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Referncia:
ZAFARONI et al. Teoria geral do direito penal In: ____________ Direito penal brasileiro . 2 ed.Rio de Janeiro: Revan,2003, p.38-78
TEORIA DO DIREITO PENAL DEFINIO: Direito penal a poder punitivo. Importncia de um horizonte de projeo[...] toda delimitao de um saber corresponde a um certa intencionalidade [...](p.38)
O uso equivocado da expresso Direito Penal
importante distinguir nitidamente, como passo inicial como horizonte de projeo
Todo saber incorpora dados do mundo, mas selecionados partir de uma intencionalidade, o que no significa inventa-los.
O horizonte onde se projeta o direito penal centrado em normas que propiciam uma forma de coao estatal(poder punitivo).
O direito penal deve responder a trs questes:.O que o direito penal?Sob quais pressuposto pode ser requerida a habilitao da pena?c)Como a agncia judicial deve responder esse requerimento?
Ao procurar explicar o universo abarcado, condiciona, ao mesmo tempo, um infinito campo de ignorncia.
[...] o ramo do saber jurdico que, mediante a interpretao das leis penais, prope aos juzes um sistema orientador de decises que contm e reduz o poder punitivo, para impulsionar o progresso do estado constitucional de direito.(p.40)
ELEMENTOS DA DEFINIO1.Procurar conhecimento para orientar decisesAs decises devem evitar contradiesO conceito de pena deve permitir limitar seu universoAmplitude do conceitoO sistema orientador deve ter por objeto conter e reduzir o poder punitivo.
2 A definio encerra um objetivo poltico.
3 O estado de direito uma barreira a represar o estado de polcia.
4No h estado de direito real perfeito
5 O poder punitivo no resolve o conflito
6 Em todos os saberes necessrio distinguir entre sua definio atual e seu conceito histrico.
O PODER PUNITIVO
CRIMINALIZAO PRIMRIA E SECUNDRIA
A ORIENTAO SELETIVA DA CRIMINALIZAO SECUNDRIA1[...] a muito limitada capacidade operativa das agncias de criminalizao secundria no tem outro recurso seno proceder sempre de modo seletivo.(p.44)
2 As agncias policiais tambm so condicionadas por outras agncias 3 A seleo criminalizante secundria no apenas se orienta por outras agncias como tambm se exerce condicionada a suas limitaes operativas
SELETIVIDADE E VUNERABILIDADE1.O esteretipo;Causas do delito ou causas da criminalizao?Efeito reprodutor da criminalizao ou desvio secundrio;
SELETIVIDADE E VUNERABILIDADE2.A seleo criminalizante secundria conforme ao esteretipo;3.A prisonizao ;Delitos naturais x Delitos grosseiros ;
SELETIVIDADE E VUNERABILIDADE4.A seletividade operacional da criminalizao secundria;[...] as agncias acabam selecionando aqueles que circulam pelos espaos pblicos com o figurino social dos deliquentes, prestando-se a criminalizao - mediante suas obras toscas - como seu inesgotvel combustvel [...](p.47)
SELETIVIDADE E VUNERABILIDADE5.O adestramento diferencial;6.As agncias de criminalizao secundria;Conspirao conspiratria e bode expiatrio;7.Criminalizao conforme o esteretipo;Criminalizao por comportamento grotesco ou trgico;Criminalizao devida falta de cobertura.
SELETIVIDADE E VUNERABILIDADE8.Estado de vulnerabilidade;Situao de vulnerabilidade;9.A administrativizao do direito penal;10.A seletividade estrutural;[...] no h sistema penal no mundo cuja regra geral no seja a criminalizao secundria em razo da vulnerabilidade do candidato[...](p.51)
O PODER DAS AGNCIAS DE CRIMINALIZAO SECUNDRIA1.As agncias policiais;[...] a polcia exerce o poder seletivo e o juiz pode reduzi-lo, ao passo que o legislador abre um espao para a seleo que nunca sabe contra quem ser individualizadamente exercida [...](p.51)2.A escassez do poder criminalizante secundrio como poder de controle social;
O PODER DAS AGNCIAS DE CRIMINALIZAO SECUNDRIA3.Poder legal;Sistema penal subterrneo;
SELEO VITIMIZANTEA vitimizao um processo seletivo.Renormatizao da situao conflitiva;Vitimizao primria;Seleo vitimizante secundria;Maior apoio s propostas de controle social mais autoritrias e irracionais;Vulnerveis a vitimizao: sexo, etria, racial e preconceituosa
SELEO POLICIANTEAgncias policiais verticalizadas e autoritrias;Discurso duplo: Moralista/conservador(pblico) e Discurso justificador/racionalizador (interno, desvalorizao da vtima);Falta de instabilidade e treinamento;Tarefas de represso vinculadas aos interesses polticos de ocasio;
Esteretipo policial carregado de racismo, preconceito de classe social dentre outros;
A policizao no processo to seletivo quanto a criminalizao e a vitimizao.
