Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação para Hospital Regional do RS
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
Daniele Alessandra Koch
Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação para Hospital Regional do RS.
Passo Fundo, 2011
1
Daniele Alessandra Koch
Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação para Hospital Regional do RS.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientador: Profª. Drª. Aline Ferrão Custódio Passini.
Passo Fundo, 2011.
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Daniele Alessandra Koch
Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação para o Hospital Regional do RS.
Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e
Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:
Orientador:________________________
Profª. Dra. Aline Ferrão Custodio Passini
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Profª. Msc Juliana Kurek
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
___________________________________
Prof. Msc Ricardo Salami Debastiani
Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF
Passo Fundo, 1º de novembro de 2011.
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus queridos pais, Vilson Koch e Neidi Brune Koch. Agradeço a eles pelo amor,
pelo incentivo, pelo apoio irrestrito, pelas lições, pelo esforço de bancar minhas despesas até
este momento, e por contribuírem significativamente na minha formação pessoal. Muito
obrigado!
Á Professora Aline Ferrão Custodio Passini, pela orientação, pela confiança, pelo
apoio e possibilidade de aprendizagem.
Á Aline Ortiz Batista, pela gentileza de disponibilizar seu tempo e seus conhecimentos
para contribuir na realização do meu trabalho.
A todos os membros da minha família que contribuíram para a minha formação, e
sempre torceram por mim.
Á Instituição de Saúde avaliada neste trabalho, por disponibilizar as informações para
a realização da pesquisa. Principalmente a direção do hospital e aos entrevistados, pela
disponibilidade e atenção dedicada.
Aos membros da banca examinadora Juliana Kurek e Ricardo Debastiani Salami, pela
contribuição com as suas considerações.
Aos meus colegas e amigos que conquistei durante a minha jornada acadêmica, em
especial a Adan Trentin, Marcelo Pezzini, Dinava Muller, Adriano Pires e Eduardo Bertolin,
pelo apoio, companheirismo, incentivo nas horas difíceis, pelos desafios superados em
inúmeros trabalhos em grupo, pelas risadas e bons momentos, e principalmente pela amizade.
Á todos que contribuíram para minha formação profissional e pessoal, meu sincero
agradecimento.
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RESUMO
Após o crescimento explosivo da sociedade urbana e industrial, juntamente com o
consumismo exagerado, ocorreu um grande aumento na geração de resíduos, que vêm
gerando impactos negativos ao meio ambiente. No contexto desta problemática ambiental,
destaca-se a geração dos resíduos de serviço de saúde. Este tipo de resíduo é de grande
importância pelo grau de contaminação e periculosidade de representam. A partir disto, o
objetivo deste trabalho foi realizar o diagnóstico da situação atual em relação ao
gerenciamento dos resíduos, no Hospital Regional do RS. A metodologia utilizada foi do tipo
descritiva, exploratória, qualitativa e quantitativa. Foi realizado um levantamento das
legislações pertinentes ao assunto. A coleta de dados foi obtida através de aplicação de
questionário, o qual foi respondido pelos profissionais responsáveis, quantificação dos
resíduos por amostragem e visitas de rotina. Foram identificadas as unidades do hospital e
avaliados aspectos referente ao manejo, como a geração, segregação, classificação, transporte,
coleta, tratamento e destinação final. Os dados coletados proporcionaram uma melhor visão
sobre o gerenciamento dos resíduos, demonstrando que o gerenciamento relacionado a estes
resíduos é realizado dentro do limite que a Instituição apresenta, mas há possibilidades de
melhorias frente às não conformidades e necessidades evidenciadas na gestão dos resíduos de
serviço de saúde.
Palavras-chaves: Resíduos de Serviço de Saúde, Diagnóstico dos Resíduos de Serviço de
Saúde, Manejo dos resíduos.
5
ABSTRACT
After the explosive growth of the urban and industrial society, together with the exaggerated
consumerism, occurred a huge increase in the generation of wastes, which it generate negative
impacts to the environment. In the problematic context of this ambient, it is detached by
generation of the residues of health service. This type of residue has great importance for the
contamination rate and dangerousness that it represents. From this, the objective of this work
was to realize the present situation diagnostic in relationship to wastes generation, from a
Regional Hospital of RS. The used methodology was of the descriptive, exploratory,
qualitative and quantitative type. A survey of the pertinent legislation about the subject was
realized. The collect of data was done through questionnaire application, which was answered
by the responsible professionals, quantification of the residues for sampling and visits of
routine. The units of the referring hospital were identified and evaluated aspects to the
handling, as the generation, segregation, classification, transport, collect, treatment and final
destination. The collected dates provided a better vision on of the management of these
residues, demonstrating that the management of such waste is carried out within the limit that
the institution has, but there are some improvements possibilities in front to the
nonconformities and necessities evidenced in the management of the health service wastes.
Key-word: Waste of Health Services, Waste Diagnosis of Health Services, Waste
Management.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Distribuição dos Municípios por tipo destinação dos RSS Coletados (%). ..............34 Figura 2: Quantidade de RSS Coletadas pelos Municípios Distribuídos por Região e Brasil. 35 Figura 3: Etapas do manejo dos resíduos em um PGRSS........................................................49 Figura 4: Forma de acondicionamento dos RSS conforme sua classificação. .........................54 Figura 5: Mapa com a localização da região do Alto da Serra do Botucataí dentro do estado do
Rio Grande do Sul, e localização do Estado no mapa do Brasil........................................62 Figura 6: Mapa dos 16 municípios que compõem o Alto da Serra do Botucaraí do Estado do
Rio Grande do Sul, no ano de 2008. ..................................................................................63 Figura 7: Fluxograma da estrutura metodológica.....................................................................66 Figura 8: Acondicionamento dos resíduos classe A e D, e identificação dos mesmos. ...........74 Figura 9: Acondicionamento dos resíduos classe A, os restos fetais, placentas e peças
anatômicas (membros), em freezer próprio para tal material. ...........................................74 Figura 10: Resíduos potencialmente infectantes armazenados dentro das bombonas no abrigo
destinado ao armazenamento externo. ...............................................................................75 Figura 11: Resíduos perfurocortantes armazenados dentro das bombonas no abrigo destinado
ao armazenamento externo. ...............................................................................................75 Figura 12: Imagem dos sacos contendo resíduo contaminado. ................................................76 Figura 13: Identificação dos resíduos gerados no HR..............................................................76 Estes tipos de lixeiras, com esta identificação foram encontradas apenas no Centro Cirúrgico,
Ambulatório, UTDA, Maternidade....................................................................................77 Na Figura 14 temos o exemplo de acondicionamento para resíduos perfurocortantes, e na
Figura 15 exemplos de lixeiras contidas no Estabelecimento de Saúde, sem nenhum tipo de identificação. .................................................................................................................77
Figura 14: Caixa descapax para separação do resíduo perfurocortante....................................77 Figura 15: Lixeiras sem nenhum tipo de identificação, localizadas nos postos, farmácia,
administração, manutenção, lavanderia, cozinha...............................................................78 Figura 16: Fluxograma referente à coleta interna dos RSS gerados no HR. ............................79 Figura 17: Carrinho para coleta interna....................................................................................80 Figura 18: Armazenamento temporário dos resíduos...............................................................81 Figura 19: Abrigo externo dos resíduos. ..................................................................................81 Figura 20: Bombonas disponibilizadas pela empresa contratada para destinação final e
tratamento. .........................................................................................................................82 Figura 21: Identificação da bombona para resíduo infectante..................................................82 Figura 22: Ambiente fora do abrigo externo, para fácil coleta do sistema de coleta do
município. ..........................................................................................................................83 Figura 23: Imagem do abrigo externo com vista da rua. ..........................................................83 Figura 24: Gráfico representando a porcentagem de resíduos gerados no HR. .......................85
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Taxa de geração de RSS nos países desenvolvidos..................................................32 Tabela 2: Taxas de geração de RSS da América Latina...........................................................33 Tabela 3: Situação do Brasil em relação aos RSS....................................................................34 Tabela 4: Capacidade instalada de tratamento de RSS.............................................................59 Tabela 5: Estimativa da quantidade de resíduos gerados no HR..............................................85
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Definição de Resíduos Sólidos................................................................................17 Quadro 2: Classificação dos resíduos sólidos urbanos.............................................................22 Quadro 3: Classificação dos resíduos de fontes especiais........................................................23 No Quadro a seguir, temos algumas definições para resíduos de serviço de saúde. ................26 Quadro 4: Definições dos resíduos de serviço de saúde...........................................................27 Quadro 5: Síntese dos acontecimentos, na construção da Legislação Ambiental referente aos
RSS. ...................................................................................................................................38 Quadro 6: Evolução das Resoluções da ANVISA referentes aos RSS. ...................................43 Quadro 7: Trajetória das Resoluções do CONAMA referentes aos Resíduos Sólidos, inclusive
os de Serviços de Saúde.....................................................................................................44 Quadro 8: Normas técnicas da ABNT referentes aos resíduos sólidos, inclusive os RSS.......45 Quadro 9: Síntese do manejo dos resíduos sólidos. .................................................................49 Quadro 10: Identificação dos resíduos de serviço de saúde. ....................................................55 Quadro 11: Tipos de Resíduos gerados no HR por setor. ........................................................70 Quadro 12: Identificação dos tipos de resíduos gerados no HR...............................................71 Quadro 13: Acondicionamento dos resíduos gerados. .............................................................73
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LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
EPI - Equipamento de Proteção Individual
HR – Hospital Regional
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS - Organização Mundial de Saúde
PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
RDC - Resolução da Diretoria Colegiada
RSS - Resíduos de Serviço de Saúde
SISMANA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
UTDA – Unidade de Tratamento Diferenciado Adulto
WHO – World Health Organization
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................12 1.1 Problema e contextualização ....................................................................................12 1.2 Justificativa...............................................................................................................14 1.3 Objetivos...................................................................................................................15
1.3.1 Objetivo geral .......................................................................................................15 1.3.2 Objetivos específicos............................................................................................15
1.4 Estrutura do trabalho ................................................................................................15 2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................................17
2.1 Resíduos sólidos: Problemática e definição .............................................................17 2.1.1 Classificação dos resíduos....................................................................................20
2.2 Resíduos de Serviço de Saúde..................................................................................24 2.2.1 Denominação........................................................................................................26 2.2.2 Classificação dos RSS ..........................................................................................28 2.2.3 Geração de RSS....................................................................................................31 2.2.4 Aspectos históricos, legais e normativos dos RSS ...............................................36
2.3 Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde..................................................46 2.3.1 Segregação............................................................................................................51 2.3.2 Acondicionamento................................................................................................52 2.3.3 Identificação .........................................................................................................54 2.3.4 Coleta e transporte interno....................................................................................57 2.3.5 Armazenamento....................................................................................................57 2.3.6 Tratamentos ..........................................................................................................58 2.3.7 Coleta e Transporte Externos ...............................................................................59 2.3.8 Disposição Final ...................................................................................................60 2.3.9 Diagnóstico dos RSS ............................................................................................61
3 METODOLOGIA..............................................................................................................62 3.1 Área de estudo ..........................................................................................................62 3.2 Classificação da Pesquisa .........................................................................................64 3.3 Etapas do processo metodológico.............................................................................65
3.3.1 Etapa 1 - Estudos iniciais .....................................................................................67 Primeiramente ocorreu um estudo inicial, com revisão de literatura sobre o tema RSS com auxílio de dissertações, artigos, livros, etc., e levantamento da legislação vigente e de Normas Técnicas sobre o presente assunto........................................................................67 3.3.2 Etapa 2 - Conhecimento do Problema ..................................................................67 3.3.3 Etapa 3 – Material de Pesquisa.............................................................................67 3.3.4 Etapa 4 - Tratamento e análise dos dados ............................................................68 3.3.5 Etapa 5 – Conclusão e recomendações.................................................................68
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.....................................................................................69 4.1 Caracterização do Hospital Regional .......................................................................69 4.2 Diagnóstico do gerenciamento dos RSS...................................................................70
4.2.1 Segregação dos RSS.............................................................................................70 4.2.2 Acondicionamento................................................................................................72 4.2.3 Identificação .........................................................................................................76 4.2.4 Coleta e transporte interno....................................................................................78 4.2.5 Armazenamento temporário e externo .................................................................80 4.2.6 Coleta e transporte externo...................................................................................83
11
4.2.7 Tratamento............................................................................................................84 4.2.8 Destinação final ....................................................................................................84 4.2.9 Quantificação dos resíduos...................................................................................84 4.2.10 Análise do sistema de gerenciamento do hospital e propostas de melhorias ...86
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................88 5.1 Sugestões para trabalhos futuros ..............................................................................89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................90 APÊNDICE A ..........................................................................................................................96 APÊNDICE B...........................................................................................................................99
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problema e contextualização
A civilização atual se caracteriza como a sociedade do consumo, marcada pelo
aumento significativo dos resíduos sólidos e do desperdício. Portanto a gestão adequada
destes resíduos constitui-se num dos grandes desafios a serem enfrentados no mundo de hoje.
A geração de resíduos e suas conseqüências ao meio estão ligadas às evoluções
cultural e tecnológica humanas. Mas foi no século XVIII, com o começo da Revolução
Industrial que houve o aumento expressivo do uso dos recursos naturais explorados pela
indústria, crescimento acelerado da população e mecanização da agricultura. Em menos de
três séculos, o homem alterou o ambiente terrestre de forma nunca vista por ele.
Para Schneider et al. (2004) após a concretização da sociedade urbana e industrial, o
consumismo intensificou-se significativamente, implicando no aumento mundial da geração
de resíduos sólidos, tais como domiciliares, industriais e de serviço de saúde. O aumento e a
diversidade na produção dos resíduos estão diretamente ligados com o desenvolvimento
econômico e com o consumo exagerado de produtos.
A sociedade depara-se então com um dos grandes desafios de várias ordens de
grandeza. Trata-se de um momento histórico único em que o homem é obrigado a reconhecer
impasses gerados pela própria cultura, a qual originou situações de desequilíbrio ambiental
(SCHNEIDER et al., 2004).
A necessidade de intervenção sobre os resíduos é uma prioridade na sociedade
moderna. Se, por um lado, a quantidade de resíduos produzida anualmente não para de
aumentar, podendo provocar uma notória poluição visual se amontoados
indiscriminadamente, por outro, os resíduos podem ter implicações no ambiente e na saúde
das pessoas que entraram em contacto com eles (TAVARES, 2004).
O amadurecimento da questão ecológica destaca-se entre os fatores que identificam e
determinam a singularidade do momento histórico que vivemos, ocupa o cenário e infiltra-se
em todas as dimensões da atividade humana. A consciência sobre os problemas ambientais é
hoje, de tal forma, penetrante e extensa, que todas as ações do homem implicam, supõem ou a
contêm. A reflexão sobre o tema está presente no cotidiano mais singelo aos
empreendimentos de maior envergadura (LIPPEL, 2003).
13
A preocupação com as questões ambientais faz do gerenciamento de resíduos um processo
extremamente importante para a preservação da qualidade da saúde e do meio ambiente, pois, a
produção de resíduos é superior à capacidade de absorção da natureza (BRASIL, 2006).
A preocupação se intensifica quando se trata de resíduos sólidos oriundos de serviços
de saúde, que, embora representem uma pequena parcela dos resíduos totais, ocupam uma
posição de extrema importância pelo grau de contaminação e periculosidade que representam.
