FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
ANÁLISE SOBRE O ACESSO AOS SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS NA
LOCALIDADE DE GOLO, DISTRITO DE HOMOÍNE
Calisto da Paz Hilário
Maputo, Abril de 2015
ANÁLISE SOBRE O ACESSO AOS SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS NA
LOCALIDADE DE GOLO, DISTRITO DE HOMOÍNE
Dissertação apresentada em cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a
obtenção do grau de Licenciatura em Geografia da
Universidade Eduardo Mondlane
Calisto da Paz Hilário
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Supervisor: dr. Rogers Hansine
O Júri
O presidente
Prof.Doutor. Ramos Monamohua
O supervisor
Mrs. Rogers Hansine
O Oponente
Dr.Serafim Alberto
Data
29/04/2015
ÍNDICE GERAL
DECLARAÇÃO DE HONRA ....................................................................................... I
DEDICATÓRIA .......................................................................................................... II
SIGLAS/ABREVIATURAS ....................................................................................... III
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... IV
LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................. IV
LISTA DE IMAGENS ............................................................................................... IV
LISTA DE IMAGENS NOS ANEXOS ........................................................................ V
LISTA DE TABELAS NOS ANEXOS ........................................................................ V
LISTA DE MAPAS NOS ANEXOS ............................................................................ V
AGRADECIMENTO ................................................................................................. VI
RESUMO .................................................................................................................. VII
I
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro por minha honra que o presente trabalho de fim de curso de Licenciatura em
Geografia, é produto da minha própria investigação. Todo conteúdo inserido neste
trabalho é primário ou seja originário e nunca foi usado antes por outro indivíduo ou
por qualquer outra instituição para obtenção de qualquer grau. Toda a bibliografia
usada, foi devidamente citada e consta nas referências bibliográficas deste trabalho
Calisto da Paz Hilário
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
II
DEDICATÓRIA
….Aos meus pais Hilário Bernardino e Emerenciana Manuel, aos meus irmãos
Nazário, Flávio, Ilídio, Miguel e José, Arménia, Aldevina e Lucrécia que, escolheram
educar me como a melhor forma de destinar o meu futuro
nunca vou esquecer de vocês por tudo que tem feito por mim e do que vocês
representam para mim...!
III
SIGLAS/ABREVIATURAS
BM Banco Mundial
EDR Estratégia de Desenvolvimento Rural
END Estratégia Nacional de Desenvolvimento
FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
INE Instituto Nacional de Estatística
MAE Ministério da Administração Estatal (actual Ministério de
Administração Estatal e Função Pública)
MINED Ministério da Educação (Actual Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano)
ONU Organização das Nações Unidas
OMS Organização Mundial de Saúde
PARP Plano de Acção para a Redução da Pobreza
PNUD Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas
PQG Plano Quinquenal do Governo
PRB Population Reference Bureau
SDSMAS Serviços Distritais da Saúde Mulher e Acção Social
SDEJT Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia
SDPI Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas.
IV
LISTA DE MAPAS
Mapa nº 1: Localização Geográfica da Localidade de Golo ...................................... 27
Mapa nº 2: Povoados da Localidade de Golo............................................................ 28
Mapa nº 3: Rios que atravessam o distrito de Homoíne ............................................ 29
LISTA DE TABELAS
Tabela nº 1: População da Localidade de Golo por povoado..................................... 30
Tabela nº 2: Situação das bombas manuais ............................................................... 44
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico nº 1: População da localidade de Golo por povoado..................................... 31
Gráfico nº 2: Percentagem de Agregados Familiares, tipo de fonte ........................... 36
LISTA DE IMAGENS
Imagem nº 1: Bomba Manual do tipo Bluepump localizada no povoado de Chitata .. 37
Imagem nº 2: Bomba Manual do tipo Afrivdev localizada no povoado de Zualo ..... 38
Imagem nº 3: Poço a céu aberto, aberto pela comunidade no povoado Golo sede. .... 39
Imagem nº 4: Poço a céu aberto, por uma família no povoado de Fundzo. ................ 40
Imagem nº 5: Cisternas familiares usadas na conservação da água da chuva ............. 40
Imagem nº 6: cisternas familiares usadas na conservação da água da chuva............. 41
Imagens nº 7 e 8: Salas de aulas de construção convencional e mista ....................... 43
Imagem nº 9: Poço de água aberto num projecto não-governamental no povo .......... 45
V
LISTA DE IMAGENS NOS ANEXOS
Imagem nº 1: Poços abertos de captação de água e cisterna familiar
Imagem nº 2: Infra-estruturas educacionais de algumas escolas da localidade de Golo
LISTA DE TABELAS NOS ANEXOS
Tabela nº 1: Níveis de Acesso a água
LISTA DE MAPAS NOS ANEXOS
Mapa nº: 1: Distribuição territorial das bombas manuais de abastecimento de água
Mapa nº 2: Distribuição territorial de escola pela localidade de Golo
VI
AGRADECIMENTO
A Deus pela saúde dada ao longo da formação até a realização do trabalho final.
Ao meu supervisor, dr. Rogers Hansine pela paciência e apoio dado desde o primeiro
dia que lhe foi incumbida a missão de supervisionar o meu trabalho.
Aos meus pais, aos meus irmãos e toda família Chongola
Aos colegas e amigos, Carlos Mujovo, Germias Raso, Belmiro Soares, Dionísio
Mugabe, Lor Mussagy, Paulino Muholove, Célia Chongole e Alberto Manjate
Aos senhores Constantino Filipe funcionário do SDSMAS, Eduardo Macitela, técnico
dos SDEJT, Vicente Cumbeza, técnico de Águas do SDPIH e Francelino Nhantumbo
Chefe da Localidade de Golo todos do distrito de Homoíne pelo apoio dado na
disponibilização da informação
Aos demais colegas da turma, amigos e meus colegas Residência 009 sobretudo, Egas
Daniel, Miguel Osório, Mouzinho Eduardo, Eduardo Manuel, João Marcelino, Álvaro
Alfredo e Calisto Vilanculos, Kondwani Inoque, mais também Janato Iussufo Janato,
bem como Confiança Chicombo e Aldino Manga pelo espírito solidário,
confraternidade e ambiente de convívio criado ao longo da formação
A todos que directa ou indirectamente, contribuíram para a minha formação o meu
muito Obrigado!
VII
RESUMO
O acesso aos serviços sociais, é um factor determinante nas condições e qualidade de
vida duma população. As condições em que a população é sujeita para ter acesso aos
serviços de educação, saúde e água potável entre outros, são determinadas em parte pela
facilidade ou limitação a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos mesmos eles,
são fundamentais para o desenvolvimento sócio-económico da população e seu bem-
estar.
O desenvolvimento humano e social, fundamentado através da provisão de serviços
públicos de educação, saúde, água e saneamento entre outros constitui um dos
objectivos pilares para a redução dos níveis de pobreza em Moçambique.
A população da localidade de Golo, distrito de Homoíne, enfrenta como uma maior
parte da população rural em Moçambique, dificuldades para o acesso aos serviços
sociais básicos, educação, saúde e água potável pois, ela é sujeita a percorrer distâncias
relativamente longas aos recomendáveis para dispor de um determinado serviço social.
A dimensão da dificuldade é bastante relativa pois, ela é determinada pela localização
geográfica da população em relação a um certo serviço.
Dos três serviços sociais básicos analisados no presente trabalho, o serviço de saúde é o
acessível de forma muito precária pois, obriga a população residente nessa localidade a
percorrer distâncias relativamente longas (atinge pouca ou mais de 20km de distância
absoluta) quando comparadas aos dos demais serviços, de educação e abastecimento de
água embora este último também seja acessível de forma precária mas que não atinge a
dimensão do serviço de saúde.
De forma generalista, pode se afirmar que, os serviços sociais básicos na localidade,
existem mas são acessíveis em geral de forma precária. Quando se quer fazer uma
análise do acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo, tem que se
primeiro olhar na disponibilidade, a oferta ou mesmo o acesso físico antes de olhar na
dimensão mais abrangente relativa às características dos tais serviços, a adequação entre
a distribuição geográfica desses serviços (localização) e servidos (população).
ÍNDICE DO TEXTO
CAPÍTULO I
1.INTRODUÇÃO .........................................................................................................1
2. PROBLEMA .............................................................................................................4
3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................6
4. OBJECTIVOS ......................................................................................................... 10
4.1. Geral .................................................................................................................... 10
4.2. Específicos ........................................................................................................... 10
5. METODOLOGIA ................................................................................................... 11
CAPÍTULO II
6. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................ 15
6.1. Desenvolvimento e Qualidade de vida .................................................................. 17
6.2. Bem-estar ............................................................................................................. 18
6.3. Pobreza ................................................................................................................ 19
6.4. Acesso e Acessibilidade ........................................................................................ 21
6.5. Serviço Social ....................................................................................................... 23
CAPÍTULO III
7. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................... 26
7.1. Localização Geográfica ........................................................................................ 26
7.1.2. Divisão Administrativa ...................................................................................... 27
7.2. Características físico-geográficas......................................................................... 28
7.3. Características sócio-económicas ......................................................................... 30
7.3.1.População .......................................................................................................... 30
7.3.2. Actividades económicas ..................................................................................... 31
7.3.3. Infra-estruturas sociais ...................................................................................... 32
CAPÍTULO IV
8.CRITÉRIOS DE LOCALIZAÇÃO E ACESSO AOS SERVIÇOS BÁSICOS .......... 33
8.1.1.Abastecimento de água ....................................................................................... 34
8.1.2.Escolas ............................................................................................................... 34
8.1.3. Centros de saúde ............................................................................................... 34
8.2. SERVIÇOS BÁSICOS EXISTENTES NA LOCALIDADE DE GOLO ............... 35
8.2.1. Abastecimento de Água ...................................................................................... 35
8.2.2. Serviço de Saúde ................................................................................................ 41
8.2.3. Serviço de Educação .......................................................................................... 42
8.3. ACESSO AOS SERVIÇOS BÁSICOS NA LOCALIDADE DE GOLO ............... 43
8.3.1.Abastecimento de Água ....................................................................................... 43
8.3.2. Serviço de Saúde ................................................................................................ 46
8.3.3. Serviço de Educação .......................................................................................... 48
9. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 52
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 56
1
CAPÍTULO I
1.INTRODUÇÃO
Alcançar um progresso real em matéria de desenvolvimento humano não passa,
unicamente por ampliar uma gama de opções de escolha e a capacidade das pessoas de
acederem determinadas necessidades como educação e a saúde e de desfrutarem de um
nível de vida razoável mas, depende também do grau de solidez dessas conquistas e da
existência de condições suficientes para um desenvolvimento humano sustentado
(PNUD, 2014).
A busca da satisfação dessas necessidades humanas como argumenta Nogueira (2002),
seja esta qualificada como bem-estar, qualidade devida ou ainda bem-estar social,
sempre existiu mas, foi a partir do século XVIII que aparecem as denúncias de
condições de vida diferenciadas entre classes sociais.