IMAGEM BLICA E SUA FUNO POLTICAGuerra criminalidade e aos criminosos;Segurana Nacional, guerra permanente;Ditadura da segurana urbana;Debilitao dos vnculos sociais horizontais;Reforo dos vnculos verticais(autoridade e disciplina);Organizao social corporativa: o estado de polcia.
OS SISTEMAS PENAIS E O PODER DOS JURISTAS
SISTEMA PENAL
Entende-se como o conjunto de agncias/entes que operam a criminalizao(primria e secundria) ou que convergem na sua produo.Apresentam compartimentao administrativa e autonomia frente as sua necessidades e interesses setoriais.
Ressalta-se a concorrncia entres as agncias operantes do S.P. conforme os interesses que as motivam, frisando a singularidade metodolgica que manipulam o tema criminalizao.
AGNCIASAs polticas Parlamentos, ministrios, poderes executivos, partidos polticos.Judiciais juzes, ministrio pblico, advogados, defensoria pblica.Policiais ostensiva, judiciria, alfandegria, inteligncia do Estado, investigao particular.Penitenciarias Funcionrios prisionais, de execuo e vigilncia.
Comunicao social radiofonia, televiso, mdia escrita.
Reproduo ideologica universidades, institutos de pesquisa.
Internacionais organismo da ONU, OEA, fundaes, subsdios.
Crtica frente a manipulao da imagem da criminalizao com o fim de reproduzir discursos de dominao e restringir a ao das agncias, gerando uma relao de dependncia institucional e poltica.Paralisao do sistema frente anseios partidrios, miditicos e discursos proselistas, assemelhados a campanhas publicitrias, que reproduzem e tomam como ttulo de panacia social ao estimular distores jurdicas e campanhas polticas e miditicas, frente ao combate ao crime.
ESTRUTURAO DO PODERDiscursiva se baseia em programas, ideologicamente estruturados para definir aes sistemticas adaptadas projeo esperada. (Penalistas)
Direta definido pela interveno coordenada e real frente ao pblico/ ente alvo de sua interveno. Agencias polticas/informacionais.
Impasse entre o dever ser(programa) e o ser (realidade social) artificializao e distncia da complexidade do caso concreto.
DIREITO PENALA subordinao do poder judicirio ao legislativo e no que tange a produo do material tcnico (o cdigo) para a imputao penal gera uma neutralizao normativa frente a diversidade do caso concreto, fundamentado no controle institucional, trazendo a matria penal um fim esttico e falido de conteno da criminalidade.
Influncia do dogmatismo jurdico, que distncia o ideal disposto pelo cdigo penal realidade social, reproduzindo um sistema punitivo distante do ser e das cincias social, se distanciando de um fim pedaggico e reabilitante.
SISTEMAS PENAIS PARALELOS E SUBTERRNEOSSistemas penais paralelos so poderes punitivos exercidos por agncias diversas de controle social que atuam de forma semelhante ao sistema penal de direito, conforme estudos das Cincias Sociais.
EXEMPLOS DE SISTEMAS PENAIS PARALELOS:Mdicos: internaes manicomiais;Autoridades assistenciais: moradores de rua, idosos;Famlias: crianas e idosos;VIJs: institucionalizao de crianas e adolescentes;Corporaes e gestores: relaes de trabalho;
Federaes desportivas: esportistas;Militares: recrutamento e CPM.
