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  • Maria Henriqueta Andrade RaymundoThas BrianeziMarcos Sorrentino(ORG.)

    COMOCONSTRUIRPOLTICAS PBLICASDE EDUCAOAMBIENTALPARA SOCIEDADESSUSTENTVEIS?

  • COMOCONSTRUIRPOLTICAS PBLICASDE EDUCAOAMBIENTALPARA SOCIEDADESSUSTENTVEIS?

  • Maria Henriqueta Andrade RaymundoThas BrianeziMarcos Sorrentino(ORG.)

    COMOCONSTRUIRPOLTICAS PBLICASDE EDUCAOAMBIENTALPARA SOCIEDADESSUSTENTVEIS?

    So Carlos, 2015

  • Realizao

    PatRocnio

    aPoio

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Maurcio Amormino Jnior, CRB6/2422)

    C735 Como construir polticas pblicas de educao ambiental para sociedades sustentveis? [livro eletrnico] / Organizadores Maria Henriqueta Andrade Raymundo, Thas Brianezi, Marcos Sorrentino. So Carlos (SP): Diagrama Editorial, 2015. 222 p. : PDF

    ,QFOXLELEOLRJUDD ISBN 978-85-65527-11-8

    1. Educao ambiental Polticas pblicas. 2. Poltica ambiental. 3. Sustentabilidade. I. Raymundo, Maria Henriqueta Andrade. II. Brianezi, Thas. III. Sorrentino, Marcos. IV. Ttulo.

    CDD-372.357

    Dos autores

    Projeto grfico e diagramaoDiagrama Editorial

    A imagem utilizada na capa de autoria de Rawson Tullio (www.rawsoncriativo.wix.com/artes). Ela parte do logo do movimento Ecossocialismo ou Barbrie, de que trata o posfcio deste livro.

    Esta publicao fruto do simpsio Polticas Pblicas de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis municpios, escolas e instituies de educao superior que educam para a sustentabilidade socioambiental, realizado pelo Laboratrio de Educao e Poltica Ambiental Oca (Esalq/USP), com apoio financeiro da CAPES, da Superintendncia de Gesto Ambiental da Universidade de So Paulo e da Itaipu Binacional.

  • SumRioPrefcioSer que tudo isso vale a pena?Carlos Rodrigues Brando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    caf comPartilha'HVDRVHSRWHQFLDOLGDGHVLQVWDODGDVQDVRFLHGDGHSDUDDIRUPXODRHH[HFXRGHSROWLFDVSEOLFDVGHHGXFDRDPELHQWDOHVRFLHGDGHVVXVWHQWYHLV2FD/DERUDWULRGH(GXFDRH3ROWLFD$PELHQWDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    Municpios que educam para a sustentabilidade socioambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

    educao ambiental e municpios3ROWLFDVSEOLFDVSDUDVRFLHGDGHVVXVWHQWYHLV6HPUDPLV%LDVROL0DUFRV6RUUHQWLQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    Processo Participativo de Formulao de Poltica Pblica municipal de educao ambiental0DULD+HQULTXHWD$QGUDGH5D\PXQGR/XFLDQD)HUUHLUDGD6LOYD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    implementao de polticas pblicas de educao ambiental$UWLFXODQGRSRWHQFLDOLGDGHVHP6R&DUORV63+D\GH7RUUHVGH2OLYHLUD$PDGHX-RV0RQWDJQLQL/RJDUH]]L$QGULD1DVVHU)LJXHLUHGR&DPLOD0DUWLQV/DNVKPL-XOLDQH9DOOLP+RIVWDWWHU/LDQH%LHKO3ULQWHV9DOULD*KLVORWL,DUHG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    Plataforma de apoio agricultura orgnica em So Paulo8PDH[SHULQFLDPXOWLVVHWRULDOSDUD SURPRRGDDJURHFRORJLD$QGU5XRSSROR%LD]RWL0QLFD3LO]%RUED . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    Histrico e Vivncias de um coletivo educador2FDVRGH)R]GR,JXDX5RVDQL%RUED5RVHOL%DUTXH],UDFHPD0DULD&HUXWWL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

  • 6Escolas que educam para a sustentabilidade socioambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

    a educao ambiental enquanto catalizadora de transformaes na escola/XFLDQD)HUUHLUD5DFKHO7URYDUHOOL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    avaliao da atuao da comisso de meio ambiente e Qualidade de Vida de uma escola municipal de Barretos/SP e a insero da educao ambiental no currculo5RVD0DULD7UR7RQLVVL-06DQWRV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

    ainda h esperana8PDSURSRVWDGHGHVHQYROYLPHQWRGRFXLGDGRDPELHQWDODSDUWLUGHXPSURMHWRQDHVFROD6DWK\D6DLGH5LEHLUR3UHWR$QD\UD*LDFRPHOOL/DPDV$OFDQWDUD*XVWDYR%DUURV$OFDQWDUD5RQDOGR0XQHQRUL(QGR. . . 89

    Pensando a educao ambiental em escolas do campo no estado de mato Grosso5HJLQD6LOYDQD6LOYD&RVWD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    Instituies de Educao Superior que educam para a sustentabilidade socioambiental . . . . 107

    $DPELHQWDOL]DRGDV,QVWLWXLHVGH(GXFDR6XSHULRUHVHXVGHVDRV-OLD7HL[HLUD0DFKDGR'DQLHO)RQVHFDGH$QGUDGH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

    observatrio Brasileiro de Polticas Pblicas de educao ambiental como um dos pilares do Fundo Brasileiro de educao ambiental8PDLQFXEDRGD8QLYHUVLGDGH)HGHUDOGH6R&DUORV6HPUDPLV%LDVROL0DULD+HQULTXHWD$QGUDGH5D\PXQGR$PDGHX-RV0RQWDJQLQL/RJDUH]]L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

    um estudo Diagnstico sobre a ambientalizao curricular na diretriz ensino-aprendizagem da eSalQ/uSP0DULD+HQULTXHWD$QGUDGH5D\PXQGR/XFLDQD)HUUHLUDGD6LOYD&LQWLD*QW]HO5LVVDWR'DQLHO)RQVHFD$QGUDGH-XOLD7HL[HLUD0DFKDGR/HDQGUR)UDQFLVFR&DUPR'HQLVH0DULD*QGDUD$OYHV0DUFRV6RUUHQWLQR$QWRQLR&RHOKR$QD0DULD0HLUD0LJXHO&RRSHU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

  • 7Possibilidades de insero da educao ambiental no ensino Superior$H[SHULQFLDGD8QLYHUVLGDGHGR(VWDGRGR5JUDQGHGR1RUWH0DULDGR6RFRUURGD6LOYD%DWLVWD3DXOR9LFWRUGD6LOYD)LOJXHLUD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137

    Reflexes para a formulao e execuo de polticas pblicas de educao ambiental que promovam a sinergia entre a diversidade de atores do territrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

    Subsdios para a formulao e execuo de polticas pblicas de educao ambiental 0DUFRV6RUUHQWLQR0DULD+HQULTXHWD$QGUDGH5D\PXQGR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

    aprender com vida, dialogar com a vida, ensinar em nome da vidaCarlos Rodrigues Brando . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154

    alfabetizao agroecolgica ambientalista,QWHUSUHWDQGRHWUDQVIRUPDQGRRVRFLRDPELHQWHORFDOHJOREDO0DUFRV6RUUHQWLQR)HUQDQGD0RUDHV/XFLDQD)HUUHLUD6LOYD0DULD+HQULTXHWD$QGUDGH5D\PXQGR6LPRQH3RUWXJDO$QD3DXOD&DSHOOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172

    Pessoas comprometidas com as transformaes Socioambientais uma perspectiva latino-americana de educao ambiental0DUFRV6RUUHQWLQR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192

    Sustentabilidade na universidade 0DULD+HQULTXHWD$QGUDGH5D\PXQGR/XFLDQD)HUUHLUD0DUFRV6RUUHQWLQR-XOLD7HL[HLUD0DFKDGR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205

    Posfcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219

  • 9 voltar para o sumrio

    PReFcio

    SeR Que tuDo iSSo Vale a Pena?

    Carlos Rodrigues Brando

    Tudo impossvel. At comear a acontecer.

    (Nelson Mandela)

    Coletneas em forma de um livro com um ttulo como este: Polticas p-blicas de educao ambiental para sociedades sustentveis, na maior par-te dos casos, comeam com um prefcio que se obriga a integrar palavras GHERDSROtWLFDFRPSDODYUDVGHFLrQFLDFRQiYHO(VWHSUHIiFLRIRJHjUH-JUD(OHFRPHoDHWHUPLQDFRPGHSRLPHQWRVEDVWDQWHSHVVRDLV

    Vivi os primeiros dez anos de minha vida em Copacabana, no Rio de Janeiro. O mar do Posto Dois e Meio me era to familiar quanto o quintal da casa de minha tia, irm de meu pai, onde vivi momentos felizes. Vivi outros quinze anos um pouco mais longe do mar da infncia. Minha casa QD*iYHDQGDYDRVHXTXLQWDOQRFRPHoRGDRUHVWDGR0RUURV'RLV,U-mos. Aprendi, depois dos segredos do mar, bem cedo ainda os da mata e suas trilhas, belezas e perigos. Quando uma segunda cobra venenosa ama-nheceu no cho da cozinha de nossa casa, minha me convenceu o meu pai DID]HUXPPXURTXHVHSDUDVVHQRVVRTXLQWDOGDRUHVWDGD*iYHD

    Num tempo afortunado em que sequer a televiso existia, vivamos entre nosso pequeno e inclinado campo de futebol da Rua Cedro, e as trilhas da Mata da Gvea. ramos um grupo de meninos e de meninas (depois jovens) que cresceram juntos/as ao longo de quase vinte anos. Se-ramos o que se poderia considerar sem sustos um bando de crianas nor-mais. Mas devo confessar agora que entre as nossas vrias e inocentes brincadeiras-de-rua-e-de-mata, algumas causariam horror ou no mnimo um cmplice pesar a e entre ambientalistas de hoje.

  • 10 voltar para o sumrio

    Havia um bananal no comeo da mata atrs de minha casa. Um de nossos jogos de competio consistia em duelarmos para ver quem de-pressa cravava um faco (um de nossos instrumentos mais cobiados e mais usuais) num tronco de bananeira e, com um esperto giro da mo e da faca, lograr que a rvore casse de um s golpe.

    Cresci entre micos e cobras, entre gambs e pequenos porcos-espi-QKR(HQWUHDVPDLVYDULDGDVHVSpFLHVGHSDVVDULQKRV7LrV6DQJXH6Dt-ras-de-Sete-Cores, Sanhaos, Biquinhos de Lacre e Canarinhos da Terra eram apenas alguns deles. Armvamos arapucas e alapes e catapultva-mos passarinhos que iam para as nossas gaiolas. Meus amigos gostavam de colocar dois machos de Canarinhos da Terra dentro de um pequeno alapo, para verem eles se baterem at a morte de um deles. Nem ns e nem os nossos pais viam maldade alguma nessas brincadeiras de FULDQoDV(QDVQRVVDVFRQVV}HVFDWyOLFDVGRVViEDGRVROKDUDVSHUQDVde uma moa e ter maus pensamentos era um pecado muito mais grave do que matar uma ave ou derrubar uma rvore. Alis, estas eram faltas VHTXHUOHPEUDGDVHQWUHDHVFRODHDLJUHMD$QDOELFKRQmRWHPDOPDO que pensar das plantas.

    Apenas de uma brincadeira eu fui sempre proibido. Meu pai - um ambientalista fervoroso muitos anos antes desta palavra ser traduzida para o Portugus, e que delicadamente empurrava baratas porta afora de nossa casa para no as matar - no me deixava brincar com a Turma da 5XD&HGURTXDQGRDEULQFDGHLUD HUDGH PDWDUSDVVDULQKRV3ULPHL-ro com rudimentares bodoques e, mais tarde (aps os quinze anos), com modernas espingardas de ar comprimido, meus amigos de rua gastavam ORQJDVPDQKmVHWDUGHVHPMRJRVHDSRVWDVGHPDWDUSDVVDULQKRV(PDLVde uma vez fui chamado pelos amigos de rua de mulherzinha (uma das piores ofensas naqueles tempos), porque os conclamava a no matarem

    os pobres passarinhos, e porque mais de uma vez levei para a minha casa pequeninas aves feridas de morte para tentar faz-las reviver. Nunca con-segui.

    Aos onze anos ingressei em uma tropa de escoteiros. At hoje agra-deo a meus pais esta inestimvel iniciativa. Aprendi com meus compa-nheiros da Patrulha dos Paves, que ademais de praticar pelo menos uma boa ao por dia, o bom escoteiro no deixa sinais de sua passagem. 'HIDWRQGRXPDFDPSDPHQWRQRVVRVFKHIHVYLJLDYDPFXLGDGRVDPHQWHo trabalho que as patrulhas acampadas deveriam realizar para deixar o

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  • 11 voltar para o sumrio

    ORFDOGHXPDFODUHLUDQDRUHVWDRXGHXPFDPSRRQGHHVWLYHPRVSRUXPpar ou mais de dias, melhor do que como vocs encontraram.

