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Estoque de carbono orgânico em Latossolo Vermelho sob diferentes usos agrícolas UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Éveli Costa Beber Estoque de carbono orgânico em Latossolo Vermelho sob diferentes usos agrícolas Passo Fundo, 2011.

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Estoque de carbono orgânico em Latossolo Vermelho sob diferentes usos agrícolas

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Éveli Costa Beber

Estoque de carbono orgânico em Latossolo Vermelho sob diferentes usos agrícolas

Passo Fundo, 2011.

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Éveli Costa Beber

Estoque de carbono orgânico em Latossolo Vermelho sob diferentes usos agrícolas

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientador: Prof. Pedro Alexandre Varella Escosteguy, Ph.D. Co-Orientador: Greice Mattei, Doutoranda em Agronomia -UPF

Passo Fundo , 2011.

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Éveli Costa Beber

Estoque de carbono orgânico em Latossolo Vermelho sob diferentes usos agrícolas

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de

Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:_________________________

Pedro Alexandre Varella Escosteguy, pH.D.

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, UPF

Co-Orientador:_________________________

Greice Mattei, MSc.

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, UPF

___________________________________

Carlos Gustavo Tornquist, Dr. Faculdade de Agronomia, UFRGS

___________________________________

Evanisa Fátima Reginato Quevedo Melo, Dra. Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

Passo Fundo, 30 de novembro de 2011.

4

RESUMO

Processos naturais estão sendo cada vez mais modificados pela ação antrópica, em que se

destacam as atividades agrosilvipastoris. Modificações no uso dos solos podem potencializar

a mineralização da matéria orgânica (MO), contribuindo para a liberação de Gases de Efeito

Estufa (GEE) para a atmosfera. O solo possui capacidade de estocar volumes expressivos de

carbono (C), podendo representar um importante aliado na drenagem desse elemento da

atmosfera, porém esse potencial depende do uso e manejo dado ao solo. O trabalho avaliou

um Latossolo Vermelho distrófico húmico em área rural do município de Butiazinho, RS,

com os objetivos: (I) determinar a influência de diferentes usos agrícolas no estoque de C

orgânico (CO) da camada superficial do solo (0-20 cm) (II) avaliar se esta influência varia

entre as subcamadas de solo situadas entre 0-10 cm e 10-20 cm e se está associada aos

estoques de nitrogênio total (NT) e à relação C:N do solo. Foram avaliados solos com os

seguintes usos agrícolas: pastagem naturalizada, integração lavoura-pecuária e lavoura. Para o

cálculo do estoque de CO, a massa de solo da área sob mata nativa foi considerada como

referência para os demais usos de solo. O delineamento experimental foi em parcelas

subdivididas, sendo o fator camada de solo locado na sub-parcela e os usos de solo na parcela

principal. Quando calculados em massa equivalente, os estoques de CO da camada de 0-20

cm decresceram no solo com lavoura, em relação ao solo com mata nativa. Os teores e

estoques de CO obtidos pelo cálculo da massa equivalente não diferiram entre as camadas de

solo avaliadas. Os diferentes usos do solo não interferiram nos valores de relação C:N. Houve

relação direta e positiva entre o aumento de CO e de NT do solo.

Palavras-chaves: manejo do solo, efeito estufa, massa equivalente

5

ABSTRACT

Natural processes are increasingly being modified by human action, which highlighted the

agroforestry activities. Changes in land use can enhance the mineralization of soil organic

matter (SOM), contributing to the release of greenhouse gases (GHG) emissions to the

atmosphere. The soil has the capacity to store large volumes of carbon (C), which may

represent an important ally in the drainage of this element of the atmosphere, but this potential

depends on the land use and management. The study evaluated a humic dystrophic Red

Latosol in a rural area of the city of Butiazinho, RS, and aimed to (I) determine the influence

of different agricultural uses in the storage of organic carbon (OC) from surface layer of soil

(0-20 cm), calculated by the methods of equivalent mass and equivalent layer (II) evaluate

whether this influence varies between sublayers of soil located between 0-10 cm and 10-20

cm, and if is associated with the storage of total nitrogen (TN) and C:N ratio of soil. We

evaluated the following agricultural uses: naturalized pasture, crop-livestock integration and

tillage. To calculate the OC stock the mass of soil in the area under native forest was

considered as a reference for other land uses. A split plot design was used with the layer of

soil located in the subplot and the land uses factor located in the main plot. When calculated

in mass equivalent the OC stocks in the 0-20 cm layer decreased in the soil with tillage,

compared to the native forest soil. The concentration and stocks of CO calculated by the

equivalent mass calculation did not differ between the evaluated soil layers. The different land

uses did not interfere in the values of C:N ratio. There was direct and positive relationship

between the increase of OC and TN soil.

Key-word: soil management, greenhouse, equivalent mass.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Ciclo do carbono em agrossistemas. ......................................................................... 21 Figura 2: Ciclo do nitrogênio no solo. ...................................................................................... 24 Figura 3: Localização do município de Mato Castelhano no estado do Rio Grande do Sul. ... 33 Figura 4: Área de mata nativa. a) solo da mata nativa; b) demarcação dos pontos de amostragem; c) amostragem de densidade; d) anel volumétrico usado na coleta de amostras para determinação de densidade do solo. ................................................................................. 36 Figura 5: Área de pastagem naturalizada. a) vista de parte da área; b) amostragem de solo; c) amostragem de densidade; d) acondicionamento das amostras em sacos plásticos identificados. ............................................................................................................................ 37 Figura 6: Área de integração lavoura-pecuária. a) vista de parte da área; b) amostragem de solo; c) amostragem de densidade; d) abertura de trincheira para coleta de solo. ................... 37 Figura 7: Área de lavoura. a) vista de parte da área; b) restos culturais sobre o solo; c) amostragem de solo; d) destorroamento do solo amostrado..................................................... 38

7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Generalizações sobre as relações C:N, C:P e C:S nos resíduos do solo e as taxas de mineralização e de imobilização............................................................................................... 27 Tabela 2: Algumas características do horizonte A de um Latossolo Vermelho distrófico húmico (1). ................................................................................................................................. 32 Tabela 3: Histórico de uso de Latossolo Vermelho distrófico húmico. Mato Castelhano, 2011. .................................................................................................................................................. 34 Tabela 4: Histórico de uso das áreas de lavoura e integração lavoura-pecuária com as respectivas culturas utilizadas nos últimos três anos (1). ........................................................... 34 Tabela 5: Atributos de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011 (1,2,3). ............................................................................................................. 40 Tabela 6: Atributos de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011 (1,2,3). ............................................................................................................. 41 Tabela 7: Atributos de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011 (1,2,3). ............................................................................................................. 42 Tabela 8: Composição granulométrica da média de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011(1). ............................................................................... 42 Tabela 9: Teores de carbono orgânico (CO) e nitrogênio (NT), e valores de densidade (Ds), de amostras de Latossolo Vermelho distrófico húmico, sob diferentes usos (1,2,3). ....................... 51 Tabela 10: Estoques de carbono orgânico (CO) e nitrogênio total (NT) de Latossolo Vermelho distrófico húmico, sob diferentes sistemas de uso, calculados pelos procedimentos de cálculo da massa equivalente e da camada equivalente (1,2,3). ............................................................... 57 Tabela 11: Valores de relação C:N de Latossolo Vermelho distrófico húmico, sob diferentes sistemas de uso (1,2). .................................................................................................................. 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9 2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 12

2.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 12 2.1.1 Carbono do solo .................................................................................................. 12 2.1.2 Mudanças climáticas........................................................................................... 14 2.1.3 Manejo e cobertura vegetal de solos................................................................... 16

2.1.4 Ciclo do carbono ................................................................................................. 20 2.1.5 Ciclo do nitrogênio ............................................................................................. 22 2.1.6 Relação carbono:orgânico .................................................................................. 25 2.1.7 Efeito de sobrecargas em solos sob sistemas agrícolas ...................................... 27

2.1.8 Efeito do pisoteio animal em solos ..................................................................... 28

2.1.9 Latossolos ........................................................................................................... 29 2.2 Materiais e Métodos ................................................................................................... 32

2.2.1 Condições experimentais .................................................................................... 32 2.2.2 Amostragem de solo ........................................................................................... 35 2.2.3 Delineamento experimental ................................................................................ 38 2.2.4 Análises químicas e físicas do solo .................................................................... 39

2.2.5 Análises de carbono orgânico e nitrogênio total ................................................ 43

2.2.6 Análise dos dados ............................................................................................... 43 2.2.7 Estoques de carbono orgânico e nitrogênio total e relação carbono:nitrogênio 44

2.2.8 Análise estatística ............................................................................................... 46 2.3 Resultados e discussões ............................................................................................. 46

2.3.1 Teor de carbono orgânico e nitrogênio total ....................................................... 46

2.3.2 Densidade do solo ............................................................................................... 51 2.3.3 Massa equivalente X camada equivalente .......................................................... 52

2.3.4 Estoques de carbono orgânico e nitrogênio total em massa equivalente ............ 54

2.3.5 Relação carbono:nitrogênio do solo ................................................................... 58 3 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 61

9

1 INTRODUÇÃO

O impacto negativo das atividades humanas tem alterado de forma bastante significativa

os diversos ecossistemas do planeta, o que faz com que seja necessário cada vez mais, que

políticas ambientais se unam às estratégias de desenvolvimento com o intuito de atender às

necessidades da geração atual, promovendo o progresso de modo a não comprometer as

necessidades das gerações futuras. Esta aspiração representa a clássica definição de

desenvolvimento sustentável (SCHNEIDER, 2006).

Dentre as muitas alterações ambientais provocadas pelo homem, destaca-se o efeito

estufa. Esse fenômeno de ocorrência natural é responsável por manter as temperaturas do

planeta em níveis que permitam a existência de vida, pelo acúmulo de gases que formam uma

barreira, impedindo que o calor do Sol saia da atmosfera (IPCC, 2005). Entretanto, gases de

efeito estufa (GEE), notadamente o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido

nitroso (N2O), tem aumentado em níveis alarmantes, decorrentes de atividades humanas.

Esses GEE são apontados como os principais responsáveis pelo aquecimento global

observado nos últimos 50 anos, segundo o 4º Relatório de Avaliação do Grupo de Trabalho

do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate

Change) (IPCC, 2007). Ainda, de acordo com o documento, as concentrações destes gases são

as mais altas dos últimos 650 mil anos, sendo a atividade agrícola apontada como uma das

grandes responsáveis por este aumento. As fontes agrícolas de GEE são o cultivo de arroz

irrigado por inundação, a pecuária, dejetos animais, o uso agrícola dos solos e a queima de

resíduos agrícolas (IPCC, 1995). Estima-se que cerca de 55% das emissões antrópicas de

metano sejam provenientes da agricultura e da pecuária juntas.

A FAO (1991) define como uso sustentável das terras o sistema que integra manejo e

conservação dos recursos naturais, com o objetivo de prevenir a deterioração do solo e da

água, através do uso de tecnologias que atendam as necessidades sócio-econômicas,

preservando o meio ambiente, e assegurando a satisfação continuada das necessidades

humanas das gerações atuais e futuras. Para Rheinheimer et al. (2003) o conceito de

agricultura sustentável é “aquela que busca a convivência entre práticas agrícolas e a

preservação ambiental da paisagem, da biodiversidade, e dos mananciais de água”.

Um dos principais indicadores da qualidade de solos é a matéria orgânica (MO), uma vez

que características e propriedades deste, como estabilidade dos agregados, qualidade da

estrutura, infiltração e retenção de água, resistência à erosão, atividade biológica, liberação de

10

CO2 e outros gases para a atmosfera e a disponibilidade de nutrientes para as plantas, possuem

estreita relação com a MO (SANTOS e CAMARGO, 1999).

Dentre os componentes da matéria orgânica do solo (MOS), o carbono (C) é o que está

presente em maior quantidade, em média 58% (ALEXANDER, 1977). Nos solos, o C

orgânico (CO) é resultante da decomposição de plantas e de animais, além de fontes de CO

por atividades antrópicas, como derramamentos ou lançamentos de poluentes no ambiente.

Com a decomposição da MOS a maior parte do C é liberada para a atmosfera na forma de

CO2, e o restante do C decomposto passa a fazer parte da MO, como um componente do solo

(SANTOS e CAMARGO, 1999). Em condições de vegetação natural, o conteúdo de MO é

estável, e o estoque de C representa o balanço dinâmico entre a adição de material vegetal (C

adicionado) e a perda de C na forma de CO2 produzido durante a decomposição ou

mineralização do C decomposto, porém, alterações provocadas no solo, como o cultivo

convencional de culturas, em que o solo é revolvido, geralmente provocam decréscimo no

conteúdo de MO, o qual passa a ser determinado pela relação entre as novas taxas de adição e

perda de compostos orgânicos (MACHADO, 2005).

Assim, sendo um componente dinâmico no solo, a MO é sensível ao manejo realizado.

As mudanças de uso e manejo do solo, como a conversão de áreas de vegetação nativa em

agricultura, a prática de queimadas, a drenagem de banhados e outras áreas úmidas (BAKER

et al., 2007) provocam a transferência de parte dos estoques de C da biomassa superficial e do

solo para a atmosfera, contribuindo de forma significativa para o aumento de CO2 atmosférico

(TORNQUIST, 2007). Desta forma, os diferentes tipos de manejo do solo (sistema de plantio

convencional, sistema de plantio direto, etc), e das plantas agrícolas (i.e., rotações de culturas

utilizadas, cobertura do solo, adubação verde, etc) irão determinar a contribuição das

atividades agrícolas sobre os fluxos de C. Sistemas de manejo de solos que seqüestram C

podem contribuir, portanto, para um melhor controle dos fluxos dos GEE. O solo representa o

segundo maior reservatório superficial de C (BERNOUX et al., 2005), e uma série de estudos

tem demonstrado a relação deste com o efeito estufa e apontado este meio natural como

importante sumidouro (dreno) de C atmosférico, quando realizadas práticas que promovam o

aumento do CO do solo (TORNQUIST, 2007).

Este trabalho teve como objetivo geral avaliar a influência dos diferentes usos do solo

(mata nativa, pastagem naturalizada, lavoura e integração lavoura-pecuária) nos estoques de

CO. Os objetivos específicos do trabalho foram avaliar se a influência de diferentes usos do

11

solo varia entre as subcamadas de solo compreendida na camada de 0-20 cm e se está

associada aos estoques de nitrogênio total (NT) e à relação C:N do solo.

12

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 Carbono do solo

O solo é um componente vital à manutenção da qualidade ambiental da biosfera

terrestre constituindo-se dessa forma em um elemento crítico, cujas interferências externas,

sejam estas naturais ou antrópicas, provocam efeitos em nível local, regional e mundial

(DORAN e PARKIN, 1994).

