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    BIODIESEL:

    Uma Aventura Tecnolgicanum Pas Engraado

    Autor:Expedito Jos de S Parente

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    APRESENTAO

    "Quem no sonha no realiza.Quem no ousa no conhece seus limites ! "

    Arquimedes Bastos

    Esta publicao busca resgatar os sonhos e a ousadia de um grupo "cabea chata",que h muito dedica seu tempo na busca de solues plausveis e essenciais ao resgate dadignidade do homem nordestino.

    Caminho trilhado com dificuldades, mas com a certeza clara de que o Biodiesel pode

    ser uma arma poderosa para a independncia energtica nacional, associada gerao deocupao e renda nas regies mais carentes do nordeste brasileiro.

    s vezes nos parece mope a forma brasileira de pensar, pois esse grupo de cientistasinventou o combustvel na dcada de 80, o mundo todo o utiliza, e o Brasil ainda discute se bom para o nosso Pas !

    Um combustvel ecologicamente correto, renovvel e gerador de trabalh o paramilhes de nordestinos seria indesejvel para a nossa realidade? Ou ser que o desejo deimplementar o uso de Biodiesel no pas tem andado no contrafluxo da verdade dos maus?

    A verdade est posta, o uso de Biodiesel uma certeza, cabendo a cada br asileiro,principalmente queles que tm o poder da deciso, unir suas foras numa sinergia do fazerpara o bem de nosso Brasil.

    Senador Alberto Tavares Silva

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    NDICE & CONTEDO

    APRESENTAONDICE & CONTEDOCARTA AO AMEDEO

    PREFCIO DO AUTORSEO 1 ANTECEDNCIAS Era Tropical- A Crise Energtica de 1973- O Programa Nacional do lcool- O Ncleo de Fontes No Convencionais de Energia- steres como leo Diesel- Lanamento Nacional- Primeiros Ensaios de Aplicabilidade- Testes Aprofundados- Matrias Primas Ensaiadas

    - O Querosene Vegetal de Aviao- O Aborto do Diesel Vegetal Brasileiro- Patente PI-8007957

    SEO 2 BIODIESEL: CONCEITOS E CARACTERSTICAS- Conceitos e Terminologia- Caractersticas Bsicas- Propriedades Fsicas- Propriedades Qumicas- Normas Tcnicas- Comentrios Conclusivos

    SEO 3 MATRIAS PRIMAS PARA BIODIESEL

    Fontes de Matrias Primas Hierarquia Mercadolgica Destaques das Matrias Primas de Notrias ImportnciasSEO 4 PROCESSOS DE PRODUO DE BIODIESEL Rota do Processo Preparao da Matria Prima Reao de Transesterificao Separao de Fases Recuperao do lcool da Glicerina Recuperao do lcool dos steres Desidratao do lcool

    Purificao dos steres Destilao da GlicerinaSEO 5 AS CADEIAS PRODUTIVAS DO BIODIESEL O Biodiesel no Plural Destaques e Comentrios

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    SEO 6 SITUAO ATUAL DO BIODIESEL NO MUNDO- Alemanha- Frana- Estados Unidos- Austrlia- Argentina- Malsia- Outros Pases- O Biodiesel na InterNet

    SEO 7 E O BIODIESEL NO BRASIL?- Potencialidades Brasileiras- As Feies Regionais do Biodiesel- Entraves e DificuldadesSEO 8 ASPECTOS ECONMICOS, SOCIAIS E AMBIENTAISDA SUBSTITUIO DE LEO DIESEL POR BIODIESEL NO BRASIL

    Nos Primrdios O Fracionamento do Petrleo Produo e Consumo de leo Diesel no Brasil Modais de Transportes Reflexos Sociais e Econmicos da Substituiodo leo Diesel por Biodiesel no Brasil Sugestes e Recomendaes para a

    Montagem de um Programa NacionalSEO 9 PROGRAMA DE IMPULSO E DIFUSO TECNOLGICA Objetivos do Programa Parceiros no Programa Projetos do Programa

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    Ao Meu Amigo,AMEDEO AUGUSTO PAPA

    Gratido coisa muito sria. E por esta razo que estou deveras aflito,pela dvida e na impotncia de no saber o teu endereo. Mesmo pressentindoque ests no melhor lugar, de um majestoso mosaico energtico, desconfio at seainda possa se ligar s coisas desse nosso Planeta.

    A angstia advm do desejo tolhido de no poder mais conversar contigo, digeriraquelas coisas que muito discutamos. Estavas muito certo, quando na tua tica pragmtica,me convidaste para morar em So Paulo, pois navegar l, seria m uito mais fcil que aqui noCear; quando afirmava que as disparidades regionais influenciariam at nosreconhecimentos do que se faz, nas notcias, nos resultados, e em muitas outras coisas;quando prenunciava a existncia, de muitos ladres de idias e d e oportunidades, que ocorporativismo existia em quase tudo, como uma perversa realidade. No nosso convvio,muitas outras idias afloravam de tua mente privilegiada, impregnando -me com a tuasabedoria.

    Lembras daquele meu filho que voc conheceu muito pe quenino, aquele que foifeito no Dia dos Pais e nasceu no Dia das Mes? O Expedito Jnior cresceu e se feztambm engenheiro qumico, porm numa verso muito melhorada, bastante aperfeioada.Ele chegou recentemente da Europa, onde recebeu um up grade , ainda em seu curso degraduao, sendo hoje, meu scio e companheiro, nessa persistente aventura tecnolgica.

    Algum dia, quando eu tiver que me reunir contigo, dando as notcias ao vivo, ele mesubstituir. Ser to fantstico, quanto fascinante! Com certeza a natureza me fez umhomem muito feliz, e nessa condio que adquiri as foras para o trabalho persistente.

    Mas, o que eu mais queria te dizer, que o BIODIESEL DEU CERTO NOMUNDO E VAI DAR CERTO NO BRASIL. O NEGCIO DO TAMANHO QUE AGENTE IMAGINAVA! E, meu irmo, tu fazes parte dessa histria. Jamais posso esquecerdo dia em que tu depositaste na minha conta bancria, o dinheiro para construir a primeira

    planta de biodiesel do mundo, sem juros, sem retorno monetrio, sem documento,escondido, apostando mesmo. Dizia -me: No digas nada a ningum, pois na condio de

    banqueiro, jamais posso permitir que escrevam na minha testa, que sou louco, nem

    tampouco, irresponsvel.

    envolvido nesse sentimento de gratido que gostaria de expressar o nosso mu itoobrigado pois envolve tambm a gratido de milhes de famlias que se ocuparo dosmilhes de hectares de lavoura, com renda digna, emergindo do estado de misria. Elas nosenchero com mais energias, no s de biodiesel, mas daquela energia que nos p ermiteocupar os melhores espaos eternos.

    Do teu scio, parceiro e amigo,

    Expedito Jos de S Parente

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    PREFCIO DO AUTOR

    O tema BIODIESEL, vem sendo fermentado no Brasil desde a sua inoculao em1980, no Cear. Aps um aparente perodo de dorm ncia, o processo voltou ao seu estadofermentativo, agora com muito mais vigoroso. Enfim, o produto havia sido degustado naEuropa e nos Estados Unidos.

    As foras do momento, tem evidenciado o BIODIESEL como um dos energticosmais importantes, aguando a curiosidade de um contigente enorme de pessoas que se

    preocupam no s com os assuntos energticos, mas tambm com os temas econmicos,sociais e ambientais.

    Ns que estamos no cerne do propalado tema, atravs da conduo do Programa deImpulso e Difus o Tecnolgica do Biodiesel, temos sido insistentemente e a todomomento, inquiridos a prestar informaes e esclarecimentos sobre esse aparente novo

    biocombustvel.

    Essa avalanche de curiosidades foi a principal motivao para esta publicao, feitacom muita pressa, num final de semana. A obra, apesar de ser considerada por demaisresumida, face ao grande volume de informaes, foi elaborada a partir de anotaes

    pessoais acumuladas nos j quase 25 anos de vivncia no assunto.Ao longo dessa nossa persi stente caminhada, temos conquistado muitos amigos,

    parceiros e apoiadores. A incluso do Grupo SANTANA, na Confraria do Biodiesel,constituiu-se um acontecimento, no s importante, quanto auspicioso, de um lado, pelotrabalho que eles realizam tradicional mente no domnio da produo de sementes, e dooutro, porque resolveram ingressar, com muita firmeza, no universo do biodiesel, tomandoinclusive a iniciativa de patrocinar esta publicao, apesar da grfica da Cmara Federal teroferecido os seus prstimos..

    Como a minha cidade, Fortaleza, a capital do humor, o ttulo dessa publicao nopoderia deixar de ser revestido do humor irreverente, caracterstico do cearense. Para umapossvel segunda edio, na carona das intenes originais do ttulo, um gra nde elenco defatos engraados e curiosos, devero ser inseridos no livro, que dever ser melhor ilustrado,

    pois ser destinado ao grande pblico.

    Em, Fortaleza, CE, 30 de Maro de 2003

    Expedito Jos de S [email protected]

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    Seo 1ANTECEDNCIAS

    Uma seqncia de fatos e acontecimentos configuraram o cenrio, no qual foimotivado, concebido e desenvolvido o BIODIESEL, originalmente entitulado dePRODIESEL. Tais fatos sero apresentados e comentados, a seguir:ERA TROPICAL

    H muito tempo, muito no passado, passado mesmo, o Homem vivia empaz com a Natureza. O fogo era tido como coisa do Cu, pois dos raios que elesurgia. As chamas, vindas das tempestades, eram at mesm o, uma espcie de

    materializaes dos cares dos deuses. O Homem convivia com a Natureza,numa condio de quase equilbrio, pois a populao era insignificante e aspessoas eram muito mais instintivas que racionais.

    Ainda nas cavernas, de repente, o Hom em dominou a arte de fazer o fogo,e da, se fez Deus. Ficou marcada, assim, o incio da Era da Lenha, a consideradaprimeira era energtica, que perdurou por muitos e muitos sculos.

    As populaes e as inovaes cresciam ao ritmo dos milnios, quando osminerais passaram a ser percebidos como fontes de utilidades. Ento, o carvomineral e os metais comearam a participar do cotidiano humano. O Homem que

    se fez Deus, passou a agir como Tal. Foi assim estabelecida a Era do Carvo queperdurou por alguns outros sculos.

    Quase que de repente, no faz muito tempo, h cerca de 250 anos, aspessoas passaram a se organizar em fbricas, para produzir, em massa, os maisvariados objetos, iniciando -se assim a chamada Revoluo Industrial. A principalmotivao de via-se aos acentuados aumentos populacionais, especialmenteaglomeradas em centros urbanos. A magnitude das populaes constitua omercado consumidor e a aglomerao urbana exigia a oferta da ocupao erenda.

    Tecnicamente oportuno, o petrleo, chamado d e ouro negro, ento, veiopara ficar at a exausto de suas reservas ou da prpria natureza, a primeira queacontecer. Pela sua elevada densidade energtica, duas vezes a do melhorcarvo mineral, e ademais, com a vantagem de ser lquido, muito mais facilm entetransportvel, o petrleo passou a ser, no s a fonte de todos os combustveislquidos, mas tambm, a matria prima de uma grande parte dos produtos, ditosmodernos. Estabeleceu-se assim a Era do Petrleo. Da, nos ltimos 100 anos, ahumanidade exp erimentou bruscas e extraordinrias transformaes,surpreendendo, no dia a dia, os mais iluminados leitores de futuro.