Passou-se a se reconhecer as diferenças que existem na sociedade em termos das
respectivas condições de vida sobre as quais, existe uma parte da população que vive
em altos padrões de vida e em contrapartida uma maioria da população que vive em
condições de pobreza.
As perspectivas de avaliação dessas condições de vida das populações, são diversas,
como acrescenta Herculano (2000) que a qualidade de vida de uma determinada
população, pode ser avaliada ou mensurada tendo em conta o grau de satisfação e dos
patamares desejados e, examinando os recursos disponíveis em relação as necessidades,
através dos que tem a capacidade efectiva de satisfazer as necessidades de um grupo
social: condições de saúde, qualidade de habitação, saneamento etc.
2
Em Moçambique como defendem Maleane e Suiden (2010), falar das condições da vida
da população, ainda nos remete a olhar nas dificuldades que a população enfrenta para
ter acesso aos serviços considerados de base da vida como educação, saúde e acesso a
água.
Nesse sentido, o presente trabalho de licenciatura em Geografia busca avaliar a
dificuldade ou facilidade com que a população da localidade de Golo tem para o acesso
aos serviços considerados básicos (educação, saúde e acesso a água) pois, o acesso pela
parte da população desses serviços é fundamental pois determina as condições da sua
vida e o seu desenvolvimento sócio-económico.
Fundamentalmente o trabalho foi realizado com base a pesquisa documental, apoiado
por cartografia e visita a área de estudo.
A falta de estudos sobre a acessibilidade aos serviços sociais da população sobretudo
rural do distrito de Homoíne, constitui a primeira motivação da escolha do tema para
além de pretender aprofundar os conhecimentos sobre a vida rural e perceber as
possíveis barreiras que impedem o desenvolvimento sócio-económico da população da
localidade de Golo mas numa perspectiva de acesso aos serviços básicos. Nesse
contexto, espera-se que o presente trabalho contribua no enriquecimento ao nível
académico do quadro teórico da matéria em abordagem neste trabalho enquadrado no
contexto da Geografia Humana.
O trabalho está estruturado em 4 capítulos em que, o primeiro constitui a parte
introdutória do trabalho onde de forma resumida está exposto o problema em causa, a
importância de ter-se estudado o tema, os objectivos que se pretendem alcançar, a
3
metodologia aplicada para a realização do trabalho, a motivação da escolha do tema
bem como a área de estudo em causa.
O Capítulo II, corresponde a revisão da literatura onde, debate-se ideias de diversos
autores, relatórios e outros artigos científicos sobre a matéria relacionada com o tema
em estudo para além de conceitos fundamentais ao trabalho para o seu melhor
entendimento.
O Capítulo III expõe conteúdo relacionado a caracterização geográfica da área de estudo
no que tange em primeiro lugar a localização Geográfica e divisão administrativa da
área de estudo, de seguida evidenciou-se as características físico-geográficas da área
sobretudo no que tange ao clima, vegetação, relevo e hidrologia mas também de
características sócio-económicas (população, actividades económicas e infra-estruturas)
o que é primordial nos trabalhos de Geografia.
O Capítulo IV, apresenta essencialmente, os resultados da pesquisa iniciando a
abordagem com o conteúdo relacionado com os critérios para a instalação de serviços
sociais num determinado território de acordo com parâmetros pré-estabelecidos.
Subsequentemente encontra-se exposta conteúdo dos resultados que parte da descrição
dos serviços sociais básicos existentes na localidade de Golo. Traz a avaliação
descritiva da situação do acesso a educação, saúde e água em termos da facilidade ou
dificuldade para o seu acesso por parte da população da localidade de Golo sobretudo
no que diz respeito a distância de localização do serviço.
Por fim, constitui matéria incluída neste capítulo a conclusão e a literatura usada para a
realização do trabalho ou seja, artigos, revistas e relatórios usados e consequentemente
citados ao longo do desenvolvimento do trabalho.
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2. PROBLEMA
O Relatório do Banco Mundial sobre o desenvolvimento mundial 2000/2001, reconhece
que o mundo tem muita pobreza, embora haja a abundância de bens e recursos.
Descrevendo a situação mundial da pobreza, o relatório aponta que dos 6 bilhões de
habitantes, 2,8 bilhões (quase a metade) vivem com menos de 2 dólares por dia e 1,2
bilhão (um quinto) com menos de 1 dólar por dia.
Nos países ricos, menos de uma criança em 100 não completa cinco anos, mas nos
países mais pobres um quinto das crianças morrem antes disso. Enquanto nos países
ricos menos de 5% de todas as crianças abaixo de cinco anos são desnutridas, nos países
pobres a proporção chega a 50% (BM, 2001).
No que diz respeito sobretudo a África, Negrão (2002), no seu artigo intitulado “a
indispensável terra africana para o aumento da riqueza dos pobres” descreve na parte
introdutória a situação do continente em relação a pobreza onde afirma que, no ano
2000, em 28 dos 45 países africanos de que se tem informação, cerca de 64% dos cidadãos
vive com menos de 2 dólares por dia e entre estes por volta de metade nem chegava a
atingir um rendimento diário de 1 dólar e, pelo menos 400 milhões de africanos encontram-
se em situação de pobreza absoluta.
A situação descrita nos parágrafos anteriores, faz entender que, como conclui o Banco
Mundial no seu relatório sobre o desenvolvimento mundial 2000-2001, os pobres vivem
sem a liberdade fundamental de acção e escolha que e, muitas vezes não dispõem de
condições adequadas de alimentação, habitação, educação e saúde; essas privações
impedem os de levar o tipo de vida que todos valorizam e para além disso, são
extremamente vulneráveis a doenças, crises económicas e catástrofes naturais.
Certamente que, Moçambique fazendo parte dos países mais pobres do mundo (posição
185 no PNUD, 2013 e posição 178 no PNUD, 2014), não está alheio a esta situação e,
5
como avançam Maleane e Suiden (2010) no seu artigo intitulado “Inclusão, exclusão
social e pobreza em Moçambique em pleno século XXI”, discutir a questão da inclusão,
da exclusão social e da pobreza em Moçambique realça as dificuldades enfrentadas pela
sociedade moçambicana em, pleno século XXI, no que se refere à disponibilidade e
acesso aos serviços básicos como, educação, saúde, emprego, protecção social.
Perante esta realidade, a melhoria das condições de vida da população moçambicana
através da redução dos níveis de pobreza constitui o principal objectivo do Governo
como preconizam PARP 2010-2014, END, EDR, PQG 2010-2014, Agenda 2025.
O desenvolvimento humano e social, fundamentado através da provisão de serviços
públicos de educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, água e saneamento,
habitação, protecção social e produtiva constitui um dos objectivos pilares para a
redução dos níveis de pobreza como objectivo central pois, como vincula o PARP 2011-
2014 bem como o PQG 2010-2014, a área de infra-estruturas sociais serve como um
instrumento directo de desenvolvimento do bem-estar social.
Ademais, a prestação desses serviços sociais básicos, pode elevar as competências
sociais e reduzir a vulnerabilidade estrutural. Por exemplo, uma educação pública de
alta qualidade tem potencialidade para estreitar o fosso que existe entre educação das
crianças provenientes das famílias ricas e pobres (PNUD, 2014).
O desenvolvimento humano e social, deve ser enfatizado pela disponibilidade e
qualidade no acesso aos serviços sociais, segurança social básica e infra-estruturas
sociais (PARP, 2011).
Esta visão trazida pelo PARP e dos restantes instrumentos orientadores de acção do
governo para a melhoria das condições de vida da população, faz perceber a importância
6
que o acesso aos serviços sociais básicos desempenha no panorama geral da redução da
pobreza e no alcance do desenvolvimento social e económico do país.
Em contrapartida embora se reconheça essa importância, no país e em particular a área
de estudo tendo em conta a revisão da literatura feita, não existe estudos feitos que
abordam o assunto em estudo.
Nesse sentido, o presente trabalho intitulado,” Análise sobre o acesso aos serviços
sociais básicos na localidade de Golo, distrito de Homoíne”, pretende analisar o acesso
aos serviços sociais básicos da população da localidade de Golo como um dos
elementos que ajuda a perceber-se a situação sócio-económica da população local.
A pesquisa, aqui apresentada, procura dar uma resposta válida a seguinte pergunta:
Em que medida os, serviços sociais básicos, são acessíveis para a população da
Localidade de Golo?
3. JUSTIFICATIVA
As populações dos países subdesenvolvidos, sobretudo as do continente africano e de
forma particular as que estão localizadas geograficamente a sul do Sahaara, debatem-se
na actualidade com diversos problemas que constituem obstáculos para o seu
desenvolvimento.
O Relatório do desenvolvimento humano de 2014 refere que, Moçambique é um dos
países menos desenvolvidos do mundo, ocupando a posição 178 dum total de 187
países, isto significa que, faz parte dos países considerados pobres.
Esta situação verifica-se com maior ênfase nas regiões rurais onde a fome, a baixa
nutrição (sobretudo em crianças), as dificuldades no acesso ou qualidade aos serviços de
7
educação, saúde, melhores condições de saneamento, água potável, habitação
melhorada entre outros serviços considerados pela ONU através da PNUD como
serviços sociais universais básicos, pelo PQG 2010-2014 e PARP 2011-2014 como
serviços sociais básicos, e como condições básicas de vida pela Agenda 2025 ainda
constituem maiores barreiras que minam o seu progresso ou seja o alcance do bem-estar
dessas populações.
As áreas rurais em Moçambique, como refere a Population Reference Bureau (2013),
são habitadas por uma população estimada em 16. 7 Milhões de habitantes
representando 68, 4% da população total do país, 24.4 milhões de habitantes, e deste
universo, de acordo com a terceira avaliação nacional de pobreza realizada pelo
Ministério de Planificação e Desenvolvimento no ano de 2007, 55% vive em Pobreza.
Essa pobreza, de acordo com a FIDA (2010), é causada pelo isolamento, infra-estrutura
inadequada e a consequente falta de acesso a bens e serviços onde, nas áreas rurais de
Moçambique, a rede de estradas encontra-se em situação muito precária e os serviços
básicos são inadequados.
Dois terços dos habitantes rurais, de acordo com a mesma fonte, têm que andar mais de
uma hora para chegar à unidade de saúde mais próxima e, somente 60% deles tem
acesso à água potável.
A pobreza nas áreas rurais também está fortemente ligada à falta de acesso à educação
pois, enquanto 82% dos habitantes urbanos possuem acesso à educação escolar
primária, o número cai para 57% na população rural por onde mais de dois terços dos
moçambicanos rurais são analfabetos (FIDA, 2010).