    Com os escoteiros exemplares educadores ambientais injustamen-te esquecidos - aprendi no apenas os segredos de conhecimentos rela-WLYRVDDQLPDLVSHoRQKHQWRVDXPRULHQWDomRVHPE~VVRODHjGLItFLOVREUHYLYrQFLDQDRUHVWD$SUHQGLDFRQYLYHUFRPDQDWXUH]DGHXPDPD-neira cuidadora, respeitosa e ntima. At hoje, na beira dos setenta e cinco DQRVXPGRVPHXVGHOHLWHVpVDLURUHVWDDGHQWURSHORVLPSOHVGHVHMRGHHVWDUDOLLQFOXVLYHFRPFDPLQKDGDVRUHVWDLVjQRLWH

    Apesar de tudo isto, naqueles anos (falo dos cinquenta) amos para QRVVRVDFDPSDPHQWRVPXQLGRVGHIDF}HVVHPSUHHOHVHGHDDGDVPD-FKDGLQKDV(GHUUXEDUFRPFXLGDGRSHTXHQDViUYRUHVHPXPUHFDQWRGHRUHVWD SDUD FRPRV VHXV WURQFRVQRV H RV VHXV JDOKRV DUPDUXP EL-vaque (uma cabana com os recursos da natureza), no nos parecia cri-me ambiental algum. Ainda mais porque naquele tempo no se falava em PHLRDPELHQWHHQmRKDYLDDLQGDR,%$0$

    Mais tarde fui excursionista e, logo depois, escalador de montanhas. Fiz cursos de guia de excurses e de escaladas. Quem ler os meus certi-FDGRVGRVGRLVFXUVRVRV~QLFRVSHQGXUDGRVHPSDUHGHVGDFDVDYHUique ainda nos anos cinquenta a tica excursionista era uma das discipli-QDV(PXLWRGRTXHWULQWDDQRVGHSRLVRXYLRXOLHQWUHHQFRQWURVHOLYURVde ambientalismo me fez recordar os rigores com que meus professores de excurso ou de escalada repetiam os saberes e valores dos escoteiros, HQRVFRQFODPDYDPDFRQYLYHUFRPDRUHVWDHDPRQWDQKDFRPUHVSHLWRe carinho. Mas tambm entre eles, pelo menos uma ou duas vezes, ajudei companheiros a derrubar algumas rvores pequenas para armar com elas abrigos improvisados em um acampamento de montanha.

    (VFUHYRHVWDVPHPyULDVSDUDOHPEUDURTXHMiKRXYHHQmRGHYHVHUHVTXHFLGRSDUDREHPHSDUDRPDO(SDUDGL]HUTXHWDQWRHPPLQKDYLGDquanto em vidas ao redor prximo ou distante dela, muita coisa mudou. Mudaram os escoteiros, os excursionistas e os escaladores de montanhas. Foram-se as machadinhas e agora rvores so plantadas por onde eles SDVVDP0XGHLHXPXGDUDPRVPHXVOKRV(QmRSUHFLVDUDPPXGDURVmeus netos, porque de uma maneira afortunada eles j nasceram em um tempo em que fazer mal a qualquer um animal, desperdiar gua ou mes-mo arrancar de uma planta uma folha sem necessidade algo mais do que um delito. uma visvel e perversa falta de sentimento.

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  • 12 voltar para o sumrio

    Um acontecer de opostos raramente levado em conta entre educa-dores e ambientalistas sempre me espantou. De um lado vejo por toda a parte, hoje em dia, meninos, mais do que meninas, envolvidos com ga-PHVHRXWUDVLQRYDo}HVGDHOHWU{QLFDFXMRWHRUYDLGDH[WUHPDYLROrQFLDjdestruio da natureza, de pessoas, de povos, e de cidades inteiras. Crian-as e jovens crescem lendo, vendo e jogando entre imagens, ideias e atos impensveis durante toda a minha infncia e juventude. Para ns Tarzan foi o grande heri, e o que havia de maldade no que lamos ou vamos, LQFOXVLYH HQWUH RV OPHV LQHVTXHFtYHLV GR FLQHPD GH &RSDFDEDQD VHULDdiante dos games e vdeos (os perversos) de hoje uma quase enjoativa pasmaceira.

    No entanto, entre crianas e jovens a quem a mdia do mundo do mercado submete a um exagero de mensagens criativamente perversas e maldosas - onde a competncia instrumental, a competio desbragada e a violncia extrema a cada dia se superam com uma quase assassina imagi-nao - so as mesmas e os mesmos que cada vez mais demonstram desde cedo um sentimento de afeto, de carinho mesmo e de respeitosa relao para com os seres da vida e para com a natureza. Crianas e jovens que em quase tudo o que no fundo sentem e pensam, conspiram contra o que lhes dado ver e viver eletronicamente.

    Por toda a parte e entre pessoas que vo de crianas pequeninas a jovens universitrios, uma nova sensibilidade parece brotar de dentro de suas mentes e coraes para os seus pensamentos, seus afetos e as suas aes. Acredito no estar exagerando nem em uma direo (a do imagin-rio perverso dos games e semelhantes) e nem na outra (o do surgimento HFUHVFLPHQWRGHXPDQRYDVHQVLELOLGDGHDIHWLYDFRPUHODomRjYLGDHDRmundo natural).

    (VWHQmRpRPRPHQWRGHSURFHGHUDXPDDQiOLVHDUHVSHLWRGRTXHtem afortunadamente provocado tudo isto. No entanto, mais como um sentimento e como uma crena fundada no que vivo e vejo ao meu redor, quero acreditar que algo a que damos o nome de educao ambiental tem PXLWRDYHUFRPRODGRIHFXQGRHIHOL]GHWXGRLVWR&UHLRFRPFRQDQoDTXHSURIHVVRUDVHSURIHVVRUHVGDHGXFDomR LQIDQWLO jSyVJUDGXDomRQDVuniversidades mesmo os que no se consideram educadores ambientais

    tem, passo a passo, logrado reverter um imaginrio fundado na ideia de que ns, os seres humanos, somos os senhores do mundo, em nome do sentimento de que somos, na verdade, irmos do universo. A comear

  • 13 voltar para o sumrio

    pelo como devemos viver e nos relacionar com o que verde e vivo em ns, entre ns, e entre ns e a vida e todas as dimenses e alternativas de realizao da vida e das condies naturais e sociais da Vida aqui na Terra.

    Creio que em suas mais diversas alternativas e modalidades, a edu-cao ambiental tem realizado sem alardes e sem a necessidade de men-suraes - um trabalho de descoberta de sentidos, de redescoberta de sig-QLFDGRVGHUHLQYHQomRGHVDEHUHVHGHUHFULDomRGHVHQVLELOLGDGHVFXMRVHIHLWRVDFDGDGLDHPHUJHPHIUXWLFDP(WXGRLVWRYDLGHVGHDVPXGDQoDV(fundamentais, mas ainda no comeo) de nossos livros escolares, de nos-sas leis e de polticas de educao, at a maneira como um grupo de ami-JRVGHUXDKRMHVHFRORFDGLDQWHGHXPDDYHXPDSODQWDRXXPDRUHVWD

    Acredito que nesta modernidade lquida, que a tantos assusta e a outros quase desespera, vivemos um tempo de inmeras revolues tran-quilas. Sem o alarde guerreiro das promessas de revolues que alimen-taram a nossa coletiva juventude de estudantes e de professores, por toda a parte, entre a economia solidria, o altermundismo, as justas lutas dos movimentos sociais populares em nome da terra, dos direitos de povos e de pessoas, a simplicidade voluntria, o ambientalismo e a educao ambiental, estamos inundando mundos regidos ainda pela predomnio da lgica do mercado capitalista, de contra-experincias e de frentes de UHFXVDDRVLVWHPD(WDPEpPGDVPDLVIRUPDVGHFULDomRGHDOWHUQDWLYDVoutras. De diversas invenes de no apenas sonhos, mas de saberes e Do}HVHPQRPHGHXPRXWURPXQGRSRVVtYHO([SHULrQFLDV LQWHUDWLYDVe francamente empapadas de amorosas sinergias que, quando reunidas HVRPDGDVQRVDSRUWDPPRWLYRVVXFLHQWHVSDUDVHJXLUPRVDFUHGLWDQGRque ainda e sempre preciso e possvel reverter os rumos do Brasil, da $PpULFD/DWLQDHGHWRGRRPXQGR(pSRVVtYHOUHPDUFRQWUDDFRUUHQWHporque bem na terceira margem do rio que dever estar o horizonte das solidrias vivncias em direo ao qual devemos dirigir algo mais do que apenas o nosso olhar.

    urgente congregar esforos. Onde seja possvel e sempre poss-vel necessrio conjugar iniciativas do poder governamental a partir de polticas pblicas j criadas (e nem sempre cumpridas) ou a serem criadas. preciso unir estas iniciativas com aquelas que a todo o momento tm sido geradas e postas em ao desde grupos, departamentos e outras uni-dades de nossas universidades.

  • 14 voltar para o sumrio

    preciso aproximar o que se pensa, pesquisa e cria nas academias, com o trabalho persistente de movimentos sociais populares, de movimen-tos de indgenas e de quilombolas, de tantos e to vrios outros movimen-tos e associaes, de que aqueles envolvidos com questes de sustentabili-dade, de ambientalismo ativo e de educao ambiental so os exemplos e os modelos do que j se est criando e fazendo que nos tocam aqui mais de perto.

    preciso reassumir, a partir da escala da poltica pblica social m-nima, a de um municpio, a interao entre aes e frentes conjugadas em favor de outras leis, de novas aes, de atuantes frentes de enfrentamento GDVIRUoDVGDGHVWUXLomR(pXUJHQWHHSUHFLVRDSDUWLUGHVVDVEDVHVUHDLVDOLRQGHDQDODYLGDS~EOLFDWHPRVHXFKmRDODUJDUKRUL]RQWHVHIUHQWHVGHDomR(VWHQGHUSODQRVVRFLDLVGHDo}HVWUDQVIRUPDGRUDVDWpRSRQWRHPque em algum momento possamos nos sentir parte e partilha da criao de uma democracia de fato substantivamente ativa e participativa.

    At aqui avanamos, juntas e juntos, muitos e irreversveis passos. Andamos muito adiante, mas ainda falta quase tudo. Todos os passos da-GRVDWpDJRUDVmRDLQGDHDSHQDVRVSULPHLURV(TXDQGRDSDUWLUGHH[SH-rincias reais como as relatadas aqui houver os dados de muitos outros passos, saberemos que avanamos bastante mais. Mas nos falta bem mais ainda.

    Pois por agora somos o absoluto presente. 6RPRVVREUHWXGRDVSHVVRDVTXHVHGHGLFDPjHGXFDomRVHPHDGR-

    res de esperanas, antes de tudo. Devemos ser os que no de esquivam de buscar conhecer a realidade e saber exercer uma crtica indispensvel. 0DVjGLIHUHQoDGHRXWURVVRPRVRXGHYHPRVVHUDVSHVVRDVTXHFUH-em que atravs da educao que acreditamos estar praticando podemos de fato transformar no apenas as mentes e os coraes de nossas crianas e de nossos jovens (com quem no obstante sempre temos muito a apren-der), mas tambm os nossos prprios coraes e as nossas mentes.

    A epgrafe deste prefcio nos veio de um homem que passou anos de sua vida em prises. Um homem que por certo teria tudo para acreditar que pouco ou nada haveria o que fazer diante de uma to grande e prolon-gada maldade poltica exercida por brancos colonizadores sobre negros colonizados. Mas ele saiu da priso para a histria porque acreditou que justamente porque parece ser impossvel, algo tem que ser feito e trans-formado.

  • 15 voltar para o sumrio

    Rosa dos Ventos Sul de MinasVero de 2015

    PS. Faz menos de uma semana, descamos de uma mata nos altos da Rosa dos Ventos. No meio do caminho, j num trecho de pasto, demos com uma cobra Urutu. Sabemos que ela uma cobra de veneno quase letal. Diz o povo da regio: Urutu quando no mata, aleja. Mas nossa Urutu do meio do caminho estava calma e em nada demonstrou qualquer YRQWDGHGHSLFDUDOJXpPDOL8PDFULDQoDOKDGHXPDDPLJDTXDVHpisou nela. Paramos ao seu redor mas a uma prudente distncia e em SRXFRVPLQXWRVGLDORJDPRVVREUHRTXHID]HU$QDOFREUDVHPDWDHmostra a pau, diz um outro ditado popular. A ideia de deixar a Urutu em paz e seguir adiante, depois de votada, ganhou por 6 a 0. Acho que alguma coisa est mudando.

  • 16 voltar para o sumrio

    aPReSentao

    0DUFRV6RUUHQWLQR

    O campo das polticas pblicas essencial para a busca da susten-tabilidade socioambiental local e planetria e merece ateno minuciosa no apenas de acadmicos, mas tambm dos governantes e de toda a so-ciedade, para que juntos possam formular e executar aes que atendam jVQHFHVVLGDGHVH[SHFWDWLYDVHLQWHUHVVHVGDGLYHUVLGDGHGHDWRUHVGHFDGDterritrio.

    (VWHOLYURGHVWLQDVHDDSUHVHQWDUHSUREOHPDWL]DUDo}HVHGXFDGRUDVcomprometidas com a sustentabilidade socioambiental em distintos terri-trios e instituies que busquem estratgias para conect-las a partir da perspectiva de construo de polticas pblicas estruturantes de educao ambiental.

    (VFRODV,QVWLWXLo}HVGH(GXFDomR6XSHULRU,(6HSUHIHLWXUDVWrPum papel essencial para a cooperao entre os diversos atores dos territ-rios municipais, objetivando criar sinergia entre as aes, projetos e pro-gramas de educao ambiental.

    Outras instituies, governamentais e no governamentais, com dis-tintos graus e histricos de institucionalizao - unidades de conservao, associaes no governamentais, empresas e movimentos sociais -, tam-bm so importantes para o delineamento de projetos poltico-pedaggi-cos territoriais que pautem e sejam pautados por polticas pblicas capa-]HVGHSURPRYHUPXGDQoDVVLJQLFDWLYDVQRDWXDOHVWDGRGHGHJUDGDomRsocioambiental.

    Projetos Polticos Pedaggicos que apontem caminhos para uma sustentabilidade que busca a melhoria das condies existenciais de todos os humanos e no humanos que habitam ou viro a habitar este pequeno e ainda belo planeta.

    26LPSyVLRGH3ROtWLFDV3~EOLFDVGH(GXFDomR$PELHQWDOSDUD6R-FLHGDGHV 6XVWHQWiYHLV UHDOL]DGR HP 3LUDFLFDED63 SHOD 2FD(6$/4USP, em maio de 2014, promoveu a aproximao entre a realidade de dis-tintos projetos, programas e polticas pblicas, junto a sujeitos atuantes em governos locais, movimentos e instituies da sociedade civil, setor SULYDGRHVFRODVH,(63RVVLELOLWRXROHYDQWDPHQWRGDVGHPDQGDVIUDJL-

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    OLGDGHVSRWHQFLDOLGDGHVHH[SHFWDWLYDVUHIHUHQWHVjVSROtWLFDVS~EOLFDVGH($QRVWHUULWyULRV

    Num primeiro momento, os dilogos contemplaram separadamen-WHSRU HL[RGHDWXDomRHP(VFRODV ,(6H0XQLFtSLRV RVGLVWLQWRVROKD-UHVGRVSDUWLFLSDQWHVSDUDTXHPXQLGRVGHUHH[}HVHDXWRFUtWLFDVVREUHVXDVHVSHFLFLGDGHVSXGHVVHPVHJXLUQDFRQVWUXomRGHSURSRVWDVPHGLD-GRUDVGRVFRQLWRVDWHQGLPHQWRGDVGLIHUHQWHVQHFHVVLGDGHVHLQWHJUDomRda diversidade de atores como condio essencial para o planejamento e LPSODQWDomRGHSROtWLFDVS~EOLFDVPXQLFLSDLVHHPRXWURVWHUULWyULRVGH-nidos como prioritrios pelos participantes.

