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Área de Competências-Chave
Cultura, Língua e Comunicação RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM SAÚDE
Recursos de apoio ao desenvolvimento do processo de RVCC, nível secundário
Núcleo Gerador 3 – SAÚDE
DR2 – Tema: Riscos e Comportamentos Saudáveis
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Tema 2: Riscos e Comportamentos Saudáveis
COMPETÊNCIA: Intervir em contexto profissional apreendendo e comunicando regras
e meios de segurança e desenvolvendo uma cultura de prevenção.
Evolução das preocupações com a higiene e segurança dos trabalhadores
A indústria sempre teve associada a
vertente humana, nem sempre tratada
como sua componente preponderante.
Até meados do século 20, as condições
de trabalho nunca foram levadas em
conta, sendo sim importante a
produtividade, mesmo que tal implicasse
riscos de doença ou mesmo à morte dos
trabalhadores. Para tal contribuíam dois
fatores, uma mentalidade em que o valor
da vida humana era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de leis que
protegessem o trabalhador.
Apenas a partir da década de 50 / 60, surgem as primeiras tentativas sérias de integrar os trabalhadores em
atividades devidamente adequadas às suas capacidades.
Atualmente em Portugal existe legislação que permite uma proteção eficaz de quem integra atividades
industriais, ou outras, devendo a sua aplicação ser entendida como o melhor meio de beneficiar
simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na salvaguarda dos aspetos relacionados com as condições
ambientais e de segurança de cada posto de trabalho.
Na atualidade, em que certificações de Sistemas de Garantia da Qualidade e Ambientais ganham tanta
importância, as medidas relativas à Higiene e Segurança no Trabalho tardam em ser implementados pelo que
o despertar de consciências é fundamental.
In Associação Empresarial de Portugal. Manual de formação PME. Higiene e Segurança no Trabalho. Disponível na Internet em: http://pme.aeportugal.pt/Aplicacoes/Documentos/Uploads/2004-10-15_16-29-37_AEP-HIGIENE-SEGURANCA.pdf
Obrigações gerais do empregador em matéria de segurança e saúde no trabalho
A Lei-Quadro de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho faz impender sobre as entidades empregadoras a
obrigatoriedade de organizarem os serviços de Segurança e Saúde no
Trabalho. A Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho
2008-2012 definiu como eixo fundamental do desenvolvimento das
políticas neste domínio a promoção da segurança e saúde nos locais
de trabalho, como pressuposto de uma melhoria efetiva das condições
de trabalho.
Para tanto, considera importante que os empregadores adotem
políticas de promoção da segurança e saúde no trabalho que
permitam assegurar a saúde e a integridade física dos seus
Imagem disponível em: http://www.segurmet.pt/
Imagem disponível
emhttp://www.fphs.pt/?page_id=9
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trabalhadores, respeitando os princípios de prevenção de riscos profissionais.
A Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro já havia definido, entre outras, um conjunto de obrigações gerais do
empregador, em matéria de segurança e saúde no trabalho,
competindo-lhes, em termos de obrigações gerais, a aplicação
de medidas com os seguintes objetivos:
Assegurar condições de segurança e saúde no trabalho, de
acordo com os princípios gerais de prevenção,
nomeadamente em aspetos relacionados com a
planificação da prevenção num sistema coerente que
tenha em conta a componente técnica, a organização do
trabalho, as relações sociais e os fatores materiais
inerentes ao trabalho;
Assegurar a vigilância adequada da saúde dos
trabalhadores em função dos riscos a que se encontram
expostos no local de trabalho.
Assegurar ao trabalhador condições de segurança e saúde em todos os aspetos do seu trabalho. O
empregador deve, para tal, organizar os serviços adequados, internos ou externos à empresa,
estabelecimento ou serviço, mobilizando os meios necessários, nomeadamente nos domínios das
atividades de prevenção, da formação e da informação, bem como o equipamento de proteção que se
torne necessário utilizar.
A Lei supracitada obriga também as entidades empregadoras a organizar, na empresa ou estabelecimento,
as atividades de segurança e saúde no trabalho, as quais constituem, ao nível da empresa, um elemento
determinante na prevenção de riscos profissionais e de promoção e vigilância da saúde dos trabalhadores.
Aos serviços de segurança e saúde no trabalho cabe:
- Assegurar as condições de trabalho que salvaguardem a segurança e a saúde física e mental dos
trabalhadores;
- Desenvolver as condições técnicas que
assegurem a aplicação das medidas de
prevenção que possibilitem o exercício da
atividade profissional em condições de
segurança e de saúde para o trabalhador, tendo
em conta os princípios de prevenção de riscos
profissionais;
- Informar e formar os trabalhadores no domínio
da segurança e saúde no trabalho;
- Informar e consultar os representantes dos
trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho ou, na sua falta, os próprios trabalhadores.
A referida Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2008-2012 definiu, por outro lado,
como objetivo nuclear, a promoção da segurança e saúde nos locais de trabalho, como pressuposto de uma
melhoria efetiva das condições de trabalho.
Imagem disponível em: http://hst-
gesth.blogspot.pt/2012/12/factores-que-afectam-higiene-e-
seguranca.html
Imagem disponível em: http://www.leavechange.pt/academia/index.php/862-
seguranca-e-higiene-no-trabalho/seguranca-no-trabalho
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Para materializar este eixo, a Estratégia Nacional apontava o
objetivo da melhoria da qualidade da prestação dos serviços de
segurança e saúde no trabalho e o incremento das competências dos
respetivos intervenientes, entendendo que o sistema de gestão da
segurança e saúde no trabalho em meio empresarial constitui a
essência da abordagem da prevenção de riscos profissionais nos locais
de trabalho.
O incremento das competências dos intervenientes é outro dos
vetores que os referenciais estratégicos apontam. Com efeito, para
além da obrigatoriedade da organização dos respetivos serviços, o
empregador tem o dever de proporcionar aos trabalhadores formação
adequada no domínio da segurança e saúde no trabalho.
A informação e a consulta aos trabalhadores constituem, também,
um dos deveres fundamentais da entidade empregadora, devendo os
seus representantes para a segurança e saúde no trabalho, ou na sua
falta, os próprios trabalhadores serem consultados, por escrito, pelo
menos duas vezes por ano e disporem de informação relativamente às matérias constantes dos artigos n.ºs
18.º e 19.º da Lei n.º 102/2009.
In Autoridade para as Condições de Trabalho. Disponível na Internet em: http://www.act.gov.pt/(pt-PT)/AreasPrincipais/Empregadores/DeveresObrigacoes/Paginas/organizacaosstempresa.aspx
Algumas informações sobre acidentes de trabalho e doenças profissionais
Para apoio aos empregadores e trabalhadores no esclarecimento de eventuais dúvidas em matéria de
acidentes no trabalho e doenças profissionais a Autoridade para as Condições de Trabalho disponibiliza na sua
página na Internet respostas as questões frequentes que podem ser consultadas a partir das ligações abaixo.
» Quando é que o trabalhador sinistrado deve comunicar o acidente de trabalho ao seu empregador?
» Quando é que um acidente de trabalho deve ser comunicado à Autoridade para as Condições do
Trabalho?
» Como comunicar o acidente de trabalho à Autoridade para as Condições do Trabalho?
» O que são doenças profissionais?
» Quem tem direito à reparação dos danos dos acidentes e doenças profissionais?
» Pode o empregador descontar na retribuição do trabalhador os encargos com a reparação dos acidentes?
» O que compreende a indemnização devida ao acidentado e seus familiares?
» Qual é a base de cálculo da indemnização em dinheiro?
» Está o acidentado obrigado ao tratamento que lhe for prescrito?
» Ficando o trabalhador com uma incapacidade temporária, mas parcial, é o empregador obrigado a dar-lhe
trabalho e a pagar-lhe a retribuição?
» E ficando o trabalhador afetado com uma incapacidade permanente, o empregador é obrigado a ocupá-lo?
» Se o trabalhador em vez de um acidente adquirir uma doença ao serviço de uma empresa, também tem
direito a proteção e a reparação?
» Como se participa uma doença profissional?
» Onde se encontram definidos os valores de referência das taxas de incidência de acidentes de trabalho
por setor de atividade?
Imagem disponível em:
http://www.fphs.pt/?page_id=9
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» Quem tem obrigação de fornecer os EPI? (Equipamentos de Proteção Individual)
» Onde pode ser encontrada a validade dos EPI?
» Qual a legislação que regulamenta este tema?
» Existem regras para a segurança de máquinas e equipamentos de trabalho (art. 13.º da Lei n.º 102/2009,
de 10 de setembro)?
» É obrigatório o CAP para condutores-manobradores de equipamentos de elevação ou de
movimentação de terras?
» Em que situações de trabalho no setor da construção civil e obras públicas é que podem ser usadas
escadas portáteis, vulgarmente conhecidas como escadas de mão?
In Autoridade para as Condições de Trabalho. Questões e respostas disponíveis na Internet em: http://www.act.gov.pt/(pt-
PT)/AreasPrincipais/Empregadores/DeveresObrigacoes/Paginas/organizacaosstempresa.aspx
Obrigações gerais do empregador e do trabalhador em matéria de HSST
Quais são as obrigações gerais do empregador?
