79
FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA ANÁLISE SOBRE O ACESSO AOS SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS NA LOCALIDADE DE GOLO, DISTRITO DE HOMOÍNE Calisto da Paz Hilário Maputo, Abril de 2015

Acesso aos servicos sociais basicos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Acesso aos servicos sociais basicos

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

ANÁLISE SOBRE O ACESSO AOS SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS NA

LOCALIDADE DE GOLO, DISTRITO DE HOMOÍNE

Calisto da Paz Hilário

Maputo, Abril de 2015

Page 2: Acesso aos servicos sociais basicos

ANÁLISE SOBRE O ACESSO AOS SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS NA

LOCALIDADE DE GOLO, DISTRITO DE HOMOÍNE

Dissertação apresentada em cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a

obtenção do grau de Licenciatura em Geografia da

Universidade Eduardo Mondlane

Calisto da Paz Hilário

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Supervisor: dr. Rogers Hansine

O Júri

O presidente

Prof.Doutor. Ramos Monamohua

O supervisor

Mrs. Rogers Hansine

O Oponente

Dr.Serafim Alberto

Data

29/04/2015

Page 3: Acesso aos servicos sociais basicos

ÍNDICE GERAL

DECLARAÇÃO DE HONRA ....................................................................................... I

DEDICATÓRIA .......................................................................................................... II

SIGLAS/ABREVIATURAS ....................................................................................... III

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... IV

LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................. IV

LISTA DE IMAGENS ............................................................................................... IV

LISTA DE IMAGENS NOS ANEXOS ........................................................................ V

LISTA DE TABELAS NOS ANEXOS ........................................................................ V

LISTA DE MAPAS NOS ANEXOS ............................................................................ V

AGRADECIMENTO ................................................................................................. VI

RESUMO .................................................................................................................. VII

Page 4: Acesso aos servicos sociais basicos

I

DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que o presente trabalho de fim de curso de Licenciatura em

Geografia, é produto da minha própria investigação. Todo conteúdo inserido neste

trabalho é primário ou seja originário e nunca foi usado antes por outro indivíduo ou

por qualquer outra instituição para obtenção de qualquer grau. Toda a bibliografia

usada, foi devidamente citada e consta nas referências bibliográficas deste trabalho

Calisto da Paz Hilário

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Page 5: Acesso aos servicos sociais basicos

II

DEDICATÓRIA

….Aos meus pais Hilário Bernardino e Emerenciana Manuel, aos meus irmãos

Nazário, Flávio, Ilídio, Miguel e José, Arménia, Aldevina e Lucrécia que, escolheram

educar me como a melhor forma de destinar o meu futuro

nunca vou esquecer de vocês por tudo que tem feito por mim e do que vocês

representam para mim...!

Page 6: Acesso aos servicos sociais basicos

III

SIGLAS/ABREVIATURAS

BM Banco Mundial

EDR Estratégia de Desenvolvimento Rural

END Estratégia Nacional de Desenvolvimento

FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola

INE Instituto Nacional de Estatística

MAE Ministério da Administração Estatal (actual Ministério de

Administração Estatal e Função Pública)

MINED Ministério da Educação (Actual Ministério da Educação e

Desenvolvimento Humano)

ONU Organização das Nações Unidas

OMS Organização Mundial de Saúde

PARP Plano de Acção para a Redução da Pobreza

PNUD Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas

PQG Plano Quinquenal do Governo

PRB Population Reference Bureau

SDSMAS Serviços Distritais da Saúde Mulher e Acção Social

SDEJT Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia

SDPI Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas.

Page 7: Acesso aos servicos sociais basicos

IV

LISTA DE MAPAS

Mapa nº 1: Localização Geográfica da Localidade de Golo ...................................... 27

Mapa nº 2: Povoados da Localidade de Golo............................................................ 28

Mapa nº 3: Rios que atravessam o distrito de Homoíne ............................................ 29

LISTA DE TABELAS

Tabela nº 1: População da Localidade de Golo por povoado..................................... 30

Tabela nº 2: Situação das bombas manuais ............................................................... 44

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico nº 1: População da localidade de Golo por povoado..................................... 31

Gráfico nº 2: Percentagem de Agregados Familiares, tipo de fonte ........................... 36

LISTA DE IMAGENS

Imagem nº 1: Bomba Manual do tipo Bluepump localizada no povoado de Chitata .. 37

Imagem nº 2: Bomba Manual do tipo Afrivdev localizada no povoado de Zualo ..... 38

Imagem nº 3: Poço a céu aberto, aberto pela comunidade no povoado Golo sede. .... 39

Imagem nº 4: Poço a céu aberto, por uma família no povoado de Fundzo. ................ 40

Imagem nº 5: Cisternas familiares usadas na conservação da água da chuva ............. 40

Imagem nº 6: cisternas familiares usadas na conservação da água da chuva............. 41

Imagens nº 7 e 8: Salas de aulas de construção convencional e mista ....................... 43

Imagem nº 9: Poço de água aberto num projecto não-governamental no povo .......... 45

Page 8: Acesso aos servicos sociais basicos

V

LISTA DE IMAGENS NOS ANEXOS

Imagem nº 1: Poços abertos de captação de água e cisterna familiar

Imagem nº 2: Infra-estruturas educacionais de algumas escolas da localidade de Golo

LISTA DE TABELAS NOS ANEXOS

Tabela nº 1: Níveis de Acesso a água

LISTA DE MAPAS NOS ANEXOS

Mapa nº: 1: Distribuição territorial das bombas manuais de abastecimento de água

Mapa nº 2: Distribuição territorial de escola pela localidade de Golo

Page 9: Acesso aos servicos sociais basicos

VI

AGRADECIMENTO

A Deus pela saúde dada ao longo da formação até a realização do trabalho final.

Ao meu supervisor, dr. Rogers Hansine pela paciência e apoio dado desde o primeiro

dia que lhe foi incumbida a missão de supervisionar o meu trabalho.

Aos meus pais, aos meus irmãos e toda família Chongola

Aos colegas e amigos, Carlos Mujovo, Germias Raso, Belmiro Soares, Dionísio

Mugabe, Lor Mussagy, Paulino Muholove, Célia Chongole e Alberto Manjate

Aos senhores Constantino Filipe funcionário do SDSMAS, Eduardo Macitela, técnico

dos SDEJT, Vicente Cumbeza, técnico de Águas do SDPIH e Francelino Nhantumbo

Chefe da Localidade de Golo todos do distrito de Homoíne pelo apoio dado na

disponibilização da informação

Aos demais colegas da turma, amigos e meus colegas Residência 009 sobretudo, Egas

Daniel, Miguel Osório, Mouzinho Eduardo, Eduardo Manuel, João Marcelino, Álvaro

Alfredo e Calisto Vilanculos, Kondwani Inoque, mais também Janato Iussufo Janato,

bem como Confiança Chicombo e Aldino Manga pelo espírito solidário,

confraternidade e ambiente de convívio criado ao longo da formação

A todos que directa ou indirectamente, contribuíram para a minha formação o meu

muito Obrigado!

Page 10: Acesso aos servicos sociais basicos

VII

RESUMO

O acesso aos serviços sociais, é um factor determinante nas condições e qualidade de

vida duma população. As condições em que a população é sujeita para ter acesso aos

serviços de educação, saúde e água potável entre outros, são determinadas em parte pela

facilidade ou limitação a disponibilidade e acessibilidade geográfica aos mesmos eles,

são fundamentais para o desenvolvimento sócio-económico da população e seu bem-

estar.

O desenvolvimento humano e social, fundamentado através da provisão de serviços

públicos de educação, saúde, água e saneamento entre outros constitui um dos

objectivos pilares para a redução dos níveis de pobreza em Moçambique.

A população da localidade de Golo, distrito de Homoíne, enfrenta como uma maior

parte da população rural em Moçambique, dificuldades para o acesso aos serviços

sociais básicos, educação, saúde e água potável pois, ela é sujeita a percorrer distâncias

relativamente longas aos recomendáveis para dispor de um determinado serviço social.

A dimensão da dificuldade é bastante relativa pois, ela é determinada pela localização

geográfica da população em relação a um certo serviço.

Dos três serviços sociais básicos analisados no presente trabalho, o serviço de saúde é o

acessível de forma muito precária pois, obriga a população residente nessa localidade a

percorrer distâncias relativamente longas (atinge pouca ou mais de 20km de distância

absoluta) quando comparadas aos dos demais serviços, de educação e abastecimento de

água embora este último também seja acessível de forma precária mas que não atinge a

dimensão do serviço de saúde.

De forma generalista, pode se afirmar que, os serviços sociais básicos na localidade,

existem mas são acessíveis em geral de forma precária. Quando se quer fazer uma

análise do acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo, tem que se

primeiro olhar na disponibilidade, a oferta ou mesmo o acesso físico antes de olhar na

dimensão mais abrangente relativa às características dos tais serviços, a adequação entre

a distribuição geográfica desses serviços (localização) e servidos (população).

Page 11: Acesso aos servicos sociais basicos

ÍNDICE DO TEXTO

CAPÍTULO I

1.INTRODUÇÃO .........................................................................................................1

2. PROBLEMA .............................................................................................................4

3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................6

4. OBJECTIVOS ......................................................................................................... 10

4.1. Geral .................................................................................................................... 10

4.2. Específicos ........................................................................................................... 10

5. METODOLOGIA ................................................................................................... 11

CAPÍTULO II

6. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................ 15

6.1. Desenvolvimento e Qualidade de vida .................................................................. 17

6.2. Bem-estar ............................................................................................................. 18

6.3. Pobreza ................................................................................................................ 19

6.4. Acesso e Acessibilidade ........................................................................................ 21

6.5. Serviço Social ....................................................................................................... 23

CAPÍTULO III

7. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................... 26

7.1. Localização Geográfica ........................................................................................ 26

7.1.2. Divisão Administrativa ...................................................................................... 27

Page 12: Acesso aos servicos sociais basicos

7.2. Características físico-geográficas......................................................................... 28

7.3. Características sócio-económicas ......................................................................... 30

7.3.1.População .......................................................................................................... 30

7.3.2. Actividades económicas ..................................................................................... 31

7.3.3. Infra-estruturas sociais ...................................................................................... 32

CAPÍTULO IV

8.CRITÉRIOS DE LOCALIZAÇÃO E ACESSO AOS SERVIÇOS BÁSICOS .......... 33

8.1.1.Abastecimento de água ....................................................................................... 34

8.1.2.Escolas ............................................................................................................... 34

8.1.3. Centros de saúde ............................................................................................... 34

8.2. SERVIÇOS BÁSICOS EXISTENTES NA LOCALIDADE DE GOLO ............... 35

8.2.1. Abastecimento de Água ...................................................................................... 35

8.2.2. Serviço de Saúde ................................................................................................ 41

8.2.3. Serviço de Educação .......................................................................................... 42

8.3. ACESSO AOS SERVIÇOS BÁSICOS NA LOCALIDADE DE GOLO ............... 43

8.3.1.Abastecimento de Água ....................................................................................... 43

8.3.2. Serviço de Saúde ................................................................................................ 46

8.3.3. Serviço de Educação .......................................................................................... 48

9. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 52

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 56

Page 13: Acesso aos servicos sociais basicos

1

CAPÍTULO I

1.INTRODUÇÃO

Alcançar um progresso real em matéria de desenvolvimento humano não passa,

unicamente por ampliar uma gama de opções de escolha e a capacidade das pessoas de

acederem determinadas necessidades como educação e a saúde e de desfrutarem de um

nível de vida razoável mas, depende também do grau de solidez dessas conquistas e da

existência de condições suficientes para um desenvolvimento humano sustentado

(PNUD, 2014).

A busca da satisfação dessas necessidades humanas como argumenta Nogueira (2002),

seja esta qualificada como bem-estar, qualidade devida ou ainda bem-estar social,

sempre existiu mas, foi a partir do século XVIII que aparecem as denúncias de

condições de vida diferenciadas entre classes sociais.

Passou-se a se reconhecer as diferenças que existem na sociedade em termos das

respectivas condições de vida sobre as quais, existe uma parte da população que vive

em altos padrões de vida e em contrapartida uma maioria da população que vive em

condições de pobreza.