Como fator indireto, de impactos a saúde e ao meio ambiente, os resíduos de serviços
de saúde exercem grande importância na transmissão de doenças, mediante o contato de
vetores biológicos e mecânicos. Seu manejo inadequado pode contribuir para a poluição do
solo, da água e do ar, submetendo as pessoas a várias formas de exposição ambiental. Por ser
uma classe especial de resíduos requer coleta, manuseio, armazenamento, tratamento,
destinação final e um plano de gerenciamento específico de acordo com suas classes e
características, pois estes aspectos potencializam os riscos a saúde humana e ao meio
ambiente (CUNHA et al., [s.d] ).
Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) são percebidos como um grande problema
para as administrações públicas municipais, apesar de serem uma pequena parcela dos
resíduos sólidos urbanos, em torno de 1 a 3% de acordo com o Ministério da Saúde. A falta de
informação a respeito das formas adequadas de gerenciamento dos RSS, seja pelo poder
público municipal e/ou pelos estabelecimentos prestadores de serviço de saúde, acarreta em
um manejo inadequado que reflete em problemas ambientais, já que este é um resíduo que
põe em risco a contaminação humana e do meio ambiente (GOMES, 2008).
No Brasil, foram elaboradas e reelaboradas resoluções visando à correta gestão dos
RSS: A Resolução Diretiva Colegiada (RDC) nº. 306 da ANVISA e a Resolução CONAMA
nº. 358, estas resoluções reforçam a necessidade de um gerenciamento adequado dos RSS
baseados na segregação correta.
Assim a proposta deste trabalho foi acompanhar a rotina e o manejo dos resíduos
gerados nas diversas unidades do Hospital Regional (HR), localizado no Alto da Serra do
Botucaraí, visando desenvolver um trabalho de quantificação e observação dos resíduos para
contribuir na implantação do seu Plano de Gerenciamento de Resíduos Serviço de Saúde
(PGRSS).
O Hospital não pode mais sustentar medidas paliativas de gerenciamento e/ou
simplesmente ignorar sua posição de geradora desse tipo de resíduo. Então para
posteriormente propor medidas mais atualizadas de controle e gerenciamento, necessita-se
14
responder a seguinte questão: Qual é a atual realidade do Hospital Regional em relação aos
RSS?
1.2 Justificativa
O presente trabalho tem como justificativa a importância de se analisar e diagnosticar o
gerenciamento dos RSS no HR, para resultar na diminuição dos impactos que estes podem causar
ao meio ambiente e a saúde pública, e também para posteriormente fundamentar a elaboração de
um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) para este hospital.
Conforme Ribeiro Filho (2005), nos últimos anos, mais do que os efeitos diretos das
implicações ambientais de suas atividades, a indústria da saúde passou a enfrentar as pressões
dos consumidores, do governo e do público em geral, por uma postura ambientalmente mais
responsável. Esses fatores levaram ao reconhecimento da necessidade de se ter um
gerenciamento ambiental como parte do negócio. Essa necessidade está intimamente ligada à
era da informação, quando o gerenciamento ambiental adquire importância estratégica e valor,
estando diretamente relacionado aos ativos intangíveis como: imagem, reputação e valor da
marca.
Segundo Schneider (2004) as inovações, em qualquer área, exigem ações integradas,
de forma a tornar toda a cadeia sustentável, reduzindo custos e aumentando o valor agregado,
principalmente a assistência à saúde, pela sua complexidade e diversidade de aspectos
ambientais envolvidos.
Para Confortin (2001):
[....] os estudos relativos ao conhecimento das quantidades e das características dos RSS permitem projetar um sistema de gerenciamento adequado e de acordo com a realidade do estabelecimento, proporcionando uma política de gerenciamento correta (CONFORTIN, 2001, p. 3).
O HR está ciente de sua responsabilidade social e ambiental e tem constante
preocupação em atingir e demonstrar um bom desempenho na área ambiental. A Entidade
assume o dever e o compromisso das melhorias, visando o aperfeiçoamento dos seus
processos, da segurança do trabalhador e da saúde da população.
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Assim, considerando o importante compromisso com a comunidade e devido à atenção
requerida pelos RSS, é necessária a atualização de dados referentes a estes resíduos, para que
possam servir de auxílio para trabalhos posteriores e melhorias no seu sistema de gestão.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Tem-se como objetivo geral realizar o diagnóstico visando a elaboração do Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do Hospital Regional, localizado no Alto
da Serra do Botucaraí no RS.
1.3.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são definidos como:
a) Conhecer a legislação vigente, Normas Técnicas e requisitos legais aplicáveis, sobre
o presente assunto;
b) Levantar dados pertinentes ao manejo, geração, segregação, classificação,
transporte, coleta, tratamento e destinação final dos RSS do HR;
c) Quantificar a geração de resíduos do HR.
1.4 Estrutura do trabalho
Além do presente capítulo, no qual se apresenta o problema de pesquisa, a
justificativa, os objetivos e as delimitações do trabalho, esta pesquisa é composta por mais
cinco capítulos.
16
O capítulo 2 apresenta a revisão da literatura, abordando as definições e classificações
dos resíduos sólidos, incluindo os de serviço de saúde, aspectos legais e normativos, e etapas
do gerenciamento.
O capítulo 3 caracteriza a área de estudo onde, classifica a pesquisa e descreve o
procedimento metodológico utilizado, detalhando as atividades realizadas para o
desenvolvimento deste trabalho.
O capítulo 4 apresenta o diagnóstico encontrado e a discussão dos resultados.
O capítulo 5, por fim, apresenta as conclusões da pesquisa e as recomendações para
trabalhos futuros, elaboradas a partir dos resultados obtidos.
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Resíduos sólidos: Problemática e definição
Segundo Domenéch (1993), resíduo é tudo aquilo o que é gerado como conseqüência
não desejada de uma atividade humana e, em geral, de qualquer ser vivo. Como qualquer
processo natural, o gerenciamento dos resíduos está governado por um conjunto de leis, sendo
que a primeira, segundo o autor, poderia resumir-se na seguinte frase: “Eu sou, portanto eu
contamino.” Todos os seres vivos para subsistir devem transformar de forma contínua certos
produtos ao seu alcance em outros que possam assimilar, o que leva necessariamente à
geração de resíduos. Na realidade, essa primeira lei se inspira na segunda Lei da
Termodinâmica, segundo a qual, ao converter-se energia em trabalho, sempre se transfere
uma certa quantidade de energia residual para o entorno. Aplicando-se essa lei à conversão de
matéria-prima em produto de consumo, origina-se sempre um resíduo, o qual é descartado e
devolvido ao meio ambiente. Segundo essa mesma lei, a reciclagem completa de um resíduo é
impossível. (SCHNEIDER et al., 2004).
O Quadro 1 mostra as definições de resíduos sólidos de várias entidades, órgãos
nacionais e internacionais.
Quadro 1: Definição de Resíduos Sólidos
ENTIDADE DEFINIÇÃO
Brasil – ABNT – NBR 10004/04
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido,
que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de
água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem
como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu
18
lançamento na rede pública de esgotos ou
corpos de água, ou exijam para isso
soluções técnica e economicamente
inviáveis em face melhor tecnologia
disponível.
OMS – Organização Mundial de Saúde Qualquer coisa que o proprietário não quer
mais, em um certo local e em um certo
momento, e que não apresenta valor
comercial corrente ou percebido.
Comunidade Européia1 Toda substância ou todo objeto cujo
detentor se desfaz ou tem a obrigação de se
desfazer em virtude de disposições
nacionais em vigor.
Comunidade Francesa2 Todo rejeito de processo de produção,
transformação ou utilização, toda substância
material, produto ou, mais geralmente, todo
bem móvel abandonado ou que seu detentor
destina ao abandono.
Dicionário Aurélio – 1999 Resíduo é o que resulta de atividades
domésticas, industriais e comerciais.
Fonte: Adaptado de Bidone (2001) apud SCHNEIDER et al, 2004.
A geração de resíduos e seu posterior abandono no meio ambiente podem originar
graves problemas ambientais, favorecendo a incorporação de agentes contaminantes na cadeia
trófica, interagindo em processos físico-químicos naturais, dando lugar à sua dispersão. O
aumento na geração de resíduos, implica na sua vez, em um consumo paralelo de matérias-
primas, as quais se encontram na natureza em quantidades ilimitadas. Porém, à medida que os
processos de acumulação antropogênica, particularmente de substâncias químicas,
ultrapassam os limites de reciclagem do ambiente ou introduzem-se novos compostos não-
1 Comunidade Européia n. 75/442, de julho de 1975; JOCE n.L. 1494, de julho de 1975. 2 Lei 75-63 de 15 de julho de 1975
19
degradáveis, ocorre um desequilíbrio nos sistemas biológicos limitando a natureza em
renovar-se.
O volume de resíduos com que a humanidade tem de conviver é resultado também de
novos padrões culturais impostos pela sociedade industrial. O dia-a-dia das pessoas vem
sendo marcado, por padrões de consumo que apontam para uma situação extremamente grave.
A quantidade de matérias-primas e de recursos naturais, que são carreados para o setor
produtivo para dar conta da demanda de produtos, não encontra correlação proporcional na
outra ponta do sistema: não se verificam, efetivamente, maiores ganhos em termos de
conforto e bem-estar para os consumidores, e tampouco a sociedade encontra maneiras
adequadas de repor o equilíbrio ambiental (SCHNEIDER et al., 2004).
A geração de resíduos sólidos é influenciada principalmente pelo número de habitantes
de determinado local, os fatores culturais e as atividades que são desenvolvidas pela
população. Um dos fatores mais importantes é à componente econômica, sendo que suas
variações são facilmente perceptíveis nos locais de tratamento e disposição final dos resíduos.
Os resíduos resultantes de atividades humanas dão origem a uma complexa e
heterogênea massa, atingindo hoje um volume tal que a sua destinação vem-se constituindo
em um dos grandes transtornos da sociedade urbana. A questão transformou-se em um dos
grandes desafios a serem vencidos, fruto de um modelo de desenvolvimento e de um estilo de
vida, cujo padrão de conforto baseia-se no excesso de consumo e de desperdício
inconseqüente. Neste sistema, a natureza é vista como fonte inesgotável de recursos, com
capacidade ilimitada de absorverem resíduos (SANTOS, 2000).
Jamais o homem produziu tantos resíduos como vêem produzindo atualmente e jamais
teve tantos problemas, para os quais precisa apresentar soluções imediatas. Depois do
surgimento de produtos recicláveis, houve um aumento expressivo do descarte de resíduos no
meio ambiente. A “sociedade do descarte”, caracterizada pelo desperdício, onde cada vez
mais produz produtos que a natureza não tem condições de absorver, alterando, assim, a
estabilidade ambiental.
Poucas são as sociedades, desenvolvidas ou não, que se preocupam em manejar, tratar
ou destruir os resíduos que produzem o que, nas sociedades primitivas, os próprios
ecossistemas naturais se encarregavam de fazer. A progressiva saturação dos mecanismos de
degradação do ambiente tem tornado, no entanto, cada vez mais exígua, a destruição ou
reciclagem desses pela natureza (SCHNEIDER et al., 2004).
Para a mesma autora, este cenário vem mudando ainda que timidamente, nas últimas
décadas, porém de maneira crescente e irreversível em alguns países industrializados. O
20
Brasil igualmente, tem investido nesse sentido, e já se faz sentir uma certa mudança de
consciência quanto ao descarte de materiais recicláveis e um controle cada vez maior dos
resíduos perigosos, que vem ocorrendo na medida em que tomam forma e são implementados
instrumentos legais e normativos que chama à responsabilidade os geradores.
Conforme Schneider (2004) caminha-se atualmente para um consenso global em que a
coleta, o tratamento e a disposição final dos resíduos são indispensáveis à manutenção da
saúde publica, além de minimizar a possibilidade de contaminação do solo, do ar e das águas
superficiais e subterrâneas. Na medida em que os depósitos de resíduos assumem dimensões
que fogem ao controle, faz-se necessárias a minimização da geração e a utilização de métodos
de tratamento e disposição final que visem diminuir os impactos causados pela redução
mássica e volumétrica e o controle de emissões líquidas e gasosas, restringindo, dessa forma,
a degradação ambiental.
Buscar desenvolver técnicas e tecnologias que minimizem a produção dos resíduos, e
equacionar programas de gerenciamento, considerando as características dos resíduos e do
meio ambiente envolvido, segundo Salles (2004) é uma necessidade urgente para a sociedade,
pois sem estas medidas os reflexos das atividades humanas sobre os ecossistemas naturais
continuarão a ser negativos, causando cada vez mais problemas sociais, danos à saúde
humana e danos ao meio ambiente.
2.1.1 Classificação dos resíduos
De acordo com Almeida (2000), os resíduos sólidos podem ser classificados de várias
formas:
1) por sua natureza física: seco ou molhado;
2)por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;
3) pelos riscos potenciais ao meio ambiente;
4) quanto à origem.
No entanto, as normas e resoluções existentes classificam os resíduos sólidos em
função dos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde, como também, em função da
natureza e origem (BRASIL, 2006).
Com relação aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública a NBR
10.004/2004 classifica os resíduos sólidos em duas classes: classe I e classe II.
21
Os resíduos classe I, denominados como perigosos, são aqueles que, em função de
suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, podem apresentar riscos à saúde e ao meio
ambiente. São caracterizados por possuírem uma ou mais das seguintes propriedades:
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenecidade.
Os resíduos classe II, denominados não perigosos são subdivididos em duas classes:
classe II-A e classe II-B.
Os resíduos classe II-A não inertes podem ter as seguintes propriedades:
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Os resíduos classe II-B inertes não apresentam nenhum de seus constituintes
solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, com exceção
dos aspectos cor, turbidez, dureza e sabor.
Com relação à origem e natureza, os resíduos sólidos são classificados em: domiciliar,
comercial, varrição e feiras livres, serviços de saúde, portos, aeroportos e terminais
rodoviários e ferroviários, industriais, agrícolas e resíduos de construção civil.
Com relação à responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos pode-se
agrupá-los em dois grandes grupos.
O primeiro grupo refere-se aos resíduos sólidos urbanos, compreendido pelos:
• Resíduos domésticos ou residenciais;
• Resíduos comerciais;
• Resíduos públicos.
O segundo grupo, dos resíduos de fontes especiais, abrange:
• Resíduos industriais;
• Resíduos da construção civil;
• Rejeitos radioativos;
• Resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários;
• Resíduos agrícolas;
• Resíduos de serviços de saúde.
O quadro 2 apresenta o grupo de resíduos sólidos urbanos.
22
Quadro 2: Classificação dos resíduos sólidos urbanos.
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
CLASSIFICAÇÃO ORIGEM COMPONENTES/PERICULOSIDADES
Doméstico ou residencial Residências Orgânicos: restos de alimento, jornais,
revistas,embalagens vazias, frascos de
vidros, papel e absorventes higiênicos,
fraldas descartáveis, preservativos,
curativos, embalagens contendo tintas,
solventes, pigmentos, vernizes, pesticidas,
óleos lubrificantes, fluido de freio,
medicamentos; pilhas, bateria, lâmpadas
incandescentes e fluorescentes etc.
Comercial Supermercados,
lojas, bancos,
bares,
restaurantes
etc.
Os componentes variam de acordo com a
atividade desenvolvida, mas, de modo
geral, se assemelham qualitativamente aos
resíduos domésticos.