Na Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, encontra-se previsto um conjunto de obrigações para o
empregador, entre as quais:
• Assegurar, em todos os aspetos do trabalho e
de forma continuada, condições de segurança e
de saúde aos trabalhadores;
• Zelar, de forma continuada e permanente, pelo
exercício da atividade em condições de
segurança e de saúde para os trabalhadores,
tendo em consideração os princípios gerais de
prevenção, estabelecidos legalmente;
• Garantir que a implementação de medidas de
prevenção deriva das avaliações de risco
associadas às várias fases do processo
produtivo, incluindo todas as atividades
relevantes, de modo a obter níveis eficazes de
proteção da segurança e saúde dos trabalhadores;
• Fornecer, aos trabalhadores, informação e formação adequadas e necessárias ao desenvolvimento da
atividade em condições de segurança e de saúde;
• Adotar medidas e dar instruções que permitam aos trabalhadores, em caso de perigo grave e iminente,
cessar atividades ou afastarem-se do local de trabalho; 13 Segurança e Saúde do Trabalho Guia para micro,
pequenas e médias empresas
• Organizar os meios de prevenção tendo em consideração, não só os seus trabalhadores, bem como
também terceiros que possam ser suscetíveis aos riscos associados à realização dos trabalhos, quer no
interior, quer no exterior das instalações;
• Assegurar a vigilância da saúde dos trabalhadores em função dos riscos a que estes se encontram
potencialmente expostos nos seus locais de trabalho;
Imagem disponível em: http://www.hoconsult.com.br/
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• Estabelecer, em matéria de primeiros socorros e de combate a incêndio e evacuação, as medidas a adotar,
identificar os trabalhadores responsáveis pela sua aplicação, bem como assegurar os contactos necessários
com as entidades externas competentes, associadas;
• Observar as prescrições legais, gerais e específicas, de segurança e saúde a serem aplicadas na empresa,
estabelecimento ou serviço;
• Suportar os encargos com a organização e funcionamento do serviço de segurança e saúde do trabalho e
demais medidas de prevenção → Exames; avaliações de exposição e outras ações de relacionadas com os
riscos profissionais e vigilância da saúde.
Quais são as obrigações gerais do trabalhador?
Na Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, encontra-se previsto um conjunto de obrigações para o
trabalhador, entre as
quais:
• Cumprir as prescrições
legais de segurança e
de saúde, bem como
as instruções
determinadas pelo
empregador;
• Zelar pela sua
segurança e saúde,
bem como pela segurança e saúde de outros que possam ser afetados pelas suas ações ou omissões no
trabalho;
• Utilizar corretamente, de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador, má quinas,
equipamentos, materiais e substâncias de trabalho;
• Utilizar corretamente, de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador, os meios e
equipamentos de proteção coletiva e individual;
• Comparecer aos exames determinados pelo médico do trabalho;
• Comunicar, de imediato, quaisquer avarias e deficiências que possam originar perigo grave e iminente;
• Comunicar, de imediato, quaisquer defeitos verificados nos sistemas de proteção;
• Em caso de perigo grave e iminente, adotar as medidas e instruções previamente estabelecidas para tais
situações.
O que são atividades de risco elevado? Atividades de risco elevado, identificadas no âmbito da Lei n.º 10/2009, de 10 de setembro, são todas
aquelas que impliquem:
• Trabalhos em obras de construção, escavação, movimentação de terras, de túneis, com riscos de quedas de
altura ou de soterramento, demolições e intervenção em ferrovias e rodovias sem interrupção de tráfego;
Imagem disponível em: http://www.saniwork.pt/seguranca.html
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• Atividades de indústrias extrativas;
• Trabalho hiperbárico;
•Atividades que envolvam a utilização ou armazenagem de
produtos químicos perigosos, suscetíveis de provocar acidentes
graves;
• Fabrico, transporte e utilização de explosivos e pirotecnia;
• Atividades de indústria siderúrgica e construção naval;
• Atividades que envolvam contacto com correntes elétricas de
média e alta tensão;
• Produção e transporte de gases comprimidos, liquefeitos ou
dissolvidos ou a utilização significativa dos mesmos;
• Atividades que impliquem a exposição a radiações ionizantes;
• Atividades que impliquem a exposição a agentes cancerígenos,
mutagénicos ou tóxicos para a reprodução;
• Atividades que impliquem a exposição a agentes biológicos dos
grupos 3 ou 4;
• Trabalhos que envolvam exposição a sílica.
Quais são as principais atividades dos serviços de SST?
Os serviços de segurança e saúde do trabalho contemplam um conjunto de atividades, entre as quais:
• Planear a prevenção → Integração, transversal à atividade da empresa, das avaliações de riscos e das
medidas de prevenção;
• Avaliar os riscos;
• Elaborar o plano de prevenção e proteção de riscos profissionais;
• Participar na elaboração do plano de emergência interno; plano de combate a incêndio; plano de
evacuação e plano de primeiros socorros;
• Colaborar na conceção de locais, métodos e organização do trabalho;
• Colaborar na seleção e na manutenção de equipamentos de trabalho;
• Gerir o controlo de equipamentos de proteção individual e de sinalização de segurança;
• Realizar exames de vigilância da saúde, relatórios, fichas e
registos clínicos → Mantê-los organizados e atualizados;
• Desenvolver atividades de promoção da saúde;
• Coordenar as medidas a adotar em caso de perigo grave e
iminente;
• Vigiar as condições de trabalho de trabalhadores em
situações mais vulneráveis;
• Conceber e desenvolver o programa de informação para a
promoção da SST;
Imagem disponível em: http://hw2012.healthy-
workplaces.eu/pl/about
Imagem disponível em:
https://www.geocaching.com/geocache/GC2MXHF_trabalh
os-de-pedreira
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• Conceber e desenvolver o programa de formação
para a promoção da SST;
• Apoiar as atividades de informação e consulta, sobre
as condições de segurança e saúde no trabalho, aos
trabalhadores, ou aos seus representantes;
• Assegurar ou acompanhar a implementação das
medidas de prevenção;
• Organizar os elementos necessários às notificações
obrigatórias;
• Elaborar as participações obrigatórias, em caso de
acidente de trabalho ou doença profissional;
• Coordenar ou acompanhar auditorias e inspeções internas;
• Analisar as causas dos acidentes de trabalho, ou da ocorrência de doenças profissionais e elaborar os
respetivos relatórios;
• Recolher e organizar os elementos estatísticos relativos à segurança e saúde no trabalho;
• Manter atualizados, para efeitos de consulta, os seguintes elementos:
- Resultados das avaliações de riscos profissionais;
- Lista de medidas propostas, ou recomendações, formuladas pelos serviços de segurança e saúde no
trabalho;
- Lista e relatórios de acidentes de trabalho;
- Lista das situações de doenças profissionais participadas.
O que é um Acidente de Trabalho?
É entendido por Acidente de Trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza
direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na
capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.
Quais os trabalhadores abrangidos?
O regime de reparação de acidentes de trabalho abrange:
• Trabalhadores por conta de outrem de qualquer atividade (explorada com ou sem fins lucrativos);
• Trabalhadores na dependência económica
de empregador em proveito do qual presta
serviços;
• Praticantes, aprendizes, estagiários e
trabalhadores em formação profissional,
por solicitação do empregador;
• Trabalhadores estrangeiros que exerçam
atividades em Portugal. Imagem disponível em: http://hw2012.healthy-workplaces.eu/pl/about
Imagem disponível em: http://hstblog1.blogspot.pt/2015/07/sinalizacao-
de-seguranca.html
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Existem outras condições nas quais uma ocorrência possa ser, também, considerada
como acidente de trabalho?
Sim, a lei permite a extensão do conceito de acidente de trabalho aos seguintes contextos:
• No trajeto de ida para o local de trabalho ou de regresso deste;
• Na execução de serviços espontaneamente prestados e de que possa resultar proveito económico para o
empregador;
• No local de trabalho e fora deste, quando no exercício do
direito de reunião ou de atividade de representante dos
trabalhadores, nos termos previstos no Código do
Trabalho;
• No local de trabalho, quando em frequência de curso de
formação profissional ou, fora do local de trabalho,
quando exista autorização expressa do empregador para
tal frequência; 28 Segurança e Saúde do Trabalho Guia
para micro, pequenas e médias empresas
• No local de pagamento da retribuição, enquanto o trabalhador aí permanecer para tal efeito;
• No local onde o trabalhador deva receber qualquer forma de assistência ou tratamento em virtude de
anterior acidente e enquanto aí permanecer para esse efeito;
• Em atividade de procura de emprego durante o crédito de horas para tal concedido por lei aos
trabalhadores com processo de cessação do contrato de trabalho em curso;
• Fora do local ou tempo de trabalho, quando verificado na execução de serviços determinados pelo
empregador, ou por ele consentidos.
Os acidentes de trabalho poderão ser descaracterizados?
Sim, a lei permite a descaracterização dos acidentes de trabalho, isto é, o
empregador não tem de reparar os respetivos danos decorrentes, quando
estes:
• Forem dolosamente provocados pelo sinistrado ou provierem de seu
ato ou omissão, que importe violação, sem causa justificativa, das
condições de segurança estabelecidas pelo empregador, ou previstas na
lei;
• Provierem exclusivamente de negligência grosseira do sinistrado;
• Resultarem da privação permanente ou acidental do uso da razão do
sinistrado, nos termos do Código Civil, salvo se tal privação derivar da
própria prestação do trabalho, for independente da vontade do
sinistrado ou se o empregador ou o seu representante, conhecendo o
estado do sinistrado, consentir na prestação.
Imagem disponível em: http://grupocentralmed.pt/pt/item/61-
notcias/467-acidentes-de-trabalho-mortos-em
Imagem disponível em:
http://www.ecopag.com.br/blog/assistenci
as-ecopag-previna-se-contra-os-altos-
indices-de-acidentes-de-
trabalho/#.VtYVGvmLQdU
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O que é uma Doença Profissional?
É entendido por Doença Profissional aquela que resulta diretamente das condições de trabalho, consta da
Lista de Doenças Profissionais e causa incapacidade para o exercício da profissão ou morte.
Em que é que uma Doença Profissional difere das outras doenças?
Distinguem-se pelo facto de terem a sua origem em
fatores de riscos existentes no local de trabalho.
Em que contexto um trabalhador é reconhecido como doente profissional?
