal. O peso ao nascer está

altamente relacionado com a mortalidade e morbidade infantil. Os recém-nascidos

que são pequenos para a idade gestacional apresentam maior risco de

conseqüência adversa para a saúde à longo prazo como a hipertensão arterial,

obesidade, intolerância à glicose e doenças cardiovasculares. Os mesmos autores,

apud SMITH, (1916), citam que no início da década de 1990, foi documentado que

as mulheres com estado nutricional precário apresentavam problemas durante a

gravidez e tinham bebês com peso comprometido (MAHAN e STTUMP, 2005).

Figura 7–Recém-nascido com desnutrição intra-uterina (SCIELO 2008).

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1.7.4 A Desnutrição Mundial e a Brasileira

As conseqüências da desnutrição sobre o desenvolvimento do tecido nervoso

têm sido objeto e estudos, desde algum tempo. Mais de um terço das mortes de

crianças no mundo e 11% das doenças que afetam mães e seus filhos ocorrem por

desnutrição, apontou uma série de estudos compilada por especialistas

internacionais e publicada na última edição da revista médica Lancet. A pesquisa

indica que 3,5 milhões de crianças morrem todos os anos por falta de comida ou por

causa de uma alimentação precária, deficientes em vitaminas e minerais essenciais

para o crescimento. Um problema que, segundo o estudo, “começa dentro do útero”.

O relatório afirma que crianças que não tem alimentação adequada podem ter o

crescimento atrofiado e mau desempenho escolar, o que reduziria a sua capacidade

de conseguir trabalho, aprofundando ainda mais o ciclo de pobreza. Os especialistas

alertam que o período que vai da gravidez até os dois anos de idade é crucial para

evitar os efeitos irreversíveis da desnutriçã0. A desnutrição em gestantes ou nos

primeiros estágios da vida da criança pode causar um dano irreversível, mesmo se a

alimentação melhorar ao longo da infância”, disse Caroline Fall, da Universidade de

Southampton, na Grã-Bretanha, e uma das pesquisadoras envolvidas no estudo.

Mais de 1,4 milhão de crianças morrem por falta de amamentação (BBC BRASIL,

2008) .

Nos estudos realizados por PIRES; Da SILVEIRA; Da SILVA, (2003), apud

Organização Mundial da Saúde, (1990), a desnutrição grave é um transtorno médico

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e social e está associada a 29% das mortes de crianças de zero a quatro anos de

idade.

O Brasil conseguiu reduzir quase à metade os principais índices que medem

o impacto da pobreza sobre a saúde das crianças. A desnutrição infantil crônica

diminuiu 46% nos últimos dez anos, de acordo com a Pesquisa Nacional de

Demografia e Saúde (PNDS), divulgada pelo Ministério da Saúde em Brasília. Na

Região Nordeste, a redução chegou a 74%. No mesmo período, a taxa de

mortalidade infantil caiu 43,5% no país. A desnutrição infantil aguda, que pode levar

à morte, caiu 13% e foi considerada erradicada pelo professor Carlos Augusto

Monteiro, da USP, autor do estudo. É uma vitória do Brasil e motivo de orgulho para

todo o povo brasileiro (FAVRE, 2008).

De acordo com a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde da população

brasileira (PNDS) realizada por MONTEIRO, (2006-2007), a prevalência atual de

desnutrição infantil no Brasil é uma das mais baixas no mundo em desenvolvimento.

Essa pesquisa, realizada em uma amostra de todos os domicílios brasileiros,

identificam quatro fatores que justificam a maior parte do declínio da desnutrição

infantil no período: o aumento da escolaridade das mães, o crescimento do poder

aquisitivo dos estratos mais pobres (com migração substancial da classe E para as

classes D e C de consumo), a expansão da assistência pré-natal e ao parto e a

ampliação das redes públicas de abastecimento de água e coleta de esgoto.

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2. JUSTIFICATIVA

A desnutrição é um problema que afeta não só pessoas com baixo poder

aquisitivo. Ela também é um problema sério cuja patologia psiquiátrica pode matar,

citando como exemplo os transtornos psicológicos de anorexia e bulimia, que

independem de classe social. Na correria da vida moderna, muitas pessoas

recorrem a alimentos rápidos como sanduíches feitos em lanchonetes e restaurantes

de Fast Food. Com isso acabam deixando de selecionar os alimentos essenciais ao

bom funcionamento do organismo tornando-se carentes e até mesmo desnutridas

sem se darem conta. Existe ainda a desnutrição causada por patologias em

pessoas internadas em hospitais ou mesmo acamadas, onde o gasto de energia é

maior que o ingerido pelos alimentos. Qualquer que seja a causa da desnutrição

protéico-energética, o Trato Gastrointestinal entrará em desequilíbrio afetando ainda

mais o estado precário do paciente.

