Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA Diretoria Executiva
Superintendência de Desenvolvimento Industrial
Data de fechamento: 18/11/2011
PIB
O PIB brasileiro em dólares deverá ultrapassar o do Reino Unido, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional e da Economist Intelligence Unit (EIU) no final de 2011. Com isso, o Brasil passará a ocupar a posição de sexta maior economia do mundo. A estimativa da EIU, por exemplo, prevê que o PIB do Brasil alcançará US$ 2,44 trilhões, ante US$ 2,41 trilhões do PIB britânico. Em 2010, o tamanho da economia brasileira superou o da Itália, alcançando o sétimo lugar no ranking mundial. Tal evolução é influenciada pelo maior impacto da crise internacional nos países desenvolvidos, em relação aos chamados países emergentes. A despeito das notícias positivas, as projeções de crescimento do PIB brasileiro para 2011 têm sido revistas para baixo, em função do agravamento da crise internacional e seus impactos sobre a economia brasileira.
Política Monetária
O Copom manteve a tendência de corte dos juros da reunião
anterior e reduziu a Selic em 0,5 p.p, passando-a para 11,5%. A
expectativa dos analistas financeiros (Relatório de Mercado, 04/11)
é que a taxa Selic alcance 11% no final deste ano. Para o Banco
Central, o cenário internacional continua sendo o fator de maior
preocupação e deverá desacelerar a atividade doméstica, que já se
manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento
da economia brasileira em 2011 e 2012.
Na visão do Copom, a inflação alcançou o pico no terceiro trimestre deste ano e deverá recuar no período de outubro a dezembro em direção à trajetória de metas. De acordo com o modelo de previsão de inflação adotado pelo Banco Central, a taxa de inflação só deverá atingir o centro da meta em 2012.
A inflação medida pelo IPCA desacelerou em outubro, apresentando alta de 0,43% ante 0,53% em setembro. No acumulado dos primeiros dez meses deste ano, o IPCA contabiliza elevação de 5,43%, ficando acima dos 4,38% registrados em igual período de 2010. Em 12 meses o IPCA alcançou 6,97%, situando-se acima do intervalo superior da meta de inflação.
Política Fiscal
Os resultados consolidados das contas públicas nos primeiros nove
meses deste ano sugerem que a Política Fiscal segue em linha com
o esperado, na medida em que a economia realizada alcança 82%
da meta deste ano. O desempenho positivo das contas neste ano
resulta do aumento da receita líquida do Governo Federal, que
cresceu 12,2% em termos reais na comparação com o mesmo
período do ano passado.
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
No final de outubro e início de novembro, o Governo Federal autorizou
o aumento do endividamento para 17 estados, inclusive para a Bahia.
O total que poderá ser aumentado soma R$ 37 bilhões, que deverão
ser usados prioritariamente em gastos de infraestrutura, saneamento e
mobilidade urbana. Na prática, esses estados tiveram aumentados os
limites impostos pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) para a
obtenção de empréstimos.
Contas Externas
No acumulado dos primeiros nove meses deste ano, o saldo em conta
corrente, que compreende os resultados da balança comercial e das
contas serviços, rendas e transferências unilaterais, foi deficitário em
US$ 36 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, o déficit
alcançou US$ 48 bilhões (2,1% do PIB), confirmando a tendência de
deterioração das contas externas após a crise de 2008, porém num
ritmo menos intenso nos últimos meses. O déficit nas contas serviços e
rendas, em função, principalmente, das despesas com viagens
internacionais e das remessas de lucros e dividendos, explica o saldo
negativo em conta corrente. A expectativa do mercado é de aumento
do déficit em conta corrente nos próximos meses, alcançando US$ 55
bilhões no final do ano.
As reservas internacionais em setembro totalizaram US$ 350 bilhões,
registrando redução de US$ 3,7 bilhões em relação ao verificado em
agosto, a despeito da compra líquida de US$ 327 milhões realizada
pelo Banco Central no mercado doméstico de câmbio. Com o
agravamento da crise internacional e a consequente volatilidade
cambial, com tendência de desvalorização, acentuada a partir do final
de setembro, o mercado revisou para cima as projeções da taxa de
câmbio nos próximos meses. Segundo o Relatório de Mercado do
Banco Central, o mercado espera que o dólar termine o ano cotado em
R$ 1,75, comparado a um valor de R$ 1,68 projetado no mês anterior.
