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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Adriano Borges Pires Análise de Viabilidade Econômica de um Sistema de Compostagem Acelerada para Resíduos Sólidos Urbanos Passo Fundo, 2011

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Adriano Borges Pires

Análise de Viabilidade Econômica de um Sistema de Compostagem Acelerada para Resíduos Sólidos Urbanos

Passo Fundo, 2011

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Adriano Borges Pires

Análise de Viabilidade Econômica de um Sistema de Compostagem Acelerada para Resíduos Sólidos Urbanos

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientador: Prof. Adalberto Pandolfo, Dr.

Passo Fundo , 2011.

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Adriano Borges Pires

Análise da Viabilidade Econômica de um Sistema de Compostagem Acelerada para Resíduos Sólidos Urbanos

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:_________________________

Prof. Dr. Adalberto Pandolfo

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Prof. Dra. Aline Ferrão Custódio Passini

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________

Prof. Msc. Eduardo Pavan Korf

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

Passo Fundo, 05 de dezembro 2011.

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RESUMO

Os resíduos sólidos urbanos estão no centro de uma das principais discussões sobre qualidade ambiental. O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil de 2010 revelou que o país produziu 195 mil toneladas de resíduos por dia, sendo que a quantidade de matéria orgânica representa, em peso, mais de 50% deste total. As usinas de triagem e compostagem são alternativas dentro do contexto que envolve o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU). Estudos de viabilidade econômica voltados a compostagem de RSU ainda são pouco realizados no nosso país, mesmo porque esta prática somente ganhará força a partir do real cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada pela Lei Federal 12.305/2010. Sendo assim este trabalho objetivou avaliar economicamente, através da construção de um fluxo de caixa, a implantação de um sistema de compostagem acelerada para resíduos sólidos orgânicos, buscando a redução destes resíduos na disposição final em aterros e produzindo um composto de valor agregado. Para esta análise determinou-se as estimativas de investimentos e gastos e receitas envolvidas no processo de implantação e operação de um sistema desta natureza. Com base na mensuração de valores para a implantação e operação de um sistema de compostagem acelerada para RSU, bem como nas pesquisas de mercado sobre o preço praticado na comercialização do composto, observou-se que este empreendimento é viável, sob o ponto de vista econômico, tendo o mesmo apresentado uma Taxa Interna de Retorno de 24,91%. O Valor Presente Líquido para este empreendimento foi de R$ 1.216.357,00 e o Valor Anual foi de R$ 165.264,00. Com base nos levantamentos realizados e construção do fluxo de caixa para implantação e operação de um Sistema de Compostagem Acelerada para Resíduos Sólidos Urbanos com capacidade para 30 toneladas diárias, o estudo demostrou-se viável do ponto de vista econômico e vantajoso do ponto de vista ambiental. Palavras-chaves: Viabilidade econômica. Compostagem acelerada. Resíduos sólidos urbanos.

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ABSTRACT

The solid wastes are at the heart of one of the main discussions on environmental quality. The Overview of Solid Waste in Brazil in 2010 revealed that the country produced 195.000 tonnes of waste per day, and the amount of organic matter is by weight more than 50% of this total. The sorting and composting plants are alternatives within the context that surrounds the management of solid waste (MSW). Economic feasibility studies aimed at MSW composting are still largely carried out in our country, even if only because this practice will gain strength from the actual enforcement of the National Solid Waste Policy, approved by Federal Law 12.305/2010. Therefore this study aimed to evaluated economically, by building a cash flow, the implementation of an accelerated composting system for organic solid waste, seeking to reduce the final disposal of these wastes in landfills and producing a compound value. For this analysis we determined the estimates ofrevenues and expenditures and investments involved in the implementation and operation of such a system. Based on the measurement of values for thedeployment and operation of a system for accelerated composting municipal solid waste as well as in market research on prices in the marketing of the compound, it was noted that this project is feasible from the point of view of economics , and the same presentedan Internal Rate Return of 24.91%. The Liquid Present Value for this project was R $ 1.216.357,00 and the Annual Value of R$ 165.264,00. It was concluded before the surveys and construction cash flow for the implementation of an Acelerated Composting System for municipal solid waste, the study demonstrates is viable economically advantageous and environmentally. Keywords: Economic viability. Accelerated composting. Municipal solid waste.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Lauro Bertussi Pires e Beloni Borges Pires,

aos quais faço questão de citar, eles que sempre motivaram, compreenderam, apoiaram e

acima de tudo serviram de exemplo para que todo e qualquer passo dado fosse realizado de

forma honesta e dedicada, esta conquista é graças a vocês. A minha irmã que é simplesmente

um exemplo de organização e trabalho bem feito e me motiva, mesmo que de forma indireta.

À minha namorada, a quem devo estes anos incríveis, agradeço a paciência,

companheirismo, sabedoria, troca de valiosas experiência de vida e acima de tudo amor

recíproco durante estes períodos de mudança e adaptações que enfrentamos.

Aos professores, de uma forma geral, que passaram e deixaram suas experiências e

conhecimentos e que com certeza nos ajudarão na longa jornada que enfrentaremos como

profissionais da grande área de engenharia ambiental a ser conquistada e defendida e suas

infinitas vertentes.

Em especial, agradeço ao professor e orientador, Adalberto Pandolfo, que já

anteriormente quando ministrou a disciplina de economia ambiental mostrou-se parceiro e

profissional diferenciado e que desde o início das conversas sobre este trabalho dedicou-se e

jamais se abdicou de me auxiliar, tenha certeza que ficou para mim um modelo profissional e

pessoal.

Aos amigos, que fiz nesta jornada inicialmente desconhecida, mas que nos mostra que

a batalha somente fortalece aos que são de coragem e fé e nos proporcionam no final, alianças

duradouras e verdadeiras.

Por fim a agradeço a Deus e as positivas vibrações agregadoras que movem o

universo, mostrando que os bons são mesmo maioria e a caminhada é construída de acordo

com nossas decisões e atitudes e devemos esperar o melhor sempre, porém estando

preparados para o que vier.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 8

1.1 Considerações iniciais ............................................................................................ 8

1.2 Problema de pesquisa ............................................................................................. 9

1.3 Justificativa .......................................................................................................... 10

1.4 Objetivos .............................................................................................................. 11

1.4.1 Objetivo geral ................................................................................................. 11

1.4.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 12

2.1 Resíduos sólidos ................................................................................................... 12

2.2 Compostagem ....................................................................................................... 13

2.2.1 Histórico ......................................................................................................... 13

2.2.2 Definição ........................................................................................................ 13

2.3 Classificação dos métodos de compostagem ......................................................... 14

2.3.1.1 Biologia ................................................................................................... 14

2.3.1.2 Temperatura ............................................................................................ 14

2.3.1.3 Ambiente ................................................................................................. 15

2.3.1.4 Processo .................................................................................................. 15

2.4 Métodos de compostagem .................................................................................... 16

2.4.1 Compostagem natural ..................................................................................... 16

2.4.1.1 Artesanal em leiras com revolvimento manual ou mecânico..................... 16

2.4.2 Compostagem acelerada ................................................................................. 17

2.4.2.1 Leiras estáticas com aeração forçada ........................................................ 17

2.4.2.2 Reatores fechados com aeração forçada ................................................... 18

2.5 Principais variáveis para controle na compostagem ............................................... 20

2.5.1 Matéria-prima ................................................................................................. 20

2.5.2 Organismos..................................................................................................... 20

2.5.3 Umidade ......................................................................................................... 22

2.5.4 Aeração .......................................................................................................... 23

2.5.5 Temperatura ................................................................................................... 24

2.5.6 Relação C/N e pH ........................................................................................... 25

2.5.7 Granulometria ................................................................................................. 26

2.6 Qualidade do composto ........................................................................................ 27

2.7 Benefícios e vantagens da utilização de composto orgânico .................................. 27

2.8 Considerações gerais na avaliação econômica de projetos ..................................... 28

2.8.1 Conceitos básicos da análise de investimentos ................................................ 28

2.8.1.1 Gasto ....................................................................................................... 29

2.8.1.2 Investimento ............................................................................................ 29

2.8.1.3 Despesa ................................................................................................... 29

2.8.1.4 Custo ....................................................................................................... 29

2.8.1.5 Receitas ................................................................................................... 30

2.8.1.6 Depreciação ............................................................................................. 30

2.8.1.7 Fluxo de caixa ......................................................................................... 31

2.8.1.8 Taxa Mínima de Atratividade (TMA) ...................................................... 32

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2.9 Avaliação econômica de projetos .......................................................................... 34

2.9.1 Viabilidade econômica.................................................................................... 34

2.9.2 Método do Valor Presente Líquido (VPL) ....................................................... 34

2.9.3 Método do Valor Uniforme Anual (VA) ......................................................... 35

2.9.4 Método da Taxa Interna de Retorno ................................................................ 36

2.9.5 Tempo de retorno do investimento (Payback) ................................................. 37 3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 39

3.1 Caracterização do município de Vacaria ............................................................... 39

3.2 Classificação da pesquisa ...................................................................................... 40

3.3 Procedimentos e métodos ..................................................................................... 41 4 RESULTADOS ............................................................................................................ 47

4.1 Determinação dos parâmetros de investimentos e gastos ....................................... 47

4.2 Levantamento das receitas e tributos ..................................................................... 51

4.3 Análise de viabilidade econômica ......................................................................... 53

4.3.1 Depreciação .................................................................................................... 53

4.3.2 Avaliação Econômica da Compostagem Acelerada de RSU ............................ 54

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 56

5.1 Conclusão do trabalho .......................................................................................... 56

5.2 Recomendações para trabalhos futuros ................................................................. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 58

APÊNDICE A – Quadro do fluxo financeiro do SICA-RSU ............................................ 63

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais

No início do século XXI, um grande problema ambiental ainda vem assolando as

cidades brasileiras – a questão da geração e destinação dos resíduos sólidos, originados das

atividades humanas cotidianas. A geração desenfreada e a disposição inadequada dos resíduos

constituem grande foco de poluição ambiental, ocasionando problemas nas áreas política,

social, econômica, técnica e de saúde.

Conforme o último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado em setembro

de 2010, o Brasil gerou 60.868.080 toneladas de resíduos sólidos urbanos, representando um

aumento de 6,8% em relação ao ano anterior. O estudo apresenta ainda que aproximadamente

23 milhões de toneladas/ano dos resíduos coletados no nosso país tem destinação final

inadequada, sendo depositadas em lixões e aterros controlados.

A Lei Federal nº 12.305, sancionada em 02 de agosto de 2010 e que instituiu a Política

Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), trata em diversos artigos da reciclagem, incluindo-se

em sua definição a compostagem. A PNRS cita a compostagem como destinação final

ambientalmente adequada para os RSU cabendo ao titular dos serviços públicos de limpeza

urbana implantar sistemas de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com

agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido.

A partir da vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos existe uma hierarquia a

ser seguida na gestão e no gerenciamento dos resíduos sólidos, com uma ordem de prioridade

de ações a serem seguidas. A reciclagem, que nos termos da lei, é o processo de

transformação dos resíduos, envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas

ou biológicas, com vistas a transformação em insumos ou novos produtos, foi inserida dentre

as ações prioritárias a serem executadas nesse processo de gestão de resíduos.

As técnicas atualmente disponíveis para compostagem de RSU e já largamente

utilizadas, principalmente na Europa, demonstram que se a questão for tratada de forma

adequada, acompanhada e operada por profissionais qualificados, torna-se possível

transformar um grave problema em uma atividade socioeconômica importante, contribuindo

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positivamente na geração de trabalho e renda, recuperação de áreas degradadas e na

preservação e conservação dos recursos naturais.

1.2 Problema de pesquisa

Os resíduos sólidos urbanos estão, hoje, no centro de uma das principais discussões

sobre qualidade ambiental. Eles representam um grande desafio porque demandam espaço

físico adequado para sua disposição, apresentam riscos potenciais de contaminação de solos e

águas subterrâneas e superficiais, através do percolado, e, na decomposição anaeróbica que

ocorre nos aterros de RSU, existe a liberação de gases que contribuem para o agravamento do

efeito estufa, como, por exemplo, o metano (CH4). No caso do Brasil, a população representa

3% da população mundial e é responsável por 6,5% da produção de resíduos sólidos no

mundo. (SMA, 2003).