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    Muitos e extraordinrios recursos foram investidos em todos os elos dacadeia produtiva do petrleo, desde a sua prospeo at as uti lizaes finais dos

    combustveis e produtos derivados. Os mais variados tipos e modelos de veculoslotaram as ruas e as estradas, as mquinas substituram as pessoas, e os cusencheram-se de fumaa.

    Inserida na Era do Petrleo est a Energia Atmica qu e apesar da suaexuberncia quanto densidade energtica, muitas restries so impostas, Olixo atmico que tem sido bastante condenado pelos ambientalistas, os riscos deacidentes com possibilidades de assumir propores catastrficas, as razesestratgicas de no proliferao de armas atmicas, e at mesmo, o atual receiode aes terroristas, constituem os pontos fracos que freiam uma maiordisseminao das centrais nucleares para a produo de energia.

    Os combustveis oriundos da biomassa, como o b iodiesel e o lcool, com a

    capacidade de substituir, em parte, os combustveis veiculares, constituem uma outrainsero energtica na Era do Petrleo, todavia ainda de forma insipiente, sendo por demaisimportante como uma extraordinria e fantstica expe rimentao de futuro. Da mesmaforma, em lampejos, a energia elica e a energia fotovoltica.

    O Sol a fonte de todas as energias que se manifestam no Planeta Terra. Asenergias dos ventos, das mars, da biomassa, entre outras, advm da energia radiante doSol. Constitui exceo regra, a energia nuclear, que mais antiga, advindo da prpriaformao da matria.

    por essa e outras razes que as regies tropicais devero, doravante, assumir umimportante papel de suprir o mundo com energia, ao mesmo te mpo que limpar as seqelasatmosfricas causadas pela queima dos combustveis fsseis, inicializando assim, o que

    poderia ser apropriadamente designada por ERA TROPICALA CRISE ENERGTICA DE 1973

    Os acelerados e incontidos aumentos dos preos do petr leo, iniciados em 1973,gerou uma nova conscincia mundial a respeito da produo e consumo de energia,especialmente quando originria de fontes no renovveis, como o caso dos combustveisfsseis.

    O ano de 1973 representou um verdadeiro marco na hist ria energtica do Planeta,pois o homem passou a valorizar as energias, posicionando-as em destaque com relao aosbens de sua convivncia.

    No mundo todo, muitos esforos foram dedicados superao da crise, os quais

    incidiram, basicamente, em dois grupos de aes: (a) conservao ou economia de energia;(b) usos de fontes alternativas de energia.

    Muitos e extraordinrios recursos foram investidos em todos os elos dacadeia produtiva do petrleo, desde a sua prospeo at as uti lizaes finais dos

    combustveis e produtos derivados. Os mais variados tipos e modelos de veculoslotaram as ruas e as estradas, as mquinas substituram as pessoas, e os cusencheram-se de fumaa.

    Inserida na Era do Petrleo est a Energia Atmica qu e apesar da suaexuberncia quanto densidade energtica, muitas restries so impostas, Olixo atmico que tem sido bastante condenado pelos ambientalistas, os riscos deacidentes com possibilidades de assumir propores catastrficas, as razesestratgicas de no proliferao de armas atmicas, e at mesmo, o atual receiode aes terroristas, constituem os pontos fracos que freiam uma maiordisseminao das centrais nucleares para a produo de energia.

    Os combustveis oriundos da biomassa, como o b iodiesel e o lcool, com a

    capacidade de substituir, em parte, os combustveis veiculares, constituem uma outrainsero energtica na Era do Petrleo, todavia ainda de forma insipiente, sendo por demaisimportante como uma extraordinria e fantstica expe rimentao de futuro. Da mesmaforma, em lampejos, a energia elica e a energia fotovoltica.

    O Sol a fonte de todas as energias que se manifestam no Planeta Terra. Asenergias dos ventos, das mars, da biomassa, entre outras, advm da energia radiante doSol. Constitui exceo regra, a energia nuclear, que mais antiga, advindo da prpriaformao da matria.

    por essa e outras razes que as regies tropicais devero, doravante, assumir umimportante papel de suprir o mundo com energia, ao mesmo te mpo que limpar as seqelasatmosfricas causadas pela queima dos combustveis fsseis, inicializando assim, o que

    poderia ser apropriadamente designada por ERA TROPICALA CRISE ENERGTICA DE 1973

    Os acelerados e incontidos aumentos dos preos do petr leo, iniciados em 1973,gerou uma nova conscincia mundial a respeito da produo e consumo de energia,especialmente quando originria de fontes no renovveis, como o caso dos combustveisfsseis.

    O ano de 1973 representou um verdadeiro marco na hist ria energtica do Planeta,pois o homem passou a valorizar as energias, posicionando-as em destaque com relao aosbens de sua convivncia.

    No mundo todo, muitos esforos foram dedicados superao da crise, os quais

    incidiram, basicamente, em dois grupos de aes: (a) conservao ou economia de energia;(b) usos de fontes alternativas de energia.

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    O PROGRAMA NACIONAL DO LCOOL

    O Brasil, na qualidade de paraso da biomassa, implementou o Programa Nacionaldo lcool - PNA para abastecer com o etanol, de forma extensiva, veculos movidos gasolina.

    A motivao original do direcionamento do lcool para fins carburantes no Brasilfoi a crise no mercado internacional do acar, que coincidentemente aconteceu quando ocenrio era da escassez de petrleo, e j se sabia, de experincias antigas da qualidade doetanol como combustveis de motores de ignio.

    Entre alguns acertos no meio de vrios erros, o PNA apresentou um saldo positivo,

    pois as metas, apesar de muito ambiciosas, foram atingidas e superadas, demonstrando,sobretudo, o valor das potencialidades da biomassa no Brasil. Lamentavelmente, o lcool um combustvel de elite, pois se destina a veculos leves, de passeio, e ademais, houve umaexagerada invaso da fronteira agrcola alimentar pelos supe r extensivos canaviais. A

    proliferao, perversa e indiscriminada, da figura do bia fria descompromissada dasresponsabilidades sociais, foi um outro ponto fraco relevante do Pr lcool.

    NCLEO DE FONTES NO CONVENCIONAIS DE ENERGIA DA UNIVERSIDADEFEDERAL DO CEAR

    No intuito de estudar, pesquisar e desenvolver novos processos, com base na

    biomassa, foi criado na Universidade Federal do Cear, o Ncleo de Fontes NoConvencionais de Energia, congregando o interesse de vrios pesquisadores vocacionado spara biotecnologia, disponveis na instituio.

    Aquele movimento, alm de oportuno, foi por demais importante, pois gerou e fezgerar uma moderna e slida conscincia, no meio acadmico local e nacional, sobre o usoda biomassa para fins energtico e alimentar.

    Eventos cientficos e tecnolgicos aconteceram em Fortaleza, destacando -se umSeminrio Internacional de Biomassa, realizado em 1978, quando reuniram -se em palestrase em grupos de trabalho, as mais destacadas autoridades nacionais e internacion ais no

    mundo da pesquisa da biomassa energtica. Melvin Calvin, renomado cientista americano,Prmio Nobel de Qumica, entre outras personalidades, abrilhantaram o evento, deixando olegado de seus conhecimentos e experincias.STERES COMO LEO DIESEL

    Vrias so as possibilidades de se produzir um combustvel capaz de movimentarum motor diesel. Com certeza, a proposta mais importante de um novo combustvel foifeita em Fortaleza, onde foi concebido um sucedneo vegetal para o leo diesel do petrleo,que na poca foi denominado de PRODIESEL.

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    Quimicamente o novo combustvel constitudo por uma mistura de steres linearesde cidos graxos, obtidos a partir de leos vegetais, atravs de uma reao denominada detransesterificao, onde o metanol (ou etanol) o coadjuvante do processo.

    LANAMENTO NACIONAL

    No dia 30 de outubro de 1980, anunciamos a descoberta do PRODIESEL no Centrode Convenes de Fortaleza, onde se fizeram presentes como convidados do entoGovernador Virglio Tvora, as seguintes personalidades: Aureliano Chaves (Presidente daRepblica em exerccio e Presidente da Comisso Nacional de Energia), Cesar Cals deOliveira (Ministro das Minas e Energia), Dlio Jardim de Matos (Ministro daAeronutica), Senador Alberto Tavares Silva, Diretores de empresas fabricantes de motoresdiesel e de montadoras de veculos (Mercedes Benz, Saab -Scania, MWM, Volkswagen,Ford, General Motors, etc.), vrias outras figuras destacadas no mundo poltico, econmicoe financeiro do Brasil.

    PRIMEIROS ENSAIOS DE APLICABILIDADE

    O lanamento do PRODIESEL, somente foi feito aps exaustivos testes deaplicabilidade realizados ao longo dos anos de 1979 e 1980. Participaram dos ensaios, deforma isolada e independente, as seguintes institui es: NUTEC Fundao Ncleo de

    Tecnologia Industrial, Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Cear,Departamento de Transporte da COELCE Companhia de Eletricidade do Cear e CTA Centro Tcnico Aeroespacial do Ministrio da Aeronutica.TESTES APROFUNDADOS

    Ao longo do segundo semestre de 1981 e durante quase todo o ano de 1982, foramremetidos para os fabricantes de motores diesel, cerca de 300 mil litros de PRODIESEL,em cotas destinadas a todos os fabricantes de motores e veculos do ciclo diesel operandono Brasil.

    Para agilizar as fabricaes sistemticas do novo combustvel, foi criada umaempresa que se estabeleceu em Fortaleza, cuja razo social era PROERG Produtora deSistemas Energticos Ltda., que implantou uma unidade piloto indu strial com a capacidade

    produtiva de 200 litros por hora de biodiesel. A referida planta piloto foi financiada pelaFINEP Financiadora de Estudos e Projetos e recebeu apoio do Ministrio da Aeronutica.MATRIAS PRIMAS ENSAIADAS

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    Diversificadas matrias primas foram empregadas na produo do diesel vegetal,onde se incluem os leos de soja, de babau, de amendoim, de algodo, de colza, de

    girassol, de dend, entre outras.Um fato curioso e pitoresco que merece destaque foi a produo de diesel vegetal a

    partir de leo de semente de maracuj, por encomenda da AGROLUSA Agro-industrialLuiz Guimares SA, que produzia grandes quantidades de suco desta fruta. Foi estabelecidoum programa de produo de 1.000 litros por semana durante 6 meses. O biodiesel d emaracuj movimentou a frota daquela empresa durante todo um semestre. Com o fim dasexperincias, foram identificados usos mais nobres para o leo de maracuj, o qual foisugerido o seu direcionamento para a indstria de cosmticos, cujos preos eram mui tomais compensadores.

    Uma outra experincia interessante se deveu ao processamento de uma partida de200 litros de leo de peixe proveniente da Blgica, matria prima enviada pela DeSmet,provavelmente na poca, a maior e mais famosa empresa especializad a no fornecimento deequipamentos para extrao de leos vegetais. Como a matria prima era originria de

    peixes, foi produzido assim, de forma indita, leo diesel animal, o qual fez funcionarmuito bem um motor diesel, semelhana dos leos diesel de origem vegetal.QUEROSENE VEGETAL DE AVIAO

    De um pacto que celebramos com o Tenente Brigadeiro Dlio Jardim de Matos(Ministro da Aeronutica), desenvolvemos na PROERG um sucedneo vegetal do

    querosene de aviao. Aquele projeto de pesquisa foi o sustent culo de todas as atividadesda PROERG.

