Edição 15 – Julho 2018
A DEPRESSÃO DOS PRIMEIROS TRABALHADORES BRASILEIROS,
O BANZO.
KOZYREFF, Alan Martinez1
VALE, Sheyla S. A. Galvão do 2
MIDLEJ, Thaiana Coelho 3
RESUMO: Este estudo tem a intenção de demonstrar um grande mal que atinge expressiva
quantidade dos trabalhadores: a depressão. É um fenômeno bastante antigo, pois os escravos, um
dos primeiros trabalhadores subordinados do Brasil, já demonstravam sofrer desta doença antes
denominada de “banzo”. Foi analisada a forma com que a escravidão se formou como meio viável
de se garantir mão-de-obra e a forma que os escravos eram tratados. Houve apontamento sobre os
efeitos do banzo e o seu grau mais maléfico, o suicídio. Em conclusão, são precárias as informações
para que haja proteção dos trabalhadores e no Brasil existe uma gama de trabalhadores que, apesar
de não serem considerados escravos mas reduzidos como tal, podem efetivamente sofrer desta
doença cometendo o suicídio.
Palavras-chave: Escravidão, Saúde, Depressão, Suicídio
1 INTRODUÇÃO
É cada vez mais frequente a ocorrência de pessoas portadoras de algum transtorno
mental e muitos deles possuindo ligação com a atividade laborativa exercida.
Dados da Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social) de
2009 demonstram que os afastamentos decorrentes de Transtornos Mentais e do Comportamento
ocupam o terceiro lugar em número de auxílios-doença concedidos, sendo que metade foram
devidos a transtornos do humor, e 80% são decorrentes depressão4.
Nota-se ainda um aumento do número de afastamentos por depressão, pois em 2006, o
total era de 389 casos. Em 2007, ano em que se implementou o nexo técnico epidemiológico
perante o INSS, houve um aumento dos casos para 3.601 diagnósticos de depressão e 291 casos de
1 Mestrando em Direito da Saúde pela Universidade Santa Cecília.
2 Mestranda em Direito da Saúde pela Universidade Santa Cecília.
3 Mestranda em Direito da Saúde pela Universidade Santa Cecília.
4 JARDIM, Silva. Depressão e trabalho: ruptura de laço social Rev. bras. Saúde ocup., São Paulo, p. 87
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transtornos depressivos. Já no ano de 2008, o número foi 5.208 casos de episódios depressivos e
981 casos de transtornos depressivos recorrentes5.
Em estudo realizado por João Silvestre Silva-Junior, com pacientes, segurados da
previdência que requereram auxílio previdenciário por transtornos mentais, os mais frequentes
foram transtornos depressivos (40,4%)6.
Sobre os fatores psicossociais, prevaleceu trabalho de alta exigência (56,5%), baixo
apoio social (52,7%), desequilíbrio esforço-recompensa (55,7%) e comprometimento excessivo
(87,0%)7.
Estes fatores acima citados, dentre outros que iremos abordar ao longo desse artigo,
também contribuíram para a ocorrência de sérios transtornos psicossociais em uma das primeiras
classes de trabalhadores que se tem notícia na história do mundo, os escravos.
Iremos nos deter especialmente ao regime escravista dos negros e a ocorrência daquilo
que foi chamado de banzo, uma saudade da terra natal, da mãe África, que fazia com que o escravo
possuísse uma tristeza profunda, uma dor na alma, impedindo de trabalhar para o seu senhor e, por
causa disso, sofria com castigos dos mais cruéis quando não optava por dar cabo à sua vida.
Serão analisadas as situações que os escravos eram expostos, como a sua depressão era
enxergada pelos seus senhores e se havia algum tratamento pra esta doença.
A metodologia utilizada é descritiva, com análise de diversos estudos e a abordagem é
qualitativa. A pesquisa bibliográfica ocorreu a partir de livros e artigos científicos pertinentes à
temática em questão.
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA ESCRAVIDÃO
O ato do trabalho acompanha o homem desde sua existência, pois por meio desta
atividade ele conseguia satisfazer suas necessidades primárias como a caça para refeição e
vestimenta, e ainda fabricava materiais que pudessem lhe auxiliar nestas atividades8.
Quando o homem primitivo descobre a agricultura deixa de ser nômade e se fixa à terra.
Isso faz com que ele tenha necessidade de dominação do espaço para ter acesso aos mais diversos
elementos para sobrevivência9.