Conforme o último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, divulgado em 2010 pela

Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - Abrelpe, o

relatório revelou que o país produziu, em 2010, 195 mil toneladas de resíduos por dia, sendo

que a quantidade de matéria orgânica representa, em peso, uma quantidade superior a 50%

deste total. A pesquisa ainda aponta que aproximadamente 6,5 milhões de toneladas não

receberam coleta e 42,4% não foram adequadamente destinadas, ou seja, acabaram em

“lixões” ou aterros controlados.

Conforme Ribeiro e Lima (2000), ao ser disposto no solo, os resíduos sólidos urbanos

(RSU) estão sujeitos a sofrerem infiltrações de águas superficiais, que ao percolar através da

massa de resíduos se soma à água resultante da umidade natural do lixo, à água de

constituição de várias substâncias e aos líquidos que resultam da dissolução da matéria

orgânica, pela ação de microrganismos.

A questão dos RSU constitui problemas de ordem econômica, social, ambiental e

cultural, exigindo a participação total da sociedade para o sucesso na implantação de soluções.

Como exemplo, cita-se os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, através da

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – IBGE/PNSB (2000), que indicam a presença de

aproximadamente 24.340 pessoas trabalhando em lixões de municípios brasileiros, sendo

5.393 crianças com idade até 14 anos e, do total apontado, residem em lixões 7.274 pessoas,

das quais 2.435 são crianças.

Um dos principais desafios para a problemática dos resíduos sólidos urbanos no Brasil

está no campo do gerenciamento. As usinas de triagem e compostagem são alternativas dentro

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deste gerenciamento. As primeiras unidades deste tipo foram instaladas na década de 1960,

mas devido a problemas de ordem gerencial e operacional, somente no fim da década de

1980, como resultado de um programa desenvolvido pelo Banco Nacional do

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tinha como objetivo solucionar os

problemas existentes nos lixões, é que algumas unidades iniciaram operações.

O foco principal da análise deste trabalho está no estudo da viabilidade econômica da

um sistema de compostagem acelerada para resíduos sólidos, contribuindo com um

tratamento diferenciado dos resíduos gerados no município de Vacaria-RS, no que se refere à

redução do volume dos resíduos enviados ao aterro sanitário municipal e produzindo um

composto de valor agregado.

1.3 Justificativa

Segundo Zaneti (2003), a questão dos resíduos sólidos urbanos constitui uma das

maiores preocupações e fonte de despesas das administrações municipais na atualidade.

Algumas soluções técnicas isoladas têm resolvido parcialmente o problema, mas com o passar

do tempo, a quantidade e a complexidade dos resíduos vêm crescendo transformando-se em

ameaça ao meio ambiente e à saúde pública.

Tränkler et al (2002) afirma que, quando a compostagem antecede o aterramento de

resíduos, a demanda química oxigênio (DQO) e os compostos nitrogenados do percolado do

aterro podem ser reduzidos em, respectivamente, 77% e 89%. Além disto em 20 anos a

formação de gás pode ser reduzida em mais que 35%, e o aquecimento global potencial

abatido em mais que 63%. O impacto será ainda menor se, ao invés ser aterrado, o composto

for aplicado no solo.

A compostagem pode ser utilizada como alternativa para transformação de resíduos

sólidos orgânicos, integrada a um sistema de reciclagem de materiais ou como único sistema

de tratamento da fração orgânica dos resíduos aliando a isto a valoração com um produto de

valor agregado.

Como afirma Bley Jr. (2001), a grande justificativa de se construir unidades de

triagem e compostagem reside nas vantagens diretas de saneamento com redução de volumes

a aterrar, tornando-se uma opção essencial dos administradores públicos, pois através da

adoção do processamento em usina de triagem e compostagem configurasse como uma

alternativa segura e de longo prazo.

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A proposta de implantação de uma unidade de compostagem com aeração forçada

propicia a transformação dos resíduos orgânicos em um composto com valor agregado em um

tempo médio de aproximadamente 40 dias, resultando na redução significativa do volume de

rejeito destinado ao aterro sanitário, a inativação de patógenos presentes na massa de resíduo,

a redução dos impactos hídrico, atmosférico e do solo, entre outros benefícios. (BLEY JR,

2001)

Sob outra ótica, esta abordagem sobre a análise de viabilidade econômica de um

sistema de compostagem acelerada para resíduos sólidos urbnaos justifica-se pelo fato da

necessidade de buscar informações que venham a contribuir na vida profissional do

engenheiro ambiental, aliando a busca de alternativas no campo do gerenciamento de resíduos

e agregando os fatores sociais e ambientais ao estudo econômico de viabilidade, a fim de

promover desta forma os preceitos do desenvolvimento sustentável.

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo geral

Tem-se como objetivo geral: avaliar economicamente a implantação de um sistema de

compostagem acelerada para resíduos sólidos orgânicos no município de Vacaria, buscando a

redução destes resíduos na disposição final em aterros e produzindo um composto de valor

agregado.

1.4.2 Objetivos específicos

O presente trabalho tem como objetivos específicos:

1. determinar os parâmetros de investimentos e gastos para implantação do sistema de

compostagem acelerada de resíduos sólidos urbanos;

2. realizar o levantamento dos parâmetros para determinação das receitas envolvidas na

implantação do sistema de compostagem acelerada;

3. verificar a viabilidade econômica da compostagem acelerada de resíduos sólidos urbanos.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Resíduos sólidos

Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com sua natureza física (seco

ou molhado), sua composição química (orgânico e inorgânico) e sua fonte geradora

(domiciliar, industrial, hospitalar, etc.). Uma classificação que se sobrepõe a todas as demais é

aquela que considera os riscos potenciais dos resíduos ao ambiente, dividindo-os em

perigosos, inertes e não inertes, segundo a norma da ABNT, NBR 10.004 de 2004 existem as

seguintes classes de resíduos:

Classe I – Perigosos: apresentam periculosidade ou uma das características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade;

Classe II A – Não perigosos e não inertes: não se enquadram nas classificações de

resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Podem ter propriedades, tais

como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;

Classe II B – Não perigosos e inertes: quando submetidos a um contato dinâmico e

estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não possuem nenhum de

seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de

água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma Brasileira

Regulamentadora (NBR) 10004 de 2004, define resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, domiciliar, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

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2.2 Compostagem

2.2.1 Histórico

Uma das referências mais antigas de uso de composto na agricultura aparece nas

placas de argila no Vale da Mesopotâmia, 1000 anos antes de Moisés. Os romanos, os gregos

e tribos de Israel já conheciam a compostagem, textos medievais religiosos e a literatura

Renascentista apresentam também comentários a respeito do composto. Os chineses

sistematicamente aplicavam os princípios da compostagem (OWEN, 2003).

No Brasil foi Dafert, diretor do Instituto Agronômico de Campinas, que entre 1888 e

1893, apresentou relatórios explicando como preparar e incentivando o uso de composto

orgânico. Trinta anos mais tarde, no mesmo Instituto, D´Utra, desenvolveu trabalhos que

fomentava o preparo no meio agrícola. Em 1945, os resultados dos trabalhos de Aloisi

Sobrinho indicavam uma técnica para inoculação do composto com água e estrumes animais.

Em 1950, Luiz de Queiroz, da Escola Superior de Agricultura, passou a fomentar o uso do

composto (KIEHL, 1985).

2.2.2 Definição

Conforme Pereira Neto (1996), o termo “composto orgânico” tem sido utilizado para

designar o material orgânico, rico em carbono, produzido através da decomposição aeróbia de

resíduos da preparação de alimentos e de atividades de manutenção de parques, praças e

jardins públicos ou particulares.

O resultado final do processo de compostagem é a humificação quase total da matéria

orgânica, que poderá desta forma, ser utilizada na agricultura. O composto é, portanto, o

resultado de um processo controlado de decomposição microbiológica, de uma massa

heterogênea de matéria orgânica no estado sólido e úmido, em presença de oxigênio, passando

pelas fases de (1) fitotoxidade ou composto cru ou imaturo, (2) semicura ou bioestabilização,

(3) cura, maturação ou humificação, acompanhada da mineralização de determinados

componentes da matéria orgânica (compostagem).

O processo de transformação da matéria orgânica através da compostagem acelerada é

semelhante ao que ocorre na natureza com a diferença que naquele são oferecidas condições

para facilitar e reduzir o tempo de decomposição (JARDIM et. al., 1995; PEREIRA NETO,

1996; KIEHL, 1998; FERNANDES e SILVA, 1999, HICKMANN, 2004).

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A definição mais correta para a compostagem é uma decomposição controlada,

exotérmica e bio-oxidativa de materiais de origem orgânica por microrganismos autóctones,

num ambiente úmido, aquecido e aeróbio, com produção de dióxido de carbono, água,

minerais e uma matéria orgânica estabilizada, definida como composto (HUTCHINSON e

RICHARDS 1922; GRAY et al. 1971; DE BERTOLDI et al. 1983; ZUCCONI e DE

BERTOLDI 1986; SENESI 1989; LOPEZ-REAL 1990; PARR e HORNICK 1992; DIAZ et

al. 1993; KIEHL 1998).

2.3 Classificação dos métodos de compostagem

De acordo Pereira Neto (1996) e Kiehl (1998), a compostagem pode ser classificada,

de forma geral, quanto aos seguintes aspectos: biologia, temperatura, ambiente e processo.

2.3.1.1 Biologia

No que se refere à classificação da compostagem no aspecto do campo da biologia, os

processos são classificados da seguinte maneira:

1. processo anaeróbio: a fermentação é realizada por microrganismos que podem viver

em ambientes isentos de oxigênio;

2. processo aeróbio: o processo ocorre com a presença de microrganismos que

necessitam de oxigênio para seu desenvolvimento;

3. processo misto: é simplesmente o processo resultante da associação dos dois processos

anteriores.

2.3.1.2 Temperatura

A temperatura é um dos principais fatores para controle e eficiência da compostagem.

O valor da temperatura varia conforme a fase em que se apresenta o processo de

compostagem, alterando de acordo com a curva-padrão da variação da temperatura mostrada

na Figura 1.

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Fonte: Fernandes (1999)

Figura 1: Curva padrão da variação da temperatura durante o processo de compostagem

2.3.1.3 Ambiente

Segundo Kiehl (1998) quanto ao ambiente da compostagem, a classificação geral é

dividida em dois eixos principais:

1. aberto: o processo ocorre em pátios descobertos, a céu aberto;

2. fechado: a compostagem ocorre em locais como digestores, reatores, torres tanques,

silos, ou seja, locais e/ou equipamentos fechados com a possibilidade de revolvimento

mecânico da matéria orgânica e/ou aeração da mesma.

2.3.1.4 Processo

Em relação ao processo, a compostagem poderá receber duas classificações principais:

1. estático/lento: é o processo natural, ocorre de forma passiva uma vez que as leiras de

compostagem ficam sobre pátios. O período, neste caso, para obtenção de um

composto geralmente supera os 100 dias.

2. dinâmico/rápido: é o processo acelerado da compostagem, onde são oferecidas

condições especiais tais como adição de enzimas, aeração forçada ou mesmo

revolvimento mecânico. Existem casos de compostos finalizados no período de 35 a

40 dias.

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16

2.4 Métodos de compostagem

Os métodos de compostagem podem, de modo geral, ser divididos em método natural

e método acelerado (KIEHL, 1998; PEREIRA NETO, 1996).

2.4.1 Compostagem natural

2.4.1.1 Artesanal em leiras com revolvimento manual ou mecânico

Neste método, a compostagem consiste em formar pilhas com a matéria orgânica a ser

degradada, conforme a Figura 2, com aproximadamente 1 m de altura e 2 m de largura de

base, para revolvimento manual, e 2 m de altura e 4 m de base para revolvimento mecânico. A

mistura deve conter a proporção de Carbono e Nitrogênio entre 25:1 e 35:1. Em virtude das

reações metabólicas dos microrganismos, em alguns dias, a temperatura se eleva para

aproximadamente 70 ºC.