As perspectivas de avaliação dessas condições de vida das populações, são diversas,

como acrescenta Herculano (2000) que a qualidade de vida de uma determinada

população, pode ser avaliada ou mensurada tendo em conta o grau de satisfação e dos

patamares desejados e, examinando os recursos disponíveis em relação as necessidades,

através dos que tem a capacidade efectiva de satisfazer as necessidades de um grupo

social: condições de saúde, qualidade de habitação, saneamento etc.

Page 14: Acesso aos servicos sociais basicos

2

Em Moçambique como defendem Maleane e Suiden (2010), falar das condições da vida

da população, ainda nos remete a olhar nas dificuldades que a população enfrenta para

ter acesso aos serviços considerados de base da vida como educação, saúde e acesso a

água.

Nesse sentido, o presente trabalho de licenciatura em Geografia busca avaliar a

dificuldade ou facilidade com que a população da localidade de Golo tem para o acesso

aos serviços considerados básicos (educação, saúde e acesso a água) pois, o acesso pela

parte da população desses serviços é fundamental pois determina as condições da sua

vida e o seu desenvolvimento sócio-económico.

Fundamentalmente o trabalho foi realizado com base a pesquisa documental, apoiado

por cartografia e visita a área de estudo.

A falta de estudos sobre a acessibilidade aos serviços sociais da população sobretudo

rural do distrito de Homoíne, constitui a primeira motivação da escolha do tema para

além de pretender aprofundar os conhecimentos sobre a vida rural e perceber as

possíveis barreiras que impedem o desenvolvimento sócio-económico da população da

localidade de Golo mas numa perspectiva de acesso aos serviços básicos. Nesse

contexto, espera-se que o presente trabalho contribua no enriquecimento ao nível

académico do quadro teórico da matéria em abordagem neste trabalho enquadrado no

contexto da Geografia Humana.

O trabalho está estruturado em 4 capítulos em que, o primeiro constitui a parte

introdutória do trabalho onde de forma resumida está exposto o problema em causa, a

importância de ter-se estudado o tema, os objectivos que se pretendem alcançar, a

Page 15: Acesso aos servicos sociais basicos

3

metodologia aplicada para a realização do trabalho, a motivação da escolha do tema

bem como a área de estudo em causa.

O Capítulo II, corresponde a revisão da literatura onde, debate-se ideias de diversos

autores, relatórios e outros artigos científicos sobre a matéria relacionada com o tema

em estudo para além de conceitos fundamentais ao trabalho para o seu melhor

entendimento.

O Capítulo III expõe conteúdo relacionado a caracterização geográfica da área de estudo

no que tange em primeiro lugar a localização Geográfica e divisão administrativa da

área de estudo, de seguida evidenciou-se as características físico-geográficas da área

sobretudo no que tange ao clima, vegetação, relevo e hidrologia mas também de

características sócio-económicas (população, actividades económicas e infra-estruturas)

o que é primordial nos trabalhos de Geografia.

O Capítulo IV, apresenta essencialmente, os resultados da pesquisa iniciando a

abordagem com o conteúdo relacionado com os critérios para a instalação de serviços

sociais num determinado território de acordo com parâmetros pré-estabelecidos.

Subsequentemente encontra-se exposta conteúdo dos resultados que parte da descrição

dos serviços sociais básicos existentes na localidade de Golo. Traz a avaliação

descritiva da situação do acesso a educação, saúde e água em termos da facilidade ou

dificuldade para o seu acesso por parte da população da localidade de Golo sobretudo

no que diz respeito a distância de localização do serviço.

Por fim, constitui matéria incluída neste capítulo a conclusão e a literatura usada para a

realização do trabalho ou seja, artigos, revistas e relatórios usados e consequentemente

citados ao longo do desenvolvimento do trabalho.

Page 16: Acesso aos servicos sociais basicos

4

2. PROBLEMA

O Relatório do Banco Mundial sobre o desenvolvimento mundial 2000/2001, reconhece

que o mundo tem muita pobreza, embora haja a abundância de bens e recursos.

Descrevendo a situação mundial da pobreza, o relatório aponta que dos 6 bilhões de

habitantes, 2,8 bilhões (quase a metade) vivem com menos de 2 dólares por dia e 1,2

bilhão (um quinto) com menos de 1 dólar por dia.

Nos países ricos, menos de uma criança em 100 não completa cinco anos, mas nos

países mais pobres um quinto das crianças morrem antes disso. Enquanto nos países

ricos menos de 5% de todas as crianças abaixo de cinco anos são desnutridas, nos países

pobres a proporção chega a 50% (BM, 2001).

No que diz respeito sobretudo a África, Negrão (2002), no seu artigo intitulado “a

indispensável terra africana para o aumento da riqueza dos pobres” descreve na parte

introdutória a situação do continente em relação a pobreza onde afirma que, no ano

2000, em 28 dos 45 países africanos de que se tem informação, cerca de 64% dos cidadãos

vive com menos de 2 dólares por dia e entre estes por volta de metade nem chegava a

atingir um rendimento diário de 1 dólar e, pelo menos 400 milhões de africanos encontram-

se em situação de pobreza absoluta.

A situação descrita nos parágrafos anteriores, faz entender que, como conclui o Banco

Mundial no seu relatório sobre o desenvolvimento mundial 2000-2001, os pobres vivem

sem a liberdade fundamental de acção e escolha que e, muitas vezes não dispõem de

condições adequadas de alimentação, habitação, educação e saúde; essas privações

impedem os de levar o tipo de vida que todos valorizam e para além disso, são

extremamente vulneráveis a doenças, crises económicas e catástrofes naturais.

Certamente que, Moçambique fazendo parte dos países mais pobres do mundo (posição

185 no PNUD, 2013 e posição 178 no PNUD, 2014), não está alheio a esta situação e,

Page 17: Acesso aos servicos sociais basicos

5

como avançam Maleane e Suiden (2010) no seu artigo intitulado “Inclusão, exclusão

social e pobreza em Moçambique em pleno século XXI”, discutir a questão da inclusão,

da exclusão social e da pobreza em Moçambique realça as dificuldades enfrentadas pela

sociedade moçambicana em, pleno século XXI, no que se refere à disponibilidade e

acesso aos serviços básicos como, educação, saúde, emprego, protecção social.

Perante esta realidade, a melhoria das condições de vida da população moçambicana

através da redução dos níveis de pobreza constitui o principal objectivo do Governo

como preconizam PARP 2010-2014, END, EDR, PQG 2010-2014, Agenda 2025.

O desenvolvimento humano e social, fundamentado através da provisão de serviços

públicos de educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, água e saneamento,

habitação, protecção social e produtiva constitui um dos objectivos pilares para a

redução dos níveis de pobreza como objectivo central pois, como vincula o PARP 2011-

2014 bem como o PQG 2010-2014, a área de infra-estruturas sociais serve como um

instrumento directo de desenvolvimento do bem-estar social.

Ademais, a prestação desses serviços sociais básicos, pode elevar as competências

sociais e reduzir a vulnerabilidade estrutural. Por exemplo, uma educação pública de

alta qualidade tem potencialidade para estreitar o fosso que existe entre educação das

crianças provenientes das famílias ricas e pobres (PNUD, 2014).

O desenvolvimento humano e social, deve ser enfatizado pela disponibilidade e

qualidade no acesso aos serviços sociais, segurança social básica e infra-estruturas

sociais (PARP, 2011).

Esta visão trazida pelo PARP e dos restantes instrumentos orientadores de acção do

governo para a melhoria das condições de vida da população, faz perceber a importância

Page 18: Acesso aos servicos sociais basicos

6

que o acesso aos serviços sociais básicos desempenha no panorama geral da redução da

pobreza e no alcance do desenvolvimento social e económico do país.

Em contrapartida embora se reconheça essa importância, no país e em particular a área

de estudo tendo em conta a revisão da literatura feita, não existe estudos feitos que

abordam o assunto em estudo.

Nesse sentido, o presente trabalho intitulado,” Análise sobre o acesso aos serviços

sociais básicos na localidade de Golo, distrito de Homoíne”, pretende analisar o acesso

aos serviços sociais básicos da população da localidade de Golo como um dos

elementos que ajuda a perceber-se a situação sócio-económica da população local.

A pesquisa, aqui apresentada, procura dar uma resposta válida a seguinte pergunta:

Em que medida os, serviços sociais básicos, são acessíveis para a população da

Localidade de Golo?

3. JUSTIFICATIVA

As populações dos países subdesenvolvidos, sobretudo as do continente africano e de

forma particular as que estão localizadas geograficamente a sul do Sahaara, debatem-se

na actualidade com diversos problemas que constituem obstáculos para o seu

desenvolvimento.

O Relatório do desenvolvimento humano de 2014 refere que, Moçambique é um dos

países menos desenvolvidos do mundo, ocupando a posição 178 dum total de 187

países, isto significa que, faz parte dos países considerados pobres.

Esta situação verifica-se com maior ênfase nas regiões rurais onde a fome, a baixa

nutrição (sobretudo em crianças), as dificuldades no acesso ou qualidade aos serviços de

Page 19: Acesso aos servicos sociais basicos

7

educação, saúde, melhores condições de saneamento, água potável, habitação

melhorada entre outros serviços considerados pela ONU através da PNUD como

serviços sociais universais básicos, pelo PQG 2010-2014 e PARP 2011-2014 como

serviços sociais básicos, e como condições básicas de vida pela Agenda 2025 ainda

constituem maiores barreiras que minam o seu progresso ou seja o alcance do bem-estar

dessas populações.

As áreas rurais em Moçambique, como refere a Population Reference Bureau (2013),

são habitadas por uma população estimada em 16. 7 Milhões de habitantes

representando 68, 4% da população total do país, 24.4 milhões de habitantes, e deste

universo, de acordo com a terceira avaliação nacional de pobreza realizada pelo

Ministério de Planificação e Desenvolvimento no ano de 2007, 55% vive em Pobreza.

Essa pobreza, de acordo com a FIDA (2010), é causada pelo isolamento, infra-estrutura

inadequada e a consequente falta de acesso a bens e serviços onde, nas áreas rurais de

Moçambique, a rede de estradas encontra-se em situação muito precária e os serviços

básicos são inadequados.

Dois terços dos habitantes rurais, de acordo com a mesma fonte, têm que andar mais de

uma hora para chegar à unidade de saúde mais próxima e, somente 60% deles tem

acesso à água potável.

A pobreza nas áreas rurais também está fortemente ligada à falta de acesso à educação

pois, enquanto 82% dos habitantes urbanos possuem acesso à educação escolar

primária, o número cai para 57% na população rural por onde mais de dois terços dos

moçambicanos rurais são analfabetos (FIDA, 2010).

Os dados anteriormente referenciados demonstram que, a situação da população

vivendo em áreas rurais em Moçambique é crítica sendo ela a maior parte do país e,

Page 20: Acesso aos servicos sociais basicos

8

consequentemente, ela é a mais afectada pelas limitações que a pobreza lhe impõe para

a melhoria das suas condições de vida.

Nesse sentido, uma das principais prioridades do mundo e de forma especial de África,

é a erradicação da pobreza e da fome. Trata-se do primeiro dos oito objectivos de

desenvolvimento do milénio, cuja meta para 2015 consiste na redução para metade da

percentagem de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares americanos por dia face

aos valores de 1990 (PNUD, 2013).

A alocação dos serviços sociais básicos a uma determinada população constitui um

elemento essencial para redução da pobreza e garantir o desenvolvimento sócio-

económico da mesma. Alocar a população um centro de saúde, uma escola e uma

bomba de água, é importante pois, estes constituem elementos necessários para o

progresso da sociedade daí que não podem ser providenciados a título de caridade como

exemplifica a ONU: “O acesso à água potável segura é um direito legal, e não um bem

ou serviço providenciado a título de caridade (ONU, 2010, Pg. 1).

Nesse sentido, como é vinculado no PARP 2011-2014, é imperativo assegurar que a

qualidade dos serviços acompanhe o ritmo da expansão do s mesmos, e que o custo de

uso seja acessível a todos os segmentos da população.