    6HMDDSDUWLUGDV(VFRODVGDV,(6RXGDV3UHIHLWXUDV0XQLFLSDLVFRPseus gestores e setores diretamente envolvidos com a questo ambiental e HGXFDFLRQDOVHMDDSDUWLUGDVLQVWLWXLo}HVGLYHUVDVTXHDWXDPFRP($QRmunicpio empresas, movimentos sociais e organizaes da sociedade FLYLORTXHVHDSRQWDQHVWHOLYURVmRUHH[}HVHRSRUWXQLGDGHVSDUDTXHDV SROtWLFDV S~EOLFDV GH($ VHPDWHULDOL]HPSHOD DUWLFXODomR GD FRPSOH-xidade de atores do campo socioambiental. Apresentaes analticas de H[SHULrQFLDVWHRULDVSURSRVWDVHGHVDRVTXHUHYHODPDLPSRUWkQFLDGDsinergia entre a diversidade de atores sociais para a formulao e implan-tao de polticas pblicas de educao ambiental comprometidas com a construo de sociedades sustentveis.

    Como podem as polticas pblicas pautar e serem pautadas pela or-ganizao comunitria? Como podem estimular e apoiar a construo de cidadania ativa e autnoma? Cidadania organizada em Crculos de Cultu-UDFRPRGL]LD3DXOR)UHLUHRX&RPXQLGDGHV,QWHUSUHWDWLYDVHGH$SUHQ-GL]DJHPFRPRGL]R3URJUDPD1DFLRQDOGH($3UR1($RXDLQGDFRPRCrculos de Aprendizagem Participativa, como expressa o Centro de Sabe-res e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata?

    Ou, voltando na Histria, pode-se perguntar como os enunciados e prticas de utopias humanistas participativas de diversas ordens se ma-terializaram em melhor gesto da coisa pblica e mais adequado direcio-namento para o bem comum? Ou, como e se as propostas de organizao em comunas, kibutz, soviets, comunidades eclesiais de base, ncleos de base, ou outras formas de organizaes comunitrias e autogestionrias ampliaram a participao e o controle social, a co-responsabilidade entre a FRPXQLGDGHRUJDQL]DGDRPHUFDGRHR(VWDGRQDJHVWmRGHEHPFRPXP"

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    Promoveram maior participao e responsabilidade social compar-tilhada, mas em qual ponto falharam e retrocederam ou no avanaram SDUDSROtWLFDVVLVWrPLFDVQmRDXWRULWiULDVSURPRYLGDVSHOR(VWDGRHFRQ-trolando no apenas os governantes, mas tambm o mercado e a ganncia mercantilizadora?

    0RQWHVTXLHXHP2(VStULWRGDV/HLVH[SOLFLWDTXHQD5HS~EOLFDpautada pela perspectiva de ser uma democracia popular, a organizao social deve estar fundamentada na frugalidade, ou seja, deve ser animada por valores como a simplicidade voluntria e a busca pelo conhecimento e saber, disseminados por toda a sociedade e enraizados em cada pessoa, pois o desejo de enriquecer e acumular exige a construo de leis e apara-tos de controle e limitao do poder, incompatveis com a plena participa-o e liberdade de expresso de todos.

    A transio para esse tipo de sociedade, democrtica e popular, pau-tada pela frugalidade, exige o compromisso de polticas pblicas que colo-TXHPR(VWDGRFRPDPLVVmRHGXFDGRUDUHODFLRQDGDjSURPRomRGHQRYRVvalores que hoje esto na contramo da hegemonia nos meios de comuni-cao, no mundo do mercado e mesmo nos governantes e representantes parlamentares.

    $ VXVWHQWDELOLGDGH VRFLRDPELHQWDO TXHQmR VH OLPLWD j GLIXVmRGHtecnologias verdes, fechando os olhos para o estado de degradao hu-mana no qual se encontram enormes parcelas da humanidade, no pode furtar-se a esse dilogo sobre qual ou quais sociedades se deseja e qual humanidade e ser humano se busca.

    Seria possvel forjar e fortalecer comunidades educadoras em toda a EDVHGDVRFLHGDGHFRPSURPHWLGDVFRPHVVDWUDQVLomR"3RGHULDR(VWDGRcom isso comprometer-se? Como se pode, como sociedade civil organiza-da e/ou como atores sem hegemonia em distintos setores do estado e do mercado, contribuir para o acmulo de foras que propiciar transforma-es socioambientais, ecossocialistas, sustentabilistas, animalistas, dentre outras, comprometidas com a melhoria das condies existenciais em toda a sua diversidade e extenso, em cada municpio, regio, pas e planeta?

    O objetivo deste livro e do simpsio que o motivou ser mais uma contribuio para esses questionamentos e para a busca de respostas, in-dividuais e coletivas. O seu desdobramento est ocorrendo por meio de diversos projetos de pesquisa e de interveno educadora que colocam o GHVDRGHXPDVLVWHPDWL]DomRTXHFRQWULEXDSDUDDHPHUJrQFLDGHQRYDVH

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    mais profundas questes e o oferecimento de subsdios para a formulao e implantao de polticas pblicas.

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    caF comPaRtilHa

    'HVDRVHSRWHQFLDOLGDGHVLQVWDODGDVQDVRFLHGDGHSDUDDformulao e execuo de polticas pblicas de educao ambiental e sociedades sustentveis

    2FD/DERUDWULRGH(GXFDRH3ROWLFD$PELHQWDO

    26LPSyVLRGH3ROtWLFDV3~EOLFDVGH(GXFDomR$PELHQWDOSDUD6RFLHGDGHV6XVWHQWiYHLV PXQLFtSLRV HVFRODV H ,QVWLWXLo}HV GH(GXFDomR 6XSHULRU,(6TXHHGXFDPSDUDD VXVWHQWDELOLGDGH VRFLRDPELHQWDO 633($ UHD-lizado de 6 a 9 de Maio de 2014 em Piracicaba-SP, parte de um processo PDLVDPSORTXHYLVDjSURGXomRSDUWLFLSDWLYDGR3URMHWRGH3HVTXLVD,Q-WHUYHQomR(GXFDGRUD6RFLRDPELHQWDOLVWDVREUH(GXFDomR$PELHQWDOH3R-OtWLFDV3~EOLFDV HPFRQVWUXomRSHOR/DERUDWyULRGH(GXFDomR H3ROtWLFD$PELHQWDO2FD(6$/4863

    1HVVHVHQWLGRR633($WHYHHQWUHVHXVREMHWLYRVRGHVHUXPDHWD-SDGHGLDJQyVWLFREXVFDQGRFRQKHFHUDVH[SHULrQFLDVHP(GXFDomR$P-ELHQWDO($H3ROtWLFDV3~EOLFDVGH($33($HPFXUVRQR%UDVLO3DUDtal, o evento contou com momentos em que os 300 participantes tiveram a oportunidade de dialogar entre eles, intercambiando suas experincias, H[SHFWDWLYDVGLFXOGDGHVGHVDRVRSRUWXQLGDGHVHQWUHRXWUDVTXHVW}HVpara alm das palestras e mesas redondas com convidados.

    Desenvolvimento metoDolgico

    Para viabilizar o dilogo entre os participantes, a Oca, no papel de organi-zadora do simpsio, elaborou uma forma de trabalho a partir da adaptao de princpios e tcnicas do World CafHGD(GXFDomR3RSXODUFKHJDQGRDum formato que denominou Caf ComPartilha.

    Alguns dos princpios do Caf ComPartilha inspirados no World Caf e no Art of Hosting (www.artofhosting.org) foram os de valorizar o espao de dilogo como um ambiente acolhedor, reconhecendo que ele fa-FLOLWDDHPHUJrQFLDGHLGHLDVHUHH[}HVVREUHTXHVW}HVTXHVmRUHDOPHQWHLPSRUWDQWHVSDUDRWHPDVREUHRTXDOVHGHVHMDDYDQoDUQHVWHFDVR33($

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    )RLXWLOL]DGRRIRUPDWRGHPHVDVGHGLiORJRTXHPDQWrPXPDQWULmRHQRTXDORVSDUWLFLSDQWHVUHVSRQGHPDTXHVW}HVVLJQLFDWLYDVSUHYLDPHQWHelaboradas pela organizao, e alternam-se de mesas em perodos deter-minados (a dinmica do Caf ComPartilha ser detalhada melhor abaixo).

    1D(GXFDomR3RSXODUR&DIp&RP3DUWLOKDVH LQVSLURXWDPEpPHPfundamentos e tcnicas do dilogo, tendo como horizonte a propiciao de bons encontros, de trocas de experincias e histrias de vida. Nesse referencial, nutriu-se de educadores populares como Paulo Freire e Carlos Rodrigues Brando, fontes importantes para os saberes de educadores e educadoras ambientais, e suas propostas de Crculos de Cultura (Freire, 2011) e Comunidades Aprendentes (BRANDO, 2005). Tambm o refe-rencial de Boaventura de Souza Santos, sobre comunidades interpretativas 6$1726HVXDDSUR[LPDomRFRPDVSUiWLFDVGH($$9$1=,0$/$*2',1HODVRVDXWRUHVHQIDWL]DPDLPSRUWkQFLDGHHGXFDUHHGX-car-se ouvindo o outro, compartilhando os prprios saberes, constituindo espaos de dilogos que so percebidos como unidades de vida, com signi-FDGRVHVRFLDELOLGDGHVTXHVHDPROGDPQXPSURFHVVRWDPEpPLQWHULRUHSHVVRDOHTXHKLVWRULFDPHQWHSDXWDPDWUDMHWyULDGD($HHVWmRDOLQKDGRVjV3ROtWLFDV3~EOLFDV)HGHUDLVGH($%5$6,/

    Assim, como uma hibridizao dos princpios e mtodos do World Caf FRPDVEDVHV HSUiWLFDVGD(GXFDomR3RSXODUR&DIp&RP3DUWLOKDbuscou estabelecer um ambiente democrtico, participativo e dialgico que privilegiou as contribuies de uma ampla gama de atores provenien-tes de diversos contextos de atuao.

    O Caf ComPartilha foi realizado em duas tardes de trabalho duran-WHR633($1DSULPHLUDRREMHWLYRIRLRGHHVWLPXODUDWURFDGHH[SHULrQ-cias entre pessoas de diferentes lugares do pas, dentro de um mesmo eixo WHPiWLFR(VFRODV0XQLFtSLRVRX,(6$VVLPSDUWLFLSDQWHVHPFDGDXPGRVHL[RVIRUDPFRQYLGDGRVDGLDORJDUHPDPELHQWHVHVSHFtFRVVHSDUD-dos dos demais. Na segunda tarde, o objetivo foi o de promover o encontro entre atores dos diferentes eixos, visando potencializar a criao de siner-gia entre eles para o desenvolvimento de trabalhos futuros.

    Com a proposta de alimentar o dilogo que aconteceria durante as duas tardes, foram realizadas ainda duas outras iniciativas: a primeira foi D VROLFLWDomR IHLWD SHOD RUJDQL]DomR GR 633($ DRV SDOHVWUDQWHV GRV SH-rodos matutinos, para que inclussem em suas exposies experincias HTXHVW}HVFRQFHLWXDLVTXHSXGHVVHPRIHUHFHUHPEDVDPHQWRH UHH[}HV

  • 22 voltar para o sumrio

    para os dilogos que ocorreriam no perodo da tarde. Alm disso, den-tre os 96 trabalhos apresentados durante o Simpsio, foram selecionados WULQWDHGRLVGLYLGLGRVHQWUHRVWUrVHL[RVFRPDQDOLGDGHGHVHUYLUFRPRUHIHUrQFLDSDUDRGLiORJRTXHRFRUUHULDHPVHJXLGD(VVHVFDUDPH[SRV-tos, na forma de psteres, nos espaos do Caf ComPartilha, e seus autores FDUDPGLVSRQtYHLV MXQWRDRVWUDEDOKRVQRSULPHLURGLDDQWHFHGHQGRRCaf, para aprofundamentos.

    A partir destes insumos, a dinmica do Caf ComPartilha deu-se da seguinte forma: a equipe organizadora do evento elaborou, previamen-WHTXDWURSHUJXQWDVVLJQLFDWLYDVSDUDDSULPHLUDWDUGHGHWUDEDOKRHoutras trs para a segunda tarde (ver abaixo). As perguntas da primeira WDUGHIRUDPHVSHFtFDVSDUDFDGDHL[RWHPiWLFRGHIRUPDTXHDUHGDomRGDVTXHVW}HV DVGLUHFLRQDYD HVSHFLFDPHQWHSDUDR WHPD$VSHUJXQWDVpr-elaboradas foram:

    Questes para o primeiro Dia Do caf compartilha (Dilogos temticos).

    1. O que nos trabalhos apresentados se assemelha ao trabalho que voc desenvolve?

    2. Quais iniciativas poderiam contribuir para o aprimoramento dos trabalhos apresentados e para as realidades expostas?

    3. 4XDLVVmRDVSULQFLSDLVGHPDQGDVSRWHQFLDOLGDGHVHGHVDRVGDVHVFRODV,(6PXQLFtSLRVSDUDDFRQVWUXomRH[HFXomRGH3ROtWLFDV3~EOLFDVGH($"

    4. Quais atores e estratgias devem compor a formulao e imple-PHQWDomR GH SROtWLFDV S~EOLFDV GH ($ SDUD HVFRODV,(6PXQLFt-pios?