O carbono total (CT) do solo é o somatório do carbono orgânico (CO) e do carbono

inorgânico (CI). O CO está presente predominantemente na MOS, enquanto que o CI é

encontrado nos minerais carbonatados, os quais fazem parte, principalmente, a calcita e a

dolomita, podendo também ser encontrado na forma de sais insolúveis de H2CO3. Em solos de

clima tropical, o CO é a forma predominante (SANTOS e CAMARGO, 1999).

Segundo Selle (2007), no solo o termo material orgânico se refere a todo tipo de

material de origem orgânica, reconhecível ou não, enquanto que o termo matéria orgânica ou

húmus, se refere às substâncias de natureza orgânica já em avançado estágio de alteração, não

sendo possível reconhecer sua origem. O CO do solo é resultante da decomposição de plantas

e de animais. Em solos e sedimentos uma grande variedade de formas de CO está presente,

variando desde detritos depositados recentemente (como folhas, ramos e galhos) até formas

decompostas e bioquimicamente estáveis, denominada húmus. Há ainda fontes de CO que são

adicionadas ao solo por contaminação de atividades antrópicas, como derramamentos ou

lançamento de poluentes no ambiente. Ao serem decompostos, esses resíduos sofrem

inicialmente decomposição parcial pela mesofauna, e posteriormente, ação decompositora dos

microrganismos, de modo que a maior parte do C presente nesses resíduos é liberada para a

atmosfera como CO2, e o restante passa a fazer parte da MO, como um componente do solo

(SANTOS e CAMARGO, 1999).

Considera-se de maneira geral, que 58% da MO do solo é formada por C, em relação à

massa total (NELSON e SOMMERS, 1982; ALEXANDER 1977). A MOS possui

importância relevante por desempenhar múltiplas funções, especialmente sob condições

13

tropicais e subtropicais. Dentre as propriedades influenciadas pela MO consta a estrutura do

solo, a capacidade de retenção de água, a atividade biológica, a taxa de infiltração de ar, a

disponibilidade de nitrogênio (N) às plantas, resistência à erosão, capacidade de troca de

cátions (CTC), aeração e atividade da biomassa microbiana (CQFS – RS/SC, 2004). Assim, o

C do solo possui extrema importância por influenciar estes fatores. Além disso, a MOS é

reservatório de nitrogênio, enxofre e fósforo para as plantas; é agente estabilizador dos

agregados do solo, possui elevada área de superfície e alta CTC e sua quantidade é utilizada

como critério para classificação de solos, e determinação de doses de N necessários em

adubação (SIQUEIRA e FRANCO, 1988).

Sendo um componente dinâmico no solo, a MO é sensível ao manejo dado. Em

condições de vegetação natural, o conteúdo de MO é estável, porém alterações no solo como

o cultivo convencional de culturas, geralmente provocam decréscimo no conteúdo de MO, o

qual passa a ser determinado pela relação entre as novas taxas de adição e perda de compostos

orgânicos (WOODRUFF, 1949; DALAL e MAYER, 1986). Em solo sob vegetação natural,

diz-se que o estoque de C representa o balanço dinâmico entre a adição de material vegetal

morto e a perda pela decomposição ou mineralização. A qualidade do C é fortemente

influenciada pelo clima, tipo de vegetação e fertilidade do solo, enquanto que os processos de

transformação de C sofrem influência do clima, tipo e qualidade da MO e suas associações

químicas e físico-químicas com os componentes minerais do solo (MACHADO, 2005).

Teores de MO são maiores em solos com mínimo ou nenhum revolvimento do solo,

notadamente em solos de mata nativa com vegetação natural, já que o aporte de C nestes

ambientes é mais elevado do que em áreas cultivadas em que há a ocorrência de revolvimento

e desestruturação do solo, expondo assim as frações orgânicas ao ataque de microrganismos,

principalmente no sistema de plantio convencional (PAULA e VALLE, 2007).

Há três processos que são majoritariamente responsáveis pelo sequestro de C nos

solos: humificação, sedimentação e agregação (PAULA e VALLE, 2007). As estimativas em

nível global em relação ao estoque de CO nos solos é de cerca de 1,5 Pg a 2 Pg. Esse valor

corresponde a cerca de duas vezes mais CO do que aquele presente na atmosfera, e em torno

de três vezes mais que o C da biomassa vegetal, fazendo do solo um compartimento de

extrema importância na dinâmica global do C (IPCC, 2001). Segundo Lal (2002), o aumento

no estoque de MOS também pode ser proveniente do sequestro de C atmosférico via

fotossíntese (SOUZA et al., 2009), enquanto as perdas de C nos solos devem-se

14

principalmente aos fatores: erosão, decomposição, volatilização e lixiviação (PAULA e

VALLE, 2007).

2.1.2 Mudanças climáticas

Ao longo dos anos, tem-se notado um significativo aumento da concentração de GEE

na atmosfera, dentre os quais se destacam o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o

óxido nitroso (N2O), os clorofluorcarbonos (CFCs) e o ozônio (O3) (COTTON e PIELKE,

1995). De acordo com o IPCC (2005), o efeito estufa pode ser definido como “um processo

natural ocasionado pelo acúmulo de gases, que formam uma barreira que impede o calor do

Sol de sair da atmosfera, responsável por manter o planeta aquecido e possibilitar a vida na

Terra”. Entretanto, a concentração em excesso destes gases faz com que mais calor fique

retido na atmosfera, provocando assim o aquecimento global.

O aumento demasiado e descontrolado dos GEE requer atenção, uma vez que sua

causa está diretamente relacionada ao desenvolvimento das atividades humanas. Atividades

antropogênicas como a queima de combustíveis fósseis, a produção de cimento, o

desmatamento e o desenvolvimento agrícola, foram responsáveis pelo aumento da

concentração de CO2 de cerca de 280 partes por milhão (ppm) desde a era pré-industrial. Este

aumento tem continuado desde então ininterrupatamente a uma taxa de cerca de 2 ppm ano-1

(MANN et al., 2008). Ainda, de acordo com Roscoe et al. (2006), nos últimos 250 anos, a

concentração de CO2 na atmosfera aumentou 31%. Os dados apresentados pelos autores são

ainda mais alarmantes, pois segundo estes, no ano de 2006 a concentração de CO2

atmosférico já havia alcançado 366 ppm. Os autores atribuem à queima de combustíveis

fósseis e à produção de cimento, a contribuição com aproximadamente 75% do total de

emissões antrópicas das últimas décadas, e atribuem o restante às atividades de mudança do

uso da terra, sendo o CO2 o responsável por cerca de 70% do potencial de elevação da

temperatura terrestre.

Na tentativa de elucidar e/ou prever os efeitos presentes e futuros desta problemática

ambiental muitas foram as teorias que surgiram. Publicações recentes respondem a uma série

de questões sobre o efeito estufa utilizando o auxílio de modelos de previsões de mudança da

temperatura global (CHAPMAN e DAVIS, 2010). O interesse no tema aumentou após o

15

estabelecimento, em dezembro de 1997, do Protocolo de Kyoto, o qual definiu metas para a

redução nas emissões de GEE para a atmosfera, fazendo com que estudos mais detalhados

sobre o ciclo do C ganhassem notoriedade. O interesse era compreender o impacto do CO2 e

de outros GEE no regime climático do planeta (PAULA e VALLE, 2007). Como resultado de

tantos estudos, descobriu-se que o solo representa o segundo maior reservatório superficial de

C (o primeiro são as rochas carbonatadas). Em valores numéricos, isso equivale a cerca de

1.500 Gt C (BERNOUX et al., 2005). Até um metro de profundidade o solo possui

capacidade de armazenamento de C de até 2,5 vezes maior em comparação a vegetação

terrestre, uma vez que o C encontra-se mais concentrado em sua parte superficial do solo

(LAL, 2002),

A principal fonte de liberação de GEE é a queima de combustíveis fósseis, responsável

por mais de 60% das emissões de CO2 em nível mundial. Entretanto, a atividade agrícola é

considerada uma das grandes responsáveis pela liberação destes gases, tanto pela utilização de

combustíveis na mecanização quanto pelas práticas de manejo do solo. Do total de emissões

de metano, estima-se que 55% sejam provenientes das atividades de agricultura e pecuária

(IPCC, 1995). O metano e o óxido nitroso são os principais gases emitidos pelo setor

agropecuário, e contribuem com 15% e 6%, respectivamente (COTTON e PIELKE, 1995).

Ainda segundo Forster et al. (2007), o potencial de aquecimento global (GWP) do CH4 é

cerca de 23 vezes maior do que o CO2. Entretanto, apesar da mudança do uso da terra nos

últimos 150 anos terem contribuído com 136 ± 55 Gt de C, estas emissões foram quase que

totalmente equilibradas por processos de reabsorção, pelos próprios ecossistemas terrestres,

enquanto no mesmo período, a queima de combustíveis fósseis e a produção de cimento

emitiram o dobro (270 ± 30 Gt C) para a atmosfera, sendo apenas um terço deste valor

absorvido pelos oceanos (ROSCOE et al., 2006).

A crescente preocupação com o tema e a sua relação com o aquecimento global levou

a uma série de estudos que mostram a relação dos solos com o efeito estufa e apontam estes

como importantes sumidouros de C. Segundo o IPCC (2007) “qualquer processo, atividade ou

mecanismo que remove GEE carboníferos, aerossóis ou seus precursores na atmosfera é um

dreno (sumidouro) de C”. Em função das quantidades de C que armazena, o solo é

considerado um dos condicionantes de processos poluentes do ar, uma vez que a variação no

estoque de C regula os teores desse elemento emitidos para a atmosfera (RANGEL e SILVA,

2007). Desse modo, os solos agrícolas tanto podem atuar como drenos ou fontes de GEE,

podendo representar aliados ou inimigos na luta contra o efeito estufa.

16

O quesito determinante da atuação dos solos é o uso e o sistema de manejo (IPCC,

2001). O homem pode, portanto, pela forma como maneja os solos, influir nos fluxos de C

entre os ecossistemas continentais e a atmosfera, para um melhor controle dos fluxos dos GEE

(BERNOUX et al., 2005).

2.1.3 Manejo e cobertura vegetal de solos

Diversos estudos atuais que levam em consideração diferentes usos do solo destacam a

importância na conservação de ambientes naturais, sugerindo que quanto maior o

revolvimento do solo, maiores são as perdas de C para a atmosfera, ou seja, reduzem-se os

estoques de C do solo. Isso ocorre porque as taxas metabólicas dos microrganismos nos

processos de decomposição de resíduos vegetais e MOS são afetadas pelo preparo e manejo

de culturas (SALTON et al. 2005).

Quando a vegetação nativa é substituída por sistemas agrícolas, os estoques de C

podem ser drasticamente reduzidos (RANGEL e SILVA et al., 2007), em decorrência de

modificações da quantidade e da qualidade das restituições orgânicas (JENKINSON et al.,

1992), das transferências (depósito, erosão, escoamento superficial, lixiviação) da MO sob

forma solúvel ou sólida (CHAN, 2001) e em virtude da mineralização (em CO2 e CH4) da MO

do solo (SCHIMEL, 1995). As variações no estoque de C de solos ocorrem principalmente

nas camadas entre 0-30 cm de profundidade (BERNOUX et al., 2005). As perdas podem

chegar a 50% nos primeiros 20 cm de profundidade do solo e até 20% na profundidade de um

metro (REICOSKY e LINDSTRON, 1993; BAYER, 1996).

Assis et al. (2006) sustentam que os teores de C tendem a diminuir com o cultivo do

solo, quando comparados à mata nativa. No Brasil, o clima tropical é propício para a rápida

degradação da MO, pois há altas temperaturas e altos índices pluviométricos (SILVA E

MACHADO, 2000; MIELNICZUK et al., 2003). Entretanto o fator que mais contribui para a

degradação da MO são as perturbações físicas, notadamente, aquelas provocadas pelas

atividades exercidas em áreas sob cultivo, que provocam o rompimento dos macroagregados,

desse modo a MO fica exposta a atividade microbiana, provocando a liberação de CO2 para a

atmosfera (ZINN et al., 2005).

De acordo com Oliveros (2008), em sistemas naturais a atividade biológica, incluindo

a respiração das raízes e a decomposição da MO do solo pela atividade microbiana é

17

responsável pela produção de CO2 no interior do solo, que é posteriormente emitido, em

decorrência da interação dos processos de produção e transporte desse gás no interior do solo,

fortemente influenciados pelas condições de temperatura e umidade do mesmo, o que

demonstra que a liberação de C também como um processo natural. Entretanto, a supremacia

das atividades humanas na contribuição da liberação de C para a atmosfera é irrefutável, pois

potencializam a degradação de MO. Dentre as atividades que mais colaboram para tal fato

estão as alterações da paisagem natural em sistemas agrícolas. Nos sistemas agrícolas, fatores

como a produção diferenciada de resíduos, o número de cultivo das espécies vegetais, a

adubação, os procedimentos de colheita e os métodos de preparo do solo e do manejo dos

restos culturais, modificam tanto a entrada como a saída de C do solo para a atmosfera (LAL

e BRUCE, 1999). De acordo com Machado et al. (2004), nos últimos 140 anos, a derrubada

de florestas para expansão da agricultura já contribuiu para a liberação de 121 Pg de C (na

forma de CO2) para a atmosfera (1 Pg – petagrama = 1 Gt - gigatonelada = 109 Mg -

megagrama), o que resultaria em uma liberação anual de 0,86 Pg de C. Segundo Campos

(2006) a agricultura contribuiria com aproximadamente 20% das emissões anuais de CO2 para

a atmosfera.

Oliveros (2008) defende o uso do plantio direto (PD) como forma de diminuir as

emissões de CO2 do solo. O PD caracteriza-se por um conjunto de técnicas que visam a

melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo, considerando três requisitos

importantes: o mínimo revolvimento, a rotação de culturas e a permanente cobertura do solo.

Conseqüentemente os teores de MOS podem ser preservados. Entretanto, para um efetivo

acúmulo de MOS no sistema é importante ainda que a taxa de entrada de C seja superior a

taxa de decomposição. Portanto, a rotação de culturas tem um papel muito importante em

proporcionar um incremento na produção de resíduos que retornam ao solo (ROSCOE et al.,

2006). Em contrapartida, o preparo convencional (PC) baseia-se no preparo do solo com

arações e gradagens e pelo excessivo tráfego de máquinas no solo, afetando grandemente as

propriedades físicas do solo em sua estrutura da camada superficial, contribuindo desta

maneira para a formação de uma camada compactada subsuperficial, favorecendo a erosão

(REICOSKY e LINDSTROM, 1993; BOLLER et al., 1998). A degradação da estrutura do

solo devido à mineralização e a erosão podem afetar os estoques de MOS, levando a perdas

deste atributo (CASTRO FILHO et al., 1991). O plantio convencional (PC) promove a

inversão do solo e a completa incorporação de resíduos (OLIVEROS, 2008).