Fonte: Kiehl (1998)

Figura 2: Leiras de compostagem natural

Quanto ao fornecimento de oxigênio à massa em compostagem, o ideal deve ser o

revolvimento a cada três dias, após isso a temperatura atingirá novamente a temperatura de 70

ºC, e assim sucessivamente até o 70º dia, quando o material estará semicurado e a temperatura

estará estabilizada em torno da temperatura ambiente. Como consequência, pode-se dizer que

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o composto estará pronto para uso entre 90 e 120 dias (McKINNEY, 1962, PEREIRA NETO,

1996; KIEHL, 1998; CEMPRE, 2001).

A compostagem natural apresenta alguns problemas como a necessidade de grandes

áreas para a formação da leira e o revolvimento. Outros impactos ambientais inerentes ao

processo, tais como a formação de líquidos percolados (chorume), produção de gases, geração

de odores e a proliferação de vetores são de difícil controle (KNEER, 1978).

2.4.2 Compostagem acelerada

2.4.2.1 Leiras estáticas com aeração forçada

O processo com aeração forçada foi desenvolvido nos Estados Unidos, pelo

Departamento de Pesquisa Agrícola de Beltsville, Maryland, como pilhas estáticas aeradas.

Desenvolvido originalmente para compostar lodo de esgoto, pode, contudo, ser usado para

uma variedade de resíduos orgânicos, entre eles resíduo doméstico e resíduo de poda vegetal

(TCHOBANOGLOUS, 1993).

O processo de aeração de pilhas estáticas consiste em um sistema de tubos perfurados

para aeração ou exaustão sobre os quais é depositada a fração orgânica a ser decomposta.

Uma pilha pode ter de 2 a 2,5 m de altura e, geralmente, é coberta com uma camada de

composto curado e peneirado, para reduzir os odores característicos. Cada pilha tem um

soprador ou exaustor individual para melhor controlar a aeração, conforme Figura 3. O ar é

introduzido para prover de oxigênio a transformação biológica que ocorre dentro da pilha. O

tempo de compostagem é de três a quatro semanas, e depois mais quatro a cinco semanas para

a cura do material. Cavacos de madeira podem ser utilizados para melhorar e controlar a

granulometria e a temperatura do material a ser compostado (TCHOBANOGLOUS, 1993;

KIEHL, 1998) .

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18

Fonte: Kiehl (1998)

Figura 3: Leiras estáticas aeradas

No processo de compostagem em leira estática existem três modos de aeração: modo

positivo ou com injeção de ar, modo negativo ou com sucção de ar, modo híbrido, que é a

combinação dos dois modos anteriores (NÓBREGA, 2001).

2.4.2.2 Reatores fechados com aeração forçada

Para este caso, além da aeração forçada, tem-se uma construção fechada que abriga a

matéria orgânica a ser compostada. Um número grande de formas pode ser usado como reator

neste sistema: torres verticais, horizontais (retangulares ou circulares), e tanques rotativos

circulares (TCHOBANOGLOUS, 1993; USEPA, 1989). A Figura 4 apresenta um biorreator

de alimentação vertical para compostagem de RSU em pequena escala.

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Fonte: Kiehl (1998)

Figura 4: Modelo de reator para compostagem de RSU

No processo acelerado confinado, a geração de líquidos percolados, a exalação de

gases e a exposição dos materiais à biodiversidade do meio podem ser mais bem controladas,

sendo que o controle de parâmetros importantes, como a umidade e a temperatura, pode ser

realizado através de instrumentos precisos e são controlados continuamente através da aeração

forçada, assegurando condições seguras para o desenvolvimento da compostagem e ainda

reduzindo em pelo menos 50% a área utilizada (KNEER, 1978).

Como característica mais importante o método por confinamento em reatores permite

um maior controle das condições ambientais, com extrema redução no tempo de

compostagem, de 120 dias para 30 dias, enquanto os demais estão sujeitos às variações

climáticas (KNEER, 1978). A Figura 5 apresenta um sistema fechado de compostagem

acelerada.

Fonte: Pereira Neto (1996)

Figura 5: Sistema fechado de compostagem com aeração forçada

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20

2.5 Principais variáveis para controle na compostagem

2.5.1 Matéria-prima

O resíduo sólido urbano pode ser usado como matéria-prima na compostagem devido

à quantidade de matéria orgânica presente, desde que precedida de uma triagem dos resíduos

sólidos.

A matéria orgânica do resíduo doméstico é constituída de carboidratos, como amidos e

açúcares, e de um grande número de proteínas. A qualidade do composto está relacionada

com uma boa decomposição da matéria orgânica e com a retirada de materiais não

degradáveis ou pouco degradáveis (metal, vidro, inertes). As substâncias orgânicas presentes

podem ser classificadas quanto à degradabilidade como:

• Facilmente degradáveis (carboidratos e proteínas);

• Pouco degradáveis ou resistentes à degradação (celulose, gordura);

• Não degradáveis ou lentamente degradáveis (ligninas, queratinas).

2.5.2 Organismos

A decomposição ou estabilização da matéria orgânica é um processo microbiológico

conduzido por bactérias, fungos e actinomicetos. Estes microrganismos apresentam

capacidade de degradar vários compostos orgânicos e se revezam durante as fases da

compostagem de acordo com fatores específicos que lhes permitem ser ativos na degradação

de um ou outro tipo de partícula ou matéria orgânica. A substância química, a umidade, a

disponibilidade de oxigênio, a temperatura e a relação carbono/nitrogênio são alguns destes

fatores (KIEHL, 1985; PEREIRA NETO, 1996).

Na primeira fase predominam as bactérias e fungos mesófilos, em seguida, com o

aumento de temperatura, na fase termófila (Figuras 1 e 6), os microrganismos predominantes

passam a ser os actinomicetos, bactérias e fungos termófilos. Após esta fase, quando a

temperatura pode atingir 70º C, a massa em compostagem retorna à fase mesófila, mais longa

que a primeira, porém, com outra composição química, devido ao consumo de açúcares e

amido (KIEHL, 1985). A Figura 6 apresenta as fases da compostagem de acordo com o tempo

e variação da temperatura.

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Fonte: Bidone (2003)

Figura 6: Fases da compostagem (Temperatura x Tempo)

Na fase final, encontram-se protozoários, nematoides, formigas, vermes e o mais

variado número de insetos. O fornecimento de oxigênio para a mistura favorece a

multiplicação dos microrganismos, bactérias, fungos e actinomicetos. Os actinomicetos, que

estarão presentes na fase final do processo, são visíveis a olho nu, graças aos micélios

esbranquiçados em forma de finos fios como teia de aranha ou parecendo pó de giz (KIEHL,

1985).

O Quadro 1 apresenta algumas características dos principais grupos de

microrganismos envolvidos no processo de compostagem.

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Quadro 1: Características dos principais grupos de microrganismos

Discriminação Bactérias Actinomicetos Fungos

Substrato

Carboidratos, amidos, proteínas e outros compostos orgânicos de fácil

decomposição

Substratos de difícil decomposição

Substratos de difícil decomposição

Umidade Regiões secas

Oxigênio Menos necessidade Regiões bem

aeradas Regiões bem

aeradas

Condições do meio Neutro até

levemente ácido Neutro até

levemente alcalino Ácido à alcalino

Faixa de valores de pH 6,0 a 7,7 2,0 a 9,0

Revolvimento Não interfere Desfavorável Desfavorável

Temperatura

Até 75°; redução da capacidade de

degradação quando essa temperatura for ultrapassada

Supõe que o limite seja de 65°

Limite de 60°

Função

Decompor a matéria orgânica, animal ou vegetal,

aumentar a disponibilidade de nutrientes, agregar partículas no solo e

fixar nitrogênio.

Decomposição dos resíduos resistentes

de animais e vegetais, formação

de húmus, decomposição em alta temperatura de

adubação verde, feno, composto,

etc.. E fixação do nitrogênio

Decomposição dos resíduos resistentes

de animais e vegetais, formação

de húmus, decomposição em alta temperatura de

adubação verde, feno, composto,

etc.. E fixação do nitrogênio

Fonte: Adptado de Nassu (2003) citado por HEIDEMANN (2005)

2.5.3 Umidade

Também considerado um importante parâmetro para controle do processo de

compostagem, seu valor pode variar em torno de 55%. Misturas com umidade abaixo de 40%

poderão ter taxa de compostagem lenta, sendo que a lentidão do processo resulta na redução

da atividade biológica (KIEHL, 1985, TCHOBANOGLOUS, 1993, PEREIRA NETO, 1996).

Umidades elevadas podem levar à anaerobiose com produção de gases e o desenvolvimento

de maus odores (FONSECA, 2003).

O conteúdo de umidade ótimo na compostagem varia conforme o estado físico do

resíduo, tamanho das partículas e o sistema de compostagem usado, sendo imprescindível

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para as necessidades fisiológicas dos organismos. Ainda que esse parâmetro varie muito com

a natureza do material a ser compostado, a literatura sugere que o conteúdo de umidade para

otimização dos resultados deva estar entre 50% e 70%, não excedendo 75% (RODRIGUES et

al. 1995).

Em geral, os autores sugerem que a umidade não exceda 75%, pois acima desse valor

os poros no interior da matriz sólida começam a ser preenchidos com água livre, impedindo a

difusão de oxigênio o que permite que condições anaeróbias se desenvolvam (GRAY et al.

1973; DE BERTOLDI et al. 1983; KIEHL 1985; LOPEZREAL 1990). Entretanto, teores de

umidade abaixo de 40% retardam o processo por inibir a atividade microbiológica, sendo o

valor 55% de umidade considerado ótimo para o processo de compostagem (LOPEZ-REAL

1990, KIEHL 1998). Os valores, em porcentagem, no processo de compostagem e no produto

acabado são apresentados na Figura 7.

Fonte: D’almeida e Vilhena (2000)

Figura 7: Umidade no processo de compostagem e no produto acabado

2.5.4 Aeração

No que diz respeito à aeração, a compostagem é definida como sendo um processo

predominantemente aeróbio (LOPEZ-REAL 1990), embora alguns autores utilizam o termo

“composto” referindo-se ao produto final gerado por ambas: decomposição aeróbia e

anaeróbia de resíduos orgânicos. No entanto, a escola prevalecente propõe que compostagem

refere-se unicamente ao processo aeróbio (STENTIFORD 1986).

Um ambiente aeróbio proporciona uma decomposição mais rápida da matéria

orgânica, sem cheiro e sem proliferação de insetos, além de ser um fator limitante para a

eficiência do processo. O consumo de oxigênio durante a compostagem é diretamente

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proporcional à atividade microbiológica, portanto há uma direta relação entre o consumo de

oxigênio e a temperatura. A aeração também depende da umidade e da granulometria bem

como da intensidade dos revolvimentos.

Segundo Kiehl (1985), os revolvimentos devem ser feitos quando a temperatura

estiver muito elevada (acima de 70°C), quando a umidade estiver acima de 55 ou 60%,

quando há presença de moscas e maus odores, ou em intervalos pré-fixados. O revolvimento

do composto no pátio, ao mesmo tempo em que introduz ar novo, rico em oxigênio, libera o

ar contido na leira, saturado de gás carbônico gerado pela respiração dos organismos.

O teor de gás carbônico existente no interior da leira pode chegar a concentrações cem

vezes maiores que seu conteúdo normal no ar atmosférico, o que levará a formação e acúmulo

de dióxido de carbono e metano, componentes característicos da fermentação anaeróbia

(KIEHL 1998).

Para que ocorram as reações metabólicas a literatura indica que deve ser fornecido de

0,6 a 1,8 m3 de ar/kg de sólidos voláteis (McKINNEY, 1962). Por outro lado, PEREIRA

NETO (1996) indica 0,3 a 0,6 m3 de ar/kg de sólidos voláteis.

2.5.5 Temperatura

Quanto à temperatura, a compostagem caracteriza-se por ser um processo exotérmico

de degradação de resíduos orgânicos, porque gera calor e aumenta a temperatura da leira,

devido principalmente a multiplicação bacteriana. Os organismos que decompõem a matéria-

prima têm uma faixa de temperatura ótima de desenvolvimento, a qual é estimulada pela

atividade metabólica e consequente aumento da população (LIMA 1981).

As faixas de temperatura que definem a predominância de determinados grupos de

organismos podem ser classificadas em: criófilas (temperatura ambiente), mesófilas (até

55°C) e termófilas (acima de 55°C). Acima de 70°C a atividade dos microrganismos torna-se

reduzida, resultando na paralisação do processo e, consequentemente, no declínio da

temperatura (KIEHL 1998).

