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SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA SESI CONCEITOS BÁSICOS GEOGRAFIA ARQUITETANDO 1 3º BIMESTRE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS-PR 2015

GEOGRAFIA - CONCEITOS BASICOS

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URBANIZAÇÃO

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SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA – SESI

CONCEITOS BÁSICOS – GEOGRAFIA

ARQUITETANDO 1 – 3º BIMESTRE

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS-PR

2015

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VINICIUS GABREIEL CARVALHO DE OLIVEIRA

CONCEITOS BÁSICOS – GEOGRAFIA

ARQUITETANDO 1 – 3º BIMESTRE

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS-PR

2015

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SUMÁRIO

1 PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO ...................................................................... 4

2 URBANIZAÇÃO NO SÉCULO XX E XXI .............................................................. 6

2.1 URBANIZAÇÃO NO BRASIL ............................................................................. 6

2.2 URBANIZAÇÃO MUNDIAL ................................................................................ 7

3 METRÓPOLE E MEGALÓPOLE .......................................................................... 8

3.1 METRÓPOLE .................................................................................................... 8

3.2 MEGALÓPOLE .................................................................................................. 9

4 MEGACIDADES ................................................................................................. 10

5 CIDADES GLOBAIS ........................................................................................... 12

6 REGIÕES METROPOLITANAS ......................................................................... 14

6.1 O QUE SÃO (DEFINIÇÃO) .............................................................................. 14

6.2 CONURBAÇÃO ............................................................................................... 14

6.3 REGIÕES METROPOLITANAS E A CONSTITUIÇÃO .................................... 14

6.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE MORAR NUMA REGIÃO

METROPOLITANA ................................................................................................ 14

6.5 PRINCIPAIS REGIÕES METROPOLITANAS DO BRASIL E POPULAÇÃO ... 15

7 URBANIZAÇÃO EM PAÍSES DESENVOLVIDOS .............................................. 15

8 URBANIZAÇÃO EM PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS ....................................... 16

9 REDE URBANA .................................................................................................. 18

9.1 REDE URBANA DO BRASIL ........................................................................... 20

10 PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DO PROCESSO DE

URBANIZAÇÃO ........................................................................................................ 21

10.1 PROBLEMAS SOCIAIS URBANOS ............................................................... 22

10.2 PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS ....................................................... 23

11 SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL ................................................................. 25

12 TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA ...................................................... 26

12.1 TRANSPORTE............................................................................................... 26

12.2 MOBILIDADE URBANA ................................................................................. 28

13 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 29

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1 PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO

A Urbanização é o processo de surgimento e crescimento das cidades.

Geralmente, essa expressão é utilizada para se referir a locais ou países em que a

população deixa de ser predominantemente rural e passa a ser predominantemente

urbana.

Esse fenômeno está sempre relacionado a uma dinâmica econômica. Quando

um determinado país apresenta a maior parte de sua população no meio rural, as

práticas econômicas que mais geram empregos são os agrícolas, pois é no campo

que elas acontecem. Dessa forma, quando a sociedade se urbaniza, a maior parte

dos empregos é oferecida pelas indústrias, pelo comércio e pelas áreas de prestação

de serviços, que são atividades eminentemente urbanas.

Ao longo do tempo, todas as sociedades do mundo que passaram pelo

processo de industrialização se urbanizaram. Em um primeiro momento, isso

aconteceu nos chamados países desenvolvidos, principalmente na Europa, pois foi lá

que a I Revolução Industrial aconteceu, a partir do século XVIII. Assim, em busca de

melhores condições de vida e de emprego nas indústrias, muitas pessoas migraram

do campo para a cidade, em um processo chamado de êxodo rural.

Em países em que a industrialização demorou mais para acontecer, como no

caso do Brasil, o processo de urbanização também ocorreu de forma tardia. Nas

economias subdesenvolvidas ou emergentes, a formação das grandes cidades

consolidou-se apenas na segunda metade do século XX. Apesar de ter demorado

mais para acontecer, a urbanização nos países periféricos ocorreu de forma muito

mais acelerada do que nos países centrais.

Além da industrialização, o fator responsável pela urbanização desses países

foi a mecanização do campo, pois, com a substituição do homem pela máquina no

meio rural, as pessoas não tinham outra opção senão morar nas cidades.

Em 2005, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou que, pela primeira vez

na história da humanidade, o número de pessoas vivendo nas cidades era superior

ao número de pessoas vivendo no campo. Assim, podemos notar que o processo de

industrialização no mundo ganhou proporções gigantescas.

Apesar de o processo de formação das grandes cidades ser uma característica

da modernidade, ele não representa necessariamente uma forma de

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desenvolvimento. Quando a urbanização ocorre sem planejamento, de forma

desordenada, ela ocasiona a chamada macrocefalia urbana, que é quando as

cidades não conseguem assimilar o grande número de pessoas que chegam ao

campo.

Por isso, a grande preocupação de inúmeros países é melhorar a condição de

vida das pessoas na cidade, bem como conter o processo de urbanização, através da

manutenção das pessoas no campo. Isso só ocorre se as terras no meio rural forem

mais bem distribuídas, ou seja, não ficarem concentradas nas mãos de poucas

pessoas.

FIGURA 1: RIO DE JANEIRO, HÁ 450 ANOS ATRÁS, ANTES DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

FONTE: G1.GLOBO.COM

FIGURA 2 - MANHATTAN ANTES E DEPOIS AO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

FONTE: NATIONAL GEOGRAPHIC

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2 URBANIZAÇÃO NO SÉCULO XX E XXI

2.1 URBANIZAÇÃO NO BRASIL

O processo de urbanização no Brasil ocorreu de maneira rápida e

desordenada, ao longo do século XX, com a grande migração da população, que

trocou o meio rural pelas novas oportunidades oferecidas pelas cidades.