    Questes para o segunDo Dia Do caf compartilha (Dilogos integraDos)

    1. Quais as necessidades de formao (sua e dos pblicos com os TXDLVDWXDSDUDXPD($YROWDGDjFRQVWUXomRGHVRFLHGDGHVVXV-tentveis?

    2. Quais so as principais demandas do seu territrio por polticas S~EOLFDVGH($"

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    3. &RPRFULDUVLQHUJLDHQWUH0XQLFtSLRV(VFRODVH,(6SDUDDIRUPX-ODomRHLPSODQWDomRGHSROtWLFDVS~EOLFDVGH($"

    $RQDOGR6LPSyVLRDHTXLSHGD2FDVLVWHPDWL]RXHDQDOLVRXRVUH-sultados de cada rodada do Caf ComPartilha realizada no evento. Como uma forma de devolutiva inicial aos participantes, uma primeira sistema-tizao dos dados foi apresentada no ltimo dia do encontro. Uma anlise mais estruturada desses resultados ser apresentada mais abaixo neste artigo.

    sistematizao preliminar Do caf compartilha

    A partir dos dilogos fomentados pelas questes postas, o Caf ComParti-lha pde recolher que uma forte questo crtica a formao de educado-UHVDPELHQWDLVQRFDPSRGDVSROtWLFDVS~EOLFDV(VVDIRUPDomRpGHFLWi-ULDWDQWRQDV,QVWLWXLo}HVGH(GXFDomR6XSHULRUFRPRHQWUHJHVWRUHVGHJRYHUQRVPXQLFLSDLVHSURVVLRQDLVGDVHVFRODVGHVGH(QVLQR,QIDQWLOH)XQGDPHQWDOD0pGLR7DOGpFLWGHIRUPDomRVHFRORFDFRPRXPREVWi-FXORjLQVWLWXFLRQDOL]DomRGDV33($GHVGHVXDFULDomRjLPSODQWDomRSDV-sando tambm pela anlise e monitoramento dos processos, resultados e avaliao. Da mesma forma, existe uma demanda de investimento na FULDomRGHLQGLFDGRUHVGHDYDOLDomRGDV33($VHJXQGRRVGLYHUVRVSDUWL-cipantes do Simpsio. Portanto, uma formao conceitual ampla e coletiva VREUH33($pXUJHQWHHGHIXQGDPHQWDOLPSRUWkQFLDHGHYHVHUFDSD]GHaliar teoria e prtica.

    $RODUJRGHVVDIRUPDomRSUDWLFDPHQWHLQH[LVWHQWHHP33($DSUy-SULDIRUPDomRQRFDPSRGHVDEHUGD($WDPEpPpOLPLWDGD'HVVHPRGRoutro forte apontamento do Caf ComPartilha foi a necessidade da for-mao de educadores e gestores com base terica e epistemolgica con-sistentes, que lhes permita atuar na formulao de polticas pblicas e na educao informal e na formal - inter e transdisciplinarmente na docncia HVFRODUHXQLYHUVLWiULDHPDLVHVSHFLFDPHQWHQDVXQLYHUVLGDGHVFRPSHVTXLVDV H SURMHWRV GH ($ $OpP GLVVR RV SDUWLFLSDQWHV GHVWDFDUDP Dimportncia do investimento numa extenso consolidada que atue com professores de todos os nveis e modalidades de ensino e tambm com gestores municipais.

    Na questo da extenso universitria, enfatizou-se que essa deve ser conduzida num sentido comunitrio, envolvendo movimentos sociais e or-

  • 24 voltar para o sumrio

    ganizaes de bairro, entre outros, e deve se usar da educomunicao para SRWHQFLDOL]DU DV UHODo}HVSDUD DOpPGRVPXURVGDV ,(6$ FRPXQLFDomRtambm foi apontada como uma estratgia importante para a estruturao de redes escolares que poderiam fortalecer a troca de experincias entre HVFRODVH,(6HDIRUPDomRGHFROHWLYRVTXHVHDXWRHGXFDP

    2XWURDVSHFWRVREUHDH[WHQVmRGDV,(6DPSODPHQWHDERUGDGRIRLDLPSRUWkQFLDGDUHODomRGDV,(6FRPDHVFRODEiVLFDFRPRVSURIHVVRUHVHa comunidade escolar, garantindo horizontalidade entre as comunidades universitria e escolar. Foi apontada ainda pelos participantes a necessi-dade de uma maior compreenso das demandas e das diversidades sociais e ambientais presentes nos territrios e que esses deveriam nortear os pro-cessos educadores ali desenvolvidos.

    Nesse sentido, em se tratando das escolas, imprescindvel um maior dilogo nas comunidades escolares, fortalecendo os processos formativos que envolvam no somente os professores, mas toda a comunidade es-FRODUSDUDTXHKDMDDUHLQYHQomRSHGDJyJLFDHDUXSWXUDFRPSURFHVVRVYLFLDGRVHFDGXFRVHDSRVVLELOLGDGHGHLQFRUSRUDomRGD($QRVSURMHWRVpolticos pedaggicos das escolas. importante, assim, a (re)reconstruo do currculo e que esse absorva todas as questes socioambientais locais. Consequentemente, necessrio tambm o desenvolvimento de materiais GLGiWLFRVTXHGLDORJXHPFRPHVVDVTXHVW}HVDIRUPDomRGH&RP9,'$6%5$6,/SDUDHIHWLYDUSURFHVVRVGHJHVWmRGHPRFUiWLFDFRPDo}HVKRUL]RQWDLV H FROHWLYDV EHP FRPR D FRQWLQXLGDGH GDV Do}HV HP($ H DFRQVWUXomRGHLQGLFDGRUHVSDUDD($HVFRODUHV

    4XDQWR DRV DWRUHV H HVWUDWpJLDV SDUD D LPSOHPHQWDomR GDV 33($GHYHP VHU FRQVWLWXtGRV &ROHWLYRV (GXFDGRUHV FRPSRVWRV SRU GLIHUHQWHVinstituies e atores, como professores, estudantes, tcnicos ambientais, gestores pblicos, entre outros, que garantam a formao dialgica e par-ticipativa, com a articulao entre os atores e a ao em rede. Os parti-cipantes destacaram ainda que a formao de educadores ambientais e GH&ROHWLYRV(GXFDGRUHVGHYHWUDEDOKDUQDGLUHomRGDDWXDomRGLDOyJLFDHparticipativa, e que os processos de formao devem ser continuados.

    2XWURV LQVXPRV VLJQLFDWLYRV WUD]LGRV SHOR GLiORJR QR &DIp &RP-3DUWLOKDIRLTXHDIRUPDomRGRVHGXFDGRUHVDPELHQWDLVHP33($SUHFLVDcontribuir com um alinhamento conceitual e de linguagem entre os trs VHWRUHVGH,(6GHPXQLFtSLRVHGHHVFRODV,VVRSDUDTXHSRVVDPVHDSUR-[LPDUGLDORJDUHFRQVWUXLUSURMHWRVHSURJUDPDVHPFRQMXQWR(PDOJXQV

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    contextos, desejada a participao tambm do setor empresarial nesse dilogo e ao conjunta.

    Durante a dinmica coletiva com os participantes foi apontada a im-portncia e a necessidade de se fomentar espaos democrticos de dilogo entre os trs setores e com a sociedade civil de forma geral. Que esses es-paos possam ser acolhedores para potencializar bons encontros, ou seja, encontros que potencializem a ao dos participantes frente as suas reali-dades locais. Tais espaos devem se constituir como crculos dialgicos em que se possam compreender, com propriedade, os limites e as fragilidades GD($EHPFRPRDVGLFXOGDGHVHLQFHUWH]DVUHODWLYDVDRVSURFHVVRVGHdelineamento e implantao de polticas pblicas, para, a partir da, bus-carem-se solues criativas.

    $VSRWHQFLDOLGDGHVGD($HDTXHOHVYDORUHVTXHHPHUJHPFRPXPHQ-te em encontros de educadores ambientais, como a valorizao da vida, a necessidade de mudana, a amorosidade e solidariedade, troca e a cons-WUXomRGHFRQKHFLPHQWRVDUHYLVmRGHFUHQoDVHRGHVDRGHSRVWXUDVDesperana, entre outros, tambm devem alimentar e permear esses bons encontros.

    Outra questo levantada pelos participantes do Caf referiu-se ao status GD($QDV LQVWLWXLo}HV ,(6 SUHIHLWXUDV H HVFRODV 3DUD RVSDUWL-cipantes, as instituies precisam constituir arranjos institucionais nos TXDLVD($VHMDFRQVLGHUDGDXPDiUHDWmRUHOHYDQWHTXDQWRjVGHPDLVJH-ralmente mais tcnicas, burocrticas e tradicionais, que acabam receben-GRPDLVYDORUHSRUWDQWRUHFXUVRVQDQFHLURVHKXPDQRV3DUDFRQVROL-GDU33($pQHFHVViULRDOpPGDDORFDomRGHUHFXUVRVHGDIRUPDomRGRVquadros j existentes nas instituies, a contratao de especialistas em 33($RXVHMDSHVVRDVTXHWHQKDPDDWULEXLomRGHFRRUGHQDURULHQWDUIDFLOLWDURVSURFHVVRVGHFULDomRHLPSOHPHQWDomRGH33($(VVHVHGXFD-dores ambientais devem ter mobilidade para participar de encontros com RXWURVDWRUHVHPHVSDoRVGLDOyJLFRVHHPUHGHVSDUDDUWLFXODUDV33($A importncia no investimento de educadores ambientais como gestores ambientais, e na ampliao do status GD($QDVLQVWLWXLo}HVHVWiWDPEpPrelacionado, segundo os participantes, com a tradicional descontinuidade GDV 33($ XPD GDV SULQFLSDLV IUDJLOLGDGHV GLDJQRVWLFDGDV $VVLP VROX-o}HVGHYHPVHUSHQVDGDVFRQMXQWDPHQWHFRPRREMHWLYRGHWRUQDUDV33($mais relevantes para as localidades e mais perenes.

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    &RPXQJDQGRFRPRVSULQFtSLRVGD($DVSUySULDV33($GHYHPYD-lorizar e dialogar com diferentes formas de conhecimento, desde o tra-GLFLRQDODWpRWpFQLFRFLHQWtFRSDVVDQGRLQFOXVLYHSHORVHQVRFRPXPHSURFXUDUVHLQVHULUQRVPDLVGLYHUVRVHVSDoRVVRFLDLV$V33($GHYHPWHUbases transdisciplinares, com fuso de intenes, teorias e metodologias. 2VUHVXOWDGRVGHSURMHWRVHSURJUDPDVGH($GHYHPHVWDUDFHVVtYHLVjVR-ciedade de forma geral, assim como o conhecimento gerado a partir destes.

    Os participantes do Caf enfatizaram ainda a importncia das insti-WXLo}HVGH($HVFRODVyUJmRVPXQLFLSDLVH,(6EDVHDUHPVXDJHVWmRQRVSULQFtSLRVHVDEHUHVTXHIXQGDPHQWDPD($LQFRUSRUDQGRGHVGHTXHVW}HVtcnicas ambientais como a gesto de resduos, a preservao e valorizao da biodiversidade, a incorporao de polticas mais sustentveis de mobi-lidade nos campi universitrios, entre outros, at na forma de se realizar essa gesto, com valorizao da participao, da democracia e do dilogo.

    consiDeraes finais

    A metodologia Caf ComPartilha foi considerada pela equipe da Oca mui-to adequada para a composio desse complexo diagnstico, que integra uma ampla gama de atores e contextos.

    O conjunto dos 32 trabalhos, foco do Caf ComPartilha, est dis-ponvel nos anais eletrnico do Simpsio como artigos completos, alm dos 64 trabalhos apresentados como resumos no simpsio em formato de S{VWHU(VSHUDPRVTXHRVDQDLVGR6LPSyVLRHRSUHVHQWHOLYURFRQWULEXDPpara que o rico dilogo fomentado pelo evento seja ampliado e d novos frutos. Boa leitura!

    referncias

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  • 27 voltar para o sumrio

    %5$6,/3UR1($Programa Nacional de Educao Ambiental. 3ed Bra-VtOLDUJmR*HVWRUGD3ROtWLFD1DFLRQDOGH(GXFDomR$PELHQWDO0LQLVWpULRGR0HLR$PELHQWH'LUHWRULDGH(GXFDomR$PELHQWDO0LQLVWpULRGD(GXFDomR&RRU-GHQDomR*HUDOGH(GXFDomR$PELHQWDO

    BBBBBBB3UR)($Programa Nacional de Formao de Educadoras(es) Ambientais - por um Brasil educado e educando ambientalmente para a sus-tentabilidade. Srie Documentos Tcnicos 8. Braslia: rgo Gestor da Poltica 1DFLRQDO GH (GXFDomR $PELHQWDO 0LQLVWpULR GR 0HLR $PELHQWH'LUHWRULD GH(GXFDomR$PELHQWDO0LQLVWpULRGD(GXFDomR&RRUGHQDomR*HUDOGH(GXFDomRAmbiental. 2006.

    BROWN, J. et al. O World Caf: dando forma ao nosso futuro por meio de con-YHUVDo}HVVLJQLFDWLYDVHHVWUDWpJLFDV. So Paulo: Cultrix, 2007.

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  • MUNICPIOS QUE EDUCAM PARA A SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL voltar para o sumrio

  • 31 voltar para o sumrio

    eDucao amBiental e municPioS

    Polticas pblicas para sociedades sustentveis.

    6HPUDPLV%LDVROL 0DUFRV6RUUHQWLQR

    Nos territrios dos municpios diversas instituies e movimentos sociais atuam ou podem atuar em prol da sustentabilidade socioambiental por meio de aes educadoras com isso comprometidas. O poder executivo municipal tem um papel essencial na promoo de cooperao entre todos os atores desses territrios, objetivando criar sinergia entre as aes, pro-jetos e programas de educao ambiental.

    $UHDOLGDGHpTXHRVGHVDRVDWXDLVVmRLPHQVRV$JUDYDPVHDVSUH-vises de consequncias do aquecimento global, aumenta e extino de es-SpFLHVHDGHJUDGDomRGDVRUHVWDVDFRQWDPLQDomRGDiJXDHDGHVWUXLomRda vida nos mares, a perda de solo agrcola e o esgotamento dos chamados recursos naturais crticos.