    No final de 1982, o querosene vegetal para avies jato estava pronto, recebendo adenominao de PROSENE. Aps exaustivos testes em turbinas, em bancada, ocombustvel foi aprovado e homologado pelo CTA Centro T cnico Aeroespacial, e, nodia 23 de outubro de 1983, Dia do Aviador, uma aeronave nacional, turbo hlice, de marcaBandeirante, decolou de So Jos dos Campos para sobrevoar Braslia. A patentehomologada do novo combustvel foi doada para o Ministrio da Aeronutica, valendo parao autor, por Portaria Ministerial e Decreto Presidencial, uma honrosa comenda, a Medalhado Mrito Aeronutico.

    O desenvolvimento do querosene vegetal de avio foi algo muito importante para odesenvolvimento do leo diesel v egetal, no somente por viabilizar o completo apoio doCTA, mas sobretudo por conferir aos dois novos combustveis, conjuntamente, umelevadssimo rigor tecnolgico.O ABORTO DO DIESEL VEGETAL BRASILEIRO

    Findo o compromisso com o Ministrio da Aeronutica, com a misso cumprida apropsito do desenvolvimento do PROSENE, todo o acervo de

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    equipamentos da PROERG foi transferido para a sede do CTA em So Jos dosCampos, So Paulo.

    E, por vrias razes, incluindo -se a diminuio dos preos do petrleo e odesinteresse da PETROBRAS, as atividades de produo experimental de leo diesel

    vegetal, o ento PRODIESEL, foram paralisadas.Alguns modelos para a viabilizao do leo diesel vegetal foram propostos, todavia

    no houve nenhuma ressonncia por parte de que m poderia decidir. A produo de leodiesel vegetal a partir de leos oriundos de sementes oxidadas, por exemplo, quecorresponde a cerca de 3% do total processado no Brasil poderia ser vivel, considerando o

    baixo preo da matria prima. Outra alternativ a vivel seria a produo de leo dieselvegetal em sistemas integrados em regies remotas, pois sabe -se que o custo de transportesdo leo diesel mineral para tais regies pode atingir valores exorbitantes.

    De qualquer forma a inteno de se produzir le o diesel vegetal no Brasil foi

    abortada. O mesmo no aconteceu em outros pases, principalmente na Europa e Amricado Norte onde o assunto prosperou.

    PATENTE PI 8007957

    Foram requeridas ao INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial, em1980, duas patentes de inveno, das quais uma foi homologada. A Patente PI 8007957, de 1980, foi a primeira patente, a nvel mundial, do biodiesel e doquerosene vegetal de aviao, a qual entrou em domnio pblico, pelo tempo edesuso. Infelizmente, os pase s subdesenvolvidos no tm o hbito de possuirtecnologia, pois esto sempre comprando essa preciosa mercadoria. E, mais umavez, lamenta-se a inexistncia do apoio de quem, por lei e direitos exclusivistas,concentrava os interesses nos negcios de combustveis no Brasil.

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    Seo 2

    BIODIESEL:CONCEITOS E CARACTERSTICAS

    CONCEITOS E TERMINOLOGIA

    Antes de abordar os diversos aspectos atuais concernentes produo e ao consumodo biodiesel, torna-se conveniente apresentar os seguintes conceitos:Biodiesel

    Pelo menos 5 (cinco) so as alternativas possveis de combustveis que podem serobtidos da biomassa, potencialmente capazes de fazer funcionar um motor de ignio porcompresso. A experincia tem demonstrado que a alternativa mais vivel tem sido oBIODIESEL.

    O que tem sido denominado de BIODIESEL, um combustvel renovvel,biodegradvel e ambientalmente correto, sucedneo ao leo diesel mineral, constitudo deuma mistura de steres metlicos ou etlicos de cidos graxos, obtidos da rea o detransesterificao de qualquer triglicerdeo com um lcool de cadeia curta, metanol ouetanol, respectivamente.

    Ecodiesel

    Combustvel obtido da mistura de biodiesel e leo diesel mineral, empropores ajustadas de forma que a mistura resultante, qu ando empregada nacombusto de motores diesel, minimize os efeitos nocivos ambientais.

    oportuno salientar que a diferenciao conceitual entre biodiesel e ecodiesel, advm dasvantagens ecolgicas que o biodiesel, como coadjuvante em misturas, induz ao diesel mineral,uma melhoria das suas caractersticas quanto as emisses para a atmosfera dos gases resultantesda combusto.

    As misturas Biodiesel / Diesel Mineral costumam receber um atributo emsua designao. O EcoDiesel B -20, por exemplo, corresponde a uma misturacontendo 20% em volume de biodiesel. O biodiesel puro, freqentemente tem sidodenominado de B-100).

    CARACTERSTICAS BSICASDE UM COMBUSTVEL DIESEL

    A viabilidade tcnica de um combustvel para motores diesel deve ser vistasob os seguintes grupos de fatores:

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    CombustibilidadeImpactos Ambientais das Emisses

    Compatibilidade ao Uso

    Compatibilidade ao ManuseioA combustibilidade de uma substncia, proposta como um combustvel, diz

    respeito ao seu grau de facilidade em realizar a combust o no equipamento naforma desejada, na produo de energia mecnica mais adequada. Em motoresdiesel a combustibilidade relaciona -se as seguintes propriedades essenciais docombustvel: poder calorfico e o ndice de cetano. A viscosidade cinemtica e atenso superficial, pelo fato de definirem a qualidade de pulverizao na injeodo combustvel, participam tambm como fatores de qualidade na combusto.

    Os impactos ambientais das emisses constituem uma caracterstica bsica

    importante pois a fauna e a flora precisam ser preservadas. O teor de enxofre e dehidrocarbonetos aromticos, alm da combustibilidade, so caractersticasimportantes inerentes aos impactos das emisses.

    A compatibilidade ao uso diz respeito a longevidade, no somente do motorcomo do seus entornos, representada pela lubricidade e pela corrosividade, sendoesta ltima, definida principalmente pelo teor de enxofre e pela acidez docombustvel.

    A compatibilidade ao manuseio, diz respeito aos transportes, aosarmazenamentos e a distribuio do combustvel, sendo a corrosividade, a toxidez

    e o ponto de fulgor as propriedades mais importantes. No inverno dos pases maisfrios, o ponto de fluidez torna -se tambm uma importante propriedade, sinalizandopara a adio de aditivos anticongelantes.

    As caractersticas fsicas e qumicas do biodiesel so semelhantes entre si,independentemente de sua origem, isto , tais caractersticas so quase idnticas,independente da natureza da matria prima e do agente de transesterificao, seetanol ou metanol.

    O biodiesel oriundo do leo de mamona foge um pouco dessa regra no quediz respeito viscosidade. No entanto, as demais propriedades so inteiramenteeqivalentes. Todavia, o uso do biodiesel de mamona em misturas com o leodiesel mineral constitui um artifcio para corrigir tal distoro. Alm disso, estudosmostram que a lubricidade do biodiesel de mamona a maior, entre os produzidosa partir de outras matrias primas.

    PROPRIEDADES FSICAS:

    Viscosidade e Densidade

    As propriedades fluidodinmicas de um combustvel, importantes no que diz respeito aofuncionamento de motores de injeo por compresso (motores

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    diesel), so a viscosidade e a densidade. Tais propriedades exercemgrande influncia na circulao e injeo do combustvel.

    Afortunadamente, as propriedades fluidodinmicas do biodiesel,independentemente de sua origem, assemelham -se as do leo diesel mineral,significando que no necessrio qualquer adaptao ou regulagem no sistemade injeo dos motores.

    Lubricidade

    A lub ricidade uma medida do poder de lubrificao de uma substncia,sendo uma funo de vrias de suas propriedades fsicas, destacando aviscosidade e a tenso superficial.

    Diferentemente dos motores movidos a gasolina, os motores a leo dieselexigem que o combustvel tenha propriedades de lubrificao, especialmente, emrazo do funcionamento da bomba, exigindo que o lquido que escoa lubrifiqueadequadamente as suas peas em movimento.Ponto de Nvoa e de Fluidez

    O ponto de nvoa a temperatura em que o lquido, por refrigerao,comea a ficar turvo, e o ponto de fluidez a temperatura em que o lquido nomais escoa livremente.

    Tanto o ponto de fluidez como o ponto de nvoa do biodiesel variamsegundo a matria prima que lhe d eu origem, e ainda, a o lcool utilizado nareao de transesterificao.

    Estas propriedades so consideradas importantes no que diz respeito temperatura ambientes onde o combustvel deva ser armazenado e utilizado.Todavia, no Brasil, de norte a sul, as temperaturas so amenas, constituindonenhum problema de congelamento do combustvel, sobretudo porque pretende -se usar o biodiesel em mistura com o leo diesel mineral.Ponto de Fulgor

    a temperatura em que um lquido torna -se inflamvel em presen a deuma chama ou fasca. Esta propriedade somente assume importncia no que dizrespeito segurana nos transportes, manuseios e armazenamentos.

    O ponto de fulgor do biodiesel, se completamente isento de metanol ouetanol, superior temperatura ambi ente, significando que o combustvel no inflamvel nas condies normais onde ele transportado, manuseado earmazenado, servindo inclusive para ser utilizado em embarcaes.

    Poder Calorfico

    diesel), so a viscosidade e a densidade. Tais propriedades exercemgrande influncia na circulao e injeo do combustvel.

    Afortunadamente, as propriedades fluidodinmicas do biodiesel,independentemente de sua origem, assemelham -se as do leo diesel mineral,significando que no necessrio qualquer adaptao ou regulagem no sistemade injeo dos motores.

    Lubricidade

    A lub ricidade uma medida do poder de lubrificao de uma substncia,sendo uma funo de vrias de suas propriedades fsicas, destacando aviscosidade e a tenso superficial.

    Diferentemente dos motores movidos a gasolina, os motores a leo dieselexigem que o combustvel tenha propriedades de lubrificao, especialmente, emrazo do funcionamento da bomba, exigindo que o lquido que escoa lubrifiqueadequadamente as suas peas em movimento.Ponto de Nvoa e de Fluidez

    O ponto de nvoa a temperatura em que o lquido, por refrigerao,comea a ficar turvo, e o ponto de fluidez a temperatura em que o lquido nomais escoa livremente.

    Tanto o ponto de fluidez como o ponto de nvoa do biodiesel variamsegundo a matria prima que lhe d eu origem, e ainda, a o lcool utilizado nareao de transesterificao.

    Estas propriedades so consideradas importantes no que diz respeito temperatura ambientes onde o combustvel deva ser armazenado e utilizado.Todavia, no Brasil, de norte a sul, as temperaturas so amenas, constituindonenhum problema de congelamento do combustvel, sobretudo porque pretende -se usar o biodiesel em mistura com o leo diesel mineral.Ponto de Fulgor

    a temperatura em que um lquido torna -se inflamvel em presen a deuma chama ou fasca. Esta propriedade somente assume importncia no que dizrespeito segurana nos transportes, manuseios e armazenamentos.

    O ponto de fulgor do biodiesel, se completamente isento de metanol ouetanol, superior temperatura ambi ente, significando que o combustvel no inflamvel nas condies normais onde ele transportado, manuseado earmazenado, servindo inclusive para ser utilizado em embarcaes.