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
PIB
Com a crise dos países desenvolvidos, neste ano, o PIB brasileiro em dólares deverá ultrapassar o do Reino Unido, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional e da Economist Intelligence Unit (EIU). Com isso, o Brasil passará a ocupar a posição de sexta maior economia do mundo. A estimativa da EIU, por exemplo, prevê que o PIB do Brasil alcançará US$ 2,44 trilhões, ante US$ 2,41 trilhões do PIB britânico. Em 2010, o tamanho da economia Brasil superou o da Itália, alcançando o sétimo lugar no ranking mundial.
No entanto, com o crescimento acelerado de outros emergentes asiáticos, a economia brasileira deverá perder a sexta posição para a Índia em 2013, voltando a recuperá-la em 2014, ao ultrapassar a França, segundo a EIU. Até o fim da década, o PIB brasileiro será maior do que o de qualquer país europeu, depois de superar Reino Unido e França, a economia brasileira deverá ultrapassar a da Alemanha em 2020. Em realidade, a ascensão dos emergentes sobre os países desenvolvidos é percebida há anos, mas ganhou velocidade devido à crise global.
Apesar das notícias positivas, o País também está sendo impactado pela crise internacional. Todas as projeções de crescimento para 2011 têm sido revistas para baixo. A CNI revisou sua estimativa de crescimento do PIB para este ano de 3,8% para 3,4%. O Banco Central também reduziu a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2011 de 4% para 3,5%, no Relatório de Inflação de setembro, enquanto o Relatório de Mercado do BC tem registrado contínua revisão para baixo das expectativas de crescimento da economia brasileira em 2011. O relatório de 4 de novembro projeta um crescimento do PIB de 3,2%, contra 3,5% na edição de 7 de outubro. Em relação ao PIB de 2012, no mesmo período, a estimativa caiu de 3,7% para 3,5%.
Com a redução da atividade e o crescente nível de insegurança, os investimentos estão sendo desacelerados. Segundo o Banco Central, a taxa de expansão dos investimentos deverá crescer 5,6% em 2011, contra a previsão anterior de 6,4%. Caso essa previsão seja confirmada, a taxa de investimento da economia brasileira alcançará o patamar de 18,7% do PIB. A título de referência, estima-se que para manutenção de um nível de crescimento da economia da ordem de 5% ao ano, faz-se necessária uma taxa de investimento de cerca de 20% do PIB.
Os dados do Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), apontam uma geração líquida de 209,1 mil empregos formais em
setembro, contra 190,4 mil no mês anterior. Os setores responsáveis pelo
desempenho no mês foram: Serviços (91,7 mil), Indústria de Transformação
(66,3 mil) e Comércio (42,3 mil). Nos primeiros nove meses do ano, o País
gerou um saldo de 2,08 milhões de postos de trabalho. No acumulado de 12
meses, o saldo registrado foi de 2,05 milhões de empregos gerados. Os
dados apontam para uma geração de empregos inferior à registrada no ano
passado, refletindo a desaceleração da economia.
Política Monetária
Na reunião dos dias 19 e 20 de outubro, o Copom manteve a tendência de corte dos juros da reunião anterior e reduziu a Selic em 0,5 p.p, passando-a para 11,5%. De acordo com a ata da reunião, o cenário internacional continua sendo o fator de maior influência nas decisões dos membros do Comitê. Para o Copom, o atual ambiente externo manifesta viés desinflacionário no horizonte de médio prazo, com riscos de que a estabilidade financeira global se amplie e, assim, contribua para a continuidade do processo de deterioração do cenário internacional. Este cenário negativo deve acelerar o processo em curso de moderação da atividade doméstica, que já se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira em 2011 e 2012.