    De acordo com o estado de insegurana alimentar no mundo (FAO, 2014), cerca de 805 milhes de pessoas, hoje, em todo o planeta, passam IRPH(PSOHQRVpFXOR;;,DVGHVLJXDOGDGHVVRFLDLVHDPELHQWDLVSHUPD-necem enormes. A propriedade privada e o lucro permanecem acima dos interesses coletivos e do bem comum.

    As novas tecnologias tornam possvel o crescimento econmico, apa-rentemente visto como riqueza e desenvolvimento. No entanto, simulta-neamente, vai se formando a percepo de que a modernizao tem sido FRQVWUXtGDjFXVWDGRVDEHUUHH[LYRTXHFRORFDRVHUKXPDQRGLDQWHGDVXDIDOWDGHRSomRSDUDGHQLURVUXPRVGHVXDVSUySULDVYLGDVFRQVXPLQ-GRVHPUHHWLUVREUHTXDLVGHIDWRVmRDVVXDVQHFHVVLGDGHVEiVLFDV

    O que est no centro do debate o cruzamento entre os avanos tec-nolgicos, o desenvolvimento econmico e a convivncia entre seres hu-manos, como base para o desenvolvimento integral de todas e de cada uma das pessoas desta e das futuras geraes.

    As convergncias entre as buscas por realizao pessoal, melhoria de qualidade de vida e de condies existenciais para todos e o desenvol-vimento econmico precisam ser enfrentadas por meio da integrao das

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    polticas pblicas que permitam o adequado planejamento dos territrios, no presente e no futuro.

    ([LVWHDQHFHVVLGDGHGHSROtWLFDVS~EOLFDVGHHVWDGRHGDVRFLHGDGHcontinuadas e integradas e que possam ser aprimoradas de forma incre-mental e articulada.

    Compreendendo polticas pblicas a partir das trs dimenses apre-sentadas por Frey (2000), polity, policy e politcs, de forma entrelaada e inter-relacionada e acrescentando ainda uma quarta dimenso, a da pol-tica do cotidiano, possvel visualizar no espao do municpio a sua ma-terializao.

    Os poderes institudos e os movimentos instituintes criando siner-JLDSDUDXPDLQVWLWXFLRQDOL]DomRTXHSHUPLWDDRHQIUHQWDUVHRGHVDRGHfazer educao ambiental no mbito do Municpio, a criao de polticas pblicas estruturantes em direo a sociedades sustentveis.

    A dimenso polity UHIHUHVHDRDUFDERXoR LQVWLWXFLRQDOjV LQVWLWXL-es polticas, composto pelas instncias administrativas, rgos e estru-turas que abrigam a formulao e implantao das polticas pblicas. A dimenso policy est ancorada nos contedos concretos das polticas p-blicas, traduzidos em programas, leis, normas, projetos e outros. A dimen-so politcs refere-se aos processos polticos, insere-se na conjuntura de composio de foras, dilogos e negociaes das utopias postas em jogo na formulao, implantao e avaliao das polticas pblicas.

    A quarta dimenso, aqui acrescentada, a da subjetividade na po-OtWLFDGRFRWLGLDQRUHODFLRQDGDjRUJDQL]DomRVRFLDOHjPRWLYDomRSDUDDparticipao individual e coletiva. A participao nos pequenos grupos de convivencialidade e nas polticas pblicas locais.

    A criao de um arcabouo relacional entre as distintas dimenses do processo de formulao, implantao, monitoramento e avaliao de SROtWLFDVS~EOLFDVpHVVHQFLDOSDUDTXHHODQmRVHUHVWULQMDjQRUPDWL]DomRe ao comando e controle.

    Atualmente, fala-se muito sobre a importncia da educao ambien-tal e da sustentabilidade nos municpios brasileiros. Textos e leis so ela-borados, mas no se presencia a sua realizao em larga escala. Por qu? Duas hipteses so apontadas. Uma primeira a de que os textos das leis se deparam com a falta de metas e estratgias que se desdobrem das suas diretrizes e da vem a necessidade de pressionar deputados, vereadores e

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    gestores pblicos em geral para o seu aprimoramento, prevendo recursos LQVWLWXFLRQDLVQDQFHLURVHKXPDQRVSDUDDVXDUHDOL]DomR

    Aponta-se a necessidade de participar e ampliar a capacidade da so-ciedade incidir sobre as polticas pblicas, mas no se consegue chegar FRPHIHWLYLGDGHDRVSRGHUHV LQVWLWXtGRV DRVSRGHUHV([HFXWLYR/HJLVOD-tivo e Judicirio ou mesmo aos meios de comunicao de massa e outras instituies que possam contribuir para as profundas mudanas culturais TXHDVTXHVW}HVGRFDPSRGDVXVWHQWDELOLGDGHVRFLRDPELHQWDOH[LJHP(esta a segunda hiptese: so necessrias mudanas culturais profundas QRVFRPSRUWDPHQWRVHYDORUHVGDVVRFLHGDGHVHGHFDGDVHUKXPDQR(para isto a educao tem um papel essencial a cumprir.

    A comunidade de educadoras e educadores ambientais em distintos setores da sociedade tem se mobilizado para construir polticas e progra-mas de educao ambiental. Consegue alguns avanos, mas constata que os textos legais e conceituais no se desdobram em prticas - no chegam jSRQWDQmRKiRUJDQL]DomR VRFLDO VXFLHQWHSDUD HPSUHHQGHUHPVH DVnecessrias transformaes rumo a sociedades sustentveis.

    O campo da educao ambiental tem longa trajetria e tradio de mobilizao e engajamento, porm j no tem conseguido estimular as suas bases sociais para aprovar o aprofundamento e materializao de VXDVSROtWLFDVHSURJUDPDV1mRpVXFLHQWHDSHVDUGHLPSRUWDQWHDGH-QLomRGHSROtWLFDVS~EOLFDV(ODVQHFHVVLWDPVHULQFRUSRUDGDVDRGLDDGLDao cotidiano. preciso mobilizar e criar sinergia com as chamadas foras instituintes. O problema central, portanto, o da recuperao do controle pelo cidado, no seu bairro, na sua comunidade, sobre as formas do seu desenvolvimento, sobre a criao das coisas concretas que levam a que a nossa vida seja agradvel ou no.

    O municpio que se pretenda educador no sentido da sustentabilida-de socioambiental necessita envolver e articular as diversas instituies e DWRUHVORFDLVSDUDHQIUHQWDURJUDQGHGHVDRGDGHVFRQWLQXLGDGHGDVSR-lticas pblicas. Para isso preciso que o poder pblico municipal cumpra um importante papel de estimular e apoiar a aproximao e o envolvimen-to continuado e autnomo de representantes dos distintos atores locais comprometidos com o campo da educao ambiental, em todas as suas interfaces.

    Aproximao entre o poder pblico municipal, representantes das comunidades escolares e de educao superior, das unidades de conser-

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    vao da regio e de todos os demais setores e instituies que atuam no municpio, pautados ou tendo em sua agenda a busca da sustentabilidade socioambiental por meio de aes educadoras.

    Tal aproximao ter um objetivo primeiro que o do conhecimento P~WXRSRUPHLRGDVRFLDOL]DomRGRV ID]HUHVH UHH[}HVGHFDGDXPGRVparticipantes e do posterior mapeamento e diagnstico do estado da arte GD($GDHGXFDomRHGRPHLRDPELHQWHQRPXQLFtSLRHQDUHJLmR

    A formulao de um projeto poltico pedaggico (PPP) de forma participativa exigir, alm da caracterizao da situao do municpio, o marco situacional, conforme mencionado no pargrafo anterior, o com-partilhamento dos sonhos e o enunciado das utopias, bem como a elabo-rao de anlises conjunturais que permitiro a elaborao do referencial conceitual do grupo.

    $GHQLomRGRTXHVHUi IHLWRRPDUFRRSHUDFLRQDO VHUiR WHUFHLURSDVVRHVLJQLFDUiDSDFWXDomRFROHWLYDGHXPDDWXDomRFRRUGHQDGDFULDQ-do sinergia entre o que j feito e o que poder ser feito de forma articu-ODGDHQIUHQWDQGRODFXQDVHGLFXOGDGHVGHWHFWDGDVFRPRSULRULWiULDVSHORColetivo que assume a sua misso educadora para que todos os territrios do municpio sejam educadores no sentido da sustentabilidade socioam-biental.

    Como disse Luiz Ferraro em sua palestra durante o Simpsio sobre 3ROtWLFDV3~EOLFDVGH(GXFDomR$PELHQWDO

    importante buscar o papel da educao ambiental e fazer uma avalia-o profunda, que se abra para a escuta de outras lutas, outros campos. importante olhar os problemas e aes concretas com o exerccio da teoria crtica e da pesquisa-ao, da prxis, atravs de comunidades in-terpretativas, com crculos e grupos PAP (pessoas que aprendem parti-cipando), na busca da democracia e da participao, para que ocorra a conectividade nos territrios de espaos e temas distintos, com inclusi-vidade e efetiva emancipao e enredamento das polticas pblicas nos territrios.

    /DGLVODX'RZERUUHIRUoDHVVDSHUVSHFWLYDDUPDQGRTXHDinterveno da cidad e do cidado sobre a transformao social ocorre atravs de dois eixos: o eixo poltico-partidrio, que tem como instrumen-to central a eleio de representantes e as estruturas executivas, e o eixo

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    sindical-trabalhista, que constitui a negociao empresarial e a greve, vi-sando a apropriao mais equilibrada do produto social. O autor traz a importncia de um terceiro eixo que surge com fora, que tem como ins-trumento a organizao comunitria, e como espao de ao o bairro, o municpio, o chamado espao local, o espao de moradia.

    Como se apropriar do territrio? Como estimular a sua apropriao SHODSRSXODomR"2WHUULWyULRpXPD]RQDGHFRQLWRDSURSULHGDGHGHuma cidade no adquirida pelo cidado a partir do voto. Uma cidade educadora precisa oportunizar o conhecimento e informaes da realida-de e do que a cidade oferece. A aparente dicotomia entre a conservao e o processo de desenvolvimento precisa ser enfrentada com a integrao das polticas pblicas para o planejamento do territrio. Ter uma boa le-gislao no basta, preciso aprimorar continuadamente o dilogo com a populao organizada.

    Para que a ptria seja educadora necessrio que cada municpio seja educador! necessrio que a responsabilidade educadora no recaia, toda ela, sobre a escola. Professoras, professores e estudantes no podem assumir sozinhos toda a responsabilidade pela construo de sociedades sustentveis. A cooperao entre todos os atores sociais de um municpio pHVVHQFLDOSDUDUHDOL]DUVHXPD($TXHVHMDSHUPDQHQWHFRQWLQXDGDDU-ticulada e com a totalidade dos cidados e cidads. Apenas assim sero SRVVtYHLVDVPXGDQoDVFXOWXUDLVGHPDQGDGDVHSURSRVWDVSHOD($

    A primeira mudana essencial nesse sentido deve ocorrer na con-cepo de que a educao dos muncipes possa ser um processo fragmen-tado e descoordenado a secretaria municipal de educao cuida da rede PXQLFLSDOGHHQVLQRJHUDOPHQWH IRFDGDQRVSULPHLURV FLFORVGR(QVLQR)XQGDPHQWDO$GLUHWRULDUHJLRQDOGHHQVLQRGRHVWDGRFXLGDGRFLFORQDOGR(QVLQRIXQGDPHQWDOHGR(QVLQR0pGLRHRJRYHUQRIHGHUDOWHPVRERVHXFXLGDGRDUHGHGH,QVWLWXLo}HVGH(GXFDomR6XSHULRU$VVHFUHWDULDVGHPHLRDPELHQWHWrPRVHXVHWRUGH($DVVLPFRPRDV8QLGDGHVGH&RQVHU-YDomRGHVHQYROYHPDVVXDVDWLYLGDGHVHVSHFtFDVHRXWURVDWRUHVWDPEpPUHDOL]DPDVVXDVSUySULDVDWLYLGDGHVGHIRUPDLVRODGDHjVYH]HVFRPSHWLQ-do entre si.

    8PPXQLFtSLRHGXFDGRUVXVWHQWiYHO%UDVLO%UDQGmRSURPRYHRHQFRQWURGLDOyJLFRGHWRGRVQDFRQVWUXomRGHXP&ROHWLYR(GX-FDGRUTXHHODERUDRVHX3URMHWR3ROtWLFR3HGDJyJLFRDUWLFXODGRUGD($DVHUrealizada junto a toda a populao do municpio.

  • Como Construir poltiCas pbliCas de eduCao ambiental para soCiedades sustentveis?

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    Os quatro artigos que compem este captulo foram selecionados para auxiliar na problematizao da sua temtica central: os municpios TXHHGXFDPSDUDDVXVWHQWDELOLGDGHHVHXVGHVDRV

    2GHVDRFHQWUDOUHPHWHDTXHVW}HVUHODWLYDVjLQVWLWXFLRQDOL]DomRGD($HjDSUR[LPDomRHQWUHRLQVWLWXtGRHRVPRYLPHQWRVLQVWLWXLQWHVeQH-cessrio que o poder institudo no municpio esteja comprometido com a emergncia do sujeito crtico, que planeja e atua coletivamente e, portanto, com o processo instituinte.

    No primeiro artigo selecionado, o Processo participativo de for-mulao de poltica pblica municipal de educao ambiental, as auto-ras destacam a construo de iniciativas relacionadas ao poder pblico municipal e suas formalidades com leis e estruturas, mas tambm a forte preocupao com os movimentos coletivos e com a criao de crculos de aprendizagem.

    A poltica municipal operacionalizou-se atravs da construo de um processo participativo voltado a formulao e instalao do Sistema e da 3ROtWLFD0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQWDO6,60($30($GHXPPX-nicpio da grande So Paulo que buscou processos amplos, estruturantes e integrados de aprendizagem socioambiental e emancipao de sujeitos, envolvendo o poder pblico, a sociedade organizada, as escolas, o setor privado e a populao, contribuindo com o enraizamento da educao am-biental no municpio.