O crescimento e o desenvolvimento do Brasil impulsionaram o surgimento de

diversas cidades, principalmente com a implementação de variadas indústrias, que

possibilitaram novos empregos, atraindo a população que vivia no campo para a

cidade.

Mas esse processo não ocorreu da mesma forma em todo o país. Algumas

regiões brasileiras urbanizaram-se mais do que outras em razão das políticas públicas

(que incentivaram determinadas áreas e outras não). As regiões Sul e Sudeste

destacam-se porque possuem uma concentração maior de áreas urbanas.

O chamado êxodo rural, que consiste na migração da população rural para as

cidades, foi muito intenso em décadas passadas e a migração dessas pessoas

provocou um inchaço urbano em determinadas regiões.

A falta de planejamento urbano e o crescimento acelerado trouxeram algumas

consequências para esses centros urbanos, tais como: problemas de saneamento

básico (como tratamento de distribuição de água e esgoto), congestionamento (em

razão da falta de espaço nas ruas), falta de moradias, poluição ambiental, falta de

áreas verdes (como praças e bosques), indústrias e residências na mesma área

(ocasionando problemas ambientais e de saúde), barulho, violência e diversos outros

transtornos que resultam em má qualidade de vida para a sociedade.

Também ocorreu no Brasil o planejamento urbano para a criação de algumas

cidades, entre elas a capital federal, Brasília. O planejamento urbano serve para evitar

os problemas que ocorrem com as cidades que crescem rapidamente e não têm um

acompanhamento adequado.

Esses centros planejados possuem estudos para fluxos de automóveis (que

evitam o congestionamento), bairros para moradias, distritos industriais separados

das moradias, áreas verdes, entre outros pontos fundamentais para oferecer uma

melhor qualidade de vida para a população que ali habita.

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2.2 URBANIZAÇÃO MUNDIAL

Urbanização virou sinônimo de modernização econômica e os fatos históricos

corroboram para tal analogia. Por exemplo, no começo do século XVIII somente 3%

da população residia no meio urbano. As cidades mais populosas de que se tem

conhecimento eram Paris e Londres, com pouco mais de 1 milhão de habitantes cada.

Atualmente, metade da população reside no meio urbano, o que corresponde a

aproximadamente 3,5 bilhões de pessoas.

Entretanto, é necessário cuidado na análise das estatísticas. Isso porque a

urbanização tem um conceito formal diferente para cada nação. Ou seja, cada país,

com sua normativa jurídica, estabelece o que pode ser considerado urbano ou não.

Por exemplo, na Europa, só é considerado urbano um local cuja população seja

superior a 5 mil habitantes. No Brasil, a sede do município (cidade) e seus distritos

(vilas) são considerados urbanos, sem levar em consideração sua população ou as

funções econômicas desempenhadas pela cidade ou vila.

Nos países desenvolvidos, a urbanização é mais antiga (século XIX). Seu

principal fator foi a I Revolução Industrial, que gerou um forte êxodo rural. Com a

Segunda Guerra Mundial, começou a haver intensa migração por todas as partes do

planeta, urbanizando alguns países em desenvolvimento, como foi o caso do Brasil.

Na verdade, o que sempre motivou a urbanização foi a industrialização. Por vezes,

esse processo é inverso. São dois processos simbióticos. Industrialização gera

demanda de infraestrutura e mão de obra, o que gera migração e, consequentemente,

urbanização. Atualmente, com a revolução da informação, essa simbiose está sendo

desfeita.

No desenho atual da urbanização, Europa Ocidental, América do Norte,

América Latina e Oceania apresentam uma taxa de urbanização que varia entre 70 e

100%. A maior parte dos países da África e da Ásia apresentam baixos índices de

urbanização. Portanto, a urbanização é desigual.

Atente-se ao fato de que taxas de urbanização baixas não significam

propriamente população urbana pequena. A China e a Índia são exemplos claros. A

China é o país com maior número de pessoas residindo no meio urbano, porém

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somente 40% de sua população reside em cidades. Ou seja, paradoxalmente, é o país

mais urbano do planeta e também o mais rural.

Se no passado os países desenvolvidos urbanizaram-se mais rapidamente,

agora o processo é inverso. Os países em desenvolvimento apresentam as maiores

taxas de urbanização. A explicação desse fato é muito simples: nos países mais

desenvolvidos, grande parte da população já vive em cidades.

FIGURA 3: LONDRES, INGLATERRA.

FONTE: GOOGLE IMAGENS.

3 METRÓPOLE E MEGALÓPOLE

3.1 METRÓPOLE

Metrópole é um termo que pode designar a cidade principal ou capital de um

determinado país ou província, ou ainda, alguma cidade que, por algum motivo,

exerce influência (cultural, social, econômica) sobre as demais cidades da região

metropolitana. Pode designar, também, de forma oficial, a cidade principal de um

conjunto de cidades que se encontram unidas geograficamente. A esse processo de

junção das cidades devido ao crescimento horizontal das mesmas, dá-se o nome de

“conurbação”. E à região onde ocorre a conurbação, chama-se de “região

metropolitana”.

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3.2 MEGALÓPOLE

Megalópole seria o aglomerado (conurbação) de várias metrópoles ou regiões

metropolitanas como, por exemplo, a faixa que se estende pela costa norte-americana

desde Boston a Washington e compreende Nova York, Filadélfia e Baltimore,

constituindo a maior megalópole do mundo.

Ambos os termos se referem a tipos de aglomerações urbanas muito comuns

a partir da Revolução Industrial. Mas, muito antes disso, já haviam núcleos urbanos

com milhares de pessoas em diversas partes do mundo, como a metrópole maia de

Tikal na América Central. E, mais recentemente descoberta, a megalópole de Angkor

no Camboja que, segundo as estimativas dos cientistas, pode ter sido o maior

aglomerado urbano anterior a Revolução Industrial com mais de 1.000 km².