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
No tocante à trajetória dos índices de preços no Brasil, os membros do Copom consideraram que a inflação alcançou o pico no terceiro trimestre (julho-setembro), devendo recuar no período de outubro a dezembro em direção à trajetória de metas. Essa inversão de tendência e a desaceleração da atividade econômica contribuirão para a melhoria das expectativas dos agentes econômicos, em especial dos formadores de preços, sobre a dinâmica da inflação nos próximos trimestres.
De acordo com o modelo de previsão de inflação adotado pelo Banco Central, a taxa de inflação só deverá atingir o centro da meta em 2012. Por sua vez, a chances de que a inflação não convirja tempestivamente para o valor central da meta no próximo ano diminuíram em relação à reunião anterior, do final de agosto. Nesse contexto, os membros do Copom decidiram, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 11,50% a.a., sem viés.
A inflação medida pelo IPCA desacelerou em outubro, apresentando alta de 0,43% ante 0,53% em setembro. De acordo com o IBGE, os preços dos alimentos permanecem em alta, porém em ritmo menos acelerado. Neste mês, os alimentos causaram impacto de 0,13 p.p contra 0,15 p.p do mês anterior. Entre os principais itens que contribuíram para o aumento da inflação em outubro destacam-se: café moído (+3,02%), óleo de soja (+2,12%) e refeição fora (+0,72%). Outro grupo que pressionou o IPCA de outubro foi Transportes, repetindo o ocorrido em setembro, com alta de 0,48% no mês, com destaque para os itens de passagens aéreas e combustíveis (etanol e gasolina). Seguindo a tendência de setembro, o grupo Habitação contribuiu fortemente para a inflação de outubro, apresentando alta de 0,62% no mês, com destaque para os aumentos de água e esgoto, aluguel, energia elétrica e gás de botijão. No acumulado dos primeiros dez meses deste ano, o IPCA contabiliza elevação de 5,43%, ficando acima dos 4,38% registrados em igual período de 2010. Em 12 meses o IPCA alcançou 6,97%, situando-se acima do intervalo superior da meta de inflação. Cumpre registrar que, a partir de janeiro de 2012 ,O IBGE irá mudar a metodologia de cálculo do IPCA, utilizando a nova base de estruturas de gastos de consumo.
A partir de abril deste ano, o IBGE passou a divulgar mensalmente o Índice de Preço ao Produtor (IPP), que mede a evolução dos preços de produtos “na porta da fábrica”, sem impostos e sem frete, de 23 setores da indústria de transformação. O período de divulgação tem defasagem de dois meses. Em setembro de 2011, o IPP registrou alta de 1,23%, ante alta de 0,16% em agosto. As quatro maiores variações observadas em setembro se deram entre os produtos compreendidos nas seguintes atividades industriais: fabricação de produtos de fumo (+6,74%), outros produtos de transporte, exceto veículos (+4,98%), fabricação de produtos de madeira (+3,39%) e fabricação de produtos alimentícios (+2,84%). No ano, o IPP registra alta de 1,99% e no acumulado de 12 meses até setembro, 4,90%.
Política Fiscal
O superávit primário do setor público em setembro alcançou R$ 8,1 bilhões,
valor bem inferior ao registrado em igual mês do ano passado, que foi de R$
28,2 bilhões. No entanto, cumpre registrar que o resultado do ano passado
foi distorcido com a entrada de recursos da capitalização da Petrobras. O
pagamento de juros no mês somou R$ 17,3 bilhões, contra R$ 16,2 bilhões
em igual mês do ano passado. Por conta do elevado superávit primário no
mês, o déficit nominal caiu para 2,6% do PIB. A dívida líquida do setor
público em setembro alcançou R$ 1,48 trilhão, equivalente a 37,2% do PIB
(redução de 2 p.p. em relação ao mês anterior). A dívida bruta, variável
utilizada nas comparações internacionais, alcançou R$ 2,22 trilhões em
setembro de 2011 (55,9% do PIB, com queda de 0,2 p.p em relação a
agosto).
No ano, a economia registrada pelo setor público resultou do esforço de
todas as instâncias: governo central, governos regionais e estatais (ver
tabela 2 no anexo). Cumpre registrar a redução de 12,3% do déficit da
Previdência na comparação dos primeiros nove meses do ano de 2011 com
igual período de 2010.
