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“Pátria Educadora” ou “Pátria Avaliadora” Considerando que: 1. Pela primeira vez a presidência da República do Brasil anuncia como prioridade a educação com o lema “Pátria Educadora”; 2. Como país que busca autonomia política e econômica e seu desenvolvimento científico e tecnológico próprio não é possível se submeter a uma política como coadjuvante do capital, seja ele nacional ou internacional, pois isto tem gerado a nossa histórica subordinação, com ataques as reservas naturais e a diversidade cultural; 3. Apesar de ter tido nesse século avanços nos níveis de emprego, na redução da miséria, na quantidade de matrículas em todos os níveis da educação e importante inclusão, mas, pela dimensão de nosso país, ainda são muitos. 4. O país, desde a década de noventa sofre pressão de poderosos setores nacionais e internacionais, para que caminha no sentido de uma modernização conservadora, que aposta no desmonte dos serviços públicos, mesmo aqueles já conquistados, como políticas e direitos sociais tais como CLT, SUS e Escolas Públicas como direito de todos; 5. A ampliação da Rede Privada em educação está em detrimento da ampliação da Rede Pública de Ensino; 6. Este movimento de ampliação da rede privada produz em várias redes municipais e estaduais a estagnação física da rede pública, mesmo com o PNE apontando para que se caminhe para a escola Integral; 7. Para o aprimoramento do Sistema Nacional de Educação sem que haja a ampliação física da rede pública, torna-se impossível o aumento de matrículas em espaços construídos para um menor número de crianças e jovens; 8. A estrutura proposta de trabalho aos professores da Educação Básica é desumana e perde em qualidade por não dar

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Page 1: Web viewPara o aprimoramento do Sistema Nacional de Educação sem que haja a ampliação física da rede pública,

“Pátria Educadora” ou “Pátria Avaliadora”

Considerando que:

1. Pela primeira vez a presidência da República do Brasil anuncia como prioridade a educação com o lema “Pátria Educadora”;

2. Como país que busca autonomia política e econômica e seu desenvolvimento científico e tecnológico próprio não é possível se submeter a uma política como coadjuvante do capital, seja ele nacional ou internacional, pois isto tem gerado a nossa histórica subordinação, com ataques as reservas naturais e a diversidade cultural;

3. Apesar de ter tido nesse século avanços nos níveis de emprego, na redução da miséria, na quantidade de matrículas em todos os níveis da educação e importante inclusão, mas, pela dimensão de nosso país, ainda são muitos.

4. O país, desde a década de noventa sofre pressão de poderosos setores nacionais e internacionais, para que caminha no sentido de uma modernização conservadora, que aposta no desmonte dos serviços públicos, mesmo aqueles já conquistados, como políticas e direitos sociais tais como CLT, SUS e Escolas Públicas como direito de todos;

5. A ampliação da Rede Privada em educação está em detrimento da ampliação da Rede Pública de Ensino;

6. Este movimento de ampliação da rede privada produz em várias redes municipais e estaduais a estagnação física da rede pública, mesmo com o PNE apontando para que se caminhe para a escola Integral;

7. Para o aprimoramento do Sistema Nacional de Educação sem que haja a ampliação física da rede pública, torna-se impossível o aumento de matrículas em espaços construídos para um menor número de crianças e jovens;

8. A estrutura proposta de trabalho aos professores da Educação Básica é desumana e perde em qualidade por não dar espaço real para que haja dedicação exclusiva do docente à educação de um único grupo de seres sociais;

9. A educação para atingir a qualidade social, não é para amadores, necessária se faz manter constante formação coletiva dos docentes, assim como consistente formação inicial;

10. A construção de uma sociedade mais justa e igualitária se pressupõe uma educação de qualidade social, e que todos os docentes saibam qual a sociedade está em construção e se a educação será integral para formar plenos seres sociais com capacidade de autoria intelectual, emocional, artística e social;

Page 2: Web viewPara o aprimoramento do Sistema Nacional de Educação sem que haja a ampliação física da rede pública,

11. O interesse da qualidade social da educação pública não é formar para uma sociedade que tem seu núcleo articulador dado pelo capital e um sistema competitivo e meritocrático;

12. O ponto de partida social e econômico dos alunos se estabelece em pólos opostos e que, portanto, as políticas públicas terão como compromisso ético e político, garantir um ponto de chegada mais igualitário.