Um trabalhador é reconhecido como doente profissional
quando lhe é certificada uma doença profissional pelo
Instituto de Segurança Social (ISS), com base em parecer de peritos médicos competentes. Nestes casos, o
trabalhador tem direito à proteção e reparação, face ao reconhecimento como doente profissional.
Como se participa uma Doença Profissional?
A participação de um diagnóstico presuntivo de doença profissional ao ISS é realizada pelo médico do
trabalho ou por qualquer outro médico em todos os casos clínicos em que seja de presumir a existência de
doença profissional e deve ser feita, em modelo próprio, no prazo
de 8 dias a contar da data do diagnóstico.
As doenças profissionais encontram-se identificadas?
Existe elaborada uma Lista de Doenças Profissionais, a qual é
atualizada por comissão competente para o efeito.
E se o trabalhador tiver uma doença que não conste da Lista de Doenças Profissionais?
A lesão corporal, perturbação funcional ou doença que não
estejam incluídas na Lista de Doenças Profissionais são
indemnizáveis, desde que se prove serem consequência
necessária e direta da atividade exercida e não representem
normal desgaste do organismo.
Quais as condições para auferir ao direito à reparação por Doença Profissional?
Para se verificar o direito à reparação emergente de Doença
Profissional, há que verificar-se, cumulativamente, as seguintes
condições:
• Estar o trabalhador afetado pela correspondente doença profissional;
• Ter estado o trabalhador exposto ao respetivo risco pela natureza da atividade ou condições ambientais e
técnicas do seu trabalho habitual.
Imagem disponível em: http://rotasaude.lusiadas.pt/ha-doencas-no-
trabalho/
Imagem disponível em:
http://totusalus.org/SA%C3%9ADE/Patologias/doencasprofiss
ionais
Imagem disponível em:
https://plus.google.com/117634565994318880270/videos
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Qual a natureza das incapacidades determinadas por uma
Doença Profissional?
A doença profissional pode determinar:
• Incapacidade temporária (parcial ou absoluta) para o
trabalho habitual;
• Incapacidade permanente (parcial ou absoluta) para todo
e qualquer trabalho.
Como se processa a certificação das incapacidades?
Em traços gerais, o processo de certificação das incapacidades inclui:
• Diagnóstico da doença;
• Caracterização como doença profissional;
• Graduação da incapacidade;
• Se for o caso, declaração de assistência permanente de terceiros, para efeitos de prestação
suplementar.
A quem compete fazer o diagnóstico de Doença Profissional?
Qualquer médico, perante uma suspeita fundamentada de doença profissional (diagnóstico presuntivo de
Doença Profissional) tem a obrigação de o participar ao ISS.
Para saber mais sobre HSST em contexto profissional poderá consultar o documento produzido pela Autoridade para as condições de Trabalho: Segurança e Saúde no Trabalho - Guia para micro, pequenas e médias empresas que aborda, para além as questões já enunciadas, os seguintes temas:
- Locais de Trabalho Administrativos;
-Equipamentos Dotados de Visor
-Posturas de trabalho e Lesões músculo-esqueléticas
-Movimentação Manual de Cargas
-Atividades com Equipamentos de Trabalho
-Equipamentos de Proteção Individual
-Riscos associados à Eletricidade
-Segurança contra Incêndio e Explosão
-Sinalização de Segurança
-Trabalhos de Construção e Engenharia Civil
-Trabalho em altura
-Trabalho em Espaços Confinados
-Trabalho com Equipamentos sob Pressão
-Trabalho com Substâncias Perigosas
-Agentes Químicos
-Ruído
-Vibrações
-Iluminação
-Conforto Térmico e Ventilação
-Radiações
-Agentes Biológicos
-Gestão e Organização de Emergência
-Primeiros Socorros
In Freitas, Luís Conceição. Cordeiro, Telma Costa (2013) Autoridade para as condições de Trabalho. Segurança e Saúde no Trabalho
- Guia para micro, pequenas e médias empresas. Lisboa. Disponível na Internet em: http://www.act.gov.pt/(pt-PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia%20para%20micro,%20pequenas%20e%20m%C3%A9dias%20empresas.PDF
Imagem disponível em:
http://www.engtech.it/effebitech/stargate/index.php?option
=com_content&view=article&id=63:come-reimpostare-la-
password-di-windows-dimenticata&catid=27:guide-
essenziali&Itemid=41
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Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2015-2020 - «por um trabalho seguro, saudável e produtivo»
Trabalho seguro, saudável e produtivo deve estar no centro das preocupações das políticas de prevenção
de riscos profissionais e de promoção do bem-estar no trabalho, através do empenho dos seus atores
institucionais, isto é, do Estado, das empresas, dos
trabalhadores e dos parceiros sociais.
Tendo em consideração a dimensão nacional dos
problemas associados à segurança e saúde no trabalho, no
que concerne aos elevados índices de sinistralidade laboral e
de absentismo e aos elevados custos sociais e económicos
associados aos acidentes e às doenças profissionais, entre
outros, o Governo, os parceiros sociais e institucionais
entendem dever prosseguir os fins da Estratégia Nacional
para a Segurança e Saúde no Trabalho — 2008 -2012.
Também a Comissão Europeia, através da COM(2014) 332
final, de 6.6.2014 — «Comunicação da Comissão ao
Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e
Social Europeu e ao Comité das Regiões, relativa a um quadro estratégico da UE para a saúde e segurança no
trabalho 2014 -2020», exortou as autoridades nacionais e os parceiros sociais a reforçarem a necessidade de
manter a segurança e saúde no trabalho no centro da preocupações de todos os governos para garantir um
ambiente saudável seguro a todos os cidadãos, referindo, igualmente, a necessidade de definir um quadro de
ação, de cooperação e de intercâmbio de boas práticas no domínio da saúde e da segurança no trabalho para
o período de 2014 -2020.
A Comissão Europeia alerta, ainda, para o facto de que a prevenção de riscos e a promoção de condições
mais seguras e saudáveis no local de trabalho são essenciais não só para a melhorar a qualidade do emprego e
as condições de trabalho, como também para promover a competitividade.
Neste contexto, o Governo e os parceiros sociais deram início em 2014, em sede de Conselho Consultivo
para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho, a um processo de reflexão sobre a estratégia nacional
para a segurança e saúde no trabalho, para o período compreendido entre 2015 e 2020.
Se o período de vigência da anterior Estratégia Nacional motivou e contribuiu para que entidades públicas,
associações de empregadores, associações sindicais, trabalhadores e empresas convergissem em parceria para
melhorar as condições de segurança e saúde no trabalho e aumentasse a consciencialização da importância da
resolução de tais problemas, a presente Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2015-2020
— «Por um trabalho seguro, saudável e produtivo» (ENSST 2015 -2020) visa cimentar o trabalho alcançado na
diminuição dos acidentes de trabalho
mortais e não mortais, na redução do
absentismo causado por acidentes de
trabalho ou doenças profissionais e
propõe -se colmatar as lacunas ainda
verificáveis, contribuindo,
decisivamente, para colocar Portugal na
senda das melhores práticas da União
Europeia e tornando o trabalho mais
seguro, mais saudável e mais produtivo.
Após preparação, discussão e aprovação por unanimidade pelos parceiros sociais e institucionais no
Conselho Consultivo para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho foi consensualizada a proposta de
ENSST 2015 -2020. A ENSST 2015 -2020 deve ser um instrumento de política global para a promoção da
Imagem disponível em: http://www.mundodastribos.com/curso-
tecnico-de-seguranca-do-trabalho-senai.html
Imagem disponível em: http://www.mafirasegtrab.com.br/
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segurança e saúde no trabalho, no período compreendido entre 2015 e 2020, para dar resposta à necessidade
de promover a aproximação aos padrões europeus em matéria
de acidentes de trabalho e doenças profissionais e, bem assim,
pretende alcançar uma redução constante e consolidada da
sinistralidade laboral, bem como contribuir, de forma
progressiva e continuada, para melhores níveis de saúde e de
bem-estar no trabalho.
A Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho
2015 -2020 (ENSST 2015 -2020) configura o quadro global da
política de prevenção de riscos profissionais e de promoção do
bem-estar no trabalho, para o horizonte temporal de 2015 -
2020.
As características do trabalho em Portugal continuam a
mudar em resposta ao desenvolvimento económico, às
mudanças tecnológicas e às alterações demográficas.
Estas alterações comportam a modificação das condições de exposição aos riscos profissionais conhecidos
e, mesmo, a produção de novos riscos, mas também oportunidades para melhorar as condições de segurança
e saúde no trabalho.
Neste ambiente de mudança, as empresas portuguesas precisam de se afirmar como competitivas e
produtivas. Existem, inegavelmente, investimentos associados à prevenção e à promoção de locais de trabalho
seguros e saudáveis, mas os custos associados a nada fazer são maiores. Por outro lado, assegurar boas
condições de trabalho em matéria de segurança e saúde conduz a maior produtividade.
Sistemas efetivos e eficazes de prevenção de riscos profissionais melhoram as condições de segurança e
saúde no trabalho dos trabalhadores e a produtividade, pelo que se revela importante apostar em:
- Prevenir e reduzir o número e a gravidade dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais;
- Promover a saúde, o bem-estar dos trabalhadores, bem como a sua capacidade de trabalho;
- Fomentar a inovação, qualidade e eficiência.
Objetivos estratégicos da ENSST 2015 -2020:
- Promover a qualidade de vida no trabalho e a
competitividade das empresas;
- Diminuir o número de acidentes de trabalho em 30 % e a
taxa de incidência de acidentes de trabalho em 30 %;
- Diminuir os fatores de risco associados às doenças
profissionais.