Público Limpeza de
vias públicas
(inclui varrição
e capina),
praças, praias,
galerias,
córregos,
terrenos
baldios, feiras
livres animais.
Podas, Resíduos difusos (descartados pela
população): entulho, papéis, embalagens
gerais, alimentos, cadáveres, fraldas etc.
Fonte: Adaptado de Brasil, 2006.
No quadro 3, é apresentado o grupo de resíduos que são classificados como resíduos de fontes especiais.
23
Quadro 3: Classificação dos resíduos de fontes especiais
CLASSIFICAÇÃO ORIGEM COMPONENTES/PERICULOSIDADE
Industrial Indústrias,
metalúrgicas, elétrica,
química, de papel e
celulose, têxtil, etc.
Composição dos resíduos varia de
acordo com a atividade.
Construção Civil Construção, reformas,
reparos, demolições,
preparação e
escavações de terrenos.
Conforme a Resolução CONAMA nº.
307/2002 são:
A – Reutilizáveis e recicláveis;
B – Recicláveis para outra destinação;
C – Não recicláveis;
D – Perigosos.
Radioativo Serviços de saúde,
instituições de
pesquisa, laboratórios e
usinas nucleares.
Resíduos contendo substância
radioativa com atividade acima dos
limites de eliminação.
Porto, aeroportos e terminais
rodoferroviários
Resíduos gerados em
terminais de transporte,
navios, aviões ônibus e
trens.
Resíduos com potencial de causar
doenças por ter um trafego intenso de
várias pessoas de várias regiões do país
e do mundo.
Agrícola Gerado na área rural –
agricultura.
Resíduos perigosos – contem restos de
embalagens impregnadas com
fertilizantes químicos, pesticidas.
Da Saúde Qualquer atividade de
natureza médico –
assistencial, humana ou
animal. Clínicas
odontológicas,
veterinárias, farmácias,
centros de pesquisa,
farmacologia e saúde,
medicamentos
vencidos, necrotérios,
Resíduos infectantes (séptico) – cultura,
vacina vencida, sangue e
hemoderivados, tecidos, órgão, produtos
de fecundação cm características
definidas na Resolução nº. 306/04,
materiais resultados de cirurgia,
agulhas, ampola, pipeta, bisturi, animais
contaminados, resíduos que entraram
em contato com pacientes (secreções,
refeições, etc.).
24
funerárias, medicina
legal e barreiras
sanitárias.
Resíduos especiais – rejeito radioativos,
medicamento vencido, contaminado,
interditado, resíduos químicos
perigosos.
Resíduos comuns – que não entraram
em contato com pacientes (escritório,
restos de alimentos, etc.).
Fonte: Adaptado de Brasil, 2006.
2.2 Resíduos de Serviço de Saúde
Entre os diferentes tipos de resíduos gerados atualmente, destacam-se especialmente
os chamados resíduos de serviços de saúde (RSS), os quais podem apresentar riscos pelo fato
de alguns desses resíduos possuírem agentes biológicos e químicos perigosos a saúde e ao
meio ambiente. Embora representem uma pequena parcela em relação aos resíduos sólidos
urbanos, podem ser potenciais fontes de disseminação de doenças, colocando em risco direto
os profissionais de estabelecimentos geradores desses resíduos, bem como pacientes ou
clientes desses serviços, além de toda sociedade (SILVA, 2008).
Os RSS merecem atenção especial, conforme Martins (2004) devido ao risco potencial
dos resíduos, e quando gerados, manejados e dispostos inadequadamente no ambiente,
contribuem para a poluição biológica, química e física do solo, ar e água, tanto superficial ou
subterrânea, submetendo as pessoas à exposição direta ou indiretamente por via de vetores
biológicos ou mecânicos, sendo que estes dependem da quantidade e composição dos
mesmos.
Segundo a Resolução CONAMA nº 358 de 29 de abril de 2005 e a RDC nº 306 de
2004 da ANVISA:
Os resíduos de serviços de saúde são todos aqueles resultantes de atividades exercidas nos serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses;
25
distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares que, por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final.
Várias pesquisas mostram que os RSS representam uma pequena quantia de resíduos
sólidos produzidos pela população. Porém, o risco potencial associado a este é muito grande à
comunidade hospitalar e ao meio ambiente. Este risco, geralmente está vinculado ao manejo
inadequado dos RSS, que poderão gerar doenças e/ou perda da qualidade de vida à população,
que direta ou indiretamente chegue a ter contato com o material descartado.
Segundo Ribeiro Filho (2001) algumas estimativas comprovam que em um hospital
típico, os resíduos infectantes representam aproximadamente 5% (em peso) dos resíduos
totais. No Brasil não há muitos dados a respeito do percentual de resíduos gerados por
hospitais, porém algumas experiências isoladas indicam que, em uma fase inicial, chega-se
facilmente a 30%, e que após algum tempo esse índice tanto pode diminuir como aumentar,
dependendo do empenho, da organização do estabelecimento e dos profissionais envolvidos,
podendo chegar a índices de 15%.
O gerenciamento dos RSS, conforme disposto no Art. 4º da Resolução do Conama,
05/93, mantido no Art. 4º da Resolução Conama 283/01 e reiterado na RDC 306/04 da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é de responsabilidade das empresas
geradoras desses resíduos (SPINA, 2005).
Para Schneider (2004), o não – entendimento de critérios mínimos para o
gerenciamento dos RSS pode levar a situações de risco, decorrentes do manejo inadequado,
podendo causar danos á saúde (funcionários e pacientes), como também causar impactos à
saúde pública e ao meio ambiente, particularmente àqueles que, direta ou indiretamente,
manuseiam esses resíduos, sendo os trabalhadores da área da saúde os pacientes, os
funcionários da coleta pública e a população vizinha desses locais os que correm maior risco
num primeiro momento. Finalmente, os danos podem alcançar a população em geral, tendo
em vista as alterações e as contaminações ambientais (solo, água, ar), que podem ser causadas
por resíduos infectantes e químicos, alem do risco aos catadores e consumidores de materiais
recolhidos da massa dos RSS.
Conforme o mesmo autor, a questão dos RSS não dispõe, contudo, de uma estratégia e
de um planejamento nessa área que indiquem soluções para as diversas etapas do
26
gerenciamento, relacionadas a uma série de indefinições, particularmente no Brasil, com
relação a esses resíduos.
2.2.1 Denominação
A denominação atribuída aos resíduos resultantes de atividades que prestam
assistência à saúde seja ela humana ou animal, tem sido historicamente controversa, sendo
evidente ainda nas discussões acerca do que, como e quando considerar um resíduo como tal.
O momento atual das discussões acerca deste tema no Brasil é a prova disso. Muitos termos
foram usados indistintamente em publicações e ainda o são nas expressões do senso comum
como sinônimos: resíduos sólido hospitalar, resíduo hospitalar, resíduo biomédico, resíduo
médico, resíduo clínico, resíduo infeccioso ou infectante, resíduo patogênico, ou mais
comunente lixo hospitalar. Isto fica evidente ainda no texto da NBR 1004/040 (BRASIL –
ABNT, 2004) onde a denominação “hospitalar” foi mantida, excluindo desta forma um sem
número de fontes geradoras de RSS. (SCHNEIDER, 2004).
No Quadro a seguir, temos algumas definições para resíduos de serviço de saúde.
27
Quadro 4: Definições dos resíduos de serviço de saúde.
Fonte: Valadares, 2009.
(*) Mesma definição adotada para os dois órgãos.
ENTIDADE DEFINIÇÃO
ABNT – NBR12.8071993 “ resultante de atividades exercidas por
estabelecimento gerador, de acordo com a
classificação adotada pela NBR 12.808”. Segundo
esta mesma definição, estabelecimento gerador é a
“instituição que, em razão de suas atividades,
produz resíduos de serviços de saúde”. Por
fim, serviço de saúde é definido como
“estabelecimento gerador destinado a prestação de
assistência sanitária à população”.
RDC ANVISA 306 (*) 2004 “todos resultantes de atividades exercidas em
serviços de atendimento à saúde humana ou animal,
inclusive os serviços de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo, laboratórios analíticos de
produtos para saúde,necrotérios, funerárias e
serviços onde ser realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia e
somatoconservação), serviços de medicina legal,
drogarias e farmácias inclusive as de manipulação,
estabelecimentos deensino e pesquisa na área de
saúde, centros de controle de
zoonoses,distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores e produtores de
materiais e controles para diagnósticos
in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde,
serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, entre
outros similares”
Resolução CONAMA – 358Art. 1º (*)2005
28
2.2.2 Classificação dos RSS
A classificação dos RSS vem sofrendo um processo de evolução contínuo, na medida
em que são introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e como resultado do
conhecimento do comportamento destes perante o meio ambiente e a saúde, como forma de
estabelecer uma gestão segura com base nos princípios da avaliação e gerenciamento dos
riscos envolvidos na sua manipulação. (BRASIL, 2006).
No Brasil existem duas classificações para os RSS: a da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), mais geral voltada para a aplicação prática, e a do CONAMA,
com caráter mais dirigido para a aplicação legal nos serviços de saúde.
A NBR 12.808/93 (ABNT) classifica os resíduos de serviço de saúde em três tipos:
Resíduos Infectantes, Resíduos Especiais e Resíduos Comuns, conforme descrito a seguir:
A. Resíduos Infectantes:
A.1 - Biológico;
A.2 – Sangue e hemoderivados;
A.3 – Cirúrgico, Anatomopatológico;
A.4 – Perfurante ou cortante;
A.5 – Animal contaminado;
A.6 – Assistência ao paciente.
B. Resíduo Especial:
B.1 – Rejeito radioativo;
B.2 – Resíduo farmacêutico;
B.3 – Resíduo químico perigoso.
C. Resíduo Comum:
Não se enquadram em A e B. Por sua semelhança com os resíduos domésticos, não
oferecem risco adicional à saúde.
Os RSS são classificados em função de suas características e conseqüentes riscos que
podem acarretar ao meio ambiente e à saúde.
De acordo com a RDC nº 306/04 da ANVISA e Resolução nº 358/05 do CONAMA,
os RSS são classificados em cinco grupos: A, B, C, D, E:
Resíduos do Grupo A: Engloba os componentes com possível presença de agentes
biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem
29
apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças
anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras.
A1 - Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos
biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou
atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou
mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.
- Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou
certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com
relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se
torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido.
- Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por
contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas
de coleta incompleta.
- Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes
e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos
corpóreos na forma livre.
A2 - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como
suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos
de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a
estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.
A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais
vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade
gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha
havido requisição pelo paciente ou familiares.
A4 - Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.
- Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de
equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.
- Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e
secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter
agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de
disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne
epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou
com suspeita de contaminação com príons.
30
- Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro
procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo.
- Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não
contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.
- Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos
cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica.
- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como
suas forrações.
- Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.
A5 - Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e
demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou
certeza de contaminação com príons.
Resíduos do Grupo B: Contém substâncias químicas que podem apresentar risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e toxicidade.
- Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos;
imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por
serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os
resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e
suas atualizações.
- Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais
pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes.
- Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).
- Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas
- Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da
ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).
Resíduos do Grupo C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que
contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas
normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.
- Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com
radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear
e radioterapia.
31
Resíduos do Grupo D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
- papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de
vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de
venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;
- sobras de alimentos e do preparo de alimentos;
- resto alimentar de refeitório;
- resíduos provenientes das áreas administrativas;
- resíduos de varrição, flores, podas e jardins
- resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.
Resíduos do Grupo E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como:
Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas
diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas;
espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta
sanguínea e placas de Petri) e outros similares.
2.2.3 Geração de RSS
A geração de resíduos sólidos de um estabelecimento de saúde é determinada pela
complexidade e pela freqüência dos serviços que proporciona e pela eficiência que alcançam
os responsáveis pelos serviços no desenvolvimento de suas tarefas, assim como pela
tecnologia utilizada (SCHNEIDER et al., 2004).
O volume gerado de resíduos sólidos de serviço de saúde tem crescido nos últimos
anos e há uma estimativa de crescimento do volume de 3% ao ano, fenômeno alimentado pelo
crescimento do uso de descartáveis, estimado em 5% a 8% ao ano (SCHENEIDER et al.,
2004).
Seguindo o mesmo autor, este revela que as causas principais do crescimento
progressivo da taxa de geração de RSS são o contínuo incremento da complexidade da
atenção médica, o uso crescente de material descartável, e também, segundo o Ministério da
Saúde, a concentração da população brasileira em áreas urbanizadas, além do aumento da
expectativa média de vida do brasileiro. Considera-se também, o aumento das doenças
32
oncológicas, que requerem tratamentos quimioterápicos e radioterápidos, cuja periculosidade
para o ambiente é inquestionável.
Brito (2000) afirma que estudos realizados pela Organização Mundial Saúde (OMS)
relatam que a média de resíduos produzidos por unidades de saúde na América Latina varia de
1 a 4,5 kg/hab/dia, dependendo da complexidade e freqüência dos serviços, da tecnologia
utilizada e da eficácia dos responsáveis pelos serviços.
Nos Estados Unidos, por exemplo, na década de 40, a taxa de geração era da ordem de
3,5 kg/leito/dia por paciente. Na década de 1980, chegou à ordem de 6 kg/leito/dia ou 8
kg/leito/dia (OLIVEIRA, 2009).
Em alguns países foram realizadas várias tentativas de quantificar os RSS, quando se
pretendia estabelecer uma relação em ter kg de RSS/leito/dia. As quantidades apresentaram
variações consideráveis, como por exemplo, no Reino Unido, onde eram gerados 1,5 a 2,5
kg/leito/dia e, no Canadá, 11,4 kg/leito/dia (SCHNEIDER, et al., 2004).
Na Tabela 1 é apresentada a taxa de geração de RSS nos países desenvolvidos,
constatando-se que o Reino Unido apresenta maior taxa de geração de RSS.
Tabela 1: Taxa de geração de RSS nos países desenvolvidos
País Taxa de geração (kg/leito/dia)
Reino Unido 5,5
Irlanda 2.6
Estados Unidos 2,2
França 1,9
Portugal 1,5
Bélgica 1,4
Grécia 1,4
Itália 1,0
Espanha 0,6
Países Baixos 0,6
Taiwan 0,5
Alemanha 0,4
Fonte: Krisiunas et al. (2000), Chung and Lo (2003) apud Tudora et al., (2008).
33
A Tabela 2 apresenta taxas de geração de resíduos sólidos hospitalares da América
Latina, segundo estudo realizado por Monreal.
Tabela 2: Taxas de geração de RSS da América Latina
Geração (kg/leito/dia)
País Ano do estudo Mínima Média Máxima
Chile 1973 0,97 - 1,21
Venezuela 1976 2,56 3,10 3,71
Brasil 1978 1,20 2,63 3,80
Argentina (1) 1982 0,82 - 4,20
Peru 1987 1,60 2,93 6,0
Argentina (2) 1988 1,85 - 3,65
Paraguai 1989 3,0 3,80 4,50
Fonte: Schneider et al., 2004.
A geração de resíduos é decorrência, da especialidade do estabelecimento, dos
produtos e materiais utilizados, bem como dos planos de gestão aplicados a cada situação. Os
modelos de gestão adotados, quando existentes, privilegiam as metodologias que visam
mitigar os efeitos da poluição após a sua geração, onerando os municípios e obtendo baixa ou
nenhuma eficiência na proteção ambiental (SCHNEIDER, et al., 2004). Diante disto,
necessita-se de desenvolvimento e a implementação de sistemas de gerenciamento ambiental.
