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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Adivan Tonin ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA QUEIMA DE RESÍDUO DA FILTRAÇÃO DE BIODIESEL EM CALDEIRAS Passo Fundo, 2014.

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Adivan Tonin

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA QUEIMA

DE RESÍDUO DA FILTRAÇÃO DE BIODIESEL EM

CALDEIRAS

Passo Fundo, 2014.

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Adivan Tonin

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA A

QUEIMA DE RESÍDUO DA FILTRAÇÃO DE

BIODIESEL EM CALDEIRAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título

de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Vandré Barbosa Brião,

Doutor.

Passo Fundo, 2014.

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Adivan Tonin

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA A QUEIMA DE

RESÍDUO DA FILTRAÇÃO DE BIODIESEL EM CALDEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Passo Fundo, 28 de junho de 2014.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ser a força que me mantém firme, a luz no meu caminho frente a todas as

dificuldades as quais a vida apresenta;

A meus pais Valmir e Evania, a quem devo minha vida, por estarem sempre prestes a

me estender a mão, minha eterna gratidão e amor incondicional e meu irmão Evandir por todo

o carinho e compreensão.

A minha esposa Elita, com quem amo partilhar todos os momentos da minha vida, por

todo o apoio e incentivo e principalmente por ter escolhido permanecer ao meu lado, em todos

os caminhos onde a vida nos leva;

A toda minha família pelo apoio, compreensão e sacrifícios que sempre fizeram por

mim.

A Universidade de Passo Fundo, Faculdade de Engenharia e Arquitetura, em especial

ao curso de Engenharia Ambiental, e aos professores, pelo conhecimento técnico fornecido,

direcionamento e inspiração profissional.

Ao meu orientador, Prof. Vandré Barbosa Brião, por ser sempre muito prestativo e

confiante, pelos valiosos ensinamentos que tens transmitido;

Aos bons amigos de sempre, que se alegram com minhas pequenas vitórias e aos

novos que conquistei em Passo Fundo pelo companheirismo na caminhada;

Finalmente, a todos que de alguma forma contribuíram para a realização desse

trabalho, ajudando na conquista de mais uma etapa.

Muito obrigado!!!

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RESUMO

A produção de biodiesel geralmente utiliza a filtração para retirada de materiais

insolúveis presentes no meio liquido nas etapas de preparação da matéria prima e purificação

do produto final. Para tanto, pode-se utilizar auxiliares filtrantes produzidos a base de fibras

de celulose, sendo estes menos agressivos ao meio ambiente e possuindo propriedades para

reaproveitamento energético. Apresentando este resíduo característica de combustibilidade,

ele deixa de ser um resíduo do processo e passa ser um combustível para caldeiras. Sendo

assim a proposta deste trabalho foi identificar o potencial térmico do resíduo de filtração

celulósico originado no processo de produção de biodiesel, através de uma amostragem

composta retirada dos filtros durante as limpezas e realizando analises para a caracterização

do resíduo. Com os resultados obtidos foi possível realizar uma caracterização elementar e

imediata do resíduo, avaliado o seu potencial térmico, reações de combustão, gases gerados

após combustão completa e realizando uma analise econômica preliminar, fazendo sempre

uma comparação com biomassa de eucalipto por também ser um composto celulósico e ser o

combustível utilizado atualmente na caldeira da empresa em questão. O resíduo de filtração

apresenta a vantagem de ser renovável, por ser composto de celulose e óleo, suas

características são similares à biomassa de eucalipto, destacando-se principalmente o seu

maior valor energético, sendo que os valores apresentados para PCI do resíduo de filtração

celulósico foram 6860 kcal/kg, enquanto que, para a biomassa de eucalipto o PCI é de 2747

kcal/kg. Com a analise preliminar constatou-se que reutilizando o resíduo de filtração como

combustível reduziria significativamente os custos da empresa com aquisição de biomassa de

eucalipto em torno de R$ 17.932,00 mensais.

Palavras-chaves: Auxiliar filtrante. Resíduo de filtração. Combustão.

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ABSTRACT

Biodiesel production typically uses filtration to remove insoluble materials present in

the liquid medium in the preparation steps of raw material and purification of the final

product. For this purpose, it can be produced using filter auxiliary based on cellulose fibers,

which are less harmful to the environment and having property for recycling energy.

Introducing this feature residue combustibility, it ceases to be a waste of the process and pass

be a fuel for boilers. Therefore the aim of this study was to identify the thermal potential of

residue cellulosic filtration originated in the biodiesel production process, through a

compound sample filters during removal of cleanings and performing analyzes to characterize

the waste. With the results we conduct an immediate and elemental characterization of the

waste, measure its thermal potential reactions of combustion gases generated after complete

combustion and conducting a preliminary economic analysis, always making a comparison

with eucalyptus biomass by also being a compound cellulosic and be the fuel currently used in

the boiler of the company in question. The filter has the advantage of being renewable, which

is composed of cellulose and oil, its characteristics are similar to eucalyptus biomass,

highlighting especially their higher energy value and the amounts presented for PCI filtration

residue cellulosic was 6860 kcal / kg, while for the PCI eucalyptus biomass is 2747 kcal / kg.

With the preliminary analysis it was found that reusing the filtration residue as fuel would

significantly reduce the company's costs with purchase of eucalyptus biomass around

R$17,932.00 monthly.

Keyword: Auxiliary filter, residue filtration, combustion.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Participação da oferta interna de energia em 2012 ................................................... 11 Figura 2: Volume de Biodiesel Produzido no Brasil ................................................................ 14 Figura 3: Processo de Pré-Tratamento de óleo desenvolvido pela empresa Crown Iron ......... 16 Figura 4: Filtro vertical hermético de placas modelo HBV...................................................... 18

Figura 5: Processo de Produção de Biodiesel desenvolvido pela empresa Crown Iron ........... 19 Figura 6: Reação de transesterificação de triglicerídeos com Metanol .................................... 20 Figura 7: Fluxograma do processo de Filtração ....................................................................... 21 Figura 8: Filtro horizontal hermético de placas modelo HBH ................................................. 21 Figura 9: Etapas da combustão da madeira .............................................................................. 35

Figura 10: Esquema de uma caldeira a vapor para biomassa ................................................... 44

Figura 11: Resíduo de filtração do biodiesel ............................................................................ 46 Figura 12: Composição volumétrica dos gases da combustão do resíduo de filtração (%) ..... 57

Figura 13: Composição volumétrica dos gases da combustão da biomassa de eucalipto (%) . 58

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LISTA DE TABELAS Tabela 1: Evolução da oferta interna de energia no horizonte decenal .................................... 12 Tabela 2: Variação do PCS e PCI da lenha de eucalipto com a umidade ............................... 31 Tabela 3: Características técnicas de diferentes tipos de biomassa em base seca .................... 32

Tabela 4: Análises Realizadas .................................................................................................. 47 Tabela 5: Composição do eucalipto x Composição do resíduo de filtração ............................. 50 Tabela 6: Determinação da massa de trabalho ......................................................................... 53 Tabela 7: Reações químicas da combustão completa do resíduo de filtração .......................... 54 Tabela 8: Ar teórico necessário para combustão de um quilograma de combustível............... 55

Tabela 9: Ar real para combustão de um quilograma de combustível ..................................... 55 Tabela 10: Composição do ar da combustão de um quilograma de combustível .................... 56 Tabela 11: Componentes dos produtos da combustão de um quilograma de combustível ...... 56 Tabela 12: Avaliação econômica preliminar ............................................................................ 58

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 11

2.1 Matriz Energética Brasileira ...................................................................................... 11 2.2 Indústria de Biodiesel ................................................................................................ 14

2.2.1 Panorama Nacional do Biodiesel ........................................................................ 14 2.2.2 Processo Produtivo do Biodiesel ........................................................................ 15

2.3 Celulose como auxiliar de filtração ........................................................................... 22 2.3.1 Celulose JRS ....................................................................................................... 24 2.3.2 Terra de celulose como adsorvente .................................................................... 25

2.4 Combustíveis utilizados em caldeiras ........................................................................ 26

2.4.1 Combustíveis Sólidos ......................................................................................... 27 2.4.2 Combustíveis Líquidos ....................................................................................... 28

2.4.3 Combustíveis Gasosos ........................................................................................ 28 2.5 Potencial da Biomassa ............................................................................................... 29 2.6 Propriedades dos Combustíveis ................................................................................. 30

2.6.1 Poder Calorifico .................................................................................................. 30

2.6.2 Composição Química da Biomassa .................................................................... 32 2.7 Combustão da Biomassa ............................................................................................ 34

2.8 Reações da Combustão .............................................................................................. 37 2.9 Gases Gerados na Combustão .................................................................................... 38 2.10 Fornalhas e Caldeiras ................................................................................................. 42

2.10.1 Fornalhas ............................................................................................................ 42 2.10.2 Caldeiras ............................................................................................................. 43

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 46 3.1 Amostragem ............................................................................................................... 46

3.2 Caracterização do resíduo de filtração ....................................................................... 47 3.3 Reações e Gases gerados na combustão do resíduo de filtração ............................... 48

3.3.1 Reações de combustão do resíduo de filtração ................................................... 48 3.3.2 Gases gerados na combustão do resíduo de filtração ......................................... 48

3.4 Analise econômica preliminar ................................................................................... 50 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS ................................................ 50

4.1 Resultados Obtidos .................................................................................................... 50

4.2 Combustão Completa do Resíduo de Filtração .......................................................... 53 4.3 Requisito de Ar para a Combustão Completa do Resíduo de Filtração ..................... 54

4.4 Gases gerados na Combustão de um quilograma de Resíduo de Filtração ............... 56 4.5 Avaliação econômica preliminar ............................................................................... 58

4.6 Impactos da carbonização do resíduo de filtração celulósico .................................... 59 4.6.1 Negativos ............................................................................................................ 59 4.6.2 Positivos ............................................................................................................. 59

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 62

6 ANEXO I ........................................................................................................................... 66

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui uma matriz energética com maior potencial de uso de energias

renováveis no mundo (ALMEIDA, 2010), a geração elétrica de origem hídrica é

predominante, mas o fato de já utilizar biocombustíveis faz com que o Brasil esteja em uma

posição de destaque, referenciado pelos países desenvolvidos.

Enquanto as fontes energéticas tradicionais declinam, as fontes renováveis

apresentam-se como alternativa viável, conquistando espaço na matriz energética brasileira

por ser considerada inesgotável e por apresentarem menores danos ao meio ambiente. Entre as

fontes renováveis incluem a energia solar, geotérmica, energia hídrica (rios, marés e ondas),

eólica e a biomassa.

Para muitos a geração de energia por fontes renováveis é vista como uma iniciativa

isolada, que não está apta a atender à grande demanda de um país continental, mas a

possibilidade de criação de fontes de suprimento descentralizadas e em pequena escala é

essencial para o desenvolvimento sustentável, seja em países desenvolvidos ou em países em

desenvolvimento. A geração de fontes de energia alternativas não pressupõe o abandono

imediato do uso de recursos tradicionais, mas a energia gerada e consumida reduzirá custos

pela substituição do consumo de fontes pagas (PLANETA, 2014).

O Brasil a partir de 2005 passou a usar o biodiesel como uma das energias renováveis

utilizadas no país. Este pode ser fabricado a partir de muitas matérias primas, tais como óleos

vegetais, gorduras animais, óleos residuais e até ácidos graxos livres. O mercado deste

combustível tem crescido muito nos últimos anos, o aumento dos preços do petróleo e busca

por fontes renováveis motivaram a inserção no mercado do biodiesel (LORA, 2012).

No processo produtivo do biodiesel há a necessidade de purificação do mesmo, sendo

uma destas etapas a de filtração. Neste momento é adicionado no processo um auxiliar de

filtração de natureza celulósica que tem a função de retirar impurezas do biodiesel. Este

material vem a substituir a terra diatomácea e perlita no processo de filtração que são de

natureza inorgânica e após sua utilização eram descartados em aterros de resíduos perigosos,

gerando passivo ambiental (JRS, 2010).

O auxiliar de filtração de celulose também gera um resíduo, composto de material

celulósico e impregnado com óleo, podendo ser reaproveitado como combustível (JRS, 2010).

Assim, faz-se necessário um estudo aprofundado para que se possa destinar este material para

aplicações de finalidade nobre e agregando valor utilizando-o como um combustível em uma

caldeira, caracterizando uma recuperação energética.

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Neste sentido pergunta-se: há condições técnicas e econômicas para uso deste resíduo

como combustível em uma caldeira? Para responder a esta questão foi necessário: caracterizar

o resíduo, conhecer as reações de combustão, gases gerados e realizar uma viabilidade

econômica preliminar.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Matriz Energética Brasileira

Um estudo realizado pelo World Energy Council (WEC) conclui que, sob as condições

atuais de consumo e tecnologias disponíveis, a demanda energética mundial em 2020 irá se

incrementar em torno de 50% a 80% com relação a 1990 (OMER, 2008). Assim, espera-se

que o consumo de energia aumente de 22 bilhões de kWh/ano para 53 bilhões de kWh/ano

nesse período.

Em consequência do incremento previsto na demanda mundial de energia, a pressão

sobre a infraestrutura atual será maior, assim como os danos ao meio ambiente, causados

pelos GEE (CO, CO2, SO2, NOx principalmente), desta forma, soluções a longo prazo para o

desenvolvimento sustentável devem ser tomadas. Neste aspecto os recursos energéticos

renováveis, dentre eles a bioenergia, aparecem como uma solução de grande potencial.

Neste contexto o Brasil é o sétimo maior consumidor de energia do mundo segundo o

Banco Mundial, o país está atrás de China, EUA, Rússia, Índia, Japão e Alemanha.

A oferta de energia no Brasil está em 42,4% de energias renováveis e 57,6% de

energias não renováveis conforme Figura 1, onde a biomassa corresponde a 28,6% do todo.

Figura 1: Participação da oferta interna de energia em 2012

Fonte: EPE, 2013.