    $VXDSROtWLFDS~EOLFD IRL IRUPXODGDDSDUWLUGRDWHQGLPHQWRjVGL-UHWUL]HVGD3ROtWLFD1DFLRQDOGH(GXFDomR$PELHQWDO31($WUD]HQGRDpara a realidade do cotidiano no municpio, reforando que papel e de-ver do poder pblico trazer para a construo coletiva a poltica nacional, YLJHQWHGHVGH27UDWDGRGH(GXFDomR$PELHQWDOSDUD6RFLHGDGHV6XVWHQWiYHLV H 5HVSRQVDELOLGDGH *OREDO H R 3URJUDPD 1DFLRQDO GH ($3UR1($IRUDPRVUHIHUHQFLDLVWHyULFRVGHVVHVWUDEDOKRVUHDOL]DGRV

    $SUHVHQWDQGRTXDWURHL[RVGHDWXDomRD&RPLVVmR,QWHUVHWRULDOGH(GXFDomR$PELHQWDOGD3UHIHLWXUDD(GXFDomR$PELHQWDO3RSXODUD&R-PLVVmR,QWHULQVWLWXFLRQDO0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQWDOHD(GXFDomR$PELHQWDO(VFRODU D LQLFLDWLYD UHODWDGDQHVVHDUWLJREXVFRXUHIRUoDUDao com os educadores ambientais populares. Apresentou como impor-tantes resultados a lei que institui no municpio a Poltica e o Sistema de (GXFDomR$PELHQWDOD5HGHGH(GXFDGRUHV$PELHQWDLV3RSXODUHVGR0X-QLFtSLRHD&RPLVVmR,QWHULQVWLWXFLRQDO0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQWDO

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

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    O artigo refora que os resultados so frutos de um caminhar par-ticipativo e democrtico que buscou contribuir com a construo de um municpio que educa para a sustentabilidade, investindo na valorizao individual e coletiva, que investe na realidade local e cria identidade e sen-timento de pertencimento.

    (P,PSOHPHQWDomRGHSROtWLFDVS~EOLFDVGHHGXFDomRDPELHQWDORsegundo artigo, os autores demonstram a conexo do poder local, das po-lticas pblicas locais, reconhecendo o histrico de institucionalizao da educao ambiental no Brasil, por meio de leis e programas em nveis fe-deral, estadual e municipal, reforando a importncia destes nveis, apesar de independentes, estarem articulados para promover o fortalecimento do outro.

    2VDXWRUHVDSUHVHQWDPR3URJUDPD1DFLRQDOGH)RUPDomRGH(GX-FDGRUDVHV $PELHQWDLV 3UR)($ %5$6,/ SDXWDGR QD 3ROtWLFD1DFLRQDOGH(GXFDomR$PELHQWDO 31($8PGRVREMHWLYRVGR3UR)($ contribuir para o surgimento de uma dinmica nacional contnua de formao de educadoras(es) ambientais, a partir de diferentes contextos, TXHOHYHjIRUPDomRGHXPDVRFLHGDGHEUDVLOHLUDHGXFDGDHHGXFDQGRDP-ELHQWDOPHQWH%5$6,/S

    Segundo o texto, que se referencia em Brando (2005), o municpio a menor unidade poltico-administrativa de nosso pas. nessas delimi-WDo}HVJHRJUiFDVTXHDVSHVVRDVVHUHODFLRQDPPDLVLQWLPDPHQWHFRPDesfera administrativa de temas socioambientais, a partir da qual a busca de solues para os problemas e de melhoria da qualidade de vida podem ocorrer. Portanto, viver em uma cidade com uma base institucional am-ELHQWDOHTXHGLVSRQKDGHSROtWLFDVS~EOLFDVGHHGXFDomRDPELHQWDOVLJQL-ca a possibilidade de envolver mais pessoas em seus espaos de realizao cotidiana da vida nas transformaes na direo da sustentabilidade.

    2WHUFHLURDUWLJR$3ODWDIRUPDGH$SRLRj$JULFXOWXUD2UJkQLFDQDcidade de So Paulo, traz a importncia de articulao de diferentes ato-res na base territorial do municpio. A plataforma um espao de articu-lao poltica multissetorial que se transformou em um espao educador e poltico para construo de capital social e fortalecimento da agroecologia na cidade.

    Alm de exigir a construo de polticas pblicas voltadas aos agri-cultores urbanos, periurbanos e rurais, esse espao de articulao tem conseguido promover um amplo dilogo entre o poder pblico, a socie-

  • Como Construir poltiCas pbliCas de eduCao ambiental para soCiedades sustentveis?

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    dade civil e os agricultores, construindo projetos de lei, fortalecendo a comercializao de produtos orgnicos e estruturando estratgias para a HGXFDomRDPELHQWDOYROWDGDjDJURHFRORJLD

    Pela diversidade dos atores envolvidos, a Plataforma tem se torna-do um exemplo de aprendizagem social, no qual a colaborao entre di-ferentes atores sociais, o estmulo ao dilogo e a urgente necessidade por mudanas estruturais no sistema de produo e consumo se encontram de forma a construir polticas pblicas que de fato resolvam problemas socioambientais locais.

    (SRU~OWLPRRDUWLJR+LVWyULFRHYLYrQFLDVGHXP&ROHWLYR(GXFD-GRURFDVRGH)R]GR,JXDoXFRQFUHWL]DXPDSROtWLFDS~EOLFDTXHDYDQoDQRkPELWRGDIRUPXODomRHLPSODQWDomRGHSROtWLFDVS~EOLFDVGH($FRP-preendendo que o Coletivo no somente aglutinar pessoas, no criar mais Ong, mas sim aglutinar instituies para fazerem um projeto po-ltico pedaggico de territrio, para intervenes planejadas no territrio com diagnsticos e planejamentos participativos de mdio e longo prazo. Fazem articulao, pactuao, gesto de recursos e implementam proces-sos de formao educadora ambientalista, que se reeditam de forma per-manente e continuada, dando um salto qualitativo no campo do institudo e tambm no do instituinte.

    Assim, a partir dos textos selecionados, aponta-se a abrangncia de iniciativas que contribuem para a busca da sustentabilidade no espao lo-cal, no municpio. A compreenso de caminhos trilhados por grupos que vm atuando na construo de polticas pblicas locais, conectadas com o agir poltico, com as enunciaes de utopias e com a fundamentao na prxis, pode contribuir na construo de mais e mais municpios que edu-quem para a sustentabilidade.

    referncias

    Brando C. R., Aqui onde eu moro, aqui ns vivemos: escritos para conhecer, pensar e praticar o municpio educador sustentvel / Carlos Rodrigues Brando. HG%UDVtOLD00$3URJUDPD1DFLRQDOGH(GXFDomR$PELHQWDO

    BBBBBB3UR)($Programa de formao de educadores(as) ambientais. Por um Brasil educado e educando ambientalmente para a sustentabilidade. Bra-VtOLD0LQLVWpULRGR0HLR$PELHQWH'LUHWRULDGH(GXFDomR$PELHQWDO

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

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    DOWBOR, L. O que poder local? 2008. Disponvel em

    )$2,)$'DQG:)37KH6WDWHRI)RRG,QVHFXULW\LQWKH:RUOG6WUHQ-gthening the enabling environment for food security and nutrition. Rome, FAO.

    )UH\.3ROtWLFDV3~EOLFDVXPGHEDWHFRQFHLWXDOHUHH[}HVUHIHUHQWHVDSUiWLFDda anlise de polticas pblicas no Brasil. Planejamento e polticas pblicas. N. 21, jun. 2000.

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    PRoceSSo PaRticiPatiVo De FoRmulao De Poltica PBlica municiPal De eDucao amBiental

    0DULD+HQULTXHWD$QGUDGH5D\PXQGR /XFLDQD)HUUHLUDGD6LOYD

    &RPREMHWLYRGHFRORFDUD(GXFDomR$PELHQWDO($QRFHQWURGDVSROtWLFDVa gesto pblica do municpio de Suzano, no estado de SP, desenvolveu no perodo de 2009 a 2012 um processo participativo, abrangente, capilariza-do, permanente e continuado para a formulao e instalao do Sistema e GD3ROtWLFD0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQWDO6,60($30($

    (VWHSURFHVVRGHVHQYROYHXVHHPFRQVRQkQFLDFRPDVGLUHWUL]HVGD3ROtWLFD1DFLRQDOGH(GXFDomR$PELHQWDO31($GR3URJUDPD1DFLRQDOGH(GXFDomR$PELHQWDO3UR1($HGR7UDWDGRGH(GXFDomR$PELHQWDOpara Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global, alm dos refe-UHQFLDLVWHyULFRVGD($FRPR6255(17,126255(17,12HWDO&$59$/+2/,0$7$0$,29,(==(50('(,5266$72H*8,0$5(6

    $ FRQVWUXomR GD 30($6,60($ XWLOL]RXVH GH PHWRGRORJLDV SDU-ticipativas e qualitativas de pesquisa e ensino-aprendizagem, pedagogia da prxis, intervenes socioambientais educacionais, planejamento par-ticipativo, desenvolvimento de comunidades de aprendizagem e crculos GHGLiORJRVHQFRQWUDGRVHP*$'277,%5$1'2)5(,5()(55$52-1,25/$HWDO$9$1=,0$/$*2',&267$H7$66$5$$5'$16

    Buscou-se a partir de processos amplos, estruturantes e integrados de aprendizagem socioambiental e emancipao de sujeitos, envolver o poder pblico, a sociedade organizada, as escolas, o setor privado e a po-pulao, enraizando a educao ambiental no municpio.

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    as esQuinas pelas Quais anDamos e os aprenDizaDos Que nelas construmos

    A partir da criao da Secretaria do Meio Ambiente no municpio de Su-zano em 2009, foram delineados quatro eixos estruturantes com vistas DGHDJUDURSURFHVVRGHIRUPXODomRGDSROtWLFD ORFDOGH($VmRHOHVD&RPLVVmR,QWHUVHWRULDOGH(GXFDomR$PELHQWDOGD3UHIHLWXUD&,6($D(GXFDomR$PELHQWDO3RSXODU($3D&RPLVVmR,QWHULQVWLWXFLRQDO0XQL-FLSDOGH(GXFDomR&,0($HD(GXFDomR$PELHQWDO(VFRODU3DUDFDGDum desses eixos, vrias estratgias metodolgicas foram utilizadas, alcan-oDQGRGLYHUVRVUHVXOWDGRVSDUDDFRQVROLGDomRGDSROtWLFDS~EOLFDGH($Ressalte-se que estes quatro eixos estruturantes estavam imbricados e co-nectados, para que tanto o processo quanto os resultados fossem sempre QDSHUVSHFWLYDDEUDQJHQWHGHPRFUiWLFDHGLDOyJLFDFRPYLVWDVjSDUWLFL-pao, criticidade, incluso social, justia socioambiental, proteo ecol-gica e qualidade de vida.

    $&,6($FRQVWLWXLXVHQXPFROHJLDGRLQWHUQRFRRUGHQDGDSHOD6H-cretaria do Meio Ambiente e composta por outras 16 secretarias. Criada SRU'HFUHWR0XQLFLSDOHPTXDQGRIRLGHDJUDGRRSURFHVVRGHHGX-cao ambiental interno com a formao permanente e continuada deste colegiado em busca da transformao da Prefeitura de Suzano numa ad-ministrao pblica educada e educadora ambiental.

    3URWDJRQLVWD GH XPSURFHVVR LQWHUQR HGXFDWLYRPRELOL]DGRU D &,-6($WHYHHPVHXVSUySULRVPHPEURVRVDJHQWHVDSUHQGL]HVIDFLOLWDGRUHVHeducadores ambientais junto a todas as secretarias, o que possibilitou um GLDJQyVWLFRDUWLFXODGRUGHUHH[}HVHLQIRUPDo}HVOHJLWLPDQGRDFRQVWUX-o e produo de conhecimentos. O diagnstico socioambiental partici-SDWLYRFRPD&,6($DIUHQWHIRLDEDVHSDUDDHODERUDomRGRVHX3URMHWR3ROtWLFR3HGDJyJLFR 333TXH WHYHQDGHQLomRGRVPDUFRV FRQFHLWXDOsituacional e operacional resultados de valorizao, sensibilizao e mo-ELOL]DomRGRVGLYHUVLFDGRVSURVVLRQDLVGD3UHIHLWXUD,GHQWLFRXVHTXHHVWHVSURVVLRQDLVRFXSDGRVFRPRV VHXVPDLVGLIHUHQWHVH LPSRUWDQWHVSDSpLVQDJHVWmRS~EOLFDVHGLVWDQFLDPQDWXUDOPHQWHGDVDo}HVHUHH[mRIDYRUiYHLVjPHOKRULDGRDPELHQWHGHWUDEDOKRTXDOLGDGHGHYLGDHEXVFDpela sustentabilidade socioambiental.

    )RL QHVWH FDPLQKRTXH VH YLVXDOL]RX D&,6($ WDPEpP FRPRXPinstrumento para materializar um amplo SURFHVVRSURVVLRQDOHGXFDGRU

    -ambientalGHVFULWRSRU5D\PXQGR2OLYHLUD

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    eQHVWHFRWLGLDQRTXHVHYLVOXPEUDDH[WHQVmRSURVVLRQDOGHELyORJRVeconomistas, pedagogos, advogados, mdicos, engenheiros atuantes em contextos favorveis a processos educativos ambientais. Conside-UDQGRRVSRWHQFLDLVGHDJUDGRUHVGRSURFHVVRGHDSUHQGL]DJHPVRFLR-ambiental, chamamos a ateno para o extrapolar de suas aes dirias SRUFDPLQKRVTXHWUDIHJXHPHPGLUHomRjHPDQFLSDomRGHVWHVHGDTXH-OHVFRPRVTXDLVVHHQYROYHPQRVVHXVID]HUHVSURVVLRQDLV

    2VLQWHJUDQWHVGHVVD&RPLVVmR,QWHUVHWRULDOIRUDPSHUFHELGRVHLQV-tigados a atuarem como SURVVLRQDLVHGXFDGRUHVDPELHQWDLV os respon-sveis em estimular, provocar e colocar em seus diferentes setores a edu-cao ambiental para permear suas aes de obras, agricultura, segurana alimentar, administrao, sade, servios urbanos, cultura, esportes, co-municao, negociaes de governo, defesa civil, educao, meio ambiente e turismo, por exemplo.