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivos Principais

Avaliar os efeitos da desnutrição nos neurônios do plexo mioentérico.

3.2 Objetivos Específicos

Estudar os principais aspectos relacionados ao desequilíbrio nutricional;

Verificar estudos específicos em ratos sobre os efeitos da desnutrição nos

neurônios do plexo mioentérico;

Analisar resultados e propor soluções.

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4. METODOLOGIA

- Para essa pesquisa foram utilizados livros didáticos de:

Fisiologia Humana;

Neuroanatomia;

Nutrição Clinica;

Atlas de Anatonia Humana.

- Foram utilizados ainda:

Revistas Acadêmicas;

Trabalhos Acadêmicos;

Artigos Científicos;

Consulta Eletrônica em sites científicos e específicos do tema.

5. MATERIAIS: Material de escritório para confecção e impressão.

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6. OS EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO AO PLEXO MIOENTÉRICO

6.1. O Plexo Mioentérico

O plexo mioentérico é formado por células ganglionares (grupos de

neurônios) multipolares, circundadas por células da glia e fibras nervosas largas,

que se encontram entre a camada circular interna e longitudinal externa de músculo

liso na túnica muscular externa do trato digestivo; exerce função de controlar

atividade motora do TGI através de impulsos eferentes (JUNQUEIRA e CARNEIRO,

2004).

Figura 8 – Visão dos neurônios no plexo mioentérico (PINTO, 2006).

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OLIVEIRA e SEYFERT, (2008) citam em sua pesquisa que, segundo

GUYTON e HALL, (2002), os interneurônios (neurônios motores) e fibras amielínicas

do plexo mioentérico normalmente estão organizadas em gânglios, mas podem

ocorrer neurônios isolados em roedores.

6.1.2. As Conseqüências da Desnutrição no Plexo Mioentérico

Segundo AZEVEDO et al, (2007) apud PIRES; Da SILVEIRA; Da SILVA,

(2003), mencionam em seus estudos, que a falta de alimentos ou a má alimentação

tem como conseqüência a desnutrição e a falência de funções dos diversos órgãos e

tecidos, incluindo a motilidade do plexo mioentérico no intestino delgado. Sugerem

ainda, que a desnutrição possa estar associada a diminuição da altura dos

enterócitos e de seus núcleos, sendo estas reduções proporcionais a severidade da

desnutrição. O estudo morfométrico da mucosa do intestino delgado possibilita

avaliar a intensidade das alterações causadas pela desnutrição. Estudos específicos

realizados no Departamento de Anatomia Humana da Universidade Paranaense em

2004 (UNIPAR) sobre os efeitos da desnutrição protéica pré e pós-natal e da

renutrição pós-natal no plexo mioentérico do intestino delgado de ratos,

evidenciaram uma diminuição do número total de neurônios ganglionares nos

animais desnutridos. O estado nutricional é determinado pelo suprimento de

nutrientes e pela utilização destes pelo organismo. A desnutrição está relacionada

com o desequilíbrio do estado nutricional e ocorre sob diversas formas, podendo ter

conseqüências reversíveis ou irreversíveis. Em estudo realizado pelo mesmo autor,

foram analisados seis ratos divididos em dois grupos de três animais em cada grupo

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durante 90 dias. Neste experimento, o grupo controle recebeu 26% de proteína na

ração e o grupo experimental recebeu 4% apenas. No final deste período, o grupo

experimental, além de ter demonstrado perda de peso, apresentou redução da

espessura da parede do íleo no grupo experimental, redução da túnica muscular da

mucosa e diminuição na altura dos enterócitos bem como de seus núcleos.

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Figura 9 – Observe diferenças na espessura da camada de músculos da

mucosa entre os grupos E e C corados com H.E X 306 (NATALI et al, 2005).

AZEVEDO et al, ( 2007) concluiu em seus estudos, que a desnutrição protéica

severa levou à redução da espessura da parede do íleo assim como das estruturas

que a compõem.