Mas, como nessa época as populações não contavam com as

tecnologias atuais para evitar desastres como a erosão do solo e a escassez hídrica,

todas elas desapareceram, embora, uma característica comum de todas elas, tenha

sido o desenvolvimento espetacular (para a época) das tecnologias agrícolas.

São Paulo (Brasil) é a terceira maior metrópole do mundo com mais de 10,5 milhões

de pessoas em um território de 1.530 km² e vários superlativos como, o maior terminal

rodoviário da América Latina (Tietê) e a maior realizadora de eventos da América

Latina com 1 evento a cada seis segundos.

Em segundo lugar vem Tóquio (Japão) com aproximadamente 12 milhões

habitantes. Localizada em Honshu, a maior ilha do arquipélago japonês, Tóquio é

considerada a maior aglomeração urbana do mundo com 10% da população do

Japão.

E, em primeiro lugar temos Nova York (EUA), a “Big Apple” como é chamada,

com uma população de quase 19 milhões habitantes (metrópole).

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FIGURA 4: MEGALÓPOLES NOS ESTADOS UNIDOS.

FONTE: GOOGLE IMAGENS.

4 MEGACIDADES

O conceito de megacidade foi desenvolvido pela Organização das Nações

Unidas (ONU) para fazer referência a toda e qualquer aglomeração urbana com

população superior a dez milhões de habitantes. Portanto, o grupo de megacidades

envolve as maiores áreas urbanas habitadas do planeta. A maioria delas é constituída

por municípios de países emergentes e subdesenvolvidos, embora a maior seja

Tóquio, capital do Japão.

A capital japonesa, no entanto, possui excesso populacional por uma série de

fatores específicos, principalmente a questão da área habitável restrita que o país

possui para os seus mais de 125 milhões de habitantes. Tóquio, aliás, já faz parte

também de um novo conceito, o de megacidades, porque possui mais de 30 milhões

de pessoas em sua área urbana, que envolve uma série de cidades metropolitanas.

A formação das megacidades e sua proliferação pelo mundo acontecem com

base em alguns fatores principais: a intensa urbanização das sociedades, sobretudo

durante o século XX, e a acelerada metropolização, ou seja, a concentração das

populações urbanas nas grandes metrópoles de seus países. Esse processo ocorre

em razão das maiores oportunidades de emprego e moradia que essas cidades

oferecem, além do processo de êxodo rural que vem ocorrendo em maior intensidade

nos países subdesenvolvidos e emergentes.

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Para se ter uma ideia dessa realidade, o ano de 2010 foi o primeiro em que a

maior parte da população mundial vivia em cidades, ou seja, em que a população

urbana finalmente ultrapassou a população rural em todo o espaço geográfico da

Terra. Desse montante, uma considerável parte vive em megacidades, que somam,

atualmente, 21 áreas urbanas. Destas, 17 pertencem a países periféricos ou em

desenvolvimento.

Algumas dessas megacidades de países subdesenvolvidos vêm apresentando

elevados índices de crescimento populacional, tanto pelo aspecto migratório quanto

pelas elevadas taxas de natalidade, como é o caso de Lagos, na Nigéria, e Karachi,

no Paquistão. O principal desafio dessas e de outras grandes cidades é o provimento

de infraestruturas sociais que permitam uma mínima qualidade de vida a seus

habitantes em face de um crescimento acelerado e desordenado.

Portanto, a maior parte das megacidades sofre com problemas relativos à

ausência de saneamento básico, expansão de favelas e ocupações irregulares,

elevados índices de violência, segregação socioespacial, ausência de mobilidade

tanto nas vias de trânsito quanto no deslocamento pelos transportes públicos, entre

outros muitos fatores. Por isso, além de conter essa expansão desordenada, são

necessárias políticas públicas mais eficientes que visem à correção desses problemas

com investimentos diretos em saneamento, segurança, educação, moradia,

mobilidade, entre outros.

Outro aspecto considerado negativo existente nas megacidades abrange os

problemas ambientais. Eles acontecem pelos elevados índices de poluição, remoção

da vegetação, degradação de cursos d'água e outros, gerando problemas ambientais

gerais e específicos, tais como as ilhas de calor e a inversão térmica. Por esse motivo,

é preciso descentralizar os serviços existentes e promover uma maior democratização

nas estruturas sociais para garantir a todos os cidadãos o direito à cidade.

A seguir, podemos conferir a lista de megacidades e suas respectivas

populações:

Tóquio, Japão – 36.669.000 habitantes

Déli, Índia – 22.157.000 habitantes

São Paulo, Brasil – 20.262.000 habitantes

Mumbai, Índia – 20.041.000 habitantes

Cidade do México, México – 19.460.000 habitantes

Nova York, Estados Unidos – 19.425.000 habitantes

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Xangai, China – 16.575.000 habitantes

Calcutá, Índia – 15.552.000 habitantes

Daca, Bangladesh – 14.648.000 habitantes

Los Angeles, Estados Unidos – 13.156.000 habitantes

Karachi, Paquistão – 13.125.000 habitantes

Buenos Aires, Argentina – 13.074.000 habitantes

Pequim, China – 12.385.000 habitantes

Rio de Janeiro, Brasil – 11.950.000 habitantes

Manila, Filipinas – 11.628.000 habitantes

Osaka-Kobe, Japão – 11.635.000 habitantes

Cairo, Egito – 11.005.000 habitantes

Lagos, Nigéria – 10.578.000 habitantes

Moscou, Rússia – 10.550.000 habitantes

Istambul, Turquia – 10.525.000 habitantes

Paris, França – 10.485.000 habitantes

5 CIDADES GLOBAIS

As cidades globais, também conhecidas como metrópoles mundiais, são

grandes aglomerações urbanas que funcionam como centros de influência

internacional. Estão no topo da hierarquia urbana. São dotadas de técnica e

conhecimento em serviços de elevada influência nas decisões vinculadas à economia

globalizada e ao progresso tecnológico.