    4XDQWRDRHL[RHVWUXWXUDQWHLQWLWXODGRGH(GXFDomR$PELHQWDO3R-pular, destaca-se o seu poder articulador, integrador e estimulador dos GHPDLV HL[RV HVWUXWXUDQWHV SURSRVWRV SDUD D 30($6,60($ $ HGXFD-o ambiental popular desenvolvida abrangia e interligava a diversidade municipal e regional de atores, as localidades, os temas, as secretarias, as instituies, os desejos, demandas, problemas, solues e as polticas p-blicas socioambientais. Neste eixo houve a possibilidade de trazer para a 30($DVFRQFHSo}HVGDHGXFDomRSRSXODUHDPELHQWDOFRPRIRUoDVPREL-lizadoras dos sujeitos silenciados no municpio e regio, em que todos tm o direito e o dever de buscarem um mundo melhor para viver.

    A educao popular aqui se colocou no apenas pelo seu carter ino-vador, mas, por aquilo que Brando (2002) chama a ateno, como suas caractersticas, que so justamente:

    RVHXHVIRUoRHPUHFXSHUDUFRPRQRYLGDGHDWUDGLomRSHGDJyJLFDde um trabalho fundado em pelo menos 4 pontos a) podemos trans-formar o mundo em que vivemos em algo muito melhor, mais justo e KXPDQREDPXGDQoDGHYHVHUFRQWtQXDGHYHQGRVHUXPGHYHUHGL-reito de todos que sejam convocados a participar dela, isto visto como XPDYRFDomRFDHGXFDomRSRVVXLXPOXJDUQmRDEVROXWRPDVPXLWRimportante. responsvel por formar pessoas no simplesmente para o mercado, mas, sim para serem e se verem como construtoras de um

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

    43 voltar para o sumrio

    PXQGRGDRVDWpDTXLH[FOXtGRVGRVEHQVGDYLGDHGRVEHQVGRVDEHURGLUHLWRjHGXFDomRHTXHHVWDHGXFDomRVHMDXPOXJDURQGHDFXOWXUDHRpoder sejam pensados a partir deles, com seus saberes e projetos sociais.

    'HVWHPRGREXVFRXVH MXQWRjSRSXODomRPRUDGRUD WUDEDOKDGRUDHHVWXGDQWLOGH6X]DQRDLGHQWLFDomRPRELOL]DomRIRUPDomRHIRUWDOHFL-mento de cidads e cidados aqui denominados como educadores ambien-WDLVSRSXODUHV&ULRXVHXP3URJUDPD0XQLFLSDOGH)RUPDomRGH(GXFD-dores Ambientais Populares de Suzano com dimenses metodolgicas que entrelaavam aspectos cognitivos, afetivos, ecolgicos, sociais e polticos, inserindo os educadores numa roda-viva socioambiental.

    O Programa teve aes estratgicas distribudas intencional e geo-JUDFDPHQWHSHODVUHJL}HVGH6X]DQRFRPDQDOLGDGHGHFDSLODUL]DomRe descentralizao espacial abrangendo a pluralidade do territrio. Vie-UDP j WRQD RV VDEHUHV H ID]HUHV VLOHQFLDGRV GHVVHV HGXFDGRUHV H HGXFD-doras formadas e convidadas a descobrirem e exercitarem suas vocaes, principalmente por meio das suas intervenes. Ao longo do processo, os educadores ambientais populares construram identidade e ocuparam os espaos pblicos do municpio e regio para se posicionarem, dialogarem HH[HUFLWDUHPRFRQWUROHVRFLDOIUHQWHjVVXDVQHFHVVLGDGHVHH[SHFWDWLYDVSDVVDQGRDDWXDUFRPRD5HGHGH(GXFDGRUHV$PELHQWDLV3RSXODUHVGH6X]DQR5($36

    O HL[RHVWUXWXUDQWHGD(GXFDomR$PELHQWDO(VFRODUSDUDD IRUPX-ODomRGD30($6,60($, SULPHLUDPHQWHWHYHRGHVDRGHLQWHJUDomRGDVVHFUHWDULDVGH(GXFDomRDGH0HLR$PELHQWHSDUDTXHMXQWDVFRQVWLWXtV-VHPRyUJmRJHVWRUGD($HP6X]DQR$SDUWLUGDtHVWHHL[RHVWUXWXUDQWHTXHHVWDYDWtPLGRQDFRQVWUXomRGD30($6,60($SDVVRXDSURWDJRQL]DUno mbito escolar, articulando-se com o Programa de Formao Continu-ada da rede municipal de ensino, que teve amplo processo dialgico para GHQLUHHODERUDURVHXFXUUtFXOR

    A organizao do currculo envolveu toda a rede municipal de ensino na perspectiva dinmica das inter-relaes socioambientais, levando em considerao a escola no territrio, a escola e seu entorno, a escola e a co-munidade, a escola e sua organizao interna.

    Assumiu-se a construo participativa de um currculo que extra-polava a mera viso organizacional e, em concordncia com Cavalcante (2005), essa discusso subliminar do processo de seleo de contedos e

  • Como Construir poltiCas pbliCas de eduCao ambiental para soCiedades sustentveis?

    44 voltar para o sumrio

    prticas escolares central no amadurecimento da concepo de educao ambiental que se naturaliza, formaliza e ganha espao.

    (QTXDQWR LVVR D&RPLVVmR ,QWHULQVWLWXFLRQDO0XQLFLSDO GH(GXFD-o Ambiental foi um dos eixos estruturantes delineado para articular, dialogar e decidir conjuntamente com as representaes do poder pbli-co, sociedade civil organizada, setor privado e os movimentos socioam-bientais, com vistas aos direitos e responsabilidades compartilhadas sobre meio ambiente e a busca de sociedades sustentveis a partir da educao ambiental.

    3DUD FKHJDUj LQVWLWXLomRGD&,0($6X]DQRSRUPHLRGHGHFUHWRhouve um longo processo de formao e articulao intra e interinstitucio-nal, assumido inicialmente pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e SRVWHULRUPHQWHHPFRQMXQWRFRPD6HFUHWDULD0XQLFLSDOGH(GXFDomRDVGXDVQRSDSHOGHUJmR*HVWRUGD3ROtWLFDGH($&RQTXLVWDQGRRFDUiWHUlegal-institucional da Cimea/Suzano, sua continuidade deu-se orientada pelo seu Projeto Poltico Pedaggico, construdo coletivamente ao longo da caminhada, o que garantiu o cumprimento dos papis centrados em duas frentes: a gesto e a autoformao continuada da Comisso.

    a lei municipal Que instituiu a pmea e o sismea- suzano

    $SyVVHULQVWLWXFLRQDOL]DGDSRUGHFUHWRD&,0($IRFRXVHQDHODERUDomRGDPLQXWDGD/HL0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQWDOSURPRYHQGRXPDPSORprocesso articulador e negociador entre atores no mbito poltico-peda-JyJLFRLQVWLWXFLRQDO,QWHJURXRVHL[RVHVWUXWXUDQWHVGD30($6,60($QXPSURFHVVRDPSOLDGRGHGLiORJRV UHH[mRHFRQVXOWDS~EOLFD MXQWRjpopulao de Suzano. Assim, Suzano conquistou, em 21 de novembro de D/HLTXHLQVWLWXLD3ROtWLFDHR6LVWHPD0XQLFLSDOGH(GX-cao Ambiental, resultado de um caminhar participativo de comunidades de aprendizagem social, poltica e ecolgica, instrumental e transformado-ra, sonhadora e realizadora da formulao e implementao de polticas pblicas locais de educao ambiental.

    algumas consiDeraes

    1R%UDVLOD3ROtWLFD1DFLRQDOGH(GXFDomR$PELHQWDOLQVWLWXtGDFRPDOHL9.795/99 fruto de muitas articulaes, esforos e dedicao da militncia

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

    45 voltar para o sumrio

    de educadores ambientais do pas, que demarcou um grande avano na educao ambiental. Porm, deslocando-se do nacional para o local, so PXLWRVRVREVWiFXORVHGHVDRVSDUDHQUDL]DUHFDSLODUL]DUDHGXFDomRDP-ELHQWDO($QRVPXQLFtSLRV

    Para navegar nessa contracorrente, idealizou-se e materializou-se HP6X]DQRDFRQVWUXomRGHXPD3ROtWLFD0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQ-tal de coeso, criao e fortalecimento social principalmente diante das possibilidades que os arranjos institucionais e comunitrios como a Co-PLVVmR ,QWHULQVWLWXFLRQDO0XQLFLSDO GH(GXFDomR$PELHQWDO DV UHGHV Hcoletivos educadores teriam a partir da cooperao e associao com o poder pblico, que por sua vez abriria espaos de consolidao de suas propostas para a busca de sociedades sustentveis.

    Raymundo (2013) indica trs aspectos estabelecidos para a cons-WUXomRGD30($6,60($GH6X]DQRTXHVmRFRQFHLWXDOPHWRGROyJLFRHVWUXWXUDQWHH OHJDOLQVWLWXFLRQDOFRQVLGHUDGRVHPVHXFRQMXQWRFRPRRJUDQGHGHVDRSDUDDIRUPXODomRHH[HFXomRGHSROtWLFDVS~EOLFDVGH($GHkPELWRORFDO

    3HQVDQGRQD IRUPXODomRGHSROtWLFDVS~EOLFDVGH($HPRXWUDV OR-calidades, o processo de Suzano, evidencia a necessidade de integrao e execuo destes trs aspectos, sem deixar que um se desenvolva em de-trimento da outro no desenrolar das aes estratgicas, buscando ainda encontrar os pontos de fortalecimento de um ao outro.

    referncias

    $9$1=,050$/$*2',0$6&RPXQLGDGHVLQWHUSUHWDWLYDV,Q)(55$52/$2UJ(QFRQWURVHFDPLQKRVIRUPDomRGHHGXFDGRUDVHVDPELHQWDLVHFR-OHWLYRVHGXFDGRUHV%UDVtOLD00$'LUHWRULDGH(GXFDomR$PELHQWDO

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  • Como Construir poltiCas pbliCas de eduCao ambiental para soCiedades sustentveis?

    46 voltar para o sumrio

    %5$6,/0LQLVWpULR GR0HLR $PELHQWHPrograma Nacional de Educao Ambiental3UR1($%UDVtOLD00$

    &$59$/+2 ,&0 (GXFDomR $PELHQWDO D IRUPDomR GR VXMHLWR HFROyJLFR6mRPaulo:Cortez, 2004.

    &$9$/&$17(/2+&XUUtFXORHHGXFDomR$PELHQWDOWULOKDQGRFDPLQKRVSHU-FRUULGRVHQWHQGHQGRDVWULOKDVDSHUFRUUHU,QEncontros e caminhos: forma-o de educadoras (es) ambientais e coletivos educadores / Ferraro, L.A.J. (Org.). %UDVtOLD00$'LUHWRULDGH(GXFDomR$PELHQWDO

    &267$/5)(VWUDWpJLDGHSODQHMDPHQWR&LrQFLDH&XOWXUDYS1986.

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    *8,0$5(60,QWHUYHQomR(GXFDFLRQDOGRGHJUmRHPJUmRDJDOLQKDHQFKHRSDSRDRWXGRMXQWRDRPHVPRWHPSRDJRUD,Q)(55$52/$2UJEn-contros e caminhos: formao de educadoras(es) ambientais e coletivos edu-FDGRUHV%UDVtOLD00$'LUHWRULDGH(GXFDomR$PELHQWDO

    /,0$*)&(GXFDomRHPDQFLSDomRHVXVWHQWDELOLGDGHHPGHIHVDGHXPDSH-GDJRJLDOLEHUWDGRUDSDUDDHGXFDomRDPELHQWDO,Q/$

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

    47 voltar para o sumrio

    5*2*(6725'$32/7,&$1$&,21$/'(('8&$d2$0%,(17$/Car-tilha Sistema Nacional de Educao Ambiental%UDVtOLD0(&00$6p-ULH5HSHUWyULRVGD(GXFDomR$PELHQWDO'LVSRQtYHOHPhttp://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/sisnea_cartilha.pdf.

    5$

  • 48 voltar para o sumrio

    imPlementao De PolticaS PBlicaS De eDucao amBiental

    articulando potencialidades em So carlos/SP (2001-2013)

    +D\GH7RUUHVGH2OLYHLUD $PDGHX-RV0RQWDJQLQL/RJDUH]]L $QGULD1DVVHU)LJXHLUHGR &DPLOD0DUWLQV /DNVKPL-XOLDQH9DOOLP+RIVWDWWHU /LDQH%LHKO3ULQWHV 9DOULD*KLVORWL,DUHG

    introDuo

    $HGXFDomRDPELHQWDODSUHVHQWDXPLPSRUWDQWHSDSHOGLDQWHGRGHVDRcontemporneo de formar uma sociedade comprometida com a sustenta-ELOLGDGHGDYLGD&RPRDUPDP6RUUHQWLQRet al. (2005, p. 287) a urgen-WHWUDQVIRUPDomRVRFLDOGHTXHWUDWDDHGXFDomRDPELHQWDOYLVDjVXSHUDomRdas injustias ambientais, da desigualdade social, da apropriao capita-lista e funcionalista da natureza e da prpria humanidade.

    (VWDHGXFDomRGHYHSRUWDQWRDVVXPLUXPDSRVWXUDFUtWLFDHHPDQ-cipatria e uma dimenso poltica e comprometida com a transformao social, potencializando a ao cidad de sujeitos individuais e coletivos *8,0$5(6(para que a educao ambiental seja, por um lado, garantida enquanto direito, caminhando para a universalizao do acesso, e, por outro, constituda como um campo potente em relao a seu papel social, necessrio que esteja prevista na legislao e seja institucionali-zada.