Objetivos específicos:
- Desenvolver e implementar políticas públicas de segurança e saúde no trabalho;
- Melhorar a prevenção das doenças profissionais e dos acidentes no trabalho; - Apoiar as empresas na implementação da segurança e saúde no trabalho, designadamente as micro,
pequenas e médias empresas;
- Promover a informação, formação, participação e cooperação nos locais de trabalho; - Promover o cumprimento da legislação em matéria de segurança e saúde no trabalho;
- Reforçar a cooperação internacional em matéria de segurança e saúde no trabalho. In Resolução do Conselho de Ministros n.º 77/2015 de 18 de setembro de 2015. Disponível na internet em: http://www.act.gov.pt/(pt-
PT)/Itens/Noticias/Documents/ENSST%202015-20120.pdf
Imagem disponível em:
http://www.segurancamonitoramento.org/seguranca-
empresarial-2/tecnico-em-seguranca-do-trabalho/
Imagem disponível em: http://macroseguranca.com.br/?p=35
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Diagnóstico das Condições de Trabalho
Os trabalhadores das empresas e das organizações são parte interessada no que diz respeito às questões
da higiene e segurança nas organizações onde trabalham. A autoridade para as Condições de Trabalho
disponibiliza na sua página na internet um guia para a elaboração de um chec up (diagnóstico) das condições
de trabalho de uma empresa /organização que a seguir se apresenta.
De seguida, apresenta-se um guião de apoio à realização de um
diagnóstico das condições de trabalho de uma determinada empresa
ou organização. O diagnóstico poderá ser realizado on-line,
recorrendo à ferramenta disponibilizada pela Autoridade para as
Condições de Trabalho.
Princípios gerais de prevenção
o Evitar riscos;
o Avaliar os riscos que não possam ser evitados;
o Combater os riscos na origem;
o Adaptar o trabalho ao homem (ergonomia), agendo sobre a conceção, a organização, bem como os
métodos de trabalho e de produção;
o Ter em conta o estádio da evolução da técnica;
o De uma maneira geral, substituir que é perigoso pelo que é
isento de perigo ou menos perigoso;
o Integrar a prevenção de riscos num sistema coerente, que
abranja-a produção, a organização, as condições de
trabalho e o diálogo social;
o Adotar prioritariamente medidas de prevenção coletiva,
recorrendo a medidas de prevenção individual, unicamente
no caso da situação impossibilitar qualquer outra
alternativa;
o Dar instruções adequadas aos trabalhadores.
A política de prevenção diz respeito a todos quantos
trabalham na empresa. Integra inúmeros aspetos da gestão de
recursos técnicos, comerciais, financeiros e humanos da
empresa. Prevenir os riscos significa combatê-los na origem,
adaptando o homem ao trabalho, e agindo sobre a conceção e métodos de trabalho.
Circulação, riscos horizontais e verticais – Nas
estatísticas de acidentes, as quedas, (com ou sem desnível),
representam um dos tipos de acidentes mais comuns. Este
tipo de acidente decorre da organização geral da empresa.
Para melhor identificar os riscos de quedas são necessárias
algumas breves definições.
A circulação diz respeito às atividades realizadas nos
solo (por exemplo, circulação de veículos ou peões,
corredores no interior das instalações).
Imagem disponível em:
http://www.cognos.com.pt/c_avancado_hst.html
Imagem disponível em:
http://alfachar.blogspot.pt/2013_04_01_archive.html
Imagem disponível em:
http://safetymed.net.br/portal/ergonomia/
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O risco horizontal incluiu as atividades efetuadas à mesma altura acima d solo (por exemplo, pontes
rolantes, armazenagem suspensa, circulação de empilhadores).
O risco vertical remete para as atividades que necessitam de um acesso em altura ou envolvam um risco
de queda material (por exemplo, escadas, elevação de
cargas, etc.).
Proteção de máquinas – A proteção de máquinas foi
desenvolvida com vista a evitar acidentes. Embora possa
ainda não ter ocorrido, na empresa, qualquer acidente
imputável às máquinas, isso não significa necessariamente
que estas sejam seguras, especialmente quando as
transformações são frequentes e no decurso das
operações pontuais, como a manutenção ou limpeza das
mesmas.
Deve prestar-se especial atenção à (in)formação dos trabalhadores recentemente admitidos na
empresa. Muitos acidentes deste tipo ocorrem no recurso do período de aprendizagem.
Do mesmo modo, para novas produções, é preciso garantir que as proteções das máquinas estejam
adaptadas e não dificultem o trabalho a efetuar.
A “segurança acrescentada” consiste na segurança consiste na segurança desencadeada quando sujem
riscos, ou, pior do que isso, já após ter surgido o inevitável. Deve ser substituída, preferencialmente, pela
segurança integrada. Desde a fase da conceção das máquinas, que se caracteriza pela sua capacidade de
participação nos imperativos de qualidade de produtividade da empresa.
As máquinas devem, em geral, ostentar o rótulo CE, certificando a sua conformidade com as normas
europeias.
Ruídos e vibrações:
1- Ruído – O ruído constitui um importante fator de
risco, suscetível de provocar danos físicos e
psicológicos. Assim também, pode ser responsável por
uma surdez precoce, não decorrente da diminuição
normal da audição com a idade. Existem ainda efeitos
extra-auditivos menos bem conhecidos: aumento da
tensão arterial ou repercussões a nível do sistema
cardiopulmonar. Níveis de ruído mais reduzidos podem perturbar a
comunicação e ser fonte de incidentes ou, mesmo, de acidentes.
Há três grandes meios de proteção utilizáveis contra o ruído:
redução do ruído na origem (por exemplo, mediante a colocação de
silenciadores nos escapes), tratamento acústico da máquina (por
exemplo, através da colocação de um invólucro antivibrátil em tomo da
mesma) ou do local (por exemplo, instalação de painéis antirruído junto
às paredes e ao teto, nas proximidades da máquina) e disponibilização
de meios individuais de proteção do ouvido (auriculares, protetores de
tipo auscultador com casco).
Prioritariamente, é necessário adotar medidas de proteção coletiva,
recorrendo a medidas de proteção individual apenas no caso da
situação impossibilitar qualquer outra alternativa.
Imagem disponível em: http://www.fsindical.com.br/?p=7906
Imagem disponível em:
http://amplitudeacustica.com.br/blog/controle-do-ruido-industrial-
evita-prejuizos-a-saude-do-trabalhador-e-as-financas-da-empresa/
Imagem disponível em:
http://www.atlascopco.com.br/brbr/pro
ducts/equipamentos-de-
demoli%C3%A7%C3%A3o/1594667/2626
729/
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2. Vibrações - A exposição prolongada de mãos e braços a choques e vibrações pode provocar lesões
nas articulações e na estrutura óssea dos operadores bem como problemas de articulação nos dedos.
A exposição de todo o corpo a vibrações (por exemplo, nos casos de condutores de camiões ou
empilhadoras) pode dar origem a problemas
abdominais, respiratórios ou de coluna vertebral.
Eventuais estragos nas estruturas dos imóveis e
das instalações podem ser provocados por
vibrações.
Temperatura e renovação do ar – A temperatura
e a renovação do ar são fatores relacionados entre
si, dado que um influencia o outro por meio de
ventilação. Por esse motivo, foram agrupados numa
mesma secção.
Temperaturas inadequadas podem provocar perturbações físicas e psicológicas. Atém do mais, uma
temperatura excessiva constitui um stress para o organismo humano.
O conforto e a produtividade no trabalho podem, assim, sofrer uma redução. Em casos extremos, pode
ocorrer, por exemplo, uma desidratação e/ou uma subida da temperatura do corpo, suscetíveis de alterar o
comportamento e, em casos graves, culminar numa síncope.
A renovação do ar não constitui unicamente um
importante fator relacionado com a regulação da
temperatura, mas influencia também a própria
qualidade do ar. O nível de risco depende,
evidentemente, do tipo de trabalho efetuado nas
instalações da empresa: os trabalhos pesados requerem
uma temperatura baixa e uma maior ventilação; por seu
turno, trabalhos ligeiros efetuados nas mesmas
condições tornam-se rapidamente difíceis de suportar.
Iluminação – As condições de iluminação determinam
fadiga, erros ou, mesmo, stresse. Este aspeto não
depende unicamente da intensidade, mas também do tipo de luz e da orientação da iluminação.
Um trabalho de precisão necessita de um nível de iluminação mais elevado do que um trabalho normal.
Da mesma forma, para conseguir uma visão perfeita dos pormenores, num trabalho idêntico, uma pessoa
com idade superior a 50 anos necessita, em média, de uma
iluminação três vezes superior à necessária a um trabalhador de 20
anos.
Incêndio, explosão e riscos elétricos – Um fator
comum aos riscos de incêndio e de explosão consiste na utilização
ou na existência de materiais perigosos - inflamáveis, explosivos ou
espontaneamente combustíveis.
O mesmo acontece com os riscos associados à utilização de
eletricidade. Por conseguinte, inclui-se nesta parte uma secção
Imagem disponível em: https://comatreleco.com.br/cortina-de-luz-categoria4-
protecao/
Imagem disponível em:
http://modelosdemonografias.com.br/os-ruidos-em-
serralherias-e-a-seguranca-do-trabalho/
Imagem disponível em: http://casa3.com.br/iluminacao-na-
arquitetura-corporativa/
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respeitante aos riscos elétricos. Em todos os locais onde existam sistemas sob pressão, verificam-se riscos
de explosão (o que se refere, mais particularmente, aos
sistemas de aquecimento que implicam pressão).
A "compartimentação" de um edifício merece algumas
explicações. Este termo designa a técnica Que consiste em criar
"compartimentos", ou seja, zonas da empresa limitadas por
divisórias e portas resistentes ao fogo por um período
suficientemente longo para permitir evacuar todo o pessoal
que se encontre no edifício e/ou limitar, tanto quanto possível,
a propagação de um eventual incêndio.