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
Em 12 meses, o superávit primário caiu para 3,2%, ante 3,8% do PIB do mês passado, mas ainda permaneceu 0,1 p.p. acima da meta fixada para este ano. O déficit nominal em 12 meses subiu para 2,6% do PIB, com alta de 0,5 p.p em relação ao mês anterior (ver tabela 3 no anexo), sendo o maior valor desde fevereiro deste ano.
Os resultados consolidados das contas públicas nos primeiros nove meses
deste ano sugerem que a Política Fiscal segue em linha com o esperado, na
medida em que a economia realizada alcança 82% da meta ampliada do
ano e há, de fato, uma trajetória de redução da dívida líquida. De acordo
com analistas econômico, o bom desempenho das contas neste ano resulta
do aumento da receita líquida do Governo Federal, que cresceu 12,2% em
termos reais na comparação com o mesmo período do ano passado. Em
comparação com o período pré-crise (janeiro a setembro de 2008), o
aumento real da receita líquida soma 18,3%. Embora a situação fiscal esteja
sob controle, o agravamento da crise mundial preocupa e poderá provocar a
desaceleração da economia brasileira, além de impactos significativos sobre
câmbio, juros e inflação, variáveis que têm forte influência sobre os
resultados das contas do setor público.
O Congresso aprovou o relatório preliminar do Orçamento 2012, com
previsão de aumento de R$ 26,1 bilhões nas receitas, perfazendo um total
estimado de R$ 1,13 trilhão para o ano que vem. A previsão é que a versão
final seja votada até meados de dezembro. No fim de novembro, o Governo
Federal deverá fazer uma última revisão depois de receber os parâmetros
macroeconômicos oficiais (inflação, alta do PIB, cotação do dólar, dentre
outros). O Governo Federal pretende fazer contingenciamentos para cumprir
a meta fiscal cheia, sem o abatimento referente às despesas com o PAC.
Em adição, foi aprovada em 1º turno a prorrogação da DRU (Desvinculação
das Receitas da União) até 2015. Para o Governo, a prorrogação da DRU é
um importante mecanismo para o enfrentamento da crise internacional. A
DRU vence no dia 31 de dezembro deste ano e a votação em segundo
turno foi adiada para o fim de novembro.
No dia 28/10, o Governo Federal autorizou dez estados a ampliar o limite de
sua dívida, autorizando gastos da ordem de R$ 15,7 bilhões em
empréstimos com bancos oficiais ou organismos internacionais até 2013. Os
recursos serão destinados para financiamento prioritariamente de obras de
infraestrutura, saneamento e mobilidade urbana. Os estados do Acre,
Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rondônia e Sergipe foram contemplados neste primeiro lote. No dia 10/11,
mais sete estados ganharam o direito de aumentar o endividamento,
perfazendo uma soma de R$ 21,3 bilhões que poderão ser emprestados
pelo sistema financeiro. Os outros estados contemplados foram: Alagoas,
Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e São
Paulo. Na prática, esses estados tiveram aumentados os limites impostos
pela LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) para a obtenção de empréstimos.
Contas Externas
O déficit em conta corrente de US$ 36 bilhões no acumulado dos primeiros
nove meses deste ano pode ser explicado pelo saldo negativo do agregado
serviços e rendas, que passou de -US$ 50,2 bilhões em 2010 para -US$
61,2 bilhões em igual período de 2011, em virtude das maiores remessas de
lucros e dividendos, despesas com viagens internacionais, aluguel de
equipamentos, dentre outros. A balança comercial apresentou superávit de
US$ 23 bilhões e o saldo das transferências unilaterais alcançou US$ 2,2
bilhões.
A entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País alcançou US$
50,5 bilhões, contra US$ 22,6 bilhões no acumulado entre janeiro e
setembro de 2010, destinados principalmente para as seguintes atividades:
telecomunicações; metalurgia; extração de petróleo e gás natural; comércio,
exceto veículos; eletricidade, gás e outras utilidades; serviços financeiros e
atividades auxiliares; bebidas; produtos alimentícios; extração de minerais
metálicos; e atividades imobiliárias. A expectativa é que o Brasil feche o ano
com uma fatia de 5,4% no fluxo global de IED, a maior já registrada.