Nessas cidades, há grande concentração e movimentação financeira, sedes de

grandes empresas ou escritórios filiais de transnacionais, importantes centros de

pesquisas, presença de escritórios das principais empresas mundiais em consultoria,

contabilidade, publicidade, bancos e advocacia, além das principais universidades.

São dotadas de infraestrutura necessária para a realização de negócios

nacionais e internacionais, aeroportos, bolsa de valores e sistemas de

telecomunicações, além de uma ampla rede de hotéis, centros de convenções e

eventos, museus e bancos. Possuem serviços bastante diversificados, como jornais,

teatros, cinemas, editoras, agências de publicidade, entre outros.

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FIGURA 5: PARIS, FRANÇA.

FONTE: BRASIL ESCOLA

A instituição responsável por classificar as cidades como global ou não, é a

Universidade de Loughborough (Londres) em uma fase inicial e posteriormente

aperfeiçoada pela Globalization and World Cities Study Group & Network.

Atualmente são reconhecidas mais de 50 cidades globais no planeta, divididas

em três grupos, conforme o grau de influência e importância mundial. A Europa é o

continente que mais possui cidades globais.

As cidades mais influentes do mundo foram classificadas em três diferentes

classes (Alfa, Beta e Gama). Sendo a classe Alfa as cidades de maior influência no

planeta, a Beta, intermediária, e a Gama corresponde às cidades globais de menor

expressão mundial.

Grupo Alfa – Esse grupo é representado por cidades como: Londres, Nova

Iorque, Paris, Tóquio, Los Angeles, Chicago, Frankfurt, Milão.

Grupo Beta – Entre as cidades desse grupo podemos destacar: São Francisco,

Sidney, São Paulo, Cidade do México, Madri.

Grupo Gama – É o grupo que possui a maior quantidade de cidades,

atualmente são 35, entre elas estão: Pequim, Boston, Washington, Munique, Caracas,

Roma, Berlim, Amsterdã, Miami, Buenos Aires.

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6 REGIÕES METROPOLITANAS

6.1 O QUE SÃO (DEFINIÇÃO)

As regiões metropolitanas são áreas compostas por um conjunto de cidades

contíguas e com integração socioeconômica a um município de grande porte (aquele

que apresenta boa infraestrutura, variedade de serviços, grande mercado de trabalho

e elevada população residente).

6.2 CONURBAÇÃO

No processo de formação de uma região metropolitana ocorre o fenômeno da

conurbação. Esse se caracteriza pelo crescimento das cidades até que elas acabam

gerando áreas contínuas (umas encostadas nas outras).

6.3 REGIÕES METROPOLITANAS E A CONSTITUIÇÃO

De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, cabe aos governos estaduais

o reconhecimento legal das regiões metropolitanas. De acordo com a Constituição

Federal, a de atribuição dos estados instituir as regiões metropolitanas, afim de

possibilitar a integração, planejamento e execução de funções públicas de interesse

comum.

6.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE MORAR NUMA REGIÃO

METROPOLITANA

Como vantagens podemos citar o amplo mercado de trabalho, a disponibilidade

de serviços públicos e particulares em grande quantidade e a infraestrutura existente

na região.

As desvantagens são: poluição do ar em função da grande quantidade de

veículos em circulação, trânsito em maior quantidade, custo de vida mais elevado do

que nas pequenas cidades e maior incidência de crimes.

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6.5 PRINCIPAIS REGIÕES METROPOLITANAS DO BRASIL E POPULAÇÃO

- Região Metropolitana de São Paulo – 19,6 milhões de habitantes

- Região Metropolitana do Rio de Janeiro – 11,7 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Belo Horizonte – 5,4 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Porto Alegre – 3,9 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Recife – 3,6 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Fortaleza – 3,6 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Salvador – 3,5 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Curitiba – 3,1 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Campinas – 2,7 milhões de habitantes

- Região Metropolitana de Belém – 2 milhões de habitantes

7 URBANIZAÇÃO EM PAÍSES DESENVOLVIDOS

Os fatores atrativos da urbanização, em países desenvolvidos, estão ligados

basicamente ao processo de industrialização em sentido amplo, ou seja, às

transformações provocadas na cidade pela indústria, notadamente quanto à geração

de oportunidades de empregos, seja no setor secundário, seja no setor terciário, com

salários em geral mais altos. Essas condições surgiram primeiramente nos países de

industrialização antiga, os países desenvolvidos. Nesses países, além das

transformações urbanas, houve, como consequência da Revolução Industrial,

também uma revolução agrícola, ou seja, uma modernização da agropecuária que, ao

longo da história, foi possibilitando a transferência de pessoas do campo para a

cidade, principalmente como resultado da mecanização da agricultura.

A urbanização que ocorreu nos países desenvolvidos foi gradativa. As cidades

foram se estruturando lentamente para absorver os migrantes, havendo melhorias na

infraestrutura urbana – moradia, água, esgoto, luz, etc. – e aumento de geração de

empregos. Assim, os problemas urbanos não se multiplicaram tanto como nos países

subdesenvolvidos. Além disso, pelo fato de gradativamente haver um aumento nos

fluxos de mercadorias e pessoas, o processo de industrialização foi também se

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descentralizando geograficamente. Como resultado, há nos países desenvolvidos

uma densa e articulada rede de cidades.