Matérias perigosas: riscos para a saúde e a segurança – As
matérias perigosas abrangem simultaneamente os produtos
perigosos (por exemplo, tintas, colas, vernizes, ácidos, etc.) e as
substâncias perigosas (por exemplo, pó de madeira, amianto, etc.).
Certas substâncias utilizadas no trabalho são manifestamente perigosas, como os ácidos fortes, por
exemplo. Outras, aparentemente menos novas,
podem contudo provocar graves doenças
profissionais, em caso de exposições prolongadas
e/ou repetidas. Estas doenças profissionais
devem-se a diversos fatores, entre os quais figura,
evidentemente, um enquadramento profissional
que introduza riscos específicos (por exemplo
tóxicos ou infecciosos), que deverão ser
controlados da forma mais adequada.
A fim de denominar os riscos que, para a
saúde, decorrem da manipulação de matérias perigosas, é conveniente recorrer a peritos externos. O
recurso a um controlo médico de trabalhadores é também aconselhável.
Proteções coletivas e individuais na empresa e seu enquadramento – Os elementos que, mais
especificamente, se relacionam com esta secção são retomados noutras secções do manual, por exemplo
no que respeita a ruído, vibrações, incêndio e explosões.
As proteções coletivas compreendem as medidas a adotar para conferir segurança à utilização de uma
máquina ou de um local por todo o pessoal.
As proteções individuais incluem as que se
exercem sobre o trabalhador contra riscos
específicos - físicos, químicos ou biológicos.
Numa situação ideal, as proteções coletivas
devem ser preferidas às proteções individuais. As
proteções coletivas comportam uma salvaguarda
geral, independente do pessoal abrangido, ao
passo que as proteções individuais apenas
garantem a segurança das pessoas que delas
dispõem e que as utilizam. Este tipo de proteções
está dependente da boa vontade do pessoal.
Imagem disponível em: http://www.pensamentoverde.com.br/meio-
ambiente/transporte-produtos-perigosos-riscos-meio-ambiente/
Imagem disponível em:
http://jie.itaipu.gov.br/node/46807
Imagem disponível em: http://www.perfilsegtrab.com.br/blog/tipos-de-
equipamentos-de-protecao-individual-epi/
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Transporte de cargas pesadas – Esta secção abrange a movimentação mecânica e manual de cargas. Certos
aspetos da elevação mecânica são retomados na Secção "Circulação, Riscos Horizontais e Verticais". A
movimentação manual não inclui unicamente a elevação, Compreendendo também a tração, a impulsão e
o transporte de cargas.
Os acidentes imputáveis à movimentação manual representam aproximadamente um quarto dos
acidentes declarados. Esta afirmação aplica-
se especialmente no que respeita às dores
lombares.
Trabalhos de manutenção –
Paralelamente às verificações
programadas, fazem ainda parte do
programa de manutenção de uma empresa
os controlos periódicos e os trabalhos de
reparação.
No decurso da manutenção, as
condições de trabalho podem ser muito diferentes, apresentando novos riscos, dado que a manutenção
pode abranger desde um controlo diário das proteções ao restauro do próprio edifício.
In Autoridade para as Condições de Trabalho. Diagnóstico das condições de trabalho. Disponível na Internet em: http://www.act.gov.pt/(pt-PT)/CentroInformacao/Checkup/CheckupSegurancaEmpresa/Paginas/default.aspx
Trabalhadores das artes do espetáculo e do audiovisual: regime laboral e
regime de segurança social
O regime dos trabalhadores das artes do espetáculo e do audiovisual têm o seu regime laboral e de
Segurança Social regulados pela Lei nº 28/2011, de 16 de Junho que alterou a Lei nº 4/2008, de 7 de Fevereiro
mas também o Decreto-Lei nº 407/82, de 27 de Setembro, completado pelo Despacho Normativo nº 78/83, de
8 de Abril).
Quem é considerado trabalhador das artes do espetáculo e do audiovisual: regime laboral e regime de
segurança social?
• Trabalhador das artes do espetáculo e do
audiovisual – “trabalhador que exerça uma
atividade artística, técnico-artística ou de
mediação”;
• Atividades de natureza artística – “atividades
ligadas à criação, execução e interpretação de
obras”;
• Atividades de natureza técnico-artística –
“atividades ligadas aos materiais, equipamentos, e
processos produtivos de suporte às artes do
espetáculo e do audiovisual”;
Imagem disponível em: http://www.mecanicaindustrial.com.br/manutencao-industrial/
Imagem disponível na Internet em: http://cm-condeixa.pt/cultura/teatro/
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• Atividades de mediação - “atividades relacionadas com a produção, a realização e divulgação de artes do
espetáculo ou de audiovisual, incluindo a valorização e divulgação das obras e dos artistas”.
• Espetáculo ou evento cultural público – “as
manifestações artísticas ligadas à criação, execução
e interpretação que se realizem perante o público e
ainda que se destinem a gravação e a transmissão
para posterior difusão pública, nomeadamente em
teatro, cinema, radiodifusão, televisão ou outro
suporte audiovisual, Internet, praça de touros, circo
ou noutro local destinado a atuações ou exibições
artísticas”;
• Audiovisual – “todo o produto de comunicação
expresso com a utilização de componentes visuais e
ou sonoros que envolva uma ou várias áreas
artísticas ligadas à criação, execução e interpretação e que seja destinado à fruição pelo público através do
cinema, vídeo, televisão, rádio ou multimédia”; (…)
Em matéria de Segurança Social a Lei n.º 28/2011, de 16 de Junho, para além de outros aspetos específicos
no que diz respeito à segurança social, prevê a proteção social no desemprego dos trabalhadores das artes
do espetáculo e do audiovisual, reformula o subsídio de reconversão profissional concedido, em
determinada condições, aqueles trabalhadores que, em razão da especificidade das suas atividades, cessem
tal exercício antes de poderem beneficiar de uma pensão de velhice e vem possibilitar aos trabalhadores
abrangidos pelo regime vertente, poderem optar, no âmbito do regime público de capitalização relativo ao
complemento de pensão por velhice, pela aplicação de uma taxa contributiva de 6%, independentemente
de idade.
In PLMJ. Direito do trabalho Lei n.º 28/2011, de 16 de junho. Disponível, em:
http://www.plmj.com/xms/files/newsletters/2011/Junho/NI-Lei_n.o_28.2011__de_16_de_Junho.pdf
Profissionais do espetáculo com novas regras de segurança social
A criação de um regime de segurança social adaptável aos profissionais das artes e dos espetáculos está
prevista nas alterações à lei que rege os profissionais do setor e que foi aprovada no primeiro mandato
governamental de José Sócrates, sob tutela da então ministra Isabel Pires de Lima.
Outra novidade será o regresso das carteiras
profissionais, como modo de certificar os profissionais
do setor, estando ainda em aberto se este documento
será passado pela Direcção-Geral dos Espetáculos se
por uma entidade a nomear ou a criar, explicou ao
PÚBLICO Inês de Medeiros, vice-presidente da bancada
do PS.
Esta deputada é responsável pela preparação deste
conjunto de alterações à lei, que deverão entrar na
Mesa da Assembleia da República, no início do mês de
Fevereiro.
Imagem disponível na Internet em: http://www.metropolitana.pt/ANSO-Um-
viveiro-de-m%C3%BAsicos-5229.aspx
Imagem disponível na Internet em: http://canelaehortela.com/teatro-
politeama-celebra-100-anos-com-grande-revista-a-portuguesa/
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"É antiga a luta dos artistas e dos profissionais do sector em conseguirem um estatuto adequado",
reconhece Inês de Medeiros, que salienta, contudo "o importante passo dado pela lei 4 de 2008, que criou já o
contrato específico, para lutar contra os
recibos verdes".
Esta deputada independente eleita nas
listas do PS frisa que há especificidades
deste setor e lembra que "a flexibilidade faz
parte da profissão". Estas características
fazem com que "as pessoas não estejam
intermitentes por opção, faz parte desta
profissão o trabalho descontinuado" e isso
está já contemplado na lei, garante, "ao
contrário de uma primeira leitura que foi
feita pelo meio, em que não foi medida a
importância de ter sido criado um contrato
especifico, que não tem limite de tempo
nem de contratos".
Inês de Medeiros lembra que o regime de contratos sem termo criado pela lei "salvaguardou a
intermitência do empregador e agora é preciso encontrar o acordo e a salvaguarda de ambas as partes e criar
estímulos, para que os contratos sejam aplicados". Mas a vice-presidente da bancada socialista garante que "o
projecto de lei terá em conta a necessidade de os produtores de espetáculos não serem sobrecarregados".
Apesar de elogiar o estatuto regulamentado por Isabel Pires de Lima, Inês de Medeiros afirma que "essa lei
deixou três questões em aberto".
A primeira é a da certificação da profissão, pelo que serão agora reintroduzidas as carteiras profissionais. Só
que "antigamente estas carteiras profissionais eram passadas pelo sindicato", recorda Inês de Medeiros, que
sublinha que tal tipo de procedimento hoje não é possível, até pela profusão de sindicatos ligados ao setor. Daí
que esteja a ser estudada a melhor forma de ser feita a certificação da profissão não só dos artistas, mas
também dos outros profissionais do setor, quer ao nível de quem é responsável pela emissão da carteira,
como ao prazo da sua duração.
"O segundo problema a resolver é o de que, para dinamizar o setor, não se pode excluir os técnicos",
afirma a deputada independente eleita pelo PS, que é ela também atriz. Ainda que não tenham o trabalho
artístico e o criativo, "os técnicos vivem as mesmas contingências que os artistas", por isso têm de merecer
tratamento idêntico, sublinha Inês de Medeiros.
Por fim, as alterações têm como objetivo ultrapassar o problema da segurança social. "A ideia é criar um
regime adaptável à profissão, encontrar um ponto comum a todas as profissões do meio artístico, dos
profissionais do setor e do meio artístico e completar o que já está na lei".