Apesar das semelhanas sancionadoras, o sistema penal ignora a analogia existente com os sistema penais paralelos o que causa obliterao do entendimento do que venha a ser punio na coletividade, legitimando os sistemas penais paralelos e criticando exclusivamente o sistema penal formal.
Sistemas penais subterrneos so aqueles que [...] exercem punio margem de qualquer legalidade ou atravs de marcos legais bem questionveis, mas sempre fora do poder jurdico.
EXEMPLOS DE SISTEMAS PENAIS SUBTERRNEOS:Agncia executivas: torturas, sequestros e outros;Autoridades: execues sem processo, prostituio, extradio mediante sequestro, expulses informais de estrangeiros;Inteligncias e polcias: torturas, violaes vida pessoal, subornos;Grupos paraoficiais: segregaes diversas, trfico de drogas e armas;
Sistemas penais subterrneos ocorrem em todos os pases do mundo, em todos os sistemas penais. medida que o discurso legitima o poder punitivo discricionrio e termina por negar a limitao deste mesmo poder, ocorre a ampliao dos sistema penais subterrneos em detrimento do sistema penal formal.
A CONSTRUO DO DISCURSO JURDICO-PENAL E SEU PODERO direito penal se legitima por meio do discurso de que a punio vlida para a soluo de conflitos, como se a punio se adaptasse s mudanas sociohistricas.O direito penal no revela a realidade do poder discriminatrio e marginalizador, escamoteando o fato de que h um poder no aambarcado pelo sistema penal e que limita a atuao das agncias judiciais.
Elementos legitimantes so as teorias de pena que generalizam uma funo positiva a partir de casos particulares.Elementos orientadores so as teorias do delito e da quantificao punitiva.Elementos negativos so as teorias que negam qualquer poder punitivo fora das agencias jurdicas, negando a existncia dos sistemas penais paralelos e subterrneos.
O direito penal se fundamenta mais na argumentao de teorias do que na realidade material da falncia do modelo repressivo de justia formal, mesmo que aparente ser irracional e simplista em relao ao dinamismo da sociedade.
OPES CONSTRUTIVAS BSICASA opo do indivduo em teoria penal o orienta os caminhos que balizaro sua anlise do sistema penal. Vrias opes so possveis:Generalizaes no verificadas X teoria negativa ou agnstica da pena e do poder punitivo;Dados sociais de aumento da criminalidade X seletividade na resoluo de conflitos;Agencias jurdicas positivas X agencias jurdicas mnimas;
Legitimar o poder punitivo (aumentar o poder das agncias jurdicas) X legitimar o poder de reduo criminal (diminuio do poder das agencias jurdicas);Estruturas carcerrias X polticas pblicas;Sistemas penais paralelos e subterrneos X sistemas penais jurdicos latu sensu.
ALGUMAS CONSIDERAESResistncias existem s interpretaes sociais do sistema penal, por conta da comodidade da situao pessoal de grupos sociais no atingidos em largo sentido pela pesada mo da punio penal.Existem embasamentos ticos, cientficos, polticos e culturais que justificam a existncia de uma sistema penal que escamoteia da sociedade em geral a existncia de outros sistemas de punio que no so alcanados pelo ordenamento jurdico.
ALGUMAS CONSIDERAESA alterao da interpretao do modelo penal atual e a reflexo no sentido de sua transformao permitem algumas vantagens. Entre as vantagens, pode-se ilustrar que h um colapso do discurso penal tradicional o qual precisa ser substitudo em razo dos crescentes e graves nmeros de criminalidade.
ALGUMAS CONSIDERAESUma valorao dos ndices de satisfao da sociedade em razo do atual esvaziamento da crena no poder do Estado, que pode ter sua hegemonia poltica ameaada a longo prazo.O atendimento das mudanas rpidas da sociedade que no est contemplado pelo modelo repressivo antigo e defasado do sistema penal e das legislaes que o subsistem.
ALGUMAS CONSIDERAESA construo de um modelo mais participativo na resoluo de conflitos de modo a empoderar os indivduos na soluo de querelas e evitar o gigantismo populacional dos presdios que no respondem pela socializao ou responsabilizao latu sensu dos detentos.
Muito obrigado!