5 Ibidem, p. 87.
6 SILVA-JUNIOR, João Silvestre; FISCHER, Frida Marina. Afastamento do trabalho por transtornos mentais e
estressores psicossociais ocupacionais. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 18, n. 4, p. 735-744, 2015, p. 736. 7 Ibidem, p. 736.
8 SANTOS, Daniel Moita Zechlisnki dos. Flexibilização da norma trabalhista no Brasil. 2005. Dissertação (Mestrado
em Direito) - Universidade de Caxias do Sul, p. 13.
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A primeira forma de trabalho subordinado surge nesta época, a escravidão. Por meio da
sujeição do outro pela força, o homem enxerga uma forma de subjugar aquele que representa um
risco para si, ou seja, o inimigo, que lhe poderia retirar a sua terra, os seus bens e vê aumentada a
sua força de produção10
.
A prática da escravidão, portanto, inicia-se nas primeiras formações sociais da vida
humana e se prolonga como instituição, muitas vezes com apoio estatal, até o século XIX.
Na Grécia, Platão e Aristóteles encaravam o trabalho como algo pejorativo, pois havia
maior dignidade na participação da vida em sociedade, ou seja, aquela atividade em que havia o uso
da palavra e não o emprego de força física11
.
Norberto Luis Guarinello, no entanto, cita que o modelo escravidão-mercadoria somente
ocorria em locais onde havia um desenvolvimento muito grande do comércio, concentração de
riquezas e ainda nas capitais de grandes Impérios, tais como, Atenas do século V e a Itália
romana12
.
Com a queda do Império Romano, houve uma diminuição importante da escravidão,
tendo até mesmo deixado de existir, durante a Baixa Idade Média, nos países do Mediterrâneo,
tendo havido o emprego desse tipo de trabalho somente de forma residual13
.
Os povos então dominados pelos romanos começaram a se organizar em reinos para que
pudessem se proteger contra invasões e, a população mais pobre, em troca de proteção, começaram
a trabalhar no campo, contribuindo com parte da sua produção ao senhor. Era o início do
feudalismo14
.
Neste período do feudalismo, o regime de trabalho era o da servidão, onde aquele que
trabalha na terra era considerado pessoa, com capacidade jurídica, apesar de terem direitos
limitados, tais como liberdade de locomoção15
.
A retomada da escravidão de forma mais ativa ocorre na segunda metade do século XV,
pelos portugueses e espanhóis, na utilização das tarefas relacionadas à produção açucareira nas ilhas
atlânticas orientais (Canárias, Madeira e São Tomé) e ainda na colonização da América16
.
9 CÊGA, Anderson et GUILHERME, Tavares. História do Direito do Trabalho. Revista Científica Eletrônica do Curso
de Direito, n 1, jan 2012, p. 2. 10
Ibidem, p. 2. 11
MARTINS, Sérgio Pinto. Breve histórico a respeito do trabalho. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de
São Paulo, v. 95, 2000, p. 169. 12
GUARINELLO, Norberto Luiz. Escravos sem senhores: escravidão, trabalho e poder no mundo romano. Rev. Bras.
Hist., São Paulo, v. 26, n. 52, p. 227-246, dez. 2006, p. 231. 13
MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos
XVII a XIX. Novos estud. - CEBRAP, São Paulo, n. 74, p. 107-123, mar. 2006, p. 110. 14
MARTINS, Sérgio Pinto. Breve Histórico a Respeito do Trabalho. Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo, v. 95, 2000, p. 169. 15
SANTOS, Daniel Moita Zechlisnki dos. Flexibilização da norma trabalhista no Brasil. 2005. Dissertação (Mestrado
em Direito). Universidade de Caxias do Sul, p. 15.
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3 A ESCRAVIDÃO NO BRASIL
A prática da escravidão, entre os africanos, decorria de capturas de guerras, prisão por
crimes, heranças de pessoas que possuíam dificuldade financeira e ainda a compra e venda em
feiras17
.
Os europeus, ao chegarem em território africano e notando a prática da escravidão pelos
locais, fez com que fosse facilitado o envio de pessoas, de forma forçada, ao território brasileiro e
português18
.
E então começaram a adquirir escravos por meio de escambo, entregando tecidos,
vinhos, cavalos, ferros, etc., em troca de humanos de qualquer gênero (homens e mulheres) ou
idades (adultos e crianças)19
.
No Brasil, o regime de escravidão ocorreu já no século XVI, inicialmente com os
índios20
, mas havia grande dificuldade em submete-los a trabalhos distintos de seus antigos hábitos,
além de oferecer resistência ao aprisionamento21
.