Os dados anteriormente referenciados demonstram que, a situação da população
vivendo em áreas rurais em Moçambique é crítica sendo ela a maior parte do país e,
8
consequentemente, ela é a mais afectada pelas limitações que a pobreza lhe impõe para
a melhoria das suas condições de vida.
Nesse sentido, uma das principais prioridades do mundo e de forma especial de África,
é a erradicação da pobreza e da fome. Trata-se do primeiro dos oito objectivos de
desenvolvimento do milénio, cuja meta para 2015 consiste na redução para metade da
percentagem de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares americanos por dia face
aos valores de 1990 (PNUD, 2013).
A alocação dos serviços sociais básicos a uma determinada população constitui um
elemento essencial para redução da pobreza e garantir o desenvolvimento sócio-
económico da mesma. Alocar a população um centro de saúde, uma escola e uma
bomba de água, é importante pois, estes constituem elementos necessários para o
progresso da sociedade daí que não podem ser providenciados a título de caridade como
exemplifica a ONU: “O acesso à água potável segura é um direito legal, e não um bem
ou serviço providenciado a título de caridade (ONU, 2010, Pg. 1).
Nesse sentido, como é vinculado no PARP 2011-2014, é imperativo assegurar que a
qualidade dos serviços acompanhe o ritmo da expansão do s mesmos, e que o custo de
uso seja acessível a todos os segmentos da população.
A localização constitui um factor importante a considerar na alocação de um serviço
para responder em parte a questão de acesso em particular o factor distância, mas
também no tempo gasto e custo, procura-se a partir deste trabalho analisar as facilidades
ou dificuldades que a população enfrenta para o seu uso olhando primeiro na óptica da
existência ao nível da localidade do serviço e depois o seu nível da proximidade ou
afastamento em relação a população.
9
Considerado a importância da existência desses serviços e o papel que o estado tem de
prover os serviços a população, acredita-se que a partir da pergunta de pesquisa, será
possível compreender o significado real desta missão em relação ao nível de acesso
desses serviços.
A escolha do tema relaciona-se com o facto de pretender analisar as condições em que
vivem as populações rurais da localidade de Golo na perspectiva de acesso aos serviços
sociais básicos motivada pelo facto de assunto deste género ser pouco explorado o que
significa não haver estudos feitos sobre o assunto á área de estudo.
Por um lado, o interesse e a motivação em perceber cada vez melhor a questão da vida
rural no contexto de desenvolvimento rural através da melhoria das condições de vida
da população rural provendo-a serviços básicos e reduzindo a sua pobreza como alicerce
do desenvolvimento sócio-económico, constitui outra razão que cativou a escolha do
tema.
Por outro lado, constitui uma unidade administrativa do conhecimento do autor e em
alguma medida interessa bastante perceber a situação do seu desenvolvimento e
identificar os desafios que impeçam mais progresso atendendo que, a maior parte da
população é rural fazendo parte dos 67% que vive no espaço rural do país.
Acredita-se que, o tema seja de vital importância tanto para o governo como para a
sociedade em geral na medida em que o primeiro pode ganhar maior consciência do seu
papel como decisor político na concepção e forma de agir perante barreiras que minam
o desenvolvimento socioeconómico e humano desta região e da respectiva população e
para a sociedade pode ser directa ou indirectamente beneficiada na medida em que, o
10
reconhecimento aprofundando da realidade local pode ajudar a quem está incumbida a
missão de servir a população, na resolução ou redução dos seus problemas.
Para a academia, a expectativa é de que os resultados da pesquisa contribuam de forma
significativa para uma reflexão teórica fortificada do assunto em estudo e que constitua
um grande contributo no avanço na produção do conhecimento científico e que possa
ser partilhado por todos que se interessam em assuntos ligados a matéria em estudo.
4. OBJECTIVOS
4.1. Geral
Constitui objectivo geral deste trabalho, analisar o acesso aos serviços sociais básicos na
localidade de Golo, distrito de Homoíne.
4.2. Específicos
De forma a concretizar o objectivo principal, foram elaborados os seguintes objectivos
específicos:
Identificar os serviços sociais básicos existentes na localidade de Golo;
Descrever a composição e funcionamento desses serviços;
Avaliar o grau de cobertura desses serviços na área de estudo;
Determinar a facilidade do uso desses serviços para os habitantes da área de
estudo.
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5. METODOLOGIA
Para o alcance dos objectivos previamente traçados no âmbito da realização do trabalho
científico, é necessária a aplicação de métodos que, para Marconi (2001), consistem em
uma aplicação de uma série de regras com finalidade de resolver determinado problema
ou explicar um facto.
Um conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objectivo de conhecimentos válidos e verdadeiros,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista
(Lakatos e Marconi, 2003).
Num trabalho científico de modo geral, inicia-se com a colecta de dados sejam eles
bibliográficos ou de pesquisa de campo, supostamente importantes para um referido
problema (Marconi, 2001).
Para a recolha dessa informação na perspectiva de Campenhoudt e Quivy (1992), não
existe dentro da diversidade de métodos científicos existentes os melhores, a escolha
deles depende dos objectivos do modelo de análise e das características do campo de
análise.
Nesta óptica de ideia, o presente trabalho tem uma forma de abordagem que é
qualitativa que, prende-se em analisar descrevendo e interpretando o fenómeno de
acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo.
O estudo é exploratório e descritivo em que, segundo De Assis (s/d), a exploratória tem
a finalidade de proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a
delimitação de um tema de trabalho e para Gil (2008), são desenvolvidas com objectivo
de proporcionar visão geral, é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco
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explorado e enquanto a descritiva, visa observar, registar, analisar, clarificar e
interpretar os dados na perspectiva de De Assis (s/d) e para Gil (2008), tem como
objectivo primordial a descrição das características de determinada população ou
fenómeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis.
A pesquisa bibliográfica, constitui o procedimento metodológico mais aplicado neste
trabalho que implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por
soluções, sempre realizada para fundamentar teoricamente o objecto de estudo,
contribuindo com elementos que subsidiam a análise futura dos dados obtidos e tem
sido um procedimento bastante utilizado nos trabalhos de carácter exploratório-
descritivo (Mioto e Lima 2007).
A pesquisa bibliográfica, consistiu também na pesquisa documental que, foi efectuada a
partir da recolha institucional de informações e pesquisa de artigos científicos, que
abordam o assunto de acesso ou acessibilidade e serviços sociais básicos, para além de
relatórios de desenvolvimento humano que foram importantes na percepção da
importância de serviços sociais à população e o impacto que isso tem no
desenvolvimento humano e a consequente redução da pobreza e melhoria das condições
de vida da população.
A fonte de colecta de dados na pesquisa documental está restrita a documentos, escritos
ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no
momento em que o facto ou fenómeno ocorre, ou depois (Marconi e Lakatos, 2003).
A recolha institucional de informações úteis ao trabalho, foi feita no nível do governo
distrital de Homoíne, Serviços Distritais da Educação Juventude e Tecnologia onde se
obteve dados e informações sobre a situação da educação ao nível da localidade, desde
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o número de escolas existentes até ao nível de acessibilidade por parte dos alunos
residentes na localidade, nos Serviços Distritais da Saúde Mulher e Acção Social onde
se obteve um quadro geral da situação de acesso aos serviços da saúde na localidade, e
nos Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas onde se obteve o panorama
actual da situação de abastecimento de água na localidade.
O trabalho teve auxílio de algumas políticas públicas em vigor em Moçambique
direccionadas a melhoria da vida da população e a consequente redução da pobreza.
Basicamente, se usou o PARP 2011-2014, END, EDR e PQG 2010-2014. Estes
instrumentos, ajudaram na revisão da literatura e fortificação do assunto em estudo.
Para fundamentar e enriquecer o conteúdo ou informações já encontradas, fez se uma
entrevista semi-estruturada ao chefe da localidade de Golo onde descreveu em geral as
facilidades e dificuldades que a população local enfrenta para o acesso aos serviços da
educação, saúde e água no território que dirige.
O método cartográfico conciliado às técnicas actuais da Geografia, os Sistemas de
Informação Geográfica a partir do ArcGis1 10.2 nos seus diversos pacotes, foi aplicado
na produção dos mapas da localização da localidade de Golo, da sua divisão
administrativa, distribuição territorial das escolas e bombas manuais de abastecimento
de água.
1 Conjunto de aplicativos computacionais de Geográficas desenvolvido pela empresa norte-Americana
(Environmental Systems Reasearch Institute) que fornece ferramentas avançadas para a análise espacial,
manipulação de dados e cartografia (Eugénio et al., 2014).
14
Para tal, fez-se o levantamento de coordenadas no terreno através do Sistema de
Posicionamento Global (GPS) garmen de erro 5m que permitiu a espacialização de
escolas e bombas manuais de abastecimento de água existentes na área de estudo.
Com vista a complementar o estudo, fez-se visita à área de estudo como ambiente
natural e fonte directa de dados onde fez-se o reconhecimento da realidade no terreno
sobretudo das fontes de captação e abastecimento de água e escolas onde os alunos da
localidade estudam, bem como a extracção de fotografias das respectivas infra-
estruturas.
Para análise e interpretação dos resultados, recorreu-se ao uso do método de análise de
conteúdo que é aplicado para estudos qualitativos do que também este estudo é
característico.
15
CAPÍTULO II
Este capítulo, está constituído de conteúdo que diz respeito a ideias de diversos autores
que de alguma forma abordam o assunto em estudo mas sobretudo de conceitos pois, a
parte teórica está pouco fundamente devido a dificuldade encontrada na literatura de
trabalhos já feitos sobre o mesmo assunto.
Como defendem Lakatos e Marconi (2013), a revisão bibliográfica, visa a citação das
principais conclusões a que outros autores chegaram, permite salientar a contribuição da
pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes.
6. REVISÃO DA LITERATURA
A busca da satisfação das necessidades humanas seja esta qualificada como bem-estar,
qualidade de vida ou ainda bem-estar social, sempre existiu, e no processo de
reprodução social surgiram instituições e estruturas de relações que procuraram dar
conta desta exigência, que não é individual (como inicialmente se defendia) mas,
colectiva (Nogueira, 2002).
Com o evoluir do tempo, como considera o mesmo autor, surgiram (entre XVIII e XX)
novas abordagens sobre o bem relacionadas ao cenário socioeconómico e político das
diferentes épocas.
Ainda na perspectiva do mesmo autor, existem tendências analíticas que podem ser
identificadas em relação ao bem, vinculando-o ao bem-estar, a utilitarista, a focalizada
16
em bens e serviços, a que deriva das necessidades básicas e a das capacidades e
efectividades humanas.
Em Moçambique, como avançam Maleane e Suaiden (2010) no artigo intitulado
“Inclusão, exclusão social e pobreza em Moçambique em pleno século XXI”, discutir a
questão da inclusão, da exclusão social e da pobreza em Moçambique realça as
dificuldades enfrentadas pela sociedade moçambicana em pleno século XXI, no que se
refere à disponibilidade e acesso a serviços básicos, como educação, saúde, emprego,
protecção social.