Inês de Medeiros frisa que "a precariedade é específica do setor, é uma flexibilidade querida que é inerente
à liberdade de ação e o contrato permite isso". Daí que agora seja "preciso garantir o apoio social e que as
pessoas têm os mesmos direitos de todos, se fizerem os descontos necessários".
Para a deputada independente eleita pelo PS, "o importante é não deixar todo um setor sem proteção
social ou sujeitos a um regime de descontos como se fossem uma profissão liberal, assim como combater os
descontos que os profissionais não podem pagar porque ninguém ganha para isso".
Inês de Medeiros defende que é preciso introduzir um regime de descontos obrigatório que as pessoas
paguem na proporção do que ganham e que descontem quando trabalham.
Almeida, São José. Profissionais do espectáculo com novas regras de segurança social Publicado no jornal PÚBLICO em
25 de janeiro de 2010
Imagem disponível na Internet em: http://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-
cinema/artigos/berlim-festival-de-cinema-portugues-vai-homenagear-manoel-de-oliveira?artigo-
completo=sim
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Para um estatuto do artista europeu
A questão da regulação do acesso aos empregos do espetáculo ao vivo é complexa e controversa. No
entanto, é atualmente impossível ocultar os problemas causados pela ausência de regulação.
Não basta defender o aspeto positivo da ausência de "filtro" e a possibilidade de que cada um possa
exprimir-se livremente, pois isso significaria
muito simplesmente confiar a função de
regulação às forças do mercado, em
detrimento dos critérios artísticos e da
questão da justiça social.
Mesmo para os artistas mais talentosos,
as carreiras no espetáculo ao vivo
continuam a ser uma sucessão aleatória e
caótica de travessias do deserto, de
remunerações cada vez mais baixas, de
horas não declaradas e de condições de
trabalho degradadas, bem como de um grande número de desilusões.
Por conseguinte, é oportuno estabelecer um equilíbrio entre a capacidade de difusão e o número de
pessoas que desejam seguir uma carreira artística.
Por outro lado, é óbvio que, hoje em dia, as produções artísticas reúnem frequentemente artistas europeus
e extracomunitários, cuja mobilidade é muitas vezes travada pela não transposição das legislações europeias
para os Estados-Membros e por um mau conhecimento das legislações nacionais.
Contudo, existem normas europeias, que devem ser aplicadas, mas os artistas ignoram as legislações dos
Estados-Membros que os acolhem e não sabem como fazer aplicar os textos europeus.
As dificuldades com que se deparam os artistas não são, na sua maioria, de ordem cultural; estão
sobretudo ligadas à mobilidade, à política de vistos, à saúde, à segurança social, ao desemprego e à reforma
e foi essencialmente para estes pontos muito concretos que procurámos esboçar uma resposta.
Vários Estados-Membros estudaram o assunto, tendo concluído que era absolutamente necessário
melhorar a situação, para que os artistas europeus possam beneficiar de um nível adequado de
reconhecimento e de integração na sua atividade profissional.
Por esta razão, a criação de uma "Carta europeia para a atividade de criação artística e as condições do seu
exercício" parece-nos uma excelente base de reflexão.
A primeira etapa da melhoria da condição de artista consiste, precisamente, numa avaliação das suas
necessidades, embora tal, só por si, não seja suficiente.
O desafio que se coloca à definição de uma política
cultural europeia é a construção de um ambiente cultural
dinâmico, criativo e inovador em todos os domínios das
artes, o que apenas será possível se oferecermos aos
nossos artistas as garantias sociais de que beneficiam
todos os outros trabalhadores europeus, em complemento
da garantia de liberdade artística que lhes é indispensável.
Comissão da Cultura e da Educação do Parlamento Europeu. (200)
Disponível na internet em: http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-
//EP//TEXT+REPORT+A6-2007-0199+0+DOC+XML+V0//PT
Imagem disponível na Internet em: http://www.5dasartes.com.br/2014/07/por-vir-41-ix-
mostra-latino-americana.html
Imagem disponível na Internet em:
http://mensagens.culturamix.com/frases/mensagens-sobre-profissoes
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Manifesto sobre o estatuto do artista
Quando as pessoas pensam sobre artistas-intérpretes, tendem a imaginar uma vida de fama, de encanto
e de riquezas. Contudo, para a grande maioria, a
profissão escolhida é precária e instável, oferecendo
um rendimento variável e frequentemente
inadequado. As oportunidades de emprego são
irregulares e imprevisíveis, os relacionamentos
contratuais atípicos e a falta de controlo sobre
condições de trabalho, significam que proteger o
Estatuto do Artista é vital para que uma carreira
como artista seja viável.
Atualmente, as tendências para uma maior
“flexibilidade” e mobilidade ameaçam os meios de
subsistência de artistas-intérpretes.
Alguns pequenos factos conhecidos sobre a vida dos artistas-intérpretes:
1) Já não existem empregos estáveis: A mudança do papel do Estado dentro do campo cultural e o impacto
da globalização afetaram os padrões do emprego dos artistas-intérpretes, principalmente em termos da
estabilidade do emprego, substancialmente diminuída.
A tendência para a privatização e para modelos de trabalho com base em projetos, significou que o tempo de
duração de contratos artísticos diminuiu em geral, conduzindo a uma utilização mais frequente de artistas com
contratos de curto prazo. Igualmente, houve um aumento de artistas-intérpretes que trabalham como
“freelancers” ou de forma “independente”, às vezes por razões tributárias, ou, muitas das vezes, como uma
maneira de os empregadores reduzirem os custos de emprego e encargos sociais. O estatuto de
«independente » é frequentemente imposto, mais do que escolhido livremente pelo artista.
2) A segurança social e as pensões são preocupações tão grande para os artistas-intérpretes, quanto para
qualquer outro trabalhador: A segurança social, os sistemas de pensão e os esquemas de tributação são
frequentemente inadequados, porque não são feitos de acordo com as necessidades específicas que provêm
das condições de trabalho dos artistas-intérpretes, conforme descrito acima. Isto reduz direitos legítimos (tais
como o subsídio de desemprego, o seguro de saúde etc.) e faz com que as pensões sejam mais difíceis de
calcular.
O salário baixo dos contratos esporádicos
significa que muitos artistas “independentes”
lutam para conseguir ter recursos para pagar os
seguros e os planos de pensões, que se vêem
obrigados a providenciar eles mesmos, na
ausência de um empregador, deixando-os
vulneráveis, particularmente com o avanço da
idade.
3) Os riscos para a saúde e os acidentes
ocupacionais vêm com o trabalho, mas o
Imagem disponível na Internet em:
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-fascinio-de-gluck-pelos-
musicos-do-tejo-1677980
Banda de Música da Trofa: Imagem disponível na Internet em:
http://i1os.com/?P78VyIuYRWA.video
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seguro nem sempre: Dependendo da natureza do financiamento e do alcance dos cuidados médicos/sociais
em cada país, os mesmos problemas relativos a emprego e ao estatuto da segurança social, podem significar
que os artistas não possuem seguro de saúde
efetivo.
Dada a natureza de seu trabalho, os artistas-
intérpretes encontram-se expostos a problemas de
saúde ocupacional, no longo prazo ou no curto prazo.
Há igualmente um risco ocupacional de acidentes e
de ferimento no local de trabalho, frequentemente
não cobertos corretamente pelo seguro. Os artistas-
intérpretes estão sempre muito ansiosos por
trabalhar, mesmo na ausência de medidas de
segurança estatutárias e contratuais adequadas e,
consequentemente, estão extremamente expostos a
tais riscos.
4) A mobilidade tem sob um preço: A mobilidade é simplesmente parte do trabalho de muitos artistas-
intérpretes – digressões e representações no exterior são importantes para a sua carreira e frequentemente
uma recompensa financeira para o profissional. Igualmente promove a inspiração com o intercâmbio de
tradições culturais diferentes e incentiva o diálogo intercultural e a diversidade cultural. Mas a mobilidade
complica a já complexa proliferação de estatutos de emprego e de condições contratuais.
O movimento entre sistemas de segurança social nacionais diferentes põe a segurança social e o subsídio de
desemprego dos artistas-intérpretes em risco, por exemplo, ao interromper períodos de contribuição social. As
pensões levantam um problema particular intratável, porque as contribuições pagas numa série de países
podem deixar um artista com uma pensão que seja difícil de calcular e impossível de receber.
5) A liberdade de associação, a negociação coletiva e o diálogo social são vitais: Os artistas-intérpretes são
vulneráveis em relação às condições de trabalho precárias e por vezes inaceitáveis que caracterizam os setores
em que trabalham. Igualmente, embora os artistas possam ser obrigados a ter o estatuto profissional
“freelancer” ou “independente” a fim de ganharem as oportunidades de emprego disponíveis, isto de
nenhuma maneira reflete um controle que possam exercer sobre suas condições de trabalho.
As organizações profissionais e os sindicatos têm um papel particularmente vital na proteção do emprego e
das condições de trabalho de artistas e na representação dos seus interesses em negociações coletivas.
6) A aprendizagem contínua e o apoio à transição
de carreira, para os artistas-intérpretes, são
inadequadas: Para alguns artistas-intérpretes, as
expectativas de carreira podem ser afetadas pela
natureza da atividade artística que empreendem,
porque algumas podem exigir um esforço físico
considerável. Isto é particularmente verdadeiro
para os bailarinos, por exemplo, muitos dos quais se
aposentarão deste tipo de atividade profissional
consideravelmente mais cedo do que trabalhadores
de outros campos.