18

Assim, dada às vantagens atribuídas ao PD, tanto ambientalmente, como também em

termos agronômicos, este sistema passou a ser adotado em grande escala, o que se deu a partir

da década de 90 pelos agricultores brasileiros (JANTALIA et al., 2006), uma vez que

observou-se que há ocorrência de maior acúmulo de C sob PD em relação ao PC

(TEBRUGGE e DURING, 1999).

Santos e Camargo (1999) afirmam que o preparo inadequado do solo modifica as suas

condições químicas e físicas, promovendo alterações na temperatura, umidade, aeração,

ruptura dos agregados, grau de fracionamento e incorporação dos resíduos naturais e na

cobertura do solo. Prática comum no Brasil, os sistemas que integram as atividades de lavoura

e pecuária em PD, favorecem o aporte diferenciado de resíduos vegetais em relação aos

sistemas de produção de grãos, tanto na superfície, quanto no perfil do solo (SALTON et al.,

2002). Em alta intensidade de pastejo ocorre maior crescimento radicular, tanto da pastagem,

quanto da cultura de grão, integrantes do sistema e, com isso, o aporte de MO em

profundidade será influenciado (SOUZA et al., 2009).

Souza et al. (2009) avaliaram a evolução dos estoques de CO e de NT em frações

físicas da MO, em sistema de integração lavoura-pecuária, submetido a diferentes

intensidades de pastejo em PD, em Latossolo Vermelho distroférrico profundo. O resultado

do trabalho mostrou que com intensidades de pastejo moderadas (20 e 40 cm de altura do

pasto), em sistemas de integração pastagem de gramíneas-soja, houve aumento nos estoques

de CO total, CO particulado, NT e N da MO particulada no solo. Enquanto que em alta

intensidade de pastejo (10 cm), ocorreram perdas nos estoques desses elementos, a partir do

terceiro ano de condução do sistema, evidenciando a necessidade de um manejo adequado que

respeite os limites impostos naturalmente pelo solo.

Rangel e Silva (2007) avaliaram os estoques de C e N de um Latossolo Vermelho

distroférrico típico submetido a diferentes sistemas de uso e de manejo: mata nativa,

eucalipto, pinus, pastagem, e milho com sistema de cultivo mínimo e com PC. Os resultados

mostraram que, de modo geral, considerando todas as profundidades, os maiores valores de

estoque de C foram observados nos sistemas de mata nativa e eucalipto, enquanto o menor

estoque de C observado no cultivo com PC. Assim, os sistemas de manejo com ausência ou

menor revolvimento do solo apresentaram tendência em armazenar mais CO. Também para

Souza e Melo (2003), áreas cultivadas sob PC apresentaram menores estoques de CO em

relação ao sistema PD. Paul e Clark (1989) afirmam que o aumento do estoque de CO, em

solos submetidos a sistemas de PD, pode estar associado a dois fatores principais: proteção

19

física dos compostos orgânicos contra a decomposição microbiana, favorecida pela oclusão

do CO nos agregados do solo e proteção química dos compostos orgânicos por meio da

interação destes com os minerais e cátions do solo, o que dificulta a sua decomposição.

Mais notadamente no sul do Brasil, em virtude do clima subtropical, os sistemas de

manejo adequados à conservação do solo e à produtividade das culturas devem ter como

objetivo a cobertura do solo por culturas ou seus resíduos (DEBARBA e AMADO, 1997;

BAYER et al., 1998). Segundo Bayer et al. (2000b), nesta região, experimentos de longa

duração têm demonstrado que o PD e sistemas de culturas com alto aporte de resíduos

resultam num aumento dos estoques de CO do solo. Sistemas de culturas que incluam plantas

leguminosas e culturas com alta produção de resíduos vegetais, como as gramíneas,

(SANTOS e CAMARGO, 1999; CAMPOS, 2006), favorecem a conservação e/ou

recuperação da fração orgânica do solo, já que a utilização de plantas com a finalidade de

promover a cobertura do solo e/ou adubação verde tem reconhecido efeito sobre as condições

físicas, químicas e biológicas do solo (CALEGARI, 2000; MIYAZAWA et al., 1993).

Segundo Jantalia et al. (2006) uma série de estudos tem demonstrado efeitos positivos

do sistema PD utilizando plantas de cobertura, especialmente leguminosas para adubação

verde (PILLON, 2000; BAYER et al., 2000c; SISTI et al., 2004), devido a incorporação de N,

a partir da fixação biológica de N2. O N incorporado é absorvido pela vegetação aumentando

a fertilidade do solo, já que garantem uma maior quantidade de resíduos (DRINKWATER et

al., 1998; LOVATO et al., 2004). O N é um dos nutrientes limitantes da produção agrícola

tropical, por isso a necessidade na utilização de rotações de cultura é exigida, uma vez que

regula a oferta deste nutriente. Além da quantidade, também a qualidade da biomassa na

adubação verde é importante, refletindo no desempenho da cultura sucessora em termos de

produtividade, e, portanto, na quantidade de resíduos deixados após a colheita (URQUIAGA

et al., 2005).

A agricultura é uma das atividades com grande responsabilidade em relação a perdas

de formas de C, e isso se dá por atividades tais como: fertilização inadequada, queima de

restos de cultura, e cultivo intensivo do solo. Porém, existem formas de restaurar a

capacidade de reservatório dos solos com práticas de reflorestamento, cultivo de culturas

perenes (culturas extrativistas, como seringueira, cacau, castanhas, fruticultura, etc.), uso

adequado de fertilizantes químicos e adubos orgânicos, pastagens bem manejadas, sistemas

agroflorestais, e as práticas de conservação do solo (EMBRAPA, 1999), e de sistemas de

20

manejo que contribuam para a incorporação de resíduos vegetais e MO no solo (AMADO et

al., 1999; 2001; BAYER et al., 2000a; BAYER et al., 2006).

2.1.4 Ciclo do carbono

Os compartimentos com maiores quantidades de C na Terra estão presentes no oceano

(38.000 Pg C), e nas formações geológicas (5.000 Pg C), representadas pelo carvão (4.000 Pg

C), pelo petróleo (500 Pg C) e pelo gás natural (500 Pg C). O solo é o maior compartimento

de C no ecossistema terrestre (2.500 Pg C), sendo constituído pelo CO (1.500 Pg C) e pelo C

mineral (1.000 Pg C) (MACHADO, 2005).

O ciclo do C na natureza inclui a participação da fotossíntese realizada pelas plantas

terrestres e do plâncton oceânico que absorve o C da atmosfera. Estes organismos incorporam

C respectivamente, nas formas de CO2 da atmosfera, e de carbonatos e bicarbonatos

dissolvidos na água (ROSA et al., 2003; PAULA e VALLE, 2007). É devido principalmente à

fotossíntese que o CO2 presente na atmosfera pode ser absorvido pelos ecossistemas

terrestres. No oceano o CO2 pode ser fixado pela fotossíntese de algas, ou se dissolver na

forma de ácido carbônico, sendo posteriormente precipitado na forma de carbonatos. O C que

é fixado pela fotossíntese passa pelas mesmas etapas que segue o C em ecossistemas

terrestres. Parte do C orgânico (fixado pela fotossíntese), e o C mineral (na forma de

carbonatos inorgânicos) acumulam-se lentamente no fundo dos oceanos, formando os

depósitos sedimentares, que podem retornar à atmosfera em condições naturais, através de

emissões vulcânicas e hidrotérmicas, após um período de em média 400 milhões de anos

(ROSCOE et al., 2006). Pode-se afirmar, portanto, que o C na Terra está essencialmente na

forma de compostos orgânicos e carbonatos, ou sob a forma de gás (CO2) na atmosfera

(ROSA et al., 2003; PAULA e VALLE, 2007).

Nos ecossistemas terrestres o CO2 fixado através da fotossíntese pela vegetação é

inicialmente utilizado na respiração destas. Os vegetais que assimilaram o C, o utilizarão para

a produção de biomassa, que posteriormente será transferido na cadeia trófica para os seres

heterotróficos, de forma direta ou indireta, durante a sua alimentação. Assim, os animais

herbívoros recebem dos vegetais os compostos orgânicos, que irão servir para sintetizar novos

tipos de produtos, e o mesmo ocorre com os animais carnívoros, que se alimentam dos

herbívoros e assim sucessivamente (ROSA et al., 2003). Além dos vegetais, algumas bactérias

21

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Dióxido de carbono na atmosfera

Drenagem

CO2, HCO3-, CO3--

CO2

CO2

CO2

CO2

FOTOSSÍNTESE

RESPIRAÇÃO DE PLANTASCOMBUSTÃO

RESPIRAÇÃO

BACTÉRIA

FUNGOS

RAÍZES

MATÉRIA ORGÂNICA

EROSÃO

PERDAS

RESÍDUOS CULTURAIS

PREPAROZONA

(C4)

(C3)

ANIMAIS

ESTERCO

ATIVO

LENTO

PASSIVO

também utilizam o CO2 para produção de biomassa. Por fim, o C é consumido pelo processo

de decomposição, processo este responsável pelo acúmulo de parte de C no solo, formando a

MOS. Devido às lentas taxas de decomposição a que a MOS é submetida em solos, esta se

constitui em um importante reservatório de C nos sistemas terrestres, permanecendo neste

ambiente entre dias a alguns milhares de anos (ROSCOE et al., 2006).

O CO2 então, volta à atmosfera a partir da respiração dos animais e vegetais, da

decomposição e queima das substâncias orgânicas, da atividade dos oceanos (PAULA e

VALLE, 2007), e pela queima de combustíveis fósseis e florestas (ROSA et al., 2003), que

constituem-se em fontes de CO2. Fontes e sumidouros de CO2 estão presentes nos

ecossistemas terrestres, oceanos, e na litosfera. O balanço entre as fontes e os sumidouros

nestes reservatórios regula a quantidade de CO2 presente na atmosfera (GERMAN

BUNDESTAG, 1989). Resumidamente, o ciclo do C consiste na transferência deste elemento,

por meio de queima, respiração, reações químicas, para a atmosfera ou para o mar e a sua

reintegração na MO (PAULA e VALLE, 2007).

A Figura 1 ilustra o ciclo do C em agrossistemas. Pode-se notar a relação existente

entre o C atmosférico e o C presente na MO do solo.

Figura 1: Ciclo do carbono em agrossistemas.

Fonte: Reicosky (1998)

22

Apesar de o oceano representar um dos maiores reservatórios de C da Terra, a

dinâmica de seu ciclo é controlada especialmente por sistemas que tem a capacidade de troca

do C com a atmosfera, tais como a vegetação e o solo (PAULA e VALLE, 2007).

As florestas possuem importância indispensável pelo importante papel que estas

exercem como grandes acumuladoras de C em longo prazo, através de seu material vegetal e

MO do solo, constituindo-se, em importantes reservatórios de C da Terra. (PAULA e

VALLE, 2007). As florestas acumulam C em sua biomassa superficial (troncos, galhos e

folhas), na liteira e no sistema radicular (JOBBÁGGY e JACKSON, 2000).

O fluxo anual de C entre o solo e a atmosfera representa mais de 1/10 de todo o C

existente na atmosfera, e por esse motivo o CO do solo representa um compartimento

extremamente importante dentro do ciclo do C. Este fluxo quando modificado provoca

alterações nas quantidades de C no solo e na atmosfera. Essas modificações podem ser

provocadas por atividades como a transformação de florestas em zonas agrícolas, além das

práticas inerentes à atividade agrícola (NICODEMO, 2009).

2.1.5 Ciclo do nitrogênio

O nitrogênio (N) está presente na atmosfera em grande quantidade, sendo que em

torno de 79% deste compartimento está forma de gás (N2). Entretanto, poucos seres vivos

conseguem assimilar o N nessa forma, a maior parte o utiliza na forma de NH3 (amônia). A

transformação de N2 em NH3 é chamada de fixação (ROSA et al., 2003), processo pelo qual o

N do ar é incorporado em compostos orgânicos nitrogenados e, assim, introduzido no ciclo do

N (DÖBEREINER, 1990), podendo ocorrer de diferentes formas. A fixação física é aquela

em que ocorre a fixação de N por meio de fenômenos físicos, via precipitação, pelo

fornecimento de energia proveniente de relâmpagos e radiações (CAMPOS, 2006), a fixação

industrial é a realizada por indústrias de fertilizantes (ROSA et al., 2003), e a fixação

biológica ou biofixação é realizada pelas bactérias, algas azuis e fungos que vivem no solo,

livres ou associados às raízes das plantas, principalmente as leguminosas. Esses

microrganismos, conhecidos genericamente por radícolas, possuem a capacidade de associar-

se a plantas, e através da fixação biológica converter N2 em NH3, que após será utilizado pelo

vegetal (CAMPOS, 2006). Vivem em nódulos nas raízes das plantas estabelecendo uma

23

relação de mutualismo, ou seja, eles recebem a proteção da planta e em troca lhe fornece um

farto suprimento de N aproveitável (ROSA et al., 2003). Segundo Victoria et al. (1992), as

principais fontes de N para o solo são os materiais vegetais (como restos de cultura e adubos

verdes), materiais de natureza animal (esterco e urina), e a utilização de fertilizantes

industriais e sais de amônio e nitratos trazidos pela precipitação.

Quando a MO é decomposta, diversos resíduos entre os quais está presente a amônia

(NH3) são liberados novamente para o ambiente. Combinando-se com a água do solo, a

amônia forma hidróxido de amônio que se ionizando produz o íon amônio (NH4+) e hidroxila.

Esse processo é denominado de amonização. A oxidação dos íons amônio produz nitritos

como resíduos nitrogenados, que por sua vez são liberados para o ambiente ou oxidados a

nitrato. A conversão dos íons amônio em nitrito e nitrato é conhecida por nitrificação, que

ocorre pela ação de bactérias nitrificantes (Nitrosomas, Nitrosococus, Nitrobacter). O

processo de nitrificação pode ser dividido em duas etapas: a Nitrosação, processo pelo qual a

amônia é transformada em nitrito (NO2-), e a Nitração, onde ocorre a transformação do íon

nitrito em íon nitrato (NO3-). Os nitratos quando liberados para o solo podem ser absorvidos e

metabolizados pelas plantas, iniciando-se novamente o ciclo do N (ROSA et al., 2003). As

bactérias nitrificantes são quimiautróficas, pois utilizam a energia liberada na nitrificação para

a produção de suas substâncias orgânicas.

É pela excreção ou morte dos organismos que os produtos nitrogenados retornam ao

ambiente. Os excretas nitrogenados eliminados para o ambiente na forma de uréia e ácido

úrico são transformados em amônia pela ação de bactérias e fungos decompositores, mas

outros compostos nitrogenados, como as proteínas também podem ser degradados em amônia.