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
Segundo pesquisa da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o
Comércio e o Desenvolvimento), o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking
dos destinos mais atrativos de investimento estrangeiro direto no período de
2010 a 2012.
O último Relatório de Mercado do BC apresenta as seguintes projeções
para o ano de 2011: saldo de US$ 27 bilhões na balança comercial, déficit
de US$ 55 bilhões na conta corrente e fluxo de US$ 60 bilhões em
investimentos estrangeiros diretos.
Após a forte entrada de dólares registrada nos meses de julho (US$ 15,8
bilhões), agosto (US$ 4,2 bilhões) e setembro (US$ 8,5 bilhões), o fluxo de
capitais inverteu o sinal em outubro (-US$ 134 milhões), refletindo a saída
de capitais financeiros. No acumulado dos primeiros dez meses do ano, o
fluxo de entrada de dólares superou o de saída em US$ 68,1 bilhões, contra
US$ 21 bilhões em igual período de 2010, reflexo da entrada de US$ 28,4
bilhões no mercado financeiro e de US$ 39,7 bilhões no mercado comercial.
A cotação do dólar reflete a especulação dos bancos no mercado de
câmbio, cuja posição em dólar passou de vendida para comprada, que
aposta na desvalorização do Real, alcançando US$ 1,3 bilhão em setembro
e US$ 3,7 bilhões em outubro. Após oscilar entre 1,53 e 1,69 nos primeiros
oito meses deste ano, a taxa de câmbio R$/US$ comercial (compra)
apresentou forte volatilidade (com tendência de alta) em setembro e
outubro, refletindo a deterioração do cenário externo, a redução da taxa
Selic e as medidas governamentais para conter o câmbio. Após atingir o
pico de R$ 1,90 em 22/09, com a atuação do BC, através da venda de
swaps cambiais tradicionais, e a temporária acomodação do ambiente
externo, o dólar encerrou o mês de outubro cotado em R$ 1,69. A
expectativa é que a cotação da moeda norte-americana alcance R$ 1,75 no
final de 2011.
A dívida externa total brasileira alcançou US$ 297,6 bilhões em setembro,
tendo a dívida de longo prazo atingido US$ 250,3 bilhões e a de curto prazo
totalizado US$ 47,3 bilhões. Com o aumento da aversão ao risco associado
ao agravamento da crise global, a expectativa é que as empresas e bancos
brasileiros enfrentem maiores dificuldades para captar recursos externos e
rolar as suas dívidas.
O valor das exportações brasileiras alcançou US$ 22,1 bilhões em outubro,
contra importações de US$ 19,8 bilhões, gerando um saldo comercial de
US$ 2,4 bilhões, contra US$ 3,1 bilhões no mês anterior. Para o Banco
Central, o resultado mais modesto da balança comercial em outubro já
reflete a redução no ritmo de crescimento mundial e, consequentemente, da
demanda internacional. No acumulado dos primeiros dez meses deste ano,
as exportações alcançaram US$ 212,1 bilhões, um aumento de 29,9% em
relação ao mesmo período do ano anterior, e as importações, US$ 186,7
bilhões, uma alta de 25,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O superávit comercial no acumulado do ano foi da ordem de US$ 25,4
bilhões, valor US$ 10,9 bilhões superior ao de igual período do ano
passado. As exportações, importações e a corrente de comércio do período
de janeiro a outubro de 2011 já superam os valores registrado em todo o
ano de 2010. No período acumulado de 12 meses até outubro, as
exportações alcançaram US$ 250,7 bilhões e as importações US$ 219,7
bilhões. Tanto as exportações, quanto as importações registraram recorde
para o período de 12 meses.