Perante esta realidade, a melhoria das condições de vida da população moçambicana
através do combate a pobreza constitui o principal objectivo do Governo como
preconizam PARP 2010-2014,
Os indicadores de desenvolvimento humano, o acesso à educação, assim como o acesso
melhorado aos serviços de saúde, particularmente nas áreas rurais, aumentos na posse de bens
duráveis pelas famílias e melhorias na qualidade de habitação, atestam as tendências positivas
importantes do desenvolvimento a longo prazo, assim como o sucesso no alcance de prioridades
governamentais estratégicas sendo também, imperativo assegurar que a qualidade dos serviços
acompanhe o ritmo da expansão dos mesmos, e que o custo de uso seja acessível a todos os
segmentos da população, ambos medidos pelas taxas de aproveitamento/uso dos mesmos
(PARP, 2011 Pg. 7, 16).
o PQG 2010-2014, a melhoria das condições de vida da população moçambicana
constitui o principal objectivo da Governação.
De acordo com o mesmo instrumento, o capital humano constitui condição necessária
para o sustento e desenvolvimento do país daí que, a crescente melhoria das condições
de vida da população moçambicana constitui o principal objectivo da governação e, a
17
garantia dos direitos humanos em termos de acesso aos serviços básicos. O mesmo
argumento é expresso na Agenda 2025, END e EDR.
O desenvolvimento humano e social, fundamentado através da provisão de serviços
públicos de educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, água e saneamento,
habitação, protecção social e produtiva, constitui um dos objectivos pilares para o
combate a pobreza como objectivo central pois, como vincula o PARP 2011-2014 bem
como o PQG 2010-2014.
Para uma melhor compreensão do assunto em estudo importa, destacar alguns conceitos
importantes para o trabalho.
6.1. Desenvolvimento e Qualidade de vida
Definir o desenvolvimento como uma situação, condição e processo que cria e/ou
proporciona melhorias na qualidade de vida das pessoas e da sociedade e do ponto de
vista prático e fenomenológico implica em melhoria das condições e da qualidade de
vida em geral, pode ser considerada uma maneira adequada para tratar o tema sobre o
bem-estar no meio rural ou questão tão complexa (Olhares Sociais, Maio de 2013).
A mesma ideia, é defendida pelo PNUD (2013), que considera o desenvolvimento como
processo de mudança de uma sociedade no sentido de melhorar o bem-estar da
população de geração em geração, alargando o seu leque de escolha nos domínios da
saúde, educação e rendimento e expandindo as suas liberdades e possibilidades de
participação significativa na sociedade.
A qualidade de vida, por sua vez, é definida por Amartya Sen e Nusbaum (1995) citados
pela Revista Olhares Sociais (Maio de 2013), como a representação de combinações de
18
coisas que uma pessoa é capaz (capacitações) de fazer ou ser, e as funcionalidades, que
representa partes do estado de uma pessoa as várias coisas que ela faz ou é.
A qualidade de vida pode ser avaliada em termos da capacitação para alcançar as
funcionalidades (desde nutrir-se, ter saúde, educação até ter auto-respeito e integração
(Olhares Sociais, Maio de 2013).
Para Herculano (2000) a qualidade de vida de uma determinada população, pode ser
avaliada ou mensurada em duas maneiras: avaliando as necessidades, através dos graus
de satisfação e dos patamares desejados e, examinando se os recursos disponíveis, tem a
capacidade efectiva de satisfazer as necessidades de um grupo social: condições de
saúde, qualidade de habitação, saneamento etc.
Noutra perspectiva de Scanlon, in Nusbaum e Sem (1995) citados por Herculano
(2000), sugerem que uma outra forma de mensurar a qualidade de vida é avaliar as
necessidades, através dos graus de satisfação e dos patamares desejados. Nesse sentido
de acordo com as fontes em referência, pode se tentar mensurar a qualidade de vida pela
distância entre o que se deseja e o que se alcança.
6.2. Bem-estar
As concepções sobre o bem-estar são várias podendo variar do âmbito económico e até
a social.
Para Mehl (1979), citado por Nogueira (2002), é a partir de 1920 que se inaugura uma
reflexão mais sistemática do bem-estar, sendo os primeiros textos da área económica.
O bem-estar, no plano sócio-económico e político, de acordo com Setién, (1993) citado
por Nogueira (2002), foi sendo identificado como nível de vida ou como uma
diferenciação deste nível. Para o mesmo autor, em outros termos, contemplaria os
19
padrões de vida como fortemente condicionados por factores objectivos, sejam
históricos, culturais, económicos ou sociais.
Já para Dasgupta (1993), citado por Nogueira (2002), destaca que se pode apreender os
componentes do bem-estar (utilidades e liberdades civis e políticas) e os determinantes
do bem-estar que têm utilidade (bens e serviços que são insumos na produção do bem-
estar saúde, educação, habitação, etc.).
Para o mesmo autor, o termo bem-estar social aparece em finais da década de 40 e
início dos anos 50 onde, a vinculação do homem ao entorno social passa a fazer parte da
preocupação de académicos e políticos, os quais indicam que o bem-estar não pode ser
apreendido unicamente como condição individual, mas também social e dependente de
uma intervenção do Estado.
É nesta óptica que, Forton (1974) citado por Nogueira (2002) acrescenta como
componentes do bem-estar social educação, saúde, alimentação, habitação,
comunicação, trabalho, previdência social, lazer, possibilidade de associação e
integração cultural e liberdades humanas.
6.3. Pobreza
De acordo com Bengoa (1996) citado por Maleane (2010), pobreza é um conceito difícil
de definir, mas que todo mundo entende quando é menciona.
A pobreza difere também em cada país, região, sociedade em que estão inseridos os
indivíduos, ou seja, o que é pobreza para Moçambique pode não ser para outro país
também subdesenvolvido (Maleane, 2010).
20
A pobreza é realmente uma carência material tipicamente envolvendo as necessidades
da vida quotidiana como alimentação, vestuário, alojamento e cuidados de saúde ou
seja, pode ser entendida como a carência de bens e serviços essenciais, é também
entendida como a falta de recursos económicos (Sabença, 2010).
Já na concepção de Viera (2005), pobreza é uma questão de privação, afectando o bem-
estar das pessoas onde, essas privações de que sofrem os indivíduos em condição de
pobreza, são variadas e podem ser analisadas sob diferentes pontos de vista ou
perspectivas que se complementam mais do que se opõem:
Em termos absolutos poder-se-ia definir um conjunto de elementos mínimos sem os quais os
indivíduos não teriam uma vida decente e estariam portanto numa condição de pobreza neste
caso, tratar-se-ia das condições (objectivas) de privação enquanto a privação relativa é mais
subjectiva mas merece uma atenção tão objectiva quanto a privação absoluta: posto de outra
forma, a escolha das condições de privação não pode ser independente da percepção da
privação (Viera, 2005 Pg. 8).
Na perspectiva das necessidades básicas, de acordo com o mesmo autor, a identificação
da pobreza implica a definição de um conjunto de necessidades básicas e a análise da
incapacidade em satisfazer minimamente essas necessidades.
Para o caso concreto de Moçambique, como evidencia Maleane (2010), as
consequências da pobreza são evidenciadas no que se refere à disponibilidade, acesso e
exercício de direitos fundamentais, tais como educação, saúde, emprego, transporte,
entre outros.
Resumidamente, Crespo e Gurovitz (2002), dizem que, pobreza é fome, é falta de
abrigo. Pobreza é estar doente e não poder ir ao médico. Pobreza é não poder ir à escola
e não saber ler. Pobreza é não ter emprego, é temer o futuro, é viver um dia de cada vez.
21
Pobreza é perder o seu filho para uma doença trazida pela água não tratada. Pobreza é
falta de poder, falta de representação e liberdade.
6.4. Acesso e Acessibilidade
Para Martins e Travassos (2004), acesso é um conceito complexo, muitas vezes
empregue de forma imprecisa. Para os mesmos autores, é um conceito que varia entre
autores e que muda ao longo de tempo e de acordo com o contexto.
Oliveira et al; (2006), consideram o acesso a forma de expressar as características da
oferta que facilitam ou obstruem a capacidade das pessoas de usarem um determinado
serviço (dando exemplo do serviço de saúde) quando deles necessitam.
A disponibilidade de serviços e sua distribuição geográfica, a disponibilidade e a
qualidade dos recursos humanos e tecnológicos, os mecanismos de financiamento, o
modelo assistencial e a informação sobre o sistema são características da oferta que
afectam o acesso (Oliveira et al., 2006).
Alguns autores, como Donabedian (2003), citado por Martins e Travassos (2004),
empregam o substantivo acessibilidade carácter ou qualidade do que é acessível,
enquanto outros preferem o substantivo acesso, acto de ingressar, entrada.
Para o mesmo autor, acessibilidade constitui um dos aspectos da oferta de serviços
relativo à capacidade de produzir serviços e de responder às necessidades desses
serviços por exemplo de saúde para uma determinada população.
Nesse sentido para o mesmo autor, acessibilidade, é mais abrangente do que a mera
disponibilidade de recursos em um determinado momento e lugar pois, refere-se às
22
características dos serviços e dos recursos que facilitam ou limitam seu uso por
potenciais usuários.
O mesmo autor, distingue duas dimensões da acessibilidade: a sócio organizacional e a
geográfica e indica que essas dimensões se inter-relacionam onde, a acessibilidade sócio
organizacional: inclui todas as características da oferta de serviços, excepto os aspectos
geográficos, que obstruem ou aumentam a capacidade das pessoas no uso de serviços
enquanto, a acessibilidade geográfica, que mais se enquadra no presente trabalho
relaciona-se à fricção do espaço que pode ser medida pela distância linear, distância e
tempo de locomoção, custo da viagem, entre outros.
A perspectiva analítica de Donabedian (2003), é fortificada por Gibbard (1982), citado
por Unglert (1990), quando analisa a questão de equidade no acesso aos serviços de
saúde ao afirmar que, a acessibilidade dos serviços de saúde, deve ser garantida do
ponto de vista: geográfico, através do adequado planeamento da localização dos
serviços de saúde com a adequação das normas e técnicas dos serviços aos hábitos e
costumes da população em que se inserem; e funcional, através de oferta de serviços
oportunos e adequados às necessidades da população.
Já na perspectiva de Penchansky & Thomas (1981), citados por Martins e Travassos
(2004), identificam várias dimensões que compõem o conceito de, acesso dentre outras
a: disponibilidade (volume e tipo) de serviços em relação às necessidades;
acessibilidade, tomada aqui como uma dimensão do acesso, caracterizada pela
adequação entre a distribuição geográfica dos serviços e servidos (população);
acolhimentos, que representam a relação entre a forma como os serviços organizam-se
para receber os clientes e a capacidade dos clientes para se adaptar a essa organização.