    Poder Calorfico

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    O poder calorfico de um combustvel indica a quantidade de energiadesenvolvida pelo combustvel por unidade de massa, quando ele queimado. Nocaso de um combustvel de motores, a queima significa a combusto no

    funcionamento do motor.

    O poder calorfico do biodiesel muito prximo do poder calorfico do leodiesel mineral. A diferena mdia em favor do leo diesel do petrleo situa -se naordem de somente 5%. Entretanto, com uma combusto mais completa, obiodiesel possui um consumo especfico eqivalente ao diesel mineralndice de Cetano

    O ndice de o ctano ou octanagem dos combustveis est para motores dociclo Otto, da mesma forma que o ndice de cetano ou cetanagem est para osmotores do ciclo Diesel. Portanto quanto maior for o ndice de cetano de umcombustvel, melhor ser a combusto desse combustvel num motor diesel.

    O ndice de cetano mdio do biodiesel 60, enquanto para o leo dieselmineral a cetanagem situa -se entre 48 a 52, bastante menor, sendo esta a razopelo qual o biodiesel queima muito melhor num motor diesel que o prprio leodiesel mineral.

    PROPRIEDADES QUMICAS

    Teor de EnxofreComo os leos vegetais e as gorduras de animais no possuem enxofre, o

    biodiesel completamente isento desse elemento. Os produtos derivados doenxofre so bastante danoso ao meio ambiente, ao motor e seus pertences.

    Depreende-se que o biodiesel um combustvel limpo, enquanto o dieselmineral, possuindo enxofre, danifica a flora, a fauna, o homem e o motor.Poder de Solvncia

    O biodiesel, sendo const itudo por uma mistura de steres de cidoscarboxlicos, solubiliza um grupo muito grande de substncias orgnicas,incluindo-se as resinas que compem as tintas. Dessa forma, cuidados especiaiscom o manuseio do biodiesel devem ser tomados para evitar da nos pintura dosveculos, nas proximidades do ponto ou bocal de abastecimento.

    NORMAS TCNICAS

    Na Europa a normalizao dos padres para o biodiesel estabelecidapelas Normas DIN 14214. Nos Estados Unidos a normalizao emana dasNormas ASTM D-6751.

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    As normas europias e americanas determinam valores para aspropriedades e caractersticas do biodiesel e os respectivos mtodos para asdeterminaes. Tais caractersticas e propriedades determinantes dos padres

    de identidade e qualidade do biodiesel , contemplados pelas normas ASTM e DIN,so:

    Ponto de FulgorTeor de gua e Sedimentos

    ViscosidadeCinzas

    Teor de EnxofreCorrosividade

    Nmero de CetanoPonto de Nvoa

    Resduo de CarbonoNmero de Acidez

    Teor de Glicerina TotalTeor de Glicerina Livre

    Temperatura de Destilao para 90% de Recuperao

    Os mtodos de anlise para Biodiesel so os mesmo do Diesel, comexceo do Teor de Glicerinas Total e Livre, que o mtodo de anlise porcromatografia gasosa orientado pela Normas ASTM D-6584.

    No Brasil ainda no existe uma norma tcnica prpria para asespecificaes do biodiesel, fato este que tem retardado a homologao docombustvel. Nas vrias palestras e pronunciamentos realizados, a equipe daTECBIO tem sugerido a adoo, mesmo que provi soriamente, de uma normaestrangeira, seja a DIN ou a ASTM, para orientar a produo do biodiesel noBrasil. No entanto, o academicismo, associado ao preciosismo brasileiro, temretardado demasiadamente a implementao de um programa nacional debiodiesel.

    A longa experincia da equipe da TECBIO - Tecnologias BioenergticasLtda, inclusive com a utilizao extensiva de biodiesel puro (>300 mil litros),

    produzido das mais distintas matrias primas, permite fazer os seguintecomentrios sobre a questo das especificaes para os steres lineares graxos,metlicos ou etlicos, para aplicaes em motores do ciclo diesel:Algumas caractersticas para o biodiesel requeridas nas normas, sob o ponto de vista prticoe objetivo, so incuas, servindo apenas para conferir os fatores de identidade do produto,

    para evitar indevidas adulteraes. Desnecessrio seria a determinao do teor de enxofre,se no fora as possibilidades de adulteraes ou de contaminaes de alguns tipos dematrias primas, como os leosresiduais de frituras e de esgotos, pois o leo vegetal jamaiscontm enxofre. Seria tambem dispensvel a determinao da viscosidade cinemtica do

    biodiesel, pois a faixa de viscosidades do biodiesel,

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    - independentemente das materias primas de origem, enqu adram-se na faixa deviscosidades dos leos diesel oferecidos no mercado, e ademais, a lubricidadede qualquer biodiesel supera, em muito, a lubricidade do leo diesel.

    Semelhantemente, o nmero de cetano do biodiesel, independentemente damatria prima de origem, sempre maior que 60, muito superior ao ndice decetano do melhores leos diesel oferecidos no mercado, em mdia ao redor de48.

    - No tem nenhum sentido, para o biodiesel, o valor da temperatura equivalentepara destilar 90% do produto. Este teste bastante vlido para o leo diesel dopetrleo, cujas caractersticas dependem da distribuio dos hidrocarbonetosno produto. Para o biodiesel, obtido de grande parte de matrias primas, chegaa ser at impossvel, a realizao desse teste, uma vez que, nas temperaturaselevadas do teste, o produto se polimeriza ou se decompe, invalidando osresultados.

    - O ponto de nvoa, no Brasil, no tem importncia, uma vez que o pas noexperimenta temperaturas ambientais que possam solidificar o biodiesel, eademais, a previso de curto e mdio prazo, a utilizao do biodiesel emmistura com o leo diesel mineral, na proporo mxima de 20%.

    - Enfim, o biodiesel quando adequadamente produzido, sempre deve superar asespecificaes contidas nas normas, qu e encontram a sua maior utilizadade,com instrumento de fiscalizao contra adulteraes do produto.

    Outrossim, so muito importantes para o biodiesel as realizao e o

    comprimento das seguintes especificaes:

    gua e SedimentosCinzas

    Glicerina Total e LivreResduo de Carbono

    AcidezCorrosividade

    Em princpio, e a experincia prtica demonstra que a corrosividade dobiodiesel neutro zero, e que, com acidez elevada o biodiesel apresenta -se comocorrosivo, existindo uma correlao entre o nmero de acidez e a corrosividade.

    Por outros lado, em certas circunstncias, existem convenincias prticas eeconmicas em direcionar o processo de produo de biodiesel, de forma queresulte um produto com um nmero de acidez consideravelmente elevado,comprometendo a sua corrosividade na forma pura (B -100). No entanto, diluindo -se o diesel mineral com esse biodiesel ao nvel de at 20%, a corrosividadepoder se ajustar a um valor da corrosividade aceitvel, e nestes casos, sugere-seque os testes de corrosivid ade lmina de cobre seja realizado, no com obiodiesel puro, mas com a mistura biodiesel/diesel mineral.

    Portanto, torna-se importante ressaltar que, sob o ponto de vista objetivo, o teste da

    corrosividade deve ser feito nas condies de uso do combustvel, isto ,

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    utilizando como amostra a mistura biodiesel diesel mineral, na proporo em quefor empregada.

    Tambm, pelas mesmas razes, os limites aceitveis para o nmero deacidez do biodiesel deva ser relacionado com a proporo de incorpora o dobiodiesel ao diesel, compondo o combustvel. O fator que dever ser utilizado parao balizamento dos nveis limites de acidez dever ser a corrosividade dasmisturas, e at mesmo com a viscosidade.COMENTRIOS CONCLUSIVOS

    Pelas semelhanas de propri edades fluidodinmicas e termodinmicas, o biodiesel eo diesel do petrleo possuem caractersticas de completa equivalncia, especialmente vistassob os aspectos de combustibilidade em motores do ciclo diesel.

    Portanto, os desempenhos e os consumos so p raticamente equivalentes, e ainda,que no h necessidade de qualquer modificao ou adaptao dos motores para funcionarregularmente com um ou com o outro combustvel.

    Pela equivalncia de suas propriedades fsico-qumicas e como o biodiesel e o dieselmineral so completamente miscveis, as misturas de biodiesel com o diesel mineral podemser empregadas em qualquer proporo. Esta condio por demais vantajosa,especialmente quando comparada com a situao problemtica do lcool hidratado, umavez que no so requeridas bombas especficas para os abastecimentos de biodiesel, nemtampouco motores diferenciados e dedicados para o uso de um ou do outro combustvel,inclusive de suas misturas.

    Pelo menos, so cinco as importantes vantagens adicionais do leo diesel vegetalsobre o leo diesel do petrleo, que diferentemente do leo mineral, o biodiesel no

    contm enxofre, biodegradvel, no corrosivo, renovvel e no contribui para oaumento do efeito estufa..

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    Seo 3MATRIAS PRIMAS PARA

    A PRODUO DE BIODIESEL

    FONTES DE MATRIAS PRIMAS

    As matrias primas para a produo de biodiesel podem ter as seguintesorigens:

    leos VegetaisGorduras de Animais

    leos e Gorduras Residuaisleos Vegetais

    Todos os leos vegetais, enquadr ados na categoria de leos fixos outriglicerdicos, podem ser transformados em biodiesel. Dessa forma, poderiamconstituir matria prima para a produo de biodiesel, os leos das seguintesespcies vegetais: gro de amendoim, polpa do dend, amndoa do coco dedend, amndoa do coco da praia, caroo de algodo, amndoa do coco debabau, semente de girassol, baga de mamona, semente de colza, semente demaracuj, polpa de abacate, caroo de oiticica, semente de linhaa, semente de

    tomate, entre muitos outros vegetais em forma de sementes, amndoas ou polpas.Os chamados leos essenciais, constituem uma outra famlia de leos

    vegetais, no podendo ser utilizados como matrias primas para a produo debiodiesel. Tais leos so volteis, sendo constitudos de misturas de terpenos,terpanos, fenis, e outras substncias aromticas. No entanto, vale a penaressaltar que uma grande parte dos leos essenciais pode ser utilizada, in natura ,em motores diesel, especialmente em mistura com o leo diesel mineral e/o u como biodiesel. Constituem exemplos de leos essenciais, o leo de pinho, o leo dacasca de laranja, o leo de andiroba, o leo de marmeleiro, o leo da casca dacastanha de caju (lcc) e outros leos que encontram -se originariamente

    impregnando os mate riais ligno -celulsicos como as madeiras, as folhas e ascascas de vegetais, com a finalidade de lubrificar suas fibras.Gorduras de Animais

    Os leos e gorduras de animais possuem estruturas qumicas semelhantesas dos leos vegetais, sendo molculas tri glicerdicas de cidos graxos. Asdiferenas esto nos tipos e distribuies dos cidos graxos combinados com oglicerol.

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    cidos Graxos Predominantes em leos e Gorduras

    leo de Soja: cido Oleico

    leo de Babau: cido Laurdico

    Sebo Bovino: cido Esterico

    Portanto, as gorduras de animais, pelas suas estruturas qumicassemelhantes as dos leo vegetais fixos, tamb m podem ser transformadas embiodiesel.