Petróleo
Nos últimos trinta dias, o mercado internacional do petróleo registrou
elevação nos preços, após o desenlace da crise na Líbia. A tendência, no
entanto, é de contenção nos preços. Por um lado, a oferta está aumentando
com o retorno gradual da produção líbia, além do crescimento da produção
não-Opep nos Estados Unidos e Mar do Norte. Por outro lado, a demanda
se encontra deprimida por conta do alastramento da crise europeia, que
poderá provocar uma recessão global. A crise de gerenciamento das dívidas
na Europa, iniciada na Grécia, que atingiu também Portugal, afeta agora
países de maior economia como a Itália e Espanha. Os sinais de
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
recuperação econômica nos Estados Unidos ainda são tênues, pois
continuam a enfrentar números elevados de desemprego e endividamento.
Desse modo, há poucas perspectivas de grandes elevações nos preços do
petróleo. Na segunda semana de novembro, o petróleo WTI (mercado spot)
alcançou US$ 95/barril (contra US$ 84/barril, em igual período do mês
anterior), enquanto a cesta OPEP foi cotada a US$ 113/barril (contra US$
103/barril, em igual período do mês anterior).
Front Externo
A apreensão em relação ao desenrolar da crise europeia segue dominando
os noticiários econômicos mundiais e influenciando negativamente as
expectativas dos agentes nos diferentes mercados. A crise segue tendo a
Grécia como principal ator, apesar de sua situação já estar relativamente
encaminhada, com a aprovação das medidas de austeridade impostas ao
país, com a reestruturação de 50% da dívida grega em poder do setor
privado (que é de cerca de 205 bilhões de euros), seguida de uma
recapitalização dos bancos e do aumento da dotação de recursos e das
atribuições do EFSF (European Financial Stability Faclity) por parte dos
países da comunidade europeia e dos bancos. Porém a situação trouxe
consequências políticas pesadas, principalmente a queda do Primeiro
Ministro Georges Papandreou. A reestruturação “voluntária” de 50% do
estoque da dívida grega em poder do setor privado tem a intenção de
garantir uma trajetória sustentável para as contas públicas do país, estabilizando a relação dívida/PIB em 120% no ano de 2020.
As atenções se voltam para a Itália que apresentou um déficit orçamentário
de 3,2% do PIB no segundo trimestre deste ano, maior que o de 2,5% do
primeiro trimestre. A piora, de acordo com o Istat (órgão oficial de
estatísticas econômicas da Itália), refletiu a menor receita tributária. Por
outro lado, o gasto com salários na rede pública diminuiu 2,5% em
comparação com igual período do ano passado. A Itália tem uma dívida
pública de 1,9 trilhão de euros. Tais dados aumentam significativamente a
pressão para a saída do premiê Silvio Berlusconi. O senado italiano aprovou
um pacote de medidas de austeridade exigido pela União Europeia.
Segundo estimativas de analistas do mercado, um eventual socorro à Itália
custaria 700 bilhões de euros, dos quais 650 bilhões de euros em
empréstimos para o país e mais 50 bilhões de euros para capitalizar os
bancos. Porém, segundo analistas, o Banco Central Europeu não pode
emprestar para outros governos e nem o FMI dispõe desse montante. Até março a Itália precisa pagar cerca de 200 bilhões de euros de dívida.
Em meio a esse ambiente de preocupação e insegurança na economia
europeia, a França anunciou que prepara novas medidas para garantir que
a meta de redução do déficit do país seja atingida e, assim, evitar que o
país tenha sua nota de crédito AAA diminuída, como ocorreu com os
Estados Unidos. Economistas consideram que as projeções de crescimento
do governo são muito otimistas. O governo francês projeta expansão de 2%
este ano e de 2,25% em 2012 para cumprir seu plano de corte do déficit para 5,7% do PIB este ano e para 4,6% em 2012.
A agência de classificação de risco Fitch anunciou que os Credit Default
Swaps - CDS (um tipo de instrumento que funciona como um seguro
anticalote) da França voltaram a atingir alta histórica de 9%, enquanto os
títulos da Alemanha ficaram em 5%. Segundo analistas da agência, a
evolução dos spreads da França e da Alemanha pode significar um sinal de
que os mercados estão cada vez mais preocupados com a capacidade da zona do euro em sustentar os países mais frágeis do bloco.
O índice de preços ao consumidor da zona do euro registrou variação de
3% em outubro, enquanto a taxa de desemprego manteve-se em 10,2% em setembro.