A utilização dos negros começou a ocorrer nas duas primeiras décadas do século
XVII22
, com as mulheres e homens negros, trazidos pelos portugueses, de suas colônias na África,
com direcionamento da mão-de-obra nos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste23
.
Isto se deu em razão dos negros serem advindos da África, região que, apesar da
exploração, possuía uma civilização mais avançada que os índios, além de melhor estrutura física
para o trabalho no engenho e na mineração24
.
Aqui chegando o seu direcionamento ocorria para as fazendas de açúcar ou minas de
ouro e, além das condições degradantes que eram expostos e das punições físicas (açoites), havia
16
MILLER, Joseph C apud MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico
negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Novos estud. - CEBRAP, São Paulo, n. 74, p. 107-123, mar. 2006. 17
CARVALHO, Filipe Nunes de. Aspectos do tráfico de escravos de Angola para o Brasil no Século XVII: 1.
Prolegómenos do Inferno. Porto: Separaras; Faculdade de Letras da Universidade do Porto, p. 233-248, p. 234. 18
Ibidem, p. 234. 19
LEITE. Maria Jorge dos Santos. Tráfico atlântico, escravidão e resistência no Brasil. Revista de História da África e
de Estudos da Diáspora Africana, São Paulo, ano 10, n. 19, ago 2017, p. 66. 20
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. A atuação dos indígenas na História do Brasil: revisões historiográficas. Rev.
Bras. Hist., São Paulo, v. 37, n. 75, p. 17-38, mai 2017, p. 27. 21
CARVALHO, Filipe Nunes de. Aspectos do Tráfico de Escravos de Angola para o Brasil no Século XVII: 1.
Prolegómenos do Inferno. Porto: Separaras; Faculdade de Letras da Universidade do Porto, p. 233-248, p. 233. 22
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos Engenhos e Escravos na sociedade colonial 1550-1835. Bahia:
Companhia das Letras, 1988, p. 68. 23
MAIA, Regina; MORAIS, Elvira et SILVEIRA, Eliane. Escravo no Brasil. VIII JICEX - Jornada de Iniciação
Científica e de Extensão Universitária. v. 8, n. 8, 2016, p. 2. 24
CARVALHO, Filipe Nunes de. Aspectos do Tráfico de Escravos de Angola para o Brasil no Século XVII: 1.
Prolegómenos do Inferno. Porto: Separaras; Faculdade de Letras da Universidade do Porto, p. 233-248, p. 233.
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imposição de renúncia às memórias de seu país de origem, considerando a não permissão da prática
da sua religião e a imposição da língua portuguesa25
.
O número de escravos advindos da África teve grande crescimento e, na segunda
metade do século XVII foram trazidos cerca de 360 mil ao Brasil, viabilizando de forma importante
a atividade econômica açucareira26
.
Nos séculos XVII e XVIII, em razão da descoberta das minas de ouro, aumentou a
imigração portuguesa, calculado em cerca de 400.000, durante o século XVIII e, em decorrência
disso, houve um impulsionamento da vinda de africanos ao Brasil27
.
Entre 1701 e 1720, chegaram Brasil cerca de 292 mil africanos escravizados, quase
todos enviados às minas de ouro. Entre 1720 e 1741, este número foi de 312,4 mil indivíduos. Nas
duas décadas seguintes, o tráfico atingiu seu pico, com o número de 354 mil africanos escravizados
foram introduzidos na América portuguesa entre 1741 e 176028
.
No total, sem a possibilidade de se contar o número de escravos que ingressaram
diretamente na Bahia, através do comércio direto com a Costa da África, o Brasil recebeu entre 4 e
5 milhões de escravos ao longo do período de tráfico.29
Aos escravos africanos o tratamento dispensado era recorrentemente por meio de maus
tratos e com emprego de violência. Após a captura ou a compra, eles eram amontoados em
verdadeiros armazéns e ali esperavam pelo navio30
.
O transporte, no continente africano até o Brasil, era feito em navios negreiros ou
tumbeiros, em condições desumanas, acarretando até mesmo a morte de grande número de escravos
antes mesmo de se chegar em terra brasileira31
.
A abolição dos escravos começa a ganhar corpo com a vinda do pensamento Iluminista,
surgido na França e traz uma ideia liberal em que o Estado não deveria interferir na economia do
país32
.