A localização constitui um factor importante a considerar na alocação de um serviço

para responder em parte a questão de acesso em particular o factor distância, mas

também no tempo gasto e custo, procura-se a partir deste trabalho analisar as facilidades

ou dificuldades que a população enfrenta para o seu uso olhando primeiro na óptica da

existência ao nível da localidade do serviço e depois o seu nível da proximidade ou

afastamento em relação a população.

Page 21: Acesso aos servicos sociais basicos

9

Considerado a importância da existência desses serviços e o papel que o estado tem de

prover os serviços a população, acredita-se que a partir da pergunta de pesquisa, será

possível compreender o significado real desta missão em relação ao nível de acesso

desses serviços.

A escolha do tema relaciona-se com o facto de pretender analisar as condições em que

vivem as populações rurais da localidade de Golo na perspectiva de acesso aos serviços

sociais básicos motivada pelo facto de assunto deste género ser pouco explorado o que

significa não haver estudos feitos sobre o assunto á área de estudo.

Por um lado, o interesse e a motivação em perceber cada vez melhor a questão da vida

rural no contexto de desenvolvimento rural através da melhoria das condições de vida

da população rural provendo-a serviços básicos e reduzindo a sua pobreza como alicerce

do desenvolvimento sócio-económico, constitui outra razão que cativou a escolha do

tema.

Por outro lado, constitui uma unidade administrativa do conhecimento do autor e em

alguma medida interessa bastante perceber a situação do seu desenvolvimento e

identificar os desafios que impeçam mais progresso atendendo que, a maior parte da

população é rural fazendo parte dos 67% que vive no espaço rural do país.

Acredita-se que, o tema seja de vital importância tanto para o governo como para a

sociedade em geral na medida em que o primeiro pode ganhar maior consciência do seu

papel como decisor político na concepção e forma de agir perante barreiras que minam

o desenvolvimento socioeconómico e humano desta região e da respectiva população e

para a sociedade pode ser directa ou indirectamente beneficiada na medida em que, o

Page 22: Acesso aos servicos sociais basicos

10

reconhecimento aprofundando da realidade local pode ajudar a quem está incumbida a

missão de servir a população, na resolução ou redução dos seus problemas.

Para a academia, a expectativa é de que os resultados da pesquisa contribuam de forma

significativa para uma reflexão teórica fortificada do assunto em estudo e que constitua

um grande contributo no avanço na produção do conhecimento científico e que possa

ser partilhado por todos que se interessam em assuntos ligados a matéria em estudo.

4. OBJECTIVOS

4.1. Geral

Constitui objectivo geral deste trabalho, analisar o acesso aos serviços sociais básicos na

localidade de Golo, distrito de Homoíne.

4.2. Específicos

De forma a concretizar o objectivo principal, foram elaborados os seguintes objectivos

específicos:

Identificar os serviços sociais básicos existentes na localidade de Golo;

Descrever a composição e funcionamento desses serviços;

Avaliar o grau de cobertura desses serviços na área de estudo;

Determinar a facilidade do uso desses serviços para os habitantes da área de

estudo.

Page 23: Acesso aos servicos sociais basicos

11

5. METODOLOGIA

Para o alcance dos objectivos previamente traçados no âmbito da realização do trabalho

científico, é necessária a aplicação de métodos que, para Marconi (2001), consistem em

uma aplicação de uma série de regras com finalidade de resolver determinado problema

ou explicar um facto.

Um conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e

economia, permite alcançar o objectivo de conhecimentos válidos e verdadeiros,

traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista

(Lakatos e Marconi, 2003).

Num trabalho científico de modo geral, inicia-se com a colecta de dados sejam eles

bibliográficos ou de pesquisa de campo, supostamente importantes para um referido

problema (Marconi, 2001).

Para a recolha dessa informação na perspectiva de Campenhoudt e Quivy (1992), não

existe dentro da diversidade de métodos científicos existentes os melhores, a escolha

deles depende dos objectivos do modelo de análise e das características do campo de

análise.

Nesta óptica de ideia, o presente trabalho tem uma forma de abordagem que é

qualitativa que, prende-se em analisar descrevendo e interpretando o fenómeno de

acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo.

O estudo é exploratório e descritivo em que, segundo De Assis (s/d), a exploratória tem

a finalidade de proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a

delimitação de um tema de trabalho e para Gil (2008), são desenvolvidas com objectivo

de proporcionar visão geral, é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco

Page 24: Acesso aos servicos sociais basicos

12

explorado e enquanto a descritiva, visa observar, registar, analisar, clarificar e

interpretar os dados na perspectiva de De Assis (s/d) e para Gil (2008), tem como

objectivo primordial a descrição das características de determinada população ou

fenómeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis.

A pesquisa bibliográfica, constitui o procedimento metodológico mais aplicado neste

trabalho que implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por

soluções, sempre realizada para fundamentar teoricamente o objecto de estudo,

contribuindo com elementos que subsidiam a análise futura dos dados obtidos e tem

sido um procedimento bastante utilizado nos trabalhos de carácter exploratório-

descritivo (Mioto e Lima 2007).

A pesquisa bibliográfica, consistiu também na pesquisa documental que, foi efectuada a

partir da recolha institucional de informações e pesquisa de artigos científicos, que

abordam o assunto de acesso ou acessibilidade e serviços sociais básicos, para além de

relatórios de desenvolvimento humano que foram importantes na percepção da

importância de serviços sociais à população e o impacto que isso tem no

desenvolvimento humano e a consequente redução da pobreza e melhoria das condições

de vida da população.

A fonte de colecta de dados na pesquisa documental está restrita a documentos, escritos

ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no

momento em que o facto ou fenómeno ocorre, ou depois (Marconi e Lakatos, 2003).

A recolha institucional de informações úteis ao trabalho, foi feita no nível do governo

distrital de Homoíne, Serviços Distritais da Educação Juventude e Tecnologia onde se

obteve dados e informações sobre a situação da educação ao nível da localidade, desde

Page 25: Acesso aos servicos sociais basicos

13

o número de escolas existentes até ao nível de acessibilidade por parte dos alunos

residentes na localidade, nos Serviços Distritais da Saúde Mulher e Acção Social onde

se obteve um quadro geral da situação de acesso aos serviços da saúde na localidade, e

nos Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas onde se obteve o panorama

actual da situação de abastecimento de água na localidade.

O trabalho teve auxílio de algumas políticas públicas em vigor em Moçambique

direccionadas a melhoria da vida da população e a consequente redução da pobreza.

Basicamente, se usou o PARP 2011-2014, END, EDR e PQG 2010-2014. Estes

instrumentos, ajudaram na revisão da literatura e fortificação do assunto em estudo.

Para fundamentar e enriquecer o conteúdo ou informações já encontradas, fez se uma

entrevista semi-estruturada ao chefe da localidade de Golo onde descreveu em geral as

facilidades e dificuldades que a população local enfrenta para o acesso aos serviços da

educação, saúde e água no território que dirige.

O método cartográfico conciliado às técnicas actuais da Geografia, os Sistemas de

Informação Geográfica a partir do ArcGis1 10.2 nos seus diversos pacotes, foi aplicado

na produção dos mapas da localização da localidade de Golo, da sua divisão

administrativa, distribuição territorial das escolas e bombas manuais de abastecimento

de água.

1 Conjunto de aplicativos computacionais de Geográficas desenvolvido pela empresa norte-Americana

(Environmental Systems Reasearch Institute) que fornece ferramentas avançadas para a análise espacial,

manipulação de dados e cartografia (Eugénio et al., 2014).

Page 26: Acesso aos servicos sociais basicos

14

Para tal, fez-se o levantamento de coordenadas no terreno através do Sistema de

Posicionamento Global (GPS) garmen de erro 5m que permitiu a espacialização de

escolas e bombas manuais de abastecimento de água existentes na área de estudo.

Com vista a complementar o estudo, fez-se visita à área de estudo como ambiente

natural e fonte directa de dados onde fez-se o reconhecimento da realidade no terreno

sobretudo das fontes de captação e abastecimento de água e escolas onde os alunos da

localidade estudam, bem como a extracção de fotografias das respectivas infra-

estruturas.

Para análise e interpretação dos resultados, recorreu-se ao uso do método de análise de

conteúdo que é aplicado para estudos qualitativos do que também este estudo é

característico.

Page 27: Acesso aos servicos sociais basicos

15

CAPÍTULO II

Este capítulo, está constituído de conteúdo que diz respeito a ideias de diversos autores

que de alguma forma abordam o assunto em estudo mas sobretudo de conceitos pois, a

parte teórica está pouco fundamente devido a dificuldade encontrada na literatura de

trabalhos já feitos sobre o mesmo assunto.

Como defendem Lakatos e Marconi (2013), a revisão bibliográfica, visa a citação das

principais conclusões a que outros autores chegaram, permite salientar a contribuição da

pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes.

6. REVISÃO DA LITERATURA

A busca da satisfação das necessidades humanas seja esta qualificada como bem-estar,

qualidade de vida ou ainda bem-estar social, sempre existiu, e no processo de

reprodução social surgiram instituições e estruturas de relações que procuraram dar

conta desta exigência, que não é individual (como inicialmente se defendia) mas,

colectiva (Nogueira, 2002).

Com o evoluir do tempo, como considera o mesmo autor, surgiram (entre XVIII e XX)

novas abordagens sobre o bem relacionadas ao cenário socioeconómico e político das

diferentes épocas.

Ainda na perspectiva do mesmo autor, existem tendências analíticas que podem ser

identificadas em relação ao bem, vinculando-o ao bem-estar, a utilitarista, a focalizada

Page 28: Acesso aos servicos sociais basicos

16

em bens e serviços, a que deriva das necessidades básicas e a das capacidades e

efectividades humanas.

Em Moçambique, como avançam Maleane e Suaiden (2010) no artigo intitulado

“Inclusão, exclusão social e pobreza em Moçambique em pleno século XXI”, discutir a

questão da inclusão, da exclusão social e da pobreza em Moçambique realça as

dificuldades enfrentadas pela sociedade moçambicana em pleno século XXI, no que se

refere à disponibilidade e acesso a serviços básicos, como educação, saúde, emprego,

protecção social.

Perante esta realidade, a melhoria das condições de vida da população moçambicana

através do combate a pobreza constitui o principal objectivo do Governo como

preconizam PARP 2010-2014,

Os indicadores de desenvolvimento humano, o acesso à educação, assim como o acesso

melhorado aos serviços de saúde, particularmente nas áreas rurais, aumentos na posse de bens

duráveis pelas famílias e melhorias na qualidade de habitação, atestam as tendências positivas

importantes do desenvolvimento a longo prazo, assim como o sucesso no alcance de prioridades

governamentais estratégicas sendo também, imperativo assegurar que a qualidade dos serviços

acompanhe o ritmo da expansão dos mesmos, e que o custo de uso seja acessível a todos os

segmentos da população, ambos medidos pelas taxas de aproveitamento/uso dos mesmos

(PARP, 2011 Pg. 7, 16).

o PQG 2010-2014, a melhoria das condições de vida da população moçambicana

constitui o principal objectivo da Governação.

De acordo com o mesmo instrumento, o capital humano constitui condição necessária

para o sustento e desenvolvimento do país daí que, a crescente melhoria das condições

de vida da população moçambicana constitui o principal objectivo da governação e, a

Page 29: Acesso aos servicos sociais basicos

17

garantia dos direitos humanos em termos de acesso aos serviços básicos. O mesmo

argumento é expresso na Agenda 2025, END e EDR.

O desenvolvimento humano e social, fundamentado através da provisão de serviços

públicos de educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, água e saneamento,

habitação, protecção social e produtiva, constitui um dos objectivos pilares para o

combate a pobreza como objectivo central pois, como vincula o PARP 2011-2014 bem

como o PQG 2010-2014.

Para uma melhor compreensão do assunto em estudo importa, destacar alguns conceitos

importantes para o trabalho.

6.1. Desenvolvimento e Qualidade de vida

Definir o desenvolvimento como uma situação, condição e processo que cria e/ou

proporciona melhorias na qualidade de vida das pessoas e da sociedade e do ponto de

vista prático e fenomenológico implica em melhoria das condições e da qualidade de

vida em geral, pode ser considerada uma maneira adequada para tratar o tema sobre o

bem-estar no meio rural ou questão tão complexa (Olhares Sociais, Maio de 2013).