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Segundo (EPE 2013) apesar de faltar bastante para o país ser sustentável em energia

renovável, a participação destas energias na matriz brasileira manteve-se entre as mais

elevadas do mundo com um valor de 42,4%, onde no mundo a participação das energias

renováveis é de 13,2%.

Uma importante consideração quando se avalia a matriz energética brasileira é que o

consumo per capita de energia no Brasil ainda é muito baixo. A estimativa é que em 2012 o

país consumiu 1,224 toneladas equivalentes de petróleo por habitante (tep/hab) e com

intensidade energética 0,060 tep por U$ mil de PIB. Isso é cerca de seis vezes menos do que o

consumo nos EUA, 7,051 tep/hab (2010), a maior economia do mundo. Portanto, embora a

questão da eficiência energética e a questão da sustentabilidade impactem o consumo,

certamente as políticas de inclusão social e de redução da desigualdade levarão à necessidade

de se ampliar muito a disponibilidade de energia no País. Podemos antever que o aumento da

população mundial, principalmente nos países em desenvolvimento (China, Índia, América

Latina e África), levará ao crescimento da demanda por habitação (programa minha casa

minha vida, por exemplo), e ao aumento da demanda do setor industrial e de transporte que

são os principais vetores para o crescimento do consumo mundial de energia (BUENO, 2013).

A oferta estimada de energia até 2021 para o Brasil está representada na Tabela 1,

contendo as energias renováveis e não renováveis.

Tabela 1: Evolução da oferta interna de energia no horizonte decenal

Fonte: MME, 2011

Observa-se que a oferta de energia no Brasil é bastante limpa, sendo 42,4% da oferta

total de energia renováveis, porém a dependência do petróleo e seus derivados ainda são altos.

Sendo as energias não renováveis finitas, isso mostra que o país ainda tem muito que evoluir

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para chegar a uma matriz energética renovável sendo muito lentamente a mudança, conforme

perspectiva de aumento de 1,9% das energias renováveis para 2021.

O esgotamento das reservas de petróleo e a consequente elevação do seu preço, além

das emissões decorrentes do seu uso, têm levado à implementação de programas que visam à

utilização massiva de combustíveis alternativos, dentre os quais se destacam a energia

hidráulica, biocombustíveis e a biomassa.

Segundo (PORTAL, 2013) diz que as fontes para produção de energia, a biomassa

apresenta um grande potencial de crescimento nos próximos anos, de acordo com os estudos

de planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME). Ela é considerada como uma

alternativa viável para a diversificação da matriz energética dos países, em substituição aos

combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, por exemplo.

Biomassa é toda matéria orgânica não fóssil, de origem animal ou vegetal, que pode

ser utilizada na produção de calor, seja para uso térmico industrial, seja para geração de

eletricidade e/ou que pode ser transformada em outras formas de energias sólidas (carvão

vegetal, briquetes), líquidas (etanol, biodiesel) e gasosas (biogás de lixo), (PORTAL, 2013).

Até 2021, segundo os estudos do (MME, 2011), identificam a manutenção da

participação das fontes renováveis na matriz energética, acima de 44%, ficando a biomassa

com percentuais superiores a 30%. Em 2021, especificamente, a biomassa chegará a 32,4% de

participação.

De acordo com os princípios de desenvolvimento sustentável, a utilização da biomassa

para energia é reconhecida como uma medida de mitigação do aquecimento global, pois

substitui os combustíveis fósseis e diminui a emissão de gases de efeito estufa (STUPAK et

al., 2007). O uso da madeira para produção de energia apresenta menores problemas de

poluição quando comparada aos combustíveis fósseis, tendo em vista que esta possui um

baixo teor de enxofre (CUNHA et al., 1989). Além disto, o uso da biomassa tem um outro

aspecto ambiental favorável já que a emissão de CO2 da queima da biomassa na atmosfera

geralmente é compensada pela absorção no plantio da nova biomassa (INGHAM, 1999).

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2.2 Indústria de Biodiesel

2.2.1 Panorama Nacional do Biodiesel

O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), lançado pelo

Presidente da República, em dezembro de 2004, visa implementar, de forma sustentável tanto

técnica como economicamente, a produção e uso de biodiesel, em cujas diretrizes encontram-

se a implantação de um programa sustentável que promova a inclusão social, a garantia de

preços competitivos e produção a partir de diferentes fontes oleaginosas em regiões diversas

conforme características locais.

Em 13 de janeiro de 2005 a lei nº. 11.097 estabeleceu a obrigatoriedade da adição de

biodiesel no diesel, exigindo um percentual inicial de 2% a partir de 2008, com elevação para

5% em 2013. Em 01 de julho de 2009 foi estabelecido pela resolução nº. 2/2009 do Conselho

Nacional de Política Energética a elevação do percentual para 4%. A partir de 01 de janeiro de

2010 o óleo diesel comercializado no país passou a conter 5% de biodiesel (B5).

O Brasil desde o inicio do PNPB já produziu aproximadamente 14 bilhões de litros de

biodiesel e após o aumento da mistura de biodiesel no diesel para 5% o país vem produzindo

quase 3 bilhões de litros ano conforme Figura 2, é um setor que já evoluiu muito desde o

inicio do programa em 2005 (BIODIESELBR, 2014).

Figura 2: Volume de Biodiesel Produzido no Brasil

Fonte: BIODIESELBR, 2014

Além do aumento na demanda por este combustível, o setor produtivo do biodiesel no

mês de maio de 2014 teve uma grande notícia que através de medida provisória a mistura de

biodiesel no diesel passará de 5% para 6% em julho e 7% em novembro, com este aumento de

-

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

69.002

404.096

1.167.114

1.608.442

2.379.535

2.672.760 2.717.483 2.917.488

Pro

du

ção

em

Ano

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2%, impulsiona o setor para novos investimentos e aumenta a participação de energia

renovável na matriz energética brasileira (BIODIESELBR, 2014).

2.2.2 Processo Produtivo do Biodiesel

O biodiesel é um combustível biodegradável produzido a partir de recursos renováveis

provenientes da biomassa, o que diminui a dependência do petróleo, mediante processo

produtivo que consome óleos vegetais ou gorduras animais como matéria-prima principal. Por

ser utilizado puro ou misturado com o diesel de petróleo em diversas proporções em motores

de ignição à compressão (motores ciclo diesel), dispensando, conforme teor de mistura,

modificações e/ou adaptações dispendiosas. Trata-se de um combustível de uso simplificado,

não tóxico e essencialmente livre de compostos sulfurados e aromáticos (LORA, 2012).

Segundo (FACCINI, 2008) a definição química do Biodiesel é um monoaquilésteres

de ácidos graxos de cadeia longa (com ou sem duplas ligações) fabricado a partir da reação

entre gorduras (animal, vegetal e óleo descartados de frituras) e álcool de cadeia curta, através

de uma reação de transesterificação, em presença de catalisador e com formação de glicerina.

O processo de produção de biodiesel é composto das seguintes etapas: preparação da

matéria-prima, reação de transesterificação, separação de fases, recuperação e desidratação do

álcool, destilação da glicerina e fase final de purificação (LORA, 2012).

2.2.2.1 Preparação da Matéria Prima

A matéria-prima para a produção do biodiesel deve possuir principalmente baixos

índices de umidade, acidez. Para tanto óleos com elevados teores destes compostos

necessitam de um pré-tratamento, para reduzir os valores a indicadores aceitáveis, só assim

este óleo irá para a fabricação do biodiesel, criando melhores condições para a realização da

reação de transesterificação, obtendo máxima taxa de conversão (LIMA, 2003).

O processo convencional contínuo para preparação de óleos se divide em diversas

etapas, dependendo do tipo de óleo (variedade de oleaginosas empregada no processo) e

qualidade do óleo. No caso do óleo de soja bruto, faz-se necessário a degomagem,

neutralização e filtração. A maior parte das substâncias é removida no processo de preparação

da matéria prima, a fim de estabilizar o óleo, mas ocasiona alguns problemas, tais como:

perda de triglicerídeos, grande quantidade de produtos químicos necessários ao processo,

geração de efluentes contaminados e consumo energético elevado (LOPES, 2008).

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Nesta etapa são removidos os fosfatideos não hidratáveis, fosforo, magnésio e cálcio

(componentes esses que saem com a goma). Ao reagir com ácidos graxos livres, responsáveis

pela acidez no óleo, a soda caustica é responsável pela neutralização do óleo reduzindo o

excesso acidez. Os ácidos graxos são então transformados em sabões (goma) que são

removidos do óleo por processo de centrifugação (LOPES, 2008).

A etapa de clarificação com filtração é uma etapa essencial na preparação da matéria

prima. O auxiliar filtrante é utilizado para remover componentes coloridos (pigmentos, por

exemplo), traços de metais, fosfolipídios, sabões e produtos de oxidação tais como peróxidos

(MORETTO, 1998)

A empresa Crown Iron dos Estados Unidos propõe o esquema da Figura 3 para o

processo de preparação da matéria prima para a produção do biodiesel.

Figura 3: Processo de Pré-Tratamento de óleo desenvolvido pela empresa Crown Iron

Fonte: LORA, 2012

No processo o ácido fosfórico é usado na quebra das moléculas dos fosfatideos não

hidratáveis, permitindo a hidratação, combinando-se com sais de cálcio e magnésio dando

origem a borra. A dosagem dependerá do teor residual de fósforo e da acidez encontrada no

óleo vegetal (ERICKSON, 1995).

A soda caustica é utilizada para neutralizar a acidez livre contida no óleo. A quantidade

de soda usada é a necessária para neutralizar a acidez mineral “acido” e os ácidos graxos

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livres, que favorece a separação de sabões. A água utilizada no processo deverá ser ausente de

cálcio e magnésio (dureza), e tem a função de diluir a soda para uma menor concentração e

hidratar os fosfatideos quebrados pelo acido (LOPES, 2008).

O óleo entra então em um reator, que é um tanque de contato, com agitação lenta, onde

o tempo de residência varia de acordo com a carga de processo. Esse tempo é que possibilita a

neutralização e o aglomerado das partículas de sabão junto com a quebra da molécula do

fosfatideos não hidratável. É no reator que acontece a reação entre os produtos químicos

(soda-ácido) com a água e o óleo, que resultará na borra de refino que posteriormente será

separada por centrifugação (LOPES, 2008).

As centrifugas são equipamentos que trabalham com alta rotação e separam a borra do

óleo por diferença de peso (densidade). O processo de separação é realizado num conjunto de

pratos que consiste em um grande numero de peças cônicas colocadas uma sobre a outra, em

um recipiente rotativo, quando em operação a partícula mais pesada sofre influência da força

centrifuga separando-se (DORSA, 2014).

A purificação do óleo após a neutralização ocorre em um secador que trabalha com

sistema de vácuo. O óleo deve ser aquecido para possibilitar a evaporação da água (LOPES,

2008).

A parte de filtração consiste na retirada de sabão residual, fosfolipídios do óleo e

substancias insolúveis no meio. A preparação de um filtro consiste em uma pré-capa nas

placas, com recirculação do óleo com auxiliar de filtração para formar uma proteção uniforme

na placa de 1 mm a 3 mm, só após esta pré-capa é que inicia o processo de filtração com

adição de auxiliar de filtração constantemente. Quando o filtro satura, ou seja, os poros do

auxiliar filtrante estão todos preenchidos diminuindo a permeabilidade no meio não passando

mais a vazão do processo pelo filtro, faz-se então a troca de filtro, por um que possui a pré-

capa pronta. A limpeza de um filtro é realizada com a retirada do óleo do filtro e

posteriormente uma sopragem de ar comprimido para secagem da torta, que é descartada para

um container (DORSA, 2014).

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Figura 4: Filtro vertical hermético de placas modelo HBV

Fonte: HOLLBRAS, 2014

Nos processos de preparação da matéria prima, normalmente são utilizados dois filtros

verticais em paralelo, como o Filtro Vertical Hermético de Placas Modelo HBV evidenciado

na Figura 4. Este é um equipamento extremamente versátil e econômico, composto por um

vaso vertical, com tampa de fácil abertura por parafusos olhais e sistema de turco com macaco

hidráulico. Seus elementos de filtração são placas compostas por telas metálicas ou de tecidos

em diferentes configurações. Permite tanto a descarga dos sólidos secos, por sistema

pneumático de vibração; como úmidos, por lavagem com bicos de alta pressão; ou uma

combinação dos dois sistemas. Opera completamente fechado, oferecendo segurança à

operação e ao meio ambiente. Pode operar de forma completamente automática

(HOLLBRAS, 2014).

2.2.2.2 Reação de Transesterificação

A reação de transesterificação é a etapa de conversão da matéria prima em ésteres

metílicos ou etílicos de ácidos graxos, resultando no biodiesel propriamente dito. Após esta

etapa, segue-se com a separação das fases por meio de decantação e/ou centrifugação. O

resultado são duas fases distintas, a glicerina bruta (impregnada dos excessos de álcool, de

água, e de outras impurezas) e a segunda fase é constituída da mistura de ésteres metílicos ou

etílicos, também impregnados de impurezas e excessos reacionais de álcool (PARENTE,

2003).

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A empresa Crown Iron dos Estados Unidos propõe o esquema da figura 5 onde são

ilustradas as etapas do processo de produção do biodiesel.

Figura 5: Processo de Produção de Biodiesel desenvolvido pela empresa Crown Iron

Fonte: LORA, 2012

O óleo bruto após receber o pré-tratamento, chega ao processo de transesterificação

com um teor de impurezas reduzido (teores baixos de acidez, umidade, sabões e outros), este

óleo é aquecido a uma temperatura na faixa de 60°C a 70°C para acelerar a taxa de reação que

é fortemente influenciada pela temperatura, a faixa de temperatura ótima está situada logo

abaixo do ponto de ebulição do álcool (LORA, 2012).

A reação ocorre em um Reator que consiste na mistura dos triglicerídeos presentes nos

óleos vegetais ou gorduras animais com álcool em presença de catalisador. Esta mistura é

realizada por agitação mecânica para permitir a transferência de massa, garantindo á rápida

homogeneização das matérias primas (LORA, 2012).