A temperatura é também um fator muito importante quando se tem o intuito de

eliminar patógenos. Todavia, níveis de temperaturas em torno de 80°C, no início do processo

de decomposição, contribuem para a ilusão do “quanto mais quente melhor”. O que ocorre é

que altas temperaturas iniciais causam a debilitação da microfauna que tem como

consequência uma decomposição mais demorada, resultando numa estabilização incompleta

do material (LOPEZ-REAL 1990).

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Da observação desse fenômeno, pode-se concluir que o controle da temperatura é fator

de extrema importância para a maximização da decomposição, eliminação de patógenos

prejudiciais à saúde humana e para todo o processo de compostagem (RAMEH 1981).

Para o melhor entendimento do que ocorre no processo, tem-se a sequência dos

estádios da temperatura na leira de compostagem que, inicialmente, parte de um material na

temperatura ambiente. Com o aumento da atividade microbiana e conseqüente aumento de

temperatura, inicia-se a fase mesófila, com atuação de microrganismos mesófilos que utilizam

os componentes solúveis e rapidamente degradáveis da matéria orgânica. Com esse aumento,

a temperatura se eleva e os organismos mesófilos tornam-se menos competitivos, sendo

substituídos pelos termófilos, atingindo assim, a fase termófila (RODRIGUES 2004).

No final da degradação da matéria orgânica, quando a temperatura se iguala a do

ambiente, a fase é criófila. O tempo para atingir essas fases e sua duração varia de acordo com

fatores como composição química da matéria-prima a ser tratada, granulometria, dimensões

da leira, teor de umidade reinante e outros (KIEHL 1998). A mudança de temperatura nas

diversas fases de maturação do composto é apresentada na Figura 8.

Fonte: D’ALMEIDA e VILHENA (2000)

Figura 8: Mudança de temperatura nas fases da maturação do composto

2.5.6 Relação C/N e pH

A relação Carbono/Nitrogênio é comumente usada para determinar a taxa de

decomposição da matéria-prima a ser compostada, além de ser fator limitante do processo. O

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carbono, entre outras funções, fornece energia para as atividades dos microrganismos,

enquanto o nitrogênio é fonte para a reprodução protoplasmática.

Conforme Pereira Neto (1996) para uma alta eficiência nos processos de

compostagem, a literatura apresenta como valor ótimo para a relação C/N a variação em torno

de 25 a 35 para 1, em torno de 18:1 para o composto semicurado ou bioestabilizado, e 8:1 a

12:1 para composto humificado.

Uma relação C/N inicial elevada, em torno de 60 a 80:1, fará com que o tempo de

compostagem seja maior, devido à deficiência de nitrogênio para os microrganismos,

enquanto o carbono será eliminado na forma de gás carbônico. Por outro lado, para uma

relação inicial baixa, em torno de 6:1, os microrganismos eliminarão o nitrogênio na forma de

amônia, que pode ser identificada pelo aparecimento de odores característicos. A eliminação

do nitrogênio do meio poderá causar alterações, elevando a relação até 30:1, e assim o

processo passa a ocorrer de maneira ideal (PEREIRA NETO, 1996).

Uma relação C/N baixa, próxima de 6:1, apresenta níveis de pH mais elevados, em

virtude da liberação de nitrogênio na forma de amônia (FERNANDES e SILVA, 1999).

O pH da mistura deve ser cuidadosamente controlado. Apesar de a literatura indicar

uma faixa entre 6,5 e 8,0 (KIEHL, 1998), algumas experiências realizadas por PEREIRA

NETO (1996), apresentaram uma faixa mais ampla, de 4,5 a 9,5.

Ao final do processo, o composto orgânico apresenta, normalmente, pH entre 7,5 e 9.

(McKINNEY, 1962; PEREIRA NETO, 1996).

2.5.7 Granulometria

Outro fator que interfere de maneira bastante intensa no processo de compostagem é o

tamanho das partículas. O tamanho da partícula recomendado pela literatura é entre 1 e 4 cm.

Como consequência do controle da granulometria recomendada, o resultado pode ser a

obtenção de massa mais homogênea, melhor porosidade e menor compactação (McKINNEY,

1962; PEREIRA NETO, 1996).

Quanto mais fina é a granulometria, maior é a área exposta à atividade microbiana, o

que promove o aumento das reações bioquímicas, visto que aumenta a área superficial em

contato com o oxigênio.

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2.6 Qualidade do composto

A utilização do composto produzido através da fração orgânica de resíduos sólidos e

sua qualidade dependem diretamente da matéria-prima empregada no processo. O composto

pode, também, ser utilizado “in natura”, fornecendo nutrientes e melhorando as condições

físicas do solo (PEREIRA NETO, 1996; KIEHL, 1999; AGUILAR, 2002).

A Instrução Normativa nº. 15, em seu Anexo III apresenta as especificações, garantias

e características dos fertilizantes orgânicos para aplicação no solo conforme Quadro 2

(MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2004):

Quadro 2: Especificações, garantias e características dos fertilizantes orgânicos

Garantia Misto/Composto

Classe A Classe B Classe C Classe D Umidade (máx.) 50 50 50 70

N total (mín.) 1 Carbono Orgânico (mín.) 15

CTC 300 600 pH (mín.) 6 6,5 6

Relação C/N (máx.) 18

Fonte: MAPA, 2004

Conforme a Instrução Normativa supracitada o composto orgânico resultante da

compostagem de resíduos sólidos urbanos enquadra-se na Classe C dos resíduos orgânicos

compostos, sendo por tal normativa denominado composto de lixo.

2.7 Benefícios e vantagens da utilização de composto orgânico

Stevenson (1982) e Monteiro (1999) relatam que dentre os benefícios e vantagens da

utilização do composto orgânico, merecerem destaque:

1. melhora da estrutura do solo, tornando-o poroso e agregando suas partículas que se

transformam em grânulos;

2. incrementa de 20 a 70 % a capacidade de troca catiônica (CTC) do solo;

3. aumento da capacidade de absorção e armazenamento de água no solo;

4. reduz radicalmente a erosão, evitando o deslocamento violento de água e amortece o

impacto das gotas de chuva na superfície dos solos;

5. aumenta a estabilidade do pH do solo;

6. aumento da retenção dos macronutrientes, impedindo seu arraste pela chuva;

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7. fornece nutrientes às plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e

magnésio, quantidade total em torno de 6% de seu peso;

8. aumenta a aeração do solo, necessária à oxigenação das raízes;

9. melhora a drenagem de água no solo;

10. aumento da retenção do nitrogênio no solo;

11. estimula a vida microbiana, aumentando a homeostase do solo, reduzindo o risco de

pragas e doenças.

2.8 Considerações gerais na avaliação econômica de projetos

Avaliação de investimentos é conceituada por Kunhen e Bauer (2001, p. 386) como

“um conjunto de técnicas que permitem a comparação entre os resultados de tomada de

decisões referentes a alternativas diferentes de uma maneira cientifica", optando-se sempre

pela alternativa mais econômica.

Para Lindemeyer (2008) a análise econômica de um projeto permite fazer estimativas

de todo o gasto envolvido com o investimento inicial, operação e manutenção e receitas

geradas durante um determinado período de tempo, para assim montar-se o fluxo de caixa

relativo a esses investimentos, custos e receitas e determinar as estimativas dos indicadores

econômicos do projeto.

Há diferentes formas de medir o mérito ou a rentabilidade de um projeto, Buarque

(2004), cita: o tempo de retorno do capital, a Taxa Interna de Retorno e o Valor Presente

Líquido. A Taxa interna de retorno (TIR) e o Valor Presente Líquido, ambos baseados no

conceito de atualização, são os dois melhores instrumentos para determinar a viabilidade

econômica.

O critério de decisão deve reconhecer o valor do dinheiro no tempo, o que significa

que é necessário igualar o tempo de vida ou de utilização das alternativas. O fluxo de caixa

constitui as entradas e saídas de dinheiro ao longo do tempo (indispensável em estudos de

viabilidade econômica de projetos e investimentos) (PUCCINI, 2004).

2.8.1 Conceitos básicos da análise de investimentos

De acordo com Lindemeyer (2008) para se estruturar o processo de análise da

viabilidade econômica de um negócio, é necessário compreender alguns conceitos básicos

acerca deste assunto. Estes termos e conceitos serão apresentados nos itens a seguir.

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2.8.1.1 Gasto

É o sacrifício econômico da empresa ou de um projeto para a obtenção de um produto

ou serviço qualquer. O sacrifício é representado por entrega ou promessa de entrega de

dinheiro ou outros ativos. Engloba, portanto, investimento, custo, despesa e perda.

2.8.1.2 Investimento

É o gasto ativado em função da vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros

períodos. Pode-se citar como exemplos: estoques, aplicações, máquinas e equipamentos,

construções civis, marcas e patentes, ações de outras empresas.

2.8.1.3 Despesa

É o gasto relativo a bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente na obtenção

de receitas, podendo ou não transitar pelo custo. No momento da venda dos produtos ou

serviços, todos os seus custos transformam-se em despesas; outros gastos transformam-se,

automaticamente, em despesas sem passar pelo custo, como gastos administrativos,

financeiros e de vendas; outros ainda só se transformam em despesas se forem vendidos,

como é o caso dos terrenos, que não estão sujeitos à depreciação.

2.8.1.4 Custo

É o gasto relativo a produtos e serviços utilizados na produção de outros bens

(produtos e serviços). Os custos são compostos por três elementos básicos: a matéria-prima

(MP), a mão-de-obra direta (MOD) e os custos indiretos de fabricação (CIF). (COHEN e

FRANCO, 2000).

Os custos são classificados de diversas formas, destacando-se a classificação baseada

na facilidade de alocação a qual resulta em duas categorias (COHEN e FRANCO, 2000):

1. custos diretos: são aqueles cuja alocação aos produtos pode ser feita de forma direta,

sem necessidade de estimativas. Os custos diretos são aqueles enfrentados para

adquirir os insumos necessários para a geração dos bens e serviços que compõe o

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30

produto de um projeto. Incluem - se os salários do pessoal e os preços dos insumos

básicos de todo tipo.

2. custos indiretos: são aqueles que não oferecem condição para uma apropriação

objetiva aos produtos, em que a alocação só pode ser feita com base em estimativas.

Os custos indiretos não se traduzem em insumos visíveis para a geração de uma

unidade de produto do projeto, porém constituem o suporte que permite sua

implementação.

3. custos fixos: permanecem constantes dentro de certas escalas de operação do projeto.

Enquanto não são superados tais patamares, o projeto pode incrementar seus produtos

sem modificar seus custos fixos; como exemplo pode-se citar os custos de

equipamentos, salários do pessoal permanente.

4. custos variáveis: são função da quantidade de bens ou serviços que o projeto produz e

são formados basicamente pelos custos dos insumos de tais serviços ou bens.

2.8.1.5 Receitas

Receita é a entrada bruta de benefícios econômicos durante o período que ocorre no

curso das atividades ordinárias de uma empresa quando tais entradas resultam em aumento do

patrimônio líquido, excluídos aqueles decorrentes de contribuições dos proprietários,

acionistas ou cotistas. (COHEN e FRANCO, 2000).

A receita inclui a entrada bruta dos benefícios econômicos recebidos e a receber pela

empresa em transações por conta própria.

2.8.1.6 Depreciação

É um método de forma sistemática e racional para alocação de custos perante períodos

de recebimento de benefícios (HENDRIKSEN, VAN BREDA, 1999).

No Balanço Patrimonial os elementos do Ativo Imobilizado serão registrados pelo

custo de aquisição, deduzido o saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou

exaustão. A diminuição de valor dos elementos do Ativo Imobilizado será registrada

periodicamente nas contas de depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos

que tenham por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da

natureza ou obsolescência (PAMPLONA, MONTEVECHI, 1994).

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31

As depreciações vão sendo registradas a cada ano em contas específicas acumuladoras

de saldo e em contrapartida esses valores serão computados como custo ou despesa

operacional, em cada exercício social. (HENDRIKSEN, VAN BREDA, 1999).