A mesma ideia, é defendida pelo PNUD (2013), que considera o desenvolvimento como

processo de mudança de uma sociedade no sentido de melhorar o bem-estar da

população de geração em geração, alargando o seu leque de escolha nos domínios da

saúde, educação e rendimento e expandindo as suas liberdades e possibilidades de

participação significativa na sociedade.

A qualidade de vida, por sua vez, é definida por Amartya Sen e Nusbaum (1995) citados

pela Revista Olhares Sociais (Maio de 2013), como a representação de combinações de

Page 30: Acesso aos servicos sociais basicos

18

coisas que uma pessoa é capaz (capacitações) de fazer ou ser, e as funcionalidades, que

representa partes do estado de uma pessoa as várias coisas que ela faz ou é.

A qualidade de vida pode ser avaliada em termos da capacitação para alcançar as

funcionalidades (desde nutrir-se, ter saúde, educação até ter auto-respeito e integração

(Olhares Sociais, Maio de 2013).

Para Herculano (2000) a qualidade de vida de uma determinada população, pode ser

avaliada ou mensurada em duas maneiras: avaliando as necessidades, através dos graus

de satisfação e dos patamares desejados e, examinando se os recursos disponíveis, tem a

capacidade efectiva de satisfazer as necessidades de um grupo social: condições de

saúde, qualidade de habitação, saneamento etc.

Noutra perspectiva de Scanlon, in Nusbaum e Sem (1995) citados por Herculano

(2000), sugerem que uma outra forma de mensurar a qualidade de vida é avaliar as

necessidades, através dos graus de satisfação e dos patamares desejados. Nesse sentido

de acordo com as fontes em referência, pode se tentar mensurar a qualidade de vida pela

distância entre o que se deseja e o que se alcança.

6.2. Bem-estar

As concepções sobre o bem-estar são várias podendo variar do âmbito económico e até

a social.

Para Mehl (1979), citado por Nogueira (2002), é a partir de 1920 que se inaugura uma

reflexão mais sistemática do bem-estar, sendo os primeiros textos da área económica.

O bem-estar, no plano sócio-económico e político, de acordo com Setién, (1993) citado

por Nogueira (2002), foi sendo identificado como nível de vida ou como uma

diferenciação deste nível. Para o mesmo autor, em outros termos, contemplaria os

Page 31: Acesso aos servicos sociais basicos

19

padrões de vida como fortemente condicionados por factores objectivos, sejam

históricos, culturais, económicos ou sociais.

Já para Dasgupta (1993), citado por Nogueira (2002), destaca que se pode apreender os

componentes do bem-estar (utilidades e liberdades civis e políticas) e os determinantes

do bem-estar que têm utilidade (bens e serviços que são insumos na produção do bem-

estar saúde, educação, habitação, etc.).

Para o mesmo autor, o termo bem-estar social aparece em finais da década de 40 e

início dos anos 50 onde, a vinculação do homem ao entorno social passa a fazer parte da

preocupação de académicos e políticos, os quais indicam que o bem-estar não pode ser

apreendido unicamente como condição individual, mas também social e dependente de

uma intervenção do Estado.

É nesta óptica que, Forton (1974) citado por Nogueira (2002) acrescenta como

componentes do bem-estar social educação, saúde, alimentação, habitação,

comunicação, trabalho, previdência social, lazer, possibilidade de associação e

integração cultural e liberdades humanas.

6.3. Pobreza

De acordo com Bengoa (1996) citado por Maleane (2010), pobreza é um conceito difícil

de definir, mas que todo mundo entende quando é menciona.

A pobreza difere também em cada país, região, sociedade em que estão inseridos os

indivíduos, ou seja, o que é pobreza para Moçambique pode não ser para outro país

também subdesenvolvido (Maleane, 2010).

Page 32: Acesso aos servicos sociais basicos

20

A pobreza é realmente uma carência material tipicamente envolvendo as necessidades

da vida quotidiana como alimentação, vestuário, alojamento e cuidados de saúde ou

seja, pode ser entendida como a carência de bens e serviços essenciais, é também

entendida como a falta de recursos económicos (Sabença, 2010).

Já na concepção de Viera (2005), pobreza é uma questão de privação, afectando o bem-

estar das pessoas onde, essas privações de que sofrem os indivíduos em condição de

pobreza, são variadas e podem ser analisadas sob diferentes pontos de vista ou

perspectivas que se complementam mais do que se opõem:

Em termos absolutos poder-se-ia definir um conjunto de elementos mínimos sem os quais os

indivíduos não teriam uma vida decente e estariam portanto numa condição de pobreza neste

caso, tratar-se-ia das condições (objectivas) de privação enquanto a privação relativa é mais

subjectiva mas merece uma atenção tão objectiva quanto a privação absoluta: posto de outra

forma, a escolha das condições de privação não pode ser independente da percepção da

privação (Viera, 2005 Pg. 8).

Na perspectiva das necessidades básicas, de acordo com o mesmo autor, a identificação

da pobreza implica a definição de um conjunto de necessidades básicas e a análise da

incapacidade em satisfazer minimamente essas necessidades.

Para o caso concreto de Moçambique, como evidencia Maleane (2010), as

consequências da pobreza são evidenciadas no que se refere à disponibilidade, acesso e

exercício de direitos fundamentais, tais como educação, saúde, emprego, transporte,

entre outros.

Resumidamente, Crespo e Gurovitz (2002), dizem que, pobreza é fome, é falta de

abrigo. Pobreza é estar doente e não poder ir ao médico. Pobreza é não poder ir à escola

e não saber ler. Pobreza é não ter emprego, é temer o futuro, é viver um dia de cada vez.

Page 33: Acesso aos servicos sociais basicos

21

Pobreza é perder o seu filho para uma doença trazida pela água não tratada. Pobreza é

falta de poder, falta de representação e liberdade.

6.4. Acesso e Acessibilidade

Para Martins e Travassos (2004), acesso é um conceito complexo, muitas vezes

empregue de forma imprecisa. Para os mesmos autores, é um conceito que varia entre

autores e que muda ao longo de tempo e de acordo com o contexto.

Oliveira et al; (2006), consideram o acesso a forma de expressar as características da

oferta que facilitam ou obstruem a capacidade das pessoas de usarem um determinado

serviço (dando exemplo do serviço de saúde) quando deles necessitam.

A disponibilidade de serviços e sua distribuição geográfica, a disponibilidade e a

qualidade dos recursos humanos e tecnológicos, os mecanismos de financiamento, o

modelo assistencial e a informação sobre o sistema são características da oferta que

afectam o acesso (Oliveira et al., 2006).

Alguns autores, como Donabedian (2003), citado por Martins e Travassos (2004),

empregam o substantivo acessibilidade carácter ou qualidade do que é acessível,

enquanto outros preferem o substantivo acesso, acto de ingressar, entrada.

Para o mesmo autor, acessibilidade constitui um dos aspectos da oferta de serviços

relativo à capacidade de produzir serviços e de responder às necessidades desses

serviços por exemplo de saúde para uma determinada população.

Nesse sentido para o mesmo autor, acessibilidade, é mais abrangente do que a mera

disponibilidade de recursos em um determinado momento e lugar pois, refere-se às

Page 34: Acesso aos servicos sociais basicos

22

características dos serviços e dos recursos que facilitam ou limitam seu uso por

potenciais usuários.

O mesmo autor, distingue duas dimensões da acessibilidade: a sócio organizacional e a

geográfica e indica que essas dimensões se inter-relacionam onde, a acessibilidade sócio

organizacional: inclui todas as características da oferta de serviços, excepto os aspectos

geográficos, que obstruem ou aumentam a capacidade das pessoas no uso de serviços

enquanto, a acessibilidade geográfica, que mais se enquadra no presente trabalho

relaciona-se à fricção do espaço que pode ser medida pela distância linear, distância e

tempo de locomoção, custo da viagem, entre outros.

A perspectiva analítica de Donabedian (2003), é fortificada por Gibbard (1982), citado

por Unglert (1990), quando analisa a questão de equidade no acesso aos serviços de

saúde ao afirmar que, a acessibilidade dos serviços de saúde, deve ser garantida do

ponto de vista: geográfico, através do adequado planeamento da localização dos

serviços de saúde com a adequação das normas e técnicas dos serviços aos hábitos e

costumes da população em que se inserem; e funcional, através de oferta de serviços

oportunos e adequados às necessidades da população.

Já na perspectiva de Penchansky & Thomas (1981), citados por Martins e Travassos

(2004), identificam várias dimensões que compõem o conceito de, acesso dentre outras

a: disponibilidade (volume e tipo) de serviços em relação às necessidades;

acessibilidade, tomada aqui como uma dimensão do acesso, caracterizada pela

adequação entre a distribuição geográfica dos serviços e servidos (população);

acolhimentos, que representam a relação entre a forma como os serviços organizam-se

para receber os clientes e a capacidade dos clientes para se adaptar a essa organização.

Page 35: Acesso aos servicos sociais basicos

23

Numa outra perspectiva sobre a acessibilidade, Frenk (1985), citado por Martins e

Travassos (2004), desenvolve-o pela ideia de complementaridade entre características

da oferta e da população. Para o mesmo autor, a acessibilidade é a relação funcional

entre um conjunto de obstáculos para procurar e obter cuidados (resistência) e as

correspondentes capacidades da população para superar tais obstáculos (poder de

utilização).

6.5. Serviço Social

Fontoura (1954) citado por Faleiros (2011), considera o serviço social como sendo o

conjunto de técnicas que tem por objectivos reajustar a personalidade humana, no

sentido do seu pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral e social, com o fim de

tornar o Homem mais feliz e proporcionar mais bem-estar à comunidade.

A mesma fonte, ainda considera que, o serviço social é toda a acção dos poderes

públicos dos indivíduos ou das obras particulares tendo por objectivo prevenir, curar ou

minorar por meio científico as deficiências dos indivíduos e das actividades.

Na perspectiva da PNUD (2014), os serviços sociais básicos, são entendidos no sentido

da universalidade do seu acesso na medida em que implica igualdade de acesso e de

oportunidade para reforçar capacidades essenciais.

A defesa da prestação universal de serviços sociais de base, educação, prestação de

cuidados de saúde, abastecimento de água e saneamento, bem como segurança pública,

assenta na premissa de que todos os seres humanos devem ser empoderados (capacidade

de os indivíduos e grupos poderem decidir sobre as questões que lhes) dizem respeito,

escolher, para viverem vidas que valorizem e de que o acesso a certos elementos básicos

Page 36: Acesso aos servicos sociais basicos

24

de uma vida digna tem de ser dissociado da qualidade de pagamento de pessoas na

medida em que, a cobertura universal dos serviços sociais de base é viável nos estágios

de desenvolvimento (PNUD, 2014).

Para a PNUD, a saúde, educação, saneamento e água, segurança pública, constituem

serviços universais básicos sendo a base viável nos estágios iniciais de

desenvolvimento.

Já para o PARP 2011-2014 e PQG 2010-2015, frisam que a educação, saúde e

saneamento e água, constituem serviços sociais básicos. Numa perspectiva de

indicadores para a avaliação em geral do desenvolvimento humano, as mesmas políticas

incluem para além dos indicados como serviços sociais básicos, a energia, e a segurança

social e do bem-estar como considera o INE (2013), para além dos enumerados,

também constituem indicadores de avaliação, a habitação e acesso e aos bens duráveis.

A estes, o Comité de Conselhos (2003) da Agenda 2025, acrescenta o emprego e o

auto-emprego como sendo as condições básicas da vida.

6.6. Delimitação de conceitos

Serviços Sociais básicos

A educação, saúde e água, constituem os serviços sociais básicos que serão analisados

no presente trabalho embora existam os demais que completam a lista para a análise do

desenvolvimnto humano da população.

Variáveis de acesso

A dimensão do acesso para o presente trabalho, é definida como disponibilidade que

constitui-se na representação da existência ou não do serviço e distância que para

Silveira (2006) sempre foi, a preocupação da geografia embora no passado esta era vista

Page 37: Acesso aos servicos sociais basicos

25

apenas no sentido físico isto é, que era determinada pelos limites físicos da natureza

(rios, montanhas etc) em que a preocupação era a percepção da sua extensão em termos

geométricos.