25
MAIA, Regina; MORAIS, Elvira et SILVEIRA, Eliane. Escravo no Brasil. VIII JICEX - Jornada de Iniciação
Científica e de Extensão Universitária. v. 8, n. 8, 2016, p. 2. 26
MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos
XVII a XIX. Novos estud. - CEBRAP, São Paulo, n. 74, p. 107-123, mar. 2006, p. 113. 27
Ibidem, p. 114. 28
Ibidem, p. 114. 29
HERBERT, Klein - in IBGE, apud MENEZES, Jaci Maria Ferraz. Abolição no Brasil: A Construção da Liberdade.
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.36, p. 83-104, dez.2009, p. 87. 30
LEITE. Maria Jorge dos Santos. Tráfico Atlântico, Escravidão e Resistência no Brasil. Revista de História da África e
de Estudos da Diáspora Africana, São Paulo, ano 10, n. 19, ago 2017, p. 67. 31
MAIA, Regina; MORAIS, Elvira et SILVEIRA, Eliane. Escravo no Brasil. VIII JICEX - Jornada de Iniciação
Científica e de Extensão Universitária. v. 8, n. 8, 2016, p. 2. 32
SILVA Júnior; Marcos Vidal da; GRAHL, João Arthur Pugsley. Les Lumières: Iluminismo, Literatura, Escravidão: A
Influência dos Escritores na Formação da Identidade Social. Anais eletrônicos do XV encontro ABRALIC – 19 a 23 de
setembro de 2016, p. 1935-1945, p. 1940
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Um reflexo desse pensamento liberal que permeavam os pensamentos naquela época foi
a Constituição Brasileira, de 1824, contudo, o país reservava uma grande contradição em ainda
manter o regime escravocrata33
.
Aos poucos a escravidão foi diminuindo e uma das leis mais importantes foi a Lei
Eusébio de Queirós, de 1850, que pôs fim ao tráfico negreiro pelo Atlântico. Este fato fez com que
os preços dos escravos aumentarem bastante, tendo em vista a pouca oferta e a grande demanda34
.
Isso fez com que, mesmo os africanos, já alforriados, livres, serem capturados e, com a
troca dos documentos pessoais, serem vendidos como escravos35
.
Posteriormente, foi promulgada, em 1871, a Lei do Ventre Livre, que concedia a
liberdade ao filho de escrava, mas ele teria que trabalhar na propriedade do senhor de sua mãe até
21 anos, podendo ainda aquele até mesmo aplicar punições físicas, desde que não fosse muito
rigoroso36
.
Em 1885 é promulgada a Lei do Sexagenário, que libertava os escravos com 60 anos ou
mais, contudo, não havia grande aplicação, considerando que, dificilmente, se chegava a esta
idade37
.
Apesar da assinatura da Lei Áurea de 1888, pela princesa Isabel, o ato não foi imantado
de simples caráter de benevolência, pois havia a intenção de preservação da Monarquia de demais
conflitos que se avizinhavam, tais como o movimento republicano38
.
O fim da escravidão, no entanto, não fez esconder o que se passou durante todo o
período em que africanos foram retirados de seu país, seus familiares, enviados a uma terra
desconhecida e submetidos a trabalhos forçados e grande violência física e espiritual.
4 O BANZO
Luiz Antonio de Oliveira Mendes, cita que o homem reduzido à escravidão é “o mais
infeliz que se pode considerar”, pois desde o início da sua submissão é preso a ferros e só se
33
LEITE. Maria Jorge dos Santos. Tráfico Atlântico, Escravidão e Resistência no Brasil. Revista de História da África e
de Estudos da Diáspora Africana, São Paulo, ano 10, n. 19, ago 2017, p. 72. 34
NARLOCH, Leandro. Achados e Perdidos na História, Escravos. A Vida e o Cotidiano de 28 Brasileiros Esquecidos
pela História. Estação Brasil, Rio de Janeiro, 1 ed., 2017, p. 12. 35
Ibidem, p. 12. 36
MENEZES, Jaci Maria Ferraz. Abolição no Brasil: A Construção da Liberdade. Revista HISTEDBR On-line,
Campinas, n.36, p. 83-104, dez. 2009, p. 90. 37
Ibidem, p. 102. 38
LEITE. Maria Jorge dos Santos. Tráfico Atlântico, Escravidão e Resistência no Brasil. Revista de História da África e
de Estudos da Diáspora Africana, São Paulo, ano 10, n. 19, ago 2017, p. 73.
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alimenta quando for a vontade de seus senhores e então, no momento, da captura, o indivíduo
percebe a perda de tudo que antes possuía, e que era bom39
.