23
Numa outra perspectiva sobre a acessibilidade, Frenk (1985), citado por Martins e
Travassos (2004), desenvolve-o pela ideia de complementaridade entre características
da oferta e da população. Para o mesmo autor, a acessibilidade é a relação funcional
entre um conjunto de obstáculos para procurar e obter cuidados (resistência) e as
correspondentes capacidades da população para superar tais obstáculos (poder de
utilização).
6.5. Serviço Social
Fontoura (1954) citado por Faleiros (2011), considera o serviço social como sendo o
conjunto de técnicas que tem por objectivos reajustar a personalidade humana, no
sentido do seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral e social, com o fim de
tornar o Homem mais feliz e proporcionar mais bem-estar à comunidade.
A mesma fonte, ainda considera que, o serviço social é toda a acção dos poderes
públicos dos indivíduos ou das obras particulares tendo por objectivo prevenir, curar ou
minorar por meio científico as deficiências dos indivíduos e das actividades.
Na perspectiva da PNUD (2014), os serviços sociais básicos, são entendidos no sentido
da universalidade do seu acesso na medida em que implica igualdade de acesso e de
oportunidade para reforçar capacidades essenciais.
A defesa da prestação universal de serviços sociais de base, educação, prestação de
cuidados de saúde, abastecimento de água e saneamento, bem como segurança pública,
assenta na premissa de que todos os seres humanos devem ser empoderados (capacidade
de os indivíduos e grupos poderem decidir sobre as questões que lhes) dizem respeito,
escolher, para viverem vidas que valorizem e de que o acesso a certos elementos básicos
24
de uma vida digna tem de ser dissociado da qualidade de pagamento de pessoas na
medida em que, a cobertura universal dos serviços sociais de base é viável nos estágios
de desenvolvimento (PNUD, 2014).
Para a PNUD, a saúde, educação, saneamento e água, segurança pública, constituem
serviços universais básicos sendo a base viável nos estágios iniciais de
desenvolvimento.
Já para o PARP 2011-2014 e PQG 2010-2015, frisam que a educação, saúde e
saneamento e água, constituem serviços sociais básicos. Numa perspectiva de
indicadores para a avaliação em geral do desenvolvimento humano, as mesmas políticas
incluem para além dos indicados como serviços sociais básicos, a energia, e a segurança
social e do bem-estar como considera o INE (2013), para além dos enumerados,
também constituem indicadores de avaliação, a habitação e acesso e aos bens duráveis.
A estes, o Comité de Conselhos (2003) da Agenda 2025, acrescenta o emprego e o
auto-emprego como sendo as condições básicas da vida.
6.6. Delimitação de conceitos
Serviços Sociais básicos
A educação, saúde e água, constituem os serviços sociais básicos que serão analisados
no presente trabalho embora existam os demais que completam a lista para a análise do
desenvolvimnto humano da população.
Variáveis de acesso
A dimensão do acesso para o presente trabalho, é definida como disponibilidade que
constitui-se na representação da existência ou não do serviço e distância que para
Silveira (2006) sempre foi, a preocupação da geografia embora no passado esta era vista
25
apenas no sentido físico isto é, que era determinada pelos limites físicos da natureza
(rios, montanhas etc) em que a preocupação era a percepção da sua extensão em termos
geométricos.
Com a introdução de factores de complexidade e a produção de dinamismos, ao longo
da história, em virtude dos acréscimos de ciência, tecnologia e informação, fizeram com
que segundo a mesma autora, a vida ultrapassasse a cada dia esses limites e, a distância
passa a não ser vista apenas em uma simples distância física, mas uma distância medida
em custos e em percepções.
As distâncias que são hoje a base da organização do espaço não são mais as distâncias
geométricas, mas as distâncias humanas, aquelas relativas ao tempo, à actividade do
homem (Silveira, 2006).
26
CAPÍTULO III
Este capítulo, visa situar em termos geográficos a área de estudo através de
coordenadas, limites administrativos e descrever as suas características físico-
geográficas e sócio-económicas, aspectos essencias em trabalhos de Geografia.
7. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
7.1. Localização Geográfica
7.1.1.Limites e coordenadas
A localidade de Golo localiza-se no posto administrativo sede, a este do distrito de
Homoíne, é constituído por 8 localidades nomeadamente Golo (área de estudo),
Mubécua, Chinjinguir, Inhamússua, Chizapela, Manhica, Homoíne sede e Nhaulane
(Nhantumbo, 2014).
Localiza-se entre as coordenadas 23°55'8.69" e 24° 6'3.01"latitude sul, 35° 2'45.04" e
35°14'18.29" longitude, este e tem como limites a Norte a Localidade de Inhamússua, a
sul o distrito de Jangamo, a Este a cidade da Maxixe e a Oeste a localidade de Mubécua
(Google earth, 2015).
27
Mapa nº 1: Localização Geográfica da Localidade de Golo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2014
7.1.2. Divisão Administrativa
Numa extensão de 18391 hectares isto é 183,9km2, a localidade de Golo em termos da
divisão administrativa de acordo com o respectivo chefe Francelino Nhantumbo, possui
10 povoados nomeadamente Chitata, Zualo, Fundzo, Covane, Mafuiane, Binhane,
Bucucha, Uputo, Mocumba e Golo-sede.
28
Mapa nº 2: Povoados da Localidade de Golo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2014
7.2. Características físico-geográficas
7.2.1.Clima, Relevo, Vegetação, Solos e Hidrologia
A área de estudo isto é, a localidade de Golo situa-se num distrito que é dominado por
um clima tropical seco com uma temperatura média de 22Cº e uma precipitação média
mensal de 60.4mm e anual de 880mm estando o distrito sob uma planície de origem de
acumulação sendo a vegetação predominante a de savana, destacando-se uma cobertura
29
de coqueiros sobretudo na localidade de Golo, mas também nas localidades de
Chindjinguir e Inhamússua (INE, 2013; MAE, 2005 e MINED, 1986).
Ao nível do distrito onde se insere a área de estudo, predominam os solos arenosos de
fertilidade muito baixa e baixa retenção de água sendo que, a região norte é
caracterizada pela ocorrência de solos delgados e características da cobertura arenosa de
espessura variável. O distrito é banhado pelos rios Domo-domo, Nhanombe (que passa
pela localidade de Golo) Nhalihave e os lagos Pembe e Nhavarre (Idem).
Mapa nº 3: Rios que atravessam o distrito de Homoíne
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
30
7.3. Características sócio-económicas
7.3.1.População
O distrito de Homoíne, tem uma população estimada em 123632 habitantes dos quais
68605 que representa 55, 5%, é a população feminina e os restantes 55027 habitantes
são do sexo masculino com uma representação percentual de 44,5%. Esta população,
está distribuída numa área de 1918km2 com uma densidade populacional de 65hab/km
2
(INE, 2013).
A localidade de Golo possui, de acordo com Francelino Nhatumbo chefe da Localidade,
19553 habitantes distribuídos pelos dez povoados que constituem a Localidade como
ilustra a tabela nº 1 referente a distribuição da população pela localidade.
Tabela nº 1: População da Localidade de Golo por povoado
Distribuição População da Localidade de Golo por povoado
Nome do povoado Número de Habitantes Representação percentual
Binhane 925 4.7
Bocucha 1765 9.0
Chitata 2055 10.5
Covane 900 4.6
Fudzo 1700 8.7
Golo-Sede 2030 10.4
Mafuiane 2178 11.2
Mocumba 1540 7.9
Uputo 2100 10.8
Zualo 4340 22.2
Total 19533 100.0
Fonte de dados: INE, 2007 fornecido pelo chefe da localidade e elaborada pelo autor
31
Gráfico nº 1: População da localidade de Golo por povoado
Fonte de Dados: INE, 2007 fornecidos pelo chefe da Localidade e elaborado pelo autor.
Tendo em conta a extensão territorial da localidade que é de 183.9km2
e uma população
estimada em 19553 habitantes, a densidade populacional situa-se em 106hab/km2.
7.3.2. Actividades económicas
A agricultura é a actividade dominante envolvendo quase todos os agregados familiares.
Esta actividade é praticada em sequeiro e manualmente em pequenas explorações
32
familiares sendo, o milho, a mandioca, o feijão-nhemba, amendoim as culturas mais
praticadas e a pecuária que também é desenvolvida no distrito sendo mais de criação de
gado pelas famílias e para além dessas actividades, no distrito também se pratica a pesca
e silvicultura (MAE, 2005).
7.3.3. Infra-estruturas sociais
O distrito, no que diz respeito a infra-estruturas de estradas, tem cerca de 300km e nas
telecomunicações, ele possui uma rede de telefonia móvel e fixa com capacidade
limitada (Idem).
A localidade não dispõe de estradas alcatroadas mas sim a terra batida sendo que, a
principal estrada que atravessa a localidade, é a que liga a vila sede do distrito de
Homoíne e a estrada Nacional nº 1 que atravessa os povoados de Fundzo e Covane
sendo que, a localidade tem acesso a rede de telefonia móvel das três operadoras.
O acesso a fontes de água potável no distrito de Homoíne constitui um dos maiores
problemas com que as populações se debatem sendo que, elas não têm acesso a fontes
melhoradas, isto é, na sua maioria depende de poços abertos senão, são obrigadas a
percorrer distâncias longas ao encontro de fonte de água mais próxima (MAE, 2005).
A localidade, de acordo com os SDPI (2014), de Homoíne, enfrenta enormes problemas
de acesso ao precioso líquido pois, as 4 bombas manuais existentes não chegam a
responder a demanda pois, elas foram construídas para uma média de 300 pessoas num
raio de 500metros.
No sector de educação, o distrito de Homoíne possuía em 2013, de acordo com INE
(2013), 76 escolas do ensino primário, 3 escolas de ensino secundário geral de primeiro
33
e segundo ciclos destas, 11 estão localizadas na localidade de Golo sendo uma do
ensino Secundário Geral e as restantes de ensino primário. No que diz respeito a saúde,
o distrito possuía em 2012, de acordo com a mesma fonte, 10 centros de saúde e 3
postos sendo um destes centros localizado na localidade de Golo.
CAPÍTULO IV
A instalação de infra-estruturas referentes a um determinado serviço numa região,
obedece certos critérios que são estabelecidos pelas instituições que velam pelos
respectivos sectores, estes que servem de determinantes ou factores de localização.
Nesse sentido, a primeira parte deste capítulo, é dedicada a descrição desses critérios.
De seguida, estão expostos os resultados da pesquisa, retratados nos últimos dois sub-
capítulos deste capítulo.
8.CRITÉRIOS DE LOCALIZAÇÃO E ACESSO AOS SERVIÇOS SOCIAIS
BÁSICOS
De um lado, eles são de âmbito nacional ou seja são critérios estabelecidos pelas
instituições nacionais, ao nível do país pelas diversas instituições públicas responsáveis
pela prestação de serviços a população mas de outro, são recomendados pelas
organizações internacionais como as Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) entre outros organismos internacionais que defendem a igualdade de direitos e
desenvolvimento humanos.