Segundo estimativa preliminar do Bureau of Economic Analysis (BEA), o
PIB norte-americano cresceu 2,5% no 3º trimestre de 2011, contra uma expansão de 1,3% no 2º trimestre de 2011, em termos anualizados.
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
Em setembro, o déficit comercial dos Estados Unidos encolheu
significativamente com o desempenho positivo das exportações. O déficit
geral do país no comércio internacional de bens e serviços caiu 4%, para
US$ 43,11 bilhões, contra US$ 44,92 bilhões no mês anterior, segundo informações do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
Segundo dados divulgados pelo National Bureau of Statistics of China, a
produção industrial da China apresentou, em setembro, expansão de 13%
em relação ao registrado em igual mês do ano anterior e de 14,2% no
acumulado dos últimos 12 meses. A formação bruta de capital fixo – taxa de
investimento – teve alta de 24,9% no período de janeiro a setembro sobre o ano passado.
O Índice de Preços ao Consumidor da China, principal indicador da inflação
no país, desacelerou para 5,5% em outubro, ficando abaixo do registrado
em setembro (6,1%). Há sinais de que os esforços do governo chinês para
conter os altos preços de 2011, especialmente no setor de alimentos e
moradia, vêm atingindo os objetivos estabelecidos, mas a inflação ainda está longe da meta de 4%.
O Índice de Preços de Produção, indicador da inflação no setor atacadista,
alcançou 5% em outubro, contra 6,5% em setembro. O dado oficial mais
recente em relação à taxa de desemprego da China ainda é o de 2010: 6,1%.
Segundo dados divulgados pelo METI (Ministério da Economia, Comércio e
Indústria), em setembro, a produção industrial japonesa recuou 4% tanto em
relação ao registrado no mês anterior e quanto em relação ao verificado em
igual mês de 2010. Os segmentos industriais que mais contribuíram para a
queda foram os de equipamentos de transporte, maquinário em geral e
maquinário elétrico. Em setembro, a taxa de desemprego ficou em 4,1% e o índice de preços ao consumidor registrou variação nula.
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Acompanhamento Conjuntural –11/2011
Crise internacional esfria a indústria
brasileira
Em decorrência da degradação do ambiente econômico internacional, com
crescente risco de recessão global, o cenário para a economia brasileira é
de uma desaceleração mais forte do que anteriormente previsto. Desse
modo, o processo de redução da taxa Selic promovido pelo Banco Central
se mostra acertado, na tentativa de minimizar maiores danos ao
crescimento econômico e colocando o controle da inflação pela via
monetária num plano secundário, já que a esperada redução da atividade
econômica tende a conter as pressões inflacionárias. A atividade industrial
continuará em ritmo reduzido, com possibilidade de queda no final deste
ano.
Em relação ao câmbio, o mercado enfrentou um período de grande
volatilidade com o agravamento da crise europeia, chegando a trabalhar
com o patamar de R$1,90/dólar. No entanto, o BC interveio promovendo
leilões de "swap" cambial, o equivalente a uma venda de dólares no
mercado futuro, e conseguiu controlar o processo de alta, à medida que os
mercados internacionais também se acalmavam. Atualmente o dólar é
cotado na faixa de R$ 1,75. Apesar dessa forte oscilação, num cenário de
médio prazo, permanece a tendência de sobrevalorização do Real, em
decorrência do enfraquecimento das economias avançadas. Neste
momento de crise internacional, é necessário observar com atenção a
questão do câmbio, pois o mercado interno brasileiro tem atraído a entrada
de investidores internacionais que veem seus mercados locais deprimidos.
O processo de valorização do Real no período recente provocou uma
concorrência verdadeiramente desleal para a indústria nacional, em face da
entrada facilitada de produtos importados e o encolhimento das margens,
pela dificuldade de repasse do aumento dos custos de seus insumos. Nesse
sentido, a observada elevação temporária da cotação do dólar foi positiva
para o setor industrial, em especial para as empresas exportadoras.