Na chegada ao seu destino, após ele ser comprado, a sua destinação pode ocorrer tanto
para trabalhos urbanos, rústico ou domésticos, mas em todos os casos mantém a rotina de crueldade,
com punições que chegam a centenas de açoites diários40
.
O escravo vivia como um animal, sem qualquer direito e, pelas disposições previstas
nas Ordenações do Reino ele podia ser vendido, trocado, castigado, mutilado ou até mesmo morto41
.
As revoltas ocorriam e os agrupamentos de escravos, chamados de quilombos, era o
destino daqueles que conseguiam fugir. No entanto, em caso de captura, havia a marcação de ferro
quente com a letra F na testa do escravo e, em caso de reincidência, havia o corte de uma orelha42
.
Este quadro de maus tratos, alimentação deficitária e trabalho exaustivo faz com que os
escravos desenvolvam doenças crônicas. Uma das mais importantes e perversas é a que se
denominou Banzo.
Renato Mendonça propõe, diante da ausência de autores sobre a origem do termo, que
ele advém do termo em quimbundo mbanza, que significa aldeia e então, o termo banzo, seria o
mesmo que saudade da aldeia e, por consequência, da terra natal.43
Luiz Antonio de Oliveira Mendes conceitua Banzo como: “a saudade dos seus, e da sua
pátria”, o amor devido a alguém. Uma paixão da alma que só se extingue com a morte44
.
Ana Maria Galdini Raimundo Oda45
traz a definição da palavra banzar como sendo a
ação de “pasmar com pena”, encontrada no primeiro dicionário da língua portuguesa, do padre
Rafael Bluteau, publicado em Coimbra (1712-1728). Ali também consta o termo banzeiro, que
significa inquieto, mal seguro.
Clóvis Moura define o Banzo como o “estado de depressão psicológica que se apossava
do africano logo após o seu desembarque no Brasil. Geralmente o que caíam nessa situação de
nostalgia profunda terminavam morrendo”.46
Ana Maria Galdini Raimundo Oda47
aponta que o diagnóstico ocorreu como nostalgia,
classificada como doença mental, um subtipo da melancolia, que se expressa em um sentimento dos
39
MENDES, Luiz Antonio de Oliveira. Memória a Respeito dos Escravos e Tráfico da Escravatura entre a Costa
d´África e o Brasil (1812). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, ano 10, n. 2, jun/2007, p. 366. 40
Ibidem, p. 366. 41
MOURA, Clóvis. História do Negro Brasileiro. Ed. Ática. 1992, p. 15. 42
RAMOS, Arthur apud MOURA, Clóvis. História do Negro Brasileiro. Ed. Ática. 1992, p. 18. 43
MENDONÇA, Renato. A Influência Africana no Português do Brasil. FUNAG. 2012, p. 129. 44
MENDES, Luiz Antonio de Oliveira. Memória a Respeito dos Escravos e Tráfico da Escravatura entre a Costa
d´África e o Brasil (1812). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, ano 10, n. 2, jun/2007, p. 340. 45
ODA, Ana Maria Galdini Raimundo. Escravidão e Nostalgia no Brasil: O Banzo. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund.,
São Paulo, v. 11, n. 4, p. 735-761, dezembro 2008 (Suplemento), p. 736. 46
MOURA, Clóvis. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. Edusp, 2005, p. 63.
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mais lusos: a saudade, tendo este termo, provavelmente, provindo do latim solitatem, solidão,
variando para soedade, soidade, suidade e depois saudade48
.
A primeira vez que esta condição foi sistematizada, em termos médicos, ocorreu pelo
suíço Johannes Hofer, tendo descrito casos em que seus conterrâneos foram acometidos por essa
doença e, como figura comum, havia a história de pessoas fora de sua terra natal49
.
A palavra nostalgia vem do grego nostos, regresso, e algia, dor e, no século XIX
Esquirol e Pinel definem a melancolia como loucura, que se caracterizada por um delírio parcial,
com tendência triste ou opressiva50
.
E, quanto às manifestações podemos notar a tristeza profunda, ansiedade, insônia,
inapetência, alterações gastrintestinais, emagrecimento, debilidade, hidropisia, palpitações cardíacas
e febre, podendo provocar o estupor e a morte51
.
Sigmund Freud aponta que o luto é o afeto correspondente à melancolia, é a vontade de
se recuperar o que fora perdido. É como se surgisse um buraco na esfera psíquica52
.
Como tal sentimento, Moacir Scliar afirma que seria absolutamente comum que os
negros, trazidos como escravos da África, tivessem um sentimento de tristeza, considerando a forma
violenta com que retirados de seu país e os maus tratos que eram submetidos53
.