8 URBANIZAÇÃO EM PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS

Já os fatores repulsivos são típicos de países subdesenvolvidos, sem indústrias

ou com um baixo nível de industrialização. Estão ligados fundamentalmente às

péssimas condições de vida existentes na zona rural, em função da estrutura fundiária

bastante concentrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos

agricultores, do arcaísmo, das técnicas de cultivo, etc. Assim, há uma grande

transferência de população para as cidades, notadamente para as grandes

metrópoles, criando uma série de problemas urbanos. Tais problemas são resultado

de um fenômeno urbano característico de muitos países subdesenvolvidos: a

macrocefalia urbana.

É importante que as metrópoles de São Paulo, de Nova Iorque e de Xangai,

que estão entre as cinco maiores do mundo, têm um percentual baixo em relação à

população total e urbana de seus países. Porque o total da população do Brasil, dos

Estados Unidos e da China é muito grande. Por outro lado, a população do Uruguai e

da Líbia é muito pequena. Por isso Montevidéu e Trípoli, cidades bem menores, têm

um peso tão grande na população total e urbana de seus países. Assim a macrocefalia

deve ser entendida como o resultado da grande concentração das atividades

econômicas, principalmente dos serviços, e, portanto, da população em algumas

cidades, que acabam se tornando muito grandes relativamente. Embora esse

fenômeno ocorra também em países desenvolvidos, ele assume proporções maiores

nos subdesenvolvidos. Nos países desenvolvidos, como o crescimento das cidades

foi lento e bem-estruturado, o fenômeno não assumiu proporções tão grandes como

em muitos países subdesenvolvidos, onde o crescimento das cidades foi, além de

muito concentrado espacialmente, rápido e desordenado. A consequência foi uma

série de problemas facilmente percebidos na paisagem urbana desses países.

O crescimento rápido de algumas cidades, que acaba culminando no fenômeno

da metropolização, é resultado da incapacidade de criação de empregos, seja na zona

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rural, seja em cidades pequenas e médias, o que força o deslocamento de milhões de

pessoas para as cidades que polarizam a economia de cada país. Acrescente-se a

isso o fato de esses países, com raras exceções, apresentarem altas taxas de

natalidade e, portanto, alto crescimento demográfico, e está formado o quadro que

explica o rápido crescimento das metrópoles no mundo subdesenvolvido.

Mesmo o centro dinâmico dos países subdesenvolvidos não tem capacidade

de absorver tamanha quantidade de migrantes, e logo começa a aumentar o número

de pessoas desempregadas. Muitos desempregados permanentes, para poder

sobreviver, acabam se refugando no subemprego, que é toda forma de trabalho

remunerado ou prestação de serviços que funciona à margem da economia formal,

compondo, por isso a economia informal ou subterrânea. É a economia que não

aparece nas cifras oficiais, pois não tem nenhum tipo de registro e não recolhe

nenhum tipo de imposto. Como os rendimentos, em geral, são muito baixos, mesmo

para os trabalhadores da economia formal, muitos não têm condições de comprar sua

moradia nem de alugar uma casa ou apartamento para viver. Assim. Proliferam cada

vez mais as submoradias: favelas, cortiços, pessoas abrigadas debaixo de pontes e

viadutos, quando não vivendo ao relento. Essa é a face mais visível do crescimento

desordenado das cidades. Os números da tabela abaixo explicitam esse que é um

dos mais graves problemas urbanos brasileiros e do mundo subdesenvolvido.

FAVELADOS (em relação à

população total da cidade

Belém 19,5%

Manaus 18,0%

Fortaleza 16,7%

Rio de Janeiro 16,1%

Belo Horizonte 11,8%

Recife 8,3%

Porto Alegre 7,9%

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Curitiba 6,8%

São Paulo 6,7%

Salvador 4,0%

FONTE:(Anuário Estatístico do Brasil, 1994) *Se considerássemos a população das regiões

metropolitanas, o número de favelados aumentaria consideravelmente.

Cria-se, assim, um meio social extremamente favorável à proliferação de outro

problema que atormenta o cotidiano de milhões de pessoas nas grandes cidades dos

países subdesenvolvidos: a violência urbana. Roubos, assaltos, sequestros,

assassinatos etc. atingem milhares de pessoas todos os anos, fazendo muitas vítimas

fatais. Sem contar ainda a violência no trânsito, que faz tantas outras vítimas de

acidentes. É por essas razões que o estresse é o "mal do século", atingindo

principalmente os habitantes das grandes metrópoles, tanto nos países

subdesenvolvidos como nos desenvolvidos, pois muitos desses problemas também

ocorrem em metrópoles de países ricos.

9 REDE URBANA

A Rede Urbana é o conjunto articulado de cidades e grandes centros

urbanos, que se integram em escalas mundial, regional e local por meio de fluxos de

serviços, mercadorias, capitais, informações e recursos humanos. Essa rede

estrutura-se por meio de uma hierarquia, em que as cidades menores costumam ser

relativamente dependentes das cidades maiores e economicamente mais

desenvolvidas.

O grau de integração de uma dada rede urbana de um país é um indicativo de

seu nível de desenvolvimento. Em regiões economicamente mais dinâmicas, a

tendência é uma maior interligação entre as suas diferentes cidades, geralmente mais

adensadas e com uma melhor infraestrutura. Por outro lado, países considerados

subdesenvolvidos apresentam uma integração limitada entre as suas cidades,

apresentando uma organização territorial dispersa e pouco coesa.

A rede urbana expressa, dessa forma, a espacialização da divisão territorial do

trabalho, em que cada cidade ou centro urbano exerce uma função complementar

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para o todo dessa rede. Diante disso, um sistema de transporte articulado e um

sistema de informações avançado permitem um melhor funcionamento operacional.