Com a introdução de factores de complexidade e a produção de dinamismos, ao longo

da história, em virtude dos acréscimos de ciência, tecnologia e informação, fizeram com

que segundo a mesma autora, a vida ultrapassasse a cada dia esses limites e, a distância

passa a não ser vista apenas em uma simples distância física, mas uma distância medida

em custos e em percepções.

As distâncias que são hoje a base da organização do espaço não são mais as distâncias

geométricas, mas as distâncias humanas, aquelas relativas ao tempo, à actividade do

homem (Silveira, 2006).

Page 38: Acesso aos servicos sociais basicos

26

CAPÍTULO III

Este capítulo, visa situar em termos geográficos a área de estudo através de

coordenadas, limites administrativos e descrever as suas características físico-

geográficas e sócio-económicas, aspectos essencias em trabalhos de Geografia.

7. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

7.1. Localização Geográfica

7.1.1.Limites e coordenadas

A localidade de Golo localiza-se no posto administrativo sede, a este do distrito de

Homoíne, é constituído por 8 localidades nomeadamente Golo (área de estudo),

Mubécua, Chinjinguir, Inhamússua, Chizapela, Manhica, Homoíne sede e Nhaulane

(Nhantumbo, 2014).

Localiza-se entre as coordenadas 23°55'8.69" e 24° 6'3.01"latitude sul, 35° 2'45.04" e

35°14'18.29" longitude, este e tem como limites a Norte a Localidade de Inhamússua, a

sul o distrito de Jangamo, a Este a cidade da Maxixe e a Oeste a localidade de Mubécua

(Google earth, 2015).

Page 39: Acesso aos servicos sociais basicos

27

Mapa nº 1: Localização Geográfica da Localidade de Golo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014

7.1.2. Divisão Administrativa

Numa extensão de 18391 hectares isto é 183,9km2, a localidade de Golo em termos da

divisão administrativa de acordo com o respectivo chefe Francelino Nhantumbo, possui

10 povoados nomeadamente Chitata, Zualo, Fundzo, Covane, Mafuiane, Binhane,

Bucucha, Uputo, Mocumba e Golo-sede.

Page 40: Acesso aos servicos sociais basicos

28

Mapa nº 2: Povoados da Localidade de Golo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2014

7.2. Características físico-geográficas

7.2.1.Clima, Relevo, Vegetação, Solos e Hidrologia

A área de estudo isto é, a localidade de Golo situa-se num distrito que é dominado por

um clima tropical seco com uma temperatura média de 22Cº e uma precipitação média

mensal de 60.4mm e anual de 880mm estando o distrito sob uma planície de origem de

acumulação sendo a vegetação predominante a de savana, destacando-se uma cobertura

Page 41: Acesso aos servicos sociais basicos

29

de coqueiros sobretudo na localidade de Golo, mas também nas localidades de

Chindjinguir e Inhamússua (INE, 2013; MAE, 2005 e MINED, 1986).

Ao nível do distrito onde se insere a área de estudo, predominam os solos arenosos de

fertilidade muito baixa e baixa retenção de água sendo que, a região norte é

caracterizada pela ocorrência de solos delgados e características da cobertura arenosa de

espessura variável. O distrito é banhado pelos rios Domo-domo, Nhanombe (que passa

pela localidade de Golo) Nhalihave e os lagos Pembe e Nhavarre (Idem).

Mapa nº 3: Rios que atravessam o distrito de Homoíne

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

Page 42: Acesso aos servicos sociais basicos

30

7.3. Características sócio-económicas

7.3.1.População

O distrito de Homoíne, tem uma população estimada em 123632 habitantes dos quais

68605 que representa 55, 5%, é a população feminina e os restantes 55027 habitantes

são do sexo masculino com uma representação percentual de 44,5%. Esta população,

está distribuída numa área de 1918km2 com uma densidade populacional de 65hab/km

2

(INE, 2013).

A localidade de Golo possui, de acordo com Francelino Nhatumbo chefe da Localidade,

19553 habitantes distribuídos pelos dez povoados que constituem a Localidade como

ilustra a tabela nº 1 referente a distribuição da população pela localidade.

Tabela nº 1: População da Localidade de Golo por povoado

Distribuição População da Localidade de Golo por povoado

Nome do povoado Número de Habitantes Representação percentual

Binhane 925 4.7

Bocucha 1765 9.0

Chitata 2055 10.5

Covane 900 4.6

Fudzo 1700 8.7

Golo-Sede 2030 10.4

Mafuiane 2178 11.2

Mocumba 1540 7.9

Uputo 2100 10.8

Zualo 4340 22.2

Total 19533 100.0

Fonte de dados: INE, 2007 fornecido pelo chefe da localidade e elaborada pelo autor

Page 43: Acesso aos servicos sociais basicos

31

Gráfico nº 1: População da localidade de Golo por povoado

Fonte de Dados: INE, 2007 fornecidos pelo chefe da Localidade e elaborado pelo autor.

Tendo em conta a extensão territorial da localidade que é de 183.9km2

e uma população

estimada em 19553 habitantes, a densidade populacional situa-se em 106hab/km2.

7.3.2. Actividades económicas

A agricultura é a actividade dominante envolvendo quase todos os agregados familiares.

Esta actividade é praticada em sequeiro e manualmente em pequenas explorações

Page 44: Acesso aos servicos sociais basicos

32

familiares sendo, o milho, a mandioca, o feijão-nhemba, amendoim as culturas mais

praticadas e a pecuária que também é desenvolvida no distrito sendo mais de criação de

gado pelas famílias e para além dessas actividades, no distrito também se pratica a pesca

e silvicultura (MAE, 2005).

7.3.3. Infra-estruturas sociais

O distrito, no que diz respeito a infra-estruturas de estradas, tem cerca de 300km e nas

telecomunicações, ele possui uma rede de telefonia móvel e fixa com capacidade

limitada (Idem).

A localidade não dispõe de estradas alcatroadas mas sim a terra batida sendo que, a

principal estrada que atravessa a localidade, é a que liga a vila sede do distrito de

Homoíne e a estrada Nacional nº 1 que atravessa os povoados de Fundzo e Covane

sendo que, a localidade tem acesso a rede de telefonia móvel das três operadoras.

O acesso a fontes de água potável no distrito de Homoíne constitui um dos maiores

problemas com que as populações se debatem sendo que, elas não têm acesso a fontes

melhoradas, isto é, na sua maioria depende de poços abertos senão, são obrigadas a

percorrer distâncias longas ao encontro de fonte de água mais próxima (MAE, 2005).

A localidade, de acordo com os SDPI (2014), de Homoíne, enfrenta enormes problemas

de acesso ao precioso líquido pois, as 4 bombas manuais existentes não chegam a

responder a demanda pois, elas foram construídas para uma média de 300 pessoas num

raio de 500metros.

No sector de educação, o distrito de Homoíne possuía em 2013, de acordo com INE

(2013), 76 escolas do ensino primário, 3 escolas de ensino secundário geral de primeiro

Page 45: Acesso aos servicos sociais basicos

33

e segundo ciclos destas, 11 estão localizadas na localidade de Golo sendo uma do

ensino Secundário Geral e as restantes de ensino primário. No que diz respeito a saúde,

o distrito possuía em 2012, de acordo com a mesma fonte, 10 centros de saúde e 3

postos sendo um destes centros localizado na localidade de Golo.

CAPÍTULO IV

A instalação de infra-estruturas referentes a um determinado serviço numa região,

obedece certos critérios que são estabelecidos pelas instituições que velam pelos

respectivos sectores, estes que servem de determinantes ou factores de localização.

Nesse sentido, a primeira parte deste capítulo, é dedicada a descrição desses critérios.

De seguida, estão expostos os resultados da pesquisa, retratados nos últimos dois sub-

capítulos deste capítulo.

8.CRITÉRIOS DE LOCALIZAÇÃO E ACESSO AOS SERVIÇOS SOCIAIS

BÁSICOS

De um lado, eles são de âmbito nacional ou seja são critérios estabelecidos pelas

instituições nacionais, ao nível do país pelas diversas instituições públicas responsáveis

pela prestação de serviços a população mas de outro, são recomendados pelas

organizações internacionais como as Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde

(OMS) entre outros organismos internacionais que defendem a igualdade de direitos e

desenvolvimento humanos.

Page 46: Acesso aos servicos sociais basicos

34

8.1.1.Abastecimento de água

Para o sector de Água, de acordo com a DNA (1995), citado por Carmona (2005), um

dos critérios considerados básicos para a localização de uma bomba manual de água, é

que ela esteja localizada de maneira a conseguir servir um universo de 500 pessoas num

raio de abrangência de meio quilómetro ou seja 500 metros.

Aos critérios de acessibilidade a fonte de água, a ONU (2010), no seu documento

intitulado “O direito Humano a água e saneamento”, acrescenta que, a água

disponibilizada deve ser potável e segura garantindo que as instalações do seu

fornecimento estejam localizadas onde haja segurança física no seu acesso dentro ou na

proximidade imediata do lar, local de trabalho e instituições de ensino ou de saúde.

Nessa óptica de acesso físico de água, a OMS recomenda que a fonte esteja localizada a

uma distância máxima de 1000 metros do lar e o tempo de recolha não deverá

ultrapassar 30 minutos e que, estejam disponíveis 10 a 100 litros por pessoa/dia.

8.1.2.Escolas

No que diz respeito a educação de acordo com o MINED (2005), citado por Carmona

(2005) a construção de uma escola primária também obedece a determinados critérios.

Nessa óptica, as escolas localizam-se em função da importância dos aglomerados

populacionais bem como em função das vias de comunicação ou das acessibilidades.

8.1.3. Centros de saúde

Em relação a saúde, de acordo com o Ministério da Saúde citado por Cormona (2005),

os hospitais de nível secundário sendo unidades de referência para os doentes que não

encontram solução para os seus problemas de saúde no centros de saúde, não se

Page 47: Acesso aos servicos sociais basicos

35

localizam não só em função dos aglomerados populacionais mas, também em função

das vias de comunicação e dos fluxos de transporte dando-se, nesse sentido a prioridade

a aglomerados populacionais próximos de entroncamento rodoviários ou ferroviários.

Para além disso de acordo com SDSMAS (2014) de Homoíne, a localização de um

centro de saúde numa localidade é influenciada pela existência de água na medida em

que, os serviços de saúde precisam deste líquido para em parte garantir o seu

funcionamento, do número de população residente e a distância em que esta está sujeita

em relação a um serviço de saúde.

No que diz respeito sobretudo, ao rácio população/médicos, a OMS recomenda que, ao

menos um médico esteja para mil habitantes.

8.2. SERVIÇOS SOCIAIS BÁSICOS EXISTENTES NA LOCALIDADE DE

GOLO

8.2.1. Abastecimento de Água

De acordo com a ONU (2010), assegurar o acesso à água e ao saneamento enquanto

direitos humanos constitui um passo importante no sentido de isso vir a ser uma

realidade para todos porque, constitui um direito legal e não um bem ou serviço

providenciado a título de caridade.

A água potável segura e o saneamento adequado são fundamentais para a redução da

pobreza, para o desenvolvimento sustentável e para o prosseguimento de todos e cada

um dos objectivos de desenvolvimento do Milénio (Ban Ki-moon citado por ONU,

2010).

Page 48: Acesso aos servicos sociais basicos

36

O abastecimento de água e a disponibilidade de saneamento para cada pessoa na óptica

da ONU (2010), deve ser contínuo e suficiente para usos pessoais e domésticos em que

estes usos, incluem, habitualmente, beber, saneamento pessoal, lavagem de roupa,

preparação de refeições e higiene pessoal e do lar.

Ainda na perspectiva da mesma organização em referência citando a OMS, são

necessários entre 50 a 100 litros de água por pessoa por dia para assegurar a satisfação

das necessidades mais básicas e a minimização dos problemas de saúde na medida em

que, de acordo com a PNUD (2006) citado pela ONU (2010), perto de metade de todas

as pessoas nos países em desenvolvimento sofrem de problemas de saúde devido a más

condições de água e saneamento.

O distrito de Homoíne, onde se insere a área de estudo, o acesso a fontes de água

potável constitui um dos maiores problemas com que as populações se debatem sendo

que, elas na sua maioria não têm acesso as fontes melhoradas isto é, na sua maioria

depende de poços abertos como elucida o gráfico n º 2 referente a distribuição

percentual dos agregados familiares do distrito por tipo de fonte de acesso a água.