Por estas razões:

“Estamos em luta!”

Em defesa da Escola Pública brasileira, portanto, no direito de todos de ter acesso e permanência aos conhecimentos sócio históricos e científico-tecnológico para garantir que:

1. A riqueza produzida no país beneficie toda a sociedade brasileira pela redistribuição;

2. Continue a luta para que a miséria seja extirpada de nossa sociedade;

3. As forças do governo alinhadas com essas propostas garantam a ampliação da participação democrática!

Estamos em luta:

Contra o documento lançado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos- SAE, do Governo Federal, intitulado "Pátria Educadora: qualificação do ensino básico como obra de construção nacional" que defende os interesses de uma política que deixa docentes de todos os níveis fora da participação dos rumos da educação, elegendo outros setores da sociedade para o diálogo.

Por quê?

Diante das considerações acima, o documento "Pátria Educadora: qualificação do ensino básico como obra de construção nacional" reitera o interesse dos reformadores empresariais e da rede privada em educação, recolocando questões já estudadas e debatidas por diversos pesquisadores que mostram que essas políticas levam ao desastre total da “Qualidade Social da Educação”, como ocorreu em outros países (EUA e Chile, por exemplo).

O documento fala em qualificação do ensino básico e como um dos pontos de partida “mudar a maneira de ensinar e de aprender” para que não seja enciclopédico, apenas memorizar, mas aprender a “mobilizar a informação a serviço do raciocínio analítico”.

Não fala do envolvimento do aluno no trabalho concreto para que ao fazer aprenda a pensar, a trabalhar coletivamente, desenvolva a criatividade, resolva os conflitos pessoais e sociais, se insira concretamente em seu mundo. Considera que a libertação virá do poder do raciocínio que os mais pobres são desprovidos, em suas palavras: “a massa de alunos, vindo do meio pobre” precisam superar as barreiras pré-lógicas. Lógica bastante preconceituosa é a do documento.

Page 3: Web viewPara o aprimoramento do Sistema Nacional de Educação sem que haja a ampliação física da rede pública,

O documento afirma que a Prova Brasil será usada para dar suporte aos alunos de baixo desempenho pelo cadastro nacional, e disseminar pelo INEP as experiências exitosas. Pergunta-se, o que será experiência exitosa, apenas que tenha altas avaliações numéricas? Qual suporte dará ao aluno de baixo desempenho na Prova Brasil, sem conhecê-lo, apenas para aprenderem responder aos testes?

Pela forma que se coloca e que elegeu uma determinada vanguarda para o diálogo inicial, fecha o debate com os docentes de todos os níveis, não considerando seus conhecimentos sobre a educação básica e suas necessidades históricas de condições de trabalho.

Não prevê para a melhora da qualidade social da educação a articulação com outros ministérios para ajuda em bolsões de pobreza, tais como da saúde, do transporte, da assistência social para acompanhamento de situações extremas e da segurança efetiva da população, elegendo a Pedagogia da Responsabilização que determina a educação, e “os ombros largos dos docentes”, como culpados das mazelas sociais.

Aprofunda a política da meritocracia apontando para punições às escolas e docentes quando não cumprirem o previsto incentivando a competição como lógica natural do ser humano, em contradição a uma possibilidade de transformação social participativa.

Reiteramos,estamos em luta contra essa corrente conservadora do governo e em apoio aos avanços sociais que tivemos nesse século.

Não ao retrocesso!

Não a uma “Pátria Avaliadora”!

E nessa luta colocamo-nos à disposição para analisar com os docentes nas Escolas Públicas o referido documento.

Abraços Fraternos

ProfªDrªNadeje M. R. MialchiProfªMs. Estela S. BetiniProfªMs.Carine B. Sant'Ana