Quando o bem chega a 100% de depreciação e ainda existir fisicamente (caso normal

nas empresas) deixa de ser depreciado. O Ativo é baixado contabilmente quando for vendido,

doado ou quando cessar sua utilidade para a empresa.

Do ponto de vista econômico, este é o conceito que deve ser adotado em estudos de

investimentos, a depreciação não é considerada como um custo, mas como uma fonte de

recursos para as operações da firma que poderá ser utilizada a critério da administração. A

depreciação é um custo ou despesa operacional sem desembolso.

2.8.1.7 Fluxo de caixa

Definem-se fluxos de caixa como valores monetários que representam as entradas e

saídas dos recursos e produtos por unidade de tempo, os quais compõem uma proposta ou um

projeto de investimento. São formados por fluxos de entrada e fluxos de saída, cujo

diferencial é denominado fluxo líquido (NORONHA 2006).

O fluxo de caixa é útil para se organizar e calcular a rentabilidade de qualquer negócio

quer seja um empréstimo, uma aplicação financeira ou um investimento num projeto de

produção (DANTAS, 1996).

Segundo Bruni e Famá (2003), o conceito e análise de fluxo de caixa é o ponto

principal do processo de tomada e compreensão das decisões financeiras. Representa o

volume de recursos alocados no investimento ou que poderiam ser retirados do investimento

ao longo dos anos. Para construir a estimativa de fluxos de caixa basta analisar as entradas e

saídas de recursos.

O objetivo do fluxo de caixa é representar os elementos econômicos

independentemente das obrigações contratuais e, por isso, incluir somente entradas e saídas

efetivas. Trata-se de uma contabilidade líquida com valor econômico (DANTAS, 1996).

Segundo Cohen e Franco (2000) um projeto implica em fluxos de receitas ou

benefícios (valores positivos) e de saídas ou custos (valores negativos) que irão ser gerados

nas sucessivas etapas de seu ciclo.

Segundo Kassai et al (2000), os fluxos de caixa das alternativas de investimento

podem apresentar-se expressos sob diferentes formas:

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1. fluxos de caixa nominais: encontram-se expressos em valores correntes da época de

sua realização;

2. fluxos de caixa constantes: os valores são apresentados no mesmo padrão monetário,

ou seja, estão referenciados em moeda de mesma capacidade aquisitiva;

3. fluxos de caixa descontados: os valores encontram-se todos descontados para a data

presente por meio de uma taxa de desconto definida para o investimento;

4. fluxos de caixa convencionais: o padrão convencional de fluxo de caixa consiste numa

saída inicial de caixa seguida por uma série de entradas, ou seja, com apenas uma

inversão de sinais;

5. fluxos de caixa não convencionais: um padrão não convencional de fluxo de caixa

ocorre quando uma saída inicial não é seguida por uma série de entradas, mas de

forma alternada e não uniforme, com várias entradas e/ou saídas.

2.8.1.8 Taxa Mínima de Atratividade (TMA)

É a taxa mínima a ser alcançada em determinado projeto; caso contrário, o mesmo

pode ser rejeitado. É também a taxa utilizada para descontar os fluxos de caixa quando se usa

o método do Valor Presente Líquido (VPL) e o parâmetro de comparação para a TIR (Taxa

Interna de Retorno) (KASSAI et al, 2000).

Na visão de Gaslene et al. (1999), a TMA refere-se à rentabilidade mínima exigida dos

investimentos pelos dirigentes da empresa como parte de sua política de investimentos. Ou

seja, a Taxa Mínima de Atratividade é a taxa a partir da qual o investidor considera que está

obtendo ganhos financeiros.

Para um investidor, o custo de colocar certa quantidade do capital (custo de

oportunidade do capital) num projeto corresponde ao que ele deixa de ganhar ao não

aproveitar alternativas de investimentos viáveis. Para o investidor o custo do capital, é o lucro

que teoricamente perde por utilizar o capital nesse projeto. Assim o custo de oportunidade do

capital pode ser definido como a taxa de rentabilidade que o capital pode ganhar na melhor

alternativa de utilização, além do projeto. Nesse caso, para atualizar os fluxos do projeto, o

avaliador deve utilizar como taxa de descontos a taxa de rentabilidade da melhor alternativa

de investimento disponível (BUARQUE, 2004).

Bruni e Famá (2003) conceituam os custos de capital como a taxa de retorno em que

uma empresa precisa para obter sobre seus projetos de investimentos, para manter o valor de

mercado de suas ações e atrair os recursos necessários para a empresa. Comumente representa

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o custo médio ponderado das fontes de financiamento futuras da empresa. Quando as

estimativas futuras não estão disponíveis, os dados passados ou atuais são empregados.

Para Mannarino (1991), a Taxa Mínima de Atratividade representa a mínima

rentabilidade pretendida nos novos projetos da empresa e é determinada em função das

alternativas de emprego extensivo dos capitais da empresa. A taxa mínima varia com a época

e até com a natureza do projeto, mas não pode ser inferior ao custo do dinheiro para a

empresa.

Outro enfoque dado à TMA é a de que deve ser o custo de capital investido na

proposta em questão, ou ainda, o custo de capital da empresa mais o risco envolvido em cada

alternativa de investimento. Assim haverá disposição de investir se a expectativa de ganhos, já

deduzido o valor do investimento, for superior ao custo de capital. Por custo de capital,

entende-se a média ponderada dos custos das diversas fontes de recursos utilizadas no projeto

em questão.

A TMA é um indicador sujeito a mutação em função do tempo, em decorrência de

variações nos recursos e nos projetos em carteira. Em princípio, porém, não será inferior ao

custo do financiamento recebido no caso em que a empresa estiver desenvolvendo o projeto

com recurso de terceiros. Uma TMA elevada pode significar que a empresa é muito seletiva,

discriminado os projetos de pequena rentabilidade; se elevada demais, porém, a empresa pode

tornar-se pouco competitiva em determinados mercados (MANNARINO, 1991).

O autor ainda esclarece que a escolha da TMA tem a ver com a limitação de fundos

disponíveis, em face do grande número de projetos potenciais que surgem em função do

progresso tecnológico e das condições gerais do sistema econômico.

Conforme Casarotto Filho e Kropittke (1998), ao se analisar uma proposta de

investimento deve ser considerado o fato de se estar perdendo a oportunidade de auferir

retornos pela aplicação do mesmo capital em outros projetos. A nova proposta para ser

atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações

correntes e de pouco risco.

No Brasil, pode-se utilizar como base a rentabilidade da caderneta de poupança. Dessa

forma, qualquer investimento que proporcione uma rentabilidade igual ou superior ao

rendimento da poupança, será viável (PEREIRA, 2009).

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34

2.9 Avaliação econômica de projetos

2.9.1 Viabilidade econômica

Segundo Moura (2000), a avaliação de investimentos necessitará considerar o valor do

dinheiro no tempo. Além disso, existem alguns índices utilizados em engenharia econômica

que nos permitirão concluir sobre qual será a melhor escolha.

De acordo com Helfert (2000), investimento é a força motriz básica da atividade

empresarial. É a fonte de crescimento que sustenta as estratégias competitivas explicitas da

administração. Para análise de investimentos podem-se adotar alguns tipos de métodos de

análises, tais como Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Valor

Presente Líquido (VPL) e Valor anual (VA).

2.9.2 Método do Valor Presente Líquido (VPL)

O Valor Presente Líquido (VPL) ou Liquid Present Value (LPV) é um dos

instrumentos mais utilizados para se avaliar propostas de investimentos de capital. Reflete a

atratividade, em valores monetários, do investimento medida pela diferença entre o valor

presente das entradas de caixa e o valor presente das saídas de caixa, a uma determinada taxa

de desconto. É considerado atraente todo o investimento maior ou igual a zero (KASSAI et

al., 2000).

De acordo com Lapponi (2000) o VPL é o método de avaliação que mostra a

contribuição do projeto de investimento no aumento do valor da empresa.

Segudo Gitman (2001, p. 302) “VPL é determinado pela subtração do valor do

investimento inicial de um projeto, do valor presente dos fluxos de entrada de caixa,

descontados a uma taxa igual ao custo do capital da empresa”. Yeo e Qiu (2002) definem

VPL como sendo a diferença entre o valor presente da estimativa líquida das entradas de caixa

e o valor presente das saídas de caixa.

Quanto maior o VPL, maior a atratividade do projeto, porque as entradas são maiores

que as saídas de caixa. Considerando que alternativas de investimento são analisadas com

base na mesma TMA, a melhor opção será aquela que apresentar o maior valor presente

(LINDEMEYER, 2008).

A análise do VLP é baseada na utilização do custo de capital, que consiste em

descontar os fluxos de caixa futuros, aceitando assim o projeto cujo valor de VLP for positivo,

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e rejeitando os projetos com valor negativo. Para a obtenção do VLP é necessária a aplicação

de matemática financeira, consistindo em trazer para o momento presente o fluxo de caixa dos

“n” períodos de um projeto, a uma taxa de juros conhecida e descontar o valor do

investimento inicial, chegando-se com isto ao VLP.

O cálculo do valor presente líquido (VPL) está apresentado na equação (1), ele

consiste em transferir para o instante atual todas as variações de caixa esperadas, descontá-las

a uma determinada taxa de juros, e somá-las algebricamente.

t

tn

t i

FCIVPL

)1(1 +

+= ∑=

(1)

Em que VPL é o valor presente líquido; “I” é o investimento de capital na data zero,

“FCt” representa o retorno na data t do fluxo de caixa; “n” é o prazo de análise do projeto; e,

“i” é a taxa mínima para realizar o investimento, ou custo de capital do projeto de

investimento (PONCIANO et al., 2004).

O Valor Presente Líquido (VPL) é um bom coeficiente para a determinação do mérito

do projeto, uma vez que ele representa, em valores atuais, o total de recursos que permanecem

em mãos da empresa ao final de toda a sua vida útil, ou seja, o VPL representa o retorno

líquido atualizado gerado pelo projeto (BUARQUE, 2004).

Para Bruni e Famá apud Fonseca (2003), as principais vantagens do VPL são:

1. identificar se há aumento ou não do valor da empresa;

2. analisar todos os fluxos de caixa;

3. permitir a adição de todos os fluxos de caixa na data zero;

4. considerar o custo de capital;

5. embutir o risco no custo de capital.

A principal dificuldade deste método seria a definição da taxa de atratividade do

mercado, principalmente quando o fluxo é muito longo.

2.9.3 Método do Valor Uniforme Anual (VA)

O método do Valor Anual (VA) consiste em achar a série uniforme anual equivalente

ao fluxo de caixa dos investimentos à Taxa Mínima de Atratividade, ou seja, encontra-se a

série uniforme a todos os custos e receitas para cada projeto utilizando-se a TMA. O melhor

projeto é aquele que tiver o maior saldo positivo (FILHO E KOPITTKE, 1988).

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36

O Valor Uniforme Anual determina o quanto este investimento lucraria, anualmente, a

mais que a TMA, se o VA for positivo, este investimento é recomendado economicamente.

Através do Método do Valor anual, o empreendedor irá saber qual o retorno financeiro

anual do seu empreendimento.

2.9.4 Método da Taxa Interna de Retorno

De acordo com Motta e Calôba (2002), a Taxa Interna de Retorno (TIR) é um índice

relativo que mede a rentabilidade do investimento por unidade de tempo, necessitando para

isso, que haja receitas envolvidas, assim como investimentos.

A Taxa Interna de Retorno (TIR) ou Internal Rate Return (IRR) é uma das formas

adequadas para se avaliar propostas de investimentos de capital. Representa segundo Cohen e

Franco (2000), a rentabilidade média do dinheiro utilizado no projeto durante toda a sua

duração.

A Taxa Interna de Retorno (TIR), na equação (2), de um projeto é a taxa que torna

nulo o VPL do fluxo de caixa do investimento. Logo, é a taxa que torna o valor presente dos

lucros futuros equivalentes aos dos gastos realizados com o projeto, caracterizando, assim, a

taxa de remuneração do capital investido. Pode ainda ser entendida como a taxa de

remuneração do capital.

t

tn

t TIR

FCI

)1(0

1 +

+−= ∑=

(2)

É considerado rentável o investimento que apresentar TIR > TMA. Ela iguala o Valor

Presente Líquido a zero, e é uma das formas mais completas de analisar as propostas de

investimentos de capital (PEREIRA, 2009).