A decomposição que se apresenta como produto final é denominada amonificação (ROSA et

al., 2003). Juntos, os processos de amonificação e de nitrificação integram o processo

denominado de mineralização, processo este responsável pela conversão de cerca de 2% a 5%

do N orgânico em N mineral ao ano. Esse processo pode ser influenciado pelo manejo do solo

(MOREIRA e SIQUEIRA, 2002). Algumas espécies favorecem essa transformação e o

armazenamento de N total no solo, como é o caso do uso de leguminosas nos esquemas de

rotação de cultura, e a implantação de espécies com maior produção de biomassa, como é o

caso das áreas de pastagens (MIELNICZUK et al., 2003; MOREIRA e SIQUEIRA, 2002).

A amônia produzida pelos fixadores ou pela amonificação poderá posteriormente ser

aproveitada pelas bactérias nitrificantes ou ser transformada em N2 livre, desprendendo-se

para a atmosfera. Essa devolução de N para a atmosfera é realizada pelas bactérias

24

desnitrificantes (Pseudomonas denitificans), em um processo chamado de desnitrificação

(ROSA et al., 2003). Perdas de N por desnitrificação podem ocorrer ainda durante os

incêndios florestais. Além disso, alguns microrganismos produzem um subproduto

intermediário da desnitrificação, o N2O que pode ser liberado do solo. Atividades

silviculturais, como incêndios controlados, a aplicação de herbicidas, a lavra do solo, e a

remoção da biomassa florestal durante a colheita, também podem contribuir para perdas de N

(LORENZ e LAL, 2010). A Figura 2 representa o ciclo do N no solo.

Figura 2: Ciclo do nitrogênio no solo. Fonte: Siqueira e Franco (1988)

25

2.1.6 Relação carbono:orgânico

Em solos sob vegetação nativa os estoques de C e de N encontram-se em estado estável.

Isso significa que a quantidade de material orgânico adicionado ao solo por meio da adição de

resíduos superficiais e radiculares de plantas, é a mesma que sai através da mineralização

promovida por microrganismos (SANCHEZ, 1976). Stevenson (1994) afirma que em áreas

com cobertura vegetal natural, o CO do solo encontra-se em equilíbrio dinâmico, com teores

praticamente constantes com o tempo.

Entretanto, quando ocorrem modificações nos fluxos de entrada e saída de material

orgânico, o sistema tende a um novo estado estável, com maior ou menor estoque de MO, o

que dependerá do tipo de modificação. A conversão de sistemas naturais em áreas agrícolas

provoca grande volume de decomposição da MO, excedendo a sua produção, provocando

com isso, perdas de C do solo (PAUSTIAN et al., 1998). A perda de C é intensificada nos

trópicos em virtude da combinação das altas temperaturas e da umidade (D’ ANDREA et al.,

2004).

A regulação e o funcionamento de ecossistemas naturais e de agroecossistemas dependem

dentre outros fatores, da mineralização de N e de C (TEIXEIRA et al., 2010). O ciclo do C no

solo está estreitamente associado ao ciclo do N e ambos os estoques destes elementos são

indicadores de qualidade do solo, uma vez que influenciam as demais funções e processos

deste, e por estarem relacionados às propriedades físicas, químicas e biológicas do solo

(LOVATO, 2001). Segundo Teixeira et al. (1994) e Lovato et al. (2004), a concentração de N

tende a aumentar quanto maior for o armazenamento de C, além disso os estoques de N do

solo são controlados pelas condições climáticas e pela vegetação (STEVENSON, 1994).

A relação C:N e a quantidade de C do solo são utilizadas para verificar o equilíbrio

entre as taxas de mineralização e de imobilização. Também pode-se utilizar para o mesmo fim

a relação entre C/fósforo e C/enxofre, porém segundo Giacomini et al. (2003) a relação C:N

tem sido a característica mais usada para prever a disponibilidade de N no solo durante a

decomposição de materiais orgânicos. Por isso no presente trabalho utilizaremos a relação

C:N para tratar sobre os fenômenos de mineralização e imobilização ocorridos no solo.

A mineralização pode ser definida como o processo pelo qual o N orgânico presente

na MOS é convertido em N mineral (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002 RANGEL e SILVA,

2007), e trata-se de um fenômeno biológico multiplicativo, traduzido pelo crescimento, pelas

mudanças e renovações que resultam na formação de MO e de biomassa microbiana.

26

Enquanto que o processo denominado de imobilização é representado pela assimilação de

nutrientes minerais responsáveis pela multiplicação, pelo crescimento e pela manutenção da

microbiota. Em toda a atividade de mineralização existe um componente de imobilização

(SANTOS e CAMARGO, 1999).

O N é um elemento limitante do crescimento de diversas culturas, devido à grande

dependência que as plantas possuem em relação a este nutriente, e a baixa disponibilidade

deste nos solos, apesar de muitas vezes estar presente em abundância na camada superficial

do solo (mais de 7000 kg ha-1). Isso ocorre, pois apenas uma pequena parte do N presente no

solo é mineralizado pela microbiota, estando a maior parte (mais de 95%) complexado na

forma orgânica (SANTOS e CAMARGO, 1999). Em solos de clima tropical, os teores de N

podem variar entre 0,02% a 0,4%, podendo chegar a 2% em solos orgânicos (STEVENSON,

1994). Apesar de corresponderem a uma pequena parcela do N total, as formas minerais de N

são de extrema importância do ponto de vista nutricional, uma vez que são absorvidas pelos

vegetais e microrganismos (D’ANDRÉA et al., 2004).

Quando adicionados resíduos orgânicos ao solo, há um aumento da população

microbiana, o que representa, por conseguinte, num aumento também na demanda de

oxigênio, nutrientes, energia e C. Em sistemas agrícolas, a manutenção dos resíduos das

leguminosas sob o solo, contribui para o fornecimento de N e aumenta a taxa de

decomposição pela baixa relação C:N (CUNHA, 2007).

Os tecidos microbianos possuem em média uma concentração de 5 % de N, o que

resulta em uma relação C:N entre 20 e 30. Isto significa que os resíduos que possuírem uma

relação C:N entre 20 e 30, fornecerão o N necessário para a reprodução microbiana, não

havendo imobilização nem mineralização significativa no início do processo (SELLE, 2007).

Se a relação C:N for maior, significa que os microrganismos buscarão outras fontes de N para

satisfazer a demanda, e consumirão formas de N que estão disponíveis para as plantas,

resultando em uma imobilização líquida e podendo causar uma deficiência temporária de N

para as plantas. Se, por outro lado, a relação C:N for menor que 20-30, haverá um excesso de

N no resíduo, que será mineralizado e desprezado pelos microrganismos, permanecendo

disponível para as plantas já num primeiro momento (SELLE, 2007). A Tabela 1 apresenta os

valores de relações C:N, C:P e C:S e sua relação com os processos de mineralização e

imobilização.

27

Tabela 1: Generalizações sobre as relações C:N, C:P e C:S nos resíduos do solo e as taxas de mineralização e de imobilização.

Relação

Imobilização (I)/

Mineralização (M)

Disponibilidade

de NH4+, NO3

-,

PO4-3, SO4

-2

C:N C:P C:S

> 30 > 300 > 400 I >M Diminuída

20 – 30 200 – 300 200 – 400 I = M Não alterada

< 20 < 200 < 200 I < M Aumentada

Fonte: Siqueira e Franco (1988).

2.1.7 Efeito de sobrecargas em solos sob sistemas agrícolas

Em sistemas agrícolas, máquinas pesadas são utilizadas para aplainar o solo, fertilizar

e colher a produção, o que pode resultar na compactação dos solos, pela intensa pressão que

estas exercem. Além disso, são perdidos grandes volumes de solo fértil da camada arável do

solo, onde estão presentes os nutrientes necessários ao desenvolvimento dos vegetais, e

invariavelmente de grande quantidade de C do solo devido à intensa mecanização de áreas de

lavoura. O desequilíbrio na distribuição de chuvas nos períodos de implantação e condução

das lavouras comerciais, estiagens frequentes nos mais variados estágios vegetativos das

plantas, associado aos aspectos intrínsecos do solo que impõem variação na capacidade de

armazenamento e disponibilidade de água quando submetidos ao intenso tráfego de máquinas,

são fatores que colaboram para que este processo de compactação se intensifique

(COLLARES, 2005).

De acordo com Jorge (1985), a compactação pelo tráfego de máquinas pesadas e

caminhões sobre áreas cultivadas é o fator mais importante para a compactação do solo,

provocando a formação de duas camadas distintas no solo: uma camada superficial

pulverizada e outra subsuperficial compactada (pé-de-arado ou pé-de-grade). No entanto

demais atividades tais como: lavração profunda, adubação verde, adubação nitrogenada de

terras humosas, calagem forte, drenagem e irrigação, quando realizadas sob temperaturas

elevadas, acabam por destruir mais rapidamente a estrutura do solo, exigindo uma remoção

28

mais freqüente de MO, além de provocar um avanço no processo erosivo (PRIMAVESI,

1988). Silva et al. (2003) explicam que o aumento progressivo das cargas externas acarreta a

degradação das propriedades físicas em profundidade, pois o deslizamento causado pelas

partículas superficiais do solo resultam em um rearranjamento, alterando a estrutura do solo

(MANOSSO, 2006). Segundo Lima (2004), tratores agrícolas podem exercer ao solo um

intervalo de pressão de 70 a 350 kPa.

Solos possuem características químicas e físicas diversificadas e, por conseguinte

diferentes aptidões agrícolas. Sistemas de manejo devem ser limitados às condições de cada

solo, levando em consideração fatores tais como: a suscetibilidade à erosão, impedimentos à

mecanização, compactação, e a deficiência de fertilidade (MANOSSO, 2006). Além disso,

operações motomecanizadas realizada em sistemas agrícolas, devem ser realizadas com

controle de umidade, com risco de haver redução da disponibilidade de água para as plantas,

fator esse que interfere na produtividade agrícola (PEDROTTI e DIAS JUNIOR, 1996).

Algumas medidas podem ser adotadas no intuito de reduzir os efeitos negativos

provocados pela compactação em áreas sob atividade agrícolas como a incorporação e

manutenção da MO no solo, calagem, e sistema de preparo do solo e plantio, como o de

cultivo mínimo (SELLE e CALEGARI, 2006).

2.1.8 Efeito do pisoteio animal em solos

O processo de compactação de um solo pode também ser provocado e/ou agravado

pelo pisoteio de animais. Gaggero et al. (2002) explicam que em áreas que há alguns anos

estavam submetidas as atividades de plantio de trigo-soja, passou-se a adotar a integração

lavoura-pecuária em virtude do problema de sazonalidade da produção da pastagem

naturalizada. Assim, é possível a produção de pastagens no período hibernal, antecedendo

culturas de verão, produtoras de grãos. Desse modo, utilizando-se racionalmente os fatores de

produção, é garantida maior rentabilidade ao agricultor, além de um uso mais eficiente do

solo, com maior reciclagem de nutrientes. Além disso, a alternativa é apontada como eficaz,

pelo fato de garantir um período de descanso para a área, contribuindo assim, para a

regeneração do solo pelo efeito do crescimento do sistema radicular das plantas cultivadas

após o uso da área para pastejo.

29

Porém nestas áreas quando o pisoteio ocorre de maneira excessiva pode provocar

compactação da camada superficial do solo, que muitas vezes não possui capacidade de

suportar esta prática (MANOSSO, 2006). Trein et al. (1991) afirmam que o pisoteio bovino

causa compactação do solo na camada superficial, até 7,5 cm de profundidade. A

compactação do solo por pisoteio é acelerada em situações de solo excessivamente úmido, ou

solo que tenha atingido o estado plástico (GAGGERO et al., 2002). Fatores como a textura do

solo, sistema de pastejo, altura de manejo da pastagem e a quantidade de resíduo vegetal sobre

o solo também influenciam este processo (LEÃO et al., 2004; BRAIDA et al., 2004).

A compactação de solos afeta outras propriedades físicas do solo, como: densidade do

solo, porosidade total, tamanho e continuidade dos poros, infiltração, capacidade de

armazenamento de água, aeração e o índice de compressão, temperatura, e concentração de

nutrientes (DIAS e ESTANISLAU, 1999; PIGNATARO NETTO, et al. 2009). Mais

notadamente esta última possui importância relevante, uma vez que a perda de nutrientes

afetará todas as formas de vida inseridas no solo e que lhe possibilitam uma melhor estrutura

(GAGGERO et al., 2002). Além disso, há um aumento da resistência do solo ao crescimento

radicular (MARSCHNER, 1995). Ou seja, afetando de forma negativa e direta a vegetação,

podendo interferir no crescimento e desenvolvimento das pastagens nativas ou implantadas

(COLLARES, 2005).

Schneider et al. (1978) constataram que um bovino com peso entre 70 a 500 kg exerce

uma pressão de compactação de 0,07 a 0,21 MPa. Cohron (1972) afirma que bovinos exercem

em média, uma pressão de 0,17 MPa por casco. Watkin e Clements (1978) estimaram a carga

estática exercida pelos bovinos e observaram que este valor varia entre 112 e 165 kPa, sendo

que durante a movimentação do gado este valor se multiplica, podendo ser maior ou menor

em função de como o deslocamento se dá (GAGGERO et al., 2002).

A realização de um manejo ecológico do solo, de forma a integrar pastagens com

outros elementos do ambiente, respeitando suas inter-relações e conservando e recuperando

seu equilíbrio, é uma solução adequada para o problema (PRIMAVESI, 1985).

2.1.9 Latossolos

Antes da adoção do termo Latossolo, esta classe de solo era denominada de ‘’laterite’’ e

‘’laterite soil’’ ou Laterita ou solos Lateríticos. Estes termos são pouco precisos, sendo

30

definida de forma genérica, e confusa, uma vez que solos distintos eram agrupados em uma

mesma classe (KELLOG, 1949, 1950; LEMOS, 1966; CLINE, 1975).

O termo Latossolo deriva de “Latosol” e “solum”, ambos de origem latina, significando

respectivamente, tijolo ou material altamente intemperizado, e solo (LEMOS, 1966; CLINE,

1975). O conceito inicial de Latossolo (KELLLOG, 1949) foi criado com o objetivo de

agrupar solos mais intemperizados das regiões tropicais, e altamente lixiviados, com baixa

atividade das argilas e das relações moleculares entre óxidos de silício e de alumínio

(SiO2/Al2O3 = Ki) e entre óxidos de silício de ferro e mais de alumínio (SiO2/Al 2O3 + Fe2O3 =

Kr).

Segundo Manosso (2006), Latossolos são solos altamente evoluídos em avançado estágio

de intemperização. Variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram alguns com

drenagem moderada ou mesmo imperfeitamente drenados. Possuem grandes taxas de

infiltração de água, porosidade e aeração, mesmo quando muito argilosos (800 g kg-1).