    Constituem exemplos de gorduras de animais, possveis de seremtransformados em biodiesel, o sebo bovino, os leos de peixes, o leo de mocot,a banha de porco, entre outras matrias graxas de origem animal.leos e Gorduras Residuais

    Alm dos leos e gorduras virgens, constituem tambm matria prima para aproduo de biodiesel, os leos e gorduras residuais, resultantes de processamentosdomsticos, comerciais e industriais.

    As possveis fontes dos leos e gorduras residuais so:

    - As lanchonetes e as cozinha industriais, comerciais e domsticas, onde so praticadas as

    frituras de alimentos;- As indstrias nas quais processam frituras de produtos alimentcios, como amndoas,

    tubrculos, salgadinhos, e vrias outras modalidades de petiscos;- Os esgotos municipais onde a nata sobrenadante rica em matria graxa, possvel de

    extrair-se leos e gorduras;- guas residuais de processos de certas indstrias alimentcias, como as indstrias de

    pescados, de couro, etc.

    Os leos de frituras, representam um potencial de oferta surpreendente, superando,as mais otimistas expectativas. Tais leos tm origem em determinadas indstrias de

    produo de alimentos, nos restaurantes comerciais e institucionais, e ainda, naslanchonetes.

    Um levantamento primrio da oferta de leos residuais de frituras,suscetveis de serem coletados (produo > 100kg/ms), revela um valor da ofertabrasileira superior 30.000 toneladas anuais.

    Tambm surpreendente os volumes ofertados de sebo de animais, especialmente debovinos, nos pases produtores de carnes e couros, como o

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    caso do Brasil. Tais matrias primas so ofertadas, em quantidades substantivas, pelos curtumes e

    pelos abatedouros de animais de mdio e grande port e.

    HIERARQUIA MERCADOLGICA

    Os mercados de leos e gorduras vegetais e animais podem sersegmentados nos seguintes nveis hierrquicos:

    Mercado FarmacuticoMercado Qumico

    Mercado AlimentcioMercado Energtico

    O Quadro abaixo apresenta, para cada segmento de mercado, as suascaractersticas como as grandezas relativas, as ordem numricas de grandezas eos preos admissveis das matrias primas.

    As saturaes se do de cima para baixo, ou seja, do mercadofarmacutico em direo do mercado energtico, justificando a classificao emforma hierrquica.

    O leo de mamona, por exemplo, satura o mercado farmacutco, comofrmacos, em algumas dezenas de toneladas, e como matria prima para a

    indstria qumica, inclu indo-se a rea cosmtica, com menos de 800.000toneladas anuais. O excedente do mercado qumico, por no ser adequado aomercado alimentcio, transborda diretamente para o mercado energtico. Ospreos dos excedentes devero ajustar -se, automaticamente, ao s nveisadmissveis e compatveis para a produo de biodiesel.

    Caractersticas dos Segmentos dos Mercados Hierarquizados

    Caractersticas dos Mercados

    Mercados GrandezasRelativas

    Ordem deGrandeza, ton/ano

    PreosAdmissveis,

    US$/ton

    FarmacuticoQumico

    AlimentcioEnergtico

    muito limitadomoderado

    grandeilimitado

    < 105< 106107

    > 2.000700 2.000450 700

    2.000700 2.000450 700

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    DESTAQUES DAS MATRIAS PRIMASDE NOTRIAS IMPORTNCIAS

    As Culturas Temporrias:Soja, Amendoim, Girassol

    A soja, considerada a rainha das leguminosas, apesar de ser mais protena que leo,constitui um componente importante no esforo de produo de biodiesel, uma vez que jse dispe de uma oferta muito grande do leo, pois quase 90% da produo de leo noBrasil provm dessa leguminosa.

    Banido pela soja a partir da dcada de 1960, o amendoim por ser mais leo queprotena, poder voltar, na contramo, com todo o seu vigor, nessa era energtica dos leosvegetais. De fato, se se desejar expandir a produo de leos em terras homogneas doserrado brasileiro, com absoluta certeza o amendoim poder ser a opo ideal, quando forenfatizada a produo biodiesel, pois uma cultura totalmente mecanizvel, produztambm farelo de excelente qualidade nutricional para r aes e para alimentos, e aindaadicionalmente, possui em sua casca, as calorias para a produo de vapor suficiente para o

    processo de extrao mecnica, ou parcialmente necessrias, para o processo de extraopor solvente.

    Sob o ponto de vista de produ o de leo, o girassol situa -se numa posiointermediria entre a soja e o amendoim. Entretanto, a excelncia alimentcia do leo degirassol dever impedir o seu emprego extensivo na produo energtica, no entanto,

    dever favorecer o deslocamento de um a parte expressiva do leo de soja para a produode biodiesel.

    Por serem culturas de grande expresso internacional, possuem elevadasdensidades tecnolgicas, podendo ser cultivadas, de forma totalmentemecanizada. Destaca -se tambm a existncia de plen os conhecimentos dosparmetros para os clculos dos custos, receitas e lucratividades, com seguranae preciso desejada. Como exemplo, nos bancos que operam com ofinanciamento da produo de soja, se o cliente diz quanto de terra pretendecultivar, o ge rente da carteira agrcola, num simples programa de computador, jmanda imprimir o fluxo das parcelas do emprstimo e o fluxo das parcelas de

    pagamentos. Tudo entra no regime e ritmo da automao, do emprstimos todosos estgios de produo, de comerci alizao e de industrializao. At mesmo osseguros esto previstos para cobrir, com segurana, os danos eventuais. Do ladodo cliente produtor, ele j sai do banco sabendo o que vai fazer, o que vai gastar eo que vai ganhar.

    leos do Coco de Dend

    A exemplo do que est ocorrendo na Malsia e na Indonsia, e que comea aacontecer no sul do Par, a agricultura do dend se apresenta como a mais importantes sobo ponto de vista de produo de leo, pois atinge o extraordinrio

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    patamar de 5.000 kg de leo por hectare por ano, ndice este, por exemplo, cerca de 25vezes maior que o rendimento de produo de leo da soja.

    As maiores dificuldades referem -se as limitaes de tempo inerentes s culturas

    permanentes, pois so requeridos a realizao de investim entos que somente comeam aretornar, 5 anos contados a partir do plantio. No entanto o retorno garantido, comlucratividades por demais atraentes. Uma compensao adicional, circunstancial, consistenos resultados ambientais e sociais obtidos com o refl orestamento de reas perversamentedesmatadas da Amaznia.

    Existem dois tipos bastante distintos de leos extrados do coco do dend, ambospodendo constituir matria prima para a produo de biodiesel:- O leo obtido da polpa, denominado de leo de dend, propriamente dito, o leo

    tradicional da culinria baiana, de cor vermelha, com sabor e odor caractersticos, sendocomercializado internacionalmente com a designao palm oil a preos que variam nafaixa de 300 400 dlares a tonelada, adequando -se economicamente para a produode biodiesel. .

    - O leo obtido das amndoas, denominado de leo de palmiste, comcaractersticas qumicas e fsicas semelhantes as do leo de babau e do leode copra (coco da praia), sendo comercializado no mercado i nternacional compreos superiores US$ 500 dlares por tonelada.

    leo do Coco de BabauO coco de babau, possuindo em mdia 7% de amndoas, com 62% de leo, sob o

    ponto de vista pragmtico, no pode ser considerado uma espcie oleaginosa, pois possuisomente 4% de leo. No entanto, considerando os 17 milhes de hectares de florestas onde

    predomina a palmeira do babau, e as possibilidades de aproveitamento integral do coco, obabau constitui, potencialmente, uma extraordinria matria prima para a pr oduo deleo, desde que sejam aproveitados os seus constituintes.

    O Quadro adiante exposto, mostra as aplicaes e as participaes dos constituintesdo coco de babau. Apesar da extraordinria potencialidade do babau, medida pela

    dimenso de ocorrnc ia j disponvel e nobreza das varias aplicaes j testadas, aexplorao do coco de babau ainda no saiu do artesanal, onde milhares de mulheres, pelasua condio de misria, se submetem a quebrar manualmente o coco, produzindo 1 kg porhora, em exaust ivo trabalho, trocando nas bodegas o valor de sua produo to somente

    por pequenas pores de gneros alimentcios, sobretudo cereais e farinha.

    Ressalta-se que j se dispe de equipamentos para a quebra automtica do coco debabau, com a separao de seus constituintes, e ainda, que totalmente disponvel astecnologias de aplicaes das matrias primas resultantes, de conformidade com o queapresenta o Quadro seguinte.

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    Constituintes do Coco de Babau, Caractersticas e Aplicaes

    Constituintes % Caractersticas e Aplicaes

    Amndoas 5 9Material oleaginoso, contendo at 62% de leo do tipolaurdico. Na extrao resulta torta utilizvel para raode animais.

    Endocarpo 50 65

    - Lignito vegetal, de elevada dureza, se prestandopara a produo de carves especiais, sendorecomendvel o aproveitamento dos gasescondensveis resultando diversos produtos de

    interesse para a indstria qumica.- Alternativamente, o lignito pode ser u tilizado naproduo de peas aglomeradas, possveis de seremempregadas como substituto de madeiras, na indstriade mveis e nas construes civis.- Possveis excedentes podem ser direcionados comocombustvel industrial, na co-gerao de eletricidade..

    Mesocarpo 15 22

    Poro amilcea do coco, prestando -se comoenergtico na produo de raes ou para a produode etanol, entre outras possiblidades.

    Epicarpo 11 16 Material fibroso, ligno -celulsico, podendo serutilizado como combustvel industrial, e at mesmo, naco-gerao de eletricidade.

    Outrossim, estudos realizados demonstram que eliminando -se as palmeiras

    improdutivas nos babauais de elevadas densidades a produo chega a dobrar, passando damdia de 3 toneladas de coco por ano para 6 toneladas anuais. sabido tambm que oconsrcio do babau com culturas temporrias rasteiras como o feijo, o amendoim, a soja,e at mesmo o girassol, so possveis ao estilo de lavouras familiares, proporcionandoocupaes e rendas complementares.

    No estgio atual de produo, o leo de babau no tem preo para ingressar nomercado energtico, pois tem sido comercializados preos superiores US$ 700 atonelada.

    Com certeza, sendo fcil demonstrar, que a prtica do aproveitamento integral do coco,partindo da quebra mecanizada, poderia ser uma excelente oportunidade de gerao derenda na coleta do coco, bem como na industrializao dos constituintes, produzindoriquezas bastante oportunas para os Estados detentores de babau, quais sejam: Maranho,Piau, Tocantins, parte de Gois, alm de vrias micro regies isoladas no Cear, em MatoGrosso, em

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    Rondnia e outras. Neste cenrio, o leo de babau poderia ingressar no mercado energtico, comquantidades substantivas e preos competitivo s.

    leo de Colza

    Este leo, constitui o nico leo utilizado para a produo de biodiesel na Europa. Aprodutividade, situada entre 350 400 kg de leo por hectare, tem sido considerada satisfatriapara as condies europias. O agronegcio da colza envolve a produo e comercializao dofarelo, rico em protenas, que corresponde a mais de 1.000 kg por hectares, e ademais, a sualavoura promove uma excelente adubao natural do solo. A colza pode ser cultivada no Brasil, aexemplo das culturas temporrias, atravs de uma agricultura totalmente mecanizada.

    leo de Mamona

    Estudos recentes aprofundados, realizados por uma equipe multidisciplinar, sobre oagronegcio da mamona, teve como principal concluso que a mamona constitui, nomomento, a cultura de sequeiro mais rentvel entre as grandes culturas, em certas reas dosemi-rido nordestino.