O Quadro 3 apresenta as condições de viabilidade levando-se em conta a Taxa Interna

de Retorno e a Taxa Mínima de Atratividade:

Quadro 3: Condições de viabilidade de projetos

TIR Condição TMA Viabilidade do Projeto

TIR > TMA Economicamente Viável

TIR < TMA Economicamente Inviável

TIR = TMA Indiferente considerando realizar o investimento ou

aplicar o dinheiro na poupança

Fonte: Motta e Calôba (2002, apud VANZIN et al., 2009)

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O caráter rentável ou não de um projeto depende, no caso em que seja o critério

escolhido, da posição relativa da TIR do projeto e da taxa mínima de rentabilidade que o

tomador de decisão exige para seus investimentos. Todo o projeto cuja taxa interna de retorno

seja superior a TMA é considerado rentável. Entre as diversas variantes comparáveis e

rentáveis de um mesmo projeto de investimento que utiliza este critério de rentabilidade

escolhe-se aquela cuja taxa interna de retorno seja maior (GALESNE et al., 1999).

A Taxa Interna de Retorno (TIR) é calculada a partir dos próprios dados do fluxo de

caixa do projeto, sem necessidade de arbitrar-se uma taxa de desconto (BUARQUE, 2004).

Segundo Buarque (2004) a TIR é um dos principais instrumentos na determinação do

mérito do projeto, devido a semelhança entre o conceito de taxa interna de retorno e o

conceito tradicional de rentabilidade de um investimento. Assim, uma taxa interna de 10% de

um projeto pode ser facilmente comparada com muitos outros tipos de rentabilidade, tais

como a rentabilidade de 10% em títulos, rentabilidade de 6% em depósitos de poupança, etc.

Porém, para Buarque (2004), a TIR apresenta algumas desvantagens que não lhe

permitem ser o instrumento absoluto na seleção e classificação de projetos, uma vez que no

caso de projetos com grandes diferenças entre os valores de investimentos, podem ocorrer

contradições entre os critérios de TIR e VPL. Isso ocorre porque a um pequeno projeto (baixo

investimento) pode apresentar uma alta taxa interna de retorno, mas ainda assim ter um

reduzido Valor Presente Líquido.

Para análise entre alternativas de um mesmo projeto e entre projetos sem grandes

diferenças de investimentos, a TIR, é, segundo Buarque (2004), geralmente aceita como o

melhor instrumento na determinação do mérito comparativo de projetos.

Bruni et al. (1998) citam como vantagens desse método: o resultado é uma taxa de

juros fácil de ser entendida e comparada com outras alternativas de investimento.

2.9.5 Tempo de retorno do investimento (Payback)

O tempo de retorno do investimento indica quando será recuperado o investimento

realizado, ou seja, em quanto tempo (meses ou anos) o dinheiro investido retornará. É

realizado analisando o fluxo de caixa e quando os investimentos (fluxos negativos) se

anularem com as entradas de caixa (receitas), então se terá o período de Payback. Não há um

período mínimo ou máximo pré-estabelecido, pois este varia de acordo com o ramo de

atividade e o montante investido (PEREIRA, 2009).

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O método do Payback é uma forma simples de estimar o prazo necessário para se

recuperar o investimento realizado. Para se obter o Payback na forma simples de um projeto

de investimento, é preciso verificar o tempo necessário para que o saldo do investimento

(soma dos fluxos de caixa colocados e gerados pelo investimento) seja igual a zero. Como o

Payback simples não considera o custo de capital, a soma dos saldos do investimento pode ser

feita com base nos valores nominais (BRUNI, FAMÁ, 2003).

O Payback pode ser calculado conforme a equação (3), em que se divide o Valor do

Investimento Inicial pela média do Fluxo de caixa anual:

∑=

anoFC

toInicialInvestimenPB (3)

De acordo com Lindemeyer (2008), para minimizar os riscos de se utilizar um método

que não leva em consideração o fator tempo, o Payback é utilizado juntamente com os

métodos do VPL e TIR no processo de tomada de decisão.

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3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização do município de Vacaria

O município de Vacaria localiza-se na região dos Campos de Cima da Serra, mais

precisamente à latitude de 28º 30' 44" Sul e à longitude de 50º 56' 02" oeste, estando a

uma altitude de 971 metros. A área total do município é de 2105,6 km² e sua população

em 2010 era estimada em 61.342 habitantes. (IBGE, 2010a).

O clima do município é subtropical (ou temperado), de verões amenos, com

temperatura máxima média 25°C e mínima média 15°C. No inverno, mais frio pela altitude, a

temperatura máxima média está em torno de 16°C e a mínima média em torno de -7°C.

A economia do município está baseada na pecuária, agricultura, transporte rodoviário,

floricultura e fruticultura. Vacaria é o maior produtor de maçã do estado e o segundo maior do

país, o município ainda se destaca na produção de pequenos frutos como amora, mitilo,

physalys, morango e framboesa.

A Figura 9 apresenta a localização do município de Vacaria-RS no mapa do estado do

Rio Grande do Sul.

Fonte: IBGE (2011)

Figura 9: Localização de Vacaria

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Conforme levantamento realizado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana

(DMLU) os resíduos sólidos gerados no município de Vacaria têm sua origem nas

residências, no comércio e prestadores de serviços, sendo recolhidos pelo sistema de coleta

regular e seletiva. Ainda, são coletados separadamente os resíduos complementares de

limpeza urbana como os de varrição, capina, poda e aqueles referentes as demolições da

construção civil.

Segundo registros do DMLU obtidos em levantamentos durante 05 (cinco) dias no

mês de novembro de 2009, foram coletadas 69,3 toneladas de resíduos da coleta regular no

centro do município e 155,7 toneladas nos bairros.

Durante a coleta seletiva foram coletadas 14 toneladas no centro do município e 7,5

toneladas nos bairros, gerando um total de 21,5 toneladas, o que equivale a 8,7% de resíduos

recicláveis coletados. Gerou-se aproximadamente 35,2 toneladas de resíduos por dia no

município, dos quais aproximadamente 23 toneladas correspondem a resíduos orgânicos.

(DMLU, 2009)

Com base no levantamento realizado pelo DMLU de Vacaria, o município tem a

classificação gravimétrica dos resíduos definida conforme demostra a Tabela 1.

Tabela 1: Composição gravimétrica dos RSU em Vacaria

Componente % em Peso Plástico duro 2,8 Plástico mole 6,2 Papel 10,1 Papelão 3,0 Lata 4,2 Vidro 2,9 Madeira, borracha, trapo, pedra 4,8 Matéria orgânica e outros 66,0 Total 100

3.2 Classificação da pesquisa

De acordo com Silva e Menezes (2005), a presente pesquisa classifica-se como:

Aplicada, sob o ponto de vista da natureza, pois objetiva gerar conhecimentos para

aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e

interesses locais (SILVA e MENEZES, 2005), sendo que o pesquisador é movido pela

necessidade de contribuir para fins práticos, buscando soluções para problemas concretos

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(CERVO e BERVIAN, 2002). Nesta pesquisa são analisados dados relacionados ao

tratamento dos resíduos sólidos orgânicos do município de Vacaria.

A forma de abordagem da pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa (GIL, 1991). A

natureza do problema ou o seu nível de aprofundamento irão determinar a escolha entre os

métodos. Neste sentido a pesquisa é classificada como quantitativa, pois fará uso de recursos,

técnicas e procedimentos estatísticos para traduzir em números as informações obtidas em

estudos de caso realizados sobre o tema de interesse e correlacionados, visando aplicar e

adequar a realidade do município de Vacaria.

A pesquisa, quanto aos objetivos, é classificada como exploratória, sendo que a

mesma envolverá levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram

experiências práticas com o problema pesquisado, ou seja, compostagem acelerada de

resíduos sólidos urbanos, e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Esta

classificação também está de acordo com Köche (1997), que afirma que o objetivo

fundamental de uma pesquisa exploratória é o de descrever ou caracterizar a natureza das

variáveis que se quer conhecer.

No que se trata de procedimentos práticos, o trabalho caracteriza-se como um estudo

de caso, pois envolve o estudo profundo de um objeto de maneira que se permita o seu amplo

e detalhado conhecimento referente à viabilidade econômica da compostagem acelerada de

resíduos sólidos urbanos. De acordo com Yin (2001), o estudo de caso é uma estratégia de

pesquisa abrangente, na qual o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e o foco se

encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.

3.3 Procedimentos e métodos

Para o desenvolvimento do trabalho foi realizado um estudo em três etapas,

correspondentes aos três objetivos específicos. As etapas foram subdivididas para um melhor

detalhamento dos procedimentos adotados.

A Figura 10 apresenta o fluxograma da estrutura metodológica para o

desenvolvimento da pesquisa.

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Figura 10: Fluxograma de procedimentos e desenvolvimento

Na sequência são descritas as etapas e respectivas fases que compõe a metodologia

para atendimento dos objetivos específicos propostos.

Etapa 1 – Determinação dos investimentos, custos e despesas para implantação do

sistema de compostagem acelerada de resíduos sólidos urbanos

Nesta etapa relacionaram-se todos os investimentos e os custos para construção e

instalação do sistema de compostagem de resíduos sólidos urbanos com aeração forçada, bem

como demais equipamentos necessários para funcionamento do mesmo.

Adotou-se, anteriormente ao levantamento de gastos e investimentos uma quantidade

de recebimento de resíduos sólidos urbanos igual a 30 toneladas/dia, ou seja, atribuiu-se uma

porcentagem de 23,3% superior a atual produção de resíduos orgânicos do município, este

Etapa 1

Determinar Parâmetros

Gastos

Investimentos

Etapa 2

Levantamento de Parâmetros

Impostos

Preços de Venda

Receitas

Instalação e Operação do Sistema de

Compostagem Acelerada de

Resíduos Sólidos Urbanos

(SICA-RSU)

Etapa 3

Análise de Viabilidade Econômica

Elaboração do Fluxo de Caixa

Despesas

Custos

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fato deve-se a realidade de tendência no aumento na produção de resíduos apresentada em

literaturas especializadas.

Determinou-se também que o período de recebimento dos RSU pelo sistema seria 6

vezes por semana (segunda a sábado), esta estimativa torna possível a realização de

dimensionamentos necessários para que se obtenham valores mais fidedignos na solicitação

de orçamentos e realização de estimativas de investimentos, custos e despesas.

Na etapa 1 realizou-se uma pesquisa de mercado, visando compilar dados de custos

para com materiais comumente utilizados na construção de sistemas de compostagem

acelerada de resíduos sólidos urbanos, mão-de-obra especializada, equipamentos necessários,

etc.

Os equipamentos componentes do Sistema de Compostagem Acelerada de Resíduos

Sólidos Urbanos (SICA-RSU), ou seja, picador rotativo, carrinho de material orgânico,

medidor de temperatura, peneira rotativa e conjunto de equipamentos da compostagem

acelerada, foram orçados a partir de solicitação junto a empresa fornecedora de soluções para

tratamento de resíduos sólidos. O referido orçamento foi realizado no mês de outubro, visando

ter um valor mais atualizado para realização da análise de viabilidade econômica do sistema.

Os demais equipamentos de aquisição necessários como, por exemplo: balança,

máquina de fechamento de embalagens, trator mini carregadeira, termômetro digital

infravermelho, lona comercial para recobrimento das leiras aeradas, embalagens, EPI’s, foram

obtidos junto a empresas que possuem lojas virtuais e também realizou-se pesquisas em lojas

físicas.

Relacionaram-se também os custos com a construção de uma estrutura coberta para

acondicionamento dos equipamentos pré e pós compostagem acelerada e estrutura para cura

final do material compostado. Esta relação baseou-se no dimensionamento do sistema de

compostagem acelerada proposto, bem como na estimativa do espaço necessário a um leiaute

adequado para a disposição dos equipamentos do sistema.

Foram levantados nesta etapa também os custos com salários, onde foi admitido a

necessidade de 3 funcionários, sendo: 1 operador de máquinas, 1 auxiliar geral de operação e

1 auxiliar administrativo.