Possuem pequena densidade do solo quando no seu estado natural. São normalmente

profundos a muito profundos, podendo em alguns casos serem pouco profundos associados

com inclusões de Neossolos Regolíticos ou Litólicos (STRECK et al., 2008). Apresentam

seqüência de horizontes A, Bw, C, apresentando pouca diferenciação e com transições difusas

ou graduais. São fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, variando de 0,2 a 3,8

meq/100 g de solos (CARVALHO et al., 2002), distróficos ou álicos (MANOSSO, 2006).

Possuem coloração relativamente homogênea com matizes avermelhadas e/ou

amareladas, com distribuição de argila mais ou menos uniforme ao longo do perfil. Com a

profundidade o teor de argila diminui, com pouco a nenhum incremento deste elemento

(STRECK et al., 2008). No horizonte B dos Latossolos, os teores de argila são constantes ao

longo do perfil, ou aumentam levemente. Os teores de C em Latossolos argilosos variam de

0,5% a 2,4% nas camadas superficiais (CARVALHO et al., 2002). Segundo Fabrizzi et al.

(2008), em Latossolos o principal mecanismo de proteção de C é o químico, enquanto o

mecanismo biológico tem um papel secundário e complementar. Os teores de fósforo

disponíveis são extremamente baixos, situando-se em torno de 2 mg/dm3 (CARVALHO et al.,

2002).

Possuem elevada estabilidade de agregados e baixo conteúdo de silte em relação à

argila. Os agregados presentes neste tipo de solo possuem a forma de pequenos grânulos,

estáveis e resistentes, que muitas vezes são descritos como “pó-de-café” por possuírem

tamanho e aspecto semelhante aos grãos de café solúvel (AZEVEDO e BONUMÁ, 2004). Por

31

serem muito intemperizados, os Latossolos possuem predomínio de caulinita e óxidos de

ferro, o que lhes confere uma baixa CTC (atividade da argila < 17 cmolc/kg) (STRECK et al.,

2008). A abundância de óxidos de ferro e de alumínio se dá em virtude da grande lixiviação à

que estão sujeitos, removendo a sílica e outros elementos do solo (AZEVEDO e BONUMÁ,

2004).

A maioria dos Latossolos possui uma baixa reserva de nutrientes, podendo ocorrer

Latossolos com alta saturação por bases (eutroférricos) em áreas da região do Alto Uruguai

(STRECK et al., 2008). Os minerais presentes em Latossolos são: caulinita, gibbsita,

hematita, goethita e minerais 2:1 HE (hidróxi entrecamadas), os quais se combinam em

diferentes proporções (AZEVEDO e BONUMÁ, 2004). Os óxidos de ferro mais abundantes

na fração argila dos Latossolos são a goethita e a hematita. Os Latossolos brasileiros são

derivados de rochas máficas, maghemitas e titanomaghemitas, e são resultantes da oxidação

da magnetita e titanomagnetita (AZEVEDO e BONUMÁ, 2004).

Nos Latossolos os micronutrientes Cu e Zn encontram-se predominantemente nas

formas oxídicas e residuais, as quais não estão disponíveis às plantas. Ademais, estes

micronutrientes encontram-se neste tipo de solo em pequena quantidade (STRECK et al.,

2008). Diversos relatos descrevem a observância da deficiência destes elementos em diversas

culturas em várias regiões do Brasil (MACHADO E PAVAN, 1987; LOPES E ABREU,

2000). Em geral, são solos típicos de regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo também em

zonas subtropicais, estando distribuídos por amplas e antigas superfícies de erosão,

pedimentos ou terraços fluviais antigos (MANOSSO, 2006).

Os Latossolos possuem boa aptidão agrícola graças as suas propriedades físicas

favoráveis a esta prática (AZEVEDO e BONUMÁ, 2004) como: boa drenagem, solos

profundos, muito porosos, friáveis, e bem estruturados. Além disso, o relevo suave ondulado

em que se encontram é outro fator que favorece a prática, apesar de exigirem que seja feita

correção química, previamente ao uso agrícola (STRECK et al. 2008).

O Brasil possui atualmente sete tipos de Latossolos, cujo reconhecimento é baseado na

cor, e nos teores de ferro do ataque sulfúrico (CAMARGO et al., 1987; OLIVEIRA et al.,

1992): Ferrífero (LF), Roxo (LR),Vermelho-Escuro (LE), Vermelho-Amarelo (LV), Amarelo

(LA), Bruno (LB) e Vermelho-Amarelo variação Una (LU). Latossolos Húmicos são assim

chamados por apresentarem um horizonte A espesso e rico em MO. No Rio Grande do Sul os

Latossolos foram diferenciados em Latossolos Brunos e Latossolos Vermelhos conforme a

cor predominante no horizonte B. Em Mato Castelhano ocorre a classe Latossolo Vermelho

32

Distrófico húmico, cujas características estão apresentadas na Tabela 2 (STRECK et al.,

2008).

Tabela 2: Algumas características do horizonte A de um Latossolo Vermelho distrófico húmico (1). Material

de origem

Frações granulométricas CO SB CTC Al 3+

Areia Silte Argila

Basalto

% Cmolc kg-1 44 14 42 1,36 1,7 10,5 2,2

(1)SB: soma de bases; CTC: capacidade de troca de cátions; Al3+: alumínio extraível Fonte: Streck et al. (2008)

2.2 Materiais e Métodos

2.2.1 Condições experimentais

Este estudo foi realizado na zona rural do município de Mato Castelhano (Figura 3),

localizado no Planalto Médio do Rio Grande do Sul. O clima da região é classificado como

temperado mesotérmico brando super úmido sem seca (IBGE, 2002). A temperatura média

anual é 17,5 º C e a precipitação pluvial anual é 1.785 mm (EMBRAPA TRIGO, 2010).

O município de Mato Castelhano possui 2.470 habitantes e uma área de 238 km²

(IBGE, 2010). A escolha das áreas amostradas levou em consideração o objetivo da pesquisa,

tendo em vista a necessidade de obter informações sobre a influência dos diferentes usos do

solo no estoque de CO. Assim, os usos do solo selecionados foram: mata nativa (MN) (Figura

4), pastagem naturalizada com vegetação rasteira (predomínio de gramíneas) e pastoreio com

bovinos (PN) (Figura 5), lavoura de grãos com culturas de verão de ciclo curto e pastagem

para pecuária (azevém e aveia-preta), i.e., integração lavoura-pecuária (Lav+Pec) (Figura 6) e

lavoura com rotação de culturas de grãos de verão e de inverno com ciclo curto, sem

pastagem (Lav) (Figura 7).

O solo da MN foi utilizado como testemunha dos estoques de CO dentre as áreas

estudadas, representando o acúmulo deste elemento em ambiente natural, sem influência

antrópica, já que a MN se localiza adjacente às demais áreas. As Tabela 3 e 4 apresentam

33

respectivamente os históricos dos usos das áreas estudadas e das áreas de lavoura (Lav+Pec e

Lav) nos últimos três anos. A informação histórica do uso dos solos representa um aspecto

crítico na pesquisa, uma vez que possui influência direta nos resultados obtidos.

Figura 3: Localização do município de Mato Castelhano no estado do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE (2007)

34

Tabela 3: Histórico de uso de Latossolo Vermelho distrófico húmico. Mato Castelhano, 2011.

Tabela 4: Histórico de uso das áreas de lavoura e integração lavoura-pecuária com as respectivas culturas utilizadas nos últimos três anos (1).

Safra Lav Lav+Pec 2008-2009 Soja Soja

2009 Aveia-preta Azevém/Aveia-preta 2009-2010 Milho Milho

2010 Pousio Azevém/Aveia-preta 2010-2011 Soja Soja

(1) Lav: lavoura; Lav+Pec: integração lavoura-pecuária.

No município de Mato Castelhano predominam Latossolos Vermelhos distróficos

húmicos, textura argilosa (STRECK et al., 2008). O relevo do município possui formação

ondulada e suavemente ondulada, com elevações que criam depressões fechadas, as coxilhas.

A geomorfologia da região está inserida na região do Planalto Subtropical com Araucárias,

com bacias e coberturas sedimentares Fanerozóicas (IBGE, 2006).

O município de Mato Castelhano está inserido no bioma Mata Atlântica, ocorrendo

formações da Floresta Ombrófila Mista e Estepe (IBGE, 2004). A Floresta Ombrófila Mista é

Sistema

de uso do solo

Símbolo Histórico de uso do solo

Mata nativa MN Área de vegetação florestal secundária em estágio avançado de

regeneração, com alteração antrópica provocada pela extração

seletiva de madeira.

Pastagem

Naturalizada

PN Área formada principalmente por gramíneas e utilizada como

pastagem para bovinos, desde aproximadamente 30 anos.

Integração

lavoura-

pecuária

Lav+Pec Implantada desde a década de 70, com o plantio convencional.

Na década de 90 adotou-se o sistema de plantio direto com

rotação de culturas. No inverno a área é utilizada como

pastagem.

Lavoura Lav Implantada desde a década de 70, com o plantio convencional.

Na década de 90 adotou-se o sistema de plantio direto com

rotação de culturas.

35

composta por elementos das florestas tropical afro-brasileira e da temperada austro-brasileira.

A vegetação florestal é bem desenvolvida, com diversas espécies, formando um dossel,

característico de florestas antigas. O município de Mato Castelhano está inserido entre duas

bacias hidrográficas, a Bacia Hidrográfica do Alto Jacuí e a Bacia Hidrográfica

Apuaê/Inhandava.

2.2.2 Amostragem de solo

Foram coletadas amostras em duas camadas de solo: 0-10 cm e 10-20 cm, nas quatro

áreas de estudo. As amostragens de solo foram realizadas no mês de janeiro nas áreas de MN

(3,5 ha) e de PN (10 ha), e no mês de maio nas áreas de Lav (7 ha) e de Lav+Pec (8 ha).

Na área de MN foram amostrados dez pontos, de forma aleatória e em ziguezague. Os

pontos amostrados foram demarcados, através de uma fita, presa em uma árvore próxima ao

local. Nestes pontos, além das amostras de solo, coletadas nas duas profundidades,

determinaram-se nas mesmas profundidades, a densidade do solo, utilizando-se o método do

anel volumétrico, com uma repetição por tratamento. Obtiveram-se vinte amostras de solo

para análise química e vinte amostras para análise de densidade.

As demais áreas foram inicialmente divididas em três glebas, a partir da delimitação

de uma linha imaginária que dividia a área amostrada, tendo como base a topografia local.

Dentro de cada gleba obteve-se uma amostra de solo, composta por cinco subamostras.

Igualmente à área de MN, obtiveram-se amostras de solo nas duas profundidades, porém a

determinação da densidade foi realizada em apenas três dos cinco pontos amostrados em cada

gleba, utilizando-se o método do anel volumétrico, com uma repetição por tratamento. O

menor número de subamostras efetuado nestas áreas, em relação à MN, foi devido ao uso das

subamostras dessa última área em outro estudo, que objetivou verificar a variabilidade dos

atributos do solo e o número de subamostras necessárias quando da amostragem de solo em

MN.

Em todas as áreas, a coleta de solo se deu a partir da abertura de trincheiras com o

auxílio de pá e enxada. Antes da coleta a vegetação superficial era removida, no caso da MN

essa vegetação corresponde à serrapilheira, no solo com PN, à vegetação herbácea nativa, e

nas áreas de lavoura (Lav e Lav+Pec), à palhada formada principalmente por restos culturais.

O solo era então coletado, e após as amostras eram colocadas em baldes, para a

36

homogeneização, e retirada de materiais remanescentes. Por fim, as amostras foram

acondicionadas em sacos plásticos, devidamente identificados.

Na área de PN e nas duas áreas de lavoura depois de obtidas as cinco subamostras,

estas foram misturadas, obtendo-se duas amostras compostas para cada uma das três glebas,

correspondentes as profundidades de 0-10 cm e de 10-20 cm. Para cada uma das áreas (PN,

Lav e Lav+Pec) obteve-se seis amostras de solo, para análise química e dezoito para a

determinação de densidade.

Figura 4: Área de mata nativa. a) solo da mata nativa; b) demarcação dos pontos de amostragem; c) amostragem de densidade; d) anel volumétrico usado na coleta de amostras para determinação de densidade do solo.

37

Figura 5: Área de pastagem naturalizada. a) vista de parte da área; b) amostragem de solo; c) amostragem de densidade; d) acondicionamento das amostras em sacos plásticos identificados.

Figura 6: Área de integração lavoura-pecuária. a) vista de parte da área; b) amostragem de solo; c) amostragem de densidade; d) abertura de trincheira para coleta de solo.

38

Figura 7: Área de lavoura. a) vista de parte da área; b) restos culturais sobre o solo; c) amostragem de solo; d) destorroamento do solo amostrado.

2.2.3 Delineamento experimental

O delineamento experimental foi em parcelas subdivididades (PSD), sendo o fator

camada locado na sub-parcela e o fator uso na parcela principal. O número de repetições foi

três, nas áreas de PN, Lav+Pec e Lav, e dez na MN.

39

2.2.4 Análises químicas e físicas do solo

As amostras de solo foram analisadas quanto aos macro e micronutrientes, no

Laboratório de Solos, Plantas, Adubos e Corretivos da Faculdade de Agronomia e Medicina

Veterinária – FAMV, da UPF, em janeiro de 2011 (amostras de solo da MN e do PN) e em

junho de 2011 (amostras de solo de Lav e Lav+Pec), de acordo com a metodologia descrita

em Tedesco et al. (1995). A determinação granulométrica foi realizada no Laboratório de

Água e Física do Solo da FAMV em junho de 2011, segundo Embrapa (1997). Estas foram

realizadas separadamente para as profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm. Os atributos

químicos e físicos do solo das áreas estudadas encontram-se nas Tabelas 5, 6, 7 e 8.

40

Tabela 5: Atributos de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011 (1,2,3).