Analisando a conjuntura econômica com foco no setor industrial, observam-
se efeitos diferenciados de acordo com o perfil setorial. Os fabricantes de
bens de consumo, a exemplo de calçados, têxteis e alimentos e bebidas,
têm sofrido com o processo de valorização cambial que, juntamente ao
problema dos elevados encargos trabalhistas, reduz significativamente a
competitividade das empresas locais em relação aos concorrentes externos.
Por outro lado, setores industriais capital-intensivos, produtores de bens tradable ainda se beneficiam dos preços das commodities, que impulsionam
as receitas de segmentos como refino, petroquímico, metalurgia e celulose.
As empresas que possuem dívidas denominadas em dólares ou que
possuem elevados coeficientes de importação ainda se beneficiam da
trajetória de valorização do Real, mas, podem ser duramente afetadas caso
o agravamento da crise global provoque novas altas do Dólar, a exemplo do
verificado entre o final de setembro e início de outubro.
No âmbito local, a expectativa é que o segmento petroquímico seja
impactado pela consolidação do polo acrílico, com investimentos de quase
R$ 1 bilhão da Basf, que deverá atrair outras empresas fabricantes de
fraldas, tintas, dentre outros, adensando a cadeia produtiva. Por outro lado,
continua o processo de reestruturação do setor petroquímico com o
fechamento de algumas fábricas que estão defasadas tecnologicamente ou
não possuem escala para competir no mercado cada vez mais globalizado,
A recente desvalorização cambial impactou o resultado da Braskem no
terceiro trimestre, que registrou prejuízo de R$ 1 bilhão, revertendo o
resultado positivo do ano. O prejuízo decorreu, sobretudo, das operações
financeiras, pela exposição da empresa às variações do dólar. De acordo
com balanço da empresa, as perspectivas são de retração do mercado
petroquímico para os próximos meses, com alta no início de 2012. Por conta
disso, a Braskem antecipou, para a segunda quinzena de novembro, a
parada de manutenção de uma de suas linhas.
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Acompanhamento Conjuntural – 11/2011
Compõem o presente Anexo os seguintes documentos:
(i) Brasil: Representatividade da Indústria de Transformação (% PIB)
(pág.11);
(ii) Brasil: Composição das Exportações (pág.12);
(iii) Tabelas de Política Fiscal (págs. 13 a 15);
(iv) Brasil e Bahia: Evolução Mensal dos Saldos das Admissões menos
Desligamentos de Trabalhadores regidos pela CLT, no período
janeiro a setembro 2011 (págs. 16 a 17);
(v) Indicadores de Economias Avançadas (pág. 18);
(vi) Indicadores Econômicos de Países Emergentes (pág. 19); e
(vii) Relatório de Mercado do Banco Central - Expectativas de Mercado
(págs. 20 e 21).
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Fonte: Ipeadata; elaboração FIEB/SDI. Dados preliminares do PIB 2009 e 2010
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Nota: 2011 de janeiro a setembro
Fonte: Ipeadata (09-11-2011); elaboração FIEB/SDI. Nota: 2011 de janeiro a setembro
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Relatório de Mercado do Banco Central: Expectativas de Mercado (04/11/2011)
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Acompanhamento Conjuntural (AC) é uma publicação mensal da
Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), produzida pela
Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI).
Presidente: José de F. Mascarenhas
Diretor Executivo: Roberto de Miranda Musser
Superintendente:
João Marcelo Alves
(Economista, Mestre em Administração pela UFBA/ISEG-UTL,
Especialista em Finanças Corporativas pela New York University)
Equipe Técnica:
Marcus Emerson Verhine
(Mestre em Economia e Finanças pela Universidade da Califórnia)
Carlos Danilo Peres Almeida
(Mestre em Economia pela UFBA)
Ricardo Menezes Kawabe
(Mestre em Administração Pública pela UFBA)
Mauricio West Pedrão
(Mestre em Análise Regional pela UNIFACS)
Everaldo Guedes
(Bacharel em Ciências Estatísticas – ESEB)
Críticas e sugestões serão bem recebidas.
Endereço Internet: http://www.fieb.org.br
E-mail: [email protected]
Reprodução permitida, desde que citada a fonte.