Ainda na etapa 1 foi calculada a depreciação dos bens, como equipamentos e

construções, sendo neste caso os equipamentos (4%) e construções (10%) adotando-se para o

cálculo uma vida útil de dez anos. Os valores utilizados para cálculo da depreciação foram

baseados nos valores da Instrução Normativa SRF nº 162, de 31 de dezembro de 1998, a qual

fixa prazo de vida útil e taxa de depreciação dos bens.

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Etapa 2 – Determinação dos impostos, preços de venda e receitas

Para determinação dos impostos envolvidos na produção e comercialização do

composto orgânico, buscaram-se informações em literatura especializada, bem como consulta

a profissionais da área contábil e empresas do ramo da reciclagem, pois se admitiu, conforme

Lei Federal nº 12.305/2010, que a compostagem enquadra-se nesta definição.

Conforme citado na Etapa 1 admitiu-se que o sistema receberá uma quantidade em

massa de 30 t/dia, e visando ter uma estimativa próxima a realidade adotou-se que do material

recebido parte não será compostada e parte será material de rejeito, na determinação

quantidade a ser comercializada adotou-se como produto final uma parcela de 60% do

material recebido, ou seja, das 30 t/dia recebidas, 18 t/dia gerarão produto final (composto

orgânico).

Para determinação das receitas, foi realizada uma pesquisa de mercado visando obter

dados sobre o preço de venda praticado em diversos locais para comercialização de composto

orgânico de diferentes fontes de matéria-prima e principalmente os compostos obtidos a partir

de resíduos sólidos urbanos. A pesquisa foi realizada em dois eixos distintos: estimativa de

valores de venda do produto “a granel” (R$/tonelada) e venda de varejo, neste caso especifico

em embalagens de 1 kg.

A determinação das receitas partiu do pressuposto que a comercialização a granel ou

atacado representaria 98% do volume total produzido pelo SICA-RSU e o produto de varejo

representaria 2% do volume total de resíduos compostados.

Com base na pesquisa de preço médio pago pelo composto orgânico no Rio Grande do

Sul, realizou-se o cálculo da receita bruta, através de planilha de fluxo de caixa.

Etapa 3 – Análise da viabilidade econômica da compostagem acelerada de resíduos

sólidos orgânicos

Nesta etapa foram relacionados em uma planilha de fluxo de caixa os investimentos,

custos e despesas para a instalação e operação do sistema de compostagem acelerada para

resíduos sólidos urbanos.

Esta etapa incluiu os custos dos materiais e equipamentos utilizados na operação de

cada sistema, além das receitas geradas com a venda dos produtos.

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Para o levantamento de todas as variáveis econômicas necessárias para construção do

fluxo de caixa, foram utilizados os valores citados anteriormente que compõem as etapas 02 e

03.

Para a análise de viabilidade foram avaliados os seguintes parâmetros:

1. Investimento inicial: contemplando os gastos com projetos, construção civil,

instalações e equipamentos;

2. Custos comuns de operação: compreendidos pelos gastos com materiais de escritório e

limpeza, constas de água, luz e telefone, pessoal, veículos, equipamentos gerais e

despesas legais;

3. Custos específicos de operação: que são os custos operacionais específicos para cada

sistema;

4. Depreciação: dos equipamentos e construções;

5. Custos de manutenção: gastos com manutenções preventivas e corretivas dos

equipamentos e veículos;

6. Impostos;

7. Preço de venda: determinação do preço de venda no mercado dos subprodutos

gerados; e

8. Receita bruta: em função do volume de produção e do preço de venda.

Fase 3.1 – Valor Presente Líquido

Para o cálculo do valor presente líquido (VPL) na equação, utiliza-se a seguinte

equação (1):

t

tn

t i

FCIVPL

)1(1 +

+= ∑=

(1)

Em que VPL é o valor presente líquido; “I” é o investimento de capital na data zero,

“FCt” representa o valor final na data t do fluxo de caixa; “n” é o prazo de análise do projeto;

e, “i” é a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) para realizar o investimento, ou custo de

capital do projeto de investimento.

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Fase 3.2 – Taxa Interna de Retorno

O cálculo da TIR se faz através da determinação da taxa de juros que anula o Fluxo de

Caixa no horizonte de tempo do projeto.

Para se determinar a Taxa Interna de Retorno (TIR) faz-se uso da fórmula (2).

t

tn

t TIR

FCI

)1(0

1 +

+−= ∑=

(2)

Fase 3.3 – Valor Anual

Consiste em achar uma série uniforme anual equivalente (pela TMA) ao fluxo de caixa

do investimento. Este valor uniforme anual (VA) determina o quanto este investimento

retornaria anualmente a mais que a Taxa Mínima de Atratividade.

Fase 3.4 – Período de Recuperação de Capital

O método do Payback consiste na determinação do número de períodos necessários

para recuperar o capital investido.

O Payback pode ser calculado conforme a equação (3), onde se divide o Valor do

Investimento Inicial pela média do Fluxo de caixa anual:

∑=

anoFC

toInicialInvestimenPB (3)

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4 RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos durante a realização do estudo

e aqueles provenientes da análise de viabilidade econômica realizados.

A apresentação dos resultados seguirá as etapas e fases do procedimento metodológico

apresentado no Capítulo 3.

4.1 Determinação dos parâmetros de investimentos e gastos

O levantamento para determinação dos investimentos e gastos decorrentes da

implantação do SICA-RSU foi realizado a partir do dimensionamento da capacidade

requerida do sistema.

A Tabela 2 apresenta os dados de entrada utilizados para o dimensionamento do

SICA-RSU para posterior determinação de investimentos, custos e despesas.

Tabela 2: Dados de entrada para dimensionamento do SICA-RSU

Descrição Valor

Quantidade Diária de RSU (t) 30

Dias de Recebimento (mês) 24

Densidade Média RSU (t/m³) 0,5

Comprimento da Baia de Compostagem (m) 20

Altura da Baia da Compostagem (m) 2

Quantidade de Baias 6

Fator de Segurança 1,5

Com base nos dados de entrada, acima apresentados, pode-se dimensionar o sistema

de compostagem, conforme mostra a Tabela 3.

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Tabela 3: Dimensionamento do SICA-RSU

Descrição Quantidade

Quantidade Mensal (t) 720

Quantidade Anual (t) 8640

Quantidade Anual (Kg) 8640000

Quantidade de Produto Final (60% do total) 5184000

Volume Mensal Recebido (m³) 1440

Volume Mensal (adotando F.S) 2160

Largura Total (baias) 54

Largura Individual (baia) 9

Apoiado nos levantamentos realizados obteve-se, conforme apresenta a Tabela 4, os

equipamentos necessários para operação do SICA-RSU, com respectivas quantidades, valores

unitários e valores totais.

Tabela 4: Equipamentos operacionais

Descrição Quantidade Custo Un. (R$) Custo Total

(R$) Carrinho de Mão - Fisher de Aço 1 102,00 102,00

Enxada Larga Forjada Tramontina 2 38,00 76,00

Pá Quadrada Tramontina 2 36,50 73,00

Trator Mini Carregadeira Wecan GM650-II 1 54000,00 54.000,00

Termômetro Digital Infra-Vermelho 1 230,00 230,00

Balança Digital Eletrônica ( até 10 Kg) 1 75,00 75,00

Máquina Seladora Sacos de Ráfia 1 350,00 350,00

Subtotal R$ 54.906,00

Com base no orçamento realizado junto à empresa Maquisul Indústria de Máquinas®,

o conjunto de equipamentos necessários para instalação de um Sistema de Compostagem

Acelerada de Resíduos Sólidos Urbanos (SICA-RSU) é apresentado na Tabela 5, com seus

respectivos valores e quantidades.

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Tabela 5: Equipamentos do SICA-RSU

Equipamento Quantidade Custo Un.

(R$) Custo Total

(R$) Picador Rotativo 1 19800 19.800,00

Peneira Rotativa 1 22490 22.490,00 Aeradores e Baias de Compostagem Acelerada (Cap. 30 t/dia)

1 38680 38.680,00

Medidor de Temperatura 1 4400 4.400,00

Carretão (4,5 m³) 1 4250 4.250,00

Subtotal R$ 89.620,00

Os equipamentos citados na tabela anterior são melhor apresentados no Quadro 4 com

suas respectivas dimensões e características principais.

Quadro 4: Dimensões e características dos equipamentos do SICA-RSU

Equipamento Dimensões (m)

Características Largura Altura Comprimento

Picador Rotativo 1,2 2,0 1,0 Motor Trifásico de 10 cv

Facas giratórias, temperadas e substituíveis

Carretão 1,5 1,0 3,0 Chapas de aço laminadas

Caçamba basculante

Medidor de Temperatura

Haste de aço Inox com sensores

eletrônicos

Marcador de 0-120 ºC

Visor digital

Peneira Rotativa 1,40*

(diâmetro) 1,90 3,5

Motor trifásico de 3 cv Chapas perfuradas de furos 12

mm Rejeitos dispensados em bica

específica Funil de abastecimento para

alimentação

Aeradores e Baias de

Compostagem 54,0 2,0 20,0

Baias individuais, conjunto de aeradores com comando elétrico,

bomba hidráulica, tanque de depósito do chorume

Os investimentos necessários para construção do pavilhão, cobertura e piso para

acondicionamento dos equipamentos, baias de compostagem acelerada e demais atividades do

SICA-RSU são apresentados na Tabela 6.

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Tabela 6: Investimentos para construção do pavilhão do SICA-RUS

Descrição Quantidade Custo Un. (R$) Custo Total (R$)

Pavilhão Pré-Montado Coberto 2000 m² 250 500.000,00

Piso Concreto Polido (15 cm) 2020 m² 150 303.000,00

Subtotal R$ 803.000,00

Os custos variáveis de produção, conforme estimativa realizada como base nos

equipamentos a serem utilizados, são apresentados na Tabela 7.

Tabela 7: Custos variáveis de produção

Descrição Custo ao Ano (R$)

Energia Elétrica 45.500,00

Combustível 3.450,00

Fretes 4.550,00

Embalagens 16.500,00

Subtotal R$ 70.000,00

Nos custos variáveis de produção, a matéria-prima foi adotada como valor zero por

representar a utilização de um resíduo como fonte principal, ou seja, somente serão

necessários transportes da mesma dependendo da localização do SICA-RSU e a fonte de

matéria-prima.

Os custos fixos de operação, bem como as percentagens de encargos, seguros e

manutenção de equipamentos e construções são apresentados na Tabela 8.

Tabela 8: Custos fixos de produção

Descrição Custo ao Ano

Operador de Máquinas R$ 14.400,00

Auxiliar de Compostagem R$ 6.540,00

Auxiliar Administrativo R$ 6.540,00

Encargos Trabalhistas 80%

Seguro Empresarial 0,06%

Manutenção das Construções 0,50%

Manutenção de Equipamentos 0,20%

Subtotal R$ 61.791,00

Ainda nos custos fixos anuais, apresentam-se na Tabela 9, os relativos aos

equipamentos de proteção individual (EPI’s) necessários para os operadores do SICA-RSU.

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Tabela 9: Custos fixos com EPI’s

Descrição Quantidade Custo Un. (R$) Custo Total (R$)

Bota Borracha Forrada (par) 4 30,00 120,00

Aventais de PVS 4 12,00 48,00

Uniforme 4 48,00 192,00

Capa de Chuva 2 12,00 24,00

Luvas PCV Forrada 45 cm 12 10,00 120,00

Respiradores 4 15,00 60,00

Protetor Auricular 2 12,00 24,00

Óculos de Proteção 4 44,00 176,00

Subtotal R$ 764,00

A estimativa das despesas administrativas, no período de um ano, é apresentada na

Tabela 10.

Tabela 10: Estimativa das despesas administrativas

Descrição Quantidade Custo Un. (R$) Custo Total (R$)

Material de Escritório 12 100 1.200,00

Material de Limpeza 12 200 2.400,00

Luz 12 4500 54.000,00

Telefone 1 545 545,00

Subtotal R$ 58.145,00

Foram orçados também os valores junto ao órgão ambiental estadual, FEPAM, os

valores referentes às licenças: prévia (LP), de instalação (LI) e de operação (LO) para

sistemas de compostagem de RSU, os respectivos valores são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11: Valores das taxas de licenciamento ambiental (FEPAM)

Descrição Quantidade Custo Un. (R$) Custo Total (R$)

Licença Prévia 1 631,47 631,47

Licença de Instalação 1 1076,69 1076,69

Licença de Operação 1 758 758

Subtotal 2.466,16

4.2 Levantamento das receitas e tributos

A estimativa da receita foi realizada visando determinar antecipadamente o volume de

recursos a ser arrecadado num período de um ano, possibilitando uma programação

orçamentária equilibrada.