Gráfico nº 2: Percentagem de Agregados Familiares, tipo de fonte de acesso à água

Page 49: Acesso aos servicos sociais basicos

37

Fonte de dados: INE, 2013 elaborado pelo autor.

De acordo com o SDPI (2014) de Homoíne, a localidade de Golo dispõe de um universo

de 11 bombas manuais de abastecimento de água sendo elas do tipo Bluepump e

Afrivdev, como está exemplificado na imagem nº 1 e 2 respectivamente.

Imagem nº 1: Bomba Manual do tipo Bluepump localizada no povoado de Chitata

Água da chuva

3%

Rio/Lago/Lagoa

23%

Poço a céu

aberto

63%

Poço/Furo

protegido

8%

Fontenária

1%

Outras

2%

Page 50: Acesso aos servicos sociais basicos

38

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015.

Imagem nº 2: Bomba Manual do tipo Afrivdev localizada no povoado de Zualo

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015.

Page 51: Acesso aos servicos sociais basicos

39

Entretanto, de acordo com a mesma fonte deste universo, apenas 4 estão operacionais e

as restantes estão assoreadas o que significa que não há nenhuma possibilidade de

reparação e, ou avariadas.

Para além destas bombas como assegurou a fonte, existe ao nível da localidade um

número considerável senão maior de furos a céu aberto que são abertos pela

comunidade nas baixas dos rios ou pelas famílias junto as suas habitações que,

abastecem a água a maior parte da população da localidade, como ilustram as imagens

nº 3 e 4 respectivamente.

Imagem nº 3: Poço a céu aberto, aberto pela comunidade no povoado Golo sede

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015

Page 52: Acesso aos servicos sociais basicos

40

Imagem nº 4: Poço a céu aberto, por uma família no povoado de Fundzo

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015

As cisternas familiares têm sido outras alternativas de conservação de água da chuva

para o uso doméstico pelas famílias residentes nesta localidade como, elucidam as

imagens 5e 6.

Imagem nº5: Cisternas familiares usadas na conservação da água da chuva

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015

Page 53: Acesso aos servicos sociais basicos

41

Imagem nº 6: Outro tipo de cisternas familiares usadas na conservação da água da

chuva

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015

Diferentemente das outras localidades tais como Manhica, Chinjinguir e Inhamussúa, a

localidade de Golo não dispõe de furos abertos através de energia ou painéis solares

pois, os existentes na localidade apenas abastecem as infra-estruturas de funcionamento

das instituições locais do estado como é o caso do edifício onde trabalha o chefe da

Localidade e a sua equipa.

8.2.2. Serviço de Saúde

No que diz respeito em geral ao nível do distrito, ele possuía em 2012, de acordo com o

INE (2013), 10 centros de saúde e 3 postos.

A localidade de Golo dispõe de um centro de Saúde do tipo 2 (localizado no povoado de

Mafuiane), o mesmo possui três funcionários sendo um enfermeiro de nível médio, um

agente de serviços e um agente de medicina, de acordo com SDMAS de Homoíne.

Page 54: Acesso aos servicos sociais basicos

42

Para além deste centro de saúde que tem por missão prestar serviços de saúde à

população da localidade e não só, segundo a mesma fonte existem de igual maneira ao

nível da localidade 5 agentes polivalentes elementares que têm a missão de prestar

serviços primários de assistência sanitária a doentes necessitados junto às suas

residências.

8.2.3. Serviço de Educação

No sector de educação, o distrito de Homoíne possuía em 2013, de acordo com INE

(2013), 76 escolas do ensino primário, 4 escolas de ensino Secundário Geral de

Primeiro e Segundo ciclos.

No que se refere a localidade de Golo, existem 11 escolas que leccionam de primeira a

décima classe ou seja o nível básico sendo que dez são do ensino primário do segundo

ciclo isto é, leccionam até sétima classe e uma do ensino secundário geral do primeiro

ciclo (até décima classe), dados fornecidos pelos SDEJT de Homoíne confirmados pelo

chefe da localidade.

Estatísticas de 2014 de acordo com a mesma fonte, apontam que a localidade esteve a

mercê de 259 professores de níveis básicos a superior que trabalhavam para um

universo de 9568 alunos. Em maior parte das escolas, de acordo com a fonte em

referência, os alunos estudam em salas de construção convencional ou de construção

mista com a aplicação do material local como laca-lacas2, barrotes extraídos em

coqueiros e com a cobertura de chapas de zinco e o chão á cimento como ilustram as

imagens 7 e 8.

2 Pecíolo ou haste da folha de coqueiro que é usado na província de Inhambane na construção de casas

não convencionais e salas de aulas.

Page 55: Acesso aos servicos sociais basicos

43

Imagens nº7 e 8: Salas de aulas de construção convencional e mista (Escola Secundária

de Golo e Primária de Chitata).

Fonte: Extraídas, pelo autor, Janeiro de 2015

8.3. ACESSO AOS SERVIÇOS BÁSICOS NA LOCALIDADE DE GOLO

8.3.1.Abastecimento de Água

Reduzir a pobreza da população implica melhorar os níveis de cobertura actuais de água

potável e Saneamento (PNUD, 2006).

Olhando na realidade descrita no capítulo anterior sobretudo no subcapítulo de serviço

de água, tudo indica que a população da localidade de Golo enfrenta problemas de

acesso a água tanto em termos de disponibilidade de forma significativa de fontes

seguras de água potável bem como em termos de distância de localização das fontes em

relação a suas habitações pois apenas estão em funcionamento 4 bombas que garantem

água potável para 3680 habitantes num universo de 19553 habitantes facto que, é

fundamentado pelo chefe da localidade de Golo ao afirmar que,

Page 56: Acesso aos servicos sociais basicos

44

Não temos água na localidade, só existem 11 bombas, não ajudam e, elas nem

estão todas operacionais e alguns povoados nem tem essas bombas exemplo:

Bucucha, Fudzo. A alternativa é de recorrer as baixas para o acesso a poços

abertos, de água não recomendável [...] (Francelino Nhantumbo, chefe da

localidade de Golo, Dezembro, 2014. Entrevistador: Autor, 2014).

Tendo em conta os números que nos são apresentados pela Tabela nº 2 referente a

situação das bombas manuais que fornecem a água na localidade e a situação em termos

do seu estado, apenas 1565 pessoas (8%) têm acesso a água potável das fontes seguras

enquanto a maioria 17988 (92%) não tem acesso a essas fontes.

Tabela nº 2: Situação das bombas manuais que fornecem a água na localidade de Golo

Localização da Fonte

Nº de Beneficiários

Tipo de Bomba

Estado da Fonte

Oper Avar Assor

Golo-Sede 205 Afridev X

Escola Secundária de

Golo 335 Afridev X

Área C1 300 Afridev X

Área B 360 Bluepump X

Área E 300 Bluepump X

Área A 430 Bluepump X

Área C2 375 Afridev X

Área C3 310 Bluepump X

EPC de Mafuiane 285 Afridev X

Área D1 330 Afridev X

Área D2 450 Afridev X

Total 3680 (1565 oper) 11 4 5 2

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados dos SDPI de Homoíne, 2014

A alternativa para a população sem acesso a água potável e de fontes seguras, tem sido

os poços a céu aberto ou seja sem nenhuma protecção como ilustram as imagens 3 e 4

embora, em alguns povoados como referiram os SDPI de Homoíne, não tenham longa

Page 57: Acesso aos servicos sociais basicos

45

duração devido a profundidade do lençol freático o que faz com que a população apenas

tenha disponibilidade de água durante alguns meses e é obrigada a abrir um novo furo

num novo local para tentar contornar a situação em alguns casos com sucesso mas na

maioria sem sucesso.

Como forma de minimizar o problema de falta de água na localidade e de abertura de

poços de água não segura de acordo com os SDPI de Homoíne, alguns povoados da

localidade de Golo, beneficiaram-se de um projecto de abertura de poços que garantem

alguma segurança financiadas pelos alguns organismos não-governamentais, como

ilustra no sentido exemplificativo a imagem 8 duma fonte aberta no povoado de Chitata

mas estas também não levam muito tempo enquanto estão operacionais

Imagem nº 9: Poço de água aberto num projecto não-governamental no povoado de

Chitata

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015

Para além disso, algumas famílias que possuem habitações com chapas como cobertura,

constroem cisternas familiares (imagem 5 e 6) que garantem a conservação da água da

chuva no período chuvoso, algo que constitui uma alternativa temporária pois, quando

Page 58: Acesso aos servicos sociais basicos

46

acaba a água conservada, a solução é percorrer distâncias estimadas em 2 a 6 km

(dependendo da localização da família em relação a fonte) para aos poços a céu aberto

ou mesmo a essas bombas que inicialmente foram construídas para uma média de 300

pessoas e um raio de abrangência de 500 metros.

Uma outra alternativa das famílias é recorrer ao rio Inhanombe para adquirir a água algo

que, os SDPI reconhecem não ser uma melhor alternativa pois existem inúmeros riscos

associados a essa prática.

Como enfatizam Günther e Razzolini (2008), a quantidade de água disponível para uso

doméstico tem influência directa nas práticas básicas de higiene pessoal, domiciliar e na

preparação dos alimentos. A condição da disponibilidade da água também é factor de

risco e contribui para os efeitos à saúde. Esses factores podem favorecer o incremento

da incidência de doenças de transmissão hídrica, pois tanto a colecta de água, como seu

transporte e armazenamento, caso necessários, podem ser realizados de forma

inadequada.

Em anexo, está exposto o mapa referente a distribuição geográfica pela localidade de

Golo das bombas manuais de abastecimento de água que de forma espacial demonstra

como estão distribuídas as únicas fontes que abastecem água potável na localidade de

Golo.

8.3.2. Serviço de Saúde

A população da localidade de Golo, apenas dispõe de um centro de um posto de saúde

localizado no povoado de Mafuiane que possui apenas três recursos humanos que tem a

Page 59: Acesso aos servicos sociais basicos

47

missão de prestar a assistência médica a população da localidade e não só que se tem

dirigido a esta unidade sanitário.

Nas palavras do chefe da localidade de Golo, há problemas de acesso aos serviços de

saúde na localidade.

Na saúde, temos um posto de saúde em Mafuiane, é longe não ajuda [...] a

população, tem de percorrer 10, 15 ou mesmo 20km, indo a este posto ou a

centro de saúde da vila-sede ou na cidade da Maxixe é complicado [...] existem

na localidade 5 agentes polivalentes que recebem quites e visitam doentes, não

são fixos, o que faz com que as populações não gostem [...] há problemas de

acesso a saúde na localidade (Francelino Nhantumbo, chefe da localidade de

Golo, Dezembro, 2014. Entrevistador: Autor, 2014).

A localização deste serviço público de saúde não beneficia a população de toda a

localidade como por exemplo dos povoados de Zualo, Chitata, Fundzo e Covane que,

para chegar ao centro é necessário percorrer entre 10 a 12 km o que significa que apenas

beneficia em termos de seus serviços apenas uma parte da população da localidade

sobretudo dos povoados de Mafuiane, Mucumba,Uputo, Bucucha e Binhane.

Como alternativa a população destes povoados e não só, recorrem ao centro de saúde da

vila de sede de Homoíne localizada a 8 a 12km ou aos postos de saúde de Joaquim

Mariano e da Cidade da Maxixe todos do Município da Maxixe localizados à 7 a 20km

algo que constitui um limitante porque para ter acesso aos serviços de saúde significa

percorrer distâncias que são muitas das vezes feitas a pé salvo algumas famílias que têm

algum poder financeiro que as minimiza através de uso de transporte que também exige

em certa medida custos de deslocação.

Page 60: Acesso aos servicos sociais basicos

48

O centro de saúde existente na localidade não dispõe de nenhum médico pois, ao nível

do distrito de Homoíne apenas existem para atender um universo de 123632 habitantes

existentes o que significa que um médico está para 61 mil habitantes mais de 60 000

acima do que a OMS recomenda como média aceitável para considerar um serviço

acessível a população.