    O Brasil tem um histrico de institucionlizao da educao ambien-tal por meio de leis e programas em nveis federal, estadual e municipal. (VVHVQtYHLVDSHVDUGH LQGHSHQGHQWHVVmRDUWLFXODGRVHPDOJXPJUDXHtm alto potencial para promover o fortalecimento do outro reciprocamen-WHWHPDHPDEHUWRSDUDSHVTXLVDVHDYDOLDomR(PQtYHOIHGHUDOWHPRVR

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

    49 voltar para o sumrio

    3URJUDPD1DFLRQDOGH)RUPDomRGH(GXFDGRUDVHV$PELHQWDLV3UR)($%5$6,/ SDXWDGR QD 3ROtWLFD 1DFLRQDO GH (GXFDomR $PELHQWDO31($8PGRVREMHWLYRVGR3UR)($pFRQWULEXLUSDUDRVXUJLPHQWRGHuma dinmica nacional contnua de formao de educadoras(es) ambien-WDLVDSDUWLUGHGLIHUHQWHVFRQWH[WRVTXHOHYHjIRUPDomRGHXPDVRFLHGD-GHEUDVLOHLUDHGXFDGDHHGXFDQGRDPELHQWDOPHQWH%5$6,/S

    Como nos lembra Brando (2005), o municpio a menor unidade SROtWLFRDGPLQLVWUDWLYDGHQRVVRSDtVeQHVVDVGHOLPLWDo}HVJHRJUiFDVque as pessoas se relacionam mais intimamente com a esfera administra-tiva de temas socioambientais, a partir da qual a busca de solues para os problemas e de melhoria da qualidade de vida podem ocorrer. Portanto, viver em uma cidade com uma base institucional ambiental e que dispo-QKDGHSROtWLFDVS~EOLFDVGHHGXFDomRDPELHQWDOVLJQLFDDSRVVLELOLGDGHde envolver mais pessoas em seus espaos de realizao cotidiana da vida nas transformaes na direo da sustentabilidade.

    Alm de todo histrico de engajamento poltico em educao am-biental que ocorreu em So Carlos, as polticas pblicas federais para en-raizamento da educao ambiental, durante a gesto de Marina Silva no Ministrio do Meio Ambiente e de Marcos Sorrentino na ento Diretoria GH (GXFDomR $PELHQWDO WDPEpP FRQWULEXtUDP SDUD IRUWDOHFHU H LPSXO-sionar as aes que ocorriam localmente. Dessa forma, em 2005, foram DSURYDGRV R SURMHWR 9LDELOL]DQGR D XWRSLD GDQGR FRQFUHWXGH DR&(6-CAR1&ROHWLYR(GXFDGRUGH6mR&DUORV$UDUDTXDUD -DERWLFDEDO H5H-JLmR(GLWDO)10$HRSURMHWR6mR&DUORV&5,$D6DOD9HUGHPDQXDORULHQWDGRUDPERVVHJXHPSULQFtSLRVHVWUXWXUDQWHVGR3UR)($HEXVFDPFDSLODUL]DUSRUPHLRGHGLIHUHQWHVLQVWLWXLo}HVDHGXFD-o ambiental.

    Diante do exposto, o objetivo deste trabalho apresentar alguns des-taques da trajetria da institucionalizao das polticas pblicas de educa-o ambiental do municpio de So Carlos/SP. importante ressaltar que a consolidao dessas polticas pblicas municipais se deu com o acmulo da atuao e do engajamento ambiental de educadoras e educadores co-OHWLYL]DGRVQD5HGHGH(GXFDomR$PELHQWDOGH6mR&DUORV5($6&FXMRSURFHVVRGHIRUPDomRRFRUUHXQRVDQRVGHD(VVDVHGXFDGRUDVH

    1 Para saber mais sobre o Cescar, consulte o site http://www.cescar.ufscar.br/ e conhea as publicaes Cadernos do Cescar, disponveis no mesmo site.

  • Como Construir poltiCas pbliCas de eduCao ambiental para soCiedades sustentveis?

    50 voltar para o sumrio

    educadores articularam o estabelecimento de parcerias institucionais que viabilizaram a implementao de projetos de mbito federal no municpio.

    3DUDH[HPSOLFDURSURFHVVRGHLQVWLWXFLRQDOL]DomRGDHGXFDomRDP-ELHQWDO VHUmRGHVFULWRV D VHJXLU GRLV SURMHWRV R 6mR&DUORV&5,$6DOD9HUGH&HQWURGH5HIHUrQFLDHP,QIRUPDomR$PELHQWDOHRSURMHWR3ROR(FROyJLFRGH6mR&DUORV&HQWURGH'LIXVmRGH(GXFDomR$PELHQWDO(V-ses projetos, enquanto polticas pblicas de educao ambiental, desta-cam-se na dimenso participativa inserida tanto em suas aes formativas como no processo de elaborao de instrumentos legais, como a Poltica 0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQWDO30($6&HR3URJUDPD0XQLFLSDOGH(GXFDomR$PELHQWDO3UR0($6&

    caminhos percorriDos

    o projeto so carlos cria sala verDe centro De referncia em informao ambiental

    O projeto Sala Verde, criado pelo Governo Federal em 2000, foi intensi-FDGRSHOR'HSDUWDPHQWRGH(GXFDomR$PELHQWDOGR0LQLVWpULRGR0HLR$PELHQWH'($00$DSDUWLUGHFRPRREMHWLYRGHLPSODQWDUHV-paos socioambientais no Pas, no intuito de disseminar informaes e de proporcionar a formao ambiental. Sua principal diretriz potencializar espaos e instituies j existentes e atuantes na rea ambiental, contri-buindo para a democratizao das informaes e experincias ambientais j desenvolvidas. De acordo com o projeto, espera-se que as Salas Verdes sejam ambientes de mltiplas potencialidades na disponibilizao de in-IRUPDomRHLQLFLDWLYDVFRPRFXUVRVSDOHVWUDVRFLQDVHYHQWRVHQFRQWURVreunies, campanhas, entre outras.

    Diante do conceito de espaos educadores descrito por Matarezi HGDGHQLomRGHVFULWDQR3URJUDPD0XQLFtSLRV(GXFDGRUHV6XV-tentveis do Ministrio do Meio Ambiente (MMA, 2005), os espaos edu-cadores estimulam as pessoas a desejarem realizar aes conjuntas em prol da coletividade e reconhecerem a necessidade de se educarem, nesse sentido e, destacando a Sala Verde a essa condio, suas potencialidades no mbito formal e no-formal de educao ambiental possuem um forte componente ideolgico no mbito da pesquisa e da educao.

    (P6mR&DUORV D LPSODQWDomR GD 6DOD9HUGH RFRUUHX HP DSDUWLUGDDSURYDomRGRSURMHWRTXHDWHQGLDD(GLWDO3~EOLFRSDUDHVWHP

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

    51 voltar para o sumrio

    SURPRYLGRSHOR'($00$&RQIRUPHPHQFLRQDGRDQWHULRUPHQWHRVX-FHVVRGRSURMHWRIRLUHVXOWDGRGHDQRVGHWUDEDOKRFROHWLYRGD5($6&TXHconduziu o processo. Para viabilizar a participao do edital, uma vez que D5($6&D H[HPSORGHRXWUDV UHGHVGR3DtVKDYLDRSWDGRSRUQmR VHconstituir como pessoa jurdica, pessoas ligadas a diferentes instituies do municpio formalizaram a parceria institucional, entre a Universidade )HGHUDOGH6mR&DUORV8)6&DUDV6HFUHWDULDV0XQLFLSDLVGH(GXFDomRHCultura e de Desenvolvimento Sustentvel, Cincia e Tecnologia, o Centro GH'LYXOJDomR&LHQWtFDH&XOWXUDOGD8QLYHUVLGDGHGH6mR3DXOR&'&&USP) e a Associao para a Proteo Ambiental de So Carlos (APASC), que atua no movimento ambientalista desde a segunda metade da dcada GH1D8)6&DUGRFHQWHVGHGLIHUHQWHViUHDVHVWLYHUDPHQYROYLGRVjpSRFDSULQFLSDOPHQWHGR3URJUDPDGH(GXFDomR$PELHQWDOGD&RRUGHQD-GRULD(VSHFLDOGH0HLR$PELHQWH3($P&(0$2, do Departamento de Hidrobiologia3GR'HSDUWDPHQWRGH(QJHQKDULDGH0DWHULDLVHGR'HSDU-WDPHQWRGH&LrQFLDVGD,QIRUPDomR

    A inaugurao da Sala Verde ocorreu em outubro de 2005, localizada na Biblioteca Pblica Municipal Amadeu Amaral (BPMAA). A expectativa sempre foi de que ela fosse um local que permitisse uma maior integrao entre as aes de educao ambiental que ocorrem na cidade, bem como SURPRYHVVHDRWLPL]DomRGRX[RGHLQIRUPDo}HVHQWUHSURVVLRQDLVGDrea e a comunidade em geral. O espao da BPMAA, e da prpria Sala Ver-de, ocupa posio estratgica no centro da cidade, com potencial para ser XPHVSDoRHGXFDGRUFRPLPSRUWDQWHX[RGHDWLYLGDGHVHYLVLWDomR1Rentanto, as aes efetivas e concretas de educao ambiental na Sala Verde ainda carecem de apoio e incentivo e, nesse sentido, o apoio estabelecido e assumido pela UFSCar no oferecimento de projetos de extenso, por meio GD3UyUHLWRULDGH([WHQVmR3UR([8)6&DUGHVGHIRUWDOHFHDUHD-lizao de processos formativos e aes educativas no municpio.

    Desde a implementao da Sala Verde observamos resultados rele-vantes para a promoo de prticas socioambientais, como o desenvolvi-PHQWRGHSURMHWRVHPHVFRODVFRQWDomRGHKLVWyULDVUHDOL]DomRGHFXUVRVrodas de bate-papo e disciplinas, permitindo uma forte articulao entre

    $WXDOPHQWH'HSDUWDPHQWRGH$SRLRj(GXFDomR$PELHQWDO'H$($GD6HFUHWDULDGHGesto Ambiental e Sustentabilidade (SGAS) da UFSCar.

    3 Docente transferida atualmente para o Departamento de Cincias Ambientais.

  • Como Construir poltiCas pbliCas de eduCao ambiental para soCiedades sustentveis?

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    HQVLQRSHVTXLVDH[WHQVmRHHQULTXHFLPHQWRGRDFHUYRGD%LEOLRWHFD0X-nicipal.

    o projeto polo ecolgico De so carlos centro De Difuso em eDucao ambiental

    (VWH SURMHWR SURSRVWR HP WHP FRPR REMHWLYR LQWHJUDU VHLV iUHDVprximas e/ou contguas de quatro diferentes instituies no municpio GH6mR&DUORVR3DUTXH(FROyJLFR'U$QW{QLR7HL[HLUD9LDQQDR+RUWRFlorestal Municipal Dr. Navarro de Andrade e a Horta Municipal de So &DUORVDGPLQLVWUDGDVSHOD3UHIHLWXUD0XQLFLSDOD(VWDomRGH&DSWDomRGHJXDGR(VSUDLDGRDGPLQLVWUDGDSHOR6HUYLoR$XW{QRPRGHJXDH(VJR-WR6$$(RFDPSXVGD8QLYHUVLGDGH)HGHUDOGH6mR&DUORVHD)D]HQGD&DQFKLPGD(PSUHVD%UDVLOHLUDGH3HVTXLVD$JURSHFXUiULD(0%5$3$estas duas ltimas, instituies pblicas federais.

    (VVDVXQLGDGHVLQGHSHQGHQWHVDGPLQLVWUDWLYDPHQWHUHDOL]DPFDGDqual, projetos de cunho ambiental, levando gestoras(es) e educadoras(es) ambientais a vislumbrarem a potencialidade do fortalecimento desses es-paos educadores. Nesse contexto, o projeto pretende complementar as atividades educativas j realizadas, ampliando e articulando-as segundo as potencialidades locais, como, entre outras, a conservao da fauna e RUDGRVUHFXUVRVKtGULFRVHGRVPDQDQFLDLVHDFRPSUHHQVmRGDLPSRU-tncia da produo e consumo de alimentos cultivados com tcnicas agro-ecolgicas, gerando subsdios para a conservao da biodiversidade local.

    (VVDV LQVWLWXLo}HVHVWDEHOHFHUDPSDUFHULDDSDUWLUGHXPFRQYrQLRUPDGRHPHQWUHDVTXDWURLQVWLWXLo}HVHQYROYLGDVRTXHUHGXQGRXem importantes resultados: elaborao de um projeto de identidade visual, vrias iniciativas de busca por recursos para investimento em infraestru-tra e em aes formativas, elaborao coletiva do projeto poltico-pedag-gico e realizao de um diagnstico dos espaos e das aes com potencial pedaggico.

    a articulao Da sala verDe e Do polo ecolgico De so carlos

    Como dito anteriormente, ambos os projetos vm realizando aes forma-WLYDVFHUWLFDGDVHDSRLDGDVFRPRDWLYLGDGHVGHH[WHQVmRSHOD3UyUHLWRULDGH([WHQVmRGD8)6&DU(PHVVHVSURMHWRVFRQYHUJLUDPSDUDRRIH-

  • Municpios que educaM para a construo da sustentabilidade socioaMbiental

    53 voltar para o sumrio

    recimento de um curso de formao de educadoras(es) com foco na con-VHUYDomRGDELRGLYHUVLGDGHHPHVSDoRVHGXFDGRUHV(VVHFXUVRIRLRIHUHFL-do em dois mdulos, tendo sido o primeiro desenvolvido em 15 encontros VHPDQDLVGHWUrVKRUDVGHGXUDomRHRVHJXQGRHPIRUPDWRGHRFLQDVGHquatro horas de durao em quatro dias de atividades. No primeiro m-dulo, foram abordados aspectos tericos e prticos da educao ambiental, tendo culminado com a elaborao e aplicao, pelas(os) participantes, de DWLYLGDGHVHGXFDWLYDVDVHUHPGHVHQYROYLGDVQRHVSDoRGR3ROR(FROyJLFRou similares. Os projetos resultantes do curso foram apresentados em um seminrio4 promovido por uma ONG local. J no segundo mdulo, as(os) participantes foram convidadas(os) a testar algumas atividades educativas que foram elaboradas pelas organizadoras do Curso, para a composio de XPPDWHULDOHGXFDWLYRQRkPELWRGRVXESURMHWR(GXFDomR$PELHQWDOpara a Conservao da Biodiversidade: o papel dos predadores de cadeia, do Projeto Sisbiota Predado


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