A formação de redes urbanas pelo mundo não é uma novidade. Um exemplo foi a

rede de cidades greco-romanas que perdurou até a Idade Média. Por outro lado, foi

com o advento da Globalização e da Terceira Revolução Industrial que esse fenômeno

alcançou uma escala mundial através da formação das chamadas cidades globais ou

megalópoles.

Na economia financeira atual, a formação de cidades globais é algo crucial para

o desenvolvimento de um dado país, pois são nessas cidades que se instalam os

principais centros econômicos e onde a comunicação com os demais polos de

desenvolvimento acontece. Forma-se, então, uma verdadeira rede de cidades globais,

capazes de concentrar boa parte da população mundial e de garantir o funcionamento

da economia globalizada. No mapa abaixo, podemos observar a distribuição dos

principais polos econômicos do mundo na atualidade.

FIGURA 6: OS PRINCIPAIS CENTROS URBANOS QUE ESTRUTURAM A REDE DE CIDADES EM NÍVEL GLOBAL.

FONTE: MUNDO EDUCAÇÃO

Diante disso, podemos concluir que à medida que a globalização se expande,

ampliam-se as centralidades em nível mundial, com o surgimento de cada vez mais

cidades globais. Isso poderá proporcionar uma maior integração mundial das finanças

internacionais, além de dinamizar ainda mais os parâmetros da globalização.

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9.1 REDE URBANA DO BRASIL

Ao longo da última década, o processo de urbanização do país intensificou-se.

A criação de novas cidades, o crescimento de cidades pequenas e médias, o

adensamento populacional em áreas já consolidadas e a ocupação de frentes

pioneiras são fenômenos que caracterizam o processo em curso. Para a compreensão

da natureza do processo de urbanização, os fenômenos acima mencionados

necessitam ser melhor identificados e aprofundados, especialmente no que se refere

ao papel funcional dos centros urbanos, à reestruturação produtiva ocorrida desde o

ano 2000 (em especial os fenômenos de desconcentração industrial e expansão da

fronteira agrícola), à dinâmica demográfica dos municípios e das cidades e à

infraestrutura econômica, social e urbana existente – incluindo as redes logísticas. Os

estudos desenvolvidos anteriormente pelo IPEA e as recentes análises realizadas no

projeto “Dinâmica urbana dos estados” necessitam ser aprofundados, ampliados para

outros estados e atualizadas com os dados do Censo 2010. Com isso, fecha-se o ciclo

de análise 2000-2010, da caracterização da urbanização, das transformações

ocorridas no perfil demográfico e produtivo das cidades, e na configuração espacial

da rede de cidades do país, a fim de contribuir para a definição de estratégias de apoio

à formulação e à execução da política de desenvolvimento urbano e regional. Assim,

a partir do projeto “Dinâmica urbana dos estados”, desenvolvido no âmbito da Rede

Ipea-Anipes, e da divulgação dos resultados do Censo Demográfico 2010, os estudos

relativos à Rede Urbana do Brasil deverão analisar aspectos do sistema urbano

brasileiro, no período 2000-2010, enfocando as transformações ocorridas no perfil

demográfico, produtivo e funcional das cidades, bem como na configuração e

tendências de organização socioespacial do país, a fim de contribuir para a definição

de estratégias de apoio à formulação e à execução da política de desenvolvimento

territorial em diferentes escala

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FIGURA 7: INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

FONTE:IPEA.GOV.BR

10 PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS DECORRENTES DO PROCESSO DE

URBANIZAÇÃO

A urbanização da sociedade aconteceu de forma desigual em todo mundo. Os

países considerados “centrais” assistiram primeiramente aos seus processos de

urbanização, apesar de outras civilizações antigas também apresentarem o seu

espaço urbano. Com o processo de colonização e o consequente

subdesenvolvimento, a urbanização nos países periféricos consolidou-se apenas em

meados do século XX, fruto da industrialização tardia desses países.

O fato é que os distintos processos de urbanização estão diretamente ligados

à industrialização e todos eles apresentam problemas tanto de caráter social quanto

de caráter ambiental. Boa parte desses problemas não está ligada somente ao

processo de urbanização em si, mas também à má distribuição de renda e às

contradições sociais.

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10.1 PROBLEMAS SOCIAIS URBANOS

Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da

segregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta

de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento

desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o encarecimento dos

locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os inacessíveis à grande massa

populacional. Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram

baratas e de fácil acesso tornam-se mais caras, o que contribui para que a grande

maioria da população pobre busque por moradias em regiões ainda mais distantes.

Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os

centros comerciais e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria

dos habitantes que sofrem com esse processo são trabalhadores com baixos salários.

Incluem-se a isso as precárias condições de transporte público e a péssima

infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento

básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência.

A especulação imobiliária também acentua um problema cada vez maior no

espaço das grandes, médias e até pequenas cidades: a questão dos lotes vagos.

Esse problema acontece por dois principais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da

população que possui terrenos, mas que não possui condições de construir neles e 2)

a espera pela valorização dos lotes para que esses se tornem mais caros para uma

venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o

acúmulo de lixo, mato alto, e acabam tornando-se focos de doenças, como a dengue.

Dentre os problemas sociais urbanos, entretanto, o principal é o processo de

favelização. Esse se associa também à concentração de renda, ao desemprego e à

falta de planejamento urbano. Muitas pessoas, por não disporem de condições

financeiras para custear suas moradias, acabam não encontrando outra saída senão

ocupar de forma irregular (através de invasões) áreas que geralmente não

apresentam características favoráveis à habitação, como os morros com elevada

declividade.

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FIGURA 8: OCUPAÇÃO DE ÁREAS IRREGULARES.

FONTE: BRASILESCOLA.COM

A formação e proliferação de favelas é a principal denúncia das desigualdades

sociais no espaço urbano e são elementos característicos das grandes metrópoles,

como São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e muitas outras. Vale lembrar que

esse não é um fenômeno exclusivo dos países pobres. A estimativa da ONU é de que,

até 2030, mais de 2 bilhões de pessoas estarão morando em favelas em todo mundo.