34
8.1.1.Abastecimento de água
Para o sector de Água, de acordo com a DNA (1995), citado por Carmona (2005), um
dos critérios considerados básicos para a localização de uma bomba manual de água, é
que ela esteja localizada de maneira a conseguir servir um universo de 500 pessoas num
raio de abrangência de meio quilómetro ou seja 500 metros.
Aos critérios de acessibilidade a fonte de água, a ONU (2010), no seu documento
intitulado “O direito Humano a água e saneamento”, acrescenta que, a água
disponibilizada deve ser potável e segura garantindo que as instalações do seu
fornecimento estejam localizadas onde haja segurança física no seu acesso dentro ou na
proximidade imediata do lar, local de trabalho e instituições de ensino ou de saúde.
Nessa óptica de acesso físico de água, a OMS recomenda que a fonte esteja localizada a
uma distância máxima de 1000 metros do lar e o tempo de recolha não deverá
ultrapassar 30 minutos e que, estejam disponíveis 10 a 100 litros por pessoa/dia.
8.1.2.Escolas
No que diz respeito a educação de acordo com o MINED (2005), citado por Carmona
(2005) a construção de uma escola primária também obedece a determinados critérios.
Nessa óptica, as escolas localizam-se em função da importância dos aglomerados
populacionais bem como em função das vias de comunicação ou das acessibilidades.
8.1.3. Centros de saúde
Em relação a saúde, de acordo com o Ministério da Saúde citado por Cormona (2005),
os hospitais de nível secundário sendo unidades de referência para os doentes que não
encontram solução para os seus problemas de saúde no centros de saúde, não se
35
localizam não só em função dos aglomerados populacionais mas, também em função
das vias de comunicação e dos fluxos de transporte dando-se, nesse sentido a prioridade
a aglomerados populacionais próximos de entroncamento rodoviários ou ferroviários.
Para além disso de acordo com SDSMAS (2014) de Homoíne, a localização de um
centro de saúde numa localidade é influenciada pela existência de água na medida em
que, os serviços de saúde precisam deste líquido para em parte garantir o seu
funcionamento, do número de população residente e a distância em que esta está sujeita
em relação a um serviço de saúde.
No que diz respeito sobretudo, ao rácio população/médicos, a OMS recomenda que, ao
menos um médico esteja para mil habitantes.
8.2. SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS EXISTENTES NA LOCALIDADE DE
GOLO
8.2.1. Abastecimento de Água
De acordo com a ONU (2010), assegurar o acesso à água e ao saneamento enquanto
direitos humanos constitui um passo importante no sentido de isso vir a ser uma
realidade para todos porque, constitui um direito legal e não um bem ou serviço
providenciado a título de caridade.
A água potável segura e o saneamento adequado são fundamentais para a redução da
pobreza, para o desenvolvimento sustentável e para o prosseguimento de todos e cada
um dos objectivos de desenvolvimento do Milénio (Ban Ki-moon citado por ONU,
2010).
36
O abastecimento de água e a disponibilidade de saneamento para cada pessoa na óptica
da ONU (2010), deve ser contínuo e suficiente para usos pessoais e domésticos em que
estes usos, incluem, habitualmente, beber, saneamento pessoal, lavagem de roupa,
preparação de refeições e higiene pessoal e do lar.
Ainda na perspectiva da mesma organização em referência citando a OMS, são
necessários entre 50 a 100 litros de água por pessoa por dia para assegurar a satisfação
das necessidades mais básicas e a minimização dos problemas de saúde na medida em
que, de acordo com a PNUD (2006) citado pela ONU (2010), perto de metade de todas
as pessoas nos países em desenvolvimento sofrem de problemas de saúde devido a más
condições de água e saneamento.
O distrito de Homoíne, onde se insere a área de estudo, o acesso a fontes de água
potável constitui um dos maiores problemas com que as populações se debatem sendo
que, elas na sua maioria não têm acesso as fontes melhoradas isto é, na sua maioria
depende de poços abertos como elucida o gráfico n º 2 referente a distribuição
percentual dos agregados familiares do distrito por tipo de fonte de acesso a água.
Gráfico nº 2: Percentagem de Agregados Familiares, tipo de fonte de acesso à água
37
Fonte de dados: INE, 2013 elaborado pelo autor.
De acordo com o SDPI (2014) de Homoíne, a localidade de Golo dispõe de um universo
de 11 bombas manuais de abastecimento de água sendo elas do tipo Bluepump e
Afrivdev, como está exemplificado na imagem nº 1 e 2 respectivamente.
Imagem nº 1: Bomba Manual do tipo Bluepump localizada no povoado de Chitata
Água da chuva
3%
Rio/Lago/Lagoa
23%
Poço a céu
aberto
63%
Poço/Furo
protegido
8%
Fontenária
1%
Outras
2%
38
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015.
Imagem nº 2: Bomba Manual do tipo Afrivdev localizada no povoado de Zualo
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015.
39
Entretanto, de acordo com a mesma fonte deste universo, apenas 4 estão operacionais e
as restantes estão assoreadas o que significa que não há nenhuma possibilidade de
reparação e, ou avariadas.
Para além destas bombas como assegurou a fonte, existe ao nível da localidade um
número considerável senão maior de furos a céu aberto que são abertos pela
comunidade nas baixas dos rios ou pelas famílias junto as suas habitações que,
abastecem a água a maior parte da população da localidade, como ilustram as imagens
nº 3 e 4 respectivamente.
Imagem nº 3: Poço a céu aberto, aberto pela comunidade no povoado Golo sede
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015
40
Imagem nº 4: Poço a céu aberto, por uma família no povoado de Fundzo
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015
As cisternas familiares têm sido outras alternativas de conservação de água da chuva
para o uso doméstico pelas famílias residentes nesta localidade como, elucidam as
imagens 5e 6.
Imagem nº5: Cisternas familiares usadas na conservação da água da chuva
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015
41
Imagem nº 6: Outro tipo de cisternas familiares usadas na conservação da água da
chuva
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015
Diferentemente das outras localidades tais como Manhica, Chinjinguir e Inhamussúa, a
localidade de Golo não dispõe de furos abertos através de energia ou painéis solares
pois, os existentes na localidade apenas abastecem as infra-estruturas de funcionamento
das instituições locais do estado como é o caso do edifício onde trabalha o chefe da
Localidade e a sua equipa.
8.2.2. Serviço de Saúde
No que diz respeito em geral ao nível do distrito, ele possuía em 2012, de acordo com o
INE (2013), 10 centros de saúde e 3 postos.
A localidade de Golo dispõe de um centro de Saúde do tipo 2 (localizado no povoado de
Mafuiane), o mesmo possui três funcionários sendo um enfermeiro de nível médio, um
agente de serviços e um agente de medicina, de acordo com SDMAS de Homoíne.
42
Para além deste centro de saúde que tem por missão prestar serviços de saúde à
população da localidade e não só, segundo a mesma fonte existem de igual maneira ao
nível da localidade 5 agentes polivalentes elementares que têm a missão de prestar
serviços primários de assistência sanitária a doentes necessitados junto às suas
residências.
8.2.3. Serviço de Educação
No sector de educação, o distrito de Homoíne possuía em 2013, de acordo com INE
(2013), 76 escolas do ensino primário, 4 escolas de ensino Secundário Geral de
Primeiro e Segundo ciclos.
No que se refere a localidade de Golo, existem 11 escolas que leccionam de primeira a
décima classe ou seja o nível básico sendo que dez são do ensino primário do segundo
ciclo isto é, leccionam até sétima classe e uma do ensino secundário geral do primeiro
ciclo (até décima classe), dados fornecidos pelos SDEJT de Homoíne confirmados pelo
chefe da localidade.
Estatísticas de 2014 de acordo com a mesma fonte, apontam que a localidade esteve a
mercê de 259 professores de níveis básicos a superior que trabalhavam para um
universo de 9568 alunos. Em maior parte das escolas, de acordo com a fonte em
referência, os alunos estudam em salas de construção convencional ou de construção
mista com a aplicação do material local como laca-lacas2, barrotes extraídos em
coqueiros e com a cobertura de chapas de zinco e o chão á cimento como ilustram as
imagens 7 e 8.
2 Pecíolo ou haste da folha de coqueiro que é usado na província de Inhambane na construção de casas
não convencionais e salas de aulas.
43
Imagens nº7 e 8: Salas de aulas de construção convencional e mista (Escola Secundária
de Golo e Primária de Chitata).
Fonte: Extraídas, pelo autor, Janeiro de 2015
8.3. ACESSO AOS SERVIÇOS BÁSICOS NA LOCALIDADE DE GOLO
8.3.1.Abastecimento de Água
Reduzir a pobreza da população implica melhorar os níveis de cobertura actuais de água
potável e Saneamento (PNUD, 2006).
Olhando na realidade descrita no capítulo anterior sobretudo no subcapítulo de serviço
de água, tudo indica que a população da localidade de Golo enfrenta problemas de
acesso a água tanto em termos de disponibilidade de forma significativa de fontes
seguras de água potável bem como em termos de distância de localização das fontes em
relação a suas habitações pois apenas estão em funcionamento 4 bombas que garantem
água potável para 3680 habitantes num universo de 19553 habitantes facto que, é
fundamentado pelo chefe da localidade de Golo ao afirmar que,
44
Não temos água na localidade, só existem 11 bombas, não ajudam e, elas nem
estão todas operacionais e alguns povoados nem tem essas bombas exemplo:
Bucucha, Fudzo. A alternativa é de recorrer as baixas para o acesso a poços
abertos, de água não recomendável [...] (Francelino Nhantumbo, chefe da
localidade de Golo, Dezembro, 2014. Entrevistador: Autor, 2014).
Tendo em conta os números que nos são apresentados pela Tabela nº 2 referente a
situação das bombas manuais que fornecem a água na localidade e a situação em termos
do seu estado, apenas 1565 pessoas (8%) têm acesso a água potável das fontes seguras
enquanto a maioria 17988 (92%) não tem acesso a essas fontes.
Tabela nº 2: Situação das bombas manuais que fornecem a água na localidade de Golo
Localização da Fonte
Nº de Beneficiários
Tipo de Bomba
Estado da Fonte
Oper Avar Assor
Golo-Sede 205 Afridev X
Escola Secundária de
Golo 335 Afridev X
Área C1 300 Afridev X
Área B 360 Bluepump X
Área E 300 Bluepump X
Área A 430 Bluepump X
Área C2 375 Afridev X
Área C3 310 Bluepump X
EPC de Mafuiane 285 Afridev X
Área D1 330 Afridev X
Área D2 450 Afridev X
Total 3680 (1565 oper) 11 4 5 2
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados dos SDPI de Homoíne, 2014
A alternativa para a população sem acesso a água potável e de fontes seguras, tem sido
os poços a céu aberto ou seja sem nenhuma protecção como ilustram as imagens 3 e 4
embora, em alguns povoados como referiram os SDPI de Homoíne, não tenham longa
45
duração devido a profundidade do lençol freático o que faz com que a população apenas
tenha disponibilidade de água durante alguns meses e é obrigada a abrir um novo furo
num novo local para tentar contornar a situação em alguns casos com sucesso mas na
maioria sem sucesso.