A reação ocorre como mostrado na Figura 6, uma molécula de óleo contendo um

triglicerídeo reage com 3 moléculas de metanol, sendo esta reação acelerada por um

catalizador que pode ser o metilato de sódio. Cada molécula de álcool ocupara o lugar de um

dos glicerídeos assim formando o biodiesel e a glicerina. A glicerina é um subproduto do

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biodiesel que se separa por diferença de densidade: o biodiesel mais leve fica na parte

superior e a glicerina mais pesada decanta (SOUZA, 2006).

Figura 6: Reação de transesterificação de triglicerídeos com Metanol

Fonte: SOUZA, 2006.

A relação molar também é um fator de grande importância na produção do biodiesel,

embora a relação molar de álcool:triglicerídeo para a transesterificação seja de 3:1, relações

mais elevadas são usadas para acentuar a solubilidade e aumentar o contato entre as moléculas

de triglicerídeos e do álcool. Para todos os níveis de mistura a relação molar 8:1 conduz uma

taxa de conversão significativamente mais elevada do que para a relação de 6:1

(NOUREDDINI et al, 1998).

Tanto o biodiesel como a glicerina passa por processos de purificação, onde são

neutralizados com ácido, após é retirado à umidade e o excesso de metanol. Por processo de

evaporação, recupera-se o álcool, eliminando os componentes voláteis da glicerina e do

biodiesel. O biodiesel também passa por um processo de lavagem para retirada do glicerol

livre residual (LORA, 2012).

Após estes processos o biodiesel é filtrado para a retirada de sedimentos que tenham se

formado durante a sua produção e qualquer material insolúvel que tenha no meio, conforme

Figura 7. A preparação de um filtro consiste em uma pré-capa nas placas, com recirculação do

óleo com o auxiliar de filtração para formar uma proteção uniforme na placa de 1 mm a 3

mm, só após esta pré-capa pronta é que inicia o processo de filtração com adição de auxiliar

constantemente. Quando o filtro satura, ou seja, o os poros do auxiliar filtrante estão todos

preenchidos diminuindo a permeabilidade no meio, não passando mais pelo filtro a vazão do

processo, faz-se então a limpeza do filtro. A limpeza de um filtro é realizada com a retirada do

óleo do filtro e posteriormente uma sopragem de ar comprimido para secagem da torta, que

pode ser descartada para um container. Enquanto executa-se a limpeza do filtro, o biodiesel

pode ficar sendo armazenado em um tanque que comporte a produção durante o procedimento

de limpeza. Quando a pré-capa estiver pronta inicia-se a filtração novamente (DORSA, 2014).

Glicerina Biodiesel

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Figura 7: Fluxograma do processo de Filtração

Para a produção do biodiesel, normalmente são utilizados filtros verticais por

possuírem uma maior área de filtração, como o Filtro Horizontal Hermético de Placas Modelo

HBH ilustrado na Figura 8. Este utiliza como elemento de filtração placas composto por telas

metálicas e/ou de tecidos em diferentes combinações. As placas são posicionadas

verticalmente em um vaso horizontal, para facilitar o acesso a estas, quando a operação assim

o exige, ou quando uma maior área de filtração é necessária. Permite tanto a descarga dos

sólidos secos, por sistema pneumático de vibração; como úmidos, por lavagem com bicos de

alta pressão; ou uma combinação dos dois sistemas. Opera completamente fechado, quando

em filtração, oferecendo segurança à operação e ao meio ambiente (HOLLBRAS, 2014).

Figura 8: Filtro horizontal hermético de placas modelo HBH

Fonte: HOLLBRAS, 2014

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A ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis é o órgão

regulador da indústria do petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis, que tem

como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades

econômicas integrantes da indústria em questão, é a ANP quem regulamenta as especificações

técnicas do biodiesel, a capacidade de produção de cada empresa, os leilões de biodiesel, entre

outros.

2.3 Celulose como auxiliar de filtração

Os Auxiliares Filtrantes desempenham um dos papéis mais importantes dentro do

processo de transformação do óleo bruto em óleo neutralizado e na produção de biodiesel,

pois é este produto que deixará o visual limpo, sem presença de impurezas sólidas, sejam eles

sabões que se formam no processo, emulsões, resíduos de fosforo, etc.

A sua escolha, característica, origem, homogeneidade e forma de emprego impactam

grandemente nos resultados de filtração, não somente em termos de qualidade do filtrado

como em produtividade do processo.

Os auxiliares filtrantes são um grupo de substâncias em forma de pó classificadas

conforme sua origem. Durante o processo de preparo dos filtros, são depositados por sobre os

elementos filtrantes do equipamento, uma pré-camada de auxiliar filtrante, formam do um

gradiente de permeabilidade, bloqueando a passagem de substâncias insolúveis que possam

obstruir as placas filtrantes o equipamento. Existem vários tipos, características e

fornecedores de auxiliares filtrantes disponíveis. A seleção dos diferentes tipos para a filtração

em questão leva em consideração uma série de estudos avaliando, por exemplo: a

característica do produto que será à base do processo de filtração, as especificações que se

deseja obter, o tipo de instalações disponíveis e sua condição de operação. Não existe uma

receita fixa para todos os sistemas de filtração, já que processos variam, bem como

características de matérias primas, mesmo para um sistema de filtração comum, as

composições de auxiliares filtrantes devem estar sempre sendo adequadas.

A avaliação constante dos itens acima descritos e técnicas de preparo fazem a diferença

no resultado. É por este motivo que é muito difícil de encontrar na bibliografia conhecida,

informações profundas sobre o assunto.

Para o processo de produção de biodiesel pode-se empregar como auxiliar filtrante a

celulose, um biopolímero, que é a matéria-prima renovável mais importante na natureza.

Cerca de 33% de toda a matéria vegetal é a celulose. A celulose é o componente estrutural da

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parede das plantas verdes, algumas formas de algas e os oomicetos célula primária. Ser

orgânico, a celulose é totalmente biodegradável e amigo do ambiente. Para utilização

industrial, a celulose é obtida principalmente a partir de polpa de madeira, algodão, entre

outras matérias-primas (JRS, 2010).

Os auxiliares de filtração devem ter tamanhos, resistência e elasticidade específica para

aplicação, o que os transforma em produtos muitas vezes de preço elevado. Eles apresentam

algumas características que conforme a aplicação podem trazer significativos resultados em

algumas aplicações (CANCELLARA, 2004):

Forma uma pré-camada muito regular ajudando na distribuição das partículas;

Ajuda na clarificação de óleos e cervejas;

Como possui cargas eletricamente carregadas atrai certos tipos de partículas de

cargas opostas. Esta característica não existe nas perlitas e diatomitas e por isso

constitui um diferencial em certas aplicações;

A utilização de celulose em composição com a terra dá ao meio filtrante uma

maior elasticidade e, portanto o leito filtrante resistirá mais a variações de pressão;

São utilizadas em combinação com diatomitas e perlitas proporcionando maior

versatilidade aos controles dos parâmetros da filtração.

As fibras de celulose misturadas as diatomitas, são elementos que modificam a

permeabilidade do meio e aumentam o grau de retenção do mesmo. Por exemplo,

em geral os auxiliares filtrantes grossos têm alta permeabilidade e coeficiente de

retenção baixo.

O inverso ocorre com os auxiliares filtrantes finos. Se agregarmos teores entre 10 a

20% de fibras de celulose a estes auxiliares será modificado os respectivos graus

de retenção e permeabilidade. Os graus de diatomita grossa (permeabilidade > 0,9

darcies1) vão ter aumentados o seu poder de retenção. Esta é a principal vantagem

das fibras de celulose.

Devemos levar em conta que para utilizar as fibras de celulose, além dos graus

ideais de diatomita que vamos utilizar como base, existem uma série de tipos de

celulose que se diferem por longitude, diâmetro e grau de permeabilidade das

fibras.

1 Na geologia, a permeabilidade é a medida da capacidade de um material (tipicamente uma rocha) para

transmitir fluídos. A unidade de permeabilidade é o Darcy (1 Darcy = 1 x 10-12

.m2). A permeabilidade é usada

para calcular taxas de fluxo através da lei de Darcy.

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2.3.1 Celulose JRS

Atualmente a J. Rettenmaier & Söhne (JRS) é um líder mundial, dinâmico na indústria

da fibra. Através de intensa pesquisa e desenvolvimento JRS expandiu dramaticamente

incorporando pulverização, fracionamento e refinamento de processos especializados,

altamente técnicas. Através de 15 unidades de produção distribuídas entre Finlândia,

Alemanha, EUA e México, a JRS abastece o mercado internacional com celulose de madeira,

frutas e produtos de fibra de grãos em uma variedade de formas, incluindo fibras, pós,

grânulos, lascas e aglomerados, para diversas aplicações farmacêuticas e de alimentos, para

uso técnico e industrial.

As fibras de celulose são alternativas eficientes para a substituição da terra de

diatomáceas e perlita, ou um suplemento para estes produtos, trabalhando em conjunto

perfeitamente (não em todos os casos). Além de sua excelente ação de separação, fibras

orgânicas podem ser eliminadas de uma forma ambientalmente amigável, e são inofensivos

para os trabalhadores, confiável e altamente eficazes.

Além disso, através de uma intensa pesquisa, a JRS tem desenvolvido novos produtos

que podem substituir no branqueamento outros auxiliares em algumas aplicações. Novas

fibras de celulose que são ativadas por ácido fornecem não só todas as suas propriedades

filtrabilidade inatas, mas também propriedades adsorventes que juntos formam um produto

com muitas vantagens.

A filtração é, em muitos processos de produção, um indicativo de qualidade e uma boa

relação de determinação de custo para o processamento. Por esta razão auxiliares de filtração,

em particular, estão sendo continuamente melhorados, a fim de atender às crescentes

demandas de rentabilidade, saúde ocupacional, segurança e compatibilidade ambiental.

A variedade de produtos JRS especialmente desenvolvidos para pré-revestimento de

filtração que pode ser utilizado em todos os sistemas convencionais de pré-capa de filtros sem

qualquer dificuldade e garantir uma solução eficaz e econômica para praticamente todos os

trabalhos de filtração. Os produtos da JRS podem ser usados até 100%, como um pré-capa do

filtro ou continuamente no processo, a dosagens completamente análogas a diatomita e

Perlita. Em certos casos, as misturas de componentes orgânicos e minerais são vantajosos e

convenientes. Auxiliares de filtração orgânicos formam bolos de filtro altamente poroso com

numerosos vazios e canais muito finos. Eles segura firmemente as fibrilas e partículas de a

garantir altas taxas de filtração combinados com longos tempos de vida de filtros. Devido à

sua flexibilidade, a pressão elástica e propriedades estrutura de empréstimo, auxiliares de

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filtração orgânicos também são utilizados como auxiliares de compressão e desidratação. A

ação de drenagem altamente eficaz de fibras orgânicas levam a elevados rendimentos do

produto (filtrado), ciclos mais curtos prementes e conteúdos de matéria seca superiores. Ao

mesmo tempo, as fibras evitam de forma segura fissuras nas placas e, como resultado, facilita

a limpeza posterior do elemento no filtro.

As áreas em que se pode utilizar a fibra se celulose são: indústria farmacêutica,

indústria alimentar sucos de frutas e licores da indústria de processamento de metais

tecnologia de tratamento de lodo de águas residuais e químicos, bebidas e outros.

2.3.2 Terra de celulose como adsorvente

Por uma ativação ácida adicional, a FILTRACEL celulose tornar-se um adsorvente

único, transformando-se em processo de aditivos de alto desempenho, chamado filtracel

active. A acidificação ativa a capacidade de adsorção de uma terra de branqueamento2

combinado com a filtrabilidade insuperável de ajudas de filtro de celulose, sendo então os

únicos absorventes no mercado destinado especificamente para ser auxiliares de filtração. A

filtracel active não é um "agente clareador", mas remove sabões, metais, fosfolipídios e outros

contaminantes polares muito mais eficaz e eficiente do que a terra de branqueamento. Assim,

eles são produtos perfeitos como uma alternativa para as misturas de terra de

diatomite auxiliares de filtração e de branqueamento adsorventes terra, ou para formar uma

combinação destes produtos, em função da aplicação.

As áreas de aplicação:

Óleo de cozinha e sebo: Branqueamento, remoção de cor, enquanto a sua capacidade

de adsorção de substâncias polares é limitado. Baseado em partículas minerais

pequenos e pesados, filtrabilidade de terra de branqueamento é muito pobre. Filtracel

active permite a terra de branqueamento de agir no que é bom: descoloração. Isto

reduz significativamente a quantidade total de adsorventes de melhorar a economia de

branqueamento.

Economiza tempo e produtos químicos, melhorando a descarga de grades de filtragem,

permitindo que nenhum resíduo permaneça nas telas e evitar o trabalho intenso para a limpeza

dos elementos filtrantes.

2 Terra de branqueamento: auxiliar de filtração não celulósica que pode ser misturado com a terra de filtração

celulósica. (Diatomitas, perlitas e outros).

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Custos que estão ligados à disposição e perda de óleo são frequentemente

subestimados, embora eles representem grandes partes dos custos totais de

branqueamento. Ativos reduzem consideravelmente o total de terra de branqueamento de

consumo, o que resulta em menos desperdício para ser eliminado, e reduzir drasticamente a

perda de óleo.

Biodiesel: Filtracel active remove sabões, traços de metais, fosfolipídios e outros

contaminantes polares muito mais eficaz e eficiente do que a terra de

branqueamento. No entanto, não é um agente de branqueamento e não removendo a

cor de óleos. Além disso, branqueamento de cor não é necessário na produção de

biodiesel. Consequentemente, a terra de branqueamento não é mais necessária.

Tal purificação adsorvente permite também reduzir lavagem com água ou mesmo

eliminação de centrifugas de lavagem em biodiesel. Daí, “ativos” minimiza os custos

operacionais através da redução da quantidade total de adsorventes, terminando em menos

desperdício a ser descartado (bolos de filtração usada), menor perda de produto (biodiesel ou

óleo de bolo de filtração), e menos águas residuais / fluxo de efluente a ser tratado.