2.2.3.1 Geração de RSS no Brasil
A ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais) divulgou por meio do documento “Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil”,
informações referentes à situação dos Resíduos Sólidos no Brasil no ano de 2010.
A Tabela e Figura a seguir foram extraídas deste documento (ABRELPE, 2010), e
mostram a situação dos RSS no Brasil, no que tange, respectivamente, à quantidade total
coletada de RSS; e destinação final dos resíduos coletados por município.
34
Tabela 3:Situação do Brasil em relação aos RSS
2009
2010 2010 2010
Região RSS Coletado /
Índice
(Kg/hab/dia)
População
Urbana (hab)
RSS Coletado
(t/ano)
Índice
(kg/hab/ano)
Norte 7.968 / 0,694 11.663.184 8.313 0,713
Noroeste 31.712 / 0,834 38.816.895 33.455 0,862
Centro - Oeste 17.768 / 1,484 12.479.872 17.198 1,378
Sudeste 152.844 / 2,056 74.661.877 157.113 2,104
Sul 10.978 / 0,480 23.257.880 11.988 0,515
Brasil 221.270 / 1,395 160.879.708 228.067 1,418
Fonte: Adaptado de ABRELPE 2009 e 2010 e IBGE (contagem da população 2009 e Censo
2010).
Distribuição dos Municípios por tipo de Destinação dos RSS Coletados (%).
31,80%
15,10%
7,80%
2,50%
27,50%
15,40%
Incineração
Autoclave
Microondas
Vala séptica
Aterro
Lixão
Figura 1:Distribuição dos Municípios por tipo destinação dos RSS Coletados (%). Fonte: ABRELPE (2010).
A figura ilustra que a incineração está em primeiro lugar no que se trata de destinação
final dada aos RSS. No entanto, o mesmo gráfico ilustra que ainda 45,4% dos municípios
35
encaminham tais resíduos para locais de destinação final (lixões, aterro sanitário e aterro
controlado), sem realizar prévio tratamento dos mesmos, o que além de ser o contrário às
normas, apresenta riscos à saúde pública, aos trabalhadores e à população.
Os dados apresentados na Figura 2 mostram um discreto crescimento nas quantidades
de RSS coletadas pelos municípios em 2010 relativamente a 2009 para o Brasil e regiões.
Quantidade de RSS Coletadas pelos Municípios Distribuídos por Região e Brasil
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
Norte
Nordes
te
Centro
- Oes
te
Sudes
te Sul
Brasil
(t x
1000
/ano
)
2009
2010
Figura 2: Quantidade de RSS Coletadas pelos Municípios Distribuídos por Região e Brasil. Fonte: Adaptado de ABRELPE (2010).
Em estudos realizados por Dias e Figueiredo (1999) num hospital de Feira de Santana,
estado da Bahia, os autores registraram que a taxa diária de geração de RSS encontrada foi de
5,7 kg/ leito ocupado. Deste valor, 230g eram de resíduos comuns provenientes da
admisnistração, banheiros externos e recepção, e os 5,47 kg restantes foram considerados
resíduos infectantes, por falta de segregação (TRAMONTINI, 2009).
Confortin (2001) realizou a quantificação dos resíduos de vários setores do Hospital
Regional do Oeste, em Santa Catarina, considerando os resíduos comuns, os perfurocortantes,
os infectantes e os recicláveis. A taxa média de geração encontrada para esta entidade de
saúde foi de 1,081 kg/ leito dia, e o setor que apresentou a maior taxa de geração foi a UTI.
36
2.2.4 Aspectos históricos, legais e normativos dos RSS
Em relação aos RSS, atualmente várias políticas públicas estão sendo discutidas e
legislações restritas vêem sendo elaboradas, com objetivo a garantir o desenvolvimento
sustentável e a preservação da saúde pública. Essas políticas fundamentam-se em concepções
abrangentes no sentido de estabelecer interfaces entre a saúde pública e as questões
ambientais.
Na legislação brasileira, os resíduos sólidos começaram a ser destacados na Lei nº.
1.561, de dezembro de 1951. Esta Lei trata do Código de Normas Sanitárias no Estado de São
Paulo e dispõe sobre a coleta pública transporte e destinação final destes resíduos.
(SCHNEIDER et al., 2004)
Foi a partir da década de 80 que começaram a surgir novas condições jurídicas e
institucionais para ação mais efetiva do controle ambiental. Em 1981, foi criada a Lei nº.
6938.81, estabelecendo a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA constituiu o Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA); e instituiu o Cadastro de Defesa Ambiental,
ocasião em que foi criado também, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
(SILVA, 2008).
O mesmo autor ainda enfatiza que segundo Goldenberg e Barbosa (1996) a criação do
CONAMA em 1981, por meio da Lei nº. 6938/81, representou um grande avanço por reunir
segmentos representativos dos poderes públicos em seus diferentes níveis, juntamente com
delegados de instituições da sociedade civil, para o exercício de funções deliberativas e
consultivas, em matéria de política ambiental. Essa mesma lei introduziu o principio de
poluidor – pagador no direito brasileiro.
A Constituição brasileira de 1988 estabeleceu diversos direitos de cidadania e
impulsionou a participação e a descentralização, principalmente no que se refere à saúde, ao
meio ambiente, aos direitos da criança e outros (SCHNEIDER et al., 2004). No artigo 23
desta Constituição está estabelecido que é de competência da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas e preservar as florestas, fauna e a flora. Já no artigo 225 estabelece que todos
possuem o direito ao meio ambiente saudável, sendo de responsabilidade do Poder Público e
dos cidadãos a preservação deste.
Outras legislações federais que merecem destaque dentro do tema são as Resoluções
CONAMA n° 05/1993 e a de n° 24/1994. A primeira define os procedimentos mínimos para o
37
gerenciamento de resíduos sólidos provenientes de serviços de saúde, portos e aeroportos:
Resíduos Sólidos, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Sistema de Tratamento de
Resíduos Sólidos e Sistema de Disposição Final de Resíduos Sólidos. A segunda determina a
obrigatoriedade da anuência prévia da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, para a
importação ou exportação de rejeitos radioativos (SCHNEIDER et al., 2004).
A Resolução n° 283/2001 do CONAMA aprimorou a Resolução n° 05/1993, dispôs
sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos de serviços de saúde, modificou o termo
plano de gerenciamento de resíduos da saúde para plano de gerenciamento dos resíduos de
serviços de saúde (PGRSS), impôs responsabilidades aos estabelecimentos a fim de
implementar o PGRSS e definiu os procedimentos gerais para o manejo dos resíduos a serem
adotados na elaboração do plano (CALEGARE, 2007).
Segundo o mesmo autor, a ANVISA publicou a Resolução n° 33 em 2003, que dispõe
sobre o regulamento técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde,
gerando polêmica devido as suas contradições. Com isso, essa Resolução foi revogada e
entrou em vigor a Resolução n° 306 em 2004 da própria ANVISA.
Nesta nova Resolução nº 306 de 2004, foi sugerida uma nova forma de gerenciar os
resíduos gerados em serviços de saúde, trazendo novas exigências para todas as etapas
distintas, a começar de sua classificação, alem de classificar os RSS em cinco grupos. Ainda
esta Resolução, recomenda que todo estabelecimento tenha um profissional com registro no
conselho de classe, para que seja o gerente de resíduos, responsável pelo gerenciamento dos
RSS da instituição, bem com pela elaboração do plano de gerenciamento de resíduos de
serviço de saúde (SILVA, 2008).
Esta RDC considera que o gerenciamentos dos RSS é um conjunto de procedimentos
de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e
legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos, proporcionando tratamento e
destinação adequada aos RSS, além, de visar a proteção aos trabalhadores, a preservação da
saúde pública do meio ambiente (BRASIL, 2004).
Em 29 de abril de 2005 Conselho Nacional do Meio Ambiente, publicou a Resolução
nº. 358 em substituição à Resolução nº. 283/01, corroborando com a atual RDC nº. 306/04, da
ANVISA. Esta Resolução define o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde
como sendo um documento integrante do processo de licenciamento ambiental, devendo ser
elaborado com base nos princípios da não – geração e minimização dos resíduos
(TRAMONTINI, 2009).
38
Esta mesma Resolução indica que a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos
desde a geração até a disposição final é dos geradores, mesmo que o serviço seja realizado por
terceiros.
No Estado do Rio Grande do Sul, são as Leis n° 9.921, de 27/07/1993, posteriormente
regulamentadas pelos Decretos n° 38.356, de 01/04/1998, e n° 10.099, de 07/02/1994, que
dispõem sobre os resíduos sólidos. A primeira aborda a gestão de todos os resíduos sólidos,
enquanto que a segunda é mais específica, enfocando os provenientes dos serviços de saúde.
A relação dessa é semelhante à Resolução n° 05, de 05/08/1993, do CONAMA,
diferenciando-se pelo fato de abordar os aspectos referentes às penalidades e sanções
aplicadas ao não cumprimento dos critérios estabelecidos (CALEGARE,2007).
Com base da história da construção da legislação ambiental no Brasil atual, apresenta-
se no Quadro 5, uma síntese de acontecimentos, dentro de uma perceptiva temporal, e um
resumo dos principais acontecimentos ligados a ela.
Quadro 5: Síntese dos acontecimentos, na construção da Legislação Ambiental referente aos
RSS.
DATA ACONTECIMENTO DISPOSIÇÃO
1954 Publicação da primeira
lei brasileira a tratar de
resíduos sólidos – Lei
Federal de nº. 2.312.
Em seu artigo 12 “a coleta, o transporte, e o destino final do
lixo, deverão processar-se em condições que não tragam
inconvenientes á saúde e ao bem estar públicos” (BRASIL,
1954). Esta diretriz foi reafirmada, em 1961 na publicação
do Código Nacional de Saúde – Decreto 49.974-A, em seu
artigo 40.
1977 Lei nº. 6437 Configura infrações à legislação sanitária federal,
estabelece as sanções respectivas e dá outras providências.
1979 Ministério do Interior
baixou a Portaria
MINTER nº. 53
Dispõe sobre o controle dos resíduos sólidos, provenientes
de todas as atividades humanas, como forma de prevenir a
poluição do solo, do ar e das águas. Estabelece que os
resíduos sólidos de natureza tóxica, bem como os que
contêm substâncias inflamáveis, corrosivas, explosivas
radioativas e outras consideradas prejudiciais, devem sofrer
tratamento ou acondicionamento adequado, no próprio
local de geração e nas condições estabelecidas pelo órgão
39
estadual de controle da poluição e de preservação
ambiental.
1981 A Lei nº. 6.938
estabeleceu a Política
Nacional do Meio
Ambiente
- Dispõe no artigo 2º, no item I, que é responsabilidade do
Poder Público, a manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista
o uso coletivo. E no artigo 10, que a construção instalação,
ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais,
considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem
como os capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento
de órgão estadual competente, integrante do Sistema
Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis – SISNAMA, em caráter supletivo, sem
prejuízo de outras licenças exigíveis.
- Introduziu o princípio do “poluidor pagador”
- Determinou a criação do Conselho Nacional de Meio
Ambiente.
1990 Sancionamento da Lei
Federal nº. 8.080
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes, que regulamentou o artigo 200 da
Constituição Federal de 1988, conferindo ao Sistema Único
de Saúde (SUS), além da promoção da saúde da população,
dentre outros, a participação na formulação da política e na
execução de ações de saneamento básico e proteção do
meio ambiente.
1991 Resolução CONAMA nº.
6, de 19/09/1991
Desobriga a incineração ou qualquer outro tratamento de
queima dos resíduos sólidos provenientes dos
estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos, ressalvados
os casos previstos em lei e acordos internacionais.
1993 Aprovação da Resolução
CONAMA nº. 5
Dispõe sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos
oriundos de serviços de saúde, portos, aeroportos e
terminais ferroviários e rodoviários. Os resíduos de
40
serviços de saúde não se restringem apenas aos resíduos
gerados nos hospitais, mas também a todos os demais
estabelecimentos geradores de resíduos de serviço de
saúde, a exemplo de laboratórios patológicos e de analises
clínicas, clínicas veterinárias, centros de pesquisas,
laboratórios, banco de sangue, consultórios médicos,
odontológicos e similares.
1997 A Resolução do
CONAMA nº. 237/97
Delega a competência para emitir a Licença Ambiental,
tanto ao órgão federal, que no caso é o IBAMA, como aos
órgãos estaduais e municipais, a depender da complexidade
e localização do empreendimento. Entretanto, o
licenciamento deve se dar em um único nível de
competência.
1998 A Lei nº. 9605 – Lei de
Crimes Ambientais, de
12/02/1998,
regulamentada pelo
Decreto Federal nº. 3179,
de 21/09/1999
Prevê punições administrativas, civis e penais para as
pessoas físicas e jurídicas que praticarem atividades lesivas
ao meio ambiente. Prevê pena de detenção de um a seis
meses, ou multa de R$ 500,00 a R$ 10 milhões, ou ambas
as penas, cumulativamente.
1999 Aprovação do Decreto nº.
3179, de 21/09/1999
Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, assim
como dá outras providências.
2001 Aprovação da Resolução
CONAMA nº. 275, de
25/04/2001
Estabelece código de cores para diferentes tipos de resíduos
na coleta seletiva.
2001 Aprovação em 12 de
julho de 2001, da
Resolução CONAMA nº.
283/01
Dispõe sobre o tratamento e disposição final dos resíduos
de serviços de saúde. Visa aprimorar e complementar a
Resolução nº. 5/93. Determina que:
- os procedimentos operacionais a serem utilizados devem
ser definidos pelos órgãos do SISNAMA e ANVISA, em
suas respectivas esferas de competências;
- os efluentes líquidos, provenientes dos estabelecimentos
de saúde, deverão atender diretrizes estabelecidas pelos
órgãos ambientais competentes;
41
- o tratamento dos resíduos de serviço de saúde devem ser
realizados em sistemas, instalações e equipamentos
devidamente licenciados pelos órgãos ambientais e
submetidos a monitoramento periódico, apoiando a
formação de consórcios;
- os resíduos com risco químico, incluindo os
quimioterápicos e outros medicamentos vencidos,
alterados, interditados, parcialmente utilizados e impróprios
para o consumo devem ser devolvidos ao fabricante ou
importador que serão co-responsáveis pelo manuseio e
transporte.
2002 Aprovação da Resolução
RDC ANVISA nº 50, de
21/02/2002
Dispõe sobre o regulamento técnico para o planejamento,
programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde.
2002 Aprovação a Resolução
CONAMA nº. 316, de
29/10/2002
Dispõe sobre os procedimentos e critérios para o
funcionamento de sistemas de tratamento térmicos dos
resíduos.
2002 Aprovação da Resolução
RDC ANVISA nº. 342,
de 13/12/2002
Institui e aprova o termo de referência para a elaboração
dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de
Portos, Aeroportos e Fronteiras a serem apresentados a
ANVISA para análise e aprovação.
2003 Aprovação da Resolução
RDC nº. 33 da ANVISA
(DOU 05/03/2003) –
Regulamento Técnico
para o Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de
Saúde (revogada pela
RDC 306/2004).
Elaborada a partir de um trabalho de técnicos da ANVISA
e profissionais convidados de entidades de áreas
representativas.