Uso do solo Argila

pH H2O

Ind. SMP

Fósforo

Potássio

MO

Camada (cm) 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 g kg-1 mg/dm³ g kg-1

MN_P1 433 445 5,6 5,6 5,7 5,6 7,3 4,2 223 83 > 67 50 MN_P2 556 601 5,0 5,1 5,4 5,4 4,6 4,2 95 55 40 25 MN_P3 472 485 5,6 5,3 5,8 5,4 5,7 4,0 91 39 45 31 MN_P4 407 458 5,4 4,6 5,5 5,0 4,9 19,8 91 79 56 48 MN_P5 513 472 4,7 4,8 4,9 5,2 7,8 4,4 75 71 45 42 MN_P6 541 499 4,8 4,7 5,2 4,8 4,9 3,5 59 43 41 35 MN_P7 472 556 4,9 5,0 5,1 5,1 5,1 3,7 99 51 37 34 MN_P8 359 383 5,8 5,9 6,1 6,1 5,8 4,0 103 71 55 42 MN_P9 371 445 5,6 5,9 5,8 5,9 6,2 5,8 87 59 47 42 MN_P10 347 371 5,6 5,8 5,6 5,8 6,2 2,6 147 59 61 45 PN_G1 359 420 5,7 5,8 5,7 5,8 7,5 6,0 271 235 51 40 PN_G2 359 302 5,7 5,5 5,5 5,6 6,7 8,2 235 151 40 33 PN_G3 347 313 5,8 5,9 6,7 5,9 11,5 8,4 307 147 33 32 Lav_G1 541 649 5,8 5,5 6,0 5,7 6,4 6,1 133 61 36 27 Lav_G2 586 682 5,5 5,2 5,9 5,7 6,1 6,1 149 61 38 27 Lav_G3 571 632 5,7 5,3 6,0 5,8 5,4 4,9 157 69 33 23

Lav+Past_G1 383 499 5,8 5,9 6,2 6,1 19,8 12,7 189 85 30 29 Lav+Past_G2 347 571 5,7 5,6 5,9 5,9 5,1 5,1 49 21 41 35 Lav+Past_G3 527 541 5,7 5,6 6,0 5,9 5,2 3,4 57 25 43 36

(1) MN: mata nativa; PN: pastagem naturalizada; Lav: lavoura; Lav+Pec: integração lavoura-pecuária. (2 )P: pontos de amostragens na área de MN enumerados de 1 a 10; (3) G: glebas amostradas nas áreas de PN, Lav e Lav+Pec, enumeradas de 1 a 3.

41

Tabela 6: Atributos de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011 (1,2,3).

Uso do solo Al

Ca

Mg

H+Al

CTC

Saturação

Camada (cm) Cmol/dm³ Bases Al K 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20

MN_P1 0,0 0,0 9,0 5,8 4,4 3,8 6,2 6,9 20,2 16,7 69 59 0 0 2,8 1,3 MN_P2 0,8 1,5 3,2 1,6 2,3 1,7 8,7 8,7 14,4 12,1 40 28 12 30 1,7 1,2 MN_P3 0,0 1,2 5,0 2,1 3,6 2,2 5,5 8,7 14,3 13,1 62 34 0 21 1,6 0,8 MN_P4 0,0 1,7 5,4 3,7 4,7 1,7 7,7 13,7 18,1 19,4 57 29 0 23 1,3 1,0 MN_P5 1,5 0,8 4,0 3,7 1,8 2,5 15,4 10,9 21,5 17,3 28 37 20 11 0,9 1,0 MN_P6 1,1 3,0 3,0 1,5 2,4 1,0 10,9 17,3 16,5 20,0 34 13 16 53 0,9 0,6 MN_P7 0,7 1,2 3,5 2,8 2,3 2,1 12,3 12,3 18,2 17,3 33 29 10 19 1,4 0,8 MN_P8 0,0 0,0 8,7 7,7 5,1 5,4 3,9 3,9 17,9 17,2 78 77 0 0 1,5 1,1 MN_P9 0,0 0,0 7,8 5,7 5,4 5,2 5,5 4,9 18,9 15,9 71 69 0 0 1,2 1,0 MN_P10 0,0 0,0 7,9 6,8 4,2 4,3 6,9 5,5 19,4 16,8 64 67 0 0 1,9 0,9 PN_G1 0,0 0,0 6,9 7,1 3,5 3,2 6,2 5,5 17,2 16,4 64 67 0 0 4,0 3,7 PN_G2 0,0 0,0 6,8 7,3 3,4 2,8 7,7 6,9 18,6 17,3 58 60 0 0 3,2 2,2 PN_G3 0,0 0,0 9,0 11,2 3,9 3,4 2,0 4,9 15,6 19,8 888 75 0 0 5,0 1,9 Lav_G1 0,0 0,0 9,4 7,4 4,2 3,4 4,4 6,2 18,3 17,1 76 64 0 0 1,9 0,9 Lav_G2 0,0 0,4 7,1 5,0 2,5 2,7 4,9 6,2 14,9 14,0 67 56 0 5 2,6 1,1 Lav_G3 0,0 0,2 6,8 5,7 3,6 4,4 4,4 5,5 15,1 15,8 71 65 0 2 2,7 1,1

Lav+Past_G1 0,0 0,0 7,9 7,3 3,2 3,0 3,5 3,9 15,1 14,5 77 73 0 0 3,2 1,5 Lav+Past_G2 0,0 0,0 9,1 8,8 3,2 3,3 4,9 4,9 17,3 17,0 72 71 0 0 0,7 0,3 Lav+Past_G3 0,0 0,0 8,0 7,5 4,7 3,5 4,4 4,9 17,1 15,9 75 69 0 0 0,9 0,4

(1) MN: mata nativa; PN: pastagem naturalizada; Lav: lavoura; Lav+Pec: integração lavoura-pecuária. (2) P: pontos de amostragens na área de MN enumerados de 1 a 10; (3) G: glebas amostradas nas áreas de PN, Lav e Lav+Pec, enumeradas de 1 a 3.

42

Tabela 7: Atributos de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011 (1,2,3).

(1) MN: mata nativa; PN: pastagem naturalizada; Lav: lavoura; Lav+Pec: integração lavoura-pecuária. (2) P: pontos de amostragens na área de MN enumerados de 1 a 10; (3) G: glebas amostradas nas áreas de PN, Lav e Lav+Pec, enumeradas de 1 a 3.

Tabela 8: Composição granulométrica da média de duas camadas de Latossolo Vermelho com diferentes usos. Mato Castelhano, 2011(1).

Uso do solo Argila Silte Areia g kg-1

MN 600 210 190 PN 470 270 270 Lav 650 170 190

Lav+Pec 650 200 160 (1) MN: mata nativa; PN: pastagem naturalizada; Lav: lavoura; Lav+Pec: integração lavoura-pecuária.

Uso do solo Enxofre Boro Manganês Zinco Cobre mg/dm³ 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20 0-10 10-20

MN_P1 24 15 1,8 1,4 75,2 52,7 6,17 1,51 1,88 5,68 MN_P2 32 44 0,9 0,8 58,0 29,4 1,57 0,66 5,84 6,33 MN_P3 20 28 1,0 0,8 60,9 61,0 3,34 1,28 8,80 12,19 MN_P4 15 21 1,2 1,3 84,9 76,0 3,98 3,49 3,12 3,94 MN_P5 27 22 1,5 1,4 73,5 80,6 3,26 2,59 4,52 4,41 MN_P6 29 32 1,0 1,1 74,2 73,6 1,94 1,17 5,29 9,01 MN_P7 27 18 1,4 1,0 89,5 65,2 2,98 1,78 4,09 5,28 MN_P8 13 13 1,6 0,9 61,2 66,6 4,57 2,32 2,02 3,80 MN_P9 15 11 1,5 1,5 117,4 73,8 4,87 1,95 2,21 5,89 MN_P10 15 10 1,3 1,2 102,3 81,0 9,60 7,60 1,57 4,79 PN_G1 9 6 0,9 0,8 69,8 81,5 9,60 9,60 16,00 16,00 PN_G2 7 7 0,7 0,6 11,8 113,5 9,60 9,55 14,97 12,75 PN_G3 8 6 0,5 0,5 105,0 73,0 9,60 9,60 9,75 7,77 Lav_G1 20 14 0,5 0,5 74,6 89,0 1,59 1,28 6,45 8,29 Lav_G2 19 21 0,3 0,4 85,7 77,6 1,78 1,11 6,52 7,51 Lav_G3 25 11 0,4 0,4 52,8 82,9 1,78 1,30 7,49 8,78

Lav+Pec_G1 16 9 0,6 0,6 26,4 56,5 1,79 2,59 6,15 5,05 Lav+Pec_G2 15 14 0,8 0,6 90,4 80,8 2,90 1,67 5,33 5,90 Lav+Pec_G3 17 14 0,6 0,7 72,9 65,0 2,37 1,10 5,28 5,78

43

2.2.5 Análises de carbono orgânico e nitrogênio total

As análises do solo de MN e de PN foram realizadas no período de 18 a 25 de janeiro

de 2011, enquanto as amostras de solo das áreas de Lav e Lav+Pec foram analisadas nos

período de 24 de maio a 03 de junho de 2011. As amostras de solo foram preparadas e

analisadas no Laboratório de Química do Solo e Resíduos Sólidos da FAMV. Inicialmente o

solo foi homogeneizado, colocando-se o volume coletado em uma bandeja e misturando-o

manualmente, retirando-se sólidos que por ventura encontravam-se misturados, tais como:

folhas, pequenos galhos, palha, etc., e destorroando os agregados maiores. As amostras foram

secadas em estufa a 45-50 o C por 48 h, para as análises de CO e NT, e 105 o C por 24 h, para

a análise da umidade, utilizada no cálculo da densidade do solo, sendo posteriormente moídas

e peneiradas em peneira de 2 mm (CO) e 300 µm (NT).

As determinações das densidades das amostras de solo seguiram a metodologia

descrita em Embrapa (1997). Os teores de CO e NT (TEDESCO et al., 1995) foram realizadas

em triplicata. Os teores de CO foram determinados a partir do método de combustão úmida, a

partir da oxidação dos compostos orgânicos do solo por dicromato em meio ácido (solução

sulfocrômica), seguida de determinação colorimética do dicromato adicionado em excesso.

Este método determina os teores de CO do solo oxidado pelo dicromato. Teores de NT foram

obtidos a partir da digestão do solo com ácido sulfúrico (H2SO4) e peróxido de hidrogênio

(H2O2), seguida de destilação a vapor com hidróxido de sódio (NaOH 10 moles/L), e titulação

do coletado em ácido bórico, com ácido sulfúrico (H2SO4 0,024 moles/L).

2.2.6 Análise dos dados

Os dez resultados das subamostras coletadas na MN foram reunidos para compor três

repetições. Para tal, foi calculada a média dos valores obtidos em cada três subamostras, e

essa representou o valor de uma repetição. As três subamostras reunidas para formar uma

repetição foram selecionadas de acordo com a semelhança de resultados das subamostras.

Assim as subamostras foram agrupadas em conjuntos de três subamostras (sendo uma

excluída), calculando-se a média dessas para estimar as repetições, tanto na camada de 0-10

44

cm como na de 10-20 cm, sendo que o fator determinante para o agrupamento das

subamostras foram os valores de densidade.

2.2.7 Estoques de carbono orgânico e nitrogênio total e relação carbono:nitrogênio

Os estoques de CO e NT foram calculados com base na camada equivalente e na massa

equivalente dos tratamentos. Consideraram-se os estoques de CO e NT originais, àqueles

existentes na área de vegetação nativa (MN), sendo as demais áreas comparadas a esta, para

obtenção das conclusões da pesquisa.

O estoque de CO e NT por hectare (Mg ha-1) em camada equivalente, em uma

determinada profundidade foi calculado pela equação abaixo (CAMPOS, 2006).

Em que:

Estoquece = massa de CO ou NT por unidade de área em massa equivalente (Mg ha-1)

C = concentração de CO ou NT (g kg-1 de solo)

Ds = densidade do solo na camada (Mg m-3)

O procedimento de cálculo da massa equivalente leva em consideração um sistema de

referência para corrigir os resultados obtidos com os demais tratamentos (ELLERT e

BETTANY, 1995; DE BONA, 2006). O sistema utilizado como referência para os cálculos

dos estoques de CO e NT foi o solo da área com MN, já que esta apresentou os menores

valores de densidade, em ambas as camadas, 0-10 cm e 10-20 cm, e por representar as

condições inicias do solo antes da introdução da agricultura.

45

Em que:

Ead = espessura de solo da camada a ser adicionada (m)

Mref = massa equivalente de solo do tratamento referência (Mg ha-1)

M trat = massa equivalente de solo do tratamento (Mg ha-1)

fha = fator de conversão de ha para m2 (0,0001 ha m-2)

As massas de solo, da área de referência (Mref) e das demais áreas nos diferentes

tratamentos (Mtrat), foram calculadas de acordo com a equação:

Em que:

Msolo = massa do solo por unidade de área (Mg ha-1)

Ds = densidade do solo na camada (Mg m-3)

A = unidade de área, neste caso, 1 ha (10000 m2)

Os estoques de CO e NT do solo foram obtidos pela equação:

Em que:

Estoqueme = estoque de CO ou NT por unidade de área em massa equivalente (Mg ha-1)

C = concentração de CO ou NT (g kg-1 de solo)

Ead = espessura de solo da camada a ser adicionada (m)

A = unidade de área, neste caso, 1 ha (10.000 m2)

fkg = fator de conversão de kg para Mg (0,001 Mg ha-1).

Os valores de relação C:N foram obtidos a partir da divisão dos valores correspondentes

aos estoques de CO (Mg ha-1) pelos valores correspondentes aos estoques de NT (Mg ha-1),

em camada equivalente.

46

2.2.8 Análise estatística

Os dados foram submetidos à análise de variância, considerando o nível de

significância de 5%. Uma vez que houve diferença significativa entre as médias dos

tratamentos, estas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. As análises

foram realizadas utilizando-se o software CoStat (COSTA e CASTOLDI, 2009).

2.3 Resultados e discussões

2.3.1 Teor de carbono orgânico e nitrogênio total

Não houve diferença entre os teores de CO em função dos diferentes usos do solo, nas

duas camadas avaliadas (Tabela 9). Em sistemas de plantio direto (PD) a manutenção e o

acúmulo da MOS pode ser conseguido, pois esse sistema não promove o revolvimento do

solo, deixando os resíduos vegetais na superfície, reduzindo a taxa de decomposição da MOS.

Isso pode ser alcançado após alguns anos de PD, já que neste sistema o acúmulo de MOS

tende a ocorrer lentamente. Os resultados da Tabela 9 mostram que o teor de CO não variou

entre a área com MN e as áreas de lavoura avaliadas (Lav+Pec e Lav), de modo que isso pode

ser explicado, em parte, pelo fato destas últimas estarem sendo cultivadas desde a década de

90 sob o sistema PD, o que possibilitou o acúmulo de CO em longo prazo. Na área de

Lav+Pec o acúmulo de CO no solo deve-se ainda, possivelmente às excreções dos animais, na

forma de esterco e de urina, que podem ter influenciado a dinâmica de CO e NT, pois essas

excreções são consideradas suprimento de nutrientes para as pastagens (HAYNES E

WILLIAMS, 1999), favorecendo o aumento da MO. Além disso, gramíneas possuem maior

quantidade de raízes, que aumentam a proporção de solo rizosférico, favorecendo o aumento

de CO. Neste tipo de sistema os resíduos vegetais são provenientes da cultura de interesse

comercial (cultura de verão) e da pastagem (cultura de cobertura de inverno), cujo maior ou

menor aporte será em função da intensidade de pastejo adotada (SOUZA et al., 2009).