ZANIN et al, (2003), realizou experimento com 10 ratos divididos em dois

grupos de 5 durante 120 dias. O grupo experimental recebeu 8% de proteína e o

grupo controle recebeu 22%. Ao final do estudo, os animais do grupo experimental

tiveram redução de peso, entretanto a dieta hipoprotéica não alterou a organização

dos neurônios mioentéricos, mas levou a um menor desenvolvimento corporal nos

animais desnutridos contribuindo para que os neurônios destes sofressem menor

dispersão e apresentassem maior densidade por mm².

Em estudo realizado por MELLO et al, (2004), que teve como objetivo avaliar

os efeitos das carências protéica e vitamínica sobre os neurônios do plexo

mioentérico do duodeno de ratos, verificou com base na metodologia empregada e

face aos resultados obtidos, que a dieta utilizada promoveu um quadro moderado de

desnutrição que não foi suficiente para provocar alterações quantitativas

significantes, porém houve aumento do perfil do corpo celular nos neurônios

mioentéricos NADH-d positivos dos animais do grupo experimental.

Observando os efeitos da deficiência de proteínas e vitaminas B sobre os

parâmetros sanguíneos e neurônios mioentéricos NADH e NADPH-diaforase

positivos do colon de ratos adultos, MELLO et al, (2004) e SANT’ANA et al, (2001)

concluíram que houve nos animais do grupo experimental menor ganho de peso

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corporal; alteração da composição corporal com acúmulo de gordura, redução nos

valores de proteína total e albumina, redução na área do colo e evidenciação de

densidade de neurônios inferior ao esperado.

Figura 10 – Comparação: Aspectos dos neurônios que receberam a

ração normoprotéica a 22% (A) e neurônios com restrição de proteínas (B) 8%;

corados com técnica de Giemsa (NATALI et al, 2005).

MOREIRA, et al, (2008), desenvolveu um experimento realizado com ratos

Wistar durante 90 dias, divididos em dois grupos onde o grupo experimental recebeu

ração com 4% de proteína e o grupo controle recebeu ração com 26% de proteína.

Os resultados deste experimento demonstraram que, após o término do

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confinamento, os ratos do grupo experimental tiveram redução do comprimento do

jejuno-íleo em 17,6%, o órgão apresentou-se mais leve em 41% tiveram perda de

peso de 41,75% em relação ao grupo controle.

GRÀFICO 1 – Evolução dos neurônios no Duodeno de ratos. A - Grupo

controle (GC) recebeu ração normoprotéica a 22%. B – Grupo que recebeu

ração com restrição de proteína (RP) a 8% (NATALI et al, 2005).

Ao analisar ratos submetidos à carência protéica na Universidade de São

Paulo, FELICIANO, (2007), concluiu que a deficiência nutricional no início da vida

resulta em alterações morfológicas, bioquímicas e comportamentais. O objetivo da

experiência foi analisar o aprendizado dos animais submetidos ao tratamento

hipoprotéico. Os animais desnutridos tiveram um desempenho menor em relação ao

grupo controle, demonstrando diferenças nas taxas de respostas aos estímulos.

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Houve efeito da dieta na discriminação, sendo necessárias algumas sessões para os

desnutridos atingirem o critério em comparação com o grupo controle.

7. DISCUSSÃO

O Plexo Mioentérico é uma região importante em todo o Trato

Gastrointestinal, favorecendo com sua motilidade, a secreção de substâncias e a

absorção dos nutrientes essenciais ao bom funcionamento de todo o organismo no

Intestino Delgado. Após o término de experiências realizadas com animais por

MOREIRA et al, (2008), houve como resultado a redução do peso corporal dos ratos

do grupo experimental e o jejuno-íleo desses animais tornou-se menor e mais leve

demonstrando pelas experiências observadas, que a redução dos níveis de proteína

comprometeram o desenvolvimento normal do órgão. Segundo informações das

pesquisas realizadas por AZEVEDO et al, (2007), com mães ratas desnutridas, os

filhotes tiveram uma redução no número de neurônios ganglionares do intestino

delgado. Conforme TEIXERIA NETO, (2003), as células epiteliais são renovadas a

cada 2-3 dias, e a ausência de nutrientes, podem interferir diretamente nessa

regeneração. Outros estudos realizados por MELLO et al, (2004) e SANT’ANA et al,

(2001) concluíram ainda, que a ingestão deficiente de proteínas e vitaminas B

causaram menor ganho de peso corporal nos ratos do grupo experimental, acúmulo

de gorduras com alterações na composição corporal e diminuição dos níveis de

proteínas total e albumina,além da redução do órgão. Crianças desnutridas sofrem

com problemas de crescimento, infecções, problemas respiratórios, cardíacos e

perda de massa muscular WIKIPÉDIA, (2008). Uma alimentação rica em nutrientes

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como as proteínas da carne, leite, frutas e vegetais ricos em ferro, cálcio, vitaminas