    Neste estudo considerou -se as sries histricas das produtividades das reastradicionalmente produtoras de mamona, possibilitando estabelecer uma produtividademdia de 1.000 kg por ano de baga de mamona por hectare. Tal produtividade tem sidoconsiderada bastante conservadora, pois com as modernas cultivares desenvolvidas pelo

    CNPA / EMBRAPA, especficas para o Nordeste, chegou -se produtividades superando amarca dos 2.000 kg/h/ano, desde que as melhores condies e recomendaes sejamseguidas.

    Considerou-se um preo mnimo estabelecido de R$ 0,50 por quilo (US$ 140 / ton)e um preo mximo admissvel de R$ 0,60 por quilo (US$ 170 / ton). O p reo mximoadmissvel para a baga de mamona foi estimado com base no preo mximo admissvel

    para o leo de mamona, balizado pelo mercado energtico, qual seja, US$ 400 por tonelada(R$ 1.400,00 / ton).

    Os custos foram apropriados considerando lavouras f amiliares no mecanizadas em

    reas apropriadas, seguindo as tcnicas adequadas com relao a todas as etapas do cultivo.Considerou-se tambm os benefcios de uma safra adicional resultantes da realizao deuma poda no incio das chuvas para um segundo an o do ciclo de produo, e umaeliminao das plantas aps esta segunda safra.

    Tais concluses revestem -se de extraordinria importncia sob os pontosde vistas econmicos, sociais e ambientais para o Nordeste e para o Brasil.

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    Seo 4PROCESSOS DE PRODUO DE BIODIESEL

    ROTA DOS PROCESSOS

    O processo de produo de biodiesel, partindo de uma matria prima graxaqualquer, envolve as etapas operacionais mostradas no fluxograma adianteexposto.

    leo ouGorduraCATALISADOR:

    (NaOH ou KOH)

    GlicerinaBruta

    lcool Etlicoou Metlico

    FasePesada

    FaseLeve

    PREPARAO DAMATRIA PRIMA

    REAO DETRANSESTERIFICAO

    SEPARAODE FASES

    RECUPERAO DOLCOOL DA GLICERINA

    RECUPERAP DOLCOOL DOS STERES

    DESIDRATAODO LCOOL

    DESTILAODA GLICERINA

    PURIFICAODOS STERES

    METANOLou ETANOL

    Excessosde lcool

    Recuperado

    MATRIAPRIMA

    GLICERINADESTILADA

    RESDUOGLICRICO

    BIODIESEL

    Fluxograma do Processo de Produo de Biodiesel

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    A seguir sero comentadas, de forma sumria, as etapas de produo debiodiesel, enquadradas na rota apresenta no fluxograma mostrado anteriormente.PREPARAO DA MATRIA PRIMA

    Os procedimentos concernentes preparao da mat ria prima para a sua conversoem biodiesel, visa criar as melhores condies para a efetivao da reao detransesterificao, com a mxima taxa de converso.

    Em princpio, necessrio se faz que a matria prima tenha o mnimo de umidade ede acidez, o que possvel submetendo -a a um processo de neutralizao, atravs de umlavagem com uma soluo alcalina de hidrxido de sdio ou de potssio, seguida de umaoperao de secagem ou desumidificao. As especificidades do tratamento depende danatureza e condies da matria graxa empregada como matria prima.

    REAO DE TRANSESTERIFICAO

    A reao de transesterificao a etapa da converso, propriamente dita, do leo ougordura, em steres metlicos ou etlicos de cidos graxos, que constitui o biodie sel. Areao pode ser representada pela seguinte equao qumica:

    leo ou Gordura + Metanol steres Metlicos + Glicerolouleo ou Gordura + Etanol steres Etlicos + Glicerol

    A primeira equao qumica representa a reao de converso, quando se

    utiliza o metanol (lcool metlico) como agente de transesterificao, obtendo -se,portanto, como produtos os steres metlicos que constituem o biodiesel, e oglicerol (glicerina).

    A segunda eq uao envolve o uso do etanol (lcool etlico), como agente detransesterificao, resultando como produto o biodiesel ora representado por steres

    etlicos, e a glicerina.

    Ressalta-se que, sob o ponto de vista objetivo, as reaes qumicas so equivalen te,uma vez que os steres metlicos e os steres etlicos tem propriedades equivalentes comocombustvel, sendo ambos, considerados biodiesel.

    As duas reaes acontecem na presena de um catalisador, o qual pode serempregado, o hidrxido de sdio (NaOH) ou o hidrxido de potssio (KOH), usados emdiminutas propores. A diferena entre eles, com respeito aos

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    resultados na reao, muito pequena. No Brasil o hidrxido de sdio muito mais baratoque o hidrxido de potssio. Pesando as vantagen s e desvantagens muito difcil decidir,

    genericamente, o catalisador mais recomendado, e dessa forma, por prudncia, essa questodever ser remetida para o caso a caso.

    Sob o ponto de vista tcnico e econmico, a reao via metanol muito maisvantajosa que a reao via etanol. O quadro comparativo, apresentado a seguir, evidencia asvantagens da rota metlica sobre a rota etlica.

    Comparao das Rotas Metlica & Etlica

    Rotas de ProcessoQuantidades e CondiesUsuais Mdias Aproximadas Metlica Etlica

    - Quantidade Consumida de lcool por 1.000litros de biodiesel

    - Preo Mdio do lcool, US$ / kg- Excesso Recomendado de lcool, recupervel,

    por destilao, aps reao- Temperatura Recomendada de Reao

    - Tempo de Reao

    90 kg190

    100%600C

    45 minutos

    130 kg360

    650%850C

    90 minutos

    .No Brasil, atualmente, uma vantagem da rota etlica possa ser considerada

    a oferta desse lcool, de forma disseminada em todo o territ rio nacional. Assim,os custos diferenciais de fretes, para o abastecimento de etanol versusabastecimento de metanol, em certas situaes, possam influenciar numadeciso. Sob o ponto de vista ambiental, o uso do etanol leva vantagem sobre ouso do metanol, quando este lcool obtido de derivados do petrleo, no entanto, importante considerar que o metanol pode ser produzido a partir da biomassa,quando essa suposta vantagem ecolgica, pode desaparecer. Em todo o Mundo obiodiesel tem sido obtido via metanol.

    SEPARAO DE FASES

    Aps a reao de transesterificao que converte a matria graxa em steres(biodiesel), a massa reacional final constituda de duas fases, separveis por decantaoe/ou por centrifugao.

    A fase mais pesada composta de glicerina bruta, impregnada dos excessosutilizados de lcool, de gua, e de impurezas inerentes matria prima. A fase menos densa constituda de uma mistura de steres metlicos ou etlicos, conforme a natureza do lcooloriginalmente adotado, tambm impregnado de excessos reacionais de lcool e deimpurezas.

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    RECUPARAO DO LCOOL DA GLICERINA

    A fase pesada, contendo gua e lcool, submetida a um processo de evaporao,eliminando-se da glicerina bruta esses constituintes volteis, cujos vapores s o liqefeitosnum condensador apropriado.

    RECUPERAO DO LCOOL DOS STERES

    Da mesma forma, mas separadamente, o lcool residual recuperado da fase maisleve, liberando para as etapas seguintes, os steres metlicos ou etlicos.

    DESIDRATAO DO LCOOL

    Os excesso residuais de lcool, aps os processos de recuperao, contmquantidades significativas de gua, necessitando de uma separao. A desidratao dolcool feita normalmente por destilao.

    No caso da desidratao do metanol, a destila o bastante simples e fcil de serconduzida, uma vez que a volatilidade relativa dos constituintes dessa mistura muitogrande, e ademais, inexiste o fenmeno da azeotropia para dificultar a completa separao.

    Diferentemente, a desidratao do etan ol, complica -se em razo da azeotropia,

    associada volatilidade relativa no to acentuada como o caso da separao da misturametanol gua.

    PURIFICAO DOS STERES

    Os esteres devero ser lavados por centrifugao e desumidificados posteriormente,resultando finalmente o biodiesel, o qual dever ter suas caractersticas enquadradas nasespecificaes das normas tcnicas estabelecidas para o biodiesel como combustvel parauso em motores do ciclo diesel.DESTILAO DA GLICERINA

    A glicerina bruta, emergente do processo, mesmo com suas impurezasconvencionais, j constitui o sub produto ventvel. No entanto, o mercado muito maisfavorvel comercializao da glicerina purificada, quando o seu valor realado.

    A purificao da glicerina bruta feita por destilao vcuo, resultando umproduto lmpido e transparente, denominado comercialmente de glicerina destilada.

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    O produto de calda da destilao, ajustvel na faixa de 10 15 porcento do peso daglicerina bruta, que pode ser denominado de glicerina residual ainda encontra possveisaplicaes importantes, as quais esto sendo pesquisadas na TECBIO TecnologiasBioenergticas Ltda., e cujos resultados esto sendo considerados por demais promissores.

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    Seo 5AS CADEIAS PRODUTIVAS DO BIODIESEL

    BIODIESEL NO PLURAL

    Conforme j mencionado, o biodiesel pode ser produzido a partir de vrias matriasgraxas classificveis em grupos, designados segundo as suas origens ou fontes. Dessaforma, o universo de produo desse biocombustvel dever ser pluralizado, justificando adesignao cadeias produtivas do biodiesel.

    Grupos, Origens e Obtenes das Matrias Primaspara a Produo de Biodiesel

    Grupo:

    leos e GordurasDe Animais

    Grupo:

    leos e GordurasVegetais

    Grupo:

    leos Residuaisde Frituras

    Grupo:

    Matrias Graxasde Esgotos

    Origens:

    MatadadourosFrigorficosCurtumes

    Origens:

    AgriculturasTemporrias ePermanentes

    Origens:

    CocesComerciais eIndustriais

    Origens:

    guas Residuais dasCidades e de certasIndstrias

    Obteno:

    Extraocom

    gua e Vapor

    Obteno:

    Extrao MecnicaExtrao Solvente

    Extrao Mista

    Obteno:

    Acumulaese

    Coletas

    Obteno:

    Processos em fase dePesquisa e

    Desenvolvimento

    O fluxograma apresentado a seguir mostra em blocos, os diversos elos dascadeias produtivas do biodiesel, considerando os grupos ou fontes de matriasprimas, de conformidade com o quadro anteriormente apresentado.