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Os dados de tributação levantados acompanham os impostos aplicados à cadeia de

reciclagem de outros materiais e são apresentados na Tabela 12.

Tabela 12: Tributação adotada

Imposto Taxa

ICMS 18%

PIS/FINSOCIAL 2%

IPI 10%

Os dados de entrada da estimativa de receita, realizada através da programação de

vendas, considerando os dois tipos de produtos a serem comercializados é apresentada na

Tabela 13, na qual o Produto A representa a venda a granel e o produto B representa a venda

no varejo (embalagens de 1 kg).

Tabela 13: Dados de entrada do programa de vendas

Descrição Quantidade (Kg) Quantidade (t) Receitas (R$) Receitas Total

(R$) Atacado (granel) 5080320 5080 125 635.040,00

Varejo (1 Kg) 103680 103,68 0,65 67.392,00

Total (ano) R$ 702.432,00

Na Tabela 13, os dados apresentados são da estimativa inicial, ou seja, produto direto

de quantidade vezes preço de venda, não sendo aqui deduzidos valores de impostos.

A programação de vendas adotada foi realizada para um período de 10 anos, sendo

que a produção no ano 1 corresponde a 75% da capacidade total e nos anos 2 a 10 a 100%. A

receita desta programação de vendas é apresentada na Tabela 14, na qual também destaca-se

as receitas considerando-se o imposto sobre produtos industrializados (IPI).

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Tabela 14: Programa de Vendas

Descrição Produto Ano 1 Anos 2 a 10

Quantidade Vendida A 3.810,00 5.080,00

B 77.760,00 103.680,00

Preço A 125,00 125,00

B 0,65 0,65

Receita de Vendas A 47.6250,00 635.000,00

B 50.544,00 67.392,00

Receita (Sem IPI) 526.794,00 702.392,00

IPI A 47.625,00 63.500,00

B 5.054,4 6.739,2

Receita Bruta R$ 579.473,40 R$ 772.631,20

4.3 Análise de viabilidade econômica

4.3.1 Depreciação

Para o cálculo de depreciação tomou-se por base a Nota Técnica de n° 78/2005 da

Receita Federal, onde consta o prazo de vida útil para cada bem. Após determinar o custo

unitário de um bem, faz-se a divisão do seu custo pela vida útil.

Na Tabela 15 estão representados as despesas anuais referente aos equipamentos e

construções do sistema de compostagem acelerada de resíduos sólidos urbanos.

Tabela 15: Despesas com depreciação

Ano Depreciação Valor Contábil

1 49.252

2 49.252

3 49.252

4 49.252

5 49.252

6 49.252

7 49.252

8 49.252

9 49.252

10 49.252 482.400,00

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4.3.2 Avaliação Econômica da Compostagem Acelerada de Resíduos Sólidos Urbanos

Neste item foi analisado o fluxo financeiro do empreendimento num período de 10

anos para a instalação de um SICA-RSU para produção de composto orgânico misto.

Para a determinação do fluxo financeiro relacionou-se a receita bruta para cada ano e

deduziu-se o valor do imposto, obtendo-se a receita líquida. Após, subtrai-se os custos

comuns e específicos de produção e a depreciação, obtendo-se o lucro líquido do

empreendimento (Quadro 5).

Baseado no investimento inicial, no tempo de vida útil e no lucro líquido do SICA-

RSU, calcula-se o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor

Anual Uniforme (VA).

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) considerada foi de 6%, valor baseado na

rentabilidade anual da Caderneta de Poupança pelo fato de ser um valor de fácil identificação

para fins de comparação de investimentos de capital. Este valor foi adotado pelo fato de ser

tido como referência para estudos de viabilidade econômica.

Quadro 5: Resumo do quadro de fluxo financeiro do SICA-RSU

Quadro do Fluxo Financeiro do SICA-RSU

Descrição Ano

0 1 2 3 ... 10

Receita Bruta 579.473 772.631 772.631 772.631 772.631

(-) Impostos Prop. Vendas 152.984 203.978 203.978 203.978 203.978

(=) Receita Líquida 426.490 568.653 568.653 568.653 568.653

(-) Custo Variável de Produção 56.000 70.000 70.000 70.000 70.000

(-) Custo Fixo de Produção 72.248,1 72.248,1 72.248,1 72.248,1 72.248,1

(=) Lucro Bruto 298.242 426.405 426.405 426.405 426.405

(-) Despesas Gerais Fixas 4.145 4.145 4.145 4.145 4.145

(=) Lucro Líquido antes do IR 294.097 422.260 422.260 422.260 422.260

(-) Depreciação 49.251,8 49.251,8 49.251,8 49.251,8 53.1652

Lucro Líquido após o IR 208.401 291.707 291.707 291.707 426.425

(-) Investimentos 1.003.656

(-) Investimentos (não ativado) 2.466,16

Fluxo Caixa Empreendimento -1.006.122 207.666 290.972 290.972 290.972 426.614

Taxa Interna de Retorno (TIR) 24,29% TMA 6%

Valor Presente Líquido (VPL) 1.216.357 IR 35%

Valor Anual Uniforme (VA) 165.264

Tempo de Retorno (anos) 4,8

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No Apêndice A, apresenta-se a planilha completa do fluxo financeiro para implantação

de um sistema de compostagem acelerada de resíduos sólidos urbanos para um investimento

com 10 anos de vida útil.

A Taxa interna de retorno para implantação do SICA-RSU é de 24,29% e está

apresentada no Quadro 3. Na análise da Taxa Interna de Retorno o SICA-RSU apresentou

valor quatro vezes superior a TMA, evidenciando que o investimento é atrativo se utilizada a

taxa mínima de 6%.

O Valor Presente Líquido (VPL) obtido no fluxo financeiro para um horizonte de 10

anos de vida foi de R$ 1.216.357,00 e o Valor Anual Uniforme (VA) foi de R$

165.264,00/ano. O período de recuperação de capital (payback) obtido foi de 4,8 anos.

O quadro 6 apresenta o resumo dos resultados da avaliação econômica realizada

através da planilha de fluxo de caixa.

Quadro 6: Resumo dos resultados da avaliação econômica

TMA VPL TIR VA Payback

6% R$ 1.216.357,00 24,91% R$ 165.264,00 4,8 anos

Com base na mensuração de valores para a implantação e operação de um sistema de

compostagem acelerada para RSU, bem como nas pesquisas de mercado sobre o preço

praticado na comercialização do composto, observa-se que este empreendimento é viável

economicamente obtendo uma TIR de 24,91%.

Observa-se ainda que o VPL para este empreendimento foi de R$ 1.216.357,00, ou

seja, demonstrando a atratividade do investimento e o VA foi de R$ 165.264,00/ano,

apresentando um valor atrativo e possibilidade de previsão do valor anual de retorno que o

investimento proporcionará. A análise apresentou ainda um payback de 4,8 anos.

Portanto diante das análises realizadas, pela elaboração do fluxo de caixa, verifica-se

que a implantação do sistema de compostagem acelerada para 30 toneladas diárias de resíduos

orgânicos é um negócio viável do ponto de vista econômico.

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5 CONCLUSÃO

5.1 Conclusão do trabalho

Diante de todo o exposto pode-se observar, através da revisão de estudos realizados

sobre o tema, que utilizando um processo como o de compostagem acelerada, sem adição de

qualquer produto poderá se produzir um composto orgânico em até 40 dias, solucionando os

problemas gerados por outros tratamentos de resíduos sólidos urbanos, dentre eles a própria

compostagem tradicional (a céu aberto) que necessita de grandes espaços físicos, longo tempo

para obtenção do produto final, necessidade de revolvimento do material, tratamento do

chorume, dentre outras desvantagens.

Tomando os objetivos que nortearam este trabalhado, a fim de apresentar uma análise

de viabilidade econômica de um Sistema de Compostagem Acelerada de Resíduos Sólidos

Urbanos, bem como apresentar os principais gastos, investimentos e receitas envolvidos para

sua implantação, o estudo mostrou uma atividade viável economicamente.

Através da construção do fluxo de caixa, indispensável em estudos de viabilidade

econômica de projetos e investimentos, pode-se obter a Taxa Interna de Retorno (TIR), Valor

Presente Líquido (VPL), Valor Anual (VA) e Tempo de Retorno (Payback) do investimento.

A TIR obtida superou em aproximadamente quatro vezes a Taxa Mínima de

Atratividade (TMA) a ser alcançada, ou seja, mostrou através deste parâmetro que o

empreendimento é economicamente viável, apresentando ainda um VPL elevado demostrando

assim a atratividade do projeto a ser implantado. O VA obtido mostrou-se interessante, uma

vez que se pode observar o retorno anual do investimento.

Diante dos levantamentos realizados e construção do fluxo de caixa para investimento

em um Sistema de Compostagem Acelerada para Resíduos Sólidos Urbanos com capacidade

de recebimento de 30 toneladas diárias, o estudo demostrou ser um empreendimento viável do

ponto de vista econômico e vantajoso do ponto de vista ambiental, uma vez que os benefícios

oferecidos por este método de tratamento de resíduos sólidos são extremamente favoráveis.

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5.2 Recomendações para trabalhos futuros

A partir deste estudo, sugerem-se algumas recomendações para trabalhos futuros:

a) Realizar o estudo da viabilidade econômica para sistemas de compostagem

acelerada com capacidade superior e inferior a 30 t/dia;

b) Comparar os investimentos e custos de sistemas de tratamento de RSU

convencionais (aterros sanitários) com sistemas de compostagem acelerada.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE A – Quadro do fluxo financeiro do SICA-RSU

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Quadro do Fluxo Financeiro do Sistema de Compostagem Acelerada de Resíduos Sólidos Urbanos

Descrição Ano

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Receita Bruta 579.473 772.631 772.631 772.631 772.631 772.631 772.631 772.631 772.631 772.631

(-) Impostos Prop. s/ Vendas 152.984 203.978 203.978 203.978 203.978 203.978 203.978 203.978 203.978 203.978

(=) Receita Líquida 426.490 568.653 568.653 568.653 568.653 568.653 568.653 568.653 568.653 568.653

(-) Custo Variável de Produção 56.000 70.000 70.000 70.000 70.000 70.000 70.000 70.000 70.000 70.000

(-) Custo Fixo de Produção 71.958 71.958 71.958 71.958 71.958 71.958 71.958 71.958 71.958 71.958

(=) Lucro Bruto 298.532 426.695 426.695 426.695 426.695 426.695 426.695 426.695 426.695 426.695

(-) Despesas Gerais Variáveis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

(-) Despesas Gerais Fixas 4.145 4.145 4.145 4.145 4.145 4.145 4.145 4.145 4.145 4.145

(-) Despesas Financeiras 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

(=) Lucro Líquido antes do IR 294.387 422.550 422.550 422.550 422.550 422.550 422.550 422.550 422.550 422.550 (-) Depreciação 46.613 46.613 46.613 46.613 46.613 46.613 46.613 46.613 46.613 529.013

(=) Lucro Operacional 247.774 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 -106.463

(+) Resultado venda ativo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 94853

(=) Lucro Tributável 247.774 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 375.937 -11.610

IR/CCSLL

86.721

131.578

131.578

131.578

131.578

131.578

131.578

131.578

131.578 -

4.063 Lucro Líquido após o IR 207.666 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 426.614

(-) Amortização 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

(-) Investimentos 1.003.656

(-) Investimentos (não ativado) 2.466,16

(+) Liberação Financiamento 0

(+) Valor Residual 149.982

Fluxo Caixa Empreendimento -1.006.122 207.666 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 290.972 576.596

TIR do Empreendimento = 24,91% TMA 6,00% VPL do Empreendimento = R$1.216.357,11 IR/CCSLL 35%

Valor Anual = R$165.263,96 V. Residual = 10%

Tempo de Retorno= 4,8 anos

Apêndice 1: Quadro do fluxo financeiro do SICA-RSU