- Dispõe os requisitos necessários ao gerenciamento seguro
dos RSS – textos do Regulamento Técnico.
- Estabelece as diretrizes para o manejo dos RSS, reafirma
a responsabilidade dos dirigentes dos estabelecimentos
geradores, estabelece a necessidade de designar
profissionais devidamente habilitados para exercer a função
de responsável pela elaboração e implementação do
PGRSS.
- Aborda a segurança ocupacional, enfocando a
importância, tanto do cumprimento das Normas
42
Reguladoras do Ministério do Trabalho, quanto de manter
um programa de treinamento periódico.
2004 Aprovação da Resolução
RDC nº. 306 da ANVISA
(DOU 10/12/2004) –
Regulamento Técnico
para o Gerenciamento de
Resíduos de Serviço de
Saúde
- Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviço de saúde.
- Revoga a Resolução RDC nº. 33 da ANVISA.
2005 Aprovação da Resolução
nº. 358 do CONAMA
(DOU 10/12/2004) –
Regulamento Técnico
para o Gerenciamento de
Resíduos de Serviço de
Saúde
- Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos
resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.
- Revoga a Resolução CONAMA nº. 283/2001.
Fonte: Adaptado de Almeida (2009).
2.2.4.1 Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi criada pela Lei nº. 9.782, de 26 de janeiro
de 1999. É uma autarquia sob regime especial, ou seja, uma agência reguladora caracterizada pela
independência administrativa, estabilidade de seus dirigentes durante o período de mandato e
autonomia financeira. No Quadro 6 é apresentado, cronologicamente, as resoluções da ANVISA
que tratam dos resíduos sólidos, inclusive os de resíduo de serviço de saúde (GOMES, 2008).
43
Quadro 6: Evolução das Resoluções da ANVISA referentes aos RSS.
RESOLUÇÃO DESCRIÇÃO
RDC nº. 50
(21 de fevereiro de 2002)
Trata-se de um regulamento técnico para orientar os
estabelecimentos de saúde no planejamento, programação,
elaboração e avaliação dos estabelecimentos assistenciais de
saúde.
RDC nº. 305
(14 de novembro de 2002)
Relacionado pela primeira vez aos RSS. Estabeleceu que
ficassem proibidos em todo território nacional, enquanto
persistem as condições que configurem risco a saúde, o
ingresso e a comercialização de meteria-prima e produtos
acabados, semi-elaborados ou a granel para o uso em seres
humanos, cujo material de partida seja obtido a partir de
tecido/fluidos de animais ruminantes, relacionados às classes
de medicamentos, cosméticos e produtos de saúde.
RDC nº. 33
(25 de fevereiro de 2003)
Primeira RDC restrita aos RSS. Estabeleceu diretrizes para
Instituições Hospitalares e Similares, normatizou todos os
processos de gerenciamento dos RSS e estabeleceu
classificações dos RSS quanto ao seu potencial infectante.
RDC nº. 306
(07 de dezembro de 2004).
Trata-se de uma revisão da RDC anterior. Esta Resolução
surgiu em 2004 a partir da necessidade de harmonização com
outra norma federal a respeito dos RSS, a do Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Esta estabelece
regulamentos técnicos para o gerenciamento dos RSS e define
o prazo de 180 dias pata todos os estabelecimentos de saúde
se adequar aos requisitos nela contidos.
Fonte: Adaptado de Gomes (2008).
2.2.4.2 Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo
do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA foi instituído pela Lei nº. 6.938/81, que
dispõe sobre a Política do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90. O CONAMA
44
é composto por Plenário, CIPAM, Grupos Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho.
O Conselho é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua secretaria executiva é exercida
pelo Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente. O Quadro 7, apresenta a evolução
cronológica das resoluções do CONAMA que dispõe sobre os resíduos sólidos, inclusive os
resíduos de serviço de saúde (GOMES, 2008).
Quadro 7: Trajetória das Resoluções do CONAMA referentes aos Resíduos Sólidos, inclusive
os de Serviços de Saúde.
RESOLUÇÃO DESCRIÇÃO
Resolução nº. 6
(19 de setembro de 1991)
Dispõe sobre a incineração de resíduos sólidos provenientes de
estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.
Resolução nº. 5
(05 de agosto de 1993)
Estabelece definições, classificação e procedimentos mínimos para
o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde,
portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários.
Resolução nº. 237
(22 de dezembro de 1997)
Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos
na Política Nacional do Meio Ambiente.
Resolução nº. 257
(30 de junho de 1999)
Estabelece que as pilhas e baterias que contenham em suas
composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, tenham
procedimentos de reutilização, tratamento ou disposição final
ambientalmente adequados.
Resolução nº. 275
(25 de abril de 2001)
Estabelece código de cores para diferentes tipos de resíduos na
coleta seletiva.
Resolução nº. 283
(12 de junho de 2001)
Dispõe sobre o tratamento e destinação final dos resíduos de
serviços de saúde.
Resolução nº. 316
(29 de outubro de 2002)
Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de
sistemas de tratamento térmico de resíduos.
Resolução nº. 358
(29 de maio de 2005)
Dispõe sobre o tratamento e disposição final de RSS.
Resolução nº. 386
( 27 de dezembro de 2006)
Revisão do artigo 18 da Resolução nº. 316 de outubro de 2002,
sobre os novos limites e parâmetros ambientais em operações do
sistema de crematórios.
Fonte: Adaptado de Gomes, 2008.
45
2.2.4.3 Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT é o órgão
responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento
tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos e reconhecida como único
Foro Nacional de Normalização, através da Resolução nº. 07 do CONMETRO, de 24.08.1992
(GOMES, 2008).
O Quadro 8 apresenta as normas da ABNT para os resíduos sólidos de acordo com a
trajetória cronológica.
Quadro 8: Normas técnicas da ABNT referentes aos resíduos sólidos, inclusive os RSS.
NORMA DESCRIÇÃO
NBR 12.235
(abril de 1992)
Armazenamento de resíduos sólidos perigosos
NBR 12.808
(janeiro de 1993)
Resíduos de serviços de saúde
NBR 12.810
(janeiro de 1993)
Coleta de resíduos de serviços de saúde
NBR 12.809
(fevereiro de 1993)
Manuseio de resíduos de serviços de saúde
NBR 13.853
(maio de 1997)
Coletores para resíduos de serviços de saúde
perfurocortantes ou cortantes
NBR 7.500
(março de 2000)
Símbolos de risco e manuseio para transporte e
armazenamento de material
NBR 9.191
(julho de 2000)
Sacos plásticos para acondicionamento de lixo
– requisitos e método de ensaio
NBR 14.652
(abril de 2001)
Coletor – transportador rodoviário de resíduos
de serviços de saúde
NBR 14.725
(julho de 2001)
Ficha de informações de segurança de produtos
químicos - FISRQ
NBR 15.051 Laboratório clínico – gerenciamento de
46
(março de 2004) resíduos.
NBR 10.004
(30 de novembro de 2004)
Resíduos sólidos - classificação
NBR 10.005
(30 de novembro de 2004)
Extrato lixiviado de resíduos
NBR 10.006
(30 de novembro de 2004)
Extrato solubilizado de resíduo
NBR 10.007
(30 de novembro de 2004)
Amostragem de resíduos
Fonte: Adaptado de Gomes, 2008.
2.3 Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde
Conforme Guedes (2006) o gerenciamento tem como finalidade estabelecer todas as
etapas do sistema, englobando desde a geração dos RSS até sua disposição final. A sistematização
por meio de um sistema de gerenciamento possibilita ao mesmo tempo, maior segurança no
manejo e melhor organização dos serviços prestados; também incentiva a adoção de práticas de
gestão que visam à reciclagem, à compostagem e ao reaproveitamento, provocando uma redução
do volume de resíduos e uma maior conscientização com relação a preservação do meio ambiente
e à saúde Publica.
A ANVISA, em 2004, através da RDC 306/04, estabelece que o gerenciamento de RSS
seja:
[...] conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública dos recursos naturais e do meio ambiente”.
O princípio do poluidor pagador foi definido no Encontro Internacional do Rio de
Janeiro, em 1992, como um dos princípios fundamentais para a sustentabilidade. Ele define os
47
geradores de resíduos como responsáveis por todo o ciclo de seus resíduos, da geração à
disposição final (BRASIL, 2006).
Os RSS demandam de um gerenciamento próprio com características peculiares,
devido ao alto grau de periculosidade e patogenicidade que comportam (GRIZZI &
BERGAMO, 2002).
Devido às condições precárias do gerenciamento dos resíduos no Brasil, decorrem
vários problemas que afetam a saúde da população – como contaminação da água, do solo, da
atmosfera e a proliferação de vetores – e a saúde dos trabalhadores que têm contato com esses
resíduos. Os problemas são agravados quando se constata o descaso com gerenciamento dos
resíduos de serviço de saúde (GARCIA & RAMOS, 2004).
Para Almeida (2006) o gerenciamento dos RSS é considerado uma atividade
complexa. Envolve duas fases, o gerenciamento interno, que tem como responsável os
próprios estabelecimentos geradores e a fase externa, cabendo a responsabilidade ao poder
público. O gerenciamento interno é constituído pela segregação, acondicionamento, coleta e
armazenagem e o gerenciamento externo engloba o transporte, acondicionamento e
tratamento.
Na atualidade os resíduos sólidos são compostos por grande variedade de materiais
passíveis de recuperação. Processos que busquem a recuperação desses materiais podem, além
de gerar trabalho e renda, proporcionar a redução de extração de recursos naturais e economia
da energia necessária à extração e beneficiamento dos mesmos (BRASIL, 2006).
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº. 6.938/81), no seu artigo 3º, e a
Lei dos Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605/98), artigos 54 e 56, responsabilizam
administrativa, civil e criminalmente as pessoas físicas e jurídicas, autoras e co-autoras de
condutas ou atividades lesivas ao meio ambiente. Com isso, as fontes geradoras ficam
obrigadas a adotar tecnologias mais limpas, aplicar métodos de recuperação e reutilização
sempre que possível, estimular a reciclagem e dar destinação adequada, incluindo transporte,
tratamento e disposição final (BRASIL, 2006).
Para ocorrer uma correta gestão em relação aos resíduos, deve-se primeiramente
conhecer o local gerador, destacando suas características e realizando diagnóstico. Para
ocorrer esta caracterização do local gerador, juntamente com o diagnóstico, existem, duas
maneiras de se caracterizar um resíduo segundo Risso (1993): O primeiro por meio de uma
caracterização analítica, em que se trabalha com a coleta de amostras e execução de análises
qualitativas e quantitativas dos resíduos, normalmente físicas e químicas e raramente
48
biológicas e; o segundo em função da origem, por meio do ponto de geração, pelo risco
potencial que o resíduo apresenta.
Quando gerenciados de maneira correta, apenas cerca de 20% dos resíduos gerados
nos estabelecimentos de serviço de saúde são considerados perigosos (DELLA JUSTINA,
2006). Isto significa que, além de minimizar os riscos à saúde e ao meio ambiente, ação neste
sentido pode reduzir, significativamente, os custos de tratamento deste tipo de resíduo.
A gerência de resíduos de serviço de saúde tem como objetivos assegurar a proteção
da saúde humana, a qualidade do meio ambiente contra possíveis riscos associados à natureza
diversa deste resíduos como também reduzir os custos que possam advir de sua geração,
principalmente nas operações de tratamento e de disposição final (CUSSIOL, 2000).
Um correto gerenciamento de resíduos não se resume em apenas controlar e diminuir
riscos, mas também em minimizar a geração destes resíduos, desde o seu ponto de geração.
O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos,
dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS.
(BRASIL, 2004).
Conforme Maeda (2010) o gerenciamento deve abranger todas as etapas de
planejamento dos recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos
humanos envolvidos no manejo dos RSS.
A Figura 3 apresenta um modelo de Fluxograma para o gerenciamento de resíduos
com as etapas do Plano de Gerenciamento de Resíduos.
49
Figura 3: Etapas do manejo dos resíduos em um PGRSS
Fonte: Fornaciari (2008).
A RDC 306/04 da ANVISA define o manejo de RSS com a ação de gerenciar os
resíduos em seus aspectos intra e extraestabelecimento, desde a geração até a disposição final.
No Quadro a seguir, temos as etapas de um correto gerenciamento dos resíduos,
seguidos com sua breve descrição.
Quadro 9: Síntese do manejo dos resíduos sólidos.
ETAPAS DESCRIÇÃO
Segregação
Constitui-se na fase de separação dos
resíduos no momento e local de sua geração,
de acordo com as características físicas,
químicas, biológicas, ou seu estado físico e
os riscos envolvidos.
Ação tomada para que os resíduos
50
Acondicionamento segregados sejam embalados em sacos ou
recipientes que evitem vazamentos e resistam
às ações de punctura e ruptura.
Identificação
Permite o reconhecimento dos resíduos
contidos nos sacos e recipientes, para que o
manejo dos RSS seja efetuado corretamente,
de acordo com a sua classificação.
Transporte Interno
Transferência dos RSS do local onde foi
gerado até o local para armazenamento
temporário, para que seja apresentado à
coleta externa. O transporte interno de
resíduos deve ser programado em horários
que não coincidam com a distribuição de
medicamentos, alimentos e roupas, ou em
períodos de maior fluxo de pessoas ou de
atividades. Esse transporte deve ser realizado
separadamente e também de acordo com o
grupo e resíduos, ou seja, A;B;C;D;E.
Armazenamento Temporário
É a guarda temporária dos recipientes
contendo os resíduos já condicionados e
identificados, em local próximo aos pontos
de geração. A sala de resíduos é o ambiente
destinado à guarda interna provisória de
recipientes de resíduos sólidos (lixo)
segregados ate seu recolhimento ao abrigo de
recipientes de resíduos.
Tratamento
É um método, técnica ou processo aplicado
que modifica a características dos resíduos
gerados, de forma s minimizar os riscos a
eles inerentes.
Atualmente, são recomendados alguns
métodos de tratamento que podem variar de
51
acordo com o tipo e periculosidade do
resíduo; incineração; autoclave; tratamento
químico; microondas; radiação ionizante;
esterilização e, uso de tocha plasma.
Armazenamento Externo
Também chamado de abrigo de resíduos; é a
etapa do manejo em que os resíduos ficam
armazenados aguardando a coleta externa.
Deve ser localizado em ambiente exclusivo e
com acesso facilitado para os veículos
coletores e sua construção deve seguir
normas de higiene e segurança.
Coleta e Transporte Externos
É a remoção dos RSS do abrigo de resíduos
(armazenamento externo) até a unidade de
tratamento ou local de disposição final.
Disposição Final
Consiste na disposição de resíduos no solo,
previamente preparado para recebê-los
obedecendo a critérios técnicos de
construção e operação, que são o aterros
sanitários. Porém, ainda em caráter
emergencial, quando não se dispõe de
nenhuma forma de tratamento outra
alternativa frequentemente utilizada é a vala
séptica, embora não esteja prevista na
legislação.
Fonte: Adaptado de Brasil, 2004.
2.3.1 Segregação
Conforme Haddad (2006), um dos requisitos essenciais para o bom gerenciamento dos
RSS é a segregação. A segregação dos resíduos de serviços de saúde consiste na separação
52
dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas,
químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos.
