Upload
internet
View
105
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
XI CONFERÊNCIA DA UNCTAD
OBSTÁCULOS E DESAFIOS AO CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMÉRICA LATINA
Ministro Guido Mantega
São Paulo, 14 de Junho de 2004
passou por processo acelerado de liberalização e de internacionalização de suas economias;
adotou políticas de ajuste fiscal;
realizou mudanças nos marcos regulatório e institucional; e
debelou processos inflacionários crônicos.
Desde meados da década de 1980, a maioria dos países latino-americanos:
Tais mudanças não redundaram em crescimento sustentável e em diminuição das desigualdades de renda na região:
1981 – 1985: queda de 1,8% do PIB per capita;
1986 – 1995: crescimento de 1,2% do PIB per capita;
1996 – 2003: crescimento de 0,4% do PIB per capita.
Baixo crescimento econômico e pouco dinamismo do mercado de trabalho:
16,7 milhões de desempregados nos centros urbanos latino-americanos;
aumento da pobreza e da indigência: 44% da população da América Latina (227 milhões) está abaixo da linha da pobreza;
Queda dos salários médios reais nos principais países da região nos últimos seis anos.
Taxa de investimento volátil e, desde 1998, cadente:
Em 1998, a formação bruta de capital fixo da região equivalia a 21% do PIB. Em 2003, correspondia a 17,8%, uma queda de 12,5% em relação à de 1999.
Investimento direto do exterior caiu drasticamente, 50% entre 2001 e 2003.
Queda da poupança interna e elevação da transferência líquida de renda para o exterior levaram à diminuição da poupança interna bruta.
De 1997 a 2002, o déficit do setor público da região (AL&C) elevou-se progressivamente, regredindo em 2003; e resultou em maior incerteza macroeconômica e tributária, elevando o prêmio de risco;
Deterioração progressiva dos termos de troca, a partir de 1997, apenas revertida em 2003.
DESAFIOS
Recuperação do investimento
Redução da vulnerabilidade externa
Inclusão social e distribuição de renda
Integração regional
Maior integração aos fluxos de comércio e de
investimento;
COMO ENFRENTÁ-LOS?
I) mudanças na agenda internacional
Priorizar a implantaçao de um marco institucional internacional apropriado e trabalhar em prol do multilateralismo, evitando as distorçoes e assimetrias da globalização.
Medidas Necessárias:
1. Mudanças nas regras de comércio internacional e de transferência de tecnologia que viabilizem a transmissão do crescimento econômico dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento.
2. Adoção de instrumentos e de mecanismos financeiros inovadores pelas agências de financiamento para:
possibilitar aos países em desenvolvimento maior raio de manobra para a execução de políticas macroeconômicas anticíclicas;
Critérios mais adequados para a contabilização dos investimentos em infra-estrutura;
contribuir à reversão da concentração internacional do crédito; e
acelerar o desenvolvimento das finanças nos países latino-americanos, atrofiadas apesar da liberalização financeira dos últimos anos e viabilizar a redução dos spreads;
Em alguns países como o Brasil, as instituições financeiras estatais tiveram de ampliar sua participação no financiamento da produção e na promoção de novos intermediários financeiros (fundos de pensão e de investimento, mercados de títulos e de seguros).
3. Concretização da Rodada de Doha como a rodada do desenvolvimento deve:
negociar a eliminação das barreiras tarifárias e dos subsídios distorcivos às exportações, particularmente na agricultura;
combater o uso abusivo das medidas anti-dumping;
discutir os picos tarifários e as barreiras não-tarifárias existentes; e
Negociar questões relativas à transferência de conhecimento, tecnologia e da propriedade intelectual, de forma a ampliar o raio de manobra para a adoção de políticas industrial e tecnológica nacionais.
II) políticas nacionais como indutoras do desenvolvimento sustentado
Num cenário onde a interdependência das economias nacionais e dos mercados eleva-se progressivamente, deve-se resguardar a autonomia relativa das políticas econômicas nacionais – isto é, o espaço para implementar políticas industrial, tecnológica, comercial e social.
AÇÕES:
É indispensável a adoção de estratégia macroeconômica que compatibilize estabilidade, crescimento sustentável e políticas de inclusão social e de distribuição de renda.
No caso latino-americano, a disciplina macroeconômica deve ser definida em seu sentido mais amplo, incluindo, além de ajuste das finanças públicas:
sustentabilidade do balanço de pagamentos, mais pela conta comercial e de serviços do que pela de capitais;
solidez do sistema financeiro nacional; e
sustentabilidade do crescimento do produto e do emprego.
a política fiscal deve ser desenhada a partir de um horizonte plurianual que garanta equilíbrio fiscal estrutural;
o crescimento de longo prazo apóia-se na combinação de sistema fiscal sólido, grande competitividade externa, câmbio flexível, com taxas reais de juros baixas, e com desenvolvimento de um sistema financeiro diversificado;
Os objetivos de curto e de longo prazos da política macroeconômica devem ser complementares. Neste sentido:
III) políticas de competitividade
Gestão macroeconômica adequada é condição necessária mas não suficiente para a transformação da estrutura produtiva.
incentivos à criação de um sistema de inovação para acelerar a capacidade tecnológica da economia;
suporte ao desenvolvimento de cadeias produtivas nas áreas de bens de capital, informática, de telecomunicações e de biotecnologia;
provisão de infra-estrutura de serviços adequada e de qualidade; e
Nos países latino-americanos, são necessárias intervenções ativas dos gestores públicos no sistema produtivo, por meio de:
• Este conjunto de políticas permite compatibilizar crescimento sustentado e globalização, como o fizeram os países do sudeste asiático e a China, na década passada.
• Tais países cresceram e internacionalizaram suas economias, porque:
• Taxa de câmbio real adequada a superávits crescentes em transações correntes;
• Poupança doméstica crescente;• Política industrial e tecnológica indutora do
investimento privado; e• Mercado financeiro doméstico voltado para a
produção.
IV) inclusão social e distribuição de renda
Inclusão de 270 milhões de latino-americanos que vivem em condições de extrema precariedade, por meio, essencialmente, de medidas emergenciais (Combate à Fome) e estruturais (políticas de educação, saúde, criação de emprego, apoio à agricultura familiar, micro-crédito etc).
programas de transferência de renda
para a parcela mais pobre da população;
redução progressiva do preço de bens e serviços essenciais, por meio de medidas tributárias e da diferenciação das tarifas dos serviços públicos; e
medidas de estímulo à concorrência, voltadas à repressão de práticas oligopolistas que impeçam o repasse de elevação de produtividade aos preços finais.
Em 2003 surgem mudanças
• Equilíbrio fiscal mais sólido• Maior dinamismo do setor externo• Redução da vulnerabilidade• Melhoria dos termos de troca• Intensificação das políticas internas• Estreitamento das relações Sul-Sul• Mudança no comportamento dos
organismos multilaterais
Cenário para 2004
• Aprofundamento das mudanças apontadas;
• Previsão de crescimento da A.L. e Caribe entre 3,5 a 4%;
• Maior ajuste da balança comercial e conta corrente;
• Redução do desemprego;• Cria-se um ambiente favorável para
priorizar a agenda de desenvolvimento.