Assim, os custos de destinação podem ser reduzidos devido à menor quantidade de

resíduos a serem eliminados e o alto poder calorífico do filtro bolos contendo celulose (que

pode ser comercializados como uma valiosa fonte de energia).

2.4 Combustíveis utilizados em caldeiras

Combustível é toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão. É o

elemento que serve de campo de propagação ao fogo. Os combustíveis podem ser sólidos,

líquidos ou gasosos, e a grande maioria precisa passar pelo estado gasoso para, então,

produzir vapores inflamáveis capazes de se combinar com o oxigênio. A velocidade da

queima de um combustível depende de sua capacidade de combinar com oxigênio sob a ação

do calor e da sua fragmentação (área de contato com o oxigênio).

(BIZZO, 2003) diz que para que um material possa ser considerado industrialmente

como sendo “combustível”, são necessários os seguintes requisitos técnicos e econômicos:

Disponibilidade;

Facilidade de uso;

Não formação, durante a combustão, de substâncias tóxicas ou corrosivas;

Fácil obtenção;

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Baixo custo de produção;

Segurança no armazenamento e no transporte.

Nos dias atuais, os combustíveis são representados pelos materiais carbonáceos

comumente disponíveis e que podem ser queimados facilmente ao ar atmosférico com

desprendimento de grande quantidade de calor e controlável sem grande esforço.

2.4.1 Combustíveis Sólidos

Os principais combustíveis sólidos são derivados de madeira e o carvão mineral,

destacando-se atualmente também o bagaço de cana, entre outros. São de grande importância

na produção de energia térmica, porém está restrita a região sul do Brasil, por estar mais

próximos aos centros produtores. A lenha tem grande importância dada ao seu potencial de

utilização.

São determinados alguns parâmetros relacionados com a utilização do combustível

como o carbono fixo, material volátil, cinzas, umidade, enxofre total.

O carvão mineral brasileiro é utilizado principalmente na produção de energia

termoelétrica e na indústria cimenteira. Devido ao seu alto teor de cinzas e enxofre, não é

muito utilizado industrialmente, a não ser nas localidades próximas a minas produtoras.

Os derivados de madeira são um combustível amplamente utilizado tanto em

aplicações domésticas como em aplicações industriais para geração de vapor, principalmente

em pequenas unidades produtoras. É caracterizada por baixo teor de cinzas, ausência total de

enxofre e umidade variável, a qual depende do tempo e método de armazenagem.

O bagaço da cana-de-açúcar é o combustível das usinas de açúcar e álcool e utilizado

localmente, logo após a moagem da cana. As modernas usinas não consomem todo o bagaço

produzido e o excedente pode ser fornecido a terceiros, "in natura" ou seco e enfardado. O

bagaço é queimado diretamente com 50% de umidade, como vem da colheita. A composição

elementar é muito semelhante à lenha e suas propriedades podem ser tomadas como similares,

exceto é claro, quanto a sua forma física.

No ANEXO I estão demostrados o poder calorifico para diversos combustíveis

sólidos, destacando-se o carvão vegetal que possui um valor de 7500 kcal/kg. Este

combustível é um derivado da madeira e representa 1,8% na matriz energética brasileira (EPE

2013).

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2.4.2 Combustíveis Líquidos

Os combustíveis líquidos são amplamente utilizados na indústria pelas facilidades de

armazenamento, operação e transporte, e os derivados de petróleo praticamente estão

presentes na maioria das aplicações.

O combustível líquido tem certas vantagens comparação com os sólidos, tais com

poder calorifico elevado (variando entre 5500 kcal/l para o álcool a valores acima de 9000

kcal/l para outros óleos combustíveis, ANEXO I), maior facilidade e economia de

armazenagem e fácil controle de consumo. A maioria dos combustíveis líquidos são obtidos a

partir do petróleo como gasolina, querosene e óleo diesel, outros a partir de fontes renováveis

como álcool, biodiesel e bioquerosene.

O óleo combustível extraído do petróleo é a fração mais importante para os sistemas

de aquecimento industrial, devido a seu baixo preço. Apesar de no início da utilização do

petróleo, frações mais leves tais como o diesel e o querosene terem sido utilizadas,

atualmente, tais derivados são reservados a utilizações com maior exigência de qualidade de

combustível, como os motores de combustão interna (ciclos diesel e turbinas de aviação). A

tendência atual é adequar o perfil de refino a maior produção de diesel e consequentemente, o

óleo combustível utilizado pela indústria tem sua densidade e viscosidades aumentadas, além

do maior teor de enxofre. A especificação básica para os óleos combustíveis são a

viscosidade, o ponto de fluidez e o teor de enxofre.

Outros combustíveis líquidos renováveis como o álcool e biodiesel tem tidos

importantes participações no segmento energético brasileiro, sendo consumidos puros ou

misturados com derivados de petróleo, como o diesel com o biodiesel e a gasolina com o

álcool. Estes combustíveis se destacam pelo baixo teor de enxofre e pela fixação do gás

carbônico.

2.4.3 Combustíveis Gasosos

Os combustíveis gasosos tem aumentado sua aplicabilidade na indústria nacional,

respondendo a demanda por fontes de energia mais limpas e eficientes. A limitação de seu

crescimento está na disponibilidade e distância dos centros consumidores pela sua maior

dificuldade de transportes, entre os mais comuns utilizados no país estão o GLP - Gás

Liquefeito de Petróleo e o Gás Natural.

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Gás Liquefeito de Petróleo: é importante combustível, tanto de aplicação industrial

como doméstica, conhecido popularmente no Brasil como gás de cozinha. O GLP é de grande

aplicabilidade como combustível devido à facilidade de armazenamento e transporte a partir

do seu engarrafamento em vasilhames (botijões, cilindros e outros) (ARRUDA, 2009). O GLP

(50%), composto pela combinação dos gases propano (50%) e butano (50%), apresenta um

valor energético de 12200 kcal/kg conforme ANEXO I.

Gás Natural: tem sido explorado recentemente, porém, deve ser transportado por

gasodutos, o que dificulta sua maior utilização, dada a necessidade de investimento em

infraestrutura. A combustão do gás natural é limpa, isenta de fuligem e outros materiais que

prejudicam o meio ambiente. Geralmente apresenta baixos teores de contaminantes como o

nitrogênio, dióxido de carbono, água e compostos de enxofre. Caracteriza-se principalmente

por sua eficiência, limpeza e versatilidade. Contribui para reduzir o desmatamento e diminuir

o tráfego de caminhões que transportam óleos combustíveis para as indústrias (ARRUDA,

2009). O gás natural apresenta um valor energético de 9000 kcal/m³ conforme ANEXO I.

Por apresentarem valores energéticos altos, amos os combustíveis possuem uma

participação de 7,2% para o gás natural e 3,2% para o GLP, na matriz energética brasileira

(EPE 2013), evidenciando que mais de 10% da energia utilizada no país provem de

combustíveis gasosos.

2.5 Potencial da Biomassa

O uso energético da biomassa é baseado na utilização dos resíduos primários (resíduos

agrícolas e florestais), secundários (indústrias madeireira, moveleira, resíduos de

processamento de alimentos, da produção de carvão vegetal, da criação de animais, etc.) e

terciários (decorrentes do consumo de alimentos e materiais), assim como da biomassa gerada

diretamente para esta finalidade em plantações energéticas (HOOGWIJK et all, 2003).

Pode ser considerada biomassa todo recurso renovável que provêm de matéria

orgânica - de origem vegetal ou animal - tendo por objetivo principal a produção de energia.

A biomassa é uma forma indireta de aproveitamento da luz solar: ocorre a conversão da

radiação solar em energia química por meio da fotossíntese, base dos processos biológicos de

todos os seres vivos (MMA, 2014).

Uma das principais vantagens da biomassa é que seu aproveitamento pode ser feito

diretamente, por meio da combustão em fornos, caldeiras, etc. Para que seja aumentada a

eficiência e sejam reduzidos os impactos socioambientais no processo de sua produção,

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porém, estão sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas tecnologias de conversão mais eficientes

como a gaseificação e a pirólise, também sendo comum a cogeração em sistemas que utilizam

a biomassa como fonte energética (MMA, 2014).

Atualmente, a biomassa vem sendo bastante utilizada na geração de eletricidade,

principalmente em sistemas de cogeração e no fornecimento de energia elétrica para

demandas isoladas da rede elétrica (MMA, 2014).

Outra importante vantagem é que o aumento na sua utilização pode estar associado à

redução no consumo de combustíveis fósseis, como o petróleo e seus derivados, que não são

matérias-primas renováveis (MMA, 2014).

O Brasil, por possuir condições naturais e geográficas favoráveis à produção de

biomassa, pode assumir posição de destaque no cenário mundial na produção e no uso como

recurso energético. Por sua situação geográfica, o país recebe intensa radiação solar ao longo

do ano - o que é a fonte de energia fundamental para a produção de biomassa, quer seja para

alimentação ou para fins agroindustriais. Outro aspecto importante é que possuímos grande

quantidade de terra agricultável, com boas características de solo e condições climáticas

favoráveis. No entanto, é necessária a conjugação de esforços no sentido de que esta produção

ou o seu incremento seja feito de maneira sustentável, tanto do ponto de vista ambiental

quanto social (MMA, 2014).

No Brasil, existe ainda muito resíduo sendo desperdiçado, podendo, se bem utilizado,

significar um acréscimo na geração de energia (MMA, 2014).

2.6 Propriedades dos Combustíveis

Como complemento necessário à descrição do processo de combustão de um

combustível, bem como a otimização do mesmo, são discutidas as principais propriedades de

um combustível, tais como composição elementar e imediata, poder calorifico, cinzas, teor de

voláteis entre outras.

2.6.1 Poder Calorifico

O poder calorífico de um combustível é o número de calorias liberadas na combustão

completa de uma unidade de massa do combustível, sendo expresso geralmente em kcal/kg,

para combustíveis sólidos e líquidos e, em kcal/m³, para combustíveis gasosos.

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O poder calorífico de um combustível é definido como a quantidade de calor

desprendida na sua queima completa, estequiometricamente. Caso esta quantidade de calor

seja medida com a água gerada na queima na fase gasosa, o poder calorífico é chamado de

Poder Calorífico Inferior (PCI), e caso a água gerada na combustão seja considerada na fase

líquida, tem-se o Poder Calorífico Superior (PCS), (GARCIA, 2002).

Poder Calorífico Superior é Obtido quando resfriamos os fumos da combustão até a

temperatura ambiente. Dessa forma, ocorre à condensação do vapor de água, e a

quantidade de calor medida inclui o calor de condensação da água.

Poder Calorífico Inferior é obtido deduzindo-se do valor do poder calorífico superior,

a quantidade de calor relativa à condensação do vapor de água. Tudo se passa como se

a medida de quantidade de calor fosse feita, deixando a água presente nos fumos sair

do sistema na forma de vapor.

Esta propriedade é de grande importância, principalmente quando se pensa na

utilização de um resíduo com grande potencial de ser utilizado como fonte de energia. O

controle das propriedades energéticas eleva a eficiência do material e o tornam mais

competitivo frente a outras fontes de energia. Esse controle depende não somente do poder

calorífico, mas também do teor de umidade e teor de cinzas, dentre outros.

Um fator que influencia o poder calorífico é o teor de umidade que quanto maior,

menor é o poder calorífico. Este fato é explicado tendo em vista que um combustível com

maior teor de umidade necessitará de maior quantidade de calor para evaporação de sua água.

Tabela 2: Variação do PCS e PCI da lenha de eucalipto com a umidade

UMIDADE (%) PCS - kcal/kg PCi - kcal/kg

0 4552 4202

10 4092 3717

20 3632 3237

30 3172 2742

40 2712 2262

50 2252 1777

Fonte: BRANCO, 2012

A Tabela 2 mostra a variação do PCI da lenha de eucalipto com o teor de umidade.

Com isso podemos verificar que conforme aumenta o teor de umidade, diminui a quantidade

de energia liberada durante a queima. Estes dados são valores médios para a madeira,

podendo haver diferenças dependendo do tipo e composição da madeira.

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2.6.2 Composição Química da Biomassa

Composição química elementar: corresponde ao conteúdo percentual em massa dos

principais elementos que constituem a biomassa. São geralmente apresentados valores para o

carbono (C), hidrogênio (H), enxofre (S), oxigênio (O), nitrogênio (N) e cinzas (A).

Geralmente, o conteúdo se refere à matéria seca, ou seja, sem a presença de água

(NOGUEIRA, 2000).

Composição química imediata: refere-se ao conteúdo percentual, baseado na massa

do combustível. São geralmente apresentados valores para carbono fixo (CF), matérias

voláteis (MV), cinzas (CZ) e, eventualmente, umidade (U) (NOGUEIRA, 2000). A Tabela 3

apresenta as características técnicas de diferentes tipos de biomassa em base seca.

Tabela 3: Características técnicas de diferentes tipos de biomassa em base seca

Fonte: LORA, 1997

Como pode ser verificada na Tabela 3 a madeira é composta basicamente de oxigênio,

hidrogênio e carbono. Carbono equivale a praticamente metade do composto com 49%, o

oxigênio 44%, e o hidrogênio, a 6% da composição química do Eucalipto.

Segundo (JENKINS et al, 1998) a biomassa possui elevado conteúdo de voláteis

(MV), usualmente na faixa de 70% a 80%, enquanto o carvão mineral é composto apenas de

10% a 50% de voláteis. Um importante indicador é representado pela relação entre o teor de

voláteis (MV) e o conteúdo de carbono fixo (CF) do combustível. A biomassa tipicamente

possui uma relação MV/CF maior que 4,0, enquanto para o carvão mineral esta relação é

sempre menor que 1,0.

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Carbono e hidrogênio são os elementos que mais contribuem para o poder calorífico

dos combustíveis e oxigênio é geralmente presente em combustíveis vegetais, sendo que sua

presença diminui o poder calorífico dos combustíveis, bem como as exigências teóricas de ar

de combustão.