Como relembram Andrade e Póvoa (2006), a distribuição geográfica dos médicos

influencia o bem-estar social, uma vez que estes são os principais provedores dos

serviços de saúde e o PNUD (2006) considera que a provisão de cuidados de saúde de

forma equitativa constitui uma arma poderosa no combate à pobreza.

A OMS (2013), ainda enfatiza que, todas as pessoas devem ter acesso aos serviços de

saúde de que necessitam, sem risco de ruína financeira ou empobrecimento. Trabalhar

no sentido de alcançar a cobertura universal de saúde é um mecanismo poderoso para

alcançar melhores condições saúde e bem-estar, e para promover o desenvolvimento

humano.

O mesmo órgão, reconhece que, por mais que os serviços de saúde sejam gratuitos, se

não estiverem disponíveis, ou pelo menos a distância aceitável, as pessoas não os

podem usar.

8.3.3. Serviço de Educação

No que diz respeito a educação sobretudo o ensino primário até o segundo ciclo, a

localidade de Golo não está refém dos serviços de educacionais pois, dispõe de 10

escolas facto que possibilita uma ligeira facilidade do seu acesso por parte das crianças

e jovens existentes nesta localidade que queiram frequentar algum nível escolar.

Page 61: Acesso aos servicos sociais basicos

49

Nas palavras do chefe da Localidade de Golo Francelino Nhantumbo, a localidade não

tem problemas de falta de escolas primárias que garantam ao mínimo a formação ou

instrução do indivíduo até 7ªclasse que é gratuita e mais, o acesso a educação constitui

um direito constitucional em Moçambique.

Na educação, no que diz ao seu acesso, estamos felizes, temos 11 escolas das

quais 10 de ensino primário e uma secundária geral, não há problemas [...] não

há desistências devido a distâncias as 10 escolas primárias, alimentam a

secundária geral embora com capacidade limitada a solução tem sido a

secundária da vila-sede (Francelino Nhantumbo, chefe da localidade de Golo,

Dezembro, 2014. Entrevistador: Autor, 2014).

Como ilustra a Tabela nº 3 referente a distribuição territorial das escolas na localidade

de Golo e tipos de infra-estruturas, todas as escolas existentes na localidade de Golo em

número de 10 isto é excepcionando a escola secundária geral, leccionam até a 7ª classe

facto que amplia o grau de possibilidade de acesso de todas as crianças ao ensino

primário o que faz com que não haja nenhuma criança fora do ensino devido a falta de

vaga mas sobretudo a factor distância.

A forma como as escolas estão distribuídas territorialmente pela localidade de Golo,

pode se ver no Mapa respectivo mapa em Anexo.

Page 62: Acesso aos servicos sociais basicos

50

Tabela nº 3: Distribuição territorial das escolas na localidade de Golo e tipo de infra-

estruturas

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados dos SDEJT de Homoíne, 2014

A capacidade de resposta em relação a demanda de procura de vagas ao nível da

localidade, faz com que a mesma não tenha nenhum caso registado em 2014 de

desistência devido ao factor distância nem custo isso até a sétima classe (pois a partir da

oitava classe que já passa a ser não gratuito o assunto é outro e complicado) facto dito

pelo chefe da Localidade e confirmado pelas autoridades da educação do distrito isto é

os SDEJT de Homoíne.

Num breve olhar ao, ensino secundário geral isto é, até 10ªclasse, a localidade apenas

dispõe de uma escola facto que dificulta a absorção de todos os alunos que saem das 10

escolas que leccionam até a 7ªclasse o que significa que apenas absorve uma parte

destes alunos e mesmo assim, os provenientes dos povoados de Chitata, Zualo, Covane

por exemplo, chegam a percorrer 5 a 8 km até ao povoado Golo-sede onde está

localizada a escola secundária.

Nesse sentido, os pais são obrigados por desejo de ver os seus filhos continuar a estudar,

inscreve-los na Escola secundária 25 de Setembro que se localiza a 2km da vila sede e

Localização da Escola Nível que Lecciona Tipo de Infra-Estruturas

Golo-Sede

Básico até IIºciclo

(7ªclasse)

Material convencional

Inhacuarra Material convencional e misto

Macassa Material misto

Zualo Material convencional

Chitata Material convencional e misto

Ussapa Material misto

Mafuiane Material convencional e misto

Bocucha 1 Material convencional e misto

Bocucha 2 Material convencional e misto

Chingueme Material convencional e misto

Golo-Sede Secundário Iº Ciclo

(7ªclasse)

Material convencional

Page 63: Acesso aos servicos sociais basicos

51

8 a 18 km em relação aos povoados da localidade ou até a 22km nas escolas secundárias

localizadas na cidade da Maxixe.

Importa referir que, estas distâncias são percorridas usando transporte diário facto que

sem dúvida requer custos ou senão, os alunos são obrigados a viver com familiares

localizados mais perto da escola ou nos internatos das respectivas escolas.

Como relembra o relatório nacional de desenvolvimento humano de 2006, o acesso à

educação e a produção de conhecimento são condição indispensável para o

desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades pois, a educação, mais do que nunca,

constitui um dos factores essenciais para a promoção do desenvolvimento humano.

Uma educação de qualidade, de acordo com a fonte em referência, promove nos alunos

a autonomia e capacidade de realizar escolhas conscientes, exigências básicas para o

desenvolvimento humano. É por isso que, sem qualidade, a expansão do ensino básico

não produzirá os efeitos esperados em termos de desenvolvimento humano e da redução

da pobreza (PNUD, 2006).

Uma educação básica de qualidade de acordo com o mesmo relatório, constitui o

alicerce sobre o qual se constrói o futuro desenvolvimento intelectual e cultural da

pessoa humana. Uma aprendizagem básica de qualidade deve assegurar que a/o

aprendiz adquira e se aproprie das ferramentas essenciais que lhe permitam sobreviver e

desenvolver plenamente as suas capacidades, viver e trabalhar com dignidade, participar

plenamente no desenvolvimento, melhorar a qualidade da sua vida, tomar decisões

fundamentadas e continuar aprendendo (Jomtien, 1990 citado por PNUD, 2006).

Ao educar-se mais, o indivíduo torna-se mais apto a competir com os outros por um

emprego melhor no mercado e, consequentemente, a obter uma renda maior. Assim,

haveria uma contínua necessidade de ele buscar ser mais competitivo que os outros, por

meio do aumento de sua empregabilidade (BM, 1990 citado por Ugá, 2004).

Page 64: Acesso aos servicos sociais basicos

52

9. CONCLUSÃO

O desenvolvimento humano e social enfatizado pela disponibilidade e qualidade dos

serviços sociais básicos, constitui um elemento importante para a redução dos níveis de

pobreza pois, eles podem elevar as competências sociais e reduzir a vulnerabilidade da

população.

Na localidade de Golo, existem os serviços de saúde, educação e abastecimento de água

mas a capacidade de resposta a demanda é limitada na medida em que eles não

conseguem responder efectivamente o acesso físico (distância) e muito menos a

dimensão mais ampla de acessibilidade que não é só disponibilidade mas também

qualidade e segurança para o seu uso mais efectivo pela parte da população local.

O que justifica esta característica, é a não presença em número significativo de infra-

estruturas de oferta desses serviços para reduzir em parte as distâncias que a população

local percorre para o seu acesso porque a localidade com uma população de 19533

habitantes apenas dispõe de um centro de saúde em que trabalha um técnico e dois

auxiliares, de 4 bombas manuais de abastecimento de água potável e de 11 escolas na

sua maioria isto é, em número de 10 de ensino primário.

Olhando de forma mais resumida para cada serviço, conclui-se que, a localidade no que

diz respeito a abastecimento de água em fontes seguras e operacionais (bombas

manuais), abrange apenas 8% da população total residente na localidade a restante

população recorre os poços a céu aberto, a água do rio Inhanombe e a alternativa

temporária de cisternas de captação e conservação da água de chuva. Em geral a

população para este serviço, precisa de percorrer 2 a 6 km para o acesso a água em

fontes seguras e não seguras.

Page 65: Acesso aos servicos sociais basicos

53

No que tange ao serviço de saúde, a população da localidade de Golo, chega a percorrer

10 a 20km ao encontro de qualquer unidade sanitária e, está sujeita a um rácio distrital

de 1 médico estar para 60mil habitantes na medida em que o distrito de Homoíne até

2014, dispunha de 2 médicos para uma população de 123632habitantes.Isto faz com que

o serviço se torne acessível de forma precária. A localização geográfica, do único centro

de saúde existente na localidade e as demais localizadas nas outras unidades

administrativas mais próximas como cidade da Maxixe, vila sede etc., não facilita o seu

acesso pela maioria da população devido a distância habitação e local de prestação do

serviço.

No serviço de educação, a situação é diferente pois no ensino primário os alunos não

precisam de percorrer longas distâncias pois, a localidade possui 11escolas.

O acesso ao ensino secundário, é que é deficitário pois a localidade apenas dispõe de

uma escola e, fora dos alunos que conseguem vagas na mesma, os demais precisam de

deslocar-se 8 a12km para a escola secundária da vila-sede ou 7-20km para as escolas da

cidade da Maxixe.

Estas características diferenciadas em níveis, tornam o serviço de educação acessível em

ensino primário até 7ª classe e acessível de forma precária nos restantes níveis

sobretudo os que completam o ensino básico, de 8ª a 10classe.

Em relação a água, tendo em conta a realidade descrita no capítulo de acesso aos

serviços básicos na localidade de golo sobretudo no subcapítulo sobre abastecimento de

água, suportando-se da classificação que é apresentada na tabela n°1 em anexo, mas

também considerando os parâmetros que são impostos pela Organização Mundial de

Saúde, para considerar a acessibilidade de fontes de água, pode se concluir que a

Page 66: Acesso aos servicos sociais basicos

54

localidade está nos níveis de sem acesso e acesso básico considerando os aspectos

distância que é percorrida, tempo gasto e, consequente provável volume colectado.

Em síntese, os serviços socais básicos na localidade, existem mas são acessíveis em

geral de forma precária embora, exista alguma especificidade no serviço de educação no

que diz respeito ao ensino primário em que em o acesso físico, é garantido.

Desta forma, falar do acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo, implica

primeiro avaliar a disponibilidade, a oferta ou mesmo o acesso físico antes de olhar na

dimensão mais abrangente relativa às características dos tais serviços e dos recursos que

facilitam ou limitam o seu uso efectivo por potenciais usuários ou ainda, a adequação

entre a distribuição geográfica desses serviços (localização) e servidos (população).

A oferta em número menor de infra-estruturas que garantam a prestação desses serviços,

constitui um elemento que torna os serviços acessíveis de forma precária. Este facto, faz

com que haja dificuldade de uso efectivo desses serviços pela parte da população local.

“Em que medida, os serviços sociais básicos, são acessíveis para a população da

localidade de Golo”? Em geral, são acessíveis de forma precária pois embora eles

existam em termos físicos, a sua capacidade de oferta é limitada porque de um lado em

termos quantitativos, não conseguem responder a demanda e por outro, o custo de seu

acesso (distância e consequente tempo e custo) e uso efectivo é maior.

Observações

Um aspecto a destacar que poderia ser necessário aprofundar neste trabalho, seria ouvir

a população local através de inquérito ou outra técnica de recolha de dados sobre as

dificuldades que enfrenta para aceder aos serviços sociais básicos para além de dados

recolhidos ao nível das instituições e do chefe da localidade pois estes podem estar

Page 67: Acesso aos servicos sociais basicos

55

susceptíveis a manipulação para fins políticos. Contudo, as condições, sobretudo

financeiras, não permitiram a ampliação de fontes de dados.

Outro aspecto a considerar em posteriores trabalhos que poderão ser desenvolvidos, é a

necessidade de aprofundar a incorporação de outras variáveis que permitem avaliar o

acesso, sobretudo relacionados com a qualidade dos serviços oferecidos. Neste trabalho,

destacou-se mais o factor distância, mas, poder-se-ia ter aprofundado outras variáveis

tais como tempo e custo na medida em que discutir distância na actualidade extravasa a

dimensão história em que se olhava nas medidas geométricas porque por exemplo o

transporte era antes de evoluir como na actualidade em que as distâncias tornam se mais

curtas.