10.2 PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS

Muitos dos problemas ambientais urbanos estão diretamente ligados aos

problemas sociais. Por exemplo: o processo de favelização contribui para a agressão

ao meio ambiente, visto que as ocupações irregulares geralmente ocorrem em zonas

de preservação ou em locais próximos a rios e cursos d’água.

A demais, sabe-se que os problemas ambientais, sejam eles urbanos ou não,

são produtos da interferência do homem na natureza, transformando-a conforme seus

interesses e explorando os seus recursos em busca de maximização dos lucros sem

se preocupar com as consequências.

As zonas segregadas, locais mais pobres da cidade, costumam ser palco das

consequências da ação humana sobre o meio natural. Problemas como as

enchentes são rotineiramente noticiados. E a culpa não é da chuva.

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Em alguns casos, o processo de inundação de uma determinada região é

natural, ou seja, aconteceria com ou sem a intervenção humana. O problema é que,

muitas vezes, por falta de planejamento público, loteamentos e bairros são

construídos em regiões que compõem áreas de risco. Em outras palavras, em tempos

de seca, casas são construídas em locais que fazem parte dos leitos dos rios e,

quando esses rios passam pelas cheias, acabam inundando essas casas.

Em outros casos, a formação de enchentes está ligada à poluição urbana ou

às condições de infraestrutura, como a impermeabilização dos solos a partir da

construção de ruas asfaltadas. A água, que normalmente infiltraria no solo, acaba não

tendo para onde ir e deságua nos rios, que acumulam, transbordam e provocam

enchentes.

FIGURA 9: BRISBANE, AUSTRÁLIA, INUNDAÇÃO OCORRIDA EM 2011.

FONTE: BRASILESCOLA.COM

Outro problema ambiental urbano bastante comum é o fenômeno das ilhas de

calor, que ocorre nas regiões centrais das grandes cidades. Tal situação é

consequência do processo de verticalização, ou seja, a formação de prédios que

limitam a circulação do ar e, somada à retirada das árvores, contribui para a

concentração do calor. É por isso que as regiões centrais ou muito urbanizadas estão

sempre mais quentes que o restante da cidade.

Para somar às ilhas de calor, existe também a inversão térmica, um fenômeno

climático que dificulta a dispersão dos poluentes emitidos pela ação humana. Em

virtude disso, gases tóxicos pairam sobre a superfície das cidades, provocando

doenças respiratórias e o aumento das temperaturas.

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A falta de planejamento público e a ausência de uma maior consciência ambiental

constituem os problemas ambientais urbanos, como a poluição das águas de rios,

lagos e oceanos, o aumento das temperaturas, a ocorrência de chuvas ácidas (fruto

da emissão de gases tóxicos na atmosfera), isso tudo somado às poluições visual e

sonora.

11 SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL

A segregação urbana – também chamada de segregação socioespacial –

refere-se à periferização ou marginalização de determinadas pessoas ou grupos

sociais por fatores econômicos, culturais, históricos e até raciais no espaço das

cidades. No Brasil, alguns exemplos de segregação urbana mais comuns são a

formação de favelas, habitações em áreas irregulares, cortiços e áreas de invasão.

Pode-se dizer que a segregação urbana é a representação ou reprodução espacial e

geográfica da segregação social, estando quase sempre relacionada com o processo

de divisão e luta de classes, em que a população mais pobre tende a residir em áreas

mais afastadas e menos acessíveis aos grandes centros econômicos. Esses espaços

segregados, além do mais, costumam apresentar uma baixa disponibilidade de

infraestruturas, como pavimentação, saneamento básico, espaços de lazer, entre

outros.

O principal modelo apontado pela literatura especializada – através de autores

como Jean Lojkine, Roberto Lobato Corrêa e Flávio Villaça – para a causa da

segregação urbana é o que parte da oposição entre centro e periferia e constitui-se a

partir da formação de novas centralidades. Basicamente, as cidades constituem-se a

partir de seus sítios ou espaços centrais, expandindo-se a partir de então. Nesse

ínterim, as classes economicamente mais abastadas tendem a localizar-se nas

proximidades desse centro, uma vez que são esses os espaços mais caros e

valorizados.

Com o passar do tempo, esses centros principais tornam-se sobrecarregados

e inchados, e a evolução das técnicas vai permitindo que as práticas e serviços

desloquem-se a partir de novos subcentros. Estes vão tornando-se mais valorizados,

Page 26: GEOGRAFIA - CONCEITOS BASICOS

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o que encarece os preços dos terrenos e eleva os custos sociais, proporcionando o

afastamento das populações mais pobres e a ocupação pela população mais rica.

O Estado age também nesse processo no sentido de oferecer a esses centros

as melhores condições de infraestrutura, com uma maior diversidade de transportes,

praças, áreas de lazer, entre outras. Dessa forma, essas áreas empregam mais do

que as demais, o que proporciona uma maior mobilidade e atividade em seus espaços,

incluindo os trabalhadores que residem nas periferias e que precisam deslocar-se em

grandes faixas para exercerem seus ofícios.

Além disso, nas chamadas “bordas” das cidades, amplia-se o crescimento

desordenado dos bairros periféricos, além das favelas e das casas em áreas

irregulares, como nas proximidades de cursos d´água. Essas áreas são compostas

por pessoas com baixos salários, com poucas condições de renda e que não possuem

outra opção a não ser residir em locais com pouca infraestrutura, o que caracteriza a

segregação urbana.