Um aspecto importante a considerar é o teor de cloro Cl na composição química da

biomassa, que de acordo com (VASSILIEV et al, 2010). Pode estar na faixa entre 0,01% e

0,9%. Os maiores valores correspondem às biomassas herbáceas e os menores à madeira.

Altos teores de Cl provocam corozão nos superaquecedores das caldeiras.

Um combustível sólido apresenta as seguintes características:

A. Teor de Umidade: A umidade presente no combustível sólido é importante para

determinação de seu poder calorífico inferior, devendo estar abaixo de 25 % para

aproveitamento do material para a combustão e não redução do poder calorífico

disponível na madeira (FARINHAQUE, 1981). Esta parcela do combustível apenas

absorve parte da energia do combustível para evaporar e sair do processo com os gases

resultantes da combustão na forma de vapor.

B. Materiais Voláteis: Podem ser definidos como substâncias que são desprendidas do

combustível como gases durante a carbonização e/ou queima. Os fatores que

influenciam os materiais voláteis nos combustíveis são: temperatura de carbonização,

taxa de aquecimento e composição química. A temperatura é o principal parâmetro

que regula os teores de materiais voláteis e carbono fixo. A matéria volátil é composta

de hidrocarbonetos eventualmente presentes na estrutura sólida e outros gases, que são

formados num processo de pirólise, tais como o hidrogênio, monóxido de carbono e

metano. O teor de voláteis tem influência no comprimento de chama, no acendimento

e no volume necessário da fornalha. Os voláteis compreendem a parte do combustível

que se evapora quando ele é aquecido a altas temperaturas e têm um importante papel

na combustão. Após a evaporação, misturam-se com o oxigênio do ar e entram em

combustão. De um modo geral, um combustível com altos teores de voláteis queimam

mais rapidamente.

C. Teor de Cinza: é um resíduo mineral proveniente dos componentes minerais. Em

algumas espécies e, principalmente na casca, o teor de cinzas é elevado. Geralmente, o

carvão vegetal apresenta baixo teor de cinzas quando comparado com o coque

mineral. Os minerais presentes na madeira e carvão são considerados indesejáveis do

ponto de vista energético, pois em algumas situações, quando queimados em

fornalhas, caldeiras, etc, formam incrustações nos equipamentos e tubulações,

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entupindo as passagens das grelhas, as entradas de ar de combustão, depositam-se nas

paredes de tijolos refratários, tubos das paredes de água, tubos dos superaquecedores,

alterando as características de troca térmica. Todavia, em algumas espécies,

principalmente na casca, o teor de cinza é elevado, porque a casca sempre possui mais

minerais que a madeira propriamente dita. A cinza é determinada pela combustão

completa do combustível e engloba todos os constituintes minerais do combustível,

que aparecem praticamente só nos combustíveis sólidos e compreendem compostos

de; Óxido de alumínio (Al2O3); Óxido férrico (Fe2O3); Óxido de silício (SiO2); etc.

D. Teor de Enxofre: é uma característica importantíssima para especificação e utilização

de combustíveis. Os produtos de combustão, SO2 e SO3, em presença de umidade

formam ácido sulfúrico, que irá atacar as partes mais frias da instalação. H2SO4 é o

principal causador de "chuva ácida", com consequências desastrosas ao meio

ambiente. A formação e condensação de ácido sulfúrico dependem do teor de SO2, e

consequentemente do teor de enxofre no combustível, e da pressão parcial do vapor de

água nos gases de combustão.

E. Carbono Fixo: é o resíduo combustível deixado após a liberação do material volátil.

Compõe-se principalmente de carbono, embora possa conter outros elementos não

liberados durante a volatilização.

2.7 Combustão da Biomassa

A queima direta ou combustão é a tecnologia de conversão da biomassa mais antiga e

mais difundida comercialmente, aplicada fundamentalmente para madeira e diversos resíduos

agroindustriais, como bagaço de cana e a casca de arroz. A biomassa é um combustível rico

em voláteis, que constituem cerca de ¾ do seu peso. Isso faz com que o processo de

combustão transcorra em seis etapas consecutivas bem definidas (LORA, 2012):

1. Secagem

2. Emissão de voláteis

3. Ignição dos voláteis

4. Queima dos voláteis em chama

5. Extinção da chama dos voláteis

6. Combustão do resíduo de carbono.

A Figura 9 relaciona a fração em massa consumida e a temperatura correspondente a

cada uma das etapas para a queima da madeira (HELLWIG, 1982). Durante o processo de

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combustão da biomassa deve-se considerar que este transcorre primeiramente em uma etapa

homogênea, que é a queima dos voláteis, e depois em uma etapa heterogênea, representada

pela combustão do resíduo de carbono ou coque. De acordo com as condições de

fornecimento e mistura de ar ao combustível, geralmente a velocidade das fases iniciais é

superior à da última fase quando o combustível queima no estado sólido. E determinadas

circunstancias, nas quais existe pouca disponibilidade de oxigênio na grelha, o coque queima

parcialmente e se transforma em CO, que queima juntamente com os voláteis sob a camada de

combustível com o ar secundário, neste caso somente se observam cinco etapas no processo

de combustão.

Figura 9: Etapas da combustão da madeira

Fonte: LORA, (2012)

As etapas de secagem, pirólise e gaseificação são os primeiros passos do processo de

combustão de um combustível sólido. Porem, a relativa importância destes estágios varia,

dependendo da tecnologia de combustão adotada, das propriedades do combustível e das

condições do processo de combustão. Em aplicações de larga escala com alimentação

contínua de combustível, tais como grelhas móveis, estes processos irão acontecer em

diferentes seções da grelha.

Na secagem, a umidade irá evaporar a baixas temperaturas (50°C – 100°C). Em

caldeiras que utilizam madeira como combustível foi determinado que o processo de

combustão não pode ser mantido se o conteúdo de umidade da madeira exceder 60% em peso

(base úmida). A madeira úmida requer tanta energia para evaporar a umidade contida, e

subsequentemente aquecer o vapor de água, que as temperaturas iriam ser reduzidas abaixo da

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temperatura mínima requerida para sustentação da combustão, por isso o conteúdo de

umidade do combustível é uma variável muito importante.

A celulose, como componente majoritário, é uma substância que se constitui de largas

cadeias de polissacarídeos. Trata-se de um dos produtos da fotossíntese, que constitui a maior

parte da madeira seca e a conversão em CO e água quando a madeira é queimada faz com que

haja desprendimento da energia armazenada em sua estrutura. Assim como na respiração, a

queima de combustíveis libera a energia armazenada para ser convertida em formas de

energia útil.

A pirólise pode ser definida como a degradação térmica (devolatilização) em ausência

de um agente oxidante, fornecido externamente. Os produtos da pirólise são principalmente

alcatrão, resíduo de coque e gases de baixo peso molecular. Também podem ser formados CO

e CO2 em quantidades consideráveis. O tipo de combustível, temperatura, pressão e tempo de

reação são variáveis que afetam as quantidades e propriedades dos produtos formados.

A devolatilização da madeira começa a 200°C, e as taxas de devolatilização aumentam

com a elevação da temperatura. Primeiro ocorre à decomposição das hemiceluloses da

madeira e logo, a temperaturas mais elevadas, a celulose. A 400°C a maior parte da madeira

já volatizou e a taxa de devolatilização diminui rapidamente. Na faixa de temperatura

localizada entre 400°C e 500°C se observam uma baixa taxa de devolatilização, isto é causado

pela decomposição da lignina, que ocorre ao longo deste intervalo de temperatura.

O principal parâmetro de combustão é o excesso de ar (α) que descreve a relação entre

as quantidades real e estequiométrica do ar de combustão. Quando se queima biomassa em

leito fixo sobre uma grelha, os voláteis se desprendem e são queimados sobre o leito, deste

modo é imperativo que o fluxo do ar de combustão seja dividido em duas partes: ar primário,

para a combustão do resíduo de coque e ar secundário, para a combustão dos voláteis, tal

como ocorre em sistemas industriais.

A combustão é um fenômeno complexo que envolve simultaneamente transferência de

calor e de massa com reações químicas e escamento de fluidos. O diagnostico do processo de

combustão para finalidade de projeto e controle requer o conhecimento das propriedades do

combustível e a maneira como estas propriedades influenciam o resultado do processo de

combustão.

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2.8 Reações da Combustão

As reações químicas que envolvem a oxidação completa de um combustível são

denominadas reações da combustão. Materiais ou compostos são considerados combustíveis

industriais quando sua oxidação pode ser feita com liberação de energia suficiente para

aproveitamento industrial (BAZZO, 1992).

Segundo (TORREIRA, 1995), os combustíveis industriais são compostos

principalmente por carbono, hidrogênio e pequenas quantidades de enxofre. Sendo assim, a

combustão completa é obtida quando o carbono queima convertendo-se em dióxido de

carbono (CO2), o hidrogênio em água (H2O) e o enxofre em dióxido de enxofre (SO2). Na

combustão completa de um combustível formaram-se os seguintes gases:

Equação 1 C + O2 CO2 + 94,03 kcal

Equação 2 H2 + 1/2O2 H2O + 68,37 kcal

Equação 3 S + O2 SO2 + 70.8 kcal

O que isso significa é que são produzidos 94,03kcal de carbono divididos por 12

temos 7,8 kcal por grama de carbono. Para o hidrogênio são produzidas 34,2 kcal de calor por

grama de H, pois são apenas dois hidrogênios, sendo isto quatro vezes mais do que o calor

produzido na combustão de 1 g de C. O enxofre produz muita pouca energia ficando com

2,21kcal por grama.

Sendo assim a partir destas reações é possível determinar a reação estequiométrica da

combustão em quilogramas de reagentes conforme massa atômica de cada composto, onde:

Equação 4 12kgC + 32kgO2 44kg CO2

Equação 5 2kgH2 + 16kgO2 18kgH2O

Equação 6 32kgS + 32kgO2 64kgSO2

Assim chegamos a conclusão que para queimar 1kg de carbono são necessários 2,67kg

de oxigênio, para a queima de 1kg de hidrogênio são necessários 8kg de oxigênio e para a

queima de 1kg de enxofre são necessários 1kg de oxigênio, conforme demostrado a seguir:

Equação 7 1kgC + 2,67kgO2 3,67kg CO2

Equação 8 1kgH2 + 8kgO2 9kgH2O

Equação 9 1kgS + 1kgO2 2kgSO2

Estas equações servem para demostrar a quantidade de ar teórico necessário para a

combustão completa de um quilograma de combustível e servirão como base para os cálculos

de geração de gases da caldeira.

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2.9 Gases Gerados na Combustão

De acordo com (PERA, 1966), podemos dizer que a combustão será completa quando

toda a massa de carbono, hidrogênio e eventual enxofre tenham reagido com o oxigênio para

formar respectivamente CO2, H2O e SO2. Os produtos formados na combustão são

denominados gases da combustão.

Para se obter a combustão completa são necessários e suficientes duas condições: a

combinação do combustível e do comburente (O2) e que a reação se efetue com uma

temperatura suficientemente elevada. Na prática para obter uma combustão completa deverá

ser insuflada uma quantidade de ar superior à teórica (TORREIRA, 1995).

(BAZZO, 1992) diz que: “em geral, os valores correspondentes ao volume de ar ou ao

volume de gases de combustão são calculados em m³n/kg comb, onde “n” indica a base de

cálculo para as condições normais de temperatura e pressão (0 °C; 760 mmHg).

Naturalmente, os valores calculados não são definitivos e devem ser corrigidos para m³/kg

comb, de acordo com cada caso, levando-se em conta a temperatura real do ar ou dos gases de

combustão.”

Para efeito de análise ou de projeto do equipamento, além do ar de combustão, são

necessários também que sejam definidos os valores correspondentes aos gases de combustão:

Mg = Massa real de gases de combustão (kg/kg comb);

Vg = Volume real de gases de combustão (m³n/kg comb).

Segundo (PERA, 1966), a um combustível sólido apresenta a seguinte composição

química:

Equação 10

C = Carbono

H = Hidrogênio

O = Oxigênio

N = Nitrogênio

S = Enxofre Total

A = Teor de Cinzas

W = Teor de Umidade

Para obter-se a massa em kg de cada um dos componentes do combustível, divide-se a

composição da massa de trabalho por 100, levando em consideração a massa de 1 kg do

combustível.

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Equação 11

Depois de conhecer a composição em massa e as principais reações químicas da

combustão é possível calcular o volume teórico de ar necessário para a combustão completa

de um quilograma de combustível.

Para a combustão de um quilograma do combustível é preciso uma quantidade de

oxigênio igual à soma todos os elementos presentes combustão que o necessitam, ou seja:

Equação 12

Levou-se em consideração a parcela de hidrogênio já combinada com o próprio

oxigênio do combustível e que, naturalmente, não reagirá com o oxigênio do ar, então houve a

necessidade de se subtrair esta quantidade;

Equação 13

Em termos de volume, o ar atmosférico é constituído de 21% de oxigênio e 79% de

nitrogênio e em massa o ar é constituído de 23% de oxigênio e 77% de nitrogênio (BAZZO

1992), foi então tomada à percentagem de oxigênio no ar para se calcular o volume de ar

teoricamente necessário para a combustão de um kg de combustível.

Equação 14

[

]

= Volume Teórico de Ar.

= 1,428 kg/m³ a pressão de 1bar e 0ºC.

Para determinar a quantidade teórica de ar em massa foi utilizada a seguinte fórmula:

Equação 15

= Massa de ar teórica

a 1 bar e 0ºC.

A temperatura de referencia utilizada foi de 0ºC para calculo do volume teórico de ar,

se for calcular para outra temperatura, utiliza-se a seguinte equação da termodinâmica:

Equação 16

(

)

= Volume de ar diferente de zero

Como na prática é preciso fornecer um volume de ar um pouco maior que o volume

teoricamente necessário para se obter a combustão completa, o volume real de ar fornecido

para a combustão é determinado pela expressão:

Equação 17

Volume de ar Real

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= Coeficiente de Excesso de Ar

Para se determinar a quantidade de ar em massa será utilizada a seguinte formula:

kg/kg

Massa de ar real

Os produtos gerados nos processos de combustão através de todos os seus

componentes são: Dióxido de Carbônico (CO2), Dióxido de Enxofre (SO2), Nitrogênio (N2),

Oxigênio (O2) e Água (H2O).