47

Já, em relação á área com PN, pode-se atribuir a ausência de diferença em relação à

MN à capacidade deste ecossistema em armazenar importantes reservas de C, especialmente

na biomassa subterrânea. Nesse tipo de sistema a biomassa subterrânea em certas áreas chega

quase a se igualar à biomassa aérea (FIDELIS et al. 2006). Castro e Kauffman (1998)

encontram valor da razão entre a biomassa subterrânea e a aérea maior do que 1 neste sistema.

Os fatores relacionados à capacidade de acúmulo de CO mencionados para as áreas

com Lav+Pec e PN, podem ter proporcionado a ausência de diferença entre estes e o solo com

MN, também observada quando avaliada a camada de 0-20 cm, diferentemente do resultado

observado na área de Lav na média das camadas. Resultado semelhante foi encontrado por

Costa et al. (2009) que não encontraram diferença nos teores e estoques de CO entre os solos

com mata nativa e com pastagens. Os teores médios de CO (na camada de 0-20 cm) variaram

entre 17,52 g kg-1 e 31,92 g kg-1 (Tabela 9). Os resultados dessa Tabela mostram que somente

o teor de CO do solo da área com Lav diferiu do teor encontrado na área com MN, sendo

maior nessa última. Além disso, observou-se que o teor de CO do solo com PN e com

Lav+Pec não diferiram do solo com Lav. Teixeira et al. (2003) encontraram valores de CO

similares aos da Tabela 9 na camada de 0-20 cm em um Argissolo Vermelho-Amarelo, com

teores variando entre 22,0 g kg-1 a 28,1 g kg-1 sob diferentes sistemas de preparo. Enquanto

que Luciano et al. (2010) encontrou que o teor de CO tendeu a ser menor numericamente em

lavouras de PD do que em MN.

A diferenciação dos teores de CO na camada de 0-20 cm, em função dos usos de solo

avaliados, não observados quando essa camada foi subdividida em extratos menores, com

espessura de 10 cm, possivelmente se deve à tendência de maior diferenciação dos teores de

CO na camada de 0-10 cm, entre os usos de solo. Nota-se que na camada de 10-20 cm, os

teores de CO foram bastante similares entre os diferentes usos, enquanto na camada mais

superficial, apesar de estatisticamente não haver diferença entre os usos, percebe-se que na

área com MN o valor de CO tendeu a ser significativamente mais alto que o observado nos

solos com os demais usos. Em relação à área de referência os usos PN, Lav+Pec e Lav na

camada de 0-10 cm representaram 66, 20 %, 58,64 % e 53, 69 % do teor de CO de MN,

enquanto na camada de 10-20 cm para os respectivos usos, os valores foram 83,25 %, 71,61

% e 56,75 %.

Os teores de NT na camada de 0-10 cm foram maiores no solo da MN em relação aos

demais usos avaliados, e não diferiram entre as áreas com PN, Lav+Pec e Lav (Tabela 9). A

maior diferença ocorreu entre o solo de MN e o solo de Lav que obteve teor de NT

48

correspondente a 41,16 % do teor da área de referência. Considerando os teores de NT da área

com MN como referência, ou seja, como sendo os teores naturais do solo avaliado, pode-se

afirmar que a interferência antrópica implicou em redução dos mesmos. Em áreas sem ação

antrópica, como a da MN, os maiores teores de NT do solo são devidos, possivelmente, à

maior deposição de material orgânico na superfície do solo, além da não mobilização do solo

e a constante ciclagem do material vegetal, característico destes ambientes (CARNEIRO et

al., 2009; ROZANE et al., 2010). Ademais, áreas de vegetação natural, quando em equilíbrio,

reduzem ao mínimo a saída de nutrientes do ecossistema por meio da interação solo-

vegetação. Assim, o solo mantém sempre o mesmo nível de fertilidade, apresentando, em

geral, uma grande estabilidade, ou seja, os nutrientes introduzidos no ecossistema estão em

equilíbrio com os nutrientes perdidos (VIEIRA, 1998).

A MOS é um importante reservatório de formas potencialmente disponíveis de N para

os vegetais, principalmente o N nítrico (N-NO3-) e o amoniacal (N-NH4

+), sendo que o N

orgânico representa mais de 95% do total de N do solo (MIELNICZUK et al., 2003), assim, a

maior deposição de resíduos orgânicos, representa maior concentração de N no solo, o que

pode explicar os valores elevados de NT da MN em relação aos demais usos. Em

contrapartida, em áreas mais perturbadas há maior taxa de decomposição de resíduos, assim

como maiores perdas de solo das camadas superficiais por erosão (LEITE et al., 2009),

resultando em diminuição nos teores de NT, como as verificadas neste estudo, nas demais

áreas em que o solo natural foi modificado pelas práticas agrícolas. Gama-Rodrigues et al.

(2008) observaram maior teor de nitrato em áreas de formações nativas, como a Mata

Atlântica e cerrado, em relação a plantios de eucalipto, na região Sudeste. Os autores

atribuíram o resultado à qualidade dos resíduos desta área, que influenciou a incorporação de

MO, pela menor relação C:N observada, o que estimula a mineralização de MOS, resultando

em maiores teores de nitrato.

Apesar de em áreas com pastagem a deposição de dejetos pelos animais em pastejo

representar um importante fator de reciclagem e de concentração de N no solo (PN e

Lav+Pec) (CHIAVEGATO, 2010) e do sistema de PD, nas áreas de lavoura (Lav+Pec e Lav)

avaliadas, ter a capacidade de propiciar a preservação dos teores de MOS, devido ao mínimo

revolvimento do solo, a rotação de culturas e a permanente cobertura do solo (ROSCOE et al.,

2006), além da contribuição fornecida pela fertilização nitrogenada, a qual contribui para a

manutenção dos teores de NT no solo (MATIAS et al., 2009), os sistemas CN, Lav+Pec e

49

Lav não foram eficientes em manter os teores de NT próximos aos da área de MN, na camada

de 0-10 cm, que apresentou valores expressivamente superiores às demais.

Além dos fatos já expostos, com relação às áreas de lavoura possivelmente o menor

teor de NT deve-se às dificuldade de manejo do N impostas pelos solos sob uso agrícola.

Estas dificuldades estão relacionadas principalmente ao manejo da adubação nitrogenada, que

é difícil, por ser o N um elemento que apresenta dinâmica complexa e em virtude da adubação

química não apresentar efeito residual (RAIJ, 1991), além da possibilidade de ocorrer um

suprimento inadequado de N às plantas, devido a perda de nitrato por lixiviação, menor

composição dos restos culturais, maior volatilização e desnitrificação e maior imobilização

em protoplasma microbiana (LARA CABEZAS et al., 2004; SILVA et al., 2005). Além disso,

em áreas de lavoura, a exportação de N na forma de grãos, como a soja, pode superar o total

de N derivado da fixação biológica, acumulado pela planta, e levar até mesmo a balanços de

N negativos para o solo (PEOPLES et al., 1995; ZOTARELLI, 2000). Além disso, em áreas

de integração lavoura-pecuária saídas N podem ocorrer na produção de forrageira e nos

produtos animais (como leite, carne e lã) (RUSSELLE, 1996; GILLER et al., 1994).

Já a deficiência em N no solo de PN em relação à MN é explicado por Ben et al.

(1998) pelo fato desse sistema ser composto principalmente de gramíneas, as quais são

exigentes em N, além de apresentarem resíduo cultural com alta relação C:N que, durante sua

decomposição, acarreta imobilização de N por microrganismos.

Houve diferença entre os teores de NT em função dos usos do solo, na camada de 10-

20 cm (Tabela 9). Teores de NT diferiram quando comparados às áreas com MN e Lav, sendo

maior na MN. Os teores de NT não diferiram entre as áreas com MN, CN e Lav+Pec, e entre

as áreas com CN, Lav+Pec e Lav. Esse efeito acompanhou os resultados de CO na camada de

0-20 cm, já comentados, onde se obteve maior teor na MN em relação à área de Lav.

Resultado semelhante foi encontrado por Santos et al. (2004) na camada de 0-5 cm de um

Planossolo. Os autores encontraram correlação significativa entre os teores de NT e CO

indicando que sistemas de manejo do solo com maior ou menor adição de CO tem efeito na

disponibilidade de NT do solo.

Teores de NT da camada de 10-20 cm diminuíram em relação à camada de 0-10 cm.

Segundo Maia e Cantarutti (2004) o maior teor de NT na camada mais superficial do solo se

deve à maior incorporação dos resíduos vegetais neste compartimento.

Analisando os teores de NT obtidos nas duas camadas avaliadas percebe-se que a

maior alteração desse atributo no solo se deu na camada de 0-10 cm. Enquanto na camada de

50

10-20 cm, o teor de NT do solo com MN somente diferiu da área de Lav, na camada mais

superficial (0-10 cm) houve diferença entre todos os usos em relação à área de referência

(MN). Os resultados concordam com Santos et al. (2004) que avaliando a influência de

diferentes manejos do solo, obteve que as diferenças significativas nos teores de CO e NT

restringiram-se à camada superficial (0-5 cm). Cornélio et al. (2008) explica que independente

do sistema de manejo, a camada mais superficial do solo, compreendida entre 0-10 cm é a

mais susceptível às alterações devidas ao manejo. Pèrez Gomar et al. (2002) observaram que a

biomassa radicular na camada de 0-5 cm do solo, em um sistema de pastagens de

aveia+triticale e azevém, representou 70% do total de raízes, além de ter se observado maior

concentração de CO nesta camada. Assim, o maior acúmulo das raízes culturais na camada

mais superficial pode ter favorecido a diferenciação dos teores de NT do solo de Lav+Pec em

relação ao solo com MN na camada mais superficial, o que não ocorreu na camada de 10-20

cm (Tabela 9).

Os teores médios (0-20 cm) de NT (Tabela 9) seguiram a seguinte relação: MN >

Lav+Pec = Lav, MN = PN e PN = Lav+Pec = Lav, ou seja, diferiram quando o solo foi

utilizado para o cultivo agrícola, enquanto o teor do solo com PN foi semelhante ao do solo

com MN (Tabela 9), evidenciando novamente a dificuldade do manejo de N neste tipo de

sistema, enquanto o teor em CN foi semelhante à da área de referência.

Avaliando os teores de CO e NT em relação às duas camadas estudadas, percebe-se

que para o primeiro atributo o resultado obtido foi o mesmo independe da camada avaliada,

sem diferença entre os usos do solo. Enquanto que em relação à NT, a relação entre os usos e

as duas camadas diferiu. Os diferentes usos do solo alteraram de forma mais significativa os

teores de NT na camada mais superficial (0-10 cm) do que na camada de 10-20 cm, com

maior acúmulo deste elemento na camada de 0-10 cm.

51

Tabela 9: Teores de carbono orgânico (CO) e nitrogênio (NT), e valores de densidade (Ds), de amostras de Latossolo Vermelho distrófico húmico, sob diferentes usos (1,2,3).

(1)Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, dentro de cada camada de solo, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de significância. (2)MN: mata nativa; PN: pastagem naturalizada; Lav+Pec: integração-pecuária; Lav: lavoura. (3)Ds: densidades do solo.

2.3.2 Densidade do solo

Houve diferença na densidade na camada de 0-10 cm em função dos diferentes usos

do solo. Os valores de densidade dos diferentes usos podem ser relacionados entre si da

seguinte maneira: Lav+Pec > PN > MN, PN = Lav, e Lav+Pec = Lav (Tabela 9). Observa-se

que a interferência antrópica promoveu um adensamento nos solos avaliados. Os resultados

dessa Tabela indicam, portanto, que, em relação à área de MN, os demais usos de solo

proporcionaram maiores valores de densidade. Já entre estes, não houve diferença de

densidade do solo entre as áreas com PN e Lav e entre as áreas com lavoura (Lav+Pec e Lav).

Esses resultados são coerentes, uma vez que, as áreas de lavoura analisadas são submetidas ao

mesmo sistema (PD), que fazem uso de máquinas agrícolas, enquanto que a compactação

favorecida pelo pisoteio animal se assemelha à favorecida pela mecanização agrícola, na área

de Lav, o que pode explicar a semelhança de densidade entre as áreas de Lav e PN. Manosso

(2006) explica que o tráfego de máquinas pesadas e caminhões sobre áreas cultivadas é um

dos fatores responsáveis pelos maiores valores de densidade nestas áreas. Enquanto que, de

Uso CO NT Ds

Camada (cm)

0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 0-20

g kg-1 Kg dm-3

MN ns38,93 ns24,90 31,92a 4,30a 2,27a 3,28a 0,87c 1,03b 0,95b

PN 25,77 20,73 23,25ab 2,25b 1,96ab 2,10ab 1,15b 1,26a 1,21a

Lav+Pec 22,83 17,83 20,33ab 2,23b 1,68ab 1,96b 1,40a 1,45a 1,42a

Lav 20,90 14,13 17,52b 1,77b 1,39b 1,58b 1,33ab 1,41a 1,37a

Média **27,11 19,40 23,25 **2,64 1,82 2,23 ***1,19 1,29 1,24

C.V. (%) 27,52 13,66 19,80 26,08 16,13 19,13 6,10 5,98 6,60

52

acordo com Cohron (1972), o pisoteio de bovinos, pode provocar um aprofundamento do

casco no solo da ordem de 12 cm, com sobrecarga de em média de 0,17 MPa por casco

(COHRON, 1972).

Na camada de 10-20 cm, os valores de densidade seguiram a seguinte ordem

decrescente: Lav = Lav +Pec = PN > MN, ou seja, o valor de densidade da área de MN foi

inferior aos demais usos de solo, e entre estes não houve diferença. Os resultados

acompanharam àqueles obtidos para a média das camadas (0-20 cm) (Tabela 9). Cunha

(2007) avaliando os sistemas de lavouras em PD e com diferentes culturas de rotação, e mata

nativa, em Latossolo Vermelho distrófico, observou que, independentemente da profundidade

do solo e do sistema de rotação, os menores valores de densidade foram os da área com MN.

Os resultados demonstram a susceptibilidade da camada mais superficial (0-10 cm)

(CORNÉLIO et al., 2008), uma vez que, nela foi observada maior diferenciação entre os

valores de densidade do solo, entre os usos avaliados. Isso pode ter sido favorecido em

decorrência das práticas de uso do solo, e às sobrecargas a que este é submetido, seja por

máquinas ou pisoteio animal. A camada de 10-20 cm apresentou maiores valores de

densidade, para todos os usos, em relação à camada de 0-10 cm. Araújo et al. (2007) explicam

que normalmente a densidade do solo tende a aumentar com a profundidade, e isso ocorre

devido à influência de fatores como o teor reduzido de MO, menor agregação, maior

compactação e diminuição da porosidade do solo, entre outros, pois a densidade do solo é

uma propriedade muito variável e depende de outras propriedades, como a estrutura e

compactação do solo.