Como forma de minimizar o problema de falta de água na localidade e de abertura de
poços de água não segura de acordo com os SDPI de Homoíne, alguns povoados da
localidade de Golo, beneficiaram-se de um projecto de abertura de poços que garantem
alguma segurança financiadas pelos alguns organismos não-governamentais, como
ilustra no sentido exemplificativo a imagem 8 duma fonte aberta no povoado de Chitata
mas estas também não levam muito tempo enquanto estão operacionais
Imagem nº 9: Poço de água aberto num projecto não-governamental no povoado de
Chitata
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015
Para além disso, algumas famílias que possuem habitações com chapas como cobertura,
constroem cisternas familiares (imagem 5 e 6) que garantem a conservação da água da
chuva no período chuvoso, algo que constitui uma alternativa temporária pois, quando
46
acaba a água conservada, a solução é percorrer distâncias estimadas em 2 a 6 km
(dependendo da localização da família em relação a fonte) para aos poços a céu aberto
ou mesmo a essas bombas que inicialmente foram construídas para uma média de 300
pessoas e um raio de abrangência de 500 metros.
Uma outra alternativa das famílias é recorrer ao rio Inhanombe para adquirir a água algo
que, os SDPI reconhecem não ser uma melhor alternativa pois existem inúmeros riscos
associados a essa prática.
Como enfatizam Günther e Razzolini (2008), a quantidade de água disponível para uso
doméstico tem influência directa nas práticas básicas de higiene pessoal, domiciliar e na
preparação dos alimentos. A condição da disponibilidade da água também é factor de
risco e contribui para os efeitos à saúde. Esses factores podem favorecer o incremento
da incidência de doenças de transmissão hídrica, pois tanto a colecta de água, como seu
transporte e armazenamento, caso necessários, podem ser realizados de forma
inadequada.
Em anexo, está exposto o mapa referente a distribuição geográfica pela localidade de
Golo das bombas manuais de abastecimento de água que de forma espacial demonstra
como estão distribuídas as únicas fontes que abastecem água potável na localidade de
Golo.
8.3.2. Serviço de Saúde
A população da localidade de Golo, apenas dispõe de um centro de um posto de saúde
localizado no povoado de Mafuiane que possui apenas três recursos humanos que tem a
47
missão de prestar a assistência médica a população da localidade e não só que se tem
dirigido a esta unidade sanitário.
Nas palavras do chefe da localidade de Golo, há problemas de acesso aos serviços de
saúde na localidade.
Na saúde, temos um posto de saúde em Mafuiane, é longe não ajuda [...] a
população, tem de percorrer 10, 15 ou mesmo 20km, indo a este posto ou a
centro de saúde da vila-sede ou na cidade da Maxixe é complicado [...] existem
na localidade 5 agentes polivalentes que recebem quites e visitam doentes, não
são fixos, o que faz com que as populações não gostem [...] há problemas de
acesso a saúde na localidade (Francelino Nhantumbo, chefe da localidade de
Golo, Dezembro, 2014. Entrevistador: Autor, 2014).
A localização deste serviço público de saúde não beneficia a população de toda a
localidade como por exemplo dos povoados de Zualo, Chitata, Fundzo e Covane que,
para chegar ao centro é necessário percorrer entre 10 a 12 km o que significa que apenas
beneficia em termos de seus serviços apenas uma parte da população da localidade
sobretudo dos povoados de Mafuiane, Mucumba,Uputo, Bucucha e Binhane.
Como alternativa a população destes povoados e não só, recorrem ao centro de saúde da
vila de sede de Homoíne localizada a 8 a 12km ou aos postos de saúde de Joaquim
Mariano e da Cidade da Maxixe todos do Município da Maxixe localizados à 7 a 20km
algo que constitui um limitante porque para ter acesso aos serviços de saúde significa
percorrer distâncias que são muitas das vezes feitas a pé salvo algumas famílias que têm
algum poder financeiro que as minimiza através de uso de transporte que também exige
em certa medida custos de deslocação.
48
O centro de saúde existente na localidade não dispõe de nenhum médico pois, ao nível
do distrito de Homoíne apenas existem para atender um universo de 123632 habitantes
existentes o que significa que um médico está para 61 mil habitantes mais de 60 000
acima do que a OMS recomenda como média aceitável para considerar um serviço
acessível a população.
Como relembram Andrade e Póvoa (2006), a distribuição geográfica dos médicos
influencia o bem-estar social, uma vez que estes são os principais provedores dos
serviços de saúde e o PNUD (2006) considera que a provisão de cuidados de saúde de
forma equitativa constitui uma arma poderosa no combate à pobreza.
A OMS (2013), ainda enfatiza que, todas as pessoas devem ter acesso aos serviços de
saúde de que necessitam, sem risco de ruína financeira ou empobrecimento. Trabalhar
no sentido de alcançar a cobertura universal de saúde é um mecanismo poderoso para
alcançar melhores condições saúde e bem-estar, e para promover o desenvolvimento
humano.
O mesmo órgão, reconhece que, por mais que os serviços de saúde sejam gratuitos, se
não estiverem disponíveis, ou pelo menos a distância aceitável, as pessoas não os
podem usar.
8.3.3. Serviço de Educação
No que diz respeito a educação sobretudo o ensino primário até o segundo ciclo, a
localidade de Golo não está refém dos serviços de educacionais pois, dispõe de 10
escolas facto que possibilita uma ligeira facilidade do seu acesso por parte das crianças
e jovens existentes nesta localidade que queiram frequentar algum nível escolar.
49
Nas palavras do chefe da Localidade de Golo Francelino Nhantumbo, a localidade não
tem problemas de falta de escolas primárias que garantam ao mínimo a formação ou
instrução do indivíduo até 7ªclasse que é gratuita e mais, o acesso a educação constitui
um direito constitucional em Moçambique.
Na educação, no que diz ao seu acesso, estamos felizes, temos 11 escolas das
quais 10 de ensino primário e uma secundária geral, não há problemas [...] não
há desistências devido a distâncias as 10 escolas primárias, alimentam a
secundária geral embora com capacidade limitada a solução tem sido a
secundária da vila-sede (Francelino Nhantumbo, chefe da localidade de Golo,
Dezembro, 2014. Entrevistador: Autor, 2014).
Como ilustra a Tabela nº 3 referente a distribuição territorial das escolas na localidade
de Golo e tipos de infra-estruturas, todas as escolas existentes na localidade de Golo em
número de 10 isto é excepcionando a escola secundária geral, leccionam até a 7ª classe
facto que amplia o grau de possibilidade de acesso de todas as crianças ao ensino
primário o que faz com que não haja nenhuma criança fora do ensino devido a falta de
vaga mas sobretudo a factor distância.
A forma como as escolas estão distribuídas territorialmente pela localidade de Golo,
pode se ver no Mapa respectivo mapa em Anexo.
50
Tabela nº 3: Distribuição territorial das escolas na localidade de Golo e tipo de infra-
estruturas
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados dos SDEJT de Homoíne, 2014
A capacidade de resposta em relação a demanda de procura de vagas ao nível da
localidade, faz com que a mesma não tenha nenhum caso registado em 2014 de
desistência devido ao factor distância nem custo isso até a sétima classe (pois a partir da
oitava classe que já passa a ser não gratuito o assunto é outro e complicado) facto dito
pelo chefe da Localidade e confirmado pelas autoridades da educação do distrito isto é
os SDEJT de Homoíne.
Num breve olhar ao, ensino secundário geral isto é, até 10ªclasse, a localidade apenas
dispõe de uma escola facto que dificulta a absorção de todos os alunos que saem das 10
escolas que leccionam até a 7ªclasse o que significa que apenas absorve uma parte
destes alunos e mesmo assim, os provenientes dos povoados de Chitata, Zualo, Covane
por exemplo, chegam a percorrer 5 a 8 km até ao povoado Golo-sede onde está
localizada a escola secundária.
Nesse sentido, os pais são obrigados por desejo de ver os seus filhos continuar a estudar,
inscreve-los na Escola secundária 25 de Setembro que se localiza a 2km da vila sede e
Localização da Escola Nível que Lecciona Tipo de Infra-Estruturas
Golo-Sede
Básico até IIºciclo
(7ªclasse)
Material convencional
Inhacuarra Material convencional e misto
Macassa Material misto
Zualo Material convencional
Chitata Material convencional e misto
Ussapa Material misto
Mafuiane Material convencional e misto
Bocucha 1 Material convencional e misto
Bocucha 2 Material convencional e misto
Chingueme Material convencional e misto
Golo-Sede Secundário Iº Ciclo
(7ªclasse)
Material convencional
51
8 a 18 km em relação aos povoados da localidade ou até a 22km nas escolas secundárias
localizadas na cidade da Maxixe.
Importa referir que, estas distâncias são percorridas usando transporte diário facto que
sem dúvida requer custos ou senão, os alunos são obrigados a viver com familiares
localizados mais perto da escola ou nos internatos das respectivas escolas.
Como relembra o relatório nacional de desenvolvimento humano de 2006, o acesso à
educação e a produção de conhecimento são condição indispensável para o
desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades pois, a educação, mais do que nunca,
constitui um dos factores essenciais para a promoção do desenvolvimento humano.
Uma educação de qualidade, de acordo com a fonte em referência, promove nos alunos
a autonomia e capacidade de realizar escolhas conscientes, exigências básicas para o
desenvolvimento humano. É por isso que, sem qualidade, a expansão do ensino básico
não produzirá os efeitos esperados em termos de desenvolvimento humano e da redução
da pobreza (PNUD, 2006).
Uma educação básica de qualidade de acordo com o mesmo relatório, constitui o
alicerce sobre o qual se constrói o futuro desenvolvimento intelectual e cultural da
pessoa humana. Uma aprendizagem básica de qualidade deve assegurar que a/o
aprendiz adquira e se aproprie das ferramentas essenciais que lhe permitam sobreviver e
desenvolver plenamente as suas capacidades, viver e trabalhar com dignidade, participar
plenamente no desenvolvimento, melhorar a qualidade da sua vida, tomar decisões
fundamentadas e continuar aprendendo (Jomtien, 1990 citado por PNUD, 2006).
Ao educar-se mais, o indivíduo torna-se mais apto a competir com os outros por um
emprego melhor no mercado e, consequentemente, a obter uma renda maior. Assim,
haveria uma contínua necessidade de ele buscar ser mais competitivo que os outros, por
meio do aumento de sua empregabilidade (BM, 1990 citado por Ugá, 2004).