Como o CO2 e o SO2 possuem propriedades físicas quase iguais foram calculados em

conjunto e a soma deles foi dada por RO2:

A partir das equações estequiométricas temos que:

1kg de carbono gera 1,866m³ de CO2;

1 kg de carbono gera 0,7m³ de SO2;

Equação 18

Volume de CO2 e SO2 gerados.

A partir do conhecimento do volume é possível determinar a quantidade de gases em

quilogramas gerados, através das seguintes formulas:

Equação 19

Equação 20

Equação 21

= densidade do CO2 é de 1,977 kg/m³

= densidade do SO2 é de 2,86 kg/m³

O volume de nitrogênio é constituído do nitrogênio contido no combustível e do

nitrogênio do ar. Para determinar o nitrogênio precedente do ar usou-se a seguinte expressão:

Equação 22

Para determinar o nitrogênio precedente do combustível usou-se:

Equação 23

= peso específico do N2 1,25kg/m³

Com a soma das duas parcelas obteve-se o volume teórico de nitrogênio presente nos

produtos da combustão.

Equação 24

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Para calculo do volume real de nitrogênio presente nos produtos da combustão levou-

se em consideração o coeficiente de excesso de ar.

Equação 25

A partir do conhecimento do volume real de nitrogênio é possível determinar a

quantidade de nitrogênio em massa através da seguinte fórmula:

Equação 26

O vapor de água chega aos gases produzidos pela combustão por três vias:

a) Umidade do combustível (Wt);

b) Reação do hidrogênio do combustível com o oxigênio (R);

c) Umidade do ar (d);

As equações utilizadas para os cálculos de cada componente foram as seguintes:

Equação 27 ( )

Equação 28 ( )

Equação 29 ( )

= peso específico da água 0,805kg/m³

d = umidade absoluta média do ar 10g de vapor / kg de ar

O volume teórico total de vapores de água presentes nos produtos da combustão foi

calculado com a soma dos três componentes:

Equação 30

O volume real de vapores de água presentes nos produtos da combustão foi calculado

levando-se em consideração o excesso de ar:

Equação 31

A partir do conhecimento do volume real de vapores de água é possível determinar a

quantidade em massa através da seguinte fórmula:

Equação 32

O volume real de oxigênio presente nos fases da combustão foi calculado através da

seguinte expressão:

Equação 33

Não houve a necessidade de se calcular o volume teórico de oxigênio, pois todo o

oxigênio presente nos produtos da combustão é proveniente do excesso de ar, ou seja, o

volume teórico de oxigênio presente nos gases sempre será igualo a zero.

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A partir do conhecimento do volume foi determinada a quantidade de oxigênio em

massa através da seguinte fórmula:

Equação 34

O volume teórico total dos produtos da combustão foi calculado através da soma e

todos os seus componentes, considerando-se um coeficiente de excesso de ar igual a um, ou

seja, excesso de ar igual à zero:

Equação 35

O volume real total dos produtos da combustão foi calculado através da soma e tosos

os seus componentes considerando-se um coeficiente de excesso de ar maior do que um, ou

seja, excesso de ar diferente de zero:

Equação 36

A massa total dos produtos da combustão de um quilograma de combustível foi

calculada através da soma da massa de todos os seus componentes, considerando-se o

coeficiente de excesso de ar adotado.

Equação 37

2.10 Fornalhas e Caldeiras

2.10.1 Fornalhas

Segundo (PAULA, 2007), as fornalhas são equipamentos destinados à conversão

energética da biomassa em gases à alta temperatura, podendo este combustível se apresentar

em diferentes formas, tais como aparas de madeira, serragem, resíduos agroindustriais,

resíduos de extrativismo florestal, pellets, etc.

Os aspectos mais importantes da queima da biomassa em fornalhas industriais estão

relacionados à combustão em camada ou em suspensão. A espessura da camada do

combustível altera o mecanismo de queima. Quando se tem combustão com uma camada

grossa existe uma zona de redução onde o carbono reage com o CO2, que é um produto da

combustão para formar CO. Dessa maneira, acima da camada a chama é produzida pela

queima dos voláteis e do CO gerado na zona de redução. O oxigênio do ar é consumido

totalmente na zona de oxidação, o que provoca o aparecimento da zona de redução. A

combustão em camada fina é caracterizada pela ausência da zona de redução, o que faz com

que a chama seja produto apenas da queima dos voláteis.

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O ar primário é introduzido abaixo da grelha e o ar secundário e acima da camada de

combustível. O preaquecimento do ar é um fator importante para a intensificação da

combustão, estando a temperatura máxima do ar limitada pela resistência mecânica do

material da grelha. Para combustíveis com elevado teor de voláteis, como a biomassa, a

temperatura do ar recomendada é da ordem de 200°C a 250°C. No caso de não se utilizar o

preaquecimento do ar, uma parte do calor gerado na combustão será consumida para a

elevação da temperatura do ar, diminuindo a eficiência da fornalha.

As fornalhas podem ser classificadas de duas maneiras: a primeira pendendo da

maneira com que é realizada a combustão, e a segunda atendendo as características

construtivas da mesma. A classificação das fornalhas segundo o modo de combustão é a

seguinte:

Fornalhas de combustão pulverizada ou em suspensão;

Fornalhas de combustão em leito fixo com queima em grelhas e grelhas com

alimentação inferior;

Fornalhas de queima em leito fluidizado borbulhante e circulante.

As fornalhas para queima de biomassa in natura ou paletizada geralmente são de

queima em deposição sobre a grelha e podem ser classificadas de acordo com a maneira pela

qual a biomassa é alimentada na mesma. Os três tipos básicos de alimentação são alimentação

inferior, alimentação lateral (horizontal) ou alimentação superior.

2.10.2 Caldeiras

Denomina-se caldeira ao conjunto formado pela fornalha, dutos de gases e superfícies

de aquecimento, por onde circula o fluido de trabalho. As caldeiras ou geradores de vapor

podem ser basicamente de dois tipos: flamotubulares ou aquatubulares. Nas caldeiras

flamotubulares os produtos da combustão circulam por dentro dos tubos e transferem sua

energia térmica para a agua que as rodeia. Este tipo de caldeira é bastante empregado, embora

apresente limites em termos de capacidade de produção que vão até aproximadamente 20 t/h e

pressão máxima de vapor de 2,0 Mpa. As aquatubulares são aquelas na qual existem tubos

metálicos cheios de água, que são expostos ao calor da fornalha, para gerar vapor de alta

pressão e temperatura.

Na figura 10 apresenta-se um esquema de uma caldeira aquatubular moderna para a

queima de biomassa. De acordo com a numeração empregada nesta figura, seus principais

elementos e suas respectivas funções.

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Figura 10: Esquema de uma caldeira a vapor para biomassa

Fonte: LORA, 2012

1. Fornalha: espaço destinado para a combustão dos gases resultantes da pirólise da

biomassa, a qual está disposta em camada sobre a grelha. Em sistemas de queima em

suspensão o combustível sólido queimara em todo volume da fornalha.

2. Grelha: elemento responsável pela sustentação da biomassa em combustão e pela

distribuição do ar primário. A grelha também garante a remoção periódica das cinzas

acumuladas. As características dos materiais de construção da grelha limitam a

temperatura de aquecimento do ar primário em aproximadamente 300°C.

3. Alimentadores de biomassa: possuem a função de fornecer o combustível que vai ser

queimado na fornalha, distribuindo-o em uma camada homogênea sobre a grelha.

Podem ser mecânicos ou pneumáticos.

4. Paredes de água: as paredes de água são compostas por superfícies evaporativas que

cobrem parcial ou totalmente as paredes da fornalha. Elas são constituídas por tubos

cilíndricos, nos quais ocorre a circulação da água e a sua evaporação. Geralmente

utiliza-se a circulação natural do fluido de trabalho.

5. Feixe convectivo: grupo de tubos que conectam o tambor superior ao inferior. É

também uma superfície evaporativa, que recebe calor dos gases predominantemente

por convecção. Caldeiras modernas com um único tubulão não possuem feixe

convectivo.

6. Tambor superior: recebe a mistura água-vapor que chega das superfícies evaporativas.

A função do tambor é realizar a separação do vapor saturado das gotículas de água e

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fornecer água para as superfícies evaporativas, através de tubos alimentadores

descendentes. O tambor superior também é utilizado para o controle da qualidade do

vapor e a adição de reagentes químicos na água de alimentação.

7. Tambor inferior: serve como coletor e distribuidor de água para evaporação.

8. Superaquecedor: é um trocador de calor, no qual acontece a conversão do vapor

saturado em superaquecido.

9. Pré-aquecedor de ar: é a superfície na qual o aquecimento do ar que está introduzido

na fornalha juntamente coma a biomassa. Utiliza a energia térmica residual disponível

nos produtos de combustão.

10. Economizador: é um trocador de calor, que possui a função de pré-aquecer a água de

alimentação até a temperatura de saturação, a partir dos gases de combustão. O

economizador é um elemento chave para incrementar a eficiência da caldeira, já que

contribui para a redução da temperatura dos gases de combustão antes de serem

emitidos pela chaminé.

11. Lavador de gases: equipamento utilizado para a remoção das cinzas voláteis através

da lavagem do gás de exaustão.

12. Soprador 01: equipamentos empregados para o fornecimento de ar primário.

13. Soprador 02: equipamentos empregados para o fornecimento de ar secundário.

14. Exaustor: é um ventilador utilizado para a remoção dos produtos da combustão

através da chaminé.

15. Chaminé: duto usado para a condução dos gases de exaustão para a atmosfera.

16. Duto de ar primário: fornece um fluxo de ar abaixo da grelha predominantemente

para assegurar a queima do carbono fixo da biomassa uma camada sob a grelha.

17. Dutos de ar secundário: injeta o fluxo de ar necessário para garantir a queima dos

voláteis no volume da fornalha.

18. Condensador: equipamento utilizado para a obtenção do condensado a ser utilizado

no dessuperaquecimento.

19. Dessuperaquecedor: dispositivo empregado para o controle (diminuição) da

temperatura do vapor através da injeção de condensado.

20. Soprador auxiliar: equipamento utilizado para o fornecimento de ar necessário na

alimentação pneumática do combustível.

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3 METODOLOGIA

3.1 Amostragem

Foi coletado amostra do resíduo de filtração do processo de biodiesel de uma empresa

localizada no estado do Rio Grande Sul. Este resíduo provem da limpeza dos filtros após

apresentarem saturação e não atender mais a vazão de processo, esta no estado sólido

conforme figura 11 e possui um grande quantidade de óleo impregnada.

Figura 11: Resíduo de filtração do biodiesel

A amostragem foi organizada de modo a atender a ABNT NBR 10007:2004 que diz:

Amostra composta: Soma de parcelas individuais do resíduo a ser estudada, obtidas em

pontos, profundidades e/ou instantes diferentes, através dos processos de amostragem. Estas

parcelas devem ser misturadas de forma a se obter uma amostra homogênea.

Para se obter uma amostragem mais homogênea, fazendo com que caracterizasse todo

o resíduo de filtração, foram realizadas as seguintes considerações:

O processo de fabricação do biodiesel é continuo, portanto a fabrica opera 24h

por dia em escalas de revezamento, que são divididas em quatro turnos de seis

horas.

Os ciclos de filtração do processo variam conforme a quantidade de

contaminantes que estão óleo e vazão da planta, variando de 15 a 50 horas cada

ciclo de limpeza.

Fazendo estas ressalvas, foi solicitado aos operadores que retirassem cinco amostras

de aproximadamente um quilograma cada de resíduo a cada limpeza de filtro, tato no filtro

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utilizado para preparo da matéria prima, como o filtro usado na purificação do biodiesel. Com

isso resultou em dez amostras de um quilograma cada, sendo cinco amostras de cada

processo.

Das amostras coletadas, chegou-se a uma massa de 10 kg de resíduo, onde foram

retirados 3 kg e enviados a CIENTEC para analises e 2 kg para analises efetuadas nos

laboratórios da UPF.

Como são gerados aproximadamente 1125 kg de resíduo diariamente, sendo 35% da

etapa de preparação da matéria prima e 65% da etapa de filtração do biodiesel final, a

amostragem deverá ser proporcional ao percentual de resíduo gerado. Sendo assim dos 5 kg

coletados para analises, 1,75 kg eram do processo de preparação da matéria prima e os outros

3,25 kg do processo de filtração do biodiesel.

3.2 Caracterização do resíduo de filtração

O programa consistiu na caracterização elementar e imediata do resíduo de filtração dos

processos de preparação da matéria prima e fabricação de biodiesel. Para tanto foram

realizadas análises nos laboratórios da UPF e as outras foram enviadas para a CIENTEC3. A

tabela 4 demonstra as análises realizadas em cada laboratório:

Tabela 4: Análises Realizadas

Análises Laboratório Método

Poder Calorífico Superior CIENTEC ASTM D 5865

Poder Calorífico Inferior CIENTEC ASTM D 5865

Umidade CIENTEC ASTM D 2016

Cinzas CIENTEC ASTM D 7582

Materiais Voláteis CIENTEC ASTM D 7582

Carbono Fixo CIENTEC ASTM D 7582

Enxofre Total CIENTEC ASTM D 4239

Carbono CIENTEC ASTM D 3176

Hidrogênio CIENTEC ASTM D 3176

Nitrogênio CIENTEC ASTM D 3176

Oxigênio CIENTEC ASTM D 3176

Peso Específico UPF ASTM D 70

Óleos e Graxas UPF APHA 1995

3 CIENTEC – Fundação de Ciência e Tecnologia. Realiza ensaios de caracterização de combustíveis sólidos

(carvão, coque, biomassa) para utilização na geração de energia ou para fins de pesquisa, cobrindo praticamente

a totalidade das determinações necessárias para sua caracterização.