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    Fluxograma das Cadeias Produtivas do Biodiesel

    GROS,AMNDOAS

    MATRIAGRAXA

    LEOSRESIDUAIS

    COUROSE PELES

    LEO DEFRITURAS

    OUTROSINSUMOS

    GORDURASDE ANIMAIS

    LEOBRUTO

    TORTA OUFARELO

    LAVOURAS EPLANTIOS DE

    OLEAGINOSAS

    ABATEDOUR

    OSEFRIGORFIC

    OS

    FRITURASCOMERCIAIS EINDUSTRIAIS

    ESTAES DETRATAMENTOS

    DE ESGOTOS

    PROCESSOS EMFASE DE P&D

    ANIMAISVIVOS

    MO-DE-OBRAE INSUMOS

    GUASSERVIDAS

    LEOS EGORDURAS

    CURTUMES

    PROCESSODE

    EXTRAOCOM GUA

    QUENTE

    EXTRAOMECNICA E/OUPOR SOLVENTE

    REFINAODO

    LEOBRUTO

    ACUMULAOE

    COLETA

    REFINAO

    DO LEORESIDUAL

    LEOS EGORDURASRESIDUAIS

    DE ESGOTOS

    OLEOS E GORDURASPARA BIODIESEL

    PROCESSODE PRODUODE BIODIESEL

    FARINHADE CARNE

    OU DEOSSOS

    LCOOL

    BIODIESEL GLICERINA

    CATALISADOR

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    A TECBIO Tecnologias Bioenergticas Ltda., concebeu, tendo desenvolvido emlaboratrio, um sistema de extrao de leo por solvente, apropriado para pequenas escalas deproduo, inclusive para a consecuo da reao de transesterificao em micela, isto , durante oprprio processo de extrao, de conformidade com a patente requerida e homologada em nomede Expedito Jos de S Parente sob o nmero PI 8007957, ora em domnio pblico.A transposio de escala do referido sistema est apenso a disponibilizao de recursos,requeridos ao MCT Ministrio de Cincia e Tecnologia, todavia negados sem justificativa, apesarde ter sido demonstrada a import ncia de se dispor de pequenas unidades viveis para a prticaeconmica da extrao por solvente. Nesta ocasio, torna -se oportuno afirmar que a equiperesponsvel pelo projeto do referido sistema, ainda espera por uma reavaliao das anlises emque a solicitao foi reprovada, acreditando nessa nova ordem para os caminhos brasileirosimposta pelo atual governo federal.

    leos Residuais de Frituras

    Existem alguns problemas tcnicos com respeito a transformao dos leos residuais defrituras, face a heterogeneidade da matria prima com respeito ao grau de acidez, do teor deumidade e da presena de certos contaminantes, no entanto, a competente equipe da COPPE eda Escola de Qumica da UFRJ, esto administrando muito bem tais dificuldades, cujos resulta dos,com certeza sero os melhores.

    leos e Gorduras Residuais de Esgotos

    Esta possibilidade reveste de extraordinria importncia no somente pela abundnciadessa matria prima, como tambm como artifcio para evitar a transformao dessa matria grax aem metano, um danoso contribuinte para o efeito estufa.

    A possibilidade de transformao da matria graxa em biodiesel, tem sido demonstrada emlaboratrio como factvel, pela equipe que se ocupa com as questes ambientais e com o biodieselna UFRJ. Necessrio se faz continuar tais pesquisas e desenvolvimentos para num menor espaode tempo possvel, a comunidade possa contar com os resultados.

    A Questo da Glicerina

    A grande maioria das pessoas envolvidas no universo do biodiesel, sejamcientistas, tecnologistas ou administradores, est preocupada com a mercadologiada glicerina. De fato, apesar das inmeras aplicaes dessa substncia, existeuma enorme diferena entre os valores das demandas das aplicaes e os valorespraticados no mercado energtico.

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    Na conscincia de que, a grosso modo, para cada metro cbico debiodiesel produzido, produz -se como subproduto 100 kg de glicerina, as pessoasacreditam que o mercado qumico, no ter condies de absorver tamanhaoferta.

    Diferentemente, mais pre ocupante seria se a glicerina desaparecesse aolongo do processo! Para quem acredita em cincia e tecnologia e conhece umpouco da histria do desenvolvimento industrial, jamais acredita que algum dia aglicerina seja lanada no esgoto.

    A implementao d a produo de biodiesel dever rebaixar progressivamente o

    preo da glicerina, hoje em torno de US$ 1.000 a tonelada. A medida que o preodiminui, novas possveis aplicaes vo sendo viabilizadas,, e ainda, com certezaa abundncia de glicerina no mercad o dever suscitar aplicaes de grandesdemandas que devero segurar os preos em patamares fixos e convenientes. bastante provvel que possam ser desenvolvidos certas matrias plsticas degrandes e volumosas aplicaes para regularizar e acomodar, em algummomento, o mercado da glicerina. Em paralelo, as adies de glicerina em certosalimentos para melhorar as propriedades sensoriais, promovendo o que sedenomina de after taste , poder fazer parte do novo cardpio da gliceroqumica.Por outro lado, v rias poderiam ser as aplicaes da glicerina na agricultura,desde que seu preo fosse compatvel.Com certeza, em ltima instncia, antes de jogar a glicerina no lixo, possveltransforma-la em metanol, atravs de uma reforma com vapor, realimentando oprocesso de produo de biodiesel.

    Uma outra premissa por demais verdadeira que os decrscimos progressivosdas receitas obtidas com a glicerina sero suficientemente compensados pelosfuturos aumentos dos preos do biodiesel induzidos pelos futuros a umentos dospreos do petrleo.

    Enfim, como recomendao: Vamos trabalhar, com coragem e eficcia, em todosos elos das cadeias produtivas do biodiesel. Lembrem -se que devemos somar osesforos, subtrair as dificuldades, dividir as tarefas e multiplicar os resultados, poisestas constituem necessariamente as 4 operaes essenciais do sucesso.

    .

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    Seo 6SITUAO ATUAL DO BIODIESEL NO MUNDO

    No incio dos anos 90, dez anos aps o lanamento oficial do seu lanamento noBrasil, o processo de industria lizao do PRODIESEL foi iniciado na Europa, com umnovo nome, simplesmente BIODIESEL, uma designao por demais apropriada.

    Portanto, foi na Europa que o novo combustvel para motores do ciclo diesel foiressuscitado, exatamente com a mesma concepo or iginal brasileira, em todos os seus

    aspectos.

    Um fato novo que tem sido constatado nos pases europeus tem sido a pratica daeliminao do enxofre do leo diesel a nvel das refinarias de petrleo. Como a lubricidadedo leo diesel mineral dessulfurado d iminui muito, a correo tem sido feita, adicionando -se biodiesel ao diesel mineral, j que a lubricidade do biodiesel extraordinariamentegrande. Esse ecodiesel tem sido designado, por alguns distribuidores, de Super Diesel

    A seguir, sero apresent ados e comentados os estgios de implantao dosprogramas relevantes de produo e utilizao do biodiesel:

    ALEMANHA

    Com base na colza, os alemes montaram um expressivo programa de produo deleo diesel vegetal, utilizando a mesma tecnologia e a logstica desenvolvida no Cear.

    O sistema produtivo de biodiesel praticado na Alemanha, como nos demais pases

    europeus, tem a seguinte configurao:

    - os agricultores plantam colza para nitrogenar naturalmente os solos exauridos daqueleelemento;

    - o leo extrado, produzindo -se o farelo protico que direcionado para rao de

    animais, especialmente na estao invernosa;- o leo de colza transformado em leo diesel vegetal, o qual foi denominado muito

    apropriadamente de biodiesel;- o biodiesel distribudo de forma pura, isento de qualquer mistura ou aditivao, numa

    j enorme rede de abastecimento de combustveis, composta de mais de 1.000 postos.Uma estratgia, por demais inteligente, foi a preparao da introduo do biodiesel nomercado. Frotas de taxis, ditos vegetarianos, nas principais cidades

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    alems, foram utilizados para publicitar o biodiesel, atravs da distribuio de

    folhetos explicativos das caractersticas e vantagens do novo leo combustvel.Uma outra estratgia interessante foi a disponibilizao de dois bicos numa mesma

    bomba, sendo um para o leo diesel de petrleo, e o outro, com selo verde, para suprir obiodiesel. Grande parte dos usurios misturavam, nas mais diversas propores o biodieselcom o diesel comum, at gan har confiana no biodiesel, cerca de 12% mais barato, e comvrias vantagens ambientais. De fato, o preo mdio do diesel mineral 0,84 euros porlitro, e 0,73 euros por litro o preo mdio do biodiesel (preo Abril/2002).

    A prtica de um menor preo p ara o biodiesel na Alemanha explicvel pelacompleta iseno dos tributos em toda a cadeia produtiva desse biocombustvel.

    FRANA

    Apesar dos alemes terem ressuscitado o PRODIESEL na Europa, a Frana atualmente o maior produtor mundial de BIODIESEL, combustvel designado em francs

    por DIESTER.

    As motivaes e os sistemas produtivos na Frana so os mesmos adotados naAlemanha, porm o combustvel apresenta-se, a nvel de distribuio, misturado com o leodiesel mineral na proporo atual de 5%, comtendncia a fixar-se, a curto prazo, em 8%.

    Na Frana, o uso do biodiesel misturado com o diesel mineral visa melhorar asemisses dos motores, em especial atravs da eliminao das mercaptanas, substnciasricas em enxofre, extremamente danosas a sadedos animais e das plantas.

    A evoluo dos conceitos de um ecodiesel para uso urbano deu-se atravs da criao

    do Clube de Villes, uma associao de municpios franceses com a finalidade de disseminare avaliar os efeitos positivos do biodiesel misturado a o diesel do petrleo, nos centrosurbanos, especialmente nos transportes coletivos.

    Em razo das melhorias de qualidade das emisses veiculares, atualmente todos os

    nibus urbanos franceses consomem ecodiesel, numa proporo de at 30% de biodiesel namistura com o diesel mineral.

    A cadeia produtiva do biodiesel tambm incentivada, com relao aos impostos

    incidentes.

    ESTADOS UNIDOS

    Os Estados Unidos tem demonstrado maior interesse no uso do biodiesel misturadocom o leo diesel do petrleo, visando a melhoria das emisses dos

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    motores do ciclo diesel. Essa demonstrao tem sido notria pelos inmeros estudos queesto realizando com o uso do ecodiesel em suas diversas configuraes.

    A grande motivao americana reside na qualidade do me io ambiente. Na realidade,os americanos esto se preparando, com muita seriedade, para o uso de um ecodiesel,especialmente nas grandes cidades e em ambientes especiais como, por exemplo, nosnibus escolares.

    A proporo que tem sido mais cogitada para a mistura biodiesel/diesel mineral temsido 20%, mistura esta que tem sido chamada de EcoDiesel B -20. Nesta proporo, asmercaptanas e os hidrocarbonetos cclicos tm sido suficientemente oxidados por ocasio

    da combusto.

    Os padres para o biodiesel nos EUA so determinados e fixados pela norma ASTMD-6751 e a poltica americana de produo e utilizao de biodiesel emana do National

    Biodiesel Board, com os seguintes destaques:- A Lei do Senado S -517, de 25/04/2002, entre vrias providncias, cria o Programa de

    Biodiesel com a meta de produo de 5 bilhes de gales anuais (20 bilhes de litrospor ano). Considerando que um litro de biodiesel equivale em capacidade energticaveicular a 2,5 litros de lcool etlico, o programa americano de biodiesel equivale a 7vezes o mximo atingido do programa brasileiro do lcool.

    - Uma Lei Estadual de Minnessota, de 15/03/2002, obriga que seja adicionado, pelomenos 2% de biodiesel no leo diesel mineral.

    - No intuito de dar vazo aos estoques extras de leo d e soja, vrios outros Estadosamericanos esto incentivando a transformao dos excedentes em biodiesel.

    - A Comisso de Segurana Ambiental, aps aprofundados estudos, recomendou autilizao de biodiesel nos nibus de transporte escolar (Yellow Bus).

    - A NASA e as Foras Armadas Americanas consideram oficialmente o biodiesel, umcombustvel de excelncia para qualquer motor do ciclo diesel.