O banzo, portanto, seria o que é denominado na psiquiatria contemporânea como um
estado de humor rebaixado, contemplando melancolia, nostalgia e intenso desejo em retornar à
África54
.
Mesmo havendo ingresso em uma terra que tudo é abundante, onde nada deve faltar,
isso não atinge os escravos em razão do intuito do senhor em não ter uma ata despesa com a sua
manutenção55
.
47
ODA, Ana Maria Galdini Raimundo. Escravidão e nostalgia no Brasil: o banzo. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São
Paulo, v. 11, n. 4, p. 735-761, dezembro 2008 (Suplemento), p. 739. 48
SCLIAR, Moacyr. Saturno nos Trópicos. A Melancolia Europeia chega ao Brasil. Companhia das Letras, São Paulo
2003, p. 101. 49
ODA, Ana Maria Galdini Raimundo. Escravidão e nostalgia no Brasil: o banzo. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São
Paulo, v. 11, n. 4, p. 735-761, dezembro 2008 (Suplemento), p. 740. 50
MENDES, Elzilaine Domingues; VIANA, Terezinha de Camargo; BARA, Olivier. Melancolia e depressão: um
estudo psicanalítico. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 30, n. 4, p. 423-431, Dec. 2014, p. 425. 51
ODA, Ana Maria Galdini Raimundo. Escravidão e nostalgia no Brasil: o banzo. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São
Paulo, v. 11, n. 4, p. 735-761, dezembro 2008 (Suplemento), p. 741. 52
FREUD, Sigmund apud MENDES, Elzilaine Domingues; VIANA, Terezinha de Camargo; BARA, Olivier.
Melancolia e depressão: um estudo psicanalítico. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 30, n. 4, p. 423-431, Dec. 2014, p.
425. 53
SCLIAR, Moacyr. Saturno nos Trópicos. A Melancolia Europeia chega ao Brasil. Companhia das Letras, São Paulo
2003, p. 101. 54
LIMA, Vangeris Silva Fernandes de; OLIVEIRA, Kamila Alaman de; SANTOS, Dayany Luyzi Ribeiro dos.
Aspectos gerais da saúde dos escravos no Brasil: revisão de literatura. Revista Eletrônica Gestão & Saúde, v.07, n°. 01,
Ano 2016 p. 471-89, p. 476. 55
MENDES, Luiz Antonio de Oliveira. Memória a Respeito dos escravos e tráfico da escravatura entre a Costa dÁfrica
e o Brasil (1812). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, ano 10, n. 2, jun/2007, p. 367.
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No entanto, essa saudade, apesar de ser notada fartamente nos escravos, abarcava
também outras pessoas como, por exemplo, os portugueses, quando se lançavam nas navegações,
“em busca de novos horizontes, de um Novo Mundo”, tendo os navios o componente da nostalgia,
tornando-se até mesmo “um componente importante da cultura portuguesa”.56
A nostalgia, portanto, atinge todas as pessoas, tendo qualquer temperamento, idade ou
gênero, pois a enfermidade viria com a exacerbação do exílio da terra natal e sob condições
adversas57
.
No entanto, a nostalgia, a melancolia, teve sua faceta mais terrível quando atingiam os
escravos, considerando a forma com que eram capturados, enviados ao Brasil e a forma como eram
tratados.
Tendo como característica a saudade da Mãe África, o Banzo atingiu a primeira geração
das pessoas que vieram ao Brasil, decorrente do fluxo da escravidão já mencionada58
.
Luís Antonio de Oliveira Mendes atribui o banzo ao temperamento natural dos negros,
pois eles tinham como característica serem “extremosos, fiéis, resolutos, constantíssimos, e
susceptíveis no último extremo do amor e do ódio”59
.
Nota-se claramente um forte abalo psicológico que acompanhou o negro desde a
retirada da sua terra natal até a chegada ao Brasil, juntamente com a ocorrência maus tratos e
exaustão do trabalho.
Na ocorrência do banzo, portanto, podemos verificar vários determinantes: a
psicopatologia, o tráfico transatlântico de escravos, os maus tratos e as doenças60
. A mistura de
todos esses fatores trazia ainda, em muitos casos, a morte causada pelo próprio escravo.
5 O SUÍCIDIO
O lado mais perverso desta grave enfermidade, é que ela acabava consumindo os
escravos e fazia com que a morte fosse causada de forma involuntária61
ou ainda o próprio escravo
cometia atos para dar cabo à própria vida.