O principal objetivo da segregação, segundo Almeida (2003) é criar uma nova cultura
organizacional de segurança e não desperdício, além de permitir que se adote o manuseio,
embalagens, transporte e tratamento mais adequados aos riscos oferecidos por um
determinado tipo de resíduo, facilitando a ação em caso de emergência ou acidente. Além da
mudança organizacional, a segregação tem outros objetivos, como:
a) racionalizar os recursos financeiros destinados aos resíduos sólidos;
b) minimizar a contaminação de resíduos comuns;
c) oferecer procedimentos específicos para o manejo de cada grupo de resíduos;
d) possibilitar o tratamento específico para cada grupo de resíduos;
e) reduzir riscos para a saúde das pessoas que estão em contato direto com os resíduos;
f) diminuir os custos do manejo dos resíduos;
g) permitir a reciclagem ou reaproveitamento de parte dos resíduos comuns (grupo D).
A segregação é uma das etapas mais importantes do gerenciamento, pois uma
segregação bem feita em um estabelecimento gerador pode reduzir muito a quantidade de
RSS que deverão ser encaminhados a tratamento.
2.3.2 Acondicionamento
De acordo com Haddad (2006), o acondicionamento de RSS consiste no ato de
embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às
ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser
compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. O acondicionamento deve ser
executado no momento de sua geração, no seu local de origem, ou próximo, para reduzir as
possibilidades de contaminação.
Brasil (2006) recomenda que:
53
a) os sacos de acondicionamento devem ser constituídos de material resistente a
ruptura e vazamento, impermeável, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo
proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.
b) os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente a
punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato
manual, com cantos arredondados e ser resistentes ao tombamento.
c) os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas de
parto não necessitam de tampa para vedação, devendo os resíduos serem recolhidos
imediatamente após o término dos procedimentos.
d) os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de
material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa
rosqueada e vedante.
e) os resíduos perfurocortantes ou escarificantes - grupo E - devem ser acondicionados
separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso, em recipiente rígido,
estanque, resistente a punctura, ruptura e vazamento, impermeável, com tampa, contendo a
simbologia.
A Figura 4 mostra como deve ser feito o acondicionamento dos RSS conforme sua
classificação.
54
Figura 4: Forma de acondicionamento dos RSS conforme sua classificação. Fonte: Ministério da Educação (2010).
2.3.3 Identificação
Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos
nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS (BRASIL, 2006).
Na identificação dos tipos de resíduos, os recipientes de coleta interna e externa, assim
como nos locais de armazenamento onde são colocados os RSS, devem ser identificados em
local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando símbolos, cores e frases, além de
outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e aos riscos específicos de cada
grupo (BRASIL, 2006), conforme Quadro 10 abaixo.
55
Quadro 10: Identificação dos resíduos de serviço de saúde.
SÍMBOLOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS RSS
Os resíduos do grupo A são
identificados pelo símbolo de
substância infectante, com rótulos de
fundo branco, desenho e contornos
pretos.
Os resíduos do grupo B são
identificados através do símbolo de
risco associado e com discriminação
de substância química e frases de
risco.
Os resíduos do grupo C são
representados pelo símbolo de
presença de radiação ionizantes
(trifólio de cor mangenta) em rótulos
de fundo amarelo e contornos pretos,
acrescido da expressão MATERIAL
RADIOATIVO.
56
Os resíduos do grupo D podem ser
destinados a reciclagem ou à
reutilização. De acordo com a
Resolução CONAMA nº 275/01, a
identificação deve ser feita usando os
códigos de cores e suas respectivas
nomeações e símbolos, quando
adotada a reciclagem. Para o demais
resíduos do grupo D deve ser
utilizada cor cinza ou preta. Caso não
exista o processo de separação para a
reciclagem, não há exigências para a
padronização de cor do recipiente.
Os resíduos do grupo E são
identificados pelo símbolo de
substância infectante, com rótulos de
fundo branco, desenho e contornos
pretos, acrescidos da inscrição de
RESÍDUO PERFUROCORTANTE,
indicado o risco que apresenta o
resíduo.
Fonte: Adaptado de Brasil, 2006.
57
2.3.4 Coleta e transporte interno
A coleta e transporte interno dos RSS consistem no traslado dos resíduos dos pontos de
geração até local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo, com a
finalidade de disponibilização para a coleta. É nesta fase que o processo se torna visível para o
usuário e o público em geral, pois os resíduos são transportados nos equipamentos de coleta
(carros de coleta) em áreas comuns (BRASIL, 2006).
A coleta e o transporte devem atender ao roteiro previamente definido e devem ser
feitos em horários, sempre que factível, não coincidentes com a distribuição de roupas,
alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades.
A coleta deve ser feita separadamente, de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes
específicos a cada grupo de resíduos (BRASIL, 2006).
Ainda o mesmo autor sugere que o transporte interno dos recipientes deve ser
realizado sem esforço excessivo ou risco de acidente para o funcionário. Após as coletas, o
funcionário deve lavar as mãos ainda enluvadas, retirar as luvas e colocá-las em local próprio.
Ressalte-se que o funcionário também deve lavar as mãos antes de calçar as luvas e depois de
retirá-las. Os equipamentos para transporte interno (carros de coleta) devem ser constituídos
de material rígido, lavável, impermeável e providos de tampa articulada ao próprio corpo do
equipamento, cantos e bordas arredondados, rodas revestidas de material que reduza o ruído.
Também devem ser identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo nele
contido.
2.3.5 Armazenamento
O armazenamento consiste na guarda segura dos resíduos, em local apropriado do
estabelecimento.
Dependendo do porte do estabelecimento, poderá haver necessidade de dois tipos de
abrigo para armazenamento dos resíduos: um na unidade geradora, e outro onde os resíduos
ficam estocados aguardando coleta externa. Os dois tipos de abrigo têm suas características
definidas na NBR 12.809/93. (SCHNEIDER et al., 2004).
Segundo Brasil (2006), este armazenamento pode ser dividido em:
58
a) temporário – Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos
já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro
do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à
disponibilização para coleta externa.
O armazenamento temporário possui como função conservar os resíduos em condições
seguras até o momento mais adequado para a realização da coleta interna.
O local deste armazenamento deve atender às especificações da NBR 12.809/93 –
Procedimentos de Manuseio dos Resíduos de Serviços de Saúde. O local de armazenamento
temporário é facultativo para os pequenos geradores. Para este, os resíduos gerados podem ser
encaminhados diretamente para o local de armazenamento externo.
b) armazenamento externo – consiste na guarda dos RSS, em locais apropriados, no
estabelecimento, até a coleta externa. Este local deve ser construído em ambiente exclusivo,
com acesso externo facilitado à coleta, possuindo, no mínimo, um ambiente separado para
atender o armazenamento de recipientes de resíduos do Grupo A, juntamente com o Grupo E,
e um ambiente para o Grupo D. O abrigo deve ser identificado e restrito aos funcionários do
gerenciamento de resíduos, ter fácil acesso para os recipientes de transporte e para os veículos
coletores, que não podem transitar pela via pública externa à edificação, para terem acesso ao
abrigo de resíduos. O local de armazenamento externo deve seguir as especificações da NBR
12.810/93 – Procedimento de Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde, além das orientações
do item 15 (Armazenamento Externo) do Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços
de Saúde da ANVISA.
2.3.6 Tratamentos
É todo o processo que, realizado dentro dos padrões de segurança, modifica as
características físicas, químicas ou biológicas dos resíduos, minimizando ou eliminando os
riscos a estes (BRASIL, 2004).
O objetivo de tratar resíduos infecciosos, segundo Schneider et al. (2004) é reduzir os
riscos associados com a presença de agentes infecciosos, mudando suas características
biológicas tanto quanto reduzindo ou eliminando seu potencial de causar doença. Para ser
efetivo, ele deve reduzir ou eliminar os patógenos presentes nos resíduos, de tal modo que não
mais representem risco às pessoas que a eles estão expostas.
59
Para o mesmo autor citado a cima não há uma forma única para tratamento de todos
os resíduos infectantes: a melhor solução deverá ser o resultado da combinação entre variáveis
locais como: condições geográficas, infra-estrutura já existente, disponibilidade de recursos,
quantidade e distribuição dos serviços de saúde.
Existem vários procedimentos de tratamento dos RSS, os quais estão associados aos
diferentes grupos de resíduos. Todas as informações sobre os diversos tipos de tratamento,
específicos a cada tipo de resíduo – inclusive para os resíduos contaminados, que possuam
característica que os enquadrem em mais de um grupo – estão relacionados no Manual de
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (BRASIL apud ALMEIDA, 2009).
A tabela 4 abaixo demonstra a capacidade instalada de tratamento de RSS conforme o
ano de 2010, demonstrando que a região Sudeste do Brasil está mais evoluída neste sentido, e
o tratamento de autoclave se afirma como o mais utilizado no país.
Tabela 4:Capacidade instalada de tratamento de RSS.
Capacidade Instalada (t/ano) x Tecnologia
Região Autoclave Incineração Microondas Total
Norte - 1.248 - 1.248
Nordeste 5.304 16.723 - 22.027
Centro-Oeste 3.120 8.299 - 11.419
Sudeste 69.841 27.612 47.112* 144.565
Sul 22.464 4.992 3.744 31.200
Brasil 100.729 58.874 5.856 210.459
Fonte: ABRELPE (2010).
* A estes dados foram somados 31.200 t/ano, tratadas por Desativação Eletrotérmica – ETD.
2.3.7 Coleta e Transporte Externos
A coleta externa consiste no recolhimento dos RSS armazenados nas unidades a serem
transportados para o tratamento ou para a disposição final (SCHNEIDER et al., 2004).
Os principais pontos a serem considerados para a realização da coleta e transporte
externo dos RSS são: roteiros, freqüência e horários; características dos meios de transporte;
60
carga e descarga; manutenção e desinfecção de equipamentos e utensílios; medidas de
segurança; capacitação do pessoal envolvido e exigências legais como licenciamento,
responsabilidade técnica, dentre outros, além do veículo utilizado para o transporte. Este deve
ser de cor branca e estar devidamente identificado com símbolo universal de substância
infectante, baseado na Norma da ABNT, NBR 7500/2000 - Símbolos de Risco e Manuseio
para o Transporte e Armazenamento de Materiais (ALMEIDA, 2009).
2.3.8 Disposição Final
A Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005, CONAMA, dispõe sobre o tratamento e a
disposição final dos resíduos de serviço de saúde e dá outras providências.
A destinação é a última etapa do gerenciamento de resíduos, entendida como a etapa
em que o resíduo não poderá mais ser manuseado.
Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los,
obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e licenciamento em órgão
ambiental competente (DELLA JUSTINA, 2006).
Segundo Almeida (2009) atualmente, as formas de disposição final dos RSS utilizadas
são: aterro sanitário, aterro de resíduos perigosos Classe I (para resíduos industriais), aterro
controlado, lixão ou vazadouros e valas:
Aterro sanitário – é um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no
solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde pública;
Reciclagem – é o processo de transformação dos resíduos que utiliza técnicas de
beneficiamento para reprocessamento ou obtenção de matéria-prima para fabricação de novos
produtos;
Valas sépticas – esta técnica é chama de “célula especial de RSS” e é empregada em
pequenos municípios. Consiste no preenchimento de valas escavadas impermeabilizadas, com
largura e profundidade proporcionais à quantidade de lixo a ser aterrada.
61
2.3.9 Diagnóstico dos RSS
A primeira etapa de um processo de gerenciamento racional de RSS passa,
obrigatoriamente, pela caracterização quali - quantitativa do elemento a gerir. No caso dos
RSS, essa operação consiste em uma adequada identificação dos materiais que os compõem.
Os resíduos devem ser hierarquizados em função de determinadas características que tornem
importante, do ponto de vista sanitário, operacional e ambiental, mantê-los em classes
distintas. Ao hierarquizar os resíduos por uma ou mais características, estar-se-à
caracterizando-os (SCHNEIDER, et al., 2004).
A Organização Pan-Americana da Saúde (1997) recomenda uma série de etapas a
serem seguidas para efetuar a caracterização dos resíduos de serviço de saúde, a saber:
• Identificação das fontes principais de geração de resíduo (infeccioso, comum, e especial) e
seleção de zonas de amostragem, que dependerão das características do estabelecimento
quanto ao tamanho, quantidade, qualidade e complexidade de seus serviços.
• Segregação, coleta e armazenamento na fonte de geração, conforme a classificação
estabelecida: comum, infectante e reciclável, por exemplo.
• Determinação do tamanho da amostra e sua representatividade. O tamanho da amostra
deverá ser compatível e representativo em relação ao local escolhido.
62
3 METODOLOGIA
3.1 Área de estudo
Esta pesquisa foi realizada no HR, localizado no norte do Rio Grande do Sul,
no Planalto Médio sul-rio-grandense, no Alto da Serra do Botucaraí.
Figura 5: Mapa com a localização da região do Alto da Serra do Botucataí dentro do estado do Rio Grande do Sul, e localização do Estado no mapa do Brasil.
Fonte: Fundação de Economia e Estatística (2010).
63
Figura 6: Mapa dos 16 municípios que compõem o Alto da Serra do Botucaraí do Estado do
Rio Grande do Sul, no ano de 2008.
Fonte: Fundação de Economia e Estatística (2008).
Devido ao alto grau de importância que o hospital representa, optou-se por não
divulgar seu nome, apenas sua localização. Portanto preferiu-se chamar a Instituição, de
Hospital Regional.
O HR está localizado no norte do Rio Grande do Sul, no Planalto Riograndense, no
Alto da Serra do Botucaraí. As principais atividades econômicas na região são a extração e
comercialização de granitos, assim como a agricultura e a pecuária. Segundo dados da Fundação
de Estatística e Economia de 2010, a região possui aproximadamente 103.979 habitantes, com
uma área total de 5.746,4 km². Sua densidade demográfica equivale a 18,1 hab/km.
Conforme Figura 6 acima, o Alto da Serra do Botucaraí compreende os seguintes
municípios: Alto Alegre, Barros Cassal, Campos Borges, Espumoso, Fontoura Xavier, Gramado
Xavier, Ibirapuitã, Itapuca, Jacuizinho, Lagoão, Mormaço, Nicolau Vergueiro, São José do
Herval, Soledade, Tio Hugo e Victor Graeff.
Com relação à assistência médico-hospitalar, a região possui apenas um hospital para
atender a população dos seguintes municípios: Barros Cassal, Fontoura Xavier, São José do
Herval, Arvorezinha, Ibirapuitã, Espumoso, Alto Alegre, Soledade, Mormaço, Campos Borges,
Nova Alvorada, Tunas e Lagoão. Totalizando uma população em torno de 100.000 habitantes.
64
3.2 Classificação da Pesquisa
Pesquisa é o mesmo que busca ou procura. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar
resposta para alguma dúvida ou problema. Em se tratando de Ciência a pesquisa é a busca de
solução a um problema que alguém queira saber a resposta (BELL0, 2008).
Conforme o mesmo autor é na pesquisa que utilizaremos diferentes instrumentos para
se chegar a uma resposta mais precisa. O instrumento ideal deverá ser estipulado pelo
pesquisador para se atingir os resultados ideais. Para o autor, mais importante do que definir o
tipo de pesquisa, que se está sendo realizada, é definir que instrumentais de pesquisa serão
utilizados para que as fontes possam oferecer um material de qualidade para ser trabalhado.