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3.3 Reações e Gases gerados na combustão do resíduo de filtração

3.3.1 Reações de combustão do resíduo de filtração

Para determinar as reações de combustão considerou-se a combustão completa do

resíduo de filtração. Ela é obtida quando o carbono queima convertendo-se em dióxido de

carbono (CO2), o hidrogênio em água (H2O) e o enxofre em dióxido de enxofre (SO2),

conforme equações 1, 2 e 3:

Equação 1 C + O2 CO2 + 94,03 kcal

Equação 2 H2 + 1/2O2 H2O + 68,37 kcal

Equação 3 S + O2 SO2 + 70.8 kcal

Com isso fez-se o balanço estequiométrico das reações e através das analises

elementares de C, H e S determinou-se os requisitos mínimos de oxigênio para a combustão

completa e os gases gerados. Considerou-se também que para cada O2 inserido para a queima,

são necessários 3,76N2, que seria o ar adicionado ao sistema composto de 79% de nitrogênio e

21% de oxigênio.

3.3.2 Gases gerados na combustão do resíduo de filtração

Para determinar os gases gerados pelo processo de combustão, inicialmente

determinou-se a massa de trabalho para os cálculos, que nada mais é que incorporar a

umidade presente no combustível conforme equação 11:

Equação 1138

Após determinada a massa de trabalho, é possível determinar o volume teórico de ar

para a combustão completa de um quilograma de resíduo. Para isso considerou-se que em um

quilograma de resíduo contém Ct/100 kg de carbono, S

t/100 kg de enxofre, H

t/100 kg de

hidrogênio de Ot/100 kg de oxigênio. Então para a combustão completa de um quilograma de

resíduo é necessário uma quantidade de oxigênio igual a soma de que necessitarão os

elementos que o compõe para a sua combustão, como no resíduo existe oxigênio próprio,

então houve a necessidade de subtrair esta quantidade e como o ar atmosférico é constituído

de 21% de O2 e 79% de N2 (base volumétrica), foi tomada a porcentagem de oxigênio no ar

para se calcular o volume do ar teoricamente necessário para a combustão de um quilograma

de biomassa, conforme equação 14:

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Equação 14

[

]

Para determinar a quantidade teórica de ar em massa foi utilizada a equação 15:

Equação 15

Para calcular para uma temperatura diferente de zero, utilizou-se a equação 16

(equação da termodinâmica) que resultou na quantidade de ar teórico real, já que a caldeira

possui um pré-aquecedor entrando uma maior temperatura do ar na fornalha.

Equação 16

(

)

Como na prática é preciso fornecer um volume de ar um pouco maior que o volume

teoricamente necessário para se obter a combustão completa, o volume real de ar fornecido

para a combustão é determinado pela expressão:

Equação 17

A composição do ar para a combustão do resíduo de filtração é composta de O2 e N2,

sendo que para determinar a composição volumétrica de cada elemento no ar a ser inserido na

fornalha foi utilizado a equação 22 que nos fornece o valor de nitrogênio sendo 79% do ar

inserido na fornalha e para o oxigênio o valor é de 21%:

Equação 39

Os produtos da combustão contém: CO2, SO2, O2, N2 e H2O. Para determinar estes

compostos foram utilizadas as seguintes equações:

Equação 40

então:

Equação 25

Equação 31

Equação 33

Para determinar a massa de cada composto foi multiplicado o volume obtido pelo sua

respectiva densidade, exceto para o O2, que foram utilizadas equação 31:

Equação 34

Todos os parâmetros analíticos analisados e gerados do resíduo de filtração, foram

comparados com a biomassa de eucalipto, que é o combustível utilizado na caldeira da

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empresa, com isso foi possível avaliar as características entre os dois combustíveis para

verificar sua compatibilidade, já que ambos seriam misturados na alimentação da caldeira.

3.4 Analise econômica preliminar

A analise econômica preliminar leva em conta o poder calorifico entre o combustível

utilizado pela empresa (biomassa de eucalipto) e o resíduo de filtração. Para isso foi

necessário dados da empresa a respeito de densidade da biomassa do eucalipto, quantidade de

combustível gasta mensalmente, valor do combustível por m³, gasto com disposição do

resíduo de filtração e a quantidade de resíduo gerada mensalmente.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS

4.1 Resultados Obtidos

Os resultados obtidos para o resíduo de filtração celulósico através das análises nos

laboratórios da CIENTEC e UPF estão expressos na Tabela 5 e são comparados com a

biomassa de eucalipto (principal combustível que a empresa utiliza em suas caldeiras).

Tabela 5: Composição do eucalipto x Composição do resíduo de filtração

Composição do Combustível Biomassa

Eucalipto

Resíduo

Filtração

Umidade % 30,00 1,01

Cinzas % 0,72 0,90

Matérias Voláteis % 81,42 91,56

Carbono Fixo % 17,82 7,54

Enxofre Total % 0,01 0,02

Carbono % 49,00 65,68

Hidrogênio % 4,87 9,26

Nitrogênio % 0,30 0,03

Oxigênio + halogênios % 43,79 24,11

Poder Calorifico Superior kcal/kg 3.172 7.335

Poder Calorifico Inferior kcal/kg 2.747 6.860

Peso Especifico kg/m³ 315 1.068

Óleos e Graxas % - 51,45

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O valor de 1,01% de umidade, conforme dado da Tabela 05, é um valor muito baixo,

que indica um aproveitamento quase que total da energia desprendida do resíduo de filtração,

interferindo muito pouco no poder calorifico inferior do combustível, diferentemente da

biomassa de eucalipto que possui uma umidade média de 30% (dado fornecido pela empresa)

onde necessita consumir parte de sua energia para desprender as moléculas de água. Esta

baixa umidade se deve a ser retirada ela do óleo antes de passar pelos filtros a teores abaixo

de 500 ppm.

O teor de umidade é um fator muito importante a ser observado, pois quanto menor for

este valor, menor será a quantidade de energia gasta no processo de carbonização do resíduo

de filtração e maior o poder calorífico do material. Um elevado teor em humidade pode

dificultar a ignição e reduzir a temperatura, dado que a vaporização da água é uma reação

endotérmica (necessita de bastante energia para volatilizar) fazendo com que o combustível

perca potencial térmico interferindo diretamente em seu poder calorifico.

Para o processo de combustão em caldeira, o indicador mais importante é o poder

calorifico, sendo o PCS de 7.335 kcal/kg e o PCI 6.860 kcal/kg do resíduo de filtração, neste

caso leva-se em consideração o PCI, pois a umidade presente no combustível irá volatilizar

gastando energia. O valor de PCI pra o resíduo é alto comparado à biomassa de eucalipto

(2747 kcal/kg) sendo 2,5 vezes maior e chegando a valores parecidos com combustíveis

líquidos, ANEXO I, isso se deve ao alto teor de óleos e graxas 51,45% e baixo teor de

umidade 1,01%.

Um elevado teor de óleos e graxas favorece a uma ignição do resíduo mais rápido,

fazendo que o resíduo seja carbonizado mais rapidamente, com isso a caldeira gera energia

térmica em menor tempo. Com a mistura do resíduo com biomassa de eucalipto irá favorecer

a geração de vapor pela caldeira, pois irá gerar a mesma energia térmica com um menor

volume de combustível.

O material volátil é a parte do combustível que se separa na forma de gases quando o

combustível é submetido à queima, fornecendo a percentagem do material que se queima no

estado gasoso. Os componentes voláteis, quando aquecidos, saem do material e se queimam

rapidamente na forma gasosa. O valor de 91,56% indica que o resíduo de filtração irá ser

queimado na sua maior parte no estado gasoso, necessitando de uma adição de ar secundário

maior na etapa de queima dos voláteis comparados a biomassa de eucalipto 81,42%.

O carbono fixo queima-se vagarosamente na fase sólida como carvão. O valor de

7,54% é um valor baixo, indicando que o tempo de residência na câmera de combustão será

menor comparado à biomassa de eucalipto 17,82% para que ocorra a queima completa do

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combustível, necessitando um volume de ar primário menor. O Carbono fixo é a fração

residual do combustível sólido, descontados os teores de humidade, matéria volátil e cinzas,

desempenhando igualmente um papel crucial no processo de combustão.

Embora o enxofre seja também combustível, este traz consequências prejudiciais ao

meio ambiente e aos equipamentos. Os produtos de combustão, SO2 e SO3, em presença de

umidade formam ácido sulfúrico, que irá atacar as partes mais frias da instalação. O H2SO4 é

o principal causador de "chuva ácida", com consequências desastrosas ao meio ambiente. O

valor de 0,02% é considerado baixo, assim como para a biomassa de eucalipto 0,01%.

Conforme CONAMA 436, derivados de madeira (celulose) não possuem limites de SO2

definidos, isso se deve a baixa concentração de enxofre nesses derivados.

O teor de cinzar irá indicar o quanto do combustível não se transformará em gases

gerando assim um resíduo do processo de combustão. O valor de 0,90% para o resíduo de

filtração como é considerado um valor baixo, assim como o de eucalipto 0,79%, indicando

que mais de 99% do combustível se transformará em material volátil. As cinzas irão gerar um

gasto para destinação ambientalmente adequada para a empresa, os baixos teores de cinzas

significam menores gastos para a indústria em seu processo produtivo.

Outro fator a ser levado em consideração para um combustível é a emissão de material

particulado originário das cinzas, devendo estar abaixo de 70 mg/m³ (LO da empresa) para

caldeira de 30 ton/h de vapor e 730 mg/m³ (CONAMA 436) para a caldeira de 12 ton/h de

vapor. Para controlar este fator as caldeiras da empresa possuem como tratamento

multiciclone e filtro de manga que reduzem a emissão de material particulado para valores

abaixo da legislação. Em monitoramento realizado em abril de 2012 os valores para a caldeira

de 12 ton/h a concentração de material particulado foi de 9,18 mg/m³ e 6,70 mg/m³ para a

caldeira de 30 ton/h, atendendo a legislação vigente.

A composição de carbono e hidrogênio, respectivamente de 65,68% e 9,26% sendo

maiores que a biomassa de eucalipto 49% e 4,87%, caracteriza um resultado benéfico devido

ao momento em que o carbono e hidrogênio se desprendem do material sólido irão gerar

energia assim quanto maior o teor destes componentes em um combustível maior a energia

liberada na sua queima. Devido a estes valores que o poder calorifico do resíduo de filtração é

maior que a biomassa de eucalipto.

Para realização deste trabalho foi considerado a combustão completa, sem a formação

de monóxido de carbono, porem a CONAMA 436 estabelece valor máximo de CO para a

caldeira de 30 ton/h de 3250 mg/m³ e o resultado obtido em analise correspondeu a 165

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mg/m³ atendendo a legislação vigente e demostrando que a combustão pode ser considerada

completa para efeitos de cálculos.

O resíduo de filtração possui um valor de oxigênio de 24,11%, este menor que o da

biomassa de eucalipto 43,79%, necessitando um volume de ar maior a ser inserido na caldeira

para a combustão completa do resíduo de filtração.

O peso específico é definido como a massa contida em uma unidade de volume. A

biomassa de eucalipto apresenta 315 kg/m³ (dado fornecido pela empresa), já o resíduo de

filtração o valor é de 1068 kg/m³, sendo mais de três vezes maiores. Então para cada m³ de

resíduos queimados são equivalentes a 3,38 vezes de biomassa de eucalipto. O resíduo por

apresentar maior peso especifica necessitará de menor espaço para o seu armazenamento.

4.2 Combustão Completa do Resíduo de Filtração

A composição química elementar para um quilograma de resíduo de filtração e

biomassa de eucalipto é apresentada na tabela 6 e com o valor de umidade chegou-se na

massa de trabalho para cada composto.

Tabela 6: Determinação da massa de trabalho

Massa Seca (%) Massa de Trabalho (%)

Elemento Biomassa Eucalipto

Resíduo Filtração

Elemento Biomassa Eucalipto

Resíduo Filtração

C 49,00 65,68 Ct 34,30 65,02

H 4,87 9,26 Ht 3,41 9,17

O 43,79 24,11 Ot 30,65 23,87

N 0,30 0,03 Nt 0,21 0,03

S 0,01 0,02 St 0,01 0,02

A 0,72 0,9 At 0,50 0,89

∑ 100 100 Wt 30,00 1,01

∑ 100 100

A massa de trabalho serve para identificar a composição real do combustível

acrescentando a umidade. Assim é possível observar que a maior parte de cada quilograma de

resíduo a ser introduzido na caldeira é composta por elementos que liberam energia durante a

combustão C e H, uma parte muito pequena de umidade será simplesmente eliminada pela

chaminé, requerendo baixo consumo de energia para sua evaporação. Na biomassa de

eucalipto o maior teor de umidade faz com que os teores de C e H se reduzam, diminuindo o

seu potencial de geração de energia.

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As principais reações químicas da combustão da massa de um quilograma de resíduo

de filtração, com a apresentação dos cálculos estequiométricos, são demostrado na Tabela 07:

Tabela 7: Reações químicas da combustão completa do resíduo de filtração

COMBUSTÃO DO CARBONO

C + O2 + 3,76 N2 CO2 + 3,76 N2 + Energia

Massa Molar (kg/kmol) 12

32

28

44

28

Massa (kg) 0,657 1,75 5,77 2,41 5,77

COMBUSTÃO DO HIDROGÊNIO

H2 + 1/2O2 + 3,76 N2 H2O + 3,76 N2 + Energia

Massa Molar (kg/kmol) 4

32

28

36

28

Massa (kg) 0,09 0,37 1,22 0,83 1,22

COMBUSTÃO DO ENXOFRE

S + O2 + 3,76 N2 SO2 + 3,76 N2 + Energia

Massa Molar (kg/kmol) 32

32

28

64

28

Massa (kg) 0,0002 0,0002 0,0007 0,0004 0,0007

Foi considerado para realização dos cálculos, que todo o carbono disponível reage com

o oxigênio do ar formando exclusivamente dióxido de carbono, ou seja, considerou-se a

combustão completa do resíduo de filtração sem formação de monóxido de carbono junto aos

produtos da combustão. Esta metodologia foi adotada, pois no caso da combustão incompleta

não é possível prever quanto de carbono presente no combustível irá formar monóxido de

carbono ou dióxido de carbono. Neste estudo esta consideração é aceitável tendo em vista que

o volume total dos produtos da combustão do resíduo de filtração permanece inalterado.