56
SCLIAR, Moacyr. Saturno nos Trópicos. A Melancolia Europeia chega ao Brasil. Companhia das Letras, São Paulo
2003, p. 99. 57
PINEL, Philippe et BOISSEAU, Gabriel apud ODA, Ana Ana Maria Galdini Raimundo. Escravidão e nostalgia no
Brasil: o banzo. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 11, n. 4, p. 735-761, dezembro 2008 (Suplemento), p.
743.
59
MENDES, Luís Antonio de Oliveira apud NOGUEIRA, André. Universos coloniais e ‘enfermidades dos negros’
pelos cirurgiões régios Dazille e Vieira de Carvalho. História, Ciências, Saúde –Manguinhos, Rio de Janeiro, v.19,
supl., dez. 2012, p. 179-196, p. 188. 60
HAAG, Carlos. A Saudade Que Mata. Revista Pesquisa Fapesp. n. 172, p. 87 61
MENDES, Luiz Antonio de Oliveira. Memória a Respeito dos escravos e tráfico da escravatura entre a Costa dÁfrica
e o Brasil (1812). Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, ano 10, n. 2, jun/2007, p. 373.
Edição 15 – Julho 2018
Maria da Consolação André apresenta o banzo como uma resistência passiva,
decorrente das torturas ocorridas em cativeiro, o que causaria “uma forma de suicídio por falta de
vontade de viver”62
.
Mariana Pedrosa Marcassa aponta que o corpo escravo quando atingido pelo banzo:
apresentava-se meio a intenso fastio, profundo silêncio, dores de uma liberdade
abortada, sofrimento continuado das asperezas com que o tratavam. Impoder
absoluto da vida. Dor em relação àquilo que já não mais se pode ser, onde ‘eu’ já
não pode ser o mesmo. Mais que isso, onde 'eu' já não pode se redesenhar frente às
forças que o assolam, levando-o ao suicídio forçado63
.
Em que pese a pouca produção científica sobre o suicídio praticado pelos escravos,
notamos que este fato ocorria com certa frequência, até mesmo dentros dos porões dos navios
negreiros64
, sendo utilizado como métodos para este fim a não alimentação, comer terra,
enforcamento, afogamento, utilização de armas brancas, dentre outros6566
.
Havia ainda o uso de armas de fogo, ingestão de veneno, adquiridos junto ao mercado
de produtos agrícolas para matar ratos, formigas e cupins, ingestão de folhas de tabacos e até
mesmo a auto sufocação, consistente no fato de engolir a própria língua67
.
Thomas Ewbank, que esteve no Brasil em 1846, menciona que o suicídio entre escravos
era constante se comparado às pessoas livres68
e Mary Karasch aponta que, no Rio de Janeiro,
diariamente, a enseada ficava cheia de cadáveres, não sendo este fato computado como suicídio pela
polícia69
.
62
ANDRE, Maria da Consolação. O ser negro: um estudo sobre a construção de subjetividades em afro-descendentes.
Tese (Doutorado em em Psicologia) - Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, 2007, p.152. 63
MARCASSA, Mariana Pedrosa. Sons do Banzo. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) - Pontifícia Universidade
Católica. 2016, p. 12. 64
SOUZA, Rodrigo Gonçalves. Luta por reconhecimento e processo legislativo: a participação das comunidades
remanescentes de quilombos na formação do art. 68 do ADCT. Dissertação (Mestrado em Direito) - Universidade de
Brasília, maio, 2013, p. 36 65
OLIVEIRA, Saulo Veiga et ODA, Ana Maria Galdini Raimundo. O suicídio de escravos em São Paulo nas últimas
duas décadas da escravidão. Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p.371-388, abr.-jun. 2008, p. 372. 66
ANDRE, Maria da Consolação. O ser negro: um estudo sobre a construção de subjetividades em afro-descendentes.
Tese de doutorado para a obtenção do título de Doutor em Psicologia. Instituto de Psicologia da Universidade de
Brasília, 2007, p. 126. 67
SIGAUD, Joseph-François Xavier apud OLIVEIRA, Saulo Veiga. O suicídio de escravos em Campinas e na
Província de São Paulo (1870-1888). Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) - Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas, 2007, p. 63/64. 68
EWBANK, Thomas apud OLIVEIRA, Saulo Veiga. O suicídio de escravos em Campinas e na Província de São
Paulo (1870-1888). Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade
Estadual de Campinas, 2007, p. 64. 69
KARASCH, Mary apud OLIVEIRA, Saulo Veiga. O suicídio de escravos em Campinas e na Província de São Paulo
(1870-1888). Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual
de Campinas, 2007, p. 64.