    AUSTRLIA

    O espelho das notcias e de alguns trabalhos importantes publicados, a motivaonaquele pas contine nte parece ser na produo simultnea e responsvel, energia ealimentos. bastante sabido que toda oleaginosa possui duas pores: a poro lipdica que

    pode originar o leo comestvel e/ou o biodiesel, e a poro protica que pode serempregada como rao e/ou diretamente como alimentos.

    A estrutura do programa australiano de biodiesel tem certas semelhanas com oprograma do lcool brasileiro, especialmente com respeito a sua magnitude.

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    ARGENTINA

    Os argentinos j iniciaram o seu programa de biodies el quando estabeleceram ospadres para o combustvel atravs da Resoluo 129/2001. O Decreto Governamental1.396 de novembro de 2001, isenta de impostos por 10 anos toda a cadeia produtiva do

    biodiesel.

    MALSIAEste pas o maior produtor mundial de leo de dend, obtendo uma produtividade

    de 5.000 kg leo por hectares por ano. Uma mega usina para produzir 500.000 m3 por anode biodiesel est sendo implantada com o intuito de iniciar o funcionamento em 2003.OUTROS PASES

    Vrios outros pases tm demonstrado interesse no biodiesel, seja para produzir, sejapara adquirir e consumir.

    o caso do Japo que tm demonstrado interesse em importar biodiesel, e Dealguns pases europeus, onde se incluem os pases do norte e do leste, alm da Espanha e daItlia que pensam no somente em produzir como em importar biodiesel.

    A questo ambiental, vista de forma localizada atravs da qualidade das emissesdos motores, e de forma de mudana climticas globais, atravs da reduo dasemisses de CO 2 e po r conseqncia na reduo do efeito estufa, constitui averdadeira fora motriz para a produo e consumo dos combustveis limposoriundos da biomassa, especialmente o biodiesel.

    BIODIESEL NA INTERNET

    fantstico o interesse atual da comunidade cient fica e tecnolgica pelobiodiesel, fato demonstrado pelas numerosas ocorrncias de relatos e relatriosreferentes a este biocombustvel na INTERNET, cujo nmero j atinge a 160.000ocorrncias, adotando-se como palavra chave biodiesel (Maro/2003).

    ARGENTINA

    Os argentinos j iniciaram o seu programa de biodies el quando estabeleceram ospadres para o combustvel atravs da Resoluo 129/2001. O Decreto Governamental1.396 de novembro de 2001, isenta de impostos por 10 anos toda a cadeia produtiva do

    biodiesel.

    MALSIAEste pas o maior produtor mundial de leo de dend, obtendo uma produtividade

    de 5.000 kg leo por hectares por ano. Uma mega usina para produzir 500.000 m3 por anode biodiesel est sendo implantada com o intuito de iniciar o funcionamento em 2003.OUTROS PASES

    Vrios outros pases tm demonstrado interesse no biodiesel, seja para produzir, sejapara adquirir e consumir.

    o caso do Japo que tm demonstrado interesse em importar biodiesel, e Dealguns pases europeus, onde se incluem os pases do norte e do leste, alm da Espanha e daItlia que pensam no somente em produzir como em importar biodiesel.

    A questo ambiental, vista de forma localizada atravs da qualidade das emissesdos motores, e de forma de mudana climticas globais, atravs da reduo dasemisses de CO 2 e po r conseqncia na reduo do efeito estufa, constitui averdadeira fora motriz para a produo e consumo dos combustveis limposoriundos da biomassa, especialmente o biodiesel.

    BIODIESEL NA INTERNET

    fantstico o interesse atual da comunidade cient fica e tecnolgica pelobiodiesel, fato demonstrado pelas numerosas ocorrncias de relatos e relatriosreferentes a este biocombustvel na INTERNET, cujo nmero j atinge a 160.000ocorrncias, adotando-se como palavra chave biodiesel (Maro/2003).

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    Seo 7E O BIODIESEL NO BRASIL?

    POTENCIALIDADES BRASILEIRA

    O Brasil pela sua imensa extenso territorial, associada s excelentes condiesedafo-climticas, considerado um pas, por excelncia, para a explorao da biomassa

    para fins alimentcios, qumicos e energticos.Estudos divulgados pelo NBB National Biodiesel Board, rgo que se ocupa com

    a implementao do biodiesel nos Estados Unidos, afirmam categoricamente que o Brasiltem condies de liderar a produo mundial de biodiesel, promovendo a substituio de,

    pelo menos, 60% da demanda mundial atual de leo diesel mineral. Acrescenta -se que taisestudos so revestidos de extrema confiabilidade, pois foram realizados utilizando derecursos com base em altas tecnologias. Enfim o Brasil um pa s tropical de dimensescontinentais.

    No campo das oleaginosas, as matrias primas potenciais para a produo de leodiesel vegetal, as vocaes so bastante diversificadas, dependentemente da regioconsiderada.

    Por outro lado, as diversidades sociais, econmicas e ambientais geram distintasmotivaes regionais para a produo e consumo de combustveis da biomassa,

    especialmente quando se trata do biodiesel.A seguir ser feita uma anlise das potencialidades vo cacionais das diferentes

    regies brasileiras.AS FEIES REGIONAIS DO BIODIESEL

    AMAZNIAAbrangncia

    Toda a bacia do Rio Amazonas e seus afluentes, compreendendo os estados do

    Amazonas e Par, e parte dos estados circunvizinhos, onde predomina a florest aamaznica, com clima mido equatorial.

    Vocao Agrcola

    Esta regio no possui vocao para as culturas temporrias, uma vez que o solofrtil de pequena profundidade, e a elevada taxa de pluviosidade ocasiona excessivaeroso, entre outros danos.

    Todavia, a Amaznia tem apresentado excelentes resultados na produo deoleaginosas de palmeiras, das quais o dendezeiro se apresenta como

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    excelente, com produtividades que atingem a 5.000kg de leo por hectare por ano.Acrescente-se que vrias so as pal meiras nativas com caractersticas bastante promissoras

    para a produo de leo.

    Muitas outras espcies oleaginosas nativas espalhadas pela regio poderiamabastecer micro unidades industriais, conferindo auto -suficincia locacional em energia,constituindo o que se poderia conceituar de ilhas energticas.Motivaes

    oportuno salientar que a maior parte da energia utilizada na regio amaznica oriunda o leo diesel e que o custo dos transportes de leo diesel para tais localidadesremotas excessi vamente elevado, chega a valer at 3 vezes o valor original docombustvel.

    PR AMAZNIAAbrangncia

    Esta regio compreende os estados do Maranho e Tocantins e parte dos estados doPiau, Gois, Mato Grosso e Par. Predomina na Pr Amaz nia imensas florestas babauais,algo em torno de 17 milhes de hectares.Vocao Agrcola

    O coco de babau, atravs do aproveitamento de seus constituintes, tem as seguintesserventias:

    - As amndoas (6 -8%) pode extrair -se o leo (60%), que se apresen ta como excelentepara a produo de biodiesel. A torta (40%), rica em protenas, pode destinar -se formulao de raes de animais.

    - O mesocarpo (17 -22%), rico em amidos, pode ser empregado, juntamente com a tortade extrao do leo, para a composio de raes de animais.

    - O endocarpo (52 -60%), um lignito vegetal, pode usado para a fabricao de carvo ougrafite, ou, atravs de um processo de aglomerao, ser empregado na fabricao de

    materiais construtivos (tacos, revestimentos, madeiras reconstitudas, etc.). O carvo debabau pode ser usado como matria prima na produo de metanol, importante insumodo biodiesel. Na carbonizao do endocarpo, dos volteis quando recuperados, pode serextrado tambm o metanol.

    - O epicarpo (12 -18%) constitu do de fibras, as quais podem ser empregadas comocombustvel para gerao de calor e eletricidade, insumos necessrios para os processosindustriais.

    Considerando a imensido da floresta de babau, com um potencial de produo decoco superior 40 milhes de toneladas anuais, eqivalendo 17 mil

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    toneladas anuais de leo, capazes de produzir 20 bilhes de litros anuais de biodiesel.

    Levando-se em conta ainda a possibilidade do consrcio agrcola do babau comamendoim, girassol, mamona e outras oleaginosas, alm da pecuria extensiva, a regio pramaznica apresenta-se, em termos potenciais, como uma regio naturalmente rica e pordemais promissora para extraordinrias produes de alimentos e energia, alm de vriosoutros produtos oriundos do coco de babau.

    Motivaes

    A principal motivao do babau est no aproveitamento de um recurso natural jexistente e muitssimo pouco explorado, em condies de gerar, alm do biodiesel, umamiscelnea de produtos, tais como: metanol, carvo vegetal, grafite, alcatro, combustvel

    de fornos e caldeiras, raes, aglomerados para construo civil, aglomerados parafabricao de mveis, entre outros.A explorao dos babauais, em consrcio com outras atividades agrcolas ou

    pecurias, como extraordinrio fator de ocupao e gerao de renda, poder fixar ohomem na regio pr amaznica, invertendo inclusive o fluxo migratrio.

    NORDESTE SEMI-RIDOAbrangncia

    Compreende os estados e regies pertencentes ao chamado Polgono das Secas.

    Portanto, o semi rido nordestino abrange quase todos os territrios dos estadosda Regio Nordeste, incluindo -se o norte de Minas Gerais. So regies deconvivncia com as secas peridicas, e em conseqncia, possuem grandescontigentes de miserveis rurais.

    Vocao Agrcola

    A irrigao tem demonstrado ser o caminho para uma agricultura segura eprodutiva no semi rido nordestino, porm, em razo de vrios fatores, incluindo -se o econmico, este artifcio se presta mais as culturas mais nobres, como afruticultura, a hort icultura e a floricultura, cujos resultados tm sido por demaissatisfatrios.

    As culturas energticas tm que se basear em lavoura de sequeiro, isto , semirrigao. Entre as possibilidades propostas a mamona e o algodo se apresentam comoviveis, uma vez que tais culturas podem conviver com o regime pluviomtrico do semirido.

    Estudos preliminares sinalizam o girassol como uma oportunidade agrcola, uma vez quevariedades recm desenvolvidas possuem resistncias consideradas s estiagens, explicadas

    pelas suas longas razes pivotantes. Necessrio se faz

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    realizar estudos e pesquisas mais aprofundadas objetivando a incluso do girassol

    no cardpio das produes agrcolas da regio.O Nordeste possui uma srie de espcies xerfilas nativas, como os pinh es, a

    leucena, e outras oleaginosas e leguminosas que poderiam ser includas como plantasprodutoras de leos vegetais para a produo de biodiesel. No entanto, muitas pesquisas sefazem necessrias a propsitos da incluso de tais espcies vegetais no ro l das atividadesagrcolas regionais.

    Especificamente, tendo como objetivo a produo de leo, a ricinocultura parececonstituir o verdadeiro caminho e vocao para o semi rido, pelas razes que se seguem:- A mamoneira se adapta muito bem com o clima e as condies de solos do semi rido;- Estudos realizados pelo CNPA Centro Nacional de Pesquisa do Algodo, da

    EMBRAPA, em Campina Grande, est disponibilizando cultivares de altasprodutividades que permitem altas produtividades (at 2.500kg de semente por hectare);

    - A lavoura da mamona se presta para a agricultura familiar, podendo apresentareconomicidade elevada.

    - A torta resultante da extrao do leo de mamona se apresenta como adubo deexcelncia, encontrando aplicaes ideais na fruticult ura, horticultura e floricultura,atividades importantes e crescentes nos permetro irrigados nordestinos.

    - A lav