Além disso, os artistas-intérpretes precisam de
Orquestra Sinfónica Artave. Imagem disponível em:
http://www.colegiodascaldinhas.pt/onossocolegio/n1a12/escolas/ligar-pessoas-
dizer-adeus/
Imagem disponível na Internet em:
https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/teatro-europeu-regressa-ao-sao-
joao-em-2016-1717521
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estar em forma ao longo de toda a sua carreira para manter as suas valências assim como para desenvolvê-las
mais, para se adaptarem a um ambiente sob constante mudança. Contudo, devido à falta de recursos e de
facilidades disponíveis, isto nem sempre é possível. Aos artistas não são dadas oportunidades suficientes para
treinar, durante todo sua carreira, assim como
possibilidades de reorientação profissional para
usar as suas capacidades criativas numa outra área
de trabalho.
7) Os direitos de autor e de propriedade
intelectual não são conceitos abstratos – eles
ajudam os artista-intérpretes a concretizar coisas:
Muitos artistas-intérpretes contam com os direitos
de propriedade intelectual para defender a sua
reputação profissional e para gerar um rendimento
devido pela exploração de seu trabalho. Devido à
natureza da indústria, enfrentam regularmente o
desemprego entre trabalhos e, frequentemente,
não podem confiar em outras fontes de
rendimento para além das que são geradas pela utilização do seu trabalho. Contudo, muitos deles estão numa
posição negocial fraca e não têm outra opção senão concordar com termos contratuais injustos que diminuem
o seu rendimento e controlam a utilização do seu trabalho.
8). Todas as áreas de política mencionadas até aqui, neste manifesto, têm impacto direto nos artistas-
intérpretes, afetando as suas condições de vida e profissionais, no que se refere à segurança social, subsídio de
desemprego, de cuidados de saúde, etc.
À luz das questões acima destacadas, a Federação Internacional de Músicos (FIM) e a Federação
Internacional de Atores (FIA) apelam aos responsáveis pelas políticas culturais para tomarem em consideração
estes problemas e para renovarem e defenderem o Estatuto do Artista com o propósito da preservação e da
promoção de um setor artístico e cultural florescente.
Recomendações de políticas-chave:
Novas estruturas legais e institucionais que se adaptem à situação atípica dos artistas-
intérpretes:
A FIM e a FIA exigem aos Estados o desenvolvimento de novas estruturas legais e institucionais que tomem
em consideração as condições de trabalho únicas dos artistas-intérpretes e que lhes assegurem o acesso à
Segurança Social, o Seguro de Saúde e tributação e planos de pensões justos e flexíveis, independentemente
das suas situações contratuais. Igualmente, cada compromisso contratual de um artista-intérprete, não
obstante o seu estatuto, deverá incluir o seguro de acidente compulsório, como padrão, sem gerar custos
extras para o artista. O processo pode, sempre que seja possível, ser reforçado com o diálogo internacional e a
permuta de boas práticas.
Um núcleo de direitos laborais para artistas-intérpretes:
Deverá ser garantido aos artistas-intérpretes um núcleo de direitos laborais mínimos, não obstante o seu
contrato de trabalho. Estes devem tomar em consideração as características específicas do setor e a
Imagem disponível na Internet em:
http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL1629403-9798,00-
EM+GRAVACAO+DE+FILME+ROSIE+HUNTINGTON+E+SHIA+LABEOULF+ESCORREGA
M+EM+TELHADO.html
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necessidade de defesa do Estatuto do Artista. O objetivo deverá ser garantir um núcleo de direitos laborais
para todos os artistas, empregados ou "independentes", (em particular o direito de negociar e beneficiar dos
acordos coletivos). De igual modo, todos os artistas-intérpretes, incluindo aqueles que trabalham numa base
autónoma ou independente, deverão ter a possibilidade de aproveitar a aprendizagem e formação ao longo da
vida. A FIA e a FIM apelam aos Estados para
tomarem em consideração as necessidades
particulares da transição da carreira de
muitos artistas-intérpretes e para
desenvolverem estratégias nesse sentido,
para assim manterem o maior número no
mercado de emprego.
Melhorar a coordenação e a
informação clara para facilitar a
mobilidade:
A nível Europeu, um núcleo de
condições contratuais mínimas para
artistas-intérpretes num contexto
transfronteiriço simplificaria extremamente
os problemas em torno da mobilidade. Esta abordagem permitiria a recolocação da dimensão Social no
coração do mercado interno e limitaria discriminações entre trabalhadores «protegidos» por um contrato de
emprego e aqueles sem qualquer proteção. De uma forma mais generalizada, a nível Internacional, existe uma
forte necessidade de uma melhor coordenação da segurança social e dos sistemas de proteção entre os
Estados, para assegurar que a mobilidade não penalize os artistas e faça com que percam os seus direitos. Está
a fazer muita falta uma informação clara e detalhada a respeito da mobilidade dos artistas bem como
mecanismos para centralizar tal informação de uma maneira prontamente acessível.
Uma forte proteção da propriedade intelectual para os artistas-intérpretes: A FIA e a FIM apelam
aos Estados para reconhecerem, em toda a sua extensão, o direito dos artistas-intérpretes – tanto no setor
sonoro como no setor audiovisual – a terem garantida uma forte proteção da propriedade intelectual pela
exploração do seu trabalho em todos os “media”, podendo eles exercê-la coletivamente –
independentemente do seu estatuto – para reduzir o relacionamento desequilibrado que têm individualmente
com seus contratantes ou aqueles que exploram comercialmente seu trabalho.
In FIA e FIM. 2009. Manifesto sobre o Estatuto do Artista. Disponível na Internet em: http://www.fim-musicians.org/wp-
content/uploads/manifesto_PO.pdf
Leis e Medidas de Segurança Social para apoiar o autoemprego dos artistas na Europa
Para ter uma visão comparativa do estatuto dos artistas nos diferentes países da União Europeia, no que
diz respeito a Segurança Social, regimes fiscais, proteção em citação de desemprego, assistência e pensões e
suplementos poderá consultar aqui uma tabela elaborada pelo Conselho Europeu.
In Compendium. Conselho Europeu. Social Security Laws and Measures to Support Self-Employed Artists Disponível na Internet em: http://www.culturalpolicies.net/web/comparisons-tables.php?aid=34&cid=45&lid=en
Imagem disponível na Internet em:
http://www.panoramaaudiovisual.com/pt/2014/03/04/sony-rompe-los-limites-tecnologicos-
con-la-primera-retransmision-teatral-a-4k/
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O Estatuto do Artista em Portugal
O tão ansiado regime dos contratos de trabalho dos profissionais de espetáculos (ou, como alguns se
habituaram a chamar-lhe com laivos de
messianismo, o "Estatuto do Artista") é, hoje,
uma realidade, por via da Lei n.º 4/2008, de 7
de Fevereiro. Cabe à Dr.ª Isabel Pires de Lima o
mérito de ter conseguido o que praticamente
todos os responsáveis pela pasta da Cultura
dos últimos vinte anos anunciaram sem
concretizar. Porém, muitas questões ficam
ainda por resolver com a sua entrada em vigor.
Desde logo, salta à vista aquela que muitos
apontam como a principal fraqueza do
diploma, a de o Governo não ter avançado já
com um regime específico de Segurança Social
para os trabalhadores de espetáculos. Sem uma
visão integrada e articulada dos dois sistemas, o laboral e o de Segurança Social, a nova lei saberá sempre a
muito pouco.
Do lado do empregador, bastará o conhecimento mínimo da realidade da grande maioria das companhias
de teatro e dança do nosso país para se lhes vaticinar um futuro sombrio caso as mesmas sejam forçadas a
levar à letra a nova lei. Na verdade, a aprovação de um regime específico para o setor não deixa grande
margem para que se continue a aguardar indefinidamente a transformação dos falsos "recibos verdes" que aí
abundam em contratos de trabalho. Contudo, a consequência que daí resultará – quanto aos encargos para a
Segurança Social que as companhias serão obrigadas a suportar – revelar-se-á ruinosa para elas. Só assim não
será se o Governo se decidir a aplicar uma receita próxima da constante da sua recente proposta de Reforma
das Relações Laborais, associando à conversão contratual uma série de incentivos, como a redução ou isenção
parcial de contribuições para a segurança social.
Do lado do profissional de espetáculos, também parece razoável que a ausência ou redução de retribuição
nas situações de inatividade seja compensada pela atribuição de um subsídio da segurança social com
períodos de garantia diferentes dos da lei geral.
Por outro lado, os contratos a prazo
poderão ter a duração que as partes
estipularem até um limite máximo de oito
anos. E ser renovados, dentro desse limite,
quantas vezes as partes entenderem. E,
porque se presume a natureza temporária
dos espetáculos, não se exige sequer um
motivo justificativo para o prazo acordado.
A medida é, em si, altamente positiva, pois
permite adaptar a duração do contrato à
transitoriedade e aleatoriedade típicas do
mundo dos espetáculos. Mas cedo se
antevêem problemas se pensarmos em
estruturas como orquestras ou elencos
residentes de companhias de teatro ou dança. Com o novo regime, apenas como está, sem o tal incentivo à
Imagem disponível na Internet em: http://www.tvi24.iol.pt/musica/concerto/artistas-na-
estrada-com-tony-carreira-a-cantar-fado-e-mornas
Imagem disponível na Internet em: http://www.grayline.com/tours/lisbon/lisbon-fado-night-
5876_25/
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contratação em regime de trabalho subordinado, dois cenários alternativos se colocarão ao empregador:
manter os "recibos verdes", ainda que
contra a lei, alegando não ter condições
para suportar as contribuições devidas
para a Segurança Social; ou tirar partido
das novas possibilidades abertas pela lei,
pressionando os artistas no sentido de
converter as respetivas relações
profissionais permanentes em contratos
a prazo ou em contratos de prestação de
trabalho intermitente. Ou seja, ao invés
de apaziguar os ânimos nas relações
laborais entre produtores e artistas, a
nova lei pode introduzir mais um
elemento de tensão.