52
9. CONCLUSÃO
O desenvolvimento humano e social enfatizado pela disponibilidade e qualidade dos
serviços sociais básicos, constitui um elemento importante para a redução dos níveis de
pobreza pois, eles podem elevar as competências sociais e reduzir a vulnerabilidade da
população.
Na localidade de Golo, existem os serviços de saúde, educação e abastecimento de água
mas a capacidade de resposta a demanda é limitada na medida em que eles não
conseguem responder efectivamente o acesso físico (distância) e muito menos a
dimensão mais ampla de acessibilidade que não é só disponibilidade mas também
qualidade e segurança para o seu uso mais efectivo pela parte da população local.
O que justifica esta característica, é a não presença em número significativo de infra-
estruturas de oferta desses serviços para reduzir em parte as distâncias que a população
local percorre para o seu acesso porque a localidade com uma população de 19533
habitantes apenas dispõe de um centro de saúde em que trabalha um técnico e dois
auxiliares, de 4 bombas manuais de abastecimento de água potável e de 11 escolas na
sua maioria isto é, em número de 10 de ensino primário.
Olhando de forma mais resumida para cada serviço, conclui-se que, a localidade no que
diz respeito a abastecimento de água em fontes seguras e operacionais (bombas
manuais), abrange apenas 8% da população total residente na localidade a restante
população recorre os poços a céu aberto, a água do rio Inhanombe e a alternativa
temporária de cisternas de captação e conservação da água de chuva. Em geral a
população para este serviço, precisa de percorrer 2 a 6 km para o acesso a água em
fontes seguras e não seguras.
53
No que tange ao serviço de saúde, a população da localidade de Golo, chega a percorrer
10 a 20km ao encontro de qualquer unidade sanitária e, está sujeita a um rácio distrital
de 1 médico estar para 60mil habitantes na medida em que o distrito de Homoíne até
2014, dispunha de 2 médicos para uma população de 123632habitantes.Isto faz com que
o serviço se torne acessível de forma precária. A localização geográfica, do único centro
de saúde existente na localidade e as demais localizadas nas outras unidades
administrativas mais próximas como cidade da Maxixe, vila sede etc., não facilita o seu
acesso pela maioria da população devido a distância habitação e local de prestação do
serviço.
No serviço de educação, a situação é diferente pois no ensino primário os alunos não
precisam de percorrer longas distâncias pois, a localidade possui 11escolas.
O acesso ao ensino secundário, é que é deficitário pois a localidade apenas dispõe de
uma escola e, fora dos alunos que conseguem vagas na mesma, os demais precisam de
deslocar-se 8 a12km para a escola secundária da vila-sede ou 7-20km para as escolas da
cidade da Maxixe.
Estas características diferenciadas em níveis, tornam o serviço de educação acessível em
ensino primário até 7ª classe e acessível de forma precária nos restantes níveis
sobretudo os que completam o ensino básico, de 8ª a 10classe.
Em relação a água, tendo em conta a realidade descrita no capítulo de acesso aos
serviços básicos na localidade de golo sobretudo no subcapítulo sobre abastecimento de
água, suportando-se da classificação que é apresentada na tabela n°1 em anexo, mas
também considerando os parâmetros que são impostos pela Organização Mundial de
Saúde, para considerar a acessibilidade de fontes de água, pode se concluir que a
54
localidade está nos níveis de sem acesso e acesso básico considerando os aspectos
distância que é percorrida, tempo gasto e, consequente provável volume colectado.
Em síntese, os serviços socais básicos na localidade, existem mas são acessíveis em
geral de forma precária embora, exista alguma especificidade no serviço de educação no
que diz respeito ao ensino primário em que em o acesso físico, é garantido.
Desta forma, falar do acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo, implica
primeiro avaliar a disponibilidade, a oferta ou mesmo o acesso físico antes de olhar na
dimensão mais abrangente relativa às características dos tais serviços e dos recursos que
facilitam ou limitam o seu uso efectivo por potenciais usuários ou ainda, a adequação
entre a distribuição geográfica desses serviços (localização) e servidos (população).
A oferta em número menor de infra-estruturas que garantam a prestação desses serviços,
constitui um elemento que torna os serviços acessíveis de forma precária. Este facto, faz
com que haja dificuldade de uso efectivo desses serviços pela parte da população local.
“Em que medida, os serviços sociais básicos, são acessíveis para a população da
localidade de Golo”? Em geral, são acessíveis de forma precária pois embora eles
existam em termos físicos, a sua capacidade de oferta é limitada porque de um lado em
termos quantitativos, não conseguem responder a demanda e por outro, o custo de seu
acesso (distância e consequente tempo e custo) e uso efectivo é maior.
Observações
Um aspecto a destacar que poderia ser necessário aprofundar neste trabalho, seria ouvir
a população local através de inquérito ou outra técnica de recolha de dados sobre as
dificuldades que enfrenta para aceder aos serviços sociais básicos para além de dados
recolhidos ao nível das instituições e do chefe da localidade pois estes podem estar
55
susceptíveis a manipulação para fins políticos. Contudo, as condições, sobretudo
financeiras, não permitiram a ampliação de fontes de dados.
Outro aspecto a considerar em posteriores trabalhos que poderão ser desenvolvidos, é a
necessidade de aprofundar a incorporação de outras variáveis que permitem avaliar o
acesso, sobretudo relacionados com a qualidade dos serviços oferecidos. Neste trabalho,
destacou-se mais o factor distância, mas, poder-se-ia ter aprofundado outras variáveis
tais como tempo e custo na medida em que discutir distância na actualidade extravasa a
dimensão história em que se olhava nas medidas geométricas porque por exemplo o
transporte era antes de evoluir como na actualidade em que as distâncias tornam se mais
curtas.
56
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Localidade de Golo por níveis de ensino.
Serviços Distritais de Planeamento e Infra-Estruturas de Homoíne- SDPI (2014).
Situação de abastecimento de água na localidade de Golo, Homoíne.
Serviços Distritais de Saúde e Mulher e Acção Social de Homoine- SDSMS (2014).
Situação da saúde na localidade de Golo
SILVEIRA, Maria Laura (2006). O espaço geográfico: da perspectiva geográfica à
perspectiva existencial. Revista GEOUSP-Espaço e tempo, São Paulo, n°19, pp.81-91.
TRAVASSOS, Cláudia; Oliveira, E.X.G; VIACAVA, Francisco (2006). Desigualdades
geográficas e sociais no acesso aos serviços de saúde no Brasil: 1998 e 2003. Revista
de Ciência e saúde colectiva. Rio de Janeiro, Brasil. TRAVASSOS, Claudina;
MARTINS,
61
UGÁ, Vivian Domínguez (Novembro, 2004). A categoria “pobreza” nas formulações
de política social do Banco Mundial. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 23, p. 55-62.
UNGLERT, Carmen Viera de Sousa (1990). Enfoque a acessibilidade no planeamento
da localização e dimensão de serviços de saúde. Revista Saúde Pública, São Paulo n°
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Population Reference Bureau-PRB (2013). Cartaz de dados sobre a População de
Moçambique, 2013. Washington, DC.
VIEIRA, Sérgio Pires (2005). Crescimento económico desenvolvimento e pobreza,
análise da situação em Moçambique. Colecção documentos de trabalho centro de
estudos sobre África e do desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão
da Universidade Técnica de Lisboa. Portugal.
ANEXOS
Tabela n°1: Nível de acesso a água versus necessidades atendidas e grau de efeitos
Fonte: Howard e Bartram, 2003 citados por Günther e Razzolini, 2008.
Imagem nº 1: Tipo de poço aberto de captação de existente na localidade de Golo
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015
Nível de
acesso Distância e Tempo gasto Provável volume colectado
Sem Acesso > 1km e > 30 min
Muito baixo (em torno de 5L
per capita por dia
Acesso básico <1 km e < 30 min Média não excede a 20 L per capita por dia
Acesso
intermedio
Água fornecida por torneira pública distância
de 100 m e 5 minutos)
Média aproximada de 50 L per
capita por dia
Acesso óptimo O suprimento de água ocorre mediante múltiplas torneiras
Média aproximada de 100 a 200 L per capita por dia
Imagem nº 2: Tipo cisterna familiar de captação e conservação da água de chuva
existentes na localidade de Golo
Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015
Imagem nº 3: Infra-estruturas educacionais de algumas escolas da localidade de Golo
Fonte: Extraíadas pelo autor, Janeiro de 2015
Mapa nº 1: Distribuição territorial das bombas manuais de abastecimento de água pela
localidade de Golo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
Mapa nº 2: Distribuição territorial de escola pela localidade de Golo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
Faculdade de Letras e Ciências Sociais
Departamento de Geografia
GUIÃO DE PERGUNTAS DE ENTREVISTA DIRIGIDO AO CHEFE DA
LOCALIDADE DE GOLO
O presente guião de perguntas para a entrevista tem como a finalidade recolher
informações sobre o acesso aos serviços sociais básicos por parte da população da
Localidade de Golo no distrito de Homoíne com vista a saber de que forma eles são
acessíveis para a população.
Constitui uma das técnicas de recolha de dados com vista a fundamentar o trabalho de
culminação de Fim de Curso de Licenciatura em Geografia intitulado “Análise sobre o
acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo, distrito de Homoíne’’
PARTE I: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
Nº da entrevista:__________ Local da entrevista:____________Início da
entrevista:___/__________Fim da entrevista:_____/______
Nome:_________________________ Idade:____________________ Chefe da
localidade ou povoado/membro da sociedade:_________________ Lugar de
residência:____________.
PARTE II: ACESSO AO SERVIÇO DE SAÚDE
1. Existem Centros de saúde, Posto médico ou uma unidade sanitária aqui na localidade
de Golo?
1.1. Se sim quantos existem ao nível da Localidade?
1.2. Em que povoados se localizam?
1.3. Para os povoados que não tem, onde a população tem recorrido para a assistência
médica?
2. Quais as dificuldades que a população encontra para ter acesso a uma unidade
Hospitalar
PARTE III: ACESSO AO SERVIÇO DE EDUCAÇÃO
3. Existem escolas aqui na localidade? Quantas?
3.1. Se sim em que povoados?
3.2. Para os povoados que não tem, onde estudam?
4. Que tipos de escolas existem EP1, EP2, ESG?
5. Tem havido problema de professores e vagas nessas escolas?
6. Quais as dificuldades que os alunos, enfrentam para estudar?
PARTE IV: ACESSO AO SERVIÇO DE ÁGUA
7. A população da localidade tem acesso à água?
8. Aonde tira se essa água?
9. Qual a distância que a população percorre para ter acesso à água?
10. Quais as dificuldades encaradas pela população para ter acesso à água.
Fim, obrigado
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