Esta pesquisa é caracterizada como pesquisa descritiva e exploratória, Isso pode ser
comprovado através dos seus objetivos, pois descreve as características de uma situação que
envolve variáveis, com o uso de técnicas padronizadas, como o questionário para a coleta de
dados, ao mesmo tempo em que recorre a pesquisas bibliográficas para fundamentação do
estudo e análise de exemplos que estimulem a compreensão do fato estudado.
A pesquisa também pode ser classificada com pesquisa quantitativa e qualitativa.
Quantitativa pela forma de abordagem, pois segundo Silva e Menezes (2001) este tipo de
pesquisa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números
opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas
estatísticas e traduz em números as opiniões e informações para serem classificadas e
analisadas e utilizam técnicas estatísticas. E qualitativa, porque os dados foram coletados
preferencialmente nos contextos em que os fenômenos são construídos e a análise dos dados
foi desenvolvida preferencialmente, no decorrer do processo de levantamento deles.
De acordo com Denzim e Lincoln (2000), a pesquisa qualitativa é uma atividade que
demarca o lugar do observador no mundo. Chizzoti (1991) ressalta que a abordagem
qualitativa procura reconhecer se existe uma relação entre o mundo real e o sujeito, ou seja,
uma interdependência viva entre sujeito e objeto.
Segundo Schnitman (2011) pesquisa exploratória:
Tem por finalidade a descoberta de práticas ou diretrizes que precisam ser modificadas e obtenção de alternativas ao conhecimento científico existente. Tem
65
por objetivo principal a descoberta de novos princípios para substituírem as atuais teorias e leis científicas. É a coleta de dados e informações sobre um fenômeno de interesse sem grande teorização sobre o assunto, inspirando ou sugerindo uma hipótese explicativa; É a coleta de dados e informações sobre um fenômeno de interesse sem grande teorização sobre o assunto, inspirando ou sugerindo uma hipótese explicativa.
A pesquisa torna-se descritiva, pois visa descrever as características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Requer o uso de
técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Conforme
Schnitman (2011) pesquisa descritiva:
Tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito do seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do pesquisador, que apenas procura descobrir, a freqüência com que o fenômeno acontece. Visa descrever determinadas características de populações ou fenômenos ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Basicamente consiste na coleta de dados através de um levantamento.
3.3 Etapas do processo metodológico
Para a aplicação da pesquisa foi realizado um estudo em cinco etapas, conforme o
Fluxograma da Figura 7, que representa a estrutura metodológica para o desenvolvimento das
atividades da pesquisa.
66
Figura 7: Fluxograma da estrutura metodológica.
ETAPA 1: Estudos Iniciais
Levantamento de Normas e Legislações.
ETAPA 2: Conhecimento do Problema
Visita inicial Encontro com responsáveis
Esclarecimento de dúvidas
ETAPA 3: Elaboração de Material de Pesquisa
Aplicação do questionário
Levantamento do manejo dos
RSS
Levantamento fotográfico
Quantificação dos resíduos
Revisão Bibliográfica
ETAPA 4: Tratamento e Análise dos Dados
Organização dos dados
Uso do Programa
Microsoft Excel
ETAPA 5: Conclusão e Recomendações
Entendimento da realidade do
HR
67
3.3.1 Etapa 1 - Estudos iniciais
Primeiramente ocorreu um estudo inicial, com revisão de literatura sobre o tema RSS
com auxílio de dissertações, artigos, livros, etc., e levantamento da legislação vigente e de
Normas Técnicas sobre o presente assunto.
3.3.2 Etapa 2 - Conhecimento do Problema
Nesta etapa houve uma visita inicial ao estabelecimento, proporcionando encontro
com profissionais responsáveis para conhecimento geral do problema e esclarecimento das
dúvidas pertinentes ao projeto em questão. Verificou-se também a caracterização do hospital
(número de leitos, capacidade de pacientes, etc.). Isto foi possível por meio de pesquisa
documental e conversa com profissionais.
3.3.3 Etapa 3 – Material de Pesquisa
Foram realizadas visitas técnicas para conhecimento do diagnóstico dos resíduos
gerados no estabelecimento; aplicação de questionário para levantamento do manejo dos RSS
no estabelecimento (APÊNDICE A); levantamento fotográfico e realização da quantificação
destes resíduos.
A identificação dos RSS gerados e informações a respeito da segregação dos resíduos
ocorreram através da observação do processo de trabalho, aplicação de questionário, e a partir
de informações obtidas com os funcionários dos estabelecimentos, durante as visitas de rotina,
com o uso de tabelas para preenchimento (APÊNDICE B).
Levantamento de dados referentes aos procedimentos acondicionamento,
identificação, coleta interna e externa, transporte interno e externo, tratamento, destinação
final, dos resíduos gerados no hospital estudado foi obtida atrás de observação direta e de
conversas com os responsáveis pelo manejo dos resíduos, e supostamente preenchimento das
tabelas (APÊNDICE B) para melhor entendimento e clareza da situação.
68
O levantamento dos resíduos de serviços de saúde gerados foi realizado de acordo com
a Resolução RDC n.º 306/2004, CONAMA n.º 358/2005.
3.3.4 Etapa 4 - Tratamento e análise dos dados
Nesta etapa ocorreu a organização dos dados obtidos através dos questionários e na
observação nas visitas realizadas.
Para obtenção da média diária e mensal dos resíduos, com divisão de resíduos
orgânicos, recicláveis, infectantes, químicos e perfurocortantes foram realizadas e
quantificadas amostragens diárias dos resíduos em um período de tempo de sete dias
consecutivos, conforme metodologia proposta pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2001). Foi
realizado cálculo da geração diária de RSS (em quilogramas), a partir da soma de todos os
valores obtidos nas amostragens por dia. Ao final, fez-se o cálculo de média simples, para a
obtenção da taxa de geração média dos RSS ao mês.
Na fase de processamento dos dados, programa computacional Microsoft® Office
Excel 2003 foi utilizado.
3.3.5 Etapa 5 – Conclusão e recomendações
A quinta etapa compreendeu o entendimento da realidade de gerenciamento de RSS no
HR, realizando uma análise do sistema de gerenciamento e propostas de melhorias.
69
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme consta na metodologia descrita acima, foi realizado o diagnóstico do
sistema de gerenciamento de RSS no Hospital Regional/RS.
4.1 Caracterização do Hospital Regional
O HR é uma entidade de direito Privado, classificado como Hospital Geral, de
finalidade Filantrópica, contando atualmente com 146 leitos hospitalares em condições de
prática de atendimento de uma medicina curativa eficaz. O Corpo Clínico é constituído por 31
profissionais médicos, contando com um quadro funcional de 140 funcionários diretos,
incluindo os médicos plantonistas do pronto atendimento 24 horas por dia.
A capacidade de atendimento que a Instituição suporta é de 2.799 pacientes ao mês.
O Hospital conta com as seguintes unidades:
Leito SUS – atualmente com 77 leitos;
Leitos particulares – dispõe de 35 leitos privativos e semiprivativos, destinados aos
pacientes particulares;
Maternidade – área composta por 8 leitos, destinada a gestantes e pós parto. Em média
60 nascimentos por mês;
Pediatria – composta por 17 leitos, sendo 4 leitos de isolamento com incubadora;
Unidade de Tratamento Diferenciado Adulto – Esta unidade conta com 6 leitos
individualizados, eletrocardiograma, monitores cardíacos e desfribriladores;
Bloco cirúrgico – atualmente com 3 salas cirúrgicas;
Ambulatório – profissionais médicos atendendo 24 horas por dia.
O responsável pelos resíduos nesta Instituição é o Enfermeiro Chefe.
Vale ressaltar que se optou por não divulgar o nome da Instituição de Saúde, apenas
sua localização.
70
4.2 Diagnóstico do gerenciamento dos RSS
A avaliação do gerenciamento dos resíduos de serviço de saúde do Hospital Regional
ocorreu durante os dias 04/10/2011 à 18/11/2011. Durante este período de estudo, a
instituição sempre esteve disposta á atender as visitas pré-agendadas e a responder os
questionamentos.
4.2.1 Segregação dos RSS
Esta pesquisa foi desenvolvida com separação de setores do HR, para facilitar a
observação e aquisição dos dados, ficando divida entre: Ambulatório, Almoxarifado, Centro
Cirúrgico, Pediatria, Unidade de Tratamento Diferenciado Adulto – UTDA, Maternidade,
Posto 1, Posto 2, Posto 3, Posto 4, Posto 5, Direção, Farmácia, Manutenção, Cozinha,
Lavanderia.
Através desta divisão pode-se analisar melhor os locais onde os resíduos eram
gerados, e melhor organizá-lo. No quadro 11, apresenta-se a divisão de setores, com as
respectivas classes dos resíduos geradas em cada setor. Nota-se que resíduos Classe C
(radioativos) não são encontrados no HR.
Quadro 11: Tipos de Resíduos gerados no HR por setor.
A INFECTANTE
UNIDADES A3
A4
B QUIMICO
C RADIOATIVO
D COMUM
E PERFUROCORTANTE
Ambulatório
X X X X
Almoxarifado X
Centro Cirúrgico
X X X X X
71
Pediatria X X X X
Posto 1
X X X X
Posto 2
X X X X
Posto 3
X X X X
Posto 4
X
X
X
X
Posto 5
X
X
X X
UTDA
X
X
X
X
Maternidade X X X X
Farmácia X X
Manutenção, lavanderia.
X
X
Cozinha, direção.
X
Observa-se que o Centro Cirúrgico, o Ambulatório e a Maternidade são as alas que
mais produzem diferentes tipos de RSS.
A identificação dos resíduos do Hospital em estudo pode ser vista de maneira
sintetizada no Quadro 12, que contém os tipos de resíduos gerados, sua classe e classificação.
Quadro 12: Identificação dos tipos de resíduos gerados no HR.
CLASSE DESCRIÇÃO
A Bolsas de sangue, placenta, mandrio de abocath, gaze, micropore,
esparadrapo, placas de petri com material biológico, polifix,
frascos de soro, bolsas transfusionais, kits de linhas arteriais,
endovenosas e dialisadoras, sondas, atadura, tecidos, fluidos
orgânicos, materiais perfurocortantes com certeza de contaminação
de príons, luvas de procedimentos, filtro de ar condicionado
central.
B Frascos de medicamentos vazios, resíduos saneantes,
desinfectantes, resíduos contendo metais pesados, reagentes, para
72
laboratório, inclusive os recipientes contaminado por estes,
produto para lavagem de louças, formol.
D Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças
descartáveis do vestuário, resto alimentar do paciente e do preparo
dos alimentos, equipo de soro, garrafas pet, bombonas plásticas,
toalha papel, papel, papelão, resíduos de varrição, flores, podas e
jardim, gesso, embalagens de plásticos, copo descartável.
E Agulhas, escalpes, ampolas de vidros, lâminas de bisturi, lancetas,
tubos capilares, micropipetas, lâminas, espátulas, utensílio de vidro
quebrados (pipetas, tubos de coleta sanguínea, placas de Petri).
Durante os dias de visitas de rotina, pode-se identificar alguns erros em relação a
separação de alguns resíduos, como por exemplo no bloco cirúrgico, onde observou-se que os
seguintes resíduos estavam dispostos em recipientes próprios para os resíduos do Grupo D:
equipo macro, luvas contaminadas, mandrio de abocath e frascos de soro.
4.2.2 Acondicionamento
Os resíduos são acondicionados em sacos constituídos de material resistente a ruptura
e vazamento, impermeável, conforme a NBR 9191/2000 da ABNT recomenda.
No Quadro a seguir, demonstra-se onde os resíduos são acondicionados, dependendo de sua classe.
73
Quadro 13: Acondicionamento dos resíduos gerados.
CLASSE DO RESÍDUO
DESCRIÇÃO DO ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS
Alguns resíduos estão contidos em recipientes de material
lavável, resistente a ruptura, punctura e vazamento,
impermeável, com tampa provida de sistema de abertura
sem contato manual, com cantos arredondados.
Os sacos estão identificados com a simbologia de
substância infectante e sua cor é branco leitoso.
A
Os restos fetais, placentas e peças anatômicas (membros),
são acondicionados em sacos pretos e brancos, em freezer
próprio para tal material, e a cada 15 (quinze) dias uma
empresa terceiriza autorizada pela FEPAM recolhe para dar
o devido descarte.
B
Substâncias perigosas são acondicionados em sacos de cor
branca leitosa.
D
São acondicionados em sacos impermeáveis de cor preta e
algumas vezes em sacos de cor azul.
E
Os materiais perfurocortantes são acondicionados
separadamente em caixas específicas, no local de sua
geração, imediatamente após o uso.
A seguir, algumas imagens comprovando o acondicionamento dos RSS no HR.
74
Figura 8: Acondicionamento dos resíduos classe A e D, e identificação dos mesmos.
Figura 9: Acondicionamento dos resíduos classe A, os restos fetais, placentas e peças
anatômicas (membros), em freezer próprio para tal material.
75
Figura 10: Resíduos potencialmente infectantes armazenados dentro das bombonas no abrigo
destinado ao armazenamento externo.
Figura 11: Resíduos perfurocortantes armazenados dentro das bombonas no abrigo destinado
ao armazenamento externo.
76
Figura 12: Imagem dos sacos contendo resíduo contaminado.
4.2.3 Identificação
Apenas três tipos lixeiras apresentavam identificação do que poderia ser descartado
dentro, como mostra a figura a seguir:
Figura 13: Identificação dos resíduos gerados no HR.
77
Para resíduo contaminado, há a seguinte identificação:
Adesivo com fundo da cor vermelha, com Lixo Contaminado em cor amarela. Logo
abaixo encontra-se s resíduos que podem ser descartados nessa lixeira, como luvas, gaze,
equipo, polifix, algodão, abocath sem mandril, sondas, bolsas coletoras, micropore, atadura,
drenos.
Para resíduo não contaminado ocorre a seguinte identificação:
Adesivo de fundo azul, com Lixo Contaminado em cor amarela. Logo abaixo
encontra-se indicação dos resíduos que podem ser descartados nessa lixeira, como papel,
copos, plásticos, embalagens.
A terceira lixeira encontrada com algum tipo de identificação é para frascos de soro,
onde o adesivo tem como cor de fundo o verde e a escrita em branco.
Destaca-se que nas lixeiras encontradas não apresentam os símbolos de identificação.
Estes tipos de lixeiras, com esta identificação foram encontradas apenas no Centro
Cirúrgico, Ambulatório, UTDA, Maternidade.
Na Figura 14 temos o exemplo de acondicionamento para resíduos perfurocortantes, e
na Figura 15 exemplos de lixeiras contidas no Estabelecimento de Saúde, sem nenhum tipo de
identificação.
Figura 14: Caixa descapax para separação do resíduo perfurocortante.
78
Figura 15: Lixeiras sem nenhum tipo de identificação, localizadas nos postos, farmácia,
administração, manutenção, lavanderia, cozinha.
4.2.4 Coleta e transporte interno
A coleta é feita separadamente de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes
específicos a cada grupo de resíduos.
A coleta dos RSS é feita seguindo o seguinte fluxo:
79
Figura 16: Fluxograma referente à coleta interna dos RSS gerados no HR.
COLETA INTERNA DOS RSS
Funcionária da higienização recolhe os sacos de resíduo
das unidades duas vezes cada turno, e antes de colocar
outro saco no recipiente é feito a limpeza;
Ao final de cada turno um funcionário específico para tal
função passa com o carro de coleta recolhendo o resíduo
de todas as unidades;
Na parte externa do hospital é feita a verificação da
segregação (separação) dos RSS, usando os EPI’s,
contemplando assim a segurança do funcionário.