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Jackson Ferreira encontrou em Salvador 393 suicídios e tentativas, com identificação da
condição pessoal da pessoa em 336 casos. Deste total, os escravos representavam 158, ou seja, 47%,
os libertos eram 28 (8,4%) e os livres, 150 (44,6%)70
.
Tibúrcio Moreira Prates também identifica o suicídio como uma prática decorrente de
saudades da terra natal, pelos africanos:
Se o Africano, arrojado em nossas plagas pelo braço tirano da cobiça, intenta
acabar sua existência, é porque as saudades da pátria, os ferros opressores do
cativeiro, e a esperança fanática de voltar ao lugar de seu nascimento, se conspiram
contra sua inteligência já enfraquecida essa pela carência dos vigorantes socorros
da civilização71
.
Gilberto Freyre relata o uso de música pelos escravos, um pouco pelo banzo, mas muito
pela alegria que muitos traziam consigo. No entanto, a saudade da África, de tão forte, fazia com
que eles ficassem lesos ou idiotas e, quando não se matavam entregaram-se a abusos como álcool,
maconha e masturbação72
.
Em razão do prejuízo causado pelo escravo doente, pois não era possível contar com sua
força de trabalho e não havendo remédio para o tratamento deste mal, a recomendação era a de que
o escravo fosse distraído, bem como, dispensar a ele de forma benevolente e que o permitisse ter
diversão73
.
6 CONCLUSÃO
O Brasil foi um participante bastante ativo na economia escravocrata moderna mundial,
estimando-se que cerca de 40% dos africanos escravizados foram trazidos para o país74
.
Inevitável, portanto, que estes trabalhadores forjaram a economia brasileira e sua
identidade como nação.
Entretanto, a que custo isso ocorreu?
Pessoas que rapidamente perderam a sua individualidade e tornaram-se verdadeira
coisa, foram retiradas, à força, de sua terra natal e de sua família, foram jogados em um navio,
70
FERREIRA, Jacson. “Por Hoje Se Acaba A Lida”: Suicídio escravo na Bahia (1850-1888). Afro-Ásia, n. 31, 2004, p.
197-234, p. 203. 71
PRATES, Tiburtino Moreira apud FERREIRA, Jacson. “Por Hoje Se Acaba A Lida”: Suicídio Escravo Na Bahia
(1850-1888). Afro-Ásia, n. 31, 2004, p. 197-234, p. 198. 72
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Ed. Global, ed. 48, 2003, p. 553. 73
ODA, Ana Maria Galdini Raimundo. Escravidão e nostalgia no Brasil: o banzo. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São
Paulo, v. 11, n. 4, p. 735-761, dezembro 2008 (Suplemento), p. 747. 74
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África e de Estudos da Diáspora Africana. ano 10, nº 21, agosto/2017, p. 64-82, p. 65
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lotado, com péssimas condições de higiene, com enorme lotação e enfrentaram meses de viagem ao
Brasil.
Chegando ao destino, foram submetidos a trabalhos desumanos, sem descanso, com
emprego de castigos físicos, morando em locais coletivos, sem conforto e higiene.
Essas pessoas, diga-se, juntamente com os índios, foram os primeiros efetivos
trabalhadores existentes no Brasil e, diante das condições de trabalho impostas, desenvolveram algo
bastante próximo com o que se conhecesse atualmente como depressão, decorrente do trabalho.
Mais de 130 anos se passaram e as condições de trabalho, via de regra, melhoram
bastante, no entanto, os transtornos mentais relacionados ao trabalho, infelizmente, crescem de
forma importante.
Isso sem contabilizar os inúmeros casos de trabalhadores que são reduzidos à condição
análoga à escravidão e, diga-se, em casos bastante semelhantes ao que ocorria anteriormente, ou
seja retirada do seu país, trabalhos forçados, sob péssimas condições de trabalho e moradia e quase
sem qualquer pagamento.
Quanto a estes, em razão de estarem à margem de qualquer legalização de sua situação,
não há qualquer estudo sobre à saúde mental, o que impede a verificação até mesmo a ocorrência de
depressão e do cometimento de suicídio por estes trabalhadores.
É inegável, dessa forma, que o exemplo do banzo reflete de forma bastante clara qual o
impacto das condições de trabalho na mente do trabalhador, pois a depressão, pode atingir a todos,
seja o trabalhador reduzido a coisa, seja aquele que ainda lhe resta alguma dignidade.
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