do complexo B e outras importantes para a formação, manutenção das células e

regeneração dos tecidos em todo o organismo, são importantes principalmente

durante a fase de desenvolvimento e crescimento infantil. As gorduras e

carboidratos também devem ser consumidos pela sua importância na constituição

de energia, ao funcionamento do Sistema Nervoso Central na transmissão de

impulsos nervosos, transporte de vitaminas lipossolúveis e estrutura das paredes

celulares constituídas por fosfolipídeos. Os estudos realizados por especialistas

internacionais e publicados na revista Lancet, citados em artigo da BBC BRASIL,

(2008), alertam que o período que vai da gravidez até os dois anos de idade é

crucial para evitar os efeitos irreversíveis da desnutrição. Felizmente, em nosso país

divulgou-se uma notícia esperançosa por FAVRE, (2008), que através de dados do

Ministério da Saúde em Brasília, feitos pela Pesquisa Nacional de Demografia e

Saúde (PNDS), informaram que a desnutrição sofreu queda no ano de 2008. Várias

medidas estão sendo tomadas com o intuito de diminuir o número de pessoas que

sofrem com as privações de alimentos pela pobreza no nosso país. Segundo dados

do pesquisador da Universidade de São Paulo, MONTEIRO, (2006-2007) sobre a

desnutrição infantil aguda, o Brasil conseguiu reduzir quase à metade os principais

índices que proporcionam a desnutrição e a mortalidade infantil causadas pela

deficiência energético-protéica. O mesmo pesquisador conclui ainda que, as causas

para a trajetória especialmente favorável ao estado nutricional das crianças

brasileiras, devem-se ao aumento da cobertura de serviços públicos essenciais e no

aumento da renda familiar, beneficiando as regiões e famílias mais pobres do país.

Esperamos que essa notícia seja apenas o início de outras ainda mais animadoras e

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que nossa população tenha cada vez mais condições de pelo menos se alimentar

com dignidade.

8. CONCLUSÕES

Através das informações observadas nesta revisão bibliográfica, evidencia-se

que a desnutrição protéica energética poderá causar, tanto em pessoas como nos

animais estudados, danos ao principal órgão de absorção de alimentos que é o

intestino delgado. Todas as células do organismo necessitam de suprimentos para

realizarem suas funções. O plexo mioentérico responsável pela motilidade do Trato

Gastrointestinal, dotado de corpos celulares de neurônios, sofre com a desnutrição,

pois as células desnutridas ficam agrupadas tentando compensar a deficiência de

proteínas, há diminuição de tamanho dos seguimentos no intestino delgado e

dificuldade de informações pelo Sistema Nervoso para realizar contrações, pois para

isso precisa de energia. Assim todo o processo de absorção de alimentos fica

comprometido. De acordo com estudiosos, os nutrientes são os elementos

responsáveis pela manutenção de todas as reações bioquímicas necessárias para o

perfeito funcionamento do organismo. As necessidades nutricionais representam

valores fisiológicos individuais. Assim sendo, crianças, jovens, adultos, idosos e

gestantes devem receber suprimentos nutricionais adequados para o bom

funcionamento de seus corpos, em quantidades suficientes para preservar a

integridade de células e tecidos, promovendo assim a homeostase corporal,

evitando-se a desnutrição e conseqüentemente outras doenças.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, E. M. O. PPT. Desnutrição Protéica Energética. Preceptora do

HRAS-ALA B, 2005; disponível no site: http://paulomargotto.com.br/documentos.ppt

Acessado em Setembro/ 2008. 

AZEVEDO, J.F.; HERMES, C.; MANZANO, M. A.; ARAÚJO, E.J.A.;

SANT’ANA, D.M.G. Análise Morfométrica da parede Intestinal do Íleo de ratos

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