Depois da verificação os resíduos contaminados,
perfurocortantes, são encaminhados ao abrigo externo, e os
resíduos comuns ao espaço reservado para eles.
80
O transporte interno dos recipientes é realizado com roteiro definido, sem esforço
excessivo e não demonstra risco de acidente para o funcionário que recolhe. Após as coletas, é
orientado que o funcionário lave as mãos ainda enluvadas, e só após retirá-las e armazená-las
em local próprio. Orienta-se também que o funcionário lave as mãos antes de colocar as luvas
e após retirá-las.
A coleta interna ocorre duas vezes pela parte da manhã e outras duas pela parte da
tarde. Na Figura 17, temos a imagem do carrinho utilizado para coleta interna.
Figura 17: Carrinho para coleta interna.
4.2.5 Armazenamento temporário e externo
O armazenamento temporário dos RSS é feito no expurgo, e recolhidos ao final de
cada turno. Este local de armazenamento consiste na guarda temporária dos recipientes
contendo os resíduos já acondicionados. A estrutura apresentada para este fim na Instituição
ocorre perto do abrigo externo, localizado assim longe dos seus pontos de geração,
dificultando a agilidade da coleta dentro do estabelecimento.
81
Figura 18: Armazenamento temporário dos resíduos.
O armazenamento externo do resíduo contaminado e perfurocoratante é feito em
bombonas (Figura 20) devidamente identificadas (Figura 21) e destinadas para tal fim,
disponibilizadas pela empresa que recolhe. O resíduo fica em um abrigo fechado, como
mostra Figura 19, onde somente quem tem acesso é o profissional que faz a coleta interna e a
empresa que passa recolhendo.
Figura 19: Abrigo externo dos resíduos.
82
Figura 20: Bombonas disponibilizadas pela empresa contratada para destinação final e
tratamento.
Figura 21: Identificação da bombona para resíduo infectante.
O armazenamento externo do resíduo comum é feito em ambiente fora ao abrigo
externo, sem contato com os resíduos infectantes, e contaminados, como mostra a Figura 22.
83
Figura 22: Ambiente fora do abrigo externo, para fácil coleta do sistema de coleta do município.
Figura 23: Imagem do abrigo externo com vista da rua.
4.2.6 Coleta e transporte externo
A coleta externa dos materiais contaminados e perfurocortantes é realizado por
empresa privada contratada pela Instituição. O veículo utilizado para o transporte é
devidamente licenciado, atende as Normas Técnicas da ABNT, Legislação Ambiental do
CONAMA, Resolução da ANVISA e disposições gerais das licenças de operação da FEPAM-
RS. A coleta é realizada quinzenalmente.
84
A coleta externa do resíduo comum é realizada pelo setor público, ou seja, pela
Prefeitura Municipal, onde o HR está localizado.
4.2.7 Tratamento
Para o tratamento é feito o Tratamento Térmico, junto à Estação de Tratamento,
localizada na RS 344 nº 1687 km – 98 em Santo Ângelo.
4.2.8 Destinação final
Após a coleta dos resíduos do Grupo B e processo de incineração dos mesmos, o
destino final das cinzas escórias e resíduos do Grupo B (químicos tais como vidros com
resíduos de medicamentos, medicamentos vencidos, e etc...), são enviados para o Aterro
Industrial de Classe I, junto a empresa CETRIC – Central de Tratamento de Resíduos Sólidos
de Chapecó Ltda, em Chapecó/SC. E os resíduos Químicos Líquidos do Grupo B são
encaminhados, juntos a Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos da CETREL – Centro
de Tratamento de Efluentes Líquidos Ltda.
O destino final do resíduo comum é o aterro sanitário de município, no qual o HR se
localiza.
4.2.9 Quantificação dos resíduos
Após amostragens dos RSS no estabelecimento de serviço de saúde, durante sete dias
consecutivos, seguindo legislação pertinente, obteve-se a média de geração de resíduos diária
e mensal, mostradas na Tabela 5 a seguir. Na tabela consta à estimativa da quantidade dos
resíduos, constando resíduos dos Grupos A, B, D e E. A amostragem era realizada ao final do
dia, com os sacos recolhidos pelos funcionários nas coletas internas.
85
Tabela 5: Estimativa da quantidade de resíduos gerados no HR.
Tipo de resíduo Quantidade gerada
(kg/dia)
Estimativa da quantidade
gerada (kg/mês)
Participação (%)
Classe A (Infectante) 17 kg 510 kg 24 %
Classe B (Químico) 5 kg 150 kg 7 %
Classe D (Comum) 48 kg 1440 kg 68 %
Classe E
(Perfurocortante)
0,6 kg 18 kg 1 %
Porcentagem da geração de resíduos no HR
24%
7%
68%
1%
Classe A (Infectante)
Classe B (Químico)
Classe D (Comum)
Classe E (Perfurocortante)
Figura 24: Gráfico representando a porcentagem de resíduos gerados no HR.
Foram levantados os percentuais relativos à geração dos resíduos. Os resultados,
conforme Figura 24, mostram que a maior parte dos resíduos gerados é do tipo orgânico,
representando um percentual de 47%, seguido dos resíduos infectantes, com um percentual de
24%. A menor taxa de geração encontrada corresponde a 1%, referente a resíduos do tipo
perfurocortantes.
86
4.2.10 Análise do sistema de gerenciamento do hospital e propostas de melhorias
Os dados levantados com este estudo nos permitem entender a atual situação em
relação aos resíduos no HR. Nota-se que esta Entidade está preocupada com a questão dos
resíduos, e se mostra interessado para obter melhorias na gestão destes. Algumas medidas
citadas abaixo, podem ser muito importantes para o alcance deste objetivo, como por
exemplo:
• Segregar sempre corretamente os resíduos, para não ocorrer o descarte de resíduos
infecciosos em sacos de resíduos comuns, ou vice e versa. A primeira situação é
mais grave, principalmente pelo risco de contaminação, onde estes resíduos serão
dispostos sem nenhum tipo de tratamento. Já a segunda situação causa ao hospital
um maior custo econômico, uma vez que ele é levado junto com os resíduos
infecciosos para tratamento.
• Adequar a identificação do acondicionamento dos resíduos conforme exigido pela
legislação, contendo os símbolos de identificação.
• Para ocorrer o manejo sem pontos falhos, é de extrema importância desenvolver
vários treinamentos específicos para os funcionários, mostrando como deve ser
procedida a correta segregação, e reconhecimento dos sistemas de identificação.
Uma outra forma de desenvolver estes conhecimentos seria através de campanhas,
com a utilização de cartazes que contenham como segregar corretamente os
resíduos, mostrando a importância da correta segregação destes, para a redução de
riscos de contaminação, segurança para pacientes e profissionais, proteção ao meio
ambiente e redução de custos com o manejo do resíduo. Isso pode ser feito de
forma conjunta com os treinamentos.
• Em relação aos EPI’s, deverão continuar sempre a serem utilizados quando os
resíduos forem manuseados, para evitar riscos de acidentes. Deve-se aumentar a
fiscalização em cima dos funcionários responsáveis.
• O abrigo de resíduos externo encontra-se inadequado, o piso deve ser revestido de
material liso, impermeável, lavável e de fácil higienização. Ocorre também falta de
sinalização mostrando o grau de periculosidade dos resíduos neste abrigo. Há uma
87
preocupação da direção quanto à segurança destes resíduos abrigados neste local,
pois estão apenas trancados por uma porta de ferro com cadeado, com fácil acesso
para qualquer individuo. Como a Instituição possui espaço físico para construção de
um novo abrigo, isso solucionaria este problema.
• Um ponto negativo que merece destaque é a falta de dados sobre a caracterização
quantitativa dos resíduos gerados, portanto não se pode fazer comparações com a
quantidade que era gerada a anos atrás. Agora se sugere elaborar uma planilha com
estes dados, que deverá ser sempre atualizada, para consultas posteriores e para
propor metas de redução.
A quantificação dos resíduos demonstrou que a média diária de geração de resíduos,
de sete dias de amostragem, é de 71 kg/dia. E os resíduos mais encontrados foram os resíduos
comuns, seguido pelos infectantes. O segundo merece maior atenção devido ao seu alto grau
de contaminação.
88
5 CONCLUSÃO
O Hospital Regional é considerado uma instituição de grande importância na região, por
atender vários municípios vizinhos. Em conseqüência desse grande número de atendimentos,
tem-se a produção de volumosa quantidade de Resíduos de Serviço de Saúde, que se forem
gerenciados de maneira incorreta, expõem o estabelecimento, os funcionários e a população a
riscos de contaminação, além de causar impactos ao solo, ar e água.
Ao final do desenvolvimento da pesquisa, o objetivo principal foi alcançado, onde o
gerenciamento dos resíduos foi verificado no HR. A pesquisa propiciou o conhecimento das
atuais práticas de gerenciamento na Instituição, através da análise de aspectos como geração,
segregação, classificação, acondicionamento, identificação, coleta, transporte, tratamento e
disposição final.
Concluiu-se que estes aspectos estão sendo realizados dentro do limite que a Instituição
apresenta. Nota-se grande preocupação da equipe na questão dos resíduos, e interesse de
melhorias. Mas vale ressaltar que para um correto gerenciamento não basta somente isso,
necessita-se nessa Instituição de maiores recursos econômicos dedicados a essa área, e
também maiores recursos humanos, onde uma equipe especializada que saiba proceder em
todas as etapas do gerenciamento dos resíduos seria o ideal, com intuito assim de sempre
proteger todos os funcionários, pacientes, população e o meio ambiente.
Em relação ao levantamento da legislação pertinente aos RSS, esta se mostrou
satisfatória, por estar evoluindo e mostrando progresso no mundo e no nosso país,
demonstrando a preocupação de todos com o assunto. Cabe a nós cidadãos, fiscalizarmos
todas as instituições que geram resíduos, para que estas legislações sejam obedecidas.
Com a quantificação dos resíduos, pode-se descobrir que a geração dos resíduos comuns
é superior aos resíduos infectantes, porém, mesmo em menor quantidade requerem um
cuidado especial, pelo fato, de que se mal segregados, podem causar muitos problemas a
saúde e ao meio ambiente. Em se tratando de resíduos orgânicos e recicláveis deve-se realizar
campanha de minimização de resíduos.
Por se tratar de resíduos que possuem grande importância pelo seu grau de
contaminação, como fator indireto de impactos a saúde e ao meio ambiente, tanto nessa
entidade, como em tantas outras na área da saúde, deve-se sempre visar por um trabalho mais
eficiente, minimizando o volume de resíduos a serem tratados e dispostos, minimizando assim
a exposição de contaminação, tanto da saúde humana, quanto do meio ambiente,
89
Através da realização da pesquisa, pode-se constatar a necessidade de um Plano de
Gerenciamento de Resíduos, onde o objetivo é adequar totalmente a instituição á legislação,
para supostamente obter um manejo totalmente correto.
5.1 Sugestões para trabalhos futuros
O trabalho de pesquisa realizado junto ao HR, não deve ser um estudo considerado
acabado, pois ele nos proporciona possibilidades e oportunidades de estudos futuros, como:
a) Realizar a quantificação dos resíduos em período de maior tempo, e sempre que
possível, para ocorrer comparação de dados e novas propostas de melhorias.
b) Realizar a quantificação dos resíduos por alas aqui divididas neste trabalho.
c) Propor um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde.
d) Avaliar o gerenciamento anualmente.
90
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96
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS Data: __/__/__ Hora: ____
Profissão: ___________________
Assinale com X os resíduos que são gerados no estabelecimento
Grupo A – Resíduos infectantes: Resíduos que apresentam risco potencial à saúde
pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos.
( ) Vacinas contendo microorganismos vivos ou atenuados;
( ) Bolsas de sangue;
( ) Placenta;
( ) Gaze, micropore, esparadrapo;
( ) Placas de petri com material biológico;
( ) Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós - transfusão;
( ) Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.
( ) Tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais
resultantes da atenção a saúde de indivíduos, com suspeita ou certeza de contaminação com
príons.
( ) No caso do estabelecimento em questão esse tipo de resíduo não é gerado.
Grupo B – Resíduos químicos: Resíduos que apresentam risco potencial à saúde
pública e ao meio ambiente devido à suas características químicas.
( ) Produtos considerados perigosos conforme classificação da NBR 10.004/04 (tóxicos,
corrosivos, inflamáveis e reativos);
( ) Frascos de medicamentos vazios;
( ) Resíduos saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados;
reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes.
97
( ) No caso do estabelecimento em questão esse tipo de resíduo não é gerado.
Grupo C – Resíduos Radioativos:
( ) Resíduos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios
de análises clinicas, serviço de medicina nuclear e radioterapia.
( ) No caso do estabelecimento em questão esse tipo de resíduo não é gerado.
Grupo D – Resíduos Comuns: Resíduos que não apresentam risco biológico, químico
ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente podendo ser equiparados aos resíduos
domiciliares.
Esse grupo de resíduo se subdivide em dois subgrupos, sendo eles:
RE – Resíduos Recicláveis (papel, papelão, vidro, metais e outros).
ES – Resíduos Específicos (entulhos, móveis, lâmpadas fluorescentes, etc.).
( ) Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário,
resto alimentar de paciente, equipo de soro;
( ) Garrafas PET;
( ) Bombonas plásticas;
( ) Sobras de alimentos e do preparo de alimentos;
( ) Resíduos provenientes das áreas administrativas (papel, papelão, etc.);
( ) Resíduos de varrição, flores, podas e jardim;
( ) Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.
Grupo E – Perfurocortantes ou Escarificantes
( ) Agulhas, escalpes, ampolas de vidro, lâminas de bisturi, lancetas;
( ) Tubos capilares, micropipetas;
( ) Lâminas e lamínulas, espátulas;
( ) Utensílios de vidros quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri);
( ) Outros similares.
Obs:
___________________________________________________________________________
98
___________________________________________________________________________
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Quais são as dificuldades encontradas para realizar o gerenciamentos dos resíduos?
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99
APÊNDICE B
ROTEIRO COM TABELAS E QUESTIONAMENTOS PARA AUXÍLIO DE AVALIAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO E SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS GERADOS Data: __/__/__
TIPO DE RESÍDUO CLASSE DESCRIÇÃO DO RESÍDUO
100
ACONDICIONAMENTO TEMPORÁRIO DOS RESÍDUOS Data: __/__/_ GRUPO EMBALAGENS A
B
C
D
E
RESÍDUOS SEGREGADOS INCORRETAMENTE
RECIPIENTE RECIPIENTE QUE
DEVERIA ESTAR DESCARTADO
DATA
101
COLETA INTERNA
Equipamento utilizado para coleta interna: ___________________________________ Freqüência da coleta interna: ______________________________________________ Horário da coleta interna:__________________________________________________ Equipamento de proteção individual: ________________________________________
ABRIGO DOS RESÍDUOS
a) Os resíduos são acondicionados em recipientes apropriados;
b) As dimensões do abrigo são suficientes para armazenar a produção de resíduos por
três dias ou mais, sem empilhamento dos recipientes acima de 1,20m.
c) O piso, paredes e teto do local são de material liso, impermeável e lavável e de cor
branca.
d) O abrigo dos resíduos é higienizado após a coleta externa ou sempre que ocorrer
derramamento.