2.3.3 Massa equivalente X camada equivalente

O procedimento de cálculo dos estoques em massa equivalente leva em consideração

um sistema de referência para corrigir os resultados obtidos com os demais tratamentos

(ELLERT e BETTANY, 1995; DE BONA, 2006), diferentemente do procedimento de cálculo

baseado na camada equivalente. Enquanto naquele procedimento de cálculo, as espessuras das

camadas são ajustadas de modo que as quantidades de solo nas camadas comparadas sejam

equivalentes, o procedimento baseado na camada equivalente é mais adequado para corrigir

resultados obtidos em diferentes tratamentos aplicados em mesmo solo e tipo de uso, já que

não é sugerido em situações de características morfogenéticas distintas (DE BONA, 2006).

53

Ellert e Bettany (1995) sugerem que a comparação dos estoques de C em diferentes manejos

deve ser feita em massa equivalente de solo, pois este cálculo elimina a influência de

possíveis alterações na massa de solo, causadas por exemplo, pela compactação deste. Desde

modo, no presente estudo, as comparações dos estoques de CO e NT entre os diferentes usos

do solo serão feitas com base nos resultados obtidos em massa equivalente de solo.

Independente do procedimento de cálculo utilizado, não houve diferença nos estoques

de CO entre os usos do solo nas camadas avaliadas (0-10 cm e 10-20 cm) (Tabela 10). Apesar

de não ter ocorrido interação entre camada x uso nos resultados obtidos utilizando ambos os

procedimentos de cálculos, o estoque de CO baseado em massa equivalente de solo diferiu

quando comparado a média das duas camadas avaliadas, diferença esta, que coincidiu com

àquela encontrada para o estoque acumulado de CO (0-20 cm) e para os teores médios de CO

(0-20 cm).

Com relação aos estoques de NT, houve diferença destes para os diferentes usos do

solo, em todas as camadas avaliadas, quando o procedimento de cálculo utilizado foi o da

massa equivalente. As dificuldades relacionadas ao manejo do N em sistemas de cultura,

relatados na discussão sobre os teores de NT, e não observadas, em nenhuma camada quando

os estoques de NT foram calculados pelo procedimento de cálculo baseado na camada

equivalente, ficaram evidentes quando o procedimento utilizado foi o da massa equivalente

(Tabela 10). Apesar dos teores de NT terem diferido em função do uso dado ao solo (Tabela

9), isso não foi verificado em relação aos estoques de NT, quando o procedimento de cálculo

baseado na camada equivalente foi utilizado. Andrade et al. (2004) explica que uma vez que

os estoques de CO e NT calculados pelo procedimento da camada equivalente levam em

conta além do teor destes, a densidade do solo na camada considerada, os mesmos podem ser

alterados pela influência da mudança dos valores de ambas variáveis ou de somente uma

delas. Assim altos valores de densidade podem ter compensado áreas com menores teores de

NT.

Houve uma tendência de diminuição dos estoques de CO e NT com o aumento da

profundidade, independente do procedimento de cálculo. O resultado concorda com diversos

autores (FREITAS et al., 2000; FREIXO et al., 2002, D’ANDRÉA et al., 2004). O mesmo

efeito foi observado para os teores de CO e NT.

Os ajustes dos estoques de CO e NT em termos de massa equivalente resultaram em

estoques numericamente menores do que aqueles estimados em camada equivalente.

Comparando os resultados obtidos com os dois procedimentos de cálculo percebe-se que os

54

estoques de NT foram discrepantes, não havendo diferença entre os valores de CO obtidos.

Apesar disso, segundo Ellert e Bettany (1995), o procedimento de cálculo baseado na massa

equivalente é indicado quando o uso do solo modifica a massa de solo originalmente presente

na camada amostrada e, consequentemente, possibilita determinar ganhos ou perdas de CO no

solo de determinada área.

2.3.4 Estoques de carbono orgânico e nitrogênio total em massa equivalente

Não houve diferença entre os estoques de CO independente do uso dado ao solo,

quando avaliada a interação uso x camada, nas camadas de 0-10 cm e 10-20 cm, embora na

comparação simples da média destas, os usos diferiram entre si, diferença essa que coincidiu

com à encontrada na camada acumulada (0-20 cm), que representa a soma dos estoques de

CO das camadas de 0-10 cm e 10-20 cm. O valor do estoque de CO no solo com MN foi igual

ao solo com PN e Lav+Pec, e maior do que a área com lavoura (Lav), e não houve diferença

quando correlacionados os solos de PN, Lav+Pec e Lav (Tabela 10).

Percebe-se que a área de referência diferiu da área de Lav, o que é coerente, pois o

resultado concorda com aquele obtido para a média dos teores de CO (0-20 cm) e demonstra

que sistemas menos perturbados, possuem capacidade de maior acúmulo de C em relação aos

sistemas mais perturbados. A área de PN apresentou semelhança entre a área com MN e as

áreas com lavoura (Lav+Pec e Lav). A semelhança entre o estoque de CO na área de PN em

relação à área de referência pode ser explicada, em parte, pelo alto teor de MO verificada

neste solo (Tabela 5), que foram muito similares àqueles encontrados na área de MN. Ainda,

de acordo com Cerri e Moraes (1992), estes dois sistemas possuem uma característica em

comum, que as difere das áreas de lavoura, que se refere à maior quantidade de raízes nestes

dois sistemas, já que as raízes das plantas vivas liberam substâncias orgânicas (rizodepósitos)

que são constituintes da MO. Maior quantidade de MO representa invariavelmente em maior

quantidade de CO. Além disso, os estoques de CO são diretamente influenciados pela

fertilidade destes solos e do tipo de espécies vegetais presentes, e à intensidade de utilização

por pastejo (PILLAR et al. 2009).

Apesar da área com Lav ter diferido em relação à área de referência é importante

salientar que, assim como observado para os teores de CO na média das camadas, altos

55

valores de estoques de CO na camada mais superficial (0-10 cm), especialmente na área de

MN, podem ter contribuído para a diferenciação entre os usos quando considerado os

estoques acumulados. Apesar de não ter havido diferença estatística entre os usos nas

camadas de 0-10 cm e 10-20 cm, em termos numéricos a maior diferenciação em relação à

área de referência ocorreu na camada mais superficial (0-10 cm). Estoques de CO nos usos

PN, Lav+Pec e Lav representaram respectivamente 66,05 %, 58,53 % e 53,57 % em relação à

MN, nesta camada. Enquanto na camada de 10-20 cm para os mesmos usos, nesta mesma

ordem, os valores foram 83,03 %, 71,42 % e 56,58 %.

Houve diferença entre os estoques de NT em todas as camadas avaliadas em função do

uso do solo, sendo que a camada de 0-10 cm apresentou valores superiores à camada de 10-20

cm, o que pode ser verificado na comparação simples da média destas camadas (Tabela 10).

Esta diferenciação é coerente, já que, também para os teores de NT, houve diferença entre os

usos (Tabela 9), sendo que a relação entre estes foi idêntica à encontrada para os estoques de

NT, nas duas camadas avaliadas (0-10 cm e 10-20 cm), e entre o estoque acumulado de NT e

a média dos teores de NT, ou seja, na camada de 0-20 cm, de modo que a discussão referente

àqueles resultados pode ser aplicada também para estes. Maiores estoques de NT na área de

MN na camada de 0-10 cm, também foram observados por Camargo et al. (1999) e se deve

provavelmente, segundo o autor, ao maior volume de resíduos vegetais retornados ao solo e,

também, aos maiores estoques de CO nesses sistemas.

Observa-se que em todas as camadas avaliadas, incluindo-se a camada de 0-20 cm, os

estoques de NT da MN foram superiores às demais áreas (camada de 0-10 cm) ou superior

para algumas áreas e igual a outras, como no caso das camadas de 10-20 cm e de 0-20 cm,

sendo que em todas as camadas os estoques de NT da MN foram superiores aos encontrados

na área com Lav. Em áreas de lavoura, a fonte de N é principalmente da adubação

nitrogenada, sendo que a fixação biológica do N é crítica nos cultivos de leguminosas.

Segundo Siqueira e Franco (1988), cerca da metade do N aplicado no solo na forma de uréia é

absorvido pela cultura (de 45-50 %), e o restante é imobilizado na MOS (de 25-30 %) ou

perdido, principalmente por desnitrificação (20%) e lixiviação (5%). Isso pode explicar os

menores estoques de NT encontrados na área com Lav em comparação à área de referência

(MN). Ainda segundo os autores em solos agrícolas, as perdas de N através da desnitrificação,

que corresponde à redução do NO2- ou NO3

- a nitrogênio gasoso, podem atingir 70% do N

aplicado como fertilizante.

56

Avaliando os estoques de CO e NT em massa equivalente, em relação às duas

camadas estudadas, percebe-se que os resultados coincidiram com aqueles encontrados para

os teores destes elementos. Enquanto que o comportamento dos estoques de CO não diferiram

independe da camada avaliada, para os estoques de NT houve tendência de maior

diferenciação em função dos usos dados ao solo na camada de 0-10 cm, além de maior

acúmulo deste elemento nesta camada (Tabela 10).

57

Tabela 10: Estoques de carbono orgânico (CO) e nitrogênio total (NT) de Latossolo Vermelho distrófico húmico, sob diferentes sistemas de uso, calculados pelos procedimentos de cálculo da massa equivalente e da camada equivalente (1,2,3).

(1)Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, dentro de cada camada de solo, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de significância. (2) MN: mata nativa; PN: pastagem naturalizada; Lav+Pec: integração-pecuária; Lav: lavoura. (3)Média: médio dos teores de CO das camadas 0-10 cm e 10-20 cm.

Uso Estoque CO Estoque NT Estoque CO Estoque NT

Massa Equivalente Camada Equivalente

Camada (cm)

0-10 10-20 Média 0-20 0-10 10-20 0-20 0-10 10-20 Média 0-20 0-10 10-20 Média 0-20

Mg ha-1

MN ns34,05 ns25,75 29,90ª 59,80a 3,76a 2,34a 6,10a ns34,05 ns25,75 ns29,90 ns59,80 ns3,76 ns2,34 ns3,05 ns6,10

PN 22,49 21,38 21,94ab 43,87ab 1,96b 2,02ab 3,98ab 29,63 26,12 27,88 55,75 2,60 2,48 2,54 5,08

Lav+Pec 19,93 18,39 19,16ab 38,32ab 1,95b 1,74ab 3,68b 31,96 25,69 28,82 57,65 3,13 2,42 2,78 5,55

Lav 18,24 14,57 16,41b 32,82b 1,54b 1,43b 2,97b 27,73 20,00 23,87 47,74 2,35 1,96 2,15 4,31

Média **23,68 20,02 43,70 **2,30 1,88 4,19 **30,85 24,39 55,24 **2,96 2,30 5,26

C.V. (%) 28,01 14,96 20,20 26,76 17,18 19,68 21,86 13,84 16,01 22,91 18,34 17,49

57

2.3.5 Relação carbono:nitrogênio do solo

Não houve diferença entre os valores das relações C:N em função dos usos dados ao

solo (Tabela 11). Segundo Buso e Kliemann (2003), a mudança dos teores de CO e/ou de NT

dos solos, pode ser positiva (mineralização de C e N) pela adição de materiais de baixa

relação C:N e/ou fertilizantes nitrogenados minerais, ou negativa (imobilização líquida) pela

adição de materiais de alta relação C:N. O conhecimento deste atributo torna-se importante,

uma vez que segundo Giacomini et al. (2003), a relação C:N tem sido a característica mais

usada para prever a disponibilidade de N no solo durante a decomposição de materiais

orgânicos.

Os valores de relação C:N foram baixos, variando entre 8,94 e 11,81 nas diferentes

camadas (Tabela 11). Valores semelhantes foram obtidos por Campos et al. (2004), que

avaliaram a relação C:N de três áreas: floresta, cana-de-açúcar e pastagem de braquiária em

um Argissolo no estado do Espírito Santo, e obtiveram relações C:N entre 8 e 14.

Nascimento et al. (1993) encontraram relações C:N entre 10 e 12 em sistemas de Cerrados,

culturas e pastagens, em Latossolos com valores de pH ao redor de 5. Coutinho et al. (2010)

avaliaram o perfil de 0-100 cm de solos de áreas de pastagens substituída por

reflorestamento com eucalipto e mata secundária na Mata Atlântica, e obtiveram valores de

relação C:N próximos ao presente trabalho, compreendidos entre 10 e 11.

Estes valores médios são próximos aos observados em grande parte dos solos do

mundo, que variam entre 9 e 13 (BRADY, 1989). Matias et al. (2000) verificando os efeitos

de diferentes sistemas de manejo em solo do Cerrado sob plantio direto, preparo

convencional, área recém-desmatada, e vegetação nativa, encontrou valores de relação C:N,

em todas as áreas, menores que 20 indicando que o processo dominante é a mineralização.

De acordo com Siqueira e Franco (1988) relações C:N menores que 20 indicam que o material

encontra-se em estado bem avançado de humificação, e parte dos nutrientes minerais contidos

no material originalmente depositado, e posteriormente na biomassa, tornam-se disponíveis,

elevando seu nível no solo e sua disponibilidade para as plantas.

59

Tabela 11: Valores de relação C:N de Latossolo Vermelho distrófico húmico, sob diferentes sistemas de uso (1,2).

(1)Médias seguidas de mesma letra nas colunas, dentro de cada camada de solo, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de significância. (2) MN: mata nativa; PN: pastagem naturalizada; Lav+Past: integração lavoura-pecuária; Lav: lavoura.

Uso Relação C:N

Camada (cm)

0-10 10-20 0-20

MN ns8,94 ns10,99 ns9,97

PN 11,55 10,68 11,12

Lav+Pec 10,27 10,64 10,46

Lav 11,81 10,44 11,13

Média ns10,64 10,69 10,58

C.V. (%) 7,98 12,50 8,51

60

3 CONCLUSÃO

1) O uso do solo com lavoura de grãos decresceu o estoque de CO da camada de 0-20

cm, calculado com base na massa equivalente, em relação ao solo com mata nativa. Já os

estoques de CO dos solos com integração lavoura-pecuária e pastagem naturalizada não

diferiram destes outros usos.

2) Os teores e estoques de CO calculados com o procedimento de cálculo baseado na

massa equivalente não diferiram entre as camadas de solo avaliadas.

3) Os diferentes usos do solo não interferiram nos valores de relação C:N.

4) Houve relação direta e positiva entre o aumento de CO e de NT do solo.

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