Page 68: Acesso aos servicos sociais basicos

56

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, C. Domingos; GUINDANI, J. Felipe; SÁ-SILVA, J. Ronie (2009).

Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História &

Ciências Sociais Ano I - Número I. Brasil.

ANDRADE, M. Viegas; PÓVOA, Luciano (2006). Distribuição geográfica dos

médicos no Brasil: Uma análise a partir de um modelo de escolha locacional. Cad.

Saúde Pública, Rio de Janeiro, Brasil.

Banco Mundial (2001). Relatório sobre o desenvolvimento Mundial 2000/2001: Luta

contra a pobreza, panorama geral. Washington, D.C, Estados Unidos de América.

CAMPENHOUDT, L. Van & QUIVY, Raymond (1995). Manual de Investigação em

Ciências Sociais. Tradução de MENDES, J.M e ANDRADE, Maria (2005).Gradiva.

Lisboa.

CARMONA, Rafael Francisco (2005). Distribuição Territorial da população e serviços

sociais básicos no posto administrativo de Nhamantada. Dissertação apresentada em

cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a obtenção de grau de Licenciatura em

Geografia, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.

Comité de Conselheiros (Novembro, 2003). Agenda 2025. Maputo-Moçambique

Page 69: Acesso aos servicos sociais basicos

57

Conselho de Ministros (2007). Estratégia de Desenvolvimento Rural. Maputo.

CRESPO, Albernaz; PEDRO, António (jul-dez 2002). Pobreza como um fenómeno

multidimensional. Fundação Getúlio Vargas – Escola de Administração de Empresas de

São Paulo. RAE-eletrônica, Volume 1, Número 2, São Paulo.

De ASSIS, Maria Cristina (S/d). Metodologia do Trabalho Científico. Brasil

EUGENIO, F. Coelho; MOREIRA, M. Alves; RIBEIRO, C.A.A. Soares; DOS

SANTOS, G. M. M. D. Alves, DOS SANTOS, A. Rosa (2014). ArcGis 10.2.2.Passo a

passo, elaborando o meu primeiro mapeamento. Volume1.Brasil.

FALEIROS, V. De Paula (2011). O que serviço social quer dizer. Serv. Soc. São Paulo,

n° 108, Brasília, Brasil.

FREITAS, T. Dias; SCHNEIDER, Sérgio (Setembro, 2013). Qualidade de vida,

diversificação e desenvolvimento: Referências práticas para análise do bem- estar no

meio rural. Olhares Sociais. Volume 02, Número 01. Brasil.

Fundo Internacional Para o Desenvolvimento Agrário-FIDA (2010). Habilitar os

pobres rurais a superar a pobreza em Moçambique. Roma, Itália.

GIL, António Carlos (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. Editora Atlas, 6ª

edição. São Paulo, Brasil.

GÜNTHER, W. M. Risso; RAZZOLINI, M.T. Pepe (2008). Impactos na saúde das

deficiências de acesso a água. Revista social, São Paulo, Volume 17 n° 1p.21-32.

HERCULANO, Selene C. (2000). A Qualidade de vida e seus indicadores. Niterói:

Eduff.

Page 70: Acesso aos servicos sociais basicos

58

Instituto Nacional de Estatística-INE (2013). Estatísticas do distrito de Homoíne.

Maputo.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade (2003). Fundamentos de

Metodologia Científica. Editora Atlas, 5ª edição. São Paulo, Brasil.

MALEANE, Susana Otília; SUAIDEN, Emir José (2010). Inclusão, exclusão e pobreza

em Moçambique em pleno século XXI. Inc. Soc. Brasília, Brasil.

MARCONI, M. A. (2001). Metodologia Científica: Para o curso de direito. 2ª Edição,

Editora Atlas. São Paulo, Brasil.

MARTIS, Mónica; TRAVASSOS, Cláudia (Setembro de 2004). Uma revisão sobre o

conceito de acesso e utilização de serviços de saúde. Cad. Saúde pública, Rio de

Janeiro.

Ministério da Educação-MINED (1986). Atlas Geográfico, vol I, 2ªedição. Estocolmo.

Ministério da Planificação e Desenvolvimento-MPD (2013). Estratégia Nacional de

desenvolvimento. Maputo.

Ministério da Planificação e Desenvolvimento- Direcção Nacional de Estudos e Análise

de Políticas (2007). Relatório sobre pobreza e bem-estar em Moçambique: Terceira

avaliação nacional. Maputo.

Ministério de Administração Estatal-MAE (2005). Perfil do distrito de Homoíne,

Província de Inhambane. Maputo.

MARTINS, Mónica; TRAVASSOS, Cláudia (2004). Uma revisão sobre os conceitos de

acesso e utilização de serviços de saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, Brasil.

Page 71: Acesso aos servicos sociais basicos

59

NEGRÃO, José (2002). A indispensável terra Africana para o aumento da riqueza dos

pobres. Oficina dos centros de estudos sociais, N° 179. Universidade de Coimbra,

Portugal.

NHANTUMBO, Francelino. Entrevista, 10min (Dezembro, 2014). Entrevistador:

Autor, 2014. Sede da Localidade de Golo, Homoíne.

NOGUEIRA, V. M. Ribeiro (2002). Bem-estar, bem-estar social ou qualidade de vida:

a reconstrução de um conceito. Revista Semina Ciências Humanas e Sociais,

Londrina.Pg.107-122.

OLIVEIRA, E. X. G; TRAVASSOS, Cláudia; VIACAVA, Francisco (2006).

Desigualdades geográficas e sociais no acesso aos serviços de saúde no Brasil: 1998 e

2003.Rio de Janeiro.

Organização das Nações Unidas-ONU (2010). O direito humano á água e saneamento.

Espanha.

Organização Mundial de Saúde-OMS (2013). Relatório mundial de saúde 2013:

Pesquisa para a cobertura universal de saúde. Genebra.

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD (2013). Relatório do

Desenvolvimento Humano 2013: A ascensão do sul, progresso humano num mundo

diversificado. Nova York, Estados Unidos da América.

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2014). Relatório do

Desenvolvimento Humano 2014: Sustentar o progresso humano, reduzir as

vulnerabilidades e reforçar a resiliência. Nova York, Estados Unidos da América.

Page 72: Acesso aos servicos sociais basicos

60

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório Nacional do

Desenvolvimento Humano 2005 (2006): Alcançando os objectivos de desenvolvimento

do milénio. Maputo.

República de Moçambique (2010). Programa Quinquenal do Governo (PQG) para

2010-2014. Maputo.

República de Moçambique (2011). Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP)

2011-2014.Maputo.

SABENÇA, Ana Cláudia Monteiro (2010). Fontes de Informação sociológica: Pobreza

e Exclusão social. Faculdade de Economia-Universidade de Coimbra, Portugal.

Serviços Distritais de Educação Juventude de Homoíne- SDEJT (2014). Escolas da

Localidade de Golo por níveis de ensino.

Serviços Distritais de Planeamento e Infra-Estruturas de Homoíne- SDPI (2014).

Situação de abastecimento de água na localidade de Golo, Homoíne.

Serviços Distritais de Saúde e Mulher e Acção Social de Homoine- SDSMS (2014).

Situação da saúde na localidade de Golo

SILVEIRA, Maria Laura (2006). O espaço geográfico: da perspectiva geográfica à

perspectiva existencial. Revista GEOUSP-Espaço e tempo, São Paulo, n°19, pp.81-91.

TRAVASSOS, Cláudia; Oliveira, E.X.G; VIACAVA, Francisco (2006). Desigualdades

geográficas e sociais no acesso aos serviços de saúde no Brasil: 1998 e 2003. Revista

de Ciência e saúde colectiva. Rio de Janeiro, Brasil. TRAVASSOS, Claudina;

MARTINS,

Page 73: Acesso aos servicos sociais basicos

61

UGÁ, Vivian Domínguez (Novembro, 2004). A categoria “pobreza” nas formulações

de política social do Banco Mundial. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 23, p. 55-62.

UNGLERT, Carmen Viera de Sousa (1990). Enfoque a acessibilidade no planeamento

da localização e dimensão de serviços de saúde. Revista Saúde Pública, São Paulo n°

24 (6), Brasil.

Population Reference Bureau-PRB (2013). Cartaz de dados sobre a População de

Moçambique, 2013. Washington, DC.

VIEIRA, Sérgio Pires (2005). Crescimento económico desenvolvimento e pobreza,

análise da situação em Moçambique. Colecção documentos de trabalho centro de

estudos sobre África e do desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão

da Universidade Técnica de Lisboa. Portugal.

Page 74: Acesso aos servicos sociais basicos

ANEXOS

Tabela n°1: Nível de acesso a água versus necessidades atendidas e grau de efeitos

Fonte: Howard e Bartram, 2003 citados por Günther e Razzolini, 2008.

Imagem nº 1: Tipo de poço aberto de captação de existente na localidade de Golo

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015

Nível de

acesso Distância e Tempo gasto Provável volume colectado

Sem Acesso > 1km e > 30 min

Muito baixo (em torno de 5L

per capita por dia

Acesso básico <1 km e < 30 min Média não excede a 20 L per capita por dia

Acesso

intermedio

Água fornecida por torneira pública distância

de 100 m e 5 minutos)

Média aproximada de 50 L per

capita por dia

Acesso óptimo O suprimento de água ocorre mediante múltiplas torneiras

Média aproximada de 100 a 200 L per capita por dia

Page 75: Acesso aos servicos sociais basicos

Imagem nº 2: Tipo cisterna familiar de captação e conservação da água de chuva

existentes na localidade de Golo

Fonte: Extraída pelo autor, Janeiro de 2015

Imagem nº 3: Infra-estruturas educacionais de algumas escolas da localidade de Golo

Fonte: Extraíadas pelo autor, Janeiro de 2015

Page 76: Acesso aos servicos sociais basicos

Mapa nº 1: Distribuição territorial das bombas manuais de abastecimento de água pela

localidade de Golo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Page 77: Acesso aos servicos sociais basicos

Mapa nº 2: Distribuição territorial de escola pela localidade de Golo

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Page 78: Acesso aos servicos sociais basicos

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Geografia

GUIÃO DE PERGUNTAS DE ENTREVISTA DIRIGIDO AO CHEFE DA

LOCALIDADE DE GOLO

O presente guião de perguntas para a entrevista tem como a finalidade recolher

informações sobre o acesso aos serviços sociais básicos por parte da população da

Localidade de Golo no distrito de Homoíne com vista a saber de que forma eles são

acessíveis para a população.

Constitui uma das técnicas de recolha de dados com vista a fundamentar o trabalho de

culminação de Fim de Curso de Licenciatura em Geografia intitulado “Análise sobre o

acesso aos serviços sociais básicos na localidade de Golo, distrito de Homoíne’’

PARTE I: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Nº da entrevista:__________ Local da entrevista:____________Início da

entrevista:___/__________Fim da entrevista:_____/______

Nome:_________________________ Idade:____________________ Chefe da

localidade ou povoado/membro da sociedade:_________________ Lugar de

residência:____________.

PARTE II: ACESSO AO SERVIÇO DE SAÚDE

1. Existem Centros de saúde, Posto médico ou uma unidade sanitária aqui na localidade

de Golo?

Page 79: Acesso aos servicos sociais basicos

1.1. Se sim quantos existem ao nível da Localidade?

1.2. Em que povoados se localizam?

1.3. Para os povoados que não tem, onde a população tem recorrido para a assistência

médica?

2. Quais as dificuldades que a população encontra para ter acesso a uma unidade

Hospitalar

PARTE III: ACESSO AO SERVIÇO DE EDUCAÇÃO

3. Existem escolas aqui na localidade? Quantas?

3.1. Se sim em que povoados?

3.2. Para os povoados que não tem, onde estudam?

4. Que tipos de escolas existem EP1, EP2, ESG?

5. Tem havido problema de professores e vagas nessas escolas?

6. Quais as dificuldades que os alunos, enfrentam para estudar?

PARTE IV: ACESSO AO SERVIÇO DE ÁGUA

7. A população da localidade tem acesso à água?

8. Aonde tira se essa água?

9. Qual a distância que a população percorre para ter acesso à água?

10. Quais as dificuldades encaradas pela população para ter acesso à água.

Fim, obrigado