Esse caso representa a segregação involuntária, aquela que não ocorre de

forma planejada por parte de seus atores, mas é forjada pelas condições sociais e

econômicas. Esse tipo de segregação não pode ser confundido com a segregação

voluntária, também chamada de autossegregação, que é aquela praticada por grupos

economicamente mais ricos que buscam afastar-se do inchamento das cidades,

passando a residir em locais mais ou menos isolados, geralmente em grandes

condomínios residenciais luxuosos.

A segregação urbana, como podemos ver, revela as contradições econômicas

e sociais da sociedade contemporânea sobre o espectro do espaço geográfico.

12 TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA

12.1 TRANSPORTE

Os transportes correspondem ao conjunto de materiais e instrumentos técnicos

utilizados no deslocamento de pessoas e cargas de um lugar para o outro. No contexto

do desenvolvimento dos países e das sociedades, os meios de transporte são uns

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dos principais elementos para garantir a infraestrutura, ou seja, o suporte material para

que tal crescimento instrumentalize-se.

Quanto maior o crescimento econômico de um determinado país – o que equivale

dizer que há uma maior presença de indústrias, atividades agrárias e comerciais –,

maior a demanda e a pressão sobre os meios de transporte. Nesse caso, se esses

meios não tiverem uma estrutura adequada para suportar essa carga, fatalmente o

desenvolvimento desse país encontrará maiores desafios e dificilmente se

concretizará. Por esse motivo, dizemos que os transportes, ao lado da comunicação,

são um elemento estratégico para qualquer país ou governo.

O próprio sistema capitalista necessitou, ao longo da história, da evolução dos

meios de transporte para desenvolver-se. Nos séculos XV e XVI, foram o

desenvolvimento das técnicas de navegação e a produção das grandes caravelas que

permitiram a expansão colonial europeia e a reprodução de seu sistema econômico

para outras sociedades, dando início ao processo de mundialização do capitalismo

que, hoje, chamamos por globalização.

Esse processo de globalização para evoluir e, ao final do século XX, consolidar-se

no mundo precisou da transformação e aprimoramento do setor de transportes. E isso

foi possível graças aos instrumentos técnicos dos diferentes tempos, a exemplo da

Revolução Industrial e da implementação do trem a vapor e dos grandes navios, bem

como da invenção do carro e sua popularização posterior. Mais tarde, a invenção e a

difusão do transporte aéreo deram uma nova dimensão à forma como as pessoas,

matérias-primas e mercadorias deslocam-se.

A Revolução Técnico-Científica-Informacional deu novos contornos à dinâmica

dos transportes, permitindo a modernização dos meios já existentes e a criação de

novas formas de deslocamento ao longo do espaço geográfico. Se, nos primeiros

tempos, viagens em curtas distâncias levavam dias, atualmente os voos mais longos

do mundo levam algumas horas (sem considerarmos as escalas e conexões) para

efetuarem-se.

Portanto, entender o funcionamento e as características dos meios de transporte

é entender também o próprio processo de evolução das sociedades, pois todo país

precisa de um sistema de transporte eficiente e adequado às condições de seu

território para desenvolver-se. Assim, quando vemos notícias de que o governo

anuncia a construção, por exemplo, de uma grande rodovia, ferrovia ou hidrovia,

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entendemos que essa ação é fruto de uma necessidade latente de crescimento para

gerar mais riquezas, empregos e investimentos.

Outra consideração necessária é a de que os diferentes sistemas de deslocamento

se articulam em redes, as redes de transportes, que costumam também ser

chamadas de modais. Como toda rede, os transportes articulam-se por nós, que são

pontos fixos, e linhas, que são os fluxos. Isso acontece com os transportes rodoviário,

ferroviário, hidroviário, marítimo, aéreo, dutoviário e outros.

Desse modo, a eficiência desses modais, bem como a capacidade de interligação

(o que chamamos de intermodalidade), é determinante para inferir a capacidade de

um determinado país de desenvolver-se em um futuro a médio e longo prazo. É por

isso que ouvimos costumeiramente muitas pessoas dizendo que os transportes

formam o “gargalo” de crescimento de qualquer território do mundo.

12.2 MOBILIDADE URBANA

A mobilidade urbana se apresenta como um desafio não só nos centros

urbanos do Brasil, mas também nas grandes metrópoles do mundo. O deslocamento

de pessoas, em busca de bens e serviços de qualidade, oportunidades de qualificação

e empregos, acarreta, nas regiões metropolitanas e grandes capitais, localidades de

concentração populacional.

O notório inchaço urbano obriga com urgência a harmonia e agilidade o

deslocamento de bens e pessoas com eficiência, conforto e segurança além de mitigar

os impactos ambientais, visuais e de poluição sonora e atmosférica, ressaltando

também modelos de minimização da exclusão social.

É neste bojo que o planejamento em transportes em longo prazo é

imprescindível, fato este que, explicado pela adoção do modelo rodoviário, as

metrópoles brasileiras sofrem com os congestionamentos e elevado custo no preço

das tarifas, ao ponto de ofertas de serviços precários, ineficientes e defasados que

acarretam significativa diminuição da qualidade de vida. Dentre as estratégias de

melhoria e aperfeiçoamento da mobilidade em empreendedorismo intermodal, as

iniciativas públicas e privadas devem priorizar o gerenciamento de transportes de

massas, acima de tudo, transporte sobre trilhos, desenvolvendo logística de

integração local, regional, nacional e internacional.

Page 29: GEOGRAFIA - CONCEITOS BASICOS

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13 REFERÊNCIAS

Brasil escola. Disponível em

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agosto de 2015.

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Acesso em 07 de agosto de 2015.

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<http://www.ipea.gov.br/redeipea/index.php?option=com_content&view=article

&id=81:projeto-rede-urbana-do-brasil&catid=81:iniciativas&Itemid=206>.

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globais.htm>. Acesso em 07 de agosto de 2015.

Brasil escola. Disponível em <

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