Outra interrogação ressalta do regime do trabalho intermitente, que obriga o empregador a "não admitir
novos trabalhadores ou renovar contratos para atividades artísticas suscetíveis de poderem ser
desempenhadas pelo trabalhador em situação de inatividade". São de imaginar, pois, as dificuldades que o
empregador sentirá caso tenha atrizes inativas na companhia e pretenda contratar uma Soraia Chaves para um
papel de "femme fatale".
Estabelece também o diploma a possibilidade de reclassificação, velha reclamação do setor, sobretudo nas
profissões de desgaste rápido como a dos bailarinos. Questiona-se, no entanto, a sua exequibilidade,
designadamente no que toca à exigência de manutenção da retribuição.
Uma última nota para o polémico art. 18.º, relativo aos direitos de propriedade intelectual dos profissionais
de espetáculos: ao permitir a transferência da respetiva gestão para a sua esfera individual, deslocando-a da
competência das entidades de gestão coletiva, será difícil evitar que os artistas fiquem à mercê dos
empregadores no que toca à negociação desses seus direitos.
In Negócios.pt. DIOGO LEOTE NOBRE | 09 Julho 2008. Disponível na Internet em:
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/o_estatuto_do_artista.html
Bailarinos protestam contra o estatuto do artista
Os bailarinos da CNB vão recolher cinco mil assinaturas para uma petição que contam entregar na
Assembleia da República para reanalisar a situação de reforma que nunca viram consagrada na Lei.
Os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado
(CNB) vão manifestar, no próximo domingo, antes da IV
Gala Internacional que realizam no Teatro Camões, em
Lisboa, pelo Dia Mundial da Dança, o seu protesto em
relação à forma como tem sido conduzido o processo de
elaboração do Estatuto do Artista.
"Há mais de 15 anos que este Estatuto está para ser
consagrado e as perspetivas que agora nos dão sobre o
seu enquadramento legal remetem-nos para uma
situação quase precária", considera um dos elementos
da CNB que tem acompanhado este processo.
Estes artistas querem agora recolher cinco mil
Imagem disponível na Internet em: http://www.grayline.com/tours/lisbon/lisbon-fado-night-
5876_25/
Imagem disponível na Internet em: http://www.novagente.pt/danca-com-
estrelas-bailarinos-levam-os-famosos-ao-ceu
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assinaturas para entregarem uma petição à Assembleia da República com o objetivo dos deputados
reanalisarem esta questão.
A CNB é atualmente a única grande companhia de dança de reportório em Portugal, com 30 anos de
existência, comemorados em Abril de 2007 – atendendo a que o Ballet da Gulbenkian foi extinto no Verão de
2005. “Durante estes 30 anos, a CNB tem sido,
sem qualquer dúvida, a estrutura artística,
tutelada pelo Estado português, que mais
espetáculos realizou por todo o País e que
também mais vezes se apresentou no
estrangeiro, representando a cultura
Portuguesa, sempre com inigualável sucesso”,
refere um dos elementos da CNB.
No seu corpo artístico, há já um elevado
número de bailarinos que tem entre 20 a 30
anos de prestação, na sua grande maioria, ao
mais alto nível. “A exigência física e mental a
que foram sujeitos durante as suas carreiras,
efetuando um serviço público ao país e à sua
cultura, é equiparada à alta competição, e, por
isso, a repercussão da prática desta profissão durante tantos anos, torna-se extremamente penalizante para a
sua saúde”, observa o mesmo elemento. Apesar de desempenharem uma profissão de desgaste rápido, “estes
bailarinos não possuem qualquer tipo de acompanhamento médico especializado”, refere.
Quando comparado o estatuto consagrado aos bailarinos clássicos na maioria dos países da União
Europeia, nota-se que, com idênticas condições de trabalho, beneficiam de um sistema de reforma
antecipada, concedido entre os 40 e os 45 anos de idade, o que configura carreiras com 25 anos de duração.
Neste sentido, este grupo profissional propôs uma alteração da atual Lei, de forma consagrar a reforma a
quem possua uma carreira de 25 ou mais anos, com contribuições de valores acrescidos e com possibilidade
de retroatividade. Esta proposta solicitou ainda a criação de um programa de reconversões para atividades
condizentes com a sua experiência. Nomeadamente, o ensino da dança nas estruturas oficiais existentes e, ou,
a reativação da Escola da CNB.
Esta proposta, segundo referem, surge na sequência das expectativas que foram criadas aos bailarinos da
CNB ao longo dos últimos anos, o que se confirma pelo teor dos próprios programas eleitorais de praticamente
todos os partidos políticos.
Os elementos da CNB adiantam que “a elaboração do
primeiro Projeto de Lei reconhecendo a especificidade
desta profissão foi da autoria do Grupo Parlamentar do
Partido Socialista, e remonta a 1994. Em 2001 foram
aprovadas – mas não regulamentadas – na Assembleia da
República as alterações agora propostas. E em 2004 foi
novamente votada favoravelmente esta pretensão”.
Em 2006, a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima,
reconheceu “a especificidade da atividade destes
bailarinos e assumiu o compromisso em encontrar uma
solução aplicável, de reformas antecipadas que
dignifiquem esta profissão”, acrescenta o bailarino da
CNB.
Assim, os trabalhadores da CNB consideram-se
confrontados com duas preocupantes realidades. A
primeira relaciona-se com a nova administração conjunta da CNB e do Teatro São Carlos, que já constitui a
Imagem disponível na Internet em:
http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2012/07/02/diretor-do-
bale-de-monaco-vai-ensinar-bailarinos-do-bolshoi.jhtm
Imagem disponível na Internet em: http://www.suacidade.com/20130428/temporada-
de-maio-traz-bailarinos-do-bolshoi-e-musical-infantil-no-arthur-azevedo
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sétima alteração ao Estatuto da Companhia – que ainda desconhecem como projeto artístico e que foi
apresentado sem terem sido solucionados problemas estruturais tais como as aposentações, reconversões ou
formação de jovens bailarinos.
A segunda realidade preocupante é a da proposta de
um novo regime laboral para os artistas de espetáculos.
Esta proposta foi revelada com o pretexto de melhorar as
condições de outro tipo de artistas, mas o que acontece é
que vem piorar ou mesmo tornar precárias as condições
de trabalho dos artistas da CNB, criando formas subjetivas
de avaliação de “perda de aptidão profissional”. Esta
avaliação permitirá que durante as suas carreiras lhes
sejam propostas eventuais reconversões ou simplesmente
indemnizações indignas.
Os trabalhadores da CNB pretendem “que o
reconhecimento do valor destes artistas não se resuma a prémios, condecorações presidenciais ou ao papel de
meros acompanhantes ao estrangeiro de presidentes e ministros”, refere o elemento citado. Neste sentido,
tomam a iniciativa pública de denunciar a situação em que continuam a trabalhar, sem a consagração de um
Estatuto de Artista que responda aos problemas decorrentes do desgaste rápido da sua profissão.
Assim, pretendem recolher as 5.000 assinaturas necessárias para levar a questão à Assembleia da
República, atendendo à preocupação sentida com o Projeto de Lei que regulamenta a atividade dos artistas de
espetáculo, recentemente aprovado em Conselho de Ministros.
“Este documento levanta algumas dúvidas e preocupações aos bailarinos da CNB, nomeadamente no que
diz respeito ao seu artigo 18.º que regulamenta a reclassificação destes artistas – apesar de, numa reunião
com representantes da CNB, que teve lugar a 11 de Abril de 2007, os elementos do Governo nos terem
afirmado que esta reclassificação não se aplica aos trabalhadores da CNB. A verdade é que em nenhuma parte
deste documento se salvaguarda esta afirmação”, acrescenta a mesma fonte.
Por isso, consideram que fica em aberto toda a sua avaliação sobre a sua valia profissional e a possibilidade
dos respetivos contratos de trabalho serem rescindidos arbitrariamente. “Não sabemos quem decidirá sobre a
nossa capacidade ou incapacidade profissional, o que fundamentará a decisão de terminar ou reconverter
uma carreira, deixando esta avaliação dependente da subjetividade de uma pessoa ou grupo de pessoas”,
refere o mesmo elemento.
No caso de serem confrontados com uma reconversão profissional, consideram que o documento em causa
não faz qualquer referência à criação de possibilidades práticas para que essa reconversão se realize. Por outro
lado, o documento refere que, “no caso de o trabalhador não aceitar a reclassificação proposta pelo
empregador ou de não existirem outras funções compatíveis com as suas qualificações profissionais, o
contrato de trabalho caduca.”. Ou seja, não dá ao trabalhador qualquer tipo de opção uma vez que a mera
não-aceitação leva à caducidade do seu contrato.
Instado pelo Expresso a comentar esta situação, o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de
Carvalho, garantiu que é uma preocupação do atual Governo consagrar um estatuto digno para a carreira dos
bailarinos e que a regulamentação deste projeto de Lei terá de ser feita pela Segurança Social em diploma
específico, aplicável apenas aos bailarinos. Esta questão deverá enquadrar o período de carreira do bailarino e
especificar o seu estatuto de desgaste rápido, mas Vieira de Carvalho não adiantou mais pormenores,
explicando que essas matérias não são tuteladas pelo seu ministério.
Mesmo assim, o secretário de Estado considera que o recente enquadramento legal aprovado em Conselho
de Ministros já é mais favorável que o regime geral do Código do Trabalho, pois permite o pagamento de
indemnizações no caso do empregador invocar e comprovar que o trabalhador está desadequado às funções
que exerce.
In Expresso, publicado em 27 de abril de 2007. Bailarinos protestam contra o estatuto do artista
Disponível na Internet em: http://expresso.sapo.pt/actualidade/bailarinos-protestam-contra-o-estatuto-do-artista=f109470
Imagem disponível na Internet em:
http://www.irdeb.ba.gov.br/soteropolis/?p=607