Compreender as reações químicas formadas na combustão faz-se necessário para a

determinação dos componentes dos produtos da combustão. Neste trabalho conforme

demonstrado na tabela 06 o enxofre pode ser considerado desprezível devido a estar em uma

quantidade muito pequena no resíduo 0,02%. O teor de carbono de 0,657 kg gera 2,41 kg de

CO2 e 0,09 kg de H gera 0,83 kg de H2O.

O nitrogênio aparece nas relações estequiométricas devido ao ar ser composto em

massa de 21% de oxigênio e 79% de nitrogênio assim para cada O2 adicionados ao processo

de combustão são necessários 3,76 de N2.

4.3 Requisito de Ar para a Combustão Completa do Resíduo de Filtração

A tabela 8 demostra o volume e massa de ar teórico necessário para a combustão

completa de um quilograma de combustível:

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Tabela 8: Ar teórico necessário para combustão de um quilograma de combustível

Resíduo

de

Filtração

Biomassa

de

Eucalipto

Unidade

Tar 130 130 °C

7,44 2,94 m³ de ar / kg de combustível

10,98 4,34 m³ de ar / kg de combustível

9,63 3,81 kg de ar / kg de combustível

Considerando as reações químicas da combustão, a composição química e o teor de

umidade do resíduo de filtração com a temperatura do ar de combustão em 130°C

(temperatura do ar encontrado na entrada de ar primário após o pré-aquecedor de ar da

caldeira da empresa) e comparando-o com a biomassa de eucalipto, mostra que para a

combustão completa de um quilograma de resíduo são necessários 9,63 kg de ar e que o

volume de ar necessário à temperatura de 0ºC seria de 7,44 m³ porem como a temperatura é

maior necessita de um volume de 10,98 m³ de ar. Já para a biomassa de eucalipto que

atualmente é usado no gerador de vapor, os requisitos de ar são menores, devido ao excesso

de umidade presente no combustível.

Para ocorrer à combustão completa e eficiente do combustível é necessário fornecer a

câmera de combustão uma quantidade de ar maior que a teoricamente necessária. Segundo

dados do fabricante a caldeira a cavaco foi dimensionada com o valor de até 45% de excesso

de ar. Por isto foi utilizado o valor máximo como coeficiente indicando o maior requisito de

O2 gerando maior a concentração de gás da combustão. Na Tabela 9 demonstra o ar real para

a combustão completa.

Tabela 9: Ar real para combustão de um quilograma de combustível

Resíduo de

Filtração

Biomassa de

Eucalipto Unidade

α 1,45 1,45 Excesso de ar (%) 45

15,92 6,30 m³ de ar / kg de combustível

13,96 5,52 kg de ar / kg de combustível

A partir do conhecimento do ar teórico e do coeficiente de excesso de ar, determinou-

se que a massa real necessária para a combustão de um quilograma de resíduo de filtração é

de 13,96 kg de ar ou 15,92 m³ de ar a 130°C. Para a biomassa de eucalipto os valores são

menores, pois como demostrado na tabela 08, o volume de ar é menor.

Para a combustão de um combustível na caldeira é adicionado o ar em excesso para

garantir a completa combustão dos elementos presentes. Para isso é adicionado através

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ventiladores ar primário e secundário a câmera de combustão e são somados ao O2 presente na

composição do combustível. A tabela 10 mostra os valores de ar que deverão ser inseridos na

fornalha para a completa queima do combustível.

Tabela 10: Composição do ar da combustão de um quilograma de combustível

Elemento

Resíduo de

Filtração

Biomassa de

Eucalipto

m³/kg kg/kg m³/kg kg/kg

N2 12,58 10,75 4,97 4,25

O2 3,34 3,21 1,32 1,27

Ar 15,92 13,96 6,30 5,52

A composição do ar para combustão de um quilograma de resíduo de filtração,

conforme demonstrado na tabela 10, leva em consideração que o ar é constituído de 79% de

nitrogênio e 21% de oxigênio, necessitando o resíduo de filtração um valor de 15,92 m³ de ar

para cada quilograma de resíduo. A biomassa de eucalipto necessita de menor valor de ar 6,30

m³/kg, por possuir maior teor de O2 em sua composição e maior teor de umidade também.

4.4 Gases gerados na Combustão de um quilograma de Resíduo de Filtração

A composição volumétrica e mássica dos produtos da combustão são apresentadas na

Tabela 11:

Tabela 11: Componentes dos produtos da combustão de um quilograma de combustível

Produtos

da

Combustão

Biomassa de Eucalipto Resíduo de Filtração

m³ de gás/kg % kg de gás/kg % m³ de

gás/kg % kg de gás/kg %

CO2 0,64 9,31 1,27 19,42 1,21 7,53 2,40 16,01

SO2 0,00005 0,00 0,0001 0,00 0,00014 0,00 0,0004 0,00

N2 4,98 72,35 4,25 65,22 12,58 78,06 10,75 71,76

O2 0,41 5,97 0,39 6,05 1,04 6,44 1,00 6,65

GASseco 6,03 87,62 5,91 90,69 14,83 92,03 14,14 94,42

H2O 0,85 12,38 0,61 9,31 1,28 7,97 0,84 5,58

∑ 6,88 100 6,52 100 16,12 100 14,98 100

Através da análise dos dados pode-se observar que cerca de 78% do volume dos

produtos da combustão de um quilograma de resíduo de filtração é composto de nitrogênio e

72% para a biomassa de eucalipto, isso se deve ao fato de que aproximadamente 79% do

volume de todo o ar destinado a combustão é composto por este elemento.

Através de alterações nas variáveis foi possível constatar que o teor de umidade (Wt) e

o excesso de ar (α) interferem diretamente na composição e quantificação dos produtos da

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combustão, de forma que: Quanto maior for o teor de umidade da biomassa, menor será a

quantidade total de gases de escape, pois quanto menor o percentual de massa seca menor

também será a quantidade de ar exigida para a combustão do combustível. Quanto maior for o

teor de umidade maior será o percentual de gases úmidos nos produtos da combustão. Quanto

maior for o excesso de ar, maior será a quantidade de gases de escape, pois somente o ar

estequiométrico participa das reações da combustão do carbono, hidrogênio e enxofre. Todo o

ar em excesso é eliminado pela chaminé basicamente na forma de oxigênio e nitrogênio

(bases da formação do ar atmosférico)

A quantidade de ar e a composição os produtos da combustão foram calculados na

base volumétrica e mássica, mas somente para efeito ilustrativo, tendo em vista que o volume

do ar e dos gases depende da temperatura em que se encontram estes fluidos, fato que

dificultam a realização dos cálculos termodinâmicos, as figuras 12 e 13 demonstram os gases

gerados na combustão completa do resíduo de filtração e da biomassa de eucalipto.

Figura 12: Composição volumétrica dos gases da combustão do resíduo de filtração (%)

7,53 0,00

78,06

6,44 7,97

CO2 SO2 N2 O2 H2O

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Figura 13: Composição volumétrica dos gases da combustão da biomassa de eucalipto (%)

4.5 Avaliação econômica preliminar

Para realizar a avaliação econômica preliminar a empresa disponibilizou a quantidade

de resíduo de filtração gerada para o ano de 2013 e o primeiro quadrimestre de 2014 sendo no

total 653.310 quilogramas de resíduo geradas. O gasto para uma destinação ambientalmente

adequada (compostagem) é de R$ 95 a tonelada, sendo que no ano de 2013 era de R$ 75 a

tonelada. A caldeira consome em média 28000 m³ de biomassa de eucalipto por mês a um

custo de R$ 45 ao m³ e a densidade é de 315 kg/m³. Os cálculos para a avaliação econômica

preliminar estão expressos na tabela 12.

Tabela 12: Avaliação econômica preliminar

Resíduo Gerado

(kg)

Custo de destinação

(R$)

Biomassa de Eucalipto

Necessária (kg)

Biomassa de Eucalipto

Necessária (m³)

Total (R$)

%

2013 410.930 30.819 1.026.203 3257,8 177.419,44 1,17

Janeiro 2014

54.420 5.170 135.901 431,4 24.584,39 1,95

Fevereiro 2014

47.560 4.518 118.770 377,0 21.485,36 1,71

Março 2014

57.920 5.502 144.642 459,2 26.165,52 2,08

Abril 2014 82.480 7.836 205.975 653,9 37.260,57 2,96

Total 653.310 53.845 1.631.491 5179,3 286.915,29 1,97

9,31 0,00

72,35

5,97

12,38

CO2 SO2 N2 O2 H2O

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Para realização dos cálculos utilizou-se o poder calorifico inferior do resíduo de

filtração (6860 kcal/kg) e da biomassa de eucalipto (2747 kcal/kg). Possuindo o resíduo de

filtração um valor energético 2,5 vezes maior que a biomassa de eucalipto. Com isso chegou-

se ao valor de que para queimar 653.310 kg de resíduo durante o período seriam necessários

1.631.491 kg de biomassa de eucalipto ou 5179 m³.

Somados os custos de destinação R$ 53.845 ao custo da biomassa de eucalipto

R$233.070,19 chegou-se ao valor de R$ 286.915,29, este seria o valor que a empresa deixaria

de gastar caso tivesse incorporado a sua matriz energética o resíduo de filtração no inicio de

2013, correspondendo a 1,97 % do gasto total que a empresa tem com biomassa de eucalipto.

4.6 Impactos da carbonização do resíduo de filtração celulósico

4.6.1 Negativos

O resíduo de filtração atualmente é destinado a compostagem e produz um composto

que, por ser muito rico em nutrientes, pode ser utilizado na agricultura, melhorando o

desenvolvimento de plantas e jardins. O composto orgânico atua no solo como uma esponja,

ajudando-o a reter a umidade e os nutrientes, melhorando assim as suas características e

reduzindo o uso de fertilizantes químicos. Os solos ricos em composto são menos afetados

pela erosão. Sendo assim o resíduo de filtração já possui uma destinação ambientalmente

adequada.

4.6.2 Positivos

A combustão completa do resíduo de filtração celulósico permite que se estabeleça um

ciclo fechado de carbono no qual o CO2 é absorvido quando a planta cresce e é liberado

quando é queimado na combustão, não alterando a concentração de CO2 na atmosfera.

O resíduo de filtração é um composto com baixo teor de enxofre, formador do acido

sulfúrico, principal causador da chuva acida.

Segundo (FOELKEL 2014) bons plantios de eucalipto dariam entre 280 m³ a 350 m³

de toras com cascas aos 7 anos por hectare de eucalipto plantado e para a conversão de um

metro cúbico sólido de madeira resulta em cerca de 3 metros cúbicos de cavacos. Sendo assim

poderiam ter sidos destinados a outras finalidades cerca de 16,5 hectares, podendo ser

destinados a mata nativa ou ao plantio de outra cultura.

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Redução de custos com aquisição de biomassa de eucalipto de aproximadamente R$

17932,00 mensais para empresa, o que deixaria a indústria com maior competitividade no

mercado, pois o combustível gasto em uma caldeira tem um impacto grande no custo de

fabricação de qualquer produto e o que se economizar neste setor torna-se lucro para a

empresa.

O resíduo de filtração passando a ser combustível na caldeira estaria adotando uma

estratégia de Produção mais limpa, pois deixaria de ser um resíduo do processo produtivo e

passaria a ser incorporado como um combustível para a caldeira.

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5 CONCLUSÃO

O potencial energético do resíduo de filtração celulósico é maior do que o da biomassa

de eucalipto, sendo que os valores apresentados para PCI do resíduo de filtração celulósico

foram 6860 kcal/kg, enquanto que, para a biomassa de eucalipto o PCI é de 2747 kcal/kg.

O resíduo de filtração celulósico e a biomassa de eucalipto apresentaram valores

médios de teor de umidade muito diferentes, 1,01% e 30%, respectivamente. Apresentando

diferenças significativas, sendo o principal determinante na diferença de valor energético, já

que um maior teor de umidade necessita de maior energia para desprender as moléculas de

água.

Para os valores de voláteis, carbono fixo e cinzas o resíduo de filtração celulósico

apresentou valores de 91,56%, 7,54% e 0,9% respectivamente e a biomassa de eucalipto

possui valores de 81,42%, 17,20% e 0,72%. Isso demonstra que o resíduo de filtração

celulósico gera uma rápida liberação dos voláteis e queimará em um menor tempo

comparados a biomassa de eucalipto, porém gerará uma quantidade de cinzas um pouco

maior, não sendo significativo este aumento.

Quanto aos gases gerados no processo de combustão, tanto para o resíduo de filtração

celulósico quanto para a biomassa de eucalipto, obteve-se valores de teor de enxofre baixos

0,02% e 0,01% podendo ser considerados desprezíveis, tornando o resíduo de filtração

celulósico

Conclui-se, portanto, que o resíduo de filtração possui características de

combustibilidade melhores comparadas a biomassa de eucalipto apresentando maior teor de

voláteis, menor teor de carbono fixo, concentração de cinzas semelhante, quando comparado

com a biomassa de eucalipto, porem o maior diferencial está no valor energético do resido de

filtração celulósico sendo 2,5 vezes maior que a biomassa de eucalipto sendo o teor de

umidade a principal característica de diferença energética entre os combustíveis.

Outro fator importante a ser considerado foi à avaliação econômica preliminar já que

as empresas estão cada vez mais com as margens de lucro espremidas e a queima do resíduo

de filtração celulósico representaria 1,97% do total que a empresa economizaria com os

custos de combustível, gerando uma economia de R$ 17932,00 mensais, dando maior

competitividade para a empresa incorporando seu próprio resíduo na matriz energética.

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6 ANEXO I